Resumos II SDISCON - Parte 2

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PATRIMÔNIO DE MANAUS: CONCEPÇÃO E VALOR ATRIBUÍDO PELO ALUNO DA REDE PÚBLICA DE ENSINO Welinton Misandro Batista de Farias UEA.wmisandro@gmail.com, Manaus, Brasil. Maria Evany do Nascimento UEA.mednascimento@uea.edu.br, Manaus, Brasil. RESUMO: Em um passeio pelo centro da cidade de Manaus, facilmente se nota a convivência entre antigo e moderno: prédios, monumentos, casarões repletos de história e memória. Mas o patrimônio de Manaus parece estar envolto em um sentimento de perda e de esquecimento, e nesse contexto, indaga-se sobre o que pensam as novas gerações acerca de patrimônio, e indo mais além nessa problematização: como o aluno de escola pública pode compreender aquilo que não conhece, ou mesmo aquilo de que nem sabe da existência? O projeto "Patrimônio de Manaus: concepção e valor atribuído pelo aluno da rede pública de ensino" tem como objetivo analisar as atribuições de valor sobre o patrimônio da cidade de Manaus por parte dos alunos da rede pública do Ensino Fundamental II de duas escolas com dinâmicas pedagógicas e estruturais bastante diferentes entre si: o Colégio Militar de Manaus e a Escola Estadual Eunice Serrano. A ideia central é investigar o que constitui patrimônio para os alunos, discutindo sobre os agentes formadores oficiais desta concepção, utilizando questionários como material de coleta. A partir da leitura de textos basilares, como os ensaios de Pierre Nora, Jacques Le Goff e Peter Burke, pretende-se discutir questões de História, memória e monumento. Os textos de Françoise Choay e Letícia Vianna contribuirão para se debater o conceito e o uso que se faz de patrimônio, bem como a sua classificação como material ou imaterial. Neste contexto, relacionado ao projeto, discutir-se-á o papel da cidade como imaginário urbano, como espaço de patrimônio, das atribuições de valor, responsáveis por construir a identidade, utilizando-se, para isso, dos pensamentos de Armando Silva, Pierre Bourdieu e Giulio Carlo Argan. Palavras-chaves: patrimônio; memória; preservação; aluno; valorização. Introdução O patrimônio público na cidade de Manaus tem sido motivo de discussões nos diferentes sentidos: seja por sua importância histórica, seja pela importância social, o patrimônio precisa ser protegido e cuidado. A concepção de patrimônio precisa ser trabalhada no contexto sócio-cultural, sem o isolarmos do sentido histórico, da formação das cidades e seu desenvolvimento. Com quase vinte e quatro anos atuando no ensino da Arte, tenho percebido a importância dos processos de conscientização dos alunos da rede pública em relação à valorização cultural e ao patrimônio, no sentido material - como as inúmeras construções vistas e admiradas na cidade - ou no sentido imaterial - diversas


formas de expressão que estão se perdendo, histórias que não estão sendo mais contadas e repassadas pelas gerações. É importante investigar, neste contexto, a influência da modernidade e a construção da identidade local, a qual é pautada nos monumentos e manifestações culturais, e quais são os efeitos em relação à percepção do aluno sobre a preservação e conservação do patrimônio.

Objetivo: Objetivo geral: Analisar as atribuições de valor sobre o patrimônio da cidade de Manaus por parte dos alunos da rede pública de ensino. Objetivos específicos: 1) Investigar o que constitui patrimônio para os alunos da rede pública de ensino através da realização de questionário; 2) Discutir sobre os agentes formadores oficiais da concepção de patrimônio; 3) Analisar como se dá o processo de atribuição de valor do patrimônio para os alunos da rede pública de ensino. Metodologia: A metodologia utilizada evidencia-se através do estudo qualitativo de cunho bibliográfico, revisão de literatura centrada em autores que abordam o significado de patrimônio, valor, cidade e outros desdobramentos relativos ao tema abordado. Destaca-se ainda a pesquisa de campo através de entrevistas com os alunos da rede pública de ensino, do Ensino Fundamental II, de duas escolas específicas, que possibilite analisar suas concepções em relação ao patrimônio de Manaus, e o valor que é atribuído ou não a esse patrimônio, buscando assim realizar um levantamento de opiniões e estudar os casos para que se identifique o porquê dos fenômenos. Preferencialmente, as etapas relacionadas à investigação dos fenômenos abordados devem acontecer no ambiente escolar, possibilitando a coleta de dados num ambiente onde o aluno esteja mais à vontade, podendo interagir com outros alunos que desejem compartilhar sobre o tema pesquisado. As escolas escolhidas foram o Colégio Militar de Manaus e a Escola Estadual Eunice Serrano Telles de Souza, escolas que fazem parte do entorno do Centro Histórico de Manaus. Fundamentação Teórica:


