LIQUIÇÁ
PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO DE ORIGEM PORTUGUESA DE LIQUIÇÁ
DE
PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO DE ORIGEM PORTUGUESA
DE
Património Arquitectónico DE ORIGEM PORTUGUESA
LIQUIÇÁ 1
produção produsaun production
editores editores editors
Direcção Nacional do Património Cultural Secretaria de Estado da Arte e Cultura Ministério do Turismo República Democrática de Timor-Leste
Eugénio Sarmento Flávio Miranda Nuno Vasco Oliveira pesquisa peskisa research
Diamantina Mendonça de Araújo Eugénio Sarmento Flávio Miranda Humberto Lopes Horácio Fernandes Paulo Maher cartografia cartografia cartografia
Flávio Miranda © Copyright SEAC (Secretaria de Estado da Arte e Cultura) Timor-Leste, Novembro 2013 Deposito Legal n.º 178276|12 ISBN 972-757-225-2
tradução tradusaun translation
Abut Lda. (Português - Tetun) Nuno Vasco Oliveira (Português – Inglês) Maria Amado (Português - Tetun) desenho deseñu design
coordenação coordenasaun coordination
David Palazón
Cecília Assis, Directora Geral da Arte e Cultura Manuel Smith, Director Nacional do Património Cultural
fotografia fotografia fotografia
Nelson Turquel Flávio Miranda impressão impresaun printing
Peso Unipessoal Lda (Artes Grafica), Dili
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DE
Património Arquitectónico DE ORIGEM PORTUGUESA
LIQUIÇÁ
Patrimóniu Arquitetóniku ORIGEM PORTUGEZA LIQUIçÁ NIAn architectural heritage of PORTUGUESE ORIGINS of LIQUIçÁ
português
tetun
english
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0.1 Prefácio maria isabel de jesus ximenes 0.2 Património Arquitectónico de Origem Portuguesa em Liquiçá cecília assis 0.3 Estratégias para a preservação do Património Arquitectónico de Timor-Leste manuel ximenes smith 0.4 Sobre o significado glocal do Património de influência Portuguesa em Timor-Leste e no mundo walter rossa
0.1 Lia Maklokek maria isabel de jesus ximenes 0.2 Patrimóniu Arquitetóniku ho Origem Portugeza iha Liquiçá cecília assis 0.3 Estratéjia sira ba prezervasaun ba Patrimóniu Arkitetura husi Timor-Leste manuel ximenes smith 0.4 Kona-ba signifikadu glokál hosi Patrimóniu influénsia Portugeza nian iha Timor-Leste no iha mundu walter rossa
0.1 Foreword maria isabel de jesus ximenes 0.2 Architectural Heritage of Portuguese Origins in Liquiçá cecília assis 0.3 Strategies for the preservation of Timor-Leste’s Architectural Heritage manuel ximenes smith 0.4 On the glocal meaning of Portuguese heritage influence in Timor-Leste and in the World walter rossa
1. Enquadramento Geográfico 1.1 Timor-Leste no contexto do Sudeste Asiático 1.2 Enquadramento nacional do distrito de Liquiçá 1.3 Mapa dos edifícios do distrito de Liquiçá
1. Enquadramentu Jeográfiku 1.1 Timor-Leste iha contextu Sudeste Ázia nian 1.2 Enquadramentu nasional iha distritu Liquiçá 1.3 Mapa edifisiu iha distritu Liquiçá
1. Geographic Background 1.1 Timor-Leste in the context of Southeast Asia 1.2 National background of the Liquiçá district 1.3 Map of buildings in the Liquiçá district
2. Património Arquitectónico por Subdistrito 2.1 Liquiçá 01 Hospital Municipal 02 Escola Primária 03 Sede de Posto do Administrador 04 Residência do Administrador 05 Escritório do Secretário Adjunto do Administrador 06 Escola Municipal 07 Mercado Municipal 08 Igreja 09 Hotel Tokodede 10 Posto da Alfândega 2.2 Maubara 11 Posto da Alfândega 12 Forte 13 Escola do Bispo Medeiros 14 Igreja 15 Campa do Liurai D. José da Silva Nunes 16 Casa Forte – Residência do chefe de Posto 2.3 Bazartete 17 Loja Chinesa e Ourives 18 Sede de Posto 19 Igreja 20 Residência do Administrador de Posto 21 Prisão do Aipelo
2. Patrimóniu Arquitetóniku tuir Subdistritu 2.1 Liquiçá 01 Ospital Munisipál 02 Eskola Primária 03 Sede Postu Administradór 04 Rezidénsia Administradór 05 Eskritóriu Sekretáriu-Adjuntu Administradór 06 Eskola Munisipál 07 Merkadu Munisipál 08 Igreja 09 Otel Tokodede 10 Postu Alfándega 2.2 Maubara 11 Postu Alfándega 12 Forte 13 Eskola Padre Medeiros 14 Igreja 15 D. José da Silva Nunes, Liurai Maubara, nia hakoi-fatin 16 Uma Forte – Xefe Posto nia uma 2.3 Bazartete 17 Loja Xinesa no Ourives 18 Sede Postu 19 Igreja 20 Rezidénsia Administradór Postu nian 21 Prizaun Aipelo
2. Architectural Heritage by Subdistrict 2.1 Liquiçá 01 Municipal Hospital 02 Primary School 03 Headquarters of the Administrator 04 Residence of the Administrator 05 Office of the Deputy Secretary of the Administrator 06 Municipal School 07 Municipal Market 08 Church 09 Tokodede Hotel 10 Customs 2.3 Maubara 11 Customs 12 Fort 13 Father Medeiros’ School 14 Church 15 Grave of D. José da Silva Nunes, King of Maubara 16 Fort-House – Administrator’s Residence 2.3 Bazartete 17 Chinese Shop and Jeweller 18 Village Administration Headquarters 19 Church 20 Administrator’s Residence 21 Aipelo Prison
3. Aipelo: Um olhar sobre a preservação do Património Arquitectónico de Liquiçá flávio miranda
3. Aipelo: Haree ida kona-ba Prezervasaun Patrimóniu Arkitetóniku Liquiçá nian flávio miranda
3. Aipelo: A View at the Preservation of Liquiçá’s Architectural Heritage flávio miranda
4. Anexos 4.1 Edifícios Adicionais 4.2 Bibliografia e Fontes 4.3 Resolução do Governo, Nº 25|2011, de 14 Setembro, relativa à Protecção do Património Cultural
4. Aneksu 4.1 Edifísiu Adisionál sira 4.2 Bibliografia no Fonte Sira 4.3 Rezolusaun Governu nian, N. 25|2011, husi loron 14 fulan Setembru, kona-ba Protesaun Patrimóniu Kulturál
4. Annexes 4.1 Additional Buildings 4.2 Bibliography & Sources 4.3 Government Resolution, No. 25|2011, 14th September, relating to the Protection of Cultural Heritage
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ÍNDICE Índise index
145
163 165 167
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Secretรกria de Estado da Arte e Cultura
maria isabel de jesus ximenes
0.1 Prefรกcio
Lia Maklokek FOREWORD
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A história de Timor-Leste é antiga e rica de diversidade. Desde há mais de 40.000 anos, diferentes grupos humanos foram chegando à ilha, aí permanecendo e moldando a fisionomia do território. Atualmente, a paisagem cultural timorense é constituída por um conjunto muito diversificado de expressões do património material construído, com sítios arqueológicos, grutas com pinturas rupestres, antigas aldeias fortificadas, arquitetura tradicional diversa e evidências do período colonial português, holandês e dos períodos de ocupação japonês e indonésio. De todas estas evidências, a presença colonial portuguesa ocupa um lugar especial na história do nosso país, pela sua duração prolongada e sobretudo pelas marcas que esta presença deixou, de um ponto de vista da língua, dos costumes e do património arquitectónico. Efetivamente, qualquer visitante que chegue a Dili ou passeie pelos distritos facilmente se apercebe que na paisagem se misturam elementos arquitectónicos tradicionais com arquitetura do período colonial português. Igrejas, escolas, mercados e edifícios da administração pública da época fazem parte da nossa memória colectiva e são um elemento da identidade nacional de Timor-Leste. Estes elementos arquitectónicos, à semelhança do que já acontece em Macau, Malaca e outros locais do mundo, classificados pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade, devem ser preservados para as gerações futuras, como testemunhos da nossa história e pelo potencial que encerram de um ponto de vista da sua utilização para fins turísticos e de desenvolvimento. Por estas razões, convido todos a disfrutar desta viagem pelo património arquitectónico de origem portuguesa do distrito de Liquiçá, que se espera seja a primeira de uma série de publicações que pretende documentar o património arquitectónico de origem portuguesa em todo o país. Que o mesmo sirva de inspiração para que os interessados e curiosos partam à descoberta de uma parte importante da história e do património cultural de Timor-Leste!
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Timor-Leste nia istória hanesan antigu no riku iha diversidade. Hahú liu tinan 40.000, grupu umanu oioin to’o ona iha illa, nune’e nabelit hela no adapta an ba fizionomia teritóriu nian. Atualmente, paizajen kulturál timoroan nian konstitui hosi lubuk ida diversifikadu tebes iha espresaun sira patrimóniu materiál konstruídu, ho fatin arkeolójiku, gruta ho pintura rupestre sira1, aldeia fortifikadu sira ne’ebé antigu, arkitetura tradisionál oioin no evidénsia sira hosi períodu koloniál portugés no olandés no períodu okupasaun japoneza no indonézia nian. Hosi evidénsia sira ne’e, prezensa koloniál portugeza okupa fatin espesiál ida iha istória ita-nia nasaun nian, tanba nia durasaun naruk no, liuliu, tanba marka sira-ne’ebé prezensa ida-husik, iha pontudevista lian nian, kostume no patrimóniu arkitetóniku nian. Efetivamente, vizitante ruma ne’ebé to’o iha Díli ka ba pasiar iha distritu bele hatene kedas katak paizajen ne’e kahur elementu arkitetóniku tradisionál ho arkitetura hosi períudu koloniál portugés nian. Igreja, eskola, merkadu no edifísiu sira administrasaun públika tempu ne’ebá nian halo parte hosi ita-nia memória koletivu no elementu ida identidade nasionál Timor-Leste nian.
The history of Timor-Leste is long and rich in diversity. For over 40,000 years, different groups of people arrived in the island, remaining there and shaping the face of the territory. Currently, the Timorese cultural landscape consists of a very diverse set of expressions of built material heritage, with archaeological sites, caves with rock art, ancient fortified villages, traditional architecture and evidence of the Portuguese and Dutch colonial periods, as well as the periods of Japanese and Indonesian occupation. Of all these evidence, the Portuguese colonial presence occupies a special place in the history of our country, due to its prolonged duration and especially due to the marks that such presence left from the point of view of language, traditions and architectural heritage.
Elementu arkitetóniku sira ne’e, hanesan ne’ebé mak akontese ona iha Makau, Malaka no fatin sira seluk iha mundu, klasifikadu hosi UNESCO nu’udar Patrimóniu Kulturál Umanidade nian, tenki proteje ba jerasaun sira iha futuru, hanesan sasin ba ita-nia istória nomós tanba potensiál husi pontudevista ba ninia utilizasaun turístika no dezenvolvimentu nian.
Indeed, any visitor who comes to Dili or strolls through the districts easily realises that traditional architectural elements blend in the landscape with architecture from the Portuguese colonial period. Churches, schools, markets and public administration buildings of that era are part of our collective memory and are an element of Timor-Leste’s national identity.
Tanba razaun hirak ne’e, ha’u konvida atu ita aproveita publikasaun ida ne’e liuhusi patrimóniu arkitetóniku ho orijén portugeza iha distritu Liquiçá nian, hanesan publikasaun dahuluk husi série ida ne’ebé hakarak dokumenta patrimóniu arkitetóniku ho origem portugeza nasaun tomak nian. Katak nia sei sai nu’udar inspirasaun ba interesadu no kuriozu sira ne’ebé sei halo deskoberta ba parte importante ida istória no patrimóniu kulturál Timor-Leste nian!
These architectural elements, similarly to what already happens in Macau, Malacca and places elsewhere in the world, already classified by UNESCO as World Cultural Heritage, should be preserved for future generations, as testimonies of our history and because of the potential they contain from a perspective of their use for tourism and development.
1. Pintura iha fatuk-lolon.
For all these reasons, I invite everyone to enjoy this journey through the Architectural Heritage of Portuguese origins of the Liquicá District, which is expected to be the first in a series of publications that aims at documenting the architectural heritage of Portuguese origins around the country. That this book inspires those who are interested and curious in the discovery of an important part of the history and cultural heritage of Timor-Leste is what we hope for!
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Directora-Geral da Arte e Cultura
cecília assis
0.2
Património Arquitectónico de Origem Portuguesa em Liquiçá Patrimóniu Arkitetóniku ho Orijen Portugeza iha Liquiçá Architectural Heritage of Portuguese Origins in Liquiçá
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O livro que agora se publica surge na sequência de outros trabalhos que a Direcção Geral da Arte e Cultura e as Direcções Nacionais sob a sua tutela têm vindo a desenvolver ao longo dos anos e que incluem a inventariação de diversas expressões do património cultural do nosso país, a produção de publicações sobre essas expressões culturais, acções de formação e sensibilização sobre a importância do património cultural para o desenvolvimento de um sentimento de identidade cultural e nacional em Timor-Leste, entre outras. Mais concretamente, esta obra está directamente ligada ao projecto iniciado em 2012, e que visa a recuperação da antiga Prisão de Aipelo, em Bazartete, e a construção aí de um pequeno Museu de Sítio e Café-Restaurante, como forma de promover o património cultural da região e o desenvolvimento local, através da criação de oportunidades de trabalho e promoção da iniciativa privada. O distrito de Liquiçá beneficia de uma localização próxima da capital do país, Dili, possuindo uma história rica ligada às presença coloniais holandesa e portuguesa. Entre os séculos XVIII e XIX, a região de Maubara foi pertença da Companhia Holandesa das Índias Orientais (Vereenigde Oost-Indische Compagnie ou VOC, no original, em holandês). Por essa razão, são ainda visíveis as marcas desse período, na arquitectura e através de vestígios materiais encontrados em escavações arqueológicas. No seguimento de negociações fronteiriças entre a Holanda e Portugal, este último reocupa o enclave de Maubara em Abril de 1861, passando a região a fazer parte em definitivo da colónia portuguesa de Timor. Desde essa altura, foram sendo construídos novos edifícios e fortificações, algumas delas ainda hoje visíveis na paisagem. Durante o período de ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial, entre 1942 e 1945, uma parte substancial da administração colonial esteve presa em Liquiçá e Maubara. Por essa razão, toda esta região foi poupada aos bombardeamentos australianos e japoneses, que durante três anos fizeram da ilha de Timor palco de guerra.
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Por todas as razões acima enunciadas, o distrito de Liquiçá apresenta um rico historial arquitectónico do período colonial, o qual se foi preservando ao longo dos anos. Não obstante, muitos destes edifícios estão hoje em precário estado de conservação, necessitando de medidas de salvaguarda urgentes. Este livro surge, assim, como um primeiro passo no sentido de inventariar e fornecer informação sumária sobre o património arquitectónico colonial de Liquiçá. Esperamos que o mesmo possa servir como incentivo a outras medidas igualmente necessárias, nomeadamente a recuperação, o restauro e a reutilização desta importante parte da história do nosso país.
Livru ne’ebé agora publika mosu hosi kontinuasaun traballu Diresaun-Jerál ba Arte no Kultura no Diresaun Nasionál sira iha nia tutela, ne’ebé ami dezenvolve iha tinan barak nia laran, no ne’ebé inklui katalogasaun ba espresaun oioin patrimóniu kulturál husi ita-nia nasaun, produsaun ba publikasaun kona-ba espresaun kulturál sira ne’e, asaun formasaun no sensibilizasaun kona-ba importánsia hosi patrimóniu kulturál ba dezenvolvimentu sentimentu identidade kulturál no nasionál ida iha Timor-Leste, no seluk tan. Konkretu liu, obra ne’e iha ligasaun direta ba projetu ne’ebé hahú iha tinan 2012, no haree ba rekuperasaun antigu Prizaun Aipelo nian, iha Bazartete, no atu harii iha ne’ebá Muzeu Lokál ki’ik ida no Kafé-Restaurante, hanesan forma hodi promove patrimóniu kulturál rejiaun no dezenvolvimentu lokál nian liuhosi kriasaun oportunidade traballu no promosaun ba inisiativa privadu.
The book that we now publish follows on from other works that the General Directorate of Arts and Culture and the National Directorates under its tutelage have been undertaken over the years, which include inventorying various expressions of the cultural heritage of our country, producing publications on such cultural expressions, training and raising awareness on the importance of cultural heritage for the development of a sense of cultural and national identity in Timor-Leste, amongst many others. More specifically, this book is directly associated to the project that started in 2012 and that aimed at the recovery of the former Aipelo Prison, in Bazartete, and the building there of a small site museum and café-restaurant, as ways to promote cultural heritage in the region and local development through the creation of job opportunities and the promotion of private initiative.
Distritu Liquiçá benefisia ba lokalizasaun ida besik kapitál nasaun nian, Dili, no iha istória ida riku ne’ebé iha ligasaun ho prezensa koloniál olandeza no portugeza nian. Entre sékulu XVIII no XIX, rejiaun Maubara pertense ba Kompañia Olandeza ba Índia Orientál sira (Vereenigde Oost-Indische Compagnie ka VOC, iha lian olandés). Ho razaun ne’e maka sé bele haree marka hosi períodu sira ne’e, iha arkitetura no liuhosi marka materiál sira ne’ebé hetan ona iha eskavasaun arkeolójiku. Depoizde negosiasaun fronteira sira-nian entre Olanda no Portugal, ida ikus okupa fali enklave Maubara nian, iha fulanAbril tinan 1861, nune’e rejiaun ne’e sai hanesan parte definitivu ba kolónia portugeza nian iha Timór. Hahú tempu ne’ebá, harii edifísiu no fortifikasaun foun sira no ohin loron ita sei bele haree balun iha paizajen.
The Liquiçá district enjoys a location near the nation’s capital, Dili, possessing a rich history linked to the Dutch and Portuguese colonial presences. Between the eighteenth and nineteenth centuries, the region of Maubara was owned by the Dutch East India Company (Oost-Indische Compagnie Vereenigde or VOC, in Dutch). For this reason, evidence of that period is still visible, in the architecture and through material remains found in archaeological excavations. Following border negotiations between Holland and Portugal, the latter reoccupied the Maubara enclave in April 1861, with this region being definitively part of the Portuguese colony of Timor from then on. Since that period, new buildings and fortifications were constructed, some of them still visible in the landscape today.
Durante períodu okupasaun japuneza nian, durante Funu Mundiál Daruak, entre tinan 1942 no 1945, parte fundamentál administrasaun koloniál nian prizioneiru iha Liquiçá no Maubara. Ho razaun ne’e, rejiaun tomak ladún hetan bombardeamentu hosi autralianu no japunés sira-ne’ebé durante tinan tolu halo illa Timor hanesan palku funu nian. Ho razaun sira-ne’ebé hatete ona iha leten, distritu Liquiçá aprezenta istoriál arkitetóniku riku ba períudu koloniál, ne’ebé preserva iha tinan barak nia laran. Maibé, edifísiu sira ne’e barak maka ohin loron ladún iha estadu konservasaun nian, nune’e presiza medida urjente ba sira-nia protesaun. Livru ne’e hanesan hakat ida hodi halo rejistu no fó informasaun rezumidu kona-ba patrimóniu arkitetóniku koloniál Liquiçá nian. Ami hein katak bele serve hanesan insentivu ba medida importante sira seluk, liuliu rekuperasaun, restauru no reutilizasaun hosi parte importante istória ita-nia nasaun.
