ALPHA PACK 07 - CHASE THE DARKNESS J. D. TYLER
Considerado morto por seus irmãos da Alpha Pack, Micah Chase, um shifter lobo e Andarilho dos Sonhos, foi mantido em cativeiro durante meses, sujeito a torturas que o deixaram fisicamente marcado e emocionalmente instável. Agora, sob os cuidados médicos da Alpha Pack, tem usado um medicamento experimental para a cura, mas ainda não consegue afastar os pesadelos. Ainda mais condenável, é que os problemas do Micah representam um perigo para a sua equipe e, se não conseguir se controlar, todos vão sofrer um terrível destino. Há uma chave para a sua salvação. Jacee é uma bela shifter coiote e, apesar da sua espécie ser odiada, está se apaixonando por um homem cujo futuro está, inteiramente, em suas mãos. Juntos, vão enfrentar seus demônios pessoais, assim como um inimigo mortal – e, para ambos, o desejo nunca significou tanto risco.
TRADUÇÃO: KIARA SARIEL
REVISÃO: EVA M. CARRIE
LEITURA FINAL: JUSTINE O’NEEL
AVISO A tradução foi feita pelo grupo Butterfly Traduções de forma a proporcionar ao leitor o acesso à obra, motivando-o a adquirir o livro físico ou no formato e-book. O grupo tem como objetivo a tradução de livros sem previsão de lançamento no Brasil, não visando nenhuma forma de obter lucro, direto ou indireto. Para preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo, sem aviso e se assim julgar necessário, retirará do arquivo os livros que forem publicados por editoras brasileiras. O leitor e usuário ficam cientes que o download dos livros se destina, exclusivamente, para uso pessoal e privado, sendo proibida a postagem ou hospedagem do mesmo em qualquer rede social, assim como a divulgação do trabalho do grupo, sem prévia autorização do mesmo. O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado, também responderão individualmente pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo de qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito por aquele que, por ação ou omissão, tentar ou utilizar o presente livro para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do Código Penal e da Lei 9.610/1988.
Para a minha avó, Ladine Howard, que gostava nada mais do que se enroscar com um copo de chá gelado e um amado romance fumegante. Espero que haja muito de ambos no Céu. Porque você resistiu à cada dificuldade que a vida atirou em você e provou ser uma sobrevivente, assim como o nosso herói, a história do Micah é para você. Eu te amo e sinto muito a sua falta. Até que nos encontremos novamente.
Toda noite, Micah Chase lutava contra os monstros em seus sonhos. Os responsáveis por sua prisão e tortura. Aqueles que fizeram coisas terríveis com ele – o obrigaram a fazer certas coisas - que o fizeram desejar estar morto. E, a cada dia, acordava para a crescente realidade que os pesadelos sobre o seu tempo infernal no cativeiro não eram, simplesmente, produtos de uma mente atormentada e quebrada. Eram memórias. Vermes, agitando-se na podridão da sua alma, enchendo-o de auto aversão e ódio. Sim, gostava muito mais quando não conseguia se lembrar de nenhuma fodida coisa. Esforçando-se para sair da cama, entrou no banheiro, sentindo-se muito mais velho do que os seus vinte e nove anos. A Alpha Pack tinha sido chamada, ontem, para eliminar um ninho de goblins – como,
maldição
dos
infernos,
aqueles
pequenos
bastardos
tinham
conseguido passar através do portal do reino Unseelie, de qualquer maneira? Seu corpo estava coberto de arranhões e contusões causadas pelas pequenas garras desagradáveis e pelos dentes. Já deveria estar curado, agora. Que não estivesse era outro motivo de preocupação, em uma longa lista delas. No banheiro, estudou o rosto arruinado no espelho. Tinha considerado sua boa aparência como certa, uma vez. Antes que tivesse sido torturado como um rato de laboratório, gritado de agonia e implorado pela morte. Os olhos escuros que o olharam de volta estavam sem brilho, ocos, com dor e exaustão mental. O cabelo castanho escuro, uma vez brilhante e cheio, caía até os ombros, murcho e sem vida, como o seu olhar. Mas foi a visão do seu rosto que o machucou mais do que tudo. O lado esquerdo era perfeito. Um lembrete de quão verdadeiramente ingênuo foi, uma vez, sobre o mal que havia no mundo, o que um ser vivo era capaz de fazer com outro. O lado direito, no entanto, era uma confusão de cicatrizes, como se a cera de uma vela derretida tivesse sido derramada sobre a sua testa, escorrendo para baixo, pelo seu rosto, até o pescoço. Na realidade, tinha sido prata derretida, salpicada no seu rosto enquanto era mantido preso, gritando. "Você vai fazer o que eu mandar da próxima vez, lobo imundo! Certo?" "Não! Pare, por favor!"
"Ele ainda não aprendeu." Os olhos ardendo com uma luz maníaca, O Dr. Bowman balançou a mão para um assistente. "Mais uma vez". Balançando a cabeça para limpar a cena horrível do seu cérebro, Micah agarrou a pia e pensou, amargamente, como livros e filmes nem sempre acertam. Apesar de tê-lo curado, seu DNA de shifter lobo não foi capaz de livrá-lo das terríveis cicatrizes. Mas, talvez, fosse apropriado que o lado fora combinasse com o de dentro. Ignorando o latejar na cabeça, ligou a água do chuveiro e a deixou esquentar antes de entrar no box. Por alguns minutos, ficou parado e desfrutou do jato batendo em suas costas, acalmando os músculos cansados, abusados. Fez pouco para aliviar a dor na cabeça, no entanto. Na verdade, o pulsar aumentou para uma pontada atrás do olho esquerdo, que o deixou sem fôlego, e calor jorrou do seu nariz. "Merda." Passou a mão debaixo do nariz, em seguida, olhou para o sangue. Foi maior desta vez, um sangramento mais intenso. Ia parar, entretanto. Sempre parava. Inclinando a cabeça para trás, deixou o jato lavar o sangue, até que o fluxo cessou. Em seguida, terminou seu banho e saiu, se enxugando. No quarto, vestiu um jeans e uma camiseta preta lisa, em seguida, calçou as botas pretas, deslizando a grande faca no lugar apropriado. Normalmente, pegava leve com as armas quando ele e os caras não
estavam fora, em uma missão. Mas não podia se transformar na sua forma de lobo sempre, especialmente em público, e nunca fez mal nenhum estar preparado. Quando se endireitou, seu olhar encontrou o pequeno frasco de pílulas que descansava sobre a cômoda. Odiava ser dependente dessa merda, então deixá-la para trás devia ser fácil. Certo? No entanto, o próprio pensamento de estar na cidade, em uma missão, ou até mesmo, no complexo, e não tê-las quando os demônios chegassem? Deus, a ideia fazia suas mãos tremerem e seu coração disparar. O fazia suar. Tomar a fórmula era como se envolver em um cobertor macio e quente, que afugentava o frio. A escuridão. O casulo o envolvia em uma camada de não-ligo-pra-porra-nenhuma, pelo menos, por algumas horas abençoadas. Um doce alívio. Se odiando, pegou o frasco, xingou, abriu a tampa, pegou duas pílulas e as engoliu em seco. Em seguida, enfiou o recipiente no bolso da frente da calça jeans. Inspirando profundamente, exalou o ar lentamente e esperou. Aos poucos, o medicamento fez efeito e sentiu o tumulto em sua mente aliviar. Seus músculos relaxaram, a tensão se distanciando. Haveria um preço, no entanto. Sempre havia. Deixando seus aposentos, caminhou até o corredor e fechou a porta atrás dele. Todo mundo estava, provavelmente, no café-da-manhã agora. O pensamento de comer fez seu estômago se retorcer, mas
não queria ficar sozinho. Além disso, agindo normalmente, aderindo à rotina, tirava seus amigos e a sua irmã, Rowan, da sua cola. Principalmente. Finja até você conseguir. Suas botas se arrastaram pelo chão acarpetado enquanto seguia o caminho até o seu destino. Do lado de fora da sala de jantar, fez uma pausa. Os aromas das panquecas, do bacon e da calda, simultâneos, causaram um abalo no seu estômago e levantaram uma onda de náusea que subiu até sua garganta. Estava com tanta fome que poderia comer um duende malpassado, mas os efeitos colaterais do medicamento o impediam de comer muito sem ficar enjoado. Outra miséria para adicionar à lista crescente. "Você vai ir comer ou vai, apenas, ficar aí parado, cheirando o ar?" Virando-se, conseguiu dar um sorriso para o Nick Westfall, comandante da Alpha Pack, e tentou ignorar como a expressão, repuxava, estranhamente, o lado do seu rosto arruinado. Seu chefe estava com sua nova Companheira, Calla Shaw, e a princesa vampira estava brilhando. Nick parecia orgulhoso de si mesmo e feliz como qualquer homem pareceria, ao ser a razão desse brilho e do bebê no ventre dela, que já estava com várias semanas de vida. Sortudo. "Bom dia", disse o Micah, acenando para os dois. "Princesa, você parece mais bonita a cada vez que te vejo. Como está se sentindo?"
"Obrigada." Sorriu, quando seu Companheiro a puxou para o lado dele, possessivamente. "Tirando um pouco do enjoo de manhã, logo quando acordo, estou bem." "Fico feliz em ouvir isso. Permita-me a gentileza?" Dando um passo para o lado, fez um gesto para o Nick e a Calla entrarem na sala de jantar, primeiro. Sua tentativa de evitar mais conversas não foi tão sutil quanto tinha pensado, e o Nick beijou sua Companheira nos lábios, ficando para trás. "Vá em frente, querida. Já, já, estarei lá." "OK." Lançou um olhar de simpatia para o Micah antes de entrar. Depois que ela se foi, Micah tentou se livrar do Nick. "Estou bem, por isso, não há necessidade de ficar em cima de mim, novamente. De verdade." "Está assim, mesmo?" O olhar afiado do Nick o perfurou como um picador de gelo. "Suponho que é por isso que os seus olhos estão vermelhos e têm olheiras sob eles, tão escuras que parece que não dorme há um mês. Ou por que suas mãos estão tremendo." Repentinamente, autoconsciente, desviou o olhar, fechando as mãos para estabilizá-las. "Estou bem, Nick. Apenas um pouco cansado. Os medicamentos estão ajudando." "Do meu ponto de vista, tenho que discordar." A carranca do outro homem se acentuou. "Mas percebo que agora não é o momento, nem
o lugar, para entrarmos em uma discussão. Quero falar com você, depois do café da manhã, no meu escritório." Fodidamente fantástico. O comandante estava, apenas, preocupado. Lógico que o Micah sabia disso, mas, ainda assim, era um saco ser convocado e ficar sob a sua mira. Uma raiva irracional revolveu seu estômago, mas conseguiu acenar com a cabeça. "Certo." Parecendo satisfeito com a resposta do Micah, o comandante o deixou. Respirando fundo para acalmar os nervos, Micah entrou na sala de jantar e procurou um bom lugar para se sentar. Malditamente certo que não ia ser com o seu chefe. Não quis dar ao Vidente mais oportunidades do que as necessárias para bisbilhotar sua vida. Em uma mesa, avistou o Noah Brooks, o enfermeiro chefe do Santuário, sentado ao lado do Phoenix Monroe, um dos irmãos do Micah, da Alpha Pack. Noah era um cara pequeno, magro, com cabelo loiro, curto e bagunçado, e grandes olhos azuis que estavam presos, no momento, ao homem esbelto e alto, que seria o seu Companheiro se, apenas, o idiota cooperasse. Mas o Nix se recusava a encontrar seu Companheiro no meio do caminho, tinha deixado muito claro para os seus irmãos de equipe como se sentia desconfortável tendo um macho como Companheiro e estava, obviamente, matando o pobre Noah e mantendo uma estaca entre os dois. Isso fez com que a raiva, que já fervia no sangue do Micah, aumentasse. Se eu tivesse alguém que olhasse para mim da forma que o Noah olha para o Nix? Pularia de alegria. Quem se importa se ele é um cara?
Conscientemente, Micah tocou o rosto. Sim, como se isso fosse acontecer, agora. Também sentados à mesa estavam sua irmã e o seu Companheiro, Aric Savage. Por mais que quisesse se sentar e descobrir o que diabos estava acontecendo com o Nix, ultimamente, queria ser examinado pela Rowan, ainda menos. Mas, era tarde demais. Ela já o tinha visto e estava sorrindo, acenando. Com um suspiro, se resignou a suportar o escrutínio da mulher intrometida. Sentando-se, acenou com a cabeça, em uma saudação ao grupo em geral. "E aí, como estão?" "Bom
dia",
Rowan
disse,
alegremente,
olhando-o.
Estava
irritantemente fresca e alerta esta manhã, os longos cabelos castanhos escuros puxados para trás em um rabo de cavalo apertado. "Dormiu bem?" "Sim", mentiu, alcançando as panquecas. "Como um bebê." "Engraçado, porque você, com certeza, não parece assim. Na verdade, está horrível." Explodiu, antes de pensar no que ia falar. "Por que fez a pergunta quando já sabia a resposta? Ou você só gosta de me deixar na merda?" Rowan franziu a testa. "Jesus, Micah, relaxe."
Em frente a ele, Aric se mexeu na cadeira, um rosnado baixo de aviso retumbando no seu peito. Sem dúvida, Micah tinha irritado o homem, e o lobo junto, uma coisa perigosa. Dentro do Micah, seu lobo marrom se agitou e rosnou de volta, sem vontade de recuar. A voz do ruivo soou baixa, até mesmo, enquanto falava. "Sua irmã está apenas preocupada com você, como todos nós. Não há necessidade de arrancar a cabeça dela." Os homens olharam um para o outro e o momento se prolongou. Mas, quando viu a Rowan trocar um olhar tenso com o Nix e os olhos do Noah se arregalarem com ansiedade, a raiva desapareceu como uma bolha de sabão. O sol nem estava a pino e ele já estava arruinando o dia das pessoas. "Sinto muito." A culpa serpenteou através do Micah. Remorso. Tentou suavizar o tom de voz quando encontrou o olhar preocupado da irmã. "Simplesmente, fico cansado de todos analisarem cada movimento meu, é isso. Estou bem." Ela não acreditou nele mais do que ele acreditou em si mesmo, mas não ia prolongar o problema na frente dos seus amigos. Não sabia se isso o fazia se sentir melhor, ou não, especialmente quando pegou o Noah e o Nix trocando olhares preocupados entre eles. Não, ainda se sentia um lixo. Se ocupou em encher o prato, sabendo que não conseguiria comer nem a metade. Muito tarde, percebeu que devia ter pego menos, pois
a quantidade restante não seria tão perceptível. Ainda assim, comeu o que podia, mastigando lentamente, esperando a comida assentar. O bacon, mesmo tão delicioso quanto estava, caiu como uma pedra gordurosa em seu estômago e desistiu dele, após um pedaço. Na esperança de aliviar o clima à mesa, se dirigiu ao Noah. "Então, como vão as coisas lá no Santuário?" Sua pergunta teve o resultado desejado e do rosto do enfermeiro saiu um grande sorriso. Além do Phoenix, o trabalho do homem mais jovem, no novo edifício no complexo da Alpha Pack, ajudando a curar e reabilitar seres paranormais feridos e doentes, era seu assunto favorito. "Está indo muito bem", disse Noah com entusiasmo. "A sala de lazer no piso superior está terminada, e ficou incrível. Instalamos uma TV de tela grande, colocamos umas poltronas grandes e confortáveis, livros, revistas e um par de mesas de jogos, também. Ainda tem uma máquina de bebidas e alguns equipamentos para treinos leves, em outra área." Noah estava tão animado que Micah não conseguiu deixar de sorrir. "Uau. Parece que vocês todos já colocaram bastante ideias em execução, no lugar." "Colocamos. A nova área de lazer era necessária para os pacientes que já estavam curados o suficiente e precisavam de mais coisas com as quais se ocupar fora dos seus quartos. Tem sido um sucesso, até agora."
"Aposto. Falando em cura, como está o shifter tigre que chegou, não muito tempo atrás? Qual o nome dele? Estava muito mal." A expressão do Noah ficou séria. "Leonidis. Ainda está agitado. Sua família está se revezando, hospedada no Santuário para estar perto dele. Ele deve superar isso, mas não temos certeza, ainda, sobre uma recuperação completa." "Droga." Micah balançou a cabeça. "Nunca conseguiria ser médico ou enfermeiro. Admiro o que vocês estão fazendo por lá, deixando caras quebrados como eu, inteiros novamente." "Você não está quebrado", disse o Noah, suavemente. Oh-oh. Lá estava, a simpatia indesejada. "Não, você está apenas rachado", Nix interrompeu, quebrando o momento embaraçoso antes que pudesse se formar plenamente. Micah riu, e os outros relaxaram visivelmente, parecendo aliviados. Cristo, realmente pensavam que estava tão fodidamente frágil? "Rachado e super colado, tão unido, que sou um maldito trabalho de arte. Certo, Noah?" O enfermeiro balançou a cabeça, mas seus lábios se transformaram em um pequeno sorriso, afiado com preocupação. "Certo." Rapidamente
Micah
terminou
as
duas
últimas
garfadas
das
panquecas. Em seguida, empurrando o prato, se levantou, ostentando
um sorriso alegre. "Bem, isso foi divertido. Tenho que ir verificar minha moto, então, vejo vocês mais tarde." Os outros emitiram uma rodada de despedidas, mas Aric o olhou com um estreitar de olhos. Nada escapava ao lobo ruivo, mas não contestou a desculpa do Micah quando se virou para ir embora. Quando começou a caminhar em direção à saída, Micah viu que o Nick ainda estava terminando seu café da manhã e conversando com sua Companheira, então, talvez, pudesse ter algum tempo para si mesmo, antes da reunião com o comandante. Com este pensamento em mente, um som alto pulsou através do ar, sobressaltando a todos, que ficaram em silêncio. Micah parou brevemente, seus problemas atuais se dissolvendo como poeira, por enquanto. O alarme só podia significar uma coisa - a Alpha Pack teria que entrar em ação, rápido. Não havia tempo para uma reunião de equipe. Nick ia receber um telefonema do seu chefe, o general Grant Jarrod, explicando a situação de emergência que precisava ser resolvida e sua localização. O comandante já tinha levantado do seu assento e estava em movimento, levando o celular ao ouvido. Micah, por exemplo, mal podia esperar pela luta. A adrenalina corria por seu sangue como fogo. Correu atrás do Nick, os irmãos da equipe, seguindo-o. Não havia tempo para correr até os seus aposentos. Correram para fora, cruzando a entrada, direto para o enorme hangar que abrigava os
veículos terrestres e as aeronaves, para encontrar os pilotos, já à espera, ligando dois dos Hueys. Aric ia pilotar o terceiro. Alguns membros da equipe pegaram armas na unidade de armazenamento de segurança do hangar, mas, além da sua faca, Micah nem se incomodou. Honestamente, seu lobo era muito mais forte do que a sua metade humana em uma luta. E, ao contrário da maioria dos outros, seu dom Psíquico particular, como um Andarilho dos Sonhos, não ajudaria muito a ninguém em uma batalha, a menos que todos os combatentes, de repente, caíssem no sono. Nem um pouco, malditamente, provável. Bufando para si mesmo, subiu no helicóptero do Aric. Já que o homem estava voando, não ia poder encher o saco do Micah. Claro que havia a irmã para lidar, juntamente com o Feiticeiro/Necromante/shifter pantera negra, Kalen Black, o Canalizador/shifter lobo cinzento, Ryon Hunter, o Hammer anteriormente, o ex-agente do FBI, John Ryder - e um Nick em alerta. O comandante pegou o celular e atendeu uma chamada, com uma saudação alta o suficiente para ser ouvida sobre o motor e as hélices girando. "Jarrod, o que está acontecendo?" Depois de uma breve conversa, terminou a ligação e acionou o rádio portátil que ia enviar sua voz através dos fones de ouvido deles. "Tenho uma situação ruim, uns oitenta quilômetros ao norte, uma família em pânico sob o cerco do que descreveram para o despachante no escritório do xerife como grandes feras com asas". Ele deixou isso ser absorvido enquanto o helicóptero levantava no ar
através do portal no telhado do hangar, e vários da equipe amaldiçoavam. Micah quase engasgou. "Demônios?" "Demônios são o meu melhor palpite", Nick confirmou para o benefício daqueles que escutavam nas unidades em outros helicópteros. "Nós não temos lutado com nada assim letal já faz algum tempo. Eles vão fazer os goblins parecerem poodles. Vocês estão prontos?" Um coro de Foda, sim e Vamos conseguir entrou na conversa pelos fones de ouvido, e Micah sorriu apesar da lasca de medo que enviava cacos de gelo deslizando em seu sangue. Algumas coisas nunca mudam. A equipe nunca deu as costas para um inimigo. Nunca. "Cuidado com as presas e as garras", Nick continuou. "Seu veneno pode ser letal, até mesmo para os shifters. Ataque para matar, e seja rápido. Não dê ouvidos a qualquer coisa que possam dizer, ou se envolva em um confronto verbal. Deixe os bastardos entrarem na sua cabeça, e você está ferrado. Eles gostam de levar escravos para o submundo, quase tanto quanto gostam de fazer mal, que é provavelmente o porquê da família que estão tentando pegar, ainda não estar morta. Estão brincando com as pobres pessoas, mas não vão esperar muito mais tempo." Micah estremeceu. De todos os horrores que jamais experimentou, além do seu próprio sequestro e tortura, ser levado para o submundo e sujeito a caprichos de demônios estava exatamente entre os cinco
primeiros. Segundo a lenda, os demônios respondem ao Inferno. Isso era mesmo verdade? Outro item a ser adicionado à lista. Não vamos descobrir. Do outro lado do Micah, Kalen e o John estavam conversando. Olhando ao lado dele, para a Rowan, ficou desconcertado ao encontrá-la observando-o, preocupada. Balançando a cabeça para afastar quaisquer dúvidas ou sermões, olhou para o Ryon e encontrou o homem olhando para ele. Ou, não para o Micah, exatamente. Mais como se estivesse olhando ao seu redor. "Cara, o que você está olhando?" Grunhiu. O outro homem ficou imóvel por alguns momentos, os olhos vidrados, o que era assustador como o inferno. Então, encontrou o olhar do Micah e disse, simplesmente: "Mais tarde." "O quê?" "Vou falar com você sobre isso, mais tarde." "Que porra isso quer dizer?" Uma suspeita o atingiu. "Você está vendo pessoas mortas de novo? Perto de mim?" O silêncio sombrio do Ryon foi resposta suficiente. "Quem são eles?" Rowan perguntou, assustada. "Sério, foda-se essa merda. Diga-lhes para cair fora."
Ryon apenas suspirou e voltou a olhar para o lado aberto do Huey. "Não funciona dessa maneira. Gostaria que fosse assim." Se recusou a dizer mais, e o silêncio desceu entre os três. "Vá em frente, voe para longe", Micah assobiou para os espíritos ou o que quer que estivesse pairando perto dele. Claro, não conseguia senti-los, mas não significava que isso o incomodava menos. Ryon sabia que estavam lá, e isso era uma prova suficientemente boa para ele. Que porra eles queriam? Ryon fez um sinal negativo com a cabeça para indicar que não tinha funcionado mandar os espíritos para longe, e voltou a observar a floresta passar, rapidamente, abaixo deles. Bem, o amigo do Micah não parecia muito preocupado, por isso, aparentemente, não havia perigo imediato. Afastou aquilo da mente, por enquanto, fechou os olhos e se preparou mentalmente para a próxima batalha. Demônios eram grandes bastardos. Calar suas vozes. Derrubá-los. Evitar objetos pontiagudos. Atacar rapidamente, na cabeça e no coração. Fácil. Como passear aos domingos. Ok, talvez não fosse tão simples. Mas o Micah não podia negar que estava ansioso para a luta. Expectativa começou a bombear através dele, quanto mais perto chegavam do seu destino e, no momento em que os Hueys aterrissaram em um prado cercado por montanhas, sua mente estava totalmente focada no trabalho.
Assim que receberam permissão para saltarem, sua irmã e o John pularam do helicóptero, sem olhar para trás. Com seus dons psíquicos particulares - Rowan era uma Andarilha dos Sonhos e o Hammer, um Rastreador - lutariam melhor na sua forma humana, com armas, como quando tinham feito trabalhando na força policial. A pantera do Kalen era letal, mas suas habilidades como Feiticeiro eram essenciais em uma batalha contra um inimigo tão formidável, então ele permaneceu vestido com a calça jeans escura e o longo casaco de couro. Micah, Nick e o Aric tiraram a roupa, rapidamente, e mudaram para suas formas de lobo. Nick, um grande lobo branco, os liderou por cerca de cem metros de distância dos helicópteros. Jaxon Law, com suas habilidades de Retrocog e Guardião do Tempo, um lobo cinzento e o segundo na linha de comando da Alpha Pack, caminhou rapidamente para a frente do grupo, em sua forma humana, para ficar ao lado do Nick e do John. Jax era uma figura imponente, alto e musculoso, o cabelo preto curto e um cavanhaque bem aparado. Era um filho da puta em uma luta, também, não importava qual a forma que escolhesse. "Ouçam", Jax gritou. Em seguida, apontou para o prado, ao norte. "A propriedade está um pouco mais acima, há cerca de dois quilômetros e meio de distância. A menos que os demônios sejam surdos, ouviram os helicópteros, o que significa que precisamos agir rapidamente. Tomara que o ruído os tenha distraído e conseguido algum tempo para a família, mas um desembarque mais próximo significaria sacrificar o elemento surpresa. Batam nesses filhos da puta, rápido e forte! Vamos lá!"
Dar ao inimigo um aviso da sua chegada? Nada bom. Mas, às vezes, não havia outra opção, e você fazia o que tinha que fazer. Correram, seu ritmo, rapidamente, engolindo a distância. Há mais ou menos meio quilômetro do local, o atirador da equipe, o humano A. J. Stone, estava em um cume. Sempre era malditamente reconfortante saber que o A. J. estava lá fora, pronto para abater o inimigo que estivesse à espreita, atrás deles. Quando correram para baixo, pela encosta, uma grande cabana de madeira apareceu. Aninhada nas colinas, rodeada por árvores e com as montanhas subindo majestosamente em torno dela, a visão devia ter sido de tirar o fôlego. Mas, para a família aterrorizada lá dentro, seu porto seguro se tornou um pesadelo. Seus gritos podiam ser ouvidos com clareza através das janelas quebradas e da porta da frente esmagada, mesmo que o Micah não possuísse a audição apurada de um shifter lobo. Ganhando mais velocidade, Nick cruzou o limiar da porta da frente, o Micah bem atrás dele. A visão que os cumprimentou devia ser aterrorizante, mas não havia tempo para ter medo. O demônio que estava de pé na sala de estar, estraçalhando o sofá como se fosse um palito de fósforo, se virou para enfrentá-los, um sorriso cheio de dentes amarelados se espalhando pelo rosto largo e cinzento. Ocupava quase todo o espaço em quase dois metros e vinte de altura, asas com textura parecida com couro que mediam cerca de
seis metros de largura, longas garras afiadas despontando das mãos e dos pés, grandes e quase humanoides, e seu peito era amplo. "Saudações, idiotas", disse, amavelmente. Em seguida, jogou o sofá para o lado e se lançou sobre o Nick. A luta começou. Mais demônios se materializaram, aparentemente, do nada e a equipe fez tudo o que podia para lidar com eles. "Micah, cuidado!" O grito do John veio bem a tempo de evitar que o Micah perdesse a cabeça. Virando-se, se abaixou, evitando as garras do demônio, mas perdeu um tufo de pelo no processo. Merda, essa foi perto! Rosnando, Micah correu para a criatura, indo direto para a sua garganta. O demônio não ia ser derrubado tão facilmente, no entanto. Embora tropeçasse para trás, conseguiu agarrá-lo e arremessar seu corpo através da sala, na parede. Bateu duro o suficiente para quebrar o gesso, que despencou sobre ele quando caiu no chão. Atordoado por um momento, se sacudiu e começou o segundo round. Nesta segunda tentativa, mudou de tática. O demônio estava preparado para ele para saltar de novo e atacar sua garganta. Em vez disso, saltou nas pernas da criatura. Em um flash, afundou as presas na coxa vulnerável - e arrancou o músculo do demônio. Urrando de dor, o bastardo caiu duramente, se contorcendo. Te peguei, agora, filho da puta. Micah rasgou rapidamente a garganta dele e, enquanto o demônio gorgolejava, impotente, Micah se
transformou em meio homem, meio lobo. Em seguida, usou suas próprias garras afiadas como facas, mergulhando-as no peito da criatura e arrancando seu coração negro. A besta morreu, os olhos vidrados, a surpresa ainda estampada na carranca horrorosa. Nem chegou a saborear a vitória. Um forte golpe o acertou na lateral, e rolou alguns metros. Um novo demônio o atacou, então, usou o método novamente, com sucesso. Despachando o inimigo. E, novamente, em outro. A Alpha Pack estava ganhando a batalha e esperavam encontrar a família - que havia parado de gritar - viva, segura e escondida no porão. Então, quando terminou de arrancar o coração de outro demônio debaixo de si, Rowan gritou de algum lugar atrás dele. "Micah!" Ainda meio transformado, se virou. "Urgh." Piscando, com a respiração suspensa, demorou um par de batimentos cardíacos para perceber o demônio se elevando sobre ele, sorrindo em triunfo. "Morra, lobo." As garras de uma das mãos da fera foram enterradas no peito do Micah. A estranha queimação do veneno gelado estava se espalhando através dos seus membros, seus pulmões, tornando difícil respirar. Tentou levantar o braço para enterrar as garras na criatura, mas não conseguiu. O demônio riu e enterrou as garras mais profundamente. "Micah! Não!"
Um grande estrondo soou. E o demônio caiu, em um banho de sangue, matéria cerebral, e ossos. As garras foram arrancadas do peito do Micah, que caiu de joelhos, ofegando. Incapaz de manter sua transformação, voltou à forma humana e olhou para o sangue que jorrava da ferida horrível, escorrendo pelo seu abdômen. "Merda", chiou. No instante em que caiu no chão, mãos se colocaram sobre ele. O barulho da batalha diminuiu, desvanecendo ao fundo. De repente, estava deitado de costas, com o Zander Cole, o Curandeiro da equipe, ao seu lado, usando uma calça camuflada e uma camiseta escura. Enfiando a arma na cintura, Zan colocou a mão sobre a ferida que sangrava. "Quieto", ele disse, com a voz calma, suave. "Vamos ter você consertado em pouco tempo." "Sim. Obrigado." A respiração seguinte do Micah ficou estrangulada em seu peito, como se um punho estivesse drenando a vida dele. "Depressa." Zan fechou os olhos e ficou imóvel. Micah estava com muita dor, para olhar para baixo e ver o que ele estava fazendo, mas um brilho quente começou a se infiltrar no seu peito. Ondas suaves lambiam a agonia, afastando-a gradualmente. Sua respiração se tornou mais fácil e começou a relaxar. Obrigada, Deus, pelo Curandeiro, ou poderia não ter sobrevivido à viagem de volta até o complexo.
"Quero que você fique quieto, ok?" Zan estava com a testa franzida levemente, tentando não demonstrar sua preocupação. "Por quê? Eu me sinto muito melhor." "Só prefiro que você vá com calma até voltarmos e deixar que os médicos examinem você." Nick se agachou ao lado do Micah, de volta à sua forma humana, um casaco emprestado, envolvendo-o. "A casa está segura. A família está segura. Kalen está limpando os demônios das suas lembranças e substituindo-os por caçadores ilegais que quebraram tudo, à procura de dinheiro e armas." "Será que caçadores furtivos fariam isso?" "Foi o melhor que ele pode fazer, tão rápido", disse o Nick, ironicamente. "O Delegado Deveraux está aqui, também. Estamos deixando ele assumir a cena." O Delegado Jesse Deveraux era um grande bundão, temperamental e avarento. E um bom aliado da Alpha Pack. Era um dos poucos seres humanos fora do complexo que sabiam sobre o mundo paranormal e o papel da Alpha Pack nele. Mal-humorado ou não, também era um homem honesto e um cara bom para se ter ao lado. "Então, basicamente, nós nunca estivemos aqui", disse o Micah.
"Você entendeu." O comandante o olhou, em seguida, olhou para o Zan. Um olhar passou entre ele e o Curandeiro, antes de se dirigir ao Micah novamente. "Você vai ficar bem?" "Sim." Não tinha certeza de que era totalmente verdade, mas era com isso que estava contando. Claramente, nenhum dos dois homens estava convencido. Nick deu um tapinha no seu ombro. "Você vai fazer o que diz o Zan. Como lhe disse, o veneno de um demônio não é algo com o qual se brinca. Zan curou o pior da ferida, mas você vai se sentir como um lixo por alguns dias. Fique parado enquanto mando alguém trazer uma maca." Micah abriu a boca para protestar, mas um olhar do chefe o impediu. "Certo." Com um suspiro, fechou os olhos e divagou, ignorando a atividade em torno dele. Jesus, estava cansado. Alguém o cobriu com um cobertor. Rowan acariciou seus cabelos e sussurrou: "Eu amo você, seu idiota", o que o fez sorrir enquanto murmurava o sentimento da sua irmã, em troca. Poucos minutos depois, ouviu o Nick, o Zan e a Rowan falando há alguma distância e percebeu que estavam conversando sobre ele. Provavelmente, devia tê-los alertado para o fato de que estava acordado.
Não, esquece. Queria saber com o que estavam tão tensos, que não estavam dizendo na sua frente. "O que foi?" Rowan perguntou, a voz tranquila. Zan
respondeu.
"Estou
preocupado
com
algumas
anomalias
detectadas enquanto estava curando o seu irmão." "Anomalias? O que você quer dizer? Como tumores ou algo assim?" Alarme tingiu suas perguntas. "Não é como uma doença, mas uma sensação de que algo não está bem dentro do corpo dele. A cura foi mais difícil do que devia ter sido e-" "Mas o Nick disse que o veneno do demônio é mortal, então, é claro que algo não estava certo. Além disso, não faz muito tempo que as suas habilidades de cura não estavam cem por cento. Talvez você ainda esteja tendo alguns problemas." Zan não pareceu se ofender com essa sugestão, mas foi insistente. "Eu lhe asseguro, minha cura está exatamente no alvo, novamente. As células do corpo do Micah não estão se curando tão rapidamente como deveriam, mesmo depois do ataque de um demônio. Precisaram de um monte de persuasão para se curarem, mais do que o habitual para um de nós. Só acho que vale a pena verificar, isso é tudo." "Certo." Ela suspirou, sua tensão palpável. "Obrigada, meu amigo. Agradeço a sua preocupação."
"Não me agradeça. Quero vê-lo bem, tanto quanto qualquer um." Humilhação rastejou através do Micah. Amava-os por cuidarem dele, mas odiava ser um fardo. Odiava estar deitado, quando supunha ser mais forte do que os seus problemas. Um protetor. Mas, no momento, não importava que detestasse sua situação, porque seu corpo estava fazendo o seu trabalho. Desligando, forçando-o a descansar, quisesse ou não. A exaustão tomou conta dele. E afundou nos pesadelos. "Traga-o até aqui." Micah tropeçou ao longo do corredor escuro, preso entre os dois guardas enormes. Medo boqueou sua garganta. Sabia para onde estavam indo. O que iam fazer com ele, desta vez? Tinha resistido até agora. Cada vez, o médico aumentava as apostas. Forçando sua mente e seu corpo ainda mais. Sem comida e sem água. Torturando-o até quase o insuportável. O que mais podiam fazer com ele? Nada, além de matá-lo. Isso seria um alívio abençoado. Na câmara escura, haviam dois shifters, aguardando. Os cabelos despenteados pairando à sua volta, os olhos assustados e os corpos imundos. Um deles estava acorrentado a uma laje de concreto, deitado sobre uma calha. O outro, preso à parede de pedra, de frente para o seu companheiro, os membros espalhados.
Este era um novo jogo que seus captores estavam jogando. Um arrepio de medo correu ao longo da espinha, enquanto observava o Dr. Bowman dar um passo à frente, um pequeno sorriso em seu rosto. "Oh, Micah. Bem-vindo. Deixe eu lhe apresentar ao Parker e ao Tyler. O Parker é aquele lá", disse o Dr. Bowman, apontando para o shifter posicionado sobre o dreno. Pavor cresceu no peito de Micah, se estabelecendo como um peso de chumbo. Qualquer que fosse o jogo do Bowman, não significava nada de bom para nenhum deles. Especialmente, quando o médico e os seus capachos haviam sempre se referido aos seus cativos por números, até agora. Tinha uma terrível suspeita de que o Bowman tinha passado para a próxima fase do seu plano, para transformá-lo em uma máquina de matar, alguém que não iria deixar dados pessoais, como nomes, interferirem com o seu objetivo. Ele não fazia ideia, no momento, de quanto estava certo. "Micah", Bowman falou agradavelmente, " é hora de você ganhar o seu sustento. Sua força vai transformar você em um dos meus melhores agentes. Você vai ensinar ao Parker o seu lugar na hierarquia entre os shifters." "Ensiná-lo, como?" Micah perguntou com cautela. "Começando com isso."
Com um movimento da mão do Dr. Bowman, um guarda deu um passo à frente, segurando um chicote. O guarda o estendeu ao Micah, que olhou para ele como se fosse uma cobra venenosa. "Você ... Você quer que eu o chicoteie com isso?" "Sim, e você vai fazer isso." Olhando para o médico com ódio, falou entre os dentes, "O que faz você pensar, por um segundo, que vou fazer o que você disse?" "Isto." Outro guarda saiu das sombras, arrastando uma mulher magra, com cabelo louro, longo e fino. Não, não era uma mulher. O shifter feminino era pouco mais que uma menina, talvez não tivesse nem mesmo vinte anos de idade. Ela gritou copiosamente quando o guarda prendeu sua mão em um bloco de madeira e pegou um machado. "Você obedece ou ela perde partes do corpo. Uma por uma." Bowman sorriu. Bile queimou a garganta do Micah, e uma raiva sombria consumiu seu coração. Mas ele pegou o chicote e o desenrolou. E se virou para o Parker, um lamento rasgando sua alma.
"Jacee, onde está a porra da minha cerveja? Vai dizer que tem que fazer crescer o maldito lúpulo, em primeiro lugar?" Jacee Buchanan gemeu, se esquivando dos clientes, equilibrando a bandeja de bebidas e resistindo a vontade de despejar tudo bem no topo da cabeça estúpida do Clyde. Odiava a maneira exagerada com que ele pronunciava o seu nome – JaayCEEE - dando mais ênfase ao y, quanto mais bêbado ficava. "Estou indo, seu idiota!" Clyde e os seus amigos assoviaram enquanto percorria o caminho. Se ele e os seus amigos não fossem clientes regulares, poderia ter problemas com o seu chefe por falar com um cliente assim, mas o fato era que mereciam atenção. Era uma espécie de ritual estranho que tinham e funcionava para eles. Sim, eram chatos, mas inofensivos. E davam boas gorjetas.
Quando serviu as bebidas, o Clyde tentou, como sempre, puxá-la para o seu colo. E, como sempre, ela riu, evitando seus avanços e fingindo estar um pouquinho lisonjeada, uma arte que todas as bartenders e garçonetes tinham que dominar ou, então, não iriam longe nesse trabalho. "Pouco pessoal de novo, hoje à noite, querida?" Clyde perguntou em voz alta, acima da música country, aos berros. "Sim. Outra garçonete ligou avisando que está doente. Você sabe como é." Como bartender – ou mixologista, como alguns dos tipos mais extravagantes da cidade preferiam ser chamados hoje em dia – ali era onde realmente queria estar. Atrás do bar, criando drinques. Mais e mais, ultimamente, parecia que ficava presa no trabalho dobrado, tanto misturando quanto servindo. Não tinha nada contra trabalhar duro. Inferno, tinha trabalhado a vida inteira, nunca teve nada fácil. Mas fazer o trabalho de duas pessoas era demais. "Basta dizer ao chefe que você terminou por hoje e sair com a gente." Ela piscou. "Você sabe que não funciona assim. O Jack arrancaria o meu couro." A mesma velha história. Toda vez que vinham. Mas eram um bando amigável, então deixava rolar. Depois de servir suas bebidas, colocou a bandeja redonda sob o braço e começou a voltar para o bar. Assim
que o fez, um grupo que nunca deixava de atrair uma tonelada de atenção atravessou as portas do Grizzly. Especialmente a dela. Os homens eram do complexo secreto na Floresta Nacional de Shoshone, que todos os moradores acreditavam ser um velho centro de pesquisa. Jacee sabia muito mais. Estes homens eram, na verdade, uma equipe de operações especiais de shifters lobos - e uma pantera - cujo trabalho era proteger os civis de todos os tipos de predadores paranormais. Com alguma sorte, os seres humanos nunca iam descobrir sobre as coisas maléficas que se escondiam na noite. Jacee sabia sobre a Alpha Pack por um par de boas razões. Primeiro, ela não era humana. E segundo, Jax Law era ex amante dela. Manteve os olhos e os ouvidos abertos, e valeu a pena. Selene, a companheira do Zander, era a única da equipe que sabia que a Jacee era uma shifter coiote – nem mesmo o Jax sabia – e era dessa maneira que Jacee queria que continuasse. Há alguns meses atrás, quando a Selene chegou na cidade, de alguma forma, descobriu que a Jacee era um coiote na mesma hora e manteve seu segredo em troca de informações. Seja qual fosse o problema que a loba tinha, obviamente, o resolveu. Parecia feliz, segurando a mão do seu Companheiro enquanto caminhavam para uma mesa grande, em um canto. Por um momento fugaz, Jacee os invejou. Eram um grupo e tinham um ao outro, enquanto Jacee não tinha ninguém. Solidão inundou seu
peito por causa da sua família, há muito tempo morta, mas a esmagou impiedosamente antes que pudesse afogá-la. Não havia sentido em ir por esse caminho novamente. Estava sozinha. Nada mudaria esse fato. Estava feliz pelo fato do Jax e a sua Companheira, Kira, não estarem aqui, esta noite. Não que tivesse sido apaixonada por ele, mas ainda doía ver a felicidade em seus rostos. No exato momento em que começou a se virar, um membro da equipe chamou sua atenção. Ele estava aqui, novamente. O homem musculoso, alto, esguio, com cabelo castanho escuro e cicatrizes no rosto e nos ombros. Não vinha com eles muitas vezes, mas, quando o fazia, achava difícil tirar os olhos dele. Havia alguma coisa arrebatadora nele, que a fazia ficar paralisada toda as vezes. Fazia seu pulso acelerar. Suas mãos suarem. Ele tinha sido bonito, uma vez. Poderia ter estampado capas de revistas, se quisesse. Mas, para ela, ainda era lindo, apesar do lado esquerdo do seu rosto estar arruinado. O que a atraía mais, no entanto, era o profundo poço de tristeza em seus grandes olhos castanhos. Imaginou qual era a dor que o dilacerava por dentro. E se perguntou se era isso o que o levou a enfiar a mão no bolso e, em seguida, pegar as pílulas e tomá-las quando pensou que ninguém estava olhando. Será que um shifter lobo podia se tornar um viciado? Seria possível?
Afastando as reflexões, Jacee se aproximou da mesa. Quando o fez, lhe ocorreu que nunca havia atendido a mesa deles, quando ele estava junto. Na última vez que tinha vindo, ela estava atrás do bar. E, de bom grado, aproveitou a oportunidade para estudá-lo mais de perto e, quando se virou para anotar o pedido da mesa deles, descobriu que ele era ainda mais impressionante do que de uma certa distância. Seus ferimentos só adicionavam mistério ao homem e ao lobo. No seu mundo, cicatrizes de batalha eram uma honra. Elas aumentavam mais do que diminuíam a sua poderosa aura. Por fim, foi a vez dele. Jacee parou ao lado dele, se inclinou ligeiramente e sorriu quando ele olhou para cima e encontrou o olhar dela – e o chão tremeu sob suas botas. O homem tinha um cheiro absolutamente incrível. Como pinho fresco, chuva, e homem, tudo em um perfume tentador que despertou seu coiote com um pequeno rosnado e disparou um raio de excitação do cérebro até os dedos dos pés. E cada lugar sensível entre eles. Que diabos? "O q-que você gostaria de beber?" Gaguejou. Os olhos dele se arregalaram quando ele a olhou de volta, e o cheiro inconfundível de excitação que emanava dele, lhe mostrou que não era a única que sentia o que estava acontecendo entre eles. "Uísque e Coca, por favor." A voz dele era baixa e macia, enviando arrepios ao longo da sua espinha. Aquele olhar chocolate a percorreu
de cima a baixo e subiu, novamente. Pelo calor que havia neles, gostou do que viu também. "É pra já." Dando meia volta, quase tropeçou, na sua pressa em colocar alguma distância entre ela e o lobo sedutor. "Porra, Micah", um dos caras falou, "o que você disse para a Jacee?" Olhando por cima do ombro, viu o lobo lindo dar um meio sorriso, balançando a cabeça.
Micah. Deus, que nome maravilhoso.
Apressando-se, preparou suas bebidas e as colocou na bandeja. Tão rapidamente quanto possível, sem derramar uma gota, retornou para sua mesa e serviu as bebidas, tentando não agir como se estivesse observando o Micah. Inferno, a quem estava enganando? Ela o estava observando, assim como ele, e ambos estavam fazendo um péssimo trabalho de fingir o contrário. "Posso servir mais alguma coisa para vocês?" Ela meio que esperava os comentários estúpidos que um monte de outros clientes fazia, mas, neste grupo eram agradavelmente ausentes, na maior parte do tempo. Com exceção de alguns flertes inofensivos, eles não a incomodavam muito. Talvez tivesse algo a ver com seu antigo romance com o Jax ou qualquer outra coisa, mas estava satisfeita. Também notou que o Micah se absteve de fazer uma piada de mau gosto. Por alguma razão, iria se sentir realmente desiludida se ele
fizesse. Para seu alívio, ele simplesmente a olhou diretamente nos olhos e disse: "Estou bem por enquanto. Obrigado." Forçando a mente de volta para o trabalho, anotou mais pedidos. Uma comoção na porta chamou sua atenção, e ela franziu a testa quando viu o quarteto que esperava que nunca mais fosse aparecer novamente. Especialmente depois que o Jack os tinha expulsado da última vez, quando o líder do deprimente bando de motociclistas tentou forçá-la a acompanhá-lo até lá fora, para “brincarem” um pouco. Olhando em volta, à procura da sua colega de trabalho, viu que a Julie estava ocupada, no outro lado do salão. Droga. Com um suspiro, se resignou a ter que aturar o idiota por várias horas. Pena que sua boa aparência fosse desperdiçada com sua personalidade de merda. Se não soubesse das coisas, poderia jurar que era um shifter idiota. "Oi, Grant", falou, se esforçando para não aparentar que gostaria de deixar seu coiote estraçalhar o rosto dele. "O que vocês vão beber hoje à noite?" Inclinando-se para trás na cadeira, o motociclista cruzou os braços sobre o peito e lhe deu um sorriso arrogante. "Posso ter você, querida? Teria um gosto muito melhor na minha língua do que qualquer cerveja." "Cerveja, então", disse ela brilhantemente, ignorando a cantada. "E quanto a vocês?"
Depois que serviu os pedidos, os homens se aquietaram um pouco. Conseguiu observar o Micah, esperando que ele não percebesse, e cuidar dos seus outros clientes também. Infelizmente, uma hora depois da sua chegada, Grant e seus amigos já estavam bêbados. E quando o Grant era rechaçado, ficava meio agressivo. Ele e o seu grupo não eram divertidos e inofensivos como o Clyde e os seus amigos. "Vamos lá, baby", cantarolou Grant, agarrando seu pulso quando ela estava caminhando na direção do bar. "Sente-se aqui no colo do papai e me conte todos os seus problemas." Jesus. "Me solta, imbecil." Estava ficando cansada, e sua paciência estava acabando. Pelo canto do olho, viu o Jack olhando de cara feia na direção deles, mas sabia que seu chefe estava olhando para o Grant e não para ela. Se livrando do Grant, continuou seu caminho. Jacee levantou outra bandeja de bebidas no ombro e cruzou o salão até uma mesa ao lado da mesa do Grant. Quando passou por ele, seu pé ficou preso em alguma coisa e teve uma fração de segundo para registrar que o Grant tinha colocado a bota em seu caminho. Estava se movendo rápido e não houve tempo para se equilibrar. Com um grito, caiu com força, o barulho de copos e garrafas quebrando, ressoando alto nos seus ouvidos. Estilhaços voavam por toda parte e o líquido respingava sobre o piso, sua camisa, rosto e braços. Por um segundo, permaneceu lá, atordoada. O barulho
animado no recinto morreu, e então, o Jack veio na direção deles. Estava se levantando para mostrar ao Grant o que pensava sobre aquilo, quando um rosnado ameaçador chegou aos seus ouvidos. Enquanto alguém a ajudava a se levantar, viu o Micah atravessando o salão, as pernas longas vencendo a distância com passos rápidos. A expressão em seu rosto era assassina e, logo em seguida, ficou feliz por não ser o Grant. Micah alcançou o motoqueiro antes do Jack e agarrou o homem sorridente pelo colete de couro, girando-o de frente para ele. O sorriso desapareceu do seu rosto imediatamente. "Ei, que merda? Estava apenas me divertin-" O que foi, aparentemente, a coisa errada a dizer. Micah agarrou a frente da camisa do Grant e descarregou o punho na cara do encrenqueiro. A cabeça do motoqueiro se deslocou para trás violentamente e Micah o deixou cair no chão, olhando para ele com nojo. Grant ficou desnorteado. Em seguida, seu salvador estudou os rostos dos amigos do Grant. "Alguém mais está com vontade de assediar a Jacee ou qualquer uma das senhoras que trabalham tão duro para servir as suas bundas deploráveis e bêbadas?" Uma rodada geral de negações se seguiu, na qual o trio assegurou ao Micah e ao Jack que não tinham vindo para criar confusão e que não
faziam ideia que o Grant iria tão longe para ferrar com ela, só porque não ia "cair na dele". Encantador. Jacee não estava prestando muita atenção no que os babacas estavam falando porque seu braço latejava, estava molhada, puta da vida e envergonhada. Mas também estava intrigada com aquele homem que tinha pulado em sua defesa e estava ainda mais nervoso do que a Jacee. De pé, ereto e alto, olhando para amigos do Grant e para o salão em geral, verificou cada centímetro como o predador perigoso que sabia que ele era. Era magnífico. Antes que pudesse agradecê-lo, se inclinou e arrastou o Grant até os pés dela. O motoqueiro estava grogue, piscando para a Jacee quase com surpresa, como se não conseguisse entender o que havia acontecido. "Peça desculpas à Jacee", Micah rosnou, "antes que eu quebre o seu pescoço estúpido." "E-eu sinto muito." Grant pareceu perceber que tinha a atenção de todos, e seu rosto ficou vermelho. "Foi uma brincadeira que saiu do controle. Mais uma vez, me desculpe, Jacee." Com os lábios apertados, ela acenou com a cabeça. Era o melhor que podia dar a ele, que pareceu aliviado, de qualquer maneira. Micah o agarrou pela parte de trás do colete e foi arrastando-o até a porta. Jacee o seguiu, para ver o que faria. Quando chegou à varanda,
literalmente levantou o Grant, segurando o colete e o cós da sua calça jeans, e atirou-o no caminho de cascalho. Grant aterrissou com um baque e um xingamento, mas rapidamente se levantou e mancou para longe, os amigos seguindo-o. "Não voltem", Micah os advertiu. "Façam isso e, da próxima vez, vou ferrar com vocês." Uma pequena parte perversa do coração da Jacee vibrou e derreteu um pouco mais. Micah se virou para o seu chefe. "Jack, é hora de você pensar seriamente em contratar um segurança. Esta merda está acontecendo com muita frequência. Os clientes grosseiros estão afastando os bons, e uma das suas meninas vai acabar machucada". Seus olhos deslizaram para a Jacee quando disse isso, estudando-a com preocupação. Jack riu, parecendo triste. "Sim, eu sei. Suponho que você não queira o trabalho?" "Eu já tenho um", disse, "mas, obrigado." "Bem, se você reconsiderar, mesmo por meio período, me avise." Micah assentiu com a cabeça, em seguida, olhou para a Jacee. "Você está bem, senhora?"
Sorriu. "Minha mãe era ‘senhora’. Sou apenas Jacee. Mas, sim, estou bem." Ele devolveu o sorriso e, mesmo com as cicatrizes repuxando aquele lado do rosto, não mudou o quanto o achava bonito. "Seu braço está sangrando." "Está?" Levantando o braço direito, finalmente percebeu o corte no antebraço. Tinha alguns centímetros de comprimento, mas o sangramento já estava diminuindo, graças à cura dos shifters. Amanhã seria uma cicatriz rosada, mas teria que manter um curativo pelo resto da semana, a fim de não levantar suspeitas. "Merda." Jack xingou. "Vamos levar você para dentro, lavar isso, e fazer um curativo." Sem esperar por uma resposta, caminhou de volta para dentro. Micah queria ajudar. Não precisou dizer nada, mas podia sentir sua ansiedade, sua relutância em deixá-la ir. Deu-lhe outro sorriso. "Obrigado pelo resgate. O Grant é um idiota." "Ele não deve ser um problema de novo. Se for, me avise." "Agradeço, mas o Grant não é problema seu." "Agora é ", disse o Micah em voz baixa, dando um passo mais para perto. O cheiro dele flutuou para o seu nariz de novo, envolvendo-a como um cobertor quente.
Sua proximidade era inebriante, intoxicante. Que diabos estava acontecendo? "Por que você está dizendo isso?" Perguntou, uma pitada de nervosismo rastejando em sua voz. "Você não está sentindo isso? Deus, você cheira tão bem, como cerejas e amêndoas." "Assim como você", ela murmurou, "mas, como pinho e chuva." Timidamente, ele passou a mão pelo braço ileso. "Sei o que você é." Aquilo a fez se sobressaltar, e o encarou. "Como?" "Hoje à noite, finalmente senti o seu cheiro. Meu lobo o reconheceu, e não me diga que você já não sabe o que sou. O que os meus amigos são, também." Fez uma pausa, em seguida, admitiu: "Tudo bem. Eu já sabia sobre todos vocês. Mais do que você imagina." Ele assentiu. "Acho que sei o que está acontecendo entre nós, também. Você não?" "Eu ... eu não tenho certeza." Mas estava evitando o assunto, e ambos sabiam disso. Ele não forçou mais sobre esse ponto em particular, mas o conhecimento estava nos olhos castanhos bondosos, na inclinação do
seu sorriso. Seu rosto não parecia tão triste quanto estava mais cedo, hoje à noite, e não estava pronta para analisar o porquê tão cedo. "Ok", ele disse suavemente. "Gostaria de vê-la novamente. Quero te conhecer melhor." Ela soltou um suspiro e olhou para longe do seu olhar sedutor. Era tão difícil pensar com o seu cheiro e o seu calor a envolvendo, chamando cada célula do seu corpo que era, ao mesmo tempo, feminino e shifter. "Um lobo e um coiote?" "Por que não?" Falou. "Duvido que seus amigos ficarão encantados." "São mais do que apenas meus amigos, são meus irmãos da Alpha Pack. Mas não têm o direito de se meter." "Você diz isso agora, mas pode se sentir diferente depois." Logo em seguida, soube que devia citar seu relacionamento anterior com o Jax. Mas pensou na tristeza que tinha visto na sua expressão mais cedo e não conseguiu falar nada. Em um nível mais primitivo, sabia que o Micah era importante para ela, e não ia se arriscar a estragar as coisas tão cedo. Não, diria a ele no futuro, quando se conhecessem melhor. Ainda não. "Vamos, vamos cuidar desse braço."
