Sustentabilidade BOLETIM DE TENDÊNCIAS SETEMBRO | 2013
Gestão Sustentável dos Pequenos Negócios A sustentabilidade é um dos temas mais abordados entre os setores da economia, que buscam aliar seus atuais modelos de produção, gestão e desenvolvimento com a preservação de recursos naturais e sociais. Adaptar um pequeno negócio a um modelo de gestão sustentável é um desafio que tem sido discutido e estudado por diversos profissionais, desmistificando que sua implantação está ligada a altos investimentos.
Pequenos negócios e a necessidade de ferramentas de gestão
DEFINIÇÃO Entende-se por gestão sustentável, a empresa que visa controlar os impactos sociais e ambientais e reduzilos, incorporando esses valores de desenvolvimento sustentável ao seu quadro institucional, sua gestão administrativa e, também, a suas metas corporativas.
Uma empresa, ao incorporar práticas sustentáveis, aumenta sua competitividade e conquista novos clientes, por meio da:
REDUÇÃO DE CUSTOS OPERACIONAIS
DIMINUIÇÃO NA GERAÇÃO DE RESÍDUOS
ECONOMIA NO CONTROLE DA POLUIÇÃO
Em decorrência da legislação cada vez mais exigente, organizações devem se preocupar em implantar e demonstrar suas ações sustentáveis e seus planos de gestão, assim estará apta a atender com qualidade consumidores bem informados e seletivos, que tendem a adquirir preferencialmente produtos, marcas e serviços que tenham competitividade a partir de suas práticas sustentáveis.
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FERRAMENTAS PARA GESTÃO SUSTENTÁVEL Sistema de Gestão Ambiental (SGA) Conjunto de políticas, práticas e procedimentos dentro de uma empresa, tanto na área técnica quanto administrativa, o objetivo do SGA é de melhorar o desempenho no controle de impactos ambientais, de forma mensurável.
5 princípios O modelo é baseado em cinco princípios: 1. Definir uma política ambiental e se comprometer com ela; 2. Elaborar um plano de ação determinando prazos, responsáveis e metas mensuráveis; 3. O empresário deve assegurar as condições para o cumprimento do plano de ação proposto e implementar as ferramentas de sustentação necessárias; 4. Avaliar as ações constantemente, de forma qualitativa e quantitativa; esses indicadores darão subsídio às tomadas de decisão do plano de ação, caso necessário. 5. A Política Ambiental deve ser constantemente reavaliada e aperfeiçoada, visando à atualização dos objetivos e metas nas ações de melhoria contínua nas práticas sustentáveis.
Acompanhamento de resultados Um SGA bem elaborado permite, por meio de seus indicadores, demonstrar que a implementação de práticas sustentáveis foi alcançada. Isso, se houver uma atualização e implantação contínua, além de ações estruturadas e objetivas.
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Após sua implementação, seu processo é continuo, e possibilita o empresário identificar oportunidades de melhorias no processo produtivo que impactam no meio ambiente.
Fonte: Maria Elisabeth Pereira Kraemer (2002), integrante da equipe de ensino e avaliação na Pró-Reitoria de Ensino da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e doutoranda em Ciências Empresariais pela Universidade do Museu Social da Argentina
Produção Mais Limpa (P+L) Processo que busca o aumento no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração ou reciclagem dos resíduos gerados no processo produtivo. O P+L traz benefícios ao meio ambiente e economia aos processos, não apenas para a empresa, mas para toda região que ela abrange.
A prioridade da Produção Mais Limpa consiste em evitar a origem de resíduos sólidos e emissões atmosféricas (CO2, por exemplo). Os resíduos que não podem ser evitados, diante a aplicação de estratégias sustentáveis, devem ser reintegrados ao processo de produção da empresa. Na sua impossibilidade, medidas de reciclagem terceirizadas devem ser utilizadas.
Fonte: João Fernando Gomes de Oliveira e Salete Martins Alves (2007), autores do estudo “Adequação ambiental dos processos usinagem utilizando Produção Mais Limpa como estratégia de gestão ambiental”
Auditoria Ambiental É um instrumento que compreende uma avaliação de todas as medidas adotadas na gestão de sua política de sustentabilidade, facilitando o controle das práticas ambientais e avaliando a compatibilidade da política sustentável com as demais políticas da empresa.
Objetivos Detecta problemas vinculados a fontes de poluição, o uso de água e energia, e as medidas adotadas para sua economia, desenvolvimento de produtos ecoeficientes, logística de produtos controlados (risco ao meio ambiente), estações de tratamento de águas residuárias, reformas e manutenção das unidades físicas, panes, acidentes, saúde ocupacional e segurança no trabalho, dentre outras.
