Mongolia, NotreGOlia
4 malucos 2 mustangs 1 grande destino
Uma edição
Esta viagem foi publicada na edição de Outono-Inverno 2014 da revista “TREVL de moto pelo mundo”
mongolia, notregolia À porta do Erdene Zuu Khiid, antes de partir para Norte atÊ ao lago Nuur.
Ulan Baatar 17.AGO.2014 0 0 0 0 0 kms Ogii Nuur 0 1 3 6 0 kms
Cheke Tours 29.AGO.2014 0 1 8 5 0 kms Bilge Khagan
Kharkhorin 0 1 3 0 0 kms
Erdene Zuu Khiid
Shankh Khiid
Olziit
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov Saikhan-Ovoo Ongiin Khiid 0 1 0 5 0 kms
Khuld
Mandal-Ovoo
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Bulgan
Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms
Balantalaj
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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Cuidado com as minas Ainda em Portugal, um lápis cansado repousava sobre o mapa aberto na mesa. Andara atarefado a lançar âncoras e desenhar rotas possíveis sobre as pistas e estradas que não teríamos a certeza de encontrar. O guia da Lonely Planet estava cravejado de notas e pequenos marcadores coloridos, cada um desenhando imagens fortes e expectativas que seriam desafiadas como todas as outras quando se conhece finalmente o destino, altura em que se desmontam as ideias feitas. Um aviso de nova mensagem no computador traz-me de volta à Terra: - “Vens à Mongólia? Que bom.” A nossa amiga Unu responde-nos desde Ulaan Baatar onde vive agora, depois de 12 anos a estudar em Portugal. É preciso conhecer a Unu para saber que está genuinamente feliz com a notícia e desejosa de nos receber. Sente-se a mesma energia e força que a levou
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a criar a Associação de Amizade Luso-Mongol nos últimos anos de faculdade em Portugal. Recordolhe as feições marcadas do povo mongol, onde o constante sorriso lhe acentua as bonitas maçãs do rosto que competem com os olhos rasgados na face branca. Preocupada, pergunta-me se estamos habituados a viajar de moto. Tranquilizo-a, dizendo que sim. - “É que, por causa das minas, os caminhos são traiçoeiros”, remata. Há uma pausa e, por momentos, paro a pensar quão experiente a viajar de moto se pode ser para saber o que fazer quando se passa por cima de uma mina anti-pessoal. Imagino a página do manual de condução offroad de moto dizendo algo como: “Depois de activar o engenho explosivo, saltar 30m para cima e espalhar-se 20m em todas as direcções. Travão traseiro indiferente e embraiagem opcional.”
- “Sim”, continua. “A exploração mineira estraga as estradas e caminhos”, esclarece melhor. Apercebe-se da confusão causada e soltamos gargalhadas virtuais. Terminamos a conversa porque são 7 horas de diferença e amanhã Unu vai trabalhar. Ela adormeceria, deixandome a mim a sonhar. Afasto tudo o que tapava o mapa sobre a mesa e reabro o guia, para folhear deambulando pelas maravilhas que encerra nas suas páginas
Uma moto é um elemento de paixão, e como todos os nossos amores, queremos sentir que são únicos, que mais ninguém tem um como o nosso. Aqui não. A pequena Mustang é montada por todos, não olhando a raça, credo, género ou quantidade. Aguenta com 2, 3 ou mesmo 4. Leva cabras, ovelhas e gers desmontados (tendas mongóis). Carrega água, mantimentos ou a família para ver os lutadores e cavalos no tradicional festival Nadaam. Escolher a moto que todos têm e usam tem a vantagem de se encontrar conhecimento mecânico e peças por toda a parte. A simplicidade do desenho torna qualquer intervenção intuitiva, directa e sem complicações. A qualidade de construção encarrega-se de que as intervenções aconteçam com muita frequência.
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Mustang Shineray Mustang 5 XY150
A pequena Mustang é montada por todos: não olha à raça, credo, género ou quantidade.
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“Carga nisso!” Os limites de carga estão condicionados à afinação manual da pré-carga da suspensão traseira nas suas duas molas. O principal receio partilhado por todos antes da viagem estava relacionado com a escolha das motos. Equacionámos levar 4, uma por pessoa, mas acabámos por levar apenas duas. A carga acaba por ser a dobrar em cada uma, mais o peso de dois em cima dela. Com uma distribuição de peso a castigar a traseiras, a direcção torna-se uma ilusão, algo etéreo que não está realmente lá. Nas subidas íngremes de terreno solto leva-nos para onde calha, imitando um monociclo e são muitos os momentos que descrevemos zig-zagues pela estepe, naqueles momentos em que só pensamos “É agora!” mas nunca chegando realmente a ser
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Agarra-te que é a descer As velocidades que um conjunto destes consegue são impressionantes. No máximo atinge os 70km/h mas a média ronda os 25-30. Um rendimento declarado de 3L/100km vai esmorecendo com cada kg que se coloca em cima. Os travões não funcionam mas não são precisos a estas velocidades. Apesar de equipadas com jantes de alumínio de 18’’, o piso dos pneus está adaptado à condução fora de pista e em terrenos duros. A posição de condução fora da estrada não convida a elevar-se em pé, mesmo em situações onde a dureza o exigiria. É frequente quem viaja mais tempo na Mongólia preferir comprar uma e vender os “restos” no final; nós decidimos alugar. No final de tudo, devolvemos as motos com o quadro soldado e remendado, a suspensão dianteira sem óleo e com um varão de aço helicoidal metido lá dentro, parafusos soltos nas peseiras que se preparam para desfazer a qualquer momento, dois furos remendados, um suporte de carga frontal soldado e uma corrente com menos um elo. A jante dianteira empenada já vinha assim desde o início
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A caminho de Mandal-Ovoo
”Ainda há espaço para gasolina?”