O referencial teórico que norteia esta pesquisa está centrado no discurso e no espaço visual da cidade, onde se questionam aspectos do desenvolvimento urbano e se discutem as mensurações de valor, seja no campo histórico, seja no campo estético, que podem ser relacionados ao sentido da valorização, da conservação e a outros aspectos pertencentes à construção visual da cidade e, consequentemente, ao patrimônio. Segundo Choay, a palavra patrimônio originalmente mostrava a ligação das estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no espaço e no tempo, e que foi requalificada por adjetivos como: genético, natural, histórico, dentre outros (cf. 2017, p. 11). Investigar os processos de percepção do aluno da rede pública torna-se essencial, importante e urgente, principalmente na relação conhecer-valorizar-preservar. Argan afirma que, estando estabelecido que projetar é ainda conservar e transmitir (ainda que tão-só nosso sentimento ou nossa vontade de mudar tudo), resta perguntar o que propriamente conserva o urbanismo que projeta o desenvolvimento das cidades. Conserva o que tem valor. Mas o que tem valor? E que tipo de valor? Responde-se em geral: valor estético ou valor histórico, ou um ou outro juntos. Parece óbvio. No entanto, não é, e nem mesmo é certo, tanto assim que inúmeras coisas foram destruídas no passado, como não tendo valor histórico-estético, e que hoje lamentamos a perda de incomparáveis valores histórico-estéticos. (2005, p. 227)

Resultados: A partir do questionário de sondagem aplicado no Colégio Militar de Manaus, no dia 29 de abril de 2019, em uma turma do 7o ano do Ensino Fundamental, percebeu-se que a maioria dos discentes associa patrimônio a um lugar público, ligado a uma entidade governamental. Como afirma o aluno X: "É um local onde alguém tem posse, pode ser do governo, por exemplo". Alguns alunos associaram a noção de patrimônio ao Encontro das Águas, ao rio, e até mesmo a cemitérios. Outros, relacionaram patrimônio com documento, ou mesmo com o seu cotidiano ou um valor econômico.


Conclusão: Essa pesquisa proporcionou momentos de reflexões a respeito das experiências de vida tanto dos alunos quanto dos moradores do bairro. O público-alvo desse projeto foram alunos das turmas de 7º, 8º e 9º anos para atender uma das demandas da disciplina de Língua Portuguesa. Todavia, este projetopode ser aplicado em qualquer turma do Ensino Fundamental ou Médio.

Referências

ARGAN, Giulio Carlo. História da Arte Como História da Cidade. Tradução Pier Luigi Cabra. 5.ed.—São Paulo: Martins Fontes, 2005. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. BURKE, Peter. Testemunha ocular, história e imagem. Tradução de Vera Maria Xavier dos Santos. Bauru: SP/EDUSC, 2004. CHOAY, Francoise. A alegoria do patrimônio. Ed. Unesp, 2001. GONÇALVES, Jose Reginaldo S. Ressonância, Materialidade e Subjetividade: as culturas como patrimônios. In: _ Antropologia dos objetos: coleções, museus e patrimônios. Rio de Janeiro, 2007. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. 2.ed. Centauro, 2006. LE GOFF, J. História e memória. 7.ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2013. NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História. São Paulo: PUC, 1993. SILVA, Armando. Imaginários Urbanos—São Paulo: Perspectiva, 2011. VIANNA, Letícia C. R. Patrimônio Imaterial. In: GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON, Analucia (Orgs.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2016. (verbete). ISBN 978-85-7334-299-4.


NOVA ARQUITETURA DE MUSEUS: INFLUÊNCIAS DA EDIFICAÇÃO NO PROGRAMA MUSEAL E NA RELAÇÃO COM A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA Autor: Jefferson Claudino Pereira Santos

Jefferson Claudino Pereira Santos UEA, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. jcsantos@uea.edu.br, Manaus, Brasil.

RESUMO: Este trabalho visa a discussão sobre a Nova Arquitetura de Museus, tanto como componente transformador do programa museal, como influenciador na construção de identidades culturais dentro do contexto da sociedade contemporânea. Num primeiro momento, é apresentado um panorama do desenvolvimento da arquitetura dos museus, desde suas manifestações primordiais, passando pelas coleções renascentistas e pelo desenvolvimento da tipologia romântica no século XVIII, até os edifícios exuberantes e inovadores da arquitetura contemporânea. A partir de museus elencados, sobretudo construídos nas últimas décadas, é dada a ênfase à discussão sobre a relação entre os aspectos arquitetônicos e o programa museal das instituições, incluindo considerações com respeito à experiência do visitante. Entretanto, o trabalho também contempla a análise destes edifícios que compõem a Nova Arquitetura de Museus como monumentos ou obras de arte em si, que dialogam com o tecido urbano e com a sociedade em que se inserem, e tornam-se ícones emblemáticos capazes de provocar reestruturações urbanísticas e o incremento das atividades culturais e econômicas. Ainda dentro deste contexto, a arquitetura destes edifícios contribuiria para a concepção das cidades como macro-museus, nos quais os marcos da paisagem seriam suas obras em exposição, refletindo as aspirações e o modo de vida da população local. Por fim, é abordada a relação entre esta nova arquitetura e a globalização, e suas marcas na construção de identidades culturais. Palavras-chave: museus; arquitetura; museologia; monumento; identidade.

