Hunter's Heart
J. D. Tyler
Livro Quatro da SĂŠrie Alpha Pack 2
Tradução: Mônica M.
Revisão e Leitura Final: Josi T 3
Um elogio para a Série Alpha Pack "Com Primal Law, JD Tyler criou um esquadrão inteiro de heróis shifters deliciosos que farão as leitoras perderem a cabeça. A heroína, Kira Locke é corajosa e inteligente, com seus próprios talentos paranormais intrigantes, enquanto Jax Law é um sexy lobo macho-alfa que é, ao mesmo tempo, heroico e apenas dominante o suficiente para dar à uma menina ideias más. Não posso esperar pela próxima aventura dos Alpha Pack de Tyler!" —Angela Knight, autora premiada pelo New York Times. "O que você ganha quando combina as melhores equipes militares ultra secretas e lobos? Experimente a nova série sobrenatural escaldante de Tyler, Alpha Pack - uma equipe especializada de shifters lobo com poderes Psíquicos. Neste livro de lançamento, os leitores são apresentados aos vários membros da equipe, com o foco principal em Jaxon Law. Tyler criou uma premissa intrigante para sua série, que promete muita ação, traição e sexo quente e abrasador." —Romantic Times "Crepitante e interessante, Primal Law é uma homenagem à série Castas da Lora Leigh, enquanto forja seus próprios caminhos. Os personagens são simpáticos, e o trabalho acelera junto." —Fresh Fiction "Primal Law é fascinante e carnal... cheia de homens carregados de testosterona, ação quente e paixão inesquecível! Em outras palavras, uma série verdadeiramente viciante!" —Reader to Reader Reviews 4
"Em um gênero onde o paranormal é intenso, JD Tyler pode ser apenas uma força com a qual podemos contar. O livro me deixou fascinado do início ao fim." —Night Owl Reviews
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Para Kierin "KK" Stevens, minha maior fã e a receptora fenômeno do softball. Boa sorte quando você começar na faculdade, não que você vá precisar. Você vai pegar o mundo pela orelha e alcançar todos os seus sonhos, e vai fazer do seu jeito. Você é uma jovem incrível e especial e estou orgulhosa por te conhecer. A história de Ryon é para você.
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AGRADECIMENTOS
Como sempre, um agradecimento especial a: Minha família maravilhosa, por sempre estar lá para apoiar e me incentivar. Eu amo todos vocês. Às raposas e à minha melhor amiga, Debra Stevens, por salvar a minha sanidade mental com almoços de improviso e refrescantes bebidas temperadas, e por sempre estarem lá quando eu precisei de um ombro para chorar. Minha amiga Mary Anne Rocha por se assegurar que eu desse uma "arriscada" na vida e libertasse a minha criança selvagem interior, de vez em quando. Minha agente, Roberta Brown, por estar sempre na minha torcida e ser minha guia. Minha editora, Tracy Bernstein, pelo apoio infinito, paciência e palavras de sabedoria. Toda a equipe da New American Library, incluindo os editores de texto, o departamento de arte, a equipe de marketing e os publicitários. Vocês são demais! E às leitoras, por seu entusiasmo pela Alpha Pack, o que garante que eles vivam. Vocês arrasam!
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UM
"O cara na retaguarda é sempre aquele que é comido, você sabe." Ryon Hunter fez uma careta para as costas de Aric Savage quando sua equipe de shifters penetrou furtivamente, em sua forma humana, no beco cheio de lixo. Ou metade deles, de qualquer maneira. A outra metade estava em outro lugar na Big Apple, rápida e silenciosamente, procurando, através da noite, por uma gangue de vampiros
selvagens
que
estavam
declaradamente
caçando,
drenando os seres humanos e largando seus corpos para serem encontrados por cidadãos confusos e alarmados. A obrigação da Pack era simples: encontrar os bastardos e neutralizar até o último desgraçado deles. Caso contrário, questões seriam levantadas pela população em geral, e aqueles que tinham as respostas da Pack e as poucas autoridades que as conheciam, não queriam que o público tivesse acesso. Vampiros em Nova York. Parecia um filme do apocalipse. Se as pessoas soubessem do mundo paranormal, muito real, que se escondia nas sombras, haveria pânico em massa. O trabalho da Alpha Pack era ter certeza de que isso nunca aconteceria. Caçavam as criaturas mais perigosas do mundo, levando-as para fora, antes 8
que os humanos tivessem a mínima ideia de que estiveram lá. Os menos perigosos eram levados para uma possível reabilitação e integração no mundo da Pack. Perscrutando a escuridão, Ryon forçou a si mesmo a se concentrar. Espíritos acenavam para ele de todos os cantos, suas formas fantasmagóricas entrando e saindo enquanto imploravam a ele para ouvir apelos que não podia ouvir. Não queria ouvir. Como um Canalizador/Telepata, este era o seu dom, ou melhor, a sua maldição. Como um telepata, Ryon era capaz de infiltrar seus pensamentos direto na cabeça das outras pessoas. Também conseguia pegar a resposta de um dos seus companheiros de equipe se eles a empurrassem forte o suficiente, apesar de mais nenhum deles compartilhar o seu dom. Mas suas oh-tão-maravilhosas habilidades não paravam por aí. Ser um Canalizador, significava que Ryon também podia se comunicar com os mortos, se realmente tentasse. O problema era que raramente queria, mas os fantasmas simplesmente não o deixavam em paz. Almas perdidas eram atraídas para ele, como aparas de metal por um ímã, e Nova York carregava muitas delas, era como vagar através de sopa de ervilha. Pior ainda, os fantasmas irritavam profundamente o seu lobo, que estalava e rosnava dentro dele cada vez que chegavam muito perto. O que acontecia constantemente. Ninguém, nem mesmo seus irmãos da Pack, sabiam para quão perto do ponto de ruptura os fantasmas o impulsionavam.
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Um leve som de pés se arrastando veio de trás dele, como um sapato no concreto, e Ryon girou. Sua visão reforçada esquadrinhou a escuridão, mas tudo estava parado. Silencioso. Tão quieto que levou um par de segundos para descobrir por que isso o incomodava. Os espíritos haviam desaparecido. "Merda", respirou, girando em torno para se juntar ao seu grupo. "Ei, pessoal-" O beco explodiu em uma enxurrada de figuras escuras avançando sobre os shifters por todos os lados. Só teve tempo de ver Aric e Hammer se engajando na batalha com quatro vampiros selvagens quando um quinto o abordou pelo lado, batendo-o contra a parede de um edifício. Grunhindo de dor, empurrou o vampiro, fazendo uma careta para o cheiro fétido da respiração flutuando sobre o seu rosto. A coisa o tinha preso e mostrou suas presas, indo para a jugular de Ryon. Torcendo-se, Ryon conseguiu se liberar o suficiente para se colocar de costas para a parede e empurrar a coisa de cima dele. O vampiro tropeçou para trás, e Ryon agarrou a faca de prata amarrada na coxa, amaldiçoando-se por já não tê-la em sua mão. Levou o vampiro agressivo para o chão e, em um movimento rápido, enfiou a lâmina sob o esterno, enterrando-a profundamente no coração negro do monstro. O guincho do vampiro se juntou ao dos outros, enquanto Aric e Hammer derrubavam seus oponentes. Mas não estavam fora de perigo. Outra onda de selvagens emergiu das sombras. Antes de Ryon conseguir ficar de pé, dois vampiros saltaram sobre ele, derrubando10
o no concreto sujo. Já havia lutado com um número maior antes e ganhou, mas este par lhe tirou o equilíbrio. Eles o deixaram de bruços, um sentando em suas pernas, torcendo o braço de Ryon atrás dele e tomando sua faca, enquanto o outro agarrava um punhado do seu cabelo e puxava sua cabeça para trás, para expor sua garganta. "Saia de cima de mim, seu filho da puta!" Seu lobo, furioso, exigia ser liberado enquanto Ryon se sacudia. Tentou, em vão, arremessá-los para fora. Sabendo que podia lutar contra eles muito melhor sobre quatro patas, com seu próprio conjunto de dentes afiados, reuniu sua concentração para a transformação. "Oh-oh," aquele sentado em suas pernas cantou. "Nós não podemos deixar o cachorrinho sair para brincar." Como eles sabiamUm golpe duro desembarcou em seu lado. Quente, fogo agonizante espalhando-se através do seu torso, agarrando seus pulmões. Seu grito saiu como um chiado rouco, quando percebeu que o vampiro tinha lhe esfaqueado com a própria faca de prata. Renovou sua luta para arremessá-los para fora, mas foi inútil. "Fique quieto, filhote", o outro cantou em seu ouvido. "Isso vai acabar logo." Em seguida, as presas da criatura afundaram profundamente em sua garganta, silenciando seu grito. A agonia era indescritível, abafando até mesmo a queimação em suas costelas. O sugar repugnante da coisa se alimentando em seu 11
pescoço o fez querer vomitar, mas não conseguia se mover. Não pôde fazer nada quando sua visão começou a escurecer, seu cérebro girando com tonturas. Aquele que estava se alimentando ergueu a cabeça. "É verdade! Sangue Shifter é como cocaína pura! Tão bom..." "Deixe-me experimentar", o outro insistiu. "Não! Este morto é meu!" Sua argumentação pode ter sido o que o salvou. Isso, e seus irmãos da Pack correndo em seu socorro, depois de cuidar dos outros selvagens. Ao longe, Ryon ouviu os sons de uma luta feroz, mas breve, quando os vampiros se viraram para enfrentar a nova ameaça. Em seguida, o silêncio repentino, quebrado por uma respiração áspera. Botas, movimentando-se em direção a ele. Maldição. "Filho da mãe do inferno", Aric estalou. "Ajude-me a virá-lo. Cuidado." Mãos o levantaram, e logo ele estava de costas. Tentou distinguir os seus rostos, para dizer que estava tudo bem, mas o sangue quente borbulhou em sua garganta rasgada, em vez disso. Merda, não conseguia respirar! "Não tente falar," Hammer o instruiu. "Vai dar tudo certo, homem." Aric examinou o lado de Ryon, resmungando. "Apunhalado com sua própria faca maldita. Nós temos que deixá-la ali por enquanto, ou ele vai sangrar." "Mas ele não pode se transformar, a menos que a removamos. Se ele puder se transformar, talvez possa curar mais rapidamente." 12
A voz de Aric flutuou acima dele. "Ryon? Você pode me ouvir?" Acenou com a cabeça uma vez. "Bom. Se eu tirar a faca, você consegue se transformar?" Balançou a cabeça novamente, ou achava que tinha feito. Concentrando-se, tentou chamar seu lobo, mas ele uivava de dor. Recuou dentro dele, sua força drenada. "Ryon? Tenha calma, homem..." Seus irmãos da Pack amaldiçoaram, seus apelos insistentes desaparecendo ao longe. No nada.
Daria Bradford engoliu avidamente sua dose de uísque, saboreando o calor que deslizou por sua garganta até o estômago. As noites eram frias na Floresta Nacional de Shoshone no início do outono, assim essa pequena indulgência era bem-vinda. Sentada perto do fogo, pegou uma garrafa de água e lavou o copo. Então o secou antes de colocar a garrafa de vidro e a de viagem, de plástico, de volta em sua mochila. O ritual noturno a confortava, e a fazia se sentir mais em casa, quando estava tão longe da civilização. Era uma tradição que ela e seu pai tinham compartilhado antes dele se aposentar do trabalho da sua vida, que ele tanto amava. O trabalho que ela continuou.
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Seu pai lhe ensinou tudo o que sabia sobre estudar lobos. Quando jovem, ela o acompanhou em muitas viagens. Ao contrário da maioria dos seus colegas de escola, Daria sabia exatamente o que queria fazer com o resto de sua vida: ia seguir os passos do seu pai. E assim ela o fez, tornando-se uma bióloga que se especializou na área de estudo das mais belas e indescritíveis criaturas do planeta. Seu pai tinha feito parte de um grupo conservacionista na década de oitenta, que foi fundamental para salvar os lobos da Shoshone à beira da extinção. Observá-los prosperar mais uma vez, foi uma das duas grandes alegrias em sua vida, juntamente com mimar sua filha. Mas, eventualmente, sua artrite o impediu de escalar as montanhas e vales que tanto amava, então agora vivia, de forma indireta, através dos seus contos. Fazia questão de conduzi-los com abundância, para serem ouvidos durante suas noites serenas na beira fogo, seu uísque na mão. Sorrindo para si mesma, pensou em tudo o que tinha para contar-lhe quando fosse visitá-lo em poucas semanas. As alcateias que tinha verificado até agora estavam indo muito bem, os filhotes crescendo. Sob a luz dançante do fogo, pegou seu caderno espiral e registrou suas notas sobre cada um dos membros locais do bando, naquele dia. Então o deixou de lado e se arrastou para sua tenda, mantendoa fechada contra todos os visitantes noturnos que as chamas não dissuadiam. Exaustão penetrou em seus ossos e músculos, mas era do tipo bom, merecida, depois de um dia de trabalho honesto. Se arrastou para o
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saco de dormir e em pouco tempo, o sono a encapsulou e ela adormeceu, satisfeita. Foi quando o pesadelo a invadiu.
Estava de pé em um lugar escuro. Um beco sujo. Ruídos da cidade vinham de perto - de trânsito, pessoas falando. Depois vieram os gritos. Aproximou-se dos ruídos, e percebeu que parecia uma luta. Quando se arrastou para a frente, viu formas escuras. Pálidas, parecidas com humanos, vestidas com trapos, rosnando, presas amareladas cortando na escuridão. Estavam atacando um grupo de homens, e, por alguns momentos, parecia que os maus ganhariam. Como ela sabia que os defensores eram os mocinhos, não podia dizer. Só sabia que era invisível para eles enquanto lutavam, assim como os homens levaram a melhor, no final. Mas um deles estava debaixo de dois daqueles escuros. Houve um flash de prata, o seu grito sufocado terminando terrivelmente. De repente. Um dos agressores puxou sua cabeça para trás, e rasgou a garganta do homem com aqueles dentes amarelados terríveis. Tropeçando para frente, Daria gritou para eles pararem, mas ninguém ouviu. Sua respiração congelou em seus pulmões quando companheiros do homem vieram em seu socorro, despachando as criaturas restantes. Isso é o que eles eram – criaturas - mas não conseguia dar um nome para eles. Pensamentos sobre aqueles nojentos desapareceram enquanto caminhava para perto, baixando o olhar para estudar o homem cujos amigos estavam se esforçando para salvá-lo. 15
Ele era, sem dúvida, o homem mais bonito que ela já vira. Estava deitado de costas, pernas e braços moles. Luar caiu sobre os olhos claros, azuis e cristalinos e brilhou sobre seu cabelo loiro desgrenhado. Seu nariz era reto, tinha sulcos ao redor da boca, e lábios carnudos, que sugeriam que era um homem que sorria com frequência. Mas no momento, estava lutando para respirar. Um toque de vermelho marcava a carne rasgada em sua garganta, e não havia mais o sangue vermelho fluindo ao redor do cabo da faca enterrada em seu lado. Preocupação pelo homem e uma tristeza profunda e repentina, a oprimiu. Ela tentou falar novamente, mas não conseguiu emitir um som. Então o seu olhar encontrou o dela, e seus olhos se arregalaram. Apenas por um momento, o mundo se resumiu a eles os dois. Levantando o braço, alcançou-a com os dedos ensanguentados. Ela queria segurar sua mão, trazer para ele o consolo que pudesse. Em seguida, foi sugada para trás, caindo do sonho enquanto gritava em protesto. Não!
"Não!" O grito de Daria soou fora da tenda quando se sentou. Com a mão no peito, sugou várias respirações profundas. Aos poucos, seu coração acelerado acalmou, mas o horror do pesadelo permaneceu. Porque ela sabia, melhor do que ninguém, que não tinha sido sonho. A cena tinha sido uma visão. 16
Apenas o pai sabia dos "presentes" com os quais foi agraciada, presumivelmente, por um antepassado Indígena Americano. Todo mundo a consideraria louca, assim estes era um segredo que os dois guardavam com muito cuidado. Por toda sua vida, tinha sido atormentada com visões de cenas que eram, ou iminentes, ou tinham acabado de ocorrer. A maioria delas era inútil, nada mais do que flashes inócuos. Nas mais graves, as detalhadas, normalmente não tinha a menor ideia de onde elas estavam ocorrendo ou quem eram as pessoas, e não podia ajudálas. Sua outra habilidade – projeção astral, a capacidade de enviar seu corpo físico para um estado de sonho e visitar um outro lugar em "espírito" - também era inútil se ela não sabia a quem ajudar ou onde eles estavam. Contorcendo-se em seu saco de dormir, se preocupou com o belo homem loiro em sua visão. Quem era ele? O que eram aquelas coisas horríveis que tinham atacado a ele e aos seus amigos? Mais importante, ele iria sobreviver? Não sabia por que ele era tão importante. Por que a necessidade de encontrá-lo e ter certeza de que ele estava vivo era como formigas rastejando sobre sua pele. Talvez pudesse descobrir com este. Porque ao contrário de todos os outros, por um breve instante, Daria e o homem haviam se conectado. Mesmo agora, enquanto o resto da visão parecia distante, uma linha fina permanecia, arrastando sua consciência para a dele. Sentia isso, mas seria necessário se projetar astralmente para acessá-lo. No entanto, não poderia fazer isso até que tivesse recuperado um pouco da força. Essa visão a tinha deixado drenada. 17
Acomodando-se novamente, se agitou até que a luz do dia irrompeu, o sono esquivo. Em vez de estar descansada, estava cansada e agitada. Estava com tanto medo de adormecer, apenas para acordar e descobrir que o seu fio condutor para o estranho sexy tinha desaparecido. Ainda estava lá, esperando. Centrando-se em si mesma, sentou-se com as pernas cruzadas e fechou os olhos, os braços soltos no colo. Focando para dentro, deixou os sons da floresta acordando, levá-la embora. O formigamento revelador dançava sobre sua pele, sinalizando que o seu corpo estava entrando em estado de transe. Lentamente, sua consciência se separou do seu corpo, deixando-o para trás. Olhando para trás, viu-se sentada pacificamente na tenda e, satisfeita, partiu para seguir a linha. No início, a viagem foi fácil. Sem estar confinada à carne, subiu nas árvores, se deleitou com a luz do sol e a beleza do dia. Viajou adiante, a conexão levando-a a uma curiosa pausa na floresta, um lugar onde as árvores tinham sido derrubadas. No centro da clareira estava um grande edifício. Ostentava várias alas, e a linha a levou a uma dessas alas, em particular. Em segundos, estava no que parecia ser um corredor. Diante dela, uma porta, e além dela, sabia que ia encontrar o homem que procurava. Avançando, simplesmente caminhou através dela, com a intenção de atingir a forma imóvel na camaUm grito alto colocou Daria, dolorosamente, de volta em seu corpo. O som ecoou pelas montanhas, fazendo com que seu pulso palpitasse em seu peito.
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"Que diabos?" Enquanto o som se extinguia, tentou descobrir o que, em nome de Deus, tinha sido aquilo. O grito zangado de barítono da criatura a lembrou de algo pré-histórico, saído de um velho filme do Godzilla. Quando o grito morreu, calafrios estouraram em sua pele. Fosse o que fosse, poderia estar a quilômetros de distância, ou a apenas poucos metros. Essa ideia foi suficiente para fazê-la se movimentar. Sentiu-se muito parecida com uma pata sentada lá, e não podia tentar a projeção de novo por um tempo, de qualquer maneira. Desmontou o acampamento
rapidamente,
embalando
sua
barraca
e
os
suprimentos, e tendo certeza que o fogo estava completamente apagado. Em seguida, se dirigiu para a trilha, a caminho do seu próximo local. Pensamentos sobre o loiro nunca se afastaram da sua mente, enquanto caminhava. Preferia muito mais pensar nele do que no terrível sonho, e no grito perturbador de um animal estranho. Poderia um urso fazer um som como aquele, se estivesse com uma dor horrível? Achava que não. Mas aqui fora, o que podia ser grande o suficiente para fazer aquele barulho e ser ouvido por quilômetros? Não pense nisso. Pense nele. Colocou o animal misterioso para longe dos seus pensamentos e perdeu-se em apreciar o dia. Pegou algumas trilhas tortuosas e íngremes, e estava suando, ao meio-dia, quando finalmente parou para descansar. Deslizando para fora sua mochila, mexeu os ombros com alívio e inclinou-se para pegar sua água dentro dela.
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Um cheiro familiar atingiu seu nariz e ela se endireitou lentamente. Sangue e carne podre. Ficando imóvel, virou apenas a cabeça, varrendo a área por sinais de restos que deviam estar nas proximidades. Mais à frente, viu alguns galhos quebrados do lado da trilha. Além disso, talvez trinta metros dentro da folhagem, havia algo no chão. Estudando a massa, pensou ter visto um pedaço de tecido, e talvez uma bota. “Oh, merda.” Rapidamente, pegou seu rádio portátil na mochila. Se fosse um corpo, teria que chamar a estação da guarda florestal para relatar, e depois esperar que eles chegassem. Precisava entrar em contato com eles, de qualquer maneira, para que soubessem que ela estava bem. Deixando a mochila para trás, se aventurou fora da trilha e pegou o caminho até a massa no chão. Quando se aproximou, seus medos foram confirmados. "Deus do céu", sussurrou. Uma vez, o corpo tinha sido o de um ser humano, mas se era de um homem ou de uma mulher, não podia dizer. O cadáver tinha sido rasgado em pedaços, literalmente. Viu parte de uma perna, um braço. A maior parte do tronco se foi, comido. Dentes enormes tinham rasgado grandes pedaços de carne dessa vítima, as marcas tão grandes, que não conseguia compreender que criatura tinha feito isso. Não havia uma cabeça à vista. Tropeçando alguns poucos passos para longe, Daria caiu de joelhos e vomitou. Seu estômago virou do avesso, embora, felizmente, não houvesse muito para colocar para fora, já que havia pulado o café da 20
manhã. Quando os puxões diminuíram, um pensamento gritou em seu cérebro. E se o assassino ainda estiver aqui? Colocando a mão na boca, se levantou e correu para sua mochila, o rádio na mão. Quando a alcançou, pegou a água, afastando-se para o lado e lavando a boca várias vezes. Então, tomou um longo gole. Tinha que reportar isso, mas ousaria ficar esperando se a coisa podia voltar em segundos? Levantando o rádio até o rosto, estava prestes a apertar o botão quando um rosnado baixo deixou todos os seus cabelos em pé. Virando um pouco para a direita, piscou, sem saber o que estava vendo. Quando aquilo caminhou para a frente, de cabeça baixa, respirou fundo. A criatura era um lobo branco como a neve. Não era muito grande uma fêmea, se tivesse que adivinhar. A loba fez outro ruído ameaçador e continuou a avançar. Todos os tipos de conhecimento inúteis vieram à sua mente, como o fato de que nunca houve um caso documentado de um lobo atacando uma pessoa. Diga isso para aquele. Daria apertou o botão no rádio, com a intenção de falar com os guardas, mas era tarde demais. Naquele momento, a loba se lançou para a frente. Com um grito, Daria se virou e correu pra valer. E sabia que tinha feito, exatamente, a coisa errada. Seu pai iria remexê-la sobre as brasas por fazer tal movimento novato.
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Impulsionando as pernas, se desviou da trilha, procurando freneticamente por uma árvore boa para subir. Mas não havia nenhuma com ramos baixos o suficiente. Rosnando, aproximandose, a loba pulou em suas botas. Deu o seu máximo, correndo mais rápido. Quando chegou no alto de uma subida, o terreno, de repente, caiu e ela derrapou até parar, exatamente na beirada de uma ravina profunda. "Merda!" Se virou para encontrar a loba ali, ofegante, arreganhando os dentes. Dentes que estavam longe de serem grandes o suficiente para ter causado a destruição do andarilho morto, mas isso não importava agora. Olhando em volta, esquadrinhou o terreno procurando por uma pedra, qualquer coisa. Não queria jogar o rádio e se arriscar a danificá-lo, mas podia servir como um bom porrete. Ela e o lobo trocaram olhares, em um impasse. Daria ficou impressionada com a inteligência nos olhos do lobo, a falta de loucura. Que diabos estava acontecendo? Em seguida, um estrondo soou da floresta. E mais outro. O som de passos pesados. Mais caminhantes? Talvez a ajuda estivesse lá. O momento de distração lhe custou. O lobo se agrupou, saltou e a empurrou para trás. Daria cambaleou, tentando recuperar o equilíbrio. E desapareceu no ar. Ela caiu, gritando; depois suas costas entraram em contato com o solo rochoso, tirando o ar dos seus pulmões. Ela caiu, o corpo inteiro batendo nas rochas e raspando sua pele, rasgando suas roupas. A queda durou muito tempo, ao que parecia. 22
Até que chegou à uma parada extremamente abrupta, que a fez morder a língua Sangue morno inundou sua boca. Tentou se mover, mas não conseguiu. Estava deitada, na maior parte, sobre suas costas, seu corpo preso em uma fenda formada por algumas pedras. Seu braço esquerdo estava preso em um ângulo estranho, um osso sangrento salientando-se através da pele. Tentar se mover, para obter algum tipo de impulso, só causou ondas de agonia a atingir seu corpo maltratado. Seu rádio? Mexeu o pescoço, tentando ver se conseguia achá-lo. Não havia nada além de pedras ao redor, seu corpo quebrado firmemente preso. O rádio tinha ido embora... e ninguém sabia a localização exata de Daria. Na floresta Shoshone, o que podia fazer com que levasse dias para que ela fosse encontrada. Meses. Ou seus ossos podiam descansar aqui por décadas. Pensou em seu pai e na sua devastação quando soubesse que sua única filha estava morta. Que a tinha perdido para a própria floresta que tanto tinham amado. Isso iria matá-lo. Embora fosse cedo demais para tentar outra projeção sem drenar suas últimas forças, não tinha escolha. Ignorando a dor terrível dos seus ferimentos, fechou os olhos. Levou muito mais tempo do que o habitual, mas encontrou seu centro. Eventualmente, sentiu o formigamento familiar, a sensação de zumbido, que significava que estava saindo da sua forma terrena e viajando ao longo do tempo e da distância. 23
Determinada, mais uma vez seguiu a linha para aquele que ela sabia, em suas entranhas, que entenderia sua mensagem. Não havia tempo a perder. Voou por cima das árvores, subindo. Eventualmente, encontrou o lugar que sentiu antes, o grande edifício na floresta. Um lugar curioso, que parecia ser algum tipo de complexo com outro grande edifício ao lado dele, um hangar, passando por um jato estacionado nas proximidades - e um terceiro edifício em construção, não muito longe do principal. Dentro de instantes, se viu no corredor. Desta vez, uma mulher morena com cabelos ondulados na altura dos ombros, surgiu de dentro do quarto, carregando uma prancheta. Usava um jaleco, e Daria percebeu que devia ser uma médica. A mulher estava tomando conta do estranho sexy. A médico passou, não tendo visto Daria, de modo algum. Daria se dirigiu para quarto, sua atenção imediatamente focando a figura alta na cama. Sabendo que o tempo era curto, se moveu para a frente, do lado dele. Estendeu a mão timidamente e gentilmente tocou o rosto do belo homem loiro. Viu quando ele abriu seus lindos olhos, de um azul cristalino - olhos que se arregalaram quando ele viu sua forma astral que pairava ao lado da cama. Talvez não pudesse ouvi-la ou compreendê-la. Mas tinha que tentar. "Por favor, me ajude."
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DOIS
Puta merda, todo o seu corpo doía como o inferno. Preso entre a exaustão e a incapacidade de dormir, Ryon se esforçou para não se contorcer na cama do hospital. Nada era mais miserável do que estar ferido, excessivamente cansado e insone, e cada pequeno movimento que fazia causava ondas de dor que pulsavam em cada músculo e membro. Ao lado da sua cama, a Dra. Mackenzie Grant, ou "Mac", como a maioria dos caras a chamava, estava verificando seu prontuário e fazendo ruídos estranhos, uns zumbidos, pensando consigo mesma. Se a sua opinião sobre o seu progresso era boa ou ruim, não podia dizer. Desconfortável, tentou se mover um pouco sobre os travesseiros, e foi recompensado com uma pontada agonizante em seu lado. "Aqui, deixe-me ajudá-lo", disse Mac, movendo-se rapidamente. Lançando para a médica o seu olhar mais suplicante, limpou a garganta da melhor maneira possível. "Analgésicos", murmurou. Aquele vampiro fodido, realmente, tinha feito um estrago em sua traqueia. "Não consigo dormir."
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Ela olhou para ele com simpatia, tocando seu braço. "Eu sei, querido. Mas você tem mais uma hora antes de tomar a próxima dose, então aguente mais um pouco, ok?" Ele acenou com a cabeça. "Você acha que não consegue se transformar, ainda? Isso iria ajudar a acelerar o processo de cura." Concentrando-se, convocou seu lobo. Mas a criatura gemia e se enrolou em uma bola firme, dentro dele, sofrendo, e ainda mais do que
um
pouco
assustada
com
o
ataque
dos
vampiros.
Cuidadosamente, balançou a cabeça. "A prata, da faca..." "Ficou dentro de você por muito tempo", ela terminou com um suspiro. "Melhorar vai demorar algum tempo, mas felizmente você tem muito disso. Tente descansar e eu vou mandar Noah em uma hora, para lhe dar mais remédio para dor. Tente descansar, ok?" "Claro." Como se isso fosse acontecer. Desapontado, ele a viu sair do quarto e resignou-se a um longo dia de tédio insuportável, para não mencionar as dores. Não conseguia se concentrar para ler e não tinha vontade de ver TV. O que ia fazer para não perder sua maldita mente, não tinha a menor ideia. Tinha acabado de fechar os olhos quando o sentimento de alguém ou melhor, alguma coisa - se aproximando, inundou sua consciência. Um espírito? Ou uma pessoa de carne e osso? Só sabia que sentiu um puxão, que era familiar de alguma forma, e levou um momento para pensar o porquê.
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Foi o mesmo puxão que tinha experimentado na noite passada, na sequência do ataque. Deitado ali, no beco sujo, sangrando, ele vira a mais bela fantasma pairando sobre ele. Como tal, não devia ter sido capaz de ver a cor dos seus olhos, mas eram de um marrom caloroso, que o acalmou. Prometia-lhe refúgio. Seu cabelo era longo e brilhante, do mais profundo preto, as maçãs do rosto altas e quase afiadas, o nariz fino. Lábios cheios e sensuais, feitos exatamente para beijar. Através da agonia, observou suas feições em um instante, e agora refletia sobre o fato de que nunca tinha visto um espírito aparecer para ele de forma tão intacta, detalhada. Quase como se ela fosse real, não um fantasma. Impossível. Certo? Abrindo os olhos, puxou uma respiração afiada. Parecia que ia ter outra chance de descobrir, porque a mulher em questão estava em pé, ao lado da cama, olhando para ele, ansiosamente. Sua forma era translúcida, cintilando, como se a energia dela estivesse diminuindo. "Por favor, me ajude." "Jesus!" Reagindo, se moveu para cima, para se endireitar e, em seguida, vaiou de dor. "Que diabos?" Fantasmas não deviam ser capazes de falar e se fazerem entender de forma tão clara. Mas este não estava tendo nenhum problema nessa área. "Ajude-me", ela suplicou novamente. "Estou ferida e não há muito tempo."
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Piscou para ela. "Como você acha que posso ajudá-la? Você está morta, meu amor", disse ele, seu tom firme, mas gentil. A maioria dos espíritos não conseguia aceitar sua morte. "Não, eu estou viva! Estava trabalhando a poucos quilômetros daqui e fui empurrada de um barranco." Ela começou a parecer mais desesperada. "Se você não me encontrar, vou morrer aqui. Você tem que acreditar em mim." Um arrepio serpenteou por sua espinha. Talvez ela estivesse dizendo a verdade. "Tudo bem, querida. Diga-me onde você está e vou até você." Esperou. "Norte. Passando o segundo cume." Ela começou a desaparecer. "Espere! Isso é um monte de quilômetros para cobrir. Você pode ser mais específica?" A resposta dela foi quebrada, o som ficando mudo, em intervalos. "Os guardas florestais… posto de controle... acampamento." "Você estava acampando? O que há com os guardas florestais?" "Dói", ela sussurrou. "Depressa". E então se foi. “Merda!” Ryon ficou olhando por alguns segundos o local onde ela estava, querendo saber se ia reaparecer. Mas a urgência real em seu pedido, o fez se mover. Apesar da dor que causou, se virou para o lado da cama, retirando as pegajosas almofadas do monitor cardíaco e
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arrancando a agulha do soro. A parte de trás da sua mão sangrou, então lambeu a ferida, selando-a, em seguida, ficou de pé. Inspirando uma respiração afiada, apoiou uma mão na mesa de cabeceira e segurou seu lado ferido com a outra. Dez minutos atrás, não teria sido capaz de sair da cama. Mas isso foi antes de um espírito intrigante aparecer ao seu lado pedindo ajuda, e seu lobo vir rugindo para a vida, dentro dele. Agora, seu companheiro constante estava ansioso, insistindo em correr para ajudar esta mulher desconhecida. Ryon lutou para controlar a transformação. Aparentemente, esconder-se e lamber suas feridas como um grande bebê, já não estava na agenda do lobo. A criatura estava praticamente agarrando a parte de dentro, empurrando-a para fora em sua pressa de ir embora. Tinha algo muito mais importante para se concentrar, agora, e não ia deixar que nada o impedisse de encontrar a visão deslumbrante. Ryon tinha que alertar sua equipe. Empurrando a porta, tropeçou no corredor da enfermaria e correu direto para Noah. O enfermeiro loiro o agarrou e segurou-o, agitado. "Que diabos você está fazendo fora da cama? Se precisar de algo, use o botão de chamada!" "Não há tempo", disse ele com voz rouca. "Tenho que encontrar Nick. Nós temos um problema." Carrancudo, o jovem levou Ryon de volta para o quarto. "Sente a sua bunda aqui, enquanto procuro por ele, ou você vai ser o único com problemas quando eu te sedar, seu teimoso." 29
Ryon obedeceu, mas não era obrigado a gostar. Até que liberasse o lobo, não ia ter forças para atravessar o complexo, muito menos percorrer montanhas em busca de uma alpinista ferida. Ouviu, com impaciência, enquanto Noah usava o telefone do quarto e fazia a chamada para Nick. Enquanto o fazia, ocorreu a Ryon que não estava pensando direito - podia ter, simplesmente, usado sua habilidade como telepata para alcançar o próprio Nick, infiltrando os pensamentos na cabeça do seu comandante. Se isso não fosse uma prova de ele não tinha nenhum problema em pular da cama para procurar através da Shoshone, nada mais seria. Mas isso não ia detêlo. Noah desligou o telefone e se virou, agarrando os fios descartados do monitor cardíaco. "Ele está a caminho. Deite-se para eu poder colocar isso." "Não. Eu não vou ficar aqui." “Ryon-” “Eu disse não!” "Tudo bem! Suas bolas de pelo teimosas, todos vocês." O enfermeiro marchou para fora, deixando a porta aberta atrás de si. Ryon se sentiu mal por estourar, mas a ansiedade o estava dominando duramente. Precisava ter saído, tipo, há cinco minutos atrás. Droga, se desculparia mais tarde. Nick entrou poucos minutos depois que Noah saiu, sua expressão preocupada. O comandante da Pack era um grande fdp, que mostrava uma vibração de não brinque comigo que era melhor 30
considerar. Oh, Nick era um cara legal, mas era mais do que um pouco intimidante. O comandante passou a mão pelo cabelo escuro, seus olhos perscrutando Ryon. "Eu sabia que uma grande mudança estava vindo para você. Só não esperava que chegasse tão cedo." O cabelo na nuca de Ryon se levantou. Além de ser um raro lobo branco - nascido lobo, não transformado - o comandante era um PreCog, o que significava que, às vezes, podia ver eventos antes que acontecessem. Ou ter uma noção de algo importante no horizonte. Por mais que Ryon odiasse seu próprio dom, não o trocaria com Nick por nada. Algumas pessoas podem pensar que ser capaz de ver o futuro fosse legal, mas Ryon pensava que seria completamente horroroso saber das coisas ruins. "O que você viu?" Perguntou com curiosidade. E com um pouco de medo, também. "Uma mulher", disse Nick simplesmente, com um pouco de relutância. "E o fato de que ela vai agitar o seu mundo completamente." Oh, merda. "Como assim?" "Você vai ter que descobrir por si mesmo. Mas para que isso aconteça, nós temos que ir." O homem inclinou a cabeça. "Ela apareceu pra você?" Bastardo evasivo. "Sim, e ela está machucada. Não disse o seu nome, mas me disse que foi empurrada em um barranco após o segundo cume, ao norte." 31
“Empurrada? Por quem?" "Eu não sei. Ela tentou dizer alguma coisa sobre guardas florestais e um posto de controle, mas a mensagem ficou truncada, no final." "Tudo bem. Eu vou ao escritório, no caminho, e farei uma chamada para o posto dos guardas florestais, enquanto você pega alguns dos caras." Olhou para Ryon. "Isso é, se você estiver curado o suficiente para ir." “Eu vou ficar, depois de me transformar", insistiu. "Meu lobo está enlouquecendo, e se eu ficar para trás, não vai ser nada bonito." Nick fez uma pausa, considerando. "Tudo bem. Confio em você para saber os seus limites." "Vou encontrá-lo no hangar com os outros. E Nick, obrigado." “De nada. Vou falar com Melina, Mac, e Noah no caminho, dizer-lhes o que está acontecendo e pedir para eles nos acompanharem em um segundo veículo." "Nós vamos trazê-la para cá?" Perguntou, surpreso. "E quanto à equipe de Busca e Salvamento dos seres humanos? Parece que ela vai precisar de um hospital regular." Um misterioso sorriso apareceu nos lábios de Nick. "Tenho a sensação de que não vai funcionar tão bem." "O quê-" Para seu aborrecimento, seu chefe saiu sem explicar. "Droga." Ryon levantou, descartando a roupa irritante do hospital. Em seguida, a cueca, que foi jogada em cima da roupa. Nu, e tremendo com 32
aquele pequeno esforço, se concentrou em alcançar o seu lobo, se preparando para a transformação, um processo que não era normalmente tão fluido e fácil para ele, como era para alguns dos outros caras. Agora, porém, seu lobo subiu à superfície e assumiu completamente, sua ansiedade para chegar à mulher ferida quase uma necessidade física. Músculos e ossos apareceram, se transformando. Seu corpo se reorganizou, pelo brotando da sua pele, focinho, a cauda de alongando, crescendo, mãos e pés se tornando patas. Tudo isto em menos de cinco segundos. Imediatamente, se sentiu mais forte. Não totalmente curado, mas aguentaria até a beleza de cabelos negros ser encontrada e trazida de volta, com segurança. O impulso para fazer isso, o colocou em movimento. Firme nas quatro pernas, saiu correndo do quarto e pelo corredor da enfermaria. Ryon correu direto para a sala de recreação, onde muitos dos seus amigos podiam ser encontrados vadiando, no seu tempo de inatividade, em qualquer dia, e não ficou surpreso ao descobrir que, hoje, não foi diferente. Hammer e Aric estavam lá, jogando um jogo no Wii, e Micah Chase e Kalen Black estavam assistindo uma reprise de Ghost Hunters. O quarteto parou o que estava fazendo, dando-lhe toda a sua atenção quando ele derrapou até parar, e se transformou de volta. "Maldição, meus olhos!" Aric gemeu, enquanto os outros riam. "Acho que você está se sentindo melhor, não é? Pelo menos podia ter colocado uma calça." 33
Todos sabiam que o lobo ruivo o estava provocando - a Pack estava junta há tempo suficiente para que não se preocupassem com a nudez antes ou depois das suas transformações. Mas Ryon não tinha tempo, ou paciência, para brincar. "Preciso de vocês", disse ele, segurando-se no sofá para se apoiar. Na forma humana, não estava tão bem quanto gostaria, mas não podia ser ajudado no momento. "Nós temos uma alpinista ferida lá fora, e estamos nos mobilizando." Hammer, o gigante gentil da equipe e braço direito de Nick, coçou a cabeça careca, perplexo. "Esse não é o nosso trabalho. E quanto à Busca e Salvamento?" "A mulher apareceu para mim em sua forma astral e pediu ajuda", explicou ele, impaciente, incapaz de esconder sua ansiedade. Optou por deixar de fora a resposta interessante de Nick para a pergunta que Ryon fez. "Envolver a Busca e Salvamento vai levar um tempo que ela não tem. Não há como um bando de seres humanos serem capazes de encontrá-la antes de nós, e ela vai morrer se não nos apressarmos." Aric se levantou. "Nesse caso, estou dentro." Os outros três fizeram eco com ele, e Ryon olhou para Micah. O lobo marrom, um Andarilho dos Sonhos, havia sido resgatado junto com Aric, semanas atrás, pela Pack e Rowan, a irmã de Micah, uma policial de Los Angeles que acabou por ser a companheira de Aric. Micah havia saído muito mal das instalações do laboratório onde ele e Aric haviam sido presos, e tinha sofrido experimentos hediondos por meses, nas mãos do já falecido Dr. Gene Bowman. Micah estava 34
horrivelmente marcado dentro e por fora. Mas com drogas e terapia, parecia que estava fazendo progressos. "Está pronto para avaliar o terreno?" Ryon perguntou a ele. Tinha quase certeza que Nick não se oporia que seu irmão da Pack esticasse os músculos há muito não utilizados, ao ajudar em um resgate simples. Se assim fosse, tomaria a bronca mais tarde. Micah assentiu ansiosamente, afastando um longo fio de cabelo castanho do rosto. "Pode apostar. Se eu tiver que ficar para trás de novo, vou perder o que resta da minha mente." "Está resolvido, então. Vamos encontrar Nick no hangar com a equipe médica. Alguém sabe onde Jax está?" Jaxon Law era o líder não oficial da Pack, logo abaixo de Nick. "Vou encontrá-lo e à Rowan. Nos vemos lá." Aric correu para fora. "Vou me vestir e estarei lá daqui a pouco." Ryon se transformou de novo e partiu na direção dos seus aposentos pessoais. Todo mundo tinha seu próprio apartamento no complexo, e o de Ryon se situava no final de uma das alas que abrigavam a Pack e o resto do pessoal. Em sua porta, se mudou para a forma humana novamente e amaldiçoou essa necessidade. Seu lobo era muito mais forte e mais rápido em muitos aspectos. Podia seguir uma trilha de cheiro e localizar alguém de uma forma que era impossível, como humano. Mas precisavam de veículos e equipamentos de emergência. Sem ajuda com isso. Ansioso, socou seu código no teclado de segurança e entrou nos seus aposentos. Tão rapidamente quanto possível, dadas as suas 35
próprias lesões, vestiu uma camiseta, jeans e botas, em seguida, apoiou as mãos sobre a cômoda. Espelhos não mentem, e este lhe dizia para ir direto para a cama e ficar lá por mais uma semana. Infelizmente, além de parecer como uma merda, se sentia ainda pior. Enquanto se dirigia para fora outra vez, a pontada de dor em seu lado lembrou-lhe que tinha perdido a prometida dose de analgésicos. Mas não foi a dor que o preocupou - passou por muitos arranhões e sobreviveu. Foi a possibilidade do seu corpo poder falhar antes que encontrasse a mulher. Não tinha dúvidas de que, se algo acontecesse com ele, a Pack iria encontrá-la. Mas todos os instintos em seu corpo gritavam que era extremamente importante que estivesse com eles. Não podia falhar. Meio mancando, correu para o hangar para ver Nick e os outros esperando. O grupo de homens, além da equipe médica, foi engolido pelo espaço cavernoso que abrigava uma série de veículos, incluindo SUVs, três Hueys, e um jato particular. Vários pares de olhos se voltaram em sua direção, e alguns dos seus amigos trocaram olhares duvidosos. Aric balançou a cabeça. "Você precisa ficar de fora, mano." "Eu concordo", Jax disse, cruzando os braços sobre o peito. "Esqueça isso." Dando um passo lento, se juntou à sua equipe. "A mulher estendeu a mão para mim, pedindo ajuda, para mais ninguém. Isso faz com que seja meio pessoal." Jax persistiu. "Nós vamos encontrá-la e trazê-la aqui. Você já fez o suficiente-" 36
"Estamos perdendo tempo", ele retrucou. "Podemos continuar com o plano?" A raiva brilhou nos olhos de Jax e, por um par de batimentos cardíacos, Ryon pensou que estavam prestes a partir sem ele. Nick não interveio, simplesmente assistiu e esperou. Mesmo Aric, o espertinho, ficou em silêncio. Mas, então, seu amigo cedeu, embora com relutância. "Tudo bem. Mas se você apagar, não vou carregar o seu traseiro teimoso de volta para o carro." "Como se ninguém já não tivesse que carregar você antes", disparou de volta. Jax não respondeu, e teve a decência de parecer contrito. A tensão gradualmente se dissipou quando Nick os trouxe de volta, apressando-os. "Entrei em contato com o posto de guardas florestais e descobri algumas coisas interessantes. Em primeiro lugar, a mulher que estamos procurando é, provavelmente, Daria Bradford. Ela é uma bióloga que estuda a população de lobos na Shoshone, do tipo real." Daria. Que nome bonito. As entranhas de Ryon vibraram, mas escondeu sua reação. Micah bufou. "Lobos? Que ironia isso, hein?" "Eles também não estão muito preocupados com ela, ainda. A senhorita Bradford fez a checagem com os guardas florestais esta manhã, como previsto, e lhes deu as coordenadas para seu próximo acampamento. Não é esperado que ela chame por mais algumas horas." "Então, como você explicou as perguntas?" Ryon perguntou. 37
"Eu lhes disse que tinha ouvido uma chamada no rádio do meu escritório, de alguém que estava em perigo. Claro, estavam confusos por não terem ouvido nada, mas estavam muito distraídos por uma outra ocorrência, para se concentrarem demais na discrepância." "O que houve?" "Um casal de campistas desapareceu, um homem e sua esposa de Nebraska, que estão, ou estavam, aqui de férias." A expressão de Nick era sombria. "Eles chegaram há oito dias, de acordo com uma filha que falou com eles pelo celular, antes de se instalarem. O casal não fez a checagem com os guardas florestais quando chegou aqui, no entanto. Só deveriam ficar no acampamento por quatro noites, em seguida, iam para casa, ligando para sua filha quando saíssem. Eles nunca fizeram essa chamada e, na manhã do sexto dia, ela começou a entrar em pânico.” "Então, a Busca e Salvamento já está lá fora, procurando por eles", Ryon meditou. "Isso pode complicar o nosso esforço para encontrar a bióloga." Nick deu de ombros. "Talvez sim, talvez não. Nós vamos ficar fora do seu caminho, mas não vai doer se mantivermos um olho de fora para o casal desaparecido, enquanto estamos procurando pela senhorita Bradford. Vamos, definitivamente, ter que ser cautelosos ao nos deslocarmos, com pessoas extras passando um pente fino na floresta. Não liberem o seu lobo, ou sua pantera", disse ele, acenando para Kalen, "a menos que seja absolutamente necessário." "Vamos pegar um Huey?" Aric perguntou, apontando para o grande helicóptero. 38
"Sim", confirmou Nick. "Se encontrarmos a mulher, vamos precisar trazê-la para cá o mais rápido possível, porque ela está gravemente ferida." Aric franziu o cenho. "Por que não deixar que os seres humanos a levem? Ryon disse que levaria muito tempo para a equipe de resgate se mobilizar, mas considerando que eles já estão lá fora, isso não faria mais sentido?" Ryon abriu a boca para protestar, mas Nick o acertou com um golpe. "Você está questionando minhas ordens?" O ruivo piscou. "Não, senhor. Só perguntando ". "Bom. Confie em mim quando eu digo que tem que ser dessa maneira." "Sim, senhor", falou de maneira arrastada. "Você é o Precog." "Esperto da sua parte, se lembrar. Você vai pilotar, e levar Micah e a equipe médica com você. Há um lugar grande o suficiente para pousar, cerca de um quilômetro de onde a senhorita Bradford fez seu último acampamento. A equipe médica vai caminhar com a gente. Você e Micah vão ficar no helicóptero a menos que ouçam algo diferente." Aric não pareceu satisfeito de ser deixado de fora da busca, mas não discutiu. Talvez imaginasse que tinha forçado Nick o suficiente. "Considere feito." O comandante entregou a Aric as coordenadas, em seguida, dirigiuse ao grupo. "Ryon, Jax, Kalen, A.J., Rowan, Hammer, e eu vamos nos dois Range Rovers novos. Vamos estacionar o mais próximo que 39
pudermos do local de pouso e caminhar para o seu último acampamento, depois de lá, prosseguiremos. Alguma pergunta?" Depois de tantos anos juntos, sabiam o que fazer. Até os dois novatos relativos, Kalen, o shifter pantera e Feiticeiro, e A.J. Stone, um humano que tinha sido policial e era um franco-atirador danado de bom, fizeram sua parte, como se tivessem estado com a Pack desde sempre. Todos eles se moviam como uma proverbial máquina bem lubrificada. Entraram nos veículos, Ryon ao volante de um dos Rovers. Viu quando as lâminas do Huey começaram a girar, e o telhado do hangar começar a deslizar lentamente, se abrindo, para permitir que ele decolasse. Quando se levantou do chão, o barulho era ensurdecedor. A visão nunca deixava de aterrorizá-lo. Aric podia pilotar quase qualquer coisa com um motor e, sendo um Telecinético, manejava uma abundância de objetos que não precisava nem tocar. Após o helicóptero ultrapassar o edifício e afastar-se, o teto começou a fechar. Ryon assumiu a liderança, dirigindo para fora do hangar e para a estrada privada que conduzia para fora do complexo. Tinham um par de portões de segurança para passar, sua propriedade sendo restrita a pessoas de fora, então tomaria uma das vias principais, normalmente utilizadas apenas pelos funcionários do parque. Ao seu lado, Nick socou as coordenadas do acampamento no GPS. A viagem levou quase meia hora. Muito tempo. Dentro dele, seu lobo passeava ansiosamente, esforçando-se para continuar com a caçada
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pela mulher. Daria. Com dificuldade, apagou as questões que se agitavam em sua mente, porque as respostas não importavam agora. "Gostaria que Zan e Phoenix pudessem ter vindo", disse Jax na parte de trás. Ryon olhou para ele pelo espelho retrovisor. "Eu também. É uma merda que estejam fora de serviço." "Sim. Mas espero que eles estejam como novos quando voltarem das suas férias." Zander Cole era um lobo preto, o Curandeiro da equipe, e também o melhor amigo de Jax. Zan fazia muita falta como amigo mas, mais do que isso, suas habilidades eram muitas vezes cruciais no campo, quando ocorriam ferimentos graves. Mas Zan tinha sido gravemente ferido, algumas semanas atrás, quando o rei Unseelie Malik havia tentado destruir todos eles. Kalen tinha desencadeado a fúria do poder de seu Feiticeiro, matando Malik, mas Zan sofreu uma lesão na cabeça com a explosão, que o deixou surdo e sofrendo de dores de cabeça terríveis, como resultado. Depois desse pesadelo horrível, Nick tinha concedido a todos umas férias bem merecidas, e passaram as últimas semanas se revezando, para que não estivessem todos ausentes ao mesmo tempo. Logo, Zan e Phoenix retornariam e tudo voltaria ao normal o que quer que normal, significasse para eles. Usando a estrada de serviço dos guardas florestais, Ryon conseguiu levá-los por todo o caminho até a clareira plana onde o Huey descansava. Uma vez que tinham estacionado a uma distância segura do helicóptero, descarregaram a mala dos Rovers e dividiram 41
entre si as mochilas, que continham equipamentos de resgate, como chicotes, cordas, roldanas, e uma cesta de transporte para a parte lesada. Havia um monte de outras coisas que talvez não fossem necessárias, mas era melhor estar preparado. Ele viu Mac, Melina, e Noah saltarem do helicóptero, suas mochilas no ombro, cheias de material de primeiros socorros. O trio se juntou a eles e esperou pelas instruções de Nick. "Nós vamos ficar juntos até chegarmos ao último acampamento da senhorita Bradford. Então vamos nos dispersar e fazer uma varredura na direção do seu próximo local. Ela disse a Ryon que foi empurrada de um barranco, o que significa que ela saiu da pista em algum ponto. Fiquem atentos. Todos sabem que sinais procurar." Ele fez uma pausa. "E uma outra coisa, estar alerta para quem, ou o que quer que seja, que atacou a vítima. Não queremos mais surpresas desagradáveis. Cristo sabe que já tivemos o suficiente delas", murmurou, apontando para eles se moverem. Ryon não podia estar mais de acordo. Todos os seus sentidos estavam abertos enquanto caminhavam, varrendo a área atrás de qualquer coisa que não lhe pertencia. Especialmente os fantasmas malditos, que nunca o deixavam sozinho e ainda estavam estranhamente ausentes hoje. Será que ninguém havia morrido nesta área nos últimos anos, ou nunca, o que normalmente não fazia diferença. Espíritos eram atraídos para ele e viajavam de longe para tentar se comunicar com ele. Devia estar feliz que eles estavam se fazendo escassos, mas não estava. Havia uma vibração estranha no ar. Uma perturbação na atmosfera que não podia identificar. Era uma sensação tangível, e 42
não simplesmente uma intuição de que algo estava errado. Ele e Nick estavam na liderança, então parou no meio do caminho e se virou para os outros. Eles pararam e esperaram, em dúvida. "Alguém mais sente isso?" Depois de alguns segundos de silêncio, Micah disse, "Eu sinto". Nick olhou entre os eles, severamente. "Sente o quê?" Como explicar? "É como uma vibração no ar. Uma onda sonora ou algo assim, apenas sem som." Jax franziu o cenho. "Isso não faz sentido." "Isso vai soar estranho, mas..." Micah se moveu, parecendo desconfortável. Depois apontou para o lado do seu rosto cheio de cicatrizes. "Minha pele está formigando, quase como se eu tivesse formigas rastejando em mim. Mas somente sobre esta área do meu rosto, em nenhum outro lugar." Olharam para ele, e o mal-estar de Ryon intensificou. Não podia imaginar que inferno isso podia significar, mas provavelmente não podia ser bom. Nick olhou para Ryon. "Você sente uma presença real? São seus espíritos lhe dizendo alguma coisa?" Ele deu uma risada sem humor. "Que espíritos? Acho que todos eles deram o fora daqui e eu não os culpo. Tanto quanto a presença, há algo causando a perturbação. Só não sei se é uma coisa viva, ou se há outra explicação." "Tudo bem. Vamos seguir em frente." 43
Começaram a se mover novamente. Nick não precisou lembrá-los para ficarem atentos. Considerando a vibração estranha, mais a bióloga ferida e os campistas desaparecidos, ficou claro que algo de ruim estava acontecendo na sua floresta. E o pensamento veio espontaneamente, que Malik foi a última criatura que perseguiram. De jeito nenhum aquele Unseelie idiota podia ter ressuscitado dos mortos. Porque isso é o que ele era - uma criatura frita e crocante, enviada para o inferno, graças a Kalen. Qualquer outra alternativa era impensável. Chegar ao primeiro acampamento demorou mais do que Ryon teria gostado. Pelo menos sua cabeça tinha clareado um pouco no caminho, e foi capaz de se concentrar, enquanto caminhavam pela área deserta. Olhou ao redor, desapontado. "Não há muito para ver", observou ele, escavando com a ponta da bota, as cinzas negras e frias deixadas pelo fogo. "Ela estava aqui, e, em seguida, foi embora." "Com pressa, no entanto. Ela deixou isso para trás." Micah levantou uma garrafa de uísque para viagem, que estava três quartos cheia. Jax alisou o cavanhaque escuro, pensativo. "Você sabe que está correndo rápido para fora, quando não percebe que deixou sua bebida para trás, ou você o faz e não se preocupa em voltar por ela." Ryon se aproximou e pegou a garrafa de Micah. "Eu me pergunto se alguma coisa a assustou e ela correu daqui. Talvez estivesse fugindo de quem a empurrou para a ravina." 44
"Não", disse Jax. "Eu acho que ela estava nervosa primeiro, limpou com pressa. Se ela estivesse correndo daqui, teria largado tudo, e não apenas a garrafa." "É verdade." Levando a garrafa até o nariz, Ryon a cheirou. Um toque fraco de doçura que não pertencia ao licor lá dentro, importunou seus sentidos, e ele abriu a tampa. O buquê rico do uísque era agradável, no entanto, não foi o que o atingiu mais duramente. Ela tocou o vidro. Ele carregava seu aroma rico e terroso. Como soube que era dela, quando nunca tinha sentido seu cheiro antes, foi fácil de responder. Seu lobo estava ficando fodidamente furioso. "Você pegou o cheiro dela?" Nick perguntou. “Sim.” "Deixe-me sentir o cheiro." Nick pegou a garrafa e cheirou. Então cheirou novamente, dando a Ryon um olhar confuso. "Eu não sinto o cheiro de nada além de uísque. Imagino por que você o pegou, mas não consigo." "Não faço a mínima ideia." Tinha um sentimento que Nick sabia, no entanto. Dane-se, se ia perguntar na frente dos seus irmãos da Pack. Nick acenou com a mão para a trilha à frente. "Nós vamos continuar e nos espalhar um pouco, mas não mais longe do que um grito à distância. Se você pegar o cheiro dela novamente, nos avise." Rapidamente, Ryon pegou a garrafa de volta, rosqueou a tampa novamente, e a guardou em sua mochila. Ela ia querer um gole, mais 45
tarde. Especialmente depois que se recuperasse o suficiente para contar o que a tinha assustado. Quase a matou. Ele e Nick caminhavam no centro da trilha, enquanto os outros se separaram para a esquerda e para a direita deles, buscando mais fundo na floresta. Aleatoriamente, Ryon buscou uma simples sugestão da sua essência no ar, ou em algum arbusto. Nenhum sinal dela, no entanto, ou de onde ela poderia ter se desviado do caminho. Até Micah chamar à esquerda da trilha e sair de um bosque de árvores, agitando o braço. “Ei! Aqui!” Caras, Micah tem algo à esquerda da trilha, Ryon falou dentro das suas cabeças. Era mais fácil e mais eficiente do que gritar. Ele e Nick golpearam através das árvores, correndo, o terceiro grupo atrás deles. Micah desapareceu brevemente e se preocuparam que iam perdê-lo, mas não demorou muito para que ele e Nick vissem Micah, Hammer, Mac, e Noah em uma área onde as árvores estavam um pouco desbastadas. Micah estava agitado, olhando seu caminho, em seguida, para baixo, para uma massa no chão. Hammer estava calmo exteriormente, sua expressão ilegível. O primeiro fato que Ryon percebeu foi o fedor. O odor pútrido da morte obstruiu suas narinas e ameaçou enviar para fora o conteúdo magro de seu estômago. Quando ele e Nick se aproximaram, ficou muito grato que o seu café da manhã consistiu de pouco mais que torrada e um pouco de suco. Aparentemente, Mac, que era a companheira grávida de Kalen, não teve tanta sorte. 46
"Desculpe-me", resmungou. "Eu vou vomitar." Ryon sentiu pena dela. A médica era uma profissional pura, mas as mulheres grávidas, por vezes, não conseguiam lidar com certas visões e cheiros muito bem. Inferno, quase passou mal, e nem sequer tinha uma desculpa. Ryon quase foi atrás dela, mas Kalen apareceu e interceptou sua companheira, verde como uma ervilha, levando-a para longe da cena horrível. "Caralho". Noah expirou. "Como enfermeiro, já vi muitas pessoas mortas, mas nada como isto." Ryon assentiu. "Nem eu. Cristo." "Nem é possível dizer se era um homem ou uma mulher", Jax observou. Ele tossiu, colocando a mão sobre o rosto. Não que isso fosse ajudar. Rowan, a companheira de Aric, tinha estado tranquila durante toda a busca, até agora. "Mulher", disse ela, apontando. "Olha como os sapatos são pequenos, e os laços são cor de rosa." Noah arqueou uma sobrancelha. "Isso não quer dizer nada. Eu tenho sapatos com laços cor de rosa." Ryon lhe lançou um sorriso. "Então, é isso, não é? Devia ter imaginado." Noah piscou para ele e vários dos caras riram. A brincadeira dissipou um pouco da atmosfera deprimente, mas Nick não achou graça. "Foco, idiotas. Temos um assassinato aqui e mais duas possíveis vítimas, que precisamos encontrar." 47
Sério, Ryon se agachou perto do corpo e o estudou. Deus, tinha sido feito em pedaços. Dificilmente reconhecível como humano, apenas roupas picadas aqui e ali, agregadas com a carne sangrenta e muscular, contorcendo-se com larvas. Um pedaço de roupa que costumava ser branco lhe chamou a atenção, no entanto. Em busca de um pau no chão, ele o usou para levantar a faixa branca de pano da moita. "É uma parte de um sutiã", disse ele, em seguida, largou a vara com nojo. "Rowan estava certa." "Aqui está sua mochila", Micah observou. Todos se viraram para olhar para ele. "Mas é estranho que ela não esteja rasgada e não há sangue nela." Ryon olhou para ela, friamente. "Pode não pertencer à esta vítima." Apontou para o corpo mutilado. "Um companheiro?" Nick se perguntou em voz alta. "Ou a mulher que lhe pediu ajuda?" Então, os tímpanos de Ryon quase foram estourados por um som de lamento estridente. "Merda!" Apoiando uma mão no chão, procurou a fonte da gritaria. Não ficou surpreso ao notar que nenhum dos outros ouviu o barulho. Nem ficou chocado ao ver o espírito da vítima do sexo feminino, sentado ao lado do seu próprio corpo, coberto de sangue, balançando, enquanto lamentava o seu terror. "Ryon?" Nick grunhiu. "O que foi?"
