Meio ambiente
» Por: Janaína Quitério|Fotos: Enrique Balbueno janaina@revistapescabrasil.com.br
Derrame de óleo marca pedras da ilha do Castilho
Fiscalizar também é conscientizar sobre preservação do meio ambiente
Derramamento de óleo no litoral sul de São Paulo atinge ilhas pertencentes à Estação Ecológica dos Tupiniquins. Equipe da unidade de Itanhaém-SP inicia projeto de fiscalização em cooperação com a Fundação SOS Mata Atlântica e com a Sociedade em Defesa do Litoral Brasileiro para fortalecer preservação
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notificação de derramamento de óleo nos arredores da ilha de Cambriú (na divisa dos estados de São Paulo com Paraná) alardeou a sede da ESEC Tupiniquins (Estação Ecológica dos Tupiniquins) em 13 de fevereiro. A denúncia inicial havia sido feita dez dias antes ao órgão ambiental do Paraná. Do dia da denúncia (4 de fevereiro) ao dia da vistoria (22 de fevereiro) passaram-se quase 20 dias, e quando a equipe da Estação Ecológica lá chegou não havia mais óleo espalhado pelo mar. Entretanto, o estrago ficou visível nas manchas incrustadas nos blocos de rochas dos costões da ilha. A causa do derrame de óleo ainda estava sendo apurada até o momento de fecha-
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mento desta edição. Segundo Lúcia Guaraldo, chefe da ESEC Tupiniquins, moradores e pescadores do município de Cananéia-SP acreditam na possibilidade de ter acontecido um naufrágio não informado às autoridades. A faixa de óleo atingiu um raio de 70 quilômetros, de Ilha Comprida até o município de Iguape. “Quando o óleo ainda está na água, há métodos de contenção da mancha. Mas a denúncia foi parar no Paraná e até chegar a São Paulo demorou 15 dias. Agora, resta explorar esse local para verificar se aconteceu uma mortandade muito grande de organismos de costão, e se eles se recuperarão com o tempo”, lamenta Lúcia.
Vidas resguardadas em Estações Ecológicas As estações ecológicas são áreas de ecossistemas naturais de uso restrito, destinadas à realização de pesquisas em ecologia, à proteção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educação ambiental. A Estação Ecológica dos Tupiniquins localiza-se nos municípios de Itanhaém, Peruíbe e Cananéia — numa área de 1758 hectares — e envolve as ilhas de Peruíbe, de Queimada Pequena, de Ilhote, do Castilho e de Cambriú, além do parcel Noite Escura. “A idéia da criação dessa estação é ter um cinturão verde no mar capaz de proteger a Estação Ecológica da Juréia, que está em terra”, salienta Lúcia. As ilhas que compõem a ESEC Tupiniquins têm vegetação típica de Mata Atlântica e são fun-
damentais para a reprodução de peixes e nidificação de aves marinhas. “Em todas as ilhas há espécies endêmicas (peculiar a determinada região), devido ao isolamento delas. Assim, são áreas que necessitam de preservação, e para alcançá-la estamos iniciando um projeto de fiscalização, que tem como premissa, num primeiro momento, a educação ambiental para conscientização da população”, explica Lúcia. Sob responsabilidade do recém-criado Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a equipe da ESEC Tupiniquins tem organizado reuniões com todos os usuários das ilhas, como pescadores artesanais, marinas, ONGs parceiras etc. sobre as restrições no local e os projetos de fiscalização criados para a preservação da região.
Saiba mais Estações Ecológicas não devem ser visitadas sem autorização. Antes de embarcar, verifique se nas ilhas é possível o turismo, a pesca e o mergulho. Nas ilhas pertencentes à Estação Ecológica dos Tupiniquins não é permitido pescar no raio de um quilômetro ao redor da ilha.
Pescadores esportivos pescam em local proibido: eles estão a menos de 1 km do entorno da ilha de Cambriú. Equipe da Estação Ecológica dos Tupiniquins, ao fazerem vistoria, alertam sobre proibição
As ilhas em vermelho pertencem à Estação Ecológica dos Tupiniquins
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