Jornal Corrida ed. 13

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CORRIDA WWW.JORNALCORRIDA.COM.BR / NÚMERO 13

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DICAS PARA EVOLUIR DA CAMINHADA PARA A CORRIDA

MINIMALISTAS

Calçados com design e tecnologia inspirados no movimento natural dos pés invadem as prateleiras

ANSIEDADE

Como evitar que essa inimiga sabote sua dieta

ULTRADESAFIO

Carlos Dias, o super-humano que percorreu mais 2.800 km em prol das crianças com câncer

EVENTOS - COMPRAS - TREINAMENTO - GENTE - SAÚDE - NUTRIÇÃO


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EDITORIAL A minha maratona! A ideia de fazer uma publicação de distribuição gratuita sobre corrida de rua nasceu em junho de 2005. Numa viagem à França, recebi gratuitamente o exemplar de uma publicação chamada “Running”. Até então, eu acumulava 20 anos de vivência esportiva, seis anos de corrida de rua (com vários 5 e 10 km e uma meia maratona no currículo) e tinha 11 anos de experiência no mercado editorial e um projeto de vida que alimentava desde os 15: ajudar o maior número de pessoas possível a melhorar sua qualidade de vida, incentivando-as a praticar esportes. Quando lancei a primeira edição do Jornal Corrida, em setembro de 2009, vi esse projeto se concretizar. Mas, assim como na vida de todo corredor existem as lesões, a rotina de um empreendedor em nosso país também é cheia de imprevistos. E foram alguns deles que fizeram o Jornal Corrida deixar de circular em 2011. Optamos pela comunicação online e aos poucos fomos ganhando público no site e amigos pelas redes sociais. Temos hoje fiéis 180 mil leitores que acessam nosso site todo mês. E foi esse contato diário com tantos Eduardos, Amâncios, Fernandas, Valérias, Vagners, Christinas, Deises, Lucias, Thiagos, Alexes, Antonios, Marlas, Márcias, Marcelos, Bias, Joões, Claudias, Andreas, Marias, Paulos, Marcos, Carlos (e tantos outros) que nos fez seguir nessa maratona com objetivo de produzir uma publicação gratuita. Compartilhamos lesões e conquistas por 4 anos seguindo em frente, cada qual com sua meta. E hoje estamos aqui, cruzando mais uma linha de chegada: entregando novamente o Jornal Corrida de graça, nas mãos de 20 mil corredores brasileiros. Graças aos posts, curtições, emails e compartilhamentos de cada um vocês podemos continuar a missão de levar saúde e informação a todos quanto pudermos, por meio do incentivo à prática de corrida de rua. Nos últimos metros desse percurso só me resta dizer uma frase: MUITA OBRIGADA! Roberta Palma O Jornal Corrida é produto da Play Sports&Content Diretora-geral e Publisher Roberta Palma roberta.palma@jornalcorrida.com.br Redação Monica Oliveira redacao@jornalcorrida.com.br Fernanda Alves fernanda.alves@jornalcorrida.com.br www.twitter.com/jornalcorrida

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EVENTOS

balada saudável Elas vieram para ficar. As provas noturnas estão cada vez mais presentes no calendário de corridas de rua. Oferecendo um mix de esporte, diversão e balada conseguem atrair sempre muitos inscritos. A paulistana Alessandra Mirra estreou na noite na Run The Night, em agosto, mas já coloca esse tipo de evento entre suas preferências. “Pena que ainda são poucas”, lamenta. “As empresas organizadoras deveriam investir nesse tipo de prova; o clima mais ameno, sem sol, ajuda a melhorar nosso rendimento; além disso a música, as luzes, tudo isso dá um gás mais.” No primeiro semestre, só a capital paulista teve mais de quatro provas noturnas. Marcelo Soares, corredor desde 2010, participou da Energizer Night Race, realizada na USP, em maio. “Corri em outras anteriormente. Numa prova noturna o legal é o ambiente, e esse percurso na USP é bom, é conhecido, mas a noite fica diferente”, diz. Renato Spakauskas, outro paulistano que incluiu as competições noturnas na sua programação, ressalta um ponto negativo dessas provas: “a dificuldade de enxergar obstáculos e as imperfeições do asfalto”. Até dezembro, mais de uma dezena de provas noturnas serão realizadas em todo o país.Confira algumas sugestões:

