O Arauto 18

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Ano III - nº 18 - out.2010

O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP

Especial Leitura:

OS PERIGOS DO CYBERESPAÇO

pág.08

Murilo Santos / O Arauto

Por que é importante ler?

Paulo Aranha / O Arauto

BIENAL DE SP As tão faladas instalações da maior mostra de arte do país

pág.12

A tecnologia está cada vez mais ao alcance de todos, inclusive dos criminosos

ESPECIAL SAÚDE

encarte

Suplemento mostra os cursos, o ensino e os laboratórios da Faculdade de Saúde do CEUNSP


da mesa do redator

FLAGRA

Antenado

Evandro Ananias / O Arauto

A gíria, que dá título a este editorial, melhor do que qualquer outro adjetivo, define bem o mundo das Comunicações e Artes contemporâneo. Muitas manifestações dessas áreas piscam a todo instante à frente dos interessados. E é preciso estar atento, ligado – para usar outra gíria. Só na seara da Tecnologia da Informação, Informática todo dia surge uma novidade. O Arauto, nesta edição, também tentou “antenar”, sentindo – na medida do possível – todos os sinais que vem do horizonte da atualidade.

No nosso especial, debatemos a leitura e a importância dos livros. Mas também abrimos espaço para outras formas de aprendizado/comunicação. Os cuidados que todos devem ter frente à internet (espaço democrático, pois interativo, mas onde também todos os males se instalam) e da fotografia, numa galeria com cenas de outra forma de expressão: a música ao vivo. E como música lembra Arte e esta, cultura vamos abrir espaço também para a 29ª maravilhosa – sempre – e polêmica – normalmente – Bienal de Artes de São Paulo. Aliás, o que você está fazendo que ainda não foi ver? Vá. A entrada é de graça. Você só gasta o transporte, mas adquire muita reflexão.

Refletir é também perceber que ótimas iniciativas não são unânimes. Democraticamente ouvimos os a favor e os contra à lei antifumo paulista que a mais de um ano tenta mobilizar a sociedade para reavaliar perspectivas de saúde e comportamento (O Arauto é contra o fumo, ok?).

Antenados e debatendo. Nossa função, acredito, está sendo feita. Participe você também. Boa leitura!

Professora do CEUNSP lança livro ‘Office Academico’

uma promoção de venda da obra para professores e alunos do CEUNSP, com custo reduzido de R$ 30,00. O contato pode ser feito por e-mail, diretamente com a autora: livros@danielleromanato.com.

expediente

A professora do curso de Design de Moda do CEUNSP, Daniella Romanato, informa sobre o lançamento no final de setembro do livro de sua autoria: Office Acadêmico. A obra, desenvolvida a partir da experiencia da docente com orientações de trabalhos acadêmicos, pretende ajudar todos aqueles que precisam cumprir o prazo de entrega dos Trabalhos de Conclusão de Curso, os conhecidos TCCs. Além desse alvo, o livro também auxilia com dicas e procedimentos a todos que precisam digitar conteúdos no programa Word e esclarece todo o tipo de dúvida a ser feita em trabalhos que seguem as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A impudência parece ser mesmo inerente a raça humana. Cidades já ficaram sem energia elétrica porque um passional subiu na torre de alta tensão, ameaçando se matar, após o término do namoro. Neste flagra do estudante da FCA/CEUNSP Evandro Ananias, clicado numa torre de telefonia móvel de Tatuí, outro desesperado ameaçou estragar a tarde impondo uma razão qualquer... e dando trabalho aos homens do Corpo de Bombeiros.

Comunicação do Leitor Quem lê O Arauto vai gostar da notícia: A Fundação Social Itaú distribui até o fim deste ano 8 milhões de livros infantis em forma de kits enviados pelo correio. Sugiro que todos se cadastrem (com CPF) e solicitem os livros ou apenas divulguem para pais e educadores interessados em promover a leitura: leia com seu(s) filho(s), doe para uma biblioteca, uma brinquedoteca, para um sobrinho(a)... Vamos incentivar a leitura infantil! O site é verdadeiro, não é virus. Eu já me cadastrei solicitando o meu: www.itau.com.br/lerfazcrescer

Marília Carrenho Camillo Coltri Professora Especialista do CEUNSP mccoltri@ig.com.br Nota da Redação: Realmente existe o site e recebe-se livros em casa.

Somos uma Casa de Acolhimento para Dependentes Químicos. Abrigamos nove adolescentes com idade de 13 a 17 anos. Esses meninos chegam até nós pelos pais, Conselho Tutelar, Poder Judiciário etc. Mas, na maioria das vezes, os familiares não podem custear um tratamento e por isso acolhemos gratuitamente. Por isso precisamos de ajuda financeira, material e voluntária. Gostaria de agradecer a doação de leite dos alunos do Curso de Farmácia da Faculdade CEUNSP.

Visite o nosso site: www.comunidadenascerdenovo.com.br e saiba mais sobre o nosso trabalho. Grande abraço.

Lúcia Costa Secretaria da Comunidade Nascer de Novo Telefone (11) 4029.4904

Publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP).

Contato: redator@arauto.info

Jornalista Responsável e Editor-Chefe: Prof. Esp. Pedro Courbassier (MTb.: 23.727). Projeto Gráfico, Diagramação e Edição de Fotografia: Prof. Murilo Santos.

Tiragem: 30 mil exemplares

Pré-revisão: estudantes. Revisão final: Profª Esp. Maria Regina Amélio. Conselho Editorial: Prof. Edson Cortez (coordenador-Geral da FCA); Prof. Ms. Filipe Salles (coordenador cursos de Artes); Prof.ª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães (coordenadora cursos de Comunicação); Prof. Murilo Santos; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho (diretor da FCA).

O Arauto é um produo da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA), feito em parceria com os estudantes de Comunicação que pautam, assinam as reportagens, fotografam e abastacem o blog Arautomania.

Os textos são de responsabilidade dos autores

Blog:arautomania.blogspot.com

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debate

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memória gráfica

[ Agnelo Fedel* ]

Arquivo / O Arauto

Uma proposta para o resgate de nossa

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Se o brasileiro tem a má fama de possuir uma memória coletiva fraca, principalmente com relação a fatos que dizem respeito à política e à economia, no setor cultural a questão se intensifica. Um país que, há mais de cinqüenta anos, se acostumou a ovacionar “enlatados” norte-americanos em todas as áreas da indústria cultural, também deixou de perceber, por isso, a enorme riqueza que se esconde por trás de todo o “jeitinho brasileiro”. Um pouco desse “jeitinho” já havia sido impresso no século XIX nas páginas do livro Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, numa tentativa inicial de desenvolver as verdadeiras raízes culturais do povo brasileiro. No entanto, isso só viria acontecer no século seguinte, durante os anos vinte, com o movimento modernista, especialmente estampado em Macunaíma, do antropofagista Mário de Andrade.

que ainda passa por sérias dificuldades causadas ora por má gestão, ora por total descaso de suas administrações. Esses aspectos, juntamente com a falta de uma entidade que mantenha a memória da imagem gráfica brasileira, mostram a necessidade da criação de um órgão voltado para essa área. A partir dessa premissa, imaginamos um projeto de uma entidade, a qual chamaremos inicialmente de Fundação da Memória Gráfica Brasileira. Atuando como um órgão independente, essa Fundação teria como principal função a preservação da memória gráfica, por meio da aquisição, restauração, organização e catalogação de obras gráficas, cujos valores histórico e prático estariam vinculados às suas funções, técnicas, processos e linguagens envolvidas; autorias e datas de criação e produção.