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"A mulher", disse ele com a voz rouca, apontando para o fantasma que não podiam ver. "Ela está lá, gritando. Está se balançando, também, olhando para o sangue sobre ela." “Cristo.” Ryon tentou captar sua atenção, estendendo a mão. "Senhora? Olá? Você pode nos dizer o seu nome? O que aconteceu com você?" O choro parou, brevemente, quando ela piscou. Ele odiava aquele olhar vago. A mente que não estava mais em casa, trabalhando como devia. Ela não conseguia entendê-lo. E assim, desapareceu. "Ela se foi", disse para eles. Ouviu alguém dizer "obrigado, merda", e silenciosamente concordou. "E não me disse nada." Nick soltou um suspiro. "Tudo bem. Nós nem sabemos se temos uma cena de crime ou se foi um massacre de um urso pardo, mas existem especialistas que podem dizer o que aconteceu. Tenho que passar um rádio para o Xerife Deveraux, para que ele notifique as pessoas do condado. Então, temos que encontrar a senhorita Bradford antes que seja tarde demais." Com a lembrança da bióloga desaparecida, Ryon levantou. Cheirou o ar. No início, era difícil sentir qualquer coisa, além do odor terrível do corpo, e começou a duvidar de que seria capaz de pegar a sua trilha novamente. Mas, então, ele estava lá. Seu perfume doce, chamando-o. "Daria esteve aqui", lhes disse. "Estou certo disso. Seu aroma está por toda a mochila. Eu acho que é dela. " 49
Esperaram enquanto ele fazia um circuito pela área. A frustração cresceu enquanto o cheiro desaparecia, indo e vindo, mais fraco em sua forma humana. Seu lobo rosnou de novo, exigindo ser liberado. Seu companheiro podia localizá-la muito mais rápido, e estava ficando difícil de controlar. Virou-se para Nick. "Eu preciso liberar o meu lobo. Rastreá-la é muito incerto, nesta forma." "E se os seres humanos te virem?" "Você pode dizer que eu sou seu animal de estimação. Uma mistura de cão com lobo. Por favor, não temos muito tempo para discutir sobre isso. " Nick hesitou, mas concordou. "Tudo bem. Coloque as roupas na sua mochila, e alguém vai levá-la." Ele soltou um suspiro de alívio. "Obrigado." Despindo-se rapidamente, enfiou as roupas na mochila e, imediatamente, ficou sobre as quarto patas. A mudança aconteceu em um piscar de olhos, deixando-o desorientado por um segundo. Nunca tinha sido tão rápida, e sabia que a mulher era a razão. Vagamente, ouviu um dos rapazes exclamar sobre a velocidade da sua transformação, mas perdeu o comentário em meio ao cheiro esmagador da fêmea, que seu lobo procurava. Não havia mais nada agora, além dela. A necessidade de encontrar e proteger a mulher. Ela precisava dele, tinha ido até ele. A ninguém mais. Tinha que encontrá-la, saber o porquê.
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Deixando de lado o corpo, se concentrou no cheiro de Daria e saiu correndo na direção oposta da trilha, mais para dentro da floresta. Ela havia descoberto o corpo, e tinha corrido. Entendeu que algo a tinha assustado, fazendo-a fugir, movendo-se na direção errada. Algo mais do que apenas encontrar um cadáver. A estranha vibração ainda estava no ar. Mais forte agora, do que antes. Ele correu, a dor dos seus próprios ferimentos uma memória distante, sem importância. Não quando estava à beira de perder algo monumental, algo que não conseguia nomear. E se ela não sobrevivesseNão. Isso não podia acontecer. Ele não permitiria. Correu tão rápido, que quase caiu de cabeça sobre a borda da ravina que ela lhe falou. Deslizando até parar, subiu de volta a partir da borda e, em seguida, olhou por cima dela. Olhou para o desfiladeiro e se perguntou quanto ela tinha caído. Onde poderia estar? Caminhando pela borda, colocou o nariz no chão e procurou. Para cima e para baixo, repetidas vezes. Até que, finalmente, descobriu onde ela tinha caído. Sentiu-a então, sua vida desaparecendo. O coração desacelerando. Como era possível essa conexão? Sentando sobre as patas traseiras, deixou escapar um uivo longo, solitário. Então caiu para o lado e bateu na encosta rochosa, deslizando, ciente dos gritos lá em cima. Quase perdeu o equilíbrio, uma ou duas vezes, mas conseguiu controlar a descida. Estava quase no fundo quando a viu.
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Daria estava deitada, presa em uma fenda apertada, com um braço para fora em um ângulo impossível. Sua roupa estava rasgada e ensanguentada. Arranhões marcavam seus braços e o que ele podia ver do seu rosto. Longos cabelos negros cobriam a maior parte das suas feições, ondulando ligeiramente ao vento. Ela não se mexeu quando correu para ela. Não se moveu quando ele cheirou sua mão boa, lambeu seu rosto. Lamentando-se, se amontoou tão perto dela quanto pôde, seu lobo tomando conta do homem pela primeira vez em sua memória. Num piscar de olhos, na esteira do seu sofrimento, ele estava perdido para o seu animal interior. Daria. Ferida. O lobo ouviu os chamados lá de cima, e tenso, rosnou baixinho. Um aviso ameaçador para aqueles que se aproximavam. Não iriam chegar perto dela. Ele não permitiria isso. Ela sofria, e ele junto com ela. "Você a encontrou!" Disse um homem de cabelos escuros, se aproximando. "Bom trabalho. Deixe eu-" Mostrando suas presas, se moveu, para colocar seu corpo entre o homem e sua mulher. Agachado, pronto para saltar, e rugiu um aviso do fundo do seu peito. Ferida. Minha. "Merda. Ryon, sou eu, Nick." Estendendo a mão, o homem se aproximou. "Ryon, controle o seu lobo." Minha! Ele rosnou para o homem chamado Nick e os outros que estavam atrás dele, com os olhos arregalados.
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"Nós sabemos, amigo. Mas ela está machucada e precisa de cuidados médicos, se lembra? Nós não podemos ajudá-la se o seu lobo não nos deixar chegar perto dela." "Cristo, ele está selvagem?" Alguém perguntou. "Não", disse Nick baixinho, seus olhos nunca deixando os do lobo. "Ele está protegendo a sua companheira." "Sua o quê?" Uma pausa. "Oh, merda." "Essa é uma maneira de colocar." Companheira? Companheira. Minha! Nick ergueu a voz, falando com urgência. "Ryon Hunter, está me ouvindo? Faça o seu lobo sair agora, ou ela vai morrer. Sua companheira vai morrer. Você entendeu?" Sua companheira vai morrer. Ryon se esforçou para tomar o controle sobre seu lobo, mas forçá-lo a se submeter não foi fácil. O animal estava tão enfurecido com o sofrimento da sua mulher, que foi quase impossível. Mas, aos poucos, exerceu sua vontade sobre a besta que rosnava e ganhou a batalha. Companheira. Nick havia dito... que a mulher era sua companheira? Ela iria morrer? Sentando-se, deixou fluir a transformação e, em segundos, encontrou-se em sua forma humana, piscando para os outros. "Nick? O que diabos está acontecendo?"
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"Mais tarde. Agora nós temos que nos assegurar que ela sobreviva. Vou ser honesto e dizer que só há uma maneira de fazer isso." "Qual?" Tinha a sensação de que sabia o que seu comandante ia dizer. Sua expressão séria disse tudo, antes mesmo que ele falasse. "Se você quer que Daria sobreviva, vai ter que mordê-la." Com essas simples palavras, a vida de Ryon mudou para sempre.
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TRÊS
Se você quer que Daria sobreviva, vai ter que mordê-la. Ryon olhou para Nick, o coração dando um baque em seu peito. "Você quer dizer, reivindicá-la." "Sim. Dê-lhe um pouco do seu sangue primeiro, depois morda-a. Para ela sobreviver, você tem que se apressar." Não havia tempo para debater como este ato ia alterar completamente a sua vida, e a da bela e jovem mulher, também. Não havia tempo para temer o quanto ela se ressentiria com ele por brincar de Deus, nem um segundo a perder agonizando com o fato de que ela o odiaria para sempre. Não havia escolha, realmente. Porque não havia nenhuma maneira, inferno, dele deixar sua companheira morrer. Trabalhando cuidadosamente, ajudou Nick e Jax a extraírem Daria da fenda e movê-la ao nível do solo, de costas. Ela estava muito quieta, sua face bronzeada estava cinza, e os lábios ficando azuis. A bióloga estava agarrada ao seu fio de vida com toda a força que possuía, e ao seu núcleo de força interior, o que lhe deu esperança.
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Não perdeu tempo em transformar um dedo em uma garra, usandoa para cortar o pulso, enquanto Nick abria sua boca. O sangue jorrou e ele colocou o punho contra seus lábios, apertando, para apressar o fluxo. O líquido vermelho escorria entre seus lábios, um espetáculo macabro e, ainda assim, uma medida de salvamento. Se apenas o seu corpo aceitasse a oferta. Abraçasse-a. Curasse. "Vamos, querida", ele incentivou. "Beba isso." Por vários momentos, nada aconteceu. Ryon acariciou sua garganta, incentivando-a a engolir, sem sucesso. Desespero começou a pesar sobre o seu coração, muito maior do que a tristeza de não ser capaz de salvar um desconhecido. Seu lobo uivava dentro dele, desesperado. Ryon e seu lobo tinham sentido o perfume da sua companheira. Se Daria morresse, então também morreriam. "Daria, por favor", ele sussurrou. "Trabalhe comigo. Viva." Ela estremeceu, sua cabeça se movendo ligeiramente para o lado. Em seguida, tossiu e engoliu em seco. Ele soltou um suspiro de alívio quando ela repetiu a ação, lambendo os lábios para pegar o sangue cheio de vida que tinha derramado lá. Seus olhos permaneceram fechados, mas ele sentiu. Uma faísca brilhou dentro dela, uma pequena luz de esperança que estendeu a mão para ele timidamente, procurando uma âncora. Encontrando a luz no meio do caminho, puxou-a para si mesmo, segurando forte.
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Uma mão pousou em seu ombro. A voz de Nick era urgente. "Mordaa agora, Ryon. Vincule-a a você, ou ela não vai sobreviver." "Onde? Ela está ferida por toda parte." Desesperado, procurou por um bom lugar. "Em qualquer lugar. Seu pulso vai servir, por enquanto." Tinha estado sozinho por tanto tempo, que nunca tinha sonhado que ia encontrar uma companheira. Uma onda de decepção tomou conta dele, porque devia acontecer aqui, assim, na frente dos seus irmãos da Pack, enquanto lutava pela vida dela. Em seguida, sufocou a auto piedade. Haveria tempo para a intimidade mais tarde. Devia ser grato ao destino por tê-la enviado para o seu mundo. Gentilmente, ergueu o braço bom e trouxe seu pulso até os lábios. Suas presas alongaram e seu lobo rosnou em antecipação. Conter sua agressividade e possessividade não foi fácil, mas conseguiu afundar seus caninos na carne tenra, sem rasgá-la ou combatê-lo muito duramente. Instantaneamente, sua língua foi inundada com o néctar dos deuses. Teve apenas cinco segundos, mais ou menos, para se maravilhar com o ímpeto que acelerou seu pulso, antes do seu mundo detonar em uma brilhante explosão solar que quase o jogou para trás. A luz fina que se arqueou entre eles quando aceitou o seu sangue, era anêmica comparada com isso. Um espesso vínculo dourado arqueou do seu corpo para o dela, crepitando com eletricidade e, em seguida, explodiu como uma supernova. Suas presas escorregaram do seu pulso e se sentiu caindo para trás, em um abraço forte. 57
"Peguei", Jax disse em seu ouvido. "Você está bem?" Estava? Piscou para o céu sem nuvens, fazendo um balanço. Nada doía. Na verdade, nunca se sentiu melhor em toda sua vida. Mesmo a dor remanescente do ataque dos vampiros, parecia empurrada tão longe, lá no fundo, a ponto de ser quase inexistente. Tudo o que restava era o brilho do fogo que girava entre ele e Daria. "Sim. Eu acho que sim." Com a ajuda de Jax, se sentou e estudou a mulher, ansiosamente. "Ela parece melhor, não é?" "Sua cor melhorou." Nick deu um tapinha no ombro dele. "Você deu a ela uma chance que não tinha antes. Agora, se vista antes de Jesse vê-lo nu e pensar que algo realmente bizarro está acontecendo." "O que serviria direitinho pra ele, o bastardo rabugento." Apesar da gravidade da situação de Daria, sorriu um pouco. O Xerife Jesse Deveraux conhecia o principal segredo deles e mantinha-o bem guardado, mesmo que não gostasse muito deles. Bastardo ou não, era bom ter um aliado humano na aplicação da lei. Ryon quase sentiu pena do xerife. O que quer que estivesse acontecendo na Shoshone, o homem estaria, realmente, com as mãos completamente cheias, rapidamente. Colocando Ryon de lado, a equipe médica - menos Mac, que foi proibida por Kalen de descer a íngreme colina - passou a trabalhar, colocando um soro na bióloga, e conectando-a a um monitor cardíaco. Melina e Noah arrumaram o braço quebrado, também, fazendo com que a mulher gemesse em agonia, mesmo em seu estado inconsciente, e deixando o lobo de Ryon muito infeliz, novamente. Mas ele manteve uma coleira na besta. 58
Uma vez que o braço estava em uma tipoia, Daria foi declarado apta para o transporte. Cuidadosamente, com a assistência de Nick e Jax, transferiram a paciente para a cesta, amarrando-a, prendendo a cesta com polias e cordas, e começando a manobra até incliná-la. Foi um processo longo e tedioso que deixou a todos transpirando, no momento em que chegaram ao topo, e todo mundo ficou aliviado em iniciar a viagem de volta para o Huey. Ryon permaneceu colado ao seu lado enquanto seus amigos carregavam a cesta pela trilha. Sua cor parecia melhor. Estava longe de estar curada, mas ficaria. Mal podia esperar para conhecer esta mulher que estendeu a mão para ele, e ao fazer isso, foram levados a um caminho que iria alterar seus destinos. Será que ela era tímida e gentil? Ou impetuosa e falante? Ela trabalhava sozinha, em harmonia com a natureza ao seu redor. Amava lobos. Isso tinha que ser um sinal positivo, certo? E, aparentemente, tratava a si mesma com um gole, de vez em quando. A lembrança da pequena garrafa de uísque o fez sorrir. Conhecê-la podia ser divertido. E talvez não se sentiria tão sozinho, nunca mais. Quando chegaram à clareira onde encontraram o corpo mutilado, Ryon não ficou surpreso ao ver toda a área cheia de guardas florestais do parque, a polícia do condado, os peritos, uma unidade examinando a cena do crime, e o próprio Deveraux, de pé, alto, entre o caos ordenado, uma expressão estrondosa no rosto áspero. "Westfall!" Caminhou em direção a Nick, um homem em uma missão. "Por que é que cada vez que as coisas viram uma merda no meu 59
condado, você e seu bando de desajustados estão bem no meio disso?" "É bom ver você também, Jesse. Ei, você está ganhando peso? Não se preocupe. Você o carrega muito bem." "Não brinque comigo, amigo. Não hoje." Apontou um polegar na direção dos restos mortais. "O que você sabe sobre isso?" "Nem uma maldita coisa, e nem quero saber", respondeu Nick, secamente. "Foi por isso que eu te chamei. Acho que você tem ou um urso pardo selvagem, ou um assassino em série. Nenhum dos dois são problema meu." O olhar do xerife foi para Daria. "No entanto, esta bióloga ferida é problema seu? Como é que ela se encaixa com a morte?" “Não acho que ela se encaixa, exceto que estou especulando que ela encontrou o corpo e algo a assustou, fazendo-a correr. Nós vamos descobrir, no entanto." "Então vou ter que interrogá-la", Deveraux persistiu. "Você vai levála ao hospital?" "Não, para o complexo." Nick prendeu o outro homem com um olhar de aço. "Preciso que você mantenha o seu paradeiro em segredo." "Maldição". Ele soltou um suspiro. "Do jeito que você fode a minha bunda, devia começar a manter um lubrificante à mão." Nick ficou em silêncio por alguns segundos, um olhar distante em seus olhos. Ryon o reconheceu, tendo testemunhado isso antes, e, sem dúvida, os outros membros da Pack que estavam presentes. 60
Seu comandante tinha "visto" um evento, algo vital para o futuro deles. Qualquer que fosse a visão, Nick a sacudiu para fora. "Venha ao complexo, quando estiver livre. Vou explicar o máximo que eu puder." "O que, você vai realmente me deixar entrar no santuário exaltado? Diga-me, o que diabos, santos como vocês fazem lá em cima?" O xerife balançou a cabeça. "Milagres nunca cessam." "Eu sei que posso confiar em você", disse Nick simplesmente. "E para que conste, eu estava errado, seu corpo ali não é apenas problema seu, nem é o último. Tenho a sensação de que vamos ter que trabalhar juntos neste caso. Apenas aperte a caixa de segurança no portão e alguém vai deixar você entrar." "Tudo bem. Vejo você mais tarde." O xerife se afastou, latindo ordens para qualquer um ao alcance da sua voz. Todo mundo pulou como coelhos para cumprir suas ordens. Nick acenou para sua equipe. "Vamos tirá-la daqui." Enquanto caminhavam para o Huey, Ryon refletiu sobre a afirmação intrigante de Nick para o xerife. Algo grande e assustador estava nas sombras, esperando. E, de repente, soube com certeza absoluta, que não eram apenas a vida dele e de Daria que estavam prestes a mudar para sempre.
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Por uma extensão infinita de tempo, não havia nada além de escuridão. Dor. Em seguida, vozes. Um rosnado. Um cão? O que um cão estaria fazendo aqui? Em seguida, mãos erguendo seu corpo. Agonia. Mais discussão. O rosnado cessou, e então, palavras suaves. Uma das vozes soava familiar. Era importante, mas ela não conseguia lembrar o porquê. Então, algo incrivelmente doce escorreu em sua boca. O sabor era incrível, mas sua garganta se recusou a trabalhar e ela temia se asfixiar. Aos poucos, isso mudou. Algo começou a acontecer. Flashes dispararam, criando pequenas explosões em todas as células, fazendo-as tomar vida. Finalmente, os músculos em sua garganta cooperaram, e ela bebeu a essência, ávida por mais e mais. Quando o líquido maravilhoso foi levado embora, sentiu a perda como um golpe físico. A decepção não durou muito. Seu braço foi levantado e um par de lábios quentes encostou contra sua carne. Lábios? Antes mesmo que pudesse pensar sobre isso, pontos gêmeos afiados perfuraram sua pele, e um grito silencioso se alojou em seu peito. Não conseguia gritar, e mesmo que pudesse fazer um som, não seria de agonia. O maior prazer que já havia conhecido correu por suas veias. Espalhou calor líquido para cada parte dela e explodiu em um milhão de pedaços de cristal branco e quente, então se solidificou em um 62
cordão de ouro. Devia ter se assustado, mas não. A corda a ligava com firmeza a um estranho. Seu estranho, e ainda assim, parecia que o conhecia de algum modo. Se esforçou para capturar a memória, mas ela escapou. As pontas afiadas se retiraram e ela se sentiu despojada, mas não tanto quanto antes. Podia lidar com isso agora, porque sentia que ele estava pairando perto. Vigiando e protegendo-a. Como podia saber isso? Mas sabia. Com a certeza de que tudo ficaria bem, ela deslizou. Caiu em um abismo profundo. Quando veio à tona novamente, teve a sensação de flutuar, e uma ocasional oscilação. O movimento fez com que tivesse náuseas, mas estava muito fraca, até mesmo para vomitar. Assim como era ruim o barulho ensurdecedor, que ameaçava dividir sua cabeça que doía, em duas. Ocorreu-lhe que estava sendo transportada, e o whumpwhump rápido, lhe disse que estava em um helicóptero. Voando. Outra razão para passar mal, se tivesse energia. Era uma mulher que amava a terra. Se tivesse sido feita para voar, teria nascido com penas. Seu sofrimento deve ter sido aparente, de alguma forma, porque a mão suave de um homem acariciou seus cabelos e fez carinho em seu rosto. Se perguntou se ele estava falando com ela, também, embora não houvesse nenhuma maneira de saber, sobre o barulho da aeronave. Apesar do barulho, do enjoo, e do medo, a escuridão puxou-a para as profundezas de novo. Veio à tona mais uma vez, quando o helicóptero pousou, e houve uma enxurrada de atividades quando foi 63
levada às pressas para algum tipo de edifício. Um hospital? Um breve vislumbre que lhe deu a impressão de que não era como qualquer outro hospital que ela já tivesse visto. A área externa parecia rural, com muitas árvores. Nada de estacionamento cheio de carros, sem atividade. Estranho. Mas tudo isso foi varrido quando, lá dentro, foi colocada em um quarto pequeno, estéril e uma mulher bonita – médica? - com cabelos castanhos e encaracolados sorriu para ela. "Senhorita Bradford? Apenas relaxe. Nós vamos cuidar de você, e vai se sentir melhor em breve. Eu prometo." Ela deu um tapinha no braço de Daria. "Você entendeu?" Ela assentiu com a cabeça. Ou pensou que o fez. Em seguida, os remédios devem tê-la acertado, e não soube de mais nada por muito tempo.
O Huey aterrissou e Ryon pulou para fora, assistindo, impotente, a equipe médica levar Daria para fora do transporte. Correu atrás deles, enquanto levavam a maca pela porta dupla, pelo corredor até a enfermaria, e para uma das salas de trauma. Lá, no entanto, foi bloqueado por Noah, que colocou uma mão sobre o peito de Ryon. "Desculpe, cara. Você tem que ficar aqui", disse ele com firmeza, mas não sem simpatia. "Melhor ainda, volte para a sala de espera."
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“Mas- “ "Nada de mas. Nós vamos deixar você saber como ela está indo, em breve." O enfermeiro não ia se mover. Pior, Ryon estava impedindo o homem de fazer o seu trabalho. Com um suspiro, cedeu. "Tudo bem. Mas me deixe saber no mesmo segundo, quando puder me dizer como ela está indo." "Pode apostar. Não se preocupe, ok?" Com um sorriso encorajador, o enfermeiro desapareceu. "Maldição!" Passando a mão pelo cabelo, fez o caminho de volta para a sala de espera. Frustrado, andou como um animal enjaulado por vários minutos, até que Aric apareceu, Rowan junto com ele. "Você tem que se aquietar, ou vai dar a si mesmo um acidente vascular cerebral", o lobo vermelho observou. "Sente-se." "Eu não posso. Ela está lá, sofrendo, e não há uma maldita coisa que eu possa fazer sobre isso!" Rowan deu um passo para frente, apertou seus ombros, e tentou acalmá-lo. "Daria não está sentindo nenhuma dor no momento. Ela está em boas mãos, e vai ficar melhor muito mais rápido, graças ao vínculo de vocês." "Ela não está sofrendo agora, mas ela vai estar, quando acordar", ele murmurou. "E vou ter que contar a ela o que eu fiz para salvar sua vida." "Um passo de cada vez. Você não tem que entrar nisso de imediato." 65
"Sim, eu tenho. Se deixar passar, mesmo que apenas até que ela esteja melhor, vai ser o mesmo que mentir. E se ela me odiar por isso?" A possibilidade o deixava quebrado em um suor frio. Seu lobo ficaria louco, deixando, certamente, o homem louco junto com ele. Pegando sua mão, Rowan puxou-o para se sentar em uma cadeira e sentou-se ao lado dele. "Ela pode estar com medo ou preocupada, em primeiro lugar. Não deixe que isso o consuma. Não há nada que pudesse ter feito de forma diferente, de acordo com as circunstâncias, exceto deixá-la morrer, e então você teria sido o próximo. Uma vez que ela entender isso, tudo vai ficar bem." "Espero que você tenha razão." Se ela o rejeitasse, as consequências com as quais teria que arcar, não pensaria nisso ainda. Algumas horas se passaram. Seus irmãos da Pack iam e vinham, verificando-o e perguntando sobre sua companheira. No momento, estava sozinho. Cansado do seu caminhar constante, caiu em uma cadeira de novo e olhou para fora da janela, contemplando o rumo dos acontecimentos. Por que se importava tanto com Daria? Em um nível, tanto primitivo quanto intelectual, sabia o que ela era para ele. Ao contrário de Jax e Aric quando conheceram suas companheiras, desde o início não tinha havido nenhum questionamento em sua mente, ou na do seu lobo, que Daria era sua companheira. A reação do seu lobo, a atração da besta por ela, era como um golpe na cabeça com uma barra de ferro. Sua fera queria reclamá-la, marcá-la com o seu cheiro. E muito mais. Mas o homem se preocupava mais do que devia, para um estranho. E isso, tanto o excitava, quanto o assustava. 66
Estranho que já tivesse encontrado com ela duas vezes – apenas, não pessoalmente. Em ambas as ocasiões, ela estendeu a mão para ele através de quilômetros. Será que, de alguma forma, tinha sentido o vínculo entre eles, fazendo-a agir? “Ryon?” Ficando de pé, viu Melina Mallory vindo em sua direção. O cabelo curto e escuro da médica estava crescendo, quase tocando seu colarinho, e emoldurava seu rosto élfico de uma forma lisonjeira. Ele suavizava suas feições, deixando-a mais acessível. O sorriso raro que pairava nos seus lábios era um bom presságio, e ele quase caiu com o alívio, antes que ela pudesse falar. De maneira típica, a médica sem lengalenga, foi direto ao ponto. "Daria tem sorte de estar viva. Ela tem um braço e uma costela quebrados, vários cortes e contusões, e uma hemorragia interna grave, que foi o que quase a matou. Dito isso, ela está bem." Ele deu uma risada sem humor. "Não soa tão bem para mim." "Vou ser honesta. Se não fosse pela mordida de acasalamento, a história dela teria terminado naquele barranco. Mas você chegou a ela em tempo, fez o que tinha que ser feito, e isso é o que importa. Ela não tem nenhuma lesão grave na cabeça e suas outras feridas estão sarando muito mais rápido do que eu já vi em um humano", refletiu. "Sério?" "Sim. É extraordinário." Melina olhou para Ryon, pensativa. "Eu já vi shifters se curarem rapidamente, muitas vezes. É apenas parte das 67
suas habilidades. No entanto, esta é a primeira vez que fomos capazes de observar a mesma propriedade de cura trabalhando em um ser humano recém-acasalado. Gostaria muito de saber se a mordida só é capaz de consertar o companheiro predestinado, ou se ela funcionaria em qualquer ser humano." "Bem, não é como se nós pudéssemos sair por aí mordendo seres humanos feridos aleatórios, a fim de descobrir." Um pensamento lhe ocorreu. "Quando nossa equipe SEAL foi atacada no Afeganistão, há seis anos, por aqueles lobos shifters selvagens, éramos humanos. Aqueles de nós que sobreviveram, curaram rápido, e tornaram-se shifters. Nossos dons Psy foram reforçados pela mudança, também. Mas
nenhum
daqueles
bastardos
nojentos
eram
nossos
companheiros." "Um ponto importante. Então, parece que a pessoa não tem que ser companheira de um shifter para se beneficiar da mordida." Fez uma pausa. "Talvez, só um ser humano que possui uma habilidade Psy." Ryon considerou isso, e acenou com a cabeça. "Essa poderia ser a conexão. Talvez seja por isso que sobrevivemos ao ataque, quando tantos outros não." "Ou pode ser, simplesmente, uma coisa entre companheiros. De qualquer forma é, certamente, uma teoria que vale mais estudos.” "Isso tudo é fascinante, mas-" "Eu sei, você quer ver Daria. Impaciente, não é?" Ela o agraciou com um sorriso aberto. "Noah está acomodando-a em um quarto agora, o segundo à esquerda. Ele vai vir e levá-lo quando estiver pronto."
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"Obrigado, Melina", disse ele, emocionado. "Por tudo." "Não me agradeça. Você é o único que vai ter um trabalho danado nessas próximas semanas e meses, ajudando-a a se restabelecer. Ajudando-a a aceitar uma realidade totalmente nova. Eu não invejo essa tarefa." Dando a ele um aperto de mão rápido, se virou e caminhou rapidamente para longe. Em menos de cinco minutos, Noah estava lá. "Você pode vê-la agora." Com um sorriso simpático, o enfermeiro saiu. De alguma forma, caminhar para o quarto dela foi a coisa mais difícil que já tinha feito. Por um longo momento, ficou na porta e estudou a esbelta e golpeada mulher na cama. Estava deitada de costas, os cílios como renda negra em suas maçãs do rosto altas. Seus braços estavam em cima das cobertas, o direito em um gesso com uma tipoia, descansando em seu estômago, e observou que os arranhões no braço esquerdo não estavam tão irritados e feridos na aparência, como deveriam estar. Sua cor estava muito melhor, e notou, pela primeira vez, que sua pele era um bronze rico, seja por ficar ao ar livre em um terreno ou por herança, mas só podia especular. Talvez um pouco de ambos. Quando se aproximou e se sentou ao lado da cama, ficou aliviado ao ver que sua respiração era profunda e regular. Ela parecia estar em paz. Se preocupou com quanto tempo isso ia durar. 69
Por vários momentos longos, contemplou as palavras de despedida de Melina, que ela não invejava a tarefa à sua frente. Daria podia perdoá-lo, mas chegar até lá, provavelmente, não seria um passeio. Apesar do alívio ao vê-la já se curando, o primeiro sinal de ansiedade o atravessou como lama negra. Daria tinha que perdoá-lo. Tinha que. Outra alternativa era impensável.
Eu não devia estar viva. Esse foi o pensamento inicial de Daria quando piscou sob a luz solar que se filtrava pela fresta das cortinas, no quarto estéril. Sim, ela estava completamente certa de que estava morrendo naquele trecho isolado da selva, encontrando-se quebrada no fundo de uma ravina. Como eu estou aqui? Como? Aos poucos, pedaços e peças retornaram. As equipes de resgate a haviam encontrado. Ele tinha estado entre eles, aquele que ela procurava. Conversando com ela, incentivando-a a viver. Qual era o nome dele? Seus pensamentos eram lentos, mas finalmente se lembrou que não sabia. Quanto mais a névoa levantava, percebeu que a visão dele sendo atacado não tinha revelado esse pedaço de informação. Nem tinham trocado nomes quando ela veio até ele astralmente e implorou 70
por ajuda. Em seguida, um leve ruído soou à sua direita e ela virou a cabeça para ver o homem em carne e osso, cochilando em uma cadeira ao lado da cama. Ela puxou uma respiração afiada, involuntária, ignorando a dor que causou. Enquanto ele era lindo em sua visão, não era nada em comparação com a coisa real. Mesmo com sua estrutura longa e magra esparramada na cadeira desconfortável, as sombras sob seus olhos, e roncando um pouco enquanto dormia como um morto, ele era a impressionante perfeição masculina. Usava jeans desbotados e uma camisa de botões, de manga curta, que não foi enfiada para dentro da calça. Os botões estavam abertos até a metade do seu torso, como se tivesse jogado a camisa e não quisesse ser incomodado para concluir a tarefa. Embora não pudesse ver seus pés, achou que devia estar usando tênis. Examinando o ambiente, observou que este quarto era muito parecido com o qual ela o visitou em - quando? Não tinha ideia de há quanto tempo tinha estado aqui. Não havia relógio na mesa de cabeceira ou na parede. Não havia muita coisa, exceto um cântaro de água, um copo de plástico, a cadeira, a cama, e uma bandeja de comida de rodinhas, que carregava um vaso de flores bonitas. Piscou para elas, e de repente se lembrou do pai. Eram dele? Se sim, onde ele estava? Talvez tivesse ido pegar alguma comida. O homem loiro agitou-se na cadeira e abriu os olhos, revelando o azul cristalino do qual ela se lembrava. Alongando as costas, ele se sentou e, apesar da sua fadiga óbvia, sorriu para ela. Seus dentes 71
eram retos e brancos, e o efeito sobre a sua aparência, já deslumbrante, fez seu coração saltar uma batida. "Olá." O rico timbre da sua voz era suave, sexy. Tal como o resto dele. "Olá.” Sua própria voz estava rouca, como se ela não a tivesse usado há meses. "Onde estou?" "Em uma... instituição privada." Antes que pudesse questioná-lo sobre isso, se aproximou e colocou uma grande mão em seu braço. Ou melhor, sobre a tipoia e o gesso cobrindo seu braço. "Como você está se sentindo?" Ela fez uma pausa, fazendo um balanço de seu corpo. "Dolorida. Um pouco machucada." Então, franziu a testa. "Parece que eu deveria estar com mais dor, no entanto. Bons remédios, talvez." Aqueles lindos olhos azuis ficaram solenes. "Algo assim. Você se lembra do seu nome e o que você estava fazendo na Shoshone?" "Eu sou Daria Bradford, e sou uma bióloga especializada no estudo dos lobos." Engoliu em seco, a secura na garganta deixando-a rouca. Imediatamente ele pegou e lhe serviu um copo de água, enfiando um canudo nele. Em seguida, segurou o canudo em seus lábios. "Apenas alguns goles. Não quero que você fique enjoada." A água era o paraíso. Mais do que isso, foi a atenção solícita deste tipo estranho. "Obrigada." Ela se sentou e ele colocou o copo sobre a mesa.
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"Não há de quê." Fez uma pausa. "Você se lembra quanto tempo tinha estado na área antes de cair no barranco?" Ela assentiu com a cabeça, e o leve movimento fez com que tivesse uma pontada no pescoço. "Quase duas semanas. E não caí, fui empurrada. Eu lhe disse isso antes." A sobrancelha loira arqueou atraentemente, desaparecendo sob a franja que caía em seus olhos. "Quando você se projetou astralmente em meu quarto de hospital. Você tem um dom." Não havia acusação em seu tom. Nem descrença atordoada, nem censura ou desgosto. Apenas interesse honesto. Por que não ficou chocado? "Sim." "Tudo bem. Por que você saiu da trilha? Por que você fugiu do local onde encontrou o corpo, e quem empurrou você para o barranco?" "Volte. Não posso acreditar que você está aceitando tão bem que eu tenho um dom Psy.” Ele riu suavemente. "Confie em mim, ninguém aqui vai nem piscar o olho por isso." "O que você quer dizer?" "Tudo a seu tempo." "Qual é o seu nome?" "Ryon Hunter", disse ele em voz baixa. "Ao seu dispor."
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Estava olhando para ela como se ela tivesse as respostas que ele tinha procurado por toda sua vida. Isso a fez se sentir quente e aconchegada sobre tudo. Estranho. Mas do tipo bom. "É bom conhecê-lo." Ela soou tímida, embora não fosse tipicamente uma pessoa tímida, absolutamente. Este homem a tinha, e ela não entendia o porquê. “Você quer dizer bom me conhecer de novo." "É verdade." Mais perguntas pairavam em seus lábios, ela podia dizer. Mas ele simplesmente esperou. "Há quanto tempo estou aqui?" "Desde ontem. Você ficou apagada a noite toda." "Tudo bem. Para te responder, eu desmontei o acampamento na manhã de ontem e o deixei meio apressada, porque ouvi algo que me assustou. Um som estridente.” "Estridente? Como um pássaro ou algo assim?" Ela balançou a cabeça. "Não. Você já viu algum dos antigos filmes do Godzilla? Aquele som horrível que ele faz quando está destruindo Tóquio? Esse tipo de ruído, exatamente. Ele ecoou através das montanhas." Esta informação lhe rendeu o olhar duvidoso que a revelação do seu dom Psy não tinha feito. "Soou como o Godzilla?" "Sim", disse ela com firmeza. "Todas as coisas vivas na floresta ficaram imóveis e em silêncio. Meu trabalho implica trabalhar na natureza, estar sozinha e isolada por semanas, pelo tempo em que
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estudo as matilhas de lobos e verifico o seu progresso. Eu não me assusto facilmente, e não ia exagerar com algo assim." Ele levantou a mão. "Desculpe. Eu não quis dizer que o faria. Eu simplesmente não consigo imaginar qualquer coisa que possa fazer um barulho como esse." "Seja o que for, a criatura não é de qualquer espécie que pertence a essa área, posso assegurá-lo." Depois de um momento, ele assentiu. "E depois?" "Eu corri para fora de lá, mas conforme a manhã passou, consegui me convencer de que não era nada. Até que eu encontrei o corpo." A memória ameaçou fazê-la vomitar. "Não consigo lembrar o que chamou a minha atenção em primeiro lugar, a visão das roupas no chão, ou o cheiro. Fui investigar, ver se a pessoa estava viva, e o corpo estava mutilado. Nunca vi nada tão horrível. Nunca." "Nem eu", concordou sombriamente. "Nós descobrimos o cadáver pouco antes de encontrarmos você, e tivemos certeza de que era uma mulher, a partir de peças da sua roupa." Ela estremeceu. "Não cheguei tão perto. Vomitei e, em seguida, fui buscar o meu rádio, para chamar os guardas florestais. Isso foi quando o lobo apareceu." Com isso, Ryon ficou tenso. "Como ele se parecia?" "Essa é uma das coisas estranhas - era branco como a neve. É muito raro na natureza, um albino de qualquer espécie, conseguir sobreviver."
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"Branco? Era um macho?" Perguntou, sua expressão séria. "Fêmea, uma espécie de pequeno porte. Mas ela parecia grande o suficiente quando mostrou os dentes para mim e começou a me perseguir para longe do local do corpo. Corri, e cheguei à beira do barranco. Quando me virei para olhá-la, ela pulou e me empurrou sobre a borda.” Ele parecia atordoado. "Jesus. Talvez ela tivesse matado a mulher e não queria você perto dela?" "Pode ser, mas tenho minhas dúvidas. Você já viu um lobo fazer isso com um ser humano?" "Não um real", ele murmurou. “O quê?” "Nada. De qualquer forma, vamos saber mais em breve, quando o médico legista terminar com o corpo." Ficou em silêncio por um momento, estudando-a. "Eu vi você um par de noites atrás, quando fui atacado por alguns... assuntos que minha equipe e eu estávamos perseguindo." "Eu me perguntava se você sabia que eu estava lá, ou lembrava", disse ela em voz baixa. "Não sei o que me atraiu para você, para ser honesta. Adormeci naquela noite e tive uma visão de você no beco, com os seus amigos, lutando com algumas criaturas humanoides que pareciam vampiros. Louco, eu sei." Um leve sorriso curvou seus lábios, mas não disse nada. O sorriso não era zombeteiro, e seus olhos estavam desprovidos de humor.
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"Eu tenho visões em tempo real, por vezes, quando eu durmo. Sou projetada no cenário, mesmo querendo estar lá ou não." "Não seria uma Andarilha dos Sonhos, nesse caso?" "Não. Caminhar pelos sonhos exige que a pessoa, ou ambas as partes, se houver mais de uma, estejam sonhando, e a cena não é necessariamente verdadeira, ou está acontecendo. Muitas vezes é uma fantasia que desaparece quando a pessoa acorda. Ela não chega a acontecer, mas sua memória pode ser compartilhada, se houver mais de um Andarilho dos sonhos envolvido. Um encontro de mentes, se você quiser, em vez da realidade." "Entendi. Então, você realmente estava lá, no beco comigo." "Sim. Mesmo em meu sono, eu projetei uma forma de mim mesma para a cena real que estava acontecendo." "Tudo bem." Tão simples, a sua aceitação. "Apenas tudo bem? Onde está a sua atitude, o sarcasmo? O que quis dizer quando disse que ninguém por aqui ficaria surpreso com o meu dom?" "Porque ninguém vai." Ele suspirou e apoiou os cotovelos nos joelhos. "Você me perguntou onde está. Agora mesmo, você é uma convidada do Instituto de Parapsicologia, abrigado em um local secreto na Floresta Nacional Shoshone." "Instituto de Parapsicologia", ela repetiu, virando o termo em sua mente. Aos poucos, ficou claro para ela. "O estudo do paranormal."
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"Sim. Assim como os efeitos desse mundo, em todos nós que vivemos aqui no complexo." Ela digeriu isto. "E quem é você?" "Minha equipe é chamada de Alpha Pack. Cada um de nós tem diferentes habilidades Psy e somos chamados por todo o mundo para lidar com predadores paranormais, como os vampiros selvagens com os quais você nos testemunhou lutando." "Eles, realmente, eram vampiros?" Sussurrou. Sua voz era suave, quase retórica. "Aquelas presas não eram falsas, querida. Nem era a faca de prata que aquele bastardo enterrou em meu lado." "Por que prata? Espere - Como é que você está até mesmo fora da sua cama de hospital, dois dias depois de ser esfaqueado e ter sua garganta quase arrancada?" Ela se sentou, o coração batendo violentamente em seu peito. "Eu vi! E agora não há nada além de algumas cicatrizes cor de rosa em seu pescoço!" "Você está certa, você me viu rasgado e esfaqueado. Mas eu me curo rapidamente. Todos da minha espécie o fazem." "E que espécie é essa?" Estava quase com medo de saber. "Do tipo que não reage bem à prata, de modo que a maior parte das lendas é verdade." Deu um sorriso triste. "Você pode muito bem saber... somos lobos shifters, Daria."
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Ben Cantrell caiu de joelhos na vegetação rasteira, doente e exausto. O que tinha acontecido? Onde ele esteve esse tempo todo? Sua mente confusa finalmente registrou o sangue. Suas mãos estavam cobertas pelo material vil. Seus braços, tórax, um pouco salpicado em suas pernas. Estendendo a mão, sentiu seu rosto, e recuou com horror. Sangue, em sua boca. "Oh, não. Não." De novo não. Por favor, de novo não. Mas para sua mente de advogado, as provas eram irrefutáveis. Ele riu, um som louco, histérico. Porque ele nunca ia trabalhar como advogado novamente. Nunca mais seria humano. Sua vida tinha sido roubada dele e ele nunca a teria de volta. A menos que encontrasse aqueles que poderiam lhe ajudar. Ele tinha estado procurando por eles, mas agora se esforçava para lembrar quem ele deveria encontrar. Tinha que se lembrar. Ele o faria. E eles iriam ajudá-lo. Eles tinham que. Ou em breve, Benjamin Cantrell estaria perdido para sempre.
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QUATRO
As entranhas de Ryon se apertaram enquanto estudava a reação de Daria. A mulher empalideceu sob o bronzeado, os lábios se abrindo em estado de choque. Em seguida, baixou o olhar para os lençóis. "Eu não consigo engolir isso." "Eu sei que é muita coisa para digerir, mas é verdade. Eu não mentiria para você." Ela olhou para cima. "Eu acredito que você pensa que está falando a verdade, mas-" "Você se projeta astralmente", ressaltou. "Você conheces os dons Psy, e viu os vampiros com seus próprios olhos." "Já foram documentados estudos de casos de pessoas que têm habilidades psíquicas e podem fazer ou ver todos os tipos de coisas que não deveriam ser capazes", disse ela. "Alguns podem prever o futuro, ler um objeto para ver o passado, mover itens com suas mentes, encontrar pessoas desaparecidas. Vocês os nomearam. Mas você está me pedindo para acreditar que pode mudar de forma? Sinto muito, Ryon. Você está delirando." 80
"Eu esperava que você reagisse assim", disse ele, tentando esconder a decepção. "Não posso culpá-la. Mas eu posso provar isso." "Você pode se transformar em um lobo, aqui e agora." Seu tom era monótono. “Sim.” Ela sacudiu a mão boa para ele. "Ok, então faça isso." "Eu acho que não. Ainda não." Um pouco da dureza deixou sua expressão, e seu tom se tornou gentil. "Você já procurou ajuda para essa fantasia? Há alguns médicos realmente bons, que podem tratar esse tipo de coisa." Ele ficou de pé. "Não preciso de um médico. Não por estar delirando, de qualquer maneira. Vou deixar você descansar, porque tem muita coisa para absorver, e isso é o suficiente para o momento." "Você vai voltar?" Ela parecia esperançosa, o que aliviou um pouco da ansiedade do seu lobo. Mas não toda. A besta caminhava dentro dele, não estando feliz por ter sido posta em dúvida. Era muito próximo à rejeição. "Sim". Inclinando-se, beijou sua bochecha, então se endireitou. "Estarei de volta em breve, não se preocupe. Durma." "Tudo bem, vou tentar." Não parecia convencida, entretanto. Dando-lhe um sorriso tranquilizador, se virou e caminhou para fora, enquanto ainda tinha forças para sair. Ele a forçou longe o suficiente, e sua mente de cientista precisava de um tempo precioso para 81
absorver a verdade das suas palavras. Não estava pronta para vê-lo transformar-se em seu lobo, mas estaria. Como bióloga, e sua companheira, embora não soubesse dessa parte, no entanto, não estava apta para satisfazer sua curiosidade. Continuaria a se sentir atraída por ele. Esperava. Deixando a enfermaria, se dirigiu para o escritório de Nick. A porta estava aberta quando chegou, e ouviu seu comandante lá dentro, conversando. Imaginando que a porta não estaria aberta se o chefe não quisesse ser incomodado, bateu levemente e esperou. “Entre.” Entrando, viu Nick sentado atrás da sua mesa, o Xerife Deveraux reclinado em uma cadeira em frente a ele. Deveraux tinha a idade de Nick, e Ryon supôs que as mulheres achavam que ele tinha boa aparência, de um jeito robusto e descolado. Ryon estendeu a mão para o visitante. "Xerife", disse educadamente. "Eu já o vi algumas vezes, mas nunca fomos apresentados. Sou Ryon Hunter." O outro homem o cumprimentou brevemente, seu olhar agudo, mas não cruel. "Você faz parte dessa Alpha Pack que Nick está me falando?" Ryon olhou para o chefe, que deu um leve aceno de cabeça. O xerife tinha sido, inadvertidamente, envolvido em um ataque a uma família local há várias semanas, feito pelos Sluaghs, e, bruscamente, ficou ciente de que o paranormal realmente existia. Desde então, o 82
comandante tinha, obviamente, inserido o homem da lei em seu mundo, por isso não havia problema em falar livremente na frente dele. "Sim, faço. Não queria interromper, mas acabo de visitar Daria, e pensei que Nick gostaria de ouvir o que ela disse sobre os acontecimentos de ontem. Você também, Xerife, já que está aqui." Eles ouviram atentamente enquanto descrevia o grande barulho estridente que Daria ouviu, e o quanto isso a assustou, fazendo-a levantar acampamento. Se estavam esperado que Ryon fosse lhes dizer que o culpado, que a perseguiu desde o local onde encontrou o corpo e empurrou-a sobre a borda era um Sluagh, ou alguma outra criatura inédita, estavam errados. "Um lobo branco?" Nick repetiu, ficando imóvel. "Ela tem certeza?" Ryon revirou os olhos. "É claro que tem certeza. Ela tem um braço quebrado, e não danos cerebrais. Além disso, afirma que o lobo é uma fêmea." O rosto do comandante empalideceu, e olhou para o tampo da mesa. "Eu não tive absolutamente nenhuma visão sobre nada disso, apenas uma sensação de injustiça. Perigo. Não tenho certeza do que nada disso significa, e estou hesitante em adivinhar." "Mas você tem que fazer isso", Deveraux pressionou. Nick suspirou. "Não acho que o lobo seja responsável pelo assassinato, mas não saberemos ao certo até que Kira e Melina terminem o teste na amostra de DNA da vítima, que pegaram na cena do crime." 83
"Vou fingir que não ouvi isso." O xerife fez uma careta. "Sem ofensa, Jesse, mas tenho um palpite que o seu médico legista vai chegar à algumas conclusões muito estranhas naquele corpo e não vai saber o que fazer com elas. Que é o melhor. Mas no meu laboratório as pessoas vão saber o que os resultados indicam, ou pelo menos, terão um bom ponto de partida." "Você pode até estar certo, mas não gosto disso", o homem murmurou. "Você vai me manter no circuito." "Pode apostar." Um pouco mais tranquilizado, o xerife se levantou para sair. "Nada a fazer por enquanto, além de esperar para ver. A equipe de Busca e Salvamento ainda está à procura do casal que desapareceu, ou do marido, pelo menos. Estou apostando que a mulher mutilada é a esposa." "Você, provavelmente, está certo." Deveraux apertou a mão dos dois novamente, e, em seguida, saiu. Ryon esperou até que o homem da lei fosse embora, antes de falar. "Você tem certeza que podemos confiar nele?" "Absolutamente", disse Nick. Sua boca se curvou em um sorriso irônico. "Ele é tão antiquado com todas essas coisas de paranormal, que um vaso sanguíneo está prestes a estourar em seu cérebro, mas é um bom homem. Está do nosso lado, apesar de toda gritaria que ele faz." "Bom saber." 84
"Como está Daria?" "Inquieta", admitiu. "Só porque ela tem um dom Psy que reconhece, não significa que está pronta a aceitar que somos shifters ou que existem outras criaturas. Ela queria que eu me transformasse e provasse que sou um lobo, mas podia ver que ela não estava, realmente, pronta para isso. Não quero afastá-la." "Ela já tem o suficiente com que lidar", Nick concordou. "Você fez a coisa certa em dar-lhe algum tempo." "Obrigado." "Mas não demore muito tempo para lhe contar o resto. Há um equilíbrio delicado entre lhe dar tempo para se adaptar, e se deparar com isso, como se você estivesse escondendo a verdade." "Sim, eu sei." Abaixando a cabeça, estudou os sapatos. Estava tão desgraçadamente cansado, seu corpo ainda se curando, e ainda não tinha sido capaz de descansar por se preocupar com ela. "Você está prestes a cair. Vá dormir um pouco, ou não vai fazer nenhum bem para a equipe ou para sua companheira." "Acho que vou fazer isso." Ele ia tentar, de qualquer maneira. De volta a seus aposentos, se jogou na cama e fantasiou sobre uma mulher marcante, de cabelos muito negros, que podia não querer ter alguma coisa a ver com ele. Só pensava em beijar aqueles lábios cheios, acariciar a pele tonificada, macia, da cor do mel. Suas pálpebras ficaram pesadas e seus anseios o seguiram até seus sonhos onde ela o atormentava
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sem parar, levando-o até a borda, com perigo de cair. Só para recuar e deixá-lo ferido, confuso.
Deus, seus lábios eram suaves. Sua língua deslizou para dentro e ele explorou sua boca, gemendo com seu sabor doce. Seus dedos mergulharam no vale entre os seios e acariciaram os montículos cremosos. Procurando a parte inferior, deslizando para baixo até a barriga lisa... até que ela pegou a mão dele. “Ryon.” "Baby, por favor. Eu preciso de você." "Eu não posso." Ela balançou a cabeça. "Por que não?" Afastando-se, estudou sua expressão. Ele viu medo, confusão. Não eram as emoções ideais para inspirar em sua companheira. "É muito cedo", disse ela em voz baixa. "Não sei como me sinto sobre isso. Sobre haver um nós." Seu lobo uivou em seu interior e uma bolha de pânico se alojou em sua garganta. "É claro que existe. Você não sente algo crescendo entre nós?" Perguntou com voz rouca. "Eu já me importo com você, Daria" Ela balançou a cabeça. "Eu me importava com alguém não muito tempo atrás, e ele quebrou meu coração. Pensei que o que ele e eu tínhamos era real, mas não era. Como posso confiar de novo?"
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"Deixe-me mostrar para você." Estava implorando descaradamente, e não se conteve. "Deixe-me provar o quão bom isso pode ser, com o homem certo." "Eu acho que não posso. Sinto muito." E lhe deu um sorriso muito triste. Em seguida, se virou e foi embora. "Daria, não! Não me deixe!"
Ryon deu um pulo na cama, o coração martelando em seu peito. Não era uma visão – esse não era o seu dom. Apenas um sonho que virou um pesadelo, percebeu. Um horrível, estúpido pesadelo, sem base na realidade. Deus, ele a queria tanto. Como prova, seu pau insatisfeito estava duro e dolorido, apontando para o teto. Precisava de alívio ou ia morrer com as bolas roxas. Desabotoando a calça jeans, a empurrou para baixo, o suficiente para libertar seu equipamento, e colocou a mão em concha, apertando as bolas apertadas. Foi tão bom que fez de novo, manipulando o saco e provocando o períneo. Um dedo arrastou até seu buraco, dando-lhe uma acariciada impertinente e estimulando sua excitação até ficar próxima à dor. Pegando a si mesmo com a mão, agarrou a carne quente, dura e começou a se acariciar. Para cima e para baixo, assobiando de prazer com os pequenos choques de sensação que deslizavam das suas terminações nervosas para aquecer sua virilha. A sensação era incrível, mas não era nada, comparada com o que aconteceu, 87
quando imaginou Daria agachada entre suas coxas, os cabelos negros se derramando sobre seu colo enquanto ela o chupava, enfiando-o até sua garganta. “Oh, merda.” Isso disparou o gatilho, e seus quadris empurraram enquanto ele trabalhava sua vara com abandono, se deixando levar. Em segundos, o zumbido familiar começou na base da sua espinha, sinalizando o orgasmo. Sua liberação explodiu como o tiro de uma arma, cordas brancas, cremosas, de gozo esguichando, para pousar em seu estômago e peito. Mais e mais ele jorrou, até que suas bolas tinham esvaziado e estava se sacudindo com tremores, desejando que não tivesse terminado tão rápido. "Droga", murmurou. "Hora de tomar um banho." Agora que a excitação tinha terminado, se sentia vazio. Mais ou menos perdido. Com um suspiro, se levantou e caminhou até o banheiro, ligando a água para deixá-la esquentar. Quando entrou no jato molhado, gemeu e tentou deixar o pesadelo fora da sua mente. Mas, agora que estava preso em seu cérebro, não conseguia desalojá-lo. Conhecer Daria, muito mais do que conquistá-la, podia ser o seu maior desafio até agora.