During the Japanese occupation in World War II, between 1942 and 1945, a substantial part of the Portuguese colonial administration was arrested in Liquicá and Maubara. For this reason, the whole region was spared from Australian and Japanese bombings, who for three years made the island of Timor a theatre of war. For all the above-mentioned reasons, the Liquiçá district has a rich architectural history of the colonial period, which was preserved over the years. Nevertheless, today many of these buildings are in poor condition, requiring urgent safeguarding measures. Therefore, this book comes as a first step towards identifying and providing summary information on the colonial architectural heritage of Liquiçá. We hope that it can serve as an encouragement to other equally necessary measures, including the recovery, restoration and eventual reuse of this important part of our country’s history.
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director nacional do património cultural
manuel ximenes smith
0.3
Estratégias para A PRESERVAÇÃO Do Património ARQUITECTÓNICO de Timor-Leste ESTRATÉJIA SIRA BA PREZERVASAUN BA PATRIMÓNIU ARKITETURA HUSI TIMOR-LESTE STRATEGIES FOR THE PRESERVATION OF TIMOR-LESTE’s ARCHITECTURAL HERITAGE
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Timor-Leste é uma jovem nação, porém com uma história milenar que vai muito para além do período de contacto com os primeiros povos europeus. Actualmente, a riqueza e diversidade de influências patrimoniais e arquitectónicas manifestam-se através de vestígios na paisagem que permitem identificar antigos contactos com a Ásia, Europa, África e a Oceânia. De facto, ao longo dos séculos, vários foram os povos e culturas que chegaram a Timor, aqui estabelecendo contactos e deixando marcas, tanto a nível de aspectos da cultura imaterial (línguas, tradições, lendas, músicas, danças, etc.) como de um ponto de vista da cultura material móvel (objectos) e imóvel (arquitectura, transformação da paisagem para fins agrícolas, entre outros). De um ponto de vista arquitectónico, os quase cinco séculos de contacto e presença colonial portuguesa deixaram vestígios na paisagem de Timor-Leste que são únicos e que fazem hoje parte da identidade cultural do país. Fortificações, igrejas, escolas, hospitais, prisões, edifícios da administração pública, pontes, cemitérios e monumentos funerários são apenas alguns exemplos do tipo de arquitectura colonial de origem portuguesa que ainda hoje perdura no país. Não obstante as primeiras referências à ilha de Timor na cartografia portuguesa datarem de inícios do século XVI e de a evangelização da ilha ter tido início na segunda metade do mesmo século, raras são as ocorrências arquitectónicas desse período que chegaram até aos nossos dias. A antiga feitoria de Lifau (incluindo a fortaleza, área residencial, igreja e canal), localizada na actual região especial e enclave de Oecusse, foi estabelecida em 1661 como primeira capital do Timor Português. Praticamente destruída, constitui hoje em dia o mais antigo vestígio da presença portuguesa em Timor.
Timor-Leste hanesan nasaun foun ne’ebé iha istória tuan, liu kontatu ho povu europa sira ne’ebé mai uluk. Agora dadaun ita bele hetan riku soin no diversidade husi influénsia patrimoniál no arkitetura liu husi vestijiu sira iha paizajen n’ebé hatudu kontatu ho Azia, Europa, Áfrika no Oseania. Sékulu ba sékulu, povu no kultura oin oin tama mai Timor, no halo kontatu no husik sira nia marka, kona ba kultura imateriál (lian, tradisaun, lenda, múzika, dansa, nsst.) no kona ba kultura materiál móvel (objetu sira) no imóvel (arkitetura, mudansa ba paizajen hodi halo agrikultura, no seluk). Kona ba arkitetura, sékulu lima ne’ebé iha kontatu no prezensa koloniál portugeza nian, husik vestijiu ne’ebé úniku iha paizajen Timor-Leste nian, ne’ebé oin halo parte husi identidade kulturál Timor nian. Ezemplu balu husi arkitetura tipu koloniál husi orijén portugés ne’ebé ita sei bele hetan mak fortifikasaun, igreja, eskola, ospitál, prizaun, edifisiu ba administrasaun púbika, ponte, semitériu no monumentu funebre sira. Maski referénsia uluk ba Timor iha kartografia portugeza nia mai husi prinsipiu sékulu XVI no evanjelizasaun hahu iha segunda metade husi sékulu ne’ebé refere, ladun iha okorénsia arkitetura husi periodu ne’ebé refere, ne’ebé ita sei bele hetan dadaun. Feitoria uluk husi Lifau (inklui fortaleza, uma, igreja no kanál), ne’ebé iha rejiaun espesiál no enklave Oecusse, harii iha 1661 nudár primeira kapitál husi Timor Portugés. Ida ne’e destruídu ona maibé ida ne’e mak vestijiu uluk husi prezensa portugés iha Timor.
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Timor-Leste is a young nation, but with an ancient history that goes far beyond the period of contact with the first Europeans. Nowadays, the richness and diversity of architectural and heritage influences manifest itself through marks in the landscape identifying ancient contacts with Asia, Europe, Africa and Oceania. In fact, over the centuries, several people and cultures reached Timor, establishing contacts here and leaving marks, both in terms of intangible culture (languages, traditions, legends, songs, dances, etc.) and from the point of view of movable (objects) and immovable material culture (architecture, landscape transformation for agricultural purposes, among others). From an architectural point of view, the nearly five centuries of Portuguese contact and colonial presence left traces in the landscape of Timor-Leste that are unique and which are now part of the cultural identity of the country. Fortifications, churches, schools, hospitals, prisons, public administration buildings, bridges, cemeteries and funerary monuments are just a few examples of the type of Portuguese colonial architecture that still stand in the country. Notwithstanding the first references to the island of Timor in Portuguese cartography date back to the early sixteenth century and the evangelization of the island begun in the second half of the same century, architectural evidence from this period that survived until the present day is rare. The old trading post at Lifau (including the fortress, residential area, church and boat channel), located in the current special region and enclave of Oecusse, was established in 1661 as the first capital of Portuguese Timor. Virtually destroyed, it represents today the oldest evidence of the Portuguese presence in Timor.
Actualmente, é possível encontrar vestígios arquitectónicos da presença colonial portuguesa em todos os 13 distritos de Timor-Leste. Alguns datam do século XIX e a maior parte do século XX, sobretudo do período pós-Segunda Guerra Mundial, altura em que muitos edifícios foram destruídos na sequência da guerra entre forças japonesas e aliadas. Durante o período de ocupação indonésia, entre 1975 e 1999, a generalidade dos edifícios antigos do tempo português teve direito a protecção legal, através da Lei nº5, de 1992. Porém, na sequência dos acontecimentos ocorridos em 1999, vários edifícios do período português foram afectados, sobretudo na cidade de Dili e nas capitais de distrito e subdistrito. Agora dadaun, ita bele hetan vestijiu arkitetura husi prezensa koloniál portugeza iha distritu 13 husi Timor-Leste. Balu mai husi sékulu XIX maibé barak mak husi sékulu XX, liu liu husi períodu pós-Segunda Guerra Mundial, momentu ne’ebé edifisiu barak hetan destruisaun husi funu entre forsa japaun no forsa aliada sira. Durante períodu okupasaun indonézia, husi 1975 to’o 1999, edifisiu antigu husi tempu koloniál portugés barak mak hetan protesaun legál, liu husi Lei nº5, husi 1992. Maski nune’e, tuir situasaun ne’ebé mosu iha 1999, edifisiu barak husi tempu portugés mak hetan impaktu, liu liu iha Dili no kapitál sira husi distritu no sub distritu. Currently, one can find architectural remains of the Portuguese colonial presence in all 13 districts of Timor-Leste. Some date back to the nineteenth century and most are of the twentieth century, especially from the period after World War Two, when many buildings were destroyed in the wake of the war between Allied and Japanese forces. During the Indonesian occupation, between 1975 and 1999, most old buildings from Portuguese times were entitled to legal protection, through Law No. 5, 1992. However, following the events of 1999, several buildings from the Portuguese period were affected, especially in the city of Dili and in the district and subdistrict capitals.
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Logo em 2000, no âmbito da administração transitória da UNTAET, um primeiro inventário do património arquitectónico de origem portuguesa foi realizado pelo Professor Luís Filipe Thomaz, com o apoio da UNESCO. A partir de 2002, quando Timor-Leste recuperou finalmente a sua independência, o Governo deu início à gestão do seu património cultural. Com base na informação existente e com o apoio de representantes da Cultura em cada distrito, os quais têm vindo a receber formação em técnicas de inventariação do património, a Secretaria de Estado da Arte e Cultura deu início ao levantamento sistemático dos vários tipos de património cultural existentes no país. Em Setembro de 2011, foi publicada a Resolução do Governo nº 25/2011, que confere a esta Secretaria de Estado a tutela de todo o património cultural de Timor-Leste, definindo este como “todos os bens, móveis e imóveis, materiais ou imateriais, que pela sua importância e valor únicos, contribuem para afirmar a identidade cultural de uma comunidade, país ou região e que, por tal, devem ser alvo de identificação, investigação, classificação e de medidas de conservação e protecção.” Na segunda alínea do seu ponto d), são incluídas no Património Arquitectónico “construções de vários tipos dos períodos colonial português e holandês (incluindo o património religioso), do período de ocupação japonesa e do período de ocupação indonésia”. Está actualmente em preparação a nova Lei de Bases do Património Cultural, que virá substituir a actual Resolução e regular em definitivo esta área. Finalmente, em 2012, e no âmbito da apresentação do projecto de conservação e musealização da antiga Prisão de Aipelo, em Bazartete, foi levado a cabo o levantamento de todo o património arquitectónico de origem portuguesa do distrito de Liquiçá. Após o levantamento de campo, foi realizada uma pesquisa de arquivo em Portugal e Macau, de forma a completar a informação existente sobre cada edifício. O trabalho que aqui se apresenta, em conjunto com um pequeno roteiro e sinalização pública de todos os edifícios patrimoniais de Liquiçá, constitui deste modo a primeira tentativa para uma estratégia integrada de proteção e valorização do património arquitectónico de origem portuguesa em Timor-Leste.
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Iha 2000, administrasaun tranzitória husi UNTAET nia laran, hala’o inventáriu ba dala uluk kona ba patrimóniu arkitetura ho orijén portugeza, ne’ebé kaer husi Profesór Luís Filipe Thomaz, ho apoiu husi UNESCO. Hahu iha 2002, bainhira Timor-Leste hetan ona independénsia, Governu hahu Jestaun ba patrimóniu kulturál rasik. Bazeia ba informasaun ne’ebé iha no ho apoiu husi reprezentante sira husi Kultura iha distritu ida idak, ne’ebé hetan ona formasaun kona ba téknika halo inventáriu ba patrimóniu, Sekretaria Estadu Arte no Kultura hahu levantamentu sistemátiku husi patrimóniu kulturál hotu ne’ebé iha iha rai laran.
Soon in 2000, under the transitional UNTAET administration, Professor Luís Filipe Thomaz, from Portugal, conducted a first inventory of the architectural heritage of Portuguese origins, with the support of UNESCO. In 2002, when TimorLeste finally regained its independence, Government initiated the management of its cultural heritage. Based on existing information and the support of Culture representatives in each district, who have been trained in techniques of inventorying cultural heritage, the Secretariat of State for Arts and Culture initiated the systematic survey of the various types of cultural heritage existing in the country.
Iha Setembru 2011, halo publikasaun ba Rezolusaun husi Governu nº 25/2011, ne’ebé fo ba Sekretaria Estadu tutela husi patrimóniu kulturál husi Timor-Leste, ne’ebé define nudar “bein móvel no imóvel hotu, materiál ka imateriál, ne’ebé tamba nia importánsia no valór ne’ebé uniku, fo kontribuisaun ba afirmasaun husi identidade kulturál husi komunidade, país ka rejiaun, no nune’e tenke hetan identifikasaun, investigasaun, klasifikasaun no medida konservasaun no protesaun.” Iha alínea 2 husi pontu d), inklui iha Patrimóniu Arkitetura “konstrusaun sira husi tipu oin oin husi tempu koloniál portugés no olandés (inklui patrimóniu relijiozu), husi períodu okupasaun Japoneza no períodu okupasaun indonézia”. Agora dadaun halo preparasaun ba Lei Baze ba Patrimóniu Kulturál, ne’ebé foun no atu halo substituisaun ba Rezolusaun ne’ebé refere no halo regulamentu ba área ida ne’e.
In September 2011, the Government Resolution No. 25/2011, which gives the Secretariat of State the authority on the entire cultural heritage of Timor-Leste, was published. It defines this as “all property, movable and immovable, tangible or intangible that for its importance and unique value, contribute to affirm the cultural identity of a community, country or region and, as such, should be targeted for identification, investigation, classification and conservation and protection measures.” In the second paragraph of item d) are included, under Architectural Heritage, “constructions of various types of Portuguese and Dutch colonial periods (including religious heritage), of the Japanese occupation period and the Indonesian occupation period.” The new Law on Cultural Heritage, which will replace the current resolution and ultimately regulate this area, is currently under preparation.
Iha 2012, tuir aprezentasaun ba projetu konservasaun no halo sai muzeu ba Prizaun Aipelo iha Bazartete, hala’o levantamentu ba patrimóniu hotu ho orijen portugeza iha distritu Liquiçá. Liu levantamentu ida ne’e iha kampu, halo mós peskiza arkivu iha Portugal no iha Macau, hodi hahotu informasaun ne’ebé iha kona ba edifisiu ida idak. Traballu ne’ebé hatudu iha ne’e, hamutuk ho roteiru kiik no sinál publiku kona ba edifisiu patrimóniál husi Liquiçá, hanesan tentativa hahu kona ba estratéjia integradu ba protesaun no valorizasaun husi patrimóniu arkitetura husi orijen portugeza iha Timor-Leste.
Finally, in 2012, and during the presentation of the project of conservation and musealization of the former Aipelo Prison, in Bazartete, a survey of all architectural heritage of Portuguese origins in the Liquiçá District was carried out. After the field survey, an archival survey was also conducted in Portugal and Macau, in order to complete the information on each building. The work presented here, together with a small itinerary and public signage of all heritage buildings in Liquiçá, constitutes a first attempt for an integrated strategy for the protection and enhancement of the architectural heritage of Portuguese origins in Timor-Leste.
Ao mesmo tempo que decorrem campanhas de sensibilização sobre a necessidade de proteger o património cultural do país, direccionadas às escolas e às comunidades em geral, o levantamento de campo, inventário e estudo do património arquitectónico de origem portuguesa têm prosseguido. Para além da escassez de recursos humanos qualificados para proceder a este trabalho, o rápido desenvolvimento de TimorLeste e a construção de novas infraestruturas –especialmente em Dili– têm colocado em perigo a preservação deste tipo de património cultural na capital. No último ano, foram enviados para universidades do Brasil os primeiros bolseiros que em breve irão completar os seus estudos superiores em áreas de importância à gestão do património cultural, incluindo arquitectura, arqueologia e museologia. Espera-se que a qualificação destes e outros recursos humanos, em conjunto com um maior investimento e uma crescente sensibilidade para a importância de preservar o nosso património cultural –da população em geral e de todos os agentes sociais, incluindo a classe política– contribuam para a preservação, estudo e valorização deste importante legado histórico, sem o qual a história e identidade nacionais do nosso país não poderão ser construídas.
Levantamentu iha kampu, inventáriu no estudu husi patrimóniu arkitetura ho orijén portugeza la’o hela hamutuk ho kampaña sensibilizasaun ba eskola no komunidade sira kona ba nesesidade atu fo protesaun ba patrimóniu kulturál. Tamba la iha rekursu kualifikadu ne’ebé natoon atu halo servisu ida ne’e, no tamba dezenvolvimentu lais husi Timor-Leste no konstrusaun ba infraestrutura foun –liu liu iha Dili– hanesan perigu ba prezervasaun husi patrimóniu kulturál ne’e iha kapitál. Iha tinan kotuk ba, haruka ona bolseiru ba universidade sira iha Brazil, hodi hala’o estudu superiór iha área ne’ebé relevante ba jestaun husi patrimóniu kulturál, inklui arkitetura, arkeolojia no muzeu. Espera katak, kualifikasaun husi rekursu umanu sira ne’e, hamutuk ho aumentu ba sensibilidade kona ba importánsia husi prezervasaun husi patrimóniu kulturál –husi populasaun no husi ajente sosiál hotu, inklui politiku sira– sei fo kontribuisaun ba prezervasaun, estudu no valorizasaun husi eransa istóriku importante ne’e, ne’ebé fo dalan hodi harii istória no identidade nasionál husi ita nia rai.
While awareness campaigns on the need to protect the country’s cultural heritage, directed to schools and communities in general are taking place, field survey, the inventory and the study of architectural heritage of Portuguese origins have continued. Besides the shortage of qualified human resources to undertake this work, the rapid development of Timor-Leste and the construction of new infrastructure –especially in Dili– are endangering the preservation of this type of cultural heritage in the capital. A year ago, the first recipients of scholarships who will soon complete their higher studies in areas of importance to the management of cultural heritage, including architecture, archaeology and museology, were sent to universities in Brazil. It is expected that the qualification of these and other human resources, together with an increased investment and a growing awareness of the importance of preserving our cultural heritage –of the general population and of all stakeholders, including politicians– will contribute to the preservation, study and appreciation of this important historical legacy, without which the national history and identity of our country cannot be built.
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Universidades do Algarve e de Coimbra
walter rossa
0.4
Sobre o significado glocal do património de influência portuguesa EM Timor-Leste E NO MUNDO Kona-bA signifikadu glokál hosi patrimóniu influénsia portugeza nian iha Timor-Leste NO IHA MUNDU On the Glocal meaning of Portuguese heritage influence in Timor-Leste AND THE WORLD
GLOCAL – Dimensão local na produção de uma cultura global. GLOKÁL – Dimensaun lokál iha produsaun kultura ida globál. GLOCAL – local dimension in the production of a global culture.
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Escrevo este texto para leitores que conhecem melhor os objetos de que dá conta o livro do que eu. Por isso, não seria válido pronunciar-me diretamente sobre cada um deles. Mas talvez possa fazê-lo sobre o conjunto e o seu significado, designadamente partindo de fora e de alguns conceitos. Património é uma palavra com um significado simples: o que era dos pais e ficou para nós. Há um certo consenso e consciência coletiva de que não só deve ser usado em nosso proveito (a razão essencial pela qual nos foi legado), como por isso o devemos conservar, desenvolver e com ele e através dele invocar a memória e prover o bom nome de quem no-lo legou. Por último, sentimos a obrigação e desenvolvemos o gosto por fazer o mesmo, ou seja, legar património aos nossos filhos por forma a conferir-lhes segurança e enraizamento. Se aplicarmos esses princípios e preceitos ao coletivo, temos a explicação simples de património civilizacional, conceito obviamente mais abrangente que o de património cultural. Mas aí é óbvio que a coisa se complica, pois no limite parecerá que tudo é património. Será que tudo é de preservar? Claro que não. A violência, as quezílias, o mau gosto, a descriminação, as injustiças, etc. são coisas que não devemos legar, mas tão só procurar extinguir. Devemos ir selecionando o que nos parece bom, legando mais e melhor do que o que nos legaram. É por essa via que património invoca também os conceitos de qualidade e sustentabilidade. À luz do que acabo de dizer, veja-se como nas nossas comunidades estamos sempre a discutir património, pois é disso que se trata quando tomamos decisões sobre o que se destrói, o que se preserva e o que se faz de novo para complementar ou substituir o que existe. O que vai ficando como património é o resultado e registo dessas decisões. Quanto mais democrático é o funcionamento da nossa comunidade, maior e mais autêntica é a sua expressão através do património, mais qualificadas são essas escolhas.