Além disso, a fundação funcionaria como um centro de Mas fora da área literária, acessível ainda somente a uma cultura, promovendo e divulgando estudos e pesquisas pequena parcela da população letrada, alguns de nossos par- teóricas e práticas; criando oficinas práticas e expondo seu cos meios impressos de comunicação de massa já apresen- acervo à comunidade, por meio de biblioteca e galeria de taram diversos personagens estritamente brasileiros. As exposições próprias. Dentro da área gráfica escolhemos Melindrosas, do grande cartunista J. Carlos e Juca Pato, de Bel- alguns temas, ligados a três departamentos de estudos monte, assim como vários personagens infantis que se inclu- e produção, que norteariam os trabalhos da Fundação, íam em jornais e revistas de grande circulação entre diversos sendo eles: Grafismo, Fotografia e Editoração e Design públicos da então recém instaurada Indústria Cultural Brasi- Gráficos. Essas áreas específicas das artes gráficas seriam leira. Mesmo moldados inicialmente nos formatos de seus re- desenvolvidas de maneira a que a Fundação pudesse oferecer lativos europeus e norte-americanos, nossos jornais, revistas, maiores recursos técnicos, teóricos e de conhecimento e até anúncios publicitários (hoje reconhecidos mundialmen- histórico a universidades, editoras e indústrias gráficas, as te como um dos melhores), além de toda uma série de obras quais se associariam à instituição. criativas em todo o setor gráfico, se tornaram também modelos culturais de conduta. Os recursos necessários para a Fundação, a partir de sua constituição física, humana e funcional, seriam conseguidos Muitos se recordam “daquela” revista que mamãe tanto lia por meio de parcerias com a iniciativa privada e universidades nas férias ou então daqueles anúncios publicitários de produ- públicas e particulares. O retorno do capital investido está tos que hoje não nos dizem mais respeito, mesmo por que fo- calculado para entre médio e longo prazos, já que a maioria ram substituídos por outros mais modernos. Outras pessoas dos serviços da Fundação será na área de catalogação e ainda lembram (e muitas guardam em coleções) edições an- pesquisa. tigas da Veja, O Cruzeiro ou Realidade, além daqueles “gibis” encaixotados debaixo da cama ou no armário. Muitas, no enSendo o objetivo principal dessa Fundação a preservação da tanto, sequer sabem o que foi uma Fon-fon! ou um O Tico-Ti- história da imagem gráfica no Brasil, assim como o incentivo a co. E alguém, por acaso, já ouviu falar da Careta? Imaginem, estudos teóricos e práticos sobre as linguagens envolvidas nos então, o que baús empoeirados de algumas famílias poderiam processos de criação e a divulgação e exposição de produtos nos apresentar: fotografias antigas, recortes de jornais, revis- históricos ou inéditos, cujos principais temas serão Grafismo tas com seus glamorosos anúncios de sabonetes com nossas - abrangendo as áreas de ilustração, desenho, história em mais belas atrizes, enfim, toda uma gama de informações que quadrinhos e cartunismo; Fotografia, e Editoração e Design nos remetem à cultura de um povo. O nosso povo. Gráficos - abrangendo áreas tais como a editorial (livros, jornais e revistas), embalagem, publicidade e cartazes. Bem, ao evocarmos, nestes casos, o termo “cultura”, Haverá a necessidade da criação de alguns setores e serviços poderemos relacioná-lo tanto às atitudes e comportamentos que farão parte da estrutura organizacional da Fundação, de uma determinada sociedade como aos produtos dela sendo eles os Departamentos Específicos, abrangendo as extraídos. Rico culturalmente, mas pobre em memória, o três áreas já citadas; os Núcleos de Apoio, tais como um de Brasil ainda precisa caminhar longos passos na manutenção restauração, um de aquisição e um de divulgação, e setores de dessa sua cultura. Dispomos hoje de diversos materiais que Serviços voltados à comunidade: uma Galeria de Exposição e são reproduzidos pela Indústria Cultural, distribuídos às uma biblioteca Circulante. camadas sociais e que, muito ou pouco tempo depois, são esquecidos e jogados num limbo, muitas vezes sem retorno. Mais do que um projeto, isto é uma proposta de trabalho. Uma proposta de organização e desenvolvimento de um Semelhante ao que acontece com uma grande parte desses órgão que possa atuar junto a universidades e empresas do produtos culturais, nossa imagem gráfica (ou seja, os produtos setor, assim como contribuir com a manutenção de nossa gerados pelas artes de reprodução gráfica) também sofre com memória gráfica. Acreditamos que esse tipo de organização essa falta de um espaço na memória cultural brasileira. Centros se faz necessário hoje, para podermos resgatar um pouco culturais, museus e centros de memória, principalmente por dessa memória que tanto nos faz falta e que, com o passar estarem ligados a estruturas deficientes dos poderes federal, dos tempos, fará ainda mais. Para aqueles que também se estadual e/ou municipal, estão encerrando suas atividades sentem assim, entrem em contato. Talvez com essa proposta ou reduzindo, drasticamente, sua atuação na área, como possamos fazer a diferença nessa época de uma mortal podemos verificar, por exemplo, as atividades do Museu da amnésia cultural. Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, ou a própria Funarte,

“Cultura não é uma ação cosmética de efeito rápido e imediato, mas um investimento com retorno garantido, mesmo sendo em longo prazo”. Luis Milanesi - A Casa da Invenção.

* É jornalista, professor universitário (FCA/CEUNSP), especialista em Teorias e Técnicas da Comunicação e mestre em Comunicação e Mercado. Atua há mais de 20 anos como professor e pesquisador dos efeitos dos produtos da Indústria Cultural, tais como Cinema, Televisão, Quadrinhos e Literatura de Massa.


vida universitária

Vinheta audiovisual da FCA-CEUNSP ganha prêmio nacional Edson Cortez / O Arauto

[ Jean Pluvinage ]

Estudantes de Rádio e TV e Publicidade da FCA-CEUNSP venceram a etapa nacional do prêmio Expocom 2010, evento que ocorre junto ao maior congresso de comunicação da América Latina, o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, organizado pela Intercom. A solenidade de premiação deste ano, que ocorreu em Caxias do Sul/RS, no dia 6 de setembro, contou com a presença de André Tambucci, estudante do 6º semestre de RTV, que foi novamente defender o projeto de seu grupo assim como havia defendido na etapa regional da Expocom.

André mostrou para a banca a vinheta do programa Mix Total, programa voltado ao público jovem e universitário, e defendeu o uso de referências Pop Art e de Pin Up presentes no vídeo. “Foi uma grande satisfação ver nosso trabalho reconhecido, avaliado e criticado construtivamente. Fico orgulhoso pelo que produzimos e pelas pessoas que participaram”. Os alunos premiados (foto) são André Tambucci, Júlia Aparecida Pereira, Ricardo Pereira da Silva, Vitor Bergamo Nunes, todos do curso de Rádio e TV, e Érica Cristina Zerbinatti, de Publicidade e Propaganda.

Depois de vencerem a fase regional, em Vitória/ES, alunos de RTV da FCA/CEUNSP ganharam a premiação nacional do Expocom

Para a orientadora do grupo, a professora Renata Becate, o resultado mostra que a FCA não tem nada a dever para outras instituições de ensino superior: “Nosso objetivo é ser, pelo menos, a melhor faculdade de comunicação do País fora da capital de São Paulo, e estamos conseguindo”, comemora.

Fabiana Rita / O Arauto

SWU: Eu fui! [Nathalia Pimenta]

Sobre o comentado SWU você já deve ter ouvido/visto: Três dias de música reunindo mais de setenta atrações do rock nacional e internacional, som eletrônico, jazz e outros gêneros, em um grande espaço cujo o debate era a sustentabilidade e um planeta melhor. Aliás, sempre é bom lembrar que SWU são as iniciais de Starts with you, que em portaguês significa “Começa com você”. Cerca de 160 mil pessoas estiveram no espaço localizado num pesqueiro/fazenda de Itu. Primeira edição de um festival que deu visibilidade e mexeu com a economia da região: hotéis, pousadas e até mesmo quartos residenciais (oferecidos para aluguel) lotaram. Os taxistas fizeram a festa.

