Revista Construir Nordeste Ed 68

Page 1

ano XV | nº 68 | agosto 2013 | www.construirnordeste.com.br

arquitetura | tecnologia | negócios | índices | preços de insumos

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

R$ 12,90 | € 5,60

RCN Editores Associados

CARENTES DE INCENTIVOS E POLÍTICAS PÚBLICAS, REDUZIR GASTOS COM ENERGIA AINDA É UM GRANDE DESAFIO PARA O BRASIL

ARQUITETURA

Hotel em Alagoas integra beleza, conforto e preservação do meio ambiente

ENTREVISTA

Hélio Mattar: consumo consciente e sustentabilidade

VidaSustentável Obras de engorda recuperam praias de Pernambuco






48

sumário

57 CONSTRUIR VIDA

SUSTENTÁVEL

21

32

18

PALAVRA A importância do sistema anti-incêndio nas edificações | Iran Pacheco

21

ENTREVISTA Hélio Mattar | Consumo consciente, um plano individual para o benefício coletivo

24 PAINEL CONSTRUIR 30 VITRINE ESTILO | VITRINE 34

40

34

36 ESPAÇO ABERTO O desempenho energético de edifícios do programa de habitação popular brasileiro 40 ARQUITETURA | INTERIORES Encontro com a natureza Cultura regional imprime novas ideias

46

80

NBR 15.575: Desempenho estrutural revisado

Revestimento: A pele dos edifícios

48 CAPA Menos desperdício, mais lucro 60 EU DIGO Para além do modismo | Antônio Martins Neto 79

Questex Hospitality + Travel inicia suas atividades

80 NEGÓCIOS Colunas

16 SHARE 64 TENDÊNCIAS | Renato Leal 86 Construir Direito | Rafael Aciolly 90 CONSTRUIR ECONOMIA | Mônica Mercês

Bem vinda ao Nordeste Turismo a trabalho Construção em PE: ciclo expansivo e tendências em curso

89 CUSTO UNITÁRIO BÁSICO – CUB 91 INSUMOS 97 ONDE ENCONTRAR

O Movimento Vida Sustentável (MVS) vem colocando o tema Sustentabilidade na Construção Civil na ordem do dia, entre empresários, profissionais, professores, estudantes e sociedade. Busca contribuir com a modernização do setor, divulgando os princípios da construção sustentável, com foco nas pesquisas; na divulgação de produtos e iniciativas eficientes; na multiplicação de conhecimento com a promoção de debates e capacitação, com ênfase na geração de energia, no reuso da água, drenagens e na gestão dos resíduos.


AGOSTO 2013

7


caro leitor

Caro Leitor, Nos últimos dois meses, presenciamos uma série de manifestações, greves e protestos em todas as regiões do país. A população brasileira foi para ruas com motivos bem específicos que depois se expadiram para reivindicações mais relevantes, expondo a verdadeira causa de tanta insatisfação. Produzir a edição 68 da Revista Construir Nordeste, diante desse contexto, foi difícil. Deu trabalho — e muito! Mas algo especial tocou a equipe. A nossa responsabilidade para o desenvolvimento foi reforçada e nos sentimos mais brasileiros, arejados com o clima de esperança que se espalhou pelo País. Foi nesse cenário que resolvemos convidar o diretor-presidente do Instituo Akatu, Hélio Mattar, para falar sobre consumo consciente; e o português Miguel Henriques, do Grupo Lena Ambiente, para comentar os últimos temas abordados pela RCN e que ainda são entraves para a nossa sociedade, como saneamento básico e reúso da água. Com o mesmo foco, o jornalista Antônio Martins Neto opina no espaço Eu Digo, sobre o real conceito de sustentabilidade. É para ler, refletir e sensibilizar. Para a matéria de capa sobre Eficiência Energética, comandada pela repórter Patrícia Félix, trouxemos um case do Japão e soluções para otimizar o uso de energia elétrica. E para aprofundar o assunto, apresentamos a dissertação de mestrado da professora Raffaela Germano (UFSE), que analisa e avalia o desempenho energético de edifícios do programa de habitação popular brasileiro em Maceió, Alagoas. E é em Alagoas que aportamos a editoria de Arquitetura. Num bate papo com o arquiteto pernambucano Paulo Veloso, descobrimos todos os detalhes do sustentável, regional e sofisticado projeto do Hotel Gungaporanga em Barra de São Miguel. Já em Arquitetura/Interiores, destacamos a parceria das arquitetas Sandra Miranda e Alexana Vilar que lançam a ideia de tematização para hotéis, pousadas e restaurantes, com o objetivo de dar “cara nova” aos empreendimentos mais simples, sempre valorizando a cultura e mão de obra local. Na edição 68, você ainda pode conferir a maior obra de engorda litorânea que fica em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, e tem previsão para acabar em setembro. Na editoria Negócios, é possível saber como o crescimento do turismo de negócios vem movimentando o setor hoteleiro. Tem isso e mais. Boa leitura, para você que está construindo um mundo melhor conosco!

8

AGOSTO 2013


AGOSTO 2013

9


expediente



expediente

RCN Editores Associados Diretora | Elaine Lyra

Publisher | Elaine Lyra elainelyra@construirnordeste.com.br Editora de conteúdo | Renata Farache renata@construirnordeste.com.br Conselho Editorial Adriana Cavendish, Alexana Vilar, Bruno Ferraz, Carlos Valle, Celeste Leão, Clélio Morais, Daniela Albuquerque, Eduardo Moraes, Elka Porciúncula, Francisco Carlos da Silveira, Inez Luz Gomes, Joaquim Correia, José Antônio de Lucas Simon, José G. Larocerie, Luiz Otavio Cavalcanti, Luiz Priori Junior, Mário Disnard, Mônica Mercês, Néio Arcanjo, Otto Benar Farias, Ozéas Omena, Renato Leal, Risale Neves, Rúbia Valéria Sousa, Serapião Bispo, Vera Barreto, Gustavo Farache Conselho Técnico Professores: Alberto Casado, Alexandre Gusmão, Arnaldo Cardim de Carvalho Filho, Cezar Augusto Cerqueira, Béda Barkokébas, Eder Carlos Guedes dos Santos, Eliana Cristina Monteiro, Emília Kohlman, Fátima Maria Miranda Brayner, Kalinny Patrícia Vaz Lafayette, Simone Rosa da Silva, Stela Fucale Sukar, Yêda Povoas Reportagem Catharina Paes | Camila Almeida | Chloé Buarque | Isabela Morais | Karina Moraes | Patrícia Felix | Renata Farache | Thaís Sanchez Diagramação e ilustração Agência NoAR Comunicação | Michael Oliveira Revisão de texto Consultexto Fotografia Antônio Rodrigo | Deborag Ghelman | Eleonora Sadanha | Fernando Macedo | Igor Santos | Leonardo Rocha | Leszek Kobusinski | Marcelo Ferreira | Rogério Maranhão | Renato Stockler | Rodrigo Augusto | Steve Jacobs Colunistas Mônica Mercês I Rafael Aciolly | Renato Leal | Valdeci Monteiro dos Santos Publicidade Tatiana Feijó | tatiana@construirnordeste.com.br Flávia Santos | flavia@construirnordeste.com.br +55 81 3038-1045 | construir@construirnordeste.com.br Representantes para publicidade Ceará NS&A | Aldamir Amaral +55 85 3264.0576 | nsace@nsaonline.com.br Santa Catarina | Media Opportunities - Lúcio Mascarenhas +55 48 3025-2930 | luciomascarenhas@mobrasil.com.br Rio de Janeiro | AG MAIS Aílton Guilherme +55 21 2233.8505 | +55 21 8293.6198 | ailton.agmais@yahoo.com.br Rio Grande do Sul | Everton Luis +55 51 9986-0900 | paranhama@terra.com.br Administrativo-Financeiro | Caetano Pisani caetano@construirnordeste.com.br Assinaturas e Distribuição | Tatiana Feijó tatiana@construirnordeste.com.br NÚCLEO ON LINE | Patrícia Felix patricia@construirnordeste.com.br Portal Construir NE | www.construirnordeste.com.br Twitter: @Construir_NE Facebook: Construir Nordeste Endereço e telefones Av. Domingos Ferreira, 890, sl 704 – Boa Viagem. Recife/PE. 51011-050 +55 81 3038 1045 / 3038 1046



agenda

cartas Este canal de comunicação objetiva auxiliar os profissionais da construção em seus questionamentos e dúvidas relacionadas à gestão e À tecnologia da construção de edifícios Gostaria de saber se é necessário numa vistoria de uma estrutura de concreto verificar a fundação ou se apenas vistoriar a superestrutura é suficiente? Sim, é necessário vistoriar a infraestrutura também, apesar de todo inconveniente que pode causar aos moradores, já que será necessário quebrar o piso e interditar parcialmente a garagem. A importância da vistoria na infraestrutura é devido principalmente aos possíveis problemas que a estrutura possa ter provenientes da reação álcalis-agregado que pode acontecer nas sapatas devido à presença de umidade por causa de o lençol freático em nossa região ser superficial. Uma recomendação prática é abrir 30% da fundação e, constatado algum problema, aparecimento de fissuras que tem a tipologia que na maioria dos casos se apresentam como fissuras em forma de rede e normalmente são profundas, deve-se vistoriar toda fundação da estrutura. A reação álcalis-agregado é uma reação química que acontece entre os álcalis do cimento e a sílica do agregado sempre na presença de água. Ela também causa expansão no concreto e fissuras devido à força de tração causada pela reação. Normalmente essa manifestação é mais comum em pontes, barragens e estruturas em constante presença de água. Aqui no Recife vários casos apareceram nas fundações dos prédios porque nossas fundações, por causa do lençol freático superficial, tem constante contato com água e segundo a literatura nosso agregado em alguns casos foi considerado reativo. * Eliana Barreto Monteiro Engenheira Civil, MSc. Dr. Professora da Universidade de Pernambuco e da Universidade Católica Vai entrar em vigor a nova revisão da norma de desempenho das edificações. Como faço para conseguir ficar de acordo com as especificações? Na realidade muitos fabricantes, empresas e construtoras, sem saber, já cumpriam e cumprem alguns requisitos exigidos pela norma ABNT NBR 15575/2013 – Desempenho de Edificações Habitacionais. O que não ocorria era o hábito de se realizar ensaios para verificar se os sistemas estavam dentro dos critérios exigidos. Uma fase necessária ao processo será a divulgação dos resultados desses ensaios, o que balizará os tipos de materiais e sistemas que poderão ser utilizados. A partir desses resultados será possível criar um banco de dados tecnológico com indicações de sistemas construtivos de desempenho mínimo, intermediário e superior. Esse banco de dados irá facilitar a escolha dos materiais/elementos para cada tipo de edificação a ser construída. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC, lançou dia 10 de abril de 2013 um Guia Orientativo gratuito para atendimento à norma. Esse guia irá facilitar o entendimento da norma por meio de resumos, comentários e recomendações a todos os interessados. *Yêda Vieira Póvoas Tavares Engenheira Civil, MSc. Dr. Professora da Universidade de Pernambuco

14

Feicon Nordeste Data: 26 a 28 de setembro local: Recife/PE feiconne.com.br CONSTRUSUL / EXPO MÁQUINAS DATA: 31 de setembro A 03 de agosto LOCAL: NOVO HAMBURGO/RS FEIRACONSTRUSUL.COM.BR FICONS/SUSTENCONS DATA: 05 A 08 de agosto LOCAL: RECIFE/PE FICONS.COM.BR/2013 I JORNADA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO DATA: 09 E 10 de agosto LOCAL: RECIFE/PE RECIFESUSTENTAVEL@GMAIL.COM CASA BRASIL DATA: 13 A 16 de agosto LOCAL: BENTO GONÇALVES/RS CASABRASIL.COM.BR CONSTRUIR RIO DATA: 14 A 17 de agosto LOCAL: RIO DE JANEIRO/RJ FEIRACONSTRUIR.COM.BR/RIO 20º salão do imóvel – Construfair-sc Data: de 20 a 25 de agosto Local: Centrosul – Florianópolis/SC construfairsc.com.br 3º Fórum de Engenharia do Recife Data: de 23 a 24 de agosto LOCAL: RECIFE/PE FORUMDEENGENHARIADORECIFE.COM GREENBUILDING BRASIL DATA: 27 A 29 de agosto LOCAL: SÃO PAULO/SP EXPOGBCBRASIL.ORG.BR CONCRETE SHOW SOUTH AMERICA DATA: 28 A 30 de agosto LOCAL: SÃO PAULO/SP CONCRETESHOW.COM.BR

ATENDIMENTO AO LEITOR

REDAÇÃO/SUGESTÕES DE PAUTAS

faleconosco@construirnordeste.com.br

Avenida Domingos Ferreira, 890/704

CARTAS

Tel.: (81) 3038-1045

Empresarial Domingos Ferreira

redacao@construirnordeste.com.br

De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h

Pina | Recife | PE | CEP: 51011-050

AGOSTO 2013


AGOSTO 2013

15


share

NATAL EM DESTAQUE A capa da página da Construir Nordeste no Facebook está de cara nova! Desta vez, a foto que ilustra a rede social vem lá de Natal, no Rio Grande do Norte. Localizado na Praia de Ponta Negra, o Morro do Careca, cartão-postal da cidade, contracena com a paisagem urbana. Imagens assim são comuns no litoral nordestino.

ESPAÇO ABERTO A dissertação de mestrado da professora do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Sergipe, Raffaela Germano, apresentada na seção Espaço Aberto desta edição, está disponível na íntegra no nosso portal. Com o tema O Desempenho Energético de Edifícios do Programa de Habitação Popular Brasileiro, o trabalho analisou o efeito de sombreamento, através do arranjo construtivo e da utilização de protetores solares, além da avaliação da influência da absortância da envoltória no desempenho de energia em empreendimentos em Maceió, Alagoas. Tudo a ver com a nossa matéria de capa sobre eficiência energética. Vale conferir!

CONEXÃO Soluções para Cidades é um projeto que visa promover parcerias entre a Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, e o poder público municipal, através do intercâmbio de experiências, da assistência técnica e da divulgação de ações e informações que possam auxiliar as cidades brasileiras em seus processos de planejamento. A face digital desse projeto é um portal de informações técnicas para orientar prefeituras, secretarias, concessionárias de serviços e demais órgãos ligados à administração pública e à gestão do espaço urbano. O portal também disponibiliza leis, sugestões de aplicação de materiais, ideias e projetos já realizados com sucesso, além de uma série de dados que podem contribuir para o desenvolvimento das cidades. É, também, um canal direto de comunicação com o programa e toda sua equipe de profissionais. São quatro temas em foco: Habitação, Mobilidade Urbana, Saneamento Básico e Espaços Públicos - solucoesparacidades.org.br

PROMOÇÃO Fique de olho na fanpage da Revista Construir Nordeste. Iremos sortear o lançamento da arquiteta Sueli Adorni. A inspiração é o que move e dá nome ao novo livro da renomada arquiteta e design de interiores. Esteta em sua arte de transformar simples projetos em objetos de desejo, Sueli apresenta, nessa publicação, projetos repletos de charme e sofisticação que imprimem personalidade e bom gosto aos ambientes. Os 32 anos de experiência deram a Sueli a liberdade de criar um estilo próprio, baseado em sua rica vivência pessoal. Seus mais recentes projetos apresentados no livro mostram o auge de sua maturidade profissional. Sensível, Adorni busca a história de seus clientes para tornar cada projeto personalizado e, como uma artista, cria sua paleta de cores a partir do que a emociona. São 212 páginas, em 12 capítulos e texto bilíngue. A edição é da Mix Editores.

16

construirnordeste.com.br facebook.com/construir.nordeste Twitter: @Construir_NE Escreva: faleconosco@construirnordeste.com.br AGOSTO 2013


AGOSTO 2013

17


palavra

A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA ANTI-INCÊNDIO NAS EDIFICAÇÕES Iran Pacheco *

Q

uando acontece alguma tragédia envolvendo incêndio, há grandes danos no empreendimento atingido e, muitas vezes, dependendo das causas e circunstâncias, pode até haver mortes. Porém, o que muitas pessoas não sabem é que geralmente esse acontecimento ocorre por conta da baixa exigência das normas necessárias para o funcionamento de prédios industriais, sobretudo os comerciais. Para modificar esse quadro, é necessário unificar e tornar mais rígidas as normas vigentes. Isso porque, no Brasil, não há uma padronização da legislação para liberação e fiscalização dos empreendimentos, pois o órgão responsável por tais atividades é o Corpo de Bombeiros, ou seja, uma entidade estadual. O grande problema, entretanto, não é esse, já que a Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) é, em sua maioria, ineficaz, e a legislação permite que os prédios atendam apenas aos requisitos mínimos para funcionar. Esses “requisitos mínimos” podem ser explicados pelo fato de muitas empresas e estabelecimentos se preocuparem apenas com a obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento emitido pelo órgão que certifica que a edificação possui as condições de segurança contra incêndio previstas pela legislação e estabelece um período de revalidação. No entanto, essas “condições de segurança” são ditadas pelas Instruções Técnicas (IT) e pela própria NBR e, como já vimos, são falhas. Outro problema está na escolha dos sistemas de proteção. O que mais surpreende é que, embora haja bastante conhecimento acerca da normativa e da instalação, ainda não há a atenção adequada aos códigos de prevenção de incêndios e segurança humana. É necessária uma avaliação por parte dos empreendimentos das empresas e dos profissionais, que muitas

18

AGOSTO 2013

vezes não estão capacitados para oferecer os produtos e serviços de um setor tão importante para qualquer edificação. Muitas das empresas fabricantes de equipamentos encontram esse mercado por acaso, sem ter investido em treinamento e conhecimentos técnicos, vendem e instalam produtos de procedência duvidosa e sem qualquer rigor normativo. Uma dica aos administradores: sempre utilizem produtos com as certificações Underwriters Laboratories (UL) e Factory Mutual (FM), duas das mais reconhecidas e tradicionais avaliadoras técnicas do mundo. Infelizmente, ainda há um longo caminho para que a situação em solo nacional melhore, pois nosso país ainda está longe do ideal quando o assunto são dois fatores fundamentais para essa mudança: a cultura do descrédito em relação à prevenção e o alto preço para a adesão dos sistemas de segurança. Exemplo disso é o fato que ocorreu na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Quantos estabelecimentos iguais àquele funcionaram por anos e ainda funcionam sem a segurança necessária? Para nossa infelicidade, foram necessários 242 mortos e 123 feridos para que as autoridades desviassem o foco para o sistema anti-incêndio das edificações. Esse incêndio foi o terceiro mais mortífero da história, ficando atrás apenas das tragédias na boate Coconaut Grove, nos Estados Unidos, em 1942 (492 mortes), e em uma casa noturna chinesa, em 2000 (309 mortes). É também o incêndio com mais vítimas fatais no Brasil em mais de 50 anos. A boate Kiss é apenas um exemplo da falta de fiscalização. A liberação para o funcionamento de estabelecimentos se dá sem que o projeto seja analisado rigorosamente. Um bom projeto para a prevenção de incêndio deve agregar cada detalhe,

como as interferências com outros sistemas, o risco envolvido no ambiente, a quantidade de trocas de ar/hora do sistema de ar-condicionado (HVAC) e a classificação da área. Além disso, depois do ocorrido, houve um apelo para que o rigor fosse aumentado, culminando, inclusive, na interdição de diversos imóveis. Porém, os equipamentos que estão sendo instalados geralmente não são eficazes. Em muitos casos, são fabricados no exterior, têm o selo de autorização colado no Brasil e são vendidos sem fiscalização. Exemplo claro dessa negligência é a inexistência de um órgão responsável por avaliar os detectores de fumaça, parte tão importante na precaução e no combate ao fogo. Dessa forma, a fiscalização sobre esses equipamentos de segurança anti-incêndio também deve ser revista em nosso país. Por incrível que pareça, nenhuma das normas nacionais exige qualquer tipo de certificação reconhecida que ateste e assegure a qualidade desses produtos. Como consequência, constrói-se o seguinte cenário: é instalado o que há de mais barato no mercado, a preocupação com segurança fica em segundo plano, e dezenas — às vezes centenas — de vidas são postas em risco.

* Iran Pacheco é engenheiro eletricista, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e Diretor de Vendas da ICS Engenharia, empresa especializada em proteção contra incêndio.


AGOSTO 2013

19


entrevista

20

AGOSTO 2013


entrevista

Hélio Mattar

Consumo Consciente para uma vida sustentável e mais feliz por Renata Farache

Idealizador, fundador e diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, ONG reconhecida internacionalmente, Hélio Mattar, há 12 anos, tem a missão de sensibilizar e mobilizar os brasileiros para o consumo consciente. Com títulos de Mestre e Ph.D. em Engenharia Industrial pela Universidade de Standford, Hélio trabalhou 22 anos como executivo em empresas nacionais e multinacionais. Mas o que chama atenção em Mattar é a sua atuação na área social. Só para se ter uma ideia, ele foi diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, co-fundador do Instituto Ethos e é membro do Fórum Mundial Social. Na entrevista para a Revista Construir Nordeste, o presidente da Akatu propõe o consumo inteligente, que é o equilíbrio entre a satisfação pessoal e a sustentabilidade, maximizando as consequências do ato de consumo não só para si, mas para toda a sociedade.

AGOSTO 2013

21


entrevista

Num mundo que é transparente e de visibilidade, tudo que as empresas fazem termina sendo conhecido – tanto para o bem quanto para o mal O que é o consumo sustentável? Nós na Akatu pensamos em consumo consciente e não consumo sustentável. O consumo só será sustentável se a sociedade como um todo tomar decisões de consumo consciente no plano individual, de grupo, de comunidade. Uma única pessoa, num grupo ou numa comunidade, não consegue ser sustentável. Isto é: não se mantém em equilíbrio junto à sociedade, à natureza, na medida em que a sustentabilidade depende de todos — tanto no nível econômico como no social e ambiental. Sendo assim, a Akatu trabalha mais o consumo consciente, que é o consumo para um indivíduo, levando em consideração o impacto desse consumo para a sociedade e para o ambiente, procurando minimizar os efeitos negativos e maximizar os positivos. Isso quer dizer que o indivíduo terá uma percepção do papel dele no mundo, no seu ato do consumo (uso, descarte e compra). Um exemplo: o consumo da água, recurso natural escasso. Se um consumidor, individualmente, fechar a torneira na hora de escovar os dentes, que é um gesto mínimo, ao longo de 70 anos, que é a média do tempo de vida do brasileiro, ele vai economizar 3/4 de água de uma piscina olímpica. É um único ato, mas é ao perceber essa realidade que a pessoa começa a se sentir poderosa, no sentido de transformar o mundo.

22

AGOSTO 2013

O consumo é a principal prática do capitalismo. Cada vez mais, aumenta a procura por novos produtos e inovação, num clima economico de consumismo. Ainda assim, podemos dizer que o brasileiro está mais responsável? É verdade que não só o Brasil, mas todos os países emergentes, como a China e a Índia, estão vivendo um modelo de consumismo que é um fenômeno social. As pessoas não se perguntam se elas realmente precisam daquilo que estão consumindo, se precisam comprar ou ainda se os produtos que adquirem têm impacto negativo. Se o brasileiro é mais ou menos consciente, podemos dizer que as pesquisas da Akatu apontam que 27% da população brasileira está num nível de consciência mais elevado. O que isso significa? Que esse grupo tem determinados comportamentos que a longo prazo trará benefícios ao coletivo. O teste que nós aplicamos tem treze perguntas, e, para o consumidor chegar ao nível mais alto, precisa ter mais de oito atitudes sustentáveis. Destas, podemos citar: comprar produtos feitos com materiais reciclados e materiais orgânicos; divulgar aos amigos e familiares as empresas que estão comprando; usar o outro lado da folha de papel; separar o lixo para reciclagem, entre outros. São ganhos que vão além do indivíduo e com vantagens a longo período. Enquanto que os outros 63%, que são os menos conscientes, tendem a proceder da seguinte forma: fechar a torneira, apagar a luz, desligar os equipamentos eletrônicos quando não estão sendo utilizados, planejar a compra de alimentos e roupas. Ou seja, são benefícios de curto prazo e individuais. A grande diferença é que os de maior consciência são mais altruístas, são mais preocupados com a sociedade como um todo. Se apenas um, desses 27%, motivasse mais dois cidadãos, teríamos praticamente toda a população brasileira de consumidores conscientes. Existe um conceito de ponto de virada (em inglês é chamado tipping point) cuja a essência é: ao se chegar a um certo ponto da sociedade, na qual a massa crítica de consumidores age, atua de uma determinada

maneira, o resto da sociedade também muda. Nós, consumidores brasileiros, já verificamos fenômenos que deram certo via redes sociais, digitais. Na sua opinião, conseguiremos chegar a uma sociedade sustentável? A nossa geração poderá vivenciar esse momento? Eu sou muito otimista com a possibilidade de a nossa geração visualizar essa sociedade. Os temas sustentabilidade, consumo consciente e meio ambiente têm estado muito presentes na mídia e ONGs. Esse aspecto intenso tem sensibilizado os consumidores nas questões ambientais e sociais. Para ilustrar, temos as denúncias feitas publicamente do vazamento da Petrobras e até de mão de obra infantil/escrava na fabricação de álcool. Num mundo que é transparente e de visibilidade, tudo que as empresas fazem termina sendo conhecido — tanto para o bem quanto para o mal. Sendo assim, com as redes sociais, as empresas estão cada vez mais espertas nas suas ações e omissões. Ou seja, há uma tendência forte de investimentos nos setores ambientais e sociais, para minimizar o risco de imagem negativa e garantir a boa reputação. Por isso, a busca por alternativas sustentáveis e certificações. Isso traz benefícios para empresas, e a perspectiva é de que a sociedade, cada vez mais, se transforme em uma sociedade consciente. Acredito muito nisso. Então, podemos dizer que a demanda é do próprio consumidor ou jogo de marketing das empresas? Posso assegurar que a demanda do consumidor existe. Dados da nossa última pesquisa (Akatu) mostram que 54% dos consumidores brasileiros dizem que as empresas devem ir além de produzir, pagar impostos e gerar emprego. Elas devem desenvolver a sociedade e proteger o meio ambiente. É mais da metade da população. Quando pensamos em coisas específicas, como saúde e segurança, o número de pessoas que preferem comprar produtos garantidos sobe


entrevista

para 70%. Imagine no caso da construção civil, que são dois fatores fortíssimos e que definem a escolha do consumidor. Quanto mais adequada a obra, mais saudável ela deverá ser — tanto do ponto de vista da circulação de ar, quanto aos materiais utilizados. Ou seja, a demanda do consumidor existe. Mas também existe o risco da empresa, que deve estar atenta a toda a sua cadeia produtiva e cuidar do meio ambiente sob o risco de perder clientes, vendas, participação de mercado. Essa relação cliente-consumidor não existia. Com esse momento de visibilidade/transparência através da Internet, as empresas precisam preservar a sua reputação. Afinal, cada vez mais é aquilo que se fala sobre ela — e não do que ela própria fala. O setor da construção civil está no ranking do consumo no Brasil — e é também um dos que mais consomem grandes quantidades de recursos naturais. Quais são os principais fatores que mais contribuem para o elevado gasto do setor? O consumo de matéria prima, consumo de energia e a geração de resíduos sólidos (estima-se que 50% dos resíduos gerados seja proveniente da construção civil). Os dados são do Conselho Internacional da Construção, que também aponta que é o setor que mais consome recursos naturais, como você citou, e que ainda utiliza energia da forma mais supletiva e produz considerados impactos ambientais. Isso pode não ser de conhecimento do consumidor final atualmente, mas será em breve. E como o setor pode avançar no tripé da sustentabilidade? Aí são vários fatores. Na verdade, o primeiro seria modificar o conceito da arquitetura convencional, com projetos de direção mais flexíveis, que tenham a possibilidade de readequação para futuras possibilidades de uso e necessidades, com o propósito de reduzir significativamente as reconstruções. Então, aí não é tanto a indústria da construção propriamente dita, mas a incorporação da construção sustentável desde a fase do projeto. O segundo é

a busca de soluções como o uso racional de energia com definição da localização e da dimensão das áreas de entrada de iluminação natural, evitando a luz artificial durante o dia; além de desenhar maiores janelas para circulação, facilitando a ventilação e diminuindo a utilização do ar-condicionado, um dos vilões do consumo de energia elétrica. É possível prever também a utilização de energias renováveis (solar, eólica...). Nos condomínios, é importante que haja uma medição individualizada de água para cada um dos imóveis, pois isso reduz o consumo em até 30%. No quintal, a construção de um jardim em lugar de uma área cimentada ajuda a evitar alagamentos, pois a terra absorve a água da chuva, o que não ocorre com o cimento. E claro: procurar empregar materiais que causem mínimo dano ambiental, como tubulações feitas de plástico reciclado, madeira certificada ou de reflorestamento (com garantia de que não é proveniente de desmatamento ilegal), fibras naturais e materiais reaproveitados de demolição. São ações genéricas, mas que contribuem significativamente para a sustentabilidade. Mas é bom lembrar: mesmo que uma casa ou um apartamento tenha várias características das construções sustentáveis, é nos gestos cotidianos de seus moradores que o consumo consciente será praticado. Atitudes simples do dia-a-dia é que definem um jeito de viver que contribui para a sustentabilidade do meio ambiente e da sociedade. O senhor afirma que as empresas que querem sobreviver terão de adotar uma postura transparente e valorizar a responsabilidade social. Essa é uma realidade das construtoras/mercado imobiliário? Eu tenho bastante convicção disso. Eu tenho acompanhado todos os relatórios de sustentabilidade. O setor está preocupado em ter certificações, para poder mostrar aos consumidores e à sociedade como um todo que ele está atento à melhor utilização de recursos naturais. Mas tem uma outra questão fundamental: a financeira. Projetos sustentáveis, a médio e longo prazo, têm impacto no bolso do consumidor.

As economias com planos de energia, por exemplo, são imensas, podem chegar a 50% com um bom projeto. Então, não é apenas a sustentabilidade, mas a economia. E só as empresas que tiverem esse compromisso permanecerão no mercado. Se tornar um consumidor consciente é uma oportunidade? Para descobrir ou redescobrir valores hoje esquecidos, como a amizade, a solidariedade, o convívio, dando ao consumo o seu devido papel: que é ser um meio para se viver melhor, e não um fim em si mesmo. É fundamental que as pessoas percebam isso e transformem o ato de consumo em um instrumento para possam fazer o que é essencial, que é buscar a felicidade. E essa busca não está relacionada com o consumo propriamente dito, mas, sim, com os afetos, com os amores, a arte e as emoções humanas.

