Construir Nordeste 74

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ano XV | nº 74 | setembro 2014 | www.construirnordeste.com.br

arquitetura | Infraestrutura | tecnologia | negócios | urbanismo

15 anos

UMA QUESTÃO DE QUÍMICA

R$ 15,00 | € 5,00

RCN Editores Associados

Cada vez mais a construção civil tem apostado em produtos e inovações tecnológicas da química para otimizar e reinventar a produção

ENTREVISTA

Nabil Bonduki fala sobre os avanços e desafios do novo Plano Diretor de São Paulo

ARQUITETURA

Marianne Peretti explora a arte dos vitrais na contemporaneidade

VIDA SUSTENTÁVEL

A Permacultura prova que é possível construir integrando natureza e tecnologia


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75 CONSTRUIR VIDA

SUSTENTÁVEL

48 sumário 17

ENTREVISTA Um salto para o futuro

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PALAVRA Mudança de rumo no setor elétrico brasileiro | Heitor Scalambrini Costa

24 PAINEL ACONTECE 28 PAINEL TECNOLOGIA 38 À PRIMEIRA VISTA 40 VITRINE ESTILO

56

42 ESPAÇO ABERTO 46 ESPAÇO PEC 48 CAPA Uma questão de química 56 ARQUITETURA

40 38

A influência dos vitrais de Marianne Peretti na arquitetura moderna

62 Oitava edição da Concrete Show South America tem saldo positivo 64 TECNOLOGIA - No compasso da luz

17 64

68 NEGÓCIOS - Invest Nordeste: um ambiente para negócios - O poder do Marketing Imobiliário - Perfil empresarial - Opinião: Mônica Mercês Colunas

15 SHARE 22 CONTEÚDO DIGITAL | Felipe Mello 76 ISSO É DIREITO | Tiago Andrade de Lima





caro leitor

Comentamos, aqui na redação, como é instigante a relação íntima da Química com a Construção Civil. Ela é cada vez mais estreita, não importa para onde você olhe, está muito perto, literalmente dentro de nossas casas. Presente nas paredes, nas tintas, no cimento, na cerâmica e nos vidros que revestem casas, apartamentos e escritórios. A repórter Tory Oliveira investigou e pôde comprovar essa intimidade na matéria de capa. Você vai poder conferir o valor imenso dessa relação para o desenvolvimento do setor construtivo. Na página 64, mostramos que a adequação dos projetos de iluminação pública é essencial para aproveitarmos melhor a cidade noturna, com a garantia da sustentabilidade e do direito de ir e vir. Nesse contexto, o professor da Universidade de Pernambuco Heitor Scalambrini Costa fala sobre a necessidade de mudança de rumo no setor elétrico brasileiro (pág. 20). Na verdade, poucos compreendem o que emperra a transformação urgente do setor em prol de todos nós. Toda a equipe ficou impressionada com a entrevista do Caderno Construir Vida Sustentável. Nosso convidado foi o oceanógrafo, educador e arquiteto marinho, Jean-Michel Cousteau, que esteve recentemente em Salvador e conversou com a correspondente da Revista Construir NE na Bahia, Isana Pontes. Uma de suas frases mais impactantes foi: “Ao tomar água, você está bebendo os oceanos, que as pessoas tratam como esgotos, enchendo-os com todos os tipos de resíduo”.É pra refletir! A matéria de capa do Caderno Construir Vida Sustentável fala sobre a Permacultura, uma proposta interdisciplinar que prevê planejamento e execução de projetos em ambientes humanos sustentáveis. O conceito nos “tira da caixa” para soluções simples e viáveis. Estou convicta de que o trabalho na revista gera trocas valiosíssimas. Foi o que aconteceu quando Renata Farache, nossa criativa Editora-executiva, descobriu que a profissional do calibre da artista plástica Marianne Peretti (parceira de Oscar Niemeyer e na ativa aos 86 anos) estava refugiada em uma casa na Cidade Alta, em Olinda – Pernambuco. Resolvemos convidá-la para falar sobre seu trabalho e a influência de seus vitrais na arquitetura moderna. Uma vida dedicada à arte! Sempre encaro com a maior satisfação falar sobre o gesso do Araripe, em Pernambuco. E aqui está ele, no Espaço Aberto, com a proposta do Professor Pedro Linhares da Cunha Filho para a inovação no processo produtivo do Polo Gesseiro de Araripina (pág. 42). A ideia é a utilização de gesso na fabricação de blocos reforçados com fibras naturais e/ou sintéticas como alternativa à alvenaria na Construção Civil. Quando posso, faço um tour por lá, com o maior prazer. Ótima leitura!

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expediente

Publisher | Elaine Lyra elainelyra@construirnordeste.com.br Editora EXECUTIVA | Renata Farache renata@construirnordeste.com.br EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO | Michael Oliveira michael@construirnordeste.com.br Reportagem Isana Pontes | Pablo Braz | Patrícia Felix | Tory Oliveira | Mellyna Reis Fotografia Alexey Smirnov | Arthur Calazans | Breno Laprovitera | Bruno Buccalon Eduardo Raimondi | Gaston Ramseyer | Gustavo Carvalho Jorg Hackemann | Luciana Serra | Ranna Santiago Saulos Cruz | Tamna Waqued | Vaner Casaes | Vinicius Tupinambá Colunistas Felipe Mello | Heitor Scalambrini Costa | Tiago Andrade de Lima | Mônica Mercês Revisão de texto Claudia Oliveira

CONSELHO EDITORIAL Ângelo Just, Adriana Cavendish, Alexana Vilar, Bruno Ferraz, Carlos Valle, Celeste Leão, Clélio Morais, Daniela Albuquerque, Eduardo Moraes, Elka Porciúncula, Francisco Carlos da Silveira, Gustavo Farache, Inez Luz Gomes, Joaquim Correia, José Antônio de Lucas Simon, José G. Larocerie, Luiz Otavio Cavalcanti, Luiz Priori Junior, Mário Disnard, Mônica Mercês, Néio Arcanjo, Otto Benar Farias, Renato Leal, Risale Neves, Rúbia Valéria Sousa, Sandra Miranda, Serapião Bispo

CONSELHO TÉCNICO Professores: Alberto Casado, Alexandre Gusmão, Arnaldo Cardim de Carvalho Filho, Béda Barkokébas, Cezar Augusto Cerqueira, Eder Carlos Guedes dos Santos, Eliana Cristina Monteiro, Emília Kohlman, Fátima Maria Miranda Brayner, Kalinny Patrícia Vaz Lafayette, Simone Rosa da Silva, Stela Fucale Sukar, Yêda Povoas

Gerente de Operações e Mercado | Tatiana Feijó tatiana@construirnordeste.com.br | +55 81 9284.4883 MARKETING | Emelly Linhares emelly@construirnordeste.com.br | +55 81 9958.5761 Representantes para publicidade Ceará NS&A | Aldamir Amaral +55 85 3264.0576 | nsace@nsaonline.com.br São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio grande do Sul Vando Barbosa | +55 11 975798834 | +55 11 996142513 vando.barbosa@raizesrepresentacoes.com.br André Maia | 21 994684171 andremaia@raizesrepresentacoes.com.br Administrativo-Financeiro | Caetano Pisani caetano@construirnordeste.com.br Assinaturas e Distribuição | Gabriela Müller faleconosco@construirnordeste.com.br NÚCLEO ON LINE | Pablo Braz pablo@construirnordeste.com.br Portal Construir NE | www.construirnordeste.com.br Facebook: Construir Nordeste faleconosco@construirnordeste.com.br Endereço e telefones Rua José Paraíso, 210 2º andar – Boa Viagem Recife – PE – Cep: 51030-390 | +55 81 3038 1045 / 3038 1046


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A CARA DA CONSTRUIR NORDESTE

MELLYNA REIS repórter Graduada pela Unicap, é jornalista por formação e viajante por paixão. Viciada em Friends, acredita que felicidade é biscoito e o Sport.

fale conosco ATENDIMENTO AO LEITOR

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REFERÊNCIA A cidade nordestina que estampa a capa da nossa fanpage no facebook é Aracaju (SE). Com aproximadamente 35 km de litoral com areias planas e firmes, a metrópole é apontada como a capital com menor desigualdade do Nordeste Brasileiro. É também conhecida como a cidade com os hábitos de vida mais saudáveis do país, exemplo nacional na adoção de ciclovias, além de ter o menor índice de fumantes, segundo o Ministério da Saúde.

PRÊMIO CONSTRUIR NE A editora Construir Nordeste lança, a partir deste ano, o Prêmio Construir NE, que contemplará projetos apresentados em edições da revista nas categorias Arquitetura, Engenharia – Espaço Aberto e Sustentabilidade – Boas Práticas. A premiação traz também a categoria especial Cidade para o Cidadão, com inscrições abertas ao público em geral, que contemplará obras ou projetos de infraestrutura criadas em benefício das cidades. Os profissionais e empresas que tenham participado em alguma dessas categorias e períodos ou os interessados em concorrer na categoria especial podem se inscrever até o dia 29 de setembro através do hotsite (construirnordeste.com.br/premioconstruinordeste), onde é possível acessar mais informações sobre o prêmio no edital.

PROMOÇÃO Em parceria com a Adit Brasil, vamos fazer uma promoção cultural para divulgar o livro Comunidades Planejadas, lançado durante a 4ª edição do Complan – Seminário Internacional de Comunidades Planejadas, Loteamentos, Bairros, Cidades e Resorts, evento que difunde as melhores práticas do desenvolvimento urbano no Brasil e no mundo. A publicação, que tem as comunidades planejadas como assunto central, inclui três macrotemas: urbanismo; o negócio das comunidades planejadas e seus aspectos; e estruturação jurídica. A obra reúne 23 artigos que abordam diversos aspectos do novo urbanismo e dos empreendimentos multifuncionais: conceitos, cases nacionais e internacionais, placemaking, masterplan, masterdeveloper, NIMBYs, legislação, entre outros. Fique de olho a partir de outubro. Você pode garantir o seu exemplar.

DE CARA NOVA Os websites das empresas Lorenzetti e Tuper estão de cara nova. Mais dinâmico e funcional, o projeto gráfico do portal da Lorenzetti (lorenzetti.com.br), que pode ser acessado em smartphones e tablets, traz filtros de busca mais específicos para produtos, vídeos explicativos de soluções práticas e outras novidades. Com versões em português, inglês e espanhol, o novo site da Tuper (tuper.com. br) oferece, além de notícias e publicações variadas, uma central de downloads de catálogos, manuais, tabelas técnicas e folders dos produtos.

ESPAÇO ABERTO A versão completa do trabalho do economista e mestre em Engenharia Mecânica e doutor em Ciência de Materiais Pedro Linhares da Cunha Filho, publicado na seção Espaço Aberto da edição 74, já pode ser acessada em nosso portal. No artigo científico, intitulado Caracterização estrutural e microestrutural do gesso produzido pelo pólo gesseiro de Araripina, foram realizadas caracterizações estruturais e microestruturais das gipsitas e dos seus sub-produtos empregando-se técnicas de caracterização físicas, químicas e mecânicas como difração de raios-x, microscopias óptica e eletrônica de varredura.

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entrevista

Nabil Bonduki

um salto para o futuro por Pablo Braz foto Bruno Buccalon / Escola da Cidade

Considerada uma das maiores metrópoles do planeta, São Paulo dá um ousado passo na vanguarda do desenvolvimento urbano brasileiro com o seu novo Plano Diretor Estratégico (PDE), conjunto de diretrizes que vai orientar o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos. Sancionado em julho deste ano pelo prefeito Fernando Haddad, o plano pretende reorganizar o cenário urbano da capital paulista apostando em um maior protagonismo da sustentabilidade, mobilidade, habitação social e valorização cultural. Relator do plano, o vereador e arquiteto Nabil Bonduki trabalhou intensamente para que ele fosse aprovado. Professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) desde 1986, Nabil é também mestre e doutor em estruturas ambientais urbanas e livre-docente em planejamento urbano pela USP. Autor de 12 livros, Dentre os quais Origens da Habitação Social no Brasil e Intervenções Urbanas na Recuperação de Centros Históricos, o arquiteto conversou com a Construir Nordeste sobre os avanços, impactos e desafios da proposta. Confira.


entrevista

Essa ideia de “cidade compacta”, que cresce ao longo de seus eixos de mobilidade, vai ao encontro da priorização do transporte coletivo, e não motorizado, outro objetivo do Projeto.

Quais os eixos que direcionam o novo Plano Diretor de São Paulo? O Plano Diretor procurou levar em conta as várias dimensões que precisam ser contempladas em uma metrópole como São Paulo, ou seja, as dimensões ambientais, econômicas, sociais, culturais e imobiliárias. Nesse sentido, para garantir o necessário equilíbrio entre essas várias dimensões, identificou-se a necessidade de estabelecer com precisão as linhas básicas de um método de desenvolvimento econômico sustentável para a cidade; considerar de maneira mais estratégica os aspectos ambientais; estabelecer um equilíbrio mais claro entre as áreas previstas para o adensamento e as áreas a serem preservadas; proteger os espaços culturais relevantes para a população; garantir que as necessidades de habitação para a população de baixa renda possam ser efetivamente atendidas, sem inviabilizar a atuação do mercado; e proteger os bairros ainda não verticalizados de um processo de adensamento excessivo. Quais os principais avanços que o plano traz para a cidade e o que o leva ser destaque no cenário nacional? Dentre os seus principais avanços, o Plano Diretor propôs concentrar o processo de crescimento e transformação da cidade ao longo dos eixos de transporte coletivo de massa e ao longo da orla ferroviária, onde existem glebas

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de grandes dimensões e imóveis subutilizados. Isso busca evitar o tradicional e especulativo processo de expansão horizontal, que gera segregação socioterritorial, longas distâncias entre moradia e trabalho e depredação do meio ambiente. A articulação entre uso do solo e mobilidade — chave fundamental da proposta — exige a priorização do transporte coletivo, o fortalecimento de modais sustentáveis, como bicicletas, e a melhoria das condições de deslocamento a pé, através da qualificação do espaço público, das calçadas e articulações intermodais. Além disso, o Plano instituiu o coeficiente básico igual a 1 (um) em toda a cidade onde pode haver construções. Essa é uma mudança importantíssima para ordenar o crescimento vertical da cidade, pois limita o direito, de construir gratuitamente, de cada proprietário a uma vez à área do lote. Ou seja, quem tem um lote de 500 m² pode construir uma edificação de até 500 m² de forma gratuita. Quem quiser construir além, até o máximo estabelecido de quatro vezes a área do lote nos Eixos de Transformação Urbana e nas Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) e de duas vezes no restante da cidade, deverá solicitar e pagar à prefeitura, que outorgará esse benefício de forma onerosa. Em resumo, o Plano Diretor Estratégico propôs a reversão de uma lógica histórica de falta de planejamento adequado ao ordenar o desenvolvimento urbano, para enfrentar os desafios surgidos nas últimas décadas. O Plano investe também significativamente na redução do déficit habitacional em São Paulo, como a ampliação em 117% no número de Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), destinadas à produção de moradia para famílias de baixa renda, em relação ao plano vigente. De que forma será feita essa ampliação? A ampliação de 117%, em relação ao Plano anterior, da quantidade de áreas destinadas à moradia popular entrou em vigor com a sanção do Plano Diretor, que também prevê que o

acompanhamento da aprovação de novos projetos nessas áreas será realizado de forma permanente pelo Executivo com controle da sociedade, por meio do Conselho Municipal de Habitação. A nova proposta muda o perfil de atendimento das unidades a serem produzidas nas Zeis. As Zeis 1, 2, 3 e 4 foram reformuladas, de modo que 60% delas serão voltadas à população de até três salários mínimos, garantindo, assim, que um número maior de moradias sejam voltadas à população mais pobre da cidade. Foi elaborada também uma nova categoria — a Zeis 5 — para atender a população de renda média baixa, hoje com poucas alternativas no mercado formal da moradia. Você acredita que os preços dos imóveis em São Paulo, em particular nas áreas próximas aos miolos dos bairros, serão pressionados e poderão subir, levando em consideração as regras mais restritivas, para aproveitamento desses terrenos, estabelecidas pelo Plano? É difícil avaliar, pois são muitos fatores que interferem nos valores dos terrenos. É claro que a outorga onerosa (concessão feita em troca de pagamento) por metro quadrado construído no miolo é mais cara do que o metro quadrado construído nos eixos, portanto os miolos tendem a ser mais caros que os eixos. No entanto, o Plano Diretor criou outros mecanismos para aumentar a oferta de terrenos, seja nos miolos, seja nos eixos, pois os terrenos ociosos inutilizados terão que apresentar projetos, e, caso não os apresentem, serão considerados imóveis sem função social e deverão então pagar o imposto progressivo. Por outro lado, é importante dizer que, com a oferta maior de área construída nos eixos, é possível que a demanda nos miolos caia e, consequentemente, também caia os preços dos imóveis. Não é possível estabelecer uma avaliação exata sobre essa questão do preço, mas o plano terá como evitar que uma hipervalorização imobiliária ocorra na cidade, como aconteceu


nos últimos anos. Nesse cenário, a outorga onerosa é empregada no Plano Diretor como instrumento urbanístico, variando de valor de acordo com o interesse público de crescimento da metrópole. Pela proposta do Plano Diretor, será mais cara no Centro — que concentra ainda grande parte das atividades não residenciais da cidade — desestimulando a construção de imóveis comerciais, enquanto os residenciais serão barateados, principalmente para famílias com renda de seis a dez salários. E será mais barata ou zerada para quem quiser construir imóveis comerciais em determinadas áreas da periferia por exemplo. Desse modo, antes de ser empregada como taxação a outorga onerosa é concebida no Plano Diretor como um mecanismo de regulação. De que forma o Plano vai interferir no mercado imobiliário? O Plano Diretor prevê mecanismos para que seja mais caro se construir edifícios comerciais no Centro expandido, com a intenção de se estimular as residências nessas regiões, que carece de uma reocupação populacional, e estimula a criação de emprego nas demais regiões. Ao mesmo tempo, o Plano propõe que se preservem as áreas residenciais dos bairros, criando um limite de altura de até 25 metros, evitando

A maioria das diretrizes do Plano Diretor são autoaplicáveis – que não dependem de regulamentação ou decretos para entrarem em vigor – e já passaram a valer com a sanção.

os chamados espigões nos miolos desses bairros. A construção de prédios maiores do que o limite estabelecido só será permitida em áreas próximas à infraestrutura de transporte público. Essa ideia de “cidade compacta”, que cresce ao longo de seus eixos de mobilidade, vai ao encontro da priorização do transporte coletivo, e não motorizado, outro objetivo do Projeto. Assim, ao estimular o adensamento construtivo ao longo dos eixos de estruturação metropolitana, contendo o processo de expansão horizontal da cidade e protegendo o cinturão verde nos extremos do município, o Plano Diretor regula a atuação do mercado para onde a cidade deve crescer. O arquiteto e urbanista João Whitaker comentou que “No Brasil, o que regula e ordena a cidade é uma relação de forças políticas e econômicas. A regulação estatal é liberal, é apenas para garantir a liberalidade”. Com base nessa opinião, você acredita que a regulação trazida pelo Plano Diretor encontrará limitações nessa relação de forças políticas e econômicas? Na realidade, o Plano Diretor já é um resultado de um pacto de forças políticas e econômicas da cidade, e esse plano criou e regulamentou uma série de instrumentos que de certa forma subordina o mercado imobiliário. Então, quem está regulando a cidade é o Plano Diretor, e ele é resultado de um acordo dentre vários setores da sociedade, entre os quais também o mercado imobiliário, levando em conta também os interesses sociais das pessoas de baixa renda, a proteção do meio ambiente e preservação dos espaços culturais, por exemplo. Portanto, na correlação de forças que nós temos hoje na cidade, o plano conseguiu avançar muito porque estabeleceu regras de proteção ambiental, social e cultural. É importante ressaltar que todos os setores da sociedade se envolveram no processo de elaboração do Plano Diretor, que é resultado de um longo

processo participativo, que somou 114 audiências públicas, 25.692 participantes e um total de 10.147 contribuições. Dessa forma, tivemos as condições necessárias para elaborar um texto que pudesse considerar diversos pontos de vista expressos no debate, levar em conta as contribuições recebidas e garantir um Plano Diretor Estratégico que congregasse, na medida do possível, os anseios da sociedade. O Plano Diretor orientará o crescimento e desenvolvimento urbano de São Paulo nos próximos 16 anos. Mas, das diretrizes trazidas no Plano, o que já pode ser de fato viavelmente aplicado na cidade a curto prazo? A maioria das diretrizes do Plano Diretor são autoaplicáveis — que não dependem de regulamentação ou decretos para entrarem em vigor — e já passaram a valer com a sanção. Construtoras que protocolaram projetos de obras após a sanção do Plano, por exemplo, devem obedecer às novas regras. A característica de ser autoaplicável é um grande avanço, porque ela determina prioridades e procura recursos para as áreas prioritárias. Você considera o plano completo? O que faltou ser incluído no plano e que seria de grande importância? Obviamente sempre falta alguma coisa. Até porque o Plano Diretor trata da cidade toda, o que envolve muitos temas. Existem temas que poderiam ter sido mais aprofundados. Mas, nas condições existentes, não se podia tratar com idealismo, e sim trabalhar com o cenário real, considerando o tempo que se teve, as forças políticas que atuam, a capacidade técnica de propor e de criar instrumentos e de agir de acordo com a legislação. Não se pode criar uma legislação que estivesse em desacordo com o estatuto da cidade. Eu acredito que o plano avançou o que tinha que avançar. É claro que poderia ser melhor, mas, nas condições que nós trabalhamos, foi o melhor possível.

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palavra

Mudança de rumo no setor elétrico brasileiro Heitor Scalambrini Costa*

O Brasil é grande e importante no cenário mundial, maduro o suficiente para não aceitar mais contratos que usurpam sua soberania, massacram o povo brasileiro e inviabilizam a justiça social e a distribuição de renda.

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O

setor elétrico está presente na mídia já há algum tempo com uma agenda negativa. Apagões, “apaguinhos”, tarifas estratosféricas, devastação ambiental, construção de grandes hidroelétricas em áreas de proteção ambiental em plena floresta amazônica, provocando expulsão de populações indígenas de seus territórios, aumento de termoelétricas a combustíveis fósseis altamente poluentes, construção de polêmicas usinas nucleares. Essas são algumas das consequências de uma política energética, no mínimo, equivocada. A politização necessária do tema tem levado a um grande debate. Agora, discutir essa temática estratégica para o País, impregnada por motivações político-partidária, às vésperas de uma eleição presidencial, em nada favorece o objetivo de contarmos com uma política sustentável para o setor. O que se verificou nos últimos anos, desde a adoção do modelo mercantil para o setor, foram de lucros extraordinários das geradoras e das distribuidoras de energia elétrica. São nos contratos draconianos de concessão é que reside o nó do problema. No caso das distribuidoras, é evidente que algo precisa mudar. Pois os contratos denominados juridicamente perfeitos é que garantem à Agencia Nacional de Energia Elétrica estabelecer altos índices de reajustes tarifários, que penalizam o consumidor. Contratos formulados na época das privatizações, com cláusulas embutidas extremamente favoráveis às empresas, criaram um negócio praticamente sem riscos para o adquirente. No caso das geradoras estatais, por muito tempo se beneficiaram de contratos de concessões em que as tarifas eram estipuladas pelas próprias empresas. A energia gerada chegava a ser vendida até cinco vezes mais do que o custo para sua produção, operação, manutenção e lucros necessários a novos investimentos. Ou seja, locupletavam-se irradiando esses preços para as tarifas pagas pelo consumidor final. A Lei nº 12.783, de janeiro de 2013 (conversão da Medida Provisória 579 de setembro de 2012), foi uma tentativa que não deu certo para conter e diminuir os preços da energia elétrica.

