Ano 3 | n. 4 | abril de 2022
Revista da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais | italiabrasil.com.br
Novos rumos do setor automotivo Zerar a emissão de carbono e priorizar projetos de eletrificação são desafios propostos pelas lideranças globais da mobilidade
CULTURA | CIDADANIA ITALIANA | DESIGN ITALIANO | IMPORTAÇÃO
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NOTAS 360º
Localizada, em Betim (MG), próximo ao Porto Seco e com fácil acesso, a Guarde Mais é especializada em locação de espaços sob medida e integra uma rede com 74 unidades espalhadas pelo Brasil. Com capacidade de armazenamento de 2.500m³ para qualquer tipo de demanda, a empresa oferece soluções em armazenagem para estoques, guarda-volumes, guarda-móveis, guarda-equipamentos, logística para e-commerce, fulfillment, dark store (mini centro de distribuição) e endereço fiscal. A unidade, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), dispõe de equipamentos para manuseio, seguro individual contra roubo e eventuais danos materiais para todos os boxes e monitoramento 24 horas. Com contratos acima de 30 dias, sem burocracia, a locação não exige fiadores e é isenta de taxas de condomínio e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
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ITÁLIA 360º | N.3 | DEZEMBRO DE 2021
EDITORIAL
O FUTURO SUSTENTÁVEL CHEGOU. E VEIO MOTORIZADO. De maneira ambiciosa, a Organização das Nações Unidas (Onu) pretende, até 2030, implementar uma agenda com 17 objetivos, todos eles voltados à sustentabilidade, como medidas para diminuir os desequilíbrios socioeconômicos e ambientais. Agora, convergindo com o propósito da Onu de promover uma “ação contra a mudança global do clima”, o setor automotivo vive uma revolução, nunca antes vista, que transformará a mobilidade e a relação das pessoas com os veículos. Com desdobramentos que transformarão toda a cadeia produtiva, desde montadoras a fornecedores, a nova indústria automotiva demandará constantes investimentos em alta tecnologia, para desenvolver soluções avançadas de conectividade, segurança e, principalmente, eficiência energética limpa e sustentável. Como consequência, observaremos o surgimento de novas demandas e oportunidades de negócios, um momento ímpar para todo o setor automotor mineiro, que conta com a expertise de várias indústrias italianas, líderes em seus segmentos. Para conhecer de perto essa marcante cultura empresarial italiana no estado e que, agora, impulsiona a produção da nova geração de veículos, recebemos, na sede da Câmara, a ilustre visita de Luigi Maria Vignali, diretor-geral para Italianos no Exterior e Políticas de Migração do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália. Em cobertura completa desse encontro, a Itália 360º detalha a reunião do direttore generale, acompanhado do cônsul da Itália em Belo Horizonte, Maurizio Fedeli, com alguns executivos italianos, gestores de empresas associadas e que trazem o legado empresarial da Itália para Minas Gerais.
Sempre com a Itália em pauta, nesta edição abordamos também a autêntica gastronomia, o design, a cultura e, é claro, os vinhos italianos. Buona lettura!
Foto: João Quesado
Ainda sobre o legado italiano e sua influência, abordamos também como a imigração italiana na construção da nova capital dos mineiros deixou uma rica e marcante herança cultural e arquitetônica para Belo Horizonte: o bairro Lagoinha. Em “Raízes Italianas”, Celso Picchioni, diretor do Grupo Picchioni, relembra as origens de sua família, fundadora da primeira casa de câmbio do estado, e a relação construída com a jovem BH. Valentino Rizzioli
Presidente da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais
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NESTA EDIÇÃO
05 08 12 14 16 18 26 28 30 Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais Presidente: Valentino Rizzioli. | Vice-presidente executivo: Raffaele Peano. Secretária-geral: Ana Corrêa. Revista Itália 360º Comitê editorial: Ana Corrêa, Debora Ferreira, Eduarda Barcelos e Welber Silva. Produção e gestão editorial: Gíria Design e Comunicação (contato@giria.com.br). Coordenação, projeto gráfico e design: Carolina Lentz. Redação: Carolina Lentz e Nívia Carvalho. | Fotos: Bancos de imagens e outros.
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CÂMARA ITALIANA CULTURA ITALIANA
Lagoinha, berço da Itália em BH
VISITA ILUSTRE
Luigi Maria Vignali
CIDADANIA ITALIANA
Com.It.Es e Câmara
OSPITALITÁ ITALIANA
Bottega Coppola
CAPA
Novos rumos do setor automotivo
RAÍZES ITALIANAS
Grupo Picchioni
NOVOS ASSOCIADOS
Boas-vindas às novas parcerias
DESIGN ITALIANO
Intercâmbios no setor moveleiro
IMPORTAÇÃO
O vinho italiano no Brasil
CRÔNICA
Fernando Fabbrini
NOTAS 360º
Itália 360º é uma publicação periódica oficial da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais - Rua Piauí, 2019, 5º andar, bairro Funcionários, Belo Horizonte, MG. Contatos: +55 (31) 3287-2211 - www.italiabrasil.com.br - info@italiabrasil.com.br. Para ler ou compartilhar a versão online desta edição da Itália 360º, acesse o QR Code ao lado.
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CÂMARA ITALIANA
Com o tema “Itália e Minas Gerais: Presente e Futuro das Relações Comerciais”, o primeiro Diálogos de Negócio de 2022 recebeu o embaixador da Itália em Brasília, Francesco Azzarello, em ocasião da primeira visita do diplomata a Minas Gerais. O evento aconteceu no dia 20 de janeiro, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte, e foi uma realização conjunta entre a Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais e a Fiemg. O Diálogos de Negócio contou, também, com a participação do presidente da Câmara, Valentino Rizzioli; do então cônsul da Itália em Belo Horizonte, Dario Savarese; da subsecretária de Promoção de Investimentos e Cadeias Produtivas da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Kathleen Garcia Nascimento; e do presidente da Fiemg, Flavio Roscoe. Na ocasião, que contou com público composto por empresários italianos e mineiros, os palestrantes apresentaram e debateram oportunidades de negócios entre Minas e a Itália.
Fotos: Divulgação/Câmara
Câmara recebe embaixador italiano Francesco Azzarello em evento com empresários
Da esquerda para a direita: o então cônsul da Itália em Belo Horizonte, Dario Savarese; embaixador da Itália em Belo Horizonte, Francesco Azzarello; presidente da Fiemg, Flavio Roscoe; subsecretária de estado, Kathleen Nascimento; presidente da Câmara, Valentino Rizzioli
Inauguração do primeiro escritório representativo da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais em Sete Lagoas Como iniciativa de expansão de sua presença em outras regiões de Minas Gerais, a Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais inaugurou, em outubro do ano passado, o Escritório Representativo em Sete Lagoas, que foi instalado na sede da Associação Comercial e Industrial de Sete Lagoas (ACI Sete Lagoas) e foi o primeiro fora da região metropolitana. Recebendo empresários e executivos de empresas da região, o evento contou com a participação do presidente da Câmara Italiana, Valentino Rizzioli; do prefeito de Sete Lagoas, Duílio de Castro Faria; da subsecretária de promoção de investimentos e cadeia produtiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Kathleen Nascimento; do então cônsul da Itália em Belo Horizonte, Dario Savarese; e do presidente da ACI Sete Lagoas, José Roberto Silva. À frente do Escritório Representativo em Sete Lagoas e Região e responsável por conduzir a unidade, o italiano Mario
Coriale também participou do evento. Morador da cidade e com passagens por companhias italianas instaladas na localidade, Coriale trabalhará para estreitar as relações entre as empresas e a Câmara Italiana.
Da esquerda para a direita: José Roberto Silva, Kathleen Nascimento, Prefeito de Sete Lagoas; Duílio de Castro Faria, Dario Savarese e Valentino Rizzioli
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CÂMARA ITALIANA
Câmara visita fábrica da Fassa Bortolo, em Matozinhos O vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, esteve na cidade de Matozinhos (MG) em 26 de janeiro, para conhecer as instalações da fábrica da Fassa Bortolo, empresa associada à Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, que, no evento, foi representada pela secretária-geral, Ana Corrêa. Líder na fabricação de argamassas na Europa, a unidade brasileira é a primeira fora do continente europeu. Resultado de um investimento de mais de R$ 200 milhões, a fábrica de Matozinhos começou a ser construída em 2019 e integra a lista de empresas que foram atraídas pelo programa do governo estadual que, no final de 2021, bateu recordes em atração de novos investimentos para Minas Gerais. Na ocasião da visita, o procurador da Fassa Bortolo no Brasil, Ivan Aliberti, ressaltou a recepção que a empresa teve por parte do governo estadual e da Prefeitura de Matozinhos. “Em todas as fases do projeto, encontramos profissionais com visão, interesse, profissionalismo e agilidade, cuja atuação permitiu à
Fassa Bortolo escolher, com segurança, seu ponto de entrada no mercado brasileiro e, por consequência, da América Latina. O Governo de Minas Gerais, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o INDI e outras instituições governamentais, a Prefeitura de Matozinhos, o sistema de fornecedores locais e o povo mineiro, todos abriram os braços para acolher a Fassa Bortolo, e isso nunca será esquecido”, afirmou Aliberti.
True Italian Taste celebra a Semana da Cozinha Italiana com degustação de vinhos O projeto True Italian Taste realizou, em 26 de novembro de 2021, uma degustação de vinhos em comemoração à sexta edição da Semana da Cozinha Italiana no Mundo, ocorrida,
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entre 22 e 28 de novembro do mesmo ano, com tema “A Consciência e a Sustentabilidade Alimentar”. As bebidas apreciadas são feitas de acordo uma produção sustentável, mantendo um elevado nível de qualidade. Promovida pela Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, a degustação foi reservada a um público composto por importadores, sommeliers, jornalistas e influenciadores e contou com o apoio do Consulado da Itália em Belo Horizonte. Entre os convidados, estiveram presentes o presidente da Câmara Italiana, Valentino Rizzioli; o então cônsul da Itália em Belo Horizonte, Dario Savarese; a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Geras, Ana Valentini; e membros da diretoria e associados da Câmara. A degustação foi guiada pela enogastrônoma italiana Nella Cerino, eleita a melhor sommelier de Belo Horizonte pela revista Encontro Gastrô 2019; e pelo sommelier Renato Costa, professor e presidente da Associação Brasileira de Sommeliers - Minas Gerais (ABS-Minas).
