Zanotelli

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JANDIR JOÃO ZANOTELLI

ZANOTELLI: A SAGA DE UM IMIGRANTE TRENTINO

2ª. EDIÇÃ0

Pelotas - 2011


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Editora Cópias Santa Cruz Ltda Rua Felix da Cunha, 412, Pelotas. CEP 96010-000 Fone (53) 32225760 E-mail: copiassantacruz@gmail.com. Pelotas – 1ª. Edição -1997. 2ª. Edição revista 2011. Edição e direitos reservados do autor Capa: Luís Fernando Giusti Impressão: Editora Cópias Santa Cruz

Z33z Zanotelli, Jandir João Zanotelli: a saga de um imigrante trentino Jandir João Zanotelli - Pelotas PelotasEditora Cópias Santa Cruz Ltda 2ª.Edição -2011. 318p.it. ISBN:978-85-61629-51-9 1. Imigração 2.imigração italiana. 3. Biografiaimigrantes 3.1. Título.

CDD

325.1

Catálogo sistemático imigração: Itália Trento: imigrantes Biografia: imigrantes


3

Dedicatória

A

nossos

filhos e a nossos pais que, com

raízes,

memória

e

imaginação nos incitam a construir uma pátria solidária e fraterna onde a migração seja a festa da esperança, da liberdade e do encontro.


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5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................... 7 I-

CONTEXTO

DA

EMIGRAÇÃO

ITALIANA

E

TRENTINA ........................................................................... 13 1. O Contexto Geográfico.......................................... 13 2. O Contexto Histórico..............................................27 3. A Economia......................................................... ..51 4. A Qualidade de Vida...............................................59 5. Aspectos Religiosos, Culturais e Políticos............ 68 II - O BRASIL QUE OS AGUARDAVA............................. 78 III - A EMIGRAÇÃO - IMIGRAÇÃO................................ 119 1. Migração Temporária.......................................... 119 2. Migração Definitiva............................................. 120 3. A Expedição Tabacchi......................................... 121 4. A Diáspora........................................................... 128 IV - A IMIGRAÇÃO DA FAMÍLIA ZANOTELLI........... 139 1. De Livo para Cembra –De Cembra para o Brasil ................................... 130 2. Do Rio de Janeiro para Porto Alegre....................167 3. De Porto Alegre a Conde d‟Eu (Garibaldi)..........173 4.De Garibaldi a Encantado.......................................187


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V –TRADIÇÕES E LEMBRANÇAS...................................217 VI – SACERDOTES E RELIGIOSOS.................................230 VII- CONCLUSÃO...............................................................236 VIII- RELAÇÃO DE FAMILIAS IMIGRANTES...............242 IX – CANÇÕES....................................................................308 X – ENCONTROS DA FAMÍLIA ZANOTELLI.................319 1º.Encontro em Porto Alegre 1996........................................319 2º.Encontro em Jacarezinho 1997.........................................343 3º.Encontro em Vitória ES 1998...........................................347 4º.Encontro em Colatina ES 1999.........................................351 5º. Encontro em Cembra, Itália, 2000...................................353 6º. Encontro em Livo, 2004, Itália.........................................367 Meso Encontro em Canoas RS, 2010....................................373 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................. 375


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INTRODUÇÃO Aos 136 anos da Imigração Italiana para o Rio Grande do Sul nada melhor do que narrar a saga de uma família concreta, a família Zanotelli, que participou desde o início deste processo. Os primeiros imigrantes italianos (considerada a Itália em seus limites geográficos atuais) que, de forma sistemática e grupal, emigraram para o Brasil foram os trentinos, com a Expedição Tabacchi que chegou ao Porto de Vitória, no Espírito Santo, com o navio a vela La Sofia, no dia 27 de fevereiro de 1874. Eram cerca de 400 pessoas que haviam embarcado em Gênova às 3 horas da tarde de 3 de janeiro.1 A Experiência não teve sucesso. Dificuldades, conflitos, sofrimentos, promessas não cumpridas, levaram o governo a dissolvê-la. Em 14 de maio de 1874 a Colônia “Nova Trento” de Tabacchi foi supressa. Em junho daquele mesmo ano os imigrantes iniciaram a se dispersar, sendo transferidos para as Colônias Leopoldina e Rio Novo no Espírito Santo e Nossa Senhora da Soledade (Forromeco - Alto Feliz) no Rio Grande

1

GROSSELLI, Renzo. Viver ou Morrer, 1987, pg.79.


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do Sul.2 Quando Pe. Bartholomeu Tiecker, chega a Na. Sra. da Soledade, em dezembro de 1875, já os encontra aqui3. A data comemorativa da imigração italiana para o Rio Grande do Sul é 23 de maio de 1875. Neste mesmo ano, no dia 24 de dezembro, os Zanotelli chegam à Colônia Conde d‟Eu no RS e em 26 de dezembro também de 1875, os Zanotelli chegam a Vitória do Espírito Santo, e daí chegam à Colônia Santa Leopoldina em 5 de janeiro de 1876. O Trentino, Tirol Meridional, na época não pertencia à Itália que se havia unificado em 1861. Pertencia ao Império Austro-Húngaro. Essa região passou definitivamente à Itália em 1919. Os imigrantes Zanotelli vieram portanto como austríacos, tiroleses, trentinos e não como italianos, embora sua língua, seus costumes, sua história fossem sempre italianos. As obras principais que falam da imigração italiana não destacam suficientemente a imigração de italianos do Trentino e Tirol. Renzo Rosselli é quem resgata a história da emigração Trentina em 3 obras fundamentais com um sub-título comum: “Contadini Trentini (Veneti e Lombardi) nelle foreste brasiliane”. São elas: Vincere o Morire, Trento, 1986 (Traduzida pela UFSC em 1987 com o Título Vencer ou

2 3

Ibidem, pg. 84. Ibidem, pg. 86.


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Morrer); Colonie Imperiali Nella Terra del Caffè, Trento, 1987 (Colônias Imperiais na Terra do Café); Da Schiavi Bianchi a Coloni. Un Progetto per le Fazendas, Trento, 1991 (De escravos Brancos a Colonos. Um projeto para as Fazendas). Aurélia Castiglioni no Espírito Santo com quem tivemos excelentes contatos e um grande grupo de pesquisadores liderados por Rovílio Costa, Luís de Boni e outros editam abundante trabalho publicado pela EST (Escola Superior de Teologia de Porto Alegre) e pela EDUCS (Editora da Universidade de Caxias do Sul). Gino Ferri oferece boas informações sobre Encantado. Nossas pesquisas completaram dados que faltavam. Este trabalho pretende, em apresentando a história da imigração de uma família, oferecer o contexto, as causas, a motivação que os tiroleses tiveram para emigrar, o contexto brasileiro para a imigração, e os fatos concretos que acompanharam a imigração trentina no último quartel do Século XIX. Mapas, fotografias e outros dados visuais procuram ajudar a compreensão. A própria árvore genealógica não busca apenas o diletantismo de organizar os nomes de uma família, mas oferecer um exemplo de como se estruturaram as famílias (geralmente muito numerosas) dos imigrantes italianos e trentinos. Suas festas guardam e traduzem os


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valores trazidos e emoldurados no contexto brasileiro. Traduzem sua contribuição à construção desse nosso polimorfo Brasil. Este ensaio é dividido em 5 partes: 1.O contexto europeu e trentino da emigração; 2. O Brasil da imigração; 3. A emigração-imigração; 4. A família Zanotelli; 5. A árvore genealógica da família Zanotelli. Quero deixar registrado o agradecimento ao grupo do NPD da UCPel , liderado por Cristiano Otero Avila e auxiliado por

Wanessa

T.

Rassier

que

criou

e

acompanhou

pacientemente o Software da árvore genealógica que utilizamos, à equipe da EDUCAT que incentivou o projeto e a cada um dos Zanotelli ou vinculados a eles que ofereceram os dados e fizeram nascer este trabalho que, por isso, é também obra coletiva .


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I. O CONTEXTO DA EMIGRAÇÃO ITALIANA E TRENTINA

1. O Contexto Geográfico

A Europa, com uma superfície de 9.740.000 km2, que representam 1/5 das terras emersas da terra, densamente povoada (com mais de 650.000.000 de habitantes), é ainda um dos maiores centros econômicos e o maior centro cultural do globo. Sua superfície é um pouco maior que a do Brasil (que tem 8.511.965 km2 e ¼ da população da Europa). Tem 38.000 km de costa dos mares Mediterrâneo, Báltico e do Norte e do Oceano Atlântico. A cadeia montanhosa dos Alpes que têm, no máximo 5.000 metros de altura oferece dificuldades para viver e divide as planícies do norte das do Sul. Os principais rios: Reno, Danúbio e Pó. Cidades mais populosas: Londres, Paris e as demais capitais. A maioria delas não tem mais de 3 a 4 milhões da habitantes e nenhuma se aproxima de S. Paulo que hoje tem 14 milhões.


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A Itália é hoje dividida em vinte Províncias. A parte Norte a que mais nos referiremos para a emigração compreende o Trentino, o Alto Ádige, a Lombardia, o Vêneto, Friuli, Venecia Júlia, o Piemonte e o Valle de Aosta. O mapa físico-político da Itália mostra-a com os acidentes de relevo e limites. A cadeia montanhosa dos Alpes ao norte, além dos quais está a Áustria, a Suiça, a leste a Iugoslávia e a oeste a França. A grande planície verde do rio Pó tem cidades importantes como Turim, Milão (principais


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centros industriais na época da emigração - 1875 - como o são ainda hoje), Verona, Vicenza, Pádova e Veneza (cidades que aliam à produção industrial a produção cultural e o turismo). As planícies do Rio Pó são fertilíssimas e cultivadas palmo a palmo. Propriedade de grandes senhores e com tecnologia sempre atualizada, essa região era lugar de migração sazonal da região norte, cujos habitantes procuravam, nas safras do arroz, compor um pouco os parcos ganhos que lhes davam seus minifúndios trentinos. A família Zanotelli que migrou para o Brasil, África, Argentina é originária do Trentino, especialmente de Livo (no Val di Non ) e de Cembra (no vale de Cembra ao longo do rio Avisio que desemboca no Ádige e este no rio Pó, passando por Verona. A parte mais setentrional da Itália, o Tirol pertencia ao Império Austro-húngaro até 1919. O Tirol, com capital em Insbruck, era dividido em duas partes: o Tirol setentrional (de fala alemã e capital em Bolzano) e o Tirol meridional (de fala italiana e com capital em Trento. Por isso, os Zanotelli que migraram para o Brasil traziam no passaporte: “austríaco, tirolês, trentino”. Hoje, essa região do Trentino e Alto Ádige pertence à Itália, apesar da luta separatista da “República Padana”.


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A Itália é menor que o Rio Grande do Sul: tem 301.224 km2. Tem mais de 1.000 km de comprimento e sua maior largura é 225 km. O Sul é mais pobre que o Norte. O Norte luta para separar-se do Sul tido para ele como um peso e um encargo. O Trentino, até 1870 era uma região das mais pobres da Europa, com “uma economia agrícola quase auto-suficiente e ...com uma sociedade camponesa praticamente impermeável às influências externas”4. “Uma configuração geográfica única que isolava os homens em vales estreitos e impérvios junto a montanhas altas e cobertas de bosques, protegeu por séculos senão a imutabilidade, pelo menos as características essenciais e mestras de tal sociedade” 5. Situado ao longo da bacia do rio Adige, cujos inúmeros afluentes banham estes estreitos vales o Trentino foi também uma das poucas passagens para ultrapassar os Alpes através de Bolzano e Brennero. Por aí vinham os povos do norte em direção ao Império Romano e por aí foi construída em 1850 a estrada de ferro VeronaTrento-Bolzano-Insbruck-München. O Trentino ou Alto-Ádige, pertencia ao Império Austro-Húngaro até 1919. Chamava-se Tirol-Sul para aquele

4 5

GROSSELLI, Vencer ou Morrer, 1987, pg. 16. Ibidem.


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império. Os trentinos não achavam lisongeiro chamar-se tiroleses. A partir de 1870, e pela estrada de ferro entram as idéias do capitalismo revolucionando a economia, os valores, a família e até a religião. Ao Norte a Suíça e a Alemanha (do Império Austrohúngaro, porque a região pertencia à Áustria que formava um só reino com a Hungria), ao Sul a Itália da planície do rio Pó. A Província de Trento tem hoje, 6.217 km2, com 447.000 habitantes, organizados em 223 municípios (Comuni), confinando ao norte com a Província de Bolzano, a leste com a de Belluno,

ao sul com as de Vicenza e Verona, a oeste e

sudeste com a Lombardia

e suas províncias de Bréscia e

Sondrio. A Província de Trento tem hoje, 6.217 km2, com 447.000 habitantes, organizados em 223 municípios (Comuni), confinando ao norte com a Província de Bolzano, a leste com a de Belluno,

ao sul com as de Vicenza e Verona, a oeste e

sudeste com a Lombardia Sondrio.

e suas províncias de Bréscia e


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A região do Tirol abrangendo Bolzano como capital do Tirol Norte com fala predominantemente alemã e Trento como capital do Tirol Sul e de fala predominantemente italiana

Os municípios da Província trentina agrupam-se em 11 sub-províncias (Compreensori) que quase coincidem som seus vales: Di Sole, Non, Fiemme, o ladino de Fassa, PrimieroVanoi, Giudicarie, Alto Garda, Ledro, Alta Valsugana e Bassa Valsugana e o do Ádige. As fotografias, em grande parte retiradas da “Guida turistica” do Trentino e citadas como Guida, mostram visualmente, um pouco desses vales,


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montanhas, neves e lagos e que povoavam a cabeça saudosa dos imigrantes.

Europa vista do alto- no centro está a Itália.

Os Alpes dividem as planícies européias do norte e as do sul. Esse era o lugar e o horizonte que nossos antepassados imigrantes

deixaram

horizonte se levantava.

para

trás,

definitivamente.

Outro


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A Europa em sua divisão política atual


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A Itália vista do alto. Ao norte os Alpes. Ao sul a Sicilía.


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Os Alpes eternamente cobertos de neve – horizonte dos antepassados Zanotelli


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O norte da Itália e o Trentino visto do alto- Ao centro o vale do Rio Pó

Trento – funde o medieval e o atual


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Trento, seus castelos, o castelo do Concílio de Trento de 1545-1563, o da Contra-Reforma contra a Reforma Protestante. Suas diretrizes regeram a Igreja Católica até o Concílio Vaticano II de 1962


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Cembra, ao longo do vale do rio Avísio e seus terraços de uva


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2. O Contexto Histórico

A região já era habitada no período neolítico há mais de 4.500 Ac. Descobertas pré-históricas como as de “Riparo Gaban” e “Loc III”, “Vate di Zambana” ao longo do vale do Adige e Fassa mostram que o Trentino foi, desde épocas imemoriais, lugar de intercâmbio e passagem dos povos europeus, especialmente espaço de relação dialética de poder e influência entre os povos latinos e germânicos. Por volta de 40 aC.. Roma tomou conta do Trentino. “ No ano 30 aC. Trento já se havia transformado no centro militar-político-administrativo mais setentrional do mundo romano”6. Em 23 aC. Era municipium. Em 46 d.C. ao conceder cidadania romana aos habitantes trentinos que eram da X região itálica (denominada de Venetia et Istria), da tribo Papíria , denominava Trento como “Município explêndido”7. Encruzilhada e porta de entrada no Império Romano tinha importância capital para este. Suas estradas deixaram de ser transitáveis quando, com a invasão dos “bárbaros”, caiu o Império Romano em 476 d.C.

6 7

Guida turistica - Trentino, pg 19. Guida, pg 20.


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O cristianismo já estava estruturado no Trentino em meados do século IV. Seu 3o.bispo foi S. Vigílio martirizado no ano 400.8 Em 568 d.C., Albuino, rei dos Lombardos que invadiram o Império Romano e o dividiram em 36 ducados, com capital em Pavia, transforma a X região itálica (trentino) em ducado, o Ducado de Trento. Em 774 d.C. os Francos tomam o reino lombardo e constituem a “marca Tridentina”. Em 843, na divisão do Império Carolíngio entre os 3 netos de Carlos Magno, o reino da Itália e, portanto, Trento, fica sob o domínio de Lotário. Em 888 d.C. Berengário, duque do Friuli é eleito rei da Itália e transfere a capital para Verona e cede a marca Tridentina a Arnolfo, duque de Carinzia que o havia apoiado. Depois de 900 d.C. Oto I da Alemanha concede aos bispos trentinos vastos territórios (inclusive Livo e Cembra).E pouco depois as marcas de Verona e Trento ficam propriedade de Henrique, duque da Baviera e irmão de Oto I. Em 1004 o “Comitato de Trento” é reconhecido pelo imperador Henrique como feudo do Sacro Império. Em 1027 Conrado II doa este feudo, assim como Bolzano e o Val Venosta ao bispo de Trento Udalrico II.

8

Os nomes Vigílio e Giovanni são os mais comuns na família Zanotelli.


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Assim, até 1800 o “Principado de Trento” é um pequeno Estado dependente do Imperador. “O bispo tem o direito de assento e voto nas dietas imperiais, tem o comando militar e soberania absoluta sobre os vassalos”9. Até 1777, quando a soberania é abolida, os 51 bispos Príncipes de Trento que se sucedem estruturam firmemente o Estado de Cristandade, dentro do regime feudal. O bispo era ao mesmo tempo proprietário e chefe político da região 10. 9

Guida, pg. 20. Para entender a organização e a estrutura do poder no Trentino como em toda a Europa, é preciso situá-las dentro do Estado de Cristandade que nasceu pela fusão do Cristianismo primitivo com o Império Romano. O Cristianismo primitivo, comunitário, profético, dos pobres, da periferia e por isso perseguido pelo Império Romano passou a usar, para se defender, as categorias da Filosofia Greco-romana. E com Constantino fez um pacto com o Império. Constantino deu liberdade à religião cristã, (Edito de Milão de 313), Teodósio fez da Religião Cristã a religião oficial do Império Romano (387), e o mesmo Teodósio decretou a Religião Cristã como a única permitida no Império(391). Assim, as estruturas econômicas, políticas e sociais do Império foram adotadas pela Igreja. Fundiram-se o Império e a Igreja num só Estado de Cristandade. E as funções de Igreja e Império se confundiram: o Imperador se intrometia na religião e a Igreja assumia funções econômico-político-sociais do Império. O Imperador passou a convocar Concílios e a controlar a Igreja sob pretexto de protegê-la e a Igreja passou a administrar o Império, as províncias e os municípios... De 313 até 800 completou-se a fusão. De 800 (Com Carlos Magno) a 1648 (tratado de Westfalia) a Igreja mandava na política, nomeando e desnomeando Imperadores, reis e príncipes. De 1648 a 1962 a política de cada rei ou nação mandou na religião sendo que o chefe político de cada Estado era ao mesmo tempo o dirigente da religião de seu povo. Assim o cristianismo na Inglaterra se fez Anglicanismo, assim na França, na Suécia etc. A partir de 1962, com o Concílio Vaticano II essa confusão começou a ser desfeita e o cristianismo a retornar a suas raízes primitivas: comunidades de base, Igreja como povo de Deus, serviço 10


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Em 1870 “a sociedade trentina permanecia uma sociedade camponesa e o centro da vida econômica continuava sendo a terra. A família era a célula econômica e social mestra de tal sociedade e a Igreja Católica, aqui entendida tanto como estrutura enquanto conjunto de leis codificadas, fornecia para tal sociedade opções éticas e morais, mitos e tensões o mesmo que na Idade Média. Com o poder político que, vez por outra se instalava na região (configurando-se a mesma Igreja, em última instância, como poder político perante a classe camponesa). O guia do camponês não era o Imperador, nem o intelectual liberal: era o padre...”11 . Assim de 1.100 até 1802 a região do Trentino foi um Principado Episcopal, administrado exclusivamente pelo clero. O bispo de Trento era o senhor, suserano, das terras e essas eram concedidas aos senhores de menor importância (condes, aos homens, fim do triunfalismo, retomada do papel do leigo, profetismo crítico que anuncia a Boa Nova libertadora e denuncia as injustiças, com independência frente às estruturas econômicas e políticas. No Estado de Cristandade as divisões políticas do Império ficaram as divisões políticas da Igreja: assim as províncias em que era dividido o Império, e administradas por um governador serão dioceses administradas por um bispo, os municípios em que eram divididas as províncias vão ser paróquias presididas por um presbítero (padre). As insígnias, os poderes, as honrarias dos príncipes da Igreja e dos governadores serão as mesmas, o mesmo se diga do papa e Imperador e do pároco e do prefeito ou síndico municipal. Este Estado de Cristandade vigorou em toda a Europa e em todas as regiões colonizadas pela Europa, inclusive no Brasil e ainda vige em muitas atitudes e manifestações políticas e religiosas. 11 GROSSELLI, 1987, pg. 16.


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barões...) e esses as dividiam aos camponeses que as trabalhavam como servos da gleba, dando ao senhor a maior parte da produção. As comunidades locais tinham certa autonomia administrativa, tinham suas “carte di regola” isto é seus estatutos e leis próprias que regulavam toda a vida econômica e social. Essa autonomia cessará definitivamente quando, em 1802, o Império Austro-húngaro (Áustria) anexa a região. Em 1805 Napoleão Bonaparte vence a Áustria em Austerlitz e o Trentino passa para o domínio da Baviera até 1810. “Foram 4 anos de excelente governo”. Foram promovidas reformas e melhorias. O povo, porém, liderado pela nobreza e pelo clero, rebelou-se contra as reformas. Pelo tratado de 1810 o “Tirol Meridional” (assim os mandantes denominavam o Trentino), passou ao controle do Reino Itálico da França sob o comando do vice-rei francês Eugênio de Beauharnais. Esse Reino Italiano, compreendendo o vale do Pó e o território da antiga República de 12Veneza, seria não só uma extensão das fronteiras da França, mas um domínio pessoal do próprio Napoleão. Os filhos dos agricultores da região combatiam no exército de Napoleão 12

Veneza foi uma das Repúblicas que mais tempo viveu. Enquanto os países Europeus eram reinos ou impérios, Veneza autonomamente era República desde o início do ano 1.000 até incorporar-se à Itália quando da Unificação Italiana em 1861.


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contra a Áustria. As canções dos imigrantes lembram isto em muitas delas. Derrotado Napoleão, definitivamente na batalha de Waterloo (1815), os países vencedores reúnem-se no Congresso de Viena para restabelecer o antigo regime desmontado por Napoleão, e este, em 7/4/1815, determina que a região do Tirol abrangendo o Trentino retorne ao Império Austro-húngaro (também o ducado de Milão e a república de Veneza), ficando a casa de Sabóia com o Piemonte e Sardenha e a casa dos Burbons com o Reino das duas Sicílias. Em 1816 os Principados Episcopais de Bressanone e Trento são secularizados (passam das mãos do clero para as mãos dos políticos leigos) e são chamados respectivamente de Tirol Setentrional ( de língua alemã ) e Tirol Meridional (de língua italiana) dentro da província do Tirol, cuja capital administrativa seria Insbruck. Por 100 anos o Trentino (Tirol Meridional) lutará por sua anexação à Itália ou por sua independência política frente a Áustria, muitas vezes ajudado pelo Tirol de fala alemã. Esse autonomismo, porém, será mais um fenômeno urbano conforme o ideal de Mazzini (revolucionário socialista do Piemonte), a exemplo da Comissão dos Carbonários do Tirol que, aliados aos revolucionários do Piemonte, em 18/3/1821 declaram: “Avante


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tiroleses! Vingai a tirania Imperial!... Avante, pois, às armas! Recomenda-se também a moderação. Às armas!” O movimento revolucionário “primavera dos povos”, de 1848, que sacudiu toda a Europa e que assustou a oligarquia rural e a burguesia , teve pequena repercussão em Trento, com algumas batalhas campais juntando vênetos, lombardos, bergamascos, brescianos e trentinos contra a Áustria, inspirados no ideal liberal que era anti-clerical, anti-nobreza e abstratamente nacionalista. Como resultado insignificante houve, em 12 de agosto, a proclamação da República Italiana, tendo como chefe Giuseppe Mazzini, feita por um “punhado de homens que defendiam Stelvio e Tonale” 13. Durou quatro dias. O movimento, porém, conseguiu do Império Austríaco a abolição da servidão da gleba. O sistema capitalista de produção, que há séculos vinha transformando a Europa e o mundo exigia essa conquista: “a completa liberdade de todos os fatores produtivos e a abolição de todos os direitos feudais como prebendas, direitos de “corvée” e direitos de taxação que ligavam com correntes o camponês a uma terra que de fato era sempre do feudatário” e senhor.14 Livres da barbárie medieval, os camponeses podiam ser, agora, livremente contratados para

13 14

GROSSELLI, 1987, pg 30. GROSSELLI, 1987, pg 30.


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a produção agrícola capitalista, e isto onde as terras eram abundantes e férteis, como na planície do rio Pó. No Trentino, porém, essa libertação do regime feudal não levou a uma solução capitalista. Faltavam as condições. As terras cultiváveis eram poucas e a população densa. Para os camponeses trentinos a reforma “representou de imediato somente a conquista do direito de vender a própria pouca terra ou de continuar a viver de uma agricultura de pura subsistência na sua própria terra.15

De 249.000 hectares cultiváveis,

representando menos de um hectare produtivo por pessoa, sendo que metade eram de pastagens alpinas, restava uma propriedade familiar média inferior a 2.000 m2: uma horta de 40m x 50m. No final de 1848, 46.000 assinaturas, inclusive do Tirol de fala alemã, (O Círculo Trentino, na estrutura administrativa organizada pelo governo austríaco em 1854, dentro da Província do Tirol tinha 323.186 habitantes),

pediam a

independência administrativa do Trentino. A Áustria reagiu com a propaganda: “Deus, imperador e família” e proibiu, em 1854, o uso da palavra “Trentino” e obrigou o uso de “Tirol Meridional”. O processo de unificação da Itália, guiado pela casa de Sabóia, culmina na decisão da assembléia de deputados em 15

GROSSELLI, 1987, pg. 30.


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1861, declarando unida a nação italiana. Os deputados foram eleitos em 1860, por voto censitário de uma minoria (cerca de 2% ) da população. Dois deputados do Trentino também foram eleitos para, simbolicamente representar a região: Giuseppe Canestrini e Antonio Gazzoletti. Nesse processo

e

com o esforço

revolucionário de Garibaldi, a região norte da atual Itália vai aos poucos se independizando da Áustria. Pela Paz de Villafranca, em 1859 a casa de Sabóia, auxiliada por Napoleão III da França, contra a Áustria, anexa a Lombardia. Em 1867 o Vêneto. Em 1866 o Trentino “conheceu aquela esplêndida figura de aventureiro e libertador, qual foi Giuseppe Garibaldi. Os seus exércitos de voluntários quase conseguiram tomar de assédio Trento, mas a política das grandes potências freou o seu avanço e o obrigou ao célebre: “Obedisco” (obedeço)16 . Na verdade a política do gradualismo e do pragmatismo diplomático de Cavour (primeiro ministro do Piemonte), venceu. Os intelectuais e revolucionários do Trentino tiveram que fugir para a Itália e outros países da Europa, ante a perseguição política da Áustria. Garibaldi, que hoje é considerado herói da América e da Europa, e que lutou no Brasil, na Revolução Farroupilha da República do Piratini (RS e SC), na libertação de Montevidéo 16

GROSSELLI, 1987, PG. 31.


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contra Buenos Aires,

e na unificação italiana com seus

métodos de guerrilha, tomando, por exemplo a Sicília com apenas 1.000 combatentes e que foi temido e odiado por Cavour,

pelos

latifundiários

e

detentores

do

poder,

(especialmente pela Igreja), era carinhosamente cultuado pelos imigrantes italianos ( na época italianos e trentinos) que vieram para o Brasil a partir de 1875. Ao saber da morte do herói em 1882 a colônia de Conde d‟Eu, o primeiro lugar de migração dos trentinos, mudou de nome e se chama desde então: Garibaldi. Na expedição dos 1.000 contra a Sicília 16 trentinos acompanham Garibaldi .O Trentino só se integrará à Itália em 1919. Terminada a Primeira Guerra Mundial em 1918, pelo tratado de Saint Germain, em consequência do tratado de Versalhes que fora imposto à Alemanha, em setembro de 1919,

a Áustria se

obrigou a entregar à Itália o Trieste, a península da Ístria e o Tirol, tanto o Tirol norte de fala alemã, quanto o Tirol Meridional, o Trentino, portanto. Por isso os imigrantes Zanotelli que vieram do Trentino para o Brasil, até 1918 vieram como cidadãos austríacos, tiroleses, e não como italianos. Em 1926 houve um censo no Tirol solicitando à população que declarasse se queria ou não a cidadania italiana.


34

Como os emigrados não estavam para responder, supuseram as autoridades italianas que eles não a quisessem. Por isso a dificuldade de se conseguir cidadania italiana hoje para os filhos dos emigrados do Tirol ou Trentino, por absurdo que pareça, uma vez que o governo austríaco exigia dos emigrados a renúncia à cidadania austríaca para conceder passaporte. O contexto mais global da migração européia, e aqui olhamos especialmente a italiana e trentina, para a América, nos é oferecido pela crise do sistema capitalista de produção. O capitalismo, primeiro mercantil (1453 a 1648), depois manufatureiro (1648 a 1767) e por fim industrial (1767 a 1980), hoje financeiro e virtual, foi desmontando o sistema agrícola feudal europeu desde antes das “grandes descobertas” de 1500 e da europeização do mundo: quando a Europa invadiu a América, a África, a Ásia e a Oceania. O sistema feudal da idade média, que inicia com o fim do Império Romano (476 d.C.) e vai, no mínimo até 1453, tinha como características: a ruralização da sociedade (as cidades se esvaziaram, o comércio praticamente desapareceu, as trocas eram feitas produto por produto, as estradas, as pontes, os prédios públicos se arruinaram e a população da cidade se refugiou no campo, ao redor de castelos para se proteger da invasão dos

„bárbaros‟); a clericalização da


35

Igreja (a Igreja passou a ser o clero, e a ela foram associadas as congregações religiosas, ficando os cristãos não-clérigos como estranhos, alienados, sem voz nem vez, apenas subordinados e ouvintes, e obedientes); a hierarquização do clero (que agora já não é apenas bispo, padre e diácono, mas Papa, Cardeal, Arcebispo, Bispo, Monsenhor, Cônego, Padre, Diácono, Subdiácono, Leitor, Acólito...); a pulverização do Estado ( já não mais um Império, mas infindos pequenos feudos que se dirigiam a si próprios, sendo que o Suserano „conde‟ ou „barão‟ era o legislador, o juiz e o ordenador de tudo. Já não havia mais moeda circulando nem polícias imperiais garantindo a defesa...); a privatização da defesa e das funções do Estado,

(a de legislar, julgar, garantir a

segurança e executar as grandes obras e políticas públicas. Agora cada castelo se defende e se organiza como pode); a divisão da sociedade em 3 grupos ou estamentos (dizia-se que Deus fez 3 tipos de pessoas: uns para trabalhar - e esses são os camponeses que eram escravos ou livres e se transformaram em servos da gleba; - outros para mandar e guerrear - e esses eram os nobres que “garantiam a defesa aos camponeses” e deles retiravam a maior parte da produção; - e outros, enfim para rezar - e esses eram os clérigos que, como os nobres, viviam das taxações sobre os feudos e produção dos


36

agricultores).E tudo isso dentro do Estado de Cristandade, a que acima aludimos. Dessa situação feudal que caracterizou toda a Europa e a partir de relações comerciais, primeiro com os árabes e depois com os judeus, surgiu a reunificação do Estado e seus poderes: Portugal, por primeiro, a partir de 1383 se reunifica com um rei, apoiado pela nobreza, pelo dinheiro e as armas dos comerciantes, pelo clero buscando a evangelização, e assim os portugueses descobrem novas rotas de comércio com as índias para fugir do cerco dos árabes. O projeto de expansão portuguesa obedece aos interesses desses quatro grupos, como Império Mercantil Salvacionista, no dizer de Darcy Ribeiro. Depois de Portugal, a Espanha que se reúne para reconquistar seu território ocupado pelos árabes desde 711 e consegue fazê-lo em março de 1492. Com o mesmo exército que reconquistou Granada, Colombo chegará à América em outubro de 1492. Espanha e Portugal, com as descobertas e com o comércio (especialmente de especiarias orientais e americanas, de metais preciosos e açúcar) transformam-se nos países mais modernos e importantes da Europa até 1648 quando perdem o lugar para Holanda e Inglaterra que não só comercializam os produtos alheios, mas manufaturam produtos próprios e se fazem a „oficina do mundo‟, além de dominar os mares com


37

suas frotas navais, companhias mercantis e de piratas. Esse capitalismo manufatureiro que substitui o mercantil dominará a Europa e consequentemente o mundo até a industrialização. Os países que primeiro se industrializaram foram: Inglaterra (a partir de 1767), a França (1800), Os Estados Unidos (1850), a Alemanha (especialmente Prússia e Baviera, 1850), a Itália (especialmente o Piemonte, Turim, Milão, e também Nápoles, 1850), o Canadá e o Japão (por volta de 1890). A Inglaterra dominará a economia industrial mundial sozinha até a crise de 1873. As crises de mercado gerarão a distribuição do mundo entre os países industrializados (o imperialismo desde a conferência de Berlim de 1885). Gerarão as duas guerras mundiais (de 1914 e 1939). A partir de 1945, os Estados Unidos em guerra fria com a União Soviética, serão o carro chefe da economia mundial até as crises de 1965. Reúnem-se,

então,

os

7

grandes

que

primeiro

se

industrializaram e planificaram a economia mundial na comissão que se chama de „Trilateral‟(1965). Hoje, vivemos a superação

da

sociedade

industrial

pela

sociedade

do

conhecimento e de capitalismo virtual. A migração européia entre seus próprios países e a emigração de europeus para a América (Estados Unidos, Brasil, Argentina, Colômbia...), para a Austrália e Nova


38

Zelândia...na última metade do século XIX e início do século XX tem como contexto a crise final do sistema feudal provocada pelo capitalismo que, também, entra em grave crise, portanto, em 1873.

O Trentino na década de 1870.

O Trentino tem um Território de 6.212,66 km2, sendo 70% acima de 1.000 m. do nível do mar e 40% do total está acima de 1.500m.

“Deve-se notar a ausência de extensos

planaltos cultiváveis e a conformação dos vales que freqüentes vezes apresentam um fundo estreito e ladeiras abruptas, pouco adequadas à agricultura. E isto reduz em muito o terreno produtivo com relação à superfície. Em 1869 foi calculado entre 553.000 e 496.000 ha.”17 . Neste total já estão incluídas os prados na região mediana das montanhas e úteis exclusivamente para pastagens (40%), e os bosques. De um total de 635.653 ha., 96.640 ha (15,2%) eram cultiváveis (lavradios, videiras, hortas, prados), 36.119 ha (5,7%) eram pastagens, 117.134 ha (18,4%) eram estábulos com pastoreio nos Alpes, 300.557 ha (47,3%) eram bosques, 85.179 ha

17

GROSSELLI, 1987, pg. 48.


39

(13,4%) eram lagos, paludes, improdutivos.18

Para cada

pessoa camponesa cabia, em média, menos de um hectare produtivo e, deste, quase metade era composta de pastagens alpinas. A maior parte dos estábulos alpinos e dos bosques eram de propriedade do município e a comunidade camponesa os explorava para retirar madeira e lenha e criar alguns animais. “O sistema de propriedade típico era a pequena propriedade familiar em que a terra era trabalhada pelos componentes da família. No fim do século contavam-se, na região, 137.000 proprietários, dos quais 115.000 conduziam diretamente sua propriedade, ocupando 155.000 hectares, correspondentes a 25% do território”19 . Nesse minifúndio, independente e individualista o camponês trentino tinha uma ou até duas vacas, cultivava a videira, a amoreira para a produção da seda, e algumas hortaliças. Em 1869, 93% da população do Trentino vivia no campo em pequenas comunidades e 7% vivia nos dois aglomerados que poderiam se chamar de cidades: 17.073 habitantes em Trento e 9.063 em Rovereto. Os poucos operários das indústrias de Veludo, seda, chapéus, pregos, vidro, peles e fumo eram, em sua grande maioria, mulheres

18 19

GROSSELLI, 1987, pg. 49. GROSSELLI, 1987, pg. 49.


