Caderno de resumos do II Seminário de Design Cênico_2017

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Caderno de Resumos

do II Seminário de Design Cênico: elementos visuais e sonoros da cena

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba.

31 de maio a 03 de junho de 2017


Comitê científico: Cássia Monteiro (UFRJ) (Coordenação), Ismael Scheffler (UTFPR) (Coordenação), Amábilis de Jesus da Silva (UNESPAR/FAP), Nádia Luciani Moroz (UNESPAR/FAP), Mônica Magalhães (UNIRIO), José Sávio de Araújo de Oliveira (UFRN). Realização Departamento Acadêmico de Desenho Industrial (DADIN), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Apoio: Grupo de Trabalho Poéticas Espaciais, Visuais e Sonoras da Cena da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas (ABRACE) Capa: Luana Desconci Contato: Ismael Scheffler Departamento Acadêmico de Desenho Industrial (DADIN) Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Av. Sete de Setembro, 3165 Bairro Rebouças - Curitiba - PR - Brasil CEP 80230-901

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação S471c 2017

Seminário de Design Cênico (2. : 31 maio - 03 jun., 2017 : Curitiba,PR) Caderno de resumos do 2. Seminário de Design Cênico : elementos visuais e sonoras da cena / organização: Ismael Scheffler, Cássia Maria Fernandes Monteiro.-Curitiba, PR : UTFPR, 2017. 30 f.; 30 cm.

ISBN: 978-85-7014-193-4 E-book Apoio: Grupo de Trabalho Poéticas Espaciais, Visuais e Sonoras da Cena da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas (ABRACE). 1. Teatros - Cenografia e cenários. 2. Artes cênicas. 3. Criação na arte. 4. Performance (Arte). 5. Etnologia. 6. Vanguarda (Estética). 7. Teatro experimental. 8. Arte e dança. 9. Música. 10. Espaço (Arte). I. Scheffler, Ismael, org. II. Monteiro, Cássia Maria Fernandes, org. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Departamento Acadêmico de Desenho Industrial. IV. Título. CDD: Ed. 22 -- 792.025

Biblioteca Central do Câmpus Curitiba - UTFPR


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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 05 MESA 1 – QUINTA-FEIRA – 01 DE JUNHO DE 2017 ........................................... 06 ARARA BRASILEIRA: PROCESSO DE CRIAÇÂO DA BODYPAINTING PARA A COMISSÃO DE FRENTE DA GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA PARAÍSO DO TUIUTI CARACTERIZAÇÃO DE PERSONAGENS: O FIGURINO E A MAQUIAGEM NA QUADRILHA ESTILIZADA ARRAIÁ DO CABAÇO EM 2015 A CIDADE E A CENA INCONFORMADA NA SALA DE AULA DE HELIO EICHBAUER E LINA BO BARDI. ESTUDOS PARA PRÁTICAS NO LABORATÓRIO DO TRAJE A ILUMINAÇÃO CÊNICA E SUAS POSSIBILIDADES DE ENSINO ILUMINAÇÃO COMO AGENTE TRANSFORMADOR DO CORPO QUE DANÇA ENTRELAÇANDO CONCEITOS DE CENOGRAFIA E ILUMINAÇÃO « A LUZ E O PERFORMER: “UMA RELAÇÂO ENTRE O TEATRAL E O ELEMENTAL » BENJA NA BIENAL INTERNACIONAL DAS ARTES DO CIRCO E RESIDÊNCIA ARTÍSTICA EM MARSEILLE: IMPRESSÕES DO PALCO O TRABALHO DO ATOR E A ILUMINAÇÃO CÊNICA POSSIBILIDADES DO USO DA LUZ COMO COLABORADORA NAS ATMOSFERAS DA ATUAÇÃO E DA CENA TEATRAL.

Mona Magalhaes

Joseane Silva, Sávio Araujo Regilan Deusamar Barbosa Pereira Camila Barbosa Tiago Kyrie Lucas Isnardi, Rubiane F. Zancan Pedro Eduardo da Silva, Camila Barbosa Tiago Claudia Bem Nadia Moroz Luciani

Giovanna Caroline Dominical Parra

MESA 2 – QUINTA-FEIRA – 01 DE JUNHO DE 2017 ........................................... 13 CENTRO DE ARTES DA UFF: EDIFÍCIO-EMBLEMA DA MEMÓRIA URBANA E CULTURAL DE NITERÓI-RJ. A CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN NA CENOGRAFIA LÚDICA DO CASTELO RÁ-TIM-BUM FORA DA CAIXA: UMA (QUASE) ARQUITETA DESCOBRINDO A DIREÇÃO DE ARTE DIREÇÃO DE ARTE NAS ARTES DA CENA QUESTÕES ONTOLÓGICAS ACERCA DA FORMAÇÃO DA DIREÇÃO DE ARTE NO BRASIL A CENOGRAFIA EM EXPOSIÇÃO: PROCESSOS CURATORIAIS NA QUADRIENAL DE PRAGA DESIGN SONORO E DIMENSÃO ACÚSTICA DA CENA NA PEÇA OS FUZIS DE TEREZA

Ricardo José Brügger Cardoso Ana Cintra Bárbara Gomes, Camila Gomes Sant'Anna Alexandre Silva Nunes Benedito Ferreira Rosane Muniz Rocha Ernesto Valença GuaraniKaiowá 3


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COMPOSIÇÃO DA TRILHA SONORA DO ESPETÁCULO “ESPERANÇA”: PROCESSO DE CRIAÇÃO MUSICAL NO TEATRO GESTUAL POSSIBILIDADES CENOGRÁFICAS PARA MAETERLINCK

Leticia Grockotzki Goularte, Ismael Scheffler Joana Lavallé

MESA 3 – SEXTA-FEIRA – 02 DE JUNHO DE 2017 .............................................. 20 REFLEXÕES SOBRE O CORPO E A EXPERIÊNCIA SENSORIAL NA COMPOSIÇÃO CÊNICA A PARTIR DO ESPETÁCULO INSTALAÇÃO ‘PSICO/EMBUTIDOS’ A CENOGRAFIA NA DANÇA: CONCEITOS E CARACTERIZAÇÃO DO ESPETÁCULO ‘CASA’ DA COMPANHIA DE DANÇA DEBORAH COLKER REFLEXÕES SOBRE A COMPOSIÇÃO CENOGRÁFICA E O PALIMPSESTO, A PARTIR DA PRÁTICA TEATRAL EM ESPAÇOS DE USO NÃO CONVENCIONAL. A MORTA DE OSWALD DE ANDRADE: O ESPAÇO CÊNICO NO MODERNISMO ANTROPÓFAGO OS ESPAÇOS CÊNICOS SIMBOLISTAS E AS PROPOSIÇÕES PARA UM TEATRO DO FUTURO O TEXTO PERFORMATIVO E A DIREÇÃO DE ARTE NO TEATRO PÓS-DRAMÁTICO: TENSÕES E CONVERGÊNCIAS COMISSÃO DE FRENTE: EXIBIÇÃO E RECEPÇÃO DOS DESFILES DE CARNAVAL

Ines Saber de Mello

Marina Luise Paixao de Oliveira, Ana Suely Zerbini Daniel Ducato

Carolina Lyra Barros da Silva Esteves Beatriz Magno Joana Kretzer Brandenburg Lisete Arnizaut de Vargas

MESA 4 – SEXTA-FEIRA – 02 DE JUNHO DE 2017 ............................................... 25 LABORATÓRIO TRANSDISCIPLINAR DE CENOGRAFIA (LTC) E A QUADRIENAL DE PRAGA NINHOS, CAPAS FEITAS NO CORPO, EXPERIMENTACTION E RHODISLÂNDIA: A DIDÁTICA CÊNICA DE HÉLIO OITICICA EXERCÍCIOS ETNOGRÁFICOS COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DE CENOGRAFIA POÉTICAS DA FORMA: O ENSINO DO TEATRO DE FORMAS ANIMADAS E SEUS OPERADORES EM PROCESSOS DE CRIAÇÃO TEATRAL E NA FORMAÇÃO DO DOCENTE EM TEATRO. O CENÁRIO ATRAVESSADO PELA DRAMATURGIA CONTEMPORÂNEA DESENHADORES DE RUA NOS PALCOS URBANOS

Sonia Paiva Cássia Maria Fernandes Monteiro Sávio Araujo Ricardo Ribeiro Malveira