A participação das empresas transmissoras é mais recente no mercado elétrico, e também seus contratos devem ser revistos à luz do que seja mais favorável aos consumidores. Não se pode entrar no jogo do “dogma dos contratos”. Como algo inalterável, com proteção divina, e que nenhum “reles mortal” poderá modificá-los. Se os contratos têm prejudicado tanto a população, trazido tanto prejuízo à nação, deve-se ter a coragem de negociá-los, modificá-los. E não aceitar o terrorismo feito por alguns beneficiários desses mesmos contratos ultrajantes, que advogam que mexer nos contratos afastaria os investidores estrangeiros, abalaria a credibilidade do País, colocaria em risco a garantia jurídica, e assim por diante. Uma ladainha, repetida, e que se tem transformado numa verdade absoluta. O Brasil é grande e importante no cenário mundial, maduro o suficiente para não aceitar mais contratos que usurpam sua soberania, massacram o povo brasileiro e inviabilizam a justiça social e a distribuição de renda. Não se pode admitir que os contratos, contrários aos interesses nacionais, perpetuem-se. Sem modificá-los, as tarifas continuarão a serem majoradas abusivamente. Obviamente que os encargos e impostos também contribuem e devem ser reduzidos. É necessário corrigir os rumos da política do setor elétrico. Só será possível com a democratização do processo de decisão, ainda circunscrito a um Conselho de Política Energética que restringe a participação da sociedade organizada; com a regionalização do planejamento; com a adoção da diversificação e a complementaridade com fontes energéticas renováveis na expansão e oferta de energia; e levando ainda em conta a necessidade de uma política de eficiência energética que não fique somente no papel, que seja priorizada e tenha recursos alocados e metas a serem atingidas.

*Heitor Scalambrini Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco


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CONTEÚDO DIGITAL

Produtividade digital no canteiro de obras Felipe Mello*

A utilização dos dispositivos móveis permite que o apontamento seja realizado em tempo real, reportando com mais agilidade a evolução da obra, a disponibilidade de material e demais rotinas da construção.

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A

busca por produtividade tem esbarrado na quebra de paradigmas para identificar novas maneiras de atingir resultados melhores. Assim como em outros setores da economia, a utilização de dispositivos móveis, redes sociais corporativas, indicadores analíticos e soluções de automação de processos no segmento de construção devem contribuir com tais desafios de negócio. A adoção dessas ferramentas é a porta de entrada na era da produtividade digital.

A velocidade na troca de informações pode alavancar a gestão do canteiro nos aspectos financeiros, econômicos e físicos, contribuindo para que uma construtora oriente e controle de maneira participativa e direta o desenvolvimento da obra e garanta que o modelo de negócio, as margens e os esforços estejam na direção certa. Estudos para melhoria da produtividade devem levar à diminuição ou eliminação de etapas repetitivas. Os dispositivos móveis, por exemplo, já são intensamente adotados pelos funcionários de todos os níveis da organização. No entanto, os procedimentos internos da sua empresa já contemplam o uso de smartphones e aplicativos que possibilitam a visualização de dados a qualquer hora e lugar? Os sistemas de gestão (ERP), realidade em quase todas as empresas, já desenvolveram essas funcionalidades, mas a adoção depende da capacidade da organização de promover as mudanças devidas. Na maioria dos canteiros, a coleta de informações ainda é realizada em pranchetas e folhas, tarefas que registram o andamento diário da obra. Após o registro manual, as anotações são entregues a um responsável para digitação dos dados no ERP. Além do risco de falha no registro por grafia ou erro de digitação, as informações demoram a chegar para a tomada de decisão. Muitas vezes, nem chegam. A utilização dos dispositivos móveis permite que o apontamento seja realizado em tempo real, reportando com mais agilidade a evolução da obra, a disponibilidade de material e demais rotinas da construção. O resultado é uma maior segurança dos dados e previsibilidade das ações que precisam ser tomadas diariamente, e não a cada semana ou quinzena.

Os smartphones e tablets substituem as pranchetas e permitem visualizar na palma da mão as tarefas designadas para cada funcionário em tempo real, mesmo que a distância. Além de possibilitar o acompanhamento, a ferramenta autoriza a interferência dos executivos no processo, aprovando pedidos ou alterações em cronogramas por meio de workflows. Outro benefício importante das tecnologias de produtividade digital é a aproximação das equipes de diferentes setores. Uma rede social corporativa possibilita a divulgação de informações pela empresa e pelos colaboradores em comunidades, incentivando a colaboração e a troca de dados e melhores práticas entre eles. A confiabilidade das informações e a velocidade com que se tem acesso a elas contribuem para um projeto mais assertivo, evitando desperdício de material e recursos por erro de planejamento ou falta de acompanhamento. A integração automática dos dados do canteiro às demais informações da organização, por meio de sistemas de gestão, permite uma visão integrada de custos, prazos e recursos empregados no projeto, além de possibilitar o controle por indicadores pré-estabelecidos. Um canteiro de obras é praticamente uma cidade. Gerenciar toda a dinâmica do empreendimento e assegurar que o planejamento está sendo executado corretamente demanda tempo e dedicação. Adentrar na era digital simplifica esse desafio e contribui para que as companhias operem de forma mais simples, mais ágil e mais conectada, aumentando sua competitividade e garantindo a rentabilidade dos empreendimentos.

* Felipe Mello é diretor da TOTVS Consulting, unidade de consultoria de negócios da TOTVS.


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painel acontece

ENGENHARIA Sob o comando dos engenheiros Ilo Borba, José do Patrocínio Figueiroa e Carlos Henrique Siqueira, o 4° Fórum de Engenharia do Recife reuniu 130 profissionais do mercado de todo o Brasil. O evento, que acontece anualmente e tem como objetivo debater o que há de mais atual no setor, através de palestras e debates, teve como temas: obras estaiadas, em balanços sucessivos, e subterrâneas, além de tecnologia do concreto, galvanização a quente, fatores de segurança, riscos em fundações, torres eólicas, fundações de pontes e elastômetros fretados. No Fórum, o tarimbado engenheiro calculista Jayme Mason também foi homenageado. Na foto, Ilo Borba, durante evento.

PARCERIA SUSTENTÁVEL A AD Shopping, a maior empresa de administração independente de shopping centers do País, passa agora a gerenciar as operações do Camará Shopping, localizado em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, e que está em estágio avançado de obras. De acordo com Tony Bonna, diretor da AD Shopping, o investimento real em sustentabilidade do empreendimento despertou o interesse em firmar a parceria. “Nossa vontade foi de somar nossa experiência com a forma construtiva sustentável do Camará, que preza pela capacitação e valorização da mão de obra, preservação de mata nativa, pelo cuidado com o entorno e pela construção de museu, por exemplo. Será uma troca de conhecimento”, ressalta. Com 23 anos de expertise, a AD Shopping conta com mais de 30 empreendimentos administrados em todo o Brasil. O empresário paulistano Bonna e a diretora de marketing do Camará, Peggy Côrte Real, durante evento de lançamento da parceria AD e Camará.

EXPO ARQUITETURA SUSTENTÁVEL Com uma grade de 80 palestras e um público aproximado de 8.000 visitantes, a Expo Arquitetura Sustentável, reuniu, em São Paulo (SP), mais de 100 marcas nacionais e internacionais, gerando um volume de negócios da ordem da R$ 760 milhões. De acordo com Liliane Bortoluci, diretora da Reed Exhibitions Alcantara Machado, organizadora do evento, a decisão de apostar em um evento que mostrasse a diversidade da construção sustentável foi baseada na ampla experiência da promoção de iniciativas do setor. “Já organizamos tradicionais eventos do setor da construção, e o mercado acenava para o crescimento da sustentabilidade. Com o conhecimento e interface com todas as esferas do mercado, montamos a Expo, que conversa com todos os stakeholders necessários para a edificação da construção sustentável. Empresas privadas, profissionais especializados e Governo se reuniram em 3 dias, e a opinião foi unânime: desses encontros, sairá um amplo avanço na construção verde do Brasil.”

MAIS AÇÃO Celebrando 15 anos de experiência aplicada em 16 estados, o projeto Casa da Criança iniciou mais um programa de grande impacto em Pernambuco. É o Ação Social Suape - Desenvolvimento, Infância e Juventude, na região de Suape, que promove estudos e intervenções ligados à área educacional e social com o objetivo de contribuir efetivamente com a infância e adolescência dessa comunidade em diversos projetos a curto, médio e longo prazo. Para garantir a eficiência dos resultados, a ação será compartilhada com as prefeituras e promoverá o cruzamento dos dados entre as Secretarias de Planejamento e Educação do Estado para que o Casa da Criança atue em áreas prioritárias e também meça o desempenho educacional dos alunos.

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painel acontece

INVESTIMENTO Com 74 anos de atuação, a Eternit, do segmento de coberturas, com presença em louças, metais sanitários e soluções construtivas, continua sendo uma das empresas com maior índice de retorno aos seus acionistas entre as companhias de capital aberto no Brasil. Em 2014, o dividend yield já é de 6,9%, e os proventos pagos foram de R$ 71,6 milhões. Os investimentos, em linha com o Plano de Expansão e Diversificação, somaram R$ 44,0 milhões no primeiro semestre de 2014, sendo destinados, em sua maior parte, à instalação da unidade de pesquisa, desenvolvimento e produção de insumos para materiais de construção no Estado do Amazonas e à manutenção e atualização do parque industrial do grupo.

PATRIMÔNIO As obras da Ladeira da Barroquinha, em Salvador (BA), estão aceleradas. O local sedia uma feira e a Igreja da Nossa Senhora da Barroquinha (1722), matriz do sincretismo religioso quando coordenada pela Nossa Senhora da Boa Morte, irmandade que permitiu o funcionamento de um centro de candomblé. “A ideia é mostrar o bonito muro de arrimo em pedra, hoje escondido pela feira, e encontrar a melhor localização para as barracas de modo a estabelecer dois fluxos diferentes, um para os passantes, que usam a ladeira para chegar a outras áreas da cidade, e outro para os frequentadores da feira”, afirma Gustavo Cedroni, sócio da METRO, que assina o projeto. Outras melhorias serão realizadas, como a instalação de mesas de cafeteria no platô em frente ao cinema e o reposicionamento dos bancos para proporcionar as melhores vistas da cidade. A parceria é do o grupo Itaú com a prefeitura.

FUNCIONÁRIO FELIZ A Alcoa celebra sua classificação entre as Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil, na pesquisa sobre ambiente de trabalho, conduzida pelo Great Place to Work Institute®, em parceria com a revista Época. A cerimônia de premiação contou com a participação de funcionários de todas as localidades da empresa no Brasil e do presidente da Alcoa para América Latina & Caribe, Aquilino Paolucci. “Este reconhecimento reflete a dedicação de cada funcionário que, diariamente, faz esta grande empresa trilhar seu caminho sempre com segurança em primeiro lugar, com respeito às pessoas, às comunidades e ao meio ambiente”, afirmou Paolucci. A pesquisa avaliou a percepção do funcionário em relação à empresa, considerando as dimensões do relacionamento entre líder-liderado, o orgulho do funcionário e camaradagem entre os colegas, além de analisar as práticas de gestão de pessoas das empresas.

TERCEIRIZAÇÃO A pernambucana que tem ganho cada vez mais espaço no Nordeste é a Villatec, sediada em Olinda (PE). A empresa, que atua com a terceirização de serviços que vão desde manutenção predial até limpeza urbana e mão de obra especializada para Indústria Química já atua no mercado há 24 anos. Para a Villatec, o destaque no cenário regional é resultado das soluções inovadoras, rigorosa seleção dos profissionais e do forte trabalho socioambiental. Segundo a empresa, a terceirização é uma opção que permite que as empresas concentrem os seus esforços nas atividades principais, além de reduzir custos e oferecer maior qualidade.

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GESSO O Simpósio Polo Gesseiro do Araripe - Potencialidades, Problemas e Soluções, realizado no Recife (PE), teve como objetivo mobilizar os segmentos governamental, acadêmico, empresarial, dos trabalhadores, e o político para o comprometimento do planejamento institucional visando a solução dos entraves do Arranjo Produtivo Loca do gesso. O evento foi promovido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco, pela Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, pelo Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de Pernambuco e Instituto Agronômico de Pernambuco. No final, ponto forte do evento, foi apresentada uma carta de Integração na Rural com demandas de soluções de sustentabilidade social, econômica e ambiental por parte dos órgãos governamentais, das associações empresariais e do sistema de ensino-pesquisa-extensão.

REGIONALIZANDO A Lorenzetti aumentou as suas vendas no Nordeste nos últimos anos — em média 20% ao ano. A empresa pretende investir fortemente em ações comerciais e em estratégias de trade marketing em 2014, com a intenção de seguir crescendo. “A Lorenzetti tem ampliado a distribuição e intensificado ações comerciais, que estão contribuindo para a expansão cada vez mais dos seus negócios na Região. Atualmente, a companhia está presente em 82% dos pontos de venda do Nordeste, levando em consideração o varejo e os home centers”, ressalta Alexandre Tambasco, gerente de marketing da Lorenzetti. A empresa possui duas filiais de vendas, uma em Salvador e outra no Recife, que administram todo o esforço de vendas e marketing.

VIDA SUSTENTÁVEL O Fórum Pernambucano de Construção Sustentável, realizado mensalmente pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco, apresentou o tema Segurança Contra Incêndio. Nessa edição, que teve o apoio da RMT Engenharia, o encontro foi conduzido por Ricardo Lucena, engenheiro de segurança e Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros, que falou sobre Normas X Projetos na Prática, e Rodrigo Machado, engenheiro civil e consultor na área de segurança contra incêndios, que abordou o tema Segurança contra Incêndios: uma Visão Baseada no Desempenho. O fórum contou também com a presença de acadêmicos e profissionais da área de engenharia e arquitetura, além do diretor de Ciência e Tecnologia do Sinduscon/ PE e coordenador do Movimento Vida Sustentável, Serapião Bispo, que intermediou o debate entre os palestrantes e o público.

CONCRETO Caruaru foi sede do Seminário de Artefatos e Pré-Fabricados de Concreto no Interior do Estado, promovido pelo Programa de Desenvolvimento Empresarial da Indústria de Artefatos de Concreto de Pernambuco. O evento reuniu fabricantes, construtoras, profissionais e estudantes da área para apresentar as tendências tecnológicas dos setores de alvenaria, pré-moldados e pavimentação intertravada. No seminário, o diretor da Tecomat Engenharia, Tibério Andrade, falou da importância do controle de qualidade e do uso de produtos em conformidade com as normas técnicas. Também marcaram presença o diretor da Prenorte Pré-Fabricados do Nordeste, Rinaldo Rocha Júnior, que palestrou sobre como tornar sua empresa mais competitiva através do associativismo, e o diretor da DoutorBloco Tecnologia em Concreto, Idário Fernandes, que trouxe para o debate o tema Os Artefatos e Pré-fabricados de Concreto na Industrialização da Construção.

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Drywall As chapas de drywall, ou gesso acartonado, fazem parte do método conhecido como construção a seco. De acordo com os principais especialistas em Construção Civil, trata-se do sistema que menos impactos causa ao meio ambiente — é largamente empregado nos EUA e na Europa —, pois, em primeiro lugar, gera uma quantidade de entulho muito pequena. Estudos apontam que os resíduos gerados durante a instalação de drywall correspondem a 5% do seu peso, número seis vezes inferior ao observado em obras das mesmas dimensões em que se utiliza, por exemplo, a alvenaria. Sem contar que os resíduos de drywall, como restos das chapas e dos perfis estruturais de aço, são 100% recicláveis. Vale a pena ressaltar também que a construção a seco, como o próprio nome indica, consome mínimas quantidades de água. O gesso acartonado também apresenta uma série de outras vantagens, entre elas liberdade arquitetônica; menor tempo de execução da obra e uso de menos mão de obra; redução do peso da estrutura; ganho de espaço (cerca de 5% em comparação à alvenaria); resistência ao fogo; imunidade ao ataque de fungos e insetos; estabilidade (não contrai nem dilata); maior conforto termoacústico; possibilidade de adotar qualquer tipo de acabamento e facilidade de reparos. Por esses motivos, hoje em dia o drywall é encontrado em cerca de 90% das construções erguidas nos EUA. No Brasil, o consumo de gesso acartonado cresceu 13,5% em 2013, totalizando 49,7 milhões de metros quadrados. As regiões Sul e Sudeste lideram a demanda, com 76% do total. Os 24% restantes estão divididos entre Centro-Oeste (15%) e Nordeste (9%). Os números são da Associação Brasileira de Drywall.

SOBRE A TREVO DRYWALL Fundada em 2008, na cidade de Juazeiro do Norte (CE), e pertencente ao fundo de investimentos Rio Bravo, a Trevo Drywall fabrica e distribui diversos materiais para a construção a seco. Como fabricante, a empresa abastece o mercado brasileiro com três tipos de chapas para drywall: – Standard (ST): indicadas à aplicação em paredes, revestimentos e forros em áreas secas. – Resistentes à umidade (RU): próprias para a aplicação em áreas úmidas por tempo limitado e de forma intermitente, como cozinhas, banheiros e áreas de serviço. – Resistentes ao fogo (RF): voltadas à aplicação em áreas com exigências especiais de resistência ao fogo, a exemplo de saídas de emergência e escadas enclausuradas. Detentora do certificado de qualidade PSQ-Drywall, do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQPH), a Trevo também comercializa uma completa linha de acessórios, a exemplo de massas para tratamento de juntas, fitas e materiais de isolamento acústico. Mais informações em www.trevobrasil.com.br.

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LAJEs NERVURADAs Com as propriedades mecânicas reduzidas quando submetidas a elevadas temperaturas, as estruturas de concreto armado perdem as suas funcionalidades em um incêndio e podem produzir situações catastróficas. Elevando a temperatura dos elementos estruturais a certos limites, isso poderá ser o suficiente para reduzir a rigidez e se chegar ao colapso da edificação. O dimensionamento de lajes nervuradas em situação de incêndio deve atender a duas condições (NBR 15200/2012): compartimentação (onde houver exigência) e resistência, ambas em função do Tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) previsto pela NBR 14432/2001, em função da altura da edificação e de sua finalidade. Onde a legislação exigir que a laje nervurada seja elemento de compartimentação, esta deverá atender às funções Isolamento e Estanqueidade conforme método tabular da NBR 15200/2012: TABELA 1 Dimensões mínimas de capa pelo TRRF - NBR15200, e suas respectivas reduções pelo TE TRRF (min)

CAPA/C1 (mm)

TRRF REDUZIDO (min)*

CAPA/C1 (mm)

CONCRETO + REVESTIMENTO DE AREIA E CIMENTO

30

120

30

60/10

50+10

60

80/10

30

60/10

50+10

90

100/15

60

80/10

50+30

120

120/20

90

100/15

70+30

Tabela 2 Dimensões mínimas da nervura pelo TRRF NBR15200, e suas respectivas reduções pelo T.E

TRRF (min)

b mín/C1

TRRF REDUZIDO (min)*w

b mín/ C1

30

80/10

30

80/10

60

100/25

30

80/10

90

120/35

60

100/25

120

160/45

90

120/35

Figura 1: largura mínima das nervuras.

Na ausência de exigência legal (instrução técnica) de compartimentação vertical, a espessura da capa poderá ser definida pelo dimensionamento estrutural (mín. 4 cm NBR 6118/2007). Para garantir a estabilidade estrutural (suporte) em situação de incêndio, são exigidas: largura mínima da nervura (b mín. medida na altura do centro de gravidade da armação) e C1 (distância mínima da face da nervura ao centro de gravidade da armação), conforme método tabular da NBR 15200/2012. A fim de atender às duas condições requeridas pela NBR 15200/2012 para lajes nervuradas em situação de incêndio, a Impacto Protensão desenvolveu as caixas plásticas 80 cm x 80 cm com alturas de 20 cm, 25 cm e 30 cm que garantem uma nervura de 12,5 cm e um índice de consumo similar aos das caixas plásticas 61 cm x 61 cm. Esse artifício é valido em todos os estados brasileiros, no dimensionamento de entrepisos de subsolos utilizados como estacionamentos, pavimentos interligados por escadas rolantes e átrios, edifícios com altura inferior a 12 m, entre outros.

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B mín.



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Tecnologia em Pisos drenantes Os pisos drenantes ou permeáveis, que permitem a vazão da água, têm sido uma solução cada vez mais buscada pelos construtores. Os períodos de chuvas intensas costumam causar enchentes e alagamentos nos grandes centros urbanos. A principal origem do problema é a impermeabilização do solo e a insuficiência das vias de escoamento da água. Por outro lado, a escassez desse recurso natural tem exigido alternativas que visem o seu reaproveitamento. Esse tipo de solução foi aplicada em toda a calçada e estacionamento da CasaE, Casa de Eficiência Energética da BASF, que reúne inovações em construção sustentável e ecoeficiente. O Elastopave e o Concreto Permeável, respectivamente, permitem o escoamento imediato da água como em uma peneira. A taxa de drenagem desses pisos é de 81 a 730 litros por minuto em um metro quadrado.

Essas soluções podem ser vistas na CasaE, localizada em São Paulo, que está aberta à visitação gratuita. Inscrições podem ser feitas pelo site www.casae.basf.com.br. O projeto traz novidades para o mercado de construção brasileiro e coloca à disposição da indústria a mais diferenciada tecnologia em materiais de alta performance, eficiência energética e proteção climática. Sobre a CasaE

A grande diferença em relação às alternativas existentes no mercado, como os pisos intertravados, é que o Concreto Permeável e o Elastopave são uniformes e estáveis, sem juntas ou vãos. Além da melhor estética, os modelos favorecem a acessibilidade de cadeiras de rodas e têm resistência mecânica. Por isso, nas áreas urbanas, esses pisos seriam aliados contra enchentes, podendo ser usados inclusive em calçadas e estacionamentos. Nas indústrias, resolveriam o problema da área de drenagem, que é uma exigência técnica. Outro benefício é a possibilidade de reaproveitamento da água. Na CasaE, o piso Elastopave foi construído sobre uma camada de pedras e cascalhos, formando um sistema de filtragem, e instalado por cima de uma manta impermeabilizante. A água que passa é recolhida por tubulações e levada a um reservatório para reutilização.São duas caixas que, juntas, armazenam cerca de 10 mil litros de água, usados na limpeza da área externa e na rega dos jardins. O Elastopave é um composto de poliuretano que, misturado a pedras ou cascalhos, funciona como uma supercola, formando superfícies resistentes e drenantes que impedem o empoçamento da água. Foi usado como pavimento drenante ao redor da casa e nas calçadas. Por ser um agregador, ele pode ser feito nas mais diferentes cores e materiais, como pedras, vidros e cascalhos, por exemplo. Já o Concreto Permeável é um concreto com alto índice de vazios, preparado com pouca ou nenhuma areia, e que permite a passagem de grandes quantidades de água. Tem maior resistência mecânica e acabamento rústico, sendo ideal para áreas de grande circulação, como estacionamentos. Esse tipo de concreto tem baixo consumo de água e de areia em sua fabricação.

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A CasaE é a primeira Casa de Eficiência Energética da BASF no Brasil e a 10ª unidade da empresa no mundo. O projeto recebeu soluções inovadoras desenvolvidas pela BASF e pelos parceiros envolvidos com o objetivo de reduzir o consumo de energia e a emissão de CO2. O sistema construtivo utilizado para as paredes, foi o Sistema Insulated Concrete Formwork (ICF) — blocos feito com Neopor® — poliestireno expandido. Essa inovação, além de tornar a obra mais rápida e limpa, é responsável por um isolamento térmico eficiente. A estimativa de economia de toda a energia necessária é de cerca de 70%.


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TINTA ACRÍLICA A novidade é o Coral Acrílico Total, lançamento de desempenho superior com mais resistência, cobertura e lavabilidade. Desempenho superior. Essa é a característica que norteia o principal lançamento da Tintas Coral em 2014. A partir deste mês, chega às prateleiras o novo Coral Acrílico Total, que oferece desempenho superior em resistência, cobertura e lavabilidade, de acordo com laboratórios credenciados pela entidade que baliza o setor. Além disso, a tinta terá uma cartela de cores exclusiva, com 210 tons no sistema tintométrico, e 20 prontas. “O Coral Acrílico Total é indicado para paredes externas e internas e foi desenvolvido para um público muito exigente com tintas, que busca o melhor resultado comprovado. Para o pintor, o produto representa desempenho durante a aplicação, pois apresenta mais cobertura, ou seja, maior produtividade, rapidez na pintura e qualidade de serviço”, diz o Gerente de Marketing de Produtos da Tintas Coral, Henrique Striker. O executivo explica que o novo produto da marca é 30% mais resistente à abrasão que o mínimo exigido pelo Programa Setorial de Qualidade (PSQ), da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati) para a categoria Premium; tem 50% maior cobertura e 30% mais ciclos de lavabilidade que o mínimo exigido pelo mesmo PSQ. Para o lançamento do Coral Acrílico Total, a Tintas Coral escolheu o tenista Gustavo Kuerten como garoto-propaganda para uma campanha 360 graus. “Uma pesquisa indicou que o atleta está associado aos atributos de performance do produto”, comenta Striker.