40

(90%) e seus salários eram muito baixos (entre 33 e 80 centavos diários). Quem não trabalhava em sua propriedade cultivava campos arrendados sendo que metade das colheitas dos cereais, dois terços da colheita da uva e a totalidade das folhas de amoreira eram do proprietário da terra.20 Livo e Cembra, de onde vieram os Zanotelli, ficam, pois no Trentino, Tirol Sul, com capital em Trento. No Trentino, ao longo da bacia do rio Adige, e especialmente de seu afluente o Avísio está o Valle de Cembra. Cembra é um vale ao longo da parte terminal da Torrente (rio) Avísio que desemboca no Ádige perto de Trento. Cembra também é a capital deste vale que tem 10.209 habitantes, 3.386 famílias, distribuídas em 11 comunidades ou vilas (Comuni): Albiano, Cembra, Faver, Giovo, Grauno, Grumes, Lisignago, Lona-Lases, Segonzano, Sover e Valda. Giovanni Antonio Zanotelli, por volta de 1690, saiu de Livo (Val Di Non) e foi para Cembra , a 24 km de Trento, residir com um sacerdote que era seu tio. Em Cembra, Giovanni Antonio casou, em 1705, com Dorotea Concherle, nascida em Faver. Por isso, nos livros de batismo em Garibaldi, consta que Narciso, filho de Francesco, imigrante, é natural de Faver, comune da circunscrição de Cembra e que dista pouco mais de um quilômetro desta. 20

GROSSELLI, 1987, pg. 52.


41

De Giovanni Antonio descendem a maioria absoluta dos Zanotelli que emigraram para a América e Brasil. Outros Zanotelli vieram diretamente de Livo. Por volta do ano 1.000 d.C, Cembra já aparece como feudo dos Senhores do Castelo de Salorno que, por sua vez são feudatários do Principado Episcopal de Trento e mais tarde do Conde de Trento21. Política e administrativamente, Cembra foi subordinada a Bozzano que era uma subdivisão de Trento até por volta de 1330.22 De 1330 até 1803 Cembra era um dos dois distritos da organização político-administrativa de Königsberg, sempre dentro do Principado de Trento. Desde 1508 tinha seus estatutos rurais (Carta di Regole), pelos quais as comunidades trentinas administravam com certa autonomia a vida econômica, social e jurídica, como dissemos acima. Com isso Cembra fica a capital de várias pequenas comunidades ao redor, com alguma autonomia comunal e jurisdição delegada, mas dependendo de Lavis (o 2º. distrito de Königsberg) em matéria de administração política, financeira e de justiça penal 23. Cembra já era freguesia (pieve) em 942, e em 1212 o Pe. Odolrico aparece como vigário ou cura. Em 1586 Cembra é paróquia decanal. 21

GHETTA, in Storia di Cembra, 1994, pg. 73. BERTTOTTI, in Storia di Cembra, 1994, pg. 133. 23 Ibidem. 22


42

De 17 a 19 de janeiro de 1537 Bernardo Clesio, bispo de Trento e grande incentivador e preparador do Concílio de Trento, faz, através de delegados, a primeira visita pastoral a Cembra. Viu que não havia escândalos a castigar e os fiéis eram bons cristãos vivendo segundo as normas da Igreja Católica24. Em 1580, depois do grande Concílio da Igreja Católica realizado em Trento de 1545 a 1563, o príncipe, Ludovico Madruzzo, bispo de Trento faz uma segunda e rigorosa visita pastoral a Cembra. Desde 1710 a paróquia de Cembra realizou 20 capítulos para estabelecer normas e disciplina na vida litúrgica e religiosa. De 1787 a 1789 o Imperador José II da Áustria impões suas „leis josefinas‟, fechando algumas igrejas a pretexto de que era o Império quem sustentava o culto. Em 20 de março de 1797 os franceses de Napoleão, combatendo os austríacos alojam-se em Cembra, fazem da Igreja um quartel e consomem quase todos os víveres da pequena cidade, causando por incêndio e destruição o aniquilamento de muitas casas e bosques com sérios prejuízos ecológicos cujas conseqüências mais tarde se manifestarão: enchentes...Na visita pastoral que o bispo de Trento, Benedetto Riccabona fez em 1870, louvava a Igreja de Santa Maria Assunta de Cembra como uma das maiores da diocese. 24

BENVENUTTI, in Storia di Cembra, 1994, pg. 228.


43

As igrejas lembram o quanto os imigrantes trentinos e italianos vieram marcados pelo Estado de Cristandade. Os espaços , os tempos, as atividades são marcados pela religião. A

população

de

1.800

pessoas

tinha

escolas

satisfatórias e o catecismo era ensinado regularmente. Trabalhavam na paróquia de Cembra, com suas comunidades, 24 sacerdotes. De 1907 a 1912 foi pároco decano de Cembra o P. Domenico Zanotelli, natural de Livo (Val Di Non), recebendo a visita pastoral do bispo Endrici em 1910. Em 1993 o decanato de Cembra abrangendo 12 paróquias tinha um total de 5.931 habitantes25 .

3. A Economia

dissemos

que

a

região

do

Trentino

era

eminentemente agrícola, em minifúndios que, em média não alcançavam meio hectare. Cultivada pelos membros da família ( em média 5 pessoas) a agricultura, sem muita técnica, produzia uva e vinho, milho, trigo, centeio, cevada, legumes, hortaliças, folhas de amoreira para o bicho da seda, lenha para vender à cidade...mel, ceras, queijos e lã. 25

BENVENUTTI, in Storia di Cembra, 1994, pg. 264.


44

A produção agrícola trentina era insuficiente para cobrir as necessidades básicas da população. Por isso em 1875 o Trentino importou: arroz, café, frutos meridionais, pescado, animais de corte e de tração, óleos gordurosos, trigo e milho. “A região importou em 1875 (ano da emigração dos Zanotelli) a quantidade de 43.564.758 kg de cereais, contra uma exportação de apenas 324.048 kg” 26. “A região dependia do exterior para suas totais necessidades de cereais e... devia sangrar-se em exportações de mercadorias e de valores para suprir essas necessidades”27 . Nesse contexto insere-se a crise trazida pela doença do bicho da seda ( a pebrina) a partir de 1859, e o criptógamo que atingiu a videira a partir de l850. A produção de vinho, de cerca de 200.000 hectolitros baixou para 76.000 hectolitros em 1874. É verdade que a falta de tecnologia e de organização dos produtores contribuiu para isso : “Enquanto em todos os países de progresso, o viticultor dividiu o trabalho com o enólogo e o vinhedo se separou da cantina, aqui tudo procede à moda antiga. Cada proprietário de parreiral um tanto extenso tem cantina: cada agricultor se julga enólogo: e assim, tanto um quanto outro trabalho é feito de modo imperfeito. Que

26 27

GROSSELLI, 1987, pg. 53. Ibidem.


45

desperdício de forças, quanto consumo inútil de capital, quanta desorganização para o comércio: quanta obstinada conservação de preconceitos e quanto descrédito para a nossa produção enológica! (...) Aqui a enologia não é uma arte, é uma antiga e grosseira prática tradicional: a cantina não é um laboratório subsidiado pelas descobertas da química, é um amontoado confuso de velhos e mal conservados utensílios: o vinho não é um objeto de comércio de tipo constante: é um produto que varia de acordo com as safras e com a qualidade da colheita: e o produtor não é um industrial empreendedor, que mantém seus depósitos, oferece sua mercadoria, explora o campo de consumo; abre seu próprio caminho em meio à concorrência, como um pacífico proprietário que espera resignado os clientes de casa que chegam para desinflar-lhe as pipas”28 . O criptógamo que castigou violentamente os parreirais reduzindo drasticamente a produção do vinho, foi combatido com sulfato de cobre: o „verderame‟ que nossos colonos trouxeram como o remédio que seria aplicado em todas as vinhas. Por outro lado, a pebrina que matava o bicho da seda: “O precioso inseto que durante tantos anos tinha tecido seu casulo dourado, entristecia e morria. Quanto maior era o trabalho, mais bela a esperança, melhor alimentado o bicho, e 28

V. RICCABONA, in GROSSELLI, 1987, pg. 54-55.


46

já próxima a colheita, um outro demônio misterioso se instalava nos salões do bicho da seda e, com um sopro venenoso, lhe subtraía a vida”29. Assim a produção de casulos que na década de 1860 era de mais de 2.000.000 kg anuais baixou para 762.000 kg em 1869. E nunca mais se recuperou, apesar da importação de bichos da seda sadios do Japão. Em síntese, “a agricultura trentina ( que dependia em grande parte da produção do vinho e da seda) nos anos 70-80 ressentia-se de velhos males e sofria de novos males graves que a década de 60 havia trazido consigo. A terra era pouca e pouco

fértil.

Dividida

em

pequenas

e

pequeníssimas

propriedades voltadas ao auto-consumo e à tentativa de satisfazer todas as necessidades alimentares das populações camponesas

(tentativa

impossibilidade

de

frustrada pela perene e

produzir

grãos

suficientes

antiga para

a

necessidade). A pequena propriedade somente através do super-trabalho de todo o núcleo familiar que , em torno dela gravitava, podia fornecer o mínimo vital e, no mais das vezes, não o fornecia em absoluto, obrigando os componentes das famílias camponesas à emigração temporária ou ao emprego, em determinados períodos do ano, no setor industrial. Na planície, onde existiam propriedades de dimensões maiores e com terrenos mais férteis (com base nos conhecimentos 29

Ibidem.


47

agronômicos da época), os contratos agrários usuais da época limitavam-lhes a produtividade. Tudo isso numa época em que faltavam na região, ou tinham surgido há pouco, estruturas aptas a divulgar, no meio de uma classe camponesa conservadora

e

tradicionalista,

conhecimentos

técnico-

científicos que teriam podido aumentar o retorno dos terrenos e, portanto, a produção. Acrescentaram-se a isso os danos causados pelo criptógamo e sobretudo pela pebrina que oneraram ainda mais uma situação por si mesma já difícil.”30 A indústria de fiação e retorcedura da seda e que representava mais de 60% dos estabelecimentos industriais do Trentino, ressentiu-se profundamente com aquela crise. Em 1875, de um total de pouco mais de 11.000 operários, temporários ou não, mais de 8.000 eram da indústria da seda, e nesta, quase que exclusivamente mulheres. O Trentino já não era uma região industrializada. A maioria

dos

estabelecimentos

industriais

operava

artesanalmente. A falta de tecnologia, a pobreza do mercado interno com uma agricultura extremamente pobre e sem possibilidade

de garantir o consumo ou capitais para a

indústria, a falta de crédito, a separação e independência da Lombardia (1859) e do Vêneto (1867) frente ao Império austro-húngaro, províncias essas que funcionavam como 30

GROSSELLI, 1987, pg. 56.


48

mercado natural de abastecimento e venda dos produtos industriais do Trentino, a inexistência de uma classe empresarial disposta a “arriscar seus capitais na modernização do patrimônio industrial”31, como acontecia no restante da Europa, são fatores que explicam a pouca industrialização do Trentino e o fracasso da indústria trentina na década de 1870 a 1880. Em 1875, de um total de 338 estabelecimentos industriais do Trentino: 162 eram de Fiação da seda ocupando 6.757 empregados; 33 eram de retorcedura da seda com 1.600 empregados; 12 de papel com 330 empregados; 45 de curtimento de peles; um de fumo (Sacco) de propriedade do Império com 1.706 empregados; 2 de vidro com 100 empregados; 30 olarias com 150 empregados; e mais 8 fábricas de veludo, 30 de chapéus de lã, 3 de magnésia, 10 de cerveja, 2 de gás. Um total de 11.392 empregados, dos quais 6.982 temporários ou safristas. Por outro lado, em 1870, eram 12.552 empregados, em 1880 serão apenas 8.337 e em 1890 serão por volta de 5.000. Todas as indústrias, excetuadas as de prego e cerveja, diminuirão os postos de trabalho. Mais de um terço dos postos serão perdidos entre 70 e 80.

31

Idem, pg. 63.


49

A indústria da seda terá apenas 25 estabelecimentos em 1892 (contra 195 em 1875) e em 1900 todos estarão fechados. Os baixos salários pagos na Itália (aí não vigoravam as leis trabalhistas que existiam no Trentino), o incentivo fiscal dado pelo governo francês, a expansão do mercado em nível mundial possibilitando a entrada na Europa da seda chinesa e japonesa, o trabalho quase todo artesanal da indústria trentina, fizeram com que a indústria da seda sucumbisse no Trentino. A agricultura continuará a produzir casulos de seda, mas agora como matéria prima para a indústria estrangeira. Apesar da estrada de ferro que, agora (1850), ligava a região aos polos de maior desenvolvimento capitalista, trazendo, portanto, inovações tecnológicas, no entanto, e por causa também da estrada de ferro, a região virou periferia do mundo capitalista industrializado. A modernização que o capitalismo industrial trazia, vinculado a uma burguesia liberal não ecoou como necessário nos vales e montanhas do Trentino. E, sem postos de trabalho, com a precária situação agrícola, e, tentando salvar os valores da comunidade familiar que o capitalismo ameaçava, os camponeses viram na América a salvação.


50

4. A Qualidade de Vida Agostinho Perini dizia, em 1800, dos trentinos: “O caráter médio ou temperamento do homem trentino é sangüínio-bilioso. É de altura mediana (entre 4 e 5 pés), de cor vivaz e forte, de cabelo escuro, de musculatura forte e decidida. Oferece um amplo desenvolvimento do tórax, tem os ombros bem quadrados, menos longo o pescoço. Cumpre as funções orgânicas com ativa harmonia. A cabeça é assaz grande, o olho vivo e penetrante, a expressão completa do rosto grave e sagaz. As funções de ordem superior se apresentam

nobremente

desenvolvidas.

O

trentino

é

inteligente, como o são, de ordinário, os habitantes dos lugares montanhosos; e supre com industrioso engenho às deficiências de um solo diminuto e não poucas vezes avaro. É trabalhador, pois que a necessidade e a educação lhe ensinaram que a fadiga deve ser a companheira dos homens honestos, como também é herança do passado. Ama, e encontra na religião e na família os melhores, e assaz frequentemente, seus únicos confortos. Ama com enlevo a sua nação; mais, na força das paixões que o concitam, em sua maneira de ser e de sentir, na língua, em tudo é italiano. Ama tenazmente seu vale, suas montanhas, suas águas, suas casas; e se estiver longe agita-o o


51

desejo da volta e não vive e não morre tranqüilo a não ser na modesta paz do seu povoado” 32. Outros porém, descrevem o camponês trentino também como sujo, macilento, malsão... O ambiente camponês era pobre e pouco sadio. Os camponeses viviam em pequenas vilas. “As vilas eram formadas de casas construídas umas ao lado das outras, com falta de luz e sem arejamento suficiente. Os cuidados higiênicos não eram um hábito em voga na época e as ruas eram muitas vezes invadidas pelas imundícies. Um costume que chegou, através dos tempos até nossos dias, era o de amontoar o esterco dos bovinos que serviria como adubo ao lado da casa e debaixo das janelas das mesmas. As casas dos camponeses mais pobres dispunham de uma ou duas peças e de uma estrebaria. O teto era muitas vezes de palha e o pavimento de terra batida. As melhores dispunham de um ou dois pisos. No andar térreo estavam dispostas a estrebaria e a cozinha, na andar superior os quartos. Cada um destes locais dispunha de janelas muito pequenas e insuficientes para o arejamento e que, ainda mais, davam para pátios e vielas escuras e sujas. Era costume das famílias camponesas permanecer dias inteiros, especialmente no inverno, quando o trabalho dos 32

In GROSSELLI, 1987, pg. 66.


52

campos o permitia, fechadas na estrebaria ao calor dos animais”33. Pode-se

imaginar

o

efeito

sobre

a

saúde.

O

aquecimento das casas era precário e o inverno era rigoroso (chegava a 30 graus abaixo de zero). Cembra, porém, tinha uma situação um pouco melhor, como se pode ver na fotografia acima34 de 1903. Casas grandes, de 4 pisos, onde se albergava uma grande família.

Cembra – 1903.

33 34

GROSSELLI, 1987, pg. 67. Storia di Cembra, 1994, pg. 356.


53

Ainda Cembra na visão que trouxeram os imigrantes

O vestuário “limpo e decente”, era de lã (quase sempre feito à mão) no inverno, e de cânhamo ou linho no verão. A alimentação era de cereais e hortaliças, algum queijo e pouco leite. “A polenta era, muitas vezes, a base do almoço e fazia-se acompanhar de batatas, nabos, feijão e repolhos em conserva. O peixe raramente entrava nesta dieta e a bebida típica era a água a que se juntava frequentemente uma bebida que era um misto de água e pouco vinho e que com o tempo azedava. Não se abusava de vinho e aguardente”35. Depois de 1850, quando a taberna substituiu a cantina domiciliar como lugar de permanência dos homens, os abusos eram freqüentes. Depois de 1870 com a crise da importação de cereais do Vêneto e Lombardia, (haviam-se separado do império austro-húngaro e os impostos de alfândega eram altos) e com a 35

GROSSELLI, 1987, pg. 67.


54

incrementação do plantio do milho, a polenta se fez o alimento básico e quase único, originando a doença da pelagra; o pão só comparecia à mesa aos domingos e a carne uma vez por mês. A pilhéria que os migrantes contavam do dono de casa que saía à rua com um osso de galinha acima da orelha para ostentar que havia comido carne, não deixa de ter fundamento na realidade. Os jogos e diversões principais eram a bola, as bochas, jogos de carta (como a bríscola, a escova, o „dobellon‟, o quatrilho) e sobretudo a „mora‟, além do filó. O lugar social fundamental era a igreja e mais tarde a taberna. La Canta dei Mesi (que os Zanotelli de Cembra fazem questão de encenar todos os anos até hoje), mostrando as estações do ano com o significado existencial de cada mês é ainda uma tradição muito honrada por toda a população que participa como intérprete. Nas Cidades (especialmente em Trento e Rovereto) vivia-se melhor. Ruas mais espaçosas, cobertas de cascalho fino, arroios organizados para conduzir o esgoto, em 1877 o telefone, em 1883 a luz elétrica,

as casas suficientemente

espaçosas e com estufas para o aquecimento. “A refeição diária, de acordo com a riqueza das famílias, consiste em carne de ótima qualidade, que vem da parte setentrional do Tirol, de carne de castrado, de laticínios vários, frangos, salames, de


55

caça selvagem nas estações favoráveis, nos dias magros, de ovos, massas e frequentissimamente de polenta, batatas, saborosa variedade de peixes desta parte do Tirol, e no inverno do mar, queijos nacionais e estrangeiros, frutas, legumes, couves de muitíssimas espécies, aspargos, alcachofras, alface, chicória e outras hortaliças”36. Obviamente este era o cardápio para a classe média e rica. Muitos se dedicam à caça, e os mais abastados têm casa na montanha para o verão. Os mais pobres jogam cartas e se embriagam. As cidades de 1874 em diante, inundadas por ondas humanas que migravam, sem lugar de trabalho para cada vez maior número de pessoas, inclusive os migrantes do campo, com comerciantes, hoteleiros, carregadores falindo com a crise, tornam-se palco de maior criminalidade e o governo deverá aportar cada vez mais recursos para a sobrevivência de desempregados miseráveis e suas famílias. A lei obrigava os municípios a garantir a sobrevivência de seus cidadãos e, com a carga dessa beneficência pública, o peso cada vez maior levava a muitos municípios a, até, pagarem passagem para que os mais pobres migrassem e forçavam o governo a exigir que, com a emigração, o emigrante renunciasse à cidadania austríaca. Assim, pensavam, se evitaria que, retornando, o emigrante continuasse a ser 36

LUPPI, G. in GROSSELLI, 1987, pg. 68.


56

protegido pelo município. O camponês expulso de sua terra pelas condições econômico-sociais aludidas acima, era agora também apátrida, pois o Brasil, por exemplo, receberá os migrantes como estrangeiros e eles, em sua maioria, já não eram austríacos, obrigados que foram a renunciar à cidadania.37 A saúde do camponês trentino por volta de 1874 era debilitada pela insuficiente alimentação especialmente carente de proteínas, e pelas condições da habitação e do vestuário. As doenças bronco-pulmonares no inverno, a varíola, o tifo, a escarlatina e a coqueluche eram quase endêmicas. A tuberculose, a malária, a meningite e a cólera eram freqüentes. E a pelagra, após 1850, especialmente na década de 1870 ceifava vidas. A assistência sanitária realizada por um número razoável de médicos e obstetras, não se fazia em hospitais. Para o hospital ia o doente incurável, para morrer. A partir de 1850 as cirurgias e depois a assistência curativa iniciou a ser realizada nos hospitais. O camponês trentino, auto-suficiente, fugia dos médicos e hospitais e se auto-medicava com ervas, ungüentos e chás que eram secularmente tidos como panacéia de todos os males. O vinho, as sangrias, as sanguessugas, os 37

Isto acontecerá especificamente com os Zanotelli, como se pode ver do passaporte de Francesco que vem com seu filho Narciso e esposa. Este é o fulcro dos conflitos na Imigração-emigração Tabacchi, onde os colonos, já sem cidadania austríaca, inconformados com a situação no Brasil, forçam o governo brasileiro para uma solução.


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purgantes eram usados para qualquer ocasião. A noção de que o mal instalado no corpo devia ser expelido através de purgantes e sangrias veio com os migrantes para o Brasil.

5. Aspectos Religiosos, Culturais e Políticos

A Revolução Francesa de 1789 e sua expansão através dos exércitos de Napoleão define política e culturalmente, não só para a Europa, o fim de uma época e o início de outra. O velho Estado de Cristandade que juntava a nobreza e o clero, com todos os poderes e direitos exercitados sobre o povo, direito que era tido como de origem divina não mais se mantém. A burguesia mercantil, manufatureira e já industrial ( liberal ), que detém o domínio econômico da sociedade européia quer agora também participar da direção política e cultural e por que não religiosa (?) da sociedade. No Trentino o embate entre clericais (conservadores, vinculados à velha nobreza) e liberais (sob a bandeira de igualdade,

fraternidade

e

liberdade)

não

acontece

revolucionariamente como em outras partes da Europa. Enquanto no resto da Europa o liberalismo pregava o Estado laico, independente da Igreja e da religião retirando, com isso, o fundamento do poder da nobreza e do clero, substituindo a


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religião por uma educação „científica‟, o casamento religioso pelo civil, a escola pública, laica (sem religião), universal e gratuita,... no Trentino a situação foi mais suave. Os poucos liberais concentravam-se nas cidades onde estava 7% da população. Os camponeses que tinham no clero o seu intelectual orgânico e que era seguido à risca e por tantos séculos, através dos intelectuais católicos que se expressavam pelo jornal “Voce Cattolica” de Trento viam no liberalismo a incarnação do anti-cristo. “O liberalismo, como vimos, outra coisa não é substancialmente do que a rebelião sistematizada contra Deus Criador e Redentor na ordem natural e sobrenatural; outra coisa não quer do que a descristianização do indivíduo, da família e da sociedade e a destruição da Igreja Católica. (...) O liberalismo por liberdade outra coisa não entende do que a libertação da humanidade da autoridade de Deus; a isto ele tende essencialmente: ele vos tira o freio de toda lei e quando, desenfreados vos vê doidejar como loucos furibundos e descabrestear-se como potros indomáveis, então vos chama livres. Mas esta não é liberdade; esta é licença, concedida ao erro, à luxúria, à cobiça, à violência, à desordem; e as torpezas dessas baixezas ele as recobre com o nome de liberdade”38.

38

Voce Cattolica, in GROSSELLI, 1987, pg. 36.


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Vive-se dentro do Estado de Cristandade e com a visão simplificada de que Deus é o dono do mundo ( e portanto todo poder lhe pertence), Deus delega ao papa e ao clero como seus procuradores na terra toda a propriedade e poder, o papa e o clero delegam este poder ao rei, Imperador ou chefe civil para que, em harmonia e em obediência ao Papa e ao clero exerça vicariamente este poder. Esta confusão de cristianismo com Igreja e com a organização da Igreja Católica como existia no Estado de Cristandade fazia do clero, da Igreja e seu pensamento o único verdadeiro para o camponês trentino. A confusão de que liberdade é licença à libertinagem, que os liberais queriam a destruição dos valores que eram os mais sagrados para os camponeses (família, religião, pátria confundida com Império e status quo) era uma arma mortal manejada habilmente pelo clero e pelos intelectuais católicos. Os migrantes trouxeram essa mentalidade e viram no Brasil uma pátria em que esses valores sagrados pudessem ser respeitados.39 A paisagem bucólica da agricultura é marcada pelos símbolos da fé num Estado de Cristandade. A tradição articula

39

Em 1875, no Brasil, o Imperador era o chefe supremo da Igreja, o tutor e pagador das despesas da Igreja com seus templos, seminários e conventos. Para poupar o dinheiro que o Império cobrava como imposto religioso, o Brasil, até a República, terá apenas 11 dioceses.


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de tal forma a vida na fé e na religião que esta se torna como que palpável, concreta, visível em tudo. São séculos de fé. Os liberais que se expressavam pelo jornal trentino “Il Raccoglitore”, respondiam aos clericais e aos da nobreza zombando, chamando a Igreja de „Comadre‟, atrasada, e que queria impedir o progresso e a ciência com superstições. O liberalismo e a maçonaria em seu anti-clericalismo fizeram com que a primitiva união de liberais e católicos para a independência do Trentino ou para sua anexação à Italia fosse aos poucos arrefecendo de tal forma que na Dieta de Insbruck, os deputados católicos do Trentino se aliaram aos deputados imperiais, pensando que o Império salvaria o Trentino do Liberalismo. Um traço interessante do controle que o clero exercia sobre os camponeses é o tratamento dado à blasfêmia. Se a “Voce Cattolica” publicava, em 1871 um caso exemplar de um blasfemador que foi fulminado por Deus logo após ter proferido as maiores blasfêmias contra os santos e contra Deus, por outro lado é interessante observar como o camponês utilizará a blasfêmia como ataque, revolta, protesto contra a ordem estabelecida que lhe causa tantos problemas, identificando o status quo com o clero e com tudo o que o clero põe como valor e fundamento.


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Assim, antes de ofender a Deus, a blasfêmia visava, para o camponês, atacar a ordem estabelecida e representada pelo clero. Antes de questão religiosa ou moral, a blasfêmia é uma questão de manifestação política. Se a blasfêmia ataca o que há de mais sagrado para o clero, ataca a ordem, o Estado de Cristandade, representada pelo clero. A análise da blasfêmia entre os imigrantes parece dar suporte a essa hipótese. Os trentinos que emigraram para o Brasil a partir de 1875, vieram católicos, sabendo de cor os mandamentos da lei de Deus e da Igreja (nem sempre os praticavam), freqüentando os sacramentos no mínimo exigido ( confissão e comunhão uma vez por ano, batisar os filhos, casamento religioso, ir à missa aos domingos e festas de guarda), rezando o rosário ou o terço à noite, edificando templos, os melhores que pudesse e resignando-se, nos problemas e dificuldades, à „vontade de Deus‟. A falta de sacerdotes fará com que , no Brasil, esses imigrantes substituam a missa dominical pelo terço (terceira parte do rosário que compreende a reza de 150 ave-Marias e 15 pai-nossos, meditando a cada 10 ave-Marias um dos 15 mistérios que sintetizam o cristianismo), rezado nas capelinhas ou capitéis e, antes ainda nas casas de família. Sempre cantado em coral, o terço era seguido pelas ladainhas de todos os santos, também cantadas. As igrejas, aqui como no Trentino, tinham sempre duas carreiras de


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bancos (uma ocupada pelas mulheres e, no lado oposto, a outra ocupada pelos homens). A maioria das orações (quase sempre cantadas) eram recitadas em latim, italiano ou dialeto numa confusão de onde podiam resultar entendimentos pitorescos: ao cantar das ladainhas “Vas insigne devotionis” (Vaso, buquê magnífico de predileção) todos faziam o sinal da cruz. Perguntados por quê? Eis a resposta: então você não compreende? O que quer dizer “Fa un signo di devozione” senão “faça um sinal da cruz”? Ao ter os salmos traduzidos em português (salmos que a família de minha mãe Ana Dalla Vecchia recitava todas as noites), mamãe encantou-se pela beleza deles e pediu uma cópia. - “Mas, a senhora reza esses salmos todas as noites”! - Mas eu nunca vi esses salmos... Muitas orações eram rezadas, cantadas sem que os devotos soubessem o que estavam dizendo. Tudo, porém , era feito com o maior recolhimento, respeito e devoção. O Trentino, dentro do Império austro-húngaro, tinha uma situação privilegiada de alfabetização e educação, comparada, por exemplo, com a do norte da Itália de então. Mais de 80% da população era alfabetizada, contra menos de 50% na Itália. A Lombardia e o Vêneto, enquanto pertenciam ao Império, também, tinham alto índice de escolaridade. Não


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se tem notícia que entre os imigrantes da família Zanotelli, alguém tenha vindo analfabeto. Por outro lado, a cultura artística do Trentino, se não era tão florescente como no Piemonte, expressava-se muito bem na pintura, especialmente das Igrejas, nas festas religiosas, (os cantos corais), as encenações teatrais como a ainda vigente “La Canta dei Mesi”, as canções de amor e celebrações da vida bucólica e alpina que enchiam as noites de inverno. É muito vasto o repertório de canções que os imigrantes trouxeram e que ainda hoje se ouvem nas „colônias‟ de Caxias, Garibaldi, Encantado, Guaporé, Nova Prata... Em

síntese,

os

fatores

mais

importantes

que

influenciaram a migração dos trentinos ( e dentre eles os Zanotelli) para o Brasil pode-se indicar, seguindo Grosselli: o capitalismo industrial que fez crescer o norte da Europa (através da ferrovia e da fábrica), aniquilou as pequenas indústrias locais (vinho e seda) e descobriu a América como mercado consumidor ; a estrutura fundiária e de produção do Trentino (terra insuficiente para a família); a peste pebrina no bicho da seda; o criptógamo na uva; catástrofes

naturais

(especialmente

enchentes

derivadas dos desmatamentos e que afetaram


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profundamente os vales do rio Adige e do Avísio que passa por Cembra, em 1882 e 1885); o recrudescimento dos impostos do Império Austríaco sobre o Tirol, sendo que os investimentos priorizavam escandalosamente a parte norte (de fala alemã); a depreciação do valor dos campos: as dívidas já não tinham suporte no valor dos minifúndios... insolvência cada vez maior dos agricultores...as meações e arrendamentos empobrecem cada vez mais quem trabalha; o espírito de rebeldia dos camponeses trentinos que, incentivados também pelo “anarquismo” vêem nos políticos a causa de todas as suas desgraças, cansados de serem constantemente usados em serviço militar, cansados de trabalhar para os “siori”, e ainda os, cada vez mais freqüentes, conflitos com a polícia; as cartas dos parentes e amigos emigrados contando o sucesso obtido nas terras do Brasil; a propaganda (muitas vezes enganosa) das empresas de imigração; a ânsia por uma liberdade que não coincidia com a dos liberais seguidores da Revolução Francesa:


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“Liberté, égalité, fraternité, vocês a cavalo e nós a pé” cantavam... a América como a “cucagna” :

terras em

abundância, de propriedade dos agricultores, onde não há „siori‟ e ricos que mandam e colhem sem trabalhar, onde a família camponesa possa estar unida sem necessidade de o pai migrar em todos os outonos à busca de complementação da renda familiar, onde a guerra e o serviço militar não mais atormentariam a todos; onde os impostos não seriam escorchantes e injustos como no Trentino. “E a América significava sobretudo terra, muita terra para cultivar e ainda terra de propriedade do camponês que se teria assim emancipado daqueles dois fatores de sujeição que durante séculos o tinham martirizado: o patrão e a pobreza”40

40

GROSSELLI, 1987, pg. 76.


66


67

II - O BRASIL QUE OS AGUARDAVA

O Brasil nasceu, nos planos dos conquistadores portugueses,

para ser estruturado como um conjunto de:

latifúndios, monocultores, exportadores, escravagistas e de acordo com os interesses daqueles que dominavam e dirigiam Portugal. De 1500 a 1528, quando o comércio com a Ásia sorria a Portugal trazendo-lhe os lucros esperados, novas terras e novos fiéis cristãos, o Brasil não contava nos planos dos „descobridores‟ senão como terra de especiarias (pau brasil para pinturas...) . Esta nova terra necessitava ser defendida dos países rivais e concorrentes, como a França, por exemplo, cujo rei, ao ser notificado por Portugal para que respeitasse as terras brasileiras que eram de sua propriedade, propriedade essa decorrente da descoberta, respondeu que

não aceitava a

divisão do mundo entre Portugal e Espanha patrocinada pelo papa porque desconhecia que o testamento de Adão e Eva assim tivesse dividido o mundo.


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O seus campos, seus montes, seus rios

Brasil


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O Brasil e suas regiões

Com o declínio

do comércio com a Índia, pelos

encargos cada vez maiores assumidos pela coroa portuguesa para protegê-lo e ampará-lo, e com a expulsão dos judeus de Portugal em 1517 que financiavam os empreendimentos da coroa, e pelos perigos de ataques estrangeiros de que essa terra descoberta era alvo, Portugal concentrou-se no Brasil. E resolveu fazer dele uma colônia para produzir açúcar (1528). O açúcar, cuja produção era especialidade dos árabes, tinha sido produzido experimentalmente, por Portugal, nas


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ilhas da Madeira, com escravos africanos. Vendido a altos preços na Europa, o açúcar era o „ouro branco‟ que poderia substituir os lucros que o comércio com a Índia deixou de dar. Assim

o

Brasil

foi

planejado,

organizado,

institucionalizado como a terra portuguesa para produzir açúcar. Para isso era necessário dividir o Brasil em latifúndios. A pequena propriedade era impossível para o objetivo.

O

Brasil não nasceu para que aqui as famílias, com seu trabalho, produzissem o seu sustento. Nasceu para que a empresa (o engenho) produzisse, em grandes latifúndios, apenas açúcar, e apenas para a exportação. Um engenho de porte médio, para produzir 500 quilos de açúcar mascavo por dia necessitava ter 10.000 hectares (para o plantio da cana, pastagem ao gado necessário, e retirada de lenha), necessitava ter mais de 600 bovinos e mais de 50 escravos. O açúcar era refinado e distribuído na Europa pelos holandeses. Para isso, as condições necessárias eram: o latifúndio e a escravidão. A divisão das terras do Brasil, inclusive para a reforma agrária, até hoje, encontra dificuldade nesse projeto originário e constitutivo do Brasil: produzir em grande escala (latifúndio, engenho, com numerosos trabalhadores escravos), um só produto, o açúcar (que interessava exclusivamente à metrópole, proibindo-se cultivar qualquer outro produto,


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mesmo que fosse para a alimentação), exclusivamente para a exportação (não seria para ser consumido pela colônia senão minimamente em forma de rapadura) e através do trabalho escravo (inicialmente índio e depois negro, sendo que era indigno o trabalho manual e produtivo para o branco e „nobre‟). Assim o Brasil nasceu como um conjunto de latifúndios, monocultores, exportadores e escravagistas. Estas 4 características do Brasil, tão bem descritas por Darcy Ribeiro e seguidas pela historiografia brasileira, vigoraram durante os 500 anos da História do Brasil depois da „descoberta‟. Assim, até quase 1700, o Brasil existiu apenas para produzir açúcar para a Metrópole portuguesa. O Brasil colonial vai concentrar sua monocultura no açúcar até por volta de 1657. Os holandeses,41 que invadiram o Brasil em 1620, aprenderam aqui a técnica da produção do açúcar e, saindo em 1657, vão produzí-lo nas Antilhas. Portugal já não tem, então, a quem vender o açúcar. E nem quem o refine e comercialize na Europa. Lembremos que sempre foi a Holanda quem refinava e comercializava o açúcar 41

É importante lembrar que Portugal desde 1580 estava sob o domínio espanhol (O Brasil, portanto, como colônia portuguesa estava sob o domínio da Espanha). Os Países Baixos (Bélgica e Holanda) que também eram domínio espanhol lutavam por sua independência. Para atacar a Espanha invadem o Brasil em 1620 e aqui ficam, especialmente em Pernambuco, até 1657. Holanda e Bélgica se independizam pelo tratado de Westfália (1648) que põe fim às guerras de religião. Os holandeses que deveriam, portanto, ter deixado o Brasil em 1648, só saem daqui em 1657, depois das lutas que Portugal lhes move.


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português para a Europa e que , com o refino e a venda lucrava mais do que Portugal com a produção e transporte até a Holanda. Desde então Holanda e Inglaterra dominam o comércio mundial42 e Holanda domina a produção e comercialização também do açúcar. Portugal lança-se, então, desde meados do século XVII, a procurar, no Brasil, ouro e outros metais e pedras preciosas para compensar o fracasso com a monocultura do açúcar. O ouro seria a riqueza, uma vez que os metais preciosos estavam escassos na Europa, considerando que a Espanha havia esgotado suas minas do México e do Peru. A primeira mina de ouro do Brasil é descoberta em Cuiabá em 1693. Assim, até às vésperas de 1800, o Brasil produzirá toneladas e toneladas de ouro e pedras preciosas para Portugal e, para isso, concentrará todos os esforços e recursos. Será o século do ouro. Assim crescerão as regiões de Minas Gerais e São Paulo e o governo geral do Brasil deixará de estar na Bahia (centro da produção açucareira) para localizarse no Rio de Janeiro. O gado que servia para a produção do

42

Em 1654 Portugal , por um tratado secreto, vai permitir à Inglaterra vender todas as suas manufaturas (e a Inglaterra era a „oficina do mundo‟) em Portugal e suas colônias e Portugal só poderá vender para a Inglaterra e suas colônias vinho, azeite e bacalhau. O maior produto de Portugal ( o açúcar ) não poderá ser vendido nos domínios ingleses. Este tratado será ratificado pelo de Methuen em 1703.


