Infor Channel - Fev2021 #43

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Edição 43/ fev. 2021 | R$ 15,80

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VERSÃO DIGITAL

Edição especial

2021: O QUE VEM POR AÍ? A resposta chega de dez gabaritados profissionais das principais consultorias do País especializadas em TI e Telecom

Ensino Digital

Movimentação está ajudando a acelerar a transformação do segmento Educacional 01_CAPA-IC43.indd 1

Jogos

Bilionário, mercado tem troca constante de hardware e Cloud Game ganha força

Leia na versão digital

Modelo misto de trabalho, e coworking lideram preferências no pós-pandemia 01/02/2021 15:16:17


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Edição 43 - Fevereiro de 2021

Editorial https://inforchannel.com.br

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erá a volta ao normal? Tudo será diferente? Haverá retomada econômica? Atípico, 2021 começa com uma profusão de expectativas.

A única coisa certa é que todos precisamos seguir com

Consultoria Jurídica

os propósitos. O planejamento de Infor Channel inclui a

Dra. Mara Louzada mara.louzada@lsladvogados.com.br

realização dos prêmios A Escolha do Leitor e o Excelência

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ca constante pela melhoria do portal, além de novidades

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em mídias digitais. Atenção às novidades!

Infor Channel é uma publicação da Editora Mais Energia

Estamos firmes na efetivação das metas para 2021, ano que desafia, ao mesmo tempo em que traz novos

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horizontes a todo o setor de Tecnologia da Informação e

@inforchannel

Telecomunicações. É o que apontam os melhores consul­

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tores do nosso segmento, ouvidos para a nossa reporta­

PAULO UEMURA

/InforChannelOficial

gem de capa, sobre Tendências. Há excelentes oportunidades de negócios para o ecos­ sistema de TIC, como demonstrado nas reportagens que destrincham os mercados de Jogos e o de Educação. Exclusivamente para quem acessar a versão digital, apresentamos o texto sobre Escritórios Compartilhados, opção para os tempos atuais.

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Aproveite as dicas dos especialistas nesta pri­meira edição de 2021. Irene Barella

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Boa leitura!

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TENDÊNCIAS || por SOLANGE CALVO

2021: Em rota de reconstrução

Mercado e sociedade erguem novo futuro apoiado na humanização e em tecnologias-chave como Cloud, Automação e Cibersegurança. Um cenário ainda desafiante, mas promissor.

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mundo aguardava com ansiedade a chegada de 2021, esperando que 2020, um ano épico golpeado pela Covid-19, levasse com ele todos os males causados. Mas as lições aprendidas a duras penas por empresas e sociedade criaram uma armadura, capaz de enfrentar com mais resistência e resiliência possíveis desafios nessa nova trilha do mercado de TI e de Telecomunicações. Consultores do setor estimam um cenário mais amadurecido, com perspectivas positivas em uma jornada de reconstrução dos negócios e da recuperação da confiança. Está em curso, portanto, o realinhamento do valor comercial com os valores e expectativas de clientes e colaboradores, apontado no estudo Technology Vision 2020, da Accenture. A pesquisa revela que confiança e foco em pessoas devem ser prioridade diante do choque tecnológico. “São boas as perspectivas, mas existem todas as incertezas de quando estaremos em uma situação menos preocupante, com possibilidades de aproximação, contato físico, o que leva a crer na continuação do uso intenso de tecnologia”, alerta Alberto Luiz Albertin, coordenador da linha de TI do Mestrado de Competitividade da FGV Eaesp. De março até junho de 2020, prossegue o professor, foi um processo intenso de preparação, de ter de virar a chave para o digital. E tudo isso foi feito com muito esforço, muito trabalho, muito aprendizado,

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É preciso repaginar os negócios por meio da colaboração humana

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TENDÊNCIAS

MARCIA ALVES

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Bonizzato, da Accenture: Os ISPs são essenciais para o avanço do processo de inclusão e de oportunidades.

mas sem grande preocupação em fazer coisas diferentes. No segundo semestre, teve início uma fase crítica, denominada por alguns de ‘a segunda grande onda’. “Foi quando se teve a certeza de que não iria ser passageiro, seria muito mais do que imaginamos.” De acordo com Roberto Frossard, diretor-executivo da Accenture Technology, pessoas nunca estiveram tanto no centro de estratégias de sobrevivência e recuperação de negócios, trabalhando em modelo de colaboração, unidas em único propósito. “A preocupação com a saúde física e mental dos colaboradores se fez presente e eles responderam com produtividade surpreendente no home office.” Um exército de líderes e seus times trabalharam mais próximos da família e a humanização foi-se esgueirando à medida que o isolamento social se estendia. Muito além da mudança de hábitos, a linha que já se denunciava tênue entre lar e escritório foi derrubada, chacoalhando as habilidades específicas, dando lugar especial à sensibilidade, à preocupação com o bem-estar social e à integração.

A tecnologia, então, foi entendida definitivamente como facilitadora de estratégias, inovação e oportunidades

Frossard avalia que as empresas que não estiverem alinhadas às causas sociais como inclusão, diversidade, ações sociais e preocupadas com a preservação do Planeta, estarão em desvantagem no futuro. A visão das pessoas hoje está muito mais empática e humanizada em relação ao trabalho colaborativo, acrescenta Luciano Ramos, gerente de Pesquisas e Consultoria em Enterprise da IDC Brasil. “Estamos construindo um estudo sobre como a pandemia impactou a colaboração nas organizações. E solicitamos: Defina em poucas palavras o que é colaboração. Montamos uma nuvem de palavras. O que apareceu? Ajudar aos outros, ajudar pessoas, ajudar a equipe, contribuir.” A tecnologia, então, foi entendida definitivamente como facilitadora de estratégias, inovação e oportunidades. No estudo da Accenture, dos mais de seis mil executivos de negócios e de TI entrevistados no mundo todo, 83% reconhecem que a tecnologia se tornou parte indissociável da experiência humana. Também participaram dois mil consumidores, 70% dos quais esperam que a sua relação

Future Enterprise FOCO DOS NEGÓCIOS

Continuidade dos Negócios

Otimização de Custos

Resiliência dos Negócios

Investimentos Direcionados

Future Enterprise

SITUAÇÃO ECONÔMICA

Crise da COVID-19

Desaceleração Econômica

Recessão

Retomada do Crescimento

Recuperação: o Próximo Normal Fonte: IDC

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Saboia, da IDC: Há necessidade de maturidade de gestão nesse novo cenário para assimilar novas práticas.

