MUSEU NACIONAL/UFRJ
MONITORAMENTO DE QUALIDADE DE ÁGUA NA BACIA DO RIO DAS PEDRAS COM BASE EM ESPÉCIES DE PEIXES INDICADORES Coordenação: Paulo Andreas Buckup Supervisão: Anita Diederichsen e Paulo Petry Dezembro de 2010 SEGUNDO RELATÓRIO Resultados da Segunda Etapa do Programa de Monitoramento 1.
Introdução
O presente relatório apresenta o resultado das atividades realizadas no âmbito do Contrato AFCS 251/2010 celebrado entre o Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil - TNC e a Associação Amigos do Museu Nacional – SAMN. Os objetivos do projeto são (a) realizar a segunda etapa do programa de monitoramento da ictiofauna presente na bacia do Rio das Pedras, (b) validar o uso dos índices de qualidade desenvolvidos na etapa inicial, ajustando seus parâmetros na medida necessária e (c) estabelecer bases para desenvolvimento de um programa de monitoramento de longo prazo. O Rio das Pedras é formador do rio Piraí, um tributário do médio rio Paraíba do Sul desviado artificialmente para a bacia do rio Guandu. O monitoramento da ictiofauna da bacia do rio das Pedras visa oferecer um indicador de qualidade ambiental para uso no âmbito do Programa Produtor de Água. Neste relatório são apresentadas a listagem das espécies e material coletado durante as atividades de campo realizadas no período de 09 a 13 de setembro de 2010, o resultados do cálculo dos índices de qualidade de água, a análise da variação espacial dos índices e comparação com os resultados da etapa inicial (realizada no período de 10 a 14 de junho de 2010), a discussão dos resultados com ênfase na sua importância para a conservação da biodiversidade (espécies ameaçadas, endêmicas), e as recomendações de monitoramento para o Programa “Produtores de Água” com base nos resultados do estudo. 2.
Atividades de Campo
As atividades de campo foram realizadas no período de 09 a 13 de setembro de 2010 conforme a metodologia previamente estabelecida no projeto “Inventário Ictiofaunístico e definição de espécies indicadoras de qualidade de água na bacia do Rio das Pedras”. A equipe de coleta constou de cinco pesquisadores do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, acompanhados de um motorista. Os componentes da equipe foram selecionados de forma a incluir pelo menos quatro pesquisadores com significativa experiência em coleta Página 1 de 36
científica de peixes de riachos. As atividades de campo foram acompanhadas pelo Dr. Paulo Petry, na qualidade de representante da The Nature Conservancy do Brasil. Conforme previsto no plano de monitoramento definido no projeto “Inventário Ictiofaunístico e definição de espécies indicadoras de qualidade de água na bacia do Rio das Pedras” foram amostradas as 10 localidades constantes do programa de monitoramento de longo prazo, sendo três localizadas no rio Papudos, quatro no rio das Pedras e três no rio Piraí, entre a confluência dos rios Papudos e das Pedras (Figura 1) e a ponte da rodovia RJ 155. Adicionalmente, para fins comparativos, foi realizada três amostragens adicionais, incluindo (1) a amostragem de um trecho do rio Papudos situado à montante da área de estudo na localidade de Sertão do Sinfrônio, acima de 1.000 m de altitude (Figura 1, Ponto 11), (2) a amostragem de um trecho do rio Piraí situado a jusante da área de estudo, abaixo da cidade de Lídice (Figura 1, Ponto 12) e (3) a reamostragem do trecho do córrego da Floresta, tributário da bacia do rio Coutinhos, localizado na área periférica da cidade de Lídice (Figura 1, Ponto 12). Os dois primeiros pontos representam novas amostragens dentro do projeto de monitoramento, e o terceiro corresponde ao ponto comparativo amostrado no projeto anterior. As condições climáticas prevalentes durante o período de amostragem foram particularmente favoráveis. Enquanto as chuvas prevalentes durante o período de amostragens realizadas em 2009 dificultaram os deslocamentos da equipe de coleta, exigindo o deslocamento a pé por longas distâncias e impedindo o acesso ao trecho mais elevado do rio Papudos, as climáticas prevalentes durante as amostragens de 2010 permitiram acesso com veículo a todos os pontos de amostragem.
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Figura 1 - Localização dos pontos de amostragem da ictiofauna da bacia do rio das Pedras.
Os dados de campo, incluindo as coordenadas geográficas e altitude obtidas por GPS utiilizando datum WGS84, foram anotados em fichas de campo padronizadas conforme modelo em uso no Setor de Ictiologia do Museu Nacional. Além de medições de pH e condutividade foram registradas observações qualitativas relativas a correnteza, tipo e quantidade de vegetação, substrato e tipo de paisagem. A coleta foi realizada com a utilização de redes de arrasto (picarés) de pequeno porte (2 m, 3 m e 5 m), puçás de 35 X 90 cm equipados com tela tipo mosquiteiro de polietileno de Página 3 de 36
alta resistência e cabo de ferro, e tarrafa de malha de 12 mm entre nós adjacentes em monofilamento de nylon dotada de rufos. Visando obter estimativas de abundância relativa das espécies capturadas o esforço de coleta foi padronizado em uma hora de atividade contínua da equipe de coletores. As atividades de coleta foram conduzidas de forma realizar uma amostragem exaustiva da ictiofauna acessível através de métodos ativos de coleta manual. Para isto, todos os ambientes disponíveis foram explorados utilizando-se as técnicas usuais de coleta, incluindo a realização de arrastos com picaré junto às margens (Figura 2), arrastos de meia-água com picaré em poças e remansos (Figura 3), uso de puçás junto a vegetação marginal (Figura 4), rolagem de pedras com puçás (Figura 5) e picarés (Figura 6, Figura 7) instalados a jusante do ponto de rolagem, bloqueio de corredeiras com agitação da água e do fundo a montante do ponto de bloqueio (Figura 8), raspagem do substrato com puçás (Figura 9) e uso de tarrafa em poções e canais com profundidade superior a 50 cm. Utilizou-se, também, uma amplificador acústico de sinais elétricos visando detectar a presença de espécies da ordem Gymnotiformes. Nos dois locais de amostragem localizados a montante e a jusante da área de área de monitoramento padronizado, além dos métodos padronizados de coleta mencionados acima, utilizou-se rede de arrasto (picaré) de 15 m de comprimento (Figura 10). O uso desta rede visou garantir a eficiência da amostragem em virtude das características destes dois ambientes.
Figura 2 - Uso de picaré junto às margens.
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Figura 3 - Uso de picaré em poços e remansos.
Figura 4 - Uso de puçá junto à vegetação marginal.
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Figura 5 - Rolagem de pedras realizada manualmente com uso de puçá.
Figura 6 - Rolagem de pedras realizada manualmente com uso de picaré.
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Figura 7 - Rolagem de pedras realizada com uso de picaré.
Figura 8 - Uso de picaré como rede de bloqueio.
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Figura 9 - Uso de puçá com agitação de água e raspagem do substrato.
Figura 10 - Uso de picaré de 15 m em remanso do rio Piraí, a jusante da cidade de Lídice.
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O material coletado foi fixado em formalina 10%, acondicionados em bolsas plásticas rotuladas com a numeração de campo correspondente à ficha de campo, e posteriormente triado e identificado em laboratório. Visando o melhor aproveitamento científico do material coletado, subamostras foram fixadas etanol anidro, visando a realização de estudos de cunho molecular. Todo o material coletado foi triado e identificado no Setor de Ictiologia de Museu Nacional, onde foi incorporado à Coleção Ictiológica. Os números de registro dos lotes são apresentados no item 4.c (abaixo). 3.
