Jornal Corrida ed. 29

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CORRIDA WWW.JORNALCORRIDA.COM.BR / NÚMERO 29

PATAGÔNIA

Desafio na Rota do Fim do Mundo. Veja como foi a participação de corredores brasileiros na Patagonian International Marathon

CORRER É CONTAGIOSO

E a ciência explica o porquê

DOR CHATA

NUTRIÇÃO

Alimentos que ajudam na recuperação muscular

Quem nunca sentiu aquela “dorzinha de lado” enquanto corre? Aprenda porque ela aparece e como evitá-la

EVENTOS - COMPRAS - GENTE - SAÚDE - TRAIL - TREINAMENTO



EDITORIAL você quer? você pode!

crédito imagens: Adilson Haddad/Fernanda Paradizo e Cassia Paes

Quando conheci o Parque Nacional de Torres del Paine, no extremo sul do Chile, em janeiro de 2012, fiquei realmente deslumbrada com a beleza da região. Estava lá a trabalho, nada a ver com corrida ou esportes, mas circulando pelas trilhas e estradas do parque pensava: “Uauu! Deve ser uma delícia correr neste lugar”. Passaram-se três anos e, como desejos são realizáveis desde que acompanhados de muito suor e dedicação, as bênçãos da vida se materializaram: hoje existe uma prova no parque e no último dia 26 de setembro lá estava eu, correndo pela Patagônia Chilena. Foram 21 km difíceis. Do total uns 16 eram só de subidas em estrada de cascalho, sob um frio de 5 graus. Mas foram 21 km de extrema felicidade, comprovada na foto ao lado (alto, à direita). A cada nova subida, no lugar do resmungo, eu optava pelo sorriso e pela gratidão de estar realizando mais um sonho. Tem sido um ano de muitas incertezas em nosso País. Mas a cada dia, minha relação com a corrida me ensina e comprova: nosso mundo é realmente reflexo daquilo que pensamos e fazemos. Então, vamos pensar e fazer tudo de positivo e bom que estiver ao nosso alcance. Vamos investir naquilo que realmente acreditamos. Uma hora, cedo ou tarde, sonhos se materializam. Uma atitude inteligente pode ser aproveitar que o ano está acabando, rever metas e partir para a prática. Quem sabe, existam presentes reservados para você, seria uma pena não ir buscá-los. Pode ser que você sinta medo, mas o que tenho aprendido é que vale a pena ir com medo mesmo. Bons treinos,

O Jornal Corrida é produto da Play Sports&Content Diretora-geral e Publisher Roberta Palma roberta.palma@jornalcorrida.com.br Redação Monica Oliveira redacao@jornalcorrida.com.br Fernanda Alves fernanda.alves@jornalcorrida.com.br www.twitter.com/jornalcorrida

As matérias e artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo a opinião e/ou valores do Jornal Corrida. Comercial anuncie@jornalcorrida.com.br Play Sports Content (11) 99234.9441 Distribuição gratuita em eventos e estabelecimentos parceiros crédito imagem capa: Fernanda Paradizo

Roberta Palma

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PROGRAME-SE

EVENTOS

crédito imagem: divulgação/organização

RIOS E RUAS. Etapa Centro Histórico, 25 de outubro. Tem caminhada de 4 km e corrida de 6 km. Inscrições e informações www.mostrarioseruas.com.br

Run stock car

leitor do jornal corrida tem desconto Correr em Interlagos é sempre uma emoção. E agora, a única chance de correr pelo asflato do mais famoso autódromo da América Latina é participando da Run Stock Car. Depois de passar por Ribeirão Preto no início do ano, quando os corredores invadiram a mesma pista por onde passam grandes nomes do automobilismo como Rubens Barrichello e Cacá Bueno, agora é a vez da capital paulista receber o evento pela segunda vez. Com as inscrições abertas desde abril, o evento já conta mais de 1.000 inscritos, de um limite de 2.000. Por isso se você quer correr em Interlagos, aperte seu pace e seja rápido. Em parceria com a organização, o Jornal Corrida disponibilizou um lote de inscrições com desconto. Fique atento, pois o código tem prazo de validade: só até dia 30 de outubro. Confira as informações abaixo e garanta seu lugar nessa largada! Serviço Run Stock Car Percursos de 4 e 8 Km Dia 12 de dezembro Autódromo de Interlagos Largada às 19 horas Inscrições: Kits com preços variando entre R$ 63,00 e R$ 128,00 Informações: www.runstockcar.com.br Promoção especial para leitores do Jornal Corrida Código do cupom: clickrscsp53 Válido apenas para as inscrições feitas no site: www.clickcorrida.com.br até o dia 30 de outubro R$ 20,00 de desconto na compra de qualquer opção de kit (preços variando entre R$ 43,00 e R$ 108,00)