FCA nos debates - Uma parceria entre os organizadores do SWU e a FCA, levou trinta integrantes da faculdade para participar do Fórum Global de Sustentabilidade, um encontro para debater o futuro do mundo/meio ambiente. Foram 44 palestrantes de várias partes do globo: de cultivador de alimentos orgânicos dos Estados Unidos a ambientalista, especialista em vida oceianica, da Tailândia. Apesar da variedade de origens foram os brasileiros que tiveram destaque, principalmente o músico e compositor Marcelo Yuka e a diretora do Canal Futura Lúcia Araújo, muito aplaudidos em suas considerações no segundo dos três dias de fórum. Os vários problemas ambientais e suas possíveis soluções foram discutidos entre o empresários, ambientalistas e o público presente. Um assunto abordado pela professora Renata Becate, da FCA, foi a participação do universitário na

De olho no futuro da humanidade: estudantes e professores da FCA/CEUNSP debateram sustentabilidade num fórum internacional

construção de um mundo sustentável e no processo de conscientização da sociedade sobre este tema tão importante para a sobrevivencia da vida – inclusive a humana - no planeta. Ao responder sua pergunta, Lúcia Araújo enfatizou que as universidades são importantes polos de conhecimento, mas que os universitários ainda estão muito “engessados” dentro de seus muros: “É imprescindível que o jovem transpasse os limites de suas universidades e cobrem de seus professores uma interação maior com a comunidade fora da faculdade. Além disso é preciso comunicação e integração entre cursos de diferentes áreas e que se permita a troca de ideias e encontro de soluções efetivas”, disse. ONGs – Instalações artísticas feitas com sucatas estavam espalhadas pelo local do festival. Um espaço muito intreressante era onde as ONGs mostravam seus trabalhos, entre elas SOS Mata Atlantica, Um Teto para o Meu País, Greenpeace e Prato Cheio. Quem teve a oportunidade de visitar prendeu-se com as atividades dessas organizações essenciais para a sociedade. Quem não foi vale a pena pesquisar num site de busca da internet e conferir a dica.

2011 – O empresário organizador do evento, Eduardo Fischer, durante o Fórum, confirmou estar quase certa a próxima edição do SWU no próximo ano, provavelmente de novo na Fazenda Maeda. Entre as atrações, a banda Alice in Chains é uma possibilidade. “Nao temos o compromisso apenas com o rock, pois penso em dividir as noites por gêneros musicais. Seria um dia para o hip hop, outro para o rock, outro para o pop”, declarou Ficher. Sobre o transporte e dificuldade de locomoção, que ao lado dos preços, foi o que mais desagradou alguns frequentadores, Fischer diz estudar uma solução e quem sabe a utilização da linha de trem que passa ao lado da fazenda. Mas ainda não há confirmação oficial de nada. Durante os três dias só não fez novas amizades quem não quis. A impressão que ficou é que algo unia todas aquelas pessoas, fosse o engajamento em uma causa, fosse a adoração por uma banda, fosse o frio polar que insisita em dominar o ambiente durante as noites: conhecer pessoas de todos os lugares fez valer a pena até os contratempos passados durante o evento.

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acontece na fca

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Aqui será sede do

Reguera vence concurso AECA / FCA / O Arauto

[ Jean Pluvinage ]

[ Paulo Ernesto Aranha ]

[ Sandra Ribeiro ]

[ Paulo Aranha ]

Atividade celebrada simultaneamente em mais de 400 cidades, o Dia Internacional da Animação está presente no Brasil pelo sétimo ano seguido. Salto, pela primeira vez, e Itu, que participou de três edições do “Dia”, serão localidades do país a ser sede da mostra de curtas nacionais e internacionais, agendada para começar às 19h30 do dia 28 de outubro. A iniciativa, organizada pela Associação Brasileira de Cinema de Animação, é desenvolvida em conjunto com outros países, como França, Estados Unidos e Irã.

Em 2010 foram inscritos 73 curtas-metragens em animação de vários estados brasileiros. Desses, foram selecionados onze para o programa oficial brasileiro que será exibido em todas as cidades participantes no Brasil e nos 51 países membros da Associação Internacional. Além das exibições da mostra oficial, nacional e internacional (que terão uma hora de duração cada), atividades paralelas serão feitas nas cidades participantes nos dias que antecedem ao evento: mostras infantis, mostra para portadores de necessidades especiais, oficinas, debates, palestras e exposições. Em Salto, a mostra vai ser no Cineclube CEUNSP da FCA-Faculdade de Comunicação e Artes de Salto: Auditório do Bloco K, no Campus V - Largo da Matriz, 73, Centro, Salto/SP. Mais informações pelo telefone(11) 4028-8806.

Peça com alunos do CEUNSP é premiada no Festival de Sumaré [ da Redação ]

Duas peças montadas pelo grupo Pentáculos participaram do VII Festival de Peças Curtas de Teatro de Sumaré: TPM – Fases de uma mulher e O Jogo. TPM venceu a categoria melhor texto, escrito por Kelli Molognoni, que também atua e teve indicação para “melhor atriz”. Já “O Jogo” não levou prêmios, mas teve indicações para Melhor Sonoplastia (Nicolas Marchi, e Melhor Cenografia (Tatá Nascimento).

As peças - ‘TPM – Fases de uma mulher’ tem uma pessoa e dois personagens: Clarice, nos planos real e imaginário e trata de temas como a mulher na tensão pré-menstrual. ‘O Jogo’ foi uma adaptação feita e dirigida pelo professor Eduardo Scorzelli, da FCA, com participação das atrizes Keyla Curciol e Alana Gardin. Conta a história de duas irmãs às voltas com sentimentos extremos.

O grupo - Pentáculos foi criado em 2006, apenas como um projeto. Em 2009, juntamente com Talita Pessotti, ex-aluna do CEUNSP, o grupo começou as atividades, com a montagem da peça TPM – Fases de uma Mulher. Este ano, outros integrantes se juntaram e deram continuidade a outro projeto, o “Terra: a vista”, apresentada no final do ano passado, na Faculdade de Comunicação e Artes.

A Produtora de Aúdio do CEUNSP já tem sua banda! No dia 14 de setembro, o Grupo de Trabalho escolheu a banda Reguera como vencedora do Concurso Musical da FCA. A Reguera apresentou todos os requesitos exigidos pela competição e surpreendeu a todos com seu som. A banda agora terá apoio de marketing, divulgação, gravação de um videoclipe e também a gravação de um single, realizados pelos alunos da produtora sob coordenação de Fernando Quesada, professor da FCA e baixista da banda Shaman.

A Reguera começou em outubro de 2004, em Indaiatuba. Já representou os paulistas no festival Unireggae de São Luís/MA, em 2005 e 2006. Tem como diferencial o uso de vocal feminino. A banda procura sempre divulgar mensagens positivas e quebrar os preconceitos que existem em torno do ritmo jamaicano. Interessado?

Confira

www.reguera.com.br

em

A Produtora de Aúdio é uma das empresas da Agencia Experimental de Comunicação e Artes (AECA-FCA).