TENDÊNCIAS

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com a tecnologia se torne consideravelmente mais significativa ao longo dos próximos três anos. E mais: 76% dos executivos concordam que as organizações precisam reestruturar profundamente as experiências que unem tecnologias e pessoas de uma maneira mais centrada no ser humano. É preciso repaginar os negócios por meio da colaboração humana. Para Mariano Gordinho, presidente da Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação, Abradisti, a palavra de ordem para 2021 é adequação. Como a pandemia de Covid-19 pegou todos de surpresa no ano passado, as empresas tiveram de se adaptar à nova realidade rapidamente, muitas vezes de forma improvisada. “Ficar mais tempo em frente ao computador não quer dizer que esteja sendo mais produtivo. E será que o ambiente em que os funcionários estão trabalhando é adequado?”, pergunta Gordinho. “Há uma série de questões que as empresas terão de resolver neste ano, desde estrutural com cadeiras e mesas, até equipamentos com maior performance, conexão com a Internet mais rápida, segurança cibernética, fluxo de trabalho e até formas de monitorar as atividades do funcionário”, observa. E tudo isso gera oportunidades de negócios para as empresas que oferecem soluções, como sistemas de trabalho colaborativo, videoconferência, vendas por portais B2B, Computação em Nuvem, entre outras.

Ambidestria corporativa

Outra forma de estender recursos a regiões menos favorecidas do País é por meio dos ISPs

Qual será o tema mais quente no Brasil em 2021? 5G Oi

Streaming IoT Cloud Fibra Total de votos

55% 14% 10% 9% 7% 5% 135 Fonte: Teleco

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Diante de mudanças bruscas, o pulo do gato foi buscar a resiliência. Não por acaso, isso aconteceu com grande parte da sociedade, mercados e vidas. No Tech Trends 2021, estudo da Deloitte, esse foi o tema central. Trata-se, segundo o relatório, de determinação teimosa de se adaptar e prosperar diante das transformações que trouxeram para o tempo presente um futuro inesperado. Nesse processo de adequação, um conceito foi resgatado: ambidestria corporativa. Não é novo, há tempos é usado na Europa e nos Estados Unidos e representa a atuação em duas vias. Mas há diferentes posicionamentos, alguns o atribuem a empresas com estratégias de negócios tanto no físico quanto no digital. Outros, àquelas com estratégias de inovação e eficiência bastante alinhadas. Há ainda quem classifique de ambidestra empresas que fortalecem a atuação com inovação e humanização. Hoje, o mercado apresenta sinais de que experiências pessoais altamente personalizadas, que não sacrifiquem a conveniência das transações em tempo real, estão no topo para gerar satisfação. De acordo com o estudo da Deloitte, as interações online e offline não serão mais experiências separadas – a jornada do cliente será composta de elementos pessoais e digitais que são integrados e intencionalmente projetados para criar uma experiência de marca perfeita que se adapta aos comportamentos, atitudes e preferências individuais do cliente.” A verdade é que o mundo se tornou um grande laboratório. Logo no primeiro impacto do isolamento social, a experimentação de tecnologias acorreu no mercado de forma emergencial, de acordo com Marcio Kanamaru, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG Brasil. Segundo o executivo, recente pesquisa global da companhia revelou que seus líderes de TI acabaram adotando a prática de TI invisível, shadow IT, no período. “Dessa forma, o time de usuários da ponta e as áreas de negócio voltaram a ter mais autonomia para experimentar novos modelos digitais.” Kanamaru destaca que o estudo mostrou que os líderes digitais estão duas vezes mais propensos a encorajar o uso de

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Kanamaru, da KPMG: Logo no primeiro impacto do isolamento social, a experimentação de tecnologias acorreu de forma emergencial.

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TENDÊNCIAS

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shadow IT, no pós-pandemia, principalmente no front office.

Nas Nuvens

A economia digital avança em 2021. Com isso, a Nuvem ganha destaque, porque a pandemia validou a sua proposta de valor ao proporcionar escalabilidade sob demanda para obter eficiência de custos e continuidade de negócios. Dessa forma, empresas aceleraram suas jornadas de Transformação Digital. Computação em Nuvem, portanto, é hoje um importante elemento habilitador de projetos e inovação, na avaliação da IDC. “Em IaaS, por exemplo, estimávamos crescimento de 38,8% nos gastos. No pós-pandemia, os investimentos nesse segmento crescem um pouco menos, 26,9%”, informa Ramos, gerente da Consultoria no Brasil. A estimativa do Gartner aponta aumento de 18,4% em 2021 para gastos globais de usuários finais com serviços de Nuvem pública, totalizando US$ 304,9 bilhões, superando a marca de US$ 257,5 bilhões registrada em 2020. Assim, os gastos com TI estão se direcionando para a Nuvem, na análise da Consultoria e serão acelerados após a Covid-19, representando 14,2% do mercado total de gastos corporativos com TI em 2024, ante 9,1% em 2020. E alerta: a adoção da Nuvem hoje é um meio significativo para se manter à frente em um mundo pós-covid-19, focado em agilidade e pontos de contato digitais. Para Edgar D’Andrea, sócio da PwC, os serviços baseados em Nuvem foram fortalecidos e vão permanecer, porque permitem a mobilidade e a capacidade de entregar TI, seja para colaboradores, fornecedores, clientes. “É fato que quem estava na Nuvem conseguiu se recuperar mais rapidamente.” O mercado também observou demanda galopante para automatização de processos e tarefas manuais repetitivas na pandemia. Assim, a Automação de Processos Robóticos – RPA, ganhou evidência. Não por acaso, o Gartner aponta a ‘hiperautomação’ como forte tendência estratégica para 2021.