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No segundo dia da sua estada, Daria acordou se sentindo muito melhor. Tanto que, na verdade, suspeitava do porquê, exatamente, não estava sofrendo nada além de uma pontada ou duas. E por que, diabos, os arranhões em seu corpo não eram mais do que linhas rosas, que pareciam ter algumas semanas, em vez de dois dias de cura. Olhou para uma das marcas em seu braço esquerdo com crescente pavor. Que tipo de medicamento acelerava a cura desse jeito? Nada que já tivesse ouvido falar. Foi então que notou duas marcas fracas de perfuração na parte de dentro do seu pulso. Mais uma vez, a memória de vozes, os homens gritando enquanto trabalhavam para salvar sua vida, a inundou. Nesta hora, veio a lembrança de um ligeiro beliscão de dor em seu pulso. Tinha imaginado isso? Se fosse assim, por que as marcas estavam lá, em sua pele? Inquieta, olhou para a cadeira ao lado da cama, perguntando onde Ryon tinha ido. Seu novo protetor tinha ficado ao lado dela, indo e vindo, desde que sua equipe a tinha trazido e, no início, ficou aliviada quando ele escapou. Em seguida, os períodos de tempo que ele ficava fora pareciam intermináveis, quando estava acordada para perceber isso. Agora, teve que admitir para si mesma que sentia falta dele. Tinham conversado um pouco, embora ele evitasse o assunto das missões específicas da Pack e dos paranormais com os quais lutavam. Em vez disso, tiveram uma pequena conversa sobre o 89
Wyoming, seus amigos, em especial, seus pontos fortes e suas características. Eram um grupo estranho, mas próximos como irmãos, e seu amor por eles brilhava com cada palavra. Como se seus pensamentos o houvessem conjurado, Ryon entrou pela porta carregando um sacola de plástico e se aproximou, com um sorriso hesitante no rosto sexy. "Como você está se sentindo?" Seu coração ficou mais leve só em vê-lo, mas manteve seu entusiasmo controlado. "Quase humana, novamente." Ele desviou o olhar, sua expressão tímida, e se perguntou o que diabos estava errado com ele. Mas, então, o momento ímpar passou e ele se iluminou novamente. "Boa o suficiente para sair daqui e dar um passeio para comer no refeitório comigo? A comida de lá é incrível." "Eles estão me liberando tão cedo?" Perguntou, surpresa. "Se você prometer que vai ter calma nos próximos dias. Nick tomou a liberdade de ter um dos quartos de hóspedes pronto para você, se você nos der a honra de ficar aqui, enquanto se recupera." "Que gentil da parte dele." Foi mesmo. Também achou levemente perturbador, ser aceita assim, em um complexo, com homens que ela não conhecia e que não a conheciam também, mas sabia que seus nervos estavam no limite. Qualquer um estaria, depois do que ela tinha passado. "Ótimo", ele disse, tomando suas palavras como uma aceitação. Pareceu muito aliviado, mais do que deveria, com a notícia de que
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uma estranha ia ficar. "Coloquei sua roupa e o equipamento de camping em seu quarto, já. Espero que você não se importe." "Claro que não. Obrigada." Apontou para a sacola. "O que tem aí?" "Oh, são algumas das suas roupas. Não acho que você gostaria de sair daqui com a bunda aparecendo nesse vestido. Não que eu me importe." Sua declaração e o sorriso impertinente a fizeram rir. "Você já deve ter visto um punhado." "Pode ser. Quer descobrir?" Ele era tão simpático, que não conseguiu ficar ofendida. "Não antes de me alimentar. Prometeram-me uma refeição, certo?" "Pode apostar." Entregando-lhe a sacola, recuou. "Vou pegar uma cadeira de rodas, enquanto você se veste." "Uma cadeira de rodas? Não acho que eu vá precisar de uma dessas." "Confie em mim, você vai. Depois do que passou, é um milagre que ainda esteja respirando." "E por que estou respirando?" Perguntou incisivamente, apontando para as cicatrizes cor de rosa em seu braço. "Por que estou praticamente curada?" "Tudo a seu tempo. Passos de bebê, certo?" Frustrada, o observou sair e fechar a porta atrás de si. Claramente, estava relutante em entrar em mais detalhes com ela, mas dada a 91
forma como reagiu à sua ilusão de ser um lobo shifter, não estava realmente surpresa. Mas era uma fantasia da parte dele? Deveria estar morta, não se preparando para sair, mesmo em uma cadeira de rodas. Colocando sua recuperação bizarra de lado, logo teria a história verdadeira de Ryon. Tinha certeza de que seus companheiros de equipe lhe dariam algum indício de que ele estava sofrendo de algum tipo de doença mental e eram condescendentes com ele. Essa era a única explicação, e a deixava triste. Vestir-se levou mais tempo do que imaginava, e estava apenas colocando os tênis que Ryon tinha trazido, quando ele entrou pela porta, empurrando a cadeira de rodas. Mas não estava sozinho. "Daria, gostaria que você conhecesse o meu comandante, Nick Westfall." O chefe de Ryon era um homem imponente, com cabelo escuro curto, apenas com um pouquinho de prata nas têmporas, e olhos azuis de aço. Andava com as costas retas, seu comportamento projetando uma advertência, não mexa comigo, mesmo que ainda não tivesse que abrir a boca. Quando falou, no entanto, seu tom era gentil. “Srta. Bradford.” “Daria, por favor.” Ele acenou com a cabeça. "Eu sou Nick. Tento manter minha equipe na linha, e às vezes eu realmente tenho sucesso. Estamos felizes em tê-la aqui, mesmo que não seja na melhor das circunstâncias." 92
"Obrigado. Agradeço por me receber dessa maneira. Eu posso ir para um hotel se for menos trabalhoso-" “De jeito nenhum. O prazer é nosso, e nem pensar em virar as costas para uma colega, amante da natureza, depois do que você passou." Seus lábios se curvaram um pouco. "Você pode querer se esconder aqui, de qualquer forma, pelo menos até que o frenesi da mídia diminua um pouco." Olhou para ele. "Acho que não gostei de ouvir isso." "Tivemos alguns jornalistas à espreita, do lado de fora do primeiro portão, e pediram para falar com a bióloga que encontrou o corpo na floresta. Se você quiser falar com eles, arranjo um lugar para vocês se encontrarem." Tremendo, ela esfregou os braços. "E se eu não quiser?" "Vou fazê-los ir embora." Simples assim. Não tinha dúvida de que iria seguir adiante, e com prazer. "Não quero reviver o que eu passei, por causa da mídia. Deixe que as autoridades falem com eles." A expressão do comandante refletiu aprovação. "Acho que é uma decisão sábia. Você terá que falar com o xerife Deveraux, no entanto. Ryon contou-lhe a sua história, mas ele quer um depoimento diretamente de você." "Acho que é o esperado, mas não quero falar com mais ninguém." "Então, não vai. Agora, vou deixá-la nas mãos capazes de Ryon." Ele piscou, se virou e saiu. 93
"Nick é um homem interessante", disse ela para Ryon. "Ele é o melhor superior que eu já tive." Sua voz contou a ela sobre sua verdadeira afeição pelo homem. "Ele faria qualquer coisa por qualquer um de nós." "Ele me parece aquele tipo que é chefe e amigo." "Exato." Fez uma pausa. "Você está com fome?" "Faminta." Seu estômago roncou novamente. Ele a ajudou a sentar na cadeira, segurando-a cuidadosamente quando ela oscilou. Talvez tivesse necessidade daquela coisa, afinal de contas, uma vez que não estava tão firme em seus pés, como pensou que estaria. Ele não falou eu te disse, só a ajudou a se sentar e empurrou-a para fora, passando por um enfermeiro loiro e adorável, que acenou para eles quando passaram. "Esse é Noah", Ryon disse a ela. "Ele é uma figura permanente por aqui." "Sim, eu o conheci. Ele vinha me verificar, de vez em quando. Um cara muito doce. Ele mora no complexo, também?" "Toda a equipe mora." Isso era tão estranho para ela. "Por quê?" "Minha equipe é obrigada a viver na base. Somos convocados de um momento para o outro, assim iríamos perder um tempo precioso se tivéssemos que esperar que todos chegassem até aqui, da cidade. Vivendo no local, podemos treinar, planejar manobras, discutir os casos em curso, e, geralmente, estarmos pronto para o que vier em 94
nossa direção. Temos tempo de folga, no entanto. Nós relaxamos quando não estamos ocupados." "Mais ou menos como os militares." “Exatamente.” "E os médicos e o restante do pessoal? Certamente, eles poderiam viver na cidade." "Poderiam, mas nós estamos meio que isolados. Faz mais sentido viver aqui, do que dirigir todo dia, indo e voltando para a cidade." "Muito lógico, mas por que sinto que há mais do que isso?" "E há. Todo o tráfego de entra e sai do nosso complexo atrairia muita atenção. Nós, definitivamente, não queremos isso." "Por causa do que vocês fazem aqui", disse ela, incapaz de mascarar a dúvida em sua voz. "Você estão lá fora salvando o mundo de predadores paranormais, como vampiros e tal." "Eu sei que você não acredita em mim ainda, mas você vai. É verdade." Sobre isso, iam ver. Seu braço quebrado ainda estava em uma tipoia - mesmo com uma nova espécie de super capacidade de se curar durante a noite - e examinou novamente os arranhões cor de rosa em seu braço. E as duas marcas de perfuração misteriosas em seu pulso. Espontaneamente, algo que Ryon lhe disse antes, surgiu em sua cabeça. Mas eu me curo rapidamente. Todos da minha espécie o fazem.
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Olhando para as perfurações, uma pergunta lhe veio, uma com a qual não estava pronta para lidar. Não estava pronta para saber a resposta, e assim a encerrou. Por enquanto, pelo menos. Em vez disso, se ocupou em considerar o interior do complexo, enquanto sua companhia a empurrava. A decoração não era nada parecida com o que ela teria esperado de um lugar onde uma equipe de estilo militar estava abrigada. Em vez de ser austera e branca com práticos pisos industriais, que não tinham personalidade, as paredes eram pintadas de um bege areia suave, e o corredor tinha um carpete baixo e macio, que permitia à cadeira fazer um progresso fácil. Haviam bonitas luminárias nas paredes, emitindo bastante iluminação, em vez das monótonas luzes fluorescentes
do
teto.
O
lugar
era
aconchegante.
Ficou
impressionada, o que só aumentou quando chegaram ao refeitório. A área era, realmente, uma grande sala de jantar. Estava cheia de várias mesas, que permitiam aos ocupantes se sentarem e conversarem em grupos, o que muitos estavam fazendo atualmente. Alimentos eram servidos no meio de cada mesa, ao estilo familiar, e eles comiam em pratos de verdade e utilizavam utensílios de verdade, em vez de pratos de papel e garfos de plástico. Uma grande porta para além da sala de jantar lhe deu um vislumbre da grande cozinha, onde numerosos cozinheiros estavam ocupados cuidando de suas tarefas. O aroma maravilhoso trouxe sua atenção de volta para a comida, que consistia em hambúrgueres com todos os acompanhamentos, e batatas fritas. Ryon a empurrou para um local vazio, certificando-se que ela conseguia chegar à mesa. "Como está?" 96
"Tudo bem, obrigada." Observou que algumas pessoas estavam os observando com interesse, Daria em particular, e sorriu para alguns deles. Seu nervoso tentou tirar o melhor dela, mas ela o suprimiu. "Você está bem?" Perguntou, preocupado, sentando-se em frente a ela. "Sim. Só não estou acostumada a estar perto de tantas pessoas." "Posso imaginar, ficando tanto tempo na floresta. Você sente falta da interação, ou é uma daquelas pessoas que só volta para o mundo real quando precisa?" Olhou para ele, surpresa. "Essa é uma pergunta perspicaz. Não acho que alguém já tenha me perguntado isso." Alcançado um pedaço de pão, pensou sobre isso. "Sinto falta de estar perto de outras pessoas, conversar, rir, e compartilhar interesses. Amo meu trabalho, mas é tão isolado que, às vezes, sinto falta de fazer algo divertido e simples como encontrar as garotas para um drinque ou ir ao cinema." "Coisas que outras pessoas têm como garantido. Entendo totalmente." Ele entendia, e ela achou que isso era bom. "Você sente falta de ter um emprego regular?" Ele sorriu. "Querida, eu nem sei o que isso significa. Estou feliz aqui, fazendo o que eu faço." Calor deslizou sobre ela, todo o seu corpo reagindo ao lhe ouvir chamando-a de sua querida. Mesmo quando seu ex noivo tinha usado palavras de carinho, não teve a sensação de que queria se
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embrulhar no homem e nunca mais emergir. Era uma sensação boa, e assustadora. Empilharam guloseimas em seus hambúrgueres e mastigaram por um tempo, então aproveitou a oportunidade para estudá-lo, tentando parecer que não estava fazendo isso. Ele era tão bonito, com aqueles olhos azuis cristalinos. E tinha uma queda por loiros, sempre teve, talvez em parte porque achasse seu próprio cabelo preto tão simples e chato. Encontrou-se querendo enterrar os dedos naqueles cabelos entrelaçados com a luz do sol, e fazer coisas deliciosas com sua boca. E quase se engasgou com um pedaço de hambúrguer. "Você está bem?” "Tudo bem", disse ela, tossindo. No instante seguinte, ficou muito feliz por ter engolido aquele pedaço de comida. Da sua cadeira, tinha uma boa visão da entrada e, quando virou a cabeça ligeiramente para a direita, algo, ou alguém, passou por ela, o que nunca esqueceria. "Que diabos?" Ela sussurrou, o hambúrguer caindo em seu prato, esquecido. Na entrada da sala de jantar havia uma incrivelmente bela e alta criatura masculina. Um ser de outro mundo, não um homem. Tinha uns dois metros de altura, talvez um pouco mais, e era magro, a calça jeans baixa em seus quadris. Tinha um rosto lindo, com maçãs do rosto salientes e enormes olhos dourados como uma águia, que quase brilhavam. 98
Mas suas características mais impressionantes eram os cabelos azuis, brilhantes como uma joia, cujo comprimento ia até a cintura, e caía em cascata como faixas na água, e as magníficas asas de penas da mesma cor que tinham encostado na parte superior do batente da porta quando entrou. A bióloga dançou de alegria com este achado. A mulher o olhou, sem saber se o cumprimentava, ou corria e se escondia. "Incrível." Não conseguia tirar os olhos de cima dele. "Não é?" A voz de Ryon era irônica, tingida com humor. "Sariel tende a tomar toda a atenção quando está na sala." O homem tomou o caminho em direção a eles, tendo notado Daria. Seu sorriso largo era caloroso quando parou ao lado da mesa deles. "Olá! Você deve ser a senhorita Bradford, nossa convidada." Se inclinou ligeiramente. "Eu sou Sariel, ou Blue, se preferir. Por razões óbvias." Sua boca se abriu, o discurso tendo morrido entre o cérebro e a boca. Ryon intercedeu com uma risada. "Ela vai precisar de algum tempo para se acostumar com a gente, amigo. Basta chamá-la de Daria. Daria, este é o nosso príncipe Seelie residente." "Removido do meu trono", disse suavemente. "Títulos não significam muito aqui, a menos que você seja o comandante." "O que é um Seelie?" Ela conseguiu falar, finalmente. Azul explicou pacientemente. "Um membro do reino Fae, um mundo que existe paralelamente a este. O portal para o reino Fae está 99
localizado em um país que vocês chamam de Irlanda. Os Fae se dividem em dois grupos - os Seelies e os Unseelies. Os Membros da minha Corte são considerados os mocinhos, se você me entende. Embora todos nós saibamos que nem todos os mundos são feitos, inteiramente, de boas ou más pessoas." Uma sombra passou por seu rosto enquanto ele relatava essa última parte, então perguntou para ele. "O que são os Unseelies, então? Os bandidos?" "Essencialmente. Eles dedicam sua existência a agradar a si mesmos, não importa a quem doer. Seus asseclas são os Sluaghs, Seelies que se oferecem para o mal, e então perdem a fé." Aceitou aquilo. “E você é um príncipe.” "Sim, antigamente, da Corte Seelie. Mas isso já é notícia antiga, e uma longa história." Acenou com a mão para uma cadeira vaga. "Posso me juntar a vocês dois?" "Sente-se", disse Ryon. "E coma. Você está muito magro. Não está seguindo a dieta na qual Melina o colocou?" Blue, como Daria estava começando a pensar nele, torceu o nariz para os hambúrgueres, como se fossem as coisas mais revoltantes que já tinha visto. "Duvido seriamente que essas coisas deviam estar na dieta de alguém." "Você só precisa ganhar peso, cara. Não importa como, neste momento."
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Blue olhou para o amigo. "Obrigado por apontar isso tão amavelmente." Pegou um pão e o recheou com legumes, deixando a carne de fora, completamente, e ignorando as batatas fritas. Felizmente, Ryon não fez comentários sobre sua escolha. Podia ver que Blue era bastante sensível sobre o assunto dos seus hábitos alimentares. Se perguntou se a comida era tão diferente na Corte Unseelie, que ele não conseguia encontrar coisas aqui para satisfazer o seu paladar. Então, ficou paralisada mentalmente com a direção dos seus pensamentos. Ela estava ponderando os hábitos alimentares de um príncipe Fae. Como se isso fosse perfeitamente normal. Nós somos lobos shifters, Daria. Tinha acreditado que Ryon era doente mental. E a prova de que ele não era, estava sentada aqui, conversando educadamente com o homem que designou a si mesmo, seu amigo e protetor. Ryon tinha dito absolutamente a verdade sobre o seu mundo e as criaturas que haviam nele. E seu mundo tinha acabado de ser irremediavelmente revirado, em sua cabeça.
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CINCO
Ryon presenciou o momento exato em que Daria soube a verdade. Viu em seus olhos castanhos, em seu rosto atordoado. Ela ficou abalada, mas não fez nada dramático como se dissolver em histeria, e por isso, deu um suspiro de alívio. Isso não significava que estavam livres de problemas com sua aceitação das coisas, mas era um começo. Para seu crédito, ela se segurou, focando sua atenção em Blue, satisfeito com a atenção dela. O príncipe a regalou com os contos sobre seus irmãos, suas aventuras com eles, e os bons momentos que tiveram. Bem, antes que tivesse sido expulso do reino quando Elders do Tribunal Seelie descobriram que Blue era um bastardo. O produto do estupro do rei Unseelie, Malik, sobre a rainha Seelie, a mãe de Blue. "Eu sinto muito", disse Daria, seu rosto bonito mostrando empatia. Blue sorriu, embora Ryon soubesse que era uma fachada. "Vou ver meus irmãos e minha mãe de novo, um dia. Nesse meio tempo, tenho
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Kalen. Ele e eu, recentemente, descobrimos que somos meioirmãos." "Quem é Kalen?" Ryon apontou para o homem que estava sentado em uma mesa próxima, comendo e conversando com Aric e sua companheira, Rowan. "Uau, fisicamente, vocês são completamente diferentes" Daria observou. "Ele é completamente Gótico, e você é como a luz do sol e o céu." Ryon tinha ficado tão acostumado com Kalen, que não percebia mais o quão diferente era o homem dos outros. Mas era verdade. Com seu cabelo preto de astro do rock caindo até os ombros, em camadas, o jeans e a camiseta pretos, e seu novo casaco de couro preto sobre eles, os olhos verdes delineados e as unhas pintadas combinando, o cara, definitivamente, fazia as pessoas o olharem duas vezes. Blue sorriu. "Luz do sol e céu? Acho que essa foi a coisa mais bonita que alguém já me disse." Ela encolheu os ombros. "Bem, é verdade." Ryon soube que ela tinha definitivamente ganho um amigo em seu príncipe Fae. "Então", continuou ela, "como você e Kalen são meio-irmãos?" "É complicado, mas vou tentar simplificar. Temos mães diferentes, mas como eu, o pai de Kalen também era Malik, o Unseelie, felizmente, já falecido." 103
"Kalen fritou sua bunda em uma grande batalha que tivemos com Malik e suas forças não muito tempo atrás", Ryon declarou amavelmente. "Kalen vivia na Corte Seelie, também?" "Não. Se tivesse, nós o teríamos conhecido há muito tempo. Ele foi criado no mundo humano, foi levado a acreditar que era um humano com poderes mágicos. Sua avó não queria que ele descobrisse a verdade da sua ascendência, a fim de mantê-lo a salvo de Malik e seus asseclas." Blue enviou ao seu meio-irmão um olhar cheio de simpatia. "Quando ela morreu, o homem que Kalen acreditava ser seu pai o atirou para fora da casa, deixando-o para sobreviver nas ruas. Ele tinha quatorze anos." "Pobre bastardo", Daria assobiou. "O que aconteceu, então?" "Ele sobreviveu durante anos, até que a Alpha Pack o encontrou em um cemitério próximo, despertando um cadáver para falar com ele, enquanto investigava o assassinato do homem." "Espere aí - Kalen despertou um cadáver? Saiu da terra, e falou com ele?" Seus olhos estavam arregalados. "Tipo, ‘Alôôôô, Sr. Cadáver, vamos ter uma conversa, e me diga quem o matou’?" "Não é tão simples assim. Não é fácil ressuscitar os mortos, você sabe." Daria piscou para ele. "Imagino que não." "Então, Kalen foi trazido para a Pack. Ele tinha apenas encontrado o seu lugar aqui, quando conheceu Mac e começou a se apaixonar por
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ela, e, em seguida, Malik veio e tentou roubá-lo de todos nós, para usar o poder do seu Feiticeiro." "Então, ele é um Feiticeiro e pode ressuscitar os mortos. O que mais?" Ela disse isso sarcasticamente, como se não pudesse existir mais alguma coisa. "Ele também é uma pantera negra. Isso é tudo." "Claro." Apoiou os cotovelos sobre a mesa e olhou ao redor da sala. "Então, Kalen é casado com a médica, Mackenzie Grant." "Acasalados, não casados. Uma ligação muito mais forte do que algum pedaço de papel ", disse ele. "Mas sim, e estão esperando seu primeiro filho." "Deve ser mesmo, pela barriguinha de grávida que ela está mostrando por aí. Mais algum outro par acasalado por aqui, como você os chama?" "Aric e Rowan. Aric está com a Pack desde o início, como um monte de homens, mas Rowan juntou-se recentemente à equipe. Ela é uma ex-policial de algum lugar vil chamado Los Angeles." Daria riu. Blue apontou para o homem ruivo e sua companheira morena. Então, apontou para um homem de cavanhaque e uma pequena mulher loira. "E também, Jax e Kira. Jax é um membro original, um lobo prateado e RetroCog, o que significa que ele pode tocar um objeto e ver os eventos importantes que o rodeiam. Kira é uma das nossas assistentes de laboratório, que é especialista em DNA e material genético. Não me pergunte mais sobre isso, é confuso. Ela também 105
está trabalhando para construir um santuário para os seres paranormais deslocados, e estou ajudando-a", disse ele, orgulhoso. "Esse é o meu trabalho aqui." "Eu acho que você deve ser maravilhoso com isso." Ele sorriu com o elogio, suas penas farfalhando. "Espero que sim. Kira é uma grande amiga, e odiaria decepcioná-la." "Duvido que isso vá acontecer." "Temos várias criaturas que dependem de nós, e tenho certeza que mais virão." Isso pareceu perturbá-la, mas não falou nada. Blue apontou alguns dos outros caras, mas eram, aparentemente, muitas pessoas para ela se inteirar. Apenas balançou a cabeça educadamente e conversou com o príncipe, terminando seu hambúrguer. Quando terminaram de comer, Blue levantou. "Foi um prazer conversar com você, Daria. Tenho certeza que vamos nos conhecer muito melhor." Lançou um sorriso maroto para Ryon. Ryon imaginou se o príncipe tinha a capacidade de sentir seu vínculo, mas não podia apenas perguntar. Sabia que Daria, provavelmente, ia começar a senti-lo, também, se já não tivesse. Teria que lhe explicar em breve, como Nick o aconselhou, ou ela podia pensar que havia algo errado consigo mesma. Tinha medo que ficasse chateada, também. Blue saiu para se juntar Kalen. Ryon limpou as mãos e pôs de lado o guardanapo. "Você gostaria de conhecer o complexo?"
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Os olhos dela seguraram os seus por um momento, algo faiscando entre eles. "Eu adoraria." Seu coração fez uma pequena dança feliz, mas se forçou a ficar calmo. Esta não era uma mulher para ser forçada, e ainda assim ele não tinha escolha, a não ser mudar toda a sua vida sem que ela opinasse. Esperava que ela o perdoasse. Pegando as alças da cadeira, a guiou para o corredor e virou a esquina. "Que tal a sala de recreação em primeiro lugar? Se você está sozinha e não consegue encontrar o que precisa, há sempre alguém relaxando lá." "Parece bom." Apontou para o local de forma geral. "É muito acolhedor. Não o que seria de se esperar." "As mulheres se reuniram quando abrimos o local pela primeira vez, e exigiram uma nova pintura, carpete, reformas. Disseram que se tivessem que viver aqui, não iam viver em uma monótona caixa branca." "Nick aprovou isso? Ele não parece o tipo." "Nick não teria se importado, mas ele não era o nosso comandante na época. Nosso chefe era Terry Noble. Ele foi morto em uma emboscada há vários meses, juntamente com alguns da nossa equipe." "Sinto muito em ouvir isso", disse ela com sinceridade. "Nosso trabalho é perigoso, e a morte é sempre um risco elevado. Mas todos nós sentimos a falta dele, de Ari e Jonas. Esses são os outros caras que perdemos." Fez uma pausa. "Nós pensamos que 107
Micah e Phoenix tinham morrido junto com eles, mas acabou que eles estavam sendo mantidos em um laboratório dirigido por Malik, onde os médicos estavam realizando experiências com seres humanos e shifters, tentando criar um super soldado." "Isso é horrível! Estou feliz que vocês foram capazes de trazer de volta dois dos seus homens, no entanto. Talvez os outros ainda estejam lá fora, em algum lugar?" Perguntou, esperançosa. Deus, a amava. "Seria um milagre. Todos os laboratórios de Malik foram destruídos, tanto quanto sabemos, e nenhum dos outros membros da Pack foram encontrados." "Você nunca vai saber." "É verdade. Mas, em uma nota mais feliz, esta é a sala de recreação." Empurrando-a para dentro, deu a volta para ficar onde poderiam ver uns aos outros. "Temos todos os tipos de jogos aqui. Ping-pong, jogos de tabuleiro, e o Wii. Estamos pensando em comprar outra TV e outro vídeo game, porque há sempre alguém monopolizando o que nós temos." "Aposentos espaçosos, muitos móveis confortáveis. Posso ver porque todo mundo gosta de ficar por aqui." "Logo além dessas portas há um campo com uma área de piquenique onde jogamos futebol, beisebol, uma churrasqueira, e qualquer outra desculpa que podemos pensar para ir lá para fora." "Com um cenário tão bonito como esse, do lado de fora da porta, posso ver o porquê." Olhou para fora, pensativa. "Como vocês podem
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ter um complexo no meio da Shoshone, quando são terras do governo?" "Por causa das sanções governamentais é que estamos aqui. E daqueles que estão no poder, que precisam saber, também." "Eu vejo." Deixaram a sala de lazer, e ele a levou para o ginásio. Micah estava treinando arremessos na cesta de basquete. Jax estava lá, aparentemente trabalhando para queimar o café da manhã, deitado de costas em um banco, levantando pesos. Uma pequena criatura marrom e peluda estava empoleirada em seu peito, enrolada, cochilando, com uma expressão de puro êxtase em seu rosto de ursinho de pelúcia. Ryon olhou para Daria, que estava franzindo a testa para a criatura. "O que é isso?” Ele a empurrou mais para perto, rindo. Mas não muito perto. "Esse é Chup-Chup. Ele é uma espécie de gremlim, ou algo assim. Ninguém sabe, realmente, ao certo." "Uma das criaturas resgatadas sobre as quais Blue estava me falando?" "Entre outras." "Ei, pessoal", Jax chamou quando se aproximaram. Fez mais alguns supinos, depois colocou os pesos no suporte e enxugou o suor da testa com a mão. "Mova-se devagar e tranquilamente. Você sabe como Chup é sobre estranhos." 109
"Você deve saber", disse Ryon, gozando com ele. "Você e a bola de pêlos levaram tempo suficiente para ficar em paz." "Nem me lembre. Há partes do meu corpo que ainda doem com as memórias." Rindo, Jax acariciou a pequena cabeça do animal. "Ele, agora, gosta de mim o suficiente, no entanto." "Acho que uns bifes saborosos, provavelmente, ajudaram a mudar sua atitude." "Ei, ele tem uma predileção por mulheres. Eu tive que jogar sujo." Daria se inclinou para frente. "Posso segurá-lo?" Jax avaliou Chup, cautelosamente. "Eu não sei. Depende dele." Só então, a criatura se sentou, espreguiçou-se e bocejou. Ryon pensou, em particular, que a coisa era bonita como o inferno, mas não estava prestes a tocá-la. Tinha visto o merdinha quase tirar a mão de Jax uma vez, o que tinha sido o suficiente para convencê-lo de que sua vocação não era domesticar animais. Jax se sentou cuidadosamente, segurando Chup contra seu estômago, enquanto deixava a criatura se tornar consciente de Daria. Ele se inclinou para frente, farejando curiosamente, os olhos arregalados. Em seguida, começou a lutar contra o domínio de Jax, querendo chegar até ela. Jax lhe permitiu rastrear até seu colo, observando-o, cuidadosamente, por qualquer sinal de agressão e para garantir que não machucasse o braço quebrado. Assim também o fez Ryon, mas tudo que a criatura fez, foi começar a fazer seus pequenos e contentes ruídos de chup-chup.
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Se aninhou contra ela, zumbindo como um pequeno barco a motor, enquanto acariciava seus ouvidos com a mão boa, ambos, claramente, enlevados. "Nunca vi nada parecido com isso", disse ela com admiração. "É simplesmente fantástico." Jax assentiu. "Ele percorreu um longo caminho. Raramente morde mais, só se alguém assustá-lo, e estamos cuidando bastante, para ele não fazer mais isso." "Posso apostar. Sabem de onde ele veio?" "Originalmente? Não faço ideia. Nós o encontramos em uma operação alguns anos atrás, quando fomos enviados para eliminar alguns demônios bem cruéis. Chup estava na caverna deles, mas não temos certeza de por que estava com eles." Claro, sua mente captou apenas uma palavra, e ela se imobilizou. "Demônios?" Jax se encolheu. "Uh, sim. Mas, ele está feliz nos dias de hoje, graças a Kira, que está trabalhando com ele." "Ele, certamente, parece estar." Ela estava realmente encantada com a criatura, e Ryon desfrutou tanto em observá-la, que odiou ter que sair. Eventualmente, Chup se remexeu em seu abraço e estendeu a mão para Jax, em um apelo claro para ser levado de volta. "Pequeno ameaçador mimado," Jax resmungou. Mas pegou o animal, suas ações desmentindo suas palavras. "Obrigada por me deixar segurá-lo." 111
"Ei, não me agradeça. O moleque toma suas próprias decisões." Com uma piscadela, voltou para o seu treino. Ryon a escoltou pelo aposento, levando-a para fora. Ela estava tranquila enquanto desfrutavam de uma volta em torno do terreno, e podia dizer que ainda estava pensando sobre o gremlin. "É uma pena que o mundo não pode descobrir que criaturas como o Chup existem", disse ela, quase com tristeza. "Mas eu entendo porque isso seria um desastre." "É uma vergonha, não é? Podemos apreciá-los aqui, no entanto. No fim das contas, essa é a coisa mais segura para eles e para a população em geral." "Não se preocupam com Chup ou os outros ficando soltos?" "Um pouco. Tomamos precauções, no entanto. Chup teve que conquistar seu pleno funcionamento pelo edifício, e Blue melhorou ao ser integrado, mas alguns ainda estão em celas no Bloco R – que é a reabilitação. Estamos substituindo o Bloco R pelo santuário que Kira e Blue estão começando." "Blue já esteve em uma cela, alguma vez?" Ficou horrorizada com essa notícia. "Por um tempo, até que Kira se juntou a nós. Quando o trouxemos para cá, estava traumatizado e pouco comunicativo. Estava muito deprimido e tentou fazer mal a si mesmo, e não sabíamos o que fazer com ele. Demorou para Kira nos fazer ver que ele precisava de compaixão, e não correntes." "Ela parece uma mulher especial." 112
"Ela é. Kira mudou totalmente as nossas ideias sobre como lidar com os seres paranormais. Nem todos eles são ruins, não mais do que todos os seres humanos são maus. Alguns estão apenas confusos e magoados." Daria pensou sobre isso. "De certa forma, ela faz o que eu faço estuda as formas de vida diferentes em torno dela, e tenta se certificar que estão prosperando." "Essa é uma boa comparação, sim." Quando suas perguntas diminuíram e sua cabeça começou a balancear, soube que ela estava ficando cansada. "Você precisa descansar, depois desse calvário. Por que não te mostro os seus aposentos e você dorme por um tempo?" "Isso parece bom. Acho que não estou tão curada quanto eu pensava." "Mais alguns dias e você vai parecer novinha em folha." Em sua porta, digitou o código de segurança que Nick tinha mandado por mensagem para ele, enquanto estavam caminhando, e então disse para ela. "Vou anotá-lo para que possa mantê-lo com você. Depois que memorizar o número, é mais rápido e mais fácil do que usar uma chave." “Ok.” Ele a empurrou para dentro e encontrou os aposentos meio que despidos, desprovidos dos toques caseiros que alegravam os espaços funcionais. "Desculpe por estar meio vazio. Este apartamento nunca foi ocupado, que eu saiba." 113
Ela lhe deu um olhar divertido. "Estou acostumada a acampar lá fora, com ursos, lobos, gatos grandes, e um incontável número de cobras e insetos que gostam de habitar o meu saco de dormir. Vou aguentar isso." "Bom argumento." Em seu quarto, lhe deu a mão para ajudá-la a sair da cadeira de rodas, e, em seguida, se sentou na cama. "Você precisa de mim para mais alguma coisa?" "Estou bem, por enquanto, muito obrigada." Droga. Estava esperando que ela dissesse que sim. Dê um tempo para ela, Ryon. Deixando-a temporariamente, procurou e encontrou um bloco e uma caneta no balcão que separava a cozinha da sala de estar. Rapidamente, escreveu todas as informações que achava que ela precisaria e voltou para o quarto. Ela estava deitada, enrolada de lado, cochilando, quando chegou lá. "Escrevi o número do meu celular, o número dos meus aposentos que ficam no corredor à direita, e o código da sua porta. Se você precisar de qualquer outra pessoa aqui, há uma lista de ramais na gaveta do criado mudo. " "Obrigada. Eu não tenho mais celular, entretanto, para ligar para você." "Use aquele lá", disse ele, apontando para um telefone sem fio ao lado da cama. "Vamos dar um pulo na cidade amanhã e providenciaremos um substituto."
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"Tudo bem." Ele hesitou para sair, e ela olhou para ele por um longo momento, as pálpebras pesadas. "Eu realmente gosto de você, Ryon." Seus lábios apareceram. "Eu gosto de você mais do que um pouco, mesmo." "Por que me sinto sendo puxada em sua direção?" Perguntou, sonolenta. "Por que qualquer homem e mulher sentem uma química?" Seu tom era leve, mas seu estômago se apertou. Sabia que ela não estava falando, apenas, da simples atração homem-mulher, e suas próximas palavras provaram isso. "O que eu estou sentindo é mais do que isso, embora esteja bastante atraída." Fez uma pausa, seus olhos castanhos fluidos, com o calor. "É como se houvesse algum tipo de fio dourado, que nos liga. Será que isso faz sentido?" "Faz, sim." Aproximando-se timidamente, afastou uma mecha do cabelo preto do seu rosto, pronto para se retirar se ela protestasse. Quando ela não o fez e, em vez disso, virou o rosto para o seu toque, o lobo praticamente gemeu de prazer, e o homem comemorou este pequeno progresso. Teria que colocar tudo às claras, em breve. Não podia deixar isso de fora por muito tempo. Por enquanto, ia deixá-la com algo que, esperava, ela pensasse pensar, de um jeito bom, depois que ele se fosse. Ajoelhando ao lado da cama, levou seu rosto para perto do dela. Olhou-a nos olhos, 115
questionando em silêncio mais uma vez, dando-lhe tempo para pôr fim ao beijo que estava prestes a plantar naqueles lábios carnudos. O convite estava claramente gravado em seu rosto bonito, então encurtou a pequena diferença entre eles, juntando seus lábios. Levemente no início, depois com mais pressão, fundindo suas bocas. Seu pênis ficou duro como uma rocha dentro do jeans, empurrando insistentemente contra seus limites e exigindo ser liberado para jogar. Não estava pronta para mais, entretanto, então freou o impulso de rastejar para a cama com ela. Exploraram um ao outro, degustando, as línguas duelando. Ela era doce, o néctar dos deuses em sua língua, o sabor único da sua companheira. Imaginou se o seu sabor era o mesmo para ela, e quis perguntar, mas não se atreveu. Ainda não. Este era um bom começo, sua companheira acolhendo seu beijo, e ficou grato por isso. Finalmente, se afastou, e viu a expressão aturdida em seu rosto. Ela sentiu desejo por ele, um querer puro, mesmo que não houvesse o vínculo. Ela o desejava, mas estava incerta. Confusa. Detestou que a confusão e as circunstâncias fizessem isso necessário. Deviam ter se conhecido, se apaixonado, primeiro. Em seguida, se tornariam Companheiros mais tarde, quando ambos estivessem prontos. Mas a vida nem sempre acontecia de acordo com um pequeno plano simples, e as características do lobo shifter não lhe permitiram muito tempo para cortejar, quando conheceu sua companheira. O acasalamento de Ryon, certamente, não tinha sido da maneira como sempre tinha imaginado. 116
"Vou deixar você descansar, certo?" Perguntou suavemente. "Você vai voltar mais tarde?" Seu coração ficou mais leve. "Vou. Venho verificar você daqui a um tempo e vamos ter uma conversa." "Estou ansiosa por isso. Suspeito que vou ter mais algumas surpresas." Deus, ela não tinha ideia. Dando-lhe outro beijo, dirigiu-se para fora, suas emoções, uma mistura estranha de temor e alegria. Ele tinha uma companheira do tipo linda e inteligente. Qualquer homem ou lobo, ficaria orgulhoso de tê-la ao seu lado. Agora, se não o odiasse pelo que tinha feito, sua vida seria perfeita.
Os sentidos de Daria continuaram abalados muito depois de Ryon ter saído pela porta. "Puta merda, esse homem sabe beijar", sussurrou para si mesma, olhando para o teto. Seu corpo era uma massa de nervos sensibilizados, todos eles se tencionando pelo homem que a tinha deixado sozinha, quando não queria que ele fosse. Sua proximidade, seu calor e o nítido perfume viril, a chamaram como nenhum outro homem tinha feito, nunca. A atração era uma coisa tangível entre eles, esperando para ser explorada e desencadeada. 117
Não tinha nenhuma dúvida de que iam acabar na cama, mais cedo ou mais tarde. Ambos queriam, e não conseguia pensar em nenhuma razão para que dois adultos devessem negar a atração. Ele a queria tanto quanto ela o queria. Sentiu. Isso a fez dar uma pausa. Sentiu? Sim, tinha sentido. E não apenas na forma "normal" que as pessoas querem dizer quando falam que experimentaram atração por alguém. Era quase como se pudesse tocar sua atração por ela, a necessidade e o querer dele, como se ela tivesse algum tipo de linha direta para os seus sentimentos e emoções. Como isso era possível? Levantando o braço bom, examinou seu pulso novamente. As perfurações eram pouco visíveis agora, e o resto dos arranhões se foram todos, mas se foram. Apenas nas poucas horas desde que tinha olhado pela última vez. Uma conclusão inevitável continuava voltando para ela, e fez seu pulso vibrar com ansiedade. Ryon, ou alguém, a tinha mordido. Eram lobos shifters e, como tal, tinham habilidades especiais de cura. Daria devia ter morrido. Em algum momento depois disso, tinha sido mordida. E agora estava quase pronta para fazer caminhadas, de tão bem curada. Tinha um deles a mordido, a fim de salvar sua vida? Ok. Assumindo que era verdade, por que Ryon era tão relutante em compartilhar isso com ela, mesmo quando perguntou sobre as marcas? Salvar a vida de alguém é uma grande coisa, e daí se eles 118
usaram um pouco da vantagem que a natureza lhes deu? Tinha que haver mais nessa história. Isso explicaria por que ele não queria discutir o assunto. Tinha uma suspeita de que não ia gostar da explicação, ou então ele não estaria se esforçando tanto para evitá-la. Cedendo ao cansaço persistente, cochilou por uma hora, mais ou menos. Quando acordou, sentou-se, inquieta. Seu braço estava comichando ao redor do local da mordida, e sentiu como se estivesse prestes a saltar para fora da sua pele. Uma caminhada podia ajudar, então decidiu agir. Primeiro, arrancou a tipoia irritante, jogando-a na mesa de cabeceira. Manteve o braço engessado desta maneira, e não sentiu dor. Caminhando para o banheiro, cuidou dos seus negócios e, em seguida, tomou um banho, o que foi um longo processo desde que tinha que ter cuidado com o gesso. Apenas essa pequena rotina a fez se sentir melhor. Em seguida, procurou em sua mochila por uma escova e um elástico, para fazer um rabo de cavalo. Itens na mão, voltou para o espelho do banheiro, escovou os longos cabelos e o puxou todo para trás, prendendo-o com o elástico. Examinando seu rosto, se perguntou o que Ryon via quando olhava para ela. Quando estudava a si mesma, sempre via uma mulher sem frescuras, que nunca usava maquiagem, de qualquer tipo. Mas, então, maquiagem nunca ficava bem com seu tom de pele bronzeado, mesmo se ela não passasse a maior parte do ano na floresta, onde não havia ninguém para apreciá-la ou se cuidar. Supôs que seu rosto era bonito o suficiente, com as maçãs do rosto altas, 119
finas, as sobrancelhas arqueadas, e espessos cílios negros emoldurando seus olhos castanhos. Bonito, mas simples. Nada que explicasse o intenso desejo que saía de Ryon como o vapor de uma panela de água fervente. Não que estivesse reclamando. No quarto, pegou o pedaço de papel no qual Ryon tinha escrito os números importantes, e enfiou-o no bolso da calça jeans. Saiu dos aposentos para o corredor, fechando a porta firmemente atrás de si, e olhou ao redor. Partindo na direção do quarto de Ryon, foi até a porta que correspondia ao número que tinha escrito no papel. O homem devia à ela uma conversa, e tinha que seguir adiante. Depois de bater, esperou por algum sinal de vida. Estava se preparando para bater de novo, quando a porta se abriu. Ryon ficou lá, com o peito nu, e não pôde evitar que seus olhos imediatamente caíssem sobre a vasta extensão de pele esticada. Ela tinha um tom dourado, um homem de cabelos claros com a pele de alguém que ficava ao ar livre com frequência. Seus peitorais eram pulverizados com a quantidade certa de cabelo, o suficiente para agradar e divertido para brincar, mas não muito peludo. "Ei", disse ele, olhando-a com curiosidade. "Estava indo verificá-la em breve. Está tudo bem?" "É isso que estou aqui para descobrir." Não ia ser influenciada por aquele bonitão parado, meio nu, na porta.
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Sua expressão ficou séria. "Você merece a verdade. Por que não entra e vamos falar sobre -" Um zumbido interrompeu o que estava prestes a dizer. Com uma careta, puxou um iPhone do bolso na frente da calça jeans e olhou para o visor. "Nick. Tenho que atender." Virando-se, entrou em seus aposentos enquanto respondia e acenou para segui-lo. Pelo jeito da conversa, podia dizer que a dela com Ryon teria que esperar. "Ei, chefe." Pausa. "Agora?" Pausa. "Tudo bem, vou lhe dizer." Terminou a chamada. "O que foi?" "Nick quer você e eu na sala de conferências, para uma reunião com a equipe." Fez uma careta. "Tem algo a ver com o corpo na floresta." Encolheu os ombros. "Não sei com o que mais posso contribuir, mas vou sentar e ouvir." "Deixe-me colocar uma camisa." Rapidamente, desapareceu em seu quarto. "Não se incomode por minha causa", murmurou. Ele falou. "O quê?" "Nada!" Porra, lobos shifters deviam ter audição sobrenatural, também. Ele saiu vestindo uma camiseta escura na qual se lia NUNCA SE ENVOLVA EM UMA BATALHA DE HABILIDADES COM UMA PESSOA DESARMADA. Bufou e ele olhou para ela. Então, riu. "Oh, bem. Acho que é isso que vou fazer." 121
Saíram juntos, e manteve seu ritmo mais lento para que ela pudesse acompanhá-lo. Sua energia não estava cem por cento, apesar da sua dor estar há muito, no passado. "Você está indo muito bem sem a cadeira de rodas", observou. "Eu só precisava de um pouco mais de tempo para voltar a ficar de pé, mas agora estou bem." "Vamos pedir à Melina para tirar um raio-x do braço, novamente. Pode ser que ela tire o gesso." Ficou boquiaberta. "Depois de alguns dias? Você está louco?" "Não. Você vai ver." Ele não ofereceu mais, e sua frustração não tinha fim. Tentou colocar isso para fora da mente, quando entraram na sala de conferência. Lá dentro, os caras da Pack estavam reunidos, alguns sentados ao redor da enorme mesa oval, outros de pé ou encostados nas paredes. Todos pareciam interessados no que Nick, na cabeceira da mesa, tinha a compartilhar com eles. "Tive algumas notícias do xerife", disse ele, meio que chamando-os à ordem. Quando a sala se acalmou, continuou. "Esta tarde, o corpo do segundo campista foi encontrado, a cerca de três quilômetros da mulher. Eles têm quase certeza que é o seu marido, pela roupa e por alguns pertences que estavam dispersos. Deveraux nos forneceu uma amostra de tecido do homem, para fazer uma comparação com o da mulher. Naturalmente, nosso laboratório está à procura de alguma merda que os humanos nem sonhariam." Algumas risadas sombrias se seguiram à essa afirmação. 122
"E encontraram alguma coisa sobre a mulher?" Micah perguntou. "Sim." Nick esfregou a nuca, como se estivesse procurando, exatamente, as palavras certas para o que tinha a lhes dizer. "Não havia nenhum DNA de lobo presente na saliva no tecido da moça, quer natural ou shifter. Mesmo que a loba branca fosse capaz de se transformar em uma forma meia-humana, nosso laboratório não sente que há alguma maneira pela qual ela pudesse ter feito esse tipo de dano. As marcas dos dentes não são consistentes com o comprimento ou a curvatura das nossos presas." "Com o que elas são consistentes?" Aric cruzou os braços sobre o peito. "Esta é a parte divertida. As marcas no tecido e a forma como os ossos das vítimas foram esmagados, combinam com um animal com o crânio maciço de, digamos, um tigre, e os dentes de um crocodilo. A pele foi perfurada, duas fileiras irregulares de dentes longos evidenciados, assim como um quadro de referência da boca da criatura." "Jesus", Ryon expirou. "Que porra é essa?" Agarrando um controle remoto para projetor, Nick virou-se para o dispositivo para mostrar uma imagem na grande tela. "Que porra é essa? Resumindo. Esta é uma imagem computadorizada da nossa criatura misteriosa, com base nas descobertas do laboratório." "Como diabos eles vêm com algo assim?" Jax desabafou. "Essa coisa é impossível."
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"Nada é impossível, como todos nós sabemos em primeira mão. O tecido da vítima estava coberto com o DNA do atacante, e se verificou que o DNA continha filamentos genéticos shifters de um tigre, um urso, um lobo, um enorme lagarto – e um humano." Isso causou algumas exclamações de choque. "Criei esta imagem com a ajuda do laboratório, como uma besta que contém características semelhantes às suas descobertas, usando os traços mais fortes de cada shifter, e fundindo-o com um ser humano. Não vai ser exato, mas estamos lidando com algo parecido com esse cara." Daria olhou para sua interpretação. O animal tinha que ter, pelo menos, dois metros e meio de altura, com um crânio largo e com a forma de um tigre e uma bocarra semelhante a de um jacaré, mas com a boca muito mais curta. Estava ereto, sobre as duas pernas traseiras, as coxas grossas como troncos de árvores. Seu peito era como um barril, os braços fortes, mãos e pés com um tipo de membranas, com garras afiadas na extremidade. A pele era resistente e com aparência escamosa. A criatura era o mais feio monstro fictício que Daria já tinha visto. Só que não era um traje para um filme alienígena. Era fato. Todos olharam a figura preenchendo a tela por alguns momentos, o humor sombrio. Finalmente, Ryon falou. "Odeio dizer isso, mas só há uma maneira na qual posso pensar sobre a forma como esse monstro veio a existir." "Infelizmente, você está no caminho certo. Quando liberamos as cobaias de Malik e Bowman, do último laboratório, um deles, obviamente, escapou." Nick soltou um suspiro cansado, mas encontrou os olhares dos seus homens com firmeza. 124
"E agora temos um pobre coitado que foi transformado em um mutante, uma máquina de matar, causando estragos na população em geral." "Jesus Cristo", alguém gemeu. Nick deu uma risada sombria. "Tenho o mau pressentimento que vamos precisar de mais ajuda do que essa." Daria tinha o mau pressentimento de que ele estava certo.
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SEIS
Jax estava chateado. Ryon observou seu amigo, sabia que ele estava recebendo mal a notícia. Como todos estavam. Jax esfregou o cavanhaque com raiva. "Não vejo como é possível que tenhamos perdido um. Fomos tão cuidadosos!" "Você não pode tomar isso como pessoal", Ryon disse a ele. "Não é sua culpa, ou de qualquer um. Lembre-se, o edifício explodiu e alguns de nós ficaram feridos. No caos, uma das cobaias correu. É um resultado bastante crível e compreensível." Kalen se levantou da parede onde estava inclinado. "Acabei de lembrar de uma coisa. Logo antes do edifício explodir, Bowman estava animado, falando sobre uma cobaia que era quase um exemplo perfeito do super soldado que estava tentando criar. Aparentemente tinha mais ajustes a fazer, mas em sua mente distorcida, estava quase lá. E se esse foi o único que escapou?" "É uma boa teoria", disse Nick. "Ninguém na nossa lista de sobreviventes chega nem perto da mutação genética horrível que nosso sujeito adquiriu. Então, tem que ser um que deixamos passar, talvez um bichinho do Bowman. Você se lembra do que Bowman falou sobre o assunto?" 126
Kalen assentiu. "Sim. Ele disse algo como ‘Traga o lobo à Sala de Operações Quatro. Quero tentar emendar seu DNA com o humano três-cinco-seis, novamente. Estou à beira de um grande avanço’." "Isso pode ser importante. Cada pedaço de informação ajuda." "Sabe", disse Micah, pensativo. "Se esta criatura é, de fato, um dos pobres bastardos como eu, que sofreu experimentos, isso pode explicar por que o senti na cena do crime da primeira vítima." Ryon assentiu. "Certo. Senti uma vibração, mas para você foi como formigas em sua pele." "Muitos testes foram feitos com nossa pele", disse Micah. "Pode ser por isso que tenho uma sensação de formigamento quando ele está perto." "Então, qual é o plano?" Perguntou Ryon. Nick clicou no controle remoto e apareceu um mapa da Shoshone. "A floresta é muito vasta para pesquisarmos toda a região, ao mesmo tempo. Acho que devemos nos dividir em equipes e procurar nas áreas próximas da grade onde os corpos foram encontrados. Vamos ver se conseguimos descobrir onde a criatura está escondida." "E se o encontrarmos?" Aric bufou. "Devemos perguntar gentilmente se ele quer vir com a gente? Cara, não sou um marica, mas essa coisa? Isso é um problema considerável.” "Estou com Aric", Hammer colocou. O homem grande e silencioso, geralmente, apenas ouvia e usava seus músculos quando e onde necessário, e tinha muitos. Mas, mesmo ele, pareceu preocupado. "Nós não temos ideia, ainda, do que essa coisa pode fazer." 127
Seu comandante compartilhava suas preocupações, mas suas instruções permaneceram. "Infelizmente, este é um daqueles casos em que não sabemos nada até que entremos de cabeça. Gostaria que houvesse outra maneira, mas não há." "Quando partimos?" Perguntou Jax. "Ao amanhecer." Seu sorriso era sombrio. "Quando estivermos instalados e prontos para o café da manhã." Mais resmungos se seguiram. Micah se mexeu na cadeira. "Uma pergunta. Uma vez que a loba branca foi descartada como o assassino, por que empurrar Daria na ravina?" Nick ficou em silêncio por um momento. Quaisquer que fossem os seus pensamentos, não estava feliz com eles. "Não sei. Mas eu vou descobrir." Interessante escolha de palavras. Eu vou descobrir. Não, Vamos descobrir. Mas Nick sempre jogava com suas cartas na manga. Conseguir um segredo dele era como roubar uma barra de ouro do Fort Knox. "Todos podem ir, menos Ryon e Daria." Os outros saíram, lançando olhares de simpatia. Mesmo sendo um bom chefe quanto Nick podia ser, ninguém gostava de ser escolhido para uma reunião quando ele assumia esse tom. Depois que todo mundo foi embora, Nick aproximou-se dele e de Daria, sentando-se à mesa, em frente a eles. A maior parte da atenção de Nick estava em sua companheira, e Ryon ficou intrigado. Mas não por muito tempo. 128
"Daria, falei com seu pai hoje." Isso a abalou visivelmente. Seus olhos se arregalaram. "Meu pai? Como você entrou em contato com ele? Por quê?" "Na verdade, ele entrou em contato comigo. A notícia sobre os assassinatos foi nacional, e seu nome foi mencionado como a bióloga que tropeçou em um dos corpos e se feriu." Esfregou as têmporas. "Oh, não. Não achei que ele ia ouvir a história lá no Missouri." "Sim. Ele estava aparentemente enlouquecendo, ligando para o Departamento do Xerife nos últimos dois dias, tentando descobrir onde você estava. Claro, a informação estava sendo mantida em segredo e Jesse tem estado tão atolado, que não recebeu as mensagens do seu pai até a manhã de hoje." "O que ele disse para o papai?" "Apenas que você estava bem, e estava com amigos, enquanto se recuperava dos seus chamados arranhões e contusões", disse ironicamente. Todos sabiam que o perigo tinha sido muito maior do que isso. "E prometeu ao seu pai que você ligaria." "Droga. Esperava passar por isso sem ele descobrir." Fez uma careta. "Algum motivo em particular?" Se inclinou para trás, parecendo irritada. "Ele é super protetor. Papai e eu somos próximos, e estaria no meu bolso, se pudesse, mantendo seu bebê seguro." 129
O sorriso repentino de Nick era melancólico. "Os pais são assim. Você deve lhe dar alguma folga." Ryon quis saber mais sobre seu tom, sua expressão, mas o momento passou. "Bem, obrigada por me contar. Teria ligado para ele em um dia ou dois, de qualquer maneira, mas não ia mencionar a minha, hum, aventura." "Você também tem que saber que ele está tentando ligar, desde antes de saber que você tinha sido ferida. Não só quer ter a certeza de que sua filha está bem, mas tem alguma notícia de casa e precisa que ligue, de imediato." Daria pareceu alarmada. "Ele está bem? Disse o que há de errado?" "Seu pai está bem", Nick assegurou. "Não, é outra coisa. Ele queria que você ouvisse isso dele." "Ele disse o que é?" "Sim. Mas eu acho que você deve falar com o seu pai." Nick, o que está acontecendo? Ryon perguntou através da sua ligação telepática. Daria vai lhe dizer quando estiver pronta. Basta estar lá para sua companheira. Então, estou aqui para dar apoio moral? Basicamente. Isso não me ajuda muito. 130
Você vai entender logo. Jesus! Metade das malditas vezes, isso era tudo que o homem tinha a dizer. Ou falava em enigmas ou não dava qualquer informação, absolutamente. Fez Ryon querer bater em alguma coisa. Nick levantou, sinalizando a conclusão do seu breve encontro. Ryon franziu o cenho para o seu patrão, mas o homem não estava deixando escapar nada. Depois de emitir um lembrete para Ryon que a equipe estava saindo no início da manhã, saiu. Ryon tomou a mão boa de Daria, enquanto caminhavam para o corredor, e ela olhou para ele, surpresa. Prazer também floresceu em seu rosto. "Faz muito tempo, desde que alguém segurou a minha mão". "Isso é uma vergonha", disse ele com um sorriso. "Porque, se existe uma linda mão feita para segurar, esta é ela." Trouxe a dita mão aos lábios e beijou as costas dela. Amava seu perfume doce, uma espécie de laranja e gengibre. Parecia o cheiro de uma vela que viu, uma vez, em uma loja de banho de luxo. Que gostou, e muito. "Que coisa mais doce de dizer." Apenas a preocupação escorrendo através do seu vínculo, em relação à conversa iminente com o pai dela, arruinava a atmosfera. Apenas temporariamente, porque, na sequência, veio uma carícia hesitante sobre o seu laço. Um esfregar de contentamento e bemestar que não podia ser falso. Duvidou que ela soubesse que estava fazendo isso, chegando a ele como uma companheira, tanto o assustando, quanto o deixando eufórico. 131
A última coisa que ele queria era que ela se sentisse presa. "Gostaria de vir para o meu quarto para fazer sua ligação?" Perguntou, tentando manter a esperança pueril, longe da voz. “Gostaria de fazer o jantar, em vez de ir para o refeitório." Ela se iluminou. "Você sabe cozinhar?" "Eu sou um cozinheiro danado de bom, posso afirmar", disse ele, orgulhoso. "Minha mãe fez com que eu aprendesse, quando eu estava crescendo, e achei muito terapêutico." "Que legal", respondeu com entusiasmo. "Não posso cozinhar nem para salvar minha vida, exceto as coisas pré-embaladas que levo comigo quando vou ficar no campo, realizando meus estudos." "RPCs. Deus, me lembro daqueles dias dos SEALs." "Refeições prontas para comer, a maldição da minha existência." Sorriu. "Temos algo em comum." “Oh, sim." Fez uma careta. "Tive que suportá-las por muito tempo. Cada uma delas que tive que engolir, quando estava longe da cozinha da minha mãe." "Você tem sorte. Meu pai é um cozinheiro razoável, mas não tão melhor do que eu. E nós comemos muito." "Nada de errado com isso, mas é bom desfrutar de uma refeição caseira de vez em quando. Eu vou mimá-la." "Bom, Sr. Hunter, vou deixar que você faça isso." Ela parecia leve, feliz. Tinha uma boa aparência, também.
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"Ótimo! Qual é a sua comida favorita?" "Hum, nada de outra pessoa cozinhando?" Ela riu. "Nós já estabelecemos que sou grata por tudo o que não é desidratado ou congelado." "Sério, devem haver alguns limites rígidos. Coisas que você não gosta." "Humm. Eu como quase tudo, mas se tivesse que dizer, não gosto muito de massas." Deu um suspiro fingido. "O quê? Isso é tão errado!" Ela riu. "Sei que sou estranha, mas não gosto de alimentos viscosos. Não gosto de lula ou escargot, nenhum dos dois." "Tudo bem. Macarrão com lula, então." Amava o som da sua voz quando ela ria. "Não, que tal quesadilhas de frango? Eu grelho a galinha e tudo, não uso a carne pré-cozida que vem embalada." "Isso parece fabuloso." Quando chegaram aos aposentos dele, entraram, e apontou para o telefone quando a levou para a sala de estar. "Sinta-se livre para usar o telefone. Vou estar na cozinha para lhe dar um pouco de privacidade." "Obrigada." Caminhando para a geladeira, abriu a porta do freezer e pegou um pacote de peito de frango desossado, tentando não escutar. Ok, tentando não aparentar que estava escutando. Ela digitou o número e esperou que tocasse e, quando começou a falar em voz baixa, ele 133
se sentiu culpado. Não tinha ideia de que, enquanto um homem humano normal teria tido que se esforçar para distinguir suas palavras, Ryon não tinha esse problema. "Oi, pai! Sim, estou bem, foi apenas - Não, não, está tudo bem." Uma pausa. "Não, não há absolutamente nenhuma necessidade de você voar até aqui!" Ele sorriu diante da ponta de desespero que fluiu através do seu vínculo. Sua companheira, definitivamente, não queria seu pai correndo para resgatá-la. Cuidar dela era o trabalho de Ryon, de qualquer maneira - mesmo que ela não soubesse, ainda. "Apenas alguns arranhões e contusões, nada sério." Pausa. "Sim, foi horrível. Eu já vi alguns mortos, mas nunca, nada parecido com aquilo. Ninguém aqui sabe ao certo o que matou aquela pobre mulher mas foi, provavelmente, um urso pardo." Uma mentira deslavada. Imediatamente, remorso fluiu para ele, através de seu vínculo. Ela odiava mentir para o pai, mas o que deveria dizer? Sim, ela foi despedaçada por um monstro lobo-tigreurso-lagarto-humano que ainda está à solta. Certo. "Então, além da pobre caminhante, por que você estava tentando falar comigo? Aconteceu alguma coisa?" Desta vez, a pausa de Daria foi maior, e depois de alguns segundos ouvindo seu pai, o suspiro de choque e a emoção por trás dele acertou Ryon duramente. Seja o que for que seu pai tenha relatado, isso a perturbou. 134
Seu lobo retumbou em desagrado, não gostando que sua companheira estivesse infeliz, por qualquer motivo. Daria o interrompeu com perguntas de uma só palavra - Quando? Como? Por quê? Para sua frustração, não havia muito que pudesse coletar, exceto que algo tinha acontecido com alguém que ela conhecia, e não estava dizendo o suficiente para lhe dizer com quem ou o quê. Por fim, ela encerrou a conversa. "Tudo bem, pai, tome cuidado, também. Me ligue se ouvir qualquer outra coisa. Te amo mais." Quando ela desligou, ele tirou os peitos de frango, agora descongelados, do micro-ondas e começou a lavá-los. Ela entrou na cozinha quando estava colocando o ultimo pedaço em um prato. "Tudo bem?" Perguntou, pegando alguns potes de tempero. "Apenas
algumas
notícias
de
casa",
disse
evasivamente.