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açúcar agora será alimentação para os trabalhadores das minas. O charque e a carne de sol será a base dessa alimentação. É assim que nasce Pelotas no RS,

como centro

charqueador do Brasil Meridional. O gado introduzido no sul pelos jesuítas (1634), já não é levado vivo para São Paulo e Minas, mas

é conduzido para Pelotas, ali charqueado e

enviado para o centro do país bem como para Buenos Aires e Europa. A partir de 1800, esgotada a mineração do ouro, o Brasil produzirá café e algodão para exportar. Para substituir a mão de obra escrava que já não corresponde aos interesses do sistema de produção são pensados os imigrantes europeus, italianos e trentinos, no caso, e atraídos pelo interesse do Império e da Províncias Brasileiras, para substituir a mão de obra escrava (em crise) nas grandes lavouras de café do Sul do Espírito Santo (região de Cachoeiro do Itapemerim), para S. Paulo e Paraná. Bem como são incentivados a produzir café em seus pequenos lotes coloniais. Em 1808, quando a coroa portuguesa, com a elite da nobreza (15.000 pessoas) foge de Lisboa para o Rio de Janeiro, para escapar dos exércitos de Napoleão, o Brasil é reorganizado em função da corte. O Brasil que não existia para si, mas só para a Metrópole deverá ser agora modernizado (na escultura, na


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organização urbanística, nas artes, na cultura) em função da corte que agora reside aqui. O ensino primário do Rio de Janeiro é reestruturado43, são abertas duas escolas de direito, uma de medicina, e artistas são contratados para embelezar estética e arquitetonicamente o Rio de Janeiro. É incentivada a produção do café especialmente nos atuais estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, sul da Bahia e São Paulo... mais tarde também no Paraná. A mão de obra era, na totalidade, escrava. A Europa, porém, já vivia os ares do capitalismo que, por interesse próprio, era contra a escravidão. A Inglaterra, centro do capitalismo pressiona para acabar com a escravidão e 43

Depois da expulsão dos jesuítas ( mais de 500) do Brasil em 1767, realizada pelo iluminismo liberal de Pombal, primeiro ministro português, o ensino primário no Brasil, especialmente, ficou um caos. Eles eram os melhores professores, eles tinham os melhores manuais e métodos. D. João VI, rei de Portugal veio com a mãe D. Maria (a louca), avisado que foi pelo exército inglês de que a França invadiria Portugal, veio trazido por navios ingleses e com um ministro inglês encarregado das relações comerciais com a Inglaterra. Portugal era praticamente uma colônia inglesa. Ao chegar ao Rio de Janeiro inúmeras famílias foram desalojadas de suas casas para dar lugar aos 15.000 nobres que chegavam. O Rio só tinha 45.000 habitantes. Assim, para ter reconhecida a Independência declarada em 7.9.1822, o Brasil, além de assumir a dívida que Portugal tinha para a Inglaterra, o Brasil declarava a intenção de abolir a escravatura. Em 1827 esse compromisso é exigido pela Inglaterra para que o Brasil já não importe negros escravos da África. Em 1849 pela lei Eusébio de Queirós o Brasil aceita não mais importar escravos. Em 1861, tendo em vista a velhice dos escravos, declara-se livre o sexagenário: o escravo com mais de 60 anos era livre. Isto é, ficava livre o senhor daquele encargo. E livre o escravo para morrer de fome e miséria.


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consequentemente com o tráfico de escravos, substituindo-os por mão de obra livre e assalariada. Com isso cresceria o mercado consumidor dos produtos ingleses. Inicia o incentivo à migração: D. João VI, através de um decreto de 25 de novembro de 1808, assegura aos estrangeiros, pela primeira vez na história do Brasil, o direito à propriedade de terras em território brasileiro, e a distribuição gratuita de terras sob a condição de que elas fossem imediatamente medidas e cultivadas. Em 1815 o Brasil (na mesma época e no mesmo rumo da Conferência de Viena) é declarado Reino Unido a Portugal e Algarves. E, para obedecer às necessidades de mercado reclamadas pela produção inglesa, o Brasil deveria, além de abrir os portos às nações amigas (leia-se Inglaterra) em 1808, abolir gradativamente a escravidão conforme cláusula de compromisso assinado com a Inglaterra. Com efeito, o escravo não tem dinheiro para comprar, e a Inglaterra precisa do maior número de pessoas que tenham algum dinheiro para comprar seus produtos. A Inglaterra havia suprimido o tráfico de escravos (1807) e abolido a escravidão (1833) nas Antilhas (suas colônias). Assim a escravidão no Brasil vai diminuindo em número por submissão aos interesses ingleses e por exigência do capitalismo. Tudo isso porém,


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envolto num discurso humanista e libertário ao estilo da Revolução Francesa. É interessante observar que a independência do Brasil não modificará em nada a condição dos escravos bem como da maioria da população brasileira. Apenas mudam os donos do poder. Em 1818, segundo Perdigão Malheiro44, o Brasil tinha 1.887.900 habitantes livres, (neles compreendendo 259.400 indígenas, quase todos marginalizados da vida do país) e 1.930.000 escravos. Mais de metade da população brasileira, portanto, era escrava. Em 1826 o Brasil que, para ter reconhecida sua independência declarada em 7.9.1822, pagara a dívida que Portugal tinha para com a Inglaterra, se compromete a não mais importar escravos da África (essa lei só foi promulgada em 1831). A Inglaterra, pelo Bill Aberdeen de 1845 não só proibia por motivo de „humanidade‟ a saída de escravos da África, como também se autorizava a interceptar navios negreiros, confiscá-los tanto no mar como na costa. A lei Eusébio de Queirós de 1849, assim determina para o Brasil: o fim do tráfico de escravos. Continuará, porém, o contrabando.

44

citado por Maranhão et alii in Brasil História, vol 2 pg. 273


77

Em 1861, é declarado livre o sexagenário: livra-se o senhor de sustentar o escravo após os 60 anos, e o escravo é livre para passar miséria e morrer de fome. Em 1871, é declarado livre todo nascido de escrava, mas seu senhor poderá contar com seu trabalho até aos 18 anos para compensar o custo de sua criação. Em 1888 é, finalmente, declarada extinta a escravidão no Brasil. A escravidão formal foi extinta, as condições de escravidão e semi-escravidão perduram, para alguns, até os dias de hoje. Dentro da revolução industrial a escravidão se tornou inútil, onerosa e prejudicial. Mais barato e eficiente seria contratar um empregado ou fazer contrato de parceria com imigrantes para as fazendas de café. Para substituir os escravos, pensa-se em imigrantes europeus dos países industrializados. Assim em 1819 chegam 1.666 colonos suíços ( outros 350 haviam morrido na viagem) que se localizam na região de Nova Friburgo no Rio de Janeiro45. Em 1824, o já Imperador do Brasil D. Pedro I solicita a vinda de 1.000 rapazes alemães para a guarda imperial, no exército brasileiro. Alguns ficaram no exército (guarda nacional) e outros (126) vieram para o Rio Grande do

45

De BONI e COSTA, 1979, pg 27.


78

Sul e iniciaram a primeira colônia de imigrantes em S.Leopoldo. Em 1826 é criada para os alemães a colônia de Três Forquilhas e a de Torres no RS, em 1828 a de S.Pedro de Alcântara em SC, em 1828 a do Rio Negro no PR, em 1829 a de Santo Amaro em SP. Por outro lado os proprietários de latifúndios ( obtidos, ou por doação do Governo ou por estratagemas cartoriais), subdividem suas propriedades em colônias e vendem-nas aos colonos. Ao longo do rio dos Sinos nascem Mundo Novo em 1847 (Taquara), Padre Eterno em1850, Sapiranga e Picada Verão. Em 1846 Bom Princípio, em 1848 Caí, em 1857 Montenegro e, por fim Nova Petrópolis. Ao longo do rio Taquari, em 1853 surgem Lageado e Estrela, em 1868 Teotônia. A Província cria em 1849 Santa Cruz e, em 1855, Santo Ângelo (Agudo). Rheinghanz , em 1858, cria a colônia de S. Lourenço, perto de Pelotas.


79

As regiões do RS: a 1 e 2 ao longo do Rio Jacuí, recebeu imigrantes nos confins das fazendas. As 6 e 7 são da Campanha; a 3 ao redor da capital; a 4 e 5 reberam muitos imigrantes.

O Rio Grande do Sul e suas regiões

Quando, em 7/4/1831, o Imperador D. Pedro I renuncia, entregando o Império ao filho ainda criança ( período da Regência...), os latifundiários que eram contra a colonização forçaram os parlamentares a cortar as verbas destinadas à imigração. Pelo Ato Adicional à Constituição de 1834 “passou-se às Províncias, carentes de recursos, o encargo de promover a vinda de estrangeiros, esquecendo-se, além do


80

mais, de dar a elas no mínimo a condição fundamental para tanto: terras (estas, enquanto devolutas, pertenciam ao governo Imperial). Só em 1848, pela lei 514, é que as Províncias seriam contempladas com algumas léguas quadradas, nas quais poderiam assentar colonos”...46 O RS recebeu, como as demais províncias, 36 léguas quadradas de terras devolutas, e com elas criou as colônias de Santa Cruz, Santo Ângelo(Cachoeira), Nova Petrópolis e Monte Alverne47. Os lotes foram doados segundo a lei provincial 229 de 1851 e de acordo com a lei Geral 601 de 1850. Em

1847,

Nicolau

Vergueiro,

um

latifundiário

cafeicultor de mentalidade liberal e que lutava contra a escravatura, introduziu em sua fazenda em S. Paulo imigrantes europeus, especialmente alemães: 80 famílias com 400 pessoas, com um contrato de parceria. O contrato foi burlado especialmente com a obrigação de os colonos se abastecerem nos armazéns da fazenda, de tal forma que os altos preços ali cobrados e o baixo preço pago pelo café produzido, aprisionavam os colonos a uma dívida que sempre aumentava. A condição desses colonos assemelhou-se a dos escravos. Em

46 47

De BONI e COSTA, 1979, pg 27. De BONI e COSTA, R .1979: 28 e 63.


81

1857, em 26 fazendas brasileiras trabalhavam 1.031 alemães, 1180 suíços, 616 portugueses e 88 belgas48. A denúncia da condição de trabalho aqui, foi ouvida na Europa e a Alemanha, Inglaterra, França e Suíça proibiram ou dificultaram a emigração para o Brasil. A lei de terras, n. 601 de 18/9/1850 e seu regulamento de 1854 estabelecem que as terras já não seriam dadas mas vendidas aos imigrantes. Aos brasileiros que não tivessem terra e especialmente aos ex-escravos não era permitida a venda de terra. Os ex-escravos sabem muito bem o que isto vai representar impedindo sua emancipação mesmo depois da abolição da escravatura. Assim se mantinha o latifúndio e nas

terras

montanhosas, de matas, difíceis para a criação do gado, ficariam os imigrantes. Essa lei possibilitava a naturalização voluntária dos imigrantes, após dois anos de permanência no país e os dispensava das obrigações militares. De 1850 a 1867 quando saiu o decreto 3.784 incentivando a imigração, arrefeceu muito o fluxo de europeus para o Brasil. Os parlamentares escravocratas reforçaram a idéia de que às Províncias cabia incentivar e apoiar a colonização. As Províncias, porém, não dispunham de recursos para isso. 48

FRANCESCHINI in GRTOSSELLI, 1987, pg 240.


82

Entregavam a incumbência a particulares. Mesmo após a lei 514 de 28/10/1848. Assim, o Estado brasileiro entregava terras a particulares para serem loteadas e vendidas aos imigrantes ao preço de 1.500 réis ao hectare. As companhias particulares organizavam a imigração e vendiam as terras entre 36.000 a 40.000 réis ao hectare.

Algumas Províncias, como o Rio Grande do Sul promoviam, elas próprias a imigração. O interesse pela imigração de europeus “autores do desenvolvimento industrial e agrícola” em seus respectivos países não era, porém, só do Brasil. Argentina, Colômbia, México, Austrália, Estados Unidos faziam propaganda buscando atrair esses possíveis imigrantes. A guerra de propaganda na Europa foi, às vezes, escandalosa, mentirosa e sempre incisiva, com redes de informantes, aliciadores e representantes em cada país, em cada pequena região de emigração. Se o Brasil oferecia as melhores condições legais e de intenções, os Estados Unidos ofereciam as melhores condições objetivas. Assim, dos 5 milhões de alemães que emigraram, apenas 140 mil vieram para o Brasil (nem 5% ). De 1820 a 1926 entraram nas diversas províncias brasileiras 4 milhões de imigrantes; nos EU , de 1820 a 1920 entraram 26 milhões de


83

europeus; na Argentina de 1857 a 1926 entraram mais de 3 milhões de europeus 49. De 1819 a 1940 entraram no Brasil 253.846 alemães, 1.513.115 italianos e trentinos, 1.462.117 portugueses, 598.802 espanhóis50 . A ganância dos particulares, o fracasso de colônias anteriores, a má fama de que o Brasil gozava na Europa pelo não cumprimento dos contratos, além da contra-propaganda de que aqui o clima era terrível, as epidemias grassavam e o Brasil

vivia

em

estado

absoluto

de

miséria

e

subdesenvolvimento, limitavam a imigração. Quatro são os fatores apontados por Grosselli para o malogro da colonização até 1870: “a falta de seleção dos imigrantes que muitas vezes eram artesãos, soldados ou com outras profissões e que não se adaptavam absolutamente ao cultivo da terra; a absoluta falta de vias de comunicação que impedia a

comercialização dos

produtos

agrícolas;

a

localização de muitas colônias em territórios de clima tropical, não adequados à colonização européia; a proximidade das colônias aos latifúndios que desestimulava os colonos e impedia o desenvolvimento da pequena propriedade”51 . A economia brasileira precisava de mão de obra. Os escravos já não entravam no Brasil no volume necessário, 49

GROSSELLI, 1987, pg. 241 CARNEIRO in GROSSELLI, 1987, pg. 238. 51 GROSSELLI, 1987, 238. 50


84

tendo em vista o ataque permanente da frota inglesa: em 1849 entraram 54.000 africanos e em 1852 somente 70052. O desenvolvimento capitalista era incompatível com a escravidão porque ele exigia a liberação de todos os fatores da produção: da mão de obra, do mercado de matérias primas, de consumo, de comércio... O desenvolvimento europeu e norte-americano era visto como sendo fruto da raça branca, indo-européia. Por isso, pensava-se, para alavancar o progresso no Brasil era necessário o ingresso de imigrantes brancos, preferentemente alemães, ingleses, suíços, franceses, belgas e do norte da Italia. Era preciso branquear a raça. O mesmo fez a Argentina quando trucidou os índios do interior para dar lugar aos brancos que deveriam imigrar. Imaginava-se que o branco que havia construído o progresso europeu (apenas porque era branco), vindo para cá, construiria aqui o mesmo progresso, sem levar em consideração as condições em que se deu o desenvolvimento desses países europeus. Como se o progresso deles não estivesse ligado diretamente às condições de troca de nossa matéria prima (paga a preços cada vez mais aviltantes e fixados por eles) com os produtos industrializados por eles (e cujos preços cada vez mais elevados eram também fixados por eles). Como se nosso 52

De BONI e COSTA, pg. 29


85

modelo colonial, latifundiário, exportador e escravagista fosse o mesmo que o da Europa. Por outro lado, deve-se salientar que os imigrantes europeus vinham também com essa mentalidade que explodirá, depois,

nas

motivações

das

duas

guerras

mundiais,

especialmente na segunda, onde o super-homem que levaria a humanidade à perfeição seria o de raça indo-européia... Os italianos, que vieram depois de 1900, traziam na lembrança as fracassadas guerras da Etiópia e Líbia contra os negros que nunca se deixaram vencer53. Por outro lado, o contato

com os escravos, aqui,

reforçou o preconceito de que o negro é indolente, preguiçoso, infiel, mentiroso... Como se, (e sem acatar a afirmação), para sobreviver como escravo, houvesse outra possibilidade...E como se a escravidão não fosse o mais vil e mentiroso, desumano e brutal modo de viver e trabalhar. O Brasil insistiu, na primeira metade do século XIX, em trazer alemães para criar, entre a população portuguesa do RS e a espanhola do Rio da Prata, um núcleo de desenvolvimento que servisse também como um dique para as pretensões rioplatenses.54 A guerra Cisplatina que o Brasil teve 53

MONTANELLI, Indro. L‟Italia di Giolitti, 1975, pg. 123 e ss. Os colonos açorianos que foram trazidos por Portugal para Santa Catarina e depois para o Rio Grande do Sul a partir de 1746, para povoar de uma vez essa região reivindicada pelos castelhanos, localizaram-se na Barra 54


86

de 1818 a 1851, com a Argentina, o recomendava. Assim de 1824 a 1889 entraram no RS 25.000 colonos alemães. Surgiram, porém, dificuldades com as colônias alemãs: dificuldades em se integrar à vida nacional, em harmonizar sua cultura com a brasileira, em falar a língua portuguesa. Os contatos constantes com a pátria mãe, o fato de entre eles terem vindo não apenas agricultores mas técnicos, intelectuais, homens de ciência e de negócios facilitava sua autoorganização. A tal ponto que a idéia surgida na Alemanha de criar a Grande Alemanha com seus milhões de emigrados espalhados pelo mundo, e acolhida aqui por apenas alguns intelectuais, perturbou as autoridades do Império. As idéias expostas num jornal de língua alemã dava oportunidade de assim concluir. A falta de comunicação, o exclusivismo da raça e a conservação de suas tradições e religião protestante levantou também a desconfiança especialmente da Igreja Católica. A religião católica era a religião oficial do Império brasileiro dentro do Estado de Cristandade e na institucionalização do padroado. O Sul do Brasil poderia transformar-se numa zona dominada pelos protestantes. do Rio Grande e São José do Norte e, após o ataque de Ceballos de 1763 deslocaram-se para Viamão e Porto dos Casais (Porto Alegre), para Rio Pardo, Triunfo e Taquari, alguns para Pelotas. Foram ao todo cerca de 5.000 colonos. Lembremos que a população do RS em 1800 era de cerca de 60.000 habitantes.


87

Os conflitos entre comunidades luso-brasileiras e alemãs chegaram ao incêndio provocado na Exposição teutobrasileira de 188255. Era preciso isolar o problema circundando as colônias alemãs com colônias de imigrantes italianos e de outras nacionalidades. Para incentivar a imigração o decreto imperial n.3.784 de 19/1/1867 estabelecia: As novas colônias seriam criadas pelo Estado, com a dimensão mínima de 15 hectares (até 60 hectares), podendo o imigrante escolher o lote, ao preço de 2 a 8 réis à braça quadrada (4.48m2) para os lotes rurais, e 40 a 80 réis para os lotes urbanos. O pagamento podia ser feito à prestação ( em cinco anos) com o acréscimo de 20% e o título então seria provisório. O colono tinha o prazo de dois anos para residir e cultivar a terra, do contrário o lote iria a leilão. O colono recebia com a terra, 20.000 réis como auxílio para os gastos dos primeiros meses. Tinha a chance de trabalhar em obras públicas, como abertura de estradas, ao salário diário de 1.500 réis sendo que o Diretor vigiaria para que no mínimo cada adulto tivesse a chance de 15 dias de trabalho remunerado por mês e 90 dias por semestre, dando preferência aos chegados mais recentes. O colono receberia ainda, ferramentas, sementes, auxílio para a derrubada das árvores para ter um espaço a 55

Grosselli, 87 pg 243.


88

cultivar e erguer sua casa, sendo que esses valores eram adiantamento para serem pagos junto com a terra e naquelas condições. Se ele não tivesse como se sustentar nos primeiros dias, o valor para isso também lhe seria adiantado. Nas colônias não poderiam residir escravos nem pessoas que tivessem escravos56. A colônia teria também um prédio para acolher os colonos que chegassem e ainda não tivessem escolhido o lote. Deveria ter um asilo para órfãos. E a colônia seria dirigida por uma Junta Colonial composta de um Diretor, um médico e 6 colonos que já houvessem

quitado suas obrigações

financeiras. Era uma lei excelente para os colonos, considerando-se que, embora comprados, os lotes rurais poderiam ser pagos com, aproximadamente, 80 dias de salário por trabalhos nas estradas. Mesmo assim não aumentou muito a migração para o Brasil senão a partir de dramatico 1875, quando o Império contratou com Joaquim Caetano Pinto

Júnior ( contrato

assinado em 30 de junho de 1874) a introdução no Brasil de “100.000 imigrantes alemães, austríacos, suíços, italianos do norte, bascos, belgas, suecos, dinamarqueses e franceses, 56

É irônico, se não fosse e até cínico que houvesse tanta facilidade para estrangeiros adquirirem e cultivarem terras e aos brasileiros escravos e exescravos não eram oferecidas tais oportunidades...


89

agricultores, sadios, trabalhadores de boa moral, nunca menores de 2 anos, nem maiores de 45, salvo os chefe de família. Destes imigrantes, 20% podem exercer outras profissões”(Cláusula I)57. E isto num período de 10 anos, recebendo Caetano Pinto 120.000 réis para cada um dos 50.000 primeiros imigrados, 100.000 réis para os 25.000 imigrantes sucessivos e 60.000 réis pelos últimos 25.000. Observe-se que os gastos totais de Caetano (incluindo propaganda e pagamento de agenciadores, passagem e toda a despesa de viagem ) não ultrapassava a 45.000 réis para cada imigrante. As despesas todas estavam cobertas, nada devendo ser cobrado dos colonos imigrantes, nem mesmo a passagem e os lotes deveriam ser vendidos aos preços estabelecidos no decreto 3.784. Pelo contrato, o Império brasileiro se recusa a assumir outra responsabilidade além das cláusulas do contrato. E quando os colonos trentinos, tendo renunciado à cidadania austríaca, quiserem repatriar-se porque não foram cumpridas algumas cláusulas, não encontrarão resposta no Estado brasileiro. Os custos, porém, desse empreendimento, levarão o Império a suspender essas condições para a imigração ( e o contrato) em 1877, tendo em vista também a difícil situação econômica do Brasil. 57

GROSSELLI,1987, pg 250.


90

A Província do Rio Grande do Sul em 1870 vivia uma situação bem diversa da encontrada pelos imigrantes alemães em 1824: “A população provincial saltara de 110 para 440 mil pessoas. Em vez de 5 municípios, eram agora 28, divididos em 73 paróquias. A cidade de Porto Alegre contava com 30.583 habitantes, pelos dados do recenseamento de 1872. O resto da população dividia-se de modo muito desparelho pelo solo gaúcho.

Um sexto dos habitantes residiam na zona de

colonização alemã. Nos campos de Cima da Serra, a paróquia de S. Francisco de Paula contava com 5.360 habitantes, a de Vacaria com 5.755, e a de Lagoa Vermelha com 4.744. No Planalto Médio, a de Passo Fundo tinha 8.368 habitantes, a de Soledade 9.177 e a de Cruz Alta 8.402. Maior população encontrava-se na Depressão Central, no Litoral e na Campanha. Entrementes, cerca de 87 mil quilômetros quadrados de serras, na Encosta Nordeste e no Alto-Uruguai, principalmente, permaneciam como terras devolutas”58. A modernização do capitalismo industrial no Brasil, muito embora ocorresse em função do capitalismo europeu e norte-americano, tinha aqui algum reflexo: havia já estradas de ferro, a rede telegráfica que a acompanhava, um incipiente sistema bancário, navegação fluvial e lacustre com barcos a

58

De BONI e COSTA. pg. 62


91

vapor que ligava Rio Grande , Pelotas, Porto Alegre, Cachoeira, Rio Pardo, Taquari, Lageado e Caí, Montenegro... A produção pecuária era agora complementada com produção agrícola das colônias alemãs. “A economia cresce, a cultura toma lugar de destaque, há uma assistência social organizada, o regime educacional é bom, aparecem as bibliotecas

públicas

e

a

Escola

Normal

torna-se

59

estabelecimento modelo” . As dissenções políticas haviam amainado: A guerra dos Farrapos (1835-1845) terminava em paz

e o governo

imperial voltava a investir em obras públicas na região da Campanha. A Guerra do Paraguai (1865-1870) já fora concluída. A revolta dos Muckers, na região alemã fora apaziguada. A lei Provincial 304 de 30/11/1854 já estabelecia que os lotes não seriam mais doados aos colonos imigrantes e sim vendidos, à vista ou a prazo de 5 anos sem juros; haveria adiantamento para despesas de viagem

e auxílio para os

primeiros meses. A hospedagem e o transporte desde Rio Grande seriam gratuitos. O custo médio de um lote era de 120.000 réis equivalente a: 80 dias de trabalho em obras

59

LAYTANO, in De Boni e Costa 79: 75.


92

públicas, ou 40 sacas de milho, ou 850 litros de cachaça, ou 350 galinhas, ou 130 kg de manteiga.60 Em 1869 a Província requereu ao Império a concessão de mais duas glebas para colonização. Em fevereiro de 1870 o pedido foi atendido e concedidas 32 léguas quadradas ao preço de 1 real à braça quadrada. Em 24 de maio de 1870 o Presidente da Província criava as colônias Conde d’Eu e Dona Isabel entre o rio Caí e os Campos de Vacaria localizando uma à esquerda e outra à direita da estrada dos tropeiros que ia de Maratá ao rio das Antas.

Enquanto se demarcavam os primeiros 500 lotes em Conde d‟Eu a Província do Rio Grande do Sul contratava com Caetano Pinto a entrada de 40.000 imigrantes no espaço de 10 anos ao preço de 60.000 réis para cada adulto e 25.000 réis para cada menor de 10 anos. Estes valores eram a diferença do preço da passagem Europa-EU e Europa-Brasil. Essa vantagem visava compensar o atrativo que os EU ofereciam e assim procurar captar imigrantes para o Brasil. Em 1872 chegam ao Rio Grande do Sul os primeiros imigrantes trazidos por Caetano Pinto. São 1.354. Serão 1.607 em 1873.

E 580 em 1874, e 315 em 1875. A custos

elevadíssimos para a Província: 288 contos de réis, 60

GROSSELLI, 1987 pg 179.


93

equivalentes a 1/6 de seu orçamento. Em 27 de outubro de 1875 a Província pedia ao Império que assumisse as colônias Conde d‟Eu e Dona Isabel e que a Província fosse reembolsada dos valores já gastos. O governo imperial aceitou. Em 1873 Conde d‟Eu tinha 80 lotes medidos e 20 cultivados. Em 1874 lá moravam 74 pessoas. Em 20 de maio de 1875 chegam os primeiros imigrantes italianos ou trentinos61. 61

A data oficial da imigração italiana é 20 de maio de 1875. Antes , porém , devem ter chegado alguns trentinos (então austríacos). A Província do RS registra de 1859 a 1875 o ingresso de 729 italianos provindos de Montevideo e Buenos Aires. Por outro lado, em Pelotas, RS, registra-se a entrada dos primeiros imigrantes italianos provindos de Montevideo em 1843-44, certamente por influência de Garibaldi que, nesta época havida deixado a luta Farroupilha e com 1.000 cabeças de gado como pagamento vai vendê-las em Montevideo. Em Montevideo é contratado para defender Montevideo contra Buenos Aires, criando então seu exército de camisas vermelhas (“camicie rosse”). Por informação dele os italianos de Montevideo emigram para Pelotas. São cerca de 70, com ofícios urbanos (conforme nossa pesquisa nos registros em Pelotas). Por outro lado a presença de italianos no RS marcou a Revolução Farroupilha (1835-1845). Fugindo da perseguição do Antigo Regime reabilitado em 1815, e seguindo as idéias revolucionárias e socialistas de Mazzini que defendia a “Jovem Itália” com um programa de: Unidade e República e tendo como divisa: “Deus e Povo; Pensamento e Ação” Giuseppe Garibaldi, marinheiro da Ligúria, vem para o Rio de Janeiro em 1835. Lá encontra um grupo de italianos: Rossetti, Giovanni Battista Cuneo, Luigi Carniglia, Domingos Torrisano e Castellini que são convencidos pelo Conde Tico Livio Zambeccari a participar da Revolução Farroupilha no RS. Zambeccari era chefe do Estado-Maior de Bento Gonçalves e havia sido preso na batalha do Fanfa com Bento Gonçalves da Silva, Onofre Pires da Silveira Canto e Corte Real e, com eles, enviado para o Rio de Janeiro. É assim que Garibaldi entra na Revolução. Cuneo, residindo em Montevidéo intermediará a ida de Garibaldi para aquela cidade em 1843 e provavelmente ambos endereçarão para Pelotas um bom grupo de italianos que residiam em Montevideo. Em 1/10/1873 surge em


94

“A colonização no Espírito Santo, de modo geral, foi patrocinada pelo Regime Imperial com a criação de quatro importantes colônias: Colonia de Santa Izabel (1847), iniciada com imigrantes alemães;

Colônia de Rio Novo (1855)

encampada pelo governo em 1961; Santa Leopoldina (1857) e Colônia Castelo (1880)”62. Além dessas colônias, em 1895 havia no Espírito Santo, 8 núcleos: Costa Pereira, Afonso Cláudio, Antonio Prado (com as seções: São Jacinto, Santa Maria, Mutum, Estrada de Baunilha, Baunilha Acima, Baunilha Abaixo e Vila Colatina como centro comercial), Accioly Vasconcellos (com as seções: Pau Gigante, Ubás, Triunfo, Esperança, Treviso, Café e Othelo tendo Linhares como centro comercial) , Moniz Freire (com 6 seções na região do Rio Doce: Cavalinho, Lagoa do Limão, Brasil, 7 de setembro,15 de agosto e Santo Emílio e 6 seções na região do Riacho: Ribeirão, Retiro, Taquaral, Santo Antonio, São Gabriel e Gabriel Emílio), Demétrio Ribeiro ( com 7 seções: Curubixá, 13 de junho,

Pelotas a sociedade italiana “Unione e Philantropia”. Pouco depois surgem a Sociedade de Socorros Mútuos “Circulo Garibaldi”, a Sociedade Choral Italiana, a Sociedade Italiana 20 de Setembro e são unificadas em 18/10/1883 sob o nome de Sociedades Italianas Reunidas(nossa pesquisa). Por outro lado é possível encaixar a probabilidade de os Zanotelli (Francesco e sua família) terem vindo com Caetano Pinto na leva de 1875, uma vez que chegam a Conde d‟Eu na noite de natal deste ano. 62 Relato do Cavalheiro Carlo Nagar, Cônsul Real em Vitória -= 1895 Introdução de Agostinho Lazzaro, pg 10.


95

Clotário, São Carlos, Alto Bérgamo, São Benedito e Tranqüilo), Santa Leocádia e Nova Venécia.63

Rio Cachoeiro acima, até Santa Leopoldina (Porto do Cachoeiro)

De Santa Leopoldina, passar a ponte ou o rio e subir a serra, a pé, pelas picadas, até Santa Tereza 63

Relato do Cavalheiro Carlo Nagar, pg 33 a 38.


96

Santa Leopoldina, armazéns para o café embarcado rio abaixo até Vitória.

Santa Tereza, no início do século XX


97

Atual Santa Teresa que nasceu em 1875 com os imigrantes trentinos que vieram com a expedição Tabacchi para Santa Cruz ES (Wikipédia)

Relação das principais colônias criadas no RS após 187064 Colônias Conde d‟Eu (Prov) 64

Criação

Mudança s 24-5-1870 1875 Imper.

Emancip. 1884

Nossa pesquisa nas prefeituras respectivas.

Municípios Atuais Garibaldi Carlos Barbosa


98 Dona 24-5-1870 1875 Izabel Imper. (Prov) Fundos 1875 11-3Nova 1887 Palmira Colônia ( Imper) Caxias

1884 Bento Gonçalves 1884

1882

1915

Silveira Martins (Imperial) Alfredo Chaves (Imperial)

1877

1882

Antonio Prado Imperial Mariana Pimentel (Imperial) Guaporé (Partic)

1885

Vila Nova de Sto. Antonio (Imperial)

1888

Encantado (partic)

1884

Veranópolis Nova Prata Nova Bassano - Cotiporã Antonio Prado

1888

1892

Caxias do Sul Flores da Cunha Farroupilha S. Marcos Encantado Arroio do Meio (1934) - Nova Brescia (1964)Guaporé (1886) - Anta Gorda (1964) Ilópolis (1964) Capitão (1992) - Arvorezinha (1964) Relvado (1992) Silveira Martins

Mariana Pimentel 1886

Guaporé Muçum Serafina Correa Vila Nova

-


99 Barão do Triunfo (Imperial) Jaguari (Imp) Ernesto Alves (Imperial) Marques do Herval (Repúbl) Marau (Partic) Nova Araçá (Particular ) Ciríaco (Partic.) Paraí (Partic.) Davi Canabarro (Particular ) Erechim (Partic.)

1888

Triunfo

1889

Jaguari

Marcelino Ramos (Particular )

1908

1890

1891

S. José Herval

do

1892 1892

Marau Vila Maria Nova Araçá

1892

Ciríaco

1892

Paraí

1892

Davi Canabarro

1908

Erechim Aratiba Itatiba do Sul Três Arroios Jacutinga Vila Áurea Viadutos Guarama Severiano de Almeida Marcelino Ramos


100

Em síntese, o Brasil que aguardava os imigrantes italianos e trentinos na década de 1870 era: 

Um império

(o único na América; os outros países da América se independizaram como repúblicas) que produz gado, café e algodão, sendo que no passado tinha produzido açúcar e ouro para Portugal; em latifúndios escravagistas e monocultores. 

Independent

e politicamente de Portugal desde 1822, vive um neocolonialismo

capitalista

dependente

especialmente

da

Inglaterra. Uma oligarquia rural luta para manter a escravatura e uma burguesia liberal pretende eliminá-la para adequar-se aos parâmetros do capitalismo inglês e do liberalismo francês... 

A

religião

oficial do Império é o catolicismo compreendido no horizonte do Estado de Cristandade e nas concordatas do padroado. O liberalismo positivista e maçônico já levanta suas teses: ensino público e não particular, separação de Estado e Igreja, subordinação da Religião ao Estado (bispos são presos porque acompanham o papa na condenação à maçonaria -1872), anticlericalismo, a religião tida como mentalidade obscurantista e que não permite a „liberdade‟ preconizada pela Revolução Francesa; as ciências „positivas‟ como única forma legítima de


101

conhecimento, a República (e não a monarquia) como única forma democrática de governo...


102


103

IV - A EMIGRAÇÃO-IMIGRAÇÃO

1. Migração Temporária.

A emigração temporária ou sazonal (especialmente de outubro a abril = outono- inverno) era comum para o Trentino e norte da Itália. Em 1838 mais de 10% dos trabalhadores masculinos do Trentino migravam para o Vêneto, Lombardia, Áustria

e

outros

países

da

Europa.

Eram

operários

especializados, camponeses-artesãos, biscateiros: “fabricantes de cadeiras de Primiero e Canal San Bovo, vidreiros de Tione, amoladores de Rendena, Bleggio e Tesino, fabricantes de Salame de Rendena, caldeireiros de Val di Sole, pedreiros de Fiemme e Fassa, limpa-chaminés de Valle di Non e de Banale, caiadores e decoradores de Fiemme e Fassa, vendedores de gravuras e pinturas de Tesino”65, pastores, mulheres para as fábricas de retorce e tecelagem de seda... Quando, depois do inverno, retornavam para casa, com algum dinheiro adquirido, traziam as idéias de progresso

65

GROSSELLI, 1987 pg 75.


104

observado nas outras regiões da Europa e aguçavam em todos a vontade de emigrar.

2. Migração definitiva.

Em 1859 acontece a primeira transferência de colonos italianos (juntamente com franceses e espanhóis ) para o norte da África (Argélia). Os emigrantes são trentinos especialmente do Val di Non e do Val di Cavedine. Localizaram-se em Palestro à margem do rio Olsser na Cabília. Em 1871 o jornal “Voce Cattolica” de Trento noticiava um massacre que os Kabylas cometeram contra os colonos. É provável que algum Zanotelli fizesse parte dessa primeira emigração, pois os Zanotelli são originários de Val di Non, e que, hoje não conta mais do que 600 habitantes. Por volta de 1870, no Trentino, já existe alguma propaganda

(via Alemanha cujos agricultores iniciavam a

migrar para o Brasil desde 1824) para emigrar para a América e para o Brasil. Alguns passaportes desse períodos já trazem como

destino

solicitado:

América.

Não

eram

ainda

camponeses, mas operários especializados e comerciantes.