Helena Cecilia Carnieri Staehler José Marconi B. Souza, Ismael Scheffler MENSAGEIRO DO REI: A CENOGRAFIA NO TEATRO DE Emilliano Alves de FORMAS ANIMADAS. Freitas Nogueira 4


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APRESENTAÇÃO

Este Caderno de Resumos tem a finalidade de subsidiar previamente os participantes para o II Seminário de Design Cênico: elementos visuais e sonoros da cena, que será realizado de 31 de maio a 03 de junho de 2017, em Curitiba, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Os resumos foram avaliados e selecionados pelo comitê científico composto por Amábilis de Jesus da Silva (UNESPAR/FAP), Nádia Luciani Moroz (UNESPAR/FAP), Mônica Magalhães (UNIRIO), José Sávio de Araújo de Oliveira (UFRN), Cássia Maria Fernandes Monteiro (UFRJ) e Ismael Scheffler (UTFPR), e distribuídos em quatro mesas de discussão. Nesta edição, o tema Ensino e Aprendizagens será privilegiado nas comunicações de pesquisas e em outras atividades da programação, como nos fóruns abertos e palestras. O seminário visa criar um espaço para a reflexão, discussão e compartilhamento de pesquisas e experiências nacionais e internacionais nos campos da Cenografia, Iluminação Cênica, Figurino, Maquiagem Cênica, Sonoplastia, Direção de Arte e Arquitetura Teatral, bem como temas afins. Aqui, podemos verificar a diversidade de temas e enfoques das pesquisas acadêmicas realizadas em cursos de pós-graduação e de graduação que será apresentada. Os comunicadores provêm de distintas regiões do Brasil, oferecendo assim, neste evento, uma diversidade de realidades e uma amostragem das pesquisas em diferentes universidades do país.

Boa leitura e ótimo encontro a todos! Ismael Scheffler (UTFPR) e Cássia Maria Fernandes Monteiro (UFRJ)

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MESA 1 – QUINTA-FEIRA – 01 DE JUNHO DE 2017 ARARA BRASILEIRA: PROCESSO DE CRIAÇÂO DA BODYPAINTING PARA A COMISSÃO DE FRENTE DA GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA PARAÍSO DO TUIUTI Mona Magalhães (UNIRIO)

Resumo: Este trabalho é parte da pesquisa institucional O Corpo e a Cidade: pesquisa sobre bodypainting. Nele é analisado o processo de criação de Johannes Stötter, artista italiano, conhecido pelas camuflagens realistas e ilusões de animais cujos corpos suportes desaparecem sob as formas, cores e texturas, como em Chameleon, Frog, Parrot, Angelfish e The Wolf. O foco será no processo da bodypainting Arara Brasileira, constituída por doze corpos femininos, criada por Stötter, à pedido do coreógrafo Jaime Aroxa, para a comissão de frente da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, Rio de Janeiro. A abordagem se dá a partir da observação e posterior assistência na execução da pintura corporal. Analisam-se as referências, o esboço do projeto, a seleção dos corpos, os materiais e o modo como o referido bodypainter trabalhou.

Palavras-chaves: Bodypainting, Corpos, Johannes Stötter.

CARACTERIZAÇÃO DE PERSONAGENS: O FIGURINO E A MAQUIAGEM NA QUADRILHA ESTILIZADA ARRAIÁ DO CABAÇO EM 2015 Joseane Silva, Sávio Araujo (UFRN) Resumo: O presente trabalho de pesquisa tem como finalidade analisar como se deu o processo de caracterização de personagens na quadrilha junina estilizada Arraiá do Cabaço em 2015. A partir dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso de licenciatura em teatro, analisou-se o processo de criação cênica desse grupo. Através de uma reflexão sobre a teatralidade nessas relações cotidianas que têm caráter espetacular, traz-se a quadrilha junina como objeto de estudo. Entendendo-se, também, a teatralidade que adentra esse fenômeno cultural. A partir de uma coleta de informações com entrevistas abertas e semiestruturadas, procura-se compreender a dinâmica do grupo junino mais antigo de

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Natal/RN, e, por meio de uma observação participante, busca-se elucidar como o figurino e a maquiagem são pensados dentro do espetáculo junino. Com isso, a pesquisa desenvolvida consiste em elaborar uma análise sobre a temática da quadrilha junina estilizada Arraiá do Cabaço no ano de estudo, refletindo sobre o processo de construção da caracterização dos personagens na quadrilha, percebendo como os elementos teatrais participam diretamente desse fazer artístico. Palavras-chaves: Espetáculo, Caracterização de Personagens, Quadrilha Junina.

A CIDADE E A CENA INCONFORMADA NA SALA DE AULA DE HÉLIO EICHBAUER E LINA BO BARDI. ESTUDOS PARA PRÁTICAS NO LABORATÓRIO DO TRAJE Regilan Deusamar Barbosa Pereira (UNIRIO) Resumo: A arquiteta Lina Bo Bardi, ao documentar em livros, realizar exposições, considerar criticamente as realizações artesanais populares ressaltou a responsabilidade da classe artística e acadêmica em empreender uma aproximação com os ofícios populares, tais como tecer, costurar, esculpir e desta forma cooperar com a livre fruição dessas atividades que conferem uma profissão. Em sintonia com estas mesmas proposições, a renovar a sala de aula, sem as restrições impostas por ditaduras e leis de mercado, o Cenógrafo e Professor Helio Eichbauer iniciou a fase da docência a partir da década de 1970, onde encontrou, conforme seus depoimentos, lugar fértil para pensar a sociedade criticamente através da arte. Em meados dos anos 1970 Eichbauer e Bo Bardi empreenderam um curso de artes juntos, a Oficina do Corpo. O material remanescente deste projeto de docência conjunto nos confere estudo acerca de uma sala de aula de artes que atua à maneira de uma cena inconformada. O estudo realizado em princípios da década de 1980 intitulado Quando a rua vira casa, realizado por uma equipe de arquitetos e antropólogos confere a base teórica a partir da qual os estudos a respeito da sala de aula de Helio e Lina conferirão o material para um exercício prático, de construção de um traje que pense e que seja contaminado pela cidade, a cidade de São Gonçalo, no município do estado do Rio de Janeiro. O objetivo é a realização de um traje orientado pelas matérias do cotidiano e pelos símbolos nas relações de vivência e trabalho em um determinado espaço da cidade, o qual tenha como fundamento as considerações e práxis legadas pelo exercício de docência de Helio e Lina. Palavras-chaves: Hélio Eichbauer, Lina Bo Bardi, Traje.

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A ILUMINAÇÃO CÊNICA E SUAS POSSIBILIDADES DE ENSINO Camila Barbosa Tiago (UFU) Resumo: A presente pesquisa reflete sobre o processo de ensino/aprendizagem em Iluminação Cênica. Diante da amplitude curricular que o campo da iluminação oferece, busca-se questionar sobre quais conteúdos são relevantes para a formação do atuante em Teatro que esteja familiarizado com essa área específica, sobretudo que perceba e esteja consciente da iluminação como elemento de composição da sua prática artística. Para promover essa reflexão pedagógica, parte-se do pensamento de construção do conhecimento instituído por Paulo Freire, considerando que o sujeito está em constante diálogo para a construção de seu conhecimento, tornando-o autônomo no processo de aprendizagem. Assim, elabora-se uma proposta pedagógica que dialogue a partir da percepção da iluminação pelo sujeito, para que ele possa ter a consciência de fazê-la necessária ou não durante a composição do seu trabalho, seja ele somente artístico ou artista / docente.

Palavras-chaves: Ensino em iluminação, iluminação cênica, pedagogia do teatro.

