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Dragão-de-komodo Tão assustador, mas tão frágil

Um mundo de contrariedades: tão fascinante e tão assustador, tão paciente e tão eficaz, tão perigoso sem produzir veneno, tão popular, mas a lutar pela sua sobrevivência. O Dragão-de-komodo, o maior lagarto do mundo, está ameaçado de extinção.

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No que toca a répteis, nem sempre se consegue obter informações precisas sobre a sua biologia, principalmente por serem espécies muito esquivas. No Jardim Zoológico, como embaixadores da espécie, vivem dois destes animais que são muito bem acompanhados pela zelosa equipa de técnicos. Telma Araújo, bióloga e curadora de Répteis e Aves no Jardim Zoológico, conta com três tratadores no Reptilário, que assumem esta missão entre tantas outras. Os Dragões-de-komodo, macho e fêmea, que chegaram ao Jardim Zoológico com pouco mais de um ano, nasceram no Zoo de Colchester, Reino Unido, uma das poucas instituições a conseguir o feito.

Pretende-se, com a presença destes Dragões-de-komodo, contribuir para a sobrevivência desta espécie de réptil. Estes animais, com membros e cauda robustos, que podem atingir três metros de comprimento e 150 kg de peso, estão vulneráveis à fragmentação do habitat e às alterações climáticas. Segundo explica Telma Araújo, esta é uma espécie endémica da Indonésia com uma ocorrência muito fragmentada. Se houver uma doença ou escassez de alimento, esta espécie pode deixar de existir por completo. Um dos principais objetivos dos zoos é serem “arcas” e garantirem populações de salvaguarda. Enquanto Telma partilha estas informações, os jovens Dragões-de-komodo passeiam-se tranquilos nas suas instalações exteriores, a aproveitar os raios de sol. A atividade começa agora a diminuir com as temperaturas mais baixas. No final do dia são recolhidos para a instalação interior, com tempe

ratura, humidade e luz adaptadas às suas necessidades. “Há uma grande diferença nas rotinas e necessidades conforme as estações do ano. No inverno, não hibernam, mas f icam menos ativos. A temperatura interna do corpo destes animais é aproximada à temperatura do ambiente, o que condiciona a atividade dos animais. O nível metabólico está mais baixo quando as temperaturas também o estão, e por isso, no inverno, dá- -se menos alimento e a digestão vai ser mais demorada.”

TODO O CUIDADO É POUCO Acompanhar o crescimento dos dois animais passa obrigatoriamente por ir adaptando as instalações às diferentes fases do seu crescimento. Durante o primeiro ano de vida, as pequenas crias são arborícolas, uma estratégia de sobrevivência a predadores muito eficaz.

| a saber |

Cuidar da espécie dentro e além fronteiras

O Jardim Zoológico participa no projeto de conservação in situ, do Dragão-de-komodo, na Indonésia. Este projeto, inclui trabalho de investigação sobre a biologia da espécie, monitorização das presas disponíveis, análise da sua distribuição, e sensibilização da população e instituições locais para a importância da conservação destes animais. Colabora desde 1998 com o Parque Nacional de Komodo, e desde 2005 com a Reserva Natural Wae Wuul, na ilha de Flores, na Indonésia. Nesta que é a maior ilha do arquipélago, e já fora dos limites do Parque Nacional de Komodo, tem-se registado uma diminuição da densidade populacional desta espécie. É na costa norte da ilha de Flores que podemos encontrar a maior e mais conhecida concentração de Dragões-de-komodo na Indonésia. Este é um dos poucos pontos que ainda mantem as suas características originais, o que lhe permite abrigar uma população destes animais geneticamente diversificada. A conservação dos Dragões-de-komodo requer uma abordagem multidisciplinar, implementada em colaboração com as autoridades governamentais e as comunidades locais. Entre as medidas adotadas estão a monitorização de indivíduos da espécie e das suas presas, monitorização e erradicação de ameaças, como cães vadios e espécies invasoras, e iniciativas de sensibilização das populações. O Dragão-de-komodo é uma “espécie guarda- -chuva”, ou seja, as medidas de conservação implementadas para a sua proteção, refletemse, de forma indireta, na conservação de outras espécies do mesmo habitat, e na conservação do próprio ecossistema

Flores

Estes animais, só existem em algumas ilhas da Indonésia e, por isso, os dois Dragões -dekomodo do Zoo têm um papel muito importante.

Atualmente, com quase seis anos, os Dragões-de-komodo que habitam no Zoo têm cerca de 1,5 metros e necessidades completamente diferentes. São animais com hábitos terrestes, razão pela qual a sua instalação foi revestida com vegetação, que cria conforto e permite-lhes esconderem-se dos visitantes.

Para que tudo resulte, tem de se pensar no equilíbrio da luz para as plantas e a sua rotação. Testar vários tipos de vegetação e equilibrar os acessos, ajuda a manter a segurança dos tratadores. Nunca houve sustos porque o Jardim Zoológico trabalha para que isso não aconteça. As regras são claras, e com estes animais há sempre duas pessoas, para garantir a manutenção dos padrões de segurança. No Jardim Zoológico, e já recolhidos na instalação interior, os animais escavam e escondem-se debaixo da plataforma para dormir. À semelhança do que acontece em habitat natural, gostam de estar dentro de água, razão pela qual existem dois lagos na instalação. No inverno gostam bastante de lá estar, altura em que gastam menos energia e a água lhes parece ficar mais morna. Essa imersão é fundamental pois ajuda na função excretora principalmente quando se alimentam de aves. As penas são desafiantes para digerir e a água morna ajuda nesse processo. No que toca à dieta, as presas devem acompanhar as necessidades alimentares de cada animal, conforme o seu peso e condições ambientais. Atualmente comem cerca de 1,7 Kg por semana dependendo do tipo de carne que é dada. Nos répteis, cada alimentação marca um ciclo que se inicia com a assimilação e digestão do alimento, depois a formação e excreção de urina e fezes, e por fim, a muda da pele que corresponde ao crescimento do animal. Só depois da muda, começa a estar recetivo a comer novamente, iniciando um novo ciclo. No caso dos lagartos, incluindo os Dragões-de-komodo, a muda da pele é parcial. Por isso é importante estarmos atentos para confirmar que o ciclo está completo.”

| a saber |

Paciente ou Venenoso ?

Não é venenoso, mas a sua mordida vem com mais de 50 estirpes diferentes de bactérias na saliva, causando uma infeção generalizada à presa, que acaba por morrer. Assim, o Dragão-de-komodo só tem de morder e perseguir a presa até que sucumba, e a possa finalmente comer.

kg

<150 kg

1

solitária < 26 Carnívora diurna

Educar

verbo transitivo 1. Dar educação a.2. Criar e adestrar (animais). 3. Cultivar (plantas).

verbo pronominal 4. Adquirir os dotes físicos, morais e intelectuais que dá a educação.

02

entre rugidos e piares

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