"Reduto do Sol colorido"

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[ turismo ]

Reduto do Sol colorido Cenários estonteantes, infraestrutura organizada, áreas ambientais preservadas e passeios históricos. Esse e outros motivos fazem do litoral da região metropolitana de João Pessoa — capital da Paraíba — um dos destinos turísticos mais coloridos do País. Confira! Por: Janaína Quitério | Arte: Tiago Stracci

Foto: Edgley delgado

À

s cinco da tarde em ponto,

instrumentista toca em pé a canção “Bo-

sentações no fim de tarde meio nublado

o Sol abraça o horizonte

lero de Ravel”, trilha sonora do longa-

de 23 de novembro de 2011 com a mes-

quando o saxofonista Juran-

-metragem francês “Retratos da Vida”,

ma empolgação que executara a melo-

dy do Sax inicia sua poesia

enquanto o remador faz a canoa bailar

dia de Maurice de Ravel pela primeira

musical. Centenas de pessoas, acomo-

devagar sobre o rio Paraíba em direção

vez, em 1993, no único bar à beira-rio

dadas em deques ou embarcações na

aos atentos olhares, sem exceção. Ali, o

que ali existia. “Sempre me perguntam

praia fluvial do Jacaré — região metropo-

Sol é para todos.

se não me canso de tocar essa música,

litana de João Pessoa —, silenciam para

De domingo a domingo — não im-

mas, a cada dia, é uma emoção dife-

ouvir com todos os sentidos o espetácu-

porta a condição do tempo —, o cair da

rente. Mesmo quando chove, sinto a

lo. Vestido de branco com uma echarpe

tarde é reverenciado naquele trecho.

energia do Sol se despedindo”, conta

dourada — em homenagem ao Sol? —, o

Jurandy do Sax completava 4.022 apre-

com entusiasmo o músico.

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Foto: janaína quitério

A sincronização original do “Bolero de

melodia amplificados por microfone até as

visitas à praia fluvial chega a um milhão na

Ravel” com o pôr do sol aconteceu por aca-

caixas de som de cinco bares, que dispo-

alta temporada.

so, em meado da década de 1980, quan-

nibilizam espaçosos terraços sobre o rio.

A apresentação do bolero dura 14

do era tocado no LP de um dos bares da

Desde então, o turismo na praia do Ja-

minutos. Finda quando o último raio solar

então vila de pescadores da praia do Jaca-

caré resplandeceu e, com os investimen-

se oculta no horizonte — tempo suficiente

ré. Os frequentadores do local ficaram tão

tos governamentais em infraestrutura que

para muitas lágrimas se desprenderem

entusiasmados que passaram a pedir bis

recebeu, tem condições de recepcionar,

e dezenas de suspiros ritmarem em coro

em alguns fins de tarde. Mas, com a entra-

com aconchego, milhares de visitantes do

o tãrãrãrã da melodia. Por algum motivo

da em cena de Jurandy do Sax anos mais

Brasil e do mundo. Segundo Nanete Correia

inexplicável, o poente enche nossos pul-

tarde, o entardecer musicado ganhou

Aguiar — secretária adjunta de Turismo do

mões de vida.

ares de performance, com os acordes da

município de Cabedelo —, a estimativa de

Ruborizado, o Sol agradece. ecoaventura 55


Foto: janaína quitério

[ turismo ] O Sol é como um farol para o turismo do

Pessoa — com boa infraestrutura de quios-

litoral da Paraíba. Em João Pessoa — capi-

ques — todos padronizados —, calçadão e

tal do Estado — é, inclusive, onde ele nasce

ciclovia, que oferece pontos de empréstimo

primeiro: antes das cinco da manhã, os

eletrônico de bikes. Diariamente, das 5h às

primeiros raios solares despertam. Isso

8h, o trânsito de veículos na avenida à beira-

acontece porque é lá que está situada a

-mar é interrompido para privilegiar a prática

parte continental mais oriental das Améri-

de caminhada, corrida e ciclismo. Essa praia

cas — a Ponta do Seixas, localizada ao sul

agrupa um grande número de restaurantes

da praia do Cabo Branco.

com variado cardápio — de frutos do mar à

Para aproveitar o dia, que irrompe cedo, o visitante pode se aventurar pe-

comida italiana —, bem como muitos hotéis e pousadas na avenida da praia.

los 60 quilômetros de praias da região

Em sua porção mais ao sul, no topo

metropolitana de João Pessoa — da qual

de uma falésia de 40 metros, fica um dos

fazem parte, também, os municípios de

mais bonitos cartões-postais da cidade:

Cabedelo (ao norte) e Conde (ao sul).

o Farol do Cabo Branco. De lá, é possível

Na capital, dos seus 20 quilômetros de

visualizar toda a beleza da orla de Cabo

litoral, 12 são constituídos de praias ur-

Branco e a Ponta do Seixas. Ao lado do

banas — todas com águas claras, mornas

farol, foi inaugurada, em 2008, a Estação

e limpas, nas quais não são despejados

Cabo Branco de Ciência, Cultura e Arte,

dejetos sanitários. Outra particularidade

com projeto arquitetônico de Oscar Nie-

é que, em João Pessoa, há uma legisla-

mayer. Imperdível!