Em Ongiin Khiid
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Uma chinesa de feitio difícil Do preconceito com os produtos chineses resulta que ninguém se surpreende por termos tido algumas avarias. Carregávamos connosco 15kg de ferramentas já a contar com elas. Quando zarpámos de Ulaan Baatar em direcção a Sul, duvidámos da nossa escolha de motos. A direcção parecia não estar lá com tanto peso na traseira, a velocidade máxima não ultrapassava os 70km/h e ao fim do primeiro dia descobríamos que a média rondava os 25-30km/h. A roda da moto do João estava irregular e a 2ª não entrava quando era suposto. Mas ao 2º dia começou a fazer sentido ultrapssando os obstáculos, devagar mas sem complicações. Os pisos variam imenso, desde areia, pedra, gravilha, saibro e o ocasional alcatrão. Este último acaba por ser aquele onde este modelo não faz tanto sentido
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Quadro partido (João)
Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Ogii Nuur 0 1 3 6 0 kms Água na Gasolina (João) Kharkhorin 0 1 3 0 0 kms
Cheke Tours 0 1 8 5 0 kms Bilge Khagan
Erdene Zuu Khiid
Shankh Khiid
Olziit
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov Saikhan-Ovoo Ongiin Khiid 0 1 0 5 0 kms
Khuld
Mandal-Ovoo
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Corrente partida (Zé) Furo na roda traseira (Zé)
Bulgan
Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms
Furo na roda traseira (Zé)
Balantalaj
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
Suspensão frente (Zé); Suporte carga e pousa-pés (João)
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O quadro não é animador. Na verdade, está partido em 3 sítios. A pequena moto sucumbia assim a quase duas semanas de maus tratos, entre saltos, muita pedra e demasiado peso. A uns meros 100m atrás parávamos no cimo do monte, vencendo mais uma pendente conquistada a passo lento empurrados pelo fraco motor da chinesa Shineray 150. Lá de cima a vista chegava ao prometido Ogii Nuur, o pequeno lago 80km a norte da antiga capital do império mongol, Khar Khorim. Nas suas margens adivinham-se alguns gers, as tendas tradicionais da Mongólia. Mas lá não encontraríamos solução para o nosso mais recente problema. Este não fora o primeiro e os demais não haviam impedido de estarmos a viver uma das viagens mais entusiasmantes e plenas das nossas vidas. Agora, tínhamos de mais uma vez arranjar forma de nos desenrascar.
Avarias O pequeno-almoço da pequena Shineray naquela manhã em KharKhorim meteu água. Khar Khorim, Ganbaatar Guest House
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Filho de cirurgiĂŁo sabe nadar?
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Quadro partido No cimo daquela colina olhámos para um monte de pedras e perguntámo-nos porque teria pequenos bocados de tecido coloridos e algumas notas presas entre as pedras. A vista do lago Ogii lá em baixo desvia-nos a atenção. Havíamos acabado de ignorar a tradição: quando se encontra um ovoo deve completar-se 3 círculos em sua volta no sentido dos ponteiros do relógio. A crença é a de que o percurso desse viajante é abençoado. Sem essa benção não surpreende que tenhamos o partido o quadro da moto. Não nos permitimos dramatismos; as soluções apareceriam e podíamos contar com a bondade de quem quer que aparecesse. Pedimos boleia para as penduras num Toyota Prius que seguia na direcção do lago. Em situações normais, aquela estrada era violenta para um carro daqueles. Carregado com 7 sofreu muito, raspando-se nos altos e baixos da pista esburacada. Eu e o João ficáramos com as motos, uma carregada com o que a outra deixou de poder levar e a outra tão leve
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quanto possível, atada e apertada para não ceder mais. No acampamento o João lembra que “filho de cirurgião ortopedista sabe nadar” e desencanta uma fixação externa com um pedaço de aço helicoidal, preso com braçadeiras e corda de pêlo de camelo, não fôra estarmos na Mongólia. Mas por hoje, dentro das águas calmas do lago, nada mais havia a fazer senão traçar um plano para o dia seguinte: decidimos regressar à antiga capital Khar Khorim para encontrar um soldador, sozinhos e sem bagagem. No dia seguinte, Suvd receber-nos-ias de volta, encontrando alguém com o material e mestria para resolver o problema. A disponibilidade e vontade de ajudar volta a “atacar” e pudemos seguir caminho de volta até Ulan Baatar para devolver as motos, entre mais tropelias e pequenas histórias