Segurando sua mão, a levou para dentro. Os clientes tinham se acalmado um pouco, e alguns já tinham ido embora porque já estava ficando tarde. Alguém tinha limpado o vidro e a bebida do chão, pelo que ficou muito agradecida. Estava menos grata pela especulação e a curiosidade no rosto dos companheiros do Micah enquanto ele a levava até os fundos, e decidiu fingir que não percebeu. Atravessaram as portas duplas em vai e vem que levavam até a cozinha, dobraram à esquerda, e estavam no escritório. A porta ao lado do escritório era o banheiro dos funcionários, onde havia um kit de primeiros socorros. Quando alcançaram o banheiro, Jack saiu do escritório. "Oh, você está aí. Precisa de ajuda com esse corte?" "Eu cuido dela," Micah respondeu, antes que pudesse abrir a boca. Jack hesitou. "Quando estiver pronta, preencha o formulário de acidente de trabalho e vá para casa. Está esvaziando, agora, então ficaremos bem." Em seguida, com um sorriso, voltou para dentro e fechou a porta. No banheiro, Micah procurou sob a pia e achou o recipiente de plástico com os suprimentos. Enquanto trabalhava, ela admirava a maneira como seus músculos se moviam sob a camiseta e a calça jeans justa. A maneira como o cabelo castanho caía em torno do seu rosto e dos ombros. Porra, ele a pegou de jeito.
Ele provou ser um cuidador suave, aplicando o álcool sobre a ferida para limpá-la, em seguida, cobrindo-a com uma gaze e um pedaço de esparadrapo. "Obrigada", disse a Jacee. "De nada. Vou esperar para acompanhá-la até lá fora." O homem foi paciente, esperando enquanto pegava sua bolsa no escritório, preenchia rapidamente o formulário e se despedia do Jack. Foi muito solícito com ela, também, colocando uma mão larga nas suas costas quando deixaram o escritório, protegendo-a dos olhares da sua equipe com o próprio corpo até que estavam do lado de fora. "Qual é o seu carro?" Perguntou. "Aquele ali." Apontou para uma caminhonete Chevy prateada, que já tinha visto dias melhores. "Bela caminhonete." Balançou os ombros. "Já tem quinze anos, mas me leva onde eu preciso, quando está em um dia bom." "Eu gosto de motos." "É?" Apontou para uma Harley preta estacionada ao lado do edifício, há poucos metros de distância. "Linda." "Me leva por aí."
Sorriu para ela, que não conseguiu deixar de sorrir de volta. Havia algo naquele homem que a chamava. Era mais do que os anos de solidão, de luto pela sua família perdida, do anseio pelo toque de outra pessoa. Era a possibilidade de ter um homem para chamar de seu. O que seria isso? Suas botas rangeram no asfalto enquanto a levava até a caminhonete. Quando alcançaram a porta do motorista, ela se virou – e se viu empurrada gentilmente contra a lateral do veículo, uma das mãos dele apoiada no teto do carro, acima da sua cabeça. Seu rosto estava nivelado com a dela, o calor do corpo dele marcando-a como um ferro em brasa. Lentamente, abaixou a cabeça, dando tempo para ela protestar contra o beijo que estava prestes a tomar. Em resposta, enfiou os dedos no cabelo macio na sua nuca e puxou cabeça a dele. Explosivo. Esse era o gosto dele na sua língua, assaltando seus sentidos. Endurecendo seus mamilos e fazendo seu sexo doer. Não poderia ter impedido sua reação a ele, mais do que conseguiria ter impedido um maremoto, e nem queria. Sua coiote rosnou de prazer. Agora, reconheceria sua essência, seu cheiro, em qualquer lugar. Sabia o que ele era para ela. Mas não o nomearia dessa maneira, ainda. Era muito cedo. Depois de explorar sua boca por vários momentos, ele se afastou e a encarou com uma expressão ardente. "Você tem um gosto malditamente bom."
"Você é muito gostoso também." Ele suspirou. "Você vai acabar se dando mal ficando comigo-" "Não. Pare aí mesmo." Ela o encarou. "Se isso é sobre as suas cicatrizes, esqueça. Não me importo com elas, exceto que odeio que você tenha sido ferido. Elas não o tornam menos atraente para mim." "Obrigado", disse ele, parecendo sincero. Estendendo a mão até o rosto dela, colocou uma mecha de cabelo atrás da sua orelha. "Mas não estava falando, na verdade, sobre as cicatrizes. Eu carrego muita bagagem, Jacee. Muita mesmo." "Assim como eu, mas vamos nos conhecer melhor e partilhar o fardo, certo?" Novamente, a tristeza. Não gostava daquele olhar nele. "Certo." "Estou de folga amanhã à noite", disse a ele, "caso você se interesse em saber." Isso o animou consideravelmente. "Me interesso muito, na verdade. Posso saber o seu número de telefone?" "Claro." Ele pegou o celular, abriu a página de contatos, e lhe entregou o aparelho. Ela digitou o nome e o sobrenome, número, endereço e, em seguida, lhe devolveu o celular. "Sua vez", disse ela, pegando o próprio celular.
"Jacee Buchanan. Gosto do seu nome." "Bom, porque é o único que tenho." Piscou. "Qual o seu sobrenome?" "Chase." "Gosto do seu, também. Agora, me liga." Ele o fez, e acrescentou o nome dele ao número que apareceu na tela. "Posso buscá-la amanhã, para levá-la para jantar?" Micah perguntou. De repente, pareceu um pouco inseguro e tão doce que o beijou novamente. Lentamente. "Sim. Um pouco fora de moda, não é?" "Um pouco, quando se trata de lidar com uma dama. Tudo bem?" "Mais do que bem. Que horas?" "Pego você às seis?" "Naquela Harley?" Olhou para ele com um pouco de dúvida. Ele riu. "Não. Estava pretendendo ir de carro, a menos que você queira ir de moto para o jantar." "Bem, talvez não da primeira vez." "Foi o que pensei. Te vejo às seis." "Maravilha."
Vários e vários beijos lentos mais tarde, ele a soltou e caminhou até a moto. Observou sua bunda balançar na calça jeans até que montou na máquina e a ligou com um rugido gutural. Em seguida, ela entrou na caminhonete e a ligou, estremecendo com o engasgo que o motor deu enquanto seguia o Micah para fora do estacionamento. Ele virou à esquerda se dirigindo para fora da cidade, e ela virou à direita, para ir para sua casa modesta, em Cody. Pela primeira vez em muitos anos, a ideia de ir para casa sozinha não era tão terrível quanto antes. Tinha um encontro com um lobo sexy. E planejava aproveitar o máximo.
Jacee revirava na cama, tentando dormir. Já era mais de uma da madrugada e não havia tido muito sucesso nessa batalha. Estava exausta após o drama no seu turno e conhecer o Micah. Fazer aquela descoberta especial sobre ele. Era demais, e aquilo ficou girando na sua cabeça até que, finalmente, adormeceu. Seu sonho começou de forma inocente. Estava correndo através da Shoshone na sua forma de coiote, uma das suas atividades favoritas. A única coisa que teria amado mais, seria compartilhar sua corrida com um membro do seu bando. Alguém que amasse. Com o qual se importasse. Alguém. Correr sozinha trazia
um sentimento de solidão, mas tentou se concentrar na alegria de estar viva. De sentir a terra sob as suas patas e o vento em seu rosto. Enquanto corria, chegou até um riacho e fez uma pausa para beber. Na água, uma imagem se juntou à dela e, quando ergueu a cabeça, lá estava um lindo lobo marrom. Seu pelo era cheio e brilhante, o peito largo, as pernas longas. A única interrupção na sua beleza era a cicatriz visível em um lado do seu rosto. Mesmo no seu sonho, sabia quem era esse lobo – Micah. Latiu para ele alegremente e decolou. Com um latido retumbante, ele correu atrás dela. Ele a perseguiu no meio das moitas, sobre troncos, através de um prado. Tinha certeza que ele a poderia ter alcançado a qualquer momento, mas a diversão estava em fazer isso juntos, não em quem ganhava. Finalmente, ele se recuperou do atraso e atacou. Enviou-os rolando pela grama e pelas folhas, beliscando-a de brincadeira, prendendo-a debaixo do seu peso. Em nenhum momento a fez se sentir ameaçada. Em vez disso, apenas, incrivelmente cheia de alegria, como não ficava há tempos. Sua brincadeira era um bálsamo para a alma dela. E, então, tudo mudou. Em cima dela, o lobo se transformou. Seu corpo ondulou, se alongou e se transformou parcialmente. Era uma versão mais poderosa do Micah, com presas e garras, pele cobrindo o peito, pelo cobrindo o torso e as pernas. O seu pau e as bolas, também.
Excitação a inundou, e ela se transformou, também, com um pensamento. Mesmo mais forte do que a sua forma humana, sua meia transformação era muito menor do que a dele. Ela se revelou sob o seu poder, quando ele abriu suas pernas e alcançava entre elas para esfregar o seu sexo. Separou suas dobras, mergulhando os dedos para fodê-la com eles, e ela gemeu, levantando os quadris para encorajá-lo. Ele pararia se ela quisesse. Sem perguntas. Se sentia segura com ele, por isso não queria que ele parasse. Abrindo as pernas ainda mais, empurrou a cabeça dele para baixo, amando sua risada enquanto baixava a boca sobre ela e começava a lamber. Deus, aquela enorme língua sobrenatural era mágica, acariciando seu núcleo e a deixando louca. Ele lambeu e chupou o seu clitóris até que ela pensou que ia enlouquecer. E, então, chegou ao orgasmo em mil cacos de luz, gritando o nome dele. Jacee despertou com um sobressalto, o coração acelerado. Sua vagina latejava, no rescaldo de um poderoso orgasmo. Espera. Foi só um sonho, certo? Olhando para si mesma, viu que estava deitada de costas, nua. Suas pernas estavam abertas e seu sexo estava molhado. Exatamente como se o Micah realmente tivesse estado lá, dando prazer a ela com a boca. Mas, não era possível. Estava sozinha.
Demorou um inferno de um tempo muito longo antes do sono reivindicĂĄ-la, novamente. Desta vez, nĂŁo sonhou.
Micah se sentia um merda completo. Ontem à noite, tudo tinha ido tão bem. Já vinha se sentindo atraído pela Jacee há várias semanas e não sabia o porquê, até que ela tinha se aproximado e o seu lobo tinha sentido o delicioso aroma de cerejas e amêndoas. Começou a suspeitar. E, então, tinha sentido gosto dela quando se beijaram, e seu lobo descobriu. Jacee era sua Companheira. A ideia era impressionante. Assustadora e emocionante. Poderia um homem quebrado como ele, realmente, ter algo a oferecer uma Companheira? Com certeza, ela também tinha sido dominada por isso. Companheiros não podiam dizer nada a respeito, porque a biologia assegurava que, uma vez que se conhecessem, tinham que ser Companheiros – ou adoeceriam e morreriam, um sem o outro. Que grande escolha para a Jacee.
E, então, tinha invadido completamente a privacidade dela, depois de terem ido para casa, ontem à noite. Ele quase arruinou as coisas usando sua habilidade como Andarilho dos Sonhos para tirar proveito dela. Ela, sem dúvida, pensou que o seu sonho sensual foi apenas isso – um sonho. Sua consciência, no entanto, não lhe permitia continuar a acreditar numa mentira. Não era uma boa maneira de começar um relacionamento de verdade. Se isso fosse, na verdade, o que esperava ter, biológico ou não. Alcançando o frasco na cômoda, pegou duas pílulas e as ingeriu com uma garrafa de água que estava lá desde o dia anterior. Pensando bem, pegou mais duas, engoliu e apoiou as mãos na borda da cômoda, tentando acalmar o crescente caos no seu cérebro antes que ficasse muito ruim. Aos poucos, começou a relaxar. Mas tinha o sangramento no nariz e a dor de cabeça com os quais lidar antes que pudesse se aventurar para fora dos seus aposentos. Meia hora mais tarde, se sentindo quase como ele mesmo, deixou o apartamento e entrou no corredor. Sem o menor traço de fome, decidiu ir para o hangar e mexer na sua moto por um tempo. A marcha lenta estava meio dura ultimamente, então, talvezAlguém bateu no seu ombro, duramente. Instintivamente, seu lobo saltou, em modo de ataque. Em um movimento rápido, segurou o corpo e o empurrou contra a parede. À distância, ouviu um grito assustado enquanto segurava o homem com um braço e estendeu as garras da outra mão. Suas
presas se alongaram quando agarrou os cabelos do seu prisioneiro, puxou a cabeça dele para trás para expor a garganta"Micah! Que porra é essa?" Inimigo. Acabe com ele. "Solte ele!" Alguém acertou sua lateral, jogando-o longe da sua presa, e caíram em um emaranhado de membros. O inimigo, em cima dele, era maior, mais forte. Precisava se libertar. Ou se transformar. Sim, seu lobo podia derrotar o homem que estava lutando contra ele. "Micah, se contenha!" Um golpe forte no lado da sua cabeça fez com que seu cérebro balançasse violentamente, dispersando seus pensamentos. A névoa vermelha da raiva se desfez e seu lobo recuou. A primeira visão que teve o encheu de confusão. E então, horror. Noah estava encostado na parede, respirando com dificuldade, os olhos arregalados enquanto olhava para o Micah. O jaleco azul com o qual o enfermeiro trabalhava estava rasgado, pontos vermelhos de sangramento através do tecido, onde o Micah tinha lhe arranhado. "Oh, meu Deus! Noah, sinto muito." "Ei, huum, está tudo bem." Noah tentou esboçar um sorriso trêmulo. "Acho que preciso olhar aonde estou indo."
"Não", disse o John, saindo de cima do Micah franzindo o cenho para ele. "Não está tudo bem. Você atacou um membro da equipe sem motivo ou provocação. Você perdeu o controle." Neste exato instante o Phoenix entrou e o Nick estava com ele. Maravilha. "O quê?" Nix falou, observando a cena. Micah ficou de pé. "Olha, eu disse que sinto muito. Isso não vai acontecer novamente." A expressão do Nick era como uma tempestade se avolumando e se preparando para desabar. "O que não vai acontecer novamente? Você realmente atacou o Noah?" "Sim, mas ele deu um encontrão", tentou explicar. "Ou nós esbarramos um no outro, e o meu lobo pensou-" "Meu escritório. Agora." Merda!
Assentindo,
Micah
só
conseguiu
ficar
olhando,
miseravelmente, quando o comandante se afastou na direção do seu escritório, o John seguindo-o. Virando-se, começou se dirigir ao Noah para pedir desculpas, de novo. Mas, antes que pudesse dar um passo, Nix ficou entre eles, olhando-o cara a cara. "Toque nele de novo, só mais uma vez, e eu vou te matar. Irmão ou não", disse calmamente. Estava falando sério.
"Disse que sentia muito, e sinto." "Se recomponha, Micah. Todos nós vemos como você está sofrendo, mas você é uma bomba relógio pronta para explodir, e não sabemos o que fazer." "Estou lidando com os meus problemas da melhor maneira que sei." Fez uma pausa, a raiva o invadindo novamente. "E você? Como está lidando com os seus? Aquela coisa de acasalamento está indo bem?" "Isso não é da sua maldita conta", Nix rosnou. "Não, mas parece que é melhor fazer com que seja sua. Antes que seja tarde demais." Apontou com o queixo para onde o Noah estava desaparecendo pelo corredor. Nix xingou e partiu atrás do Noah. Micah permaneceu no corredor por um momento, se preparando. Ele ferrou com tudo. Fodidamente. Pediria desculpas ao Noah novamente, mais tarde e sem audiência, e se certificaria que o homem soubesse que estava sendo sincero. Primeiro, tinha que apaziguar o seu chefe. Quando chegou ao escritório, bateu uma vez antes de entrar. Nick estava sentado atrás da mesa com alguns papéis na mão. Soltandoos, com uma expressão dura, fez um gesto para o Micah se sentar. Nervosismo inundou o Micah, mas se controlou para parecer calmo em face da raiva calma do comandante.
"Que porra foi aquela lá fora? Você perdeu o controle e atacou o Noah no meio do corredor. Noah, que tem a metade do seu tamanho e não faria mal a uma mosca." Sua mandíbula se contraiu e seus olhos azuis eram como aço. "Fale comigo." "Eu não sei. Estava andando, e estava imerso em pensamentos, então, quando ele bateu em mim, acho que só reagi." "Atacando-o." Parecia terrível, colocando assim. "Não acho que ia machucá-lo, na realidade." "Nós não sabemos porque o John impediu você antes que pudesse lhe fazer algum mal." O cenho franzido se acentuou. "A Mac ainda está acompanhando você?" A Dra. Mackenzie Grant trabalhava no Santuário, junto com a Dra. Melina Mallory, o Noah e alguns outros. Também era a Companheira do Kalen, e filha do general Jarrod Grant. Em suma, uma mulher com a qual não se fodia. "Um pouco. Vou vê-la esta tarde." "Bom. Você vai contar a ela sobre o incidente ou eu vou. Se é que o Noah já não contou." "Sim, senhor." "As pílulas. Quantas você está tomando?"
Devia ter esperado por aquela pergunta, mas ainda o pegou desprevenido. "Mac prescreveu uma de manhã e outra à noite." "Não. Quantas você está realmente tomando? Nem mesmo pense em mentir para mim." "Eu..." Micah vasculhou o cérebro atrás de uma desculpa, mas nenhuma apareceu. Exceto a verdade. "Dez ou doze por dia", disse, com vergonha. "As doses não parecem durar tanto tempo quanto duravam, quando comecei a tomá-las." "Já discutiu isso com a Mac?" "Não." "Faça isso hoje, também. Que ela mude a dosagem, ou o medicamento, ou o que ela decidir, mas não a mantenha no escuro sobre o que está acontecendo. O mesmo vale para mim. Se você está tendo problemas, venha até mim e à Mac. Nós dependemos de você, assim como a sua equipe. Entendido?" "Sim, senhor." A expressão do Nick suavizou um pouco. "Só estou pegando no seu pé, porque me importo, maldição. Você se lembra da visão que lhe falei, há algumas semanas?" "Como eu poderia esquecer?" Murmurou.
Nick se inclinou para frente. "É o que vai acontecer, se você continuar assim. Você vai morrer. Eu sei que a Jacee é a sua Companheira, e você vai deixá-la sozinha e sofrendo. Não sei de que outra forma mostrar para você do quão sério estou falando." Um tremor serpenteou através do Micah. Sabia muito bem que não devia duvidar de um Vidente tão poderoso quanto o Nick. Mas não conseguiu deixar de perguntar: "O que te deixa tão certo que há alguma maneira de mudar o meu destino, no fim das contas?" "É por isso que você está sendo tão imprudente com a sua saúde? Não pode mudar o seu futuro, então, foda-se? Porque se foi essa a impressão que causei contando para você-" "Não! Não foi. Juro que não é dessa maneira que me sinto. Só estou perguntando, honestamente." O comandante relaxou um pouco, recostando na cadeira. "Sei que 'tudo é possível' parece banal, mas é verdade. Vou lhe dizer uma coisa que disse ao Jax, uma vez. As decisões que as pessoas tomam são como balas de tinta, enviando cada consequência em uma nova direção. Toda decisão que você toma afeta algo ou alguém, de mil maneiras diferentes. Até mesmo você. Se você sabe que algo que está fazendo é autodestrutivo, não é tarde demais para mudar." "Até que seja tarde demais."
"Exatamente." Com a reunião concluída, obviamente, Nick se levantou. "Vou pegar um relatório completo com a Mac depois da sua consulta." "Sim, senhor." "Lembre-se, estamos aqui para ajudá-lo. Me chame a qualquer hora que precisar, e sei que o mesmo vale para qualquer um da equipe." "Vou me lembrar disso." Depois de apertar a mão do Nick, Micah saiu e foi para o hangar, onde gastou algumas horas regulando sua moto, perdido em pensamentos conturbados. Inevitavelmente, sua mente foi até a Jacee. O que, diabos, estava pensando, indo atrás dela quando a sua vida pessoal estava fodida daquela maneira? Devia ligar para ela e cancelar o encontro. Diante da ideia o seu lobo uivou em protesto e suas entranhas se revolveram. Assim que a sua metade shifter tinha sentido o cheiro dela e a reconheceu, ignorá-la nem sequer era uma opção. Não que realmente quisesse, mas toda aquela sujeira era a última coisa que ela precisava em sua vida. O que significa que você precisa limpá-la, seu tolo. O primeiro passo para fazer isso era falar honestamente com a Mac. Com um suspiro, limpou a graxa das mãos em um pano e o atirou ao lado da moto. Em seguida, se dirigiu para o Santuário.
Ao longo dos últimos meses, o corredor que ligava o complexo principal e o edifício novo, tinha sido concluído. A preocupação em fazê-lo tinha sido manter os pacientes em recuperação, com problemas sérios, fora do prédio principal, mas a Alpha Pack tinha instalado medidas de segurança para garantir que ninguém podia passar pelas portas, apenas a equipe. Digitando seu código de acesso, Micah esperou até ouvir o clique do desbloqueio da tranca, abriu a porta e entrou. Suas botas ecoaram estranhamente no ladrilho, lhe dando a impressão desconcertante que estava indo para sua própria execução. O que era estúpido, uma vez que os médicos estavam tentando ajudálo. Depois de mais uma porta de segurança, entrou em outro corredor na direção do escritório de Mac. Na área da recepção, em frente aos consultórios dos médicos e das salas de exame, o Noah estava de pé com uma prancheta na mão, olhando alguns papéis. Micah engoliu o orgulho e se aproximou dele, não culpando o outro homem por olhá-lo com cautela. "Oi, queria pedir desculpas novamente pelo que fiz antes. Eu pirei", admitiu. "Não sei por que perdi o controle, mas vou falar com a Mac sobre isso." "Você vai ser honesto com ela?" "Sim."
A desconfiança desapareceu e Noah deu um leve sorriso. "Bastante justo. Aceito." "Você está bem?" Micah apontou para o peito do Noah. O enfermeiro havia colocado uma camisa nova, escondendo os cortes. "Sim, foram apenas alguns arranhões." Revirou os olhos. "Diga isso para o Nix. Ele ameaçou me matar se eu sequer encostasse em você de novo." Noah piscou. "Sério? É engraçado, considerando que ele não quer me tocar de maneira nenhuma." Oh, garoto. "Escute, não sou um expert em muita coisa, ainda mais em assuntos de relacionamento. Mas, dê um tempo para ele, cara. Ele achou que fosse hetero a vida inteira, sabe?" "E, então, eu fui pra cima com tudo", Noah concordou miseravelmente. "Às vezes ele é tão doce, e o resto do tempo age como se eu tivesse peste." Micah procurou uma maneira de dar ao cara um pouco de perspectiva. "Me diga uma coisa, imagine se você, de repente, descobrisse que o seu companheiro é uma mulher, e você é gay. Você nunca imaginou que estaria ligado a ela e teria relações sexuais com ela, mas seu o lobo não pode ficar longe e você tem que, audaciosamente, ir onde o seu pequeno eu gay não foi antes." Noah fez uma cara horrorizada, e o Micah riu. "Viu? Então dê ao pobre bastardo uma folga – entendeu o que eu quis dizer?"
O enfermeiro mordeu os lábios e, em seguida, assentiu. "Ok, vou tentar com mais afinco, pelo Nix." "Você está indo bem. Apenas seja paciente." Micah olhou para o escritório da Mac. "Estou atrasado. Acho que é melhor ir para lá." Micah ofereceu a mão ao outro homem e trocaram um aperto. "Boa sorte." Na frente da porta do escritório da Mac, Micah bateu. Estava parcialmente aberta e ouviu sua voz, dizendo para ele entrar. Deu um passo para dentro, fechando a porta atrás dele, sem saber o que esperar. Ela o cumprimentou com seu habitual sorriso caloroso e empurrou uma mecha do cabelo castanho ondulado para trás de uma orelha. "Micah. Sente-se e me conte o que está acontecendo com você ultimamente." "Você falou com o Nick?" "Devia?" Em seguida, adivinhou que a resposta era não. Deu de ombros quando não sentiu nada por dentro, além de indiferença. "Estou com alguns problemas com os remédios." Seu rosto ficou sério. "Que tipo de problema?"
"As doses duram períodos de tempo cada vez menores, e estou ficando mais e mais ... ansioso. Me irrito facilmente. Estou tomando mais comprimidos do que devia", admitiu. "E, francamente, estou ficando viciado neles." "Entendo." Franziu a testa. "O Myst, supostamente, não é para ser uma droga que causa dependência. Quanto tempo demora o efeito de cada dose?" "Talvez, duas horas." "Isso faz com que pareça não valer a pena tomá-la. Você notou algum outro efeito colateral?" "Sangramento nasal, enxaquecas repentinas e alterações no humor. Eu, huum, perdi o controle e ataquei o Noah no edifício principal há algumas horas atrás", disse baixinho, a vergonha aquecendo suas bochechas. As sobrancelhas da Mac se levantaram. "Ele não mencionou isso para mim quando chegou." "Ele disse que foram apenas alguns arranhões, mas, ainda assim. Não posso acreditar que perdi a cabeça dessa maneira." A doutora recostou na cadeira e o estudou por um momento. "Ok, uma de duas coisas está acontecendo. Ou o Myst não é compatível com o seu organismo, por isso os efeitos colaterais desagradáveis, ou você está simplesmente se acostumando a ele e não está funcionando mais. De qualquer forma, esses não são os cenários ideais. Vou pedir
alguns exames de sangue e fazer alguns testes apenas para ter certeza que nada está errado. O Zan passou aqui após o ataque do demônio e falou que pensou ter detectado algum tipo de anomalia no seu sangue, por isso é melhor verificar." Fantástico. "Ok." "Como está se sentindo, falando nisso? Como está o seu peito?" "Dolorido, mas curando." "Tudo certo. Nesse meio tempo, quero que você diminua os comprimidos de forma gradual. Acha que pode fazer isso?" "Posso tentar." Sabendo quão ruim a sua necessidade pela droga tinha ficado, porém, tinha um certo receio. "Por que não suspender tudo de uma vez?" "Gostaria de manter isso como um último recurso. Mesmo assim, você faria isso aqui, sob supervisão." "Como uma desintoxicação." "Sim. Parar de usar uma droga de repente pode ser perigoso, porque as reações do corpo podem variar muito por causa do choque pela retirada. Nós, simplesmente, não sabemos o suficiente sobre o Myst ainda, para permitir que você se desintoxique por conta própria."
"Compreendo." Embora odiasse a ideia de ser um paciente em um quarto de hospital. Talvez, trancado para o seu próprio bem, e o dos outros. "Vou tentar o método de diminuir aos poucos." "Acho que é sábio." "Nenhum outro shifter teve problemas com a droga, exceto eu?" "Nenhum em nossas instalações, mas vou fazer algumas ligações. Nós temos alguns pacientes fazendo uso do Myst e pode apostar que vamos ficar de olho neles. Pode ser que você seja um dos poucos shifters sem sorte, cujo corpo não está aceitando bem a droga." Pegou um maço de papéis e estudou algumas notas no arquivo. "Vamos continuar o aconselhamento, porém, e espero que não precisemos usar outra droga para ajudá-lo a lidar com isso. Já passou por muita coisa desde que foi resgatado." "Sim." Mac fez uma pausa. "Outra coisa está te perturbando. O que é?" Ele olhou para ela. "Como você sabe?" "Uma coisa o delatou." "Foi?" Tentou descobrir o que o denunciou, mas não descobriu nada. "O que foi?" Seus lábios se curvaram. "Se eu dissesse, você ia parar de fazer isso e arruinaria os meus poderes de observação."
"Droga." Ela ficou séria. "Então, o que há de errado?" "Não é que tem algo de errado em si, mas ... conheci a minha Companheira." "Você – sua Companheira!" Pela primeira vez desde que entrou, um sorriso, enorme e genuíno, se espalhou pelo seu rosto. "Micah, isso é maravilhoso, não é?" "Sim, absolutamente. Mas seria ainda mais impressionante se eu não fosse um viciado em drogas! E se eu a ferir como quase fiz com o Noah, hoje de manhã?" Se o fizesse, morreria. Acabaria com si mesmo, rápida e facilmente. "Vamos nos assegurar de deixá-lo bem para que isso não aconteça", o tranquilizou. "Além disso, seu lobo é programado para ser ainda mais protetor com a sua Companheira do que você. Acho que não terá com que se preocupar." "Espero que não." Esfregou a parte de trás do pescoço. "Quem é ela?" "Uma das bartenders do Grizzly. O nome dela é Jacee Buchanan." "Jacee?" Mac colocou um olhar engraçado em sua face. "Sim, por quê? Você a conhece?"
"Me encontrei com ela algumas vezes, quando estivemos lá. Mas não, não a conheço muito bem." Algo em seu tom fez com que ele desse uma pausa. "Você não gosta dela." "Não, não é nada disso. Acredite em mim." "Mas?" Mac suspirou. "Vamos, apenas, dizer que a presença dela vai tornar as coisas um pouco mais interessantes por aqui, por um tempo." "O que isso significa? Como assim? Espere – isto é porque ela é coiote?" "Não, não é isso, tampouco. Receio que você vai ter que perguntar à Jacee", disse a Mac. "Não cabe a mim lhe dizer qualquer coisa." "Isso não é justo, já que foi você que tocou no assunto", murmurou. "Queria lhe adiantar alguma coisa, mas não vou me meter", disse ela com firmeza. "Agora, de volta para você. Mais algum pesadelo ultimamente?" Quando Mac colocava uma coisa na cabeça, não havia como convencê-la do contrário. Assim, desistiu e contou a ela sobre o seu pesadelo mais recente, de ser obrigado a torturar os dois shifters águia. Como não tinha outra escolha, ou o capacho do Bowman teria picado a mulher em pedaços. Inferno, ele podia ter feito aquilo de
qualquer maneira, mais tarde. Micah não tinha ideia do que havia acontecido com ela, ou qualquer um deles, exceto o Aric, que tinha sido resgatado junto com ele. "Na última vez que nos falamos, você estava convencido que esses sonhos são, realmente, memórias reprimidas. Você ainda se sente assim?" Ele assentiu. "Mais do que nunca. Não tive quaisquer novas memórias enquanto estou acordado, somente quando durmo, mas sinto que estão bem ali, sabe? Como se a porta estivesse entreaberta e logo tudo vai voltar." "Se você está sentindo isso tão intensamente é, provavelmente, apenas uma questão de tempo antes que realmente retornem. A questão é, como você vai ser capaz de lidar com todas essas memórias inundando você, se todas elas retornarem ao mesmo tempo?" Ela o estudou atentamente. Conhecia aquele olhar e já podia adivinhar o que estava pensando. Micah era uma bomba-relógio, especialmente por sua reação ruim ao antidepressivo. Os sintomas físicos e, agora, o ataque ao Noah. Além disso tudo, poderia se lembrar de todos os meses no cativeiro a qualquer momento. Estava reconsiderando a decisão da hospitalização dele e não esperar a bomba dentro da sua cabeça explodir, detonando não apenas a si mesmo, mas cada um na que estivesse na sua zona de matança.
"Doutora", disse, odiando a súplica em sua voz, "me dê a chance de lutar contra isso por mim mesmo. Você disse que eu fiz um bom progresso, inclusive. Sei que é tudo o que me vem à cabeça, mas não posso ser trancado. Minha Companheira está lá fora, e ela vai precisar de mim." Seu lobo choramingou só de pensar em ficar entre quatro paredes acolchoadas e estar separado da sua Companheira enquanto ficava completamente insano. Adoecia e morria. "Poderíamos trazê-la aqui para você, quando a necessidade dos dois acasalarem se tornar um problema." Mas, nem mesmo ela estava feliz com esse plano, assim como ele. Era óbvio pela voz baixa e pela expressão sombria. "E prendê-la, também? Não. Não quero que a minha Companheira se torne uma prisioneira, quando nada disso é culpa dela. Merece o melhor. Por favor, Mac, estou pedindo a você não apenas como minha médica, mas como minha amiga. Deixe eu tentar lidar com isso, primeiro." Ela suspirou. "Você tinha que apelar para a amizade." "Só quero uma chance. Se não conseguir com isso por conta própria, vou me internar." "É exatamente isso, você pode não ser capaz de chegar a isso." Ficou em silêncio, pensando.
Micah esperou, decidindo não forçar mais e se arriscar de ter a doutora cavando seus saltos nele. Se esforçou para parecer complacente e inofensivo, aceitando qualquer destino que ela escolhesse, em silêncio, ao invés de perder cabeça. Finalmente, deu uma pequena risada. "Relaxe. Ainda vou deixar você tentar
largar
os
comprimidos
sozinho
e
vamos
continuar
o
aconselhamento." "Obrigado", disse com gratidão. "Mas, mais um incidente como o ataque ao Noah e você vai ser um convidado aqui por um tempo." "Entendi. Vou fazer o meu melhor para não decepcionar ninguém." "Não se trata de nos decepcionar”, disse suavemente. "É sobre fazer você melhorar. Concentre-se nisso e o resto vai se assentar no lugar." "Vou me concentrar. Obrigado." Conversaram por mais alguns minutos. Então, o Micah levantou e se despediu. Noah estava esperando para levá-lo até uma sala de exames, onde coletou as amostras de sangue e verificou os sinais vitais do Micah. "É isso aí. Você está pronto para ir", disse o Noah, recolhendo os frascos de sangue. Antes que o Micah pudesse abrir a boca, o enfermeiro levantou uma mão. "E não peça desculpas novamente. Vamos esquecer isso e seguir em frente."
"Ok. Obrigado." Sorrindo, deu um tapinha no ombro do Noah e se despediu. Tardiamente, se perguntou se aquilo contaria como "tocar" o enfermeiro aos olhos do Nix. Com certeza, esperava que não. Seguindo o caminho de volta para o prédio principal, pegou o celular e cedeu à tentação. Oi, é o Micah. Você está ocupada? Digitou. Poucos segundos depois, a resposta da Jacee chegou. "Não. Apenas vim do jardim. Vou tomar banho. Você tem um jardim? De que tipo? Eu tenho. Gosto de fazer as coisas crescerem. Tenho tomates, pepinos, abóbora e dois tipos de ervilhas. Micah sorriu. Gostou da ideia da Jacee escavando a terra, paparicando suas pequenas plantas. Uau, não consigo fazer crescer nem um cacto! Estou impressionado. Não fique muito impressionado. Matei uma fileira do milho no ano passado. Ha! Calor se espalhou através dele. Também gostava que ela pudesse rir de si mesma. Pensei que você morasse na cidade. E moro. É apenas um pequeno jardim. Só preciso o suficiente para mim, e o resto acondiciono em frascos e dou como presentes.
Um sentimento desconfortável se agitou dentro dele, e lutou para saber o que responder. Bem, pode ser que você não vá querer dar todo o resto, agora... Verdade. Posso ter um lobo faminto na minha porta muito em breve. :) A pontada inquieta se dissipou e sorriu para si mesmo. Tenho a sensação de que está certa. Fez uma pausa. Então, estamos combinados para esta noite? E como, mas por que você não me deixa fazer o jantar, em vez de sairmos? Havia alguma coisa para não se gostar nesta mulher? Na próxima vez. Não quero você trabalhando no nosso primeiro encontro, deixe-me paparicá-la. Então, talvez, a gente dê uma corrida mais tarde. Ok, isso parece muito bom. Legal, vejo você logo. Ansiosa por isso. :) Eu também. :) "Sobre o que, nas profundezas do inferno, você está rindo?" Aric falou lentamente, parando ao lado do Micah, no corredor próximo à sala de lazer. "Com quem você estava teclando?" "Não é da sua conta, cunhado. Vá passear, literalmente." "Será que é com a Jacee? Pela qual você deu uma de Mike Tyson com aquele idiota ontem à noite?"
"E daí? Dá o fora, Aric", disse, ficando irritado com a zombaria no tom do outro homem. "Vamos lá, você está saindo com ela agora ou algo assim? Pensei que você tinha um gosto melhor do que se envolver com aquela prosti-" O lobo do Micah rugiu na superfície, se esforçando para ser libertado. Uma raiva cega fez com que o seu sangue fervesse, presas e garras surgindo. Só a promessa da Mac de interná-lo se perdesse o controle novamente o impediu de esfregar o chão com o lobo ruivo. Sim, massacrar seu próprio cunhado ia concretizar isso, rapidamente. "Jacee é a minha Companheira", disse em voz baixa e mortal. Era bem possível que nunca tivesse visto o Aric ficar tão pálido tão rapidamente ou parecer estar passando mal. "Eu- Você disse o quê, agora? Sua Companheira?" Aric olhou ao redor, claramente atordoado. "Merda." Micah rosnou: "É tão fodidamente chocante que eu possa ter uma Companheira, especialmente uma mulher tão linda como ela? Diga o que está passando na sua cabeça." "Não, homem." Aric balançou a cabeça e passou a mão pelo cabelo. Quando encontrou o olhar de raiva do Micah, novamente, suas palavras e sua expressão eram sinceras. "Você me conhece melhor do que isso. E daí que você tem cicatrizes? Ninguém que gosta de você se preocupa com elas."
"OK. Será que isso tem a ver com o que a Mac sabe sobre a Jacee e que não vai me dizer?" O outro homem levantou a mão. "Ouça. Não quero me meter nisso. Sinto muito pelo que disse sobre a Jacee, está bem? Não tinha a mínima ideia que ela era a sua Companheira." "Isso não devia importar. Você não tem direito de falar assim sobre alguém, especialmente chamá-la de prostituta quando não a conhece, realmente. Pensei que você fosse melhor que isso." Lentamente, forçou seu lobo a recuar. Não foi fácil, sua raiva era tão vulcânica. Aric estremeceu e fez a graça de parecer contrito. "Você está certo. Julgar as pessoas não é justo, e eu já devia saber isso. Só quero salientar que você não a conhece, ainda." "Aric", alertou. "Isso é tudo o que vou dizer. Além de que você é meu irmão e me preocupo com você." O idiota tinha que ir embora e dizer algo agradável. "Obrigado, mas posso cuidar de mim mesmo." "Certo. Fique em paz. Até logo." Franzindo a testa, Micah observou o Aric partir. Aparentemente, seus amigos tinham uma opinião preconcebida sobre a Jacee que não era muito cortês. Isso o irritou mais do que um pouco. Nem tinham dado a ela uma chance. Considerando tudo, teria mais cautela quando fosse
contar aos outros sobre a Jacee. Pelo menos, até que pudesse descobrir sobre o que estavam pirando – ou a Jacee lhe contasse. Depois de verificar a hora no celular, suspirou. Ainda faltavam horas antes de poder buscá-la. Podia muito bem fazer algo útil. Não pôde deixar de reparar a leveza no andar, que não tinha estado lá, antes.
Nick esfregou os olhos, cansado. Manter
um
complexo
cheio
de
shifters
impulsionados
pela
testosterona, ocupados e fora de problemas dava mais trabalho do que
parecia,
alguns
dias.
Alguns,
mais
que
outros.
Hoje,
simplesmente, queria voltar para os aposentos que compartilhava com a Calla, tomar um longo banho, e ir para a cama cedo. Nada usual para ele. Mas as visões estavam vindo com mais frequência e com mais detalhes. Especialmente a que tinha visto momentos atrás e da qual ainda estava se recuperando. Aquela horrorosa que o tinha avisado sobre o Micah. Fechando os olhos, começou a recordar cada mínimo detalhe, em caso de necessidade.
Micah
e
Jacee
Buchanan
se
enfrentavam
em
um
quarto
desconhecido. "Que porra é essa, Micah?" Ela gritou, balançando um pequeno
frasco
em
seu
punho.
Seu
conteúdo
chacoalhou
ameaçadoramente entre o casal. "Você me disse que tinha parado de usar! Você mentiu para mim, para a sua equipe!" "Jacee, por favor-" "Por favor, o quê? Lhe dar outra chance, e mais outra, enquanto espero o dia que um dos seus irmãos venha me dizer que você está morto, por causa de uma overdose? Ou foi destruído pelo inimigo, porque estava chapado durante uma briga?" "Não", negou, voz firme. "Isso não vai acontecer." "Você precisa ir." Parecendo derrotada, virou as costas para ele. "Agora." "Amor, por favor. Não me dispense. Vou buscar ajuda. Vou sair dessa. Qualquer coisa-" "Agora, Micah." Ela estava falando sério. Micah não tinha o direito de ficar, não havia motivo para se defender. Suspirando, ele disse, "Eu te amo. Isso não vai mudar, nunca. Estou sempre aqui se precisar de mim ou mudar de ideia." Entorpecido, passou por ela e cruzou a porta do quarto. Continuou caminhando para fora, até a sua moto, onde se sentou e olhou para a
casa dela por longos momentos. Uma lágrima escorria pelo seu rosto, e a limpou com a manga. Tentando não desmoronar. Falhando. Colocando a moto em movimento, Micah fugiu da casa. Da perda que arrancava suas entranhas. Saiu correndo da sua vida arruinada, da destruição das suas esperanças e dos seus sonhos. Com a Alpha Pack e com a sua Companheira. E, assim, não viu o shifter com enormes asas voando baixo no céu, com as garras estendidas, sua intenção, clara. Nick não podia gritar. Não era possível avisar ao Micah do perigo. A criatura acertou o Micah no lado, duramente, derrubando-o da moto em alta velocidade. Micah foi arremessando, voando pelo ar por terríveis segundos, até que bateu de cabeça em uma árvore. Caindo no chão em um monte amassado, a cabeça em um ângulo antinatural, olhando para o céu. Lutava para respirar. E depois parou, os olhos castanhos fixos em um ponto que não podia mais ver. E isso não era tudo. Outra visão cantarolou na borda da consciência do Nick e deslizou lentamente em sua consciência como uma cobra através da grama alta. Um predador observava das sombras, fervendo com sagacidade e ódio. Teve cuidado, mantendo-se escondido. Sempre se escondendo nas sombras. Ninguém podia ver o que ele tinha se tornado.
Mas o único responsável por isso ia pagar. Ele ia ver. E ia morrer. Nick se levantou, sacudindo a exaustão. O destino do Micah ainda não tinha mudado, mas ia. Tinha que mudar. Ele não tinha perdido nenhum dos seus homens, ainda. E não ia começar justo agora.
Um encontro de verdade. Quase tonta, Jacee procurou através do armário pequeno e descartou uma blusa após a outra. Se sentia como uma adolescente boba, tentando encontrar a roupa perfeita para vestir, para agradar o Micah, quando, no fundo, sentia que ele não se importava. Mesmo que ele não tivesse cicatrizes, não acreditava que ligava muito para aparências. Mas ainda queria agradá-lo e, vinte minutos depois, finalmente se resolveu por uma blusa azul de manga curta que contrastava muito bem com o cabelo escuro. Então, querendo mostrar que possuía mais do que apenas os jeans e as botas de cowboy que usava no bar, colocou uma moderna calça capri preta e deslizou os pés em um par de sandálias pretas. No pequeno banheiro, colocou uma maquiagem mínima, não chegando nem perto do quanto usava para trabalhar no Grizzly. Olhou para si mesma por mais alguns minutos, se preocupando um pouco
mais. Novamente, com aparências. Mas a Jacee que flertava e lidava bem com os clientes do bar, que usava jeans apertados, tops decotados e maquiagem de guerra mais pesada, não era quem ela realmente era no seu tempo livre. Não, era uma garota simples. Gostava de pensar em si mesma como uma pessoa boa, que queria alguém que enxergasse quem era realmente. Não a pretensa puta que um monte de gente, sem dúvida, acreditava que fosse. Especialmente o Jax e seus amigos. Esse pensamento a fez estremecer. Ainda mais, diante da ideia do que o Micah poderia pensar ou fazer quando descobrisse que sua futura Companheira costumava dormir com um membro do seu bando fez seu estômago revirar. Tinha abrigado alguns sentimentos pelo Jax, uma vez, por isso não tinha sido apenas sexo da parte dela. Mas tinha sido da parte dele, e nunca tinha feito nenhuma promessa. Ela sabia que sua breve aventura não deveria durar e, ainda assim, se deixou levar até ele conheceu sua Companheira. Quem sabe quanto tempo ela teria continuado a se agarrar a um homem que sabia que não era dela? Até que, finalmente, encontrou o Micah, o que acabou sendo inevitável. Deus, isso era o que a embaraçava mais do que qualquer coisa. Perceber quão solitária tinha estado, tanto que estava disposta a sacrificar sua autoestima para evitar isso, mesmo que por apenas algum tempo. Micah ia entender. Esperava.
Chega disso. Esta noite era sobre novos começos, e parecia que ambos mereciam serem felizes. Deixando os cabelos soltos, saiu do banheiro e se assegurou de estar com a carteira e as chaves na bolsa, pronta para sair. Poucos segundos depois, ouviu um motor e o deslizar de pneus na calçada em frente. Olhando para fora, através das cortinas, se surpreendeu ao ver um elegante Mercedes preto, de duas portas, estacionado. A porta do motorista se abriu, Micah saiu do carro e ficou de pé – e a Jacee ficou com água na boca. Ele usava jeans escuro, que abraçava suas coxas e o sexo como uma luva. Uma camisa social verde esmeralda destacava os ombros fortes e o peito, colocada para dentro da calça, mostrando a cintura elegante. O cabelo cor de café escuro caía em camadas sobre o colarinho e em volta do rosto bonito. Sim, bonito para ela, mesmo com as cicatrizes. Se perguntou se usava o cabelo solto para esconder algumas delas ou se apenas preferia aquele estilo. Quando começou a subir os degraus da varanda, ela foi até a porta e a abriu, antes mesmo que ele tivesse a chance de bater ou tocar a campainha. Ele sorriu, felicidade iluminando seus olhos. "Você está bonita." "Obrigada", disse ela. "Você também está delicioso. Quer entrar?" "Claro."
Dando um passo para dentro, imediatamente a apertou em um abraço. Parecia tão gostoso e acolhedor, que colocou os braços ao redor dele, apoiando a bochecha no ombro dele. Apenas ficou lá, absorvendo a sensação do seu corpo contra o dela. E achou extremamente agradável. "Está tudo bem?" Perguntou. "Mais do que bem." Sorriu. "Você cheira muito bem." "Você também." "Humm." Se afastou um pouco, inclinando o rosto, pedindo um beijo. Ele não perdeu tempo em dar a ela o que queria. A boca dele era tão deliciosa quanto se lembrava, mas fresca e mentolada, com um toque de creme dental. Acariciou a língua dele com a sua e ele gemeu, a vibração fazendo seu corpo formigar por toda parte. Descobriu que gostava de ser a causa daqueles sons que ele emitia. Rindo, colocou um pouco de espaço entre eles. "Se você não parar, nós nunca vamos chegar ao jantar." "E o seu argumento é?" Ela brincou. "Por mais tentador que seja ficar aqui e ter sobremesa em primeiro lugar, quero provar que sou um cara legal. Não estou apenas procurando um corpo quente." Sorrindo, piscou.
Ele parecia tanto com um menino travesso, que ela riu. "Já acho você um cara legal. Mas estou com fome, então vamos?" "Pode apostar." Eles saíram, e ela trancou a casa. Em seguida, a acompanhou até o carro, onde ele abriu a porta do passageiro e a ajudou a entrar. Parecia que o cavalheirismo não estava totalmente fora de moda, ao contrário do que diziam, e gostou disso. Muito. Quase como se tivesse lido a sua mente, ele disse, "Minha mãe me criou para tratar uma mulher com respeito. Isso significa abrir as portas, pagar a conta, correr para pegar o carro quando está chovendo, trazer a sopa na cama quando está doente – e o que mais você conseguir pensar. Se alguma parte disso vai ser um problema, é melhor falar agora." Ele arqueou uma sobrancelha de brincadeira para ela, quando saiu da vaga. "Bem, vamos ter que negociar a parte de você sempre pagar a conta," o informou, meio impertinente. "Eu trabalho e posso pagar, também. E vou cuidar do meu companheiro de qualquer maneira que achar que for preciso, quando estiver doente ou não." "Humm. Posso lidar com isso." Quando saiu da rua, estendeu a mão direita e pegou a dela. Esse ato simples enviou uma onda de alegria tão feroz através dela, que era estonteante. Quanto tempo fazia desde que tinha feito algo tão prazeroso com um homem que não tinha nada a ver com ficar nu?
Esse toque era sobre companheirismo, conhecer um ao outro. Era puro e bom. Precisava tão desesperadamente disso em sua vida, e o destino tinha enviado o Micah. "Então, sua mãe mora no Wyoming?" Perguntou. Ele balançou a cabeça. "Morava em Los Angeles, Califórnia, onde a minha irmã, Rowan, era policial do departamento de polícia de Los Angeles. Minha mãe faleceu há alguns anos, de câncer." "Sinto muito." Apertou sua mão. "Eu também. Era uma mãe maravilhosa, fez tudo o que podia para eu e a Rowan fôssemos educados da maneira correta. Nós vivemos em um barrio no East Side e não tínhamos muito, especialmente depois que o nosso pai foi embora quando éramos pequenos, mas tudo o que podia, ela nos deu." "Você cresceu em um barrio?" Não conseguiu evitar de ficar curiosa sobre o seu passado. Ele assentiu. "Mamãe era uma imigrante legal do México. Conheceu meu pai em Los Angeles, foram moram juntos. Era um homem branco, atraente, mas as aparências não puderam salvar a sua alma perversa, ela costumava dizer. Acho que estava certa." "Então você puxou a sua mãe, porque não sinto um pingo de maldade em você."
Pareceu assustado por um momento, então bufou uma risada. "Espero que esteja certa." Aquela pareceu uma resposta estranha. O que ele quis dizer? Aprofundar esse assunto, provavelmente, tornaria as coisas difíceis nesta fase inicial, no entanto, por isso deixou-o de lado. Seguiram em um silêncio confortável o restante do caminho até o restaurante, que durou poucos minutos. Ele estacionou na frente de um restaurante especializado em carne e frutos do mar, que ela só tinha visto pelo lado de fora e desligou a ignição. "Está tudo bem?" Perguntou, se virando para ela. "Eu o encontrei na internet e os comentários eram bons. Supostamente, tem comida boa e um menu de alta qualidade, mas não é tão extravagante que você precise se arrumar muito ou fazer reservas." Pareceu que ele realmente queria que esta noite fosse agradável e causasse uma boa impressão. Ela se inclinou e lhe deu um beijo suave. "Perfeito. Mal posso esperar para experimentar." "Isso é bom. Estava com medo que você já tivesse vindo aqui e, talvez, não gostasse do lugar. Mas queria surpreendê-la." "Sem problema." Saltaram do carro e ele segurou a mão dela enquanto entravam. Deu à hostess o seu nome, e foram imediatamente levados para uma mesa à luz de velas, em um canto isolado.
"Pensei que você tinha dito que não precisava de reserva?" Observouo quando se sentou ao lado dela. "Certo, mas não queria deixar nada ao acaso." Aquilo a aqueceu por dentro, e ela derreteu. O garçom trouxe os menus e fizeram seus pedidos de bebida. Ele pediu uma cerveja, enquanto ela pediu um copo de vinho tinto. Isso decidido, se concentrou no seu homem. "Então, eu meio que esperava que você dirigisse até a minha casa na sua Harley, me jogasse na traseira, me levasse para ver o pôr do sol, desfrutar de hambúrgueres e cervejas em um pátio qualquer." "Oh, nós vamos fazer isso. Não se preocupe. Provavelmente, mais frequentemente do que você imagina, porque não como assim toda noite, sinto muito dizer." "Isso com certeza não vai de encontro com a imagem do Mercedes. É o tipo de carro de quem come muito bem todas as noites." "Não é? Não vivo em alto nível, no entanto. Apenas adoro o carro. Eu o comprei com o dinheiro da rescisão da Marinha." "Você estava na Marinha?" "Eu era um SEAL", confirmou. Olhando em volta, baixou a voz e encontrou o olhar dela novamente. "Como um monte da minha equipe era, antes de se transformarem."
Essa parte foi um choque. Rapidamente, também checou se não havia ninguém por perto que pudesse ouvir. "Você não é um lobo nascido?" Sussurrou. "Não. Há apenas dois lobos nascidos no complexo - Nick Westfall, o meu comandante, e a sua filha, Selene." "Me encontrei com a Selene, quando ela chegou na cidade." Hora da confissão. "Ela não era uma pessoa feliz naquela época, e descobriu o que sou. Não queria que ninguém soubesse, e ela sabia disso também. Colocou pressão em mim, então, para lhe dizer o que tinha ouvido falar sobre a sua equipe. Então disse a ela o que sabia, que não era muito." Os olhos do Micah se arregalaram, e assobiou baixinho. "Uau. O que você sabia sobre nós?" "Tenho uma excelente audição e você sabe porquê. Peguei pedaços das suas conversas no Grizzly e as juntei o suficiente para descobrir que vocês não trabalhavam com nenhum tipo de pesquisa comum, e sua equipe era formada por algum tipo de oficiais de elite. E que vocês são lobos, e o Kalen é uma pantera." "Obrigado por me contar." "Seu comandante não vai ficar feliz quando descobrir." Micah riu, e a razão logo ficou clara. "Ele já deve saber. Ele não é apenas um lobo nascido. É de uma raríssima raça branca, e um PreCog."
Ficou boquiaberta. "Está brincando." "Não. O pelo branco define o seu status entre a sua espécie como Vidente. Então, basicamente, ele sabe das coisas. Às vezes, coisas que não quero que ele saiba." Isso a fez rir. O garçom trouxe suas bebidas e anotou seu pedido. Jacee escolheu um filé mignon e o Micah pediu um contrafilé, ambos acompanhados de salada e batatas assadas. Seu estômago roncou só de pensar na comida, mas o verdadeiro banquete estava bem na frente dos seus olhos. Micah contou a ela algumas coisas sobre sua infância, e ela se surpreendeu ao descobrir que ele era, na verdade, dois anos mais novo do que a irmã, Rowan. Jacee teve problemas para pensar nele como o "pequeno" irmão mais novo, quando o belo exemplar de homem ao lado dela era tudo, menos pequeno. Quando relatou histórias dele e da Rowan se metendo em encrencas no barrio durante a adolescência, ela adorou observar sua expressão e seus maneirismos enquanto falava. Era tão animado e divertido. "Rowan sempre foi muito mais endiabrada do que eu", afirmou presunçosamente. "É um milagre que tenha acabado sendo uma policial. Mama tinha certeza que ia acabar no reformatório, especialmente quando roubou vinte pacotes de cachorros-quentes do supermercado." "Mas você era a criança perfeita?"
