O ponto de vista cidadão e a iconografia da avenida Sete de Setembro

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O PONTO DE VISTA CIDADÃO E A ICONOGRAFIA DA AVENIDA SETE DE SETEMBRO EM MANAUS-AM Guilherme Bentes da Silva1

RESUMO: O crescimento de pesquisas sobre cidade na Amazônia tem sido fonte de inspiração para a criação de vários projetos que valorizam a cidade e exploram suas variações e interpretações. O projeto Design, identidade e imagem da cidade: estudos iconográficos na região metropolitana de Manaus – AM é realizado com o intuito de análise, catalogação e identificação de elementos iconográficos para construção de metodologias, valorização e importância dos monumentos históricos e patrimônios que cada município apresenta. O projeto conta com uma ficha para a observação da cidade e trabalha com pesquisa de campo para coleta e registro das informações, além da leitura e análise de teóricos que dialogam com o olhar cidadão, a cidade de várias interpretações e a alma encantadora das ruas. Neste presente estudo, a pesquisa será delimitada a Avenida Sete de Setembro, Manaus-AM, localizada no centro histórico da cidade e conta com vários monumentos históricos, a pesquisa dar-se-á fomentada principalmente no estudo sobre o ponto de vista cidadão que leva em conta quaisquer informações acerca do objeto de pesquisa, além da identificação da iconologia dos monumentos que a avenida apresenta. Por se trata de um estudo ainda em desenvolvimento, há a espera de mais resultados para que possamos executar uma leitura integral conforme o projeto é baseado. Palavras-chave: Imaginário; Iconografia; Sete de Setembro; Manaus.

Introdução Com a ascensão dos estudos sobre cidades amazônicas, várias oportunidades surgiram para o crescimento de mais pesquisas, como os estudos sobre a região metropolitana de Manaus. O projeto Design, identidade e imagem da cidade: estudos iconográficos na região metropolitana de Manaus – AM, ou nomeado Iconografias Urbanas faz parte dessa ascensão e visa a análise, catalogação e identificação dos elementos iconográficos e urbanos da região metropolitana de Manaus-AM.

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Intercidade - UEA, bents.gui@gmail.com. ESCOLA NORMAL SUPERIOR – Coordenação de Geografia. Endereço: Av. Djalma Batista, 2470, Chapada. CEP: 69050-010 MANAUS Fone: +55 (092) 3878-7728


Para esta pesquisa daremos foco à Avenida Sete de Setembro, localizada em Manaus-AM. A avenida fica no centro da cidade e sua extensão percorre a quase todo o bairro, na cidade de Manaus o projeto fará a análise de duas avenidas, uma localizada na área central da cidade e outra na zona leste. Essas escolhas foram feitas para mostrar as diferenças das avenidas de duas áreas distintas da cidade, uma consagrada e outra em desenvolvimento. O projeto icnografias Urbanas visa a criação de metodologias para futuras pesquisas e o mapeamento das identidades, iconografias e o imaginário urbano da metrópole da Amazônia. O projeto também dá importância nos monumentos históricos e patrimônios que cada município apresenta. Além do olhar cidadão que é base para os estudos desta pesquisa, assim a partir do cidadão, que o personagem que percorre, mora, e interage coma rua, poderemos verificar e analisar as propostas de um imaginário e de uma memória. Para construção e valorização da cidade o projeto tem como intuito a criação de um laboratório que visa o contexto amazônico nas suas complexidades de preservação e pesquisa. Enquanto objetivo principal, esta pesquisa visa investigar os imaginários urbanos a partir do ponto de vista cidadão encontrados na Avenida Sete de Setembro, ManausAM e, a partir deste imaginário, fazer a análise iconográfica dos resultados obtidos.

Materiais e Métodos Este estudo é baseado nos ideais do Flâneur de João do Rio (2007) encontrado obra A alma encantadora das ruas e nas pesquisas de Armando Silva (2006) em Imaginários Urbanos sobre o olhar cidadão à cidade. Por Ítalo Calvino (1990) com a obra As cidades invisíveis que exemplificam ideias de diferentes níveis de exploração da cidade, e Panofksy (1996) que discute as teorias de iconografia. Para a aplicação das teorias, algumas pesquisas sobre o município em questão foram feitas para levantamento de dados e familiarização do espaço, além da produção de uma ficha de caracterização da rua, que foi utilizada durante as pesquisas de campo, servindo para organização e posteriormente para análise. Selecionamos nesta pesquisa o imaginário ESCOLA NORMAL SUPERIOR – Coordenação de Geografia. Endereço: Av. Djalma Batista, 2470, Chapada. CEP: 69050-010 MANAUS Fone: +55 (092) 3878-7728