Brasília

Track&Field Night Run Series – 21 de setembro Informações e inscrições no link bit.ly/17YiTFN

São Paulo

Fila Night Race – 28 de setembro Informações e inscrições no link bit.ly/15bSZlO Rolling Stone Music Run – 12 de outubro Percurso inédito no Minhocão Informações e inscrições no link bit.ly/15bSbxk

Recife

Recife Night Run – 23 de novembro Informações e inscrições no link bit.ly/1aIbcIH

www.jornalcorrida.com.br acesse a programação mensal no link bit.ly/16IGiMn inscrições nas principais provas nacionais, clique em bit.ly/13QDdeV

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crédito imagem: divulgação/Energizer Night Race

provas noturnas

A CORRIDA MUDOU MINHA VIDA! Correr é bom para a saúde e pode mudar a sua vida como mudou a minha. Quem pode andar, pode correr. É só uma questão de treino e, sobretudo, vontade. Toda pessoa que não tem costume de correr diz que não o faz porque cansa logo. É óbvio. Quem não é treinado, independente da idade, cansa com qualquer corridinha de 50 metros. O que faz a diferença é o treino. Há alguns anos, eu costumava me reunir com meus amigos para “jogar conversa fora”, beber e comer. Era muito bom! Atualmente eu continuo me reunindo com meus amigos, só que é às 5h30 da manhã, para treinar corrida. É muito melhor! Minha vida mudou radicalmente. Antes meu peso corporal era acima dos três dígitos. Hoje é menos de 80 kg. Meus índices de colesterol, triglicérides, glicemia, ácido úrico eram altíssimos. Atualmente são normais. Não há dúvida que tem uma grande diferença, mas o que aconteceu foi que “troquei o vício da bebida, pelo prazer da corrida”. Uma troca excepcional. Comecei a correr após completar 65 anos de idade. Quatro anos depois, o que parecia impossível se tornou realidade e me tornei um atleta amador, já participei de 46 provas oficiais, sendo uma de 25 km, três meias maratonas, a São Silvestre e as demais de menores percursos (5, 6, 7, 8, 10 e 15 km). Sempre procuro transmitir meu exemplo para os mais jovens porque acredito que faz sentido. Corrida é o esporte que mais tem crescido no país. Correr é simples, barato e pode ser praticado por qualquer pessoa. É a ciência que diz: a pessoa dorme melhor, perde peso, afasta as doenças e fica mais esperta. Então, o que você está esperando? José Amâncio Neto, 69, começou a correr em 2009. É baiano, bancário aposentado e blogueiro (corredordaterceiraidade.blogspot. com). Tem um blog no site Jornal Corrida. www.jornalcorrida.com.br acesse o link e acompanhe o José Amâncio bit.ly/19EZ3kP


MOCHILA

PROGRAME-SE

TREINO MONITORADO

INDEPENDÊNCIA OU MORTE. Tradicional prova de 7 de setembro na capital paulista, o Troféu

Independência do Brasil acontece pelas ruas do bairro do Ipiranga, na zona sul paulistana. Percursos de 5 e 10 km, com modalidade também para caminhantes. As inscrições são limitadas e podem ser feitas pelo site: www.trofeuindependenciabrasil.com.br.

MOUNTAIN DO CANELA. Para quem gosta de fugir do asfalto e se aventurar por trilhas nas

1.

hora de correr, esta etapa do circuito oferece percursos de 4,5, 10 e 18 Km. Assim, atende às necessidades de iniciantes e corredores mais experientes em trail. A prova acontece no dia 14 de setembro. Mais informações no link: bit. ly/14v1Dcm

2.

PÃO DE AÇÚCAR. A primeira corrida a gente nunca esquece, e a Maratona de Revezamento Pão de Açícar é certamente a porta de entrada para muitos corredores amadores no universo running. O formato revezamento permite inscrever-se para 5, 10 ou 21 km. Marcada para o dia 22 de setembro. Informações no link: bit.ly/17cSvcN

3.