"Claro!" "Aposto. O que diabos ela fez com tantos pacotes de cachorrosquentes?" "Sabia que você pode desenhar em um cachorro-quente com uma caneta Sharpie?" "Hum, não," ela disse com uma risadinha. "Bem, pode. Rowan me fez ajudá-la a desenhar rostos engraçados em todas as salsichas e, em seguida, colocá-los nas caixas de correio de todos os vizinhos." "Oh, meu Deus! Será que você não ficou em apuros, também?" "Claro que, fiquei. Mas não sabia que ela os tinha roubado, nem mesmo quando a mãe me deu um tapa na cabeça e gritou para eu usar meu cérebro, e onde diabos eu achava que ela tinha conseguido duas centenas de salsichas?" Jacee riu. A imagem era bastante engraçada. "Como ela os carregou para fora da loja?" "Ela não o fez. Pegou no caminhão de entrega, no beco atrás da loja, após o cara entrar por alguns minutos. Mama estava tão irritada que nos arrastou até lá e fez a Rowan confessar, e eu também, pela minha parte na aventura. Tivemos de esfregar o chão e limpar as prateleiras por uma semana para pagar os cachorros-quentes roubados."
Jacee não conseguiu evitar de rir em voz alta e o garçom chegou naquele momento com a comida. Ele lhes deu um sorriso indulgente, os serviu e, depois de ver se precisavam de algo mais, desapareceu. Comeram amigavelmente, e ela se deliciou em estar perto do Micah. Uma certa hora, notou que ele não parecia estar comendo tanto quanto devia, mas não pensou mais nisso, porque parecia estar bem. Conversaram pelo resto da refeição e, se o Micah tinha notado que ela não tinha divulgado qualquer história sobre sua família, não mencionou isso. Estava agradecida. Amava sua família, mas falar sobre eles era difícil. Emocional. E não queria que nada estragasse este belo jantar. Cada um deles pediu outra bebida e a degustaram por um tempo, mas recusaram a sobremesa, pois estavam satisfeitos. Depois que terminaram, ele pagou a conta, como prometido, recusando-se a deixá-la até mesmo olhar. Mesmo o Jax, um homem gentil como era, nunca lhe pagou uma refeição. Nunca lhe deu muita atenção. Estava começando a adorar o Micah. Lá fora, ajudou-a a entrar no carro novamente e logo estavam a caminho. Dirigiu em silêncio por alguns minutos, e ela notou que estavam indo para fora da cidade, na direção do complexo. A noite já tinha caído, e o céu estava límpido, cintilando com estrelas. "Você ainda topa aquela corrida? Ou, se estiver muito cheia, podemos simplesmente caminhar."
"Uma corrida soa muito bem, na verdade." O coiote uivou, de acordo. "Preciso queimar toda a energia dessa comida boa." "Conheço o lugar perfeito. Não vamos percorrer todo o caminho até o complexo, mas vamos fazer a nossa corrida em uma área não muito longe dele. Tem outros lugares onde podemos ir, mas, por quilômetros à nossa volta, a terra é protegida." Olhou para o perfil dele na escuridão. "Protegida?" "Um feitiço de proteção. Kalen é um Feiticeiro e Necromante. É bastante poderoso e colocou um campo protetor em volta do terreno há algum tempo atrás, quando estávamos tendo problemas com um Rei Unseelie e seus Sluagh. E antes que você pergunte, os Sluagh são Seelies que passaram para o lado escuro, por assim dizer. Costumavam ser bonitos como fadas, entretanto, escolheram "cair" e servir ao perverso Unseelie, assim, sua beleza lhes foi tirada. Eles se tornam fantoches sem vontade própria, seu único propósito, fazer o que o rei Unseelie mandava – que, normalmente, era mutilar e matar." Ela estremeceu. "Isso é horrível. Essas coisas não estão mais andando por aí, espero." "Não. Os que a Alpha Pack não matou foram enviados de volta, através do plano, para o seu próprio mundo. Espero que nunca mais o atravessem novamente. Principalmente porque o Kalen matou o rei deles, Malik." "Caralho. Kalen deve ser do tipo fodão para matar um rei Unseelie."
"Sim. Ele utiliza seu poder de forma honesta – Malik era o pai dele." "Caramba! Meio como o Luke e o Darth Vader, certo?" "Com certeza. E não é só isso, Kalen tem um meio-irmão no complexo, também. Seu nome é Sariel, mas o chamamos de Blue, e é um ex príncipe Seelie que foi expulso porque o tribunal descobriu que o Malik era seu pai, também. Felizmente para nós, enquanto extremamente poderosos, ambos os filhos do Malik são inerentemente bons. Só são maus quando precisam ser. Esperamos que o filho do Kalen, Kai, vá seguir os seus passos e ser como eles, não como o avô." "Oh? Quantos anos tem o Kai?" "Apenas alguns meses. O pequeno é bonito, também. Sua mãe é a Companheira do Kalen, a Dra. Mackenzie Grant. Ele tem o tio Blue na palma da mão, e Blue odeia entregá-lo para a nova babá quando estão todos ocupados trabalhando." "Aposto que sim. Puxa, que grupo interessante com o qual você convive." "Você não faz ideia." Lhe ocorreu, então, que ia conhecer todos os seus amigos, também. Micah era o seu Companheiro, e era muito provável que teria que ir morar no complexo com ele, eventualmente. Esse pensamento a chocou, subitamente. Deixar sua casa, seu jardim? Tinha trabalhado tão duro pelas coisas que tinha.
Mas eram apenas coisas. Objetos. Nada pode substituir um Companheiro e seu vínculo precioso. A Shoshone se elevava ao redor deles, as árvores como sentinelas escuras contra o céu. Para um ser humano, talvez a visão pudesse ser assustadora, mas sua coiote estava se sentindo em casa e ansiosa para correr ao luar. Micah dirigiu o carro através de uma estrada isolada por alguns quilômetros, então estacionou. "O carro vai ficar aqui", disse. "Dei uma verificada no caminho de casa até a cidade." Saíram do veículo e esticaram as pernas, então ela pensou no que ele acharia dela se despir na frente dele, antes de se transformar. Será que ele a acharia muito ousada? Entre o seu antigo bando, a nudez era normal. Não que fossem nudistas, mas quando estavam se transformando, não era grande coisa. Ambas as formas eram tão naturais quanto respirar. "Vamos caminhar até a floresta antes de nos despirmos", disse. "Duvido que alguém vá aparecer exceto, talvez, um delegado. Não acho que o Delegado Deveraux ficaria muito feliz em nos encontrar pelados." "Então o Jesse ia querer uma explicação do porquê estarmos nus fora do carro, em vez de dentro dele, transando." "Oh, ele sabe o que nós somos. Ele só não ficaria feliz em nos encontrar nus."
"Ele sabe? Desde quando?" Isso era novidade. Jesse Deveraux ia ao Grizzly sempre, e nunca captou indício algum que ele sabia exatamente o que a Alpha Pack era ou o que faziam. "Desde que os Sluagh estavam atacando uma família na área e o delegado viu aquela merda que não devia ter visto. Então, o Nick decidiu que seria bom ter um aliado dentro da polícia local e o homem veio a ser muito útil, mesmo sendo um bastardo mal-humorado." "Ele é, com certeza. Sexy, mas idiota." Micah fez uma careta. "Você acha o Jesse sexy?" Sorrindo, ela o abraçou. "Ele não consegue nem chegar aos seus pés, então não se preocupe." Eles se beijaram lentamente, o que a deixou pronta para decolar. Ele tinha um gosto tão bom, que ela, sinceramente, esperava provar muito mais dele em breve. Recuando, pegou sua mão e o deixou guiá-los para a floresta. Depois de caminhar por um longo tempo, ele parou ao lado de um tronco caído e começou a se despir, sem se preocupar em se transformar. Isso resolveu a questão de saber se iam fazer cerimônia, então, fez o mesmo. Sem vergonha, observaram um ao outro. A camisa dele foi primeiro, e ela admirou seu peito, polvilhado com uma leve linha de cabelo escuro. Ele era tonificado e em forma, não muito volumoso, o abdômen plano. No seu bíceps direito havia uma
tatuagem linda de uma cabeça de lobo, e ondulava junto com o músculo. Aqui e ali, notou cicatrizes, algumas finas e longas como se tivessem sido feitas por um chicote ou uma faca, outras enrugadas e redondas como que feitas por balas de prata ou queimaduras. Mas eram as cicatrizes de um guerreiro, e o admirava por elas. Uma cicatriz grande no seu peito parecia recente e muito perto do seu coração. "O que aconteceu?" "Nós tivemos que lutar contra alguns demônios, outro dia. Um deles quase levou a melhor sobre mim." "Você está bem?" "Um pouco sensível, mas estou bem." Quando empurrou sua calça jeans para baixo, viu que não usava cueca, e seu pulso acelerou um pouco. Esse era um espécime masculino de dar água na boca. Suas coxas eram longas e musculosas, atléticas, as batatas da perna também em forma. E seu pênis, oh, meu Deus. Seu membro, aninhado contra as coxas e situado no topo de um impressionante conjunto de bolas, era bastante grande, mesmo naquele estado. Sob o seu escrutínio ele começou a despertar, e pulsar. Quando ereto, certamente, devia ter uns bons vinte centímetros. Teve um momento fugaz de dúvida, mas sabia que ia caber dentro dela. Companheiros eram feitos um para o outro.
"Você já olhou o suficiente?" Seus lábios se curvaram. "Não o bastante. E você?" Já havia retirado suas roupas, também, e se perguntou o que ele achava do seu corpo. Sua figura era magra, mas seus seios eram mais para exuberantes. "Nem de perto, porque, Cristo, você é linda." Estendendo a mão, ele pegou a sua. O coração dela deu uma volta lenta dentro do peito. "Obrigada. Você também." "Homens não são lindos", disse, desviando o olhar e balançando a cabeça como se tivesse ficado, de repente, tímido. "Ou, pelo menos, esse aqui não é. Vamos lá, vamos correr." Antes que pudesse rebater suas palavras, ele deu um passo para trás e se transformou. Caindo sobre as mãos e os joelhos, deixou a mudança fluir graciosamente, reformulando seus membros e a face, criando um casaco marrom luxuriante e uma cauda espessa e cheia. Quando terminou, era um lobo marrom de bom tamanho, uma vez e meia maior que seu coiote. "Você está errado", sussurrou. " Você é maravilhoso." Então, deixou a transformação ocorrer, e seu coiote finalmente veio à superfície. O lobo dele trotou e a cumprimentou com um latido feliz, cheirando e fuçando todo o rosto dela. Em seguida, com outro latido, começou a correr, olhando para trás, indicando claramente para seguilo.
Correu atrás dele, felicidade correndo através do seu sangue. Diversão. Especialmente em correr um com o outro. Fazia muito tempo desde que tinha desfrutado de companheirismo com qualquer espécie, e sua família tinha partido há vários anos. E agora, sentindo o vento no rosto e a terra sob as suas patas ao lado do lobo que seria o seu Companheiro? O paraíso. Puro e simples. Com pernas mais poderosas, sabia que ele, provavelmente, podia correr mais rápido que ela, se quisesse, impressionando-a com sua força. No entanto, manteve um ritmo constante para que ela pudesse correr ao seu lado. Suas ações em relação a ela como shifter mostravam muito sobre o tipo de companheiro que seria em forma humana, também. Finalmente, chegaram a um pequeno riacho e pararam para beber água. Depois de saciar a sede, dispararam novamente. Em um certo momento, Micah perseguiu um coelho que estava escondido e olhou para ela, questionando, que apenas balançou a cabeça. Aquele ali podia ficar livre hoje à noite – ela ainda estava muito cheia de mais cedo. Com um latido, ele saiu em disparada novamente. Desejou que pudessem se comunicar telepaticamente, mas não demoraria muito. Depois de acasalados, seriam capazes de falar na mente um do outro e sentir suas emoções. Era um privilégio ter um Companheiro, embora sua mãe tivesse várias vezes reclamado, com bom humor, que dava ao seu pai muitas chances de bisbilhotar.
Afastando as memórias tristes antes que pudessem tomar forma, se concentrou no resto da corrida. Quando chegaram em uma clareira bem mais abaixo do córrego, Micah parou e voltou à forma humana, em seguida, se sentou em um pedaço macio de grama e estendeu a mão para ela. Seguindo o exemplo dele, se transformou novamente, também, e segurou a mão dele, sentando ao seu lado. Colocando um braço à sua volta, ele a puxou para perto. Se aconchegou no peito dele, inalando o seu cheiro, mais forte do que antes com apenas um toque agradável do suor viril causado pelo exercício. Mas, maldição, nem estava respirando com dificuldade. "Eu gosto disso", ele murmurou. "Nunca pensei que teria isto. Nem mesmo chegar perto." "Por quê? Por causa das suas cicatrizes?" Estendendo a mão, acariciou sua bochecha. A resposta dele foi tranquila. "Sim, mas não essas do lado de fora." As palavras queimaram seu coração. "Oh, Micah, quem machucou você?" Por um longo momento, ele ficou em silêncio. Finalmente, disse, "Lembra do Malik?" "O rei Unseelie." "Sim. Por um tempo, posou como um bilionário humano e tinha uma empresa chamada NewLife Tecnologia. A maior parte da empresa era
legítima, mas também era uma fachada para uma operação mais sinistra. Malik e um humano rico, Orson Chappell, sequestravam seres humanos e shifters de todos os tipos, e os enviavam para laboratórios em todo o país. Nesses laboratórios faziam experimentos com o DNA desses indivíduos, tentando uni-los, ou, seja lá o que for." "Deus, isso é horrível." "E fica ainda pior. O Dr. Gene Bowman estava comandando pessoalmente os testes nos indivíduos, o homem mais perverso que já viveu." "Ele está morto, certo?" Ela o interrompeu. "Exatamente, assim como os outros dois. De qualquer forma, o objetivo do Bowman era criar uma raça de super soldados shifters que seriam, basicamente, invencíveis em uma batalha, mas que podiam ser controlados pelo seu mestre." Micah deu uma risada triste. "Eu fui sequestrado em uma emboscada durante uma missão da Alpha Pack, e eles acharam que eu estava morto, até que tiveram uma pista de que eu podia estar vivo e sendo mantido como refém em um desses laboratórios." "Graças a Deus te encontraram." "Sim. Alguns outros membros do bando foram pegos na mesma emboscada, e eles me resgataram, além do Aric, que havia sido sequestrado depois e foi jogado no mesmo laboratório em que eu
estava. Também resgataram o Phoenix Monroe, mas de um laboratório diferente." "É aquele que, supostamente, devia ser o companheiro do Noah, mas as coisas não estão indo muito bem entre eles?" "Sim. Você os conheceu?" "Estiveram no Grizzly algumas vezes, com o grupo." "Oh. Continuo esquecendo que você já conheceu quase todos nós." "Então, isso", ela disse, tocando sua bochecha novamente. "O que aconteceu?" "O Bowman tinha me amarrado e derramou prata derretida no meu rosto. Nem mesmo o Zander, nosso Curandeiro, conseguiu consertar isso, e ele consegue curar quase qualquer maldita coisa." "Sinto muito." "Como disse, não é realmente o meu rosto que me incomoda, tanto quanto gostaria que estivesse curado." "É o que o dano representa", ela adivinhou. "O poder que o Bowman exerceu sobre você para mantê-lo sob controle." "Você realmente entende", disse com voz rouca, olhando nos olhos dela. "Odeio o que ele fez comigo, mas odeio que ele tenha me obrigado a obedecê-lo, ainda mais. Odeio por ter sido utilizado de
todas as formas possíveis, o que me fez, por sua vez, machucar shifters inocentes." "Mas você não tinha escolha. Posso ver isso nos seus olhos e sentir na sua voz." "Há, sempre, uma escolha." Amargura penetrou seu tom. "Eu podia ter deixado eles matarem uma pobre menina, me recusando a ferir os dois shifters águia. Podia ter deixado os guardas estraçalharem um jovem rapaz, se não tivesse permitido que os guardas usassem o meu corpo para os seus desejos. Algumas escolhas." Meu Deus. "Você fez o que tinha que fazer, Micah. Eles ameaçaram shifters mais fracos, sabendo que o seu instinto protetor viria à tona, que você nunca ia permitir que fossem feridos quando os mais fortes podiam aguentar os abusos. Tentaram subjugar você, e falharam." "Falharam? Espero que sim." "Eles falharam." "Posso tocar você?" Ele perguntou baixinho. "Ninguém tocou em mim desde aqueles dias horríveis, e não quis tocar qualquer outra pessoa. Até agora." Envolvendo os braços em torno do pescoço dele, beijou seus lábios. "Sim, por favor."
"Não vou reivindicar você esta noite, mesmo querendo tanto. É muito cedo, e há muito mais coisas que você precisa saber sobre mim." Seus olhos eram profundas piscinas de necessidade. "Eu também. Mas quero você, muito." "Você me tem." Com isso, ele a deitou na grama macia e elevou seu corpo ligeiramente sobre o dela. Ela amava o peso e a sensação dele, as cócegas do cabelo no seu peito, o calor do pênis se alongando na barriga dela. O cabelo dele caiu para frente, envolvendo seu rosto, tão sexy ao luar; fez com que parecesse algum deus pagão vindo reclamá-la como sua. Inclinando-se, beijou o caminho até o queixo, o pescoço e a clavícula. Seguiu para os seios, esbanjando atenção sobre um mamilo, que tinha endurecido a um ponto que doía. Sua língua o sacudiu, enviando estilhaços de prazer direto para o seu sexo. Se contorceu debaixo dele, as palmas das mãos espalmadas nas suas costas. Seus músculos se flexionaram sob as mãos dela, que encontrou a pele lisa interrompida por mais cicatrizes. Queria beijar cada uma delas, amar as más recordações até irem embora e deixá-lo com nada mais além de bons sentimentos. Continuando a jornada, sua língua desbravou um caminho até o estômago dela, quando sua mão deslizou entre as suas coxas. Ele as abriu e explorou, esfregando as dobras, mergulhando os dedos e
espalhando a umidade. Calor em espiral subiu através do seu sexo até os membros e gemeu, querendo-o. "Estou pronta. Por favor, Micah." "Vou cuidar de você, linda." Cuidadosamente, se posicionou entre as coxas abertas e levou a cabeça do seu pau até a abertura dela. Em seguida, empurrou gentilmente para dentro, movendo-se, levemente, para dentro e para fora, mais profundamente a cada vez, até que estava totalmente encaixado. "Jesus Cristo, você é tão gostosa”, suspirou, puxando-a para perto. "Você também." Agarrou-se a ele, movendo os quadris. Em resposta, ele começou a golpear, lentamente, no início. Ela se deliciava com a sensação, o cheiro do seu Companheiro ao redor dela, fazendo amor com ela. Sua força, sua paixão. Tudo isso escondido atrás de uma parede de tristeza, agora, quebrada, esperava, para sempre. Suas barreiras não eram as únicas em ruínas, percebeu. O sexo sempre tinha sido um ato de paixão frio e sem uma conexão real, e ela não tinha sequer imaginado que seria assim. Mas agora ... Fazer amor com o Micah era como uma explosão gloriosa de cor depois de estar trancada em um porão escuro e solitário. Era uma
onda de emoção quase esmagadora, e o segurou firme, beijando seu rosto e o seu pescoço enquanto ele se movia dentro dela. Seu ritmo aumentou e ela arqueou os quadris contra ele sem parar, agarrando-se a ele como se nunca mais fosse deixá-lo partir. Seu desejo foi se avolumando, o clímax tão perto e, pelos gemidos dele, os quadris enterrando nela, o seu estava perto também. "Goze para mim, Companheira", ele rosnou. Mais algumas estocadas do seu pênis, e ela fez exatamente isso, gritando quando o orgasmo sacudiu sua alma. Micah gozou logo depois, apertando-a contra o peito, salpicando seu cabelo com beijos. Quando a última gota do seu gozo saiu, ele rolou de costas e a levou com ele, colocando-a em cima dele. Aconchegando-se confortavelmente, ela suspirou. "Nunca foi assim." "Nunca?" Abraçou-a mais apertado. "Não. Sexo sem a proximidade de um Companheiro não é a mesma coisa." "Verdade." Pausou. "Nunca senti isso também, até agora, e não sei como consegui viver sem isso." "Com um pouco sorte, nenhum de nós dois vai ter que voltar para aquela existência de novo."
Com o perfume maravilhoso do seu Companheiro enchendo seu nariz, ela adormeceu. E eles nĂŁo se mexeram novamente por um longo tempo.
Micah estremeceu quando a Jacee passou os dedos sobre a cicatriz que o demônio tinha deixado no seu peito. "Eu poderia ter perdido você, antes de mesmo saber quem você seria para mim." "Mas não aconteceu, e estou aqui." Por enquanto. Quanto tempo vou aguentar? Se os verdadeiros monstros não me pegarem, os da minha cabeça talvez o façam. "Estou muito feliz." "Eu também." Ele brincou com o seu cabelo. "Então, me conte sobre a sua família. Eles vivem aqui perto?" Ela ficou em silêncio por tanto tempo, que ele achou que ela não ia responder. Estava prestes a lhe dizer para esquecer a pergunta, quando ela finalmente falou. "Estão mortos. Todo o meu clã foi destruído por caçadores, há alguns anos."
"Oh, querida." Apertou-a com força, o coração partido por ela. Perder a família era devastador, um shifter sem um clã, ainda mais. "Sinto muito." "Escapei pela razão mais idiota de sempre. Estava passando a noite na cidade, na casa de uma amiga humana da escola e não estava lá para a matança. Ninguém sabia sobre mim ou já teriam vindo atrás de mim." "Isso não é nem um pouco idiota", discordou. "Você foi extremamente sortuda." "Me senti culpada por vários anos porque os meus pais não aprovavam eu ter uma amiga fora do clã. Mas implorei por semanas para ficar na casa da Marcy. Finalmente cederam e, naquela noite, todos morreram. Ou assim me foi dito, mas consegui ver os corpos, uma vez que não sobrou muito deles, e foi considerado muito traumático para mim. Os pais da minha amiga me adotaram, me ajudaram a passar por isso tudo." "Estou feliz por você os ter." "Eu também." "Você tinha irmãos?" "Uma irmã mais nova, Faith. Estaria com dezenove anos, agora." "Onde é que o seu clã vivia?"
"No Texas, na região montanhosa perto de San Antonio. Me mudei para cá três anos após a formatura do ensino médio, quando consegui minha licença de bartender, e moro aqui desde então." "Bem, sinto muito por sua família, mas estou feliz por você estar aqui, agora. Não quero parecer egoísta." "Eu sei o que você quer dizer, e estou feliz por estar aqui, também." Ele sentiu o sorriso dela contra o seu peito e, então, ela estremeceu. "Frio?" "Um pouco. Sem casaco de pele nesta forma, sabe." "Acho que devemos voltar", disse com pesar real. "O dia começa cedo amanhã para mim." "Mais caça a demônios?" "Deus, espero que não! A Alpha Pack tem uma reunião e, em seguida, alguns exercícios de treinamento. Depois disso, Nick provavelmente nos colocará para lavar as vans, o que não é feito há algum tempo." "Parece mais divertido do que servir bêbados." "Pensei que você gostasse do seu trabalho?" "Quase todos os dias", disse ela. "Mas, às vezes, cansa." "Bem, uma vez que estivermos acasalados você pode fazer o que quiser. Ficar lá e atender no bar, trabalhar no complexo, ou voltar para a escola e aprender algo mais. A escolha é sua."
Se escorando no seu peito, olhou para ele. "Você me apoiaria se quisesse voltar para a escola?" "Por que não? Gostaria muito mais do que você estar no Grizzly todas as noites, servindo caras como aquele babaca do Grant. Mas, como disse, é a sua escolha." "Você não vai tentar usar sua influência como meu Companheiro para me fazer parar de trabalhar, mais tarde?" "Não", disse com firmeza. "Nunca faria isso com você." "Obrigada. Pensei em tentar fazer alguma outra coisa, mas nunca havia dinheiro ou tempo suficiente. Passo meus dias sobrevivendo, principalmente." "Bem, nada mais disso. Minha Companheira vai fazer o que ela quiser." Ela pareceu tão feliz com isso, que o deixou um pouco triste o fato da vida não ter tratado ela melhor nos últimos anos. Ela tinha batalhado, mas não era do tipo de reclamar. Ele admirou como ela colocava um objetivo na cabeça e, simplesmente, fazia o que tinha que ser feito. Com relutância, se separou dela e se preparou para partir. Este local sempre seria especial para ele e para ela também, esperava. Não haveria uma outra primeira vez. Mas rezou para haver muitas outras mais. Ainda não tinha confessado seu problema e o que o preocupava, mas esta noite não era o momento certo para largar sua porcaria pesada sobre ela.
Por favor, faça com que ela entenda. Voltaram para suas formas animais e Micah admirou a coiote mais uma vez. Coiotes selvagens e verdade tendiam a ser esguios e magros, meio mortos de fome e nada atraentes. Mas o corpo pequeno da Jacee era cheio, o pelo brilhante e macio. Ela era um exemplo perfeito da sua espécie, e não tinha ideia do porquê sua espécie era desprezada no mundo dos shifters. Não fazia sentido para ele, mas esse tipo de coisa nunca fazia. Quando chegaram ao local onde tinham deixado suas roupas, se vestiram, de novo, em seguida, voltaram para o carro. Ele a beijou profundamente, depois, a ajudou a entrar. Uma vez atrás do volante, levou-a para casa o mais lentamente possível, não querendo que a noite terminasse. Ficaram na entrada para carros por algum tempo e, quando ele não pôde adiar mais, a acompanhou até a porta. "Até logo." Ela hesitou. "Você pode ficar, se quiser." "Quero chegar a isso, acredite em mim. Mas acho que você precisa do seu espaço para processar tudo isso", falou com tristeza. "Não vou apressá-la." "Você é um homem bom, Micah Chase." Sorriu para ele, e lhe deu um longo abraço. Quando finalmente se afastou, ela disse: "Falo com você amanhã?" "Conte com isso."
Seu lobo estava uivando lamentosamente enquanto dirigia para longe da casa dela, e ele estava de acordo. A última coisa que queria fazer era ir embora, mas sabia que tinha tomado a decisão certa. Não queria apressá-la mais do que o desejo de acasalamento permitia. Queria que estivesse feliz. Confortável. Se isso significava se mover no ritmo dela, que assim fosse. Era tarde, ou muito cedo, dependendo da perspectiva, quando chegou no complexo. Apenas dois caras da equipe estavam no corredor e disse boa noite para o John e para o Sariel enquanto passava. Achava que aqueles dois nunca dormiam. Mas ele o fez, profundamente. E, felizmente, sem pesadelos, pela primeira vez em semanas.
Uma maldita vergonha que a paz não tivesse durado muito. Um zumbido na mesinha de cabeceira do Micah o acordou poucas fodidas hora depois, e piscou os olhos turvos para o celular agressor, tentando colocar o cérebro cansado em algum tipo de ordem. O maldito barulho parou e quase caiu no sono, até que começou novamente.
"Santa merda", resmungou, tentando pegar a estúpida coisa. Sua saudação foi menos do que agradável. "Que porra você quer?" Houve alguns segundos de silêncio. "Você, no meu escritório", a voz enganosamente calma do Nick disse. Ah, merda." Desculpe, chefe. Não sabia que era você. A reunião foi antecipada?" "Não, ainda é às oito. Uma outra coisa surgiu, entretanto, assim, se vista e venha direto para cá." "Entendi, estarei aí o mais rápido possível." Depois de desligar, verificou a hora no celular e gemeu. Mal passava das sete. O que, diabos, era tão importante que tinham que se encontrar antes da reunião? Será que alguns dos seus exames ficaram prontos? Não, era cedo demais. Além disso, a Mac teria ligado em vez do Nick. A especulação não ia levá-lo a lugar nenhum. Correndo para o chuveiro, tomou um banho rápido. De jeito nenhum ia encontrar o comandante cheirando a sexo e à sua Companheira. Depois de se vestir com jeans e uma camiseta, calçou as botas reforçadas e se encaminhou para o escritório do Nick. Uma vez lá, ficou surpreso por encontrar o delegado Deveraux esperando com o Nick. Os dois homens se levantaram, oferecendo as mãos, que ele apertou. Então, Nick fez um gesto para ele ocupar o lugar vazio em frente ao delegado.
"Alguém quer me dizer o que está acontecendo?" Micah olhou entre os dois homens, mas seus rostos eram ilegíveis. Deveraux falou primeiro, o tom de voz rouco, mas não hostil. Ainda. Com o delegado, você nunca sabia quando isso podia mudar. "Olá, Micah. Estou aqui a negócios, infelizmente. Uma mulher foi morta em um acampamento na noite passada, há apenas alguns quilômetros daqui." "Oh, uau. Sinto muito por ouvir isso. Mas o que é que tem a ver comigo?" "Onde você estava na noite passada e nesta madrugada, das dez até às três horas?" Seus olhos se arregalaram. "Você está falando sério? O que é isso? Sou um suspeito?" "Basta responder à pergunta, Micah", Nick falou. "Eu estava com a minha Companheira! Quer dizer, nós ainda não acasalamos, mas ela é minha Companheira e ficamos juntos o tempo todo. Eu a levei para jantar e depois fomos dar uma corrida na floresta, não muito longe daqui." O delegado olhou para o Nick. "Isso explica porque o seu carro foi visto por um dos meus assistentes na noite passada, estacionado na Dublin Road. Será que ela vai confirmar sua história?"
"Claro. Não há nenhuma razão para ela não fazer isso. Mas, por que você está suspeitando de mim?" Perguntou, confuso. E, então, horrorizado, descobriu e ficou boquiaberto com o Nick. "Jesus Cristo. Foi por causa do que aconteceu com o Noah? Você acha que surtei. Você, honestamente, acha que eu poderia matar uma mulher inocente?" Isso doeu mais do que podia ter acreditado ser possível. "Não, não de verdade", Nick negou, balançando a cabeça. "Mas, quando o Jesse veio até mim esta manhã, e falou sobre o seu carro ter sido visto, tive que perguntar." O delegado falou. "Isso pareceu muito suspeito, a mulher ser estraçalhada e você ser um lobo. Foi o único da equipe que ficou longe do complexo nesse horário." "Mas estou longe de ser o único predador lá fora, paranormal ou não, delegado", disse o Micah, severamente. "Não fiz isso." "Então, não vai se importar se fizer alguns testes no interior do seu carro." "É inacreditável." Micah passou a mão pelo cabelo. "Você tem um mandado?" "Posso conseguir um." "Com que fundamento? Sabe o que mais? Ótimo, examine o carro. Não tenho nada a esconder. Mas, se é que importa, o John e o Sariel podem confirmar que horas cheguei em casa e em que condição estava. Disse boa noite para os dois, juntos."
"Tudo certo." O delegado assentiu. "Vamos para outra sala." Micah parou de revirar os olhos, apenas um pouco. Sabia que o Jesse estava apenas fazendo o seu trabalho, mas ainda o perturbava que achassem que podia matar uma mulher inocente. E, enquanto o delegado perdia seu tempo aqui, um assassino seguia livre. Isso não descia bem, também. Nick chamou o John e o Sariel para uma sala diferente na área dos escritórios. Então, ele e o Deveraux saíram e falaram com ambos enquanto o Micah esperava. Poucos minutos depois, os homens voltaram e o delegado falou. "Falaram que você chegou em casa um pouco depois das três, como você disse. Também relataram que você cheirava a ar livre, sexo, e à uma certa fêmea local – não à vítima do assassinato. Conseguiriam ter sentido cheiro de sangue em você, mas não havia nenhum." "Isso é porque estou dizendo a verdade", disse Micah, cansado. "Acredito em você, mas vou examinar o carro, agora, só para descartá-lo. Uma vez que a questão for descartada, é melhor seguir adiante." "Entendo." Ele entendia. Era, apenas, fodido. Deveraux pegou um arquivo em cima da mesa do Nick e o abriu, pegando algumas fotos. "Você reconhece a mulher que está nessas fotos?"
Micah pegou-as e as estudou atentamente. As duas primeiras eram de uma sorridente mulher loura com cerca de trinta e cinco anos, fotos simples tiradas em frente a um lago. O resto era da cena do crime, mostrando a morte horrível da pobre mulher. Seu estômago embrulhou, embora já tivesse visto várias atrocidades nos últimos anos. Não era algo que achava que ia se acostumar. "Não, nunca a vi antes. Turista?" "Provavelmente. Estava acampando sozinha, o que é incomum. Sem identificação, provavelmente, foi roubada." "Espero que encontre a sua família, e lhes dê algum tipo de encerramento. E o bastardo que fez isso com ela, também." "Obrigado. Eu também." No momento em que saiu, Deveraux pareceu satisfeito que o Micah não fosse seu assassino, não que alguma vez tivesse, realmente, acreditado. Mas teve que acompanhar a pista sobre o carro e, uma vez que o Micah tinha superado o choque de ser questionado, não podia culpar o homem. Micah estava cansado, mas, uma vez que estava acordado, não havia tempo para voltar aos seus aposentos e dormir um pouco mais. Pior, estava nervoso, ansioso. Não tinha tomado a sua dose noturna do Myst por causa do encontro com a Jacee, e tinha esquecido de tomála quando chegou em casa, antes de cair na cama. Agora, estava em uma crise de abstinência.
Esquivando-se até um canto, ergueu as mãos. Estavam tremendo, o coração acelerado e sentiu como se estivesse à beira de um ataque de pânico. Rapidamente, enfiou a mão no bolso e pegou o frasco, pegando um comprimido e engolindo-o a seco. Apenas um. Sua dose da manhã e nem uma pílula a mais. Tinha que ficar limpo ou acabaria naquele maldito quarto de hospital. A dose aliviou a sensação ruim, mas não o suficiente. A reunião sobre a luta contra grupos de vampiros selvagens, demônios, duendes e tal era quase mais do que conseguia suportar. Lutaram com essas bestas mil vezes, e não conseguia entender por que tinham que falar sobre cada coisa do caralho até o esgotamento. "Por que não formamos um clube de tricô e fazemos rifas de cestas, também", murmurou, esfregando os olhos. "Desculpe, o quê?" A voz do Nick, na frente da sala de conferências, parecia irritada. "Cestas de guloseimas", disse o Micah, alto. "Por que não temos uma porra de umas cestas de guloseimas? Vai tornar essas reuniões mais divertidas! As mulheres podem fazer biscoitos, também." Que merda eu estou dizendo? Atire em mim, agora! "Ei, eu não vou cozinhar nada, babaca", sua irmã respondeu. "Cozinhe você mesmo e nós vamos comê-los." Vários membros da equipe riram e olhou para cima, para encontrar o Nick observando-o. "Desculpe, chefe."
"Como estava dizendo ..." Nick continuou, atirando olhares para o Micah, de vez em quando. Micah focou nele, de qualquer maneira, porque nada menos que um milagre ia levá-lo a prestar atenção hoje. Era um desastre ambulante, e lutava para disfarçar. Quando a reunião acabou, fugiu do treino e foi direto para o seu quarto. Ia ouvir sobre isso mais tarde, mas tinha que dormir mais. Assim que a sua cabeça encostou no travesseiro, apagou. Seus sonhos eram sombrios. Inquietos. Estava procurando em todos os lugares, sem nunca encontrar o que estava procurando. Alguma coisa o estava perseguindo. Permanecendo, apenas, fora da vista, esperando a chance para atacar. Finalmente, em algum momento, os sonhos se acalmaram e dormiu melhor. Um barulho de batidas o acordou algum tempo depois. Apertando os olhos, viu que passava do meio-dia. Tinha perdido o almoço e ainda não estava com fome. Pensou em não atender à porta, mas a determinação da pessoa do outro lado foi maior do que a sua vontade de ignorá-la. Atendeu. E, imediatamente, queria que tivesse resistido. Rowan marchou para dentro e, pelo olhar no seu rosto, aquela não era uma conversa que queria ter. "O Nick está seriamente chateado com você." "Quais são as novidades?"
"Você reclamou durante a reunião e o desrespeitou na frente de todo mundo? Então, teve a ousadia de não aparecer para treinar? O que há de errado com você?" "Não estava me sentindo bem. Precisava dormir." Isso era verdade. "Ok, mesmo assim. O que houve hoje de manhã? Cestas e biscoitos, pelo amor de Deus. Você perdeu a razão?" "Provavelmente." "Estou falando sério aqui!" "Eu também." Pegando a mão dele, o levou até o sofá e se sentou. Assim que viu sua expressão amolecer, tendo por trás uma preocupação genuína, sabia estava ferrado. Iam ter uma conversa, e nada ia dissuadir sua irmã até que cedesse. "Estou assustada, irmãozinho. Você é a única família biológica que me resta, e eu te amo." Apertou sua mão. "Diga-me, o que está acontecendo com a medicação. O que a Mac disse?" "Será que todo mundo sabe dos meus problemas?" "Não. Mas sou sua irmã, e reservo o direito de me meter, quer você goste ou não. Me conte, por favor." Foi o por favor sussurrado que o pegou. Uma irmã exigente podia ignorar, mas não essa chorona e preocupada. "Droga. Posso te contar
tudo, já que é grande a chance de você descobrir, de qualquer jeito." Expirou profundamente. "A Mac está tentando me livrar do Myst." "Mas isso é bom, certo? Você não quer depender dele para sempre." "É bom que eu me livre dele, mas não por esse motivo. No meu caso, o organismo não está lidando muito bem com a droga. Tenho que me ver livre disso." Alarme fez com que sua postura ficasse tensa, o medo em seus olhos. "O que você quer dizer? O que está acontecendo?" "Você notou as mudanças de humor? Como quando ataquei o Noah e hoje, na reunião?" "Quem não tem?" "Exatamente. Você sabe que não sou eu, mana. Não sei se posso culpar a droga por tudo, mas sinto que ela está me comendo por dentro, me deixando tão nervoso que não posso pensar, corroendo o domínio sobre o meu controle a cada dia. Os comprimidos estão me dando hemorragias nasais e dores de cabeça, também. Tirando o meu apetite." Soltando sua mão, ele se levantou e caminhou pela sala de estar enquanto prosseguia. "Mas estou viciado neles. Shifters não deviam ficar viciados, mas o Myst é uma droga nova, então, obviamente, os médicos não sabem tudo sobre ela. Talvez seja por causa de tudo o que o Gene Bowman fez comigo no laboratório, fodendo com o meu sangue e toda essa merda. Zan viu alguma coisa estranha, lembra?"
"Oh, Micah." Por alguns segundos, pensou que ela ia, realmente, chorar e a Rowan nunca chorava. Não achava que poderia lidar com isso, se ela não conseguisse. Mas ela segurou as lágrimas, provavelmente, por causa dele. "O que acontece se você não conseguir?" Perguntou. Ele suspirou. "Mac vai me internar no Santuário até o meu corpo ficar livre da droga." "E então, o que vem depois? Você vai conseguir lidar com os pesadelos e as memórias, quando voltarem?" "Acho que sim, eventualmente. Estou melhor, e aconteceu uma coisa que, definitivamente irá acelerar a minha cura." "Sério? O que foi?" "Conheci a minha Companheira." Ele sorriu para a irmã, esperando que pelo menos uma pessoa ficasse feliz por ele quando descobrisse quem sua era a sua Companheira. Rowan levantou. "De verdade? Oh, meu Deus!" Correndo, o apertou em um abraço esmagador. "Que notícia maravilhosa! Quem é essa mulher de sorte?" "É a Jacee." "Jacee?"
"A bartender do Grizzly." Lá se foi o sorriso de êxtase. Sumiu tão rápido do seu rosto como uma pedra caindo aos seus pés. "Ela é a sua Companheira? Ah, não. Micah, sério?" "Ok, é isso", falou, a ira substituindo o otimismo de momentos antes. "Você vai me dizer por que, diabos, estou tendo essa reação sobre a Jacee, e não vou aceitar um não como resposta." "Espere. Você contou a outras pessoas antes de contar para mim?" Teve a ousadia de parecer magoada. "Foi, apenas, a maneira como aconteceu. Ia lhe contar o mais rápido possível, mas apareceu de surpresa para mim e ainda estou processando a ideia. Agora, o que está acontecendo e por que essas reações estranhas que estou recebendo? Desembucha." "Melhor você se sentar." "Ficarei de pé, obrigado." "Prometa que não vai ficar irritado." "Esse é o início de cada história terrível, sempre. Rowan, juro-" "Jacee tinha um amante antes de você", disse ela, com cuidado. "Eles não tinham um relacionamento sério ou qualquer coisa assim, antes que você fique puto, mano."
Dentro dele, seu lobo rosnou, mas forçou a besta a se acalmar. "E? A maioria das pessoas fica com alguém quando está na faixa dos vinte anos, mana. Isso é normal." "Sim, bem, mantenha isso em mente quando eu disser que o cara era o Jax". Ela o observou, esperando a explosão. Jax. "O nosso Jax?" "Você conhece outro?" Tentou visualizar a imagem do Jax com a Jacee. Sua companheira e seu irmão da Alpha Pack. Juntos. Tendo um encontro, fodendo como um par de animais cheios de tesão, que era exatamente o que deve ter sido na época. E lamentou muito que o tivesse feito. Sua respiração ficou ofegante, seu lobo uivando de raiva. Suas presas estouraram através das gengivas, garras através das pontas dos dedos. "Micah! Já é passado," Rowan disse, levantando a voz e agarrando sua camisa. "Aconteceu quando você estava no cativeiro e tudo acabou entre eles, logo depois que o Jax conheceu a Kira." "Vou matá-lo." Sua voz não era nem mais humana. "Controle-se! A Mac vai colocar você na solitária!" Distantemente, entendeu aquilo. Mas a pena por esquecer isso era um conceito esmaecido, uma vez que a sua besta assumiu o controle. Jax
Law tinha tocado sua Companheira. Transado com ela. Não havia nenhuma força na terra que ia impedi-lo de fazer o lobo pagar por sua transgressão. Girando, se soltou da sua irmã e correu para a porta. Os gritos dela o seguiram, assim como o ressoar das botas atrás dele, mas ela não era rápida o suficiente para alcançá-lo. Empurrando a porta com tanta força que a tirou das dobradiças e fez com que se chocasse contra a parede, acelerou no fim do corredor, à procura do seu alvo. Não ligou para os olhares assustados que os outros membros da Alpha Pack e os funcionários lhe deram enquanto passava correndo, farejando o outro lobo. Onde ele estava? Por fim, pegou o aroma fresco do Jax e o farejou até a sala de recreação. Mal dispensou um olhar para perceber que alguns estavam comendo e assistindo televisão, outros jogando. Só olhou para o Jax, que estava jogando pingue e pongue com o John e rindo, tendo um ótimo momento. O arrogante bastardo, filho de uma puta. Naquele exato momento, Aric desviou o olhar do videogame. "Micah? Que diabos?" Em seguida, "Oh, merda. Alguém contou para ele." Aric largou o controle do jogo e ficou de pé, o corpo tenso. "Sim, a Rowan, que tem bolas maiores do que qualquer um nesta sala", ele rosnou. Fixou o olhar assassino no Jax que, finalmente,
olhou para ele e franziu a testa em confusão. "Maior do que as suas, seu pedaço de merda de Sluagh." Os olhos do Jax se arregalaram. "Do que, diabos, você está falando?" "Você precisa perguntar?" Quando Micah caminhou para a frente, os caras se moveram para fora do caminho. Alguém disse: "Merda. Alguém faça alguma coisa." "Chame a Mac e o Nick", Micah ouviu o Aric ordenar, com urgência na voz. Seu lobo não se importava. Jax olhou para ele, soltando a raquete de pingue e pongue lentamente. "Acho que sim. Do que se trata?" "Jacee." O nome dela saiu como um rosnado áspero. "Do bar?" As sobrancelhas do Jax se juntaram e ele olhou para o Micah com cautela. "Tivemos alguma coisa por um tempo, mas-" "Ela é minha Companheira." A expressão atordoada no rosto do Jax, o conhecimento de que estava em apuros, não tinha preço. Mas Micah não teve tempo para apreciá-la antes que perdesse o controle do seu lobo e se transformasse completamente, lançando-se sobre o outro homem. Jax mal tinha começado a mudar para sua forma de lobo no momento em
que o Micah saltou sobre a mesa de pingue e pongue, e caíram no chão duramente, em um emaranhado de pernas. Roupas foram retalhadas e pelo voou. Seu lobo estava totalmente no controle, agora. Exigia o sangue de quem tinha se atrevido a contaminar sua Companheira. Aquele que, supostamente, era seu irmão da Alpha Pack, seu amigo. Traidor. Eles rolaram, latindo e rosnando, batendo na mobília. O lobo marrom foi para a garganta do cinza, mas o cinza foi rápido, se desviando. O inimigo do Micah fazia, apenas, movimentos defensivos, sem nenhuma tentativa de feri-lo em troca. Isto o irritou ainda mais, além da razão. Redobrando o esforço, tentou prender o lobo cinzento e conseguiu cravar os dentes em um ombro musculoso. O gosto de sangue o estimulou enquanto o cinza gritavaE, em seguida, uma dor aguda espetou seu quadril direito. O lobo marrom gritou, liberando a presa. Girou e viu um dardo preso no seu flanco. Imediatamente, o frio se espalhou a partir do local com seus dedos ossudos e rastejou através dos seus músculos. Eles se contraíram e ele começou a tremer, lutando para permanecer de pé, mas foi inútil. Desabando no chão, ganiu com medo, paralisado. O barulho de passos apressados se aproximou dele, as pessoas falando em voz baixa.
"Onde está a Mac?" "A caminho, com uma equipe." "Micah, está tudo bem", sussurrou a Rowan perto do seu rosto. Estava agachada ao lado dele, acariciando seus cabelos. Quando tinha voltado à forma humana? "O-o que aconteceu?" Murmurou. "Você não lembra?" "Não." "Está tudo bem", sussurrou. Ouviu sua voz embargada. "Apenas descanse, mano." "N-não me sinto bem." "Eu sei. É essa droga maldita, querido. Eles vão livrá-lo dela, prometo." O que ele fez? Mac ia trancá-lo agora, afastando-o da sua Companheira. "Não." Suas pálpebras estavam tão pesadas. Não conseguia mantê-las abertas, então deixou que se fechassem. Tentou ouvir a conversa sussurrada ao seu redor.
"Você tem que prendê-lo? O lobo dele estava irritado, e ele perdeu a cabeça. Inferno, eu podia ter feito o mesmo se descobrisse que um de vocês tinha estado com a Kira antes de nos conhecermos." Certo. Ele tinha atacado o Jax. E o homem estava, na verdade, preocupado. Não zangado. "Há mais coisas acontecendo do que você sabe." A voz da Mac era gentil, mas firme. "Vamos cuidar dele." "Mas-" "Olhe, ele está com um sangramento no nariz", disse o Aric. "O que está acontecendo?" "Ele vai ficar bem." Alguém o limpou. Em seguida, mãos o levantaram cuidadosamente e o colocaram em uma maca, segurando-o. As palavras tranquilizadoras do Noah o acalmaram quando começaram a empurrar a maca. Será que ficaria bem? Não tinha tanta certeza. Tudo o que sabia era que o estavam levando para algum lugar para mantê-lo afastado da sua Companheira. Talvez, nunca o deixassem sair. O uivo lúgubre do seu lobo o seguiu até seus sonhos inquietantes.
Nick avaliou os danos na sala de lazer com o coração pesado. A última vez que havia temido por um integrante da sua equipe foi quando conheceu o Kalen Black. Mas não foi apenas o corpo do Micah que tinha sido danificado pelo Gene Bowman e sua equipe perversa - seu espírito tinha levado um golpe quase mortal. O que havia sido deixado para trás era uma bagunça retorcida de um homem e seu lobo. Mas, não quebrado. Apesar das experiências horríveis com o Bowman, a má reação do organismo dele ao Myst e os problemas Micah em reorganizar a mente, havia um vislumbre de luz que permanecia – tinham forçado o Micah até o limite da sua resistência e da sua sanidade, mas não haviam conseguido quebrá-lo. Por outro lado, havia a Jacee. Um lobo nadaria um oceano por sua Companheira. Enfrentaria um exército sem uma única arma, senão as que a natureza lhe deu. O fato do Micah encontrá-la não poderia ter vindo em melhor hora, e ela seria sua graça salvadora. Se a Mac conseguisse tirar aquela droga maldita do organismo do Micah, deixá-lo com a cabeça clara, o homem podia ter uma chance de lutar. Mas, haviam mais problemas por vir. O passado não havia terminado com o lobo, não por muito tempo. Micah tinha que se refazer, ou o seu inimigo, quando finalmente decidisse atacar, ganharia. Nick tentou impressionar o lobo mais jovem com esse fato, e só podia esperar que suas palavras tivessem sido absorvidas.
Porque tinha interferido na questão o máximo que podia. Advertiu o Micah da chegada do perigo e isso era tudo o que podia fazer. Prometeu a si mesmo, há muito tempo, nunca mais interferir com o livre arbítrio novamente. E o Nick não era nada, a não ser um homem de palavra. Mantenha-se forte, Micah. A morte está vindo até você. Para vocês dois.
Quando Micah acordou, estava amarrado. Deitado de costas, sobre uma cama de hospital, em um quarto branco austero, olhou para o teto e tentou sacudir a neblina que atordoava o seu cérebro. Eles o tinham sedado. Depois do que tinha feito, não podia culpá-los. O desespero ameaçou dominá-lo. Nem mesmo dois dias haviam se passado desde a sua promessa de se manter atento, e falhou. Quanto da sua perda de controle podia, realmente, ser atribuída ao Myst? Quanto se devia ao fato de que estava arruinado além da redenção, no fundo da sua alma? Tentou mover os braços de novo, mas seus pulsos estavam bem presos aos trilhos da cama, assim como seus tornozelos. Embora soubesse que a Mac e a sua equipe não iriam machucá-lo, um medo irracional agitou suas entranhas. Tanto ele quanto o seu lobo odiavam estar amarrados, vulneráveis. Odiavam estar sozinhos, também. Queria a sua Companheira.
Mas o Micah não queria que ela o visse assim. Nunca. À medida que a sedação diminuía um pouco mais, percebeu que estava enjoado. Ansioso, também. Inquieto. Sentiu como se estivesse rastejando sob a própria pele e desejou ter uma ou duas das suas pílulas para acabar com a sensação terrível. Sabia o que estava acontecendo. Abstinência. Estavam desintoxicando-o, da maneira mais difícil. "Oh, foda-se." Suor inundou seu rosto, seu peito. A náusea em seu estômago piorava a cada minuto e rezou para que não vomitasse em si mesmo, preso daquela forma. Estava se concentrando em respirar sem vomitar quando a porta se abriu. Mac entrou, ladeada pela sua irmã, o Aric e o Nick. "Que bom, está acordado", disse a Mac como saudação. Estava mais séria do já tinha visto antes. Bem como os outros que estavam no quarto, falando nisso. Rowan parecia que tinha estado chorando, também, mas certamente era a iluminação. O grupo se aproximou para ficar ao redor da cama do Micah, enquanto a médica continuava. "Como está se sentindo?" "Doente. Como se fosse vomitar. Minha cabeça está começando a latejar."
Mac colocou a mão em seu joelho." Isso é de se esperar durante a desintoxicação. Mas tenho medo que vá se sentir muito pior antes de começar a melhorar." Pavor fez seu coração acelerar. "Bem, não sei como vou vomitar nesta posição, Doutora. Vou sufocar." "Vamos desamarrar um dos seus pulsos para que você possa se inclinar para o lado. Quando estiver desintoxicado não vai permanecer amarrado. Mas não é sobre isso, realmente, que estou falando." Mac fez uma pausa, como se pensasse sobre o que tinha para lhe dizer. "O seu exame de sangue voltou do laboratório, e nós isolamos a anomalia." "Conseguiram? Isso é bom, certo?" "É bom sabermos o que está acontecendo no seu organismo além da reação ao Myst, sim. Mas, Micah, é a própria anomalia que vai ser o maior problema em deixá-lo saudável." Sentando ao lado da cama, segurou sua mão. Do outro lado a Rowan fez o mesmo, enquanto o Aric e o Nick ficaram aos pés da cama. Merda, isso deve ser ruim. Todos na sala estavam olhando para ele como se o seu cachorro tivesse sido atropelado por um carro. "Micah, você tem leucemia", disse a Mac suavemente. Essa declaração dividiu o silêncio na sala como uma faca. Não havia nenhum som exceto o tique e taque do relógio na parede e a sua
própria respiração. Não conseguia compreender o sentido das palavras. Palavras que já não deveriam ter qualquer significado no seu mundo. Confusão vibrou no seu cérebro. "Mas não sou mais humano", sussurrou. "Isso não devia ser possível." Rowan começou a chorar. Até mesmo o Aric parecia prestes a fazer o mesmo. Sim, estava fodido. "Não deveria", a doutora concordou. "Mas alguma coisa que foi feita no laboratório do Bowman ferrou com sua biologia. Meu palpite mais educado é que ele tentou misturá-lo com vários outros seres. As suas imunidades foram enfraquecidas e uma porta foi deixada aberta para a doença." "É por isso que não venho me sentindo bem?" "Temo que sim. Acredito que o Myst é o responsável pelas alterações no humor, as hemorragias nasais e as enxaquecas, enquanto a leucemia está deixando você cansado e causando a perda do apetite." "Há quanto tempo?" "Avançada. Se você fosse humano, já estaria morto. Sua metade shifter está lutando a cada passo do caminho, mas os testes mostram que não está conseguindo." "Tudo bem." Micah engoliu em seco. "Qual é o plano? E espero, diabos, que você tenha um."
"Tenho. Primeiro, você será desintoxicado, como o previsto. Não temos tempo a perder porque precisamos seguir em frente na luta contra a sua doença." "Como faremos isso? Quimioterapia?" "Não. Se a sua metade shifter não puder derrotá-la, então, os métodos humanos certamente não vão funcionar. Precisamos de reforços mais fortes, e é aí que agradecemos o enorme poder que há no universo que o fez encontrar sua Companheira. Também temos nossos aliados vampiros que podemos chamar. Tenho certeza que a Calla vai enviar o seu médico se precisarmos dele." "Sim", confirmou o Nick. "Basta dizer uma palavra e ela vai buscar o Victor." Micah se prendeu na primeira parte das palavras. "A Jacee? Ela pode ajudar?" "Acredito que sim", disse a Mac. "Se ela consentir, e não vejo por que não, vamos usar o sangue saudável dela para limpar o seu." "Se isso não funcionar?" "Vamos chamar o médico dos vampiros e usar um dos doadores do seu clã." "E, se esse truque não funcionar, o que acontece?" "Nós não vamos desistir. Vamos continuar buscando uma solução."