ATHENAS. Dia 25 de outubro, mais uma etapa na capital paulista. Inscreva-se pelo site www.iguanasports.com.br ZONA LESTE. Shopping Aricanduva neste ano tem percursos de 4 e 9 Km. Dia 25 de outubro. Informações e inscrições www.corpore.org.br speedo. Dia 01 de novembro, no Ibirapuera. Tem percursos de 5 e 10 km, caminhada de 3 km e prova infantil. Inscrições e informações www.ticketagora.com.br ROLLING STONE. Música e rock pelas ruas de São Paulo. Dia 07 de novembro. Tem percursos de 5 e 10 km. Inscrições e informações www.rollingstone.com.br/musicrun INDOMÁVEL. Mais uma etapa do badalado circuito de trail run. Indomit Costa Esmeralda, dia 07 de novembro, em Bombinhas/ SC. Opções para 50, 21, 12 e 5 km. Inscrições e informações www.bombinhasrunners.com.br CAMPOS DO JORDÃO. Mountain Do com percursos de 18, 9 e 4 km. Dia 07 de novembro. Informações www.mountaindo.com.br TF RUN SERIES. Etapa do Shopping JK acontece dia 8 de novembro. Percursos de 5 e 10 km. Inscrições pelo site www.tfrunseries.com.br SÉRIE DELTA. Etapa França no Parque da Independência/SP. Percurso de 5 10 km. Dia 08 de novembro. Acesse www.ativo.com TURMA DA MÔNICA. Para toda a família, corrida e caminhada pelas dependências do parque temático da “tulminha”, no Shopping SP Market/SP. Dia 08 de novembro. Acesse ww.corridaturmadamonica.com.br NIGHT RUN. Etapa Água acontece dia 14 de novembro, no Sambódromo/SP. Inscrições e informações www.ativo.com mais informações sobre eventos e inscrições acesse: www.jornalcorrida.com.br

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Antes de começar o treino muitos corredores se esquecem ou não valorizam o aquecimento, pois acham não ser necessário. Ao aquecer nós preparamos o corpo para a parte principal, nós lubrificamos as articulações, fazemos com que aumente o fluxo da corrente sanguínea e, automaticamente, melhore a oxigenação muscular e previna lesões. Com ele, melhoramos nosso ritmo na parte principal e conseguimos um ótimo pace. O corpo necessita de um bom aquecimento para funcionar direito. Antes de iniciar a corrida, devemos colocar o processo de aquecimento em prática, com um bom alongamento antes ou depois de um trote ou caminhada leve. Vale também fazer aquecimento dinâmico com movimentos específicos executados levemente, que devem ter ao menos 15 minutos. Aquecer num ritmo forte além de não ser benéfico vai atrapalhar a parte principal do treino, onde o ganho será extremo e ficará comprometido se você estiver acima do limiar aeróbico prescrito. Como o corpo está em processo de aquecimento, não devemos forçar o alongamento, até porque o músculo tem um tônus frenador que vai dificultar qualquer movimento mais brusco, portanto faça alongamentos para os principais grupos musculares que estarão sendo utilizados. Ao final do treino utilize um trote ou caminhada leve para promover a desaceleração que deve ter ao menos 5 minutos – do mesmo jeito que elevamos o nível no aquecimento, temos que colocar o corpo em ritmo normal, recolocar os batimentos em níveis de segurança e preparar o corpo para o alongamento final que pode ser mais demorado e um pouco mais puxado. Assim seus treinos terão um melhor proveito e comprovadamente um ótimo desempenho.

