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#TechTrends2020

O FUTURO DA TECNOLOGIA NA VISÃO DOS MAIORES CEOS DO BRASIL

A companhar as principais tendências tecnológicas e saber aplicá-las na rotina das empresas é uma das chaves para obter sucesso comercial e estar sempre alinhado às necessidades do mercado. Atualmente, é possível observar uma série de novidades digitais que chegaram para ficar e devem impactar companhias brasileiras ao longo dos próximos anos.

Apesar de serem bastante conhecidas e usadas, tecnologias como inteligência artificial (IA), virtualização e cloud são algumas das aplicações que devem aparecer cada vez mais no dia a dia das organizações brasileiras. A expectativa é a de que, em 2020, empresas também invistam mais nas vantagens oferecidas por recursos como o novo modelo de compra de TI, as comunicações e colaborações unificadas e a hiperconvergência.

Nesta reportagem, CEOs das maiores empresas do País comentam a importância dessas tecnologias e suas maiores vantagens. Além disso, os especialistas falam sobre o panorama do mercado e as expectativas para 2020 e o futuro.

COMUNICAÇÃO CORPORATIVA INTEGRADA

Integrar sistemas de comunicação corporativa já é realidade graças ao conceito de Unified Communications and Collaboration (UCC – Comunicações e Colaborações Unificadas). Essa tecnologia é capaz de unir recursos poderosos para empresas, como SMS, informações de presença, voz (incluindo telefonia IP), recursos de mobilidade (como mobilidade de extensão e alcance de número único), áudio, web e videoconferência, além de convergência fixo-móvel (FMC).

Jairo Rozenblit, presidente da Logitech Brasil

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Jairo Rozenblit, presidente da Logitech Brasil, destaca que o conceito de UCC engloba também o compartilhamento de área de trabalho, dos dados (incluindo quadros interativos eletrônicos conectados à web), do controle de chamadas e do reconhecimento de fala com serviços de comunicação em tempo não real.

“Hoje, a Logitech foca mais a solução de videoconferência, que usa o pacote de comunicação unificada. A empresa tem desde equipamentos que se conectam de forma wireless à sala, como headsets, mouses e teclados, até câmeras e soluções de automação”, afirma Jairo.

Vale destacar que os equipamentos desenvolvidos pela empresa apresentam integração com soluções como Microsoft Teams, Google Hangouts e Zoom. “Além de aumentar a produtividade e promover relacionamentos mais fortes e conectados entre funcionários, clientes e fornecedores, a colaboração por vídeo pode ajudar as empresas a reduzir custos de viagem”, destaca o especialista.

A previsão é que a tecnologia continue a ser desenvolvida e ampliada, sempre com foco em soluções cada vez mais wireless, com alta qualidade de vídeo e som e com recursos mais simples e fáceis de serem controlados pelo usuário final. Jairo destaca ainda duas tendências que já podem ser observadas em algumas empresas. A primeira é o investimento em salas pequenas de videoconferência, que aparece junto ao crescimento do conceito Anywhere Office e dos espaços de coworking. Já a segunda tem a ver com sistemas de videoconferências baseados na nuvem. Com eles, é possível usar qualquer device para participar de reuniões remotamente, independentemente do tipo de conexão e do espaço físico.

TECNOLOGIA CADA VEZ MAIS INTELIGENTE

Seja em um dispositivo de casa, seja em um setor de uma empresa, as tecnologias que usam inteligência artificial são capazes de oferecer vários tipos de benefícios. “Diferentemente da computação clássica, em que você programa um sistema para executar determinadas tarefas, a IA é um ramo da ciência da computação que se propõe a criar sistemas e dispositivos que simulam a capacidade humana de raciocinar, aprender, tomar decisões e resolver problemas simples ou complexos”, afirma Tonny Martins, presidente da IBM Brasil.

IBM WATSON FOI UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS POR DEMOCRATIZAR A IA E JÁ É USADO EM PROJETOS DE VÁRIAS ÁREAS DO MERCADO

Tonny Martins, presidente da IBM Brasil

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O Watson, plataforma de inteligência artificial em nuvem da IBM, é um dos maiores exemplos práticos desse segmento. Ele foi um dos responsáveis por democratizar a IA e já é usado em projetos de diferentes áreas do mercado.