ILUMINAÇÃO COMO AGENTE TRANSFORMADOR DO CORPO QUE DANÇA Kyrie Lucas Isnardi, Rubiane Falkenberg Zancan (UFRGS) Resumo: Este estudo busca explorar os modos como a iluminação pode atuar no campo da dança para além do meio pelo qual o espectador visualiza o gesto corporal, matéria-prima do seu trabalho cênico. Esse trabalho pretende relacionar a iluminação cênica e recepção estética afim de compreender de que formas a iluminação cênica poderia modificar um trabalho de dança ao olhar do espectador. Para isso, através da elaboração de um material didático sobre princípios e elementos da iluminação cênica, propõe-se examinar os recursos de iluminação utilizados em dois espetáculos de dança contemporânea apresentados em palco italiano e analisar as interferências causadas por esses elementos a partir do olhar do próprio pesquisador. Por meio análise da iluminação dos espetáculos Null, da Vertigo Dance Company e Bamboo Dream, da Cloud Gate Dance Theater, este trabalho busca verificar os sentidos provocados ao olhar do espectador através dos recursos de iluminação. Para desenvolver essa análise será elaborado, previamente, um pequeno “dicionário ilustrado do

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corpo na luz”, em que serão apresentados recursos de iluminação cênica e demonstrados através de fotografias os efeitos provocados por eles sobre o corpo que dança. Em outras palavras, este pequeno dicionário servirá como material didático, como um facilitador, para quem nunca leu sobre iluminação poder ler o trabalho e apreende-lo da melhor maneira possível. A discussão dessa pesquisa será elaborada a partir da produção do discurso crítico pautado na análise da iluminação dos espetáculos e seus possíveis efeitos causados na recepção estética. Esse estudo se propõe a instrumentalizar o leitor que pretende ter noções primaciais da terminologia e recursos básicos utilizados na iluminação cênica, bem como almeja evidenciar o uso da iluminação e sua relação com a recepção em dança.

Palavras-chaves: Iluminação cênica, recepção estética, dança contemporânea.

ENTRELAÇANDO CONCEITOS DE CENOGRAFIA E ILUMINAÇÃO Pedro Eduardo Da Silva (UFU/UNESP), Camila Barbosa Tiago (UFU) Resumo: A comunicação tratará do trabalho do LICA (Laboratório de Indumentária, Cenografia e Acessórios Cênicos) e do LIE (Laboratório de Interpretação e Encenação) que entrelaçaram a criação da iluminadora e do cenógrafo em duas montagens teatrais que se propuseram a apresentar em espaços distintos e com condições cênicas desafiadoras: numa escola estadual da periferia da cidade e a outra em uma sala com pé direito de sete metros com varas de luz e cenário somente no entorno da sala. O presente estudo de caso propõe relatar o processo de criação de objetos cênicos e de iluminação que dialogam entre si e com a encenação, criando uma cenografia em que a luz está contida e um projeto de iluminação que contém o cenário. Questões como a relação entre palhetas de cores luz e pigmento, dificuldades em criar suportes para equipamentos de luz, integralização de objetos de cenas e lâmpadas, cenas com suspenção e movimentação de luminárias por roldanas, estruturação de luminárias via carpintaria cênica e execução desses serviços com baixo orçamento, questões que perpassaram o processo de criação dos elementos de composição da cena (entendendo como elementos o figurino, o som, a maquiagem, a luz e o cenário - com enfoque nos dois últimos) num constante diálogo entre os envolvidos nas montagens. Tal processo que englobou a construção, testes, montagem, desmontagem e composição com a encenação, se mostrou rico e relevante para ser exposto para pesquisadores da iluminação cênica e da cenografia que se interessam pelo entrelaçamento destas linguagens.

Palavras-chaves: objetos, iluminação, cenografia

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A LUZ E O PERFORMER: UMA RELAÇÂO ENTRE O TEATRAL E O ELEMENTAL Claudia Bem (USP) Resumo: O objeto dessa pesquisa é a investigação da luz como potência desencadeadora de processos criativos no território expandido do teatro que partilham com elementos de poéticas vizinhas como a visualidade, a teatralidade e a performatividade. Através da experimentação realizar uma pesquisa acadêmica artística , apontando reflexões de que forma a conexão da luz, o elemental e o corpo podem ser incorporados ao processo de formação do performer e gerar uma manifestação artística orgânica. Pretende-se demonstrar que esta relação de fricção entre luz e corpos é indissolúvel e capaz de gerar organicidade para uma ação performativa, trazendo amplas perspectivas de percepção ao processo criativo do performer a partir da criação de estímulos luminosos provenientes da luz natural e suas manifestações fenomenológicas e físicas na natureza que afetam e são afetados pelos corpos . A investigação sobre as manifestações da luz e seus desmebramentos em estímulos luminosos e as relações com o performer serão examinados e interpretados nos laboratórios práticos construindo a estrutura conceitual desta tese. Neles, os corpos dos performers serão mobilizados por aspectos do comportamento da luz dentro dos campos da ótica física, da cosmobiologia , das teorias da percepção e da fenomenologia devendo contribuir para desvelar os mistérios da experiência em si mesma que são partes da mesma noção da irredutibilidade entre o pesquisador e o pesquisado, entre a luz e o performer, entre a vida e a arte. Principais autores : BACHELARD, Gaston. A Psicologia do Fogo. FÉRAL, Josette. Além dos Limites :teoria e prática do teatro.1ed.São Pulo :Perspectiva.2015 MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. MIRCEA, Eliade. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992. MIRCEA,, Eliade.El Chamanismo y las técnicas arcaicas del éxtasis.Fondo de Cultura Econômica-México.1960. Palavras-chaves: Luz. Performance. Fenomenologia.

BENJA NA BIENAL INTERNACIONAL DAS ARTES DO CIRCO E RESIDÊNCIA ARTÍSTICA EM MARSEILLE: IMPRESSÕES DO PALCO Nadia Moroz Luciani (UNESPAR/FAP) Resumo: Apesar de atuar e pesquisar quase que exclusivamente na área da iluminação cênica, a oportunidade de experimentar uma nova atividade, também relacionada às tecnologias teatrais, me permitiu um novo olhar, de um novo ponto de vista, das artes da

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cena e seus elementos sensoriais. Este artigo pretende, assim, relatar a experiência internacional de participação do espetáculo Benja na Bienalle Internacionalle des Arts du Cirque de Marseille, na França, em janeiro de 2017, e minha atuação como diretora de palco, uma função muito valorizada na Europa, durante os processos de criação, montagem e apresentação da peça que narra, de forma poética e cênica, a vida e obra do primeiro palhaço negro do Brasil, Benjamim de Oliveira, natural de Pará de Minas, cuja relevância está no fato de ter introduzido, em pleno século XIX, o samba e o teatro nas artes do circo. O relato inicia-se com a residência artística na Gare Franche, um espaço de convivência e criação em arte equipado e preparado para fomentar a experiência criativa de forma intensa e profunda de grupos artísticos do mundo todo. Após o período de residência, no qual a criação do espetáculo foi concluída e foram feitas duas sessões de pré-estréia para crianças das escolas publicas do bairro, a montagem foi tranferida para a tenda de circo do Cirque Electrique, montada no Village Chapiteau, na Praia do Lido, onde realizamos a temporada de três apresentações com muito sucesso e receptividade por parte do publico francês e demais participantes da Bienal. Os aspectos mais importantes do relato deverão concentrarse nos recursos técnicos e humanos da experiência e na expertise da estrutura de montagem e preparação da cena, tanto na pré-montagem no espaço cênico na Gare Franche quanto na montagem na tenda de circo para as apresentações finais, bem como na experiência de uma profissional de iluminação cênica como diretora de palco e contra regra de um espetáculo teatral/circense, com seus resultados, dificuldades e êxitos.

Palavras-chaves: Direção de palco; residência artística; experiência internacional.

O TRABALHO DO ATOR E A ILUMINAÇÃO CÊNICA - POSSIBILIDADES DO USO DA LUZ COMO COLABORADORA NAS ATMOSFERAS DA ATUAÇÃO E DA CENA TEATRAL Giovanna Caroline Dominical Parra (UFU), José Eduardo de Paula (UFU) Resumo: Esta iniciação cientifica esteve ligada ao projeto docente “Jogo e Memória: Essências - o procedimento do Círculo Neutro como base para os processos de preparação e criação do ator/performer” e, também, diretamente relacionada à minha experiência junto ao grupo de estudo Cênica Luz – TEATRO/UFU. Tratou-se de uma investigação teórica, prática e criativa sobre os processos de composição e criação artística envolvendo o ator que também é iluminador, a partir das abordagens possíveis sobre as noções de

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“atmosfera” a ser investigada. Para isso extraimos uma cena do texto “No meio do caminho”, do autor Lucianno Maza, para experimentarmos a influencia da luz na cena. Com isso criouse três concepções de mapas de luz diferentes para essa mesma cena: A luz sendo usada pelo caminho mais esperado e utilizado em cenas (clichê/senso comum); a luz proposta pelo autor (descrita na rubrica do texto); e a luz proposta pela visão do iluminador que acompanhou o processo de criação das atrizes. Tendo como embasamento teórico autores como Cibele Forjaz, Eduardo Tudella, Halmiton Saraiva entre outros. Palavras-Chave: Atmosfera: Atuação: Iluminação.