Leandro Sandoval é diretor Técnico da Life Training Assessoria Esportiva, formado em Educação Física UNIb e pós Graduado em Fisiologia do Exercício CEMAFE/USP

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COMPORTAMENTO

CONTAGIE-SE! correr é contagioso

Sabe aquele ditado popular: “Diga-me com

quem andas e eu lhe direi quem és”? Pois bem, vários estudos revelam que esse provérbio tem fundamento científico. E quando se trata de corrida parece não haver dúvidas de que – embora seja um esporte solitário – a frequência e a determinação com que as pessoas praticam têm muito a ver com o grupo no qual estão inseridas. É difícil precisar se corremos porque nossos amigos correm ou se procuramos amigos que, assim como nós, gostem de corrida. Talvez as duas vertentes sejam complementares. O fato é que a ciência tem constado esse “contágio”. Nas últimas duas décadas o cientista político James Fowler, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego, e seu colega Nicholas Christakis, da Harvard Medical School, de Boston, vêm realizando vários estudos sobre o contágio de hábitos e emoções e um dos coordenadores do estudo. Eles não têm dúvida de que, assim como a saúde, a felicidade (ou a insa-tisfação) podem ser entendidos como fenômenos coletivos. Como um surto de gripe, a corrida – e também comportamentos que fazem mal à saúde, como sedentarismo, irritação e constantes lamentações – é “transmissível” e

“contamina” pessoas a até “três graus de separação”. Para entender melhor: o fato de o amigo de um amigo seu ser uma pessoa alegre, bem-humorada e satisfeita com a própria vida aumenta em cerca de 6% as chances de que você seja uma pessoa feliz. Isso significa não apenas que é fundamental escolher com cuidado os grupos com os quais convivemos, mas também que, de alguma forma, temos responsabilidade sobre o bem-estar das pessoas com quem moramos, trabalhamos, estudamos... E também sobre a satisfação daquelas que se relacionam com quem nos relacionamos. Fowler e Christakis reuniram informações a respeito de hábitos ligados ao cuidado de si – como tabagismo, sedentarismo e obesidade –, buscando entender como comportamentos são permeados pelas redes de relacionamento num famoso experimento longitudinal que ficou internacionalmente conhecido como Estudo de Framingham (FHS, do inglês Framingham Heart Study). Em 2000, essa pequena cidade em Massachusetts tinha aproximadamente 70 mil habitantes – vários deles brasileiros, aliás – acompanhados pelos pesquisadores por três gerações. O desafio era destacar os principais fatores de risco

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para doenças cardiovasculares. Graças a essa pesquisa, nos últimos anos foram acrescentados muitos conhecimentos ao que se sabia sobre diabetes, hipertensão, alterações no colesterol, sedentarismo e tabagismo. Os dois cientistas se deram conta de que ter um parente de primeiro grau com alguma dessas doenças é um fator de risco importante para o desenvolvimento do mesmo quadro não necessariamente em razão da genética, mas em grande parte por causa de hábitos em comum – por exemplo, a corrida. Ou seja, se a ideia é manter a motivação em alta, melhorar o rendimento nos treinos, aumentar o número de kms percorridos, participar de provas interessantes – tudo isso ou um pouco de cada coisa ¬ –, é fundamental se cercar de pessoas que tenham objetivos semelhantes. E há ainda outro lado nessa história: o que você faz, diz, escreve (e até o que pensa) também repercute na vida de outras pessoas. Pois é. Estamos todos conectados. E já que isso é inevitável que a conexão esteja a nosso favor.

Cinco regras importantes de redes sociais

Mesmo que nem sempre as pessoas se deem conta ou admitam, o que ouvimos e vemos pode


COMPORTAMENTO

ter grande repercussão sobre o que pensamos e fazemos. Tendemos a nos tornar parecidos, em muitos aspectos, com as pessoas que acompanhamos, tanto na vida real quanto no universo virtual. Escolher quem queremos seguir, portanto, é importante e pode trazer consequências. Regra 1: Nos moldamos à nossa rede. Regra 2: A nossa rede nos molda. Regra 3: Nossos amigos nos afetam. Regra 4: Amigos nossos amigos nos afetam. Regra 5: A rede tem vida própria.