CÂMARA ITALIANA
Câmara envia jornalista mineira para feira TuttoFood, em Milano bre algumas das novidades encontradas na feira. A feira, que é referência mundial para produtores e distribuidores de produtos de qualidade de toda a cadeia de abastecimento de alimentos e bebidas, promove negócios entre as empresas e compradores do setor agroalimentar. No ano passado, a edição contou com a participação de 1.421 marcas, vindas de 66 países. “Visitar a TuttoFood foi uma ótima maneira de conhecer a gastronomia italiana, além de descobrir novidades e tendências do mercado”, afirma Celina. A cobertura completa da TuttoFood foi publicada na edição de 7 de novembro de 2021 do jornal Estado de Minas. Fotos: Celina Aquino
A convite da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, a jornalista Celina Aquino, especializada em gastronomia, viajou para a Itália e visitou a feira TuttoFood, que aconteceu entre os dias 22 a 26 de outubro de 2021, em Milano. Aquino foi a única jornalista do Brasil a fazer parte do grupo de imprensa internacional da feira, e pôde experimentar um pouco da cultura e da culinária italiana, bem como conhecer as novas tecnologias que estão chegando, no mercado gastronômico. “Nesses dias de visita à feira, percebi a preocupação dos italianos com saúde e sustentabilidade. Muitas marcas estão investindo em massas integrais e produzidas com farinhas de aveia e quinoa, por exemplo”, declara Celina, ao comentar so-
Câmara comparece à ExpoQueijo Brasil 2021, em Araxá
Secretária-geral da Câmara, Ana Corrêa; Diretor Comercial da BtoCHEESE, Bruno Midali e Pedro Domenghini Albano
A Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, representada pela secretária-geral, Ana Corrêa, esteve presente na feira ExpoQueijo 2021, que aconteceu entre os dias 4 e 7 de novembro do ano passado, em Araxá (MG). A exposição teve como destaque o Concurso Internacional do Queijo, que foi idealizado para fomentar a produção de queijos, dar visibilidade aos produtores e às suas diversificadas produções, e premiar os melhores e mais bem avaliados queijos do mundo. A competição reuniu mais de 800 queijos, com as devidas certificações nacionais e internacionais, sendo que desses, 550 eram mineiros e quase 40 eram de origem italiana. O queijo italiano Bra Duro Denominazione di Origine Protetta (DOP) – Denominação de Origem Protegida – foi o ganhador do concurso, que atingiu 105 pontos, levando, para a Itália, o prêmio Super Ouro do Araxá International Cheese Awards.
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CULTURA ITALIANA
LAGOINHA: memória e legado da Itália em BH
Laços que se fundem e congruências que se completam. Há quem afirme que Belo Horizonte já nasceu italiana. Abrilhantando esse panorama histórico fascinante, a Lagoinha ganha luz e voz como berço da presença valiosa da Itália na capital mineira, enaltecendo personagens e traços marcantes da arquitetura, gastronomia, tradição, cultura e arte.
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Foto: Carolina Lentz
CULTURA ITALIANA
Os primeiros registros e marcas da imigração italiana em Minas remontam aos primórdios da construção da capital, no final do século 19. Passados mais de cem anos, o resgate histórico vivifica, oxigena e fortalece a expressividade da contribuição singular da Itália no desenvolvimento do então inspirador Belo Horizonte. A urgência pela mão-de-obra especializada atraiu milhares de imigrantes que se fixaram em solo mineiro para colaborar com o vultuoso empreendimento. Além dos personagens que atuaram com notável relevância para a construção da capital, inúmeros italianos se profissionalizaram em importantes núcleos agrícolas que abasteciam a cidade com hortaliças, frutas, legumes e demais gêneros alimentícios, como os processados e embutidos. “O censo de 1920 já mostrava que a maior comunidade de estrangeiros em Belo Horizonte era a italiana”, revela o diretor da Câmara de Comércio Italiana Anísio Ciscotto, autor e coautor de livros sobre a imigração italiana em Minas Gerais. “As marcas da presença italiana estavam espalhadas por toda a cidade: na arquitetura, nas obras públicas e, principalmente, nos sobrenomes dos trabalhadores do comércio, indústria e serviços”, descreve o escritor especializado em História e Culturas Políticas. Vem daí a afirmação de que Belo Horizonte já nasceu italiana. E a mineiridade, tão peculiar e valorizada pelas tradições e costumes, denota os traços de uma semelhança nata que, ao mesmo tempo, se mistura e se completa na força da cultura familiar, da gastronomia, religiosidade, música, literatura, arquitetura, moda, festas, vocabulário e alegria contagiante do italiano.
POR QUE A LAGOINHA? Afinal, por que os imigrantes recém-chegados da Itália escolheram a Lagoinha para morar, construir suas casas e constituir famílias? A proximidade com o centro da cidade era o principal atrativo para uma região essencialmente residencial. “Também estava bem perto do Ribeirão Arrudas que, naquela época, era um local aprazível e ponto de encontro da população”, conta Anísio Ciscotto. “Muitos faziam piquenique às margens do Arrudas e se divertiam, inclusive nadando”, acrescenta. “O bairro Lagoinha é uma peça fundamental no mosaico da história da construção de BH e da imigração italiana em Minas Gerais”, argumenta Ciscotto. Dentro desse panorama, o legado permanece vivo e ativo, revisitado através das memórias e registros, comprovado pelo valor cultural, personificado por figuras inesquecíveis e perpetuado em dignas homenagens. Entre as riquezas arquitetônicas herdadas dos italianos, destaque para a Casa da Loba, projetada e construída no início do século passa-
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CULTURA ITALIANA
do. O palacete ostentava, no topo da fachada, a estátua da mítica loba romana amamentando os gêmeos Romulus e Remus. Os belos afrescos e as águias, que representam as insígnias da Roma Antiga e decoravam o pórtico da entrada, também compunham a valiosa obra, atualmente bastante deteriorada.
O bairro Lagoinha é uma peça fundamental no mosaico da história da construção de BH e da imigração italiana em Minas Gerais.
Foto: Arquivo pessoal
“Talvez uma das maiores marcas de unidade da comunidade e dos moradores da Lagoinha foi a criação da Società Sportiva Palestra Italia, que reuniu os italianos em torno de um clube que os representasse”, salienta Anísio Ciscotto, referindo-se ao primeiro nome do Cruzeiro Esporte Clube. O diretor da Câmara também destaca a Società Italiana de Mutuo Soccorso e a Dante Alighieri entre as diversas associações de italianos presentes em BH.
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Anísio Ciscotto: o legado italiano na Lagoinha permanece vivo e ativo, revisitado através das memórias e registros ITÁLIA 360º | N.4 | ABRIL DE 2022
Casa da Loba: riqueza arquitetônica herdada dos italianos
PRAÇA ITÁLIA Coroando a notoriedade e a relevância da imigração italiana para a Lagoinha, a região irá abrigar a Praça Itália, resultado da união de esforços entre o Instituto Viva Lagoinha, Prefeitura de Belo Horizonte, Consulado Italiano e investimentos da iniciativa privada. Uma homenagem justa e digna da forte influência histórica dos italianos na região eleita por eles como berço da imigração na capital. O projeto prevê a construção da praça em uma área verde entre o Mercado da Lagoinha e a Igreja de São Cristóvão, próximo ao viaduto Angola, e vai contar ainda com um monumento em forma de copo, retratando o bairro como referencial da boemia na cidade. O empreendimento representa um significativo passo rumo à revitalização da Lagoinha e um estímulo à valorização do potencial cultural e econômico adormecido na região. “Belo Horizonte hoje se transformou na capital dos aromas e sabores gastronômicos do Brasil, com restaurantes e bares em profusão, mantendo o legado dos primeiros imigrantes que trouxeram receitas e mudas de plantas para enriquecer a gastronomia mineira, sempre muito extravagante e saborosa”, contextualiza Ciscotto, reforçando a indiscutível influência da gastronomia italiana. O casario marcado pelo estilo neoclássico trazido pelos imigrantes configura um cenário perfeito para revigorar e enaltecer a Lagoinha ítalo-mineira.
AMOR E GRATIDÃO PELO LAR CONSTRUÍDO NA REGIÃO A moradora Hercília Veneroso Fonseca coleciona 91 anos de história e amor pela Lagoinha. A família Veneroso chegou na região em 1952, integrando a colônia de italianos residentes no local. O pai, Turíbio Veneroso, trabalhava como mercador de verduras no Mercado Central e constituiu uma família numerosa com Maria Anastasia Veneroso: são cinco mulheres - Anela, Betina, Iolanda, Carmela, Hercília e seis homens - Benito, Valentino, Humberto, Vitório, Egídio e Rafael, que fundaram a Padaria Horizontina no bairro. A casa na rua Turvo preserva os traços da arquitetura italiana e abriga memórias que atravessam décadas e gerações: lembranças mantidas nos diálogos, passeios, carnavais e vínculos com toda a colônia de italianos, destacando as famílias Trotta, Vanucci e Anastasia. “A Lagoinha representa o meu lar”, declara Hercília Veneroso. Um lar fundado em fortes laços familiares e estruturado em sólidos pilares de tradição e costumes. A comida é uma das heranças da cultura gastronômica italiana que a moradora da Lagoinha enaltece e mantém viva no seu dia a dia. ||
Foto: Arquivo pessoal
CULTURA ITALIANA
Hercília Veneroso: a Lagoinha representa o meu lar
A casa na rua Turvo preserva os traços da arquitetura italiana
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VISITA ILUSTRE
Câmara recebe Luigi Maria Vignali, diretor-geral do Ministério de Relações Internacionais Italiano Em 8 de abril deste ano, a Câmara recebeu, na sede do seu escritório em Belo Horizonte, o diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional italiano, Luigi Maria Vignali, em evento com empresários e membros da comunidade italiana do estado. Estiveram presentes também, o presidente da Câmara de Minas Gerais, Valentino Rizzioli; os vice-presidentes, Raffaele Peano e Alberto Medioli; o cônsul da Itália em Belo Horizonte, Maurizio Fedeli, dentre outros convidados. A reunião teve como objetivo apresentar a Vignali o trabalho realizado pela Câmara, o perfil do empresariado na região e a importância e relevância da ligação entre Minas e Itália. Na ocasião, os presentes se apresentaram e destacaram seus projetos vigentes, apontando suas oportunidades e desafios. Além disso, foram debatidas questões relacionadas ao mercado mineiro, as relações comerciais entre Minas e Itália, o papel das instituições ítalo-brasileiras e os meios para se estreitar e ampliar essas relações. Ao final do evento, o presidente da Câmara, Valentino Rizzioli, destacou todo o trabalho realizado pela entidade, a fim de aprimorar e fortalecer, cada vez mais, a rede de relações entre mineiros e italianos. “ No momento atual, principalmente com tudo que vem ocorrendo na Europa, estamos recebendo muitas demandas de vários setores, como por exemplo, o metalúrgico. Recebemos várias ligações de empresas do Veneto
que, em breve, estarão sem materiais e que precisam da nossa ajuda. Esse é um momento de crescimento e aprimoramento. As empresas brasileiras estão de olho nas empresas italianas e vice-versa”, afirmou Rizzioli. Luigi Maria Vignali agradeceu a presença de todos e salientou que as relações econômicas entre Minas Gerais e a Itália são extremamente diversificadas e que, apesar de situações difíceis e da crise que o Brasil vem enfrentando, esse também é um momento de grandes oportunidades, que necessita de inovação e criatividade para ser enfrentado. “Belo Horizonte é uma cidade com uma coletividade italiana importante. É, também, uma cidade voltada para o futuro, que tem muito a oferecer à Itália, principalmente do ponto de vista econômico. No atual contexto, é ainda mais importante fortalecer essas ligações”, finalizou Vignali.