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Ha’u hakerek testu ne’e ba leitór ne’ebé hatene objetu sira iha livru ne’e di’ak liu duké ha’u. Tanba ne’e ladún di’ak atu ha’u ko’alia diretamente kona-ba ida-idak. Maibé karik ha’u bele ko’alia kona-ba konjuntu no nia signifikadu liuliu hosi liur no hosi konseitu balun.
I write this for readers who know the objects described in this book better than I do. Therefore, it would not be valid to pronounce myself directly on each of them. But maybe I can do it as a group and its significance, especially starting from the outside and from some concepts.
Patrimóniu hanesan liafuan ida ho signifikadu simples: saida mak uluk pertense ba inan-aman ne’ebé hela ba ita. Iha akordu loloos ida no konxiénsia koletivu katak labele uza de’it património ne’e ba ita nia benefísiu (razaun importante ne’ebé husik mai ita), nune’e ita tenki konserva, dezenvolve no hamutuk ho nia ka, liuhusi nia, invoka memória no fornese naran di’ak husi sira ne’ebé fó mai ita. Ikus liu, ita sente obrigasaun no ita dezenvolve gostu hodi halo buat hanesan, ka fó patrimóniu ba ita nia oan sira hodi fó seguransa no abut ba sira.
Heritage is a word with a simple meaning: what was our parents’ and became ours. There is a certain consensus and collective consciousness that not only should it be used to our advantage (the essential reason why it is our legacy), but for this reason we should conserve, develop, and with it and through it, to invoke the memory and provide the good name of whom bequeathed it to us. Finally, we feel the obligation and develop a taste for doing the same, that is, to bequeath heritage to our children in order to give them security and rooting.
Karik ita aplika prinsípiu no norma sira ne’e ba koletivu ita iha esplikasaun simples kona-ba patrimóniu sivilizasionál, konseitu ne’ebé luan liu tebes duké patrimóniu kulturál nian. Iha ne’e maka buat hotu sei komplikadu tanba, iha nia limite, bele hanesan katak buat hotu mak patrimóniu. Ita tenki prezerva buat hotu? La’e. Violénsia, haksesuk malu, gostu ladi’ak, diskriminasaun, injustisa, no seluk tan, hanesan buat ne’ebé maka di’ak liu la fó maibé buka de’it hodi halakon. Ita tenki buka hili buat ne’ebé maka ita sente di’ak, fó de’it buat ne’ebé maka di’ak. Hosi dalan ida ne’e maka patrimóniu invoka mós konseitu sira kualidade no sustentabilidade nian.
If we apply these principles and precepts to the collective, we reach the simple explanation of civilisational heritage, obviously a broader concept than that of cultural heritage. But then it is obvious that the plot thickens, because in the limit it will seem that everything is heritage. Should everything be preserved? Of course not. Violence, bickering, bad taste, discrimination, injustice, etc. are things that we should not bequeath, but only seek to extinguish. We should go on selecting what looks good, bequeathing more and better than that bequeathed on us. It is in this way that heritage also invokes the concepts of quality and sustainability.
Tuir ne’ebé maka ha’u foin hatete, ita bele haree oinsá iha itania komunidade ita diskute beibeik patrimóniu, tanba bainhira ita foti desizaun kona-ba saida maka atu sobu, saida maka bele prezerva no saida maka bele halo fali hodi komplementa ka substitui buat ne’ebé maka eziste ona ita ko’alia kona-ba ne’e. Saida maka sei hela hanesan patrimóniu maka rezultadu no rejistu hosi desizaun sira ne’e. Bainhira lala’ok ita-nia komunidade demokrátiku liu, ninia espresaun liuhosi patrimóniu mós boot no autentiku liu, kualifikadu liu mós nia eskolla sira.
In light of what I just said, see how our communities are always discussing heritage because it is what it is when we make decisions about what is destroyed, what is preserved and what is done again to supplement or replace what exists. What becomes heritage is the result and the record of such decisions. The more democratic is the operation of our community, the larger and more authentic is its expression through heritage, and more qualified are such choices.
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Há pois uma dimensão de representação das comunidades no seu património, o que por vezes nos leva a considerar determinados bens monumentos, ou seja, expoentes maiores dessa expressão comunitária. São bens cuja preservação requere maiores cuidados. Mas preservação não significa necessariamente uma conservação e/ ou restauro estáticos. Cada caso é um caso, sendo o uso útil um princípio fundamental. O que não é útil não tem significado e por isso degrada-se e acaba por desaparecer. Uma mudança de uso não é negativa desde que não iluda os usos passados. Por outro lado, a utilidade deve ser vista de forma abrangente, pois no limite uma ruína pode ser útil como forma de invocação, o que requere, contudo, que lhe seja conferida dignidade e capacidade de comunicação. Está necessariamente subjacente a esta breve abordagem o conceito de identidade. As comunidades revêem-se no seu património. É a ele, material e imaterial, que nos referimos quando estamos longe e falamos da nossa terra, é sobre ele que falamos quando a apresentamos de longe ou no local. Por tudo isso, o valor absoluto do património é irrelevante, pois só faz sentido no seu próprio contexto para a comunidade a que pertence, ou seja, o valor do património é intrinsecamente relativo e, por tudo isso, sempre grande. A consciência do património instalou-se (instala-se!) gradualmente à medida que a transformação passa a implicar substituição e mudança. No mundo ocidental, foi essencialmente despertada pelo choque provocado pela industrialização. As fortes transformações sociais e materiais puseram em causa as matrizes do enraizamento e da identidade. Por similitudes óbvias, também nos períodos pós-guerra as questões do património emergiram com relevância. Como refazer cidades e comunidades, reconciliar e recompor a concórdia sem reconduzir a identidade, sem ganhar a confiança e a relação dos sobreviventes com o seu contexto?
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Iha duni dimensaun ida ne’ebé reprezenta komunidade iha sira-nia patrimóniu, no dalabarak lori ita konsidera determinadu bein hanesan monumentu, ka reprezentante boot espresaun komunitáriu ne’e. Hanesan sasán ne’ebé prezervasaun husu kuidadu maka’as. Maibé prezervasaun la signifika konservasaun no/ ka restauru estátiku ida.
There is, therefore, a dimension of community representation in its heritage, which sometimes leads us to consider certain property as monuments, i.e. larger exponents of such community expression. This is property whose preservation requires more care. But preservation does not necessarily mean static conservation and / or restoration.
Kazu ida-idak la hanesan, no nia uzu di’ak mak prinsípiu fundamental ida. Buat ne’ebé maka laiha vantajen laiha signifikadu no nune’e hasoru degradasaun no bele lakon. Mudansa ba uzu la’os negativu bainhira la halakon uzu sira uluk nian. Iha fatin seluk tenki haree utilidade hanesan forma abranjente, tanba iha rohan ruina ida bele iha utilidade hanesan forma invokasaun nian, ne’ebé husu, liuliu nia dignidade no kapasidade komunikasaun nian.
Each case is unique, with useful use a fundamental principle. What is not useful has no meaning and therefore degrades and eventually disappears. A change in use is not negative as long as it does not elude past uses. On the other hand, utility should be viewed broadly as ultimately a ruin can be a useful form of invocation. That requires, however, that it is granted with dignity and communication skills.
Iha abordajen badak ne’e nia okos mak konseitu identidade nian. Komunidade sira haree rasik fali iha sira-nia patrimóniu. Materiál ka la materiál, patrimóniu ne’e maka ita temi bainhira ita dook no ko’alia kona-ba ita nia rain, ita ko’alia bainhira ita aprezenta ita-nia rain husi fatin dook ka lokalmente. Tanba buat hirak ne’e maka valór absolutu patrimóniu nian hanesan rohan laek, tanba iha de’it sentidu iha nia kontestu rasik ba komunidade ne’ebé pertense, ka valór patrimóniu hanesan refere ba aan rasik no nune’e sai boot nafatin. Konxiénsia patrimóniu nian estabelese ona (estabelese hela!) hakaat-ba-hakaat bainhira transformasaun inklui substituisaun no mudansa. Iha mundu osidentál hetan ativasaun liuliu hosi xoke industrializasaun nian. Transformasaun sosiál no material ne’ebé maka’as hamosu dúvida kona-ba orijen ba abut no ba identidade nian. Hanesan mós iha períodu sira pós-funu nian kestaun kona-ba patrimóniu nian mosu ho relevánsia. Halnusa maka harii fali sidade no komunidade sira, rekonsilia no tau fali hakmatek karik la kondús fali identidade, karik la hetan fiar no relasaun sobrevivente sira ho ninia kontestu?
The concept of identity necessarily underlies this brief approach. Communities view themselves in their heritage. It is to it, tangible and intangible, what we referrer to when we are far and we speak of our land, it is about it that we talk when we present it from afar or on site. For all that, the absolute value of heritage is irrelevant because it only makes sense in its own context, for the community to which it belongs, that is, the value of heritage is inherently relative and because of all of this, always great. The awareness of heritage has settled (is settling!) gradually as the transformation begins to imply replacement and change. In the Western world it was essentially awakened by the shock caused by industrialisation. The strong social and material transformations questioned the matrixes of rootedness and identity. For obvious similarities, also in post-war periods the question of heritage emerged with significance. How to rebuild cities and communities, reconcile and restore harmony without redirecting identity, without gaining the trust and respect of survivors with their context?
Penso que tudo isto faz sentido para os timorenses que virem este livro. Claro que o que aqui está é apenas uma pequena parte do seu património. Não só por ser apenas da região de Liquiçá, mas também porque é aquele que decorre essencialmente da ação da administração portuguesa no período colonial. É assim património com influência portuguesa, mas na essência, é património timorense. Essa caraterística, além de conectar Liquiçá e Timor-Leste com Portugal, estabelece ligações muito mais amplas e de efetiva partilha com muitos outros países e regiões do mundo cujo património também tem, em maior ou menor grau, influência portuguesa (ver www.hpip.org). Mais do que o Português, que nem em todos esses locais se fala, há espaços e imagens do quotidiano com invocações comuns a todos eles, o que faz desse património um valor universal único e um veículo de paz e desenvolvimento sustentado. Libertas do domínio estranho, as comunidades que partilham património de influência portuguesa podem encarar em liberdade o legado patrimonial resultante como seu, valorizando-o e recontextualizando-o. Será tão importante fazêlo com este como com outros, designadamente o autóctone e/ ou vernacular, pois só no conjunto formam o património próprio da nação. Nessa linha e por último, quero aqui fazer notar como é relevante a manutenção dos conjuntos e não do objeto isolado. Nas sociedades que, depois da industrialização, agora se constroem em função do conhecimento e da globalidade, o património não é a exceção, mas a regra. Património que não é passado, mas o que dele ficou para o presente e temos o dever de legar, desenvolvido, ao futuro.
Ha’u hanoin katak buat hirak ne’e iha sentidu ba timoroan sira ne’ebé haree livru ne’e. Loos duni katak iha ne’e iha de’it parte ki’ik ida hosi sira-nia patrimóniu. La’os de’it tanba rejiaun Liquiçá nian de’it maibé mós tanba nia mai liuliu hosi asaun administrasaun portugeza nian iha períodu koloniál. Nune’e maka patrimóniu ho influénsia portugeza maibé iha ninia natureza maka patrimóniu timoroan nian. Karakterístika ida ne’e, aleinde liga Liquiçá no Timor-Leste ho Portugál, estabelese ligasaun sira ne’ebé boot liu no fahe ho di’ak hamutuk ho nasaun no rejiaun seluk iha mundu ne’ebé iha mós patrimóniu, maski barak ka oituan, ho influénsia portugés nian (haree www.hpip.org). Liu lian Portugés, ne’ebé ema la ko’alia iha fatin sira ne’e hotu, iha fatin no imajen loron-loron nian ho invokasaun komún ba sira, nune’e halo patrimóniu ne’e iha valór universál úniku no dalan ida ba dame no dezenvolvimentu sustentadu nian. Livre hosi domíniu estrañu, komunidade sira ne’ebé fahe patrimóniu ho influénsia portugés bele hasoru ho liberdade ninia eransa patrimoniál, fó valór no konstestu seluk ba nia. Sei importante halo ho ida ne’e no ho sira seluk, espesial liu autóktone1 no/ka vernakulár2 tanba hamutuk de’it maka sira forma patrimóniu rasik nasaun nian. Ho hanoin ne’e no lia menon ikus ne’ebé ha’u hakarak hato’o katak importante tebes maka lubuk sira nia manutensaun la’ós sasán ida-idak de’it. Iha sosiedade sira ne’ebé, hafoin industrializasaun ne’ebé agora harii tuir koñesimentu no globalidade nian, patrimóniu la’ós hanesan exepsaun maibé regra. Patrimóniu la’ós pasadu maibé buat ne’ebé maka nia rai ba prezente no ne’ebé ita iha dever atu fó, dezenvolvidu, ba futuru.
I think all this makes sense to the Timorese who see this book. What is here is obviously only a small part of their heritage. Not just because it is only from the region of Liquiçá, but also because it is the one that stems mainly from the action of the Portuguese administration during the colonial period. It is, thus, heritage with Portuguese influence, but in essence it is Timorese heritage. Such feature, in addition to connecting Liquiçá and Timor-Leste with Portugal establishes much wider links and an effective sharing with many other countries and regions of the world whose heritage also has, to a greater or lesser extent, Portuguese influence (see www.hpip.org). More than the Portuguese language, that not in all these places is spoken, there are spaces and images of everyday life with invocations common to all of them, which make such heritage a unique universal value and a vehicle for peace and sustainable development. Liberated from a strange dominance, communities that share heritage of Portuguese influence may face freely the resulting heritage legacy as their own, valuing it and recontextualizing it. It will be as important to do it with this as with other assets, including the indigenous and / or vernacular, because only together they form the nation’s own heritage. In line with this and finally, I want to note here how relevant it is the maintenance of groups as opposed to the isolated object. In societies that after industrialisation are now being built on the basis of knowledge and globality, heritage is not the exception but the rule. Heritage that is not past, but what is left of it for the present and we have the duty to pass it on, developed, to the future.
1. Naturál husi rejiaun ka fatin ida. 2. Halo ho materiál no rekursu sira husi ambiente lokál.
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TIMOR-LESTE
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1.1
timor-leste no contexto do sudeste asiรกtico Timor-Leste iha contextu Sudeste ร ZIA NIAN Timor-Leste in the Context of Southeast Asia
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dili Liquiçá manatuto aileu
ermera
ainaro manufahi bobonaro OECUSee INDONESIA suai
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1.2 baucau lautem
enquadramento nacional do distrito de liquiçá Enquadramentu nasional iha distritu Liquiçá National Background of the Liquiçá District
viqueque
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07
08 06
09
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12 10
21 03
04
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02 11
14
01 16
15
SUCO lauhate SUCO Valvikinia
MAUBARA
SUCO Dato
bazartete
SUCO FATUMASI
LIQUIçá 19
20
18
30
17
Liquiçá
Maubara
Bazartete
01 Hospital Municipal 02 Escola Primária 03 Sede de Posto do Administrador 04 Residência do Administrador 05 Escritório do Secretário Adjunto do Administrador 06 Escola Municipal 07 Mercado Municipal 08 Igreja 09 Hotel Tokodede 10 Posto da Alfândega
11 Posto da Alfândega 12 Forte 13 Escola do Bispo Medeiros 14 Igreja 15 Campa do Liurai D. José da Silva Nunes 16 Casa Forte – Residência do Chefe de Posto
17 Loja Chinesa e Ourives 18 Sede do Posto 19 Igreja de 20 Residência do Administrador do Posto 21 Prisão do Aipelo
Liquiçá 01 Ospital Munisipál 02 Eskola Primária 03 Sede Postu Administradór 04 Rezidénsia Administrador 05 Eskritróriu Sekretáriu-Adjuntu Administrador 06 Eskola Minisipál 07 Merkadu Munisipál 08 Igreja 09 Otel Tokodede 10 Postu Âlfadenga Liquiçá
Maubara
Bazartete 17 Loja Xinesa no Ourives 18 Sede Posto 19 Igreja 20 Rezidênsia Administradór Postu nian 21 Prizaun Aipelo
11 Postu Âlfadenga 12 Forte 13 Eskola Padre Medeiros 14 Igreja Bazartete 15 D. José da Silva Nunes, Liurai Maubara nia hakoi-fatin 17 Chinese Shop and Jeweller 16 Uma Forte – Xefe Posto nia uma 18 Village Administration Headquarters 19 Church Maubara 20 Administrator’s Residence 21 Aipelo Prison 11 Customs 12 Fort 13 Father Medeiros’ School 14 Church 15 Grave of D. José da Silva Nunes, King of Maubara 16 House-Fort – Administrator’s Residence
1.3
MAPA DOS edifícios do distrito de liquiçá mapa edifísiu iha distritu Liquiçá map of buildings in the district of Liquiçá
01 Municipal Hospital 02 Primary School 03 Headquarters of the Administrator 04 Residence of the Administrator 05 Office of the Deputy Secretary of the Administrator 06 Municipal School 07 Municipal Market 08 Church 09 Tokodede Hotel 10 Customs
31
07 09
08 06
05 10 03
04
02
01
32
Liquiçá
2.1
Património Arquitectónico por Subdistrito Patrimóniu Arquitetóniku tuir Subdistritu Architectural Heritage by Subdistrict
33
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01
Liquiçá
Hospital Municipal nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Hospital Municipal Ospitál Munisipál Liquiçá Municipal Hospital localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Público/saúde Públiku/saúde nian Public/health gps
S 08°35`52.4” E 125°19`53.6”
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36
Edifício de origem portuguesa datado da década de 1930, apresenta um estilo neoclássico e planta rectangular. Construído originalmente em alvenaria de pedra e cimento, com cobertura em telha. O Hospital Municipal de Liquiçá foi destruído e queimado em 1999, tendo sido reconstruído e equipado em 2000 pela Câmara Municipal de Oeiras, em Portugal, e com o apoio da tripulação do navio português Comandante Hermenegildo. Está atualmente a funcionar como hospital secundário, encontrando-se um pouco degradado. Edifísiu ho orijen portugeza harii iha dékada tinan 1930, hatudu estilu neoklásiku no planta rektangulár. Harii orijinalmente hosi alvenaria fatuk1 no simentu nian, taka ho tella. Ospitál Munisipál Liquiçá hetan destruisaun no sunu iha tinan 1999, harii fali no simu ekipamentu iha tinan 2000, hosi Kámara Munisipál Oeiras, iha Portugál, no ho apoiu tripulasaun ró portugés Comandante Hermenegildo nian. Agora daudaun funsiona hanesan ospitál sekundáriu no nia kondisaun aat uitoan. Building of Portuguese origins dated from the 1930s, it presents a neoclassical style and a rectangular shape. Originally built in stone masonry and cement, with a tile covering. The Municipal Hospital of Liquiçá was destroyed and burned in 1999 and it was rebuilt and equipped in 2000 by the Municipality of Oeiras, in Portugal, and with the support of the crew of the Portuguese ship Comandante Hermenegildo. It is currently operating as a secondary hospital, and it is slightly deteriorated.