O que significava que não tinham mais opções. Micah olhou para o Nick. "Você sabia disso?" "Não. Juro que nunca vi isso acontecer, ou teria dito. Não considero como interferir, dizer a alguém que tem uma doença grave para que possa começar o tratamento. Eu nunca ia deixar isso acontecer." Micah acreditou nele. O comandante parecia miserável sobre isso. Micah assentiu com a cabeça e se dirigiu à Mac novamente. "Então, desintoxicação e sangue da Companheira. Tcharam, novo em folha." A doutora deu um leve sorriso. "Vamos manter essa atitude. Ok, vou voltar mais tarde para checar você. O Noah vai cuidar de você e a sua família vai se revezar para ficar aqui." "Vou encontrar a Jacee e trazê-la até aqui", disse o Nick. Um choque de pânico passou por ele. "Não, aqui não. Não quero que ela me veja assim." Rowan sacudiu a cabeça. "Micah, ela é a sua Companheira. Não só vai querer estar ao seu lado, como tem todo o direito de estar." "Não. Se algum de vocês sequer pensar em deixá-la me ver nessa condição, vou encontrar uma maneira de fugir. E estou falando sério." Pelos olhares que o grupo trocou, ficou claro que estavam mais do que um pouco frustrados com ele. Mas seu primeiro instinto erai o de proteger sua Companheira de coisas desagradáveis, e isso era o que ele tinha feito.
"Então, quem vai cuidar de mim em primeiro lugar?" "Eu", Rowan afirmou. Nick e o Aric prometeram voltar mais tarde também, e saíram. Rowan conversou com ele por um tempo, conversando sobre banalidades, enquanto ele ouvia, na maior parte. Em seguida, ficou sonolento e acabou adormecendo. Não tinha certeza de quanto tempo esteve apagado, mas quando acordou, parecia que sua cabeça estava se dividindo e o corpo estava em chamas. Dor. Cada músculo queimava. Seu estômago embrulhou e soube que ia vomitar. Descobrindo que a mão esquerda estava livre, rolou para o lado direito e se inclinou sobre a cama. Instantaneamente, sua irmã estava lá com um cesto de lixo, segurando-o com uma mão e o seu cabelo com a outra, enquanto esvaziava o pouco que havia no estômago. Ela falava baixinho enquanto ele gemia. "Vai ficar tudo bem. Shh, está tudo bem." Quando terminou, Noah ajudou a lavar sua boca, em seguida, levou o balde para longe. Micah caiu de volta nos travesseiros, exausto. Seu corpo não ia deixá-lo descansar, entretanto. Sua cabeça e os membros ainda doíam, e se sentia quente. "Quanto tempo?" Conseguiu pronunciar. "Desde que a Mac esteve aqui e lhe disse o que estava acontecendo?"
"Sim." "Algumas horas. Nick foi procurar a Jacee." Ela acariciou seu cabelo, e ele se sentiu melhor. "Ainda acho que você devia deixá-la ficar com você." "Não." Ela não insistiu mais no momento, mas sabia que ela não ia desistir. Então, não conseguiu pensar mais porque uma nova onda de dor e enjoo o abalou, desta vez, acompanhada de tremedeira. O que quer que a sua irmã disse, não ouviu. A escuridão o envolveu novamente.
Jacee verificou o celular pela sexta ou sétima vez naquela tarde. Estranho que o Micah não tivesse enviado mensagens fofinhas, embora imaginasse que estivesse ocupado. Disse a si mesma que estava sendo estúpida. O homem era um oficial das forças especiais shifters, com um trabalho importante. Nem sempre teria tempo para satisfazê-la, mesmo que estivessem sentindo falta um do outro. Se o bar estivesse mais agitado hoje, talvez não sentisse tanto a falta dele. Podia deixar sua vida amorosa fora cabeça por uns cinco minutos e não ficar imaginando quando poderiam estar juntos novamente.
Ok, certo. Com um suspiro entediado, foi limpar o bar, em seguida, começou a secar os copos e guardá-los. Um casal de frequentadores sentado nos banquinhos em uma extremidade pediu cerveja, mas nada que a mantivesse ocupada por muito tempo. Quando a porta se abriu e o Nick entrou, ficou surpresa ao vê-lo no Grizzly no meio da tarde. Ao contrário de quando visitava o estabelecimento, no dia de hoje não estava portando um sorriso também. Seu passo determinado, as costas retas, os olhos fixos nela com uma expressão muito séria, lhe causou um arrepio. "Comandante Westfall", disse em saudação. "Qual vai ser o veneno hoje?" "Só Nick, por favor." "Ok, Nick. O que vai querer?" "Não posso ficar hoje, Jacee, e nem você", disse em voz baixa, se inclinando sobre o balcão. "Preciso que você venha até o complexo comigo." Olhou para ele, o temor arranhando sua garganta. Não era estúpida. Se o Nick estava aqui, e não o Micah, só podia significar uma coisa. "O que há de errado com o Micah? O que aconteceu?" "Aqui não. Vá dizer ao Jack que você tem uma emergência familiar e precisa ficar fora por, pelo menos, duas semanas."
"Duas semanas! Vou perder o meu emprego." "Não vai. Vou me certificar disso." Sua mente vacilou. "Ok. Exceto que o Jack sabe que eu não tenho uma família." "Você tem, agora. Nós somos a sua família", disse com firmeza. "Diga ao Jack que o seu noivo está doente e no hospital. É a mais pura verdade." "Não." Oscilou, sua visão borrando, e ele a segurou. "Acabei de conhecê-lo, Nick. Nada pode acontecer com ele agora." "Vá e se apresse. Ainda precisamos ir até a sua casa para você fazer as malas." Apressando-se, fez o que lhe foi dito. Jack não ficou feliz no início, mas quando viu como ela estava, realmente, atordoada, cedeu e disse a ela para não se preocupar. Chamaria um bartender substituto até que ela voltasse. Agradecendo a ele, correu ao encontro do Nick. Juntos, entraram em uma van preta e saíram do estacionamento. Deu as instruções para chegar à sua casa e, em um instante, chegaram. Ele ainda não tinha lhe contado os detalhes, mas ela se concentrou em reunir suas coisas. Era mais importante que estivessem a caminho primeiro, os detalhes mais tarde.
Depois de embalar suas roupas e produtos de higiene pessoal, colocou uma grande mochila no ombro e foi para a sala de estar, onde o Nick a esperava. Ele pegou a mochila e ela não protestou. "Você tem alguém para cuidar do seu jardim, lá nos fundos? Estava olhando pela janela, e é muito bonito." "Obrigada. Sim, vou ligar para a minha vizinha aqui do lado. Ela vai cuidar dele até que eu possa voltar aqui." "Bom. Pronta?" "Sim." Nick colocou a mochila na parte traseira da van e, então, estavam a caminho. Finalmente, perguntou: "O Micah lhe contou sobre o seu sequestro e os meses que passou em cativeiro?" "Sim, e deve ter sido horrível." Estudou o homem com cuidado. "É isso que está lhe causando problemas agora?" "Precisamente, sim." "Tenho notado que ele parece cansado, e quando saímos para jantar, não comeu com o apetite de um homem do seu tamanho, com a natureza física do seu trabalho. Pelo menos, na minha opinião." "Você está certa, essa foi uma boa observação. Primeiro de tudo, quando o Micah foi resgatado, estava severamente traumatizado e tinha lacunas em sua memória. Não conseguia se lembrar de nada
sobre o tempo que ficou no laboratório. Em seguida, começou a ter pesadelos e, eventualmente, percebeu que eram memórias." "Então, tudo está voltando." "Sim. Nossos médicos prescreveram uma droga chamada Myst para ajudá-lo a lidar com isso durante a terapia, enquanto se curava. É um antidepressivo usado por shifters. Mas, descobrimos recentemente que o corpo do Micah não aceitou a droga muito bem. Temos certeza que é responsável por suas mudanças de humor, e está causando hemorragias nasais e dores de cabeça." "Então, vão apenas desintoxicá-lo, certo? É por isso que está no hospital, para limpar o organismo?" "Sim, mas há uma complicação", Nick respondeu. "O Myst não é o responsável por deixá-lo cansado ou pela perda do apetite. A Dra. Grant fez alguns exames, e os resultados ficaram prontos hoje de manhã." Jacee franziu a testa. "Ele é um shifter. O que poderia estar deixandoo tão doente que não conseguiria se curar por conta própria?" O comandante não respondeu até terminar o caminho para o complexo, através dos altos portões de segurança. Esperou até percorrer o longo caminho até a instalação e estacionar em frente a um edifício com aparência de novo, que tinha o nome Santuário gravado na pedra da entrada principal. Desligou a ignição e se virou para encará-la.
Estendendo a mão, colocou-a no seu ombro. "Jacee, o Micah tem leucemia." "Ele, o quê? O que você disse?" Piscou para o Nick, balançando a cabeça. "Não. Isso não é possível." "Receio que seja", disse, com tristeza. "O que quer que aquele bastardo tenha feito com ele, no laboratório, o deixou vulnerável. É muito possível que, se não tivesse sido transformado em um shifter, teria pego a doença muito antes." "Ele tem câncer. No sangue". Não o Micah. Isso não podia estar acontecendo com o seu companheiro. "Não vou aceitar isso. O que posso fazer para ajudá-lo?" Nick sorriu levemente. "Achei que ia dizer isso, e é por isso que está aqui. Mac vai tentar transferir um pouco do seu sangue para o Micah, aos poucos. Esperamos que o poder de cura do seu sangue como Companheira dele, irá eliminar o câncer. Se isso não funcionar, minha Companheira, a Calla, vai chamar o médico do seu clã para intervir e usar sangue de vampiro." O peso do que o Nick estava dizendo desabou sobre a Jacee, que cobriu o rosto com as mãos. Seu companheiro estava morrendo. E se isso não funcionasse ... Por alguns minutos, baixou a cabeça e deixou as lágrimas caírem. O comandante esfregou seu ombro, oferecendo o conforto que podia. De
longe, ficou ciente da abertura da porta do passageiro e alguém colocando um braço ao redor dela. "Jacee? Querida, vai dar tudo certo." Erguendo o rosto, viu a irmã do Micah, Rowan. Por alguma razão, isso fez as lágrimas caírem mais rápido e abraçou a outra mulher enquanto tentava colocar o pavor sob controle. "Isso não devia estar acontecendo com ele", Jacee falou, com a voz rouca. Rowan se afastou e deixou as lágrimas correrem, também. "Você já se importa com ele." "Sim. Ele é importante para mim, e não merece essa merda." "Então, vamos nos certificar que fique bem, ok?" Jacee saiu da van e reparou que o Nick pegou sua bagagem na parte de trás enquanto caminhava para dentro com a Rowan. Para um hospital, a instalação era bonita, e disse isso. "Oh, é muito mais do que um hospital. É um centro de reabilitação para shifters feridos ou outros seres paranormais que estão tendo dificuldade de se integrar no nosso mundo. Alguns estão doentes, mas alguns precisam de cuidados com a saúde mental, também." "É incrível."
"Claramente, ganha do antigo hospital e as celas da prisão no edifício principal - isso é certo", comentou a outra mulher. "Kira teve um ataque quando as viu pela primeira vez e os pobres seres que estavam trancados lá dentro. Um dos seus resgatados, o Sariel, é um príncipe Fae, que ajuda a administrar o Santuário, agora. Você vai conhecê-lo, bem, a todos eles, mais cedo ou mais tarde." Jacee tentou assimilar tudo isso, especialmente o príncipe Fae, sobre o qual o Micah tinha já falado. Mas seu cérebro continuava voltando a uma coisa. "A Kira trabalha aqui? Ela é a companheira do Jax, certo?" Rowan a interrompeu com um olhar afiado. "Isso vai ser um problema? Porque vou te dizer, já estamos com o prato cheio de problemas, sem você e a Kira brigando no meio do complexo." "Não tenho nenhum problema com qualquer um deles, e tenho certeza que o Jax não se importa nem um pouco comigo de qualquer maneira, exceto, talvez, como amigo. No fim das contas. Kira, não tenho tanta certeza. Todos os outros provavelmente pensam que sou apenas a vagabunda que dormiu com um dos seus irmãos da Alpha Pack." "Vagabunda?" Rowan meio que riu. "Sim, uma vagabunda. Sabe, uma mulher com a moral de um homem." Desta vez, Rowan riu abertamente. "Essa é boa." "Li sobre isso em algum lugar. Estava esperando para poder usar."
"Bem, se vale para alguma coisa, não penso isso de você." "Obrigada." "Além disso, nenhum dos homens tem direito de falar nada. Você sabia que, antes da maioria deles acasalar, costumavam fazer viagens regulares para Vegas, para foder e aliviar a tensão?" Rowan disse quando entraram no elevador. O Nick, Jacee reparou, parecia desconfortável com o rumo da conversa. "Sério?" "Sim. Cada um desses caras viu mais bocetas do que muito ginecologista por aí. Se qualquer um deles falar alguma merda, lembre-se disso." Jacee riu e decidiu que gostava dessa mulher. Talvez, acabassem sendo amigas. Quando chegaram ao terceiro andar, no entanto, ficou séria e nervosa. Saíram do elevador, e se virou para seus acompanhantes. "O que eu faço agora?" "Mac reservou um quarto para você ficar-" Nick começou. "Espere um segundo. Vou ficar com o Micah, certo? Por que preciso do meu próprio quarto?" Rowan e Nick trocaram um olhar e preocupação a inundou. "O quê?"
Nick esclareceu a situação. "Micah não quer que você o veja sofrer, enquanto está se desintoxicando, de modo que a Mac a colocou em um quarto separado." "Hum, não só não, mas fodidamente não!" Jacee gritou. Sua coiote já estava rosnando diante da ideia de estar separada do seu Companheiro. "Você vai ficar por perto apenas para o caso-" "Com todo o respeito, comandante, qual parte de fodida ideia estúpida ninguém entendeu? Vou ficar com o meu Companheiro, e quero vê-lo agora! " Olhando em volta, levantou a voz enquanto falava a última parte, para o caso de alguém estar escutando. E havia algumas pessoas se reunindo. Especialmente o loiro bonitinho, Noah, que veio correndo para acalmar as coisas. "Ei, ok! Calma, querida. Respire profundamente." Ele continuou falando, dando tapinhas nas suas costas. Claramente, tinha lidado com um shifter irritado ou dois em sua carreira. "Lá vamos nós. Bem! Acho que a Jacee deixou seus sentimentos bastante claros sobre o assunto e este é, agora, um problema para os dois Companheiros resolverem. Não concorda, Dra. Grant?" Mac correu até o grupo, e era óbvio que ouviu a comoção. "Acho que é melhor a Jacee ficar com ele, não importa o quão teimoso ele está sendo. Vai precisar dela, e ficará contente por ela estar lá, quando a ver."
"Mas ele disse que ia fugir", Rowan se afligiu. "Está muito fraco para conseguir", disse Mac. "Não há nenhuma maneira de conseguir ir a algum lugar." "Isso encerra o assunto. Vou ficar com ele." A voz da Jacee era firme. "Há um sofá sob a janela onde você pode dormir. Noah vai lhe trazer um cobertor e um travesseiro. Está no quarto três-zero-cinco." Mac indicou. "Vou lá mais tarde para explicar o que está acontecendo, mas vou lhe dar algum tempo a sós com ele, em primeiro lugar." Jacee não foi deixada sozinha, imediatamente. Nick entrou e deixou sua bolsa no quarto. Rowan entrou junto para dar apoio moral e checar o irmão. Mas no segundo em que a Jacee entrou, só teve olhos, apenas, para o seu Companheiro. Micah estava dormindo, irrequieto, os cílios escuros descansando como um arco contra as bochechas pálidas. O cabelo estava molhado, agarrado ao rosto e espalhado pelo travesseiro. O peito subia e descia com respirações ásperas, como se não conseguisse respirar confortavelmente. Um dos pulsos estava algemado à grade da cama, e essa visão a atingiu no estômago. Observando seu corpo, desceu o olhar pelas pernas, levantou o lençol e viu que seus tornozelos estavam presos, também. "Por que está preso como um animal?" Jacee rugiu. "Por causa da desintoxicação", respondeu Nick. "Estavam com medo que se machucasse ou à uma das enfermeiras."
"Está muito doente para machucar alguém! Quero elas fora." "Eu também, mas temos que ver o que diz a Mac." Aquelas malditas algemas iam sair, mesmo se a Jacee tivesse que arrancá-las por conta própria. Puxando uma cadeira, se sentou ao seu lado e colocou a mão no seu braço. Tinha que tocá-lo, mesmo que apenas dessa maneira. Parecia muito vulnerável, tão diferente do lobo que tinha corrido na floresta e feito amor com ela. Se soubesse que ele estava tão doente. O que poderia ter feito? Nada, além de estar lá para apoiá-lo. Mas estava aqui, agora, de modo que teria que servir para alguma coisa. Nick e a Rowan saíram depois de um tempo, e a Jacee apenas observou o sono do Micah. Depois de algumas horas, ligou a televisão baixinho para ver as notícias. Como de costume, tudo muito ruim. Mudou para um canal que passava reprises de seriados clássicos e deixou lá. Cerca de três horas depois da sua chegada, Micah começou a se mexer. Gemeu, um som miserável, como se estivesse com dor. "Micah? Querido, sou eu. Jacee." Sua voz penetrou a névoa, e seus olhos se abriram. No começo, pareceu ter alguns problemas para se concentrar, mas, por fim, encontrou o seu rosto. Alívio guerreou com a vergonha, dentro dos seus olhos.
"Jacee", sussurrou, "Disse a eles para não deixar você me ver assim." "Somos companheiros. Você, realmente, acredita que poderiam me manter longe de você?" Ele tentou sorrir. "Acho que não." "Quando você me disse que havia coisas que eu não sabia, não pensei que estivesse doente." Apoiando o braço na cama, acariciou seu cabelo sedoso. Ele virou a cabeça para o seu toque. "Demais?" "Não. Nunca." "Não sabia sobre a leucemia. Até hoje." "Eu sei." Sua garganta ameaçou se fechar diante da dor. "Desculpe, por você estar presa a isso. Comigo." Seus cílios piscaram lentamente. Já estava ficando cansado. "Pare com isso. Está me ouvindo? Estou exatamente onde eu quero estar." "Jacee?" "Sim, querido?" "Peça a alguém para chamar o Ryon." "Ele é o loiro da Alpha Pack, certo?"
"Sim. Ryon Hunter. Ele é Telepata e Canalizador. Fala com pessoas mortas." Isso era preocupante em vários níveis. "Existe uma razão especial pela qual precise vê-lo, ou é apenas para visitá-lo?" "Ele é meu amigo, mas há uma razão. Algo que precisa me dizer." "OK. Vou pedir para alguém chamá-lo." "Obrigado." "Descanse, por enquanto." Micah apagou quase imediatamente. Mac entrou logo depois, começou a verificar seus sinais vitais e, para grande alívio da Jacee, liberou seu pulso e os tornozelos. Jacee apontou para o seu Companheiro. "Por que ele está indo ladeira abaixo tão rápido? Parecia bem alguns dias atrás." "O Myst enfraqueceu o seu corpo e, agora, a desintoxicação está drenando-o seriamente. Isso permitiu que o câncer se expandisse e intensificasse o ataque a um ritmo alarmante." "Quando é que vamos começar a lhe dar o meu sangue?" A doutora verificou a temperatura dele e encarou a Jacee. "Imediatamente. Eu ia esperar até que a desintoxicação estivesse completa, mas não acho que ele tenha muito tempo, honestamente."
Sua voz estava carregada de simpatia. "Aguente firme. O Noah virá em breve para iniciar as coisas." "Certo. Por falar nisso, o Micah quer ver o Ryon o mais rápido possível." "Vou ligar para o Ryon para informá-lo." "Obrigada." Mac a deixou sozinha com o Micah novamente. Não acho que ele tenha muito tempo. Jacee estava mais assustada do que já tinha ficado, desde que a sua família tinha sido assassinada. Se ela perdesse o Micah, também, sua vida tinha acabado. Ia desistir e estava tudo bem para ela. Perder seu verdadeiro Companheiro seria o golpe final, ao qual nunca ia sobreviver. Pouco tempo depois, houve uma batida na porta, e um homem loiro e de boa aparência entrou na sala. Outros podiam discordar, mas achou que era parecido com ator que aparecia em Velozes e Furiosos, o falecido Paul Walker. "Ryon?" Falou. "Sou eu", disse, com um sorriso sincero. "É bom ver você fora do bar, Jacee." "Você,
também,
circunstâncias."
embora
gostaria
que
não fosse
sob
estas
Ryon olhou para a cama e o seu sorriso desapareceu. "Eu também." "Você sabe por que ele quer vê-lo?" "Sim. Se ele não se importar que você fique, vou te contar tudo sobre isso, também." "Não me importo", disse o Micah calmamente. "Ela fica." "Ei, cara." Caminhando até ele, Ryon deu ao seu amigo um abraço fraternal. "Câncer? Que porra é essa, cara?" "Eu sei, certo? O Bowman me fodeu completamente." "Fodeu, mas a Mac vai consertar. Conte com isso." Ocupando uma cadeira do outro lado da cama, Ryon disse: "Suponho que você queira falar sobre o espírito que está à sua volta." "Pegou rápido. Tinha esquecido disso, mas quando fui confrontado com a minha mortalidade? Sim, pensei nisso e imaginei se o espírito era importante para mim. Se tinha uma mensagem ou algo assim." "Bem, posso perguntar se você quer, porque ela está sentada ao lado da Jacee." Jacee saltou e virou a cabeça para olhar para o local indicado por Ryon, mas não havia ninguém presente, apenas ar. "Humm, um de nós está louco e esse alguém não sou eu." "Ela?" Micah perguntou, curioso.
"Sim. Seu fantasma é uma mulher. Uma senhora latino-americana, perto dos 60 anos de idade. Atraente. Está usando um lindo vestido rosa com pequenas flores brancas e disse que era o seu favorito embora quase nunca tivesse lugar para usá-lo, já que ela limpava casas para viver. Onde, diabos, ela podia ir para usá-lo? Mas ela o adorava e foi sepultada com ele, juntamente com o camafeu que está usando e que pertencia à sua avó." O rosto de Micah empalideceu ainda mais, se é que isso era possível. Olhando fixamente para o local, resmungou: "Mama?" "Ela disse que sim," Ryon confirmou, "e que você ainda é o menino mais especial do mundo, e te ama com todo seu coração." "Ela sempre dizia isso. Também te amo, Mama." Micah pigarreou. "Mas tem uma mensagem. Veio porque sentiu que está em apuros, em mais de uma maneira. Sabe que você está doente e disse para lutar contra isso e não desistir. Vai vencer esta coisa. Entendeu?" "Sim, senhora." Jacee enxugou uma lágrima. "Também sente uma presença maligna perto de você. Disse para você ouvir o Nick e, mais importante, a sua própria voz interior. Há um homem que quer causar danos a você e à sua Companheira e para vencê-lo deve estar em plena forma, novamente. Deve lutar." "Eu vou, prometo. Quem é ele?"
"Ele é alguém do seu passado não muito distante. É um monstro, mas é bom em se esconder. Vai atacar quando a sua guarda estiver baixa, quando você menos esperar." "O nome dele?" "Ela não sabe. Mas se você e a Alpha Pack procurarem um pouco mais, seu nome está lá, assim como a sua motivação." "Obrigado, Mama. Te amo." "Ela disse de nada, e que faria qualquer coisa pelos seus filhos. Um dia você vai entender. Te ama, e diz estar feliz com a sua Companheira. Virá vê-lo novamente um dia", disse o Ryon calmamente. Fez uma pausa. "Ela se foi, amigo." "Isso foi incrível", Jacee exalou. "Estou seriamente impressionada. Você está certo de que era, realmente, a sua mãe?" "Tenho certeza. Não há nenhuma maneira do Ryon ter sabido com qual roupa nós a enterramos ou sobre o broche da minha avó." "A menos que a Rowan tivesse mencionado isso?" "Juro que nunca o fez", disse Ryon. "Sou verdadeiro. É difícil até mesmo para as criaturas paranormais acreditarem no meu dom, porque isso é algo que a maioria deles não pode ver ou tocar. Não me importo, na maior parte do tempo."
"Acredito em você. É apenas o dom mais estranho que acho que já testemunhei." Ryon bufou. "Não, veja o Kalen usar suas habilidades de Necromante para despertar um cadáver dos mortos e ter uma conversa com ele. Isso é estranho." Jacee estremeceu. "Passo. Obrigada." Ryon levantou para se despedir e bateu no ombro do Micah suavemente. "Volto em breve. Se cuide e chute essa coisa para que possamos ir tomar uma cerveja para comemorar". Sorriu para a Jacee. "E para comemorar a sua nova Companheira, também." "Quando quiser", disse o Micah. Ryon se despediu e Jacee ficou sozinha com o seu Companheiro novamente. Micah se recostou nos travesseiros, completamente exausto. "Jacee?" "Humm?" "Estou feliz que esteja aqui, embora tenha sido um idiota sobre isso a princípio." Inclinando-se, o beijou nos lábios. "Estou feliz por estar aqui, também. E vou me assegurar que você viva para ser um idiota por um longo tempo, ainda." Ele adormeceu com um pequeno sorriso nos lábios.
O monstro se enfureceu e começou a andar para lá e para cá no quarto do seu irmão. "Por que ele está tão doente? Por que o internaram? Ele não pode morrer por qualquer outra mão que não seja a minha", sussurrou. Da cama, sua companhia estremeceu. "Não sei. Mas não é o suficiente saber que está sofrendo? Que poderia morrer por si mesmo?" "Claro que não é. Isso nunca seria o suficiente." Andou mais um pouco e, em seguida, parou ao lado da cama. "Pensei que deixar a mulher mutilada perto de onde ele estava correndo e se enroscando com a sua nova cadela fosse um excelente aviso. Aparentemente, foi muito sutil. Vou ter que repensar o meu jogo." "Por favor, irmão, não fira mais ninguém, não por causa dele. Ninguém vai acreditar que ele faria uma coisa dessas, de qualquer maneira."
Fez uma pausa. "Vou considerar isso. Talvez devesse ir direto à fonte, hein? Você mantém os ouvidos atentos e a boca fechada. Sabe o que acontece quando fico com raiva, e se contar a alguém sobre mim, vou ficar muito zangado. Me avise se souber o que está acontecendo." "Aviso", disse o homem mais jovem, com relutância. Seus olhos estavam pesados. Cansados. Isso era culpa do Micah Chase, também. Droga do inferno! O monstro saiu, mas ninguém prestou nenhuma atenção nele. Não naquela forma. Mas na outra... Oh, na outra, correriam gritando de terror. Como o Micah e a sua nova e doce Companheira fariam. Pouco antes de rasgá-los em pedacinhos.
Micah estava queimando no inferno. Cada respiração era como inspirar chamas puras, e parecia que todo o seu corpo estava sendo espancado com martelos. Quanto era da desintoxicação e quanto era devido à sua outra doença, não sabia. Só que estava pronto para o tratamento que queriam tentar. Ou isso, ou poderia, simplesmente, morrer.
Agora entendia por que as pessoas davam boas-vindas ao fim quando chegava a sua hora. Como é que os seres humanos fazem isso por meses ou anos? Ironicamente, eram mais fortes do que ele. Um dia e estava farto disso. "Onde está o Noah?" Micah sussurrou. Próximo a ele, Jacee se mexeu e acariciou o seu rosto e o seu cabelo. Era a única sensação prazerosa entre aquelas opressoras que o dominavam. "Estará aqui em breve. Acabaram de me chamar para extrair a primeira rodada de sangue." Franziu a testa. "Você já foi?" "Sim, e já voltei. Você, realmente, estava apagado." "Desculpe." "Não se atreva a pedir desculpas", murmurou, inclinando-se para beijar o seu rosto. Cheirava tão bem que seu lobo choramingou, em apreço. Como desejava que estivesse bem o suficiente para reivindicá-la como sua. "Fui tão estúpido", disse ele. "Como assim?" "Devia ter reivindicado você quando tive a chance."
"Ei, você vai, e vou retribuir o favor assim que estiver melhor! Não pense por um segundo que vai se livrar disso." Sorriu, ou tentou. Uma onda de dor o varreu da cabeça aos pés, e gemeu. Se algum acasalamento fosse acontecer, era melhor o Noah se apressar com aquele sangue que todos esperavam que funcionasse. Assim que esse pensamento passou pela sua cabeça a porta se abriu. O som de passos apressados e, finalmente, abriu os olhos para ver a forma borrada do enfermeiro preparando um saco intravenoso cheio do líquido vermelho. Pendurou-o em uma haste de metal, em seguida, empurrou-a para perto da cama. Depois de prender o tubo, se preparou para inserir a agulha no orifício na mão do Micah. "Ok, Micah", Noah começou. "Vou começar a transfusão com o sangue da Jacee e essa solução vai alimentar o seu corpo ao longo das próximas horas. Você deve começar a se sentir melhor muito rápido, com todos os seus anticorpos shifters fantásticos lhe dando esse impulso que precisa para se curar." "Parece bom. Pare de falar e faça." O enfermeiro deu um tapinha simpático no braço do Micah e, em seguida, começou a trabalhar. Inclinando a cabeça para baixo, Micah o observou enfiar a agulha no orifício. Então, o Noah mexeu em algum tipo de ligação no tubo, e o líquido vermelho começou a descer pelo tubo até a entrada. Sentiu o frio invadindo suas veias, mas nada muito diferente-
Então engasgou, absorvendo um grande gole de ar. Seus olhos se arregalaram quando cada célula do seu corpo voltou à vida. Era como se cada uma delas tivesse sido iluminada por um raio de sol brilhante. "Micah? Você está bem?" Perguntou o Noah. Rapidamente, o enfermeiro começou a verificar os sinais vitais. "Querido?"
Jacee
estava
olhando
para
o
seu
Companheiro,
preocupada, segurando sua mão. "Sim, está tudo bem", conseguiu dizer. "Parece que fui injetado com adrenalina pura. Como se estivesse iluminando de dentro para fora." "Bom." Noah pareceu satisfeito. "Isso é o que nós estamos esperando. Não vá sair correndo por aí, no entanto, está bem? Volto daqui a pouco." O enfermeiro saiu e Micah olhou para sua Companheira. Seu rosto não estava mais tão embaçado e podia se concentrar sem a sensação que a sua cabeça fosse explodir. Olhou para o intravenoso. "Isso é uma coisa boa." "Há mais de onde isso veio." Seu estômago roncou, e ela corou. "Quando foi a última vez que comeu?" Seu silêncio foi resposta suficiente. "Não pode cuidar de mim se ficar fraca, também. Poderia ir até o complexo e comer algo, por favor?"
Não queria deixá-lo, ele podia afirmar, mas não tinha se afastado do seu lado por muito tempo e acabou ficando esfomeada. "Tudo bem, mas não vou demorar muito." Beijando-o profundamente, saiu pela porta. Sentiu sua falta de imediato, mas foi consolado pelo fato de saber que estaria de volta, em breve. Só queria que a sua nova Companheira não tivesse que lidar com a parte da "doença", do "na doença e na saúde" neste início de relacionamento. Tinha esperança que o tratamento ia funcionar. Senão- Não. Não pensaria assim. Já cansado, fechou os olhos e dormiu. Mas, desta vez, literalmente respirou um pouco mais fácil que antes.
Micah parecia melhor. Seus olhos não estavam mais límpidos? E não parecia estar com tanta dor quanto antes. Jacee estava tão perdida em pensamentos que nem sequer viu o homem que virou a esquina na frente dela até que fosse tarde demais para evitar a colisão. Bateu no peito dele com um oof abafado e imediatamente deu um passo para trás, o rosto em chamas. "Sinto muito! Não estava olhando para onde estava indo."
Olhando para cima, viu o rosto sorridente do homem e sua pele se arrepiou. Não que ele fosse feio, absolutamente, mas algo sobre ele parecia errado. Como seus olhos claros estavam olhando através dela em vez de para ela, e seu sorriso parecia forçado. Era alto, magro e, embora seu rosto fosse o de um homem mais jovem, seu cabelo era escasso e cinza. Definitivamente estranho. Seus dentes eram um pouco amarelados e seu hálito não era muito fresco. O resto dele não tinha um cheiro muito agradável, também – parecido com o do leite quando fica muito tempo exposto ao sol. "Está tudo bem, Srta....?" Deixou a pergunta no ar, esperando uma apresentação. Xingando interiormente, decidiu que não havia uma maneira de contornar isso sem as coisas ficarem estranhas, então respondeu. Pela metade. "Jacee." Ele não ia receber seu último nome. "Sou o Parker. Foi um prazer ter trombado com você." Riu da sua própria piada sem graça. "Talvez façamos isso de novo, uma outra hora." "Talvez. Cuide-se." Dando um sorriso falso, se desviou dele e continuou seu caminho sem olhar para trás. Podia jurar que sentia seus olhos cravados nela, entretanto, e não soltou a respiração até que as portas do elevador se fecharam e o elevador começou a descer. Jesus, que verme! Devia estar visitando alguém no Santuário, embora não pudesse imaginar sua presença
fazendo qualquer um se sentir melhor. Se o visse espreitando sobre a sua cama, teria uma parada cardíaca. Colocando-o para fora da sua mente, se dirigiu para o edifício principal. Nick tinha lhe dado um código de acesso para o corredor direto, e não teve nenhum problema. Achar a sala de jantar era outro assunto e se perdeu algumas vezes antes de, finalmente, se encontrar com o Aric depois que se perdeu no quarto ou quinto corredor. "Ei, moça bonita, está perdida?" "Como uma pulga em uma tempestade de areia. Pode me mostrar onde é a sala de jantar? Estou morrendo de fome." O ruivo riu. "É um lugar grande, não é? É para lá que eu vou. Pode se sentar comigo e com a Rowan." "Parece muito bom." Jacee estudou, astuciosamente, o Aric no caminho até o seu destino. O homem era sarcástico e engraçado como o inferno e gostava muito dele. Tinha uma personalidade forte, também. Era fácil ver por que a Rowan tinha se apaixonado por ele. Cada um dos caras que conheceu tinha o seu próprio apelo especial, mas o Aric era um dos seus favoritos, talvez pelo fato de ser divertido ou pela sua atitude rebelde. Este lado dele vinha, realmente, à tona quando estava junto dos seus irmãos de equipe. No minuto em que entrou na sala de jantar, estava chamando pelos amigos, "Ei, seus babacas horrorosos! Será que os seus rabos gananciosos deixaram alguma comida?"
"Foda-se, seu idiota!" Uma rodada de insultos amistosos se seguiu, e a Jacee se pegou rindo pela primeira vez, depois de muitas horas cheias de tensão. Talvez o show tivesse sido para o seu benefício, mas não se importava. Deixou-a se sentindo ainda mais próxima deles. Aric a levou até uma mesa onde a Rowan estava sentada com uma criatura de cabelos azuis, estupidamente linda, que só podia ser o príncipe Fae de quem tinha ouvido falar. Mais do que um pouco nervosa, se sentou e sorriu para suas companhias. "Como está o meu maninho?" Rowan perguntou, parecendo cansada. "Melhor. Noah colocou o intravenoso com o meu sangue esta noite, e ele disse que era como adrenalina pura. Está descansando muito bem, agora, então me fez vir comer alguma coisa." "Isso é bom." Rowan pareceu aliviada. "Sim." Jacee olhou para o Fae, que a observava com curiosidade. "Olá. Sou Jacee Buchanan, Companheira da Micah. Bem, em breve serei." A criatura sorriu, exibindo um conjunto de dentes brancos lindos. "Sou Sariel, um renegado Fae. Encantado em conhecê-la." Jacee estendeu sua mão para apertar a dele, mas ele virou a dela e a beijou, em vez disso. "Um renegado e um cavalheiro ao mesmo tempo. Como isso funciona?"
"Muito bem, me disseram." Seus olhos dourados brilharam com humor. A conversa à mesa se tornou um bate papo generalizado e ela ouvia enquanto estudava o príncipe Fae. Parecia jovem, talvez uns vinte anos, mas seus olhos eram insondáveis. Teve a nítida impressão de que era muito mais velho do que parecia. Sariel desviou o olhar da Rowan e sorriu para ela. "Está me dissecando ainda?" Seu rosto corou. "Desculpa. Apenas não conheci nenhum Fae, antes." "Senti o mesmo quando fui expulso da minha terra e desembarquei na Irlanda sem a menor cerimônia. O que você gostaria de saber?" "Quantos anos você tem?" Deixou escapar. Isso o fez rir, e enrugar os cantos daqueles olhos incríveis. "Tem um palpite?" "Algumas centenas? Cinco, talvez?" Isso fez com que os outros ao seu redor sorrissem e Sariel balançou a cabeça. "Um pouco mais." "Mil?" "Um pouco mais. Tenho onze mil anos de idade." Fez uma pausa, pensativo. "Mais um século, ou menos um século."
"Puta merda! E pensei que os shifters durassem muito!" Por um segundo, o sorriso do Sariel ficou triste. "Eternidade não é tudo o que parece ser, como dizem. De qualquer forma, vamos comer." Jacee enfiou o garfo no seu espaguete, mas reparou no prato de salada e frutas do Sariel. Ele pegou mais do que comeu, mas ninguém comentou, então adivinhou que esse era um comportamento normal para ele. A comida era deliciosa, servida no estilo familiar, no meio da mesa, todos se servindo. O arranjo das mesas e toda a conversa em torno dela criava uma atmosfera acolhedora, da qual gostava e tinha sentido falta por muito tempo. Devia saber que o interlúdio pacífico seria interrompido. Afinal, seria obrigada a dançar aquela música, mais cedo ou mais tarde. A voz do Jax soou na entrada da sala de jantar e uma mulher riu de alguma coisa que ele disse. Relutantemente, Jacee virou a cabeça para olhar por cima do ombro. Jax a viu ao mesmo tempo e o que estava falando morreu em seus lábios. Isso fez com que a sua Companheira encontrasse a fonte da sua consternação e a Jacee, imediatamente, estava sendo olhada como um inseto na sopa. Impressionante. Não só isso, mas os outros irmãos da equipe notaram os três se enfrentando, e todos os olhos se focaram, de repente, no drama que se desenrolava. A conversa em torno deles morreu, subitamente. Então, Jacee fez a única coisa na qual pôde pensar.
Levantou do seu lugar, atravessou a sala e, apenas, balançou a cabeça e disse agradavelmente, "Jax, é bom ver você de novo." "Você também", disse. Desajeitado. Então, deu a Kira seu mais sincero sorriso e disse: "Você deve ser a Kira. Já ouvi muito sobre você, especialmente, sobre como foi a responsável por criar o Santuário." Se a outra mulher estava esperando hostilidade ou guerra aberta, ficou, aparentemente, surpresa. "Oh. Sim, bem, foi um esforço em equipe. Gosto do trabalho que faço lá." "Isto transparece. As acomodações são maravilhosas, assim como a equipe. Se não fosse pelo Santuário e o pessoal qualificado como a Mac e o Noah, o Micah estaria em apuros agora." Sua voz vacilou quando continuou. "Meu Companheiro significa o mundo para mim, então, obrigada por criar esse lugar e fazer com que shifters doentes e outros como ele tenham um lugar para se curar." Com isso, uma grande quantidade do gelo e da distância da Kira desapareceu. Sua expressão se tronou calorosa e segurou uma das mãos da Jacee nas dela. "Estou feliz por ele e os outros terem um lugar para ir, também. Os médicos e os enfermeiros são de alto nível, e se alguém pode fazê-lo melhorar, são eles." "Estamos todos torcendo por ele", Jax acrescentou, suavemente. "Micah e eu começamos na Marinha juntos e já passamos por um monte de merda. Ele merece ser feliz."
"Ele é meu amigo, também", disse a Kira. "Pretendo ter certeza de que ele está feliz e continue assim", Jacee lhes assegurou. "Ele é especial para mim, também." Todos que estavam esperando uma explosão, voltaram para suas refeições com um encolher de ombros e a tensão estourou como um balão. Jacee duvidava que os três seriam amigos do peito muito rapidamente, mas pelo menos não iam matar um ao outro. "Estou feliz por você estar acasalado e feliz." Jacee gesticulou para os dois. "Vocês formam um grande casal." Jax sorriu. "Obrigado." Kira ecoou seu sentimento. Voltando à sua mesa, Jacee foi recebida com os sorrisos divertidos dos seus companheiros. "O quê?" Sariel jogou o guardanapo em cima da mesa. "Bem, que decepcionante! Estava esperando por sangue e tripas. Onde está uma boa luta de gatos quando você precisa de uma?" "Luta de caninos", Rowan corrigiu. "Tanto faz." Aric riu e a Jacee sentiu alguma piada interna na resposta. Mas não explicaram, de modo que terminou o jantar rapidamente, querendo voltar para o Micah. Quando terminou, limpou a boca e se levantou.
"Preciso voltar, mas obrigada pela conversa e pela pausa. Precisava disso." "Quer que fique no seu lugar, hoje à noite?" Rowan ofereceu. Aric assentiu. "Ou eu fico. Pode ter uma noite de descanso." "Não conseguiria dormir se ficasse longe dele, sem saber o que está acontecendo. Mas, obrigada de qualquer maneira, pessoal." Rowan levantou e a abraçou. "Se você mudar de ideia, nos avise." "Avisarei." De volta ao quarto do Micah, Jacee se acomodou no sofá. Já passava das nove, e ele estava dormindo profundamente. Será que o chiado no seu peito estava melhor? Sua respiração soava mais clara. Certamente, parecia estar descansando muito melhor, sem gemer ou se remexer, como tinha feito antes. A bolsa de líquido vermelho estava pouco mais da metade vazia, então faltavam algumas horas antes do Noah voltar com uma nova. Observou seu Companheiro até que não conseguiu mais manter os olhos abertos. Em seguida, se juntou a ele no sono.
Três dias. Três dias chatos sendo picado, cutucado e testado. Micah estava pirando, mas da melhor maneira. Estava se sentindo fantástico. E agora que o seu corpo estava recuperando as energias, seu lobo estava agitado e pronto para reivindicar sua Companheira. Cada vez que ela entrava no quarto, tudo o que podia fazer era se conter para não agarrá-la, jogá-la sobre a cama e tê-la à sua maneira, independentemente de quem pudesse entrar e vê-los. Talvez, valesse a pena o esforço. Talvez, acelerasse os documentos da sua alta? Não, a Mac ia matá-lo depois de tudo. Próxima a ele, Jacee colocou a revista no colo e inclinou a cabeça para ele com uma expressão confusa. "Do que você está sorrindo aí?" "De foder você aqui, nesta cama, com a bunda redonda virada para cima e eu batendo nela como se não houvesse um amanhã." "Micah!" Sua boca se abriu, e bateu no braço dele com a revista. "Seu lobo tarado." "Você perguntou!" "Acho que você está se sentindo melhor. Fico imaginando, quando a Mac vai ter os resultados dos últimos testes?" "A qualquer hora, espero. Estou pronto para dar o fora daqui."
"Aonde você quer ir, quando for liberado?" "Ir? O que você quer dizer?" Hesitando, estudou o colo por um segundo antes de encontrar seus olhos, novamente. "Nós somos Companheiros, ou seremos. Vamos viver juntos? Ou separados? Não tenho certeza do que você quer." "Oh! Deus, me sinto tão estúpido." Alcançou a mão dela e a envolveu. "Quero viver onde quer que a faça feliz, baby. O Nick gosta que a equipe viva no complexo, mas a sua casa fica, apenas, a uma curta viagem de carro até a cidade, então pode fazer uma exceção se você quiser que a gente fique lá, pelo menos por enquanto." "Você acha?" Ela parecia tão esperançosa que resolveu falar com o Nick no segundo em que a Mac o liberasse. "Tenho certeza. Vou ver se posso combinar alguma coisa com ele." O sorriso ultra brilhante da Jacee foi pagamento suficiente para, até mesmo, tornar interessante a ideia de abrir mão da vida aqui, com os seus irmãos. Esta mulher estava rapidamente se tornando o seu tudo, seus sentimentos cada vez mais fortes, enquanto ela, de forma altruísta, cuidava dele enquanto estava doente, dia após dia. Poderia facilmente tê-lo deixado aos cuidados do hospital e apenas acasalado com ele quando ficasse bem, nada mais. Mas era uma pessoa amável, com muito amor para dar. Será que realmente o amava? Será que tinha tanta sorte?
"Certo, quem está pronto para sair?" Mac invadiu o quarto, balançando um maço de papéis e sorrindo de orelha a orelha. Micah piscou. "Estou livre?" "Livre e limpo! Os resultados da análise não mostram nenhum sinal de leucemia,
graças
às
várias
transfusões
de
sangue
da
sua
Companheira." Jacee se lançou sobre ele, que a esmagou contra seu peito. Em seguida, lhe deu um beijo doce e lento, que prometia muito mais, mais tarde. Mac lhes deu um momento e, finalmente, se separaram. Micah pigarreou. "Quais são as chances de recorrência?" "Vou ser honesta, não sei. Meu palpite é que se foi para sempre, mas quero você de volta a cada seis meses para um check-up pelos dois primeiros anos. Depois disso, uma vez por ano durante cinco anos. Depois da marca de sete anos, vou me sentir melhor em dizer que está totalmente limpo." "Não sei como lhe agradecer." "Não há necessidade. A boa e velha genética shifter tirou você dessa bagunça, acho, e o acasalamento irá mantê-lo fora dela. Vá para casa e crie esse vínculo, e tenho certeza que a natureza vai cuidar do resto." "Bem, obrigado, de qualquer maneira. Não me sentia tão bem há mais de um ano, Mac."
"Como está a dependência pelo Myst?" Consciente do olhar da Jacee, Micah pensou sobre isso. A honestidade era o melhor. "A vontade ainda estão lá, mas acho que posso lidar com isso. Não quero mais nenhuma droga no meu corpo." "Acho que é o melhor. Vamos continuar a terapia enquanto suas memórias voltam e acredito que você vai ficar bem por enquanto." "Está ótimo para mim." "Certo. Vá com calma por alguns dias. Você está de licença por mais duas semanas, então, de modo algum lute com demônios até lá." Mac piscou e olhou para a Jacee. "Cuide dele." "Estou planejando isso, se ele deixar." "Pareço um idiota?" Micah perguntou. Mac assinou os papéis da alta e saiu. Jacee lhe entregou uma pilha de roupas dobradas, que aceitou com gratidão. Seria bom sair da roupa de hospital arejada e vestir jeans e camiseta. Se vestiu de forma eficiente, espantado com a energia que fluía através dele. Se isso era por causa de algumas transfusões do sangue de sua Companheira, estar vinculado a ela, realmente, ia fazê-lo se sentir como um novo homem. E lobo. No caminho para a saída, agarrou a mochila da Jacee e colocou a alça sobre o ombro. No corredor do posto de enfermagem, apertou a mão do Noah e lhe agradeceu. Então, colocou o braço em volta da
Jacee e gostou do jeito que se encaixava contra ele enquanto percorriam o caminho até o edifício principal. "Vou te mostrar os meus aposentos. Você pode ficar lá se quiser, enquanto vou falar com o Nick." "Prefiro ir com você, se der no mesmo", disse ela. "Onde vamos ficar me afeta, também." Imediatamente, podia ter chutado a si mesmo. "Claro, você está certa. Não queria deixá-la fora de qualquer decisão, só pensei..." Não havia nenhuma maneira de terminar a frase que não fosse deixá-lo em problemas, então não o fez. "De qualquer forma, vamos ver se ele está no escritório." O complexo estava cheio quando chegaram. Muitas pessoas bemintencionadas pararam para conversar e ver como o Micah estava, assim, ir até o escritório do Nick demorou mais tempo do que esperavam. Quando finalmente chegaram lá, Micah bateu. "Entre." Nick olhou para cima e os cumprimentou calorosamente. "Bem, é bom ver vocês dois fora daquele lugar. Sentem-se e me digam o que posso fazer por vocês." "Você já não sabe?" Micah perguntou. Nick revirou os olhos, levando na esportiva, e olhou para a Jacee. "Vê o que eu aturo? Gostam de brincar de ‘zoar com o Vidente’, como se não ouvisse essas piadas um milhão de vezes."
Jacee riu. Então, disse: "Estamos aqui para falar com você sobre o Micah ficar comigo, na minha casa na cidade. Pelo menos, enquanto nos acasalamos e descobrimos o que queremos fazer." "Entendo." Cruzando os braços na frente dele sobre a mesa, Nick considerou que estudou Micah. "Na situação em que o trabalho está, isso é bom, porque Mac quer você de licença. A questão de quem está atrás de você é outro assunto." "Eu sei. Tenho pensado nisso." Micah passou a mão pelo rosto. "E se pedirmos ao Kalen para colocar proteções na casa dela?" "Funciona somente enquanto você estiver dentro. O que me diz de quando estiver dirigindo, indo e voltando, ou correndo em forma de lobo?" "Nick, faço essas coisas de qualquer maneira. Ele vai fazer uma jogada mais cedo ou mais tarde e, mesmo que eu esteja protegido como o Fort Knox, só vai adiar o inevitável." "Verdade." O comandante ficou em silêncio por alguns momentos, depois assentiu. "OK. Você tem a minha permissão para viver fora da base nas próximas duas semanas. Mas não gosto que a casa da Jacee seja fora do nosso perímetro. E sim, mesmo vinte minutos é longe demais em nossa linha de trabalho. Vou ter que achar uma solução alternativa se os dois insistirem em ter o seu próprio lugar." "É justo", disse Micah, seu entusiasmo borbulhando. "Obrigado, chefe".
"Não faça eu me arrepender disso." Puxando a Jacee para fora do escritório, Micah esperou até que estivessem bem distantes, antes que a empurrasse contra a parede e a beijasse sem sentido. "Me sinto como um adolescente, de novo", respirou. "Estamos quase fora daqui." "Vamos pegar algumas coisas suas." Excitação brilhou em seu rosto. Segurando a mão dela, levou-a até o seu quarto e digitou o código de acesso e entraram. Nunca foi mais consciente de quão triste e austero era o seu espaço como naquele momento, com sua Companheira ao seu lado e a felicidade recém-descoberta brotando em seu peito. "É ... arrumado." "É pior do que o meu quarto no hospital", admitiu. "Poderia usar o toque de uma mulher. Ou o toque de ninguém além do meu, já que tenho vontade de decorar e o conhecimento de um tijolo." "Bem, vamos dizer que tem potencial." Diversão dançou em seus olhos. "Alguns dos outros caras deixaram seus apartamentos muito descolados." Deu de ombros. "Nunca me importei muito." Porque tinha estado deprimido e doente por vários meses, desde o seu retorno. Mas estava, lentamente, colocando essa parte da sua vida para trás. Com um pouco de sorte, estava mais do que bom.
Colocando a mochila dela em cima da cama, procurou sua mochila preta no armário. Achando, jogou-a sobre a cama e a encheu, rapidamente, com jeans, camisetas e casacos. Colocou duas camisas sociais, também, pensando no restaurante da cidade. Por último, a roupa de baixo e os artigos de higiene pessoal, e estava pronto para ir. Colocando ambas as mochilas no ombro, se virou para ela. "Pronto." Na saída, fez questão de parar nos aposentos do Aric e da Rowan e lhes dizer onde estaria. Deus o ajudasse se saísse sem se despedir da sua irmã. Ficaria toda chorosa, nem parecendo ela mesma. Mas ela e o Aric tinham passado um inferno se preocupando com ele, então aliviou para o lado dela. Lá fora, guiou a Jacee até o hangar e para a área onde os seus veículos
pessoais
estavam
estacionados.
Ficou
claramente
impressionada com todas as vans e as aeronaves. "Caralho! Hueys? E um jatinho particular? Jesus, quantas vans vocês têm?" "Várias. Todas elas pertencem à Alpha Pack." "Quem paga por tudo isso? O Governo?" "Algo assim." "Você sabe que vai ter que me contar essa história", ela insistiu. "Como vocês se tornaram a Alpha Pack."
"Contarei. Vamos chegar à sua casa e relaxar, em primeiro lugar, que tal?" Destravou as portas e a ajudou a entrar. Em seguida, jogou as mochilas na parte de trás, deu a volta e entrou. Uma vez que estava a caminho do portão, perguntou: "Você está com fome?" "Sim. Mas não de comida." O olhar que ela lhe deu quase o fez pisar fundo no pedal do acelerador. Cada gota do seu sangue recém-purificado correu para baixo e seu pênis ficou rígido dentro do jeans. Os vinte minutos de carro até a parte da cidade onde ficava sua casa nunca pareceu tão longo, mas dirigiu com cuidado. A última coisa que precisava era ser parado pelo Deveraux ou por um dos seus assistentes. Ser assediado pelo delegado uma vez em um mês, já era muito. Finalmente, estacionou na frente da casa dela e pegou as mochilas. Quando começaram a caminhar, sentiu uma pontada de tristeza momentânea enquanto olhava para o lugar. Ela tinha trabalhado tão duro para torná-la bonita e acolhedora, mas o Nick nunca ia permitir que eles vivessem aqui. Não, se o Micah quisesse permanecer na equipe. Não tinha certeza de qual solução o chefe arranjaria, mas viver na cidade não seria uma opção. Jacee abriu a porta, entraram e ela apontou para um corredor. "Meu quarto é lá no fundo. Tem dois. O meu é o da direita." "É o único do qual vamos precisar." Com os lábios se curvando em um sorriso, caminhou para lá, consciente de que ela o estava seguindo.
O cheiro dela provocou seu nariz, a excitação aumentando em potência. No quarto, jogou as mochilas no chão, perto da cama, e se virou, puxando a Jacee para os seus braços. Não podia esperar nem mais um segundo para tê-la novamente. Para sentir sua pele nua contra a dele, para enterrar o pênis em suas profundezas e senti-la apertando em torno dele. Tomou sua boca avidamente, lambendo seu calor doce. Explorando, sua língua duelou com a dela. Ela gemeu, se arqueando contra ele, correndo as palmas das mãos sob a camisa para acariciar suas costas. Dedos delicados mapearam suas cicatrizes, cruelmente feitas ao que parecia, há não muito tempo atrás. Mas ela tornava tudo certo. Quando estava em seus braços, não havia nenhuma razão para duvidar ou para ter medo. Não havia razão para estar qualquer coisa menos que feliz, por tê-la encontrado entre as milhões de pessoas no país, e ela o aceitou completamente. Até mesmo as cicatrizes que carregava em seu interior. Especialmente aquelas. Por causa da Jacee, estava curado. Estava quase lá. "Vamos para a cama", sussurrou, "porque vou fazer amor com você durante toda a tarde. E vou reivindicá-la como minha companheira, se você me aceitar." "Ah, sim. Por favor."
Ela atacou sua boca novamente e caĂram no colchĂŁo, rasgando as roupas um do outro. Esse era todo o incentivo que precisava. Era hora de reivindicar sua Companheira e seu futuro.