São boas as perspectivas, mas existem todas as incertezas de quando estaremos em uma situação menos preocupante

Estudo da IDC mostra que até 2024, visando a oferecer suporte a ambientes de trabalho distribuídos e seguros, 50% dos CIOs irão acelerar a robotização e a automação para gerenciar mudanças. A consultoria estima que 16% da força de trabalho será substituída pela automação de Inteligência Artificial – IA, nos próximos cinco anos. Tecnologias capazes de auxiliar o setor na recuperação de negócios estão na mira do mercado em 2021. A automação inteligente é uma das tendências de Inteligência Artificial – IA, que estarão em alta neste ano, na avaliação da Forrester.

Desempenho das Telecomunicações

Na avaliação de consultores, o setor de Telecomunicações no Brasil se saiu muito bem diante do pico de tráfego logo no início da quarentena. Segurou o tranco, superou o tsunami que se formou inesperadamente, diante de um mundo conectado e embrulhado para entrega, explodindo e-commerce, serviços de streaming e comunicação por meio de lives que invadiram as telinhas de milhões de brasileiros. “Tudo que deveria acontecer em um ano, aconteceu em um mês. O

tráfego que antes era de escritórios rompeu as barreiras corporativas, invadindo residências. Assim, o setor sofreu um baque inicial, mas depois se recuperou a partir do terceiro trimestre, voltando a se comportar dentro da normalidade”, relata Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. Em enquete realizada no site da Teleco, 69% dos participantes classificaram o setor em 2020 como ótimo e bom. Em uma outra, identificou que 77% esperam que 2021 seja melhor. “A perspectiva é otimista para este ano”, afirma Tude. Luciano Saboia, gerente de Pesquisa e Consultoria em Telecomunicações da IDC Brasil, lembra que o País passou por várias provas de fogo, especialmente na copa de 2014. “Todos falavam que a energia iria cair, que as telecomunicações não suportariam, que o trânsito iria colapsar, mas não tivemos esses problemas. O mesmo ceticismo aconteceu nas Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, e tudo funcionou. Na pandemia, perguntaram o que aconteceria com o setor. Suportamos o tranco, mesmo em um ambiente explodido, de alta conectividade.”

5G, Oi e Cibersegurança

Neste ano, as expectativas se voltam para o Leilão do 5G e para os rumos que a operação da Oi irá tomar. Segundo dados de enquete da Teleco sobre qual será o tema mais quente no Brasil em 2021, em primeiro lugar, com 55% dos votos, está a quinta geração de telefonia móvel, a 5G, e o segundo ocupado pela Oi, com14%, seguido dos serviços de transmissão de dados via a internet, sem a necessidade de baixar o conteúdo em um dispositivo, chamado de streaming, no inglês, (10%). A burocracia e a pandemia atrasaram a realização do leilão da 5G no Brasil, empurrando esse esperado evento para o final do primeiro semestre de 2021, de acordo com estimativas da Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel. As redes 5G prometem velocidade de Internet até cem vezes mais rápida que a atual 4G, e capacidade de suportar bilhões de dispositivos conectados em Internet das Coisas, IoT, transmitindo grandes volumes de dados. Vão possibilitar maior conectividade entre dispositivos IoT. Seu grande valor é ajudar

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as empresas a solucionar desafios de negócios, melhorar os modelos de receita e otimizar operações em muitos setores. No Brasil, ainda há o impasse sobre quando as redes 5G começarão a funcionar e se a chinesa Huawei participará do leilão a ser realizado pela Anatel. O presidente da consultoria Teleco relembra que a Oi conseguiu concluir uma etapa de restruturação; passou por adequações, vendeu suas torres, data centers. Já a sua operação móvel precisa da aprovação da Anatel e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade. Assim, a operadora ficará aguardando essas aprovações para definir suas estratégias, que também incluem a venda de sua rede de fibra. Em relação ao mercado de celular, que vinha apresentando crescimento negativo nos cinco últimos anos, em 2020 a operadora viu a sua base voltar a crescer. Em outubro e novembro não somente o pós-pago, mas também o pré-pago aumentou.

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Para 2021 é esperada a humanização e a transformação dos modelos de trabalho

Dados da Anatel para novembro registraram 232,1 milhões de celulares no País, com densidade de 109,18 aparelhos por cem habitantes. Só no penúltimo mês de 2020 foram adicionados 1,8 milhão de celulares. “E este número deve expandir, considerando que dado o novo cenário, celulares e tablets tendem a fazer parte da lista de material em muitas escolas”, destaca D’Andrea, da PwC.

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Escudo digital

Nesse cenário de alta conectividade, cibersegurança vem crescendo em importância para garantir que dados estratégicos estejam fora de perigo, especialmente fora das fronteiras corporativas. E continuará em ascensão em 2021, na avaliação de Saulo Bonizzato, líder da Accenture para a Indústria de Comunicações, Mídia e Tecnologia na América Latina. A Deloitte confirma a tendência em estudo, considerando que ataques cibernéticos sofisticados e ambientes corporativos em constante mudança minaram a abordagem tradicional de

D’Andrea, da PwC: Serviços baseados em Nuvem vão permanecer, porque permitem a mobilidade e a capacidade de entregar TI.

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TENDÊNCIAS

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castelo e fosso da segurança cibernética. Isso porque não há mais um perímetro definido, no qual cada usuário, carga de trabalho, dispositivo e rede sejam inerentemente confiáveis. É preciso uma segurança cada vez mais estratégica e abrangente. Ela se torna também essencial no Comércio Eletrônico. Afinal, o mundo foi embrulhado para entrega da noite para o dia, impulsionado também pelos modernos meios de pagamento, a exemplo do Pix, uma revolução de facilidade e inclusão que surgiu em plena pandemia e que será potencializado quando se juntar ao Open Banking no final deste ano, segundo o Banco Central.