"Principalmente me verificando, preocupado com o corpo e ter certeza que eu não tivesse encontrado o assassino, ou algo assim." "O que poderia facilmente ter acontecido", disse ele. Essa era uma possibilidade horrível que o fez se quebrar em um suor frio. "Prometame que não vai voltar lá fora, até que peguemos essa coisa." "Posso ser uma mulher independente, mas não sou uma idiota. Há uma grande diferença." Seu tom era leve, mas quis, realmente, dizer o que disse - que não estava prestes a ser burra e sair novamente sozinha. "Então, você vai ficar no complexo com a gente por um tempo?" "Isso parece realmente importante para você. Por quê?" 135
Deu de ombros, tentando não ficar muito intenso. "Eu salvei a sua pele. E me importo com você, isso é tudo." "Obrigada, mais uma vez, por fazer tudo o que fez para salvar minha vida", disse com sinceridade. Mas havia uma luz de curiosidade em seus olhos. "Eu vou ficar, desde que você me diga exatamente como fez isso e por que já estou curada." Merda. Olhando para ela, colocou os potes de tempero no balcão. Não podia lhe contar toda a verdade. Ainda não. Mas devia a ela a versão simples. "Lembra que eu disse que os shifters se curam rapidamente?" "Não é o tipo de coisa que dá pra esquecer." "Certo. Bem, às vezes, nós podemos... repassar essa capacidade de cura. Através da nossa mordida." Ela assentiu com a cabeça. "Foi o que pensei. É disso que se trata?” Ergueu o pulso bom, que mostrava as duas perfurações desbotadas. "Sim. Mordi você", disse em voz baixa, sem saber como ela reagiria. "Se não o tivesse feito, você teria morrido." Assim como ele, também, eventualmente. "Ei, está tudo bem", disse ela, colocando a mão em seu braço. "Eu entendo, e estou feliz que você tenha agido rapidamente. Se não, não estaria aqui para desfrutar de um jantar fantástico com um homem bonito." Seu rosto corou. Não que ele não pudesse aceitar um elogio. Simplesmente nunca, uma mulher, tinha lhe oferecido um, de forma 136
tão honesta, na verdade. "Obrigado. Acho que foi um ato egoísta da minha parte, porque não podia permitir que uma mulher linda como você fosse tirada do mundo tão cedo." Tirada de mim. Estava feliz que ela ainda não havia passado por sua primeira transformação. Quando o fizesse, seria capaz de ouvir seus pensamentos. Esse era um presente reservado para companheiros. Os outros membros da Pack só podiam ouvir Ryon se este enviasse seus pensamentos para eles, e então, podiam responder. Mas shifters acasalados podiam falar mentalmente, à vontade. O silêncio ameaçou ficar estranho quando olharam um para o outro. "Você gosta de vinho tinto?" "Gosto", disse ela, parecendo ansiosa com a perspectiva de uma taça. "Então, que tal eu abrir para nós uma garrafa de Malbec? Podemos passar o tempo no pátio, enquanto eu grelho o frango." "Quesadilhas e vinho? Por que não?" "Não existe momento ruim para um vinho. Sou alvo de piadas dos caras por gostar tanto, mas há algo sobre isso que eu gosto. Expressa um amor pelas coisas mais finas, cria uma certa atmosfera." “E qual atmosfera você está tentando criar agora?" Ela estava brincando, e ele gostava disso. Suas finas sobrancelhas negras estavam arqueadas sobre os grandes olhos castanhos de corça, a boca carnuda curvada para cima. Apenas quando imaginou
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como seria compreendê-la, vendo como era tão reservada, seu lado apaixonado e divertido apareceu por trás da aparência calma. “Quero que apreciemos a companhia um do outro", disse ele, devolvendo seu olhar, deixando claro que estava interessado se ela quisesse jogar. A centelha naquelas profundezas castanhas, o aumento do calor, o fez querer gritar. Sem celebrar, no entanto. Ainda não. Não queria lhe dar a impressão de que se tratava de alguma tentativa de uma conexão casual, onde seguiam caminhos separados na manhã seguinte. Não, seus dias de viajar para Las Vegas com seus irmãos solteiros da Pack, deixando seu pau levá-lo a uma transa barata, acabaram. E não podia dizer que estava muito arrependido. "De alguma forma, acho que iremos nos dar bem um com o outro, muito bem." Sim! Seu pênis endureceu dentro do jeans, e ficou feliz por sua camiseta ser solta o suficiente para encobrir o problema. Queria fazer isso direito, para que tudo fosse perfeito. Da estante escura de vinhos, na área do bar, selecionou uma garrafa do seu melhor tinto e pegou duas taças na prateleira de vidro. "Você sempre traz suas convidadas para cá?" Gostava que ela estivesse pescando descaradamente. Que sua provocação lhe desse uma vantagem, como se a resposta dele fosse muito importante. "Nunca trouxe uma mulher aqui, antes."
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Ela pareceu satisfeita com isso. Talvez não soubesse que o alívio estava escrito por todo seu rosto. "Por causa dos segredos sobre o que você é, e o que você faz?" "Em parte, por isso, mas não é tudo", reconheceu. "Mesmo se pudéssemos trazer nossas conhecidas para o complexo – o que nunca vai acontecer - não me sentiria bem em trazer alguém para o meu espaço pessoal, que não fosse especial." Seus lábios se separaram e seus olhos se arregalaram um pouco. Será que tinha falado demais? Não achava, não se quisesse preparála para ouvir toda a verdade. Não entrou em detalhes mais adiante, para não parecer que queria pressioná-la. Ambos precisavam de tempo para absorver o estar juntos, curtindo a companhia um do outro. Levando o prato de frango para fora, foi acender a grelha, enquanto ela tomava um gole de vinho e assistia. Enquanto a grelha esquentava, ficaram de conversa fiada. "Esta é uma boa estrutura. Cada um dos aposentos é como um condomínio, com seu próprio pátio privado e um pequeno quintal." "É bom, mas não muito extravagante, e gosto disso. É um lar." "Eu gosto, mas é difícil imaginar viver entre todas essas pessoas. Você tem quase sua própria cidade bem aqui, dentro destes muros." A ansiedade fez seu lobo ficar inquieto. Será que ela rejeitaria viver com ele? E se quisesse voltar para o Missouri, quando terminasse os seus estudos? O que diabos, faria em seguida?
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Se mudaria com ela, se estivesse determinada a ir embora. Isso era bastante óbvio. Mas, e se ela não o quisesse? Deus, estava enfrentando os problemas antes mesmo deles existirem. "Demorou um pouco para me acostumar, mas uma vez que o fiz, me apaixonei por isto aqui. Não apenas pelo complexo, mas pela Shoshone. Você não vai encontrar uma floresta nacional mais bonita, em qualquer outro lugar nos Estados Unidos, e meu lobo adora correr por quilômetros e quilômetros sem parar." "Você vai me mostrar o seu lobo", disse ela. Não era uma pergunta. Podia dizer que ela ainda precisava de uma confirmação visual de suas alegações. Como Rowan, quando conheceu Aric, Daria exigia uma prova tangível. Mas ela era mais rigorosa do que Rowan, até mesmo depois de conhecer o Blue. "Vou te mostrar depois que comermos, se servir para você." Queria, pelo menos, saborear um bom jantar antes dela o rejeitar e correr para a casa do seu pai. "Tudo bem." Ela lhe deu um sorriso hesitante. "Mal posso esperar para ver." Ela estava tentando, tinha que reconhecer. "Meu lobo está ansioso para conhecer sua - conhecê-la." Tomando um gole, ela o estudou por cima da borda da sua taça de vinho, e ele suava, porque ela tinha pego seu quase-deslize. Se tinha, e pensava que sim, ela não disse nada.
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Colocou a carne na grelha e ficou cuidando enquanto conversavam e enchia os copos. Descobriu que ela possuía doutorado em peixes, vida selvagem e biologia da conservação do estado do Colorado. "Sou parte lobo e não tenho certeza que eu mesmo sei o que isso significa", ele brincou. Ela riu. "Essa é a ironia, suponho. O que isso significa é que estudei temas como ecologia, silvicultura, pesca e os ecossistemas de água doce, mamíferos. Você sabe, coisas simples como essas." "Claro." Ele bufou. "Então, para o meu mestrado, me aprofundei em áreas mais específicas, como a biologia da conservação e da genética, eco toxicologia, gestão populacional dos animais selvagens, e assim por diante." "Estou impressionado", disse ele. "Gosto de uma mulher inteligente." Suas bochechas bronzeadas coraram. "Obrigada. Mas sou apenas uma pessoa normal, continuando o trabalho do meu pai." "Que trabalho é esse, especificamente?" "Ele fazia parte de uma força tarefa do governo, na década de oitenta, para salvar a população de lobos em extinção, na Shoshone. O programa foi um sucesso, e agora sou membro de um pequeno grupo que mantém o controle do progresso dos lobos. Temos que ter certeza de que eles ainda estão prosperando por toda a floresta." "Você tem um trabalho legal. Aposto que é boa no que faz", elogiou.
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"Eu amo os animais", disse ela simplesmente. "É fácil ser bom em um trabalho que você ama e acredita." "É verdade. Tenho um desses, eu mesmo." "Eu só protejo os lobos." Acenou com a mão para ele. "Você protege o resto do mundo." Começou a protestar, mas ela estava certa. "Isso não faz a sua contribuição menor. O que você faz é muito importante", disse ele, sério. "Se os ecossistemas falharem, não haverá nada para caras como eu, protegerem. Pessoas como você têm que impedir que isso aconteça." Atingiu exatamente o acorde certo com ela. Mas não estava simplesmente tentando cair em suas boas graças. Quis dizer cada palavra. Valorizava seu trabalho, e queria que ela soubesse disso. Ela o fez, e sua exaltação escorria para ele através do seu vínculo, como luz solar líquida. "Obrigada por isso", disse ela em voz baixa. "Nem posso te dizer quantas pessoas, até mesmo amigos, não pensam que o que meu pai e eu fazemos, constitui um emprego de verdade." "Bem, eles são idiotas", rosnou. "Eles são parte do que há de errado com o planeta." Sua expressão tornou-se divertida e brincalhona. "Tão feroz. Acho que gosto quando você fica rosnando assim." Isso o surpreendeu, arrancando um sorriso dele, e teve que lembrar ao seu pobre pau, para mais uma vez se comportar. "Então vou me certificar de fazê-lo muitas vezes." 142
Eles conversaram até que o frango estivesse pronto; então, decidiu pôr a mesa do lado de fora. O tempo estava ótimo, então poderiam, muito bem, tirar proveito dele. Trouxe os pratos, utensílios, as tortilhas, o queijo ralado, e todo o resto dos acompanhamentos que precisavam para sua refeição. Colocando papel alumínio na grelha, colocou sobre ele algumas tortilhas, recheando-as com tiras de frango, cebola e queijo, então dourando-as de ambos os lados. Em instantes, estavam prontos para comer. "Humm, isso está fantástico! Você conseguiria me deixar gorda, me alimentando assim." "Você tem um longo caminho a percorrer antes que isso venha a acontecer. Você é perfeita." "Não, não sou, mas obrigada. Eu amo o que eu vejo, também." Deu outra mordida e engoliu. "Eu tenho uma coisa com loiros." "Uma coisa?" Suas sobrancelhas se ergueram. "Sim, eu sei. Que clichê, não é? Mas eu adoro homens loiros." Se fosse para dizer alguma coisa, seus dias de adorar qualquer homem, além dele, loiro ou de cabelo roxo, acabaram. "Gosto de cabelos negros sedosos. Assim como os seus", ele murmurou. "E sou parcial com olhos castanhos e pele bronzeada. Uma infinidade, como os seus." Depois disso, praticamente montaram em uma crescente onda de excitação que fervia no ar, entre eles. Tiraram os pratos, e trouxeram tudo para dentro. Empilharam os pratos vazios na pia, e disse a ela que iria cuidar deles mais tarde. 143
"Neste exato momento, há algo que estou muito mais interessado em fazer", disse ele, virando-a para encará-lo. "É o que, mesmo?" "Eu quero mais daqueles beijos, porque sou um homem ganancioso. Estou errado em assumir que você se sente da mesma forma?" "Você não está errado, absolutamente." Os olhos dela procuraram os seus. "Beije-me antes de eu ficar louca esperando para degustá-lo de novo." “Só beijar?" Perguntou, querendo ter certeza. "E mais, se você quiser." Ela respirou fundo. "Eu preciso de você." "Você me tem." Sua boca cobriu a dela e lhe deu o que ela pediu. Mergulhou a língua em seu calor, degustando o vinho picante. Toda mulher. Ela se afastou primeiro. "Oh, Ryon. Faça amor comigo", ela sussurrou. "Agora." Ele piscou, incapaz de acreditar no que ouviu. O que tinha feito para merecer um presente tão precioso, não sabia, não mais do que sabia como fazer para dizer-lhe o resto da verdade. Colocando isso para fora da mente, se concentrou em sua mulher. Ele conseguiria agradála? Se a sua experiência seria uma bênção ou uma maldição, não tinha certeza. Só chegaram até a sala, antes que ele parasse. Despiu-a lentamente, revelando cada bela camada de Daria. Maravilhado, deitou-a no chão e, em seguida, deslizou as mãos para baixo, para a curva graciosa 144
do seu pescoço, até seus ombros delgados, com cuidado para evitar bater em seu braço engessado. O membro, provavelmente, estava bom, mas não podia evitar de ser muito cuidadoso. Passou os dedos pela curva dos seus seios, seus pequenos mamilos, enrugados. Maravilhou-se com a sensação, o prazer de tocá-la, finalmente. Fascinado, ele rolou os picos tensos entre os dedos, apertando-os levemente. Apoiando o peso sobre os cotovelos, ela se inclinou para trás, espalhando as longas pernas tonificados. Oferecendo-se para ele. Sua fenda rosa brilhava, implorando por sua atenção, e ele gemeu. Bebendo em sua beleza natural, seu coração batendo forte na base da garganta. Ela era toda pele bronzeada, os seios torneados e os quadris estreitos, o ninho escuro de cachos no vale das coxas, acolhedor. Ficou de pé ao lado dela, abrindo o zíper do jeans, empurrando-o pelos quadris. Sua ereção saltou livre, quente e dura. Pulsando ao ponto de doer, realmente. Já havia uma gota de esperma gotejando na cabeça do seu pênis. Ele e o seu lobo ficaram tensos, ansiosos pelas presas e pelo seu pau estarem enterrados profundamente, para se atirar dentro do seu calor. Mas não podia tomá-la, apropriadamente. Não até que soubesse que era sua companheira. Sorrindo, ela ficou de joelhos e puxou sua calça jeans até os tornozelos, puxando-a até que ele ficasse livre. Colocou-a de lado e envolveu os dedos ao redor da sua ereção, acariciando e rodeando as gotas peroladas ao redor da cabeça do 145
seu pênis. Engasgou com a maravilhosa e terrível espiral de desejo que o varreu. "Daria, não vou durar muito", resmungou. "Eu não aguento-" "Shhh, está tudo bem. Não se segure." Sua língua lavou a ponta, lambendo a umidade pegajosa, enquanto continuava a bombear seu eixo. Ele estremeceu, as bolas se contraindo, o calor subindo pelas costas, na iminência de perder o controle cedo demais. A outra mão encontrou seu saco, amassando suavemente, e sua respiração acelerou. Incapaz de se conter, ele deixou seu olhar cair para baixo, para assistir. A visão quase o desfez. A bela Daria, ajoelhada entre suas pernas abertas. Trabalhando seu pau com seu toque sedoso, a pequena boca, quente e úmida. Tendo o óbvio prazer em reduzi-lo a uma poça sem sentido. Exigindo tudo dele. Oh, sim. Ela pode me ter. Sempre que, e quantas vezes, quiser. Ela tomou seu comprimento profundamente, engolindo seu pênis até a base. Ele enterrou as mãos em seu cabelo, fechando os olhos em êxtase. Era dela, agora. Todo dela. "Daria! Oh, Deus." Ele bombeou os quadris lentamente, em conjunto com a força da sua doce boca. Ela chupou avidamente, os dentes raspando, a língua varrendo o cume do seu pênis. Tão danado de bom. Queria mais. Mais forte, mais profundo. Como ela tomaria tudo dele? Não queria machucá-la. 146
Então, não foi mais capaz de pensar. Ela agarrou seus quadris, incitando seus impulsos. Não havia nada além do pulsar crescente de calor, ameaçando explodi-lo em milhões de pedaços. Implodindoo. "Sim, querida, sim!" Ele se entregou. Para Daria. Deu-lhe o que tanto queria. Fodeu sua boca, duro e rápido. Exatamente assim, merda, sim, tão bom... Com um grito rouco, enrijeceu. Acertando sua garganta, bombeando mais e mais. Montando as ondas que quebravam através dele, até que estava tremendo nas pernas, que mal o mantinham de pé. Quando o último dos abalos desapareceu, ela o soltou e limpou a boca com a ponta da camisa descartada. Seus joelhos dobraram como borracha e ele desabou na frente dela. Ela o olhou com um sorriso atrevido, e seu coração revirou. Por um segundo, ficou com medo de como ela reagiria à sua forma de fazer amor. Espontaneamente, uma onda de emoção crua o pegou de surpresa. Pela primeira vez, em tanto tempo quanto podia se lembrar, a felicidade inchou seu peito. E um protecionismo feroz. Sua companheira. Minha. Não quis tentar analisar os sentimentos poderosos mais fundo, por enquanto. Mas olhando para o gesso sinistro em seu braço, sabia que ia mandar a cadela da loba branca, responsável por isso, direto para o inferno. "Humm." Ela lhe lançou um olhar sexy. "Amei fazer isso. Acho que você me corrompeu." 147
"Espero que sim." Adorava o seu sorriso. "Me ocorreu que você não recebeu nenhuma atenção." "O que você vai fazer sobre isso?" “Isto.” Tomando-lhe o queixo, a beijou. Deleitou-se com o sabor forte de si mesmo em seus lábios. Dele, e de mais ninguém. Nunca mais. Esse conhecimento o despertou mais uma vez, seu pau meio amolecido acordando de novo. Obrigado Deus, pela resistência dos shifters. Deitou Daria suavemente, seguindo-a. Embalando-a, pressionou beijos leves em seus lábios, nariz, queixo, testa. Ela descansou a mão no topo da sua cabeça, passando os dedos entre o seu cabelo, e ele adorou a sensação. Mergulhando mais para baixo, voltou sua atenção para os seios. Capturando um nó apertado entre os dentes, gemeu, sugando-o. Festejando como o homem faminto que era. Ela se arqueou contra ele, segurando sua cabeça, ofegando um encorajamento. Ele rodeou um pico, depois o outro, enquanto uma mão deslizava para baixo, até sua barriga plana. Seus dedos encontraram o ninho de cachos um pouco mais grossos, e foi mais para baixo ainda, até o seu sexo molhado. Suas coxas se abriram para ele, os quadris pedindo seu toque. Ele acariciou o nó quente e sensível, os lábios escorregadios e prontos para ele. Sugando seus seios, brincou com o clitóris até que ela se contorcia, incapaz de aguentar mais. 148
"Ryon, por favor", ela gemeu, puxando seu cabelo. "Eu preciso de você dentro de mim." Ele levantou a cabeça, o arrependimento espetando seu estômago. "Shifters não precisam de proteção para doenças sexualmente transmissíveis, mas o faremos, a menos que você queira arriscar uma pequena complicação." Não acrescentou que um lobo shifter não podia engravidar ninguém além da sua companheira - e que ela estava em risco. "Estou tomando pílula, e sou saudável", ela insistiu, seus olhos à procura dos dele. Suas palavras enviaram uma emoção através dele. "Daria, querida, você tem certeza?" "Sim! Por favor, apenas faça amor comigo." Não precisou de mais nenhum incentivo. Posicionando seu corpo sobre o dela, guiou a ponta do pênis até sua abertura úmida. Trabalhou lentamente, certificando-se que não iria machucá-la. E, em um longo e delicioso golpe, penetrou profundamente. Sua fenda apertada agarrou seu pênis com um calor sedoso. Ela agarrou seus ombros enquanto ele começava a bombear. Na medida do possível, suas bolas esfregando contra o traseiro dela. Saboreando a sensação de estar enterrado dentro dela. Em seguida, para
fora,
centímetro
por
centímetro,
perversamente.
Profundamente, dentro dela novamente. Querendo rastejar para dentro e nunca mais sair. Fundindo suas almas.
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Nunca, jamais, sentiu nada parecido com isso. O poder da sua conexão, esse vínculo físico, o sacudiu. Deixando-o prostrado. Ela era um presente, um tesouro. Consciente do seu braço, a abraçou, fazendo amor com ela, ali mesmo, no chão da sala. Suas unhas se cravaram em suas costas. "Oh, sim, sim. Mais rápido!" O lobo selvagem dentro dele se desfez, uivando em triunfo. Minha. Mal resistiu em afundar as presas no seu ombro. Segurando-a com força, empurrando duro, seus corpos batendo juntos. Quente, ardente, queimando-o. Alto e mais alto. Indo para uma explosão louca. "Venha comigo", ele exigiu. Sacudindo os quadris, ela gritou. Sua libertação o quebrou. Assentando profundamente, ele a deixou levá-lo ao longo da borda, caindo no esquecimento. Seu orgasmo ordenhou seu pênis enquanto ele jorrava dentro dela, mais do que antes. Mais do que tinha pensado ser possível. Erguendo a cabeça, olhou para o rosto dela e tirou uma mecha úmida de cabelo dos seus olhos. Olhou para ele, sorrindo com um ar sonhador, uma mulher satisfeita. Uma nova emoção obstruiu sua garganta. Uma que não tinha coragem de nomear. Ainda.
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SETE
Era deliciosamente decadente, ficar estirada no chão com Ryon depois de fazerem amor. No meio da tarde. Seu ex-noivo engravatado nunca tinha cometido um ato espontâneo em sua vida. Muito menos qualquer coisa que envolvesse ficar nu e bagunçado. Assim que o pensamento pouco caridoso cruzou sua mente, se sentiu mal. Realmente não era justo comparar dois homens que eram tão diferentes. Ryon era um livro aberto, seu sorriso sincero, seu belo rosto refletindo seu amor pela vida. Risonhos, seus amigos, as pobres criaturas como Chup, que foram deslocadas para um mundo estranho. O exato oposto do seu ex, que nunca tinha tido tempo para muita coisa, apenas para sua própria carreira. Com a cabeça apoiada no peito de Ryon, arrastou os dedos através do cabelo crespo, que era um tom mais escuro do que o da sua cabeça. Brincou com cada mamilo, apreciando a forma como os discos marrons se enrugaram em pontos apertados, então arrastou a palma da mão mais para baixo, parando na intrincada tatuagem em seu quadril esquerdo. A obra de arte era uma cabeça de lobo, orelhas encostadas contra sua cabeça, o focinho rosnando ferozmente na direção do umbigo do seu dono. A tinta parecia preta no início, mas 151
após uma inspeção mais de perto, viu que era, na verdade, um azul escuro. Muito, muito atraente. "Eu amei a tatuagem", disse ela, correndo um dedo sobre ela, em apreciação. Seu abdômen tremia com suas atenções e ela sorriu contra seu peito. "Obrigado. Foi um momento de loucura, suponho." "Por que você diz isso?" "Dói demais. Nunca mais vou fazer outra – isso é certo." "Você pode lutar contra vampiros, quase ser destruído, e então, voltar para a batalha novamente sem mover um cílio, mas não fará outra tatuagem?" Ele fez um barulho em concordância. "Desgraçadamente certo. Nada como ter que ficar imóvel sob tortura, quando prefiro enfrentá-la em movimento." "Bem, isso é legal. Estou feliz que tenho feito esta." Levantando-se, se sentou e traçou seu contorno. "Notei que alguns dos outros caras também têm, apesar de serem um pouco diferentes. Seria um tipo de coisa da equipe?" "Sim". Sua voz ficou baixa. "Todos nós, que éramos da mesma equipe dos SEALs e nos transformamos, quando se formou a primeira Alpha Pack. Fizemos isso para nos lembrar no que tínhamos nos transformado, e como uma coisa de solidariedade." Daria pensava que era muito legal, mas a partir do seu tom de voz, achou que poderia não ser, muito. Pareceu a ela, um evento sério 152
para a sua equipe, para terem feito as tatuagens. "Você vai me contar a história de como foi atacado e se transformou?" "Um dia", disse ele. "Sinto muito. Não queria me intrometer, não é da minha-" "Não, não se desculpe." Sentando-se, estendeu a mão para seu rosto, acariciando-o. "Essa é apenas uma história sombria para um dia tão bom. Não quero estragar nossa noite." "Bom, tudo bem. Enquanto eu não ultrapassei os limites." "Claro que não." Ficou em silêncio por um momento, em seguida, estudou-a, pensativo. "Você faz os fantasmas irem embora." "O quê?" "Eu digo, literalmente. Eu te contei que todos nós temos dons Psíquicos, além da nossa capacidade de nos transformar? Bem, os meus são que eu posso ver espíritos - às vezes me comunicar com eles, embora isso seja raro - e falar na mente das pessoas. Eu sou um Canalizador e um Telepata." "Uau." Não sabia mais o que dizer. "Você está vendo algum fantasma agora?" "Não. Isso foi o que eu quis dizer antes. Você faz eles irem embora", disse ele, incrédulo. "Eu só percebi que quando estou com, ou perto de você, eles não me perseguem." Se ela não fosse capaz de se projetar astralmente, pensaria que ele era um lunático. "Estou feliz com isso. Não posso imaginar o que
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seria ter fantasmas seguindo você em todos os lugares como se você fosse o Tocador de Flautas*." "Não é fácil. Mas é melhor do que ser capaz de prever o futuro, como o Nick." “Verdade." Ela o estudou. "Você pode falar comigo telepaticamente?" "Sim, mas duvido que você possa falar de volta para mim desse jeito, ainda." "O que quer dizer com ainda?" "Nada demais", ele murmurou. "Quer que eu diga alguma coisa na sua cabeça?" “Claro.”
* O Flautista de Hamelin, ou Tocador de Flautas, é um conto folclórico, reescrito pela primeira vez pelos Irmãos Grimm e que narra um desastre incomum acontecido na cidade de Hamelin, na Alemanha, em 26 de junho de 1284. Em 1282, a cidade de Hamelin estava sofrendo com uma infestação de ratos. Um dia, chega à cidade um homem que reivindica ser um "caçador de ratos" dizendo ter a solução para o problema. Prometeram-lhe um bom pagamento em troca dos ratos - uma moeda pela cabeça de cada um. O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, afogandoos no Rio Weser. 154
Daria Bradford, eu acho que você é a mulher mais linda que eu já conheci. "Oh, meu Deus!" Ela gritou, batendo a mão sobre a boca. "Eu nunca – isso é inacreditável." Ele sorriu. "Tente dizer algo de volta. Pense nisso, realmente forte." Ela se concentrou. Acho que você é o homem mais sexy que eu já vi. E quero que você faça amor comigo de novo. "Você pegou isso?" "Não, desculpe. Você vai conseguir, eventualmente." "O que te faz dizer isso?" “Você vai conseguir, só isso.” Pensou sobre isso. Ela estaria perto de aprender? Esperava que sim. Estava começando a gostar deste lugar. Deste homem. Mais do que gostaria - ele estava, rapidamente, se tornando uma necessidade. Com esse pensamento, sua pele coçou novamente. Era intrigante como parecia precisar mais dele a cada hora. "Ryon... Estou pronta." "Pronta para o quê?" "Eu quero vê-lo se transformar. Estou pronta para conhecer o seu lobo." "Tem certeza?" Vasculhou seu rosto.
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"Positivo. Você estava certo antes, quando disse que eu não estava pronta, mas isso foi antes de conhecer sua equipe, o Blue e o ChupChup. Manda ver." Foi recompensada com um dos seus sorrisos ofuscantes, quando ele se pôs de joelhos. Sem dizer uma palavra, começou a se transformar. Enquanto ela o observava, aturdida, seus membros começaram a se remodelar. Braços e pernas se tornaram as quatro patas. Seu rosto alongou, transformando-se em um focinho e pêlo brotou por todo o corpo. Em segundos, havia uma cauda completa onde não havia nada antes. Aonde o homem tinha estado agachado, estava um grande e lindo lobo. Seu pêlo era um prata rico e cremoso, misturado com preto em suas costas e ombros, e nas pontas das orelhas. Sua boca estava aberta, a língua de fora, como um filhote de cachorro de grandes dimensões. Seus olhos azuis eram os mesmos. "Você é lindo", ela sussurrou. Você pode me tocar. Por favor? Timidamente, estendeu a mão e esfregou a cabeça larga. Acariciou em torno das suas orelhas, e riu quando ele empurrou contra sua mão, para incentivá-la a continuar. Depois de dar às orelhas um pouco mais de atenção, se aproximou e passou a palma da mão ao longo das suas costas. Era tão suave, como penugem, não grosso ou rijo, como tinha imaginado. "Você é incrível."
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Obrigado. Ninguém, além dos meus irmãos da Pack e o pessoal daqui já me viu assim, a não ser você. "Eu sou a primeira, além deles?" Você é. "Sinto-me honrada." É seu direito e seu legado. "O que você quer dizer?" Você vai ver. "Essa é a sua resposta para tudo." Não respondeu dessa vez. O corpo do seu lobo começou a mudar de forma de novo, e em segundos Ryon estava ajoelhado lá, novamente. Seus olhos se encontraram, e ele parecia tão esperançoso. Feliz. "Você não ficou com medo?" "Não. Ainda era você, de uma forma diferente." "Deus, Daria." Fechou os olhos por alguns instantes. Quando os abriu de novo, engoliu em seco e tocou seu rosto. "Nunca sonhei que ninguém, fora da Pack, pudesse me aceitar do jeito que eu sou. Cada um de nós anseia por isso, mas não é concedido." "Você nunca vai ter que se preocupar comigo, não aceitando você. Não posso acreditar que você sequer imaginou isso."
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Baixando a mão, procurou seu rosto. "Isso significa tudo para mim." Fez uma pausa. "Posso te fazer uma pergunta?" “Claro.” "Mais cedo, você pareceu chateada depois de falar com seu pai. Está tudo bem em casa?" Ela hesitou, sem saber se deveria relatar conversa. Nenhum homem gostava de ouvir sobre o ex-amante da sua parceira. Então, novamente, não era como se a notícia tivesse qualquer influência sobre sua vida, agora. O homem era chamado de ex por uma razão. "Meu pai estava tentando falar comigo, porque alguém que conheço desapareceu há alguns meses. É realmente estranho, conhecendo Ben. Ele nunca teria apenas se afastado da sua carreira. Ele é um advogado criminal de sucesso, e é mais casado com seu trabalho do qualquer um que eu já conheci." "Este Ben é um amigo seu?" Sua voz apresentou um ligeiro desprezo. "Ex-noivo." Encolheu os ombros. "Nós éramos bons amigos, uma vez. Namoramos por mais de um ano, mas não deu certo. Ele era tão autossuficiente, tão empenhado. Bem sucedido. Inteligente. Mas sua carreira era sua vida
inteira, sem muito espaço para a
espontaneidade, ou paixão." A expressão de Ryon assumiu um olhar de satisfação felina. Uma façanha para um lobo. "Ao contrário de mim", disse ele, satisfeito. "Muito ao contrário de você." Ela beijou sua boca. "Por exemplo, ele não fazia amor nas manhãs em que tinha que ir ao tribunal. Dizia que 158
o deixava fora da sua zona de conforto, e precisava estar afiado para o júri." Foi um rosnado o que ela ouviu vindo do seu peito? O barulho suave, sinistro, a fez estremecer. "Que idiota." "Ele é realmente um homem bom, apenas um pouco egocêntrico. Nós não éramos compatíveis como amantes." "E você está preocupada com ele, por quê? Quem se importa se ele desapareceu." Ok, isso estava tingido com um ciúme claro. Possessividade. Se isso era uma coisa shifter, não tinha certeza que apreciava. "Se acalme. Me importo porque conheço Ben. Não há nenhuma maneira, inferno, que o homem teria largado a prática e pulado em um avião para as Bermudas ou algum outro lugar, para nunca mais voltar.” "Você sabe que isso acontece. Os homens simplesmente partem porque não aguentam mais a pressão das suas vidas. Esse cara, Ben, parece um excelente candidato para escapar do seu mundo de alta pressão." "Isso foi o que o pai disse que a polícia suspeitou, a princípio. Mas verificaram e as contas de Ben estão intactas, tanto a corrente quanto a poupança, intocadas. Não há registros dele ter comprado um bilhete de avião ou ônibus, nenhuma atividade no cartão de crédito. Nada. É como se a terra se abrisse e o engolisse." "Por que seu pai só agora ouviu sobre isso, se ele está desaparecido há meses?" 159
"Papai disse que Ben desapareceu um dia depois que terminamos. Eu não sabia nada sobre isso, e honestamente, embora pensasse que era estranho para Ben cortar completamente toda a comunicação entre nós, resolvi esquecê-lo até ele mudar de ideia sobre sermos apenas amigos." "Você o tirou da cabeça." "Sim, e assim o fez meu pai. Meu trabalho e estilo de vida não se prestam a ficar sentada assistindo um monte de notícias, e nenhum dos amigos de Ben pensou que eu me importasse, assim, não entraram em contato comigo." "A polícia não tentou entrar em contato com você, também?" "Não. Meu nome não veio à tona, ou eles estariam fodidos nessa investigação. Estou pensando em último caso, porque diria a eles o que estou dizendo a você, algo de ruim aconteceu com Ben. Eu sei disso." "Mesmo se o fizesse, não é como se você pudesse fazer qualquer coisa. Não é nem mesmo seu problema." Ela franziu o cenho para ele. "É sobre a vida de um homem que estamos falando. Só porque eu e ele não demos certo, não significa que não esteja preocupada." "Eu sei disso. É só..." Passando a mão pelo cabelo, olhou para ela. "Não gosto da ideia da mulher com quem acabei de fazer amor, despender tanta energia se preocupando com um cara que era muito ignorante e idiota para entender a coisa boa que ele tinha."
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Sua careta se aprofundou para uma carranca. "Idiotas e ignorantes vêm em todas as formas e tamanhos. O homem está desaparecido, possivelmente morto, e você está com ciúmes porque eu estou preocupada? Crueldade não é uma coisa que fica bem em você, Ryon. Não banque o loiro, absolutamente." "Não posso mudar o que eu sou", ele grunhiu. "Meu lobo não gosta de você pensando em algum outro homem, e nem eu." "Sabe uma coisa? Esse seu negócio de ciúme é um pouco intenso para mim, considerando que não nos conhecemos há muito tempo." Ficando de pé, começou a recolher suas roupas e a empilhá-las no sofá. Colocou a calcinha e começou a enfiar os braços no sutiã. "Droga, eu sinto muito." Ficando de pé, estendeu a mão. "Por favor, não vá." "Eu preciso de algum espaço para respirar, ok? Não estou partindo, só estou indo relaxar um pouco e ter algum tempo para mim mesma." "Se é isso que você quer." Ele parecia tão miserável, que ela quase cedeu. Mas precisava fugir, recuperar o fôlego. Suas emoções estavam batalhando com ela, toda a alegria dele, o medo, a esperança, sua raiva, e ela sentiu como se estivesse a ponto de perder a sanidade. Não entendia como os sentimentos dele estavam fluindo para ela, como se houvesse uma autoestrada entre eles, mas tinha que fazer uma pausa. Uma vez que estava vestida, se virou para encará-lo. "Venho falar com você daqui a pouco, ok?" 161
“Ok.” "Obrigada pelo jantar. Foi maravilhoso." Ele desviou o olhar, sem falar. Uma onda de dor e rejeição vinda dele, a acertou, e ela fugiu como uma covarde, na sua esteira. Saiu, não correndo o risco de olhar para ele outra vez, e estava de volta em seus próprios aposentos, em menos de um minuto. Uma vez lá, ficou para lá e para cá sobre o carpete. Não conseguia parar. Havia algo vivo sob sua pele. Essa era a única maneira de descrever a sensação que a estava deixando louca. E esse sentimento parecia estar agitado, por Ryon estar chateado. Daria lamentou machucá-lo, mas isso era muito mais. Era como se houvesse uma outra consciência se fazendo conhecer, ou tentando, e não estava feliz. Queria alguma coisa. Queria sair. Engasgou. O que era isso? Estava perdendo seus neurônios. ElaDurante uma de suas passagens pela janela, fez uma pausa, sua atenção presa por um movimento do lado de fora. Quando viu um lobo prata e preto correndo pelo gramado em direção à floresta, seu coração se apertou. O lobo era Ryon. Em um complexo cercado por shifters, não tinha certeza de como sabia que era ele. Mas era. A estranha ligação entre eles cantou com medo, saudade e tristeza. O desejo de correr, até que ele estivesse exausto demais para se importar.
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Antes que pudesse questionar a sabedoria de suas ações, estava abrindo a porta do pátio, saindo do pequeno quintal e correndo na direção que ele tinha ido. Tentou empurrar seus pensamentos para ele, mas se algum deles foi captado, não sabia dizer. Ryon! Por favor, volte. Eu não queria te machucar. Nada. Ei, vamos conversar. Nós não podemos fazer isso se você continuar correndo. Não tinha certeza do quão longe tinha ido, ou por quanto tempo o perseguiu, quando parou e apoiou uma mão em uma árvore. Não conseguia correr mais. Então houve uma guinada dolorosa na boca do estômago, como se ela fosse vomitar. Isso não aconteceu, mas o enjoo se agitou em seu ventre. Espalhando-se para os braços e pernas, que agora estavam coçando como loucos, e se tornou uma dor insuportável. Chorando, caiu de joelhos, segurando o braço quebrado sobre o estômago. Sua pele e suas vísceras estavam girando de dentro para fora e, a qualquer segundo, parecia que estariam trocando de lugar. Tudo o que sobraria era uma pilha horrível de músculos e ossos, e todos abanariam a cabeça, com especulações do que poderia ter acontecido. Se não soubesse que uma criatura tinha matado os campistas, podia ter acreditado que havia uma nova doença por aí, e que a pegou. "Ryon!" Ofegante, se curvou, arranhando o chão. Então percebeu que suas mãos ostentavam garras reais. Pretas e afiadas. "Merda!"
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Seus membros começaram a se mover e, em seguida, um por um, se transformaram. Gritando, não podia fazer nada quanto à mudança que tinha testemunhado em Ryon apenas há pouco tempo, assumiu o seu corpo também. A agonia era horrenda. Continuou a gritar até que sua voz estava rouca e, em seguida, tornou-se um longo uivo, agudo. A dor terminou tão repentinamente quanto havia começado, e ela gemeu, olhando freneticamente ao seu redor. O gesso que tinha estado em seu braço estava agora dividido e largado na grama. É claro que não era mais necessário, porque seu braço estava bem. Além de pertencer a um lobo. Primeiro, lutou para se libertar da roupa. Em seguida, sentando-se, olhou para si mesma, incrédula. Estava coberta por um pêlo preto sedoso e tinha quatro patas. Uma cauda? Tentou sacudi-la e, para sua surpresa, funcionou. Roçou o chão atrás dela, mexendo as folhas. Lentamente, tentou se levantar. Com essa parte foi tudo bem, mas quando tentou dar alguns passos para a frente, suas pernas ficaram todas emaranhadas e ela caiu com um grito. Exaustão a impedia de se levantar, e assim, se enrolou em uma bola e lamentou miseravelmente. Não podia retornar ainda, e o sol se poria, em breve. Como é que alguém iria encontrá-la? Não queria estar aqui sozinha, em um corpo estranho, quando o sol se pusesse. A memória do grito da criatura, sem mencionar a interpretação de Nick, de como podia parecer, a fez tremer. Tinha matado duas
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pessoas, talvez mais. Se o animal a encontrasse aqui fora, fraca e indefesa, ia acabar como jantar. Apesar de seus medos, ficou com sono. Permanecer acordada não era uma opção. Antes que ela apagasse, podia jurar que viu um lobo branco aparecer atrás de uma árvore, a cerca de cinquenta metros de distância. Mas, quando piscou, ele tinha ido embora. Daria, onde está você? Aguente, querida. Estou indo. Provavelmente tinha imaginado isso, também. Mas estava muito cansada para responder, de qualquer maneira.
Em sua forma de lobo, Ryon correu pela floresta em direção ao complexo. Em direção à sua companheira. Ele a ouviu gritar, e tinha voltado, imediatamente, quando a dor o derrubou. Sua agonia tinha rasgado através dele, como se fosse sua, e ele realmente tinha tropeçado e caído. Sentado sobre as patas traseiras, tentando descobrir o que tinha acontecido, a descoberta o atingiu. Daria estava passando por sua primeira
transformação.
Sua
mente
cambaleou
com
esse
conhecimento. Não aconteceu com Kira e Rowan há apenas algumas semanas atrás, ao experimentarem o seu lobo pela primeira vez? Deus, aconteceu tão cedo, não estava pronto.
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Ela estava confusa, com dor. Sozinha. Todas essas coisas horríveis que não deviam ter acontecido. Se tivesse sido um companheiro melhor, não daria o espetáculo do momento de auto piedade, deixando-a sozinha no complexo. Nem mesmo por uma hora, quando não sabia que ela iria precisar dele, e nem por algo tão estúpido como o ciúme de um homem que não era uma ameaça real ao seu acasalamento. Porque era um bastardo egoísta, ela estava sofrendo. Gritou para ela enquanto corria, mas não estava respondendo. A ligação entre eles estava em branco, mas não como se ela estivesse deliberadamente bloqueando-a. Era como se estivesse dormindo, ou inconsciente. Correu mais rápido, louco para encontrá-la. Não tinha certeza de quanto tempo procurou, mas estava começando a entrar em pânico. Seu vínculo o teria ajudado a encontrá-la mais rápido, mas estava obstruído. Talvez ela não tivesse, sequer, corrido em sua direção. A última coisa que precisava ver era a forma brilhante de um espírito atrás de uma árvore. Hesitando em sua trilha, reconheceu a mulher que tinha sido mutilada. Desta vez, sua imagem era completa, sua pele intocada, sem nenhum sinal da atrocidade infligida sobre ela. Às vezes isso acontecia, as vítimas voltavam ao estado em que estavam antes de morrer. Talvez não pudessem aceitar o que tinha acontecido, e muito menos, que estavam mortos. Quando o fantasma se aproximou, os olhos suplicantes, Ryon se transformou. Ajoelhado no chão, balançou a cabeça. "Eu não posso ajudá-la." 166
Monstro, ela murmurou. Ryon estremeceu. Os espíritos, raramente, eram capazes de expressar seu pesar. Fazendo com que isso fosse tão diferente. "Eu sei. Sinto muito pelo que o animal fez com você, mas vamos pegálo. Eu prometo." Desta vez, sua voz veio através de um sussurro. "Meu marido?" "Todo mundo está procurando por ele. Vamos encontrá-lo." Ela não precisava saber que, provavelmente, já o tinham feito. "Monstro", disse ela, melancolicamente, as estranhos órbitas escuras, brilhando com lágrimas não derramadas. Jesus. "Espero que não. Mas de um jeito ou de outro, nós vamos encontrá-lo. " Por
sua
expressão
despojada,
ela
devia
saber
que
ele,
provavelmente, tinha sofrido o mesmo destino. Por que os fantasmas o atormentavam quando não havia porra nenhuma que pudesse fazer? Quão bom era este "dom" estúpido? "Procure pela luz", disse a ela. "Quando você a encontrar, continue. Talvez o seu marido esteja lá, esperando por você." Um olhar de esperança floresceu, e ela se virou sem outra palavra. Começou a se afastar. Em segundos, desapareceu entre as árvores de novo, e ele exalou um suspiro. "Nunca vou me acostumar com isso." Se o marido da mulher estava morto, rezou para que encontrassem um ao outro. Deixava-o louco o fato de nunca saber se os espíritos encontraram a paz. 167
Transformando-se novamente, retomou a busca por Daria. Farejando o ar, começou a se desfazer. Não conseguia localizá-la. Em seguida, um flash de branco o levou a parar bruscamente. No caminho à frente, uma pequena loba branca estava com a cabeça levantada, as orelhas para a frente, de forma ameaçadora. Não rosnou ou ofereceu qualquer agressão. Simplesmente se virou, olhou por cima do ombro uma vez, como se esperasse que ele a seguisse, e então decolou. Tentando a sorte, correu atrás dela. Poderia estar levando-o para uma armadilha, mas achava que não. Seus instintos normalmente funcionavam bem e, qualquer que fosse a pauta do dia desta loba, Ryon e sua companheira não faziam parte dela. Esperava. Em um certo ponto, perdeu a loba de vista, e contornou uma curva do caminho, determinado a alcançá-la. Em vez disso, descobriu que a loba branca tinha ido embora e um vulto negro estava deitado, enrolado, na base de uma árvore. Roupas rasgadas e descartadas estavam espalhadas não muito longe da forma. Aproximando-se, cautelosamente, cheirou. O perfume da sua companheira. Ela era um pouco maior do que a loba branca, mas não muito. Seu coração ficou suspenso ao vê-la ali, segura e dormindo. Sua pobre bebê devia ter ficado esgotada pela sua primeira transformação, e se sentiu mal que tivesse acontecido assim, sem ninguém lá para guiála. Mudando de volta para sua forma humana, ajoelhou-se ao seu lado e passou a mão por cima do pêlo preto sedoso. "Você é
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impressionante", disse em voz baixa. "Sinto muito por não ter estado aqui." Seu toque e sua voz a despertaram, e ela se sentou, lamentando-se miseravelmente. "Está tudo bem", ele a acalmou. "Calma, agora. Estou aqui." Os olhos castanhos fluidos lhe deram um olhar temeroso. Como isso aconteceu comigo? Sua boca se abriu, e então ele sorriu. "Você está fazendo isso! Você consegue falar mentalmente comigo." Com ninguém mais? "Não." Seu sorriso desapareceu com o pavor da conversa que viria. Sabia onde suas perguntas levariam, e não podia adiar as respostas por mais tempo. "Só comigo." Por que não? Será que é porque você me mordeu? E por isso me tornei uma loba, como você? A voz dela em sua cabeça estava subindo com a ansiedade. "Você precisa se transformar novamente, antes de termos esta conversa." Responda-me! "Transforme-se e nós conversaremos", disse com firmeza. "Imagine cada parte do seu corpo. Seus braços, pernas, mãos e pés. Sua face. Faça sua loba obedecer e recuar." Não sei se eu consigo.
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"Não é tão difícil como se transformar pela primeira vez, e não é tão doloroso, a partir de agora. Vá em frente e tente." Em sua primeira tentativa, sua loba permaneceu teimosamente em primeiro plano, não satisfeita, absolutamente, em ser forçada a se submeter novamente. Estava solta, e Ryon sentiu que ela queria correr, brincar e explorar. Agora não era o momento, no entanto. A segunda tentativa foi um sucesso. Em segundos, Daria estava sentada no chão, nua. Levantando os joelhos até o peito, olhou para ele, fazendo-o recuar. "Você merece toda a verdade", ele começou. "Que bom que você pensa assim." Seus lábios se apertaram. "Quero que você tente se lembrar que, desde que acordou na nossa enfermaria, teve um monte de coisas com as quais lidar. Não havia nenhuma maneira de eu largar tudo isso em cima de você, de uma vez." Ela hesitou; em seguida, sua postura relaxou um pouco. "Vou te conceder isso. Mas quero toda a história agora, e não apenas o que você acredita que posso lidar. Sou mais forte do que aparento." "Nada mais justo." Jesus, isto não ia acabar bem. "Sim, quando mordi você, sabia que, muito provavelmente, se transformaria em uma shifter. Como eu e a minha equipe."
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"E você fez isso para salvar a minha vida." Uma afirmação, não uma pergunta. Ela estava trabalhando em meio a tudo aquilo, em sua cabeça. "Sim. Assim como a minha própria." Ela ficou tensa novamente. "O que você quer dizer?" "Lembra quando eu disse que poderia falar comigo mentalmente, mas só comigo?" "Lembro". Se atrapalhou, buscando uma maneira de explicar que não a chocasse muito. "Bem, apenas alguns pares de lobos shifters podem fazer isso, sem serem Telepatas. Não-Telepatas só podem falar na cabeça um do outro se forem... acasalados. Ou se você é um poderoso shifter nascido, como Nick. Ele se comunica comigo, muito bem. Os outros só podem empurrar seus pensamentos de volta para mim, se eu falar com eles primeiro." "Acasalados." Olhou para ele sem expressão, travando sobre essa palavra. "Você quer dizer acasalados, como animais em estado selvagem que fazem par com a sua outra metade especial? Esse tipo de acasalado?" "Ou shifters que encontram sua outra metade, sim." Aumentou a esperança com seu calmo interrogatório. E rapidamente caiu, quando a compreensão começou a aparecer, e uma raiva queimando lentamente, surgiu através do seu vínculo. "Quando você me mordeu, você acasalou comigo?" Perguntou, a voz subindo. "Tipo, casou comigo, de alguma maneira?" 171
"Mais ou menos", disse ele calmamente. "Eu não tinha-" "Você não tinha escolha? Não existia nenhuma outra opção a não ser me deixar morrer?" "Essa é a verdade absoluta, eu juro." "E isso não tinha nada a ver com sua metade lobo simplesmente tomando o que queria? Desculpe-me se não acredito nisso", ela disse, sem rodeios. "Não posso negar que ele queria reivindicá-la – ambos queríamos mas eu não mentiria para você. Honestamente, não podia ter feito nada diferente. Não, a não ser que eu-" "Guarde para si mesmo." Sua voz era fria como um dia de inverno. "Conte-me sobre essa ligação que eu sinto. Não é minha imaginação, não é? Agora, o seu lado possessivo de Neanderthal, quando estávamos discutindo sobre Ben, faz sentido." "Não, não é a sua imaginação. Estamos ligados por toda a vida", disse ele, o coração dolorido. "Nós não vamos suportar ficar separados por muito tempo. Podemos sentir cada emoção, um do outro, a dor física. Senti a sua quando você se transformou, e foi assim que soube que tinha que voltar. A loba branca me trouxe até você." Ela ignorou o último pedaço de informação. "Isso é ótimo, cara. Estou ligada a um homem que mal conheço. E não pude dizer uma palavra sobre isso. Talvez eu o tivesse escolhido, mas agora nós nunca saberemos." "Não saberemos?" O medo tomou seu peito. "Daria-" 172
"Não posso lidar com isso agora. Pensei que podia aceitar qualquer coisa depois do que eu vi, depois de quase ser morta e, em seguida, me recuperar rapidamente." Riu sem humor. "Mas isso? Não sei mais nada, exceto que preciso que você fique longe de mim, agora." Mais rápido do que ele teria acreditado ser possível, ela começou a se transformar. Ainda levou muito mais tempo do que levaria, depois que ela ganhasse mais experiência, mas fez um trabalho impressionante. E quebrou seu coração que ela estivesse usando suas novas habilidades para se afastar dele o mais rápido possível. Sua companheira se virou e começou a se afastar. Seus passos eram um pouco oscilantes enquanto ela descobria como usar as pernas, mas fez um trabalho admirável. "Daria!" Ele chamou. "Por favor? Eu tinha que fazer isso! Eu tive..." Mas ela não estava ouvindo, ou parando. Permanecendo no chão, sentou-se com a cabeça baixa por um longo tempo. Olhou para o chão, com a alma sangrando. "Eu devia ter morrido", disse ele para ninguém. Mas poderia corrigir isso, mais cedo ou mais tarde. Havia sempre mais um monstro para lutar. Se sua companheira o deixasse... Apenas tinha que ter a maldita certeza de que não ganharia a próxima luta.
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OITO
Daria caminhou de volta para o complexo, raiva e confusão acertando-a com força. Tristeza também. A de Ryon, assim como a sua própria. Cada palavra dura que tinha falado com ele, atingiu sua alma como um golpe de martelo e reverberou em seu próprio peito. Quando se afastou, ela o deixou arrasado. Ele não teve escolha, a não ser mordê-la. Sabia, em seu coração, que era verdade, mas isso não fez com que fosse mais fácil lidar com o fato de que sua vida havia mudado para sempre. Isso seria tão ruim assim? Não. Ao contrário do que ele ou seus amigos pudessem pensar, não estava com raiva sobre o acasalamento em si - conseguia pensar em coisas piores do que estar amarrada ao deus loiro dos seus sonhos - ou o fato de que tinha sido transformada em uma shifter. O cerne da sua frustração foi que não pôde dizer uma palavra sequer sobre seu próprio destino. Ele havia sido decidido sem o seu consentimento, e depois lhe foi apresentado como uma grande reverência.
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Parabéns. Você pode se transformar em um animal peludo e está amarrada por toda a vida a um homem que, realmente, não conhece. E se ele deixa a tampa do vaso levantada? Deixa sua roupa suja no chão? Está mentindo e tem dez namoradas, uma em cada parte do mundo? Que pena! Ele é seu. Graças a Deus não havia ninguém por perto quando se aproximou da parte de trás do edifício. A ala onde seus aposentos estava localizada, parecia tranquila, então trotou até o pátio privado, feliz que não tivesse tido tempo para trancar a porta deslizante do pátio. Na varanda, se concentrou em sua forma humana e se transformou, em seguida, correu para dentro antes que alguém a visse. Marchando para o banheiro, decidiu que uma chuveirada era muito necessária. Mas, quando ficou sob o jato quente, o efeito calmante da água escorrendo para baixo foi eclipsado pelo quanto odiava que o cheiro de Ryon estivesse sendo lavado. Sua loba não estava satisfeita, tampouco, e foi se tornando mais insistente a cada minuto. Fora do chuveiro, se secou e vestiu-se. Depois que secou os cabelos se sentiu humana de novo - e tentou não rir histericamente com aquela expressão que, normalmente, não significava nada. Estava sentada no sofá, contemplando a luz minguando lá fora, quando houve uma batida na porta. Imediatamente seu pulso começou a martelar, e se perguntou o que diria para Ryon. Devia saber que ele não desistiria tão facilmente. Secretamente, estava feliz. Mas quando abriu a porta, não era Ryon que tinha vindo vê-la.
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Duas mulheres paradas ali, com sorrisos calorosos, uma loira pequena que ela conhecia como Kira, companheira de Jax, e a outra, Rowan, companheira de Aric. Tentando não demonstrar seu desapontamento, deixou-as entrar. "Olá", disse ela. "Venham para dentro." "Nós somos o seu comitê de boas-vindas, já que os caras são muito estúpidos para serem sociáveis. Sou Kira Locke." A outra mulher bufou. "Eles não são estúpidos. Ryon os assustou, aquele bastardo possessivo." A morena, de constituição alta, estendeu a mão. "Rowan Chase." Daria a apertou, então acenou com a mão para a cozinha. "Receio que não tenha nada a lhes oferecer para beber. Não fui à cidade, ou em qualquer outro lugar para resolver esse assunto." "Sem problema", respondeu Rowan. "Nós só queríamos dar um olá, ver se você está acomodada, e se precisa de alguma coisa." "Além de um manual para saber como lidar com lobos shifters? Não consigo pensar mais em nada." As outras mulheres riram, enquanto a seguiam até a sala de estar. "Se qualquer homem devesse vir com um manual, são aqueles da Pack", disse Kira. "Jax quase me deixou louca antes que eu, realmente, o aceitasse ou ao seu mundo." "Essa coisa toda é tão difícil para aceitar", Daria lhes disse, sentandose no sofá. Rowan se sentou ao lado dela. "Não sei como vocês conseguiram se acostumar com isso."
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Rowan sacudiu a cabeça. "Eu estava cética quando conheci Nick e ele começou a jorrar aquela merda sobre ser um PreCog e como estavam lutando contra um Unseelie diabólico que estava tentando criar uma raça de super soldados shifters. Pensei que ele estava prestes a ter uma decepção sobre uma bela e longa estadia no asilo do condado." "Exatamente!" A mulher entendia. "Então, como você aceitou isso?" Rowan deu de ombros. "Sou uma ex-policial de Los Angeles. Cresci no lado leste, em um dos bairros mais difíceis da cidade. Vi as coisas mais estranhas que você pode imaginar, e lidei com muitos criminosos perigosos. Da minha parte, se me apresentar provas irrefutáveis, tenho que acreditar em você." "Você é o tipo de garota que tem que ver para crer." "Certo. Meio difícil de refutar quando um bando de caras se transformam em lobos bem na sua frente, sem mencionar assisti-los lutando com os demônios da Corte Unseelie. Já que não sou louca, tinha que ser verdade." "Minha cabeça sabe disso, mas…" "Seu coração está tendo problemas para aceitar?" Kira adivinhou. "É. Não é que eu não possa aceitar o mundo de Ryon, só que fui empurrada para ele pelo destino, se assim preferir, sem poder dizer nada sobre o assunto." "Foi o que aconteceu com a gente também", Kira colocou, com um sorriso. "Você não está sozinha."
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"O mundo de Ryon?" Rowan perguntou. "Então é verdade, você e ele estão juntos?" "E-eu suponho. Quer dizer, quando me mordeu, pra salvar minha vida, acasalou comigo." Não pôde evitar a amargura em seu tom. "Ele sabia que, ao me morder, iria nos unir por toda a vida, mas o fez, de qualquer maneira. Odeio não ter uma palavra a dizer sobre o desfecho da minha própria existência." "Deixe-me perguntar, o que você teria feito de diferente, se pudesse? Será que você diria não, diria para ele deixá-la morrer?" "Bem, não. Mas esse não é o problema", ela disse, na defensiva. Será que elas não entendiam? "Não é?" Daria olhou para a morena. "Aonde você está tentando chegar? Porque não estou entendendo." Rowan suspirou enquanto ela e Kira trocavam um olhar cúmplice. "Quanto Ryon lhe falou sobre Acasalados?" "Não muito, exceto que ele teve que me morder, e agora estamos ligados para sempre." "Então, ele não lhe contou o que acontece com um shifter se ele conhece sua verdadeira companheira e não a morde?" "Não, ele não contou." Pensou em mais cedo, quando estava chateada. "Acho que ele estava tentando me dizer alguma coisa, mas não estava ouvindo no momento. Acho que devia ter ouvido."