Fotos: Divulgação/Câmara
Na foto,Valentino Rizzioli, Luigi Maria Vignali e Maurizio Fedeli
O evento reuniu empresários e membros da comunidade italiana no estado
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CIDADANIA ITALIANA
CÂMARA E COM.IT.ES
estreitam parceria para fortalecer a comunidade italiana em Minas em Minas, promovendo feiras e mostras no setor gastronômico, além de outras iniciativas”, assinala o presidente. “Nosso objetivo principal é contribuir para que a extensa, diversa e rica comunidade ítalo-mineira se reconheça na sua italianidade, descubra laços comuns, também consolidando as pontes com nossas origens na Itália”, anuncia Fazito. “Acreditamos que as associações possam florescer, que as parcerias e projetos possam proliferar, desenvolver capacidades e potencializar o empreendedorismo de todos os cidadãos italianos em Minas Gerais”, complementa.
Nosso objetivo principal é contribuir para que a extensa, diversa e rica comunidade ítalo-mineira se reconheça na sua italianidade.
DINAMISMO E PROEMINÊNCIA Entidade reconhecida por contribuir para o desenvolvimento de uma identidade comunitária viva e ativa, o Comitê dos Italianos no Exterior é um órgão eletivo, composto por 12 a 16 conselheiros, de acordo com o tamanho da comunidade italiana presente na circunscrição consular, que exercem mandato por cinco anos. Através da lei 386, de 2003, o Com.It.Es integra o organograma administrativo do Estado italiano, apresentando uma funcionalidade relevante. Além de realizar os trâmites de reconhecimento oficial do projeto comunitário junto ao governo italiano (Consulado e Embaixada), o Comitê atua na intermediação com o poder público local, agentes do terceiro setor, empresas privadas,
“O planejamento para a gestão 2021-2026 converge com os objetivos da Câmara no sentido de fomentar negócios e atividades de empreendedorismo da nossa comunidade em Minas Gerais”, declara o presidente do Com.It.Es MG, Dimitri Fazito, estabelecendo a relevância da parceria. A cooperação no mapeamento de empreendimentos culturais da comunidade italiana em território mineiro é um dos componentes da proatividade nesse esforço integrado. Nessa perspectiva, serão favorecidos setores fundamentais como turismo, gastronomia, arte e cultura. A projeção da gestão interativa se estende a uma programação autêntica e diversificada para a comunidade italiana. “Propomos ações conjuntas referentes à organização e publicação de um calendário oficial de eventos da italianidade
Foto: Arquivo Com.It.Es MG
Comprometimento e sinergia: é com base nesses pilares que a Câmara e o Com.It.Es MG – Comitê dos Italianos no Exterior – visam revigorar e fortalecer a representatividade da comunidade italiana em Minas, validando o elo essencial que intensifica as ações de reconhecimento e identificação com os valores, raízes históricas, memória e patrimônio artístico-cultural de imigrantes e descendentes.
Membros do Com.It.Es em Minas Gerais
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Foto: Ana Carolina Neves
CIDADANIA ITALIANA
Dimitri Fazito: Minas se descobre cada vez mais italiana e integrada a uma comunidade que deseja se reconhecer e engajar ainda mais
assim como o regional, especialmente os órgãos responsáveis pela administração das regiões italianas ou cidades, ONGs e empresas sediadas na Itália. O papel de intermediar as relações entre a comunidade residente no exterior e os serviços consulares é fundamental nesse contexto. “O Com.It.Es trabalha em sintonia com a Embaixada e o Consulado, colaborando para facilitar as relações entre os cidadãos e os serviços consulares, bem como interceder a favor dos interesses da comunidade”, pontua o presidente. Nesse sentido, a entidade mantém o foco em eixos como cultura, que envolve aspectos direcionados à língua, educação, tradições gastronômicas e religiosas; vida civil, que abrange questões relativas ao trabalho, bem-estar social, regulamentação dos direitos e deveres do cidadão; além da ênfase aos projetos institucionais direcionados aos negócios e iniciativas empreendedoras.
LEGITIMIDADE E VALOR Fundado em 1987, o Com.It.Es. MG se consolidou ao longo dos anos expressando as transformações, a evolução e a diversidade de uma comunidade de valor singular e notório,
cada vez mais interativa com o território mineiro. “Hoje somos mais de 40 mil cidadãos registrados no AIRE, espalhados por toda Minas Gerais, com diversas formações sociais, profissionais, capacidades e interesses”, contabiliza Fazito. O presidente sublinha que a entidade registra a expansão significativa dos fluxos de entrada em solo mineiro na última década, pontuando o aumento no número de cidadãos reconhecidos pela ascendência italiana, a crescente manifestação legítima da italianidade e o expressivo interesse dos descendentes por suas raízes. “Minas se descobre cada vez mais italiana e integrada a uma comunidade que deseja se reconhecer e engajar ainda mais”, ressalta o presidente. Criado em 1988, o jornal Lo Stivale é um dos marcos na histórica trajetória do Com.It.Es MG. “Foi o principal veículo de comunicação da comunidade, numa época em que as mídias sociais não existiam, e seguiu firme até 1997”, conta Fazito. O Seminário da Imigração Italiana em Minas Gerais, organizado pela Ponte Entre Culturas, em 2006, e a ênfase na formação de jovens lideranças na comunidade, a partir de 2019, também são apontados pelo presidente como iniciativas relevantes do Comitê.||
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OSPITALITÀ ITALIANA
Gastronomia italiana autêntica no norte de Minas Restaurante Bottega Coppola, do italiano Andrea Carpentieri, completa quatro anos de certificação do selo Ospitalitá Italiana, difundindo as tradições e produtos da cozinha de sua terra natal na região de Montes Claros
A IMPORTÂNCIA DA CERTIFICAÇÃO Com o objetivo de difundir a gastronomia e os costumes italianos, além de promover uma aproximação com os produtos da Itália, o projeto Ospitalità Italiana – Ristoranti Italiani nel Mondo – certifica a excelência dos restaurantes tipicamente italianos existentes em todo mundo. A ideia é criar uma rede internacional de estabelecimentos que se comprometam a expandir a cultura gastronômica italiana e a valorizar os produtos agroalimentares originais do país, através de eventos que promovam a excelência italiana. Segundo Andrea, além de certificar a excelência no preparo de pratos italianos autênticos, “ter o selo Ospitalitá Italiana no restaurante reforça nosso patriotismo e nosso orgulho de compartilhar a cultura da Itália com a comunidade”. O projeto, existente desde 1997, é organizado mundialmente pela Unioncamere (União das Câmaras de Comércio Italianas
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Fotos: divulgação / Bottega Coppola
“Ao chegar no Brasil, senti falta da comida verdadeiramente italiana, feita com ingredientes autênticos e da forma correta”. Italiano da cidade de Salerno, na região da Campania, o empresário Andrea Carpentieri, aponta essa como sendo a principal razão que o motivou a abrir o Bottega Coppola, seu restaurante em Montes Claros, no norte de Minas. No Brasil desde 2013, Andrea começou sua trajetória profissional por aqui com a Coppola Foods, empresa de importação de produtos italianos. “A facilidade de obter matérias-primas genuinamente italianas foi um facilitador quando pensei em trabalhar com um restaurante”, acrescenta. Por intermédio da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, de onde seu restaurante é associado desde 2017, Andrea conheceu o selo Ospitalitá Italiana de certificação. “A partir daí, me informei sobre os passos que deveria seguir e os critérios a serem cumpridos para obter o selo para o restaurante. Tudo correu bem e obtivemos a certificação em 2018, que vem sendo renovada ano a ano, desde então”, relembra Andrea. A chef Anna Scarcella, que comanda a cozinha do Bottega Coppola e o proprietário, Andrea Carpentieri
no Mundo) e supervisionado pelo Isnart (Instituto Italiano de Pesquisas Turísticas), com apoio do Ministério do Turismo, do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Relações Internacionais da Itália e outras instituições. Em território mineiro, a Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais é responsável por recolher informações, fotos e depoimentos, que são rigorosamente avaliados pelos órgãos competentes na Itália. Para saber mais sobre a certificação ou conhecer mais sobre os requisitos demandados aos restaurantes para a obtenção do selo, acesse o QRCode ao lado ou entre em contato com a Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais através do telefone (31) 3287-2211 ou pelo email: info@italiabrasil.com.br ||
OSPITALITÀ ITALIANA
RECEITA DO CHEF Por Anna Scarcella (Bottega Coppola)
GNOCCHI BOLOGNESE Ingredientes: Para o gnocchi: • 1 kg de batata asterix • 300 g. de farinha de trigo •1 pitada de noz moscada Para o molho bolognese: • 2,5 kg de patinho • 2,5 kg de pernil de porco • 125 g. de cenoura • 250 g. de cebola • 100 g. de salsão picado • 2,5 kg de tomate pelati • 30 g. de sal • 100 ml de azeite • 300 ml de vinho tinto seco • 2 g. de pimenta do reino
Modo de preparo: Para o gnocchi, cozinhar a batata por aproximadamente uma hora com casca. Após esfriar, passar no espremedor. Acrescentar a noz moscada e a farinha de trigo. Amassar com as mãos até virar uma massa consistente. Fazer rolos longos e depois cortar em pequenos cubos sempre polvilhando farinha. Cozinhar em água fervente até o nhoque boiar e colocar no molho para finalizar. Para o molho, triturar a cebola, a cenoura e o salsão no processador e levar ao fogo com azeite e refogar. Acrescentar a pimenta do reino, as carnes e misturar os ingredientes em fogo alto e fritar a carne até evaporar toda a água. Quando a carne estiver totalmente seca, acrescentar o sal e depois o vinho tinto seco. Logo após acrescentar o molho de tomate pelado. Manter o fogo baixo e deixar cozinhar por 3 horas até reduzir o líquido. ||
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TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE MOVIMENTAM A ENGRENAGEM DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA NOS PRÓXIMOS ANOS Os veículos elétricos movimentam a rota da competitividade alinhada à sustentabilidade, revelando o segredo do combustível da mobilidade contemporânea mundial. Fomentada pela visão empreendedora de negócios e pelo comprometimento genuíno com a conscientização ambiental, protagonistas da cena automotiva mundial deram partida nessa acelerada corrida rumo à modernização sustentável embasados em propostas ousadas e desafiadoras.
