Indicium | nº1, 2017 | Abril

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EDITORIAL por Carlos Costa, Diretor do DEGEIT

A Indicium está a celebrar o seu 1º aniversário. Parece que nasceu ontem, mas no espaço de 1 ano tem já um sólido percurso feito e um promissor caminho para poder evoluir e se poder vir a projectar. A Indicium entra na sua 5ª edição, com uma publicação regular, sem sobressaltos e, acima de tudo, com conteúdos e um estilo gráfico de elevada qualidade. A Indicium é um projecto nascido no DEGEIT, mas que teve a inteligência de saber conectar-se com todo o campus universitário e com o mundo empresarial. Saber estar na ecúmena da academia é um sinal de inteligência; saber que os que nos rodeiam são uma oportunidade e não concorrência, é o lema daqueles que são fortes e não se encolhem na multidão de oportunidades que é a vida. O DEGEIT está igualmente em crescendo. Ao longo dos últimos anos temos vindo a reconstruir o edifício e a criar novas salas de informática. Durante este ano iremos continuar a reequipar as salas de tecnologia; remobilar o edifício; construir 2 novos grandes espaços para a investigação; e, acima de tudo, iremos tornar o DEGEIT totalmente acessível para as pessoas com necessidades especiais. Sim, porque ser-se acessível é compreender-se que o mundo se torna perfeito quando todos nós sabemos assumir as nossas diferenças e sabemos juntar-nos como seres humanos que se complementam e se respeitam. A Indicium faz parte do DEGEIT moderno e visionário que estamos a construir.

AGRADECIMENTOS Esta edição não teria sido possível, sem um conjunto de pessoas a quem gostaríamos de deixar um especial agradecimento: Prof. Dr.º Carlos Costa Prof. Dr.ª Joana Costa Prof. Dr.ª Carina Pimentel Prof. Dr.ª Maria João Pires da Rosa Prof. Dr.ª Helena Alvelos Prof. Dr.ª Mariana Pita Prof. Dr.º Carlos Rodrigues Prof. Dr.º António Neves Prof. Dr.º Ricardo Cayolla Dr.ª Rita Marrafa de Carvalho Dr.ª Susana Casanova Dr.ª Rita Carvalho BEEVERYCREATIVE CITE GALP ENERGIA Crédito foto da capa: Pau Storch

Contamos com a Indicium neste nosso novo caminho!

EQUIPA

Coordenação (coordenacao.indicium@gmail.com) Rita Martins Administração (ad.indicium@gmail.com) Jorge Castro Departamento Editorial (editorial.indicium@gmail.com) Mariana Madeira Cristiana Loureiro Jéssica Jacinto (colaboradora) Marcelo Teixeira (colaborador) Departamento de Comunicação (comunicacao.indicium@gmail.com) João Silva

Departamento Comercial (comercial.indicium@gmail.com) Inês Sousa Isabel Oliveira Patrícia Jesus Departamento Recursos Humanos (recursoshumanos.indicium@gmail.com) Eduarda Reis Catarina Madeira Melissa Ferreira Luís Gameiro Ana Malheiro (colaboradora)

Os artigos da presente edição encontram-se escritos ao abrigo, ou não, do acordo ortográfico, conforme a vontade dos autores


ÍNDICE 2 UM ANO DE INDICIUM 6 INDÚSTRIA 4.0

Pessoas vs. Máquinas: seremos substítuidos? Internet das coisas Caso de Sucesso: BeeVeryCreative

9 EFICIÊNCIA NAS EMPRESAS

Gerir a qualidade num mundo em constante desenvolvimento tecnológico Pensamento Lean e a Agilidade na cadeia de abastecimento: diferenças e complementaridades Relações colaborativas na cadeia de abastecimento Caso de Sucesso: Galp Energia e a Sustentabilidade

16 A INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NA R.P.CHINA 18 NEUROCIÊNCIA E MARKETING 20 ENTREVISTA: DR.ª RITA MARRAFA DE CARVALHO 23 (DES)IGUALDADE DE GÉNERO...

...refexões sobre educação: menino ou menina? ...nas organizações: porquê necessário?

26 PROTOCOLO EMPRESARIAL 28 IMAGEM PROFISSIONAL 30 DÁGEITO 32 ACONTECE NO DEGEIT


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UM ANO DE INDICIUM


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O QUE MUDOU

O QUE ESPERAR

PARA O

FUTURO

UMA RETROSPETIVA PELOS MEMBROS DA DIREÇÃO DA REVISTA, RITA E JORGE


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O CAMINHO MAIS DIFÍCIL É O CAMINHO MAIS GRATIFICANTE. TODOS OS MOMENTOS SÃO APRENDIZAGENS A revista Indicium comemora um ano neste mês de março. Que balanços fazem relativamente a este projecto? Rita Propusemos. Fizemos. 4 edições. O objetivo foi cumprido mas tivemos que andar numa constante mudança, sempre a tentar dar resposta às sugestões e críticas, o que é positivo. Contudo, em demasia, corre o risco de perdermos a nossa identidade. Muitas coisas ainda estão por fazer, mas o essencial é que conseguimos e nos mantivemos. Lutámos sempre. Jorge Muito sinceramente, como em todos balanços que se possam fazer, depende muito das perspetivas, e em qual nos inserimos: na minha, na tua, na das pessoas que estão pelo campus, numa perspetiva negativa, positiva, etc. Faço por isso um balanço positivo, pelos objetivos que estabelecemos e cumprimos, essas métricas podemos assumi-las. As edições estão cá fora. O impacto revê-se, não só nas críticas, mas também naquilo que lançamos e que desafiamos fazer.

Tratando-se de uma iniciativa novíssima no DEGEIT e até mesmo na UA, quais as maiores dificuldades que sentiram no seu arranque?

ismo. Sempre tentámos isso, e talvez da forma menos correta.

Rita Desconfiança, muita desconfiança. Por ser um projeto diferente, desconhecido por muitos. Se fosse um projeto mais do mesmo, diriam mais do mesmo. Quando é um projeto diferente, que poderiam parabenizar, pelo fato de ser novo, não. Desconfiam, não acreditam. E até conseguirmos que, as pessoas olhem para nós com outros olhos, é muito complicado.

Rita e Jorge Primeiramente, queremos melhorar. A qualidade, a imagem, os tipos de texto, os temas que abordamos de forma a atrair uma maioria de leitores, com a participação de maiores e melhores colaborações. Assim como, a imagem que queremos passar para o nossos leitores, tentar unir mais os alunos. Que seja um projeto que as pessoas olhem com outros olhos, e que é algo que os beneficia e que não é concorrente a outras organizações. É um acrescento, uma mais-valia.

Jorge Todas as ideias são boas, desde que tenham uma proposta de valor. A maior dificuldade, no fundo, foi transmitir essa proposta de valor às outras pessoas. Além disso, o fato de sermos pessoas completamente diferentes, haver no DEGEIT um espírito diferente, e procurar um elemento que unisse toda essa dinâmica que tínhamos aqui no departamento acabou por ser um desafio, que é transmitir que a Indicium também é deles e para eles. É um desafio constante no associativ-

Atualmente, que desafios pretendem alcançar?


5 Para além de ser uma revista académica, o que representa mais a Indicium? Rita Para mim representa diversas coisas, que certamente é interpretado de forma diferente por cada um. Sinto que para além de ser uma revista, é uma organização, é um grupo, são pessoas que trabalham de forma voluntária para algo, é um propósito, é algo que me sinto bem a fazer, a projetar, a criar... E tê-la no fim, e ver alguém a ler, é um sentimento de dever cumprido. Jorge Representa uma das valências extremamente importantes na universidade, que é um playground com outputs, com resultados. Algo que podemos ver, que é tangível... Na forma mais pura, que será a informação, representa uma equipa de trabalho, vontades (diferentes) e uma dinâmica que retiramos daqui para o resto das nossas vidas e possamos aplicar no futuro. O que podem os leitores esperar num futuro próximo? Rita e Jorge Podem sempre esperar algo diferente, quer em conteúdos, quer na própria qualidade gráfica da revista. Os nossos leitores podem esperar uma crescente atividade e interatividade para com eles.

5 REVISTAS

MARÇO 2016 MAIO 2016 DEZEMBRO 2016 MARÇO 2017

850 tiragens NUM ANO

PRINCIPAIS ÁREAS DE FORMAÇÃO

ECONOMIA, GESTÃO, TURISMO, ENGENHERIA, POLÍTICA E PSICOLOGIA

PARTICIPAÇÃO DE

25 PROFESSORES DA UNIVERSIDADE 9 ESPECIALISTAS DE FORA DA UA

15 ALUNOS ENVOLVIDOS

NÃO MEMBROS, E NÃO COLABORADORES

4 ENTREVISTAS EXCLUSIVAS PROF. ARMÉNIO REGO ENG. ANTÓNIO CONDE DR. PAULO DE MORAIS DRA. RITA MARRAFA DE CARVALHO

12 COLABORAÇÕES POR PARTE DE ORGANIZAÇÕES

REVIGRÉS; INCUBADORA DE EMPRESAS DA UA; SPARK AGENCY; GESP-UA; HOSTEL ROSSIO HOTEL; UNAVE; AVEIRO SMART BUSINESS; MONLOU ; AIESEC; GALP ENERGIA; BEEVERYCREATIVE; CITE

ATIVIDADES DO DEGEIT DESCRITAS PELOS NEG-AAUAV, NEEC-AAUAV, NEGPT-AAUAV; AEGIA; AIESEC; ASB

UM ENORME OBRIGADO A TODOS OS QUE ACREDITARAM EM NÓS, NO NOSSO PROJECTO E QUE NOS AUXILIARAM DE TODAS AS FORMAS.