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Informações técnicas Composição: Resina acrílica modificada, pigmentos ativos e inertes, surfactantes, coalescentes, espessantes, microbicidas não metálicos, outros aditivos e água. Prazo de validade: 24 meses. Embalagem: 18 L, 3,6 L. Informações toxicológicas: Baixa toxicidade Diluente: Água. Diluição: Diluição de 20% para todas as superfícies, ou seja, 5 partes de tinta para 1 parte de água. Para aplicação com pistola, indicamos diluição de 30%. Rendimento: Pinta até 76 m² por demão por galão 3,6 L. Nº de demãos: Normalmente, com 2 ou 3 demãos, consegue-se um excelente resultado. Mas, dependendo do tipo, estado da parede e da cor, pode ser que sejam necessárias mais demãos. Secagem: Toque: 30 minutos. Entre demãos: 4 horas | Final: 4 horas. Recomendações: Evite a aplicação em dias chuvosos, temperatura abaixo de 10 ºC ou acima de 40 ºC e umidade relativa do ar superior a 85%.


Concreto Celular Estrutural Muito se fala do Concreto Celular Estrutural (CCE), que nada mais é do que uma evolução tecnológica surpreendente do concreto normal. Acrescenta, à já tradicional utilização do concreto, qualidades superiores de desempenho térmico, acústico, durabilidade e habitabilidade para o usuário final. O CCE é um concreto de cimento portland em que o aditivo espumígeno incorpora, por agitação mecânica, bolhas de ar de dimensões milimétricas, incomunicáveis, homogêneas, uniformemente distribuídas, estáveis e indeformáveis até o final do processo de lançamento e cura, mantendo inalterada a alcalinidade do concreto base, com massa especifica aparente no estado seco, não superior a 2.000 kg/m³, atendendo aos requisitos de desempenho do projeto estrutural e da ABNT-NBR 15.575. A utilização do CCE se adapta perfeitamente ao Sistema Construtivo de Paredes e Lajes de Concreto Celular Estrutural Moldadas no local para habitações onde, dada as suas características acima citadas, apresenta ao morador maior conforto. Seu emprego em habitações de baixo custo tem trazido ao morador a mesma qualidade que se obtém em paredes de moradias de luxo, ou seja, é uma tecnologia que objetiva a melhoria da qualidade, viabilizando o custo. No Brasil, ele vem sendo utilizado desde a década de 1980, tendo suas normas (12.644/12.645/12.646) publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em 1992. Além dessas normas, a referida associação instalou uma comissão de Estudos (CEE-185) que está finalizando um novo texto para projeto e execução de Paredes e Lajes de Concreto Celular Estrutural Moldada no Local. Sua utilização no Setor de Moradias Sociais, para atender o programa Minha Casa Minha Vida, vem se mostrando como a melhor alternativa para o usuário e para as construtoras que atuam no setor, dada a sua versatilidade, que atende praticamente a todas as variáveis arquitetônicas, possibilitando acréscimos com outros sistemas construtivos, como blocos de concreto e tijolos cerâmicos. Só nas regiões Norte e Nordeste já foram executadas mais de 40.000 unidades, financiadas pela CEF e pelo Banco do Brasil. O mercado nacional da Construção Civil possui diversas empresas especializadas e com larga experiência que podem atender às construtoras interessadas em aplicar o CCE em suas obras.

Informações técnicas Concreto muito utilizado em paredes/lajes estruturais, com espessura de 8 a 15 cm (de acordo com o cálculo estrutural). O sistema construtivo é normalizado e de fácil execução, gerando excelente conforto térmico e acústico em virtude da sua baixa densidade (entre 1.400 a 2.000 kg/m³). Normas da ABNT relacionadas: • 12.644 - Determinação da densidade de massa aparente no estado fresco. • 12.645 - Execução de paredes de concreto celular espumoso moldadas no local – procedimento. • 12.646 – Paredes de concreto celular espumoso moldadas no local – especificação. • CEE-185 – Texto em desenvolvimento.

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Tomada USB Experimente essa liberdade.

SIEMENS DO BRASIL

Já imaginou não se preocupar onde esqueceu o seu carregador USB ou não ficar procurando por uma porta USB disponível no computador para carregar seus aparelhos como Smartphones, MP4, celulares e outros dispositivos? Isso é uma realidade na linha Vivace da Siemens.

A Siemens está presente no Brasil há mais de 100 anos e é, atualmente, o maior conglomerado de engenharia elétrica e eletrônica do País, com suas atividades agrupadas em quatro setores: Industry, Energy, Healthcare e Infrastructure&Cities. Hoje, o Grupo Siemens conta com 13 fábricas e 7 centros de pesquisa e desenvolvimento, em vários pontos do Brasil. É também referência mundial no fornecimento de produtos de baixa e média tensão para diversos segmentos.

Pioneira no mercado brasileiro, essa inovadora tomada com entrada USB dispensa o uso de computadores para carregar dispositivos e traz ainda uma chave seletora, que evita o desperdício de energia quando não houve equipamentos conectados. A linha Vivace possui um design inovador e moderno, que foge dos modelos tradicionais e ganha mais personalidade, além de se integrar em qualquer local facilmente. Sua instalação é simples como a de uma tomada. Soma-se, a isso, a disponibilidade de placas coloridas e uma ampla gama de componentes. A linha fortalece o compromisso da empresa em desenvolver novidades que aliam bom gosto, tecnologia, conforto e funcionalidade à estrutura elétrica dos ambientes. Complementando o portfólio de interruptores e tomadas, a Siemens possui ainda as linhas Ilus, DELTA mondo e DELTA mondo LX com exclusivos Swarovski Elements.

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À PRIMEIRA VISTA

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O balanço é uma homenagem à feira livre de Campina Grande, que, para Sérgio, é uma das uma das poucas feiras que conserva a identidade local, oferecendo produtos genuinamente nordestinos. Tem estrutura de aço carbono, e a trama é feita com corda sintética. O detalhe fica por conta da aplicação de colheres de madeira.

O sofá foi inspirado nos caçuás, cestos de palha trançados, popularmente, utilizados, em algumas regiões do país, para transporte de mantimentos.

01 A CARA DO BRASIL

Nascido no Mato Grosso, Sérgio J. Matos vive em Campina Grande, na Paraíba, e é um apaixonado pela cultura brasileira. E é a partir daí, com o olhar sempre atento e essa mistura regional — de Norte a Sul —, tirando proveito do artesanato e materiais locais, que ele imprime a sua identidade, criando peças fortes e originais. É considerado um dos mais novos queridos do design no Brasil, com uma peculiaridade: foge do eixo Rio de Janeiro–São Paulo, e já desenvolve e comercializa seus projetos para os Estados Unidos, a Inglaterra e a Alemanha. sergiojmatos.blogspot.com.br I 83 3066.4390.

02

02 DEFINIÇÃO A Epson lança no mercado de CAD sua nova linha de impressoras SureColor Série T. São equipamentos de alto desempenho para a impressão colorida de projetos com linhas finas e precisas, desenvolvidos para escritórios de engenharia e arquitetura. Aliando tecnologia com economia, a Série oferece precisão de linha a partir de 0,1% para detalhes microscópicos e textos nítidos, permitindo impressões coloridas de alta qualidade no tamanho A1 em até 25 segundos. O design é compacto, e os cartuchos de até 700 ml garantem menor custo de impressão, proporcionando maior autonomia de trabalho e 30% de economia no custo de tinta por litro | epson.com.br I 4003.0376.

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06 03

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03 METAL CHIC Charme e modernidade não faltam no banco Stone Metal, da Kartell. A peça, composta de policarbonato metálico, é uma criação do designer Marcel Wanders. Medidas: 30 X 45 cm | lojakartell.com.br | 11 – 3083.7511

04 120 PÁGINAS O designer catarinense Jader Almeida lança o seu livro Jader Almeida, a Atemporalidade do Desenho. A publicação tem texto de uma das “papas” do design nacional, Adélia Borges, e conta a história do menino nascido em Santa Catarina que aos 16 anos de idade já trabalhava no chão da fábrica de uma loja de móveis e que aos 23 anos começou a trilhar seu próprio caminho pelo design brasileiro. Hoje, aos 33 anos, coleciona reconhecidos prêmios, do Museu da Casa Brasileira (SP) ao iF Design Award (Hanover). A história de vida, as inspirações, os métodos criativos e as curiosidades sobre Almeida são revelados no livro, que traz ainda um portfólio com mais de 150 produtos criados por ele. Publicado pela Editora C4 | editorac4.com.br I 11 5531.5505.

05 LUZ E DESIGN NA TERRA DO SOL Versatilidade e beleza fazem parte do lustre Kilter, da coleção Luz e Design na Terra do Sol, da La Lampe. Seu design leve é efeito do contraste entre o bastão torneado em freijó maciço e o difusor de aço banhado em cobre. A luminária emana uma luz aconchegante, além de permitir diversas composições graças à estrutura acoplada ao fio de tecido que deixa livre a escolha da altura na hora da instalação | lalampe.com.br

06 RESISTÊNCIA Destinada a cozinhas profissionais, os revestimentos cerâmicos da Coleção Industrial da Gail são de baixa absorção, com camada antiderrapante e anticorrosiva, além de terem um sistema de garras cônicas que garante maior fixação das placas. Os produtos suportam diversos níveis de temperatura, podendo ser aplicados em câmaras frias, áreas com geração de calor elevado e áreas de produção de alimentos. Dimensões: 240x116x9 cm | lojagail.com.br | 11 – 2423.2626

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VITRINE Estilo

DE VOLTA PARA O FUTURO Diogo Viana só tem 10 anos de carreira. Sim, a-pe-nas! Porque quem conhece um pouquinho a alma e o trabalho do arquiteto — que praticamente se confundem —, imagina que o pernambucano tem mais estrada. Inspirado na arquitetura contemporânea, ele tem um visão pós-moderna e os dois pés nas décadas de 1930, 1940, 1950 e 1970, tanto para projetos de interiores como para civis. Mas é também no estilo de vida de Diogo que identificamos algumas das suas ideias. Na vitrola, sempre bossa nova e indie rock 2015. Sim, ele está sempre 1 ano há frente. Colecionador de garrafas dos anos 1960, Viana é um consumidor de arte brasileira e tem verdadeira obsessão por livros de design, arte e arquitetura. Para beber: Moscow Mule, Ginger ou suco de limão bem gelado. Para comer: filé e purê de batata doce ou pizza de peperroni. Não à toa, para o arquiteto, as localizações geográficas certas são: Milão, São Paulo, São Miguel dos Milagres (AL), Recife Antigo aos domingos e, claro: “em casa, com tudo lindo, com tudo em paz”, conta. Nas duas páginas de Vitrine Estilo, um deleite para os olhos, você confere cinco projetos do pernambucano. Inspire-se!

01 MISTURAS DE ESTILOS Casarão secular na Cidade Alta, em Olinda (PE), ganha móveis dos anos 1950. Com um quê contemporâneo e despojado, tem acabamentos especiais. Toque para os pôsteres confiscados da cena musical.

02 uso de cores Home Office monocromático. Vermelho foi a cor escolhida. Quase tudo leva o desenho do escritório do nosso escritório — da estante e poltrona até a mesa e o tapete. A iluminação cenográfica La Lampe dá a harmonia aos tons de vermelho. Peças garimpadas especialmente para o projeto...

03 marcenaria personalizada Um home office para um colecionador de fotografias. O ponto alto do ambiente, fica com a estante desenhada pelo arquiteto, e a iluminação com o LED System, da La Lampe. Detalhe também para as cores e o papel de parede em estampa de cashmere flour no teto.

04 ideias exclusivas Original, a Caloi 10 foi totalmente customizada pelo arquiteto, que garimpou as peças pelos quatro cantos do mundo. Dourada, a bike foi coroada com um selim inglês Brooks na cor berinjela e provoca suspiros.

05 pura ousadia A sala de estar tem cenário lúdico, com tema fauna e flora. Os móveis e luminárias são da grife italiana Kartell. O destaque fica por conta do painel da estilista colombiana Catalina Estrada, ao fundo.

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o processo produtivo do pólo gesseiro de araripina Nesta edição, você pode conferir uma pesquisa feita pelo economista Pedro Linhares sobre o processo produtivo na região do Pólo Gesseiro de Araripina, no Estado de Pernambuco. Os dados foram coletados na década passada, momento em que o polo era muito diversificado devido ao grande número de empresas calcinadoras de gipsita e à falta de padronização no recebimento das matérias-primas que eram extraídas das jazidas, o que dificultava a otimização da qualificação dos materiais para efeito comercial e da pesquisa acadêmica. Baseado nesse contexto, foi produzido o trabalho Caracterização estrutural e microestrutural do gesso produzido pelo Pólo Gesseiro de Araripina, no qual foram realizadas caracterizações estruturais e microestruturais das gipsitas e dos seus subprodutos, empregando-se técnicas de caracterização físicas, químicas e mecânicas como difração de raios-x, microscopias óptica e eletrônica de varredura. Os resultados obtidos serviram de base a um projeto maior de utilização de gesso na fabricação de blocos reforçados com fibras naturais e/ou sintéticas como alternativa à alvenaria na Construção Civil. Na pesquisa, também colaboraram os professores do Departamento de Engenharia Mecânica (Demec) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Dr. Yogendra Prazad Yadava e Dr. Ricardo A. Sanguinetti, além do professor do Departamento de Engenharia Civil, Dr. Arnaldo Carneiro, e da professora do Departamento de Engenharia Química, Dra. Yeda M. Almeida.

*Pedro Linhares da Cunha Filho Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade da Amazônia-Unama (1986), com pós-graduação e mestrado em Engenharia Mecânica e doutorado em Ciência de Materiais pela Universidade Federal de Pernambuco. Desenvolveu atividades de pesquisa na Universidade Federal de Pernambuco na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em materiais conjugados não metálicos tipo metais com efeito memória de forma; caracterização estrutural e microestrutural de materiais à base de gesso e gipsita; obtenção e caracterização de cerâmicas avançadas magnéticas e sensores-dosímetros vítreos e cerâmicos para radiação ionizante. Atua como professor universitário e consultor nas áreas de Gestão da Qualidade, Administração da Produção Industrial, Logística e de Serviços, além de desenvolver pesquisas e orientação de TCCs na área de Gestão Estratégica.

PALAVRAS-CHAVE Blocos reforçados com fibras naturais e/ou sintéticas; caracterização microestrutural; caracterização mineralógica; gipsita; resistência mecânica.

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Introdução A pesquisa inicial é parte integrante de um projeto caracterizador de um composto à base de gesso e fibras naturais e/ou sintetizadas introduzidas na preparação de blocos de alvenaria alternativos à indústria da Construção Civil. Sabe-se que o gesso é um material de construção, também artístico, utilizado há séculos no mundo inteiro. Hoje, Espanha, França, Estados Unidos e Brasil são os maiores produtores de gesso e derivados da gipsita, e industrialmente ela é utilizada como carga, veículo, dispersante e condicionador em outros tipos de compósitos. O Polo Gesseiro de Araripina – PE respondia à época pela produção de aproximadamente 94% da produção nacional e exportava cerca de 25% da produção mundial. Nesse período, via-se que o uso de blocos de gesso maciço nas construções justificava o interesse em melhorar as condições de calcinação da gipsita e do preparo dos gessos, pois ajudavam na redução dos custos da obra e ainda na redução dos efeitos ambientais quando da queima dos elementos da cerâmica vermelha na forma de tijolos e telhas. A maximização das propriedades na elaboração de um compósito gesso x fibra (naturais e/ou sintéticas) proporcionou uma agregação de valor a vários tipos de fibra produzidos e/ou descartados em outros processos produtivos da região e na própria reciclagem dos refugos de gesso na Construção Civil.

determinação dos tempos de secagem dos materiais fabricados com os gessos recebidos, foram feitas em diversos níveis de consistência e condições ambientais diversas, a fim de podermos estudar os efeitos das condições ambientais em nossos resultados.

Resultados e discussões O processo de fabricação do gesso (hemidrato) está centrado basicamente na calcinação de dois tipos de mineral de gipsita, a “rapadura” e a “cocadinha” (figuras 1a e 1b), e são destinados ao preparo de placas, blocos, revestimentos e artefatos de decoração. De acordo com o tipo de aplicação e o processo industrial, gessos de pega lenta (entenda-se endurecimento) ou pega rápida são utilizados, e estas características (composição e misturas com aditivos) podem conferir maior ou menor resultados na resistência dos produtos produzidos. Na pesquisa, foram recebidos carregamentos de minerais de Gipsita (cocadinha, rapadura, alabastro (Fig.1c) e Johnson (Fig. 1d)), extraídos das principais minas da região do Araripe, além dos tipos de gesso produzidos (fundição, revestimento, massa e acabamento) que apresentavam teor de sulfatos de cálcio em torno de 97% com granulometria média entre 150 e 600 µm e densidade entre 0,65 e 0,80 g/cm3.

Metodologia do trabalho

1a

1b

1c

1d

fotos: supergesso

Nos ensaios de caracterização física e mecânica, foram utilizados blocos-padrão medindo 50 mm x 50 mm x 50 mm, de acordo com diversas normas da ABNT, tais como especificação de consistência, tempo de pega pela técnica de Vicat e Vicat-Modificado, de acordo a norma NBR 12128 da ABNT, e as normas NF B 12-401 (francesa), C 472-99 (ASTM) e 3049-74 (ISSO). As temperaturas de pega foram determinadas através de termopares Cromel-Alumel (tipo K) acoplados a um circuito de aquisição de dados informatizado. A difração de raios-x foi realizada em equipamento DRX 5000 da SIEMENS com radiação Cu-K em gessos puros nas consistências 0,30 até 0,75 (relação água x gesso). A especificação da dureza foi feita de acordo com as normas NBR 12129 (ABNT), 3051-74 (ISO) e C 472-99 (ASTM), em durômetro WPM com carga de penetração de 50 N, esfera de 10 mm de diâmetro nos mesmos materiais utilizados no raio-x. A resistência à compressão foi realizada em uma prensa WPM de 30 t e velocidade de deformação em torno de 0,5 mm.min-1. A determinação das temperaturas de calcinação da gipsita foi feita por técnica termogravimétrica em aparelho DTA-TG Perkin-Elmer no intervalo de temperatura entre 25 e 400 °C e taxa de aquecimento de 5 °C/min nas amostras das gipsitas recebidas. A microscopia óptica foi feita em microscópio Philips com luz transmitida e refletida com ampliação de até 1.500x, enquanto que a microscopia eletrônica de varredura em um aparelho JEOL com magnificação de pelo menos 3.000x. Para completar a

Os estudos apresentados neste trabalho servem de base teórica ao trabalho de obtenção de um bloco de gesso reforçado estruturalmente com fibras. Os resultados aqui obtidos estão respaldados por inúmeros outros trabalhos, mas complementam-se quando demonstram o valor das variáveis estudadas e caracterizam cada tipo de matéria-prima em virtude das regionalidades dos produtos. Um fato que mereceu destaque no trabalho está no teor de gipsita não calcinada, que reduz os níveis das propriedades físicas e mecânicas dos materiais estudados e que demonstra alguns tipos de falhas no processo de calcinação. Por motivo de segredo industrial, a presença dests

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composto na composição do gesso, os tipos de aditivos e suas respectivas quantidades não foram revelados, prejudicando assim a analise de suas influências nos parâmetros desejados. Com relação às propriedades mecânicas, os materiais feitos com gessos de fundição, que foram secados em condições ambientais diferenciadas, não apresentaram divergências em suas medidas, possibilitando que o tempo de secagem seja reduzido consideravelmente. Materiais elaborados com gessos para revestimento/acabamento apresentaram níveis de resistência mecânica inferiores aos de fundição, fato este que impossibilita sua aplicação em blocos para alvenaria.

O efeito da mistura de fibras na formação do bloco de alvenaria Os resultados aqui discutidos fazem parte de um adensado de informações que formalizam a base da pesquisa dos efeitos dos diversos tipos de fibra sintética e/ou natural nos gessos em forma de blocos de alvenaria até então não publicados. Assim, para manter o ineditismo dos resultados, preferi apenas mostrar o comportamento de um exemplo. Foi utilizado nos trabalhos experimentais um gesso de fundição à base de hemidrato ofertado por uma empresa produtora da região de Araripina – PE. O bloco desse material apresentou resistência à compressão na condição pura de 150 Kgf na consistência (relação água/gesso) de 0,57. Entretanto, para atender aos padrões de mistura estabelecidos, esse nível variou-se a consistência em até 0,60. O grau de pureza do gesso está em torno de 97% de hemidrato, e sua finalidade básica era a produção de artefatos da Construção Civil e adereço. Diversos tipos de fibra foram empregados neste estudo, sendo fibras de PET (Polietileno Tereftalato) no lado das fibras sintéticas e as fibras de côco, piaçava, sisal, caroá, cana-de-açúcar e bambu (este último na forma de celulose para fabricação de papel). A fibra da cana-de-açúcar, oriunda do processo produtivo do açúcar, foi ofertada pela Usina São José S.A. De grande abundancia na região, a cana-de-açúcar é plantada em grande parte da região litorânea do Nordeste brasileiro, atendendo à produção de várias usinas sucroalcooleiras, as quais competem na utilização do bagaço da cana na produção de energia para sua moagem. A análise química

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revelou que a fibra possui cerca de 80% de massa celulósica, 12% de pectina e 8% de lignina e teores de sacarose inferior a 2%. Suas principais propriedades são: densidade 1,39 – 1,48 g/cm3; resistência à tração 300 – 500 MPa; módulo de elasticidade entre 25 – 45 GPa; e alongamento máximo de 4%. As fibras, em média, apresentam comprimentos de 25 – 35 cm e espessura média em torno de 0,35 mm. A superfície da fibra apresenta reentrâncias que permitem um melhor acoplamento junto dos cristais nucleadores do gesso semi-hidratado, possibilitando a formação de uma boa interface gesso/fibra, o que permite uma melhor aderência e resistência mecânica do conjunto, dificultando tanto o saque da fibra como a quebra da fibra na matriz. A metodologia deste novo trabalho levou em consideração o processo de fabricação dos corpos de provas dentro das especificações estabelecidas pelas NBR 12129 e norma espanhola UNE 102.031. Com relação às misturas, estas estão de acordo com a norma NBR 12124. Os ensaios mecânicos foram realizados em uma máquina de testes mecânicos EMIC T5000N para determinar os módulos de elasticidade e de ruptura à tração, utilizando uma célula de carga de 500 N e velocidade de tração de 3 mm/min. Um programa base-PC registrava os dados dos experimentos, enquanto que uma série de ensaios eram realizados nos três principais grupos de diâmetros de fibra (após ensaios estatísticos), para determinar uma tensão média de ruptura da fibra. Tanto os corpos de prova da matriz pura como os misturados foram submetidos à carga máxima de 300 kN acoplada entre placas por uma célula de carga de 20 kN e um extensômetro indutivo-capacitivo, conectados a um PC. No ensaio de carga axial de compressão, a velocidade compressiva foi de 4 mm/min. Os módulos de rigidez e de ruptura e a tenacidade da matriz e dos compósitos foram obtidos a partir dos dados da tensão x deformação do ensaio. Resultados iniciais dos ensaios de carga axial de compressão nas matrizes com diversos graus de consistência (Figuras 3a e 3b) mostram o que acontece com o bloco de gesso puro quando utilizamos um volume de agua não recomendado. Dessa maneira, a consistência do material AFD2 (de acordo com a base de dados do trabalho) mostrou os maiores níveis de resistência, o que serviu de padrão para os estágios iniciais de caracterização. Maiores informações deverão ser publicadas em breve.