É fundamental que as pessoas percebam isso e transformem o ato de consumo em um instrumento para que as pessoas possam fazer o que é essencial, que é buscar a felicidade Acesse o nosso portal e confira as seis etapas do processo de consumo e os 12 princípios norteadores do consumo consciente pelo Instituto Akatu. construirnordeste.com.br

AGOSTO 2013

23


painel construir

decolou Aproveitando a fase de desenvolvimento de Pernambuco, a Gran Marco Construtora inaugurou o aeródromo Coroa do Avião. Ocupando uma área de 90 hectares no município de Igarassu, a 23 quilômetros do Recife, o objetivo é atender a aviação executiva e oferecer serviços de manutenção, limpeza e abastecimento de combustível. O empreendimento também deve receber clientes de estados vizinhos, como Alagoas e Paraíba, além de aeronaves públicas, para transporte emergencial de passageiros. O projeto, que será executado conforme demanda de mercado, teve a sua primeira fase concluída e prevê toda a ocupação do terreno, com a instalação de mais 40 hangares — atualmente são cinco, um terminal de passageiros, um centro de manutenção e um centro de treinamento. Juntos, eles poderão acomodar em torno de 60 aeronaves.

LIXO EM NEGÓCIO Ao completar 5 anos atuando na reciclagem de resíduos da construção civil, a Estação Resgate abre um novo mercado: as franquias. Com seis unidades de reciclagem nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, nesse período a empresa aumentou dez vezes o seu faturamento. Nos próximos 2 anos, a meta é estar presente em todas as regiões do Brasil. No Nordeste, tem operação na Região Metropolitana do Recife, com equipamento móvel, e iniciativas em João Pessoa e Campina Grande. A Estação Resgate produz areia, pedrisco e bica corrida, além de prestar consultoria em gerenciamento de resíduos.

prática louvável A Mizu Cimentos passará a oferecer cursos de qualificação profissional para jovens de baixa renda em sua unidade industrial, em Baraúna, no Rio Grande do Norte. A iniciativa é fruto de um acordo firmado entre a fabricante de cimentos e o Formare, projeto social desenvolvido pela Fundação Iochpe, organização que desenvolve programas nas áreas de Cultura, Educação e Bem-Estar Social. A Mizu cederá o espaço para a formação de estudantes do Ensino Médio. O curso será gratuito e tem como objetivo preparar jovens talentos para o mercado de trabalho. A base para que o projeto se mantenha vivo são os colaboradores voluntários, funcionários da própria empresa, que ministram as aulas pelo simples prazer em ajudar.

reconhecimento A Viapol, empresa referência nacional e internacional em diversos segmentos da construção civil, levou dois prêmios do 13º Simpósio Brasileiro de Impermeabilização (IBI). Com o tema Determinação da resistência de materiais impermeabilizantes à ação perfurante de raízes, o estudo elaborado e apresentado por José Eduardo Granato, gerente comercial da área de Química para Construção da Viapol, conquistou a primeira colocação no evento. Em terceiro lugar, foi premiado o trabalho Visão sobre a impermeabilização da Usina Nuclear Angra 3, de autoria de Marcos Storte, gerente de Negócios da Viapol. Focado em tendências, tecnologias e inovações, o IBI reuniu mais de vinte trabalhos, com o objetivo de informar, apontar soluções e promover o desenvolvimento técnico.

24

AGOSTO 2013


AGOSTO 2013

25


painel construir

modelo O principal prédio administrativo da Siemens no Brasil é o segundo no país a receber a certificação Leadership in Energy and Environmental Design para Operação de Manutenção de Edifícios Existentes do U.S. Green Building Council. O selo criado pelo USGBC é o maior reconhecimento internacional e o mais utilizado em todo o mundo. O prédio passou por ajustes para a máxima eficiência energética, captação e aproveitamento da chuva, gerenciamento de resíduos, melhora na qualidade do ar, controle de erosão, uso de tintas com baixo índice de compostos orgânicos voláteis, além da adaptação nos serviços de limpeza, dedetização e jardinagem. “É responsabilidade da companhia promover o equilíbrio entre meio ambiente, negócios e sociedade”, diz José Kuhn, diretor de Real Estate da Siemens no Brasil.

INSPIRAÇÃO O Novo Núcleo de Profissionais, Arquitetos e Designers em mais uma viagem. Desta vez, o destino foi a Austrália. Cidades: Sydney, Gold Coast, Melbourne e Brisbane. Guiados pelo arquiteto australiano Eoghan Lewisos 29 profissionais fizeram o walking tour e visitaram edifícios sustentáveis e contemporâneos assinados por arquitetos locais e de referência mundial, como o italiano Renzo Piano e o japonês Tadao Ando. Na foto, o grupo num cruzeiro pela Baía de Sydney, em frente a uma das edificações mais expressivas do mundo no século XX, a Ópera de Sydney. A dica do Novo para a Construir Nordeste: a empresa que realiza os passeios comandados por arquitetos, a Sydney Architecture (sydneyarchitecture.org).

marketing social Ciente da necessidade de contribuir para a formação cultural da sociedade e fazendo uso dos benefícios da Lei Rouanet e da Lei de Incentivo ao Esporte, a SIL, fabricante de fios e cabos elétricos de baixa tensão, desde de 2011 tem desenvolvido diversas ações de incentivo à cultura e ao esporte. As iniciativas foram intensificadas no ano passado e têm, também, como objetivo, aproximar a empresa de seus consumidores e, claro — em contrapartida —, promover a visibilidade. Na foto, o projeto Cinema Nômade, que prevê a exibição de 48 seções de longas-metragens em escolas públicas e comunidades. A meta é beneficiar, em cada sessão, cerca de 200 pessoas, despertando a habilidade de análise, fazendo repensar os modos da existência e condição humana.

novas fronteiras O mercado imobiliário do Rio Grande do Norte está em plena expansão. Além de grandes construtoras passarem a atuar no Estado, agora, a empresa Tecomat está instalando um laboratório na Região Metropolitana de Natal para realizar controle tecnológico em materiais de construção. No momento, a empresa tem atendido a empreendimentos de construtoras locais e da pernambucana Moura Dubeux, além de estar presente na ampliação do Natal Shopping e do Porto de Natal. A Tecomat é um laboratório de materiais de construção acreditado pelo Inmetro e homologado pelo Ministério das Cidades como Instituição Técnica Avaliadora para avaliar o desempenho de sistemas construtivos inovadores ou ainda não normalizados no mercado.

26

AGOSTO 2013


AGOSTO 2013

27


painel construir

SACcARO A Saccaro inaugura sua primeira franquia em Natal, no Rio Grande do Norte, em um espaço de 600 m² que segue os padrões de Concept Store. A marca é referência nacional no mercado mobiliário pelo design, qualidade e sofisticação de seus móveis e objetos de decoração. A nova loja, comandada por Werneck de Carvalho e Tatiana Souza de Carvalho, traz elementos, materiais e ambientes que criam uma atmosfera intimista, fazendo com que o consumidor sinta-se em casa.

NOVO ESPAÇO O Consulado dos Estados Unidos, no Recife, terá uma nova sede. Com locação intermediada pela Colliers, consultora imobiliária internacional, o espaço será no Shopping Paço Alfândega, no Bairro do Recife, e terá 3.100 m², ocupando 50% do segundo piso e em todo o quarto piso. A mudança deve-se ao aumento do número de diplomatas na cidade, que hoje já são 21, e a necessidade de atender de forma mais confortável os clientes norte-americanos e brasileiros. O novo endereço passará por uma reforma e deve ser ocupado em 18 meses. Toda a obra de adequação das áreas serão feitas conforme especificações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O terraço do quarto andar será aberto ao público por ser tombado pelo IPHAN.

perspectivas A UBM Sienna, empresa responsável pela organização do 7º Concrete Show South America, divulgou alguns números do evento, que acontece de 28 a 30 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. O mais relevante é que a direção do evento estima que, durante os três dias, serão gerados mais de R$ 900 milhões em negócios. A feira espera receber mais de 30 mil visitantes e já tem confirmada a presença de 580 expositores, vindos de 25 países. Serão 62.500 m² de demonstrações de máquinas e equipamentos indoor e outdoor. O Concrete Show South America é considerado o maior evento da América Latina em soluções para a cadeia produtiva do concreto. Neste ano, foi desenhado e baseado em seis macrotemas: Infraestrutura, Produtividade, Industrialização, Capacitação, Segurança das Edificações e Habitação.

Odebrecht Criado em 2005, o Prêmio Odebrecht de Engenharia contemplou mais três alunos laureados do curso de Engenharia Civil. Os alunos Renato Pereira Menelau de Almeida (UFPE), Rogério Antônio Mota dos Santos (UPE) e Carlos Vitor da Silva Sarmento (Unicap) receberam, cada um, um cheque no valor de R$ 10 mil, um troféu e um convite para ingressar no quadro profissional da Odebrecht, ficando, desde já, pré-selecionados para o teste de admissão. O profissional homenageado deste ano foi o engenheiro civil e professor Dilson Teixeira, que ganha destaque pelos serviços prestados e pelo relevante conjunto de sua obra. O diretor de engenharia da Odebrecht, Érico Dantas, assina a curadoria do Prêmio.

28

AGOSTO 2013


AGOSTO 2013

29


VITRINE Estilo

Sob a benção do Nosso Senhor

Não à toa, foi num dos endereços mais charmosos da cidade, a Baía de Todos os Santos, em Salvador, que David Bastos, um dos maiores nomes da arquitetura brasileira, aportou o seu escritório. O lugar é inspirador. Formado pela Universidade Federal da Bahia, David iniciou a sua carreira criando projetos para habitação popular e planejamento urbano. “Sempre me preocupei como as pessoas moravam, com o seu conforto e bemestar. Luxo é ter espaço. Uma casa tem que ser como um abraço. Melhor do que ter é viver.” E foi dessa forma, com o jeito baiano, que Bastos ultrapassou as fronteiras, chegando em diversas regiões do Brasil e do mundo — de Itacaré, passando pelo Rio de Janeiro e pelo Recife, até Londres, Miami, Cidade do Porto e Dubai. Conhecido pelos projetos para casas de praia, o arquiteto traz nesta edição da Revista Constuir Nordeste, ambientes urbanos e dicas de revestimentos. Fique à vontade e inspire-se no estilo simples e elegante do baiano!

01 Mármore Mármore no piso e na escadaria dão sofisticação à sala, além de proporcionar amplidão ao projeto. De fácil limpeza e manutenção.

02 Laminado Piso laminado com característica de ardósia, ideal e prático para o dia a dia.

03 Madeira Piso de madeira, ideal para dar requinte e sensação de aconchego ao ambiente, além de proporcionar praticidade na limpeza do espaço.

04 Couro Loft que recebeu aplicação de couro nas paredes, dando ainda mais sofisticação ao ambiente. O tecido foi aplicado em placas que receberam iluminação para ganharem ainda mais destaque.

30

AGOSTO 2013


01

02

04

03

AGOSTO 2013

31


VITRINE

02 01

01 TOUCH DIGITAL Alta tecnologia integrada à elegância do design com LED luminoso e, agora, com display digital. A nova linha permite a visualização da temperatura, da vazão e do consumo de água, possui limitador de temperatura e controle do tempo de banho. É possível também programar para até três perfis de usuário. Sistema inteligente de segurança para a seleção de temperaturas acima de 38 ºC. A versão para chuveiro permite desviar a água para até dois pontos. deca.com.br I 0800.011.7073

02 economia A Brilia, empresa que é referência em iluminação LED, lançou a sua nova linha Brilia Home Lighting Eco. Econômica e ecológica, a fita LED Slim Flex Autoadesiva (2,4 W e 4,8 W) é uma boa alternativa para pequenos ambientes ou espaços internos, como prateleiras, armários, corrimões, nichos de madeira, sancas. Compacta e de fácil instalação, já vem com o driver para ligação incluso. brilia.com.br I (11) 2356.0665

03 durável Pioneira em pisos cimentícios ecologicamente corretos no Brasil, a Solarium Revestimentos lançou a linha Paseo, específica para áreas de alto tráfego. Assinada pela arquiteta e presidente da empresa, Ana Cristina de Souza Gomes, tem aplicação prática, pois dispensa rejunte e impermeabilização. As peças podem ser feitas em larga escala, através do sistema de prensagem, e as linhas retas da coleção possibilitam uma textura altamente antiderrapante com design contemporâneo. solariumrevestimentos.com.br I 0800.774.4747

03

32

AGOSTO 2013

04


05

06

04 RETRÔ CARIOCA A Portobello aprofundou seu estudo nos ladrilhos hidráulicos em cerâmica e fez o upgrade da linha Rio Retrô, cuja referência foi o bairro boêmio do Leblon, no Rio de Janeiro. A coleção 2013 apresenta três novas cores em desenhos, com peças decoradas, e uma placa de 60 X 60 cm com um jogo pré-pronto de peças (com diferentes grafismos) em tons bege e cinza. É ideal para paredes internas que pedem uma versão sofisticada da tradição dos azulejos artesanais. portobello.com.br I 0800.648.2002

05 MATERIAL Esculturas em madeira sem pintura ou revestimento, peças do mestre Luiz Benefício, são inspiradas no Sertão e no Agreste pernambucanos, traduzindo o Semiárido nas suas formas rústicas. O artesão de Buíque, interior do Estado, também retrata personagens, como Luiz Gonzaga e Lampião, além de animais da fauna brasileira. artesanatodepernambuco.pe.gov.br I (81) 3181.3451/(87) 9638.3929.

06 ALVENARIA ESTRUTURAL O emprego da alvenaria de vedação com blocos de concreto vem crescendo no segmento residencial e comercial, e o interesse das construtoras em adotar o sistema reforçou a necessidade de uma publicação técnica especializada que orientasse sua execução. Alvenaria de Vedação com Blocos de Concreto: Melhores Práticas é o livro lançado pelo professor Alberto Casado Lordsleem Júnior, da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE), e editado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). abcp.org.br.

07 TOQUE ITALIANO A Saccaro firmou parceria exclusiva com o Decoma Design, estúdio italiano conhecido por suas criações modernas e inovadoras. Eles desenharam com exclusividade para a marca. A coleção Margherita é um delas. Tecnologia e design são os atributos da poltrona Margherita. Sua estrutura foi desenvolvida em espuma injetada e tecidos exclusivos, criando um produto de estética agradável e funcional. Sua leveza visual faz dessa peça um item versátil e ideal para compor ambientes de diversos estilos. saccaro.com.br I (54) 4009.3600

07

AGOSTO 2013

33


NBR

Os sistemas estruturais devem manter sua capacidade funcional durante toda a vida útil de projeto (50 a 75 anos)

fotos: leonardo rocha

Desempenho estrutural revisado Nova redação da NBR 15.575 esclarece conceitos e metodologias de avaliação, mas pouco altera o modo de projetar e construir estruturas por Isabela Morais

D

ando sequência à série de reportagens sobre a nova Norma de Desempenho, a Revista Construir Nordeste traz nesta edição as diretrizes e opiniões de especialistas sobre a segunda parte da normativa (ABNT NBR 15575-2: 2013), que trata dos requisitos para os sistemas estruturais de edificações habitacionais. Publicada em 2008, a série de textos começou a ser revisada em janeiro de 2011 e foi aprovada em fevereiro de 2013. Desde o dia 19 de julho, as regras passaram a valer em todo o Brasil. É consenso entre engenheiros e profissionais da construção que a nova redação pouco afetou o modo de projetar e construir estruturas. Isso porque as regras recomendam que os sistemas estruturais continuem a seguir os regulamentos específicos já existentes. Entre eles, estão: - ABNT NBR 6118 – Projetos de estruturas de concreto – Procedimento; - ABNT NBR 8800 – Projeto e execução

34

AGOSTO 2013

de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios; - ABNT NBR 7190 – Projeto de estruturas de madeira; - ABNT NBT 9062 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado; - ABNT NBR 8681 – Ações e segurança nas estruturas – Procedimento; - ABNT NBR 6120 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações; - ABNT NBR 6123 – Forças devido ao vento em edificações. Conforme explica Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de relacionamento da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), essas normas são prescritivas, ou seja, estabelecem critérios e conceitos de dimensionamento. A NBR 15575, por sua vez, se refere ao desempenho, ou seja, às condições mínimas para se atingir determinada situação de uso. Juntas, elas se

complementam. “Pode existir uma situação em que a norma prescritiva permita um determinado dimensionamento, mas que, para atender ao desempenho, seja necessário dimensionar com mais rigor”, elucida. A ABNT NBR 6118, por exemplo, já demonstrava uma preocupação quanto ao desempenho. Segundo o texto, as estruturas de concreto devem conservar sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante um período correspondente à sua vida útil. De acordo com Jorge Batlouni, diretor técnico da Tecnum Construtora e coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Construção de São Paulo, nessa normativa a durabilidade de uma estrutura é obtida pela limitação da fissuração das peças estruturais e pela espessura e característica do concreto do cobrimento. Em geral, o novo texto sobre os sistemas e elementos estruturais reforça as


Requisitos De acordo com Freitas, o conforto térmico e acústico são questões importantes no novo texto. “Em determinados casos, exige-se espessuras maiores do que as recomendadas pelas normas prescritivas. Para sistemas estruturais novos, existem alguns critérios de desempenho que devem ser levados em conta quando não existir normatização, como, por exemplo, sistemas de paredes pré-moldadas”, explica. Já para atender a padrões de segurança, as estruturas devem — durante a sua vida útil de projeto e sob as diversas condições de exposição, como ação do peso próprio, sobrecargas de utilização e força do vento — atender aos requisitos do estado-limite último (eLu) e do estado-limite de serviço (eLs). Assim, foram firmados requisitos para estabilidade e resistência, deformações ou estados de fissuração e impactos de corpo mole e corpo duro, em que os elementos não podem sofrer ruptura ou instabilidade sob as energias de impacto indicadas. “O atendimento a esses requisitos é fundamental na validação de novos métodos construtivos inovadores, utilizados, por exemplo, em conjuntos habitacionais”, diz Batlouni. De acordo com a redação,

Foto: ABECE

regras já existentes. Por isso, para Freitas, não haverá alterações para quem já as segue. “Os regulamentos de estrutura já estabelecem limites mínimos que satisfazem as necessidades de desempenho. Basta ler, estudar e aplicar. Quem não os cumpre já está fazendo algo que não é correto, geralmente porque obtém vantagens competitivas, como o consumo de materiais mais baratos, mesmo que isso seja um fator de risco”, afirma. A norma, contudo, também apresenta algumas novidades. Segundo Batlouni, que foi o coordenador do Grupo de Trabalho de Sistemas Estruturais da Comissão de Estudos da NBR 15575, a nova versão da normativa traz uma série de ajustes que a tornam mais clara em seu entendimento. Também foram estabelecidas novas metodologias de avaliação em desempenho que podem ser executadas pelos laboratórios e construtoras nacionais.

Para Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, para quem já segue as regras não haverá grandes alterações

as estruturas não podem ruir ou perder a estabilidade de nenhuma de suas partes e devem prover segurança aos usuários sob ação de impactos, choques, vibrações e outras perturbações decorrentes da utilização normal da edificação. A regra define que as estruturas devem apresentar um nível específico de segurança contra a ruína, considerando as combinações de carregamento de maior probabilidade de ocorrência. Elementos com função de vedação devem ter capacidade de transmitir à estrutura seu peso próprio, bem como os esforços externos decorrentes de sua utilização. Tais condições de desempenho devem ser comprovadas analiticamente, demonstrando o atendimento ao critério do estado-limite último. Ainda em segurança, o texto apresenta as exigências relacionadas às deformações e aos estados de fissuração. Segundo o texto, os sistemas estruturais não podem sofrer deslocamentos ou fissuras excessivas. Devem-se levar em consideração as ações permanentes e de utilização, e não se deve impedir o livre funcionamento de elementos componentes da edificação, como portas e janelas. Para comprovar o desempenho o critério utilizado é o do estado-limite de serviço. Outro ponto importante é o conceito de durabilidade. O regulamento esclarece

que a durabilidade é função das condições ambientais previstas e da utilização das estruturas conforme preconizado em projeto e submetidas a intervenções periódicas de manutenção e conservação, segundo instruções contidas no manual de operação, uso e manutenção. Já para novos materiais e sistemas construtivos que não tem modelagem matemática conhecida e consolidada por experimentação, ou que ainda não possuem normas nacionais específicas, a norma permite a adoção de critérios de estabilidade e segurança baseados em cálculos, modelos e ensaios destrutivos. Os sistemas estruturais devem manter sua capacidade funcional durante toda a vida útil do projeto, que pode variar de 50 a 75 anos. Para alcançar esse objetivo, devem ser previstas e realizadas manutenções preventivas sistemáticas e, sempre que necessárias, manutenções corretivas. Essa última deve ser realizada assim que o problema se manifestar, impedido o agravamento de pequenas falhas. As manutenções devem ser realizadas obedecendo-se ao manual de operação, uso e manutenção. “Esse requisito é de muita importância, pois obrigará uma mudança cultural quanto à operação e manutenção das estruturas, itens normalmente negligenciados pelos responsáveis dessas funções”, afirma Batlouni.

AGOSTO 2013

35


espaço aberto

O DESEMPENHO ENERGÉTICO DE EDIFÍCIOS DO PROGRAMA DE HABITAÇÃO POPULAR BRASILEIRO Diante da importância dada nos últimos anos à necessidade de edificações cada vez mais eficientes do ponto de vista térmico e energético, é crescente a discussão sobre o tema. No mundo, são várias as pesquisas e incentivos acadêmicos, transferência de tecnologias, incentivos fiscais e novas políticas administrativas sobre a questão. Diante do contexto, a arquiteta Raffaela Germano, em sua dissertação de mestrado desenvolvida no Programa Dinâmica do Espaço Habitado, da Universidade Federal de Alagoas, analisou o efeito do sombreamento, através do arranjo construtivo e da utilização de protetores solares, e avaliou a influência da absortância da envoltória no desempenho energético em edificações na cidade de Maceió (AL), a partir de um modelo que representa a tipologia típica de edifício vertical desenvolvido pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Os resultados obtidos reforçam a necessidade de se considerar a utilização de protetores solares nos empreendimentos habitacionais para a capital alagoana, como também de se levar em conta a disposição do arranjo construtivo, de maneira a potencializar a sua função de sombreamento e canalizador de ventilação natural — estratégias de grande importância para se obter conforto térmico e consequentemente redução do consumo energético.

Palavras-chave Desempenho energético; Edifícios residenciais; Sombreamento; Absortância. Raffaela Germano de Lima é Professora do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil. Universidade Federal de Sergipe. Mestre em Arquitetura e Urbanismo. lelagermano@yahoo.com.br

36

AGOSTO 2013


Comparação entre parâmetros avaliados e o consumo energético.

1.INTRODUÇÃO A eficiência energética nas edificações pode ser entendida como a capacidade de se realizar diversidades de trabalhos no ambiente, utilizando a menor quantidade de energia possível. Relaciona-se à economia de despesas com energia, à melhoria da qualidade de distribuição energética no ambiente e ao menor impacto ambiental (GHISI, 2003). Fatores como as características técnicas construtivas dos edifícios e a sua orientação, a eficiência dos equipamentos utilizados, bem como o uso ou não de climatização artificial, configuram-se como parâmetros de grande importância para a determinação do consumo energético nos edifícios. A não obser vância de tais fatores pode representar grandes perdas ou ganhos térmicos, a exemplo, em regiões de clima quente e úmido, do uso excessivo de fachadas envidraçadas, desprovidas de dispositivos de proteção solar e sem nenhum critério de orientação, que podem gerar desconforto térmico. Em tais situações, recorre-se frequentemente à utilização de condicionamentos artificiais de resfriamento, levando ao alto consumo energético. O baixo desempenho térmico dos edifícios tem sido um dos fatores responsáveis pela crescente demanda de energia, devido principalmente ao uso de equipamentos de condicionadores de ar. Esse consumo varia de acordo com cada região do País.

No Nordeste, esse equipamento é responsável por cerca de 27% do consumo final no setor residencial, perdendo apenas para o consumo energético das geladeiras, conforme dados contidos em Eletrobras/Procel (2007). Diante da importância dada nos últimos anos à necessidade de edificações cada vez mais eficientes do ponto de vista térmico e energético, é crescente a discussão sobre o tema. Numerosos são os esforços de pesquisas e incentivos acadêmicos, transferência de tecnologias, incentivos fiscais, além de políticas administrativas e legislação sobre a questão. Em meio à preocupação energética mundial, torna-se iminente que o arquiteto e os demais profissionais da área adotem, sempre que possível, estratégias passivas, associando técnicas construtivas com o uso de novas tecnologias que promovam a sustentabilidade dos edifícios. Sendo assim, o presente trabalho avaliou a influência do sombreamento e da absortância da envoltória no desempenho energético em edifícios residenciais multifamiliares localizados em Maceió – AL, tendo como objeto de estudo um modelo que representa a tipologia típica de edifício vertical de padrão popular, desenvolvido pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR).

AGOSTO 2013

37


espaço aberto

2. METODOLOGIA Foram realizadas análises paramétricas visando à comparação do desempenho energético de um período de um ano, avaliando o consumo energético médio de cada mês e o consumo médio anual, em face de alguns parâmetros propostos, através de simulações computacionais utilizando o programa EnergyPlus. Os parâmetros testados individualmente nas simulações foram: a presença de dispositivo de proteção solar nas janelas da fachada sudeste, a influência do entorno e os valores da absortância das paredes externas; preservando as demais características do modelo de referência. Foi considerada, para a simulação, a utilização de um sistema de condicionamento de ar composto de um ar-condicionado de janela nos quartos de casal, programado para manter uma temperatura entre 18ºC e 24 ºC, no período de ocupação das 22h às 7h. 3. RESULTADOS O consumo energético no edifício de referência que, sem a utilização do aparelho de ar-condicionado, era de 26.221,6 kWh anualmente, passou para 47.453,72 kWh, ou seja, houve um acréscimo de 44% no consumo energético anual para as zonas térmicas analisadas. 3.1 Edifício de referência x Edifício com protetor solar comparando-se o consumo energético mensal do edifício de referência ao modelo com protetor solar, constatou-se que os dispositivos de proteção solar propiciam maior redução de consumo energético nos meses de verão; já nas estações chuvosas, o protetor solar tem pouca influência na redução desse consumo. Verificou-se que a utilização de protetor solar contribuiu para uma redução de 2,1% no consumo anual, o que, em números absolutos, representou uma economia de 999,32 kWh no consumo anual. Ao dividir esse valor pelo número de apartamentos analisados (quatro apartamentos), observou-se que cada um obteve uma redução anual de 249,83 kWh no consumo energético. Dessa forma, considerando-se uma taxa de R$ 0,463662 por kWh, a utilização do protetor solar resultou em uma economia anual de R$ 115,85 por apartamento e mensal de cerca de R$ 38,61.

38

AGOSTO 2013

3.2 Edifício de referência x Edifício sem entorno Comparando-se o consumo energético mensal do edifício de referência com o edifício sem entorno, observou-se que a ausência do entorno interferiu no consumo, e as maiores diferenças são observadas nos meses de verão. Já os menores valores de consumo energético foram registrados nos meses da estação chuvosa. Dessa forma, verificou-se um aumento anual de 1403,07 kWh (aumento de 2,8%) ao desconsiderar a influência do entorno sobre o edifício, o que representou um aumento médio mensal de R$ 54,21, para uma taxa de R$ 0,463662 por kWh. 3.3 Edifício de referência x Edifício com absortância externa 0,63 Ao alterar a absortância das paredes externas para 0,63, referente à cor amarelo-antigo, verificou-se, na comparação com o edifício de referência (com paredes de cor branca), um aumento do consumo energético mensal. As maiores diferenças entre as duas condições analisadas foram registradas nos meses de verão. Sendo assim, o aumento anual de 1.288,24 kWh (aumento de 2,7%) ao se utilizar as paredes externas de absortância 0,63 representou um aumento médio mensal de R$ 49,78, considerando-se uma taxa de R$ 0,463662 por kWh. Conclui-se que a utilização de protetor solar e o aproveitamento da morfologia do arranjo construtivo contribuíram para um melhor desempenho do modelo que representa um edifício elaborado pelo programa PAR. E também que a consideração da predominância da cor branca na textura das paredes externas é um aspecto positivo e que se deve ser mantido nos programas habitacionais para a cidade de Maceió, pois também significou redução no consumo energético. Nesse contexto, reforça-se a necessidade de se considerar a utilização de protetores solares nos empreendimentos habitacionais, como também de se levar em conta a disposição do arranjo construtivo, de maneira a potencializar a sua função de sombreamento e canalizador de ventilação natural, estratégias de grande importância para se obter conforto térmico e redução do consumo energético nas edificações localizadas na capital alagoana.


espaço pec

DESENVOLVIMENTO SEGURO E SUSTENTÁVEL Alexandre Duarte Gusmão, Andréa Batista de Farias e Stela Fucale *

D

esde os anos 1990, a ideia da sustentabilidade vem se popularizando, e seu conceito tem sido utilizado com algumas variações dependendo da área na qual é aplicada. Em transportes, por exemplo, se usa o termo mobilidade sustentável e, nesse contexto, Geerlings, Shiftan e Stead (2011) definem sustentabilidade como um desenvolvimento que melhora o meio humano e natural no presente e no futuro. Os autores definem ainda o sistema de transporte sustentável como aquele que produzirá uma contribuição positiva para a sustentabilidade ambiental, social e econômica das comunidades às quais serve. No setor da construção civil, define-se construção sustentável como um processo holístico que promove alterações conscientes no entorno, de forma a atender às necessidades de edificação, habitação e uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras. Dentro dessa definição, a segurança e saúde do trabalhador estariam diretamente ligadas à qualidade de vida das gerações atuais e futuras, uma vez que o sofrimento causado por doenças ou acidentes ocorridos no ambiente de trabalho representam custos econômicos e humanos para o trabalhador, a empresa e a sociedade, afetando diretamente as três dimensões da sustentabilidade (KOHLMAN RABBANI, 2012). O grande desafio para os diversos atores envolvidos com os conceitos de sustentabilidade é traduzir as definições em metas e ações específicas aplicáveis aos vários setores. É nesse contexto que, desde 2010, o Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil (PEC) da Universidade de Pernambuco (UPE) vem efetivamente incorporando a questão do desenvolvimento sustentável em diversas ações e pesquisas que culminaram com a criação, em abril de 2013, do grupo de pesquisa intitulado Desenvolvimento Seguro e Sustentável – (DESS), cadastrado no CNPq, somando-se aos outros quatro grupos de pesquisa já vinculados ao PEC/Poli/

UPE, a saber: • Avaliação do Ciclo de Vida de Produtos da Construção Civil – (ACVPC); • Engenharia Aplicada ao Meio Ambiente – Ambitec; • Ergonomia, Higiene e Segurança do Trabalho – (NSHT); e • Tecnologia e Gestão da Construção de Edifícios – (Politech).

O grande desafio para os diversos atores envolvidos com os conceitos de sustentabilidade é traduzir as definições em metas e ações específicas aplicáveis O DESS pretende realizar estudos mais aprofundados, inicialmente em duas linhas de pesquisa: (1) sustentabilidade nas construções e (2) transporte seguro. Até o momento, conta com a participação de 10 (dez) professores de diversas universidades e 10 (dez) alunos da Poli em nível de graduação, especialização e mestrado (ver fotos).