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INDÚSTRIA 4.0

PESSOAS VS. MÁQUINAS: SEREMOS SUBSTITUÍDOS? Por Cristiana Loureiro

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revolução tecnológica não pára e as mudanças na sociedade são visíveis aos olhos de qualquer um. Nos últimos anos, muitas tarefas realizadas pelo Homem foram automatizadas, em que vários setores decidiram substituir a mão humana pela mecânica, e há quem defenda que para melhor! Estarão, então, os nossos trabalhos em risco? Será que as profissões futuras vão ser desempenhadas por robots? Estas perguntas geram alguma controvérsia entre investigadores, mas há quem afirme que sim: muitas profissões estão sob ameaça.Carl Benedict Freye Michael A. Osborne, realizaram um estudo em que analisaram várias ocupações e calcularam as suas probabilidades de substituição, nos próximos 20 anos, pelas máquinas. No seu estudo, denominado: “The future of employment: How susceptible are jobs to computerisation “ os investigadores afirmam que o emprego com mais probabilidade de vir a ser substituído é o de operador de telemarketing, com uma probabilidade de 99%. Na área de arquitetura e engenharia, o emprego mais robotizável é o de cartógrafo, com uma probabilidade de 87,9%, por outro lado, a probabilidade de robotizar completamente a engenharia nos

próximos 20 anos, é de cerca de 20%. O futuro não augura nada de bom para os trabalhadores na área das finanças e administração, com profissões como analista de crédito e assistente de empréstimos muito ameaçadas, a rondar uma probabilidade de 98% de virem a ser desempenhadas por robots futuramente. O setor dos transportes, também se vê em risco, uma vez que, segundo testes atuais, os carros sem motoristas têm uma boa probabilidade de serem concebíveis futuramente. Por outro lado, profissões como a de professor, assistente social e mesmo a de juíz são aquelas que menos possibilidade de serem substituídas completamente, uma vez que envolvem

um pensamento mais criativo e muita interação social, áreas em que os robots e inteligências artificiais existentes pecam. A evolução tecnológica continuará nos próximos anos, e para impedir que esta ameaça traga grandes dificuldades à vida futura, muitos estudiosos apelam à curiosidade, a ver o mundo com outros olhos, perceber como funciona e ser-se um empreendedor, ou seja, encontrar o que nos faz únicos e que nenhuma máquina poderá fazer por nós. Só através desta versatilidade e vontade de fazer mais e melhor, poder-nos-emos fazer ouvir num mundo, em que futuramente poderemos estar rodeados por todo o tipo de inteligências artificiais.


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INTERNET DAS COISAS Por António Neves, docente DETI

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inteligência artificial não existe hoje apenas nos filmes de ficção científica, implicando desafios para as sociedades contemporâneas. Para algumas pessoas os sistemas ditos inteligentes são uma ameaça, conduzindo ao desemprego, para outras são a possibilidade de mais bem-estar. Na era da “Internet das coisas” em que vivemos, imagine-se por um momento doente e sozinho, sem forças para ir ao centro médico mais próximo mas com acesso a um dispositivo móvel e/ou sensores que permitem monitorizar alguns sinais vitais. É fácil, cómodo, barato e acessível a qualquer pessoa realizar uma vídeo-consulta numa plataforma de cuidados de saúde na Internet ou aceder a uma aplicação que utiliza inteligência artificial, com capacidade de processar grandes quantidades de dados por segundos, para fazer triagem e diagnóstico de doenças. Veja-se, também, a facilidade com que podemos consultar no nosso dispositivo móvel o estado de vários equipamentos em nossa casa (aquecimento, consumos energéticos, etc.) e esta mesma aplicação a nível industrial em

que um técnico qualificado consegue monitorizar uma unidade de produção completa. A qualidade do serviço prestado por esta disponibilidade de informação e o uso de sistemas inteligentes divide opiniões. O mesmo acontece com os complexos efeitos sociais, no trabalho e no desemprego, e éticos, ao nível da definição dos limites de ação destas tecnologias, para além das questões de privacidade e segurança. Sou da opinião que vivemos numa era em que se colocam questões de sociedade e não apenas questões tecnológicas. Quais são os nossos desafios civilizacionais no presente e futuro próximo? Será que a inovação tecnológica vai-nos libertar ou escravizar? O emprego destruído será substituído por novos e melhores empregos? Os robôs vão contribuir para a nossa felicidade ou levar-nos à depressão? Estas e outras questões surgem na mente de todos os especialistas que trabalham nestas áreas e estamos todos a trabalhar para ajudar a reorganização das sociedades contemporâneas com vista a acolherem estas profundas transformações a nível político, social e económico.

Neste momento fica a ideia de que, em muitas funções, os humanos não poderão ser substituídos por robôs, sistemas automatizados ou inteligência artificial, mas em algumas outras sim. E a tendência é crescente. Em outros casos, estamos a falar de colaboração entre pessoas e máquinas, basta pensar na nova revolução industrial a que estamos a assistir - Indústria 4.0. Até muito recentemente, na opinião pública os setores que poderiam ser afetados pelas transformações tecnológicas eram circunscritos a profissões não-criativas. Contudo, com a “Internet das coisas” e a inteligência artificial começa a perceber-se que não é bem assim. Temos hoje sistemas inteligentes capazes de trabalhar informação em massa e obter conhecimento mais avançado, que pode depois ser aplicado num robô, num telemóvel, num programa informático ou em qualquer equipamento preparado para interagir com humanos. Esta será a realidade existente num futuro próximo em áreas tão diversas como a indústria, medicina, direito, publicidade, contabilidade, jornalismo, banca, entre outras.


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CASO DE SUCESSO: BEEVERYCREATIVE

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BEEVERYCREATIVE foi pioneira ao ter introduzido no Mercado internacional a primeira impressora 3D Desktop com um bom design e fácil de usar. Em novembro de 2014, no evento 3D Print Show em Londres, a estreia da BEETHEFIRST foi notada pelos media especializados. Desde então 6 prémios mostram que esta impressora, totalmente desenvolvida e produzida em Portugal, possui algo único. A impressora foi desenvolvida para os Home Users mas atualmente são os profissionais e as escolas os principais adotantes. As PME que desenvolvem ou fabricam algum tipo de produto têm a necessidade de criar protótipos e ferramentas. Existem cerca de 7 tecnologias base de impressão 3D diferentes que permitem a impressão de modelos em plástico ou metal e podem custar desde mil euros a alguns milhões. Uma vez que são muito poucas as empresas que se podem dar ao luxo de ter tão grande variedade de equipamento para cobrir todas as tecnologias de impressão é, hoje em dia, muito comum recorrer-se aos serviços de impressão. Através destes serviços disponíveis em lojas on-line, é possível fazer o upload dos ficheiros digitais

e obter em pouco tempo os modelos impressos no material escolhido. As equipas de design e engenharia de produto ou as equipas de manutenção ou produção, com uma BEETHEFIRST, podem em poucas horas executar operações de click&print, sem se levantarem da secretária e passar do desenho do software CAD 3D para um objeto impresso em 3D. Um utilizador pode fazer várias interações de prototipagem rápida com custos muito baixos, muito rapidamente. Para além do referido anteriormente, a BEEVERYCREATIVE participa também em projetos especiais como é o caso do Projeto MELT da ESA (European Space

Agency), que consiste, em traços gerais, no desenvolvimento de uma impressora para trabalhar em gravidade zero e imprimir plásticos especiais de alta performance. Estamos também a desenvolver um projeto para as escolas que mostra a Impressão 3D como ferramenta de ensino. Esta permite aumentar a motivação dos alunos e despertar o interesse por novas tecnologias. Para além da Impressora 3D, a BEEVERYCREATIVE auxilia na implementação e utilização desta tecnologia no contexto sala de aula com um guia prático, elaborado com a colaboração de professores.

Para estar a par das nossas novidades basta seguir-nos através do nosso site ou redes sociais: www.beeverycreative.com https://www.facebook.com/beeverycreative https://www.facebook.com/groups/beeverycreativecommunity


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EFICIÊNCIA NAS EMPRESAS GERIR A QUALIDADE NUM MUNDO EM CONSTANTE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO Por Maria João Rosa e Helena Alvelos, docentes do DEGEIT

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uitos dos textos sobre qualidade e gestão da qualidade, mais ou menos científicos, apontam para o trabalho do artesão como sendo o ícone de um “sistema de produção” capaz de privilegiar a gestão da qualidade em todo o processo de fabrico, desde a conceção do produto até à sua entrega ao cliente final e incluindo mesmo o acompanhamento pós-venda. De facto, no tempo dos artesãos, o cliente era ouvido e as suas necessidades e expectativas transformadas nas características técnicas de

um produto, cuja produção era acompanhada em todas as fases pela mesma pessoa, detentora de uma formação e mestria capazes de incorporar em cada etapa do processo a qualidade necessária à obtenção de um produto final capaz de satisfazer ou mesmo exceder as expectativas iniciais do cliente. Por outro lado, o próprio artesão era capaz, à medida que realizava o seu trabalho, de ir identificando problemas de qualidade e procurando soluções para os mesmos, contribuindo para a melhoria contínua do processo de fabrico e do produto final.