Caracterização das Estações de Amostragem a. Localidades de amostradas
Os locais amostrados são apresentados a seguir. Os códigos de localidade (indicados em itálico abaixo) referem-se aos códigos mnemônicos utilizados para referenciar as localidades no relatório final do projeto “Inventário Ictiofaunístico e definição de espécies indicadoras de qualidade de água na bacia do Rio das Pedras”, acrescidos de novos códigos correspondentes aos pontos adicionais de amostragens incluídos no presente relatório. A numeração seqüencial das localidades situadas dentro da área de monitoramento de longo prazo corresponde àquela utilizada na Figura 1. Os pontos 1 a 10 correspondem a localidades do programa de monitoramento de longo prazo; os pontos 11 a 13 correspondem a localidades amostradas para fins comparativos. Todas as localidades apresentaram água transparente e foram avaliadas como inseridas em paisagens 100% antropizadas. A correnteza foi classificada com rápida em todas as localidades com exceção da localidade Piraí 01, onde a correnteza foi considerada média. Rio Piraí: Piraí 0: Rio Piraí, a jusante da cidade de Lídice (Figura 1, Ponto 12) Número de campo: SIMN2010091301 Coordenadas: S22°49'39,2"S W44°11'43,0" Altitude: 525 m Data e horário da amostragem: 13/09/2010, 09:10h pH: 7,50 Condutividade: 24 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: rochas, areia, lodo Mata de galeria: presente apenas na margem esquerda. Atividades antrópicas predominantes: pecuária (com intensa ocupação urbana a montante). Características: Rio largo, encachoeirado, grande volume e fluxo de água, fortemente impactado por esgoto e lixo urbano oriundo do centro urbano situado a montante. Observação: Esta localidade situa-se fora da bacia de estudo. A amostragem neste ponto foi realizada com o objetivo de ampliar a rede de amostragem e fornecer dados comparativos.
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Piraí 1 : Rio Piraí, cerca de 200 m a montante da ponte da rodovia RJ 155 (Figura 1, Ponto 01) Número de campo: SIMN2010091001 Amostragem anterior: SIMN2009061204 Coordenadas: S22 50 24.0 W44 12 08.8 Altitude: 542 m Data e horário da amostragem: 10/09/2010, 11:50h pH: 7,55 Condutividade: 17 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: areia, cascalho, pedras, rochas Mata de galeria: presente (rala). Atividades antrópicas predominantes: pecuária, urbano Características: Rio largo, em trecho de baixada com fundo de areia, fluxo laminar. Piraí 2: rio Piraí, 1,7 km ao sul de Lídice, junto à ponte de concreto de Várzea do Inhame (Figura 1, Ponto 02) Número de campo: SIMN2010091002 Amostragem anterior: SIMN2009061203 Coordenadas: 22 50 55,6 S 44 11 44,9 W Altitude: 547 Data e horário da amostragem: 10/09/2010, 14:50h pH: 7,55 Condutividade: 21 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: pedras, cascalho Atividades antrópicas predominantes: pecuária. Características: Trecho de baixada com fundo de seixos e pedras, fluxo turbulento. Observação: Este ponto mostrou-se consideravelmente impactado pelas chuvas torrenciais ocorridas no final de dezembro de 2009 e início de abril de 2010, destacando-se a destruição das cabeceiras de ponte (aterro de acesso) e o impacto causado posteriormente pelas obras de recuperação da estrada e da ponte (Figura 11). Não apenas a vegetação marginal foi eliminada, como considerável volume de terra foi eliminada, expondo um amplo leito de pedras nuas na margem direita (Figura 12).
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Figura 11 - Área afetada pelo impacto de enchentes e obras de reconstrução da estrada e cabeceira da ponte junto ao Ponto 02. O remanso existente na margem direita é resultado da movimenta de terra e pedras necessária para as obras de reconstrução.
Figura 12 - Rio das Pedras (Piraí) no Ponto 2, ilustrando estado de conservação em 2009 (esquerda) e em 2010 (direita), após o impacto de enchentes e obras de reconstrução da estrada e cabeceira da ponte. As setas indicam o mesmo ponto de referência nas duas imagens.
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Piraí 3: Rio Piraí, junto à pinguela da Várzea do Inhame (Figura 1, Ponto 03) Número de campo: SIMN2010091003 Amostragem anterior: SIMN2009061203 Coordenadas: 22 50 55,6 S 44 11 44,9 W Altitude: 547 Data e horário da amostragem: 10/09/2010, 14:50h pH: 7,60 Condutividade: 16 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: pedras, cascalho, areia Mata de galeria: ausente. Atividades antrópicas predominantes: pecuária, avicultura Características em 2009: Trecho de baixada com fundo de areia, cascalho e pedras, sob forte pressão antrópica. Leito alterado por pequenos represamentos, que formam alternância de áreas de fluxo laminar e degraus de fluxo turbulento. Margens com depósitos de areia aluvial sob forte processo de erosão. Características em 2010: Trecho consideravelmente afetado pelas enchentes do final de 2009 e inicio de 2010. As margens e a vegetação associada foram consideravelmente destruídas e a travessia de veículos automotivos tornou-se completamente inviável.
Figura 13 - Rio das Pedras (Piraí) no Ponto 3, em 2009, sob impacto antropogênico antes do impacto de enchentes. A seta indica o ponto de referência visível na Figura 14.
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Figura 14 - Rio das Pedras (Piraí) no Ponto 3, em 2010, após impacto de enchentes. A seta indica o ponto de referência visível na Figura 13.
Rio das Pedras: Pedras 1: Rio das Pedras, próximo à Escola Municipal Rio das Pedras (Figura 1, Ponto 04) Número de campo: SIMN2010091201 Amostragem anterior: SIMN209061201 Coordenadas: 22 51 58,7 S 44 12 06,6 W Altitude: 554 m Data e horário da amostragem: 12/09/2010, 09:20h Profundidade máxima da amostragem: 0,7 m Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: rochas, pedras, cascalho, areia. Mata de galeria: ausente. Atividades antrópicas predominantes: lazer, pecuária Características: Trecho de corredeiras situado ente a confluência com o rio Papudos, a jusante, e a cachoeira que marca a exposição de rochas da base do rio das Pedras, a montante. A área amostrada inclui as corredeiras com fundo de cascalho nas proximidades da ponte de acesso à Escola Municipal Rio das Pedras. As cachoeiras a montante são utilizadas como balneário e área de lazer. A área é desprovida de mata ciliar. Observação: A coleta se estendeu a jusante da ponte onde o substrato do fundo muda drasticamente de cascalho para areia, o leito sofre significante impacto erosivo e deposição de material fino. ObservouPágina 13 de 36
se durante a coleta que há uma mudança drástica da comunidade de peixes entre estes dois trechos do rio. No trecho de cascalho a composição da comunidade era mais variada; no recho arenoso apenas espécies pelágicas e uma espécie de Loricariidae foram detectadas. Pedras 2: Rio das Pedras na Fazenda Conceição de Maria (Figura 1, Ponto 05) Número de campo: SIMN2010091202 Amostragem anterior: SIMN209061301 Coordenadas: 22 52 30,6 S 44 11 48,4 W Altitude: 555 m Data e horário da amostragem: 12/09/2010, 11:00h Profundidade máxima da amostragem: 1,1 m pH: 7,60 Condutividade: 18 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: rochas, pedras, cascalho, areia. Mata de galeria: presente. Atividades antrópicas predominantes: pecuária Características: Rio largo, com trecho de remanso entre dois trechos de corredeiras, sobre fundo de cascalho, localizado a jusante da confluência da desembocadura do Córrego Paiero no rio das Pedras. Junto ao remanso há rochas e areia, com formação de pequena praia. Numa das margens há exuberante vegetação nativa, porém o restante da área é ocupado por pastagens. O trecho localiza-se no primeiro degrau da encosta percorrida pelo rio das Pedras. Pedras 3: Trecho médio do rio das Pedras, junto ao Sítio Suinã (Figura 1, Ponto 06) Número de campo: SIMN2010091203 Amostragem anterior: SIM209061302 Coordenadas: 22 53 34,0 S 44 11 30,5 W Altitude: 784 m Data e horário da amostragem: 12/09/2010, 13:50h Profundidade máxima da amostragem: 0,7 m pH: 7,58 Condutividade: 16 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: rochas, pedras, cascalho, areia. Mata de galeria: presente. Atividades antrópicas predominantes: agricultura, pecuária Características: Trecho encachoeirado, com fundo de cascalho. No trecho a montante há rochas, pequenas quedas de água e ilhas, proporcionando diversidade de habitats. O trecho localiza-se no segundo degrau da encosta percorrida pelo vale do rio das Pedras.