Veterana do Jornalismo conversa com estudantes [ Sandra Ribeiro e Ricardo Dexter]

“Você é foca, não é minha filha? Percebi pela ousadia.” Foi com essa frase que o expresidente Juscelino Kubitschek recebeu a jornalista Miriam Krasil logo após ela ter invadido o Palácio do Planalto em uma noite da década de cinqüenta. A intenção era conseguir uma entrevista exclusiva com o então presidente da Itália Giovanni Gronchi, que visitava o Brasil. Além da exclusiva com o presidente, ela emplacou uma com a primeira-dama italiana no caderno feminino do jornal e garantiu vaga na redação do jornal Última Hora. Tudo isso e Miriam tinha apenas 17 anos de idade. Miriam contou essa e outras experiências profissionais para os alunos do 2º semestre de Jornalismo do CEUNSP/ Salto na última semana de setembro. Os maiores questionamentos dos futuros jornalistas foram sobre a pouca idade e o fato de serem raras as mulheres nas redações naquela época. “Dona” Miriam conta como em apenas quinze minutos, conseguiu a vaga em um dos veículos que revolucionou o jornalismo, introduzindo a fotografia nos jornais, “Fui até

o editor-chefe do Samuel Weiner e falei: Quero ser jornalista. Ele me perguntou o porquê e eu disse: Porque eu escrevo bem.” Após ter redigido um texto ela passou a fazer parte do contingente de repórteres do jornal. Formado em sua maioria por homens. Hoje Miriam adota o sobrenome de casada, Benayoun, está com 72 anos e muita vitalidade. Tanto que é presidente da Assamatec (Associação dos Amigos do Teatro e Escola de Música Eleazar de Carvalho), uma ONG de Itu que forma jovens pobres para a música erudita. Mesmo tendo abandonado a profissão para cuidar dos filhos, ela fala com paixão dos tempos de redação: “São poucas as coisas de que me arrependo. Uma delas é ter deixado o Jornalismo.” Assessoria de Imprensa - A

jornalista Nathana Lacerda, diretora da Sigma Six Comunicação, a convite da professora Rayneci Vidal, também conversou com estudantes de Comunicação (Jornalismo e Relações Públicas) da FCA. Foi no dia 17 de setembro, com o tema “Assessoria de Imprensa, um mercado promissor”.


infotec

O arauto /set.10 Arte: Eduardo Carvalho / O Arauto

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Os perigos do

cyberespaço [ Adriane Souza ]

A tecnologia está cada vez mais ao alcance de todos, inclusive dos criminosos, que tiram proveito da união entre interatividade e anonimato “Temos a solução para os seus problemas.” Essa frase é o sonho de todo o devedor. Para pessoas com restrições no nome, encontrar a solução para seus problemas, no caso, financeiros, é extremamente complexo. Como bancos e financeiras não liberam crédito para inadimplentes - por mais nobres que sejam suas razões - a internet acaba se tornando a esperança da grande maioria.

Com a interação promovida pela rede, devedores e estelionatários se encontram: é a lei da oferta e da procura. E, na hora de pesquisar a melhor saída para sua enrascada financeira, o inadimplente não filtra de maneira clara as informações e acaba se deixando levar pelas facilidades oferecidas por estes criminosos cibernéticos. “Veja bem, esse é o antigo ‘conto do vigário’, a diferença é que agora acontece no meio online. As quadrilhas encontraram uma maneira moderna, que é a internet, para utilizar a ambição das vítimas contra elas mesmas”, esclarece o advogado Jonatas Lucena, especialista em crimes virtuais. O contato é simples. Com uma pesquisa utilizando palavras como “empréstimo, online, urgente”, a lista de agiotas é vasta. Dentre eles, o mais bem sucedido é o criminoso conhecido como Pedro Rocha. “Estava com a mensalidade da faculdade atrasada, mesmo negociando não consegui pagar, meu nome estava sujo e não sabia o que fazer, decidi recorrer à internet”, conta uma estudante. Segundo ela, após uma pesquisa encontrou o contato do estelionatário e resolveu mandar um e-mail. “Ele me respondeu rapidamente, pediu algumas confirmações”, diz.

“Sinceramente, quando vi a possibilidade de conseguir dinheiro sem comprovação de renda, com pagamento em carnê, acabei respondendo o e-mail com os dados que ele pediu”, relatou. Em resposta, Pedro Rocha solicitou que a universitária depositasse o valor de R$ 250 numa conta pré-indicada por ele, para fins de cadastro. “No e-mail, ele disse que trinta minutos após a confirmação do depósito, liberaria o crédito na minha conta. Imagine só resolver meus problemas financeiros com a faculdade em trinta minutos... Foi por isso que eu caí”, revela.

Sumiu! - Depois de efetuado o depósito, a estudante nunca mais recebeu nenhum tipo de contato de Pedro Rocha, muito menos o dinheiro em conta. “No fim, perdi um dinheiro que não podia, acabei implorando à faculdade por um financiamento mais ameno, assim irei conseguir me formar sem a ajuda de ninguém”, desabafa. A jovem espera que as pessoas fiquem alertas com golpistas. “Meu maior medo é ele acabar usando meu CPF, espero que nunca aconteça, já abri um B.O. e aguardo um parecer judicial, mas sei que será difícil pegá-lo.

Avise à Polícia Quando alguém cai neste tipo de golpe, deve comunicar à Polícia o mais rápido possível. O advogado entrevistado diz que a autoridade policial inicia as investigações a partir do boletim de ocorrência (B.O.). “Através de ordem judicial, solicitada pelo responsável da delegacia na qual o B.O. foi registrado, o IP (espécie de registro geral único de cada computador) do golpista é requerido, dando início às investigações”, informou. Normalmente, segundo o advogado, “este tipo de crime se caracteriza como estelionato ou formação de quadrilha, que deve dar uns dois anos de cadeia”. Os criminosos estão migrando para internet,

por acreditarem que este território é livre e, portanto, impune. “A maior parte dos cybercriminosos acham que a Internet é um terreno sem lei, o que é um grande equívoco, pois em média 95% dos crimes cometidos na web já têm legislação própria”, atesta Lucena. Ele diz ainda que a impunidade é grande devido ao baixo número de denúncias. “Na maioria dos casos, as vítimas nem levam a informação do crime até uma delegacia, pois tem vergonha ou coisa do tipo”, conta. O advogado Jonatas Lucena finaliza alertando de forma bem simples aqueles que buscam uma solução online para seus problemas: “quando a esmola é demais, desconfie”.

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comunicação

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Rádio comunitária

é legal [Francisca Soares]

Como é - Com uma programação mais musical do que a rádio comercial, a comunitária anuncia suas propagandas como apoio cultural, já que é uma entidade sem fins lucrativos.

Os comunicadores costumam ser da própria comunidade. O conteúdo que vai ao ar é muito bem analisado, pois deve ser evidente as manifestações culturais do município. Sendo assim, defender os direitos do cida-

dão, ouvir e promover a participação da comunidade são os principais motivos para a existência das rádios comunitárias do País.

Dificuldades - Entretanto, a luta para manter uma emissora no ar é diária. A concessão precisa ser renovada a cada três anos. E ainda existe o problema das rádios piratas, muitas vezes confundidas com as comunitárias que, por não terem a licença do Ministério das Comunicações, roubam a frequência de outras emissoras e atrapalham o tráfego aéreo. Portanto, as rádios comunitárias ainda precisam organizar-se mais para conseguir sobreviver.

Para isso, é necessáriomelhorar o conteúdo da programação, o ambiente de trabalho dos locutores e, principalmente, abraçar as idéias da comunidade para transformá-las em prestação de serviço. Assim seu caminho será mais leve e marcado por conquistas sempre almejadas.

P.J.C.

A história do rádio no Brasil começou em 1922. Do alto do Corcovado o então presidente Epitácio Pessoa anunciou a primeira transmissão oficial do Brasil. Já a rádio comunitária foi uma conquista mais recente, sob forma da lei 9.612 de 1998, que diz: “O serviço de radiofusão comunitária restringe-se a irradiações em frequência modulada, de alcance limitado a, no máximo, um quilômetro de sua antena transmissora, criada para proporcionar informação, cultura, entretenimento e lazer a pequenas comunidades.”