Esse grupo de pesquisa espera atender a uma demanda regional que se encontra alinhada com as linhas de pesquisa do PEC: Desempenho e Inovação Tecnológica na Construção e Gestão da Construção. Acredita-se que as novas pesquisas que começam a ser desenvolvidas nessa área possam contribuir com o crescimento e amadurecimento da instituição e do setor no Estado e ampliar as redes de intercâmbio que foram estabelecidas nos últimos anos entre o PEC/ Poli/UPE com as várias universidades estrangeiras, entre as quais vale ressaltar o Technion – Israel Institute of Technology, o CSU – Colorado State University e a Universidade do Minho. Maiores informações sobre possibilidades de estudo e pesquisa nesta área podem ser obtidas no site do PEC (www.pec.poli.br), que abre inscrições para novos alunos de mestrado anualmente, no mês de outubro.

REFERÊNCIAS GEERLINGS, Harry; SHIFTAN, Yoram; STEAD, Dominic. Transition towards Sustainable Mobility: The role of instruments, individuals and Institutions. England: Ashgate Publising Limited. 388 paginas. 2011. KOHLMAN RABBANI, E. R. Segurança e Saúde do Trabalho no Contexto da Construção Sustentável. Relatório de pósdoutorado referente ao Processo BEX Capes No. 0770-11-6. Recife: Universidade do Minho, Technion e Universidade de Pernambuco. 2012.

* Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani, Ph.D. Profa. Associada da Universidade de Pernambuco (UPE) Professora permanente do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil (PEC/Poli) Coordenadora do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento Seguro e Sustentável (DESS) Pesquisadora do Núcleo de Segurança e Higiene do Trabalho (NSHT) * Soheil Rahnemay Rabbani, Ph.D. Professor titular aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Professor visitante da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Professor visitante da Universidade de Pittsburgh (UPitt) Pesquisador do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento Seguro e Sustentável (DESS)

AGOSTO 2013

39


arquitetura

A piscina de borda infinita, no alto da falésia, é um convite à contemplação.

ENCONTRO COM A NATUREZA Projeto de hotel turístico em Alagoas alia conforto e sustentabilidade com celebração da paisagem e da cultura local por Isabela Morais fotos: Rogério Maranhão

P

raias de areia branca, arrecifes de corais, águas mornas e uma paisagem de tirar o fôlego. A beleza de Barra de São Miguel, no litoral alagoano, fez do município um dos destinos turísticos mais cobiçados da Região Nordeste. Além da natureza exuberante, a cidade também conta com campeonatos esportivos tradicionais de moto, jipe, surfe e mountain bike, atraindo aventureiros de todo o País. Nesse paraíso, o Hotel Gungaporanga é um destaque a parte na paisagem. Inaugurado em janeiro de 2010, o empreendimento possui uma localização

40

AGOSTO 2013

privilegiada: debruçado sobre a Lagoa do Roteiro — uma das maiores reservas de mangue do mundo — e a famosa Praia do Gunga, cercada por coqueirais. Após 5 anos de obras, hoje o edifício oferece 18 apartamentos, divididos em oito unidades de luxo, oito de superluxo e duas na categoria máster. O projeto arquitetônico do Gungaporanga é assinado por Paulo Veloso, do escritório Paulo Veloso Arquitetura. Para o arquiteto, projetar o hotel foi uma experiência rica e instigante. Localizado no alto de uma falésia, a cerca de 60 metros acima do nível

do mar, o empreendimento tem uma vista panorâmica para o encontro da lagoa com o Oceano Atlântico. Com uma área irregular em mãos, planejar a implantação foi um desafio. “A parte mais complicada foi, com certeza, o terreno. A implantação tem como característica fundamental a celebração da paisagem, desde a recepção, passando pela piscina e culminando nas alas”, conta. O edifício é dividido em uma área central e duas alas laterais, onde os apartamentos estão distribuídos em dez bangalôs. Já o “coração” do projeto, como Veloso chama, conta com uma recepção e a área da piscina.


“A recepção organiza os fluxos e determina as primeiras percepções da paisagem. Na piscina, temos um grande mirante de frente para o mar e de onde pode se observar toda a vista. Ela foi equipada com deck seco, deck molhado, prainha, sauna, hidromassagem e borda infinita”, descreve. De acordo com o arquiteto, foram priorizados materiais de boa durabilidade e fácil manutenção. A área central traz concreto armado para as estruturas principais e tijolo cerâmico para as vedações. Já nos bangalôs, locados à borda da falésia, a estrutura aparente conta com alguns elementos em concreto e coberturas e pilares em toras de eucalipto tratado em autoclave. “Foi determinante no desenvolvimento do projeto a decisão de utilizar madeira proveniente de um manejo sustentável, no caso, o eucalipto. Seu formato natural, cônico e irregular confere personalidade e expressão muito fortes ao conjunto”, justifica. Um projeto de hospedagens voltadas ao lazer, como é o caso do Gungaporanga, deve prezar pela permanência do hóspede, explica Veloso. “O turista não pode sentir vontade de sair do local. Ao contrário de um hotel executivo, onde muitas vezes o hóspede vai apenas para dormir ou frequentar as salas de reunião, um empreendimento voltado ao turismo deve priorizar os equipamentos de conforto”, comenta. Por isso, o fator contemplativo pode fazer toda a diferença. De acordo com o arquiteto, todo o projeto foi pensado de modo a valorizar a cultura local. O processo construtivo utilizou tijolos em bloco cerâmico e telhas de barro, produtos amplamente difundidos na Região Nordeste. “A decoração foi feita explorando tecidos, texturas e objetos do artesanato da região”, conta. Em todos os ambientes do edifício, os hóspedes podem apreciar obras de artistas alagoanos, como esculturas de madeira e de barro, quadros e abajures. As rendas filé, tradicionais da cultura popular do estado, são o destaque dos quartos. “Elas são reconhecidas nacionalmente por sua delicadeza e suas cores intensas. Por isso, foram colocadas especificamente nos apartamentos, onde foi adotada uma decoração de base neutra e branca, para que seu colorido obtivesse o protagonismo necessário”, avalia Veloso.

O artesanato alagoano está presente em todos os ambientes.

Na área central, foram usados concreto armado e tijolo cerâmico.

As sobras de madeiramento foram transformadas em mesas de cabeceira — todos os detalhes para garantir o projeto sustentável.

AGOSTO 2013

41


arquitetura

Para complementar as sensações de conforto, o verde e a beleza natural da região permeiam o Gungaporanga e reforçam as sensações de descanso visual, privacidade e integração com a natureza. Outra preocupação marcante foi o fator ecológico, visto que o hotel é vizinho da Reserva Permanente de Preservação Natural Durval da Rocha Cortez. “A proprietária fazia questão de soluções de baixo impacto ambiental. Isso agregou dificuldades construtivas e de desenho, encareceu o custo de mão de obra e o tempo de execução, mas trouxe beleza e sustentabilidade ao projeto”, relata. As sobras do madeiramento, por exemplo, foram utilizadas para conceber puxadores para as portas dos armários e mesinhas de cabeceira dos bangalôs. Além disso, o empreendimento traz sistemas de reaproveitamento de água, louça sanitária ecológica, reciclagem de lixo e aquecimento por meio de energia solar.

Para o arquiteto, projetar na Região Nordeste respeitando o posicionamento quanto aos ventos dominantes e realizando o sombreamento com beirais generosos é o passo mais importante no quesito sustentabilidade. “Quando projetamos corretamente, sem negligenciar as características naturais da região onde será construído o edifício, já estamos fazendo o mais importante quanto à sustentabilidade”, garante. A proprietária Claudia Cortez diz que esperava por um hotel onde os hóspedes pudessem aproveitar ao máximo a paisagem, os ambientes fossem amplos e conectados à natureza e que contasse com o conforto da hotelaria de luxo. Para os colaboradores, o prédio deveria proporcionar acesso fácil e boas condições de trabalho. “O Paulo captou bem nossos pedidos. O cliente desfruta o tempo todo da paisagem: do bangalô, da cama, do chuveiro, da hidromassagem, do restaurante, do fitness e também da maravilhosa piscina”, avalia.

O maior desafio foi o terreno irregular. Hoje, após cinco anos de obras, são 18 bangalôs de luxo.

42

AGOSTO 2013

A grande preocupação com a preservação ambiental continua. Hoje, o Gungaporanga convida cada hóspede a plantar uma árvore, ajudando a reflorestar a área do próprio hotel. “Somos todos encantados com o projeto. Ficou belíssimo. Houve uma excelente relação entre o arquiteto e o cliente, uma sintonia perfeita”, afirma Claudia.

SERVIÇO Hotel Gungaporanga gungaporanga.com.br Barra de São Miguel/AL - (82) 9111.2068 Paulo Veloso Arquitetura pauloveloso.com.br Recife/PE - (81) 3463.8581 Você pode conferir os detalhes e as plantas do projeto no nosso portal: construirnordeste.com.br


O eucalípito, madeira utilizada, foi proveniente de manejo sustentável.

Surfe e arquitetura Paulo Veloso vive entre a prancheta e o mar. Nascido em janeiro de 1971, Veloso se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco em 1994. Mas foi o surfe quem chegou primeiro. Segundo o arquiteto, a prancha e as ondas surgiram em sua vida por volta dos doze anos de idade. “A arquitetura é minha vocação. O surfe me faz sentir livre.” Como estudante e posteriormente já formado, trabalhou no escritório dos arquitetos Roberto Montezuma, Cátia Avelar e Glícia Fernandes, o AFM Arquitetos Associados. Posteriormente, abriu escritório em parceria com Evelyne Labanca e Henrique Sposito, onde manteve uma linha de atuação variada, com projetos em todo o território nacional. Recentemente fundou o próprio escritório — Paulo Veloso Arquitetura — onde desenvolve projetos em equipe, focando a arquitetura e o design como essência cultural e orientadora do processo construtivo, seja do objeto, do edifício ou do espaço construído. Para Veloso, a arquitetura deve ser entendida como fim, como obra pronta. Já o projeto é o meio, o processo que se inicia com a encomenda e entrevista com o cliente, se desenvolve, faz interface com profissionais de outras áreas e disciplinas e toma corpo durante a execução. E durante todo o tempo de atuação na área, o esporte também esteve presente, influenciando em sua profissão. Para o arquiteto, o surfista é um ser que gosta de conhecer novos lugares e culturas. “É alguém cabeça aberta e isso tem tudo a ver com arquitetura. O profissional precisa estar aberto às novas formas de produção”, afirma. Veloso conta que já esteve por cinco vezes no Taiti, ilha da Oceania conhecida pelo turismo de surfistas. “Quando não estava no mar, estava admirando a arquitetura local. O surfe me ajudou a ficar mais sensível às soluções naturais”, acrescenta.

AGOSTO 2013

43


Desde o começo de 2013, as arquitetas Sandra Miranda e Alexana Vilar firmaram a parceria. A proposta é expandir o projeto.

foto: eleonora sadanha

Cultura regional imprime novas ideias De olho no mercado turístico, arquitetas desenvolvem projetos de tematização completa para hotéis, pousadas e restaurantes por Isabela Morais

C

riar ambientes com identidade própria. Esse é o objetivo do projeto de tematização de pousadas, restaurantes e hotéis desenvolvido em parceria entre as arquitetas Sandra Miranda, da Sandra Miranda Empreendimentos e Consultoria, e Alexana Vilar, ergonomista e professora da Faculdade Boa Viagem, em Pernambuco. Há mais de 10 anos, o conceito tem auxiliado pequenas empresas a tornarem-se produtos diferenciados no mercado turístico nacional e, principalmente, no Nordeste. Tudo começou com uma ideia de Sandra, no começo dos anos 2000. Na época, ela atuava com artesanato, decoração de apartamentos e arquitetura urbana, quando resolveu se dedicar exclusivamente a um sonho: “Eu sempre tive gosto em trabalhar com comunidades e sustentabilidade.

44

AGOSTO 2013

Então, deixei tudo para me dedicar a tematização”, conta. Para complementar a sua formação, a arquiteta cursou pósgraduação em Gestão e Marketing do Turismo na Universidade de Brasília. Sua monografia teve como tema a inter-relação entre arquitetura, turismo e meio ambiente. Com o passar dos anos, a proposta cresceu e conquistou espaço. Desde a sua concepção, o projeto já realizou modificações em dezenas de empreendimentos em Fernando de Noronha, Brasília, Alagoas e regiões da Zona da Mata pernambucana. “São necessários cerca de 6 a 8 meses para a finalização do trabalho. Em geral, os clientes são hotéis e pousadas simples. Nós levamos até eles outras referências. O interesse de hóspedes por esses lugares tem crescido bastante com o trabalho”, avalia

Miranda. Desde o começo deste ano, Sandra e Alexana selaram uma parceria para ampliar a tematização, incluindo nos objetivos a reformulação gastronômica dos negócios turísticos. “Convidei-a porque ela possui formação e experiência com restaurantes”, justifica Sandra.

Tematização O projeto consiste na escolha de um tema dentro da cultura local para ser adaptado e dar “cara nova” ao empreendimento. A reformulação vai muito além da decoração. De acordo com Alexana, são cinco etapas de tematização: decoração, moda hoteleira, capacitação dos funcionários, comunicação e marketing. “Trata-se do


aproveitamento do que já existe, a partir da reciclagem, para a transformação da empresa. Só compramos em último caso”, explica. Quando é preciso adquirir novos móveis, por exemplo, as arquitetas os compram em empresas com certificações ambientais. Todas as ações se baseiam no conceito de ambientação ecossocial, um dos pontos--chaves que conferem sucesso ao projeto. Com isso, os ambientes recebem peças produzidas por artesãos locais. As arquitetas também dão prioridade para o uso de materiais de onde o empreendimento está implantado, para que possam ser reciclados ou estejam disponíveis em usinas de reciclagem. “Todo o processo envolve, de alguma maneira, o trabalho da população”, garante. Após a escolha da temática, as arquitetas projetam as modificações. O primeiro cuidado é com a decoração, sempre pensada de forma a valorizar a cultura, o trabalho da comunidade e a sustentabilidade. Alterações como a confecção de peças ou a realização de pinturas são feitas, em geral, por artistas da região. O material de moda hoteleira é adaptado, e os funcionários são orientados a trabalhar de modo diferente. Até mesmo os planos de comunicação são alterados: “A gente pede que todo o material de divulgação seja feito dentro da temática”, diz Sandra. A novidade, que surgiu após a união da dupla, está na adequação gastronômica. “Agora, fazemos também a atualização e tematização dos cardápios”, destaca Alexana.

A decoração valoriza a cultura local e materiais sustentáveis.

Para dar suporte na área, a ergonomista aproximou o projeto da prática acadêmica. Professora da Faculdade Boa Viagem, Alexana leciona a disciplina de Projetos Executivos de Restaurantes, onde são realizadas pesquisas com os alunos. “O objetivo é, a partir de agora, envolvê-los no projeto de tematização gastronômica.” As perspectivas para o futuro são de ampliar a atuação. Com um trabalho já consolidado em municípios do interior e a vinda da Copa do Mundo para o Brasil, a ideia é expandir para as grandes cidades, atuando no mercado turístico das regiões metropolitanas. “Não vamos deixar de trabalhar no interior, mas sentimos que também há uma cultura nas grandes cidades que pode se tornar um diferencial do setor de Turismo”, esclarece Sandra. “A tematização tem inúmeras vantagens quando incorporada à hotelaria e à atividade turística, pois ela cria exclusividade, envolvendo a cultura, o que possibilita aos empresários oferecer produtos únicos”, completa Alexana.

As peças devem ser produzidas sempre por artesãos locais e pela comunidade.

Para os clientes, o resultado final da tematização é um espaço decorado com identidade, funcionários capacitados para atender o turista dentro de um novo contexto, uma comunicação completa e um plano de marketing estruturado dentro de novos conceitos.

Perfil Sandra cursou graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de Ensino Superior de Pernambuco e cursou pós-graduação em Gestão e Marketing do Turismo na Universidade de Brasília, onde apresentou um trabalho sobre arquitetura, turismo e meio ambiente. Também é formada em Economia, pela Universidade Federal de Pernambuco e está finalizando pós-gradução em Arquitetura Sustentável. Alexana é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco, possui mestrado em Design e é especialista em Ergonomia pela mesma instituição, sendo certificada pela Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo). Com mais de 20 anos de carreira, é especialista em projetos de arquitetura comercial, interiores, escritórios, consultórios, clínicas, lojas e restaurantes. Professora da Faculdade Boa Viagem e da pós-graduação da Faculdade Damas.

SERVIÇO Sandra Miranda sandra@sandramiranda.com.br Alexana Vilar alexanavilar@gmail.com

AGOSTO 2013

45


arquitetura | interiores

Na empresa Cotril, em Goiás, foi utilizado o painel Isojoint Wall Pur, marca registrada da Isoeste.

foto: ISOESTE

A pele dos edifícios Projeto para revestimento de fachadas deve considerar uma diversidade de variáveis sistêmicas muito além do fator estético por Isabela Morais

N

ão importa se são de cerâmica, mármore, granito, pastilha ou argamassa decorativa. Os revestimentos de fachadas vão além da aparência e funcionam como a pele da edificação, ajudando as paredes a compor a vedação vertical. Se por um lado estão expostos a todo tipo de intempéries, por outro são aplicados sobre a estrutura e a alvenaria e, por isso, precisam permanecer aderidos e sem fissuras durante toda a vida útil do empreendimento, mesmo diante da movimentação natural das bases. Não se trata de um elemento isolado, mas de um fator sistêmico do edifício. Por isso, quando se trata do revestimento de fachadas, Jonas Silvestre Medeiros, diretor técnico da Inovatec Consultores, em São Paulo, acredita que um bom trabalho só pode ser feito com planejamento. “O projeto dessa parte da obra é emblemático, porque estão em jogo riscos importantes, onde a perda de desempenho é rápida e visível”, comenta. A função do projetista, portanto, é prevenir destacamentos, infiltrações e fissurações — patologias que têm se tornado comuns — e auxiliar a gestão dos processos produtivos. Um dos pontos de destaque do assunto é a vulnerabilidade dessa etapa da obra. O

46

AGOSTO 2013

engenheiro ressalta os principais fatores de deterioração dos revestimentos: “Entre os externos, temos a chuva e o vento, associados à troca de calor. Mas deve-se considerar as ações de equipamentos e pessoas durante a manutenção, bem como o eventual vandalismo. Internamente são geradas tensões, boa parte delas cíclicas, que podem levar ao desgaste por fadiga”. O arquiteto Sandro Guedes, da Gama Arquitetura, no Recife, em Pernambuco, destaca que no Nordeste os principais agentes de deterioração são: a umidade excessiva, que promove infiltrações, manchamentos, mofo e até mesmo a oxidação de peças metálicas; a ação do vento e das chuvas, causadoras de lixiviação, carbonatação do concreto e desgaste; e a insolação, que em revestimentos mais escuros acelera o destacamento das peças. “As patologias da maioria dos prédios na região refletem o descuidado na escolha do material mais apropriado ao clima ou mesmo o desrespeito aos prazos previamente estabelecidos para as manutenções periódicas”, avalia. De acordo com Medeiros e Guedes, a ABNT NBR 15.575, conhecida como Norma de Desempenho, é o principal norte para

a concepção dos revestimentos. “O texto estabelece requisitos e critérios gerais para evitar erros grosseiros. É preciso considerar o desempenho das vedações como um todo, e não apenas sua camada mais externa”, comenta o engenheiro. A normativa traz diretrizes para o uso de revestimentos aderidos, considerando aspectos como segurança estrutural, desempenho térmico e acústico, segurança ao fogo, resistência a impactos e cargas de vento, estanqueidade e durabilidade. Existem também normas com especificações de projeto e execução de sistemas de revestimento para diferentes tipos de material. No caso dos revestimentos aderidos, há a NBR 7.200 – Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas. Já o arquiteto destaca a NBR 13.755 – Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante. Atualmente, o texto passa por um processo de revisão. De acordo com Medeiros, há duas preocupações principais na hora de conceber o projeto: definir as camadas dos materiais de modo que elas permaneçam aderidas entre si e controlar as fissuras e tensões internas


como o aço e o alumínio, fenólicos, préfabricados de concreto e poliméricos, placas de rocha e porcelanato, painéis cerâmicos extrudados e vidro”, diz o arquiteto. De acordo com ele, os revestimentos cerâmicos eram mais predominantes no Nordeste, sobretudo no Recife. “Hoje, há mais opções — além do desenvolvimento e melhora de desempenho dos revestimentos cerâmicos —, como os revestimentos de granito e porcelanato, utilizado em construções residenciais ou comerciais de alto padrão, revestimentos de alumínio (ACM) e vidro, utilizado predominantemente em edifícios empresariais, bem como revestimentos em resinas, cimentícios e outros.” Em construções modestas, é mais comum o uso de pintura. “Existem também outras tecnologias, como a fachada ventilada, que funciona basicamente como uma fachada dupla, em que há uma separação entre o revestimento de acabamento e a parede de ancoragem, de maneira a deixar entre eles um colchão de ar que promove melhora no desempenho termoacústico no interior das edificações”, comenta. A Dânica investe na comercialização, fabricação e montagem de sistemas termoisolantes. Segundo Alexandre Silvestre, coordenador de vendas da Região Nordeste, a empresa produz painéis monolíticos com isolamento térmico para fachadas e fechamentos. Os produtos são compostos por duas camadas externas de revestimento metálico em aço galvalume pré-pintado com alta resistência à corrosão e um núcleo isolante, de materiais

através do uso de reforços (telas de aço) e juntas de movimentação. “É preciso conhecer o comportamento dos materiais aderidos, e não apenas suas características em laboratório. Depois, em função disso, definem-se os limites de resistência de aderência entre cada uma das camadas”, afirma. “O uso equilibrado de reforços e juntas é quase uma arte, pois não existe ainda um modelo matemático para isso. O comportamento da estrutura, das paredes de vedação e do revestimento multicamada é heterogêneo e dependente totalmente da maneira como se constrói. Somente a experiência permite usar o recurso certo no lugar certo, evitando excessos ou faltas, muito comuns em nossas obras”, complementa. Conforme Guedes, o projeto de arquitetura deve prever o tamanho dos panos de fachada mais adequados a determinados tipos de material, os detalhes de acabamento e de arremates, as juntas de dilatação e o procedimento de mão de obra. Contudo, mesmo com tantos fatores em jogo, o projeto ainda não é uma realidade para todas as construtoras. Segundo o engenheiro, o mercado da construção não considera a realização de projetos para essa área como algo essencial, embora a prática já venha sendo adotada há pelo menos 10 anos em algumas empresas do setor. “Ainda impera a lógica de que o projeto é um custo extra, e não um investimento que pode dar retorno”, avalia. Para Guedes, as construtoras de grande porte já possuem a cultura do projeto de fachadas, e as perspectivas para que a realidade esteja em todo o setor são positivas. “As empresas de médio e pequeno portes, com o atual boom imobiliário, estão começando a reconhecer a importância disso, inclusive por causa da economia que se tem quando se faz em projetos de fachada bem pensados e bem executados”, afirma.

como poliuretano, poli-isocianurato, lã de rocha ou poliestireno expandido. As mercadorias para fachadas industriais ou comerciais fazem parte da linha TermoWall. “A vantagem do sistema construtivo da Dânica é o isolamento térmico. O núcleo dos painéis proporciona conforto dentro do ambiente e economia de energia no uso de ar condicionado. Também destaco a facilidade de instalação, que permite uma obra rápida e limpa”, avalia. Já na Isoeste, são os painéis Wall Pur os mais procurados pelos clientes. De acordo com Sérgio Bandeira, diretor comercial da empresa, a linha possui produtos destinados a todos os tipos de fachadas: para shoppings, supermercados, empreendimentos industriais, entre outros. Eles são modulados, monolíticos e contam com encaixes machos-fêmeas para uma montagem mais rápida e sem perdas. “Os painéis têm estanqueidade a intempéries, ruídos, impactos e, principalmente, diminuem o calor ou frio penetrante das fachadas, em várias opções de cores e acabamentos”, descreve. A companhia tem passado por uma ampliação da linha de revestimento para fachadas, a fim de atender outros segmentos como prédios comerciais e hotéis. “Os produtos Isoeste são fabricados em máquinas com linha contínua, totalmente automatizada, de última geração. Rastreamos todo o processo, desde a produção até a entrega ao cliente. Temos selos de qualidade nacionais e internacionais, como o da Green Building Council e FM Global, que conferem a nossas mercadorias altos padrões de sustentabilidade, segurança ao fogo e durabilidade”, conclui.

Quanto às tecnologias utilizadas, hoje o mercado oferece muitas alternativas, principalmente ao se considerar as opções de revestimentos aderidos e não aderidos, como ventilados, cortinas e fixados mecanicamente. No Brasil, há a tradição de se utilizar a pintura ou textura (argamassa decorativa cimentícia ou polimérica) aplicada sobre uma camada de argamassa (emboço) e as placas cerâmicas. “Porém, é possível aplicar materiais metálicos,

foto: Fernando Macedo

Tecnologia

O arquiteto Sandro Guedes afirma que o projeto é fundamental para a escolha do revestimento adequado.

AGOSTO 2013

47


Menos desperdício, mais lucro Projetos de eficiência energética ainda não são tão incorporados nas edificações brasileiras. Falta incentivo e informação sobre a importância do tema. Uma coisa é certa: o custo-benefício é garantido, tanto economicamente, quanto para o meio ambiente. Usar a energia com eficiência é sinônimo de estimular uma economia mais competitiva. por Patrícia Felix



e acordo com o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), qualquer atividade em uma sociedade moderna só é possível com o uso intensivo de uma ou mais formas de energia. Mas um bom plano de eficiência energética, tanto em edificações novas quanto em antigas, é o primeiro passo para amenizar as necessidades desse forte uso. O clima brasileiro é bastante propenso à economia energética. Diversas opções de energias renováveis e a luz do sol presente na maior parte do ano são fatores suficientes para contribuir significativamente com um uso eficiente da energia, certo? Nem tanto. Além da carência de incentivos no Brasil, um bom projeto exige bem mais do que fatores climáticos. Por incrível que pareça, no país, economizar energia ainda não é prioridade. Os principais motivos são a falta de conhecimento e visão dos empresários. É preciso tempo para que o investimento dê retorno e gere lucro.

foto: Obayashi Corporation

D

A Obayashi Corporation desenvolveu um plano inovador em sua Estação Tecno.

Dificuldades Num estudo que avaliou a eficiência energética entre as 12 maiores economias do mundo, o Brasil é o décimo colocado. Essa má colocação se deu, principalmente, pela carência de esforços nacionais voltados para o assunto. Realizado pelo Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente (Aceee),

foto: APS CONSULTORIA

Alexandre Behrens diz que o Brasil ainda tem muito a percorrer quando o assunto é energia.

50

AGOSTO 2013

o levantamento mediu o uso de energia a partir de 25 indicadores, distribuídos em quatro áreas-chave: indústria, transporte, edificações e esforços nacionais em prol da eficiência energética. Segundo o ranking, um país que usa menos energia para atingir um mesmo resultado, ou mesmo superá-lo, reduz custos e polui menos, criando uma economia mais competitiva. Ao todo, o Brasil atingiu 41 pontos de um total de 100 possíveis. No item indústria, o país fez 10 pontos, de 14. Já no uso de energia pelo setor de edificações, foram 13 pontos de um total de 28. O melhor desempenho em termos de eficiência energética veio da área de transporte – 13 pontos de um total de 15, empatando com os Estados Unidos na quinta colocação. E o pior desempenho veio do quesito esforços nacionais, que analisa a existência e iniciativas de elaboração de políticas e legislações específicas para fomentar o uso consciente energético, como a criação de selos de eficiência. Com apenas 5 de um total de 25 pontos possíveis, o Brasil ocupa o último lugar. Eficiência energética é daqueles temas cuja importância ninguém contesta, mas sua aplicação prática encontra diversas barreiras, entre as quais se destacam o conhecimento técnico e a ausência de capital e linhas de financiamento adequadas à realidade da nossa economia; É o que diz Máximo Pompermayer, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ele enfatiza que os entraves são maiores em regiões menos desenvolvidas economicamente. A superação desses impedimentos requer estratégias públicas de estímulo à eficiência energética. Além desses mecanismos,

o governo, notadamente no âmbito federal, pode promover campanhas educativas visando à conscientização da sociedade e o envolvimento/compromisso das empresas na construção de um modelo econômico-produtivo mais eficiente e racional, em que o desperdício, não apenas de energia elétrica, seja considerado inadmissível, visto que não há nenhuma razão para se gastar mais do que o necessário. Há várias oportunidades e alternativas que podem ser utilizadas para sinalizar a relevância da temática para a população. Um exemplo é quando se fez a campanha em prol da redução da tarifa. Oportunidades perdidas ocorreram durante a concessão de benefícios fiscais (desoneração tributária) para alguns setores da economia e empréstimos subsidiados para compra de eletrodomésticos, sem nenhuma distinção em relação à eficiência energética dos setores/equipamentos contemplados. Para Alexandre Behrens, gerente de Relacionamento com o Mercado na APS Soluções em Energia, eficiência energética em um país como o Brasil deve ser tratado com certa distinção em relação a países que já possuem uma cultura mais arraigada sobre a questão. As dimensões continentais brasileiras adicionam uma dificuldade extra ao trabalho da formação da cultura do negócio. Ele explica que, atualmente, a Associação das Empresas de Serviço e Conservação de Energia (Abesco), concentra cerca de 80% de seus associados no eixo Rio-São Paulo, atribuindo ao Sudeste a grande parte de mão de obra ligada a esse setor. “Este é um dos motivos pelo qual um plano de eficiência energética tem de ser tratado de forma tão singular. Fazer negócio nesse segmento exige, antes de qualquer coisa, esclarecimentos prévios. No “hora do vamos


foto: Obayashi Corporation

ver”, deve-se levar em conta um mix de motivações que, via de regra, passa por modernidade, competitividade, questões financeiras, técnicas, jurídicas e comerciais. Desconheço um negócio que flua com velocidade quando questões como essas ainda demandam esclarecimentos.” Muitas empresas ainda não percebem que o custo da produção de seus produtos está atrelado diretamente ao custo dos insumos energéticos. É aí que entram as Energy Service Company (Escos). O trabalho delas é mostrar que o desperdício energético é oriundo, tanto de uma tecnologia ultrapassada como de uma visão desconhecida das oportunidades de melhorias. “Não saber quanto custa as diversas etapas de um processo produtivo pode ser um inimigo invisível voraz da margem de lucro de muitas empresas”, destaca. Os principais papéis de uma Esco são mostrar esses custos — muitas vezes escondidos — simplificar o processo de eficientização, adequar o trabalho junto a uma solução financeira e finalmente implementar o projeto dentro da unidade do cliente final. Em relação aos investimentos do governo, como o Plano Nacional de Eficiência Energética, Behrens diz que ainda estamos no início de uma longa caminhada. “Ainda temos muito a percorrer, mas é um início. Como dizem por aí, para que se trilhe um caminho, é necessário dar os primeiros passos. O Plano Nacional de Eficiência Energética é um excelente começo. No entanto, nos faltam ainda algumas etapas que demandam o envolvimento mais próximo de diversos players do mercado”. Segundo ele, agentes reguladores, distribuidoras de energia, fabricantes, Escos e Governo são exemplos de autarquias que devem primordialmente trocar experiências. “A desconexão de vontades e a nebulosidade na identificação de um caminho bom para todos ainda são opositores valentes frente às ideias do Plano Nacional de Eficiência Energética. Mas, como disse, é um caminho.” Embora dependa do tipo de processo utilizado (perfil produtivo, custo da energia, usos finais, tempos de operação, entre outros), o lucro é certo e as oportunidades são enormes e sempre presentes para qualquer tipo de consumidor. “No Brasil perde-se muito e perde-se em todos os setores. Se pudéssemos ter uma política voltada a incentivos de projetos para eficiência energética mais clara e de fácil acesso, certamente não precisaríamos pensar em

Por meio da tecnologia RFID, o sistema controla automaticamente as mesas de trabalho dos funcionários.

novas fontes de geração. Penso que geramos a energia que precisamos, mas, boa parte dela, é desperdiçada com tecnologia ultrapassada e desconhecimento de melhorias. A forma mais limpa, barata, política e ambientalmente correta de gerar energia é não desperdiçar o que já foi gerado. Esta nova fonte de geração. É a eficiência energética.”