Micah não se sentia tão vivo há anos. Desde que despertou em um hospital militar, em um buraco esquecido por Deus e descobriu que tinha se tornado parte besta. Tinha lutado, desde então, para recuperar alguma coisa do seu antigo eu. Uma pequena quantidade de paz. Com seus irmãos da Alpha Pack, encontrou a sensação de pertencer, a aceitação. Com a Jacee... encontrou a outra metade de sua alma. Dilacerado por uma urgência que nunca tinha sentido antes, cobriu o corpo dela com o dele e enterrou o nariz em seu pescoço. Seu lobo quase emergiu quando seu doce perfume o envolveu e só um esforço brutal manteve a sua parte animal controlada. Mordiscando embaixo da sua mandíbula, provou a essência dela, saboreando-a em sua língua. Isso causou estragos na sua tentativa de ir devagar, entretanto, e praticamente a devorou em sua viagem para baixo.
Pelos ruídos encorajadores que ela estava fazendo, não se importava nem um pouco. Lambeu os dois seios, adorando-os com toda a atenção que mereciam antes de passar para o seu umbigo e para a barriga. Ela deu uma risadinha quando ele roçou sua boceta, mas engasgou, segundos depois, quando separou as dobras do seu sexo e encontrou seu prêmio. Seu lobo podia estar contido, à princípio, mas era um menino mau e não conseguiu se conter. Micah permitiu que sua língua para se transformasse em um comprimento antinatural e fez bom uso dela. Sua companheira se contorcia e gemia, aparentemente, achando agradável dessa maneira, reforçando a sua autoconfiança. Podia estar danificado, mas sua resposta provou que foi feito para ela, e ela para ele.
Nenhum
outro
casal
se
encaixava
tão
bem
como
os
Companheiros destinados. Primeiro, lambeu sua fenda, em seguida, brincou com a pequena protuberância do seu clitóris até que ela estava gritando e puxando seus cabelos. Dando uma risada gutural, se arrastou para cima, sobre o seu corpo e se acomodou sobre ela, se apoiando nos cotovelos, beijando-a profundamente. Estendendo a mão entre eles, guiou seu pau até sua abertura, seus olhos nunca abandonando os dela. Em seguida, deslizou para dentro dela e foi recompensado com pura felicidade quando o calor dela envolveu seu pênis, abraçando-o deliciosamente.
"Como está, baby?" Sussurrou. "É isso o que você quer, o que precisa?" "Sim." "Me diga." "Me foda. Me reivindique. Faça-me sua", respondeu asperamente. "Qualquer coisa que você quiser, Companheira. Quando e como me quiser." Lhes dando o que tanto desejavam, começou a movimentar o quadril, golpeando dura e rapidamente. Ela se encontrou fazendo amor com igual paixão, dando tanto quanto recebia. Nunca tinha estado com alguém que combinasse com ele tão perfeitamente, e não era só porque o destino tinha decretado que era sua Companheira. Tocou o seu lobo, mas tocou o homem também. Rapidamente, a espiral da paixão começou a ficar fora de controle. Antes que ele atingisse o ponto sem volta, tomou-a nos braços e se sentou, puxando-a com ele, para se sentar no seu colo. Ela não precisou de aviso para montá-lo, saltando sobre o colo dele enquanto segurava seus ombros. A posição íntima, esfregando seu corpo contra o dele, mandou-os para o limite e além. Micah não conseguiu se segurar. Suas bolas se retesaram e seu clímax explodiu, atirando sua semente profundamente dentro dela. O instinto primitivo assumiu, suas presas despontando. Quando a Jacee
inclinou a cabeça para o lado em um convite silencioso, estava perdido. No instante em que afundou as presas na carne macia, na curva entre o seu pescoço e o ombro, foi como se uma bomba tivesse sido detonada no centro dele. Quando Jacee gritou, o prazer explodiu em uma luz dourada, banhando todas as células em uma chuva brilhante e cintilante, que era tão pura que quase doía. Em seguida, o pó dourado se agrupou, formando um sólido fio que buscava sua Companheira. Procurava. "Me morda", disse ele com a voz rouca, inclinando a cabeça. Ela não hesitou. Quando afundou suas presas, um segundo terremoto abalou a ambos. Choramingando, manteve a mordida por alguns segundos enquanto orgasmos os sacudiam novamente. Nesse momento, o fio se estendeu novamente e encontrou o dela, e se fundiram, se encaixando. Uma ligação impenetrável que não seria quebrada, exceto pela morte. "Oh, meu Deus." Acariciou o cabelo dela, tentando acalmar o coração acelerado. "Não é?" "Isso foi incrível." Cuidadosamente, deslizou para fora dela, em seguida, puxou-a para baixo, junto com ele, e a abraçou.
"Estamos acasalados de verdade, agora." Jacee se aconchegou do seu lado com um suspiro de satisfação. "Sim. Mas, sabe? Mesmo se eu fosse humano, meu coração teria reconhecido você em qualquer lugar." "Essa é, apenas, a coisa mais maravilhosa que alguém já me disse." Uma fungada reveladora chegou aos ouvidos dele. "É melhor você se acostumar com isso. Pretendo dizer muito mais do que isso." Permaneceram
entrelaçados
por
um
tempo,
em
completo
contentamento. Ouvindo os sons do vento nas árvores do lado de fora, os pássaros, um carro ocasional, sua mente viajou. Imaginou como sua vida podia ter sido diferente se tivesse ficado em casa, como a sua mãe queria. Se nunca tivesse saído de Los Angeles, tivesse encontrado um emprego decente lá, talvez seguido Rowan na força policial. Como sua mãe teria sido poupada do que estava por vir. Mas estava tão feliz agora, não mudaria nada, então o que é que isso fazia dele? Como sempre, um sentimento de culpa criou um nó em sua garganta. "Ei", a Jacee disse suavemente. Se movendo, apoiou-se no cotovelo para olhar para ele. "O que é essa culpa que está vindo de você, Companheiro?" "Oh, oh. Você pode ler a minha mente agora?" Micah olhou para ela com um meio-sorriso.
"Não acho que funciona dessa maneira, literalmente. Mas devemos ser capazes de falar telepaticamente, agora, e acredito que conseguimos captar sentimentos um do outro, também. Senti que você está sério, agora, com uma espécie de culpa. O que foi?" "Minha mãe", disse calmamente. "Morreu pensando que eu tinha sido morto no exterior. Estava me perguntando como minha vida teria sido diferente se tivesse ficado em casa, em Los Angeles, como ela queria, talvez me juntado ao Departamento de Polícia, como a minha irmã. Ela não teria que viver com isso. Mas, então, não teria encontrado a outra metade da minha alma. Teria faltado alguma coisa toda a minha vida e nunca seria capaz de imaginar o que era." "Entendo." Sua expressão mostrava isso. "É natural questionar as escolhas que fazemos, no entanto. O que poderíamos ter feito de forma diferente. Creio firmemente, agora, que a vida acaba do jeito que tem que acabar, mas nem sempre aceito isso." "Eu também. Mas estou me acostumando. Entrei para os SEALs, e não há como mudar o que aconteceu depois disso. Em seguida, foi apenas mais fácil em alguns aspectos, deixar a Mama acreditar que eu estava morto, e ter um encerramento, do que enfrentar o que me tornei. Melhor para ela e para a Rowan." "No fundo, acho que a sua mãe nunca se conformou, realmente, não se a visita do espírito dela no hospital serve como indicação. Sua irmã, certamente, nunca acreditou que você estava morto, pelo que reparei."
"Não. Ela nunca desistiu de procurar por mim, e isso a trouxe até aqui, ao Wyoming." "Como ela o encontrou?" "Ela tem um amigo que é agente do FBI, e ele tem contatos. Alguém bisbilhotou sobre o complexo e o deixou dar a dica para ela. Se o Nick soube quem foi o responsável por soltar a informação, não falou." "Esse tipo de vazamento pode ser perigoso." "Mais do que isso. Pode imaginar o que aconteceria se o mundo descobrisse que criaturas paranormais são reais? Quero dizer, há pessoas que acreditam no paranormal, como espíritos e demônios e esse tipo de coisas, e alegam que existem. Mas a população em geral não tem nenhuma pista do que está, na verdade, à espreita no escuro." Jacee estremeceu. "Seria uma bagunça caótica. Os superiores no governo sabem, mas negam tudo. Imagino perseguições e outros movimentos dos direitos civis do tipo que nunca vimos." "Jesus, vamos esperar que isso nunca aconteça." "Sim, esperemos." Ela fez uma pausa, estudando-o, com o queixo apoiado no peito dele. Gostava dela aninhada em cima dele como um cobertor. "Então, como você se tornou um shifter lobo? Se for muito doloroso falar sobre isso, vou entender."
"Não, querida, está tudo bem", tranquilizou-a, afastando uma mecha do cabelo escuro do rosto dela. "Não há nada que eu não possa te dizer. Por mais horrível que que tenha sido aquele dia, tive sorte. Muitos dos nossos amigos não conseguiram sair de lá vivos..."
Afeganistão, sete anos atrás. . . "Jesus Cristo, estou coçando", Raven reclamou, esfregando a virilha. "Quando, finalmente, conseguir trocar essa cueca, provavelmente, vai andar sozinha." Micah riu da rabugice do amigo. Para um SEAL de verdade, ninguém adorava estar mais limpo do que Raven DeLuca. Como sobreviveu à Semana Infernal era uma incógnita. "Com a ajuda dos carrapatos que você pegou daquela mulher na última aldeia." "Cala a boca, pinto pequeno. Ela não me passou carrapatos." Micah riu e o Aric e alguns dos caras riram junto com ele. Continuaram andando e Micah continuou a conversar. Ninguém estava prestando atenção a eles, todo mundo perdido em seus próprios pensamentos. "Ei, Raven?" "Sim?" "Você já pensou em se acomodar com uma mulher?"
Seu amigo lhe lançou um olhar divertido. "Para que, diabos?" "Certo. Seu galinha. Esqueci completamente, erro meu." "O que há de errado com isso?" Raven parecia genuinamente perplexo. "Nada." Micah se sentia solitário, às vezes. Como se houvesse alguma coisa a mais no mundo que ainda não tinha descoberto. Pensou que, talvez, se juntar aos militares iria ajudá-lo a encontrar o que estava procurando, mas até agora continuava de mãos vazias. Não estava a ponto de dizer isso ao Raven que, provavelmente, ia transformar sua confissão em uma piada. Em vez disso, mudou de assunto. "Você acha que existe alguma coisa do além, lá fora?" "Como o quê?" "Você sabe, coisas. Lá fora, no universo", Micah disse, acenando com o braço para o céu em geral. "Alienígenas, fantasmas, merdas como essa." Seu amigo lhe lançou um olhar confuso. "Você é uma pessoa estranha, sabe?" "Então, você é um cético?" Caminharam alguns passos antes do Raven responder: "Não sei. Desde os tempos antigos, as pessoas têm escrito sobre ver algo
paranormal, fazer contato, o que seja. Então, quem pode dizer? Vejo alguns programas interessantes na televisão quando não há mais nada no History Channel, de qualquer maneira." Micah sorriu, balançando a cabeça. Raven era um dos caras mais simples que conhecia, e não era propenso a especular sobre essas coisas. Essa era uma resposta típica dele. "Verdade." "O que você acha?" O amigo perguntou, curioso. "Eu digo, nós não estamos sozinhos", imitou, em sua melhor imitação de programas sobrenaturais. "Bem, você nunca vai estar sozinho. Tem essas pequenas vozes na sua cabeça para lhe fazer companhia." Seu amigo sorriu e caminhou para a frente. Pelo menos, o Micah tinha sido bem-sucedido em tirar da mente a imagem do Raven coçando dentro da roupa de baixo. Estavam todos no mesmo barco e ninguém queria ver isso. Os homens avançaram pelo mato cerrado, utilizando os canos das armas para afastar galhos e folhagens. Foda-se que iam reclamar, mas o Raven estava certo. Estava tão quente que podiam, literalmente, fritar um ovo no capô de um dos caminhões, se tentassem. Se tivessem um ovo. Ou qualquer coisa que parecesse um alimento fresco e não algo congelado ou desidratado, saído de um saco. "Quietos", Jax sussurrou, parando abruptamente. Enrijecendo, estudou a floresta montanhosa ao redor deles, franzindo a testa. Em algum
lugar escondido na vegetação, um passo rangeu à sua esquerda. Outro à sua direita. E um, atrás. Micah gelou e olhou para o Raven. "Não gosto disso", sussurrou, a voz quase inaudível. "Esta área deveria estar limpa. Nós temos quilômetros a percorrer antes de alcançarmos a nossa meta." Então, a floresta ficou silenciosa como um túmulo. Nunca, isso nunca era um bom sinal. Os olhos do Micah foram para o Raven, então, para o Aric. Os homens ficaram tensos, prontos para qualquer coisa. Ou assim pensaram. Tum, tum, tum. O chão tremeu e as folhas balançaram. Quando um rugido gutural perfurou o ar, o coração do Micah quase parou. Ao lado dele, Aric saltou, apontando o cano da sua M16 para as árvores, uma gota de suor escorrendo sobre o seu nariz. "Merda", Micah sussurrou. "Que porra é essa?" Olhando com um choque horrorizado, sabia que se houvessem mais dessas criaturas, poderia não viver para contar a alguém o que tinham encontrado. A coisa que atravessou a folhagem à sua esquerda estava erguida sobre as duas pernas e tinha mais de dois metros de altura. Coberto com um espesso pelo marrom acinzentado, tinha o tronco longo, dois braços, ombros musculosos e uma cabeça com duas orelhas eretas e um longo focinho cheio de dentes afiados. "Uma porra de um lobisomem?" Micah sussurrou. Ninguém o ouviu.
Porque naquele momento, seu amigo Jones começou a gritar, atirando balas no peito do animal. E tudo ficou completamente fodido – fodido além de todo reconhecimento. A criatura cambaleou para trás e, em seguida, se ergueu rapidamente, correndo para o Jones. Com um golpe de uma pata do tamanho de um prato de jantar, o grande bastardo rasgou a garganta do Jones, em seguida, o lançou para o lado como se fosse um galho. Em seguida, se virou e se lançou sobre o Raven, mordendo seu pescoço e o ombro enquanto o homem gritava. Micah começou a correr em direção ao amigo, porém, mais animais surgiram de dentro da floresta e foi forçado a se virar e abrir fogo. Mais uma vez, as balas pareciam ter pouco ou nenhum efeito, no fim das contas. Na verdade, parecia que as feridas das criaturas cicatrizavam diante dos seus olhos, quase tão rápido quanto eram baleados e ficavam cheios de buracos. "Oh, meu Deus", gemeu, girando ao redor, os olhos selvagens. As armas não estavam resolvendo. Rapidamente, largou o M16 e puxou a longa faca da bainha em sua panturrilha. Combate corpo a corpo com um lobisomem. Que tinha quase dois metros e meio de altura e podia se curar instantaneamente. Isso não ia terminar bem. Ali perto, Aric se agachou e agarrou uma granada enquanto seus amigos caíam em torno deles, depois de travar uma batalha que não
podiam ganhar. A coisa que tinha matado o Jones balançou o Raven como uma boneca de pano, o soltou e correu para o Aric. O amigo do Micah lançou a granada pelo ar. Caiu nos pés do alvo e explodiu, enviando a maldita coisa para o inferno. Mas não era o suficiente. Não tanto. Micah encarou sua própria batalha, avaliando um dos grandes bastardos. Então aquilo sorriu, separou os lábios enegrecidos para revelar dentes amarelados. Irregulares longos, e lutou contra um arrepio. Ok. Combate mano-a-mano. Ele tem uma garganta e um coração, então vá até eles. Você consegue fazer isso. Como se estivesse lendo os pensamentos do Micah, a criatura rugiu e atacou. Abaixando, Micah se esquivou, evitando o golpe letal das garras afiadas que passaram sobre a sua cabeça. O homem-lobo grunhiu quando o Micah acertou seu torso e soltou um grito de raiva quando mergulhou a lâmina no seu peito e empurrou para cima. Rapidamente, puxou a faca enquanto caíam no chão, juntos; então, pulou no peito do animal. Os olhos dele estavam arregalados, com um conhecimento muito humano da sua intenção, na fração de segundo que levou para o Micah cortar a garganta do monstro. Respirando com dificuldade, Micah assistiu o desbotamento da luz no olhar do lobisomem e soube que o momento de humanidade que tinha vislumbrado o perseguiria por um bom tempo. O que eram eles? Mas, não havia mais tempo para pensar sobre isso.
Outra criatura pulou em cima dele, jogando-o para o lado com um rugido, tirando-o de cima do seu companheiro caído. Sem equilíbrio, Micah
pousou
no
braço
que
segurava
a
faca
e
tentou,
desesperadamente, rolar, alterar as posições. Pegou a faca, seu corpo em posição de luta. Mas um forte conjunto de mandíbulas apertou sua coxa, e ele gritou, se retorcendo. Agonia atravessou músculos e ossos, e ele bateu na cabeça da criatura, sem sucesso. A besta o soltou, apenas para tentar atacá-lo novamente, indo até a garganta do Micah. Em vez disso, Micah acertou o antebraço na mandíbula do lobo, fazendo-o engasgar. Um grito rouco escapou dos seus lábios e a criatura atacou mais uma vez, mordendo seu ombro, as presas cravando profundamente e o sacudindo como um cachorro com um osso. Com suas últimas forças, Micah mergulhou a lâmina no pescoço da criatura. Uivando, cambaleou para trás e caiu, segurando a ferida. Olhando para o Micah, correu em direção a ele, com a intenção clara de acabar com ele, mas não o fez. O lobo caiu de bruços e não se mexeu, o sangue escorrendo pelo chão. Ofegante, Micah levantou a cabeça, ignorando a dor que o envolvia; em seguida, desejou não ter feito isso. Seu ombro e o seu peito estavam uma bagunça de músculos mutilados, assim como a sua perna, o fêmur ensanguentado aparecendo através das calças camufladas. O braço parecia que estava pendurado por um fio, dentro da jaqueta.
Moribundo. Estava morrendo, e não conseguiria ajudar os seus amigos. Esse conhecimento era mais angustiante do que suas feridas. Através de uma névoa vermelha, viu o Jax cair, em seguida, o Ryon, o Nix, e tantos outros. Todos eles, um por um. Exceto o Aric, que ainda estava conseguindo manter uma boa luta. Desembainhando a faca, Aric girou para enfrentar a besta que surgiu no seu flanco. "Vamos, cadela. Vamos dançar." "Pegue-o", Micah sussurrou por entre os lábios ensanguentados. Mas seu amigo não podia ouvir. Aric correu e saltou, enterrando a lâmina até o cabo na garganta da criatura. Quando caiu, Aric girou, esticou a mão e Micah assistiu, com espanto, uma coluna de fogo disparar da palma da mão do Aric e tomar conta do homem-lobo. Gritando, a besta caiu no chão, se contorcendo enquanto queimava. "Tome isso, filho da puta!" Micah piscou. Que porra foi aquela que aconteceu? Em seguida, movendo-se lentamente, Aric pegou outra granada. "Vamos lá, seu filho da puta horroroso. Venha para o papai." A criatura correu para o Aric e o derrubou no chão, então ele puxou o pino da granada. Quando o lobo encostou o nariz na cara do Aric, a boca aberta, seu amigo bateu com o punho na garganta do animal, empurrando o braço tão longe quanto podia. Imediatamente, a coisa
empurrou de volta reflexivamente, arranhando seu ombro e o braço para desalojá-los. Aric recuou, movendo-se rapidamente. A granada detonou, pulverizando pele, sangue e vísceras por toda parte. Deus. Aric ficou imóvel e Micah rezou para o homem não estar morto. Então, percebeu que os sons da batalha tinham cessado após a detonação da granada. Agora, haviam apenas os gemidos dos feridos e moribundos. Tentou se mover, novamente, mas seus membros pareciam estar cobertos de cimento. Seus pulmões pareciam molhados, e soube estava se afogando no seu próprio sangue. Era apenas uma questão de tempo. "Mãe", engasgou. Lágrimas rolavam pelas suas têmporas, até o seu cabelo. "Sinto muito. Eu sinto muito." Sua mãe não queria que ele se juntasse ao exército. Agora, choraria a perda do único filho. E era tudo por sua culpa. "Ei", disse uma voz acima dele. Uma palma repousou no seu cabelo. "Parece fácil." Piscando, Micah tentou se concentrar. "Quem?" "Sou eu, o Zan. Sou um Curandeiro e vou ajudá-lo, certo? Basta ficar calmo." "É o que?" Estreitando os olhos, Micah olhou para o amigo. O cabelo escuro do Zan e olhos azuis sérios, mas suaves, estavam claros.
"Sou um Curandeiro", Zan repetiu, os lábios se curvando. Mas havia tristeza no pequeno sorriso, e um pouco de dor. "Surpresa, hein? Todos temos nossos segredos." "E quem é que vai curá-lo?" O ombro de Zan tinha sido muito machucado por aqueles bastardos. "Não se preocupe com isso, agora. Vamos cuidar de você." Um Curandeiro? O cara devia estar fora de si pela dor e pelo choque. Era compreensível. Com a mão boa, Micah agarrou o amigo pelo braço. "Zan. Diga à minha mãe e à minha irmã que eu amo as duas", sussurrou. "Por favor." "Shh", Zan o acalmou, colocando uma mão no peito mutilado do Micah. Seus olhos azuis estavam cheios de dor. "Apenas, espere. Você vai conseguir, confie em mim. Vai ver a sua mãe e a sua irmã novamente. Prometo." "Diga a elas." "Prometo, mas não será necessário. Você mesmo vai dizer." Uma luz azul brilhante envolveu o Micah e calor atravessou o seu corpo golpeado, em cada membro. Dor e choque o inundaram e, finalmente, o tomaram. Zan tinha estado apenas metade certo naquele dia horrível. Micah tinha sobrevivido.
Mas nunca viu sua mãe novamente.
Micah terminou sua história e seu coração apertou ao ver lágrimas nos belos olhos da sua Companheira. "Ei, não tive a intenção de fazer você ficar triste", disse suavemente, beijando seus lábios. "Ficou tudo no passado, não muda o que aconteceu." "Eu sei. Simplesmente não posso imaginar o quão terrível foi aquele dia, todas aquelas vidas perdidas." Cobriu o lado do seu rosto com as cicatrizes. "É um milagre o seu grupo de amigos ter sobrevivido." Ele deu um riso amargo. "Não é tão milagroso, baby. Descobrimos, há não muito tempo que todo o evento foi criado pelo nosso próprio governo - ou por alguns indivíduos pervertidos, de qualquer maneira. O nosso grupo - Jax, Ryon, Nix, Zan, Aric, Raven e eu - fomos colocados no caminho dos lobisomens de propósito. Sabiam que tínhamos habilidades Psíquicas e estavam querendo nos transformar fortes o suficiente para sobreviver." Jacee engasgou. "Deus, isso é horrível!" "Sim. Sem contar quantos dos nossos amigos que foram mortos, e possuíam habilidades, também. Todas essas vidas, desperdiçadas por ganância. Um par de altos funcionários do governo estavam sob o controle do Malik e os Unseelies fizeram com que o resto acontecesse como ele queria, mais tarde."
"Os testes nos laboratórios para criar super soldados?" "Certo." Ficaram deitados juntos, em silêncio, e podia dizer que ela estava esperando ele falar mais. O que mais havia para dizer? Não queria que esse período da sua vida a tocasse mais do que já tinha feito. Posso sentir que você está preocupado. Pode me contar qualquer coisa, ela sussurrou na sua mente. Se sentando rapidamente, olhou para ela. "Uau. Foi você?" Sim,
isso
fui
eu!
Companheiros,
realmente,
podem
falar
telepaticamente. Sorriu para ele. "Sei que os outros Companheiros conseguem fazer isso, mas... uau! Isso é muito legal." "Experimente." Hum, oi? Se sentiu meio idiota, sem saber se tinha mesmo funcionado. Até que, rindo, ela o abraçou com força. Isso é ótimo! Quer sair para uma corrida? Podemos testar um pouco mais em nossas formas animais. Certo. Podemos tentar outras coisas em nossas formas animais, também. Ele balançou as sobrancelhas sugestivamente. Ela riu. "Não tenho certeza sobre isso. Meio estranho, não acha?"
"Por quê? Ainda seriamos nós. Apenas peludos." Fez uma pausa, regalando-a com seu divertimento. "Você é uma shifter nascida. Nunca fez isso, bem, ao natural?" Ela encolheu os ombros. "A maioria do meu clã fazia, e diziam não ser grande coisa. Nunca estive com alguém que sugerisse isso." "Humm." "O quê?" "Nada." "Você vai fazer beicinho?" "Não estou fazendo beicinho. Você não disse que não, ainda." Balançando a cabeça, deslizou para fora dele e estendeu a mão para puxá-lo para cima. "Vamos. Temos que nos vestir, para podermos ir para as terras da Alpha Pack, para a nossa corrida. É mais seguro lá." "Concordo." Embora não estivesse interessado em abrir mão do ninho quente com a Jacee em seus braços, uma corrida com ela parecia divertido. Então, forçou sua bunda preguiçosa para fora da cama e se vestiu, lamentando mais do que um pouco que a sua Companheira estava cobrindo a pele linda com roupas. Logo seriam removidas novamente, no entanto, e se alegrou novamente.
Em questão de minutos, os dois estavam correndo pela estrada no seu carro esporte, deixando os problemas para trás, mesmo que apenas por um tempo. Não queria que nada arruinasse esta tarde, especialmente após seu acasalamento. Hoje devia ser um dia de alegria, não de preocupações sobre as sombras que ainda pareciam rodeá-lo. Ainda assim, por alguns momentos, a ânsia sombria pelo Myst o atravessou, acenando para ele se perder em sua névoa. A droga podia ter sido retirada do seu organismo, mas não o vício, e estava aterrorizado que nunca fosse diminuir. Não agora, disse a si mesmo. Se preocupe com isso mais tarde. Tomando sua mão, Jacee o estudou com preocupação. "Preocupar-se com o quê?" Merda. "Eu disse isso em voz alta?" "Humm, sim. Isso saiu completamente sem defesa. Não quero que você esconda seus problemas de mim", se apressou a acrescentar. "Como já disse antes, você pode me dizer qualquer coisa." "Não estou escondendo nada, baby", garantiu. Depois, suspirou. "É aquela maldita droga que eu estava tomando. Me recuso a colocar mais daquilo no meu corpo, mas isso não impede que o desejo venha. É uma merda, isso é tudo."
"Oh, querido. A Mac não pode lhe dar algo para as crises, temporariamente? Isso é o que fazem com os seres humanos, quando eles precisam." "Não sei se iria funcionar. E, honestamente, não sei se quero trocar uma droga por outra." "Ok." Mas não parecia convencida. "Vou apoiá-lo, no que você desejar ou precisar." "Obrigado. Isso significa mais do que você imagina." Em minutos, estavam entrando velozmente na estrada que levava ao complexo e atravessaram o portão. Uma vez que estavam a caminho novamente, tomou uma direção diferente de antes, para sua corrida. Uma ideia começou a se formar e empurrou todos os pensamentos desagradáveis da sua mente. Excitação começou a crescer quando, finalmente, estacionou e desligou a ignição. "Pronta?" Perguntou. "Quando você estiver." Saíram e caminharam um longo tempo pela floresta antes que ela perguntasse, "Estamos longe do complexo, agora?" "Não muito. Mais ou menos um quilômetro, por esse caminho." Apontou para trás, onde tinham deixado o carro. Como tinham feito antes, caminharam até os arbustos e se despiram, deixando as roupas cuidadosamente dobradas em um tronco caído.
Micah levou alguns momentos olhando sua mulher nua, então se transformando facilmente para sua forma de lobo, ficou sobre as quatro patas. Logo, a pequena coiote estava ao lado dele, tão ansiosa quanto ele, para partir. Saiu na frente, assumindo a liderança. Tem um lugar que quero te mostrar. Ok. Onde? Você vai ver. Não é muito longe daqui, talvez uns quatrocentos metros. Posso sentir o seu entusiasmo. Oh, é mesmo? Só espere. Se estivesse na sua forma humana, não teria conseguido esconder o sorriso. Em breve, chegaram a uma brecha nas árvores. A clareira estava banhada pela luz do fim da tarde, rodeada por árvores majestosas e limitada no lado oposto por um belo córrego. Desacelerando para uma caminhada, ele andou até o centro do prado e se sentou sobre as patas traseiras. Ao lado dele, esfregou seu rosto, lhe deu uma lambida, em seguida, fez o mesmo, sentando ao lado dele. O que você acha deste lugar? Perguntou. É lindo. Mas, em todo caso, a maioria das áreas ao redor é assim.
Verdade. Fez uma pausa. Você pode nos enxergar construindo uma vida aqui? Com isso, ela voltou à forma humana, em um instante e se sentou de boca aberta, olhando para ele. "Você quer dizer, aqui? Neste lugar?" Voltando à forma humana, também, sorriu, segurando suas mãos. "Sim. O que você acha?" "E o primeiro lugar onde corremos, aquela noite?" "É lindo lá, também, mas esta área é mais próxima do complexo. Acho que o Nick ficaria mais propenso a aprovar a construção de uma casa aqui. Ele tem que pensar em toda a equipe, é claro, e quão rápido podemos nos reunir, se recebermos uma chamada." Ela pensou nisso, parecendo ficar animada também. "E já que está há apenas um quilômetro e meio, mais ou menos, de distância do complexo, você pode estar lá em menos de cinco minutos." "Sim." "E se ele der o seu aval e outros casais acasalados quiserem suas próprias residências particulares, também? Ele pode decidir que são muitos membros da Alpha Pack fora das instalações." Um pouco de preocupação nublou seu otimismo. "Pensei nisso, mas, sinceramente, não acho que vai ser um problema. A maioria deles realmente gosta de viver lá. Eu também. É apenas... não sei. Desde que fui resgatado e trazido de volta para cá, me sinto
sufocado. Tenho uma necessidade profunda de espaço, ou acho que vou enlouquecer, e sei que o Nick percebe isso." A felicidade e a esperança entraram novamente nos olhos dela, que sorriu. "Então, acho que deveríamos perguntar e ver o que ele diz." "De verdade?" Segurou a mão dela firmemente e a puxou para o seu colo. "Definitivamente." Passou os braços em volta do pescoço dele e deu um beijo profundo nos seus lábios. "Embora, se formos viver aqui, precisamos conseguir uma van de algum tipo, ou aquela sua Mercedes vai levar uma surra." "Qualquer coisa que quiser." "Sabe o que tenho notado?" "Não", disse. "O quê?" "Você não fica mais constrangido quando sorri." Ele sentiu o rosto esquentar um pouco. "Isso é porque você me faz sentir bem, de dentro para fora. Eu lhe disse, quando me sinto feio não é tanto por causa das minhas cicatrizes. Foi a maneira pela qual as consegui. Quão destruído aqueles bastardos me fizeram sentir, no fundo da minha alma." "Eu sei, querido", disse baixinho. "Mas isso está mudando. Você está se curando."
"Estou, principalmente, graças a você." "Sinto muito que tenham te machucado. Queria poder matar todos eles pelo que fizeram com você e as outras vítimas." "Minha coiote malvada", ele brincou, tentando aliviar o clima novamente. "Estou falando sério." "Eu sei." "Como é que eles-" "Não", interrompeu, sabendo o que ela ia perguntar. "Não há nenhuma necessidade de você ouvir todos os detalhes. Eles gostavam de me machucar, e me faziam machucar outras pessoas pelo seu projeto. Nunca fui forçado a machucar ninguém sexualmente, mas não me foi dada essa mesma consideração no que concerne aos guardas. Isso é tudo que vou dizer sobre esse assunto porque está no passado." "É isso?" Ela procurou seu olhar. "Sim." Ele falou sério. Ter sido abusado nunca tinha sido tão importante para ele quanto ter sido forçado a causar sofrimento nos outros. Essa era a verdadeira raiz de seus problemas. Ela deve ter sentido sua honestidade, porque deixou o assunto para lá. Em vez disso, segurou seu rosto e o beijou ferozmente, montando-o e se contorcendo no seu
colo. Seu pau respondeu com entusiasmo, endurecendo ao ser pressionado contra sua fenda e suas nádegas. Os movimentos dela causaram arrepios de emoção na sua virilha e na base da sua espinha, espalhando-se por cada célula. Apalpando seus seios, mordiscou seu pescoço, inalando o perfume inebriante. Dentro dele, seu lobo rosnou, mas Micah manteve um controle firme sobre ele. Quase. Tanto o homem, quanto o animal, desejavam desesperadamente que ela envolvesse o seu pênis. Este último estava exigindo as coisas à sua maneira e, infelizmente, estava sendo bloqueado. Sua excitação adoçou o ar. Através do vínculo, sentiu a coiote responder ao seu Companheiro. Ambos estavam lutando para serem postos em liberdade, mas seus lados humanos mantiveram o controle. Se alimentaram da boca um do outro, famintos, enquanto ela guiava o pênis dele até sua abertura, em seguida, se inclinou sobre o peso dele. Sussurrou de prazer quando ela começou a montá-lo, empurrando contra ele, movendo-se mais rápido até que ele estava quase perdendo os sentidos. Seus corpos batiam juntos, ferozmente, seus gemidos se tornando parte da canção da floresta. Pertenciam a aquele lugar, entre as árvores, os pássaros e as outras criaturas, simplesmente um outro par acasalado fazendo o que era natural, mas muito mais. Estavam unidos pelos seus corações, também. Podia sentir isso e imaginou se ela sentia, também.
Sim. Seus pensamentos eram muito transparentes. Mas a resposta dela tocou algum lugar dentro dele, uma paisagem estéril na qual tinha estado sozinho por muito tempo. Ela trouxe cor e luz ao seu mundo cinzento e escuro e o despertou. Lhe deu esperança. O ritmo deles acelerou até que não conseguiram mais aguentar. Indo além do limite, gozaram juntos, segurando firmemente um ao outro, até que estavam esgotados e respirando com dificuldade. Depois que se recuperaram um pouco, gentilmente, a deitou no chão macio e a trouxe mais para perto enquanto observavam o declínio da tarde. E, mais tarde, se finalmente convencesse a coiote a deixar o lobo dele fazer o seu caminho também? Não havia ninguém além dos pássaros e esquilos como testemunhas.
As duas semanas seguintes ao acasalamento foram, sem dúvida, os momentos mais felizes da vida de Jacee. A única nuvem no brilho do seu sol era não ter sua família para compartilhar essa alegria com ela. Olhando para fora da janela, no início da manhã, com as mãos em torno de uma caneca de café quente, uma pontada de saudade a perfurou diante da ideia de poder se sentar com a sua mãe e a sua irmã, conversar sobre o Micah, o acasalamento, se apaixonar. Homens, em geral. Talvez sua irmã já tivesse encontrado alguém especial, também. Elas costumavam contar tudo uma à outra. Brigavam como cães e gatos e, em seguida, ficavam a sussurrar ao longo da noite, bem depois que os seus pais tinham mandado as duas para a cama. Contavam histórias sobre fantasmas, fofocavam sobre as outras meninas e meninos do clã, falavam sobre os seus sonhos para o futuro. Não havia nada como o vínculo com uma irmã.
Tudo isso dizimado por um ato vicioso. Pelo ódio e pela crueldade descabida. "O que fizeram com você, maninha? Será que teve, sequer, um enterro?" Não há sentido em ir por esse caminho, novamente. Só levaria a mais desgosto. Rapidamente, se ocupou na cozinha, pegando alguns ovos e colocando o bacon para fritar. Micah podia comer toneladas e estaria com fome após as atividades de ontem à noite. Sorriu um pouco diante das lembranças, cada dia e cada noite melhor do que a última. O homem fazia amor como se planejasse compensar cada segundo solitário, antes de terem se conhecido. Isso estava ótimo para ela, já que estava fazendo o mesmo. Poucos minutos depois, Micah entrou sonolento, coçando o peito nu. "Cristo, o que cheira tão bem aqui? Bacon? Você é uma deusa!" "Eu sei." Riu quando ele a envolveu em um abraço por trás e acariciou o seu pescoço. "Cuidado, não vá se queimar com a gordura quente." "Valeria a pena, só para ficar aqui para sempre." Apertou o pênis meio rígido na parte baixa das suas costas, abraçando-a por um momento. Não tentou levar as coisas mais longe, aparentemente, curtindo se aconchegar. "Quer que eu faça os ovos?" "Claro, se não se importa." Seu companheiro tinha provado ser útil na cozinha.
"Deixa comigo. Faço um ovo médio. Você gosta de ovos mexidos ou fritos?" "De qualquer jeito." Se afastando, tomou o controle. Foi até a geladeira, remexeu, e pegou algumas cebolas, pimentões verdes e vermelhos e queijo. "Alguma objeção?" "Você vai fazer ovos mexidos ou criar uma obra-prima?" Brincou. "Ambos." Sorrindo, Micah começou a trabalhar cortando os legumes enquanto a manteiga derretia na frigideira que ela tinha alcançado para ele. Uma vez que estavam picados, jogou a cebola e o pimentão na manteiga e os refogou, o delicioso aroma fazendo seu estômago roncar. Após estarem dourados, adicionou vários ovos e os incorporou aos legumes. "Oh, parece e cheira maravilhosamente bem", disse Jacee, farejando. "Isso é fácil. Porque ter ovos simples quando o gosto é tão bom se podemos aprimorar um pouco?" Deu de ombros, mas ela podia afirmar que ficou satisfeito com o elogio. Trabalharam juntos. Antes que ela percebesse, tinham um banquete que podia alimentar, talvez, três ou quatro shifters em vez de dois. Serviram a mesa com os ovos, bacon, torradas e se sentaram para desfrutar. Micah engoliu sua comida com entusiasmo e o monte
desapareceu tão rápido que uma coisa era certa - teria que comprar alimentos no atacado para manter o homem satisfeito. "O quê?" Ele perguntou, finalmente colocando o garfo sobre o prato. "Não acho que já vi alguém desfrutar de uma refeição tanto quanto você, nestas duas últimas semanas. É uma mudança positiva, comparando com antes." Antes, quando tinha estado doente. Era tão malditamente sortuda de ainda tê-lo ao redor e saudável. Suas bochechas coraram um pouco. "Tinha esquecido como era se sentir bem e estar com fome. Tudo tem um gosto tão impressionante, vou ser um lobo gordo com uma pança antes que perceba." Ela riu. "Não, não vai. O metabolismo shifter é muito alto para isso. Mas amaria você, mesmo se tivesse." "Acredito em você." Olhou para ela meio divertido e congelou. Então, piscou lentamente. "Você ainda me amaria? Você.... Me ama?" Droga, isso tinha escapado mais cedo do que ela pretendia. Movendo sua cadeira para perto, passou os braços em volta do pescoço dele. Beijou seus lábios. Então, olhou para o rosto atordoado e disse: "Estou me apaixonando de verdade por você. Não pode ser uma surpresa tão grande." "Não, é só..." Exatamente quando o coração dela estava começando a afundar, ele sorriu. "Estou apaixonado por você, também, minha bela
coiote. Deus sabe o que você vê em mim, mas, para o meu bem, estou feliz que seja cega como um morcego." "Rá, você é tão engraçado." Ela o beijou de novo, profundamente, traçando as cicatrizes no seu rosto com os dedos. "Quer que te mostre quão bem eu realmente enxergo?" "Sim", ele inspirou. Ela fez exatamente isso, o que significou uma longa e lenta sessão de amor na cama. Primeiro, beijou e acariciou todo o corpo dele, do rosto até o peito, descendo até a barriga, em seguida, pulou a virilha para apertar suas panturrilhas e amar cada pé. Quem imaginava que os pés podiam ser uma zona tão erógena? Pelo menos, para o Micah, eram. Então, uma vez que o tinha se contorcendo, teve pena e chupou seu pênis, lambendo e acariciando até que quase ele quase gozou, antes mesmo de estar dentro dela. Mas ele não ia permitir nada disso e, gentilmente, se afastou, colocou-a de volta sobre os travesseiros e deslizou dentro do seu calor receptivo como se não tivesse feito isso há vários anos. Chegaram ao orgasmo juntos, agarrados, em seguida, ficaram à deriva por um tempo, ignorando o resto do mundo. Eventualmente, entretanto, um movimento não podia ser adiado por mais tempo. "Banho?" Acariciou o peito dele.
Seus braços se apertaram ao redor dela. "Parece bom. Seria ainda mais divertido se eu não tivesse que ir a nenhum lugar." "O dever chama." Não era uma pergunta. Suas duas semanas estavam quase no fim, juntamente com o idílio preguiçoso que tinham desfrutado. Tinha que voltar para o complexo e para a Alpha Pack e, na verdade, ela sabia que uma grande parte dele estava ansiosa para partir. Seus irmãos tinham saído em algumas missões sem o Micah, e viu como ficar para trás quase o matou. Na verdade, ela tinha que voltar ao trabalho, também, embora estivesse muito menos ansiosa. "Não quero deixá-la", disse ele, com tristeza. "Este tempo juntos, descansando com você e fazendo amor, tem sido o paraíso." "Mas você não é o tipo de cara preguiçoso. Está tudo bem. Entendo", lhe assegurou. "Entendo a sua necessidade de voltar ao trabalho." Balançou a cabeça, em seguida, beijou os lábios dela. "Sou um homem de sorte, de muitas maneiras." "Mas?" Tinha ouvido uma nota estranha em sua voz. "Nada. Só que ainda tenho que descobrir quem tem alguma coisa contra mim. Tem estado demasiadamente tranquilo estas duas semanas."
Naquele exato momento, seu celular começou a zumbir na mesa de cabeceira. Rolando para o lado, o pegou, olhou fixamente para a tela e gemeu. "É o Nick. Eu sabia que não devia ter dito isso em voz alta." Quando atendeu a chamada, Jacee se levantou e caminhou até o banheiro para tomar banho e lhe dar alguma privacidade. O barulho da água afogou suas palavras, mas não conseguiu esconder a urgência e a ansiedade por trás delas. Isso aumentou sua própria preocupação e ficou inquieta até que ele, finalmente, se juntou a ela, lhe abraçando. "Está tudo bem?" "Na verdade, não." Deu um passo para trás e deu um suspiro pesado. "Dois campistas foram atacados na noite passada, um pai e o filho de dezenove anos de idade. O pai está morto, o filho mal está se aguentando." "Oh, não." Seu coração sentiu por eles. "Eles têm um suspeito?" "Não. Como a mulher de algumas semanas atrás, foram atacados por algo, ou alguém, com garras afiadas ou uma arma como uma faca. Nick disse que o xerife está apostando no primeiro, porém, porque ambos foram realmente dilacerados." "Isso é terrível." Balançou a cabeça. "Nick não viu as vítimas?" "Não. A Pack está a caminho do local e tenho que encontrá-los lá. Jax vai tentar fazer uma leitura do corpo do homem enquanto está fresco. Com a vítima anterior, não teve chance, por isso, espero que consigamos algo, agora."
Jacee estremeceu. "Não invejo o Jax. Ver terríveis eventos passados é um dom que estou feliz por não possuir." "Eu também. Embora não sejam de todo ruins, as coisas que ele vê. É apenas lamentável para ele que, quando algo terrível aconteceu é quando precisamos da sua ajuda, para descobrir quem fez isso e por quê." Não podia imaginar ser sobrecarregada com visões do passado ou do futuro, como o Nick era. Às vezes, a ignorância era, realmente, abençoada. Entraram no chuveiro juntos e, embora conseguissem um pouco de diversão com a espuma e algumas risadas, Micah estava um pouco pressionado pelo tempo. Sabia que ele odiava isso, sabia que preferia ter ficado e isso a tocou, mas não podia ser evitado. Uma vez que estavam fora do chuveiro, se secaram e vestiram-se rapidamente, o que foi uma pena. Mas disse a si mesma que ele estaria em casa logo, de volta aos seus braços. "Vou estar de volta assim que puder", disse ele, puxando-a para perto. Então, a beijou profundamente, deixando-a desnorteada, embriagada pelo seu cheiro incrível. "Volte correndo para casa." "Voltarei." Lhe deu um sorriso torto e saiu pela porta, descendo a calçada até sua moto.
Quando deu a partida e o motor rugiu na distância, ela não pôde evitar o frio que se instalou em torno do seu coração. Seu tempo juntos tinha sido muito pacífico. Perfeito demais. E, na sua vida, isso normalmente significava que outra bomba estava pronta para cair na sua cabeça. Afastando o medo, foi procurar alguma roupa limpa para vestir, para ir para o trabalho.
A pequena casa da Jacee ficou menor e menor, à distância, e Micah odiou cada segundo da saída. Por meio da força de vontade pura, concentrou sua mente na tarefa à frente. E se esforçou para ignorar o sempre presente desejo em suas veias. A necessidade dos efeitos entorpecentes do Myst, que tinha sido suprimida pelo efeito calmante da sua Companheira, veio rastejando de volta como um ladrão para roubar sua paz cuidadosamente construída. Sua sanidade. Sua companheira não fazia ideia que mal conseguia se aguentar. Tinha sido bastante cuidadoso em proteger suas emoções - o medo e a decepção por ainda não ter derrotado essa coisa - porque não queria que ela se preocupasse. Ela também não fazia a mínima ideia do frasco de comprimidos escondido no alforje de couro na sua moto, aquele que devia ter jogado fora. Já tinha o suficiente pairando sobre suas cabeças, no momento. Ela não precisava de mais uma preocupação.
Voando pelas estradas através das terras do parque nacional, foi atingido por quão perto esta cena de assassinato estava do complexo. Como a outra. Outra provocação? Outra coisa estava vindo do fundo da sua mente e, no momento que freou e estacionou ao lado do veículo do delegado e das vans da Alpha Pack, conseguiu colocar o dedo sobre o que era. Desligando a ignição, partiu em direção à atividade que tinha lugar fora da vista, entre o abrigo das árvores. Quando se aproximou, viu o Nick, o Jax e o John, imediatamente. Estavam falando com o Delegado Deveraux e o estômago do Micah se contraiu diante da visão do homem. Jesse não era um cara ruim. Não, era um bom homem, mas rude. Escasso na simpatia. Quem se importava, porém, contanto que fizesse o trabalho e estivesse do lado da equipe? "Delegado", Micah disse em saudação, se aproximando. Jesse assentiu com a cabeça, o rosto sombrio. Então Micah olhou para sua equipe, e não pareciam muito mais felizes. Jax, em particular, o olhou com cautela e a culpa apunhalou o peito do Micah. Ainda não tinha se desculpado com o Jax após bater no homem, e não podia culpá-lo por pensar que tinha um problema sério na cabeça. Jesse acenou com a cabeça e estendeu a mão. "Chase." Se cumprimentaram e o xerife foi direto ao assunto. "Agora que está aqui, podemos lhe mostrar-lhe, ter a sua opinião sobre o que está acontecendo e arrumar as coisas aqui."
Pavor deslizou sobre o Micah. "Estava esperando por mim, em particular?" "Temo que sim." "Ok, isso é absolutamente alarmante". Olhou em volta para os rostos sérios. "Devia ser." "Estou em apuros?" "Você devia estar?" Merda de típica resposta policial. "Não que esteja ciente. Não sei nada sobre o que aconteceu a estes pobres homens aqui, mais do que à mulher do outro dia." Jesse passou a mão pelo cabelo. "Bem, isso é onde alguém discorda. Muitas vezes sabemos mais do que imaginamos, lá no fundo." Cave mais fundo. A pessoa atrás dele era alguém do seu passado não muito distante. Não foi esse o aviso da sua mãe? Respirando fundo, disse: "Tudo bem. Mostre-me o que você tem." O delegado começou a caminhar e Micah o seguiu, captando alguns olhares compartilhados entre os seus companheiros. Aparentemente, já tinham visto tudo que o esperava, mas não se importaram em esclarecê-lo antes de chegar lá. Tentou não deixar isso o incomodar, mas foi uma luta.
Enquanto se aproximavam da área, Micah pode ver um par de delegados por perto. Eles olharam para o grupo que se aproximava e se moveram para o lado. No início, tudo que o Micah viu foi... sangue coagulado. E muito. Como um SEAL, tinha visto corpos despedaçados por bombas ou tiros. Assim era guerra, tão horrível quanto podia ser. Mas o homem morto diante dele, no chão, não tinha nada que não tivesse visto antes, exceto que sua morte estava completamente fora do lugar. Estava vestido para acampar, com jeans, uma camisa de flanela e botas feitas sob medida. Parecia um homem bastante apto para sua idade, que o Micah estimou estar nos quarenta anos. Não, o homem não devia ter sido morto no chão da floresta, os olhos vidrados arregalados e horrorizados, a poucos metros dos restos alegres da sua fogueira e do piquenique com cachorro-quente que tinha, obviamente, compartilhado com seu filho, que agora estava lutando por sua vida. O homem tinha sido cortado e rasgado, com pedaços de carne faltando em seus membros e no tronco. No seu peito. Faixas largas de carne e músculo simplesmente cortadas de forma limpa, mas tinha alguma coisa... Micah se abaixou e olhou para o corpo. "Uma faca não fez isso. Os sulcos são demasiadamente grandes." "Não", Nick falou. "Você está certo. As feridas não foram causadas por uma faca."
"Um animal", Micah adivinhou, olhando para cima. Encontrou os olhos do Jax. "Ou uma criatura paranormal. Você conseguiu fazer uma leitura?" "Logo antes de você chegar. O homem não viu o que os atacou porque veio por trás dele - e de cima." Isso fez o Micah pausar. "De cima?" "Sim. As armas eram garras grandes, como as de um pássaro." Levantando, Micah digeriu isso. "Então, de que tipo de criatura estamos falando aqui? Um demônio? Um vampiro? Eles podem mudar para uma outra forma." "A falta de alimentação sugere que não é um vampiro", disse Nick. "Além disso, não sei se um renegado ia deixar passar uma boa refeição." Esse era um pensamento mórbido. "Verdade. Um grande pássaro, então? Um shifter dragão? Inferno, isso existe mesmo, de verdade? Ou alguma outra coisa." Nick olhou para o homem desafortunado. "Gostaria de saber. Não estou recebendo nada agora." "Ainda não entendi o que este ataque tem a ver comigo." "Isto." Do bolso do paletó interno, Jesse pegou um saco plástico. Dentro dele havia um pequeno quadrado de papel cor creme. Sem
retirar a nota, entregou o saco plástico para o Micah, que leu o que estava escrito, através do plástico transparente, com bastante facilidade. SS-509: Sou aquilo que você me transformou. Eles podem ter me criado, mas você me treinou. Este sangue está em suas mãos. "Oh, meu Deus." Micah enfiou o saco nas mãos do Jesse e se inclinou contra uma árvore, ofegando. Ia vomitar. A voz do delegado era tranquila. "Nick disse que você poderia lançar alguma luz sobre o seu significado." Demorou um longo momento para o Micah encontrar sua voz. Não queria falar sobre isso novamente, nunca. Especialmente para alguém além dos seus irmãos da Alpha Pack. "Que pesadelo fodido." Micah fechou os olhos. Houve alguns sons abafados, mas os outros lhe deram tempo. Finalmente, abriu os olhos de novo e enfrentou a música. "Eu sou o SS-509. Experimento do laboratório número 509 no projeto Super Soldado, para ser transformado em uma arma de destruição, que responderia somente a um novo governo corrupto - se as coisas tivessem saído da maneira que o Malik e o Bowman pretendiam." "Jesus Cristo", Jesse murmurou. "Não acho que ninguém quer saber o início dessa história?" Nick deu uma risada sem humor. "Depois de algumas cervejas, em algum outro momento."
"O que isto significa é que o assassino me culpa pelo que aconteceu quando éramos prisioneiros", Micah explicou, olhando para a pobre e infeliz vítima. A culpa fez com que a bile subisse em sua garganta. "É alguém que eu torturei sob as ordens loucas do Bowman. Agora está ardendo por vingança, e é louco como o inferno. Isto é minha fodida culpa." "Não", Jax disse com firmeza, dando um passo na direção dele. "Não é. Tudo o que você fez, não teve escolha. Além disso, você foi torturado até o último centímetro da sua vida, como os outros, e não se transformou em um assassino. Isto não é sobre você. Quem está fazendo isso, pirou." "Ele me culpa. Em sua mente, eu sou o responsável." "O que significa que está pirado e errado." Jax fechou a mão no ombro do Micah. "Ele revelou suas intenções, irmão. Está reduzindo, consideravelmente, a nossa pesquisa e nós vamos poder identificá-lo, agora. É só uma questão de tempo." "Mas, quantas pessoas terão que morrer antes de o encontrarmos?" Para isso, eles não tinham uma resposta. "A nota não é o único aviso", Micah disse a eles. "A proximidade dos assassinatos com o complexo é outra, acho. Ambas as mortes ocorreram exatamente no limite do perímetro que o Kalen protegeu contra intrusos."
"Não acredito que seja uma coincidência, também", Nick concordou. "Está deixando-os na nossa porta, por assim dizer." "O bastardo doente". Micah se virou para o Jesse. "Alguém está cuidando do garoto que sobreviveu?" O xerife assentiu. "Tenho um delegado na sua porta, dentro do hospital. O médico vai nos avisar quando pudermos entrevistá-lo, uma vez que estiver estável e acordado." "Mandei o Zan na frente, para se infiltrar e acelerar sua cura. E ele precisa que um dos homens da Alpha Pack o proteja", Nick insistiu. "Sem ofensa, Jesse, mas os seus delegados são humanos. Não estão preparados para lutar com um shifter enlouquecido que tem, Deus sabe lá, quais anormalidades tornando-o ainda mais perigoso do que devia ser." O homem suspirou, parecendo irritado. Mas cedeu. "Merda. Bem. Vou avisar ao meu homem para esperar pela substituição de alguém da sua equipe." "Obrigado. Acho que é a coisa mais segura." Nick fez uma pausa. "Meu instinto diz que o nosso shifter enlouquecido não irá atrás do garoto, que já seguiu em frente, mas temos que ser muito cuidadosos." Micah falou, "Precisamos descobrir o que ele lembra do shifter, ver se podemos obter uma descrição. Então, o Kalen limpará sua memória e irá substituí-la por um ataque de urso ou algo assim."
Os outros concordaram. Se os seres humanos em geral tivessem conhecimento sobre o mundo paranormal bem, nem queria pensar nisso. A Alpha Pack quase havia tido alguns acidentes nos últimos meses, quando o público estava em causa. "Vou ficar de guarda na porta do garoto", John ofereceu. "Bom." Nick aprovou. "Enquanto isso, Micah e eu vamos verificar a lista de todos os shifters resgatados na instalação onde ele e o Aric foram encontrados. Esperamos conseguir uma vantagem." "Todas aquelas vítimas foram levadas ao Santuário?" Jax perguntou. "Inicialmente, sim. Alguns já foram liberados e alguns ainda estão sendo tratados. Temos os registros de todos para manter o controle, mesmo os que já nos deixaram para retornar para suas famílias e tal. Vão ter sua estabilidade monitorada por alguns anos." Micah fez uma careta. "Bem, aparentemente, alguém fugiu da coleira, por assim dizer." "Parece. Vamos ver se damos sorte com a lista." Nick se virou para o Jesse. "A menos que você precise de nós aqui, por mais tempo?" "Não. Na verdade, se todo o seu bando arrumasse as malas e se mudasse do Estado, isso me serviria muito bem." Nick sorriu. "Leve isso para o Governo, meu amigo." "Podia muito bem jogar toda essa merda contra o vento."