105

3. A Expedição Tabacchi

Pietro Tabacchi , natural de Trento, de onde fugira para o Brasil em 1851, talvez por questões econômicas ( suas empresas teriam ido à falência no Trentino), era um pequeno comerciante em Santa Cruz (ES) e era tido pejorativamente como “abatedor de jacarandá”. “Empreendedor por instinto, Pietro Tabacchi, adquiriu uma fazenda no então território do Município de Santa Cruz, a fazenda “Monte delle Palme”. Certamente, com ótimo faro para os negócios, percebeu logo o grande interesse do governo brasileiro pela imigração européia. Pensou com argúcia em poder especular sobre isso, desfrutando das ligações que ainda contava na Europa”66. Escreve

ao

Governo Imperial propondo trazer da Europa 50 (mais tarde 70) famílias de agricultores e localizá-las numa colônia previamente preparada com desmatamento, plantio de milho, feijão, mandioca, batatas e outros cereais para sustentar os colonos nos primeiros tempos, alojamento, 4 a 5 léguas de estrada até o rio Piraque-Assu para interligar-se com o vilarejo de Santa Cruz e, em troca, pede a licença para derrubar 3.500 jacarandás. O Governo aceita, apesar da oposição da câmara de S. Cruz, oferecendo a Tabacchi 200.000 réis (ao invés dos 66

GROSSELLI, Colonie Imperiali, 1987 pg 150.


106

jacarandás) por imigrante nunca maior de 45 anos de idade. Era um preço muito vantajoso para Tabacchi, uma vez que os custos de passagem e propaganda não excederia a 60.000 réis para cada imigrante. Em 17/10/1872 o Governo Imperial autorizou o Governo da Província do Espírito Santo a assinar o contrato que foi publicado no Decreto Governativo n.5.295 de 31/05/187367. Tabacchi contratou Pedro Casagrande, de Trento (talvez já residente no Brasil) para organizar a adesão dos agricultores trentinos. Conseguiu 388 agricultores especialmente dos municípios de Borgo Valsugana, Telve, Roncegno, Castelnuovo, Novalaedo, Levico e Centa68 que embarcaram no navio a vela „La Sofia‟, em Gênova no dia 3 de janeiro de 1874. Com eles veio o Padre Domenico Martinelli, de Centa, o médico Pio Limana, de Borgo Valsugana, Pedro Casagrande e a mulher. Em 17 de fevereiro chegaram ao porto de Vitória, capital da Província, com 10.000 habitantes, e que nunca havia recebido navio de tão grande calado. „La Sofia‟ encalhou e 10 dias depois conseguiram desembarcar.

67

GROSSELLI, 1987, pg. 154. GROSSELLI, 1987, pg 80.

68


107

É interessante a impressão que lhes causou a população: “Os habitantes são em sua maioria negros, poucos os índios e verdadeiramente americanos do tempo de Colombo, e estes são da cor do cobre com nigérrimos cabelos longos, poucos os mulatos, e raríssimos os brancos; são gente boníssima, irmanam-se facilmente com os nossos, e pagam bebidas para ouvir os nossos cantar as canções patrióticas e os hinos nacionais italianos”69. Oito dias depois são conduzidos por um barco a vapor até Santa Cruz que distava 6 léguas da colônia Nova Trento na fazendo de Tabacchi. No dia 3 de março explodiu o descontentamento

(

durante a viagem já tinha havido desencontros entre os agricultores e Casagrande) quando se aperceberam que a terra para trabalho distava 8 horas a cavalo de Santa Cruz , onde iriam residir. Os dissabores foram crescendo. Em 10 de março os colonos foram levados a ver as terras que lhes estavam destinadas e viram que não eram as terras que se lhes havia prometido. No desencontro, disse Tabacchi, sua casa foi incendiada. Tabacchi pediu a intervenção de 40 ou 50 homens da força do exército para protegê-lo das ameaças de morte que, segundo ele, os colonos, armados e instigados por 3 ou 4 cabeças, lhe faziam. O juiz e o Delegado de polícia tentaram 69

GROSSELLI, Colonie...1987, pg 8.


108

apaziguar a situação. Em vão. No dia 16 de março 9 imigrantes foram até a capital Vitória para narrar a situação. Tabacchi queria que eles fossem obrigados a assumir as terras. As autoridades julgaram que seria um ato arbitrário e ilegal, por mais que Tabacchi argumentasse ter gasto uma fortuna no empreendimento. O presidente da Província enviou com os 9 colonos 15 militares e um oficial de justiça que interrogaram os chefes de família e souberam que o grande descontentamento se dava pelo fato do descumprimento da cláusula 4 do contrato que haviam assinado com Tabacchi: as terras eram muito distantes (6 léguas) e as estradas intransitáveis nas chuvas, e não conseguiriam

realizar

imediatamente

a

plantação

para

sobreviver. Foram-lhes retiradas as armas de caça que traziam (mais tarde devolvidas). No início de abril 60 colonos estavam acamados com uma doença não bem definida. Doze ou 14 deles morreram. Depois de muitas marchas e contra-marchas e mediados pelo P. Martinelli, o governo determinou que aos imigrantes da Expedição Tabacchi fossem aplicados os benefícios da lei de 1867. Determinava também que eles, se quisessem, fossem aceitos nas colônias imperiais de Santa Leopoldina e Rio Novo.


109

A maioria dirigiu-se para Santa Leopoldina e localizouse no Núcleo Thimbuy (hoje Santa Teresa ES) e nas regiões de Valsugana Velha e Valsugana Nova. Em 18 de maio 32 adultos e 13 menores foram dirigidos a Rio Novo. Outros fugiram para o Rio Grande do Sul conforme noticia o P. Bartolomeu Tiecker que em julho de 1874 chegava com sua família na colônia Conde d‟Eu (hoje Garibaldi): “Nesta localidade há 15 famílias de italianos e mais adiante algumas outras, quase todos fugidos da colônia Tabacchi de infeliz memória”70. Outros foram ao Paraná. Outros ainda foram pedir socorro ao Governo Imperial no Rio de Janeiro. Outros, por fim, tentaram e conseguiram retornar ao Trentino. Em 21 de junho Pietro Tabacchi morreu. Sucedeu-lhe o genro o Barão Alfredo de Leon. Em 26 de junho restavam na colônia Nova Trento 23 famílias com 161 pessoas. Em novembro de 1874 todos haviam abandonado a malfadada experiência. Esta foi a primeira experiência de migração e quase que exclusivamente composta por trentinos.

70

GROSSELLI, Colonie...1987, pg 171.


110

O Estado do Espírito.


111

4. A Diáspora

A Expedição Tabacchi foi a primeira experiência de migração em massa do Trentino para o Brasil. “A partir de 1874 as partidas se sucederam e, pelo menos por um quinquênio, a meta privilegiada de nossos camponeses foi o grande país americano”71. A obsessão de emigrar se fez torrente incontrolável e por toda parte “não se fala senão de América, não se cantam canções que não se refiram à América”72. Mas se ao Brasil interessava a vinda de imigrantes, se aos agricultores do Trentino e norte da Itália a América era a “cucagna” o que realmente possibilitou a migração em massa foi o contrato que o Império brasileiro realizou com o empresário Joaquim Caetano Pinto Júnior em 30/6/1874 à base da lei de 1867. Pelo contrato, que abaixo transcrevemos, Caetano Pinto se compromete a introduzir no Brasil 100.000 imigrantes em 10 anos conforme consta: J. C. Pinto se obriga, por meio ou de uma companhia ou sociedade que poderá organizar, a introduzir no Brasil (com exceção da Província do Rio Grande do Sul), num período de 10 anos, 100.000 imigrantes alemães, austríacos, suiços,

71

GROSSELLI, 1987 pg. 87. GROSSELLI, 1987 pg 92 citando “Voce Cattolica” de 1875 e 1877.

72


112

italianos do norte, bascos, belgas, suecos, dinamarqueses e franceses, agricultores sadios, trabalhadores de boa moral, nunca menores de 2 anos, nem maiores de 45, salvo os chefesde-família. Destes imigrantes, 20% podem exercer outras profissões. II O período de 10 anos começará a correr depois de 12 meses, calculados da data de elaboração do contrato; o empresário, porém, poderá iniciar a introdução de imigrantes antes do fim dos 12 meses, se o Governo permitir. III O número de imigrantes não superará os 5.000 no primeiro ano, podendo ser elevado a 10.000 se o Governo assim estabelecer: mas nos anos sucessivos o empresário será obrigado a introduzir até 10.000, sendo qualquer excesso dependente do prévio consentimento do mesmo Governo. IV O empresário receberá por adulto as seguintes subvenções: 120$000 réis para os primeiros 50.000 imigrados; 100$000 réis para os 25.000 sucessivos; 60$000 réis para os últimos 25.000, e a metade destas subvenções para os menores de 12 anos e maiores de 2.


113

V Estas subvenções serão pagas junto a Corte, assim que for provado que os imigrados foram recebidos pelo funcionário competente no porto de desembarque da província à qual eram destinados. VI Nem o Governo, nem o empresário poderão receber dos imigrantes, a nenhum título, as cifras gastas como subsídios, ajudas, transportes e alojamentos dos mesmos. VII O

Governo

concederá

gratuitamente

aos

imigrantes

hospitalidade e alimentação durante os primeiros l8 dias de sua chegada, e transporte até as colônias de Estado às quais se destinarem. VIII Igualmente garantirá aos imigrantes que quiserem se estabelecer nas colônias do Estado a plena propriedade de um lote de terra, com as condições e os preços estabelecidos pelo Decreto n.3.784 de 19/01/1867; obriga-se, além disso, a não elevar o preço das terras de suas colônias sem avisar o empresário com 12 meses de antecedência.


114

IX Os imigrantes terão plena e completa liberdade de se estabelecer como agricultores nas colônias ou nas terras do Estado, que escolherão para sua residência, em colônias ou terras das Províncias, ou de particulares; assim como de encontrar emprego nas cidades, vilas e aldeias. X Os imigrantes virão espontaneamente, sem compromisso nem contrato algum. e por isso nenhuma reclamação poderá ser feita ao Governo, tendo somente o direito aos favores estabelecidos nas presentes cláusulas, e disso estarão completamente conscientes. XI O Governo designará com precisa antecedência as províncias onde já existem ou virão a se formar colônias, a fim de que os emigrantes já conheçam da Europa os pontos onde poderão se estabelecer. XII O Governo nomeará, nos pontos nos quais se efetuará o desembarque dos imigrantes, agentes-intérpretes que ao mesmo tempo fornecerão todas as informações de que necessitarem.


115

XIII Todas as expedições de imigrantes serão acompanhadas de listas, as quais conterão o nome, a idade, nacionalidade, profissão, estado civil e religião de cada indivíduo. XIV No transporte dos imigrantes o empresário é obrigado a fazer respeitar as disposições do Decreto n. 2.168 de Primeiro de maio de 1858. XV O Governo pagará ao empresário a diferença de preço da passagem entre o Rio de Janeiro e as províncias para as quais serão enviados imigrantes diretamente da Europa, quando tais províncias não estejam em comunicação direta e regular por meio de vapores com a Europa, e o empresário deva fazer atracar nos respectivos portos vapores de outras linhas por ele fretados. XVI As questões que surgirem entre o Governo e o empresário, a respeito de seus direitos e obrigações, serão resolvidas por árbitros. Se as partes contratantes não concordarem pelo mesmo árbitro, nomearão cada um o seu e estes designarão um terceiro, que decidirá definitivamente no caso de paridade. Se não houver acordo sobre tal árbitro, será nomeado por sorteio um Conselheiro de Estado que terá voto decisivo.


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XVII O empresário será obrigado a repatriar a suas custas os imigrantes que tenha introduzido fora das condições da cláusula I, e que o exijam, cabendo igualmente ao Estado alojá-los e sustentá-los até sua repatriação, além de perder o direito ao subsídio correspondente a tais imigrantes. XVIII Do mesmo modo não poderá transferir este contrato senão à companhia ou sociedade organizada na forma da cláusula I.

Como se pode ver o contrato, afora a ambigüidade da cláusula X é bom para os imigrantes. Nem todas as cláusulas, porém, serão expostas aos colonos para a escolha desde a Europa, especialmente sobre o local e as condições das colônias disponíveis. E nem todas as cláusulas serão cumpridas. Não haverá informações suficientes e a escolha dos imigrantes nem sempre será respeitada como é o caso de 400 trentinos que em 26 de dezembro de 1875 serão desviados para a colônia Santa Leopoldina,(Espírito Santo), quando seus parentes vieram para o Rio Grande do Sul que, segundo as informações do P. Bartolomeu Tiecker publicadas na Voce Cattolica de Trento e conhecidas pelos que emigravam, tinha melhores condições para os


117

migrantes73. O grupo foi desviado sem poder transitar pelo Rio, conforme noticiou o Consulado Austríaco de então74. De 1870 a 1885 mais de 15.000 trentinos, de uma população de 404.225 habitantes, migraram para o Brasil; 3.500 para outros países da América do Sul; 5.068 para a América do Norte. Especificamente do Vale de Cembra, de onde provieram os Zanotelli em sua maioria, de uma população de 17.529 habitantes, emigraram 851 pessoas sendo 759 para a América do Sul (quase todos para o Brasil). Até 1914 cerca de 1.500.000 italianos e tiroleses (e destes, especialmente trentinos) emigraram para o Brasil. De 73

”O Padre Bartolomeu Tiecker era natural de Caldonazzo e partiu com a família para o Brasil em julho de 1875. Com ele vieram o pai, Giovanni Battista ( de 1821), a mãe Domenica ( de 1819), os irmãos Angelo (1851), Fortunata (1854), Epifania (1856), Lorenzo (1858) e Ilario (1860). Ele tinha nascido em 1848. Teve um atestado do Bispo como apresentação às autoridades eclesiásticas brasileiras. Presume-se que tenha partido em 24 de outubro de Trento com outros 700 trentinos. No dia 25 estavam em Verona, dia 26 em Modane, dia 27 em Paris, dia 29 em Le Havre de onde zarpou para a América no dia 30 de outubro de 1875. No dia primeiro de dezembro desembarcou no Rio de Janeiro e foi nomeado Capelão da Colônia Santa Maria da Soledade no Rio Grande do Sul . Sacerdote secular, tinha celebrado sua primeira missa em Santa Maria Maggiore (Trento) em 23 de julho de 1871. Foi capelão de Santa Maria da Soledade (hoje Forromeco) de 17/12/1875 a 1876. De 1887 a 1881 foi viário de Santo Inácio da Feliz. Em 19/03/1886 tornou-se vigário de Conde d‟Eu (hoje, Garibaldi). Morreu em Roca Sales no dia 27 de fevereiro de 1940”, (GROSSELLI, 1987, pg. 157) para onde foi transferido como Cônego em 28/1/1934 como vigário. Suas cartas, desde julho de 1875 publicadas na Voce Cattolica de Trento e recomendando aos trentinos que buscassem as colônias do RS, porque tinham as melhores condições de clima, solo, organização etc. influenciou também os Zanotelli na decisão sobre para qual colônia migrar. 74 GROSSELLI, 1987, pg 253.


118

1861 a 1970 mais de 28 milhões de italianos emigraram. Já, para o ano de 1929 o decano de Cembra dizia: “Os emigrados, habitualmente ausentes da cidade ( na Argentina, América do Norte ou França) eram cerca de 120. Cerca de 30 famílias estabeleceram-se na América ou na França. Cerca de 20 emigrados retornavam anualmente para Cembra. Não constava que se houvessem formado grupos de emigrantes de Cembra”.75 Assim como o Rio Grande do Sul havia contratado com Joaquim Caetano Pinto Júnior a introdução de 40.000 imigrantes italianos do norte ou alemães... assim também o Espírito Santo, quando em 1889, com o advento da República se transformou em Estado, contratará com Domenico Gironi a introdução 20.000 imigrantes europeus, de preferência italianos, no prazo de 3 anos. Gironi oferece condições vantajosas que nem sempre acontecerão depois (motivando até um decreto do Reino Italiano proibindo em 20/07/1895, a emigração de italianos para o Espírito Santo. As dificuldades que italianos e trentinos encontraram no Espírito Santo foram muito maiores do que no RS (dificuldades: demora na demarcação dos lotes, o clima quente e úmido dos rios Doce, Linhares...gerando febres; só no vale do Rio Doce 300 trentinos morreram de febres antes de 1878; 75

Storia, pg 257.


119

dificuldades de comunicação - péssimas estradas, correio precaríssimo,

quase

inexistente

assistência

médica:

os

habitantes de Santa Teresa dependiam de um médico em Santa Leopoldina, a 6 horas a cavalo; o alto custo de vida e o baixo valor do café, na colheita, bem como dos salários no estrito limite da sobrevivência; a morosidade da justiça e seu alto custo era outra dificuldade; a arbitrariedade da polícia especialmente do pessoal subalterno e no interior...também). “Além disto tudo sobressaem, infelizmente, o clima e as febres endêmicas. Ao norte, na região de São Mateus, predominam as febres de toda espécie que golpeiam especialmente os recém-chegados; mais abaixo, na região do Rio Doce, predominam as febres de impaludismo; em Vitória, a febre amarela e o beribéri; e no sul as febres perniciosas, e nos meses quentes, também a febre amarela... Há uma outra enfermidade a que estão sujeitos os imigrantes neste Estado. A doença é provocada por um microscópico inseto chamado bicho-de-pé, que penetra na pele, formando rapidamente o próprio ninho, atacando as extremidades inferiores; neste caso os operários e os agricultores são as maiores vítimas. Vi de fato alguns que atacados por estes bichos estavam cheios de feridas, e por alguns dias ficavam impedidos de manterem-se em pé”76 76

Relato do Cavalheiro Carlo Nagar, pg 54-55.


120

Em 1878, de uma população de quase 100.000 habitantes o Espírito Santo contava com 45.000 estrangeiros, dos quais 20.000 italianos, 10.000 tiroleses, 10.000 alemães e 5.000 de outras nacionalidades.77

77

NAGAR, Carlo. Relato do Cavalheiro Carlo Nagar, Cônsul Real em Vitória - O Estado do Espírito e a Imigração Italiana - Fevereiro de 1895. Arquivo Público Estadual, Vitória, 1995, pg 31.


121

IV - A IMIGRAÇÃO DA FAMÍLIA ZANOTELLI

1. De Livo para Cembra – De Cembra para o Brasil

A família Zanotelli é originária de Livo (outras fontes situam os Zanotelli em Monferrato, perto de Turim por volta de 1.400), no Val di Non, no Trentino78. O patronímico, segundo pudemos colher remonta a tempos que apontam para 1.200 dC. “Zanotelli” vem de João = Giovanni, que nas mudanças dialetais soava “Zan (do hebraico Johanan: dom de Deus), Zoan, Zoani”, e dali Gionnotelli e, por fim Zanotelli (os filhos de João). “Entre outras famílias, residiam em Livo: a Família De Stanchina dona do castelo e da região e as famílias Coser, Filippi e Zanotelli” antes de 170079.

78

Livo é uma comuna italiana da região do Trentino-Alto Ádige, província de Trento, com cerca de 858 habitantes. Estende-se por uma área de 15 km2, tendo uma densidade populacional de 57 hab/km2. Faz fronteira com Rumo, Bresimo, Cagnò, Cis, Cles. 79 Informações colhidas de Alex Zanotelli, em Livo.


122

De Livo, que os ancestrais lembram como o lugar de sua origem, os Zanotelli migraram para todo o Trentino, notadamente para Cembra, para o norte da Itália, para alguns países da Europa, para a África e para a América.

Casale di Monferato- onde, por volta de 1680, Zanotelli são enfeudados.

Casale Monferrato – na planície fecunda do Pó, Ruth à frente.


123

O lago Palu – beleza do Val di Non.

Livo – 1.870 habitantes


124

O Val di Non com a cidade de Livo,aos pés dos Alpes


125

Os homens do fogo, os bombeiros de Livo e do vale tem vários Zanotelli,(Arnaldo,Guido, Lino e Danilo) incluído o coordenador. Atrás a casa símbolo de Livo, o castelo Liprando, onde os Zanotelli também estiveram.

Franco A. Lancetti, em sua bela obra Livo –storia-vitaarte editado em Trento em 1997 refere entre os nobres de Livo, pelo menos desde o Concílio de Trento (1545-1963) as famílias Aliprandini de la Rosa, Aliprandi, Stanchina, Arnoldi, Anselmi, Filippi, Rodegher,os Giannotteli que depois de chamaram Zanotelli, os Guarienti. Nomeia também a ordenação sacerdotal e o trabalho pastoral de Stefano Zanotelli (1686), Gisuseppe Antonio (1708) de Livo e para Livo. Em 1891 Domenico Zanotelli é cura de Caldes. Em 1844 Tommaso Zanotelli é eleito deputado pela região. Franco


126

Zanotelli é o presidente do clube dos caçadores de Livo (1908). Dee 1953-1979 Lívio Zanotelli é o camandante militar da região. Na fundação da Cassa Rurale Cattolica de Livo de 1889 estão Micla Serafino e Marchiri Zanotelli, e depois: D. Domenico Zanotelli, Luigi, Bortolo, Giovanni, Pietro, Stefano, Nicolò, Bernardo,Lucio. Pio em 1979 é o prefeito. Adelio participa do Collegio sindacale (espécie de câmara de vereadores, sem remuneração). O encontro dos Zanotelli em Livo mostrou que ali estão muitas de nossas raízes biológicas, sociais e culturais. Os valores ancestrais, muito embora encobertos por algumas cinzas mantem o calor que cozinha o pão e ilumina os olhos. Ao ouvir Padre Alex, e seu alerta de que “abbiamo perso la tramontana”, o calor vem à tona.


127

Livo – Área central atual.

De Livo, por volta de 1683, Giovanni Antonio Zanotelli, deslocou-se para Cembra80, também no Trentino, para residir com um tio padre. Em Cembra casou com Dorotea Concherle e com ela teve 4 filhos: Giovanni (casou com Maddalena Valgoi), Vigílio (casou com Maria Maddalena Nardin), Cristóforo (casou com Maddalena Nicolodi) e

80

Cembra (em alemão:: Zimmers ou Zimber) é a commune (município) no Trentino, norte da Itália, na região do Trentino-Alto Ádige, no tempo do Império Austro Úngaro era O Tirol Sul, há 15 quilômetros ao nordeste de Trento. Ao redor de Cembra, no mesmo vale do rio Avisio estão os municípios de Solorno, Giovo, Faver, Segonzano, Lona-Lases, Lisignago e Albiano.


128

Giovanni Antonio (casou com Domenica Largher). Destes descendem a maioria dos Zanotelli que migraram para o Brasil.

Dentre os emigrantes Zanotelli que vieram para o Brasil, o maior grupo provém de Vigilio, (filho de Giovanni Antônio),cujo filho é Giovanni Paolo e cujo neto é Giovanni Gasparo. Dos filhos de Giovanni Gasparo: Paolo, Francesco e Giovanni, vieram, com suas famílias para o Brasil. Mas há, no Brasil, descendentes em bom número, como se pode constatar pela árvore genealógica que faz parte deste trabalho, dos outros filhos de Giovanni Antonio Zanotelli, de Livo.


129

Buscando raízes fomos a Cembra. A agradável companhia das irmãs da Sagrada Família de Verona abriu nossos caminhos. Cantando e brincando como é seu lema “servir com alegria” visitamos alguns vales do Trentino incluindo o lago de Garda. Diante do monte Baldo compreendi pela primeira vez o que significava a canção que nossos pais ensinaram: “Se Il lago fosse póccio, la ri le rá – E Baldo de polenta, la ri le rá – Oi mamma che pocciade, polenta e baccalà....” Ao entrar em Cembra, ao visitar o cemitério, ao encontrar os Zanotelli, Guido, Túlio, Giorgio...parecia que apenas ontem vieram de lá nossos bisavós, nossos avós....


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Em casa de Padre Guido Zanotelli que reotrnava da África para uma semana de férias, com sua mãe, irmãos e sobrinhos

Padre Guido, novamente com o pároco de S. Pietro fornecendo-nos dados sobre a família Zanotelli.


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A Macelaria (Fiambreria) Zanotelli

A Macelaria Zanotelli oferece carne e imbutivos produzidos em sua própria Azienda. Giuseppe e Sara, Silvano e Giuliana. Para nós brasileiros, com as grandes extensões de terra disponíveis para a agro-pecuária e onde se cria extensivamente um boi por hectare, é maravilhoso ouvir os Zanotelli que, em 3,5 hectares de terra, conseguem carne para abastecer a região toda. Confinamento total, 18 meses para o abate, e cerca de 11% de lucro.


132

Igreja de S. Pietro em Cembra

Cembra, igrejas que apontam definitivamente para o alto, de onde vem o sentido de tudo, como a chuva que tudo fecunda.


133

O Estado de Cristandade vigoroso em toda a Europa e mais ainda no Trentino, virá com os imigrantes para o Brasil renovando o que aquele Estado Colonial de Cristandade havia implantado por aqui. A romanização da Igreja no final do século XIX, as crises entre catolicismo e liberalismo,

que

levará à separação de Igreja e Estado com o advento da República (1891) tem aqui a visibilidade.

A pia batismal Igr. S. Pietro. O primeiro banho de fé dos Zanotelli que vieram para o Brasil.

Temos também notícia de um grupo de Zanotelli que, em 1875 emigraram para a Argentina, localizando-se na


134

colônia Sampacho81, Departamento de Rio Quarto, Província de Córdoba, deslocando-se depois para Las Perdices que se transformou em município em 1922. Seu primeiro prefeito (desde 4 de agosto de 1922) foi Basílio Zanotelli. A estância „São João‟ de João e Basílio Zanotelli, fundada em 1894, com 500 hectares e as técnicas mais modernas de pastagens e seleção de plantel de gado especialmente das raças Durham e “yeguariza”, era elolgiada como modelo.

Cembra - Igreja S. Pietro, irmãs Pia e Marisa com Ruth.

81

A colônia Sampacho foi fundada pela Província de Córdoba em 1875, na circunscrição do Rio Quarto, no lugar denominado Punta del Agua ou Payanquen, um ano depois denominada Sampacho, como o rio que a atravessa sobre a linha ferroviária Andina, inaugurada pouco antes e que aí estabeleceu uma estação a 47 km de Rio Quarto. As dificuldades que os colonos enfrentaram desde o início fizeram com que o Governo Nacional assumisse a colônia em 1878. Nessa data, havia na colônia Sampacho 684 pessoas, sendo 421 italianas ou trentinas. na Memoria de la Comissaría General de Inmigración constam como residindo na colônia Sampacho Nicola Zanotelli e Zanotelli. Uma avaliação feita em 1892 diz que os colonos que chegaram até 1878 encontram-se em boa situação. Os que chegaram depois não tem como manter-se. Cf. Archivo “Fuentes de Estudios Historicos de Sampacho” pg 263.


135

Brenta e Pradelago – marcou a retina dos imigrantes.

Na diáspora que aconteceu desde o norte da Itália e desde a periferia do sistema capitalista liberal, que iniciava a revolução industrial naquelas paragens, os Zanotelli buscam um lugar de alento que lhes permita manter uma família e os valores tradicionais que se lhes entranhava nas vísceras e na alma: a religião, a iniciativa no trabalho, e fugir do sistema feudal que os esmagava e que recém (1848) havia sido extinto na região.


136

Tulio e Giorgio Zanotelli em sua moderna cantina

A migração do norte da Itália e do Trentino, naquela época sob o Império Austro-húngaro, inicia com a malfadada iniciativa de Tabacchi, para Santa Cruz no Espírito Santo.


137

A migração em massa inicia em 1875. Por coincidência, entre os 400 trentinos desviados para o Espírito Santo em 26 de dezembro de 1875 estavam alguns Zanotelli. Com efeito, pesquisa realizada por nós no Arquivo Público do Espírito Santo revela que, chegados pelo navio francês Fenelon em fins de dezembro de 1875 e tendo chegado à colônia Santa Leopoldina em 5 de janeiro de 1876 constam: Paolo Zanotelli (de 64 anos de idade, católico, casado, lavrador, austríaco com o número da lista 387 e tendo como número de família 86) e seus filhos Maria (28 anos, casada), Francesco (25 anos, casado), Angelo (19, solteiro), Giustina (11, solteira), Paulo (22, solteiro). Na mesma lista consta Marianna Zanotelli (53, casada) e seus filhos Antonio (23 casado), Constantino (18, solteiro), Giovanni (14), Luigia (12). Consta também Paola Zanotelli (27), casada com Giuseppe Artivoli (42). E ainda: Agostino Zanotelli (48), casado com Filomena (34), com os filhos: Fortunato (10), Batista (8), Maria (9), Giovanni (2) e Emmanuele (12 meses).82 No Livro de Matrícula dos Colonos Estabelecidos no Núcleo Thimbuy, colonia de Santa Leopoldina, ES, livro 172 que registra os imigrados de 1872 a 1876 constam à página

82

Listas de Imigrantes chegados à Colônia Santa Leopoldina 18751876, Livro 181 A.


138

132

Paolo Zanotelli e seus filhos, à pg. 133 Marianna

Zanotelli e filhos, à pg. 165 Agostino Zanotelli e filhos. No Livro de Processos de Terras n.1 constam: sob o n. 4380, Paulo Zanotelli que, em 1890 adquiriu o lote 427 de Santa Leopoldina; Novamente Paulo Zanotelli (deve ser o filho) que, em 1891 adquiriu um lote no Baixo Thimbuy, município de Santa Leopoldina sob o n. 4387; Giacomo Zanotelli 83que, em 1892 adquiriu na Seção Virgínia do município de Anchieta um lote sob o n. 4398; Baptista Zanotelli (provavelmente é Battista, filho de Agostino Z.) que, em 1893 adquiriu em Cinco de Novembro, município de Santa Teresa um lote com o processo n. 4405. Como se pode ver, é muito provável que as famílias Zanotelli não se destinassem à colônia Santa Leopoldina no Espírito Santo, uma vez que em 10 de dezembro de 1875 chegara ao Rio de Janeiro pelo navio francês Rivadávia, Francesco Zanotelli, irmão de Paolo Zanotelli e de Giovanni Baptista, este casado com Marianna, com destino ao Rio Grande do Sul, colônia Conde d‟Eu, onde chegou às vésperas do Natal de 1875.

83

Giacomo Zanotelli, casado com Maria Devilli, é filho de Giovanni Z. e Teresa Calovi (ou Giulia Gilberti, 2a.esposa), neto de Giovanni Z. e Catterina Keller, bisneto de Gregorio Z. e Lucia Bonfant, trineto de Giovanni Z. e Maddalena Valgoi, tetraneto de Giovanni Antonio Z., de Livo.


139

Confrontando as informações do Arquivo Público do Espírito Santo, sabendo que no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro conforme pesquisa por nós efetuada não há listas de imigrantes que tenham entrado por aquele porto entre julho de 1875 e fevereiro de 1876 (caso existissem estariam extraviadas), e comparando ainda o Livro Anagrafe da Paróquia de Cembra (Trento, Itália) que contém

a árvore

genealógica dos Zanotelli descendentes de Giovanni Antonio, de Livo (desde seu casamento com Dorotea Concherle em 17/2/1705 até aproximadamente 1850), e ainda as informações das paróquias de Conde d‟Eu e de Encantado bem como do Arquivo Histórico do RS, pode-se concluir: Giovanni Gasparo Zanotelli84 e Margherita Savoi tiveram 6 filhos: Giovanni (casado com Marianna Menegatti), Antonio (casado com Maria Toniolli), Francesco (casado com Domenica Eccli), Paolo (casado com Teresa Nicolodi), Catterina (casada com Nicolodi), Maddalena (casada com Ferrazza). Migraram para o Brasil, com certeza, as famílias de Paolo, Francesco e Giovanni. Paolo e Giovanni85 foram para o Espírito Santo e Francesco para o Rio Grande do Sul. 84

Giovanni Gasparo Zanotelli era filho de Giovanni Paolo Z. e Maria Maddalena Cembran, neto de Vigilio Z. e Maria Maddalena Nardin, bisneto de Giovanni Antonio Z., de Livo, Val di Non. 85 Não há registro da entrada de Giovanni no Brasil. Constam, isto sim, a esposa dele Marianna e os filhos. Provavelmente Marianna veio viúva, acompanhando os filhos e o cunhado Paolo.


140

Agostino Zanotelli86,

casado com Filomena Furlan

migrou para Sta. Leopoldina no Espírito Santo em janeiro de 1876, com os filhos Fortunato, Battista, Maria, Giovanni e Emmanuele, como consta acima. Giuseppe Zanotelli87, com suas irmãs Maria (casada com Brundel) e Rosa (casada com Fortunato Sandri), casado com Rosa Nicolodi e com os filhos Giuseppe e Theresa migrou para a colônia Conde d‟Eu (RS), provavelmente junto com Francesco Z. em 1875. No Brasil, Giuseppe, filho, casou com Rachelle Pressi. Rosa (sobrinha, nascida aqui), casou com Manoel Fronchetti em Conde d‟Eu88. Rosa e Fortunato Sandri, em 10/10/1882, batisaram uma filha de nome Carolina em Conde d‟Eu sendo padrinhos: Jacintho Ferreira e Maria

86

Agostino é filho de Girólamo Zanotelli e Maria Daldin, neto de Antonio Z. e Maria Maddalena Nicolodi. bisneto de Cristóforo Z. e Maddalena Nicolodi, trineto de Giovanni Antonio Zanotelli, de Livo. 87 Giuseppe Zanotelli é filho de Cristano Z. e Orsola Nardon, neto de Nicolò Z. e Teresa Bazzanella, bisneto de Cristoforo Z. e Maddalena Nicolodi, trineto de Giovanni Antonio Z., de Livo. No Livro 312, pg. 110 do Arquivo Histórico de Porto Alegre, família de n.726 consta: n.3509 Zanotelli, Giuseppe, casado, italiano, Lote 6N, Conde d‟Eu, Linha Figueira de Mello. 448.000 m2, 2 Réis à braça quadrada (4,84m2). Débito 200$000 réis. 20%= 40$000. Pelo adiantamento 1:081$380. Total: 1:321$380 réis. Título provisório de 9/1/1884 Bom pg 37. N.3510: casado com Roza (italiana) e filhos: n.3511 Roza (italiana), n.3512 Giuseppe (italiano), n.3513 Theresa (brasileira). No Livro SA 086 consta Giuseppe Zanotelli, com lote na Linha Figueira de Mello, ala norte. (A ala norte era vizinha à Linha Costa Real). 88 Rosa e Manoel casaram em 18/9/1886 Cf Livro 1 Casamentos pg 42v. da Freguesia de S.Pedro de Conde d‟Eu.


141

Zanotelli (provavelmente irmã de Rosa).89 Em 17/1/1889 faleceu Pia filha de Rosa e Manoel, de vermes, com um ano e meio de idade90 Giacomo Zanotelli , casado com Maria Devilli, pai de José Z. casado com Augusta Nogarol, migrou para o Espírito Santo

provavelmente

em

1876.

Em

1892

adquiria

definitivamente um lote na Seção Virgínia, município de Anchieta. Como os lotes das colônias imperiais, como era o caso da Santa Leopoldina, eram comprados com 5 ou 10 anos ou mais de prazo, conclui-se que ele estaria no Espírito Santo antes de 1877. Gaetano Zanotelli91 , casado com Maria Santuari migrou para o Brasil em 1876, constante da Lista de imigrantes do navio Ville de Santos como Zanitelli, com 27 anos, católico, lavrador. Depois do Rio de Janeiro não se tem notícia. Vicenzo Zanotelli consta da lista de imigrantes no navio Ville de Santos que atracou no Rio de Janeiro em

89

Giuseppe (José), nascido em 27/12/1837 obteve o lote n.6N da Linha Figueira de Mello, Conde d‟Eu, com título provisório em 9/1/1884 com 484.000m2 cf. Livro 312 do Arquivo Histórico de Porto Alegre. O casamento da filha Rosa com Manoel Fronchetti cf. Livro 1 Casamentos de Conde d‟Eu pg 42 v. Rosa e Fortunato são naturais de Faedo, distrito de Lavis, Província de Trento cf Livro 2 Batismos Conde d‟Eu pg 50v. 90 Livro 1 Óbitos, pg. 29 de Conde d‟Eu. 91 Gaetano Zanotelli, é filho de Nicolò Z. e Maria Bonfant, neto de Nicolò Z. e Teresa Bazzanella, bisneto de Cristóforo Z. e Maddalena Nicolodi, trineto de Giovanni Antonio Z., de Livo.


142

16/7/1875, (como Zanetelli), tendo 29 anos, casado com Orsola (com 29 anos) e com uma filha Beniamina de 2 anos de idade. Tirolês, agricultor, casado, católico. Não consta da árvore genealógica de Cembra. É provável que provenha de Livo, de onde são originários os Zanotelli. Maria Zanotelli92, casada com Giovanni Pelz, migrou para Conde d‟Eu, provavelmente em 1875. Ambos constam como padrinhos de casamento em Conde d‟Eu. Retornaram a Cembra pois lá está seu túmulo, conforme pudemos constatar. Michele Zanotelli casado com Giovanni Segat por volta de 1850, migrou para a Colônia Conde d‟Eu em 1876, com a filha Orsola Zanotelli casada com Pedro Groff (falecido em 24/4/1888 de varíola cf Livro 1 de Óbitos de Conde d‟Eu pg. 27).Viúva, Orsola casou com João Pedro Ghisleni em 25.6.1888 (cf.Livro 1 Casamentos de Conde d‟Eu pg 61). Magdalena Zanotelli, filha de Giuseppe (José) Zanotelli e Thereza Galio, casada com Antonio Scomazzon, faleceu em Conde d‟Eu, de inflamação uterina, com 41 anos de idade, em 23/6/189393 Fortunato Zanotelli, casado com Rosa Zanotelli, natural de Faedo, Trento, batisam em 28/9/1885, na Linha 92

Maria Z. é filha de Giovanni Z. e Marianna Lorenzi, neta de Antonio Z. e Domenica Marchiodi, bisneta de Giovanni Z. e Teresa Nardelli, trineta de Giovanni Z. e Maddalena Valgoi, tetraneta de Giovanni Antonio Z., de Livo. 93 Livro 1 Óbitos, Conde d‟Eu pg 38.Não há outras notícias.