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MESA 2 – QUINTA-FEIRA – 01 DE JUNHO DE 2017 CENTRO DE ARTES DA UFF: EDIFÍCIO-EMBLEMA DA MEMÓRIA URBANA E CULTURAL DE NITERÓI-RJ Ricardo José Brügger Cardoso (UFRB) Resumo: A presente pesquisa pretende contribuir para a área de conhecimento que envolve o conceito de Centros Culturais, destacando algumas análises particulares relativas às edificações culturais universitárias. Para tanto, optou-se pelo desenvolvimento de um estudo de caso sobre o contexto histórico, arquitetônico e urbanístico do Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, prédio erguido no bairro de Icaraí e que está simbolicamente representado pela paisagem balneária da Baía da Guanabara e pela vista panorâmica da cidade do Rio de Janeiro. Um dos objetivos deste trabalho é procurar estabelecer as inter-relações entre arquitetura teatral, cidade e cultura, por meio de uma abordagem interdisciplinar, e que tem como tema central a produção de edifícios culturais na contemporaneidade. Considerados como um dos mais importantes equipamentos urbanos contemporâneos, ao serem vistos e construídos em inúmeras cidades brasileiras e estrangeiras, os Centros de Arte e Cultura constituem a temática central deste estudo. Nesse sentido, o Centro de Artes/UFF constitui-se como o principal objeto de análise desta investigação acadêmica, sendo proposta aqui a apresentação de parte inicial do trabalho, mais especificamente sobre as principais transformações arquitetônicas ocorridas em todo o conjunto e em seu interior. No passado, o prédio fora erguido para abrigar o antigo Casino Icarahy, num programa arquitetônico que abarcava o hotel, o grill e o salão de jogos, onde grandes nomes da música brasileira e latino-americana se apresentaram em noites memoráveis. Com a proibição dos jogos no país, estabelecida em Decreto de Lei 9.215 de 1946, o Casino Icarahy foi fechado, passando a funcionar apenas como hotel, restaurante e com a inclusão, posteriormente, do Teatro Cassino. Em 1969, o prédio passou a abrigar a Reitoria da UFF e o seu Centro de Artes, principal objeto de análise dessa pesquisa. Palavras-chaves: Equipamento Cultural, Centro de Artes da UFF, Cidade de Niterói.

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A CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN NA CENOGRAFIA LÚDICA DO CASTELO RÁ-TIM-BUM Ana Cintra (UTFPR) Resumo: O presente resumo versa sobre uma pesquisa ainda em andamento, que busca relacionar conceitos de Design na construção da cenografia lúdica-pedagógica que foi apresentada pelo programa Castelo Rá-tim-bum em seus 90 episódios, durante a década de 1990. De cunho documental e bibliográfico, a relação entre design, cenografia e lúdico se deu perante ao levantamento de pesquisas, teses e livros de pesquisadores nas áreas de Comunicação, Pedagogia e Psicologia que tenham vínculo com o objeto estudado. Além do levantamento de referencial teórico esta pesquisa também realizou entrevistas com dois colaboradores do programa, a fim de aprofundar o conhecimento através de fontes primárias que participaram ativamente da concepção do Castelo Rá-tim-bum. A necessidade deste trabalho de deu a partir de pesquisas prévias sobre o assunto estudado e constatação de falta de estudos abrangendo a linguagem visual do programa. Alguns estudos na área de Comunicação correlacionam a semiótica e a cenografia do Castelo, mas não se aprofundam na área de linguagem visual. No estudo em desenvolvimento, a pretensão primária de correlacionar pontos de design com a cenografia lúdica do Castelo, abriu leque para questões que necessitariam de um aprofundamento maior. Sendo assim, decidiu-se pincelar de forma abrangente questões pedagógicas e psicológicas que influenciariam na percepção do cenário através da criança. Palavras-chaves: Cenografia, Castelo Rá-tim-bum, Design Cênico

FORA DA CAIXA: UMA (QUASE) ARQUITETA DESCOBRINDO A DIREÇÃO DE ARTE Bárbara Gomes, Camila Gomes Sant'anna (UNB) Resumo: “Fora da Caixa” é um trabalho de Ensaio Teórico para conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo. Ao mostrar que a arquitetura tem se estendido e se relacionado com outros tipos de produção é possível perceber as diversas possibilidades e caminhos para um arquiteto e urbanista. Dessa maneira, procurou-se compreender esses contatos além da arquitetura tradicional, mais especificamente estudando as possibilidades de integração entre a arquitetura e o meio audiovisual elencando diferentes profissões de um arquiteto no teatro, cinema, espetáculos e videoclipes. Dentro dessas profissões, destaca-se

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a direção de arte. Procurou-se depois, conceituar direção de arte e entender, através do processo criativo, como a arquitetura e a direção de arte podem se integrar. Entendeu-se que essa profissão está em contato direto com diversos desdobramentos de produções artísticas como, por exemplo, o audiovisual, a música, a cenografia, o figurino, a maquiagem, os efeitos especiais, etc. Através do estudo de caso de um videoclipe e um espetáculo, que tiveram arquitetos como diretores de arte, entendeu-se que um arquiteto tem total qualificação de exercer essa profissão. Percebe-se que um arquiteto pode exercer a profissão de um diretor de arte por interesse e habilidades pessoais e por qualificação obtida na graduação de arquitetura e urbanismo. Relaciona-se o processo criativo da arquitetura com o da direção de arte. O termo “Fora da Caixa” ilustra a ideia de que é possível ter uma vida profissional além da produção de arquitetura convencional. Mas para isso é necessário entendimento do tradicional, interesse pessoal e apoio da comunidade acadêmica. Apesar de ser um assunto relativamente novo, o diálogo é necessário.

Palavras-chaves: Arquitetura, Direção de Arte, Processo Criativo

DIREÇÃO DE ARTE NAS ARTES DA CENA Alexandre Silva Nunes (UFG) Resumo: Esta comunicação visa discutir o papel do diretor de arte no campo das artes da cena, no contexto contemporâneo, concentrando sua atenção na aplicação do conceito no que se refere às visualidades da cena (design de cena), em sua porosidade e capacidade de entrecruzar os campos do teatro, dança, performance e audiovisual. Toma como referencia os estudos realizados na Universidade Federal de Goiás, para implementação do atual curso de Direção de Arte, criado em 2010, as problemáticas observadas e as soluções encontradas para delimitação tópica da formação e atuação do profissional da área. Sinaliza ainda a abertura que a formação em Direção de Arte proporciona para atuação em contextos mais amplos, nos quais o design de cena assume preponderância, como nos transbordamentos de fronteira verificados na composição de carros alegóricos e figurinos desenvolvidos no contexto de agremiações carnavalescas, na visualidade cênica de shows musicais e de espetáculos operísticos. Palavras-Chave: Direção de Arte; Artes da Cena; Design de Cena.

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QUESTÕES ONTOLÓGICAS ACERCA DA FORMAÇÃO DA DIREÇÃO DE ARTE NO BRASIL Benedito Ferreira (UFG) Resumo: De modo geral, a direção de arte está associada a classificação de gêneros cinematográficos, tais como o de ficção científica ou, de maneira bastante simplória, a um tipo de construção diegética do campo do “fantástico". Quando mal executado no cinema de caráter naturalista, este fazer é usualmente categorizado como "teatral” - o que, acreditamos, reforça as abordagens complexas e múltiplas de conceitos como "aparência" e "representação" na poética da direção de arte cinematográfica. O rigor estético de W. C. Menzies, estabelecido na consciência de um trabalho de projetista que se vale das diversas linguagens e expressões artísticas, lhe confere, conforme Bordwell (2010), o pioneirismo no estatuto de “production desginer” no cinema clássico. Hamburger (2014) aponta que em O Beijo da Mulher-Aranha (Héctor Babenco, 1985) acontece um marco na direção de arte no país, por ser creditada pela primeira vez a função de diretor de arte ao profissional Clovis Bueno. Delineiam-se, ao fim da década de 1980, as possibilidades do ofício da direção de arte com base em sua questão na escritura fílmica, compreendendo as potencialidades da cenografia e o trânsito das várias linguagens que compõem tal exercício. A proposição de certo pensamento autônomo sobre o campo do diretor de arte no Brasil, mesmo que tardia, fomenta novas possibilidades de atuação, instaurando diferentes modos de produção, tentativas de aprimoramento da atividade e necessidade de profissionalização. Notamos ainda a recorrência de processos de criação, a partir do fim dos anos 2000, especialmente aqueles que hibridizam as fronteiras do filme ficcional e do documentário, que associam o fazer da direção de arte à artificialidade, dispensando-a. Palavras-chaves: cenografia, cinema brasileiro, direção de arte.

