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novela
Para fugir dos vivos
EXCERTOS DO LIVRO INÉDITO DA ESCRITORA MINEIRA ELTÂNIA ANDRÉ
(...) A UNIÃO – Correio das Artes
Com o prenúncio de que a noite viria rotineira e pontual, o quarto escureceu. Estava posta às claras a castração. A impotência. Não somos necessários à sobrevivência de ninguém. Se fazemos falta a alguém, é por pouco tempo, tudo passa junto com o relógio, que arrasta séculos em
seus ponteiros. Nada mudaria com a sua morte. Os ônibus continuariam a circular, o comércio não fecharia as portas, a engrenagem da vida funcionaria no mesmo ritmo. A morte derruba majestades e estabelece a igualdade – somos todos da mesma espécie, mortais. E c ao longo dos séculos ninguém João Pessoa, novembro de 2015 | 17