143

Figueira de Mello, Conde d‟Eu, o filho Zavério Sandro Zanotelli nascido em 16\8\188594. Uma conclusão que se impõe é a de que a quase totalidade dos Zanotelli, hoje no Brasil, descende de Giovanni Antonio Zanotelli e Dorotea Concherle, sendo que, destes, a maioria absoluta descende de Giovanni Gasparo Zanotelli casado com Margherita Savoi e seus filhos. Deles descendem cerca de 10.000 pessoas esparramadas por todos os Estados do Brasil. Em todas as capitais dos Estados brasileiros há Zanotelli. A árvore genealógica que segue procura ordenar o enraizamento de cada Zanotelli no tronco comum ( até onde nos foi possível) que vai até Giovanni Antonio Zanotelli, que, por volta do ano de 1683, saiu de Livo, Val di Non, e foi para Cembra residir com seu tio que era sacerdote. Em Cembra, aos 17 dias de fevereiro de 1705 casou com Dorotea Concherle, de Faver. Francesco Zanotelli95, filho de Giovanni Gasparo e irmão de Paolo e Giovanni (que migraram para o Espírito 94

Provavelmente Fortunato seja filho de Agostino Zanotelli, que, em 1875 migrou para o Espírito Santo. Cf. Livro 1 de Batisados de Conde d‟Eu, pg. 70 v. Após não se tem notícia. 95 Às pgs. 33 e 33b do Livro de Batisados da Paróquia de Cembra (Trento), consta: Francesco Vigilio Zanotelli natural de Fadana Cembra - nasc. 29.1.1826 às 8 horas, batisado em 29.1.1826 n. 227, sendo sua ama Barbosa Macabran, religião católica, sendo filho de Gasparo Zanotelli e neto de Paolo Zanotelli e Maddalena Cembran,


144

Santo como acima dissemos) era casado com Domenica Eccli, em Cembra, em 31/05/1851. O casal teve 6 filhos: Catterina (nascida em 12/05/1854 e casada com Angelo Zanol em 14/02/1874 e falecida em fins de 1874, sem filhos), Angela (nascida em 27/12/1863 e falecida em 03/10/1865), Maria (nascida em 05/07/1867 e falecida em abril de 1869), Giovanna (nascida em 05/07/1869 e falecida menina em Cembra), Giuseppe (nascido em 18/02/1870 e falecido em 11/02/1871) e Narciso (nascido em 07/09/1857. Em 1875, tendo perdido 5 dos 6 filhos, Francisco resolve emigrar com o único filho que lhe restava, Narciso. A causa mortis dos filhos não a sabemos, mas é provável que se vincule à pelagra. Obtido o passaporte azul de número 5.395, em Trento (distrito do Tirol, do Império austrohúngaro), em 29 de outubro de 1875, data em que consta a renúncia à cidadania austríaca e nele constando Domenica Eccli como esposa e Narciso(com 18 anos) como filho, Francisco(com 49 anos de idade), que era proprietário de pequena fração de terra (como seus irmãos), deixa seus poucos haveres e empreende a viagem da emigração.

que era nascido e domiciliado em Fadana. A mãe é Margarita di Pietro Savoj filha de Catterina Zanetin, nascida em Faver e domiciliada em Fadana. O Pároco cooperador: P. Antonio Battista. Padrinhos: Vigilio Zanotelli e Domenica Dicento Zanotelli. Condições: “possidente”(proprietário).


145

Nos primeiros dias de novembro desce de Trento a Verona de trem. Ali pernoita como faziam os emigrantes trentinos. No dia seguinte segue de trem até Milão, dali passa a fronteira da França, vai a Modene, dali a Paris e dali ao porto de

Le Havre. Como os embarques de passageiros que

migravam dentro do contrato de Caetano Pinto sempre aconteciam nos dias primeiro e quinze de cada mês, é provável que Francesco e sua família embarcaram no dia 15 de novembro de 1875, no navio a vapor francês Rivadávia96. No dia 10 de dezembro já estão no Rio de Janeiro, como consta no passaporte, pelo visto da polícia do Rio, assinado por Macedo.

2.Do Rio de Janeiro para Porto Alegre No Rio de Janeiro, em 1875, infestado de febre amarela,

os imigrantes devem ter tido curta permanência na

Ilha das Flores, seguindo após para o Rio Grande do Sul. Do Rio de Janeiro, os navios aportavam em Santos e depois em

96

Caetano Pinto preferia que os emigrantes do norte da Itália e Tirol fossem embarcados em navios franceses porque a legislação da França exigia que os navios fossem acompanhados por médico. Esta exigência não havia nos portos italianos de Gênova, por exemplo. Por outro lado os navios franceses eram a vapor, enquanto os italianos eram, em sua maioria, a vela. Por outro lado o vice-cônsul do Brasil em Marselha, amigo de Caetano Pinto favorecia o embarque pelos portos da França.


146

Rio Grande. Foi aí que os navios em que vinham Francesco e seu irmão Paolo, foram separados por ordem das autoridades brasileiras: Paolo foi para o Espírito Santo e Francesco para o Rio Grande do Sul.

Rio de Janeiro 1905 – Bucelli p.4

Rio de Janeiro, 1905, Ilha Fiscal – Alfândega – Bucelli p.5


147

Santos – 1905 – Bucelli p. 33

Pelo Porto de Rio Grande, foram até Porto Alegre


148

Panorama de Porto Alegre - 1905 - (Buccelli 65)

Porto Alegre – Intendência municipal - Bucelli, 1905, p 75


149

Porto Alegre – 1905 R. Mal. Floriano – Bucelli p. 125

Porto Alegre –Estação do trem – Bucelli – 1905, p 126


150

Porto Alegre - Praça da Sta. Casa - 1905 - (Buccelli 124)

Entrando por Rio Grande, permanecendo em Porto Alegre menos de uma semana, dirigem-se logo em pequenas embarcações a vapor até São Sebastião do Caí. Francesco Zanotelli, com sua esposa Domenica e seu filho Narciso, e certamente dois primos Giuseppe e Rosa, devem ter chegado em Porto Alegre entre os dias 15 e 20 de dezembro de 1875. Na véspera de Natal estavam chegando em Conde d‟Eu.


151

3.De Porto Alegre a Conde d’Eu (Garibaldi)

O rio Caí (Buccelli, 207).

O Rio Caí, até o início do Século XX foi a principal via de comunicação entre Porto Alegre e as Colônias Italianas, bem como para toda a vasta colônia alemã. Por ele os imigrantes iam até S. João do Montenegro, daí até Maratá e daí, pela estrada geral que ia até o rio das Antas, subiam para Conde d‟Eu. A estrada geral ia depois até o rio das Antas e depois para Vacaria.


152

O porto de S. João de Montenegro

Vista geral de São Sebastião do Caí em 1905, Buccelli (214)

De vapor até S. Sebastião do Caí, daí a Montenegro (paróquia que abrangerá todas as colônias de Garibaldi, Bento e Caxias e,por isso, ai estarão inscritos os nascimentos, casamentos, falecimentos dos imigrantes e que desapareceram com um incêndio). Por isso a dificuldade de os filhos dos imigrantes comprovarem nascimentos, casamentos, óbitos que, na época eram todos registrados na secretaria da Paróquia.


153

Daí os colonos tomam a estrada (ou picada) que de Maratá vai até o Rio das Antas, (a estrada dos tropeiros,) a pé, sobem a Serra até a colônia Conde d‟Eu, onde chegam às vésperas do Natal de 187597. Enquanto isso, Paolo, suas irmãs e primos chegarão ao destino de San ta Teresa no Espírito Santo no dia 6 de janeiro de 1876.

Maratá - (Buccelli, 1905, pg. 210)

Maratá era o início da estrada ou picada que os colonos faziam a pé. Era a estrada dos tropeiros que passava por Conde 97

É tradição oral entre os mais antigos Zanotelli, filhos de Narciso, que a data de chegada a Conde d‟Eu (hoje Garibaldi) foi a de 24 de dezembro de 1875.


154

d‟Eu, Dona Isabela, ultrapassava o Rio das Antas e ia para Lagoa Vermelha e Vacaria. Era conhecida como a Estrada Geral. Em Conde d‟Eu, no barracão coberto de palha, então preparado para abrigar os recém chegados, permanecem poucos . e são endereçados...para a Estrada Geral, Estrada Geral,

Conde d‟Eu – Garibaldi – 1905 – Bucelli,

Conde d‟Eu – Garibaldi – 1905 – Bucelli


155

Linha Figueira de Mello, ao lote que escolheram ou lhes foi destinado98.

Garibaldi, 1905 – Bucelli – p 263

98

No Arquivo Histórico de Porto Alegre, Livro 312, pg. 13, sob o título Estrada Geral Conde d‟Eu, Primeira Secção,consta: Família n. 79: Zanottelli. Registro n. 407: Zanottelli Narcizo, casado, católico, austríaco, lote 1/449, área 116.449m2, preço da braça quadrada (4,84m2)= 3 Réis. Valor do lote 69$204. 20% do art. 6 do Regulamento de 19.1.1867 = 13$840. Pelos adiantamentos feitos = 125$525. Total: 208$569. Data da entrega do título provisório 8.2.1884. ½ da dívida de Giuseppe Batistoni. Bom pg 149. N. 408: Thereza (casada) austríaca Filhos: (409) Maria (brasileira), (410) Amália, (411) Narciza, (412) Carolina, (413) Domenica (austríaca).


156

Avenida Júlio de Castilhos, a principal de Garibaldi em 1878 (Koff, 77)

Com efeito, Narciso, em 1884 já casado com Theresa Telk99 , com ela já tem 4 filhas: Maria, Amália, Narciza e Carolina cf. Livro312 do Arquivo Histórico de Porto Alegre. Com Narciso também aparece Domenica (sua mãe). Francesco já não aparece. Depois disso não se tem notícia de Francesco. Presume-se que tenha falecido entre 1876 e 1884.

99

Theresa Telk era filha de Bartholo Telk e de Magdalena Job, tiroleses, que migraram para Conde d‟Eu em 1875 (provavelmente junto com Francesco Zanotelli). Theresa casou com Narciso ao final de 1876. Bartholo faleceu em Garibaldi cf. Livro de Óbitos de Conde d‟Eu pg. 23v: “No dia 30/8/1887 faleceu de plethora com 76 anos de idade Bartholomeu Telk, casado com Magdalena Job, tirolês, lavrador, confessou e comungou há pouco. Foi encomendado e enterrado por mim neste cemitério em 31 do mesmo. E para constar fiz este que assino. P. B. Tiecker.”


157

O casamento de Narciso deveu ser justificada judicialmente no juizado cível de Caxias do Sul em 2009, para efeitos de reconhecimento da cidadania italiana.

- Troncos para a serraria - 1905 - (Buccelli 278).

Desmatar para abrir clareiras para a agricultura. O pinheiro (araucária) em seus belos toros, são arrastados à serraria: tábuas, tabuinhas para o telhado... Derrubar o mato a machado, construir uma pequena casa, e preparar a semeadura para a primeira colheita era a tarefa primordial. A casa ficava longe do mato para evitar


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visitas incômodas de animais ferozes e criar galinhas, porcos que não fossem devorados. Garibaldi Nos primeiros anos da colonização os troncos eram serrados no mato. Levanta-se o tronco e dois puxavam a serra: um em cima do tronco e o outro em baixo. O que serrava em baixo recebia o pó e a serragem no rosto. Incômodo. Por isso se diz “serrar de cima” para quem está bem. As tradições de caça ao coelho e à raposa nas montanhas da Itália vieram com os imigrantes como tradição, como esporte e como necessidade. Os rios piscosos, as matas com abundante caça (pombas, jacus, nhambus, e, depois qualquer pássaro, veados, pacas, cotias, antas, porcos do mato...) traziam para a mesa a carne indispensável à dieta. Os imigrantes ficaram célebres por suas caçadas e pescarias. Em criança, ouvíamos nossos pais e avós narrarem as passarinhadas com polenta como a festa mais significativa da glutoneria italiana. Não era apenas o paladar aguçado pelos pássaros selvagens, parecia mais uma vingança contra séculos de pelagra naqueles vales do norte italiano, por falta de proteínas. Vingança, festa, aventura: um prato cheio.


159

Caçar o veado: aventura, diversão, alimento. Buccelli p 280 – 1905.

A colônia Conde d‟Eu criada em 1870, recebeu, em julho daquele ano 36 prussianos (15 casados, 8 crianças, 12 solteiros, e um viúvo). Em 14 de março de 1871 “não havia A colônia Conde d‟Eu criada em 1870, recebeu, em julho daquele ano 36 prussianos (15 casados, 8 crianças, 12 solteiros, e um viúvo). Em 14 de março de 1871 “não havia mais de trinta e sete lotes ocupados em Conde d‟Eu e nenhum em D. Isabel”i100. mais de trinta e sete lotes ocupados em Conde d‟Eu e nenhum em D. Isabel”101.

100

KOFF, Elenita, Os Primórdios... pg . 43 KOFF, Elenita, Os Primórdios... pg . 43

101


160

Garibaldi. O colono e seu parreiral (Buccelli 282)

“No ano de 1872, Conde d‟Eu tinha medido 80 prazos e já ocupados cinqüenta e quatro. O Governo provincial mandou construir, com urgência, um barracão na freguesia de S. João de Montenegro e outro no porto Guimarães, para abrigar os colonos que se dirigem ao estabelecimento de Nova Petrópolis e Conde d‟Eu”102. Em 27.08.1875 chegam os primeiros italianos junto com um grupo de franceses. Em 24 de dezembro de 1875 chega um grupo de italianos e trentinos, como refere Elenita Koff, e entre eles está a família de Francesco Zanotelli e outros.

102

KOFF, Elenita, Os Primórdios...pg 47.


161

Em 1875 a Colônia Conde d‟Eu recebeu melhores cuidados do governo provincial. Foi contratado o médico Dr. José Maria Pereira Monteiro, foi construído um galpão mais amplo, e o governo provincial contratou o armazém de José Luiz dos Santos para fornecer “alimentos de boa qualidade ao preço de 690 réis cada ração diária”103. Lembremos que o salário pago por dia de trabalho na construção de estradas era de 1.500 réis. Em 1876 os colonos de Figueira de Melo (onde moram os Zanotelli) “requerem a nomeação de uma parteira, indicando

para

tal

cargo

sua

compatrícia

Gioconda

Manica”104.Neste mesmo ano o Presidente da Província anuncia a urgência de construir uma estrada na Linha Figueira de Melo e um galpão para receber colonos. “A linha Figueira de Melo foi o primeiro pique transversal da colônia Conde d‟Eu onde se situavam os lotes destes italianos aqui chegados”105 De Garibaldi, os Zanotelli, por volta de 1882 quando foram abertas as colônias de Encantado, então distrito de Estrela, desceram por Santa Teresa e Roca Sales, para as terras novas. Para isso deviam atravessar o Rio das Antas e, mais

103

KOFF, Elenita, Os Primórdios...pg. 57. KOFF, Elenita, Os Primórdios...pg. 57. 105 KOFF, Elenita, Os Primórdios...pg. 58. 104


162

abaixo, o Rio Taquari. O vale do Taquari é considerado até hoje entre os cinco vales mais férteis do mundo. A planície, a água, possibilidade de aquisição de glebas mais amplas, atraem também os Zanotelli.

Garibaldi. Casa típica de madeira, coberta de madeira (scandole)(Buccelli 279)

4. De Garibaldi a Encantado.

Ir para a Colônia nova de Encantado, distrito de Estrela, e conseguir uma gleba bem maior era uma nova aventura desses aventureiros trentinos.


163

Balsa e canoa na travessia do Rio Taquari 1905

Rio Taquari - canoas e cachoeiras - 1905 - (Buccelli 290). Nas partes rasas, no verão era possível atravessá-lo comodamente a cavalo.


164

Mapa dividindo a colônia Conde d‟Eu. Aí aparece a linha Figueira de Mello, onde constava a gleba comprada por Francesco e sua família em 1875. Como se pode ver, a colônia não tem um centro ao redor do qual as terras cultiváveis poderiam estar. O quadriculado mostra que a vizinhança era essencial para a sobrevivência. Quando nascerem a capela, a escola, o cemitério e um pequeno comércio, estes deverão localizar-se segundo o interesse de alguns. Na Europa, especialmente ao norte, e mais ainda em Cembra, Livo... as moradias ficam todas juntas na vila e as terras de cada agricultor ao redor da vila. A vila, por isso mesmo, pode ter médico, igreja, escola, hospital, comércio, livraria, entretenimento. A perspectiva de colonização aqui foi


165

míope neste sentido. Apesar disso, os imigrantes lutarão para manter um sistema de ajuda mútua e de solidariedade...

Mapas disponíveis no pequeno museu adjunto à Igreja de Garibaldi.

Pouco mais de 7 anos depois do início da imigração em massa de italianos e trentinos para as colônias de Conde d‟Eu(Garibaldi), D. Isabela (Bento Gonçalves) e Fundos de Dona Palmira (depois Campo dos Bugres e depois Caxias do Sul), ocupados os lotes, a colonização espraiou-se para além do Rio das Antas e do Rio Taquari.


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O Taquari – e suas canoas

Em 1882, nas terras que o governo imperial lhe doara, José Francisco dos Santos Pinto ( e seus filhos Margarida, Francisco, Anselmo e Francisca) abre as colônias particulares do Taquari e nelas a de Encantado. As terras daquele oficial do Exército Imperial abrangiam os dois lados do Rio Taquari, desde Estrela e a Colônia Teotônia até o Rio Guaporé ( Muçum) e a Cordilheira, fazendo divisa com a Colônia Conde d‟Eu e o Rio Forqueta: quase toda a extensão dos posteriores municípios de Roca Sales, Arroio do Meio e de Encantado. Nessas terras foram abertas as colônias das Palmas, do Jacaré ( já em 1878, implantadas pela empresa Bastos e Cia. em 1882), esta última


167

abrangendo desde Lajeadinho, os arredores atuais da cidade de Encantado, Linha Argola, Linha Garibaldi, Jacarezinho, Jacaré, Linha N.Sra.Auxiliadora, Nova Bréscia, e a das Palmas abrangendo Arroio do Meio, Marques de Souza e Capitão.

O Taquari e suas fertilíssimas varzeas

Várzeas férteis ao invés das terras poucas, pedregosas e montanhosas do Trentino


168

As várzeas do rio Taquari são tidas, até hoje, como entre as três mais férteis do mundo. O senso agrícola dos Zanotelli apontava para aquelas novas terras. O vale do Taquari (Tebicuari) foi povoado por tempos imemoriais especialmente pelos índios Ibiaçaguaras (à margem direita onde está Encantado) e Ibiaiaras (margem esquerda). Os primeiros contatos foram feitos pelos Padres Jesuítas (Pe. Francisco Ximenes e P. João Suarez) espanhóis que, em 1632 fundaram a redução de Santa Teresa, perto de Passo Fundo. Os índios Ibiaiaras eram hostis aos jesuítas. Eram amigos dos “pombeiros” (emissários paulistas que aliciavam e aprisionavam

índios

para

vender

aos

bandeirantes).

Confiramos as informações de Jorge E. Kafruni, in FERRI, Gino. Encantado Sua Terra e Sua Gente, 1985 pg. 26 e seguintes: “Os padres Francisco Ximenes e João Suarez, acompanhados por 200 índios tapejaras (vaqueanos) e do cacique Guaré, com 34 canoas, iniciaram a exploração da IBIA, região dos hostis índios IBIAIARAS, muito amigos dos pombeiros ou mamelucos paulistas, tendo partido da redução de Santa Teresa a três de janeiro de 1635. Atravessaram, a pé, durante nove dias a região do Caapi (entre Casca e Nova Prata), embarcando, então em canoas, por um riacho e assim andaram meio dia, chegando até ao Tebicuari (Taquari), pelo qual navegaram três dias, até a


169

altura do atual distrito de Corvo, em Estrela, onde destruíram um “Curral de Escravos”, ali existente, do índio Parapoti, o qual os vendia aos paulistas. De regresso a Santa Teresa, entraram

pelo

Mboapari

(Antas),

em

cujas

margens

abandonaram as canoas, perfazendo, a pé, o restante do percurso, gastando mais cinco dias”...Sobre a terra dizia o Pe. Ximenes : “La tierra es fragosíssima, sus campinos, infernales. No ai campo onde tener cuatro vacas”. Ao encontrar-se com Parapoti “um dos mais afamados mercadores, em toda região de Ibia, amigo incondicional dos bandeirantes, dos quais era preposto e maioral... e que entregou toda a sua nação... este grandíssimo velhaco... diz Ximenes: “Fiz-lhe queimar a casa, destruir quanto pude a comida, para que se vá dali”. Parapoti incita os índios para matarem os jesuítas. O Pe. Cristóvão de Mendonza (que introduziu o gado no RS) sabendo que Raposo Tavares ( o destruidor das reduções de Guairá, no Paraná) se avizinhava com uma bandeira para aprisionar índios, vai ao Caaguá (S. Francisco de Paula) para impedir. É morto pelos índios Ibiaiaras em Piaí, perto de Caxias do Sul, em 26 de abril de 1635. Em 1636 Raposo Tavares chega às margens do Taquari: “Tendo sob suas ordens 150 portugueses (mamelucos sul-americanos) e 1500 índios tupis não bem mansos, entrou


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no Estado através do rio Pearas, (Pelotas), seguindo por Caamo (Vacaria), Caaguá (cima da serra). Deste ponto, na serra do nordeste, tomou uma variante do caminho que deflexionava para Oeste, atravessando o rio Ibia, entrando pela Taiaçuapé (caminho do porco do mato - margem esquerda do rio Taquari), local este onde se encontravam as paliçadas do índio Parapoti, na altura do distrito de Corvo, no município de Estrela. A partir de Caamo (Vacaria), onde havia aldeias povoadas de índios, começou a razia bandeirante e se verificou a quase completa escravização da povoação indígena. Daí, sujeitando as nações indígenas e aumentando a leva com muitos outros que agregavam a si, pelo caminho, por vontade ou por força, levando-os para as paliçadas de Corvo, onde eram vigiados e aguardavam para serem recambiados para São Paulo”106 via Laguna, deslocamento que até o mar demorava 5 dias apenas. Raposo Tavares ficou 11 meses na região, inclusive em Encantado e, depois de atacar em 2 de dezembro de 1636 as reduções de Jesus Maria e São Cristóbal perto de Rio Pardo, retorna a S. Paulo com a presa humana de aproximadamente 25.000 índios. Em 1637 virá a Bandeira de Francisco Bueno. Ele morre nos sertões do Taquari, como também morrem Gaspar Fernandes e 106

FERRI, Encantado pg. 29-30.


171

João e Manoel Preto. A Bandeira se divide entre Jerônimo Bueno (que atacará as reduções do rio Ijuí) e André Fernandes que atacará a redução de Santa Teresa em Passo Fundo. Encantado, portanto, e o Alto Taquari, trazem, desde cedo, as marcas do barbarismo estúpido da escravização praticadas por esses fascínoras que algum livro de História ainda pretende transformar em heróis. Estas terras estavam subordinadas, a partir de 19/2/1737, à Comandância do Presídio do Rio Grande de São Pedro (fundado nesta data); a partir de 27/4/1809, ao município de Rio Pardo (um dos 4 municípios em que se dividia a Capitania de São Pedro do RS); a partir de 25/10/1831 ao então instalado município de Triunfo desmembrado de Rio Pardo (da, desde 1824, Província de Rio Grande de São Pedro do Sul); a partir de 4/8/1849 ao município de Taquari desmembrado de Triunfo; a partir de 21/2/1882 ao município de Estrela (desmembrado de Taquari) ficando então com Lajeado e Guaporé como distrito de Estrela. Encantado se emancipará de Lajeado em 1915 e se desmembrará em 8 novos municípios como se pode ver na tabela das colônias acima referida.


172

Estrela - Moenda para expremer cana de açúcar e fazer acúcar e melados. Os imigrantes possuíam um por família. ( Il torcio).

As famílias italianas e trentinas organizaram aqui um modo auto-suficiente de produção. Produzia tudo ou quase tudo o que consumia e consumia quase tudo o que produzia. Assim a carne bovina: o colono entregava uma rês de abate para o açougueiro e retirava o peso da carne aos poucos. O açougueiro não comprava, intermediava apenas.

Estrela - Igreja e Prefeitura - 1905 - Buccelli 296)


173

Em 14/2/1890 Encantado é constituído como um dos Distritos Policiais de Santo Antônio de Estrela tendo como divisas: “pela frente o Rio Taquari, por um dos lados os arroios Forqueta e Fão, até a divisa de Soledade, e, pelo outro lado o rio Guaporé, até encontrar a divisa do município de Passo Fundo”107; em 26/1/1891 Lageado se emancipa de Estrela e pela lei n.1 de 2/12/1891 Encantado se constitui o segundo distrito incluindo Guaporé que mais tarde se transformará em 3o. distrito; em 31 de março de 1915, pelo decreto n. 2133 Encantado é emancipado, abrangendo o 2o. e 4o. distritos de Lajeado e o 9o. de Soledade. Abrangia, pois, o território do antigo distrito de Encantado, o de Anta Gorda e o de Itapuca108, com 1.239 km2, e com uma população de 18.800 habitantes109 Para os imigrantes que, em Conde d‟Eu, haviam recebido lotes de mais difícil acesso, montanhosos e de “muita pedra”, a abertura de novas colônias para além do rio das Antas e Taquari foi uma nova esperança. Os vales dos rios Taquari, Antas, Guaporé, e dos arroios Jacaré, Jacarezinho, Forqueta, Fão de uma fertilidade espantosa, montanhas menos abruptas e maior tamanho dos lotes atraíam os imigrantes,

107

FERRI, 1985, pg 48-49. FERRI, 1985, pg. 67. 109 FERRI, 1985, pg. 58. 108


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muito embora o preço fosse de 8 Réis e não de 3 Réis a braça quadrada como em Conde d‟Eu110. Os primeiros colonos chegam em Encantado em janeiro de 1882. Entre eles as famílias de Giovanni Baptista Lucca e de Antonio Bratti. “Nos meses seguintes chegavam outras famílias de imigrantes, vindas diretamente da Itália ou dos núcleos já colonizados da região italiana, especialmente de Conde d‟Eu (Garibaldi), Dona Isabel (Bento Gonçalves), Campo dos Bugres (Caxias do Sul), ou ainda de Farroupilha, Nova Trento e outras”111. Assim chegavam as famílias Fontana, Secchi, Scartezini, Giordani, Pretto, Ferri, Peretti, De Conto, Marini, Sana, Barzotto, De Marco, Rossetto, Lanner, Lorenzi, Pasini, Fumagalli, Radaelli, Bonfanti, Castoldi, Scarello, Dal Monte, Dal Pasquale, Berté, Bergamaschi, Sangalli, Mottin, Zuchetti, Luzzi, Nardin, Dalla Vecchia, Buffon, Bigliardi, Ecker, De Bórtoli, Daldon, Zanotelli e outras.112 Descendo pela picada que levava para Conventos Vermelhos (Roca Sales), a família de Narciso Zanotelli atravessa o Taquari e se instala na colônia Jacaré, na linha Jacarezinho, à beira da estrada que, de Encantado conduz a Nova Bréscia, num lote de 120.000 braças quadradas ou 58 110

FERRI, 1985, pg. 35. FERRI, 1985, pg 44. 112 Cf FERRI,1985, pg.44. 111


175

hectares, com 290 metros de largura por 2.000 metros de comprimento, indo desde o arroio Jacarezinho até o travessão limítrofe da linha Garibaldi, no valor de 960$000 réis. Eram seus vizinhos para o Norte, em ordem, as famílias Bagatini, Secchi, Possamai, Ant. Pretto, Pedarzini; para o Sul as famílias Pezzini,

Agostini,

Facchini,

Dalla

Vecchia

(Pedro

e

sucessores), Pio de Conto, João Pretto. A leste, para além do arroio Jacarezinho: Fontana, Conzatti, Pedarzini, Bianchini. A Linha Jacarezinho ficava pois entre as Linhas Garibaldi (a oeste) e Jacaré (a leste) com as famílias Sangalli... além da qual estava o Rio Guaporé. Se as famílias acima citadas chegaram em 1882, a família de Narciso também poderia ter chegado nesse ano, porque os lotes dessas famílias e o de Narciso eram vizinhos. Muito embora Narciso continue a batisar os filhos em Conde d‟Eu até 1893, era possível que residisse em Jacarezinho desde 1882. O atendimento à população de Encantado pelo pároco de Estrela ou de Lageado era esporádico e difícil (considerando que o acesso necessitava a travessia por barcas precárias ou inexistentes) e os Zanotelli eram decididamente católicos para descurar o dever de batisar os filhos logo após o nascimento. Em 1888 é construída a primeira capela, mas só em 1896 é


176

instalado o curato de São Pedro de Encantado sendo seu primeiro cura o Pe. Domenico Vicentini113. Por

outro

lado

os

descendentes

Zanotelli

de

Jacarezinho guardam na memória o relato dos antepassados de que “seguidamente os familiares de Narciso

iam de

Jacarezinho a Garibaldi e Figueira de Mello, atravessando o Rio Taquari, num local, quase em frente a Encantado onde as águas se tornavam rasas, especialmente em época de seca (“no váu”). Iam a cavalo, seguindo pela estrada ou picada que passava por Arroio Augusta, ou pela picada que vai diretamente de Roca Sales à linha Figueira de Mello”114. Os mesmos informam que o deslocamento de Narciso para Jacarezinho aconteceu cerca de 13 anos antes do nascimento de João Zanotelli. Isto confirmaria a data da migração 113

Da ordem de S. Carlos, fundada por D. João Batista Scalabrini, bispo de Piacenza, para acompanhar os imigrantes, impressionado que ficara pelo descaso a que eram atirados aquelas famílias católicas que emigravam, o Pe. Domenico Vicentini (1847-1927) é o primeiro padre carlista que vem ao Brasil e Encantado será o primeiro curato (1896) e depois a primeira paróquia afeta aos carlistas no Brasil. A paróquia de S. Pedro de Encantado acaba de celebrar 100 anos de paróquia (28 de abril de 1996). Sobre isso, dificuldades, peripécias e ação missionária cf. FERRI, Gino, 100 anos de História. Paróquia de S. Pedro, publicado pela paróquia de Encantado. 1996. Da lista dos fabriqueiros, no lançamento da pedra fundamental da Igreja, em 1898, e para superar o litígio entre as capelas de S. Pedro (construída em 1888), Santo Antão e São José que pretendiam sediar a paróquia, constam: Antonio Bratti, Giovanni Pretto Filho, Bortolo Secchi, Angelo Dalla Vecchia, Andrea Belló, Giovanni Pretto, Agostinho Vanzetta, Gioachino Lanzini, Francisco Echer, Giuseppe Pederiva e Vitorio Emanuele. 114 Informação oral de Leonel Zanotelli e irmãos.


177

Garibaldi-Jacarezinho em 1882. Contra essa hipótese os registros de casamento de José, Francisco, Amália, Maria, Rosina e Narciza realizados na paróquia de São Pedro de Encantado dizendo que são naturais da Linha Figueira de Mello. Não é necessária, pois, a hipótese

de que Narciso

tivesse comprado a terra em Jacarezinho em 1882, mas somente transferido residência de Conde d‟Eu para lá em 1893, tendo em vista que as terras das colônias de Encantado eram particulares e não tinham a necessidade de serem habitadas e implementadas dentro do prazo de 2 anos como acontecia nas colônias provinciais ou imperiais, sob pena de serem leiloadas para outros colonos. Narciso, pois, residiu em

Conde d‟Eu

até 1882, depois deslocou-se para Encantado.

Placa comemorativa do Gemelaggio de Encantado e Valdastico em 1993. (FERRI, Gino, Gemellagio, Sagra Editores, Porto Alegre 1996, pg. 126.


178

Encantado em 1905 - FERRI, Encantado pg.53.

Encantado - Primeira capela 1888 - in FERRI, 17.


179

Encantado, Tiro de Guerra, 1917. João Telk Zanotelli é o 5 o.da esquerda ajoelhado.

Encantado - Igreja S. Pedro - 1933 - FERRI, 100 anos pg. 61.

A comemoração de 100 anos da Paróquia de São Pedro de Encantado, muito bem traduzida na obra de Gino Ferri, reafirmou a vinculação dela à origem carlista e à cidade irmã de S. Pietro in Valdástico situado entre Trento e Vicenza.


180

Encantado é até hoje, um dos lugares no Rio Grande do Sul em que há mais filhos de imigrantes trentinos v vicentinos.

Igreja de Encantado atual- Sinal imponente da cristandade.e referência religiosa e cultural dos Zanotelli

Cap. de S. Carlos - Jacarezinho - Encantado - FERRI. 100 anos, 134


181

O nome da capela é uma homenagem aos padres carlistas que, pioneiramente acompanharam os imigrantes italianos no Brasil. Localizada no centro da Linha Jacarezinho, este foi o lugar da missa semanal ou, em sua falta, do terço, sempre cantado também pela família Zanotelli. Em Jacarezinho, nasceram de Narciso Zanotelli e Theresa Telk (além de Maria115 de 1878, Amália116 de 1880, Narciza117 de 1882, Carolina118 de 1883, Felice Giacomo119 de1885, Francisco120 de 1885, Rosina121 de 1889, Camilo Domingos122 de 1890, Leopoldina123 de 1892, Clementina 124

115

de 1893, que provavelmente nasceram em Conde d‟Eu )

Maria nasceu em 12/5/1878 em Conde d‟Eu. Casou com Antonio Agostini e foi residir em Canudos, Lageado. 116 Amália nasceu em 1880 em Conde d‟Eu, casou com Stephen Pezzini e residiu em Jacarezinho. 117 Narcisa nasceu em 1882 em Conde d‟Eu, casou com Bettini e residiu em Canudos, Lageado. 118 Casou com Adolfo Martini e residiu em Progresso, Lageado. 119 Felice Giacomo, cf. Livro 1 de Batisados de Conde d‟Eu, pg. 85 n. 423, nasceu em1/4/1885 e foi batisado no dia 24/2/1886. 120 Francisco, nascido em 8/12/1885 em Conde d‟Eu e falecido em 30/9/1944 casou com Carolina Bertol e residiu em São José do Herval. 121 Rosina nasceu em 23/2/1889, foi batisada em 25/3/1889 Cf. Livro 3 de Batisados de Conde d‟Eu, pg 22, casou com Celeste Dal Moro e residiu em Progresso, Lageado. 122 Camilo Domingos nascido em 23/7/1890, batisado em 16/8/1890 cf. Livro 3 de Batisados de Conde d‟Eu pg 48. 123 Leopoldina casou com João de Conti e residiu em Linha Argola, Encantado. 124 Clementina, nasc. em 22/6/1893, batisada em 16/8/1893 cf. Livro 3 de Batisados de Conde d‟Eu pg 80 casou com Olímpio Secchi e foi residir em Crissiumal, RS.


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José em 1894 e João em 5/2/1895. Na mesma casa nasceram os filhos de João, entre eles Leonel (1917) e os filhos de Leonel: Geni, Gino, Irma, Itelvina e Jandir que escreve este trabalho. Dos

filhos

de Narciso, portanto: João permaneceu na residência em Jacarezinho (onde Narciso faleceu em 1904), José localizou-se em Capitão (depois município de Arroio do Meio e agora emancipado), Francisco foi para Relvado, Putinga e depois para São José do Herval (então município de Soledade e hoje emancipado)e as filhas casaram e residiram nos municípios de Lageado, Arroio do Meio ou Encantado. A família de José Zanotelli, filho de Cristano e neto de Nicolò e que também residia em Figueira de Mello deslocou-se para Santa Teresa125 (às margens do rio das Antas) e depois para Muçum. Outras famílias Zanotelli, dentro das colônias de Encantado, foram depois para Putinga, Relvado, Anta Gorda, Guaporé. Ao final de década de 1930 ou início da de 1940 famílias Zanotelli se deslocaram de Encantado, Muçum e arredores para Erechim (Paiol Grande), Marcelino Ramos e para Santa Catarina e Paraná.

125

Segundo informações da filha Inês (Agnese).


183

Itelvina filha de Leonel Zanotelli, no Pinhão, Aratiba, Erechim.