Introdução


No último século os museus adquiriram para si uma envergadura que os transformaram em pontos nodais de disseminação cultural, provocando, junto com novas tecnologias de comunicação, uma conexão e troca de valores de maneira própria e peculiar. O edifício museal teve sua importância fulgurada principalmente nas últimas décadas, quando por interesses políticos, econômicos e sociais levantaram-se estruturas que chamam a atenção pela utilização de conceitos arquitetônicos ousados, que tanto os destacam como marcos referenciais dentro das cidades. Considerando a ocorrência de diversos fatores, a serem abordados, pressupõe-se o que podemos chamar de Nova Arquitetura de Museus como fruto típico do desenvolvimento contemporâneo; logo, precisamos constatar como esta tendência focada no edifício influencia na própria finalidade do museu.

Objetivo: Discutir sobre a utilização de novos conceitos arquitetônicos na concepção de museus, tanto como elementos transformadores do programa museal, como influenciadores na construção de identidades culturais dentro do contexto da sociedade contemporânea.

Metodologia: Quanto à abordagem, adotou-se o método qualitativo, sendo apropriado para o estudo do comportamento humano, uma vez que preocupa-se em analisar e interpretar em detalhes os seus aspectos (MARCONI e LAKATOS, 2011). Quanto aos objetivos, a pesquisa é descritiva e exploratória, realizada através de levantamento bibliográfico, com base no material publicado e acessível ao público geral.

Fundamentação Teórica: O termo museu possuiu ao longo da história numerosas aplicações e significações. No período renascentista, os museus foram formados e mantidos pelas classes


dominantes, a partir de suas coleções privadas, em função de seus gostos e necessidades (BARRETO, 2002). Durante os séculos XVIII e XIX veremos o desenvolvimento da tipologia de museus, dentro dos princípios racionais e científicos do Iluminismo (GOROVITZ, 2005). A partir do Século XX, a arquitetura passa a interagir diretamente na compreensão do programa do museu e nas suas funções essenciais, e é preparado o caminho para o propositadamente caótico Centro Pompidou em Paris (1976), edifício que inaugura a era dos museus como atração espetacular (FERNÁNDEZ, 1993). Meneses (1993) aponta que os novos museus se erguem como torres em meio ao coração da cidade, capazes de permitir examiná-la em suas contradições, descontinuidades, conflitos e reivindicações. A seletividade da memória em relação ao monumento (e ao museu) é alimentada pelos detalhes de sua história, de sua configuração espacial, de suas atividades, e pelo foco da atenção que estes componentes conseguem obter do indivíduo. É preciso “saber até que ponto, e de que maneira, eles são elementos significativos para os que habitam a cidade” (FREIRE, 1997). A implantação dos novos projetos de museu não pode ser deliberada apenas sob o viés da criação arquitetônica; os museus podem ser apresentados como solução às novas necessidades da sociedade da pós-moderna (HALL, 2006) – e engendram diversos efeitos, incluindo os de ordem político-econômica e questões relativas à sua legitimação. Resultados: Como fatores que podemos elencar para o desenvolvimento da Nova Arquitetura de Museus estão: a ruptura do tradicional enfoque do museu como mero depósito de objetos físicos; a necessidade de criar espaços contemplativos que integrem público e acervo a partir de diferentes perspectivas; a criação de filiais de museus famosos; a monumentalização do edifício, tornando-os frutos visualmente inequívocos da política turística e cultural local; e a ocasião de que se dispõem os arquitetos, para dar asas à imaginação na tarefa de projetar um museu. Conclusão: Mesmo diante do desaquecimento econômico global, e a dispêndio de onerosos recursos para a sua construção, nos últimos anos são abertos novos e emblemáticos


edifícios museais, e com eles a consolidação de novos graus de predominância do edifício como objeto a ser contemplado tanto quanto o acervo. Esta dinâmica traz a necessidade da revitalização do próprio sentido dos museus, do reordenamento de seu papel e de funções, frente às demandas da contemporaneidade.

Referências Bibliográficas: BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural. 3. ed. Rio de Janeiro: Papirus, 2002. FERNÁNDEZ, Luis Alonso. Museologia: introducción a la teoria y práctica del museo. Madri: Ediciones Istmo, 1993. FREIRE, Cristina. Além dos mapas: os monumentos no imaginário urbano contemporâneo. São Paulo: SESC, 1997. GOROVITZ, Matheus. Considerações sobre a arquitetura de museus e suas tipologias. In: Seminário Internacional Museografia e Arquitetura de Museus. Rio de Janeiro: FAU/UFRJ, 2005. HALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade. 11ª edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A problemática da identidade cultural nos museus: de objetivo (de ação) a objeto (de conhecimento). In: Anais do Museu Paulista. Vol. 1. São Paulo: EDUSP, 1993.