Pessoas nunca estiveram tanto no centro de estratégias de sobrevivência e recuperação de negócios

Tude, da Teleco: O setor sofreu um baque inicial, mas se recuperou a partir do terceiro trimestre.

Márcia Ogawa, líder de Tecnologia, Mídia & Telecomunicações da Deloitte, conta que estudou os impactos sociais da Covid-19 no mundo. O vírus deixou ainda mais evidente a disparidade entre países ricos e pobres. Boa parte da sociedade, segundo ela, sofreu muito e a pandemia deixou claro que a infraestrutura de Telecom é, de fato, um instrumento de inclusão digital, capaz de reduzir as disparidades sociais, indo além de aceleradora do digital. Os setores de Educação, Saúde e Entretenimento sofreram os maiores impactos na análise de Márcia. “Muitas crianças ficaram sem estudar, foi um ano parado. O que isso vai proporcionar a esta geração? As que moram em regiões distantes que não têm sinal de Internet, ou nem mesmo um celular, ficaram à margem.” Esta parcela sofrerá reflexos ainda mais nefastos. Telemedicina e Teleducação são exemplos de como é possível proporcionar à sociedade novas formas de desfrutar desses serviços, com conveniência e praticidade, dizem os consultores. Mas são eles exatamen-

Márcia, da Deloitte: Impacto doloroso em várias situações despertará governos para ajustes e evoluções das Telecomunicações.

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WALTER CRAVEIRO

Telecom como inclusão digital

te que deixaram expostas as feridas da desigualdade, da falta de recursos e despreparo. “Acredito que esse impacto doloroso em várias situações irá despertar governos para ajustes e evoluções das Telecomunicações, que são essenciais aos cidadãos e ao desenvolvimento social”, reitera Márcia. Edgar D’Andrea acrescenta que na pandemia agentes reguladores ficaram diante de situações que aceleraram decisões importantes. “A mudança foi fundamental para a sociedade, transformando a forma de atendimento médico, porém, é preciso mudar toda uma cultura. O ecossistema teve de se adaptar. Foi um recurso vital para o momento, para a sociedade e só tende a crescer e a se aprimorar.” Tude, da Teleco, alerta para a necessidade de se ampliar essa cobertura, que pode ser minimizada por meio do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações Fust, que também tem a função de atender a essa desigualdade social, fornecendo recursos emergenciais. “Temos de entender que há diversos ‘brasis’. Em cada região, existem realidades e necessidades diferentes, despreparo para o uso adequado da tecnologia e o desconhecimento até mesmo em uma mesma classe social. Há necessidade de maturidade de gestão nesse novo cenário para assimilar novas práticas, além da ampliação de recursos”, acrescenta Saboia, da IDC. “A tecnologia é o motor para empurrar a evolução da sociedade.” Outra forma de estender recursos a regiões menos favorecidas do País é por meio dos provedores de serviços de Internet, os ISPs, na avaliação de Bonizzato. “Eles vêm ganhando força e neste ano vão reivindicar papel importante nesse mercado. São essenciais para o avanço do processo de inclusão e de oportunidades.” No balanço geral do que os consultores esperam de 2021, a humanização é consenso, transformação dos modelos de trabalho, desta vez com trabalho remoto não forçado, mas planejado, em configuração híbrida. Os líderes do amanhã, mais preparados, transformados, sensíveis a causas sociais e colaborativos, afinam seus comandos para se adaptarem a uma era que promete grandes descobertas para os negócios e para a sociedade

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SETORIAL EDUCAÇÃO || por EDILEUZA SOARES

Ensino Digital promete ganhos Corrida do setor Educacional para implementar soluções que atendam ao estudo remoto está acelerando a Transformação Digital e gerando oportunidade de vendas para integradores

Pesquisando...

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m muitas instituições de ensino do País, a volta às aulas em 2021 será de forma 100% remota ou híbrida – presencial e a distância. A decisão faz parte das medidas de governos das esferas estadual e municipal para proteger alunos e conter os avanços do novo Coronavírus no Brasil. O novo formato de aula aumentou a procura pelas soluções de ensino em casa, ou como dizem na Língua inglesa, home schooling, que incluem ferramentas de Ensino a Distância EAD, plataformas para transmissão de aulas em tempo real e uma série de outra soluções para gestão e digitalização de processos do Setor. Essa movimentação toda está ajudando a acelerar a Transformação Digital do segmento e resulta em oportunidade de negócios para fornecedores, distribuidores, revendas e integradores com habilidades para atender ao setor. O Ministério de Educação – MEC, homologou em 10 de dezembro de 2020 parecer do Conselho Nacional de Educação – CNE, estendendo aulas remotas para o ensino básico e superior até o final de 2021. A medida se dá em função da Covid-19 e deve ser adotada pelas redes pública e particular. Pela regra, o limite de carga horária a distância fica a critério de cada rede ou instituição de ensino. O parecer do CNE foi regulamentado pela Medida Provisória do governo Federal, convertida na lei 14.040.

Mercado Educação PC (Q1 à Q3) 64,9% 658,8%

24,8%

188.200

150.746

91.441

Ensino digital

Escolas públicas e privadas estão em movimento de transformação. Todos estão procurando plataformas digitais

A imposição do estudo remoto durante a pandemia gerou demanda por soluções de TI para o setor educacional. A correria das escolas por tecnologias digitais começou em meados de março do ano passado, quando os estabelecimentos foram obrigados a suspender as aulas presenciais para atendimento das medidas de isolamento social. Da noite para o dia, as salas de aula migraram para as residências e 100% dos alunos passaram estudar de forma remota. Rodrigo Okayama Pereira, analista de mercado da IDC Brasil, informa que as implementações para o trabalho remoto e para o ensino em casa impulsionaram a indústria de TIC. “A pandemia antecipou em quatro anos o processo de Transformação Digital do setor de Educação”, afirma o analista da IDC. Além das compras de equipamentos, Pereira menciona a busca das escolas por plataformas de videoconferência, software, conectividade, serviços, ferramentas em Nuvem e diversas soluções de TIC para entrega de aulas a distância. Vera Cabral, diretora de Educação da Microsoft Brasil, acrescenta que “o setor Educacional está sendo forçado a ter experiência digital. Aconteceu de uma forma que ninguém imaginava. Escolas públicas e privadas estão em movimento de transformação. Todos estão procurando plataformas digitais”, conta animada.