1. Tipu konstrusaun ho fatuk
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Nota: O Hospital de Lahane, em Dili, foi o primeiro hospital construído em Timor, mandado erguer em 1906 pelo governador Celestino da Silva. Em 1918 foram construídos novos hospitais em Baucau, Manufahi e Bobonaro e colocadas equipas médicas móveis no território. Na década de 1930, a rede de hospitais foi alargada, com a criação de um novo hospital público, três hospitais privados, uma maternidade e cerca de 20 postos de saúde. A partir de 1960, o estado português atribuiu uma nova verba para a construção de hospitais, tendo em 1963 sido criados dois novos hospitais públicos e abertos mais 20 novos postos de saúde. Nota: Ospitál Lahane nian, iha Díli, hanesan ospitál dahuluk ne’ebé maka harii iha Timór, iha tinan 1906 hosi governadór Celestino da Silva. Iha tinan 1918 harii ospitál foun iha Baukau, Manufahi no Bobonaru no tau ekipa médika móvel iha territóriu. Iha dékada tinan 1930, habelar rede ospitál ho kriasaun ospitál públiku foun ida, ospitál privadu tolu, maternidade ida no postu saúde maizoumenus 20. Hahú iha tinan 1960, estadu portugés fó osan hodi harii ospitál sira, nune’e iha tinan 1963 harii ospitál públiku foun rua no loke tan postu saúde foun 20 tan. Note: The Lahane Hospital, in Dili, was the first hospital built in Timor, erected in 1906 by the governor Celestino da Silva. In 1918, new hospitals were built in Baucau, Manufahi and Bobonaro and mobile medical teams were placed in the territory. In the 1930s, the hospital network was expanded with the creation of a new public hospital, three private hospitals, a maternity and about 20 health centres. From 1960, the Portuguese state awarded a new grant for the construction of hospitals, with two new public hospitals and 20 new health centres created in 1963.
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Liquiçá
Escola Primária nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Escola Primária Eskola Primária Primary School localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Público/Educação Públiku/Edukasaun Public/Education gps
S 08°35`40.7” E 125°19`40.5”
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Edifício de origem portuguesa, datado provavelmente da década de 1940. A Escola Primária de Liquiçá foi, provavelmente, uma das primeiras escolas a serem construídas no distrito de Liquiçá. Originalmente em alvenaria de pedra e cimento, a planta apresentava quatro salas de aulas e um espaço administrativo. Durante o período de ocupação indonésio, foram adicionados dois novos blocos de aulas, apresentando atualmente um planta em U que encerra o recinto de recreio e proporciona um espaço para atividades lúdicas e desportivas. Foi recuperada recentemente mas carece ainda de manutenção.
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Edifísiu ho orijen portugeza, ne’ebé harii karik iha dékada tinan 1940. Eskola Primária Liquiçá, karik, hanesan eskola dahuluk ne’ebé mak harii iha distritu Liquiçá. Orijinalmente harii hosi alvenaria fatuk no simentu nian, nia planta hatudu sala aula haat no fatin administrativu ida.
Building of Portuguese origins probably dating from the 1940s. The Primary School of Liquiçá was probably one of the first schools to be erected in the district of Liquicá. Originally built in stone masonry and cement, the plant had four classrooms and an administrative space.
Durante períudu okupasaun indonézia nian, harii tan bloku aula foun rua, nune’e agora hatudu planta ida hanesan U ne’ebé taka resintu rekreiu nian no oferese fatin ida ba atividade rekreativu no desportivu sira. Rekupera foin lalais ne’e maibé sei presiza hela manutensaun.
During the Indonesian occupation, two new blocks of classrooms were added, with the building now presenting a U-shaped plant that encloses the precinct and provides space for recreational and sports activities. It was recently restored but still needs maintenance.
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Liquiçá
Sede de Posto do Administrador nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Sede de Posto do Administrador Sede Postu Administradór Headquarters of the Administrator localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Village Leo Pa proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Administrativo Administrativu Administration gps
S 08°35`36.7” E 125°19`38.3”
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Edifício de origem portuguesa, datado de 1938. Construído em alvenaria de pedra, num estilo colonial neoclássico pesado. Possui uma planta regular, com o acesso ao interior feito através de um imponente alpendre, suportado por 10 colunas com cerca de cinco metros de altura cada. O estilo arquitectónico austero sugere um local de respeito e ordem, onde durante o período colonial português a justiça tinha lugar. Construído como Sede de Posto do Administrador de Liquiçá, foi utilizado pelos serviços administrativos do distrito de Liquiçá. Atualmente, encontra-se e em estado adiantado de degradação, estando os jardins e muros de delimitação parcialmente destruídos. Edifísiu ho orijen portugeza harii iha tinan 1938. Harii hosi alvenaria fatuk nian ho estilu koloniál neoklásiku todan. Iha planta regulár ida, ho asesu ba laran liuhosi alpendre1 boot ida ne’ebé tane hosi koluna 10, ida-idak aas metru 5 maizoumenus. Estilu arkitetóniku rigorozu ne’e hatudu fatin respeitu no orden, ne’ebé sai hanesan fatin justisa nian durante períodu koloniál portugés. Harii nu’udar Sede Postu Administradór Liquiçá nian, uluk utiliza hosi servisu administrativu sira distritu Liquiçá nian. Agora daudaun, nia estadu degradasaun maka’as no jardin no muru delimitasaun nian aat uitoan. Building of Portuguese origins dated from 1938. Built in stone masonry in a heavy neoclassical colonial style. It has a regular plan, with access to the interior done through an imposing porch, supported by 10 columns about five-metre tall each. The austere architectural style suggests a place of respect and order, where during Portuguese colonial times justice took place. Built as the Headquarters of the Administrator of Liquicá, it was used by the administration of the Liquiçá district. Currently, it is in advanced state of degradation, with the gardens and boundary walls partially destroyed.
1. Fatin ho kakuluk ne’ebé laiha parede. Tipu varanda.
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Liquiçá
Residência do Administrador nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Residência do Administrador Rezidénsia Administradór Residence of the Administrator localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Residencial Rezidensiál Residential gps
S 08°35`37.6” E 125°19`38.3”
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Edifico de origem portuguesa datado provavelmente antes de 1910, num estilo colonial pesado e parecendo uma pequena fortaleza. Construído em pedra aparelhada e com argamassa de areia e cal, tem cobertura em zinco. Originalmente com dois pisos, hoje em dia apenas um é visível. Segundo a informação recolhida, o edifício original terá sido destruído por um incêndio, tendo sido reabilitado e modificado em data incerta. O amplo jardim e piscina fazem parte do projecto inicial.
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Edifísiu ho orijen portugeza, karik harii molok tinan 1910. Hatudu estilu koloniál todan, hanesan fortaleza ki’ik ida. Harii hosi fatuk aparelladu no ho simentu rai-henek no fatuk-ahu, taka ho zinku. Orijinalmente iha andár rua, maibé ohin loron ita bele haree ida de’it. Tuir informasaun ne’ebé iha, edifísiu orijinál hetan destruisaun hosi sunu no hetan reabilitasaun no modifikasaun iha data ne’ebé seidauk hatene.
Building of Portuguese origins probably built before 1910. It presents a heavy colonial style, looking like a small fortress. Built in carved stone and a mortar of lime and sand, it has a zinc covering.
1. Konstrusaun alvenaria ho fatuk sira regulár.
Originally with two storeys, today only one is visible. According to information gathered, the original building was destroyed by fire, having been rehabilitated and modified on an unknown date. The large garden and pool are part of the original project.
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Construído como Residência do Administrador de Liquiçá, serviu igualmente como residência do administrador de distrito (Bupati Kepala Daerah Tingkat II Kabupaten, em língua indonésia) durante a ocupação indonésia, até 1999. Harii nu’udar Rezidénsia Administradór Liquiçá nian, durante okupasaun indonézia nian to’o tinan 1999 nia mós serve hanesan rezidénsia administradór distritu nian (Bupati Kepala Daerah Tingkat II Kabupaten, iha lian indonézia). Built as the Residence of the Administrator of Liquicá, it also served as the residence of the district administrator (Bupati Kepala Daerah Tingkat II Kabupaten, in Indonesian) during the Indonesian occupation, until 1999.
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Entre 1999 e 2003, funcionou como sede da administração da UNTAET em Liquiçá, tendo posteriormente sido utilizado por várias organizações internacionais de apoio ao desenvolvimento. Atualmente, encontra-se desocupado em estado avançado de degradação. Entre tinan 1999 no tinan 2003, funsiona hanesan sede administrasaun UNTAET nian iha Liquiçá, no depoiz uza hosi organizasaun internasionál oioin ne’ebé fó apoiu ba dezenvolvimentu. Agora, mamuk hela no nia estadu degradasaun avansadu. Between 1999 and 2003, it served as headquarters of the UNTAET administration in Liquicá, and subsequently it was used by several international development organisations. Currently, it is unoccupied and in an advanced stage of degradation.
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Liquiçá
Escritório do Secretário Adjunto do Administrador nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Escritório do Secretário-Adjunto do Administrador Eskritóriu Sekretáriu-Adjuntu Administradór Office of the Deputy Secretary of the Administrator localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Administrativo Administrativu Administration gps
S 08°35`36.1” E 125°19`40.5”
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Edifício de origem portuguesa, datado de 1936. Construído num estilo colonial, com pedra aparelhada, mantém a planta original quadrada e uma organização funcional simples. Tendo originalmente funcionado como Residência do Secretário-Adjunto do Administrador de Liquiçá, foi transformado em sede do Comando Militar do distrito durante o período de ocupação indonésio. Em 1999 e durante o período de transição, passou a ser utilizado pela UNPOL (Polícia das Nações Unidas), tendo sido transformado em Esquadra da Polícia do Distrito de Liquiçá a partir de 2002. Atualmente, é utilizado pelo Ministério das Obras Públicas, tendo sido construído um anexo para arrumos e instalações sanitárias. Os espaços exteriores estão abandonados e o muro que delimita a área do lote está parcialmente destruído. Edifísiu ho orijen portugeza harii iha tinan 1936. Harii ho estilu koloniál hosi fatuk, mantein nia planta orijinál kuadradu no organizasaun funsionál simples ida. Orijinalmente funsiona hanesan Rezidénsia Sekretáriu-Adjuntu Administradór Liquiçá nian, iha períodu okupasaun indonézia nian transforma ba sede Komandu Militár distritu. Iha tinan 1999, no durante períudu tranzisaun nian, utiliza hosi UNPOL (Polísia Nasoins Unidas nian), hahú iha tinan 2002 transforma ba Eskuadra Polísia Distritu Liquiçá nian. Agora daudak, Ministériu Obras Públikas mak uza no harii aneksu ida ba arrumasaun no haris fatin sira. Fatin iha liur husik mamuk hela no muru ne’ebé fahe área lote nian iha parte balun aat tiha ona. Building of Portuguese origins dated from 1936. Built in a colonial style, in carved stone, it keeps the original square plan and a simple functional organisation. Originally built as the Residence of the Deputy Secretary of the Administrator of Liquiçá, it was transformed into the Military Command district headquarters during the Indonesian occupation. In 1999 and during the transition period, it was used by UNPOL (the United Nations Police), having been transformed into the Police Station of the Liquicá District since 2002. It is currently used by the Ministry of Public Works, with an annex built for storage and toilets. The outdoor spaces are abandoned and the wall that delimits the area of the lot is partially destroyed.
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Liquiçá
Escola Municipal nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Escola Municipal Eskola Munisipál Municipal School localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Público/Educação Públiku/Edukasaun Public/Education gps
S 08°35`33.52” E 125°19`36.3”
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Edifício de origem portuguesa, provavelmente construído antes de 1910, num estilo neoclássico. Composto por dois volumes, um dedicado ao ensino e o outro a serviços de apoio, incluindo cozinha e casas de banho. Apresenta paredes robustas em alvenaria de pedra e provavelmente possuía cobertura em telha. A Escola Municipal de Liquiçá foi a primeira escola a ser construída no distrito. Durante o período de ocupação indonésia, com a construção de uma nova escola, foi adaptada a farmácia militar. Após a independência, foi utilizado pela ONG Cadolaic e mais tarde por uma empresa (de pública) construção civil, estando atualmente abandonado e em mau estado de conservação. Edifísiu ho orijen portugeza, karik harii molok tinan 1910, ho estilu neoklásiku. Kompostu hosi volume rua, ida uza ba ensinu no ida seluk ba servisu apoiu nian, inklui dapur no haris fatin sira. Ho parede forte hosi alvenaria fatuk no, karik, uluk taka ho tella. Eskola Munisipál Liquiçá nian hanesan eskola dahuluk ne’ebé maka harii iha distritu. Durante períodu okupasaun indonézia nian, ho kontrusaun eskola foun ida, eskola ne’e adapta tiha ba farmásia militar ida. Hafoin independénsia, ONG Cadolaic mak uza no, ikus liu, empreza públika konstrusaun sivil ida mak uza fali, agora husik mamuk hela no nia estadu konservasaun ladún di’ak. Building of Portuguese origins, was probably built before 1910 in a neoclassical style. Comprising two volumes, one dedicated to education and the other to supporting services, including kitchen and bathrooms. It features sturdy stone masonry walls and it probably had a covering in tiles. The Municipal School of Liquicá was the first school to be built in the district. During the Indonesian occupation, with the construction of a new school, it was adapted to a military pharmacy. After independence, it was used by the NGO Cadolaic and later by a public construction company, and it is now abandoned and in disrepair.
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Liquiçá
Mercado Municipal nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Mercado Municipal Merkadu Munisipál Municipal Market localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Comercial Komersiál Commercial gps
S 08°37`33.7” E 125°19`41.5”
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Edifício de origem portuguesa, construído entre as décadas de 1930 e 1940. Apresenta uma planta quadrada, com um corredor de distribuição rodeado por pequenos postos de venda e escadas que permitem o acesso ao interior do edifício. Edifísiu ho orijen portugeza, harii entre dékada tinan 1930 no tinan 1940. Hatudu planta kuadradu ida, ho koredór ida distribuisaun nian ne’ebé haleu hosi fatin fa’an ki’ik sira, no eskada ne’ebé fó asesu ba edifísiu nia laran. Building of Portuguese origins, built between the 1930s and 1940s. It features a square plan, with a corridor surrounded by small distribution outlets and stairs that allow access to the interior of the building.
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Liquiçá
Igreja nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Igreja Igreja Church localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Diocese de Maliana Dioseze Maliana Dioceses of Maliana tipo de construção tipu konstrusaun building type
Religioso Relijiozu Religious gps
S 08°37`31.9” E 125°19`37.4”
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Edifício de origem portuguesa, datado de 1946. Após o anúncio da Consulta Popular de 30 de Agosto de 1999, muitos habitantes do distrito de Liquiçá procuraram refúgio na igreja. Atacada e queimada pelas milícias pró-integração, com o apoio do exército indonésio, aí haviam de morrer cerca de 100 pessoas, naquele que ficou conhecido pelo Massacre de Liquiçá. Sob a tutela da Diocese de Maliana, está atualmente em fase de recuperação.
Edifísiu ho orijen portugeza ne’ebé harii iha tinan 1946. Hafoin anúnsiu Konsulta Populár nian, iha loron 30 fulan-Agostu tinan 1999, abitante barak hosi distritu Liquiçá buka protesaun iha igreja ne’e. Hetan atake no sunu hosi milísia pró-integrasaun sira, ho apoiu hosi ezérsitu indonéziu, iha fatin ne’e ema mate besik na’in 100, fatin ne’ebé depois koñesidu ho naran Masakre Liquiçá nian. Ho tutela hosi Dioseze Maliana nian, agora daudaun, iha hela faze rekuperasaun nian. Building of Portuguese origins dated from 1946. After the announcement of the Popular Consultation of August 30, 1999, many inhabitants of the Liquicá district sought refuge in the church. Attacked and burned by pro-integration militia, with the support of the Indonesian army, there died about 100 people, in what became known as the Liquicá Massacre. Under the tutelage of the Dioceses of Maliana, it is currently being recovered.
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Liquiçá
Hotel TokoDede nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Hotel Tokodede Otel Tokodede Tokodede Hotel localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Fatumasi Subdistritu Liquiçá, Suku Fatumasi Subdistrict of Liquiçá, Suko Fatumasi proprietário edifísiu na’in owner Diocese de Maliana Dioseze Maliana Dioceses of Maliana tipo de construção tipu konstrusaun building type
Serviços/Hotelaria Servisu/Otelaria Services/Hospitality gps
S 08°37`31.9” E 125°19`36.0”
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Edifício de origem portuguesa, datado provavelmente de entre 1930 e 1950. Foi construído numa zona privilegiada de Liquiçá, junto ao mar, onde antigos administradores, funcionários e militares da administração portuguesa habitualmente pernoitavam. As instalações do Hotel Tokodede são neste momento utilizadas pela comunidade para atividades sociais, atualmente encontrase em avançado estado de degradação. .
Edifísiu ho orijen portugeza, harii karik entre tinan 1930 no tinan 1950. Harii iha zona di’ak ida iha Liquiçá, besik tasi, iha fatin antigu ne’e mak baibain uluk administradór, funsionáriu no militár sira administrasaun portugeza nian uza atu toba.
Building of Portuguese origins probably dated from between 1930 and 1950. It was built in a privileged area of Liquicá, by the sea, where former directors, officers and soldiers of the Portuguese administration usually overnighted.
Otél Tokodede nia instalasaun sira oras ne’e daudaun utiliza hosi komunidade ba atividade sosiál, no agora edifísiu nia estadu degradasaun avansadu.
The facilities of Hotel Tokodede currently are used by the community for social activities and currently are in an advanced state of degradation.
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Liquiçá
Posto dE Alfândega nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Posto de Alfândega Postu Alfándega Customs localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Administrativo Administrativu Administration gps
S 08°35`29.7” E 125°19`32.1”
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Edifício de origem portuguesa, provavelmente datado da segunda metade do século XX, mas cuja data exacta de construção se desconhece. Apresenta planta rectangular e uma arquitectura simples, com duas salas, que provavelmente serviam de escritório, e um grande armazém. Construído em alvenaria de pedra e cimento. Durante o período de ocupação indonésio, foi utilizado como escola de desporto de Liquiçá, tendo sido destruído em 1999. Está, desde 2012, a ser recuperado por iniciativa do Gabinete do Primeiro-Ministro. Edifísiu ho orijen portugeza, karik harii iha metade daruak sékulu XX nian, maibé la hatene data konstrusaun nian loloos. Hatudu planta rektangulár no arkitetura simples ida, ho sala rua ne’ebé karik uluk uza hanesan eskritóriu no armazén boot ida. Harii hosi alvenaria fatuk no simentu. Durante períudu okupasaun indonézia utiliza hanesan eskola desportu nian iha Liquiçá, hetan destruisaun iha tinan 1999. Hahú iha tinan 2012, rekupera hela ho inisiativa hosi Gabinete Primeiru-Ministru nian. Building of Portuguese origins probably dated from the second half of the twentieth century but whose exact date of construction is unknown. It presents a rectangular shape and a simple architecture, with two rooms that probably served as an office and a large warehouse. Built in stone masonry and cement. The sports school of Liquicá used it during the Indonesian occupation, having been destroyed in 1999. Since 2012, it is being recovered by initiative of the Prime Minister’s Office.
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MAUBARA
2.2
Patrim贸nio Arquitect贸nico por Subdistrito Patrim贸niu Arquitet贸niku tuir Subdistritu Architectural Heritage by Subdistrict
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Maubara
Posto de Alfândega nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Posto de Alfândega Posto Alfándega Customs localização fatin location
Subdistrito de Maubara, Suko Vaviquinia, Aldeia Vila Subdistritu Maubara, Suku Vavikinia, Aldeia Vila Maubara Subdistrict, Suko Vaviquinia, Vila Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Administrativo/Alfandegário Administrativu/Alfandegáriu Administrative/Customs gps
S 08°36`36.6” E 125°12`17.1”
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Edifício de origem portuguesa, datado provavelmente da primeira metade do século XX e construído em alvenaria de pedra. Terá deixado de ser utilizado como posto alfandegário em 1975, desconhecendo-se se teve qualquer tipo de utilização durante o período de ocupação indonésio. Foi recentemente recuperado pela Associação Maubara Mós Bele, que aí instalou um centro de formação, biblioteca e posto de turismo.