Hoje, em Xapecó, SC e arredores bem como em Medianeira, PR e cidades vizinhas há dezenas de famílias Zanotelli, especialmente descendentes de José Zanotelli filho de Cristano bem como de Constante Zanotelli filho de Domênico e Teresa Zanotelli. Constante representa concretamente a angústia da família trentina cujos filhos eram ceifados pelas intermináveis guerras do Império Austro-Húngaro a que pertencia o Trentino. Não bastassem as dificuldades da estrutura econômica acima analisada, o serviço militar dos 18 aos 30 anos fazia com que os melhores braços de trabalho morressem nas guerras ficando a família desamparada. Por isso o esforço


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para migrar antes que os filhos completassem 18 anos. Constante veio sozinho. Tinha 18 anos. Quase clandestino. Instigado pela família que não o queria morto nas guerras. Enquanto isso, no Espírito Santo dois núcleos fortes de famílias Zanotelli foram crescendo: Um com o centro em Santa Teresa ( e dali para o Baixo Guandu, Colatina, Linhares, e Nova Venecia, São Gabriel da Palha) e o outro com o centro nas colônias de Rio Novo, Cachoeiro do Itapemerim, Iconha. Ambos os grupos foram aos poucos se deslocando para Vila Velha e Vitória.

Debulhando feijão a cavalo. Sobre a lona o feijão que é pisoteado pelos cavalos. (Buccelli, 293) Depois de bem pisoteado, o feijão era revolvido para ser pisado no outro lado. Ao final sacudia-se a palha e o feijão com as impuresas era limpo com uma concha de madeira lançando-se o feijão contra o vento para outra lona.


185

Desses núcleos iniciais: Colônia de Conde d‟Eu (Garibaldi), das Colônias Santa Leopoldina e Rio Novo no Espírito Santo provem a maioria dos Zanotelli do Brasil. Em Caxias do Sul (RS), outro tronco descendente de David Zanotelli (de apelido Paroleto) mostra algumas dezenas de descendentes também. Em São Paulo, especialmente nas proximidades de Bauru há outro grupo de Zanotelli (descendentes de Pedro Grava Zanotelli). Mas pode-se dizer com certeza que todos os Zanotelli descendem de Livo, Val di Non, Trento, Itália, e, portanto, são vinculados entre si.


186


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V. TRADIÇÕES E LEMBRANÇAS

Dentre as tradições, valores e lembranças que, de certa forma identificam as famílias Zanotelli podemos destacar:

Cantar -

Os descendentes Zanotelli guardam na

memória a grata lembrança dos cantares em família. Famílias grandes (com 10 ou mais filhos), em casas grandes, separadas da cozinha por uma varanda ampla, onde, à noite, no verão, todos se reuniam com um copo de vinho e/ou com o chimarrão (no RS) e, como por encanto, nasciam as canções. E todos cantavam: pai, mãe (às vezes o avô e a avó) os rapazes, as moças, as crianças, num coral de 4 ou mais vozes onde cada qual se localizava naturalmente. As harmonias, feitas de contraltos, barítonos, tenores etc. etc. eram afinadas ao pé do ouvido de cada um. E milagrosamente todos tinham “voz”, todos tinham “ouvido”. E quando algum adolescente, “trocando de voz” desafinasse, logo tinha ao lado um irmão que, com sua própria voz lhe ensinava o retorno à harmonia. Olhares vagos e embevecidos, como que perseguindo a voz para que ela tivesse o caminho, a altura, o volume, o ritmo


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perfeito. A canção era obra criativa de todos. Nela todos tinham parte. Nela todos se soldavam, se identificavam e cresciam. Que canções? As canções guardadas na memória e tais como foram guardadas na memória. Pedaços de montanhas e vales da pátria distante trazidos pelo imigrante. Amores e desilusões da juventude. Guerras, exércitos, napoleões, saudades, vida bucólica, a vida e a morte...Canções religiosas, canções

galhofeiras,

canções...Algumas

canções

mais

comumente cantadas estão em anexo. A casa de Narciso e depois de João Zanotelli em Jacarezinho, Encantado, tinha, em confronto no outro lado do arroio a 800 metros de distância a casa da família Fontana. Dispostas do mesmo modo, as casas ligadas por varandas ofereciam, à noite um espetáculo belíssimo. A família de João entoava a primeira estrofe de uma canção e a família Fontana respondia com a segunda estrofe. Se a harmonia num dos lados não fosse perfeita era objeto de brincadeiras e risos no próximo encontro. Assim se consolidavam as amizades, as vizinhanças, as relações.

Rezar. As famílias Zanotelli, como todos os imigrantes do norte da Itália, rezavam muito. De manhã cedo, ao acordar, cada qual, individualmente fazia suas orações: pai-nosso, ave-


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Maria, orações ao anjo da guarda...e ao som do sino da capela que marcava as 6 horas rezava-se “o anjo do Senhor anunciou a Maria....”. O mesmo se fazia ao meio dia e às 18 horas, sempre ao som do sino que anunciava para todo o vale as horas, a agonia de alguém, o horário da missa ou do “terço”...Por isso a capela e o sino eram o sinal de honra de cada comunidade, de cada vale. À noite, já escuro, o retorno da roça, sempre longe da casa (1 km ou mais) era marcado pelo grupo familiar com as orações da noite que, assim, já eram antecipadas. Uma procissão estranha aquela: as crianças em cima da carroça carregada de pasto e mantimentos, os adultos caminhando ao lado da carroça e todos compenetrados, rezando. Rezando até atingir a alameda de figueiras. Os figos maduros recendiam seu perfume doce e todos, parando de rezar, colhiam e comiam figos brancos, figos negros como a noite, figos doces como a festa. Em casa, ordenhadas as vacas, tratados os pintos, aves, porcos, cavalos, após o banho (do arroio ou da água corrente que, da montanha vinha até o tanque em canos improvisados de bambus), após os canções da varanda, após a janta, vinha a reza do terço. Se chegasse alguma visita, incorporava-se às orações. Após as orações continuava o “filó”(serão). E o filó


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era sempre regado com vinho no verão, e “brodo”( caldo de galinha e muito queijo) no inverno. Aos domingos e dias santos de guarda havia missa ou terço na capela. Junto à capela o cemitério, a escola comunitária, a cancha de bochas, um salão comunitário ou uma bodega onde os homens, antes e depois do ofício religioso jogavam “morra”, bochas, “quatrilho” em grande algazarra. As mulheres com suas sombrinhas ou guarda-chuvas pretos atualizavam o noticiário local à sombra das árvores. Novenas para pedir chuva, para suplicar pelo fim da praga dos gafanhotos, orações e salmos no velório e sepultamento dos entes queridos, orações intensivas nos 3 dias de missões a cada 4 ou 5 anos, tríduo ou novena pela festa do santo padroeiro da capela...eram tantos outros momentos de oração. Natal, Páscoa, Pentecostes e tantas outras divisões do tempo que a pedagogia da Igreja ordenava. Na igreja, mulheres de um lado e homens do outro, faziam dois coros para cantar salmos, ladainhas e preces onde o que mais interessava era o coral, a harmonia e a participação. Nem sempre os participantes sabiam o que estavam dizendo e cantando como dissemos acima.

Trabalhar. Como os italianos do norte, os trentinos e a família Zanotelli, vêem no trabalho uma obrigação sagrada. O


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trabalho dignifica o homem. O trabalho, porém que dignifica o homem é o trabalho penoso, difícil, perigoso, o trabalho que deixa cicatriz e calo, o trabalho manual e cansativo. O trabalho intelectual, assim como o ócio, o descanso, o brinquedo não são tão apreciados. O trabalho de sol a sol, ou melhor o trabalho que inicia antes do sol nascer e termina depois que o sol se pôs. Por isso madrugar, estar de pé, a postos para iniciar o trabalho tão logo clareie o dia é um costume muito valorado. Para isso é necessário dormir cedo. Ainda hoje (1996) nas colônias italianas do RS como Caxias do Sul os bares e restaurantes tendem a fechar as portas logo depois das 22 horas. Não há a quem atender. E antes das 6 horas da manhã a vida recomeça fervilhante. A melhor educação que se possa dar a um filho é ensiná-lo a trabalhar desde a tenra idade e desde a madrugada de cada dia. O ttrabalho não faz mal a ninguém, mas dignifica e dá esperança. “Bon Princípio”. Uma grata tradição que as crianças Zanotelli lembram com saudade é a da passagem do ano. Cuidando à porta do quarto dos pais, avós ou padrinhos que chegue o primeiro segundo do ano novo, as crianças irrompem quarto adentro aos gritos de “Bon Princípio” (Feliz ano novo). Os pais, avós e padrinhos que haviam deitado mais cedo para


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não perder o espetáculo, fingindo dormir e demonstrando surpresa recebiam com agrado aquela manifestação dos filhos, netos e afilhados e retribuíam com uma moeda e alguns doces. O primeiro que chegasse (e esperava-se que fosse o afilhado) recebia um prêmio maior. Depois, os meninos reunidos em pequenos bandos, percorriam todas as casas, sem distinção desejando felicidades para o ano novo e recebendo moedinhas e doces. Ao final da manhã, voltavam os meninos, cansados, olhos luzentes, a contabilizar as moedas e os doces. As meninas ficavam em casa. Percorriam algumas casas da vizinhança quando a manhã já ia alta. Aquela era uma festa dos meninos e um trunfo para a sua afirmação masculina. Esse costume foi trazido do norte da Itália. Em Cembra, os meninos, em pleno inverno percorriam as montanhas para desejar o “Bon Princípio”.

Festa de São João.

Zanotelli deriva de João,

Giovanni, Zoanni, Zoan. João (Giovanni) é o nome da grande maioria dos primogênitos nas famílias Zanotelli. Por isso a festa de São João Batista tem um significado especial para os Zanotelli. Na véspera da festa (23 para 24 de junho) nas famílias Zanotelli sempre havia muita fogueira, vinho, pinhão (RS), canções e o momento mágico da passagem sobre as


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brasas de pés descalços e sem se ferir. Para todos, especialmente para as crianças era um momento quase milagroso e que demonstrava a proteção de São João.

Liberdade acima de tudo. Os Zanotelli guardam zelosamente o princípio da liberdade. Cansados, como todo o imigrante do norte da Itália, de ser empregado ou meeiro dos senhores feudais, dos barões e dos ricos, vieram para a América buscar um espaço de liberdade. Ser dono do seu nariz, não ter horário nem patrão para obedecer (muito embora trabalhassem mais de 15 horas por dia), ser proprietário (muito embora de uma pequena porção de chão) para poder dizer : “qui comando io... qua son mi „l paron” (aqui mando eu... aqui eu sou o patrão) eis um motivo de luta e de esperança que marcou profundamente a família Zanotelli. Agricultores autônomos, pequenos empresários da indústria e do comércio, profissionais

liberais

(advogados,

contadores,

médicos,

sacerdotes e, em último lugar empregado e funcionário), eis uma constante de um ideal. A grande maioria dos Zanotelli trabalha para si, em sua propriedade ou, como ainda dizem os Zanotelli de Cembra: “ I Zanotelli lavorano su „l suo”.

Quase garibaldinos.

É notável como os ideais

encarnados por Garibaldi influenciaram os Zanotelli. As idéias


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republicanas, quase socialistas de Mazzini, corporificadas no movimento da Jovem Itália e da Unificação italiana, o descontentamento dos tiroleses do sul contra o Império Austríaco que levava os impostos e que pouco investia no Trentino, que arrancava das famílias os jovens para as constantes guerras imperiais, a vibração dos trentinos quando Garibaldi quase arrancou Trento da Áustria, tudo isso veio no sangue e na alma dos imigrantes Zanotelli. Destinados à colônia Conde d‟Eu (mais tarde denominada Garibaldi) os Zanotelli, embora em parte desviados para o Espírito Santo como consta acima, sempre tiveram em Garibaldi um símbolo. Algo de rebeldia, de insatisfação, de exigência de reformas, de clamor por igualdade e liberdade está no fundo da história da família Zanotelli. A participação em partidos de centroesquerda mostra essa tendência política nas famílias Zanotelli esparramadas por todo o Brasil.

Palavra de Zanotelli é um documento. Uma das tradições de que se orgulham os Zanotelli, especialmente os mais idosos é, ainda hoje, a honorabilidade de sua palavra. Os Zanotelli costumam cumprir o que acordam, são fiéis à palavra empenhada. O maior e melhor documento é a palavra empenhada. E cada qual, do Oiapoque ao Chuí, lembra fatos


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que demonstram que os Zanotelli cumprem a palavra, mesmo que nisso tenham prejuízo.

Nem sempre o carinho é afeto. Até bem pouco tempo não

era

comum

na

família

Zanotelli

que

os

pais

demonstrassem afeto e carinho aos filhos, nem os cônjuges entre si. Pareceria quase que o afeto diminuiria a autoridade dos pais. Para amar e educar os filhos o essencial era a severidade nas exigências, o trabalho, o castigo e poucas palavras. O patriarcalismo familiar parecia que só se salvasse se distante do beijo, do abraço, do afeto dos gestos e das palavras. Hoje os netos e bisnetos recuperaram esse campo e os mais renitentes cederam ao fato de que o carinho também é afeto e demonstração de amor.

Reunião

em

família.

Batisados,

casamentos,

aniversários, Natal, Páscoa, São João...domingos eram também outras tantas ocasiões para que a família, a grande família, se reunisse. O gosto pela reunião familiar é visceral nos Zanotelli. E a reunião é sempre pretexto para falar e rir em voz alta, para jogar quatrilho e bochas (nos fundos do quintal de muitas casas há uma cancha de bochas) e, especialmente, para cantar. Uma reunião sem cantoria não parece reunião. E o que importa não é a música executada mecanicamente. O que importa é cantar


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juntos. E todos retornam para as suas casas com restos de canções no ouvido e na garganta, no assobio que dura até o próximo encontro.

Ao natural. De estatura média, ombros largos, testa ampla, “sangüíneo” por temperamento, amante da natureza, das matas, das flores, dos rios e também da caça e da pesca e da liberdade (como eram descritos os trentinos em 1850) os Zanotelli trazem na alma a preferência de tudo o que é “natural” em confronto com o que é artificial. Ainda guardam a lembrança de que hospital, médico e remédios só se os procura em último caso, quando os chás “naturais” não resolveram o problema. Inserir-se no eco-sistema, integrando a vida vegetal, animal e humana para que a “sabedoria” da natureza guie a saúde de todos é quase um programa de grande número das famílias Zanotelli. Os imigrantes adotam o vestuário, a alimentação e os costumes gaúchos. Botas, esporas, bombachas, poncho ou pala, chapéu. Ao mesmo tempo contribuem com uma nova culinária, novos costumes, novos valores. Em pouco tempo (em menos de um século) a integração se fez plena. E Caxias do Sul, com massiva imigração italiana, tem hoje o maior número de CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) do Rio Grande do Sul.


197


198


199

VI- SACERDOTES E RELIGIOSOS

Entre os Zanotelli, tanto na Itália como no Brasil, encontramos

um bom número de sacerdotes, bispos e

religiosos. O ideal (que incluía também o de promoção na escala social) de ter um sacerdote ou uma pessoa religiosa na família sempre esteve presente entre os Zanotelli. Muitos contam em seu currículo o fato de ter sido seminarista ou aspirante a religioso. Dentre os sacerdotes podemos destacar:

Frei Modesto Antonio Zanotelli. Seu nome de batismo era

Antonio Gabriel Modesto Zanotelli. Filho de

Battista Zanotelli e Maria Micheli, nasceu em Cembra em 18.3.1831. Irmão leigo franciscano, vestiu o hábito em 28.3.1857 e professou em 1.6.1858. Morreu em Trento em 8.1.1905. É lembrado no número 972 do necrológio dos freis Franciscanos. Cf. Cadernos de Apontamentos Paróquia Cembra pg . 22.

Frei Benedetto Zanotelli. De batismo era Emanuele, filho de Gregório e Maria Zanotelli, nasceu em Cembra em


200

17.6.1842. Abraçou a vida franciscana e morreu na idade de 66 anos em 18.1.1908. Necrológio n. 973. Cf. Cadernos de Apontamentos Paróquia de Cembra pg. 28.

Mons. Giuseppe Zanotelli.

D. Giuseppe Zanotelli,

filho Antonio Zanotelli e Marianna Toniolli, nasceu em Cembra em 19.3.1842. Cumpridos os estudos em Trento, foi ordenado sacerdote em 18.12.1864. Foi cura de Faver por 12 anos e reitor do Santuário de Caravágio em Montagnaga de Piné por 21 anos. Por méritos especiais foi nomeado bispo e capelão (confessor) secreto de Sua Santidade o Papa Leão XIII. Em 1902 (falecido Leão XIII), abandonou o Santuário retirando-se à Terra Santa onde, em 19.10.1902 foi acolhido como Terciário e Filho da Custódia da Terra Santa, no convento franciscano de Jerusalém, com o nome de Frei Innocenzo. Ali morreu em 16.10.1917. Cf. Cadernos Apontamentos Paróquia de Cembra pg 27.

Pe. Alessandro Zanotelli. Filho de Antonio Zanotelli e Marianna Toniolli, irmão, portanto de Dom Giuseppe, nasceu em Cembra em 3.5.1928. Estudou no colégio “vescoville” de Trento. Ali se fez sacerdote em 1853. Foi capelão da catedral de Trento, em Ala e Cles onde se distinguiu na assistência aos doentes. Em 1855 foi cura de Aldano e em 1879 foi pároco de


201

Avio onde morreu em 4.1.1901 entre o pranto geral. Cf. Cadernos Apontamentos da Paróquia de Cembra pg. 20.

Frei Emanuele Zanotelli. Frei Emanuele, filho de Giovanni Zanotelli e de Teresa Bonzanin, nasceu em Cembra em 25.5.1877. Aos 11 anos entrava para o Colégio dos Irmãos Estigmatinos de Verona onde, completados os estudos, foi ordenado sacerdote em 10.8.1900. Foi professor nas escolas de seu Instituto em Gênova, Noline e Verona e dedicou-se muito à pregação. Escreveu apontamentos de Pedagogia Ascética. Internado na Casa de Saúde dos Fatobenefratelli de Milão, faleceu

serenamente

em

27.11.1944.

Cf.

Cadernos

Apontamentos Paróquia Cembra pg. 43.

Pe. Carlo Zanotelli. (rochet), filho de Salvador Zanotelli e Angela Zanei, nasceu em Cembra em 23.3.1873. Ingressou no Instituto de S. João Bosco, estudou e ordenou-se sacerdote salesiano em 15.1.1905. Quase toda sua atividade foi de missionário no Brasil onde morreu em 1941.Cf. Cadernos de Apontamentos Paróquia Cembra pg. 37.

Pe. Guido Zanotelli. Filho de Giacinto Angelo Zanotelli e de Arrola Piffer, nasceu em Cembra em 5.10.1932. Estudou com os padres Combonianos e se fez sacerdote em


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Cincinati (EU) em 25.5.1958. Celebrou sua primeira missa na pátria (Itália) em 22.6.1958. Retornou à missão na América e hoje trabalha como missionário no Sudão (África). Faleceu na África após nosso encontro em Cembra.

Pe. Alessandro Zanotelli (Alex). Nascido em Livo, Val di Non o Pe. Alessandro é comboniano, diretor da revista Nigrizia, combativa defensora dos povos colonizados da África. Por causa de suas posições foi “enviado” para a África onde exerce exemplarmente o sacerdócio junto aos pobres da periferia de Nairobi.

Frei Biagio Zanotelli. De batismo era Nicoló, filho de Nicoló Zanotelli e Maria Bonfant. Nasceu em Cembra em 6.12.1856. Em 2.8.1879 entrou para o convento dos Franciscanos em Cavalese e vestiu o hábito de irmão leigo em 3.8.1880. Em 7.8.1884 fez a profissão religiosa. Em 29.3.1892 partiu como missionário para a Albânia e ali ficou até 1898. Neste ano aos 19 de dezembro adoentado chegou em Trento onde morreu em 25.12.1917. Necrológio n. 1028. Cf. Caderno de Apontamentos Paróquia Cembra pg. 33.

Pe. Darly Zanotelli de Almeida. Filho de Florentino de Almeida e de Maria Zanotelli, o Pe. Darly nasceu em


203

Capim Angola, Cachoeiro do Itapemerim, estudou com os Jesuítas e, como sacerdote, trabalhou em vários colégios, como os de Teresina (Piauí). Trabalha num colégio jesuíta em Salvador da Bahia.

Pe. José Pressi Zanotelli. Filho de José Zanotelli e Rachelle Pressi, em festa da família em Garibaldi. Nasceu em Marcelino Ramos.- RS - Brasil Foi estudante e depois sacerdote salesiano. Trabalhou em Bagé e faleceu em Ascurra, Santa Catarina, onde está sepultado, em 30.4.1990.


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205

VII– CONCLUSÃO

De um contexto europeu e especialmente trentino marcado pela introdução do capitalismo industrial e a desestruturação do sistema feudal de minifúndios e senhorios, marcado pela desvalorização dos produtos agrícolas e inexistência de lugares de trabalho na indústria e comércio, marcado pela luta de liberais contra o Estado de Cristandade que se consubstanciava na Unificação da Itália (ainda não República como a queria Mazzini mas como a fez Garibaldi, nos limites do ministro Cavour ) e com o “irredentismo” palpitando no Tirol, emigraram os Zanotelli para o Brasil, assim como para a Argentina, para os Estados Unidos e para o norte da África. As pestes na parreira de uvas e no casulo do bicho da seda e a conseqüente pelagra por falta de proteínas na alimentação foram a gota final de água que fez o copo transbordar. Informados pelos agentes de emigração de Caetano Pinto das condições que a legislação brasileira e o contrato que


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este estabelecera com o Império Brasileiro ofereciam, venderam ou abandonaram o pouco que tinham e emigraram. Renunciando à cidadania Austríaca (pois que aquela região pertenceu ao Império Austro-Húngaro até 1919) como o queriam as autoridades austríacas para não ter mais compromisso e obrigação com os concidadãos que emigravam, em geral pobres, e como um gesto decisivo de emigrar para não voltar, queimando o último navio e a última ponte, vieram os Zanotelli em 1875. De trem, de Trento a Verona, de Verona a Milão, de Milão a Modene (na França) dali para Paris e Le Havre ou para Marselha vinham no bojo do contrato de Caetano Pinto, para o Rio de Janeiro e dali para as colônias brasileiras. Considerando as informações que o Pe. Bartholomeu Tiecker, trentino emigrado com a família para o RS em julho de 1875, oferecia nos jornais trentinos, os Zanotelli vinham com destino ao RS, especialmente para as colônias de Conde d‟Eu e Dona Isabela. O navio Fenelon, porém, em que vinha um grupo de Zanotelli foi desviado para o Espírito Santo, sob protesto do consulado austríaco do Rio de Janeiro e os que vieram pelo navio Rivadávia chegaram a Garibaldi (Conde d‟Eu) no dia 24/12/1875. Ocupados os lotes da Linha Figueira de Mello e crescendo a família, deslocaram-se os Zanotelli daquela


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colônia para as de Estrela (Encantado) que haviam sido abertas em 1882. Assim a maior parte da família Zanotelli localizou-se em Muçum e Encantado. Mais tarde, na década de 1930, migraram para Erechim, Marcelino Ramos e para o Brasil todo. São hoje mais de dez mil os vinculados de qualquer forma à família Zanotelli que imigrou para o Brasil. Pequenos

proprietários,

agricultores,

pequenos

empresários da indústria, comércio, profissionais liberais, sacerdotes e religiosos, os Zanotelli guardam profundamente marcado o espírito empreendedor, o gosto pela liberdade e pela não subordinação de uma relação de empregado, o “irredentismo” rebelde que sabe que acabou o feudalismo e que a igualdade é

a base da fraternidade. Dentre eles há

políticos (2 prefeitos no RS atualmente) uma dezena de vereadores pelo Brasil. Na verdade a imigração e a história da família Zanotelli pode ser vista como um exemplo típico da emigração trentina, do Alto Ádige para o Brasil. Em suas peripécias percebem-se os traços comuns dos emigrantes daquela região que aportaram para estas terras. As semelhanças são grandes com a emigração do norte da Itália, são menores a medida em que a comparamos com a do sul. Mesmo assim guardam traços peculiares como foram ressaltados na primeira parte deste trabalho.


208

Pensamos que, iluminando assim uma história familiar, resulta em contribuição para compreender não só a imigração italiana e trentina mas também para que muitos imigrantes localizem melhor suas raízes e façam do congraçamento familiar um gesto histórico de construir um Brasil cada vez melhor.


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210

Heráldica que parece autêntica – refere os Zanotelli como provenientes do vale do Pó.


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VII-RELAÇÀO DE FAMÍLIAS IMIGRANTES

Observações

As observações que seguem auxiliam a compreensão dos dados pessoais e familiares específicos, no contexto histórico da migração italiana para o Brasil. Caracterizam melhor as situações concretas das pessoas e das famílias. As pessoas ou grupos familiares estão antecedidos pelo número em ordem ascendente como consta da árvore genealógica bem como sua caracterização alfabética. Quando a fonte de pesquisa não estiver especificada é porque a investigação foi levada a cabo por nós mesmos.

1.Z. GIOVANNI ANTONIO ZANOTELLI. Natural de Livo, Val di Non, Tirol, Áustria (hoje Itália), nasceu por volta de 1678, Giovanni, na década de 1680, deslocou-se para Cembra para residir com um tio que era sacerdote. “O Bispo de Trento havia chamado o frei Stefano Zanotelli e lhe atribuíra a tarefa de receber as taxas no Vale de


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Cembra. O sacerdote, para melhor exercer o papel, radica-se em Cembra e, pouco depois faz com que venham também seus irmãos (diz-se que eram 3). Diz-se também que estes irmãos saem de Livo porque tinham muitas “diferenças” com a família que era dona da Região”. Era a família De Stanchina, dona do castelo e da região. Isto ocorre ao final de 1600. Nos primeiros tempos de sua chegada a Cembra habitavam uma casa “do castelo” em Fadana. Um dos irmãos chamado Giovanni Antonio, nascido em Livo ao redor de 1678 e falecido em Cembra em 13.09.1758, casou com Dorotea Concherle, filha de Vigilio Concherle, nascida em Faver ao redor de 1684 e falecida em Cembra em 01.03.1764. Com um de seus 4 filhos inicia nossa Família”126. Em Cembra, Giovanni Antonio, em 17.02.1705, casou com Dorotea Concherle, natural de Faver (também do Vale de Cembra) e com ela teve 4 filhos masculinos: Giovanni, Vigílio, Cristóforo e Giovanni Antonio. Destes 4 filhos descende a maioria dos Zanotelli que emigraram para o Brasil e Argentina. O vol. 1o. fls. 301 a 304 da Anágrafe da paróquia de Cembra serve de base para a pesquisa. Em plena Idade Média, pois o feudalismo só acabou nessa região em 1848, o fato de Giovanni ter um tio sacerdote, 126

Comentários da família Zanotelli em Cembra: Alex, Túlio.


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é indício de que os Zanotelli não eram servos da gleba. Deveriam ser pequenos proprietários, ou pequenos senhores, que mantinham desavenças com o senhor feudal de Livo. Como se pode ver abaixo, os filhos de Giovanni Antonio adotaram vários “sobrenomes” ou apelidos familiares como os de: Rocheti (da família de frei Rocco) Paze, Pace, Mozzi, Toffoli, Biasi, Slizega, Vigilioti, Forneri.

11.ZA. GIOVANNI CONCHERLE ZANOTELLI Filho de Giovanni Antonio, de Livo, nasceu em 15.09.1707 e casou com Maddalena Valgoi. Teve dois filhos masculinos: Giovanni Antonio Valgoi Zanotelli e Gregório Valgoi Zanotelli. Giovanni Antonio teve 4 filhos: Antonio (cujos descendentes se chamaram Forneri, isto é padeiros, trabalhavam com fornos tendo vinculação com a família Dal Forno também originária de Livo), Simone (de cujo Filho Biagio vem o apelido Biasi), Francesco (que morreu sem descendência) e Vigilio (cujos descendentes se chamaram Pace ou Paze). Gregório teve um filho masculino: Giovanni (cujos descendentes se chamaram Rochetti, porque seu filho Giusepe Rocco foi frade famoso). De um irmão dele descende Giacomo, pai de José Devilli Zanotelli, casado com Augusta Nogarol dos quais descende um grande grupo de Zanotelli de Rio Novo, Cachoeiro do Itapemerim e Iconha ES.


214

12.ZB. VIGILIO CONCHERLE ZANOTELLI Segundo filho de Giovanni Antonio, de Livo, nasceu em Cembra, em 28.02.1717, casou com Maria Maddalena Nardin. Tiveram um filho masculino: Giovanni Antonio Nardin Zanotelli casado com Maria Maddalena Cembran em 19.01.1748 que tiveram 3 filhos masculinos: Vigílio (cujos descendentes se chamaram Vigiliotti), Paolo Arcangelo e Giovanni Gasparo (cujos filhos emigraram massivamente para o Brasil e por isso se chamaram Mericani). Dos filhos de Giovanni Gasparo (casado com Margherita Savoi) Paolo e Giovanni migraram para o Espírito Santo, Francesco para o Rio Grande do Sul

e Antonio Provavelmente ficou em

Cembra.

13.ZC. CRISTÓFORO CONCHERLE ZANOTELLI Cristóforo, filho de Giovanni Antonio, de Livo, nasceu em Cembra em 12.07.1720 e casou com Maddalena Nicolodi (filha de Nicolò) em 15.02.1749 e teve 5 filhos masculinos: Giovanni (cujos descendentes se chamaram Mortalet), Cristóforo (cujos descendentes se chamaram Toffoli), Nicolò (do qual descende Giuseppe Zanotelli que casou com Rachelle Pressi e cujos filhos se localizaram em Marcelino Ramos RS) e Antonio (do qual descende a família de Agostino que emigrou


215

para o Espírito Santo, chegando na Colônia Leopoldina em 05.01.1876).

14.ZD. GIOVANNI ANTONIO CONCHERLE ZANOTELLI Giovanni Antonio, filho de Giovanni Antonio, de Livo, nasceu em 14.04.1725, em Cembra, e casou com Domenica Largher (viúva de Nicolodi) em 15.02.1749. Casou no mesmo dia que seu irmão Cristóforo. Tiveram 3 filhas (Maria Maddalena, Anna Maria e Maria Domenica) e um filho masculino: Giuseppe Antonio Stefano ( que casou com Maddalena Nicolodi filha de Paolo).

370.ZBAC.

GIOVANNI

GÁSPARO

CEMBRAN

ZANOTELLI Giovanni Gásparo, filho de Giovanni Paolo, neto de Vigilio e bisneto de Giovanni Antonio, de Livo, nasceu em Cembra em 14.07.1780, casou com Margherita Savoi e teve 6 filhos: Giovanni Savoi Zanotelli (casado com Marianna Menegatti), Antonio (casado com Maria Toniolli), Catterina (casada com Nicolodi em 14.02.1843), Francesco (casado com Domenica Eccli), Maddalena (casada com Ferrazza em 22.12.1847) e Paolo (casado com Teresa Nicolodi). As famílias de Giovanni e Paolo migraram para o Espírito Santo. Francesco para o RS.


216

655.ZBACA. GIOVANNI SAVOI ZANOTELLI, filho de Giovanni Gasparo, nascido em 27.6.1817 e falecido em 20.4.1874, casado com Marianna Menegatti em 1850 teve os filhos: Giovanni (1861), Antonio (1852), Costantino (1857) e Luigia (1864). No Livro Anagrafe da paróquia de Cembra, ao lado dos nomes dos filhos de Giovanni consta em letra vermelha "mericani" isto é emigrantes para a América. Em pesquisa por nós realizada no Arquivo Público de Vitória, ES encontramos Marianna e seus filhos como tendo migrado para o Brasil, com o navio Fenelon, chegando em Santa Teresa no dia 5.1.1876. É muito provável que toda a família de Giovanni Gasparo Zanotelli tenha migrado para o Brasil, indo parte para o RS e parte para o ES.

ZBAC. PAOLO SAVOI ZANOTELLI Paolo, filho de Giovanni Gásparo, nasceu em 13.04.1811 em Cembra e faleceu em 1871 em Santa Teresa, no Espírito Santo. Casado com Teresa Nicolodi (nascida em Fadana, Vale de Cembra, em 1815) em 30.04.1842, teve 6 filhos: Francesco, Margherita, Maria, Paolo, Giustina e Angelo que migraram para o Espírito Santo, Santa Leopoldina, seção Thimbuy (Santa Teresa), lá chegando em 5 de janeiro de 1876. O navio Fenelon em que vieram foi desviado à revelia dos


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passageiros para o Espírito Santo, segundo protesto do consulado austríaco no Rio de Janeiro. Eles se destinavam ao Rio Grande do Sul. Na mesma época e com outro navio (Rivadávia) vinha para o RS o irmão de Paolo, Francesco.

666.ZBAC. FRANCESCO VIGILIO SAVOI ZANOTELLI Francesco, filho de Giovanni Gásparo, nasceu em Cembra, em 29.01.1826 e casou com Domenica Eccli (que nascera em 09.11.1827) em 31.05.1851. Teve 6 filhos: Catterina (nascida em 12.05.1854, casada com Angelo Zanol em 14.02.1874 em Cembra e falecida sem filhos em 1874), Angela (nascida em 27.12.1863 e falecida em Cembra em 03.10.1865), Maria (nascida em 05.07.1867 e falecida em abril de 1869), Giovanna (nascida em 05.07.1867 e falecida menina em Cembra), Giuseppe nascido em 18.02.1870 e falecido em 11.02.1871) e Narciso nascido em 07.09.1857 e que, com os pais emigrou para o Brasil (RS) em novembro de 1875, chegando em Conde d‟Eu em 24.12.1875. Após a chegada não se tem mais notícias de Francesco. É provável que tenha falecido até 1882, em Garibaldi. Quando Narciso em 08.02.1884 recebe o título provisório de seus 11,6 hectares na Estrada Geral de Conde d‟Eu, linha Figueira de Mello (bem próximo à atual cidade de Garibaldi) não há referência a Francesco.


218

No passaporte de Francesco erroneamente com sobrenome “Zanotteli” consta: “condizione: giornaliere”, domicílio: Cembra, no distrito

e província ou círculo de

Trento, no domínio do Tirol, nascido 1826, estatura mediana “ordinaria”, testa “oblunga”, cabelos negros, olhos castanhos, boca e nariz regulares. Viaja da Áustria-Hungria para a Itália América. Este passaporte vale por dois meses. Trento, 29 de outubro de 1875....Capitania distrital. Assinatura e carimbo. No verso constam: Domenica Zanotteli (esposa), nascida em 1827, e Narciso (filho) nascido em 1857. Segue abaixo a desistência da cidadania austríaca127 com a mesma data de 29.10.1875. E abaixo o carimbo da Polícia do Porto do Rio de Janeiro, o visto de 10 de dezembro de 1875 Navegação francesa Rivadávia (sublinhado) e assinatura de Macedo.(Cf foto II 3 e 4)

127

“Si conferma che l‟entro nominato dichiarò di svicularsi dal nesso della cittadinaza Austriaca e di emigrare nel Brasile, percui da questo momento ha cessato d‟essere cittadino Austriaco. Trento 29 ottobre 1875. Dall I.R. Capitanato Distritale”. Tradução: confirma-se que o supra - nomeado declarou desvincular-se do nexo da cidadania austríaca e de emigrar para o Brasil, em vista do que desde o presente momento deixou de ser cidadão austríaco.


219

1111.ZBACFF. NARCISO ECCLI ZANOTELLI

Narciso, filho de Francesco Vigilio, neto de Giovanni Gásparo, nasceu em Cembra em 07.09.1857, como único sobrevivente de 6 irmãos, aos 18 anos, migra para o Brasil, acompanhando os pais. No passaporte consta que vieram com o navio Rivadávia, cuja vistoria consta como em 10.12.1875, no Rio de Janeiro. Chegam, por Rio Grande, Porto Alegre, Caí, Montenegro, Maratá de barco e daí a pé até A Colônia Conde d‟Eu. Às vésperas do Natal de 1875 estão em Garibaldi (então


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Conde d‟Eu). Localizam-se em lote à beira da Estrada Geral de Conde d‟Eu, na linha Figueira de Mello128. Em Garibaldi Narciso casou com Theresa Job Telk em 2 de fevereiro de 1878129 (muito embora conste seu casamento como ocorrido em 1880). Theresa era filha de Bartholo Telk (que faleceu em Garibaldi no dia 30.08.1887130) e Magdalena Job (que faleceu em Garibaldi em 30.08.1887). Em fevereiro de 1884 Narciso já tem 4 filhas: Maria, Amália, Narciza e Carolina. Em 01.04.1885 nasceu Felice Giacomo (que foi batizado em 24.02.1886 em Garibaldi131) e deve ter falecido criança. Em 8.12.1885 nasceu Francisco. Rosina nasceu em 23.02.1889. Camilo Domingos nasceu em 23.07.1890 (deve ter falecido criança). José nasceu em 1891. Clementina nasceu em 22.06.1893. Leopoldina nasceu em 128

No livro 312, pg. 13 do Arquivo Histórico de Porto Alegre sob o título de Estrada Geral de Conde d‟Eu - 1a. secção - Família n. 79, n. de registro 407 consta: “Zanottelli, Narcizo, casado, católico, austríaco, lote 1/449, área 116.649 m2., preço da braça quadrada (4,84m2)= 3 Réis - Valor do lote 69.204. 20% do art. 6o. do Regulamento de 19.1.1867= 13.840. Pelos adiantamentos feitos = 125.525. Total = 208.569. Data da Entrega do Título provisório 8.2.1884. ½ da dívida de Giuseppe Batistoni Bom pg.149.” e Logo abaixo: “No. 408: Thereza (casada ) austríaca. Filhos: 409 - Maria (brasileira), 410 - Amália, 411 - Narciza, 412 - Carolina, 413 Domenica (austríaca)” Esta última é a mãe de Narciso. 129 Conforme justificativa judicial exarada pelo juiz de Caxias do Sul em 2009 130 No livro de Óbitos de Conde d‟Eu, pg. 23v. consta: “No dia 30/8/1887 faleceu de plethora com 76 anos de idade Bartholomeu Telk, casado com Magdalena Job, tirolês, lavrador, confessou e comungou há pouco. Foi encomendado e enterrado por mim neste cemitério em 31 do mesmo. E para constar fiz este que assino. P.B.Tiecker”. 131 Cf. Livro 1 de Batisados de Conde d‟Eu pg. 85.