4.

1. Suunto Ambit2 com monitor cardíaco e GPS integrados. Preço sugerido: R$ 1.400,00. 2. Speed & Distance Oregon Scientific mede batimentos cardíacos, calorias consumidas, distância e velocidade. Preço sugerido: R$ 700,00. 3. Polar RCX3 GPS, além de monitorar a frequência cardíaca, tem função GPS, que calcula distância, velocidade e ritmo. Preço sugerido: R$ 1.400,00. 4. Soleus GPS 1.0 controla velocidade, distância e

gasto calórico, mas não monitora o ritmo cardíaco. Preço sugerido: R$ 400,00.

R$ 230 mil. É o valor da premiação que a Maratona Maurício de Nassau distribui entre os

vencedores de cada categoria. É o maior prêmio pago em provas de maratona no Brasil. Com largada no centro histórico da capital pernambucana, a corrida acontece no dia 29 de setembro. As inscrições são limitadas. Acesse o link para obter mais informações: bit.ly/1cZhe9H

MARATONA EM FLORIPA. A capital catarinense realiza a prova no dia 29 de setembro. Para

LANÇAMENTO

quem quer correr pelas ruas da Ilha da Magia, mas ainda não está preparado para os 42 km, o evento oferece percursos de 5 e 10 km. Inscrições e informações pelo site: bit.ly/19G1HGV

INTERNACIONAL DE SP. A maratona mais famosa do Brasil este ano foi transferida: será realizada no dia 6 de outubro. No pelotão de elite, que-

nianos e brasileiros brigarão pelo pódio. Atrás deles, são esperados mais de 20 mil corredores que completarão percursos de 10, 25 e 42 km. Acesse o site: bit.ly/17VNFir

PEARL IZUMI ROAD N2 Equilíbrio entre leveza e rapidez, com amortecimento moderado e alta durabilidade. Peso: 232 gramas. Preço sugerido: R$ 469,00. SAC: 0800 702 0801

www.jornalcorrida.com.br acesse o link e leia mais sobre acessórios e equipamentos bit.ly/1c51GNF

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DESTAQUE

ULTRADESAFIO! 4 / NÚMERO 13 / WWW.JORNALCORRIDA.COM.BR


O super-humano acaba de concluir mais um objetivo: ao longo de seis meses esteve em cada capital brasileira, onde correu por 24 horas em prol das crianças com câncer.

www.jornalcorrida.com.br acesse o link e leia mais sobre o super-humano Carlos Dias bit.ly/1dmbEye

créditos imagens: arquivo pessoal/foto Recife: Corre10/Alvaro Soares

Carlos Dias é mais que um corredor, é um ser humano movido a desafios extremos. Já completou 64 maratonas e mais de 30 ultramaratonas. Atravessou os quatro grandes desertos do planeta e fez 5.100 kms em 59 dias cruzando os EUA – de Nova York a São Francisco. Além disso, durante 325 dias encarou 18.250 km ao redor do Brasil, uma média diária de 56 km, com o objetivo de arrecadar fundos ao Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer). Foi enquanto corria pelo país que teve a ideia de mais uma aventura: 24 horas – Desafio das Capitais. “Eu queria realizar um projeto que chamasse a atenção dos brasileiros para abraçar a causa do combate ao câncer infantil e apoiar instituições como o Graacc”, conta o superatleta. Em março deste ano, teve início a sua odisseia. Partiu do Rio de Janeiro, no primeiro sábado do mês, e terminou em São Paulo, no último domingo de ago-