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“Sim, você devia." A voz de Kira era suave, sem nenhum indício de acusação em seu tom. Apenas compreensão. "Uma vez que um shifter encontra sua companheira, sente o cheiro dela, está tudo acabado para ele. Não consegue ser despertado fisicamente por um outro parceiro sexual em potencial, nunca mais. Se não morder sua companheira, e reivindicá-la, dentro de um determinado período de tempo, geralmente algumas semanas, ele fica doente, com sintomas semelhantes aos da gripe." Lutou para processar o que Kira estava dizendo. "Ele se torna impotente para qualquer outra pessoa, e fica doente?" “Exatamente.” "Então, se Ryon não tivesse me mordido?" "Em duas ou três semanas, estaria morto." Daria cambaleou com a revelação. "Não." "Temo que sim." Kira pegou sua mão. "Quando Ryon lhe disse que não tinha escolha, não estava falando apenas sobre salvar a sua vida. Salvou a dele, também." Ela tinha que saber. "E se a minha lesão não colocasse em risco a minha vida? Ele teria me transformado sem meu consentimento?" Rowan sacudiu a cabeça. "Ryon é um dos homens mais honrados que conheço. Ele nunca teria tomado esse curso de ação, a menos que fosse para salvar sua companheira. Se você não o quisesse, ele a teria deixado ir, sem dizer uma palavra." "Ele ia preferir morrer a me forçar", ela sussurrou. 179
"Qualquer um deles o faria." "É assim que ele, provavelmente, se sente agora. Como se eu não o quisesse." Olhou para as mulheres, envergonhada. "O que acontece com um shifter acasalado que se sente rejeitado?" "Eventualmente, vai perder a vontade de viver, eu imagino", disse Kira. "Mas não se preocupe com Ryon. Ele é feito de um material mais forte do que isso. Ele não vai desistir facilmente." "Tire esta noite para si mesma", Rowan aconselhou. "Dê a vocês dois esta noite, para se acalmarem. Então fale com ele, quando voltar da missão de busca, amanhã." Pensou sobre isso, então balançou a cabeça. "Parece uma boa ideia." "Agora, por que não voltamos para o nosso lugar e buscamos as coisas para fazermos uns mojitos?" Kira sugeriu. Rowan sorriu. "Menina, acho que essa foi a melhor ideia que já ouvi o dia todo." Daria não podia estar mais de acordo.
"Jesse? É Nick." "Se é uma má notícia, vou desligar", disse o homem com voz rouca. "Já estou a ponto de perder o meu pau." 180
"Não fique irritado, só tenho uma pergunta. Você sabe aquele advogado criminal desaparecido, do Missouri, sobre o qual o pai da Daria lhe falou, quando estava tentando encontrá-la?" "Sim. O cara é o ex noivo dela." "Como é que você disse que o nome do homem era?" "Espere." Um embaralhamento de papéis soou do outro lado. Nick não precisava ser um PreCog para ver a bagunça. "Aqui está. Seu nome é Benjamin Cantrell." "Oh, merda." Apertando a ponte do nariz, olhou para o pedaço de papel em sua mesa. "Por quê? O que isso quer dizer?" "Isso significa que temos um enorme de um problema maldito, e tenho que pedir um favor. Preciso de algo que contenha o DNA de Cantrell e preciso disso aqui, ontem. Uma mecha de cabelo da sua banheira, sua escova de dentes, qualquer coisa." "O que diabos está acontecendo, Nicky? Se você tem um corpo, me diga." "Oh, nós temos algo muito, muito pior do que isso. E, se a minha informação estiver correta, temos uma identificação da besta que está estraçalhando os campistas." Traga o lobo à Sala de Operações 4. Quero tentar emendar o seu DNA com a cobaia humana três-cinco-seis, novamente. Estou à beira de um grande avanço.
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Cobaia humana três-cinco-seis - um humano desaparecido chamado Benjamin Cantrell.
Ryon se arrumou, colocando seu uniforme, enfiando um pente carregado com balas de prata em sua pistola, enfiando uma faca embainhada na sua bota. Se essas armas humanas não bastassem, tinha o seu lobo. Se não conseguisse derrubar a besta, em forma de lobo esperava poder superar o bastardo. O grupo de Ryon consistia em Jax, Aric, e Micah. Os outros haviam se separado, cobrindo outros quadrantes. O grupo de Ryon se focou na área em que o marido tinha sido encontrado, distante três quilômetros da esposa. Iam fazer o caminho para fora em círculos crescentes, à procura de qualquer sinal que algo grande tivesse vindo por esse caminho. Ryon desejava que seu grupo tivesse Kalen nele, de modo que o Feiticeiro pudesse, simplesmente, fazer seu trabalho mágico e murchar a criatura à nada, como tinha feito com o os Sluaghs, parecidos com morcegos, de Malik. Mas Aric sempre podia torrá-lo, se as coisas ficassem ruins. Ou poderia, se Nick não tivesse dado a ordem para capturar a coisa viva, se possível. Nada pior do que procurar o Incrível Hulk das bestas paranormais, exceto tentar dominá-lo com uma ordem de não matar, sobre sua cabeça. Havia esperanças de que o homem preso dentro do seu homólogo bestial, pudesse ser salvo.
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Ele não estava segurando a respiração. Ryon estacionou o Range Rover o mais próximo que pôde do local do segundo corpo, e andaram o resto do caminho. Aric carregava uma rede pesada sobre um ombro, e Jax um rolo de corda. "Nada como ter que brincar de astro de rodeio com um lagarto enfurecido." "Não, puta merda", Aric murmurou. "Seria muito mais fácil se eu pudesse fritar sua bunda. Então podíamos ir para casa e aproveitar." "Isso tem o meu voto", Jax colocou. Micah permanecia em silêncio, e Ryon estudou seu amigo com preocupação. Ele nunca tinha muito a dizer estes dias, e parecia meio desligado. Mas imaginou que Nick tivesse razão, deixando-o começar a receber atribuições, embora estivesse, atualmente, pior do que Phoenix, que ainda não tinha sido liberado para trabalhar. Uma caminhada de trinta minutos depois, chegaram na área onde o corpo do homem tinha sido encontrado. Uma fita de cena de crime estava enrolada ao redor das árvores para formar um círculo grosseiro, mas se não fosse por isso, não havia muito mais para marcar onde outra vida tinha terminado tão horrivelmente. Exceto pelo odor. Ryon detectou sangue antigo, e um cheiro mais rançoso, que devia pertencer à besta. Era mais forte aqui, mais do que na primeira cena, por qualquer motivo. Queria vomitar. A lembrança de que Daria tinha descoberto o primeiro corpo, e podia, facilmente, ter sido vítima desta criatura enquanto trabalhava, o deixou suando frio. Estava feliz por ela estar no complexo,
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magicamente protegido, bem longe do perigo. Esse era o único ponto favorável neste dia. Logo à direita da área marcada pela fita da cena do crime, Ryon viu o brilho de uma figura sentada no chão. Se aproximou e viu que era o espírito de um homem, com os braços circundando as pernas, olhando tristemente para o espaço. "O que você tem?" Aric perguntou. "Outro Gasparzinho?" "Sim. É a vítima masculina. Ele está confuso." Ryon estava prestes a tentar a questionar o homem quando outro fantasma apareceu ao lado dele, a mulher que Ryon tinha visto duas vezes antes. Olhando para cima, alegria floresceu no rosto do homem e ele correu para se levantar, tomando-a em seus braços. Seguraram um ao outro como se nunca tivessem partido, e um nó se formou na garganta de Ryon. Nunca chegou a ver finais felizes, e adivinhou que esse era o mais próximo que já tinha visto. O homem girou sua esposa ao redor, em seguida, beijou-a profundamente. Em seguida, de mãos dadas, caminharam em direção às árvores... e desapareceram no ar. Ryon limpou a garganta. "Eles estão juntos, agora." "Bem, isso é bom", disse Micah calmamente. "Eu acho." Os outros concordaram sem convicção. Ryon contatou seu comandante. Nick? Como está indo?
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Nada bem, Nick empurrou de volta para ele. Encontramos um outro corpo, a nove quilômetros ao sul de onde Daria encontrou a mulher. Está uma bagunça horrível. O Xerife está a caminho? Sim. Ok. Nada aqui ainda, exceto que vi o espírito do homem, perto do local onde ele foi encontrado. Sua esposa apareceu e eles se reuniram. Algum deles disse algo para você? Não. Ficaram muito envolvidos, um com o outro. Nem me notaram. Ok. Faço outra verificação em breve. "Nick disse que acharam um corpo", disse o grupo. "Nove quilômetros ao sul de onde a mulher foi encontrada. Disse que está uma bagunça." Houveram vários xingamentos e expressões de nojo, generalizadas. Aric estava, provavelmente, prestes a estalar uma observação espertinha, quando parou e olhou para as árvores em frente. "Cara, acho que a minha visão está confusa." Ryon olhou na direção que seu amigo estava olhando. "O que é isso?" "Lá." Ele apontou. "Você vê uma grande área onde as árvores parecem embaçadas?"
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Micah falou, animado. "Vejo. Parece com o efeito de um caleidoscópio, só que claro." Os olhos de Ryon estudaram a grande área, seu cérebro demorando a captar o que estava vendo. E quando o fez, um rugido sacudiu toda a floresta que soava exatamente como Daria tinha descrito. "Cristo do caralho", Micah gritou, quando o borrão se desprendeu das árvores. O bum-bum dos pés do animal batendo na terra enquanto corria em direção a eles, o lembrou de uma cena de Jurassic Park. Só que em vez de um T-rex, a criatura caindo sobre eles era quase uma sósia do desenho que Nick fez. Exceto que o filho da puta era quase invisível. Não admira que a coisa tivesse sido capaz de se deslocar sobre os caminhantes desavisados. Eles não puderam ver a besta maldita, até que fosse tarde demais. Nick! A besta está aqui, e está atacando! Vamos tentar pegá-la! Estamos a caminho, aguentem firme! O que quer que fosse acontecer, Nick não podia impedir. Ryon só esperava que seu comandante não fosse forçado a recolher os seus restos com uma pá. Ryon e seus colegas formaram um quadrado ao redor da criatura, que derrapou até parar no meio, gritando. Assistiu com fascinação doentia enquanto a mandíbula estava aberta, os contornos das duas fileiras de dentes afiados visíveis, se soubesse exatamente como 186
olhar. O animal virou a cabeça larga em direção a ele e simplesmente parou. Arregalou os olhos. Seus braços volumosos se estenderam ligeiramente para os lados, as garras longas, afiadas e mortais, nas extremidades dos seus dedos com membranas. Ryon, subitamente, percebeu que o animal estava confuso. Ele, obviamente, não tinha encontrado nenhum tipo de oposição por parte de qualquer um nas últimas semanas, desde que tinha escapado do laboratório, e não sabia o que fazer agora. Por alguns segundos fugazes, pensou que, talvez, o homem dentro do animal assumiria, lhes permitindo levá-lo em paz, para que os médicos pudessem trabalhar em uma cura. Devia saber que não ia ser assim tão simples. Estendeu a mão. "Ei, cara. Queremos ajudá-lo. Por que você não..." A criatura soltou outro rugido ensurdecedor e o atacou. Pulando para trás, Ryon mal conseguiu escapar de um golpe com as garras mortais. Em seguida, a rede foi jogada sobre a cabeça do animal, parando o ataque. Ele bateu e gritou, irritado, e tentando sair da rede. Jax jogou a corda, tentando laçar seus ombros, mas a criatura conseguiu agarrar a corda, puxando-a direto para fora das mãos de Jax, e pisoteando-a sob seus pés, quando a deixou cair. Apressando-se para a frente, agarrou as bordas da rede e tentou empurrar a besta para o chão. Se pudessem fazê-lo cair, todos os quatro poderiam ser capazes de segurá-lo até que estivesse amarrado.
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Não funcionou dessa maneira. A criatura usou a rede para arremessá-los com toda sua força, a rede voando para fora dele. Ryon, Jax, e Aric foram lançados em direções diferentesMas Micah, o mais próximo ao monstro feroz, agora, estava preso na rede. Quando a coisa pisou sobre ela, os olhos de Micah se arregalaram e ele trabalhou freneticamente para se libertar. Transformou as mãos em garras e cortou a rede, exatamente quando o monstro agarrou sua perna e começou a puxá-lo para trás. "Merda! Alguém, faça alguma coisa", ele gritou. Ryon e os outros dispararam em direção a eles, Ryon puxando a arma da cintura. Disparou um par de tiros no ombro da criatura, assim que ela apertou Micah em volta das costelas. Micah gritou, em seguida, ficou terrivelmente silencioso, enquanto era atirado no chão. A besta se virou para Jax e deu dois passos, mas os outros se uniram, atirando contra ele. Aparentemente não satisfeito com essa evolução, girou e fugiu para a floresta. Até onde Ryon podia dizer, não tinham nem mesmo ferido a maldita coisa. "Jesus. Vamos, garoto, aguente", Aric implorou. Ryon correu para onde seus amigos estavam, ajoelhados sobre Micah, a preocupação gravada em seus rostos. Jax tirou a camisa de Micah e a embolou, pressionando o pano na ferida em seu lado. O corte era longo e profundo, feito por uma das garras. Se o animal o tivesse atingido com um pouco mais de curva, seu amigo já estaria destruído.
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"Eu estou bem", Micah falou ofegante, pálido e suando. "Queima, no entanto. Como ácido." Ele não estava bem, sob uma olhada mais longa. O sangue estava rapidamente ensopando o chão, e seus olhos se fecharam. Embora continuassem a falar com ele, estava perdendo terreno rapidamente. Jax pôs os braços sob os joelhos e as costas de Micah, e o levantou. "Vamos." Eles fizeram a longa caminhada o mais rápido que podiam, correndo uma boa parte do caminho. O grupo de Nick tinha acabado de chegar à Range Rover de Ryon, quando surgiram através das árvores. O comandante correu até eles, colocando a palma da mão no rosto relaxado de Micah - o lado desfigurado. "Caramba, nós vamos colocá-lo de pé", disse Nick severamente. "Sua irmã vai me matar." O jovem não se mexeu. Nick ajudou a colocar Micah na parte de trás da SUV, e subiu com ele. Ryon pulou no banco do motorista e, logo, estavam em seu caminho, a outra equipe correndo atrás deles. Nick falou no celular. "Melina, deixe a sala de trauma pronta. Estamos chegando com um dos nossos, com uma ferida aberta em seu lado. Indo à toda velocidade.” Significando que ele estava em mau estado. Agarrando o volante, Ryon acelerou. Este dia tinha sido uma sucessão de erros, a partir do momento em que o alarme tocou. 189
Parecia que as coisas iam piorar, antes que melhorassem. Uma coisa é certa, precisavam desenvolver uma estratégia diferente para pegar o monstro. Porque foi a única coisa fodidamente certa, que não funcionou.
Daria estava perdendo a cabeça. Tudo o que tinha ouvido de Blue enquanto estava sentada na cafeteria foi que um dos da Pack tinha sido gravemente ferido lutando contra a criatura, e quase desmaiou. Como ia aceitar isto, cada vez que fossem para uma operação? Sempre com medo que seu companheiro chegasse em casa em um saco de corpos? Estava esperando nas portas de entrada da emergência, quando as primeiras equipes chegaram. Jax estava carregando o homem ferido em seus braços - e não era Ryon. O homem tinha cabelos castanhos na altura dos ombros, não loiros. Seus joelhos quase cederam, seu alívio muito grande. Em seguida, ouviu o grito aflito de Rowan e percebeu que era seu irmão, e culpa a flagelou. Rowan seguiu Jax, e Daria só conseguiu ficar olhando para as portas, esperando por Ryon. Quando ele entrou, atrás deles, correu em sua direção. No instante em que a viu, abriu os braços e ela correu para eles, apertando-o 190
com força. Ele devolveu o abraço, segurando-a contra seu corpo forte. Podia sentir cada músculo e protuberância, e foi inundada por alegria por ele estar lá. Suado, salgado, sujo. Mas vivo. "Sinto muito", ela sussurrou. "Fui uma cadela com você ontem à noite, e se essa tivesse sido a última vez que o tivesse visto-" "Não, shhh. Estou aqui, querida. Estou seguro." "Desta vez." "Esta é a minha vida. Sempre haverá perigo, mas sempre vou mover o céu e o inferno para voltar para casa." "Fui horrível com você", ela repetiu. Não conseguia superar que podia tê-lo perdido, na esteira de sentir, estupidamente, pena de si mesma. "Nunca teria me perdoado se algo tivesse acontecido com você." "Teve um monte de coisas jogadas em cima de você, por isso dê a si mesma, uma pausa." Beijou o topo da sua cabeça. "Vamos apenas seguir em frente, certo?" “Podemos?” "Cruz credo, mulher." Afastando-se, lhe deu uma carranca fingida. "Pareço um homem que desiste facilmente?" "Não. Rowan disse algo assim."
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"Bem, ela está certa. Sou um bastardo teimoso e gosto de fazer do meu jeito. Agora, por que não nos juntamos aos outros e esperamos por alguma notícia sobre Micah?" "Parece bom." Ryon contou a todos reunidos sobre a luta condenada com a criatura, e como Micah ficou ferido. Rowan, com os olhos vermelhos de tanto chorar, sentou-se, amontoada, ao lado de Aric, silenciando suas desculpas repetidas por deixar seu irmão ser ferido. "Você não o fez se machucar", ela retrucou finalmente. "Então pare com isso, ok? Ele é um homem crescido." "Claro, querida." Se beijaram suavemente, com tanto amor, em seu próprio universo. Três horas depois, Melina saiu, para informar a todos que ele iria se recuperar, e o alívio varreu o grupo como uma tempestade. Mas as garras da criatura continham algum tipo de veneno que estava fazendo o seu sistema e o corte demorarem a cicatrizar. Foi uma palavra para terem cautela nas futuras batalhas contra o monstro. Ryon apertou a mão de Daria. "Agora que sabemos que ele vai ficar bem, vamos voltar para a minha casa?" “Parece maravilhoso.” No caminho, tirou mais uma confissão do seu peito. "Ainda não tenho certeza sobre essa coisa toda de lobo, e ainda estou com raiva do destino ter decidido a minha vida por mim."
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"Eu entendo", disse, e ela leu a verdade em seus olhos. Ele era um homem incrível. "Eu já estive lá, Daria." "Deus, sou uma idiota! Claro que você esteve." "Você não é uma idiota. Está fazendo o melhor que pode, e ninguém te culpa por estar chateada, muito menos eu." "Mas eu me importo com você", disse suavemente. "Percebo que não quero perder algo maravilhoso com você, porque estou tão ocupada olhando para trás." "Fico feliz em ouvir isso." Chegaram à porta, e ele os deixou entrar. "Faz amor comigo?" "Com muito prazer." Seu olhar queimou o dela. "Você não sabe o inferno que passei lá, lutando contra o monstro. Você tem alguma ideia do que estava passando em minha mente?" "Humm, se eu morrer, pelo menos vou estar livre da velha bola e da corrente?" Riu da sua piada lamentável, mas seus olhos azuis brilhavam com lágrimas. A visão derreteu seu coração, aquecendo um caminho claro até os dedos dos seus pés. "Não, querida. Nem perto disso. Estava pensando, e se ela nunca me perdoar? Então, não teria importância se eu estivesse morto ou não. Nunca mais quero ter a chance de fazer isso." Ryon segurou a parte de trás da sua cabeça e baixou os lábios suavemente para os dela. Elétrico.
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A boca de Daria se moveu sob sua, amando os lábios macios. Ela entrelaçou os braços ao redor do seu pescoço e puxou-o para mais perto, convidando-o. Sua língua a varreu por dentro, acariciando, e ela se deliciava com seu calor. Suas mãos a pegaram pelos ombros e abaixaram seus braços. Ele a ajudou com a camisa e o sutiã, e ela se arqueou contra ele. As pontas dos mamilos franzidos esfregavam no tecido da camisa que cobria o peito dele, e um raio de calor disparou direto para o seu sexo. "Doce, tão doce. Devo ter ido para o céu." Daria enterrou as mãos em seus cabelos, de repente, atacando. Chupou seus lábios, explorando sua boca à vontade, fazendo amor com a língua. Seus joelhos ameaçaram dobrar. Desamparado, morrendo por isso. Por você. Deus, eu quero mais. Ele quebrou o beijo, ofegante. "Se não parar agora, eu não serei mais capaz de fazê-lo." "Então, não pare." Não precisou de mais incentivo. Puxando-a para o seu quarto, a empurrou gentilmente para a cama e tirou o resto das suas roupas. Em seguida, se posicionou entre as coxas, começando a relaxar por dentro. Segurando-a bem perto, começou a se mover, sussurrando palavras apaixonadas em seu ouvido, alimentando o fogo, até que os dois estavam estremecendo, na direção do precipício. Era natural, sensível, honesto. Muito em breve gritaram, arremessados por cima da borda, juntos.
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Enquanto a abraçava, ela fingiu que estavam a salvo, que o perigo havia passado. E por um tempo, receberam um indulto. Foi uma bela fantasia, enquanto durou.
Provavelmente não havia visão mais deliciosa do que um bando de shifters jogando beisebol. Ou jogando nada, realmente, mas hoje ocorria que estavam empunhando bastões e luvas. Do lugar de Daria na grama, deitada sobre um cobertor, bebia uma cerveja e observava os traseiros firmes enquanto saltavam ao redor, em uma variedade de jeans, shorts e leggings de beisebol. Tinha que admitir, quando extravasavam, os resultados eram adoráveis de se ver. Toda aquela carne masculina brilhando, o suor pingando das extremidades dos seus cabelos. Peitos largos arfando, músculos se agrupando com o esforço"Você tem alguma ideia de quem está ganhando?" Uma voz perguntou à sua direita. Olhando para cima, sorriu para Micah. Proibido de jogar enquanto se recuperava, estava descansando em uma espreguiçadeira. "Ganhar o quê? Existe um jogo sendo jogado agora?" Ele bufou. "Que figuras. Você é como o resto das companheiras apaixonadas por aqui." Empurrou a cabeça na direção das outras 195
mulheres acasaladas, observando seus homens tão avidamente quanto Daria tinha estado. Em seguida, a palavra apaixonada se alojou em seu cérebro, e seu sorriso esmaeceu um pouco. As outras mulheres amavam seus companheiros escandalosamente. A emoção estava estampada em cada um dos seus rostos brilhantes, e brilhava em seus olhos. E Ryon é meu companheiro. Eu o amo? Posso, quando ainda não estou completamente em paz com o que me tornei? "Ei, eu disse alguma coisa errada?" "Não", ela o assegurou. "Só pensando." "Você parecia realmente preocupada, por alguns segundos." "Oh, é só..." Tentou pensar em como explicar. "Eu sei o quão difícil isso deve ser para você", ele disse suavemente. "Acredite em mim." Estudando aquele homem que tinha passado por tal inferno, sentiuse envergonhada. "Como você lidou com isso? Quando você se transformou, como encarou isso?" "Apenas fiz. Não tinha outra escolha. Acordei em um hospital militar e estava transformado. Já sabia há algum tempo que era um Andarilho dos Sonhos, mas agora era mais do que eu já tinha sido, com um lobo vivendo dentro de mim. Queria rastejar para fora da minha pele, ou rasgá-lo em pedaços com minhas garras, tentando alcançar a nova besta que não me deixava descansar." 196
"É assim que eu me sinto também. Ela quer correr, caçar." Daria olhou para seu novo amigo, e viu compreensão total. "Ela quer ser livre, e é muito difícil controlá-la em meu interior. É estranho e assustador, ter toda essa selvageria dentro de mim. Sem mencionar irônico, considerando o meu trabalho." Seus olhos castanhos estavam tristes. "Por mais difícil que seja, lembre-se que você tem um companheiro, que é um bom homem, para ajudá-la. Nós não tivemos, e aprender tudo isso sozinhos foi difícil. Quero dizer, nós somos como irmãos e estamos lá uns para os outros, mas não é o mesmo que ter alguém especial para lhe consolar no final do dia." Seu coração se penalizou por ele. "Sou grata por ter Ryon. Ele tem sido nada além de maravilhoso para mim, e me preocupo muito com ele." Ela fez uma pausa. "Você vai ter alguém, também, um dia." "Quem vai me querer?" Ele perguntou, apontando para o lado do seu rosto em ruínas. "Não é quem-" "Quem eu sou? É isso que você ia dizer?" Ele riu, o som falso. Dolorido. "Mesmo que minha companheira pudesse aceitar como eu pareço, é o que está no interior que está realmente fodido. Não me lembro muito sobre o tempo que passei com aquele merda do Bowman, mas pelo que os médicos me dizem, isso pode mudar a qualquer hora. O ponto é, estou mais bagunçado por dentro do que por fora. Nenhuma companheira merece estar presa a mim."
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"Não acredito nisso nem por um segundo", disse ela com firmeza. "Você vai encontrar o seu alguém especial, e então vai engolir essas suas palavras sombrias." "Quer apostar?" Antes que ela pudesse responder, Ryon veio correndo, parecendo sexy como o pecado em seus short apertado e a regata suada. Quase engoliu a língua, quando sorriu para ela. "Ei, gostosa! Alguns dos rapazes sugeriram ir até o Grizzly daqui a pouco. Quer ir?" "Claro, parece divertido. Qualquer lugar, desde que esteja com você." "Ah, que doce." Inclinando-se, lhe deu um beijo grande e molhado, quando Micah fez um som de asfixia. Ryon se afastou e piscou para o amigo. "Ciúmes?" “Não nesta vida.” Mas Daria sabia a verdade. Ryon perdeu o brilho de dor no rosto do seu amigo, mas ela não. "Micah, está se sentindo bem para vir?" A voz de Nick quebrou sua conversação. "Essa não é uma boa ideia. Micah precisa ficar aqui e terminar de se recuperar." Micah franziu o cenho para o comandante, que se aproximava. "Não tenho uma palavra a dizer sobre o assunto? Não tenho dez anos de idade, pelo amor de Deus."
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"Claro que sim." Movendo-se para ficar ao lado da espreguiçadeira, Nick colocou a mão no ombro do outro homem e lhe deu um sorriso amável. "Mas tenho que desencorajá-lo." “Por quê?” "Porque não é a hora." "Eu não vou beber, se é com isso que você está preocupado, chefe. Sei muito bem sobre isso, quando ainda estou tomando remédios." "Não é isso." O comandante suspirou. "Você sabe que não gosto de interferir com o livre-arbítrio, mas estou sugerindo que você fique aqui, só desta vez. Você não pode estar no Grizzly hoje à noite." Essas palavras enigmáticas deram a todos uma pausa. Nick era assustador assim, às vezes, fazendo declarações que davam a dica de que sabia muito mais do que estava dizendo. Micah olhou para o homem mais velho por alguns segundos. "Tudo bem, vou ficar aqui", disse lentamente. "Quer me dizer o que vai acontecer se eu for?" "Não. Não importa agora. E já que vamos ficar em casa, que tal eu trucidar sua bunda no Wii?" "Estou dentro, velho." "Quem você está chamando de velho, filhote?" "É verdade, não é mesmo?"
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O comandante sorriu, as pontas dos seus caninos à mostra. "Mais do que você imagina." Estendeu a Micah uma mão virada para cima, em seguida, virou-se para Daria e Ryon. "Divirtam-se." "Nós vamos", disse ela. "Vejo você mais tarde, Micah." “Até mais tarde.” Enquanto os dois homens voltavam para o prédio, Ryon lhe deu um olhar predatório. "Estou todo suado, e vamos sair." “E?” "Então, preciso de um chuveiro, primeiro. Quer lavar minhas costas?" Emoção a atravessou. "Você não tem que pedir duas vezes." Agarrando sua mão, a levantou, arrastando-a atrás dele, enquanto ela ria com pura felicidade.
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NOVE
Ryon decidiu que era recomendável um banho escorregadio, com muito sabão e sexo. Pressionando sua companheira nos azulejos, as bolas enterradas profundamente nela, enquanto a água quente escorria sobre seus corpos, estava prestes a ter a melhor sensação em todo o universo. De qualquer forma, só em poder tê-la, estava bom para ele. Como tinha conseguido viver sem isso? Sem Daria? Gemendo, esvaziou sua semente dentro dela, enquanto ela estremecia debaixo dele, espremendo a última gota do seu comprimento. Então, beijou sua nuca e acariciou a pele macia e úmida. "Estou perdoado?" Ela ficou tensa, e ele instantaneamente se arrependeu de trazer à tona um assunto sensível. Tarde demais, agora. Retirou-se de dentro dela e recuou um pouco, permitindo que ela se virasse e o encarasse. "Não se trata de perdoar você", ela disse calmamente. "Na verdade, o que eu estou passando não é sobre você, no final das contas."
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Dor o esfaqueou no peito. "Discordo. Estamos nisso juntos. Você é a minha companheira, e o que deixa você infeliz, faz o mesmo comigo." Sua expressão se suavizou e ela tocou seu rosto. "Entendo isso. E não o culpo pelo que aconteceu a mim, porque você teria me dado a opção de ser transformada, se pudesse." "Isso é verdade." Beijou sua testa. "O que estou dizendo é que você não pode, magicamente, me fazer feliz por ser uma parte loba." Fazendo uma pausa, procurou seu rosto. "Pense lá atrás, quando você se transformou. Houve alguma coisa que alguém disse que o fez aceitar? Ou será que você só precisou de tempo para se acostumar a ter sua vida virada de cabeça para baixo?" "Precisei de um tempo", admitiu. "Mas espero que me receber como parte do negócio, não é o que está te deixando infeliz." "Oh, Ryon", suspirou. Suavemente, tomou sua boca em um beijo prolongado, entrelaçando os braços ao redor do seu pescoço. "Eu não sou infeliz com você. Pelo contrário, sinto-me bastante bem sobre nós. Você não vê?" Na verdade, desligou a consciência da sua conexão, com medo de ser inundado pelo seu desprezo. Sua raiva. Mas as palavras dela o encorajaram. Abrindo os sentidos timidamente, descobriu o vínculo dourado se estendendo entre eles, vibrando com a vida. Alguma ansiedade entrelaçada com suas emoções, enquanto lutava com sua loba.
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Mas, muito mais forte era o seu afeto por ele, transformando-se constantemente em uma conexão mais rica. A cada minuto, afundava cada vez mais dentro dele, o que, tanto o surpreendeu, quanto tirou seu fôlego. "Sim", sussurrou. "Posso ver. E me sinto da mesma maneira." "Me dá um tempo para aceitar minha loba?" "Qualquer coisa que você precisar." Rapidamente, lavou a evidência de terem feito amor. Saindo do banho, pegou duas toalhas e lhe entregou uma. À medida que se secavam, uma ideia lhe ocorreu e ficou animado. "Que tal darmos uma corrida amanhã, em nossas formas de lobo?" "Eu não sei…" Seus olhos castanhos estavam preocupados. Através do seu vínculo, sentiu o medo da dor física e apressou-se a tranquilizá-la. "A primeira mudança dói como uma cadela, mas nunca mais será assim de novo, prometo. Quanto mais você praticar, vai ser como respirar. E quando soltar sua loba para correr, vai ser como algo que jamais experimentou." "Sério?" Começou a mostrar algum interesse genuíno. Deixando a toalha cair no chão, a puxou para ele. "Sim. Estaremos juntos, também. Vai ser divertido, você vai ver." Mordeu o lábio. "Tudo bem, você me convenceu." Lhe deu um beijo sonoro. "Você não vai se arrepender." "E quanto à criatura que está lá fora, e à loba branca?"
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"Vamos manter os olhos abertos e sermos cautelosos." Pensou sobre a outra loba. "Não acho que a loba branca quis prejudicá-la, quando a empurrou." “Ela fez um bom trabalho, de qualquer jeito, mesmo que tenha sido um acidente." "Ela me guiou até você, depois que se transformou e estava com dor", disse, pensativo. "Acho que, talvez, estava tentando protegê-la, no outro dia." "Da criatura?" "Faz sentido." "Mas o que está fazendo aqui, em primeiro lugar? Se é uma shifter, por que simplesmente não se aproxima do complexo e solicita sua entrada?" "Não sei. Mas tenho a sensação de que vamos descobrir, mais cedo ou mais tarde." "Você, provavelmente, está certo." Caminhando pelo apartamento de Ryon, levaram algum tempo se vestindo. Daria apreciou escolher as roupas dele, que consistiam em um jeans macio e surrado, botas, e uma camiseta preta confortável com um padrão em espiral dourado, em relevo, que alegou combinar com seu cabelo loiro. Revirou os olhos, mas a deixou seguir esse caminho. Seja o que for que a excitasse, estava bom para ele. Daria usava uma calça jeans confortável e uma camisa xadrez de botões, com um padrão de marrom, que combinava muito bem com 204
sua coloração. Parecia um pedaço gostoso de chocolate, e balançou a cabeça, sorrindo, quando lhe disse que ela parecia uma sobremesa saborosa. Uma vez que ele e Daria estavam vestidos, encontraram os outros no hangar onde pegariam três SUVs para ir para o Grizzly. Todo mundo ia, exceto Nick e Micah, e, claro, Zan e Phoenix, que ainda estavam de férias. Como de costume, Ryon assumiu o volante e fez sinal para Daria sentar-se no banco do carona. Jax, Kira, Aric, e Rowan subiram nos de trás. "Você tem seu próprio carro?" Daria perguntou quando saíram, liderando a caravana. Olhou para ela. "Tenho um Challenger novinho, vermelho com listras pretas." "Legal", disse ela. "Eu prefiro os antigos, apesar de tudo." "Eu também, mas carros antigos são para pessoas que têm um monte de tempo para lidar com sua manutenção, e não sou muito habilidoso na garagem." "Você vai ter que me mostrá-lo alguma hora." “Mostro.” Os seis conversaram todo o caminho até o Grizzly, os amigos de Ryon perguntando a Daria sobre si mesma. Estavam especialmente curiosos sobre o seu trabalho, e acharam legal que ela estudasse os lobos na vida real. 205
Ficaram longe do assunto dela ser transformada em uma shifter, no entanto, e por isso ficou grato. Estava se esforçando para fazê-la abraçar esse lado de si mesma, e não precisava que eles o salientassem. O bar estava fervendo quando chegaram, mas não muito lotado. Ryon e os outros caras encontraram um canto desocupado e juntaram várias mesas, para terem bastante espaço, então acomodaram suas damas e se acotovelaram. Ryon sentou ao lado da sua companheira e colocou um braço à sua volta, satisfeito quando ela se apoiou nele, confortavelmente. Depois de assistir três de seus amigos acasalarem e ser importunado pela inveja durante meses, era incrível ter sua própria mulher ao seu lado. Depois de pedir uma rodada de bebidas, se acomodaram, rindo e conversando com aqueles ao seu lado. Ryon não conseguia tirar o sorriso do rosto. Seus amigos pareciam, realmente, gostar de Daria, e eram muito acolhedores, certificando-se que ela fosse incluída na conversa. Ela, por sua vez, se dava bem com eles. Especialmente com Blue e Noah, com quem parecia ser um pouco doce demais. Não estava preocupado, entretanto. Ele e o seu lobo sabiam que Daria pertencia a eles. Se divertiram bastante, comendo, bebendo, e alegrando-se, quando uma hora tornou-se duas, depois três. A noite estava sendo um sucesso - até que dois homens de aparência decadente, aproximaram-se da mesa. Os recém-chegados encararam Kalen, os olhos apertados. Nem todo mundo os notou, a princípio. Mas Ryon o fez, e baixou o nacho que estava mastigando em seu prato, limpando
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as mãos. Em seguida, empurrou sua cadeira um pouco para trás, pronto para entrar em ação, se precisasse. Jax e Hammer notaram os homens, e fizeram o mesmo. Um por um, a Pack se tornou consciente da tensão, e a conversa alegre parou. Agora, Kalen estava recostado na cadeira, desdenhando os dois homens, rudes e sujos. Claramente, se conheciam. "Olá", disse Kalen, com amabilidade enganosa. "Já não aprenderam a lição antes? Voltaram para mais?" Bem, porcaria. Era só o que precisavam, os algozes caipiras de Kalen, há algumas semanas atrás, vindo para estragar sua noite. Um deles falou, mostrando um conjunto horrível de dentes ruins. "O nosso amigo Billy parece ter desaparecido da face da terra. Temos procurado por ele por um bom tempo já, e percebi que você pode lançar alguma luz sobre onde ele está." Para dar ênfase, cuspiu para fora pelo lado da boca - e o cuspe pousou no meio da salada de Mac. A pobre companheira de Kalen olhou para a comida, empalidecendo. A cadeira de Kalen arrastou no chão, e ele se levantou. O Feiticeiro era uma visão imponente no seu casaco de couro preto, os cabelos negros caindo ao redor dos olhos verdes delineados, brilhando com raiva fria. Só um idiota teria mexido com um homem como ele, e Ryon sabia que esses dois eram mais do que qualificados. "Por que eu saberia algo sobre Billy?" Os dois idiotas não tinham ideia de que seu amigo estúpido acabou como alimento do demônio, literalmente - Malik o comeu. Kalen sabia 207
muito bem qual destino havia se abatido sobre o personagem mais desagradável da cidade, e não sentia nenhum pesar. "Porque você brigou com ele, aqui neste bar. Você tinha motivos para querer que ele se fosse", disse o homem, em tom desagradável. "Pelo que ouvi, metade do condado também." Kalen inclinou a cabeça. "Billy era um ladrão, mentiroso, um valentão, e abusava fisicamente da sua família. Não conheço qualquer outra pessoa que esteja tão preocupada com ele." "Acho que você é um mentiroso! Por que você não sai, então eu e o meu amigo podemos chutar o seu traseiro!" Com isso, Ryon e seus amigos da Pack se levantaram. Ryon sorriu. "Bem, contanto que você queira torná-la uma luta injusta, vocês dois podem enfrentar todos nós. Parece bom?" Os homens recuaram, sem parecerem tão ansiosos em face dessas probabilidades. Ryon sabia como deviam parecer, uma parede de músculos, contra dois idiotas esqueléticos. "O que diabos está acontecendo aqui?" Ryon nunca tinha ficado tão feliz em ver o xerife. Deveraux caminhou até o grupo e resolveu o impasse. Acenando com a mão para os dois meliantes, explodiu: "Você dois? Vocês estão banidos do Grizzly, seus idiotas! Caiam fora daqui antes que eu os prenda por perturbar a paz, intoxicação pública, e qualquer outra coisa que puder pensar." "Mas, xerife-" "Saiam daqui!" 208
Murmurando, a dupla atirou a Kalen um olhar, antes de correr para a porta. Uma vez que se foram, Deveraux balançou a cabeça e franziu o cenho para o seu grupo. "Mais uma vez, vocês estão no meio da merda. Vou ter uma úlcera do tamanho de uma porra de uma melancia sem nenhum momento calmo. E você." Apontou para Daria, então, para um homem do outro lado do bar, antes de continuar. "Vê o cara naquela mesa, ali? É um repórter do jornal local, e adoraria entrevistá-la sobre o corpo que encontrou, para não mencionar quem são seus amigos e que diabos você está fazendo com eles. Se quer o meu conselho - e ninguém, porra, parece querer - eu ia embora, antes que perceba que você está aqui e nos dê uma enxurrada completa de publicidade, com a qual ninguém pode arcar." Imediatamente, Ryon se sentiu estúpido por fazê-la sair. "Desculpe, xerife. Assumi que o interesse por Daria tinha diminuído o suficiente para que isso não fosse um problema." O homem mais velho parecia exasperado. "Podia, se corpos mutilados parassem de aparecer. Do jeito que está, vocês podem se perder. Porque aqui, os abutres já chegaram." O abutre era o repórter, com uma boa câmera na mão e um brilho nos olhos. "Merda". Ryon estendeu a mão para sua companheira, e ela aceitou. "Vamos lá, querida. Mais alguém vai embora?" "Eu e a Mac", disse Kalen. "Se a minha companheira estiver pronta." Mac assentiu com a cabeça e se levantou da cadeira, dando à salada um olhar de desgosto. "Estou." 209
"Podem ir", disse Jax para Ryon. "Nós vamos estar de volta, em breve." Ryon puxou Daria para a porta, ignorando os chamados do repórter para esperarem. Não estava disposto a submeter sua companheira a qualquer publicidade, especialmente quando poderia prejudicá-la ou à sua equipe, a longo prazo. Na saída, viu um flash, e xingou. Isso era tudo o que precisavam, imagens da Pack em circulação e talvez acabando em mãos erradas. Esperava que o xerife ou um dos caras as confiscassem. Em menos de um minuto, estavam na estrada, voltando para o complexo. Ryon lançou à sua companheira um olhar de desculpas. "Sinto muito, querida. Eu queria que você saísse e se divertisse." "Eu o fiz", disse, sorrindo para ele. "Não é culpa de ninguém que o repórter estivesse lá, e estávamos saindo logo, de qualquer maneira." "Sinto muito sobre os dois babacas", Kalen colocou. "Tive problemas com eles e um amigo deles, antes." Daria olhou para ele e Mac. "Pessoas como eles vivem para causar problemas, e nunca aprendem. Sem problema." Conversaram o resto do caminho, Kalen compartilhando algumas das suas experiências como um Necromante, enquanto Daria ouvia com fascinação, extasiada. Quando o Feiticeiro se ofereceu para deixá-la participar de uma sessão algum dia, recusou com uma risada. "Oh, não acho que falar com pessoas mortas seja minha praia. Adoraria ver um pouco de magia, no entanto." 210
"A qualquer hora." No complexo, Ryon estacionou o SUV no hangar e deram boa noite para o outro casal, que saiu sussurrando em voz baixa, o braço de Kalen segurando em torno da sua companheira. Ryon pegou a mão de Daria. "Fica comigo esta noite?" Seu peito apertou enquanto ela pesava sua resposta. Em seguida, o aperto afrouxou, quando ela sorriu. "Adoraria." E assim, terminou uma noite quase perfeita com sua companheira envolta em seus braços. Não conseguia pensar em uma maldita coisa que o deixasse mais feliz.
Daria acordou com duas pontas afiadas arrastando sobre seu pescoço. Lábios mordiscando. Enquanto a névoa levantava, se contorceu e deu um tapa na pequena irritação. Uma risada masculina retumbou em seu ouvido, e as mordiscadas continuaram. Mais arranhadas. A consciência lhe chutou e percebeu que aqueles eram seus caninos e pequenos tentáculos de prazer começaram a se espalhar por seu corpo. "Acorde, linda", Ryon cantou. "Levante-se e brilhe." 211
“Urgh.” "Não é uma pessoa matutina?" Desistindo, se virou e olhou para o rosto presunçoso. "Costumo me levantar quando estou bem e pronta." "Muito mal. Temos que tomar o café da manhã. Então vamos dar uma corrida." Beijou seu nariz. "A menos que você esteja faltando com a palavra?" "Está brincando? Não sou uma covarde, meu companheiro. E não fraquejo, uma vez que coloco uma coisa na cabeça." "Bom para você", disse em aprovação. "Com fome?" "Posso comer." "Tenho alguma comida congelada na cozinha..." Atirou-lhe um sorriso, enquanto se levantava da cama. Nu. "Ah, você é um cara engraçado." Olhou para o seu rabo firme, desapontada, quando ele colocou um short largo. "Apenas brincando. Eu sei cozinhar, como você já sabe." "Isso você sabe, e faz um bom trabalho. O que vou ganhar?" “Humm. Omelete e torradas?” Sua boca se encheu de água. "Isso soa muito bem." Obrigando-se a sair da aconchegante cama king-size, enfiou a calça jeans e a camisa da noite anterior, e caminhou atrás dele até a cozinha. Observou seu companheiro, apreciando, enquanto ele 212
pegava as coisas para o café da manhã, sem camisa, e mais apetitoso do que qualquer alimento. "Você gosta de presunto e queijo?" Abrindo um pacote de alimentos, cheirou. "Ainda está bom." "Claro. Gosto de quase tudo que se coloca em uma omelete." "Então você está com sorte, porque eu faço as melhores, em todo o complexo." Não estava brincando. Gesticulando para ela se sentar em um banquinho no bar, pegou pimentão, cebola, salsa e cogumelos para juntar com o presunto e o queijo. Em seguida, serviu dois copos de suco de laranja - que depois completou com champanhe. "Mimosas?" Perguntou, em delírio. "Você vai me estragar, me deixando mimada." "Esse é o ponto principal. Você merece ser mimada." Enquanto tomava um gole da mimosa, ele picou os vegetais e os despejou em uma panela com manteiga derretida. O delicioso aroma encheu a pequena cozinha e fez seu estômago roncar. Ele os fritou, recarregando sua bebida, e, em seguida, começou a bater os ovos, acrescentando um pouco de leite. "Para deixá-las fofinhas", explicou. Sim, era verdade. Podia se acostumar a ter Ryon mimando-a. Em todos os sentidos.
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Em duas frigideiras maiores, derramou os ovos, para que pudesse fazer duas ao mesmo tempo. Logo os legumes salteados foram adicionados, em seguida, o queijo e o presunto. Cortou quatro pedaços grossos de pão de forma, e os colocou na torradeira. Em minutos, estava conduzindo-a para o café da manhã, acomodando-a no recanto da mesa ao lado da porta do pátio, onde serviu os pratos com elegância. "Minha senhora, o seu café da manhã." "Oh meu Deus, isso cheira incrivelmente bem." "O gosto é ainda melhor." Sob seu olhar aguçado, ela pegou o garfo e deu uma mordida. "Está maravilhoso.
Você
que
vai
fazer
toda
a
comida
nesse
relacionamento, certo?" No mesmo instante, percebeu o que havia dito, bem como seu significado - estava aceitando seu acasalamento. Além do mais, estava realmente apreciando seu companheiro. Assim como ele, que lhe deu um sorriso suave enquanto se sentava. "Pode apostar. Contanto que você seja minha, vou cozinhar o que você quiser. Sempre que quiser. " "Eu vou te lembrar disso." "Espero que sim." Quando terminaram de comer, ela o ajudou a tirar a mesa e lavar os pratos. Finalmente prontos, se virou para ela e limpou as mãos em uma toalha.
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"Já que vamos nos transformar e ir correr, sugiro deixar o banho para mais tarde." "Parece bom." Secretamente, estava temendo o processo de transformação, atualmente, e ele deve ter visto um toque da sua súbita ansiedade. "Ei, eu disse que tudo ficaria bem, e é exatamente o que quer dizer", disse ele, tomando suas mãos. "Não mentiria para você." "Eu sei. Mas e se eu for diferente? E se doer?" "Não vai. Confie em mim." No final, foi o que ela fez. Quando o seguiu para o pátio, não pôde evitar que seus joelhos tremessem. "E se alguém me ver tirando a roupa?" "Meu pátio é cercado, querida. O portão está aberto e nós vamos ser capazes de entrar e sair, sem que ninguém nos veja nus. E se o fizerem, ninguém pensaria nada sobre isso." "Sério?" "Claro. A nudez não é um grande negócio aqui, entre a Pack e suas companheiras. À medida que os meses e os anos vão passando, vai incomodá-la cada vez menos, se despir e se transformar, até que você esteja completamente confortável. Pense na Pack como sua família." "Eu não me dispo na frente do meu pai", disse, impassível. "E ele é da família."
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Ele riu, diversão iluminando seus olhos azuis. "Tudo que posso dizer é que é diferente aqui. Você vai entender, eventualmente." "Tudo bem." Soltou um suspiro. "O que eu faço agora?" "Tire a roupa. Então, como antes, se concentre em sua loba. Sinta-a, e a deixe assumir." "Não vou esquecer quem eu sou, certo? Quer dizer, ainda vou ser eu?" "Exatamente. Você é você, o mesmo ser inteligente, mesmo nessa forma. Seus sentidos estarão mais nítidos, muito mais do que um lobo de verdade, e vai sentir seus instintos predatórios virem à tona, mas vai ser capaz de controlá-los. Suas decisões serão conscientes, ainda." Foi um alívio ouvir isso, especialmente, já que esta seria apenas a sua segunda vez na forma de loba. Antes, tinha sido pega de surpresa. Chocada, com medo, e chateada. Hoje seria diferente, com Ryon ao seu lado. "Estou pronta." Esperava que parecesse tão confiante. Ryon empurrou seu short para baixo e se livrou dele. Em seguida, a mudança fluiu sobre seu corpo, e em segundos seu lobo prateado estava parado lá, esperando. Sua voz veio através da conexão mental. Melhorei com a prática, mas a mudança nunca aconteceu para mim, tão rapidamente ou facilmente, até que você entrou na minha vida. "Obrigada", falou, satisfeita com o elogio. 216
Sua vez. Apenas se concentre em sua loba. Deixe-a sair. “Ok.” Se livrou das roupas e as colocou em uma cadeira do pátio. Em seguida, se concentrou, quase rindo quando encontrou sua loba dançando com emoção, como um filhote. Era estranho como eram diferentes, mas uma só. Quando a mudança aconteceu, foi tão rápida que mal teve tempo para respirar, surpresa, antes dos membros irem se remodelando, o corpo humano dando lugar à loba. De repente, estava de pé sobre as quatro patas, o rabo abanando. Não doeu! Disse que não ia, ele falou presunçosamente. A mudança aconteceu tão rápido! Isso é normal? Não é o mesmo para todos. Como disse, sempre fui um pouco lento. Chegando mais perto, cheirou seu lado. Tente andar, querida. Não estava muito firme em seus pés, na última vez. Mas agora estava, definitivamente, mais forte, as pernas se movendo como deviam. Era estranho que soubesse o que fazer com os quatro pés, e que não caísse. Estou andando! Aí está. Pronta para se aventurar? Pode apostar. Lado a lado, caminharam pelo gramado. Na borda distante, a levou para as árvores através de um caminho bem usado. Por um tempo, simplesmente desfrutaram da companhia um do outro, enquanto ela cheirava o ar, pegando os aromas ao redor. Alguns eram familiares, 217
como as plantas e a terra, os quais estava acostumada ao acampar. Eram mais nítidos, porém, como uma lente trazida para o foco de alta definição. Outros eram estranhos, rançosos, e imaginou se pertenciam à vida selvagem que estudava. Era legal ter os sentidos avivados, dando-lhe uma imagem mais clara do que tinha conhecido por toda a vida. Depois de uma meia hora de caminhada, ele passou para um trote. Acha que pode lidar com isso? Copiou o seu movimento, mantendo-se ao lado dele. Fácil! Em sua cabeça, ele riu, mas não de uma forma zombeteira. Parecia orgulhoso. Gradualmente, aumentou a velocidade até que estavam correndo. Voando pela floresta, o vento em seus rostos. Sua risada ecoou feliz em seu cérebro, a alegria correndo através da sua alma. Isto era liberdade. Não as armadilhas artificiais do homem, a ilusão de liberdade que os seres humanos ofereciam diariamente, quando vendiam bens finos e férias de luxo. Esta era a coisa real. Ficaria feliz em permanecer aqui com seu companheiro, para sempre. Se não tivessem a Pack, nem responsabilidades. Nenhum trabalho a fazer. Nenhuma pessoa para proteger. Estava tão perdida no prazer da sua corrida, que quase correu direto para o traseiro de Ryon, quando ele derrapou até parar. Mal desviando dele, recuperou o equilíbrio e congelou com o rugido assustador que veio do seu peito. Ryon?
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Fique atrás de mim, querida. Espiando ao redor, congelou. Na trilha à sua frente estava a loba branca. É ela! A que me empurrou no barranco. Seu grunhido se aprofundou quando olhou para o outro lobo, avançando lentamente. O que você está fazendo aqui? Perguntou. O que você quer? A loba apenas abaixou a cabeça, em sinal de submissão. Mas, se ofereceu uma resposta, Daria não conseguiu ouvir. Ryon mostrou os dentes, mas a intrusa não recuou, ou pareceu ter medo. Mostrou deferência, mantendo sua postura abaixada, e não ameaçadora, quando se virou. Então, olhou por cima do ombro, deu alguns passos e parou com expectativa. Ela quer que a sigamos. Assim como fez quando me levou até você, Ryon disse a Daria. Devemos? Sua preocupação cantou ao longo do seu vínculo, mas seu companheiro não a ecoou. Acho que devíamos. Ela sabe de alguma coisa, e quero saber o quê. Daria não concordava, necessariamente, que deviam seguir sem alguns outros membros da Pack presentes. Não tinha certeza de que seria de muita ajuda em uma luta, se chegasse a isso. Ainda assim, foi com seu companheiro, seguindo-o no meio do mato. Não estavam seguindo a loba por muito tempo, quando ela parou, e se agachou, olhando para as árvores com um gemido suave. Movendo-se para perto dela, ela e Ryon fizeram o mesmo, estudando a floresta densa à sua frente. Seu companheiro estava absorto, o nariz farejando o ar. 219
Sente esse cheiro? Ela tomou algumas fungadas. É como alguma coisa... suja. Como um corpo não lavado. Exatamente. Vê alguma coisa ali? Procure entre essas duas árvores. No início, não viu nada. Estava prestes a lhe dizer isso, quando captou um movimento. Um vislumbre de algo em movimento, tão longe, tão escondido, que era difícil de ver. Moveu-se de novo - e se abaixou. Daquela distância, podia dizer que era um humano. Não conseguia distinguir
suas
feições,
mas
seu
cabelo
comprido
estava
desgrenhado. Podia ser castanho, mas também podia ser sujeira. Tremores começaram, profundamente, dentro dela, e começou a tremer, mas não tinha certeza do porquê. Será que é uma vítima? Perguntou ao seu companheiro. Um campista perdido? Talvez. Então, de repente, terrivelmente, essa pergunta foi posta de lado. O homem se levantou, nu. Sua cabeça se inclinou para trás e soltou um grito horripilante, que fez com que os pássaros alçassem voo e Daria saltasse. Em seguida, o grito tornou-se um rugido. O grito ensurdecedor de um monstro, conforme a forma do homem mudava. Ampliada para uma largura e altura surpreendentes.
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Aparentava ser muito parecido com o desenho de Nick, até que se tornou translúcido, quase desaparecendo. Oh, meu Deus! Essa é a besta que vocês procuram! Ryon se abaixou no chão. Maldição. Nunca vi nada assim na minha vida. Tentamos pegá-lo no outro dia, mas não o vimos assim, como homem. O animal virou a cabeça em sua direção, e ficaram imóveis, mal ousando respirar. Não estavam preparados para enfrentá-lo, e se viesse atrás deles, não tinha certeza se ela conseguiria fugir dele. Mas a sorte estava do seu lado. Depois de um momento, a criatura bufou e caminhou na direção oposta. Os três esperaram um longo tempo, certificando-se de que ele tinha ido embora, antes que levantassem do seu esconderijo. Antes que Ryon pudesse questionar a loba branca de novo, ela saltou para a floresta, sem olhar para trás. Daria sentiu a frustração do seu companheiro por não conseguir respostas da loba evasiva, mas tinham preocupações maiores, no momento. Precisamos voltar, a apressou. Antes que aquela coisa retorne. Havia alguma coisa que parecia familiar nele - no homem, quero dizer, antes que ele se transformasse. Ele ficou tenso com isso. Como assim? Não tenho certeza. Algo sobre o seu cheiro, parecia que eu o conhecia. 221
O desagrado do seu companheiro veio através do seu vínculo, alto e claro. Não podia ajudar com o que tinha notado, e não conseguia entender por que ficaria chateado. Mas, enquanto corriam de volta para o complexo, ele ficava cada vez mais instável. Finalmente, chegaram ao seu pátio, e se transformaram. A mudança foi muito mais fácil desta vez, e achou que estava se superando e no caminho para dominar sua loba. Mas sua maior preocupação era Ryon, que caminhou para a sala e esperava, observando-a com os lábios apertados, os olhos azuis estalando. "O que diabos há de errado com você?" Cruzando os braços sobre os seios, fez o possível para ignorar o fato que estavam tendo uma discussão séria enquanto estavam nus. Provavelmente, não seria a última vez. "O que era familiar nesse homem?" Sua voz era fria. "Não sei", disse, frustrada. "Havia algo por baixo do seu odor, mais do que apenas um homem que precisa de um banho. Ele cheirava a... Obssession." "O quê?" Piscou para ela. "Obsession para homens. Você sabe, aquele perfume que existe há um tempão. Era fraco, mas estava lá. Engraçado, só conheci um homem que o usava-" Instantaneamente, cortou esse pensamento. Não era possível, por isso, se recusou a pensar nisso. Mas Ryon se agarrou às suas palavras como a mordida de uma tartaruga. "Que homem o usava? Diga-me." 222
“Ryon-” “Quem?” Suspirou. "Tudo bem. Meu ex noivo costumava usá-lo o tempo todo. Feliz?" "Não. Eu não estou entusiasmado que aquele homem na floresta, que foi transformado em uma fera assassina, a lembre de seu examante", ele rosnou. "Não é que eu possa evitar de me lembrar como o cara cheirava, pelo amor de Deus! Não posso fazer nada se o homem ainda se parece com o Ben... Merda.” Agora, seu companheiro estava irritado. Não tinha feito nada de errado, mas com a menção de um outro amante, mesmo do passado, estava ficando todo alfa com ela. Era irritante como o inferno. E também um enorme tesão. Ryon a agarrou, pressionando-a contra a porta de vidro do pátio. "Você lembra do cheiro dele? Não por muito tempo. Porque vou foder você, marcá-la com o meu cheiro até que não haja mais nada em sua memória, além de mim. " "Ryon," ela sussurrou. Reclamou sua boca, beijando-a sem sentido, a língua explorando. Degustando. Em seguida, a pegou e a carregou para o quarto, onde passou a fazer bom uso da sua deliciosa ameaça.
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Daria, sua companheira, lembrava do cheiro de Ben? Da sua forma nua? Foda-se. Não por muito tempo. Colocando-a na cama, a puxou para o seu lado. O arredondamento suave dos seus seios se aninhou contra seu braço, e ele endureceu, seu comprimento pressionando sua coxa. Ela colocou a mão em seu peito nu, passando a mão sobre o seu peito, os mamilos rijos. Viajou para a curva da sua mandíbula, acariciando seu rosto. Um dedo delicado encontrou seus lábios, traçando-os como se estivesse lembrando dos seus beijos, talvez pensando em saborear mais. Seu pulso acelerou quando ela o explorou à vontade, e foi um longo caminho até acalmar o seu lobo ciumento. Sem mencionar aqueles adoráveis olhos castanhos brilhando com paixão, só para ele. Passou os dedos por seu cabelo, enviando pequenas espirais requintadas de prazer por sua espinha, irradiandose para os dedos das mãos e dos pés. Calor subiu entre suas pernas, sua excitação roçando seu ventre. Gemeu, e Daria ronronou em seu ouvido. "Gosta disso, não é?" Seu corpo zumbia sob suas mãos. "Oh, sim." "Que bom, porque eu realmente quero continuar."