Edifísiu ho orijen portugeza, karik hari iha metade dahuluk sékulu XX hosi alvenaria fatuk nian. Iha tinan 1975 la uza ona hanesan postu alfandegáriu, no la hatene karik ema ruma uza durante períodu okupasaun indonézia nian. Rekupera foin lalais ne’e hosi Asosiasaun Maubara Mós Bele ne’ebé instala iha ne’ebá sentru formasaun, biblioteka no postu turizmu nian. Building of Portuguese origins, probably dating from the first half of the twentieth century and built in stone masonry. It ceased to be used as customs in 1975, and it is unknown if it had any use during the Indonesian occupation. It was recently restored by the Association Maubara Mós Bele, which set up there a training centre, a library and a tourism office.
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Maubara
Forte nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Forte Forte Fort localização fatin location
Subdistrito de Maubara, Suko Vaviquinia, Aldeia Vila Subdistritu Maubara, Suku Vavikinia, Aldeia Vila Maubara Subdistrict, Suko Vaviquinia, Vila Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Militar Militár Military gps
S 08°36`39.4” E 125°12`17.2”
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Edifício de origem holandesa, datado provavelmente de 1756, construído originalmente em alvenaria de pedra. A casa existente no seu interior, entretanto recuperada, data provavelmente da segunda metade do século XX e terá servido de escritório da administração local. De acordo com informação histórica recolhida, Maubara foi um local de inúmeras disputas entre os exércitos português e holandês, e ataques de reinos locais que protestavam contra as políticas coloniais da época. Edifísiu ho orijen olandeza, karik harii iha tinan 1756, orijinalmente hosi alvenaria fatuk nian. Entretantu, uma ne’ebé eziste iha nia laran hetan rekuperasaun, karik iha metade daruak sékulu XX, no uza hanesan eskritóriu administrasaun lokál nian. Tuir informasaun istórika ne’ebé iha, Maubara uluk sai hanesan fatin ida ba konflitu oioin entre ezérsitu portugés no olandés, no atake sira ba reinu lokál nian ne’ebé protesta kontra polítika koloniál époka ne’ebá nian. Building of Dutch origins, probably dating from 1756, originally built in stone masonry. The existing house on the inside, which in the meantime was recovered, probably dates from the second half of the twentieth century and has served as a local administration office. According to historical information collected, Maubara was a place of numerous disputes between the Portuguese and Dutch armies, and attacks by local kingdoms protesting against colonial policies of the time.
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Em 1851, o Governador do Timor Português, Lopes de Lima, cedia a ilha das Flores e desistia de Solor e, em contrapartida, recebia o reino de Maubara e uma indemnização de 200 mil florins. Em 1859, Portugal assume finalmente a soberania da parte leste da ilha de Timor, do enclave de Oecusse-Ambeno e das Ilhas de Ataúro e Jaco. A Holanda, para além da parte ocidental de Timor, assume a soberania das ilhas de Solor e das Flores. O Forte de Maubara encontra-se atualmente cedido à Associação Maubara Mós Bele, que trabalha no desenvolvimento da região, tendo a casa no seu interior sido adaptada a restaurante.
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Iha tinan 1851, Governadór Timór Portugés nian, Lopes de Lima, fó illa Flores nian no husik Solor, no nu’udar kompensasaun, simu reinu Maubara nian no rekompensa ida florin rihun 200. Iha tinan 1859, Portugal asume duni soberania iha parte leste illa Timór nian, hosi enklave Oekuse-Ambenu no Illa sira Ataúro no Jaku. Olánda asume soberania ba illa Solor no Flores nian, aleinde parte osidentál Timór nian. Forte Maubara nian agora daudaun fó ba Asosiasaun Maubara Mós Bele, ne’ebé hala’o servisu iha dezenvolvimentu rejiaun nian, parte laran uma ne’e nian adapta tiha ba restaurante.
In 1851, the governor of Portuguese Timor, Lopes de Lima, gave up the island of Flores and Solor and, in return, received the kingdom of Maubara and a compensation of 200 thousand florins. In 1859, Portugal finally assumes the sovereignty of the eastern part of the island of Timor, the enclave of OecusseAmbeno and the islands of Ataúro and Jaco. The Netherlands, in addition to the western part of Timor, assumes the sovereignty of the islands of Solor and Flores. The Maubara Fort is currently assigned to the Association Maubara Mós Bele, which works in the development of the region, and the house inside of it was adapted to a restaurant.
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Maubara
Escola do Padre Medeiros nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Escola do Padre Medeiros Eskola Padre Medeiros Father Medeiros’ School localização fatin location
Subdistrito de Maubara, Suko Vaviquinia, Aldeia Vila Subdistritu Maubara, Suku Vavikinia, Aldeia Vila Maubara Subdistrict, Suko Vaviquinia, Vila Village proprietário edifísiu na’in owner Diocese de Maliana Dioseze Maliana Dioceses of Maliana tipo de construção tipu konstrusaun building type
Religioso Relijiozu Religious gps
S 08°36`41.2” E 125°12`08.7”
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Um dos edifícios mais antigos de Maubara, esta casa foi provavelmente construída na primeira metade do século XIX, quando a região, originalmente um enclave holandês, foi trocada pela ilha das Flores e por uma quantia em dinheiro. Serviu originalmente como residência do Padre Medeiros e como escola. Exemplar único deste tipo de património arquitectónico em Timor-Leste, esta casa de Maubara foi recentemente destruída pela Diocese de Maliana, que no seu lugar construiu uma residência de traça semelhante. Edifísiu ida-ne’ebé antigu loos iha Maubara mak Eskola Padre Medeiros nian, harii karik iha metade daruak sékulu XVIII, bainhira rejiaun ne’e hola parte Rai-Olanda nian. Uluk uza nu’udar Padre Medeiros ninia rezidénsia no eskola. Ezemplu úniku ba tipu patrimóniu arkitetóniku nian iha Timor-Leste, uma olandés Maubara ne’e foin sobu dadauk husi Dioseze Maliana, iha ninia fatin harii ona réplika ida. One of the oldest buildings in Maubara, this house was probably built in the first half of the nineteenth century, when the region, originally a Dutch enclave, was exchanged for the island of Flores and a sum of money. Later served as the residence of Father Medeiros and as a school. Unique example of this type of architectural heritage in Timor-Leste, the Dutch Maubara home was recently destroyed by the Dioceses of Maliana, that in the same place built a similar house.
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Maubara
Igreja nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Igreja Igreja Church localização fatin location
Subdistrito de Maubara, Suko Vaviquinia, Aldeia Vila Subdistritu Maubara, Suku Vakikinia, Aldeia Vila Maubara Subdistrict, Suko Vaviquinia, Vila Village proprietário edifísiu na’in owner Diocese de Maliana Dioseze Maliana Dioceses of Maliana tipo de construção tipu konstrusaun building type
Religioso Relijiozu Religious gps
S 08°36`39.0” E 125°12`11.1”
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A Igreja de Maubara é um pequeno edifício de estilo neoclássico, mandado construir pelo Padre Medeiros, Governador das Missões de Timor entre 1877 e 1897. Trata-se de um edifício de planta rectangular simples, construído em alvenaria de pedra e cimento. Atualmente apresenta cobertura em zinco, mas na origem teria cobertura em telha. Foi classificado como património histórico durante o período de ocupação indonésio, encontrando-se atualmente fechado, apenas abrindo para celebração de missas. Igreja Maubara hanesan edifísiu ki’ik ida ho estilu neoklásiku, ne’ebé harii husi Padre Medeiros, nu’udar Governadór Misaun sira iha Timór, entre tinan 1877 no tinan 1897. Hanesan edifísiu ida ho planta rektangulár simples, harii hosi alvenaria fatuk no simentu. Agora daudauk taka ho zinku maibé nia orijinál taka ho tella. Klasifika ona nu’udar patrimóniu istóriku durante períodu okupasaun indonézia nian, agora daudaun taka metin no loke de’it bainhira iha selebrasaun misa. The Maubara Church is a small neoclassical building, built by Priest Medeiros, Governor of the Timor Missions between 1877 and 1897. It is a simple rectangular building, built in stone masonry and cement. Currently has a coverage in zinc, but originally would have been covered in tiles. It was classified as heritage during the Indonesian occupation, and it is currently closed, opening only for the celebration of Masses.
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Maubara
Campa de D. José da Silva Nunes Liurai de Maubara nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Campa de D. José da Silva Nunes, Liurai de Maubara D. José da Silva Nunes, Liurai Maubara, nia hakoi-fatin Grave of D. José da Silva Nunes, King of Maubara localização fatin location
Subdistrito de Maubara, Suko Vaviquinia, Aldeia Vila Subdistritu Maubara, Suku Vavikinia, Aldeia Vila Maubara Subdistrict, Suko Vaviquinia, Vila Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Esatdu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Monumento Funerário Monumentu Hakoi-fatin Funerary Monument gps
S 08°36`40.1” E 125°12`18.0”
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A campa de D. José da Silva Nunes, Liurai de Maubara entre 1874 e 1952, localiza-se por trás do Forte de Maubara e foi construída em cimento. Foi mandada erguer pelo Governador Manuel Ferreira de Carvalho (1940-1945), em homenagem ao Liurai leal ao Governo de Portugal. A cobertura representa a bandeira portuguesa desfraldada ao vento, sob a qual, reza a história, D. José quis ser sepultado. Foi recuperada logo a seguir à independência, tendo a Associação Maubara Mós Bele construído recentemente uma vedação à sua volta. Rate D. José da Silva Nunes, Liurai Maubara entre tinan 1874 no tinan 1952, mak iha Forte Maubara nia kotuk no harii hosi simentu. Governadór Manuel Ferreira de Carvalho (1940-1945) maka haruka harii hodi halo omenajen ba Liurai ne’ebé fiel ba Governu Portugál. Nia kobertura reprezenta bandeira portugeza ne’ebé dada iha anin tanba, tuir istória, D. José hakarak hakoi iha bandeira ne’e nia okos. Rekupera hikas hafoin independénsia no Asosiasaun Maubara Mós Bele harii, foin lalais ne’e, muru ida hodi haleu hakoi-fatin. The grave of D. José da Silva Nunes, King of Maubara between 1874 and 1954, is located behind the Maubara Fort, and it was built in cement. It was built by the Governor Manuel Ferreira de Carvalho (1940-1945), honouring the King loyal to the Government of Portugal. The covering represents the Portuguese flag unfurled in the wind under which, as the story goes, D. José wanted to be buried. It was recovered soon after independence, and the Association Maubara Mós Bele recently built a fence around it.
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Maubara
Casa-Forte – residência do chefe de posto nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Casa-Forte – Residência de Chefe de Posto Uma-Forte – Xefe Postu nia uma Safe House – Adminitrator’s Residence localização fatin location
Subdistrito de Maubara, Suko Vaviquinia, Aldeia Vila Subdistritu Maubara, Suku Vavikinia, Aldeia Vila Maubara Subdistrict, Suko Vaviquinia, Vila Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Militar/Residencial Militár/Rezidensiál Military/Residential gps
S 08°36`59.0” E 125°12`38.6”
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Estrutura fortificada com planta rectangular, provavelmente construída no século XIX num estilo colonial neoclássico. Situase no topo de uma colina de onde é possível controlar toda a vila. Teve originalmente uma função defensiva, tendo sido adaptada a outros fins quando essa função deixou de ser necessária. Foi recentemente cedida pelo Governo à Associação Maubara Mós Bele, que a está a reabilitar e a transformar num hotel. Estrutura ida ne’ebé mahar ho planta rektangulár, karik harii iha sékulu XIX ho estilu koloniál neoklásiku. Harii iha foho leten ida atu iha posibilidade hodi kontrola vila tomak. Uluk iha funsaun defensivu ida, maibé adapta tiha ba buat seluk bainhira nia funsaun la presiza ona. Foin lalais ne’e Governu entrega ba Asosiasaun Maubara Mós Bele ne’ebé halo hela reabilitasaun no transforma ba otél ida. Fortified structure with rectangular shape, probably built in the nineteenth century in a neoclassical colonial style. Situated on the top of a hill from where it is possible to control the whole village. Originally, it had a defensive function, but it was adapted to other purposes when this function was no longer needed. Government recently gave it to the Maubara Mós Bele Association, which is rehabilitating it and turning it into a hotel.
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BAZARTETE
2.3
Patrim贸nio Arquitect贸nico por Subdistrito Patrim贸niu Arquitet贸niku tuir Subdistritu Architectural Heritage by Subdistrict
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Bazartete
Loja Chinesa e Ourives nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Loja Chinesa e Ourives Loja Xineza no Ourives Chinese Shop and Jeweller localização fatin location
Subdistrito de Bazartete, Suko Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistritu Bazartete, Suku Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistrict of Bazartete, Suku Fatumasi, Bazartete Village proprietário edifísiu na’in owner Privado Privadu Private tipo de construção tipu konstrusaun building type
Comercial/Residencial Komersiál / Rezidensiál Commercial/Residential gps
S 08°37`30.8” E 125°22`57.6”
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Edifício de origem portuguesa, datado provavelmente da década de 1960, com uma planta rectangular simples comum a muitos edifícios dessa época. Construído em pedra aparelhada e com argamassa de areia e cal, tem cobertura original em zinco. Funcionou originalmente como ourives, loja de produtos alimentares e outras necessidades básicas, sendo igualmente utilizado como residência dos proprietários. Foi abandonado em 1975, desconhecendo-se se teve outro tipo de utilização durante a ocupação indonésia. Encontra-se atualmente abandonado. Edifísiu ho orijen portugeza, karik harii iha dékada tinan 1960, ho planta rektangulár simples ida, hanesan edifísiu seluk hosi époka ida ne’ebá. Harii hosi fatuk aparelladu no ho simentu rai-henek no fatuk-ahu nian, ninia kakuluk taka nanis ho zinku. Uluk funsiona hanesan loja osan-mean, ai-han nian, no sasán báziku sira seluk, utiliza mós hanesan rezidénsia proprietáriu sira nian. Husik mamuk iha tinan 1975, la hatene kona-ba ninia utilizasaun durante okupasaun indonézia nian. Oras ne’e husik mamuk nafatin. Building of Portuguese origins, probably dating from the 1960s, with a simple rectangular plan common to many buildings of that period. Built in carved stone and a mortar of lime and sand, it has an original zinc covering. It worked originally as jewellery and a shop for food and other basic needs, and is was also used as the owners’ residence. It was abandoned in 1975, and it is unknown whether it had another type of use during the Indonesian occupation. It is currently abandoned.
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Bazartete
Sede de Posto nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Sede de Posto Sede Postu Administration Headquarters localização fatin location
Subdistrito de Bazartete, Suko Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistritu Bazartete, Suku Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistrict of Bazartete, Suku Fatumasi, Bazartete Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Administrativo Administrativu Administrative gps
S 08°37`30.9” E 125°22`59.5”
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Edifício de origem portuguesa, datado de 1939, com uma planta rectangular simples. Construído em pedra aparelhada e com argamassa de areia e cal, tem cobertura em zinco. Construído como sede de Posto da Administração de Bazartete, foi adaptado a Comando Militar durante a ocupação indonésia. Foi incendiado em 1999, na sequência do anúncio dos resultados da Consulta Popular, tendo sido recuperado em 2003 serve atualmente como sede da Administração do Subdistrito de Bazartete. Edifísiu ho orijen portugeza, harii iha tinan 1939, ho planta rektangulár simples ida. Harii hosi fatuk aparelladu no ho simentu rai-henek no fatuk-ahu nian, taka ho zinku. Harii hanesan sede Postu Administrasaun Bazartete nian, durante okupasaun indonézia adapta ba Komandu Militár. Hetan sunu iha tinan 1999, hafoin fó sai rezultadu Konsulta Populár nian, rekupera fali iha tinan 2003. Oras ne’e, hanesan sede Administrasaun Subdistritu Bazartete nian. Building of Portuguese origins, dated from 1939, with a simple rectangular plan. Built in carved stone and a mortar of lime and sand, it has a zinc covering. Built as the Headquarters of the Administrator of Bazartete, it was adapted to a military command during the Indonesian occupation. It was burned in 1999, following the announcement of the results of the Popular Consultation, and it was recovered in 2003. Nowadays, it serves as the Headquarters of the Subdistrict Administration of Bazartete.
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Bazartete
Igreja nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Igreja Igreja Church localização fatin location
Subdistrito de Bazartete, Suko Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistritu Bazartete, Suku Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistrict of Bazartete, Suku Fatumasi, Bazartete Village proprietário edifísiu na’in owner Diocese de Maliana Dioseze Maliana Dioceses of Maliana tipo de construção tipu konstrusaun building type
Religioso Relijiozu Religious gps
S 08°37`30.8” E 125°22`57.6”
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Edifício de origem portuguesa, datado de 1960, com uma planta rectangular simples comum a muitos edifícios dessa época. Construído em pedra aparelhada e com argamassa de areia e cal, tem cobertura em zinco. Construído originalmente como igreja, foi adaptado a posto de socorro durante o período de ocupação indonésia, sendo utilizado para servir militares e a população em geral. Em 1999, foi incendiado pelas milícias pró-Indonésia, tendo sido recuperado em 2003 pela Diocese de Maliana voltando a funcionar uma vez mais como igreja e centro de apoio a serviços sociais. É atualmente gerido pela Casa das Irmãs Santa Rafaela. Edifísiu ho orijen portugeza, harii iha tinan 1960, ho planta rektangulár simples ida, hanesan ho edifísiu sira seluk époka ne’ebá nian. Harii hosi fatuk aparelladu no simentu rai-henek no fatuk-ahu nian, taka ho zinku. Harii orijinalmente hanesan igreja, durante períodu okupasaun indonézia adapta tiha ba postu sokorru nian hodi serve militár no populasaun sira. Iha tinan 1999 milísia sira pró-indonézia sunu tiha no iha tinan 2003 rekupera fali hosi Dioseze Maliana, funsiona hikas hanesan igreja no sentru apoiu ba servisu sosiál. Agora daudaun Casa das Irmãs Santa Rafaela maka halo nia jestaun. Building of Portuguese origins, dated from 1960, with a simple rectangular plan common to many buildings of that period. Built in carved stone and a mortar of lime and sand, it has a zinc covering. Originally built as a church, it was adapted to an aid station during the Indonesian occupation, being used to serve the military and the population in general. In 1999 it was burned by pro-Indonesian militias, and it was recovered in 2003 by the Dioceses of Maliana. It is now working again as a church and support centre for social services, run by Santa Rafaela House of Sisters currently runs it.
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Bazartete
Residência do Administrador de Posto nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Residência do Administrador de Posto Rezidénsia Administradór Postu nian House of the Administrator~s Residence localização fatin location
Subdistrito de Bazartete, Suko Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistritu Bazartete, Suku Fatumasi, Aldeia Bazartete Subdistrict of Bazartete, Suku Fatumasi, Bazartete Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Residencial Rezidensiál Residential gps
S 08°37`29.9” E 125°22`58.3”
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Edifício de origem portuguesa, datado de 1939, com uma planta rectangular simples. Construído em pedra aparelhada e com argamassa de areia e cal, tem cobertura em zinco. Constitui um dos poucos exemplos de edifícios deste período que mantém a traça original, quer a nível das fachadas, quer de um ponto de vista da organização dos espaços interiores. Edifísiu ho orijen portugeza, harii iha tinan 1939, ho planta rektangulár simples ida. Harii hosi fatuk aparelladu, simentu rai-henek no fatuk-ahu nian, taka ho zinku. Ezemplu ida hosi edifísiu sira períodu ida ne’ebá nian, ne’ebé mantein dezeñu orijinál iha uma nia faxada1 no iha pontudevista organizasaun fatin interiór nian. Building of Portuguese origins, dated from 1939, with a simple rectangular plan. Built in carved stone and a mortar of lime and sand, it has a zinc covering. It is one of the few examples of buildings of this period that maintains its original layout, both from the point of view of the facades and the organisation of its inner spaces.
