Jornal Corrida - ed. 37

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CORRIDA

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NUTRIÇÃO

Alimentos que melhoram seu estado de humor e disposição

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DICAS PARA NÃO DEIXAR SEUS TREINOS ESFRIAREM NO INVERNO

REINVENTE-SE

A corrida colocou Anelive Torres (foto) diante do maior desafio de sua vida. E foi correndo que ela se recriou.

EVENTOS - COMPRAS - GENTE - SAÚDE - TRAIL - TREINAMENTO



EDITORIAL CAMINHOS, AMIGOS E GRATIDÃO Costumo dizer que correr é bom, é vital. Cura e salva. Mas quanto mais corro e vivo nesse mundo da corrida, mais aprendo que o melhor da corrida são os caminhos e as pessoas. Correndo podemos descobrir novas possibilidades a cada dia. Até aquele tradicional circuito na USP ou no Parque do Ibirapuera pode nos oferecer centenas de caminhos diferentes. Basta mudar o olhar, a respiração, o foco. Também é possível criar novos percursos e conhecer outros ainda não percorridos. Este ano, com os treinos longos que tenho feito (para a Ultrafiord, em abril passado, e agora para a minha primeira maratona, em outubro) tenho me proporcionado passeios por ruas e avenidas da cidade. Calçadas nunca antes pisadas por mim, ruas conhecidas apenas por trás da janela do carro que – de perto, durante a corrida – ganham outra cor e outros significados. Minhas passadas têm me proporcionado descobertas incríveis! E me levado a lugares que faziam parte apenas do meu imaginário e dos meus sonhos. Meus tênis já correram por Jerusalém, pelo Parque Torres del Paine, pelos fiordes da Patagônia chilena, pelas trilhas de Florianópolis, pelo Parque Nacional de Foz de Iguaçu. Mas também, pelas ruas de Birigui – minha terra natal, por Pernambuco, pela Paraíba, pelo Rio de Janeiro, pelas Minas Gerais…São quilômetros e quilômetros de experiências, aprendizado e também evolução – física e espiritual. A cada caminho, treino ou prova, ganho um novo amigo, conheço uma nova história inspiradora como a de Anelive Torres, a personagem da capa desta edição. Ela foi – literalmente – atropelada pelo imponderável e incontrolável da vida e, mesmo assim, se refez e seguiu atrás da sua corrida, dos seus sonhos. Não existe zona de conforto. A vida nos pede resiliência. Temos que ter capacidade para lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. A corrida, seus caminhos e pessoas, nos ajudam a ser mais resistentes. Estamos na metade de 2016 e, apesar de todas as dificuldades, é possível acreditar que com resiliência, gratidão, treinos e amigos transformaremos este ano numa linda e inesquecível maratona. Bons treinos, Roberta Palma

O Jornal Corrida é produto da Play Sports&Content Diretora-geral e Publisher Roberta Palma roberta.palma@jornalcorrida.com.br Redação Monica Oliveira redacao@jornalcorrida.com.br Fernanda Alves fernanda.alves@jornalcorrida.com.br www.twitter.com/jornalcorrida

As matérias e artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo a opinião e/ou valores do Jornal Corrida. crédito imagem capa: Fernanda Balster Comercial anuncie@jornalcorrida.com.br Play Sports Content (11) 99234.9441 Distribuição gratuita em eventos e estabelecimentos parceiros

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EVENTOS

PROGRAME-SE COSTA VERDE. XTERRA acontece dias 9 e 10

de julho. Provas trail e de triatlon. Informações acesse o site www.xterrabrasil.com.br NB SERIES. New Balance 15k Series. Percursos de 5 e 15 km. Dia 10 de julho. Inscreva-se pelo site www.ticketagora.com.br

EUATLETA. Percursos de 5 e 10 Km. dia 16 de

julho, na USP. Prova noturna. Informações e inscrições acesse o site www.yescom.com.br crédito imagem: divulgação