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Dentro do período proposto, o Dare Forward ambiciona comercializar na Europa apenas veículos elétricos (VEs), 50% do mix em VEs nos Estados Unidos e 20% no Brasil e América do Sul. O ineditismo não para por aí. O grupo Stellantis programa cortar 50% de suas emissões de carbono até 2030 e propõe o desafio de zerar esse índice até 2038, liderando a indústria na luta contra a descarbonização e os impactos das condições climáticas do planeta.
MODERNIDADE MOVE A ROTA DA INDÚSTRIA Entre as novidades já divulgadas, destaque para o primeiro SUV completamente elétrico, da marca Jeep, que será lançado no início de 2023, e a nova picape RAM 1500 BEV, que promete ser a novidade para 2024. O plano também contempla o lançamento de 16 modelos na América Latina até 2025, além de sete
Foto: divulgação Stellantis
A eletrificação impulsiona o plano estratégico desenvolvido pelo quarto maior fabricante automotivo do mundo com soluções para transformar e revolucionar a mobilidade global. Pisando fundo no acelerador, a Stellantis segue em alta velocidade com motores potencialmente movidos pelo empreendedorismo inovador, que permite ousar e avançar, com confiabilidade, em direção a um futuro sustentável e altamente competitivo. À frente das gigantes Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, entre outras dez marcas icônicas, o grupo sinalizou o start do Dare Forward 2030, o plano vanguardista que estabelece metas para os próximos noves anos, envolvendo toda a gama de produtos e o desenvolvimento de softwares automotivos, com ênfase em tecnologias inovadoras e excelência operacional. O plano prevê movimentar novos caminhos para o setor e está totalmente alinhado à Agenda 2030 proposta pela ONU, composta pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Antonio Filosa e Carlos Tavares impulsionam a modernização da mobilidade com projetos de eletrificação e sustentabilidade
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Essa inovação é muito importante para o Brasil porque, além dos resultados positivos proporcionados pelo etanol, poderemos começar uma rota de industrialização com foco na eletrificação. Antonio Filosa, Presidente da Stellantis para a América do Sul
Foto: divulgação Stellantis
elétricos e híbridos. Ainda estão programadas cerca de 30 reestilizações de modelos em linha, investimentos em direção autônoma, conectividade e novos serviços. “Estamos expandindo nossa visão, superando os limites e abraçando uma nova mentalidade, que busca transformar todos os aspectos de mobilidade para a melhoria de nossas famílias, comunidades e sociedades em que operamos”, enfatiza o CEO da Stellantis, Carlos Tavares. “Essa inovação é muito importante para o Brasil porque, além dos resultados positivos proporcionados pelo etanol, poderemos começar uma rota de industrialização com foco na eletrificação”, valida o presidente da Stellantis para a América do Sul, Antonio Filosa.
“A chave do sucesso do mercado automotivo, aqui no Brasil, passa pela localização da produção”, revela Filosa. “Então, se nós queremos até 2030 ter até 20% do nosso mix de vendas em tecnologias eletrificadas, devemos decidir como e quando localizar essas tecnologias”, prossegue. “É uma lógica de localização que significa atrair investimentos, desenvolver e qualificar o emprego, além das instituições de educação relacionadas ao trabalho”, esclarece. Em meados de março, Carlos Tavares visitou as plantas de Betim, onde são produzidos os modelos Fiat em Minas. Durante essa significativa visita ao Brasil, o CEO da Stellantis destacou a estratégica relevância do país e da América do Sul para as ambiciosas metas transformadoras, fundamentadas em tecnologias de mobilidade sustentável, e reiterou os principais objetivos estabelecidos para a empresa em território sul-americano até 2030: participação de mercado igual ou superior a 25% e equivalência dos veículos híbridos e elétricos a aproximadamente 20% do mix de vendas.
COMBINAÇÃO ACESSÍVEL E SUSTENTÁVEL De acordo com Tavares, a expansão dos projetos de eletrificação no Brasil em sinergia com o etanol, um combustível de baixo impacto ambiental que constitui uma vantagem do país, cria uma tecnologia ainda mais amigável do ponto de vista ambiental e de acessibilidade. “Esta é a direção que a Stellantis deve seguir”, sublinha, reforçando que esta combinação torna acessível a propulsão limpa a faixas maiores de consumidores. “O Brasil tem larga experiência na utilização do etanol como combustível veicular limpo e sustentável, com vasto parque instalado e profissionais capacitados”, assinala o diretor regional do Sindipeças/ MG, Fábio Sacioto. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores integra o grupo Mobilidade Sustentável de Baixo Carbono (MSBC), que prioriza o desenvolvimento econômico equilibrado e socialmente inclusivo, com o objetivo de promover a cooperação técnico-científica e embasar políticas públicas para tecnologias de baixo carbono, através da bioenergia e bioeletrificação. Alinhado aos avanços globais priorizados pelo segmento da mobilidade, o Sindipeças acompanha e participa ativamente das ações estratégicas que aliam tecnologia, rentabilidade O Fiat 500 elétrico é umas das novidades da Stellantis
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O Brasil tem larga experiência na utilização do etanol como combustível veicular limpo e sustentável, com vasto parque instalado e profissionais capacitados. Fábio Sacioto, Diretor regional do Sindipeças/MG.
Foto: divulgação Sindipeças
e sustentabilidade. “No 3º Encontro da Indústria de Autopeças, evento virtual programado para 20 de junho, iremos refletir sobre desafios e oportunidades para o setor de autopeças na nova ordem da mobilidade”, adianta Sacioto, ressaltando a força e a
O diretor do Sindipeças/MG, Fábio Sacioto, acompanha e participa ativamente das ações estratégicas que aliam tecnologia, rentabilidade e sustentabilidade priorizadas pelo setor da mobilidade
relevância do intercâmbio de informações entre executivos estrangeiros e brasileiros focados em transformação digital, descarbonização e macrotendências na reposição.
O Brasil é um país de oportunidades Explorar as potenciais tecnologias que direcionam para um futuro digital e eletrificado, em consonância com a busca incansável por um planeta sustentável, é um meio de transporte seguro e confiável para o contemporâneo horizonte desenhado pela competitividade. Trilhando essa perspectiva estratégica, o presidente da Câmara da Indústria Automotiva e Mobilidade da Fiemg e presidente da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, Valentino Rizzioli, discorre sobre a profunda transformação
propulsora das inovações que revolucionam a mobilidade no mundo e a urgente necessidade de investimentos em infraestrutura e comunicação. Ao evidenciar lacunas, Rizzioli aponta ferramentas para tornar o Brasil um país economicamente competitivo. Permita-se, abaixo, percorrer os caminhos norteados por esse ilustre personagem, que lidera o cenário da mobilidade com expressivo pioneirismo e notoriedade, clarificados por uma mentalidade contemporânea e empreendedora.
“O setor da mobilidade no mundo está em uma profunda transformação. Aqui no Brasil, mais do que nunca. Precisamos de investimentos vultuosos em infraestruturas modernas de transporte e comunicação para tornar o Brasil competitivo a nível internacional. O Brasil é um país de oportunidades para o capital nacional e, sobretudo, estrangeiro, que apresenta disponibilidade para investir em uma diversidade de projetos, abrangendo desde as ferrovias até as telecomunicações. Em Minas Gerais, temos uma quantidade enorme de estradas, mas infelizmente, salvo algumas exceções, em condições caracterizadas pelo trânsito pesado e transporte ineficiente, tanto de materiais quanto de pessoas. Os sistemas de comunicação, essenciais para a economia do país, também necessitam de investimentos urgentes aqui no Brasil. O setor de energia alternativa, que aqui em Minas Gerais já começa a ser um exemplo, representa outra oportunidade de investimento.
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Foto: divulgação / Câmara
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Todos esses pontos refletem direta ou indiretamente na mobilidade. Acredito que haverá uma verdadeira revolução para a melhoria de todo o sistema de transporte, especialmente referentes aos impactos ambientais, em pouquíssimos anos. Os empresários têm uma sensibilidade muito grande nesse sentido e estão se preparando para esse cenário, capacitando o próprio pessoal e formando novos quadros dirigentes”. ||
Valentino Rizzioli Presidente da Câmara da Indústria Automotiva e Mobilidade da Fiemg e presidente da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais
TECNOLOGIA E SOSTENIBILITÀ GUIDANO LE TENDENZE DEL SETTORE AUTOMOBILISTICO NEI PROSSIMI ANNI I veicoli elettrici percorrono la strada della competitività allineata alla sostenibilità, svelando il segreto del combustibile che spinge la mobilità globale contemporanea. Spinti dalla visione imprenditoriale del business e dal genuino impegno per la consapevolezza ambientale, i protagonisti della scena automobilistica globale hanno dato inizio alla corsa frenetica verso una modernizzazione sostenibile basata sulla sfida di proposte coraggiose. L'elettrificazione guida il piano strategico sviluppato dal quarto produttore automobilistico mondiale con soluzioni per trasformare e rivoluzionare la mobilità globale. Premendo sull'acceleratore, Stellantis prosegue ad alta velocità con motori potenzialmente spinti da un'imprenditorialità innovativa, che le consente di osare e avanzare con sicurezza verso un futuro sostenibile e altamente competitivo. Il Gruppo, che oltre ai colossi Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, comprende altri dieci marchi iconici, ha segnato l'inizio di Dare Forward 2030; il piano d'avanguardia fissa gli obiettivi per i prossimi nove anni, coinvolgendo l'intera gamma di prodotti e lo sviluppo di software automobilistico, con particolare at-
tenzione alle tecnologie innovative e all'eccellenza operativa. Il piano prevede di percorrere nuove strade per il settore ed è pienamente in linea con l'Agenda 2030 proposta dall'ONU, composta dai 17 Obiettivi di Sviluppo Sostenibile. Entro il periodo proposto, Dare Forward si propone di vendere in Europa solo veicoli elettrici (EV), un mix del 50% di veicoli elettrici negli Stati Uniti e del 20% in Brasile e Sud America. Le novità non si fermano qui. Il gruppo Stellantis prevede di ridurre del 50% le proprie emissioni di carbonio entro il 2030 e propone la sfida di azzerare questo indice entro il 2038, guidando il settore nella lotta alla decarbonizzazione e agli impatti sulle condizioni climatiche sul pianeta.