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Pedras 4: Trecho alto do rio das Pedras, ponte na comunidade de rio das Pedras, próximo a propriedade de Davi Chaves (Figura 1, Ponto 07) Número de campo: SIMN2010091204 Amostragem anterior: SIMN209061102 Código da localidade: Pedras 4 Coordenadas: 22 54 11,2 S 44 11 10,6 W Altitude: 857 m Data e horário da amostragem: 12/09/2010, 15:50h pH: 7,36 Condutividade: 15 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: pedras, cascalho, lodo. Mata de galeria: presente (parcialmente). Atividades antrópicas predominantes: pecuária Características: Trecho encachoeirado, com fundo de cascalho grosso, próximo a zona semi-urbanizada. A área inclui trecho desprovido de mata ciliar junto à ponte de concreto existente no local e pequenos cursos d´água localizados na margem direita do rio. A montante da área amostrada existe um trecho coberto por densa mata ciliar. O trecho localiza-se no terceiro degrau da encosta percorrida pelo vale do rio das Pedras. De acordo com a folha topográfica 1:50.000 do IBGE, este trecho de nascente do rio das Pedras denomina-se córrego do Morro. Rio Papudos (alto Piraí): Papudos 1: Margem do baixo rio Papudos ou Piraí (Figura 1, Ponto 08) Número de campo: SIMN2010091102 Amostragem anterior: SIMN209061002 Coordenadas: 22 52 23,7 S 44 12 38,6 W Altitude: 558 m Data e horário da amostragem: 11/09/2009, 11:00h Profundidade máxima da amostragem: 1,0 m Quantidade de vegetação marginal: pouca. pH: 7,40 Condutividade: 14 µS Substrato: pedras, cascalho, areia. Mata de galeria: Presente apenas na margem esquerda. Atividades antrópicas predominantes: reflorestamento, agricultura, pecuária, extração de areia. Características: Trecho de várzea, com fundo arenoso, marginado por rochas na margem esquerda. No local há atividade de extração de areia. Observações: De acordo com folha topográfica do IBGE, este trecho do rio é considerado parte do próprio rio Piraí.
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Papudos 2: Confluência rio Papudos e córrego Alto da Serra (Figura 1, Ponto 09) Número de campo: SIMN2010091101 Amostragem anterior: SIMN209061001 Coordenadas: 22 52 40,8 S 44 13 35,6 W Altitude: 566 m Data e horário da amostragem: 11/09/2010, 08:50h Profundidade máxima da amostragem: 0,8 m pH: 6,66 Condutividade: 11 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: pedras, cascalho, areia. Mata de galeria: presente. Atividades antrópicas predominantes: pecuária. Características: Rio largo, sobre corredeiras de pedras e fundo arenoso , na confluência dos rios Papudos e Córrego Alto da Serra. O ponto localiza-se imediatamente a jusante do trecho de encosta da Serra do Sinfrônio. Papudos 3: rio Papudos, no cruzamento de estrada vicinal, local de antiga ponte destruída, no alto da Serra do Sinfrônio (Figura 1, Ponto 10) Número de campo: SIMN2010091103 Amostragem anterior: SIMN209061101 Coordenadas: 22 54 20,1 S 44 13 38,3 W Altitude: 948 m Data e horário da amostragem: 11/09/2010, 14:08h Profundidade máxima da amostragem: 0,6 m pH: 7,6 Condutividade: 10 µS Quantidade de vegetação marginal: Ausente. Substrato: rochas, pedras. Mata de galeria: presente. Atividades antrópicas predominantes: ausentes. Características: Trecho encachoeirado, com fundo formado por pedras e rochas, localizado em exuberante mata reconstituída naturalmente. Fluxo torrencial com forte gradiente altitudinal. Papudos 4: rio Papudos, em Sertão do Sinfrônio (Figura 1, Ponto 11) Número de campo: SIMN2010091104 Coordenadas: 22°54'26.9"S 44°13'27.7"W Altitude: 1.002 m Data e horário da amostragem: 11/09/2010, 16:05h Profundidade máxima da amostragem: 0,7 m pH: 7,73 Condutividade: 10 µS Quantidade de vegetação marginal: pouca. Substrato: pedras, cascalho. Mata de galeria: ausente, porém com presença de árvores exóticas (e.g., Eucalyptus) formando bosque aberto em parte da área. Atividades antrópicas predominantes: pecuária, agricultura, sítios.
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Observação: Trata-se de localidade de difícil acesso, situada acima de 1,000 ms de altitude, que não faz parte do programa de amostragem de longo prazo. A amostragem neste ponto foi realizada com o objetivo de ampliar a rede de amostragem na área de estudo e fornecer dados comparativos correspondentes aos trechos de grande altitude localizados a montante das estações de amostragem regular. Bacia do rio Coitinhos: Coitinhos: córrego da Floresta (tributário da margem esquerda do rio Coitinhos) no trecho entre antiga represa da Pousada Recanto das Águas e queda d´água a montante. (Figura 1, Ponto 13) Número de campo: SIMN2010091304 Amostragem anterior: SIMN209061401 Coordenadas: 22 49 32,5 S 44 12 27,5 Altitude: 581 m Data e horário da amostragem: 13/09/2010, 16:50h Profundidade máxima da amostragem: 0,5 m pH: 7,76 Condutividade: 11 µS Quantidade de vegetação marginal: moderada. Substrato: pedras, areia. Mata de galeria: presente. Atividades antrópicas predominantes: ocupação urbana. Observação: Trata-se de localidade de situada na bacia do rio Coitinhos, fora da bacia de estudo. A amostragem neste ponto foi realizada com o objetivo de ampliar a rede de amostragem na área de estudo e fornecer dados comparativos de uma microbacia independente. b. Alterações ambientais A documentação das características dos ambientes de coleta permitiu a avaliação do considerável impacto causado pelas chuvas do final de 2009 e início de abril de 2010, quando foram registrados picos de precipitação pluviométrica superior a 100 mm/dia (Figura 15). O impacto destes eventos de alta pluviosidade é visível especialmente nos pontos de amostragem Piraí 1, Piraí 2 e Piraí 3, e pode ser avaliado na figuras 11 a 14. Nestes pontos a vegetação marginal foi removida e considerável volume de terra foi removido das margens do rio.
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Figura 15 - Precipitação diária na bacia do Rio das Pedras (Piraí). Fonte: Projeto Produtores de Água.
Contrastando com a grande destruição das margens observada no trecho baixo da bacia, as estações de amostragem localizadas nos trechos médio e alto do rio das Pedras e principalmente no rio Papudos sofreram pouco ou nenhum impacto. Os trechos de maior destruição coincidiram com os locais de existência de pontes (Piraí 2) e locais de intenso uso do rio como ponto de travessia de pessoas e veículos (Piraí 3), sugerindo que o impacto de episódios de enchentes é exacerbado pela ocupação inadequada do leito e margens do rio. No caso do ponto Piraí 3 o ponto de travessia de veículos teve que ser abandonado. Por outro lado, em áreas de baixo impacto antrópico recente, como é o caso do rio Papudos, praticamente não foram observados impactos destrutivos sobre as margens e vegetação associada. 4.