221

1894. João nasceu em 01.02.1895. Narciso teve, portanto, 12 filhos, os últimos, desde 1882, em Jacarezinho, Encantado, para onde se transferiu. Por ocasião da assinatura do título provisório em 1884, constam como residindo com Narciso a mãe e os filhos, não aparece o pai Francesco. Narciso faleceu em Jacarezinho em 14.12.1904 e lá se encontra sepultado.132

132

No mesmo túmulo estão Narciso e Tereza bem como João Baptista Telk Zanotelli filho de Narciso, a esposa de João, Maria e Geni irmão de Jandir, bem como David Dalla Vecchia tio de Jandir.


222


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224

Acima: o passaporte de Francesco Zanotelli, sua esposa e filho Narciso

514.ZBACFFA. JOSÉ TELK ZANOTELLI JOSÉ TELK ZANOTELLI, filho de Narciso, nascido em 1891 e casado com Margarida Secchi nascida em 1894 (irmã de José Secchi, filha de Clemente Secchi e Angela Girardi) em Jacarezinho e fixou residência em Capitão, então município de Encantado. José teve 12 filhos: Reinoldo, Alfredo, Danilo, Fausto, Telmo, Leopoldo, Elias, duas filhas de nome Nilde, Noli, Elvira e Ida. Agricultor, criador de gado e pequeno comerciante, era liderança forte de tal forma que o município atual de Capitão tem uma Linha Zanotelli, lugar onde residia Fausto. O casamento de José e Margherita está registrado à página 93, n. 4

do Livro de Casamentos da Paróquia de Encantado,

realizado que foi em 1.2.1913.

1516.ZBZCFFB. FRANCISCO TELK ZANOTELLI, filho de Narciso e Theresa, nascido em Figueira de Mello, Garibaldi, casou, aos 20 anos em 18.8.1906 com CAROLINA BERTOL, filha de João Bertol e Maria Beber, nascida em 1889 cf Livro de Casamentos da Paróquia de São Pedro de Encantado, n.304,


225

pg 60 onde está escrito "Zannutelli". Francisco residiu em Jacarezinho, depois em Lageado Feio, Putinga e por fim em São José do Herval, agora município, e então município de Soledade. Teve 11 filhos: Romilda casada com Etelvino Dartora, Belvina casada com

Dionísio Bigolin, Santo casado com

Maria Cecília Locatelli Vidaletti, Orestes casado com Gema Weber, Francisco casado com Otília Conte, Narcizo casado com Isolina Mayer e depois com Celestina Pretto, João casado com Santa Sbaraini, Ana casada com Pretto e residente em Putinga, Hortênsia casada com Dartora e residente em Encantado.

2025 JOÃO PEDRO BERTOL ZANOTELLI, filho de Francisco Telk Zanotelli e neto de Narciso, viveu em S. José do Herval. Era comerciante. Casado com Santa Sbaraini teve 9 filhos: Valmor, Lauro, Beltriz, Anaide, Valdemar,

Edgar,

Adiles e Cleci.

2027 FRANCISCO RAFAEL BERTOL ZANOTELLI, filho de Francisco Telk Zanotelli e neto de Narciso, viveu em S. José do Herval RS. Foi comerciante e liderança destacada. Casou com Otília Conte

e teve 9 filhos: Adaires, Jandir


226

Francisco, Mauro, Teresinha, Hugo, Alberto, Ana, Alice e Ivone.

2031 SANTO BERTOL ZANOTELLI, filho de Francisco e neto de Narciso Zanotelli residiu em S. José do Herval e agora em Soledade RS, trabalhou com comércio e erva mate. Casado com Maria Vidaletti.

2023 NARCIZO BERTOL ZANOTELLI, filho de Francisco Telk Zanotelli, neto de Narciso Eccli Zanotelli, viveu em S. José do Herval RS, trabalhou como comerciante. Casado com Isolina Mayer teve 10 filhos: Arthur, Irma, Ivone Maria, Clotilde Carolina, Valdomiro, Enio, Ivo, Raul, Lourdes Terezinha e Altair Salete. Casou depois com Celestina Maria Pretto.


227

ZBACFFC. JOÃO BAPTISTA TELK ZANOTELLI

João Telk Zanotelli e Maria Bridi Agostini com os 12 filhos. Da esquerda para a direita sentados: Valdemar, Leonel, Maria, João, Agenor, Alcides. De pé: Santina, Ida, Amália, Matilde, Angelina, Alice, Hortência, Ortenila.

João Baptista Telk Zanotelli, filho de Narciso e Theresa, nasceu em Jacarezinho em 01.02.1895. Foi batisado em 14 de março de 1895 em Encantado, freguesia de Santo Ignacio de Lageado pelo Pe. João Fronchetti 133 Casou com Maria Bridi Agostini em 02.02.1916 em Encantado e teve 12 filhos como se vê acima. Órfão de pai desde os 9 anos, viveu e morreu na mesma terra, residindo sempre na casa paterna. Faleceu em 31.07.1972 em Jacarezinho onde está sepultado. “Homem é aquele que tem palavra. O melhor documento é a palavra de um homem”: era seu lema. Muitas vezes enganado, nunca perdeu a fé na 133

Cf. Livro 04 de Batismos da Igreja de Sto. Inácio de Lageado, fls. 41v. E foram seus padrinhos João Job (Jopi) e Maria Zanotelli.


228

palavra do homem. Como que a dizer: fora da ética não há humanidade. É a ética que faz um homem humano, que o diferencia do desumano. Nisso repercutem os valores que os Zanotelli trouxeram como raízes e guardaram como horizonte de esperança. Abaixo um excerto sobre a família de Maria Agostini.

MARIA BRIDI AGOSTINI cc João Zanotelli

Maria Bridi Agostini e João Telk Zanotelli (sentados), por ocasião das bodas de ouro de casamento. De pé estão os 8 irmãos de Maria sendo que o mais velho (Marcos à direita) contava 98 anos.


229

MARIA BRIDI AGOSTINI é filha de Baptista Ferrari Agostini e de Angela Bridi Agostini, neta de Giovanni Baptista Agostini e Angela Ferrari que emigraram de Mattarello, Trento para Figueira de Mello, Garibaldi por volta de 1875. Giovanni Baptista Agostini e Angela Ferrari Agostini tiveram 5 filhos: Baptista (casado com Angela Bridi ), Angelo (Angelin) (casado com Angelina Radaelli), Antonio (casado com Maria Zanotelli), Catarina

(casada com Aldrovandi) e Felice

(casado com Antonia Casagrande) Baptista e Angela Bridi casaram em Garibaldi. No Liv.01 de Casamentos da Freguesia de S. Pedro de Conde d'Eu, pg 54 v consta: "No dia 21 de novembro de 1887, corridos os pregões de estylo e sem que apparecesse impedimento algum, na presença das testemunhas Jacob Zanatti e João Casotti, eu o P. Bartholomeu Tiecker, recebi em matrimônio solemnemente, por

palavras a

BAPTISTA AGOSTINI e ANGELA AGOSTINI, ele de vinte anos de idade, filho legítimo de Baptista Agostini e Angela Ferrari e ela de 23 annos de idade, filha legítima de Bartholomeu Agostini e Lucia Bridi, ambos estrangeiros, lavradores e residentes nesta freguesia. E para constar fiz este termo que assignei. P. Barth. Tiecker - Vigário".


230

.Baptista Ferrari Agostini e Angela Bridi Agostini tiveram 9 filhos: Na foto acima, de pé: Maria, Rachele, Izabela, Francisco, David, Cesar. Sentados: Fiore, Ana, os pais Angela e Baptista, e Marcos.

Bodas de ouro de casamento de Baptista e Angela com todos os filhos e alguns netos presentes.


231

Maria Bridi Agostini (sentada à esquerda) e suas

irmãs:

Rachele, Angela e Ana.

MARCOS, casado com Joana Soler residiu na Linha Argola, Jacarezinho e teve 6 filhos: Elvira (casada com Castoldi e res. em Capitão), Maria, Anilde (casada com Bianchini e res. no Paraná), João (casado com Pascoale e res. em Medianeira,


232

Pr), Silvino (casado com Daltoé e reside em Jacaré Encantado), Jandir (casado com Lucci e res. em Roca Sales). ANA , de apelido Nani, casada com Benjamim (Beniamino) Fachini e resid. em Jacarezinho teve 6 filhos: Cândida (casada com Santo Gonzatti ou Conzatti e res. em Jacarezinho), João (casado com Salton), Balduino (casado com Gonzatti), Dorvalino (casado com Daldon), Genuína e Juraci. Benjamim é filho de Giovanni e Cândida. Nasceu em Figueira de Mello, Garibaldi, casou com Ana em Encantado no dia 30.1.1910 cf n.450 da pg. 79 do Livro de Casamentos da Paróquia de São Pedro de Encantado. FIORE, casada com Fr. Secchi e resid. em Jacarezinho teve 4 filhos: Guilherme, Vitorio (irmão jesuíta e falecido em Poa), Gioenda, Alzira (casada com Gonzatti). CESAR, casado com Gertrudes Ghisleni e resid. em Jacarezinho teve 9 filhos: Remegilda (casada com José Lucca e res. em Esteio, Altibano casado com Ana Lorenzon e residente em Jacarezinho, Anacleto residente em S. Miguel do Oeste SC, Getúlio assassinado em Barracão da Argentina SC, Ari resid. em Barracão da Argentina, Ita casada com Sangalli e resid. em Barracão da Argentina, Erci casada com Magagnin e resid. em Sto. Augusto, Flávio resid. em S. Miguel do Oeste SC, Maria resid. em S. Miguel do Oeste SC.


233

MARIA casada com João Baptista Telk Zanotelli (filho de Narciso e Tereza e neto de Francisco) teve 12 filhos: Leonel casado com Ana Dadalt Dalla Vecchia, Valdemar casado com Vilma Giacomoli, Agenor casado com Lúcia Rossato, Alcides casado com Gema Sartori, Amália casada com Constantino João Daldon, Hortência casada com Guilherme Gobbi, Ortenila casada com Hércules Angelo Dall'Oglio, Santina casada com Emidio Piccinini, Alice casada com José Daldon, Ida casada com Arlindo Bonfanti e Matilde casada com Luiz Pretto, todos nascidos em Jacarezinho. DAVID, casado com Carolina Gonzatti (apelido Perolin), e resid. em Jacarezinho teve 10 filhos: Guido, Lídia (casada com Fontana em Lageadinho, Encantado), Vilma (casada com Tombini em Encantado), Adélia (casada com Vendramini em Nova Bréscia), Elga, Itelvina, Leodina, Nilo, Aquilino (casado com Vendramini), Nildo (casado com Vanceta). RACHELE, casada com Joaquim Nardini e res. em Encantado teve a filha Terezinha (casada com Domingos Sonaglio que tem dois filhos: Marcos (casado com Denise Silva) e Márcia, residindo em Niterói, Canoas. IZABELA, casada com Orestes Bertozzi e reside em S. José, Encantado. FRANCISCO, casado com Olinda Dalla Croce e resid. em Jacarezinho teve 6 filhos: Irene (casado com José Lucca, viúvo


234

de Remegilda Agostini

e res. em

Esteio), Gildo (res. B.

Argentina), Jandir (casado com Pretto em Encantado), Itelvina (casada com Sartori em S. Miguel do Oeste, SC), Leodina (casada com Vian em Encantado), Leo (casado com Barrili em Descanso SC). A longevidade da família de Maria é notória. Ao celebrar 50 anos de casamento, estando Maria com 72 anos de idade e sendo ela das mais jovens entre os irmãos, estavam presentes os 9 irmãos. Na ocasião, o mais velho, Marcos , tinha 98 anos de idade. Os 9 irmãos, 4 dos quais ultrapassariam 100 anos, brincaram e cantaram o dia inteiro, recordando aos netos e bisnetos as canções trazidas da Itália pelos pais e avós. Maria, faleceu, quase centenária, depois de dançar , e como dançava, a noite toda com os netos e bisnetos por ocasião do casamento de um dos netos. Na serenidade de quem sabe que vai morrer, pediu um padre, confessou, comungou, aconselhou a cada filho pedindo a união e dormiu na paz do Senhor no hospital de Encantado. Angelo (Angelin) casado com Angelina Radaelli, abriu a primeira casa comercial de Nova Bréscia e teve 2 filhos (João e Alfredo). Antonio casado com Maria Telk Zanotelli (cujos filhos são: Adolfo casado com Bohrer em Lageado e uma filha casada com Casagrande em Relvado).


235

Catarina casada com Aldrovandi de Muçum. Felice casado com Antonia Casagrande (cujos filhos são: Eugênio, Tranqüilo e Plácido).

2033 ZBACFFCA. LEONEL AGOSTINI ZANOTELLI Leonel nasceu em Jacarezinho aos 23 de dezembro de 1916 (seu registro civil consta 01.01.1917) na casa construída por Narciso e residência de João e Maria. “Trabalho e alegria”, sua dística. Agricultor em Jacarezinho desde criança, foi depois motorista de seu caminhão (um Ford 37) transportando madeira da região de Passo Fundo até o porto de Mariante. Mudou residência depois, (1947) para Erechim, Aratiba, Pinhão e Bentevi, onde foi agricultor, pequeno comerciante e açougueiro. De retorno para Jacarezinho e dali para Fontoura Xavier (Guamirim e Campo Novo) onde agregou a função de serrador , sempre atuando em sua pequena propriedade. Jamais aceitou ser empregado, dependente, funcionário. Preza muito sua liberdade

e um espaço (quase semanal) para caçar e

pescar. Atualmente reside em Canoas onde também residem 5 filhos e outros parentes.


236

2034 ZBACFFCA D. ANA CATARINA DADALT DALLA VECCHIA ANA é filha de Antonio Vicenzi Dalla Vecchia e de Francisca Vicenzi Dadalt, neta de Pietro (Pedro) Dalla Barba Dalla Vecchia e bisneta de BENIAMINO DALLA VECCHIA. Pelo lado materno é neta de Valentino Dadalt e Maria Desiderata Manica que migraram para a Linha Jansen da Colônia Isabela (Bento Gonçalves) e onde nasceu Francisca.

São irmãos de Francisca: Guilherme Dadalt (asado com Ana e residente em Progresso),Pedro Dadalt (casado com Luiza de Conto e residente na Linha Garibaldi Encantado), João Dadalt ( casado com Alzira Pretto e residente em Ricarda), Angelino Dadalt (casado com Olinda Pretto faleceu em Ricarda eletrocutado, ao ir à missa a cavalo), Maria(casada com Franzel Bagatini e residente na linha Sagrada Família Encantado),

Ana Dadalt (casada com Paulo Spezzatto e

residente em S. Luiz Encantado), Rosa Dadalt (casada com Santo Demicchei e residente em Relvado), Inês Dadalt (casada com Albino Secchi e residente em Pato Branco PR), Antonio Dadalt (faleceu solteiro de apendicite), Luiz Dadalt (faleceu solteiro na explosão da caldeira de cachaça).


237

Da Linha Jansen os Dadalt também desceram para Encantado, na década de 1880. Ali casaram Antonio e Francisca

Ana Catarina Dadalt Dalla Vecchia

. Ana Catarina Dadalt Dalla Vecchia, casada com Leonel Agostini Zanotelli, é filha de Antonio Vicenzi Dalla Vecchia e Francisca Vicenzi Dadalt. Nascida em Jacarezinho aos 29 de outubro de 1916, teve 11 filhos e marcou a todos por uma forte espiritualidade e união. A agricultura, a falta de saúde, os problemas nunca a abatiam. Lastimava-se sempre de não poder participar da eucaristia todos os dias. Quando finalmente foi morar em Canoas participou intensamente da pastoral e da liturgia. Dela uma frase que marca. Não discuto se Maria tem poder ou não. Só sei que se Cristo é Deus, Maria é a mãe dele.


238

Os Dalla Vecchia em sua grande maioria imigrada para o Brasil, RS, descendem fundamentalmente de dois irmãos: Angelo e Pietro, como se pode ver na obra de nossa autoria A FAMÍLIA DALLA VECCHIA a ser editada neste ano de 2011. Para suas relações com os Zanotelli aportamos abaixo algumas informações:

BENIAMINO DALLA VECCHIA emigrou de Montemezzo, Vicenza com os filhos Ângelo, Pedro e Catarina. Beniamino faleceu na viagem e de tristeza a esposa Domenica Dalla Barba que amamentava a filha Catarina, teve seu leite estancado vindo a falecer também Catarina na

mesma

viagem. Pedro casou com Catarina Vicenzi e com ela teve 3 filhos (Antonio (casado com Francisca Vicenzi Dadalt e resid. em Jacarezinho e depois em Aratiba RS), Angelo (casado com Leonora „„Nori” Dellazzari e resid. em Xapecozinho SC), Catarina (casada com Pedro Dellazzari e resid. em Linha Sagrada Família, Encantado). Pedro casou depois com Pascoa Vigoli (Masiero) e com ela teve 11 filhos: José (casado com Catarina “Catina” de Conto e resid. na Linha N.Sra. Auxiliadora em Encantado), Luiz (casado com Marta de Conto e resid. em S. Luiz, Encantado), João (casado com Luiza Tiecker que era madrinha de Ana e


239

resid. em Marau RS), Augusto (casado com Elvira Turati e resid. em Capoeirinha, Encantado), Vitório (casado com Inês Dellazzari e resid. em Capoeirinha, Encantado), Batista (casado com Rosa Bagatini e resid. em Aratiba e depois em Pato Branco PR), Sílvio (casado com Rosa Mussio e resid. em Encantado), Atílio (casado com Angelina Bagatini e resid. em Aratiba), Lúcia (casada com João Buvié e resid. em S. Luiz, Encantado), Maria (casada com Afonso de Conto e resid. em Linha Anita, Encantado), Rosa (casada com de Conto e resid. na Linha Anita, Encantado).

A família de Antonio e Francisca Dalla Vecchia - (Bodas de Ouro) Pinhão - Aratiba RS. Aos fundos a casa de Albino Dadalt Dalla Vecchia.


240

A família de Antonio Dalla Vecchia e Francisca Dadalt. Não constam na fotografia João, José e Avelino Da esquerda para a direita sentados: Ana, Maria, Francisca, Antonio, Albino, Vitório. De pé: Inês (Agnese), Rosa, Ângelo, Augusto, Avelino

Antonio Vicenzi Dalla Vecchia e Francisca Dadalt tiveram 12 filhos: Albino (casado com Cesarina Bagatini e resid. em Jacarezinho e depois em Pinhão, Aratiba, RS), João (casado com Maria Bagatini e resid. em Pinhão, Aratiba), José (casado com Amélia Cechin e resid. em Saltinho, Itatiba do Sul RS), Maria (casada com Emílio Bagatini e resid. em Barra do Rio Azul, Aratiba), Ana (casada com Leonel Telk Zanotelli e resid. em Jacarezinho, depois Aratiba, depois Jacarezinho, Soledade e Canoas RS), Angelo (casado com Leonilda Albertoni e resid. em Aratiba), Vitório (casado com Élia


241

Ferranti e resid. em S. Miguel do Oeste SC), Augusto (casado com Maria Pilati e resid. em Pinhão, Aratiba), Inês (casada com José Muccelin e resid. em Aratiba), Rosa (casada com José Frigeri e resid. em Jacarezinho), Avelino (casado com Nair Dalla Rosa e resid. em Pinhão, Aratiba), David (faleceu aos 6 anos em Jacarezinho, Encantado).

Ana casou com LEONEL AGOSTINI ZANOTELLI, em Jacarezinho, Encantado e teve os seguintes filhos: Jandir, Geni, Gino, Irma, Itelvina, Ilva, Castilo, Olir, Lírio, Clasi e Dinasir . Profundamente cristã e pacificadora tinha grande capacidade para reunir e unir pessoas. Nasceu em Jacarezinho, Encantado, em 29.10.1915 e faleceu em Pelotas em 25.11.1990. Foi sepultada em Canoas, RS.

30010.ANGELO DALLA BARBA DALLA VECCHIA, filho de Beniamino Dalla Vechia e de Domenica Dalla Barba, nasceu em Montemezzo , Vicenza em 6.2.1860 e chegou ao Brasil com 18 anos, tendo seu pai e sua irmã Catarina falecido na viagem sendo jogados ao mar, casou com ANGELA DANDA SERAFINI , filha de Carlo Serafini e de Maria Danda, natural de Chiampo, Vicenza, nascida em 2.8.1859, casamento realizado em 7.6.1880 na paróquia de Santo


242

Antonio de Bento Gonçalves, sendo oficiante o P. Giovanni Menegoto cf. n.34, pg 34 do Livro de Casamentos daquela paróquia. Com Angela, Angelo teve 14 filhos: Benjamim casado com Rosa Pretto(e residente em Xapecozinho SC), Luiz casado com Fortuna Bagatini(e residente em S. Luiz Encantado), João casado com Maria Spezatto(e residente em Ponte Serrada SC), Carlos casado com Augusta Dadalt (e residente em Nonoai RS), Pedro casado com Vitória Buvié(e residente em Jacarezinho), Maria (freira), Luiza (freira), Rosina (freira em Jundiaí

30135. CARLOS (CARLO) SERAFINI DALLA VECCHIA, filho de Angelo Dalla Barba Dalla Vecchia e Angela Serafini, e neto de Beniamino D.V. e Domenica Dalla Barba, casado com AUGUSTA DADALT, filha de Valentino Dadalt e Maria Desiderata Manica, nascido na Linha Jansen

da Colonia

Isabela (Bento Gonçalves), tem seu casamento registrado à pg 82 , n.482 do Livro de Casamentos da Paróquia de São Pedro de Encantado, realizado que foi em 9.10.1910. SP), Pierina casada com Luciano Dellazzari (e residente na linha da Sagrada Família - Encantado), Ermínia casada com Eurico Fontana(e residente em Lambari - Encantado), Ricardo casado com Dellazzari(e residente em Marau RS), Antonieta casada com Angelo Mazziero( e residente no Passo de Roca


243

Sales-Encantado), e duas gêmeas que morreram crianças de escabiose. Viúvo de Angela, Angelo que viera da Itália em julho de 1878 para a colônia Izabela (Bento Gonçalves), linha Jansen à beira da estrada dos tropeiros que conduzia de Maratá e Montenegro até Lagoa Vermelha atravessando o Rio das Antas, e por volta de 1895 deslocou-se para a linha Auxiliadora, Jacarezinho, Encantado. Casou novamente com FORTUNATA MARTINI GRAZIOLA, filha de Antonio Graziola e Ermínia Martini, nascida em S. João de Montenegro em 1874, casamento realizado na capela (hoje paróquia) de S. Pedro de Encantado em 18.1.1900, sendo oficiante o P. Joseph Pandolfi cf n. 97 pg 23 do livro de Casamentos daquela paróquia. Com Fortunata, Angelo teve 10 filhos: Angela (faleceu solteira), Dosolina casada com Albino Buvié(e residente no Passo de Roca Sales-Encantado), Josefina casada com Martin de Conto(e residente na linha N. Sra. Auxiliadora de Encantado), José (Bepi del Buso residente em Auxiliadora Encantado) casado com Filomena Berti, Maria Luiza (freira em Vale Vêneto), Inês casada com Luiz de Conto(e residente em Jacarezinho - Encantado), Augusto casado com Ana de Conto(e residente em S. Miguel do Oeste SC), Jorge casado com Elvira ( e residente em S. José Encantado) e depois com Bertozzi, Gema casada com


244

Grazziola( e residente em Linha Anita - Encantado) e Romana (solteira, enfermeira, em POA).

Leonel Agostini Zanotelli e Ana Dadalt Dalla Vecchia foram agricultores, comerciantes e pequenos industriais.

Serraria de Leonel Zanotelli - Campo Novo - Fontoura Xavier -1960-70

Um grande número de Zanotelli no Brasil dedicou-se à extração e industrialização da madeira especialmente de pinho no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e ainda hoje de madeira de lei em Mato Grosso e Rondônia. Leonel tinha tecnologia especial para que a madeira de pinho não apodrecesse, para que mantivesse a consistência etc. que ia desde a época própria para o abate até o modo de empilhá-la.


245

Serraria - Campo Novo - Fontoura Xavier - Soledade.

Jandir João Dalla Vecchhia Zanotelli e Ruth Avila Zanotelli, ele nasceu em Encantado em 21 de julho de 1939, filho de Leonel e Ana; ela nasceu em Bagé, em 26 de outubro de 1942, filha de Octacílio Machado Ávila e Inah Judith Machado Ávila. Professores em Pelotas, RS, são pais de Eloí (com filha Camila), Vinícius cc Rosana Medina Zanotelli (filhas: Ana


246

Catarina e Juliana), Daniel cc com Rachel Zanotta Carneiro (filho: Pedro Afonso), Luciana cc Paulo Henrique Zanotelli (filhos: João e Michel)

Ruth é formada em Filosofia e especializada em Educação, Ruth

lecionou no Primeiro e Segundo Graus em Bagé,

Piratini, Canguçu e Pelotas e na Universidade Federal de Pelotas. Ruth tem um irmão: Alfredo Antero Machado Avila. Casado com Andradina Correa. Alfredo tem 6 filhos: Denise, Paulo Ricardo, Simone, Luciano, Juliano e Cristiano.

A família de Jandir e Ruth no 1º.Encontro em Porto Alegre


247

2035.ZBACFFCB. VALDEMAR AGOSTINI ZANOTELLI

Valdemar Agostini Zanotelli, filho de João e neto de Narciso Zanotelli, nasceu em Jacarezinho, Encantado. Casou com Vilma Giacomoli e teve 4 filhos: Darci, Moacir, Adilar e Marisa.

Pequeno

agricultor,

pequeno

industrial

e

caminhoneiro. Faleceu em acidente de seu caminhão.

Valdemar Agostini Zanotelli

2041. ZBACFFCE. AMÁLIA AGOSTINI ZANOTELLI Amália Agostini Zanotelli nasceu em Jacarezinho, casou com João Daldon, também agricultor. Moraram nas colônias de Palmas, depois deslocaram-se para Jacarezinho. Hoje estão em terras que pertenceram a Narciso e João Zanotelli. Tiveram 6 filhos: Hilário, Lurdes, Iracema, Nilton, Nilze e Neuton cujos filhos constam na árvore genealógica.


248

2055. ZBACFFCL. MATILDE AGOSTINI ZANOTELLI Matilde, casada e viúva de Luiz Pretto, foi agricultora em Jacarezinho, funcionária pública em Porto Alegre onde reside e tem 6 filhos: Ortenila, Lurdes, Leodocir, Leonildo, Aracy (Gessi) e Paulo. 2053.ZBACFFCK. IDA AGOSTINI ZANOTELLI Ida e Arlindo, agricultores, produtores de ótimas cachaças residem na casa onde viveu e morreu o casal João Telk Zanotelli e Maria Agostini, em Jacarezinho. Tem 11 filhos: Otomar, Erci, Geni, Leodocir, José Antonio, Pedro Roque, Geni Carmen, Inês Elisa, Luiz, Maristela e Maria Cristina. ARLINDO BONFANTI, filho de José Bonfanti e de Elisa Branchi, nascido em 13.8.1919 em Garibaldi e sendo seus irmãos: Felix, Luiz, Carmen, Almiro, Sabina, Olga, Inês e Carlos casado este com Feronato. Reside em Jacarezinho, Encantado, na casa que Narciso comprou e construiu e na qual nasceram João (filho), Leonel (neto), Jandir (bisneto) Zanotelli. Arlindo é exímio produtor de cachaças. Em 1994 celebrou 50 anos de casamento com a presença de grande número de parentes e amigos. Otomar Zanotelli Bonfanti, filho de Ida Agostini Zanotelli


249

2049.ZBACFFCI. ALICE AGOSTINI ZANOTELLI Alice, casada e viúva de José Daldon, agricultora, residiu na Colônia de Palmas, Aratiba (Bentevi), Jacarezinho e agora em Porto Alegre. Tem 8 filhos: Mirtes, Moacir, Nestor, Hilário, Ênio, Salete, Serjane, Eliane. Anima os encontros promovendo a alegria. A festa que reúne.

Família de Alice Agostini Zanotelli no encontro de P. Alegre


250

2047.ZBACFFCH. SANTINA AGOSTINI ZANOTELLI Santina, viúva de Emidio Piccinini, reside em Jacarezinho e tem 9 filhos: Elaci, Erni, Eloá, Emília, Soeli, Solange, Senito, Sônia, Elisa.

2037.ZBACFFCC. ALCIDES AGOSTINI ZANOTELLI Alcides foi agricultor e depois do comércio transportador. Reside atualmente em Carazinho e tem 2 filhos: Rejane e Volmar.


251

2051.ZBACFFCJ. ANGELA AGOSTINI ZANOTELLI Angela (Angelina), casada com Arlindo Daldon, foi agricultora em Jacarezinho, depois nas colônias de Palmas, retornou depois a Jacarezinho em terras que foram de Narciso e João Zanotelli e agora reside em Canoas. Tem 4 filhas: Gesselda, Gessilda, Ilva e Mairi. O acolhimento e a simpatia servindo e beliscando a vida.

2043.ZBACFFCF.

HORTÊNSIA

AGOSTINI

ZANOTELLI Hortênsia, nascida em Jacarezinho, foi, como seu marido Guilherme Gobbi, agricultora. Transferiram-se depois para S. José do Cedro, SC, e mais tarde para o Sorriso, MT onde cultivam soja e criam suínos em escala. Dos filhos: Admar casado com Lurdes Rigo tem três filhos (Everton, Ederson e Cleyton), Gilmar, bancário, casado com Claudete Melo tem dois filhos (Guilherme e Gustavo) e Marisa casada com Carlos Boaro tem 3 filhos(Sidionara, Patrícia e Anderson).


252

2045.ZBACFFCG. ORTENILA AGOSTINI ZANOTELLI Ortenila nasceu em Jacarezinho e casou com Hércules Ângelo Dall‟Oglio, filho de Henrique Dall‟Oglio e Amália Terezinha Sopel que é aposentado como motorista de caminhão de carga de sua propriedade. Reside em Sarandi RS e tem 7 filhos: Gilmar João, Nair, Nadir, Marilene Maria, Jaime Antonio, Gilvani e Adriano residentes em Porto Alegre.

2039.ZBACFFCD. AGENOR AGOSTINI ZANOTELLI Agenor, filho caçula de João Zanotelli, casado com Lúcia Rossato, tem comércio de frutas e hortaliças. Reside em


253

Carazinho e tem 3 filhos: João Francisco, José Augusto e Luana.


254

Luana, filha de Agenor e Jandir, a mais jovem e o mais velho dos primos descendentes de João Telk Zanotelli.


255

1520.ZBACFFD. MARIA TELK ZANOTELLI Maria, filha de Narciso e Tereza, nascida em Figueira de Mello em 12.5.1878, casou com ANTONIO FERRARI AGOSTINI, filho de Giovanni Baptista Agostini e Angela Ferrari, nascido em 6.10.1882 em Figueira de Mello, casamento realizado 17.2.1900 na Capela S. Pedro de Encantando, hoje paróquia, sendo vigário o P. Joseph Pandolfi, cf n.102 da pg 25 do Livro de Casamentos daquela paróquia. São padrinhos de João Telk Zanotelli e Maria Bridi Agostini sendo por isso Antonio tio, cunhado e padrinho de João por causa de Maria Agostini.

1522.ZBACFFG. AMÁLIA TELK ZANOTELLI Amália nasceu em 1880 em Conde d‟Eu, casou com Stefen Pezzini (nascido em 1876 em Conde d‟Eu) em Encantado aos 20.02.1897134 e residiu em Jacarezinho em terras vizinhas às de seu pai Narciso. Em 1884 consta dos filhos de Narciso na relação de terras do Arquivo Histórico de Porto Alegre, Livro 312, quando este recebia o título provisório de seu lote de Conde d‟Eu.

134

No livro 7 de Casamentos da Paróquia de Encantado, pg. 5v. encontra-se o registro do casamento de Amália, referindo que ela é natural do Brasil, de Rio Pardo porque a região pertencia então ao município de Rio Pardo. O nubente Stefano era filho de Antonio Pezzini e Teresa Marchette, tiroleses de Trento.


256

1524.ZBACFFJ. NARCIZA TELK ZANOTELLI Narciza, filha de Narciso e Theresa, neta de Francesco, nasceu em 1885 em Figueira de Mello , Garibaldi. Casou com FIORINDO VINCIGUERRA (Bettini), filho de Francesco e Albina Vinciguerra, nascido em 1884 também em Figueira de Mello. O casamento de 18.6.1909 encontra-se registrado sob o n. 432 da pg 75 do Livro de Casamentos da Paróquia de São Pedro de Encantado sendo testemunhas Antonio Agostini e Antonio Giovanella. Residiram em Canudos, município de Lageado.

1526.ZBACFFI. CAROLINA TELK ZANOTELLI Carolina, filha de Narciso e Tereza, nascida em Figueira de Mello, Garibaldi em 1883, casou com LUIZ MARTINI (Adolfo), filho de João Martini e Catarina Zanata, nascido em Figueira de Mello em 1881, casamento realizado na Paróquia de São Pedro de Encantado em 24.2.1906 cf. n.283 pg 59 do Livro

de

Casamentos

daquela

paróquia

indo

residir

inicialmente em Jacarezinho e depois em Progresso, município de Lageado.

ZBACFFF. ROSINA TELK ZANOTELLI Rosina, filha de Narciso e Tereza, nascida em 1889 em Figueira de Mello, Garibaldi, casou com CELESTINO DAL


257

MORO filho de João Batista Dal Moro e de Angela Andreola, nascido em 12.6.1888 em Nova Bréscia, em 15.2.1908 cf consta sob o n. 352 , da pg 66 do Livro de Casamentos da Paróquia de São Pedro de Encantado, tendo residido inicialmente em Jacarezinho e depois em Vila Progresso, município de Lajeado celebrante do casamento foi o P. Pedro Negri.

722

DOMENICO ZANOTELLI

Domenico, casado com THERESA ZANOTELLI, nasceu e morreu no Tirol, Cembra.. Seu filho Costante emigrou para o Brasil, com a idade de 18 anos, em companhia de parentes e para fugir ao serviço militar austríaco, segundo consta aos descendentes. No Livro 01 de Registro de Nascimentos de Muçum às fls. 116: Costante registra o nascimento de seu filho Carlos, dizendo-se ele filho de Domingos e Teresa falecidos na Austria, isto é no Tirol. No Livro 3 de Batisados da Paróquia de Conde d'Eu, pg 16 consta o batisado de José Narciso Zanotelli, filho legítimo de Constante Zanotelli e Elizabetha (deve ser Elisa) Alberti, neto de Domingos Zanotelli, sendo padrinho Narciso Zanotelli (Trata-se de Narciso Eccli Zanotelli, filho de Francisco, neto de Giov. Gasparo) e Maria Zanata, sendo o batismo realizado em 15.11.1888 pelo P. Bartholomeu Tiecker


258

1203

CONSTANTE ZANOTELLI

Constante, assinava Zanoteli, nascido no Tirol em 16.1.864 e falecido em Muçum em 31.12.1942 (Cf Livro de Óbitos C 4 pg 27 de Muçum) casou com Elizabetha (Elisa) Alberti, nascido no Tirol e falecida em Muçum em 1921.Bebia. (Cf liv.3 de Bats. pg. 16 Conde d'Eu) São seus filhos: José Narciso, Agostino(Augusto), Amabile, Carlos, Ema, Angelo, e João.