"Bela imagem." "Verdade." Jesus. Talvez, os dois fossem irmãos há muito perdidos e não sabiam. Não seria um chute no saco? O grupo se separou e o Micah voltou para sua moto sem dar uma olhada no corpo dilacerado do homem, de novo. Já estava ansiando pelo esquecimento, com a imagem do pobre coitado queimando em seu cérebro. Montando na Harley, ficou sentado por alguns minutos e observou enquanto o delegado e os seus adjuntos terminavam e o médico legista chegava para remover o corpo. Se perguntou se o médico estava por dentro do negócio, como o Jesse, ou se o homem, apenas, especulava sobre o que realmente se passava na Shoshone quando a lua saía. A poucos metros de distância, Nick respondeu a uma chamada no seu celular. Depois de alguns segundos, desligou e falou brevemente com o delegado antes de se despedir. Em seguida, caminhou até o Micah. "Quer ir comigo e o Kalen interrogar o menino no hospital?" Na verdade, não. Quem queria ver um adolescente indefeso, sofrendo e de luto? Mas o comandante esperava sua presença e podiam descobrir alguma coisa. "Certo."
"Boa. Vamos deixar a sua moto e buscar o Kalen. O xerife vai nos encontrar lá. Quando terminarmos, vamos voltar e trabalhar naquela lista." Porra de maravilha. "Certo." Micah preferia lutar com hordas de goblins e Sluagh do que revisitar qualquer parte do seu passado, por qualquer motivo. Mas estava determinado a chutar sua bunda de novo e de novo, então não tinha escolha. Em segundos, estava seguindo a van do Nick até o complexo. A viagem foi curta e o Kalen já estava esperando. Jax se ofereceu para começar a olhar a lista até o Micah e o Nick voltarem e o comandante delegou a tarefa com um certo alívio. Micah ainda não tinha conseguido ter uma conversa com o Jax, sozinho, e isso o corroía. Logo, estavam a caminho, o Nick dirigindo e o Micah segurando uma espingarda. Kalen estava esparramado no banco de trás, olhando para fora da janela e batendo o pé no ritmo do rock clássico que tocava no rádio. John, que estava indo junto para assumir a guarda do adolescente, se recostou contra a porta oposta, perdido em pensamentos. Micah se virou no assento para olhar para o Kalen. "Como você limpa a mente de alguém?" Kalen deu de ombros. "A melhor maneira pela qual posso explicar isso é que entro com a minha magia, e vou em busca do que preciso.
Encontro a memória certa e uso o meu poder para apagá-la, apenas como um apagador em um quadro-negro. Então, insiro a memória que preciso que eles tenham." "Essa é uma merda muito estranha." Nick bufou. "Essa não é a merda mais arrepiante que ele pode fazer, nem de longe." "Eu sei, e não vi nem a metade." Kalen só sorriu e balançou a cabeça. Para um Feiticeiro metade Fae e poderoso, Micah pensou, o homem era humilde como o inferno. Provavelmente, podia destruir grande parte do mundo em menos de um dia com a motivação certa, mas não deixou suas habilidades subirem à cabeça. O Feiticeiro podia abrir um cilindro de metal cheio de substâncias explosivas se precisasse, e o fez, mas apenas quando foi necessário. No hospital, Nick estacionou no local designado para visitantes e entraram, subindo no elevador até o quinto andar. A aparição de quatro caras com aparência perigosa marchando através dos corredores não causou nenhum pouco de curiosidade - e nenhuma preocupação - e duas vezes perguntaram educadamente se podiam "ajudá-los" a encontrar seu destino. Do lado de fora do quarto do adolescente, John substituiu o delegado, que pareceu muito grato por poder ir embora. O enorme ex-agente
era, apenas, ligeiramente menos impenetrável do que o Fort Knox, então Micah percebeu que o garoto estava em boas mãos. Deixaram o John sozinho e entraram, em silêncio, no quarto. O Jesse devia ter ido direto para o hospital, pois já estava esperando por eles. Sobre a cama estava um jovem que ainda não tinha se desenvolvido completamente. Era um garoto de boa aparência, o cabelo negro caindo em ondas e olhos azuis angustiados e avermelhados. No fim das contas, estava em muito melhor forma do que devia, graças à visita secreta do Zan. O olhar do jovem focou em cada um deles, mas ficou olhando para o delegado como se estivesse à espera de uma explicação. Jesse começou as apresentações, a voz suave, como o Micah nunca tinha ouvido ele falar. "Gente, este é o Tristan Cade. Tristan, estes são o Nick, Kalen e o Micah", disse, apontando para cada um deles. "Estes homens são consultores do departamento do delegado. Eles-" "Não ligo para o que eles são, desde que peguem aquela merda que matou o meu pai", disse o garoto, a voz quebrada. Seus olhos se encheram de lágrimas. O coração do Micah disparou com simpatia. Merda. "Você viu o que era?" Nick perguntou baixinho. "Foi um urso?" Tristan piscou para ele e deu uma risada rouca que beirava a histeria. "Um urso? Você está falando sério? Certo, porque isso faria com que
um delegado e mais quatro homens que, obviamente, não pertencem à força policial vir até aqui me questionar sobre um urso maldito." Claramente, não estava engolindo aquela baboseira. "Não", Tristan continuou, sua voz trêmula e emocionada. "Tinha aasas, e desceu do céu. Ele e-era, f-fodidamente enorme. Parecia algo saído de um filme de terror." Micah trocou olhares com o Nick. Então, perguntou: "O que mais você consegue se lembrar sobre a criatura?" Por alguns momentos, o garoto estremeceu de horror, lembrando e agarrando as cobertas. Respirando fundo, corajosamente falou. "Juro que aquelas asas tinham cinco metros ou mais de ponta a ponta. Quando p-pousou em mim, lembro de olhar para cima, bem para cima, até a sua cara feia, e pensar que devia ter mais de dois metros de altura." "E o seu rosto?" Micah cutucou. "Como era?" "Penas marrons. Sujo, enlameado, todo marrom e disforme. Como se não estivesse saudável. Bico amarelo grande, garras fortes. A cabeça tinha algo de errado, porém." "Como assim?" Perguntou Kalen. "Era deformada. Quase como se alguém tivesse batido na sua cabeça com alguma coisa e o crânio tivesse sido achatado. Os olhos estavam meio para fora, também. Tortos."
As sobrancelhas do Micah se franziram. Como alguém poderia esconder tal deformidade, quando em forma humana? A menos que só estivesse presente naquela forma, o que seria estranho. Inferno, tudo no seu mundo era estranho. Nick se aproximou da cama. "Você se lembra de perceber qualquer outra coisa antes da criatura atacar? Será que ele fez qualquer coisa incomum, algum barulho?" Micah soube onde ele queria chegar. O comandante queria saber se o shifter tinha falado com o rapaz ou o pai. Feito ameaças. Mas o garoto balançou a cabeça. "Não. Em um minuto estávamos terminando nossos cachorrosquentes e, no próximo, essa coisa estava me atacando. Meu pai a abordou e a empurrou de cima de mim, e virou-o para ele, em vez disso", Tristan sussurrou. Uma lágrima rolou pelo seu rosto. Suas pálpebras caíram. O garoto estava exausto e traumatizado. A qualquer segundo seriam expulsos pelo médico ou pela enfermeira. Ficou claro que o Tristan lhes tinha dito tudo o que podia, por isso, Nick acenou para o Kalen. Quando o Feiticeiro avançou, Nick disse: "Tire apenas a recordação do ataque em si, não o resto." Os olhos do Kalen arregalaram, não apenas pela ordem, mas, pelo comandante falar tão abertamente na frente do garoto. "Tem certeza disso? Ele vai saber sobre a criatura", abaixou a voz, "e pode
descobrir coisas sobre nós. Talvez, não imediatamente, mas eventualmente." O olhar do Nick estava muito longe, tendo uma visão. "É importante que saiba. Agora e para o seu futuro. Este dia vai moldar o homem que vai se tornar e deve saber que o que nós somos também é o seu destino." Tristan parecia confuso, um pouco assustado, quando Kalen colocou a palma da mão em cima da sua cabeça. Mas, diante de uma palavra sussurrada pelo Feiticeiro, os cílios do jovem deslizaram para baixo. Caiu profunda e instantaneamente no sono, permitindo ao Kalen fazer o trabalho de remoção da visão do assassinato do seu pai da sua mente. Como prometido, Tristan se lembraria de tudo, mas o próprio ato terrível permaneceria para sempre em branco. Terminando, Kalen afastou a mão e olhou para o garoto com tristeza. "Espero que o Kai nunca tenha que suportar o que este jovem passou, hoje. Faria qualquer coisa para poupar o meu filho de carregar um fardo assim." Era um pensamento sério. Shifters, e até mesmo os mais poderosos Feiticeiros, podiam ser mortos. Viviam com essa realidade todos os dias. Saíram tão silenciosamente quanto chegaram, deixando o John guardando o Tristan. Nick prometeu enviar substitutos em turnos, para
manter os homens descansados e alertas. De acordo com o Jesse, uma vez que Tristan tivesse alta, provavelmente, ia viver com uma tia que estava a caminho para cuidar dele. De alguma forma, ficaria bem. Na viagem de volta para o complexo, Micah continuou repassando em sua cabeça o tipo de shifter que estavam procurando, um pássaro enorme, feio, louco pra caralho - de algum tipo, capaz de rasgar as pessoas em pedaços. Tinham uma testemunha, uma descrição e uma lista a partir da qual começariam a buscar a identidade do bastardo. Quão difícil podia ser?
Tyler olhou para o irmão, o vômito subindo em sua garganta. "Sem mais inocentes. Você prometeu." "Não, não prometi. Você fez um pedido, e eu disse que ia considerálo." Um pedido. Tão casual como se o Tyler tivesse pedido um bife e obtivesse um hambúrguer, em vez disso. Quando o seu irmão havia se tornado esta criatura odiosa? Esta coisa sem coração com uma alma negra, incapaz de cuidar de ninguém, exceto, talvez, do Tyler? Duvidava até mesmo disso, às vezes. "Dois erros não fazem um acerto", disse Tyler. O outro homem riu. "Sempre o pacificador, não é? O mesmo de quando estávamos naquele lugar horrível, aceitando todo o abuso que administraram. Obrigado a aceitar seus caprichos sem escolha." "Acho que você só gosta de fazer os outros sofrerem," Tyler acusou. "Bowman e suas experiências malditas só trouxeram a feiura que já
estava à espreita, sob a superfície, como era sua intenção. Você se divertiu em ser ensinado a matar, tanto quanto gosta de culpar o Chase pelo que você é." "O que eu sou", Parker meditou. Aproximando-se da cama, colocou a mão na perna do Tyler, sua viscosidade fria escoando através dos cobertores. "O que eu sou? Você está aqui, dia após dia, e não diz nada sobre mim a ninguém. E sabe por quê? Porque é leal a mim. O que isso faz de você? " Seu estômago revirou. "Você é meu irmão, mas não sou como você." "Não é?" Parker gargalhou suavemente. "O sangue é mais grosso do que a água, e eu te salvei. Lembre-se disso." Não, a Alpha Pack salvou o Tyler. Mas, sabiamente, manteve a boca fechada. "Vejo você mais tarde." Com uma vibração do casaco, seu irmão tinha ido embora, passando pelo enfermeiro que estava entrando no quarto. Tyler tentou não tremer quando o Noah começou a verificar os sinais vitais. Tentou parecer normal. Estava com tanto medo. Não fazia ideia para onde se virar. A ameaça tinha estado lá, não dita. Mas, uma ameaça da mesma forma. Irmão ou não, Parker iria matá-lo se dissesse uma palavra sobre a sua existência.
"Ei, ouvi você dizer que o cara é seu irmão?" Noah perguntou, lançando ao Tyler um olhar curioso enquanto verificava sua temperatura. "Pensei que tinha dito que era um amigo seu." Procurou uma maneira de corrigir seu erro. "Sim, mas é como um irmão. Nós chamamos um ao outro assim, entende?" "Humm. Sim, acho que entendo." Noah continuou com seus afazeres, mas não falou sobre o visitante do Tyler novamente. Quando o enfermeiro saiu, Tyler caiu na cama e agonizou sobre o que fazer. Se avisasse alguém, mesmo anonimamente, Parker saberia que tinha sido ele. Será que a Alpha Pack é capaz de me manter a salvo? Não tinha certeza. Esse pensamento preocupante o perseguiu em um sono inquieto.
"Ei, Jacee?" Ela olhou para cima, interrompendo a limpeza do bar, quando o Jack se aproximou. "Sim, chefe?" "Está morto hoje, vá para casa, se quiser. A Tracy está chegando para cobrir o turno da noite." "Tem certeza disso?" "Sim, vá logo, antes que eu mude de ideia."
Ela sorriu. "Obrigada." Pegando a bolsa, corri para a porta e saí. Eram apenas sete horas, mas sempre parecia que era mais tarde quando não estávamos ocupados. O tempo tendia a se arrastar a menos que o lugar estivesse lotado. Embora soubesse que era provavelmente muito cedo, estava esperando ver a moto do Micah na calçada quando chegou em casa. Não teve essa sorte, entretanto. Estava mais do que um pouco chateada, mas seu companheiro tinha um trabalho a fazer, assim como ela. As contas não param de chegar só porque você tinha encontrado a sua outra metade. Deslizando para fora do carro, caminhou até a varanda, subiu os degraus e parou na porta da frente. Por um momento, ficou parada na pequena entrada e sonhou com o tipo de casa que ela e o Micah iriam construir. Não precisava ser enorme, mas, definitivamente, maior. Com uma entrada circular para automóveis na frente. Talvez, fosse melhor ter uma garagem lateral e uma entrada mais privada. Estudando sua pequena sala de estar, decidiu que algo mais aberto e espaçoso seria bom. Poderiam receber mais amigos, fazer churrascos e se divertir, sem ficarem uns sentados em cima dos outros. Isso significava um deck lá atrás, também. Talvez, uma piscina. Seria uma batalha constante retirar as folhas da água, masEspere. Enquanto examinava a sala de estar, o sonho desapareceu e seus sentidos, de repente, vieram à tona. Alguma coisa estava errada.
O que, exatamente, não sabia dizer. Sua nuca se arrepiou e ela avançou mais para dentro da casa, farejando o ar. Não cheirava a nada anormal. Apenas os vestígios do perfume do Micah e do café da manhã. O velho cheiro, normal e básico, de mofo da própria casa. À primeira vista, nenhum item parecia ter sido movido ou levado. Então, o que era aquela coceira entre as omoplatas? Disse a si mesma que estava sendo ridícula. Ainda assim ... Movendo-se lentamente, e em silêncio, fez uma inspeção mais minuciosa. Já que havia tirado o pó recentemente, não havia nenhuma maneira de saber se as fotos, os abajures e tal, tinham sido movidos, então caminhou para a cozinha. Tinha deixado tudo limpo, os pratos lavados, e o espaço continuava intocado. Sem nenhuma razão em particular, abriu a geladeira. Sim, parte dela tinha meio que esperado encontrar um gato morto com uma nota fixada na sua carcaça, ou algo assim. Estava assustada. Mas, não havia nada. Seu braço estava em movimento, fechando a porta, quando viu. Um recipiente plástico com sobras não estava na mesma prateleira onde o tinha deixado. Tinha certeza disso. Estendendo a mão, pegou o recipiente e o colocou sobre o balcão. Então, levantou a tampa e olhou para a caçarola de frango e arroz. Era da noite anterior, mas tinha um cheiro estranho. Não como se estivesse velha demais para comer, mas um tipo diferente de estranho. Substâncias químicas. Sua coiote não conseguia identificá-las, mas a fizeram querer vomitar.
Franzindo a testa, recolocou a tampa, mas não levou o recipiente de volta para a geladeira. Um rápido exame dos outros conteúdos não revelou nada mais estranho, mas decidiu que ia jogar fora todos os produtos perecíveis, se a caçarola tivesse, de fato, sido adulterada. O Micah saberia como descobrir. Largando o recipiente, rastejou pelo resto da casa em silêncio. O lugar parecia vazio. Mas era melhor ser muito cuidadosa, entretanto. Seus sentidos shifters se estenderam para todas as partes da casa, cada canto de cada quarto. Sua audição e seu olfato, excepcionais, lhe disseram que estava sozinha, mas que alguém tinha estado aqui. Por que não conseguia pegar um cheiro distinto do intruso? Seu quarto era o último e, quando, entrou... Destruição. Devastação total e completa. "Oh, meu Deus", engasgou. Sua mão foi até o peito, o coração batendo acelerado debaixo dela. Os lençóis e a colcha tinham sido arrancados da cama e estavam empilhados em tiras, no chão. Literalmente cortados, quer com garras ou com uma faca. O colchão não teve melhor destino, fatiado com cortes irregulares e longos. A raiva da pessoa que tinha feito isso estava horrivelmente evidente na natureza pessoal do ataque e permeava, até mesmo, o ar que respirava. Incapaz de desviar os olhos da cena, arrancou o celular do bolso da calça de brim. As mãos tremiam tanto que quase deixou cair o
aparelho, mas conseguiu digitar o número do Micah. Depois de três toques, no entanto, foi para o correio de voz. "Droga", gemeu, encerrando a ligação. Será que devia esperar ele voltar para casa? Tentar novamente? Em algum lugar, um rangido soou na casa. Quase como um passo nas antigas tábuas perto da parte traseira da casa, no lado de fora. Na varanda. Seu pulso acelerou e tentou o celular do Micah de novo, mas seu Companheiro não estava atendendo. "Merda". Assim, quando o correio de voz entrou, deixou uma mensagem, a voz oscilante, tentando não chorar. Já estava se movendo em direção à cozinha. "Estou indo para o complexo. Alguém invadiu a casa enquanto estava no trabalho. Quem quer que seja, rasgou a nossa cama, Micah! Estou saindo daqui. Te vejo em breve. Me liga." Pegando o recipiente com o alimento possivelmente contaminado, a bolsa e as chaves, correu para fora da porta, mal parando para fechála atrás dela. Definitivamente, não ia ficar tempo suficiente para pegar roupas para passar a noite, para ambos. Se preocupariam com uma muda de roupas mais tarde. Em segundos, estava na estrada, olhando pelo espelho retrovisor, tentando acalmar o coração acelerado. Podia jurar que sentiu olhos maléficos observando-a enquanto corria para longe.
Micah esfregou os olhos cansados e, novamente, examinou a lista que ele, o Nick e o Jax tinham olhado várias vezes. "Nós não temos muita coisa", comentou o Jax, largando a sua parte da lista com frustração. Em seguida, acariciou o cavanhaque, pensativo. "Os shifters que se curaram e foram liberados do Santuário estão indo muito bem, de acordo com as nossas fontes. Todos foram contabilizados." "E os piores casos ainda estão aqui dentro, sob os nossos cuidados." Micah suspirou. "Alguns estão próximos a ter alta, mas nenhum deles está apto o suficiente para causar o dano que vimos hoje cedo." Nick assentiu. "Concordo." Pegando um papel no centro da mesa de conferência, Micah olhou os nomes dos falecidos novamente. "Essas pessoas que não saíram vivas, fizemos a verificação em cada um deles?" "Esse é o problema", disse Nick. "Nos poucos casos, só sabemos o que os outros shifters nos disseram, que alguns dos prisioneiros desapareceram e foram dados como mortos, embora não tenhamos encontrado seus corpos. Podem ter sido eliminados muito antes de fazermos o resgate. Nunca saberemos ao certo, mas vamos assumir que estão mortos."
A mandíbula do Micah se contraiu enquanto estudava os nomes. "O que está errado?" Perguntou Jax. "Há nomes em todos estes três grupos que pertencem a shifters que o Bowman me fez torturar. Qualquer um deles podia ter uma motivação." "Mas não oportunidade." Jax franziu a testa. Nick lhe entregou um marcador. "Marque os nomes em questão. Vamos ver o que sairá disso." "Nunca soube todos os seus nomes e não consigo me lembrar de muitos deles", Micah esclareceu. "Mas o Bowman gostava de me dizer, porque isso os tornava mais reais aos meus olhos. Tornava ainda pior o que estava prestes a fazer a eles. Queria dessensibilizar o meu lado humano, e o deles, a longo prazo." "Filho da puta doente", Jax vociferou. "Queria poder matá-lo novamente." Bowman tinha conseguido o que merecia quando Jax o rasgou em pedaços - ou foi o que a equipe tinha dito depois daquela missão em particular, na qual tinham resgatado o Nix do último laboratório conhecido. Micah tinha querido tanto acompanhar seus irmãos da Alpha Pack, mas não estava suficientemente bom para isso, naquela época. Micah destacou os nomes que conseguia se lembrar, e ficou envergonhado de quantos eram. Não que o número fizesse diferença -
um ou vinte, seu papel foi igualmente terrível. Uma vez que havia acabado, Nick e Jax esquadrinharam os nomes. Nick bateu na folha que listava os resgatados que estavam em recuperação no Santuário. "Há quatro shifters em particular, que sei que vieram para cá, verdadeiramente, em mau estado. Muito mais do que os outros. Acho que devemos entrevistá-los em primeiro lugar." Micah pensou sobre isso e fez uma careta. "Você está certo. Mas é uma boa ideia eu estar lá? Eles sofreram nas minhas mãos, e o meu rosto vai ser a última coisa que vão querer ver." "É exatamente por isso que precisamos que eles vejam você", disse Nick severamente. "Vou verificar com a Mac e a Melina, é claro, mas acredito que vê-lo inteiro e saudável, será produtivo, vai ser bom para eles. Vai lhes dar esperança." "Sinto que deveria pedir desculpas pela minha parte no sofrimento deles." "Então faça isso, se ajuda você. Pode ajudá-los também. E se há alguém entre eles que sabe alguma coisa sobre esses ataques, ou está conectado, de alguma forma, a sua reação ao ver você pode nos mostrar. De qualquer maneira, apreciaria sua opinião sobre cada um deles." "Alguém está conectado," Jax colocou. "Quem escreveu a nota e a deixou junto ao corpo do Sr. Cade sabia o seu número de experimento
no laboratório. Só um prisioneiro ou um dos comparsas do Bowman pode saber isso." Nick reuniu as listas. "Tudo certo. Mantenha-se firme enquanto vou ver as médicas e questioná-las sobre esses pacientes." Isso podia demorar alguns minutos. As doutoras eram ferozmente protetoras com seus pacientes, como todos estavam conscientes. Depois que o Nick saiu da sala de conferências, Micah estudou a superfície polida da mesa grande. O silêncio era, de repente, uma entidade viva, pesando no ar na sala. Se esforçou para procurar as palavras perfeitas, mas não havia nenhuma. Então, se preparou para o que estava corroendo sua alma. "Sinto muito pela maneira como reagi ao saber sobre você e a Jacee", disse calmamente, encontrando o olhar do seu amigo. Não encontrou nenhuma censura lá, somente compreensão. "Estava fora de controle. Espero que me perdoe." "Não há nada a perdoar. Você já estava no limite de toda merda que o seu corpo estava passando." "Mas eu-" "Esqueça isso, Micah. Estou falando sério. Você é meu irmão e nada vai mudar isso." Jax sorriu para mostrar que realmente quis dizer aquelas palavras. O alívio o preencheu, e a respiração saiu rapidamente de seus pulmões. "Você não sabe como tenho me culpado por aquele dia."
"Faço uma ideia. É história passada, ok? Acho que talvez nossas Companheiras podem, até mesmo, se tornarem amigas, um dia." "Sim?" "Sim", disse o Jax. "Elas pareciam estar se entendendo muito bem enquanto você estava se recuperando. Traduzindo: elas não rasgaram os rostos uma da outra." Os dois riram, a tensão se foi e Micah bateu no ombro do seu amigo. "Elas podem não almoçar e fazer compras juntas a qualquer hora, em breve, mas vão passar por isso." "Verdade." O telefone do Jax vibrou e ele leu a mensagem. "Nick diz venham até ao Santuário. Mac e a Melina disseram que podemos entrevistar os pacientes na lista, desde que não estejam dormindo. Se perturbarmos alguém, teremos que sair." Micah revirou os olhos. "E quais são as chances de não perturbarmos ninguém com a nossa presença em um dado momento?" "As mesmas de ganharmos na loteria." Juntos, caminharam até o novo edifício, onde o Nick estava esperando, no quinto andar. A Dra. Melina Mallory estava de pé ao lado dele, sua expressão composta e séria como sempre. Não era a mesma mulher da qual o Micah se lembrava de antes da emboscada
que matou o seu Companheiro, o Terry, dizimou a Alpha Pack e terminou com o Micah e o Nix em um cativeiro. Ela deixou o cabelo crescer um pouco, entretanto, e quase atingia seus ombros agora. As madeixas caíam ao redor do rosto, suavizando seus traços finos de elfo. Seus olhos eram um pouco mais calorosos atualmente, bem como, a aparência em geral amigável e mais acessível do que se lembrava. "Estou falando sério, Nick", estava dizendo bruscamente. "Vocês dizem ou fazem qualquer coisa para retroagir qualquer progresso dos meus pacientes, e vou servir suas bolas no café-da-manhã. De todos vocês." Bem, sua aparência era mais suave - a atitude dela, nem tanto. Nick sorriu, imperturbável. "Minhas bolas são avidamente procuradas, Doutora. As deles também." "Então é melhor não as colocar em perigo, ou as suas Companheiras vão ficar terrivelmente solitárias nos dias que virão." Com isso, reuniu uma prancheta e marchou. Jax olhou para ela. "Essa é a mulher mais infeliz que já conheci." "Ela é um osso duro de roer", Micah concordou. "Nossa amiga só precisa ficar com alguém", Noah saltou da estação dos enfermeiros. Diante da sobrancelha arqueada de Nick, corou. "De qualquer forma, tenho que correr."
Micah riu enquanto o cara saiu correndo. "Nix vai ter as mãos cheias com aquele." "E mais alguma coisa." Jax bufou. "Uma vez que finalmente tirar a cabeça para fora da sua bunda." "Tudo bem, vamos terminar logo com isto", disse Nick, balançando a cabeça. O primeiro paciente, um shifter puma chamado Boris, foi hostil. Não era um dos cativos que o Micah tinha sido forçado a torturar, mas tinha sofrido terrivelmente, e não queria fazer parte daquilo ou dos seus questionamentos. Somente quando o Nick contou a ele sobre os assassinatos de duas pessoas inocentes, o fez ceder. Suavizando um pouco, Boris disse a eles tudo o que lembrava sobre os shifters com quem tinha ficado preso. Realmente não havia qualquer coisa que já não soubesse. Os nomes que o Boris lhes deu estavam nas listas, não houve surpresas. Deixaram a entrevista decepcionados. Os próximos dois shifters eram lobos, e eram tímidos. Amedrontados. O trauma pelo qual tinham passado os havia tornado quase incapazes de falar e qualquer pedido de desculpas da parte do Micah não seria bem-vindo, nem apreciado. Pelo menos, por enquanto. Um deles realmente começou a gritar quando viu o Micah e pediu para o Noah para ser sedado. Saíram rapidamente, antes que a Melina pudesse dizer algo e chutá-los para fora, e foram para o quarto sobrevivente.
"O nome deste é Tyler Anderson", Jax leu no papel. "Shifter águia." "Um dos meus, também." Micah se sentiu mal. "Era um dos mais vulneráveis, e o Bowman sabia disso. O desgraçado o trouxe a mim muitas vezes. Ele e o seu irmão." "Seu irmão?" O olhar de Nick o perfurou. "Sim, Parker. Ele está junto com os nomes dos falecidos. Não sei como morreu, no entanto. Bowman deixou de trazê-lo e nunca soube o que aconteceu com ele." Nick pareceu considerar isso por um momento, depois assentiu. "Certo. Vamos ver se podemos obter uma leitura sobre este." Então, o celular do Micah vibrou no bolso. Não podia atendê-lo no momento, então fez uma anotação mental para verificá-lo depois que terminassem a visita ao Tyler. Quando entraram, o jovem de cabelos castanhos e magro, deitado na cama, estava cochilando. No segundo que os notou, entretanto, despertou
com
um
pulo,
os
olhos
arregalados
de
medo.
Especialmente quando focou o Micah. "Você", sussurrou. Seu rosto ficou branco como papel, e seus olhos verdes ficaram luminosos. "Por que está aqui?" Micah respirou fundo. "Primeiro, quero dizer como estou arrependido pelo que aconteceu naquele inferno que ficamos presos. Pelas coisas terríveis que fui forçado a fazer. Eu fui obrigado, Tyler."
A voz do outro homem era quase inaudível. "Eu sei." "Odiava cada segundo naquele lugar, e detestava o Gene Bowman. Como membro da Alpha Pack, meu trabalho é proteger as pessoas, e não as prejudicar." "Acredito em você." Tyler estava enfrentando isso melhor do que o Micah tinha esperado. "Talvez, um dia, você possa me perdoar. Sei que é pedir muito, mas-" "Claro. Nós dois fomos vítimas, Micah." Os olhos do Tyler estavam tristes quando o estudou. "Não culpo você." "Obrigado. Isso é mais do que mereço." A águia olhou para o Jax e o Nick. "De alguma forma, não acho que precisa de três de vocês para me dizer que está arrependido. Sobre o que é esta visita?" Nick falou. "Estamos aqui porque alguém está matando pessoas inocentes na área. Campistas. O assassino tem ligação com o Micah e o tempo que permaneceu no cativeiro do Bowman." Se possível, Tyler empalideceu ainda mais. Engoliu em seco quando se dirigiu ao Micah. "É t-terrível. Mas como eu poderia saber algo sobre isso?" Micah suspirou. "O assassino deixou um bilhete na sua última vítima. Se dirigiu a mim pelo número que me foi designado no laboratório e só
alguém que estava, realmente, lá dentro com a gente, saberia essas informações. Você pode pensar em qualquer coisa que possa nos ajudar a identificar quem é o assassino, antes que mais pessoas inocentes morram?" Jax falou baixinho. "O assassino tem algum rancor contra o Micah. E enquanto um monte de shifters desse período de tempo podem sentir que merece o que está vindo para ele – o que é errado e não é justo pois está recém-acasalado. Ela é inocente, e se algo acontecer com ela, e alguém tiver informações que poderiam tê-la salvo, isso cairá sobre a sua cabeça, também." "Eu-eu gostaria de poder ajudá-lo. Não fiz nada, além de olhar para estas quatro paredes e tentar melhorar, sabe? Realmente, espero que possam pegá-lo. Falo sério." Houve uma nota interessante na voz do Tyler, no final. Uma certa ferocidade em seu tom, sinceridade. Micah olhou para seus dois companheiros e, a julgar por suas expressões, tinham reparado, também. "Sim", disse o Nick. "Bem, vamos deixá-lo descansar. Se você achar que algo é importante, dia ou noite, chame qualquer um de nós. Esse é o meu cartão, com o número do meu celular na frente. Os números do celular do Jax e do Micah estão no verso." Pegando um cartão no bolso, o entregou ao shifter águia. "Obrigado. Ligarei."
Eles saíram e Micah olhou uma última vez para o shifter na cama. Tyler estava olhando para o cartão que o Nick lhe entregou com uma expressão destroçada no rosto. Então, pegou o cartão e o enfiou dentro da fronha, ocultando-o. Uma vez que estavam em segurança no corredor, Micah disse: "Ele sabe de alguma coisa. Escondeu o cartão que você deu a ele dentro da fronha." "Escondeu de quem? Essa é a pergunta." Nick olhou cuidadosamente na direção do quarto. "Vamos precisar de uma lista dos visitantes do Santuário." "Vou falar com o Noah sobre isso", disse o Jax, e correu na direção do posto de enfermagem. A curiosidade, finalmente, levou a melhor sobre o Micah. Enquanto ele e o Nick seguiam o Jax, pegou o celular e viu que tinha uma chamada não atendida da Jacee. Sorrindo, ouviu sua mensagem. Seu sorriso morreu rapidamente. "Estou a caminho do complexo. Alguém invadiu a casa enquanto estava no trabalho. Quem quer que seja, rasgou nossa cama, Micah! Estou dando o fora daqui. Te vejo em breve. Me liga." "Oh, caralho!" Gritou, e correu para o elevador. "O que houve?" Nick gritou atrás dele.
Jax voltou correndo e o Micah não teve certeza, nem mesmo, se tinha chegado a falar com o Noah. No momento, não se importava. Apertou o botão do elevador várias vezes, mas era muito lento. Girando, correu para as escadas. "O que diabos está acontecendo?" Jax agarrou o braço dele antes que explodisse porta afora para a escada. "Recebi um telefonema da Jacee logo antes de irmos para o quarto do Tyler." Micah estava ofegante. Em pânico. "Alguém-alguém invadiu a casa dela enquanto estava no trabalho, hoje. Chegou em casa e estava uma bagunça. Quem quer que seja, rasgou a cama." "Merda." Os olhos preocupados do Jax encararam os seus. "Ela está bem?" "Eu-eu acho que sim. Disse que estava vindo para cá." "Ligue para ela. Agora." "Ok. Deus, por que não pensei nisso antes?" "Porque você está em pânico. Ligue." Encostando na parede, Micah fez a chamada. Estava em agonia, esperando ela responder enquanto o telefone tocava. E tocava. "Ela não está atendendo. E, se ..." Ia desmaiar. Agora mesmo, na frente deles.
"Micah!" Nick gritou na cara dele, agarrando seus ombros. Micah piscou para ele. "Ela está dirigindo. Não vai atender enquanto está dirigindo e com medo, está bem? Acalme-se. Vamos descer até a frente e esperar por ela. Deve chegar a qualquer minuto." "Você está certo." Respirou fundo várias vezes, e as manchas escuras na frente do seu rosto começaram a clarear. "Vamos." O trovejar do seu coração não parou enquanto corria escada abaixo, os amigos logo atrás dele. No final da escada, correu através do lobby e para fora das portas. Lá fora, cruzou o gramado e correu por uma parte do terreno, depois parou, esperando, ouvindo. "Onde ela está?" "Ela já vai chegar", Jax o tranquilizou. Por fim, ouviu o motor de um carro. Se aproximando do longo caminho para o complexo em boa velocidade. Quando o carro virou a última curva e a viu atrás do volante, podia ter tombado pelo alívio, depois de tudo. Freou, derrapando, largou o carro no estacionamento, desligou a ignição e saiu correndo para encontrá-lo. Aquele olhar no belo rosto da sua Companheira, nunca esqueceria. Medo puro. Micah encontrou a Jacee no meio do caminho e estendeu os braços. Ela desabou dentro deles, quase derrubando-o, e ele a segurou apertado. Abraçou-a e beijou o cabelo dela, sussurrando palavras de
conforto da melhor maneira que sabia. Estava tremendo da cabeça aos pés enquanto o abraçava apertado, como se nunca o fosse largar. "Estava com tanto medo", disse ela, com a voz embargada. "Ele estava lá. No começo, pensei que era minha imaginação, mas então vi o quarto. Ele o rasgou em pedaços!" Oh, Deus. Podia ter sido a sua Companheira. Se ela estivesse em casa quando o monstro chegou, ou se tivesse esperado por ela. "Shh, estou aqui, baby. Você está segura." "Me sinto tão violada." "É exatamente o que ele pretendia. Nós vamos pegar esse filho da puta", Micah prometeu. "Ele teve um dia fodidamente ocupado, uma vez que já tinha aprontado uma hoje." Inclinando-se um pouco para trás, ela olhou para o rosto dele. "Sério? O que aconteceu?" Ele contou sobre o ataque aos Cades, pai e filho. E a nota culpando o Micah, deixada junto ao Sr. Cade. Sobre a referência ao número do Micah no laboratório. "Então, é alguém que você conhece." Seus olhos estavam arregalados, mais amedrontados do que antes, se possível. "Este monstro está matando e o ameaçando diretamente."
"Sim." Havia mais. Mas agora não era o momento de contar a ela sobre a visão horrível do Nick. Não em público. "Como disse, vamos pegá-lo." "Isso mesmo." Fez um gesto em direção ao carro. "Trouxe algo que pode ajudar." "O quê?" "Acho que ele adulterou um pouco de comida que estava na geladeira. Talvez seus colegas do laboratório possam fazer alguns testes?" Nick caminhou até eles e acenou com a cabeça. "Podem, e se foi contaminado de propósito, vão ser capazes de identificar a fonte, provavelmente." Jacee caminhou até o carro, se inclinou e pegou um recipiente de plástico. Em seguida, o levou até o Nick. "O que devo fazer com isso?" "Vou levá-lo para eles. Não se preocupe. Depois que deixar isso lá, Micah, Jax e eu vamos voltar na sua casa e embalarmos o que vocês precisam por enquanto." Os ombros da Jacee caíram. Parecia tão desamparada, Micah a puxou contra ele novamente. "Você está ficando autoritário, hein?" Ela perguntou. "Pode apostar. Até esse monstro anormal ser pego, vamos cerrar as fileiras em torno de vocês dois."
Micah odiou isso, pelos dois, mas não podia culpar o comandante. Ele tinha que proteger seu pessoal, e não poderia fazer isso se estivessem a quilômetros de distância. Micah se virou para a sua Companheira. "Querida, por que não vai para os meus aposentos e descansa, enquanto nós cuidamos das malas? Você trabalhou o dia todo e, em seguida, tomou esse susto. Dormir um pouco vai te fazer bem." "Não. Não quero ficar sozinha, mesmo sabendo que, na verdade, não estou sozinha no complexo", ela insistiu. "Quero ficar com você. Podemos descansar juntos, quando voltarmos." "Se você tem certeza..." "Tenho. Além disso, há coisas que uma garota precisa e não quer que homens fiquem mexendo." Deu um sorriso abatido para eles. Jax revirou os olhos. "Deus nos livre de termos que tocar nessas coisas de mulheres." Micah riu, apesar da situação. Foi bom vê-la se entrosando um pouco com a equipe. Mesmo com o Jax. Quem imaginaria isso? Nick levou a comida para o laboratório e, então, estavam a caminho em duas vans da Alpha Pack. Melhor pegar bastante coisa. Droga, mal podia esperar que o assassino fosse capturado e pudessem se concentrar no seu relacionamento. Para falar com o Nick sobre a construção naquele pedaço de terra e providenciar a construção da casa.
Queria tanto acreditar que teria um futuro com a sua Companheira. Primeiro, tinha que colocar o passado para descansar.
Jacee nunca tinha estado tão cansada. Exaurida. Forçada ao máximo. Um longo dia de trabalho, seguido por ser aterrorizada em sua própria casa. Em seguida, uma viagem de carro de tirar o fôlego, olhando pelo espelho retrovisor, a paranoia a acertando a cada quilômetro, completada em arrumar suas coisas e se mudar com o que tinha de mais importante para o apartamento do Micah no complexo. Não estava na sua lista dos dez dias mais divertidos. Estava um caco. Que foi o motivo, em retrospectiva, de ter perdido a cabeça quando encontrou o frasco de Myst escondido nas coisas do Micah. Exausta, ela, o Micah e seus amigos marcharam para a sala de jantar, para uma refeição quente e muito necessária para aliviar os corpos cansados. Gostava dessas pessoas. Eram calorosas e acolhedoras e sabiam quando dar espaço a uma pessoa.
A refeição desceu rápido, sem parar para, realmente, saboreá-la. Mas encheu o espaço faminto e estava satisfeita. Seus nervos não estavam menos fragilizados, entretanto, e o seu Companheiro percebeu. "Por que não nos recolhemos, querida? Parece a ponto de cair." Atirou ao Micah um sorriso agradecido. "Isso seria bom. Obrigada. Este é um dia que, definitivamente, precisa acabar o mais rápido possível." Pegou a mão dela, e o deixou puxá-la para cima. Se despediram e se dirigiram aos seus aposentos - deles por algumas semanas ou meses, pelo menos. Uma vez lá dentro, puxou-a para ele e a abraçou. Ficaram assim por um longo momento, enquanto ela só inspirava o perfume maravilhoso. Ouvindo o seu batimento cardíaco. Nunca havia se sentido tão segura. Não há anos, pelo menos. "Prepare-se para dormir, baby. Antes de cair". Beijando o topo da sua cabeça, se afastou. Sentiu a perda do seu calor imediatamente, mas planejava entrar em um aconchego sério o mais rapidamente possível. "Ok." Micah desapareceu no corredor até o quarto principal e ouviu a porta do banheiro fechar. Seguindo-o, foi para o quarto e, com as mãos nos quadris, estava examinando as caixas cheias com os seus pertences, que tinham jogado lá, apressadamente. Em qual deles estava sua
escova de dentes e o sabonete líquido para o rosto era uma incógnita, então começou a procurar. Uma rápida olhada na primeira caixa revelou calças jeans e camisetas, além de alguns outros tops. A segunda, pijamas, cuecas e sutiãs. Na terceira, sucesso. Sua necessaire estava lá, e no interior dela estariam os itens que precisava para se preparar para deitar. Quando a pegou, no entanto, algo chamou sua atenção. Na parte inferior da caixa havia uma pequena bolsa preta. Parecia ser uma bolsa masculina, algo no qual o Micah podia colocar seus itens para higiene dentro, mas nunca tinha visto aquilo antes. Colocando sua necessaire no chão, estendeu a mão, em seguida fez uma pausa, olhando com culpa para a porta do banheiro. Lá dentro, a descarga foi acionada e a água na pia começou a correr. Não era uma pessoa bisbilhoteira e não queria ser aquele tipo de Companheira. Claro, estava sendo estúpida. Tudo que havia nessas caixas era deles, então por que não devia olhar? Não haveria danos em satisfazer sua curiosidade. Pegando a bolsa, abriu o zíper na parte superior e olhou para dentro. Itens normais, como pensava. Um par de lâminas de barbear descartáveis e um pequeno tubo de creme de barbear. Uma escova de dentes e pasta de dentes para viagem. Fio dental. Um pequeno vidro de perfume. Não muito diferente do conteúdo da sua própria necessaire. Exceto pelo pequeno frasco marrom quase enterrado na parte inferior.
Com as mãos um pouco trêmulas, o pegou. Leu o rótulo. Mesmo assim, não conseguia acreditar no que estava vendo. "Myst?" Isso não podia estar certo. Seu companheiro tinha passado por uma desintoxicação infernal e estava livre. Sabia que devia ficar longe desta merda, tinha levado ela a acreditar que estava indo muito bem. E, ainda assim, aqui estava a prova, bem na sua mão, que não estava bem. Absolutamente. "Ei, se encontrar o sabonete líquido, eu quero..." Sem camisa, a calça jeans desabotoada, Micah parou do lado fora da porta do banheiro. A expressão alegre no seu rosto virou pó e ele congelou, os olhos arregalados. "Que porra é essa?" Quando Jacee falou aquelas quatro palavras, soube que tinha começado a conversa da forma errada. Mas esta foi a gota d'água em um dia já catastrófico, e estava cheia. "Jacee, não é o que parece", disse com voz rouca, dando alguns passos para frente. "Não? Quer dizer que não escondeu esses comprimidos? Não jurou que ia ficar longe deles e, em seguida, fez exatamente o oposto? Você não mentiu para mim? Para a Mac e a sua equipe?" "Amor, por favor-" "Me fale a verdade!"
"Ok! Sim, menti!" Enterrou os dedos no cabelo escuro, o peito arfando. "Mas foi uma mentira por omissão." "E isso faz com que seja certo?" "Claro que não. Mas, querida, não tomei nenhuma, juro." Sua voz estava implorando para ser compreendido. "Eu queria, muito. Apenas para me ajudar a aguentar, apenas um ou dois." Ela se encolheu. "Pensei que estas duas últimas semanas tinham sido tão maravilhosas para você como foram para mim. Por que você precisaria dos comprimidos?" "Têm sido! Mas não é sobre isso que o vício se trata. É a vontade que está me deixando louco. É com isso que estou tendo problemas para lidar, não vê?" "Não. Como poderia? Porque não confiou em mim. Você mentiu para mim." Com movimentos apressados, enfiou a camisa de volta. "Sinto muito. Gostaria de não os ter guardado." Ela se levantou. "Mas você guardou e não me contou. Não confiou em mim para ajudá-lo." "Eu confio! Só queria lidar com isso por conta própria", tentou explicar. "É tão errado assim?"
"Está brincando?" Olhou para ele, incrédula, e sua voz se ergueu quando continuou. "Agora sei que tenho um Companheiro que vai esconder as coisas de mim quando lhe convém. Se não posso confiar em você, o que nós temos?" O desgosto no rosto dele a fez lamentar as palavras duras, no instante em que saíram da sua boca. Mas não conseguiu retirá-las. Não rápido o suficiente para impedi-lo de pegar as chaves e o capacete da moto. "Micah, espere." Ele balançou a mão e saiu correndo, ignorando seus apelos. Ela correu atrás dele, mas ele foi mais rápido, batendo a porta do apartamento atrás dele. Por alguns segundos considerou ir atrás dele, mas não havia como alcançá-lo. Não, quando estava tão chateado. Além disso, também não havia necessidade de expor sua discussão na frente dos outros membros da equipe, o que certamente aconteceria se o alcançasse. Não, melhor esperar até que ele voltasse. Por favor, volte, disse, através do vínculo mental. Vamos conversar sobre isso. Eu sinto muito. Nada. Ele já a havia deixado de fora, então. Desanimada, entrou no quarto e se sentou na beirada da cama. Mais e mais, repassou o incidente, e o nó no estômago cresceu. Tinha lidado mal com as coisas desde o início. Se não estivesse tão cansada e exaurida de hoje-
Não, isso não era desculpa para o modo como tinha tratado o seu Companheiro. Em vez de agir como uma puta acusadora, devia ter mostrado compreensão e apoio. Ele esteve no inferno nas últimas semanas. Meses, para dizer a verdade. Como estava indo tão bem, era um milagre. Sim, tinha mentido por omissão. Mas era totalmente compreensível que quisesse tomar alguns comprimidos e tivesse dificuldade em resistir ao terrível desejo. Mac tinha avisado que não seria fácil se livrar deles. Micah lhe disse que tinha resistido a tomá-los, e acreditava nele. Tinha sido forte o suficiente para não ceder. E ela o perturbou bastante, fazendo-o acreditar que não tinha fé nele. "O que foi que eu fiz?" Entristecida, decepcionada consigo mesma, baixou a cabeça, mal notando as lágrimas escorrendo pelo rosto.
Cristo, que dia. Nick estava guardando as coisas no seu escritório, se preparando para se juntar à Calla nos seus aposentos, quando a visão o atingiu.
A discussão entre a Jacee e o Micah tinha mudado um pouco. Não foi tão rancorosa como nas visões anteriores, porque o Micah não tinha usado drogas novamente. Tinha levado a sério muito os avisos da Mac e do Nick, o que foi uma coisa extremamente boa. Mas o resultado foi quase o mesmo. Nick soube imediatamente que parte da visão tinha já acontecido. A discussão. Micah saindo, mas não da casa da Jacee, como antes. Colocando em marcha a moto, Micah fugiu do complexo. A perda arrancando suas entranhas. Saiu correndo da sua vida arruinada, da destruição das suas esperanças e sonhos. Da Alpha Pack, da sua Companheira. Ele tentou, muito. Mas a sua Companheira não confiava nele. Deus, estava em agonia. E assim não viu o shifter com as enormes asas abertas viando baixo no céu, com as garras estendidas, com a intenção clara. Como sempre, Nick não podia gritar. Não era possível avisar ao Micah do perigo. A criatura acertou o Micah de lado, duramente, derrubando-o da moto em alta velocidade. Micah foi lançado, voando pelo ar por terríveis segundos, até que bateu de cabeça em uma árvore. Caindo no chão em um monte amassado, a cabeça em um ângulo antinatural, olhando para o céu. Lutando para respirar.
E depois parou, os olhos castanhos fixos em um ponto que não podia mais enxergar. Micah tinha deixado o complexo, mas o ataque não tinha ocorrido ainda. Nick sabia disso. Tinha apenas alguns minutos para advertir o homem. "Não vai acontecer assim. Não se eu puder ajudá-lo. " Agarrando o celular, ligou para o Micah. No quarto toque, o correio de voz atendeu, então deixou uma mensagem. "Micah, a visão que te falei! É isso! Volte! E, pelo amor de Deus, mantenha os olhos no céu!" Desligando, enviou uma mensagem. Volte e mantenha os olhos no céu! Minha visão sobre você é agora, hoje à noite. Me liga. Depois que apertou o botão de enviar, se apressou, soando o alarme. A Alpha Pack estava pronta em menos de cinco minutos, e já estavam diante das vans. Não o questionaram quando explicou a sua visão, a fé deles em sua capacidade como Vidente e como líder era inabalável. "Que porra estamos esperando?" Aric grunhiu. "Vamos pegar o meu cunhado estúpido antes que consiga que a sua bunda seja morta." Entraram nos veículos e partiram. Nick só rezava para que não estivessem demasiadamente atrasados.
Acelerando ao longo da estrada escura, o cérebro do Micah estava uma bagunça. "Se não posso confiar em você, o que nós temos?" Tentei tanto. Mas a minha Companheira não confia em mim e consegui ferrar com tudo. Deus, isso é uma agonia. Não tinha ideia para onde estava indo. Ou quando voltaria. Talvez não voltasse, no final das contas, apenas continuaria prosseguindo na moto para a Califórnia ou até a Costa Leste. Em qualquer lugar, menos aqui, onde não era nada além de um fracasso. Assim que teve aquele pensamento, soube que não queria, na verdade, seguir adiante. Seu lobo rosnou diante da ideia de deixar sua Companheira para sempre, de desistir. O homem não estava pronto para desistir de qualquer um, ferido ou não. Só precisava sair, arejar a cabeça. Em seu bolso, o celular tocou. Ignorou-o e continuou andando, sem se importar com a escuridão, querendo apenas fazer parte dela por um tempo. Desaparecer. Mas o dispositivo vibrou novamente, sinalizando o correio de voz. Nem um minuto depois, o zumbido de uma mensagem de texto. Alguém estava determinado a alcançá-lo.
Com o cuidado de manter uma mão firme na moto, diminuiu um pouco a velocidade, pegou o telefone no bolso e apertou o botão na parte inferior para desbloquear a tela. Não conseguia manusear o dispositivo enquanto estava dirigindo, para ouvir o correio de voz, mas pôde ver a mensagem e era do Nick. Só conseguiu ler a primeira parte, mas o que viu fez correr um arrepio de presságio por sua espinha. Olhe para trás, e mantenha os olhos no céu! Esse era todo o aviso de que precisava. Girando em seu assento, inclinou a cabeça para fazer a varredura do céu noturno e viu a sombra de uma grande criatura voando, enquadrada contra as estrelas. "Merda!" A besta mergulhou sobre ele, que se virou para a estrada, se inclinando sobre a moto e acelerando. A reação foi mínima, demasiadamente tarde, então, se preparou. O impacto atingiu suas costas e o ombro com a força de um trem em alta velocidade, roubando seu fôlego e o desequilibrando. Mas, de alguma forma, em vez de ser lançado sobre o guidão, conseguiu mover seu peso e cair de lado, inclinando a moto. Caiu com força no chão, perdeu o controle da moto, o celular, e deslizou até o lado oposto da estrada, se dirigindo para um grupo de árvores. Não havia nada que pudesse fazer, mas graças a Deus estava usando capacete.
E, então, seu voo foi interrompido abruptamente quando rolou, até parar de costas - junto a uma árvore. Foi um milagre que tivesse desviado. Mas precisava de, pelo menos, mais um para sobreviver. Porque o monstro, gritando em triunfo, estava se aproximando rapidamente com as garras estendidas. Pronto para conseguir uma morte precoce. A figura aumentava quanto mais perto chegava do chão. E Deus, a coisa era enorme pra caralho! Pouco antes de atingilo, Micah rolou para o lado, grunhindo de dor. A criatura atingiu o chão em vez do seu corpo e alardeou em indignação. Suor brotou na testa do Micah quando tentou se arrastar, para colocar a árvore entre ele e o seu atacante, mas vários ossos quebrados e ligamentos rompidos diminuíram o seu progresso. Facas incandescentes rasgavam através da sua coxa enquanto se arrastava. Seus dedos arranhavam a grama e a sujeira enquanto tentava desesperadamente encontrar alguma coisa na qual se segurar. Ou um galho para enfiar no monstro. Não, precisava se transformar. Para lutar em sua forma de lobo. Mas os preciosos segundos que precisava para completar a transformação foram perdidos quando a criatura afundou as garras na carne vulnerável do seu torso, rasgando-o. Gritando, Micah agarrou freneticamente a pele dura das garras do monstro. Tentou fazer com que o largasse. Mas só tentou se libertar das amarras de ferro sólidas, grandes e fortes como eram. Contorcendo-se, Micah olhou para seu captor com horror.
O monstro era exatamente como o Tristan Cade havia descrito. Ainda pior. Quem quer que essa coisa fosse em forma humana, não estava em evidência, agora. O que tinha sido, uma vez, um pássaro majestoso
de
algum
tipo,
foi
transformado
e
ficou
quase
irreconhecível. As penas, embora marrons e manchadas, podiam ter pertencido a uma águia dourada. A semelhança com a bela ave acabava ali. A criatura gritou, com ódio nos olhos vermelhos, e atacou. Agonia atravessou o ombro de Micah, e ela gritou de novo. E novamente, atingindo o seu peito, em seguida, o estômago, o bico irregular dando estocadas. Rasgando sua carne. O monstro estava despedaçando-o. Parte por parte. Fazendo-o sofrer como o Micah, outrora, o fez sofrer. Talvez merecesse isso, afinal de contas. Quando as garras da criatura afundaram mais profundamente, pensou ter ouvido um barulho familiar. Em seguida, virou a cabeça e viu faróis vindo rápido. Vários veículos. Nick. A Alpha Pack. Tinha que ser, aqui fora no meio do nada, tão perto do complexo. Podia ter chorado, se tivesse força. Depressa. O monstro, no entanto, não estava tão satisfeito. Com um grito de raiva, se lançou para o ar - sem largar a presa. O corpo quebrado do Micah foi levantado para o céu, um pedaço de carne para ser devorado por aquele que iria levar a cabo sua vingança.
"Oh, Deus ..." Com a cabeça pendurada, observou o chão sumir. Viu os veículos frearem, derrapando, seus irmãos saindo de dentro dele. Armas foram engatilhadas, e uma série de estampidos se seguiu. A criatura mergulhou, mas, em seguida, continuou a subir. Muito abaixo, um homem com cabelo vermelho levantou as mãos e mirou. Aric. Quando a coluna de fogo em espiral subiu, Micah fechou os olhos. Soube o instante em que o fogo atingiu a criatura. Ela gritou, as garras se abrindo em reflexo, largando o corpo do Micah. E ele caiu. Jacee. Por favor, acredite em mim. Te amo. O vento chicoteou através do seu cabelo, a escuridão o envolveu, e ele a acolheu com agrado.