urbano reconhecido pelos cidadãos, que alma teria Avenida Sete de Setembro e quais seus limites iconográficos, também reconhecidos pelos cidadãos. Com isso, investigamos também as teorias do Flâneur temos João do Rio (2007), jornalista que viveu na Belle Èpoque carioca e que traz consigo o olhar investigativo das ruas. Rio tinha um íntimo com a rua e a tratava com uma pessoa, por isso o jornalista por vezes nomeia a rua com uma mulher, companheira e vários outros signos. Tais signos podem ser interpretados como almas, pois o autor deixa claro em sua obra que ruas são dotadas de sentimentos e que todas recebem características diferenciadas. Para tal feito do reconhecimento, João do Rio exercia o ofício do flâneur que consiste em andar pelas ruas sem pretensões, pegaremos essa essência e aplicaremos às pesquisas, o andar livremente pela avenida recolhendo o máximo de informações possível e explorado para encontrar a alma encanadora dessa avenida. Outro conceito a ser explorado é de “Ponto de vista cidadão”, apoiado nas teorias de Armando Silva (2006). Em sua obra o autor parte do preceito que a cidade é construída por seus cidadãos, e que eles a transformam, reconstroem e modificam. Isso diferencia o pesquisador dando voz e vez a quem passa, quem mora e quem trabalha n rua, para o autor o ponto de vista cidadão pode ser entendido como uma série de estratégias discursivas por elas que os cidadãos narram suas histórias e principalmente narram a cidade (SILVA, 2006). Para as questões de cidade Ítalo Calvino (1990) discute sobre as questões de interpretação e caraterística de cada cidade. Aqui visamos o entendimento de que cada pessoa (cidadão) tem uma cidade particular e dela ele adquire as características e visualidades, criando seu ponto de vista, e conceito de cidade e o que cada um passa a entender com seu livre convívio. E por fim tem-se Panofsky (1996) com os estudos de Iconografia que comporta a análise de imagens e de obras de arte fazendo com que a iconografia nesta pesquisa tenha o papel de se analisar e entender as percepções. A rua nesse sentindo comporta inúmeras figuras para a observação e comas metodologias que o projeto Iconografias Urbanas vem trazendo podemos ampliar muito mais os estudos sobre cidade.

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Resultados e discussões Podemos observar alguns aspectos sobre a Avenida, principalmente como os cidadãos a reconhecem e convivem nela. Da ótica do ponto de vista cidadão compreende-se que a rua é reconhecida com “antiga”, “agitada”, “rua da Belle Èpoque”, “onde pego meu ônibus”, "uma rua morta", "com um fluxo agitado de carros" e "onde eu morei". Assim tem-se uma rua de múltiplos sentidos, vista por muitos olhares. Para essa pesquisa foi levado em conta o território que foi feito a entrevista, dando foco no lado histórico da avenida e em contrapartida no lado cotidiano, em que a rua perde tais encantados de uma avenida cuja representação é sempre do período rico da cidade. Do ponto de vista iconográfico a rua comporta um enorme número de monumentos históricos que vai desde o seu nascedouro até perto do seu fim, quando perguntado dos cidadãos sobre esses monumentos poucos sabem citá-los na integra ou sabe de algum fato marcante, assim entendemos como há pouca exploração do manauara sobre sua própria cidade. Os momentos mais corriqueiros são: A Igreja da Matriz, o Palácio Rio Negro, a Praça da Polícia e a Ponte de ferro. Por fim, com o auxílio da pesquisa o projeto Iconografias Urbanas tende a crescer e se torar mais sólidos para futuras pesquisas em cidades da Amazônia. Consolidando seu banco de dados e apresentando resultados para a formação de novos pesquisadores, além de contribuir para a elevação das pesquisas no Amazonas a ponto de se tornar referências em estudos acadêmicas de áreas interdisciplinares.

Referências Bibliográficas: CALVINO, Ítalo. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. PANOFSKY, Erwin. Iconografia e iconologia: uma introdução ao estudo da arte da renascença. Significado nas Artes Visuais. Tradução: Maria Clara F. Kneese e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 1986. RIO, João do. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Martin Claret, 2007 – Coleção obra-prima de cada autor. 262. SILVA, Armando. Imaginários urbanos. Bogotá: Arango Editores, 2006. ESCOLA NORMAL SUPERIOR – Coordenação de Geografia. Endereço: Av. Djalma Batista, 2470, Chapada. CEP: 69050-010 MANAUS Fone: +55 (092) 3878-7728


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