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AS VANTAGENS DO REÚSO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO Cláudia A. P. Teotônio* , Eder C. G. dos Santos e Stela Fucale*

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desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras enfrenta um enorme desafio: a ausência de uma gestão integrada dos seus resíduos sólidos. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2013, os municípios brasileiros coletaram, via de regra, apenas em logradouros públicos, cerca de 30 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição (RCD), isso, via de regra, apenas nos logradouros públicos. Nesse cenário, verifica-se que uma significante parcela dos RCD dispostos irregularmente (em margens de rios, estradas, mangues, córregos, etc.) é oriunda dos chamados pequenos construtores. Esses RCD são gerados por vários motivos, dentre os quais pode-se destacar: i) a inexistência de projetos; ii) a reduzida qualidade dos materiais empregados e a falha nos seus acondicionamentos; iii) a baixa qualificação da mão de obra empregada; iv) e a escassa racionalização dos processos construtivos. Dados de Pinto (2005) revelaram que usualmente 59% dos RCD em cidades brasileiras são oriundos de reformas, ampliações e demolições. Dentre os processos utilizados para realizar as demolições de edificações, pode-se destacar: i) os manuais, caracterizados pelo uso de ferramentas leves; ii) os mecânicos, que utilizam máquinas e equipamentos; e/ou iii) por expansão, caracterizados pelo uso de explosivos. Dentre esses processos, os manuais são geralmente empregados em edificações

de pequeno e médio porte, quando a estrutura não tem capacidade de suportar o peso de máquinas, quando a demolição oferece algum tipo de risco para as pessoas ou os equipamentos ou quando a intenção é o reaproveitamento da maior parte dos resíduos. Por ser mais artesanal, este método demanda um maior prazo para a sua execução (Baldasso, 2005). Nesse cenário, a desconstrução de edificações e a aplicação dos seus componentes em outras obras, ou seja, a sua reutilização, apresenta-se como uma excelente forma de reduzir os impactos causados no meio ambiente, pois essa ação utiliza o mínimo de processamento e energia. Porém, nem sempre a opção de reutilizar o RCD é possível, pois a variabilidade na composição do resíduo e as suas dimensões físicas podem impossibilitar o seu reaproveitamento. Nesse caso, a melhor alternativa encontrada seria a reciclagem dos resíduos, ou seja, a transformação destes em novos produtos. No entanto, nos casos em que o reaproveitamento dos RCD é possível — por exemplo, no próprio canteiro de obra — observa-se uma série de fatores positivos, dentre os quais pode-se destacar: i. a diminuição no consumo de recursos naturais e de energia; ii. a redução no volume de resíduos transportados para os locais licenciados pelos órgãos públicos e, consequentemente, a redução dos custos de remoção; iii. o estímulo ao desenvolvimento de pesquisas e novas tecnologias, podendo

aumentar a competitividade da economia, viabilizar o surgimento de novos materiais e gerar de empregos e renda; iv. o desenvolvimento de pequenos negócios e a oferta de materiais para lojas de componentes usados de construção; v. a melhoria da qualidade ambiental das cidades; vi. economia de recursos financeiros. Num estudo realizado por Teotônio (2013), a autora relatou o aproveitamento de 89% dos componentes (janelas, portas, balcões, entre outros) obtidos da desconstrução de 02 (duas) edificações localizadas no Recife–PE. Cerca de 95% dos RCD oriundos da demolição das edificações foram reaproveitados, o que reduziu o volume total de material de aterro em 29%. O reaproveitamento do RCD classe A (concreto, cerâmica, argamassa, entre outros) repercutiu na economia da contratação de 16 caçambas estacionárias de 5 m³. A partir das análises de todos os componentes e materiais reutilizados na construção de novas estruturas no terreno e, consequentemente, da redução dos custos no transporte dos resíduos e na compra de novos materiais, observou-se uma economia total de aproximadamente R$ 70.000,00 reais. Os resultados obtidos com este trabalho mostraram que é possível reduzir o volume de resíduos descartados no meio ambiente e obter vantagens econômicas com a reutilização e a adoção de medidas simples na execução das atividades de desconstrução e demolição no canteiro de obras de edificações de pequeno porte.

Bibliografias: ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013. São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm BALDASSO, Paulo César Pérez. Procedimentos para desconstrução de edificação verticalizada: estudo de caso. Dissertação de mestrado. UFRS, Porto Alegre-RS, 2005. PINTO, Tarcísio de Paula. Gestão ambiental dos resíduos da construção civil: a experiência do Sinduscon-SP. São Paulo: Obra Limpa, Sinduscon/SP, 2005. TEOTÔNIO, Cláudia Aline Pimentel. Gerenciamento de resíduos de construção civil (RCC) em obra de demolição: reaproveitamento dos resíduos de construção civil originados da desconstrução de duas edificações térreas. Monografia de especialização. POLI-UPE, Recife-PE, 2013. *Cláudia A. P. Teotônio Arquiteta e Urbanista pela UFPE, MBA em Tecnologia e Gestão da Construção de Edifícios pela POLI–UPE. *Eder C. G. dos Santos Eng. Civil pela POLI–UPE; Mestre em Geotecnia pela EESC–USP e Doutor em Geotecnia pela Universidade de Brasília – UnB. *Profª. Stela Fucale Engenheira Civil, Mestre e Doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco.

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Uma questão de Química A Química está, literalmente, dentro de nossas casas. Ela está nas paredes, nas tintas, no cimento, na cerâmica e nos vidros que revestem casas, apartamentos e escritórios. A produção de grande parte desses materiais depende, em maior ou menor grau, do envolvimento dos conhecimentos oriundos da Química. Com eles, tijolos podem ser trocados por blocos leves, e vidros revestidos com película de polímeros podem substituir paredes inteiras em construções. A reportagem investigou a relação da Química com o setor construtivo e o peso da modernização do segmento e da busca pela sustentabilidade nesse processo. por Tory Oliveira foto por Alexey Smirnov



Cresce o uso de materiais e conhecimentos oriundos da Química na área da Construção Civil.

“Tecnicamente, Química é o estudo da matéria, mas eu prefiro vê-la como o estudo da transformação”, explica à sala de aula do Ensino Médio Wlater White, professor de Química interpretado pelo ator norte-americano Bryan Cranston em um dos primeiros episódios da premiada série de televisão Breaking Bad. Recentemente — popularizada pela série que retrata as desventuras de um professor da disciplina que, ao receber o diagnóstico de um câncer terminal, torna-se traficante de metanfetamina —, a presença da Química em nossas vidas e residências não se limita à sala de televisão. Ela está nas paredes, na tinta, no cimento, na cerâmica e nos vidros que revestem casas, apartamentos e escritórios. Isso acontece porque a produção de materiais de construção depende, em grande parte, da Química. A produção de itens essenciais, como o cimento, a cerâmica, os vidros e as tintas, passa, necessariamente, pelos

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conhecimentos oriundos desse campo do conhecimento. Fundamental para o setor de Construção Civil, os materiais desenvolvidos a partir dos conhecimentos da Química estão presentes na história da humanidade há muito tempo. Os romanos, por exemplo, há 2 mil anos, utilizavam em suas casas e monumentos uma argamassa que possivelmente misturava areia, pedaços de telha, calcário calcinado e cinzas vulcânicas. O cimento nada mais é do que um material cerâmico que, em contato com a água, produz uma reação química exotérmica de cristalização de produtos hidratados, adquirindo assim uma resistência mecânica e se transformando em um material endurecido. “A Química sempre existiu na construção, mas naquela época não se tinha tanto conhecimento sobre o que acontecia por trás daquele fenômeno”, explica Kleber Gonçalves Bezerra Alves, coordenador do curso de graduação em

foto: SHUTTERSTOCK

Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com uma produção mundial estimada de 2 bilhões de toneladas por ano, o concreto, material básico da Construção Civil, também está repleto de Química na sua composição. O concreto moderno nasceu há cerca de 200 anos, no século 19, com a descoberta do cimento do tipo Portland, um dos principais materiais utilizados na produção de concreto atualmente.

A química sempre existiu na construção, mas naquela época não se tinha tanto conhecimento sobre o que acontecia por trás daquele fenômeno. Kleber Gonçalves


curso ligado diretamente às propriedades físicas e químicas de materiais. Com esse conhecimento, é possível desenvolver novos produtos para a indústria e para a Construção Civil”,explica Kleber Alves. A Engenharia de Materiais também pode contribuir com a indústria química da Construção Civil por meio do uso de métodos instrumentais para o estudo da microestrutura dos materiais, ou seja, a parte da estrutura invisível a olho nu. “São métodos de análise de materiais visando seu desenvolvimento e extremamente sofisticados e de elevado custo”, explica Heber Sivini Ferreira, professor do curso de Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Seu uso pode levar ao desenvolvimento de materiais inovadores na Construção Civil”, comemora. Entre os métodos já utilizados na UFPB, estão as análises químicas instrumentais, a difração de raios X, as análises térmicas e a microscopia eletrônica de transmissão e varredura. A pesquisa na área de Engenharia de Materiais também pode servir para descobrir novas formas de uso para produtos que já existem há muito tempo, como o vidro, que hoje pode mudar de cor de acordo com a sua exposição à luz ou se tornar sensível ao toque. O uso do vidro combinado com o plástico aumenta a resistência ao impacto e às intempéries, tornando seu uso interessante para a indústria da Construção Civil e também da automotiva. As tintas também podem ganhar novas propriedades, como a capacidade de repelir bactérias e outros micro-organismos. Isso é possível pelo uso de dióxido de titânio em sua composição. Essa técnica é especialmente utilizada em hospitais, por conta de suas propriedades antibactericidas.“Quando a luz incide sobre a superfície pintada com a tinta, as partículas eletroativas reagem, matando as bactérias que estão na parede”, explica Kleber Alves, do curso de Engenharia de Materiais da UFPE. Além das novas técnicas de construção exigirem produtos mais técnicos e específicos para as mais variadas aplicações, a preocupação com os custos e com o meio ambiente e a

sustentabilidade também ajudam a explicar a ascensão do segmento de químicos no setor de construção. Fundada na Alemanha em 1865, a gigante empresa química BASF é uma das que apostam na inovação para tornar as construções mais sustentáveis. Um dos grandes laboratórios da empresa para a aplicação prática dos produtos desenvolvidos é a CasaE, ou Casa da Eficiência Energética. A versão brasileira é a décima construída no mundo — a primeira em clima tropical. Ela reúne as mais importantes soluções da empresa em construção sustentável, que permitem, segundo a BASF, uma economia de até 70% no consumo de energia. “Há uma ampla linha de produtos da divisão de Químicos para Construção aplicada na CasaE. São hiperplastificantes, resinas, impermeabilizantes, selantes e

foto: DIVULGAÇÃO

O processo de transformação do concreto foi patenteado em 1824 pelo inglês Joseph Aspidin e posteriormente aprimorado pelo seu filho, William. A principal reação química envolvida no processo é a formação de silicatos de cálcio a partir do carbonato de cálcio (presente no calcário) e dos silicatos existentes na argila. Como ensinou Walter White, a chave para entender os processos químicos é a noção de transformação da matéria. Quando a temperatura supera os 1000 ºC, os dois materiais se transformam, quebram-se e se recombinam em silicato tricálcico e silicato dicálcico. As pequenas quantidades de ferro e de alumínio na argila também reagem com o cálcio. Finalmente, essa mistura, chamada de clínquer, é moída para se transformar em pó, e o sulfato de cálcio (gipsita) é adicionado. A presença da água é o último passo nessa cadeia de reações químicas, responsável por transformar calcário e argila em concreto. É possível encontrar vários exemplos da atuação da Química na Construção Civil apenas olhando para as nossas próprias casas, explica Maria Lucia Cochlar, coordenadora do curso de Engenharia Química e do Petróleo da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Além do cimento, blocos leves, desenvolvidos com pó de alumínio, isopor e outros agregados podem substituir tijolos. Novos isolantes que impedem a entrada da umidade já estão sendo usados em lajes, e vidros revestidos com película de polímeros podem substituir paredes inteiras em construções. Novas fibras de vidro substituem o nocivo amianto nas caixas-d’água, e rodapés de madeira dão lugar aos feitos com poliestireno, o que proporciona menos problemas com a umidade e com insetos como o cupim. Todos esses materiais, além de argamassas, tintas e aditivos, são produzidos com ajuda da Química. A Química também está na base de cursos inovadores, como o de Engenharia de Materiais. No caso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a primeira turma do curso criado em 2010 vai pegar os diplomas em 2015. “É um

Heber Sivini, professor do curso de Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

A Engenharia de Materiais pode levar ao desenvolvimento de produtos inovadores na Construção Civil com métodos de análise extremamente sofisticados. Heber Sivini

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adesivos, entre outros, que, utilizados na obra, a tornaram mais rápida, limpa e eficiente”, explica Marcos Correia, gerente de marketing da divisão de Químicos para Construção. Uma dessas soluções é a linha de hiperplastificantes à base de éter policarboxilato modificado. Ele aumenta a eficiência da hidratação do cimento, reduzindo o uso de água em 40% em relação aos processos convencionais. Além de economizar água, o produto reduz as emissões de CO2 durante a obra. Outro produto, ideal para áreas de grande tráfego de pedestres ou veículos, é o revestimento impermeabilizante de

Há uma ampla linha de produtos do setor da química para construção que podem ser aplicados, como HIPERPLASTIFICANTES, RESINAS, IMPERMEABILIZANTES, SELANTES, ADESIVOS E OUTROS, QUE UTILIZAMOS NA OBRA. MARCOS CORREA.

foto: LUCIANA SERRA

Marcos Correia, gerente de marketing da divisão de Químicos para Construção da BASF

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poliuretano antiderrapante. “Na CasaE, ele foi aplicado na área gourmet e na rampa de acesso de cadeirante”, conta Marcos Correia. Atualmente, a BASF possui em seu catálogo mais de 400 produtos químicos para uso na Construção Civil: são aditivos para concreto e cimento, soluções para construção subterrânea, impermeabilização, selantes, tecnologia para reparo, recuperação e proteção de estruturas, grautes e revestimentos de alto desempenho. Um dos produtos de destaque é uma argamassa de reparo tricomponente, desenvolvido a partir da tecnologia de polímero avançado APS. “Essa tecnologia permite a utilização do produto em baixas temperaturas, é segura, fácil de trabalhar e gera baixo odor, sem contaminar os itens estocados no ambiente”, conta Correia. No caso do Brasil, a expansão do uso de produtos químicos para a construção acontece não só na esteira do crescimento do mercado, que pode ser medido pelo aumento da produção nacional de cimento, mas também pelo seu grau cada vez mais elevado de exigência e de modernização. O crescimento da industrialização da produção de concreto, por exemplo, em detrimento ao preparado em obra pelo próprio usuário, é um dos sinais dessa modernização. A expectativa é que, nos próximos anos, o grau de industrialização da Construção Civil se aproxime dos níveis encontrados nos países desenvolvidos, como os da Europa. As aplicações da Química também podem ser encontradas dentro das paredes de nossas casas. Hoje em dia, por exemplo, não é mais preciso que as tubulações e os canos sejam construídos com ferro. Tradicionalmente, nas construções mais antigas, a tubulação de água era feita de ferro e passava por dentro do revestimento de alvenaria. O problema é que o ferro, com o tempo, passava por um processo de reação química conhecido como oxidação e entupia a tubulação, causando grandes transtornos. O maior deles, talvez, era a necessidade de se quebrar a parede para realizar os reparos. Atualmente, já

é possível substituir o material metálico das tubulações por outro, polimérico, e passar a tubulação externamente. Materiais poliméricos são nada mais do que os plásticos que conhecemos no jargão comum, explica a professora Yeda Almeida, do departamento de Engenharia Química da UFPE. Trata-se, porém, de um material plástico diferente do uso geral, como em sacolas de supermercados. “É um plástico mais resistente, que vem substituindo outros produtos, como a madeira ou o metal. O plástico vem ocupando esses espaços, pois é um material mais barato, leve e resistente à corrosão.” Outro material utilizado na construção é o ETFE (Etileno tetrafluoretileno), um polímero transparente que pode substituir o vidro com eficiência. “Comparado com o vidro, o ETFE transmite mais luz, isola melhor, é 99% mais leve”, explica Yeda. Além disso, esse polímero é capaz de suportar cerca de 400 vezes o seu próprio peso, pode ser esticado até três vezes seu comprimento sem que haja perda de elasticidade, possui uma superfície antiaderente resistente à sujeira e pode durar muitos anos. “Por essas e outras capacidades, o ETFE é chamado de material de construção milagre”, conta a professora do departamento de Engenharia Química. Outra empresa que faz uso dos recursos da Química para revolucionar a Construção Civil é a alemã Evonik, atualmente uma das principais líderes mundiais em especialidades químicas, presente em mais de 100 países do mundo inteiro e que gerou 12,7 bilhões de euros em vendas no ano passado. A empresa está no Brasil desde 1953, e, além da Construção Civil, seus produtos são aproveitados por setores industriais como o automotivo, farmacêutico, cosmético, agroquímico e de nutrição animal. Dentre os seus principais produtos, estão a linha de polímeros acrílicos, com suas chapas, tubos e bastões de acrílico. Inventados há 76 anos em uma planta da Evonik Industries, na cidade de Darmstadt, na Alemanha, os polímeros acrílicos podem ser


foto: Arthur Calazans

As aplicações da química também podem ser encontradas dentro das paredes de casas, coberturas, toldos, varanda, sacadas e fachadas .

foto: SHUTTERSTOCK

utilizados em diversos segmentos. Além dos projetos mobiliários, os polímeros encontram aplicações em rodovias, aeroportos, projetos viários, hotéis, hospitais e na decoração. Coberturas, toldos, varanda, sacadas e fachadas podem ser fabricadas com o material, cujo destaque se dá pela resistência a raios ultravioleta, o que impede o material de se tornar amarelado com o tempo. Os polímeros acrílicos também possuem alta resistência à abrasão e ao impacto, facilidade de limpeza e de manutenção. Além de ser totalmente reciclável, sua grande transparência e alta transmissão da luz do Sol permite a economia energética de até 50% em coberturas, o que ajuda a reduzir a emissão de poluentes. A Química também contribuiu para o desenvolvimento, ainda na década de 1960, das resinas metacrílicas reativas. O produto final — uma massa de alta durabilidade criada para o assentamento — revelou-se particularmente adequado para marcações de pavimentos. O material é obtido também por meio de uma transformação química, a partir da adição, ao composto orgânico metilmetacrilato, de agentes de enchimento, pigmentos, grânulos de vidro e peróxido. O produto, comercializado pela Evonik, é ideal para áreas de estádios, aeroportos, hotéis, cozinhas industriais e áreas de exposição. Motivada pela busca por um maior equilíbrio ambiental e pela modernização do setor, a aplicação da Química na Construção Civil veio para ficar. Embora as primeiras turmas do curso de Engenharia de Materiais da UFPE ainda não tenham chegado à formatura, o coordenador do curso, Kléber Alves, vê um futuro promissor. “Os alunos já desenvolvem pesquisas em diversas áreas. Depois de formados, suas atuações deverão ser bastante abrangentes.” Criada há 35 anos, a graduação em Engenharia Química da Unisul, em Santa Catarina, atende a um mercado bastante diversificado, em diversas indústrias e empresas que produzem materiais para o setor construtivo. Maria Lúcia Cochlar vê potencial para essa

As Universidades Federais da Paraíba e de Pernambuco já apostaram no curso superior de Engenharia de Materiais, bastante promissor para a setor da construção.

atuação crescer ainda mais. “A Construção Civil ainda utiliza técnicas muito antigas no Brasil, usa muita madeira, isso pode ser substituído por outros materiais.” A coordenadora do curso afirma que, no Brasil, “sobram” vagas para engenheiros químicos, mas grande parte dos empregos concentra-se em empresas maiores, multinacionais, em que os salários são mais atraentes. “Muitos engenheiros, ao se formarem, partem em busca de outras ofertas.” Ao vislumbrar as possibilidades futuras, Maria Lúcia ri ao telefone. “Imagina no futuro o quanto teremos de inovações em novos materiais e aditivos? O futuro da Química voltada para a Construção Civil é muito promissor”, aposta.

A Construção Civil ainda utiliza técnicas muito antigas no Brasil, usa muita madeira. Isso pode ser substituído por outros materiais. Maria Lúcia Cochlar

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A CASA SUSTENTÁVEL A CasaE, ou Casa de Eficiência Energética, é um projeto da BASF realizado em diversos países em que a empresa atua. A réplica brasileira é a décima construída no mundo — a primeira em clima tropical. O projeto apresenta soluções para a redução do consumo de água, da energia elétrica e da emissão de gás carbônico. O diferencial da CasaE começa pelo sistema construtivo, que consiste em blocos de Neopor, poliestireno expandido acrescido de grafite, que proporcionam isolamento térmico. Espumas especiais foram aplicadas nas paredes e no teto para dar conforto acústico e térmico. No processo de construção, ainda foram utilizados tintas, vernizes e adesivos com pigmentos especiais que atuam no controle da temperatura e que também contribuem para um menor gasto de energia, reduzindo consideravelmente o uso de ar-condicionado, por exemplo. A obra ainda recebeu pisos drenantes, que permitem a passagem da água e possibilitam seu reaproveitamento para a limpeza da área externa e rega dos jardins. Também estão presentes na casa produtos especiais voltados para revestimento, impermeabilizantes e antiderrapantes. O interior do imóvel ganhou tinta antibactéria, que diminui grande parte das bactérias nas paredes, proporcionando um espaço mais protegido de doenças. A parte externa recebeu cobertura de tinta contra mofo e tinta acrílica com maior rendimento e durabilidade. Além disso, pigmentos especiais permitem a reflexão da luz solar, mantendo as superfícies frias. A CasaE está aberta ao público brasileiro desde setembro de 2013, no bairro do Campo Belo, em São Paulo. Para visitação, que é gratuita, é necessário realizar agendamento pelo e-mail: casae@basf.com.

A CasaE possui um sistema construtivo que consiste em blocos de Neopor, poliestireno expandido acrescido de grafite, o que proporciona isolamento térmico.

Serviço Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) unisul.br 0800 970 7000 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ufpe.br 81 – 2126.8000 Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ufpb.br 83 – 3216.7200 Evonik Brasil corporate.evonik.com.br 11 – 3146.4100 foto: Arthur Calazans

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BASF basf.com.br 11 - 2039.2273



arquitetura

Marianne Peretti: 60 anos que se confundem com a história da arquitetura brasileira. FOTO: saulo cruz

A influência dos vitrais de Marianne Peretti na arquitetura moderna Parceira de Oscar Niemeyer, a artista plástica franco-brasileira tornou contemporânea a arte feita a partir do vidro por Mellyna Reis

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caráter milenar e sacro dos vitrais clássicos nunca serviram de inspiração para a artista plástica Marianne Peretti, considerada uma das maiores vitralistas do País. Refugiada em uma casa cercada por um imenso e esplendoroso jardim, na Cidade Alta, em Olinda, a franco-brasileira foi responsável por modernizar a arte criada na Europa há mais de 1.500 anos e que historicamente está associada a igrejas e obras de cunho religioso.