A revolução industrial veio pôr em causa toda esta lógica de trabalho, e a qualidade acabou por ser preterida relativamente à quantidade. Deixou-se de colocar o cliente no centro das preocupações com a qualidade, partindo-se do princípio de que todos ficariam satisfeitos com um “Ford T, preto!”. E apostou-se numa produção em massa, tendo sido progressivamente substituído o trabalho manual pelo trabalho das máquinas, automatizado e cada vez mais complexo. Esta automatização permitiu a produção de mais bens iguais, sendo


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que a aposta da qualidade cedo começou a estar ligada a uma diminuição da variabilidade entre eles: a qualidade é inversamente proporcional à variabilidade. Mas como conseguir as duas vertentes da qualidade? Como conciliar uma gestão da qualidade de rosto humano, em que cada produto responde às necessidades específicas de um cliente, satisfazendo-o ou mesmo encantando-o, com uma lógica de produção assente em meios cada vez mais automatizados e tecnológicos, para que os produtos sejam rentáveis e se consiga diminuir a variabilidade? Na nossa opinião, pela conjugação de pessoas e máquinas. Pessoas com cada vez mais formação e capazes de utilizar as metodologias adequadas (por exemplo, o Desdobramento da Função Qual-

idade - QFD ou a Análise Modal de Falhas e Efeitos - FMEA) para apostar desde logo na qualidade ao nível da conceção de produtos e processos de fabrico, para que cada produto que sai de uma linha de fabrico tenha o grau de customização necessário para satisfazer um cliente específico. Pessoas capazes de programar máquinas, ajustar os parâmetros do seu funcionamento, controlar características da qualidade relevantes para o processo de fabrico e analisar e interpretar dados e informação proveniente das mesmas, de maneira a que os produtos sejam produzidos à primeira, sem defeitos e com as características técnicas correspondentes ao especificado, numa lógica de eliminação da variabilidade. Diferentes técnicas e metodologias da qualidade

podem e devem ser utilizadas neste contexto, desde algumas das 7 Ferramentas Básicas da Qualidade ao Controlo Estatístico de Processos ou ao Desenho de Experiências. O importante não é, portanto, saber se serão as máquinas ou as pessoas quem mais contribui ou mais pode promover a qualidade de um produto. O importante é que as pessoas sejam capazes de gerir as organizações e as suas máquinas por forma a melhorar a qualidade em todas as etapas do processo de fabrico, tal como antes os artesãos faziam. Com a vantagem, nesta nova era, de que podemos produzir mais e com menos variabilidade e ainda assim ser capazes de encantar os nossos clientes.


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PENSAMENTO LEAN E A AGILIDADE NA CADEIA DE ABASTECIMENTO: DIFERENÇAS E COMPLEMENTARIDADES

Por Carina Pimentel, docente do DEGEIT

O

termo Lean é habitualmente usado para expressar uma metodologia que foi desenvolvida em grande parte a partir do Toyota Production System, centrando-se, entre outros aspetos, na redução ou eliminação de diferentes tipos de desperdícios, na utilização eficiente dos recursos e na criação de valor para o cliente. O pensamento Lean e todas as metodologias, ferramentas e sistemas a si associados, permitem, de uma forma estruturada, a identificação do valor associado a um produto/serviço, na ótica do cliente, e alinhar, na melhor sequência, as atividades de valor acrescentado para a entrega desse valor, conduzindo essas atividades sem interrupções e apenas quando necessárias, e procurando desenvolvê-las e melhorá-las continuamente. É habitualmente reconhecido na

literatura que a abordagem Lean se ajusta particularmente a sistemas produtivos, onde a procura é relativamente estável e exibe pouca variedade em termos de produtos. Inversamente, é defendido que, em contextos onde o perfil de procura é volátil e a variedade de produtos elevada, uma abordagem Ágil torna-se necessária. O conceito de Agilidade é consideravelmente mais recente do que o conceito Lean, estando associado, de forma simplificada, à capacidade de resposta e de reconfiguração rápida dos processos de uma Organização ou Cadeia de Abastecimento, perante alterações imprevisíveis na procura, tanto em termos de volume como em termos de variedade. O foco nesta abordagem consiste na resposta rápida às reais necessidades do mercado, recorrendo para isso à flexibilidade (por exemplo através da integração

de níveis de flexibilidade nas capacidades disponíveis, por forma a ter a capacidade de dar resposta e de reagir a circunstâncias externas não previstas ou não planeadas, num curto espaço de tempo). O que numa ótica Lean pode ser visto como um desperdício, pode ser essencial numa ótica de Agilidade. Os paradigmas Lean e Ágil têm sido abordados e comparados essencialmente no contexto do desenvolvimento de estratégias para as Cadeias de Abastecimento, sendo na generalidade reconhecida a sua complementaridade e a necessidade de, em certos contextos, estes serem usados de forma integrada, em função das caraterísticas e necessidades dos mercados em que estas cadeias operam, daí resultando uma estratégia híbrida habitualmente designada como “Leagile”. Neste caso, a solução passa por adotar-se uma


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abordagem Lean para a gestão de produtos estandardizados com procura previsível e estável, e por usar-se uma abordagem Ágil para produtos com um maior grau de inovação e customização, onde habitualmente os níveis de incerteza quanto à procura são elevados, além de que tipicamente são produtos com ciclos de vida muito curtos. Uma estratégia do tipo Leagile é também indicada quando se adotam estratégias de diferen-

ciação tardia (Postponement) onde até um determinado ponto (ou entidade) da Cadeia de Abastecimento se adota uma abordagem Lean, baseada na redução de custos e na estabilidade dos processos, e, a jusante deste ponto, usa-se uma abordagem Ágil, baseada na capacidade de resposta rápida a um mercado imprevisível. Este ponto é habitualmente designado por ponto de desacoplamento ou ponto de diferenciação, estando

o mesmo associado ao ponto na Cadeia de Abastecimento, onde as preferências dos clientes passam a ser conhecidas. Até ao ponto de desacoplamento tira-se proveito das vantagens da estandardização, antecipando-se necessidades, enquanto que a jusante desse ponto incorpora-se a personalização em função da encomenda (já conhecida) do cliente.

BIBLIOGRAFIA Ben Naylor, J., Naim, M. M., & Berry, D. (1999). Leagility: Integrating the lean and agile manufacturing paradigms in the total supply chain. International Journal of Production Economics, 62(1–2), 107–118. Christopher, M., Peck, H., & Towill, D. (2006). A taxonomy for selecting global supply chain strategies. The International Journal of Logistics Management, 17(2), 277–287. Purvis, L., Gosling, J., & Naim, M. M. (2014). The development of a lean, agile and leagile supply network taxonomy based on differing types of flexibility. International Journal of Production Economics, 151, 100–111. Womack, J., & Jones, D. (2003). Lean Thinking: Banish Waste and Create Wealth in Your Corporation. Simon & Schuster.


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RELAÇÕES COLABORATIVAS NA CADEIA DE ABASTECIMENTO: UM CAMINHO PARA A EFICIÊNCIA Por Cristiana Graça

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mundo tornou-se uma aldeia global: é um facto que ouvimos há anos. No entanto, as empresas são as maiores beneficiadas e prejudicadas: o expectro de clientes aumentou, mas, por outro lado, também a competição. Assim, é imperativo que uma empresa que queira liderar, evolua e crie soluções, de forma a não perder a sua quota de mercado para as demais. Segundo uma pesquisa realizada por Kurt Salmon and Associates (2002), 41% dos fabricantes, 50% dos retalhistas e 38% dos distribuidores identificam a redução do custo da cadeia de abastecimento como um problema a resolver nos próximos 3 a 5 anos. Deste modo, a cadeia de abastecimento é culpada pela maioria dos custos de uma empresa e como tal têm de ser minimizados. Diversas soluções têm aparecido nos últimos anos,

mas a colaboração entre os intervinientes na cadeia de abastecimento tem sido a mais vantajosa. Seguindo esta prática, é possível que os membros de uma cadeia de abastecimento criem planos de negócio conjuntos, comuniquem fluidamente e, que desta maneira, haja um planeamento de produção e uma calendarização mais precisos. Consequentemente, dar-se-á uma sincronização de produção, que evita o efeito chicote, reduzindo muitos dos seus custos inerentes. Um fluxo contínuo de informação, permitido pelos novos softwares existentes que propiciam a interação inter-organizacional, uma colaboração de confiança e uma boa relação entre membros da cadeia de abastecimento têm sido fundamentais em várias empresas de renome, permitindo que ganhem vantagens a longo prazo. O individualismo, muitas vezes

associado às várias empresas interatuantes, é contraproducente, sendo por vezes difícil ultrapassá-lo e embarcar em práticas conjuntas, com a confiança necessária que implica. É, no entanto, necessário ver as empresas membros da cadeia de abastecimento, como possíveis auxílios ao seu crescimento. Ao potenciar uma comunicação clara e fidedigna, bem como a definição e cumprimento de objetivos conjuntos, é possível para todos os que se sentirem convencidos a implementar esta prática, o alcance de benefícios reais e palpáveis, tais como a redução de stocks e de custos, bem como a otimização de todos os processos. É, facilmente, dado um passo em frente que poderá valer um lugar cativo na liderança de mercado, trazendo vantagens para todos os envolvidos.


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SUSTENTABILIDADE

NAS EMPRESAS Introdução por Cristiana Graça

A sustentabilidade empresarial diz respeito a todos os processos realizados que permitem que a empresa cresça economicamente, pensando no futuro, tendo sempre em conta fatores sociais e ambientais. A crescente consciência social e ambiental que assoma todos os consumidores informados tem sido o ponto de partida para que as organizações se preocupem, não apenas consigo mesmas, mas também com o mundo à sua volta. Estas ações visam manter e suportar o futuro da empresa, tornando-a mais eficiente e mais económica. A eliminação de desperdícios, a luta pela dignidade humana, a satisfação dos funcionários, a utilização de sistemas de gestão ambiental ou a adoção de sistemas de logística reversa têm sido apostas de forma a alcançar um bom nome, no que respeita à sustentabilidade, mas também de obter vantagens competitivas. Assim, para uma empresa ser sustentável tem de alcançar o equilíbrio entre a vertente económica, social e ambiental, isto é, deve ter como objetivo a prosperidade económica, a qualidade ambiental e a justiça social, o chamado “Triple Bottom Line”.