Simpósio Temático: N°: 11 Título: A CIDADE E SUA IDENTIDADE VISUAL


Coordenadora: Dra. Maria Evany do Nascimento (PPGLA- UEA) E-mail do simpรณsio: simposio11sdiscon2019@gmail.com


REAVALIAÇÃO DA SINALIZAÇÃO TURÍSTICA NO CENTRO HISTÓRICO DE MANAUS NA PERSPECTIVA DA SEMIÓTICA Luiz Carlos Braga da Silva UEA. luigicarlosbraga@gmail.com. Manaus. AM. Adriane de Felippe Rodrigues UEA. adrianefelippe@gmail.com. Manaus. AM.

Resumo: No setor do Turismo, os signos de informação pública se estabelecem como um importante meio de comunicação por meio das placas turísticas. Reconhece-se a falta de padronização nos sinais gráficos usados para a orientação do usuário em um destino turístico. Logo, um único pictograma moderno pode ser interpretado ou representado de formas diferentes. Tal situação compromete a essência dos signos: a comunicação.Diante disso, propôs-se o levantamento dos signos de informação pública do turismo no Centro Histórico de Manaus, compreendendo cerca de 11 espaços turísticos. O objetivo consistia em inventariar os sinais gráficos usados para a orientação do usuário em um destino turístico, analisando a eficácia comunicativa dos referidos signos no que se refere à informação pública do turismo. Trata-se de uma pesquisa descritiva, uma vez que visa à observação, registro, análise e ordenação dos signos substitutivos empregados no espaço investigado. No que se refere aos procedimentos, consiste em uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa. Como aporte teórico, a investigação pauta-se, nos seguintes teóricos: EPSTEIN (2001); MORRIS (1976); NÖTH (1998); SANTAELLA (1983); WALTHER-BENSE (2000). A pesquisa de comparação dentro do tempo da última coleta de campo e a coleta mais recente ainda está em andamento e os dados coletados estão em fase de análise. Os resultados parciais apontam falhas na sinalização turística adotada, prejudicando a comunicação com os turistas que visitam o Centro Histórico de Manaus. Palavras-chave: pictograma; sinalização; turismo; semiótica.

Introdução: A cidade de Manaus possui uma grande variedade de patrimônios históricos por meio dos quais o turista e o residente local podem conhecer um pouco mais sobre um ciclo econômico muito importante para a história da cidade: a economia da borracha. O acesso a esses atrativos turísticos apresenta certas limitações, pois o indivíduo interessado em conhecê-los não consegue se orientar devido à precariedade da sinalização turística no


centro histórico. As placas de atrativos turísticos indicam aos usuários da via os locais onde os mesmos podem dispor de atrativos turísticos existentes, orientando sobre sua direção ou identificando estes pontos de interesse (MTur, 2016). Conforme o Código Brasileiro de Trânsito, as placas de cor marrom são específicas para sinalização turística e estão espalhadas por toda a cidade, apresentando signos para facilitar a compreensão da mensagem a ser passada. A simbologia adotada pelo setor do Turismo visa orientar o turista, devendo funcionar como um eficiente meio de comunicação. A sinalização, no entanto, nem sempre é adequada, quer pela ausência, quer pela falta de padronização. Propôs-se, dessa forma, o inventário da sinalização turística no centro histórico de Manaus em 2017 e, atualmente, propõe-se uma reavaliação das placas turísticas deste mesmo trajeto com o intento de averiguar se houve mudanças positivas em seus usos. Objetivo: ● Reinventariar os sinais gráficos (linguístico, pictórico ou misto) usados para a orientação do usuário em um destino turístico num trajeto analisado anteriormente. ● Reavaliar a eficácia comunicativa dos símbolos de informação pública do Turismo após dois anos. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva, uma vez que visou à observação, registro, análise e ordenação dos dados. Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem interferência do pesquisador. No que se refere aos procedimentos técnicos, consistiu em uma pesquisa de campo, os fatos foram observados tal como ocorrem espontaneamente, ou seja, foram observados os signos substitutivos empregados no Centro Histórico de Manaus. Quanto à abordagem do problema, tratou-se de uma pesquisa qualitativa, uma vez que teve o ambiente como fonte direta dos dados sem qualquer manipulação intencional do pesquisador. Os dados foram descritivos e retratam o maior número possível de elementos da realidade estudada.