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“Quando a gente fala em vitral, as pessoas veem os vitralhos cercados de chumbo, que representam o Menino Jesus com a Virgem Maria, e uns anjos que voam. Não é? Tem todo um imaginário”, comenta. Na história da arquitetura, o vitral evoluiu passeando entre a Art Decor, o modernismo e a vanguarda. No Brasil, o conceito contemporâneo dessa arte surgiu das ideias de Marianne Peretti. Em plena atividade aos 86 anos, a vitralista desconstruiu ao longo da

carreira a técnica tradicional de encaixar pequenos pedaços de vidro colorido no chumbo e que geralmente representam cenas ou personagens — um recurso didático muito utilizado pelas igrejas católicas na Idade Média, o qual podia ser facilmente interpretado pela população, cuja maioria era analfabeta. A artista plástica produziu vitrais contemporâneos em todos os tamanhos, sendo vários deles elaborados especialmente para compor diversas


Vitral do museu Memorial JK, em Brasília, com 4,5m de diâmetro. FOTO: Breno Laprovitera

construções modernas de Oscar Niemeyer, de quem foi colaboradora por mais de 2 décadas. “Niemeyer adorou essa história de vitrais”, revela Marianne, acrescentando que esse tipo de trabalho foi solicitado pelo próprio arquiteto. “Eu acho que é uma coisa que ele nunca tinha pensado — em trabalhar — e que deu uma vida muito grande às coisas dele”, acredita. Os vitrais de Peretti estão espalhados pelo mundo, mas ,devido à parceria com Niemeyer, a capital federal do Brasil concentra os trabalhos que lhe renderam mais prestígio. As obras feitas a partir do vidro estão localizadas no Memorial JK, Superior Tribunal de Justiça (STJ), Câmara dos Deputados, salão anexo do Senado, na capela do Palácio do Jaburu, no Panteão da Liberdade, e a mais importante, o teto da Catedral de Brasília. A habilidade da franco-brasileira para manusear o vidro começou por acaso. Uma falecida amiga, Janete Costa, pediu

que fizesse uma peça pequena e redonda para sua casa. O resultado satisfatório acabou rendendo mais encomendas.“Eu nunca tinha feito vitral”, relembra Peretti, que em nenhum momento da intensa produção artística recorreu aos moldes clássicos. Como já tinha intimidade com o ferro, outro material bastante utilizado por ela, trabalhar com o vidro ficou mais fácil, já que este se faz necessário para dar sustentação à obra. “Você faz qualquer coisa com ferro. A prova é a Torre Eiffel em Paris, um negócio enorme que funciona até hoje”, ressalta. O vidro também tem suas facilidades. “A gente pode fazer vitrais lindos com vidros baratos. Não precisa de vidros extraordinários, soprados, que são caríssimos. Pode fazer coisas muito interessantes, muito bonitas, com vidros muito simples.” E complementa: “Até com vidros brancos, vidros normais, você aplica um jato de areia e faz alguma coisa”. Para Marianne, o vitral tem um papel

importante na arquitetura moderna e pode ser empregado em qualquer projeto, desde que o profissional seja inventivo. “Se você colocar um vitral, mesmo pequeno, numa residência, ele dá muita vida. Uma vida que não poderia vir de outra coisa”, afirma. A artista plástica lamenta a gama de edifícios modernos cujos projetos restringem o vidro a grandes painéis e janelas espelhados. “O belo é muito importante”, enfatiza Peretti, ao elencar os espigões que margeiam a Avenida Agamenon Magalhães, no Recife. Além do talento, a liberdade para produzir é o segredo para o sucesso de suas obras.“Eu acho que as pessoas não cultivam a liberdade”, analisa. Essa autonomia da artista compreende desde o traçado e as diversas dimensões de suas peças até o processo de execução. Um exemplo disso foi a elaboração do vitral no teto da Catedral de Brasília, o qual possui mais de 2.000 m², cujos desenhos foram

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arquitetura FOTO: acervo do artista

ATÉ SE MARIANNE PERETTI NÃO CONSTITUÍSSE A GRAÇA DA CONVIVÊNCIA DOS POETAS, DEVERIAM ELES CONSIDERAR COMO JOVEM IRMÃ A ARTISTA SENSÍVEL E ESPIRITUOSA, RICA DE TAMANHA OUSADIA E RAZÃO, QUE SE FEZ CONHECER ATRAVÉS DE SUAS ILUSTRAÇÕES...” André Salmon, 1952

CARREIRA Salvador Dali e Marianne Peretti, na abertura da primeira exposição da artista.

Obra da Capela Jaburu. Vitral com 20 m². FOTO: Breno Laprovitera

feitos em tamanho real, reproduzidos no chão, em papel vegetal. “Não dava para ser feito num papel pequeno.” Os rabiscos feitos para cada um dos dezesseis gomos de vidro que separavam as colunas de concreto do templo deixaram sequelas na coluna, que a fazem pensar na obra com parco rancor. Mas o semblante muda para um ar mais divertido quando recorda as críticas dirigidas ao trabalho, finalizado em 1987. “Teve gente que achava que eu tava estragando o trabalho de Niemeyer”, conta. Afora os vidros em tons de azul e verde, Marianne Peretti pediu

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a autorização para pintar as colunas internas de branco para acabar com “a tristeza” do concreto aparente que, segundo a vitralista, quando a água escorria pela estrutura pareciam lágrimas caindo em meio à melancolia do cinza. O resultado foi tão positivo que vários outros projetos arquitetônicos desenhados por Niemeyer em Brasília também receberam uma pintura branca. Em 2010, já com 82 anos, Marianne Peretti acompanhou o processo de restauro da obra, que teve um custo de R$ 25 milhões.

Nascida em Paris e radicada no Brasil, Marianne Peretti começou a se encantar pelo mundo das artes quando era muito jovem, ainda na França. Criada no meio de escritores e intelectuais, a artista plástica fugia das aulas de um colégio tradicional para ir desenhar na Academie de La Grande Chaumiére, célebre escola artística localizada em Montparnasse. A proximidade com a arquitetura também se deu de maneira parecida. Largava o ensino regular para passar horas se deleitando com livros e revistas sobre o tema em uma livraria próxima ao Museu do Louvre, outro lugar bastante frenquentado por ela desde a infância. Diante do fascínio pelas artes, a família acabou matriculando-a em cursos de desenho e pintura na École des Arts Décoratifs, também em Paris. Filha de mãe francesa e pai pernambucano, Marianne veio morar definitivamente no Brasil em meados da década de 1950, onde passou a desenhar e pintar paisagens e aspectos variados do Ceará, Recife e da Bahia. Participou de várias Bienais em São Paulo, obtendo o prêmio de melhor capa de livro em As Palavras, de Paul Sartre. A primeira exposição individual na capital francesa foi na Gallerie Mirador. Também realizou várias mostras, individuais e coletivas, em São Paulo, Brasília, Recife e outras cidades. Além dos importantes trabalhos produzidos na capital federal, a carreira de Peretti é marcada por várias obras no exterior, a exemplo do mural de 48


Uma das maiores obra-primas de Peretti: a Catedral de Brasília.

m² em relevo e vidros de cor no Boulevard Voltaire, para a Câmara Sindical de Eletricidade, em Paris. O livro Documentando Marianne Peretti e o documentário Arte e Arquitetura estão sendo produzidos por Tactiana Braga e pelo curador Laurindo Pontes sobre a obra da artista plástica, que por vezes se confunde com a de Niemeyer. Contudo, ainda não há data prevista para o lançamento. Marianne continua em plena atividade em seu ateliê, que funciona na parte de trás da sua residência, em Olinda. A próxima obra já está sendo elaborada e terá cerca de 12 metros de altura, mas ela prefere manter em segredo os detalhes.

A VITRALISTA E O ARQUITETO A parceria de Marianne Peretti com Oscar Niemeyer começou na década de 1970, a partir de um encontro propiciado pela artista plástica. Enquanto estava em Paris, Marianne

assistiu a uma reportagem na televisão sobre a construção da sede do grupo editorial Mondadori, na Itália. “Vou lá em Milão ver essa coisa que é bonita demais”, decidiu na época. O projeto foi assinado por Niemeyer. A mãe da vitralista ficou impressionada com a breve viagem, cujo intuito era apenas o de observar de perto uma edificação. A estrutura se destaca pelos arcos e se assemelha ao do Palácio do Itamaraty, em Brasília, também projetado por Niemeyer. Em Milão, Peretti conheceu o assistente do arquiteto carioca e conseguiu o endereço dele no Rio de Janeiro. Por coincidência, o voo em que viajava a artista plástica fez uma conexão na capital fluminense. Com tempo disponível, Marianne não pensou duas vezes e aproveitou a oportunidade para ir até a casa de Niemeyer.“Ele veio abrir a porta, ele mesmo, e eu disse: tô chegando de Milão. Ele me recebeu logo, para ter notícia do prédio, e eu disse que tinha achado maravilhoso”, relembra.

FOTO: istockphoto

FOTO: Jorg Hackemann

Detalhe externo da Catedral de Brasília.

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FOTO: iStock

Se você colocar um vitral numa residência, mesmo pequeno, ele dá muita vida. Uma vida que não poderia vir de outra coisa, Marianne Peretti.

Panteão da Pátria, em Brasília (DF).

FOTO: laurindo c. pontes

A amizade entre a vitralista e o arquiteto estava praticamente selada. Já no primeiro contato, Niemeyer quis saber o que a artista plástica era capaz de produzir. “Ele me botou numa sala onde não tinha nada, nem um livro, nenhum jornal, nenhuma revista. Nada, nada, nada. Só papel e lápis. De vez em quando, ele: ‘tá pronto?’ E eu: ‘ainda não!’”, recorda com alegria. Peretti foi a primeira a desenvolver vitrais para o arquiteto, que os solicitou com muito entusiasmo. “Eu não sugeria nada, porque são prédios do Estado. Eu não tinha esse poder”, disse a vitralista, sobre as demandas para o conjunto arquitetônico da capital federal. São frutos da parceria entre Peretti e Niemeyer os vitrais A Alma de JK (Memorial JK), Pasifaé (Câmara dos Deputados), A Mãe de Deus (Superior Tribunal de Justiça), Pássaro (salão anexo do Senado), as fachadas da Capela do Palácio Jaburu e do Panteão da Liberdade, além da mais estimada, o teto da Catedral de Brasília. “Eu acho que eu fiz bem para o vitral, porque eu o transformei numa coisa muito acessível, no sentido artístico”, considera. Ao longo de mais de 20 anos, a dupla também atuou em outros trabalhos, como painéis e esculturas, que tiveram o ferro como o principal insumo. A vitralista afirma que a parceria tornou a execução dos projetos ainda mais acelerada, característica valorizada por Niemeyer. A sintonia entre os dois, vez por outra, confundia o público, que acreditava se tratar de uma arquiteta, e não uma artista plástica. “Eu fiz uma coisa de arquitetura que até o Oscar Niemeyer disse que ficou muito bom. E, para ele dizer muito bom, não era muito fácil”, brinca. Seguindo a filosofia de trabalho do amigo ilustre, que desenhava até pouco antes de falecer, aos 104 anos, Peretti também pretende produzir até o último dia de vida. “Parou, não tem graça.”

FOTO: Breno Laprovitera

arquitetura

Colunas do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

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Peça “ O Pássaro”, exibida no Teatro Nacional. A escultura em bronze dourado polido tem 1,80 m e 800 kg .


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Oitava edição da Concrete Show South America tem saldo positivo Evento da cadeia produtiva da Construção Civil aconteceu em São Paulo e bateu recorde no número de visitantes

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Concrete Show, um dos principais eventos da Construção Civil do Brasil, teve o maior público registrado em 8 anos de evento. Durante 3 dias, 600 empresas nacionais e internacionais apresentaram seus lançamentos em soluções tecnológicas e serviços para obras de infraestrutura, residenciais e industriais. Para Claudia Godoy, presidente do Concrete Show, a grande presença de público confirma o interesse crescente dos profissionais do setor em conhecer e utilizar novas tecnologias, que contribuem tanto para a qualidade como para a produtividade nos canteiros de obras pelo País. As empresas, por sua vez, marcam presença porque têm a garantia de visitantes qualificados, a maior parte deles, profissionais com poder de decisão e influência na compra de produtos. Otimismo, não sem cautela – A grande movimentação foi motivo de comemoração entre os expositores. “A visitação da feira superou todas as expectativas. Recebemos donos de construtoras do Brasil e exterior. É uma sinalização que o mercado será aquecido no segundo semestre de 2014 e primeiro semestre de 2015”, avalia Marcio Mazulis, proprietário da Novatreliça. Visão semelhante tem o diretor da RCO, Carlos Donizetti de Oliveira: “Ano passado,

participamos pela primeira vez do Concrete Show. Os frutos colhidos na edição de 2013 colaboraram com o crescimento de mais de 60% em negócios neste primeiro semestre. Este ano, a feira esta ainda maior, e o ambiente de negócios está muito mais favorável”. O diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Hugo Rodrigues, afirma que não foi surpresa que a 8ª edição do Concrete Show estivesse tão movimentada, mesmo que as expectativas de crescimento econômico do País sejam tímidas no momento. De acordo com ele, para a cadeia produtiva do concreto o momento é de cautela, mas não de estagnação.“É impossível que um setor tão pujante entre num ciclo longo de retração”. Transferência de tecnologia – As atividades de capacitação também tiveram saldo positivo. Dentro do Concrete Congress foram realizados 18 seminários, 150 palestras e cursos, que atraíram estudantes, empresários e profissionais da área. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/SP), por exemplo, focou em apresentações curtas sobre temas gerenciais, como finanças e gestão por indicadores. Segundo o consultor de projetos da instituição, Paulo Henrique, cerca de 600 pessoas foram qualificadas durante o evento. Outro destaque ficou por conta de um canteiro de obras, montado especialmente

Durante três dias, mais de 30.000 pessoas circularam pelo evento. FOTO: Concrete Show

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para curso sobre alvenaria estrutural comandado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Também foram abordados outros temas, como industrialização da construção, paredes de concreto, ecoeficiência, gestão de obras, melhores práticas construtivas, pisos e concreto projetado, nas ações promovidas pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ACBP), Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (Abesc), Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho (Anapre) e pelo Comitê Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e BlocoBrasil. Estrangeiras miram mercado nacional – Empresas de outros países veem o Concrete Show é a porta de entrada para o mercado brasileiro. A sul-coreana Kumkang Kind esteve pela primeira vez no evento no ano passado. Voltou nesta edição e já planeja sua participação em 2015. “O Brasil é visto como estratégico pela empresa, que comercializa fôrmas metálicas para a construção de casas”, explica Hyun Soo Kim, gerente do departamento de Negócios Internacionais. Já, para o gerente de Vendas América Latina da Quangong Machinery, Alex Zhang, o evento tem o perfil ideal para apresentar o tipo de equipamento comercializado pela companhia, que possui 25 clientes no País. É a quinta participação da empresa no Concrete Show. As empresas da Argentina Prenova e Premocol, instaladas em um estande organizado pelo consulado do país, afirma que o evento é o local para conhecer parceiros e possíveis representantes. “O Brasil, São Paulo e o Concrete Show são os locais para quem quer fazer negócios no setor da Construção Civil”, comenta Andrés Segal, da Prenova Sistemas Construtivos Sustentales.



Tecnologia

A iluminação pública é o principal instrumento de acesso da população ao espaço urbano no período noturno.

FOTO: Cozyta / Shutterstock.com

No compasso da luz A adequação dos projetos de iluminação pública é essencial para viabilizar a apropriação da cidade noturna pela população com prazer, segurança, conforto e sustentabilidade por Pablo Braz

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surgimento da iluminação elétrica foi uma das maiores revoluções tecnológicas que impulsionaram o desenvolvimento das cidades e do progresso da humanidade. A luz artificial foi ganhando cor e vida, e é hoje o principal instrumento de acesso ao espaço urbano durante o período noturno, garantindo o direito de ir e vir da população que transita por entre o sistema viário público e os seus elementos arquitetônicos, em particular as ruas, avenidas, pontes, praças e dos patrimônios históricos. Garantir a segurança, visibilidade e mobilidade de motoristas e pedestres, embelezar monumentos, valorizar espaços de convívio, ser atrativo para consumidores, aplicar conceitos sustentáveis e até mesmo provocar bem-estar e conforto são funções que um plano de iluminação pública precisa conter, mesmo que existam entraves na hora de viabilizar o projeto. De acordo com a arquiteta Lucia Mascaró, doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e professora de pós-graduação

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em Arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), a iluminação noturna da maior parte de nossas cidades é incoerente e incompleta, pois na década de 1960 o trânsito de veículos aumentou e o entorno sofreu com o incremento, e o desenho da iluminação, que não tinha uma preocupação nem com os efeitos estéticos nem com os componentes do ambiente urbano que também iluminava. “O resultado foi uma iluminação uniforme para os usuários dos veículos e pouco refinada em relação às necessidades dos usuários, com problemas de poluição luminosa e sombras indesejáveis projetadas sobre as calçadas, o que é péssimo para os pedestres. Já a iluminação artificial dos edifícios que escapa pelas aberturas cria conflito, também, com a luz pública e com os componentes do próprio recinto”, explica Lucia. Porém a professora esclarece que essa situação tem sido superada em várias cidades latino-americanas, através de programas de atualização da iluminação pública. “A tendência antes

era aumentar a iluminância e instalar equipamentos mais ornamentais, e em vez de fornecer o mínimo necessário, os entusiastas de “uma melhor iluminação” frequentemente queriam o óbvio: mais luz melhor distribuída. Mas atualmente se enfatiza novos aspectos de projeto e se revisa os valores usados, reconhecendo, por exemplo, que o desenho dos postes e das luminárias pode ser requintado, representando uma boa oportunidade para o desenho de objetos de uso artisticamente resolvidos”, contextualiza. Segundo Mascaró, hoje se incorpora os novos princípios do processo de projeto da iluminação urbana tais como a inexistência de poluição luminosa e do ofuscamento, assim como a de se ter uma boa reprodução das cores e o cuidado para evitar produzir um halo luminoso sobre o conjunto de edifícios, destacando cada um deles sem ofuscar. Outro ponto destacado pela arquiteta é que quando se fala dos planos a serem iluminados no recinto urbano e se incluem, além dos horizontais os


as sombras do espaço delineado e a tangibilidade da forma e da textura de um edifício”, detalha. Para enfatizar a tridimensionalidade do habitat urbano no planejamento, Lucia considera ainda a perspectiva longitudinal de pontos brilhantes, que revela a regularidade longitudinal das superfícies horizontais, que atua como um guia ótico, podendo-se prever o trajeto de uma rua longa antes que ela termine.“Essa perspectiva interage com a emissão da luz agregando ritmo às sombras das superfícies verticais delineadas, as quais conferem variação às ruas. Se o guia ótico focalizado nos pontos brilhantes é divido em trechos claros quebrados por pausas, o efeito de profundidade pode ser aumentado, e a monotonia, amenizada; além de permitir modelar o volume e o curso de uma rua, fazendo mais fácil perceber seu trajeto”, complementa. Além dessas considerações funcionais, o projeto precisa estar atento a critérios baseados na sustentabilidade e na economia energética. “A tecnologia LED, por exemplo, aplicada às luminárias de iluminação urbana apontam para um potencial de redução de consumo de energia entre 40% e 50%, se comparadas relação às tecnologias convencionais”, exemplifica o arquiteto

e light designer Fabiano Xavier, diretor presidente do Atelier Lumière. A temperatura de cor é outro ponto a ser avaliado no planejamento. “Temperaturas de cor mais elevadas costumam apresentar uma melhor reprodução do espectro, permitindo uma excelente visualização das nuances. A temperatura de cor de 4 mil Kelvins, que equivale ao branco neutro, é a tendência atual, seja nos leds ou em lâmpadas de vapor metálico, em substituição à tonalidade amarelo alaranjada das lâmpadas de vapor de sódio”, pontua Xavier. Na esteira dessas novas tecnologias, as cidades podem incorporar também elementos não convencionais quando se trata de iluminação. A arquiteta e urbanista especializada em Ergonomia e Mestranda École des sciences de la gestion / Études urbaines (UQÀM / Montreal) Ladjane Carvalho diz que a luz urbana, ancorada por possibilidades tecnológicas, pode fugir do enquadramento sistêmico previsto pela iluminação de rede pública para assumir ares estéticos de obra de arte assinada e com forte impacto sobre a paisagem noturna. “Surge então a ideia da cidade noturna como expressão de plataforma digital única coabitada por diferentes cidades ao redor do mundo”, comenta.

FOTO: Tamna Waqued

planos verticais, aparece o conflito de projeto, porque o mesmo é tratado geralmente de forma separada. “O ideal é que se projete uma nova linguagem integrada de iluminação, que seja flexível o suficiente para combinar a condição horizontal inerente da iluminação do trânsito veicular com as considerações relativas aos planos verticais ditadas pela natureza da cidade, que produzem sensações espaciais diferentes tanto durante o dia como à noite e que fazem que a cidade seja reconhecível”, ressalta. Lucia fala ainda que a linguagem da luz urbana precisa ser baseada na psicologia visual, levando em conta o que se conhece hoje sobre percepção humana do espaço, onde os requerimentos dos planos verticais das ruas e praças devem fazer parte das bases do projeto.“A iluminação noturna deve estar carregada com informações familiares para o usuário, facilitando o reconhecimento de seu território rapidamente, permitindo que ele se sinta seguro e agradado. Mais tarde ou mais cedo, a linguagem da luz deverá ser desenvolvida como corresponde e distinguirá as grandes ruas das pequenas, assim como os quarteirões e bairros”, explica. O planejamento da iluminação, de acordo com Mascaró, pressupõe que a visão é tridimensional, projetando-a nas três dimensões principais. Nesse sentido, a altura de montagem acaba sendo a primeira decisão a ser tomada, pois ela provoca a percepção do espaço público e privado, a forma como o ambiente é usado e a parte do espaço ou o objeto a ser iluminado, além de ser a base para se compreender a escala de uma cidade. “A luz tem de estar relacionada e proporcionada com o espaço físico que ilumina, por exemplo, uma rua estreita pode requerer que a altura de montagem seja menor que a recomendada genericamente para ser obter uniformidade. Já a distância entre pontos luminosos e as superfícies verticais determinam a iluminação de um dado local e com esse conceito em mente pode se começar a refinar a iluminação da cidade, pois essa distância influencia os requerimentos exigidos da distribuição da luz pelas luminárias e determina

As experimentações da Verve Cultural trazem a interação da iluminação urbana com recursos multimídia e novos ares estéticos sobre a cidade.

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Tecnologia

A luz urbana, ancorada por possibilidades tecnológicas, pode fugir do enquadramento sistêmico previsto pela iluminação pública para assumir ares estéticos de obra de arte assinada e com forte impacto sobre a paisagem noturna.

Ladjane cita como exemplo desse modelo as experimentações realizadas pela empresa Verve Cultural, que tem seu principal palco localizado sobre a tela da fachada da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em plena Avenida Paulista, uma das mais importantes da capital. Dedicada à realização de eventos musicais, instalações e mostras de arte contemporânea e digital, a Verve promove o intercâmbio de artistas nacionais e internacionais com a experimentação de práticas culturais que explorem as particularidades de intervenção urbana através de recursos multimídia. “Uma interação de linguagens que potencializa a inovação de softwares e aplicativos de smartphones na construção de uma nova realidade sobre a cidade edificada, onde a « escuridão urbana » passa a ser palco de uma

atuação generativa envolvendo luz, cor, som e imagem”, esclarece. Mas, segundo Carvalho, essa faceta multimídia da iluminação pública tem gerado reflexões sobre o real significado desse viés tecnológico. “De um lado, as novas formas de apropriação da cidade tentam ressigná-la através de narrativas que adotam a luz como principal recurso de linguagem, ao mesmo tempo que exprimem um esforço de reflexão e adaptação sobre uma modernidade sem volta. Outros já apontam para o fim da arquitetura, onde tudo vira telão e animação por meio da banalização da tecnologia e da desregulamentação da cena urbana onde nem o céu oferece limites. O debate permanece. Até lá, planos diretores de iluminação tentam jogar luz sobre o planejamento noturno das cidades”, expõe.