A CENOGRAFIA EM EXPOSIÇÃO: PROCESSOS CURATORIAIS NA QUADRIENAL DE PRAGA Rosane Muniz Rocha (Universidade Anhembi Morumbi) Resumo: A participação brasileira na maior exposição internacional de cenografia, a Quadrienal de Praga, sempre foi presente e reconhecidamente intensa, mas possuía um histórico carente de documentação e reflexões. Esta comunicação pretende apresentar

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parte da pesquisa de doutorado, realizada entre 2011 e 2015, na qual, além do levantamento e análise desses 47 anos de história (1968-2015) há um resgate ao evento que deu origem à exposição tcheca: a Bienal das Artes Plásticas do Teatro (1957-1973), criada no Brasil junto à Bienal de São Paulo. Foram realizadas pesquisas quantitativas e qualitativas, com base nos acervos das instituições responsáveis por cada um dos eventos (Fundação Bienal de São Paulo, Institute of Arts – Theatre Institute, Espaço Cenográfico e Funarte), nas publicações bibliográficas e audiovisuais específicas e gerais, em acervos pessoais e privados, em pesquisas iconográficas, na participação da equipe curatorial do evento, na participação em congressos internacionais e nacionais e pela realização de entrevistas. Por meio de um percurso cronológico, realizamos uma análise histórico-crítica sobre as formas de seleção e curadoria nas representações brasileiras ao longo dos anos, com foco maior sobre as escolhas, formas e formatos de exposição de figurinos teatrais. A parte destacada para apresentação neste Seminário apresenta a proposta de divisão deste percurso em cinco Ciclos, cada um deles composto pelas mostras que fazem parte de fases que as unem por características específicas, tais como: Ciclo 1 (1957-1965) – O traje de cena brasileiro marca a cena; Ciclo 2 (1967-1973) – O traje de cena entre São Paulo e Praga, Ciclo 3 (1975-1983) – O traje de cena fora de cena, Ciclo 4 (1987-2003) – Entra em cena J. C. Serroni, Ciclo 5 (2007-2015) – O traje de cena assume a performance. Palavras-chaves: Cenografia, Figurino, Quadrienal de Praga, Bienal das Artes Plásticas do Teatro

DESIGN SONORO E DIMENSÃO ACÚSTICA DA CENA NA PEÇA OS FUZIS DE TEREZA Ernesto Valença Guarani-kaiowá (UFOP) Resumo: A comunicação tem como foco o projeto de design sonoro para a peça Os Fuzis de Tereza, do grupo Teatro do Tumulto, ainda em desenvolvimento. Tendo como referência o conceito de dimensão acústica da cena, desenvolvido pela ex professora da UnB Silvia Davini, e contando com aportes de estudos sobre música eletroacústica, a comunicação descreve as etapas de criação sonora e os elementos musicais mobilizados no espetáculo. O grupo, formado por alunos e professores do curso de teatro da UFOP (Ouro Preto/MG), pesquisa as relações entre tecnologia e política na cena teatral. Sua segunda peça é uma adaptação de Os fuzis da Senhora Carrar, de Bertolt Brecht, para a situação da Guerra dos

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Balaios, no Maranhão entre 1838 e 1841. A proposta é a projeção em tempo real de imagens captadas ao vivo das ações presenciais dos atores, criando uma espécie de “cinema ao vivo” – forma teatral que conta com nomes de destaque como as diretoras Christiane Jatahy e Katie Mitchell. O design sonoro foi pensado como forma de integração dos planos presenciais e imagéticos. Quatro caixas de som envolvem toda a plateia, criando um ambiente sonoro imersivo que sugere o interior maranhense do século 19. Os sons emitidos por esse sistema quadrifônico foram pré-gravados e fruto de pesquisas sobre a sonoridade local. Em complemento, vinhetas musicais marcam as transições das cenas, executadas ao vivo em sistema de som independente. Inserções adicionais acontecem em todo o decorrer da peça, auxiliando na criação de uma atmosfera sonora. São utilizados tanto instrumentos musicais já existentes e que remetem ao universo cultural da peça (pandeirões de bois, matracas e rabecas) quanto criados especificamente para a encenação (tendo como referência a prática do grupo mineiro Uakti). A comunicação aborda tanto as referências teóricas que balizaram a proposta sonora do espetáculo quanto os aspectos práticos de sua execução. Palavras-chaves: sonoplastia; dimensão acústica da cena; música de cena

COMPOSIÇÃO DA TRILHA SONORA DO ESPETÁCULO ESPERANÇA: PROCESSO DE CRIAÇÃO MUSICAL NO TEATRO GESTUAL Leticia Grockotzki Goularte (UFPR), Ismael Scheffler (UTFPR)

Resumo: Nesse artigo apresenta-se um memorial da criação da trilha sonora do espetáculo “Esperança”, constituído por 6 histórias de teatro gestual, apresentadas no Terminal de Fazenda Rio Grande (PR), em 2017. O processo aborda a relação da composição musical com a criação da dramaturgia, entendendo a sonoplastia como elemento concomitante da cena. É realizada a descrição do desenvolvimento da trilha a partir dos ensaios com os atores, apresentando uma fundamentação teórica dessa prática. Com isso é possível avançar na pesquisa da relação entre a expressão corporal e a música, suas interferências e singularidades. O artigo traz também reflexões a cerca da influência da ausência de falas na sonoplastia e ponderações sobre o teatro gestual. Palavras-chaves: Sonoplastia, Teatro gestual, Trilha Sonora

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POSSIBILIDADES CENOGRÁFICAS PARA MAETERLINCK Joana Lavallé (UNIRIO) Resumo: O presente artigo propõe especular a respeito de possibilidades de espacialização cênica suscitadas pela leitura da obra do dramaturgo e poeta simbolista Maurice Maeterlinck (Gante/Bélgica, 1862-1949). Para estas especulações relativas à criação cenográfica a partir de uma obra de fins do século dezenove pretende-se ter em vista aspectos do estado da arte da cenografia na cena contemporânea. De fato observa-se a potência plástica e de espacialidade presentes nesta produção dramatúrgica. Lembramos que a própria função do cenógrafo já é, na história do teatro, uma atribuição moderna que surge a partir da valorização plástica da cena, afinada e concomitante ao desenvolvimento da ideia de misen- scène. Em Intérieur, peça originalmente escrita para marionetes, salta aos olhos o fato de ser uma criação teatral que suscita pensar o próprio teatro, questionamento que segue amplamente visado na contemporaneidade, o que inclui o âmbito material e visual da cena, o pensar teórico, a encenação como um todo.

Palavras-chaves: Maeterlinck. Cenografia. Encenação contemporânea.

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MESA 3 – SEXTA-FEIRA – 02 DE JUNHO DE 2017 REFLEXÕES SOBRE O CORPO E A EXPERIÊNCIA SENSORIAL NA COMPOSIÇÃO CÊNICA A PARTIR DO ESPETÁCULO - INSTALAÇÃO ‘PSICO/EMBUTIDOS’ Ines Saber De Mello (UDESC) Resumo: Este trabalho consiste em apresentar uma breve reflexão com o entrelaçamento de algumas considerações teóricas a partir da experiência cênica sensorial da carne e a análise do espetáculo-instalação cênica ‘Psico/embutidos’(2014), escrito e dirigido por Richard Viqueira e interpretado pelos atores da Companhia de Teatro da Universidad Veracruzana (México). A escolha desta obra deve-se ao fato que a ação acontece em um esqueleto cenográfico de grandes dimensões, o qual simula um aparelho digestivo humano e seu funcionamento, em que o público é recebido pelos artistas que exploram histórias, memórias e ficções da carne. A pele, as vísceras, se confundem com ideias, vivências de diversas naturezas em trânsito que se confundem com outros trânsitos: intestinal e o próprio percurso dos espectadores. Nesta obra é possível perceber como as teorias e premissas correntes na composição do trabalho do ator em cena, como o embodiment, corpo-mente e as demais influências da ciências cognitivas hoje no estudo do corpo na arte e nos estudos da presença, se estendem também a todo um aparato cênico. Com isso, a experiência poética e performativa da carne e da sensorialidade do corpo permite um aprofundamento no que se refere aos procedimentos poéticos e compositivos quanto ao trabalho do ator/bailarino, à composição do cenário, à iluminação e aos demais recursos que envolvem o design cênico, tornando-os elementos constituintes e fundantes do organismo cênico que estabelecem e estreitam as relações entre artistas e espectadores. Palavras-chaves: experiência sensorial, corpo/carne, presença

