ano XV | nº 70 | janeiro 2014 | www.construirnordeste.com.br
arquitetura | tecnologia | negócios | índices | preços de insumos
oS PRÓXIMOS 15 anos
R$ 12,90 | € 5,60
RCN Editores Associados
Com tantas transformações e instabilidades nas últimas décadas, consultamos profissionais de várias capitais e setores e perguntamos como eles imaginam as suas cidades até 2029
INTERIORES
Andar de antigo prédio no Centro do Recife é transformado em escritório coworking decô
TECNOLOGIA
Ralos Lineares: uma saída inteligente e um design inovador
ESPAÇO ABERTO
A pós-doutora em Tecnologia e Gestão Ana Rocha Melhado e o caso Paris Rive Gauche
15 anos
sumário
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65 CONSTRUIR VIDA
SUSTENTÁVEL
16 PALAVRA Construção Sustentável tem viabilidade técnica e econômica | Carlos Alberto Vieira Lima 19
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ENTREVISTA Jairo Rocha | Sou louco por venda, pelo simples fato de nunca ter aprendido a vender
22 PAINEL CONSTRUIR 30 VITRINE ESTILO | VITRINE 34
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NBR 15.575: Desempenho de vedações verticais
36 ESPAÇO ABERTO | PEC O projeto de renovação urbana Paris Rive Gauche Desenvolvimento de um sistema de apoio ao gerenciamento dos RCD em canteiros de obras 41 ARQUITETURA | INTERIORES Um escritório com cara de lar
50 CAPA Para construir o futuro
58 TECNOLOGIA Controle individualizado Ralos integrados 77 SOCIAL Para um olhar de esperança Colunas
14 SHARE 68 TENDÊNCIAS | Renato Leal 83 CONSTRUIR DIREITO | Emília Belo 88 CONSTRUIR ECONOMIA Mônica Mercês | Tarcisio Patricio de Araújo
82 NEGÓCIOS Mudar para crescer 88 CUSTO UNITÁRIO BÁSICO – CUB 92 INSUMOS 97 ONDE ENCONTRAR
O Movimento Vida Sustentável (MVS) vem colocando o tema Sustentabilidade na Construção Civil na ordem do dia, entre empresários, profissionais, professores, estudantes e sociedade. Busca contribuir com a modernização do setor, divulgando os princípios da construção sustentável, com foco nas pesquisas; na divulgação de produtos e iniciativas eficientes; na multiplicação de conhecimento com a promoção de debates e capacitação, com ênfase na geração de energia, no reuso da água, drenagens e na gestão dos resíduos.
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caro leitor
Este ano será recheado de desafios e comemorações — Copa do Mundo, eleições e nosso aniversário. Pois é, a Revista Construir Nordeste completa 15 anos. E foi a partir daí que surgiu a inspiração da matéria de capa. A repórter Tory Oliveira escutou diversos profissionais — engenheiros, arquitetos, fotojornalistas, especialistas em tecnologia — para saber o que eles sentem em relação às suas cidades e como as imaginam até 2029. Convidamos a renomada engenheira civil, com pós-doutorado em Gestão Ambiental de Bairros Sustentáveis, Ana Rocha Melhado, para apresentar o case concreto Paris Rive Gauche, um projeto urbano sustentável na capital francesa, resultado de uma parceria público-privada (Pág. 36). A Vitrine Estilo vem com novidade e muito estilo. Trouxemos o estúdio de design Mula Preta, fruto da parceria do arquiteto Felipe Bezerra e do designer gráfico André Gurgel. A dupla que está em Natal, no Rio Grande do Norte, criou o estúdio em apenas 2 anos e já conseguiu projeção e prêmios internacionais. Dando continuidade à série de matérias sobre a NBR15.575, nesta edição apresentamos a quarta etapa de seis módulos. Aqui, o tema é sistemas de vedações verticais internas e externas. No total, são seis novas diretrizes que vamos destrinchar até a edição 72. No caderno Construir Vida Sustentável, fizemos um radar pelas calçadas de algumas capitais no Brasil e confirmamos: a situação é alarmante. Só para se ter uma ideia: depois dos acidentes com motos, as quedas nas calçadas são a causa mais comum nas internações das emergências. A matéria é comandada pela repórter Isana Pontes. Também no caderno CVS, é possível conferir a entrevista com Stephen Tyler. De passagem rápida pelo Recife, conversou, com exclusividade, com o engenheiro civil e conselheiro da RCN, Luiz Priori, sobre resiliência urbana e mudanças climáticas. Tyler afirma que “o maior problema das cidades relacionado às mudanças climáticas é o desenvolvimento de projetos e construção de sistemas técnicos (infraestrutura urbana), que deverão ter capacidade e flexibilidade para suportar a variedade e imprevisão do clima”. O bate-papo é imperdível. Nós da Revista Construir Nordeste só podemos desejar um 2014 de felicidade, alegria e paz. Esperamos poder continuar pensando “fora da caixa”,para trazer e intercambiar novas ideias, soluções e tecnologias, sem jamais esquecer nossas raízes.
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expediente RCN Editores Associados Diretora | Elaine Lyra
Publisher | Elaine Lyra elainelyra@construirnordeste.com.br Editora EXECUTIVA | Renata Farache renata@construirnordeste.com.br
CONSELHO EDITORIAL Adriana Cavendish, Alexana Vilar, Bruno Ferraz, Carlos Valle, Celeste Leão, Clélio Morais, Daniela Albuquerque, Eduardo Moraes, Elka Porciúncula, Francisco Carlos da Silveira, Inez Luz Gomes, Joaquim Correia, José Antônio de Lucas Simon, José G. Larocerie, Luiz Otavio Cavalcanti, Luiz Priori Junior, Mário Disnard, Mônica Mercês, Néio Arcanjo, Otto Benar Farias, Ozéas Omena, Renato Leal, Risale Neves, Rúbia Valéria Sousa, Sandra Miranda, Serapião Bispo, Gustavo Farache
CONSELHO TÉCNICO Professores: Alberto Casado, Alexandre Gusmão, Arnaldo Cardim de Carvalho Filho, Cezar Augusto Cerqueira, Béda Barkokébas, Eder Carlos Guedes dos Santos, Eliana Cristina Monteiro, Emília Kohlman, Fátima Maria Miranda Brayner, Kalinny Patrícia Vaz Lafayette, Simone Rosa da Silva, Stela Fucale Sukar, Yêda Povoas Reportagem Catharina Paes | Chloé Buarque | Isabela Morais | Isana Pontes | Luiz Priori | Patrícia Felix | Renata Farache | Tory Oliveira EDITOR DE ARTE E DiagramaÇÃO Michael Oliveira Revisão de texto Claudia Oliveira Fotografia Davi Farias | Deborah Ghelman | Eduardo Cavalcante | Eric Gomes | Marcelo Scandaroli | Mário Neutzling | Tuca Reinés | Tatiana Feijó | Valdir Rocha | Victor Mendes Colunistas Carlos Alberto Vieira Lima | Emília Belo | Fábio Braga | Mônica Mercês I Renato Leal | Tarcisio Patricio de Araújo
Publicidade Tatiana Feijó tatiana@construirnordeste.com.br | +55 81 92844883 construir@construirnordeste.com.br | +55 81 3038-1045
Representantes para publicidade Ceará NS&A | Aldamir Amaral +55 85 3264.0576 | nsace@nsaonline.com.br São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio grande do Sul | Vando Barbosa +55 11 975798834 | +55 11 996142513 vando.barbosa@raizesrepresentacoes.com.br André Maia | 21 994684171 andremaia@raizesrepresentacoes.com.br Administrativo-Financeiro | Caetano Pisani caetano@construirnordeste.com.br Assinaturas e Distribuição | Palloma Saldanha palloma@construirnordeste.com.br NÚCLEO ON LINE | Patrícia Felix patrcicia@construirnordeste.com.br Portal Construir NE | www.construirnordeste.com.br Facebook: Construir Nordeste faleconosco@construirnordeste.com.br Endereço e telefones Av. Domingos Ferreira, 890, sl 704 – Boa Viagem. Recife/PE. 51011-050 +55 81 3038 1045 / 3038 1046
agenda
cartas Este canal de comunicação objetiva auxiliar os profissionais da construção em seus questionamentos e dúvidas relacionadas à gestão e À tecnologia da construção de edifícios
International builders show DaTA: 04.02 a 06.02.2014 local: Las vegas/eua
Pergunta: Gostaria de realizar um mestrado em Engenharia Civil; porém, não sei em qual área. Como devo proceder? (realizada por aluno de graduação em Engenharia Civil da Escola Politécnica da UPE) A realização de um mestrado deve considerar o desejo do candidato em participar de atividades de pesquisa e/ou docência, a partir do ingresso na pós-graduação, sendo destinado àqueles que possuem diploma de 3º grau. Dividem-se em lato sensu (direcionados à atuação profissional, incluem-se especialização e MBA) e stricto sensu (voltados à formação científica e acadêmica, nos níveis mestrado e doutorado). Classicamente, os programas de pós-graduação em engenharia civil apresentam área de concentração em construção civil, estruturas, geotecnia, hidráulica e transportes. O mestrado em construção civil da Poli/UPE contempla as linhas de pesquisa em Desempenho e Inovação Tecnológica. Dentre os seus grupos de pesquisa, o POLITECH – Tecnologia e Gestão da Construção de Edifícios realiza atividade investigadora para a criação e o aperfeiçoamento de sistemas construtivos, materiais, planejamento e controle que representem efetivas inovações tecnológicas no setor em desempenho, qualidade e custo; além de contribuir no desenvolvimento de metodologias para a gestão de sistemas de produção que conduzam à melhoria da eficiência das empresas de construção.
expo revestir data: 11.03 a 14.03.2014 local: sÃo paulo/Sp
*Eng. Alberto Casado Lordsleem Jr., Prof. Dr. Professor Associado – Curso de Engenharia Civil – Escola Politécnica de Pernambuco Docente Permanente do Mestrado de Construção Civil (PEC/Poli)
14a feira internacional da indústria da iluminação data: 22.04 a 26.04.2014 local: são paulo/SP
Pergunta: Como os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs) podem auxiliar na Gestão da Mobilidade Urbana? Entender como as cidades evoluem espacialmente e como se encontram distribuídas as unidades habitacionais, comerciais e industriais é importante para relacionar as questões de políticas públicas associadas à infraestrutura urbana (sistema viário, água e esgoto, entre outros). A expansão das redes de transportes, principalmente dentro das áreas urbanas, precisa acompanhar o crescimento populacional. Torna-se necessário, inclusive, fazer uma prospecção do crescimento dessas áreas para garantir não só a manutenção/melhoria do nível do operação do sistema, como também um crescimento programado e organizado. A complexidade e o volume de informações necessárias ao suporte de modelos de análise adequados, que permitam a constante reavaliação de metas e objetivos, exigem que essas atividades estejam apoiadas num sistema de informações ágil e robusto, que integre os dados originados das várias entidades relacionadas com o planejamento de transportes. Os SIGs tornam possível uma melhor compreensão das relações espaciais existentes entre os elementos analisados, facilitando a avaliação de diversas alternativas e permitindo a visualização de situações complexas, cuja representação só seria possível através de um grande volume de mapas e documentos. *Márcia Macedo, M.Sc. Profa. Assistente da Universidade de Pernambuco (UPE/Poli) *Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani, Ph.D. Professora Associada da Universidade de Pernambuco (UPE/Poli) Docente Permanente do Mestrado de Construção Civil (PEC/Poli)
feicon batimat 20o salão internacional da construção data: 18.03 a 22.03.2014 local: são paulo/SP salão imobiliário de pernambuco data: 26.03 a 30.03.2014 local: olinda/pE brazil road expo 4a feira internacional de infraestrutura viária e rodoviária data: 09.04 a 11.04.2014 local: são paulo/SP
NÓS ERRAMOS I Edição 69 Na reportagem Investimento Pesado, divulgamos duas informações incorretas no trecho que citamos a Terex. O presidente atual da empresa é o francês Jacob Thomas, ao contrário do que mencionamos — André Freire, que deixou o cargo desde 2011. Dois: em posicionamento oficial, a Terex informa que “Não ergueu uma fábrica em Guaíba/RS tanto por conta da burocracia quanto por razões conjunturais. Ambas porque, em função da demora nas licenças, o mercado mudou completamente. Com os problemas nos Denits, os investimentos do governo em construção ficaram bloqueados, congelados, e isso prejudicou muito o segmento, fazendo que não houvessem vendas de equipamentos. A Terex não possui mais os ativos em questão, em função da venda do segmento no início de 2013”.
ATENDIMENTO AO LEITOR
REDAÇÃO/SUGESTÕES DE PAUTAS
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De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h
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share
ORLa A cidade nordestina que estampa a nossa funpage no Facebook nesta edição é Maceió. A capital de Alagoas é conhecida pelos seus 40 km de litoral de águas claras, com tonalidades que oscilam do azul e verde e, claro: suas piscinas naturais a 2 km da costa, numa perfeita união da natureza e o urbano.
Espaço Aberto O Espaço Aberto traz nesta edição o trabalho da engenheira civil Ana Rocha Melhado. A pós-doutora em Gestão Ambiental de Bairros Sustentáveis pela ISO 14001 e pelo processo de certificação HQE apresenta o Paris Rive Gauche, um caso urbano sustentável na capital francesa, fruto de uma parceria público-privada. A gestão do projeto está focada em como agregar valor para usuários e partes interessadas, incluindo o governo e seus parceiros privados, comunidades locais e entorno, ao mesmo tempo que contribui para a sustentabilidade ambiental do empreendimento. O artigo completo pode ser conferido no nosso portal — construirnordeste.com.br.
CONEXÃO Com 37 anos de atuação no mercado de locação de equipamentos para construção, indústria e serviços, a ESTAF Equipamentos está lançando mais um canal de comunicação com seus clientes, o blog EstruturAÇÃO — um espaço dedicado a trazer informações em primeira mão, vídeos, artigos, dicas e curiosidades da equipe técnica que planeja e constrói as melhores soluções técnicas para o cliente, coordenadas pela engenheira civil Renata Figueiredo. Na pauta, Renata contempla assuntos relacionados à usabilidade, andaimes, fôrmas, vigas e escoramentos metálicos, que contribuem para a segurança e qualidade na execução de projetos. Vale conferir as informações desse time dinâmico — estafequipamentos.com.br.
PROMOÇÃO A Revista Construir Nordeste irá sortear o livro que conta a história da Herc, empresa que atualmente é referência nacional em torneiras de plástico e reconhecida como marca de qualidade, abrangendo um amplo mix de produtos. No livro Herc 50 anos: do sonho à realidade, você vai conhecer toda a trajetória da empresa a partir de depoimentos de familiares, diretores, até clientes e prestadores de serviços. Algumas passagens são inusitadas — não tinham registro escrito e só habitavam nas lembranças dos que fizeram a empresa. Fique atento e participe!
construirnordeste.com.br facebook.com/construir.nordeste Escreva: faleconosco@construirnordeste.com.br
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palavra
Construção Sustentável tem viabilidade técnica e econômica Carlos Alberto Vieira Lima *
A Toda construtora e incorporadora pode e deve pensar em um conjunto de critérios e boas práticas que vise minimizar os impactos ambientais causados pela edificação durante a totalidade do seu ciclo de vida.
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té o final de 2013, o Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA) vai inaugurar uma nova sede no mesmo local onde funcionava anteriormente. O novo edifício comercial é eco eficiente, possui cerca de 2.520 m² construídos e incorpora princípios, atributos e soluções de sustentabilidade. A nova sede é a realização de um sonho e servirá como modelo para o setor da construção na Bahia e no País. Nossa ideia, ao investirmos no projeto, foi mostrar a viabilidade técnica e econômica de uma construção sustentável e ao mesmo tempo, estimular a incorporação de inovações tecnológicas e a adoção de critérios de sustentabilidade em todas as fases de um empreendimento imobiliário. Para validar os atributos incorporados ao projeto, o Sinduscon-BA, juntamente com a consultoria ProActive, optou por construir a nova sede dentro dos critérios estabelecidos pelo Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) — primeiro referencial técnico brasileiro para construções sustentáveis, auditado pela Fundação Vanzolini. Já conquistamos a certificação nas fases Programa e Concepção e estamos nos preparando para a auditoria da fase Realização. Em 2014, o empreendimento será novamente auditado para a certificação da fase de Uso e Operação. O resultado é um edifício de nove pavimentos com uma cobertura. O prédio contará com um Centro de Convenções que ocupará dois andares equipados com auditório, lounge e um espaço modulado flexível para a realização de eventos e reuniões. Outros cinco andares serão de escritório e dois de garagem. Pensado de forma a garantir uma relação harmônica do edifício, com o seu entorno, desde a concepção do projeto foi feita a escolha integrada de processos e materiais
construtivos e incorporados sistemas para a redução de resíduos. Um exemplo de atributo de sustentabilidade adotado é o tratamento diferenciado de cada fachada, conforme sua orientação cardinal, com fachada ventilada de vidros refletivos e alumínio composto. Há, ainda, soluções como o telhado verde na cobertura do prédio, com um sistema híbrido de geração de energia, composto por placas fotovoltaicas e turbina eólica, que fornecerá a iluminação das áreas comuns do condomínio em lâmpadas LED. No local, já foi implantado o primeiro jardim vertical em calçada pública da capital baiana e um relógio de sol que pode ser observado de mais de um ângulo. Toda construtora e incorporadora pode e deve pensar em um conjunto de critérios e boas práticas que vise minimizar os impactos ambientais causados pela edificação durante a totalidade do seu ciclo de vida. Além dos benefícios proporcionados ao meio ambiente, ao aumentar a eficiência do empreendimento e reduzir o consumo de água e energia, os custos de uso e operação do edifício também serão reduzidos. A construção sustentável proporciona uma maior vida útil do edifício e oferece melhor conforto aos usuários e à vizinhança. A nova sede reflete o comprometimento do Sinduscon-BA com um setor de construção que contribua para um desenvolvimento sustentável.
* Carlos Alberto Vieira Lima, presidente do Sindicato da Indústria da Construção da Bahia
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entrevista
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entrevista
Sou louco por venda, pelo simples fato de nunca ter aprendido a vender Jairo Rocha por Chloé Buarque
Nascido em Palmares, interior de Pernambuco, é cidadão do Recife. Teve seu primeiro emprego de carteira assinada como office boy, na rede nacional de lojas Mesbla. E foi a parti daí que Jairo Rocha não parou mais. Passou pelo instinto Banorte, pela Phillips do Brasil até entrar para o mercado imobiliário através da pernambucana Paulo Miranda. Em 1988 Jairo Rocha decidiu criar sua própria empresa: a Jairo Rocha Imóveis, referência de credibilidade. Também é diretor do Sindicato das Empresas de Compra e Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais do Estado de Pernambuco (Secovi/PE). A Revista Construir Nordeste foi bater um papo com o empresário sobre as expectativas do setor para 2014. Confira!
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entrevista
O problema da renda nacional é muito antigo. Acredito que a cada ano que passa a tendência é nossa renda evoluir sempre. Precisamos, sim, de uma reforma tributária e trabalhista, e observo que estamos avançando... As recentes pesquisas apontam que o mercado imobiliário apresenta oscilações e está em alerta. O que causou tal momento? O senhor poderia fazer uma avaliação geral do setor? O setor imobiliário é muito sensível, qualquer reflexo na economia pode apontar algo que muitas vezes não interfere na sua estabilidade, e em vários momentos existe uma desconfiança generalizada de que o presente não é seguro e o futuro é duvidoso. Acredito muito no Brasil, e não podemos trazer para o mercado nacional aquele famoso complexo de vira-latas eternizado por Nelson Rodrigues devido ao “Maracanaço” de 1950. Aproveito para fazer uma retrospectiva do mercado imobiliário de Pernambuco, que passou muitos anos sacrificado por conta da falta de uma política habitacional ajustada ao setor, no qual vivíamos dependendo dos autofinanciamentos ou (planos diretores), das cooperativas habitacionais e dos condomínios fechados. Muitas vezes, os recursos que vinham de Brasília através da Caixa Econômica Federal — com intuito de que fossem investidos em financiamentos e construções — eram devolvidos por falta de utilização.
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Empreendedores e construtores eram acostumados com as práticas acima, o que era um erro, e poucos sobreviveram. Chamo atenção para as elevadas taxas de juros da época, prazos curtos de financiamentos comparados com o mercado internacional, burocracia exagerada na aprovação, demanda reprimida, cujo mercado sobrevivia apenas com 20% do seu potencial em todas as áreas, diferentemente do restante do Brasil, onde os financiamentos imobiliários existentes através dos agentes financeiros seguia normalmente, mesmo com a pouca oferta de crédito. No momento em que houve a oferta de crédito, com mudanças significativas no setor, juntamente com uma demanda de 80%, até então adormecida — bem como o crescimento do Estado, que voltou a ser a grande referência no Nordeste e no Brasil —, nosso mercado não tinha outra alternativa a não ser aquecer, desenvolver e amadurecer com responsabilidade, que, segundo nossos economistas, não oferece riscos de bolha imobiliária. O que poderia acontecer de ruim seria uma oferta exagerada, como já aconteceu em outros estados — não por falta de quem comprar, e sim pelo famoso “acho que dá” ou outro famoso “já que”. Mas nossos parceiros estão atentos, e hoje somos exemplos de criatividade, capacidade e estamos exportando para outros estados nosso talento. O Nordeste tem um perfil diferente das outras regiões do País? (Apenas uma hipótese, já que apresentamos um desenvolvimento econômico mais elevado.) O comportamento do mercado nordestino realmente já foi diferenciado de muitos estados brasileiros em face de uma economia que faz parte do passado restrito, de uma economia desaquecida em perspectiva de crescimento, falta de visão do governo federal e falta de investimentos internacionais. O empreendedor construía, vendia, e, com isso, muitos não
sobreviveram. Ao contrário do que vivemos hoje, onde é a região do Brasil que mais recebe investimentos nacionais e internacionais. Qual é o perfil dos imóveis com mais demanda atualmente? Todos enquadrados no programa federal Minha Casa Minha Vida. A razão é muito simples: nosso déficit habitacional se encontra nessa renda. Chamo a atenção do governo federal para anunciar aumento dos tetos do referido programa, quando já estiver 100% aprovado, a fim de que possamos evitar a especulação nos preços dos terrenos que estão fechados, aguardando apenas as finalizações nos cartórios. Eles devem mudar? Existe alguma tendência? Não é hora de mudar. Tenho certeza do desenvolvimento do nosso país, que nos trará crescimento econômico e que, por sua vez, aumentará a capacidade de renda do nosso povo, estimulando uma tendência na qualificação dos produtos ofertados nesse programa. Qual a solução ou alternativas para equilibrar a renda dos brasileiros e o alto preço dos imóveis? O problema da renda nacional é muito antigo. Acredito que a cada ano que passa a tendência é nossa renda evoluir sempre. Precisamos, sim, de uma reforma tributária e trabalhista, e observo que estamos avançando nessa área. Existem estudos adiantados sobre tais reformas, sem contar que a Justiça do Trabalho não é mais tão paternalista como já foi no passado e, com isso, vai se construindo uma cadeia progressista, onde esperamos dias melhores para todos. Não concordo que os imóveis estão com preços altos, o mercado é soberano, e quem abusar não venderá. O que aconteceu em nosso mercado, em particular, foi
entrevista
uma demanda reprimida, que passou muitos anos sem opção de compra em função da dificuldade de crédito, e quem pagou esse preço foi toda a cadeia envolvida no setor imobiliário, uma vez que não existia praticamente como adquirir os imóveis, enquanto os empreendedores viviam trabalhando com preços inferiores aos demais estados do Nordeste, tudo por conta do baixo índice de velocidade de vendas em nosso estado. Em Pernambuco, nunca houve aumento de preço, e sim realinhamento, que é muito diferente de aumento. E as previsões de crédito para 2014? Nosso déficit habitacional é extremamente absurdo, o que já que vem sendo combatido. Daí não é permitida nenhuma perspectiva negativa para 2014. Estou confiante e certo que teremos um ano espetacular. E o Governo tem apoiado, está comprometido com o setor? Sem dúvidas. Estou no mercado há mais de 30 anos. Não conheço nada que se possa comparar ao que se tem feito hoje. Todos deveriam entender que o mercado imobiliário é uma grande cadeia que gera crescimento, além de baixar os índices de desemprego cuja mão de obra é absorvida, trazendo consigo todos aqueles que trabalham direta ou indiretamente ligados ao nosso setor. Qual deverá ser o impacto no setor após a Copa do Mundo de 2014? Impacto excelente e positivo, a Copa nos trará desenvolvimento e progresso. A infraestrutura que vem sendo feita no Recife e na Região Metropolitana, cito apenas dois exemplos: as acessibilidades para tráfego e o melhoramento nos transportes públicos. Sem o evento, demoraria muito a chegar, por mais que tenhamos um Governo competente. Era tudo que precisávamos para nosso
desenvolvimento. O estado faz a sua parte, e a iniciativa privada se encarrega de complementar. Deve haver desvalorização de mercado após o evento mundial? Recife é a 5ª menor capital do Brasil territorialmente. Nenhuma capital com nossa área tem risco de perda de preço, muito pelo contrário: em função do crescimento do Estado, nossa logística e economia, como já falei anteriormente — além das dificuldade na aquisição de novos terrenos, dificuldade na aprovação e regularização dos projetos, Ibama, CPRH, terrenos de marinha, córregos e alagados, morros, cartórios desaparelhados e falta de uma plataforma de aprovação de tudo junto a exemplo do que já existe em outras capitas do Brasil —, nosso preço do m² ainda continua baixo com relação a Fortaleza e Salvador, que são nossas principais referências no Nordeste. Ou seja, com todos os benefícios e oportunidades em Pernambuco, ainda é barato morar aqui. Ainda podemos considerar a aquisição de imóveis um investimento seguro? Investimento imobiliário é de uma segurança extraordinária. Cito o meu exemplo: sempre investi em imóveis. Não acredito em outro investimento mais seguro. Existe uma inflação que ninguém consegue enxergar. O único investimento que consegue é o imóvel, pode demorar até um pouco, mas, quando enxerga, vale a pena. Existem motivos concretos para otimismo? Quais? Sim, sempre serei otimista, principalmente fazendo parte de um setor em que se faz necessário ser otimista. Afinal, é um segmento muito sensível a mudanças. Faço parte do mercado desde 1976, quando houve um milagre econômico e aprendi a vender financiamentos do BNH; participei dos que sobreviveram à crise dos anos
1980, quando os aumentos nas prestações da casa própria geraram uma forte crise nesse setor, fazendo com que muitas empresas de construção e de vendas parassem suas atividades; estava no mercado quando em 1986 aconteceu o congelamento de preços; sobrevivi também ao confisco, renascemos com o plano real e participo do crescimento hoje do Brasil. Não vejo motivos para pessimismo em nosso país, quando a própria Abecip nos informou que no mês de novembro de 2013 os depósitos nas cadernetas de poupança superaram os saques em mais de R$ 5 bilhões e R$ 400 milhões, sendo o melhor resultado do mês de novembro desde 1994, enquanto que nos primeiros 11 meses de 2013 a captação liquída das contas de poupança foi positiva em R$ 46 bilhões, cujo montante é 52% superior com relação ao ano passado. E para a Jairo Rocha? Nossa empresa é de vanguarda. Hoje somos 40% do que projetamos para crescer. Estamos na vibe certa. Temos uma equipe profissional de excelente nível, e estar sempre à frente do nosso tempo é regra. Contamos com excelentes construtoras, algumas com mais de 20 anos de parceria. Acreditamos na cidade, acreditamos no Estado, acreditamos no Brasil. A expectativa para 2014 é um crescimento de, no mínimo, 20%.
Nosso déficit habitacional é extremamente absurdo, o que já que vem sendo combatido. Daí não é permitida nenhuma perspectiva negativa para 2014. JANEIRO 2014
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painel construir
Regionalismo Num imóvel de arquitetura europeia, construído na década de 1950, a Casa Cor Ceará teve total inspiração regional. Em 7.200 m², com 2.300 m² de área construída, foram 42 ambientes, todos com nomes em homenagem às várias expressões locais de cultura, arte e costumes. Com 68 profissionais envolvidos, a 15ª edição da Casa Cor Cearense ainda comemora os resultados alcançados em 2012. A mostra ganhou dois prêmios: o de Melhor Evento Nacional, como a Melhor Casa Cor de 2012 entre as 19 franquias brasileiras; e o primeiro lugar em Maior Percentual de Aumento de Público Nacional. Ao lado, o restaurante, um projeto de Sergei de Castro.
E não é que muda e o interior também fala? A 19ª edição da Casa Cor Bahia trouxe o tema Um olhar muda tudo. A novidade de 2013 é que, após 10 dias de lançamento do evento em Salvador (BA), foi lançada a Casa Cor Extensão Feira de Santa. Característica da “baianisse”, a aposta foi na comodidade. No total, foram 60 espaços, sendo 36 na capital e 24 no interior, sempre com o aconchego em mente e alma — mesmo quando o assunto é espaços comerciais. A ideia principal é que o público visitante se sentisse num ambiente confortável, vivenciando arte, arquitetura, engenharia, tecnologia e gastronomia. Ou seja, o que há de mais atual. É quando pensamos na Bahia. O ambiente ao lado foi escolhido como melhor projeto. Quem assina é Aline Cangussú.
PARA COLORIR Aproveitar os tapumes das obras para expor a cultura de Pernambuco. Essa foi a ideia da Rio Ave, em parceria com a Iquine que, juntas, desenvolveram o projeto Avenida Colorida. A iniciativa é uma intervenção urbana através da grafitagem, abordando a temática do regionalismo pernambucano nos tapumes das obras da construtora na Região Metropolitana do Recife. A equipe artística é comandada pelo grafiteiro Galo de Souza. O artista recifense começou a grafitar aos 16 anos e já espalhou sua arte por diversos lugares do Recife, entre viadutos, muros e também em outras cidades brasileiras, além de países como Dinamarca, Portugal, Suécia e Holanda. Após sua confecção, os tapumes ficarão expostos até o final das obras.