Fundamentação Teórica: A compreensão do sistema de sinalização turística implica conhecimento acerca de signo e, consequentemente, da Teoria dos Signos. Dessa forma, a pesquisa baseou-se na proposta de Charles Peirce, para o qual o signo é tudo aquilo que remete a um significado. Peirce, apud Epstein, traz um conceito interessante a respeito de signo e significado (2001, p. 21):

Um signo é signo quando há alguém que possa interpretá-lo como signo de


algo. O significado é então a interpretação desse signo, que, por sua vez, indica um objeto. O significado é a “outra” face do signo, a face invisível, a “outra face” pela qual está o “algo”.

O ponto da teoria peirceana é o postulado de que as ideias e até o homem são essencialmente entidades semióticas. “O homem inteiro é um signo, seu pensamento é um signo, sua emoção é um signo” (BENVENISTE, 1989, p.45). O termo signo, oriundo do latim signum, consiste em um elemento que, por natureza ou por convenção, representa ou substitui outro. O signo está para alguém no lugar de algo, criando na mente desse receptor um signo equivalente. O papel do signo é representar, ocupar o lugar de outra coisa, evocando-a. O signo não tem a existência no mundo exterior, mas na mente do receptor, pois “nada é signo se não é interpretado como signo” (PEIRCE, apud NÖTH, 1998, p. 66). Santaella (1999, p. 58) afirma que “o signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele. [...] ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade”. No intuito de ilustrar que o signo representa o objeto de um certo modo, a autora utiliza como exemplo diferentes signos para o objeto casa: a palavra, a pintura, o desenho, a fotografia, um filme, a planta baixa, a maquete, todos constituem-se em signos do objeto casa. A sinalização vertical de indicação tem por finalidade identificar as vias e os locais de interesse, bem como orientar condutores de veículos quanto aos percursos, destinos, distâncias e serviços auxiliares, além de também ter como função a educação do usuário (Mtur). As Placas de Atrativos Turísticos indicam aos usuários da via os locais onde os mesmos podem dispor de atrativos turísticos existentes, orientando sobre sua direção ou identificando estes pontos de interesse (Mtur).

Resultados: O percurso analisado em 2017 passava pelos seguintes espaços respectivamente: Teatro Amazonas, Largo São Sebastião, Palácio da Justiça, Mercado Municipal Adolpho Lisboa, Praça da Saudade, Praça do Congresso, Praça Heliodoro Balbi, Praça da Matriz, Paço da Liberdade, Palácio Provincial e Av. Eduardo Ribeiro. No total, foram encontradas 19 placas turísticas por todo o trajeto, sendo indicados cerca de 14 espaços, são eles: Teatro Amazonas, Igreja dos Remédios, Arena da Amazônia, Praça/Largo São Sebastião, Casa Eduardo Ribeiro, Paço da Liberdade, Ilha de São Vicente, Matriz, Palacete Provincial, Praça A. Bittencourt, Palácio da Justiça, Relógio Municipal, Biblioteca Arthur Reis e Ginásio D. Pedro II. Destes, os mais comuns num maior número de placas são o Teatro Amazonas e Igreja dos Remédios, aparecendo 04 vezes cada, seguidos pela Arena da Amazônia e Praça/Largo São Sebastião, aparecendo 03 vezes cada. Em sua maioria, os atrativos indicados são representados por pictogramas adequados para suas funções. No


entanto, alguns utilizam dois pictogramas diferentes para um mesmo atrativo, isso ocorre devido uma ausência de compreensão acerca do que é tal atrativo, visto que duas das três placas que sinalizam o espaço São Sebastião nomeiam-no como Praça e Largo, causando, assim, um uso de dois tipos diversos de pictogramas relacionados ao local. Outra problemática observada é que muitos dos espaços sinalizados não foram pensados e/ou não têm atividades turísticas, como por exemplo: A Igreja dos Remédios, Arena da Amazônia, Ilha de São Vicente, Biblioteca Arthur Reis e a escola Ginásio D. Pedro II, ou seja, quase metade dos espaços sinalizados não possuem vínculos turísticos, mas vínculos históricos. As placas têm como função, sinalizar apenas aqueles espaços que realmente trabalham com o turismo. Observou-se também que as placas indicativas são voltadas para motoristas, o que é incoerente, visto que os turistas que visitam o centro histórico percorrem as ruas a pé.

Conclusão: Nota-se que muitos dos espaços mencionados nas placas turísticas encontradas no trajeto analisado têm valor histórico e não turístico. É necessário haver uma maior compreensão dos órgãos responsáveis pela criação e execução das placas acerca do que forma um espaço público, num espaço turístico. Outra observação importante é padronizar o design das placas no centro histórico para pedestres, visto que este é o meio mais comum que os turistas utilizam para conhecer o centro da cidade, além de ter uma melhor noção do que exatamente deve ser mencionado e o que não deve. Por fim, é muito importante ocorrer uma revisão de conceitos dos espaços turísticos, bem como padronizar, não apenas os signos que os representam, mas também sua nomenclatura, como ocorre com o então largo/praça São Sebastião.