Olhar o outro ajuda a treinar melhor

Um estudo também desenvolvido por cientistas da Universidade de Cambridge revela que observar movimentos feitos por outras pessoas desencadeia impulsos motores. Sob a óptica da psicologia evolucionista isso faz sentido: se um homem pré-histórico via outros correrem, era aconselhável imitá-los sem parar para pensar, pois provavelmente havia um perigo em algum lugar – e fugir era a providência mais urgente a ser tomada. Por outro lado, não haveria praticamente nenhum prejuízo à própria sobrevivência se, por fim, a situação se

revelasse inofensiva. Dessa forma a imitação automática pode ter se estabelecido entre nossos antepassados. Hoje, obviamente, já não precisamos fugir de feras, mas nosso cérebro mantém dispositivos que ainda respondem como no passado. Isso talvez ajude a explicar porque corredores parecem tão gregários, gostam de andar em grupo e treinar em locais onde outras pessoas desempenham a mesma atividade. Mesmo que sejam desconhecidos, outros “colegas de atividade” estimulam o desejo de nos exercitarmos.

ENTRE PARA O CLUBE O Jornal Corrida foi criado e existe com base nessa crença: praticar corrida é uma ferramenta de saúde pública, fundamental em nossa sociedade atual, que é contagiante. Partindo dessa premissa nosso trabalho é desenvolvido. E por acreditar na importância da informação e do conhecimento para a prática correta, queremos ampliar nosso atendimento. Aumentar o alcance de nossas edições. Por isso, recentemente criamos uma sistema de assinatura “colaborativo”. Atendemos àqueles que solicitam receber nossas edições em casa e, ao mesmo tempo, ampliamos nossa circulação, chegando à novos locais, contagiando pessoas de todo o Brasil com o “bichinho da corrida”. É um contágio saudável, do bem. Com apenas

R$ 73,00 por mês, corredores de qualquer cidade do país receberão nossas edições. O dinheiro de cada assinatura ajudará a imprimirmos e distribuirmos mais exemplares para, além de São Paulo, chegarmos gratuitamente nos eventos também no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza, Recife e Salvador. Além de nos ajudar a espalhar saúde e bemestar pelo Brasil, participando desta campanha você estará contribuindo para a Fundação Dorina Nowill, instituição com mais de 6 décadas de atividades dedicadas à inclusão social das pessoas com deficiência visual, por meio atividades educacionais, culturais e de capacitação. Cada assinatura reverte R$ 10,00 em doação para a Fundação.

Acesse nosso site www.jornalcorrida.com.br, clique em “ASSINATURA”, informe-se corretamente, escolha sua opção e entre nessa corrente. Além de receber nossas edições e informações confortávelmente todos os meses em sua casa, você estará colaborando para que mais pessoas tenham acesso e aproveitem os benefícios da corrida que você já conhece e, também, com o trabalho de uma das mais respeitadas instituições do Brasil. mais informações sobre assinatura acesse: http://goo.gl/Y6Lb8M

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Jerusalém, Amsterdam e Berlim: quatro destinos Run Stock Car: um dos novos circuitos deste ano, depois de Ribeirãobastante procurados por maratonistas brasileiros, acontecem

Preto, agora tem etapas em Brasília, Curitiba e São Paulo

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respectivamente em março, outubro e setembro

crédito Fernanda imagem: divulgação/organização - Duda Bairros crédito imagem: Paradizo

CAPA


CAPA

CORRENDO NO FIM DO MUNDO Evento realizado no Parque Nacional de Torres del Paine, no extremo sul do território americano, no Chile, contou com a participação de mais de 100 brasileiros

Imagine correr dentro de um cartão postal.