A CENOGRAFIA NA DANÇA: CONCEITOS E CARACTERIZAÇÃO DO ESPETÁCULO CASA DA COMPANHIA DE DANÇA DEBORAH COLKER Marina Luise Paixao De Oliveira (UNB) Ana Suely Zerbini (UNB) Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir o espetáculo ‘CASA’ de Deborah Colker e Gringo Cardia, analisando os conceitos influenciadores, o processo criativo dos autores e a arquitetura do espetáculo. Para a análise, abordam-se, primeiramente, as funções e as

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características da cenografia e dos elementos cênicos para a dança, por meio da observação e da análise de espetáculos citados em um breve panorama. A arquitetura cenográfica e a dança dialogam e expressam o contexto social de um período, porém com linguagens e formas diferentes. Mesmo em formatos particulares, essa relação se concretiza a partir do momento em que olhamos para o paralelo que elas constroem com o corpo e com o espaço, tornando-se um só espetáculo. Compreende-se que, dentro de um espetáculo, coreógrafos e arquitetos compartilham a mesma preocupação, qual seja, o espaço onde se fundem a dança dos corpos e a cenografia. A cenografia é um ato criativo, que tem a intenção de organizar visualmente o lugar teatral para que nele se estabeleça a relação cena/público. Assim, deve-se atentar para o ponto de vista do espectador, pois, no teatro e nos espetáculos, o lugar onde o espectador se encontra influenciará sua percepção espacial. No âmbito deste trabalho, a cenografia será analisada quando composta em espaços teatrais. Nos teatros constituídos pelo dito ‘palco italiano’, os espectadores se posicionam em frente ao palco, que fica distante da plateia. Desta maneira, neste trabalho, tem-se o conceito de palco descrito nas linhas seguintes como fundamento para a realização da pesquisa histórica e para o estudo de caso. Palavras-chaves: Cenografia, Dança, Espetáculo.

REFLEXÕES SOBRE A COMPOSIÇÃO CENOGRÁFICA E O PALIMPSESTO, A PARTIR DA PRÁTICA TEATRAL EM ESPAÇOS DE USO NÃO CONVENCIONAL Daniel Ducato (UFOP) Resumo: Neste estudo é abordado um tema relacionado à imagética da cena, mais precisamente a Composição Cenográfica de espetáculos teatrais praticados em “espaços de uso não convencional”, durante a Ocupação Cênica ou a Coabitação Teatral. Aqui será dedicada uma atenção especial à Composição Cenográfica, tendo em vista a importância dos espaços que foram eleitos, seus significados peculiares e suas contribuições para a dinamização da narrativa cênica. A apresentação deste estudo visa fortalecer a analogia entre a Composição Cenográfica e o Palimpsesto, com a finalidade de discorrer sobre a ressignificação do espaço enquanto "lugar teatral” na cena teatral contemporânea.

Palavras-chaves:

Composição

Cenográfica,

Espaços

de

uso

não

convencional,

Palimpsesto.

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A MORTA DE OSWALD DE ANDRADE: O ESPAÇO CÊNICO NO MODERNISMO ANTROPÓFAGO Carolina Lyra Barros Da Silva Esteves (UNIRIO) Resumo: O presente artigo debruça-se sobre a peça teatral A Morta escrita por Oswald de Andrade em 1937 na cidade de São Paulo. A dramaturgia modernista escolhida para análise versa sobre o teatro e a literatura que se pretendia com o modernismo antropofágico brasileiro anunciado no Manifesto da Poesia Pau Brasil de 1924 e Manifesto Antropófago de 1928 por Oswald. O estudo analisa o espaço cênico sugerido nas didascálias do texto e a partir da ideia oswaldiana de “atualização” da arte brasileira a coloca em consonância com as realizações no campo teatral do início do século XX. Em A morta Oswald apresenta críticas ao teatro onde o texto é hegemônico e se mostra a favor de um teatro como defendem Antonin Artaud, Gordon Craig e Adolph Appia, guardadas as individualidades, realizado em prol da cena viva. No que tange o espaço da encenação, Oswald questiona a “caixa preta” e busca uma sala viva, mesmo tendo pensando em um palco à italiana quando define ações ao fundo ou em “avant-scéne”. Um “teatro de ação”, como explica Artaud, “sem separação nem barreiras”; possível em todas as suas possibilidades de utilização, como previa em O teatro e seu duplo. Gordon Craig está presente neste estudo com sua teoria das Supermarionetes de 1907. A presença dos atores no meio da plateia espelhados por marionetes que do palco os dublam, garantem a aproximação entre a vida e a arte não por meio do ator e sua interpretação, mas pela Supermarionete como o além do homem, uma maneira de dar forma à existência livre. O autor, preocupado com o espaço cênico e a iluminação, não parece ter deixado de lado a questão ética, política, do espectador que em cena ocupa o crematório, o lugar dos mortos, já evidenciando uma necessidade de diálogo mais vivo na relação entre a cena e o público. Palavras-chaves: Espaço cênico, Vanguardas, Antropofagia

OS ESPAÇOS CÊNICOS SIMBOLISTAS E AS PROPOSIÇÕES PARA UM TEATRO DO FUTURO Beatriz Magno (UNIRIO), Vanessa Teixeira (UNIRIO) Resumo: Teatro do futuro, revolução do espaço cênico, teatro simbolista. Ao revisarmos os escritos de teóricos ligados ao teatro simbolista da virada do século XIX para o XX, percebemos uma tendência à idealização de um teatro para o futuro. As proposições nas quais nos deteremos nesse trabalho serão as de Adolf Appia, Edward Gordon Craig e

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Richard Wagner. O objetivo aqui é analisar essas diferentes proposições de “teatro do futuro”, tencionando-as. A análise é realizada com foco na cenografia e na arquitetura teatral propostas por esses três artistas que romperam com as convenções teatrais de sua época. A pesquisa foi realizada a partir dos principais livros de cada um dos teóricos citados, “A obra de arte viva” (1963) de Appia, “A arte do teatro” (1964) de Craig, e “A obra de arte do futuro” (2003) de Wagner. Além desses livros, foram utilizadas ainda as análises de teóricos como Denis Bablet, Luiz Fernando Ramos, Norton Dudeque, Gianni Ratto e Pamela Howard. Acredita-se que com a presente pesquisa é possível perceber a importância das transformações cênicas ocorridas do início do século XX, principalmente no âmbito espacial. E ainda, confirmar como as proposições desses teóricos para o espaço cênico do futuro contribuíram para a construção do que veio a ser a cenografia contemporânea. Palavras-chaves: Teatro do futuro, revolução do espaço cênico, teatro simbolista

O TEXTO PERFORMATIVO E A DIREÇÃO DE ARTE NO TEATRO PÓSDRAMÁTICO: TENSÕES E CONVERGÊNCIAS Joana Kretzer Brandenburg (UDESC) Resumo: O artigo investiga as relações entre o texto e a direção de arte no teatro pósdramático, a fim de encontrar pontos de tensão entre eles. Entre a representação e a nãorepresentação, relacionadas respectivamente ao ícone e o símbolo peircianos, discutir formas de desdobramentos destas figuras, aqui consideradas opostas entre si, no aqui e agora da cena. Analisando alguns aspectos do texto performativo, o artigo busca formas de relacionar alguns procedimentos textuais com procedimentos da prática da cenografia e figurino. Muito se fala sobre as diferenças entre o dramático e o pós-dramático. Mas, na maior parte dos casos, falar dessas mudanças não garante um entendimento de porque elas ocorreram e como elas atuam de fato dentro do fazer teatral. Mudanças como a deshierarquização dos elementos teatrais depuseram do texto seu papel de ditador sobre o espetáculo, ou pelo menos, tentaram faze-lo. O cenário e o figurino estiveram historicamente subordinados ao texto teatral como elementos miméticos da realidade do texto ou, ainda, como mimese de uma realidade muito próxima àquela considerada real ao espectador. Nesse sentido, as questões que se colocam são: se o texto continua tendo um papel de destaque, até que ponto a concepção visual do espetáculo impõe tensões a esse texto? Em que pontos a primeira se subordina ao segundo? Palavras-chaves: Texto performativo; direção de arte; cenografia