Software para Eficiência Energética Dados do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) apontam que edificações novas que pensam em eficiência energética desde o projeto básico, conseguem um nível de eficácia de até 50%. Para edificações antigas e retrofitadas, isto é, com um bom projeto de reforma que utilize tecnologias energeticamente eficientes, podem atingir até 30%. O primeiro software do País voltado à eficiência energética e edificações, o Domus-Procel Edifica, foi desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), em parceria com a Eletrobrás. O Programa apresenta resultados em termos de energia a partir de dados de entrada fornecidos pelo usuário. “É preciso apresentar informações em relação a geometria, climatização, iluminação, localização e horários de uso. O sistema oferece os resultados baseados no conforto, economia de energia e eficiência energética”, esclarece Nathan Mendes, professor de engenharia mecânica da PUC-PR e desenvolvedor do Domus, que já existe há 15 anos. Em 2009, a Eletrobrás começou a fazer parte do projeto com o objetivo de facilitar o processo de etiquetagem em eficiência energética nos edifícios.

Para o arquiteto João Krause, da Divisão de Eficiência Energética no setor privado da Eletrobrás, o Programa representa uma vantagem em relação aos softwares disponíveis no mercado, “inclusive, internacionalmente”. Como permite que também sejam feitas simulações com variáveis de consumo e demanda de energia, ele pode indicar soluções que tornem o projeto de um prédio mais eficiente, de modo a evitar o desperdício de eletricidade. O software recebeu um investimento de R$ 1,75 milhão. O projeto contou ainda com a parceria do Ministério de Minas e Energia e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e contribuição da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Gratuito, ele pode ser baixado através do site www.domus.pucpr.br.

Eficiência japonesa Enquanto que, no Brasil, a cultura em eficiência energética ainda não está bem desenvolvida, no Japão os grandes investimentos em tecnologia de ponta são aliados à facilidade na implantação dos projetos. Economia, bem-estar e respeito ao meio ambiente são fatores tidos como prioridade para os japoneses. E em relação à eficiência energética, não poderia ser diferente. A Obayashi Corporation, uma das maiores empresas de construção japonesa, criou um projeto de eficiência energética inovador. Foram 40 profissionais envolvidos para que o plano pudesse ser implantado. A empresa japonesa conseguiu reduzir em média 55% dos custos em relação à emissão de CO².

AGOSTO 2013

51


Quando um empregado fica de pé na frente da porta do escritório, o sinal da etiqueta ativa RFID, incorporado no portacrachá, é detectado. A pessoa é automaticamente identificada e uma checagem de segurança é realizada. Ao mesmo tempo, os dados de identificação são enviados ao sistema de controle central, e iniciase o funcionamento da unidade de ar-condicionado, instalada na mesa do funcionário. Quando o empregado senta na mesa, o sinal ativo RFID capta a informação e a envia para o sistema de controle central. As luzes são acesas automaticamente. Quando ele sai, as luzes são apagadas.

Uma parte do projeto foi realizada em parceria com a NEC, provedora global de soluções integradas de Tecnologia da Informação e Comunicação. No principal edifício do Instituto de Pesquisa Técnica – Estação Tecno –, a Obayashi diminuiu drasticamente o consumo de energia focando nos sistemas de ar condicionado e iluminação, que são considerados os grandes vilões de gasto energético em escritórios. Por meio de uma Identificação por Radiofrequência (RFID), o sistema inovador controla individual e automaticamente as mesas de trabalho dos cerca de 200 funcionários que trabalham no prédio. Através da utilização de etiquetas ativas RFID, os funcionários economizam energia

sem a necessidade de nenhuma ação. Em vez de controlar a iluminação e o ar-condicionado por andar, o controle é personalizado. Para realizar tal feito, foram necessárias a autenticação de indivíduos para a confirmação de que estão em seus postos de trabalho; além de unidades de iluminação e de ar-condicionado instaladas individualmente. E mais: uma grande tela na parede do escritório mostra o consumo diário de energia elétrica e as emissões de CO², com o objetivo de aumentar a consciência dos empregados em relação ao uso de energia. Hajime Onojima, gerente geral da Obayashi Corporation, explica que inicialmente havia três objetivos que precisavam ser aliados ao design do prédio. Em primeiro lugar, era preciso torná-lo referência em pesquisas avançadas. Em segundo lugar, adotar uma segurança maior para gerar confiabilidade. E em terceiro, adquirir eficiência de energia. “Montamos nosso objetivo tendo como base a redução de 55% das emissões de CO² para operar este edifício.” Para priorizar a gestão eficiente, foi adotada uma rede de energia micro grid. Nesse sistema, a alimentação principal é fornecida pela empresa, e vários sistemas de energia elétrica ficam conectados à rede. “Esse edifício tem 150 kW de células solares, dois anexos, de 25 kW, de sistema de cogeração e dois sistemas de moinhos de vento. A bateria de íons de lítio de 10 kWh é também aplicada para o deslocamento do pico de demanda. A eletricidade excedente pode ser fornecida para outras instalações em nosso instituto e ajuda na redução de emissão de CO² por outras instalações no local”, esclarece Onojina.

Com um investimento de 4,2 milhões, o edifício da Energisa conseguiu uma economia de 30%. foto: ENERGISA

Para Alexandre Jann, gerente geral de Marketing e Estratégia da NEC Latin America, vários aspectos devem ser levados em conta na hora de implantar um projeto como o da Obayashi Corporation. “Primeiro temos que considerar o usuário como peça-chave para o sucesso de qualquer iniciativa relacionada a eficiência energética. Temos que analisar o comportamento das pessoas, de forma individual e coletiva. Prezar pelo conforto, pela produtividade e pelo engajamento no modelo proposto. Segundo: temos que avaliar as tecnologias disponíveis e aplicá-las de maneira eficiente, considerando maturidade, evolução e facilidade de uso. O terceiro aspecto é a atratividade econômica da solução, visando o retorno do investimento ao longo do tempo, não esquecendo o benefício ao meio ambiente e à sociedade, itens importantes na cultura japonesa.” Jann destaca ainda que, embora existam várias iniciativas inovadoras relacionadas à eficiência energética no Brasil, o setor elétrico é muito regulado e possui uma série de restrições com relação a investimento e depreciação de novas tecnologias na rede. De acordo com ele, a iniciativa privada tem que lidar com um custo energético caro que impacta diretamente a competitividade de vários setores. Em contrapartida, no Japão, os investimentos em eficiência energética são bastante significativos. “Quando consideramos o Japão, além dos incentivos governamentais para qualquer atividade relacionada ao meio ambiente, temos uma cultura de investimento em longo prazo com juros baixíssimos, o que torna viável vários projetos nessa área.” Onojima justifica que a regulamentação japonesa de consumo de energia do edifício é muito rigorosa. Todos os edifícios têm de ter algum desempenho de conservação de energia. Além disso, o governo disponibiliza várias instituições de subsídios para a construção de projetos-modelo.

Nordeste Na Paraíba, a concessionária de energia elétrica Energisa desenvolveu um projeto para o seu Núcleo Regional Oeste, localizado na cidade de Patos. O edifício comercial térreo que possui 1.902 m² de área construída, implantado sobre um terreno de 10 mil m², conseguiu uma redução de aproximadamente

52

AGOSTO 2013


30% de energia, através de um investimento de 4,2 milhões. A Energisa Paraíba obteve a certificação LEED – NC (Leadership in Energy and Environmental Design – New Construction), Nível Prata, concedida pelo United Estates Green Building Council (USGBC) para edificações sustentáveis. “A nova sede concentra as áreas operacionais da região em condições técnicas adequadas, especialmente as pertinentes ao conforto dos colaboradores, parceiros e clientes, satisfazendo as necessidades atuais da empresa sem comprometer as gerações futuras”, diz o especialista em eficiência energética de edificações e assessor de obras civis e apoio da Energisa, José Aurélio Ribeiro. Do piso ao teto, todo o plano foi desenvolvido para atender índices mínimos de desempenho, inclusive, considerando leis internacionais, como a norma ASHRAE 90.1-2007 – redução do consumo de energia. Foram muitas as iniciativas que contribuíram para garantir a eficiência energética do prédio. Alguns exemplos são: a utilização de uma envoltória, utilizando elementos de sombreamento (brise-soleil), paredes duplas e pintura na cor clara; vidros laminados com baixo fator solar; telhas de alumínio com A Associação Brasileira das Empresas de Conservação e Energia (Abesco) é uma entidade com 16 anos de atuação no setor de eficiência energética brasileira e reúne cerca de 80 empresas associadas, entre Escos (Empresas de Serviços de Conservação de Energia), fornecedores e parceiros. Em entrevista, Marcelo Mesquita, secretário-executivo da Instituição, explica o que é uma Esco e esclarece quais são as regiões mais adiantadas do País no setor.

preenchimento de poliuretano para proteção térmica e acústica do ambiente; ar-condicionado classificação selo Procel “Tipo A” e gás ecológico; iluminação com lâmpadas econômicas e sensores infravermelhos de presença para desligar automaticamente a iluminação do ambiente. O destaque foi a utilização do Brise-soleil (quebra-sol) e o vidro de baixo fator solar. Nas paredes externas, foram utilizados elementos de sombreamento, como o quebra-sol, que barra parte da incidência solar. A técnica reduz a intensidade de calor projetada nas paredes durante o dia e, por consequência, a temperatura dos ambientes, reduzindo também o uso do ar-condicionado. Outro elemento utilizado foi o vidro laminado com baixo fator solar (27%), que deixa passar a luminosidade natural e impede a transferência de calor do lado externo para o interno. O empreendimento, inaugurado em julho de 2010, foi implantada em oito meses, desde o projeto até a inauguração. Ribeiro diz que o resultado foi surpreendente. “A ideia era que o desempenho energético atingisse, no mínimo, 14% de economia de energia comparado à operação de um edifício convencional, que é baseado na norma

ASHRAE. Entretanto, em execução, atingimos uma redução de aproximadamente 30%, superando as expectativas.” Foram R$ 4,2 milhões investidos, incluindo terreno, construção, equipamentos e móveis. De acordo com Ribeiro, os 181 funcionários foram os maiores beneficiados. “As vantagens estão principalmente no modo de agir dos colaboradores, com a utilização de práticas sustentáveis como autocontrole no consumo de energia elétrica e de água, por exemplo. As mudanças ocorreram de forma positiva, afetando diretamente o modo e a forma de praticar ações que sejam socialmente aceitáveis, economicamente viáveis e ambientalmente corretas”. Mas a busca por um desempenho de excelência não para por aí. “A proposta é oferecer aos nossos clientes um serviço cada vez melhor”, finaliza Ribeiro. Ele ainda esclarece que a única dificuldade foi a implantação do tema sustentabilidade na região, principalmente por se tratar de um local onde a preservação do meio ambiente ainda não é bem difundida. “Com isso, tivemos que enfrentar a mudança de cultura e aperfeiçoar o entendimento de todos os envolvidos no projeto, bem como, a aquisição de materiais locais para atender aos princípios da certificação.”

O que são Escos? As Energy Service Company (Escos) são empresas especializadas em eficiência energética que apresentem serviços dedicados à conservação de energia, reduzindo os custos e o consumo, sem afetar a qualidade e a quantidade do produto ou serviço oferecido. Qual a diferença entre uma Esco e uma empresa de consultoria? A principal diferença é que a Esco divide os riscos com o cliente não apenas em termos de investimentos, mas também em termos de compromissar sua remuneração com o sucesso dos resultados obtidos na redução dos custos do consumo de energia. Assim, o cliente moderniza sua instalação, adquire novos equipamentos e ainda se beneficia da economia gerada. Quais são os critérios para a realização de um cadastro na Abesco? São exigidos alguns documentos em que as empresas comprovam sua expertise em eficiência energética. A análise também é feita a partir da apresentação de projetos. A Abesco oferece capacitação e qualificação através do Programa de Qualificação de Escos (Qualiesco), garantindo um significativo diferencial no mercado para as empresas aprovadas no cadastro. Uma importante demonstração desse reconhecimento é o acesso que as empresas certificadas pelo Qualiesco obtém, por exemplo, a recursos advindos de uma linha de financiamento promovida pelo BNDES, chamado Cartão BNDES, para financiamento de diagnósticos energéticos. Os associados da Abesco estão capacitados a prestar diversos tipos de serviços, como: medições, levantamentos, estudos sobre o mercado de energia, elaboração e implantação de projetos, diagnósticos energéticos e contratos de performance. Com base nos números relacionados às empresas associadas à Abesco, qual o estado ou região mais adiantado em relação à eficiência energética do País? Os estados de São Paulo e Minas Gerais são os mais atuantes no setor. Na Região Nordeste, os estados da Bahia e Pernambuco contam com boas frentes de trabalho. A Região Norte é a mais deficitária, pois tem o menor número de projetos na área. Embora não disponhamos de números precisos, podemos assegurar que atualmente existe, no Brasil, um potencial de economia de energia de 200 TWh (eletricidade e combustíveis), que representam R$ 54 bilhões. Mais informações através do site www.abesco.com.br.

AGOSTO 2013

53


TECNOLOGIA

Os debates levantaram temas como sistemas de monitoramento das cidades e soluções construtivas para estacionamento.

fotoS: igor santos

Revista Construir Ne vai até o agreste pernambucano Em sua 15ª edição, o Fórum Construir foi realizado em Caruaru e trouxe o tema Adequações Urbanísticas e Tecnológicas por Camila Almeida

A

cidade é um sistema interconectado de sistemas. Um trabalho dinâmico em constante evolução. A inspiração nesse conceito foi a base para definição de conteúdo do 15º Fórum Construir, etapa Caruaru, no Agreste pernambucano. O evento, realizado pela terceira vez na cidade, reuniu especialistas de diversas áreas para discutir soluções tecnológicas e sustentáveis, com o intuito de garantir mobilidade e urbanismo para a região. Foi uma iniciativa da Revista Construir Nordeste (RCN) e contou com o apoio da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e da Cebrace. O encontro atraiu empresários da construção civil, engenheiros e arquitetos urbanistas, além de representantes dos governos municipais e formadores de opinião. “Nosso objetivo com os fóruns da Construir Nordeste é estimular discussões que possam gerar movimento, ampliar debates,

54

AGOSTO 2013

abraçar conceitos produtivos e sustentáveis em prol das comunidades, a favor do conforto das pessoas nas suas casas, nos seus espaços urbanos”, afirma Elaine Lyra, diretora da RCN. Acompanhando o crescimento da economia no interior do Estado, Caruaru, localizada a 130 km do Recife, vem levantando questões sobre planejamento urbanístico — como comportar a expansão de empreendimentos e a chegada de novos negócios. E foi nesse contexto que foram debatidos os temas: Mobilidade em vias, ciclovias e calçadas; Sistemas de monitoramento das cidades; Soluções construtivas para estacionamento; Soluções tecnológicas sustentáveis adequadas a hotéis e pousadas; e Urbanismo sob a perspectiva de cidade logística. O Fórum, que foi dividido em dois blocos, com palestras e mesas de debates, teve a sua abertura com o arquiteto, professor

do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e consultor em planejamento urbano, Buga Marinho. Ele falou sobre Urbanismo sob a perspectiva de cidade logística, com a proposta de reflexão junto aos participantes do evento. “Eu trouxe exemplos de Suape e da Região Metropolitana do Recife. Eles se encaixam bem com Caruaru e em como a cidade vem crescendo. O meu objetivo foi mexer e inquietar os ouvintes”, comenta o professor. As arquitetas Alexana Vilar e Gisele Carvalho levaram soluções para espaços comerciais e apresentaram um estudo de caso com revitalizações em ambientes abertos. “Podemos usar a proposta aqui em Caruaru. Como exemplo, temos a estação ferroviária da cidade, que atualmente está sem uso. É possível tornar o local rentável, com a sua revitalização e implantação de restaurantes e lojas.”


Devido ao aumento da quantidade de veículos trafegando em Caruaru, os assuntos mais debatidos durante o dia foram as adequações de ciclovias e a mobilidade das vias. A engenheira civil Erika Mota explicou, de forma prática, estudos de adequações para a implantação de ciclovias, com suas mobilidades e sinalizações, e as mudanças necessárias para o convívio integrado de pedestres, motoristas e ciclistas. Com o gancho, o arquiteto Fred Moreira Lima trouxe a palestra Soluções construtivas para estacionamento, com cases na construção de edifícios-garagens para cidades em crescimento. “Os edifícios-garagens foram pensados com o intuito da sustentabilidade, inclusive dando suporte àqueles que andam de bicicleta e buscando unir, em um único ambiente, todos os serviços e com duração de 24 horas”, justifica.

A engenheira civil Erika Mota apresentou estudos de adequações para a implantação de ciclovias.

Debates O segundo momento — e talvez o mais esperado — foram as mesas de debates, mediadas pelo engenheiro civil e ex-presidente da Empresa de Urbanização e Planejamento (URB), órgão responsável pela revitalização e logística da cidade, Kiko Beltrão. Palestrantes e participantes levantaram discussões e soluções. Durante os debates, o que se pode observar é que as dificuldades das grandes capitais já aportam em várias cidades do interior do Brasil. “As boas práticas que forem sendo usadas em Caruaru servirão como espelho para outras cidades e regiões”, afirma Kiko Beltrão. Com a finalização do Fórum, percebeu-se a necessidade de uma continuação da troca de conhecimento e a importância de levar a temática para os órgãos responsáveis pela mobilidade e gestão da cidade. Além da questão central, vieram à tona outros assuntos relacionados às cidades vizinhas. “A partir desse evento, nasce a ideia de levarmos o Fórum para municípios do entorno, como Santa Cruz do Capibaribe e Toritama”, finaliza Kiko. O 15º Fórum Construir contou ainda com o apoio da Associação Comercial e Industrial de Caruaru e do Condomínio Monteverde.

As mesas de debates foram mediadas pelo engenheiro Kiko Beltrão (centro).

Monise Carvalho (Cebrace) apresentou soluções tecnológicas sustentáveis adequadas aos hotéis e pousadas.

AGOSTO 2013

55


56

AGOSTO 2013


ano IV | nº 17 | agosto 2013

orla reconstruída Com o avanço do mar e praias inacessíveis, Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, dá início à maior obra de engorda de faixa litorânea do País P. 67

Entrevista

Miguel Henriques: É preciso pensar em soluções sustentáveis

P. 61

Reserva Camará

Os três pilares da sustentabilidade em um único empreendimento

P. 58


Dos 26 hectares do Complexo Multiúso, 30% são destinados à preservação da fauna e flora locais.

fotos: reserva camará

PROJETO INOVADOR Em construção, a Reserva Camará promete aliar as necessidades da região metropolitana do Recife em um único lugar

P

riorizando a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas, a Reserva Camará foi desenvolvida com o objetivo de aliar em um só projeto soluções para as deficiências existentes em diversas cidades. Situada em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco, o Complexo Multiuso está inserido em uma área de 26 hectares, dos quais 30% são destinados à preservação da fauna e flora locais. O resultado é uma imensa área social, cultural e ambientalmente sustentável. O Bairro dos 15 minutos. A Reserva Camará está projetada para atender às necessidades de moradia, educação, trabalho, comércio e lazer das pessoas que habitam e circulam próximo ao empreendimento, priorizando os pedestres e ciclistas e reduzindo o uso de automóveis. O complexo é composto por 22 torres residenciais, 2 empresariais, shopping center, flats, universidade, call center, centro de convenções e um museu, sede do Instituto Camará. Com investimento total de cerca de R$ 1 bilhão, a Reserva Camará deverá envolver em sua construção, um total de 4.500 empregos diretos. No decorrer da operação, a estimativa dos empreendedores é gerar um total de 20.000 empregos diretos.

58|X

Serapião Bispo, um dos empreendedores, explica que a realização de uma pesquisa de mercado foi primordial para definir o destino do projeto. “O terreno chegou em nossa mesa e decidimos fazer uma pesquisa para resolvermos o que seria melhor para a região. Através dela, consolidamos nossas ideias. Áreas comerciais, habitacionais e conceito de sustentabilidade foram os três fatores escolhidos como primordiais. A redução de impactos e a conscientização que o entorno precisava foram levados em conta na hora de decidir sobre o foco que queríamos levar. Buscamos mostrar às pessoas que é possível construir sem destruir.” As diretrizes de sustentabilidade da Reserva Camará são direcionadas pela Agenda 21 do Complexo Multiúso, documento elaborado para a divulgação entre os colaboradores, a comunidade e aqueles que desejam saber como podem contribuir individual ou coletivamente para a preservação do meio ambiente. A Reserva foi desenvolvida baseada em 48 conceitos de sustentabilidade, o que possibilita adquirir a certificação LEED ND (Neighborhood Development), principal certificação ambiental para bairros sustentáveis, reconhecida internacionalmente e desenvolvida pelo US

Green Building Council (USGBC). Toda a concepção e execução do empreendimento conta com a consultoria do Grupo Sustentax, pioneira na América do Sul em projetos de sustentabilidade de empreendimentos imobiliários, conseguindo formalizar um projeto que se encaixa nos modelos internacionais para novos bairros. Entre conceitos de sustentabilidade que representam o projeto, estão: vida mais fácil, desenvolvimento integrado, conectividade com a comunidade, menores custos condominiais (água e energia), construção responsável (gestão de resíduos e materiais e recursos), acessibilidade universal e mais qualidade de vida. Além das certificações ambientais, outras ações estão presentes no desenvolvimento do complexo: Programa Desperdício Zero, que foca na não geração dos resíduos, envolvendo todos os colaboradores, a comunidade e as cooperativas de catadores de materiais recicláveis; Projeto Sempre Mais Verde, que foi desenvolvido para aumentar as áreas verdes além dos limites da Reserva Camará e que tem como proposta plantar 5 mil mudas de espécies nativas entre os anos de 2013 e 2014, envolvendo


A construção da Reserva Camará conta com a ajuda dos pragramas Florescer de Qualificação Profissional que capacita os moradores da região e o Projeto Sempre Mais Verde. que expande as áreas verdes além dos limites da reserva.

crianças e jovens de escolas públicas e particulares; Programa Acidente Zero, que promove ações de conscientização e fiscalização dos colaboradores; Projeto Canteiro Verde, que reúne ações aplicadas no canteiro de obra, com o objetivo de reduzir impactos negativos decorrentes da obra; Programa de Proteção à Fauna e Flora, que alia ações e diretrizes desenvolvidas em respeito aos animais e vegetais; Programa de Educação Ambiental, que promove ações permanentes de conscientização ambiental com crianças, jovens e adultos da região; Programa Fornecedor Sustentável, que atende as empresas interessadas em fornecer seus produtos, devendo preencher seis pré-requisitos de sustentabilidade; e o Programa de Monitoramento, que é o

acompanhamento do consumo de energia, papel, água e resíduos sólidos. Baseando-se nos objetivos iniciais do empreendimento e através da consultoria do Grupo Sustentax, segundo a consultoria, encaixa-se nos modelos internacionais. “Nossa equipe multidisciplinar foca em ajudar os desenvolvedores a terem esse projeto sendo realizado dentro dos melhores padrões internacionais de sustentabilidade para novos bairros, garantindo os menores impactos ambientais, preservando a natureza local e produzindo um planejamento urbano que facilite a vida das pessoas. Moradia, lazer, comércio e trabalho geram bem-estar e convivência harmônica”, diz Newton Figueiredo, presidente da consultoria.

O Programa Desperdício Zero foca na não geração de resíduos.

59|X


eu digo

para além do modismo Antônio Martins Neto *

E

stá na moda dizer que a palavra sustentabilidade está na moda. É bom que seja assim. Ao contrário do modismo, a moda é eterna, e a eternidade, ou pelo menos a sobrevivência, da nossa espécie e do nosso planeta está na raiz do conceito de sustentabilidade. No entanto, mais do que virar um modismo, o que preocupa é o uso publicitário da palavra sustentabilidade. De uma hora para outra, todos passaram a incluir programas sustentáveis em suas atividades, de bancos a construtoras, de supermercados a escolas. O problema é que a real sustentabilidade exige mudanças radicais e constantes, pois sustentar o mundo tal e qual ele está só nos levará à extinção. Mas será que os bancos, as construtoras, os supermercados, as escolas e a sociedade como um todo terão disposição para levar a cabo as transformações radicais necessárias para que suas práticas sejam de fato sustentáveis como apregoam as peças publicitárias? Essa é daquelas perguntas que não permitem não como resposta. Pois essa disposição terá que surgir mais cedo ou mais tarde, sob o risco de acabarmos todos como os dinossauros, com a diferença de que eles foram extintos por meteoros, enquanto os homens, mais inteligentes, serão extintos pelos… homens. Sendo assim, é melhor começar a ter disposição o quanto antes. Melhor ainda se essa disposição surgir daqueles que têm poder para mudar o rumo das coisas. Como as cidades são construídas pelos construtores, só posso pensar que eles têm parte desse poder. E se levarmos em consideração que a construção civil produz quase metade dos resíduos gerados no meio urbano, também sou levado a concluir que eles têm boa parte de responsabilidade sobre o problema.

60|X

Mas antes de sair por aí utilizando material ecológico com certificação e aquecedor solar nas construções, é bom entender que a questão da sustentabilidade vai além da problemática ambiental. É preciso pensar no uso racional dos recursos econômicos e na sociedade que queremos habitar. Um edifício sustentável é como o amor do poeta Vinicius de Moraes: eterno enquanto dure. Por isso, é papel do construtor verdadeiramente sustentável viabilizar essa sobrevivência. Que tal pensar em construções cujo custo de manutenção condominial e estrutural seja cada vez menor? Afinal, aquele casal bem de vida que hoje foi capaz de comprar um apartamento de 240 m²etros quadrados, em área nobre, com varanda, quatro suítes e R$ 2 mil de condomínio vai se aposentar daqui a poucas décadas pelo INSS e vai gastar toda a aposentadoria privada com remédios e plano de saúde. Os vizinhos vão passar pela mesma peleja. Todos vão tentar vender o imóvel, mas o prédio, outrora imponente, em cuja fachada a construtora tinha orgulho de manter a logomarca, estará bem caidinho e desvalorizado. Será um gol contra no jogo do marketing e da propaganda. Tudo o que a construtora investiu ao longo dos anos para ser acreditada como sustentável será desmentido pelos elefantes decadentes espalhados pela cidade. E assim, pela forma mais dura, ela aprenderá que é responsável por uma construção do primeiro click no AutoCad até a última cerâmica que cair da fachada. Que tal também trocar os projetos exclusivos pelos inclusivos? Nada mais insustentável que a exclusão, que divide raiz com a tão sonhada exclusividade da sociedade de consumo. É verdade que o mercado consumidor ainda não pensa

assim, mas quem constrói as cidades pode ao menos cimentar um tijolinho diferente na cabeça da clientela. E o que dizer então das muralhas que circundam os prédios de luxo e, a cada dia mais, os não tão luxuosos assim, na busca de uma segurança que só aumenta a sensação de insegurança? Algumas ruas das grandes cidades do Brasil viraram túneis sem teto, onde dá medo exercer uma atividade tão básica como andar. Construções como essas excluem as pessoas das ruas, e há muito já se sabe que a segurança de uma rua é proporcional à quantidade de olhos sobre ela. Em suma, quanto mais gente numa rua mais segura ela será. Os construtores têm o magnífico e nobre papel de captar o que o consumidor precisa, de planejar o que é viável, de construir o que é possível e, assim, de moldar nossas cidades e nossa vida. Mais do que nunca, é preciso ter em mente que uma construção não está sozinha no ambiente. Além de constituir uma paisagem, ela também faz parte de um sistema vivo, o qual influencia e do qual recebe influência. É nessa troca, nesse diálogo constante, que está a fonte de sobrevivência de uma construção, de uma cidade e de um povo. E estará aí a fonte inesgotável da nossa sustentabilidade.

* Antônio Martins Neto é repórter especial da TV Jornal/SBT e editor do Blog Mundo Possível


entrevista

Miguel Henriques

A melhor forma de enfrentar a mudança é criar a mudança por Renata Farache

É a partir da máxima de Peter Drucker que podemos definir Miguel Henriques, presidente da Lena Ambiente e Energia, empresa portuguesa parte do forte Grupo Lena Construções. Economista e inovador, Miguel tem um currículo extenso e já fez de tudo um pouco — foi de professor universitário (durante 17 anos) a funcionário do Ministério Português de Economia. Mas optou mesmo por ser executivo. Ele acredita que “é possível ser verdadeiramente feliz quando faz aquilo que gosta”. Irrequieto, o gestor está atualmente em busca de novos mercados, novas geografias. Na entrevista para a Revista Construir Nordeste, Henriques traz a sua larga experiência e faz uma avaliação dos últimos temas abordados nas nossas reportagens.

61|9


entrevista

Não faz sentido gastar bilhões em sistemas que vão beneficiar uma população reduzida. O truque é não utilizar soluções padronizadas O Grupo Lena tem 80 anos de história. Quando surgiu a ideia da Lene Ambiente e Energia? O que ela representa para o Grupo? A Lena Ambiente surgiu da demanda dos nossos clientes (do Grupo Construtor) e se tornou rapidamente um dos maiores players privados do setor em Portugal, dominando uma cota bem expressiva do mercado nacional no tratamento de lixo. Mais tarde, evoluímos para o segmento de distribuição de água potável e tratamento de águas residuais (saneamento), ao mesmo tempo em que investiamos em energias renováveis, como a eólica, marés, biomassa e energia a partir do lixo. Logo após, juntaram-se todas essas atividades numa sub-holding denominada Lena Ambiente e Energia. Sempre acreditamos que lixo e saneamento devem ser trabalhados de forma integrada com a produção de energia. Atualmente, estamos, juntamente com a área da construção, espalhados pelo mundo, com destaque para Angola, Venezuela e Argélia. Temos um faturamento de várias dezenas de milhões de euros, mas ainda muito concentrado em Portugal, pois a área internacional da Lena Ambiente e Energia é ainda incipiente e, claro, a área da construção tem sempre volumes de negócio muito superiores aos de ambiente e energia. Em valores, o setor não tem uma expressão significativa no Grupo, mas, estrategicamente, é prioritária em investimento, principalmente nos mercados externos.