Resultados do Trabalho de Campo a. Parâmetros físicos de qualidade da água
A condutividade da água no momento da amostragem variou entre 10 e 24 µS, sendo o menor valor registrado na cabeceira do rio Papudos e o maior valor registrado no trecho a jusante da cidade de Lídice. Valores elevados foram registrados no tributário do rio Coitinhos e no ponto de amostragem Piraí 2. De modo geral os valores de condutividade aumentam progressivamente a partir da cabeceira dos rios. Os valores do rio Papudos foram consistentemente menores do que os valores registrados em todas as demais localidades.
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Figura 16 - Condutividade elétrica (µS) nas estações de amostragem.
O potencial de Hidrogênio (pH) variou entre 7,22 e 7,60, exceto no ponto de amostragem Papudos 2, onde o registrou-se o valor de 6,66. Com exceção deste último, os valores medidos indicam que as águas da bacia do rio das Pedras são levemente alcalinas, não havendo padrões evidentes da variação entre as diversas localidades. Não foi possível identificar a causa da anomalia registrada na localidade Papudos 2.
Figura 17 - Potencial de Hidrogênio (pH) nas estações de amostragem.
b. Diversidade e abundância Foram coletados 1671 exemplares de peixes. A captura média de exemplares por amostra foi de 128,5 exemplares (10,6 % superior à média de 116,2 exemplares por amostra registrada no ano anterior). Foram coletadas 25 espécies de peixes, das quais 21 ocorreram na bacia do rio das Pedras. Quatro espécies ocorreram exclusivamente na estação Piraí0, à jusante da cidade de Lídice. Duas espécies (Gymnotus pantherinus e uma espécie ainda não identificada de Characidae) não registradas em 2009 foram coletadas na bacia do rio Pedras e Página 19 de 36
outras três (Hoplias sp. cf. H. malabaricus, Rhamdioglanis frenatus e Australoheros sp.) foram coletada estação Piraí0, a jusante da cidade de Lídice. Três espécies (Acestronichthys leptos, Pimelodella sp. e Hemipsilichthys gobio) pouco abundantes nas amostras de 2009 não foram capturadas na bacia do rio das Pedras, embora uma delas (Pimelodella sp.) tenham ocorrido na estação Piraí0. A diversidade variou entre três e 13 espécies por localidade, compondo uma média de 8,4 espécies por localidade (Figura 18). Na bacia do rio das Pedras e do rio dos Papudos os menores valores de riqueza de espécies foram observados nas localidades situadas nos trechos mais próximos às nascentes, o que é o esperado para rios e riachos em geral. Embora a diversidade de espécies geralmente apresente correlação positiva com a qualidade do ambiente aquático, é necessário considerar que o número de espécies varia naturalmente ao longo dos cursos de água, correlacionando-se negativamente com a proximidade de nascentes e cabeceiras. Além disto, a presença de espécies generalistas e de grande tolerância à poluição aquática pode incrementar a diversidade em trechos moderadamente impactados, como pode ser o caso da estação Piraí0.
Figura 18 - Riqueza de espécies nas estações de amostragem da bacia do Rio das Pedras.
No eixo do rio das Pedras a riqueza de espécies aumenta progressivamente de seis espécies em seu trecho mais alto até o máximo de 15 espécies (em 2009) no ponto Piraí3. A diversidade é menor a jusante do ponto Piraí3, o que pode ser interpretado como sendo resultado das atividades agro-industriais e urbanas existentes nas proximidades da cidade de Lídice. A menor diversidade do ponto Papudos1 relação ao ponto Papudos 2 também pode estar correlacionada com o maior intensidade de atividades pecuárias existentes na área. A abundância média por localidade foi de 15,85 indivíduos por espécie, representando um incremento de 26 % em relação à abundância média registrada em 2009. A abundância de cada espécie nas localidades amostradas é apresentada na Tabela 1. O padrão geral de distribuição da abundância observado 2009 repetiu-se na amostragem de 2010, com o menor valor de abundância registrado no ponto Papudos3, e o maior, no ponto Pedras3, em ambas as Página 20 de 36
ocasiões. Os menores valores de abundância (< 100 ind./amostra) foram observados nas proximidades da cidade de Lídice (com exceção do ponto Piraí1) e no ponto Papudos3 da bacia do rio Papudos (Figura 19). O primeiro padrão parece ser o resultado de efeitos negativos de impacto ambiental decorrentes da ocupação humana nas proximidades do centro urbano. A abundância extremamente baixa no ponto Papudos3 confirma os resultados de 2009 e correlaciona-se com as características oligotróficas prevalentes no local, caracterizado pela presença de matas regeneradas muito bem conservadas. O valor de abundância observado no ponto Papudos4 reflete a grande abundância de exemplares Astyanax intermedius que se congregam local junto à cachoeira ali existente. Esta congregação de exemplares de uma espécie reofílica pode indicar a importância do local como área de reprodução da espécie.
Figura 19 - Abundância de indivíduos nas amostragens realizadas na bacia do Rio das Pedras.
Contrastando com o aumento de médio 20 % na abundância de peixes entre os dois períodos de amostragem, destaca-se a grande redução (57 %) de abundância na localidade Piraí3. Esta drástica redução na abundância de peixes correlaciona-se com o elevado grau de destruição ambiental sofrido pela área (Figura 13 e Figura 14). Este impacto negativo sobre a ictiofauna, também se fez sentir sobre a riqueza de espécies, que registrou a maior redução (23%) neste local (Figura 18).
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Tabela 1 - Abundância de peixes região da bacia do rio das Pedras. Bacia CoitiEspécie Astyanax giton Astyanax intermedius
Papudos
nhos
1
2
31
58
15
Pedras 3
Piraí
4
1 5
2
3
98
51
42
19
4
Australoheros sp.
0
1
2 5
3 2
GERAL 12
10
5
28
34
391
2
Characidae indet.
3
69
13 13
Characidium lauroi
4
32
26
Geophagus brasiliensis
5
1
5
10
25
Gymnotus pantherinus Harttia carvalhoi Harttia loricariformis
19
8
1
1
15
3
117
10
14
9
1
1
1
76
4
50 10
5
51 3
1 1
Imparfinis sp.
1 6
Oligosarcus hepsetus
20
34
3
1
3 13
21
47
15
3
16
17
9
1 1
2
1
2
2
9
4
9
8
203
2
1
28
2
Oreochromis sp.
3
Pareiorhina rudolphi
1 64
1
7
36
1
64
116
155
43
Pimelodella sp.
3 188
16
55
5
4
4
Rhamdia sp. af. R. quelen
1
Trichomycterus sp. 1
1
Trichomycterus sp. 2 Trichomycterus sp. 4
4
2
Rineloricaria sp. "p"
2
8
30
1
5
1
3 1
16
3
10 2
7
105
12
2
2
4
5
140
15
142
234
105
272
196
41 68 12
1 148
6 2
6
3
380 4
1
Rhamdioglanis frenatus
Total geral
16
1
Hoplias sp. cf. H. malabaricus Hypostomus affinis
Phalloceros harpagos
2
3
Characidium alipioi
Neoplecostomus microps
TOTAL
4 68
103
79
64
1671
c. Material testemunho As espécies coletadas e os números de catálogo do material testemunho são apresentados a seguir conforme a classificação sistemática adotada por Buckup et al. (2007).