A cada passo você tem a companhia do maciço de granito das Torres del Paine. Apesar das baixas temperatura, em torno de 5 graus ao longo de todo o trajeto, o frio incomoda pouco. Talvez seja efeito dessa paisagem única, de tirar o fôlego. No dia 26 de setembro, 700 corredores de várias partes do mundo – sendo 100 brasileiros – viveram a experiência de participar da Patagonian International Marathon, realizada no Parque Nacional Torres del Paine, no Chile. “A prova é marcada pela singularidade do percurso. É um desafio em um lugar único e o fato de ser todo em estradão possibilita que mesmo aqueles corredores sem experiência em provas fora do asfalto possam ter essa e prazer”, diz a paulista Karine Parrusolo, que completou os 60 km na prova. Experiente, com várias maratonas e ultramaratonas trail na bagagem, como o El Cruce Columbia (100 km – Argentina/Chile) e o La Mision (160 km - Argentina). O fato do evento não ser realizada em área de elevada altitude é outro atrativo para quem escolher qualquer uma das opções de percurso existentes na competição chilena: 60 km, 42 km, 21 km ou 10 km. A maioria dos brasileiros

optou pela meia maratona. “Apesar de ser um trajeto com muitas de subidas, chão de terra batida e cascalho, a prova é deliciosa, sem monotonia”, afirma Marta Brescia, também de São Paulo, que corre há mais de 20 anos.”Fiz os 21 km e me encantei, o visual das montanhas com neve, os guanacos pelo caminho e os lagos azuis são incríveis.” Se altitude não é problema, a altimetria já impressionou os brasileiros. As largadas são em pontos diferentes, mas todos passam pela mesma estrada, sejam os maratonistas nos 42 km ou os que optam pelos 10 km. A partir da largada dos 21 km até a linha de chegada, ou seja 100% do percurso de 21 e de 10 é quase que integralmente de subidas. “Eu não esperava tanto”, fala Eliane Haddad, meia-maratonista de Ribeirão Preto (SP). E rasga elogios: “A prova é maravilhosa, tudo impecável, mais para quem quiser vir para cá, minha dica é: treinar muito em subida”. O carioca Leonardo Lerer, que também correu os 21 km, diz que “é uma prova para curtir, esqueça o pace e aproveite”. Para ele o importante mesmo é se proteger do frio, “Como no Rio de Janeiro não tem inverno, pesquisei e vi muitas por fotos de edições anteriores; não bastam o tênis e o filtro solar, aqui o corredor

tem de trazer gorro, manteiga de cacau, protetor de orelhas e outros acessórios que não estamos acostumados no Brasil”. A prova A corrida acontece sempre entre os meses de setembro e outubro, mas as inscrições já ficam abertas desde o primeiro semestre. O Parque Nacional Torres del Paine fica a mais de 100 quilômetros de Puerto Natales, a cidade mais próxima, onde acontece a entrega de kits. A maior parte dos hotéis fica próxima ao parque. O Las Torres tem localização privilegiada, a menos de 7 quilômetros da chegada e oferece vários serviços específicos para que vai correr. Quem está acostumado apenas com as provas de rua no Brasil e não tem nenhuma experiência em trail pode estranhar, pois a estrutura da prova é adequada, embora bastante simples: pontos de hidratação (cada atleta tem de levar seu próprio copo ou garrafa, não existe lixo no caminho), frutas e isotônicos apenas a cada 5 km. A arena de chegada não é cheia de serviços e comodidades como os eventos de rua brasileiros. Mas correr num dos paraísos naturais do planeta vale a pena, com certeza. Nessa prova, o ‘brinde”é a natureza dando passagem e sorrindo a cada passada.

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TRAIL

A trilha até a base das Torres del Paine é obrigatória, mas é um exercício e tanto, mais puxado do que a meia maratona. São 9 km de subida (18 km ida e volta), normalmente feitos em 8 ou 9 horas de caminhada. Para quando você for

Torres Del Paine é bem mais do que corrida. O parque tem diversas trilhas e atrativos incomuns. Reserve um dia para subir à base das torres e navegar pelo Lago Grey até os glaciares. E uma dica: a trilha até a base das Torres del Paine é obrigatória, mas é um exercício e tanto - mais puxado do que a meia maratona. São 9 km de subida (18 km ida e volta), normalmente feitos em 8 ou 9 horas de caminhada. Por isso, não faça o passeio antes da prova. Faça após e com pelo menos um dia de descanso. O Hotel Las Torres fica muito bem localizado: poucos quilômetros da arena de chegada do evento e no início das trilhas para a base. Está literalmente do melhor que o parque tem a oferecer. Além disso, possui uma estrutura especial para atender os atletas e serviços de altíssimo padrão. Depois da prova, vale a pena aproveitar da