1586

JOSE NARCISO ALBERTI ZANOTELLI

José Narciso, nascido em Garibaldi em 4.11.1888 e batisado também em Conde d'Eu (cf. Livro 3 de Batis. pg 16) em 15.11.1888 sendo seus padrinhos Narciso Zanotelli e Maria Zanata, e sendo vigário o P. Barth. Tiecker, casou com Rosina Badin em 1911 (cf. Livro de Casamentos B 1 fl 128 de Muçum) foi residir em Putinga e teve como filhos: Pedro, João, Francisco, Constante, Carlos, Luiz, Maximino, Angelina, Carmelina, Iza, Gema e Pierina

1588 AGOSTINHO ALBERTI ZANOTELLI Agostinho ou Agostino nasceu em Muçum em 1894 e morreu em 7.7.1943 em Fontoura Xavier, Duduia, casou com Luiza Manica, em Muçum aos 27.12.1915 (Cf Livro de Casamentos B-2 fls. 22 e v) falecida em 12.3.1975 também em Fontoura


259

Xavier, Picada Castro e tiveram os seguintes filhos: Costante, José, Santo, Maria, Anilo, Angelina, Francisco e Narciso.

2073

JOÃO BADIN ZANOTELLI

João, filho de José Narciso, neto de Constante e bisneto de Domingos nasceu em Muçum em 28.9.1915 (Cf Livro A-4 fl. 164 v de Reg. Nasc. de Muçum), casou com Zelinda Rossi e foi morar em Putinga

1598 JOÃO ALBERTI ZANOTELLI, Filho de constante e neto de Domingos, nasceu em Muçum em 13.10.1908 e faleceu solteiro, em Muçum , Brancareu em 21.12.1980 (Cf. Livro C-1 de Óbitos fl. 226v). Boêmio, bebia muito e deve ter deixado uma filha.

1599. EMA ALBERTI ZANOTELLI Ema, filha de Constante é casada com Pessali, reside em S. Valentim, município de Muçum.

1594

AMABILE ALBERTI ZANOTELLI

Amabile, filha de Constante, casada com Ignatio Antonio Vianini foi residir em Guaporé. Seus filhos José e Iris residem em Gravataí e Porto Alegre respectivamente.


260

1592

ANGELO ALBERTI ZANOTELLI

Angelo, filho de Constante nascido em Muçum 24.12.1901 (Cf. Livro A-4 fl. 163 v de Nasc. de Muçum) e casou com Angelina Pessali em 1939 (Livro B-5 fl. 86 v de Casamentos de Muçum) legitimando os seguintes filhos: Ricieri (Xapecó), Eliza (Bento Gonçalves), Maria, Celestina, Arlindo (Muçum), Cláudio (B.Gonçalves) e Gema. Residiu em Putinga RS.

1589

CARLOS ALBERTI ZANOTELLI

Carlos, nasceu em 19.2.1900 em Muçum, casou em 1918 com Rosa Franceschina em Muçum. Em 1942 foi residir em Casca. Ali ficou até 1946 quando foi para Erechim lá ficando até 1948 quando foi para Xapecó (Cf. Livro Nasc. pg 116 e o Livro de Óbitos C-12 fl. 84 v de Muçum). Faleceu em Xapecó em 2.11.1987. Filhos: Inês, Angelo, Pedro, Paulina, Maria , Balduino, José, Luiz, Anita, Gema, Alderino, Odila e Suelci.

1450.ZABAFBA. JOSE DEVILLI ZANOTELLI José, filho de Giacomo Calovi Zanotelli e neto de Giovanni Keller Zanotelli Este era filho de Gregório, este de Giovanni e este de Giov. Antonio di Livo que nasceu por volta de 1683 e foi residir em Cembra, Trento, Tirol (Austria então) Segundo os descendentes José é filho único de Giacomo. Nasceu em


261

1879 provavelmente em Iconha, ES, casou em 1908 com AUGUSTA

DALCOL

NOGAROL

(Nasc

25.3.91,Alfr.Chaves, ES) Foram morar em Iconha ES. Os irmãos de Giacomo são: Giuseppe ( nascido em Cembra em 21.5.1838 e casado com Maria Miorandi em 12.11.1870 e dele há notícia de ter migrado para o ES), Maria casada com Paolo Nicolodi em Cembra, Emanuele e Giovanni nascido 25.7.1843 e casado com Domenica Zanot em 28.9.1861 em Cembra, Itália. Os filhos de José são: Lino, Idília, José, Idílio, Carolina, Antonio, Prascóvia, Pedro, Mário, Rita, Ana e Julieta. A família fixou-se em Cachoeiro do Itapemerim, ES.

2153.ZBACEC. ANGELO NICOLODI ZANOTELLI Angelo, que fixou residência em 25 de Julho, Santa Teresa ES casou com CATARINA TONINI e, depois de viúvo, com AGATA SPERANDIO. O túmulo de Angelo encontra-se em Pé da Serra, Santa Teresa. Era filho de Paolo e neto de Giovanni Gasparo e seus filhos são: Paolo, Luiz, Antonio, Maria e Henriqueta. Angelo nasceu em Cembra em 6.7.1856.

1115.ZBACEB. PAOLO NICOLODI ZANOTELLI Paolo, filho de Paolo Savoi Zanotelli e neto de Giovanni Gasparo, casado com JOSEFINA ZOTOLI, nasceu em Cembra em 24.5.1853.Residiu em Santa Teresa, indo depois


262

para Colatina como agricultor. Sabe-se que

os

seus

descendentes estão em S. Torquato, Nova Venecia, S. Gabriel da Palha e Vila Velha...São seus filhos: João, José e Maria (Marieta).

1109.ZBACEA. FRANCESCO NICOLODI ZANOTELLI Francesco, filho de Paolo Savoi Zanotelli e neto de Giovanni Gasparo, nascido em Cembra em 11.07.1850, fixou residência em S. João da Barra Seca, Colatina, ES, casado em ELVIRA ZENNI teve os filhos: Angelo, Fortunato, Terezinha, Paulina e Francisco.

1131.ZBACED.

MARGHERITA

NICOLODI

ZANOTELLI Margherita, filha de Paolo Savoi Zanotelli e neta de Giovanni Gasparo, residiu em Vitória e era famosa como parteira., talvez a primeira parteira do ES. Nasceu em Cembra em 12.7.1843

1113.ZBACEE. MARIA NICOLODI ZANOTELLI Maria, filha de Paolo Savoi Zanotelli e

neta de Giovanni

Gasparo, dela não se tem notícia. Não se sabe se teria emigrado do Tirol com os pais ou não. Nasceu em Cembra em 1.4.1847


263

1117.ZBACEF. GIUSTINA NICOLODI ZANOTELLI Giustina, filha de Paolo Savoi Zanotelli e neta de Giovanni Gasparo. Não se tem notícia se teria ou não emigrado do Tirol ao Brasil com os pais. Nasceu em Cembra em 30.81863

2681

OTTILIA GON

Otília, casada com FRANCISCO BENITO ZANOTELLI, é filha de Américo Gon e de Carolina Bonisse, agricultores em Colatina, ES. Tiveram 6 filhos: Renato Francisco, Geraldo José, Regina Celi, Pedro Paulo, Francisco Américo, Rosa Amélia.

1452

DAVID ZANOTELLI

David, casado com Eugênia Webber que era irmã de Ernesto Webber emigrou do Tirol para Caxias na década de 1880. David tinha duas irmãs, uma das quais era Cândida. Tinha por apelido DAVID PAROLETO (ou PAROLIN), porque fabricava tachos de cobre ao lado da fábrica de Abramo Eberle em Caxias do Sul. Em dialeto vêneto "parol" significa panela, tacho e especificamente a panela de fundo arredondado para fazer polenta. Os filhos Mario e Júlio não seguiram a profissão do pai e as filhas Alaide, Adelzia e Maria acompanharam os respectivos maridos. A bela fortuna de David ficou assim dividida. Júlio fixou residência em Erechim RS, Mário em


264

Fortaleza CE. Alaíde, casada com Emílio Costa, em Caxias, não teve filhos. Adélzia casada com Higínio Piccoli tem 5 filhos (Bruno, Wilson, Raul, Branca e Onice), Maria casada com Angelo Bergamaschi, em Caxias do Sul tem 3 filhas (Helena, Geni e Dolores).

2137.

AMERICO FAVORETTI ZANOTELLI Américo, casado com Sabina Menegatti , era filho de

Paulo ou Paulino e neto de Angelo Nicolodi Zanotelli, bisneto de Paolo Savoi Zanotelli...A mãe de Américo, Angelina Favoretti era filha de Ferdinando Favoretti e de Clotildes Luppi. Sabina Menegatti é filha de José Menegatti e Irida Brunetti, ambos nascidos na Itália. Irida era filha de Gildaldo Brunetti e de Serafina Rossi.

1144.ZCDACA. JOSÉ NICOLODI ZANOTELLI Filho de José e Rosa Nicolodi, neto de Cristano Zanotelli e Orsola Nardon, irmão de Theresa e Rosa, casou com Rachele Pressi em Muçum (Igreja de Encantado) e transferiu-se para Marcelino Ramos RS. Teve 11 filhos: Olivério Affonso casado com Diolinda Lopes e residente em Muçum e depois em Quaraí (teve 4 filhos: Darci, Dirceu, Salete e Mafalda), David (faleceu solteiro), José (sacerdote), João (faleceu solteiro), Vergínio Francisco (ou Vigilio, casado com Maria Madalena


265

Santin reside em Medianeira, PR e tem 7 filhos: Lídia, Agostino, Aquiles, Atílio José, Carmen, Inete, João Cândido), Vitório ( residente tem Passo Fundo é casado com Brandina e tem 7 filhos: Teresa, Orlando, Rita, Helena, Dinorá, Cláudio e Mércia), Inês (Agnese casada com Francisco Galego Carmona, residente em Curitiba tem 3 filhos: Nilo, Geny e Leni), Narciza (casada com Humberto Santin, residente em Curitiba, tem 9 filhos: Bruno, Amabile, Maria, Sílvio, Ricardo, Albina, Querino, Lino e Olinda), Amábile (casada com Francisco Scotini), Lúcia (casada com Gildo Maran e residente em Sto. Antonio PR tem 7 filhos: Carlos, Quirino, Otávio, Pedro, Natália, Severino e Agenor) e Rosália (casada com Amos Tosati, reside em Xanxerê SC e tem 6 filhos: Lionel, Iris, Lurdes, Eloí, Gelci e Hélio).

São muitos os Zanotelli no Brasil. Temos mais de 3.000 cadastrados para compor a árvore genealógica. Calcula-se que as pessoas de sobrenome Zanotelli (com as variantes a cargo especialmente de nossos cartórios: Zannutteli, Zaneteli, Zanoteli, Zanatelli, Zanitelli) e as a eles vinculadas ultrapassem a cifra de 10.000. Da raiz prolífica dos imigrantes o encontro foi uma bela amostragem.


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267

IX- CANÇÕES.

Dentre

as canções mais lembradas pelos descendentes da

família Zanotelli e cantadas freqüentemente estão as abaixo:

I. CUCU L'inverno l‟è passato L'aprile non c'è più sole ritornato Al canto de cucù L'Inverno l'è passato La neve non c‟è più E maggio è ritornato Al canto del cucù. La su per le montagne La neve non c'è più

Comincia

a far il nido Il povero cucù. Sul monte c'era um bimbo Portava a pascolar un píccolo agnellino Che sol parea belar Un bioccolo di lana Lasciò per lui lassu E l‟uccelino lieto vi pose il suo cucù.


268

II. DA L'ITALIA

l. Da I'Italia noi siamo partiti Siam partiti col nostro onore Trenta sei giorni di macchina a vapore E in America noi siamo arrivà. Rit: Merica Merica Merica Cosa sarà la sta Merica Merica Merica Merica È un mazzolin di fior 2.A l'America noi siamo arrivati Non abbiam trovato ne paglia e ne feno Abbiam dormito sul nudo terreno

come le bestie

abbiam riposà 3.L'America l'è lunga e l'è larga piani

L‟è' formata de monti e di

E con l‟industria de noaltri italiani Abbiam fondato

paesi e città.

III. DAMMI O BELLO IL TUO FAZZOLETTINO

1.

Dammi o bello il tuo fazzolettino (bis) Vado alla fonte, lo voglio lavar

2. Te lo lavo con l'acqua e sapone (bis) Ogni macchietta un bacino d'amor 3. Te lo stendo su un ramo di rose (bis) Il vento d'aprile lo fa asciugar 4. Te lo stiro col ferro a vapore (bis) Ogni pieghina un sospiro d'amor


269

5. Te lo porto di sabato sera (bis) Di nascosto di mamma e papà

IV.

LA BELLA VIOLETA

1.La bella violeta la và, la và

La và sul campo e la se

rinsognava Che l‟era il suo gingin Che la rimirava. 2.Cosa rimiritu gingin d‟amor, gingin d‟amor

Io ti rimiro

perchè tu sei bella Vuoi tu venir con me E com me alla guerra. 3.No, no a la guerra non voglio andar Non voglio andare con te alla guerra Perche se mangia mal E se dorme per terra. 4.No, no per terra non dormirai Tu dormirai su un letto di fiori Com quattro bersaglier Che ti faran l‟onore.

V.IO HO GIRATO D‟ITALIA AL TIROL 1.Io ho girato d‟Italia al Tirol (bis) Sol per trovarmi una verginella Ciombalarilarela E viva l‟amor. 2.La verginella non posso trovar(bis). Solo mi basta che la sia bella Ciombalarilarela E viva l‟amor.


270

1.

I tirolesi son

bravi soldà (bis) Tutta la note de sentinela Ciombalarilarela E viva l‟amor.

VI.

CIARETO SU QUEL MONTE

1.

Ciareto su quel monte (3x) La dove spunta il sol

2.

Ghe zera su tre bionde (3x) E tutte tre d‟amor

3.

Giuglieta la più bella (3x) Si misse a navegar

4.

A navegar sul mare (3x) L‟anel ghe zè cascà

5.

La alsa gli occhi al cielo (3x) Non vede gnanca il sol

6.

La sbassa gli occhi al mare (3x) La vede un pescator

7.

Oi pescator dell‟onde (3x) Vegné pescar più in quà

8.

Me zè cascà l‟anelo (3x) Me zè cascà più in quà.

9.

Mi si te lo ritrovo (3x) Vui esser ben pagà.

10.

Te dago cento scudi (3x) E „na borsa ricamà.

11.

No voglio cento scudi (3x) Ne borsa ricamà

12.

Solo un bacin d‟amor (3x) Se tu me lo vuoi dar.


271

VII.

GERI SERA ANDANDO A SPASSO

1.

Geri sera andando a spasso, dighe nò. Mi incontrai con

„na signora, dighe nò. E la me dice viendi sopra, viendi sopra a far l‟amor. 2.

Com son stà a metà la scala, dighe nò. Salta fora la sua

mamma, dighe nò. E la ghe dice marcia a casa Mariotina Lascia andare il berechin, dighe nò. 3.

Io non sono un berechino, dighe nò Ne di meno un

traditore, dighe nò. Io son figlio di un signore Son vegnuto, son vegnuto a far l‟amor. VIII. LA MIA MAMMA L‟È ANDATA AL MERCÀ

1.

La mia mamma l‟è andata al mercà Quando gli altri

tornan(bis). La mia mamma l‟è andata al mercà Quando gli altri tornan di quà e tornan di là Quando gli altri tornan. 2.

La zè „ndata comprar un caval E i ghe para su una

mussa 3.

L‟há menada nel prà a mangiar Non ghera mica l‟erba.

4.

L‟há ligada sotto un perer Ghe casca zo una brugna

5.

L‟è cascata su per „na reccia E la gha rot la coda.


272

IX.

SUL CASTEL DE MIRABEL

1.

Sul castel de mirabel (bis) Cè una giovane che canta

2.

La cantava tanto ben (bis) Che fino in Francia la

sentivan 3.

La sentita el fiol del rè (bis) E dimandò: chi l‟è che

canta 4.

È la figlia del paisan. Tutti diz: l‟è la più bella

5.

La faremo remirar Da do tre soldati armati

6.

El più bel de questi tre L‟è stà quel che l‟há tradita.

7.

L‟ha menada via lontan In una prigion profonda e scura

8.

Là l‟è stata sete an Sensa veder ne sol ne luna

9.

Alla fin dei sete an L‟ha scopri „na finestrela

10.

La mirava verso il mar E la gha visto il suo bom padre.

11.

Oh pupà caro pupà Cosa diz la gente in Francia?

12.

Tutti parlan mal di te Che tu sei figlia rubata

13.

Oh nò, nò caro pupà Io son figlia maridata

14.

Questo anel che porto in dé L‟è de quel che m‟há

sposata 15.

Dove zelo il tuo mari? L‟è „ndà a guerra a Napoleone.


273

X.

QUEL MAZZOLIN DI FIORI

1.

Quel mazzolin di fiori Che l‟vien dalla montagna (bis)

E guarda ben che „l non si bagna Che lo voglio regalar Lo voglio regalare Perchè „l è un bel mazzetto. Lo

2.

voglio dar al mio moretto Questa sera quando „l vien. „Sta sera quando „l viene Gli fò „na brutta cera E perche

3.

sabo di sera Ei non l‟è vegnù da me. Non l‟è vegnù da me L‟è andat dalla Rosina E perché

4.

mi son poverina Me fa pianger, sospirar. 5.

Me fa pianger, sospirare Sul letto dei tormenti. Cosa

mai diran le genti Cosa mai diran di me. 6.

Diran che son tradita Tradita nel amore E a me per

sempre piange il cuore E per sempre piangerà.

XI.

LA VILLANELLA

1.

Varda che passa la villanella Os-ce che bella, la và

innamorar. Rit: Ma come bali bene bella bimba, bella bimba, bella bimba. Ma come bali bene bella bimba, bella bimba, bali ben. 2.

Varda quel veccio soto la scala Os-ce che bala che „l

gha ciapà.


274

3.

Varda quel merlo rento la gabbia Os-ce che rabbia che

„l gha ciapà.

XII.

EL CAPITAN DELLA COMPAGNIA

1.

El capitan della Compagnia El è ferito e stà per morir

El manda dire ai suoi alpini Perché lo vengano a ritrovar 2.

I suoi alpini i ghe manda dire Che non han scarpe per

caminar. O con le scarpe o senza scarpe I miei alpini li voglio quà. 3.

Cosa comanda, sior Capitano, Che noi adesso siamo

arrivà? Io comando che il mio corpo In cinque pezzi sai taglià. 4.

Il primo pezzo alla mia patria. Il secondo pezzo al

bataglion. Il terzo pezzo alla mia mamma Che si ricordi del suo figliol. 5.

Il quarto pezzo alla mia bella Che si ricordi del primo

amor. L‟ultimo pezzo alle montagne Che lo fioriscano di rose e fior. XIII. SE „L LAGO FUSSE POCIO

1.

Se „l lago „l fusse pocio, larilera E Baldo de polenta,

larilera Oi mamma che pociade, Polenta e baccalà. Perché non m‟ami più?


275

2.

La mula de Parenzo. L‟há messo su bottega De tutto la

vendeva Fora che baccalà. 3.

La me morosa vecia La tegno de riserva Ma quando

spunta l‟erba La mando a pascolar. 4.

La mando a pascolare, Insieme alle cavrette L‟amor

con le servette, Non lo farò mai più. 5.

Tutti mi dicon bionda, Ma bionda io non sono: Porto i

capelli neri, Neri come „l carbon.

XIV. SUL MARE LUCCICA 1.

Sul mare luccica L‟astro d‟argento Placida è l‟onda

Prospero il vento. Venite all‟agile Barchetta mia Santa Lucia, Santa Lucia. 2.

Con questo zeffiro Cosi suave Oh come è bello Star su

la nave. Su passeggieri Venite via. Santa Lucia, Santa Lucia. 3.

Oh dolce Napoli Oh suol beato Ove sorridere Volle il

creato. Tu sei l‟impero dell‟armonia. Santa Lucia, Santa Lucia.


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277

X - ENCONTROS DA FAMÍLIA ZANOTELLI

1º.encontro – Porto Alegre – 1996.

No dia sete de janeiro de 1996 realizou-se o primeiro encontro de Zanotelli do Brasil, na sede social do SESC em Porto Alegre.

Um simples convite bastou para que 386 Zanotelli de quase todo o Brasil acorressem. Os poucos que receberam uma correspondência assumiram o convite de sua família mais ampla. Assim estavam presentes baianos, capixabas (meia centena), cariocas, paulistas, paranaenses, catarinenses e


278

gaúchos. Não conseguiram vir os Zanotelli dos outros Estados, uma vez que em todos os Estados e, especificamente em todas as capitais dos Estados brasileiros há Zanotelli. Estavam também presentes 3 italianos Zanotelli que vieram entusiasmar a reunião: Túlio e Bruno Zanotelli de Cembra e Pierangelo Zanotelli Bonfanti, de Milão. O Encontro feito de reflexão histórica sobre a emigração italiana para o Brasil, caracterizadamente a Trentina, e nela da família Zanotelli teve momentos marcantes e inesquecíveis de reencontro de parentes que há muito não se sabiam, descoberta de parentes com os quais nem se sonhava, e, em todos e em tudo a criação e enraizamento de relações amigas. O lema foi: família Zanotelli criando laços. O sobrenome acabou sendo apenas pretexto para, num contexto tão individualista em que vivemos, voltassem à tona os valores da família e da solidariedade que tanto marcou nossos antepassados. Impressionou ver crianças, jovens, adultos e anciãos cantando canções do folklore italiano e brasileiro, canções antigas e atuais, rezando (os Zanotelli guardam com zelo a religiosidade cristã e católica) e dançando juntos. E crianças de 3 anos brincando de roda e cantando “Mérica, Mérica, Mérica...”.


279

Centenas de Zanotelli acorreram a Porto Alegre em 07.01. 1996.

Abaixo estão alguns representantes das famílias Zanotelli descendentes de Giovanni Gasparo, filho de Vigilio, neto de Giovanni Antonio de Livo. Dos filhos de Giovanni Gasparo: Francesco veio para o Rio Grande do Sul, Paulo foi para o Espírito Santo com irmãs e primos. Narciso foi o único filho que veio para o Brasil, com o pai Francesco (outros cinco morreram em Cembra). Dos 14 filhos de Narciso casado com Teresa Job Telk, destacamos os masculinos: José, Francisco e João.


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José Telk Zanotelli e Margarida Secchi

Descendentes de José Telk Zanotelli de Capitão RS.


281

Descendentes de Francisco Telk Zanotelli e Carolina Berftol, residentes em S. José do Herval – RS

Desc. De Francisco Telk Zanotelli (filhos: Santo, Hortênsiae Santa viúva de João estão presentes)


282

Família de João Bertol Zanotelli

Família de Francisco Bertol Zanotelli) Jandir, Mauro, Ivone e marido João Buttini, Ana, Adaires, e Hugo, Terezinha...


283

Santo com a esposa Maria Vidaletti e família na festa 1996

Descendentes de Narcizo Bertol Zanotelli na festa 1996.


284

Os filhos de João Zanotelli na festa (96), por ordem da esquerda para a direita: Leonel Zanotelli e Carmen, João Daldon e Amália A Zanotelli, Ida A Zanotelli e Arlindo Bonfanti, Alice A Zanotelli ( viúva de José Daldon,) e Santina A Zanotelli (viúva de Emídio Piccinini)

... em continuação: Gema Sartori e Alcides A Zanotelli, Arlindo Daldon (irmão de José e João) e Angela (Angelina) A Zanotelli, Guilherme Gobbi e Hortência A Zanotelli, Agenor A Zanotelli e Lúcia Rossato.


285

Leonel Agostini Zanotelli e Ana Catarina Dadalt Dalla Vecchia

LEONEL AGOSTINI ZANOTELLI é filho primogênito (de 12) de JoãoTelk Zanotelli. João era o filho caçula (de 12) de Narciso Zanotelli que, com o pai Francisco Savoi Zanotelli veio de Cembra, casou com ANA DADALT DALLA VECCHIA e teve 11 filhos: Jandir , Geni, Gino, Irma, Itelvina, Ilva, Castilo, Clasi, Olir, Lírio e Dinasir. Nas Bodas de Ouro de seu casamento, em 27 de agosto de 1988, em Canoas tinha 24 netos. Leonel foi agricultor em Jacarezinho, Encantado. Foi pequeno comerciante em Bentevi, Aratiba, Erechim, foi açougueiro em Fontoura Xavier, teve serraria em Soledade, e pequeno comerciante em Canoas onde faleceu.


286

Leonel e Ana nas Bodas de Ouro com os filho, da esquerda para a direita: Jandir, Gino, Itelvina, Ilva, Castilo, Olir, Classi, Lírio e Dinasir

Família Leonel e Ana. Sentados: Gino, Leonel, Ana, Jandir. De pé: Castilo, Irma, Olir, Itelvina, Lírio, Ilva, Dinasir e Classi.


287

Leonel e seus filhos na festa de Porto Alegre

Família de Leonel Agostini Zanotelli e filhos na festa 96.


288

Filhos de Leonel e Ana aos 50 anos de Lírio. Da esquerda para a direita: Clasi, Castilo, Ilva, Itelvina, Irma, Gino, Jandir. À frente: Dinasir e Lírio

Família Jandir e Ruth Zanotelli com os filhos e Bruno e Túlio Zanotelli de Cembra e Pierangelo Zanotelli Bonfanti de Milão.


289

Vinícius Avila Zanotelli cc Rosana Medina Zanotelli e suas filhas Ana Catarina e Juliana

Aniversário de Pedro filho de Daniel Avila Zanotelli cc Rachel Z.Carneiro


290

Daniel Avila Zanotelli e sua esposa Rachel Zanotta Carneiro no aniversário do filho Pedro Carneiro Zanotelli, em Pelotas, 2011.

Luciana Avila Zanotelli cc Paulo Henrique Zanotelli e os filhos João Gabriel e Michel.


291

GINO DALLA VECCHIA ZANOTELLI e Helena Schmidt com as filhas Ane e Gina que está festejando 15 anos.

Carla, Marcial, Gisele-Olir e Irma Zanotelli (estes, filhos de Leonel)e Jr


292

CLASI DALLA VECCHIA ZANOTELLI, com o marido Carlos Pagnussatt e os filhos Fernando e Fábio. Nasceu em Aratiba e reside em Canoas, RS.

Família de ITELVINA DALLA VECCHIA ZANOTELLI cc Basílio Gabriel Michelon com os filhos Dante e Diogo


293

Vista do alto da Linha Pinhão – Barra do Rio Azul – Erechim, para onde migraram os Dalla Vecchia e Leonel Zanotelli.(foto: Itelvina Zanotelli e Basílio Michelon)

Ilva Ilva DallIlv seus filhos: Círio, RS

ILVA DALLA VECCHIA ZANOTELLI cc José Queirós e José José Carlos, e Joselaine. Residem em Berto


294

Olir Dalla Vecchia Zanotelli cc Gislaine Barbosa Lúcia

Entre os tios Agenor e

As famílias de Lírio e Olir Zanotelli residem em Salvador Bahia. Da esqu.: Olir e sua filha Helin, Lírio e a esposa de Olir: Gisele, Michele e Everton (filhos de Lírio), Gislaine, (esposa de Lírio),Franciele (filha de Olir) e Ruth Zanotelli.


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Alice Agostini Zanotelli, filha de João Telk Zanotelli, festa de 1996.

Na festa Zanotelli (96) Vilma que aparece acima, junto à parede (viúva de Valdemar Agostini Zanotelli) com Bruno, Tulio e Bonfanti de Cembra, tem à frente Moacir, Adilar e Marisa com os esposos e filhos.


296

Darci Zanotelli, filho de Valdemar Agostinho Zanotelli, entre Jandir e Leonel.

Festa Zanotelli (96): Arlindo Bonfanti, Ida Agostini Zanotelli, Cláudio e Maristela, Bruno Zanotelli (Cembra), Pierangelo Bonfanti (Milão), Túlio Zanotelli (Cembra) José Antonio e Almira


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Agenor Agostini Zanotelli,Lúcia e filhos João, Francisco e Luana.

Hortênsia Agostini Zanotelli com o esposo Guilherme Gobbi e seus três filhos: Admar, Gilmar e Marisa. Residem no Mato Grosso - Sorriso e Campo Grande.


298

Alcides casado com Gema na festa Zanotelli (96) ao lado de Bruno, Túlio e Pierangelo (da Itália).

Descendentes de José Devili Zanotelli, do Espírito Santo


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Descendentes de José Devilli Zanotelli e de Angelo Nicolodi Zanotelli Na foto aparecem entre outros Prascóvia, Idílio, Anna Maria, Carolina, José (filho) filhos de José e seus familiares. Vieram do Espírito Santo e deram um significado diferente à festa Zanotelli 1996 :“Criando Laços”.

Descendentes de José Devili Zanotelli, do Espírito Santo.


300

Leonel Agostini Zanotelli e Mário Oselame (Paroloti) Zanotelli

Mario Oselame Zanotelli, filho de Mário Weber Zanotelli e Iracy Oselame, neto de David, nasceu em Caxias do Sul em 30.06.1938 e reside em Fortaleza CE. Formado em Sociologia é auditor de Empresas. Casou com Hannelore Rosenberg e tem 2 filhos:David e Karen. David casado com Márcia Virgínia de Almeida tem 2 filhos: Paula e Pedro.Os Zanotelli de Caxias do Sul trazem como apelido PAROLOTI, tal como consta nos Cutumi em Livo, na Itália 2º. ENCONTRO – JACAREZINHO - ENCANTADO

Um novo encontro foi programado para 12 de janeiro de 1997. Deverá acontecer em Jacarezinho, no município de Encantado RS considerando que aquele lugar foi o destino final da


301

migração da família Zanotelli. Chegados os primeiros em Conde d‟Eu às vésperas do Natal de 1875, deslocaram-se na década de 1880 para Muçum e Jacarezinho.

Capela S. Carlos – Jacarezinho – Encantado – RS.

Esta capela foi o centro da atividade comunitária da qual participaram os Zanotelli, filhos de Narciso. No cemitério da capela estão sepultados Narciso e sua mulher, seu filho João Telk Zanotelli, o neto deste, Geni Dalla Vecchia Zanotelli e muitos parentes da família.


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Acima: missa festiva na capela de Jacarezinho, no 2º. Encontro da família Zanotelli


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Bodas de ouro de Amália Agostini Zanotelli cc João Daldon em Jacarezinho, Encantado.

Em Jacarezinho Vinícius, Rosana, Arlindo Bonfanti, Leonel com a esposa, Jandir com Ruth e Fabiana, frente ao lugar onde nasceram João, filho de Narciso Zanotelli, Leonel, filho de João e Jandir filho de Leonel.


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3º. ENCONTRO – VITÓRIA – ESP. SANTO-1998 O terceiro encontro da família Zanotelli aconteceu em 1998 em Vitória, no Espírito Santo com a presença expressiva dos Zanotelli. Como se sabe, em 1875 os irmãos Francesco e Paolo Zanotelli a Trento, de Trento a Verona, de Verona até a fronteira com a França, a Paris, ao porto de Havre, e dali para o Brasil. Os irmãos vieram em dois navios (Rivadávia e Sofia). Ao chegar ao Rio de Janeiro, então infestado da febre amarela, os navios foram imediatamente destinados, um para o norte e outro para o sul. Francesco veio para o RS e Paolo com suas irmãs foram para o Espírito Santo. Nunca mais souberam notícias um do outro. Só na década de 1990 conseguimos aproximar a família desses irmãos. Por isso o 3º encontro em Vitória.

Vitória – (Wikipédia)


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Vitória – 1998 passeio de barco – um brinde de acolhimento

Em Vitória, passeio de barco, alegria, medo e festa


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Ainda passeio de Barco em Vitória

Vitória – a lindíssima praia de Vila Velha


308

4º. ENCONTRO – COLATINA – ESP. SANTO- 1999

Colatina ES – vista noturna sobre o Rio Doce (Wikipédia)

Colatina – 4º. Encontro – Entusiasmo ao lado do rio Doce


309

Centro comercial de importância no Espírito Santo com dezenas de famílias Zanotelli. Calcula-se que no Espírito Santo, cerca de 500 famílias são Zanotelli ou vinculados aos Zanotelli.Estão em Cariacica, Santa Teresa, Vitória, Vila Velha, Guarapari e tantas cidades. Do Espírito Santo migraram muitos Zanotelli para Minas Gerais, Bahia, e Norte e Nordeste do Brasil.

Colatina – 1999.- Encontro alegre e com missa para iniciar.


310

5º. ENCONTRO – CEMBRA – ITÁLIA - 2000.

Recepção: A banda marcial de Cembra dirigida por Sérgio Zanotelli Em


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A festa em Cembra repercutiu na mídia. Os políticos que estavam presentes perceberam o significado e importância da cidadania italiana a todos os que são filhos de emigrantes do Trentino. A lei que estava prestes a espirar foi prorrogada para que outros pudessem requerer o reconhecimento de sua italianidade.


312 Pelas alamedas em frente à casa dos Zanotelli, a banda conduz os visitantes e a população até a Igreja de S. Pedro.

Centenas de pessoas participaram e a comunidade toda era convidada.

Leonel, pilchado (vestido) a caráter com a indumentária do Rio Grande do Sul, encantando a todos em Cembra


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Os prefeitos (Sindaci) de Cembra e de Livo em belo discurso de recepção em Cembra.

Ainda o acolhimento nos pavilhões armados para a festa


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Jandir João Zanotelli agradecendo a recepção e narrando um pouco das peripécias e sucessos dos Zanotelli que emigraram de Cembra para o Brasil em 1875

O pároco de Cembra destacando o significado religioso do encontro que procura raízes da esperança que alimenta a família Zanotelli.


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Leonel, Basílio, itelvina e Gino Zanotelli em Cembra

Túlio entusiasmado e entusiasmando a festa com as canções tirolesas


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Acima: o entusiasmo de Túlio Zanotelli puxando as canções tirolesas e que os imigrantes Zanotelli trouxeram no ouvido e na alma, povoando a imaginação nas noites de verão.

Leonel com os Zanotelli de provecta idade falando em dialeto que a família não esqueceu.


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A alegria contagiante de Bruno e Túlio conosco.

Festa Inesquecível, encontro que alimenta a vida


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Congraçamento que faz bem


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Cembra, ao longo do rio Avísio que ronca impetuoso em tempo de enchente.

Na azienda Zanotelli com Giorgio explicando que Dante Aleghieri inspirou a descida ao inferno nas pedras da encosta em frente. Mais abaixo: Bruno conosco.


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Frente à fiambreria Zanotelli em Cembra

Almoçando farta e alegremente em casa de Túlio.


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Jandir, Giorgio e Alice com a mãe Arrola e os filhos. A sala de estar e jantar ampla com um quadro da última ceia e a fotografia dos pais recorda as moradas que os imigrantes fizeram no Brasil

O encontro foi marcado pela participação, em primeiro lugar dos familiares Zanotelli, todos, cada um em seu posto e numa entreajuda que impressionou. Os amigos, parentes, e a comunidade toda de Cembra foi convidada e se fez presente em toda a festa. As autoridades políticas e religiosas estiveram apoiando e presentes a todo passo. Assim, as raízes de solidariedade, de fraternidade fundaram a convivência.


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Belo e precioso bilhete dos muitos desse 5º. Encontro


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6º. ENCONTRO – LIVO – ITÁLIA - 2004

Bela recepção das autoridades e Zanotelli com jantar à luz de vela.

Apelidos (sobrenomes) que os Zanotelli adotaram desde Livo

Assim como o “nome artístico” que muitos escritores adotam, assim também os Zanotelli adotaram vários deles. Em


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Livo alguns se destacam: Gianoi, Gianini, Perini, Paroloti, Petroni, Franzi, Crislon, Cismon, Tripoli, Dichi, Cerli, Vati, Marcori. Em Cembra serão os Vigilioti, Rocchetti, etc. No encontro de Porto Alegre estavam presentes os Zanotelli (Paroloti) de Caxias do Sul.

À frente de todo o desfile de recepção, a bandeira do Comune de Livo.


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A banda puxa o desfile

Descontração e festa em Livo


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Centenas de pessoas participam

Padre Alessandro (Alex) Zanotelli natural de Livo vivendo na África

Padre Alex Zanotelli, incansável crítico da hipocrisia da política italiana em relação à África, líder da revista Nigrizzia


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e que trabalha em Korogosho junto aos mais pobres, dizendo aos seus conterrâneos que agora vivem na riqueza: abbiamo perso la tramontana (perdemos o horizonte que nos leva à esperança)

Canções e festa junto à neve dos Alpes. A neve, cujo degelo irriga os pomares de maçã, a de melhor qualidade da Europa, não dista senão 1.000 metros do local da festa.


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Aos pés dos Alpes, neve à vista, em meio à plantação das maçãs de melhor qualidade reconhecida não só na Europa, mas em todo o mundo, junto à Cooperativa que expressa a pujança e riqueza daqueles agricultores, a festa das raízes

Em Livo, os representantes Zanotelli de Cimone assumiram organnizar o próximo encontro em sua cidade para 2006. Grande era o entusiasmo e a alegria.

Em Livo, junto à mãe e irmã de Padre Alex, honra e sinal para todos os Zanotelli.


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MESO ENCONTRO – PORTO ALEGRE – 2010 Os Zanotelli do Brasil, e mais especificamente do Rio Grande do Sul e Santa Catarina reuniram-se para mais uma confraternização e preparação ao próximo encontro. O Encontro aconteceu em Canoas, em 2010.

Aniversário de Agenor em Carazinho e o convite para Canoas

Canoas - 2010


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