Como você enxerga essa determinação da Aneel? A Constituição de 1988 já definia que a responsabilidade sobre os ativos de iluminação pública era municipal — tendo, inclusive, posteriormente via emenda constitucional, incluído a possibilidade de cobrança de um tributo, a Contribuição de Iluminação Pública (CIP). A Resolução Aneel 414 de 2010 simplesmente veio corrigir uma situação histórica, que estava em descompasso com a Carta Magna: muitas distribuidoras de energia em alguns estados da federação estavam com essa responsabilidade para si. Porém, convém lembrar que as concessões são federais, ou seja, não haveria como, sob o aspecto constitucional, esses ativos estarem sob responsabilidade das concessionárias. Assim, após sucessivas alterações, a resolução veio para colocar fim a essa situação, devendo os municípios assumirem a responsabilidade sobre os ativos a partir de 31 de dezembro de 2014. Como de fato essa responsabilidade pode ser definida? A definição de responsabilidades deve vir bem delineada no contrato de concessão, segundo o princípio básico para a elaboração de uma matriz de riscos: “aquele que tem maior controle e ingerência sobre os riscos deve assumi-lo para si”. Dessa forma, em se tratando de um projeto de Parceria Público-Privada (PPP), a repartição dos riscos deve ser objetiva a fim de evitar problemas posteriores. O que vem a ser essa Parceria Público-Privada? A Parceria Público-Privada é um contrato administrativo de concessão regido por uma lei específica. A PPP permite que agentes públicos e privados possam interagir contratualmente a fim de melhor prestar o serviço de iluminação pública, regido por um contrato que venha com obrigações de eficiência e gestão desses ativos. Qual o grande desafio que o país precisa vencer quando se fala em gestão da iluminação pública? O principal é conscientizar os municípios de que essa responsabilidade virá inexoravelmente a partir de 2015, devendo estar atentos à possibilidade de melhoria dos serviços de iluminação. Uma interessante ferramenta para viabilizar essa operação são os Procedimentos de Manifestação de Interesse (PMIs). Desde o advento da Lei das Parcerias Público-Privadas, em 2004, reacendeu-se a discussão acerca da necessidade de regulamentação para a apresentação de projetos de infraestrutura, tendo em consideração que, desde 1995, as leis que normatizaram as regras para concessões no país já previam essa modalidade de participação, remunerando os autores dos estudos com base no sistema de reembolso pela empresa vencedora de uma licitação. Dessa forma, empresas privadas podem apresentar projetos de PPPs em iluminação pública sem que haja custo algum para a administração pública municipal, já que o vencedor da futura licitação a ocorrer com base nos estudos deverá reembolsar o autor do projeto.

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FOTO: Queiroz Cavalcanti Advocacia

A partir de 2015, a iluminação pública no Brasil será administrada pelos próprios municípios, segundo determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), baseada na Constituição Federal de 1988. A distribuição da energia ainda ficará por conta das empresas fornecedoras, mas a implantação, expansão, manutenção e reparos, como troca de lâmpadas e instalação de postes, serão de responsabilidade da gestão pública local. Para isso, as prefeituras terão que disciplinar, até o dia 31 de dezembro deste ano, a transferência dessa gestão. A operação continuará sendo custeada por meio da Contribuição de Iluminação Pública (CIP), taxa cobrada na conta de luz pela empresa fornecedora e que vai ser repassada aos municípios. Para falar um pouco sobre mudanças, desafios e propostas relacionadas à gestão da iluminação pública no país, a Construir Nordeste conversou com o advogado André Castro Carvalho, titular de Infraestrutura e Regulação do escritório Queiroz Cavalcanti Advocacia, que tem sede em Recife (PE) e filiais nos estados de Salvador, João Pessoa, Fortaleza e Maranhão.


O sistema de iluminação dinâmica projetado para o destaque do mastro central é comandado por uma unidade automatizada e centralizada, que controla o tipo de mudança de cor, a sua velocidade e o momento do seu acontecimento.

Ponte sobre o Rio Negro A Ponte sobre o Rio Negro, em Manaus (AM), também conhecida como ponte Manaus–Iranduba, é considerada a maior ponte estaiada do Brasil em águas fluviais e a segunda maior do mundo, sendo a única ponte que atravessa o trecho brasileiro do Rio Negro e facilita o desenvolvimento para uma média de 30 municípios ligados à ela. O projeto de iluminação viária e ornamental ficou por conta dos arquitetos Fabiano Xavier e Alain Maitre, do escritório Atelier Lumière. Fabiano revela que a extensão aproximada de 3,75 km e a escala monumental dos elementos de obra de arte do vão central impunham o uso de um grande número de projetores de alta potência para suprir as necessidades de alcance e de visualização da iluminação. Por meio de uma tecnologia de projetores e luminárias viárias equipados com lâmpadas de descarga de alta pressão, seria necessário prover a alimentação em média tensão, com a adjunção de subestações suspensas sob o tabuleiro da ponte, a cerca de 90 m do nível médio do Rio Negro, o que acarretaria um alto custo, montagem e manutenção complexas. “Optamos, para quase todo o sistema de iluminação viário e ornamental, por equipamentos providos de LEDs de alta potência, que podem reduzir a carga total instalada em cerca de 50%”, explica.

De acordo com o arquiteto, todo o sistema de iluminação dinâmica projetado para o destaque do mastro central da Ponte Manaus–Iranduba é comandado por uma unidade automatizada e centralizada, que controla o tipo de mudança de cor, a sua velocidade e o momento do seu acontecimento. “Foram projetados 12 cenários cromáticos que se sucedem diariamente em ciclo contínuo, com duração de cinco minutos cada. Para cada um deles foi testada a saturação e combinação das tonalidades, em função de sua visualização após incidir na estrutura”, detalha. Cada um dos 104 estais que sustentam os dois vãos de 200 m recebeu um projetor do tipo Ew Reach, equipados com LEDs brancos a 4 mil Kelvins e abertura de cinco graus. Um dos grandes desafios foi controle da incidência do fluxo luminoso convergente sobre a estrutura do mastro central, pois foi preciso assegurar a iluminação de cabos de até 200 m sem que o fluxo luminoso remanescente de 52 projetores lavasse inteiramente a iluminação colorida do mastro central. “Esse controle foi feito com uma regulagem muito particular, no qual os projetores são progressivamente girados do eixo do cabo para o alto, do mais distante até o mais próximo ao mastro, gerando um efeito visual de ondas de luz e sombra nos cabos, assemelhando seu conjunto a uma pena ou asa de uma ave”,pontua Fabiano.

FOTO: Eduardo Raimondi

Já o mastro central recebeu um tratamento rasante ascendente na primeira porção de cerca de 100 m acima do tabuleiro da ponte, com 12 aparelhos RGB em cada um dos quatro pilares sextavados. No trecho superior, o bloco de 40 m de altura no qual estão ancorados os cabos é iluminado em quatro de suas seis faces por grupos de três projetores RGB em cada, com óticas diversas, apropriadas à forma piramidal. “Os pilares circulares abaixo do tabuleiro são iluminados cada um por dois projetores RGB em cada face externa, com abertura de 13 graus, mais um projetor para efeito de contraluz em cada face interna dos pilares, com abertura de 40 graus. Nesses pilares, o fluxo da iluminação é ora ascendente (interno), ora descendente (externo). Dos demais pilares da estrutura, apenas os quatro pilares prismáticos que antecedem o vão estaiado receberam tratamento com projetores de LEDs monocromáticos de luz branca. Os 234 demais pilares tiveram apenas suas arestas externas balisadas com um faixo de luz descendente proveniente de projetores com fontes de multivapores metálicos e facho fechado (10 graus)”, detalha Xavier. Com relação à iluminação funcional, na parte viária a altura é de nove metros em relação à pista, e o espaçamento é de 30 m. Já a passarela de pedestres fica a 1,5 m acima da pista.

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isso é direito

tecnologia à serviço da destinação de resíduos sólidos no Brasil Tiago Andrade de Lima*

Por desconhecimento da maioria dos gestores públicos municipais, a solução quanto à disposição final dos resíduos é associada única e exclusivamente aos aterros sanitários.

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o mês de agosto de 2014, encerrou-se o prazo estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para que os municípios erradiquem os lixões existentes em seus territórios e, por consequência, passem a realizar a disposição final de maneira adequada dos resíduos sólidos gerados pela sua população. Em Pernambuco, o Ministério Público iniciou um trabalho, junto aos municípios, no intuito de identificar aqueles que estão tomando as medidas corretas para adequação e, de outro modo, aqueles entes que não têm realizado qualquer esforço para esse fim. Para os Municípios que estão atuando com proatividade, o órgão ministerial se comprometeu a repactuar os prazos exigidos pela legislação, por meio de termos de ajustamento de conduta. No caso dos municípios que não estão envidando esforços para cumprir a Lei, serão efetivadas, dentre outras, medidas punitivas pecuniárias que tornarão ainda mais escassos os recursos públicos municipais, impactando negativamente a gestão dos serviços públicos naquele território. Ocorre que, por desconhecimento da maioria dos gestores públicos municipais, a solução quanto à disposição final dos resíduos é associada única e exclusivamente aos aterros sanitários. Dessa forma, o aterro sanitário com capacidade para receber uma grande quantidade de resíduos sólidos se apresenta como a única alternativa, ressalte-se, bastante onerosa, de adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Todavia, o conceito de destinação final ambiental adequada é outro; a saber, a destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético, dentre elas a disposição final. Observe-se que existem várias outras formas de disposição final que não são estudadas nem fomentadas e, consequentemente, não são adotadas pelos municípios do Brasil. Portanto, há que se colocar, emergencialmente, a tecnologia a serviço desse grave problema que atinge grande parte dos municípios do Brasil.

Somente para exemplificar, o município de São Paulo dispõe, na gestão dos seus resíduos sólidos urbanos, de Unidades de Tratamento Mecanizada que recebem o lixo urbano sem qualquer triagem e, de forma mecanizada, separara os resíduos orgânicos dos resíduos recicláveis. Nesse caso, são retirados do lixo urbano misturado cerca de 20% (vinte por cento) de resíduos sólidos recicláveis. Esses resíduos, que têm valor comercial e podem ser vendidos a indústrias recicladoras, sem a efetiva triagem, seriam enterrados, como são todos os dias nos lixões e aterros de grande parte dos municípios do Brasil. Cite-se, também, o caso do Município do Recife, que está prestes a finalizar o seu plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Nele, são colocadas várias alternativas tecnológicas de destinação final a serviço do sistema de gerenciamento dos resíduos. Além disso, o documento apresentado pela empresa elaboradora do estudo de viabilidade promete zerar o déficit existente entre custo de operação e valor arrecadado pelo sistema, com o reaproveitamento, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o reaproveitamento energético dos resíduos. Portanto, enquanto não for colocado, na equação financeira da operação de coleta, transporte e destinação final dos resíduos sólidos urbanos gerados nos Municípios, o valor comercial do lixo atualmente enterrado nos aterros sanitários e não se fomentar e incentivar a criação de novas tecnologias para os resíduos sólidos no País, com inclusão social e educação ambiental, será sempre elevado o grau de insatisfação da população quanto à prestação dos serviços públicos, que será sempre ineficiente por falta de recursos públicos para cobrir os seus custos, prejudicando o meio ambiente e a qualidade de vida desta e das futuras gerações.

* Tiago Andrade Lima é especialista em Direito Ambiental, mestre em Tecnologia Ambiental e titular da área de Direito Ambiental da Queiroz Cavalcanti Advocacia.



NEGÓCIOS OPINIÃO

Lições pós-boom imobiliário Iv Mônica Mercês*

C A entrega de um imóvel é um momento, muitas vezes, único na vida das pessoas. É a materialização do que se adquiriu através de fotografias, reunindo, para muitos, economias de uma vida inteira...

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hegamos a última conversa sobre as lições obtidas com o pós-boom imobiliário no Brasil nos anos recentes. Falamos sobre a aquisição de áreas, lançamentos, vendas e produção de obra. Neste artigo, o assunto é sobre a entrega dos imóveis e o repasse aos bancos, etapas importantíssimas para a conclusão exitosa do negócio, concebido, na maioria das vezes, há anos.

A entrega de um imóvel é um momento, muitas vezes, único na vida das pessoas. É a materialização do que se adquiriu através de fotografias, reunindo, para muitos, economias de uma vida inteira, repletos de expectativas, mesmo para aqueles que já são proprietários e estão recebendo um novo imóvel. Toda a atenção é necessária nesse evento. O imóvel, além de bem construído, deve receber o seu “dono”, organizado, limpo e há quem diga até “perfumado”. E por que não? Essa atenção e zelo devem ocorrer já nas vistorias, evitando descontentamentos e reclamações, sobretudo, nas mídias sociais. Costumo ler não só sobre o mercado imobiliário, mas também sobre as reclamações dos clientes. É um rico material de aprendizado para melhorias de produtos e, serviços, se assim forem entendidas. Pesquisas de satisfação do produto, pós-uso, nos trazem informações que só com elas teremos, pois não há como sabermos se uma cerâmica, uma louça sanitária, ou instalações elétricas, por exemplo, satisfazem ou podem ser melhoradas. Será que as alterações não sinalizam melhorias e em muitas situações, economias? Uma outra ação importante no ato da entrega é o fornecimento de informações sobre o imóvel, bem como recomendações para uma boa conservação do bem. Ressalto que poucos são os leitores do “manual do proprietário”. Não entendo como é que uma pessoa compra um veículo e se preocupa de ler o manual para saber o tempo da revisão, o óleo que deve colocar, a calibragem dos pneus etc., mas não abre o manual do imóvel e lê questões semelhantes para um bom uso e manutenção. Analisadas muitas das reclamações dos clientes, observamos que a não leitura, a desatenção para alguns procedimentos, provocam insatisfações indevidas. Recomendo a leitura prévia

desse manual, antes de habitar o imóvel. Outra questão que envolve a entrega é a quitação do imóvel. A grande maioria dos consumidores, no ato da entrega, são levados aos bancos para serem repassados e financiarem o valor restante do saldo devedor em 10, 20, 35 anos! Entretanto, esse é um momento crucial, pois se a venda, lá atrás, não tiver sido criteriosa, a tendência é que os bancos rejeitem os clientes que não tenham fôlego para pagar durante prazos tão longos, tendo como resultado o distrato da unidade adquirida, enterrando o sonho da casa própria. Esse não é o desejo de nenhuma das 3 partes envolvidas: empresas – clientes – bancos. Sabe-se que o sistema bancário brasileiro é exigente. A lista de documentação, pois os valores envolvidos são altos; e o tempo de retorno, longo. Não há como ser diferente e não se ter todo o cuidado necessário. Essa cautela deve nascer já no stand de vendas, pois vender é excelente, mas não repassar, mesmo com o cliente adimplente, é péssimo, até porquê muitas empresas contam com a entrada desses recursos para oxigenar o fluxo de caixa do empreendimento Com a finalização dessa série, na qual busquei, em poucas linhas, mencionar alguns dos aprendizados obtidos com a dinâmica recente do mercado imobiliário no Brasil, desejo que algo, por menor que seja, ajude nas reflexões para trabalharmos num mercado mais exigente, competitivo, desafiador. Essa agora é realidade desse mercado!

*Mônica Mercês é economista, assessora de Planejamento e Inteligência de Mercado da Diretoria da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário (QGDI)


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Impermeabilização, proteção e reforço das estruturas de concreto de estádios e arenas esportivas de um dos maiores eventos do mundo. Tivemos o orgulho de colaborar com estas obras e agora temos orgulho de fazer parte da torcida que mais cresce no mercado brasileiro.

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INVEST NORDESTE: UM AMBIENTE PARA NEGÓCIOS Erik Norat é sócio-diretor da Investe Nordeste, brasileiro, de raízes nordestinas e com vasta experiência internacional como executivo de grandes empresas, especialmente em Londres, onde fez grande parte do sua trajetória profissional. Como diretor-executivo de um grupo inglês, com capitais nos Estados Unidos e na Austrália, tendo a seu cargo toda a América Latina e África, ele fala para a Construir Nordeste sobre a grande importância do expo-fórum internacional para captação de negócios e investimentos estrangeiros para a região do nordeste brasileiro. O que é o Investe Nordeste? É um expo-fórum internacional totalmente dedicado a explorar as grandes oportunidades de investimentos, parcerias comerciais e trocas de tecnologias na Região do Nordeste do Brasil. Será um evento somente aberto a executivos: presidentes, CEOs e diretores, uma vez que o nosso único interesse é que haja negócios e que sejam fechadas parcerias. Ou seja, totalmente focado em quem toma decisões. O Invest é uma grande vitrine de chances para o Nordeste, em que serão exploradas as mais diversas formas do empresariado e das autoridades locais e internacionais interagirem com as empresas presentes. O nosso evento visa sobretudo criar um ambiente propício a geração de negócios, portanto ideal para aqueles que visam novos espaços na Região. Porque o Nordeste? Um dos grandes focos do evento é a Construção. Como todos sabemos, o Nordeste está com carência habitacional de grandes proporções, logo, é um mercado enorme para explorar. Desde construção para uma classe A até ao projeto Minha Casa Minha Vida, que é um programa com apoio governamental em parceria com a Caixa, uma atividade que realmente eu acredito muito, visto que a Região precisa há muitos anos de habitação para uma classe menos favorecida economicamente. O eixo Rio de Janeiro - São Paulo começa a ficar saturado, sem margem de manobra para novos investidores, sobretudo as pequenas e médias empresas que já não têm capacidade econômica para competir e entrar no setor. O Nordeste torna-se cada vez mais desejável, até porque qualidade de vida versus custo de vida permite uma maior projeção com menos investimento. A economia da Região tem crescido de uma formada sustentada e orgânica, não passando por bolhas de especulação, que depois não aguentam e acabam por rebentar, levando os empresários a terem de repensar todo o investimento. A localização geográfica é uma vantagem? A proximidade à Europa e à África é uma vantagem suplementar, pois as economias estão sempre interligadas e, num regime de complementaridade, não esquecendo que a África está com níveis de crescimento muito elevados, e a Europa, apesar da crise, será sempre uma economia forte e com tecnologia de ponta. Os ingredientes estão todos aqui, agora, cabe às entidades e às empresas saberem gerir de forma inteligente e terem um crescimento sustentado. Cada vez mais, acredito no Nordeste como polo dinamizador da economia brasileira e mundial. O que esperar do Invest Nordeste? Novos negócios, novos investimentos, novas parcerias comerciais. O momento é bem oportuno para aqueles que estão fugindo da crise lá fora e buscando novos horizontes. O Investe Nordeste se prestará como o local certo, como palco ideal para alavancar inúmeras oportunidades de negócios. Aqui no Nordeste, existem grandes oportunidades, mas precisamos de também de know-how, de mão de obra especializada, de capital, de tecnologias e de inovações que muitas empresas estrangeiras poderão trazer, contribuir.

Investe Nordeste – Expo-fórum de Negócios e Investimentos 25 e 26 de Novembro 2014 | Centro de Convenções | Brasil I Pernambuco I Recife investenordeste.com.br

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NEGÓCIOS

O poder do Marketing Imobiliário

O setor imobiliário tem cada vez mais incorporado as estratégias do marketing para fortalecer e dinamizar os negócios Por Pablo Braz

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om o boom imobiliário brasileiro, as empresas do setor têm investido em novos projetos, disputando cada vez mais a atenção do consumidor que se torna diariamente mais exigente em suas escolhas. Com isso, se tornou vital a necessidade de estratégias inovadoras para atrair com eficiência e personalidade os clientes. É nesse cenário repaginado que entra o marketing imobiliário, que se torna um instrumento poderoso para potencializar os negócios e se consolidar no mercado atual.“Há alguns anos, vender um imóvel era algo “commoditie”, vendia-se quase tudo da mesma maneira. Hoje, com esta persecptiva do marketing em todas as etapas do desenvolvimento de um produto, temos prédios e campanhas com conceito, com alma, com identidade própria e que falam a linguagem do novo comprador. Imóvel deixou de ser apenas moradia para, muitas vezes, se tornar um estilo de vida”, contextualiza Bruno Lessa, publicitário com pós-graduação em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor da Marketing SIM, agência de Soluções Integradas de Marketing, sediada em São Paulo.

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De acordo com Bruno, ao contrário do que muitos pensam, o marketing imobiliário não se refere somente à divulgação de imóveis, e sim a um conjunto de processos que envolvem desde o desenvolvimento imobiliário, definição do projeto, incorporação, estratégias de comunicação até o pós-vendas e relacionamento com clientes. “Quando uma incorporadora escolhe um terreno, já se começou a trabalhar o marketing, pois para desenvolver um produto naquele local é preciso estudar a região, descobrir qual o perfil do público e criar um plano que consiga ser atrativo. Com uma proposta bem definida, entram as estratégias de divulgação para dar suporte ao comercial. Após a conclusão das vendas e a entrega do empreendimento, inicia-se o trabalho de fidelização do cliente. Durante todo o processo, a marca da empresa está em evidência, portanto o acompanhamento do marketing é fundamental”, esclarece. Lessa afirma ainda que vender um imóvel não é como vender um bem de consumo qualquer, já que o cliente

padrão geralmente compra somente um imóvel em toda a sua vida. “O processo de compra é demorado, leva vários meses desde o momento em que ele decide pesquisar a propriedade até o fechamento do negócio. Portanto, o investimento deve ser feito sempre pensando no longo prazo”, explica. Para otimizar esse investimento, as empresas precisam elaborar a estratégia adequada, na qual tudo depende do tipo de produto e do público dele. “Cada caso é um caso. Residências populares pedem um tipo de tática, imóveis de alto padrão pedem outro, por exemplo. Eu diria que o principal método é conhecer a fundo o público, para então poder abordá-lo da forma mais sutil e natural, no momento em que ele está mais aberto para receber a mensagem”, pontua. Para esse direcionamento personalizado, o publicitário ressalta que as atuais tecnologias e a Internet, em especial as redes sociais, têm sido grandes aliadas, uma vez que se consegue uma boa segmentação e interação com o público-alvo, falando a mesma linguagem e


sem ser invasivo. Outro ponto importante é estar disponível para o seu cliente, e isso pode ser à noite, no fim de semana, ou em qualquer momento. “É fundamental aplicar em diversos canais de comunicação, como atendimento online em tempo real, plantões de corretores e redes sociais. Mais recentemente até o Whatsapp tem sido utilizado pelas empresas”,complementa. O marketing, portanto, evolui de acordo com a evolução da sociedade, e isso é verificado nos itens que compõem o marketing imobiliário, como produto, preço, localização e promoção. Segundo o diretor da Marketing SIM, em relação ao produto, recentes técnicas construtivas têm sido implantadas, reduzindo o custo e o período de obra, adaptando novos acabamentos e itens de lazer. Já o preço é um fator especial de competitividade. “Mesmo entre os produtos de valor mais alto, o preço sempre acaba sendo um fator especial na decisão de compra. E hoje, na evolução do mercado imobiliário que estamos discutindo, um item que está se tornando mais importante do que o preço

é o crédito. Quanto mais disponibilidade de crédito o consumidor tiver, maior será o consumo”,explica. Com relação à localização, Bruno esclarece que as pesquisas realizadas com clientes aponta o item como o principal na hora da compra. “Primeiro a pessoa escolhe o local, e em seguida procura um produto adequado dentro daquela região. No entanto, como está ficando cada vez mais difícil de encontrar um bom imóvel acessível dentro das melhores regiões, a localização tem sido “trocada” pelo acesso, ou seja, mesmo que a pessoa more em um bairro mais afastado, se ele estiver próximo ao metrô, isso é um ponto positivo”,pontua. A promoção, que é a parte mais visível deste conjunto de práticas e que compreende todas as ações de divulgação do empreendimento imobiliário, é o que tem mudanças mais evidentes. Lessa diz que o comportamento da sociedade tem impactado diretamente na forma como nos comunicamos, portanto devemos estar atentos a tudo o que acontece para poder adequar o produto.

Nesse contexto, a grande tendência hoje é o mobile marketing, ou seja, o aumento do uso da Internet em dispositivos móveis como smartphones e tablets, que transformou a forma como nos relacionamos no dia-a-dia. Mesmo com todo o planejamento estratégico, que potencializa as ações do marketing imobiliário, Lessa admite que com a recente alta dos preços, está mais difícil vender imóvel. “Embora exista grande demanda para a maioria dos mercados, muitas pessoas podem ter a percepção de que “não vale a pena” comprar agora. O grande desafio é, sem dúvida, criar uma fórmula que mostre ao potencial cliente todos os diferenciais do produto, e que ao mesmo tempo diga que ele pode sim fazer um bom negócio”, recomenda.