sto. Foram 27 finais de semana seguidos, indo de um estado para o outro para correr por 24 horas. Ao final acumulou mais de 2.800 kms, centenas de novos amigos corredores e nenhuma lesão. “Mas o que mais me chama a atenção nessa experiência, não são os números, mas sim as histórias das pessoas que correram ao meu lado”, diz Carlos, explicando que “a maioria chegava para participar do evento com uma espécie de mantra – eu só corro uma hora ou eu não faço mais do que 5 km – e ao final todos se superavam”. Para quem já foi chamado de super-humano em um documentário do History Channel, a capacidade de ultrapassar limites é “proporcional ao desconforto que sentimos”. Para Carlos Dias, “a superação nasce do desconforto, e a melhor alavanca para isso é olhar além do obstáculo, vislumbrar um cenário promissor, sempre mantendo o entusiasmo. Isso serve numa corrida de 5 km, numa maratona, numa ultra e também para a vida”. Nem bem desfez as malas, o atleta já tem novos objetivos traçados: escrever um livro relatando os seus 20 anos de corrida e, para não empoeirar o tênis, uma nova missão com data marcada. Em agosto de 2014, Carlos Dias será o único brasileiro a participar da travessia da ilha de Madagascar. Serão 250 km em sete dias. “Por meio da corrida vou a lugares e conheço pessoas que nunca imaginei. Não penso na minha vida sem a corrida, não consigo definir o significado que ela tem para mim. Faz parte da minha essência. É a minha vida!”

De norte a sul. Na Bahia, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande de Sul ou Mato Grosso, pelos 27 estados do Brasil o ultramaratonista contou uma legião de corredores que apoiaram o projeto.

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GENTE

2.

créditos imagens: arquivos pessoais

1.

supere-se

Maratona, 10 k, meia maratona... Cada um desses corredores tem uma meta. E a sua, qual é? 1. Alex Silva Rio de Janeiro/RJ 2. Deisi Hauenstein Porto Alegre/RS 3. Antonio Fernando Galvão Rio de Janeiro/RJ 4. Vagner Pereira São Paulo/SP 5. Lucia Storer São Paulo/SP 6. Thiago Domingues Campinas/SP 7. Chris Bombonato São Paulo/ SP

3.

www.jornalcorrida.com.br acesse o link e conheça a história de cada um deles bit.ly/12C8sHW

4.

7.

6. Quer sua foto publicada nesta seção? Acompanhe o Jornal Corrida pelo Facebook e participe de nossas promoções. facebook.com/fanpagejornalcorrida ou acesse pelo link on.fb.me/18U7Cau

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5.


GENTE

KLABHIA TEAM

PELA INCLUSÃO

créditos imagens: arquivo pessoal

Claudia Schaefer e a filha Beatriz participam juntas

de provas de corrida de rua desde 2011. A Bia tem deficiência física, mental e auditiva, mas correr se transformou numa atividade que trouxe mais qualidade de vida para mãe e filha. Como o número de pessoas que passaram a acompanhá-las nos eventos foi aumentando, recentemente foi criado o Klabhia Team Run. “Tínhamos alguns amigos que queriam correr conosco. Eu sempre tive vontade de presenciar mais cadeirantes em corridas de rua, esse sempre foi meu sonho. Daí surgiu a ideia do Roberto Itimura, nosso amigo e também corredor, de criar o grupo, que tem como objetivo incluir, integrar pessoas com necessidades especiais e servir de exemplo para estimular e melhorar a qualidade de vida de qualquer pessoa. Corremos sempre juntos em equipe, assim um sempre ajuda o outro”, conta Claudia. Quem quiser participar é só entrar no grupo Klabhia Team Run no Facebook. www.jornalcorrida.com.br acesse o link e conheça a história da Claudia e da Bia bit.ly/19Tm5In


TREINAMENTO

Transição. GORun 2 da

Skechers é indicado para quem quer iniciar a transição para a corrida mais natural.

mínimo necessário TÊNIS

Grandes marcas esportivas como Mizuno, Nike, Skechers e Puma guardaram para este semestre o lançamento de seus tênis minimalistas. Depois de muito investir em tecnologia e design para produzir calçados cheios de amortecimento, o caminho agora é o inverso: oferecer tênis que possibilite uma pisada mais natural possível. Mas, afinal, correr com tênis de drop (solado) baixo ou descalço é melhor? Dá ou não lesão? A principal diferença entre entre tênis tradicional e minimalista está no solado. Os primeiros são conhecidos pelo seu sistema de amortecimento, com drop superior a 5 cm e peso acima de 300 g. Com isso, ao corrermos pisamos primeiro com o calcanhar. Já os mínimos mudam a pisada. É o meio e o antepé que chegam na frente. Eles