gastronomia e dos vinhos da região. Faça um bom check-list antes de embarcar e leve que o que for precisar na prova numa malinha de mão. Puerto Natales é um cidade muito pequena e não tem muitas opções de serviços ou compras. E mesmo assim fica a mais de 100 km do parque. Não há facilidade de transporte entre os hotéis no parque e a cidade. E Punta Arenas, a principal cidade, está distante mais de 400 km. E prepare-se: em Torres del Paine você está no paraíso e no paraíso não tem telefone, celular e a internet é via satélite, precária até mesmo nos melhores hotéis. Mas provavelmente nem fará falta. Aproveite e desfrute. Offline. mais informações sobre o evento acesse www.patagonianinternationalmarathon.com

Alegria, alegria: as Torres (foto ao lado) são vistas ao longo do percurso e na chegada,

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crédito imagem: Adilson Haddad/Cassia Paes

onde os brasileiros Leonardo Lerer (esquerda) e Marta Brescia (direita) fizeram a festa


TRAIL

crédito imagem: Adilson Haddad/Cassia Paes/Roberta Palma

DIÁRIO DE VIAGEM

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5.

1. O Parque Torres Del Paine fica ao sul do Chile, na conhecida Rota do Fim do Mundo 2. Grupo dos atletas inscritos nos 21 km, hospedados no Hotel Las Torres (ao fundo), antes de sair para a largada 3. Parte do percurso da prova 4. Entre os passeios e atividades pós-evento, um piquenique à beira do Lago Pehoe, regado à vinho e delícias da gastronomia local 5. Passeio de barco pelo lado Grey para visita aos glaciares

Confira o álbum de fotos do evento e viagem em nossa Fan Page facebook.com/fanpagejornalcorrida ou acesse pelo link on.fb.me/18U7Cau WWW.JORNALCORRIDA.COM.BR /NÚMERO 29 / 11


crédito imagem: shutterstock

NUTRIÇÃO

SEM AI AI AI

PRESERVE SEUS MÚSCULOS Levante a mão o corredor que nunca sentiu

dores musculares após um treino mais longo ou forte? Pois é, difícil correr sem sentir dor ao menos 1 vez a cada 15 dias. Se você treina corretamente e está buscando melhor performance ou condicionamento, a dor é inevitável. E quando ela aparece, logo buscamos auxílio nos banhos de gelo, analgésicos, antiinflamatórios e massagens. Mas a alimentação também uma grande aliada nesses casos. A inclusão de certos alimentos na dieta contribui na prevenção e, também, no tratamento dessas dores. Uma maneira de minimizar o impacto do esforço nos músculos, evitando que eles fiquem doloridos, é consumir proteínas e aminoácidos antes dos treinos. Após o treinamento, o consumo de proteínas não ajuda nas dores, mas é importante para reduzir as lesões musculares e ajudar a deixar você em condições de enfrentar os treinos do dia seguinte. Um estudo realizado pela Universidade e Brighton, Inglaterra, comprovou isso.

Os pesquisadores utilizaram um grupo de corredores, testado duas vezes. Em uma delas consumiram proteína após os testes, em outra placebo. O rendimento deles no dia seguinte, foi muito melhor quando houve ingestão de proteína no pós-treino. Parte do dano muscular é causado pela ação dos radicais livres e uma dieta rica em antioxidantes ajudarão a manter o organismo preparado para enfrentá-los. Por isso, frutas e vegetais frescos são tão importantes no cardápio de quem corre. As gorduras essenciais, ricas em ômega 3, também protegem os músculos contra a ação dos radicais livres. O consumo de peixe, nozes, castanhas em geral, sementes de linhaça, oferecem esse suplemento naturalmente, por isso devem aparecer na dieta de quem tem uma rotina de exercícios físicos. As bebidas esportivas colaboram na redução dos danos que os tecidos musculares sofrem durante a atividade. Especialmente em corridas mais longas, quando os estoques de glicogênio

