Apicultura boletim de tendências OUTUBRO | 2013
Proteção contra o vento nos apiários como fator importante para produção de mel Dentre as variáveis que atuam sobre o arranjo de uma colmeia, pode-se destacar as internas (divisão de tarefas, produção de feromônios, manutenção do equilíbrio interno e hierarquia) e externas (radiação solar, precipitação, umidade relativa do ar e o vento). Ambas se relacionam de uma maneira contínua e devem ser analisadas pelo apicultor a todo instante. O vento, dentro do grupo das variáveis externas (abióticos), é o fator que mais oscila durante um mesmo dia ou semana, pois há, por inúmeras vezes, mudança de direção, velocidade e temperatura sobre as colmeias. Para que o apicultor obtenha maior produtividade e empreenda na atividade, especialmente em sistemas de produção sustentável, é fundamental o cuidado na escolha do local a ser instalado o apiário, seja ele fixo ou temporário (migratório), levando em consideração fatores como flora apícola, sombreamento, água, acesso, topografia e proteção contra o vento.
O vento pode ocasionar um resfriamento excessivo sobre as colmeias, esfriando as crias e todo o microclima do enxame. Além disso, fortes ventos modulam ou mesmo suprimem o voo em busca de fontes de alimentos e ressecam o néctar e derrubam as flores, fatores que limitam a produção em regiões de clima frio durante boa parte do ano. Ricardo Camargo e colaboradores (2002), autores do estudo “Produção de Mel”,
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Influência do vento na apicultura prejudicando atividades em certas regiões Temperaturas adequadas nas colmeias são consideradas ideais ao desenvolvimento das crias, por isso, é preciso observações e estudos sobre o clima da região onde se pretende instalar um apiário evitando que os enxames abandonem as colmeias em situações extremas.
34°C e 35°C é a temperatura que as abelhas procuram no interior das colmeias. Segundo Maria Pinheiro Fernandes Corrêa (2003), em seu estudo sobre “A Produção de Mel”.
Caso contrário: trabalho dobrado para as operárias Mudanças nesses valores acionam uma reação em cadeia nas operárias visando reestabelecer a temperatura de conforto térmico.
Cuide com o clima quente
Cuide com o clima frio e vento
Em regiões quentes, não deve haver exposição das colmeias diretas ao sol, deve-se analisar a necessidade de sombreamento das mesmas.
Apiários localizados em regiões descampadas e com incidência de vento resultam em um desgaste energético adicional para as operárias, dificultando seu voo em busca de alimento.
A percepção do vento pelas abelhas ocorre por meio de pelos localizados sobre a cabeça e os olhos. Maria Teresa do Rêgo Lopes (2006), em seu artigo “Manejo Produtivo das Colmeias”, avisa que essa característica altera instantaneamente seu modo de voo, pois para elas a ação do vento é tão prejudicial para o voo quanto a ação das chuvas.
Vento de 25 Km/h a 33 km/h Em casos de chuva e vento, as abelhas voam mais próximas ao solo e selecionam recursos florais mais próximos às colmeias.
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Resultam em uma diminuição de até 30% na atividade de voos das abelhas, prejudicando a atividade apícola nas regiões que apresentam estas condições por longos períodos no ano.
Utilização de quebra-vento cria uma zona de proteção para as abelhas Quebra-vento é uma barreira constituída de fileiras de árvores ou arbustos plantados em linhas e direção perpendicular ao vento dominante. Na cartilha intitulada “Quebra-ventos na Propriedade Agrícola”, de autoria de Francisco M. C. França (2010), a principal finalidade do quebra-vento é diminuir a velocidade do vento e assim criar uma zona de proteção e conforto às abelhas, conservando um ambiente tranquilo e seguro às colmeias, impedindo a ação de vento forte na hora que elas pousarão no alvado. A ação do quebra-vento sobre o ambiente pode ser dividida em três formas, conforme mostra Maria Luiza Franceschi Nicodemo (2006), autora do artigo “As árvores nos sistemas de produção agropecuários”:
1 Conserva a umidade do solo, através da diminuição das perdas da água.
2 Sombrea o apiário parcialmente e temporariamente.
3 Diminui a velocidade do vento.
Esquema de um quebra-vento Padrão. Fonte: Mascararó e Mascararó (2002) apud França (2010) Quebra-ventos na Propriedade Agrícola.
Espécies de árvores mais recomendadas que fazem uma boa proteção contra o vento Muitos fatores devem ser considerados na composição das espécies que farão a proteção do vento. É fundamental que se faça a avaliação quanto a adaptação da espécie às características dos locais, permitindo a correta aclimação da espécie desejada. O quadro a seguir apresenta algumas espécies recomendadas para formação de quebra-vento, inclusive com a possibilidade de utilização de madeira, em alguns casos. Espécie Porte Características
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Acácia spp.
Alto
Porte alto e permanente
Bambusa oldhami (bambu)
Alto
Flexibilidade e usos econômicos
Bixa orellana (urucu)
Baixo
Zonas Tropicais
Cajanus cajan (guandu)
Baixo
Quebra-ventos temporários
Casuarina SP.
Alto
Zonas costeiras
Eucalyptus spp.
Alto
Usos econômicos
Grevillea robusta (grevílea)
Alto
Zonas costeiras
Hibiscus l. (hibisco)
Médio
Crescimento rápido
Leucaena leucocephala (leucena)
Médio
Crescimento rápido
Mimosa caesalpiniaefolia (sábia)
Médio
Crescimento mediano
Musa sp. (bananeira)
Médio
Uso econômico
Pennicetum sp. (capim elefante)
Baixo
Uso econômico
Persea sp. (abacateiro)
Médio
Uso econômico
A proteção contra o vento é de fundamental importância para o seu apiário As colmeias instaladas em locais adequados para as abelhas são aquelas que apresentam maior produção. Dessa forma, a exploração da região para avaliar os requisitos para instalação do apiário é fundamental. Vento constante e rajadas fortes no apiário dificultam e muito o voo, a coleta de alimento e a regulação térmica das colmeias, além de dificultar a aproximação das campeiras ao alvado.
Melhores locais para a instalação de um apiário Fonte: Eva Crane (1980),
Locais protegidos por árvores maciças ou cercas vivas.
Cercado de arbustos de espécies melíferas e de diferentes portes.
Locais resguardados por encostas ou montanhas protegendo seu apiário.
Mesmo apicultores experientes devem testar novas áreas com a instalação de algumas colmeias, caso a safra atual não esteja satisfatória frente às médias regionais.
AÇÕES RECOMENDADAS
Após identificar a direção do vento predominante, recomenda-se, no mínimo, a construção de duas fileiras de plantas, pois caso algumas espécies morram, não haverá falhas na proteção e mantendo sua eficiência.
Estruture para que a altura do quebra-vento seja pelo menos duas a três vezes maior do que as caixas do apiário. Quanto ao cumprimento, recomenda-se que o quebra-vento possua no mínimo, 20 vezes a sua altura.
Busque informações quanto à relação custo/benefício da utilização de quebra-vento em sua região, recomendações de espécies para este fim, época de plantio e cuidados em seu desenvolvimento.
Apicultura boletim de tendências OUTUBRO | 2013
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