62|8

Quando chegou ao Brasil? E por que? O Grupo Lena chegou ao Brasil em meados dos anos 1990 trazido pela visão dos seus acionistas e gestores, que acreditam ser este um país de grande futuro e potencial. O Lena Ambiente e Energia acompanhou de forma indireta a área de negócios da construção e criou, recentemente, a Liz Ambiente, que é a empresa encarregada dos negócios dessa área no Brasil. O segmento das energias ainda está em projeto, pois até agora não a consideramos um setor prioritário para o nosso investimento no País. Na edição passada da revista Construir Nordeste, a matéria de capa foi sobre saneamento básico, considerada a área mais atrasada da infraestrutura no País. Dados do Governo Federal afirmam que é preciso o investimento de R$ 420 bilhões nos próximos 20 anos para atingir a universalização. Você pode avaliar tal situação? Pelo que conheço, não tenho dúvida de que será uma prioridade para os governos federais e estaduais nas próximas décadas. Primeiro, é fundamental construir as infraestruturas e depois mantê-las. Creio que deve ser feito de forma radial, que primeiro tem um impacto forte nas áreas centrais e posteriormente irá se propagando pelas zonas urbanas de dimensão média até atingir as áreas mais remotas. Não é aceitável, numa sociedade tão evoluída como a brasileira, ter grandes cidades em que não existe um sistema de saneamento público e funcional. Eu entendo a questão da universalização como chavão político, mas haverá que ter muito cuidado e perceber o lado econômico dos investimentos. Não faz sentido gastar bilhões de reais em sistemas que vão a servir uma população reduzida. Devemos lembrar que há sistemas alternativos muito mais baratos e que atingem o objetivo principal para solucionar o saneamento, sem a sofisticação de redes complexas de sistemas de coleta de águas residuais e de ETARs junto de cada agregado populacional. O truque é não utilizar soluções padronizadas, mas encontrar a alternativa mais adequada para cada situação.

Portugal é atualmente referência em saneamento básico. Como deu certo? Qual foi a participação do Grupo no projeto? É possível trazer a experiência de Portugal para o Brasil? A Europa vê Portugal como um case study pelo sucesso das políticas implementadas na área do ambiente, tanto no que diz respeito ao saneamento e distribuição de água potável, como dos resíduos de toda a natureza. Isso aconteceu a partir de meado dos anos 1990, e, em 10 anos, o país já tinha o problema resolvido: além de todos os resíduos terem tratamento adequado de acordo com a iniciativa europeia, havia uma cobertura de distribuição de água potável teoricamente de 100% e saneamento superior a 75%. Não será fácil transferir a experiência portuguesa para outro local, pois a cobertura de saneamento, por exemplo, aconteceu em circunstâncias próprias e específicas, que não voltarão a repetir-se. A Comissão Europeia financiou os investimentos em mais de 50%, e o Estado Central envolveu-se com um commitment único, totalmente focado nesse objetivo. No entanto, foi o que permitiu criar, em Portugal, um conjunto muito importante de recursos no setor, além do nível de consultores e técnicos das empresas. Com esse know-how que adquiriram podem trabalhar em outros países, inclusive, no Brasil. A Lena Ambiente e Energia esteve nesse processo desde o início, e temos alguns recursos muito valiosos que são o nosso principal ativo. Além disso, agora estamos disponibilizando os serviços nas unidades internacionais. Temos sistemas muito práticos para estudar as melhores soluções personalizadas. Ou seja, estamos em toda a cadeia e acreditamos que temos entre nós, alguns dos melhores profissionais do País. Também na última edição, conversamos com Valmir Fachini, diretor da ONG Instituto Ambiental, do Rio de Janeiro. Ele apresenta o conceito de “saneamento ecológico” (Ecosan) como melhor alternativa para a problemática


do saneamento básico. Você tem alguma opinião sobre o assunto? Certamente que as alternativas que permitem reciclar os resíduos (nesse caso, produzidos pelo homem nas suas necessidades básicas ou através do aproveitamento de águas utilizadas no WC ou cozinha) são superiores às soluções que não os utilizam e os depositam nos mares ou solos. São, aliás, na sua maioria, opções derivadas de sistemas muito antigos, em alguns casos, milenares. Atualmente, o grande problema é econômico. Por norma, essas iniciativas são mais caras do que as convencionais e, quando se quantifica o valor que se aproveita, conclui-se que têm pouca expressão. Por exemplo, os sistemas de coleta de água da chuva implicam investimentos em cada casa ou em construção de uma rede própria de distribuição. No entanto, tal como já falei, não se deve pretender aplicar soluções padronizadas. Em locais mais remotos ou rurais, soluções Ecosan são provavelmente as mais adequadas. Sempre que possível, devemos privilegiar esse tipo de alternativa. É momento de transformar a sustentabilidade/meio ambiente em negócio? Você diria que é um bom setor para gerar negócios? Sem dúvida. O cidadão hoje entende que tem que valorizar o bem comum sob pena de os netos e bisnetos não terem planeta para viverem. E isso é o princípio de tudo. Como sempre, nos negócios, o que importa é o valor que o consumidor atribui aos produtos e serviços. Sabemos, por experiência, que a sociedade tem valorizado soluções mais sustentáveis e amigas do ambiente e está disposta a pagar por isso. Nos eletrodomésticos, nos serviços de hotelaria, nos próprios apartamentos. Ano 2013 é considerado o da água. A escassez de recursos hídricos é um problema em todo o mundo. Como podemos diminuir o desperdício e aumentar a eficácia do reúso da água? A utilização de sistemas ecológicos de reutilização é claramente uma das formas

de abordar o problema. Uma das áreas que está particularmente desenvolvida na Europa é a de detecção de fugas de água em todo o sistema de captação e distribuição e, claro: a sua diminuição. Estamos falando em reduzir as fugas de 10 a 15% do total da água consumida. Há muitos anos esse valor estava entre 40% e 50%. Sei que, no Brasil, existem situações em que as fugas são responsáveis por 75% da água consumida. Ora, isso é puro desperdício de um recurso essencial e que deve ser visto como escasso a nível mundial. O que eu penso que deve ser feito é conscientizar os cidadãos de que, ao contrário da ideia comum de que a água é um bem público (e isso significa que ela é como o ar que respiramos, que a quantidade que um consome não interfere na quantidade que o outro consome), ela é um bem econômico no sentido de que é escasso e tem que ser usado com a maior parcimônia. É um tema muito politizado, mas, por isso mesmo sujeito a muita demagogia. Outro tema nesse campo é a dessalinização da água do mar. Países desenvolvidos, como Singapura ou Israel, não têm água potável no subsolo. Assim, desenvolveram soluções sofisticadas de utilização da água do mar. O que é observado agora é que, mesmo os países com tradição de possuírem muita água no subsolo olham para a dessalinização como uma forma de prevenção. Construíram muito recentemente uma unidade dessas às portas de Londres. E a Inglaterra é um país onde chove todos os dias. Creio, portanto, que, mesmo um país como o Brasil, tem que estar atento à possibilidade de utilização dessas tecnologias em partes do seu território. E em relação à eficiência energética, assunto que estamos abordando nesta edição, o que há de mais avançado hoje? Algum tecnologia para destacar? Bom, o tema da eficiência energética dava uma outra entrevista. Mas com as tecnologias disponíveis, eu ressalto algo muito simples, que é a introdução do tema na arquitetura dos edifícios. Somente pela forma como os edifícios

são projetados, a preocupação na utilização dos materiais, sombreamentos (...), já se consegue melhorar a eficiência energética em até mais de 50%. A maioria dos arquitetos diz que conhece muito o assunto, mas não sabe rigorosamente nada e não tem a humildade de reconhecer. É fácil aprender, mas isso implica tempo e fuga das soluções padronizadas. Há consultores especializados e com muita experiência que podem auxiliar os arquitetos na tarefa. A outra via é a reabilitação do edificado existente através da introdução de materiais e isolantes que permitam corrigir a falta de eficiência atualmente existente. Qual é o alerta que precisamos dar aos envolvidos na cadeia construtiva no quesito preservação do meio ambiente/ sustentabilidade? Devemos sempre pensar em soluções ecológicas e sustentáveis desde que desenhamos um edifício até à fase em que o executamos. As alternativas são imensas e devemos evitar soluções padronizadas, pois uma solução feita à medida é sempre a melhor solução. Temos que ter a preocupação da sustentabilidade, o que passa pela redução, reutilização e reciclagem e pela preservação do ambiente. O Brasil é um país imenso, com situações muito variadas, e particularmente o desenvolvimento de zonas mais remotas deve ser visto como um potencial laboratório para inventar e implementar novas tecnologias.

Sabemos, por experiência, que a sociedade tem valorizado soluções mais sustentáveis e amigas do ambiente e está disposta a pagar por isso 63|9


TENDÊNCIAS

Consertar a cidade é consertar o cidadão Renato Leal *

C

omeço, de partido, esclarecendo que melhorar a qualidade de vida das pessoas e — no limite — evitar a sua morte também é uma questão de sustentabilidade. Não vou me ater aqui a aspectos ligados às doenças de uma forma geral, mas apenas àqueles que são reflexo de uma cidade hostil ao cidadão. E destes nenhuma das capitais do Nordeste escapa. Umas mais, outras menos, principalmente em função do porte, mas todas elas carregando um sem-número de problemas estruturais. Considerando que uma das principais — se não a principal — funções dos governos é cuidar do seu cidadão, listo abaixo algumas deficiências crônicas, para as quais o Poder Público pode e deve entregar soluções de curto, médio e longo prazos, com enfoque centrado nas cidades e, como consequência, no cidadão: 1º A parafernália de fios no espaço público: de um extremo mau gosto numa perspectiva urbanística, o estado caótico dos fios emaranhados e partidos da telefonia, internet e energia elétrica produzem também riscos à vida humana — não vamos esquecer as 31 pessoas que morreram eletrocutadas, em 2012, em Pernambuco — e, impedem ou dificultam a necessária arborização das calçadas do Recife, para que possamos viver num ambiente mais ameno em termos de calor e exposição ao sol com ar mais puro e oxigenado. 2º No que se refere à recolha do lixo, temos sido testemunhas de um descaso representado pela permanência nas ruas de montanhas de lixo — campo fértil para a proliferação de ratos e baratas —, que democratizam um conjunto de doenças infectocontagiosas por toda a população. O que percebemos no dia a dia das nossas cidades é que vivemos dentro de um lixão descentralizado que atinge toda a cidade, dos bairros mais nobres aos recôndidos da periferia.

64|X

3º Quando observamos o tratamento do lixo pós-recolha, uma grande vergonha nacional: nossos lixões a céu aberto contaminam o lençol freático, a nossa terra, nossa fauna, o ar e toda sorte de linhas d’água. Pior, danificam física e moralmente um grande contingente da nossa população, que vê no lixão a única fonte possível de renda e trabalha diariamente e mora sobre eles.

Somos causa e consequência das nossas cidades. Consertar a cidade é o mesmo que consertar o cidadão. E vice-versa. 4º A carência do sistema de saneamento nas principais cidades do Nordeste — o existente já se encontra no seu limite — vem produzindo efeitos desastrosos na saúde pública, à medida que aos poucos vão transbordando pelas bocas de lobo e distribuindo-se através das bicicletas e calçados com que obrigatoriamente entram em contato. Também são focos de doença, pois dirigem-se sem tratamento para os canais, riachos e rios, eliminando toda a vida vegetal e animal. A má drenagem, alagando tudo, não limpa como pode parecer, mas, sim, espalha uniformemente o lixo, o resíduo do esgoto e outras coisas mais. 5º A proliferação de situações de extremo ruído é mais comum do que imaginamos: carros e motocicletas com escapamentos ruidosos; ambulâncias e polícias com cirenes mal reguladas; carros de som e vizinhos pouco educados são parte de um

componente de agressão aos nossos sentidos, que vira causa de saúde pública por produzir estresse e prejudicar o sono. Tudo isso acentuado por uma quase extinção absoluta do verde urbano, que, entre outros atributos já citados, também favorece a redução dos ruídos nas grandes cidades. 6º A falta de espaços públicos de convívio confina o cidadãos em sua casa. Sem calçadas para caminhar; sem praças e jardins para disparecer, a solução é trancar-se em casa, à frente da televisão e/ou computador e deixar o tempo passar. Como consequência adicional, pouco convívio social. Quando oferecidos à população — vide as orlas marítimas das principais capitais do Nordeste e os poucos parque existentes — passam a fazer parte do dia a dia dos moradores. O resultado, melhor qualidade de vida dos indivíduos e maior envolvimento destes com a sua cidade. Não precisamos ser médicos ou sanitaristas para concluir os efeitos letais dessas circunstâncias. E não precisamos também de muita reflexão para enquadrarmos a extinção desses cenários como a maior prioridade do País, juntamente com a educação. Vamos nos acostumando como “os sapos dentro de uma panela que esquenta a água em lume brando” e morreremos todos queimados. Somos causa e consequência das nossas cidades. Consertar a cidade é o mesmo que consertar o cidadão. E vice-versa. Acho que todos entendem o porquê.

* Renato Leal estrutura negócios, atuando no Brasil e em Portugal.


65|X


66|10


No total, a obra de engorda tem 5,3 km de extensão e compreende as praias de Barra da Jangada, Candeias e Piedade.

foto: deborah ghelman

Orla reconstruída Pernambuco aporta mais uma obra de destaque nacional por Thaís Sanchez

C

om um investimento de R$ 41 milhões e recursos do Ministério da Integração Nacional e Governo Municipal, o projeto de engorda da costa de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, é considerado o maior do Brasil em extensão — superando o de Copacabana e do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro; Iracema, em Fortaleza; e Piçarra, no Espírito Santo. Jaboatão dos Guararapes é a primeira cidade do Estado a reconstruir a sua orla. Até o término da obra, previsto para setembro, terá sido movimentado 1 milhão de m³ de areia, o que equivale a 100 mil caminhões do tipo caçamba. O objetivo é aumentar a faixa litorânea nas praias de Barra de

Jangada, Candeias e Piedade em 35 a 40 m de largura. A jazida de onde é tirada a areia fica em alto mar, nas imediações da praia de Pedra do Xaréu, no Cabo de Santo Agostinho, há 2 km do litoral cabense e a 14 km de Jaboatão. A draga, que tem capacidade para 6 mil m³ de areia, trabalha 24 horas por dia e faz quatro viagens. Serão 50 dias de bombeamento de areia. Para transportar a areia da draga até o litoral, é utilizado um tubo móvel de ferro, com 1,5 km de comprimento. De acordo com o engenheiro e secretário--executivo de obras do município, Roberto Rocha, o projeto, que é executado pela Construtora OAS, está cumprindo os prazos e deve ser finalizado no final de

setembro deste ano. “Já terminamos todos os serviços estruturais, que foram o levantamento topográfico, a construção dos dois canteiros de obras, o seccionamento do quebra-mar em cinco partes e a soldagem da tubulação de 1,5 km, que está sendo utilizada para o transporte da areia até as praias”, explica. Para garantir a durabilidade do equipamento, foi feito um estudo e selecionado um tipo de areia com uma gramatura em que só será necessária manutenção 5 anos após o término da obra e com uma movimentação de terra muito menor do que a que está sendo feita nessa primeira etapa. Além disso, o Governo do Estado, junto à Prefeitura e ao Ministério Público

67|X


São movimentados em torno de 25 mil m³ de areia por dia.

Federal, firmou parceria com a Eicomnor Engenharia, empresa contratada para garantir que o alargamento seja executado respeitando o meio ambiente. Segundo o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, a iniciativa exigiu uma grande estratégia política e ambiental; além de engenharia criativa. “Estamos em ritmo acelerado. Mais do que devolver a área de lazer para toda a população, vamos potencializar o turismo e movimentar a economia. Já há a previsão da instalação de cinco novos hotéis na região”, afirma.

Erosão Costeira A conscientização sobre os impactos na zona costeira brasileira vem aumentando. É o que pontua Pedro Pereira, pesquisador do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que auxiliou as pesquisas para a implementação da obra das praias de Jaboatão dos Guararapes. Para ele, existem bons exemplos de planejamento urbano nos quais se pensou a longo prazo. A capital paraibana, João Pessoa, tomou medidas de retenção urbana nos anos 1990, como a proibição da construção de edificações com mais de quatro andares junto à costa — e deu certo.

68|10

Mas o que, de fato, é a erosão costeira? Simples e objetivamente, o pesquisador responde em duas palavras: déficit de sedimento. As principais causas são os fenômenos naturais. Uma costa que sofreu erosão (perdeu sedimentos) é chamada de costa negativa. E, de acordo com Pedro, o fenômeno ocorre devido a inúmeros processos. Um exemplo de fator natural é o aumento do nível do mar ou da energia das ondas na faixa litorânea. Mas, no Brasil, há pelo menos 20 anos, o principal catalisador do problema são as intervenções humanas. Nesse caso, o maior exemplo no processo de “reciclagem” da faixa de areia é a elevação de edificações que invadem o limite de mobilidade desses sedimentos. Segundo Pereira, a via costeira nordestina não esbanja sedimentos, já que poucos rios deságuam no Atlântico da região. “São os rios que trazem sedimentos em direção ao mar, e são eles que alimentam nossa costa. Por não termos muitos rios que reforcem esse ambiente praieiro, diz-se que nossa costa é faminta em sedimentos em termos de areia”, diz. Por esse motivo, tratando-se da erosão, a região é mais susceptível a um processo mais intenso. Porém, alguns sedimentos oriundos das eras geológicas ainda são presentes e visíveis nas paisagens litorâneas, as falésias. “Esse tipo de formação rochosa é bem visível

foto: deborah ghelman

em estados como o Rio Grande do Norte e Ceará. Pernambuco, no entanto, não pôde contar com esse “quebra-mar” natural, já que aqui as falésias estão concentradas para dentro do continente, e não em solo marítimo”, analisa o professor, que também é doutor em oceanografia física, química e geológica. Ele ainda ressalva que existe ainda uma longa jornada e alerta que as causas da erosão costeira agressiva passam também pela educação da população. “Pode parecer óbvio, mas o lixo jogado na praia é um grande contribuinte para a depredação da nossa zona costeira. A questão é que todos dizem que sabem o que é certo, mas continuam deixando um lixinho lá. Além disso, a fiscalização e o controle são imprescindíveis. Os gestores públicos devem se comprometer politicamente com o cumprimento das leis e os projetos para a preservação e sustentabilidade dos ambientes costeiros”, justifica.

Pernambuco A urbanização da área das praias do Grande Recife não respeitou os limites de preservação e acabou invadindo o espaço com a construção de ruas, estruturas de lazer e imóveis.“Na década de 1990, Recife e Jaboatão perderam muita areia de praia


plano de dragagem

com a invasão dos edifícios à beira-mar e das áreas destinadas às avenidas e aos calçadões. A ânsia com a alta da especulação imobiliária, na época, acabou ofuscando a preocupação de um futuro mais saudável para a região. Total falta de planejamento. Hoje, temos um exemplo de obra pioneira no Estado, que tenta reverter esse quadro e devolver à população e ao meio ambiente um sistema saudável. É um orgulho saber que, finalmente, sairemos da

realidade do paliativo e partiremos para uma decisão mais sábia e sustentável”, elogia Pedro Pereira. A engorda da praia funciona como a realimentação do sistema de areia em formato artificial. É uma praia recriada, mas com sedimentos naturais. O passo básico para que haja o alargamento da costeira é a dragagem. É necessária a instalação de tubulações de quilômetros de comprimento, que depende da extensão da obra,

O engenheiro e secretário de obras do município, Roberto Rocha, destaca o ritmo da obra.

foto: deborah ghelman

para que se transporte a areia coletada na dragagem até a praia. No processo, algumas mudanças são sentidas por quem mora próximo à praia: a areia pode apresentar mau cheiro e ficar escura devido à decomposição de micro-organismos que são levados da areia do alto-mar para a praia. A cor da água do mar na região também pode mudar durante algum tempo. Mas, segundo o pesquisador da UFPE, não é de se preocupar. “Eles se reproduzem rapidamente, e o processo não vai pôr em risco as espécies. Só vejo o lado positivo. A população poderá usufruir novamente da praia. Hoje, praias como a de Candeias vivem uma situação de ‘privatização forçada’. Às vezes, somente os moradores dos prédios à beira-mar têm acesso à praia. A obra de engorda vai devolver um bem público à sociedade, além de restabelecer todo um ambiente ecológico que um dia foi perdido ali”, conclui e complementa: “É preciso observar que, apesar da reposição da faixa de areia, é terminantemente proibido se construir neste ‘novo solo’.” A engorda da faixa costeira teve êxito nos Estados Unidos, em países europeus como Espanha, Holanda, Portugal e também no Rio de Janeiro, cuja técnica foi implementada nos anos 1960.

69|X


foto: marcelo ferreira

Com o avanço do mar, boa parte da população não tem acesso às praias.

Trâmites Legais e MAI Uma ação conjunta com o Ministério Público Federal de Pernambuco (MPF/ PE) garantiu que a obra respeitasse os aspectos sociais e ambientais. Segundo o procurador da república Marcos Antônio Costa, o impacto é positivo. “As praias marítimas são bens federais e nenhuma obra pode ser feita na praia sem autorização e fiscalização do órgão. No caso da engorda das praias de Jaboatão, acompanhamos desde o início todo o trâmite legal e de licitações que foram necessárias até que se chegasse ao atual processo de execução”, explica. Nos últimos 13 anos, o MPF/PE tem acompanhado as ações e políticas relacionadas à contenção da erosão costeira em Pernambuco. A partir daí, surgiu o projeto

70|10

de Monitoramento Ambiental Integrado (MAI), uma experiência inovadora, reconhecida nacional e internacionalmente, de cooperação interinstitucional para o desenvolvimento de ações coordenadas. Antes do MAI, as ações de contenção restringiam-se a obras pontuais, como a construção de espigões e quebra-mares, sem qualquer amparo científico. Com a iniciativa, houve a substituição dessas intervenções pontuais, que poderiam provocar maior agressão ao meio ambiente, já que ações emergenciais em uma praia, sem o devido planejamento, poderiam transferir a erosão para trechos litorâneos de outro município, indo contra o interesse de proteção ambiental da zona costeira da Região Metropolitana. “Começamos a estabelecer uma estratégia diferenciada. Chegamos à conclusão de que tínhamos que mudar a forma de atuação,

uma vez que decisões tomadas naqueles momentos, surtiam um efeito dominó negativo no desequilíbrio da costa pernambucana”, conta o procurador. De acordo com a professora Núbia Chaves, do departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, que acompanhou todo o planejamento para o alargamento da costa de Jaboatão dos Guararapes, não existe uma legislação específica aplicada para obra de engorda. O foco foi, desde as fases iniciais, a necessidade de proteger a costa. “Esse problema de erosão marinha acontece no mundo inteiro. Alguns países sofrem mais, outros menos. Há aproximadamente 50 anos esse problema não estava sendo considerado como um risco, já que se apresentava de forma muito localizada. De 50 anos pra cá, na história geológica da Terra, começaram a se perceber alterações, não só as referentes ao aquecimento global, como também efeitos adjacentes, como, por exemplo, indícios de variações e elevações de marés”, justifica. A gestora da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Governo do Estado de Pernambuco, Andréa Olímpico, ressalta que, a obra do município pernambucano é, sem dúvida, a melhor alternativa para a regeneração das praias do Estado. Mais: ela espera que a iniciativa se torne exemplo para toda costa. “Nós teremos bons resultados positivos a partir do momento que vai se restabelecer um ambiente que antes existia. Um ambiente social, natural e biológico.”



social

casa da criança vai além e incentiva novas parcerias O programa Companhia dos Anjos melhora a qualidade no atendimento às crianças e adolescentes por Catharina Paes

O

projeto Casa da Criança vem promovendo, há mais de 14 anos, através de reformas e construções, ambientes mais humanizados para jovens socialmente desfavorecidos. Com base em pesquisa realizada junto às instituições beneficiadas pelo Projeto, foi identificada a necessidade de mobilizar parcerias não apenas para obras nas instalações físicas, mas também em prol de um melhor atendimento às crianças e adolescentes. A partir desse contexto, foi criado o programa Companhia dos Anjos, que tem como objetivo atrair parceiros para doação de produtos ou serviços nas áreas de educação, saúde, esporte, lazer, arte e cultura,

preenchendo as lacunas deixadas pelas políticas públicas. A capacitação para as instituições envolvidas é baseada no manual do programa Companhia dos Anjos, uma metodologia desenvolvida com o objetivo de identificar e formalizar parcerias com a iniciativa privada, o poder público e profissionais liberais. Durante o treinamento, são abordados temas como a importância da integração da equipe de gestão, o planejamento dos objetivos e metas para cada área de atendimento; como mobilizar parcerias e como divulgar as ações e os eventos realizados. Também é feito assessoramento, com visitas de monitoramento.

foto: Renato Stockler

O programa Companhia dos Anjos hoje está presente em Pernambuco, Alagoas e Sergipe

72

AGOSTO 2013

O Espaço de Acolhimento Lar Esperança da Muribeca, na Região Metropolitana do Recife, por exemplo, recebe, semanalmente, da Frutaria de Boa Viagem, frutas, verduras e legumes, que são fundamentais para a alimentação balanceada das 110 crianças e adolescentes recolhidas no lixão da Muribeca. Também, no Recife, o Companhia dos Anjos recebe apoio do Colégio Motivo. A instituição participa ativamente dos programas da Casa da Criança, permitindo o lançamento, durante o ano letivo, de campanhas como a Aluno Consciente. Nela, os alunos são mobilizados a participar de campanhas de arrecadamento de produtos, como roupas, sapatos e material escolar. “É extremamente gratificante perceber o brilho de esperança nos olhos das coordenadoras das instituições durante e após o desenvolvimento do treinamento, principalmente no término, quando as parcerias são conquistadas através das visitas realizadas, tornando reais as possibilidades de mudança, repassadas pela metodologia”, diz Maria Elizabete Chalaça, coordenadora do Programa Companhia dos Anjos. Projeto Casa da Criança projetocasadacrianca.com.br contato@projetocasadacrianca.com.br


TOP SOCIO AMBIENTAL 2013/ADVB

Energias solar e eólica O projeto Energia Renovável, uma Solução Sustentável foi desenvolvido pela Alusa Engenharia, no canteiro de obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, onde a empresa constrói a Casa de Força (Cafor) — um complexo de sete subestações elétricas. No local, foram instalados dez postes de iluminação alimentados por energia limpa e renovável, na área de estacionamento e no acesso ao canteiro de obras da Cafor. Desenvolvida pela GreenLuce, empresa do grupo Alusa especializada em soluções de microgeração de energia, o sistema de iluminação usa as energias solar e eólica como fontes de alimentação. A eletricidade é produzida por meio de um aerogerador e dois painéis solares. A energia fica armazenada em duas baterias, que alimentam a luminária. A economia também se dá pela forma como o poste é ligado: um fotossensor identifica a luminosidade do ambiente e, assim, só aciona a luz do poste quando necessário. A alternativa desenvolvida é a única no mercado nacional a reunir num mesmo produto as energias eólica e solar. Isso faz muita diferença, pois uma fonte supre a outra na eventual ausência de sol ou de vento. A autonomia do sistema garante 36 horas de funcionamento. Outro diferencial são as luminárias à base de LED, que emitem luz com baixo consumo de energia, com cerca 55% de economia e vida útil de 10 anos, contra os 10 meses das lâmpadas comuns. Sustentável, a tecnologia é também econômica, pois seu sistema de alimentação é 100% autônomo, não dependendo da existência da rede elétrica.

Bio, o robô-professor A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) foi reconhecida pelo seu projeto de educação ambiental e responsabilidade social desenvolvido nas comunidades e escolas de todo o Estado, levando conteúdos que visam a conscientização sobre o bom uso da água. Através do robô Bio, considerado o primeiro robô-professor do Brasil, são feitas ações educativas, a fim de sensibilizar a preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente. Bio é um robototem, nome dado à mídia robótica de locomoção, que tem funções interativas, com movimento de rosto, apresentação de conteúdo via voz, imagens e métodos de ensino a distância; além de jogos interativos. Apesar de atrair pessoas de todas as faixas etárias, para a Compesa, a opção por levar informação aos estudantes é uma prioridade da empresa, uma vez que é o público mais receptivo às iniciativas educativas, tornando-se multiplicador. No caso, Bio encanta e consegue aliar informação e diversão.

AGOSTO 2013

73


boas práticas

LOGÍSTICA RESERVA Com foco na correta destinação dos resíduos sólidos, a Avant, referência no mercado de iluminação, doou ao município de São Francisco do Conde (BA) cerca de 100 urnas coletoras de lâmpadas queimadas para serem, posteriormente, destinadas à reciclagem. A iniciativa vem ao encontro do Programa Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que prevê a responsabilidade compartilhada dos resíduos urbanos entre governo, empresas e população. A expectativa é de que a prefeitura colete em torno de 5 mil lâmpadas ao ano, independentemente da marca do fabricante — que serão encaminhadas para a correta descontaminação e descarte, dando continuidade ao seu ciclo de vida como matéria-prima. Com o aumento do consumo das lâmpadas conhecidas como econômicas ou compactas, que, gradativamente, substituem as incandescentes, cresce a necessidade de cuidar desses produtos depois de utilizados. Se quebradas, as lâmpadas fluorescentes emitem pequenas quantidades de mercúrio, um metal pesado tóxico e contaminante, que pode gerar problemas de saúde pública. Diante disso, é necessário atenção no recolhimento, armazenamento, transporte e até na própria reciclagem. Desde 2009, a Avant dá a destinação adequada dos produtos que chegam à matriz em para trocas, com defeitos ou em fim de vida útil. avantsp.com.br

CO² Neutro Após estudos internos, baseados em literatura internacional e pesquisas, o grupo técnico de pesquisa e desenvolvimento da C. Rolim Engenharia registrou a primeira neutralização de emissão de gás carbônico em um empreendimento imobiliário, o residencial Paço das Águas, em Fortaleza (CE). A iniciativa é resultado do programa Compromisso Verde, idealizado pelo presidente da empresa, Pio Rodrigues Neto, e lançado em 2009. A proposta é que seja plantada uma árvore em local público para cada metro quadrado de terreno construído pela C. Rolim. A fórmula utilizada para chegar ao denominador de neutralização de CO² passa por duas etapas. A primeira é a de contabilizar o total de gás carbônico emitido pelos diversos insumos utilizados na obra, como cimento, aço, tijolo, cal, areia, brita, instalações elétricas e sanitárias, entre outros itens, e pelo próprio processo construtivo. A outra etapa diz respeito à forma de compensação dessa emissão de CO², cuja contrapartida é o consumo de CO² da atmosfera para síntese da glicose e oxigênio no processo de fotossíntese da flora. No caso do Paço das Águas, que conta com 18.500,00 m² de área construída, chegou-se a um total de 29.882 árvores necessárias para atingir a neutralização. crolim.com.br

74|X


75|X


boas prรกticas

76|X


Ao final da palestra, João Eduardo Marinho e Josaphat Lopes Baía (à esquerda) debateram sobre o case do Retrofit na concessionária Toyolex com o engenheiro Renildo Guedes.

foto: ANTÔNIO RODRIGO

Reúso de água em pauta Soluções sustentáveis e reúso de água foram debatidos em mais uma edição do Fórum Pernambucano de Construção Sustentável por Patrícia Felix

A

reutilização da água em construções está alta. Projetos sendo executados e a criação de uma nova lei para reúso de água em Pernambuco levaram o Movimento Vida Sustentável (MVS) a realizar, no mês de julho, mais um Fórum Pernambucano de Construção Sustentável.