Referências: EPSTEIN, Isaac. O signo. 7.ed. São Paulo: Ática, 2001. MORRIS, Charles. Fundamentos da Teoria do Signo. Disponível em: <http://webx.ubi.pt/~fidalgo/semiotica/morris-charles-fundamentos-teoria-signos.pdf>. Acesso em: 27 de maio de 2016. NÖTH, Winfried. Panorama da Semiótica: de Platão a Peirce. 2.ed. São Paulo: Annablume, 1998. SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983. WALTHER-BENSE, Elisabeth. A Teoria Geral dos Signos. São Paulo: Perspectiva, 2000.

Simpósio Temático: Nº: 11


TĂ­tulo: A cidade e sua identidade visual. Coordenadores: Dra. Maria Evany do Nascimento (PPGLA- UEA) E-mail do simpĂłsio: simposio11sdiscon2019@gmail.com


AJURI - SÍMBOLO DOS QUINTAIS AMAZÔNICOS Maria Isabel de Araújo UFAM, Universidade Federal do Amazonas. miar@terra.com.br, Manaus/AM. Brasil. Evandro de Morais Ramos UFAM, Universidade Federal do Amazonas. evandromramos@hotmail.com Manaus, Brasil. Silas Garcia Aquino de Sousa EMBRAPA Amazônia Ocidental. silas.garcia@embrapa.br, Manaus/AM. Brasil.

RESUMO: Na hinterlândia amazônica as populações tradicionais possuem profundo conhecimento do uso do solo, fauna e flora, neste contexto, a troca de saberes é fundamental para o sucesso das atividades agrícolas realizadas nos agroecossistemas amazônicos. A temática discutida neste texto, embasada nos aportes teóricos de Norbert Elias do conceito de cultura, expressa na comunicação humana por meio de símbolos sociais específicos, inserem os homens num mundo integrado de símbolos que eles mesmos construíram dos quais são dependentes. São saberes ancestrais presentes em cada grupo familiar em contraponto às doxas do bom senso aliadas ao senso comum, compondo a memória a identidade visual na reconstrução do mundo natural antropizado nos agroecossistemas amazônicos. O presente trabalho dialogou com a pesquisa bibliografia e o método da pesquisa-ação etnográfica em três ambientes agroalimentar na Região Metropolitana de Manaus (RMM). Cabe destacar nos resultados deste trabalho o importante papel da memória, assim como as experiências são marcadas pelo tempo, a memória se encarrega de pinçá-las, um passado-presente, rememoração do que se era e do que se é. Uma relação estabelecida via atividade cultural, constituída e constituidora do ser social, refletido no trabalho coletivo em ajuri, constituídos por uma diversidade multicultural de agentes sociais cujas ações e mobilizações no tempo e na memória leva-os a uma sociedade de um tempo das experiências e de transformações sociais. Infere-se que o trabalho coletivo em ajuri, constitui-se de valores comprovados na percepção visual do lugar, vivências cotidianas, presentes nos resultados da ação conjunta dos ajuris nos agroecossistemas amazônico, como identidade étnica e cultural, aprendidos de modo singular, no mundo simbólico de acordo com seus costumes e saberes, reconhecendo-os como sujeito construtor do espaço e da espacialidade, partícipe do processo histórico-social. Palavras- chave: ajuri; agricultura; símbolos; trabalho. Introdução Os estudos que originaram este trabalho buscaram a partir da análise do processo de trabalho coletivo em ajuri, embasados na percepção visual da apropriação do espaço


ambiental, referendados nos quintais amazônicos, sob o viés do processo civilizador, numa abordagem interpretativa da teoria Eliasiana sendo assim, baseia-se no contexto figuracional de formações simbólicas nas redes de interdependência que se processam na interação entre os sujeitos partícipes do ajuri, simbolizada no uso e manejo nos quintais agroflorestais, configurada no processo de fortalecimento e valorização cultural dos comunitários por meio do manejo da paisagem visual como representação gráfica da identidade dos sujeitos nos quintais da hinterlândia amazônica. O termo cultura como axioma semiótico a partir do epodo de Elias (1998, p. 22) ressalta a questão das consequências de ordem semiótica e epistemológica acarretadas pelo reconhecimento do fato de que, no próprio saber, no encontro dos mundos simbólico e não simbólico, a natureza encontra-se consigo mesma.. A semiótica desse modo pode perceber as mais diversas manifestações, até mesmo as culturais num processo contínuo de associações sígnicas, assim a imagem simbólica referente ao homem e a natureza revelando mudanças na paisagem, partilhados por signos e símbolos comuns. Charles Peirce (1999, p. 286) abriu novas perspectivas, ao considerar símbolo, uma relação puramente convencional entre o signo e seu significado. Destacando o símbolo como: “representações em virtude de sua natureza original ou adquirida” A tendência do signo é de determinar outro signo, dando fluxo ao pensamento que é signo. Assim, o visual na paisagem dos quintais agroflorestais da hinterlândia amazônica revelam signos, resultado do trabalho coletivo em regime de ajuri, e significado de natureza adquirida. Segundo conceitua Araújo et al (2016, p. 6) - o termo ajuri: é balizado por uma relação de mútua integração, presente nas práticas sociais do homem junto à natureza, vivenciado em função das atividades agrícolas presentes nas relações de trabalho, como uma identidade territorial em relação ao sistema de produção agroalimentar. Destarte uma multiplicidade de elementos simbólicos refletem a identidade étnica e cultural no sistema de produção agroalimentar, aprendidos de modo singular, no mundo dos signos e símbolos de acordo com seus costumes e saberes, reconhecendo-os como sujeito construtor do espaço e da espacialidade, partícipe do processo histórico, social e cultural, contraponto às doxas do bom senso e do senso comum, compondo da memória a