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Antes que pudesse formular uma resposta, os lábios dela tomaram os seus. Gentis, insistentes. Sua língua encontrou a dele, rascante. Sugou o ar dos seus pulmões, a razão do seu cérebro. Amava o gosto dela, a sensação maravilhosa da sua forma esguia esparramada sobre ele. Beijos carinhosos mordiscaram seu queixo, a base da sua garganta, e seu peito. Sua língua quente trabalhou magicamente, circulando cada mamilo, por vez, os dentes raspando sobre eles. Tinha planejado ser aquele no comando, mas gostou disso. Muito. Deslizou mais para baixo do seu corpo, com a palma roçando seu estômago, enquanto sua língua ardia um caminho de fogo até seu umbigo. Sua mão foi mais para baixo ainda, os dedos acariciando, levemente, o cume duro da sua ereção, e quase se desfez. "Oh". Levantou seus quadris, buscando mais. "Só tenho olhos para você, meu companheiro", ela sussurrou. "Ninguém mais." Sua mão deslizou por sua barriga, mais embaixo, finalmente cercando seu eixo. Esfregando, atiçando o fogo. "Daria", suspirou. Seus dedos cavaram o cobertor debaixo dele. Queimava para tocá-la, se enterrar na sua doçura. "Relaxe, deixe-se levar", sussurrou. Sua respiração se espalhou contra sua virilha. "Você é meu e eu sou sua." Ryon quase foi roubado do seu discurso. "Por quanto tempo você quiser. Qualquer coisa que você quiser."
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Se inclinou para ele, os cabelos longos arrastando em seu colo, e abalou seu mundo. Com movimentos e beijos suaves, o lambeu até que estivesse insano. Sem corpo. Ela pertencia a ele, e ele se entregou de bom grado. "Daria, siiim!" Segurou a parte de trás da sua cabeça, perto de perder o controle. Ela se afastou, movendo-se sobre seu corpo. Capturando seu rosto entre as mãos, o beijou, as pontas endurecidas dos mamilos marcando seu peito. O sangue martelava em seus ouvidos quando seus braços a envolveram. Alisou a pele nua. Suas costas nuas, o alargamento dos quadris, e as pequenas nádegas redondas e firmes. Rolou de costas, puxando-o com ela. Ele tomou sua boca, lambendo o caminho para dentro. Seus sabores combinados o enlouqueciam, e ansiava por mais. Ryon beijou o caminho através da coluna esguia do pescoço até os seios, retribuindo a atenção que tinha dado a ele. Ele os segurou, apreciando a suavidade e como os globos perfeitos pareciam ter sido feitos para encaixar em suas mãos. Pegou os mamilos rijos entre os polegares e indicadores, não beliscando muito duramente, apenas o suficiente para dar aquele pequeno choque elétrico, que faz fronteira com o prazer e a dor. "Oh, sim." Se arqueou sob seu toque, incentivando-o. Inclinou a cabeça, sugando-os, mordiscando, até seu nome tornarse um murmúrio em seus lábios. Não o suficiente. Mais. Avançou para baixo, separando as coxas. Correu os olhos sobre seu
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estômago liso, os dedos se aprofundando no topo encaracolado, situado abaixo. As pernas de Daria se abriram, mais amplas. Ele deslizou um dedo em seu calor liso, e ela gemeu. Com um sorriso selvagem, começou a trabalhar dentro e fora. Lentamente, agonizante. Queria deixá-la tão louca quanto ela o deixou, fazendo-a voar alto. Seu pênis pulsava, implorando para ser enterrado dentro dela. Ainda não. “Ohh! Oh, sim.” Deus, ela estava quente e molhada. Pronta. Sua língua se juntou ao dedo, saboreando a pele macia. Deleitando-se com seu doce mel. Ela resistiu por baixo dele, puxando seus ombros. "Ryon, faz amor comigo, por favor." Tremendo com a necessidade, cobriu Daria, apoiando os braços em ambos os lados da sua cabeça. Estabelecendo-os juntos, intimamente, afundou em sua companheira. Empurrando os quadris, penetrou o mais profundamente possível. Seus suspiros coletivos tocavam em seus ouvidos, e ela agarrava seus ombros, apressandoo. Ryon começou a mover-se, amando-a. Nunca, nunca houve nada além disso. Ela o rodeou com calor, encaixando-o perfeitamente. Nunca houve algo tão bom, tão certo, como enterrar-se nesta mulher. Minha companheira. Minha. “Querido.”
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Daria enterrou os dedos em seus cabelos, passando a empurrar contra ele. Bombeou mais rápido, mais forte, selando-os com tanta força, que não podia dizer onde terminava a sua carne e a dela começava. Se juntaram completamente, uma só alma. Uma mente. “Ryon!” Envolveu as pernas ao redor da cintura dele e retribuiu seus impulsos com abandono selvagem, rasgando-o. Empurrou contra ela de novo e de novo, enviando-os em uma espiral, para o espaço. Ela enrijeceu com um grito, agarrando-se a ele, e ele se liberou. Estremecimentos os atormentaram, diminuindo gradualmente para um balanço suave, como a ondulação em uma lagoa. Ryon a embalou quando as convulsões diminuíram, e se deleitou com contentamento. Deu um beijo em sua testa, em seguida, caiu de costas,
puxando-a
em
seus
braços.
Ela
se
aconchegou,
descansando a cabeça em seu peito. Suspirou. "Você é o único que eu quero." Contentamento se espalhou através do seu coração. Daria era dele. E nunca a deixaria ir.
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DEZ
Naquela tarde, Nick chamou Ryon e Daria em seu escritório. Estava muito sério, como Ryon jamais o tinha visto, e foi rapidamente ao que interessava. "Queria falar com vocês dois, antes de informar os outros. Passei um pouco de tempo, depois da nossa conferência no outro dia, buscando nos arquivos do laboratório, a cobaia trêscinco-seis." "A que Kalen mencionou", disse Ryon. "Essa mesma. O que descobri não foi o que esperava. Mas respondeu a um monte de perguntas, começando com a identidade humana da criatura e por que está aqui, na Shoshone." Ryon trocou um olhar com Daria. "Estava vindo para lhe contar por mim mesmo, mas Daria e eu vimos a criatura mais cedo hoje, quando estávamos dando uma corrida. Na verdade, nós o vimos como homem, primeiro, e depois ele mudou para a criatura." Nick se inclinou para frente, as sobrancelhas franzidas. "Diga-me o que aconteceu."
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Rapidamente, Ryon relatou como estavam correndo, e se depararam com a loba branca. Que ela os levou ao homem, e como o tinham visto se transformar na besta. "Você estava perto o suficiente para identificá-lo como um ser humano?" "Não. Fico feliz que não estávamos tão perto, porque era uma merda assustadora e não estávamos preparados para lutar com ele." "Ainda bem. Porque eu sei quem ele é." Nenhum deles tinha a menor ideia para onde estavam indo. Com certeza, não para o lugar que Ryon tinha imaginado. "Nos arquivos, o verdadeiro nome da cobaia três-cinco-seis foi gravado em um único documento, que levou uma eternidade para encontrar, e quase o perdi." Olhou para a companheira de Ryon. "O nome não teria significado muito, se Jesse não tivesse ligado no outro dia, me dizendo que seu pai estava tentando se comunicar com você." Daria engoliu em seco, o temor crescendo em seu rosto. "Por favor, não diga o que eu acho que é." "Sinto muito. Mas o nome da cobaia três-cinco-seis era Ben Cantrell." "Oh, Deus", respondeu asperamente. "Tem certeza?" "Infelizmente, sim. Jesse cobrou alguns favores, e nos forneceu uma amostra de DNA a partir de cabelo encontrado no banheiro de Cantrell. Nosso próprio laboratório realizou o teste de DNA, cruzando
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a referência com amostras de saliva da criatura, que foram encontradas nas vítimas." “Não.” "A criatura é Cantrell", disse ele suavemente. "Daria, sinto muito." Sua voz tremeu. "Eu senti o cheiro dele hoje, na minha forma de loba. Era Ben, o tempo todo." Parte de Ryon odiava que ela estivesse tão chateada por causa do ex-namorado. Mas se importou com o homem uma vez, e tinha bom coração. Não devia ser fácil ouvir isso sobre alguém que ela conhecia, então forçou para baixo sua irritação. Além disso, lembrou a si mesmo, sua companheira tinha acabado de passar uma tarde de amor com ele. Mostrando a Ryon que era sua. "Há alguma coisa que possa ser feita para ajudá-lo?" "Acho que sim, mas vai ser condenadamente difícil de conseguir." Abrindo um arquivo, o deslizou sobre a mesa para ela e Ryon. "Tomei a liberdade de ligar para o seu pai. Queria algumas dicas sobre Ben, do seu ponto de vista, e descobri uma coisa interessante. Você sabia que Cantrell, uma vez, defendeu o irmão do seu pai, August, em um caso criminal?" "É claro", disse ela, as sobrancelhas unidas. "Foi logo depois que começamos a namorar. Mas o que a defesa do Tio August tem a ver com alguma coisa?"
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"Bastante. Não quero ser indelicado, mas você sabia que o seu tio não era inocente das acusações das quais Cantrell o livrou, e que ele está envolvido em uma série de transações desonestas, correto?" "Foi por isso que nossas visitas à sua propriedade diminuíram ao longo dos anos. Ele e meu pai não conseguiam encarar de frente essa parte da vida do August. Que interessante como esta viagem nostálgica
mostra o
quanto
as memórias
da família
são
disfuncionais…" "Você também sabia que seu tio tinha relações com um rico empresário chamado Evan Kerrigan?" Ryon gemeu. "Porra, não. Diga que não foi assim, chefe." "Gostaria de poder." "Alguém me dá uma pista? Quem é Evan Kerrigan?" Nick respondeu. "Kerrigan era um pseudônimo usado por Malik, o Rei Unseelie, em seu disfarce humano." Houve um estalo, e os olhos de Daria se arregalaram. "Você está dizendo que meu tio estava envolvido em toda essa experimentação doente sobre os shifters? Aquele- aquele que foi, de alguma forma, o culpado pelo que foi feito ao Ben?" "É exatamente o que estou dizendo", Nick disse. "Quando me aprofundei mais na história do seu tio, descobri que o Dr. Gene Bowman era um bom amigo dele. Seu tio era um dos seus benfeitores financeiros, junto com Malik. "
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Ryon digeriu aquilo. "Então, você acha que o tio dela estava de olho em Ben como um assunto de testes, esperou sua vez, e depois, quando Ben e Daria terminaram, ele aproveitou a oportunidade para arrebatar o pobre coitado?" "Tenho certeza de que foi exatamente isso o que aconteceu. Agora, o que fui capaz de descobrir é que August Bradford mantém todos os seus arquivos em seu computador, em casa. Nunca confiou em deixá-los em um escritório, ou em qualquer outro lugar. Estão muito mais seguros com ele." Olhou para Daria, que estava balançando a cabeça. "Diga a Ryon o porquê." "Ninguém que conheça o projeto da casa do meu tio tem esperança de roubar seus arquivos. Sua propriedade é acessível apenas por helicóptero. Não há nenhuma estrada para dentro ou para fora, e está situada bem no meio de cerca de cinquenta quilômetros de floresta no norte da Virgínia. O rio Shenandoah não é muito longe da sua casa." "Quão próxima você é do seu tio?" Nick perguntou. "Nem um pouco. E se ele está por trás do que aconteceu com Ben e tantos outros, quero fazer o que for preciso para derrubá-lo", disse ela, ferozmente. "Estou feliz por você se sentir assim, porque tenho uma tarefa para Ryon. E o problema é, ele vai precisar que você o acompanhe." Ryon se levantou como um raio. "De jeito nenhum. Minha companheira não vai comigo em qualquer missão. Jamais."
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"Hum, alô. Sua companheira está bem aqui, e pode tomar suas próprias decisões", ela sussurrou com raiva. “Daria-” "Vamos ouvir o que Nick tem a dizer, mas a decisão é minha." Ela não ia se deixar levar. Seu coração afundou quando percebeu o que ganhar essa batalha lhe custaria, a longo prazo. Se ele a deixasse para trás, danificaria a importante confiança entre eles. Filho da puta. "Tudo bem." Nick continuou. "Acredito que seu tio tem em sua posse, uma série de documentos importantes sobre mais cobaias, os embarques das drogas sintéticas usadas em shifters e listas de quem tem participado do negócio com ele. Mas também acredito que ele nunca teria permitido essas experiências sem uma segurança.” "Um antídoto", disse Ryon. "Claro!" "Acredito que está em seu computador além de tudo o mais que precisamos. Mas precisamos que Daria coloque vocês dois lá dentro e, depois, para fora. Ela conhece o formato da propriedade do seu tio, seus hábitos. Ela o conhece." "Só nós? Nenhum dos outros vai com a gente?" "Não. Essa tem que ser uma operação discreta. Aric e Jax vão leválos. Vocês dois vão entrar, acessar os arquivos, e sair sem serem detectados. Eles vão buscá-los novamente e teremos o laboratório
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trabalhando no soro. A próxima vez que vocês encontrarem a criatura, ela vai receber uma dose." "Essa é uma tarefa difícil." Ryon balançou a cabeça. "Não gosto disso. Quero que ela fique aqui." "Vou simplificar - sem os dois, a operação irá falhar. Você sabe que eu não interfiro com o livre arbítrio, mas estou indicando os fatos. A decisão cabe a vocês dois." "E se não formos?" Ryon perguntou. "Talvez, um dia, vamos ter outra chance de achar o antídoto, e o resto dos arquivos, mas este dia vai ser em um futuro distante. Enquanto isso, vidas serão perdidas sem essa informação - algumas delas, próximas a nós." "Jesus. Você joga duro." "Mais uma vez, a escolha é de vocês." Encontrou o olhar de Daria, lendo a determinação lá. Ela estava em forma, sabia que ao ar livre, podia cuidar de si mesma nesse ambiente, bem como ele podia, provavelmente melhor. Se a deixasse para trás, colocando suas vidas antes das dos outros, poderia causar uma fissura que poderia nunca se curar. "Nós vamos fazer isso." O alívio e a gratidão no rosto dela foram sua recompensa. Só esperava que a informação estivesse lá, como se supunha estar. Colocar sua companheira em risco valeria a pena, quando salvassem vidas. 235
"Obrigada", disse, em voz baixa. "Não vou te decepcionar." "Não estou preocupado com isso. Sou eu te decepcionando, que me deixa com medo. Fique comigo por todo o caminho, ok?" "Pode apostar." Nick se levantou. "Vocês tem uma hora para fazer as malas, e estudar o mapa do caminho. Levem suprimentos suficientes para uma caminhada de dois dias, para ir e voltar." Piscou para Daria. "Moleza, para a nossa bióloga da vida selvagem." Ela começou a sair, e ele a pegou pelo braço. "Vou estar lá em apenas um segundo." "Vou esperar no corredor." Depois que ela se foi, Ryon apresentou sua pergunta ardente. "Vamos voltar para casa vivos, depois desta operação?" "Não sei", o comandante respondeu, honestamente. "Mas você não me diria, se pudesse?" "Algo assim." Sua voz era forte. "Mas sei que precisamos dela presente. Se ela não for, a operação irá falhar. E você não vai ficar em casa, mesmo." "Cristo", murmurou. "Melhor começar a me mexer, então, certo?" "Vou ajudá-lo o máximo que puder, a partir daqui. Se precisar de mim, é só falar comigo." "Eu vou." Apertou a mão do seu chefe, em seguida, lhe deu um leve sorriso. "Até eu chegar em casa." 236
“Pode apostar.” Sim, devia ser um saco conhecer o futuro. Neste momento, Ryon não trocaria de lugar com Nick, nem por todo o dinheiro do mundo.
Aric e Jax os deixaram a quilômetros da propriedade de August Bradford, com a promessa de que Ryon ia manter em contato, e contatá-los no instante que soubesse que estavam prontos para a extração. Com antecedência, se possível. O plano era buscá-los no mesmo local. Mas os planos davam um jeito de acabar fodendo com tudo, além de toda a razão. Ryon achou que Daria suportou o passeio de helicóptero muito bem, considerando-se seu medo de voar, pelos nós dos dedos brancos. Apertou sua mão com força o tempo todo, o rosto pálido, mas não fez nenhum comentário. Depois que tinham saltado, caminharam pelo resto do dia, e dormiram naquela noite. Levantaram-se e caminharam novamente. Mesmo que fosse quente, suada, e comichosa, a viagem foi tranquila. Assustadoramente assim. Essa devia ter sido a dica de que as coisas estavam prestes a dar errado. Entrar na propriedade foi enervante, mas surpreendentemente simples. Daria conhecia os lugares secretos para se esconder, a 237
rotina dos guardas. Sabia qual o melhor caminho para dentro, e que o melhor momento para invadir as instalações era cerca de duas horas da manhã, quando os homens de vigia estavam sonolentos e complacentes, para guardar um lugar remoto onde nada tivesse acontecido. Posicionando-se nas sombras, ao lado das portas francesas do quarto onde ela tinha ficado quando criança, usou uma garra para cortar o vidro. Alcançou a parte de dentro e abriu o ferrolho. Então, lhe deu um beijo. "Tenha cuidado", ele murmurou. “Terei.” Então, ela se foi. A espera se estendeu, interminável.
Caramba, direto para o inferno e de volta. Daria se curvou, absorta na tela do computador, os dedos tocando um ritmo enérgico nas teclas. Se seu tio ou um dos seus asseclas os pegassem aqui, em seu estúdio privado, se assegurariam de que ela e Ryon desaparecessem, sem deixar rasto. Não seria a primeira vez que tinha escapado de assassinato – mas, hoje em dia, August não tinha Gene Bowman para conspirar, e a Pack estava em cima dele. August ia pagar sua parte pelo que tinha feito com Ben.
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Na esteira desse pensamento, um par de olhos azuis tristes a assombrava, reforçando sua resolução. Tinha resistido a Ryon, negado seu acasalamento, no começo, lhes causando tanta dor, antes que entendesse - ferir seu companheiro era o mesmo que ferir a si própria. Não acreditava que tivesse um lugar em seu mundo. Não queria aceitar que não teve o que dizer sobre sua própria vida, e ele tinha tomado isso como rejeição. Mas ia fazer por Ryon, agora, ajudando-o e à sua equipe com isso. Então August, o bastardo, iria preso. Vencido em seu próprio jogo desprezível. Muito melhor do que enfiar uma bala em seu cérebro. Certo. Continuou dizendo a si mesma aquilo, até que um dia a mentira fosse descoberta. “Vamos, vamos...” A tela de segurança irritante apareceu novamente, exigindo a senha correta. Obviamente, seu pai estava errado sobre qual a deixaria entrar. Precisavam das notas da pesquisa médica do seu tio, o seu "livro negro", com os nomes dos seus contatos, quantidades e datas das transferências maciças de drogas. Drogas que eram prejudiciais para shifters, causando vícios de todos os tipos - e algumas que criavam horrores mutantes, como o que Ben tinha se tornado. Provas suficientes para prender August para sempre, na ponta dos seus dedos. E não conseguia chegar até elas. A voz urgente de Ryon entrou em sua cabeça. Querida, saia daí! 239
Estou indo, ela respondeu. Cinco minutos. Rápido. Olhou para a janela, para o céu clareando, e teve que resistir em bater o punho sobre a mesa, com frustração. Precisava de mais tempo, e não tinham nenhum sobrando. A qualquer momento, a propriedade e o complexo que a circundava, iriam ganhar vida. Desanimada, tirou o pen drive do computador. Tão perto. Colocou-o de volta no saco impermeável, então fechou a coisa toda dentro da sua mochila. Depois de arrumar a mesa e dar uma última olhada ao redor, para ter certeza que tinha deixado a área exatamente como estava, saiu para o corredor. Vozes e passos pesados vinham do final da esquina do corredor, fazendo seu caminho em um ritmo acelerado. Tão rápido quanto ousou, sem fazer barulho, Daria girou no sentido oposto. Graças a Deus, não estavam entre ela e a rota de fuga. Ainda assim, não estava fora de perigo. Cortou seu caminho através do labirinto de corredores, ouvindo quando a propriedade começou a despertar. Hoje à noite, iriam terminar o trabalho, mesmo que fosse a última coisa que fizessem. Daqui a vinte e quatro horas, as informações que precisavam estariam nas mãos das pessoas do laboratório do Instituto, e uma cura poderia ser encontrada para Ben e todos os outros seres humanos e shifters que estavam lá fora, sofrendo. Deus, o que não daria para ver o choque no rosto desprezível de August, quando percebesse o que ela tinha feito.
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Talvez deixasse para o seu tio uma nota com insultos, garantindo que tivesse uma surpresa ainda mais desagradável. Com este pensamento gratificante, entrou novamente no quarto de hóspedes e fechou a porta, inclinando-se contra ela para acalmar os nervos saltitantes. Empurrando para trás uma mecha do longo cabelo preto, que tinha escapado dos limites do rabo de cavalo, soltou um suspiro profundo. Em seguida, se dirigiu às portas francesas. Estava no meio do caminho quando algo a acertou. Alguma coisa estava diferente. Ficou imóvel e escutou. Nada se movia. O quarto parecia vazio e, ainda assim, a atmosfera havia engrossado, como a formação de uma tempestade, mudando para um sentido muito real de presença. Ameaçador. Preciso como um feixe de laser, o sentimento se centrou entre suas omoplatas. O armário? Tarde demais, Daria plantou os pés e ficou tensa, pronta para enfrentar a ameaça invisível. Uma perturbação no ar se espalhou contra suas costas e, antes que pudesse se virar, um braço musculoso serpenteou em torno do seu centro, exatamente sob os seios, puxando-a para trás com força. Sua respiração saiu acelerada, quando bateu contra a forma inflexível de um corpo maciço. Um corpo familiar, juntamente com o perfume masculino de terra e de suor, que fez sua loba uivar de alegria. 241
"O que você está fazendo?" Ela sussurrou. "Vim tirar minha companheira daqui." Beijando sua têmpora, agarrou sua mão e puxou-a para as portas francesas. "Vamos." Daria se apressou a combinar o passo quando ele a puxou para a luz do dia. Contornou a parte de trás da casa, fazendo seu caminho até a área mais isolada do complexo, depois parou. Parando, ficou escutando por um longo momento, então seus olhos se estreitaram. A manhã tinha clareado o suficiente para que ela pudesse ver o seu perfil, e a carranca preocupada puxava para baixo os cantos da sua boca. "O que houve de errado?" Ergueu a mão para fazê-la se calar. Um minuto se arrastou. Dois. Daria começou a ficar impaciente e ia começar a lhe dizer, mas ele a interrompeu com um sussurro mínimo. "O que você vê? Ouve?" "Nada. Por quê-" “Shhh.” Silêncio completo. Mesmo a floresta à frente deles, que devia ter vindo à vida, barulhenta com a conversa dos pássaros, estava muda, como se alguém tivesse deligado um interruptor. "Emboscada", inspirou, apalpando sua pistola. "Corra." A importância das palavras mal teve tempo de ser registrada, quando o mundo desabou. Ryon a puxou ao virar a esquina da casa, desencadeando uma corrida mortal, com ela a reboque, quando 242
dezenas de homens com rifles se materializaram atrás da parede que tinham escalado. Gritando e xingando, as forças de segurança de August abriram fogo. As longas pernas bombeando, correu plenamente, sem soltar seu pulso. Daria tropeçou, o coração na garganta, quanto mais os capangas de August se aproximavam do lado oposto da casa, para interceptá-los. Desviou e cortou caminho pelos jardins, utilizando a vegetação luxuriante como um tipo de cobertura para as balas que bombardeavam ao seu redor. Pânico tomou conta dela. Ela e o seu companheiro possuíam habilidades especiais mas, mesmo eles, tinham poucas chances contra dezenas de balas. Como August tinha descoberto que eles estavam aqui? Por enquanto, eram obrigados a abortar a missão. Mas, se sobrevivessem a este cenário louco, gostaria de encontrar um caminho para voltarem e terminarem o que tinham vindo fazer. Ryon hesitou, olhando a vasta extensão de gramado cultivado na frente da propriedade. Certamente, não tinha a intenção de fazer o que parecia. Ele fez. O homem correu pelo jardim, indo direto para os portões de ferro imponentes, no final do gramado. Além deles, não havia nada além da floresta. Não podiam ter ficado mais expostos, era como se tivessem alvos afixados em suas costas, e não havia tempo para pegar um helicóptero do seu tio. Derraparam até pararem nos portões, próximos ao teclado, e ele a empurrou para o painel. "Você sabe o código?" 243
Homens apareciam ao redor da casa, os rifles prontos, encurtando a distância. "Papai o deu para mim, mas não há tempo suficiente-" “O código, Daria!” Daria socou os números enquanto ele se agachava, colocando a pistola na cintura e pegando o M16 nas suas costas. Haviam muitos deles. Isto lhe pareceu patético, um único homem contra as forças de August. Como uma formiga mordendo um elefante. Seu companheiro disparou várias rodadas, e eles responderam na mesma moeda. Ela acertou o chão com ele, rezando quando o estouro e o gemido do mecanismo começou a balançar, abrindo os portões. Minúsculos tufos de sujeira eram levantados pelos tiros, que chegavam muito perto. “Vá! Vá!” Daria saltou sobre seus pés e apertou o botão para fechar as portas novamente, então atirou-se na abertura. Os portões começaram a inverter sua direção, e ele só conseguiu deslizar atrás dela, pouco antes que se fechasse. Segurando sua mão, ele a arrastou pela floresta densa, mudando de direção várias vezes. Uma única vez, parou na base de uma árvore, pegando uma mochila pesada que tinha deixado escondida, perto da propriedade. Colocoua sobre os ombros, sem perder uma passada. Seu passo nunca vacilou, salvo quando a vegetação densa dificultava seu progresso.
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Eventualmente, os gritos dos capangas de August diminuíram e desapareceram. Ela sempre teve boas condições físicas, mas pensou que seus pulmões podiam explodir, se ele não abrandasse. Não importa. Morreria antes de lhe pedir algum favor, porque praticamente o obrigou a deixá-la participar. Ele parecia ter lido sua mente. Quando a folhagem deu lugar a uma pequena clareira, parou e se virou para encará-la, o peito largo arfando. Jesus amado. Ele a afetava assim, o tempo todo. Seu companheiro era um animal sexy. Calças camufladas abraçavam suas longas coxas e uma camiseta combinando, com as mangas cortadas, exibia os músculos ásperos em seus braços. Os cabelos loiros, despenteados, caíam sobre seus olhos azuis. Estava de pé, com os pés calçados com botas, afastados, seu olhar como lasers gêmeos, perfurando-a, em espécie. Noventa quilos de um macho poderoso. Todo meu. Sim, seu, ele concordou. Seus lábios desenhados se curvaram para cima, em seu rosto, belo e angular. Um sorriso zombeteiro, repleto de desafio. Em seguida, a realidade da sua situação tênue se intrometeu. "Isso foi, fodidamente, um fracasso total", reclamou. "August sabia que estávamos chegando, ou descobriu nossa presença depois que chegamos. E agora?" 245
"Nós recuamos, e a equipe vem nos pegar. Vamos ter que descobrir uma outra forma de obter o que precisamos." Seu rosto, no entanto, refletia uma amarga decepção. "Absolutamente, não. Não podemos desistir agora."
Ryon estudou a reação da sua companheira com fascinação. Sabendo ou não, seus olhos castanhos, da cor do uísque, eram janelas diretas para sua alma. Eles se encheram de indignação, e sem nenhuma quantia mínima de medo. Parecia tão perdida ali, tão desconsolada, como se tomasse o fracasso como seu. A ideia não o agradou. "Fizemos o melhor que podíamos." "Não foi o suficiente." Ela ficou de pé, com os punhos cerrados, segurando seu olhar. Claramente, odiava ter que recuar. "Estou orgulhoso de ter uma companheira tão valente", murmurou, curvando a mão sob seu queixo. "Mas não vale a pena o risco." "Sim, vale!" Irritada, empurrou suas mãos. "Ben vale o risco! Ele é um bom homem, que não merece o que fizeram com ele!" Seu estômago se agitou. Ben, novamente. Sempre aquele maldito Ben Cantrell, bem no meio dele e da sua companheira. 246
Será que o homem tinha alguma ideia do presente que, tão descuidadamente, perdeu? Seu longo cabelo escuro estava puxado para trás em um rabo de cavalo prático e se pendurava até o meio das costas. Seus grandes olhos castanhos estavam situados em um rosto deixaria qualquer anjo do céu, com vergonha. Linhas de riso minúsculas, nos cantos dos lábios, evidenciavam uma mulher apaixonada que, muitas vezes, encontrava muita alegria em seu mundo. A frieza em seu olhar, agora mesmo, o fez detestar o argumento de que tinha, recentemente, sido ferida. "Sabe, Ben faz parte do seu passado", disse ele com firmeza, se esforçando para ocultar a dor e o ciúme em sua voz. E falhando. "Mantenha um olhar sobre o passado, e o seu futuro só vai passar por você. Alguém não disse algo semelhante para mim, recentemente?" Ficou imóvel. "Você vai jogar isso na minha cara, agora?" "Talvez você deva descobrir, de uma vez por todas, o que é que você quer, isso é tudo. Vamos." Deus, ia ser uma longa caminhada. Podia sentir Daria lançando olhares perfurantes em suas costas. Idiota arrogante! "O que você disse?" Ele falou por cima do ombro. "Nada." Praticamente, podia ouvi-la cerrando os dentes, com aborrecimento. Não. Não ia deixar sua raiva chegar até ele. Melhor que ficasse brava com ele, do que ter os homens do seu tio alcançando-os. 247
"Até onde temos de caminhar? Suponho que você vai fazer a sua coisa de Telepata e a equipe vem nos pegar?" "Eventualmente. Estamos fora da rota que pegamos para entrar. Pelo mapa, temos cinquenta quilômetros para percorrer, mais ou menos." O protesto de Daria foi rápido. "Cinquenta quilômetros? Isso é pura loucura! " "Que outra opção nós temos? Nossas formas de lobo poderiam lidar melhor com a viagem, mas temos que renunciar a isso, porque precisamos dos nossos suprimentos. Além disso, você é capaz", ressaltou. "Passa metade do ano na Shoshone, fazendo pesquisas." "Sim, mas normalmente, não estou fugindo através dela em um ritmo alucinante." "Preciso lembrá-la que você insistiu em vir junto?" Um bufar de irritação foi sua única resposta. "Quando chegarmos ao ponto de encontro, vou fazer contato com a equipe e eles vão nos pegar. E, só para constar, não gosto de desistir, mais do que você." Silêncio, denso e pesado. Não foi capaz de forçá-la a falar, mais do que foi capaz de fazê-la ver que recuar era melhor. Então, começou a andar, mantendo o ritmo acelerado, mas se assegurando de que ela estava logo atrás. Enquanto prosseguiam, estendeu a mente para o seu comandante. Nick? A operação foi um fracasso. Conseguimos entrar mas, de alguma forma, August sabia que estávamos lá. 248
Vocês dois estão bem? Sim, mas foi por um triz. Estamos usando uma rota de fuga alternativa, mas vai levar um dia ou mais para chegar ao ponto de encontro. Tudo bem. Deixe-me saber quando vocês estiverem perto e nos colocaremos a caminho. E, Ryon, tenha cuidado. Ele sorriu com a preocupação verdadeira na voz de Nick. Terei. Não tinha certeza de quanto tempo tinham estado caminhando, mas devia ter sido por horas, antes da sua voz ofegante cortar sua reflexão. "Podemos descansar por um minuto?" Parou e se virou para encará-la, colocando um sorriso irônico nos lábios. "E dar a August a chance de recuperar o atraso? Claro, porque não? Talvez ele vá ficar tão feliz em vê-la, que vai me matar e poupá-la. Vai ser uma típica reunião de família." Ignorando sua provocação, Daria abaixou a mochila, pegou seu cantil lá dentro, e tomou uma golada, tomando o cuidado de conservar a água preciosa. Quando terminou, recolocou a tampa e olhou para Ryon, que a observava, sem fazer nenhum comentário. "Conte-me a história de como você e a sua equipe SEAL, foram transformados no Afeganistão", disse ela em voz baixa. Respirou fundo, imaginando se essa era alguma nova estratégia, para provar sua opinião. Mas não sentiu nenhum artifício, apenas um
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desejo sincero de conhecer suas origens como shifter. "Não tenho certeza de que está pronta para ouvir..." "Pare de me proteger! Confie em mim para saber quando estou pronta." Seus olhos se estreitaram, sua mandíbula se cerrando. "Tudo bem. Quando montarmos o acampamento, vou te dizer tudo o que você quer saber." “Nada mais justo.” Ryon enrijeceu, então estreitou o olhar na direção de onde tinham vindo. "O descanso acabou. É melhor irmos andando." O calor e a umidade do dia aumentaram enquanto caminhavam, até que não houvesse um fio seco em qualquer um dos seus corpos, o que não fazia muito por suas disposições, já delicadas. Ryon se esforçou, indiferente ao seu temperamento. Pararam apenas mais uma vez para beber água, rapidamente. "Está com fome?" "A menos que você tenha um filé escondido na mochila, eu passo." "Não. Mas tenho carne desidratada, comida pronta e barras de cereais. Ou, sempre podemos esfolar um lagarto." Ele balançou as sobrancelhas e, com um suspiro, ela pegou a mochila e começou a andar de novo. Esse foi o fim do assunto almoço. Daria ficou visivelmente aliviada quando ele anunciou que era melhor encontrarem um lugar para acampar. Seu peito se encheu de 250
orgulho, enquanto estudava sua corajosa companheira. Ela estava fazendo o melhor em uma inevitável - mas temporária - situação. "Aqui mesmo", disse ele, apontando. Ryon liderou o caminho para uma massa retorcida de cipós, cobertos por folhagens. Cerca de vinte metros adiante, localizou um ponto onde as gramíneas no chão da floresta e as plantas vizinhas haviam formado uma bolha em formato de taça, perfeita para ocultá-los. Deixando o M16 pendurado em suas costas, largou a grande mochila no chão e pegou um pedaço enrolado de lona, amarrado em um suporte lateral. Ele o abriu em um piscar de olhos e, em pouco tempo, tinha uma pequena barraca no local, grande o suficiente apenas para os dois. Ryon olhou para ela e balançou a cabeça. "Vai ficar mais quente do que o inferno com o zíper fechado, mas devemos ficar relativamente seguros de coisas que andam, rastejam e deslizam." "Nós poderíamos, simplesmente, dormir aqui fora em forma de lobo", observou ela. "Seria mais fresco." "Seria, mas se os homens do seu tio nos alcançarem, vamos ter que correr e deixar todas as nossas coisas para trás." Encolheu os ombros. "Podemos fazer isso, eu acho. Apenas temos que beber água dos córregos e caçar como lobos de verdade, para comer." Ela torceu o nariz. "Por mais que essa ideia agrade à minha loba, a ideia de rasgar a carne crua de um animal, não faz nada comigo." "Então acamparemos como humanos."
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Ela olhou ao redor. "Não deveríamos começar a acender um fogo antes que escureça? Para manter as outras criaturas à distância." "Não, a menos que você deseje postar uma mensagem com luzes de néon, contando para August onde nos encontrar." Ele lhe deu um olhar, considerando-a. "Ou talvez você queira encontrar com ele." "Queria, mas não aqui, assim." Um lampejo de remorso passou por ele. Soltando um suspiro cansado, caminhou até a mochila sem uma palavra. Apanhou-a e pegou dois pacotes prateados de comida pronta, seguidos de duas tigelas de metal pequenas e colheres, usadas para camping. Colocou as tigelas no chão, se ajoelhou e arrancou o lacre de ambos os pacotes, então derramou um em cada tigela. Por último, acrescentou um pouco de água em cada uma e mexeu. Terminando, sentou-se de pernas cruzadas e estendeu uma das tigelas. "Seu jantar a aguarda, madame." Daria se aproximou e sentou ao lado dele. "Parece um pouco melhor do que coelhos recém-abatidos." "Desculpe. Parece que o restaurante do Four Seasons perdeu minha reserva para esta noite." Sentando-se ao seu lado, colocou a mão sobre a dele. "Não quero parecer uma vadia. Você está fazendo o melhor que pode, dadas as circunstâncias e eu lhe dei alguns momentos difíceis. Quero que saiba que você é a coisa mais importante para mim."
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Engoliu em seco, tentando não parecer tão vulnerável quanto, de repente, se sentiu. "Eu sou?" "Sim." Ela fez uma pausa. "Conte-me o que aconteceu, naquele dia." "É difícil para mim falar sobre isso." Incentivo brilhou nos olhos cor de uísque. Após um longo momento, começou a contar a história, enquanto as sombras se alongavam na floresta. "Haviam seis de nós, juntos em uma equipe SEAL - eu, Jax, Aric, Zander, Micah, Phoenix, e Raven. Estava tão quente naquele dia, que estávamos prestes a derreter." Riu suavemente, a dor sempre ali, sob a superfície. "Mal sabíamos que mais da metade de nós estava prestes a morrer. Muito menos, nas mãos de qualquer inimigo que já tínhamos visto em nossos piores pesadelos..."
Seis anos antes... "Jesus Cristo, estou imundo", Raven reclamou, coçando a virilha. "Quando, finalmente, trocar esta roupa de baixo, ela, provavelmente, vai andar sozinha." Micah sorriu. "Com a ajuda dos carrapatos que você pegou daquela mulher, na última aldeia." "Cala a boca, pinto pequeno. Ela não tinha carrapatos. " 253
Alguns dos rapazes riram, mas Ryon não estava prestando muita atenção. Estava pensando na sua mãe e na irmã, imaginando se ia conseguir sair deste buraco esquecido por Deus, para vê-las novamente. Esqueça o sexo. Oh, Jesus, o que ele não daria por uma enorme taça de torta de pêssego da sua mãe, submersa em sorvete de fava de baunilha. Será que estaria em casa no Natal? Enquanto marchavam para a frente, sonhava em quão grande a reunião seria. Se conseguisse sair, ia surpreendê-las. Bastava aparecer em casa e assistir à mamãe e Lisa guincharem de alegria quando entrasse pela porta. Levaria muitos presentes, champanhe, e"Esperem," Jax sussurrou, parando. Tenso, estudou a floresta montanhosa ao redor deles, e franziu a testa. Em algum lugar, escondido na vegetação, um passo rangeu, à sua esquerda. Outro, à sua direita. E um, atrás. Ryon e Micah trocaram um olhar temeroso. Esta área devia estar limpa, e não podiam ter alcançado a fortaleza, que era o seu destino, já. Deus, estavam cercados! Então, a floresta ficou em silêncio. Aqueles poucos instantes que se seguiram à quietude absoluta, aqueles segundos antes das suas vidas mudarem para sempre, quando ele trocou olhares, um por um, com Aric, Raven, e os outros, iam assombrá-lo para sempre. Tum, tum, tum. O chão tremeu e as folhas balançaram. Quando um rugido gutural rasgou o ar, Aric saltou, apontando o cano do seu M16 para as árvores, as mãos firmes, uma gota de suor pingando do nariz. 254
"Porra", Micah sussurrou. "Que porra é essa?" Ryon olhou, horrorizado. A coisa que quebrou a folhagem à sua esquerda, estava ereta sobre as duas pernas, e tinha mais de dois metros de altura. Coberta com um espesso tapete de pelo marrom acinzentado, tinha um torso longo, dois braços, ombros musculosos e uma cabeça ostentando duas orelhas verticais e um focinho longo, rosnando, cheio de dentes afiados. Parecia uma criatura que era metade homem, metade lobo. Ele e a sua equipe olhavam fixamente, de boca aberta, com os dedos congelados nos gatilhos. Se as coisas podiam ter sido recuperadas, o desastre evitado, nunca saberiam. Porque o seu amigo Jones começou a gritar, bombeando balas no peito do animal. Depois disso, tudo virou uma merda. A criatura cambaleou para trás e, em seguida, se recuperou rapidamente, correndo para Jones. Com o golpe de uma pata, do tamanho de um prato de jantar, o grande bastardo rasgou a garganta de Jones, jogando-o de lado como um galho. Em seguida, se lançou sobre Raven, mordendo o vão entre seu pescoço e o ombro, enquanto o homem gritava. Abriram fogo, quando vários outros animais surgiram da floresta. Tornou-se rapidamente evidente que, enquanto as balas podiam ferilos, precisavam de algo com muito mais poder, para matá-los. Aric se agachou e desesperadamente espalmou uma granada enquanto todos os seus amigos caíam em torno dele, travando uma batalha que não podiam ganhar. Aquele que tinha matado Jones, balançou Raven como uma boneca de pano, soltou-o e correu para Aric, que 255
deixou uma granada voar. Ela bateu nos pés do alvo e explodiu, enviando a maldita coisa para o inferno. Mas não foi suficiente. Micah se abaixou, a faca na mão, cortando a garganta dele. Mas outro pulou em cima dele, e sua luta foi de curta duração, seu grito, terrível. Jax caiu próximo a ele, então, seu Comandante de Operações, Prescott, Zan, Nix, e tantos outros. Todos eles, um por um. Mortos ou morrendo. Desembainhando sua própria faca, Aric girou para enfrentar a besta emergindo em seu flanco. "Vamos lá, cadela", ele assobiou. "Vamos dançar". Ryon perdeu a noção da batalha à sua volta, quando uma das criaturas correu para ele. Bateu nele como um trem de carga e levouo para o chão. Seu M16 foi arremessado no ar, disparando uma chuva de balas nas árvores. A arma aterrissou há vários metros de distância, inútil. Frenético, Ryon chamou através do seu dom de Telepata. Era tudo o que tinha. Ajude-me, alguém! Oh, DeusGarras afiadas rasgaram o estômago de Ryon e seus gritos agonizantes se juntaram aos dos seus companheiros. Não havia ninguém para ajudar. Nada a ser feito. A criatura o virou e rasgou seu pescoço com os dentes enormes, o sangue encharcando os dois. Vagamente, se tornou consciente de Aric gritar sua raiva para as bestas. "Toma essa, filho da puta!"
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À medida que a criatura soltava Ryon, ele viu o impossível - Aric desencadeou uma explosão de fogo das suas mãos. As chamas dispararam e engoliram um dos animais, que caiu no chão, gritando e se contorcendo, enquanto queimava. Aric incendiou mais três lobos, então, mais alguns, até que o fogo diminuiu. De repente, as chamas morreram, e um dos animais restantes avançou, com uma expressão sinistra que podia passar por um sorriso. Aric o enfrentou de frente, sem vacilar. "Vamos lá, filho da puta horroroso. Venha para o papai." Se ele entendeu, Ryon não podia dizer. Mas correu para Aric, e seu amigo se preparou. A besta o derrubou no chão e suas costas bateram duramente, enquanto Aric puxava o pino de uma granada. O lobo trouxe seu nariz para Aric, de boca aberta, as presas pingando saliva sangrenta. Aproveitando sua abertura, Aric bateu com o punho na garganta do animal, empurrando o braço, tanto quanto podia. Imediatamente, a coisa engasgou e recuou, reflexivamente, agarrando seu ombro e o braço para desalojá-lo. Aric foi para trás, afastando-se do animal, o máximo possível. A granada explodiu, espalhando pele, sangue e vísceras por toda parte. Ryon ficou ali, sua força vital fluindo do seu corpo. Estranho que neste lugar com um calor de escaldar a alma, conseguia sentir frio.
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Enquanto sua visão falhava, seu corpo ficando pesado, ouviu Zan caminhando para Aric, implorando a seu amigo para aguentar. Que diabos Zan achava que ia fazer? Pegar uma agulha e linha e costurar seus membros mutilados e o torso juntos, novamente? Ryon não conseguia ver nada e mal podia ouvir, no momento em que uma mão tocou seu ombro. "Ryon, aguente", Zan ordenou, de algum lugar distante. "Eu sou um Curandeiro, e você vai ficar bem." Calor começou a se espalhar ao longo dos seus membros. Mas, apesar da capacidade de cura do seu amigo, levaria muito, muito tempo, antes de qualquer um dos sobreviventes desse horror estivessem bem. O reencontro de Natal com o qual tinha sonhado, a promessa que o havia impulsionado sobre cada pedra e em torno de cada árvore nesse país esquecido por Deus, nunca aconteceu. Demorou meses até que estivesse bem o suficiente, para saber que sua mãe e Lisa tinham morrido em um acidente de carro no caminho para o aeroporto. Elas estavam tentando chegar até Ryon. Estava sozinho no mundo, e não podia deixar de pensar que teria sido melhor, se tivesse morrido, também.
"Eu sinto muito", Daria sussurrou. 258
Puxado de volta para o presente, Ryon lhe deu um pequeno sorriso. "Isso foi há muitos anos, e minha mãe e minha irmã chutariam a minha bunda por pensar assim. Foi o que me fez passar por isso." Chegando perto, envolveu o rosto com as mãos. "Eu te amo, meu companheiro. Você não está sozinho. Nunca mais." Ele prendeu a respiração. "Tem certeza disso?" "Sim. Mais do que qualquer coisa. Sei que não estamos juntos há muito tempo, mas eu sei." Apertou-a contra ele, puxando-a para o seu colo. "Eu também te amo. Muito, querida." Ali mesmo, tirou seu top. Libertou seus seios e jogou o sutiã de lado. Gemeu, quando ela se inclinou para ele, mordiscando seu queixo e o pescoço, as mãos explorando seu peito e o estômago. Seus dedos encontraram a calça e o libertaram. Agarrando sua carne, dura e necessitada, bombeou-o lentamente, deixando-o louco. Rosnou quando ela se afastou dele rapidamente, para livrar-se da sua própria calça e a calcinha, mas aproveitou a oportunidade para retirar a sua, também. Em seguida, ela montou em seu colo, de frente para ele, o calor do seu sexo aninhado contra sua vara latejante. Suas bocas se encontraram em um confronto, seu desejo subindo como uma maré vermelha. Ela cheirava muito bem para o seu lobo, e quando se mexeu sobre ele, quase gozou, como um adolescente. Suas línguas se emaranhavam e provavam, e ele se moveu contra ela, deixando clara sua intenção.
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Alcançando entre eles, guiou a cabeça do seu pênis para sua entrada, e afundou-se em seu eixo. Fechou os olhos em puro êxtase, quando seu calor apertou e acariciou seu pênis sensível. O fogo, construído constantemente, ameaçou mandá-lo sobre a borda muito mais cedo do que queria. Mas qualquer esperança de se controlar se perdeu, quando ela pediu: "Me reivindique, da forma que devia ter sido da primeira vez, para nós! Por favor!" Suas presas alongaram, e com um rosnado baixo, afundou-as na pele macia do seu ombro. Ela gritou, enquanto sua doce essência inundava sua boca. Muito mais alucinante do que a mordida que tinha lhe dado, para salvar sua vida. Seus sentidos explodiram, junto com a sua libertação. Se derramou dentro dela, e seu prazer aumentou quando ela se apertou ao seu redor, agarrando-o, quando encontrou o clímax. Estremeceram juntos, sem parar, respirando com dificuldade, quando finalmente desceram das alturas. Por um tempo, simplesmente a segurou. Depositando beijos suaves no pescoço, lábios, em todos os lugares que podia alcançar. Então, gentilmente a sentou ao lado, limpando os dois da melhor forma possível. Em seguida, a levou para dentro da tenda e a deitou, sem querer deixá-la. Daria o amava. Isso era tudo o que precisava neste mundo. Em paz, caiu em um sono profundo. 260
Um dedo de culpa espetou a consciência de Daria. Ela o amava com loucura, e era isso que tornava a decisão tão difícil. Como seus amigos da Pack, Ryon era teimoso ao extremo. Uma vez que decidia seu caminho, não havia como desviá-lo do mesmo. Estava levando-a para fora do território do seu tio, para encontrar sua equipe. Iam sair daqui e ela nunca conseguiria outra rachadura para impedir as práticas nefastas de August. Estava tentada a desistir, deixar a Pack lidar com o que viria a seguir - se Ryon nunca lhe contasse a história de como sua equipe foi transformada. Tudo sobre o começo da Pack. Por que, por causa de quem tinha feito esses lobos shifters selvagens, seus novos amigos haviam sofrido. Assim como Ben agora sofria, por causa do que seu tio, Bowman, e Malik tinham feito. Ela não podia, em sã consciência, sair e levar sua vida, sabendo que August estava escapando de crimes piores que assassinato. Não correria o risco dele voltar a assombrar sua família e amigos. Ryon rolou para longe dela, resmungando um pouco, e ficou em silêncio. A culpa de Daria comia sua consciência, muito depois da respiração dele ter se nivelado, no sono. Muito tempo depois que ela deixou o seu lado, e deslizou para a noite.
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ONZE
O xingamento de Ryon rasgou através da mais completa escuridão, quando deu um tapinha no lugar vazio, onde Daria tinha estado. Frio ao toque. Passou a mão pelos cabelos, com frustração. Há quanto tempo ela tinha ido embora? Cinco minutos ou cinco horas? Era uma questão de poucos segundos para encontrar a morte na floresta, especialmente à noite. Jesus amado. Já que a visão noturna do seu lobo não funcionava bem, a menos que estivesse naquela forma, se atrapalhou e localizou a lanterna que havia trazido para a tenda. Já que a luz podia alertar qualquer
um
dos
capangas
de
August,
acampados
nas
proximidades, a tinha guardado somente para uma emergência. O pensamento de Daria se deparando com um grupo de homens armados com fuzis, ou com Ben, em sua forma bestial, mais do que se qualificava. Checou o relógio. Meia-noite e meia. Tinha mais de duas horas à sua frente. Quando a encontrasse, iria sacudi-la até afrouxar seus dentes. O que ela estava pensando? Não estava pensando, pura e simplesmente. Deixou a emoção superar o bom senso e aumentou o perigo no qual já estavam. 262
Trabalhando rapidamente, sob a luz da lanterna, Ryon levantou acampamento e arrumou a área, certificando-se de que não tinha deixado para trás qualquer vestígio da sua estadia. O receio fugaz de que ela ia voltar aqui para encontrá-lo, perturbou seu cérebro. E se ela só se afastou para cuidar das necessidades pessoais? Estendeu o pensamento através do vínculo deles. Daria? Nenhuma resposta. Tentou novamente, esperou mais dez minutos, e depois descartou a possibilidade da sua ausência ser temporária. Ela tinha partido, sem nenhuma intenção de retornar, até que voltasse para a propriedade de August e resolvesse os negócios inacabados. Tinha que lhe dar pontos por ter a ousadia de terminar a operação completamente. Infelizmente, tinha que deduzi-los por sua falta de bom senso. Sorrindo, agora, enfiou a mão na mochila. Sua companheira não iria longe, mesmo armada com sua própria lanterna. Por causa da sua arma secreta, perderia terreno rapidamente. Buscou um pouco mais e o sorriso começou a desaparecer. Não. Ela não podia ter“Maldição!” Os óculos de visão noturna desapareceram. Tornariam a viagem muito mais fácil para ela. Se tivesse conseguido uma boa dianteira, estavam em apuros. Olhando para a bússola no relógio, se orientou. Ryon apostava que circulou os arredores pelo norte, então foi para o oeste, para ficar no lado esquerdo dos capangas de August, mantendo o rio à sua direita. Centenas de quilômetros de floresta 263
intocada se propagavam para o sul, por isso, parecia razoável que ela não tivesse tomado esse caminho. A menos que ela imaginasse que ele ia pensar dessa forma. Murmurou outro xingamento. Cristo, que bagunça. No fim, se estabeleceu na rota noroeste. Seu estômago lhe dizia que ela ia escolher a maneira mais segura e mais rápida de chegar ao seu objetivo. Não era teimosa o suficiente para arriscar-se a se perder, só para evitá-lo. Esperava. A caminhada prosseguia lentamente. Sua lanterna, embora poderosa, conseguia iluminar apenas alguns metros à sua frente, devido ao denso emaranhado de plantas que servia como uma barreira entre ele e o que podia estar lhe esperando, além dela. O mundo caía em escuridão um metro e meio à frente do seu corpo, e se prolongava às suas costas. Era uma sensação arrepiante, sem a qual, podia ter ficado. Até mesmo seu lobo choramingou. Ryon prosseguiu até o dia amanhecer. Até então, temia que as forças de segurança a tivessem encontrado, ou que a tivesse perdido, completamente. Se August a tivesse machucado, Ryon levaria o homem para o inferno, junto com ele. Sua visão e olfato aguçados, tinham pego um leve rastro, mas e se fosse tarde demais? Três horas após o amanhecer, o medo tinha sido substituído pela preocupação. Sem o manto da noite para dificultar seu rastreamento, devia estar alcançando-a, agora mesmo. Seu cérebro zumbia. Seu passeio noturno o havia deixado cansado e desesperado. Parando para tomar uma bebida, e decidir para onde ir, estava pegando sua mochila, quando a viu.
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Lá, pouco visível através das árvores. Um pedaço de camiseta preta e o longo cabelo preto. Daria estava sentada em um tronco podre há menos de vinte metros de onde ele estava, os óculos de visão noturna descansando ao lado dela. Estava tão perfeitamente imóvel no troco, que tinha que tê-lo ouvido se aproximando. A mulher tinha planejado deixá-lo caminhar junto! Seu mau humor, pouco frequente, explodiu. Marchou através das árvores em sua direção, pensando que era estranho que ela não tivesse se virado. "Isso mesmo, não vai fazer nenhum bem correr", gritou. "Vai ter sorte se eu não algemá-la junto a mim, companheira." Daria não reagiu. Ryon passou por cima da tora, continuando seu discurso e estendendo a mão para agarrar seu braço, ao mesmo tempo. "Jesus Cristo, você tem alguma ideia de quão estúpida-" “Cobra”, sussurrou. A mão de Ryon - e o seu sangue - congelaram. Seus olhos castanhos estavam arregalados de terror, seu rosto, pálido. Não se moveu e, por alguns segundos, não respirou. Calma, fique calmo. "Onde?" Teve que se esforçar para ouvir sua resposta. “Na minha camisa." Filha da puta. "Na frente ou atrás?"
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"Frente. Acho que está dormindo." Estudou a frente da sua camisa e notou a protuberância quase imperceptível em seu estômago. A cobra devia ser pequena, mas na natureza, o tamanho de uma criatura não tinha importância alguma. Na verdade, quanto menor o animal, maior a natureza parecia ter feito seu veneno, em compensação. Até mesmo sua loba podia não ser capaz de se recuperar do veneno. "Já volto", falou, mantendo seu tom suave e uniforme. Ryon se endireitou e afastou-se, fazendo o mínimo barulho possível. Seus olhos encontraram os dela, assustados e suplicantes. Deus, podia ter assustado a coisa, que podia tê-la mordido, se tivesse puxado o seu braço. Repreendeu a si mesmo por ser um idiota. Devia ter suspeitado, quando a viu, congelada como uma estátua. Pegou sua mochila e voltou a ficar atrás dela, agonizando sobre o que fazer. Não podiam esperar pela serpente, isso era óbvio. Ela tinha encontrado um ninho, bom e confortável, para dormir durante o dia e, muito provavelmente, não ia se mover novamente até o anoitecer. Daria desmaiaria primeiro, quer de exaustão ou susto. "Vou cortar sua camisa. É o único jeito." “Ok. Ryon, eu-” “Shhh. Pare de falar.” “Depressa.”
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Retirando uma faca de caça da bota, Ryon lutou para acalmar seu coração acelerado. Com mãos trêmulas, empurrou seu rabo de cavalo de lado, pegou o colarinho da camiseta com uma mão, e posicionou a lâmina da faca apontando para baixo. Lentamente, começou a cortar, abrindo a camisa nas costas. Seu sutiã branco rendado apareceu por baixo, abraçando a pele bronzeada, perfeita. Seu estômago se contraiu e se obrigou a não pensar no que poderia acontecer com aquela perfeição, se falhasse. Em seguida, fez um corte em cada manga, a fim de deixar a peça cair da sua pele, sem movimentar a cobra. Por último, puxou a camisa da sua cintura, centímetro por centímetro torturante, até que tudo o que restava a ser feito era jogá-la para longe - com carona e tudo. Movendo-se para a frente, Ryon ajoelhou-se entre as pernas abertas. Suor escorria em seus olhos. Passou uma mão sobre a testa, em seguida, começou a puxar a camisa para fora, juntando-a em seu estômago. Olhou para seu rosto branco e acenou com a cabeça. "Vou colocar minha mão debaixo da cobra para apoiá-la, enquanto a retiro para longe. Aqui vai." Ryon, cuidadosamente, deslizou uma mão sob o embrulho, a outra por cima. Teve que resistir ao forte desejo de jogá-la aos seus pés e atirar na criatura. Um movimento repentino, no entanto, que poderia resultar em um deles sendo mordido. Pernas tremendo, prosseguia com uma lentidão agonizante. Enquanto o fazia, parte do material cortado deslizou para fora da criatura, revelando sua cabeça e o padrão da sua cor.
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Amarelo toca o vermelho e mata o fedelho, preto toca o vermelho e é amigo do fedelho.* Seu coração bateu dolorosamente contra as costelas. Morte descansava em suas mãos. Desperta agora, a cobra coral levantou a cabeça para olhá-lo com olhos frios e pequenos, a língua se movimentando rapidamente. Sem desviar a atenção da serpente, Ryon continuou a se afastar de Daria até que tivesse certeza que ela estava fora de perigo. Com toda sua força, atirou-a longe na floresta. "Oh Deus!" A voz de Daria rompeu, então escondeu o rosto entre as mãos, os cotovelos sobre os joelhos. "Sentei-me para descansar e essa coisa se arrastou até meu braço e depois, para minha camisa. Não podia me mover."
* Rima que é ensinada às crianças, nas escolas americanas, para diferenciar as cobras corais entre venenosas e não venenosas: Red touches yellow, kills a fellow. Red touches black, friend of Jack; Red touches yellow, kills a fellow. Red touches black, venom lack; Red touches yellow, death says hello. Black touches red, keep your head; Yellow touches red, you be dead. Red touches black, eat Cracker Jacks. 268
Ryon a alcançou em dois passos largos e se sentou no tronco, ao lado dela. Sem pensar, passou os braços ao seu redor e recolheu-a contra seu peito. Seu corpo saltou, com a dolorosa consciência dela pressionada junto a ele, tremendo, sua pele suave como a seda sob as palmas das suas mãos ásperas. Os cabelos negros debaixo do seu queixo, com uma mão segurando a frente da sua camisa, como se nunca mais fosse deixá-lo partir. Proteção feroz cresceu em torno do seu coração, fazendo com que seu peito doesse. "Está tudo bem", sussurrou. "Você está bem. Estou aqui, querida." Murmurou outras coisas também, palavras cadenciadas que sabia que ela não ia entender - mas não precisava saber o significado, se permitissem que se acalmasse. Ela começou a relaxar. "Nunca mais fuja de mim de novo", murmurou. "Nunca. Jure para mim." “Eu juro.” Por um tempo, ficou contente em deixar que ele a abraçasse, aceitando o conforto que oferecia. Por fim, se afastou e limpou o rosto. Ele sentiu a perda do seu calor, imediata e desconcertante. Ela soltou um suspiro profundo e Ryon tentou não olhar para a generosa curva dos seios macios. O pedaço de material rendado fazendo às vezes de um sutiã, não fazia muito para escondê-los, e agora não era o momento de entrar em algum prazer vespertino. Com esforço, moveu o olhar para cima e manteve a atenção focada em seu rosto. Principalmente.