A cena que saudou o Nick e os seus homens parecia saída de um filme de terror. E não era uma coisa que seria capaz de apagar das suas mentes enquanto vivessem. Aric estava ao volante da van cor de chumbo, Nick carregando a espingarda. Todo mundo estava tenso, ansioso. Em seguida, o veículo
contornou a curva, e viram o rastro de destroços da moto. E, no lado oposto, em um grupo de árvores, uma criatura monstruosa, as asas se expandindo na sua largura total, sua presa debaixo das enormes garras. O animal estava bicando o Micah novamente e novamente, determinado a destruí-lo. "Filho da puta!" Aric gritou. Acelerou o carro, encurtando a distância. O animal foi, finalmente, alertado para a presença deles e alçou voo, mas não soltou o Micah. Nick só pôde ficar olhando o homem mais jovem pendendo nas garras do monstro e rezou para que já não estivesse morto. Aric freou a van e saltaram, disparando as armas. O pássaro vacilou, mas não parou, então Aric ergueu as mãos. "Não acerte o Micah!" Nick gritou. "Não vou!" Fogo disparou das mãos do Aric e girou em direção o céu, em busca do seu objetivo. Mais e mais alto, até que as chamas atingiram a criatura, que soltou um grito terrível e largou sua presa. Micah despencou, caindo na direção do solo com uma velocidade vertiginosa. "Kalen", Nick gritou. Mas o Feiticeiro já estava trabalhando, enviando um feitiço para fazêlo parar de cair, e trazendo-o para o lugar onde estavam estacionados.
Quando o Micah flutuou em direção a eles, o coração do Nick afundou. O jovem lobo estava estraçalhado, uma bagunça ensanguentada, as roupas penduradas no seu corpo em tiras e cortes largos visíveis na sua carne. Finalmente, Kalen o baixou suavemente nas suas mãos, e acomodou o corpo golpeado na parte de trás da van, onde alguém já tinha abaixado os assentos e os forrado cobertores. Zan esperava ali para mantê-lo estável durante a viagem de volta para o complexo. "Maldição, olhe para ele", Aric sussurrou, seu rosto, uma máscara de raiva. "E aquele filho da puta escapou." "Nós vamos pegá-lo." Nick pegou seu ombro. "Enquanto isso, precisamos trazer o Micah de volta. Vamos, depressa." Nick subiu na traseira com o Zan, e se colocaram a caminho. Os olhos do Micah estavam fechados e sua respiração sacudia os pulmões, um som molhado enquanto lutava para respirar. "Aguente, Micah. Você já passou por muita coisa para desistir, agora. Você é um sobrevivente – lembre-se disso." "Não vou deixá-lo morrer", disse Zan, a mandíbula cerrada com a determinação. Colocando as duas mãos no peito do paciente, começou a trabalhar. Um brilho azul envolveu as mãos do Zan e, depois, se espalhou pelas extremidades superiores do Micah. Pelo resto do seu corpo. Durante todo trajeto, Zan não o soltou, nem falou.
Quando chegaram no Santuário, Nick observou que o Micah parecia estar respirando com um pouco mais de facilidade. O fluxo de sangue havia diminuído, também. As portas traseiras foram escancaradas, e o Zan caiu para trás, claramente desgastado. "Fiz tudo o que pude", disse com voz rouca. "Ele é um desastre do caralho. As garras do monstro acertaram alguns dos órgãos principais." "Você foi muito bem", Nick assegurou. Mac assentiu com a cabeça enquanto ela e o Noah se preparavam para colocar o paciente em uma maca. "Foi mesmo, meu amigo. Vamos cuidar dele, agora." Nick e Aric ajudaram a colocar o Micah na maca; em seguida, Mac e Noah partiram com sua carga. "Nunca me senti tão inútil." Ao lado do Nick, a voz do Aric era tranquila. "Você fez o que podia. Deus, o que vou dizer para a Rowan?" Então, Rowan veio correndo, virando a esquina correndo na direção de onde estavam, perto da entrada de emergência. Selene, a companheira do Zan, estava com ela. "Pai!" Selene chamou o Nick. "O que aconteceu?" "O Micah foi atacado", disse às mulheres. Seus rostos refletiram choque e preocupação. "Por aquela criatura que está atrás dele." "O meu irmão vai ficar bem?" Rowan se agarrou ao seu Companheiro. "Me diga a verdade."
"Ele está em boas mãos, querida." Isso não era uma resposta, e todos sabiam disso. Mas era o melhor que tinham. À medida que as mulheres se agarravam aos seus Companheiros, Nick pegou seu celular e fez a ligação que mais temia. "Alô?" Jacee respondeu.
Ordens gritadas chegaram aos seus ouvidos. Estava voando. Não, sacolejando, se movendo rapidamente. Pés correndo ao lado dele. Tudo doía. Respirar era uma agonia. Abrindo os olhos, ficou quase cego pela luz branca e pelo movimento. Mas, quando sua visão clareou um pouco, viu paredes e portas passando correndo. Ao seu lado estava alguém usando um avental de enfermeiro, com personagens do Bob Esponja. O Noah. "Ei, você está de volta. Fique com a gente, ok?" "Vou tentar", disse o Micah. Ou pensou que falou. Virou a cabeça para tentar olhar para onde estavam indo, e foi quando a viu no corredor. Sentada calmamente, por incrível que pareça. "Jacee?"
Estendendo a mão, tentou pegar a mão dela quando a maca passou deslizando, e sua surpresa lhe pareceu estranha. Não conseguia enxergar bem, sangue e suor nos seus olhos, mas... era ela. Certo? Não, espera. A mulher era muito jovem, o cabelo muito claro. Estava enganado. Em seguida, os médicos e os enfermeiros o empurraram para uma sala de operações ou, pelo menos, esse era o seu palpite. Uma máscara foi colocada sobre seu nariz e a boca, e uma picada espetou seu braço. As coisas ficaram distorcidas, novamente, e começou a flutuar. "Você vai ficar bem", disse Noah, seus amáveis olhos azuis fitando o Micah. Se ele conseguisse acreditar nisso. Então, não teve conhecimento de mais nada.
Jacee. Por favor, acredite em mim. Eu amo você. Acredito em você, e sinto muito. Eu também te amo. Micah? Ele não respondeu, então andou de um lado para outro por um tempo. Será que devia ir atrás dele? Não sabia por onde começar a procurar, além do Grizzly, mas ele não havia tido tempo de chegar lá, ainda.
Quando viu o número do Nick no identificador de chamadas, cerca de meia hora depois, não estava muito preocupada, inicialmente. Micah não tinha saído há muito tempo e imaginou que o comandante estava tentando falar com o membro da sua equipe por algum motivo. Micah não podia responder pilotando a moto. "Alô?" "É o Nick. Preciso que você mantenha a calma", começou. Imediatamente, seu coração pulou no peito. "O que houve?" "O Micah está no Santuário. Ele foi atacado." Enfiando o telefone no bolso, Jacee correu, sem esperar para ouvir o resto. Na esteira do pânico, a exaustão fugiu. Seus pés voaram enquanto corria pelos corredores, finalmente chegando à passagem que ligava o edifício principal ao Santuário. Rapidamente, com os dedos tremendo, digitou o código, apertando os botões errados na primeira vez e falando um palavrão; em seguida, acertou e correu novamente. Nick estava esperando por ela no lobby, e um olhar para a expressão triste no rosto dele, fez seu coração cair aos pés. Apressando-se até ele, agarrou sua camisa e percebeu que estava coberta de sangue seco. Balançando a cabeça, se recusando a aceitar o que aquilo significava, encontrou seu olhar. "Sinto muito", começou. "Não tive tempo para trocar de roupa, ainda."
"Como ele está?" "Eles o levaram para a cirurgia. Não sabemos nada, ainda." "Você sabe mais do que está me falando." Dessa vez, Jacee estava certa. Ele não conseguiu esconder a ansiedade agonizante em seus olhos. "Aqui não. Há uma sala de espera privada no andar superior." A condição do seu companheiro era ruim, então. Suas pernas mal a aguentavam quando chegaram no elevador, e o Nick segurou gentilmente seu braço. Quando chegaram ao andar certo, não estava ciente de quase nada em torno dela, porque estava muito concentrada em garantir que o vínculo com o seu Companheiro ainda estava sólido. O que encontrou foi assustador. O fio estava oscilando, fino e fraco. Isso, mais do que qualquer coisa que podiam lhe dizer, mostrou apenas quão terrível o ataque tinha sido e que a vida de Micah estava, literalmente, por um fio. O comandante a levou para a sala de espera privada, que, como se via, não era tão privada. Zan e Selene estavam lá, juntamente com Aric e Rowan. A camisa do curandeiro estava coberta de sangue, também, e lutou para não vomitar. Assim que a irmã do Micah e seu cunhado a viram, caminharam direto para ela e a envolveram em um abraço, sem dizer nada por vários momentos. Quando a soltaram, Aric a pegou pelo braço e a guiou até
uma cadeira, onde a fez se sentar. Ficou de um lado dela, Rowan do outro. Aric falou primeiro. "Nós não vamos mentir para você, Jacee. É grave." Engoliu em seco, lutando contra as lágrimas. "Posso sentir o quão fraco está o nosso vínculo. Me diga quem, ou o que, fez isso." "Aquele monstro que está atrás dele esperou uma oportunidade e a aproveitou." A mandíbula do Aric se contraiu, com raiva. "Ele o atacou quando ele estava fora da motocicleta, quase o destruiu. Ele não teve a menor chance." Nick se acomodou em uma cadeira na frente deles. "Não entendo por que iria assumir um risco como esse, especialmente depois que o avisei sobre a minha visão, mais de uma vez." "Visão? Que visão?" Jacee olhou para o comandante com pavor. "Ele não contou a você?" Nick soltou um suspiro pesado. "Eu previ o ataque de hoje à noite, mas não sabia quando ia acontecer. Avisei o Micah, em mais de uma ocasião, para tomar cuidado." "Ele nunca me falou." Não conseguia entender isso. "Provavelmente, estava tentando protegê-la", disse o comandante suavemente. "E não cabia a mim interferir." "É minha culpa", ela sussurrou. "Nós discutimos, e eu o mandei embora."
"Não, absolutamente não. Ele esqueceu o meu aviso e saiu para esfriar a cabeça, isso é tudo. Mas deve ter visto as minhas mensagens ou lembrado, bem a tempo de mudar o resultado original, porque ainda está vivo." Ela piscou para o Nick. "V-você quer dizer, ele devia ter morrido?" Deu um breve aceno. "Na minha visão, ele caiu quando a criatura atacou e morreu quando bateu em uma árvore e quebrou o pescoço. Essa noite, conseguiu evitar a árvore." "Mas ainda podia... você já viu um novo desfecho?" Ela perguntou, ansiosamente. "Receio que não. Tudo o que podemos fazer é esperar." Enquanto os minutos intermináveis se arrastavam, ela odiou ficar sem saber o que estava acontecendo na cirurgia. Em um certo momento, Rowan pegou sua mão e a apertou, como uma tábua de salvação, concentrando-se sobre o vínculo frágil entre ela e o Micah. Exaustão e o dia cobraram seu preço, entretanto, e não ficou ciente que tinha começado a cochilar. Até o vínculo começar a piscar, como uma lâmpada perdendo a força. E, finalmente, apagando. Instantaneamente acordada, ela deu um salto na cadeira. "Micah?" "O que houve?" Perguntou Rowan.
"Nosso vínculo", engasgou, ficando de pé. Frenética, agarrou o peito, procurando o fio dourado. Mas só havia um vazio escancarado onde seu Companheiro devia estar. "Micah!" Ao redor da Jacee, os outros se agitaram. Nick também se levantou e foi em direção a ela. Mas, antes que alguém pudesse impedi-la, estava fora da sala, em busca do seu Companheiro. O único que podia completá-la. Liberou os sentidos da sua coiote tímida, procurando-o, ignorando a equipe que tentou impedi-la de entrar em um conjunto de portas duplas marcado como ÁREA RESTRITA. Atravessando-as, seguiu o cheiro do seu Companheiro até outra porta no meio do corredor, assinalada como SO-3 e a invadiu. A visão de uma equipe de médicos e enfermeiros que estavam sobre o seu Companheiro amado, fazendo uma massagem cardiorrespiratória, fez seu sangue gelar. "Não." A palavra surgiu como um soluço, e sua mão foi até a boca. "Micah?" Uma das médicas levantou a cabeça e retrucou: "Alguém, tire-a daqui." Ela reconheceu a voz como sendo a da Melina, mas só tinha olhos para o homem na mesa de cirurgia. Seu rosto estava encoberto pela máscara de oxigênio, os olhos fechados, o cabelo castanho escuro como tinta derramada sobre o branco dos lençóis embaixo dele.
Isso não estava acontecendo. Seu Companheiro não podia estar morto. Um uivo surgiu das profundezas da sua alma, e ela se transformou. E gritou seu pesar aos céus.
O uivo do coiote era distante. Mas, ainda assim, chegou à sala silenciosa onde o Nick esperava com a pequena família do Micah. Alto e triste, fez com que arrepios subissem pelos braços do Nick, e pavor invadisse seu coração. O rosto da Rowan estava pálido quando se levantou, tremendo. "Não. Nick. Me diga que não é verdade. Não depois de tudo o que ele passou. Me diga que não termina assim." "Gostaria de poder dizer", disse miseravelmente. "Mas eu não sei." Olhou para Nick, depois para o Aric. "Tenho que ir até ele." Seu Companheiro balançou a cabeça, com uma expressão triste, mas a voz firme. "Não, querida. Os médicos estão ocupados, agora. Eles vão nos dizer-" "Quero ver o meu irmão! Você não pode me impedir!"
Começou a caminhar para a porta, mas Aric a impediu, envolvendo-a em seus braços. Ela lutou, uma boa batalha no início, mas logo caiu em seus braços e o deixou abraçá-la. Seus ombros balançavam com os soluços enquanto o Aric murmurava palavras de conforto, e todos esperavam fosse verdade. Rowan estava certa, pensou Nick. Não devia acabar assim para o Micah. Nada disso era justo. Tentou invocar uma visão, mas não conseguiu. Elas não funcionavam desta maneira. "Segure-a", disse ele ao Aric. "Vou ver se consigo descobrir o que está acontecendo." Aric assentiu tristemente, e Nick caminhou para fora da sala.
"Jacee, precisamos da sua ajuda!" Ao longe, ouviu alguém chamando por ela, mas não fazia sentido através da tristeza que escorria pelo seu coração e sua alma. Mãos a chacoalharam fortemente, e parou de uivar, olhando com os olhos da sua coiote para o intruso. "Volte para a forma humana," Mac ordenou. "Agora. Se você quer ajudar o seu Companheiro, se transforme. Entendeu?" Companheiro. Ajudá-lo?
Aquilo penetrou a névoa e Jacee obedeceu, voltando à forma humana. Rapidamente, estava juntando suas roupas, mas a médica a ajudou a arrumá-las e ficar de pé. "O que eu posso fazer?" Jacee perguntou, a voz embargada pelas lágrimas. "Ele se foi." "Nós temos um respirador trabalhando por ele, fazendo com que consigamos algum tempo. Vamos lhe dar um pouco do seu sangue e já chamamos a Calla, a Companheira do Nick. Ela está a caminho, para doar, também." Esperança contraiu o peito da Jacee. "Seja o que for que possa salválo. Estou dentro." "Não posso prometer que vai funcionar, mas estamos fazendo o nosso melhor." "Eu sei, mas é uma chance, certo?" "Sim, a melhor que ele tem." Jacee seguiu a Mac, tremendo tão violentamente que achou que ia vomitar. Não podia falhar. Não podia. Se o Micah não sobrevivesse, não teria nenhuma razão para continuar. Nenhum desejo sobraria. "Vamos fazer duas transfusões", disse Melina, puxando Jacee para uma cadeira ao lado do Micah. "Uma de você, e uma da Calla para lhe dar o sangue de vampiro que cura. Ela vai estar aqui a qualquer
momento, assim, vamos começar a sua. Ambas sairão direto da fonte para o seu Companheiro." Quanto mais rápido, melhor, no que dizia respeito à Jacee. Uma vez que estava sentada, Noah estendeu seu braço em uma pequena plataforma anexada à cadeira, projetada para tirar sangue. Em seguida, envolveu um tubo de borracha apertado em torno do seu braço, acima do cotovelo, e procurou por uma veia boa. Quando achou, não perdeu tempo em deslizar a agulha e iniciar o fluxo no tubo direto no braço esquerdo do Micah. "O fluxo de sangue do braço esquerdo vai para o coração, primeiro", Mac explicou. Jacee apenas balançou a cabeça, observando ansiosamente o seu Companheiro. A máquina continuava a respirar por ele, mas não havia nenhuma centelha de vida. Ainda não. Mesmo que ainda houvesse um buraco negro onde o seu vínculo devia ter estado, estendeu a mão através do seu vínculo mental. Se havia alguma chance, tinha que tentar. Vamos lá, querido. Sei que você está cansado e ferido. Mas você pode fazer isso. Não me deixe aqui sem você. Por favor. Melina ajeitou os eletrodos no peito do seu Companheiro e acenou para o Noah. Um choque sacudiu o corpo do Micah e a linha no monitor cardíaco saltou algumas vezes e ficou plana novamente. Outro choque. Quatro bips.
Calla irrompeu na sala de operação, o Nick bem atrás dela. Jacee não conhecia a princesa vampira muito bem, mas nunca tinha estado tão feliz em ver alguém, nunca. Se o sangue dela conseguisse salvar o Micah"Ok, hora de trocar", disse o Noah vivamente. Trabalhando rápido, retirou a agulha e os tubos da Jacee, limpou o local da picada, aplicou uma bola de algodão e uma tira de esparadrapo. Jacee se moveu para que a Calla pudesse tomar seu lugar na cadeira e o Noah repetiu o procedimento mais uma vez. Ficou surpresa com o quão rápido ele era, as mãos firmes, completamente calmo, pelo menos exteriormente. Quando Jacee se arrastou para o lado do Micah e tomou uma das suas mãos, ninguém a impediu. Sua pele estava fresca, mas não fria. Ainda não. Fios parecidos com renda preta se espalhavam pelas suas bochechas e seu cabelo estava espalhado ao redor do rosto e do pescoço. Ele podia estar dormindo - se não fosse pelas fendas sangrentas parcialmente cicatrizadas no seu peito e no estômago e uma variedade de outras feridas. Volte para mim, querido. Você consegue. Vários bips. É isso aí. Estenda a mão para mim, Micah! Você pode me ouvir? Lute por nós!
Só então, o vínculo voltou à vida, tão brilhante e repentino que o brilho da conexão tirou seu fôlego. Todos os olhos na sala se viraram para ela, questionando-a silenciosamente. "Sinto o nosso vínculo", ela engasgou. "Está lá!" E, em seguida, o monitor cardíaco começou um bipe constante. Desta vez, não parou. Houve um suspiro coletivo de alívio, e alguns murmúrios de agradecimento a todos os deuses que os escutaram. Jacee desabou e teria atingido o chão se não fosse pela rápida reação do Nick. Melina se virou para a Jacee, seu tom muito mais amável do que antes. "Nós vamos estabilizá-lo e podemos ter que remover o baço e um rim se não se curarem. O Nick e a Calla vão te acompanhar até a sala de espera, e nós vamos falar com você assim que pudermos." "Obrigada." A voz da Jacee era quase um sussurro. "Muito obrigada." Quando Nick e a sua Companheira acompanharam a Jacee para fora do quarto, ela olhou para o Micah. Mantenha-se forte. Continue fazendo o seu caminho de volta para mim. Não vou a lugar nenhum. Eu amo você. Não houve resposta, mas ela era paciente. Enquanto ele ainda estivesse no mundo, ela podia esperar. As próximas duas horas pareceram uma eternidade, mas, finalmente, a porta da sala de espera se abriu. Rowan, esgotada de tanto chorar,
estava dormindo no sofá, com a cabeça no colo do Aric, quando Mac e Melina entraram na sala. Aric balançou sua companheira para acordála, que, ao ver a médica, deu um salto, esfregando os olhos. Jacee ficou de pé, pronta para enfrentar o que tinham a dizer. Ela sabia que seu Companheiro estava vivo - o vínculo ainda estava zumbindo e se fortalecendo a cada minuto. "O Micah vai se recuperar", disse a Melina, lhes dando um raro sorriso. "Ele é um dos lutadores mais corajosos que já vi." "Graças a Deus", disse a Rowan. Aric pegou a mão dela. "E a cirurgia?" "Nós tivemos que retirar o baço e o apêndice. Eles foram muito danificados para se curar corretamente, mesmo com o sangue de vampiro. O rim se recuperou sozinho, entretanto, assim como os outros cortes, arranhões e ossos quebrados." Jacee suspirou com alívio. "Está em que quarto? Posso ficar com ele?" "Estão transferindo-o, agora. Não deve demorar muito. O Noah vai vir buscá-la, ok?" "Certo." O Nick e a Calla permaneceram lá até o Noah aparecer e, em seguida, se desculparam. "Família em primeiro lugar", disse o Nick, apesar dos
protestos dos outros que também eram da família. "Nós voltaremos amanhã, depois que todo mundo descansar." O enfermeiro loiro levou a Jacee, a Rowan e o Aric até o quarto de Micah. Jacee sentou em uma cadeira ao lado da cama e segurou a mão dele. Estava mais quente, mas se sentiria melhor quando ele acordasse. Pelo menos, estava respirando por conta própria, agora. "Você não pode mais fazer isso comigo", ordenou. "Meu coração não vai aguentar. Não mais - você entende?" "Assino embaixo, irmãozinho." A expressão da Rowan estava tão exausta e aliviada quanto a da Jacee. Eles o observaram por um tempo, falando em voz baixa, até que, finalmente, o Aric insistiu para a Rowan ir para casa com ele e dormir um pouco. "Precisamos dar à Jacee algum tempo sozinha com o seu Companheiro, também", ressaltou. Isso fez com que a outra mulher abrandasse e, depois que deu um beijo na bochecha do seu irmão e, em seguida na da Jacee, ambos foram embora. Apesar da Jacee estar começando a amá-los, estava feliz por, finalmente, ter alguma privacidade. As horríveis horas de luto, acreditando que tinha perdido o seu amor, caíram sobre ela, que chorou, escondendo o rosto nas mãos. Falou sério quando disse que não conseguiria aguentar isso de novo.
Como ia lidar com ele partindo em missões e lutando contra todo tipo de monstros? Sem saber se voltaria para casa vivo ou dentro de um saco? Mas o que mais ele podia fazer para ganhar a vida? No que dizia respeito ao mundo, Micah Chase, um SEAL, tinha desaparecido em uma batalha e dado como morto. Se preocupou tanto com isso que ficou tão cansada que não conseguiu mais pensar. Uma coisa era certa: jamais lhe pediria para desistir dos irmãos da Alpha Pack. Este lugar e essas pessoas eram mais do que, apenas, um trabalho. Eram sua família. Pedir-lhe para deixá-los seria como arrancar um dos seus membros. Não podia fazer isso. Depois de verificá-lo mais uma vez, se acomodou no sofá perto da cama. Noah tinha providenciado, amavelmente, um travesseiro e um cobertor, e ela logo afundou no sono exausto daqueles que estavam exauridos. Mas, cansada ou não, teve o sonho mais maravilhoso...
Ela e o Micah estavam caminhando pela sua nova casa: a sua cabana dos sonhos na floresta, não muito longe do complexo, mas longe o suficiente para terem privacidade.
Cercada por árvores, situada no belo terreno que havia mostrado a ela naquele dia, meses atrás, era perfeita. Com quatro quartos, três banheiros, uma sala de mídia, uma sala de estar, uma piscina e uma hidromassagem lá fora, nos fundos, seria perfeita para os dois e para quando os amigos ou a família se hospedassem. E para quando começassem a ter filhos. Ver outros casais acasalados no complexo começando suas famílias, a deixou mais animada sobre um futuro que nunca sonhou ser possível. Kalen e a Mac tinham seu precioso filho, Kai, e Nick e Calla estavam esperando um bebê, também. Jax e a Kira estavam tentando e não tinham desistido. Talvez, ela e o Micah fossem os próximos? De mãos dadas, discutiram que tipo de mobiliário colocar, onde colocar, mas na verdade, não dava a mínima, contanto que estivesse com ele. O homem que era a outra metade do seu coração. "Quer olhar lá atrás?" Perguntou, sorrindo. "Sim." Atravessaram a sala e saíram pelas portas duplas até a enorme plataforma
de
madeira.
No
deck
tinha
uma
banheira
de
hidromassagem, a água borbulhando e parecendo muito convidativa. Poucos passos abaixo estava a piscina, a água cristalina e azul sob a luz do sol. "Aposto que é lindo à noite, também", Jacee suspirou.
"Tenho certeza que é. Quer ver?" Ela inclinou a cabeça para ele. "Claro, mas vamos ter que esperar para ficar escuro." Micah sorriu. "Não, não precisamos. Este é o nosso sonho, então podemos fazê-lo do jeito que quisermos." "Sonho?" Olhou em volta, confusa. "Como você sabe que é um sonho? Estar aqui com você, isso parece tão real." "Talvez seja real. O que é a realidade, afinal?" Com isso, estalou os dedos, e instantaneamente a cena à sua volta mudou. De repente, o manto da noite tinha caído, mas a área da piscina estava linda, iluminada com a água azul, mais brilhante do que antes. "Como fez isso?" Olhou ao seu redor com admiração. "Andarilho dos Sonhos, lembra?" Ele piscou. "O quê?" "O meu dom paranormal. Tenho certeza que contei a você." "Eu-eu acho que contou. Mas isso... isso é incrível!" "E real." Ela franziu a testa. "Mas você disse que era um sonho."
"Quando se é Companheiro de um Andarilho dos sonhos, pode ser ambos. Você vai ver." "Acho que você é louco de pedra." Ele riu, um som profundo e rico. "Vamos conferir. Vem." "O que estamos fazendo?" "Inaugurando nossa piscina e a banheira de hidromassagem corretamente. O que você acha?" "Parece divertido!" Segurando sua mão, puxou-a, correndo em direção à piscina. Ela gritou quando percebeu que ele pretendia jogar a ambos na água e tentou fugir. Mas ele não ia deixar isso acontecer e pulou, mantendo um aperto firme, e arrastou os dois sobre a borda. Quando mergulhou, gritando, de repente, se sentiu muito nua. E quando emergiu, observou que, de fato, a roupa tinha sumido. "Mais vantagens da sua habilidade de Andarilho dos Sonhos?" "Ei, para que tê-la se não puder tirar vantagem?" "Você parece muito presunçoso." "Estou muito excitado." "E presunçoso." "Isso, também, porque sei que minha Companheira vai me ajudar."
"Ei! Arrogante demais?" "Confiante." Micah se lançou para a Jacee, que girou dentro da água com um grito. Riu quando ele a perseguiu e pensou, naquele momento, que nunca havia sido tão feliz. Se isto era um sonho, porque tinham que acordar? Eventualmente, baby. Mas, por enquanto, vamos desfrutar disto. Ela se deixou levar, e ele a pegou. Ele a virou, puxando-a contra seu corpo firme, beijando-a até que não tinha mais ar dentro dos pulmões. O pênis duro esfregou entre suas coxas, uma experiência nova, na frieza da piscina. Se beijaram por algum tempo, as línguas duelando, degustando. Então, caminhou com ela para trás, até a borda da piscina e a levantou, colocando-a sentada com as pernas abertas. "Humm. Uma festa só para mim. Deite, linda." Ela o fez, apoiando-se nos cotovelos. A posição era luxuriante, ele ainda na água, o cabelo puxado para trás, ela deitada na borda da piscina, as pernas abertas. Ele enterrou o rosto em sua fenda, lambendo e chupando, deixando-a louca a cada passada da língua. "Oh! Oh, Deus." "Assim está bom, querida?" Ele murmurou. "Sim. Não pare."
Continuou, tanto quanto ela conseguia aguentar. Levando-a até a beira do clímax, apenas para trazê-la de volta e, em seguida, fazer tudo novamente. Sua voz saiu em um rosnado baixo. "Goze na minha cara. Goze." Ela não tinha escolha. Ele a comeu, lambendo tanto a sua fenda quanto o clitóris, e ela estremeceu, fora de controle, enquanto seu orgasmo a despedaçava. Gemendo, deu o que ele queria, gozando sobre a sua língua, para satisfação dele. Em seguida, ele a puxou para a água novamente, virando-a para ficar de frente para a borda. "Segure." Agarrando a borda, ela flutuou enquanto ele abria as pernas dela e deslizava o pênis profundamente. Todo o caminho dentro do seu calor. Começou a fodê-la, profunda e duramente, e outro orgasmo começou a se construir, logo após o primeiro. Mais e mais rápido, ele a golpeou, e quando suas presas afundaram na curva do pescoço dela, na junção com o ombro, ela gozou pela segunda vez. Suas paredes se contraíram, repetidamente, em torno dele, então ele gozou soltando um grito rouco, enchendo-a com o seu esperma. Por fim, quando ele teve que sair, ela teve uma sensação de perda. "Queria que não precisássemos sair daqui", disse ela tristemente. "Mas vamos voltar, um dia. Prometo."
Jacee passou os braços em volta do pescoço e o beijou, segurando-o por um tempo bastante longo.
Ela acordou, os lábios e o corpo formigando e vibrando com os resquícios do prazer, dos beijos do seu Companheiro e de fazer amor. A lembrança dele contra ela. Ela sorriu, se lembrando do sonho, da alegria de brincar com ele. Pena que tinha sido apenas um sonho. Na cama, Micah se agitou e sussurrou: "Eu prometo." Ela se apoiou em um cotovelo e olhou para ele, atordoada. Ele tinha falado aquelas palavras, mas não estava acordado. Podia ser verdade? Seu Companheiro era um Andarilho dos Sonhos. Era perfeitamente possível que tivessem uma união de mentes, como aconteceu. Sorrindo, deixou esse pensamento reconfortante levá-la de volta para o sono. Desta vez, não sonhou, absolutamente.
Primeiro, Micah ficou ciente do incessante apito que odiava. Em seguida, dos cheiros. O único perfume que estava feliz de sentir era o da sua Companheira. Era a única razão pela qual tinha lutado tanto para voltar à vida. Para abrir os olhos. Caso contrário, não teria dado a mínima, se não se mexesse novamente. Micah tentou lembrar, que diabos, tinha acontecido. Uma discussão com a Jacee. Sobre o quê? Oh. Merda. Ela tinha encontrado o frasco de Myst. Trocaram palavras. Ele havia saído, com a intenção, apenas, de dar uma espairecida por algum tempo. Droga, não estava acostumado a ter que responder por cada fodido movimento, mas estava tentando. Muito. Ainda não tinha tomado nenhuma das malditas pílulas, mas ela não tinha acreditado nele, tinha? Talvez, tivesse. Mas ele lembrou que ela não parava de dizer que Micah havia mentido. Por omissão. Verdade. Não havia maneira de contornar isso. Não queria preocupála, mas talvez isso não contasse para nada. Ela sentiu que não podia confiar nele, e a dor tinha o arrebatado. Temporariamente. Não era como se tivesse planejado ficar fora para sempre. Mas a criatura tinha atacado primeiro, sangue e vingança em sua mente. Tinha a intenção de rasgá-lo em pedaços, levá-lo para longe e, depois, terminar o serviço. Talvez, até mesmo, comê-lo no jantar.
Deus. Escapou por pouco daquele destino. A última memória real que tinha era da sua equipe chegar, Aric lançando fogo na besta. Da queda. E depois, nada. Tinha batido no chão? Algo lhe disse que não teria ficado vivo para falar sobre isso, se tivesse. Kalen, provavelmente, devia ter intervido. Depois de um pouco de esforço, Micah conseguiu abrir os olhos. Focar demorou mais alguns minutos, mas quando o fez, viu sua Companheira dormindo no sofá sob a janela. Parecia tão pequena e vulnerável, deitada ali, que seu coração se partiu pelo que ela tinha suportado por causa da sua estupidez. E da crueldade do monstro. Não podia esquecer isso. Sim, tinha torturado inocentes. Mas estava começando a entender que seus amigos
estavam
certos
-
apenas
uma
alma
que
estivesse
verdadeiramente quebrada poderia acabar naquele extremo, matando e mutilando. Talvez o Bowman tivesse, apenas, feito com que a parte externa da criatura combinasse com a interna. O "bom médico" tinha tentado fazer a mesma coisa com o Micah. Tentou transformar o Micah em um assassino cruel, mas felizmente as lições nunca tiveram sucesso. Micah não tinha conseguido matar um inocente, não importa com quais punições o Bowman o ameaçasse. Essa era a verdade, e juraria na frente de qualquer um. Como se sentisse seu olhar, Jacee se agitou e espreguiçou. Depois de alguns minutos, abriu os olhos para encontrá-lo olhando para ela, e se sentou rapidamente.
"Você está acordado! Meu Deus, pensei que tinha perdido você." Lágrimas corriam dos seus lindos olhos, e ela se aproximou do lado da cama, tomando seu rosto entre as mãos. "Você não perdeu", ele resmungou. "Sou feito de um material mais resistente do que isso." "Você quase morreu. Precisou do meu sangue e do sangue da Calla para trazê-lo de volta. Nunca mais faça isso comigo, de novo. Por favor." Beijou os lábios dele com ternura. "Vou tentar. Quanto tempo estive desacordado?" "Desde a noite passada. Você estava, realmente, uma bagunça. Os médicos tiveram que remover o seu baço e o apêndice. Mas todo o resto se curou por conta própria. Bem, com alguma ajuda." "Estou tão grato. Obrigado, querida. Vou agradecer ao Nick e à Calla mais tarde, também." "Eles não vão querer seus agradecimentos, só querem que fique bem. Como está se sentindo?" Ele pensou sobre isso. "Como se estivesse no inferno. Mas é melhor que a outra alternativa." "Sim." Ficou quieta e ele perguntou: "O que há de errado?"
"Queria saber se você lembra de ter um sonho comigo na noite passada?" Ele sorriu. "Sobre nós, na nossa cabana? Fazendo amor na piscina?" Assentiu com a cabeça, os olhos arregalados. "Como você sabia?" "Porque não era apenas um sonho. Entramos em contato um com o outro, e então nos guiei em nosso sonho. Isso é o que um Andarilho dos Sonhos faz." "Então, aconteceu, e ao mesmo tempo, não aconteceu." "Nós nos conhecemos quase em um nível espiritual. Nossas mentes se conectaram. Ajudei com o resto." "É, só..." "Estranho, eu sei." "Mas um estranho legal." Acariciou seu cabelo. "Você precisa descansar, querido. Posso ver o quanto está cansado." "Na verdade, não quero", resmungou. Mas seu corpo e a cura não lhe deram uma escolha. Como se ela tivesse ordenado isso, o peso do sono o arrastou sob a carícia das suas mãos no seu cabelo, no seu rosto. Não soube de mais nada por um bom tempo.
Jacee estava cochilando novamente quando a Mac entrou no quarto. "Ei", a doutora disse suavemente, "você está acordada?" "Quase." Sentando-se abruptamente, Jacee esfregou o rosto. "Como está o nosso paciente?" Mac olhou para o Micah, que estava dormindo. "Do jeito que devia, levando tudo em consideração." Mac se ocupou, verificando seus sinais vitais, então se dirigiu à Jacee. "Está indo muito bem. Por falar nisso, tenho os resultados do laboratório, daquelas sobras que você trouxe para nós na noite passada." "Com tudo o que aconteceu, quase tinha esquecido disso! Quais foram os resultados?" "Bem, o olfato da sua coiote estava correto - a comida foi misturada com veneno de rato, algo que qualquer um pode comprar em qualquer loja de materiais. Com sua biologia shifter, o veneno teria deixado vocês doentes, mas não teria matado nenhum dos dois." "Assim, o crime não foi muito bem pensado", Jacee refletiu. "Soa quase como uma reflexão tardia, como se tivesse a oportunidade e fez isso por um capricho."
"Bem, sou médica, não policial, então não posso confirmar. Mas parece certo." A doutora colocou o estetoscópio de volta no bolso do jaleco. "De qualquer forma, vou informar ao Nick e ao xerife sobre os resultados." "Obrigada." Alguma ideia de quando ele vai ser liberado?" Jacee olhou para o Micah, que ainda estava completamente fora do ar. "Se não fosse pelo sangue da Calla, sua cura teria levado muito mais tempo. Do jeito que está, talvez, um dia ou dois. Mesmo assim, quero que descanse por alguns dias, quando tiver alta." "Vou me certificar que o faça." Uma coisa estava começando a ficar clara, ia ter que reduzir suas horas no bar. Poderia ter que parar completamente, o que seria mais gentil com o Jack, do que manter uma agenda tão esporádica. E atender no bar, embora adorasse conversar com as pessoas, não era o que queria fazer para sempre. O que queria fazer, não sabia. Voltar para a escola? Para estudar o quê? Uma pequena bolha de entusiasmo começou a se formar e decidiu falar com o Micah sobre as suas opções, logo que estivesse acordado e lúcido. Uma coisa que sabia, com certeza, era que seu Companheiro seria favorável ao que quer que escolhesse fazer. Essa era uma sensação muito libertadora.
Pouco tempo depois que a Mac saiu, Micah começou a despertar. Se mexeu, abriu os olhos e gemeu. "Oi", falou, os lábios se mexendo. "Você ficou aí o tempo todo?" "Não saí do seu lado, mas tenho que tomar um banho e me trocar, depois fazer alguma coisa para comer, bem rápida. Quer que eu traga alguma coisa?" Ele pensou sobre isso. "Não. Só você." "Isso, eu posso fazer." Inclinando-se, Jacee o beijou. "A Mac esteve aqui. Vão liberá-lo amanhã ou depois." "Isso é rápido, considerando o quão forte aquele bastardo me rasgou", disse, com espanto. "Também acho. Temos que agradecer à Calla e à sua genética de vampira por isso. Ela e o Nick vão dar uma passada por aqui em breve, aliás." "Ok." "Você tem certeza que vai ficar bem, enquanto dou uma saída?" Ela mordeu o lábio. "Pare de se preocupar. Vou ficar bem. Basta fazer o que precisa e vou ficar aqui tramando a morte prematura de um certo monstro que me colocou aqui." "Tudo bem, mas vou estar de volta em breve."
Depois de lhe dar outro beijo, saiu. Mas, não antes de olhar para o Companheiro deitado na cama e tranquilizar a si mesma que ele, realmente, ia ficar bem. John estava guardando sua porta, também, o que acrescentou um pouco de alívio à sua preocupação. Não havia ninguém no mundo que significasse mais para ela do que o lobo com cicatrizes de batalha. Ele era dela, e ninguém ia levá-lo para longe. De volta aos seus aposentos, fuçou em torno e encontrou um sutiã e uma calcinha limpa. Em seguida, agarrou uma calça jeans limpa e uma camiseta azul. Assim que se virou para ir para o banheiro, o pequeno frasco marrom com comprimidos chamou sua atenção. Estava caído, inocentemente, no chão, e um surto repentino de raiva apreendeu seu peito. Inclinando-se, o agarrou. Levou-o para o banheiro, abriu, despejou o conteúdo no vaso sanitário e, em seguida, deu a descarga. "Boa viagem, porra!" Em seguida, enterrou a garrafa no fundo da lata de lixo, onde ia acabar na lixeira, para nunca mais ser vista novamente. Isso não acabaria com a ânsia dele, sabia. Mas estaria lá para ajudálo, a cada passo do caminho. Depois do banho, que a fez se sentir muito melhor, secou os cabelos e fez uma maquiagem básica. Apenas o suficiente para cobrir as olheiras e colocar um pouco de cor nas suas bochechas. Em seguida, foi para a sala de jantar em busca de comida.
O almoço estava em pleno andamento, e foi imediatamente cercada pelos irmãos do Micah, da Alpha Pack, todos exigindo uma atualização. Não queriam invadir o quarto todos de uma vez, mas agora que ele estava se recuperando, prometeram passar por lá. Jacee se sentou com o Aric, a Rowan, o Kalen e o Sariel. Uma coisa que seus amigos se recusavam a discutir era sobre o ataque em si. "Você não quer ouvir a bomba tintim por tintim", disse o Aric com firmeza. "Confie em mim." E isso foi o fim de tudo. Deram uma descrição da criatura, mas foram tão longe quanto estavam dispostos a ir. Jacee estremeceu diante do conhecimento de quão perto da morte seu companheiro havia chegado. Seus amigos mudaram de assunto, e ela gostou de ouvir o Sariel falar sobre as maravilhas deste mundo. Nunca tinha pensado sobre o seu plano de existência a partir da perspectiva de alguém de um outro reino, antes, e era intrigante. Bem, o próprio príncipe era fascinante. "Então, vocês não têm telefones ou qualquer coisa do tipo no reino dos Seelie?" Perguntou Jacee. "Telefones? Para quê?" Inclinou a cabeça, o cabelo azul brilhante cascateando sobre um ombro. As grandes asas azuis descansavam contra suas costas. "Não sei. Como vocês se comunicam uns com os outros?"
"Oh. Se não pessoalmente, nós usamos a comunicação pela mente. Muito parecido com o que os shifters acasalados podem fazer, mas todos os Fae conseguem fazer isso desde que são crianças." "Uau, isso é legal." Sariel sorriu. "Muito. Na maior parte, embora, às vezes, irmãos podem ser um pé no saco quando você quer privacidade. Especialmente os meus irmãos." À menção dos seus irmãos, seu rosto entristeceu. "Sinto falta deles." "Sinto muito." Estendendo a mão, Jacee tocou a mão dele. "Você acha que nunca virão aqui procurar por você?" "Não tenho certeza, mas gosto de imaginar que tentariam encontrar uma maneira", disse melancolicamente. "Procuro por um portal, de vez em quando. Fui expulso do meu reino por um, então sei que eles existem. Só não sei onde." Ela odiava ver o príncipe Fae tão triste. Tudo bem, entendia o que era ficar, de repente, sem família. Só que os dele não estavam mortos, apenas fora de alcance. "O que você gosta de fazer para se divertir?" "Humm, gosto de assistir televisão." Ela riu. "Quero dizer diversão de verdade. Televisão é chata." "Não, se você nunca viu antes." Isso a fez pensar. "Gosto de videogames e de fazer compras."
"Sério? Como é que isso funciona, com esse cabelo e as asas?" Ela olhou para a criatura linda, imaginando a confusão que causaria na cidade se as pessoas dessem uma olhada nele. "Uso magia para disfarçar minha aparência quando saio. Estive no Grizzly com a equipe, e aposto que você nunca reparou em mim", disse, presunçoso. Piscou para ele com surpresa. "Você foi?" "Sim. Não uso o mesmo disfarce toda vez, porque não quero que as pessoas lembrem." "Faz sentido. Você pode fazer isso, agora? Mostre-me um disfarce." "Claro." O ar ao redor dele brilhou e, em duas piscadas, um homem bastante comum, parecendo um jovem com cabelos castanhos curtos e olhos verdes estava sentado na frente dela. Sem asas. Então, o ar brilhou novamente, e ele se transformou novamente, dessa vez em um homem calvo, mais velho e corpulento. Em seguida, um homem negro e musculoso. "Uau! É incrível." Os outros ao redor do refeitório estavam se metendo na diversão, dando sugestões. Sariel se transformou mais algumas vezes antes de voltar à sua aparência normal.
Ele deu de ombros. "Permite que eu me mova livremente no seu mundo. Se não posso ser eu mesmo, esse ardil ajuda, por um período curto, por enquanto." Isso a acalmou um pouco. Não podia imaginar ter que fingir ser outra pessoa só para se mover livremente na sociedade, sem censura. Mas, não eram pessoas comuns, que tinham que fazer isso todos os dias. Puramente por capricho, perguntou: "Você gostaria de ir às compras comigo, algum dia?" Ele sorriu com prazer. "Adoraria. Há tantas coisas que não descobri e gosto de sair do complexo. Se o seu companheiro não se importar, é claro. Não quero que ele arranque a minha garganta." Ela duvidava seriamente que o Micah pudesse enfrentar um príncipe Fae de onze mil anos de idade, mas as palavras de Sariel foram cativantes. "Tenho certeza que não. Ele não é assim." "Neste caso, sim." "E quanto a você?" Ela perguntou para a Rowan. "Acho que podia se afastar das responsabilidades com a Alpha Pack por uma tarde para um pouco de terapia de compras? Estivemos sob muita tensão, e fazer compras é a cura." "Se o Nick aprovar e o Sariel estiver conosco, acho que vai ser seguro o suficiente." Rowan assentiu. "Estou dentro!"
"Ótimo! Vou esperar o meu Companheiro estar em casa, e então está combinado." Todos estavam precisando de um pouco de diversão. Ela mal podia esperar.
"Admita. Você gosta do Sariel mais do que de mim", Micah resmungou. "O que ele tem que eu não tenho?" Jacee fez uma pausa para mexer o chili no fogão. "Humm. Além das belas asas, o cabelo de estrela do rock e magia? Nada, querido." Rosnando, agarrou uma almofada do sofá e o jogou na direção da cozinha, para ela. E errou. "Bem, bem, meu lobo mal-humorado." Recuperando a almofada amassada, a levou de volta para ele, afofando-a, e a colocou atrás dele. "Está enlouquecendo só porque odeia estar inativo e os médicos estão sendo cautelosos sobre liberar você." Era verdade. Estava ficando louco, e toda a equipe sabia disso. "Não quero jogar o meu mau humor em você. Mas, caramba, sabem que estou bem!"
"Você perdeu dois órgãos importantes, super-herói. Dê a si mesmo um tempo." Ela arqueou uma sobrancelha. "E para mim, também." Imediatamente, ficou arrependido. "Desculpa. Vou tentar relaxar. Você merece uma pausa, também. Quando vai às compras com a Rowan e o Sariel?" "Depois de amanhã." Ele ainda não gostava disso. Mas ela jurou, uma e outra vez, que estaria tudo bem. Nick tinha permitido, já que o príncipe Fae era poderoso, e estavam indo em plena luz do dia, se mantendo nas áreas povoadas. Micah queria ir também, mas sabia que não podia ficar na cola dela em todos os momentos. Isso não era verdade, e poderia levar semanas, ou meses, antes da criatura que o tinha atacado ser identificada e capturada. Além disso, tinha algo com o qual lidar. Uma pequena coisinha no seu cérebro, lutando para vir à tona. Tinha a ver com a noite do ataque, mas não com a criatura. Não, foi depois. Quando estava lutando para sobreviver. Lembrava, vagamente, de ser levado às pressas pelos corredores do Santuário.
Sangrando,
ferido.
Olhava
atentamente,
atordoado,
enquanto as paredes e as portas passavam rapidamente. E depoisViu a mulher. Aquela que parecia a Jacee. Na verdade, tinha pensado, a princípio, que era ela, mas o rosto da mulher era muito jovem.
Lembrou de estender a mão para ela, e a surpresa no seu rosto quando disse o nome da Jacee. O incidente tinha acontecido tão rápido. Um segundo ou dois, e ela se foi. Em seguida, estava inconsciente, novamente. Não queria nem expressar o que estava pensando. Principalmente para a Jacee. Foi, apenas, uma circunstância estranha, provavelmente nada. Estava provavelmente errado e, com certeza, não ia ver sua Companheira sofrer tudo de novo. Ia questionar, tranquilamente, a Mac quando fosse para o check-up, mais tarde. "Sobre o que está pensando tão profundamente?" Piscou para vê-la sorrindo para ele, confusa. "Oh, nada. Apenas sobre a consulta com a Mac e como estou cansado de médicos." Isso era verdade. "Ah. Bem, vamos comer e esquecer isso por um tempo." Compartilharam uma boa refeição, e ele comeu como se não tivesse sido alimentado nas últimas semanas. Sua energia estava voltando, e estava fodidamente contente. Se fosse humano, merda, já teria sido morto quatro vezes, até agora. "Obrigado, querida", disse ele, acariciando a barriga cheia. "Isso estava incrível. Não consigo me mover, agora." "Tem tempo para uma soneca?"
Ele checou a hora no celular. "Não. Tenho que ir ver a Mac e, depois, falar com Noah sobre a lista de visitantes que tenho que verificar. Não tenho certeza se o Jax chegou a falar com ele sobre isso, com todo o caos." "Ok. Acho que vou ficar aqui e limpar tudo, mas vou te ver mais tarde?" "Assim que eu puder voltar." Após se apressar para ir ao banheiro, escovou os dentes. Então, voltou para a cozinha. Envolvendo-a nos braços, se assegurou que ela soubesse o quanto sentiria sua falta na próxima hora, ou mais, e saiu. Deixando-a inteiramente beijada e despenteada, se dirigiu para o Santuário. No caminho, avistou o Jax e se deteve. "Então, estou indo para uma consulta com a Mac. Pensei em verificar com o Noah a lista dos visitantes, enquanto estivesse por lá. Alguma vez falou com ele sobre isso?" Os olhos do Jax se arregalaram. "Caramba, esqueci completamente de perguntar a ele. Com tudo o que andou acontecendo, escapuliu da minha mente." "Não se preocupe. Vou falar com ele." "Obrigado, cara." "Sem problemas."
Micah entrou no novo edifício, se sentindo muito bem. Na área da recepção aos escritórios dos médicos, avistou o Noah. "Exatamente o cara com quem eu queria falar." "Eu? Por quê?" "Posso conseguir uma lista de visitantes neste edifício durante o mês passado? Estamos à procura de um elo comum entre qualquer um dos pacientes e eu. Isto é uma ordem do Nick, é claro. Verifique com ele se precisar." Noah acenou com a mão. "Claro, com todo o prazer. Quanto mais cedo você pegar os caras que estão fazendo isso com você, melhor. Vá em frente. A Mac está te esperando." "Obrigado." Dando ao homem mais jovem um sorriso, Micah seguiu para o seu check-up. No final, tudo correu bem. Ela o cutucou e cutucou, tomou sua temperatura e fez mais exames de sangue. Ouviu o seu coração e os pulmões. Mas estava tão em forma e saudável como sempre, um pequeno milagre, dado ao que tinha passado. Nick e a Calla o tinham visitado um dia depois do ataque e a Calla tinha dispensado seus agradecimentos, como sabia que faria. Mas ele era grato, no entanto. "Você está liberado para o trabalho", a Mac lhe disse, quando estavam no seu consultório.
"Sério? Isso é ótimo!" "Apenas tente não ter mais partes do corpo arrancadas. Você não tem muitas sobrando." "Ha-ha." "Saia do meu escritório. E tente não voltar por, pelo menos, um ano. Bem, até o seu check-up de seis meses, de qualquer maneira." "Porra, você está ficando tão espinhosa quanto a Melina." "Cuidado, imbecil." Com uma piscadela, ele saiu. Na área da recepção, Noah o estava esperando, um maço de papéis na mão. Micah os pegou, olhando através de cada uma das páginas. "Agradeço. Obrigado. Não há muitos nomes aqui." "Não. Mas acho que você pode achar mais interessante saber que nome deveria estar aí e não está." "Oh?" O pulso do Micah acelerou. Esta poderia ser a sua dica. Os olhos azuis do Noah brilharam com entusiasmo. "Outro dia, estava prestes a entrar no quarto de um paciente, e o ouvi chamar alguém pelo nome. O paciente se referiu ao homem como seu irmão, quando estavam conversando, mas depois que o homem saiu e fui checar o paciente, fiz uma observação casual sobre isso. O paciente voltou
atrás e disse que o cara era seu amigo, e que o chamava de irmão em um sentido amigável, sabe?" "Sim. Mas não sentiu como se ele, realmente, estivesse falando sério?" "Certo. Pensei comigo mesmo, não, ele definitivamente quis chamá-lo de irmão. Mas, de qualquer forma. Não era nada demais, então esqueci. Até que chequei a lista dos visitantes." "E?" Noah apontou. "O irmão, ou quem quer que o homem seja, não está nela." A emoção cresceu, mas Micah manteve a calma. "Ok. Quem é o paciente?" "Tyler Anderson." "Eu sabia", Micah sussurrou, resistindo à vontade de lançar o punho no ar. "Qual nome você o ouviu chamar o outro cara?" "Parker. Isso ajuda?" "Sim! Eu sabia, porra!" Agarrando o Noah, envolveu o cara pequeno em um grande abraço. E foi, claro, nesse exato momento, que o Nix saiu do elevador, fazendo uma enorme careta. "Que porra é essa, cara? Você não tem uma Companheira?"
Soltando um Noah corado, Micah sorriu para o amigo. "Sim, seu idiota, e você também. Mas isso não vem ao caso. Pegamos ele. Sei quem é o nosso monstro, e o Noah tinha a peça do quebra-cabeças o tempo todo!" "Ele tinha?" Nix olhou para o Noah, que sorriu timidamente. "Demais. Bom trabalho, cara." O enfermeiro deu de ombros. "Estava no lugar certo, na hora certa." "De qualquer forma, é preciso levar esta informação para o Nick e a equipe. Preciso de uma descrição atual do Parker, também." "Melhor ainda", Noah sugeriu, "nós podemos ver as imagens das câmeras de segurança. Pegar sua imagem." "Grande ideia. Precisamos saber quantas vezes já foi visto aparecendo, se há um padrão. Quando foi a última vez que o visitou. Então vamos precisar ver o Tyler, e deixá-lo saber que estamos atrás do seu irmão. Dar apoio para ele." "Temos que convocar uma reunião com o Nick e a equipe", disse o Nix. "Passar tudo isso passar para ele. Talvez haja uma maneira de montarmos uma armadilha quando o Parker voltar para uma visita." "Tudo bem, reunião primeiro. Vamos ver o que diz o Nick." Nix começou a voltar para o elevador. "Estou dentro. Vejo você na sala de conferências." Saiu sem olhar para trás.
Micah não conseguiu deixar de notar como o Noah ficou desanimado uma vez que o homem tinha desaparecido. "Dê um tempo para ele, meu amigo." "Isso é o que todo mundo diz. Mas não tenho certeza que todo o tempo do mundo será suficiente." Sorriu com tristeza. "Vou providenciar que um dos caras reveja as imagens da segurança." "Legal." O loiro se afastou e o Micah balançou a cabeça. Nix idiota. Qual, diabos, era o problema dele? A outra missão de detetive teria que esperar. Com pressa, Micah pegou o celular e ligou para o Nick. O homem não atendeu, porém, assim, teve que deixar uma mensagem de voz. "Ei, é o Micah. Sala de conferências com a equipe, o mais rápido possível. Tenho informações sobre a criatura misteriosa. Não é mais um mistério." Você tinha razão, mãe. Era alguém próximo a mim, do meu passado não tão distante. Obrigado por tentar me ajudar. Eu te amo, e sinto muito a sua falta. Ele podia jurar que sentiu um toque no rosto, que depois desapareceu. Rowan e alguns dos caras já estavam na sala de conferência quando chegou. Embora tivessem perguntas, optou por esperar pelo Nick e todos os outros para que pudesse passar a revelação do Noah uma vez só. O resto da equipe chegou, e sentaram-se ao redor, agitando a brisa por alguns minutos.