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Ordem Characiformes Família Erythrinidae Hoplias sp. cf. H. malabaricus As espécies de traíra do sudeste brasileiro são tradicionalmente identificadas como Hoplias malabaricus. A grande diversidade cariotípica das populações, no entanto, sugere a existência de um complexos de espécies. Material testemunho: MNRJ 38051. Família Crenuchidae Characidium lauroi Travassos, 1949 Trata-se de espécie listada na categoria Vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Rio de Janeiro (Mazoni et al., 2001), com distribuição restrita aos riachos de águas frias em regiões de grande elevação da Serra da Mantiqueira, Serra da Bocaina e Serra dos Órgãos, na bacia do médio e alto Paraíba do Sul. A espécie pertence a um complexo de formas com populações isoladas em riachos de montanhas e tem sido considerada como indicadora de mudanças climática de longa duração. Material testemunho: MNRJ 37989, MNRJ 38000, MNRJ 38019, MNRJ 37977, MNRJ 38032. Characidium sp. af. C. alipioi Trata-se de espécie amplamente distribuída em riachos tributários da bacia do rio Paraíba do Sul. Esta espécie é freqüentemente identificada como C. alipioi Travassos, 1955, porém estudos em andamento sugerem a possibilidade de que esta última represente uma espécie distinta, com distribuição restrita à região de Ilha dos Pombos e possivelmente alguns rios costeiros. A espécie pertence a um complexo de formas relacionadas amplamente distribuído no sul e sudeste do Brasil, que inclui C. pterostictum Gomes 1947, C. gomesi Travassos, 1956, C. grajahuense Travassos, 1944, C. macrolepidotum (Peters, 1868), C. timbuiense Travassos, 1946. Material testemunho: MNRJ 38045, MNRJ 38018, MNRJ 38031, MNRJ38039. Família Characidae Astyanax giton Eigenmann, 1908 Astyanax giton ocorrendo nas bacias dos rios Paraíba do Sul e rios costeiros dos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro (Melo, 2001; Buckup et al., 2007). Material testemunho: MNRJ 38021, MNRJ 37986, MNRJ 37974.
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Astyanax intermedius Eigenmann, 1908 Astyanax intermedius pertence ao complexo de espécies A. scabripinnis, ocorrendo nas bacias dos rios Paraíba do Sul e Mucuri (Melo, 2001; Buckup et al., 2007). As espécies deste grupo ocorrem em riachos com corredeiras (Bertaco & Lucena, 2006). Material testemunho: MNRJ 37987, MNRJ 38001, MNRJ 30014, MNRJ 38020, MNRJ 37978, MNRJ 37965, MNRJ 37954, MNRJ 38053, MNRJ 38033, MNRJ 38040, MNRJ 38087. CHARACIDAE indet. Trata-se de três exemplares juvenis que não correspondem às características de nenhuma espécie conhecida da área. Os exemplares apresentam nadadeiras peitorais lobadas com características larvais, o que sugere tratar-se de juvenis de uma espécie de grande porte, incomum na área. Material testemunho: MNRJ 38022. Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) Olgorasus hepsetus é o principal peixe predador de meia-água ocorrente na região. A espécie possui ampla distribuição em rios e riachos do Sudeste do Brasil. Material testemunho: MNRJ 37988, MNRJ 38002, MNRJ 38023, MNRJ 37979, MNRJ 37966, MNRJ 38052, MNRJ 38034. Ordem Siluriformes Família Trichomycteridae Observação geral sobre as espécies do gênero Trichomycterus: A taxonomia das espécies de Trichomycterus ainda é muito mal resolvida, com predominância de espécies descritas apenas de uma localidade e ausência de estudos de revisão sistemática. Na bacia do rio das Pedras foram encontradas três formas que não correspondem adequadamente as descrições existente. Assim as principais características morfológicas destas espécies são apresentadas a seguir: Trichomycterus sp. 1 Características morfológicas: Peitoral com i+7 raios, filamento formado pelo primeiro raio aproximadamente 30% do comprimento da nadadeira; canal infraorbital presente; máculas grandes unidas, formando uma listra na linha lateral e no dorso; máculas menos evidentes em juvenis; mancha vertical negra na base da nadadeira caudal; pintas mais claras abaixo da listra lateral. Distingue-se T. itatyaiae por possuir 8 (versus 7) raios peitorais, filamento formado pelo primeiro raio aproximadamente 30% (versus 15%) do comprimento da nadadeira, presença do canal infraorbital (versus ausência). Assemelha-se as formas não descritas denominadas Trichomycterus sp. 12 e Trychomycterus sp. 13 por Vianna (2004). Página 24 de 36
Material testemunho: MNRJ 37982, MNRJ 38003, MNRJ 38011, MNRJ 38015, MNRJ 38046, MNRJ 38025, MNRJ 37968, MNRJ 38035, MNRJ 38041, MNRJ 38091 Trichomycterus sp. 2 cf. T. travassosi Esta espécie é muito semelhante a T. travassosi Miranda Ribeiro, 1949, da região de Penedo na Serra da Mantiqueira. Alguns autores (e.g. de Pinna & Wosiacki, 2003) consideram T. travassosi como sinônimo de Trichomycterus alternatum Eigenmann, 1917, descrita da bacia do rio Doce, porém muitas descrições recentes de espécies pressupõem que a as espécies de Trichomycterus possuem distribuições geográficas muito reduzidas. Os exemplares coletados diferem de T. travassosi porque as máculas dorsais são confluentes com as laterias, formando barras transversais nos adultos. Estas característica, no entanto, não é observada em indivíduos jovens. Material testemunho: MNRJ 37999, MNRJ 38004, MNRJ 37957 Trichomycterus sp. 4 Características morfológicas: pequenas pintas marrons espalhadas uniformemente por todo o corpo; pintas na linha média lateral formando uma discreta listra; poros I1 e I3 presentes no sistema látero-sensorial, peitoral com 7 raios; filamento peitoral representando aproximadamente 20% do comprimento da nadadeira; 10 a 13 odontódios operculares; 22 a 28 odontódios inter-operculares; altura do pedúnculo caudal 14,56 a 14,62 %, largura do pedúnculo 3,47 a 3,72 %, argura do corpo 8,08 a 9,07 %, comprimento da cabeça 21,38 a 22,39 % do comprimento padrão. O padrão de coloração, presença de poros I1 e I3, quantidade de odontódios operculares e inter-operculares são características semelhantes às de T. vermiculatus Eigenmann, 1917, descrito da região de Juiz de Fora, da qual difere pela altura e largura do pedúnculo caudal, comprimento da cabeça, largura do corpo e comprimento do filamento peitoral. A largura e altura do pedúnculo, comprimento da cabeça, largura do corpo, presença de poros I1 e I3 são características similares às de Trichomycterus mirissumba Costa, 1992, da qual parece diferir por detalhes da coloração. Material testemunho: MNRJ 38047, MNRJ 38088. Família Loricariidae Hemipsilichthys gobio (Lütken, 1874) Esta espécie está listada na categoria Vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Rio de Janeiro (Mazoni et al., 2001) sob a denominação de Upsilodus victori Miranda Ribeiro, 1924. Trata-se de espécie endêmica da bacia do Paraíba do Sul (Buckup et al., 2007), onde ocorre em riachos pedregosos e encachoeirados, onde vive aderida às pedras. Trata-se de espécie exigente quanto às características ambientais, ocorrendo apenas em rios e riachos com baixo grau de impacto ambiental. Material testemunho: Não ocorreu.