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LA MODERNITÀ MUOVE LA STRADA DELL’INDUSTRIA Tra le novità già annunciate, segnaliamo il primo SUV completamente elettrico, del marchio Jeep, che uscirà all’inizio del 2023, e la nuova pick-up RAM 1500 BEV, che promette di essere la novità per il 2024. Il piano prevede anche il lancio di 16 modelli in America Latina entro il 2025, oltre a sette modelli elettrici e ibridi. Sono ancora previsti circa 30 restyling di modelli già in linea, investimenti nello sviluppo di guida autonoma, connettività e nuovi servizi. “Stiamo ampliando la nostra visione, superando i limiti e abbracciando una nuova mentalità, che cerca di trasformare tutti gli aspetti della mobilità per un miglioramento a vantaggio delle nostre famiglie, della comunità e della società in cui operiamo”, sottolinea Carlos Tavares, CEO della Stellantis. “Questa innovazione è molto importante per il Brasile perché, oltre ai risultati positivi forniti dall’etanolo, potremo avviare un percorso di industrializzazione con particolare attenzione alla elettrificazione”, conferma il presidente della Stellantis per il Sud America, Antonio Filosa.
Questa innovazione è molto importante per il Brasile perché, oltre ai risultati positivi forniti dall’etanolo, potremo avviare un percorso di industrializzazione con particolare attenzione alla elettrificazione. Antonio Filosa, Presidente della Stellantis per il Sud America.
“La chiave del successo del mercato automobilistico, qui in Brasile, passa attraverso il luogo di produzione”, rivela Filosa. “Quindi, se vogliamo avere entro il 2030 fino al 20% del nostro mix di vendite in tecnologie elettrificate, dobbia-
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Il Brasile ha una vasta esperienza nell’uso dell’etanolo, per i veicoli, come carburante pulito e sostenibile, con un ampio parco installato e professionisti qualificati. Fábio Sacioto, Direttore regionale di Sindipeças/MG.
mo decidere come e quando localizzare queste tecnologie”, continua. “È una logica di localizzazione che significa attrarre investimenti, sviluppare e qualificare l’occupazione, oltre alle istituzioni dell’istruzione legate al lavoro”, spiega. A metà marzo, Carlos Tavares ha visitato gli impianti di Betim, dove vengono prodotti i modelli Fiat nel Minas Gerais. Durante questa significativa visita in Brasile, il CEO della Stellantis ha evidenziato la rilevanza strategica del Paese e del Sud America per le ambiziose mete trasformatrici basate su tecnologie di mobilità sostenibile, e ha ribadito i principali obiettivi fissati per l’azienda nel territorio sudamericano fino al 2030: quota di mercato pari o superiore al 25% e percentuale dei veicoli ibridi ed elettrici a circa del 20% del mix di vendite. COMBINAZIONE ACCESSIBILE E SOSTENIBILE Secondo Tavares, l’espansione di progetti di elettrificazione in Brasile in sinergia con l’etanolo, un carburante a basso impatto ambientale che rappresenta un vantaggio per il Paese, crea una tecnologia ancora più rispettosa dal punto di vista ambientale e di accessibilità. “Questa è la direzione che la Stellantis deve seguire”, sottolinea, rinforzando che questa combinazione rende accessibile la propulsione pulita a segmenti più ampi di consumatori. “Il Brasile ha una vasta esperienza nell’uso dell’etanolo, per i veicoli, come carburante pulito e sostenibile, con un ampio parco installato e professionisti qualificati”, sottolinea il direttore regionale di Sindipeças/MG, Fábio Sacioto. L’Unione Nazionale dell’Industria dei Componenti Automobilistici fa parte del grupo
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Mobilità Sostenibile di Basso Carbonio (MSBC), che privilegia lo sviluppo economico equilibrato e socialmente inclusivo, con l’obbiettivo di promuovere la cooperazione tecnico-scientifica e sostenere le politiche pubbliche per le tecnologia a basso carbonio, attraverso la bioenergia e bioelettrificazione. In linea con i progressi globali privilegiati dal segmento della mobilità, Sindipeças monitora e partecipa attivamente ad azioni strategiche che uniscono tecnologia, redditività e
sostenibilità. “Al 3° meeting dell’Industria di Componenti automobilistici, un evento virtuale programmato per il 20 giugno, rifletteremo sulle sfide e sulle opportunità per i settori della componentistica nel nuovo ordine della mobilità”, afferma Sacioto, sottolineando la forza e la rilevanza dello scambio di informazioni tra dirigenti stranieri e brasiliani focalizzati su trasformazioni digitali, decarbonizzazione e macro-tendenze nella sostituzione.
Il Brasile è un Paese di opportunità Esplorare le potenziali tecnologie che portano a un futuro digitale e elettrificato, in linea con la ricerca incessante di un pianeta sostenibile, è un veicolo sicuro e affidabile verso l’orizzonte attuale disegnato dalla competitività. In questa prospettiva strategica, Valentino Rizzioli, presidente della Camera dell’Industria Automobilistica e della Mobilità della FIEMG e della Camera di Commercio Italiana di Minas Gerais, racconta la profonda trasformazione propulsiva delle
innovazioni che rivoluzionano la mobilità nel mondo e l’urgente bisogno di investimenti in infrastrutture e comunicazioni. Evidenziando le lacune, Rizzioli indica gli strumenti per fare dal Brasile un Paese economicamente competitivo. Concedetevi di percorrere i sentieri guidati da questo illustre personaggio, che guida lo scenario della mobilità con grande pionierismo e notorietà, e con la chiarezza di una mentalità contemporanea e imprenditoriale.
“Il settore della mobilità nel mondo sta attraversando una profonda trasformazione. Qui in Brasile, più che mai. Abbiamo bisogno di massicci investimenti in infrastrutture moderne dei trasporti e delle comunicazioni per rendere il Brasile competitivo a livello internazionale. Il Brasile è un Paese di opportunità per i capitali nazionali e, sopratutto, stranieri, disposti a investire in una varietà di progetti, dalle ferrovie alle telecomunicazioni. Nel Minas Gerais, abbiamo una quantità enorme di strade, ma sfortunatamente, con poche eccezioni, caratterizzate dal traffico intenso e trasporto ineficiente, sia di materiali che di persone. Anche i sistemi di comunicazione, essenziali per l’economia del Paese, richiedono investimenti urgenti qui in Brasile. Il settore dell’energia alternativa, di cui Minas Gerais inizia ad essere un esempio, rappresenta un’altra opportunità di investimento. Tutti questi punti riflettono direttamente o indirettamente sulla mobilità. Credo che, in pochissimi anni, ci sarà uma vera rivoluzione rivolta al miglioramento dell’intero sistema dei trasporti, sopratutto per quanto riguarda gli impatti ambientali. Gli imprenditori sono molto sensibili al riguardo e si stanno preparando a questo scenario, riqualificando il proprio personale e formando nuovi quadri dirigenti”. ||
Valentino Rizzioli Presidente della Camera dell’Industria Automobilistica e Mobilità di Fiemg e presidente della Camera di Commercio Italiana di Minas Gerais
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RAÍZES ITALIANAS
PICCHIONI: Antecipar o futuro é a chave para promover a vanguarda do mercado financeiro Há mais de sete décadas, a ítalo-brasileira Picchioni vem criando robustas raízes, estreitando relacionamentos, fortalecendo vínculos e construindo a história do mercado financeiro em Minas com integridade, solidez, valores familiares e empreendedorismo inovador
O pioneirismo que define a histórica trajetória do grupo oportunidade valiosa para que muitos italianos utilizassem o Picchioni nas Minas Gerais remonta da ousadia e coragem da dinheiro estrategicamente poupado para comprar terras. Foi o família italiana natural de Stipes, uma pequena cidade que primeiro passo rumo à ascensão da família Picchioni no Brasil, integra a província de Rieti, na região graças ao investimento assertivo em do Lácio, situada a cerca de 900 meuma das fazendas mais importantes da tros acima do nível do mar, atualmente região. O ingresso no mercado financonsiderada um destino ideal para os ceiro não demorou a acontecer. “Meu Meu avô percebeu amantes da pesca de água doce. avô percebeu que os italianos foram que os italianos foram Com a bagagem carregada do geenriquecendo após a crise e tinham nuíno e peculiar significado atribuído cada vez mais necessidade de dinheiro enriquecendo após a ao nome da medieval Stipes, curiosapara organizar suas colheitas e investir crise e tinham cada mente conhecido entre os habitantes em suas terras”, conta Celso Picchiovez mais necessidade pela referência às moedas de ouro emni, ressaltando a visão de negócio da de dinheiro para pregadas como oferendas aos deuses, família. E assim nasceu a Casa Bancáa família Picchioni chega ao Brasil, logo ria Irmãos Picchioni, reconhecida por organizar suas após a Primeira Guerra Mundial, inauemprestar expressivos valores aos imicolheitas e investir gurando um próspero e sólido mercado grantes de Ribeirão Preto e São Paulo. em suas terras. para o câmbio, essencialmente marcaINEDITISMO EM BH do pelo perfil empreendedor e o olhar O fim da Segunda Guerra Mundial sempre focado no futuro. “Meu avô Ettore, a irmã dele, meu pai e outros primos de- desenhava o cenário para a fundação da tradicional casa de câmcidiram tentar a vida na América e foram a pé, com as malas bio mineira, clarificada pela mentalidade empreendedora e persde papelão e um salame, até o porto de Civitavecchia, onde picaz do italiano Ettore Picchioni, durante uma viagem a negócios embarcaram no primeiro navio que encontraram”, relata o di- à jovem capital em expansão. “Meu pai, que se chamava Ettore, retor da Picchioni Câmbio, Celso Picchioni, à frente da primeira como meu avô, abriu a casa de câmbio em Belo Horizonte, em 1945, que chamava a atenção pela vitrine com notas e moedas instituição do segmento instalada em Minas. O início da vida em solo brasileiro não foi fácil para os que ninguém pensou em roubar”, relembra o diretor do grupo. “Aos poucos, a empresa entrou no mercado de ações, de imigrantes recém-chegados em Santos e encaminhados para São Joaquim da Barra, perto de Ribeirão Preto, para trabalhar fundos públicos e desembaraço aduaneiro, começou a crescer arduamente nas plantações de café. Mas a ruína de diversos e nunca mais parou”, detalha, com orgulho. Atualmente, cada fazendeiros durante a crise de 1929 se transformou em uma shopping da capital possui uma casa de câmbio Picchioni, que
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RAÍZES ITALIANAS
Celso Picchioni, diretor do grupo Picchioni
disponibiliza também um site para venda online de ações. Além da corretora, o grupo representa a American Airlines, na área de turismo, e destaca o vínculo histórico com um ícone da indústria automotiva. “Vivemos uma verdadeira revolução com a Fiat em toda Minas Gerais”, declara Celso Picchioni, referindo-se aos serviços de câmbio e logística das máquinas, motores e componentes, que eram importados da montadora de Turim. A Acibra – Associação Cultural Ítalo-Brasileira, criada em 2002, teve Ettore Picchioni como um de seus fundadores e representa o desejo do italiano de coroar o êxito da empreitada financeira desenvolvida por ele na capital com uma instituição que unisse Minas e Itália. A entidade busca preservar a histórica presença italiana no estado e compartilhar sua riqueza cultural com os mineiros. “Para comemorar a fundação de Roma, no dia 21 de abril, fazemos na Acibra um jantar idêntico ao servido na taverna de Stipes: bruschetta de tomate com ervas picadas, salsicha italiana, chips de queijo parmesão com orégano e azeite de oliva, bruschetta de manjericão, fettuccine all’amatriciana, spaghetti alla carbonara, tiramisu e salame de chocolate”, ilustra Celso Picchioni. ||
QUALIDADE E LOGÍSTICA INDUSTRIAL Nossa missão é oferecer consultoria, treinamento e serviços focados em logística integrada, resolução de problemas e terceirização de ciclos de produção e filiais de empresas, aproveitando a experiência e o know-how adquiridos em 20 anos de atividade.