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CASO DE SUCESSO: GALP ENERGIA NA GALP, SUSTENTABILIDADE É MUITO MAIS QUE UMA PALAVRA

A SUSTENTABILIDADE CONFERE-NOS UMA VANTAGEM COMPETITIVA QUE NOS PERMITE CRIAR VALOR.

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a Galp acreditamos que a sustentabilidade nos confere uma vantagem competitiva que nos permite criar valor. Como agentes do setor da energia, estamos comprometidos com a satisfação das necessidades energéticas futuras, reduzindo a intensidade carbónica da nossa atividade. O atual contexto desafia-nos a superar barreiras e a capitalizar oportunidades, assumindo as nossas responsabilidades como membros ativos na sociedade. Acreditamos que a Inovação tecnológica constitui um fator chave para uma economia de baixo carbono e para a promoção dos princípios da ecoeficiência. A disseminação de tecnologias energeticamente sustentáveis é decisiva para o aumento da eficiência energética e para a criação das condições necessárias a uma mobilidade sustentável e, consequentemente, ao progresso sustentável da sociedade. Neste sentido, na Galp procuramos novas tecnologias, processos e soluções (integradas e SMART), de modo a melhorar a eficiência das nossas operações, dos nossos clientes e dos nossos parceiros. Em conjunto com as outras partes interessadas discutimos visões, caminhos e oportunidades. Em 2016, fomos reconhecidos como líderes na adoção de medidas de mitigação das alterações climáticas, segundo o CDP – Driving Sustainable Economies. Os nossos programas educativos Missão UP e Power UP já mobilizaram mais de um milhão de alunos para a mudança de comportamentos na utilização eficiente da energia. Através da iniciativa Galp 20-20-20, contribuímos com os nossos clientes para uma redução média de 9 a 12% dos consumos de energia primária e de 12 a 15% das suas emissões de carbono. Nos últimos 3 anos, no segmento de negócio refinação e distribuição, investimos mais de 77M€ em  Proteção de Pessoas, Ambiente e Ativos.  Nos últimos 10 anos, investimos também mais de 100 M€ em Investigação e Desenvolvimento e aderimos à iniciativa Zero Flaring, do World Bank. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são, a nível global, a nossa principal orientação para o desempenho de um papel ativo na sociedade. E com o capital humano e a experiência da Galp temos condições únicas para implementar projetos diferenciadores que gerem valor partilhado. Porque para nós, sustentabilidade é muito mais que uma palavra.


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A INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA Por Carlos Rodrigues, diretor do DCSPT e coordenador do Centro de Estudos Asiáticos

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governo da República Popular da China assumiu em 2006, no seu Plano Nacional de Médio-Longo Prazo para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia, com o objetivo de transformar a China numa economia baseada no conhecimento e inovação até 2020 e, ainda, de

criar as condições para que, em 2050, o país possa ascender a uma posição de liderança global no campo da ciência e tecnologia. Conceitos como o de sistema de inovação ou de hélice tripla de relações entre governo, indústria e ensino superior foram colocados no centro da política pública, permitindo o foco na inovação,

na qualificação das estruturas de geração e disseminação de conhecimento e no fomento da capacidade inovadora das empresas. A qualificar, o esforço, a ênfase colocada na cooperação internacional como factor fundamental de sucesso na promoção de capacidade de inovação. São várias as perspectivas a partir das quais esta dinâmica de transformação pode ser escrutinada. Uma delas consiste na análise da evolução das actividades de investigação e desenvolvimento (I&D). Uma nota para referir que, apesar da reconhecida insuficiência dos dados sobre I&D para explicar a performance de inovação por si só, a adopção desta perspectiva de análise, no caso chinês, permite retratar eficazmente o ritmo de crescimento e os impactes exercidos na economia. A despesa global em actividades de I&D, entre 2009 e 2013, mais do que


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duplicou (um crescimento de cerca de 104%), sendo de realçar que foi no tecido empresarial que se registou a maior variação (112%). No entanto, não se pode desprezar a importância do investimento público em I&D que, no período considerado, cresceu cerca de 84%. Como resultado desta dinâmica positiva, a despesa global em I&D, calculada em percentagem do PIB, subiu de 1,7 em 2009, para cerca de 2,1 em 2013. Este rácio coloca a China a par da média da União Europeia e muito próximo da média da OCDE (2,4%). Desta análise resulta também a constatação do grande peso relativo das empresas no investimento em I&D. De facto, mas de 74% da despesa global pode ser associada a entidades de natureza empresarial, o que, em termos relativos, não deixa de ser notável, designadamente quando consid-

erados outros contextos como, por exemplo, o europeu. De facto, na União Europeia, em média, o sector empresarial representa apenas 55% da despesa global em I&D. Em números absolutos, a China, entre 2009 e 2013, viu crescer o número de empresas envolvidas em actividades de I&D de cerca de 17 mil para aproximadamente 55 mil. O impacto desta evolução pode ser ilustrado através dos dados sobre o saldo tecnológico. Enquanto que a aquisição de tecnologia estrangeira estagnou no período considerado, registou-se um crescimento considerável na aquisição de tecnologia desenvolvida no contexto doméstico (cerca de 160%). Acresce que, de 2009 a 2013, as exportações chinesas de produtos de alta tecnologia subiram de cerca de 380 para 660 mil milhões de dólares. Pode assim prever-se o aprofun-

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damento da mudança de paradigma de desenvolvimento económico chinês, com a inovação a ter uma importância crescente.


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Neurociência + Marketing = Neuromarketing? Por Ricardo Cayolla, docente do DEGIT Ph.D Marketing e Estratégia*

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stava em Orlando (EUA) quando Donald Trump aceitou a nomeação republicana e proferiu o discurso de aceitação. Estava em Shanghai (China) quando Trump proferiu o discurso inaugural na Câmara. Vi ambos em direto. É Trump, agora presidente, um fenómeno do Marketing? Para mim Trump é a futebolização da política personificada. O futebol são emoções. Trump desencadeia emoções. Até cerca da década de oitenta, o estudo dos cadáveres nas escolas de medicina era efetuado depois de se cortarem a cabeça e os pés dos mesmos. Ou seja, a ciência tem muito poucos anos no que ao estudo do cérebro diz respeito. Sabe-se pouco. O Marketing aliado ao estudo da neurociência não pode estar alheado desse facto. Sabemos que não existe no cérebro um botão para comprar que pode ser ativado perante uma determinada ação. Hoje sabe-se mais do que no passado. Mas sabemos pouco. Atualmente, no que ao Marketing diz respeito e ao estudo das neurociências, vive-se uma épo-

ca igual do faroeste americano. Na minha opinião deveria haver uma clara definição (e aceitação) do que é neurociência do consumidor, neuromarketing, neuroeconomia, ... Posteriormente uma maior definição das fronteiras. O Marketing do futuro passa por uma profunda revolução na forma de ser e de estar de todos os profissionais ligados ao Marketing. Não só no que respeita ao acrescentar das linguagens (à linguagem dos números e das palavras acrescentaremos a visual, a musical, a arquitectónica). O cruzar de diversas áreas (da psicologia á antropologia, da semiótica á sociologia, do design á apresentação) será uma realidade incontornável. No Marketing do futuro a forma como o consumidor passará a ser olhado mudará: será visto de uma maneira holística e não apenas individual e hermética como tem vindo a acontecer. O que levará a um planeamento a longo prazo e não ao suprir de necessidades imediatas. O Marketing do futuro passa pelas marcas tomarem posições acerca de determinados assun-

tos, não podendo ter um posicionamento dúbio. Passa pelas marcas serem mais sérias, mais fidedignas, onde os seu símbolos representarão mais que apenas imagens bonitas ou da moda. As marcas do futuro terão que apostar na realidade virtual sobre pena de ficarem as mesmas virtuais ... e terão que ter em conta, muito mais em conta, a ética, em todos os sentidos. As marcas do futuro terão que ser mais simples na sua forma de estar e passar a mensagem. Mais positivas no seu conteúdo mas mais reais. E terão que acrescentar real valor no tempo ao consumidor e não apenas um valor efémero. Não serão as máquinas a dizermos o que temos de fazer. O futuro do Marketing, seja como neurociência do consumidor ou neuromarketing, é como a agricultura: é preciso semear para colher...

* especiais agradecimentos à Dra. Paula Marques da Porto Business School


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ENTREVISTA COM

DRª

RITA MARRAFA DE CARVALHO Por Mariana Madeira e Rita Martins

Rita Marrafa de Carvalho, mãe, feminista, jornalista, escritora… dá entrevista especial à Revista Indicium no mês do seu primeiro aniversário como meio de comunicação da comunidade académica.


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PERCURSO PESSOAL Começou cedo, aos 17 anos, a sua actividade profissional na rádio do Seixal. Como surgiu esta oportunidade? E porquê a rádio? A rádio parecia fazer todo o sentido, na altura. Eu gostava muito de música e era uma parte integrante da minha vida. Diziam que tinha uma voz “radiofónica” e já tinha experimentado a rádio no liceu como o Rui Unas. Como tal, quando ele foi contratado pela Seixal FM, tinha eu 17 anos e ele pouco mais de 20, levou-me atrás, E ainda bem. Aprendi muito. A bela arte do improviso. Posteriormente, seguiu o curso de Ciências da Comunicação. Até que ponto a sua experiência como locutora a motivou para seguir esta área? Não foi preponderante. Nessa altura já eu sabia, efectivamente, o que queria ser e fazer, que percurso académico seguir. Na verdade, a rádio ou a imprensa estavam na minha mira. O que a experiência me proporcionou foi know how e isso era uma mais valia. Um ponto a mais no que diz respeito aos meus colegas. Havia expressões e rotinas que já não me eram estranhas. É como arrancar numa maratona com uns quilómetros de avanço. Foi aluna do Doutor José Rodrigues dos Santos e seguidamente colega na RTP. Que memórias tem desse tempo enquanto estudante? Foi um mestre para si?