1. Uma nia oin.
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Construído como residência do Administrador de Posto de Bazartete, foi adaptado durante a ocupação indonésia a Comando Militar. Em 1985, voltou à sua função original de residência do Administrador (Camat, em língua indonésia) de Bazartete. Foi saqueada e incendiada pelo próprio administrador em 1999, na sequência do anúncio dos resultados da Consulta Popular, tendo entretanto sido recuperada e funciona actualmente como Posto de Comando da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) de Bazartete.
Harii hanesan rezidénsia Administradór Postu Bazartete nian, durante okupasaun indonézia adapta tiha ba Komandu Militár. Iha tinan 1985, fila-fali ba nia funsaun orijinál, hanesan rezidénsia Administradór Bazartete nian (Camat, iha lian indonéziu). Iha tinan 1999 administradór rasik maka naok no sunu uma ne’e tanba rezultadu Konsulta Populár nian, maibé edifísiu ne’e hetan rekuperasaun no, agora daudaun, maka Postu Komandu PNTL nian (Polísia Nasionál Timor-Leste nian) iha Bazartete.
Built as the House of the Administrator of Bazartete, it was adapted during the Indonesian occupation to host a Military Command. In 1985, it returned to its original functions as the residence of the Administrator (Camat, in Indonesian language) of Bazartete. It was looted and burnt in 1999 by the administrator himself, following the announcement of the results of the Popular Consultation, and it has since been recovered, currently working as the Command Post of the Bazartete PNTL (National Police of Timor-Leste).
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Bazartete
Prisão de Aipelo nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Prisão de Aipelo Prizaun Aipelo Aipelo Prison localização fatin location
Subdistrito de Bazartete, Suko Lauhata, Aldeia Rau Casa Subdistritu Bazartete, Suku Laulata, Aldeia Rau Kaza Subdistrict of Bazartete, Suko Lauhata, Rau Casa Village proprietário edifísiu na’in owner Estado Estadu State tipo de construção tipu konstrusaun building type
Administrativo/Justiça Administrativu/Justisa Administrative/Justice gps
S 08°35`12.3” E 125°22`53.3”
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Fonte: Arquivo Histórico de Macau (15.06.1893)
Edifício de origem portuguesa construído durante os finais do século XIX, a Prisão do Aipelo esteve em funcionamento durante grande parte da primeira metade do século XX, até à sua desativação, em 1939. A Prisão do Aipelo, que funcionou igualmente como Posto de Comando e Alfândega da antiga administração colonial portuguesa, é um edifício de típica arquitetura colonial, desenvolvido entre finais do século XIX e inícios do século XX. Foi provavelmente mandado erigir pelo Governador António Francisco da Costa (1888-89). A primeira fase de construção data de 1889, altura em que foi construído o edifício principal e as casernas adjacentes, que albergavam os militares aí residentes. Construído num estilo neoclássico pesado, o edifício central funcionava então como posto alfandegário, administrativo e como prisão. Em 1914 inicia-se a segunda fase de construção, tendo sido erguidos dois novos edifícios destinados a receber presos oriundos de Macau, cujas prisões estavam nesta altura sobrelotadas. Para a Prisão do Aipelo eram enviados civis que se recusavam a fazer trabalhos forçados e a pagar impostos ao Estado. A sua história está intimamente ligada à de José Celestino da Silva, antigo Governador de Timor, que aí mandou prender vários régulos timorenses. Para além destes, o Aipelo conheceu vários presos políticos, enviados para Timor pelo Governo de Portugal, sobretudo durante o governo de António de Oliveira Salazar.
Edifísiu ho orijen portugeza ne’ebé harii iha sékulu XIX ninia rohan, Prizaun Aipelo funsiona iha metade dahuluk sékulu XX to’o ninia dezativasaun iha tinan 1939. Prizaun Aipelo nian, ne’ebé uluk funsiona mós hanesan Postu Komandu Alfándega nian, durante antiga administrasaun koloniál portugeza, mak edifísiu típiku ida arkitetura koloniál nian, ne’ebé dezenvolve entre sékulu XIX nia rohan no sékulu XX nia hahú. Karik Governadór António Francisco da Costa (1888-89) maka haruka harii edifísiu ne’e.
Building of Portuguese origins built during the late nineteenth century, the Aipelo Prison was in operation for much of the first half of the twentieth century, until its decommissioning in 1939. The Aipelo Prison, which also worked as Administration Headquarters and Customs of the former Portuguese colonial administration, is a building of typical colonial architecture, developed during the late nineteenth and early twentieth century. It was probably erected by Governor Antonio Francisco da Costa (1888-89).
Faze dahuluk konstrusaun nian hosi tinan 1889, momentu ne’ebé harii edifísiu prinsipál no kazerna adjasente sira, hanesan hela-fatin ba militár sira rezidente iha ne’ebá. Harii iha estilu neoklásiku todan, edifísiu sentrál uluk funsiona nu’udar postu alfandegáriu, administrativu no hanesan prizaun. Iha tinan 1914 hahú faze daruak konstrusaun nian, harii ona edifísiu foun rua hodi simu prizioneiru sira ne’ebé mai hosi Makau, tanba iha momentu ne’e komarka sira, iha ne’ebá, nakonu liu.
The first phase of construction dates from 1889, when the main building and the adjacent barracks were built, which housed the military residing there. Built in a neoclassical and heavy style, the central building worked as customs, administration office and as a prision. In 1914 starts the second phase of construction, and two new buildings were built to receive prisoners from Macau, whose prisons were overcrowded by this time.
Uluk, haruka ba Prizaun Aipelo sivil sira ne’ebé lakohi halo servisu obrigatóriu no selu taxa ba Estadu. Nia istória iha ligasaun ne’ebé klean ho José Celestino da Silva, antigu Governadór Timór nian, ne’ebé haruka kaer liurai timoroan sira balun. Aleinde sira ne’e, Aipelo mós koñese ona prizioneiru polítiku oioin ne’ebé haruka hosi Governu Portugal ba Timór, liuliu durante govenu António Oliveira Salazar nian.
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To the Aipelo Prison were sent civilians who refused to do forced labour and pay taxes to the State. Its history is closely linked to José Celestino da Silva, former Governor of Timor who ordered the arrest there of several Timorese Kings. Besides these, the Aipelo received several political prisoners, sent to Timor by the Government of Portugal, especially during the government of António de Oliveira Salazar.
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Secretaria de Estado da Arte e Cultura
Assessor para o Património Arquitectónico
flávio miranda
Arquitecto
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Aipelo: um olhar sobre a preservaçáo do património arquitectónico de liquiçá Aipelo: Haree ida kona-ba Prezervasaun Patrimóniu Arkitetóniku Liquiçá nian Aipelo: A view on the Preservation of Liquiçá’s Architectural Heritage
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Esta publicação pretende resumir o resultado de um ano de pesquisa e inventariação do património arquitectónico de origem portuguesa existente no distrito de Liquiçá. Ao longo deste período, o trabalho desenvolvido fez-nos reflectir e colocar algumas questões sobre o futuro deste património em Timor-Leste. Cabe aos arquitectos, urbanistas e especialistas nesta área decidir o que são as qualidades, ou seja, os valores a preservar, de forma a evitar que a negatividade (não Lugares) contingente que confronta a informalidade e a imortalidade possa pôr em causa o esforço em requalificar espaços ou territórios. É claro que não o podem fazer sós. Porém, um projecto pode ser considerado bem-sucedido quando a população manifesta orgulho, estima e ganha um sentido de responsabilidade pela protecção do novo espaço criado. Este processo, por outro lado, melhora a auto-estima das comunidades, enquanto fruidores de novos espaços patrimoniais. Timor-Leste é um país de fortes tradições culturais, possuindo riqueza e diversidade patrimoniais e, por essa razão, é urgente assegurar a preservação e a conservação deste património cultural. No período colonial, durante o qual o património de origem portuguesa foi construído, a beleza dos edifícios assumia um lugar de destaque na paisagem, procurando incutir um sentido de ordem, administração, respeito e justiça. Por esse motivo, é sempre necessário compreender a memória do local antes de intervir em consciência sobre imóveis patrimoniais, de forma a que a história dos mesmos não seja destruída. O papel das comunidades é tambén fundamental no processo de preservação.
Publikasaun ne’e hakarak rezume rezultadu hosi tinan ida ba peskiza no katalogasaun patrimóniu arkitetóniku ho orijen portugeza ne’ebé eziste iha distritu Liquiçá. Iha períodu naruk ne’e, traballu dezenvolvidu halo ami reflete no husu kestaun balun kona-ba patrimóniu ne’e nia futuru iha Timor-Leste.
This publication aims at summarizing the results of a year of research and inventory of the existing architectural heritage of Portuguese origins in the Liquiçá district. Throughout this period, the work carried out made us reflect and pose some questions about the future of this heritage in Timor-Leste.
Monu ba arkitektu, urbanista no espesialista sira iha área ne’e atu foti desizaun kona-ba saida maka kualidade, ka valór sira hodi prezerva, hodi evita katak negatividade kontinjente (la’ós Fatin sira), ne’ebé hasoru informalidade no imortalidade, kestiona esforsu atu kualifika fali fatin ka território sira, klaru katak sira labele hala’o ne’e mesak de’it. Ne’e duni bele considera katak projetu ida iha susesu bainhira populasaun hatudu sira-nia orgullu, estima no manán sentidu responsabilidade hodi proteje espasu foun ne’ebé kria tiha ona. Prosesu ne’e, iha sorin seluk, hadi’ak komunidade sira-nia auto-estima, enkuantu ema ne’ebé uza fatin patrimoniál foun sira.
It is up to architects, urban planners and specialists in this area to decide what the qualities are or, in other words, the values to be preserved, in order to avoid that the contingent negativity (nonPlaces) that confronts informality and immortality, undermines the effort in the rehabilitation of spaces or territories. However, a project can only be considered successful when the population expresses pride, self-esteem and gains a sense of responsibility for the protection of the newly created space. This process, on the other hand, improves the self-respect of such communities, as users of those new heritage spaces.
Timor-Leste hanesan nasaun ida ho tradisaun kulturál sira ne’ebé maka’as, iha rikeza no diversidade patrimóniu no, ho razaun ne’e, maka urjente asegura prezervasaun no konservasaun patrimóniu kulturál ne’e. Durante períodu koloniál, ne’ebé maka patrimóniu ho orijen portugeza harii, edifísiu sira ninia furak asume fatin destake ida iha paizajen, buka inspira sentidu orden, administrasaun, respeitu no justisa nian. Ho motivu ne’e maka importante nafatin komprende memória lokál nian molok halo intervensaun ho konxiénsia kona-ba imóvel patrimoniál sira, atu nune’e sira nia istória la halakon. Nune’e, komunidade sira nia knaar mós fundamentál iha prosesu prezervasaun nian.
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Timor-Leste is a country of strong cultural traditions, possessing a rich and diverse heritage, and for this reason it is urgent to ensure the preservation and conservation of its cultural legacy. During the colonial period, in which the heritage of Portuguese origins was built, the beauty of the buildings assumed a prominent place in the landscape, trying to install a sense of order, administration, respect and fairness. It is, thus, always necessary to understand the memory of each place with full awareness before intervening in the built environment, so that its history is not destroyed. The role of communities is also essential in the preservation process.
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Em Timor-Leste, infelizmente, muito do património arquitectónico de origem portuguesa tem sido menosprezado e encontra-se em acelerado grau de degradação. Quem sabe as causas estejam relacionadas com a memória recente, de um passado marcado por guerras, sofrimento e morte, ou simplesmente porque esse património representa um passado colonial não muito distante. A verdade é que para além destas razões, existe provavelmente um desconhecimento do seu valor cultural e da importância que estes edifícios possuem no processo de afirmação da identidade nacional do país. Como consequência, uma grande parte destes edifícios encontra-se num estado de degradação avançado ou abandono, é alvo de usos inapropriados e é frequentemente modificado sem consulta de especialistas apropriados. Por outro lado, a falta de recursos humanos qualificados e a falta de conhecimento técnico nestas áreas fazem da preservação deste tipo de património arquitectónico em Timor-Leste uma árdua e demorada batalha. Torna-se, assim, urgente formar especialistas em arquitectura, urbanismo, conservação e noutras áreas relevantes, para enfrentar este problema. Técnicos qualificados e com responsabilidade, dignos do cargo que ocupam, que trabalhem activamente na preservação do património arquitectónico e encontrem novas soluções para que este perdure. Podemos olhar a paisagem ou os lugares e afirmar que são bonitos, mas se não soubermos identificar os problemas que estes enfrentam, todo este esforço será em vão. É preciso olhar estes lugares com olhos de ver e com um certo sentido de angústia. É preciso querer resolver os problemas destes espaços procurando soluções apropriadas – mas nunca ignorando a história e as memórias que fazem destes, espaços especiais.
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Infelizmente, iha Timor-Leste, patrimóniu arkitetóniku ho orijen portugeza barak liu maka ladún hetan estima no grau degradasaun nian maka’as tebes. Sé mak hatene karik kauza sira iha relasaun ho memória foun, hosi pasadu ida ne’ebé marka ho funu sira, terus no mate, ka tan de’it patrimóniu ne’e reprezenta pasadu koloniál ida ne’ebé ladún dook.
In Timor-Leste, unfortunately, much of the architectural heritage of Portuguese origins has been overlooked and is undergoing rapid degradation. Who knows if the causes are related to the recent memory of a past marked by wars, suffering and death, or just because such heritage is of a colonial past not too distant.
Lialoos maka aleinde razaun sira ne’e, iha karik deskoñesimentu kona-ba ninia valór kulturál no importánsia ne’ebé edifísiu sira ne’e iha ba prosesu afirmasaun identidade nasionál nasaun nian. Ho efeitu, barak liu hosi edifísiu sira ne’e hasoru agora estadu degradasaun maka’as ka abandonu, sai hanesan alvu ba uzu ne’ebé ladi’ak no hetan modifikasaun beibeik lahó konsulta hamutuk ho espesialista sira.
The truth is that beyond these reasons, there is probably a misunderstanding of the cultural value and importance that these buildings hold in the assertion of the country’s national identity. As a result, a large portion of these buildings is in a state of advanced degradation or abandonment, it is subject to improper uses and it is often changed without consulting appropriate experts.
Nomós, iha Timor-Leste kuantidade la natoon rekursus umanus kualifikadu no koñesimentu tékniku, kona-ba área sira ne’e, halo prezervasaun ba patrimóniu arkitetóniku hanesan batalla ida kleur no todan. Nune’e, urjente tebes forma espesialista sira iha arkitetura, urbanizmu, konservasaun no iha área seluk relevante hodi hasoru problema ne’e. Tékniku kualifikadu sira no ho responsabilidade, dignu iha kargu ne’ebé sira okupa, ne’ebé servisu ativu ba prezervasaun patrimóniu arkitetóniku nian no atu hetan solusaun foun hodi nune’e bele dura.
Moreover, the lack of qualified human resources and expertise in these areas in Timor-Leste make the preservation of architectural heritage a demanding and long-lasting battle. It is therefore urgent to train specialists in architecture, urban planning, conservation and other relevant areas, to address this problem. There is a need to train qualified and responsible technicians, worthy of the position they hold, that will actively work in the preservation of the architectural heritage and find new solutions to guarantee that such heritage lasts for future generations.
Ita bele haree ba paizajen ka fatin sira no hatete katak furak, maibé bainhira ita labele identifika problema ne’ebé sira hasoru, sei lakon esforsu tomak. Tenki haree ba fatin sira ne’e ho matan no no laran la hakmatek. Tenki hakarak atu rezolve problema husi fatin sira ne’e hodi hetan solusaun adekuadu – maibé labele haluha istória no memória sira ne’ebé halo fatin sira ne’e hanesan espesiál.
We can look at the landscape or places and say that they are beautiful, but if we can not identify the problems they face, this effort will be in vain. We need to look at these places with skilful eyes and with a certain sense of anguish. We must aspire at solving the problems of these spaces looking for appropriate solutions but never ignoring the history and memories that make them so special.
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Por todas estas razões, faz-se aqui um apelo a todas as comunidades e agentes sociais, que reflitam no que está perante os seus olhos, que não ignorem ou julguem os edifícios sem saber qual o seu verdadeiro valor, bem como o contributo que estes poderão oferecer para o desenvolvimento local e nacional, ou para o bem-estar que poderão provocar em cada um de nós. A perda de um imóvel com valor patrimonial significa sempre uma perda para a própria história do país. Quanto ao Governo, este deve assumir seriamente o compromisso de preservar estes lugares, criando instrumentos legais de proteção, atribuindo verbas anuais para a reabilitação ou restauro, e trabalhando em parceria com as comunidades, educando-as de forma a sensibilizar para a necessidade de protecção, a orgulharem-se do que lhes pertence. Relativamente ao património arquitectónico de origem portuguesa existente no distrito de Liquiçá, podemos afirmar que a maior parte deste se encontra num razoável estado de conservação. Contrariamente ao que se passou em Dili, Liquiçá foi, durante a Segunda Guerra Mundial, campo de concentração para refugiados, tendo assim sido poupado aos violentos bombardeamentos japoneses e australianos. O facto deste distrito estar localizado próximo da capital permitiu que o trabalho de inventariação se realizasse com relativa rapidez. A inexistência, em Timor-Leste, de arquivos históricos, dificultou uma pesquisa mais rigorosa sobre a história de cada um dos imóveis. Deste modo, e para além da consulta de algumas fontes escritas existentes no país, contamos sobretudo com a memória local, sobre o uso original durante o período colonial português e o período subsequente, de ocupação indonésia, e com breves visitas a arquivos históricos em Portugal e em Macau.
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Ho razaun sira ne’e hotu, halo apelu ida ba komunidade no ajente sosiál sira, hodi hanoin ba saida maka iha ita-nia oin, hodi labele ignora ka julga edifísiu sira bainhira la hatene sirania valór loloos, nune’e mós kontributu ne’ebé sira bele oferese ba dezenvolvimentu lokál no nasionál, ka ba satisfasaun ne’ebé ita ida-idak bele hetan. Lakon imóvel ida ho valór patrimoniál sempre signifika lakon ida ba istória nasaun nian rasik.
For all these reasons we make an appeal to all communities and social agents, to reflect on what is before their eyes and not to ignore or judge buildings without knowing what their true value is, the contribution that they may offer to local and national development, or the well-being that they may provide to the community. The loss of a property with heritage value is always damaging to the history of a country.
Kona-ba Governu, tenki asume ho sériu kompromisu hodi prezerva fatin sira ne’e, dezenvolve instrumentu legál sira protesaun nian, fó osan anuál ba reabilitasaun ka restaurasaun, no servisu hamutuk ho komunidade, eduka sira hodi sensibiliza ba nesesidade protesaun nian hodi iha orgullu ba buat ne’ebé pertense ba sira.
Government needs to assume seriously the commitment to preserve such places, creating legal protecting instruments, allocating annual funds for rehabilitation and renovation, working in partnership with communities in order to raise awareness on the need to protect, and take pride in what is theirs.