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FOTO: GUSTAVO CARVALHO

NEGÓCIOS PERFIL EMPRESARIAL

Há mais de 22 anos, a Colmeia Arquitetura e Engenharia contribui para o desenvolvimento de Pernambuco, transformando ambientes através de soluções integradas de urbanismo, arquitetura, engenharia e ACOMPANHAMENTO socioambiental, tendo como princípio o desenvolvimento sustentável. Com expertise nas áreas de planejamento urbano, trabalho técnico social, infraestrutura urbana e habitabilidade de interesse social, a empresa pernambucana elabora laudos técnicos, diagnósticos, estudos de viabilidade, além de criar planos e projetos e gerenciar obras, aplicando o conceito multidisciplinar e integrado de trabalho. Nos últimos anos, a Colmeia já obteve cinco certificações, sendo três internacionais, incluindo o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. O arquiteto Luiz Neves, sócio diretor da empresa, fala sobre pontos determinantes para o sucesso da Colmeia. Por Pablo Braz

PARCERIA NOS MORROS Um dos grandes destaques da empresa é a participação no Parceria nos Morros, programa municipal que atua nos morros do Recife. Desde 1994, a Colmeia presta consultoria técnica, realizando o acompanhamento socioambiental, desenvolvimento de projetos de contenções de encostas, microdrenagem, habitabilidade e acessibilidade, assessoria técnica na execução das obras pelos moradores e apoio técnico à Defesa Civil nos períodos de chuva. O programa, que já construiu aproximadamente 4 mil obras nesses 20 anos, parte do pressuposto de que o principal problema dos morros acontece dentro da propriedade privada, por isso a atuação é feita diretamente com os moradores. A prefeitura fornece o material, e a comunidade executa a obra, através de alternativas de simplicidade tecnológica. A empresa, portanto, assessora todo o processo com engenheiros e outros profissionais. É um trabalho de engenharia, de solução urbanística, que tem um viés social bem presente. Há um diálogo com os moradores para explicar o programa, contextualizá-lo, e apresentar as soluções. Com isso, a sociedade acaba se envolvendo, sendo uma parceira da empreitada. O Parceria nos Morros foi, inclusive, escolhido em 2005 como uma das 20 melhores práticas pela Fundação Getúlio Vargas, emblemático para tratamento de áreas precárias.

MULTIDISCIPLINARIDADE A empresa investe bastante em multidisciplinaridade entre as equipes de arquitetura e engenharia e as equipes de trabalho técnico social. Uma obra de infra-estrutura traz muito impacto de vizinhança, trazendo uma série de transtornos aos locais. O que a equipe social faz? Bate na porta e explica o projeto e como o empreendimento deve ser usado, e media os conflitos. É um serviço de articulação e de educação, onde são envolvidas várias disciplinas que não pertencem diretamente à engenharia e à arquitetura, mas que são necessárias para o sucesso da obra. A empresa tem gerências técnicas especializadas neste sentido, com assistentes sociais, pedagogos e psicólogos, além de um corpo técnico de engenheiros, arquitetos e urbanistas, em níveis de especialistas e mestres, totalizando 170 colaboradores atuando de maneira interdisciplinar.

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NEGÓCIOS MERCADO IMOBILIÁRIO

INVESTIMENTO EM CERTIFICAÇÕES Houve um investimento muito grande nos últimos anos na gestão, através do desafio de buscar certificações consagradas. Foram obtidas, por meio da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, os Certificados de Sistema de: Gestão da Qualidade (NBR ISO 9001), Gestão Ambiental (NBR ISO 14001), Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (OHSAS 18001) e Gestão da Responsabilidade Social (ABNT NBR 16001), além do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, o que deu o título de ser a segunda empresa de Pernambuco e a 17ª do Brasil a ter uma Sistema de Gestão Integrada (SGI) completo com essas quatro normas. Esse investimento melhora o nível dos contratos, em termos de valor, em que é possível remunerar melhor os funcionários e ter um lucro maior, além de permitir uma maturidade profissional e uma relação de confiança, integração e pertencimento com a empresa. Um detalhe é que é um sistema que nunca está pronto, pois sempre pressupõe uma melhoria contínua.

URBANIZAÇÃO INTEGRADA Aplicamos muito o conceito da urbanização integrada, que muitos denominam de saneamento integrado. Isso significa que não adianta só chegar com a pavimentação das ruas, mas trabalhar também a drenagem, a rede de esgoto, os sistemas de água e todos outros pontos que norteiam estruturalmente um ambiente urbano adequado, organizando e integrando-os aos moradores. Um exemplo notável disso foi a Ilha de Deus, comunidade situada no meio de um mangue na Zona Sul do Recife. No local, foi desenvolvido o plano urbanístico e o projeto de engenharia (infraestrutura e complementares) ambiental para a implantação de 312 habitações numa área de 3,86 ha e um conjunto habitacional com 78 habitações fora da ilha, que vivia uma situação de vulnerabilidade. Primeiramente, para propor ações, é preciso conhecer o ambiente, pois é como se fosse uma cidade dentro da cidade. A solução urbanística que encontramos foi mapear o espaço para entender o seu funcionamento, ouvir as lideranças, analisar os potenciais turísticos e aptidões comerciais. Assim, fizemos a proposta de desenho urbano, de planejamento logístico, respeitando as particularidades. Por exemplo, eles tinham uma cultura de mariscos por lá, então incluímos no projeto um Centro de Tratamento de Mariscos. Toda a logística da obra foi bem complexa, pois se trata de uma área ribeirinha, com dificuldade no aspecto de drenagem, onde foi criada uma estação elevatória. Isso trouxe muito aprendizado para a empresa ao agregar diversos conhecimentos. Outro exemplo foram os projetos integrados de urbanismo, paisagismo, engenharia e arquitetura e os planos de ações ambientais e desenvolvimento social para a requalificação urbana de 800m de praia na orla de Jaguaribe, em Itamaracá (PE). Nos deparamos lá com questões que envolviam o patrimônio histórico, problema ambiental, atividade pesqueira, degradação urbana e invasão de faixa de praia, tudo isso em um trecho pequeno. Foi realizado um Diagnóstico Rápido Urbano Participativo (Drup) com uma Comissão de Acompanhamento, formada por diversos segmentos da sociedade civil e do Governo. No Drup, foi montada uma Matriz de Fraquezas, Oportunidades, Fortalezas e Ameaças (Fofa), identificadas para a área do projeto que, juntamente com o levantamento técnico, permitiu estruturar o Programa de Necessidades para a área. Foram feitas oficinas de capacitação e de articulação com os moradores. Definição de novo sistema viário, implantação de espaços de convívio, reordenamento do comércio e recuperação paisagística foram resultados do projeto.

GERENCIAMENTO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE OBRAS Neste setor, os três grandes exemplos são o Museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga, o Terminal Marítimo de Passageiros e a Urbanização do Cais do Porto do Recife. Nesses casos, foram feitas a compatibilização dos projetos em todas as suas esferas, principalmente na engenharia e arquitetura, como as instalações elétricas, hidráulicas, segurança de incêndio e climatização. E em muitas vezes cada parte éfeita por um projetista diferente, uma empresa diferente. E na hora de fazer a obra como se resolve? A Colmeia então fiscaliza o que a construtora fez, quantitativa e qualitativamente. A fiscalização tem um foco no produto, com a presença dos nossos técnicos durante a execução para garantir que os serviços sejam feitos de acordo com o especificado em projeto. Já a supervisão tem um foco nos processos, observando as normas e a legislação estão sendo atendidas. O gerenciamento, portanto, se direciona-se para o âmbito das relações burocráticas, tanto em relação ao cliente como em relação às partes interessadas da sociedade.

Primeiramente, para propor ações, é preciso conhecer o ambiente, pois é como se fosse uma cidade dentro da cidade.

EXPANSÃO PARA O CENTRO-OESTE Estamos com foco para expandir para fora de Pernambuco, de forma mais estruturada, através de filiais. Primeiro queremos ir à região Centro-Oeste, em especial Brasília. Mas por que Centro-Oeste? Temos 47% do PIB do Brasil vindo do agronegócio, e desses, 70% estão nesta região. É um local em que as cidades estão em um processo de crescimento acelerado, com pessoas migrando para lá e que, consequentemente, irão precisar de serviços na área de estrutura urbana.

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ano IV | nº 23 | setembro 2014

DA AGRICULTURA PARA O MUNDO

Com técnicas integradas com a natureza, a permacultura é hoje referência na construção de ambientes humanos sustentáveis

Entrevista

BOAS PRÁTICAS

O oceanógrafo e educador Jean-Michel Cousteau fala sobre a importância dos oceanos para a humanidade e de formas mais sustentáveis para produção de alimentos

O Centro de Educação Popular e Formação Social vem desenvolvendo tecnologias sociais que promovem o acesso de paraibanos ao consumo e manejo adequados da água

EU DIGO O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico José Ricardo ressalta a participação da sociedade em acordos ambientais



agenda Mvs - Agosto

sumário

AGOSTO 06 - SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO SETEMBRO 03 - GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO OUTUBRO 01 - GESTÃO DO VERDE CURSO Entrou em vigor em 2013 a Norma de Desempenho NBR 15.575 Edificações Habitacionais - Desempenho, que institui o nível de funcionamento mínimo para os elementos principais de toda edificação habitacional ao longo de sua vida útil. Embora o conceito de desempenho e a necessidade de estabelecer requisitos mínimos para edificações tenham sido pauta nos últimos 30 anos, parte do mercado ainda precisa de qualificação para adequação à NBR 15.575. Com foco nesse tema, o Movimento Vida Sustentável do Fórum de Sustentabilidade doSinduscon/PE contratou a empresa Centro de Tecnologia das Edificações para aplicação do Programa de Capacitação na Norma de Desempenho – NBR 15575. O programa foi desenvolvido para a formação de profissionais em um período de cinco meses e tem módulos que abordam conceitos, normalização aplicável, relação dos requisitos com os processos de projeto, suprimentos, execução e com o uso e operação, além do desenvolvimento de ferramentas para controle do atendimento ao requisito. As oficinas são oportunidades de discussão sobre o atendimento e comprovação de cada um dos requisitos das seis partes da NBR e sobre as mudanças nos processos de obras, projeto, suprimento, assim como no Manual de Uso e Operação. Além das oficinas, são realizadas consultorias indoor para orientar nas questões específicas de cada empresa.

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O Programa pode ser aplicado a um grupo ou mesmo para uma única empresa. A próxima turma já está aberta.. Os interessados deverão entrar em contato pelo e-mail administrativo@sindusconpe.com.br. Coordenadores Serapião Bispo – sinduscon/pe - serapiaobispoferreira@gmail.com Renildo Guedes - sinduscon/pe - renildo.guedes@romarcoconstrutora.com.br Elaine Lyra – RCNE - elainelyra@construirnordeste.com.br Renato Leal – RCNE - renato.leal@b4.com.pt

O Movimento Vida Sustentável (MVS) vem colocando o tema Sustentabilidade na Construção Civil na ordem do dia, entre empresários, profissionais, professores, estudantes e sociedade. Busca contribuir com a modernização do setor, divulgando os princípios da construção sustentável, com foco nas pesquisas; na divulgação de produtos e iniciativas eficientes; na multiplicação de conhecimento com a promoção de debates e capacitação, com ênfase na geração de energia, no reúso da água, nas drenagens e na gestão dos resíduos.

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ENTREVISTA | Jean Michel Custeaou EU DIGO | José Ricardo Roriz Coelho CONSUMO CONSCIENTE BOAS PRÁTICAS PAINEL TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL CAPA | Um moderno resgate à natureza



entrevista

Jean-Michel Cousteau

VIDA PARA O PLANETA ÁGUA por Isana Pontes foto Vaner Casaes | BAPress

OCEANÓGRAFO. EDUCADOR. ARQUITETO MARINHO. HÁ MAIS DE 40 ANOS, JEAN-MICHEL COUSTEAU TRANSMITE AO MUNDO SUA PREOCUPAÇÃO COM RIOS E MARES. A PAIXÃO POR ESSE UNIVERSO COMEÇOU AOS SETE ANOS, QUANDO FOI JOGADO AO MAR COM UM AQUALUNG INVENTADO PELO PAI — O EXPLORADOR JACQUES COUSTEAU. DESDE ENTÃO, INVESTIGA OS OCEANOS, DOCUMENTANDO AS DESCOBERTAS, REGISTRADAS EM MAIS DE 80 DOCUMENTÁRIOS, VÁRIOS PREMIADOS. MATERIAIS QUE ELE APRESENTA POR DIVERSAS PLATAFORMAS, EM PALESTRAS COM POLÍTICOS E EMPRESÁRIOS. TAMBÉM PRESIDE A OCEAN FUTURES SOCIETY, ONG QUE TRABALHA COM CONSERVAÇÃO MARINHA. É PERCUSSOR DE INICIATIVAS PARA FORTALECER ALIANÇAS PELA PROTEÇÃO AMBIENTAL. EM 2006, SEUS DOCUMENTÁRIOS SOBRE AS ILHAS DO NOROESTE DO HAVAÍ INSPIRARAM O ENTÃO PRESIDENTE GEORGE W. BUSH A DECLARAR A ÁREA MONUMENTO NATURAL MARINHO. O PESQUISADOR ESTEVE EM SALVADOR, NA BAHIA, PARA ENCERRAR O PROJETO FRONTEIRAS DO PENSAMENTO. A REVISTA CONSTRUIR NORDESTE ESTAVA LÁ PARA SABER UM POUCO MAIS DO TRABALHO COUSTEAU.


entrevista

De que forma?

Ao tomar água, você está bebendo os oceanos, que as pessoas de todos os países tratam como esgotos, enchendo-os com todos os tipos de lixo.

Como começou a sua história? Desde o dia em que fui jogado no oceano com um cilindro nas costas, me apaixonei pelo que vi e nunca mais parei. Mas, ao passo que descobria tesouros ambientais, encontrava mais lixo nos mares. Percebi uma conexão crítica entre o homem e a natureza. Meus filmes documentam essa arquitetura comportamental no mar, na terra e no ar. O progresso desconectou os homens do sistema de suporte da vida. Desconsideramos como nossas atitudes refletem no ambiente e como a qualidade da nossa vida está interligada a ele. Ao tomar água, você está bebendo os oceanos, que as pessoas de todos os países tratam como esgotos, enchendo-os com todos os tipos de lixo. O que ocorre? O lixo visível — as garrafas de plástico no oceano, os plânctons e os restos de alimento, tudo misturado — e o lixo invisível, que é ainda pior: soluções químicas e metais pesados. Quando você toma uma aspirina, essa química vai para o oceano. Chumbo, mercúrio, arsênio e outros metais nas águas e nos solos. Na natureza, não há lixo, exceto o que o homem produz. A presença de tais resíduos na natureza já afeta a vida em grande escala. Na África e na Índia, todos os dias, milhares de crianças com menos de 5 anos morrem porque não há água ou porque esse recurso vital está poluído. Ainda dá tempo de reverter isso sem gastar milhões de dólares.

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Aprendendo cedo nas escolas a gerenciar os recursos do planeta como se fossem de uma empresa: lucrar sem esgotar o capital (a natureza). Se você gasta mais do que a receita, fale. Outra prioridade é garantir às crianças o acesso à água, investimento menor do que os que os governos fazem em armas, exércitos ou no programa espacial. Temos tecnologias acessíveis para capturar a água e filtrá-la ou para colocá-la em barcos e enviá-la às regiões carentes. Falta vontade política. Ambientalistas e sociedade têm o dever de sensibilizar os que tomam as decisões sobre quanto dependemos do ambiente e sobre a necessidade de os novos projetos públicos e empresariais incluírem meios de proteger as comunidades dos danos ecológicos. Do oceano, que é 70% do planeta, exploramos pouco mais de 5%. Cientistas descobrem espécies todos os dias. Apesar disso, usamos o oceano como esgoto. É loucura! Ainda dá tempo de adotar tecnologias para os lixos não chegarem ao oceano. Como foi a sua experiência na Amazônia? Passei 20 meses (entre 1981 e 1983) com a minha família na Amazônia. Na época, Manaus tinha 400 mil habitantes. Em 2006, 2007 e 2013, voltei à região e encontrei milhões de habitantes, uma superpopulação cujas condutas impactam os rios Negro e o Amazonas. Quando olhamos o Amazonas — a raiz do oceano —, vemos esse rio distribuído em nove países diferentes. O Brasil controla 65% do rio e 20% da água doce que vem de lá. O Amazonas é um tesouro brasileiro. Deve ser valorizado e bem explorado por quem detém o poder político, empresarial e por toda a nação, a quem cabe cobrar dos governantes a preser vação dos recursos aquáticos por todas as tecnologias disponíveis.

O senhor defende a preservação e formas mais sustentáveis para produção de alimentos. Como é o processo? Uma forma de incluir os oceanos na produção de alimentos em escala global, sem acabar com a biodiversidade, é criar espécies herbívoras. Para cada quilo de salmão, precisamos de 10 quilos de outros peixes, o que desequilibra a natureza. Na nossa segunda temporada no Amazonas, identificamos pesquisas para a criação em cativeiro do tambaqui, um peixe nobre. A espécie sumiu em função da pesca predatória. Algumas autoridades entenderam e investiram em processos sustentáveis. Graças a eles, o projeto se materializou, e o preço do quilo do tambaqui de cativeiro corresponde hoje a metade do tambaqui de rio. A orientação é do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Acompanhamos o trabalho do biólogo Alexandre Honczaryk, que produz várias espécies. As fêmeas recebem hormônios para se reproduzir. Depois, os óvulos são misturados ao sêmen do macho e vão para as incubadoras. Quando nascem, os alevinos ficam nas piscinas. O consumo do tambaqui de cativeiro aumentou também em outros estados, inclusive São Paulo e Rio de Janeiro, o que motivou os criadores.

O Amazonas é um tesouro brasileiro. Deve ser valorizado e bem explorado por quem detém o poder político, empresarial e por toda a nação, a quem cabe cobrar dos governantes a preservação dos recursos aquáticos por todas as tecnologias disponíveis.


Mas e a pesca? A gente tira mais da natureza do que ela produz. A poluição limita a reprodução. Estamos destruindo as costas marítimas, onde vive a maioria dos peixes. A culpa é coletiva. A demanda aumenta, e a natureza pede um tempo. Precisamos olhar o ambiente e o oceano como um negócio. Recebemos o capital de graça. Enquanto consumimos só os lucros produzidos pela natureza, podemos continuar. No momento, estamos comprometendo o capital e iniciando a falência. Mares e rios fazem parte da mesma edificação da natureza. Está tudo conectado! Apenas 1% das águas internacionais está na lista do Patrimônio da Humanidade da Organização das Nações Unidades para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). É preciso mudar a gestão das águas. Ninguém ama o que não conhece e a ignorância da sociedade sobre os limites dos ecossistemas é grande. O senhor pode contar um pouco das suas pesquisas nas ilhas e atóis do Noroeste Havaiano? A expedição no Oceano Pacífico, ao redor das Ilhas Havaianas, contou com 20 especialistas. Uma cadeia de paraísos isolados com enorme diversidade. Alguns atóis são tão remotos, que pouquíssimos humanos pisaram. O paradoxo: mesmo nesses pontos, os impactos da poluição produzida por gente de todos cantos chega — de forma lenta, sistemática e

A demanda aumenta e a natureza pede um tempo. Precisamos olhar o ambiente e o oceano como um negócio. Recebemos o capital de graça. Enquanto consumimos só os lucros produzidos pela natureza, podemos continuar.

perturbadora. No arquipélago de recifes coral, quase tão vastos quanto a Grande Barreira de Corais da Austrália, os pesquisadores encontraram animais selvagens lutando contra a poluição e a sobrepesca. Nesse ambiente marinho tropical vivem mais de 7 mil espécies. Muitos são raros ou ameaçados de extinção, sob a proteção da National Wildlife Refuge da América. No planeta, um quarto deles só existe nas Ilhas Havaianas. Por causa do raro contato humano, essas ilhas criaram um hábitat incrível. A bordo do Searcher, nossa equipe chegou até o distante Kure Atoll. No caminho, trocamos informações com cientistas que trabalham nesses ecossistemas. Queríamos explorar uma região que parecia além do impacto humano, para mostrar suas maravilhas e incentivar sua proteção, com tecnologias de mergulho e comunicação de ponta. Mesmo em alguns lugares isolados, nos horrorizamos com os pontos de poluição no Pacífico. A humanidade também transforma em lixão os outros oceanos. Como é possível? O lixo que chega a paraísos inacessíveis como as ilhas havianas é transportado pelas correntes marinhas. Confusos com uma a situação que só piora — sem que autoridades tomem providências —, os animais tomam o lixo por comida. A sujeira vem do Japão, da China, dos Estados Unidos e de muitos outros países. O senhor acredita na reversão desse processo? Apesar do sinal amarelo, acredito que ainda há tempo de reverter a situação se governos, empresários e sociedade agirem já. Um bom exemplo é a iniciativa de autoridades da Califórnia e do Alasca para minimizar os efeitos das altas concentrações de metais nas praias. Quantidades industriais de farinha de ossos de peixe vêm sendo produzidas sob o patrocínio dessas organizações para serem misturadas na areia, neutralizando os efeitos do chumbo no solo e na água. Para avaliar a incidência de alguns metais pesados no organismo humano, oito integrantes da nossa

A gente tira mais da natureza do que ela produz. A poluição limita a reprodução. Estamos destruindo as costas marítimas, onde vive a maioria dos peixes. A culpa é coletiva.

equipe se subteram a exames para avaliar a ocorrência dessas substâncias quando exploravam durante essas expedições. Os médicos examinaram, inclusive, um bebê de uma das integrantes. Ficou constatada a existência de químicas inadequadas no organismo deles. As crianças são muito vulneráveis aos efeitos do chumbo, que pode vir na água, causando, inclusive danos ao desenvolvimento normal do cérebro. Para você, o que seria sustentabilidade? Não é necessário discutir o significado desse termo. O que é preciso de fato é olhar para a natureza como olhamos para os negócios, pois a natureza é o capital e ela pode nos prover recursos. É essencial, na verdade, conhecer o seu funcionamento para que dessa forma se possa administrá-la. Para isso, os cientistas são figuras primordiais para compreendermos as conexões entre os seres humanos e o ambiente, porque tudo está conectado. Infelizmente, nós não temos tido uma compreensão correta da situação, pois estamos subtraindo da natureza muito mais do que ela é capaz de produzir. Eu acredito que a educação é importantíssima para o processo de conscientização ambiental, porque os jovens de hoje podem ser ensinados sobre esse conceito. Eles serão os futuros tomadores de decisões e estarão posteriormente liderando indústrias e suas próprias casas. Se esses jovens tiverem acesso às informações adequadas e à consciência para aplicá-las, com certeza tomarão soluções mais corretas. As informações que recebemos impactam as decisões de nossa vida.

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eu digo

Sociedade e educação evitariam fracasso de acordos ambientais José Ricardo Roriz Coelho*

É preciso ampliar a participação de entidades de classe, patronais e laborais, e instituições da sociedade nessas negociações multilaterais e priorizar as políticas públicas de educação ambiental.