DE OLHO NO FUTURO 01 Em comemoração aos seus 25 anos, o Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) promove, com alcance nacional, o projeto De Olho no Futuro. A iniciativa sugere uma reflexão conjunta da comunidade técnica, do poder público e da sociedade civil sobre a importância do planejamento para conquistar a cidade que queremos no futuro. A partir de um concurso de ideias aberto aos cidadãos através do site, pode-se compartilhar sugestões para melhorar a mobilidade da cidade. Uma segunda frente são os eventos técnicos que reúnem especialistas e interessados em debater o futuro das grandes capitais brasileiras. Foram escolhidas as cidades onde o sindicato possui seções regionais. Na Região Nordeste, as cidades de Fortaleza, de João Pessoa, do Recife e de Salvador participam do projeto. http://www.olhonofuturo.org.br/.
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DE OLHO NO FUTURO 02 Com a ideia de consolidar o conceito de sustentabilidade, as arquitetas pernambucanas Sandra Miranda e Alexana Villar criaram o lounge do espaço do projeto De Olho no Futuro do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), no Recife. A dupla utilizou como base mobiliário com madeira certificada da loja OD Collection e móveis reutilizados da Pontual Eventos. O resultado: um ambiente sofisticado e acolhedor.
Save the date A Reed Exhibitions Alcantara Machado apresentou o calendário de enventos de 2014. Das nove feiras programadas para 2014, quatro já eram realizadas no Recife e passaram a integrar o portfólio da empresa. De acordo com o vice-presidente da Reed, Paulo Octávio Pereira, a ideia é fortalecer os negócios no Nordeste, uma vez que a região está atraindo diversos investimentos. “O que destaca Pernambuco especificamente é a logística”. No setor da construção civil, recebemos a Feicon Batimat e a Equipotel. No lançamento: Tatiana Menezes (diretora executiva Nordeste da Reed), André Correia (presidente da Empetur), Paulo Octávio (vice-presidente executivo da Reed) e Luciana Fernandes (diretora comercial da Empetur).
RECONHECIMENTO O projeto Camará Shopping, novas oportunidades de negócios em uma localização estratégica, ganhou o Prêmio Top de Marketing da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-PE), pelo seu sucesso no lançamento e na divulgação do empreendimento, que deverá ser finalizado em abril de 2015. A gerente de marketing do Camará Shopping, Peggy Côrte Real, junto com o diretor — presidente da Reserva Camará Complexo Multiúso, Serapião Bispo, receberam, no JCPM Trade Center, o prêmio. O objetivo da ADVB-PE é valorizar e divulgar casos de sucesso dos profissionais que demonstrarem ter utilizado, com competência e criatividade, o ferramental de Marketing.
OS MELHORES O empreendimento Internacional Trade Center, da Moura Dubeux Engenharia, foi eleito o melhor do ano pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE). Ele recebeu o Troféu Master Ademi/2013 e também o de destaque como Melhor Comercial/Centro Empresarial. Em 2o. lugar ficou o Vila dos Corais (também vencedor na categoria Quatro Quartos Master), da Odebrecht Realizações Imobiliárias. E, na terceira colocação, a torre Acácio Gil Borsoi, da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário. A premiação é considerada a mais importante do setor em nível regional e contou, este ano, com 23 participantes. “Observamos, a cada ano, as empresas associadas se empenhando em oferecer o que há de melhor ao mercado em termos de moradia e qualidade de vida”, observa o presidente da Ademi, Eduardo Moura.
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SMART CITY Cerca de 400 pessoas, entre prefeitos, secretários, arquitetos, urbanistas e especialista em tecnologia (de diversos países), se reuniram no Smart City 2013. O evento realizado pela Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-PE), no Recife (PE), teve como tema Planejamento Urbano e Qualidade de Vida. O principal objetivo foi debater os problemas das grandes metrópoles e, claro: apontar soluções para cidades mais inteligentes. Para o presidente da ADVB/PE, Leopoldo Albuquerque, o evento teve um retorno extraordinário. De acordo com ele, um dos diferenciais do Smart City é atrair profissionais com poder de decisão nas empresas, o que gera relacionamento e, consequentemente, negócios”.
E vemos cores em você Sediado em Olinda (PE), o 42o Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha comprovou, mais uma vez, que merece a sua posição como principal evento do setor nacional e maior da América Latina. A 16ª Expoanicer, que acontece paralela ao evento, contou com a presença de mais de cem marcas de dez países: Brasil, China, Espanha, Itália, Portugal, Rússia, Grécia, Alemanha, EUA e França. Juntos, os expositores movimentaram um total de R$ 48 milhões em negócios, R$ 5 milhões a mais do que no ano passado.
PLANEJAMENTO O Seminário de Comunidades Planejadas (Complan) vem se consolidando como um dos principais ambientes voltado para discurssão dos aspectos dos projetos em construção planejada. Promovido pela Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (Adit); na sua terceira edição, reuniu, no Cabo de Santo Agostinho (PE), mais de 300 pessoas — entre engenheiros, arquitetos, urbanistas, construtores. Felipe Cavalcante, presidente da Adit Brasil, apresentou um panorama do setor de loteamentos e comunidades planejadas. “Muitos empresários já são bastante conscientes das vantagens e desvantagens dos empreendimentos planejados. Percebese que existem projetos nacionais bem mais estruturados.”
Sucesso A Moura Dubeux, que completa este ano 30 anos de fundação, vai fortalecer ainda mais a sua presença no Nordeste em 2014. Presente em cinco estados — Pernambuco, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará, ela expandirá as suas operações para a Paraíba. Fundada pelos irmãos Aluísio, Gustavo e Marcos Dubeux, se transformou numa das mais importantes construtoras e incorporadoras da Região e uma das maiores do Brasil. Somente este ano, a empresa vai superar a marca de R$ 1 bilhão na sua receita operacional bruta. Um crescimento de 16% em comparação ao ano passado.
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Tudo Misturado Para comemorar o aniversário de 60 anos do grupo Queiroz Galvão, uma das quatro maiores empresas nacionais do setor da construção civil e grande responsável pelas obras no País, a Orquestra Sinfônica Brasileira e o cantor Lenine fizeram uma show no Recife (PE) — uma mistura do clássico com as raízes pernambucanas — numa apresentação singular. O Grupo Queiroz Galvão começou sua trajetória com a fundação de uma pequena construtora em Pernambuco, em 1953. Juntos, os irmãos Dario, Antonio, João e Mário estabeleceram o negócio e iniciaram os trabalhos com pequenas obras de saneamento e pavimentação de estradas. Está presente no Brasil e em mais de 20 países, na América do Sul e no Caribe, na África e no Oriente Médio. Na foto, o maestro Leandro Carvalho e o cantor Lenine.
Mar adentro Pode parecer até estranho, mas foi em Santa Cruz do Capibaribe (interior de Pernambuco), que a Rota do Mar, uma das principais indústrias de confecções do Norte e Nordeste do Brasil, inaugurou a maior loja de surf e street wear do País. Quinta unidade da rede, a loja fica anexa à maior fábrica da companhia e recebeu investimentos de aproximadamente R$ 1,5 milhão. Com arrojada estrutura física, o empreendimento ganhou heliponto, estacionamento com mais de 3,3 mil m2 de área, lanchonete, restaurante e local de descanso para guias e motoristas de excursões. No total, a estrutura ocupa um terreno de 4,9 mil metros quadrados. A inciativa é reflexo direto da importância do empreendedorismo e da inovação do polo têxtil do Agreste do Estado.
OBRA DO ANO A T&A Pré-Fabricados foi a vencedora do prêmio nacional Obra do Ano em Pré-fabricados de Concreto, realizado pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC). A empresa venceu com a obra do Rio Mar Shopping, no Recife (PE), pertencente ao Grupo JCPM. O empreendimento foi o maior centro de compras construído no sistema de pré-fabricados de concreto no Brasil e teve sua estrutura erguida pela empresa em tempo recorde: apenas 14 meses. Na estrutura foram empregados 21.500 m³ de concreto pré-fabricado, distribuídos em 3.480 vigas, algumas delas chegando a 20 m de comprimento, além de 12.800 lajes alveolares, e 1.117 pilares de até 35 m de altura. O projeto estrutural foi assinado pelo calculista Sérgio Osório, diretor da Engedata (PE).
PRÊMIO A Docol Metais Sanitários foi premiada no 27º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira (MCB), com o Misturador Monocomando para Cozinha de Mesa DocolMassima, em primeiro lugar, na categoria Equipamentos em Construção. “Buscamos criar um produto que aliasse design, inovação e função. Partimos de um desenho orgânico que transparecesse leveza, sofisticação e fluidez. Além disso, investimos em alta tecnologia para um sistema eficiente e funcional”, afirma o designer de produtos da Docol, Marcelo Alves. Diferenciado, o Misturador Monocomando para Cozinha de Mesa DocolMassima possui volante ergonômico em alavanca. Com um só comando, é possível ajustar a vazão e a temperatura da água.
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De Portas Abertas Clientes e distribuidoras de pelo menos 21 países compareceram ao Open Day da Powerscreen, marca da Terex. O evento aconteceu no Reino Unido e lançou três novas máquinas — o britador de mandíbulas Premiertrak 300, o britador de impacto Trakpactor 320SR e a peneira vibratória Warrior 2100 —, além de exibir outros produtos já consagrados. Para Colin Clements, diretor de vendas internacionais da empresa, “apesar do cenário econômico mundial apresentar-se desfavorável, a Powerscreen mantém o desafio de melhorar a experiência de todos os seus parceiros, fortalecendo a posição de líder mundial em equipamentos móveis de britagem.”
100 anos e história para contar A Formica®, presente no dia a dia de milhares de pessoas, é, erroneamente, tratada como sinônimo de seu produto, laminado, mas Formica® é marca registrada. A empresa é a maior fabricante de laminados de alta pressão da América Latina e completou 100 anos de inovação. A história da empresa se iniciou com os jovens engenheiros Daniel J. O’Conor e Herbert Faber, que viram pela primeira vez as possibilidades da tecnologia do laminado e fundaram a empresa Formica Insulation Company. O Grupo teve sucesso no desenvolvimento de um laminado decorativo que era durável e podia ser produzido em praticamente qualquer cor desejada. Após a segunda Guerra Mundial, a empresa cresceu junto com a expansão do mercado imobiliário e os laminados começaram a ganhar espaço. Leia mais sobre a trajetória da Formica® em formica.com.br. Nós lemos!
Casadinha A Autodesk, líder mundial em software 3D para design, engenharia e entretenimento, fecha parceria com a Odebrecht e implanta o modelo Building Information Modeling (BIM) na América Latina e África, superando mais de 2 mil licenças. A tecnologia BIM tem sido considerada essencial para ganhar produtividade e conquistar novos projetos, uma vez que é muito eficiente ao prever cenários tanto no projeto quanto no processo de construção. De acordo com Valter Pinto de Sousa, líder de TI para América Latina da Odebrecht, dois foram os fatores decisórios para a adoção da tecnologia. O primeiro é o fato de a Autodesk entender a cultura da Odebrecht e como apoiá-la a ser mais eficiente e sustentável. A segunda foi o suporte que a Autodesk oferece, deixando um legado que envolve principalmente capacitação da mão de obra local.
CRESCIMENTO A GE Oil & Gas deu o início das atividades de Packaging e testes no Brasil para seus equipamentos de turbomáquinas. Com a nova operação, a empresa aumenta a parcela de produção local nos equipamentos utilizados em projetos onshore e offshore no País. As instalações estão localizadas na cidade portuária do Recife, com investimentos de US$ 20 milhões que se somam ao pacote de US$ 262 milhões. A nova operação em Recife foi projetada para servir a outros projetos no futuro, ao passo que o Brasil assume uma posição cada vez mais estratégica no mercado de petróleo e gás. O início dessas atividades permitirá a criação de mais de 100 novos postos de trabalho por meio da GE e de seus parceiros.
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Do Nordeste para o mundo Eles foram além dos limites da originalidade e ousadia — e, pasmem: conseguiram em apenas dois anos ganhar espaço no cenário do design internacional. Sim, foi em 2012 que o arquiteto Felipe Bezerra e o designer gráfico André Gurgel fundaram o estúdio Mula Preta, em Natal (RN). Durante esse período, a dupla foi convidada para a A’Desgin Awards and Competitions (Itália), que também circulou os irmãos Campana e Philippe Starck. Bastou? Que nada! O Mula Preta levou nada menos que quatro prêmios e ainda participaram do Paris Design Week. Bezerra e Gurgel afirmam que o que os move é a vontade de fazer algo inovador, já que é um setor pouco explorado no Nordeste. “É preciso valorizar a nossa cultura. Nada mais forte que o próprio nome do estúdio, que é uma música de Luiz Gonzaga. Nossa ideia é regionalizar e internacionalizar os negócios”, dizem empolgados. E é só o começo...
01 basquete A poltrona de couro com espuma simula uma bola de basquete amassada, e foi pensada para o mercado americano devido ao sucesso do esporte nos Estados Unidos.
02 reta A palavra RETA, em português, define o conceito desse projeto: criar um objeto sofisticado e bonito com apenas uma simples linha reta. Essa cadeira foi desenvolvida para resumir com elegância o modo de sentar, mostrando que apenas alguns segmentos de linha são o bastante para dar vida a essa cadeira.
03 duna Desenhada sob inspiração do formato orgânico das dunas da cidade de Natal, a poltrona é feita em freijó, madeira típica brasileira e que também tem nuances das cores da região natalense. Ela se destaca pela leveza e arte numa peça única.
04 pirulito A luminária Pirulito (lollipop em inglês) foi criada exclusivamente para a Paris Design 2013. Com formas modernas e limpas, é confeccionada com papelão e concreto reutilizado de construções – fatores que fazem dela uma peça atrativa e atual.
05 CENTOPÉIA A Centopéia, uma das peças premiadas do estúdio, foi inspirada no exuberante animal de mesmo nome. Produzida em madeira trabalhada à mão com edição limitada em apenas 99 peças, a Centopéia se revela pelo desenho incomum e divertido, além do aspecto dinâmico gerado pelo efeito das pernas.
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01 Arte A Lilou, especializada em revestimentos cerâmicos e vidros planos e pioneira na sua área de atuação, desenvolveu uma tecnologia própria para os fornos e as impressoras. É possível a impressão de cerâmicas — sendo uma imagem digitalizada. Seja trazendo uma imagem digitalizada, produzindo uma fotografia no nosso estúdio ou escolhendo uma dentro de alguns dos melhores bancos de imagem existentes, o cliente imprime sua criatividade em peças com formatos a partir de 15 cm x 15 cm que poderão ser utilizadas para revestimentos internos e externos, painéis artísticos ou corporativos, sinalizações, móveis, entre outras criações. | lilou.ind.br I (81) 3308.0114
02 novo mercado Com mais de 4 décadas de existência, a Estevam Tapeçaria decidiu abrir um showroom em São Paulo. Localizado no Campo Belo, zona sul da cidade, o estabelecido apresenta o lançamento de sua linha moveleira, com proposta de trabalhos em madeira de demolição, Jequitibá, Jacarandá. Os produtos propõem uma decoração vintage, de definição especial, com sofisticação. Na foto, poltrona cadeira de balanço, confeccionada em madeira e tecido. I tapecariaestevam.com.br I (11) 3081.5354
03 elevador A Atlas Schindler lança simultaneamente em todo o mundo um elevador totalmente flexível, capaz de atingir até 50 andares sem a necessidade da casa de máquinas. Com investimento de R$ 30 milhões, o Schindler 5500 tem em seu DNA ampla liberdade de escolha. Ele é totalmente configurável e conta com várias possibilidades de dimensões, tecnologia e design; utiliza cerca de 70% menos de energia do que os elevadores de gerações anteriores. O motor e a máquina de tração compactos, em sua nova configuração, pesam até 50% menos que a versão anterior e ainda não usam óleo lubrificante. | schindler.com.br I 0800 055 1918
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04 pra sentar e inventar A I’M IN vem com uma linha de banquetas. Normalmente utilizadas nas varandas e cozinhas com proposta gourmet, a tecnologia empregada na sua fabricação permite oferecer uma infinidade de modelos e tamanhos, trazendo liberdade de escolha e facilidade para combinar com ambientes que já possuem outros móveis e estilos. Há peças para todos os espaços, e são funcionais: suas partes são intercambiáveis. O que era uma tampa vira um porta-treco, o que pode ser uma luminária. Ou seja, é para brincar e usar a imaginação. | iminhome.com.br I (12) 3025.0391
05 vem chegando o verão Com a proximidade do verão, a Brentwood traz uma proposta leve, despojada e, acima de tudo, confortável, com peças repletas de estilo contemporâneo e design atemporal. Uma das novidades é o Puff Flap. Versátil e despojado, traz contemporaneidade aos ambientes externos. Dentre suas características estão conforto, qualidade, inovação e design. Base fibra sintética, possui espuma antifungos e capa removível. | brentwood.com.br I (11) 3464.4000
06 luz Ideal para adicionar modernidade a salas, quartos, escritórios e ambientes despojados, a luminária Orbit, da Obravip.com, possui acabamento cromado e design arrojado. Com design moderno e elegante, a luminária de teto proporciona uma iluminação suave para deixar os ambientes mais aconchegantes. Disponível nas cores brancas e cromada, a luminária Orbit, da marca Nova Home, é comercializada pela boutique virtual obravip.com. I (11) 4063.1226
07 colorindo 2014 As Tintas Eucatex apostam no tom tangerina para o ano de 2014. Pesquisas realizadas pelo Comitê Brasileiro de Cores (CBC) confirmaram a tonalidade como sendo a preferida do momento, principalmente entre a faixa etária que compreende consumidores de 24 a 42 anos. Segundo Elizabeth Wey, presidente do CBC e consultora da Eucatex, a cor “mistura de amarelo e vermelho, tangerina é uma cor quente que biomimetiza o efeito do pôr do sol da região central do Brasil, onde o clima mais seco propicia um efeito luminoso dos raios solares intensos e vibrantes, repletos de laranjas incríveis”. | eucatex.com.br I 0800 55 43 32
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Além de ensaios em laboratório, com isolamento acústico, esquadrias devem ser testadas dentro do sistema de vedação vertical.
foto: DAN_PRAT / istockphoto
Desempenho de vedações verticais Quarta parte da Norma de Desempenho sofre alterações e passa a contar com novos critérios para sistemas de vedações verticais internas e externas por Isabela Morais
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ando sequência à série de reportagens sobre a nova Norma de Desempenho, a Revista Construir Nordeste traz, nesta edição, as diretrizes e opiniões de especialistas sobre a quarta parte da normativa (ABNT NBR 15.5752: 2013), que trata dos requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas (SVVIE). Publicada em 2008, a série de textos começou a ser revisada em janeiro de 2011 e foi aprovada em fevereiro de 2013. Desde julho, as regras estão em vigor em todo o Brasil. Conforme sua definição, os SVVIE compreendem as partes do prédio habitacional que limitam no plano vertical o conjunto do edifício e seus ambientes, como fachadas e paredes divisórias internas. Para Claudio Mitidieri Filho, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP (IPT) e relator dessa parte da normativa,uma das principais alterações foi a definição dos critérios relativos ao desempenho estrutural. Assim, ficou mais claro se eles são aplicáveis ao Estado Limite Último ou ao Estado Limite de Serviço. “Isso foi muito importante conceitualmente, pois esses estados limites estão presentes nos diversos critérios de desempenho e nos
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métodos de avaliação. Assim sendo, os critérios de desempenho estrutural foram complementados e ficaram mais claros”,explica. Outra mudança foi a inclusão de parâmetros relativos à segurança ao fogo.“Na versão anterior, nada constava com relação à resistência ao fogo de elementos construtivos e reação ao fogo dos materiais de construção”, conta. Agora, contempla-se não somente a verificação da propagação superficial de chamas e a densidade de fumaça (já estabelecidas pela NBR 9442 – Determinação do índice de propagação superficial de chama pelo método do painel radiante), mas também o ensaio de SBI realizado pelas normas europeias e pela ISO.“O ensaio de SBI se aplica a produtos para os quais não se aplica a NBR 9442, como, por exemplo, painéis com miolos incombustíveis e faces incombustíveis”,explica. De acordo com o pesquisador, os critérios de desempenho acústico para paredes ou vedações verticais internas, em especial paredes de geminação ou que separam áreas privativas de áreas comuns, estão mais bem ajustados no novo texto. No caso de paredes entre unidades, quando há ambiente de dormitório, o critério passou de
40 decibéis (dB) para 45 dB. Também foi retirado o critério de isolação sonora entre a unidade e o hall.“Houve modificação nos critérios de isolamento sonoro para fachadas, considerando-se três condições típicas de ruído externo. Agora, exige-se isolação em campo de 20, 25 e 30 dB, respectivamente, para as condições I, II e III. Para edificações situadas nas proximidades de rodovias, ferrovias, aeroportos, etc., há necessidade de estudos especiais”, esclarece. Quanto ao desempenho térmico, a redação passou a adequar os requisitos para avaliação detalhada por simulação computacional. As metodologias de avaliação, seja por ensaios, inspeções ou verificações analíticas, já eram conhecidas no texto anterior. A novidade foi o aprimoramento de alguns métodos de ensaio e o esclarecimento de procedimentos. “Quanto ao ensaio de ação e choque térmico, não houve ainda alterações, apesar de terem sido introduzidos os critérios de desempenho. Nesse caso, laboratórios já estão aprimorando o método. Esse ensaio, todavia, não pode ser encarado de forma isolada, mas deve ser considerado juntamente às análises necessárias da vida útil do projeto do sistema de vedação.”
O desafio acústico No que se refere ao isolamento a ruídos aéreos das fachadas, o relator considera que é preciso se preocupar também com as esquadrias externas, pois o comportamento do conjunto não depende apenas das paredes.“O setor produtivo já se mobilizou e está se mobilizando cada vez mais, pois a própria revisão da norma brasileira de esquadrias externas já considera a classificação das janelas do ponto de vista de isolação sonora. Os fabricantes também já se movimentaram no sentido de desenvolver produtos com maior desempenho acústico, adequando o projeto e as vedações adotadas. O tipo de janela também é importante nesse aspecto”,assegura. Para o pesquisador, os projetistas terão que adotar os valores informados pelos
fabricantes das paredes e das esquadrias e estimar o isolamento sonoro da fachada já na etapa de projeto.“A NBR 15.575, em um de seus anexos, informa a norma internacional ISO a ser adotada como referência para se fazer as estimativas, inclusive de campo.” Conforme aponta a arquiteta Débora Barreto, conselheira da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica), as alterações foram de grande relevância, já que até então não existia nenhuma norma brasileira que tratasse da questão do isolamento acústico. “As normativas se restringiam a parâmetros de conforto acústico e não ofereciam requisitos com relação às vedações de uma edificação”, explica. Mesmo aquém das regras internacionais, muito mais rígidas, a nova redação é um passo importante para o País.“Essa etapa possibilitará que caminhemos no sentido de melhorar o setor da construção civil como um todo”, destaca. As alterações farão com que os projetos demandem estudos específicos para que as fachadas tenham nível de isolamento adequado, considerando o ruído da rua onde a edificação foi construída. “Ou seja, cada construção deverá estar classificada a depender da exposição ao ruído da fachada principal. Por conta disso, ainda que duas edificações objetivem atingir o nível mínimo, podem demandar isolamentos de fachadas completamente diferentes. A escolha dos materiais e das esquadrias não deve ser feita de forma aleatória”, comenta. Já as paredes internas devem ser, a partir de agora, hierarquizadas. A escolha dos sistemas construtivos (blocos, reboco e acabamento) precisará levar em consideração os níveis de isolamento necessários de acordo com cada ambiente da residência. Débora esclarece:“Nesse caso, as decisões também não deverão ser aleatórias, pois elas influenciam na qualidade de vida e na saúde dos usuários”. Para a arquiteta, é difícil definir até que ponto as alterações da norma irão afetar a cultura construtiva que vem sendo praticada. Para ela, o setor da construção civil passa por um processo de modificações para garantir o atendimento aos requisitos mínimos. Além disso, as boas construtoras não estão tão longe de ter todas suas edificações atendendo aos requisitos.“A grande
mudança é, certamente, conceitual e de planejamento. Deve-se pensar desde o início do projeto, pois dessa forma as soluções serão muito mais otimizadas e diversificadas”, afirma. De acordo com Débora, o maior desafio será a inclusão da acústica em todas as fases de um empreendimento com o envolvimento de todos os agentes do setor da construção: arquitetos, consultores, incorporadores e construtores.“Deve-se pensar em acústica desde os primeiros planejamentos. As consultorias específicas,como,por exemplo, as acústicas e térmicas, deixam de ter um papel secundário e passam a ser fundamentais para a qualidade construtiva de todas as edificações residenciais. A principal mudança foi justamente a forma de avaliar a importância da acústica para as construções”,avalia. Mas ainda há critérios para se contemplar. Segundo a arquiteta, a questão do isolamento de fachada ainda está pouco precisa, com parâmetros subjetivos que devem ser revistos e ajustados. “Como no Brasil as cidades ainda não possuem mapeamento acústico, é complicado relacionar o nível de isolamento de acordo com o ruído externo. Por conta disso,a recomendação é que cada empreendimento registre o nível de ruído no momento da construção.” O engenheiro Eduardo Figueira Filho a nova norma funciona como um divisor de águas.
foto: CASA GRANDE ENGENHARIA
Um dos aspectos levantados com a exigência da norma é o aumento de custos das edificações. Mitidieri destaca que já há no mercado produtos que propiciam um desempenho adequado para as fachadas, mas que, para atingir as condições II (critério de 25 dB) e III (critério de 30 dB) haverá a necessidade do emprego de janelas com desempenho acústico mais adequado, melhorando as vedações, tipos de folhas, e tipo de funcionamento da ventana.“No caso das vedações verticais, poderá haver pequeno acréscimo de custo, particularmente para paredes de geminação, quando há ambiente dormitório.Quanto aos demais casos,não creio que haverá aumento”,opina. “Para o engenheiro e supervisor de obras da Casa Grande Engenharia, Eduardo Figueira Filho, a nova norma funciona como um divisor de águas, separando o joio do trigo e trazendo um diferencial para as empresas que buscam qualidade e melhoria nos processos.“Impulsiona as empresas do setor a realizarem mais estudos para atender a exigências mínimas, incentiva o surgimento de novas técnicas para a Engenharia, o que é muito bom, e também oferece mais segurança e conforto ao morador”,observa Eduardo. Ele acrescentou que os principais benefícios da NBR em relação às vedações envolvem a questão acústica, térmica e de durabilidade. Vai reduzir, por exemplo, ruídos entre vizinhos e a temperatura.”
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foto: marcelo scandaroli
O PROJETO DE RENOVAÇÃO URBANA PARIS RIVE GAUCHE As condições atuais das cidades não são capazes de garantir um crescimento urbano sustentável. É necessário que sejam criados parâmetros que direcionem a mudança da forma tradicional de se analisar, viabilizar e desenvolver projetos urbanos. Este artigo da engenheira civil Ana Rocha Melhado descreve o caso Paris Rive Gauche, um projeto urbano sustentável na capital francesa, certificado de acordo com a ISO 14001. Fruto de uma parceria publico-privada. Trata-se de um projeto emblemático, criado por um processo participativo de decisão, iniciado em 1991 e com término previsto para 2025. A gestão adotada em Paris Rive Gauche foca a agregação de valor para usuários e partes interessadas, ao mesmo tempo em que contribui para a sustentabilidade ambiental.
Palavras-chave Bairros sustentáveis, gestão de projetos, Paris Rive Gauche, SEMAPA.
Ana Rocha Melhado: Engenheira Civil, Doutora em Tecnologia e Gestão da Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Pós-Doutorado em Gestão Ambiental de Bairros Sustentáveis pela ISO 14001 e pelo processo de certificação HQE®, realizado em Paris, com supervisão da empresa de gerenciamento urbano SEMAPA e do Departamento de Engenharia de Produção da Epusp. Auditora Líder ISO 9001 e do Processo de Certificação AQUA pela Fundação Vanzolini. Representante do Software de Monitoramento dos GEE VERTEEGO no Brasil. Autora de livros técnicos relacionados à Gestão do Processo de Projeto e sua integração com a produção. Professora Titular do Curso de Engenharia Civil da (Fundação Armando Álvares Penteado) FAAP. Diretora da empresa de Consultoria PROACTIVE, especializada em Gestão de Projetos e Certificações Ambientais.
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1. INTRODUÇÃO Bem antes de se iniciar a operação, alguns estudos foram realizados em 1973 envolvendo duas áreas, Bercy e Tolbiac. Tais estudos foram retomados em 1984, por ocasião da candidatura aos Jogos Olímpicos de 1992, mas os Jogos acabaram sediados em Barcelona. Em 1988, foi lançado o concurso público para o projeto da Biblioteca Nacional da França (BnF). Em 1991, com o nome de Seine Rive Gauche, foi dado início ao projeto de reurbanização, rebatizado de Paris Rive Gauche em 1996 (REVUE URBANISME, 2002). 2 METODOLOGIA Para o levantamento bibliográfico, além da análise do acervo disponível na USP (Universidade de São Paulo) ou obtido via Internet, a pesquisa pôde contar com o apoio do Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, de Paris, e do Centre de Recherches Industrielles et Socio-Techniques, de Grenoble. No desenvolvimento do estudo do caso Paris Rive Gauche, foram adotados os seguintes passos: entrevistas, acompanhamento das reuniões de estudos específicos com relação à gestão da energia e gestão da água, acompanhamento das reuniões de coordenação de projeto e análise da documentação administrativa e técnica (contratos, atas de reuniões, procedimentos administrativos, operacionais e técnicos), além de visitas regulares ao local.
