Material de Análise Ensino Fundamental II – EJA | Irium Educação

Page 1

A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA I SIGNIFICADO E OBJETIVO DA EXPANSÃO MARÍTIMA

A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA Os portugueses foram os pioneiros na expansão marítima, isto é, foram os primeiros a se lançar na aventura das Grandes Navegações, pois contavam com uma posição geográfica privilegiada e possuíam notável experiência em navegação. Além disso os portugueses tinham certa familiaridade com o oceano Atlântico, já que nessa época a pesca em alto-mar ─ principalmente de sardinha e bacalhau ─ constituía uma das suas principais atividades econômicas. Soma-se a isto, o fato de Portugal ter sido o primeiro Estado Nacional a se formar e ter contado com os incentivos do infante D. Henrique (O Navegador), filho do rei D. João I, que reuniu, em Sagres, astrônomos, cartógrafos e navegadores para desenvolver estudos e experiências náuticas. O conjunto de ideias ali produzidas foi denominado, mais tarde, de Escola de Sagres. Nessa época foram aperfeiçoadas diferentes técnicas e instrumentos, a exemplo da bússola, do astrolábio, do quadrante, das naus e das caravelas, com velas móveis que permitiam a navegação na direção contrária ao vento. Convém destacar também a utilização da pólvora e dos canhões instalados nos navios para garantir a posse das terras encontradas. Afirma-se que a expansão marítima portuguesa teve início em 1415, com a conquista de Ceuta, uma cidade localizada no norte do continente africano. Tal afirmação, no entanto, tem sido bastante contestada por historiadores que interpretam o fato, sobretudo, como um prolongamento da Guerra de Reconquista contra os mouros (muçulmanos), que dominavam a cidade. Além disso, o fato de Ceuta estar mais voltada para o Mediterrâneo do que para o Atlântico seria um prova de que até o momento da sua conquista, os portugueses ainda não planejavam contornar a África para chegar às Índias. De qualquer modo, a invasão acabou provocando o abandono da cidade pelos comerciantes que costumavam trazer produtos do Oriente e da África, como ouro, sedas e especiarias, obrigando os portugueses a superarem seus temores e desbravarem a costa deste continente em busca de novas riquezas. Assim tinha início o périplo africano, uma grande aventura por meio da qual os portugueses conquistaram progressivamente toda a costa atlântica do continente. De lá eram retiradas mercadorias bastante valiosas, como marfim, escravos e metais preciosos, cuja aquisição se tornava cada vez mais necessária devido ao desenvolvimento do comércio, pois eram utilizados como moeda de troca nas negociações. Contudo, o principal objetivo dos portugueses continuava sendo chegar às Índias, o que pretendiam fazer contornando a África. Um passo importante nessa grande aventura foi dado pelo navegador Gil Eanes que,

Gravuras representando o “mar tenebroso”, como era conhecido o oceano Atlântico.

Além disso, era preciso muito dinheiro para contratar homens, bem como para construir e equipar as embarcações. Entretanto, seria difícil para os banqueiros e comerciantes da época ─ isto é, a burguesia ─ financiar sozinhos um empreendimento tão grande. Era necessário, portanto, o apoio de uma instituição que fosse muito rica e poderosa: o Estado. O rei, por sua vez, também tinha muito interesse em apoiar a burguesia, pois quanto mais rica

AP EF7 HIS 01 A

PR

M

OI ate BI ri DA al d A e RE An PR ál OD ise UÇ ÃO

Desde a época das Cruzadas, os europeus ficaram fascinados pelos produtos orientais, ou seja, as especiarias, utilizadas na culinária e na fabricação de cosméticos e medicamentos, como, por exemplo, o cravo-da-índia, o gengibre, a noz moscada, a canela e a pimenta-do-reino. Tais mercadorias eram trazidas por terra pelos árabes até a costa do mar Mediterrâneo, onde eram vendidas para comerciantes italianos que os revendiam por preços mais elevados para o restante da Europa. Percebemos, então, que o comércio no Mediterrâneo era monopólio dos italianos, especialmente das cidades de Gênova e Veneza. Foi especialmente por essa razão que teve início, no século XV, a expansão marítima, através da qual os europeus tentaram descobrir por mar novas rotas para chegar às Índias (Oriente) e, assim, poder negociar diretamente com os mercadores daquela região. Para realizar essa aventura e navegar por mares desconhecidos, sem, portanto, previsão de retorno, era necessária muita coragem, já que existiam muitas lendas sobre monstros marinhos gigantes que devoravam toda a tripulação, além de tritões (seres metade humanos metade peixes), e sereias capazes de enfeitiçar marinheiros e levá-los para as profundezas do mar. Além disso, não se sabia ao certo o formato da Terra, de modo que muitos acreditavam que ela era plana e o mar acabaria num enorme abismo.

ela fosse, mais impostos poderia pagar ao Estado, o qual também poderia se fortalecer com a possível conquista de novas terras através das expedições marítimas. É importante destacar que a expansão ultramarina era apoiada até mesmo pela Igreja, já que a dominação de novos territórios poderia levar à conversão de novas almas ao cristianismo.

1


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.