A ferramenta ideal Com o avançar da viagem, começámos a aceitar as avarias como naturais, e aceitar que as falhas do material iam acontecer, mais tarde ou mais cedo. Ambos havíamos vindo preparados para lidar com as falhas mecânicas. O João confiava no embrulho que, por fora parecia um insuspeito saco da Leopoldina, mas no interior escondia uma mão-cheia de ferramentas, cada uma escolhida a dedo por quem sabe: ele. Já eu estou ciente que o primeiro passo para uma reparação bem-sucedida é um diagnóstico acertado. E eu sabia que, qualquer que fosse problema mecânico, não podia contar comigo e por isso trouxera a melhor das ferramentas: um João. Para ele estas viagens são uma forma de testar os seus limites de autonomia, a capacidade de lidar com tudo o que aconteça. Com o passar dos dias, brincávamos por sabermos que 2h é o tempo médio de reparação, indiferentes ao tipo de avaria ou problema. Em cada uma delas, encontrámos sempre ajuda mesmo quando a não pedimos. Em ambientes inóspitos, pelo rigor do clima e as vastas extensões desoladas, a entreajuda é uma característica essencial para a
sobrevivência dos mongóis. Por isso, perante os problemas que alguém tem no meio da estepe ou a sair do deserto, entregam-se de corpo e alma de forma natural e imediata, sem questionar ou esperar algo. As dunas de Khongor Els teimavam em não nos deixar partir para Norte. Começara por um furo na roda traseira percorridos 20kms desde o acampamento. Desmontada a roda percebemos que o remendo do dia anterior tinha sido feito com demasiado entusiasmo e a fraca qualidade da câmara-de-ar revelava-se hoje, rasgandose. Bem dizia a Cheke que devíamos levar uma 2ª câmara-de-ar, esta bem melhor e mais robusta. Pena ser de uma medida diferente, ligeiramente maior, tanto que a válvula nem cabia no buraco que lhe estava destinado na jante. Vale novamente o engenho dos mongóis. Com um pedaço de borracha remendam o rasgão e alargam a entrada da válvula. E assim, ficou até ao resto da viagem. Feitas as contas, com tanto peso em cada moto e com os caminhos pedregosos, 2 furos não foi nada mau
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Diferentes níveis de especialização aplicados à mecânica.
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O papel mágico
“Миний урд хөдөлгүүр нь эвдэрсэн байна, би үүнийг засах хэн нэгнийг олох хэрэгтэй.“ Transcrição do verso de recibo
A roda dianteira parecia ter sido marcada por uma matilha de cães. Em Yolyn Am, às portas do deserto, a minha suspensão estava seca. As corrugações e os muitos buracos e saltos haviam encomendado a alma dos retentores ao Criador e o óleo foi ficando pelo caminho. Diz-se que a melhor maneira de sobreviver ao piso corrugado é subir acima de uma determinada velocidade mas, quando não há motor, esse limiar não se atinge. Depois de dar cabo dos pulsos e antebraços, chegamos à pequena aldeia de Bayantalaj para procurar alguma ajuda mecânica. De uma UAZ soviética estacionada no pequeno café à entrada da aldeia sai um grupo de viajantes, guiados por uma mongol. Arriscando que nos entenderia em inglês, partilhamos com ela a esperança de encontrar quem nos consertasse as duas motos moribundas. Apontamos para a frente da moto para ilustrar o problema e ganhámos um escrito valioso num pedaço de papel.
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Aquele verso de recibo de mercearia, garatujado a lápis em palavras estranhas, passara a ser o nosso bem mais precioso. Mas, por alguma razão, aquele papel mágico fazia-nos saltitar de hasha em hasha, sem aparente sucesso. Em cada uma recebía-nos um abanar de cabeça. Restava-nos continuar a seguir os dedos apontados para outra e outra hasha. Finda a viagem pedimos a Unu que nos traduzisse o que estava manuscrito: “O meu motor da frente avariou e preciso de alguém para consertá-lo”. O esforço da guia havia sido de boa vontade, mas falhara o alvo. Agora fazia mais sentido por que razão não nos apontavam o especialista mecânico certo. E assim, que nem gafanhotos saltitantes, terminamos no quintal de uma família de 5. Por alguma dose improvável de optimismo acreditávamos que “Era aquela!“: não só consertaríamos a suspensão como também o suporte frontal de bagagem e as peseiras do João que se partiram. Do altos dos seu 1,90m, o nosso mecânico nunca hesitou enquanto dava
a volta a cada uma das motos. João acompanhava-o para apontar onde os problemas estavam. A suspensão parecia não ser a sua praia. Mete-se no jipe e regressa com o especialista da aldeia em “coisas-com-molas-enfiadas-emtubos”. Ambos sentam-se no chão para se entregarem o melhor que podem às suas missões: o gigante bondoso de volta da solda e o mais velho espreitando para dentro das suspensões desmanchadas à sua volta. Uma hora depois as motos estavam prontas a partir, soldadas, remendadas e abençoadas. Revolvemos os sacos para encontrar algo para oferecer às crianças e aos curandeiros de motos. Despedimonos, deixando nas mãos das mais pequenas da família os postais coloridos onde um elétrico 28 amarelo entra na Praça de Camões em Lisboa. Na mão do enorme mongol que abrira a sua casa aos nossos problemas víamos as latas de conserva portuguesas que trouxeramos da “Sol e Pesca”, com embalagens que são também elas postais ilustrados da nossa terra