Os principais objetivos do empreendimento foram estabelecidos: • Ser um polo urbano misto, composto de residências, comércios, escolas, universidades, escritórios e áreas destinadas ao lazer e à cultura. • Gerar emprego, de forma a fazer um contraponto com a região de La Défense, situada no oeste da cidade. • Interligar os bairros localizados no 13º distrito à margem direita do Rio Sena, garantindo a continuidade do tecido urbano e facilitando o deslocamento das pessoas. • Desenvolver a cidade de Paris, que vivia uma grande perda econômica para as cidades periféricas. • Promover a conscientização para o desenvolvimento urbano sustentável. Para atender a esses objetivos, a SEMAPA redigiu uma Carta do Meio Ambiente, contendo o seu compromisso quanto a: água, lixo, poluição do solo, energia, poluição sonora, deslocamentos, paisagem urbana e governança (CHARTE POUR L’ENVIRONNEMENT, 2003). Figura 1a – Vista aérea do local em 1991 – (Fonte: SEMAPA)
3. PARIS RIVE GAUCHE 3.1. A Gestão A sociedade anônima de economia mista - Semapa, responsável pela gestão de Paris Rive Gauche, faz a gestão do empreendimento desde a concepção inicial, envolvendo o planejamento das atividades e a coordenação de todos os agentes. Cabe à SEMAPA, além de conceder os direitos de construir aos futuros proprietários, permitir à população uma participação ativa no desenvolvimento do novo bairro, gerar informações sobre o atual estágio dos trabalhos, a gestão dos canteiros de obras, os empreendimentos entregues, as obras em execução, as novas empresas que se instalaram no bairro, os novos estabelecimentos comerciais e a agenda cultural. Deve ela ainda prestar contas, anualmente, à Cidade de Paris, atestando o equilíbrio econômico-financeiro da operação.
Figura 1b – Vista aérea em 2013 – (Fonte: SEMAPA)
3.2. O Projeto do Novo Bairro Na Figura 1a, observa-se uma foto aérea da área a ser reurbanizada, em 1991, repleta de trilhos ferroviários. Na Figura 1b, uma vista aérea de 2013, evidenciando o avanço dos trabalhos e a transformação urbana ocorrida.
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3.3. Concepção Urbanística e Arquitetônica Um organismo especial composto por arquitetos, urbanistas e paisagistas foi criado com a meta de traçar as grandes orientações e linhas gerais da operação urbana. Para responder ao objetivo de diversidade do programa, inicialmente Paris Rive Gauche foi subdividida em três setores: o Austerlitz, o Tolbiac e o Masséna. Posteriormente, foi acrescido o quarto setor: o Bruneseau, com suas altas torres corporativas. Visando à preservação do patrimônio histórico e industrial, foi incorporada ao projeto a reabilititação de quatro edifícios: Halle aux Farines; Grands Moulins; Sudac; e Magasins Généraux d´Austerlitz (Docas). A edificação Grands Moulins foi destinada à Universidade Paris VII. Na edificação Halle aux Farines, foram construídos um anfiteatro e um polo central de cursos. Nas Docas, foi criado um espaço para o Institut Français de la Mode, um centro de exposições. No início de 2008, vieram a Escola de Arquitetura Val de Seine, as Faculdades de Física, de Biologia e de Química da Universidade Paris VII. Ainda estão previstos o Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco) e um departamento parisiense da Universidade de Chicago. 3.4. Os Números do Empreendimento Com área total de 130 ha, o empreendimento ocupa 2,8 km ao longo do Rio Sena, da estação de trem de Austerlitz até os limites de Paris, no Boulevard Périphérique, formando um triângulo que tem em seus maiores lados o Rio Sena e a Avenue de France, que foi construída sobre os trilhos da SNCF. Com relação ao programa, podem ser destacados: 430 mil m2 residenciais; 700 mil m2 de escritórios; 405 mil m2 de espaços comerciais e culturais; 660 mil m2 de espaços públicos, incluindo a BnF (250 mil m2) e a Universidade (210 mil m2); 100 mil m2 de parques e jardins. O preço de venda do m2 de construção, que começou em 1.982 euros, atualmente está entre 4.580 e 6.000 euros. Em 2006, o setor Tolbiac foi interligado à margem direita do Rio Sena, aos jardins de Bercy, no 12° distrito, pela passarela “Simone de Beauvoir”, com 304 m de comprimento e 12 m de largura, a um custo de 21 milhões de Euros. O investimento total do empreendimento é de 4.200 bilhões de Euros, excluindo-se impostos. 3.5. Sustentabilidade Algumas medidas ambientais adotadas merecem destaque: • Quanto à relação harmoniosa do empreendimento com o local, foram respeitadas as diferenças de nível encontradas nos terrenos. • Foi criada uma central informatizada para a gestão do consumo de energia. • Os materiais especificados para a construção privilegiaram a vida útil do empreendimento, dando destaque para a durabilidade e facilidade de manutenção.
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• Com relação à manutenção na fase de uso-operação, cuidados relacionados ao modo de limpeza e para melhorar o desempenho ambiental dos equipamentos, além da facilidade de acesso às áreas técnicas. • Sobre o conforto visual, os projetos da fachada foram idealizados para favorecer as condições de trabalho, pela integração ao ambiente externo; • As recomendações relativas à qualidade sanitária da água foram atendidas no nível máximo de exigência da certificação. 3.6. O Transporte A área em reurbanização está localizada ao lado do Boulevard Périphérique, o que permite a ligação com as autoestradas A6, A4 e A3, e com os aeroportos de Orly e de Roissy (Charles de Gaulle). Em Paris, a oferta de vagas de estacionamento considera que 60% a 70% da população se desloquem para o trabalho por automóvel. No caso de Paris Rive Gauche, propositalmente, a oferta não será superior a 18%. Foi incorporado um forte sistema de transporte público. Destacam-se o RER C, o metrô da linha 14, linhas de ônibus e, no verão de 2007, foi inaugurado um sistema de aluguel de bicicletas, o Velib (velib.paris.fr). Os custos de construção da nova linha de metrô somam 155 milhões de Euros, sem levar em consideração os custos da cobertura das linhas férreas, que são de 285 milhões de Euros, totalmente financiados pelo setor público. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O nível de consciência com relação à construção sustentável está aumentando, mas são fundamentais políticas públicas e regulamentações apropriadas para se trabalhar a questão da sustentabilidade com eficiência e eficácia, bem como educar e motivar. Tais políticas e regulamentações podem ser indutoras de mudanças de comportamento social e de novos hábitos de vida, como foi observado no caso de Paris Rive Gauche. BIBLIOGRAFIA CHARTE pour l’environnement: Paris Rive Gauche, un quartier pour l’environnement. SEMAPA. ECOPASS ISO 14001. Naissance d’un quartier de ville Paris Rive Gauche. Paris: Revue Urbanisme. Hors série n.17. Juillet-Août, 2002. MELHADO, Ana (Coordenação), DOS SANTOS, Aurelie; MELHADO, Silvio, GURGEL, Adriana. Projetar e Construir Bairros Sustentáveis. PINI. São Paulo. 2013. 257p.
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Desenvolvimento de um sistema de apoio ao gerenciamento dos RCD em canteiros de obras Kalinny Patrícia Vaz Lafayette e Diogo Henrique Fernandes da Paz *
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os últimos anos, tem-se presenciado a geração de uma quantidade significativa de resíduos de construção, como resultado da rápida urbanização, e em larga escala, de atividades de construção no Brasil, acompanhado pela precariedade e/ou indisponibilidade de dados e informações sobre os resíduos gerados nesta atividade, os Resíduos da Construção e Demolição (RCD). O estudo sobre os RCD ainda é considerado recente em nosso país, ocasionando a falta de dados em agências e órgãos ambientais. Porém, o surgimento de legislações pertinentes ao setor tem impulsionado avanços e maior mobilização das administrações municipais e empresas privadas em atender às novas leis vigentes. No Brasil, foram criados dispositivos legais para auxiliar os municípios e empresas privadas na gestão dos RCD. Destacam-se a Resolução n° 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos RCD. Outras leis como a de n° 12.305/2010, na qual institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o Decreto n° 7.404/2010 — que regulamentou a PNRS — complementam o que foi estabelecido na resolução do Conama nº 307. Essa norma estabeleceu que os grandes geradores devem elaborar e implementar um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), tendo como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos. Para a adequação a este novo cenário e inserção das construtoras nos moldes da nova legislação, tem-se a
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necessidade de desenvolver um modelo eficiente de gerenciamento de resíduos para os canteiros de obras. Tendo em vista que para a elaboração e implementação do PGRCC faz-se necessário um corpo técnico que tenha certo conhecimento referente aos RCD, muitas vezes esses profissionais não estão disponíveis na obra ou sua contração é dispendiosa. Uma alternativa viável e eficiente na minimização desta deficiência é a criação de um Sistema de Apoio à Decisão (SAD), como ferramenta de auxílio ao gerenciamento dos RCD em canteiros de obras. Encontra-se em andamento uma dissertação de mestrado na UPE/Poli, com o objetivo de desenvolver uma ferramenta on-line (web tool) que facilite a análise de estratégias de gerenciamento dos RCD para edificações novas e em construção. Na ferramenta constará informação acerca da quantidade dos RCD a serem gerados durante as fases de fundação, estrutura e acabamento da obra, a composição gravimétrica dos resíduos, a definição do orçamento para compras de equipamentos, as opções de destinação adequada desses resíduo, e a possibilidade de sua reutilização/reciclagem dentro do canteiro. O desenvolvimento do SAD obedece três etapas: a aquisição de conhecimentos, que tem como objetivo a coleta de informações das obras; a estruturação do SAD, onde são apresentadas a estruturação e formalização
dos conhecimentos para o desenvolvimento do sistema; e a validação do SAD, que envolve a avaliação do sistema, determinando que o modelo está apto a ser aplicado com maior confiabilidade. Na etapa de aquisição de conhecimentos, foi realizado um diagnóstico ambiental do gerenciamento de resíduos em 30 obras localizadas em Recife/PE. O SAD está sendo calibrado a partir de dados obtidos em 70 obras, em diversas fases construtivas. Na etapa de estruturação do SAD, o sistema será desenvolvido de início no Microsoft Excel, sendo posteriormente codificado para uma ferramenta on-line. Por fim, na etapa de validação, o sistema será avaliado após sua aplicação em novas edificações e obras em andamento. Depois de concluído, o Sistema de Apoio ao Gerenciamento dos RCD em Canteiros de Obras também poderá ser utilizado pelas empresas transportadoras dos RCD, usinas de reciclagem, aterros sanitários e órgãos públicos, o que facilitará a integração de dados e o controle maior de documentos, além de melhorar o monitoramento da gestão dos RCD. Ao fim da pesquisa, espera-se criar um banco de dados completo acerca dos índices de geração dos RCD e desenvolver uma ferramenta simples e eficiente que auxilie na melhoria do gerenciamento e da qualidade dos resíduos, possibilitando a sua reciclagem.
*Dra. Kalinny Patrícia Vaz Lafayette Professora adjunta da Escola Politécnica de Pernambuco e membro do corpo docente permanente do mestrado em Engenharia Civil da Poli/UPE (klafayette@poli.br) *Engenheiro Diogo Henrique Fernandes da Paz Mestrando da Escola Politécnica da UPE (dhfp_pec@poli.br)
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Cadeiras espaguete e tapete de restos de malha contribuem com a sensação de estar em casa.
Um lugar que contempla a contemplação O Nannai Beach Resort tem estilo único e reune sofisticação e aconchego com vista para o mar fotos: Tuca Reinés
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ituado a apenas 54 km do Recife e a 9 km da praia de Porto de Galinhas, em uma área exuberante, a nossa parada é em Muro Alto, litoral Sul de Pernambuco, encontra-se o Nannai Beach Resort. Localizou? Pode até ser. Mas garanto: por mais que você tente, não consegue ter uma real não do resort. Pode-se dizer que ele consegue reunir: descrição, sofisticação e luxo, muito luxo. Desde a sua estrutura arquitetônica até os pequenos detalhes e mimos oferecidos aos seus hóspedes. É um hotel único e em completa harmonia com a natureza.
Convidados pelo proprietário e empresário Tarcísio Meira Lins, o arquiteto Pedro Motta e o paisagista Luiz Vieira idealizaram o complexo, em total sintonia. Apesar de antigo (1996), o projeto é contemporâneo e continua sendo referência nacional. “Tarcísio foi claro, queria algo no estilo polinésio. Então, criamos esse cenário. O que vendemos aqui é imagem”, comenta Motta. A ideia inicial foi aproveitar ao máximo a localização, o meio ambiente e a estrutura do terreno, tudo baseado na preservação dos valores
ambientais, climáticos e regionais. Daí, a união total do arquiteto e paisagista. Aliás, até hoje, qualquer intervenção no local, a dupla é consultada. O local é cuidado com todo carinho pela própria esposa de Tarcísio, Teresa Meira Lins, que não permite qualquer interferência sem planejamento. A preservação dos ângulos de visão do mar e a orientação em relação aos ventos e trajetória solar; além do o clima quente e úmido, mas com brisa constante, vinda do quadrante leste foram os principais aspectos
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Todos os bangalôs têm piscina privativa e são em estilo polinésio.
Uma enorme estrutura atende a loja de produtos e peças regionais, além de roupas.
JANEIRO em 2014tubos e laje de piso em 42 Os bangalôs foram levantados concreto armado, a estrutura e paredes em madeirmadeira natural.
que condicionaram a adoção da arquitetura horizontal, com edificações livres e isoladas, abertas pra ventilações constantes, protegidas do sol poente. É importante também destacar a valorização do coqueiral (3.870 no total) e a existência de dois desníveis no terreno, com cerca de 4,5m, sendo o primeiro no sentido da praia para o terreno e o segundo nos fundos. “A disposição da construção buscou a clara distinção entre as áreas sociais, de serviço e de hospedagem. Aproveitando-se dos desníveis existentes no terreno, implantou-se o setor de serviços no subsolo das áreas sociais, criando-se um túnel subterrâneo, por onde se faz toda a circulação de serviços, sem interferência com as áreas sociais, de lazer e de hospedagem”, explica Motta. Numa área de 10 hectares, num equilíbrio, tornando o espaço do Nannai aconchegante, intimista, privativo. Atualmente, são 40 unidades de apartamento de luxo, com área de 45m²; 02 unidade de apartamento Super Luxo, com área de 55m²; 39 Bangalôs Super Luxo, com 64m², piscina privativa, entre piscinas e jardins; 08 Bangalôs Premium, com 64m², com piscina privativa e vista para o mar; e 02 Bangalôs Master, com área de 120m² e mais privacidade. Todos os materiais utilizados na construção do Nannai foram de origem nacional, onde o rústico e o despojamento elegante marcam o estilo o do hotel, de bem tropicais. Os bangalôs foram levantados em tubos e laje de piso em concreto armado, revestida em cerâmica, possuem a estrutura e paredes em madeira natural, assim como a estrutura da coberta. A cobertura é em palha de piaçava entrançada e, sob ela, aplicou-se três camadas de forro, inclusive nos beirais, composto por chapa de alumínio, placas de isopor e, finalmente, revestimento em lambri de madeira. Esse procedimento tem a finalidade de impermeabilizar, isolar termicamente e proteger os
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hóspedes do risco de incêndio. As esquadrias são em madeira natural com vidro. As passarelas que ligam as áreas externas aos bangalôs foram construídas em madeira natural, sobre as piscinas, e os pisos de todas as áreas externas são em pedra natural. Já as que comunicam os blocos sociais foram construídas todas em madeira, com coberta em troncos de bambu entrançados, com proteção superior de lonas plásticas translúcidas. Os blocos de apartamentos foram construídos em alvenaria; o piso possui revestimento cerâmico e suas varandas são todas em madeira natural, onde seus peitoris lembram cercas de madeiras cruzadas, ressaltando, mais uma vez, o despojamento do estilo da construção. A coberta possui laje inclinada com concreto e isopor, com estrutura superior em madeira aparente, e a cobertura é feita com telhas de pedra ardósia. Todas as esquadrias dos blocos de apartamentos são em alumínio anodizado bronze com vidro. Ás áreas sociais e de serviços, de estar, restaurante da praia, salão de jogos e recepção são em alvenaria e madeira, com pisos internos em cerâmica, pedra natural e em madeira, de acordo com o ambiente. As cobertas desses blocos são estruturadas em madeira natural aparente, e a cobertura de todos os blocos é feita com telhas de pedra ardósia. A maior parte das esquadrias desses blocos é madeira natural com vidro e o restante em alumínio anodizado bronze com vidro. Aproveitando a existência de um desnível de 4,5m na topografia natural da parte posterior do terreno, foi criado um túnel subterrâneo ligando o bloco de serviços aos outros blocos do hotel, tudo em argamassa armada aparente. Essa conexão permite que se faça toda a circulação dos serviços do hotel, de maneira quase imperceptível ao hóspede que chega ou ao que se encontre nas áreas de lazer. O túnel recebe iluminação
As crianças têm uma área de lazer exclusiva, o Kids Club.
No Nannai também é possível relaxar com o Spa da L’Occitane.
JANEIRO 2014 43 Em todo resort, você pode encontrar gazebos para descansar e festejar.
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O disnível de 4,5m facilitou na obra, nas perfurações, a exemplo da piscina e túnel.
natural, realizada através de vários domus acrílicos, que se espalham pelos jardins do hotel, quase sem serem percebidos pelos hóspedes. “Essa diferença, desnível, foi um grande facilitador da obra, na abertura do túnel e piscina, por exemplo.”, explica o arquiteto. As piscinas, centro do Nannai, envolvem praticamente todas as construções do hotel, foram feitas em argamassa armada, com revestimento em cerâmica e pastilhas de vidro, com borda em pedra natural. São 6.000m de parque aquático, que percorrem todo desenho de sua área
de lazer, com raias para natação e espaços exclusivos para hidromassagem, quadra de tênis, pitch and putt golf, sala de jogos, kid’s club, fitness center, sauna e equipamentos para esportes aquáticos de laser, caiaque, jangada e stan up paddle. O abastecimento de água potável do empreendimento é oriundo de dois poços artesianos com profundidades de 152m e 127m, respectivamente, proporcionando uma vazão média de 12.500 l/h, excelente para região de praia, com água de boa qualidade. Ambos os poços foram executados pelos empresários do
hotel, por não existir na região, rede pública de abastecimento d’água, que hoje, já está em implantação. É uma parceria do Governo do Estado, Prefeitura Municipal do Ipojuca e Banco Mundial, devido ao enorme crescimento de Porto de Galinhas como balneário turístico, tanto internamente como a nível internacional, necessitando assim, ampliar sua infraestrutura urbana, para poder atender a demanda, e incrementar adequadamente o turismo do estado. Enfim, foi a partir desse projeto e de tantos detalhes, que o Nannai Beach Resort é mais do que um “hotel”. Ele tem energia e alma, é uma experiência – e inesquecível.
Números da Construção Área terreno: 10.000m² (10ha) Área de hospedagem: 22.581m² Áreas Sociais e de Lazer: 15.512m² Área de Serviço e Apoio: 6.854m² Áreas das Circulações Cobertas: 4.480m²
Serviço Nannai Beach Resort Rodovia PE 09 – Porto de Galinhas. Acesso à Muro Alto, km 03. Ipojuca/PE. 81 3552.0100 I reservas@nannai.com.br.
Um Mundo Particular Escrever sobre Pedro Motta talvez não seja assim, tão fácil. E em poucas linhas, muito menos. Ele não é o tipo pessoa que se descreve. Pedro está mais para aquele ser humano que sentimos, contemplamos. E o mais bacana – e talvez o seu segredo – é que isso se reflete naturalmente no seu trabalho. Sofisticação, traços exatos – e não percebidos, não “chapados” – e um tom de liberdade são características do portfólio de Motta. É algo um tanto misturado, que aparentemente deveria ser confuso, mas não é. É pleno. Natural de São Paulo, Pedro mora há décadas no Recife, em Pernambuco, e tem formação em Tecnologia de Construções Civis e Arquitetura e Urbanismo. Ele começou a sua carreira em 1976 e tem empreendimentos em todas as regiões do Brasil. Velejador desde criança, foi no mar que ele ganhou “régua e compasso”. Não à toa, as inclinações são para os projetos litorâneos ou ligados à natureza – sejam residências, condomínios ou hotéis, todos sempre adequados ao entorno, ao meio ambiente, com soluções modernas ou tradicionais. “O importante é o compatibilização com os aspectos naturais”, ressalta Pedro. Seu jeito curioso, inquieto e a paixão pela profissão têm levado Pedro a navegar por vários mares, sempre pesquisando novas tipologias e materiais.
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Cadeiras espaguete e tapete de restos de malha contribuem com a sensação de estar em casa.
Um escritório com cara de lar Rústica e moderna, a Orbe Coworking traz aspectos do Centro do Recife para um ambiente criativo e acolhedor por Patrícia Felix fotos: Eric Gomes
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uando os designers Guilherme Luigi e Ticiano Arraes chegaram ao 8º andar do Edifício Pernambuco, prédio da década de 1960 onde funcionava a Secretaria de Educação do Estado, encontraram um grande vão com três varandas e quase 300 m² de piso de tacos. Tudo foi aproveitado. Naquele lugar iria funcionar a Orbe Coworking, um escritório rústico e moderno que dialoga com o seu entorno. O espaço, situado na movimentada avenida Dantas Barreto, no Centro do Recife, foi pensado para abrigar o primeiro escritório que utiliza o conceito coworking da cidade. A ideia é reunir profissionais de diversas áreas
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e empresas em um mesmo espaço de trabalho, com o objetivo de conectá-los e proporcionar a troca de ideias e experiências, além de ampliar a rede de relacionamentos. Com sala de reunião climatizada, copa equipada, banheiro masculino e feminino — acessíveis para pessoas com deficiência —, bicicletário, área para fumantes e biblioteca colaborativa, o ambiente beneficia economicamente quem precisa de um local para trabalhar, realizar reuniões e até mesmo pequenos eventos. A forma em que os móveis e elementos decorativos foram dispostos é bastante flexível, podendo se adequar facilmente aos diversos tipos de
evento que o local pode acomodar. A única divisão do grande salão de trabalho é tida por três paredes de cobogós, elemento tipicamente pernambucano que não atrapalha em nada o plano de ventilação e a luz natural que os designers se apropriaram. A localização é privilegiada. No centro da cidade, a Orbe fica próximo a bancos, restaurantes, cartórios e comércio. Foi pensando nisso que os designers decidiram criar um projeto que funcionasse como uma extensão da localidade. Foram necessários 6 meses para reunir todos os objetos que fariam parte da decoração e mais seis para que tudo ficasse pronto. “Já
foto: Brasil Arquitetura
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tínhamos a ideia do coworking e queríamos muito que o ambiente funcionasse onde a cidade acontece, se movimenta, por causa da praticidade e todas as facilidades poprorcionadas. Com um andar inteiro nas mãos, pensamos em referências de materiais que tivessem a cara do Recife e que fizessem do escritório uma área local em que as pessoas se sentissem bem”, explica Arraes. Com projeto arquitetônico assinado por Arraes e Marília Matoso, a Orbe Coworking compõe a estética antiga dos arredores e foi concebida para ter cara de casa, transmitindo conforto e aconchego. A utilização de redes, também adquiridas na região para compor o salão de trabalho, traz acolhimento. A mesma sensação é proporcionada pelas antigas cadeiras espaguete que foram introduzidas, além da composição dos pequenos tapetes, feitos de restos de malhas e encontrados em feiras locais, que foram costurados para que se tornassem uma peça maior e personalizada. O projeto traz ainda os conhecidos espelhinhos quadrados com borda laranja, encontrados no comércio e que foram distribuídos na área dos banheiros. Cestas de palha e centros feitos de carretel de fio de cabeamento foram também incluídos na decoração. Todas as peças que compõem o ambiente são de origem pernambucana, e muitas delas, na verdade, tiveram outras funções no passado. A madeira dos móveis da copa e da recepção é de demolição e resultado do trabalho de um artesão do município de Gravatá, interior do Estado, que transforma janelas e vidros antigos em móveis rústicos. Na mesma ideia, uma carroceria de caminhão foi utilizada para produzir o birô da recepção. A maior mesa de trabalho, que fica no centro do espaço, é feita com portas de madeira. As cadeiras do mesmo móvel foram garimpadas em antiquários. Caixas de feira foram transformadas em estantes para a biblioteca colaborativa composta por livros que os próprios clientes doam.
A sala de reunião é o único ambiente climatizado e fechado. O objetivo é não atrapalhar a acústica do espaço.
As divisões do grande salão de trabalho são feitas com paredes de cobogós.
Grande parte dos móveis são de madeira de demolição e foram produzidos em Gravatá, interior de Perambuco.
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A partir de uma estrutura de metal, pregadores de roupas e papel de gramatura alta, os designers criaram modernas luminárias.
A parte elétrica do espaço foi montada em cima de uma estrutura de ferro que já existia. Com pregadores de roupas e criatividade, a fiação se transformou em adorno. Acionadas individualmente, as luminárias confeccionadas com papel vegetal foram criadas por eles e garantem um clima intimista e bonito para o ambiente. Os desenhos das luminárias foram inspirados nos cobogós do salão e nos ladrilhos da copa. Também baseados nas formas dos cobogós, os papéis de parede de um dos ambientes da grande sala foram feitos de papel lambe-lambe. Nesse mesmo espaço, lustres antigos, chamados de bico de jaca, hoje bastante introduzidos em ambientações
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retrô, foram utilizados compondo a mesma ideia de fiação e pregadores de roupa da luminária central. Já na recepção são os velhos lustres industriais que compõem a decoração. O escritório conta ainda com um acervo de fotos das pontes do Recife, além de trabalhos da dupla que comanda o lugar e placas que muitas vezes passam despercebidas nas ruas dos centros urbanos, como as de “vende-se e aluga-se”. Um grande número 8, usado na recepção para informar sobre o andar, foi resgatado do letreiro do tradicional cinema São Luiz, do Recife. Arraes explica que boa parte dos objetos já faziam parte do acervo pessoal dos designers.
A Orbe integra um prédio que abriga, em outros andares, empreendedores ligados à economia criativa, como produtores culturais, cineastas e fotógrafos, proporcionando grande jogo de conexão. Essa integração é realizada com consistência todas as sextas-feiras, num happy hour organizado pela casa para socializar clientes, pessoas de fora e profissionais convidados.
Serviço Orbe Coworking www.orbecoworking.com.br (81) 3048.6863
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No local, ainda há espaços indivudualizados, a fim de garantir a privacidade.
Guilherme Luigi é designer gráfico graduado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com especialização em design de produto pela Escola Superior de Disseny [ELISAVA], de Barcelona. Com cursos em design têxtil e design moderno, o profissional tem um extenso currículo, com prêmios e publicações como no “Salão Pernambucano Design” (2004), no “10 Cases do Design Brasileiro” (2010), no “Medalles Adi’11”, em Barcelona (2011) e na “Bienal Brasileira de Design Gráfico” (ADG 2013). O design também participou de projetos expressivos como a identidade corporativa do Centro de Artesanato de Pernambuco e a identidade visual e naming do TREMA! Festival de Teatro de Grupo. Ticiano Arraes é graduado em Desenho Industrial – Projeto do Produto, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pós-graduado com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Fundou o Imaginário Pernambucano, projeto de extensão universitária da UFPE. Realizou consultorias para o Sebrae-PE, Sebrae-MT e Fundação Lyndolpho Silva, em comunidades produtoras de artesanato nas regiões Nordeste e Centro-oeste, com foco no desenvolvimento de produtos e gestão da produção. É professor no curso de design de interiores da Uninassau desde 2012 e fundador da Arraia Produções Artísticas e Culturais, onde desenvolve diversas iniciativas culturais em parceria com designers, fotógrafos e produtores.
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Para construir o futuro Pensar no futuro da cidade em que vivemos também faz parte do presente. De olho nas necessárias transformações urbanas, conversamos com arquitetos, engenheiros, fotojornalistas e especialistas em tecnologia para saber quais são os principais problemas e soluções, e o que eles imaginam para suas cidades até 2029. por Tory Oliveira foto Deborah Ghelman
Os serviços públicos urbanos e a infraestrutura foram a base dos protestos que ocorreram em todo o Brasil em 2013.
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m junho de 2013, milhões de brasileiros saíram às ruas para expressar seu descontentamento com uma série de aspectos da vida pública do País. As reivindicações por melhorias de serviços públicos urbanos e da infraestrutura estavam no centro dos protestos. No caso da Região Nordeste, os pedidos por transformações tornam-se mais urgentes diante do novo quadro de investimentos e mudanças econômicas. O Nordeste adentrou o século 21 com uma nova imagem: a de uma região cheia de oportunidades. Os investimentos obtidos nos últimos 5 anos e projetados até 2015 chegam à casa dos R$ 125 bilhões. O ganho médio do trabalhador dobrou em uma década e passou para R$ 948,00. Ao mesmo tempo, quatro das nove capitais regionais foram selecionadas para sediar jogos da Copa do Mundo. Por outro lado, questões como infraestrutura e mobilidade ainda são gargalos. E, ao mesmo tempo, nem sempre a expansão econômica e produtiva vem acompanhada de planejamento. O trânsito já é caótico nos horários de pico em capitais como Salvador e Fortaleza, inflado principalmente pelo aumento exponencial da frota de automóveis e motocicletas. Diante de tantas possibilidades e desafios, como estarão as principais cidades da região nos próximos 15 anos?