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"Obrigada." Ela fungou. Ele limpou a garganta. "Você é minha companheira. De jeito algum, ia deixar alguma coisa acontecer com você." "Sinto muito por deixá-lo, sem avisar." Olhou para o chão, miserável. "Mas não posso desistir, Ryon. Não posso, simplesmente sair, sem obter a informação que precisamos." Ryon olhou para ela. "Você está brincando comigo? Daria, o encontro com uma cobra venenosa foi apenas uma das centenas de perigos que você podia ter enfrentado. Você me prometeu que não ia fugir de novo." "E não vou. Mas o que August está fazendo é terrível, e pará-lo vai salvar vidas. Preciso da sua ajuda para derrubá-lo." "Para salvar Ben, você quer dizer", disse ele amargamente. No mesmo instante, se arrependeu de deixar escapar o monstro ciumento, mas ela tomou sua mão, balançando a cabeça. "Não apenas ele. Todo mundo que foi arruinado por ele, Bowman, e Malik. Esta pode ser a nossa única chance." Mulher irritante! "Vou pensar sobre isso, mas é tudo que estou dizendo." Ryon se levantou e ofereceu-lhe a mão. "Você tem uma camisa extra?" Um rubor coloriu suas bochechas e raiva brilhou nos olhos dela, mas ela balançou a cabeça e tomou sua mão, permitindo que a ajudasse. Daria buscou através da mochila pela peça de roupa. Ryon ficou desapontado quando veio à luz uma camiseta camuflada, então 270
colocou-a sobre a cabeça, cobrindo a bonita pele. Não sabia o que queria mais - lhe estrangular ou fazer amor com ela. Então, caminhou os poucos metros até onde a blusa preta rasgada repousava no chão, cutucou-a com o pé, inclinou-se e a pegou. "Nunca se sabe quando um pedaço de pano pode vir a calhar", afirmou, colocando-o em sua mochila. Ryon não respondeu. Teria detectado um som a oeste? Um movimento? O cabelo na nuca se arrepiou, mas podia ser sua imaginação exagerada, nada mais. Um flash de metal através das árvores foi pego pelo canto do olho, uma fração de segundo antes que se virasse, buscando o M16 em seu ombro. "Daria, vá!" Ele gritou. Para seu crédito, ela não hesitou. Jogou a mochila em um dos ombros e saiu correndo na direção oposta, quando a floresta tornouse viva com o grupo. As figuras pareciam atravessar a parede da floresta, como demônios do submundo, vindo para reivindicar sua alma. Devia saber. Mas hoje não, caramba. Pulverizou a área com uma rodada de munição para ganhar preciosos segundos. Os homens recuaram, esquivando-se atrás da cobertura, dando a Ryon um instante para girar e correr atrás de Daria, antes que revidassem.
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Ela contornava o mato como um cervo rápido e ele teve que se esforçar para alcançá-la. Mal ouviu o toque rítmico do tiroteio sobre o sangue correndo em seus ouvidos. Quase a tinha alcançado, quando ela tropeçou em uma raiz e se estatelou com um grito. Parou tempo o suficiente para pegar as costas da sua camisa, levantá-la asperamente, e arrastá-la em seu rastro. Galhos e cipós rasgavam seus rostos e roupas, arranhando seus braços. O que não era muita coisa, com uma bala nas costas de cada um, porém, especialmente se os homens estivessem usando prata. Mas isso não era nada, em comparação com os horrores que August seria capaz de fazer, se fossem capturados vivos. Ryon se esforçou ainda mais. Tomando um desvio para o sul, esperava desviar os homens da trilha. Esperavam que ele ficasse perto do rio, de modo que faria o oposto. Depois de um tempo, os gritos e xingamentos desapareceram, assim, parecia que tinha funcionado. Ele parou, segurando seu braço, e escutou. O tempo se estendeu e os assobios dos pássaros coloridos ao redor deles retornaram. Ryon soltou a respiração, que estava segurando. Graças a Deus, se livraram dos capangas. Daria puxou a mão, soltando-se dele, e colocou as mãos nos quadris, atirando-lhe um olhar irritado. Sua postura era a própria imagem de um anjo negro conturbado, e teve que resistir à vontade de sorrir. "Bem, espero que você esteja feliz consigo mesmo." Ryon ficou de queixo caído. "Eu? Você é a única que-" 272
Ela se aproximou e tocou seu braço direito. "Você está sangrando." Ryon olhou para si mesmo. Um entalhe marcava seus bíceps, onde uma das balas o havia atravessado. O sangue trilhava uma linha fina para baixo do braço e pingava dos seus dedos. Deu de ombros. "Vai curar. Vamos andando." Dando-lhe um beijo rápido, Ryon vislumbrou a exasperação que atravessou seu rosto, antes que pegasse a mão dela, virasse e caminhasse por entre as árvores. Ryon os forçou para o leste, o mais rápido que podia, cortando através da densa vegetação rasteira. Daria tinha ficado em silêncio por várias horas, aguentando sem reclamar ou pedindo-lhe, novamente, para considerar em voltar atrás. Pararam apenas duas vezes, para beberem água rapidamente e terem um breve descanso. Na segunda parada, pôde ver os efeitos da exaustão sobre ela. Fios longos de cabelos escuros tinham escapado do seu rabo de cavalo, e flutuavam em torno do seu rosto, em desordem. Ela se sentou sobre a terra esponjosa, as pernas dobradas junto ao peito, e abraçou os joelhos, olhando para a floresta com uma expressão que tirou seu fôlego. Seu olhar era mais profundo do que tristeza, mais eloquente do que as lágrimas, e cortou Ryon até o osso. Ela odiou desistir. Ele a estava forçando a abandonar a busca pela cura de Ben, pelo menos temporariamente. "Quando vamos virar para o norte?" Daria perguntou. "Amanhã vamos pegar essa direção gradualmente, e fazer nosso caminho em direção ao ponto de encontro, em um ângulo. Se nos 273
esforçarmos, ainda podemos chegar à equipe antes que August nos intercepte." "Quanto tempo vamos levar, neste ritmo?" "Até a tarde, talvez mais cedo. Desde que você não me leve em mais nenhuma perseguição, andando em círculos." Um gemido suave soou às suas costas. Teriam que ser extremamente rápidos, para ficar um passo à frente de August e alcançar a Pack rapidamente. Ainda assim, ela não ofereceu nenhuma queixa. Ryon tinha que admirar sua coragem, e entendia sua necessidade de derrubar August, muito bem. Sim, pegaria o filho da puta mesmo que tivesse que voltar aqui, só para isso. Os últimos anos foram ocupados com sua cura, em seguida, iniciou seu novo trabalho com a Pack. Tentou manter a mente fora do pesadelo do seu passado, mergulhando em uma missão perigosa, após outra. Reconstruindo sua vida, garantindo o seu futuro. Então, o desastre lhe pegou de surpresa novamente, quando sua equipe havia sido emboscada meses atrás, e se esforçou ainda mais arduamente. "Quando é que vamos montar o acampamento?" "Assim que eu encontrar um bom lugar. Vai escurecer em breve." Ela murmurou, "Já era hora." Não pôde deixar de sorrir para si mesmo. Que sua companheira deixasse a mínima queixa passar por seus lábios, testemunhava quão dizimada ela devia estar. 274
Não perdeu tempo tentando encontrar uma área isolada, semelhante àquela onde armou a barraca na noite passada. Trabalhando para vencer a escuridão que chegava, rapidamente ergueu o abrigo, certificando-se de que o material não podia ser visto facilmente. "Parece bom", aprovou Daria. "Não acho que qualquer um que esteja passando, consiga detectá-lo." "Vamos esperar que não tenhamos que descobrir." "Sim. Com fome?" Acenou com a mão para o chão, atrás dela. As duas vasilhas de metal foram colocadas sobre um cobertor, juntamente com um pedaço de carne seca, para cada um deles. "Guisado de carne instantâneo. Estou morrendo de fome e, de alguma forma, ficando menos exigente a cada hora que passa." "Eu também", admitiu. Seu estômago roncou quando se juntou a ela. "Eu agradeço." Sentaram-se de pernas cruzadas sobre o cobertor, um de frente para o outro. Daria pegou sua tigela, cheirou, e franziu o nariz. "Sabe, essa coisa não é tão ruim e estou acostumada com isso, mas há algo levemente perturbador sobre uma comida que incha, quando você adiciona água. Como eles fazem isso?" Ryon riu, e ela sorriu de volta. Seu coração deu um salto engraçado no peito. "Um dos grandes mistérios da vida, eu acho."
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"Eu diria que você é um desses mistérios", ela respondeu, balançando a colher para ele. "Tão interessante quanto uma carne desidratada e velha, e duas vezes mais difícil." Soltou outra risada, quase engasgando com o guisado. "Nossa, é melhor você parar com os elogios antes do meu ego explodir meu cérebro." "Desculpe. Acho que estou ficando incisiva." Hesitou, em seguida, o observou, pensativa. "Fale-me sobre você, ou sobre a sua família." "O que há para saber?" Ele a encarou, admirando a forma como os cantos dos olhos enrugavam com os minúsculos pés de galinha, quando ela sorria. Seus lábios cheios, a graciosa curva da mandíbula. "Onde você cresceu?" "Atlanta, Geórgia, o lixo do sul." Não ofereceu mais, e ela largou a tigela, lhe lançando um olhar exasperado. "Você não vai facilitar, não é?" "Não. Você me comparou com carne desidratada. Ainda estou me recuperando." "Caramba, nós somos delicados." Se inclinou para frente, olhando fixamente para o rosto dele. Quando o fez, Ryon tentou não olhar para o arredondamento perfeito dos seios empurrando contra a camiseta. "O quê?" "Você me contou um pouco sobre sua mãe e sua irmã. E o seu pai?" 276
Sua garganta apertou. "Ele era um tenente da Marinha. Foi morto em ação na Operação Tempestade no Deserto, quando eu era um garoto." Daria colocou a mão sobre a dele. "Sinto muito", disse em voz baixa. "Foi há muito tempo atrás. E eu tive a mãe para me aturar, Deus a abençoe." Ele sorriu. "Lisa veio mais tarde, do seu casamento com o meu padrasto." Daria inclinou a cabeça, um olhar estranho em seu rosto. "Você nunca mais o viu?" "Não muito. Nos ligamos de vez em quando, enviamos cartões de Natal. Realmente, devia me esforçar mais, uma vez que o homem ajudou a me criar, mas nunca fomos tão próximos. E o seu pai? Deve ser um homem especial." "Ele é o melhor. Quando se aposentou de estudar lobos, mal podia esperar para assumir de onde ele parou. Somos muito próximos, mas não conseguimos ver um ao outro, tanto quanto gostaríamos." "Depois que consertarmos Ben, vamos visitá-lo." Se não formos obrigados a destruir Ben primeiro, essa parte, não disse. Daria deu-lhe um sorriso pálido. "Gostaria disso, assim como meu pai." Nenhum deles sentiu necessidade de falar, depois disso. Em silêncio, limparam as tigelas e os utensílios com folhas, que enterraram, para evitar atrair visitantes noturnos indesejados. Com nada mais a fazer, se prepararam para ir para a cama. Daria colocou um short, resmungando que estava muito quente para dormir de calça. 277
Ryon tentou não olhar quando ela surgiu, e não conseguiu. Suas longas pernas eram delgadas, tonificadas e bronzeadas. Podia imaginá-las ao redor da sua cintura, enquanto empurrava contra ela, com precisão. Não se cansava de fazer amor com ela. Não esta noite, no entanto. Precisavam de descanso. "Deus, gostaria de arriscar um pingo do nosso abastecimento de água para me lavar." Lançou um olhar comprido para o cantil ao lado da mochila. "Vou tentar encontrar um lugar seguro amanhã. Com alguma sorte, vamos encontrar um dos afluentes que se ramificam do rio." "Oh, isso seria fantástico." Idiota! Será que tinha perdido o juízo? Encarar um pelotão de fuzilamento seria melhor do que a tortura de ter que proteger Daria enquanto ela se banhava. Nunca chegariam à sua equipe se ficasse de amassos com ela, por todo o caminho através da floresta. Se instalaram no abrigo, deitados de costas, nenhum dos dois falando uma palavra. O silêncio entre eles era amigável. Se ao menos pudesse calar o caos em sua mente com tanta facilidade. Se tivesse que matar Ben, ela iria odiá-lo para sempre. Você não sabe com certeza! Ela já te perdoou. Certo? Ryon não podia lidar com a verdade. Agora não. Empurrou-a para longe, mas ela se aproximava. Tão mortal como a cobra coral, esperando para atacar, para envenenar seu sangue. Sua alma.
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Maldito seja, Ben Cantrell. Deslizou em sonhos intermitentes, o eco dos gritos de Cantrell pairando sobre ele, na escuridão.
Ryon voltou à consciência, lentamente. Não conseguia se mover. Havia uma pressão sobre suas pernas, sobre o peito. O sonho do qual acordou, colidiu com seu pesadelo. Gritou. Daria? Não! Mas o grito ecoou apenas em sua mente. Seus lábios não se moveram. Onde estava sua companheira? Presa. Sangue. Ensopando suas roupas, seu cabelo. Afogando-se em um rio vermelho. Ryon! Perdoe-me, perdoe-me… “Ryon!” Acordou com um solavanco e o pesadelo se afastou, os tentáculos do terror indizível recuando para a escuridão. A pressão sobre seu corpo permaneceu, e percebeu que alguém estava meio envolto sobre ele. Uma mão estava sobre sua boca. "Shhh," Daria sussurrou, premente.
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Ryon enrijeceu, ouvindo. Nada a princípio, então... A chamada distante de um pássaro noturno, ao norte, e uma resposta a oeste. O resto da floresta estava estranhamente quieto. Um arrepio de medo atravessou sua espinha. Cristo, August tinha enviado seus capangas para procurar por eles, antes do amanhecer! Estavam tão perto que seu lobo, praticamente, podia sentir o cheiro deles. Esperando. Passos penetraram no meio do mato à sua volta, tão furtivos os movimentos leves, que nunca o acordariam. O suor escorria pelos lados do seu rosto. Daria tirou a mão da sua boca, mas permaneceu imóvel em cima dele, os seios esmagados contra o peito dele, através do tecido das camisetas. O trovejar do seu coração combinava com o dele próprio. Ryon estendeu o braço e tateou, à procura do M16. Seus dedos encontraram o material e se fecharam em torno dele, mas a presença da arma lhe deu pouco alívio. Estavam sitiados. Se seu esconderijo fosse descoberto, atiraria no maior número deles que pudesse, mas estaria disparando cegamente. Sem dúvida, eles estavam bem equipados, com óculos de visão noturna, e seu par estava guardado na mochila. Não se atreveu a aceitar o risco de fazer barulho procurando por eles. Os passos recuaram e as chamadas desapareceram, fundindo-se com o burburinho e os gritos dos habitantes noturnos da floresta. Longos minutos de agonia se estenderam, tornando-se uma hora. Finalmente, Daria deslizou de cima dele, lenta e cuidadosamente. Quando os primeiros raios da aurora cinzenta começaram a clarear sua visão, Ryon colocou um dedo sobre os lábios e fez um gesto, demonstrando sua intenção de dar uma olhada ao redor. 280
Daria deu um pequeno aceno de cabeça e mexeu a boca, sinalizando um tenha cuidado. Enviou-lhe o que esperava ser um sorriso tranquilizador, então espalmou o rifle e se arrastou, desde a abertura da barraca, sobre a barriga. Apoiando o rifle no ombro, meio que esperava que sua aparição atraísse o fogo. Nada. Apenas a conversa movimentada das criaturas diurnas, despertando todos ao seu redor. Os homens, provavelmente, tinham seguido em frente. Esperou mais alguns minutos, em seguida, levantou-se sobre um joelho. Nada, ainda. Se levantou, em seguida, fez uma varredura rápida em torno da área. Satisfeito, voltou para o abrigo. "Vamos para fora. Está limpo." Daria se juntou a ele, olhando ao redor. "Tem certeza?" "Sim. Eles se foram. O problema é, estão se espalhando, movendose em linha reta, na mesma direção que queremos ir - na direção do nosso ponto de encontro. E agora estão à nossa frente, ou pelo menos este esquadrão está, em vez de atrás." Seus olhos castanhos se arregalaram. "Oh, Deus. Isso significa que nós estamos, literalmente, cercados." "Podemos supor que sim. A boa notícia é que eles não sabem disso, ou já estaríamos mortos." "De alguma forma, querido, não acho isso muito promissor."
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"Nós estamos respirando. Por enquanto, é tudo o que temos que fazer." Ryon fez uma pausa, considerando o bom senso do seu próximo movimento. "Você precisa de uma arma." "Não sou, exatamente, uma atiradora." "Tempos de desespero." Inclinando-se, pegou a arma presa ao seu tornozelo. Endireitando-se, estendeu-a para ela, a parte de trás, primeiro. "Uma SIG três-cinco-sete. Consegue segurá-la?" Daria a pegou, sua boca ficando aberta. "Você está confiando em mim, com isso?" "Não estou preocupado com suas habilidades. Basta apontar e atirar, se precisar, mas cuidado com o coice." Ela a estudou, em dúvida. "Tudo bem. Vou me esforçar." "Isso é tudo o que qualquer um de nós pode fazer", disse em voz baixa. "Pronta?" "Vamos manter o plano? Este seria o momento perfeito para voltar e obter as provas que precisamos", disse, ansiosa. "August nunca esperaria por isso." Agarrando sua mochila, Ryon parou por um momento, pensando nos prós e contras. Com a maioria dos homens de August fora, procurando por eles, estava certa. Só não queria admitir isso. Depois de um longo momento, deixou escapar um suspiro. "Você, realmente, tem razão." Seus olhos se arregalaram e ela deu um passo para ele, colocando as mãos sobre seu peito. "Você tem certeza?" 282
"Sim. Tenho." Finalmente, se forçou a engolir o orgulho e a inveja. Foi um pouco áspero ao prosseguir. "Ben é importante para você, então é para mim, também. Quero ajudá-lo e a mais alguém lá fora, que foi ferido por essas experiências." Ela jogou os braços ao redor do seu pescoço e o beijou profundamente. Teve que forçar sua mente para não tomá-la ali mesmo, não importando o quanto queria fazê-lo. Relutantemente, a soltou e se aprontaram. Daria colocou de volta o uniforme escuro para caminhar durante o dia, colocando a arma na cintura. Então pegou duas barras de proteína da sua mochila e entregou uma a Ryon. “Aqui. Um pouco de energia, antes de irmos." "Obrigado. Até agora, não consegui me lembrar de quando já estive tão ansioso para comer serragem compactada." Desembrulhou a barra e consumiu metade da coisa desagradável em uma mordida. "Estou com tanta fome, que daria meu primogênito por um prato de ovos com bacon." "Pense em outra coisa. Como está o braço?" Ryon olhou para o ferimento. "Um pouco doído, isso é tudo. Já tinha quase esquecido." Enfiou o resto da barra na boca, em seguida, olhou para o seu braço. "Parece bom. Sem sinais de infecção."
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"Obrigado, doutora." Os lábios se curvaram. "Você é uma mulher de muitos talentos, minha companheira." "Você não faz ideia", brincou ela, levantando a mochila. "Oh, acho que eu faço." Enquanto retornavam, fazendo um amplo desvio, para evitar qualquer um dos capangas que pudesse estar atrás deles, alcançou Nick. Mudança de planos, chefe. A maioria dos homens de August passou por nós, por isso estamos voltando para fazer mais uma tentativa no sentido de conseguir aquela evidência. Tudo bem, mas tenham cuidado. Houve uma mudança. Ryon ficou tenso. O que aconteceu? A criatura não está mais aqui, na Shoshone. Não achamos que ele esteja em qualquer lugar ao redor, na verdade. Absorveu aquilo, e seu sangue gelou. Você acha que ele está vindo para cá? Eu diria que é altamente provável. Quão rápido ele pode, eventualmente, chegar aqui, a pé? Malditamente
rápido,
se
recebeu
qualquer
habilidade
de
rastreamento durante os experimentos. Os guardas aqui do parque relataram mais três mortes com menos de um dia de diferença - e cada assassinato está a mais de vinte quilômetros de distância, do
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outro. Não há nenhuma outra maneira pela qual ele pudesse ter coberto uma área tão vasta, a pé, em uma noite. Merda! Mas por que ele veio para cá? Estou supondo que ele está indo atrás de August, ou de você e Daria. Talvez sinta que Daria está desaparecida. Mantenha os olhos abertos. Muito engraçado, chefe. Ele é invisível, porra! Não totalmente, Nick lembrou. Preste atenção em padrões irregulares em torno de vocês, como um efeito de caleidoscópio claro. Você consegue enxergá-lo. Obrigado pela conversa animadora. Aguente firme. Nos envie a informação no segundo em que invadir os seus arquivos. Se houver uma cura presente, vamos mandá-la para o laboratório e tê-los trabalhando direto, nela. Então, quando tivermos o seu aviso, vamos decolar e nos direcionarmos, para recuperarmos vocês dois. Obrigado, Nick. Falamos em breve. "Daria, espere." Ela parou, olhando-o interrogativamente. "Más notícias - Ben está a caminho." "Em sua forma de besta?" Perguntou em voz baixa. "Infelizmente, parece que é o caso. Nick acha que ele pode estar vindo para cá, talvez, atrás de nós ou do seu tio ". 285
Seu rosto empalideceu. "Agora temos que conseguir essa cura. Estamos correndo contra o tempo e não temos nada eficaz com o qual combatê-lo." Concordou, com a cabeça. "Parece que você estava certa o tempo todo, e eu tenho sido um tolo." "Dê uma folga a si mesmo. Estávamos sendo perseguidos e alvejados. Você estava me protegendo." “Obrigado, querida. Pronta?" “Como jamais estive.” Quando recomeçaram a andar, uma sombra passou sobre sua alma. Esta era uma missão suicida. E até mesmo Nick, não tinha certeza se Ryon voltaria para casa vivo.
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DOZE
Durante horas, Daria marchou atrás de Ryon, olhando para o seu traseiro perfeito. Quão maravilhoso era para sua companheira conseguir levar as coisas? Ansiava por justiça contra August pelo que tinha feito para Ben, e ela a teria. Ben tinha sido um bom homem, um bom amigo. Como amantes, no entanto, ela e Ben eram completamente errados um para o outro, e a separação tinha sido dolorosa. Mas tinha atravessado o luto, e o tinha superado. Depois de um período desolado e longo, Ryon tinha despertado o desejo de ser tocada, amparada. Envolta pelos braços de Ryon, finalmente soube o que significava encontrar a outra metade de sua alma. "Veja isto." Ryon parou no meio do caminho, olhando para a frente. A trilha os levou a um pequeno lago, com cerca de um quarto do tamanho de um campo de futebol. A folhagem espessa que envolvia as margens o fazia parecer muito menor, mais isolado. A luz solar era filtrada através do dossel da floresta, formando lindos padrões malhados em toda a vegetação, e na superfície vítrea. Velhas árvores enormes ficavam de sentinela no perímetro da margem, suas raízes escuras
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estendendo-se para a água como dedos ossudos. Várias borboletas azuis flutuavam no ar, algumas pousando nas flores grandes. "Oh, uau! Que lindo!" Daria puxou seu braço, tão animada como uma criança. "Estou tão acalorada e suja, podemos nos refrescar? Por favor?" "Não sei." Fez uma careta, examinando a área. "Deixe-me tentar algo, primeiro. Me dê um pedaço de carne." "Para quê?" Curiosa, não perdeu tempo em abaixar sua mochila e pegar a carne, especialmente se isso significasse um banho. Abriu o embrulho, arrancou um pedaço, e o entregou a ele. “Observe.” Ryon jogou a carne seca no centro da lagoa. Nada aconteceu no início, mas aos poucos, pequenas ondulações quebraram na superfície da água, como uma panela começando a ferver. A ação, no entanto, não se tornou frenética. O peixe mordiscou o pedaço, até que nada restasse, depois desapareceu. Tudo estava calmo novamente. Nada mais se movia. "Você estava testando a lagoa para ver se tinha criaturas perigosas", comentou. "Estou impressionada. Provavelmente, não teria pensado em lançar uma isca." "Apenas uma precaução. Estamos perto da propriedade novamente, e ser comido por algum mutante que August ajudou a criar iria estragar o meu dia. Parece seguro o suficiente, mas eu vou primeiro. Sente-se em uma raiz de árvore e tente não se enfiar em qualquer problema." Deu um sorriso torto. "E nada de espiar." 288
"Hum. Não se iluda." Pelo seu sorriso, soube que ela estava brincando. E não se afastou quando ele tirou a camiseta escura. Quando a jogou de lado, enviando-lhe um olhar ardente, e foi para o zíper da calça do uniforme, ela gemeu. Um riso, baixo e profundo, retumbou em seu peito, aquecendo-a como um gole do uísque que desejava ter trazido. Daria se sentou em uma grande raiz, olhando-o enquanto tirava a calça e a jogava através dos seus pertences. A água o circundou, convidativa, quando nadou para dentro. Caro Senhor, Ryon pertencia a um desses calendários do Gostoso-do-mês. O homem possuía um corpo que rivalizava com o de um deus grego. O cabelo loiro sedoso roçava seu pescoço. Os músculos delgados das costas e dos braços se agrupavam sob a pele dourada. Sua bunda esculpida clamava por suas mãos. Nadou para a beira até que a água lambia seus quadris e se virou, de forma que ela tinha uma grande visão lateral. Então, se inclinou para trás e mergulhou a cabeça, dando-lhe uma visão tentadora do seu peito e do abdômen trincado. Uau, baby! Ryon se endireitou e começou a ensaboar o cabelo com uma barra de sabão que ela não tinha notado em sua mão. Repetiu o procedimento por todo o tronco, até que ela realmente começou a sentir inveja das bolhas. Mergulhou duas vezes para se enxaguar, em seguida, retirou a água do rosto com a mão livre. Sem aviso, girou e sorriu para ela.
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"Aproveitando o show, querida?" "Estava apenas verificando se havia perigo na área", brincou. Seu riso se alargou em um sorriso ofuscante. "Sua preocupação com a minha segurança é emocionante, mas o único animal perigoso por aqui serei eu, se você continuar me encarando como se eu fosse um bife." "Lide com isso." Rindo, ele terminou. Depois que saiu, usou o cobertor para se secar, e vestiu-se. Que ruim. Se levantou do seu poleiro deformado quando ele estava pegando uma camisa limpa, ainda favorecendo sua lateral. Vestiu uma calça limpa, também. "Gostaria de lavar a roupa suja antes de sairmos, para que possamos colocá-las para fora hoje à noite, para secar", comentou. "Não se sabe quando vamos encontrar outro bom lugar para ficarmos limpos." “Boa ideia.” Daria descartou sua roupa tão rápido quanto humanamente possível, pegou o sabonete, e correu para a água. Mergulhou na lagoa e encarou Ryon, certificando-se de que seus seios estavam bem dentro da sua visão apreciativa. "Oh, está tão morna!" Falou para ele. "A sensação é incrível." "Não é?" Não parecia que ele estava pensando sobre a água quando olhou para ela. "Nunca mais vou tomar meu banho em casa, sentindo que é garantido, novamente." 290
Ele riu mais uma vez. Ela adorava o som rico. Enquanto se esfregava da cabeça aos pés, passou o tempo todo pensando em como fazer com que ele risse muitas vezes. E aquela voz, feita para um quarto escuro e lençóis entrelaçados, em uma noite quente de verão? Fazia com que ficasse molhada. Enxaguando o último do sabão do corpo, empurrou o cabelo molhado para trás e abriu os olhos para ver Ryon sorrindo para ela, como um tolo. "Show legal." "Ei, não é justo", ela guinchou, de brincadeira. Ela sorriu de volta então, uma coisa estranha aconteceu. O sorriso de Ryon murchou, e ele se levantou devagar, franzindo a testa, olhando atrás dela. “O que foi?” Sua expressão se transformou em uma máscara de horror, e ele gritou com ela. "Saia da água! Saia!" Ryon se inclinou, pegou a faca da sua bota e começou uma corrida mortal quando Daria girou. Nada além de uma ondulação estranha na água, não mais do que a cinco metros de distância. Não, não era apenas uma ondulação. Mais como algo deslizando, mas não podia ver o que era. A princípio. "Daria, saia!" Ben estava aqui. E a besta estava no controle. Mal vislumbrou o contorno distorcido da enorme massa da criatura, então se virou e pulou para a margem, apavorada demais para gritar. 291
Seus pés escorregaram no fundo lodoso e ela caiu. Subindo, cravou os dedos dos pés e empurrou para a frente, o coração batendo na garganta. Frenética, olhou para trás para ver o animal chapinhando através da água agora, bem atrás das suas costas, as mandíbulas escancaradas. Dentes feios e pontudos estavam prontos para rasgar sua pele. Encontrou sua voz. “Ryon!” Ele mergulhou na água e pulou para a criatura, caindo em cima dela, assim que a alcançou. Daria tropeçou na margem, ofegante de medo. Ryon estava escancarado nas costas do monstro, seus braços em volta da cabeça grande. A coisa devia ter mais do que o dobro da sua altura, uma força incrível. O animal tentou puxá-lo para fora, então se contorceu em um rolo violento, mais e mais, movendo Ryon para as águas mais profundas, onde ia tentar afogá-lo. Ou destruí-lo. “Oh, meu Deus! Ryon!” A água se agitou com a força da batalha. Cada vez que a criatura rolava, segurava Ryon por mais tempo, desgastando-o. Brincando com ele, mostrando uma inteligência afiada que era mais assustadora, do que se estivesse cortando cegamente a sua presa, como antes. Quando virou Ryon na vertical, ele emergiu ofegante, os braços se esforçando para segurar o animal e a faca. Desesperada, considerou pegar o rifle. Nada bom. Não podia acertar a criatura sem, talvez, ferir Ryon. E as balas, provavelmente, não teriam nenhum efeito, de qualquer maneira. A faca brilhou na mão de Ryon. Com uma poderosa investida, a besta se debateu, desalojando Ryon das suas costas. E desapareceu. 292
Boiando na água, Ryon sugava grandes goles de ar, procurando a besta. “Você está bem?” "Sim. Eu o esfaqueei", ele gaguejou, o peito arfando. "Ele afundou." Não podia ser assim tão fácil. Terror aumentou, por seu companheiro e por Ben. "Apresse-se e saia daí." Olhou para ela, acenou com a cabeça e começou a nadar, sem dizer uma palavra sobre o seu estado de nudez. Daria tinha colocado uma calcinha e estava pegando o sutiã, quando ele parou de nadar. "Que diabos você está fazendo?" O corpo de Ryon pulou na água. Seus olhos se arregalaram em descrença, pouco antes dele ser golpeado. Jogou a cabeça para trás e gritou em agonia, se debatendo. Em seguida, foi puxado para baixo, e a água se fechou sobre sua cabeça. Desta vez, ele não voltou a emergir. “Ryon? Ryon!” Daria ficou imóvel, incapaz de compreender, por um momento, o que tinha acontecido. Bolhas subiam das profundezas, junto com uma mancha brilhante de sangue. A maior parte da área onde ele tinha estado, ficou completamente vermelha. Seu estômago se apertou, e ela lutou contra o enjoo, apertando a mão sobre a boca. "Nãoooo". Um soluço brotou em seu peito, depois outro.
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Ryon tinha partido. Sofreu uma morte horrível, e a culpa era dela por insistir que parassem aqui. Por ficar no pé dele, até que concordasse em ajudá-la a salvar Ben seu ex amante. O homem, a criatura, que o tinha assassinado. Meu companheiro. Lágrimas escorriam por seu rosto. Com os ombros trêmulos, olhou para a água. Não se importava que Ben
voltasse
e
a
comesse,
também.
Agora
não.
Então,
abruptamente, a água rodopiou e Ryon explodiu na superfície, engasgando. Entorpecida pelo medo, correu para encontrá-lo enquanto ele nadou até onde pudesse ficar de pé. Cambaleou em sua direção, mancando muito. Nadou até ele, colocando um dos braços em volta do seu pescoço e agarrando-o pela cintura. Ryon chegou à margem antes dos seus joelhos dobrarem. Se sentou ao lado dele, acariciando suas costas enquanto ele ficava de quatro, tossindo e engasgando. Irônico, mas nunca viu uma visão mais positiva do que o seu companheiro cuspindo até os pulmões. "Eu estava morrendo de medo", murmurou, enxugando as lágrimas. Parecia que não iam parar. "Pensei que você estivesse morto." "Eu também", respondeu asperamente. "Mas acho que você teria sabido, com certeza, se eu tivesse ido embora, porque nosso vínculo seria cortado." Fazendo uma pausa, percebeu que o fio dourado ainda estava lá, cantarolando com a vida, a energia. Deixando escapar um suspiro de
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alívio, balançou a cabeça. "Você está certo. Não estava pensando direito, ou sentiria que ainda estava intacto. " "Perdi minha faca durante a briga." "Todo aquele sangue na água", disse ela, estremecendo. "A maior parte era dele, mas acho que ainda conseguiu fugir. Ou, caiu em si o suficiente, para me deixar ir." "O que quer dizer, a maior parte do sangue era dele?" Com a força esgotada, Ryon caiu no chão. Daria o rolou de costas, e ele fez uma careta de dor, fechando os olhos. Sua cabeça deslizou para o lado e seu corpo ficou frouxo. Tinha desmaiado. Daria acariciou seu cabelo iluminado para fora do seu rosto e amor brotou em seu coração. Ryon havia se arriscado por ela de novo, e desta vez, sua bravura tinha quase o matado. A verdade, que já havia aceitado e expressado para Ryon, se infiltrou em todos os cantos da sua alma; amava esse homem e não ia aceitar a vida sem ele. Vestiu-se rapidamente, em seguida, começou uma inspeção completa, certificando-se de que todos os seus membros estavam intactos. Então, viu os buracos na sua calça, no alto da coxa direita. Terror a consumiu, e ela se inclinou mais perto. Sangue escurecia esta área da calças molhada, e terríveis marcas de mordida eram visíveis através dos cortes no tecido. Correu para agarrar seu ombros e o sacudiu, suavemente. "Querido, acorda. Vamos, garotão." 295
Depois de várias tentativas, os cílios se abriram, para seu profundo alívio. Que foi de curta duração. "O que... aconteceu?" Seus olhos estavam atordoados. O medo de Daria aumentou. Rezou para que seu lobo pudesse lutar contra o veneno da criatura e que ele não estivesse entrando em choque, porque nunca tinha tratado alguém tão gravemente ferido. "Você lutou com a criatura de Ben. Lembra?" Tomou uma das suas mãos grandes e esfregou-a entre as suas. "Sim. Deus, essa merda queima." Olhou para ela através das pálpebras semicerradas. Ela deixou um fio de aço fluir em seu tom. "Eu sei que sim, mas você não pode me abandonar. Vai ficar escuro em poucas horas, e precisamos terminar o que viemos fazer aqui, para que possamos dar o fora e ir para casa." Ela o puxou pelo braço. "Levante essa bunda! Preciso colocar você em algum lugar para eu ver o que posso fazer com essa perna." Para seu espanto, ele se levantou, ficando de pé. "Minha mochila. E o rifle." Sua voz estava sem fôlego, pesada com o esforço. O lobo do seu companheiro devia ter a força de dez homens. E o coração de um leão. Sua admiração cresceu exponencialmente, à medida que ela recuperava ambos, e o ajudava a colocar a mochila nas costas. "Vou levar o rifle", ela ofereceu. Ele entregou a arma sem um chiado, e sua preocupação aumentou. Eles partiram, mas Ryon conduziu apenas alguns quilômetros, antes de chegar a um impasse. Ficou balançando, então apoiou um braço
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contra uma árvore, para se apoiar. Com um aceno da mão, indicou um lugar temporário para parar. "Lá." Daria o levou para o local, bem escondido fora da trilha. Ele parecia perigosamente perto de desmaiar de novo, mas cerrou os dentes e continuou. Estendeu o cobertor no chão, em seguida, ordenou-lhe que tirasse as calças. Em circunstâncias normais, o Ryon que ela conhecia teria lhe dado um sorriso desarmante e faria bom uso da sua privacidade. Mas ele apenas obedeceu, o rosto pálido. Isso a assustou mais do que qualquer coisa. Apoiando-se contra ela como suporte, passou a calça pelos quadris, e as tirou. Daria puxou uma respiração afiada. "Deite-se". Ryon se deitou de costas, os olhos fixos nas árvores. Não olhou para a ferida e Daria não o culpava. Senhor, tem piedade, como ele foi capaz de andar? Na melhor das hipóteses, ainda tinham um dia de viagem antes do seu trabalho estar completo e chegaram à equipe. "Quão ruim está?" Tocou seu ombro, temendo o que tinha que dizer. "Vamos colocar desta forma. Sua parte nesta operação acabou. Começando agora."
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Ryon se apoiou sobre o cotovelo e olhou para a ferida. Um xingamento violento surgiu em seus lábios, mas o reprimiu. Duas fileiras de perfurações sangrentas marcavam horizontalmente a coxa direita. A criatura tinha atacado pelo lado, apertando a mandíbula contra a perna, e o puxou para o fundo da lagoa. Sua luta foi breve, mas violenta. As sobrancelhas de Daria franziram, os olhos suaves, preocupados. "Flexione o joelho. Quero ver por baixo." Ele o fez, sibilando entre os dentes. "Calma. Oh, rapaz. Você tem um conjunto correspondente na parte de trás da coxa." "Ótimo", murmurou, deitando de costas novamente. "Uma almofada de alfinetes humana." "Ei, seu maldito sortudo, ele não esmagou o osso, ou pior, atingiu uma artéria. Assim como está, manter a sua perna longe de infecções antes de conseguirmos chegar à sua equipe, será um milagre." Ryon encolheu os ombros. "Estamos perdendo apenas um par de dias ao todo, voltando para trás, para obter as provas sobre August. Eu vou aguentar." Na verdade, o veneno ácido da mordida da criatura era uma queimadura lenta em sua carne, que escoava em direção ao osso, fazendo-o suar. Ficou boquiaberta com ele. "Você não ouviu o que eu disse? Você terminou. Vou levá-lo para encontrar os caras, e vai deixá-los levá-lo a um hospital." "Eu sou o único que sabe onde a sala do computador de August está localizada. Sem mim, você terminou, também."
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Daria franziu o cenho. "O que você quer dizer? Que sala de computador? Existe outra - Oh, não. Não vou gostar disso, vou?" "Recebi uma mensagem de Nick há poucos minutos atrás, que ele recebeu de algum informante na propriedade de August. O escritório e o computador que você estava tentando hackear são, supostamente, um chamariz. August mantém o computador real em um quarto secreto, debaixo da casa. É feito de paredes de concreto sólido, e a porta de entrada tem um teclado. Você tem que saber o código para ter acesso." "Por favor, diga-me que Nick conseguiu obter o código." "Ele me passou o que acha que pode ser o código", murmurou. "Vamos esperar que funcione." "Plano B, se isso não funcionar?" Sabia a resposta antes que ele respondesse. "Não há plano B. Se falhar, vamos morrer juntos." "Não vou aceitar isso. Vou levar um da Pack comigo, para terminar o trabalho. " Outro homem. Um de seus amigos, cuidando da sua companheira enquanto ela corria perigo. Estúpido como era, um jorro quente de ciúmes esfaqueou seu estômago. "Não." "Seja razoável. Essa ferida vai infeccionar, e com você doente aqui, a operação está em perigo. Eu sou a única que conhece melhor a propriedade do meu tio, com quarto secreto ou não."
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Sua perna podia muito bem cair, antes dele permitir que ela voltasse para aquele buraco sem ele. O próprio pensamento de ter que esperar dias para ouvir que ela estava em segurança, foi suficiente para deixá-lo doente. E se August a pegasse, ela teria uma morte horrível. Desapareceria sem deixar vestígios. "Nós terminamos isso juntos ou nada feito", enfatizou. Seu tom não deixou espaço para outro argumento. "Fim da discussão. Agora, costure-me e pare de teimar comigo." "Teimar?" Daria pôs as mãos nos quadris e olhou para ele. "Seu teimoso, cabeça dura idiota!" Ela parecia uma deusa irritada, com o brilhante cabelo negro caindo sobre os ombros. Não pôde deixar de soltar um sorriso cansado. "E você é meu anjo. Eu vou lutar contra todas as bestas do universo por você." "Oh, Ryon", disse ela com um suspiro. A irritação em seu rosto adorável desapareceu. "Você é impossível." "Beije-me", disse ele em um sussurro rouco. "Acho que posso lidar com isso." Envolvendo seu rosto, se inclinou e cobriu os lábios em um beijo lento e carinhoso. Tão bom, tão certo. Uma névoa aconchegante desceu sobre ele e tornou-se leve. O toque de Daria tinha um jeito de banir a dor em seu corpo, seu coração.
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Enquanto a observava limpar e cobrir suas feridas, rezou para que sobrevivessem a isto e fossem para casa. Onde ambos pertenciam.
A luz da tarde penetrou as pálpebras de Daria e ela abafou um gemido, quando acordou do breve cochilo não planejado. Muito mais agradável era o peso do macho quente e sólido envolvendo-a. Muito quente. Obviamente, ele precisava do descanso. "O que eu vou fazer com você?" Sussurrou, afastando o cabelo do seu rosto; então tocou a testa e soltou uma maldição. Ele estava com febre. Cuidadosamente, se soltou do seu abraço. Os cílios de Ryon piscaram. Por alguns segundos, pareceu confuso. Em seguida, isso passou e ele se colocou em uma posição sentada e deu-lhe um sorriso de menino. "Ei, linda. Acordei para encontrar meus braços vazios. Agora, por que isso?" "Eu tinha que respirar, por acaso. Você estava me esmagando." Em um instante, sua expressão tornou-se triste. "Desculpe. Venha aqui e me permita verificar sua doce pessoa, ver se tem contusões." O brilho predatório em seus olhos, fez seu pulso disparar. 301
"Oh, você é tão malvado." "Estou tentando. Um pouco de cooperação, por favor?" "Acalme-se, megalomaníaco. Você já está com febre." “Sim", rosnou significativamente. "Estou." Ryon lançou o cobertor para o lado e olhar dela mergulhou para baixo. Estava gloriosamente nu, e não era homem de deixar uma lesão ficar no caminho dos seus desejos. "Posso ver isso." "Vê o que você faz comigo?" Segurou a parte de trás da sua cabeça e puxou-a para ele. Seu companheiro capturou sua boca, a língua varrendo lá dentro, devorando. Quente e exigente, a provocava, entrando e saindo. Provando, acendendo as chamas. Não estava pedindo. Este era cem por cento puro macho, tomando o que lhe pertencia, e enviou uma trilha de alegria direto em sua alma. Tomou sua mão, guiando-a para ele. "Somente seu, meu anjo." Sua textura suave era maravilhosa. Seda e aço. Ficou feliz por ter tirado a roupa antes de se juntar a ele para seu cochilo, quando ele se inclinou e capturou um mamilo delicado em seus dentes. Roçouo, enviando pequenos círculos de prazer através da sua barriga. Seus dedos se arrastaram ao longo do interior da coxa, até que encontraram seu centro. Tocaram a pequena saliência até que ela gemeu, abrindo as pernas mais amplamente. Ele mergulhou dois dedos lá dentro, acariciando, levando-a à loucura. "Você é tão linda", ele sussurrou. "Tão quente e molhada." 302
“Ryon, por favor.” Ele deu uma risada malvada, esfregando o monte sensível com lentidão deliberada. A qualquer segundo, ela se partiria em pedaços. “Por favor, o quê?” "Preciso de você dentro de mim", ela ofegou. Ryon a puxou para seu colo, de frente para ele, com as pernas envolvendo suas coxas. Assobiou de dor quando esbarrou em suas ataduras. Antes que ela pudesse fugir dele, as mãos grandes cercaram sua cintura. Levantou-a um pouco, em seguida, sentou-a em cima dele, enterrando sua haste profundamente. Juntando os braços ao redor do seu pescoço, olhou para o rosto dele, e começou a bombear os quadris. Seus lábios se curvaram, e a olhou de volta, o calor sexual cru em seus olhos, ameaçando explodi-la em chamas. "É isso aí, cavalgue-me. Sou seu", ele murmurou. Daria se emocionou com suas palavras, enquanto os dois se uniam. Sua dureza lisa, preenchendo-a completamente. Deslizando para cima e para baixo, ela se moveu lentamente no início, necessitando se familiarizar com cada centímetro dele. Cada sensação decadente. Se inclinou para ele, acariciando o botão ao longo do seu eixo, tendo prazer em fazê-los perder o controle. "Daria, querida, você está me matando." A súplica ofegante de Ryon a empurrou sobre a borda. Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás, segurando seu traseiro. Este 303
homem grande e forte se entregou à sua sedução. Uma besta poderosa e selvagem, domesticada, em seus braços. Nunca tinha visto nada tão completamente erótico. Seu controle se perdeu e montou Ryon duramente. Apertou-o com força, com as mãos espalmadas nas costas, apreciando o movimento dos seus músculos quando ele encontrava seus impulsos. Ondas liquefeitas caíram sobre eles, levando-os em uma maré vermelha. Ele ficou rígido, o seu grito de prazer feroz e selvagem, misturandose aos dela, fundindo suas almas. Espasmos os abalavam quando sua libertação derramou dentro dela. Se abraçaram por um tempo, imóveis. Uma mecha de medo serpenteava um caminho em seu coração, que essa felicidade fosse passageira. Que iria perdê-lo antes que aquilo tivesse acabado. "Devemos nos aprontar para ir. O dia está quase no fim", Ryon apontou. "Gostaria que não precisássemos." "Não há nada que eu gostaria mais do que explodir essa coisa toda." Ele suspirou. "Às vezes é uma merda ser um bom rapaz." "Não ia querê-lo de nenhuma outra maneira." Piscou. "Sério? Porque estou guardando meu lado malvado só para você." "Parece bom para mim."
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Começaram a reunir as coisas e, finalmente, saíram para a propriedade do seu tio. Se conseguissem escapar pela segunda vez, seria um milagre.
O cheiro da sua companheira na própria pele estava deixando-o completamente louco. Queria jogá-la no chão e fazer amor com ela novamente. E mais uma vez. A mulher tinha virado seu coração de dentro para fora. Como um menino brincando com fósforos, não tinha sido capaz de resistir à sua faísca. As chamas iriam queimar fora de controle, consumindo-os. E valeria a pena a queimadura. Não tinha certeza se tinha provado o céu, ou se tinha sido lançado no inferno. Provavelmente ambos. Fazendo uma pausa, enxugou o suor da testa. Sua proximidade não era a única razão pela qual estava prestes a entrar em combustão espontânea. "Você está bem?" Perguntou Daria, tocando seu ombro. Se virou e lhe deu seu melhor sorriso tranquilizador. "Não se preocupe." Ela não engoliu. Sentindo sua testa pela centésima vez, fez uma careta. "Acho que a febre está piorando, e você está mancando." "Fiquei muito próximo de ser o prato principal do almoço. É claro que estou mancando." 305
"Os homens podem ser tão idiotas. Aqui, deixe-me tirar sua temperatura de novo." Ela pendurou a mochila para fora, mas ele colocou a mão em seu braço. "Não vou colocar mais um daqueles termômetros de papel sob a língua. Guarde isso, certo? Você está começando a me assustar." "Você já teve coisas piores em sua boca, meu lobo. E da última vez que verifiquei estava com trinta e oito graus." "Por estar perto de você, meu anjo." Fez uma careta. "Homem insuportável." Suspirou, exasperado, mas tinha que admitir que era bom ter todo aquele espalhafato vindo da sua bela mulher. "Você limpou e trocou os curativos. Não há mais nada para fazer, então pare de se preocupar. " "Os ferimentos estão vermelhos e irritados, Ryon. Precisamos tirá-lo daqui." "E nós vamos, assim que o trabalho estiver feito." Daria proferiu um xingamento duro, e ele riu. "Vamos lá, meu companheiro teimoso. Vamos." O resto do dia passou sem intercorrências, exceto por um aperto e uma cutucada ocasional de Daria. Falaram sobre assuntos triviais, principalmente sobre crescimento, famílias e escola. Descobriu que Daria foi a oradora oficial da sua turma sênior, enquanto ele tinha sido o cara mais votado para ingressar nos Marines, como seu pai,
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embora tivesse tomado um caminho diferente na Marinha. Tinha um pouco de espírito errante, mesmo em sua juventude. Perto do anoitecer, fizeram um acampamento mais próximo à propriedade de August, quanto ousaram. Encontrou um lugar isolado na folhagem para aguardarem a próxima jogada. Daria verificou suas feridas e a temperatura de novo, claramente infeliz. "Quase trinta e nove. Seu lobo não está lutando contra isto." "Nós vamos estar dentro do complexo de August esta noite, logo após o anoitecer, pegaremos o que viemos buscar, transferiremos esses arquivos para o complexo, e então estamos fora. A essa hora, amanhã, estaremos no caminho para casa. Eu estou bem." "Ir mais longe será duas vezes mais perigoso que antes, e você está ficando doente. Por que não esperar aqui fora e poupar sua força enquanto eu entro e-" Sua paciência estalou. "Sem nenhuma fodida chance. Não force isso." "Tudo bem, seja um idiota." Daria ficou em silêncio. Ryon estudou Daria sob os cílios. Ela se sentou no chão, com os joelhos encostados no queixo, os braços ao redor das pernas. Imaginou que ela planejava ignorá-lo até a hora de ir para o trabalho, mas estava errado. "Eu te amo", disse ela em voz baixa.
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"Eu também te amo, querida." Encontrou seu olhar, a garganta apertada. "Ouça. Se eu não conseguir, dê o fora e alcance a equipe. Não olhe para trás." "Esqueça isso. Não vou te deixar." Fez uma pausa. "E se nenhum de nós conseguir?" "Então, tente segurar a minha mão, assim não estaremos sozinhos." Estendeu a mão para ela e ela apertou os dedos na sua, o argumento já esquecido, em função do perigo que chegava. "Eu prometo." Ao cair da noite, ela não o soltou. Dizendo uma oração rápida, acenou para ela. Cautelosamente, fizeram o caminho até a borda da propriedade. A propriedade estava estranhamente silenciosa. Algumas luzes estavam acesas dentro das terras, seu brilho lembrando a Ryon, de vários olhos em um enorme aranha venenosa, agachada e esperando na escuridão. Hora de matar a fera.
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TREZE
Apenas um par de guardas armados era visível, pairando perto dos cantos da casa principal. Pareciam, porém, estar decepcionados. "Onde estão todos?" Daria sussurrou, espalmando a SIG que tinha dado a ela. "Ele, normalmente, tinha mais alguns guardas postados, sempre que o visitei". "Muitos deles ainda estão procurando por nós. O resto está ao redor. Se nos virem, vai ser como atear fogo em um formigueiro." "Eu voto em derrubá-los enquanto estão satisfeitos e sonolentos do jantar e da bebida. August não lhes permite beber em serviço, mas isso nunca os impediu de tomar algumas rodadas, depois que ele vai para a cama." "Bom saber. Fique perto de mim." Agachando-se, Ryon levou-os do seu posto no portão da frente até a traseira. Abraçando a parede, localizou o lugar aproximado no qual tinham entrado na propriedade, alguns dias antes. Usando as vinhas grossas como apoio, se arrastou para cima e sobre a parede, em seguida, caiu no chão do outro lado.
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Fogo ardente atravessou a perna ferida, e cerrou os dentes para não fazer barulho. Com esforço, lutou contra uma onda de náuseas e tonturas. Daria tinha razão. Estava, rapidamente, se tornando uma responsabilidade séria. Se fossem forçados a fazer uma corrida, não estava certo de que conseguiria fazer isso até o ponto de captação. Pela segurança de Daria, tinha que tentar, e se ela tivesse que ir sem ele, pelo menos, a missão estaria completa. Daria caiu ao lado dele com um baque suave, e pegou-a pela cintura para firmá-la. Uma vez que o guarda do outro lado da piscina virouse para perambular na outra direção, preparou o M16 e foi para a casa da piscina. No momento, estava trancada, as janelas escuras. Rastejaram pela varanda até a porta, que ostentava nada mais do que uma tranca simples. Ryon a abriu facilmente com o canivete e colocou-os para dentro, fechando a porta atrás deles. Passou pelo bar e por um pequeno depósito. Uma vez lá dentro, fechou-os no breu da escuridão, antes de ligar a lanterna. O sussurro ansioso de Daria soou ao lado dele. "O que você está fazendo? Não há nada aqui, a menos que você esteja planejando se vingar dele, bebendo todo o vinho dos seus convidados." Ryon acendeu a lanterna na direção da estante de vinhos, modesta, que cobria a parede esquerda da sala. "Isso é o que você deveria pensar. Nick me disse onde procurar, lembra? Veja isto." Avançando para a prateleira, apoiou o rifle em um quadril, e deslizou a mão ao longo da borda direita até que seus dedos encontraram o
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fecho e pressionaram. A estante deu um estalido e deslizou, revelando uma porta escondida. Daria ficou impressionada. "Bem, quem diria! A estante de vinhos serve como uma parede falsa. Isto leva para onde estou pensando?" "Ainda melhor. As escadas atrás desta porta descem até o subterrâneo, direto para um corredor iluminado, que viaja em direção à propriedade por cerca de quarenta metros. Nesse ponto, ele se ramifica. O corredor esquerdo continua para a casa principal, o direito para a sala do computador dele." Ela arqueou uma sobrancelha. "Que danado de bom é esse informante que seu chefe tem." "Tenho certeza que ser capaz de ver o futuro, ajudou um pouco." "É verdade", concordou. "Me pergunto por que ele construiu o acesso através da casa da piscina. Isso é muito arriscado." "Nick disse que August gosta de ter uma rota escondida, fora da casa principal, em caso de emergência, como um ataque ou um aviso da casa sobre um inimigo perigoso. Além disso, ninguém sabe que isso existe, exceto August, seu braço direito atual, e agora nós." "O corredor é monitorizado por câmeras?" "Sensores de movimento. Não há câmeras, a menos que ele as tenha adicionado, recentemente. Entrar não é a parte difícil, se você souber o caminho. Uma vez que estivermos lá dentro, no entanto, se nos descobrirem, o perigo de ficarmos presos lá embaixo é muito alto." 311
"Eu não gosto disso." Entrelaçou seus dedos. "Eu, também. Pessoalmente, acho que todo esse negócio fede. Você quer sair? O que quer que você decida, é agora ou nunca." "Quero pegar o resto dos arquivos e vê-lo cair, mas você..." "Então, está decidido." Deu um beijo em seus lábios, cortando mais protestos sobre a sua saúde. Soltando-a, se virou e passou a trabalhar na porta. Em pouco tempo, estavam de pé no topo de uma escada, íngreme e estreita. Deixou a saída atrás deles com uma pequena fresta aberta, para a viagem de volta. “Siga-me. Quando chegar ao fundo, mantenha-se à direita", instruiu. "Não se afaste em direção ao centro do salão. O feixe de sensor de movimentos funciona em uma linha reta no meio. August gosta de posicioná-lo dessa forma, para que possa fazer uma fuga rápida, sem se preocupar com a configuração do seu próprio alarme e alertar o inimigo sobre qual direção tomou. Qualquer outra pessoa nem saberia que caminhar até o meio, a deixaria presa." "E se ele mudou os sensores?" "Nós estamos ferrados. Mas se alcançarmos a sala do computador, estaremos cobertos." Com essa misteriosa pérola de sabedoria, começou a descer, a arma pronta. Uma vez no fundo, seguiram pelo corredor até o cruzamento, em seguida, viraram para a direita. Até agora, tudo bem. Sem gritos ou barulho de passos correndo para interceptá-los. 312
Uma sólida porta de metal maciço, deslizante, dominava o fim do corredor. Um painel de controle montado na parede à direita se assemelhava ao cockpit de um avião de pequeno porte, com sua variedade de botões. "Fantástico", Daria murmurou. "Como é que vamos entrar?" Ryon sorriu sombriamente. "Com o código que o contato de segurança do Nick foi capaz de fornecer, já que August usa o mesmo sistema dos servidores. Além do mais, o código desativa os sensores até que as portas se fechem novamente. Brilhante, não?" Ela olhou por cima do ombro e franziu a testa. "Eu não seria muito arrogante, se fosse você." “Por quê?” "Porque a sala está vazia." Ryon virou e olhou, incrédulo. Caminhou para dentro, com os punhos cerrados. Sólidas paredes de concreto e nada mais. "Filho da puta." "Não dá para dizer há quanto tempo ele a esvaziou. Aparentemente, o olho que tudo vê de Nick, não é infalível. Quaisquer outras ideias brilhantes?" Esperou, olhando em volta, nervosamente. "Estou aberto a sugestões", grunhiu. Sentia-se como um tolo. Claro que August teria movido seus arquivos no instante em que soube que propriedade tinha sido invadida. O erro de Ryon custou a ele e à Daria um tempo, que não podiam se dar ao luxo de perder.
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"Acho que os arquivos em seu escritório são os reais", Daria especulou. "Meu pai disse que ele está, realmente, preocupado com algum tipo de construção de uma ala distante. Ele disse ao meu pai que estava acrescentando-a à propriedade, mas agora, acho que seja possível que esteja construindo uma sede melhor para suas operações." "Faz sentido, mas por que apenas não deixou os arquivos aqui até que a nova instalação estivesse pronta? Seu dados estão mais seguros aqui do que lá em cima." "Ele é uma aranha esperando para lançar sua teia. A pergunta de um milhão de dólares é, vamos morder a isca?" Cada instinto que possuía estava lhe pedindo, mais do que nunca, para tirar Daria daquele inferno, esquecer a coisa toda. Mas desejava que August queimasse pelo que tinha feito com Ben, e outros seres humanos e shifters. Acima de tudo, podia dar a Daria tudo aquilo. Ryon acenou com a mão. “Já viemos até aqui. Vamos fazê-lo." "Espere", ela disse suavemente. Aproximando-se, colocou a mão sobre seu peito. "Me desculpe, por força-lo a voltar aqui, especialmente agora. Você está doente e não quero que nada aconteça com você." "Está tudo bem, querida. Se não quisesse tentar de novo, você não teria me convencido." Deu-lhe um beijo rápido. "Nós terminaremos o que viemos fazer e vamos dar o fora daqui, confie em mim." Daria olhou profundamente em seus olhos, como se estivesse tentando verificar sua sinceridade. Depois de um minuto, deu um 314
passo atrás, satisfeita. "Tudo bem. Então, Nick disse para qual parte da casa o corredor leva?" "À despensa da cozinha." O queixo dela caiu. "Você está brincando." "Não. Qual o melhor lugar para esconder a outra entrada do que atrás de uma parede de alimentos? Podemos reabastecer nossas mochilas, também." "Inteligente", ela admitiu. "Temos que nos apressar." Cada célula do seu corpo alerta, Ryon caminhou em direção à casa, Daria pressionada às suas costas como uma segunda pele. Os estreitos
limites
do
corredor
luminoso
o
deixaram
mais
desconfortável do que antes. Meio que esperava que a passagem fosse uma armadilhada, em seguida, rejeitou a ideia. Um homem como August preferia infligir dor por si mesmo e testemunhar os resultados. Alcançaram a escada e subiram lentamente. Ryon encontrou o trinco, e o mecanismo emitiu um estouro audível, a parede rangendo quando movimentada da sua posição. Ficou tenso. Depois de um minuto, usou a ponta do rifle para mover, lentamente, a abertura. A luz atrás deles inundou a entrada da grande despensa. Rapidamente entraram, e fez um gesto para Daria para fechar o painel por trás deles. Se alguém na cozinha tivesse visto a estranha luz por baixo da porta, ele e Daria iam descobrir em breve.