Experiência própria

computador para programar o conteúdo que ia para o ar. Quando precisávamos gravar Esta repórter viveu a experiência de vinhetas ou propagandas fazíamos isso trabalhar numa rádio comunitária. Foi na quando a emissora fechava, após a Voz do Cedro FM, em Cedro, Pernambuco. A rádio e Brasil. eu tínhamos estreado sem nenhum teste antes de começarmos: iniciamos a transmissão às E lá se foram cinco anos. Em 2002 a fis10h do dia 18 de julho de 1998. O programa calização fechou a rádio. Motivo: a liminar tinha duas horas de duração e o locutor oficial estava vencida. Foi o fim da minha carreira entrava no ar comigo. Além de apresentar, “profissional” em rádio comunitária. Emissotinha que controlar o som e vender o apoio ras essas que preparam locutores para grancultural. Lembro que às vezes a emissora des meios de comunicação. A verdade é que saía do ar porque o “toca CDs” apresentava aprendi muito na prática. E aproveitei para faproblema e não tínhamos verba para zer um piloto numa rádio comercial, a Jardim pagar o conserto. Naquela época não havia FM, onde trabalhei dois anos.

O que o jornalista espera do Jornalismo [Júlia Justino]

O jornalista espera um jornalismo limpo e quer que o leitor entenda o que se passa no mundo.

O jornalista espera que o jornalismo seja sempre importante. Que seja reconhecido o valor de cada nota publicada. O jornalista espera um jornalismo direto e sem rodeios, que informe a realidade como ela é. Nada de sensacionalismo.

O jornalista espera poder fazer a diferença. Espera poder contribuir com a sociedade.

O jornalista espera que o jornalismo não seja esquecido e que o impresso não seja abolido pela tecnologia. O jornalista espera que o mundo não demore tanto para mudar. Espera que suas ações sejam diretamente ouvidas.

O jornalista espera um jornalismo honesto.

Anseia pelo dia em que não haverá “diz-queme-disse” se conseguir “aquele” furo.

O jornalista quer um sonho - o jornalismo que não visa somente o lucro. O jornalista quer o alternativo, pode ser um pasquim.

Acima de tudo o que mais um jornalista pode esperar do jornalismo é que não seja necessário ser um âncora de telejornal para obter reconhecimento. Ele quer ser reconhecido pelo seu instinto, pela sua nota na sessão de obituários do jornal da sua cidadezinha, pela reportagem sobre o concurso de “miss” ou sobre o desvio da verba da merenda da escola em que estudou. Ele espera o jornalismo que age e faz efeito, de preferência, efeito prolongado. O que é? - Texto escolhido a partir dos vários produzidos por alunos do 2º semestre de Jornalismo, como exercício prático da disciplina Comunicação e Expressão II, ministrada pela Professora Especialista Maria Regina Amélio.

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contra cultura

O arauto /out.10

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29 Bienal de Artes de São Paulo a

[Paulo Ernesto Aranha]

Polêmicas na maior mostra de artes visuais do país

O tema desta 29ª edição é a ligação arte e política. Toma emprestado, como título, um verso da obra Invenção de “Orfeu” (1952), do poeta Jorge de Lima: “Há sempre um copo de mar para um homem navegar.” Cerca de 850 obras, 600 legendas, de 159 artistas de mais de 30 países, expondo seus trabalhos. É uma das mais importantes mostras de artes do país e uma das maiores do mundo. Em tamanho só perde para a Bienal de Veneza.

Instalações - Há videoinstalações e videoarte, performances, cinema, fotografia e pintura. Entre as novidades está a exibição de filmes de grandes diretores como Agnés Varga, Glauber Rocha, Edgard Navarro, Eryk Rocha entre outros. Também há seis terreiros com obras que surgem enquanto o visitante passa por trilhas.

Polêmicas

Como sempre, algumas polêmicas apareceram na Bienal. A primeira foi com as obras do pernambucano Gil Vicente. Ele expõe na Bienal a série de desenhos “Inimigos”, que traz imagens do próprio artista executando personalidades como Fernando Henrique Cardoso, George W. Bush, Papa Bento XVI, entre outras lideranças mundiais. Todas as imagens mostram armas. Na obra que tem o presidente Luís Inácio Lula da Silva, Gil Vicente o ameaça com um punhal: “Atacar o Lula com uma faca foi casual, não significa que eu o odeio”, explicou. Antes da abertura oficial, a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo solicitou à Bienal que retirasse as ilustrações do evento, mas o pedido não foi acatado. Maus tratos? - Um dos principais nomes da arte contemporânea do país, Nuno Ramos também foi alvo protesto contra a instalação “Bandeira Branca”, obra em que três urubus interagem com esculturas de areia ao som das músicas Bandeira Branca, Carcará e Boi da Cara Preta. Na abertura da Bienal foi pichada na instalação a frase “Liberte os urubus”. As aves engaioladas foram emprestados por um criador de Sergipe, autorizado pelo Ibama. Política - Na obra ‘El alma nunca piensa sin imagen’ (em português: A alma nunca pensa sem imagem), do artista argentino Roberto Jacoby, apresenta um palanque com microfone, vídeos e imagens da candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff. Ela está retratada na obra em um mural, com chapéu de cangaceira, ao lado de José Serra. Sexo - No terceiro piso, destaque para a obra do artista plástico paulista Henrique Oliveira, inspirada no quadro “A Origem do Mundo”, de Gustave Courbet. A pintura causou escândalo no século XIX, ao retratar de forma explícita uma mulher de pernas abertas. A instalação de Oliveira se assemelha a uma vagina gigante, pela qual o visitante pode entrar. Lá dentro, ele encontra um emaranhado de túneis feitos de compensado de madeira.

As obras segundo um visitante Andei por mais de oito horas na Bienal e pude ver alguns artistas como Cildo Meireles - que quis ler O Arauto - e o venezuelano Jacobo Borges, que atualmente mora em Nova York. Apreciei o trabalho de Borges e pude entrevistá-lo. A obra chama-se “Imagens de Caracas”. São várias fotos de imagens da cidade, misturando-as em três projeções de cenas de um filme em três ângulos diferentes. “Foram três anos de trabalho em Caracas, captando imagens da cidade, e oito projeções realizadas em 1967, há mais de 40 anos”, explicou. Receptivo, mostrava detalhes: “São fotografias feitas durante as 32 horas de projeção das películas. A inspiração foi tirada do filme Napoleão”, comentou Jacobo Borges. Outro destaque é o espaço da fotógrafa americana Nan Goldin, que ficou famosa pela série de fotos com que retrata, desde a década de 1970, um cotidiano de sexo e violência. Uma amostra desse trabalho está presente na Bienal com a instalação A Balada da Dependência Sexual. Exibe centenas de imagens feitas durante 25 anos, entre 1979 e 2004. Esta edição da mostra reúne nomes representativos no circuito internacional, que vão desde a belga Chantal Akerman a Steve McQueen, até os cineastas Jean LucGodard, lenda da Nouvelle Vague (movimento do cinema francês), ao experimentalismo de Jonas Mekas e Apichatpong Weerasethakul, vencedor da Palma de Ouro em Cannes neste ano, que também desenvolve trabalhos em outros suportes. Entre os nomes da arte brasileira, um resgate de algumas das figuras mais importantes das vanguardas nacionais, como Flávio de Carvalho, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Paulo Bruscky, Antonio Dias, Carlos Vergara, Carlos Zilio e Cildo Meirelles, ao mesmo tempo em que aposta em novos artistas, como o mineiro Matheus Rocha Pitta, a paulista Tatiana Blass e a carioca Alice Miceli.