ATHENAS. Dia 17 de julho. Percursos de 8 e 16 Km. Informações e inscrições acesse o site www.iguanasports.com.br

DELTA. No Parque da Independência. Dia 17 de

julho, com percursos de 5 e 10 Km. Informações e inscrições acesse o site www.ativo.com

TRILHAS PAULISTAS. Circuito Extreme acon-

DIVERSÃO GARANTIDA

tece dia 24 de julho, em São Luiz do Paraitinga. Percurso de 8 e 21 km. Informações e inscrições acesse o site www.circuitoextreme.com

Sucesso entre runners de dezenas de países, a The Color Run retorna ao Brasil nas mãos de uma das mais tradicionais e experientes organizadoras de corrida de rua do mercado nacional: a SX2 Eventos. Tendo no portfólio eventos como Princess Magical Run, Star Wars Run, entre outras provas temáticas, a SX2 foi a empresa brasileira convidada pela Bigsley Event House, dona da franquia The Color Run, para organizar os eventos da marca no Brasil, a partir de 2016. Por aqui, a prova seguirá as mesmas características e padrões que garantem o sucesso dela pelos quatro cantos do mundo. Todos os participantes largam vestidos com camisetas brancas para percorrerem 5 quilômetros em uma experiência inesquecível. A cada Km existem color zones de diferentes cores: áreas onde a música e a energia positiva contagia a todos. No final, uma grande festa os espera na arena, com todas as cores reunidas, muita música e animação.

TF RUN SERIES. Etapa JK Iguatemi. Dia 07 de

Serviço The Color Run Data: 28 de agosto e 23 de outubro Local: São Paulo - Ibirapuera 5 Km Informações: www.sx2eventos.com.br

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agosto. Percurso de 5 e 10 km. Inscrições pelo site www.tfrunseries.com.br

BOMBINHAS. Circuito Indomit acontece dia 13 de

agosto, em Bombinhas/SC. Percurso de 5, 12, 21, 42 km. Informações e inscrições acesse o site www.bombinhasrunners.com.br

NIGHT RUN. Etapa especial acontece na USP. Dia 13 de agosto. Percurso de 5 e 10 Km. Informações e inscrições acesse o site www.ativo.com

mais informações sobre eventos e inscrições acesse: www.jornalcorrida.com.br


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DESAFIE-SE E SEJA MELHOR!

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A melhor coisa a se fazer na corrida é ter uma meta ousada, pois ao nos desafiarmos estamos criando um motivo suficiente para superação, que mostrará onde podemos colocar toda nossa garra e sabermos pelo autoconhecimento o limite que podemos chegar. Mas, é lógico que cada um deve ter a noção do desafio ao qual vai se credenciar a participar, tem que ter muita disciplina para treinar com frequência, ter muita dedicação e não perder a rotina de treinos para fazer acontecer. Acredito que motivações nunca faltarão, portanto vamos aos desafios. Para iniciantes um bom desafio são os 5 km; já para aqueles que correm às vezes ou até tem alguma experiência, os 10 km; para corredores que já estão bem graduados nos 10 km, é a hora de chegar aos 21k; para os mais experientes em corridas o legal mesmo é se objetivar a maratona e quem já está descolado e totalmente experiente em maratonas pode criar desafio de baixar tempo em maratonas ou encarar até umas ultras ou outros tipos de corrida mais extremas, dado que experiência em corrida é muito o importante para tentar alcançar outros desafios maiores. Para ajudar a manter o foco, faça divulgação regularmente do seu desafio junto aos amigos, na sua rede social, envolva o maior numero de pessoas que você conheça no teu projeto e assim eles serão motivadores para que a execução seja perfeita. Vá de passo em passo até chegar com êxito no objetivo final. Meu desafio de vida é correr até os 100 anos, tenho me cuidado para tal, porém para que ele ganhe um bom tempero, coloquei a meta de correr uma maratona por ano até lá e a próxima já tem data marcada, novembro desse ano. Esse é meu desafio, quem vem? Boas corridas e bons desafios! Leandro Sandoval é diretor Técnico da Life Training Assessoria Esportiva, formado em Educação Física UNIb e pós Graduado em Fisiologia do Exercício CEMAFE/USP