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Aos 58 anos, Fatima Brayner observa as mudanças nas principais cidades nordestinas do ponto de vista ambiental. Um dos maiores efeitos catalizadores das transformações percebidas nos grandes centros é a Copa do Mundo de 2014 e suas obras de adequação, responsáveis por investimentos e modificações do ponto de vista urbanístico nas capitais escolhidas para sediar os jogos. Hoje, explica Fatima, as cidades-sede da Copa no Nordeste centralizam boa parte do processo de desenvolvimento regional. Com a Copa, “Haverá um aporte de recursos que, mesmo com todas as leituras equivocadas, trará repercussões sobre a mobilidade”, considera ela, que é professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para Nivaldo Vieira de Andrade Junior, presidente do departamento da Bahia do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-BA) e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o grande desafio para o futuro das capitais nordestinas é garantir o desenvolvimento econômico sem destruir o que ele chama de “galinha dos ovos de ouro” — seus patrimônios culturais e naturais. “As capitais têm, quase todas, um potencial turístico imenso, seja pelas praias que estão entre as mais belas do Brasil, seja pelo
FOTO: DEBORAH GHELMAN
patrimônio cultural existente em cidades como Salvador, Recife, João Pessoa e São Luís”, comenta. “Os gestores públicos e a sociedade em geral devem ter discernimento para entender isso”. Até o fim da década, os aportes relacionados à infraestrutura deverão superar os R$ 140 bilhões na Região, segundo dados do Banco do Nordeste do Brasil. Transporte, energia, petróleo e saneamento estão entre os principais investimentos. As projeções incluem principalmente as obras relativas ao mundial de 2014. Só Fortaleza, Natal, Recife e Salvador, as quatro capitais da Região que sediarão jogos das seleções, receberão R$ 5,7 bilhões até o próximo ano. Serão direcionados para a reconstrução de estádios, modernização de aeroportos e projetos de melhoria da mobilidade urbana. No entanto, atrasos no andamento das obras, em especial naquelas relativas à mobilidade, mostram-se como entraves para uma herança mais positiva dos jogos disputados no Brasil. Em Fortaleza, só 30% das obras do VLT Parangaba estão concluídas. Espécie de metrô de superfície, o VLT de Fortaleza terá, quando pronto, 13 km de extensão e 10 estações. Em Natal, no Rio Grande do Norte, a reestruturação e ampliação da avenida Engenheiro
A mobilidade talvez seja a questão mais complicada atualmente em todo País — desde o pedestre até o motorista.
Roberto Freire, prevista inicialmente para maio de 2014, não vai ficar pronta a tempo da Copa do Mundo. O projeto foi retirado da Matriz de Responsabilidades da Copa em dezembro de 2012. Em Salvador, as obras de mobilidade limitam-se a uma linha de metrô incompleta e outra cuja licitação ainda está sendo finalizada. “Infelizmente, em Salvador, a Copa do Mundo foi uma oportunidade perdida”,opina Nivaldo Vieira de Andrade Junior. Para ele, até algumas das intervenções revelaram-se um “legado negativo” para a cidade. Foi o caso da demolição dos equipamentos esportivos que circundavam o antigo estádio da Fonte Nova.“Salvador não dispõe mais de piscinas olímpicas capazes de abrigar competições oficiais nem de espaços esportivos nos quais os jovens de classes sociais menos favorecidas possam ser iniciados na natação, no judô, no atletismo”, lamenta Nivaldo. Morador de Salvador, Nivaldo Andrade diz que a mobilidade urbana é ponto nevrálgico para a capital. Ele explica que a cidade extrapolou há décadas os limites municipais, mas não há planejamento metropolitano suficiente para manejar o deslocamento de milhares de pessoas que vivem nos municípios vizinhos, mas moram e estudam em Salvador. Com 3
milhões de habitantes, Salvador depende quase que exclusivamente dos ônibus no transporte público.“Como não há transporte de massa em funcionamento, a população gasta mais de 2 horas por dia se locomovendo”. Como acontece na maioria das grandes metrópoles, a questão da mobilidade acarreta prejuízos tanto para o usuário do transporte público quanto para aqueles que dispõem de automóveis. Todos acabam presos no trânsito. O problema não é exclusividade de Salvador. No Recife, o número de automóveis dobrou na última década, chegando a 594 mil veículos em 2010. Já a frota de motocicletas, no mesmo período, cresceu 290% em Pernambuco, Estado alavancado pela expansão do acesso ao crédito e pela demanda dos mototáxis no interior. No Ceará, os automóveis cresceram 167%, alcançando a marca de 1,87 milhão. A população encontra dificuldades até mesmo fora dos carros e ônibus. Apesar de 35% da população de Salvador se deslocar majoritariamente a pé, o passeio público, quando existe, é estreito, esburacado e cheio de obstáculos para o pedestre - de postes e lixeiras às barracas dos ambulantes. Aqueles que desejam se deslocar pela cidade por meio
FOTO: DEBORAH GHELMAN
de bicicletas também encontram dificuldades, uma vez que praticamente não existem ciclovias. O professor da UFBA Nivaldo Andrade fala que a rede de ascensores urbanos — elevadores e planos inclinados criados na segunda metade do século 19 para articular o centro histórico com o bairro do Comércio — está com problemas. “A rede que funcionou ininterruptamente por mais de 100 anos está sucateada e quase completamente paralisada hoje”, queixa-se. Nivaldo afirma que é urgente a implementação de projetos como o sistema de transporte metroviário, complementado pelo VLT e pelo BRT (Bus Rapid Transit). Ações ligadas à qualificação das calçadas, criação de ciclovias e ampliação da rede de ascensores também são defendidas pelo arquiteto. Mobilidade e verticalização também são desafios apontados em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Formada em arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Karine Vasconcelos Bezerra atenta que nos últimos anos Natal vem sofrendo um boom de verticalização, com diminuição das áreas verdes. O trânsito também se intensificou com as recentes obras viárias, contribuindo para a perda da qualidade de vida da população local. “Se não for
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Se não for feito um grande projeto urbanísto e de mobilidade, a tendência é o trânsito piorar no futuro, opina Karine Vasconcelos Bezerra — arquiteta (RN) Passado, presente e futuro Quando sai do trabalho rumo à faculdade, o fotojornalista Itawi Albuquerque sabe que será preciso muita paciência para percorrer de carro os 15 km que separam o centro de Maceió do bairro Tabuleiro dos Martins. Por causa do trânsito, do número alto de semáforos, do baixo número de avenidas e da falta de passarelas, o trajeto leva pelo menos 1 hora. Muitas vezes, o fotógrafo de 24 anos telefona para os colegas e oferece carona. “Se eles fizerem o mesmo percurso de ônibus, levariam horas”, conta.
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FOTO: Valdir Rocha
feito um grande projeto urbanístico e de mobilidade, a tendência é o trânsito piorar no futuro”, opina Karine. Muitas vezes, as intervenções vão além do distúrbio temporário da mobilidade. É o caso de uma das principais avenidas natalenses, a Prudente de Morais. “Desapropriaram lojas e casas, mas também retiraram a arborização, árvores muito antigas, para fazer a obra”, critica. Apaixonada pela Praia de Pipa, no litoral Sul de Natal, a arquiteta de 27 anos explica que a vivência da cidade de quem mora na capital do Rio Grande do Norte é muito diferente daquela experimentada pelos turistas e visitantes. “Temos muitas belezas naturais, mas a parte urbana deixa muito a desejar. Como temos uma rede de hotéis muito boa de frente para a praia, muitas vezes o turista fica só ali, sem acesso ao resto da cidade”, conta ela, que ainda tem esperanças em um futuro melhor para a cidade. Uma saída para contornar o problema da mobilidade, na opinião dela, seria a construção de uma linha de VLT, espécie de metrô de superfície. “Vamos ver como a política vai agir”, reflete, reticente.
Itawi percebe as diferenças da cidade de Maceió e pensa que as construções devem ser descentralizadas.
A mobilidade urbana é apenas um dos problemas enfrentados pela população da capital de Alagoas. Com 197 anos de idade, Maceió é conhecida por possuir um dos litorais mais belos do País. No entanto, a cidade cresceu de forma desorganizada e também possui desafios na área de segurança pública e na saúde. O transporte público também é problemático: atualmente, Maceió possui apenas uma linha de VLT, capaz de alcançar apenas poucos bairros. Nascido e criado em Maceió, Itawi gosta de se sentar nos bancos da orla da Praia de Ponta Verde para conversar e olhar o oceano. Ele conta que na área da praia, o concreto, os bares e restaurantes tomaram o lugar dos antigos coqueirais. Estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Alagoas (Ufal), Itawi conhece de perto a história da arquitetura da sua cidade. Em 2009, foi convidado por uma professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição de ensino para realizar um trabalho de recuperação de negativos fotográficos de vidro. Datadas do começo do século 20, as imagens foram feitas por Luiz Lavanère Wanderley, um dos primeiros fotojornalistas da capital de Alagoas. “A cada foto tirada da foto, me sentia numa verdadeira viagem no tempo. Muitas vezes, quando ando pela cidade, vejo uma casa antiga e me lembro das fotos de Lavanère, imagino a relação entre o passado e o futuro, entre o que foi modificado e o que não se modificou”, considera.
A organização das construções em torno das vias e o surgimento de novas ocupações e favelas também devem ser planejadas, na visão do fotojornalista. “É claro que a cidade continuará requerendo espaços para novos empreendimentos e novas moradias, mas essas atuais construções deveriam ser descentralizadas”, aposta. “Espero que Maceió ofereça uma boa qualidade de vida com infraestrutura, mais áreas verdes, mas mantendo sua arquitetura, pois é fonte de memória indispensável para o fortalecimento da identidade de quem já a habitou”, imagina Itwai. A ocupação do espaço público, por meio da frequentação das praças da cidade, também é lembrada pelo estudante de Jornalismo. “Essa atitude hoje não é comum, talvez pelo fato de que muitas delas não oferecem lazer, iluminação ou segurança”, lastima. Na visão de Fatima Brayner, doutora em Engenharia Ambiental pela USP, o futuro e a qualidade de vida do Recife dependerão menos do volume de investimentos e mais do envolvimento da sociedade civil ligada ao urbanismo na capital de Pernambuco. “É um momento muito novo que está se passando na cidade”, afirma ela, que nasceu e foi criada na cidade. Otimista doentio, Luciano Meira, 51 anos, acredita que a sociedade precisa construir, em regime de coautoria com o poder público, um projeto paisagístico de longo prazo para sua cidade. “Recife exerce uma atração inexplicável nas pessoas que vivem aqui, porque a cidade em si tem sofrido uma degradação de sua paisagem que é
o Clube Líbano, que seria derrubado para a construção de uma nova torre. “Assim como eles conseguiram essa vitória, acho que cada vez mais a população vai começar a se importar com a articulação da cidade com suas vidas”, opina Meira. A falta de articulação entre a via urbana e as pessoas se reflete até mesmo nas calçadas. Com os altos muros dos prédios e as ruas tomadas pelos carros, os pedestres não se sentem mais responsáveis pelo passeio, que muitas vezes se torna sujo e malcuidado. A exemplo das intervenções realizadas pelos ativistas do grupo Direitos Urbanos, outras ações a princípio de menor escala são capazes de realizar muitas mudanças. No Recife, a prefeitura instalou recentemente linhas temporárias de ciclovias nos finais de
semana. Com isso, as pessoas passaram a andar mais de bicicleta e perceber a cidade mais de perto. “Eu tenho visto muita gente que nunca se envolveu prestando mais atenção”, comemora Meira. No entanto, para que haja conciliação entre o desenvolvimento econômico e os fatores ambientais, é necessário que exista uma intermediação política. E política com letra maiúscula, faz questão de frisar Fatima Brayner. “Esse diálogo entre novos elementos arquitetônicos e o ambiente natural remanescente deve ser mediado pela política. Essa decisão não é técnica, mas, sim, deve ser tomada por todos os atores envolvidos com a cidade”. A ideia é que todos reflitam e tomem parte nas dicussões sobre que tipo de cidade gostaríamos de deixar para as próximas gerações.
João Pessoa Idade: 428 anos População do município: 723.515 População do estado: 3.766.528 Área: 211,5 km² Densidade: 3421,3 hab./km² IDH: 0,783 PIB: 9.805,587 reais
Recife Idade: 476 anos População do município: 1.537.704 População do estado: 9.208.551 Área: 218,50 km² Densidade: 7.037,61 hab./km² IDH: 0.772 PIB: 30.032.003,00 reais
Salvador Idade: 464 anos População do município: 2.675.656 População do estado: 14.016.906 Área: 693,3 km² Densidade: 3859,35 hab./km² IDH: 0,805 PIB: 36.744,670 reais
Natal Idade: 413 anos População do município: 853 929 População do estado: 3.168.000 Área: 167,273 km² Densidade: 5105 hab./km² IDH: 0,763 PIB: 11.997,401 reais
Fortaleza Idade: 287 anos População do município: 2.452.185 População do estado: 8.452.381 Área: 314,9 km² Densidade: 7786,52 hab./km² IDH: 0,786 PIB: 37.106,309 reais
Maceió Idade: 197 anos População do município: 996 736 População do estado: 503,072 km2 Área: 510,655 km² Densidade: 1 951,88 hab./km² IDH: 0,721 PIB: 12.144,000 reais
São Luís Idade: 401 anos População do município: 1.014.837 Área: 834,785 km² Densidade: 1 274,17 hab./km² IDH: 0,768 PIB: 17.915,048 reais
Teresina Idade: 161 anos População do município: 836.475 Área: 1.392 km² Densidade: 600,92 hab./km² IDH: 0,751 PIB: 10.539,378 reais
Aracaju Idade: 158 anos População do município: 614 577 Área: 181,857 km² Densidade: 3 379,45 hab./km² IDH: 0,770 PIB: 8.751.493,740
impressionante”, analisa. Professor do departamento de Psicologia da UFPE envolvido em ações digitais, Meira comenta a ação desenfreada das construtoras na capital de Pernambuco. “Da orla do mar até a zona norte a cidade tem sofrido ataques das construtoras, que constroem prédios com fachadas que não se comunicam com a rua”. No Recife, cidade onde o professor do departamento de Psicologia da UFPE vive desde os 10 anos de idade, um grupo de ativistas digitais tem conseguido pequenas grandes vitórias. Batizado de Direitos Urbanos, a comunidade, criada em torno da rede social Facebook, agrega arquitetos, filósofos, sociólogos e outros interessados na discussão da cidade. A mobilização conseguiu evitar a demolição de uma construção da década de 1940,
Raio-x das capitais nordestinas
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Evolução da frota de veículos no Brasil Vilão da mobilidade, número de carros e motos circulando vem aumentando nas cidades
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Automóveis
24,5 milhões
50,2 milhões
Motos
4,5 milhões
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Demais veículos
2,8 milhões
5,9 milhões
FOTO: MARCELO REIS
Participação das regiões no crescimento da frota de automóveis
4% 9% 14% 51% sudeste
22%
norte centro-oeste nordeste sul Metrópoles do futuro Conheça ideias inovadoras em ação nas cidades do mundo todo
Em Salvador, o Estádio de Pituaçu está equipado com placas capazes de absorver e utilizar a energia do Sol. Chamada de smart grid, a tecnologia é uma das tendências em produção e uso de energia limpa. As duas placas solares do estádio receberão energia do Sol e a transformarão em eletricidade. A energia não consumida pelo estádio — 270 MWh, suficente para sustentar 300 casas — será devolvida à malha de energia baiana, evitando desperdícios. Em Paris, na França, desde 2007 os ciclistas têm à disposição uma frota de 20 mil bicicletas espalhadas em 1,8 mil pontos de aluguel pela cidade. Localizada em Nova York, o Brooklyn Grange é o maior complexo de hortas orgânicas plantadas no teto de dois prédios dos EUA. Todo ano são produzidas cerca de 50.000 lbs de produtos orgânicos. Implantação das placas no Estádio de Pituaçu, em Salvador, na Bahia.
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Perpectiva do projeto BMX Parque da Cidade, comandado pela Odebrechet.
FOTO: ODEBRECHT
Vizinhança verde Conheça as comunidades sustentáveis, que prometem reduzir os impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida dos seus moradores
Cinco torres coorporativas, dois edifícios residenciais, um shopping, cafés, restaurantes e praças — tudo integrado por um parque linear, com ciclovia, jardins e área de lazer. Localizado no coração financeiro de São Paulo, na Avenida das Nações Unidas, o projeto prevê calçadas que retêm a água da chuva para reúso e um sistema de coleta de lixo a vácuo (o que dispensa caminhões e sacos plásticos). O local também possui tecnologia ICT (Information and Comunication Technology), sistema interativo capaz de informar em tempo real o consumo de água, de energia e as condições do trânsito e do clima. O projeto, batizado de BMX Parque da Cidade, é um exemplo de comunidade sustentável. “Comunidade sustentável é aquela que você tem mais tempo útil, menor desperdício e maior produtividade”, explica a geógrafa Paola Figueiredo, que trabalha com certificação de empreendimentos e comunidades sustentáveis desde 2006 na empresa Sustentax.
Presente em cidades como São Francisco, Pequim e Caracas, o conceito envolve viver num local com acessibilidade, que dá prioridade para pedestres e ciclistas em detrimento do carro, em que comércios, escolas e produtos básicos estão disponíveis a poucos quarteirões de distância da casa dos moradores. O paisagismo geralmente é de baixo custo, com aproveitamento de vegetações nativas e baixo consumo de água. O envolvimento dos moradores com o local em que vivem também é um dos pontos centrais das comunidades sustentáveis. “A comunidade sustentável faz bem para as pessoas que lá vivem, mas também para a cidade como um todo, pois a valorização desse estilo de vida começa a se disseminar para o entorno”, defende Paola, que também tenta seguir esse modo de viver no seu dia a dia: aos 38 anos, a geógrafa não tem carro, faz questão de morar perto do trabalho e da escola do filho e, sempre que pode, faz tudo a pé ou de transporte público.
A saturação do modo de vida tradicional das grandes cidades — calcado no carro e em condomínios e prédios isolados do entorno — é cada vez mais questionada por especialistas em urbanismo e arquitetura. “Esse novo urbanismo é uma crítica ao modelo americano do pós-guerra, dependente do veículo, sem mobilidade e independência. O brasileiro começa a questionar e colocar essas questões em pauta”, acredita Paola Figueiredo. Em junho de 2013, a mobilidade urbana e o transporte público foram pautas centrais na onda de protestos que sacudiu o País. O Brasil já é o quarto país do mundo com mais prédios “verdes”. Cerca de 600 empreendimentos imobiliários nacionais já possuem a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), um sistema de orientação ambiental de edificações presente em 130 países. O Brasil perde apenas para os EUA, com 41 mil prédios; para a China, com 996; e para os Emirados Árabes Unidos, com 791.
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Tecnologia
FOTO: compesa
A ideia é que o edifício sede da Companhia Pernambucana de Saneamento fique pronto em 2014.
Controle individualizado Sistema de climatização privilegia microregiões de trabalho e se torna alternativa sustentável e econômica no mercado por Isabela Morais
U
m espaço limitado onde o usuário pode optar por uma condição de climatização de sua preferência, podendo modular a vazão e escolher a direção do fluxo e a velocidade do ar. O fim do desconforto térmico — um problema no dia a dia de milhares de pessoas que frequentam escritórios e ambientes fechados diariamente — vem se tornando cada vez mais viável graças a uma nova alternativa aos sistemas tradicionais de climatização. Trata-se do processo de distribuição de ar avançada (AAD – Advanced Air Distribuition), que, além de promover o bem-estar dos usuários, também tem se mostrado uma opção sustentável e econômica. Após ser reconhecida por meio de um artigo publicado na revista da ASHRAE, sociedade internacional de aquecimento, ventilação, ar
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condicionado e refrigeração, a técnica ganhou espaço no Brasil e hoje já está sendo aplicada em alguns empreendimentos. Segundo Francisco Dantas, diretor da Interplan – Planejamento Térmico Integrado, empresa sediada no Recife (PE), a AAD se restringe a uma micro região de trabalho, ao contrário do tradicional processo de distribuição por fluxo turbulento, que abrange o volume total a ser climatizado. A técnica tradicional é conhecida como distribuição de ar no volume total (TVAD – Total Volume Air Distribution). A diferença do novo processo de climatização em relação aos outros sistemas individualizados está no uso de uma saída em cima do monitor do computador de cada estação. O aparelho foi projetado para que o ar não atrapalhe as atividades do usuário. Dantas
comenta: “Além da otimização da condição de conforto térmico, o método de distribuição de ar otimizada agrega outras importantes melhorias como a mitigação da admissão de contaminantes na microestação de trabalho, proporcionando a melhoria na qualidade do ar interior”. O novo sistema também apresenta outras vantagens, já comprovadas por pesquisas. Um estudo em um edifício de escritórios na quente e úmida cidade de Singapura revelou que a mescla entre a distribuição de ar no volume total e a distribuição de ar avançada reduziu em até 51% o consumo de energia em relação ao uso exclusivo do processo tradicional. Além disso, a AAD adota os conceitos de menor impacto ambiental e menor custo no ciclo de vida útil exigidos para a obtenção de Certificação
LEED. “Entendemos que a engenharia deve ser praticada com responsabilidade social, especialmente quando aplicada em procedimentos que empregam recursos finitos disponibilizados pela natureza, em ritmo que torne possível aos ecossistemas realizarem a reposição e assimilação dos impactos”, afirma.
Projetos de AAD A técnica foi empregada pela Interplan no projeto de climatização do edifício sede da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), localizado no bairro de Santo Amaro, na capital do Estado. De acordo com Dantas, o prédio possui oito pavimentos. O térreo inclui um auditório, salas de reunião e de convenções, hall para exposições, dependências administrativas e de apoio e praça de alimentação aberta. Os outros sete pavimentos são estruturados em dois flancos, um destinado a áreas corporativas de escritório e outro para as dependências de escritórios privativos e de reunião.
“Cada andar comporta estações de trabalho, dispondo, cada uma, de insuflador personalizado, que a abastece com ar totalmente renovado, filtrado, resfriado e desumidificado, e que é lançado na zona de respiração do ocupante da estação, permitindo ao usuário o ajuste da condição termohigrométrica na zona ocupada, além do controle da velocidade e da direção do jato de ar”, explica. A tecnologia evita o desconforto comumente verificado em ambientes climatizados por condicionadores individuais. Além do mais, o usuário respira permanentemente ar totalmente novo, com nível de CO2 idêntico ao do ar externo. “Com isso, o desempenho profissional também melhora. É a antítese de sistemas frequentemente encontrados, caracterizados pela precariedade do conforto provocada pelos jatos frios e pela ausência de salubridade, dada a inexistência do ar de renovação”, avalia. Para Dantas, instalações energeticamente eficiente, envolvem outras estratégias além da AAD, como o
tratamento isotérmico eficiente da envoltória, a ventilação personalizada, o desacoplamento total entre cargas de resfriamento e de desumidificação, a produção escalonada da refrigeração, a conservação de energia no tratamento do ar exterior, o recolhimento e aproveitamento do condensado, a excelência dos dispositivos de balanceamento e controle e a adoção de comissionamento remissivo. A inauguração do empreendimento está prevista para março de 2014. A expectativa do projeto de climatização da sede da Compesa é obter excelência nas condições ambientais de conforto e higiene, além de atingir a economia de 51% alcançada no estudo realizado na cidade asiática. Os investimentos em nessa nova técnica energética são compensados em prazo médio de 3 anos. “O capital investido protege o meio ambiente e poupa recursos energéticos existentes. A única energia limpa é aquela que se evita consumir ao adotar procedimentos de eficientização no uso”, conclui o diretor da Interplan.
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Tecnologia
FOTO: Rovella Stúdio
Mais sofisticados e funcionais, os ralos são destaque nos projetos de ambientação.
Ralos integrados Em formato diferenciado, peças saem do segundo plano e ganham visibilidade no design de ambientes por Isabela Morais
J
á se foi o tempo em que os ralos — geralmente com a mesma forma quadrada, confeccionados em plástico — eram tidos como um pequeno detalhe do processo construtivo. Apesar de sua importante funcionalidade, essas peças foram estigmatizadas pelo mau cheiro que podiam causar e pela estética destoante e agressiva. Hoje, essa realidade mudou. Com novas opções de design diferentes do tradicional, os ralos deixaram de ser coadjuvantes e ganharam importância decorativa nos ambientes. Procurando uma solução para uma dúvida de um cliente, o empresário Salmo de Souza, de Santa Catarina, foi o primeiro a criar novos modelos para a famigerada peça. Graças ao invento, batizado de Ralo Linear, hoje em dia o mercado conta com opções em
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formatos quadrados e lineares, mais higiênicas e de design sofisticado que se integram ao espaço. A história dessa criação começa na cidade de Blumenau, em 2009, época em que o atual empresário era dono de uma loja de materiais de construção e acabamentos há mais de 30 anos na região. Certo dia um freguês pediu ajuda a Souza para resolver um problema em sua obra. Ele adquirira um porcelanato de 1,20 m por 60 cm e ficou insatisfeito por ter que cortar a peça em várias partes para dar a queda necessária a um ralo comum. Como, então, evitar os recortes e desperdícios em pisos grandes na hora de instalar a peça? Poucos meses depois surgia o primeiro protótipo. Com uma demanda eminente, o material foi levado para a Universidade Regional de Blumenau (Furb), para uma
pesquisa no departamento de Engenharia e Arquitetura. A instituição não só constatou a viabilidade do produto, como o inscreveu no Prêmio Idea/Awards, premiação dos Estados Unidos para as melhores soluções em design e que contou com uma edição no Brasil. Após faturar a medalha de bronze na categoria Casa, no ano seguinte, Souza deu início à empresa Linear Acessórios para Construção, a dona da patente. Com a busca por representantes de venda, os ralos criados no interior catarinense ganharam o País.
Modelos diversos Os produtos lineares são feitos 100% em aço inox e contam com fendas imperceptíveis. Diferente do convencional,
“A sujeira não entra mais, pois é detida nesse local. Com isso, a tubulação não entope e não é preciso ter acesso direto a ela para fazer a limpeza. As frestas são pequenas e, desse modo, impedem a entrada e a saída de insetos. Se algum objeto cair, é só levantar a tampa e retirar”, garante. Outra vantagem é a rápida evaporação que impede o acúmulo e o mau cheiro da água. Os ralos de plástico não possuem partes emendadas ou coladas e por isso são totalmente impermeabilizados contra vazamentos.
funcionais, não estéticas”, avalia. A nova forma faz com que o objeto suma no espaço. Quando é percebido, torna-se um elemento decorativo. Desde que a solução foi inventada e aperfeiçoada, os ralos têm conquistado cada vez mais mercado, proporcionando um crescimento generoso à empresa. Regina conta que, desde o lançamento dos primeiros modelos em 2009, a Linear já cresceu aproximadamente 60%. São quase 300 revendedoras em 19 estados do País. Três novos produtos já estão em fase de protótipo e devem ser lançados em 2014. “Estamos muito felizes com os resultados
“Além dessas vantagens, há o grande apelo visual”. Para a gerente, o design diferenciado dos ralos está em traços que, além da segurança, também prezam pela beleza estética. “Acompanhando a tendência da customização que invadiu o mercado, os compradores dos modelos ocultos podem personalizar as peças, brincando com diversos tipos de revestimentos”, conta. O item se camufla com o chão e se torna parte integrante do ambiente. De acordo com Regina, até 2009, o setor de acabamentos lançava frequentemente novos modelos de torneiras, tubas, etc., mas ignorava os ralos. “As peças continuavam sendo as mesmas. Havia pequenas mudanças em formas e tipos de grelhas e com relação ao material. Essas alterações eram poucas e
FOTO: Rovella Stúdio
Design integrado
Rolo Square Oculto da Linear. O grande diferencial é que a tampa fica à critério do cliente e pode ser o próprio piso (conforme imagem).
FOTO:Rovella Stúdio
as calhas possuem desnível, o que facilita a instalação, melhora a higiene do local e otimiza a limpeza. Com uma mercadoria de sucesso em mãos, a empresa investiu em uma variedade de modelos para todos os gostos. Segundo Regina Montadon, gerente administrativa, há opções de sistemas de escoamento de água em 3 linhas: Master, Royal, Square e Royal Line Oculto.“A Master Line conta com ralos lineares 100% em aço inox. Os produtos Royal são confeccionados em base de polipropileno e contam com tampa em aço inox. A linha Square traz os ralos quadrados de 15 cm por 15 cm, com as opções de tampa inox e tampa oculta. Eles vêm com calha plástica e uma sub tampa em inox, ficando como um berço para assentamento do piso que o cliente desejar”, conta. Em 2013, a grande aposta da empresa foi na comercialização das peças ocultas. A ideia logo deu certo, e a mercadoria se tornou a queridinha dos clientes — as vendas do modelo chegaram a representar 30% da saída da Linear. Regina complementa:“A linha Royal Line Oculto foi lançada em março deste ano. É a versão do material linear com a opção da tampa oculta”. A gerente destaca que os ralos diferenciados podem ser utilizados em qualquer área de escoamento de água. As vantagens são bastante atrativas para os clientes finais. Regina assinala que a altura da peça com relação ao contra-piso exclui a necessidade de realizar cortes na laje. “Ele não envolve a estrutura, só o contra-piso”, diz. Além disso, a colocação da mercadoria evita o desperdício de pedaços de pisos. Todos os produtos possuem abas laterais para impedir problemas de queda de rejunte e dilatação. “Esse elemento é uma segurança a mais contra as infiltrações”, assegura. A instalação, que antes poderia levar até quatro horas, agora pode ser feita em apenas uma hora. Isso porque a colocação exige apenas um caimento, e não quatro, como acontecia com as peças tradicionais. Há também grades retentoras de resíduos, conhecidas como cestinhas, que funcionam como um filtro, impedindo detritos de entupir a tubulação.
A superfície do ralo linear é totalmente lisa, o que dá a impressão de ser parte do piso.
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da Linear. Somos especialistas em ralos e abrimos uma nova possibilidade de mercado.” Na Região Nordeste, a fabricante dos ralos conta com revendedoras em Eunápolis, Feira de Santana, Guanambi, Ilhéus, Luís Eduardo Magalhães, Porto Seguro, Salvador, Vitória da Conquista, Aracaju, Recife, João Pessoa e Fortaleza. Os estados de Alagoas, do Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão ainda não possuem representantes.