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As auditorias ambientais são classificadas em: • Conformidade: adequação às legislações ambientais; • Desempenho ambiental: avaliar o desempenho de indústrias (de todos os portes) com relação a demanda por recursos naturais e seu potencial poluidor; • Due diligence: averiguação da situação ambiental, seus passivos e documentação perante aos órgãos responsáveis; • Desperdícios e emissões: consiste em mensurar os impactos ambientais, visando otimizar os processos e o produto final; • Pós-acidente: sua função é indicar responsáveis quanto aos aspectos ambientais, econômicos e sociais, se houver. • Fornecedor: mensurar um fornecedor, ou cadeia de fornecedores perante aspectos ambientais, analisando toda a cadeia produtiva. • Sistema de gestão ambiental: avaliar o grau de conformidade com os requisitos ambientais, de acordo com as normas vigentes dos órgãos responsáveis, e também a política ambiental da empresa. Fonte: José Carlos Barbieri, autor do livro Gestão Ambiental Empresarial (2011)
Passivo Ambiental Corresponde ao investimento que uma empresa deve fazer para corrigir os impactos ambientais gerados por suas atividades. A Lei nº 6.938/81 é a que trata sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Quando ocorrer um dano ambiental, o causador é responsabilizado pelo ato, bastando existir uma relação entre causa e efeito para ser possível aplicação de passivo ambiental. Ou seja, todos aqueles que tenham sido prejudicados podem vir a ser ressarcidos pelos prejuízos sofridos e/ou danos causados à saúde. Além disso, o local danificado deve ser recuperado. Por isso, que a implementação de práticas de gestão sustentável, deve ocorrer sistematicamente. Assim, evita-se que acontecimentos resultantes de passivos ambientais, multas ou processos acarretam em danos à imagem e perda de mercado pela empresa.
Implementação de modelos de gestão Embora a obrigatoriedade na implementação de modelos de gestão sustentáveis ainda não esteja definida por lei no Brasil, há inúmeras vantagens em sua adoção.
Vantagens da adoção dos modelos de gestão a) Impedir a identificação de passivos ambientais existentes ou com potencial de contaminação; b) Minimizar conflitos com órgãos ambientais; c) Uniformização de práticas e procedimentos em todas as unidades operacionais da empresa; d) Redução de custos pelo controle de resíduos de matéria-prima e redução na utilização de água e energia elétrica; e) Melhor posicionamento estratégico da empresa em nichos de mercado com requisitos ambientais, agregando valor à marca. Fonte: Maria Suely Moreira (2005), autora do estudo “Estratégia e Implantação do Sistema de Gestão Ambiental”
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Para a adoção de modelos de gestão sustentável, o empresário de pequenos negócios deve conhecer os desafios ambientais de toda sua cadeia produtiva, procurando descobrir e investir em nichos de mercado que valorizem empresas com essa visão ecoeficiente.
Para facilitar a gestão sustentável • Alinhe a identidade e missão de sua empresa para uma postura sustentável; • Ofereça produtos que não impactem a natureza: tomando o cuidado de não prejudicar a aparência ou qualidade final do produto; • Economize. Não desperdice materiais e melhore o processo produtivo. O consumo elevado de energia e água devem ser otimizados com campanhas de conscientização e revisão de processos; • Reavalie a cadeia de produção: pequenas alterações impedem o desperdício de materiais e melhoram o resultado final; • Faça um plano de trabalho. Avalie todo o ciclo de vida do produto (fabricação, logística e consumidor final) e busque alternativas para torná-lo ambientalmente correto; • Certifique o produto: a certificação resulta em aumento da credibilidade e competitividade; • Ouça seus colaboradores: devido ao contato direto com os processos, preste atenção nas ideias de melhorias da sua equipe; • Procure parceiros e fornecedores ecossustentáveis; • Transparência no marketing. Divulgue as medidas sustentáveis que a empresa está executando. Fonte: Evelin Cristina Astolpho, consultora do Sebrae
AÇÕES RECOMENDADAS
Tornar-se um empresário que contribui para a sustentabilidade é algo contínuo, portanto: Gerencie os processos e se mantenha atualizado às mudanças de mercado - buscando informações em cartilhas, instruções normativas e alterações legislativas dos órgãos competentes, ou por meio dos relatórios de sustentabilidade do SIS/Sebrae; Caso seja necessário, contrate uma empresa especializada em gestão sustentável; A implantação de uma gestão sustentável deve possibilitar a utilização de resíduos gerados pela empresa. Uma ação a ser feita, por exemplo, é por meio de um processo de reciclagem externo; A obtenção de certificações de adequação ambiental e padrão de qualidade, como as normas ISO, por exemplo, são um símbolo de boa gestão e de responsabilidade socioambiental. Busque conhecer os critérios para obtê-las; Para se capacitar, o empreendedor de pequenos negócios pode buscar os cursos gratuitos de instituições, como o Sebrae.
Sustentabilidade BOLETIM DE TENDÊNCIAS SETEMBRO | 2013
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