As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis

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Exposição Coletiva: “A s c o i s a s n ã o q u e r e m mais ser vistas por pessoas razoáveis” Pa ticipantes: B e a t r i z G u r g e l Danilo Ramos Jão


“A s c o i s a s n ã o querem mais ser vistas por pessoas razoáveis”


“A s c o i s a s n ã o q u e r e m m a i s s e r v i s t a s por pessoas razoáveis”, como dizia Manoel de Barros, o poeta das coisas. Essa exposição é para aqueles que, como Manoel, são capazes de enxergar a si e a todo o resto em uma pequena parte. Que são capazes de olhar para uma pedra, para um rolo de barbante ou mesmo para a textura das ondas e se sentirem profundamente atravessados. O que temos aqui é uma contemplação das grandes coisas nas pequenas coisas, e esperamos trazer essa beleza comum ao comum das pessoas.


Imersão Propomos uma entrada imersiva do espectador na exposição. As linhas que percorrem todos os trabalhos saem das obras para conduzir aqueles dispostos a i n t e r a g i r. B u s c a m - o s n a e n t r a d a , p r e p a r a m s e u o l h a r, e transformam seus pontos de vista. Das grandes coisas para as pequenas coisas. As linhas serão dispostas de maneira a atravessar o espaço, criando uma espécie de teia, dificultando o caminhar automático, tirandoo público de seu estado razoável e aguçando os seus sentidos com o intuito de preparar para o mergulho n a s i n s t a l a ç õ e s. Tra n s fo r m a n d o o espectador-passivo em um obser vador-ativo.


As linhas serão presas por ganc hos nas paredes de forma entrecruzada, até o local principal. Pa r a c o m p l e m e n t a r a i m e r s ã o, c a i x a s d e s o m e m i t i r ã o o b a r u l h o d a s o n d a s d o m a r.


Sobre as obras da Exposição O Movimento é Necessário. As linhas conduzem. A linha pode ser estática, pode p r e n d e r, d a r n ó s , p o d e p r e e n c h e r o espaço e o tempo - assim como p r e e n c h e u c o m Pe n é l o p e q u e c o m sua espera teceu uma mortalha -. Mas a linha move, conduz o olhar do espectador e cria caminhos antes inexistentes. É uma brincadeira entre o ficar e o ir embora; a espera e a partida,o estático e o dinâmico. A vontade de permanecer em contraste com a ida inevitável. O inevitável é o mar; é o movimento que acontece mesmo a contragosto. Não há mar estático, assim como não há ser humano. O movimento é necessário, as linhas conduzem.


Moiras. Predestinação enfrentada. Tudo tem um começo, meio e fim. Mas o foco maior é o meio. O aqui. O agora, sem se importar com as pontas do barbante, por mais que saibamos que, assim como começou, uma hora, acaba. A s M o i r a s, o u Pa r c a s, d e a c o r d o c o m a mitologia grega, são responsáveis pela teia da vida. E os nós? Cabe somente a nós lidar com eles e desfazê-los. É uma predestinação que só pode ser enfrentada, mas não evitada.

Amontoado de Silêncio Te n t e i f a z e r u m d e s e n h o p a r a a q u e l e s q u e c a l a m . Pa r a o s b o b o s c o m o e u . Pa r a aqueles que amontoam seus silêncios, erigindo esculturas impossíveis de si, na expectativa de serem notados. Que são capazes de olhar para os silêncios desprezados da natureza e se enxergarem ali, numa espécie de limbo e n t r e o a n t e s e o q u e e s t á p o r v i r. E n t r e a mudez e o inevitável estouro. Enquanto isso, sustentemos o equilíbrio impossível.










“A s c o i s a s n ã o q u e r e m m a i s s e r vistas por pessoas razoáveis”


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