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Neoplecostomus microps (Steindachner, 1976) Esta espécie ocorre em riachos pedregosos e encachoeirados da bacia do Paraíba do sul e bacias costeiras adjacentes localizadas entre a baixada de Jacarepaguá e o rio Itabapoana (Buckup et al., 2007). Nestes ambientes vive aderida às pedras e parece estar restrita a ambientes com águas relativamente cristalinas. Material testemunho: MNRJ 37993, MNRJ 38008, MNRJ 38013, MNRJ 38017, MNRJ 38049, MNRJ 38028, MNRJ 37983, MNRJ 37971, MNRJ 37959, MNRJ 38038, MNRJ 38043, MNRJ 38089. Pareiorhina rudolphi (Miranda Ribeiro, 1911) Esta espécie está listada na categoria Vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Rio de Janeiro (Mazoni et al., 2001). Sua distribuição geográfica é bastante restrita, ocorrendo apenas em alguns riachos de encosta da bacia do Paraíba do Sul localizados na Serra da Mantiqueira e Serra do Mar, onde vive aderida às pedras. Trata-se de espécie exigente quanto às características ambientais, ocorrendo apenas em rios e riachos com baixo grau de impacto ambiental. Na Serra da Mantiqueira a espécie é simpátrica com outra espécie do mesmo gênero com distribuição ainda mais restrita (Chamon et al., 2007). Material testemunho: MNRJ 38012, MNRJ 38016, MNRJ 38048, MNRJ 38042. Rineloricaria sp. "p" A identificação da espécie exige ampla revisão taxonômica do gênero na região sudeste do Brasil. Na bacia do rio das Pedras, no entanto, somente é encontrada uma espécie, relativamente abundante. Material testemunho: MNRJ 37994, MNRJ 38007, MNRJ 38027, MNRJ 37982, MNRJ 37970, MNRJ 37958, MNRJ 30058. Harttia carvalhoi Esta espécie ocorre nos tributários do rio Paraíba do Sul, na Serra dos Órgãos, Serra da Bocaina e Serra da Mantiqueira, onde geralmente ocorre em ambientes de fundo arenoso. Material testemunho: MNRJ 37996, MNRJ 38006, MNRJ 38026, MNRJ 37969, MNRJ 38057, MNRJ 38036. Harttia loricariformis Steidachner, 1877 Esta espécie ocorre na bacia do Paraíba do Sul e rios costeiros dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Buckup et al., 2007), onde geralmente ocorre em ambientes de fundo arenoso. Material testemunho: MNRJ 37995, MNRJ 38005, MNRJ 38037.
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Hypostomus sp. A identificação do único exemplar capturado exige ampla revisão taxonômica do gênero na região sudeste do Brasil. Provavelmente trata-se da mesma espécie coletada previamente na bacia do rio das Pedras e identificada com Hypostomus luetkeni (Steindachner, 1877). Esta espécie é relativamente comum no trecho baixo de rios e riacho da bacia do Paraíba do Sul, onde geralmente ocorre em águas ricas em matéria orgânica. Material testemunho: MNRJ 37958, MNRJ 38062. Família Heptapteridae Acentronichthys leptos Eigenmann & Eigenmann, 1889 Trata-se de espécie listada na categoria Vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Rio de Janeiro (Mazoni et al., 2001), e listada na categoria Em Perigo na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Espírito Santo conforme Decreto no. 1499-R de 14 de julho de 2005. A distribuição geográfica da espécie é relativamente ampla, ocorrendo em rios costeiros do sudeste brasileiro entre a bacia do São Mateus no Espírito Santo e o Estado de Santa Catarina. Material testemunho: Não foi coletada. Imparfinis sp. A identificação da espécie exige ampla revisão taxonômica do gênero na região sudeste do Brasil. As espécies do gênero geralmente estão restritas a pequenos riachos. Na bacia do rio das Pedras, no entanto, somente é encontrada uma espécie. Material testemunho: MNRJ 37980, MNRJ 38024, MNRJ 37980, MNRJ 37967, MNRJ 37956. Pimelodella sp. A identificação da espécie exige ampla revisão taxonômica do gênero na região sudeste do Brasil. Na bacia do rio das Pedras, no entanto, somente é encontrada uma espécie. As espécies do gênero Pimelodella geralmente são abundantes em ambientes de águas turvas, sujeitos a forte impacto antrópico. Material testemunho: MNRJ 38055. Rhamdia sp. af. R. quelen De acordo com Silfvergripp (1996) a espécie Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard in Freycinet, 1824) teria ampla distribuição na maior parte da América do Sul tropical e subtropical, incluindo as formas ocorrentes na bacia do Paraíba do Sul. Entretanto, a localidade-tipo de Rhamdia quelen situa-se no alto rio Amazonas, no Peru. Assim consideramos a identificação da espécie ocorrente no rio das Pedras como provisória, tendo em vista a improbabilidade de que as populações de jundiás da Serra da Bocaina sejam Página 27 de 36
conspecíficas com as populações ocorrentes nas cabeceiras do Amazonas. A forma da bacia do Paraíba do Sul, no entanto, parece ter ampla distribuição. As espécies de Rhamdia ocorrem geralmente em ambientes de águas turvas. Material testemunho: MNRJ 37981, MNRJ 37981, MNRJ 27955. Rhamdioglanis sp.cf. R. frenatus A identificação precisa da espécie exige ampla revisão taxonômica do gênero na região sudeste do Brasil. Na bacia do rio das Pedras, no entanto, somente é encontrada uma espécie. Material testemunho: MNRJ 38056. Ordem Cyprinodontiformes Família Poeciliidae Phalloceros harpagos Lucinda, 2008 Trata-se de espécie amplamente distribuída na bacia do Paraná-Paraguai e bacias costeiras da bacia do Itaboapana (Estado do Espírito Santo) até a bacia do Araranguá (Estado de Santa Catarina). Phalloceros harpagos, como maioria das espécies do gênero Phalloceros, geralmente ocorre em ambientes degradados, em ambientes marginais associados a áreas de pastagens. A espécie costuma ser abundante em ambientes com baixa qualidade de água, sujeitos a oscilações de temperatura e pressão de oxigênio pouco toleradas pelas demais espécies de peixes. Material testemunho: MNRJ 37997, MNRJ 38010, MNRJ 38050, MNRJ 38029, MNRJ 37984, MNRJ 37972, MNRJ 37962, MNRJ 38059, MNRJ 38044, MNRJ 38090. Ordem Perciformes Família Cichlidae Australoheros sp. O gênero Australoheros foi proposto recentemente (Říĉan & Kullander, 2006) para incluir as populações de ciclídeos tradicionalmente identificadas com Cichlassoma facetum. Astraloheros facetum, no entanto, tem sua localidade tipo localizada na costa do Uruguai, e a taxonomia das populações ocorrentes na bacia do Paraíba do Sul, assim como dos demais rios brasileiros, ainda não estão adequadamente revisadas. Material testemunho: MNRJ 38060. Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) Trata-se de espécie amplamente distribuída nas bacias costeiras do leste e sudeste do Brasil e do Uruguai, assim como na bacia do alto Paraná, onde costuma ocorrer em ambientes lêntico, sendo relativamente tolerante a presença de impactos de origem antropogênica. É possível que se trate de um complexo de espécies. Página 28 de 36