Cildo Meirelles apreciando “O Arauto”

Quer ir? A Bienal fica em cartaz até 12 de dezembro. A entrada é gratuita. Os horários de funcionamento são de segundafeira a quarta-feira, das 9h às 19h; quinta-feira e sextafeira, das 9h às 22h; sábados e domingos, das 9h às 19h. A entrada só é permitida até uma hora antes do fechamento. O Pavilhão Cicillo Matarazzo fica no Parque Ibirapuera. Site oficial: www.29bienal.org.br

Fotos: Paulo Aranha / O Arauto

Em 2008 a Bienal de Artes de São Paulo foi alvo de muitas críticas, ganhando o apelido de “Bienal do Vazio” por deixar um andar inteiro do prédio sem uma obra sequer e por uma polêmica prisão de uma jovem que pichou uma obra. Dois anos depois ela está de volta. O Arauto foi conferir.

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contra cultura

O arauto /set.10

Um ano após entrar em vigor, o que a Lei Antifumo realmente mudou? [Gisele Gutierrez]

Desde que entrou em vigor, em agosto de 2009, a Lei Antifumo, que proibe o cigarro em ambientes internos e áreas comuns, deu o que falar. Bares, restaurantes, condomínios, escolas e qualquer ambiente que seja de uso coletivo, o cigarro é completamente proibido. Porém, é só sair para uma volta e comprovar que o cigarro ainda aparece, apesar das proibições e placas lembrando as restrições. Enfim, é fácil flagrar os fumantes de plantão. Nos sites de relacionamento (tais como Orkut) surgiram diversas comunidades tanto de apoio quanto de protesto, em que as discussões literalmente pegam fogo, colocando em lados opostos fumantes e não fumantes. Difícil dizer quem está com a razão. Para ajudar vamos recorrer ao filósofo Jean-Jacques Rousseau, que em seu Contrato Social, de 1762, já dizia que, no pacto social, “cada um de nós coloca sua pessoa e sua potência sob a direção suprema da vontade geral.” Dessa forma, as leis não servem para que os indivíduos renunciem sua própria liberdade, mas sim, é uma maneira de entrar em acordo para a proteção de seus direitos. Para Rousseau, liberdade não é apenas ter direitos, mas também deveres. Os fumantes alegam que seus direitos estão sendo violados, nãofumantes mais radicais apóiam totalmente a imposição que coíbe o cigarro em praticamente todos os ambientes internos.

Lei Antifumo – Não é a primeira vez que são criados mecanismos para diminuir o contato dos não-fumantes com o cigarro. Em julho de 1996 o governo federal criou a lei 9.294: proibia o fumo em ambientes coletivos, públicos ou privados, com exceção de lugares próprios, os chamados fumódromos. Assim, restaurantes, bares e outros estabelecimentos criaram ambientes separados para fumantes e não fumantes. A verdade é que a lei não emplacou e em pouco tempo não havia mais diferença entre um ambiente e outro. Segundo o site oficial da Lei Antifumo (www.leiantifumo.sp.gov.br) o maior objetivo da medida é “defender a saúde, principalmente, das pessoas que não fumam, mas acabam obrigadas a inalar a fumaça do cigarro daquelas que fumam.” De acordo com a Vigilância Sanitária de São Paulo, não existem níveis seguros para a inalação da fumaça de cigarros. Por isso, o fumo passivo é considerado um “grave problema de saúde pública”. A Secretaria de Saúde atacou, literalmente, em todas as frentes. As restrições, colocadas com a lei de 1996, viraram proibições com a lei 13.541 e lugares que comportavam espaços reservados para fumantes, estavam, do dia para a noite, totalmente livres da fumaça. A intenção não é proibir o ato de fumar, ainda assim é extremamente

Os números da “fumaça”...

• IBGE aponta que cerca de 24,6 milhões de brasileiros, com mais de 15 anos, são fumantes. Destes, 93% sabem dos malefícios do vício e 52,1% dizem que pretendem largar o cigarro. • De acordo com a mesma pesquisa, há no país 26 milhões de exfumantes. 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos de idade, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

• O Inca afirma que de cada 100 pacientes com câncer 30 são fumantes. Estima ainda que 200 mil mortes ocorrem todos os anos no Brasil em decorrência do cigarro. Um prejuízo de US$ 200 bilhões ao ano, egundo o Ministério da Saúde. • Estudos do Inca afirmam que o fumo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo.

• O cigarro é composto por cerca de 4.500 complexos químicos, o mais letal é o monóxido de carbono (dados da Organização Mundial de Saúde).

É proibido fumar. Será mesmo?

restritivo e, com isso, os fumantes definem-se como os novos excluídos da sociedade. “Minha vida social foi quase aniquilada por essa perseguição”, diz Fábio Pegrucci, empresário paulista dono do blog “O contador de História”. Para ele é dever do Estado alertar sobre os males do cigarro, mais do que isso, é um serviço de utilidade pública, não apenas no que se refere ao cigarro, mas em relação a qualquer outro vício ou doença crônica, como a obesidade. Mas alerta que “moldar comportamentos por força de lei é totalmente inaceitável”. Para Fábio, a forma como a lei foi colocada denota “intolerância, falta de sensibilidade, ausência de senso democrático, desrespeito às liberdades individuais”. Concorda que deve haver restrições, porém, estas não podem ferir as escolhas individuais. Assim como a maioria dos fumantes, Fábio apóia que devem existir ambientes em que o cigarro seja liberado, criando-se assim ambientes apenas para fumantes e outros para os não fumantes, ficando essa escolha a critério dos proprietários. “Bastaria que cada pessoa, livremente, escolhesse se deseja ou não freqüentar o lugar”, argumenta Fábio, que completa: “tão simples quanto um vegetariano não freqüentar churrascarias.” Porém, de acordo com o portal referente à Lei, o maior problema não é criar dois ambientes (para fumantes e não fumantes), mas sim a fumaça, “que não respeita ambientes”, diz um dos textos existentes no site. A imprensa foi uma das formas que a Secretaria Estadual da Saúde usou para divulgar a Lei Antifumo. Personalidades famosas apareceram em propagandas do governo do Estado para a divulgação da nova lei, além de “recrutar” novos adeptos à campanha contra o cigarro, que Pegrucci define como “demonização de um hábito”. Jô Soares é uma dessas pessoas. Conhecido como um bom vivant, com uma linha exclusiva de charutos, “literalmente, vestiu a camisa da Lei Antifumo paulista”, diz Fábio. Fica a pergunta: será que Jô Soares largou o fumo definitivamente?

Moral da história

Independente de proibições e leis que restrinjam o consumo do cigarro, o que vale sempre é o bom senso. Afinal, não podemos classificar as pessoas em fumantes e não fumantes. Antes de tudo somos cidadãos, e como tal temos nossos direitos e também deveres. Lembrando que o nosso direito termina quando começa o outro. e que o cigarro faz mesmo mal à saúde.

• Dezoito estados brasileiros criaram leis antifumo. Em apenas quatro deles – São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Paraíba – a lei proíbe os fumódromos. Os demais seguem a lei de 1996, que prevê espaços para fumantes.

• Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, 99,8% dos estabelecimentos comerciais paulistas aderiram a lei antifumo.

• Da data em que a lei entrou em vigor no estado de São Paulo, até o dia 31 de julho deste ano, o Procon e a Vigilância Sanitária, realizaram, em todo estado 360.741 inspeções. 882 estabelecimentos foram multados. • Neste último ano o Instituto do Coração (Incor) visitou cerca de 700 estabelecimentos no estado e apontou uma redução de até 73% nos níveis de monóxido de carbono em ambientes fechados. • Na Paraíba, o valor da multa para quem descumprir a lei antifumo pode chegar até a 3,2 milhões de reais.

Murilo Santos / O Arauto

pág.11


ESPECIAL

Não livre-se [Prof. Esp. Pedro Courbassier]

Livro, diz o dicionário, é “um volume transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto e/ou imagens, que forma uma publicação.”