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NOVOS ASSOCIADOS
NOVOS ASSOCIADOS A Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais dá as boas-vindas a seus novos associados, que chegam para fortalecer nossa rede de intercâmbio comercial GRUPO SOLUCIÒN O Grupo Solución está há 42 anos no mercado, oferecendo serviços de traduções juramentadas, simples e técnicas, proporcionando aos clientes a mais alta qualidade e segurança em traduções. Os serviços vão desde a tradução juramentada de documentos para intercâmbios, até a tradução de manuais, contratos, localização de sites, softwares e aplicativos. O Grupo Solución apresenta uma gama completa de serviços aos clientes, realizando não somente traduções, mas proporcionando soluções necessárias de globalização de negócios. As soluções atendem às necessidades de grandes corporações, instituições de ensino e pesquisa, empreendedores, startups, organismos governamentais e indivíduos para se comunicarem e alcançarem sucesso no mercado internacional, expandindo e consolidando suas marcas.
Com escritórios físicos em São Paulo e Miami/EUA e presença global, o Grupo Solución é líder no mercado de traduções em toda a América Latina. Mais de 1.500 tradutores, profissionais distribuídos nos cinco continentes, fazem parte da equipe, proporcionando um nível elevado de qualidade das traduções, garantindo a segurança e satisfação dos clientes. São mais de 18.000 clientes atendidos no mundo inteiro, a partir de uma infraestrutura que prioriza a tecnologia e a inovação.
GUARDE MAIS Localizada, em Betim (MG), a Guarde Mais é especializada em locação de espaços sob medida e integra uma rede com 74 unidades espalhadas pelo Brasil. Com capacidade de armazenamento para qualquer tipo de demanda, a empresa oferece soluções em armazenagem para estoques, guarda-volumes, guarda-móveis, logística para e-commerce e administração de self storage. A unidade, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), dispõe de seguro contra roubo e eventuais danos materiais para todos os boxes. Com contratos acima de 30 dias, sem burocracia, a locação não exige fiadores e é isenta de taxas de condomínio e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O self storage é um local onde pessoas (físicas ou jurídicas) podem guardar bens, como móveis, documentos, estoque de lojas ou para armazenamento temporário de qualquer objeto. O serviço, muito popular nos Estados Unidos, vem ganhando notoriedade no Brasil devido ao aumento populacional e à diminuição do espaço disponível nas grandes cidades.
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NOVOS ASSOCIADOS
EUROPATNER Atuando internacionalmente, a Europartner é uma empresa especializada em contabilidade e consultoria, com expertise na constituição de negócios, assessoria contábil, gerenciamento administrativo e financeiro, bem como em assessoria jurídica, suporte operacional e outros serviços. No mercado brasileiro desde 2009, a Europartner possui escritórios São Paulo e Rio de Janeiro e, mais recentemente, inaugurou sua unidade em Belo Horizonte, para aproximar-se dos clientes e fortalecer as parcerias. Além das capitais brasileiras, a empresa está presente em Nova Iorque, Londres e Paris.
Como parte de sua expansão, a Europartner chega a Minas Gerais para oferecer aos clientes uma operação focada na excelência e na busca por um desempenho excepcional.
INMETA Desde 1993, a Inmeta atua no setor metalomecânico, realizando projetos de peças técnicas, sob demanda, nas áreas de caldeiraria e usinagem. Com sede própria, localizada em uma área estratégica em Betim (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a empresa está próxima aos seus principais fornecedores e de toda a infraestrutura necessária às operações. A Inmeta utiliza equipamentos de alta tecnologia em todas as etapas de produção, atuando de maneira especializada na fabricação de peças e equipamentos: Embalagens metálicas: fabricação, desenvolvimento, recuperação e manutenção de racks, pallets, caçambas, cestos e carrinhos; Usinagem: fabricação de peças técnicas e seriadas sob demanda, dentro das áreas de usinagem, estamparia e prestação de serviços; Caldeiraria: construção de equipamentos, transportadores de correia e aéreo, tubos calandrados, postes metálicos, tanques, painéis, construções soldadas, mezaninos e plataformas.
FINVEST REAL ESTATE O grupo Finvest há mais de 20 anos vem criando, desenvolvendo e acelerando empresas. Atua como veículo de investimento nos setores financeiros e saúde. A Finvest Real Estate faz parte deste grupo e atua como uma cnsultora para Investimentos no mercado imobiliário. Tem como objetivo prospectar, desenvolver e fazer a gestão de ativos de natureza imobiliária, atuando nas seguintes áreas: Comercial, trazendo a melhor estratégia para a destinação do seu ativo através de parcerias com as principais incorporadoras e loteadoras do Brasil; Legalização, garantindo que seu ativo esteja 100% legalizado em todas as esferas municipais, estaduais e federais; Operacional, atuando com a manutenção, monitoramento e vigilância do seu ativo. Atualmente a Finvest Real Estate conta com um portfólio de aproximadamente 1.100 hectares que totalizam R$ 365 MM de ativos em gestão nas cidades de Sete Lagoas, Esmeraldas, Vespasiano e Ribeirão das Neves.
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DESIGN ITALIANO
A Doimo Brasil apresenta um mix eclético de materiais, como madeira, metal, fibra de vidro, tecido e couro
DESIGN DE MÓVEIS NO BRASIL Desfilando como trend na arte, moda, cultura, arquitetura e decoração, o design italiano também revoluciona, com brilhantismo e notória expressividade, todos os estilos que movimentam a cena do mobiliário mundial. Inovação, ineditismo e diversidade figuram como os mais significativos influenciadores da criatividade, aflorada em criações que mesclam o tradicional requinte e qualidade com a arrojada linguagem vanguardista movida pelo traço tecnológico.
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Fotos: divulgação Doimo
influência italiana impulsiona potencial criativo
DESIGN ITALIANO
O atual cenário moveleiro no Brasil ostenta um design em constante evolução, antenado às tendências, engajado nos exigentes perfis contemporâneos de consumo e explicitamente influenciado pelos fortes traços da concepção italiana. A identidade nacional reflete um misto de ousadia absorvida das interferências da Itália e de um exponencial potencial criativo, evidenciado em criações singulares. “Além de um desenho diferenciado, a indústria italiana trouxe para o nosso mobiliário componentes importantes, como a tecnologia, a matéria-prima, o acabamento impecável e a simplificação das formas, com uma linguagem mais limpa”, sublinha o presidente da Fundação Doimo, Elias Tergilene, à frente do grupo que se tornou referência no setor industrial moveleiro e abraça a joint venture ítalo-brasileira Doimo Brasil. “Sempre identificamos fortes traços italianos no design brasileiro, como a forma inovadora de utilizar o espaço, a combinação de cores e a utilização de novos materiais”, pontua Tergilene. “O Grupo Doimo traz toda essa tendência para os móveis produzidos no Brasil, com um mix eclético de materiais, avanço tecnológico e o importante trabalho fatto a mano”, declara o presidente, destacando a criação dos mais variados produtos em madeira, metal, fibra de vidro, tecido e couro, compondo peças reconhecidas pelo luxo e estilo.
Sempre identificamos fortes traços italianos no design brasileiro, como a forma inovadora de utilizar o espaço, a combinação de cores e a utilização de novos materiais.
Fundada em 1994, a Doimo Brasil abriga um parque industrial de sete mil m2, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, e atua no mercado de design de mobiliários de alto padrão, tendo o aço como principal matéria-prima em diversos acabamentos. Premiada nacional e internacionalmente, destaca o mais importante reconhecimento do setor: o iF Product Design Award. A variada linha de mobiliário da empresa é comercializada para todo o Brasil e exportada para diversos países do mundo.
