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Internet na velocidade da nuvem
COMO A INFRAESTRUTURA DE EDGE COMPUTING PODE AUXILIAR A IMPLEMENTAÇÃO DA TECNOLOGIA 5G NO BRASIL E NO MUNDO
Quando o assunto era processamento de dados, antigamente, empresas precisavam usar seus próprios data centers para análise. Isso mudou drasticamente com a chegada da nuvem. “As companhias entenderam que o equipamento não detinha o core business necessário e ainda apresentava um custo operacional altíssimo. Ao passar todas as informações para a cloud, os gastos ficaram mais baixos e a praticidade, melhor”, aponta Anderson Santos, gerente de Canais de TI da Schneider Electric Brasil.
Mas essa tecnologia passou a não ser suficiente com o surgimento da Internet das Coisas (IoT). A partir do momento em que haja muitas pessoas e muitos dispositivos conectados à internet, oferecendo um grande volume de dados, é necessário ter uma tecnologia ágil e eficiente, capaz de processar todas as informações. É aí que entra a Edge Computing – ao pé da letra, computação de borda.
“Com essa tecnologia, a companhia passa a enviar somente uma parte de seus dados para a nuvem. As informações utilizadas com maior frequência são armazenadas em um equipamento físico, que está mais próximo ao usuário”, explica Ana Gabriela Siqueira, Business Unit Manager da Ingram Micro Brasil. “Assim, as informações são processadas diretamente na fonte onde foram geradas, minimizando o tráfego e oferecendo uma experiência rápida e consistente.” Na prática, trazer o processamento para os limites da rede minimiza a quantidade de comunicação de longa distância que precisa acontecer entre um cliente e um servidor. Toda essa praticidade também contribui para a implementação de outras tecnologias – caso do 5G.
BOA PARCEIRA
A quinta geração de internet móvel já é realidade em alguns lugares do mundo, como Estados Unidos e Coreia do Sul. Porém, de acordo com um estudo do site norte-americano CNET, que analisou os principais provedores da tecnologia, o 5G ainda é instável. Isso porque não trabalha em conjunto com um serviço que entregue um bom processamento de dados. “Um sistema 4G, por exemplo, pode suportar até 2 mil dispositivos ativos em um quilômetro quadrado. Por outro lado, os novíssimos padrões 5G foram projetados para trabalhar com até 100 mil equipamentos ativos na mesma quantidade de espaço – e ainda está em andamento um trabalho para aproximar esse suporte de, em média, 1 milhão de dispositivos”, comenta Wallique Igor Belmiro, analista de Produto da Eaton.
Com os dispositivos de IoT e o crescimento contínuo de aparelhos pessoais, há, mais do que nunca, uma exigência por conexões eficientes. A Edge Computing deve entrar nesse ambiente como uma mediadora entre a fonte geradora de dados e a nuvem, visando diminuir a latência no tráfego de informações. “A tecnologia processa e filtra os dados localmente, garantindo maior proteção e melhoria na velocidade das redes 5G”, afirma Ana Gabriela.
Mesmo com o cenário otimista, as redes 5G ainda não são usadas em massa ao redor do mundo. “O ideal seria que tivéssemos um pequeno centro de dados de processamento para cada torre de celular. Mas deve levar algum tempo até termos total acesso à quinta geração de internet móvel. Estimo algo entre três e cinco anos”, destaca Rafael Garrido, Country Manager da Vertiv Brasil. A implementação da Edge Computing, entretanto, já está em andamento – inclusive com soluções implementadas no mercado brasileiro.
Como funciona a Edge Computing
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APLICAÇÕES NO BRASIL
“Até o momento, os grandes players de processamento concentravam suas estruturas em uma região específica do Brasil. Agora, estamos falando de uma proposta em que os centros de dados vão ficar espalhados pelo País todo. Para isso, a estrutura do serviço vai ter de ser capacitada e pulverizada, não mais centralizada”, diz Garrido.
A Edge Computing é justamente a chave nesse processo de descentralização. Segundo o especialista da Vertiv, hoje, cerca de 100 soluções do tipo estão instaladas pelo Brasil. Elas foram implementadas entre 2018 e 2019 principalmente por provedores de internet e operadoras de telecomunicações.
Quem foge da estatística, porém, é a empresa de alimentos e bebidas Nestlé, que investiu em um sistema para monitorar, diretamente de sua sede em São Paulo (SP), suas salas de servidores espalhadas pelo País. A tecnologia, desenvolvida em parceria com a Schneider Electric Brasil, analisa equipamentos de TI em tempo real e ainda garante a proteção contra ameaças físicas, riscos ambientais e erros humanos que possam prejudicar ou interromper as operações.
“A Edge Computing é aplicável em vários segmentos. Tanto é que, mesmo sem estar sendo usada com as redes 5G, já é possível vê-la melhorando a qualidade e a velocidade do processamento de dados em diferentes setores”, afirma Garrido.
De acordo com o profissional, quem quiser ter sucesso com a Edge Computing deve pensar em uma estratégia que vá além de aplicar a tecnologia. “O segredo está no meio que você vai usar para chegar à ponta e como você vai suportar o serviço depois que isso estiver espalhado pelo País”, conta. Empresas como Vertiv, Eaton e Schneider Electric já estão trabalhando na capacitação da tecnologia e podem auxiliar nesse caminho.
PANORAMA DO 5G
À medida que o número de usuários mobile aumenta, as redes móveis precisam se adaptar às novas exigências do mercado. Tanto é que o 3G tem velocidade de download de até 2 Mbps. O 4G aumentou-a para 5 Mbps. No 5G deve chegar a até 20 Mbps.
“Com o crescimento e desenvolvimento das cidades inteligentes, que visam à conexão massiva de dispositivos móveis conectados, torna-se necessária uma rede que consiga disponibilizar internet a todos que estejam em seu alcance e sem perda de qualidade. A rede 5G revisará o setor de tecnologia e servirá como a espinha dorsal da quarta revolução industrial”, afirma Wallique Igor Belmiro, analista de Produto da Eaton.
Só que a tecnologia ainda está em processo de implementação. Alguns mercados estão mais avançados no 5G do que outros. Entre os pioneiros em testes, estão Estados Unidos, China, Coreia do Sul e Uruguai. Este último, inclusive, tem uma operadora móvel com a tecnologia pronta, mas não existem celulares preparados para recebê-la.
“Até o final de 2020, mais de um quinto dos países do mundo lançará serviços 5G”, aponta Belmiro. “A corrida para liderar o desenvolvimento e a implantação da tecnologia é prioridade para muitas nações. Isso porque quem adotar a quinta geração de internet móvel primeiro terá a oportunidade de moldar o futuro das telecomunicações, estabelecendo padrões globais”, completa o especialista.
Em relação ao Brasil, o investimento ainda é tímido. Existe apenas um movimento inicial das operadoras de telefonia, que estão discutindo soluções e diferentes métodos de implementação.