ção municipal que limita as construções

Estação Ciência

na orla em, no máximo, três andares, o que deixa a cidade mais ventilada e com temperaturas amenas, de 26 a 28º Celsius, o ano todo. Em contrapartida, a algumas quadras da avenida à beira-mar, a capital paraibana vive um processo de verticalização sem precedentes. É de lá que figurará, em breve, o arranha-céu mais alto do Brasil, com 183 metros de altura e 51 andares! Quem busca praias semidesertas com cenários paradisíacos desloca-se para o litoral sul por meio da Rodovia PB-008, cujo trajeto — com duração de até 40 minutos de carro — é cercado por áreas preservadas de Mata Atlântica, estuários e mangues.

Praia do Cabo Branco Com extensão de 5,5 quilômetros, é uma praia urbana de Jampa — como é carinhosamente conhecida a cidade de João 56 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

O Farol foi arquitetado no início da década de 1970 com as asas em forma triangular para representar um sisal — planta fornecedora de fibra que fez parte de importante ciclo econômico da Paraíba

Foto: Janaína quitério Foto: Felipe gesteira


Foto: Felipe gesteira

Para aproveitar bem as piscinas naturais de Picãozinho, a maré deve estar até 0.4

praia de Tambaú

Foto: Felipe GESTEIRA

Praia urbana que se destaca por três principais motivos: trata-se do ponto mais badalado de João Pessoa e reúne restaurantes variados, bares, bancos, quiosques e feirinha de artesanato. É em suas mediações que fica o Mercado de Artesanato da Paraíba, com 120 lojas. Em segundo lugar, é lá que se localiza outro importante cartão-postal: o Hotel Tropical Tambaú — um resort em formato circular, construído em 1970 sobre a areia da praia. Por fim, é de Tambaú que sai um dos passeios mais fascinantes: as piscinas

Vista panorâmica da praia de Tambaú

naturais de Picãozinho. Localizado a aproximadamente um quilômetro da praia, recifes de corais formam, na maré baixa, piscinas de águas claras e mornas, com exuberante fauna e flora marinhas, onde a magia é mergulhar com máscara e snorkel ao lado de peixinhos. O percurso é feito por catamarãs em 15 minutos. Para a preservação dos corais, os órgãos ambientais autorizam a operar na região, no máximo, oito embarcações — com lotação de até 80 passageiros.

Serviços • A Estação Ciência organiza exposições diversas, feiras e apresentações musicais. De seg. a sexta, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 21h. Tel.: (83) 3214-8303 / 3214- 8270. A entrada é gratuita. • Vale a pena experimentar as deliciosas tapiocas da Paraíba. Em frente à Pousada Lua Cheia Mar, na Av. Cabo Branco, 1.710, uma barraca oferece variadas opções de recheios, como charque, queijo coalho e bode. Preço médio: R$5

• Mercado de Artesanato da Paraíba: Avenida Sen. Ruy Carneiro, 241. De seg. a sábado, das 9h às 19h. Domingo, das 9h às 17h. Tel.: (83) 3247-3135. • Hotel Tropical Tambaú: em alta temporada, o menor preço do pernoite para uma pessoa fica em torno de R$250. Para casal, R$293. Avenida Almirante Tamandaré, 229. Tel.: (83) 2107-1900. www.tropicaltambau.com.br • Picãozinho: Catamarã 100% Lazer. Passeio com duração de três horas, somente na maré baixa (imprescindível consultar tábua da maré). R$25. Tel.: (83) 9981-0301 / 8863-0715 • Snorkels são alugados nas embarcações por R$10 • Leve como lembrança peças do algodão colorido paraibano, encontrado em lojas de artesanato

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[ turismo ] Tambaba Localizada a 30 quilômetros de João Pessoa, no município de Conde, é uma referência mundial devido à sua beleza natural e por ter sido a primeira praia de naturalismo oficial do Nordeste (Decreto 276/91 e Lei Municipal 256/2002) — e a segunda do Brasil. É dividida em duas áreas: uma na qual não é permitido o naturalismo, e outra cujo acesso é feito por uma pequena trilha de madeira, onde a nudez é obrigatória. Nessa parte, os banhistas se descobrem por completo: não há pudores. Placas advertem que a prática sexual em público é proibida e qualquer ato de constrangimento pode ser penalizado com expulsão da área. Um segurança “à paisana” zela pelo código de conduta.