identidade visual nos agroecossistemas amazônicos, que apontam as diferentes relações de saberes entre os agricultores familiares da hinterlândia amazônica.

Objetivo: Analisar as expressões sígnicas dos agricultores familiares, produtores de significados próprios relacionados à percepção ambiental, usos, hábitos culturais e quotidianos no mundo natural antropizado nos agroecossistemas amazônicos no processo de valorização e produção de signos culturais na construção dos quintais amazônicos por meio do trabalho em ajuri..

Metodologia: O quadro teórico-metodológico fundamenta-se na pesquisa bibliográfica com aporte na pesquisa-ação etnográfica, com visitas in loco, em três ambientes agroalimentar na zona rural da Região Metropolitana de Manaus (RMM) nas coordenadas geográficas: 02°56'37,4" S 59°51'52,98"W, Manaus, Iranduba, 03º13’48,1’’ S 59º56’57,8’’ W e Autazes/AM, 03º25’22’’ S 59º16’28’’ W, realizadas no 4º trimestre de 2018.

Fundamentação Teórica: Os escassos relatos dos viajantes na Amazônia, no século XVI e XVII, segundo Araújo et al (2016, p. 5) descrevem os plantios ao redor das casas, que se pressupõem, os atuais quintais das populações tradicionais da Região. O quintal agroflorestal ou pomar caseiro é uma área com plantação dominada pelas árvores, os agricultores da Amazônia plantam próximo de casa. Nesse contexto, a teoria de Eliasiana, estabelece a ligação individuo/sociedade na complexa rede (teia) de interdependência, construída no processo de ajuri, gerador de mudanças permanentes nos quintais agroflorestais, configuradas nas relações sociais em que todos os sujeitos são participantes, em diferentes graus e com poder de transformação na sociedade de agricultores familiar. Relata Elias (1998, p. 23-36): a comunicação humana por meio de símbolos sociais específicos, inserem os homens num mundo integrado de símbolos que eles mesmos construíram dos quais são dependentes. Nesse cenário, o mundo social dos agricultores familiares tem suas representações no meio ambiente que traduzem


simbolicamente o modo de vida no sistema agroalimentar, cujas representações culturais variam nos diferentes espaços e espécies cultivadas. Visto que, o plantio das variadas espécies nos quintais significa muito além do consumo alimentar.

Resultados: O desafio que se apresenta sobre o manejo, cultivo e uso do solo na formação da paisagem dos quintais pesquisados revelaram o conhecimento endógeno explicitado pelos agricultores familiares sobre o local. Através das observações realizadas, os resultados obtidos expuseram que os estratos vegetais, devido às alterações edafoclimáticas da região, são plantados e manejados em diferentes espaços, em função e atributos que oferecem

como:

alimentícios,

medicinais,

econômico

e

ecológico.

Esses

agroecossistemas revelaram diferentes variedades nas espécies cultivadas, em função das diferenças culturais dos agricultores familiares, carregadas de pertencimento da memória cultural, cujo significado aliados ao saber fazer, revelam práxis multiculturais expressas nas manifestações dos saberes culturais e socioeconômicos. Revelaram no que hoje se designa de etnoconhecimento, reconhecidos nas concepções da multiculturalidade, construído por valores que fazem parte da constituição social dos povos da hinterlândia amazônica, simbolizado nas práticas sociais, nos espaços da casa, na feitura dos roçados, manejo, colheita e formações coletivas presentes no processo de produção agrícola, denominado de ajuri.

Conclusão: A valorização simbólica presentes nos quintais agroalimentar revelam valores intrínsecos, comprovados na percepção visual do espaço agroalimentar, presentes nos resultados da ação conjunta dos ajuris nos agroecossistemas da hinterlândia amazônica, como identidade étnica e cultural, aprendidos de modo singular, no mundo simbólico de acordo com seus saberes e costumes. Os quintais produtivos são muito mais que espaços de produção de alimentos, são espaço de vida, cultura, saber, simbologia e resistência dos agricultores familiares como garantia de soberania e segurança alimentar às presentes e futuras gerações.