Material testemunho: MNRJ 37998, MNRJ 38009, MNRJ 38030, MNRJ 37985, MNRJ 37973, MNRJ 37963, MNRJ 38061. Oreochromis sp. Trata-se de espécie exótica, de origem africana, cuja presença em águas naturais é resultado da atividade humana. A identificação da espécie é dificultada não somente pela complexidade taxonômica do grupo, como pela existência várias formas híbridas e geneticamente manipuladas produzidas com fins comerciais. É espécie danosa ao ambiente por tratar-se de peixe onívoro prejudicial às espécies nativas, além de reproduzir-se com tamanhos relativamente pequenos, o que leva a espécie a formar populações com grande densidade de jovens. Entre as razões para seu cultivo está a elevada tolerância a baixa qualidade da água. Material testemunho: MNRJ 37964. d. Categorização das espécies quanto à bioindicação de qualidade de água De acordo com a metodologia previamente estabelecida no projeto “Inventário Ictiofaunístico e definição de espécies indicadoras de qualidade de água na bacia do Rio das Pedras” para calcular um índice de qualidade de água baseado na ictiofauna, as espécies de peixes nativos ocorrentes na área foram ranqueadas numa escala de 1 a 10, conforme a expectativa de sua associação com ambientes aquáticos (Tabela 2). O valor 5 foi atribuído a espécies cuja presença é normalmente esperável no tipo de ambiente amostrado e cujas exigências de qualidade de água não são necessariamente condicionadas à ausência de efeitos antropogênicos ou associadas a ambientes degradados. Espécies com ampla distribuição e geralmente tolerantes às condições de ambientes aquáticos degradados receberam valores baixo neste ranking. Espécies com baixa tolerância a degradação ambiental, cuja ocorrência geralmente está associada a ambientes de nascentes e águas cristalinas receberam valores mais elevados. A única espécie exótica detectada na área recebeu valor negativo. Seis espécies, ausentes na amostragem de 2009, estão sendo ranqueadas pela primeira vez. Gymnotus pantherinus é comum na região estudada, porém, como os demais Gymnotiformes, trata-se de espécie sensível à presença de poluentes na água, além de ter sua sobrevivência condicionada à presença de vegetação marginal. As espécies de Rhamdioglanis são usualmente encontradas entre a vegetação ou sob objetos submersos ocorrentes no alto curso dos rios (Bizerril & Primo, 2001). Hoplias malabaricus é uma espécie piscívora amplamente distribuída na Região Neotropical; tratando-se de um predador de topo na cadeia aquática, pode-se assumir que sua presença exija a existência de ecossistemas relativamente íntegros. Estas três espécies receberam o valor 6. Astyanax giton é pouco conhecida quanto a suas exigências ambientais; adotou-se, portanto, a o mesmo valor de bioindicação previamente atribuído a Astyanax intermedius. Da mesma forma a espécie não identificada que esteve representada por juvenis recebeu o valor de neutralidade (5), visto que não é possível estabelecer qualquer correlação com a qualidade do ambiente aquático. Por fim, Astraloheros sp. recebeu o valor 2, visto apresentar exigências ambientais e tolerância à perturbação ambiental similares a Geophagus brasiliensis. Página 29 de 36
Tabela 2 - Ranking de espécies quanto ao seu
potencial de bioindicação de qualidade de água na bacia do rio das Pedras. As espécies ranqueadas pela primeira vez são indicadas com um asterisco. Espécie Ranking Pareiorhina rudolphi 10 Characidium lauroi 9 Hemipsilichthys gobio 8 Neoplecostomus microps 7 Characidium sp. af. C. alipioi 7 Rineloricaria sp. "p" 6 Imparfinis sp. 6 Acentronichthys leptos 6 Gymnotus patherinus* 6 Rhamdioglanis sp. cf. R. frenatus* 6 Hoplias sp. cf. H. malabaricus* 6 Oligosarcus hepsetus 5 Harttia loricariformis 5 Harttia carvalhoi 5 Astyanax giton* 5 Astyanax intermedius 5 Characidae indet.* 5 Trichomycterus sp. 4 4 Trichomycterus sp. 3 4 Trichomycterus sp. 2 cf. T. travassosi 4 Trichomycterus sp. 1 4 Hypostomus sp. 4 Rhamdia sp. af. R. quelen 3 Pimelodella sp. 3 Australoheros sp.* 2 Geophagus brasiliensis 2 Phalloceros harpagos 1 Oreochromis sp. -1
e. Indicação de qualidade de água Conforme a metodologia previamente estabelecida no projeto “Inventário Ictiofaunístico e definição de espécies indicadoras de qualidade de água na bacia do Rio das Pedras”, visando caracterizar a qualidade da água com base na comunidade de peixes ocorrentes em cada localidade foram definidos dois índices baseados no potencial de bioindicação estabelecido para cada espécie de peixe ocorrente na bacia do rio das Pedras (Tabela 2). O Índice 1 representa o valor médio do ranking de bioindicação da comunidade de peixes presente em cada localidade amostrada, calculado através da soma dos valores do Página 30 de 36
ranking de cada espécie presente dividida pelos valores riqueza de espécies no local (Figura 18). Nos ambientes amostrados, o valor deste índice variou entre 3,89 e 7,00 (Figura 20).
Figura 20 - Qualidade dos ambientes aquáticos da bacia do rio das Pedras baseada no ranking médio de bioindicação das espécies presentes.
As comunidades com o menor valor de ranking médio correspondem às localidades situadas próximo à cidade de Lídice, onde se verifica o maior impacto antrópico da bacia. Por outro lado os maiores valores do Índice 1 ocorreram nas cabeceiras dos rios das Pedras e Papudos, observando-se um gradiente positivo de jusante para montante ao longo do eixo dos rios. O Índice 1 representa uma síntese diretamente interpretável do valor médio do ranking de bioindicação das espécies de peixes presentes em cada localidade amostrada. Valores superiores a 5 são indicativos da existência de condições favoráveis à manutenção de mananciais aquáticos, enquanto valores abaixo de 5 correlacionam-se com a presença de espécies indicadoras de impactos negativos sobre a qualidade do ambiente aquático. Entretanto, o Índice 1 não reflete a abundância de indivíduos de cada espécie. A contribuição de cada espécie para o Índice 1 é a mesma, seja ela uma espécie dominante ou rara. O efeito da abundância relativa de cada espécie reflete-se no Índice 2, calculado através do somatório do produto entre a abundância relativa e o ranking de cada espécie. Este índice equivale à média dos valores do ranking de bioindicação ponderados pela abundância relativa de cada espécie. A abundância relativa de cada espécie foi calculada dividindo-se a sua abundância em cada localidade pelo total de peixes capturados na localidade. Nos ambientes amostrados, os valores do Índice 2 variaram entre o mínimo de 1,92 no córrego Floresta (ponto Coitinhos em 2009) localizado fora da bacia do rio das Pedras e o máximo de 7,41 na cabeceira do rio das Pedras. De modo geral observa-se, assim como para o Índice 1, um aumento dos valores do Índice 2 em direção às cabeceiras dos rios Papudos e das Pedras. O Índice 2, entretanto, mostra maiores diferenças entre as amostragens de 2009 e 2010. De modo geral, o Índice 2 aumentou na maioria das localidade situadas a montante da Página 31 de 36
confluência dos rios Papudos e das Pedras e diminuiu na maioria das localidades situadas a jusante desta confluência. As maiores variações de valores do Índice 2 entre os anos de 2009 e 2010 foram registradas nos pontos Piraí1, Pedras 1 e Pedras 4. No Ponto Piraí1 a variação corresponde a uma queda acentuada no valor do Indíce 1 e parece refletir uma queda real na qualidade ambiental, em virtude da presença de uma espécie exótica invasora e de espécies de grande tolerância à degradação ambiental. Houve queda no valor do Índice 1 em todas as estações (Piraí1, Piraí2 e Piraí3) localizadas a jusante da confluência do rio Papudos com o Rio das Pedras. Esta queda correlaciona-se com a elevada destruição ambiental causada pelos episódios de pluviosidade intensa neste trecho da bacia (veja Caracterização das Estações de Coleta, acima). Nos demais pontos com elevada variação (Pedras 1 e Pedras 4) houve variação positiva nos valores do Índice 2. Esta variação possivelmente reflita o efeito de grandes variações populacionais sazonais em ambientes relativamente pequenos.
Figura 21 - Índice 2 de integridade ictiofaunística nos ambientes amostrados.