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TREINAMENTO

NÃO HIBERNE! É só as temperaturas começarem a cair

que a frequência aos treinos segue o mesmo padrão. Muitas vezes, numa proporção até pior – despencam! Um dia frio aqui, o outro teve aquele imprevisto no trabalho, no outro esfria um pouquinho de novo, e pronto! Quando vemos a semana já foi, nenhum trotinho feito. Longão, menos ainda. Rapidamente acumulamos desculpas e quando vemos, passou o inverno e as planilhas foram atropeladas pelo comboio da preguiça com a frente fria. Parques ficam mais vazios. Nas ruas um ou outro corredor mais corajoso se atreve a enfrentar os sub 10 graus. Como ursos polares, muitos atletas amadores se escondem por meses. Até nas academias as disputas pelas esteiras são menores. É justamente nesta época do ano que vemos metas e objetivos irem para o fundo da

gaveta. Aqueles 10 Km sub 1 hora, os 21 Km tão sonhados ou a primeira maratona acabam ficando para um outro momento. O conforto das pantufas aquecendo os pés é mais sedutor do que o tênis de corrida. Muitas vezes nem nos damos conta, mas é no inverno, em meio ao sobe e desce dos termômetros que nosso foco e motivação se perdem. O frio, mais do que uma desculpa, é um dos vilões da manutenção dos treinamentos e da rotina de atividades físicas. Não bastasse, ele sempre vem acompanhado de companhias apetitosas. É neste período que abrimos mão do cardápio do dia a dia. Chocolates, massas, vinhos, foundues, cremes passam a ocupar mais espaço na mesa do que verduras, frutas e legumes. Afinal, comer salada no frio é coisa para os fortes.

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Mesmo nas provas é comum durante o meses mais frios o número de inscritos sofrerem uma queda. Típico também em alguns eventos e regiões do Brasil é termos o volume de inscritos bem superior ao de concluintes das provas. Muitos se inscrevem, retiram os kits, mas nem aparecem na largada. Com tudo isso, meses de treino, peso ideal, pace, condicionamento e até ganho de massa muscular são perdidos ao longo de junho, julho e agosto. São 40, 60, 90 dias de pouco atividade, motivação zero, saúde e performance indo ladeira abaixo. Como vencer as baixas temperaturas e manter o ritmo ao longo de 12 meses? Ouvimos corredores e treinadores e separamos algumas dicas que irão ajudar você a vencer o calor das cobertas e manter-se ativo o ano todo.


Programe sua prova principal do ano para o segundo semestre. Principalmente para os iniciantes e para aqueles que têm mais dificuldades em encarar as baixas temperaturas. No início do ano, quando fizer seu planejamento de treinos e provas, escolha sua prova principal após agosto. O compromisso ajuda a não se deixar cair nas tentações do inverno.

Arrume um “coelho”. Compartilhe de sua dificuldade em treinar nos dias frios com seus amigos de corrida. Agende treinos com eles pelo menos 2 vezes por semana. O comprometimento com a rotina de treinos certamente será maior.

“Após aceitar o convite de participar desse desafio, chego à conclusão que a motivação foi o principal sentimento nesses primeiros meses de preparação. Além de conhecer pessoas agradáveis e profissionais competentes, minha rotina de treino foi mais regrada. O melhor condicionamento físico é perceptível, pois treino em maior intensidade sem sentir o cansaço de antes”.

