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CRESCIMENTO, ESG E PREPARAÇÃO PARA O FUTURO

O segundo maior movimentador de contêiner do país irá adequar sua estrutura portuária para receber navios com até 400 metros nos próximos anos. A Portonave, em Navegantes, recebeu recentemente a Licença Ambiental de Instalação (LAI) para a obra de preparação do cais, que irá demandar um investimento de quase R$ 1 bilhão, considerado o maior da história da empresa no período entre 2023 até 2025.

As obras no cais estão previstas para iniciar no segundo semestre deste ano pelo lado leste dos berços. O cronograma prevê que essa primeira parte termine no segundo semestre de 2024, quando a adequação vai começar no outro lado do cais. Na segunda parte, as obras se estenderão até o final de 2025. A execução do projeto foi dividida em duas fases para garantir operações normais no porto durante os trabalhos.

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Para receber os novos gigantes de 400 metros, ainda haverá necessidade de obras no canal de acesso e a segunda etapa da bacia de evolução, que prevê adequações para 17 metros de profundidade nos berços de atracação. As melhorias são demandas da empresa apresentadas ao governo federal e à Superintendência do Porto de Itajaí.

Recentemente, terrenos nos arredores da Portonave foram adquiridos pela empresa. Segundo Osmari de Castilho Ribas, diretor-superintendente administrativo do terminal privado catarinense, a aquisição de áreas próximas pode, sim, significar uma expansão futura, mas ainda não há previsão de curto prazo. O porto também iniciou a ampliação da capacidade de contêineres de carga congelada (reefer). Com investimento de R$ 58 milhões, o projeto prevê a instalação de 1,2 mil novas tomadas até agosto deste ano. Ao todo, o terminal contará com mais de 3 mil tomadas ativas em operação.

Confira entrevista exclusiva que Castilho concedeu à revista Informativo dos Portos.

Informativo dos Portos: A Portonave é hoje o segundo terminal do país em movimentação de contêineres, ficando atrás somente do Porto de Santos. Qual a expectativa de crescimento em 2023?

Osmari de Castilho Ribas: Nós continuamos crescendo em relação ao ano passado. Operamos os dois primeiros meses deste ano acima de 200 mil TEUs, um salto de 13% em relação ao mesmo bimestre do ano passado, o que é bastante expressivo. Estamos contando que isso vai se manter uniforme ao longo do ano.

Informativo dos Portos: Recentemente, a Portonave adquiriu alguns terrenos no entorno do terminal. Isso já significa um planejamento para um futuro crescimento de área?

Castilho: Nós olhamos as oportunidades sempre a longo prazo. A aquisição de terrenos próximos ao terminal pode, sim, significar uma expansão futura, mas não temos isso detalhado no momento. Existe um masterplan que prevê um crescimento ao longo dos anos, mas não temos esta expansão prevista no curto prazo ainda.

Informativo dos Portos: A Portonave vai iniciar, no segundo semestre deste ano, uma grande obra que é a de adequação do cais e que deve durar até 2025. Qual a previsão para esse novo cais entrar em operação?

Castilho: É uma obra que durará cerca de 30 meses. Ela começará ao final deste ano, mantendo a operação normalmente no terminal, com o mesmo nível de operação, segurança e produtividade. Desta forma, será feita em duas partes distintas. No meio da obra já estaremos aptos a operar navios de até 400 metros de comprimento.

Informativo dos Portos: Estará apto a operar até 400 metros desde que a bacia de evolução tenha esta capacidade. Desta forma, os portos do Complexo Portuário de Itajaí têm um limite de operação?

Castilho: A bacia de evolução hoje tem capacidade para operar navios de até 350 metros de comprimento. O projeto dela pode levar à operação de embarcações de até 400 metros. Hoje, podemos operar navios de até 350 metros, mas precisamos operar os de 366 metros que é a próxima geração de embarcações. E isso a bacia de evolução ainda não comporta; porém, o projeto da bacia de evolução vai permitir os navios de até 400 metros de comprimento e isso precisa ter uma solução. Estamos nos preparando para isso.

Informativo dos Portos: A Portonave também tem um olhar diferenciado para a inserção da formação da mão de obra feminina no ambiente portuário, tanto que recentemente desenvolveu um programa específico para isso. Quais outros projetos estão previstos para a inclusão no setor?

Castilho: Temos buscando trabalhar de forma bastante forte neste processo de inclusão. Abrimos uma formação específica para torná-las preparadas para contratação no mercado portuário. Chamamos este projeto de Porto para Elas e damos, com isso, a oportunidade de termos uma inclusão maior. Ainda é um número pequeno de mulheres no segmento portuário, mas temos conseguido ampliá-lo. Atualmente, contamos com profissionais mulheres em todos os setores, com um trabalho interno também para que essas pessoas tenham ascensão profissional. Faz parte de um processo de governança ambiental, social e corporativa (ESG) mais amplo, prevendo inclusão de uma maneira geral.

Informativo dos Portos: Santa Catarina é um estado com cinco portos, sendo três deles focados em movimentação de contêiner. A concorrência incomoda em um estado tão pequeno? Castilho: A concorrência não se dá apenas em Santa Catarina, mas acontece desde o Porto de Rio Grande ao Porto de Santos. Nós atraímos muita carga do interior de São Paulo, por exemplo. O fortalecimento dos portos de Santa Catarina mostra que é o estado mais importante do país com relação à carga de alto valor agregado, ou seja, a conteinerizada. Nós vemos a concorrência como algo muito importante; temos competidores bastante relevantes, incluindo Paranaguá, Rio Grande, Santos e até o Rio de Janeiro. Precisamos ter eficiência e produtividade para tornar a carga de Santa Catarina competitiva no mundo. E é justamente por isso que precisamos de investimentos necessários de bacia de evolução e acessos rodoviários. Sem isso, não teremos competitividade. n

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