Não posso dizer que foi um mestre. Tive professores que me marcaram muito mais pelo carisma e paixão pelo ensino, como o já falecido Professor Eduardo Prado Coelho ou o jornalista Jacinto Godinho. O Zé Rodrigues foi, absolutamente, vital para entender as idiossincrasias do meio televisivo. Recordo-me que não era pontual… mas tinha uma grande energia na aula. Há algum livro que tenha sido decisivo na sua vida? Qual? Jamais, em tempo algum, conseguirei nomear um único livro. Sempre fui uma leitora compulsiva. Mais em miúda do que agora, infelizmente. Filha de uma professora, de uma avó que escrevia poesia, de um avô que era diretor de um jornal regional, tudo em mim pedia verbo e palavra. Por isso, li de tudo um pouco. Mas recordo-me que, na adolescência, Eça, Florbela e Almeida Garrett eram maravilhosos para qualquer adolescente. Depois, outras obras se impuseram e não consigo eleger uma só. Sendo jornalista, o seu trabalho foca-se essencialmente nos acontecimentos e nas pessoas. Consegue fazer a separação entre a razão e a emoção, em certos momentos, mais complexos? Como? Sim. E se não o fizesse estaria na profissão errada. Agora, sei trabalhar a razão emocionalmente, o que são coisas distintas.

Se perder a emocionalidade da razão, perco a minha inteligência emocional. Resta-me a factualidade do acontecimento. Se me ficar pela emocionalidade da notícia, perco o distanciamento. A inteligência emocional é um pouco, se não muito, disso. Qual a imagem que a marcou mais enquanto profissional? Talvez o desespero de um homem, em 2015, em Banda Aceh, em Samatra, na indonésia, durante o Tsunami. Deambulava em lágrimas, num pranto, com uma fotografia da irmã com a filha de seis meses ao colo, pendurada ao pescoço e gritava pelas ruas destruídas, em inglês e bahasa, se alguém a tinha visto. Tinha vindo do Canadá, onde vivia, mal tinha conseguido avião… estava completamente perdido. Era uma tristeza sem fim. Com um perfil tão rico, desde o acompanhamento dos casos mais mediáticos em Portugal (Casa Pia, Freeport, etc.),às presenças em acontecimentos mundiais (Tsunami na Indonésia, Mundial de Futebol 2010, entre outros), o que lhe falta fazer? Não sei. Honestamente. E isso não me preocupa muito. Todos os dias são desafios. E não há acontecimentos mais determinantes do que outros. Nunca fiz uns Jogos Olímpicos e não pretendo fazer. Gosto de me deixar levar pelo vento do universo…


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AS MULHERES NA SOCIEDADE ATUAL

SER-SE BOM NÃO ESTÁ NO GÉNERO. E AS OPORTUNIDADES NÃO PODEM SER DADAS PORQUE SE É HOMEM OU MULHER.

Como desenvolveu a veia feminista tão particular? Foi algo que lhe foi incutido pelas suas vivências, pelo forte matriarcado como organização sociofamiliar…? Mais do que feminista, sou uma humanista. Cresci num seio familiar com mulheres fortíssimas. A minha mãe, uma figura extraordinária, intelectual e emocionalmente Muito exigente comigo e com ela própria. Talvez demais… A minha avó Julieta tomou as rédeas de muitos dilemas que lhe foram surgindo na vida e escrevia sonetos de forma deliciosa. Aprendi a respeitar e a fazer-me respeitar. E a colocar-me sempre, mas sempre, nos “sapatos dos outros”. A empatia é uma qualidade que lhes devo. Acabei por, ao longo dos anos, ler muito e nunca travar esta minha independência, esta minha liberdade.

Que sentimento lhe desperta a palavra “feminismo”? Vitórias e respeito. Liberdade e igualdade de género. Bendito o dia em que não haverá necessidade de ele existir. O feminismo não mata. O machismo sim. Alguma vez sentiu algum entrave na sua vida profissional pelo facto de ser mulher? Directamente, não. Mas existem. E sentem-se. Cheiram-se… pressentem-se. Sinto-me muito respeitada na minha vida profissional mas também tenho noção que a minha liberdade feminista, humanista, de pensamento, é um entrave a algumas progressões. Como sabemos, tem-se assistido a diferenças significativas na sociedade; as mulheres foram conquistando o seu espaço, revindicando os seus direitos, lutando contra o preconceito… nos dias de hoje, já são mais evidentes situações onde a mulher ocupa cargos de topo. O que pensa da das quotas de género nas organizações? Eu entendo o argumento de que é humilhante e ultrajante. Como se fosse uma imposição que é levada pelas empresas ou entidades como um “tem de ser, vá, para ficarem todos contentes”. Não deveria ser assim. A necessidade de quotas não deveria existir. Ser-se bom não está no género. E as oportunidades não podem ser dadas porque se é homem ou mulher. Considera que é a sociedade que impõe limites às mulheres ou são elas que pensam não serem capazes? Por vezes, o maior machismo vem das próprias mulheres. São proces-

sos de aculturação milenares, sociais, familiares que foram incutidos. Crescer sob a forma de que esta é a normalidade, o dever, o que é suposto, adultera, cria vícios, mentalidades com raízes fortíssimas e que se herdam. É óbvio que continuamos com uma sociedade misógina e que preconceituosa, que vê a mulher como objecto, símbolo de menoridade, mas o caminho faz-se caminhando e todos os dias alcançam-se vitórias. Ganham-se pequenas batalhas. As gerações vindouras serão diferentes. E isso é o nosso norte: que as crianças que formamos hoje sejam adultos plenos, livres e despreconceituosos amanhã. As mulheres estão mais perto de compreender os homens ou o contrário? Isso não existe… é uma ideia que se concebeu como idealizada. Qualquer homem mais sensível é banana ou mais “maricas”, ou mulher mais bruta é “pouco feminina” ou “frígida”. As pessoas, homens e mulheres, são apenas isso. Seres humanos. Se há uma maior propensão genética para a generalidade das mulheres estarem mais sensíveis para desenvolver uma inteligência emocional? É provável. Mas não faço generalizações. Conheço homens que gostam de abraços de manhã. Conheço mulheres que saem de casa e dispensam o beijo de bom dia. Conheço homens que choram a ver um documentário sobre o holocausto. Conheço mulheres que vibram doentiamente com futebol. São pessoas. E nada mais do que isso.


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(DES) IGUALDADE DE GÉNERO (NAS ORGANIZAÇÕES): PORQUÊ NECESSÁRIO? POR MARIANA MADEIRA

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segunda metade do século XX é marcada pela transformação a diferentes níveis nas sociedades industrializadas, que conduziram a mudanças comportamentais nas mulheres e nos homens, aos níveis profissional e familiar. As alterações dos modelos familiares constituem um dos pontos de quebra, entre o antes (caracterizado pelo forte patriarcado onde o homem tem uma responsabilidade no domínio público, no sustento e na orientação para resultados, com base na força física, e pela atribuição à mulher de papéis domésticos, marcados pelas emoções e relações) e o depois, presenciando, a presença e afirmação das mulheres no mercado de trabalho e na esfera pública, ainda com algumas debilidades. A integração das mulheres, nos domínios social, económico, laboral, pessoal e familiar é assim uma das prioridades para que

se consiga equilibrar direitos e liberdades para a igualdade de oportunidades, de participação, de reconhecimento e de valorização dos indivíduos. Falar de Igualdade de Género é fundamental uma vez que, por um lado, a igualdade entre mulheres e homens é um preceito de uma sociedade democrática e respeitadora dos Direitos Humanos e por outro, porque as mulheres continuam a provar que possuem capacidades e competências tal como a dos homens, verificada a nível educacional, que não é reflectido, por exemplo, na progressão de carreira ou na renumeração dos salários, muitas vezes aliado a uma “carga” familiar considerável. A construção mais igualitária nas organizações é, desde logo, uma questão ética e de responsabilidade social, sendo que a igualdade de género tem que ser uma aposta empresarial nos dias de hoje, quer no sector privado quer no sector público, através

de medidas especiais ou mesmo pela política de quotas, que as faz aceder a trabalhos/cargos que seriam (quase) impensáveis sem estes arranjos. Segundo o Projeto de Igualdades nas Empresas (2009), em especial no mundo empresarial, encontram-se diversas vantagens, quando se aposta na igualdade, de salientar: - Captação de talento, pelo fato da maioria dos profissionais, diplomados e que completaram mestrado e doutoramento, serem mulheres - Oportunidades de desenvolvimento profissional, que permite optimizar os sistemas de gestão, o desempenho organizacional e os processos de selecção para os lugares de liderança - Existe uma correlação positiva entre a presença de mulheres nos órgãos de gestão e a rentabilidade da empresa - Verifica-se um aumento da competitividade da empresa decorrente da eliminação de


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barreiras à progressão na carreira das mulheres Quer ao nível interno (de eficiência, de optimização, melhoria no desempenho, etc.) quer ao nível externo (devido à percepção de responsabilidade social que a empresa possui) as organizações são os meios pelos quais é mais acessível a igualdade entre géneros. Desta forma, e aliadas à educação e ao conhecimento será possível desbarrar os preconceitos, os estigmas, os pensamentos, atitudes,… que a nossa sociedade vive, e que não a faz desenvolver. Por isso mesmo, é urgente travar esta batalha de géneros, que complementando com outras problemáticas sociais nos faz acreditar e viver num mundo mais sustentável e digno!