são calçados com sola baixa e superleves, entre 80 e 300 g. Corredor desde 2006, o paulistano Cássio Politi afirma que treinar descalço ajudou a curar uma fascite plantar. “A lesão apareceu em 2011, fiz um tratamento que amenizou, mas não curou o problema. Influenciado pelo livro ‘Nascido para Correr’ e pela orientação de amigos especialistas (fisioterapeuta e treinadores), decidi correr sem tênis. Comecei tirando o calçado para fazer o quilômetro final de treinos leves. Com o pé fortalecido, a fascite sumiu de vez”, conta. “A partir de então, adotei essa prática de finalizar meu treino com o tênis nas mãos uma ou duas vezes por semana. Faço isso até hoje. Não acho que correr de um jeito ou de outro faça bem ou mal. Acho que a corrida descalça, com minimalista ou com

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os tradicionais, é complementar. Hoje uso tênis minimalistas para treinos leves. Minha percepção é de que ele está num estágio intermediário entre correr descalço e correr com tênis amortecidos”, conclui Cássio. Para Vitor Tessutti, pesquisador do Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana da USP, “ao iniciar o uso de um minimalista é importante que o corredor já tenha experiência, alguém mais corredor inexperiente tende a não identificar sinais de fadiga e dores localizada”. Ele afirma que é o mais importante para quem quer fazer a opção pelos minimalistas é a transição, pois com o tênis de solado menor, a pisada é alterada: tocamos o chão primeiro com o meio e a frente do pé. Por isso, é necessário um trabalho específico para fazer


Pesquisa sugere que a forma como nossos ancestrais corriam é benéfica, e o mais importante: indica que essa maneira natural de se movimentar pode reduzir o desconforto essa transição de forma menos traumática. “Aderir à moda do minimalista porque todos estão falando é uma loucura, principalmente se você simplesmente substituir um tênis por outro. Correr sem estar atento ao que está fazendo é perigoso, pois deixamos ocorrer certos movimentos arriscados. Nenhum tênis lesiona um atleta, quem provoca a lesão é quem corre. Se existe a opção pelo minimalista, ela deve ser feita pensando que ele é uma ferramenta de treino para melhorar a estrutura de seu pé”, explica Tessutti. Um argumento favorável aos tênis menos estruturados está na história. Nossos antepassados, que viveram há milhões de anos, corriam muito. Mas como eles cobriam longas distâncias sem confortáveis calçados capazes de absorver o impacto das passadas? Cientistas acreditam que o segredo pode ter sido justamente o contato direto da terra com a sola dos pés. Na prática, isso pode significar alívio para quem sente dor nos pés durante os treinos. O pesquisador Daniel Lieberman, da Universidade Harvard, comparou a marcha de corredores de endurance nos Estados Unidos e no Quênia e

descobriu que mais de dois terços das pessoas que cresceram correndo descalças ou treinaram assim quando já eram adultos, aterrissam primeiro a parte anterior dos pés no chão. A tendência mundialmente conhecida, porém, é inversa: 80% dos fundistas tocam primeiro o calcanhar no chão. Segundo Lieberman, o resultado do trabalho sugere que a forma como nossos ancestrais corriam é benéfica, e o mais importante: indica que essa maneira simples de se movimentar pode reduzir o desconforto. Nos testes de pista, a equipe do pesquisador de Harvard mostrou que o impacto sobre os pés pode ser até sete vezes maior quando a parte que chega antes ao solo é o calcanhar. “É como se alguém batesse no calcanhar com um martelo três vezes com peso do corpo”, diz Lieberman. “Isso ocorre porque a força de colisão depende da quantidade de massa que chega a um ponto morto,” Quando o calcanhar chega primeiro, a perna “para” de repente com o impacto, por centésimos de segundo, provocando impacto. O cientista reconhece, porém, que ainda são necessários mais estudos para aprofundar os conhecimentos nessa área.