“No campo da saúde, por exemplo, existem programas que conseguem fazer a análise de milhares de exames e ajudar os profissionais de medicina a determinar diagnósticos médicos mais precisos”, diz o presidente da IBM Brasil. “Também é possível ver a tecnologia em bancos, na área de atendimento ao cliente, e em RH, na parte de recrutamento. No varejo, ela é usada na personalização de serviços e produtos com base no entendimento e na análise do padrão de compras do consumidor”, completa. O especialista ressalta que, segundo estudo da McKinsey, essas tecnologias inteligentes contribuirão com mais de US$ 15,7 trilhões para a economia global até 2030. “Cerca de 70% das empresas do mundo adotarão, pelo menos, uma forma de aplicação de IA em seus negócios e suas operações”, explica.

“IA É UM RAMO QUE SE PROPÕE A CRIAR SISTEMAS E DISPOSITIVOS QUE SIMULAM A CAPACIDADE HUMANA”

Em parceria com a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a IBM anunciou a criação do mais avançado Centro de Pesquisa de Engenharia em Inteligência Artificial do Brasil, que deve ajudar a desenvolver a tecnologia no País. A iniciativa vai explorar avanços científicos e o potencial da IA em diferentes segmentos do mercado, como recursos naturais, agronegócio, meio ambiente, telecom, finanças e saúde.

SOLUÇÕES NA NUVEM

A tecnologia de cloud oferece uma série de possibilidades para empresas, desde análise de grandes volumes de dados até machine learning. A Microsoft, uma das grandes referências da área, acredita que a nuvem é um dos maiores motores tecnológicos da transformação digital.

Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, explica que segurança e agilidade são alguns dos grandes trunfos do cloud. “Também é importante ressaltar as vantagens do ambiente de trabalho moderno, que traz mais colaboração por meio da nuvem, além de permitir que informações gerenciáveis sejam acessadas de qualquer lugar, quando for preciso, trazendo ganhos para a produtividade”, diz.

Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil

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Para ela, a era da nuvem e da fronteira inteligente já é uma realidade no nosso mercado – e está sendo definida por três mudanças fundamentais. A primeira é que a computação é mais poderosa e onipresente desde a nuvem até a fronteira. A segunda tem a ver com as capacidades de inteligência artificial, que estão avançando rapidamente por meio da percepção e da cognição, alimentadas por dados e conhecimento do mundo. Por último, os mundos físico e virtual estão se unindo para criar experiências mais ricas que compreendem o contexto com foco nas pessoas.

“Todo projeto de inovação passa pela utilização das últimas tecnologias disponíveis. Nesse sentido, a nuvem apresenta a melhor opção, pois permite ao cliente testar as ferramentas antes da adoção bem como substituí-las caso uma opção mais eficiente apareça”, diz Tânia. Ela avalia que os próximos anos serão marcados por uma aceleração do mercado, sobretudo em iniciativas inovadoras, já que o Brasil tem bastante maturidade e adaptabilidade quando o assunto é a adoção de novas tecnologias.

DATA CENTER MODERNO

Recomendada para empresas de todos os portes e de diferentes setores, a hiperconvergência é uma tecnologia que permite otimizar o Data Center. Com ela, é possível reduzir a complexidade e o custo total de propriedade (TCO), obtendo mais agilidade, flexibilidade e escalabilidade.

“A hiperconvergência combina, de forma nativa, armazenamento, processamento e virtualização em um único sistema, além do gerenciamento simplificado e centralizado dos ambientes virtuais via interface única”, explica Ricardo Brognoli, presidente da HPE no Brasil. Segundo o profissional, esses sistemas aproveitam a inteligência definida por software para eliminar os silos de TI tradicionais do data center, o que por si só já é um grande benefício – com a tecnologia, é possível reduzir o tamanho do data center em média de 10:1.

Ricardo Brognoli, presidente da HPE no Brasil

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“Há vários outros benefícios que a implantação de sistemas hiperconvergentes garante para as empresas, como agilidade e eficácia operacional, segurança e proteção de dados com redundância, backup e recuperação de desastres integrados”, ressalta Brognoli. Capacidade de expansão e escalabilidade simplificadas com uma abordagem expansível em blocos, gerenciamento centralizado, economia de espaço e consumo de energia no data center também figuram entre as principais vantagens.