Mercado De olho no novo nicho criado pela invenção, outras empresas passaram a investir na tecnologia de sistemas de escoamento integrados aos ambientes. Entre as grandes, é a Tigre quem se destaca na fabricação de ralos lineares. A linha de produtos da companhia é destinada para uso em boxes de banheiros, sacadas e lavanderias e instalações prediais e comerciais. Os corpos das peças variam entre 50,
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Acompanhando a tendência da constumização que invadiu o mercado, os compradores dos modelos ocultos podem personalizar as peças, brincando com diversos tipos de revestimentos. 70 ou 90 cm e estão disponíveis nas cores branca e cinza. As grelhas podem ser adquiridas nas tonalidades branco, areia, cinza ou inox. O corpo é composto em PVC. Já a Sólida Sistema de Drenagem resolveu investir no setor devido à grande demanda de seus clientes por ralos modernos e personalizados. Segundo Andressa Prado Marchi, representante da empresa,
os produtos são indicados para qualquer ambiente molhado, podendo substituir o ralo convencional. “Nossos ralos são fabricados em aço inox. Nosso diferencial é a personalização das peças, pois fabricamos conforme a necessidade. São diversos modelos com diversas larguras disponíveis”, conta. A companhia vende para todo o Brasil e, segundo Andressa, as vendas têm sido muito boas e crescentes.
SERVIÇO Linear Acessórios para Construção ralolinear.com.br (47) 3037-5323 Sólida Sistema de Drenagem solidadrenagem.com.br 19.3833-3664 Tigre tigre.com.br 0800 70 74 700
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ano IV | nº 19 | janeiro 2014
POR ONDE ANDAMOS... Fizemos um raio-x por algumas capitais do Brasil e constatamos: as calçadas brasileiras são um convite ao desastre e um verdadeiro “campo minado” P. 72
Entrevista
PhD em Planejamento Urbano e Regional, Stephen Tyler fala sobre Resiliência Urbana e Mudanças Climáticas
P. 70
Tendências
O colunista Renato Leal questiona o papel do Poder Público na Sustentabilidade
P. 68
Eu digo
Fábio Braga fala como direcionar melhor os resíduos na construção civil e reduzir o impacto ao meio ambiente
P. 67
eu digo
GERAÇÃO DE REFUGOS DE ENTULHO: É POSSÍVEL REDUZIR? Fábio Braga *
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om o atual cenário da construção civil brasileira, comprometida com a entrega de obras esportivas da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e das Olimpíadas em 2016, além de moradias e infraestrutura, as construtoras têm um grande desafio de gerenciar os resíduos de suas obras. Mesmo com a existência de políticas públicas para regulamentar o setor, como a Resolução CONAMA nº 307 e Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade Habitat - PBPQ-H, ainda é comum registrar no mercado a falta de qualificação técnica da mão de obra e controle tecnológico, a especificação incorreta de materiais, a ausência de racionalização, planejamento e projeto, que resultam no aumento de refugos de concreto, alvenarias, materiais plásticos, entre outros. Além disso, a grande maioria das construtoras não permite que o proprietário tenha a flexibilidade de alterar o layout dos ambientes ainda na planta, visando personalizar o imóvel e com baixo volume de refugo. Em São Paulo, estima-se que 50% dos resíduos sólidos produzidos nas cidades são provenientes da atividade da construção civil. Sabemos que o acompanhamento tecnológico das empresas nem sempre está na mesma velocidade dos lançamentos da indústria. É fundamental estabelecer parcerias com os fabricantes para que realizem treinamentos e auxiliem na especificação correta do material que comercializam, evitando desperdícios. Diante disso, de que forma as empresas podem direcionar melhor esse lixo? É possível reduzir seu impacto ao meio ambiente? Os resíduos não devem ser tratados de forma menosprezada, como a simples destinação final inadequada do aterro, compostagem ou incineração. Devemos lembrar que a alternativa mais adequada e de menor custo final à gestão de rejeitos é a reciclagem, que algumas pessoas ainda confundem seu significado com o das palavras reutilização e recuperação. De forma simplificada vejamos os conceitos: • Reutilização e reuso: é a técnica de reaproveitamento de um material em perfeito estado sem transformá-lo, mantendo sua mesma finalidade. • Recuperação: é a técnica de reutilizar um material já danificado, porém combina-se a outro ou
realiza-se uma regeneração para manter sua funcionalidade original, como a manutenção corretiva que realizamos com a conexão Luva de Correr para estancar o vazamento que ocorre numa tubulação de água ou esgoto de uma rede pública de abastecimento enterrada. • Reciclagem: é o rearranjo de vários materiais desagrupados que individualmente perderam sua utilização, mas, após um processo composto por triagem, limpeza, trituração e posterior reagrupamento, permite tornar-se um novo material. É um processo mais minucioso e com detalhes técnicos. Dentre os materiais plásticos, os denominados termoplásticos (policloreto de vinila, polietileno, polipropileno, poliestireno) possuem a capacidade de serem remoldados geometricamente de forma homogênea mantendo suas características originais, através da reciclagem por reprocessamento oriunda da recombinação molecular pela temperatura e pressão adequadas. Porém, os termofixos (poliuretana, acetato de vinila, e poliéster) necessitam de outros métodos denominados energético e químico e devem ser utilizados de forma complementar e sequencial, a fim de reduzir a quantidade de cada tipo de resíduo descartado. Outros materiais encontrados nas caçambas de entulho e que saturam os aterros sanitários em 27%, em volume (cerâmicos, refugos de concreto e argamassa e agregados naturais), podem ser reciclados por envelopamento com cimento, produzindo diversos artefatos de cimento, concretos e argamassas de assentamento com excelente qualidade e comportamento mecânico. Dessa forma, devemos estar cientes que o planejamento, controle tecnológico e a qualificação da mão-de-obra são os principais meios para a redução do volume de entulho gerado e que a reutilização, recuperação e reciclagem são meros meios complementares, pois dependem da coleta, triagem e do reprocessamento, que ocorrem nas usinas de reciclagem específicas para cada material.
...ainda é comum registrar no mercado a falta de qualificação técnica da mão de obra e controle tecnológico, a especificação incorreta de materiais, a ausência de racionalização, planejamento e projeto...
* Fábio Braga da Fonseca é Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Civil e Engenheiro de Assistência Técnica.
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TENDÊNCIAS
Sustentabilidade: Qual o exemplo que o setor público nos dá? Renato Leal *
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Pelo mundo afora, o Poder Público se aproxima das empresas e instituições de pesquisa, apoiando e patrocionando investimentos. Por aqui, andamos como cágados...
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m dos principais papéis de setor público é, através do seu exemplo, dar o direcionamento para que as demais entidades — sejam elas pessoas, empresas, escolas e mesmo as suas empresas públicas — ajam em conformidade com ele. O que vemos no Brasil, quando o tema é sustentabilidade, é justamente o contrário, não criando assim um benchmarketing que ele próprio seria um dos grandes beneficiários. E perde-se o contributo de termos uma nova sociedade em construção com a mentalidade da poupança energética. E não só. O espaço é pouco para listar as oportunidades perdidas nesta matéria. Vou apontar algumas, de diferentes matizes e áreas, só para exemplificar, na certeza que os bons entendedores saberão fazer as suas ilações. As escolas públicas (as privadas viriam atrás) deveriam ser o grande cenário da mudança de mentalidade, considerando que 20 anos depois, após o término da universidade, teríamos formado pessoas sensíveis e praticantes dos conceitos de sustentabilidade. Para isso — e há verbas para este fim — as escolas públicas deveriam ser recuperadas em termos de espaço físico de forma a serem mais eficientes no ponto de vista energético, com práticas corriqueiras nessa matéria e do bom uso da água. Só aí elas economizariam água e energia, tornando-se menos custosas para o erário público. E, no curriculum e na prática diária, seriam valorizados temas que fossem positivos. Uma grande alteração na mentalidade daqueles que iriam entrar nas empresas e serem formadores de novas famílias. Um poder multiplicador enorme. Os prédios públicos — alguns construídos há 4 ou 5 décadas e praticamente sem que tenham sido feitas grandes reformas com este fim — são sorvedouros de energia, fruto dos seus projetos, do uso de equipamentos e sistemas obsoletos e da falta de conscientização dos seus usuários. Só em Pernambuco são mais de 6 mil prédios, e que pouco tem sido feito no sentido de modernizá-los em termos energéticos. A falta de recursos não pode ser desculpa, pois o setor privado vem tentando ser o agente financiador destas reformas com recursos próprios ou através de fundos e, novamente, a inércia do setor público põe tudo a perder. Nesse caso e sem investir, o Estado e suas empresas estariam, de imediato, economizando de forma significativa nos seus próprios custos. Há estimativas, em alguns casos que vão a reduções
de consumo energético na ordem dos 40%, para não haver exageros. Fomenta-se os parque eólicos, eles ficam prontos, mas não conseguem injetar energia nas linhas de abastecimento... Produz-se, mas não se distribui. Continua-se a elaborar projetos e a licenciá-los sem que participem especialistas nessa matéria. O próprio Minha Casa Minha Vida, obrigatoriamente, deveria ter um caráter mais sustentável na sua construção, nos materiais empregados e nos equipamentos das casas. O ambiente e os futuros moradores iriam agradecer. Na iluminação pública, usamos lâmpadas grandes consumidoras geridas por sistemas obsoletos. Na fiscalização, permitimos que 8,7 % da energia de só uma distribuidora — neste caso a CELPE — seja roubado pelos “gatos” colocados pelos espertos... Pelo mundo afora, o Poder Público se aproxima das empresas e instituições de pesquisa, apoiando e patrocinando investimentos. Por aqui, andamos como cágados implementando alguns parques eólicos e muito pouco ainda em termos da energia fotovoltaica. Enquanto isso, se procurarmos um pouco, encontramos países como Portugal que já se aproximam dos 30% da sua matriz energética sustentável. A água é um recurso escasso em muitos lugares. Menos no Brasil, onde ela está sendo gasta como se fosse um recurso que nunca vai se acabar, apesar de muitos futurólos já falarem que será por ela que vamos guerrear no futuro. Vazamentos gigantes ficam às vezes semanas vertendo água antes de serem consertados. E nas casas, por falta de conscientização e educação, a água jorra pelas torneiras.... Um dos elementos relevantes neste processo de mudança é a legislação. Está vem sendo parida de uma maneira desordenada,até parece para que não seja cumprida. Deveriam seguir uma estratégia legislativa que pudéssemos ver um futuro de casas e empresas racionais em termos desses bens tão escassos e caros, que são a água e a energia. Voltemos às escolas. Se aqui o governo começasse o seu papel descrito no primeiro parágrafo, criaríamos as condições de mudança. Mas não adianta. No Brasil, governa-se numa visão de 5 anos, e com essa mentalidade, não vamos a lado nenhum.
* Renato Leal estrutura negócios, atuando no Brasil e em Portugal.
entrevista
Stephen Tyler
Resiliência Urbana e Mudanças Climáticas por Luiz Priori
Em breve passagem pelo Recife para participar do Seminário Internacional sobre Resiliência de Cidades e Mudanças Climáticas, Stephen Tyler, PhD em planejamento urbano e regional, associado sênior do ISET – Institute for Social and Environmental Transition (Boulder, EUA) e presidente da Adaptive Resource Management Ltd. (Victoria, Canadá), concedeu uma entrevista exclusiva para a Revista Construir Nordeste. Tyler lidera pesquisas e práticas inovadoras na área de planejamento e gestão adaptativa às mudanças climáticas em parceria com organizações internacionais, governos locais e clientes do setor privado no Sudeste da Ásia e no Canadá. O bate-papo foi comandado pelo engenheiro civil Luiz Priori.
entrevista
Muitas evidências sugerem que o planeta está mudando, e nós podemos perceber isso com o aumento na frequência de eventos climáticos extremos. Como você definiria a resiliência urbana frente às mudanças climáticas? Resiliência urbana frente às mudanças climáticas significa a capacidade de recuperação e de resposta efetiva a choques inesperados e estresses dos sistemas técnicos que formam a infraestrutura urbana e das pessoas que dependem desses sistemas, particularmente relacionados com riscos climáticos, como tempestades extremas, cheias, secas e outros eventos climáticos extremos. A resiliência urbana significa que a cidade pode se recuperar e responder efetivamente a esses eventos. Em sua opinião, o clima está realmente mudando? E qual o efeito que essas mudanças acarretarão nas grandes cidades? Eu não sou um especialista em mudanças climáticas, mas muitas evidências científicas sugerem que o clima no planeta está mudando, e nós podemos perceber isso com o aumento na frequência de ocorrência de eventos climáticos extremos. Em novembro, nas Filipinas, tivemos o tufão mais forte já registrado, e esse é um indicador do tipo de mudanças climáticas que são esperadas no futuro. Quais os maiores problemas relacionados com a mudança climática global? Cidades diferentes estão expostas às mudanças climáticas de maneira diferente. Então, para vencer esse desafio, os gestores das grandes cidades devem concentrar a
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sua administração nas pessoas, principalmente na grande quantidade de pessoas pobres (porque são as mais vulneráveis). Também devem concentrar-se no incremento das atividades econômicas primordiais, que são as relacionadas a transporte, manufatura e construção civil. Essas são as atividades das quais a sociedade urbana depende basicamente, e, se as cidades são vulneráveis às mudanças climáticas, os danos e as perdas podem ser muito grandes. Vimos isso nas cidades de Nova Orleans, com o furacão Katrina, e em Nova York, com o ciclone Sandy, mas outras cidades de outras partes do mundo também enfrentaram perdas catastróficas porque não foram resilientes ao clima.
para ter uma vida longa e isso é extremadamente difícil: planejar para essa vida longa; quando não sabemos exatamente quais serão as condições do clima.
Quais as dificuldades relacionadas ao planejamento de ações para o enfrentamento das mudanças climáticas?
Por que resiliência em vez de adaptação às mudanças climáticas?
O maior problema das cidades relacionado às mudanças climáticas é o desenvolvimento de projetos e a construção dos sistemas técnicos (infraestrutura urbana) que deverão ter capacidade e flexibilidade para suportar a variedade e imprevisão do clima. No futuro, vamos ter eventos climáticos que irão além da nossa concepção e não podemos planejar os nossos sistemas técnicos para atender a exigências de parâmetros ainda incertos, isso significa que o grande desafio, hoje, é projetar sistemas flexíveis e que se suportem mutuamente, ou seja, se um componente falhar, todo o sistema não entre em colapso. Planejar é difícil porque não estamos preparados para projetar para um novo clima, todos os nossos registros atuais são norteados por dados históricos, que são as médias, ou pela nossa experiência num certo período de tempo e lugar. Mas para o futuro, não há como se nortear, porque até se olharmos para os próximos 200 anos, o clima vai continuar mudando; então, nós não estamos planejando para um novo nível de clima, mas temos que projetar para um clima que estará mudando continuamente; e isso faz com que tudo fique muito mais difícil de planejar e lidar com uma infraestrutura urbana projetada para durar 50 ou 100 anos. O que é uma característica da maior parte das obras de infraestrutura das cidades, ser planejada
Por que a resiliência é importante para as mudanças climáticas e seus efeitos extremos? Resiliência é importante para as mudanças climáticas porque o significado de resiliência não é apenas que você possa prever exatamente o que acontecerá, mas que você possa estar preparado para eventos inesperados e os seus sistemas e pessoas terão a capacidade de responder e serão flexíveis quando um inesperado evento ocorrer.
Na discussão sobre mudanças climáticas, existe sempre uma ênfase sobre adaptação às mudanças climáticas, e, geralmente, resiliência relata à adaptação, mas, na análise comum (resiliência e adaptação), o foco principal é prever o futuro climático e existem muitos esforços técnicos e científicos para modular o clima do futuro. Isso pode ser útil, mas ainda não é suficiente para os engenheiros e o pessoal técnico porque os modelos são apenas previsões em torno de uma média projetada, que mostra, com base nos dados históricos, como as condições médias do clima estão mudando. Porém, não vamos compreender essas
O maior problema das cidades às mudanças climáticas é o desenvolvimento de projetos e a construção dos sistemas técnicos (infraestrutura urbana)...
...durante a minha breve visita à cidade (Recife), verifiquei alguns aspectos óbvios: a cidade está localizada na costa e numa área muito baixa, por isso está exposta a um aumento do nível do mar. mudanças através de modelos porque os dados históricos, por definição, são muito limitados para calibrar os modelos; então, quando usamos esse método para projetar condições futuras, os detalhes ficam cada vez mais assertivos; e isso é um grande desafio na projeção da mudança climática. Historicamente, pensamos no clima como algo que podemos antecipar, nós podemos prever, então projetamos a nossa infraestrutura, como o diâmetro das tubulações de drenagem e a capacidade dos reservatórios de água de acordo com as nossas expectativas sobre o clima. Agora, as expectativas estão mudando, e isso significa que é muito difícil ficar confiante sobre como projetar os sistemas técnico, e o conceito de resiliência é útil para o técnico, porque ele pode pensar em projetar um sistema que possa funcionar sob todas as condições, ele pode pensar em encontrar um sistema que responderá ao estresse e aos eventos extremos; então, mesmo se o sistema falhar, falhará num modo previsível e controlável. O que é o ACCCRN – Rede de Cidades Asiáticas Resilientes às Mudanças Climáticas? O ACCCRN é algo muito interessante, trata—se de um programa patrocinado pela fundação Rockefeller e que está em
atividades há quatro anos, trabalhando com 10 cidades de porte médio na Ásia. Essas cidades estão localizadas no Vietnam, Tailândia, Indonésia e Índia, e têm uma população entre 2 mim e 2 milhões de pessoas. A ideia da rede foi de introduzir medidas práticas para que as cidades planejem e implementem intervenções que irão construir a resiliência ao clima. Não se trata de um projeto de pesquisa, mas de um empreendimento voltado para a prática, cujo foco está no planejamento e na implementação de investimentos através da colaboração entre as gestões das cidades participantes, com recursos da fundação Rockefeller. Quais foram os principais resultados alcançados por esse projeto, com relação à resiliência do ambiente construído? Eu penso que, em termos de construção da resiliência, o resultado mais consistente foi, primeiramente, a experiência que as cidades demonstraram com a abordagem prática. Elas foram habilitadas a projetar um sistema para o desenvolvimento de indicadores com o suporte técnico do Iset, que é um consultor do programa, porém, a maior parte do trabalho, as cidades fizeram sozinhas. Isso demonstra que, com o programa, elas puderam adaptar-se e também implementar questões como reduzir inundações, construir capacidade de melhorar as respostas a desastres, melhorar os seus suprimentos de água, etc. As cidades têm diferentes problemas e elas foram capazes de implementar soluções práticas e acessíveis para lidar com esses problemas. Em sua opinião, quais seriam os problemas mais significativos da cidade do Recife relativos à vulnerabilidade urbana? Eu não sou um especialista no Recife, mas, durante minha breve visita à cidade verifiquei alguns aspectos óbvios: a cidade, está localizada na costa e numa área muito baixa, por isso está exposta diretamente a um aumento do nível do mar. Também será vulnerável a inundações,
porque antecipamos para o futuro que as chuvas serão mais intensas e que nos próximos 100 anos, o nível do mar poderá elevar-se 1 m ou mais, e isso afetará a cidade do Recife. Então, essas questões requererão que os gestores da cidade pensem de forma muito cuidadosa sobre um sistema de infraestrutura urbana de boa qualidade e como isso poderá assegurar que a integridade das residências das pessoas pobres da cidade não sejam afetadas por esses efeitos do clima. Poderíamos aplicar a metodologia desenvolvida pelo ACCCRN para melhorar a resiliência urbana às mudanças climáticas na cidade do Recife? Como? Sim, eu penso que Recife já começou a melhorar o desenvolvimento da sua resiliência, mesmo que isso não seja formalmente definido, porque a cidade está investindo em práticas ambientais; a cidade está desenvolvendo sua organização civil (defesa civil), e essas questões, de fato, contribuem para construir resiliência. Então, eu penso que um dos fatores que Recife deveria olhar no futuro é como utilizar a sua estrutura verde, isto é, como usar sistemas interligados para prover uma melhor drenagem, para gerenciar as inundações, para estabilizar as barreiras, prevenindo o seu deslizamento. Os sistemas naturais de proteção são muito efetivos fazendo esse tipo de serviço, mas, usualmente, numa cidade, nós podemos destruir esses sistemas e o homem gasta muito dinheiro tentado repor com concreto e aço sistemas técnicos que não funcionam tão bem. Então isso é algo que Recife deveria considerar no futuro.
...penso que um dos fatores que Recife deveria olhar no futuro é como utilizar a sua estrutura verde. 71|9
No Brasil, as calçadas são o meio 1 de mobilidade. Pesquisa aponta que 35% da população brasileira vai à pé para o trabalho.
foto: istockphoto.com/ fotokris
Por onde andamos... Pela maioria das calçadas brasileiras, “caminhar e tropeçar, é só começar”. E se o caminhante seguir contemplando o infinito, então, é acidente na certa! Estudo feito em 2010, pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, apontou que 18% das vítimas de quedas atendidas na unidade haviam caído nas calçadas. Em Salvador, depois dos acidentes com motos, os escorregões nas calçadas são a causa mais comum de internações nas emergências. Em outras metrópoles, esses registros também são usuais. por Isana Pontes
OS PASSEIOS PÚBLICOS SE TORNARAM INDIVIDUALISTAS, SEM ALTERNATIVAS DE USO COM ESPAÇOS DE ENCONTROS, LAZER E CONVIVÊNCIA COLETIVA. SE SENTIR SEGURO E CONFORTÁVEL NESSES LOCAIS PRECÁRIOS, QUEM HÁ DE QUÊ?
Rick Ribeiro é o idealizador do portal Mobilize, que em apenas três anos já atingiu mais de um milhão de acessos.
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descaso que citamos no texto de abertura da reportagem, atinge o cidadão indiferente ao fato de que as calçadas são o meio 1 de mobilidade — em algum momento, qualquer motorista também é pedestre. Registros apontam que 35% da população vai a pé para o trabalho, conforme levantamento do Ministério das Cidades feito em 437 municípios. “Em pleno século XXI, os donos de lotes no Brasil mantêm uma visão escravagista. Para o pedestre, eles sempre reservam os menores e piores espaços”, avalia o arquiteto baiano Isaías Carvalho Neto, autor do livro Memória Urbana: uma poética para a cidade, no qual resgata o modelo urbanístico de Salvador dos anos 1910 a 1970, e reflete sobre os desafios dos atuais projetos. Segundo ele, em geral, os gestores brasileiros apostam em projetos contemporâneos, não pensam em iniciativas para o coletivo e despercebem o pedestre, prestigiando a circulação de automóveis. “Na arquitetura modernista, as calçadas centrais de Salvador eram sempre levadas em conta. Eram locais aprazíveis e bem frequentados.
Hoje, se descaracterizaram pela falta de manutenção”, conta. É o bar que enche as calçadas de mesas, são os piquetes, os carros, o lixo, os entulhos e obstáculos diversos no caminho. Para o arquiteto, os passeios públicos se tornaram individualistas: sem alternativas de uso como espaços de encontros, lazer e convivência coletiva. Se sentir seguro e confortável nesses locais precários, quem há de?
Mobilize-se Incomodado com os tais modelos de desenvolvimento — ultrapassados na maioria dos grandes centros que desenvolvem projetos em outra direção —, o administrador público paulista Ricky Ribeiro idealizou o portal Mobilize (mobilize.org.br), o primeiro no Brasil a produzir e distribuir, numa plataforma única, conteúdos sobre mobilidade urbana e sustentável, a fim de destacar a urgência de discussões. Imobilizado há 5 anos, consequência de uma esclerose lateral amiotrófica, Ricky não permitiu que a doença, que impede os seus movimentos e a sua fala,
foto: arquivo pessoal
o paralisasse. Em vez de lamentar a limitação, ele optou por exercitar o cérebro. Com a experiência que adquiriu em Barcelona, onde fez mestrado em Sustentabilidade, na Universidade da Catalunha, ele desenvolve o Mobilize, as campanhas nacionais e supervisiona diariamente — por meio de um leitor óptico que interpreta os movimentos da sua pupila — os conteúdos produzidos pela equipe do portal. E ele revela a estratégia: “Brilho nos olhos e paixão pela causa”. Em 3 anos, o Mobilize atingiu mais de um milhão de acessos, promoveu debates com secretários e prefeitos de todas as Regiões, além atrair mais de 50 parceiros, — mantenedores, de alguma forma, do ambiente virtual — patrocinadores, voluntários, arquitetos, jornalistas, administradores, engenheiros, urbanistas, economistas, representantes de associações, deficientes e cientistas. Entre os links mais acessados está o sobre calçadas, no qual são divulgados estudos inéditos sobre as condições dessas vias nas maiores capitais brasileiras. Lá são encontradas informações sobre legislações e normas, infográficos, estatísticas e fotos — tudo apurado a partir
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em bairros como a Pituba e o Itaigara, numa baderna nos finais de semana. Na Bahia, um dos estudos mais consistentes sobre o assunto foi organizado há 7 anos pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea/ BA) — o Guia Prático para a Construção de Calçadas, cartilha que apresenta as formas de fazer uma calçada, detalhando a sinalização tátil e outras normas à acessibilidade. A iniciativa contou com diversas instituições de Salvador. O documento, não colocado em prática, pode ser consultado no site do Crea/BA.
Regras e sugestões
foto: victor mendes
A legislação das capitais nordestinas e da maioria das cidades brasileiras estabelece que a responsabilidade pela construção e manutenção das calçadas é do proprietário e que o Município
instituirá multas para os infringentes. Já as “rotas estratégicas” de concentração de pedestres e serviços públicos são das prefeituras. Para o jornalista Marcos de Souza isso significa, primeiro, enviar o fiscal até o dono do imóvel, explicar as regras, as vantagens para ele, para os vizinhos e para a população. E partir daí, dar um prazo e, se a solicitação não for considerada, multar. Já o arquiteto baiano Isaias Neto destaca que para uma mobilidade urbana adequada, não basta os prefeitos “Saírem construindo e padronizando calçadas, o que é até relativamente barato, se comparado aos investimentos feitos em viadutos e nas avenidas. É preciso que as calçadas estejam integradas com ônibus, metrô, os BRTs e os VLTs, além de dialogar com a identidade da comunidade”.
A paulista Letícia Sabino criou o SampaPé!, projeto para incentivar as pessoas a andarem mais.
foto: mário neutzling
do diagnóstico em 200 ruas do País. Salvador, Fortaleza, Recife e, recentemente, Aracaju, integram a agenda visitada. Os relatórios avaliam calçadas urbanizadas há mais de 50 anos, em áreas com ampla movimentação de pedestres, pontos de ônibus e hospitais. No Nordeste, Fortaleza e Aracaju têm os melhores passeios. A avenida Oceânica, em Salvador, recebeu 10. A boa nota, porém, não impediu que a capital ficasse entre as três cidades com as piores calçadas do Brasil. “As calçadas da orla de Aracaju, por exemplo, são interessantes. Têm sombra, iluminação e equipamentos. Mas estão longe do patamar das dos países europeus. O fato da cidade ser plana e a visão dos últimos administradores ajudou”, avalia Marcos de Souza, jornalista que gerencia a pesquisa. “Com algumas exceções, os locais visitados têm seis ou sete passeios eficientes. O resto é precário”, lamenta. “Quando entregamos os diagnósticos finais aos responsáveis, muito se discutia sobre alternativas de mobilidade. Porém, pouco muda. Por isso, resolvemos voltar em 2014 às mesmas cidades onde fizemos os levantamentos. A ideia é saber os motivos pelos quais os projetos não fossem adiante”, justifica o jornalista. No âmbito federal, a elaboração do primeiro portal brasileiro sobre mobilidade reaqueceu os debates sobre o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que exige dos municípios brasileiros a implantação e a manutenção de calçadas acessíveis nas vias de maior passagem. Com a campanha “Mobilize-se, mexa-se, exija transporte público de qualidade, ciclovias e calçadas decentes”, foram elaboradas cartilhas com normas para melhorar a construção das calçadas. Entre as diversas lançadas, as de Londrina, Blumenau, Foz do Iguaçu e São Paulo. Alguns municípios atualizaram suas leis. Outros, como Salvador, buscam mais dados. A Superintendência de Uso e Conservação do Solo (Sucom) pesquisa a questão dos bares colocarem mesas e cadeiras nas calçadas, comprimindo motoristas e pedestres a um espaço mínimo de circulação. Cultura que transforma a circulação
Já a ideia do bainao Mário Amici foi colocar mosaicos e plantas em frente ao prédio onde mora.
As fotografias dessa e da próxima página são resultado das caminhadas de Letícia Sabino.