Elka Porciúncula (Paralela Projetos), João Eduardo Marinho e Josaphat Lopes Baía (Marca Engenharia), Wellington Santos (Wesa Consultores) e Filipe Jar (Alepe) ficaram responsáveis pelas palestras e pelos debates. De acordo com Wellington Santos, a implantação de um projeto não demanda muitos custos, e as tecnologias são de fácil acesso. “Não é caro, basta querer. Alguns pontos como manutenção e operação passam hoje por dificuldades, mas as tecnologias são de fácil acesso.” Ficar atento ao projeto é algo que foi bastante enfatizado pelos palestrantes. “A primeira coisa que temos que atentar é ao projeto. Não adianta pensar em reúso de esgoto ou água se isso não estiver bem planejado. Focar no plano quando o empreendimento estiver pronto não vale a pena. Corre-se o risco de gastar aquilo que seria economizado”, disse Santos.

Ele explicou ainda que as águas para reúso podem ser originadas das chuvas, pias, chuveiros e sanitários. Especificamente em relação à construção, podem ser utilizadas para irrigação de áreas verdes, descargas sanitárias e mictórios, lavagens de pisos e veículos, molhamento de vias e sistemas de refrigeração, por exemplo. “Os sistemas de refrigeração são os grandes vilões do consumo de água, mas todo afluente pode ser tratado e utilizado no processo.” “Têm-se condições de trabalhar de forma convencional e avançada com baixos custos. Em termos de investimento em reúso de água, ganha-se muito. Por mais caro que o projeto seja, os custos são recuperados em até 1 ano, a partir daí é lucro”, finalizou Santos. João Eduardo Marinho e Josaphat Lopes Baía apresentaram o case do Retrofit da concessionária Toyolex. O casarão da Toyota, localizado na Avenida Rui Barbosa teve sua fachada planejada toda de vidro. Além de vitrine, a transparência do material serviu para aproveitar a luz solar durante o dia. Marinho destacou que o conceito de sustentabilidade foi analisado desde a fundação do prédio. Argamassa projetada para o

não desperdício de materiais e a utilização de lâmpadas LED foram algumas das medidas sustentáveis utilizadas. Josaphat Baía destacou que empresários em geral esperam um retorno de curto prazo, por isso nem todas as sugestões são atendidas. “Quando o projeto é recebido, uma análise em relação à sustentabilidade é feita, e tenta-se conscientizar o empresário em relação às alterações necessárias, porém nem sempre aceitas.” Na finalização, Filipe Jar falou da Lei nº 14572 – Reúso de Água, que estabelece normas para o uso racional e reaproveitamento das águas nas edificações do Estado de Pernambuco. Ela estabelece normas para o uso racional e o reaproveitamento das águas nas edificações do Estado. Dispositivos da lei pedem a instalação de hidrômetros individuais, vasos sanitários com sistemas de redução de descarga e sistemas de controle de vazão, por exemplo. “A lei visa estimular a redução do desperdício de água e conscientizar a sociedade da importância desse bem.” O Movimento Vida Sustentável é uma iniciativa da Revista Construir Nordeste, do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco e do Governo de Pernambuco.

77|X


boas prรกticas

78|X


Patrice Tosi e seus irmãos Marcelo (à esq.) e Márcio: desde que assumiram o comando, as receitas da Tosi cresceram 30% ao ano, em média.

foto: RODRIGO AUGUSTO

Questex Hospitality + Travel inicia suas atividades A Brazil Hospitality Investment Conference foi uma das primeiras ações da empresa, que procura oportunidades no setor turístico brasileiro por Karina Moraes

A

s principais redes hoteleiras do mundo marcaram presença na primeira edição da Brazil Hospitality Investment Conference (BHIC), em São Paulo, no último mês de junho. A iniciativa foi da Questex Hospitality + Travel. O evento, realizado em parceria com a BSH International, consultoria pioneira de investimentos hoteleiros no Brasil, reuniu mais de 250 players do mercado do setor e promoveu uma série de palestras que movimentou discussões como: o papel dos fundos imobiliários no mercado hoteleiro, o papel da incorporação na estruturação de condo-hotéis, as oportunidades oferecidas e as perspectivas econômicas para os próximos anos. Segundo Flávia Matos, do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), a reunião de investidores, operadores e desenvolvedores do produto hoteleiro é fundamental para o País. “Com esse evento vamos conseguir nos posicionar como um destino. A Questex vem para amadurecer o mercado de maneira saudável e economicamente viável.” O presidente da Setin, Antônio Setin, foi um dos painelistas. Ele acredita que a

chegada da Questex veio fortalecer o setor e a união dos seus principais players. “O evento veio para qualificar o que faltava na hotelaria brasileira. O networking e o ambiente segmentado são os diferenciais.” Já Flávio Maia, do Brazil Hospitality Group (BHG), afirma que a chegada da Questex faz toda a diferença. “Ela veio no momento certo, quando precisamos estreitar ainda mais a relação com quem faz e desenvolve o mercado”, explica.

Mais investimentos no Brasil Durante a Brazil Hospitality Investment Conference, a vice-presidente da Questex, Marilyn McHugh, aproveitou a oportunidade para anunciar que a empresa está entrando oficialmente no Brasil. “Nós promovemos uma série de fóruns pelo mundo e a realização desse evento no Brasil completa nosso portfólio. Estamos procurando oportunidades no Brasil no setor de turismo. Ainda vão ouvir falar muito da Questex no País”, completa. Chelsea Patriquin, gerente de conferências da Questex no Brasil, garante que a hotelaria e o turismo não são os únicos segmentos em que a empresa quer

apostar na região. “Temos outros projetos que ainda não podem ser divulgados porque envolvem outras indústrias. Somos uma empresa multifacetada e preparada para nos aliar a novos mercados e parceiros”, diz a gerente. Além do ramo hospitalar, a empresa atua nos ramos de entretenimento, tecnologia (corporativo e comunicação), design e engenharia, nightclubs & bares, beleza, spa e bem-estar.

Perfil Questex Hospitality + Travel Questex Hospitality + Travel é a maior organização de multimídia no mundo dedicado à área hospitalar e viagens, direcionada a renovação, produtividade e valor agregado para investimentos estratégicos e fóruns de negócios industriais, poderosas ferramentas de geração de liderança, soluções interativas de negócios online, eventos de porte mundial e publicações de indústrias líderes. O Questex Hospitality Group, uma divisão da Questex Hospitality + Travel, opera em toda a América, Europa, no Oriente Médio e na África e na região Ásia-Pacífico, através de uma variedade de propriedades e serviços de líderes de mercado.

AGOSTO 2013

79


NEGÓCIOS

fotos: 2likephotostudio

A edição da Feicon em São Paulo, realizada em março deste ano, movimentou R$ 400 milhões em negócios.

Bem-vinda ao Nordeste Mercado aquecido é o principal fator para a realização da maior feira de construção e arquitetura na região por Isabela Morais

Pela primeira vez em 21 anos de existência, o maior evento do setor da construção na América Latina será realizado na Região Nordeste, entre os dias 26 e 28 de setembro, no Recife. A Feicon Batimat Nordeste reunirá mais de sessenta marcas nacionais e internacionais em 5 mil m² de exposição no Centro de Convenções de Pernambuco. A expectativa dos organizadores é receber um público de 5 mil pessoas. Já tradicional no Sudeste, a feira é organizada anualmente pela Reed Exhibitions Alcântara Machado na cidade de São Paulo, onde apresenta ao público o que há de mais moderno para o setor da construção. A edição de 2013, promovida em março, contou com a exposição de 1.030 marcas nacionais e internacionais, alcançou um total de R$ 400 milhões em negócios e recebeu 127 mil visitantes.

80

AGOSTO 2013

Segundo a organização, a principal justificativa para a realização de uma edição no Nordeste são as perspectivas de crescimento do mercado da construção na região. A previsão para 2013 é que o setor movimente R$ 171,6 bilhões, um aumento de cerca de 55% com relação ao ano passado. Os dados são do Governo Federal. Um estudo da Ernst & Young Terco aponta que o PIB da construção civil do País deve crescer entre 3% e 3,5% neste ano. Já de acordo com a pesquisa Pyxis Consumo, do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), os brasileiros deverão gastar R$ 119,24 bilhões com materiais de construção em 2013. No Nordeste, o cenário é ainda mais favorável. Desde 2009, a região vive um crescimento nas obras de apartamentos residenciais e comerciais. O Estado de Pernambuco lidera o ranking, com um

incremento de 189%. Em seguida, a Paraíba aparece com um aumento de 143% nesses tipos de obras, seguida pelo Rio Grande do Norte com 115%. Já os polos econômicos de Suape, em Pernambuco; Pecém, no Ceará e Camaçari, na Bahia, têm, somados, perspectivas de investimento de R$ 98 bilhões até 2015. Graças a obras imobiliárias e de infraestrutura e dos investimentos públicos em programas como o PAC, Minha Casa Minha Vida e em contruções para a Copa do Mundo, o Nordeste se coloca, atualmente, como uma das regiões mais dinâmicas e prósperas para setor. Para Paulo Octávio Pereira de Almeida, vice-presidente da Reed Exhibitions Alcântara Machado, o evento chega no momento certo. “O Brasil passa por um momento macroeconômico na economia e a Região Nordeste está acompanhando o


crescimento. É a segunda região que mais atrai investimentos na área de construção civil”, comenta. Liliane Bortoluci, diretora-geral do evento, afirma que a feira deverá acompanhar as demandas e ofertas da economia. “A Feicon Batimat criou uma edição local para ajudar as empresas a chegar nesse mercado e fazer os melhores negócios.” Já a diretora regional da Reed, Tatiana Menezes, destaca as possibilidades de trocas. “Também funcionamos como um importante intercâmbio, já que colocaremos empresários locais e de outras regiões do País e do mundo no mesmo espaço”, conta.

Novidades Durante o lançamento realizado na capital pernambucana, foram anunciadas algumas novidades para a edição nordestina do evento. A cerimônia contou com a presença de importantes nomes do setor da construção e arquitetura e urbanismo, como o presidente do Sinduscon de Pernambuco, Gustavo Cocentino de Miranda, o presidente do Conselho de Arquitetos e Urbanistas de Pernambuco, Roberto Montezuma e a vice-presidente do Instituto de Arquitetura do Brasil, Márcia Chamixaes. Diferente da edição paulista, a Feicon Batimat Nordeste contará com a seção Decor Prime Show, uma área dedicada exclusivamente à arquitetura e ao design sob a curadoria de Carla Guera. Durante o lançamento do evento, o arquiteto e urbanista pernambucano André Carício avaliou positivamente a novidade. “Vai ser interessante tanto para as construtoras, com materiais específicos da área, quanto para os arquitetos e designers, no lado da decoração. Não tinha visto ainda uma iniciativa como esta no Estado”, analisou. Além da exposição em si, a feira também contará com o Núcleo de Conteúdo Feicon Batimat Nordeste, com espaços para discussão e estudo dos principais temas da construção atual. O objetivo das palestras é reunir profissionais renomados para oferecer atualização e troca de conhecimento sobre as tendências do mercado. Estão programados os seminários

do Green Building Council, da Anamaco, do Grupo Revenda e PE Business, além da realização do 1º Fórum de Design, entre outros. A Escad-UP, empresa paulista especializada na construção de escadas para sótãos, é um dos expositores confirmados. A empresa é a única do Brasil totalmente especializada na área e atua como representante da companhia polonesa Fakro, segunda maior indústria mundial na fabricação de janelas para sótão e primeira na fabricação de escadas. Para Fernando César Fazzio, fundador da Escad-UP, as expectativas para o evento são muito positivas. “Temos clientes na região e temos certeza que nossos produtos vão agradar tanto o consumidor final quanto os construtores, engenheiros, arquitetos e projetistas, pois eles abrem novas perspectivas de uso nesses espaços que sempre foram esquecidos por todos. Afinal, os sótãos também podem gerar lindos ambientes”, comenta. “Estamos confiantes no mercado e principalmente nas novas tecnologias de construção que têm minimizado os custos.” O perfil da Feicon Batimat conta com 15% de expositores do Nordeste, 25% do Sul e 60% do Sudeste. Já estão confirmadas as presenças de mais de cinquenta empresas, como as paranaenses Bel Fix e

Fromtec; as gaúchas Dutotec, KTB e PFC Equipamentos; as cariocas Haga e PW e as paulistas Cetec, Gaya, Modelpol, Império Hiper, Inova, Irmãos Corso, Lâmpadas Aiha, Multivisão, Renafer e Tron. A exposição abrange as áreas de automação e segurança eletrônica; elétrica e iluminação; hidráulica; máquinas; ferramentas e equipamentos; metais e louças sanitárias; revestimentos; tintas; solventes; vernizes e acessórios.

Serviço A entrada será gratuita para profissionais da área e interessados que realizem o cadastro por meio do site oficial do evento ou para aqueles que tiverem convites. Será cobrada uma taxa de R$ 15,00 para quem não realizar o cadastro. Os empresários interessados em expor devem entrar em contato através do site.

Feicon Batimat Nordeste Centro de Convenções de Pernambuco/Recife De 26 a 28 de setembro de 2013 Quinta e sexta-feira, das 16h às 22h Sábado, das 12h às 18h feiconne.com.br

Tatiana Menezes, Liliane Bortoluci e Paulo Octávio Pereira de Almeida no lançamento da edição Nordeste.

foto: gleyson ramos

AGOSTO 2013

81


NEGÓCIOS

Turismo a trabalho Viagens a negócio movimentam economia nacional e criam demanda por edifícios que combinam ambientes corporativos e serviços de hotelaria por Isabela Morais

Com investimento de R$ 45 milhões, o Pontes Corporate Center é o primeiro empreendimento em Pernambuco voltado ao turismo de negócios. imagem: metro

82

AGOSTO 2013

U

m prédio com revestimento em vidro, alumínio composto e granito grampado se destaca na paisagem da rua Barão de Souza Leão, no bairro de Boa Viagem, no Recife. É o Pontes Corporate Center, um empresarial da construtora Rio Ave, em parceria com a rede Pontes Hotéis & Resorts e a Suassuna Fernandes Engenharia. Inaugurado no início deste ano, o edifício possui porte corporativo e está anexado ao tradicional Mar Hotel. Apesar do ambiente voltado para negócios, a proposta é que os clientes usufruam de uma confortável estadia e serviços hoteleiros de qualidade. É o primeiro empreendimento em Pernambuco com conceito de Hospitality Service. O turismo de negócios é uma realidade que está em alta no Brasil. De acordo com relatório da Global Business Travel Association (GBTA), maior associação internacional em viagens de negócios, em 2013, as viagens a trabalho deverão crescer, no País, aproximadamente 14,3%, movimentando cerca de US$ 34,5 bilhões. Devido aos eventos internacionais dos próximos anos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, a GBTA estima que em 2014 o crescimento será de 16,1%, o que representa um giro de US$ 40 bilhões. No ranking da Associação de Congressos e Convenções (ICCA), instituição que mede o mercado de negócios e eventos no mundo, o Brasil aparece como o sétimo colocado. No último relatório, ocupávamos o nono lugar. Em todo o continente americano, o País ocupa a segunda colocação, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Entre as 100 cidades que mais sediam eventos de negócios, 16 são brasileiras: Salvador aparece em 28°, Recife ocupa a 52° colocação, seguida de Porto de Galinhas em 68°, Natal em 77° e Fortaleza em 86°.


AGOSTO 2013

83


NEGÓCIOS

Com investimento de R$ 45 milhões para suprir as necessidades do nicho que promete aquecer o mercado, a ideia do Corporate é buscar soluções arquitetônicas que combinem lazer e trabalho, focando mais três fatores: localização estratégica, infraestrutura e prestação de serviços. O complexo possui 19 pavimentos comerciais e mais seis destinados a estacionamento. Cada andar comporta salas moduláveis de cerca de 36 a 540 m², totalmente customizáveis, o que garante configuração ilimitada dos ambientes, dotados de preparação para piso elevado, possibilitando inúmeras variações de plantas adaptáveis a qualquer perfil de empresa. De acordo com o gerente de Vendas & Marketing da rede Pontes Hotéis Resorts, Sérgio Paraíso, Pernambuco tem crescido além da média brasileira. Esse fator tem gerado novos negócios para a rede no Recife, permitindo que a taxa de ocupação nos últimos 5 anos crescesse em média 10% a 12% ao ano. “Em 2011, atingimos o pico de 84,5%, o que foi determinante para a decisão de construir uma torre empresarial ao lado do Mar Hotel. Também resolvemos ampliar a capacidade de unidades habitacionais (UH’s), previstas para serem lançadas em 2014”, afirma. “E claro: não esquecemos o centro de Convenções e Congressos, que será inaugurado no terceiro trimestre de 2014. Serão duas novas salas, ampliando a capacidade de eventos para cerca de 1.500 pessoas.

IMAGem: metro

Pontes Corporate Center

Para projetar ambientes corporativos é preciso, principalmente, estar atento à flexibilização dos espaços.

é possível transformar três salas médias em um grande salão ao toque de um botão. Isso possibilita a melhor configuração de acordo com a demanda de cada tipo de evento que o espaço sedia. E isso é um diferencial para o tipo de empreendimento. “Telas retráteis, projetores, iluminação com Led distribuída, um bom carpete e um forro acústico removível, tudo isso agrega qualidade a um ambiente destinado à reunião de muitas pessoas e bons negócios”, finaliza.

Com esses investimentos, prevemos aumentar o faturamento em 9% por ano”, complementa. Segundo Rafael Souto Maior, arquiteto da Metro, empresa responsável pelo projeto, para conceber espaços corporativos, é preciso, principalmente, estar atento à flexibilização dos espaços. “Hoje, a versatilidade é de extrema importância quando se fala em salas de convenção”, garante. Com o uso de painéis deslizantes acústicos, por exemplo,

Para o gerente de Vendas & Marketing da Rede Pontes Hotéis, Sérgio Paraíso, é preciso unir três fatores: localização estratégica, infraestrutura e prestação de serviços.

AGOSTO 2013

foto: Pontes Hotéis

imagem: metro

84


AGOSTO 2013

85


O NEGÓCIO

Construção em PE: Ciclo expansivo e tendências em curso Valdeci Monteiro dos Santos *

A

pós conviver com um contexto de grandes dificuldades nas décadas finais do século XX, a economia pernambucana se reposicionou e passou a apontar no século XXI, notadamente a partir de 2006, para um novo ciclo expansivo embalado por importante bloco de investimentos — cerca de R$ 100 bilhões entre 2007–2016 (Renai-MDIC, PAC-Min. Planej., SDEC, ADDiper, Suape) —, que também ensejou a perspectiva de relevantes alterações na base produtiva estadual. Impactos relevantes desse novo ciclo foram sentidos especialmente na construção civil em Pernambuco, que registrou significativo desempenho, explicitado em diversos indicadores: i) a taxa de crescimento médio do Valor Adicionado Bruto (VAB) do segmento, entre 2000–2010, foi de 4,7% ao ano. Entre 2005–2010 a taxa passou para 11,8% ao ano, contra 5,6% do Brasil e 9,5% do Nordeste (Contas Regionais-IBGE); ii) a população ocupada na construção civil saltou de 21,1 mil para 79,7 mil pessoas, um incremento de 378% (Paic-IBGE); iii) o emprego formal expandiu a uma taxa média anual de 12,9% entre 2002– 2012, enquanto a do Brasil foi de 9,8% e do Nordeste 11,6%, no mesmo período. Com isso, a participação do setor no total dos empregos formais do Estado subiu de 4,8% em 2002 para 9% em 2012 (Rais-MTE); iv) a massa salarial do setor elevou-se quase seis vezes entre 2002 e 2011 (Rais-MTE); e v) o consumo de cimento portland mais que dobrou entre 2000–2010, passando de 1,1 milhão de toneladas para 2,4 milhões de toneladas segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). No entanto, à medida que as grandes obras, destacadamente aquelas vinculadas à implantação de novos

86

AGOSTO 2013

empreendimentos industriais — refinaria General Abreu e Lima, Petroquímica Suape e estaleiros —, sejam concluídas, deverá diminuir o ritmo de expansão da construção civil no Estado. Esse quadro, que começa a se desenhar a partir de 2013, é importante frisar, retrata uma das principais peculiaridades do setor da construção civil: ciclos rápidos caracterizados por impulsos seguidos de baixas no valor adicionado e no emprego de pessoal.

Passado o euforismo da etapa do boom construtivo nos últimos anos, o setor da construção civil estadual deve crescer nos próximos meses a um ritmo menor, embora ainda importante Embora a perspectiva para este ano e o próximo seja de uma queda da mão de obra — com a desmobilização de um grande contingente de operários — e o arrefecimento do VAB, os efeitos no setor deverão ser em parte compensados com outras obras que estarão em processo de implantação, como os novos empreendimentos da Fiat, Hemobras e Cone Suape; os projetos infraestruturais, a exemplo da Transnordestina e da Transposição do

Rio São Francisco, e a futura construção da rodovia Arco Metropolitano; e os empreendimentos do segmento imobiliário, como os condomínios Convida Suape e NorthVille. Porém, um ponto deve merecer maior preocupação: a persistência de baixa produtividade do setor. Embora tenha apresentado ligeira melhora entre 2000– 2010, a produtividade, medida pela relação VAB sobre o número de pessoas ocupadas, mantém-se a níveis muito baixos, correspondendo, em 2010, a 67,8% da produtividade média brasileira, cujo padrão também não é bom comparado com os países desenvolvidos. Este, sim, é um problema estrutural que passa, sobretudo, pela necessidade de modernização nos processos construtivos e da gestão e gerenciamento dos projetos, assim como ampliação no nível de qualificação da mão de obra. Em suma: passado o euforismo da etapa do boom construtivo dos últimos anos, o setor da construção civil estadual deve crescer nos próximos meses a um ritmo menor, embora ainda importante; e, no médio e longo prazos, deve preparar-se para inovar na perspectiva de um mercado que tenderá a ser cada vez mais exigente e competitivo.

*Valdeci Monteiro dos Santos é sócio-diretor da Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento e professor de Economia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) .


INDICADORES

AGOSTO 2013

87


construir direito

Os principais aspectos a serem observados em uma locação Rafael Accioly *

A

locação de bens imóveis vem sendo, e historicamente sempre foi, uma alternativa para as empresas retirarem de seu ativo imobilizado bens que representam um alto dispêndio de recursos, podendo, dessa forma, destiná-los para o investimento em sua atividade produtiva, em contrapartida da despesa mensal a ser paga ao locador do imóvel. Outrossim, tal instituto é solução para aqueles que buscam moradia em imóvel que não seja próprio. No entanto, se qualquer das partes (locador ou locatário) não atentar, no momento da elaboração do instrumento do contrato, ao que dispõe a Lei do Inquilinato (Lei Federal nº 8.245/91) e suas especificidades, tal falta de cuidado pode significar grandes prejuízos ou, no mínimo, dor de cabeça. O primeiro ponto, que talvez seja o mais importante deles, referese ao prazo do pacto locatício. Nos contratos de locação de natureza não residencial, é importante, àqueles que desejam instalar sua empresa em imóvel objeto de locação, atentar-se para a estipulação do prazo de vigência do contrato de, no mínimo, 5 anos, de forma a lhes permitir o direito à renovação do contrato, independentemente da vontade do locador. Isto porque, se for pactuado, na locação não residencial, prazo igual ou superior a 5 anos e não houver acordo entre as partes para a prorrogação da vigência, poderá o locatário ajuizar uma ação renovatória no interregno de 1 ano, no máximo, até 6 meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor, oportunidade em que o locador apenas poderá opor à renovação os seguintes argumentos de mérito: a) reforma que importe em radical transformação do imóvel, seja por imposição do poder público ou para aumentar o valor da propriedade ou do negócio; b) utilização do imóvel pelo locador ou estabelecimento do qual ele próprio faça parte ou seu cônjuge, ascendente

88

AGOSTO 2013

ou descendente; c) existência de proposta de terceiros em melhores condições, cabendo, neste último caso, indenização ao locatário em razão da perda do fundo de comércio. Por outro lado, a mesma atenção devem ter os locadores na hora de disponibilizar para locação determinado imóvel de finalidade não residencial, pois, como dito acima, caso o contrato venha a ser firmado por prazo de 5 anos ou seja prorrogado de forma que a soma dos prazos ininterruptos atinja tal período, ficará ele vinculado à possibilidade da prorrogação pelo locatário. No que se refere às locações residenciais, é importante que os locadores tenham sempre o cuidado de estipular o prazo da locação em, pelo menos, 30 meses. Isso porque, caso venha a ser estipulado prazo inferior, depois de superado o prazo de vigência do contrato, este será prorrogado automaticamente, apenas podendo o locador reaver o imóvel depois de superados 5 anos de vigência ininterrupta do contrato ou em casos específicos previstos em lei, não podendo, nessa hipótese, o locador fazer o uso da chamada denúncia vazia (pedido de resolução do contrato sem justificativa) antes de decorrida a vigência ininterrupta de 5 anos, ainda que o contrato esteja vigendo por prazo indeterminado. Nesse caso, o ideal é que seja estipulada a vigência da locação pelo período de 30 meses ou mais, com a possibilidade de resolução antecipada a pedido do locatário após passado determinado lapso temporal, atendendo, assim, às necessidades de ambas as partes. Além disso, como a lei não traz ao locatário de imóvel residencial a possibilidade do ajuizamento da ação renovatória, é importante que sejam tratadas no contrato como serão reguladas as questões referentes às benfeitorias introduzidas no imóvel, para que o locatário não venha a ter despesas com reformas no bem e posteriormente não seja indenizado sem ter sequer desfrutado destas.

Em quaisquer dos casos, é importante que o locatário, sempre que possível, sugira a inclusão no contrato da cláusula de vigência em caso de alienação, para não vir a ser surpreendido com a posterior alienação do imóvel e notificação pelo novo proprietário solicitando sua desocupação. Essa cautela se deve ao fato de que o art. 8º da Lei de Locações traz a prerrogativa de o adquirente do imóvel denunciar a locação, concedendo prazo de 90 dias para desocupação, ainda que a locação esteja vigendo por prazo determinado. No entanto, essa cláusula pode não ser interessante para o locador, especialmente se ele tiver a intenção de alienar o imóvel no futuro, pois a existência de uma locação vigente no imóvel poderá afastá-lo de determinados compradores. Ressalte-se, ainda, que para a referida cláusula ser oponível ao adquirente do imóvel é necessário que o contrato esteja averbado junto à sua matrícula perante o Registro Geral de Imóveis. A averbação do contrato de locação na matrícula, apesar de representar um pequeno custo adicional à locação, confere uma segurança adicional ao locatário, pois, além de dar ciência a todos da existência da cláusula de vigência em caso de alienação, possibilita o exercício do Direito, de preferência no caso de o locador não respeitá-la, inclusive desfazendo a alienação anterior. Dessa forma, observa-se que a Lei do Inquilinato traz diversos direitos e obrigações que variam de acordo com as especificidades de cada tipo de locação, razão pela qual é recomendável que a contratação de uma locação, na condição de locador ou locatário, seja assessorada por advogado com vasto conhecimento e experiência no tema.

* Rafael Accioly é sócio da área de Direito Imobiliário do escritório Queiroz Cavalcanti.


AGOSTO 2013

89


construir ECONOMIA

Distribuição dos recursos do SBPE pelas Regiões do BRASIL Mônica Mercês*

S

abe-se que o financiamento é parte fundamental da equação para que tenhamos vida para a atividade imobiliária. O mercado, para esse produto, está teoricamente “garantido” em função do elevado déficit habitacional espalhado por todo o País. Mas, sem recursos para financiar sua aquisição, o setor trava e, com ele, uma parte importante da economia do País. O Governo voltou a enxergar isso há poucos anos, e o resultado é a sua dinamicidade dentro da economia nacional. Entretanto, com todo o boom ocorrido nos últimos anos, a ameaça de esgotamento desses recursos vem ocupando discussões de quem se relaciona com a atividade de alguma forma. Mas aqui nossa reflexão não se direciona às fontes alternativas desses recursos, e sim à distribuição destes nas regiões do País. Os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central mostram que no 1º trimestre de 2013 a captação líquida (depósitos-saques) da caderneta de poupança atingiu R$ 10,58 bi (R$ 2,30 bi em janeiro / R$ 2,32 bi em fevereiro e R$ 5,96 bi em março/13).

Esse resultado é algo a se comemorar bastante, tendo em vista todo o receio recente de perda de atratividade da poupança por conta das alterações efetuadas nas suas regras em maio de 2012. Entretanto, precisamos de mais, pois, quando se analisa um período mais longo entre captação da poupança e financiamentos concedidos, observamos que a defasagem é grande. Só para exemplificar, de outubro/1994 a março/2013, a defasagem chega a R$ 197,0 bi (captação líquida de R$ 144,5 bi X financiamentos concedidos de R$ 341,50 bi). Observa-se ainda que nos últimos 12 meses, período que compreende abril/2012 a março/2013, os empréstimos para aquisição e construção de imóveis com recursos de poupança no Sistema Brasileiro de Poupança em Empréstimo (SBPE) totalizaram R$ 85,5 bilhões, o que significa uma ampliação de 4,9% em relação aos 12 meses imediatamente anteriores. Particularmente em março/13, o volume de financiamentos imobiliários alcançou R$ 7,89 bi, uma alta de 35,8% em relação a fevereiro e de 15,9% comparado

a março do ano passado. Mergulhando nesses números por região do País, verifica-se que 10,52% dos R$ 7,89 bi ocorreram no Nordeste do Brasil, percentual este que já foi de 6,77% há 10 anos, exatamente em março de 2003. A análise da participação dos estados revela uma mudança significativa se usarmos o mesmo período de comparação (março/2003–março/2013). A Bahia, por exemplo, mesmo liderando o ranking dentro do Nordeste, perdeu significativamente participação, saindo de 71,5% para 23,2% (março/2003-2013). Pernambuco (de 5,5% para 20,5%) e Ceará (0,8% para 16,9%) registram caminhos inversos (março/03–março/13). O crescimento dos financiamentos direcionados ao Nordeste é fundamental para se reduzir as desigualdades que ainda se perpetuam dentro do território nacional e arrefecer seu enorme déficit por moradias, que já ultrapassa mais de 35% do total do País. Mas ainda há muito o que percorrer, pois o Sudeste, mesmo com a queda de 6,17 pontos percentuais no mesmo período de comparação, ainda absorve 63,56% de todo o financiamento imobiliário, oriundo dessa fonte de recurso. Registra-se ainda, só que numa menor proporção, a expansão da participação das regiãos Norte e Sul do Brasil, demonstrando claramente a tendência de melhor distribuição pelo País.

