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Pós-Leitura

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Aprofundamento

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PÓS-LEITURA

Atividade 1

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Leia a seguinte passagem retirada da Primeira Parte do livro:

Quando [Alvarenga Peixoto] apeou, estava acompanhado de Toinho, o fiel escravo, jovem e sorridente, que mantinha com o seu senhor uma conversação de leal amigo. – Então, Toinho, terras boas ou não? – perguntou. – Claro, muito boa, aqui dá o que o siô qué! – respondeu o rapaz, apalpando a terra, examinando o bocado que retirara do chão. – Verdade, não mente? Olha que esta é a terceira fazenda que adquiro porque você concorda. Toinho sorriu e assentiu. – Em uma delas o siô vai encontra o ouro. Não é siô, o ouro que qué, não? Alvarenga aproximou-se do rapaz e abraçou-o dizendo convicto: – Você é meu amigo, não meu escravo, e logo resolverei isso! – prometeu. – A carta! Terei finalmente a carta? – Pois sim, a carta, porque os amigos não prendem uns aos outros senão pelos lações da amizade! Toinho olhou-o firmemente e permaneceram instantes ainda abraçados. – Sabe, siô? – Que é?

– Sabe que bem que eu gostaria que o siô me fizesse também seus versos, em poema, siô? Alvarenga olhou-o intrigado. – Que foi? – Um poema? Você quer? – Quero sim, quando o siô quisé me dá! – Sim. Você terá um poema! [...]

(p. 57-8)

Agora, converse com os alunos: quem são os personagens envolvidos nessa situação comunicativa? Por que o autor faz uso do registro mais próximo da linguagem falada para um deles? Essa escolha deliberada do autor procura revelar algo da caracterização de cada personagem envolvida na fala? O que o registro da fala revela de cada um deles?

Por fim, procure fazer com que, em lugar do poeta Alvarenga Peixoto, os estudantes escrevam o poema solicitado pelo personagem Toinho. Temas como racismo, escravidão e liberdade devem fazer parte da construção textual elaborada por eles.

Atividade 2

Como existem vários tipos de produção literária, coube à crítica agrupá-los de acordo com suas características comuns. São os chamados gêneros literários.

Entende-se ser possível classificar como romance histórico o livro Os inconfidentes: uma história de amor e liberdade. Isso em razão da existência de focos narrativos diversos, vários personagens e momentos de tensão que são resolvidos ao longo da narrativa. No entanto,

são muitos os gêneros que possibilitam narrar uma história, entre eles a carta e até mesmo as histórias em quadrinhos.

Com isso em mente, leia o seguinte trecho do romance:

Minha amada Bárbara, Como posso esquecer encantos tão formidáveis, a alegria de sua companhia, a sua voz macia, serena em meus ouvidos? O meu amor ainda não esmoreceu e ainda nutro a esperança de revê-la. Minha amada Bárbara, os seus olhos me são guias na escuridão que me encontro; o seu sorriso, o entusiasmo que perdi há muito; a sua boca, a alegria de um homem solitário. Ainda escuto sua voz e a saudade me aperta o peito. É dor tão pungente que sinto meus ossos, minha carne desfalecerem. É saudade sua, minha amada, minha alegria, meu bem guardado nas Minas Gerais! Saudade de todos, das crianças, de nossos filhos, daqueles domingos guardados na alegria constante da família, de nossos carinhos, de nossa ternura. Amada Bárbara, estendo minhas mãos para pedir a bênção de Deus, do Senhor a você, aos meus! A distância não nos separou, mas mais aproximou. Não desanime. Ânimo, eu estou de pé e beijo vocês todos, meus amados! Parto para longe, contudo meu espírito se alarga e voa ao encontro dos meus…

Com muito e muito amor, Inácio José de Alvarenga Peixoto

(p. 169-170)

Nesta atividade, peça aos alunos que façam uma interpretação da passagem reproduzida acima. Qual o motivo da distância entre Alvarenga Peixoto e Bárbara Heliodora? Por que o autor optou por esse registro linguístico na passagem?

Em seguida, tendo como texto motivador a carta, pode-se propor aos alunos que façam a transposição do gênero carta para um outro gênero textual.

A fim de criar o ambiente de separação e exílio em terras estrangeiras, os estudantes terão que refletir não somente sobre o estado de espírito da personagem, mas fazer uma pesquisa sobre as condições de exílio em um país estrangeiro.

Eles podem criar um narrador em terceira ou em primeira pessoa e se colocarem no lugar de Alvarenga Peixoto, refletindo sobre suas aflições em meio a uma terra que lhe é estranha. Outros detalhes, como as condições do degredo, os cenários e as paisagens, podem figurar em uma história em quadrinhos, por exemplo.

Nesta atividade, o que vale é que o professor explore as potencialidades dos gêneros textuais, literários e imagéticos junto aos estudantes.

Atividade 3

Leia a seguinte passagem do primeiro capítulo de Os inconfidentes: uma história de amor e liberdade:

O som melodioso do piano impregnava todo o interior e os arredores da casa. Além dos mosquitos que infestavam a larga e circundante varanda, o calor sufocante adentrava pela janela no movimentado salão, não impedindo a jovem Bárbara de ser a atração fascinante da festa. –Soube que o senhor também é poeta, é verdade? – perguntou ao aproximar-se mais uma vez de Alvarenga, que conversava com Cláudio Manuel da Costa. Enquanto o primeiro encheu o peito, contente, o outro se sentiu constrangido e cerrou as espessas sobrancelhas. Sorrindo satisfeito, Alvarenga cruzou os braços e confirmou: –Sim, sou poeta. Escrevo alguns versos de inspiração clássica, como um novo Horácio. –Ou Ovídio, não é mesmo? – acrescentou dr. Cláudio, olhando Bárbara, intimidado. –Você lê? Gosta de poesia? – Alvarenga perguntou interessado. –Leio, leio até demais! Creio que as mulheres deveriam ler mais! –Para quê? – intrometeu-se dr. Cláudio. – Ora, para quê?! Porque assim não ficariam tão submissas e sem ação perante os homens! – respondeu Bárbara de maneira afrontosa.

(p. 26-27)

Nesta atividade, o professor deve, primeiro, lembrar aos alunos quem são os personagens em cena: Bárbara Heliodora, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa. Em seguida, perguntar aos alunos: a fala de Bárbara Heliodora foi pertinente? Por que, naquele tempo, esperava-se que as mulheres se limitassem aos afazeres domésticos? A leitura e a expressão literária podem romper com esse preceito?

Além disso, você pode propor aos alunos uma produção textual em que os papéis sociais do masculino e do feminino estejam em análise: Qual o papel do homem e da mulher na sociedade de hoje?

Sendo assim, esta atividade de produção textual irá proporcionar, por meio do texto argumentativo, que os alunos vejam, em perspectiva, uma estrutura social arcaica contra uma nova maneira de enxergar os papéis de gênero no mundo. Lembre os seus alunos das conquistas que as mulheres obtiveram em processos históricos recentes: a possibilidade de votar e de se ver representada na política, a conquista ainda em movimento de igualdade salarial e a ocupação de cargos diretivos no mundo contemporâneo.

Cumpre reforçar que um texto argumentativo exige uma contextualização — e a fala e o exemplo de Bárbara Heliodora podem e devem fazer parte do texto do aluno.

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