Na opinião dele, em Salvador, a mobilidade sustentável deve partir de um plano diretor (PD) participativo que defina o zoneamento urbano. “As alterações têm resultar de discussões com todos os entes que representam os moradores e quem mais quiser contribuir sobre quais modificações devem ser realizadas. As cidades devem ser feitas para as pessoas terem qualidade de vida, inclusive os deficientes”, pontua. O arquiteto critica a prefeitura local por ter elaborado três planos diretores nos últimos 8 anos. “PD é pensado para décadas. Quem vive em capital desconhece qual é o sistema viário e quem visita a cidade pergunta onde realmente fica o Centro. A população não consegue identificar qual a área de comércio, lazer ou habitação. Sem limites, as pessoas vão se apropriando do espaço alheio.” “Calçadas inteligentes são uma parte essencial do conjunto mobilidade sustentável”, ressalta o presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Eduardo Moraes. “Organizar essa equação entre políticos, empresários e cidadãos será um dos desafios para o poder público nos próximos anos.” Moraes defende que a construção de calçadas precisa antever em que as cidades se transformarão nos próximos 30 anos e acrescenta que, no caso das cidades históricas, os projetos devem respeitar a identidade e a memória do lugar. “A caminhabilidade é uma questão social, econômica e turística das cidades inteligentes no mundo inteiro.” Ele também assinala que tem se surpreendido, inclusive, com o “imediatismo” de alguns governantes. Em suas viagens por Salvador, Recife e outras cidades nas quais a ABCP orienta e promove estudos sobre o cimento e suas aplicações, ele percebe — há vários anos — que em lugares seculares como o Pelourinho, as reformas de calçadas e ruas não têm mais seus pisos recuperados com o critério de antigamente. “Tenho visto muitos paralelepípedos e pedras portuguesas cortados de forma irregular, sem nenhum esmero. Não há
fiscalização por parte das prefeituras com as prestadoras de serviços, sem qualquer “visão de longo prazo”, ao contrário de cidades europeias, nas quais os calçamentos priorizam a tecnologia e a qualidade. Os passeios são feitos para durar pelo menos 100 anos e não apenas 2”, argumenta. De acordo com o presidente da ABCP, embora sejam um pouco mais caros, os pisos intertravados são os mais sustentáveis, o que torna a relação custo-benefício bastante atrativa. “Esse material vem sendo usado em suas diferentes possibilidades em larga escala em muitos países, porque acaba sendo mais ecológico e aumenta a permeabilidade do solo. “Em vez de se preocuparem com quantidade sem qualidade, os gestores públicos e as construtoras devem aproveitar os avanços das tecnologias de ponta e a expertise que o setor já tem. “A ABCP vem divulgando materiais que geram menos resíduos, cumprem as normas da ABNT, promovem o reaproveitamento e usam menos água e energia.”
De pisos, mosaicos, registros e atitudes Enquanto a realidade das calçadas brasileiras não muda na velocidade desejada pelos pedestres, nossos personagens seguem empreendendo — dentro das suas possibilidades e dos universos por onde circulam conceitos, conhecimentos e ações para cidades mais gentis, agradáveis e desenvolvidas na economia. Eduardo Moraes tem disseminado as novas tecnologias de construção e discutir como elas se relacionam com a mobilidade pelo Nordeste, dentro da imensa cadeia que integra o negócio da construção civil. Outra empreendedora social no quesito mobilidade é a administradora de empresas e paulista Letícia Sabino, 24, produtora do blog SampaPé!, projeto que fundou na capital paulista para incentivar as pessoas a andar mais (sampape.com.br), que recentemente também aderiu a rede
de discussões do portal Mobilize. Nele, a caminhante, que “paleta” diariamente 9 km diários, escreve sobre projetos de leis locais, proximidade e acessibilidade dos centros, pontos comerciais, passeios e paradas. Além de mapear opiniões, atrações e distrações, ela constrói um diversificado painel fotográfico no instagram @porondeandeisp, no qual registra curiosidades, arte urbana ou
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atrocidades dos passeios que os pedestres enfrentam. O foco é São Paulo, mas, sempre que viaja, Letícia coleta imagens de bons exemplos para o Brasil, como fez em Montevidéu, São Francisco e em cidades do Nordeste, nas quais também identificou cidadãos que agraciam a si, a vizinhança e os demais pedestres: os dispostos a manter calçadas limpas e desimpedidas, a aparar a grama do passeio, a sinalizar pontos urbanos com bonitas placas nas árvores ou a colocar criativos azulejos no chão. “Os passeios deveriam ter gestão pública, inclusive por uma questão ideológica do que é espaço público. Sem perder a criatividade gentil”, deixa o seu recado.
Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava mosaicar... Em Salvador, o cirurgião plástico, escultor e ambientalista Mário Amici, 46, levou a cantilena de roda ao pé da letra: desenvolveu um chamativo e inovador projeto de colocar mosaicos e plantas nas calçadas em frente ao prédio onde mora no Itaigara, bairro nobre de Salvador. O primeiro passo foi solicitar a vistoria do técnico da Secretaria de Obras Públicas da Prefeitura para garantir o alvará. “Demonstrei para ele que pesquisara a fundo as normas da Companhia de Eletricidade da Bahia, além das cartilhas sobre a construção de calçadas das prefeituras de São Paulo, Maringá, Porto Alegre e Barcelona.” Em paralelo aos estudos e à licença, Mário Amici criou um movimento no bairro, o Apita — Amigos pelo Itaigara —, que agrega moradores, síndicos e lideres locais, na busca de apoio para iniciativas desenvolvidas por quem vive ali. A proposta de uma arborização inovadora — que criasse uma identidade para o Itaigara — foi lançada numa reunião com a presença de síndicos de prédios, empresas e
administradores escolares. De início, os moradores dos dois edifícios vizinhos ao prédio de Mário resolveram financiar a causa. Há 8 meses, o projeto de arborização transformou-se em um vistoso canteiro com 36 mudas decoradas. Um investimento de R$ 12.000 reais, conforme Amici. Aos síndicos dos prédios apoiadores, encantou o argumento de que um imóvel num bairro arborizado chega a ter uma valorização de 30% a mais, segundo estudos da Universidade de Washington. Nas calçadas em frente ao prédio do cirurgião plástico e escultor, foram plantados Felícios de porte médio. “Além de bonita, a espécie não interfere na piscina do prédio vizinho nem na rede elétrica, com a vantagem de não exigir podas constantes. No outro lado da rua — onde ainda não há mosaicos ou passeio — plantamos Ipês-roxos que são árvores de grande porte, com exuberante floração anual.” “Eu idealizei e supervisionei tudo”, conta Amici, orgulhoso. Uma construtora quebrou o passeio e fez as molduras. Os mosaicos e a pintura foram executados pelos mosaicistas do atelier de Eliezer Nobre, conhecido artista de Salvador. Ao todo, 10 pessoas em diferentes momentos. Gente que transformou molduras de argamassa moldada, azulejos e cerâmica em arte e exemplo a ser replicado em outras ruas do Itaigara. Outra consequência positiva foi a transformação espontânea de atitude dos moradores dos prédios vizinhos. “A calçada, que era um depósito de lixo e fezes de cães, passou a ser mantida limpa pelos pedestres, que não se cansam de elogiar a iniciativa.” Emocionado, o idealizador, — que também é um ecologista atuante há décadas, entende que está fazendo a parte dele, tomando por lema do seu Movimento: “Por onde passe, deixe o melhor”, juntamente com a frase de Gandhi que diz, “seja a mudança que você quer ver no mundo.”
SOCIAL
Para um olhar de esperança Nova iniciativa do Projeto Casa da Criança chega até Fortaleza e favorece jovens com problemas de visão por Catharina Paes
FOTO: DAVI FARIAS
Os franqueados sociais de Fortaleza; a fundadora da ONG Caviver, Islane Verçosa; e as coordenadoras do Projeto Casa da Criança, Patricia Chalaça e Lavínia Petribu.
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Projeto Casa da Criança amplia o seu trabalho e agora beneficia a infância e juventude em tratamentos oftalmológicos, em Fortaleza (CE), através da realização de uma obra no Centro de Aperfeiçoamento Visual Ver Esperança Renascer (Caviver). A previsão é que no início de 2014 o espaço esteja pronto para atender todos os jovens que chegam até a instituição. O lançamento do projeto teve como objetivo mobilizar arquitetos e designers, além de empresas do setor da construção e decoração a participarem — seja através do voluntariado e serviços prestados ou com a doação de materiais necessários para a nova construção. O Caviver vem aumentando significativamente o número de acolhimentos. Fundado em 2002 pela médica Islane Verçosa, a Organização Não Governamental já teve 8.194 atendimentos ambulatoriais e 521 cirurgias de catarata em
crianças. Com a realização desta obra, serão 37 ambientes bem planejados e projetados para atendimento ambulatorial e cirúrgico. Em Fortaleza, o Projeto Casa da Criança acontece com a ajuda da Franquia Social Ceará, que é formada pelos voluntários André Verçosa, Augusto Souza, Isabel Figueiredo, João Mendonça e Paulo Pepino. Os franqueados sociais são formados por profissionais comprometidos socialmente com a infância de baixa renda. Assim, lideram as ações possibilitando que as crianças do seu estado possam ser favorecidas, agindo, coordenando, mobilizando a sociedade para viabilizar as atividades, bem como monitorando a qualidade do atendimento oferecido. “É um importante trabalho desenvolvido, impedindo que crianças percam literalmente a chance de ver a vida, como também possibilitando àquelas que perderam parte da visão, a oportunidade de
intervenção adequada”, explica Patricia Chalaça, fundadora do Projeto Casa da Criança. Desta vez, o Projeto também faz uma nova ponte da solidariedade. As crianças oriundas do interior do Estado, que necessitem tratar no Caviver, serão recebidas pelo tempo que for necessário no Lar Amigos de Jesus, casa de apoio construída pelo Casa da Criança em 2006 e que abriga crianças e adolescentes, na maioria em tratamento do câncer. As ações do Projeto Casa da Criança já contam com o apoio de grandes empresas socialmente responsáveis que doam materiais a todas as obras realizadas pelo Projeto no Brasil, são os chamados “Patrocinadores Nacionais”,a exemplo da Amanco, Araforros, Cerâmica Eliane, Esmaltec, Celite, Fabrimar, Florense, Siemens, Sicmol. Há também o significativo apoio das lojas Pizza Hut do Ceará e da Paraíba, que são parceiros masters, doando recursos financeiros necessários ao gerenciamento do trabalho em todo o País. O Casa da Criança é uma organização com reconhecimento Federal, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). O objetivo principal é defender os direitos de crianças e jovens por meio de atividades que vão desde reformas e construções até as que valorizam a qualidade no atendimento. Também trabalha para a influência nas políticas públicas, cobrando aos governos responsabilidades para com a infância, e na melhoria do atendimento ao câncer infantil.
BOAS PRÁTICAS
Por educação e futuro de qualidade Criado ano passado pela Soprano, empresa especializada em materiais de construção, o Instituto Adelino Miotti é um organização que encaminha jovens dos 16 aos 18 anos ao mercado de trabalho por meio de uma formação diferenciada, com o Programa Recriar. Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), os adolescentes recebem capacitação para desenvolver seus potenciais. Pela manhã, os alunos participam de um curso técnico no Senai e, à tarde, de atividades que complementam a escola regular, como aulas de formação para a vida, inglês, informática, português instrumental, reforço pedagógico e prática esportiva. O Ensino Médio na escola regular fica para o turno da noite. Ano passado os jovens alcançaram um índice de aprovação escolar de 95%, um número expressivo em comparação aos 69% conquistados pelos alunos da rede gaúcha. Dois do Programa Recriar garantiram vagas para a Etapa Estadual da Olimpíada do Conhecimento do Senai. Alexander Eduardo da Silva Filiberto e Micael dos Santos, ambos com 17 anos, estão entre os dez melhores do Rio Grande do Sul nas ocupações de Mecânica de Usinagem e Fresagem Mecânica, respectivamente.
Desperdício Zero Implantado em janeiro deste ano, o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Reserva Camará, o Desperdício Zero, prioriza o reaproveitamento e a reciclagem dos resíduos da construção civil (RCC) gerados durante a etapa de demolição, através de uma máquina recicladora de RCC instalada no canteiro de obras do Complexo Multiuso. Até o momento, mais de 3 mil m³ de material foram reciclados na própria obra e reutilizados na construção do empreendimento, tornando-se evidente os benefícios ambientais e sociais, entre eles: redução de 1.330 caminhões circulando nas ruas; economia de 29.200 l de combustíveis de origem fóssil; redução das emissões de CO2 (Dióxido de Carbono) e outros Gases do Efeito Estufa (GEE), equivalentes a mais de 37 t. A iniciativa ainda representa uma economia de aproximadamente R$ 230 mil para a empresa. O programa Desperdício Zero contempla, também, o tratamento dos resíduos orgânicos através de sistemas de compostagens, que são destinados, através da central, às cooperativas de catadores da comunidade, gerando renda e inclusão social.
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arquitetura inclusiva O objetivo da arquitetura inclusiva é projetar ambientes que possam ser usados por todos, com conforto e segurança, independentemente das habilidades, capacidade física ou idade. Seus princípios devem ser baseados na infraestrutura da edificação e pregam o investimento na capacidade dos ambientes e produtos, com base na adequação ao uso, praticidade e segurança. Projetado pela arquiteta Sandra Perito, diretora-presidente do Instituto Brasil Acessível (IBA), o Tucca Hospice Francesco Leonardo Beira inicia atividades de atendimento para promover qualidade de vida e cuidados paliativos para crianças e adolescentes com câncer terminal. A obra é diferenciada por ser a primeira do País no modelo de arquitetura inclusiva. Em um terreno de 2,8 mil metros quadrados, o hospital compreende 400 m, além de outros 250 ocupados por um depósito, que foi projetado especialmente para receber doações.
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S贸 existem dois dias do ano em que n茫o podemos fazer nada...
O ontem e o amanhã. “Mahatma Ghandi” foto: Tatiana Feijó
NEGÓCIOS
A atual fábrica da Solossantini localizada no Recife (PE) será transferida para Sergipe.
foto: EDUARDO CAVALCANTE
Mudar para crescer Solossantini expande negócios e constrói nova fábrica em Moreno (PE) por Tory Oliveira
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om 56 mil habitantes, a cidade de Moreno (PE) foi escolhida para abrigar a nova planta da empresa pernambucana Solossantini. Além de se especializar na aplicação de estacas pré-moldadas de concreto armado e na industrialização de produtos de revestimento, assentamento, rejuntamento, impermeabilização, pintura e proteção, a empresa se destaca na fabricação de argamassas industrializadas. Esse será o foco da nova instalação, que ocupará uma área construída de cerca de 10 mil m² para argamassas e um terreno ao lado de 70 mil m² para a produção de pré-moldados. O custo total do investimento será de R$ 30 milhões. “A construção civil precisa evoluir para o primeiro mundo”, defende a engenheira civil e diretora de controladoria da empresa, Daniella Santini. “Os produtos industrializados são capazes de otimizar e acelerar sua
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obra em até 50%”, explica. Daniella dá um exemplo prático: se um pedreiro leva um dia para levantar uma parede utilizando a argamassa tradicional, que precisa ser misturada no local da obra, o trabalho será reduzido pela metade caso o produto já venha pronto.
Estima-se que aproximadamente 1,5% das argamassas básicas consumidas sejam industrializadas. As argamassas mais comuns são feitas a partir de cimento, areia e água. Em alguns casos, são adicionados materiais como sal, barro ou caulim para obtenção de propriedades
especiais. No Brasil, a produção de argamassas básicas industrializadas começou em meados dos anos 1990. Até então, o produto era feito de maneira artesanal no canteiro. A industrialização do produto, em que a mistura dos componentes secos é realizada pela fábrica, cresceu exponencialmente nos últimos 5 anos, motivada principalmente pelo aquecimento do mercado da construção civil no Brasil. O bom cenário é fruto do forte crescimento de obras de infraestrutura e do mercado imobiliário, assim como das transformações econômicas sofridas pela economia brasileira na última década, com ampliação da oferta de crédito e aumento da renda do País. A forte demanda por argamassas levou à expansão de fábricas já existentes e à construção de novas unidades produtivas do setor.
Daniella Santini acredita que ainda há muito espaço para o mercado crescer. “Estima-se que aproximadamente só 1,5% das argamassas básicas consumidas seja industrializada”, explica. O volume estimado de mercado para argamassas básicas no Brasil é de 100 milhões de toneladas por ano. Criada em 1956 pelo industrial gaúcho David Afonso Antonio Santini, a Solossantini está, hoje, instalada no centro de Recife, em Pernambuco. A escolha de Moreno, cidade a 25 km da capital pernambucana, foi motivada essencialmente pelas dificuldades logísticas e de infraestrutura encontradas em Recife e pela localização estratégica da pequena cidade, instalada entre o porto de Suape e a cidade de Goiana, onde será instalada uma fábrica da Fiat (vide
box). Moreno também oferece fácil acesso ao interior de Pernambuco e a outros estados da Região Nordeste. “A empresa foi atraída para essa localização principalmente pela construção do Arco Metropolitano, que agregou maior valor logístico ao município.” A constante evolução e participação nas transformações do mercado da construção civil é uma das marcas da Solossantini. Composta por cimento, areia e aditivos que retêm a água e promovem aderência, a argamassa colante era praticamente inexistente nos canteiros de obra do Brasil há 20 anos. Hoje, o produto já está universalizado em canteiros e nas casas brasileiras. “Ajudamos na transformação da cultura”, comemora Daniella.
Raio x da Solossantini Segmento:
Indústria
Tipo do projeto:
Fábrica de argamassas
Localização:
Distrito de Moreno – PE
Produção:
15.200 mil toneladas/mês
Investimento total:
R$ 30 milhões
Prazo de implantação:
12 meses
Início do projeto:
Dezembro De 2013
Início da operação:
Dezembro De 2013
A administração familiar é outra marca da empresa. Engenheira civil com pós-graduação em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV ), Daniella Santini trabalha na empresa fundada pelo pai desde os 17 anos. Seus quatro irmãos também atuam em diferentes áreas da Solossantini. “Meu pai sempre nos preparou para ficar aqui. A empresa se confunde com a nossa família”, conta Daniella. Além da produção de argamassas, a nova unidade industrial também fabricará rejuntes acrílicos, grauth, impermeabilizantes, aditivos para concretos , adesivos , linha de sprays, lubrificantes e produtos correlatos. Quando estiver pronta, a nova fábrica terá capacidade produtiva de aproximadamente 15.200 toneladas por mês. O terreno ao lado receberá a fábrica de pré-moldados, de onde sairão galpões, vigas, pilares, painéis de fechamentos, lajes alveolares e estacas protendidas. A ideia é oferecer atendimento rápido ao mercado consumidor da Região Nordeste sem deixar de lado a sustentabilidade ambiental e social e a alta qualidade dos produtos com custos de produção competitivos. Outra mudança será a transposição da fábrica localizada hoje no Recife para o estado de Sergipe. O objetivo é conseguir um melhor acesso aos mercados do Ceará e da Bahia e consolidar a presença da empresa na região. “Queremos ficar aqui no Nordeste”, conclui Daniella.
Goiana em transformação A construção de uma fábrica da Fiat na cidade de Goiana, no norte pernambucano, está entre os maiores investimentos do setor automobilístico na Região Nordeste em 2013. Com previsão de começar em 2015, a unidade está orçada em cerca de R$ 5 bilhões. A chegada da nova fábrica já está alterando a rotina da cidade de 75 mil habitantes, localizada a 66 km da capital Recife. Quando ficar pronta, a unidade será capaz de produzir 250 mil veículos por ano e empregará cerca de 4,5 mil funcionários.
Além da empresa automobilística, outras 14 fábricas fornecedoras devem formar um polo automotivo em Goiana, que abrigará ainda centro de treinamento, centro de pesquisa, pista de testes e campo de provas. O novo polo também terá uma escola técnica mantida pelo Senai, que pretende investir R$ 30 milhões no empreendimento. O crescimento também altera a rotina dos habitantes de Goiana. A frota local, por exemplo, cresceu 27% entre 2010 e 2012, taxa superior aos 16% da capital pernambucana.
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construir direito
INADIMPLÊNCIA DO PROMISSÁRIO COMPRADOR NAS INCORPORAÇÕES Emília Belo*
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...Importa destacar que para ser possível a utilização de leilão público, para alienação destas unidades imobiliárias, é necessário que haja previsão no contrato de promessa de compra e venda.
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s incorporadoras, constantemente, deparam-se com clientes inadimplentes e se questionam qual a forma mais eficiente e segura de rescindir o contrato de promessa de compra e venda inadimplido, recolocando à venda a unidade imobiliária. Inicialmente, registre-se que antes de ser rescindido qualquer contrato de promessa de compra e venda, faz-se necessário cumprir dois requisitos: i) o consumidor deve estar inadimplente há, no mínimo, 3 meses; ii) o consumidor precisa ser notificado, para purgar a mora no prazo de 15 dias, conforme exigido pelo Decreto-lei nº 745/69. Apenas após este prazo, o consumidor estará constituído em mora e poderá ser rescindido o contrato de promessa de compra e venda. Após superado o prazo da notificação, ficando mantida a mora, é possível dar início ao procedimento de leilão público, para alienação da unidade objeto do contrato rescindido de maneira segura, sem trazer riscos para o incorporador. Este procedimento encontra-se previsto no §1º do art. 63 da Lei no 4.591/64, que passou a ser aplicável também às incorporações imobiliárias a partir da Lei no 4.864/65. Antes de trazermos breves explicações sobre este procedimento, importa destacar que para ser possível a utilização do leilão público, para alienação destas unidades imobiliárias, é necessário que haja previsão no contrato de promessa de compra e venda. Assim, caso a incorporadora opte por realizar este procedimento, deverá incluir na sua promessa de compra e venda cláusula nesse sentido. Neste procedimento, serão realizados dois leilões através de leiloeiro oficial. Para tanto é necessária a publicação de edital, duas vezes em jornal de grande circulação. No primeiro leilão é exigido lance mínimo. No segundo, a arrematação pode se dar por qualquer valor, desde que não se trate de um preço vil. Ressalte-se, ainda, que a incorporadora terá o direito de adjudicar o imóvel, em preferência ao arrematante. Para operacionalizar a realização do leilão, a lei confere à incorporadora, através de mandato irrevogável, poderes necessários para tal
procedimento. Embora não seja necessário, sugerimos, por cautela, incluir a outorga destes poderes no contrato de promessa de compra e venda, a fim de garantir que o consumidor está ciente dos poderes que são conferidos ao incorporador. No procedimento de leilão público, a incorporadora receberá do novo adquirente o valor da dívida atualizada, incluindo a correção monetária, juros e multa compensatória de 10%. O saldo do preço quitará, ainda, todas as despesas com o leilão, inclusive honorário de advogado, anúncios e 5% de comissão. Ressalte-se que a incorporadora não poderá beneficiar-se de eventual valorização do imóvel, já que, se existir saldo da alienação da unidade, este será revertido em favor do promitente comprador. Caso o valor da arrematação do bem não seja suficiente para quitar integralmente a dívida com a incorporada e as despesas com o leilão, a princípio, a incorporadora poderia ingressar com execução judicial, para cobrança da diferença. Entretanto, em razão do art. 53 do CDC, que veda a retenção integral dos valores pagos pelo consumidor, a execução para cobrança desta diferença poderá ficar prejudicada. Isto porque não cabe à incorporadora ser reembolsada integralmente do que lhe é devido, se este recebimento implicar retenção total do valor pago pelo consumidor. Dessa forma, desde que haja previsão contratual, é possível ao incorporador alienar, de forma segura, a unidade do consumidor inadimplente, através de leilão público, seguindo o procedimento disposto no art. 63 da Lei nº 4.591/64, sendo esta uma alternativa concreta para minimizar, de forma eficaz, os prejuízos a que estão submetidas as incorporadoras no desenvolvimento da atividade imobiliária.
*Emília Belo é titular da área de Direito Imobiliário da Queiroz Cavalcanti Advocacia e Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade de Lisboa.
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CONSTRUIR ECONOMIA
Inferno urbano Tarcisio Patricio de Araújo*
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Automóvel é máquina de fazer barulho, poluir ambiente, matar pessoas; e também endoida (ou revela loucos). Mas o automóvel exerce fascínio sobre a grande maioria das pessoas...
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tanislaw Ponte Preta — o saudoso jornalista e escritor carioca Sérgio Porto — dizia, nos anos 1960, que aparelho de TV é máquina de fazer doido. Automóvel é máquina de fazer barulho, poluir o ambiente, matar pessoas e também endoida (ou revela loucos). Mas o automóvel exerce fascínio sobre a grande maioria das pessoas e o marketing — praga que também invade a política e a torna ainda mais indigesta — cada dia mais solidifica essa máquina como principal objeto de consumo. A sociedade do automóvel triunfou: tragédia social. É difícil não se alimentar uma visão pessimista do que o automóvel representa, quando não se tem alternativa satisfatória de transporte e se enfrenta, quotidianamente, o trânsito urbano na maioria das cidades brasileiras. Se essa é uma questão mundial, no Brasil assume particularidades do nosso subdesenvolvimento: disputa insana de espaço, uso irritante de acostamentos para “chegar primeiro” (?), invasão de calçadas, agressão verbal, violência física, assassinato e a tragédia das motocicletas — veículo talvez mais fascinante, para quem o aprecia, do que o automóvel. O problema no Brasil tem o travo especial de ter se tornado algo quase impossível de passar por solução que não seja drástica. E isso decorre do conhecido pecado capital da opção por veículos automotores para transporte de pessoas e de quase todo tipo de carga, casada com o desleixo com respeito à ferrovia, hidrovia, de transporte de massa (ônibus, metrô, bondes — que ainda operam, por exemplo, em Lisboa, Portugal). Em tal contexto, Recife metropolitano ocupa o quarto lugar em média de minutos (38,0) para deslocamento do cidadão entre casa e trabalho, conforme estudo recente elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Precedem Recife as áreas metropolitanas do Rio de Janeiro (47,0), São Paulo (45,6) e Salvador (39,7). Perda de produtividade dos motoristas de táxi, de ônibus, etc. e de todo trabalhador que necessite trafegar nos principais corredores das cidades da Região Metropolitana do Recife é resultado óbvio, com significativo prejuízo econômico.
Em cima da queda, coices: um é o desordenado, caótico, crescimento urbano — para o qual a construção civil oferece fantástica contribuição. Recife — mais do que cidades como Natal, por exemplo — foi “premiada” com insano laissez faire, o “faça-se e deixe-se fazer” da tradição liberal, sem regulamentação razoável do gabarito de edifícios. Assim, Boa Viagem ganhou horrenda parede de alvenaria e bairros como Espinheiro, Casa Forte e Rosarinho são brindados com prédios com três e até quatro garagens por apartamento, de 25 a 40 andares. Cabe perguntar: a Prefeitura cumpre seu papel regulador/ fiscalizador? Sofremos com insuficiente rede de saneamento e com intenso fluxo de automóveis em modestas porções de m2. Outro coice é a persistente negligência com que se trata o transporte de massa. Não nos faltam coices: no Recife, se morre de choque elétrico em plena rua por postes que vazam corrente elétrica e fios energizados soltos em calçadas disformes ou esburacadas; e, em qualquer cidade do Brasil, pode-se sumir em um buraco (a pé ou dirigindo um amado objeto de desejo). Expressivo volume de investimentos em transporte de massa, criação de um “cordão sanitário” em torno da capital, definindo-se área com regras para circulação de automóveis, priorizando-se ônibus, táxis e bicicletas, e provendo-se oferta de estacionamentos fora da área de restrição; pacto com o setor de construção civil para ordenamento da expansão habitacional e de edificações comerciais. Investimento e política. Educação de motoristas e pedestres. Seria viável tal projeto? A prefeitura municipal busca utilizar o Rio Capibaribe como meio de transporte público. É tentativa que deve ser apoiada, devendo-se mensurar e minimizar perdas de vegetação do mangue. Mas o que falta ser feito é quase incomensurável.
*Professor do Departamento de Economia da
Universidade Federal de Pernambuco. Sócio cotista da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan) e filiado ao Centro Vivo Recife.
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construir ECONOMIA
PLANEJAR É CRUCIAL Mônica Mercês*
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Acredito que o mercado imobiliário está vivo e repleto de oportunidades que serão bem aproveitadas pelas empresas que adotam os princípios de gestão corretos.
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austríaco Peter Drucker, considerado o pai da moderna gestão empresarial, nos deixou legados riquíssimos. Afirmou, por exemplo, que “o planejamento estratégico não diz respeito a decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes”. Também nos disse que “os resultados provêm do aproveitamento das oportunidades, não da solução dos problemas. A solução de problemas só restaura a normalidade. As oportunidades significam explorar novos caminhos”. Observando a movimentação recente do mercado imobiliário brasileiro, senti a necessidade de revisitar esses ensinamentos de Drucker. Sempre acreditei que o planejamento é o caminho para o alcance de objetivos. Mas o Brasil, tão sofrido por problemas de curto prazo no passado, declarava sua fragilidade ao tema. Só que a realidade brasileira foi mudando. Completaremos, em 2014, 20 anos de Plano Real, e a estabilidade monetária se faz presente, mudando a forma de se planejar e tornando possível desenhar cenários não só de curto prazo. Planejar sempre foi preciso. Planejar sempre será preciso. E, para a atividade do setor imobiliário, caracterizada por um ciclo longo para obtenção do resultado do negócio, diria que planejar é, além de preciso, crucial. Quando as empresas do setor abriram seu capital, a sensação que se tinha é que planejar era perder tempo. A ordem era fazer e isso se traduzia em avançar fronteiras e comprar terrenos — em locais até duvidosos. Quanto mais terrenos, em mais cidades, mais potencial de resultados se anunciavam para o futuro. Só que o que é potencial precisa se tornar real. O que é projetado um dia se torna realizado em outro. Comparações são feitas e percentuais positivos ou negativos, obtidos. A estratégia de se atuar em outros mercados exige mais que decisão, exige planejamento. Diria, figurativamente, que exige muito mais que um bom paraquedas. Um trabalho em conjunto, com estudos prévios, alvo calculado, equipamentos seguros, tempo para salto
e pouso, tudo isso faz parte da ação para a obtenção do resultado almejado. Traço esse paralelo para refletir sobre a decisão de várias empresas do mercado imobiliário de avançar fronteiras a partir dos anos de 2008/2009. E, muito antes de se completar o ciclo de vários de seus empreendimentos, resolveram recuar e voltar às suas bases de origem. Não que recuar seja uma decisão equivocada. É, no mínimo, inteligente, em muitos casos. Mas não posso deixar de perceber que determinados recuos refletem avanços não planejados. Igualmente importante é observar que outros avanços de fronteiras foram vitoriosos, e não me restam dúvidas de que algo fortemente ligado à gestão, ao planejamento, responde pela diferena entre as situações. Como disse Druker, as oportunidades significam explorar novos caminhos. Mas não de qualquer forma. Acredito que o mercado imobiliário está vivo e repleto de oportunidades que serão bem aproveitadas pelas empresas que adotam os princípios de gestão corretos. Dizia ele que “o planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro”. Finalizo afirmando que a abordagem acima se restringiu apenas a refletir sobre a decisão e forma de ampliação de mercados no setor, mas certamente o aprofundamento de outras questões correlatas à atividade revelarão outras facetas de gestões que ainda ignoram e/ou não atribuem a atenção necessária à arte de planejar. Vida às que planejam e replanejam; pois, numa situação ou na outra, há pensamentos e discussões guiando o fazer.