Quantos computadores o consumidor possuía em casa na pré-pandemia?

63%

24%

1 Unidade

2 Unidades

12.051 2017 2018 2019 2020 Fonte: IDC

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Fonte: Positivo

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SETORIAL EDUCAÇÃO

RENAN FACCIOLO

Edição 43 - Fevereiro de 2021

Campos, do Google: Queremos que todos os professores e alunos possam se beneficiar da tecnologia.

Penetração de PC no Brasil Taxa de penetração de computadores no Brasil é de

49%

Computadores com mais de 5 anos de idade no Brasil é de

25 milhões de unidades

Fonte: Intel

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“O setor de Educação aprendeu bastante em 2020 e acreditamos que este será o ano de arrumar a casa”, pontua Rebeca Barbalat, diretora de Produto na unidade de tecnologias educacionais da Positivo Tecnologia. Ela observa que a adoção de TI nesse segmento é mais lenta devido aos processos de licitação, mas que a pandemia do Coronavírus puxou os projetos. Os pedidos deste setor ajudaram o mercado brasileiro de PCs a fechar o ano passado com crescimento de 23% na comparação com o anterior, 2019. Samuel Rodegheri, diretor de Negócios de Consumo da Positivo Tecnologia, cita pesquisas da IDC que revelam que as vendas de computadores no Brasil, destinadas ao mercado Educacional, subiram cerca 25% nos primeiros nove meses de 2020 em relação aos volumes registrados no ano anterior. “Muitos dos estudantes não conseguiram fazer home schooling porque não tinham computadores ou, se possuíam, estavam defasados”, enfatiza o executivo da Positivo. Ele se baseia em relatório da Intel que constatou que o Brasil tem 25 milhões de máquinas com mais de cinco anos e estão desatualizadas. Pesquisas da Intel indicam também que a taxa de penetração de PCs nos lares brasileiros é de 49%, o que significa um mercado enorme para ser explorado, sinalizando, consequentemente, oportunidade de negócios para venda de computadores. De olho nesse negócio, a Positivo fez um estudo durante a pandemia, o qual apontou que 63% dos consumidores brasileiros tinham apenas um computador em casa. Uma parcela com maior poder aquisitivo (24%), afirmou possuir dois equipamentos.

Mais adequação

Animada com essas estatísticas, a fabricante nacional está lançando a linha de notebooks Motion, projetado para atender a este setor. De acordo com Rodegheri, são equipamentos ergonômicos e mais confortáveis para o ensino efetuado a partir das casas. Entre as novidades, os equipamentos contam com telas maiores para estudantes que ficam de quatro a seis horas por dia em frente ao computador; as teclas fun, para acesso direto para Youtube e Netflix, e botão para chamadas, que conec-

Pereira, da IDC: A pandemia antecipou em quatro anos o processo de Transformação Digital do setor de Educação.

O EAD é diferente do sistema de estudo remoto que está sendo proposto durante a pandemia Penetração de PC no Brasil Vendas de computadores no Brasil para setor educacional em 2020 (acumulado Jan. a Set.) cresceram

25%

em relação a 2019

Fonte: IDC

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tam serviços de videoconferência como Cisco Webex, Google Meet, Microsoft Teams, Skype etc. Outros recursos da linha são câmera em HD; microfone digital e software para modo leitura. “Com o EAD, as pessoas estão lendo mais pelo notebook e às vezes à noite. Colocamos esse recurso para dar mais conforto”, justifica Rodegheri.

Infraestrutura de TIC

O ensino remoto durante a pandemia passou por fases diversas. Daniela Costa, coordenadora da Pesquisa de TIC Educação no Cetic.Br, lembra que, a princípio, a expectativa era a de que o estudo em casa seria uma situação emergencial ou momentânea com duração de algumas semanas ou poucos meses. Com a disseminação desenfreada do Sars-Cov2, ficou constatado que as atividades remotas seriam estendidas. “Foi necessário um amadurecimento dos métodos de ensino e de aprendizagem mediados pelas tecnologias, já que não eram uma realidade para muitos educadores”, diz Daniela. Muitos alunos tiveram dificuldade para acessar as aulas remotas já que não tinham conexão nem equipamentos adequados. “Surgiram algumas iniciativas para tentar sanar as desigualdades de acesso a redes e a dispositivos entre os alunos, especialmente aqueles estudantes considerados em situação de vulnerabilidade social”, informa Daniela. Ao comentar sobre desafios da infraestrutura de TIC para atender às demandas do ensino remoto em

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Daniela, do Cetic.Br: Foi necessário um amadurecimento dos métodos de ensino e aprendizagem mediados pelas tecnologias já que não eram uma realidade para muitos educadores.

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regiões mais distantes do Brasil, Daniela enumera a oferta, a qualidade e o preço da conexão de Internet. Ela observa que em grandes centros urbanos, determinados bairros podem dispor de menos ou mais opções de provedores e de planos de Banda Larga. Por outro lado, há regiões isoladas que nem são cobertas por infraestrutura de conexão. Para uma parte considerável da população o celular é o principal meio de acesso à Internet. É com esse dispositivo que 21% dos alunos de escolas públicas urbanas navegam na Web. Esse percentual é de apenas 3% entre estudantes de escolas particulares urbanas, segundo dados da pesquisa TIC Educação 2019.

