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Junta Diaconal aborda as origens da Reforma Protestante

Junta Diaconal aborda as origens da Reforma Protestante Agostinho teve um papel importante para o correto entendimento das doutrinas cristãs. Em sua trajetória ministerial, combateu falsas ideias religiosas, como o maniqueísmo e o neoplatonismo, e mesmo tendo vivido no Século 4º da era cristã, seu ensino serviu de base para a Reforma do Século 16 e consequentemente para a nossa igreja hoje

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Tido por muitos como o grande pensador cristão da Idade Média, Agostinho de Hipona, ou Agostinho, teve papel fundamental para o avivamento da fé e da espiritualidade cristã, até então adoecidos pelo desvio teológico, pela corrupção e pelo misticismo da época. Foi ele o responsável por algumas importantes proposições, exemplo do pecado original, da graça de Deus, da predestinação e da salvação. Com esse tema, a Junta Diaconal da Igreja Presbiteriana Nacional deu prosseguimento às comemorações da Reforma, apresentando a vida deste teólogo em culto realizado em 13 de novembro de 2016.

IPN na Reforma

Nascido em Tegaste, uma pequena cidade ao norte da África, Agostinho percorreu um longo caminho em busca da verdade. Em sua jornada, procurou outras religiões e filosofias da época, como o maniqueísmo, neoplatonismo e donatismo. Porém, quanto mais se aprofundava em estudá-las, mais considerava que essas doutrinas eram falhas e contraditórias. No decorrer desse percurso, Agostinho se convenceu da veracidade da visão cristã, mas ainda não estava disposto a se converter, a deixar a vida que tinha para se dedicar a Cristo.

O diácono Luciano Troncoso, presidente da Junta Diaconal da IPN, lembrou que, em sua

O diácono Luciano Troncoso lembrou o papel fundamental que Agostinho teve no avivamento da fé e na espiritualidade cristã

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conversão, Agostinho se encontrava sentado em um jardim, juntamente com alguns amigos, lendo um pergaminho de uma epístola de Paulo, quando a Palavra de Deus tocou seu coração. Agostinho se afastou de seus amigos e correu até se assentar embaixo de uma árvore, quando ouviu algumas crianças brincando e dizendo: “Toma e lê, toma e lê”. Foi nesse momento, lembrou Luciano Troncoso, que ele leu Romanos 13.13-14: “Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja. Pelo contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne”.

Após sua conversão, Agostinho retornou para o norte da África, onde posteriormente se tornou bispo de Hipona e desenvolveu seu ministério. Em sua trajetória ministerial, ele combateu falsas ideias religiosas, como o maniqueísmo e o neoplatonismo, e mesmo tendo vivido no século 4º da era cristã, seu ensino serviu de base para a Reforma do Século 16 e consequentemente para a nossa igreja hoje.

Uma das questões abordadas por Agostinho foi a do livre-arbítrio. “Ele ensinou que possuíamos o livre-arbítrio antes do pecado, quando o homem tinha a liberdade de escolher entre fazer o bem ou o mal. A partir do momento em que Adão escolheu pecar, toda a raça a que ele deu origem foi corrompida, seus corações se tornaram tão dependen-

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tes do pecado que, por mais escolhas que o homem pudesse fazer, ele sempre escolheria o pecado, já que o pecado nos escraviza”, explicou Luciano Troncoso.

Respaldada nessa teoria, é como se não existisse mais o livre-arbítrio para nós, pois não conseguimos fazer o bem, mas sempre escolhemos o mal. As pessoas são livres para pecar, mas não são livres para não pecar. Após a redenção, nossa liberdade é novamente restaurada para podermos escolher entre pecar ou não pecar – por meio de Jesus Cristo. E finalmente no céu, somente escolheremos não pecar, pois não seremos mais inclinados interiormente a fazer o mal.

Ilustração de Adão e Eva

Com base nessa explicação, ao falarmos de conversão, na opinião de Agostinho, só podemos ser alcançados por meio da Graça Irresistível de Deus, e não por nossa própria iniciativa, pois como não temos a verdadeira liberdade de escolher deixar o pecado, jamais escolheremos a graça em vez do pecado. Deus é o único que tem poder para operar em nós aquilo que necessitamos, mediante sua soberana vontade. Ainda, se fossemos salvos dependendo de nossa própria vontade, Cristo teria morrido em vão.

Por fim, baseado na sua própria experiência de conversão, quando considerou que a ação de Deus tinha sido suprema, à qual ele não pode resistir, e concluiu que não fora ele quem escolhera a Deus, mas Deus o escolhera, Agostinho falou sobre a doutrina da predestinação, com base nos ensinos do Apóstolo Paulo, por exemplo em Romanos 9.11 – “E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinha praticado o bem ou o mal – para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama”, doutrina essa aceita apenas no seio da Reforma Protestante. Pois, se qualquer boa ação que o homem consegue praticar é dádiva de Deus, se todo desejo da vontade humana é obra de Deus e se Deus é a realidade determinante de tudo, a única conclusão natural que se pode tirar é que Deus predestina, de modo soberano, tudo o que acontece, inclusive a redenção dos escolhidos. ◆

Agostinho de Hipona

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