Pode ter outros nomes: “Em ciência da informação o livro é chamado monografia, para distingui-lo de outros tipos de publicação como revistas, periódicos, teses...”

O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento e expressões individuais ou coletivas. Fato. Também é um produto de consumo, um bem durável ou como diz a estudante de Jornalismo Beatriz Silva, “um bom e velho amigo que estará

sempre juntando pessoas, formando cidadãos e ajudando a construir a história.” Mas o produto livro passa por uma crise existencial. A tecnologia presenteou a humanidade com internet e leitores digitais. O Arauto já tratou deste tema em edições anteriores. Mas, fica a questão. Mesmo com o avanço tecnológico, os livros deixarão de fazer parte da vida dos estudantes? As fontes do saber são ameaçadas pela capacidade de armazenamento e disponibilidade dos meios eletrônicos e internet. Fato. Mas, mesmo assim, os livros ainda são vitais para o desenvolvimento cultural da humanidade. Leia!

do livro! Uma reflexão sobre o ato - e os benefícios - da leitura

Leio, logo existo [Prof. Esp. Maria Regina Amélio]

Todo mundo diz que ler é importante – menos Fernando Pessoa em seu poema Liberdade (página ao lado). Pensadores como Ítalo Calvino, Harold Bloom e Alberto Mangel escreveram textos célebres sobre a questão do hábito da leitura. Monteiro Lobato, só para citar alguém da terra das palmeiras onde canta o sabiá, já dizia: Um país se faz com homens e livros. Com tanta gente boa falando bem da leitura não era de se admirar que o ”povo” da FCA também quisesse dar o seu pitaco (e dá-lhe Machado!) sobre o assunto. Estudantes do 4º semestre de Jornalismo elaboraram um questionário e saíram pela faculdade perguntando: Ler é importante? Para quê?

O que mais chama a atenção na pesquisa é a resposta à questão: Ler é importante? Para quê? A opinião beira a unanimidade. Para os pesquisados, a leitura deve ter alguma utilidade prática, que extrapole o simples prazer de conhecer histórias, de se ver reconhecido nelas ou mesmo, de apreciar o estilo de cada autor: para obtermos mais informações, para aprimorar nossos conhecimentos, para escrever e falar melhor, para acumular conhecimento, ampliação do vocabulário... até a debochada: É importante para adquirirmos conhecimento (Ah! Vá), foram os palpites. Mas será que tudo na vida se resume a uma questão de utilidade? Seria utilitarista o hábito da leitura? Será que não há nenhum prazer em conhecer histórias de outras pessoas, que, por vezes, parecem contar nossas próprias experiências? Será que nunca nos sentimos invadidos no mais recôndito de nossa alma ao ler vilanias parecidas com as nossas? Nossos atos tão indignos que fazemos todo esforço para esconder? E, por outro lado, principalmente quando o autor é famoso, será que nunca nos utilizamos de uma frase, um pensamento um axioma para valorizar aquilo que pensamos? Já não nos sentimos vingados por ler ali, naquele romance tão aclamado, idéias afins, muito próximas daquelas que defendemos e pelas quais fomos achincalhados pela massa ignóbil. Ai que prazer! E por falar nisso... Com ou sem prazer? - Na piada a resposta seria: com prazer é mais caro. Já para a/o estudante do 4º semestre (única informação contida na folha de respostas) o argumento foi bem mais interessante: Raramente leio por obrigação. Às vezes começo a ler por exigência da faculdade, mas interesso-me pela leitura, que logo se torna prazerosa. Nesse sentido, embasados na resposta, podemos pensar no papel que a escola pode desempenhar na formação do leitor, mesmo que tardio, como é o caso daquele que chegou à universidade sem haver lido ao menos o básico da literatura.

Acredito que a escola tem o fundamental papel de educar que passa pela formação do bom gosto, da sensibilidade para enxergar o belo mesmo que seja no grotesco, da capacidade

de aceitar as diferenças - mesmo que esse educar exija, obrigue mesmo a leitura. Não só a leitura técnica, mas a leitura que incentive a imaginação, que inspire roteiros cinematográficos, que forme jornalistas capazes de analisar o fato em seus mais diversos aspectos, publicitários que consigam ir além da nudez feminina e do leilão do preço mais baixo, da fotografia que expresse a beleza em seu sentido mais alargado, enfim, leitura de Romances, de Filosofia, de Psicologia, de História, só para citar algumas áreas do conhecimento que considero fundamentais para a formação de pessoas capazes de ir além do senso comum.

Ao tomarmos contato com esse tipo de leitura passamos a debater com grandes pensadores, que explicaram e continuam explicando o porquê das coisas. Passamos a interlocutores das mais brilhantes idéias da humanidade – apropriamo-nos delas. Ninguém pode dizer que é o mesmo após chegar à última página de Os Irmãos Karamazov , de Fiodor Dostoiévski (Dosto, para os íntimos) ou que não ficou mais sarcástico após tomar contato com a obra do nosso “Bruxo do Cosme Velho”; ou mais sensível após entender Maiakovski e Carlos Drummond de Andrade; ou mais apaixonado depois de uma dose de Pablo Neruda, mais multifacetado ao se encontrar com Fernando Pessoa e seus heterônimos.

Um país se faz com homens e livros. Moteiro Lobato

Ler é isso: rodear-se de amigos famosos, apropriar-se da excelência do pensamento humano, aprender a rir de si próprio, a chorar as mazelas alheias (que também são nossas). Mas ler também é perigoso. E é por isso que todas as formas autoritárias de relações humanas tentam banir a reflexão que os bons livros podem suscitar. Por propiciar o debate, creio que a pesquisa referida acima, que deu origem a este texto, apesar de rasa, foi importante, pois coloca a questão da leitura em evidência. Numa faculdade, cujo resultado do trabalho dos profissionais que aqui se formam é imaterial, porque no campo das idéias, do pensar, e como todo bom pensamento, depende da memória - não é possível pensar sem lembrar – e são os livros que ainda preservam a maior parte de nossa herança cultural (Harold Blomm, em entrevista à revista Veja), o debate sobre a necessidade da leitura se faz premente. E se mesmo após essa apaixonada declaração de amor à leitura você ainda se perguntar: E para que me servirá? - Com a escancarada intenção de imitar a conclusão de Ítalo Calvino em “Porque ler os clássicos”, respondo: “Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a flauta. ‘Para que lhe servirá?’, perguntaram-lhe. ‘Para aprender esta ária antes de morrer’”.

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Murilo Santos / O Arauto

LIBERDADE (Fernando Pessoa)

Ai que prazer não cumprir um dever. Ter um livro para ler e não o fazer! Ler é maçada, estudar é nada. O sol doira sem literatura. O rio corre bem ou mal, sem edição original. E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal como tem tempo, não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto melhor é quando há bruma. Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol que peca Só quando, em vez de criar, seca. E mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças, Nem consta que tivesse biblioteca...

O dicionário Houaiss define clássico como “obra ou autor que constitui modelo digno de imitação”. Portanto, definir um clássico não é tão simples e, por isso, saímos por aqui querendo saber a opinião do estudante da FCA sobre o que é e por que ler uma obra clássica.

Pinçamos dentre as respostas as opiniões que nos parecem mais ilustrativas. De acordo com a fã de literatura clássica Laísa Belusso, 17 anos, membro da comunidade Orgulho e Preconceito (este livro ficou na 87ª posição na eleição da revista Bravo dos “100 livros essenciais da literatura clássica”) do site de relacionamentos Orkut, cada pessoa tem uma definição e visão sobre o que é clássico. “Para mim, clássico é uma obra taxada pela sua importância, persistência e beleza ao final”, explica Laísa. Já a estudante de Relações Públicas Lorena Cristina diz que “são obras de sucesso”.