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COMISSÃO DE FRENTE: EXIBIÇÃO E RECEPÇÃO DOS DESFILES DE CARNAVAL Lisete Arnizaut de Vargas (UFRGS) Resumo: O carnaval é uma festa popular que surgiu ainda na Antiguidade com intuito de celebrar os deuses pagãos e a natureza. Foi reconhecida pela igreja e incluída no calendário cristão depois de muitos séculos e ainda hoje é comemorada no mundo inteiro. O Carnaval brasileiro é um dos fenômenos culturais mais importantes do país e considerado o maior espetáculo da terra. Neste trabalho abordaremos o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, desenvolvendo em especial a apresentação do quesito “Comissão de Frente”, devido ao entrelaçamento entre música, dança e figurino que vêm integrando nossos interesses de pesquisa. A grandiosidade deste espetáculo, a qualidade artística que a cada ano se supera, a participação de diversas agremiações e envolvimento da comunidade tornam este evento extremamente competitivo, exigindo grandes investimentos e muita criatividade. A comissão de frente é a grande entrada que a agremiação faz no sambódromo. Formada por dez a quinze pessoas apresentam o enredo da escola, dando boas vindas ao público e aos jurados, buscando impressionar, surpreender e emocionar a todos. No início as comissões de frente apresentavam os integrantes da direção da escola, mais tarde a Portela inovou, levando para a passarela do samba os integrantes mais bem vestidos, com fraque e cartola, fazendo coreografias ritmadas com o samba. A maior transformação das comissões de frente veio a partir da contratação de artistas plásticos, coreógrafos e bailarinos que enriqueceram a cena. Através de entrevistas e observações discorreremos sobre o impacto que as comissões de frente causam no público no momento do desfile, através de seus figurinos, cenários e coreografias, criados para apresentar o enredo da escola e como estes espectadores produzem sentidos e sensações a partir da articulação. Palavras-chave: Comissão de frente, Desfile de Carnaval, espectador.

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MESA 4 – SEXTA-FEIRA – 02 DE JUNHO DE 2017 LABORATÓRIO TRANSDISCIPLINAR DE CENOGRAFIA (LTC) E A QUADRIENAL DE PRAGA Sonia Paiva (UNB) Resumo: O Laboratório Transdisciplinar de Cenografia (LTC), do Departamento de Artes Cênicas, do Instituto de Artes, da Universidade de Brasília, foi criado para promover experienciações holísticas, frente a necessidade de se criar conexões objetivando religar pensadores, técnicos, cientistas e criadores, em uma prática acadêmica voltada para a realização de projetos culturais e educacionais, com enfoque no Espaço e no Desenho da Cena. Essas ações apoiam-se em quatro fundamentos: colaboração, transdisciplinaridade, múltiplas inteligências, e economia criativa. Idealizado para: formar um espaço de saberes transdisciplinares – por meio das artes, comunicação, ciências, tecnologias, educação, ecologia, economia criativa, e ciências humanas –, em função de projetos que possam ter o potencial de mudança cultural, social, política e humana. Pensado para: ser um território multicultural, que aceita a diversidade como campo fértil para a criação de projetos que resgatem a “universalidade” do espaço acadêmico. As metas do LTC visam: criar um núcleo de desenvolvimento de cultura criativa, sustentável e duradoura em Brasília, como forma de aproveitar os recursos humanos disponíveis na universidade e fora dela, em ações colaborativas

e

inclusivas

entre

pessoas,

departamentos,

faculdades,

institutos,

universidades e sociedade; e desenvolver estratégias comunicacionais, econômicas e de difusão – necessárias para a realização e manutenção dos projetos acadêmicos, artísticos e culturais; e usar as várias tecnologias – manuais, mecânicas e digitais – para unir o fazer artesanal com o tecnológico, trabalhando assim, com as tradições mais antigas mescladas com as questões da atualidade em função dos projetos. Este trabalho iniciou-se nas salas de aula laboratoriais – de cenografia, figurino e iluminação – ministradas na Graduação do Departamento de Artes Cênicas da UnB, entre os anos de 1998 a 2010 , e se expandiu como uma reação natural ao sistema de ensino disciplinar das universidades brasileiras especialmente no que se refere ao ensino da cenografia nos cursos de Teatro e Artes Cênicas – normalmente voltados à licenciatura em teatro e à formação de intérpretes criadores (como no nosso Departamento) –, em cujos currículos observamos a ausência dos conhecimentos específicos de fundamentos artísticos, científicos, técnicos e tecnológicos, necessários para o Espaço e Desenho da Cena. Palavras-Chave: Colaboração, Desenho da Cena, Transdisciplinaridade

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NINHOS, CAPAS FEITAS NO CORPO, EXPERIMENTACTION E RHODISLÂNDIA: A DIDÁTICA CÊNICA DE HÉLIO OITICICA Cássia Maria Fernandes Monteiro (UFRJ) Resumo: Este paper visa discutir a experiência didática do artista Hélio Oiticica. A partir do conceito de corpo utópico e heterotopia de Michel Foucault, do conceito de partilha do sensível e espectador emancipado de Jaques Rancière, de cenografia ambiental de Arnold Aronson e performance de Marvin Carlson, pretendemos analisar de que forma essas experiências potencializam a prática performativa na obra de Oiticica. Ninhos (ou Barracão) foi um trabalho realizado em 1969 na Sussex University, Brighton, na Inglaterra. Capas feitas no corpo foi um trabalho de livre participação realizado em novembro de 1969 na mesma universidade. Experimentaction foi um programa de oficina, um anti-curso, realizado à convite da Men's & Young Women's Hebrew Association em Nova York, entre outubro de 1971 e janeiro de 1972. Rhodislândia foi um ambiente performativo/instalação e palestra realizada na Universidade de Rhode Island nos Estados Unidos em dezembro de 1971. Esses eventos são marcos curiosos na trajetória de Hélio Oiticica e denotam o grande estímulo à criação de ambientes que instigam um comportamento, a livre participação daqueles que o utilizam (nesses casos, estudantes de artes). Estes ambientes sugerem uma participação específica e potencializa a prática para a distensão do corpo. A prática didática para a realização desses projetos em contato com ensino institucional em artes colocam Oiticica no papel de artista-pesquisador e podem ser entendidos, junto com a prática em cenografia, como um certo desvio à sua carreia artística. Vale lembrar que a própria formação de Oiticica não se enquadra aos modelos do ensino formal brasileiro. Seu avô, José Oiticica, e seu pai, José Oiticica Filho, foram os principais responsáveis pelos ensinamentos realizados em casa. Além do ciclo de personalidades eruditas da cultura nacional, para a sua formação como artista Oiticica frequentou ainda alguns cursos livres e grupos de estudo em pintura em ateliês e museus.

Palavras-chaves: Hélio Oiticica, didática, ambiente cênico

EXERCÍCIOS ETNOGRÁFICOS COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DE CENOGRAFIA Sávio Araujo (UFRN) Resumo: Apresento uma estratégia de ensino que vem sendo aplicada com êxito em componentes curriculares de Cenografia, Maquiagem e Figurino, no Curso de Licenciatura em Teatro da UFRN, com objetivo de ampliar olhar do estudante acerca dos fenômenos

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culturais. Estes podem ser abordados nos processos de ensino e aprendizagem de Cenografia como um vasto campo de significantes, nos quais diferentes indivíduos e grupos sociais imprimem códigos, valores e significados às suas práticas de organização do espaço e do corpo. Assim, analisaremos dois exemplos destes exercícios. O primeiro, um exercício etnográfico de observação e análise de diferentes espaços, como lojas em Shopping Centers e bancas de vendedores ambulantes, observando como estes organizam seus espaços para o ato de vender, considerando seus contextos e relações sócio econômicas. O segundo exercício consiste em estudar diferentes situações envolvendo a vestimenta, seus materiais e técnicas de construção e os significados que adquirem em diferentes contextos culturais e grupos sociais. Entre as referências deste trabalho destaca-se a contribuição de Cláudia Fonseca, para a problematização do exercício etnográfico como resultante de contextos e interações, Milton Santos com a concepção de espaço como resultante das construções dos sujeitos, Paulo Freire com a perspectiva da abordagem dialética de leituras da realidade como construção de objetos de aprendizagem e Pamela Howard a noção abrangente de Cenografia, como construção do espaço da cena e seus múltiplos fazeres e saberes. Palavras-chaves: Etnografia, Pedagogia, Cenografia