Universe. Mizuno. O tênis mais leve do mundo (80 g). Mantém a tecnologia Wave e o padrão no sistema de proteção contra impactos. Preço sugerido: R$ 399,90 Hyperfeel. Nike. Imita o funcionamento do pé. A estrutura

sem costuras reduz o número de componentes do calçado – um tênis de corrida comum Air Pegasus tem 57, ele, apenas 7. Preço sugerido: R$ 899,90

créditos imagens: divulgação

GORun Speed. Skechers. O tênis oficial de Meb Keflezighi, maratonista número 1 dos Estados Unidos. Possui uma placa que lhe confere mais estabilidade e firmeza. Preço sugerido: R$ 399,00 Mobium. Puma. Inspirado na pisada dos felinos. Com solado que se expande e se contrai de acordo com o movimento natural dos pés. Preço sugerido: R$ 399,00 www.jornalcorrida.com.br mais informações acesse o link bit.ly/1c51GNF

DOS 120 KILOS PARA AS 150 PROVAS Essa história tem seu início no ano de 2005, quando eu era um cara sedentário, obeso, preguiçoso e com sérias propensões a doenças relacionadas à completa falta de cuidados com a saúde. Naquela época era muito comum eu fazer refeições que serviam tranquilamente até três pessoas: em vez de me satisfazer com duas fatias de pizza, comprava e comia sem remorso duas pizzas inteiras. Tinha uma brincadeira mórbida de que eu não iria passar do 38 anos, pois vivia cansado e desanimado, além de sofrer com a discriminação das pessoas por conta dos meus quase 120 quilos. Mas Deus sempre nos reserva o melhor no pior momento, e um dia, em meu horário de almoço, logo após aquele banquete pessoal, tive um mal-estar. Foi uma sensação horrível e pensei que iria de fato “bater as botas”. A partir daquele dia e com o nascimento de meu filho Matheus, percebi que tinha de mudar, mas infelizmente eu estava impregnado de preguiça e a opção mais rápida me veio à cabeça: realizar a gastroplastia ou redução de estômago. Procurei um especialista que, para minha surpresa, me repreendeu e disse que somente faria a cirurgia se eu engordasse mais 20 ou 30 quilos. Achei um absurdo e até fiquei indignado, mas o médico me deu uma segunda opção: sair do consultório, procurar um endocrinologista, um cardiologista, uma academia e emagrecer. E foi o que fiz. O começo foi difícil, mas aos poucos consegui mudar meus hábitos, emagreci na garra e na marra. Comecei a correr em 29 de janeiro de 2006, foram os mais longos 7 km de minha vida. Agora já são mais de 150 provas concluídas. Deixei para trás o sedentarismo e a obesidade. Hoje viver sem a corrida é impossível! Eduardo Acácio é paulistano, venceu a obesidade com reeducação alimentar, força de vontade e correndo muito ! Tem um blog no site Jornal Corrida. www.jornalcorrida.com.br acesse o link e acompanhe o Eduardo Acácio bit.ly/142QNGY

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TREINAMENTO

EVOLUA PARA A CORRIDA

PRIMEIRA MARATONA

lição para a vida Nem mesmo se tivesse um poder premonitório,

daqueles capazes de ver situações futuras com riqueza de detalhes, o valente soldado Fidípides certamente não imaginaria o quanto seu feito histórico pelas planícies gregas influenciaria pessoas do mundo inteiro mais de 2.500 anos depois. Fidípides não sobreviveu para contar sua saga, mas a história da maratona ganha cada vez “soldados” capazes de descrever cada dor, cada medo, cada alegria e emoção de correr 42.195 metros. “Sinto que passei por todas as emoções, de raiva até alegria pura. A cada quilômetro era um sentimento a ser vencido ou acolhido”, conta Valéria Spakauskas, corredora de São Paulo, que fez sua primeira maratona em julho, no Rio de Janeiro. “Em 2012 fui para o Rio correr a meia maratona e na entrega do kit, quando vi as pessoas que correriam os 42 km, decidi que um dia também teria a camiseta laranja.” Mas para ultrapassar a linha de chegada numa prova de longa distância é preciso muito mais que desejo. Vontade, determinação, disciplina e treinamento (muito treinamento) são obrigatórios na rotina de quem almeja isso. Segundo o treinador Gustavo Abade, da assessoria Branca Esportes, de São Paulo, não existe receita de bolo na preparação para uma maratona. “Conheço atletas rápidos que correm 10 km sub 40´ que não estão prontos para fazer uma maratona, em contrapartida tenho alunos lentos, com tempos acima de 1h nos 10 km, que já estão prontos para uma maratona”. O corredor tem que, antes que mais nada treinar com humildade, sabendo que na