Mas apenas o sucesso e a beleza estética podem definir um clássico? Mais histórica é a visão do estudante de Cinema, Samuel Zogno. Para ele, “uma obra clássica define tudo o que o autor está vivenciando em sua época. Ele transforma tudo em uma quase metáfora. Posso mencionar Oscar Wilde, William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Victor Hugo, cada um deles contou sua história em suas épocas.”

Por meio da análise das respostas pudemos verificar que o conceito de clássico pode ser bastante pessoal. O escritor Ítalo Calvino, autor da obra “Porque Ler os Clássicos”, afirma que um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. Calvino não fala apenas da importância de ler um clássico, mas mostra o quão fundamental é relê-lo. O crítico literário, considerado um dos mais polêmicos da atualidade, Harold

[ Thales Puglia ]

Bloon, autor de ‘Shakespeare - A Invenção do Humano’, vai mais longe ao afirmar que Shakespeare inventou o ser humano ou pelo menos a sua personalidade: Grande parte do que hoje consideramos uma personalidade humana foi invenção de Shakespeare. Há hábitos que desenvolvemos, como o de parar de repente e escutar a nós mesmos, que só passaram a existir depois dele. Aquilo que gostamos de chamar de ‘nossas emoções’ surgiram pela primeira vez como pensamentos de Shakespeare. Nele, mais do que em qualquer outro escritor, parece que os personagens não foram inventados. A mistura entre o que é real e o que é fictício é mais uma característica que aponta um clássico... dando à literatura o status de construtora de visão de mundo.

Existe uma diferença que só o tempo pode provar entre o que é clássico e o que é passageiro. Será que a série Crepúsculo e sua autora, Stephenie Meyer, atravessarão dois séculos com o mesmo impacto que Jane Austen e suas obras conseguem, mesmo depois de tanto tempo? Leia e compare: - “Ela fora forçada a ser prudente na juventude, à medida em que envelhecera, aprendia o que era romance: a seqüência natural de um início nada natural” (Persuasão 1818 - obra da escritora inglesa Jane Austen).

- “Eu parecia uma lua perdida – meu planeta destruído em algum cenário de cinema-catástrofe – que continuava, apesar de tudo, numa órbita muito estreita pelo espaço vazio que ficou, ignorando as leis da gravidade.” (Lua Nova - 2006 - obra da escritora Stephenie Meyer).

Alessandra Luvisotto / O Arauto

Por que ler os clássicos?


ESPECIAL leitura

O arauto /set.10

Fabiana Ritta / O Arauto

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Cresce a procura no país que pouco lê [ Beatriz Silva ]

As letras, as sílabas e as palavras se juntam e formam as frases, que, quando escritas, podem ser encontradas nas páginas dos livros de histórias, romances, mitos, fábulas ou contos. Quem gosta de ler sabe que é possível descobrir novos mundos e imaginar “Quincas Borba”, de Machado de Assis, dar vida aos poemas de Carlos Drummond de Andrade e até refletir sobre a vida dos sertanejos em “Vidas Seca”, de Graciliano Ramos. No entanto, você pode ler por trabalho, estudo ou prazer. E é esta satisfação contida na leitura que os brasileiros estão descobrindo.

Estamos lendo mais e o aumento no número de livrarias confirma essa boa notícia. É o que revelou uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Livrarias (ANL). O levantamento mostra que no país existem 2.980 lojas – 11% a mais do que havia em 2006. Contudo, nosso índice de 1,9 livros lido por habitante em 1 ano ainda é muito baixo, comparado aos países latino-americanos como Argentina, onde se lê em torno de cinco títulos por ano. No Chile e na Colômbia a média é de 3 e 2,5 livros, respectivamente. De acordo com a pesquisa, as livrarias estão criando cada vez mais ambientes específicos para os títulos infantis e os juvenis que são os mais vendidos. Crianças e adolescentes são os principais clientes das grandes e pequenas livrarias. “A procura por livros infantis tem aumentado, principalmente quando os pais incentivam. A grande variedade de temas também agrada as crianças que podem ler desde poesia e mitologia, até obras mais longas e aprofundadas”, explica a vendedora de livros do setor infantil, Fernanda de Sousa Rosa.

capaz de formar uma consciência crítica que será importante para eles no futuro. Enfim, a leitura ajuda a formar pessoas melhores”, diz Rosane Storto, mãe de Mariana. Apesar da leitura estimular o desenvolvimento e a aprendizagem, dedicar parte do tempo livre aos livros ainda não agrada a todos. “Não gosto de ler e não tenho paciência. Só leio o que é exigido na escola, porém sei que é importante”, revela a estudante Anaelize Oliveira, 13 anos. A família, além de incentivar a leitura, precisa entender e respeitar as preferências dos filhos. “Uma criança ou adolescente que não gosta de ler não deve ser punido ou criticado. E sim estimulado. Não obrigo meus filhos a ler, tento mostrar a eles a satisfação de apreciar uma boa obra literária”, observa a comerciante Ana Oliveira.

Quando a criança consegue associar a leitura a suas atividades diárias, mais facilmente poderá criar o hábito de ler por toda a vida. “Ler é mais gostoso que brincar, porque depois que eu termino um livro ainda fico imaginando a história. A leitura também me ajuda na escola, me deixa mais criativo. Eu não quero nunca parar de ler”, conta Leonardo Lima Silva Rodrigues, 10 anos.

A leitura se reflete de forma significativa na vida da criança, auxilia no processo de alfabetização, melhora a escrita.

Livros digitais - O e-book, aparelho para leitura de livros em formato digital, convida o leitor a experimentar novas possibilidades. Substitui o contato físico com o papel e oferece a capacidade de armazenar um grande número de obras em um único sistema. “A procura pelo livro digital tem aumentado. O e-book se diferencia do livro tradicional pela praticidade e modernidade. É um avanço da tecnologia que tende a crescer muito nos próximos anos”, explica o promotor de vendas de livro digital, Paulo Leal.

Os pais são os primeiros incentivadores, despertam a curiosidade e a importância da leitura quando contam histórias ou folheiam livros de figuras para os filhos que ainda não sabem ler. “Eu adoro ler. Estou acostumada. Desde pequenininha, minha mãe lia para minha irmã e eu. Então, Entretanto, o aparelho ainda é desconhecido por 67% dos eu gosto e leio muito, é interessante. Posso viajar e imaginar brasileiros, segundo pesquisa divulgada pela GfK, empresa histórias quando estou lendo um livro”, comenta a estudante de pesquisa de mercado. O levantamento foi realizado em Mariana Neves Storto, 13 anos. maio e ouviu mil pessoas maiores de 18 anos, em 12 regiões metropolitanas do país. A pesquisa mostrou que o e-book Importante - A leitura se reflete de forma significativa na é menos conhecido por pessoas das classes C e D. Entre as vida da criança, auxilia no processo de alfabetização, melho- pessoas que afirmam conhecer o livro digital, 56% pretendem ra a escrita, estimula a memória e o conhecimento. Além de adquirir o aparelho se o preço for acessível. Ainda assim, ampliar o vocabulário, dinamizar o raciocínio e a interpreta- 71% - a maior parte dos entrevistados - não acredita que ção de diferentes estruturas de textos. “Os pais precisam esti- o e-book seja uma ameaça ao livro tradicional. mular o hábito da leitura nos filhos desde cedo, pois o livro é

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Fotogaleria

O arauto /set.10

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Luz & Som Esbórnia

Little Quail and the Mad Birds

The DeadRocks

Alessandra Luvisotto, estudante de Fotografia da FCA/CEUNSP e felizarda: consegue unir duas paixões no cotidiano, a Fotografia e a Música. Especializa-se em retratar shows musicais, sobretudo os de rock. Eis alguns dos seus trabalhos:

Why

Iansã

Helmet

Venus Volts

The Biggs

The Ganjas

Inverness

The Vaselines


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