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Uma chave no palheiro “Não vão já”, parecia insistir o deserto: “Fiquem mais um pouco”. Assim parecia, quando os 4 ali na beira da estrada de terra olhávamos para a corrente que agora se partira. Um longo rasto marcado na terra denunciava a roda que se bloqueara, com a corrente enrolada na engrenagem. João não se intimidara e percebera que ia dar uso ao elo extra que fazia de porta-chaves da sua moto. Apenas contando com a selecção de ferramentas que saltam de dentro da “Leopoldina” não nos íamos safar. Lá bem ao longe ouve-se uma moto. Aproxima-se o pastor que cuidava do rebanho de cabras e ovelhas a uns 4km de distância. Apontamos o problema e empenha-se activamente connosco a tentar repará-lo. Chegamos a um impasse por falta de material, e sem palavras discerníveis trocadas entre nós. Parte na sua moto e, quando pouco tempo depois regressa, traz consigo não só alguém à pendura na moto como um carro cheio de familiares. Parecem ter vindo como quem fora desafiado a ver algo para se entreter naquele fim de tarde. Para ajudar apenas traziam sorrisos. As ferramentas que o pastor fora buscar
saíam debaixo do seu deel: um martelo e um disco vermelho de ferro que funcionaria como bigorna. Como sou um inútil na mecânica, dou alguns passos atrás e admiro o quadro que ali se desenhava. Uma jovem mãe e duas filhas divertiam-se com o facto de estarem ali, a ver marido e pai a resolver um problema de uns desconhecidos. Pareciam-lhe estranhos, alienígenas com capacetes e fatos bizarros mas, por alguma razão misteriosa, em motos iguais às deles. De joelhos no chão, João e os dois pastores embrenham-se a descravar elos e devolver à moto a sua condição desejada: voltar a andar. Uma das miúdas tinha agora o capacete da Margarida a nadar na pequena cabeça. Rimo-nos com ela. - “Já está”, emerge o João de mãos sujas de óleo e sorriso na cara. “Vai dar uma volta com ela”, insiste. O que vejo não me descansa: uma corrente demasiado esticada com um elo a menos numa moto carregada em piso acidentado. Não havia muito a testar naquele curto espaço; a partir-se seria algures em parte incerta. Mas as opções não eram muitas e decidimos seguir caminho até Bultan.
Começávamos a despedir-nos, oferecendo as costumeiras conservas portuguesas com ilustrações e postais aos mais pequenos. Parecia contudo faltar algo: a chave da moto do João, cujo porta-chaves servira para se tirar partes do elo. O pastor aponta para o assento da minha moto, lembrando que a colocara aí. Em silêncio, concluímos todos o mesmo ao levantarmos a cabeça na direcção do percurso que eu acabara de fazer para testar o conserto: estava algures ali. Quem chegasse naquele momento ia coçar a cabeça e perguntar-se porque estaria aquele grupo invulgar de mongóis e estrangeiros dobrados a olhar para o chão, andando em círculos? O tempo passava e não se dava por encontrada a malvada da chave. Ergo-me e, por alguma razão, decido levar a mão ao bolso do casaco. Sinto um pequeno volume e, abrindo o fecho, divido-me entre a felicidade de encontrar a chave e o embaraço de ter estado comigo o tempo todo. Não tentámos explicar e limitámonos a agradecer ao grupo de busca.
Quando se partilha muitas horas da nossa vida com a moto, ela torna-se mais do que um meio de transporte
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1 Acampamento 0 1 6 0 0 kms
7 Ogii Nuur (ger) 0 1 3 6 0 kms
8 Ulan Baatar (Quarto e Hotel) 0 0 0 0 0 kms
Cheke Tours 0 1 8 5 0 kms Bilge Khagan
6 Kharkhorin (ger) 0 1 3 0 0 kms
Erdene Zuu Khiid
Shankh Khiid
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Olziit Arvaikheer
Acampamento 0 1 1 7 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov Saikhan-Ovoo 5
Ongiin Khiid (ger) 0 1 0 5 0 kms
2 Gobi Sands Hotel ($40 por noite) Depois de 3 dias a acampar optámos pelo banho e conforto do Hotel. Este era limpo e moderno com quartos espaçosos e muita luz natural. O 7º e último oferece as vistas sobre a cidade e cervejas mongóis.
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Mandal-Ovoo
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Acampamento 0 0 8 0 0 kms
Bulgan
4 Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
3 Gobi Discovery Ger Camp ($30 por pessoa e noite) Os gers têm vista para as dunas de Khongor. Jantámos no restaurante no edifício principal. Escolhemos o ger que quisemos,
3 Kongor Els (ger) 0 0 7 6 0 kms
Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Yolin-Am
1 Khongor Guest House ($18 por noite) A GH é simples com pequenos quartos privativos e alguns dormitórios partilhados um pouco maiores. Existe uma área comum onde se pode relaxar e cozinhar. Nós dois (o João e a Margarida apenas chegaram no dia seguinte) ficámos num mini-apartamento noutro edifício, por não haver vagas no edifício principal (história nas páginas seguintes).