Kona-ba patrimóniu arkitetóniku ho orijen portugeza ne’ebé eziste iha distritu Liquiçá, ita bele afirma katak barak liu iha estadu razoável konservasaun nian. La hanesan buat ne’ebé maka akontese iha Díli. Liquiçá durante Funu Mundiál Daruak sai hanesan kampu konsentrasaun ba refujiadu sira nune’e ladún hetan bombardeamentu maka’as hosi japunés no australianu sira.
In the Liquiçá district, it can be said that most of architectural heritage of Portuguese origins is in a reasonable state of preservation. Contrary to what happened in Dili, during World War II Liquiçá was a concentration camp for refugees, having thus been spared from the violent Japanese and Australian bombings.
Distritu nia lokalizasaun besik ho kapitál maka permite halo katalogasaun lalais uitoan. Tanba iha Timor-Leste laiha arkivu istóriku sira difikulta peskiza ida rigorozu liután kona-ba istória imóvel ida-idak nian. Nune’e, aleinde konsulta hosi fonte eskrita balun ne’ebé eziste iha nasaun, ami konta liuliu ho memória lokál, kona-ba uzu orjinál durante períodu koloniál portugés no períodu tuirmai, okupasaun indonézia nian. no mós vizita ba arkivu istóriku sira Portugal no Makau nian.
The fact that the Liquiçá district is located near the capital enabled the inventorying work to take place relatively quickly. The absence, in Timor-Leste, of historical archives, hampered a more rigorous research on the history of each property. Thus, in addition to consulting a few written sources in the country, we relied primarily on local memory, regarding original uses during the Portuguese colonial period and the subsequent period of Indonesian occupation, as well as short visits to historical archives in Portugal and in Macau.
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Até à data, foram já identificados edifícios com potencial arquitectónico nos subdistritos de Bazartete (Suco de Bazarte e Lautata), Liquiçá (Suco Dato) e Maubara (sucos de Valviquinia e Vila), podendo ainda existir outros, espalhados pelo distrito.
To’o ohin loron, identifika ona edifísiu sira ho potensiál arkitetóniku iha subdistritu Bazartete (suku Bazartete no Lautata), Liquiçá (Suku Dato) no Maubara (suku Valviquinia no Vila), maibé bele eziste edifísiu seluk ne’bé namkari iha distritu.
To date, were identified buildings with potential architectural interest in the sub-districts of Bazartete (Suco Bazarte Lautata), Liquiçá (Suco Dato) and Maubara (Sucos Valviquinia and Vila). There may also be others scattered around the district.
Os edifícios que permaneceram e resistiram ao tempo apresentam, na sua grande maioria, os mesmos problemas: falta de manutenção, utilização de materiais com baixa qualidade (que provocam reações químicas como a eflorescência e a criptoeflorescência), erosão provocada por agentes climáticos (como o vento, a chuva e o sol, crescimento de musgo e vegetação) uso inapropriado, destruição, vandalismo e abandono.
Edifísiu sira ne’ebé permanese no reziste ba tempu aprezenta, dalabarak, problema sira ne’ebé hanesan: falta manutensaun, utilizasaun materiál sira ne’ebé ladún iha kualidade (halo reasaun kímiku sira hanesan eflorexénsia no kriptoeflorexénsia1), erozaun ne’ebé provaka hosi ajente klimátiku sira (hanesan anin, udan no loron, kreximentu musgu no vejetasaun nian), uzu ne’ebé la adekuadu, destruisaun, vandalizmu no abandonu.
The buildings that remained and resisted time generally face the same problems: lack of maintenance; use of low quality materials that cause chemical reactions (such as efflorescence and crypto-efflorescence); erosion caused by climatic agents (such as wind, sun and rain; growth of moss and vegetation); misuse; destruction; vandalism; and neglect.
Entre os edifícios identificados, destacam-se, em Bazartete, a Residência do Administrador e a Prisão do Aipelo; no subdistrito de Liquiçá, encontramos a Residência do Administrador, o Escritório do Administrador, o Hospital Municipal, a Igreja de Liquiçá e a antiga Escola Municipal; em Maubara, temos o Forte (de origem holandesa), a Casa Forte e antiga Residência do Chefe do Posto, a Igreja de Maubara e a Campa do Liurai Nunes. Todos estes imóveis deverão, num futuro próximo, ser classificados como património de interesse nacional ou local, pela sua originalidade e pelo papel importante que tiveram na formação da sociedade timorense. Gostaria aqui de realçar a antiga Prisão do Aipelo, não apenas pelo seu valor histórico e patrimonial mas também porque este representa um dos primeiros projectos abrangentes de salvaguarda do património arquitectónico de origem portuguesa em Timor-Leste. A antiga Prisão do Aipelo é testemunha dos maus tratos sofridos por presos políticos e de delito comum, para ali enviados pela administração colonial portuguesa. A sua história está intimamente ligada à de José Celestino da Silva, antigo Governador de Timor, que aí mandou prender vários régulos e outras personalidades de destaque da sociedade timorense. Construída durante os finais do século XIX, a Prisão do Aipelo esteve em funcionamento durante grande parte da primeira metade do século XX, até à sua desactivação, em 1939.
Entre edifísiu sira ne’ebé identifica ona, bele destaka, iha Bazartete, Rezidénsia Administradór nian no Prizaun AiPelo; iha subdistritu Liquiçá, ami hetan Rezidénsia Administradór nian, Eskritóriu Administradór nian, Ospitál Munisipál, Igreja Liquiçá no antigu Eskola Munisipál; iha Maubara, mak Forte (ho orijén olandés), Uma Forte no antigu Rezidénsia Xefe Postu nian, Igreja Maubara no Rate Liurai Nunes. Imovél sira ne’e tenki, iha tempu badak nia laran, klasifika hanesan patrimóniu ba interese nasionál ka lokál, tanba sira-nia orijinalidade no tanba papel importante ne’ebé uluk sira iha ba formasaun sosiedade timoroan nian. Ha’u hakarak destaka iha ne’e antigu Prizaun Aipelo, la’ós de’it tanba ninia valór istóriku no patrimoniál maibé mós tanba nia reprezenta projetu luan sira ida dahuluk ba protesaun patrimóniu arkitetóniku ho orijen portugeza nian iha Timor-Leste. Antigu Prizaun Aipelo hanesan sasin ba tratamentu ladi’ak ne’ebé prizioneiru polítiku no prizioneiru krime komun hetan. Prizioneiru sira-ne’ebé administrasaun koloniál portugés haruka ba fatin ne’e. Nia istória liga klean liu ba José Celestino da Silva, antigu Governadór Timor nian, ne’ebé haruka prende iha fatin ne’e régulu oioin no personalidade seluk ne’ebé iha destake iha sosiedade timoroan nian. Harii durante sékulu XIX ninia rohan, Prizaun Aipelo nian hala’o funsionamentu durante parte barak hosi metadu dahuluk sékulu XX nian to’o ninia dezativasaun iha tinan 1939. 1. Eflorexénsia no kriptoeflorexénsia mak depózitu kristalinu ho kór mutin ne’ebé mosu iha superfície hanesan parede no seluk tan. Hanesan tipu bolór rua.
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Amongst identified buildings in Bazartete, the Residence of the Administrator and the Prison of Ai Pelo, stand out. In the subdistrict of Liquiçá, we find the Residence of the Administrator, the Office of the Administrator, the Municipal Hospital, the Liquiçá Church and the former Municipal School. In Maubara, we have the Fort (of Dutch origins), the Safe House and former residence of the chief-in-charge, the Church of Maubara and the grave of Liurai Nunes. All these properties should, in the near future, be classified as heritage of national or local interest, for its originality and the role they had in forming Timorese society. We would like, however, to emphasize the former Aipelo Prison, not only for its historical and patrimonial value, but also because this is one of the first comprehensive projects aimed at safeguarding the architectural heritage of Portuguese origins in Timor-Leste. The former Aipelo Prison is testimony of the abuse suffered by political prisoners and common criminals sent there by the Portuguese colonial administration. Its history is closely linked to that of Celestino da Silva, former Governor of TimorLeste. José Celestino da Silva ordered the arrest in the former prison of several chiefs and other prominent personalities of Timorese society. Built during the late nineteenth century, the former Aipelo Prison was in operation for much of the first half of the twentieth century, until its deactivation in 1939.
Primeira fase de construção - 1889 Praia Antigo Canal Esgoto 11
10
Mar 07
Maubara
Dili
Bazartete
Praia Antigo Canal Esgoto
06
07
06
11
10
05
05
07
04 02 08
07
05
Alsadu sul • Alçado sul • South elevation
05
03
09 01
04
Entrada
Segunda fase de construção - 1914 02
08
03 09
Mar
01
Alsadu norte • Alçado norte • North elevation
Entrada
Maubara
Bazartete
Dili 5
10 m
1ª Fase de Construção (1889)
Praia
Faze dahuluk (1ª) Konstrusaun nian (1889)
4 3 2 1
0m
1st Phase of Construction (1889)
Antigo Canal Esgoto 11
10
07
Maubara
Dili
Bazartete 06
07
06
05
alsadu sul, alçado sul, south elevation
05
04 02 08
03 09
Alsadu sul • Alçado sul • South elevation 01
alsadu norte, alçado snorte, north elevation
Entrada
10 m
2ª Fase de Construção (1914)
Faze daruak (2ª) Konstrusaun nian (1914)
Maubara Alsadu norte • Alçado norte • North elevation Bazartete
5
4 3 2 1
0m
2nd Phase of Construction (1914)
Dili
5
10 m
4 3 2 1
0m
alsadu sul, alçado sul, south elevation
153 alsadu norte, alçado snorte, north elevation 10 m
5
4 3 2 1
0m
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O Projecto da Musealização da antiga Prisão do Aipelo, lançado pela Secretaria de Estado da Arte e Cultura, através da Direcção-Geral da Arte e Cultura e Direções Nacionais sob a sua tutela, integrado no plano das celebrações do 10º Aniversário da Restauração da Independência de Timor-Leste de 20 de Maio de 2012, representa uma tentativa de requalificação de um edifício com valor histórico e de sensibilização das autoridades competentes e da população em geral, para cuidar do que é seu por direito. Desenvolvida ao longo de 2012, esta iniciativa incluiu a realização de uma exposição temporária sobre a história do imóvel, tendo como principal objectivo lançar o Projecto de Musealização da antiga Prisão do Aipelo, devolvendo a história deste importante edifício à população timorense. Para além da conservação das ruínas, o projecto de reabilitação integra um pequeno museu com sala de exposições, local para venda de produtos locais e um pequeno restaurante e café.
Projetu ba Muzealizasaun ba antigu Prizaun AiPelo, lansa hosi Sekretaria Estadu Arte no Kultura, liuhosi Diresaun-Jerál Arte no Kultura no Diresaun Nasionál sira hosi nia tutela, ne’ebé integra iha planu selebrasaun ba Aniversáriu Dasanuluk Restaurasaun Independénsia Timor-Leste nian, iha loron 20 fulan-Maiu tinan 2012, reprezenta tentativa ida hodi kualifika fali edifísiu ida ho valór istóriku no hosi sensibiliza autoridade kompetente sira, no populasaun enjerál hodi kuida saida maka sira nian tuir direitu. Dezenvolve durante tinan 2012, inisiativa ne’e inklui espozisaun temporáriu ida kona-ba imóvel nia istória, ho objetivu prinsipál atu lansa Projetu Muzealizasaun ba antigu Prizaun Aipelo nian, fó fali istória hosi edifísiu importante ne’e ba populasaun timoroan. Aleinde konservasaun ba ruina sira, projetu reabilitasaun nian integra muzeu ki’ik ida ho sala espozisaun sira nian, fatin hodi fa’an produto lokál no restaurante no kafé ki’ik ida.
The Rehabilitation Project of the old Aipelo prison aims at converting it into a museum. This Project was launched by the Secretariat of State for Arts and Culture, through the Directorate-General for Arts and Culture and National Offices under its tutelage, during the celebrations of the 10th Anniversary of the Restoration of Timor-Leste’s Independence, on 20th May, 2012. This Project represents an attempt at rehabilitating a building with historical value and raising awareness within competent authorities and the general public to take care of what is rightfully theirs. A temporary exhibition on the history of the building was developed throughout 2012, with the main purpose of launching the Rehabilitation Project of the former Aipelo Prison. In addition to preserving the ruins, the Rehabilitation Project includes a small museum with an exhibition room, a venue for selling local products and a small restaurant and coffee shop.
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O plano de reabilitação das ruínas da antiga prisão tem como objectivo a preservação do objecto físico, ou seja, a conservação do que ainda resta do complexo edificado, de forma a preservar a memória do local, garantindo que a sua história não se perde e é transmitida às gerações futuras. Para que isso aconteça, há que contar com o apoio do Governo e das comunidades locais. Este projecto será desenvolvido de forma faseada, ou seja, em primeiro lugar foi preparado um plano integrado com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento local de forma sustentável, garantindo postos de trabalho para a comunidade incentivando a população a criar pequenos negócios que alimentem a economia local.
Planu reabilitasaun ba ruina antigu Prizaun nia objetivu maka prezervasaun objetu fíziku nian ka konservasaun restu hosi kompleksu edifikadu hodi prezerva memória lokál, garante katak nia istória sei la lakon no sei transmite ba jerasaun sira iha tempu oin mai. Atu ne’e bele akontese, tenki konta ho apoiu hosi Governu no komunidade lokál sira. Projetu ne’e sei dezenvolve tuir faze, ne’e significa katak, dahuluk prepara ona planu integradu ida ho objetivu atu kontribui ba dezenvolvimentu lokál ho maneira sustentável, garante fatin servisu nian ba komunidade lokál, insentiva populasaun hodi harii negósiu ki’ik sira ne’ebé ajuda ekonomia lokál.
The rehabilitation plan of the ruins of the former prison aims at preserving the physical object, i.e., to preserve what remains of the building complex, in order to maintain the memory of the site, ensuring that its story is not lost and is therefore transmitted to future generations. For this to happen, there must be support from Government and the local communities. This project will be developed by stages. Firstly, an integrated plan was prepared with the purpose of contributing towards local development in a sustainable manner, ensuring jobs for the local community, encouraging people to create small businesses that fuel the local economy.
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Em segundo lugar, procurou-se identificar soluções arquitectónicas que pudessem responder às necessidades básicas para um bom funcionamento do espaço, criando espaços verdes com um design arrojado, casa de banho pública, posto informação e segurança, uma loja para venda de produtos locais, um espaço para exposições e um Restaurante/Café e Museu. Com a construção destes equipamentos, esperase que seja possível garantir a sustentabilidade do projecto, conseguindo-se ao mesmo tempo a preservação da história do local.
Daruak, sei buka indentifika solusaun arkitetóniku sira ne’ebé bele hatán ba nesesidade báziku sira nune’e fatin bele funsiona ho di’ak, harii fatin jardín sira ho design ne’ebé furak, haris fatin públiku, postu informasaun no seguransa, loja ida hodi fa’an produtu lokál, fatin ida ba espozisaun, Restaurante/Kafé ida no Muzeu. Ho konstrusaun ba ekipamentu sira ne’e, hein katak bele garante sustentabilidade projetu nian, nune’e mós garante prezervasaun istória lokál ne’e nian.
Second, we sought to identify architectural solutions that could meet the basic needs of a well functioning space, creating green spaces with a bold design, public bathrooms, an information and security centre, an exhibition room, and a restaurant/café and museum. With the construction of such facilities, it is hoped that sustainability of the project will be achieved, while ensuring the preservation of the place’s history.
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Porque o património arquitectónico de origem portuguesa faz parte da história e da construção da nação, a sua preservação é da maior importância. Ao contrário do que muitas vezes se afirma, estes não são apenas edifícios sem valor ou em mau estado. Porque apenas quanco forem claros os objectivos de preservação do património arquitectónico de origem portuguesa e da sua importância enquanto elemento da nossa identidade e união nacionais, este tipo de património estará verdadeiramente a salvo.
Tanba patrimóniu arkitetóniku ho orijen portugés hola parte iha istória no konstrusaun nasaun nian, nia prezervasaun iha importánsia maka’as. La’ós hanesan dalabarak ema hatete, ne’e la’ós de’it edifísiu sira ne’ebé laiha valór ka iha estadu ladi’ak. Bainhira hatene lolos objetivu sira prezervasaun ba patrimóniu arkitetóniku portugés nian ne’e ho nia importánsia hanesan elementu ida ba ita nia identidade no uniaun nasionál, patrimóniu kulturál ne’e sei bele konserva ho di’ak
Because architectural heritage of Portuguese origins is part of this country’s history and nation-building process, its preservation is of the utmost importance. Contrary to public opinion, these are not just worthless buildings or buildings in a poor condition. Only when the purpose of safeguarding the architectural heritage of Portuguese origins, and its importance as an element of national identity and union are clear, can this type of cultural heritage be truly safe.
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Casa Privada / sede FretIlin
Casa Privada
nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Casa Privada/Sede Fretilin Uma Privadu/Sede Fretilin Private House/Fretilin Headquarters
Casa Privada Uma Privadu Private House
Casa Privada Uma Privadu Private House
localização fatin location
localização fatin location
localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Privado Privadu Private
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Privado Privadu Private
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Privado Privadu Private
tipo de construção tipu konstrusaun building type
tipo de construção tipu konstrusaun building type
tipo de construção tipu konstrusaun building type
Residencial Rezidensiál Residential
Residencial Rezidensiál Residential
Residencial Rezidensiál Residential
gps
gps
gps
S 08°35`47.2” E 125°19`30.7”
S 08°35`38.3” E 125°19`36.8”
S 08°35`44.7” E 125°19`30.4”
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Casa Privada
Monumento do Povo de Liquiçá
Casa em Ruinas
anexos
4.1
nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
nome do edifício edifísiu nia naran name of the building
Monumento ao Povo de Liquiçá Monumentu ba Povo Liquiçá Monument to the People of Liquiçá
Casa em Ruinas Uma aat Ona House in Ruins
localização fatin location
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Privado Privadu Private
Subdistrito de Liquiçá, Suko Dato, Aldeia Leo Pa Subdistritu Liquiçá, Suku Dato, Aldeia Leo Pa Subdistrict of Liquiçá, Suko Dato, Leo Pa Village proprietário edifísiu na’in owner Privado Privadu Private
Edifísiu Adisionál SIRA Additional Buildings
localização fatin location
tipo de construção tipu konstrusaun building type
tipo de construção tipu konstrusaun building type
Residencial Rezidensiál Residential
Monumento Monumentu Monument
gps
gps
S 08°35`46.9” E 125°19`31.1”
S 08°35`44.7” E 125°19`30.4”
Edifícios Adicionais
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Taylor, John G. 1993. Timor, a História Oculta. Lisboa: Bertrand Editora, 419p., ilustr. B Garcia, António Joaquim.1870. «Expedição Militar a Timor.» Boletim da Província de Macau e Timor, vol. XVI, Macau: Typographia Mercantil, n.° 44, p.183-185. Loureiro, João. 1999. Postais Antigos & Outras Memórias De Timor. Portugal: João Loureiro e Associados da Silva, José Celestino. 1934. Coronel de Cavalaria José Celestino da Silva, Governador de Timor, 1894-1908. Rememorando Celestino da Silva a propósito do aniversário dum tratado - 6 de Agosto de 1661. Porto : Litografia Nacional) c/retrato, B
Páginas de internet Fatin iha internet Websites Colónia Portuguesa de Timor (Álbum Álvaro Fontoura) Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa: http://www.ics.ul.pt/ahsocial/fontoura/album/pag_ inteiras/0.htm Arquivo Digital de Cartografia Urbana: http://cartografiaurbana.ceurban.com/ Biblioteca e Arquivo Histórico de Obras Públicas (catálogo): http://www.biblioteca.moptc.pt/psqbol.asp?fields=6 TV Ciência: http://www.tvciencia.pt/ ———– Arquivo vídeo: http://www.tvciencia.pt/tvcarq/pagarq/ tvcarq01.asp ———– Cartoteca: http://www.tvciencia.pt/tvccat/pagcat/tvccat01.asp ———– Iconoteca: http://www.tvciencia.pt/tvcicn/pagicn/tvcicn01.asp
Arquivos HistÓricos Arkivu Istóriku HISTORICAL ARCHIVES
Inventário dos Arquivos do Ministério do Ultramar: http://arquivos.ministerioultramar.holos.pt/
Arquivo Histórico Ultramarino. Macau e Timor: inventário preliminar, Lisboa, AHU, s.d.
