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SILENCIOSA
Redes Sociais
Têm sido a fonte das grandes mudanças no comportamento humano e são mais de dois biliões que estão, constantemente, conectados. Embora existam benefícios ção física e psicológica pode levar a sérias complicações de saúde. Identificar as pressões a que está sujeito e descobrir formas de as eliminar ou reduzir é imperativo, sob pena de resultar no desgaste
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A psicóloga clínica, Petra Tavares, aborda o tema "saúde mental" e como estas patologias são encaradas na sociedade atual...
O que significa ter saúde mental? Saúde mental, mais do que ausência de um problema psicológico, refere-se a um bem-estar no qual a pessoa tem capacidade de lidar com as situações do dia a dia, fazendo uso das suas capacidades pessoais, ser produtivo riência própria, que mesmo com uma agenda preenchida, ainda assim é um desafio para mim saber dizer não e não me deixar envolver no loop de fazer sempre mais e mais e mais. nas redes sociais, também existem vários problemas decorrentes da utilização das mesmas, nomeadamente, para a saúde mental: causam dependência; provocam insónia, ansiedade, queda da autoestima e depressão.
STRESS DIÁRIO
Seja no trabalho ou em atividades do quotidiano, o stress é real e tem cada vez mais um peso demasiado elevado na saúde mental da população. Ignorar esta rea- e esgotamento mental, como é a síndrome de burnout
Todas As Idades
Segundo o presidente executivo da Fundação José Neves, mais da metade das perturbações de saúde mental nos adultos surge na infância ou adolescência. Já nos mais idosos, segundo dados do INE, em 2019 31% da população com mais de 65 anos admitia apresentar sintomas de depressão, dados que requerem atenção. Um dos fatores que mais potencia a doença é o isolamento e a consequente solidão.
Depend Ncia Do Telem Vel
Mais do que útil, é necessário. E a sua presença no dia a dia já é tão habitual, que já existe uma fobia (Nomofobia) causada pelo desconforto ou sensação de angústia que resultam da incapacidade de ter acesso à comunicação através de telemóveis ou até mesmo de computadores. De facto, é este uso excessivo que acaba por causar impacto, tanto na saúde física, como mental.
e ainda contribuir para quem está à sua volta.
Muitas pessoas ficam chocadas por saber que os profissionais de saúde, mesmo os que tratam dos problemas do foro mental, também podem sofrer dos mesmos. É mais habitual do que se pensa? Sim é! As profissões que estão mais sujeitas a desenvolver um burnout (por exemplo) são as ligadas ao cuidar do outro – sejam psicólogos, médicos, bombeiros, assistentes sociais, isto porque, por um lado, existe um foco tanto no dar ao outro que nos esquecemos de dar a nós e cuidar de nós, e, por outro lado, são profissões emocionalmente exigentes, onde por vezes até lidamos com situações que mexem pessoalmente connosco, e é um desafio separar o pessoal do profissional.
Falo por expe-
Por que motivo se fala essencialmente de depressão no que toca à saúde mental? Diz-se que a depressão (e ansiedade) é a doença do século. No fundo, o mundo tem estado cada vez mais rápido, cada vez nos cobramos a fazer mais coisas, e a vida também assim o exige. Não há tempo para parar, para respirar, para desfrutar. E se nós não tivermos o cuidado e a cautela de não entrarmos em piloto automático, acabamos por nos perder de nós, da nossa essência. A própria depressão tem um propósito – de nos alertar para “o que quero viver que não estou a viver? O que estou a permitir estar na minha vida que não devia estar? Estou conectado/a comigo? Com os meus valores? Com o que é importante para mim?” Depressão é ausência de conexão e, atualmente, parece que não há tempo para essa conexão. A não ser que façamos tempo.
Homens e mulheres? Quem sofre mais e quem mais facilmente pede ajuda? Porquê? Ambos sofrem, mas as mulheres têm mais tendência a pedir ajuda.
Segundo dados estatísticos, as mulheres vão sempre apresentar valores mais elevados em termos de ansiedade, depressão e outras psicopatologias, mas questiono-me se isso
Com a pandemia e o aumento de casos de pessoas a sofrer com ansiedade e depressão, desde os mais novos aos mais velhos, começou a olhar-se para a saúde mental de outra forma corresponde à realidade ou é mais porque os homens não revelam tão facilmente o que estão a passar.
Ainda existe aquele estigma de que o homem tem de ser forte, de que o homem não chora, de que ele é capaz de fazer tudo sozinho, e não é bem assim. Ele é um ser humano acima de tudo. Já se começa a quebrar esta ideia, mas ainda é preciso um longo trabalho para desconstruir estas crenças.
Acha que o estigma no que toca a procurar ajuda neste âmbito pertence ao passado?
Graças a Deus, cada vez mais pertence ao passado. Ainda não é visto de forma tão comum quanto ir a um dentista, mas é cada vez mais comum sim . Com a pandemia e o aumento de casos de pessoas a sofrer com ansiedade e depressão, desde os mais novos aos mais velhos, começou a olhar-se para a saúde mental de outra forma, com outros olhos e com outra valorização.
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dos portugueses diz já ter sofrido ou estar perto de sofrer um burnout (STADA Health Report 2022)
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1,39 milhões
Homens Estigmatizados
Apenas
18,2% das empresas têm planos para combater o stress laboral, enquanto a média europeia se situa nos 34,6%