Dalandzadgad (Hotel) 2 0 0 5 5 0 kms
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praticamente sozinhos no acampamento. Na manhã seguinte, alugámos os serviços da Mamo e do seu irmão mais novo para nos levarem de camelo até às dunas. 4 Bayanzag Tourist Camp ($7 por cama em ger) É uma das opções mais antigas e baratas em Bayan Zag, com duche disponível. Uma das características mais evidentes são as esculturas algo “kitsch” de uma tartaruga gigante e outros animais. Aqui conhecemos o simpático Ganbaatar. 5 Secret of Ongi Tourist Camp ($40 por pessoa e noite) O mais caro dos acampamentos de gers que usámos, depois de alguma confusão na escolha entre este e mais modesto e vizinho o Ongiin Khiid GH. Acabou por ser determinante na escolha o facto de já não termos moeda local e este ser o único com terminal para cartões de crédito.
6 Family Guesthouse Gers ($12 por pessoa e noite) A GH do Ganbaatar e da Suvd é um local simpático, mesmo com os cães a ladrar nas hashas vizinhas (cheguei a usar o capacete de madrugada para deixar de ouvir o cão, com resultados surpreendentemente eficazes). As pequenas miúdas espalharam boa disposição, enquanto uns amigos tentam perceber o que se passa com a moto do João que não quer arrancar de manhã. 7 Khatan Ogii ger camp ($15 por ger) A escolha aqui foi simples. Não havendo muitos, este era o mais perto do local da avaria. A proximidade
do lago na margem Sul deu direito a banhoca no lago. Na manhã seguinte, partimos rumo a norte debaixo de fortes ventos e uma tempestade. 8 Ulaanbaatar Hotel ($110 por quarto) Apesar de algo caro e apenas haver o quarto “Lux” a “Velha Senhora” de UB nascida em 1961 era a escolha dos altos dignatários soviéticos. Ao andar nos seus corredores, sente-se a época de Khrushchev com tectos altos, candelabros e lustres pesados e um exagero de mármore na escadaria central. Os quartos eram gigantescos, mais ou menos do tamanho do preço (auch...).
Toca a dormir No campo aberto, vemos os rebanhos de ovelhas, cabras, cavalos e camelos. Fazem-nos companhia à noite, ouvindo os relinchares enquanto sentados fora da tenda lhes imaginamos as formas nobres. A paisagem despida e plana não nos protege do frio que a noite traz, fazendo duvidar do calor que o Sol durante o dia nos fez sentir. Uma das noites a tempestade fustiganos a pequena tenda, ameaçando com a chuva. Ao longe ouve-se uma moto que se parece aproximar. Largos minutos Algures no caminho para Mandalgov
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passam antes de confirmarmos que temos uma visita. O pastor vizinho preocupa-se e oferece-nos a tenda caso nos vejamos num aperto. Numa tenda desenhada para três cabemos quatro aconchgeados e assim poupa-se montar e desmontar a segunda tenda, que acabou por ser peso morto toda a viagem. Embalados pelo silêncio rapidamente adormecemos, exaustos pela dureza das estradas e a intensidade das paisagens
Um apartamento em Ulan Baatar Finalmente aterramos em Ulaan Baatar, a cidade do “Herói Vermelho”. Chegar a um novo país descendo as escadas do avião para percorrer a pé a pista até ao modesto edifício tem uma magia especial, algo que se perdeu nos mais modernos e esterilizados aeroportos do Mundo. Tudo tem uma escala humana aqui, desde os dois únicos seguranças que nos devolvem os passaportes e um sorriso até ao pequeno tapete rolante onde as malas se juntam a nós. Os vistos, esses já não são precisos para portugueses. Mas o mais humano é porventura ser recebido por amigos que nos dão as boas vindas à sua cidade e país. Hoje, Unu e Tulga reservaram a noite para nos fazer sentir bem-vindos na cidade que cresce em todas as direcções onde vive ¾ da população. O caminho curto que liga o aeroporto ao centro demora a ser feito nas muitas obras que vão empurrando os limites da cidade de 2 milhões cada vez mais para lá. Combinamos que saíriamos à noite para ver o memorial aos combatentes da grande guerra, localizado no cimo da serra a Sul de UB. Primeiro um banho e
largar as nossas malas na Khongor Guest House.