primeira vez é uma questão de vencer a distância sem se importar com o tempo”, alerta Gustavo que, além de preparar novos Fidípides, já finalizou seis maratonas e sete ultramaratonas. O treinamento da paulistana Valéria começou em janeiro deste ano. “Eram quatro dias de corrida por semana. Fiz longões de 20, 25, 30, 32, 35. A musculação era diária, intercalando parte superior e inferior. Pratiquei ioga e aulas de zumba. Cuidei da alimentação; aos sábados, tomava BCAA e gel após os longões e me hidratei muito”, relembra a maratonista. Tão importante quanto a preparação física, ressalta Valéria, a maratona é também um longo caminho mental e espiritual. “Chega um ponto em que o mundo passa na cabeça da gente. Eu não via a hora de terminar, jurava que nunca mais iria fazer outra maratona na vida, só queria chegar. Estava mais cansada mentalmente do que fisicamente. Foi uma luta. Tive que usar toda a minha energia e foco. É muito mágico isso: uma parte da gente acha que não vai dar ” Aos corredores que pensam em incluir uma maratona em seus objetivos, Gustavo Abade deixa uma dica: a preparação para os 42 km treina antes de mais nada a humildade. Se você se sente pronto para esse desafio, Valéria garante: “A sensação de vitória é muito maior do que a exaustão que a gente sente quando termina a prova. Acho que todo corredor deveria enfrentar seus ‘demônios’ numa prova dessas. São 42 km que fazem a gente crescer muito”. Ou, como dizem os maratonistas: a pessoa que larga numa maratona nunca é a mesma quando cruza a linha de chegada.

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Quem está iniciando um programa de treinamento deve ter a ciência de que a evolução é progressiva, exige muita disciplina e paciência, pois são pequenos passos que vão atravessar grandes distâncias. Para perceber a evolução no resultado da atividade física, esta deve ser de no mínimo três vezes na semana, durante pelo menos três meses ininterruptos. Na corrida não é diferente. Muitas pessoas iniciam caminhando no primeiro mês, intervalando gradativamente alguns trotes durante os treinos.Esse processo já transformou muitos caminhantes em grandes corredores. Pensando em tudo isso, e vendo por muitos anos as pessoas se empenhando nessa conquista, vou passar algumas dicas para quem quer começar a dar os primeiros passos na caminhada e para aqueles que desejam passar da caminhada para a corrida. 1. Primeiro consulte seu médico e diga que você quer caminhar para um dia correr. 2. Liberado pelo médico, busque orientação de um treinador de corridas, formado em Educação Física. 3. Realize exercícios de prevenção para desenvolver pernas capazes de suportar o agradável impacto da corrida, evitando lesões futuras. 4. Siga a planilha não apenas como participante. Aprenda em cada sessão de treino a desenvolver a percepção do esforço e a consciência do movimento. 5. Visite um evento e ingresse na caminhada que normalmente é realizada junto com a corrida para sentir o gostinho da sua futura prova. 6. Caminhe com elegância. Compare sua caminhada com a de outras pessoas e, quando começar a correr, faça o mesmo. Ouça seu corpo e siga o seu feeling sempre. José Rubens D’Elia é diretor da assessoria esportiva D’Elia Sports. Formado em Educação Física e pósgraduado em Fisiologia do Exercício pela Unifesp, é palestrante e consultor corporativo e esportivo. www.jornalcorrida.com.br acesse o link e acompanhe o José Rubens bit.ly/16JswZF


NUTRIÇÃO

ANSIEDADE À MESA Devorar um hambúrguer como o glutão aí na

foto não é a única maneira de boicotar sua dieta e arriscar seu treinamento. Existe uma inimiga, invisível na hora das refeições, que pode colocar a perder meses de dedicação e sacrifícios, principalmente às vésperas daquela competição para a qual você se preparou tanto: a ansiedade. Originária do latim anxietate, que entre tantos significados é sinônimo de angústia, opressão e inquietação, a palavra ansiedade pode muito bem ser traduzida por um estado de espírito que leva a viver o futuro, a permanecer ausente no momento presente. Essa excitação provoca reações no organismo que aceleram o metabolismo do corpo, levando a pessoa a procurar formas de “descarregar” toda a energia acumulada. Por isso,