Mobiliário da Doimo Brasil: peças reconhecidas pelo luxo e estilo
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Foto: Nélio Rodrigues/Olhar Descolado
OBJETO DE DESEJO A qualidade produtiva, a constante inovação e o diferencial estético, alinhados à grande capacidade de renovação, são apontados pelo designer, consultor, escritor, conferencista e professor, Dijon de Moraes, como fonte de inspiração para a criatividade em território nacional, consagrando o design italiano como objeto de desejo em vários países do mundo, entre eles, o Brasil. Somados a esses elementos, “a grande variedade de soluções, enquanto conceito, consagrou o sucesso da ‘escola italiana’ como um referencial para designers e produtores brasileiros que operam na área moveleira”, declara o PhD em Design pelo Politécnico di Milano. Agraciado com o título de “Cavalieri dell ́Ordine della Stella d’Italia”, Dijon de Moraes observa que os italianos apresentam como base o “sistema design” no imponente e influente mercado moveleiro. Nessa perspectiva, o produto configura como peça central da ação comercial, considerando, ainda a promoção, a distribuição e o marketing da empresa. “A soma de todos esses elementos compreende o ‘sistema design italiano’, que envol-
Fotos: divulgação Doimo
DESIGN ITALIANO
A soma de todos esses elementos compreende o ‘sistema design italiano’, que envolve, além dos designers e produtores, a mídia, mostras, feiras, museus e diversas outras formas de promoção dos produtos no mundo afora.
ve, além dos designers e produtores, a mídia, mostras, feiras, museus e diversas outras formas de promoção dos produtos no mundo afora”, explica Moraes. “No Brasil, ainda se espera que o produto, por si só, atenda a todas expectativas do consumidor e do mercado”, salienta, alertando que, nesse sentido, os brasileiros ainda têm muito a aprender com o modelo italiano.
Elias Tergilene: identificamos fortes traços italianos no design brasileiro, como a forma inovadora de utilizar o espaço, a combinação de cores e a utilização de novos materiais
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ITALIAN LIFE STYLE INSPIRA MOBILIÁRIO Passeando pela evolução do histórico e relevante desdobramento na interação do design italiano com o brasileiro, a percepção e o conhecimento apurado do designer evidenciam a importância da ambientação como fundamento para o crescimento desse consumo no setor moveleiro do Brasil. “A casa e o espaço destinado ao trabalho sempre foram grandes
Sofá Standart - Design Francesco Binfaré
Qualidade, inovação e diferencial estético fazem do mobiliário italiano objeto de desejo mundial. Nesta página, alguns ícones do design de móveis italiano.
Poltrona UP - Design Gaetano Pesce
Cadeira Nemo - Design Fábio Novembre
33 Estante Bookshelf Riva - Design David Chipperfield
ITÁLIA 360º Master | N.4 | Chair ABRIL DE 2022 Cadeira - Design Philippe Starck
DESIGN ITALIANO
referências para o design italiano, bem como para os seus produtos industriais”, afirma. “Por isso, as salas, os quartos, o banheiro, a cozinha e o escritório são ambientes constantemente repensados pelos designers e produtores”, complementa. Nesse cenário, Moraes destaca o mobiliário como essencial para agregar conforto e bem-estar aliados à estética e beleza das novas configurações dos ambientes, que remetem ao Italian Life Style. “Na Itália, como no Brasil, a cozinha e a mesa são importantes elementos de convívio familiar, ponto de encontro de amigos e celebração intimista da vida”, assinala. “Essa interpretação do modo de vida local foi muito bem decodificada pelas empresas e designers italianos, que
souberam conceber os mobiliários para a casa e para o escritório melhor que qualquer outro país produtor do mundo”, acredita. As semelhanças com o estilo de vida italiano facilitaram a consolidação desse modelo como referencial para produtores e designers brasileiros. “Considero que os móveis italianos seguirão sempre como fonte de referência no Brasil, porque, além da qualidade, da inovação e do diferencial de unir a arte e a técnica para o bem-estar dos usuários, o design italiano traduz um estilo de vida que praticamos, um estilo de vida que valoriza a gastronomia e a convivência fraterna”, sinaliza. ||
Foto: arquivo pessoal
A força do design italiano através da história “Para se falar das raízes e conceitos do design italiano, temos forçosamente que remeter às corporações de oficio, as “Guildas”, surgidas na “Idade Média”, onde os produtos italianos já se destacavam pela sua grande capacidade inventiva e qualidade artesanal. Após esse período, os produtos italianos também foram protagonistas na Europa, no período do Renascimento, através dos grandes ateliês produtivos denominados de “Bottegas”. Já nos séculos XVII e XVIII, a Itália deu prosseguimento à sua produção de bens materiais através das “Manufaturas”, espaços produtivos fabris mais bem organizados e equipados que deram origem às fábricas, em meados dos anos de 1750, até chegar ao modelo industrial da Era Moderna. Deve ser observado que, em todas essas passagens históricas, o produto italiano e seu design foram sempre destaques e se tornaram objeto de desejo no mundo ocidental e no oriente. Desta forma, podemos dizer que o design e o produto italiano são fruto do seu próprio percurso histórico e do seu legado artesanal, compostos por uma rica cultura material e grande tradição artística que sempre as alimentaram. No caso do móvel brasileiro, a forte imigração em dois períodos distintos, 1880 e 1945 em diante, após a Segunda Guerra Mundial, trouxeram consigo a arte e o engenho do fazer fabril italiano, dentre esses, o da indústria moveleira alocada principalmente em São Paulo e na região Sul do Brasil. Devemos considerar que os imigrantes italianos trouxeram também o seu estilo de vida, o gosto pela arte e pela história, tão presentes no seu país de origem. Esse modo de ser e viver do povo italiano ganhou a denominação de Italian Life Style, que se traduz em bom gosto estético e na valorização da qualidade dos produtos a serem produzidos. Os produtores locais devem sim acompanhar o modelo produtivo italiano, que mais se parece como um grande laboratório experimental em constante evolução, tanto em técnica quanto em estética. Não para promover a cópia do design italiano, mas para promover as nossas próprias soluções. Isto é, conhecer para prospectar e não para copiar”.
Dijon de Moraes Designer, consultor, escritor, conferencista e professor. PhD em Design pelo Politécnico di Milano.
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O consagrado selo de excelência Ospitalità Italiana chegou também ao universo dos gelatos e pizzas! O projeto, que inicialmente era destinado apenas a restaurantes, expandiu sua atuação. A partir de agora, as gelaterias e pizzerias autenticamente italianas pelo mundo podem ter acesso à certificação, garantindo a seus consumidores que seus produtos seguem rigorosos critérios de qualidade, tanto no serviço quanto na produção.
Para saber mais, entre em contato com a Câmara ou acesse o conteúdo do QRCode abaixo.
IMPORTAÇÃO
NOBREZA IMPORTADA DA ITÁLIA Notório pela elegância e versatilidade, o vinho italiano se sobressai como par gastronômico de alto valor para a harmonização de sabores e competitivo produto no mercado nacional
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IMPORTAÇÃO
O Dia Mundial do vinho é oficialmente comemorado no dia 19 de maio. Os brasileiros têm muita a celebrar nessa data pois, por aqui, o consumo do néctar dos deuses tem conquistado exigentes paladares e registrado expressivo aumento no consumo. De acordo com os dados da Italian Trade Agency, o segmento de vinhos apresentou alta de 17,3% em volume de vendas, entre os meses de janeiro e setembro de 2021. Reconhecida desde a Antiguidade como a terra do vinho, a Itália oferece aos apreciadores da bebida uma diversidade de sabores, tons, notas e aromas, que proporcionam a criação de inúmeras possibilidades de atmosferas para momentos inesquecíveis. O sócio-diretor da empresa associada da Câmara La Botte, Fernando Kurrle, além de discorrer sobre as qualidades dessa bebida diferenciada e abordar questões relativas ao aumento do consumo e importação no Brasil, aponta ferramentas para potencializar o consumo do vinho italiano e a valorização da bebida em território nacional. Confira.
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IMPORTAÇÃO
Itália 360º: Como você avalia a evolução no consumo do vinho italiano no Brasil? Kurrle: Os vinhos europeus, em geral, por conta da logística e moeda, chegam ao mercado brasileiro com valores um pouco elevados. Entretanto, nos últimos anos, temos visto uma expansão destes rótulos, diversas opções de qualidade com preços mais acessíveis, levando a um aumento expressivo do consumo de vinhos. Vejo que os mais conservadores ainda têm um certo receio com os vinhos de entrada italianos, porém, isso vem melhorando também.
Esse aumento de consumo nacional tem resultado em uma demanda cada vez mais elevada, impulsionando a busca por novos fornecedores no exterior.
Itália 360º: Falando em números, apresente os desdobramentos e o crescimento em relação à importação da bebida no Brasil. Kurrle: O consumo anual per capita de vinhos no Brasil aumentou nos últimos anos, ultrapassando a marca de dois litros. Apesar de o número ter aumentado bastante, ainda estamos distantes dos primeiros colocados. Portugal, por exemplo, lidera o ranking com um consumo per capita de 50 litros anuais. Durante a pandemia, percebemos que o vinho caiu no gosto do brasileiro, ainda que paulatinamente. Esse aumento de consu-
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Foto: Arquivo pessoal
Itália 360º: Por que escolher o vinho italiano? Kurrle: O vinho italiano é bastante conhecido por sua elegância. A Itália é o país que detém a produção da maior diversidade de uvas e que mais exporta vinhos no mundo. Os vinhos italianos se tornam, então, bem diversos e trazem um caráter exclusivo para suas garrafas. Outro fator que nos faz, brasileiros, escolher os vinhos italianos é nossa proximidade com a culinária de lá, ponto que acaba levando a incríveis harmonizações entre os vinhos e, sobretudo, massas e pizzas.
