Pós-leitura

nista. Ela se vê diante de um desafio: enfrentar a resistência social para acompanhar as reuniões sigilosas, os eventos e, por fim, a irrupção que culminou no processo conhecido como Inconfidência Mineira (1789).

São várias os personagens históricos retratados pelo livro, entre eles, membros da corte portuguesa — D. José I e D. Maria I de Portugal, e seu filho, futuro imperador do Brasil, D. João VI de Portugal — e os próprios heróis da Inconfidência Mineira, entre eles, Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.

Para os estudantes, seria importante que o professor destacasse que todo livro estabelece um diálogo com a sociedade, e isso independe do seu tempo histórico. Assim, a obra torna possível criar diálogos entre realidade e ficção literária, bem como conhecer os vários retratos da sociedade brasileira, seja por aquilo que é retratado pelo livro, seja por sua relação com a nossa sociedade hoje.

PÓS-LEITURA

Atividade 1

Leia a seguinte passagem extraída do livro:

[...] Tomás sorria, e os seus dentes perfeitamente perfilados brilhavam à luz do candeeiro próximo. –Haja casas que aguentem este aguaceiro! – exclamou Joaquim, tenso. –Ora, meus senhores, a tempestade também é obra do Criador – afirmou Gonzaga, risonho.

Silvério dos Reis contraiu-se em reação a mais um estouro, e o dr. Silveira encolheu-se junto ao filho quando intensa luz clareou a sala. Cláudio Manuel olhava atento e apenas persignou-se. José de Alvarenga pôs-se de pé, andou alguns passos com os braços unidos para trás. Andava pensativo. –É da França que devemos ter inspiração; é de lá que devemos alimentar a esperança – disse com voz arrastada, reflexivo. –É mesmo, doutor, é de lá. Lá temos pensadores, filósofos que questionam esse poder absoluto dos reis, dos príncipes e monarcas – ajuntou Cláudio Manuel. O feio Rolim ergueu a cabeça triangular e, com a sua voz de timbre rouco, acrescentou: –Sim, o nome de Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e d’Alembert devem ser nossas inspirações! (p. 80-1)

Depois, converse com seus alunos sobre a importância das personagens na construção de um ideário nacional. É por meio de figuras históricas que o cidadão passa a entender a sua atuação no processo histórico que forma uma nação. Em seguida, com os estudantes, recolha os nomes das figuras marcadas em negrito e outros que, durante a leitura, você e seus estudantes puderam reconhecer.

Procure fazer com que os estudantes relacionem os nomes levantados nesta atividade com as matérias vistas pelas aulas de sua disciplina: quem são essas figuras ilustres? Como elas contribuíram na criação de uma identidade nacional no Brasil ou em seus respectivos

países de origem? Como o pensamento iluminista contribuiu para a formação dos Estados-Nação e qual o seu papel na construção de uma cidadania? Em seguida à pesquisa das figuras históricas citadas no livro, realizada pelos alunos, procure fazer com que a divulgação desse trabalho seja realizada por meios físicos ou até mesmo digitais, como, por exemplo, mediante criação de um painel virtual nas redes sociais.

Atividade 2

Observe a imagem e leia o trecho a seguir para realizar essa atividade:

AMÉRICO, Pedro (1843-1905). Tiradentes Esquartejado (1893). Disponível em: <https://commons. wikimedia.org/w/index.php?curid=35350380>. Acesso em: 07 fev. 2021.

[...] Gritos e uma contagiante alegria atravessaram as largas paredes da fortaleza. A notícia feliz de que a rainha fora clemente e, em carta, perdoou a todos. Não seriam enforcados, decapitados e esquartejados, mas degredados para a África.

A notícia surpreendeu deveras, porque a noite anterior tinha sido mergulhada em angústias e grandes aflições. Homens perambulavam pelas celas, desconsolados, outros gemiam, gritavam e batiam a cabeça na parede, amaldiçoando sua sorte, gritando a Deus por misericórdia.

Alvarenga e Tomás, embora não tivessem dormido, permaneceram deitados, olhos fixos no teto, vigiando um ao outro, temerosos de atitudes extremas contra a vida.

Com os primeiros raios de sol, nesgas fugidias que penetravam no ambiente, veio a notícia alvissareira, se assim se pode acreditar: não seriam executados, mas deveriam se submeter ao degredo.

Mas a alegria durou pouco, quando souberam que haveria uma execução. Uma única execução: o alferes

Joaquim José da Silva Xavier, de alcunha Tiradentes, que assumiu durante os interrogatórios a responsabilidade do movimento, seria enforcado; seu corpo, esquartejado, a cabeça, cortada e exibida no centro de

Vila Rica.

(p. 163)

Com base na leitura do trecho do livro, o professor deve propor aos alunos uma leitura interpretativa da imagem do pintor Pedro Américo (1843-1905). Nesta atividade, é importante que o professor chame a atenção dos alunos para as escolhas deliberadas do pintor: a imagem do herói associada ao mártir cristão, a disposição do corpo de Tiradentes formando o mapa do Brasil, a construção da identidade nacional por meio da figuração dos heróis da Pátria. Espera-se que os alunos consigam, em análises visuais, formar um ponto de vista a ser defendido e retomem o contexto histórico retratado no livro.

Atividade 3

Fonte: Institucional – Procuradoria Geral da Mulher. Disponível em: <https://www12.senado. leg.br/institucional/procuradoria/comum/gravidez-precoce-ainda-e-alta-mostram-dados>. Acesso em: 31 jan. 2021.

Acolhido em casa de José Silveira e na companhia de moça tão cativante, José de Alvarenga não se conteve. Em poucos meses, pela vasta casa, ouviu-se o comentário de que Bárbara não tinha mais uma barriga perfeita.

–Que aconteceu? – perguntou o pai. –Ela está grávida! – respondeu a mãe. O homem abriu a boca e não conseguiu fechá-la. Com as mãos na cintura, d. Josefa acrescentou: –Agora não tem mais jeito, o caso é logo casar e calar a boca do povo! – disse e retirou-se afoita, sem olhar o marido, que se encostava à parede, atônito. –Bárbara, grávida…? – murmurava o pai. Mas logo recuperou-se e soltou um forte grito. Os filhos foram lhe acudir: –Pai, que é isto? – espantou-se Joaquim. –Onde está o Alvarenga? –No trabalho, pai – sossegou-o Francisca. –Quero ele aqui! – esbravejou. Todos se calaram, então entraram Bárbara e Ana. –Papai, o que houve? O que quer com o José? – quis saber. –Quero saber a verdade, Bárbara. A verdade, entende? (p. 52-53)

A passagem do livro relata os momentos em que o leitor toma parte de que Bárbara Heliodora engravida, antes do casamento. A cena é seguida de comentários dos familiares da protagonista, que a princípio responsabilizam exclusivamente a mulher pela situação.

Nesta atividade, o professor deve propor aos alunos uma leitura interpretativa do gráfico e do texto acerca do tema: “Quais são as medidas mais eficazes para conscientizar os adolescentes sobre a gravidez precoce?”.

Nessa atividade de produção textual, é importante que os alunos exponham, em textos argumentativos, um ponto de vista a ser defendido e retomem o contexto histórico retratado no livro. Da mesma forma, procure fazer com que os estudantes façam a leitura do gráfico e pesquisem sites, instituições e demais entidades que promovam campanhas de conscientização sobre a gravidez na adolescência.