É MENINO OU MENINA?

REFLEXÕES ACERCA DA DESIGUALDADE DE GÉNERO NA EDUCAÇÃO POR JÉSSICA JACINTO

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arece que, até já antes de nascer, o género condiciona. Perguntamos, imediatamente, qual o sexo do bebé que aí vem para oferecer as roupas na cor adequada. Azul para os meninos, rosa para as meninas. E se fosse ao contrário? Segundo Jo B. Paoletti, professora na universidade de Maryland, autora de “Pink and Blue: Telling the Boys from the Girls in America”, a associação destas cores aos géneros começou a ser introduzida em 1940. Antes desta

data, há registos da atribuição de rosa para meninos e azul para meninas e da utilização de cores neutras, não diferenciadoras de género. Na perspetiva de alguns sociólogos e antropólogos, as conceções acerca do comportamento esperado para cada género são uma construção da sociedade. Quem diz azul para meninos e rosa para meninas, diz carros para os rapazes e bonecas para as raparigas e dirá acesso à educação para os homens e responsabilidades familiares para

as mulheres? Segundo dados da UNESCO Institute for Statistics, ao nível da educação primária e secundária progressos significativos foram observados, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. No entanto, se na Europa Central a paridade de género foi atingida, em países da África subsariana o género continua a determinar a oportunidade de acesso à educação. As estatísticas não revelam tudo. Paridade de género não é sinónimo de equidade. No-


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vas discrepâncias surgem no cenário atual. No caso de Portugal, segundo o relatório relativo ao ano de 2014 elaborado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, a taxa de conclusão de estudos superiores foi mais elevada para as mulheres. Esta tendência verifica-se para o resto da Europa, sendo que o género masculino apresenta hoje taxas mais elevadas de repetição de anos escolares e desistência da escola. Ainda assim, os números continuam a não revelar tudo. Apesar de até ao nível dos graus de mestrado e doutoramento as estatísticas favorecerem as mulheres, esta paridade não se transpõe para a carreira profissional, existindo desigualdade salarial e na progressão de carreira. Também na

representação das mulheres nas áreas da ciência, tecnologia, engenharias e matemática (STEM), o relatório da OCDE, publicado em 2015, com dados do questionário PISA (Programme for International Student Assessment), aplicado a jovens com 15 anos de idade com o objetivo de avaliar as suas capacidades de aprendizagem, revela que ainda existem estereótipos na educação com base no género. O referido relatório vai mais longe, sugerindo relações entre o ambiente de aprendizagem, a perceção das próprias capacidades e o desempenho nestas áreas. Estudos indicaram que há uma relação entre a insegurança sentida da parte do género feminino e o pior desempenho. No entanto, nos países em que

as raparigas apresentaram melhores resultados estes foram superiores aos obtidos por rapazes nestas áreas, o que levanta a questão da aptidão ser independente do género. Num tempo em que anda na boca do mundo a “Gender revolution” - visão do género para além do binário homem/mulher e como um mosaico resultante da biologia, psicologia e sociedade- que ocupa por inteiro a edição de janeiro deste ano da National Geographic, não serão as expetativas sociais para cada género que estão a impedir que a equidade prevaleça?


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Susana de Salazar Casanova É consultora e formadora internacional nas áreas de protocolo, de imagem, de assessoria e de comunicação intercultural. Leciona na Universidade Europeia desde 2007. É coautora do livro Protocolo Empresarial (LIDEL). É doutoranda em ciências da comunicação no ISCTE-IUL.

PROTOCOLO EMPRESARIAL: UM INSTRUMENTO QUE FACILITA A APROXIMAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO Por Susana de Salazar Casanova

Pode definir-se protocolo empresarial como um conjunto de normas de atuação a que as empresas e os seus colaboradores devem obedecer no relacionamento e na comunicação com os diversos públicos. A um estudante finalista que pretenda ingressar no mercado de trabalho exige-se, naturalmente, uma atuação eficaz no exercício da sua atividade profissional, consequência dos conhecimentos técnicos adquiridos durante a sua formação. Mas também se exigem outros conhecimentos, fatores diferenciadores no mercado, que ultrapassam as áreas de competência puramente técnicas que formam o principal corpus de conhecimento com que os estudantes saem da universidade. Há inúmeras situações do quotidiano nas quais os conhecimentos protocolares são um trunfo pois permitem transmitir, na globalidade, uma imagem bastante mais rigorosa quer do próprio, quer da instituição que

representam. Os conhecimentos das normas de protocolo empresarial são competências que facilitam a escolha aos empregadores quando estão em dúvida sobre qual o candidato a optar. E é assim porquê? Porque, apesar dos saberes adquiridos ao longo de um curso serem os mais significativos, são aqueles em que por vezes há menos diferenciação entre candidatos e, consequentemente, um empregador encontra-se perante a escolha entre vários candidatos com níveis semelhantes de conhecimentos técnicos. Nessa situação, um candidato tem mais facilidade em integrar-se e progredir se souber atuar em contextos específicos. Por exemplo, saber escolher o lugar numa reunião, fazer uso de linguagem cuidada durante uma apresentação ou usar o tratamento verbal correto face a profissionais mais experientes. Refira-se ainda a participação em refeições de negócios nas quais

terá o desafio de socializar, degustar um menu e trabalhar em simultâneo. Todos estes pormenores estruturam a imagem de um profissional; dominá-los ajuda a solidificar a marca pessoal e a fortalecer uma imagem de competência e confiança. É indiscutível que na procura de emprego se deva ter cuidado com a elaboração do currículo, independentemente de se optar por um formato mais tradicional ou mais criativo. Nunca deve ter dados errados, falsos ou contraditórios e fotografias em situação


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informal. Se o entregar em mão, impresso, certifique-se de que o papel tem qualidade e uma boa apresentação. A informação nele contida deve ser coincidente com a das várias redes sociais. É importante iniciar uma página numa rede social profissional (por exemplo, o LinkedIn) durante o percurso académico. Aí devem ir sendo inseridos dados sobre formação, línguas, estágios profissionais, experiência profissional (quando aplicável e se relevante para a função a que se candidata) e voluntariado. O vestuário é outro tema central. Através da aparência o candidato transmite muita informação devendo, por isso, primar pela sobriedade, pelo bom aspeto (higiene, roupa limpa e engomada), tentando ainda alinhar o estilo pessoal com o do setor de atividade em que quer desenvolver a sua carreira. Um candidato a uma área tradicionalmente formal como a banca ou as finanças não se deverá apresentar com indumentária informal. Já na maioria das áreas da engenharia ou comunicação isso é aceitável. É essencial conhecer os códigos

de vestuário e quais as regras existentes em cada organização, já que estas são distintas. É importante saber os significados da comunicação não verbal a não descuidar: gestos, olhares, movimentos corporais que podem contradizer o que se expressa verbalmente. Um exemplo clássico é desviar o olhar ou pôr as mãos nos bolsos, após receber uma pergunta: demonstra insegurança. A atitude e a postura, além do aspeto visual, confirmam ou não um conjunto de dados sobre a pessoa. Assim, é fundamental dominar as regras de cortesia empresarial: ser pontual, saber apresentar-se e cumprimentar devidamente. A pontualidade é indispensável e significa sempre, em qualquer momento, respeito pelo outro. Ao apresentar-se deve estar de pé, mantendo contacto visual com o interlocutor e dizer o seu nome (nome próprio e apelido). Segue-se, em simultâneo, o ato de cumprimentar. Mantendo-se de pé, saúde verbalmente e aguarde que a iniciativa física do cumprimento surja da pessoa de

maior estatuto profissional, ou do entrevistador. Prefira-se o aperto de mão ao beijo no rosto, independentemente do género, exceto se o entrevistador fizer o contrário. Os candidatos devem estar conscientes de que é comum, e em muitas situações até é valorizador para o seu currículo, mudar de região ou de país. Por estas razões, quem pretender trabalhar fora de Portugal, irá ter ainda de desenvolver aptidões para se integrar e relacionar com outras culturas. Quem tenha trabalhado ou tido contacto com culturas estrangeiras deve indicar isso. Há diversos fatores que influenciam a colocação profissional e a escolha de candidatos. O conhecimento das regras de protocolo contribui para a melhoria da imagem, para a individualidade profissional e para a valorização do candidato. É um investimento com bons retornos e que servirá, não só no momento da entrada no mercado de trabalho, mas que acompanhará em toda a carreira profissional.


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IMAGEM PROFISSIONAL: A IMPORTÂNCIA DA PRIMEIRA IMPRESSÃO AS PESSOAS FORMAM ATÉ 90 POR CENTO DA SUA OPINIÃO AO FIM DOS PRIMEIROS 4 MINUTOS

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ara quem está a terminar o curso e em breve vai enfrentar o mercado de trabalho, lembre-se de que todos os detalhes contam no momento do recrutamento. Invista algum tempo a elaborar um bom curriculum vitae, destacando as suas habilitações académicas, mas também os seus interesses, atividades e pontos fortes. E prepare-se para as entrevistas de emprego, pois vai ter de se destacar entre centenas de candidatos e captar a atenção e o interesse dos empregadores. Mas para quem acha que um bom CV é o suficiente, saiba que uma boa apresentação

pode fazer toda a diferença, sobretudo se os candidatos tiverem habilitações semelhantes. Este pode ser o fator decisivo para o recrutador, que vai estar a avaliar o seu potencial e a forma como se apresenta, como se comporta e se expressa. A verdade é que as pessoas formam até 90 por cento da sua opinião ao fim dos primeiros 4 minutos, e que 60 por cento a 80 por cento do impacto que causa é de natureza não verbal. Se formamos uma opinião a respeito de alguém baseados em 55% no aspeto visual (roupa, acessórios, rosto, cabelos e mãos), 38% na maneira como a pessoa fala (tom de voz, gestos,

postura e expressões faciais) e apenas 7% no conteúdo (conhecimento) do que é dito, é muito importante causar sempre uma boa impressão, pois pode não ter uma segunda oportunidade. A imagem pessoal não é uma questão fútil, acessória ou secundária. Os nossos atos, palavras e decisões têm impacto nas relações que estabelecemos com os outros e na vida profissional. A linguagem corporal é, por isso, uma valiosa fonte de informação. E a primeira impressão é fundamental para promover uma imagem positiva, credível e de confiança.