Serviços • Há poucas pousadas na região. Para mais informações, consulte o site oficial da praia: www.tambaba.com.br

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Fotos: Janaína quitério Na maré baixa, formam-se piscinas naturais propícias a um banho despreocupado


Fotos: Janaína quitério

Mapa turístico: Kid Ocelos

Areia Vermelha Durante três horas — e somente na maré-baixa — vem à tona um banco de areia, cuja coloração avermelhada é resultado de pigmentos liberados por algas. É rodeado por uma extensa faixa de arrecifes, que propiciam a formação de piscinas naturais em sua volta. Por se tratar de um Parque Estadual Marinho — criado em agosto de 2000 para proteger os recursos naturais locais e despertar a consciência ecológica dos visitantes — não é permitido pisar nos corais nem revolvê-los. Apesar disso, quando a fiscalização não está presente, muitos turistas desrespeitam essa orientação e chegam a levar na bolsa fragmentos de corais. A Areia Vermelha está localizada a aproximadamente um quilômetro da praia de Camboinha, no município de Cabedelo. O percurso, feito por catamarãs, dura 15 minutos. Bares itinerantes oferecem coquetéis na fruta, petiscos de queijos, caranguejos e até lagostas. ecoaventura 59


[ turismo ]

Fotos: Janaína quitério

Falésias dão mais charme à semideserta Tabatinga

Praia barra do Gramame

Praia da Tabatinga É uma combinação de vultosas falésias, formações rochosas, recifes e corais. O acesso a ela pode ser feito caminhando pela praia do Coqueirinho. Fica em Conde.

Barra do Gramame É a última praia — e uma das mais bonitas — de João Pessoa. Trata-se de uma vila de pescadores constituída de 30 casas de taipa às margens da foz do rio Gramame. O encontro do rio com o mar dá mais charme a essa praia semideserta e rústica com exuberante beleza natural.

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Coqueirinho Além dos altivos coqueiros, a enseada é formada por falésias multicoloridas, areias brancas e mar tão verde quanto morno. Do lado direito do estacionamento da entrada, ficam as instalações aconchegantes e rústicas-chiques oferecidas pelo Restaurante Canyon de Coqueirinho. O cardápio também é imperdível. Tel.: (83) 9301-1990. Do outro lado, a praia se mantém deslumbrante, mas há outras opções de restaurantes e barracas para atender os visitantes. Fica no município de Conde.

Mirante do Restaurante Canyon de Coqueirinho

Fotos: Janaína quitério Turistas caminham por Coqueirinho para chegarem a Tabatinga


[ turismo ]

Foto: FELIPE GESTEIRA A lagoa dos Irerês, no Parque Sólon de Lucena, tem projeto paisagístico original de Burle Marx. É um dos pontos arborizados da capital, que já foi considerada a segunda cidade mais verde do Brasil — posto perdido para Curitiba em 2010

João Pessoa foi fundada às margens do rio Sanhauá, afluente do rio Paraíba, em 1586, de onde se estabeleceram as primeiras ocupações da colonização portuguesa. Um passeio pelo Centro Histórico, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional), em 2007, é capaz de revelar os traços das várias fases vividas pela capital. Igrejas, conventos, mosteiros, sobrados do período colonial, construções barrocas e em estilo eclético etc. compõem o acervo arquitetônico da terceira cidade mais antiga do País. Uma aula prática de história e arte para os visitantes.

O Centro Cultural São Francisco (composto pela Igreja de São Francisco e Convento de Santo Antônio) impressiona pela riqueza artística e pela história que preserva. Seu conjunto arquitetônico de estilo barroco (séc. 17) é um dos mais conservados do Brasil

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Foto: JANAÍNA QUITÉRIO

Cidade histórica


Foto: FELIPE GESTEIRA

Praça Antenor de Navarro

Como Chegar

Passeios

Voos partem diariamente das cidades de São Paulo e Guarulhos-SP, Rio de Janeiro-RJ, Salvador-BA, Campinas-SP, Belo Horizonte-MG e Brasília-DF pelas companhias Tam, Gol, Avianca e Azul. O Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto localiza-se em Bayeux, cidade da região metropolitana de João Pessoa, a 11 quilômetros do centro e a 25 quilômetros da praia de Tambaú. Uma corrida de táxi até a praia de Cabo Branco, vizinha de Tambaú, custa, em média, R$60

Esta reportagem teve o apoio da Cliotur (www.cliotur.com.br/ Tel.: 83-3247-4460), que faz passeios agendados em vans climatizadas para todo o litoral da região metropolitana de João Pessoa e interior da Paraíba. • City Tour. Duração: 4h. R$35 • Litoral Sul (Barra do Gramame, Amor, Jacumã, Tabatinga, Coqueirinho e Tambaba). Duração: 8h. R$60 • Picãozinho (sujeito à tábua de marés). Duração: 3h. R$35 • Areia Vermelha (sujeito à tábua de marés). Duração: 4h. R$45 • Praia Fluvial do Jacaré. Duração: 2h. R$30 • Litoral Norte (Projeto Tartarugas Marinhas, Fortaleza de Santa Catarina, Marco Zero da Transamazônica, praia fluvial do Jacaré e praia do Bessa). Duração: 4h. R$30

HOSpedagem Somente na capital paraibana, existem 90 meios de hospedagens, entre hotéis, pousadas, apart-hotéis etc., o que totaliza 8.795 leitos. Consulte o site da PBtur para encontrá-los: www.destinoparaiba.pb.gov.br

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