* Mônica Mercês é economista, assessora de Planejamento e Inteligência de Mercado da Diretoria da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário – QGDI.

90

AGOSTO 2013


cub - custo unitário básico

JUNHO de 2013

O

s valores abaixo referem-se aos Custos Unitários Básicos de Construção (CUB/m²), calculados de acordo com a Lei Fed. nº. 4.591, de 16/12/64 e com a Norma Técnica NBR 12.721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Estes custos unitários foram calculados conforme disposto na ABNT NBR 12.721:2006, com base em novos projetos, novos memoriais descritivos e novos critérios de orçamentação e, portanto, constituem nova série histórica de custos unitários, não comparáveis com a anterior, com a designação de CUB/2006”. “Na formação destes custos unitários básicos não foram considerados os seguintes itens, que devem ser levados em conta na determinação dos preços por metro quadrado de construção, de acordo com o estabelecido no projeto e especificações correspondentes a cada caso particular: fundações, submuramentos, paredes-diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático; elevador(es); equipamentos e instalações, tais como: fogões, aquecedores, bombas de recalque, incineração, ar-condicionado, calefação, ventilação e exaustão, outros; playground (quando não classificado como área construída); obras e serviços complementares; urbanização, recreação (piscinas, campos de esporte), ajardinamento, instalação e regulamentação do condomínio; e outros serviços (que devem ser discriminados no Anexo A - quadro III); impostos, taxas e emolumentos cartoriais, projetos: projetos arquitetônicos, projeto estrutural, projeto de instalação, projetos especiais; remuneração do construtor; remuneração do incorporador.” Os preços unitários dos insumos constantes do lote básico foram cotados no período de: 1 à 24 de Junho de 2013. A partir de fevereiro/2007, com a entrada em vigor da NBR 12.721/2006, adotamos o projeto-padrão R-16-N como o novo CUB PADRÃO do SINDUSCON/PE, e passamos a divulgar os valores referentes a materiais, mão de obra, despesas administrativas e equipamentos, que formam este CUB Padrão, bem como suas variações percentuais no mês, no ano e em 12 meses.

Projetos

Padrão De Acabamento

Variação Percentual

Projetos-Padrões

R$/ m² Mensal

Acumulado No Ano

Acum. Em 12 Meses

RESIDENCIAIS

R-1 (Residência Unifamiliar)

PP-4 (Prédio Popular)

R-8 (Residência Multifamiliar)

R-16 (Residência Multifamiliar)

Baixo

R-1-B

1.133,52

0,29%

3,55%

11,82%

Normal

R-1-N

1.377,63

0,28%

3,44%

12,09%

Alto

R-1-A

1.762,12

0,39%

3,95%

11,66%

Baixo

PP-4-B

1.040,94

0,33%

3,62%

10,85%

Normal

PP-4-N

1.299,66

0,34%

3,64%

12,32%

Baixo

R-8-B

983,64

0,37%

3,66%

10,70%

Normal

R-8-N

1.106,73

0,37%

3,31%

11,39%

Alto

R-8-A

1.418,13

0,40%

4,05%

11,74%

Normal

R-16-N

1.079,86

0,35%

3,34%

11,30%

Alto

R-16-A

1.386,13

0,39%

2,98%

11,12%

PIS

741,17

0,50%

2,74%

10,29%

RP1Q

1.050,34

0,31%

1,65%

9,83%

Normal

CAL-8-N

1.244,00

0,44%

2,96%

11,00%

Alto

CAL-8-A

1.373,87

0,40%

3,37%

11,40%

Normal

CSL-8-N

1.055,30

0,46%

2,89%

10,78%

Alto

CSL-8-A

1.201,57

0,40%

3,62%

11,35%

Normal

CSL-16-N

1.406,23

0,44%

2,81%

10,79%

Alto

CSL-16-A

1.600,31

0,39%

3,54%

11,36%

GI

592,68

0,78%

2,56%

9,46%

PIS (Projeto de Interesse Social) RP1Q (Residência Popular) COMERCIAIS CAL-8 (Comercial Andares Livres)

CSL-8 (Comercial Salas e Lojas)

CSL-16 (Comercial Salas e Lojas)

GI (Galpão Industrial)

VARIAÇÃO DO CUB-PADRÃO: R-16-N 6,21%

VALOR(R$/m2)

Variação Percentual Mensal

No Ano

Em 12 Meses

CUB DE MATERIAIS

579,81

0,68%

5,68%

CUB DE MÃO DE OBRA

447,79

0,00%

0,00%

10,70%

CUB DE DESPESAS ADMINISTRATIVAS

46,05

0,00%

8,99%

30,79%

6,22

-2,20%

-0,96%

0,97%

1.079,86

0,35%

3,34%

11,30%

CUB DE EQUIPAMENTOS DE OBRA CUB TOTAL

10,58%

AGOSTO 2013

91


insumos MAIO-2013 - Cotação no período de 05 a 26-05-2013. Esta seção contém a listagem de preços unitários de insumos para construção civil. Responsabilidade técnica do engenheiro Clelio Fonseca de Morais (CREA nº 041752. Titular da CM-Assessoria de Obras Ltda.) Fone: (81) 3236.2354 - 9108.1206 | cleliomorais.custodeobras@gmail.com | www.cleliomorais.com.br | Assinantes da Revista Construir Nordeste têm desconto de 50% sobre o preço da assinatura anual da lista de preços de serviços, contendo a listagem resumida de preços unitários (com preços unitários de materiais e mão de obra separados); um quadro com diversos indicadores econômicos e setoriais dos últimos 13 meses, e mais outras informações interessantes para o setor. AGLOMERANTES Cal hidratado Calforte Narduk

kg

0,58

Cal hidratado Calforte Narduk (saco com 10 kg)

sc

5,78

Cimento Portland

kg

0,440

Cimento Portland (saco c/ 50 kg)

sc

21,87

Cimento branco específico Narduk

kg

1,02

Cimento branco específico Narduk (saco com 40 kg)

sc

40,99

Gesso em pó de fundição (rápido)

kg

0,43

Gesso em pó de fundição (rápido) (saco com 40kg)

sc

17,31

Gesso em pó para revestimento (lento)

kg

0,35

Gesso em pó para revestimento (lento) (saco com 40kg)

sc

14,00

Gesso Cola

kg

1,53

Gesso Cola (saco com 5kg)

sc

7,67

ARTEFATOS DE CIMENTO

Vigota treliçada para laje B16 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 6,00m Vigota treliçada para laje B16 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 6,00m Vigota treliçada para laje B20 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 7,00m Vigota treliçada para laje B20 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 7,00m Vigota treliçada para laje B25 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 8,00m Vigota treliçada para laje B25 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 8,00m Vigota treliçada para laje B30 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 9,00m Vigota treliçada para laje B30 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 9,00m

m

7,66

m

8,24

m

7,71

m

13,30

m

7,95

m

14,86

m

8,45

m

9,24

ARTEFATOS DE FIBROCIMENTO Caixa d'água cônica CRFS de 250 litros c/tampa Brasilit

un

79,02

Caixa d'água cônica CRFS de 500 litros c/tampa Brasilit

un

150,16

Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/9x19x39cm(2,5MPa)

un

1,55

un

252,86

Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/12x19x39cm(2,5MPa)

Caixa d'água cônica CRFS de 1000 litros c/tampa Brasilit

un

1,75

Cumeeira articulada Fibrotex CRFS TTX superior Brasilit

un

4,10

Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/14x19x39cm(2,5MPa)

un

2,07

Cumeeira articulada Fibrotex CRFS TTX inferior Brasilit

un

4,10

Bloco de concreto p/alvenaria estrutural c/14x19x39cm(4,5MPa)

un

49,90

un

2,40

Bloco de concreto p/alvenaria estrutural c/19x19x39cm(4,5MPa)

un

49,90

un

3,06

Caixa de concreto p/ar condicionado 7.000 BTU's aberta 60x40x40cm

un

56,33

un un un

34,37 34,33 34,33

Caixa de concreto p/ar condicionado 7.000 BTU's fechada 60x40x50cm

un

71,97

Telha Kalheta 8mm de 3,00m Brasilit

un

147,67

Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's aberta 70x50x40cm

Telha Kalheta 8mm de 4,00m Brasilit

un

181,95

un

Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's aberta 70x45x60cm

un

74,83 86,33

Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's fechada 70x45x60cm

un

73,00

Elemento vazado de cimento Acinol-CB2/L com 19x19x15cm

un

2,80

Elemento vazado de cimento Acinol-CB6/L/Veneziano 25x25x8cm

un

4,20

Elemento vazado de cimento Acinol-CB7/L/Colmeia com 25x25x10cm

un

4,90

Elemento vazado de cimento Acinol-CB/9/Boca de Lobo 39x18x9cm

un

4,20

Lajota de concreto natural lisa para piso de 50x50x3cm

m2

15,13

Lajota de concreto natural antiderrapante para piso de 50x50x3cm

m2

16,10

Meio fio de concreto pré-moldado de 100x30x12cm

un

15,50

Nervura de 3,00m para laje pré-moldada com SC=200kg/m2

m

8,06

Piso em bloco de concreto natural "Paver" de 6cm c/25MPa (48pç/m2)

m2

28,17

Piso em bloco de concreto natural "Paver" de 6cm c/35MPa (48pç/m2)

m2

30,83

Piso em bloco de concreto pigmentado "Paver" de 6cm c/25MPa (48pç/m2)

m2

32,67

Piso em bloco de concreto pigmentado "Paver" de 6cm c/35MPa (48pç/m2)

m2

35,50

Piso em bloco de concreto natural Unistein de 8cm c/25 Mpa (34pç/m2)

m2

33,67

Piso em bloco de concreto natural Unistein de 8cm c/35 Mpa (34pç/m2)

m2

37,33

Piso de concreto vazado ecológico (tipo cobograma)

m2

32,00

Tubo de concreto simples de 200mm classe PS1

m

12,60

Tubo de concreto simples de 300mm classe PS1

m

19,12

Tubo de concreto simples de 400mm classe PS1

m

27,92

Tubo de concreto simples de 500mm classe PS1

m

35,68

Tubo de concreto simples de 600mm classe PS1

m

55,25

Tubo de concreto simples de 800mm classe PS1 Tubo de concreto simples de 1000mm classe PS1 Tubo de concreto simples de 1200mm classe PS1 Tubo de concreto armado de 300mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 400mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 500mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 600mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 800mm classe PA2

m m m m m m m m

105,30 154,60 230,00 45,00 56,15 73,00 106,00 187,25

Tubo de concreto armado de 1000mm classe PA2

m

249,50

Tubo de concreto armado de 1200mm classe PA2 Verga de concreto armado de 10x10cm Vigota treliçada para laje B12 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 4,00m Vigota treliçada para laje B12 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 4,00m

m m

469,00 12,95

m

8,46

m

9,05

Cumeeira articulada TKO superior para Kalhetão CRFS Brasilit Cumeeira articulada TKO inferior para Kalhetão CRFS Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 5G 1,10m Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 10G 1,10m Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 15G 1,10m Brasilit

Telha Kalheta 8mm de 5,50m Brasilit

un

215,30

Telha Kalheta 8mm de 6,00m Brasilit

un

239,94

Telha Kalheta 8mm de 6,50m Brasilit

un

254,74

Telha Kalhetão 8mm de 3,00m CRFS Brasilit

un

221,43

Telha Kalhetão 8mm de 6,70m CRFS Brasilit

un

451,29

Telha Kalhetão 8mm de 7,40m CRFS Brasilit

un

513,73

Telha Kalhetão 8mm de 8,20m CRFS Brasilit

un

612,43

Telha Kalhetão 8mm de 9,20m CRFS Brasilit

un

618,47

Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 1,22x0,50m Brasilit

un

7,01

Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 2,13x0,50m Brasilit

un

12,48

Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 2,44x0,50m Brasilit

un

12,07

Telha Maxiplac de 6mm com 3,00x1,06m Brasilit

un

Telha Maxiplac de 6mm com 4,10x1,06m Brasilit

un

Telha Maxiplac de 6mm com 4,60x1,06m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 2,44x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 2,44x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 2,44x1,10m Brasilit

m3 m3 m3 m3 un m

68,33 65,00 64,00 52,00 0,40 10,00

sc

6,51

ARGAMASSA PRONTA Argamassa Megakol AC-I Narduk uso interno (saco 20kg) Argamassa Megakol AC-I Narduk uso interno Argamassa Megaflex AC-II Narduk uso externo (saco 20kg) Argamassa Megaflex AC-II Narduk uso externo Argamassa Megaflex AC-III Narduk alta resistência (saco 20kg) Argamassa Megaflex AC-III-E Cinza Narduk alta resist. (saco 20kg) Massa para alvenaria (saco 40kg)

kg

0,33

sc

11,95

kg

0,60

sc

21,59

sc

23,21

sc

11,22

Reboco pronto Reboduk Narduk interno (saco 20kg)

sc

5,05

Reboco externo pronto (saco 20kg)

sc

5,25

Rejunte aditivado interno (saco 40kg) Rejunte aditivado interno Narduk Rejunte aditivado flexível externo (saco 40kg) Rejunte aditivado flexível externo Narduk

sc kg

42,86 1,07

sc

56,39

kg

1,41

kg kg kg kg kg kg

5,71 5,79 6,47 6,85 8,09 6,68

Arame farpado "Elefante" - fio 2,2mm - rolo com 250m

un

117,42

Arame farpado "Elefante" - fio 2,2mm - rolo com 400m

un

187,78

ARAMES Arame galvanizado nº 10 BWG liso 3.40mm Arame galvanizado nº 12 BWG liso 2.76mm Arame galvanizado nº 14 BWG liso 2.10mm Arame galvanizado nº 16 BWG liso 1.65mm Arame galvanizado nº 18 BWG liso 1.24mm Arame recozido 18 BWG preto

Arame farpado "Touro" - fio 1,6mm rolo com 250m Arame farpado "Touro" - fio 1,6mm rolo com 500m

un

99,75

un

185,34

Bomba centrífuga trifásica de 1/2 CV Schneider

un

540,46

Bomba centrífuga trifásica de 3/4 CV Schneider

un

577,32

Bomba centrífuga trifásica de 1 CV Schneider

un

611,00

Bomba centrífuga trifásica de 1 1/2 CV Schneider

un

790,43

Bomba centrífuga trifásica de 2 CV Schneider

un

847,25

Bomba centrífuga trifásica de 3 CV Schneider

un

690,30

Bomba centrífuga trifásica de 5 CV Schneider

un

1.430,92

115,55

Bomba centrífuga trifásica de 7,5 CV Schneider

un

1.760,67

180,08

Bomba centrífuga monofásica de 1/4 CV Schneider

un

461,49

un

186,39

Bomba centrífuga monofásica de 1/2 CV Schneider

un

539,79

un

25,80

Bomba centrífuga monofásica de 3/4 CV Schneider

un

585,38

Chave de proteção magnética trifásica até 5CV WEG

un

160,71

Chave de proteção magnética trifásica até 7,5CV WEG

un

173,08

Chave de proteção magnética trifásica até 10CV WEG

un

207,79

BOMBAS CENTRÍFUGAS

un

31,67

un

37,17

Bóia para bomba com 10 amperes

un

47,59

un

43,55

Bóia para bomba com 20 amperes

un

47,65

un

49,93

CARPETES

un

31,20

Carpete Flortex Tradition Grafite da Fademac com 3mm

m2

11,23

Carpete Reviflex Diloop Grafite da Fademac com 4mm

m2

12,15

Concreto usinado FCK=10MPa Concreto usinado FCK=15MPa

m3 m3

239,00 245,00

Concreto usinado FCK=15MPa bombeável

m3

253,00

Concreto usinado FCK=20 MPa Concreto usinado FCK=20 MPa bombeável Concreto usinado FCK=25 MPa Concreto usinado FCK=25 MPa bombeável

m3 m3 m3 m3

255,50 265,00 278,67 290,00

un

37,83

un

44,63

un

52,27

un

62,87

un

39,50

un

49,70

Concreto usinado FCK=30 MPa

m3

289,00

un

59,50

Concreto usinado FCK=30 MPa bombeável

m3

300,00

Concreto usinado FCK=35 MPa

m3

310,00

Concreto usinado FCK=35 MPa bombeável Taxa de bombeamento

m3 m3

320,00 32,50

m2 m2 m2 m2

336,67 303,33 336,67 450,00

m2

283,33

m2

326,67

un

69,70

un

79,90

m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3

44,00 45,00 37,67 23,33 35,00 43,33 73,00 73,00 73,33

AGREGADOS Areia fina Areia grossa Saibro Barro para aterro Barro para jardim Pó de pedra Brita 12 Brita 19 Brita 25

Brita 38 Brita 50 Brita 75 Pedra rachão Paralelepípedo Meio fio de pedra granítica

CONCRETO USINADO

ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO Janela de alumínio com bandeira Janela de alumínio sem bandeira Janela de alumínio tipo basculante 0,60x1,00m Porta de alumínio com saia e bandeira ESQUADRIAS DE FERRO Gradil de ferro c/cantoneira L de 1.1/4" e barras de 1"x1/4" Portão de ferro em chapa preta nº 18 (cant.)


Portão em tela de ferro quadrada 13mm e fio 12

m2

510,00

Tubo de ferro preto de 2" Tubo de ferro preto de 4" Tubo de ferro preto de 6" Tubo de ferro galvanizado de 2" Tubo de ferro galvanizado de 2.1/2" Tubo de ferro galvanizado de 4"

m m m m m m

18,37 38,76 90,87 31,12 38,98 86,13

EQUIPAMENTOS CONTRA-INCÊNDIO

Ferro CA-25 de 25mm Ferro CA-50 de 6,3mm

kg kg

3,21 3,75

Ferro CA-50 de 8mm

kg

3,78

Ferro CA-50 de 10mm

kg

Ferro CA-50 de 12,5mm Ferro CA-50 de 16mm

Soleira de granito preto tijuca de 15x2 cm

m

Rodapé de granito preto tijuca de 7x2cm

m

24,67

3,50

Lajota de granito verde ubatuba de 50x50x2cm

m2

190,00

kg

3,26

150,00

3,28

Ferro CA-50 de 20mm

kg

3,44

Lajota de granito verde ubatuba de 15x30x2cm Bancada de granito verde ubatuba de 60x2cm

m2

kg

ml

182,00

Ferro CA-50 de 25mm

kg

3,16

Divisória de box em granito verde ubatuba 7x2cm

ml

39,00

Soleira de granito verde ubatuba de 15x2cm Rodapé de granito verde ubatuba de 7x2cm

ml

30,00

ml

19,33

gl lata gl bd kg

68,25 305,31 33,50 146,83 40,40

Adaptador de 2.1/2"x1.1/2"

un

54,33

Ferro CA-50 de 32mm

kg

3,05

Adaptador de 2.1/2"x2.1/2"

un

68,37

Ferro CA-60 de 4,2mm

kg

3,44

un

236,00

Ferro CA-60 de 5mm

kg

3,47

un

17,67

Ferro CA-60 de 6mm

kg

3,33

Caixa de incêndio com 75x45x17cm para mangueira predial Chave Storz Esguicho Jato sólido de 1.1/2"

un

53,67

Ferro CA-60 de 7mm

kg

3,30

Extintor de água pressurizada 10 litros

un

113,33

Ferro CA-60 de 8mm

kg

2,61

Extintor de CO2 de 6kg

un

461,67

Extintor de pó quimico 4kg

un

98,27

Extintor de pó quimico 6kg

un

110,60

Extintor de pó quimico 8kg

un

143,00

Extintor de pó quimico 12kg

un

181,67

un

219,33

un

466,67

Mangueira predial de 1.1/2" x 15m com união Mangueira predial de 1.1/2" x 30m com união Porta corta fogo P90 de 0,80x2,10m

un

917,50

Porta corta fogo P90 de 0,90x2,10m

un

972,50

Registro Globo 45° de 2.1/2"

un

139,33

Tampa de ferro fundido de 60x40cm "incêndio"

un

234,00

Tampão cego de 1.1/2" T.70 articulado

un

60,12

Porta em compensado liso semi-oca de 0,60x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,70x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,80x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,90x2,10x0,03m Porta em compensado liso de 0,60x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,70x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,80x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,90x2,10x0,03m EIDAI Porta em fichas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,90x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em amolfadas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,90x2,10x0,03m Grade de canto em massaranduba até 1,00x2,10m para pintura esmalte Grade de caixa em massaranduba até 1,00x2,10m para pintura esmalte Grade de caixa em Jatobá até 1,00x2,10m para verniz ou cera

un

63,68

un

54,93

un

55,26

un

65,00

un

68,30

un

66,55

un

74,02

un

84,44

un

167,30

un

198,07

un

242,67

un

241,77

un

182,00

un

203,00

un

219,25

un

154,26

un

160,26

un

185,67

un

216,00

un

45,33

un

106,33

un

55,00

EQUIPAMENTOS h

75,83

Andaime tubular de 1,5x1,0m (2peças=1,00m)

mês

12,00

Betoneira elétrica de 400L sem carregador

mês

337,88

Compactador CM/13 elétrico Compactador CM/20 elétrico Cortadora de piso elétrica Furadeira industrial Bosch ref. 1174 Guincho de coluna (foguete) Mangote vibratório de 35mm Mangote vibratório de 45mm Motor elétrico para vibrador Pistola finca pinos Pontalete metálico regulável (1 peça) Serra elétrica circular de bancada

mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês

363,33 575,33 597,67 163,33 302,33 81,67 81,67 90,67 177,50 6,00 121,33

FERROS Ferro CA-25 de 12,5mm Ferro CA-25 de 20mm

kg

5,64

m2

12,41

Bloco de gesso com 50x65x7,5cm para parede divisória

un

7,17

Placa de gesso lisa para forro com 65x65cm

un

3,18

m

15,00

m

18,00

m

20,00

MADEIRAS

m

13,33

Assoalho de madeira em Ipê de 15x2cm Assoalho de madeira em Jatobá de 15x2cm Rodapé de madeira em Jatobá de 5x1,5cm

m2 m2 m

71,74 78,05 8,93

m

18,00

Lambri de madeira em Angelim Pedra de 10x1cm

m2

29,50

un

47,97

un

43,47

m m m

1,80 5,82 2,87

kg

5,74

m2

5,57

kg

5,74

m2

8,49

kg

5,50

m2

9,89

Rodateto de gesso - friso com largura de até 6cm aplicado Rodateto de gesso - friso com largura de até 15cm aplicado Rodateto de gesso - friso com largura de até 20cm aplicado Junta de dilatação de gesso em "L" de 2x2cm aplicada Junta de dilatação de gesso em "L" de 3x3cm aplicada Dobradiça em aço cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 1500 LaFonte Dobradiça em aço cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 1410 LaFonte Dobradiça em latão cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 90 LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 521 E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 521 I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 521 B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 436E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 436I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 436B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 2078 E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 2078 I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 2078 B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 608E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 608I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 608B-CR LaFonte

kg kg

3,02 3,26

Granilha nº 02 (saco com 40kg) Granilha nº 02 Bancada em granito cinza andorinha de 60x2cm c/1 cuba,test.e esp. Divisória de box em granito cinza andorinha de 7x2 cm Soleira de granito cinza andorinha de 15x2 cm Rodapé de granito cinza andorinha com 7x2cm Lajota de granito cinza andorinha de 50x50x2cm Lajota de granito preto tijuca de 50x50x2cm Lajota de granito preto tijuca de 15x30x2cm

gl

33,95

bd

136,79

gl bd gl lata bd bd gl bd cart gl bd gl bd bd bd bd bd

25,90 125,45 59,42 237,36 17,30 67,45 45,88 154,80 26,47 40,05 148,52 74,88 225,46 59,88 136,43 201,48 170,01

un

5,82

un

10,23

Folha de "fórmica" texturizada branca de 3,08x1,25m Folha de "fórmica" brilhante branca de 3,08x1,25m Estronca roliça tipo litro Barrote de madeira mista de 6x6cm Sarrafo de madeira mista de 10cm (1"x4") Tábua de madeira mista de 15cm (1"x6")

m

4,25

un

86,15

Tábua de madeira mista de 22,5cm (1"x9")

m

5,61

Tábua de madeira mista de 30cm (1"x12")

m

8,09

Madeira serrada para coberta (Massaranduba) Peça de massaranduba para coberta de 7,5x15cm Peça de massaranduba para coberta de 6x10cm

m3

2.379,00

m

26,93

m

18,39

Barrote de massaranduba para coberta de 5x7,5cm

m

9,53

m

4,74

FERRAGENS DE PORTA un

4,59

un

63,54

un

63,90

un

61,08

un

49,80

un

49,80

un

86,43

un

54,31

un

63,87

un

134,96

un

107,28

un

107,28

GRANITOS

Retroescavadeira 580H, 4x4 (com operador)

IMPERMEABILIZANTES Acquella (galão de 3,6 litros) Acquella (lata de 18 litros) Bianco (galão de 3,6 litros) Bianco (balde de 18 litros) Compound adesivo (A+B) (2 latas=1kg) Desmol CD - líquido desmoldante p/concreto (galão de 3,6 litros) Desmol CD - líquido desmoldante p/concreto (balde de 18 litros) Frioasfalto (galão de 3,9 kg) Frioasfalto (balde de 20kg) Neutrol (galão de 3,6 litros) Neutrol (lata de 18 litros) Vedacit (galão de 3,6 litros) Vedacit (balde de 18 litros) Vedacit rapidíssimo (galão de 4 kg) Vedacit rapidíssimo (balde de 20kg) Vedaflex (cartucho com 310ml) Vedapren preto (galão de 3,6 litros) Vedapren preto (balde de 18kg) Vedapren branco (galão de 4,5 kg) Vedapren branco (balde de 18kg) Sika nº 1 (balde de 18 litros) Igol 2 (balde de 18kg) Igol A (balde de 18kg) Silicone (balde de 18 litros)

Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 3,4mm tipo Q61 (0,972kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 3,4mm tipo Q61 (0,972kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 4,2mm tipo Q92 (1,480kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 4,2mm tipo Q92 (1,480kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 3,8mm tipo Q113 (1,803kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 3,8mm tipo Q113 (1,803kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 4,2mm tipo Q138 (2,198kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 4,2mm tipo Q138 (2,198kg/m2) FORROS, DIVISÓRIAS E SERVIÇOS DE GESSO

ESQUADRIAS DE MADEIRA

38,50

sc kg

10,40 0,17

m

165,80

m

19,93

m

26,78

m

16,70

m2

111,25

m2 m2

250,00 235,00

Bancada de granito preto tijuca de 60x2cm

m

227,00

Divisória de box em granito preto tijuca 7x2 cm

m

50,50

Ripa de massaranduba para coberta de 4x1cm Prancha de massaranduba para escoramento de 3x15cm Prancha de massaranduba para escoramento de 5x15cm Chapa de madeira plastificada de 10mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 12mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 15mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 17mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 20mm c/1,10x2,20m

m

14,88

m

28,53

un

41,18

un

46,61

un

55,93

un

73,59

un

81,79

Chapa de madeira resinada de 6mm c/1,10x2,20m

un

17,72

Chapa de madeira resinada de 10mm c/1,10x2,20m

un

25,98

Chapa de madeira resinada de 12mm c/1,10x2,20m

un

30,12

Chapa de madeira resinada de 15mm c/ 1,10x2,20m

un

36,26

Chapa de madeira resinada de 17mm c/1,10x2,20m

un

41,99

Eletroduto em PVC flexível corrugado de 1/2"

m

1,13

Eletroduto em PVC flexível corrugado de 3/4"

m

1,50

vara

3,92

vara

5,53

MATERIAIS ELÉTRICOS E TELEFÔNICOS

Eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 2" (vara com 3m)

vara

8,47

vara

10,72

vara

13,75

vara

17,70


Eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2" (vara com 3m)

vara

37,18

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2"

un

0,43

Disjuntor tripolar de 70A GE

un

71,13

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4"

un

0,68

Disjuntor tripolar de 90A GE

un

60,00

Conjunto 4"x2" c/1 interruptor simples + 1 tomada univ. 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" c/2 interruptores simples+1 tomada univ. 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente universal 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 2 tomadas de corrente universal 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente c/ aterramento 2P+T Pial Plus Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 3P Pial Plus Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente p/chuveiro elétrico 3P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para campainha Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para minuteria Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 saída para antena de TV/FM Pial Plus Suporte padrão 4"x2" Pial Plus

Eletroduto em PVC rígido roscável de 3" (vara com 3m)

vara

45,05

un

1,12

un

1,20

un

1,82

un

1,03

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1"

un

0,89

Disjuntor tripolar de 100A GE

un

60,00

Placa cega 4"x2" Pial Plus

un

2,40

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4"

un

1,43

5,73

un

1,82

un

21,56

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 2"

un

2,83

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2"

un

7,96

cj

10,70

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 3"

un

9,75

cj

16,60

Bucha de alumínio de 1/2"

un

0,37

Placa cega 4"x4" Pial Plus Haste de aterramento Copperweld de 5/8"X2,40m com conectores Conjunto 4"x2" com 1 tomada p/telefone 4P padrão Telebrás Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada para telefone RJ11 Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada p/telefone 4P padrão Telebrás Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada para telefone RJ11 Pial Plus

un

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2"