POÉTICAS DA FORMA: O ENSINO DO TEATRO DE FORMAS ANIMADAS E SEUS OPERADORES EM PROCESSOS DE CRIAÇÃO TEATRAL E NA FORMAÇÃO DO DOCENTE EM TEATRO Ricardo Ribeiro Malveira (UNIMONTES) Resumo: Trata-se de uma discussão sobre os processos poéticos da cena com Teatro de Formas Animadas. As propostas das cenas de Teatro de Animação, ou Teatro de Formas Animadas estão intrinsecamente ligadas ao desejo de dar vida ao inanimado e operar em sua confecção e com suas possibilidades cênicas. Nos primórdios do teatro, nos últimos dois séculos e em culturas originárias, a prática com objetos inanimados em suas mais diversas formas, contaram histórias, instalaram rituais e criaram metáforas poéticas para a cena. O presente estudo tem como objetivo discutir este campo da cena, destacando algumas estratégias e estudos que contribuem para as práticas de confecção de bonecos, objetos ou formas, marionetes, figuras, sombras ou máscaras e consequentemente a relação da performance destes elementos enquanto operadores em processos de criação. Este estudo está apoiado na pesquisa bibliográfica e em alguns registros de experiências

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em docência com práticas com Teatro de Formas Animadas. Sistematizar estas práticas e conhecimentos discutindo suas contribuições tanto na cena teatral como no ensino do teatro estudos justificam esta proposta.

Palavras-chaves: Operadores; Ensino; Processos.

O CENÁRIO ATRAVESSADO PELA DRAMATURGIA CONTEMPORÂNEA Helena Cecilia Carnieri Staehler (UFPR) Resumo: A cenografia no teatro contemporâneo está longe de ser relegada à categoria decorativa. Antes, é atravessada pelo conceito do espetáculo de forma a compor, junto a outros elementos, parte da dramaturgia. Essa condição é particularmente visível no trabalho de Robert Wilson, que, com frequência, assina a criação de seus próprios cenários, muito calcados numa estética própria relacionada ao minimalismo. Este trabalho realiza o estudo de caso de três cenários e sua relação com a dramaturgia proposta. A primeira é “A dama do mar” (2013), de Bob Wilson, uma reescritura de Susan Sontag para a peça de Ibsen. O cenário criado pelo diretor, de poucos, mas marcantes elementos, traz um mastro e vela que sugerem, ao longo das quase 20 cenas diversas situações relacionadas ao mar. O uso de diferentes materiais de revestimento no piso delimita como que o ambiente selvagem marítimo e o espaço doméstico, onde a protagonista Ellida vive sua perturbação. A segunda peça a ser analisada é “Isso te interessa?” (2011), dirigida por Marcio Abreu, espetáculo da curitibana companhia brasileira de teatro em que uma sala de estar sofre gradativas modificações, com móveis e luminárias que deixam a simetria e se mostram tortos. A revelação do afastamento dos moradores da casa também ocorre de forma paulatina, como se a degradação ocorresse nas relações e ao mesmo tempo no ambiente ao redor. Por fim, o trabalho apresenta o cenário de “Lovlovlov” (2016), produção curitibana dirigida por Isabel Teixeira, em que uma cabine de metal e vidro enclausura dois atores. A estrutura de cerca de 500 quilos torna-se uma metáfora para os apanágios opressores de Carmen Miranda, cuja vida inspira o espetáculo. Particularmente, três cartas de amor escritas por ela a um amante brasileiro durante seu período passado em Hollywood. As referências teóricas passam pelos estudos de Patrice Pavis (2013), Jean-Pierre Sarrazac (2012), Maria Shevtsova (2007) e Hans-Thies Lehmann (2006). Palavras-chaves: Teatro contemporâneo; Bob Wilson; cena teatral curitibana

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DESENHADORES DE RUA NOS PALCOS URBANOS José Marconi Bezerra De Souza (UTFPR), Ismael Scheffler (UTFPR) Resumo: O desenho rápido, de observação direta e sem o apoio de fotografias tem o objetivo de instrumentalizar o nosso olhar a filtrar e sintetizar a informação de uma "realidade" visual que está à nossa frente mas que, muitas vezes, é demasiadamente complexa, fugaz e dinâmica. Há uma ausência de estudos sobre o ensino deste tipo de registro, particularmente de eventos que envolvem seres humanos em ação, como é o caso das atividades teatrais e seus elementos visuais: cenografia, figurino, maquiagem, iluminação cênica, arquitetura teatral e o corpo do ator. Neste artigo são apresentadas análises e estratégias na produção de 1200 páginas de desenho adotadas pelos 29 participantes do projeto de extensão da UTFPR chamado "Desenhadores de Rua nos Palcos Urbanos", ocorrido durante o Festival de Teatro de Curitiba 2017. Um resumo da metodologia de trabalho e etapas como planejamento de participação no Festival, demonstração de técnicas de desenho, distribuição de material didático, simulações de atividades teatrais (vídeo e esquetes de dança), monitoramento do progresso através de publicação de desenhos em redes sociais e encontros presenciais e, finalmente, discussão sobre critérios de seleção dos resultados mais relevantes são apresentados. Além disso, (1) levantamento sobre espetáculos assistidos, elementos retratados, impressões dos desenhadores sobre o Festival; (2) revisão bibliográfica sobre formas de registro gráfico de espetáculos e outros de eventos dinâmicos. Conclusões sugerem que a bibliografia é limitada aos contextos de expressão artística, de narrativas gráficas, científicos, fotográficos e de desenvolvimentos de algoritmos para software e outros. Ao final, foram identificados e ilustrados fatores e estratégias determinantes para facilitar o fluxo criativo dos desenhistas (desenho cego, uso de múltiplos, simplificação de estrutura corporal, produção de gabaritos, simplificação tonal, memorização de expressões faciais, proporções humanas). Palavras-chaves: Desenho, cenografia, registro

MENSAGEIRO DO REI: A CENOGRAFIA NO TEATRO DE FORMAS ANIMADAS Emilliano Alves De Freitas Nogueira (UFG) Resumo: Este trabalho tem como ponto de partida uma reflexão acerca da cenografia no teatro de formas animadas, e como se dá a atuação do cenógrafo em processos de criação com viés pedagógico de formação de atores. Para isso, tem como objeto de estudo a

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montagem do espetáculo “O Mensageiro do Rei”, criado nas disciplinas de Estágio Supervisionado em Interpretação/Atuação I e II, no curso de Teatro da UFU, em 2014. Utilizando diversas técnicas do teatro de formas animadas, como sombras, bonecos e objetos, a peça foi criada a partir do texto original de Rabindranath Tagore, tendo como diretor o Professor Dr. Mário Piragibe. Entendendo que na contemporaneidade a cenografia deixa de ser pensada enquanto um elemento cênico independente, se tornando uma articuladora da cena, no teatro de formas animadas ela compõe ativamente a narrativa, visto que atua como elemento estruturante da cena. Nesse contexto, buscou-se propor soluções cenográficas onde atores, objetos animados em cena e cenografia formassem uma estrutura não-hierárquica, ampliando as possibilidades de movimentações e marcações, onde os elementos móveis deslizavam pelo palco conforme a necessidade de cada cena. Para isso, a presença do cenógrafo na sala de ensaio participando de todas as etapas da montagem, possibilitou testes de materiais e soluções técnicas, fazendo do processo de criação um laboratório de experimentações, onde atores, diretor e equipe técnica (iluminadora e figurinista) colaboraram diretamente para o resultado do desenho do material cenográfico. Isso permitiu aos atores em formação investigarem recursos cênicos, através de jogos e improvisação, a partir de um material aberto a diálogos entre encenação e atuação, exercendo o papel de co-autores da cenografia. Assim, buscaram-se soluções que questionavam o suporte cenográfico do teatro de animação (tela de sombras, bancada para bonecos), para que pudessem se fundir à narrativa, se afirmando também como escrita fundamental na encenação.

Palavras-chaves: cenografia; teatro de animação; artes cênicas

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