* Mônica Mercês é economista, assessora de Planejamento e Inteligência de Mercado da Diretoria da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário – QGDI.
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cub - custo unitário básico
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s valores abaixo referem-se aos Custos Unitários Básicos de Construção (CUB/m²), calculados de acordo com a Lei Fed. nº. 4.591, de 16/12/64 e com a Norma Técnica NBR 12.721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Estes custos unitários foram calculados conforme disposto na ABNT NBR 12.721:2006, com base em novos projetos, novos memoriais descritivos e novos critérios de orçamentação e, portanto, constituem nova série histórica de custos unitários, não comparáveis com a anterior, com a designação de CUB/2006”. “Na formação destes custos unitários básicos não foram considerados os seguintes itens, que devem ser levados em conta na determinação dos preços por metro quadrado de construção, de acordo com o estabelecido no projeto e especificações correspondentes a cada caso particular: fundações, submuramentos, paredes-diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático; elevador(es); equipamentos e instalações, tais como: fogões, aquecedores, bombas de recalque, incineração, ar-condicionado, calefação, ventilação e exaustão, outros; playground (quando não classificado como área construída); obras e serviços complementares; urbanização, recreação (piscinas, campos de esporte), ajardinamento, instalação e regulamentação do condomínio; e outros serviços (que devem ser discriminados no Anexo A - quadro III); impostos, taxas e emolumentos cartoriais, projetos: projetos arquitetônicos, projeto estrutural, projeto de instalação, projetos especiais; remuneração do construtor; remuneração do incorporador.” Os preços unitários dos insumos constantes do lote básico foram cotados no período de: 1 à 24 de dezembro de 2013. A partir de fevereiro/2007, com a entrada em vigor da NBR 12.721/2006, adotamos o projeto-padrão R-16-N como o novo CUB PADRÃO do SINDUSCON/PE, e passamos a divulgar os valores referentes a materiais, mão de obra, despesas administrativas e equipamentos, que formam este CUB Padrão, bem como suas variações percentuais no mês, no ano e em 12 meses.
Projetos
Padrão De Acabamento
Variação Percentual
Projetos-Padrões
R$/ m² Mensal
Acumulado No Ano
Acum. Em 12 Meses
RESIDENCIAIS
R-1 (Residência Unifamiliar)
PP-4 (Prédio Popular)
R-8 (Residência Multifamiliar)
R-16 (Residência Multifamiliar)
Baixo
R-1-B
1.185,79
4,07%
8,32%
9,11%
Normal
R-1-N
1.446,17
4,45%
8,58%
9,56%
Alto
R-1-A
1.838,70
3,85%
8,47%
9,61%
Baixo
PP-4-B
1.088,07
3,98%
8,32%
9,49%
Normal
PP-4-N
1.361,92
4,31%
8,61%
9,57%
Baixo
R-8-B
1.027,67
4,00%
8,30%
9,40%
Normal
R-8-N
1.162,50
4,63%
8,52%
9,51%
Alto
R-8-A
1.479,39
3,75%
8,54%
9,81%
Normal
R-16-N
1.134,26
4,54%
8,54%
9,58%
Alto
R-16-A
1.459,61
4,61%
8,44%
9,46%
PIS
771,42
4,23%
6,93%
8,12%
RP1Q
1.115,44
5,52%
7,95%
8,63%
Normal
CAL-8-N
1.309,59
4,77%
8,39%
9,08%
Alto
CAL-8-A
1.441,39
4,32%
8,46%
9,35%
Normal
CSL-8-N
1.112,89
5,08%
8,50%
9,09%
Alto
CSL-8-A
1.262,44
4,54%
8,87%
9,78%
Normal
CSL-16-N
1.483,27
5,07%
8,44%
9,19%
Alto
CSL-16-A
1.681,32
4,54%
8,78%
9,82%
GI
623,06
4,82%
7,82%
8,56%
PIS (Projeto de Interesse Social) RP1Q (Residência Popular) COMERCIAIS CAL-8 (Comercial Andares Livres)
CSL-8 (Comercial Salas e Lojas)
CSL-16 (Comercial Salas e Lojas)
GI (Galpão Industrial)
VARIAÇÃO DO CUB-PADRÃO: R-16-N 6,21%
Variação Percentual Mensal
No Ano
Em 12 Meses
CUB DE MATERIAIS
590,54
0,94%
7,64%
CUB DE MÃO DE OBRA
491,51
9,76%
9,76%
9,86%
CUB DE DESPESAS ADMINISTRATIVAS
46,05
0,00%
8,99%
8,99%
6,16
0,00%
-1,91%
-0,16%
1.134,26
4,54%
8,54%
9,58%
CUB DE EQUIPAMENTOS DE OBRA CUB TOTAL
90
VALOR(R$/m2)
JANEIRO 2014
9,50%
JANEIRO 2014
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NEGÓCIOS | insumos DEZEMBRO-2013 - Cotação no período de 05 a 26-12-2013. Esta seção contém a listagem de preços unitários de insumos para construção civil. Responsabilidade técnica do engenheiro Clelio Fonseca de Morais (CREA nº 041752. Titular da CM-Assessoria de Obras Ltda.) Fone: (81) 3236.2354 - 9108.1206 | cleliomorais.custodeobras@gmail.com | www.cleliomorais.com.br | Assinantes da Revista Construir Nordeste têm desconto de 50% sobre o preço da assinatura anual da lista de preços de serviços, contendo a listagem resumida de preços unitários (com preços unitários de materiais e mão de obra separados); um quadro com diversos indicadores econômicos e setoriais dos últimos 13 meses, e mais outras informações interessantes para o setor. AGLOMERANTES Cal hidratado Calforte Narduk
kg
0,58
Cal hidratado Calforte Narduk (saco com 10 kg)
sc
5,78
Cimento Portland
kg
0,440
Cimento Portland (saco c/ 50 kg)
sc
21,87
Cimento branco específico Narduk
kg
1,02
Cimento branco específico Narduk (saco com 40 kg)
sc
40,99
Gesso em pó de fundição (rápido)
kg
0,43
Gesso em pó de fundição (rápido) (saco com 40kg)
sc
17,31
Gesso em pó para revestimento (lento)
kg
0,35
Gesso em pó para revestimento (lento) (saco com 40kg)
sc
Gesso Cola Gesso Cola (saco com 5kg)
Lajota de concreto natural lisa para piso de 50x50x3cm
m2
15,13
Lajota de concreto natural antiderrapante para piso de 50x50x3cm
m2
16,10
Meio fio de concreto pré-moldado de 100x30x12cm
un
15,50
Nervura de 3,00m para laje pré-moldada com SC=200kg/m2
m
8,06
Piso em bloco de concreto natural "Paver" de 6cm c/25MPa (48pç/m2)
m2
28,17
Piso em bloco de concreto natural "Paver" de 6cm c/35MPa (48pç/m2)
m2
30,83
Piso em bloco de concreto pigmentado "Paver" de 6cm c/25MPa (48pç/m2)
m2
14,00
Piso em bloco de concreto pigmentado "Paver" de 6cm c/35MPa (48pç/m2)
m2
35,50
kg
1,53
sc
7,67
Piso em bloco de concreto natural Unistein de 8cm c/25 Mpa (34pç/m2)
m2
33,67
Piso em bloco de concreto natural Unistein de 8cm c/35 Mpa (34pç/m2)
m2
37,33
ARTEFATOS DE CIMENTO
32,67
Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/9x19x39cm(2,5MPa)
un
1,55
Piso de concreto vazado ecológico (tipo cobograma)
m2
32,00
Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/12x19x39cm(2,5MPa)
un
1,75
Tubo de concreto simples de 200mm classe PS1
m
12,60
Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/14x19x39cm(2,5MPa)
Tubo de concreto simples de 300mm classe PS1
m
19,12
un
2,07
Tubo de concreto simples de 400mm classe PS1
m
27,92
Bloco de concreto p/alvenaria estrutural c/14x19x39cm(4,5MPa)
Tubo de concreto simples de 500mm classe PS1
m
35,68
un
2,40
Tubo de concreto simples de 600mm classe PS1
m
55,25
Bloco de concreto p/alvenaria estrutural c/19x19x39cm(4,5MPa)
un
3,06
Caixa de concreto p/ar condicionado 7.000 BTU's aberta 60x40x40cm
un
56,33
Tubo de concreto simples de 800mm classe PS1 Tubo de concreto simples de 1000mm classe PS1 Tubo de concreto simples de 1200mm classe PS1 Tubo de concreto armado de 300mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 400mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 500mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 600mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 800mm classe PA2
m m m m m m m m
105,30 154,60 230,00 45,00 56,15 73,00 106,00 187,25
Tubo de concreto armado de 1000mm classe PA2
m
249,50
Tubo de concreto armado de 1200mm classe PA2 Verga de concreto armado de 10x10cm Vigota treliçada para laje B12 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 4,00m Vigota treliçada para laje B12 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 4,00m Vigota treliçada para laje B16 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 6,00m Vigota treliçada para laje B16 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 6,00m Vigota treliçada para laje B20 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 7,00m Vigota treliçada para laje B20 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 7,00m Vigota treliçada para laje B25 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 8,00m Vigota treliçada para laje B25 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 8,00m Vigota treliçada para laje B30 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 9,00m Vigota treliçada para laje B30 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 9,00m
m m
469,00 12,95
m
8,46
m
9,05
m
7,66
m
8,24
Caixa de concreto p/ar condicionado 7.000 BTU's fechada 60x40x50cm
un
71,97
Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's aberta 70x50x40cm
un
74,83
Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's aberta 70x45x60cm
un
86,33
Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's fechada 70x45x60cm
un
73,00
Elemento vazado de cimento Acinol-CB2/L com 19x19x15cm
un
2,80
Elemento vazado de cimento Acinol-CB6/L/Veneziano 25x25x8cm
un
4,20
Elemento vazado de cimento Acinol-CB7/L/Colmeia com 25x25x10cm
un
4,90
Elemento vazado de cimento Acinol-CB/9/Boca de Lobo 39x18x9cm
un
4,20
Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 2,44x0,50m Brasilit
un
12,07
Telha Maxiplac de 6mm com 3,00x1,06m Brasilit
un
115,55
Telha Maxiplac de 6mm com 4,10x1,06m Brasilit
un
180,08
Telha Maxiplac de 6mm com 4,60x1,06m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 2,44x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 2,44x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 2,44x1,10m Brasilit
un
186,39
un
25,80
un
31,67
un
37,17
un
43,55
un
49,93
un
31,20
un
37,83
un
44,63
un
52,27
un
62,87
un
39,50
un
49,70
un
59,50
un
69,70
un
79,90
m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 un m
44,00 45,00 37,67 23,33 35,00 43,33 73,00 73,00 73,33 68,33 65,00 64,00 52,00 0,40 10,00
sc
6,51
AGREGADOS Areia fina Areia grossa Saibro Barro para aterro Barro para jardim Pó de pedra Brita 12 Brita 19 Brita 25 Brita 38 Brita 50 Brita 75 Pedra rachão Paralelepípedo Meio fio de pedra granítica
m
7,71
m
13,30
m
7,95
m
14,86
m
8,45
m
9,24
Caixa d'água cônica CRFS de 250 litros c/tampa Brasilit
un
79,02
Argamassa Megakol AC-I Narduk uso interno (saco 20kg) Argamassa Megakol AC-I Narduk uso interno Argamassa Megaflex AC-II Narduk uso externo (saco 20kg) Argamassa Megaflex AC-II Narduk uso externo Argamassa Megaflex AC-III Narduk alta resistência (saco 20kg) Argamassa Megaflex AC-III-E Cinza Narduk alta resist. (saco 20kg) Massa para alvenaria (saco 40kg)
Caixa d'água cônica CRFS de 500 litros c/tampa Brasilit
un
150,16
Caixa d'água cônica CRFS de 1000 litros c/tampa Brasilit
un
252,86
Cumeeira articulada Fibrotex CRFS TTX superior Brasilit
un
4,10
Cumeeira articulada Fibrotex CRFS TTX inferior Brasilit
un
4,10
un
49,90
ARGAMASSA PRONTA
ARTEFATOS DE FIBROCIMENTO
Cumeeira articulada TKO superior para Kalhetão CRFS Brasilit Cumeeira articulada TKO inferior para Kalhetão CRFS Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 5G 1,10m Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 10G 1,10m Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 15G 1,10m Brasilit
kg
0,33
sc
11,95
kg
0,60
sc
21,59
sc
23,21
sc
11,22
Reboco pronto Reboduk Narduk interno (saco 20kg)
sc
5,05
Reboco externo pronto (saco 20kg)
sc
5,25
Rejunte aditivado interno (saco 40kg) Rejunte aditivado interno Narduk Rejunte aditivado flexível externo (saco 40kg) Rejunte aditivado flexível externo Narduk
sc kg
42,86 1,07
sc
56,39
kg
1,41
kg kg kg kg kg kg
5,71 5,79 6,47 6,85 8,09 6,68
ARAMES
un
49,90
un un un
34,37 34,33 34,33
Telha Kalheta 8mm de 3,00m Brasilit
un
147,67
Telha Kalheta 8mm de 4,00m Brasilit
un
181,95
Arame farpado "Elefante" - fio 2,2mm - rolo com 250m
un
117,42
Telha Kalheta 8mm de 5,50m Brasilit
un
215,30
Arame farpado "Elefante" - fio 2,2mm - rolo com 400m
un
187,78
Telha Kalheta 8mm de 6,00m Brasilit
un
239,94
Telha Kalheta 8mm de 6,50m Brasilit
un
254,74
un
99,75
Telha Kalhetão 8mm de 3,00m CRFS Brasilit
un
221,43
Arame farpado "Touro" - fio 1,6mm rolo com 250m Arame farpado "Touro" - fio 1,6mm rolo com 500m
un
185,34
Telha Kalhetão 8mm de 6,70m CRFS Brasilit
un
451,29
Telha Kalhetão 8mm de 7,40m CRFS Brasilit
un
513,73
Telha Kalhetão 8mm de 8,20m CRFS Brasilit
un
612,43
Bomba centrífuga trifásica de 1/2 CV Schneider
un
540,46
Telha Kalhetão 8mm de 9,20m CRFS Brasilit
un
618,47
Bomba centrífuga trifásica de 3/4 CV Schneider
un
577,32
Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 1,22x0,50m Brasilit
un
7,01
Bomba centrífuga trifásica de 1 CV Schneider
un
611,00
Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 2,13x0,50m Brasilit
un
12,48
Bomba centrífuga trifásica de 1 1/2 CV Schneider
un
790,43
Bomba centrífuga trifásica de 2 CV Schneider
un
847,25
Arame galvanizado nº 10 BWG liso 3.40mm Arame galvanizado nº 12 BWG liso 2.76mm Arame galvanizado nº 14 BWG liso 2.10mm Arame galvanizado nº 16 BWG liso 1.65mm Arame galvanizado nº 18 BWG liso 1.24mm Arame recozido 18 BWG preto
BOMBAS CENTRÍFUGAS
Bomba centrífuga trifásica de 3 CV Schneider
un
690,30
Bomba centrífuga trifásica de 5 CV Schneider
un
1.430,92
Bomba centrífuga trifásica de 7,5 CV Schneider
un
1.760,67
Bomba centrífuga monofásica de 1/4 CV Schneider
un
461,49
Bomba centrífuga monofásica de 1/2 CV Schneider
un
539,79
Bomba centrífuga monofásica de 3/4 CV Schneider
un
585,38
Chave de proteção magnética trifásica até 5CV WEG
un
160,71
Chave de proteção magnética trifásica até 7,5CV WEG
un
173,08
Chave de proteção magnética trifásica até 10CV WEG
un
207,79
Bóia para bomba com 10 amperes
un
47,59
Bóia para bomba com 20 amperes
un
47,65
CARPETES Carpete Flortex Tradition Grafite da Fademac com 3mm
m2
Carpete Reviflex Diloop Grafite da Fademac com 4mm
m2
11,23 12,15
CONCRETO USINADO Concreto usinado FCK=10MPa Concreto usinado FCK=15MPa
m3 m3
239,00 245,00
Concreto usinado FCK=15MPa bombeável
m3
253,00
Concreto usinado FCK=20 MPa Concreto usinado FCK=20 MPa bombeável Concreto usinado FCK=25 MPa Concreto usinado FCK=25 MPa bombeável
m3 m3 m3 m3
255,50 265,00 278,67 290,00
Concreto usinado FCK=30 MPa
m3
289,00
Concreto usinado FCK=30 MPa bombeável
m3
300,00
Concreto usinado FCK=35 MPa
m3
310,00
Concreto usinado FCK=35 MPa bombeável Taxa de bombeamento
m3 m3
320,00 32,50
ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO Janela de alumínio com bandeira Janela de alumínio sem bandeira Janela de alumínio tipo basculante 0,60x1,00m Porta de alumínio com saia e bandeira
m2 m2 m2 m2
336,67 303,33 336,67 450,00
ESQUADRIAS DE FERRO Gradil de ferro c/cantoneira L de 1.1/4" e barras de 1"x1/4" Portão de ferro em chapa preta nº 18 (cant.)
Porta em fichas de madeira maciça de 0,90x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em amolfadas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,90x2,10x0,03m Grade de canto em massaranduba até 1,00x2,10m para pintura esmalte Grade de caixa em massaranduba até 1,00x2,10m para pintura esmalte Grade de caixa em Jatobá até 1,00x2,10m para verniz ou cera
241,77
un
182,00
un
203,00
un
219,25
un
154,26
un
160,26
Conjunto de fechadura de cilindro ref. 2078 E-CR LaFonte
un
185,67
un
216,00
un
45,33
un
106,33
un
55,00
Conjunto de fechadura interna ref. 2078 I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 2078 B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 608E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 608I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 608B-CR LaFonte
Retroescavadeira 580H, 4x4 (com operador)
h
75,83
Andaime tubular de 1,5x1,0m (2peças=1,00m)
mês
12,00
Betoneira elétrica de 400L sem carregador
mês
337,88
Compactador CM/13 elétrico Compactador CM/20 elétrico Cortadora de piso elétrica Furadeira industrial Bosch ref. 1174 Guincho de coluna (foguete) Mangote vibratório de 35mm Mangote vibratório de 45mm Motor elétrico para vibrador Pistola finca pinos Pontalete metálico regulável (1 peça) Serra elétrica circular de bancada
mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês
363,33 575,33 597,67 163,33 302,33 81,67 81,67 90,67 177,50 6,00 121,33
EQUIPAMENTOS
283,33
Granilha nº 02 (saco com 40kg) Granilha nº 02 Bancada em granito cinza andorinha de 60x2cm c/1 cuba,test.e esp. Divisória de box em granito cinza andorinha de 7x2 cm Soleira de granito cinza andorinha de 15x2 cm Rodapé de granito cinza andorinha com 7x2cm Lajota de granito cinza andorinha de 50x50x2cm Lajota de granito preto tijuca de 50x50x2cm Lajota de granito preto tijuca de 15x30x2cm
150,00
ml
182,00
ml
39,00
ml
30,00
ml
19,33
gl lata gl bd kg
68,25 305,31 33,50 146,83 40,40
Ferro CA-50 de 16mm
kg
3,28
Ferro CA-50 de 20mm
kg
3,44
Ferro CA-50 de 25mm
kg
3,16
Lajota de granito verde ubatuba de 50x50x2cm Lajota de granito verde ubatuba de 15x30x2cm Bancada de granito verde ubatuba de 60x2cm
Ferro CA-50 de 32mm
kg
3,05
Divisória de box em granito verde ubatuba 7x2cm
Ferro CA-60 de 4,2mm
kg
3,44
Ferro CA-60 de 5mm
kg
3,47 3,33
kg
3,30
IMPERMEABILIZANTES
Ferro CA-60 de 8mm
kg
2,61
kg
5,74
m2
5,57
181,67
un
219,33
un
466,67
Mangueira predial de 1.1/2" x 15m com união Mangueira predial de 1.1/2" x 30m com união Porta corta fogo P90 de 0,80x2,10m
un
917,50
Porta corta fogo P90 de 0,90x2,10m
un
972,50
Registro Globo 45° de 2.1/2"
un
139,33
Tampa de ferro fundido de 60x40cm "incêndio"
un
234,00
Tampão cego de 1.1/2" T.70 articulado
un
60,12
un
63,68
un
54,93
un
55,26
un
65,00
un
68,30
un
66,55
ESQUADRIAS DE MADEIRA Porta em compensado liso semi-oca de 0,60x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,70x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,80x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,90x2,10x0,03m Porta em compensado liso de 0,60x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,70x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,80x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,90x2,10x0,03m EIDAI Porta em fichas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m
un
74,02
un
84,44
un
167,30
un
198,07
un
242,67
kg
5,74
m2
8,49
kg
5,50
m2
9,89
kg
5,64
m2
12,41
Bloco de gesso com 50x65x7,5cm para parede divisória
un
7,17
Placa de gesso lisa para forro com 65x65cm
un
3,18
m
15,00
m
18,00
m
20,00
m
13,33
m
18,00
FORROS, DIVISÓRIAS E SERVIÇOS DE GESSO
Rodateto de gesso - friso com largura de até 6cm aplicado Rodateto de gesso - friso com largura de até 15cm aplicado Rodateto de gesso - friso com largura de até 20cm aplicado Junta de dilatação de gesso em "L" de 2x2cm aplicada Junta de dilatação de gesso em "L" de 3x3cm aplicada FERRAGENS DE PORTA Dobradiça em aço cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 1500 LaFonte Dobradiça em aço cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 1410 LaFonte Dobradiça em latão cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 90 LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 521 E-CR LaFonte
26,78
m2
3,26
kg
143,00
19,93
m
24,67
3,50
kg
Ferro CA-60 de 7mm
un
m
190,00
kg
Ferro CA-50 de 12,5mm
Ferro CA-60 de 6mm
un
165,80
m2
Ferro CA-50 de 10mm
17,67
Extintor de pó quimico 12kg
m
38,50
3,78
un
Extintor de pó quimico 8kg
10,40 0,17
m
kg
236,00
98,27
sc kg
Rodapé de granito preto tijuca de 7x2cm
Ferro CA-50 de 8mm
un
110,60
107,28
50,50
Soleira de granito verde ubatuba de 15x2cm Rodapé de granito verde ubatuba de 7x2cm
un
107,28
un
m
68,37
un
134,96
un
m
un
Extintor de pó quimico 6kg
un
Soleira de granito preto tijuca de 15x2 cm
Adaptador de 2.1/2"x2.1/2"
Extintor de pó quimico 4kg
63,87
227,00
54,33
461,67
54,31
un
m
3,02 3,26 3,21 3,75
un
un
un
Divisória de box em granito preto tijuca 7x2 cm
kg kg kg kg
Adaptador de 2.1/2"x1.1/2"
Extintor de CO2 de 6kg
86,43
Bancada de granito preto tijuca de 60x2cm
Ferro CA-25 de 12,5mm Ferro CA-25 de 20mm Ferro CA-25 de 25mm Ferro CA-50 de 6,3mm
Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 3,4mm tipo Q61 (0,972kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 3,4mm tipo Q61 (0,972kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 4,2mm tipo Q92 (1,480kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 4,2mm tipo Q92 (1,480kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 3,8mm tipo Q113 (1,803kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 3,8mm tipo Q113 (1,803kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 4,2mm tipo Q138 (2,198kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 4,2mm tipo Q138 (2,198kg/m2)
un
235,00
18,37 38,76 90,87 31,12 38,98 86,13
53,67
49,80
250,00
m m m m m m
113,33
un
m2
Tubo de ferro preto de 2" Tubo de ferro preto de 4" Tubo de ferro preto de 6" Tubo de ferro galvanizado de 2" Tubo de ferro galvanizado de 2.1/2" Tubo de ferro galvanizado de 4"
un
49,80
m2
510,00
un
61,08
un
16,70
326,67
Extintor de água pressurizada 10 litros
un
111,25
m2
Esguicho Jato sólido de 1.1/2"
63,90
m
m2
Caixa de incêndio com 75x45x17cm para mangueira predial Chave Storz
63,54
un
m2
Portão em tela de ferro quadrada 13mm e fio 12
EQUIPAMENTOS CONTRA-INCÊNDIO
un
GRANITOS
FERROS m2
Conjunto de fechadura interna ref. 521 I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 521 B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 436E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 436I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 436B-CR LaFonte
un
un
4,59
un
5,82
un
10,23
un
86,15
Acquella (galão de 3,6 litros) Acquella (lata de 18 litros) Bianco (galão de 3,6 litros) Bianco (balde de 18 litros) Compound adesivo (A+B) (2 latas=1kg) Desmol CD - líquido desmoldante p/concreto (galão de 3,6 litros) Desmol CD - líquido desmoldante p/concreto (balde de 18 litros) Frioasfalto (galão de 3,9 kg) Frioasfalto (balde de 20kg) Neutrol (galão de 3,6 litros) Neutrol (lata de 18 litros) Vedacit (galão de 3,6 litros) Vedacit (balde de 18 litros) Vedacit rapidíssimo (galão de 4 kg) Vedacit rapidíssimo (balde de 20kg) Vedaflex (cartucho com 310ml) Vedapren preto (galão de 3,6 litros) Vedapren preto (balde de 18kg) Vedapren branco (galão de 4,5 kg) Vedapren branco (balde de 18kg) Sika nº 1 (balde de 18 litros) Igol 2 (balde de 18kg) Igol A (balde de 18kg) Silicone (balde de 18 litros)
gl
33,95
bd
136,79
gl bd gl lata bd bd gl bd cart gl bd gl bd bd bd bd bd
25,90 125,45 59,42 237,36 17,30 67,45 45,88 154,80 26,47 40,05 148,52 74,88 225,46 59,88 136,43 201,48 170,01
Assoalho de madeira em Ipê de 15x2cm Assoalho de madeira em Jatobá de 15x2cm Rodapé de madeira em Jatobá de 5x1,5cm
m2 m2 m
71,74 78,05 8,93
Lambri de madeira em Angelim Pedra de 10x1cm
m2
29,50
un
47,97
un
43,47
m m m
1,80 5,82 2,87
Tábua de madeira mista de 15cm (1"x6")
m
4,25
Tábua de madeira mista de 22,5cm (1"x9")
m
5,61
MADEIRAS
Folha de "fórmica" texturizada branca de 3,08x1,25m Folha de "fórmica" brilhante branca de 3,08x1,25m Estronca roliça tipo litro Barrote de madeira mista de 6x6cm Sarrafo de madeira mista de 10cm (1"x4")
Tábua de madeira mista de 30cm (1"x12")
m
8,09
Madeira serrada para coberta (Massaranduba) Peça de massaranduba para coberta de 7,5x15cm Peça de massaranduba para coberta de 6x10cm
m3
2.379,00
m
26,93
m
18,39
Barrote de massaranduba para coberta de 5x7,5cm
m
9,53
m
4,74
m
14,88
m
28,53
un
41,18
un
46,61
Ripa de massaranduba para coberta de 4x1cm Prancha de massaranduba para escoramento de 3x15cm Prancha de massaranduba para escoramento de 5x15cm Chapa de madeira plastificada de 10mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 12mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 15mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 17mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 20mm c/1,10x2,20m
Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 3"
un
3,12
42,00
un
71,13
Disjuntor tripolar de 90A GE
un
60,00
5,13
un
12,37
Disjuntor tripolar de 100A GE
un
60,00
14,42
Quadro de distribuição de energia em PVC para 3 disjuntores
un
11,92
un
39,22
un
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2"
un
0,43
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4"
un
0,68
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1"
un
0,89
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4"
un
1,43
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2"
un
1,82
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 2"
un
2,83
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2"
un
7,96
Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 3"
un
9,75
55,93
Bucha de alumínio de 1/2"
un
0,37
un
73,59
Bucha de alumínio de 3/4"
un
0,50
Bucha de alumínio de 1"
un
0,69
Bucha de alumínio de 1.1/4"
un
0,94
81,79
un
Disjuntor tripolar de 70A GE
un
un
un
Disjuntor tripolar de 50A GE
Quadro de distribuição de energia em PVC para 6 disjuntores Quadro de distribuição de energia em PVC para 12 disjuntores Quadro metálico de distribuição de energia para 12 disjuntores Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 12 disjuntores Quadro metálico de distribuição de energia para 20 disjuntores Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 20 disjuntores
un
70,85
un
119,99
un
37,73
un
123,50
un
46,33
Quadro metálico de distribuição de energia para 32 disjuntores
un
181,95
Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 32 disjuntores
un
66,10
Conjunto Arstop completo (tomada + disjuntor) de embutir
un
29,93
Conjunto Arstop completo (tomada + disjuntor) de sobrepor
un
30,23
Chapa de madeira resinada de 6mm c/1,10x2,20m
un
17,72
Bucha de alumínio de 1.1/2"
un
1,14
Chapa de madeira resinada de 10mm c/1,10x2,20m
un
25,98
Bucha de alumínio de 2"
un
2,31
Chapa de madeira resinada de 12mm c/1,10x2,20m
un
30,12
Bucha de alumínio de 2.1/2"
un
2,00
Bucha de alumínio de 3"
un
3,26
Arruela de alumínio de 1/2"
un
0,24
Arruela de alumínio de 3/4"
un
0,28
Arruela de alumínio de 1"
un
0,53
Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples Pial Pratis
cj
5,78
Arruela de alumínio de 1.1/4"
un
0,76
Conjunto 4"x2" com 2 interruptores simples Pial Pratis
cj
10,25
Arruela de alumínio de 1.1/2"
un
0,90
Conjunto 4"x2" com 3 interruptores simples Pial Pratis
cj
14,56
Arruela de alumínio de 2"
un
1,14
Conjunto 4"x2" com 1 interruptor paralelo Pial Pratis
cj
7,73
Arruela de alumínio de 2.1/2"
un
1,98
Arruela de alumínio de 3"
un
2,36
cj
13,70
Caixa de passagem em PVC de 4"x4"
un
3,17
cj
12,38
Caixa de passagem em PVC de 4"x2"
un
1,82
Conjunto 4"x2" com 2 interruptores paralelos Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples + 1 paralelo Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 interruptor simples + 1 tomada univ. 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/2 interruptores simples+1 tomada univ. 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente universal 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 2 tomadas de corrente universal 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 2P+T Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 3P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente p/chuveiro elétrico 3P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para campainha Pial Pratis