Fernando Kurrle aponta o marketing digital como ferramenta fundamental para valorizar e aumentar o consumo do vinho italiano em território nacional
mo nacional tem resultado em uma demanda cada vez mais elevada, impulsionando a busca por novos fornecedores no exterior. Itália 360º: O mercado brasileiro pode crescer ainda mais. Quais as ferramentas você aponta para potencializar o consumo do vinho italiano no país e valorizar a bebida em território nacional? Kurrle: Acredito que, como qualquer produto importado, ele deve ser levado ao conhecimento do público. Para isso, algumas ações são primordiais, como apresentações sobre o vinho, degustações, campanhas de marketing, dentre outras. Inclusive, no nosso caso, para verificarmos a aceitabilidade de uma vinícola italiana em alguns estabelecimentos, fizemos, em conjunto com a Câmara Italiana de Minas Gerais, um evento para parceiros, sobretudo donos de restaurantes, para apresentação e degustação de diversos rótulos. Essa é uma maneira de entender e potencializar o consumo local. Além disso, para valorizar o vinho italiano em território nacional, acredito que vale a pena investir bastante no marketing digital, que é extremamente escalável e, por conseguir alcançar e conversar com um grande público, certamente pode contribuir para o aumento do consumo desses vinhos.
IMPORTAÇÃO
Itália 360º: Na sua análise, qual potencial agrega valor competitivo e deve ser explorado pelos vinhos italianos no mercado brasileiro? Kurrle: Cada vez mais vejo o cliente final procurando por vinhos a partir do prato que irá consumir. Harmonização é um ponto interessantíssimo a ser trabalhado. O vinho X pode ser um par gastronômico com a massa Y. O cliente que for consumir essa massa terá, portanto, maior segurança de estar fazendo uma escolha certa. Para além disso, as denominações de origem têm muito peso na escolha do público estudioso, ou seja, os DOCG, DOC e, até mesmo os IGPs, são bem-vistos e podem ser bem explorados. Também têm sempre seu lugar os já consagrados vinhos Brunellos, Barolos, dentre outros. Alguns restaurantes, entretanto, ao invés de oferecer vinhos tão consagrados, preferem trabalhar com rótulos de regiões menos renomadas, trazendo a ideia de maior unicidade. ||
Crescimento das importações de vinhos italianos é tendência Dados da Italian Trade Agency do final de 2021 apontam um aumento relevante nas importações de produtos alimentícios vindos da Itália para o Brasil, dentre eles os vinhos. A campanha “Sabores da Itália”, promovida anualmente desde 2018 pela agência em colaboração com alguns dos mais importantes representantes do varejo brasileiro de alimentos e bebidas, comprovou essa tendência. Na edição de 2021, o grande destaque ficou com a categoria de vinhos, cujas vendas durante a campanha bateram a marca de 163 mil garrafas, com uma ampla variedade de rótulos de praticamente todas as regiões italianas e opções para todos os gostos e poderes de compra, com preços entre R$ 10,50 e R$ 1.478,50. Os preferidos foram os vinhos da Puglia, que registraram um total de mais de 53 mil garrafas vendidas. Esses dados mostram tendência de crescimento das importações brasileiras de vinhos italianos. O aumento registrado em relação a 2020 foi de 19,4% em valor, de USD 36 milhões para USD 43 milhões, e de 9,8% em volume, passando de 11,2 milhões de litros para 12,3 milhões de litros. fonte: Italian Trade Agency
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CRÔNICA
PENTEANDO BONECAS
Fernando Fabbrini
Que tal ser eleita a mais bela entre cerca de 6 mil concorren- gra”; “ser um bom partido”; “ser um livro aberto”; “dar pérolas aos tes? É mole? Não falo de uma miss, mas da língua italiana. Vários porcos”. E também “viver no mundo da lua”, “chorar lágrimas de rankings já comprovam que o italiano é, de longe, o idioma mais crocodilo”, “uma andorinha sozinha não faz verão”, “brincar com fogo” e “levar uma ducha fria”. Certamenbonito – considerando a estrutura, a versate não são 100% originárias da Itália, há tilidade, a melodia, o romantismo, a forte muita história por trás delas. expressividade e a eloquência. Fuçando mais, acabei selecionando Apaixonado também por ele, comEssa adaptação as inéditas; expressões só dos italianos prei recentemente o livrinho “In Bocca al que valem registro pelo senso de humor. Lupo!” cuja chamada de capa reproduz automática de ditos A primeira deve ter nascido de um bate uma expressão muito comum na Itália. entre os povos papo de freirinhas nas redondezas do Semelhante à similar nacional dos atores me desperta um Vaticano. Ou de um almoço dos cardeais, de teatro – “quebre a perna!” - desejar esperança. Sinaliza fumando charutos e degustando um esque alguém caia na boca do lobo é tampresso: “ad ogni morte di Papa”. Como e bém desejar sucesso, boa sorte. Dizem que, em alguns casos, quando utilizá-la? Imagine que você tem que a frase teve inspiração nas origens a humanidade pensa um amigo, um parente, um cliente. E que de Roma, na lenda de Rômulo e Remo. e sente mais ou essa figura não é de dar muito as caras; Encontrados em uma cesta no rio Tevere, menos de maneira desaparece como frequência e raramente os irmãos foram salvos por uma loba que semelhante. lhe faz uma visita. os levou dentro da boca para sua caverna, - Ah! Só vejo esse sujeito cada vez abrigando-os e amamentando-os. que morre um Papa! Ao curtir as expressões idiomáticas e Já a segunda é perfeita para os gabinetes públicos; têm larga modos de dizer típicos da língua italiana do livro, tive uma surpresa agradável: dezenas delas já tinham correspondente nacional - obra utilidade nos ambientes onde bocejam e se espreguiçam certos dos imigrantes, provavelmente. Trouxeram nas malas o macarrão, servidores da pátria mantidos com nosso dinheiro. Não são avao azeite, a música - e também as frases usadas no dia-a-dia, pron- liados por produtividade, não devem muitas satisfações ao povo, tamente traduzidas. Essa adaptação automática de ditos entre os vão levando suas vidas numa boa. Estão ali para trabalhar? Claro povos me desperta um esperança. Sinaliza que, em alguns casos, a que não: entediados, os engravatados suspiram; abrem suas gahumanidade pensa e sente mais ou menos de maneira semelhante. vetas e delas tiram bonecas. Assoviando um sambinha, começam Um uruguaio, um albanês e um vietnamita podem compreender a a penteá-las. Sim: “pettinare le bambole” é “pentear bonecas”. graça de uma mesma situação - e morrerem de rir, embora sepaQuantos adeptos dessa relaxante prática capilar você conhece? Eu já perdi a conta. E não adianta reclamar da boa vida derados por idiomas, culturas diferentes e milhares de quilômetros. O livro contém algumas frases bastante conhecidas no Brasil: les. São incorrigíveis. É o tipo de crítica que deve “entrare da um “ir pra cama com as galinhas”; “ter medo da própria sombra”; “dar orecchio e uscire dall’altro”, como dizem lá na Itália. Ah, e aqui tempo ao tempo”; “discutir o sexo dos anjos”; “ser a ovelha ne- também. ||
Fernando Fabbrini
De origem toscana (Pitigliano, Grosseto) é roteirista, escritor, cronista. Foi um dos fundadores da Associazione Lucchesi-Toscani nel Mondo e ex-conselheiro do COMITES-MG. Tem quatro livros publicados: “Almanaque das Coisas”, “Canalva”, “Só de Bicho” (com Laura Medioli) e “O Café do Sargento”. Participante do projeto “Cabines de Leitura” da FNAC, Lisboa, Portugal. Cronista semanal do jornal “O TEMPO”.
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A FESTA TRADICIONAL ITALIANA DE BELO HORIZONTE ESTÁ DE VOLTA!
26 DE JUNHO | DE 10H ÀS 22H Participe do evento e apresente sua marca junto à maior e mais expressiva festa típica italiana fora da Itália! Para participar, fale conosco:
(31) 3273-7402 / 98287-2011
acibramg.com.br
acibramg
NOTAS 360º
A Festa Tradicional Italiana de Belo Horizonte está de volta tor, poeta e político Florentino Dante Aliguieri, considerado o maior símbolo italiano da literatura medieval. A 14ª Festa Tradicional Italiana de Belo Horizonte contará com o apoio da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria de MG, do Consulado Italiano em Belo Horizonte, e de outras instituições locais. Para mais informações, acompanhe a conta da Acibra-MG no Instagram: @acibramg.
Você sabe quando é o seu onomástico? O onomástico, como tradição italiana, é o dia de um santo e todas as pessoas que têm o mesmo nome do santo naquele dia fazem uma celebração. Para muitas famílias italianas, no dia do onomástico há igualmente festa e presentes e as pessoas fazem seus cumprimentos dizendo “Auguri”, que significa “Parabéns”. Por exemplo, quem se chama “Ana”, celebra seu onomástico em 26 de julho, dia de Sant’Anna. A palavra onomástico tem origem grega e significa “nomear, atribuir um nome”. Alguns registros apontam que a tradição de se celebrar o onomástico existe desde a Idade Média. Naquela época, esse dia era até mais importante do que o próprio dia do aniversário de uma pessoa, uma vez que se acreditava que o seu santo onomástico era um modelo para sua vida. Até mesmo os pais escolhiam o nome dos filhos tendo como princípio a história de vida de algum santo ou mártir. Na Itália, a tradição dessa celebração se manteve ao longo dos anos e, possivelmente, isso se deve ao fato de o país ser de população majoritariamente católica. Você sabe o dia do seu onomástico? No site nomix.it é possível consultar facilmente. Acesse através do QRcode ao lado e descubra!
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Foto: divulgação/Acibra-MG
Promovida anualmente pela Associação de Cultura Ítalo-Brasileira de MG (Acibra-MG) desde 2002, a Festa Tradicional Italiana de Belo Horizonte, que não ocorreu nos últimos dois anos em função da pandemia, já tem data para acontecer: será no dia 26 de junho, de 10h às 22h. A festa celebra a integração dos povos italianos e brasileiros, unidos ao longo dos anos por laços de afinidade e simpatia. Com expectativa de público em torno de 30 mil pessoas para a edição deste ano, o evento é considerado a maior festividade temática fora do território italiano. A festa, que já faz parte do calendário oficial de eventos de Belo Horizonte, ocorrerá novamente na região da Savassi, na avenida Getúlio Vargas, próximo à Praça ABC. Na ocasião, os quarteirões da região serão decorados e ambientados, de forma que moradores e turistas terão uma experiência singular, repleta de cores, aromas e sons que remetam à Itália. Danças folclóricas, comidas típicas e shows culturais são algumas das atrações que aguardarão os visitantes na festa. Um dos homenageados do evento este ano será o escri-
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