Alterne horários. Se logo pela manhã está impossível sair da cama e a noite esfria demais, tente alternativas. Trinta minutos na hora do almoço, quando o sol de inverno é agradável, é melhor do que nenhum minuto de treino durante toda a semana. publieditorial

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#DESAFIO2016

Renda-se à esteira. Muitos corredores têm horror ao equipamento, mas ele tem suas vantagens e utilidades. Principalmente nesta época do ano. Não tenha medo, ela não irá transformá-lo num “ramster de laboratório” como muitos dizem. Pelo contrário, ajudará você a manter o condicionamento em qualquer estação do ano.

Use as escadas. Nem esteira e nem rua, já pensou em usar as escadarias para não perder os dias de treino? Se estiver muito frio, use e abuse das escadarias do prédio onde você mora ou do seu local de trabalho. Nenhum dos dois têm escadas? Que tal usar as de um shopping ou estação de metrô? Experimente substituir um treino na rua por 20 ou 30 minutos de escadarias.

Vista-se adequamente. Apesar do frio, não exagere na roupa na hora de correr. É comum muitos corredores fazerem isso, sem perceber que o excesso de roupa atrapalha o rendimento. Camiseta de manga longa (tipo segunda pele), um corta-vento e proteção na cabeça (gorro ou bandana em tecido tecnológico - lã esquenta demais e acaba atrapalhando) são indispensáveis. Mais roupa do que isso prejudicará seu treino depois que o corpo já estiver aquecido. Só não esqueça de levar uma outra camiseta e um casaco para trocar quando terminar sua corrida. É importante manter-se seco e aquecido. Hidrate-se como no verão. Seu corpo usará mais energia para se manter aquecido, a reposição de liquidos e sais minerais tem que ser igual a um dia quente. Muitos se esquecem disso no inverno e o corpo acaba sentindo, prejudicando o rendimento nos treinos e a recuperação.

Paulo Gil tem um #desafio2016: mudar hábitos e manter uma vida mais saudável

Qual é o seu

DESAFIO? Você escreve a sua história nós contamos!

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CAPA

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CAPA

CORAGEM DE REINVENTAR-SE A corredora Anelive Torres aprendeu na prática o significado de resiliência e não deixou o imponderável interromper seus sonhos. Ao contrário, apoiou-se neles para superar a adversidade.

crédito imagens: Fernanda Balster

Tudo mundo quer ter músculos fortes,

resistentes. Porém, de nada adianta um corpo capaz de enfrentar os mais variados desafios se, do ponto de vista emocional, não formos flexíveis, ágeis, resistentes. E essas características se mostram justamente na hora das dificuldades quando DE REPENTE, tudo parece desabar ao nosso redor. Estamos falando de resiliência, um termo originário da física, mas também usado pelos psicólogos para falar da capacidade mental de se adaptar a novas situações quando surgem adversidades, traumas, tragédias, ameaças ou motivos significativos de estresse. Em outras palavras, é aquela característica que nos faz reconhecer a dor, a perda (jamais negá-la), mas em vez de se apegar ao que se foi, buscar descobrir outras possibilidades. E continuar a apostar no sonho, na alegria, na vida. Foi em agosto de 2014 que Anelive Torres aprendeu, na prática o significado de ser resiliente. “Eu nem conhecia essa palavra, foi a partir daquele momento que fui conhecer o seu significado”, diz a corredora paulista de 37 anos. Numa manhã de sábado daquele mês, Ane saiu para treinar na USP e quis o destino que ela fosse personagem de um dos mais brutais acidentais envolvendo corredores na capital paulista. Em pleno horário de “pico” dos treinos, quando a cidade universitária paulistana chega a receber mais de 5 mil corredores para treino, um motorista embriagado perdeu a direção, atropelando 3 atletas. Um homem, que faleceu