Referências Bibliográficas: ARAÚJO, M. I.; SOUSA, S. G. A.; BLAIDES, J. M. Práticas de Ajuri Processadas nos Quintais Agroecológico. Anais. In: II SISCULTURA/UFAM, 2016. GT 03. p. 1-11. ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1998. PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. Simpósio Temático: N°: 11 Título: A cidade e sua identidade visual Dra. Maria Evany do Nascimento (PPGLA- UEA) E-mail do simpósio: simposio11sdiscon2019@gmail.com


GRAFITE: UMA LINGUAGEM URBANA Suelem Martins Benjamim UEA – Escola Normal Superior. subenjamim@gmail.com. Manaus, Brasil RESUMO

Expressões artísticas marginalizadas e ignoradas por possuírem um conteúdo considerado subversivo ou transgressor agora fazem parte da rotina urbana e traçam novos olhares e interpretações. Entre diversas manifestações, o “Grafite” marca seu lugar sendo uma das representações dos “imaginários urbanos” onde a coletividade constrói uma simbologia própria para sua realidade propagando mensagens antes retraídas. Apoiados nos estudos semióticos que consideram o amplo sistema de signos existentes, traçamos uma análise do recente movimento do Grafite em Manaus, “Amazon Urb”, que procura ampliar a visibilidade de suas mensagens adornando grandes eixos viários com suas gravuras, espalhando indagações subliminares sobre nossa identidade regional e preservação da natureza e o impacto dos (mega)murais grafitados na dinâmica da cidade e em seus habitantes. O viaduto empoeirado onde os motoristas e passageiros sofrem com engarrafamentos diários, transformam-se em uma paisagem mais agradável e humanizada, com pinturas e desenhos que oportunizam uma contemplação, levando a uma íntima reflexão proporcionada pela imagem, uma galeria de arte ou biblioteca no meio do caos do trânsito. A metodologia aplicada foi o contato com os grafiteiros e suas obras, com afã de entender suas intencionalidades para assim lermos cada mural realizado mais próximo possível do idealizado, além de registros fotográficos e entrevistas que foram essenciais levando em conta a efemeridade desse signo. Armado Silva, Charles Peirce e Umberto Eco fazem parte da base teórica deste estudo. A valorização da arte, ampliação das mensagens urbanas e o reconhecimento de um novo signo linguísticourbano com características Manauaras são alguns resultados observados.

Palavras-chaves: semiótica; grafite; cidade; arte; linguagem.


Referências Bibliográficas: ECO, Umberto. Tratado Geral de Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2007. PEIRCE, C. S. Semiótica, trad. José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 1999. SILVA, Armando. Imaginários Urbanos. São Paulo: Perspectiva, 2001.


A PSICOLOGIA DA LENDA URBANA: AS HISTÓRIAS DE FANTASMAS DO TEATRO AMAZONAS SOB A TEORIA DO INCONSCIENTE COLETIVO DE CARL GUSTAV JUNG Victor Libório dos Santos UEA – Escola Normal Superior. vliborio1998@gmail.com. Manaus, Brasil

RESUMO A assiduidade das lendas urbanas no folclore moderno, especialmente aquelas que se referem a eventos sobrenaturais, é facilmente reconhecível. O fato de que estão presentes não apenas na cultura de um espaço urbano em particular, mas na de todos, emerge a ideia de que esse é um fenômeno coletivo. Reiterando que não se trata de um acontecimento exclusivo a uma ou outra localidade, Manaus, consequentemente, cede espaço a inúmeros contos populares de caráter sobrenatural. E, detendo-se aos que tomam como ambiente o Teatro Amazonas, a proposta aqui é entender o fenômeno coletivo das lendas urbanas manauaras, apoiando-se num viés psicológico a fim de demonstrar que tais narrativas nascem de um contexto psíquico. Para tanto, servirá de principal base teórica a esta pesquisa a obra de Carl Gustav Jung, que disserta sobre uma predisposição inata da psique a criar fantasias sob certo padrão. Antes disso, este trabalho discute a lenda urbana enquanto um gênero comunicacional da contemporaneidade e como o adjetivo “urbano” a esse status corrobora. Por corpus, são usados registros escritos (publicações em livro e jornais regionais) e em áudio (um podcast e gravações de ex-funcionários do Teatro Amazonas). Partindo-se do pensamento de que as narrativas em questão fazem parte de um contexto maior que compreende inúmeras circunstâncias (geográficas, temporais, culturais) e levando-se em conta a teoria junguiana, o desfecho ao qual se chega é a verificação de que o fenômeno global no qual as histórias de fantasmas do Teatro Amazonas se inserem as classificam produtos do inconsciente coletivo.

PALAVRAS-CHAVE Lenda urbana. Psicologia. Carl Gustav Jung. Inconsciente coletivo.


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