Quadro de distribuição de energia em PVC para 3 disjuntores

cj

15,00

cj

21,52

Cabo telefônico CCI 50 - 1 par

m

0,27

Cabo telefônico CCI 50 - 2 pares

m

0,43

Cabo telefônico CCI 50 - 3 pares

m

0,67

Cabo telefônico CCI 50 - 4 pares

m

1,12

Cabo telefônico CCI 50 - 5 pares

m

0,93

Cabo telefônico CCI 50 - 6 pares

m

1,69

un

51,30

un

81,56

un

119,85

un

144,44

un

212,33

un

356,38

un

895,48

Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 3"

un

2,68

un

3,12

un

5,13

un

12,37

un

14,42

Disjuntor monopolar de 30A Pial

un

6,99

Disjuntor tripolar de 10A Pial

un

42,73

Disjuntor tripolar de 25A Pial

un

43,37

Disjuntor tripolar de 50A Pial

un

45,19

Disjuntor tripolar de 70A Pial

un

71,90

Disjuntor tripolar de 90A Pial

un

68,53

Disjuntor tripolar de 100A Pial

un

68,26

Disjuntor monopolar de 10A GE

un

5,38

Disjuntor monopolar de 15A GE

un

5,25

Disjuntor monopolar de 20A GE

un

5,50

Disjuntor monopolar de 25A GE

un

5,50

Disjuntor monopolar de 30A GE

un

5,50

Disjuntor tripolar de 10A GE

un

45,00

Disjuntor tripolar de 25A GE

un

41,25

Disjuntor tripolar de 50A GE

un

42,00

Quadro de distribuição de energia em PVC para 6 disjuntores Quadro de distribuição de energia em PVC para 12 disjuntores Quadro metálico de distribuição de energia para 12 disjuntores Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 12 disjuntores Quadro metálico de distribuição de energia para 20 disjuntores Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 20 disjuntores

un

11,92

un

39,22

un

70,85

un

119,99

un

37,73

un

123,50

un

46,33

Quadro metálico de distribuição de energia para 32 disjuntores

un

181,95

Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 32 disjuntores

un

Bucha de alumínio de 3/4"

un

0,50

Bucha de alumínio de 1"

un

0,69

Bucha de alumínio de 1.1/4"

un

0,94

Bucha de alumínio de 1.1/2"

un

1,14

Bucha de alumínio de 2"

un

2,31

Bucha de alumínio de 2.1/2"

un

2,00

Bucha de alumínio de 3"

un

3,26

Arruela de alumínio de 1/2"

un

0,24

Arruela de alumínio de 3/4"

un

0,28

Arruela de alumínio de 1"

un

0,53

Arruela de alumínio de 1.1/4"

un

0,76

Arruela de alumínio de 1.1/2"

un

0,90

Arruela de alumínio de 2"

un

1,14

Arruela de alumínio de 2.1/2"

un

1,98

Arruela de alumínio de 3"

un

2,36

Caixa de passagem em PVC de 4"x4"

un

3,17

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores simples Pial Pratis

cj

10,25

Caixa de passagem em PVC de 4"x2"

un

1,82

Conjunto 4"x2" com 3 interruptores simples Pial Pratis

cj

14,56

Caixa de passagem sextavada em PVC de 3"X3"

un

2,95

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor paralelo Pial Pratis

cj

7,73

Caixa de passagem octogonal em PVC de 4"X4"

un

3,20

Soquete para lâmpada (bocal) com rabicho

un

1,73

Soquete para lâmpada (bocal) sem rabicho

un

1,86

Cabo de cobre nú de 10mm2

m

4,59

Cabo de cobre nú de 16mm2

m

6,26

Cabo de cobre nú de 25mm2

m

9,65

Cabo de cobre nú de 35mm2

m

13,53

m

0,57

Cabo flexível de 1,5mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 2,5mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 4mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 6mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 10mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 16mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 25mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 35mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 1,5mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 2,5mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 4mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 6mm2 com isolamento plástico

m

1,03

m

1,84

m

2,51

m

4,23

m

6,70

m

12,28

m

14,75

m

0,60

m

0,94

m

1,56

m

2,17

66,10

13,70

Quadro metálico de embutir para telefone de 20x20x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 30x30x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 40x40x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 50x50x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 60x60x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 80x80x13,5cm

cj

12,38

Quadro metálico de embutir para telefone de 120x120x13,5cm

cj

12,00

cj

15,23

Conjunto Arstop completo (tomada + disjuntor) de embutir

un

29,93

Conjunto Arstop completo (tomada + disjuntor) de sobrepor

un

30,23

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples Pial Pratis

cj

5,78

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores paralelos Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples + 1 paralelo Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 interruptor simples + 1 tomada univ. 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/2 interruptores simples+1 tomada univ. 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente universal 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 2 tomadas de corrente universal 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 2P+T Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 3P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente p/chuveiro elétrico 3P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para campainha Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para minuteria Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 saída para antena de TV/FM Pial Pratis Suporte padrão 4"x2" Pial Pratis Suporte padrão 4"x4" Pial Placa cega 4"x2" Pial Pratis Placa cega 4"x4" Pial Pratis

cj

13,26

un un un un

0,67 1,23 2,26 5,48

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples Pial Plus

cj

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores simples Pial Plus

cj

cj

16,26

cj

18,83

cj

7,56

cj

15,20

cj

13,68

cj

11,03

cj

29,65

cj

9,90

cj

8,46

cj

15,03

MATERIAIS HIDRÁULICOS

cj

7,71

Caixa sifonada de PVC de 100x100x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 100x125x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 150x150x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 150x185x75mm c/grelha branca redonda Ralo sifonado quadrado PVC 100x54x40mm c/grelha

un

5,08

cj

8,90

Adaptador de PVC para válvula de pia e lavatório

un

1,31

Bucha de redução longa de PVC soldável para esgoto de 50x40mm

un

1,27

Curva de PVC soldável para água de 20mm

un

1,13

Curva de PVC soldável para água de 25mm

un

1,53

Curva de PVC soldável para água de 32mm

un

3,17

Curva de PVC soldável para água de 40mm

un

5,54

Joelho 90° de PVC L/R para água de 25mm x 3/4"

un

1,80

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1/2"

un

1,00

Joelho 90° de PVC roscável para água de 3/4"

un

1,50

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1"

un

2,56

8,68

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1.1/4"

un

6,50

cj

15,90

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1.1/2"

un

7,56

Conjunto 4"x2" com 3 interruptores simples Pial Plus

cj

22,62

Joelho 90° de PVC roscável para água de 2"

un

15,00

Joelho 90° de PVC soldável para água de 20mm

cj

6,58

cj

14,40

cj

17,80

cj

6,28

cj

6,20

un

6,50

un

10,55

un

15,04

un

16,76

Fita isolante de 19mm (rolo com 20m)

un

10,27

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor paralelo Pial Plus

cj

11,18

un

0,34

Disjuntor monopolar de 10A Pial

un

7,95

Joelho 90° de PVC soldável para água de 25mm

un

0,46

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores paralelos Pial Plus

cj

21,90

Disjuntor monopolar de 15A Pial

un

6,99

Joelho 90° de PVC soldável para água de 32mm

un

1,20

Disjuntor monopolar de 20A Pial

un

6,99

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples + 1 paralelo Pial Plus

cj

18,90

Joelho 90° de PVC soldável para água de 40mm

un

2,90

Disjuntor monopolar de 25A Pial

un

6,99

Joelho 90° de PVC soldável para água de 50mm

un

3,33


Joelho 90° de PVC soldável para água de 65mm

un

13,34

Joelho 90° de PVC soldável para água de 75mm

un

47,38

Joelho 90° de PVC soldável para água de 85mm

un

53,53

Joelho 90° c/visita de PVC soldável para esgoto de 100x50mm

un

10,43

Joelho 90° de PVC soldável para esgoto de 40mm

un

0,98

Joelho 90° de PVC soldável para esgoto de 50mm

un

1,50

Joelho 45° de PVC soldável para esgoto de 50mm Junção simples de PVC soldável para esgoto de 100x50mm Registro de gaveta Targa 1509 C40 de 3/4" CR/CR Deca Registro de gaveta Targa 1509 C40 de 1.1/2" CR/CR Deca Registro de gaveta Targa (base 4509+acab. C40 710 CR/CR) 1" Deca

un

1,95

un

9,38

un

59,26

Registro de gaveta Bruto B1510 de 1.1/2" Fabrimar

un

60,26

Registro de pressão Targa 1416 C40 de 3/4" CR/CR Deca

un

59,73

Tê de PVC roscável de 1/2" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre

un

1,37

Tê de PVC roscável de 3/4" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre

un

1,95

Tê de PVC roscável de 1" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre

un

4,51

Tê de PVC roscável de 1.1/4" Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC roscável de 1.1/2" Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC roscável de 2" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre Tê de PVC soldável de 25mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 60mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 75mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 85mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tubo de ligação para bacia de 20cm com anel branco Astra Tubo de PVC roscável de 1/2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 3/4" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1.1/4" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1.1/2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC soldável de 20mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 25mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 32mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

un un

105,72 43,12

un

9,48

un

11,63

un

18,80

un

0,72

468,87

un

293,88

un

481,76

un

169,33

Tanque em aço inox, de 50x40cm, com válvula, Franke Douat

un

374,93

Mictório em aço inox, de 1,50m, completo, Franke Douat

un

612,50

Válvula para pia de aço inox, de 3 1/2"x1 1/2", Franke Douat

un

16,42

m

131,20

MÁRMORES Bancada de mármore branco rajado de 60x2cm Bancada de mármore branco extra de 60x2cm Bancada de mármore travertino de 60x2cm Lajota de mármore branco extra de 30x30x2cm Lajota de mármore branco rajado de 15x30x2cm Lajota de mármore branco rajado de 30x30x2cm Lajota de mármore travertino de 30x30x2cm Lajota de mármore travertino de 15x30x2cm Rodapé em mármore branco rajado de 7x2cm

un

32,25

un

50,23

un

4,52

vara

19,53

vara

26,83

vara

54,26

MATERIAIS DE PINTURA

vara

70,46

vara

85,92

vara

8,10

vara

11,73

vara

24,46

vara

41,30

vara

49,18

Tubo de PVC soldável de 60mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

vara

79,73

Tubo de PVC soldável de 75mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

vara

116,56

Tubo de PVC soldável de 85mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

vara

158,56

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 40mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)

vara

17,02

vara

30,88

vara

38,28

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 100mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre(vara c/6m)

vara

44,72

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 150mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)

vara

110,33

un

146,40

Válvula de retenção horizontal com portinhola de 2" Docol Vedação para saída de vaso sanitário Adesivo para tubos de PVC (tubo com 1 litro) Solução limpadora para tubos de PVC (tubo com 1 litro)

270,83

un

17,55

129,13

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 50mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 75mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)

un

Pia aço inox lisa c/1,80m, 2 cubas, sem válvulas, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/2,00m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/2,00m, 2 cubas, sem válvulas, concretada, Franke Douat Cuba em aço inox retangular, de 55x33x14cm, sem válvula, Franke Douat

un

vara

Tubo de PVC soldável de 40mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 50mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

Pia aço inox lisa c/1,80m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat

un

6,51

litro

26,64

litro

24,46

Pia aço inox lisa c/1,20m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat

un

135,83

Pia aço inox lisa c/1,40m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat

un

176,43

MATERIAIS DE INOX

m

416,53

m

197,47

m2

157,50

m2

69,00

m2

58,33

m2

122,50

m2

115,00

m

14,00

m

21,33

m

48,33

m

21,33

m

31,00

Fundo sintético nivelador branco fosco para madeira (galão)

gl

73,20

Selador PVA(liqui-base) para parede interna (galão)

gl

23,77

lata

103,13

Rodapé em mármore travertino de 7x2cm Soleira em mármore branco extra de 15x2cm Soleira em mármore branco rajado de 15x2cm Soleira em mármore travertino de 15x2cm

Selador PVA(liqui-base) para parede interna (lata c/18 litros) Selador acrílico para parede externa (galão)

gl

23,57

Selador acrílico para parede externa (lata c/18 litros)

lata

103,53

Massa corrida PVA (galão) Massa corrida PVA (lata c/18 litros) Massa acrílica (galão) Massa acrílica (lata c/18 litros) Massa à óleo (galão) Solvente Aguarrás (galão c/5 litros) Tinta latex fosca para interior (galão) Tinta latex fosca para interior (lata c/18 litros) Tinta latex para exterior (galão) Tinta latex para exterior (lata c/18 litros) Líquido para brilho regulador (galão) Líquido para brilho regulador (lata c/18 litros) Tinta acrílica fosca (galão) Tinta acrílica fosca (lata c/18 litros) Textura acrílica (galão) Textura acrílica (lata c/18 litros) Impermeabilizante à base de silicone para fachadas (galão) Verniz marítimo à base de poliuretano (galão) Tinta antiferruginosa Zarcão (galão) Esmalte sintético acetinado (galão) Esmalte sintético brilhante (galão) Tinta à óleo (galão) Tinta à óleo para cerâmica (galão) Tinta acrílica especial para piso (galão) Tinta acrílica especial para piso (lata c/18 litros) Tinta epoxi: esmalte + catalizador (galão) Diluente epoxi (litro) Lixa para parede Lixa para madeira Lixa d'água Lixa para ferro Estopa para limpeza Ácido muriático (litro) Cal para pintura

gl lata gl lata gl gl gl lata gl lata gl lata gl lata gl lata

10,67 36,43 23,43 99,63 37,93 60,90 23,90 106,63 44,87 222,47 45,27 223,47 45,27 191,60 22,10 98,40

gl

62,70

gl gl gl gl gl gl gl lata gl l un un un un kg l kg

56,63 59,80 59,77 51,23 44,19 72,67 32,97 143,60 151,33 20,63 0,45 0,54 0,87 1,87 8,13 2,87 0,84


insumos Tinta Hidracor (saco com 2kg) Massa plástica 3 Estrelas (lata com 500gramas)

sc lata

3,40 5,13

MATERIAIS PARA INSTALAÇÃO DE ÁGUA QUENTE Tubo de cobre classe "E" de 15mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 22mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 28mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 35mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 54mm (vara com 5,00m)

un

62,54

un

100,06

un

118,43

un

209,22

un

388,27

MATERIAIS SANITÁRIOS Assento sanitário Village em polipropileno AP30 Deca

un

Assento sanitário almofadado branco TPK/A5 BR1 Astra

un

42,86

un

15,20

un

264,27

Assento convencional branco macio TPR BR1 em plástico Astra Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Azálea branco gelo Celite Conjunto bacia com caixa Saveiro branco Celite Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Ravena branco gelo Deca Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Ravena cinza real Deca Bacia sanitária convencional Azálea branco gelo Celite Bacia sanitária convencional Targa branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Izy branco gelo Deca

un

75,95

163,90

Torneira de parede para pia de cozinha Targa 1168 C40 Deca Torneira de mesa para pia de cozinha Targa 1167 C40 Deca Torneira para lavatório Targa 1190 C40 CR/CR (ref. 1190700) Deca

un un

183,80 185,97

un

99,52

Ducha manual Evidence cromada 1984C CR Deca

un

146,70

Válvula de descarga Hydra Max de 1.1/2" ref. 2550504 Deca

un

138,10

Válvula cromada para lavatório ref.1602500 Deca

un

37,46

Válvula cromada para lavanderia ref. 1605502 Deca

un

45,86

Válvula de PVC para lavatório

un

3,33

un

2,97

kg m2 kg

15,68 3,38 4,33

Válvula de PVC para tanque ou pia de cozinha OUTROS Corda de nylon de 3/8" Tela de nylon para proteção de fachada Bucha para fixação de arame no forro de gesso Pino metálico para fixação à pistola com cartucho Cola Norcola (galão com 2,85kg)

un

0,59

gl

31,71

Cola branca (pote de 1 kg)

kg

6,92

Bloco de EPS para laje treliçada

m3

208,75

PRODUTOS CERÂMICOS Tijolo cerâmico de 4 furos de 7x19x19cm

mil

383,33

Tijolo cerâmico de 6 furos de 9x10x19cm

mil

186,50

Tijolo cerâmico de 6 furos de 9x15x19cm

mil

326,67

Tijolo cerâmico de 8 furos de 9x19x19cm

mil

442,11

un

280,83

un

277,45

un un un

122,56 236,83 67,68

Bacia sanitária convencional Ravena branco gelo Deca

un

123,95

Tijolo cerâmico de 8 furos de 12x19x19cm

mil

474,39

Bacia sanitária convencional Ravena cinza real Deca Bacia sanitária convencional Village branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Village cinza real Deca Cuba de embutir oval de 49x36cm L37 branco gelo Deca

un un un

125,95 169,30 173,83

Tijolo cerâmico de 18 furos de 10x7x23cm

mil

605,00

un

47,78

Cuba de embutir redonda de 36cm L41 branco gelo Deca Cuba sobrepor retang. Monte Carlo 57,5x44,5cm L40 branco gelo Deca Lavatório suspenso Izy de 43x23,5cm L100 branco gelo Deca Lavatório suspenso Izy de 39,5x29,5cm L15 branco gelo Deca Lavatório c/ coluna Monte Carlo de 57,5x44,5cm L81 branco gelo Deca

420,00

Telha em cerâmica tipo colonial (Itajá) - 32un/m2

mil

770,00

Telha em cerâmica tipo calha Paulistinha (Quitambar) - 22un/m2

mil

950,00

m2

14,67

Pedra Ardósia verde de 20x20cm

m2

20,03

Pedra Ardósia verde de 20x40cm

m2

26,00

Pedra Ardósia verde de 40x40cm

m2

26,42

Pedra Itacolomy do Norte irregular Pedra Itacolomy do Norte serrada

m2 m2

20,67 27,34

Pedra São Thomé Cavaco

m2

33,00

Pedra Cariri serrada de 30x30cm Pedra Cariri serrada de 40x40cm Pedra Cariri serrada de 50x50cm Pedra sinwalita de corte manual Pedra Sinwalita serrada Pedra portuguesa (2 latas/m2) Pedra Itamotinga Cavaco Pedra Itamotinga almofada Pedra Itamotinga Corte Manual Pedra Itamotinga Serrada Pedra granítica tipo Canjicão Almofada Pedra granítica tipo Rachão Regular de 40x40cm Solvente Solvicryl Hidronorte (lata de 5 litros)

m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 lata

17,34 17,67 18,00 21,00 27,67 15,33 15,67 18,33 20,67 26,67 32,00 27,00 33,00

gl

38,80

m2

34,54

m2

40,47

m2

45,11

m2

18,08

Resina acrílica Acqua Hidronorte (galão de 3,6 litros) REVESTIMENTOS VINÍLICOS E DE BORRACHA Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 1,6mm com flash Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 2mm com flash Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 2mm sem flash Piso de borracha pastilhado Plurigoma de 50x50cm para colar TELHAS METÁLICAS Telha de alumínio trapezoidal com 0,5mm Telha de alumínio trapezoidal de 1,265x3,00m com 0,5mm Telha de alumínio trapezoidal com 0,4mm Telha de alumínio trapezoidal de 1,265x3,00m com 0,4mm VIDROS Vidro impresso fantasia incolor de 4mm (cortado) Vidro Canelado incolor (cortado) Vidro aramado incolor de 7mm (cortado)

m2

31,33

un

106,99

m2

25,76

un

91,52

m2

27,44

m2 m2

27,04 91,29

Vidro anti-reflexo (cortado)

m2

30,21

Vidro liso incolor de 3mm (cortado)

m2

23,20

Vidro liso incolor de 4mm (cortado)

m2

32,77

Vidro liso incolor de 5mm (cortado)

m2

37,22 43,48 66,74

un

71,90

Telha em cerâmica tipo colonial Simonassi (Bahia) 28un/m2

mil

2.250,00

un

58,70

Telha em cerâmica tipo colonial Barro Forte (Maranhão) - 25un/m2

mil

1.640,00

un

140,92

Tijolo cerâmico refratário de 22,9x11,4x6,3cm

mil

1.285,80

Massa refratária seca

kg

0,72

Vidro liso incolor de 6mm (cortado) Vidro liso incolor de 8mm (cortado)

m2 m2

50,00

Vidro liso incolor de 10mm (cortado)

m2

83,10

Vidro laminado incolor 3+3 (cortado)

m2

110,63

Vidro laminado incolor 4+4 (cortado)

m2

131,42

Vidro laminado incolor 5+5 (cortado)

m2

161,29

Vidro bronze de 4mm (cortado)

m2

42,74

Vidro bronze de 6mm (cortado)

m2

65,06

Vidro bronze de 8mm (cortado)

m2

102,18

Vidro bronze de 10mm (cortado)

m2

131,07

Vidro cinza de 4mm (cortado)

m2

36,46

Vidro cinza de 6mm (cortado)

m2

57,54

Vidro cinza de 8mm (cortado)

m2

86,12

Vidro cinza de 10mm (cortado)

m2

108,62

Espelho prata cristal de 3mm (cortado)

m2

49,04

Espelho prata cristal de 4mm (cortado)

m2

73,27

Espelho prata cristal de 6mm (cortado)

m2

108,79

Vidro temperado de 10mm incolor sem ferragens (cortado)

m2

128,83

Vidro temperado de 10mm cinza sem ferragens (cortado)

m2

149,49

Vidro temperado de 10mm bronze sem ferragens (cortado)

m2

169,32

Tijolo de vidro 19x19x8cm ondulado

un

10,31

Junta de vidro para piso

m

0,40

Massa para vidro

kg

1,22

MÃO DE OBRA Armador Azulejista Calceteiro Carpinteiro Eletricista Encanador Gesseiro Graniteiro Ladrilheiro Marceneiro Marmorista Pastilheiro Pintor Serralheiro Telhadista Vidraceiro Pedreiro Servente

h h h h h h h h h h h h h h h h h h

5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 4,65 3,42

73,73 49,45

Bolsa de ligação para bacia sanitária BS1 de 1.1/2" Astra

un

Caixa de descarga sobrepor 8 lts. c/engate e tubo ligação Fortilit/Akros/Tigre

un

2,30 19,68

un

2,88

un

3,70

Chuveiro de PVC de 1/2" com braço

un

5,83

Chuveiro cromado de luxo ref. 1989102 Deca

un

208,47

par

7,27

par

13,46

par un

10,76 46,95

un

71,50

Misturador para pia de cozinha tipo mesa Prata 1256 C50 CR Deca Misturador para pia de cozinha tipo parede Prata 1258 C50 CR Deca Torneira para tanque/jardim 1152 C39 CR ref. 1153022 Deca Torneira para lavatório 1193 C39 CR (ref.1193122) Deca Torneira para pia de cozinha Targa 1159 C40 CR Deca Torneira de parede p/pia de cozinha 1158 C39 CR ref. 1158022 Deca

mil

76,00

un

Fita veda rosca em Teflon Polytubes Polvitec (rolo com 12mm x 25m) Tanque de louça de 22 litros TQ-25 de 60x50cm branco gelo Deca Coluna para tanque de 22 litros CT-25 branco gelo Deca Tanque de louça de 18 litros TQ-01 de 56x42cm branco gelo Deca Coluna para tanque de 18 litros CT-11 branco gelo Deca Tanque de louça sem fixação de 18 litros de 53x48cm branco Celite Balcão de cozinha em resina c/1,00x0,50m c/1 cuba Tanque em resina simples de 59x54cm marmorizado marmorizado Marnol Resinam Balcão de cozinha em resina c/1,20x0,50m c/1 cuba Tanque emMarnol resina simples de 60x60cm granitado granitado Marnol Misturador para lavatório Targa 1875 C40 CR/CR Deca

417,50

Telha em cerâmica tipo colonial (Dantas) - 35un/m2 46,93

un

Sifão de PVC de 1" x 1.1/2"

400,00

mil

un

Lavatório de canto Izy L101 branco gelo Deca

Parafuso de fixação para bacia de 5,5x65mm em latão B-8 Sigma (par) Parafuso de fixação para tanque longo 100mm 980 Esteves (par) Parafuso de fixação para lavatório Esteves (par) Sifão de alumínio fundido de 1" x 1.1/2" Sifão tipo copo para lavatório cromado de 1"x1.1/2" Esteves

mil

Tijolo cerâmico maciço de 10x5x23cm

un

Lavatório c/ coluna Saveiro de 46x38cm branco Celite

Chicote plástico flexível de 1/2"x30cm Fortilit/Akros/ Amanco/Luconi Chicote plástico flexível de 1/2"x40cm Fortilit/Akros/ Luconi

Tijolo cerâmico aparente de 6 furos (sem frisos) de 9x10x19cm

Pedra Ardósia cinza de 40x40cm

un

7,38

un

3,30

un un

260,33 70,60

un

188,35

un

68,63

un

163,45

un un

69,56 53,23

un un un

80,53 50,55 240,10

un

372,30

un

359,60

un

57,20

un

56,11

un

87,53

un

66,63

Taxa de acréscimo para tijolos paletizados(por milheiro)

mil

Bloco de cerâmica de 30x20x9cm para laje prémoldada

mil

720,00

PREGOS E PARAFUSOS Prego com cabeça de 1.1/4"x14

kg

5,96

Prego com cabeça de 2.1/2"x10

kg

5,98

Parafuso de 5/16"x300mm em alumínio para fixação de telhas

un

1,28

Arruela de alumínio para parafuso de 5/16"

un

0,16

un

0,17

Arruela de vedação em borracha/plástico para parafuso de 5/16" Porca de alumínio para parafuso de 5/16" Parafuso de 1/4"x100mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,15

un

0,31

Parafuso de 1/4"x150mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,52

Parafuso de 1/4"x250mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,71

Parafuso de 1/4"x300mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,92

Arruela de alumínio para parafuso de 1/4"

un

0,17

Arruela de vedação em borracha/plástico para parafuso de 1/4"

un

0,12

Porca de alumínio para parafuso de 1/4"

un

0,10

REVESTIMENTOS CERÂMICOS Cerâmica Eliane 10x10cm Camburí White tipo "A" Cerâmica Eliane 20x20cm Camburí branca tipo "A" PEI4 Porcelanato Eliane Platina PO(polido) 40x40cm Porcelanato Eliane Platina NA(natural) 40x40cm Cerâmica Portobello Prisma bianco 7,5x7,5cm ref. 82722 Cerâmica Portobello Linha Arq. Design neve 9,5x9,5cm ref. 14041 Cerâmica Portobello Patmos White 30x40cm ref. 82073

m2

17,19

m2

14,45

m2 m2

37,46 32,85

m2

23,65

m2

30,73

m2

21,65

Azulejo Eliane Forma Slim Branco BR MP 20x20cm

m2

18,67

Azulejo liso Cecrisa Unite White 15x15cm tipo "A"

m2

16,41

REVESTIMENTOS DE PEDRAS NATURAIS Pedra Ardósia cinza de 20x20cm

m2

12,33

Pedra Ardósia cinza de 20x40cm

m2

13,33


ONDE ENCONTRAR A

AÇOS Arcelor Mittal www.arcelormittal.com +55 (81) 33438100 ALUGUEL DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MARCOSA www.marcosa.com.br 08000848585 ARGAMASSA ARGATOP http://www.argatop.com.br +55 (81) 34232221

C cHUMBADORES ÂNCORA CHUMBADORES www.ancora.com.br +55(19)2136 4455 CIMENTO CIMENTO APODI www.cimentoapodi.com.br +55 (85) 33117575 08007057575 VOTORANTIM CIMENTOS www.votorantim.com.br 08007010451 COBERTURAS METÁLICAS MARKO www.marko.com.br rollon@marko.com.br +55 (21) 32820400 CONCRETO PROTENDIDO IMPACTO PROTENSÃO www.impactoprotensao.com.br +55 (85) 32737676 RUDLOFF www.rudloff.com.br +55 (11) 20834500

d drywall Gypsum Drywall +552138045902 www.lafargegypsum.com.br Knauf 08007049922 sak@knauf.com.br www.knauf.com.br Trevo Gesso www.trevobrasil.com +55 (88) 35716019 DUCHA

Lorenzetti www.lorenzetti.com.br 08000160211

E

ESQUADRIAS E ACESSÓRIOS FERMAX – COMPONENTES PARA ESQUADRIAS www.fermax.com.br +55 (41) 3301 3536 0800 724 2200 SQUADRA – ENGENHARIA EM ESQUADRIAS www.squadra.ind.br +55 (81) 3471 1636 squadra@squadra.ind.br

F

FORMAS E EQUIPAMENTOS BKS www.bks.ind.br +55 (51) 3587 3266 FERRAMENTAS SCHUTZ www.schulz.com.br +55(11) 21611300

I

ISOLAMENTO TÉRMICO

Dânica Termoindustrial Brasil www.danicacorporation.com +55 (81) 2125 1900 vendas@danica.com.br ISOESTE www.isoeste.com.br +55 (62) 4015 1122 Jardins Verticais GreenWall Ceramic www.greenwallceramic.com.br +55 (81)3423-3182

J

M

manta asfáltica e

e Impermeablização Viapol www.viapol.com.br sac@viapol.com.br +55 (12) 3221 3000

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Baram www.baram.com.br +55 (51) 3033 3133 vendas@baram.com.br CASE www.casece.com 08007272273 Mecan www.mecan.com.br 0800 200 0010 estaf www.estaf.com.br +55 (81) 33446100 estaf www.estaf.com.br +55 (81) 33446100 METACAULIM Sibelco www.unimin.com.br +55 (11) 4196 5522

P PAVIMENTAÇÃO BETUNEL www.betunel.com.br +55(21) 21236600 TECVIA www.tecvia.eng.br +55(81) 30334430 PRÉ-MOLDADOS E EQUIPAMENTOS

Fabricação de peças e montagem de estruturas pré-fabricadas de concreto, sobretudo para obras de médio a grande portes. Produtos: lajes alveolares, vigas armadas, protendidas e centrifugadas, telhas de concreto, painéis, blocos de concreto para alvenaria estrutural e de vedação, e pisos intertravados de cimento Fone: +55 81 3547.1800 Internet: tea.pe@tea.com.br

R

REATORES E LUMINárias Ilumi www.ilumi.com.br +55(19)35722094 ROMAZI www.romazi.com.br +55(85)33831444 REVESTIMENTOS CERÂMICOS Eliane www.eliane.com +55 (48) 34477777 Elizabeth www.ceramicaelizabeth.com.br +55 (81) 33266230 Incepa www.incepa.com.br +55 (41) 21052500

T tintas e acessórios Coral www.coral.com.br 0800 011 7711 Iquine www.iquine.com.br 0800 970 9089 Suvinil www.suvinil.com.br 0800 011 7558 TELHAS E CAIXAS D’ÁGUA Brasilit www.brasilit.com.br +551122467164 0800116299 BAKOF http://www.bakof.com.br +55 (55) 37443232 TUBOS E CONEXÕES amanco www.amanco.com.br 0800 701 8770 Tigre +55 (47) 34415000 www.tigre.com.br

Weiler www.weiler.com.br +55 (19) 3522 5903 weiler@weiler.com.br PRODUTOS PLÁSTICOS HERC www.herc.com.br +55 51 30214900

corona www.corona.com.br +55 (88) 35716019

AGOSTO 2013

97


ONDE ENCONTRAR COLABORADORES DESTA EDIÇÃO

Arquitetura/Interiores Hotel Gungaporanga gungaporanga.com.br Barra de São Miguel/AL - (82) 9111.2068 Paulo Veloso Arquitetura pauloveloso.com.br Recife/PE - (81) 3463.8581 Sandra Miranda sandra@sandramiranda.com.br Alexana Vilar alexanavilar@gmail.com

Capa Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) Av. Paulista, 1313 - conj. 908 São Paulo/SP Tel: (11) 3549-4525 www.abesco.com.br Distribuidora de Energia S/A (Energisa) Praça Rui Barbosa, 80 - B. Centro Cataguases / MG Tel: (32) 3429-6327 / 3429-6365 / 3429-6226 www.energisa.com.br

Negócios Pontes Hotéis & Resorts Rua Barão de Souza Leão, 451 Boa Viagem - Recife / PE Tel: (81) 3302 4446

Social Casa da Criança | Rua Dr. Lafayette, 191, Sl. 1401 Boa Viagem – Recife / PE Tel: (81) 3327 7963 comunicação@projetocasadacrianca.com.br




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.