ainda no local, e duas mulheres. Anelive era uma delas. A pisciana, nascida no interior de São Paulo, mãe de um menino e uma menina, corredora desde 2007, soube transformar o acontecimento em aprendizado e motivação. E em abril último conseguiu alcançar o objetivo para o qual treinava naquele sábado: completou sua primeira maratona. Quando morou em Washington (EUA) por uma temporada, Ane foi apresentada à corrida. “Fui estudar por uns meses lá e via todo mundo correndo pelas ruas e parques. Comprei um tênis e resolvi correr também”, conta. Durante 6 anos seus eram apenas recreativos, para manter a forma e por diversão. Foi só em 2013, após o nascimento dos filhos que a corrida se tornou um estilo de vida para ela. Começou a treinar com regularidade e orientação especializada. Das provinhas de 5 e 10k com as amigas, saltou para os 21k. Sua primeira meia maratona, em fevereiro de 2014, foi sub 2 horas. Só nos primeiros 7 meses daquele ano de 2014, Ane completou três provas de 21k. O que a levou a decidir treinar para uma primeira maratona. Estava inscrita para a Maratona de Buenos Aires 2014 e pré-inscrita para a Maratona de Paris 2015 quando o carro invadiu a calçada da USP, atingindo os 3 corredores. “Felizmente eu só tive problemas ortopédicos, ruptura de vários ligamentos”, relembra Ane. “Minha história também poderia ter terminado ali, naquele momento”. Foram 3 cirurgias e 6

meses sem andar. “Minha primeira pergunta para o médico foi se eu poderia correr de novo. Quando ele disse que dependeria de mim, sabia que voltaria”, conta. Foram 12 meses de fisioterapia, 3 horas por dia, 7 dias da semana. “Quando deixei a cadeira de rodas e voltei a caminhar minhas pernas não tinham força, tive que recuperar toda a musculatura”. Para motivar ainda mais as cansativas sessões de reabilitação, Ane tinha em mente um objetivo: voltar a correr e completar uma maratona. Ou seja, dar continuidade ao planejamento anterior. “O sonho da maratona tinha sido protelado, mas não cancelado”. No início de 2015, Ane recomeçou nos trotes. Em maio daquele ano fez seus primeiros 5k. “Naquele mesmo menos eu já me inscrevi para Paris 2016 e direcionei toda minha energia nisso”. Vieram treinos na USP novamente, “sem nenhum fantasma, quando passei pelo local do acidente pela primeira vez e bati o pé no chão e agradeci. Sou grata a todo o aprendizado que aquele acidente me proporcionou”. Além de entender na prática o que é ser resiliente, Anelive credita ao acidente um maior autoconhecimento e aprimoramento espiritual. “Hoje eu vivo intensamente o agora, estou presente em tudo que faço e da mesma forma que exercito meu corpo com a corrida, pratico a alegria, a gratidão e o perdão, porque a vida é um instante, que tem que ser pleno”. Pelas ruas de Paris, no último mês de abril, Anelive Torres fechou um ciclo em sua vida.

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CAPA

Nos momentos mais difíceis faça o que lhe faz bem, esteja com pessoas de quem gosta e permita-se ter momentos de tristeza, de recolhimento, eles são fundamentais para o amadurecimento psicológico.

Feliz, agora os planos são completar a maratona de Buenos Aires (que ficou suspensa), “Chicago, Berlim, Nova Iorque, UpHill, quem sabe um trail e tudo aquilo que me for possível”.

APRENDENDO A SER MAIS FORTE

- Lembre-se de que por pior que uma situação seja ela não ficar da mesma forma para sempre, mas atitudes raivosas e violência (seja consigo mesmo ou com os outros) deixam marcas difíceis de serem apagadas. - Não se compare aos outros, sua história é única, nem lamente não ter valorizado o passado quando era mais feliz, apenas viva o presente da melhor forma possível, construindo um futuro melhor. - Não subestime situações desgastantes e arriscadas, pelo contrário, fique atento e seja

cuidadoso consigo mesmo, evitando atacar-se com boicotes e autopunições. - Mesmo nos momentos mais difíceis faça o que lhe faz bem, esteja com pessoas de quem gosta e permita-se ter momentos de tristeza, de recolhimento, eles são fundamentais para o amadurecimento psicológico. - Evite ater-se excessivamente a palavras e acontecimentos negativos e desenvolva o hábito de interpretar situações ambíguas de forma mais imparcial. - Aceite ajuda e n ão hesite em procurar um psicólogo. Pense que quando temos dor de dente buscamos um dentista capacitado que pode aplacar a dor. Da mesma forma, o psicólogo ou psicanalista é preparado para lidar com o sofrimento emocional.