Toroo
Dormir numa capital cosmopolita por $10 é possível, mesmo fora de Marrocos. Conforta-nos o guia descrevendo a Khongor Guest House como “Popular” e “Recommended”. A localização na movimentada e bem central Avenida da Paz também faria crer que seria uma boa opção. Procuramos a entrada na frente do edíficio, apenas para encontrar um sinal que aponta para a lateral primeiro e aí aponta para as traseiras. Nas costas do prédio de 4 pisos levantados nos tempos soviéticos existe uma porta de acesso, escondida pela vedação. O portão velho e desengonçado roda preguiçoso sobre os gonzos enferrujados. Sentada na soleira da porta, Degi, uma mongol dos seus 50 anos reconhece-nos o ar forasteiro e sobe as escadas para chamar Toroo, o dono da Guest House. Ele traz consigo um cigarro enrolado à mão e fumado pelo canto da boca. Às feições mongóis soma uma face de pele castigada, a qual não é estranha ao Sol
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duro da Mongólia, enegrecida nas muitas viagens que organiza pelo País levando turistas pelas estepes e deserto. Veste umas calças de fato coçadas e uma Tshirt manchada mas lavada. - “O vosso quarto não fica aqui”, esclarece apontando para o quarteirão ao lado, por detrás do famoso Department Store da cidade. Desencanta alguém para nos mostrar o caminho, seguindo-o no nosso carro por ruas estreitas e tortuosas para fazer um trajecto rápido de fazer a pé mas penoso de carro.
Por este andar...
O nosso “guia” imobiliza-se junto a um bloco de apartamentos maltratado durante 40 anos e sai para mostrar a entrada. Aos 5 andares acede-se atravessando uma porta de ferro com um teclado gasto do uso onde mal se adivinham os números. Ensinam-nos o código de 4 dígitos e entramos depois de ensaiarmos nós mesmos. Subindo as escadas escuras e de degraus incertos chega-se ao 2º piso, onde por trás da porta blindada se entra na pequena casa.
O pequeno apartamento cumpre os serviços mínimos.
O mesmo não se pode dizer do Ulaanbaatar Hotel, velha glória dos Soviets na capital Mongol.
As linhas são bastante humildes, e um linóleo irregular cobre desde a pequena casa-de-banho até ao quarto. Fica a sensação de que ali vive uma família mongol, expulsa por naquela noite Toroo ter precisado de um quarto que prometeu mas não teria disponível na Guest House. A maior parede da sala é coberta com um tapete a todo o tamanho e lá bem em cima, a 2m de altura, pendura-se uma única foto antiga que em cores sépia mostra uma mãe à direita e dois pequenos filhos a seu lado. As feições marcadas denunciam-lhes as raízes mongóis. Todos os demais quadros são impessoais, com naturezas mortas e também estão pendurados àquela altura invulgar, bem acima da altura média do mongol comum. Terá tido a mão de um estilista escandinavo erradicado em UB? A canalização e instalações eléctricas correm por fora das paredes. O fogão da cozinha é eléctrico com uma única resistência junto a uma tomada chamuscada. Sobre o frigorífico
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colocam um vaso branco pintado com dois lutadores numa cena do popular festival Naadam realizado no Verão, o qual perderamos por alguns dias. A cama é sempre aquele elemento que mais esquisitos somos e esta aparenta ter sido usada mas não necessariamente mudada. Uma pequena arrecadação escondida por uma cortina revela uma tábua de passar a ferro, uma máquina de lavar antiga e um micro-ondas: Havíamos descoberto a arrumação de coisas velhas da Khongor Guest House. Reajustamos as expectativas e largamos as malas no chão da sala. Na cara de Unu é visível a surpresa pela opção que tomáramos para ficar em UB. Educadamente, Tulga pergunta-nos quanto pagámos. A resposta valeu um acenar da cabeça como quem diz “pois, faz sentido...”. Lá fora, pela janela vê-se um pequeno parque em redor do qual os blocos de apartamentos de organizam. Alguém faz exercício correndo à volta deste, o que seria normal não fora estar descalço.
Aquele apartamento pequeno transportou-me até à minha infância em cada tropeção no chão irregular, no delicado fio de água que corre da torneira. Os dois, agora sozinhos, entreolhamo-nos com aquela cumplicidade de quem se conhece há muito tempo e aceita o que nos calhara: “Bem-vindos à Mongólia.” Apesar da modernidade que UB apresenta na suas ruas, lembra Portugal na forma como encontra forças no passado e na história de um império maior que as fronteiras do seu actual território. Quando regressámos alguém perguntava-me: “A Mongólia, isso não é chinês?”, confusão natural dado existir uma província chinesa chamada Mongólia Inferior. Na realidade foi a China que já foi mongol, tendo Pequim surgido por ordem de Kublai Khan no séc. XIII para ser Khanbaliq a capital do império
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Numa tenda de 3 caberão 4? Saímos de hasha da Cheke em Ulan Baatar com 2 tendas. Já eram muitos itens que disputavam o pouco espaço de arrumação. Logo na primeira noite decidimos dar-lhes uso. Desdobramos a primeira, cuja etiqueta diz ser para 3. Estendemo-la e torna-se evidente que 4 portugueses com a nossa estatura - e com alguma preguiça no final de dia - cabem ali perfeitamente. E assim foi. Aprendemos a desculpar-nos as frequentes cotoveladas e a fazer vista grossa às meias que passaram o dia dentro das botas. Numa das noites escuras, ensaiamos a escrita no ar, brincando com exposições elevadas em tripés improvisados sobre a moto. Não saíu perfeito, mas deu para rir
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Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
O João e a Margarida quase nem pousaram. O avião chegou durante a manhã e nem dormiram em UB: montámos tudo em cima das motos e rumámos a Sul.
