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opinião de mestre

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breves

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n o m e A n a D a n i e l a S o a r e s i d a d e 42 anos p r o f i s s ã o Jornalista c u r i o s i d a d e a u t o r a d o l i v r o “ C o b r a s , l a g a r t o s e b a r a t a s ; os melhores amigos do homem” a editar pela FFMS em Fevereiro de 2020

“Os animais fazem bem à nossa saúde, mas será que nós fazemos bem aos nossos animais de companhia?”

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COSTUMA ANDAR DE RODA DE TEMAS LITERÁRIOS, MAS FOI O SEU AGUÇADO ESPÍRITO DE CURIOSIDADE QUE LEVOU ANA DANIELA A INVESTIGAR UMA REALIDADE QUE POUCOS TÊM CONHECIMENTO. SABIA QUE HÁ QUEM TENHA A BARATA COMO ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? PASSAMOS A PALAVRA À JORNALISTA E AUTORA DE PROGRAMAS DE DIVULGAÇÃO LITERÁRIA COMO “TODAS AS PALAVRAS” (RTP3) E “À VOLTA DOS LIVROS (ANTENA 1)”.

“Cobra com 1,70m e 20 kg de peso encontrada em caixa abandonada em Cascais” Foi a leitura da notícia acima publicada em 2011 que me fez “mergulhar” no admirável mundo dos animais de estimação. A pitão albina descoberta na caixa abandonada em Cascais seria o animal de companhia de alguém que resolveu abandonar o animal à sua sorte. Apesar dos poucos acidentes documentados, se estiver com fome ou se se sentir ameaçada, esta cobra pode atacar um ser humano. Se conseguir sobreviver no estado selvagem poderá provocar uma enorme devastação nos ecossistemas causando um problema ambiental gravíssimo. Consideradas repelentes pela maior parte dos seres humanos, há cada vez mais pessoas a adotar serpentes como animais de estimação. É preo

cupante sabermos que, nos últimos dois anos, a maior parte dos animais encontrados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas abandonados ou detidos ilegalmente em casa das pessoas são cobras. E, por vezes, mais do que uma! Mas no que diz respeito a animais “estranhos” não ficamos por aqui. Em Portugal é legal ter como animais de companhia determinadas espécies exóticas como aranhas, escorpiões, lagartos, cobras, mamíferos como Suricatas ou Petauros-do-açúcar e até baratas de Madagáscar, baratas que podem atingir 10 cm de comprimento e que emitem um silvo quando assustadas. Comprar um animal, seja ele qual for, numa loja, na internet, diretamente ao criador ou noutro país é uma grande responsabilidade. Uma

responsabilidade no que diz respeito ao conhecimento sobre o animal, do que necessita para o seu bem-estar sem colocar em risco os nossos ecossistemas e a saúde pública (primatas, proibidos enquanto animal de companhia, apreendidos pelo ICNF estão frequentemente infetados com o vírus da SIDA ou Ébola) mas também é uma responsabilidade do ponto de vista legal (calcula-se que o tráfico de vida selvagem movimente cerca de 12 mil milhões de euros por ano e está normalmente ligado a outro tipo de crime como terrorismo). No caso de espécies exóticas é preciso ter a certeza de que é legal detê-las em Portugal e possuir toda a documentação obrigatória por lei. Há atualmente uma longa lista de espécies exóticas cujo comércio e detenção por particulares são proibidos e esta proibição prende-se não só com questões de segurança, mas sobretudo com o contexto alargado da proteção das espécies ameaçadas. Relativamente aos animais exóticos, Portugal tem um problema acrescido. O estado português não possui instalações próprias para receber os animais apreendidos pelo que é aos parques zoológicos que estes animais são entregues, dentro das suas limitações. Espaços que possuem o conhecimento não só para assegurar as condições de bem- -estar, mas também projetos de conservação e educação para os quais estas espécies podem dar um importante contributo. Os animais fazem bem à nossa saúde, mas será que nós fazemos bem aos nossos animais de companhia?

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