Brognoli comenta que o principal fator que incentiva a adoção dessa tecnologia é a simplicidade. “Nesse sentido, os benefícios são claros e tangíveis. Com a hiperconvergência, as equipes de TI se afastam da necessidade de criar e gerenciar ilhas de recursos, e podem colocar mais foco na empresa e nos negócios”, diz.

Com base em projeções de mercado e análises da própria HPE, o especialista acredita que haverá forte crescimento na adoção das soluções de hiperconvergência nos próximos anos. Trata-se de uma tendência sem volta.

“Obviamente, o desempenho da economia brasileira e a taxa de câmbio podem influenciar a velocidade, porém não há dúvidas de que teremos crescimento, assim como uma importante expansão da base instalada das plataformas atuais”, finaliza.

SISTEMAS VIRTUALIZADOS

A economia digital já é uma realidade na vida das pessoas e das empresas brasileiras. Quando o assunto é transporte, por exemplo, é só usar a tecnologia para chamar um carro de aplicativo. Na área das finanças, basta ter um software no celular para controlar contas, investimentos e movimentações financeiras. A saúde também migrou para o mundo virtual, com plataformas que permitem agendar consultas pela internet e até fazer acompanhamentos à distância. “Não dá para falar em transformação digital das empresas sem pensar em fazer a fundação, que é virtualizar”, destaca José Duarte, presidente da VMware Brasil. Ele acredita que as companhias precisam se apoderar dessas tecnologias para se manterem fortes no mercado, aproveitando diversas vantagens para oferecer o melhor serviço possível aos clientes.

“Por meio da virtualização, maximizamos o uso da infraestrutura. Isso significa, no mínimo, uma redução tanto de Opex como de Capex”, comenta Duarte. Ele também destaca os benefícios econômicos para as áreas de TI e negócios das companhias, que conseguem usar a tecnologia para lançar mais serviços e aumentar as vendas. Segurança e atendimento ao cliente também figuram entre os fatores impactados positivamente.

José Duarte, presidente da VMware Brasil

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“NÃO DÁ PARA FALAR EM TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DAS EMPRESAS SEM PENSAR EM VIRTUALIZAR”

Segundo o profissional, a virtualização de computação é a mais consolidada no Brasil. “Entretanto, estamos avançando na área de virtualização de redes e armazenamento. Tivemos um progresso bastante considerável em 2019”, explica.

“O conceito já está consolidado e os benefícios também. Hoje, o mercado percebe que esse é o caminho. Estar com uma base virtualizada, por exemplo, é fundamental para pavimentar o caminho para cloud e explorar todos os benefícios da nuvem”, afirma Duarte. “Agora, é uma questão de adoção. A tecnologia não é mais uma barreira. O quanto as empresas têm vontade e como serão capazes de adotá-la para transformar seus negócios é a dúvida.”

SEGURANÇA DIGITAL

Digitalizar dados e processos é uma tendência já adotada por empresas de todos os portes. Entretanto, é preciso ficar atento à segurança dessas informações, já que existe uma série de ameaças digitais projetadas especificamente para atingir companhias.

Laércio Albuquerque, presidente da Cisco do Brasil, explica que, atualmente, o sucesso de uma ameaça digital está ligado a três fatores principais: ser desconhecida (no todo ou em parte), ser controlada remotamente pelo seu criador, e se aproveitar das brechas deixadas por produtos isolados de segurança. Para ele, a melhor estratégia para lidar com isso é apostar em sistemas de segurança da informação com arquitetura integrada.

Laércio Albuquerque, presidente da Cisco do Brasil

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É PRECISO FICAR MUITO ATENTO À SEGURANÇA DAS INFORMAÇÕES, JÁ QUE EXISTE UMA SÉRIE DE AMEAÇAS DIGITAIS FEITAS ESPECIFICAMENTE PARA ATINGIR COMPANHIAS

“O primeiro passo é ter visibilidade total sobre usuários, dispositivos, rede e aplicações, estejam estes últimos na empresa fisicamente ou na nuvem”, afirma o especialista. “Os sistemas de monitoramento detectam comportamentos suspeitos e colaboram com outros sistemas de firewall, IPS, segurança de web e e-mail, para confirmar o ataque”, completa. As companhias também devem investir no conceito zero trust (confiança zero), que funciona como uma ação proativa. Com isso, mesmo que um malware esteja na rede, seu acesso aos ativos é impossibilitado ou, no mínimo, dificultado.