cj
12,00
cj
15,23
cj
6,58
cj
14,40
cj
7,71
cj
8,90
cj
17,80
cj
6,28
Chapa de madeira resinada de 15mm c/ 1,10x2,20m
un
36,26
Chapa de madeira resinada de 17mm c/1,10x2,20m
un
41,99
MATERIAIS ELÉTRICOS E TELEFÔNICOS Eletroduto em PVC flexível corrugado de 1/2"
m
1,13
Eletroduto em PVC flexível corrugado de 3/4"
m
1,50
Eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2" (vara com 3m)
vara
3,92
vara
5,53
vara
8,47
vara
10,72
Caixa de passagem sextavada em PVC de 3"X3"
un
2,95
Caixa de passagem octogonal em PVC de 4"X4"
un
3,20
vara
13,75
Soquete para lâmpada (bocal) com rabicho
un
1,73
Eletroduto em PVC rígido roscável de 2" (vara com 3m)
vara
17,70
Soquete para lâmpada (bocal) sem rabicho
un
1,86
Eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2" (vara com 3m)
vara
37,18
Cabo de cobre nú de 10mm2
m
4,59
Eletroduto em PVC rígido roscável de 3" (vara com 3m)
vara
45,05
Cabo de cobre nú de 16mm2
m
6,26
Cabo de cobre nú de 25mm2
m
9,65
Cabo de cobre nú de 35mm2
m
13,53
m
0,57
m
1,03
m
1,84
Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4"
un
1,12
un
1,20
un
1,82
un
2,68
Cabo flexível de 1,5mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 2,5mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 4mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 6mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 10mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 16mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 25mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 35mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 1,5mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 2,5mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 4mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 6mm2 com isolamento plástico
Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para minuteria Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 saída para antena de TV/FM Pial Pratis Suporte padrão 4"x2" Pial Pratis Suporte padrão 4"x4" Pial Placa cega 4"x2" Pial Pratis Placa cega 4"x4" Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples Pial Plus
cj
8,68
cj cj cj
15,90 22,62 11,18
cj
21,90
cj
18,90
cj
16,26
cj
18,83
m
2,51
m
4,23
m
6,70
m
12,28
m
14,75
m
0,60
Conjunto 4"x2" com 2 interruptores simples Pial Plus Conjunto 4"x2" com 3 interruptores simples Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 interruptor paralelo Pial Plus
m
0,94
Conjunto 4"x2" com 2 interruptores paralelos Pial Plus
m
1,56
m
2,17
Fita isolante de 19mm (rolo com 20m)
un
10,27
Disjuntor monopolar de 10A Pial
un
7,95
Disjuntor monopolar de 15A Pial
un
6,99
Disjuntor monopolar de 20A Pial
un
6,99
Disjuntor monopolar de 25A Pial
un
6,99
Disjuntor monopolar de 30A Pial
un
6,99
Disjuntor tripolar de 10A Pial
un
42,73
Disjuntor tripolar de 25A Pial
un
43,37
Disjuntor tripolar de 50A Pial
un
45,19
Disjuntor tripolar de 70A Pial
un
71,90
Disjuntor tripolar de 90A Pial
un
68,53
Disjuntor tripolar de 100A Pial
un
68,26
Disjuntor monopolar de 10A GE
un
5,38
Disjuntor monopolar de 15A GE
un
5,25
Disjuntor monopolar de 20A GE
un
5,50
Disjuntor monopolar de 25A GE
un
5,50
Disjuntor monopolar de 30A GE
un
5,50
Disjuntor tripolar de 10A GE
un
45,00
Disjuntor tripolar de 25A GE
un
41,25
cj
6,20
cj
13,26
un un un un
0,67 1,23 2,26 5,48
Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples + 1 paralelo Pial Plus Conjunto 4"x2" c/1 interruptor simples + 1 tomada univ. 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" c/2 interruptores simples+1 tomada univ. 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente universal 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 2 tomadas de corrente universal 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente c/ aterramento 2P+T Pial Plus Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 3P Pial Plus Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente p/chuveiro elétrico 3P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para campainha Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para minuteria Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 saída para antena de TV/FM Pial Plus Suporte padrão 4"x2" Pial Plus Placa cega 4"x2" Pial Plus Placa cega 4"x4" Pial Plus Haste de aterramento Copperweld de 5/8"X2,40m com conectores Conjunto 4"x2" com 1 tomada p/telefone 4P padrão Telebrás Pial Pratis
un
5,73
un
21,56
cj
10,70
cj
7,56
cj
15,20
cj
13,68
cj
11,03
cj
29,65
cj
9,90
cj
8,46
cj
15,03
un
1,03
un
2,40
Conjunto 4"x2" com 1 tomada para telefone RJ11 Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada p/telefone 4P padrão Telebrás Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada para telefone RJ11 Pial Plus Cabo telefônico CCI 50 - 1 par Cabo telefônico CCI 50 - 2 pares Cabo telefônico CCI 50 - 3 pares Cabo telefônico CCI 50 - 4 pares Cabo telefônico CCI 50 - 5 pares Cabo telefônico CCI 50 - 6 pares Quadro metálico de embutir para telefone de 20x20x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 30x30x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 40x40x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 50x50x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 60x60x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 80x80x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 120x120x13,5cm
16,60
cj
15,00
cj
21,52
m m m m m m
0,27 0,43 0,67 1,12 0,93 1,69
un
51,30
un
81,56
un
119,85
un
144,44
un
212,33
un
356,38
Tubo de PVC soldável de 60mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)
895,48
un
MATERIAIS HIDRÁULICOS Caixa sifonada de PVC de 100x100x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 100x125x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 150x150x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 150x185x75mm c/grelha branca redonda Ralo sifonado quadrado PVC 100x54x40mm c/grelha Adaptador de PVC para válvula de pia e lavatório Bucha de redução longa de PVC soldável para esgoto de 50x40mm Curva de PVC soldável para água de 20mm Curva de PVC soldável para água de 25mm Curva de PVC soldável para água de 32mm
Joelho 90° de PVC soldável para água de 20mm
un
0,34
Joelho 90° de PVC soldável para água de 25mm
un
0,46
Joelho 90° de PVC soldável para água de 32mm
un
1,20
Joelho 90° de PVC soldável para água de 40mm
un
2,90
Joelho 90° de PVC soldável para água de 50mm
un
3,33
Joelho 90° de PVC soldável para água de 65mm Joelho 90° de PVC soldável para água de 75mm Joelho 90° de PVC soldável para água de 85mm Joelho 90° c/visita de PVC soldável para esgoto de 100x50mm
un un un
13,34 47,38 53,53
un
10,43
Joelho 90° de PVC soldável para esgoto de 40mm
un
0,98
Joelho 90° de PVC soldável para esgoto de 50mm
un
1,50
Joelho 45° de PVC soldável para esgoto de 50mm Junção simples de PVC soldável para esgoto de 100x50mm Registro de gaveta Targa 1509 C40 de 3/4" CR/CR Deca Registro de gaveta Targa 1509 C40 de 1.1/2" CR/CR Deca Registro de gaveta Targa (base 4509+acab. C40 710 CR/CR) 1" Deca Registro de gaveta Bruto B1510 de 1.1/2" Fabrimar Registro de pressão Targa 1416 C40 de 3/4" CR/CR Deca
un
1,95
un
9,38
un
59,26
un
105,72
un
43,12
un
60,26
un
59,73
Tê de PVC roscável de 1/2" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre
un
1,37
Tê de PVC roscável de 3/4" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre
un
1,95
Tê de PVC roscável de 1" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre
un
4,51
un
9,48
un
11,63
un
18,80
un
0,72
un
17,55
un
32,25
un
50,23
un
4,52
Tê de PVC roscável de 1.1/4" Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC roscável de 1.1/2" Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC roscável de 2" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre Tê de PVC soldável de 25mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 60mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 75mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 85mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tubo de ligação para bacia de 20cm com anel branco Astra
158,56
vara
17,02
vara
30,88
1,27
7,56 15,00
11,73
vara
un
un un
8,10
vara
116,56
5,08 1,31
Joelho 90° de PVC roscável para água de 1.1/2" Joelho 90° de PVC roscável para água de 2"
vara
vara
un un
6,50
129,13
Tubo de PVC soldável de 85mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)
16,76
un
vara
79,73
un
Joelho 90° de PVC roscável para água de 1.1/4"
85,92
Tubo de PVC soldável de 75mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)
15,04
1,00 1,50 2,56
70,46
vara
49,18
un
un un un
vara
vara
Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 50mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 75mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)
1,80
54,26
vara
10,55
5,54
26,83
vara
24,46
un
un
vara
41,30
Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 40mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)
un
Joelho 90° de PVC L/R para água de 25mm x 3/4" Joelho 90° de PVC roscável para água de 1/2" Joelho 90° de PVC roscável para água de 3/4" Joelho 90° de PVC roscável para água de 1"
19,53
vara
6,50
1,13 1,53 3,17
vara
vara
un
un un un
Curva de PVC soldável para água de 40mm
Tubo de PVC roscável de 1/2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 3/4" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1.1/4" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1.1/2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC soldável de 20mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 25mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 32mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 40mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 50mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)
cj
vara
38,28
Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 100mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre(vara c/6m)
vara
44,72
Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 150mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)
vara
110,33
un
146,40
Válvula de retenção horizontal com portinhola de 2" Docol Vedação para saída de vaso sanitário Adesivo para tubos de PVC (tubo com 1 litro) Solução limpadora para tubos de PVC (tubo com 1 litro)
un
6,51
litro
26,64
litro
24,46
un
135,83
un
176,43
un
270,83
un
468,87
un
293,88
un
481,76
un
169,33
MATERIAIS DE INOX Pia aço inox lisa c/1,20m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/1,40m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/1,80m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/1,80m, 2 cubas, sem válvulas, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/2,00m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/2,00m, 2 cubas, sem válvulas, concretada, Franke Douat Cuba em aço inox retangular, de 55x33x14cm, sem válvula, Franke Douat Tanque em aço inox, de 50x40cm, com válvula, Franke Douat
un
374,93
Mictório em aço inox, de 1,50m, completo, Franke Douat
un
612,50
Válvula para pia de aço inox, de 3 1/2"x1 1/2", Franke Douat
un
16,42
m
131,20
MÁRMORES Bancada de mármore branco rajado de 60x2cm Bancada de mármore branco extra de 60x2cm Bancada de mármore travertino de 60x2cm Lajota de mármore branco extra de 30x30x2cm Lajota de mármore branco rajado de 15x30x2cm Lajota de mármore branco rajado de 30x30x2cm Lajota de mármore travertino de 30x30x2cm Lajota de mármore travertino de 15x30x2cm Rodapé em mármore branco rajado de 7x2cm Rodapé em mármore travertino de 7x2cm Soleira em mármore branco extra de 15x2cm Soleira em mármore branco rajado de 15x2cm Soleira em mármore travertino de 15x2cm
m
416,53
m
197,47
m2
157,50
m2
69,00
m2
58,33
m2
122,50
m2
115,00
m
14,00
m
21,33
m
48,33
m
21,33
m
31,00
MATERIAIS DE PINTURA Fundo sintético nivelador branco fosco para madeira (galão)
gl
73,20
Selador PVA(liqui-base) para parede interna (galão)
gl
23,77
lata gl lata gl lata gl lata gl gl gl lata gl lata gl lata gl lata gl lata gl gl gl gl gl gl gl gl lata gl l un un un un kg l kg sc lata
103,13 23,57 103,53 10,67 36,43 23,43 99,63 37,93 60,90 23,90 106,63 44,87 222,47 45,27 223,47 45,27 191,60 22,10 98,40 62,70 56,63 59,80 59,77 51,23 44,19 72,67 32,97 143,60 151,33 20,63 0,45 0,54 0,87 1,87 8,13 2,87 0,84 3,40 5,13
Selador PVA(liqui-base) para parede interna (lata c/18 litros) Selador acrílico para parede externa (galão) Selador acrílico para parede externa (lata c/18 litros) Massa corrida PVA (galão) Massa corrida PVA (lata c/18 litros) Massa acrílica (galão) Massa acrílica (lata c/18 litros) Massa à óleo (galão) Solvente Aguarrás (galão c/5 litros) Tinta latex fosca para interior (galão) Tinta latex fosca para interior (lata c/18 litros) Tinta latex para exterior (galão) Tinta latex para exterior (lata c/18 litros) Líquido para brilho regulador (galão) Líquido para brilho regulador (lata c/18 litros) Tinta acrílica fosca (galão) Tinta acrílica fosca (lata c/18 litros) Textura acrílica (galão) Textura acrílica (lata c/18 litros) Impermeabilizante à base de silicone para fachadas (galão) Verniz marítimo à base de poliuretano (galão) Tinta antiferruginosa Zarcão (galão) Esmalte sintético acetinado (galão) Esmalte sintético brilhante (galão) Tinta à óleo (galão) Tinta à óleo para cerâmica (galão) Tinta acrílica especial para piso (galão) Tinta acrílica especial para piso (lata c/18 litros) Tinta epoxi: esmalte + catalizador (galão) Diluente epoxi (litro) Lixa para parede Lixa para madeira Lixa d'água Lixa para ferro Estopa para limpeza Ácido muriático (litro) Cal para pintura Tinta Hidracor (saco com 2kg) Massa plástica 3 Estrelas (lata com 500gramas) MATERIAIS PARA INSTALAÇÃO DE ÁGUA QUENTE Tubo de cobre classe "E" de 15mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 22mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 28mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 35mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 54mm (vara com 5,00m)
un
62,54
un
100,06
un
118,43
un un
209,22 388,27
MATERIAIS SANITÁRIOS Assento sanitário Village em polipropileno AP30 Deca
un
75,95
Assento sanitário almofadado branco TPK/A5 BR1 Astra
un
42,86
un
15,20
Assento convencional branco macio TPR BR1 em plástico Astra Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Azálea branco gelo Celite Conjunto bacia com caixa Saveiro branco Celite Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Ravena branco gelo Deca Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Ravena cinza real Deca Bacia sanitária convencional Azálea branco gelo Celite Bacia sanitária convencional Targa branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Izy branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Ravena branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Ravena cinza real Deca Bacia sanitária convencional Village branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Village cinza real Deca Cuba de embutir oval de 49x36cm L37 branco gelo Deca Cuba de embutir redonda de 36cm L41 branco gelo Deca Cuba sobrepor retang. Monte Carlo 57,5x44,5cm L40 branco gelo Deca Lavatório suspenso Izy de 43x23,5cm L100 branco gelo Deca Lavatório suspenso Izy de 39,5x29,5cm L15 branco gelo Deca Lavatório c/ coluna Monte Carlo de 57,5x44,5cm L81 branco gelo Deca Lavatório de canto Izy L101 branco gelo Deca
un
264,27
un
163,90
un
280,83
un
un
71,50
Sifão de PVC de 1" x 1.1/2"
un
7,38
un
3,30
un
260,33
Coluna para tanque de 22 litros CT-25 branco gelo Deca
un
70,60
Tanque de louça de 18 litros TQ-01 de 56x42cm branco gelo Deca
un
188,35
Coluna para tanque de 18 litros CT-11 branco gelo Deca
un
68,63
un
163,45
Fita veda rosca em Teflon Polytubes Polvitec (rolo com 12mm x 25m) Tanque de louça de 22 litros TQ-25 de 60x50cm branco gelo Deca
Tanque de louça sem fixação de 18 litros de 53x48cm branco Celite Tanque em resina simples de 59x54cm marmorizado Resinam Tanque em resina simples de 60x60cm granitado Marnol Balcão de cozinha em resina c/1,00x0,50m c/1 cuba marmorizado Marnol Balcão de cozinha em resina c/1,20x0,50m c/1 cuba granitado Marnol Misturador para lavatório Targa 1875 C40 CR/CR Deca Misturador para pia de cozinha tipo mesa Prata 1256 C50 CR Deca Misturador para pia de cozinha tipo parede Prata 1258 C50 CR Deca Torneira para tanque/jardim 1152 C39 CR ref. 1153022 Deca
40,47
m2
45,11
m2
18,08
56,11
Torneira para pia de cozinha Targa 1159 C40 CR Deca Torneira de parede p/pia de cozinha 1158 C39 CR ref. 1158022 Deca Torneira de parede para pia de cozinha Targa 1168 C40 Deca
un
87,53
un
66,63
un
183,80
Torneira de mesa para pia de cozinha Targa 1167 C40 Deca
un
185,97
Torneira para lavatório Targa 1190 C40 CR/CR (ref. 1190700) Deca
un
99,52
Ducha manual Evidence cromada 1984C CR Deca
un
146,70
un
138,10
un
37,46
Válvula cromada para lavanderia ref. 1605502 Deca
un
45,86
Válvula de PVC para lavatório
un
3,33
un
2,97
kg m2 kg
15,68 3,38 4,33
un
0,59
gl
31,71
Cola branca (pote de 1 kg)
kg
6,92
Bloco de EPS para laje treliçada
m3
208,75
PRODUTOS CERÂMICOS Tijolo cerâmico de 4 furos de 7x19x19cm Tijolo cerâmico de 6 furos de 9x10x19cm Tijolo cerâmico de 6 furos de 9x15x19cm
mil mil mil
383,33 186,50 326,67
Tijolo cerâmico de 8 furos de 9x19x19cm
mil
442,11
Tijolo cerâmico de 8 furos de 12x19x19cm
mil
474,39
420,00 770,00
un un un un un un un un un
122,56 236,83 67,68 123,95 125,95 169,30 173,83 47,78 46,93
Telha em cerâmica tipo calha Paulistinha (Quitambar) 22un/m2
mil
950,00
un
76,00
un
71,90
un
19,68
Chicote plástico flexível de 1/2"x30cm Fortilit/Akros/ Amanco/Luconi
un
2,88
Chicote plástico flexível de 1/2"x40cm Fortilit/Akros/Luconi
un
3,70
Chuveiro de PVC de 1/2" com braço
un
5,83
un
208,47
par
7,27
par
13,46
par un
10,76 46,95
12,33 13,33 14,67
34,54
un
mil
Caixa de descarga sobrepor 8 lts. c/engate e tubo ligação Fortilit/Akros/Tigre
16,41
m2 m2 m2
m2
57,20
Torneira para lavatório 1193 C39 CR (ref.1193122) Deca
Telha em cerâmica tipo colonial (Itajá) - 32un/m2
2,30
m2
m2
359,60
un
277,45
49,45
18,67
Azulejo liso Cecrisa Unite White 15x15cm tipo "A"
38,80
un
417,50
un
m2
gl
372,30
mil
un
21,65
Azulejo Eliane Forma Slim Branco BR MP 20x20cm
26,00 26,42 20,67 27,34 33,00 17,34 17,67 18,00 21,00 27,67 15,33 15,67 18,33 20,67 26,67 32,00 27,00 33,00
Telha em cerâmica tipo colonial (Dantas) - 35un/m2
Lavatório c/ coluna Saveiro de 46x38cm branco Celite
m2
20,03
400,00
73,73
30,73
Cerâmica Portobello Patmos White 30x40cm ref. 82073
m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 lata
mil
140,92
23,65
m2
m2
mil
un
m2
Cerâmica Portobello Linha Arq. Design neve 9,5x9,5cm ref. 14041
Pedra Ardósia verde de 20x40cm Pedra Ardósia verde de 40x40cm Pedra Itacolomy do Norte irregular Pedra Itacolomy do Norte serrada Pedra São Thomé Cavaco Pedra Cariri serrada de 30x30cm Pedra Cariri serrada de 40x40cm Pedra Cariri serrada de 50x50cm Pedra sinwalita de corte manual Pedra Sinwalita serrada Pedra portuguesa (2 latas/m2) Pedra Itamotinga Cavaco Pedra Itamotinga almofada Pedra Itamotinga Corte Manual Pedra Itamotinga Serrada Pedra granítica tipo Canjicão Almofada Pedra granítica tipo Rachão Regular de 40x40cm Solvente Solvicryl Hidronorte (lata de 5 litros)
605,00
un
Cerâmica Portobello Prisma bianco 7,5x7,5cm ref. 82722
Pedra Ardósia verde de 20x20cm
mil
58,70
37,46 32,85
69,56
Tijolo cerâmico de 18 furos de 10x7x23cm
un
m2 m2
un
un
mil mil mil
2.250,00 1.640,00
kg mil
1.285,80 0,72 50,00
mil
720,00
PREGOS E PARAFUSOS Prego com cabeça de 1.1/4"x14 Prego com cabeça de 2.1/2"x10 Parafuso de 5/16"x300mm em alumínio para fixação de telhas Arruela de alumínio para parafuso de 5/16" Arruela de vedação em borracha/plástico para parafuso de 5/16" Porca de alumínio para parafuso de 5/16" Parafuso de 1/4"x100mm em alumínio para fixação de telhas Parafuso de 1/4"x150mm em alumínio para fixação de telhas Parafuso de 1/4"x250mm em alumínio para fixação de telhas Parafuso de 1/4"x300mm em alumínio para fixação de telhas Arruela de alumínio para parafuso de 1/4" Arruela de vedação em borracha/plástico para parafuso de 1/4" Porca de alumínio para parafuso de 1/4"
14,45
Porcelanato Eliane Platina PO(polido) 40x40cm Porcelanato Eliane Platina NA(natural) 40x40cm
53,23
80,53
Bloco de cerâmica de 30x20x9cm para laje pré-moldada
17,19
m2
50,55
240,10
Telha em cerâmica tipo colonial Simonassi (Bahia) - 28un/ m2 Telha em cerâmica tipo colonial Barro Forte (Maranhão) - 25un/m2 Tijolo cerâmico refratário de 22,9x11,4x6,3cm Massa refratária seca Taxa de acréscimo para tijolos paletizados(por milheiro)
m2
Cerâmica Eliane 20x20cm Camburí branca tipo "A" PEI4
un
un
Válvula de PVC para tanque ou pia de cozinha OUTROS Corda de nylon de 3/8" Tela de nylon para proteção de fachada Bucha para fixação de arame no forro de gesso Pino metálico para fixação à pistola com cartucho Cola Norcola (galão com 2,85kg)
Cerâmica Eliane 10x10cm Camburí White tipo "A"
un
un
Válvula de descarga Hydra Max de 1.1/2" ref. 2550504 Deca Válvula cromada para lavatório ref.1602500 Deca
REVESTIMENTOS CERÂMICOS
REVESTIMENTOS DE PEDRAS NATURAIS Pedra Ardósia cinza de 20x20cm Pedra Ardósia cinza de 20x40cm Pedra Ardósia cinza de 40x40cm
Tijolo cerâmico aparente de 6 furos (sem frisos) de 9x10x19cm Tijolo cerâmico maciço de 10x5x23cm
Bolsa de ligação para bacia sanitária BS1 de 1.1/2" Astra
Chuveiro cromado de luxo ref. 1989102 Deca Parafuso de fixação para bacia de 5,5x65mm em latão B-8 Sigma (par) Parafuso de fixação para tanque longo 100mm 980 Esteves (par) Parafuso de fixação para lavatório Esteves (par) Sifão de alumínio fundido de 1" x 1.1/2"
Sifão tipo copo para lavatório cromado de 1"x1.1/2" Esteves
kg kg
5,96 5,98
un
1,28
un
0,16
un
0,17
un
0,15
un
0,31
un
0,52
un
0,71
un
0,92
un
0,17
un
0,12
un
0,10
Resina acrílica Acqua Hidronorte (galão de 3,6 litros) REVESTIMENTOS VINÍLICOS E DE BORRACHA Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 1,6mm com flash Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 2mm com flash Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 2mm sem flash Piso de borracha pastilhado Plurigoma de 50x50cm para colar TELHAS METÁLICAS Telha de alumínio trapezoidal com 0,5mm
m2
31,33
Telha de alumínio trapezoidal de 1,265x3,00m com 0,5mm
un
106,99
Telha de alumínio trapezoidal com 0,4mm
m2
25,76
Telha de alumínio trapezoidal de 1,265x3,00m com 0,4mm
un
91,52
m2
27,44
m2 m2 m2
27,04 91,29 30,21
Vidro liso incolor de 3mm (cortado)
m2
23,20
Vidro liso incolor de 4mm (cortado)
m2
32,77
Vidro liso incolor de 5mm (cortado)
m2
37,22
Vidro liso incolor de 6mm (cortado) Vidro liso incolor de 8mm (cortado)
m2 m2
43,48 66,74
Vidro liso incolor de 10mm (cortado)
m2
83,10
Vidro laminado incolor 3+3 (cortado) Vidro laminado incolor 4+4 (cortado) Vidro laminado incolor 5+5 (cortado) Vidro bronze de 4mm (cortado) Vidro bronze de 6mm (cortado)
m2 m2 m2 m2 m2
110,63 131,42 161,29 42,74 65,06
Vidro bronze de 8mm (cortado) Vidro bronze de 10mm (cortado) Vidro cinza de 4mm (cortado) Vidro cinza de 6mm (cortado) Vidro cinza de 8mm (cortado) Vidro cinza de 10mm (cortado) Espelho prata cristal de 3mm (cortado) Espelho prata cristal de 4mm (cortado) Espelho prata cristal de 6mm (cortado)
m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2
102,18 131,07 36,46 57,54 86,12 108,62 49,04 73,27 108,79
Vidro temperado de 10mm incolor sem ferragens (cortado)
m2
128,83
Vidro temperado de 10mm cinza sem ferragens (cortado)
m2
149,49
Vidro temperado de 10mm bronze sem ferragens (cortado)
m2
169,32
Tijolo de vidro 19x19x8cm ondulado Junta de vidro para piso Massa para vidro MÃO DE OBRA Armador Azulejista Calceteiro Carpinteiro Eletricista Encanador Gesseiro Graniteiro Ladrilheiro Marceneiro Marmorista Pastilheiro Pintor Serralheiro Telhadista Vidraceiro Pedreiro Servente
un m kg
10,31 0,40 1,22
h h h h h h h h h h h h h h h h h h
5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 4,65 3,42
VIDROS Vidro impresso fantasia incolor de 4mm (cortado) Vidro Canelado incolor (cortado) Vidro aramado incolor de 7mm (cortado) Vidro anti-reflexo (cortado)
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Vitrine Estilo Mula Preta Design 84 4141.7518 I contato@mulapretadesign.com Tecnologia I Climatização Interplan R. João Tude de Melo, 77, sala 123 - Parnamirim Recife/PE 81 3442.6800 I interplan@interplan.eng.br Tecnologia/Ralos Lineares Linear Acessórios para Construção Bahia, 3488 - Salto. Blumenau/SC I 47 3037.5323 I contato@ralolinear. com.br Sólida Sistema de Drenagem Av. João Aranha, 926 - Alto de Pinheiros. Paulínia/SP I19 3833.3664 I solida@solidadrenagem. com.br Tigre SA R. Xavantes, 54 - Atiradores. Joinville/SC I 47 3441.5000 I 47 3441.5660 NBR 15.575 Casa Grande Engenharia R. Bernardino Soares da Silva, 50 - Espinheiro I Recife/ PE I 81 2122.3888 Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP (IPT) Av. Prof. Almeida Prado, 532 - Cidade Universitária/ Butantã. São Paulo/SP. I 11 3767.4000 Espaço Aberto Ana Rocha Melhado Rua Irmã Pia, 422, conj. 1406 - Jaguaré. São Paulo/SP. 11 4304.1450 I ana.rochamelhado@gmail.com Espaço PEC Escola Politécnica de Pernambuco R. Benfica, 455 - Madalena. Recife/PE I 81 3184-7566 I pec@upe.poli.br Arquitetura Nannai Rodovia PE 09 - Porto de Galinhas. Ipojuca/PE I 81 3552.0101 I reservas@nannai.com.br Pedro Motta Arquitetos 3466.2636 I pedro@pedromotta.com.br
Arquitetura Interiores Orbe Coworking Av. Dantas Barreto, 324, 8º andar, edf. Pernambuco - Centro Recife/PE I 81 3048.6863 I contato@orbecoworking.com.br Negócios Solossantini Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 4455 - Imbiribeira Recife/PE I 81 3339.4455 Construir Vida Sustentável I Por Onde Andamos ABCP I Eduardo Moraes Av. Torres, 76 - Jaguaré. São Paulo/SP I 11 37605300 I dcc@ abcp.org.br Instituto Mobilize www.mobilize.org.br Isaias de Carvalho Neto iscanet@uol.com.br Letícia Sabino sampape.com.br I leticia@sampape.com.br Mário Neutzling apita.salvador@gmail.com Matéria de Capa I Para Construir o Futuro Fátima Brayner I UFPE Av. Prof. Moraes Rego, 123 - Cidade Universitária. Recife/PE. I 81 2126.7450 I fatima.brayner@gmail.com Itawi Albuquerque itawialbuquerque@gmail.com Luciano Meira luciano.meira@facebook.com Nivaldo Vieira de Andrade Junior I IAB/BA Av. Lucaia, 317, sala 203, Edf. Raphael Gordilho - Rio Vermelho. Salvador/BA I 71 3335.1195 I nivandrade@ gmail.com Sutentax Alameda Santos, 2223 - Jardim Paulista. São Paulo/SP I 11 3062.1910 I paola.figueiredo@sustentax. com.br
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