29 27 O QUE DEVE TER EM CONTA NA CONSTRUÇÃO DA SUA IMAGEM PESSOAL: Higiene pessoal: O cuidado com a higiene pessoal. Ou seja, o hálito, o odor e o aspeto limpo (cabelo lavado, barba feita, unhas cortadas e limpas, pele cuidada, entre outros). Aparência: A imagem pessoal que transmite influencia a forma como são percecionadas as suas competências pessoais e profissionais. Tenha em conta, o contexto e a ocasião (ambiente), a idade (o que é mais adequado) e as suas características físicas (o que mais o valoriza). Conteúdo: Os seus valores (competências e carácter). Postura física: A forma como gesticula, se comporta ou anda diz muito sobre si. Por isso, a linguagem não verbal é muito importante. Comunicação: O tom de comunicação, a forma como se expressa e o que diz. A capacidade de influenciar e de argumentar é fundamental na relação que estabelece com os outros e no desempenho de funções que impliquem liderança, motivação e persuasão.

Para trabalhar a sua imagem pessoal responda às seguintes questões: Que imagem acha que está a transmitir? Como é que os outros o veem? E como gostaria de ser visto pelos outros? Analise a forma como se enquadra nestas categorias e o que pode fazer para melhorar a sua imagem pessoal. E não se esqueça que as pessoas não deviam julgá-lo pela sua aparência, mas é o que fazem. Sempre. SOBRE RITA CARVALHO Rita Carvalho é consultora de Comunicação e Imagem. Autora do livro “Imagem Profissional, Guia de Estilo”, é licenciada em Relações Públicas, tem uma pós-graduação em Comunicação e Gestão das Organizações, e o curso de Imagem Pessoal e Profissional. Atualmente, é Head of Portugal da Marco de Comunicación. É autora do blogue In Styleland e colaborou com vários media, como é o caso do Dinheiro Vivo e Link to Leaders.

SOBRE O LIVRO “IMAGEM PROFISSIONAL, GUIA DE ESTILO” Sobre o livro “Imagem Profissional, Guia de Estilo” de Rita Carvalho Se aposta na sua formação académica e profissional, dedica todo o empenho às suas tarefas e projectos, dá atenção aos seus clientes e passa a maior parte do seu tempo no trabalho, então por que não investe também na sua imagem? E sabe que novos desafios surgiram com as inovações tecnológicas e o aumento da importância das redes sociais? Se está a iniciar a sua carreira, pretende saber o que usar numa entrevista de emprego ou quer melhorar a sua imagem profissional, então é essencial ter orientação nesta área. Este é um Guia Prático de Estilo Profissional, que aborda os vários contextos empresariais. As orientações e as recomendações deste livro são úteis e simples de aplicar no dia-a-dia. E não se esqueça que as pessoas não deviam julgá-lo pela sua aparência, mas é o que fazem. Sempre. Ano de Edição / 2016 Número Páginas / 336 Editora / CASA DAS LETRAS


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DÁGEITO Por Joana Costa, Docente do DEGEIT

AS PEQUENAS MUDANÇAS PRODUZIRAM GRANDES IMPACTOS

“ENGINEERS OF VICTORY: THE PROBLEM SOLVERS WHO TURNED THE TIDE IN THE SECOND WORLD WAR”, DE PAUL KENNEDY

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ormalmente os investigadores das demais áreas tendem a sub-estimar o papel da tecnologia. Nesta obra vemos a Segunda Guerra Mundial numa perspectiva absolutamente diferente das demais evidenciando o papel vital dos “resolvedores de problemas” na vitória dos aliados. Paul Kennedy mostra-nos o papel dos cientistas, dos engenheiros e dos homens de negócios no desenho e implementação da estratégia delineada em Casablanca, em 1943 por Roosevelt e Churchill. Foi preciso um ano e meio, para que que os Engenheiros da vitória derrotassem o Eixo. Esta estratégia seria alicerçada em cinco vectores, a saber: derrotar a Blitzkrieg Alemã (uma técnica de atordoamento aeronáutica), o controlo das rotas marítimas no Atlântico, o controlo do espaço aéreo Europeu (ocidental e central), mudança do teatro de guerra para a Europa conti-

nental e a destruição do imperialismo japonês no Pacífico. O ponto fulcral é que esta vitória assentou na coordenação multidisciplinar, onde as pequenas mudanças produziram grandes impactos. Tal só foi possível com a contribuição do pessoal intermédio. Foram os progressos de engenharia, as alterações tácticas, e clareza de comunicação que conduziram os Aliados à vitória. A Guerra foi ganha pelos Aliados porque estes eram mais organizados, mais capazes, tinham melhores engenheiros e técnicos, operacionais mais eficientes e sistemas que encorajavam a cultura de inovação. Aliás, a introdução de novas armas, novos processos, tácticas criativas, decisões organizacionais é decisiva nesta grande estratégia, o que nos leva a aceitar que “a guerra é o verdadeiro auditor das instituições”, atribuindo a pequenos grupos de indivíduos e instituições a

vitória na Guerra. O dia-D teria sido inimaginável sem o esforço dos operacionais, dos cientistas e dos engenheiros, bem como a sua proximidade à tecnologia e a cultura de inovação, a capacidade inventiva e a competência de colocar o conhecimento ao serviço do terreno. Os engenhos desenvolvidos, as novas ferramentas, as alterações técnicas aos mais diversos níveis, desde radares, bombardeiros, motores, as alterações estratégicas militares, as adaptações de infra-estruturas, foram os elementos que permitiram a esmagadora vitória por terra mar e ar. A vitória bélica depende de uma melhor organização bem como da capacidade de alimentar o processo com novas ideias e uma comunicação clara. Desta feita, a astúcia dos líderes Aliados em partilhar o poder com aqueles que ocupam mais baixas patentes mas que possuem uma elevada experiência


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APRENDER COM OS PRÓPRIOS ERROS, ADAPTAR-SE, INTERAGIR E COMUNICAR EFICAZMENTE AS MUDANÇAS PARA ATINGIR O SUCESSO.

no manuseamento dos equipamentos e um grande conhecimento do terreno determinou uma grande vantagem comparado com os centralizadores líderes da Alemanha Nazi ou do Japão Imperial. Paul Kennedy produziu um relato da Guerra que nos traz uma perspectiva completamente distinta de todos os demais, mostrando-nos uma nova dimensão de análise do problema, este será quiçá um livro técnico para a resolução de problemas bem como um manual de gestão organizacional onde compreendemos a importância de uma liderança hierárquica participativa, de uma comunicação eficiente, de uma cultura de inovação e do incentivo à capacidade de resolução de problemas. Talvez todas as vitórias tenham perdidos na história bastidores como este. Parte do enredo descreve a actividade de uma incubadora de inovação, de nome “Departamento de desenvolvimento de miscelânea de armas”, onde

uma equipa excêntrica de cientistas, militares aposentados, engenheiros e outros, produzia desenvolvimento técnico. Esta realidade mostra-nos a riqueza da heterogeneidade e a importância da comunicação. A descrição das invenções deste grupo é cativante no detalhe e na simplicidade elegante das soluções desenvolvidas; estes cientistas pareciam encontrar no óbvio soluções para a inoperacionalidade das suas máquinas de guerra e continuamente desenvolveram melhoramentos por forma a aumentar a respectiva eficiência. É fascinante a descrição da capacidade dos analistas operacionais, operadores de logística, gestores intermédios, engenheiros e até homens de negócios em ler as mudanças da envolvente, aprender com os próprios erros, adaptar-se, interagir e comunicar eficazmente as mudanças para atingir o sucesso. Foi a cultura e a riqueza material que determinaram a vitória dos Aliados; as suas sociedades abertas, multiculturais e multi-

disciplinares tornaram-nos mais astutos e perseverantes do que os seus inimigos fascistas que cultivavam sociedades fechadas, fortemente hierárquicas e militarizadas. Não foi apenas a coragem e a eficiência que lhe deram a vitória mas sim a sua cultura organizacional transversal ao nível das instituições. Claramente o grande ensinamento desta obra é a importância das pessoas e dos processos na concepção, coordenação e execução de uma estratégia. Os grupos abertos e heterogéneos, quando bem organizados serão seguramente vencedores. Desta feita, aqueles que não encorajarem a inovação e o pensamento livre estão condenados a falhar. Por tudo isto, Engenheiros da Vitória será com certeza uma leitura incontornável para os coordenadores de equipas visto tratar-se de um manual didático para resolvedores de problemas.


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ACONTECE NO DEGEIT A presente rúbrica constitui um ponto fundamental na revista Indicium, pois permite mostrar de uma forma mais específica as atividades do DEGEIT, essencialmente, as realizadas por núcleos da AAUAv e associações, que contribuíram de forma exímia e por isso deixamos o nosso especial agradecimento.