EAD x aula online

A transferência da sala para o ambiente doméstico aumentou a sopa de letras sobre termos para o aprendizado. Até pouco tempo o termo mais difundido era Ensino a Distância - EAD. Agora o mercado brasileiro adotou palavras da Língua inglesa,

Os pedidos deste setor ajudaram o mercado brasileiro PCs a fechar o ano passado com crescimento de 23% como home schooling, o ensino em casa e estudo remoto. Na opinião de Vera, da Microsoft, o EAD é diferente do sistema de estudo remoto que está sendo proposto durante a pandemia. Ela explica que o modelo tradicional de Ensino a Distância tem características próprias e não pressupõe interação ao vivo entre professor e aluno. Ou seja, são conteúdos gravados. Ela percebe que este

FERNANDO DIAS /AGÊNCIA DE IMAGENS

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Rodegheri, da Positivo: Equipamentos ergonômicos e mais confortáveis para o ensino efetuado a partir das casas.

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SETORIAL EDUCAÇÃO

Vera, da Microsoft: O setor Educacional está sendo forçado a ter experiência digital.

modelo de aprendizado está em crescimento no Brasil e deve avançar mais ainda depois da crise gerada pela Covid-19. “Algumas instituições de ensino estão oferecendo essa modalidade de estudos com maestria, mas algumas continuam só pendurando PDFs”, nota a executiva. Já o formato que a Microsoft vislumbra é a transmissão das aulas em tempo real por meio de plataformas como o Teams, que conecta alunos e professores em horário preestabelecido. É a modalidade conectada que leva aulas presenciais para o mundo digital, integrando professores e alunos. A ideia é criar um sistema de ensino híbrido e que permita os dois ambientes conviverem em harmonia. A executiva da Microsoft relata que antes da Covid-19 conversava com executivos da Educação sobre a modalidade de ensino digital em tempo real e havia muita resistência quanto ao formato. Ela acredita que as plataformas digitais podem ajudar o setor a melhorar não somente o processo de aprendizagem e a posição do Brasil em classificações globais, como o Programa Internacional

Canal especializado O

Antes da pandemia 63% dos consumidores brasileiros tinham apenas um computador em casa. Uma parcela com maior poder aquisitivo (24%) dois equipamentos

esforço das escolas para implementar rapidamente projetos de ensino remoto está rendendo bons negócios para a Big Brain, parceira da Microsoft na América Latina. Desenvolvedora de soluções para instituições privadas e públicas, a empresa deu um salto em 2020. Somente no ano passado, alcançou mais de um milhão de alunos e proporcionou formações tecnológicas para mais de 52 mil professores em mais de nove mil escolas. Esses números representam um crescimento de 300% em comparação a 2019, segundo a desenvolvedora. Ronei Pasquetto, sócio da Big Brain, informa que a empresa está atendendo a escolas privadas e públicas de diversos Estados e municípios do País. Entre as quais, ele cita contratos com a Secretaria de Estado de São Paulo, onde inaugurou o primeiro Centro de Inovação da Educação Básica Paulista, para atender à rede estadual da capital. A parceira da Microsoft também está levando soluções de ensino remoto para a rede do Serviço Social da Indústria – Sesi, em todo Brasil e para estabelecimentos educacionais privados como Porto Seguro, Escola Bosque, Estácio de Sá e Uniaselvi. “Algumas instituições de ensino estavam com o freio de mão puxado e foram obrigadas a acelerar a Transformação Digital”, conta o executivo. Ele observa que esse setor estava lento nesse processo e que a pandemia do novo Coronavírus obrigou a acelerar as mudanças. Fundada em 2015 e com domínio em plataformas como Microsoft Teams, a Big Brain vem se destacando no setor Educacional pela sua habilidade em entregar projetos de acordo com a realidade de cada escola. Pasquetto explica que as instituições de ensino precisam não apenas de tecnologias para a digitalização de seus processos, mas também de forte envolvimento dos professores para que dominem o uso das novas plataformas. Ele dá como exemplo a implementação do Teams para entregar o ambiente digital em tempo real preparado para as aulas. “Queremos que o professor e o educador encontrem suas salas online prontas com todo material didático e trilha de aprendizagem. Que ele não precise ficar preocupado e buscando o aluno pelos corredores virtuais para colocá-lo em seu lugar, conclui.

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de Avaliação de Estudantes – Pisa. A digitalização na Educação poderá também aproximar instituições de ensino do mercado trabalho, que está passando por mudanças bruscas com a chegada de novas tecnologias. “Isso obriga a repensar a qualidade do ensino para formar jovens mais preparados para o mundo digital”, diz Vera. O Google é outro que está investindo no setor Educacional com soluções em Nuvem para suportar o ensino em tempo real. Entre as quais estão a Google Meet, concorrente do Teams da Microsoft para videoconferência e o Google Classroom. Esse último é uma aplicação para sala de aula virtual que ajuda alunos e professores a organizarem tarefas para aumentar a colaboração e melhorar a comunicação. Alexandre Campos, líder do Google para Educação no Brasil, avalia que a pandemia levou este segmento a buscar mais tecnologias para atender aos desafios do ensino remoto. “Vimos a base de usuários de nossas soluções em Nuvem crescer para 120 milhões de usuários em todo o mundo”, conta. No Brasil, Campos destaca o aumento do número de parcerias com Secretarias de ensino. “Podemos afirmar que hoje estamos presentes na maioria dos estados do Brasil”. Mas ele sabe que o estudo remoto traz desafios para todos os atores envolvidos no processo de Educação. Por isso frisa: “o professor ocupa um papel fundamental neste momento: continua sendo um protagonista importante neste processo de aprendizagem”

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Pasquetto, da Big Brain: Algumas instituições de ensino estavam com o freio de mão puxado e foram obrigadas a acelerar a transformação digital.