Nick chegou por último, parecendo aflito. "Desculpe, rapazes. Estava em uma ligação com o Jarrod. E aí?" Seu olhar azul, firme como aço, encontrou o do Micah. "Você tem uma identificação positiva do nosso monstro?" "Não é cem por cento, não. Mas é tão bom quanto uma arma fumegante, no que me diz respeito." "Quem o identificou?" "O Noah." Houve alguns murmúrios de surpresa diante desse anúncio. Até mesmo o Nick piscou. "Como assim?" "Noah ouviu o Tyler Anderson falando com um visitante, outro dia, alguém a quem ele se referia como irmão. Chamou o homem pelo nome – Parker." Nick assobiou. "Então, ou o Parker foi erroneamente colocado na lista dos falecidos ou o seu irmão está mentindo por ele." "Estou apostando no último caso. Quando o Noah puxou uma conversa casual e perguntou sobre o irmão do Tyler, ele negou, dizendo que o visitante não era, literalmente, seu irmão, mas sim, apenas, um amigo." "Então, o Tyler está mentindo. E está nervoso com isso." Nick passou o polegar sobre o lábio inferior, pensando. "Se o Parker é o nosso
monstro, isso é mau. Significa que o Tyler está em uma posição horrível, provavelmente, agonizando sobre o que fazer." Micah concordou. "Ele pareceu nervoso quando o questionamos e, agora, acredito que seu irmão é o porquê. Ele teme a ira do Parker. E tendo sido alvo da sua ira, eu o entendo." "Sim, Tyler parece quase tão letal quanto um cupcake", disse o Jax. "Então, o que vem a seguir?" "Obter as imagens das câmeras de segurança que o Noah providenciou, na esperança de ter uma boa visão do Parker atualmente. Então, gostaria de criar uma armadilha para ele. Com a ajuda do Tyler." "Isso é arriscado", disse o Nick, franzindo a testa. "O sangue é mais grosso do que a água, como dizem. Se pudermos estabelecer um padrão, pode ser melhor esperar até que ele faça uma visita por conta própria." "É verdade, mas não teríamos o controle da hora ou do lugar", Micah argumentou. "Se percorrer todo o caminho até o Santuário, antes de sabermos que está aqui, um monte de pacientes estará em risco, se tentarmos pegá-lo." "Precisamos agarrá-lo antes que entre no prédio", Aric colocou. "Isso significa que ele estará do lado de fora, em espaços abertos." Rowan suspirou. "Dar mais espaço para ele manobrar e voar para longe não é o ideal, de qualquer forma."
Micah se recostou na cadeira. "Acho que precisamos falar com o Tyler. Sim, isso significa revelar nossas intenções, mas ele conhece o Parker melhor do que qualquer um. Se fizermos a promessa de transferi-lo, mantê-lo a salvo do seu irmão miserável, acredito que irá cooperar." Nick deu um sorriso feroz. "Vamos ter que transferi-lo, de qualquer maneira, uma vez que revelarmos tudo, para o nosso próprio bem, assim como o dele." "Tem razão." Micah soltou um suspiro. "Sua escolha, chefe. É por isso que você é pago com as quantias polpudas. E se a sua magia fizer uma aparição, e disser o que devemos fazer, seria ótimo." "Nossa, obrigado." Os segundos passavam enquanto o Nick refletia sobre a questão. Finalmente, assentiu com a cabeça. "Meu instinto me diz para falar com o Tyler, também. Vai nos ajudar. Além disso, não sei. Se pudermos criar algum tipo de armadilha para Parker, o faremos. Se puder ser longe do complexo e do Santuário, ainda melhor." Micah não podia ver como isso funcionaria, porque precisavam do Tyler para atrair o Parker. Não disse isso, no entanto. Em vez disso, falou: "E se nós o atrairmos para uma das unidades de reabilitação reforçadas com ferro e prata?" Nick se inclinou para a frente, interessado. "Como vamos fazer isso?"
"O Noah vai lhe dizer que o Tyler foi transferido para um novo quarto. Quando ele chegar lá, nós fechamos as portas." "É arriscado, mas pode funcionar." "Não haverá ninguém na cama, é claro, mas vamos fazer parecer que há. Ele só tem que entrar no quarto." "Ok. Temos um grande número de incógnitas. Jax, você, eu e o Micah voltaremos a falar com Tyler. Descobrir se tem um dia de visitação regular, ou se ele pode trazer o irmão até aqui, de alguma forma." Nick checou celular. "Recebi uma mensagem do Noah. Temos uma foto do Parker." O laptop da sala de conferências estava ligado a um projetor de slides. Nick não perdeu tempo em enviar a foto para a sua conta de e-mail, em seguida, fazendo o download para o laptop. Em momentos, tinha uma foto decente do Parker Anderson, parecendo muito assustador, sendo exibida para todo mundo ver. O tempo em cativeiro, mais o último ano ou anos, não tinham sido gentis com o shifter águia. Alto e com a pele cinzenta, cabelos ralos e despenteados, parecia mais um cadáver do que um homem. Nick enviou a foto para o celular de todos. "Delicioso," Aric murmurou, curvando os lábios. "Vou deixar o Sr. Gostoso como meu protetor de tela." Rowan bufou, e vários caras riram.
A tensão foi quebrada e a reunião suspensa, por enquanto. Micah caminhou até o outro edifício com o Nick e o Jax para uma nova visita ao Tyler. Desta vez, quando entraram, parecia que já havia antecipado o que estava por vir. "Sabe", falou simplesmente, a expressão cansada. Resignada. "Ele vai me matar, agora." Cruzando os braços sobre o peito, Micah começou o interrogatório. "O que sabemos, Tyler? Quem é que vai matá-lo?" "Oh, vamos lá. Não há necessidade de jogar mais jogos, não é? Tentei dizer ao Parker várias vezes que não ia conseguir se safar com o que vinha fazendo, mas ele é louco", o homem mais jovem sussurrou. "Quero dizer, completamente fodido louco de merda, como o Jack Nicholson em O Iluminado." "Sim", Micah brincou. "Peguei essa mensagem." "Sinto muito." O rosto do Tyler estava angustiado. "Ele sempre foi tão bom para mim, mas hoje em dia é o tipo de bem que me assusta. Aquele sorriso que alguém lhe dá logo antes de rasgar o seu rosto. Se alguma vez perdesse o controle perto de mim, não acho que ia nem registrar que sou seu irmão, até que estivesse em pedaços aos seus pés." "Nós podemos ajudá-lo", disse Nick, "se você nos ajudar." "O que você quer que eu faça?"
"Primeiro, se você lhe disser que nós conversamos?" Nick indicou todos eles. "O trato está acabado. Você não é nosso problema mais, e não recebe nossa proteção." O rosto do Tyler empalideceu, e agarrou os lençóis. "Não vou, juro. Ele fez sua cama, e não posso salvá-lo." "Ok. Em seguida, há um dia certo que ele vem visitá-lo?" "Ás vezes, vem às sextas-feiras, mas não sempre. Não veio sextafeira passada, mas posso descobrir se vai vir nesta sexta-feira." "Você tem o número do telefone dele?" "Sim, do celular." Tyler passou para eles, que o anotaram. Micah sabia que Nick teria o número rastreado, assim que deixassem o local. Jax falou. "Tenha cuidado quando falar com ele. Não deixe transparecer como é importante que ele apareça, de uma forma ou de outra. Mas deixe escapar que você está se sentindo sozinho ou algo assim. Queremos que ele venha nesta sexta-feira." "Vou trazê-lo aqui. Não se preocupe." "Bom", disse Micah. "Vamos cuidar do resto. Quanto menos você souber sobre os detalhes, melhor."
Nick encarou o Tyler com um olhar duro. "Todas as suas ligações e contatos serão acompanhados de perto, daqui em diante. Só para você saber." "Percebi isso. Não vou trair vocês, prometo." Apesar da sua miséria óbvia, Tyler também parecia muito aliviado por ficar livre do segredo. Eles se despediram e se dirigiram para os elevadores. Enquanto esperavam, Nick disse, "Acredito nele." "Eu também", disse o Micah."Mas, se estivermos errados, isso vai ser um inferno de um furacão fodido." Jax sorriu. "E, então, mais um pouco." Se separaram e o Micah correu de volta para a sua companheira. Tudo aquilo tinha demorado muito mais tempo do que queria. E queria a sua Companheira. Ele a encontrou no banheiro, limpando a banheira, o pequeno traseiro firme apontando para cima, no ar. Esgueirando-se atrás dela, estendeu a mão e agarrou ambos os globos com as palmas das mãos. Gritando, se endireitou e virou, acertando seu peito com um pano ensopado. Ele bateu com um splash, deixando uma mancha gotejante em sua camiseta. Seus olhos se arregalaram; em seguida, ela riu. "Aí. Vê o que consegue quando me assusta?" "É? Vou te mostrar o que você consegue ao andar por aí com o rabo empinado nesses shorts."
Com a intenção de obter um pouco mais daquela pele linda, ele agarrou a cintura do short e puxou o tecido. O zíper rasgou, o botão pulou para fora e saiu voando, batendo em algum lugar com um plink. "Micah! Esse era um dos meus favoritos!" "Vou te comprar mais alguns." Trabalhando os dedos sob o material, ele o deslizou para baixo dos seus quadris, juntamente com a calcinha. Um pouco de diversão no final de tarde caía bem, e seu lobo não podia estar mais de acordo. "Mas estou toda suada e pegajosa", protestou. As palavras, no entanto, saíram muito fracas e patéticas. Ele decidiu em um impulso. "Já vou cuidar disso." Estendendo a mão, ligou o chuveiro para deixar a água esquentar. Então, terminou de despir sua Companheira, descobrindo cada polegada do seu delicioso corpo dourado. Os seios empinados, com os mamilos rosados na ponta, imploravam para ser provados, então fez exatamente isso, lambendo um, depois o outro. Chupou-os, em seguida, e ela se arqueou contra ele, cravando os dedos no seu cabelo. "Gosto disso", ele murmurou. "Puxe o meu cabelo, se quiser." Acreditou em sua palavra, agarrando um pouco mais forte quando ele chegou entre as pernas dela e começou a brincar com seu clitóris. Esfregou o pequeno broto, deixando-a molhada e pronta, até estar
gemendo e se contorcendo contra ele. Convencido de que ela estava pronta, rapidamente se despiu e puxou-a para o chuveiro com ele. O jato do chuveiro criou uma cascata agradável, morna e sedosa sobre eles quando a virou de frente para a parede. Ele massageou seus ombros e suas costas, sorrindo ao ouvir os pequenos sons de prazer que escapavam da garganta dela. Percorrendo todo o caminho para a parte de baixo da sua coluna, ele prosseguiu até a bunda dela, e trabalhou os músculos que haviam lá, também. "Você tem magia nas mãos", disse ela com apreciação. "Não é o único lugar." "Me mostre." "Que tal na minha língua? E no meu pau?" "Os dois, por favor!" Ajoelhando no chão, mordiscou sua bunda, em seguida, abriu os montes macios. Por trás, lambeu sua fenda e a lambeu até que estava molhada, pingando para ele. Delicadamente, trabalhou dois dedos no seu canal e bombeou, certificando-se que ela estava pronta. Então, se levantou e trouxe a cabeça do seu pau para a entrada dela, começando a penetrá-la. Era tão confortável em torno dele, o ajuste exato, apertando seu pênis como uma luva macia. De repente, teve que se concentrar para não gozar como um adolescente ansioso demais.
"Oh, Micah. Sim..." Adorava a sensação de estar dentro dela. Não podia acreditar que ela pertencia a ele. Você é meu, e eu sou sua, também. Sim, minha Companheira. Eu te amo, querido. Eu também te amo muito. Puxando-a para mais perto, empurrou profundamente em seu interior, aumentando o ritmo. Não havia nada na terra melhor do que essa proximidade, esse compartilhamento e a conexão com outra pessoa que significava muito para ele. Era o bastardo mais sortudo do mundo. Ele os levou ao clímax, flertando com o fio da navalha da liberação. E, finalmente, não aguentou mais e suas bolas estremeceram. O formigamento começou na base de sua espinha, e ele gozou, remexendo dentro dela. Seu orgasmo a enviou para o alto, e ela gritou, enrijecendo, empurrando de volta, enterrando os dedos no seu cabelo. Quando, por fim, estavam acabados, puxou o pau para fora, e se revezaram em ensaboar um ao outro, brincando, rindo. Poucos meses atrás, nunca teria acreditado que haveria um momento em que um sorriso cruzaria seus lábios. Quando um riso aqueceria sua alma. Quando uma bela Companheira iria capturar seu coração.
Faria qualquer coisa para proteger o que era dele. Mais tarde, foram relaxar no sofá, Micah esparramado com a Jacee entre as pernas e descansando contra suas costas. Dois copos de vinho estavam meio cheios na mesa de café ao lado deles, e era aconchegante. Música pop dos anos setenta estava tocando no aparelho de som. "Isso é vida", disse ele alegremente. "Gostaria que pudéssemos ficar assim para sempre." "Posso ficar apertado e com fome." "Idiota". Ela ficou em silêncio por alguns momentos, antes de falar de novo. "Conte-me sobre hoje." Era típico da realidade se intrometer. "Bem, graças ao Noah, identificamos o nosso monstro como Parker Anderson. Seu irmão, Tyler, é um dos pacientes no Santuário." Remexendo no seu colo, esticou o pescoço para vê-lo. "Sério? Uau." "Sim. Nós abrimos o Tyler como uma noz. Na verdade, estava pronto para quebrar, entretanto. Parece que a pressão de ter um psicopata como irmão estava começando a ser um pouco demais." "Posso imaginar." "Torturei ambos, sob as ordens do Bowman. No entanto, se tornaram tão diferentes."
"Sabe que o laboratório tornou o Parker em algo ruim e não tem nada a ver com isso. Você é apenas um alvo conveniente, porque não há mais ninguém sobrando." Não concordava completamente que não tinha nada a ver com a forma como o Parker acabou, mas manteve o pensamento para si mesmo. "Sobrou o Tyler. E está aterrorizado, com medo do irmão." "O que vocês vão fazer?" Rapidamente, Micah descreveu o plano para atrair o Parker para ver seu irmão na sexta-feira e esperarem por ele com uma armadilha. "É arriscado, mas é tudo o que temos. Não sabemos onde está o covil do Parker, neste momento." "Sexta-feira, você disse?" "Sim. Porquê?" Ela franziu a testa. "Nada. É exatamente quando a Rowan, o Sariel e eu íamos fazer compras." "Talvez você deva reagendar. Não gosto da ideia de você estar fora, enquanto estamos tentando emboscar o Parker." "Não sei. Talvez seja uma boa ideia eu não estar aqui. E se todos nós mudarmos os nossos planos e, de repente, agirmos de forma estranha, ele saberá que algo está acontecendo." "Gata, gostaria que reconsiderasse."
Soube no instante em que ela fez aquele olhar de cachorrinho pidão que não venceria esta rodada. Droga. "Bem. Mas você vai me ligar de hora em hora, todo o tempo que estiverem fora." "Tudo que deixar o meu lindo feliz. E você tem que prometer que vai tomar cuidado ao tentar pegar esse lunático em uma armadilha. Não há como saber o que ele vai fazer quando perceber que foi enganado." Era disso que o Micah tinha medo. Eles continuaram vagabundeando por um tempo, mas, eventualmente, a questão que queimava em sua mente não podia ser adiada por mais tempo. "Ei, querida, preciso ir falar com o Nick. Estarei de volta em pouco tempo." "Oh. Ok." Odiava mentir para ela. Mais uma vez. Mas de maneira nenhuma ia lhe dar esperança e, em seguida, estar errado sobre isso. Dando-lhe um beijo rápido, se desvencilhou e levantou relutantemente do sofá. Então saiu, antes que pudesse mudar de ideia. Durante todo o caminho até o Santuário, disse a si mesmo que era um tolo. Isto podia vir a ser uma perseguição incerta. Antes que pudesse perder a coragem, se aproximou do Noah e baixou a voz. "Tenho uma pergunta. É particular." Balançando a cabeça, o enfermeiro o levou para um canto afastado do principal fluxo de tráfego, onde não seriam ouvidos. Ainda assim,
Micah continuou sussurrando. "Você pode me dizer se tem uma paciente aqui com o nome de Faith Buchanan?" Noah piscou para ele, arregalando os olhos. E o coração do Micah acelerou. "Eu, humm... não posso lhe dar essa informação." Mas o jovem estava, claramente, desconfortável. "E por ordem de quem? Do Nick? Das médicas?" "Não." "Então, quem disse?" Micah deixou o Noah se contorcer por alguns segundos antes de continuar. "Deixe-me adivinhar. A paciente? E por quê?" "Não estou autorizado a dizer." Sua voz era baixa, o olhar carregado de simpatia. "Confidencialidade e essas coisas." "E o quarto no qual ela está? Porque prometo a você, se tiver que ir de porta em porta e assediar cada pessoa aqui, até que a encontre, eu vou." Noah olhou para ele, então suspirou, passando a mão pelo cabelo loiro. "Merda. Eu posso entrar em muitos problemas por causa disso. Ela está no 521. E, Micah?" "Sim?"
"Vá devagar com ela, está bem? Teve uma vida difícil. Realmente dura. Se não se aproximou de você ou da Jacee, ainda, tem suas razões." Algo desagradável revirou o estômago do Micah, e ele concordou. "Vou." Assim, a verdade ia ser mais complicada do que algum reencontro feliz. Não tinha acabado de indicar isso? No caminho para o quarto da jovem, disse a si mesmo que ainda podia ter sido um caso de identidade trocada. Alguma outra menina com o nome de Faith Buchanan. Que, por um acaso, acabou em um hospital para shifters perdidos e quebrados. Certo. Do lado de fora da porta correta, fez uma pausa. Em seguida, bateu, sabendo que, de alguma maneira, esta visita ia mudar a sua vida e a da sua Companheira. "Entre?" Falou mansamente, como uma questão incerta. Entrou no quarto e deixou a porta um pouco aberta, esperando que a fizesse se sentir um pouco mais confortável na sua presença. Sua primeira boa olhada nela confirmou exatamente quem acreditava que ela fosse, mesmo sem provas sólidas. A mulher era uma versão mais jovem e frágil da Jacee, pálida e muito magra. Os ossos se destacavam no rosto delicado, e seu cabelo era de um castanho mais
claro. Seus olhos quase incolores, de um azul cristalino, olharam para ele, mas não com tanto medo. Com vergonha. Exaustão. Saudade. Curiosidade. Seu rosto era um livro aberto de emoções, as mãos apertadas no colo. Estava sentada em uma cadeira perto da janela, um livro sobre a mesa ao lado dela. Usava um robe parecendo mais adequado para alguém com quatro vezes a sua idade, e estava todo fechado, até o pescoço. "Gostaria de ter sabido quando você viria, Micah Chase", disse, com voz suave e melodiosa. "Achei que você poderia trazer a minha irmã." Sua boca se abriu. "Você sabe quem eu sou? Que a sua irmã está aqui e acasalada comigo?" Aflição corroeu suas feições. "Só vi você uma vez, no outro dia, então gravemente ferido. Você chegou até mim e me chamou pelo nome da minha irmã. Fiquei tão chocada, tive que entender o que estava acontecendo. Fiz algumas perguntas." "E tenho as respostas." "Sim." "Estou confuso", admitiu. "Você sabe o quanto ela lamenta sua perda? Meu Deus, ela pensa que você está morta!" Faith pegou um lenço na caixa que estava sobre a mesa e enxugou as lágrimas que rolavam dos seus olhos. "Eu acreditava que ela também estava morta. Foi o que me falaram."
"Quem falou?" "Os caçadores que me capturaram, e me venderam como prostituta." Horror o sufocou, e a bile ameaçou fazer o vinho retornar. "Você era pouco mais que uma menina quando foi levada. Doze? Treze?" Olhou para ele com tristeza. "Treze. Não sou mais uma jovem por um tempo muito, muito longo, lobo." Eles haviam vendido uma criança. A irmã da sua Companheira. Deus o ajudasse. Queria matar todos eles. "Posso ler as emoções no seu rosto, e acredite, também senti todas elas. Os caçadores que me capturaram estão todos mortos. Fui resgatada por vampiros aliados a vocês há várias semanas, e me trouxeram aqui para me recuperar." "E você esteve com esses caçadores todos esses anos?" "Bem, os membros do grupo variavam, mas sim. Basicamente. Então, foram azarados o suficiente para ainda estarem por perto quando fui liberada pelo príncipe Tarron e o seu clã. Para o inferno com aqueles bastardos maus, e viva o príncipe." Um pouco de fogo, então. Seus lábios se ergueram, e os dela também. Apenas uma fração. "Por que não veio até nós ou nos mandou chamar? Ou, pelo menos, à sua irmã?" Mas ao ouvir sua história, achou que entendia, agora.
"Precisava de tempo. Ainda estou me recobrando do que sou. Ou era. Não sei o que devo ser ou aonde vou. Estou envergonhada, apesar de, na minha cabeça, saber que fiz o que tinha que fazer para sobreviver." "Está com medo de encontrar a Jacee." "Sim." Mais lágrimas. "Ela tem uma vida maravilhosa e um novo Companheiro. Sou um desastre. A última coisa que quero fazer é sobrecarregá-la com a mancha que tem sido a minha vida." Avançando, sentou na cadeira à sua frente. Se inclinou em direção a ela, mas sentiu que ela não gostaria de ser tocada, por isso se absteve de segurar sua mão. Esperava que sua voz e sua expressão transmitissem a sua mais profunda sinceridade. "Acredite em mim quando digo que ninguém estava mais quebrado do que eu, quando a Jacee e eu nos conhecemos. Eu era um viciado em drogas, combatendo muitos demônios para poder listar e ainda estou trabalhando em ambos." Os olhos da Faith se arregalaram. "Sério?" "Sim, embora desejasse que não fosse verdade. Além disso, estava muito doente, e não era certo que fosse sobreviver. Mas, sabe uma coisa? Sua irmã tem o maior e mais bondoso coração que qualquer pessoa que já conheci. Ela é o amor personificado. Você pode confiar nela, Faith."
A jovem ficou em silêncio por um tempo, enxugando os olhos e amassando o lenço de papel. Finalmente, olhou para cima. "Me dê mais algum tempo. Mais alguns dias. Então, vou procurar a minha irmã ou vou chamá-la." "Está me pedindo para guardar um segredo da minha Companheira." Odiava isso, com todo o seu coração. "Por favor", implorou. "Só um pouco mais de tempo. Dou-lhe a minha palavra que não será por muito tempo. Quero ter um plano para a minha vida quando falar com ela. Não quero parecer tão... quebrada." "Ela não vai pensar isso de você. Até eu posso ver que você é mais forte do que imagina." Ela esperou pelo seu veredicto, e ele cedeu. "Mas, tudo bem. Poucos dias, não mais. Então, ou você se revela, ou vou arrastá-la para cá, eu mesmo." "Obrigada." "Estou feliz que esteja aqui, se recuperando. Isso vai deixá-la tão feliz", disse ele em voz baixa. "Acontece que sei que sua mais profunda tristeza foi perder você, e tê-la de volta vai ser a sua maior alegria." "Discordo, lobo." Ela sorriu. "De alguma forma, acredito que estou olhando para a maior alegria da minha irmã."
Sexta-feira chegou, e tudo estava no lugar. Micah esperava que sim. Tyler jurou que o Parker estava vindo visitá-lo no período da tarde, por volta de uma da tarde. A equipe do hospital tinha transferido o Tyler para um novo quarto, em um andar diferente, e colocado o John dentro com ele como segurança. O andar que o Tyler ocupava anteriormente, assim como o andar para onde devia ter sido transferido foi liberado de pacientes, embora as portas dos quartos fosse permanecer fechadas, assim o vazio não seria evidente. Noah e os médicos se moveriam ao redor, normalmente. Nick e Jax ficariam monitorando as câmeras de segurança e trancariam a porta do quarto quando o Parker entrasse. Micah e os outros membros do bando se esconderiam, em intervalos, pelos dois andares, nos banheiros e nas escadas, próximos, mas fora de vista. Não podiam arriscar dar alguma dica para a criatura.
Antes do almoço, Micah se despediu da Jacee e descobriu que era meio que um alívio que ela não estaria por perto, agora que a operação estava para acontecer. Estaria na cidade, protegida por um membro da Alpha Pack e um poderoso Fae. Isso parecia uma opção melhor do que estar em qualquer lugar perto do louco do Parker. Estava quase no fim. A única mancha nos seus dias de sol era o segredo. Jacee sabia que ele estava agindo estranho, mas não sabia dizer o que estava acontecendo. Ele a podia ler como um livro, e podia afirmar que estava tentando entendê-lo. Aquilo estava, realmente, começando a fazê-lo suar. Esperava que a Faith não esperasse muito mais tempo, porque não estava aguentando esconder uma coisa tão enorme da sua Companheira. "Nós estamos indo", Jacee disse para o Micah, inclinando-se para receber um beijo, que ele, alegremente, lhe deu. "Não se esqueça de manter contato. Me mande mensagens." Ela revirou os olhos. "Mandarei." "Estou falando sério." "Tchau!" Ela caminhou para fora da porta, e ele balançou a cabeça. Mulheres. Era tão engraçado e estranho: nunca tinha pensado que ia partilhar sua vida e seu espaço com uma, e lidar com todas as coisas mundanas do dia-a-dia, como "mantenha contato quando estiver
fazendo compras, então vou saber que está a salvo." Mas, agora? Sim. Sortudo. Com a Jacee saindo, foi ao encontro da equipe. Tinham algum tempo ainda, mas era melhor estarem preparados no caso do Parker chegar cedo. A equipe ia entrar em posição e esperar, durante todo o dia, se necessário. Às vezes, aquele trabalho podia ser muito chato. Mas preferia que fosse chato, do que da última vez que se encontrou com o monstro, em qualquer dia. Uma vez que o Nick e o Jax tinham a vigilância sob controle, ele e os outros
se
encaminharam
para
o
hospital.
Noah
estava
supervisionando a transferência dos últimos pacientes, alguns dos quais pareciam confusos. Um casal estava reclamando sobre aquilo ser um inconveniente, e Micah ficou feliz por não ter que trabalhar com estranhos como esses durante todo o dia. Ia pirar. Uma vez no edifício, Micah, Aric, Kalen e o Ryon ficaram na escada que levava ao porão. Evitar que o Parker percebesse que estava, na verdade, no porão, em vez de em um andar normal, foi um problema, então passaram dois dias ajustando o elevador até parecer que estava levando para o primeiro andar. Lá, colocaram sinais projetados para mantê-lo longe de qualquer parede que dava para o lado de fora - e, consequentemente, evitando que percebesse que não havia um lado de fora naquele andar. E se, e se? Muitos perigos.
Micah calou as vozes internas negativas e se concentrou em ouvir o Nick através do fone de ouvido. Desta vez, essa era a melhor maneira de se comunicar, uma vez que haviam muitos espaços fechados e esconderijos, para ver cada membro da equipe. Cada meia hora que passava era interminavelmente longa. O pior de tudo era que não podiam nem falar para fazer o tempo passar mais rápido. Shifters tinham uma audição notoriamente incrível. Um tumulto no segundo errado, e o jogo estava acabado. Os fones de ouvido, no entanto, eram projetados só para os seus ouvidos, e estavam a salvo de qualquer pessoa de fora da conversa, ouvi-los. Por fim, a voz do Nick quebrou o silêncio. "O alvo está no local. Está se aproximando da entrada a pé, assim, estou supondo que voou e se transformou a uma distância segura." Uma pausa. Menos de um minuto depois, "Noah interceptou o alvo e está redirecionando-o. O alvo parece visivelmente descontente com a mudança do quarto." Fique frio, Noah. "Alvo a caminho." "Entendido", Micah disse, apalpando a pistola. "Estamos prontos." Não ousaria falar novamente.
Uma pausa. "O alvo saiu do elevador, indo na sua direção." Pausa. "Está fora da sala, olhando para dentro. Porra, está suspeitando de algo." Entra, seu filho da puta. Entra! "Alvo dando a volta! Está fugindo! Prendam ele!" Porra! Micah e os seus companheiros de equipe saíram do esconderijo e interceptaram a fuga do Parker. O homem derrapou até parar no meio do corredor, então virou e correu de volta de onde tinha vindo. No final, desapareceu em uma curva. "Sem saída", Nick gritou. "Vocês o encurralaram. Mas, cuidado! Está armado!" Só então, Parker surgiu à vista e disparou três tiros na sua direção. Bem atrás de Micah, um par das balas atingiu um corpo. Micah, Ryon e o Kalen se achataram contra a parede, mas o Aric estava deitado no chão, sangrando. E xingando. "Filho da puta!" Sangue estava se espalhando por todo o ombro e pelo seu lado esquerdo, encharcando a camisa. Mergulhando na direção dele, Micah o arrastou para o lado e se inclinou contra a parede. "Aric foi atingido", falou pelo fone de ouvido. "Dois tiros, ombro e tórax."
"Reforço está a caminho", disse o Nick. "Esperem." Parker disparou mais tiros, mas ricochetearam no final do corredor, sem golpear ninguém. Parecia que estavam em um impasse. Até que o filho da puta ficou sem munição. "Nós o temos encurralado, mas-" Micah começou. Então, a mão do Parker apareceu na esquina. E na sua mão... Uma granada. Jesus Cristo. Micah gritou, "Caralho! Granada! Jogou no chão!" Eles mergulharam, e a explosão veio, ensurdecendo-os com seu poder. Mas a granada não tinha sido arremessada para eles, para grande choque do Micah. Quando os escombros e a fumaça se dissiparam, ficou de joelhos, olhando ao redor. O dano não foi direcionado para o lado deles, no corredor, mas no lado do Parker. "Merda, o idiota se explodiu?" Ryon perguntou, então tossiu. Aric rosnou. "Espero que sim." Kalen tirou o pó do seu casaco de couro. "Vamos olhar. Fique aqui e aguente firme, Ruivo." "Pretendo, Garoto Gótico."
Cautelosamente, os três se arrastaram até o fim do corredor. Micah virou a esquina em primeiro lugar, e sacou a arma. Apenas para se encontrar olhando para o sol. Aberto, ar livre. "Filho da puta!" Gritou, com frustração. "Ele abriu um buraco na parede e escapou!" "Maldição." Ryon deu um suspiro, descontente. "De volta à estaca zero." Kalen chutou um pedaço de tijolo com um pé. "E agora temos um inferno de uma bagunça e uma porrada de reparos a fazer. Minha Companheira vai chutar a minha bunda." Micah balançou a cabeça. "Vamos verificar o Aric e levá-lo lá para cima. Precisamos ter certeza que o Tyler ficará protegido o tempo todo, agora. Parker vai saber que ele nos ajudou." "Maldição", Kalen reclamou. Ryon bufou. "Com uma porrada a mais de problemas em cima." "Vamos, idiotas." Micah correu de volta para o cunhado, que estava com dor, mas, mais chateado do que qualquer outra coisa. Um bom sinal em se tratando do Aric. O sangramento tinha abrandado, mas ainda precisava de atenção. Eles o levaram para o andar de cima, e a equipe médica o levou para longe. Mais de uma hora se passou enquanto lidavam com as consequências e Micah, finalmente, se lembrou de verificar o celular.
Ficou aliviado ao ver que tinha recebido uma mensagem da Jacee dizendo
que
estavam
se
divertindo.
Não
estava
esperando
ansiosamente pela reação da Rowan quando soubesse que o Aric tinha se machucado, e decidiu que não ia ser o responsável por contar a ela. Aric tinha insistido em esperar até que ela voltasse. Era o rabo dele que estava na reta. Escreveu uma mensagem para sua companheira e que dizia, Missão falhou. Parker fugiu. Digo mais quando você voltar. Ela não respondeu, então tentou sua ligação mental. Jacee? Desculpe. Acabei de almoçar agora e vi sua mensagem. Por que mandamos mensagem quando podemos nos comunicar assim, afinal? Ele sorriu. Não sei. Acho que é um hábito moderno. E não posso sempre falar mentalmente se tenho que estar em uma missão. Verdade. Então, aquele bastardo fugiu! Sim. Ouça, o Aric ficou ferido. Ele vai ficar bem, mas só queria que você soubesse, no caso da Rowan querer voltar cedo. Você quer que eu diga a ela? De jeito nenhum! Isso é um truque sujo e podre, tentando me fazer contar. Não funcionou? A não ser que ele esteja realmente machucado.
Poderia estar, mas ele está bem. Verdade. Disse que quer que ela fique por aí e se divirta. Droga. Se fosse comigo, eu gostaria de saber, Micah. Você vai contar a ela. Sim. O que ela decidir, está bem. Você sabe, baby, pessoalmente, estou muito bem por você voltar para casa mais cedo e me abraçar. Tive um dia ruim. Colocou um beicinho na sugestão, e a ouviu rir através da sua conexão. Você é tão transparente. Vejo você em breve. Te amo. Amo você muito mais. Com um suspiro de alívio, encerrou o vínculo. Em seguida, começou a ajudar com a limpeza do porão.
O almoço e as compras tinham sido divertidos. Rowan e Sariel tinham sido incríveis, e estavam a caminho de se tornarem bons amigos. Havia sido um pouco estranho ver o Sariel no seu disfarce, como um jovem comum, com cabelos castanhos, e a Jacee pensou mais uma vez que era triste que ele não pudesse mostrar ao mundo o seu
verdadeiro eu. No entanto, claramente se divertia, apesar de ter que assumir uma forma diferente. Era uma esponja, alegre, absorvendo cada pedaço de informação, não importando quão trivial fosse. E, no entanto, às vezes dizia algo como, Meus irmãos iam se surpreender com isso! Então, ficava tão triste por alguns momentos que a fazia querer chorar. Sua tristeza nunca durava muito tempo, e logo estava tagarelando novamente sobre tudo. A conversa mental com o Micah, no entanto, refreou o bom humor dela.
Seus
amigos
perceberam,
quando
estavam
saindo
do
restaurante em Cody. "O que houve, assim tão de repente?" Perguntou a Rowan. Jacee debateu quanto a lhes contar. A verdade era sempre melhor, entretanto, mesmo que você pensasse que estava fazendo a coisa certa, escondendo tudo. "Parker Anderson fugiu." "O quê? Por que o Aric não me disse através do nosso vínculo?" "Humm..." Rowan fechou os olhos por alguns segundos. Jacee soube que ela estava tentando falar com o seu Companheiro, e quando a Rowan abriu os olhos novamente, estava começando a entrar em pânico. "Ele não está me respondendo. O que está acontecendo?"
"Micah disse que ele foi ferido, mas está bem", Jacee se apressou a dizer. "Ele, provavelmente, está sendo tratado, no momento." Rowan empalideceu. "Ferido como? O que aconteceu?" "Ele não disse, falou apenas que o Aric está bem e para você se divertir. Isso é tudo o que sei." "Oh. Bem, se ele disse isso, não pode ser tão ruim, certo?" "Certo." Mas sua amiga ainda parecia preocupada. Sariel segurou o braço da Rowan. "Nós podemos voltar, se você quiser. Sem problema. Nós já tivemos bastante diversão para um dia." "Se não se importam, eu gostaria de ver como ele está", disse Rowan, a preocupação gravada no seu rosto. "Então, por todos os meios, vamos-" Sariel deu um grunhido suave e seus olhos se arregalaram de surpresa quando pulou para trás. Dois buracos apareceram na sua camisa e um líquido azul - não vermelho começou a se espalhar pelo seu peito. "Blue!" Rowan gritou. Jacee se lançou para ele, com a intenção de pegá-lo. Conseguiu alcançar sua camisa e enfiou a mão exatamente em uma das estranhas manchas de sangue azul. Mas a dor explodiu na parte de trás de sua cabeça, e ela tropeçou e caiu. Bateu no chão, a cabeça girando. Gritos chegaram aos seus ouvidos quando foi pega e seu
corpo lançado. As palmas das mãos rasparam no chão quando aterrissou e caiu com um baque. Ouviu Rowan gritando com o seu atacante. Então, não teve consciência de mais nada.
Micah não ficou muito preocupado quando a Jacee não enviou a próxima mensagem de texto que devia mandar. Não fazia muito tempo que tinha falado com ela através da sua ligação mental, então não se preocupou. Por enquanto. Mas quando lhe enviou uma mensagem e ela não respondeu, ficou inquieto. Ainda assim, ela tinha perdido a última mensagem, e tudo estava excelente. Na realidade, porém, não conseguia acreditar que a Rowan não tivesse insistido em voltar para casa quando tinha sabido que o Aric tinha sido ferido. O homem era o amor da sua vida, e seria contrário a ela, apenas continuar com as compras, como se não fosse grande coisa. O que o preocupava mais que qualquer outra coisa. Ao Aric, também, pois quando o Micah caminhou até a emergência, ele enfiou a cabeça na divisória das cortinas para perguntar se tinha notícias da Rowan. Aric franziu a testa. "Não. Pensando nisso, estou um pouco surpreso. Você contou à Jacee sobre mim, não contou?"
"Sim. Ela ia contar para a Rowan, e percebi que já teria que estar de volta, agora." "Humm. Bem, não vamos pensar em problemas, ainda." Acabou que não precisaram pensar nisso. Depois do Zan aplicar seu dom da cura nos ferimentos do Aric, ele foi enfaixado e liberado. Enquanto ele e o Micah estavam do lado de fora, inspecionando a parede demolida, o problema veio rugindo até a calçada, na forma do carro do delegado. Os homens se aproximaram para cumprimentar o Deveraux, os outros saindo dos prédios para ver o que estava acontecendo. Não demorou muito para visualizar o Blue deitado no banco de trás, sangrando através de um ferimento no peito. O coração do Micah quase parou. "O que aconteceu com ele?" O Fae tinha voltado para sua forma real, e suas asas ocupavam toda a parte de trás do carro. Estava ofegante, mas lutando para permanecer na posição vertical. Jesse saiu do carro e correu para abrir a porta de trás e ajudá-lo, inclinando-se para dentro. Micah e Aric se juntaram a ele, e o Micah ficou ciente dos outros que se aglomeraram ao redor do veículo. "Anderson Parker atirou em mim", Blue engasgou. "Apenas caminhou até mim e puxou o gatilho. Provavelmente, pensou que era um cara normal e não sabia que eu não morreria desse jeito. Mas desmaiei por alguns minutos, e ele fugiu com as mulheres. Sinto muito. Vou levar
qualquer punição que mereça, uma vez que as trouxer de volta, em segurança." "Blue, cale a boca", Micah rosnou. Medo o rodeou com força, mas não era culpa do Blue. "Você não é o culpado por isso. Eu não devia tê-la deixado sair, com aquele monstro ainda lá fora." Aric concordou. "Eu também." "Eu devia ter protegido elas", Blue disse, claramente envergonhado. Jacee? Baby, onde você está? Sem resposta. Micah balançou a cabeça, a raiva aumentando. "Você não podia evitar o que aconteceu. Mas nós vamos recuperá-las. Viu o caminho que ele seguiu? Ele disse alguma coisa?" "Não. Mas acredito que a Jacee tem um pouco do meu sangue sobre ela. Depois que fui baleado, ela me segurou. Se ela tiver, podemos rastreá-la dessa maneira. Ou melhor, um Feiticeiro pode." Do outro lado do carro, Kalen concordou. "O sangue é um elemento Fae que compartilhamos, e posso seguir a fonte. Se tiver um pouco nela, vamos encontrá-la." "Então, faça a sua mágica", disse Micah. "Tenho um monstro para matar." Mac e o Noah tentaram levar o Blue para a enfermaria, mas ele se recusou, despachando-os, saindo do carro e ficando de pé, por conta
própria. Kalen tocou o sangue na camisa do seu irmão, o esfregou em seus dedos e fechou os olhos. Então, começou a entoar um feitiço, a voz hipnótica. Micah já o tinha visto trabalhar algumas vezes, e nunca deixava de ficar impressionado. Alguns momentos depois, os olhos do Feiticeiro se abriram. "Dois quilômetros daqui, na floresta. Já as localizei." Rapidamente, entraram nas vans. Aric se recusou a ser deixado para trás, e ninguém o culpou. Um par de ferimentos de bala de raspão não eram suficientes para manter um lobo afastado da sua Companheira. Blue se alçou para o céu, seguindo-os dessa forma. Micah sabia que o príncipe devia estar se sentido horrível. Nunca participou de missões, a menos que especificamente chamado, dizendo que era um amante, não um lutador - mesmo que fosse, ironicamente, o mais mortal de todos eles. Não demorou muito tempo para encontrar o caminho para o qual Kalen apontou e, poucos quilômetros além dele, a cabana em ruínas, quase obscurecida pela vegetação rasteira. Cuidando para estacionar a uma boa distância, partiram a pé. Para não foder tudo dessa vez, Micah já tinha mudado para sua forma de lobo na van, como vários outros também fizeram. Seu lobo era mais forte e mais rápido. Mais letal. Isso era com o que contava.
Rasgaria o Parker Anderson em pedaços muito pequenos. Não sobraria nem mesmo o suficiente dele para alimentar os vermes.
Jacee acordou e se encontrou com as mãos atadas atrás das costas, sentada em um canto da sala principal de uma cabana suja. Felizmente, Rowan estava logo ao seu lado, e um olhar mostrou que sua amiga estava possessa como o inferno com o seu captor. Se seus olhos castanhos pudessem matar, a criatura estaria morta. Mas pessoas loucas não se importavam. Parker era um daqueles tipos especiais de bastardos loucos que adoravam ver os outros sofrerem como o inferno. No momento, estava sorrindo para si mesmo, mostrando os dentes amarelados, cantando uma música com uma letra ilegível, que não fazia sentido para ninguém, apenas para ele. Estava sentado em uma mesa, arrumando alguns objetos em cima dela, alinhando-os. Reorganizando. Escolhendo-os, verificando-os. Colocando-os de volta e selecionando outros. Jacee franziu a testa, até que percebeu para o que estava olhando ferramentas. Alicates, chaves, martelos. Um par de pequenas serras manuais. Ferramentas de todos os tipos. De repente, sentiu como se tivesse caído em um terrível episódio de Criminal Minds. E queria sair. Agora.
Um olhar para a Rowan mostrou que sua amiga tinha tido a mesma percepção, e um pouco da sua raiva tinha começado a tremer, também. "Seus companheiros não vão achar vocês tão bonitas quando as tiverem de volta - se tiverem vocês de volta." Parker pegou um par de alicates. "Acho que isto serve, para começar! Quem vai ser a primeira?"
Micah rastejou através da folhagem até embaixo de uma janela, cuidando para não tocar nenhuma folha ou ramo. A Alpha Pack era, igualmente, furtiva. Ouviam, atentamente. Em busca de qualquer som, qualquer movimento. O plano era conseguir visualizar o monstro. Esperar até que estivesse em um cômodo diferente das mulheres e, em seguida, atacar. Mas, quando o Micah ouviu o grito horripilante da Jacee, o plano foi para o inferno. Sem pensar duas vezes, recuou, começou a correr na direção da janela, e deixou os pés voarem, cravando na janela. Pulou com força total, estilhaçando o vidro em um milhão de pedaços, sem nem mesmo sentir a dor no seu focinho.
O que viu levou a raiva a invadir seu coração, enegrecendo-o, e cozinhando-o, como alcatrão. Parker estava segurando um alicate, apertando um pedaço da carne vulnerável na curva do seio exposto da Jacee. Torturando-a, como muitas das mulheres tinham sido torturadas sob o controle de Bowman, no passado. Não. Não mais. Isso acaba, aqui e agora! O rosto do Parker se retorceu com raiva diante da interrupção, e se transformou na sua forma monstruosa assim que o Micah invadiu a cabana. Jacee se moveu para fora do caminho do demônio e a batalha começou. Os dois colidiram, forças opostas, com anos de ódio reprimido consumindo-os. O enorme e horrível pássaro era um forte inimigo. Um lutador mortal. Rebateu os movimentos do Micah, bloqueou suas tentativas para ir até o seu pescoço. Caíram em torno do pequeno espaço, rasgando móveis, rachando paredes, quebrando janelas. Micah rolou, causando um bom rasgo na perna da criatura com os dentes, apreciando seu grito de dor. Garras afundaram nas suas costas, e ele gritou e rolou novamente, desalojando-as. A maré virou quando a Alpha Pack entrou na batalha, distraindo o monstro. Rasgaram e morderam a criatura. Foram para cima dele por todos os ângulos e, logo, ele estava estritamente na defensiva, incapaz de
lançar qualquer outro golpe. Apesar de toda a força e ódio da criatura, ela não tinha duas coisas vitaisAmor e a Alpha Pack. Sem essas coisas, um inimigo estava condenado. Parker pareceu perceber isso e, muito tarde, tentou redobrar seus esforços. Foi em vão. Quando a criatura rechaçou um ataque do Aric, Micah finalmente teve sua oportunidade. Saltou sobre o pássaro, derrubando-o no chão. Fechando a mandíbula em volta do seu pescoço, rasgou a garganta do monstro. E continuou rasgando e rasgando o corpo, depois que os olhos ficaram frios e mortos, apenas para ter certeza. Se assegurando que nunca mais poderia machucá-lo ou à sua Companheira de novo, para sempre. Por fim, tomou conhecimento de um gemido suave e um corpo quente cutucando o dele. Meu Companheiro, volte para mim. Ele está morto, e não pode nos machucar mais. Girando, seu lobo encontrou sua amada coiote ali, de pé, olhando para ele com amor e compreensão. Ela latiu para ele com alegria, e ele percebeu que tinha acabado. Poderiam começar suas vidas juntos, seguir seus sonhos, sem ameaças pairando sobre eles. Só coisas boas no futuro deles.
Para a sua Companheira, haviam mais coisas boas do que ela imaginava. Sim, vamos para casa. Permaneceram na sua forma animal, se enrolando juntos na parte de trás de uma das vans, durante todo o caminho de volta para o complexo. Todos os deixaram sozinhos. Na verdade, não apareceram por uns bons dois dias, a maior parte desse tempo, fazendo amor. A ânsia do Micah pelo Myst havia desaparecido quase que completamente e, quando a vontade vinha, era um mero eco, agora, graças ao amor e ao apoio da sua Companheira. Sua vida era boa. E isso era, apenas, o mais próximo do paraíso que já tinha estado.
Derrotar um cara mau, dar uma festa. Jacee estava começando a sentir que era um lema da Alpha Pack, e que estava tudo bem por ela. O clima era de festa, lá fora, com alguns dos rapazes e garotas jogando futebol. Sariel e Kalen argumentavam, como de costume, sobre quem ia segurar o bebê, Kai, o tio coruja ou o pai, e claro, o Sariel ganhou.
Kira tinha, finalmente, apresentado à Jacee a uma pequena criatura chamada Chup Chup, que parecia um gremlin adorável, mas era propensa a morder quando tinha medo de estranhos, então Jacee fez questão
de
estender
a
mão
para
que
pudesse
cheirá-la
completamente, deixando-a decidir se ela era amiga, antes de coçar suas orelhas. Depois disso, e da Jacee, sorrateiramente, lhe dar um pedaço de cachorro quente, se tornara amigos. Alguns integrantes da família da Calla chegaram, e Jacee teve que admitir para o seu Companheiro que estava fascinada pelos vampiros. Especialmente pelo extremamente sexy Príncipe Tarron Romanoff, que era solteiro, mas não por falta das várias fêmeas disputando sua atenção. Micah bufou, olhando para o vampiro. "O que ele tem que eu não tenho?" Ela revirou os olhos. Primeiro o Sariel e, agora, o príncipe vampiro. "Nada, querido. Você é o meu homem mais importante e sabe disso." "Seu único homem." "Está certo." Jogou beijinhos para ele, e ele sorriu. Seu Companheiro ficou em silêncio, pensando, arrancando a grama. Por que o Micah ficava verificando o celular? Finalmente, ele disse, "Você pode esperar aqui? Tenho algo a fazer." "O quê?" Ela fez beicinho. "Agora? Estamos aproveitando tanto esse dia, juntos."
"Sim, estamos. Mas prometo que já volto. Eu tenho, humm, uma espécie de surpresa para você." Ela se iluminou. "Oh! Bem, nesse caso, vá em frente. Nós gostamos de surpresas. Especialmente se são de chocolate." Seus olhos castanhos brilhavam de felicidade. "Oh, isso é melhor do que chocolate, lhe garanto." "Se você diz." Sentada sobre a toalha para piqueniques sob as árvores, ela o viu desaparecer na multidão. Dando um tempo, simplesmente deixou o contentamento inundá-la. Tinha perdido muito na sua vida, mas ganhou uma nova família. Essas pessoas, a Alpha Pack, eram maravilhosas. Apesar do começo difícil e da história com o Jax, eles a tinham aceitado. Tinham salvo a sua vida, em mais de uma maneira. "Jacee?" Ela pensou, a princípio, que a voz da mulher era uma invenção da sua imaginação. Que tinha conjurado o fantasma por causa dos seus pensamentos e, de alguma forma, sua irmã estava ali, para vigiá-la em espírito. Mas, então, olhou para cima. E se não estivesse sentada, teria caído. Desmaiada. Jacee não conseguia respirar. A jovem mulher na frente dela era uma visão clara da beleza. Muito magra, quase como se um vento forte soprasse, a levaria embora. Mas era real, longos cabelos castanhos
soprando suavemente sobre o seu rosto, usando jeans e uma blusa rosa. Lentamente, vacilante, Jacee se levantou, levando a mão até o coração palpitante. "Faith?" A mulher assentiu com a cabeça, os olhos cristalinos inundando com lágrimas. Tentou sorrir, mas seu rosto se contorceu. "Senti tanto a sua falta." E, então, estavam nos braços uma da outra, se abraçando e gritando, mal conscientes da atenção que estavam atraindo. Jacee não se importava. "Isto é um milagre. Um milagre." "Sim." Jacee gritou, mais e mais. Colocou seu coração para fora, por toda a solidão e dor que sofreu. Quando conseguiu se acalmar, Jacee segurou a mão da sua irmã e pediu a ela para se sentar no cobertor, junto com ela. "Não consigo parar de olhar para você", ela suspirou, olhando para a Faith. "Onde você esteve?" "Como eu disse ao Micah, os Caçadores me levaram naquela noite." "Espere. Você disse Micah?"
"Não se zangue com ele", sua irmã pediu. "Naquela noite, ele chegou bastante ferido e me viu no Santuário, onde estava hospedada. Estava tão fora de si que pensou que eu era você." "Oh, meu Deus." "Sim, acho que foi o destino, pois isso o levou a me encontrar e nos colocar juntas, novamente." "Mas isso foi há alguns dias atrás. Por que ele não me contou? Ou, por que você não veio me ver?" Aquilo doeu. "Por favor, não fique chateada." Faith olhou para ela, séria. "Eu pedi a ele para me dar um pouco mais de tempo. Já passei por muita coisa e estava com medo... que você tivesse vergonha de mim." "Nunca, querida", disse Jacee firmemente, enxugando o rosto da sua irmã, limpando as lágrimas. "Nada do que aconteceu desde a noite em que fomos separadas, foi culpa nossa. O que aconteceu quando você foi levada pelos caçadores?" "Eles me disseram que você estava morta e, então, me usaram. Me obrigaram a servi-los como uma prostituta." "Mas você era apenas uma criança!" Jacee ficou horrorizada. "Você entende por que eu precisava de tempo? Fui resgatada pelos homens do príncipe Tarron, e trazida até aqui para me curar. Então,
soube que você estava aqui, bem-sucedida e acasalada com um lobo bonito que faz parte desta equipe muito legal, e me senti, assim, uma coisa, quebrada e usada." "Baby, você é tudo menos isso. Você é linda e forte. E nós vamos ajudá-la a se curar, a cada passo do caminho." "Nós?" Aquela palavra estava cheia de esperança. "Sim, nós. Você vai ficar?" "No complexo, sim. Mas vou pedir ao Nick o meu próprio quarto, uma vez que tiver alta do Santuário. Não vou me intrometer quando você está recém-acasalada, e ponto final. E nem adianta você protestar, realmente, não quero ouvir vocês dando uma, então, sim. Quero o meu próprio lugar." Jacee corou. "Bem, quando você coloca assim..." "Mas, estou aqui e não vou a lugar nenhum, por enquanto. Isso é o mais importante." "Sim." Se abraçaram de novo, até que uma sombra pairou sobre elas. "Eu lhe dei tempo suficiente para se recuperar da minha surpresa?" Jacee sorriu para o Companheiro maravilhoso. "Não sei se vou alguma vez me recuperar desse presente, mas você está perdoado. Para sempre."
"Oh, gosto do som disso." Sorriu para a Faith. "Que tal a apresentarmos para alguns dos nossos amigos?" Ela sorriu timidamente. "Gostaria disso." Para alguém que tinha passado os últimos anos presa em sua própria marca especial de inferno, Faith era muito boa com as pessoas, e eles a adoraram imediatamente. Especialmente um certo príncipe vampiro, que não conseguia tirar os olhos dela. Jacee arquivou essa informação, deixando para outro dia. Estava tão feliz que não conseguia se lembrar de quando já tinha se sentido tão abençoada. Depois da Faith ter voltado para o seu quarto no Santuário, e a festa ter acabado, Jacee finalmente levou seu Companheiro para longe e lhe mostrou quão feliz estava. Fizeram amor por muito tempo, noite adentro. "Micah?" Ela murmurou, mais tarde. "Quando construirmos a nossa casa, a Faith pode morar lá, se ela quiser?" "Sim, querida." Beijou seus lábios. "Ela é da família. Pode ficar com a gente, se quiser, ou onde quiser, contanto que ela queira. Você não sabe que não há nada que eu não faria para te fazer feliz?" Ela sabia.
E planejava passar o resto da sua vida fazendo esse lobo sorrir, também. Várias semanas depois ...
Frio. Muito frio. Sedento. Morrendo de fome. Não posso fazer isso. Sim, você pode. Mais um passo. Outro. Continue. O lobo ofegava, tão magro que seus ossos chacoalhavam no seu corpo. Seu pelo estava emaranhado, sujo. A pele coberta de feridas, as almofadas das patas sangrando. Viajou por tanto tempo, mas agora estava em tão mau estado, que se movia puramente por instinto. Por vontade. Como se houvesse um dispositivo no seu cérebro, que saberia quando parar. A entrada foi quase uma surpresa. A interminável Shoshone simplesmente acabou e, de repente, civilização. Erguendo a cabeça, olhou para os edifícios. Uma nova era? Mal teve tempo de registrar isso, deu dois passos e entrou em colapso.
Era isso. Estava acabado. Tinha conseguido e, agora, morreria em alguma cova sem marcação, sozinho. De repente, ouviu gritos e passos no cascalho. Alguém se inclinou sobre ele, e seu lobo abriu um olho, mas não conseguiu enxergar mais do que um borrão. Não foi possível se transformar para falar, para responder às perguntas rápidas dos seus irmãos. De onde é que este lobo veio? Quem é ele? Meu Deus, não pode ser. Sua resposta veio somente dentro da sua cabeça, dragada do fundo da memória quase esquecida. Meu nome é Ari. E estou em casa.