Ministério da Obras Públicas Transportes e Comunicações: http://www.moptc.pt/
Arquivo Histórico Ultramarino. Lisboa. Códices, n.°s 9, 11, 492, 493 a 497, 503, 505, 506, 508, 516 a 520 e 539 a 541. Direcção-Geral das Colónias, maços [1892-1945]. Gabinete do Ministro, maços [1910-1945].
Instituto de Investigação Científica Tropical: http://btimor.iict.pt
4.2 anexos
publicações PUBLIKASAUN PUBLICATIONS
Bibliografia e Fontes Bibliografia no Fonte sira BibliograPHY & Sources
Arquivo Nacional da Torre do Tombo: http://antt.dgarq.gov.pt/ Arquivo Histórico de Macau: http://www.archives.gov.mo/pt/
Instituto de Investigação Científica Tropical - Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga - Filmoteca Ultramarina Portuguesa. Lisboa Archivo Histórico de Macau. No. 91-93, Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, Macau.
Regulamento de saúde.1963: http://btimor.iict.pt/pagtim/ vtim001.asp?menuAno=1963&menuMes=12&menuDia=07 &imageField2.x=15&imageField2.y=14&offset=7 Outros: http://www.portoporponto.com/?cat=3 http://livrodascontradisoens.blogspot.com http://www.cfportugal.pt/ http://www.tvciencia.pt/tvcarq/pagarq/tvcarq03asp?codaqv=80009 http://abemdanacao.blogs.sapo.pt/tag/timor
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RESOLUÇÃO DO GOVERNO N° 25/2011 de 14 de Setembro Relativa à Protecção do Património 4.3 Cultural REZOLUSAUN GOVERNU NIAN Nº 25/2011 HUSI LORON 14 FULAN Setembru Kona ba Protesaun ba Patrimóniu Kulturál GOVERNMENT RESOLUTION NO. 25/2011 oF 14th September RELATED TO THE PROTECTION OF CULTURAL HERITAGE
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O Programa do IV Governo Constitucional, no ponto 3 relativo à Arte e Cultura expressa a determinação do Governo em “colocar a cultura ao serviço da afirmação da Nação e do Estado Timorense”. Este documento refere ainda que deve ser “através da cultura que Timor-Leste se deverá posicionar, preservando, enriquecendo e salvaguardando a sua identidade”, sendo que “a protecção da Cultura assegura a perenidade e a transmissão ao longo de gerações, do legado histórico e etnográfico dos nossos antepassados e das conquistas, realizações e valores contemporâneos”.
Iha Programa IV Governu Konstitusional nian, iha pontu 3 kona ba Arte no Kultura hatudu katak Governu iha hanoin-metin atu “tau kultura hala’o knar hodi hahí Nasaun no Estadu Timoroan nian”. Liu hosi surat ida-ne’e hakarak temi mos katak “liu hosi kultura mak Timor-Leste sei buka hatu’ur nia a’an, hodi hakiak, hafolin no hasoin ninia identidade”, nune’e “halo protesaun ba Kultura hakarak atu hametin no fo sasin ba otas-ba-otas to’o rohan laek, legadu istóriku no etnográfiku hosi ita nia bei-ala sira hala’o ona liu hosi konkista, hala’ok no valór hirak mak iha ita nia loron”.
The Program of IV Constitutional Government, in point 3 related to the Arts and Culture, expresses the Government’s determination in “placing culture at the use of affirming the Timorese Nation and State”. Besides that, this document states that it should be “through culture that Timor-Leste should reposition itself, preserving, enriching and safeguarding its identity”, since “the protection of Culture ensures an enduring transmission through generations of the historical and ethnographic legacy of our ancestors, and of the contemporary achievements, accomplishments and values”.
No que especificamente diz respeito ao património cultural, a Política Nacional da Cultura, aprovada em Conselho de Ministros a 23 de Setembro de 2009, prevê a criação de “mecanismos legais que permitam uma eficaz gestão e preservação do património cultural de Timor-Leste”, no sentido de “definir os direitos e deveres dos cidadãos perante o património cultural do país, contribuindo para a sua salvaguarda e valorização”.
Koalia loos deit kona ba patrimóniu kultura nian, iha Polítika Nasionál ba Kultura, hetan ona aprovasaun liu hosi Konsellu Ministru iha loron 23 fulan Setembru tinan 2009, iha hanoin atu hari’i “mekanismu legál hirak mak bele halo jestaun ida diak no hakiak didiak patrimóniu kulturál Timor-Leste nian”, ho hanoin atu “hakerek sai direitu no dever hirak ema timoroan sira nian hasoru patrimóniu kultura ita Rain, nune’e bele kontribui atu hasoi no hafolin nia”.
In regards to specific cultural heritage, the National Cultural Policy, approved by the Council of Ministers on the 23rd of September 2009, envisages the creation of “legal mechanisms that allow an efficient management and preservation of TimorLeste’s cultural heritage”, in order to “defining the rights and duties of all citizens before the country’s cultural heritage, contributing to its safeguarding and valorisation”.
Porque é responsabilidade do Estado proteger e valorizar o património cultural como instrumento de democratização do acesso à cultura e como elemento fundamental no processo de consolidação da identidade e soberania nacionais, e considerando que a classificação e a protecção dos bens culturais imóveis de Timor-Leste deverão sempre ser realizadas com o objectivo último de criar uma sociedade justa e igualitária, assumindo a diversidade cultural como um princípio humanitário e de desenvolvimento fundamentais, o Governo reconhece que cabe à Secretaria de Estado da Cultura e aos serviços sob sua direcção, assegurar o enquadramento legal indispensável à inventariação, gestão, protecção e valorização do património cultural e arquitectónico de Timor-Leste.
Tamba Estadu iha responsabilidade atu tau-matan no hafolin patrimóniu kulturál nu’udar instrumentu hosi demokratizasaun atu hetan dalan ba kultura no hanesan elementu fundamentál ida iha prosesu hametin identidade no soberania nasionál, no konsidera katak halo klasifikasaun no protesaun ba sasán kulturál imovel Timor-Leste nian sei buka hala’o nafatin ho hanoin ikus atu hari’i sosiedade ida justa no hanesan, hodi kaer hanoin kona ba diversidade kultura nian nu’udar prinsipiu ida emar (umanitáriu) no ba dezenvolvimentu fundamentál sira, Governu rekoñese ba Sekretaria Estadu Kultura no ba servisu hirak iha nia okos katak iha kbi’it atu garante enkuadramentu legál mak importante hodi halo inventáriu, jestaun, protesaun no valorizasaun ba patrimóniu kulturál no arkitetóniku TimorLeste nian.
A aprovação de um conjunto de orientações estratégicas e regulatórias para a defesa e preservação do património cultural de Timor-Leste, enquanto ferramenta fundamental da defesa e consolidação da unidade e identidade Nacionais, será consubstanciada na futura Lei de Bases do Património Cultural, actualmente em fase de preparação.
Halo aprovasaun ba orientasaun estratéjika no regras lubun ida hodi satan no hakiak patrimóniu kulturál Timor-Leste nian, wainhira sai nu’udar instrumentu fundamentál ba defeza no hametin unidade no identidade Nasional, sei halibur hamutuk iha deit Lei Baze ba Patrimóniu Kulturál nian mak atu hakerek iha loron oin mai, oras ne’e daudaun iha hela preparasaun.
Since it is the responsibility of the State to protect and value cultural heritage as an instrument of democratization of the access to culture, as well as a fundamental element in the process of consolidating the national identity and sovereignty, and considering that the classification and the protection of Timor-Leste’s immovable cultural assets should always be undertaken with the ultimate purpose of creating a fair and equal society, assuming cultural diversity as humanitarian and development fundamental principles, the Government recognises that it is up to the State Secretariat of Culture and the services under its supervision, to secure the legal framework indispensable to the inventory, management, protection and valorisation of the cultural and architectural heritage of Timor-Leste. The approval of a set of strategic and regulatory guidelines towards the protection and the preservation of Timor-Leste’s cultural heritage, as a fundamental tool to preserve and consolidate national unity and national identity, will be further improved by the future Cultural Heritage National Law, currently under preparation.
Assim, o Governo resolve, nos termos da alínea a) do artigo 116.o da Constituição da República e na prossecução do Programa do IV Governo Constitucional e da sua Política Nacional da Cultura, o seguinte:
Nune’e, Governu buka hadia, tuir ho termu hosi alinea a) iha artigu 116 hosi Lei-Inan Repúblika no tuir nafatin ho Programa IV Governu Konstitusionál nian no ninia Polítika Nasionál ba Kultura, hanesan mai ne’e:
Therefore, the Government decides, following paragraph a) of Article 116 of the Constitution of the Republic, and in pursuit of the Program of the IV Constitutional Government and its National Cultural Policy, the following:
a) É aprovada a presente Resolução, que consagra o conceito de património cultural e medidas para o seu apoio, defesa, preservação e conservação.
a) Halo aprovasaun ba Rezolusaun ida-ne’e, hodi bele sarani konseitu patrimóniu kulturál no sasukat hirak atu fo tulun, satan, hakiak no halo konservasaun ba nia.
a) The current Resolution is approved, defining the concept of cultural heritage and measures for its support, defence, preservation and conservation.
b) A presente Resolução vigora até à aprovação da Lei de Bases do Património Cultural.
b) Rezolusaun ida-ne’e iha folin to’o loron halo aprovasaun ba Lei Baze Patrimóniu Kulturál nian.
b) The current Resolution is in use until the Cultural Heritage National Law is approved.
c) Define-secomopatrimónioculturaltodososbens,móveis e imóveis, materiais ou imateriais, que pela sua importância e valor únicos, contribuem para afirmar a identidade cultural de uma comunidade, país ou região e que, por tal, devem ser alvo de identificação, investigação, classificação e de medidas de conservação e protecção. O património cultural de Timor-Leste deverá reflectir valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, ou exemplaridade do seu Povo.
c) Haraik hanesan patrimóniu kulturál sasán hotu-hotu, movel no imovel, materiál ka la’os material, tan ninia importánsia no valór mesak, mak fo kontribuisaun atu afirma identidade kulturál komunidade, rai ka rejiaun ida nian no nune’e, presiza sai nu’udar alvu atu halo identifikasaun, investigasaun, klasifikasaun no sai mos nu’udar sasukat atu halo konservasaun no protesaun. Patrimóniu kulturál TimorLeste nian sei buka leno valór hirak hosi memória, antigu, auténtiku, orijinál, raru, ka ezemplár hosi ninia Povu.
c) Cultural heritage is defined as all assets, moveable and immoveable, tangible or intangible, which for its unique importance and value contribute to affirm the cultural identity of a community, country or region and that for such reason, should be the target of identification, research, classification and conservation and protection measures. Timor-Leste’s cultural heritage should reflect values of memory, antiquity, authenticity, originality, rarity or exemplarity of its People.
d) Os tipos de património cultural existentes no país incluem:
d) Tipu hirak hosi patrimóniu kulturál mak iha ita Rain hanesan:
d) The types of cultural heritage existing in the country include:
- Património arqueológico terrestre e subaquático, incluindo sítios arqueológicos, e materiais oriundos de escavações e de sítios arqueológicos;
- Patrimóniu arkeolójiku iha rai no iha be okos, hanesan mos fatin arkeólojiku, no sasán hirak ke mak hetan no hosi fatin hirak arkeolójiku nian;
- Património arquitectónico, incluindo construções de vários tipos dos períodos colonial português e holandês (incluindo o património religioso), do período de ocupação japonesa e do período de ocupação indonésia;
- Patrimoniu arkitetóniku hanesan hadia tipu sasán ka uma oin-oin hosi tempu koloniál Portugál no Olanda nian (hanesan mós patrimóniu relijiaun nian), hosi tempu okupasaun Japaun no hosi tempu okupasaun Indonézia nian;
- Património etnográfico e tradicional, móvel e imóvel, incluindo arquitectura tradicional, arquitectura e sítios sagrados, e objectos etnográficos e tradicionais associados a culturas vivas; - Património imaterial, incluindo tradições, expressões orais e línguas, práticas sociais, rituais e eventos festivos, conhecimentos e práticas relacionados com a natureza e a gestão de recursos naturais, e ainda artes tradicionais e de espectáculo, incluindo música, dança e cantares.
- Patrimóniu etnográfiku no tradisionál, movel no imovel, hanesan arkitetura tradisionál, arkitetura no fatin hirak lulik nian, no sasán etnográfiku no tradisionál mak kait ba kultura moris; - Patrimóniu imateriál hanesan tradisaun, buat hirak hateten ho ibun no lian, hahalok sosiál, rituál no festa hirak, matenek no hahalok hirak kona ba natureza no jestaun ba rekursu naturál sira, no mós arte tradisionál no espetákulu, hanesan múzika, dahur no hananuk.
- Archaeological heritage, on land and underwater, including archaeological sites and materials from excavations and archaeological sites; - Architectural heritage, including several types of buildings from the Portuguese and Dutch colonial periods (including religious heritage), the Japanese occupation period and the Indonesian occupation period; - Ethnographic and traditional heritage, moveable and immoveable, including traditional architecture, sacred architecture and sites, as well as ethnographic and traditional objects associated with living cultures; - Intangible heritage, including traditions, oral expressions and languages, social and ritual practices and festivities, knowledge and practices associated with nature and natural resource management, as well as traditional arts and performance, including music, dance and singing.
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e) O órgão da administração do Estado que detém o poder de tutela do património cultural de Timor-Leste é a Secretaria de Estado da Cultura, ou órgão do Governo que lhe suceda nas suas competências, nos termos da delegação expressa de poderes consagrada no número 2 do artigo 49° do Decreto-Lei 22/2010, de 9 de Dezembro, que aprova a Lei Orgânica do Ministério da Educação. Cabe ao Ministro da Educação a superintendência das actividades da Secretaria de Estado da Cultura. f) A tutela ora consagrada compreende a defesa, protecção, desenvolvimento e conservação do Património Cultural de Timor-Leste, dotada do poder de controlo e fiscalização técnicos sobre todo o tipo de intervenções nos bens, do domínio público ou privado, que constituem património cultural de Timor-Leste, através do uso das medidas e mecanismos consagrados na presente Resolçução ou em posterior legislação relevante. g) O poder de controlo e fiscalização é aplicado através de pareceres técnicos e respectivos relatórios de acompanhamento técnico e aplicam-se a todas as entidades, públicas ou privadas, que, através de colaboração com o Estado ou através de iniciativa própria, sobre bens do domínio público ou privado, pretendam adquirir, modificar, recuperar, desenvolver e/ou intervir em qualquer tipo de bens, públicos ou privados, que cabem no âmbito do presente diploma e estão devidamente identificados e classificados por Despacho da Tutela. h) Incluem-se nestes os projectos específicos desenvolvidos pela Igreja Católica de Timor-Leste no património arquitectónico sob a sua posse, desde que este património seja classificado.
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e) Entidade administrasaun hosi Estadu mak iha kbi’it atu kaer patrimóniu kulturál Timor-Leste nian mak Sekretaria Estadu Kultura, ka entidade Governu nian mak troka nia iha ninia kompeténsia, tuir ho termu ne’ebé delega kbi’it hirak mak sarani ona iha numir 2 hosi artigu 49 iha Dekretu-Lei 22/2010, hosi loron 9 fulan Dezembru, mak aprova Lei Orgánika hosi Ministériu Edukasaun. Ministru Edukasaun iha kbi’it atu taumatan ba knar hirak Sekretaria Estadu Kultura nian. f) Responsabilidade ne’ebé sarani ona hatan ba defeza, protesaun, dezenvolvimentu no konservasaun ba Patrimóniu Kulturál Timor-Leste nian, iha kbi’it atu halo kontrolu no fiskalizasaun téknika kona ba tipu hotu-hotu intervensaun ba sasán hirak, hosi domíniu públiku ka privadu, mak sai hanesan patrimóniu kulturál Timor-Leste nian, liu hosi uza sasukat no mekanismu hirak sarani ona iha Rezolusaun idane’e ka iha lejislasaun importante loron oin mai. g) Kbi’it atu halo kontrolu no fiskalizasaun aplika liu hosi relatóriu tékniku no relatóriu akompañamentu tékniku rasik no aplika ba entidade hotu-hotu, públika ka privada, mak, liu hosi kolaborasaun ho Estadu ka liu hosi inisiativa rasik, kona ba sasán hirak hosi domíniu públiku ka privadu, hakarak atu sosa, modifika, rekupera, dezenvolve no/ka halo intervensaun iha tipu ruma hosi sasán hirak, públiku ka privadu, mak tama tomak iha lidun hosi diploma ida-ne’e no mak halo identifikasaun no klasifikasaun lolos tuir desizaun hosi instituisaun mak responsavel. h) Tama hotu iha ne’e projetu espesífiku hirak mak hala’o hosi Uma-Kreda Katólika Timor-Leste iha patrimóniu arkitetóniku ne’ebé makaer hosi nia, naran katak patrimóniu ne’e hetan ona klasifikasaun.
e) The body within the State that holds tutelage of all cultural heritage in Timor-Leste is the State Secretariat of Culture, or the body within Government that will replace it in its competences, according to the expressed delegation of powers consecrated in no. 2 of Article 49 of the Decree-Law 22/2010, of December 9, which approves the Organic Law of the Ministry of Education. It is the responsibility of the Ministry of Education to supervise the activities of the State Secretariat of Culture. f) The tutelage now consecrated comprises the defence, protection, development and conservation of the Cultural Heritage of Timor-Leste, having the power to technically control and examine all type of interventions on the cultural heritage of Timor-Leste, through the use of measures and mechanisms defined in the current Resolution or in any relevant legislation to be produced. g) The power of controlling and examining is applied through technical judgments and the relevant technical accompanying reports and it is applied to all institutions, public or private whom, through collaboration with the State or by their own initiative, on assets of public or private domain, intend to acquire, modify, recover, develop and/or intervene in any type of asset, public or private, which fall under the scope of the current diploma and are duly identified and classified through a dispatch from the tutelage body. h) Included in the above-mentioned are all specific projects developed by the Catholic Church of Timor-Leste in the cultural heritage under its owner, as long as this heritage is classified. Approved by the Council of Ministers on the 7th of September, 2011.
Aprovado em Conselho de Ministros de 7 de Setembro de 2011.
Hetan ona aprovasaun iha Konsellu Ministru hosi loron 7 fulan Setembru tinan 2011.
To be published.
Publique-se.
Bele fo sai.
The acting Prime-Minister,
O Primeiro-Ministro em exercício,
Primeiru-Ministru ezersísiu,
José Luís Guterres
José Luís Guterres
José Luís Guterres
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LIQUIÇÁ
PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO DE ORIGEM PORTUGUESA DE LIQUIÇÁ
DE
PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO DE ORIGEM PORTUGUESA