5.
Validação dos índices de integridade faunística como indicadores de qualidade ambiental na bacia do rio das Pedras.
A realização da nova série de amostragens em 2010 permitiu validar a proposta de uso dos índices de integridade faunística como indicadores de qualidade do ambiente aquático na bacia do rio das Pedras. A comparação dos resultados obtidos com aqueles obtidos em 2009 demonstrou que é possível diferenciar os diversos trechos dos rios componentes da bacia e que o padrão de diferenciação mantém-se entre amostragens sucessivas. Por outro lado, variações locais no valor dos índices podem ser interpretadas em termos de perturbações identificadas na bacia.
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A replicabilidade dos índices de integridade ictiofaunística propostos pode ser testada estatisticamente através do cálculo do índice de correlação de Pearson entre os valores obtidos nos 11 pontos de amostragem amostrados em 2009 e 2010. Tantos os valores do Índice 1 como os do Índice 2 apresentaram uma relação linear entre as duas amostragens sucessivas, com valores de R2 de 0,52 e 0,37 respectivamente. O menor valor R 2 no caso do Índice 2 deve-se ao fato de que este índice é mais sensível à variações de abundância das espécies causadas por fenômenos sazonais que variam de um ano para outro, enquanto o índice 1 representa é sensível apenas a variações na composição das espécies da comunidade de peixes.
Figura 22 – Correlação entre valores do Índice 1 calculados em 2009 e 2010.
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Figura 23 – Correlação entre valores do Índice 1 calculados em 2009 e 2010.
6.
Conclusões Os dados apresentados neste relatório demonstraram: 1. A heterogeneidade espacial da distribuição da ictiofauna, a qual se reflete na distribuição de valores dos índices de integridade ictiofaunística. 2. Os efeitos dos eventos de intensa pluviosidade que afetaram a bacia do rio das Pedras em 2010 através de alterações no padrão de distribuição espacial dos índices de integridade ictiofaunística na bacia do rio das Pedras. 3. A replicabilidade do uso dos índices propostos, demonstrada através de forte correlação entre os valores obtidos em 2009 e 2010. 4. Conforme esperado, o Índice 1 mostrou-se mais sensível a variações na composição de espécies da comunidade de peixes, enquanto o Índice 2 é mais sensível variações na abundância relativa das espécies.
Os resultados altamente positivos obtidos neste estudo, tanto na detecção de padrões de variabilidade espacial, quanto no grau de replicabilidade do método de amostragem e cálculo dos valores de dos índices em amostragens sucessivas, permitem validar o seu uso em programas rotineiros de monitoramento de qualidade do ambiente aquático baseado na amostragem das comunidades de peixes
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O sistema de ranqueamento do potencial de bioindicação adotado na primeira etapa do programa mostrou-se robusto, não tendo sido detectada necessidade de alteração dos valores originais. Por outro lado, a metodologia adotada permitiu a ampliação da área amostrada e inclusão de espécies não registradas na primeira etapa sem exigir alterações na forma de cálculo dos índices. Isto permitiu a realização de comparações diretas entre campanhas diferentes e assegura a aplicabilidade da metodologia no futuro. O sucesso na aplicação desta metodologia na bacia do rio das Pedras recomenda sua aplicação e teste em outras bacias de montanhas do sudeste do Brasil. Os resultados aqui apresentados constituem-se no primeiro inventário ictiofaunístico intensivo realizado na bacia do rio das Pedras, e representam um importante passo na ampliação do conhecimento sobre a diversidade das espécies de peixes da bacia do rio Paraíba do Sul. O caráter pioneiro deste inventário resultou na coleta de diversas espécies ainda pouco conhecidas taxonomicamente. Tendo em vista a carência de estudos detalhados sobre as espécies de peixes da bacia do rio Paraíba do Sul e a falta de chaves de identificação adequadas para o reconhecimento das espécies de peixes ocorrentes no área de estudos, recomenda-se que o material coletado no presente estudo seja utilizado como base para a elaboração de um guia para identificação dos peixes ocorrentes na bacia do rio das Pedras. Por fim, com base nos resultados agora obtidos e na validação do uso dos índices de integridade ictiofaunística, recomenda-se a manutenção do programa de monitoramento da ictiofauna de acordo com a metodologia especificada no Terceiro Relatório da Primeira Etapa do programa de monitoramento. Conforme a proposta metodológica, recomenda-se que as campanhas de monitoramento sejam realizadas, via regra, com periodicidade de um a cinco anos. Considerando que a primeira amostragem foi realizada em 2009, recomenda-se que uma nova amostragem padronizada da área seja feita em 2014. 7.
Literatura citada
Bertaco, V.A. & Lucena, C.A.S. 2006. Two new species of Astyanax (Ostariophysi: Characiformes: Characidae) from eastern Brazil, with a synopsis of the Astyanax scabripinnis species complex. Neotr. Ichthyol. 4(1):53-60. Bizerril, C.R.S.F. & Primo, P.B. 2001. Peixes de águas interiores do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, FEMAR – SEMADS. 417p. (Série SEMADS, 5) Buckup, P.A.; Menezes, N.A.; Ghazzi, M.S. (eds.) 2007. Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. Rio de Janeiro, Museu Nacional. 195p. (Série Livros, 23) Buckup, P.A. & Melo, M.R.S. 2005. Phylogeny and distribution of fishes of the Characidium lauroi group as indicators of climate change in southeastern Brazil. p.193-195. In: Lovejoy, T.E. and Hannah L. (eds.) Climate change and biodiversity. New Haven: Yale University Press. 418p. Chamon, C.C.; Aranda, A.T.; Buckup, P.A. 2005. Pareiorhina brachyrhyncha (Loricariidae, Siluriformes): a new species of fish from the Paraíba do Sul slope of Serra da Mantiqueira, southeastern Brazil. Copeia 2005(3): 550-558. Página 35 de 36
Melo, F.A.G. 2001. Revisão taxonômica das espécies do gênero Astyanax Baird e Girard, 1854, (Teleostei: Characiformes: Characidae) da região da Serra dos Órgãos. de Pinna, M.C.C. & Wosiacki, W. 2003. Family Trichomycteridae. p.270-290. In: Reis, R. E. ; Kullander, S.O.; Ferraris Jr., C.J. (eds.) Check list of the freshwater fishes of South and Central America. Porto Alegre, Edipucrs. 729p. Říĉan, O. & Kullander , S.O. 2006. Character- and tree-based delimitation of species in the 'Cichlasoma' facetum group (Teleostei, Cichlidae) with the description of a new genus. Journal of Zoological Systematics and Evolutionary Research 44(2): 136-152. Silfvergrip, A.M.C. 1996. A systematic revision of the Neotropical catfish genus Rhamdia (Teleostei, Pimelodidae). Stockholm, Stocholm University, Swedish Museum of Natural History. 156p. + 8pl. Vianna, M.A.B.S. 2004. Revisão sistemática do gênero Trichomycterus Valenciennes do sudeste do Brasil (Siluriformes: Loricarioidea: Trichomycteridae). Tese de Doutorado. Rio de Janeiro, Museu Nacional. 279p. 8.
Agradecimentos
Participaram das amostragens de campo o Professor Dr. Marcelo Ribeiro Britto, e os biólogos Leandro Villa Verde, José Rodrigues Gomes e Luis Fernando Kilesse Salgado. Suzana Nunes e João Coimbra Pascoli auxiliaram na triagem e identificação do material. A supervisão do projeto for realizada por Anita Diederichsen. Paulo Petry participou das atividades de campo, colaborando significativamente na documentação fotográfica dos ambientes amostrados e auxiliando na elaboração do mapa. A viagem contou com apoio logístico do Museu Nacional/UFRJ.
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