Alegria, gratidão e perdão: para manter-se firme em sua recuperação e reabilitação, além da corrida

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Anelive usou da alegria, da gratidão e do perdão como aliados.


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crédito imagem: shutterstock

NUTRIÇÃO

RECEITA DE BEM-ESTAR Na maior parte do tempo você nem percebe, mas

há um mundo fervilhando dentro da sua barriga. Os milhares de hóspedes silenciosos instalados em seu intestino chegam a pesar juntos até dois quilos – ainda que cada “inquilino” seja minúsculo e só possa ser visto ao microscópio. Especialistas acreditam que até hoje foi descoberta apenas uma pequena parte desses seres. O mais curioso é que eles podem ter poder sobre o a forma como nos sentimos. Por incrível que pareça, alguns estudos já comprovam que bactérias da flora intestinal (presentes em alimentos como iogurte, queijo e bebidas à base de leite) podem interferir na forma como você pensa, em seu estado de humor e até em sua disposição para treinar. Recentemente, o pesquisador Emeran Mayer, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, estudioso das interações entre intestino e cérebro, escreveu que “micróbios intestinais influenciam na formação das lembranças e nas emoções”. Embora para alguns essa afirmação possa soar estranha, cada vez fica mais clara a forma como as bactérias da flora intestinal desempenham esse papel. Hoje os cientistas já sabem que os microscópicos orga-nismos residentes no trato digestivo, os lactobacilos e as bifidobactérias – presentes em alimentos comuns, como iogurte, queijo e bebidas à base de leite

– constituem a flora intestinal e são uma população absolutamente natural e necessária. Instalam-se ali logo após o nascimento e impedem que agentes que podem causar doenças se propaguem pelo organismo. No nível físico, ao longo da vida esses os microorganismos contribuem para a digestão, estimulam ao funcionamento intestinal, nos protegem de substâncias prejudiciais e reforçam o sistema imunológico. Produzem, entre outras coisas, diversas vitaminas e fornecem energia às células da mucosa intestinal. O mais curioso é que esses seres minúsculos também mexam com o humor e o ânimo das pessoas. Isso ocorre em razão de uma forte linha de comunicação por intermédio de diversos tipos de “mensageiros”: milhares de células nervosas recebem sinais dos organismos unicelulares e os retransmitem ao cérebro. Assim, interferem nos processos inflamatórios e na liberação da serotonina, o “hormônio da felicidade”, que pode ser acumulado no intestino, afetando nosso bem-estar e disposição. Essa descoberta motivou pesquisadores a compreender melhor o assunto, com o objetivo de desenvolver tratamentos da flora intestinal para ajudar a combater a depressão. Um grupo de pesquisa da Universidade de Swansea, no País de Gales, recrutou 132 voluntários

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saudáveis para um experimento interessante. Os voluntários consumiram, durante três semanas, um placebo ou uma bebida à base de leite com microorganismos vivos (chamado probiótico). Antes e depois desse período os psicólogos conduziram um teste com o objetivo de avaliar a sua saúde mental dos participantes do estudo. O resultado revelou que o humor de quem havia bebido o leite probiótico tinha melhorado sensivelmente, em particular entre aqueles que antes apresentavam visão predominantemente pessimista. Um efeito parecido foi observado por cientistas canadenses da Universidade de Toronto, em um estudo-piloto realizado com um pequeno grupo de pacientes que sofriam de síndrome da fadiga crônica. Os participantes, que por dois meses tinham ingerido uma bebida à base de leite enriquecido com lactobacilos, no final do estudo estavam menos deprimidos e fadigados que os integrantes do grupo que recebeu placebo Embora a resolução de questões emocionais não possa ficar restritas ao âmbito da alimentação, cientistas concordam que a estreita relação entre corpo e mente parece cada vez mais óbvia – e, nesse sentido, o que comemos ou deixamos de comer pode sim, ter alguma influência sobre a forma como nos sentimos, pensamos e até sobre o que podemos realizar.