“Além disso, é preciso impedir que o malware se comunique com seu criador e se atualize. A dificuldade nessa tarefa, antes trivial, é que o software malicioso pode estar em qualquer lugar, em um telefone, em um tablet ou em um laptop. Por isso, o bloqueio precisa estar também distribuído”, destaca Albuquerque. “Por fim, é necessário identificar o ponto de entrada do ataque (o “paciente zero”) e o método usado, para eliminá-lo completamente da rede no menor tempo possível e com menos impacto aos negócios”, completa.

AS COMPANHIAS DEVEM INVESTIR NO CONCEITO ZERO TRUST, QUE FUNCIONA COMO UMA AÇÃO PROATIVA DE SEGURANÇA DIGITAL

O especialista acredita que os métodos de invasão usados pelos criminosos cibernéticos continuarão a evoluir nos próximos anos. “Do lado das empresas, o futuro estará em uma segurança

preemptiva, respaldada por inteligência artificial e de ameaças, que atue como componente da rede, da nuvem e das aplicações, invisível ao usuário e capaz de rapidamente reverter uma situação de ataque”, finaliza o presidente da Cisco.

TI DO FUTURO

Com as mudanças da tecnologia e do mercado, muitas organizações estão transferindo seus workloads do time de TI para infraestruturas híbridas em nuvem. Por isso, é possível contratar equipes ou empresas especializadas no gerenciamento de sua infraestrutura de tecnologia na nuvem, garantindo melhor operação e distribuição dos ativos e também respostas rápidas para problemas. Esse processo é conhecido como IT as a Service (TI como Serviço).

“Hoje, uma empresa de médio porte que necessite atualizar seu parque de servidores e storages precisaria de um investimento significativo em novos produtos de TI, além de exaustivos processos burocráticos e aprovações internas”, conta Luis Lourenço, VP & Brazil Chief Executive da Ingram Micro. “Trabalhando com o modelo ‘as a service’, com poucos cliques, ou em questão de minutos, as equipes de TI podem entregar um novo ambiente, totalmente virtualizado e seguro, para atender aos padrões de crescimento da companhia, sem precisar passar por tantos processos”, completa.

Luis Lourenço, VP & Brazil Chief Executive da Ingram Micro

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QUEM TERCEIRIZA AS INFRAESTRUTURAS DE TI TAMBÉM TERCEIRIZA A ÁREA DE PROTEÇÃO DA EMPRESA

O presidente da Ingram Micro no Brasil destaca que o IT as a Service permite que as empresas deixem de fazer grandes investimentos em produtos físicos e concentrem esforços e capital de investimento para áreas mais críticas, gastando com TI apenas conforme o uso. “Outro ponto importante é a segurança que esse modelo proporciona para os negócios. Quem terceiriza as infraestruturas de TI também terceiriza a proteção, que fica sob os cuidados de especialistas que realmente entendem do assunto e estão preparados para combater ataques, falhas e malwares”, explica Luis.

IT AS A SERVICE EVITA INVESTIMENTOS COM PRODUTOS FÍSICOS E PERMITE QUE AS EMPRESAS GASTEM COM TI CONFORME O USO

Segundo estimativa recente do IDC, o mercado de Cloud Pública chegaria a US$ 2,6 bilhões até o final de 2019, além de uma projeção de crescimento anual de 35%, que poderia atingir US$ 6,5 bilhões até o final de 2022. “Todos esses números são oportunidades de negócio para nós e para os canais parceiros, uma vez que o mercado brasileiro de TI como Serviço ainda não está totalmente consolidado. Por esse motivo, temos feito investimentos constantes em nossa plataforma Ingram Micro Cloud Marketplace, que beneficia os fabricantes e canais com o modelo de IaaS, SaaS e PaaS. Por meio dela, o parceiro consegue, de forma ágil e intuitiva, adquirir licenças e soluções para seus clientes. Tudo isso de maneira escalável, rápida e segura”, finaliza.

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