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MERCADO || por INALDO CRISTONI

Um mercado de R$ 1,5 bilhao no Brasil O game tende a se consolidar como uma plataforma de interação entre as pessoas, em substituição às tradicionais mídias sociais

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bilionário mercado de jogos eletrônicos aglutina uma complexa cadeia de valor que investe pesado no desenvolvimento de produtos capazes de oferecer a melhor experiência de uso a um contingente expressivo de entusiastas espalhados pelo mundo. Mas o entretenimento está longe de ser a finalidade única que move essa crescente indústria, embora seja a principal. Na verdade, jogos estão sendo utilizados também em diferentes aplicações corporativas, em um processo conhecido como gameficação, e até mesmo como plataforma de mídia, para veiculação de publicidade de marcas. Além disso, caminham a passos largos para se consolidarem como meio preferido de interação entre as pessoas, em substituição às tradicionais redes sociais existentes. Com a modernização da infraestrutura tecnológica, ganha força o chamado Cloud Game, cuja lógica consiste em permitir que pessoas pratiquem os seus jogos favoritos com quem, onde e no dispositivo que preferirem. A abordagem na Nuvem, em que a escolha do equipamento para jogar será o menos importante, contribui para eliminar barreiras e facilitar o acesso de novos jogadores. Há uma profusão de números sobre o potencial do mercado de videojogos, de acordo com pesquisa do Tech Jury, que justificam tal movimentação. Um dos mais expressivos diz respeito justamente ao público: estima-se que, em âmbito global, 2,5 bilhões de pessoas jogaram em 2020. Outro dado relevante é o aumento de 72% no tempo em que elas ficam jogando. É para esse cenário que gigantes do setor estão se preparando.

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É um mercado que se caracteriza pela troca frequente de equipamentos

Mercado promissor

O Brasil ocupa posição de destaque no cenário global de jogos eletrônicos. Na lista dos cinco maiores mercados, movimenta R$ 1,5 bilhão em negócios por ano e, segundo o Censo Brasileiro da Indústria de Jogos Digitais de 2018, possui 375 desenvolvedores de jogos em atividade, dos quais 71% são microempresas. De acordo com o relatório Comscore O Mercado de Games no Digital, de Julho de 2020, o setor reúne 84 milhões de jogadores no Brasil, sendo que o número pode chegar a 100 milhões em dois anos. A penetração dos celulares e a gratuidade dos jogos explicam a preferência do brasileiro pelo mobile game: 64,3 milhões dos jogadores utilizam o aparelho como plataforma. O PC e o console são os preferidos pelos chamados entusiastas, cujo poder aquisitivo permite desembolsar altos valores na aquisição desses equipamentos, que custam caro. Uma das gigantes do setor, a Microsoft tem ofertas de consoles para diferentes perfis de jogadores, como o Xbox Series X e o Xbox Series S. “Estamos trazendo a experiência mais imersiva já vista no universo de

consoles, entregando outro patamar de velocidade e compatibilidade”, afirma Bruno Motta, gerente sênior de Xbox no Brasil, acrescentando que a biblioteca de jogos e acessórios – controles e fones de ouvido, dos modelos já existentes serão compatíveis com os dois produtos. Faz parte da estratégia da companhia a difusão da tecnologia de jogos na Nuvem, cujos testes no Brasil tiveram início em meados de novembro do ano passado. A abordagem alia o desenvolvimento de conteúdo para todos os dispositivos, a criação de comunidade de jogadores e a construção de uma infraestrutura de Nuvem “que nos ajuda a desbloquear todos os terminais, criando novas oportunidades para desenvolvedores de jogos e jogadores em todos os dispositivos”, destaca.

Fornecedores de componentes

Normalmente mais caro que os modelos convencionais por causa dos recursos tecnológicos, o preço dos computadores para jogos é inflado pela disparada do dólar. Preferidos por muitos jogadores por oferecer melhor desempenho, representam uma boa fonte de receita não apenas para a indústria de componentes, como processadores, placa de vídeo e memória, entre outros, mas também para os fabricantes tradicionais de PCs e fornecedores de periféricos e acessórios. O canal de vendas – distribuidores e revendas, também é beneficiado porque muitos entusiastas compram partes e componentes para montagem do próprio equipamento. Por outro lado, é um mercado que se caracteriza pela troca frequente de equipamentos. Segundo Carlos Augusto Buarque, gerente de Marketing

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da Intel, enquanto o usuário convencional fica com um PC durante cinco a sete anos, 73% dos jogadores possuem uma máquina com menos de três anos. O fato de a penetração de CPUs para jogos ser ainda pequena no Brasil, comparado aos países considerados mais maduros, coloca em evidência o potencial de negócios a ser explorado pela cadeia de valor do setor de jogos no País. A Intel apresentou em outubro a décima primeira geração de processadores Intel Core para desktop, que estará disponível comercialmente no primeiro trimestre de 2021. O modelo possui o processador gráfico Xe integrado, que marca o seu ingresso no segmento de placas de vídeo. O portfólio de ofertas inclui produtos para armazenamento de dados SSD e processadores para rede Wi-Fi 6. “A Intel reviu a sua estratégia e decidiu se posicionar como uma companhia de processamento de dados seja no data center, no PC ou nos dispositivos de Internet das Coisas, o que implica em trabalhar com outras tecnologias”, explica Buarque.

Mais performance

Cada vez mais os jogos exigem recursos do hardware. A indústria se preparou para estar em linha com o ritmo dos desenvolvedores: se antes faltavam equipamentos para rodar os conteúdos lançados no mercado, agora pode ocorrer exatamente o contrário. “Os desenvolvedores de games vão ter que correr para acompanhar a performance da máquina”, garante Patrícia Lenny Martins, líder da unidade de gráficos da AMD. Segundo ela, os equipamentos lançados no decorrer de 2020 estão preparados para rodar os jogos com as configurações mais altas do mercado. No segmento de processadores, por exemplo, a AMD anunciou a série Ryzen 5000, que proporciona ao PC um aumento de 26% em performance comparado com a linha anterior da companhia. Em relação ao produto do concorrente, a melhora gira em torno de 21%, diz Arthur de Oliveira Júnior, gerente de Vendas de distribuição de CPU da companhia. “Com a redução da latência e do consumo de energia é possível montar uma máquina com uma fonte e gabinete menores”, acrescenta.