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muscular caem muito, beber um isotônico mantêm os níveis de carboidratos e preserva os músculos. Outro aliado na prevenção dessas dores é nosso bom e velho cafezinho. Que ele ajuda a melhorar o rendimento esportivo já sabemos, mas um estudo da Universidade de Illinois, realizado em 2007, comprovou: quem bebe café antes do treino sente-se menos dolorido após o exercício.

mais informações sobre nutrição acesse: http://goo.gl/ak5JOp


crédito imagem: shutterstock

SAÚDE

aquela “dor de lado” PREVENÇÃO

Tudo parece estar bem: início de treino, você sente

que começa a entrar no pique da corrida. De repente, ela aparece: é a temida “dor de lado” (direito ou esquerdo, não importa), uma pontada que atravessa a parte de baixo da costela. Forte, surge geralmente quando intensificamos o ritmo do exercício ou depois de algum tempo sem treinar. É como se nesse momento o corredor houvesse cruzado a fronteira entre as áreas de conforto e desconforto. Os motivos para a dor podem ser vários. Mas qualquer que sejam eles, um fato é certo: seu corpo se estressou e está reclamando. O melhor a fazer nessa situação, portanto, é respeitar o sinal de alerta, diminuir o ritmo lentamente e passar a andar. Se a sensação dolorosa continuar, o mais indicado é simplesmente parar, ainda que seja por alguns minutos. Uma das causas para o problema é má oxigenação do organismo. Respirar muito superficialmente faz com que o diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen, contraia e relaxe rápido demais, podendo apresentar um espasmo, uma espécie de cãibra, e daí vêm as dores. Se a pontada se estende para a área mais

central do abdômen, é bastante provável que a respiração pela boca tenha provocado a entrada de ar no estômago, o que deflagra produção do ácido clorídrico (substância que causa ardência e sensação de queimação, mesmo depois de a pontada desaparecer). Nesse caso, é importante prestar atenção na respiração e mantê-la pelo nariz. Preste atenção no ar que passa pela por suas narinas e, inspirando e expirando várias vezes, de maneira forte e prolongada. Acompanhe o trajeto do ar que entra em seu corpo até três ou quatro dedos abaixo do umbigo por alguns minutos, pressionando o local sensível com as mãos.

Mais sangue

Na maioria dos casos, no entanto, a dor do lado é causada pela fadiga do ligamento que sustenta o fígado e o baço, que fica na lateral esquerda do abdômen. Quando nos exercitamos, o sangue armazenado pelo órgão precisa ser rapidamente distribuído para os músculos mais exigidos naquele momento – e com essa demanda inesperada pode causar a dor de lado.

Para evitar o problema, algumas providências podem ser bastante eficientes. Para os iniciantes, vale começar a se exercitar num ritmo mais lento, para que o corpo se acostume. O aquecimento também é importante para evitar o “descompasso”. Essa prática inicial é uma espécie de “mensagem” ao organismo, um sinal de que o corpo será exigido. Isso faz com que músculos, tendões, circulação e até o sistema nervoso se preparem para o que está por vir. Outra dica: arquear as costas para frente durante o exercício também pode causar a dor de lado, pois a coluna flexionada pressiona o diafragma, dificultando a chegada do sangue até o local. Além de ficar atento à postura, é importante não deixar de lado os exercícios de musculação, fundamentais para o bom desempenho.

mais informações sobre saúde acesse: http://goo.gl/ak5JOp

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créditos imagens: arquivos pessoais

GENTE

1.

2.

CORRE CORRE

6.

1. Anderson, numa das das etapas do Circuito dos Parques, em Goiás 2. Sybrand de Bruin, em Gronningen, na Holanda 3. Erick Lopes, de Suzano (SP), na Disney Magic Run 4. Roberto Lugo, de Curitiba (PR), correndo próximo à capital paranaense 5. Walzenir Ferreira, de Curitiba (PR), na Meia de Floripa 6. Carol Simões, de Caraguatatuba (SP), na Adrenarun

5. Quer sua foto publicada nesta seção? Acompanhe o Jornal Corrida pelo Facebook, participe de nossas promoções. facebook.com/fanpagejornalcorrida ou acesse pelo link on.fb.me/18U7Cau

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3.

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