é muito comum optar pelo excesso de exercícios ou pela alimentação descontrolada, inconsciente. Para livrar-se da ansiedade é importante descobrir o agente causador dela, é preciso ir além do cardápio. Estudos comprovam que situações como adaptação a novas situações, excesso de estímulos e tarefas, cansaço e baixa resistência, busca por metas e resultados, e dietas mirabolantes estão entre alguns dos fatores que provocam a sensação. E o auxílio pode estar nos ingredientes levados ao prato. É justamente na alimentação e em pequenos hábitos que encontramos aliados para combatê-la: - correr ou fazer qualquer atividade física é fundamental, mas é importante não descontar na hora do treino; respeite seus limites e o descanso;

- para saciar a fome e evitar exageros opte por carboidratos ricos em fibras; - pesquisas ainda em andamento comprovam que especiarias e ervas, como sálvia, orégano e tomilho, contêm grandes quantidades de flavonoides, que estimulam o funcionamento do cérebro e também podem ter efeitos sobre o humor e a ansiedade; - inclua em seu cardápio alimentos que aumentam os níveis de serotonina, responsável pelo bemestar e pelo relaxamento, como: castanha-do-pará, peixes e carnes brancas e magras, frutas adocicadas como maçã e jabuticaba, espinafre. www.jornalcorrida.com.br acesse o link e leia mais sobre nutrição bit.ly/19I5qUD

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SAÚDE

efeito duradouro Os benefícios da corrida não terminam quando

terceira idade

corra da depressão Estudo com idosos (média de 67 anos) evidenciou

que a presença de depressão está relacionada com os baixos níveis de condicionamento físico, mais precisamente com o consumo direto de oxigênio. O exercício físico tem um papel preponderante para o desenvolvimento da neurogênese no hipocampo através da potencialização de longa duração e do neurotrófico derivado do cérebro. A hipótese mais encontrada na literatura médica é um aumento de monoaminas, como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Durante os exercícios aeróbios, os níveis de prolactina estão elevados, refletindo um aumento central da serotonina. Desta forma, a serotonina pode diminuir as respostas a eventos ameaçadores relacionados aos sintomas da depressão. Outro processo também associado ao exercício físico é a

síntese de dopamina, que está ligada com o desempenho motor, a motivação locomotora e a modulação emocional. “No que se refere às prescrições de exercícios físicos, os mais indicados para depressão são os aeróbios (60% a 80% da frequência cardíaca máxima do indivíduo). Recomenda-se que o paciente pratique de três a cinco vezes por semana, em sessões de 45 a 60 minutos”, explica Carla Britto, mestra e professora de Educação Física e pós-graduada em Fisiologia do Exercício. Os estudos sugerem que os pacientes depressivos devem sentir melhoras dos sintomas por volta de quatro semanas após o início dos exercícios, mas recomenda-se que os exercícios sejam mantidos por pelo menos 10 a 12 semanas, para obter melhores resultados.

você tira os tênis. Novos estudos sobre os músculos dos atletas em repouso mostram que eles queimam combustível mesmo quando seus corpos não precisam de energia. Esportes de resistência, como a corrida de longa distância, são conhecidos por aumentar o número de mitocôndrias, os minúsculos motores dentro das células que convertem açúcares e gorduras em moléculas portadoras de energia. Isso aumenta a capacidade dos músculos de consumir oxigênio, que trabalham em potência máxima durante o exercício. Estudo do pesquisador Douglas Befroy e seus colegas da Universidade de Yale afirma que os músculos dos homens que correm pelo menos quatro horas por semana consomem 54% mais combustível em repouso do que os homens que não se movimentam nessa proporção. No entanto, a quantidade de energia produzida pelos dois grupos de voluntários da pesquisa era a mesma, indicando que, quando em repouso, o “combustível extra” estava sendo “desperdiçado”.


MOCHILA



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