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Com a modernização da infraestrutura tecnológica, ganha força o chamado Cloud Game

Com o lançamento da linha de processadores gráficos, GPU, Radeon RX 6000, a AMD amplia o leque de produtos para o mercado de jogos eletrônicos e entra com força na disputa do segmento high end, que até então não fazia parte de seu escopo de negócio. De acordo com Patrícia, a cadeia de valor do setor terá mais opções de processadores de alta performance. A nova linha, que entrega

duas vezes mais performance que a anterior, utiliza a mesma arquitetura dos consoles – a empresa produz os chipsets para os dispositivos da Microsoft e da Sony. Divisão gamer da Kingston Technology, a HyperX trouxe muitas novidades para o mercado brasileiro de jogos em 2020, com destaques para carregadores destinados a diversos tipos de consoles, fones de ouvido, incluindo opções sem-fio, e microfones. Paulo Vizaco, diretor-executivo no Brasil da Kingston, afirma que “todos os headsets que funcionam no PlayStation 4 são compatíveis com a versão 5 do videogame da Sony”. Neste ano a companhia lançou mouse e fones de ouvido sem-fio, além de microfones – segmento no qual a empresa cresceu muito nos últimos dois anos. Já consolidada área de desktop, a HyperX terá novidades também no ramo de consoles, que começou a explorar recentemente e que, na avaliação de Vizaco, vai proporcionar grandes oportunidades de negócios para a companhia. Em relação à Kingston, o executivo destaca o lançamento da família KC 2500 da unidade de armazenamento SSD, voltada para jogadores, entusiastas e usuários corporativos, que tem capacidade de armazenamento de dados de até 2 terabytes. “Temos visto uma grande migração do hard disk para o SSD, tanto nas máquinas novas como no parque instalado”, aponta Vizaco, acres-

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Affonseca, da Liftoff: mobile game como ferramenta de publicidade de marcas.

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Buarque, da Intel: Entusiasta de jogos troca de computador com mais frequência.

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Oliveira Júnior, da AMD: Com a redução da latência e do consumo de energia é possível montar uma máquina com fonte e gabinete menores

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centando que, dessa forma, consumidores e empresas acabam dando sobrevida aos equipamentos.

Vizaco, HyperX: Novidades no segmento de consoles.

Mobile game

O celular é, disparadamente, o principal aparelho para jogos, como comprovam os números. Segundo Antonio Affonseca, gerente-geral da Liftoff, uma plataforma de Marketing e Retargeting (cliente em potencial, que já foi acionado) de aplicativos móveis, 70% do faturamento global das lojas da Apple e do Google são oriundos da vertical jogos. Outros dados chamam a atenção: 53% dos jogadores têm idade entre 45 e 54 anos e 60% deles são mulheres. Além disso, seis em cada dez pessoas instalam um jogo na primeira semana em que compra o aparelho. Uma das leituras que podem ser feitas a partir de tais números é que o jogo para celular é uma poderosa ferramenta de publicidade de marcas, qualquer que seja o modelo de monetização: compra de componentes de jogos, muito comum nos mercados mais maduros, ou visualização de anúncios durante o jogo, uma característica da América Latina. “O espaço de mídia é vendido em tempo real para quem pagar o maior valor. É como se fosse um leilão”, explica o executivo da Liftoff. A capacidade de engajamento, ou seja, de prender a atenção do usuário explica a força do mobile game como plataforma de publici-

Um usuário convencional fica com um PC de cinco a sete anos, e 73% dos jogadores, menos de três anos

Outras aplicações A

lém do entretenimento, os jogos se mostram uma excelente ferramenta para solucionar problemas no mundo dos negócios, acredita Perseu Bastos, consultor do Sebrae-PR. Como exemplos de aplicação, ele cita programas de treinamento corporativo, recrutamento de pessoas, retenção de clientes. “Existem recursos e estratégias no mundo de games que podem ajudar as empresas a se fortalecerem”, salienta, acrescentando que as áreas de Saúde e de Educação também são vistas com grande potencial para a utilização de jogos. O consultor ressalta, entretanto, que não é preciso desenvolver um jogo específico para cada aplicação.

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JULIO VILELA

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Basta utilizar os que já existem no mercado, uma tendência que vem ganhando força e que é conhecida como gameficação. Para Bastos, gerar produtos e serviços gameficados para as empresas é uma oportunidade de negócios que pode ser explorada sobretudo pelos micro e pequenos estúdios. Para tanto, o primeiro desafio consiste em identificar o segmento de mercado que pretendem atender. Depois é preciso desenvolver habilidades de gestão de negócios, ressalta.

dade, afirma Marco Antonio Cavallo, diretor de Parcerias da Adjust, uma plataforma global de Marketing de aplicativo. “Existe um investimento grande nessa mídia, que já está entre os cinco principais destinos da verba de publicidade das empresas”, reitera, ressaltando, porém, que esse processo está apenas se iniciando no Brasil. A segunda leitura é que a experiência de jogo pode melhorar significativamente com o advento da quinta geração de telefonia móvel, a 5G, tecnologia que assegura baixa latência e aumenta a velocidade de processamento, permitindo rodar jogos mais sofisticados que os atuais. Esses requisitos são considerados essenciais para suportar o Cloud Game. Para Cavallo, com a aceleração da banda, o usuário não terá que se preocupar com a plataforma que vai utilizar para jogar. Disponíveis em celulares mais sofisticados e permitindo uma boa experiência, os jogos para celular têm potencial para se transformar em uma nova plataforma de interação social, ou seja, as pessoas podem jogar e ao mesmo tempo conversar sobre diversos assuntos. Essa possibilidade chamou a atenção das grandes empresas, que pensam em explorar o mercado de games. Cavallo lembra que o Facebook lançou há pouco tempo o Facebook Games, uma plataforma para desenvolvedores, e a Amazon comprou o canal de transmissão de jogos Twitch

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