crédito imagem: shutterstock

SAÚDE

PREVINA-SE

Pelos parques e ruas é muito comum ouvirmos

a máxima: correr é simples, basta colocar um tênis e sair trotando. Mas a realidade não é bem assim. Quem segue esta filosofia está propenso a virar estatística, como a da pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que aponta que entre os atletas amadores grande parte das lesões não estão associadas a colisões ou quedas, e sim à rotação e explosão muscular. Mais de 39% sofrem com lesões musculares e 17,9% com torções. O estudo também aponta que 72,2% dos traumatismos ocorrem nos membros inferiores – como joelho (11,8%), tornozelo (17,6) e coxas (34,5%). De acordo com o ortopedista e médico do esporte do Hospital Santa Paula, Fabiano Cunha, “a maior incidência de lesões acontece por falta de aquecimento ou exagero na realização das atividades, seja por muita intensidade, muita carga ou longa duração”. Ou seja, situação típica de falta de orientação e treinamento adequado. Entre os praticantes de corrida, as lesões mais comuns são:

Canelite - inflamação que do osso da tíbia

(canela). Em geral, começa com gera dor e desconforto durante e após os treinos. E caso não seja adequadamente tratada pode evoluir para uma fratura por estresse. É mais frequente em atletas amadores iniciantes.

Tendinite – é caracterizada por uma inflamação ou degeneração do tendão de Aquiles, é fruto

de um desgaste da articulação. Causa inchaço e dor. Em geral, acomete maratonistas e atletas de longas distâncias.

Fascite Plantar – inflamação da fáscia plantar –

28/08 IBIRAPUERA

tecido localizado na sola do pé – que conecta o calcâneo (osso que forma o calcanhar) aos dedos. Causa dores na região do calcanhar e é mais comum em atletas de médias e longas distâncias.

VENHA CORRER OS 5K

Fratura por estresse – decorrente do impacto

The Color Run é o mais importante e conhecido evento deste segmento.

durante a corrida. Pode aparecer em corredores que acumulam alto volume e intensidade nos treinos. De acordo com Fernanda Rizzo Calabrese, fisioterapeuta especialista em músculo-esquelética, “essas lesões são multifatorais, volume de treinamento e sobrepeso não necessariamente são a causa do surgimento desses problemas”. Por isso, sem prevenção, o risco de lesão só aumenta. E para evitar esses problemas, especialistas defendem que, além dos treinos de corrida, quem pratica o esporte não pode abrir mão de uma avaliação biomecânica da corrida - teste que analisa o movimento de cada pessoa enquanto corre e possibilita corrigir possíveis inconformidades que podem trazer lesão no futuro. Na rotina semanal de treinos também não podem faltar: exercícios educativos, treinamento funcional e musculação. “Sem falar no aquecimento, que muitos corredores abrem mão, mas que é importantíssimo para ficarmos longe das lesões”, ressalta a fisioterapeuta.

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créditos imagens: divulgação organização/ Nilton Rolin e Kiko Sierich

GENTE

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MARAVILHA No início de junho, durante as comemorações da Semana do Meio Ambiente, aconteceu a Meia Maratona das Cataratas, em Foz do Iguaçu. Mais de 2 mil atletas fizeram a festa no percurso. O blogueiro do Jornal Corrida, José Eduardo Garcia, também esteve presente e ainda levou troféu da categoria para casa.

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