Aqui descobríamos que numa tenda de 3 cabem 4. Tomámos consciência que carregaríamos o resto da viagem uma tenda adicional que não utilizaríamos. E assim seria.
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov Em Mandalgov há um hotel. E conhecemo-lo por dentro. Entrámos no lobby perto da hora de almoço. Pagámos a diária mas não passámos lá a noite. Foi difícil explicar por
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
gestos à indolente e pachorrenta recepcionista do hotel deserto que apenas precisávamos de toalhas para tomar banho e seguiríamos caminho depois.
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
O caminho até Dalanzadgad, a norte de Yolin Am, é feito num sobe e desce de barricadas de terra que marcam o fim e reinício do pavimento na estrada para Sul. São precisos 3 dias para cobrir uma
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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distância de 500km, ao ritmo que as motos permitem e o terreno deixa. Duas noites em tenda, com um aluguer de quarto a meio do dia pelo caminho em Mandalgov apenas para tomar banho e seguir caminho.
Rumo ao Sul Uma das muitas barreiras ao longo da Ăşnica estrada em obras rumo ao Sul.
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Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Avaria
Acampamento Balantalaj Yolin-Am 0 0 6 6 0 kms Um troço pleno de emoções fortes, pistas ao longo dos vales verdejantes da serra de Gurvan
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms Saikhan, avarias e reparações, pistas em leito de rio seco e muita corrugação.
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Gurvan Saikhan No resto do ano, uma enorme mancha de gelo cobre todo o vale, desafiando a ideia de que no Deserto não há espaço para água, muito menos congelada. O passeio a cavalo não nos nega a calma suficiente para nos deixarmos envolver, cada vez mais à medida que as paredes se começam a erguer mais e mais.
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Entregar a goPro para as mãos dos miúdos resulta frequentemente em fotografias engraçadas, com expressões espontâneas.
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Saindo de Dalanzadgad em direcção a Yolin Am; a estrada, essa terminaria já à frente.
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A comida nĂŁo variava muito, sempre Ă volta de um tema forte: o borrego. Este prato foi na aldeia de Balantalaj, com uns belos buzz e legumes.
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Ă€ entrada do Parque de Yolin Am, a tentar perceber a melhor maneira de apontar a Norte.
Aldeia de Balantalaj, onde reparĂĄmos as motos e comemos algo.
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Depois de Yoilin Am, a pista transforma-se num leito de rio seco, de gravilha e seixo, durante muitos kms.
Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Marco Polo temia-o Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms Passeio de camelo Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Avaria
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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Dizia-se que o Deserto do Gobi era o lar de seres malignos. Que o vento nas dunas arenosas eram os seus cânticos. Ouviam-se vozes, instrumentos e até armas em combate. Muito do que Marco contava sofria do “síndrome de pescador” e alguma tendência para o dramatismo empolava o que encontrara no seu caminho para o domínio do Fantástico. E era isso que agarrava Kublai Khan às suas histórias. Através delas o guerreiro aspirava conhecer o seu vasto império, impossível de o percorrer todo em vida. Assim é a história como Ítalo Calvino a imaginou no seu fabuloso livro “As Cidades Invisíveis”. Ainda hoje o Gobi inspira respeito. Enquanto desligamos as motos e ficamos a ver as dunas que começam em Khongorin Els para não mais acabarem. Chamam-lhe as “Dunas Cantantes” porque o vento nos prega partidas. Os camelos completam o quadro e só aquelas motos vermelha e azul parecem fora de sítio. Agarramos as garrafas de água com demasiada força pois ali são o nosso bem mais precioso.
Gobi Mongólia 43ºN 102ºE (1.295.000km2)
Khongor Els Uma cáfila foge ao som do motor da nossa moto a aproximar-se. Ao fundo a tempestade ameaça, mas não entrega.
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“Mesmo à luz do dia os homens ouviam as vozes de espíritos, e parecem ouvir-se instrumentos, tambores e o tinir de armas. Por esta razão durante a travessia do deserto de Gobi os viajantes mantém-se sempre juntos. Antes de adormecerem, fixam um sinal apontando a direcção na qual viajam e penduram pequenos chocalhos nos pescoços das bestas de carga, para evitar perderem-se e saírem do caminho correcto.” “Viagens”, Marco Polo
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Há sempre tempo para a moda e para o estilo. Sentir-se bonita é importante.
A caminho do pequeno restaurante do outro lado do vale para encontrar uma câmara de ar ou reparar a que se furou primeiro e agora estava rasgada. João regressaria com um remendo feito na carrinha de uns guias.
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Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Acampamento 0 0 8 0 0 kms Kongor Els 0 0 7 6 0 kms Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Avaria
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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Do lado de lá de Gurvan No resto do ano, uma enorme mancha de gelo cobre todo o vale, desafiando a ideia de que no Deserto não há espaço para água, muito menos congelada. O passeio a cavalo não nos nega a calma suficiente para nos deixarmos envolver, cada vez mais à medida que as paredes se começam a erguer mais e mais.
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Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Acampamento 0 0 8 0 0 kms
Bulgan
Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Avaria
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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Bayan Zaag O desfiladeiro de Bayan Zaag (Arbusto Ardente) revela as suas melhores cores no pĂ´r-do-sol.