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ótimo exemplo dos turistas japoneses na Copa do Mundo do Brasil, ao recolherem o lixo dos setores que ocuparam nas arenas durante os jogos de sua seleção, contrasta com a atitude negativa de torcedores de nosso país e outras nações, inclusive desenvolvidas, que sujaram de modo exagerado alguns estádios. As duas atitudes opostas demonstram o significado da educação para o sucesso de qualquer programa nacional e acordos internacionais de proteção do meio ambiente e reversão das mudanças climáticas. Ressalvando-se as louváveis iniciativas da ONU e o esforço do Programa das Nações Unidas (PNUMA) para o Meio Ambiente, organismo de elevado nível técnico e notória boa intenção, outra causa do fracasso de tratados como o Protocolo de Kioto e conferências como a Rio+20 é o distanciamento que se mantém da população. As tentativas de acordos ocorrem em reuniões de cúpula alheias às organizações realmente representativas da sociedade civil. Tal isolamento, por um lado, resulta no descompromisso dos cidadãos quanto às decisões dos chefes de Estado e, por outro, torna tímida a legítima pressão política em prol de medidas eficazes. Assim, é preciso ampliar a participação de entidades de classe, patronais e laborais, e instituições da sociedade nessas negociações multilaterais e priorizar as políticas públicas de educação ambiental. Não é suficiente diagnosticar os problemas, discuti-los em colegiados de chefes de Estado e ministros do meio ambiente e aceitar de modo resignado a sua rejeição e/ou descumprimento pelos governos. Acabamos de assistir ao mesmo filme na 1ª Assembleia Ambiental das Nações Unidas, no Quênia. A questão da educação e engajamento da sociedade ficou muito clara no evento, na apresentação de estudo relativo à presença de material plástico nos oceanos. Isso evidencia que há pessoas, em todo mundo, que continuam atirando, nos rios e mares, garrafas, copos, sacos, embalagens e outros objetos, de distintos materiais. Obviamente, o problema não se relaciona ao uso dos produtos, mas sim ao seu descarte inadequado. Os plásticos, por exemplo, são produzidos para utilização de longo prazo, como na construção

civil, e para o reuso, como nas utilidades domésticas. Além disso, são 100% reciclável, podendo retornar em sua totalidade à cadeia produtiva por diversas vezes. Não deveriam ser jogados na natureza. Há avanços em nosso país no sentido do correto descarte. A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) tem promovido, em toda a cadeia produtiva, as recomendações do PNUMA, contempladas no Acordo Setorial para Implementação do Sistema de Logística Reversa de Embalagens Pós-consumo de Produtos não Perigosos. Atende-se, assim, às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O Brasil destaca-se, ainda, na reciclagem, que contribui para a menor utilização dos recursos naturais e a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e destinação dos resíduos aos aterros sanitários, assim como do desperdício do potencial ambiental e econômico, calculado pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Aplicadas) em R$ 5 bilhões por ano no País. Aqui, o Índice de Reciclagem Mecânica de plástico pós-consumo (resíduo reciclado + resíduo exportado para reciclagem) é de 21%, média equilibrada com nações como Dinamarca, Itália, Suíça e Reino Unido, e superior ao observado na França, Portugal e Finlândia. É preciso levar esse tipo de solução que brota dos organismos da sociedade para os acordos multilaterais patrocinados pela ONU. Porém, isso não basta! São decisivos, também, programas de educação, para que as pessoas adotem práticas corretas de descarte de resíduos sólidos, como fizeram os torcedores japoneses nos estádios brasileiros.

*José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo (Sindiplast-SP), vice-presidente e diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.


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CONSUMO CONSCIENTE

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01 REFLORESTADA Reunindo estilo e sustentabilidade, o revestimento Arcos Imbuia, da Mosarte, aposta em um conceito que faz referência à natureza. A peça é elaborada com madeira reflorestada, e pode ser aplicada tanto em parede como em áreas internas, inadequada apenas para áreas em frequente contato com a água. 30 x 30 cm | mosarte.com.br | 48 – 3345.3000

02 VERSATILIDADE O PlastFloor®, um produto da PlastPrime®, é um pavimento estrutural, permeável, resistente a cargas e ecologicamente correto, que pode ser utilizado em diversos projetos. Seu formato alveolar possui 90% de área vazada na parte superior, o que permite a infiltração das águas diretamente para o solo e reduz significativamente o volume de escoamento superficial. Por causa da sua estrutura alveolar interligada e semiflexível, o material absorve e dissipa a força gerada sobre ele. O PlastFloor® pode ser preenchido com grama, granilha, areia ou saibro | plastprime.com | 41 3376.1101

03 MODA RECICLADA Ousadia e criatividade dão o toque especial do tapete Hali Berekat Jeans, da By Kamy. O conceito sustentável da peça vem do seu material, composto 100% de jeans. Medidas: 2,72 x 2,72 | bykamy.com | 11 – 3081.1266

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04 ECONOMIA ELEGANTE Com um design elegante e uma funcionalidade inteligente, as torneiras da coleção Addison, da Delta Faucet, se inspiram em linhas caneladas de uma concha com um toque sutil Art Deco. Sua tecnologia inovadora ajuda os consumidores a otimizar o uso da água, através da varinha Multi-Flow™, oferecendo tanto spray como funcionalidade de fluxo. Seu fluxo padrão de água é de um ritmo eficiente de 1,5 litro por minuto (gpm), oferecendo uma economia de até 32% acima do padrão de 2,2 gpm da maioria dos exemplares comercializados no país | deltafaucet.com.br

05 BAIXO CONSUMO Luminária de LED que valoriza o ambiente público urbano, a DL® 20, da Osram, foi projetada com o objetivo de reduzir o consumo de energia elétrica e distribuir a luz de modo uniforme. A peça não causa ofuscamento graças a uma premiada solução de design para o rebatimento de luz, que a torna uma opção moderna para substituir luminárias com lâmpadas de vapor metálico e de vapor de sódio | osram.com.br | 0800 55 7084.

06 NYLON REPAGINADO A linha de carpetes modulares Net Effect, da Interface, aposta na sustentabilidade trazendo como diferencial o náilon reciclado de redes de pesca. A peça faz parte de um programa da empresa feito em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres nas Filipinas, a fim de reciclar redes de pesca para desenvolver tapetes de náilons reciclados. Durante o projeto piloto do programa, mais de uma tonelada de redes foram recolhidas para a fabricação das peças. Com essa ação, foi possível remover o lixo marinho, além de empregar pessoas das aldeias locais que ajudaram na limpeza | interface.com | 11 - 2196.0900

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BOAS PRÁTICAS

FOTO: LEO CALDAS

água para todos Há mais de 20 anos, o Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), sediado na cidade de Teixeira, na Paraíba, vem promovendo ações que fomentam o desenvolvimento rural sustentável de todo o sertão paraibano. Um dos eixos de atuação da organização é a Programa Tecnologias de Manejo de Recursos Hídricos, em que são realizadas diversas atividades para aumentar a eficiência no uso do potencial hídrico de pequenas propriedades rurais do semiárido. Um exemplo disso é a construção de cisternas com sistema de boia para lavagem do telhado, no processo de captação e manejo de água de chuva para o consumo humano. No projeto, são acopladas às cisternas duas tecnologias sociais: um sistema de boia, que serve para desviar os primeiros milímetros das chuvas que são utilizados para lavar os telhados; e uma bomba-d’água, denominada trampolim, usada para facilitar a coleta de água sem contaminação. Com esse sistema, a família pode manejar bem a captação e o armazenamento de água de chuva, conseguindo qualidade para beber e, ao mesmo tempo, não desperdiçando a água que lava o telhado, podendo armazená-la com o objetivo de usar em outras necessidades. Outra ação realizada são as cisternas do tipo calçadão enxurrada, com capacidade de armazenamento de 52 mil litros de água, destinada à produção de alimentos saudáveis, principalmente hortaliças. A cisterna do tipo enxurrada nasceu da experiência de barramento de água de chuva em estrada e do armazenamento em cisterna de placa, que consiste em aproveitar a parte lateral das estradas, sobretudo em locais com declínio e valas, colocar manilhas canalizando para uma caixa com brita para promover um processo inicial de decantação das sujeiras trazidas pela água, canalizando em seguida para uma caixa média, objetivando um segundo processo de decantação e, em seguida, para uma cisterna onde a mesma é armazenada. A água barrada e armazenada tem como objetivo, no período crítico de falta de chuva, promover a irrigação de salvação, permitindo, à cultura explorada, condições para aguardar a próxima chuva. Dependendo da cultura, a irrigação poderá ser feita por aspersor ou por gotejamento, aproveitando garrafas de polietileno. A experiência inicial foi desenvolvida na área experimental do CEPFS, localizada na Zona Rural do município de Maturéia, área essa que tem se constituído um espaço inspirador para o desenvolvimento de tecnologias sociais de convivência com o clima semiárido. O CEPFS já construiu 180 cisternas de enxurrada, beneficiando 643 pessoas, através do armazenamento de um volume de água na ordem de 9.360.000 litros para produção. Foram construídas 273 cisternas do tipo calçadão, beneficiando 722 pessoas, através do armazenamento de um volume de 114.196.000 litros. Para saber mais sobre esses e outros trabalhos da CEPFS, acesse o site www.cepfs.org.

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painel tecnologia sustentável

Sistemas Hemisfério de Impermeabilização Com foco na sustentabilidade, a tecnologia inovadora adotada reside na formulação de impermeabilizantes através de resinas acrílicas à base de água, as chamadas waterborne acrylic resins, sem utilização de solventes, plastificantes ou qualquer outro insumo volátil. Através dessa tecnologia, é possível obter produtos que obedeçam rigorosamente as normas que regem a emissão de VOC. O destaque da inovação desses impermeabilizantes encontra-se na forma de utilização do agregado sólido, necessário a algumas funções na aplicação, sobretudo na aceleração da reticulação dos pré-polímeros da resina. O paradigma tecnológico desses agregados sólidos para mistura com emulsões acrílicas sempre apontou para uma mistura de agregados como cimento, areia e aditivos. Essa mistura pré-dosada é então embalada na forma de um kit, que contém também a resina pré-dosada. Em uma obra, vários fatores influenciam na operação de mistura líquido-sólido, que vão desde a temperatura e seu consequente efeito na taxa de evaporação (convém lembrar que cerca de 50% da resina é constituída de água, cientificamente denominada de fase líquida da emulsão, a qual deve ser expulsa durante a reticulação) até o ajuste fino reológico, em que a quantidade de sólidos a ser agregada pode sofrer significativas variações. Esses fatores inegavelmente provocarão sobras, ou seja, a indesejável geração de resíduos.

SOBRE A HEMISFÉRIO PRODUTOS TÉCNICOS Desde 1997, a Hemisfério Produtos Técnicos formula aditivos e impermeabilizantes à base de água. A empresa fornece a resina formulada em um novo conceito de utilização junto com o cimento da obra, aumentando a qualidade e acabando com desperdícios, além de customizar a necessidade da obra. Os Sistemas Hemisfério de Impermeabilização são específicos para cada situação, abrangendo desde fundações até lajes, piscinas e reservatórios. As aplicações são feitas a frio, de forma simples e sem riscos para a saúde do aplicador e sem agressão ao meio ambiente.

A empresa se dedicou a esse tema e, através de formulações que permitem a utilização de cimentos comuns de obra, como os PORTLAND CP II ou CP III, viabilizou o uso desse insumo de múltiplo uso em todas as etapas da obra, como sendo o agregado sólido, zerando a geração de resíduos sólidos. A empresa, portanto, fornece a resina formulada, e, no local e momento da aplicação, o operador adiciona o cimento da obra, sem sobra nem falta, seja de resina ou de agregado. Em seguida, ele realiza a mistura e aplica.

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painel tecnologia sustentável

Lumiform SH A industrialização dos métodos construtivos torna as formas metálicas cada vez mais populares, substituindo os sistemas que têm como base a madeira. O mercado estima que, na alvenaria convencional, o desperdício chega a cerca de 30%, a depender dos materiais utilizados. A utilização das formas metálicas amplia as oportunidades para o País aprofundar as bases da sustentabilidade na construção. Na indústria da construção, o aço é normalmente identificado como um material “amigo do ambiente” devido essencialmente ao seu potencial de reciclagem. Assim também é o alumínio. Mais leve e resistente, o metal de alta reciclabilidade é utilizado na fabricação de sistemas de fôrmas para concreto e, amplamente, utilizado em empreendimentos em todo o País. As fôrmas de alumínio (manoportáveis) possibilitam a concretagem de paredes e lajes em uma única etapa e, consequentemente, ciclos de produção reduzidos. Além de excelente precisão geométrica, as fôrmas podem ultrapassar os 1.000 usos e minimizam a geração de resíduos. Esse é o caso do sistema Lumiform SH®, lançado em 2009 no mercado brasileiro, pela empresa SH, líder no fornecimento de fôrmas para concreto e escoramentos metálicos. Formado por painéis fabricados com perfis especiais de alumínio, forrados com chapas também de alumínio, o sistema é montado manualmente (cada metro quadrado do painel pesa em torno de 18 kg), sem necessidade de mão de obra especializada. Após a montagem, as fôrmas são preenchidas com concreto e, em cerca de doze horas, são retiradas e liberadas para a instalação de esquadrias, pintura, telhado e demais acabamentos. Amplamente utilizado para erradicar o déficit habitacional na América Latina, o sistema de paredes de concreto permite a construção de uma casa de 36 metros quadrados em apenas 4 dias, com acabamento do concreto perfeito e utilização de pouquíssima mão de obra, já que substitui blocos de alvenaria e elimina etapas de chapisco e reboco, reduzindo custos e prazos da obra, com até 85% de ganho na produtividade. Na Região Nordeste do País, a tecnologia do sistema Lumiform SH® está em grandes empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida, nas cidades de Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus e Itabuna, na Bahia; em Petrolina – PE; São Luís – MA; e Aracaju – SE. O sistema também é responsável pela construção de casas do Projeto Meu Orgulho, em Manaus–AM, o maior já realizado até hoje no País, com mais de 9 mil unidades.

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Informações técnicas Sistema composto por painéis fabricados com perfis especiais de alumínio e forrados com placas de alumínio. Além de duráveis e leves, os painéis não possuem rebites, emendas ou marcas na face que faz contato com o concreto, o que garante um acabamento perfeito. • Estrutura: perfis especiais de alumínio. • Forro: chapa de alumínio de 3 mm de espessura. • Em modulação de 5 cm até 90 cm, ou conforme projeto do cliente. • Altura: 270 cm, 240 cm ou conforme projeto do cliente. • Espessura: 5,4 cm. • Peso: 17,75 kg/m².


Um moderno resgate à natureza

Em resposta ao movimento tecnológico e agrotóxico na agricultura global na década de 70, os cientistas australianos Bill Mollison e David Holmgren chegaram à conclusão, observando atentamente a natureza, de que os bosques e florestas produzem mais alimento que a intervenção tecnológica com alta necessidade de insumos, como tratores, sementes híbridas e adubos químicos. Pensando nisso, a dupla criou um sistema integrado de animais e plantas perenes úteis ao homem com o objetivo de criar uma agricultura permanente em oposição à agricultura de grãos baseada em safras de curto período. Assim nasceu a permacultura, que saiu do universo específico da agricultura (permanent agriculture) para alçar voo no campo da construção civil, design, arquitetura e dos recursos energéticos, tecnológicos e sociais (permanent culture). por Pablo Braz foto por Gaston Ramseyer

*A foto representa a técnica do superadobe, uma das mais utilizadas na permacultura. Por meio de sacos com terra comprimida, as paredes e coberturas são erguidas. A queima de sacos de polipropileno com as chamas do maçarico expõe o barro compactado e o reboco adere melhor.


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construção usando materiais ecológicos, com política de economia da água e reaoproveitamento de materiais no canteiro de obra. O especialista esclarece que, em relação às técnicas e ferramentas usadas, também existe um grande número delas, que serão executadas de acordo com a região e o contexto onde será realizado o projeto. Nesse cenário, se destacam as técnicas de bioconstrução com terra, como: a superadobe, criada pelo arquiteto iraniano Nader Khalili e que utiliza sacos com terra comprimida para fazer paredes e coberturas; a Cob, que por meio da argila, areia e palha usa da criatividade e liberdade para moldar a casa como se fosse uma grande escultura; além de resíduos, entre eles garrafas, pneus e vidros, que configuram uma tendência chamada de Earthship. Para o tratamento de esgoto, um dos sistemas usados é o da evapotranspiracão, que é um filtro de entulhos, brita, areia, terra e plantas, que protegem uma câmara de biodigestão anaeróbia feita de pneus. Um dos empreendimentos no Brasil que aplicaram em seu processo construtivo alguns desses conceitos da permacultura é a Pousada Eco Jeri Magia, localizada em Jericoacoara, no estado do Ceará. Construída em 2013 durante cem dias, a obra se valeu da técnica do superadobe, através do uso de sacos de rafia recheados com barro e sobrepostos um a um até atingir o objetivo, além de barro, madeira, palha, uma pequena porcentagem de cimento no reboco e outros elementos reciclados e artesanais. O proprietário da pousada, Luis Alberto Daneri, não só acompanhou, mas também participou de toda a construção junto com o grupo de trabalho. “Qualquer tipo de obra onde você possa colocar suas mãos e moldar as estruturas realmente faz a diferença. As paredes circulares representam uma maneira de perceber a vida, permitindo uma circulação diferente de energia. Com 40 cm de largura, essas paredes

deixam o quarto mais fresco, além do barro utilizado que ajuda a evitar a entrada de calor”, enfatiza Alberto. O proprietário revela ainda que a quantidade de quartos projetados para a Eco Jeri Magia tem relação direta com a natureza e o seu contexto. “A opção por apenas cinco quartos é para representar uma flor mandala de cinco pétalas, e em uma segunda etapa pretendemos construir um caule para finalizá-la. Esse conceito é uma forma de integração com a mãe natureza, voltando de alguma maneira ao princípio, à origem, à terra”, pontua. Segundo Daneri, a receptividade dos hóspedes tem sido bastante positiva, buscando sempre a integração dos mesmos com o espaço e com o ideal da permacultura. “São programadas frequentemente palestras e aulas práticas para informar hóspedes, moradores da região e interessados no assunto sobre a importância de interagir com o meio ambiente de forma harmoniosa”, complementa. Neimar Marcos ressalta que, de fato, a prática da permacultura tem crescido no meio hoteleiro, onde se Neimar Marcos, mais conhecido como Marcos Ninguém, é pioneiro na aplicação do sistema em alguns estados do nordeste e co-fundador da Rede de Permacultura da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

FOTO: Ranna Santiago

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oje, a permacultura evoluiu para um sistema interdisciplinar para planejamento e execução de ambientes humanos sustentáveis, em macro e micro escala. É o que afirma Neimar Marcos, mais conhecido como Marcos Ninguém, pioneiro na aplicação do sistema em alguns estados do nordeste e co-fundador da Rede de Permacultura da Paraíba e do Rio Grande do Norte. “É um método de planejamento mais completo, pois inclui dimensões sociais, políticas e econômicas, levando em conta a comunidade envolvida, o fator humano e os processos pedagógicos no desenrolar do projeto e não apenas as estruturas. A intervenção, além de não ser agressiva, otimiza os processos naturais, gerando mais energia e em tempo mais curto que a própria natureza sozinha produziria”, explica. Marcos ressalta que, ao se incorporar ao design do espaço urbanístico e do empreendimento e também ao planejamento da obra, a ciência da permacultura tem como base pilares éticos e está a serviço da transição paradigmática da atualidade para uma sociedade viável e sustentável, tornando os seus projetos mais reais e com menos marketing “verde”. “São utilizados materiais que muitas vezes viram resíduos, conceitos de arquitetura bioclimática e bioconstrução, ecogestão do canteiro de obras e soluções locais, o que a torna economicamente e ecologicamente mais viável e barata”, esclarece. De acordo com o designer em permacultura, esse sistema preconiza uma série de critérios para a sua aplicação, entre os quais estão: uso total ou parcial (30% no mínimo) de energias renováveis; tratamento local dos afluentes com técnicas de saneamento ambiental; paisagismo ecológico com plantas do bioma local, priorizando as frutíferas e comestíveis, o que gera áreas paisagísticas que dependam de menos insumos e manejo e com retorno do investimento em forma de alimentos orgânicos (frutas, flores, verduras); e


Foto: gaston ramseyer

A técnica do superadobe usa sacos com terra comprimida para fazer paredes e coberturas.

tem atuado muito pelo custo competitivo e pela velocidade da entrega das obras, pois algumas técnicas usadas representam até metade do tempo de execução em relação às técnicas convencionais. Segundo ele, não somente nesse setor, mas amplamente e nacionalmente a permacultura vem ganhando destaque, e apesar de ter nascido na Austrália, o Brasil é considerado por muitos pioneiros como o país da permacultura. “Estive em Cuba no ano passado na Conferência Internacional de Permacultura, onde apresentei muitos projetos desenvolvidos no Brasil, o que impressionou especialistas de outros países. A permacultura, por exemplo, já está nos editais do Ministério do Meio Ambiente, que já construiu casas de superadobe com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Incra no Maranhão”, reforça. Mesmo com essa notoriedade, Marcos pontua que ainda é necessário mais divulgação e espaço na mídia e na sociedade em geral sobre a ciência da permacultura, além de maior incentivo de fomento por parte do governo nos projetos. “É preciso sensibilizar as políticas públicas e informar melhor o meio acadêmico, em especial os professores de pós-graduações

em sustentabilidade, sobre o universo da permacultura e sua importância para a humanidade”, explana.

VANGUARDA E AMPLIAÇÃO A Universidade Federal do Cariri (UFCA), sediada em Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, será referência no cenário da permacultura no país. A UFCA iniciou um processo de vanguarda no Brasil ao estar fomentando a criação de um Curso de Graduação em Permacultura, o primeiro no Brasil e na América Latina, que tem previsão de implantação no segundo semestre de 2015 ou início de 2016. Além disso, através da Pró-Reitoria de Extensão da universidade e com apoio de alguns professores e colaboração de Marcos Ninguém, foram elaborados projetos de extensão de como seriam os campi universitários na ótica da permacultura, entre os quais o Estudo de Design Permacultural para a Construção de Universidades Modelos em Sustentabilidade. “O curso vem atender a uma demanda de formação de profissionais nessa área, oferecendo à sociedade multiplicadores da permacultura que possam atuar de forma eficiente no trato dos problemas ambientais e de convivência, além da pretensão

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de ser um dos vetores na implantação de metodologias inovadoras do ensino-aprendizagem na academia”, ressalta Eduardo Cunha, Pró-Reitor de Extensão da UFCA. Outra grande ação será a ampliação física (estrutural) do campi, que será construída nos moldes permaculturais, servindo de base para o mundo. O projeto, elaborado por Marcos Ninguém, está em fase de negociação interna para se definir o que ele poderá conter e qual a localização apropriada e espaço disponível para sua efetivação, com previsão de início das obras em 2016. De acordo com Eduardo, o desejo de aplicar o sistema dentro do espaço acadêmico surgiu a partir da constatação de que a maioria das construções, em particular a universidade, não são projetadas de maneira harmoniosa ao meio ambiente e ao convívio humano. “Os espaços de trabalho não são convenientes ao bem estar das pessoas, que passam muitas horas no mesmo local com iluminação e ventilação inadequadas. A universidade, por ser um espaço influente na sociedade, pode se configurar como um local de estímulo e

demonstração de boas práticas ambientais que, neste caso, estão ligadas à permacultura”, esclarece. Para o planejamento urbanístico da ampliação permacultural da UFCA, Marcos utiliza no projeto padrões naturais, saindo do quadrado e dando formas mais orgânicas, usando um crop circle, que são sinais quilométricos curvados que aparecem à noite nas lavouras e que só podem ser vistos do alto, lembrando sinais ufológicos. Serão usadas técnicas de superadobe para paredes e estruturas, telhados gramados em formato de parabolóides hiperbólicas para conforto térmico e beleza, e bambu para pontes e pergolados. O esgoto terá tratamento por evapotranspiracão e irá compor a paisagem. A água da chuva será captada e armazenada, bem como a das cozinhas e pias, que será filtrada e utilizada nos espelhos de água para criação de microclima nos jardins. As áreas verdes serão compostas de agroflorestas, hortas mandalas e jardins comestíveis. Pavers intertravados e gramados vão ser aplicados no estacionamento, facilitando a percolação da água da chuva e evitando desperdício na manutenção hidráulica, quando necessária.

Segundo o permacultor, o mix de superadobe, bambu, telhado verde e outras técnicas e conceitos da arquitetura bioclimática ajudarão no conforto térmico, dispensando ou diminuindo muito a utilização do ar condicionado, se caracterizando como um oásis no meio do Cariri. Além disso, a construção da obra será pedagógica, envolvendo alunos da comunidade. “O espaço será um laboratório vivo para pesquisas acadêmicas, formando o famoso tripé da educação superior: ensino, extensão e pesquisa, servindo de base para amadurecer as propostas que podem revelar o pioneirismo do Cariri e do Nordeste brasileiro no cenário mundial. O formato futurista do projeto também colaborará para quebrar o estigma de atraso em torno da permacultura e dar um passo a mais em rumo ao novo paradigma do design e da sustentabilidade”, enfatiza.

Serviço Neimar Marcos Marcos Ninguém Permacultura marcosninguem.com.br

O projeto se utiliza de crop circle (sinais quilométricos curvados), telhados gramados parabolóides hiperbólicos e agroflorestas.

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