INDICIUM ORGANIZA WORKSHOP No passado dia 15 de março, foi organizado pela INDICIUM um workshop de Photoshop, orientado por Gregory Caldeira, cujo principal objetivo foi permitir, aos estudantes da Universidade de Aveiro, a possibilidade de obter um leque mais diversificado de competências que os poderá diferenciar no mercado de trabalho. Dada a grande afluência do mundo tecnológico e competitivo em termos de mercado de trabalho, cada vez mais são valorizadas formações deste género, para as mais variadas áreas, sendo esta formação prova disso, tendo uma grande afluência. Realça-se ainda que os alunos que marcaram presença eram provenientes de diferentes departamentos da UA. Cumprimos, mais uma vez, o nosso propósito: difundir conhecimento! AIESEC

RECRUTAMENTO; “MAKE IT POSSIBLE”; PROGRAMAS DE VOLUNTARIADO Tens dois minutinhos? Prometemos que não te vamos desapontar! Aqui vão uns factos sobre nós… Sabias que a AIESEC recrutou 14 novos membros em fevereiro e que vêm de áreas tão distintas como Gestão, Engenharia Mecânica, Línguas e Relações Empresariais e até Biologia? Acima de tudo, procuramos pessoas profissionais, ambiciosas e (muito importante) divertidas. Mas há mais.... Através do “Make it Possible”, os estagiários da AIESEC desenvolveram o Drawing Attention no Fórum Aveiro com o intuito de consciencializar a população aveirense sobre os objetivos do milénio da ONU e para dar a conhecer o trabalho desenvolvido pela maior organização mundial de estudantes. O conceito é simples, mas genial e a adesão foi impressionante. E porque falar em AIESEC….é falar de experiências internacionais e oportunidades únicas, quando é que fazes a mala e vens mudar o mundo connosco? Candidata-te a um dos nossos programas de voluntariado ou estágio e nós tratamos de garantir a melhor experiência da tua vida! E agora que já nos conheces melhor… are you in? - http://www.aiesec.pt/ - www.facebook.com/aiesecinaveiro/ - general@aveiro.aiesec.pt


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AVEIRO SMART BUSINESS

TEAM WEEKEND; RECRUTAMENTO; SMART CONNECT A Aveiro Smart Business realizou, durante os dias 18 e 19 de fevereiro, o Team Weekend #2 da JADE Portugal, onde estiveram presentes na Universidade de Aveiro, cerca de 50 júnior empresários das diferentes Júnior Empresas nacionais. Durante o fim-de-semana, os juniores empresários tiveram a oportunidade de participar em vários momentos de discussão e numa formação com o Presidente da Lean Academy Portugal, Sérgio Caldeirinha, e também noutra formação sobre marketing digital com João Valente, CEO da Marketing 360. Durante os meses de fevereiro e março ocorreu mais um recrutamento da Aveiro Smart Business que culminou com a entrada de 19 novos membros para os quatro departamentos da ASB. Os recrutamentos da Aveiro Smart Business são marcos estruturantes na nossa Júnior Empresa pois permitem-nos renovar a qualidade dos nossos membros e estrutura de maneira a continuar sempre a Projetar Futuro! - http://asmartbusiness.pt/ - https://www.facebook.com/asbusiness - geral@asmartbusiness.pt

AEGIA

IN TOUCH - NETWORKING TODAY A JOB TOMORROW UM OPORTUNIDADE DE AVALIAR AS NECESSIDADES DO MERCADO DE TRABALHO

A Associação de Engenharia e Gestão Industrial de Aveiro promoveu no passado dia 3 de Março, entre as 09h e as 18h, na Universidade de Aveiro a segunda edição do "In Touch - Networking Today, a Job Tomorrow". Este evento colocou 75 alunos da UA e de outras universidades em contacto direto com várias empresas de renome nacional e internacional, permitindo perceber que competências respondem às necessidades do mercado de emprego atual. O programa do evento integrou um conjunto de palestras que abordaram várias temáticas relacionadas com o Marketing: "Empresas com rosto humano", Liderança:“How Great Leaders Inspire Action” e como estruturar e realizar um pitch: "Tips for the perfect Pitch”. Durante a parte da tarde decorreu uma apresentação de pitch's. Representantes de 27 empresas, entre as quais o Grupo Visabeira, Grupo Jerónimo Martins, Leroy Merlin, Nestlé, Sonae, Auchan, Bosch e alguns professores do DEGEIT assistiram às várias apresentações dos participantes e procederam à avaliação. Na parte final do dia, ocorreu um coffe break em paralelo com uma sessão de networking. - www.aegia-lgaveiro.com - www.facebook.com/aegia.ua - degei-aegia@ua.pt


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NEEC - AAUAv

ANEEG Decorreu no passado dia 5 de março na Universidade Nova de Lisboa o ato eleitoral para a Associação Nacional de Estudantes de Economia e Gestão (ANEEG), tendo sido eleita a Lista A encabeçada por Bernardo Brito e Faro (UCP – Porto) que tomou posse no mesmo dia, durante a sessão de encerramento do Encontro Nacional de Estudantes de Economia e Gestão (ENEEG). No seu discurso de tomada de posse, Bernardo Brito e Faro, Presidente recém-eleito da Direção, referiu que acredita nas qualidades do ensino e na capacidade dos estudantes que representa e que deve ser uma prioridade da ANEEG procurar e identificar os problemas com que as profissões relacionadas com as áreas de Economia e Gestão se deparam. A ANEEG surge assim, para representar ao mais alto nível e para procurar suprir as lacunas existentes nos percursos académicos dos cerca de 20.000 estudantes das áreas da Economia e Gestão dispersos por todo o país. - https://www.facebook.com/NEEC.AAUAv - neec@aauav.pt

NEGPT-AAUAv

BTL A BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, aquela que é a maior feira de turismo a nível nacional, na sua 29ª edição marca uma vez mais presença na FIL – Feira Internacional de Lisboa, onde se organizam as maiores feiras temáticas do país. E, pela 22ª vez consecutiva a Área de Turismo da Universidade de Aveiro está presente nesta feira, onde estão representados os maiores agentes turísticos a nível nacional e internacional, desde hotéis, agências de viagens, entidades regionais, escolas de Turismo, tornando-se assim o salão de referência para a indústria do Turismo Nacional. Os estudantes da área de Turismo têm todo o interesse em visitar esta feira, que também se encontra à sua disposição. E, tendo em conta a importância deste tipo de eventos, o NEGPT-AAUAv organizou uma visita à BTL nos dias 17 e 18 de março. O programa da viagem estendeu-se não só para visitar a BTL, mas também o Mosteiro da Batalha e o Aqueduto das Águas Livres, proporcionando assim momentos de lazer e aprendizagem aos estudantes da área de Turismo. - https://www.facebook.com/negpt - negpt@aauav.pt


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A “Internet das Coisas” irá trazer bastantes benefícios num futuro próximo, tais como consultas médicas virtuais e aplicações que nos permitem receber relatórios acerca do funcionamento de equipamentos nas nossas casas. No entanto, a qualidade dos serviços disponibilizados pelas inteligências artificiais dividem investigadores. Em que medida é a “Internet das Coisas” libertadora e não escravizadora? Irão as máquinas substituir as pessoas profissionalmente? Um estudo demonstra que o futuro irá trazer muitas mudanças. Para que não ocorram demasiados contratempos na vida humana, a solução passa pelo despertar da curiosidade: evidenciar tudo o que nos torna únicos. A conjugação de pessoas e máquinas é o caminho para uma melhor gestão da qualidade. Pessoas com cada vez mais e melhor formação, que acompanhem a qualidade desde o início até ao final do processo de fabrico, capazes de programar máquinas para que estas correspondam aos requisitos esperados pelo cliente. A existência de relações colaborativas na Cadeia de Abastecimento é

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IDEIAS-CHAVE A RETER NESTA EDIÇÃO um passo importante para a eficiência da mesma, uma vez que ao potenciar uma comunicação clara e fidedigna, bem como a definição e cumprimento de objetivos conjuntos permite o alcance de benefícios tais como a diminuição do efeito chicote, redução de custos e de stocks e a otimização dos processos inerentes. Os paradigmas Lean e Agile complementam-se e, como tal, devem ser usados de forma integrada, tendo em conta as necessidades do mercado e das cadeias de abastecimento, resultando, assim, a estratégia híbrida habitualmente designada como Leagile No futuro, marketing e neurociência serão aliados e o estudo dos dois não deverá estar dissociado. Desta maneira, a forma como o consumidor passará a ser olhado mudará: será visto de uma maneira holística e não só individual e hermética, o que levará a um planeamento a longo prazo e não apenas ao suprimento de necessidades imediatas. Um olhar sobre o Plano Nacional de Médio-Longo Prazo para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia na República Popular da

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China coloca como centro da política pública a inovação e a cooperação entre o governo, ensino superior e indústria. Apesar da paridade de género na educação ter sido atingida na Europa principalmente nos ensinos primário e secundário ainda há metas por cumprir. A igualdade na educação ainda não se transpôs para o mundo empresarial, onde questões como a disparidade salarial e progressão na carreira continuam a ser uma realidade. Poderá o conhecimento de protocolos empresariais ser o fator diferenciador de um candidato no tecido empresarial? Susana de Salazar Casanova revela a importância do domínio da linguagem não verbal e outras capacidades, além das técnicas, na aproximação ao mercado de trabalho. Num tempo em que é exigido ir além de um bom currículo, o impacto da imagem pessoal na primeira impressão pode ser o fator diferenciador numa entrevista de emprego. Para além da imagem, a postura e modo de comunicar condicionam a visão do empregador.

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NA PRÓXIMA EDIÇÃO...




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