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Conhecemos Ganbaatar, um guia mongol sorridente e partilhamos com ele a alegria de ver a sua Guest House familiar em Kharkhorim inscrita e recomendada como a melhor pelo guia Lonely Planet.
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Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov
Ongiin Khiid 0 1 0 5 0 kms
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Mandal-Ovoo
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Acampamento 0 0 8 0 0 kms
Bulgan
Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Avaria
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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Ogiin Khiid O velho monge budista tem a chave da única construção que não é ruína em Ogiin Khiid. Regressa para a sua tenda após tocar uma oração usando um instrumento rudimentar de molas metálicas preso entre os dentes.
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Entrada para os acampamentos de gers em Ongiin khiid
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A aldeia de Mandal-ovoo com paragem para comprar água e alguma comida.
À saída de Bayan Zaag apanhamos bastante areia e algumas dunas para a foto.
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As ruĂnas do templo de Ongiin
Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Kharkhorin 0 1 3 0 0 kms
Erdene Zuu Khiid
Shankh Khiid
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Olziit Arvaikheer
Acampamento 0 1 1 7 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov Saikhan-Ovoo Ongiin Khiid 0 1 0 5 0 kms
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Mandal-Ovoo
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Acampamento 0 0 8 0 0 kms
Bulgan
Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Avaria
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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Kharkhorin & övörkhangai No resto do ano, uma enorme mancha de gelo cobre todo o vale, desafiando a ideia de que no Deserto não há espaço para água, muito menos congelada. O passeio a cavalo não nos nega a calma suficiente para nos deixarmos envolver, cada vez mais à medida que as paredes se começam a erguer mais e mais.
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Tomar “brunch” em Olziit, antes de entrar no vale surpreendente.
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O desafio era simples: nós de moto e o jovem mongol a cavalo do seu Takhi. Perdemos a disputa; ganhámos o espectáculo com lugares de primeira linha.
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Atravessar um ribeiro? Check!
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Uma visita ao pequeno templo de Shankh (Shankh khiid)
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Uma visita ao grande complexo de templos em Kharkhorin: Erdene Zhuu
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Na Gaanbaatar Guest House, Suvd e as suas filhas recebem-nos em Kharkhorin.
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Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms Ogii Nuur 0 1 3 6 0 kms Bilge Khagan Kharkhorin 0 1 3 0 0 kms
Erdene Zuu Khiid
Shankh Khiid
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Olziit Arvaikheer
Acampamento 0 1 1 7 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov Saikhan-Ovoo Ongiin Khiid 0 1 0 5 0 kms
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Mandal-Ovoo
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Acampamento 0 0 8 0 0 kms
Bulgan
Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Avaria
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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Ogii Nuur O lago de Oggi dá o nome ao acampamento de gers junto à linha de água.
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Apanhar pulgas a fazer de Bom Samaritano no cĂŁo de guarda no acampamento em Ogii Nuur.
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Uma das tendas no acampamento é um “tipi” como os dos índios nativos-americanos; Pensámos então que seria uma parolice de algum americano. Chegados a Portugal aprendemos que é de facto uma tenda típica usada pelos mongóis que habitam as montanhas a norte... Ficou claro quem foram os parolos nesta história.
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Ulan Baatar 0 0 0 0 0 kms
Acampamento 0 1 6 0 0 kms
Ogii Nuur 0 1 3 6 0 kms
Cheke Tours 0 1 8 5 0 kms Bilge Khagan
Kharkhorin 0 1 3 0 0 kms
Erdene Zuu Khiid
Shankh Khiid
Acampamento 0 0 1 5 0 kms
Olziit Arvaikheer
Acampamento 0 1 1 7 0 kms
Baga Gazarin Chuluu
Mandalgov Saikhan-Ovoo Ongiin Khiid 0 1 0 5 0 kms
Khuld
Acampamento 0 0 4 0 0 kms
Mandal-Ovoo
Ulaan Savarga Tsogt-Ovoo
Acampamento 0 0 8 0 0 kms
Bulgan
Bayan Zaag 0 0 9 0 0 kms
Kongor Els 0 0 7 6 0 kms Acampamento Balantalaj 0 0 6 6 0 kms
Avaria
Yolin-Am
Dalandzadgad 0 0 5 5 0 kms
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O Regresso a Ulan Baatar A moderna e cosmopolita Ulan Baatar fecha a viagem, entre lojas e mercados de rua, edifĂcios modernos e cortes de cabelo. Reecnontramos os amigos Unu e Tulga para um jantar.
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Não nos poupámos ao escolher o Hotel UB, estrela de luxo da era soviética, para terminar a viagem e lavar a poeira toda.
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129 mongolia‘14
São muitas as obras de construção de estradas na Capital e esta ligação-atalho para devolver as motos na Cheke Tours revelou-se poeirenta e agressiva.
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Desde o lago de Ogii foram muitos os kms até UB, monótonos e sem pontos dignos de nota. O que até conviu, dado que o quadro soldado da moto podia não estar à altura de terrenos mais desafiantes.
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Uma edição