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Conclusão – A gota dos cuidados realizados

Conclusão

A gota dos cuidados realizados

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O paradigma do cuidado como desafio educativo

Durante os próximos vinte anos, o mundo tal como o conhecemos irá, provavelmente, mudar mais do que nos últimos dois mil anos. A par das mudanças tecnológicas que acompanham o nosso quotidiano, devemos saber reinventar-nos e repensar-nos como uma espécie humana em estado de metamorfose. Só assim poderemos dar o salto de consciência necessário para resolver os problemas que nós, como humanidade, gerámos e que a pandemia do coronavírus revelou.

O filósofo italiano Nuccio Ordine retoma uma velha história:

“Houve um terrível incêndio na selva. Todos os animais corriam para se salvar. O rei da selva, o leão, compreendeu finalmente que nada poderia ser feito e fugiu a toda a velocidade. Mas enquanto corria, viu um pássaro, um pequeno colibri, avançando em sentido contrário, em direção ao fogo. O leão repreendeu-o: “O que estás a fazer, seu idiota? Não vês que há um grande incêndio e que te vais queimar? Depois o colibri respondeu: “Claro que vi que há um incêndio. Mas tenho uma gota de orvalho no meu bico para atirar ao fogo.”

A ética do cuidado pode ser aquela gota de orvalho que quase não conta. Uma gota de orvalho que, incluída em ações coletivas, pode gerar mudanças em diversos níveis. Uma sociedade em mutação como aquela em que vivemos pode ser o lugar privilegiado para pôr em prática o cuidado, sendo aquilo que, em algum momento da nossa existência como espécie, nos tornou realmente humanos, colaborativos, compassivos, prestáveis e respeitadores uns dos outros e da casa comum que nos acolhe.

As próximas gerações têm a responsabilidade de preservar a vida num planeta deteriorado por uma civilização pouco respeitadora. Preservar a vida significa ampliá-la e aprofundá-la através da responsabilidade pessoal e coletiva, com a consciência de que não temos outro planeta senão aquele em que habitamos. A preservação e o cuidado com a vida sustêm o exercício da hospitalidade como

a resposta mais adequada que afirma que nenhum ser humano é clandestino ou um estranho para nós.

Cuidar de si próprio, dos outros, dos povos distantes e da natureza de que fazemos parte é-nos proposto como a forma de levarmos a cabo um futuro sustentável para o planeta e justo para todos os seres humanos. Colocar a educação no centro do desenvolvimento do cuidado com a vida irá, provavelmente, levar a que as gerações que amanhã serão adultas coloquem a felicidade em valores que realmente a proporcionam em profundidade e realização.

Este “hoje” que nos abala e este “amanhã” que estreamos a partir das nossas decisões diárias produzem o acontecimento do extraordinário momento histórico que estamos a atravessar. Por isso, estreamos um novo tempo em que podemos colaborar para que o cuidado com a vida possa ser a marca que deixamos como humanidade. Este é o nosso momento!

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