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Nada. Exalando um suspiro, Ryon usou a pequena lanterna para coletar alimentos, substituindo os que haviam consumido. Sendo um homem de gostos mais refinados, August não permitia que a cozinheira comprasse um monte de lixo. No entanto, Ryon localizou vários pacotes de biscoitos, carne seca, e algumas barras de granola. Com uma careta, arrumou-os na mochila de Daria, pensando que daria sua pequena fortuna por um bife suculento e uma batata assada. Uma embalagem aberta de água mineral descansava no chão e Daria colocou várias garrafas em sua mochila. Ryon imaginou se preferiria entrar em colapso por carregar o peso extra, ou morrer de fome ou desidratado. Que escolha. Isto feito, apagou a lanterna e abriu a porta da despensa, apenas uns três centímetros. Tudo estava quieto. Um relógio na parede revelou que era uma e meia da manhã. Seu corpo, cansado e dolorido, sentiu cada minuto. Percorreram o caminho da cozinha para a sala de estar, arejada e aberta, pisando com cuidado, mantendo-se no perímetro. O luar filtrava através das janelas de vidro, do chão ao teto, com vista para a piscina em uma extremidade da sala, o gramado da frente, na outra. Um guarda corpulento estava ao lado da porta do pátio, de costas para o vidro, de frente para a piscina, se deslocando inquieto. O escritório de August não estava longe, do outro lado da sala e há alguns metros, no corredor. Ryon mal atingiu a segurança das sombras no corredor e virou-se para acenar para Daria se apressar, quando o guarda, de repente, apertou o rosto contra a janela. O grande homem se endireitou com a surpresa, pegando seu rifle. 316
Merda, ele a tinha visto! Daria o viu, também, e congelou, o SIG apontado para o peito largo do homem, enquanto ele caminhava para dentro, abordando-a. Seu sorriso arrogante brilhou sob uma lasca de luz. Ignorando totalmente a arma, baixou sua própria arma e apertou o corpo contra o dela. "Bem, o que temos aqui? A doce sobrinha benfeitora de August não consegue atirar, então o que você vai fazer? Vamos negociar um acordo pelo meu silêncio?" O lobo de Ryon rosnou de raiva, e ele mal impediu que o som escapasse. As garras em sua mão se alongaram, e esperou. Daria não respondeu, mas começou a se afastar, trazendo o guarda mais perto do esconderijo de Ryon. Boa menina. Apenas um pouco mais. Ryon cerrou os dentes quando o saco de lixo a segurou e apertou um seio, confiante na sua capacidade de subjugá-la. Um tolo desleixado, cheirando levemente a uísque. E tocando sua companheira. Seria seu último erro. "Muito bonita", o homem riu, baixo e desagradável. "Você vai vir comigo, abrir essas pernas bonitas, e aprender como tratar um homem de verdade. Então eu poderia ser persuadido a esquecer que você esteve aqui-" Ryon já tinha ouvido o suficiente. Movendo-se em silêncio, foi até o capanga por trás, chegou perto, e desferiu um golpe, violento e letal, em seu pescoço. Sangue pulverizou sobre o piso novo, e não conseguiu sentir nenhuma simpatia pelo bastardo.
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Trabalhando rápido, baixou o homem enorme no chão, colocou o rifle em seu peito, pegou-o pelos tornozelos, e arrastou-o para longe. A sala não oferecia nenhum lugar para esconder o corpo, então o escondeu dentro da despensa. Em seguida, pegou alguns panos de prato e, rapidamente, limpou o máximo de sangue possível do chão. Uma inspeção apressada passaria na escuridão, mas o guarda seria descoberto, eventualmente. Depois de tirar do homem, sua camisa, calça, arma e balas, se juntou à Daria. Ela não se moveu, ficou como um fantasma, pequena e pálida, com olhos, arregalados e insondáveis, que não conseguia ver no escuro. Somente a linha firme da boca carrancuda, dava voz aos seus pensamentos. Tocou seu rosto. "Eu não tive escolha, querida. Ele teria matado nós dois." “Eu sei.” Mas seu tom era insensível. Ela estava chegando a um acordo com o fato de que o homem que amava era um assassino nato. Não era nenhum comando romântico de um filme do Stallone, mas a coisa real, e tinha outras táticas habilidosas, para completar. Saber e testemunhar eram coisas diferentes. Com o coração pesado, deixou cair a mão e se virou, para ir para o escritório. Daria se arrastou na frente de Ryon, e ele deixou a porta abrir um pouco, antes de se juntar a ela no computador. Se acomodou na cadeira de couro preto de August, pegando o estojo do pen drive da mochila. Ela mexeu o mouse para ativar a máquina, 318
em seguida, conectou o pen drive. A janela da senha apareceu, imediatamente, na tela. Os dedos voando, Daria tentou os últimos códigos. Acesso negado. "Droga. Tem algum código de acesso escondido na manga?" "Tente Projeto Malik, sem espaços." Digitou as palavras e apertou Enter. Estavam dentro! "Outra rede de segurança, companheiro? Nossa, você e Nick são meninos ocupados", comentou, sem olhar para cima. Concentrada em seu propósito, se inclinou para frente. A afirmação dele alimentou o desejo de obter essa parte final da prova, o ás na manga. Ryon não interferiu. Seus conhecimentos de informática igualavam ou ultrapassavam os dele, e ele sabia que ela teria, finalmente, chegado na tela principal, mesmo sem a ajuda de Nick. Consciente dos minutos escoando, ele olhou para o corredor. Ainda limpo, mas não por muito tempo. A qualquer momento, um dos guardas caminharia até a piscina para fazer a checagem com o homem desaparecido. Ele e Daria podiam ter mais alguns minutos antes que percebessem que o homem não estava no banheiro ou na cozinha, furtando um lanche no fim da noite. Suor escorria da testa e do pescoço de Ryon, e não apenas por causa do nervosismo. O quarto estava intoleravelmente quente, sua perna, matando-o. Não era um bom sinal. Forçando o desconforto para fora da mente, caminhou de volta para Daria.
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Curvando-se, teclou uma outra série de números. Esperou. Então, como um milagre, uma planilha encheu a tela. Todas as informações que precisavam, na ponta dos seus dedos. Sorrindo, Daria ergueu um punho com a vitória. "Está tudo aqui. As drogas que eles usaram nos shifters, os nomes das suas vítimas - ou assuntos de teste, como os idiotas os chamavam, nomes de médicos e outros funcionários. Todos os tipos de provas contundentes." "Deus, isso é muito mais específico do que o que recuperamos do último local de testes do Bowman." Algo chamou a atenção de Ryon. "Olha lá. Diz Contramedidas e Medicamentos para Agentes em Metamorfose, e parece uma receita. Isso significa o que eu acho?" "É um antídoto", ela ofegou. Digitando rapidamente, abriu uma janela e, seguindo as instruções de Ryon, começou a enviar os arquivos da mais alta importância para o servidor do complexo da Pack. Entrou em contato com seu comandante. Nick, nós conseguimos! Todos os arquivos estão a caminho, e parece que há uma droga que reverte a merda que fizeram com Ben e os outros. Depois de alguns segundos, o homem respondeu com alívio. Excelente trabalho. Assim que for enviado, deem o fora. O tempo é curto. Vou deixar o povo do laboratório trabalhando no antídoto e vou tentar tê-lo à mão, quando decolarmos para buscá-los. Tudo bem, e obrigado. Por tudo. Basta terminarem, e depressa.
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Uma caixa de diálogo brilhou com as palavras Transferência Completa. Ryon beijou o topo da sua cabeça. "Estou impressionado, meu anjo. Agora, vamos indo. Nunca mais quero ver esse lugar." "Não poderia concordar mais." Daria removeu o pen drive e colocou-o no estojo de novo, com as mãos tremendo. Ryon podia imaginar que ocasião monumental isso foi para ela, porque significava muito para ele. Agora Ben, pelo menos, teria uma chance. Ela fechou a embalagem, desconectou o computador, e se virou para ele. "Mal posso esperar para ver o governo cair de bunda no chão, quando esse caso o golpear ruidosamente." Uma profunda e provocante risada ecoou contra as paredes, assustando os dois. August Bradford entrou no escritório e acendeu as luzes, uma pistola apontada para eles. Oh, Jesus. Ryon congelou e Daria se escondeu ao seu lado. Não se atreveu a olhar para ela. O suor escorria pelo lado do seu rosto. Engolindo a azia e a raiva, encontrou o olhar sombrio do seu inimigo, sem vacilar. August era um homem bonito, com algumas linhas no rosto, sugerindo sua idade. Se postava alto e ereto, e tinha uma expressão de leve divertimento. Ele parecia e tinha o estilo de um homem intitulado como mimado, que devia ter desfrutado muito de bancar Deus, juntamente com Malik e Bowman.
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"Não são os primeiros a tentar, querida sobrinha." August olhou para trás das suas costas, e para Ryon, seu sorriso frio, a voz cheia de significado. "Coloquem suas armas no chão, devagar." Eles o fizeram, mantendo as mãos à vista, então se endireitaram. Ryon não respondeu de imediato, mas pegou o resto da figura de August. Estava vestido com um pijama de seda azul, seu cabelo espalhado em várias direções, despenteado do sono. Eles o tinham surpreendido, o que podia conspirar a seu favor. O fato de que os guardas não tinham seguido seus calcanhares, significava que ele ainda tinha que alertá-los. Isso podia vir a ser sua única chance de escaparem. "Você pode querer ser legal com a gente, velho", disse Ryon categoricamente. "Tudo bem, vou morder a isca. Por que eu iria querer ser legal?" "Porque acabamos de enviar todos os seus arquivos para um braço do governo que está muito interessado em erradicar todos os últimos vestígios dos experimentos hediondos nos quais você esteve envolvido com Gene Bowman e o Unseelie, Malik, que você sabia que estava disfarçado como um rico empresário, Evan Kerrigan." Embora o homem mantivesse o sorriso, se contraiu visivelmente. "O governo, você diz? Bem, aí está o seu primeiro erro." "Agora eu vou morder a isca. Como assim?" August inclinou a cabeça, estudando Ryon. "Você é um shifter. Felino? Lobo?" Não viu nenhuma razão para mentir. "Lobo." 322
"Transformado, não nascido." "Sim." Trocou um olhar rápido de confusão com Daria. Onde isso ia levar? "Uma vez que você faz parte de um braço do governo, como você diz, vou assumir que é das operações especiais. Estou certo em também assumir que era militar, antes de ser transformado?" "SEAL", admitiu, uma bola fria se formando em seu estômago. Este homem estava estrando em algo muito ruim, e estavam prestes a descobrir em quê. "Então, o que isso quer dizer?" "Ah, Ryon Hunter, você esteve pensando nisso durante anos, não é?" August quase sussurrava, um toque de engenhosidade em seus olhos. Um choque frio passou por ele. "Como você sabe o meu nome? O que você está tentando dizer?" "Tenho que fazer todo o trabalho aqui? Ligue os pontos, rapaz. Desde que você e os seus colegas SEALs foram atacados no Afeganistão e se transformaram há seis anos, nunca imaginaram o por quê?" Ryon encarou o homem, o coração batendo apavorado. August riu, dando um passo mais perto. "Por que todos vocês sobreviveram, quando tantos outros morreram? Como é que um grupo de humanos, cada um com poderes Psy, sem o conhecimento dos outros, acabou na mesma unidade? Como foi que aconteceu deles serem atacados naquele dia, há milhares de quilômetros de casa, e ninguém, além dos homens com habilidades Psy, sobreviveu 323
à chacina? Em algum ponto, cada um da sua equipe deve ter se perguntado por que, por que, por quê." Ryon gemeu quando a informação completa o acertou, e quase entrou em colapso. "Mãe de Deus. É verdade. Fomos criados." "Sim, jovem lobo. Você foi criado desde o início, até o último homem." Olhando para o computador que tinha sido invadido, balançou a cabeça. "Você pode ser capaz de ajudar o infeliz do ex noivo da minha sobrinha, mas, no fim, não importa. Para onde você acha que toda a informação que teve tantos problemas para obter, irá? Em cujas mãos vai, finalmente, terminar?" "Alguém do alto escalão", disse desesperadamente. "Alguém que vai impedi-lo, talvez colocá-lo atrás das grades pelas coisas que você fez." August o estudou por um longo momento. Então, falou em voz baixa. "Será que sua equipe, honestamente, achou que Malik e Bowman fossem o fim da linha? Que poderiam ter posto em prática uma operação de tão grande escala sem alguém do alto escalão, como você diz, ditando as regras?" "Não", Ryon sussurrou. "Eu não acredito nisso." "Acredite no que quiser. Malik tinha sua própria agenda e seu próprio complexo de Deus. Mas a verdade é que os tentáculos dessa coisa percorrem todo o caminho até o topo. Para o Salão Oval do caralho. Você está entendendo, rapaz? Não é uma só pessoa, mas várias, em posições poderosas e estratégicas, no governo dos Estados Unidos."
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Ryon agarrou a borda da mesa, suor escorrendo na superfície. Horror o consumia, roubando sua fala. August assentiu. "Tudo foi planejado. Sua equipe se transformou perfeitamente, e depois concentramos nossa pesquisa em outras áreas, tais como uma forma de criar um shifter ainda mais forte, mais letal. Uma legião de super soldados. Até que as coisas começaram a dar errado." "Você quer dizer, até que a Alpha Pack se voltou contra seu criador, e começou a desmantelar o projeto." Nick! Nick, você sabia? Por favor, diga-me que não. O comandante permaneceu em silêncio. "Exatamente. Graças a alguém poderoso que está ajudando a Pack, orientando-os de longe." Como se, de repente, lembrasse da arma em sua mão, a apontou mais diretamente. "E você vai me dizer quem é, ou eu vou matar vocês dois." August não sabe. Ele não tem a mínima ideia de que o General Jarrod Grant é nosso aliado. "Eu acho, fodidamente, que não, seu filho da puta!" Movendo-se rapidamente, se lançou em cima de August. A explosão ensurdecedora do tiro e o grito aterrorizado de Daria, rasgaram Ryon enquanto ele caía.
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QUATORZE
Ryon gritou, atirando-se sobre August, e tudo desabou. Um tiro explodiu no ar, e os dois homens caíram no chão, lutando pela arma. Rolaram, e Ryon deu um soco no queixo de August com a mão livre. Daria se abaixou e arrebatou o SIG do chão, na esperança de conseguir dar um tiro em August. "Daria, vá! Não há tempo!" Ryon gritou. Ela hesitou, mas sabia que ele estava certo. Um estouro soou em algum lugar da casa, seguido de pés batendo. Se o distraísse por não seguir sua ordem, ele perderia o foco na luta e ambos iriam morrer para nada. Odiava deixar a mochila com os suprimentos, mas não tinha escolha, agora. Velocidade era o mais importante, e tudo o que tinham que fazer agora era ir para o ponto de encontro. Rezando para Ryon segui-la, se virou, libertou sua loba e se transformou, mergulhando de cabeça na janela de vidro. O primeiro pensamento de Daria era que essa acrobacia sempre parecia muito fácil nos filmes. O segundo, que provavelmente tinha escalpelado o pelo no vidro, até mesmo sua pele grossa. Rolou de pé, sacudindo a roupa e os cacos de vidro que choviam como
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confetes, e atingiu o chão, correndo como se os cães do inferno estivessem em seus calcanhares. Gritos. Xingamentos. Disparos de armas de fogo. Os refletores de segurança iluminavam o complexo, brilhantes como a luz do dia. A qualquer segundo, esperava que uma bala perfurasse suas costas e acabasse com sua vida. Ou a de Ryon. Deus, onde ele estava? Dois homens se aproximavam rapidamente à sua direita, gritando: "Pare!" De jeito nenhum ia fazer isso, então por que os bandidos sempre gritavam algo tão estúpido? Ela os viu elevar seus rifles. Um grito brotou em sua garganta, mas saiu como um gemido lamentável. Sua fuga precipitada, junto com o puro terror, tinha sugado o ar de seus pulmões. O muro de trás parecia próximo, mas não ia fazer isso. Eles iriam matá-la. Daria se encolheu, mas nenhuma bala atravessou seu corpo. Girando a cabeça enquanto corria, viu Ryon correndo pelo gramado atrás dela, meio manco, o rifle disparando nos dois capangas. Seus corpos se sacudiram, e caíram. Ele parou, girou, e disparou mais balas em direção à janela quebrada do escritório. Alcançando o muro, a loba de Daria não teve problemas para escalálo em cerca de dois segundos, e ela pulou de novo. Três passos, e mergulhou na escuridão total. Peito arfante, parou e tentou descobrir o próximo passo. Um baque e um farfalhar de folhas a alertou de que alguém tinha pulado por cima do muro. Virou-se, aterrorizada. 327
“Daria?” Ryon chamou. Graças a Deus. Ela se transformou e estendeu a mão. "Bem aqui. Cerca de três passos." "Tudo bem", disse, respirando com dificuldade. "Deixe-me colocar os óculos de visão noturna e vou chegar até você. Está ferida?" "Eu - eu não estou certa. Talvez minha cabeça, por causa do vidro. Perdi minhas roupas quando transformei e corri, também. E você?" Uma hesitação. "Estou bem. Ok, estou vendo você." Se aproximou e pegou a mão dela. "Estou com os óculos, então vou liderar o caminho. Você vai ter que confiar em mim para ser nossos olhos, mas prometo que não vou deixar nada acontecer com você. Segure firme a alça da minha mochila. Se você a soltar, acidentalmente, grite e vou te buscar." "Não seria melhor, apenas abandonarmos nossas coisas agora, nos transformarmos, e correr para encontrar a equipe, em forma de lobo? Terminamos a operação, e faríamos um tempo melhor." "Me desculpe, mas não consigo me transformar, querida", respondeu asperamente. "Estou muito mal." "Está tudo bem", lhe assegurou. "Nós vamos conseguir." "Aqui, coloque isso." Vasculhando a mochila, lançou um conjunto de de roupas e um tênis, para ela. Eram dela, então reparou que ele pegou a mochila dela, bem como a dele, mais as armas. Abençoado.
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Ryon murmurou um juramento e moveu-se em torno dela, colocando sua mão esquerda sobre a mochila. Ela encontrou a alça e a segurou com um aperto de morte, a arma em sua mão direita. Daria puxou a alça. "Pronto." Ryon arrancou, andando rápido, abrindo um caminho através da floresta. Não conseguia ver uma maldita coisa, e teve que se consolar com o fato de que ele podia ver muito bem. Se corressem para os homens de August ou alguma outra criatura vil, Ryon saberia. Daria tropeçou em várias ocasiões, mas conseguiu se recuperar, na sua maior parte. Ele teve o cuidado de se mover lentamente e dizer a ela quando passar por cima de uma árvore ou de um galho baixo para evitar um ferimento na face. Mesmo assim, depois de ter seus movimentos restritos por ter que se segurar nele, provou ser uma maneira tediosa para caminhar. Em pouco tempo, seus braços e ombros doíam. Melhor do que ficar perdida, no entanto. A dura caminhada ajudou a focar sua atenção longe do que realmente desejava fazer - encontrar uma cama, agradável e macia, e dormir por um ano, com seu companheiro enrolado em torno dela como uma segunda pele. Em seguida, se deu conta de algo. "Ryon, pare e ouça." Ele o fez, então ficaram imóveis, absorvendo a sinfonia noturna normal. "Eles não estão nos seguindo. Droga." Medo a percorreu. "E isso é uma coisa ruim? O que você está pensando?" 329
"Meu palpite é que August chamou os homens que já estavam lá fora, procurando por nós. Se fosse ele, diria para formarem um arrastão para nos cercar. É por isso que eles não estão nos perseguindo. Ele não está preocupado com a nossa captura." Ryon soltou um suspiro profundo, que terminou em um leve chiado. Tossiu algumas vezes, em seguida, se inclinou para o lado. Quando ele não caiu, estendeu a mão que segurava a arma e entrou em contato com uma casca. Ele estava encostado em uma árvore. Ela franziu o cenho. "O que aconteceu lá, entre você e o meu tio? Você está realmente bem?" "Eu queria mandá-lo para o inferno, aonde ele pertence, mas seus homens estavam invadindo a casa. Eu tinha que deixá-lo ir e correr, ou ficar para acabar com ele, e morrer." Sua voz era grossa e estranha, não como a do Ryon que conhecia. Não gostou nem um pouco. "Como está a perna?" Ela pressionou. "Ainda me mantendo em pé." Ok, mas não por muito tempo. "Vamos parar aqui? Você precisa descansar." "Nós não vamos montar acampamento esta noite. Temos que... nos manter em movimento." Outra tosse, e um estremecimento. Daria prendeu o SIG na cintura da calça e estendeu a mão para ele. Seus dedos encontraram seu pescoço, e relancearam até seu rosto barbado. "Você está queimando!" 330
"Nada a fazer sobre isso." Ele se endireitou, transmitindo seu plano como se não estivesse a ponto de entrar em colapso. "Escuta, temos que desviar do nosso curso de forma decisiva, ou eles vão nos cercar." "Que tal, apenas, virarmos para o sul?" Sugeriu. Ryon assentiu. "Quando a gente encontrar um lugar adequado para o helicóptero nos pegar, vou contatar Nick, e os caras vão estar a caminho. Não devem demorar mais do que algumas horas para chegarem até nós." "Parece que você nos tem cobertos. É o seu show." Na verdade, tinha sido, desde o segundo em que explodiu em sua vida. Ryon, enfurecendo-a, capturando seu coração, então torcendoa como um pano de prato velho. Se não conseguisse ajuda em breve, perderia seu companheiro. Era horrivelmente simples, assim. Depois de algumas horas, a floresta começou a clarear o suficiente para enxergar. Ele tirou os óculos e ela já não tinha que se segurar nele. Quando ela finalmente foi capaz de estudar Ryon por trás, até mesmo com a visão limitada, não conseguiu esconder sua condição. O suor pingava das extremidades do seu cabelo loiro, fazendo-o parecer mais escuro, e sua camiseta estava encharcada. Não estava tão seca, ela mesma, mas não estava com uma febre tão alta. Ele caminhava com dificuldade, tropeçando aqui e ali, as botas se arrastando, como se cada passo causasse agonia. E nenhuma vez, reclamou.
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Por volta do meio da manhã, as margens do rio apareceram. Ryon, no entanto, se manteve na cobertura das árvores, se esforçando mais ainda, e não parando para uma pausa até quase o meio-dia. Quando o fez, atirou a mochila e o rifle no chão, apoiou-se contra uma árvore, e deslizou para o chão, sem uma palavra. Tirou duas garrafas de água da mochila e ofereceu uma para ela. Daria a pegou, agradecida, obrigando-se a não engolir tudo de uma vez só. Ryon esvaziou a dele em poucos goles. Seu estômago roncou, então foi buscar um par de barras de granola roubadas, oferecendo uma para ele. Para seu espanto, ele sacudiu a cabeça e fechou os olhos, inclinando a cabeça para trás. Comeu a sua, preocupada com as linhas de tensão em seu rosto. Ele tinha manchas roxas sob os olhos e suas bochechas estavam coradas. Finalizando o lanche, limpou as palmas das mãos e moveuse para o lado dele. "Tire sua calça, querido. Vamos dar uma olhada nessa perna." Com um suspiro pesado, baixou-a até as panturrilhas e recostou-se de novo, nem mesmo se preocupando em fazer uma piada sobre sua necessidade dele ficar nu. Seu olhar caiu na coxa direita e recebeu um choque violento. Um orifício, pequeno e puro, marcava a carne, cerca de três centímetros acima das bandagens. "Você foi baleado!" Exclamou. "Droga, Ryon, por que você não disse nada?" "Porque não há nada que você possa fazer. Dói, mas não está sangrando muito, e consigo andar."
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"Sim, eu posso fazer alguma coisa, mesmo que não seja muito. Você vai tomar uma aspirina, mesmo que eu tenha que empurrá-la goela abaixo. Você entendeu?" Insistiu. Em seu estado debilitado, ele não ia querer ganhar esta, Daria disse a si mesma, enquanto procurava por elas. Sacudindo quatro comprimidos, ela os entregou a ele, junto com sua água. Ele fez uma careta, e ela retribuiu. Como previu, ele cedeu primeiro. "Bem, acho que elas não vão me matar mais rápido." "Isso não é engraçado." Em seguida, desenrolou as ataduras na sua coxa. Seu triunfo sobre o medicamento teve curta duração. As feridas estavam infeccionadas, sem dúvida. De cada furo, escorria fluido. Eles já deviam estar curados agora, dadas as suas habilidades especiais, mas a carne circundante estava inchada e vermelha. Estrias, vermelhas e irritadas, se estendiam sobre a perna. Veneno. Daria nunca se sentiu tão impotente. Ryon estava em um perigo terrível, e não podia fazer nada para ajudá-lo. Enxaguou as marcas de mordida com o restante da sua água, então envolveu a perna em bandagens limpas. Não havia nada mais a fazer. Ryon puxou as calças para cima e fechou os olhos. Ficou parado por tanto tempo, que pensou que ele tinha adormecido. Deus sabia que ele precisava descansar. Quase tinha cedido à sua própria fadiga, quando ele falou, em um sussurro baixo. "Nunca se esqueça que eu te amo. Mais do que à minha vida, mais do que qualquer coisa." 333
Tocou seu rosto. "Nunca. O mesmo vale para mim. Você é o meu mundo agora, e não vou descansar até que ambos estejamos a salvo." Ele desviou o olhar, olhando para o rio por vários minutos, sem piscar. Daria nunca havia presenciado tanta miséria. Ele estava perto de desistir, e não podia deixar que seu espírito mergulhasse tão para baixo. "Diga, você percebeu que não tem sido muito atormentado por seus fantasmas ultimamente?" Perguntou. "Eles não tem me incomodado, por enquanto. Acho que é por sua causa." Sorriu para ela. "Você é meu alicerce. Agora só os vejo, se preciso, o que, espero, não será muito frequentemente." "Isso significa que você é forte. Você não vai a lugar nenhum, está me ouvindo?" “Sim. Ouvi, querida.” Eles se sentaram juntos por um tempo, recolhidos em si mesmos. Quando estava pronto para sair, simplesmente parou ao lado dela e esperou. Ela se levantou, colocou nos ombros a mochila, olhando para ele. Sua expressão era calma, de aceitação. Isso a assustou, quase além do que podia suportar. Pelo resto do dia, Ryon não falou. Desapareceu dentro de si. Este não era o homem sorridente, confiante, que encontrou pela primeira vez. Queria aquele homem de volta. Ela o amava. Por mais horrível que o dia tivesse sido, a noite foi muito pior. Montou a barraca para eles, porque ele mal podia aguentar por mais tempo. 334
Aceitou a ajuda em silêncio, o rosto abatido. Normalmente, iriam sentar-se fora da tenda e conversar. Ou fazer amor. Hoje à noite, ele se arrastou para dentro, ponto final. Determinada a, pelo menos, tentar animá-lo, foi atrás dele. Estava deitado de lado, com os olhos fechados, uma garrafa vazia de água ao seu lado. Estendeu a mão para tocar-lhe o ombro, então decidiu não forçar muito. "Posso preparar-lhe um daqueles jantares instantâneos?" Silêncio. "Você não comeu o dia todo. Precisa comer, se quiser ter alguma força para terminar a caminhada. Que tal um pouco de carne?" Nada. "Deus, Ryon, tente se transformar! Por favor!" "Não", disse ele com voz rouca. "Querida, só não faça isso." Agarrando sua camisa, ela o forçou a ficar de costas e gritou direto em seu rosto. "Você que não! Não ouse desistir de mim!" Bateu no seu peito enquanto ele olhava para ela, com os olhos arregalados. "Transforme-se, seu covarde! Transforme-se agora, porra!" O efeito foi instantâneo. Em menos de cinco segundos, o lobo prateado de Ryon estava lutando para se libertar das roupas, rosnando e chateado como o inferno. Se a situação não fosse tão terrível, teria sorrido. Como era, colocou uma mão calmante sobre sua cabeça larga.
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"Calma, grandalhão." Ele se acalmou e depois choramingou, aninhando-se sob sua mão e se esfregando em seu lado. "Deixe-me tirar essas roupas de você. Permaneça transformado, enquanto puder. Então, vou ajudá-lo a se vestir de novo." Quanto mais tempo pudesse ficar em sua forma de lobo, melhor para sua cura. Pelo menos, podia ser capaz de torná-lo apto para a caminhada. Com cuidado, tirou suas roupas e examinou a perna novamente. Não conseguiu ver os furos sob todo aquele pelo, mas esperava que as feridas estivessem melhorando, pelo menos um pouco. Apesar dos protestos anteriores, conseguiu manter a transformação por quase meia hora, antes que voltasse à forma humana, novamente. Ao seu lado, estava completamente nocauteado. Mas achou que estava respirando um pouco mais fácil, sua cor um pouco mais natural. Ao examiná-lo, descobriu que os ferimentos na coxa não estavam tão irritados, o que enviou uma onda de alívio através dela. Seu companheiro tinha conseguido mais algum tempo. Esperava que fosse suficiente. Daria não tinha certeza de quanto tempo ficou sentada ao lado dele, observando e se preocupando. Eventualmente, desistiu e dormiu. Ao amanhecer, Ryon tremia com os calafrios, os dentes batendo, calor escaldante ainda irradiando do seu grande corpo, em ondas. Alarme a chutou no estômago. A transformação deveria ter lhe dado mais tempo, e se não conseguissem se mover, ele teria desperdiçado o pouco que tinha ganho. 336
Tinha que acordá-lo. Colocando uma mão em seu braço, ela o sacudiu suavemente. "Ryon? Acorde, nós temos que ir." Várias tentativas depois, ele abriu os olhos e olhou para ela com uma expressão aturdida. Por alguns segundos, não tinha absolutamente nenhuma ideia de onde estava, o que a assustou imensamente. Então, sua consciência retornou. "Daria", resmungou. "Pegue a água de reposição da minha mochila." “Por quê?” "Você vai encontrar o helicóptero sozinha, em seguida, enviar os caras de volta para mim." "Não. De jeito nenhum ", disse ela em um tom de aço. "Isso não vai acontecer. Levante-se. Agora." "Ouça." Tossiu e estremeceu, respirando fundo, como se falar lhe custasse muito. "Eu vou nos atrasar, e vamos ser capturados." "Se você ficar, os homens de August podem encontrá-lo antes que a ajuda chegue." "Apenas faça o que eu pedi, certo? Não quero discutir com você." "Não quero discutir com você, também", disse, com firmeza. "Não vou sair daqui sem você e ponto final. Se você não puder prosseguir, meu tio vai encontrar nós dois." Poucos minutos depois, ele se levantou com grande esforço, juntou suas coisas, e tropeçou para fora da tenda.
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Daria vergou com o alívio. Graças a Deus. Agora, só tinha que manter sua bunda sexy em movimento. Uma boa parte da garra o tinha abandonado, mas tinha a intenção de continuar a insistir. Não importava o que houvesse, ele não ia desistir.
De alguma forma, Ryon colocou um pé na frente do outro. Nunca esteve tão arrasado. Jamais. Nem mesmo quando acordou em um hospital no exterior, com um lobo feroz como novo companheiro. Nem meses mais tarde, quando lutou para controlar sua outra metade e manter um tênue controle sobre sua sanidade. A voz de Nick rompeu seus pensamentos. Ryon? Sim, chefe? O laboratório tem um lote do soro pronto, então vamos levá-lo, e ver se conseguimos encontrar o Ben. Onde você está? Estamos prestes a decolar. Isso é ótimo! Hum... Não tenho certeza. Poucos quilômetros ao sul da propriedade de August, seguindo o rio. Estamos à procura de uma boa clareira. Estamos a caminho. Aguente aí, tudo bem? Com certeza. 338
Não tinha certeza de nada, mas continuou se movendo. "Nick entrou em contato comigo", disse, com voz rouca. "Eles estão a caminho. Conseguiram um soro para o Ben." "A melhor notícia que eu ouvi durante toda a semana!" Daria tentou falar com ele novamente mas, realmente, não a ouviu. Não conseguiu. Apenas caminhou, até um zumbido estranho o fazer parar, levantar a cabeça, e ouvir. Daria disse outra coisa. Não conseguiu entendê-la sobre o ruído, como se milhares de abelhas estivessem na sua cabeça. A floresta começou a ficar vaga. Sua cabeça inclinou para trás e viu o céu azul quando seus joelhos se dobraram. Céu? Então, nada além da escuridão.
"Ryon, olhe!" Daria exclamou, apontando. Pouco mais à frente, a floresta terminava e um delta de rio plano se alargava diante deles, por pelo menos um quilômetro. Muito espaço para um helicóptero aterrissar! "Melhor entrar em contato com Nick e lhe falar sobre este lugar. Ryon?" Ele tinha parado e estava olhando para cima, com a cabeça inclinada, então se dobrou e caiu no chão.
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"Merda!" Se ajoelhou ao seu lado, dando um tapa no seu rosto. "Vamos lá, não faça isso! Estamos quase em casa, livres, então você não pode desistir." A respiração de Ryon era dura e difícil, sua cor cinza, sob o bronzeado. Rolando-o de lado, tirou a mochila dos seus ombros e pôs o rifle de lado. Depois de colocá-lo de costas, procurou dentro da mochila e pegou uma garrafa de água. Colocando sua cabeça no colo, colocou a garrafa entre seus lábios e derramou um pouco do líquido em sua boca. Ele cuspiu e tossiu, mas abriu os olhos, um pouco, e levantou a cabeça, buscando mais. O próximo gole desceu sem dificuldade, agora que tinha recuperado a consciência. "Isso aí, calma agora", sussurrou. "Aguente firme, ok? Estamos na beira de uma clareira. O lugar perfeito para eles pousarem. Algumas horas, talvez, e estaremos livres.” Ele tentou sorrir. "Isso é bom. Nick irá enviar uma pequena equipe para encontrar Ben. Eles vão ajudá-lo." Ela ficou além de emocionada, que ele pensasse em Ben em um momento como este, especialmente quando foi a criatura de Ben que o colocou nesta condição. "Sou grata que estejam dispostos a lhe dar uma chance." Por um tempo, Daria ficou passando os dedos pelo seu cabelo. Sua pele estava quente e seca como um deserto, um sinal de desidratação. A infecção se espalhava por seu corpo e estava mantendo o seu curso. Se ele não recebesse atenção médica em breve, shifter ou não, iria morrer. O medo ameaçou dominá-la. 340
"Beba mais água." Ela o ajudou, e ele não resistiu. Ainda assim, seus belos olhos azuis estavam sem brilho, os lábios sensuais sem sorrir. "Daria, se August chegar aqui antes da minha equipe, e eu não conseguir impedi-lo, não deixe ele me pegar vivo." "Deus, Ryon, nem mesmo diga isso", engasgou. "Não vou cair em suas mãos e me tornar um dos seus experimentos, não se puder evitar. Eu vi o que eles fizeram com Aric, Micah, e Phoenix. Ben também. E não vou deixá-lo fazer isso comigo." Foi poupada de responder ao seu pedido horrível quando ele adormeceu. Se August os pegasse, sabia que não iria tirar a vida de Ryon, ou a dela própria. Não porque era uma covarde, mas porque não iria desistir da esperança de que sairiam dessa bagunça. Sua equipe viria. Eles sempre conseguiam. Se não estivesse tão doente e estivesse pensando direito, saberia disso, também. Daria combateu o tédio cochilando levemente, mantendo um ouvido atento na respiração de Ryon, bem como todos os sons que não pertenciam a esse lugar. Um maldito helicóptero seria bom. Um ou dois grandes, carregados com lobos e uma pantera, e armados até os dentes. Uma hora chegou e passou. Duas. Com câimbras, Daria teve que tirar Ryon do seu colo, levantar e se esticar. Deu um passeio pela vizinhança próxima para trabalhar as torções, não se afastando muito dele. Passeando na beira da linha das árvores, admirava o delta muito verde, o rio serpenteando à distância. Um oásis estranho no meio da floresta tropical. 341
Ela começou a se virar, então congelou. Esse som. Podia ser? Whump-whump-whump. O movimento distinto das pás do rotor, e lá, apenas um pequeno ponto no horizonte. Em seguida, dois pontinhos que ficavam progressivamente maiores. "Sim! Ryon!" Gritou. Empurrando através do emaranhado de cipós, correu de volta para ele e caiu de joelhos. O chacoalhou, com força suficiente para sacudir seus dentes. "Acorde. Eles estão aqui!" Ryon se sentou e piscou para ela. "O quê?" "A Pack está aqui! Depressa, levante-se." Piscando, lutou para ficar na posição vertical. "Graças a Deus. Onde estão nossas coisas?" "Bem aqui." Um estalo dividiu o ar, seguido de mais. Balas foram, subitamente, acertando as árvores ao redor deles, homens gritando. Ryon cambaleou de pé e jogou a mochila para suas mãos. "Corra para um dos helicópteros e não olhe para trás!" O whump-whump dos enormes Hueys encheu o ar quando ele a empurrou para a frente e mergulhou para o seu rifle. Daria correu para a clareira, através do terreno plano. Seu coração batia no mesmo ritmo do seus pés, enquanto gritos flutuavam atrás dela. Balas acertaram a poeira ao seu lado, arrancando sua mochila.
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Os helicópteros pairavam sobre o horizonte, chegando rápido e aterrissando. O primeiro piloto diminuiu a velocidade, pairou, e pousou a cerca de cinquenta metros de distância. Viu que era Aric, que deixou as lâminas girando, pronto para decolar. Jax estava sentado na porta lateral aberta, segurando um M16 igual ao de Ryon, gritando e acenando para ela ir adiante. O segundo Huey desembarcou não muito longe do primeiro, os caras da Pack saltando e correndo para fazer o resgate do seu companheiro em perigo. Quase lá. Seis metros, três, um. E então estava dentro, Jax puxandoa para seus pés. Ela caiu duramente, mas não lhe dispensou um olhar. Girou para ver Ryon parado, magnificamente, bem no meio da linha das árvores e do helicóptero. Seus músculos contraídos enquanto pulverizava a floresta com um ataque constante de balas, fixando-se nos capangas para cobrir sua fuga. Sua equipe estava chegando rápido, atrás dele. Um dos homens que foi em seu auxílio, Micah, pegou Ryon e o empurrou na direção dos helicópteros. Ryon girou, meio correndo, principalmente mancando, em direção à ela. Cansaço marcava o rosto dele, mas continuou vindo. Aric manteve sua posição, enquanto Jax atirava além de Ryon e dos outros, na direção das árvores. A briga esquentou enquanto as duas forças continuaram a batalha, atirando - então algo terrível aconteceu. Na borda das árvores, os homens de August começaram a sair da sua cobertura, entrando diretamente na linha de tiro da Pack. Alguns foram alvejados e caíram, antes que os caras percebessem que algo não estava certo e cessassem o fogo.
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Olhares de confusão com as ações do inimigo foram substituídos por choque quando um corpo veio voando para fora da mata, mutilado e rasgado. Em seguida, outro. "Ah, foda-me!" Aric gritou. Uma enorme seção das árvores balançou de um lado para o outro. Se quebraram e foram arremessadas longe. Em seguida, o contorno translúcido, inconfundível, da criatura tornou-se visível, e ele fez uma pausa exatamente dentro da clareira. Ryon olhou para trás, naquele momento, e tropeçou, ficando parado, de boca aberta. E, quando a criatura avançou sobre todos eles, jogando a cabeça para trás para rugir, Ryon se virou e começou a mancar de volta em direção ao perigo. "Nãooo!" Daria se lançou em direção à porta, mas um braço forte a segurou, em volta da sua cintura. "Fique aqui! Vou pegar o soro e ajudá-los!" Passando por ela, Jax saltou do helicóptero e correu, presumivelmente, para o outro helicóptero, para pegar o medicamento. Os homens de August estavam em pânico, os sobreviventes fugindo do local o mais rápido possível. A Pack os deixou ir e se concentrou na besta, atirando em sua enorme massa. Isso não adiantou nada, mas voltou sua atenção sobre eles, e a irritou. Mais da metade dos homens se transformou, incluindo Kalen, em sua forma de pantera. Corriam em círculos ao redor do animal, mantendo-o ocupado, correndo em turnos até ele, rosnando e grunhindo, ficando fora do alcance das suas garras mortais. 344
Não podia ajudá-los. Ben não a reconheceria nesse estado, então não havia nada que pudesse fazer, além de olhar, a mão sobre a boca, o coração na garganta. Ryon tirou a roupa e se transformou, juntando-se aos seus amigos na batalha. Então Jax correu para a briga, as pernas tomando impulso, segurando um grande cilindro na mão. Quando Ryon deu um salto e enrolou-se em volta da criatura, a coisa ficou louca. Sacudiu e se debateu, tentando alcançá-lo, e quando isso falhou, girou o corpo em uma tentativa de soltá-lo. Ryon ia se matar. E não havia uma maldita coisa que pudesse fazer para detê-lo.
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QUINZE
Ryon pulou nas costas da criatura, afundando suas presas no couro duro e resistente. Ela gritou e tentou agarrá-lo. Se retorceu e virou. "Se transforme e pegue!" Jax gritou. Ryon viu o amigo correndo em sua direção, segurando um tubo grande. A ponta no final era longa e prateada, e se fosse uma agulha, era a mais grossa e mais terrível que já tinha visto. Então, novamente, teria que ser com ele, para penetrar a pele da criatura. A transformação foi difícil, especialmente, enquanto montava um lagarto mutante enfurecido. Em sua forma humana, passou um braço ao redor do pescoço da coisa e estendeu o outro. "Jogue!" A primeira tentativa não deu certo, e amaldiçoou quando o tubo passou por eles e caiu no chão. Por pouco, não foi esmagado pelos pés de pato da criatura, uma vez que pisava em volta, alheia ao fato de que estavam tentando salvar sua vida. Ou melhor, a vida de Ben. "Estamos tentando salvar seu rabo, filho da puta!" Gritou. Jax jogou o tubo de novo, mas ele ricocheteou nos dedos de Ryon. No segundo seguinte, foi jogado ao chão, e rolou, para evitar ser pisado ou comido. Enquanto se movia, viu o cilindro caído a apenas 346
alguns metros de distância. Foi buscá-lo. Assim que seus dedos se fecharam em torno dele, foi puxado para trás. As garras da criatura se cravaram em seu ombro, quando ela o arrastou para sua bocarra, escancarada e faminta. Hálito fétido flutuou em seu rosto e teve uma visão próxima e pessoal daquelas fileiras de dentes mortais, que estavam prontos para arrancar sua garganta. Agarrando o tubo nas mãos, apontou a agulha na direção da criatura, dirigindo a ponta do negócio na pele vulnerável da sua barriga. O animal soltou um rugido quando Ryon, rapidamente, empurrou o tubo inteiro. Não sabia se esse era o melhor lugar, ou mesmo se ia funcionar, mas tinha feito seu trabalho. Tinha que ser suficiente. Estava acabado. O animal o atirou para longe e ele caiu no chão duro. Incapaz de se mover, olhou para o monstro, de pé no lugar, gritando em agonia, não mais consciente de qualquer outra pessoa nos arredores. Ryon sentiu uma pontada de tristeza, sabendo que a criatura não era, realmente, má. Não possuía esse tipo de processo de pensamento. Desde o começo, tinha sido simplesmente uma fome voraz. Raiva. Confusão. Mas, nunca, mau. Porque o homem era bom por baixo daquilo. Incrédulo,
viu
a
criatura
começar
a
encolher.
Escamas
transformaram-se em carne, pés de pato em mãos humanas. O crânio saliente retornou à sua forma regular, e uma cabeça cheia de cabelos castanhos apareceu. O torso distendido se tornou tenso, o estômago, liso. Em menos de um minuto, um homem estava balançando, onde o animal tinha 347
estado, piscando como se nunca os tivesse visto antes. E, de fato, não tinha. Ben Cantrell estava cansado, em estado de choque, pior que desgastado, mas um homem, mesmo assim. Ele caiu no chão. Alguns da equipe correram para Ben, e outros em direção a Ryon. Nick e Jax apareceram, olhando para ele, sorrindo. "Você conseguiu, amigo", Jax disse, colocando a mão em seu peito. "Bom trabalho." Tentou sorrir. "É por isso que eu recebo muita grana. August escapou, no entanto." Nick falou. "Desta vez. Na próxima, ele não vai ter tanta sorte." De repente, lembrou-se das terríveis alegações de August, sua história de traição que percorria todo o caminho até a presidência. Queria perguntar se era verdade, se Nick tinha conhecimento. Mas estava muito cansado para falar mais alguma coisa. Então, Daria entrou em sua linha de visão, e nunca tinha visto nada mais bonito. "Ryon?" Seu rosto estava molhado pelas lágrimas. Nenhum som conseguiu passar por sua garganta. "Sempre tem que bancar herói, não é?" Disse, acariciando seu rosto. Tentou novamente responder, mas ela o fez se calar. "Descanse. Vai ficar tudo bem, agora." Não tinha tanta certeza; tudo doía tanto. Mas, confiava nela. Com um suspiro profundo, deixou as trevas se aproximarem, e tudo desapareceu. 348
Daria saltou do helicóptero no segundo em que a criatura começou a mudar de volta para Ben. Enquanto seu ex-amante caía no chão, imóvel, correu para o seu companheiro e caiu de joelhos. Ryon estava deitado de costas, olhando para as pessoas ao seu redor. Podia jurar que tinha visto ele falar, mas não tinha essa capacidade agora. "Ryon?" Colocou a mão trêmula sobre a boca. Lágrimas quentes deslizaram por suas bochechas. Seus lábios se moveram, mas ele não falou. "Sempre tem que bancar o herói, não é?" Ela acariciou seu rosto, cortando sua segunda tentativa em falar. "Descanse. Vai ficar tudo bem, agora." Fechou seus lindos olhos azuis, soltou um suspiro profundo, e perdeu a consciência. Seu corpo estava banhado em sangue, o cabelo misturado com ele. Deve ter conseguido essas lesões quando a criatura o atirou ao chão. Sua mão tremia quando alisou os fios de cabelo loiros. Longos cílios descansavam contra sua bochecha. Deus, ele estava queimando em febre. "Cristo Todo-Poderoso", Jax murmurou. "Alguém traga uma maca. Temos que levá-lo para casa." Micah disparou. A mão de Nick pousou em seu braço e o apertou suavemente. Seus olhos estavam calmos. "Ele vai ficar bem. Confie em mim." 349
Inspecionou o rosto do comandante atrás de qualquer sinal de fraude. "Essa é a sua palavra como Precog?" "É. Ele vai enfrentar uma barra pesada, e vai ser por pouco, mas vai sobreviver." "Tenho a sensação de que é mais do que você costuma dizer às pessoas sobre o futuro." Deu um leve sorriso. "Você está certa. Mas, então, acho que você merece a verdade, especialmente se é uma boa notícia." Limpou as lágrimas. "Obrigada." "Não, obrigado você." Piscou. "E tenho a sensação de que Ben vai ficar muito grato, também." Micah voltou com a maca e, trabalhando juntos, acomodaram Ryon. Não estava consciente do outro grupo, ao lado, trabalhando em Ben. Sua única preocupação, agora, era com seu companheiro. Dentro dela, sua loba caminhava ansiosamente. Desviando-se das lâminas giratórias, Jax e Micah colocaram Ryon no helicóptero. Então Micah lhe estendeu a mão, com um sorriso tímido, que repuxava o rosto cheio de cicatrizes. Como se percebesse como poderia parecer para ela, o homem se virou e ocupou-se com Ryon. Ficou muito triste pelo fato de que Micah estivesse passando por um momento tão difícil, e rezou para que ele ficasse cada vez melhor.
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E não confiasse tanto nos comprimidos, que o tinha visto engolir com mais frequência do que, talvez, deveria. Mas não podia se preocupar com isso, no momento. "Vai, vai!" Jax gritou para Aric, e então, estavam no ar. Ficou ao lado de Ryon e se preparou para o voo para casa, de duas horas. O complexo, casa. Que conceito estranho. Mas a encheu de calor perceber que estava prestes a ter o seu lugar entre pessoas tão impressionantes. Abaixando-se, pegou uma das mãos grandes de Ryon na dela. Suas mãos estavam tão quentes como as areias do Saara. Seu rosto estava pálido, os olhos fechados. Apesar do ruído ensurdecedor do helicóptero impedi-la de ouvir, podia ver o brusco subir e descer do seu peito, enquanto ele lutava para respirar. Apesar da previsão de Nick, não conseguiu evitar o medo. Tentou conectar suas mentes. Vamos querido, fique comigo. Aumentando o aperto em seus dedos, pressionou a mão sobre o seu coração. Cada batida vagarosa pulsava como se estivesse atolada em cola. À medida que o sol subia, e os minutos passavam, o trepidar profundo e denunciador do peito, piorou. Lembrou-se de algo que ele disse, não muito tempo atrás, quando Micah tinha sido ferido e ela estava com muito medo. Eu sempre vou mover o céu e o inferno para voltar para casa. Agora seus medos se concretizavam. A voz ansiosa de Aric soou através dos fones de ouvido. "Como ele está?" 351
Jax sacudiu a cabeça. "Depressa, homem." Aric forçou o helicóptero a todo vapor, engolindo as milhas rapidamente. Mas, enquanto a floresta rolava abaixo, Daria podia sentir Ryon escapando, apesar da sua batalha feroz. Apesar das palavras do comandante. Sua respiração se tornou superficial, suas feições esmorecendo. Não conseguia parar de tocá-lo. Seu cabelo, seu rosto. Como se pudesse, de alguma forma, manter sua alma ligada a este mundo. "Eu te amo, meu companheiro. Por favor, não vá", sussurrou, mesmo que ele não pudesse ouvir. Os homens estavam ouvindo através dos seus fones de ouvido, mas não se importava. Continuou falando com ele. Sua loba valente deu tudo o que tinha, até que o complexo ficou à vista, lá embaixo. A qualquer minuto, Ryon estaria em boas mãos. Daria olhou para ele, e congelou. Sob a palma da sua mão, o peito tinha ficado completamente imóvel. Sem trepidação, nenhum movimento. Ele não conseguiria lutar por mais tempo, não estava respirando. Horror caiu sobre ela. "Oh, querido, não, não! Jax, meu Deus!" "Vamos, amigo, Nick nunca erra. Não faça isso", Jax implorou. Olhou para Micah, seu rosto, branco. "Segure a cabeça. Vou fazer as compressões. " Trabalharam juntos, cada minuto que passava, uma eternidade, apoiando o homem que todos amavam, acima de tudo. 352
Seus esforços frenéticos fracassaram e, com o tempo que Aric demoraria para pousar o helicóptero, parecia impossível. Ryon tinha partido. Enquanto vivesse, a visão de Mac e os outros correndo para longe com o seu corpo sem vida, permaneceria queimando em sua memória. Mal consciente das suas ações, tropeçou atrás deles, um zumbi. Um gemido cresceu em seu peito, e escapou em um chiado doloroso. Travando em seu caminho, colocou as mãos sobre os ouvidos. "Nãoooo." De repente, Nick estava lá. Seus braços fortes a puxaram para trás, envolvendo-a. Escondeu o rosto em seu peito e deixou a onda sombria dominá-la. Por quanto tempo se abraçaram, compartilhando o terror da notícia a qual estava certa que viria, e a angústia gritante, não sabia dizer. Finalmente, Nick recuou e passou a mão pelo cabelo escuro. "Você ama Ryon, e ele é um bom amigo. Um dos meus melhores homens. Lembre-se, eu disse que ia ter uma batalha, mas a batalha não está perdida. Vamos enfrentar isso juntos, ok?" Estendeu a mão. O gesto simples a tocou. "Com certeza", sussurrou, e colocou a mão na dele. Juntos, eles entraram.
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Sob o olhar atento dos muitos amigos de Ryon, Daria perambulava pela pequena sala de espera. Rezou mais ardorosamente do que jamais havia feito em sua vida. Não conseguia parar de tremer. As médicas o haviam ressuscitado, mas somente após a batalha anunciada. E falaram pouquíssimo sobre suas chances, apesar do que Nick havia dito. As complicações da mordida da criatura e do ferimento à bala na perna, eram sua preocupação principal. A infecção bacteriana se espalhou através da corrente sanguínea, devastando seus órgãos internos. Ele desenvolveu pneumonia, e sua febre subiu para assustadores quarenta e dois graus. Qualquer um, exceto um shifter, estaria morto. Estavam lhe injetando doses maciças de antibióticos, juntamente com analgésicos. Depois de várias horas, sem qualquer alteração, Nick saiu, para fazer algumas ligações. Uma delas, incluía notificar o General Jarrod Grant sobre as alegações de August. Daria tinha puxado Nick para um quarto e contado a ele, em particular, cada palavra odiosa que August tinha alegremente relatado a eles. Os olhos azuis de Nick tinham escurecido a cada palavra. "Eu não sabia absolutamente nada sobre isso", disse em uma voz baixa e perigosa. "Mas vou chegar ao fundo dessa questão, localizar August e todos os outros envolvidos neste horror, nem que leve o resto da minha vida."
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E ela acreditou nele. Não tinha inveja de Nick e do general por causa da desagradável tarefa de iniciar essa investigação. Nick voltou logo, sentando-se em frente ao grupo. Jax olhou para ele. "O que houve?" "Quando Ryon estiver fora de perigo, vou convocar uma reunião e contarei para todos vocês ao mesmo tempo." Trocou um olhar misterioso com Daria, que os outros não perderam. Mas não insistiram. Daria esfregou os braços e estremeceu quando Mac apareceu, sua expressão, gentil. O estômago de Daria foi parar nos pés. "Ryon pode receber visitas agora. Um de cada vez, e sejam breves." Daria ficou de pé com um tranco. "Por favor, como ele está?" "Resistindo", disse ela com um sorriso gentil. "Aquele homem tem a força de vontade de um touro." Jax acenou para ela. "Você vai primeiro, querida. Nós podemos esperar." "Obrigada." Estudou cada um deles, tendo pelo menos um pouco de conforto na forma como se juntaram ao seu redor. Em pouco tempo, esses homens maravilhosos tinham se tornado muito importantes para ela. Podia ver porque Ryon era próximo a eles. Daria se virou e fez seu caminho pelo corredor, o mais longo da sua vida.
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E tentou, desesperadamente, se convencer de que, se o pior acontecesse, apesar da previsão de Nick, seria forte o suficiente para dizer adeus.
Ele estava sufocando. Afogando-se em um oceano de dor. Tentou afundar e cair para sempre na escuridão, apenas para escapar dela. Mas, a cada vez, o atormentava, puxando-o, para ficar logo abaixo da superfície. Para olhar para a paz reconfortante da morte, de um lado, e a bela luz da vida do outro, não lhe permitindo alcançar nenhuma das duas. "Eu quero a minha companheira", disse, repetidamente. Ou sonhou que o fez. Talvez tivessem ouvido porque, a cada vez que sussurrava a palavra, algo estranho e agradável o envolvia, afastando a agonia, mesmo que apenas por um tempo. Se agarrou a essa tábua de salvação, à palavra e o sentimento caloroso que vinha depois. Era tudo no qual tinha que segurar. Tudo o que importava. Até que ouviu a voz dela. Ela lhe disse para aguentar, que o amava. Sempre o amaria. Ela disse tantas coisas, mas tudo no qual se agarrou foi eu te amo. Mais do que nunca, lutou para subir do vazio infinito. Para ela. “Daria?” 356
"Quietinho, querido. Você está muito doente, mas vai melhorar. Apenas descanse e se fortaleça. Eu te amo muito." "Não me deixe." "Não vou", sussurrou. "Ninguém vai me fazer sair, vou ficar exatamente aqui. Durma." Ryon relaxou, saboreando os dedos frios de Daria acariciando seu cabelo, massageando seu couro cabeludo. Acariciando seu rosto e lábios. Quando a dor se tornou quase demais e sua alma estava tentado escapar da sua casca exausta, chamou por ela. Um toque suave, a força tranquila da sua presença, tornaram-se a razão para se agarrar a esta terra. Aos poucos, porém, a névoa começou a dissipar. Seus pensamentos tornaram-se mais lúcidos, a consciência do seu entorno, mais nítida. Suas pálpebras ainda se recusavam a abrir e seus membros pareciam enterrados em cimento, mas sentiu que Daria o deixou por curtos períodos de tempo. Entendia. Ela nunca ficava longe por muito tempo. Ela era firme, pedindo-lhe para ficar bem. Para sua companheira, qualquer coisa.
"Ei, você."
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Por um minuto, Ryon não compreendeu que o tinha despertado e abriu os olhos. A névoa se dissipava gradualmente à medida que subia para a superfície. Luz suave filtrava através da névoa transparente, encobrindo sua visão. Pouco a pouco, a neblina se dissipou, e se viu olhando para um par de enormes olhos castanhos. "Querida", murmurou. Olhos que imediatamente se encheram de lágrimas. De alegria, imaginou, do jeito que ela sorria para ele. Seu sorriso enrugou seu nariz, e ela agarrou uma das suas mãos com força. "Pensei que nunca ouviria você me chamar assim de novo", meio que soluçou, engasgando com a última palavra. "Você arrancou algumas décadas da minha vida, companheiro." “Tão perto assim?” Se inclinou e levou sua mão ao rosto, esfregando-a contra o rosto dela. "Você não estava respirando quando o trouxeram pra dentro. Pensamos que tinha partido." Deu um sorriso aguado. "Com exceção de Nick, é claro. Ele jurou que você ia conseguir. Acho que devemos aprender a confiar nele." "Acho que sim". Jesus, sua cabeça estava confusa e tudo doía. Ryon tentou sorrir, mas seu rosto não cooperou. "Quanto tempo estive inconsciente?" "Quatro longos dias. Todo mundo te visitou e estão fazendo apostas sobre quem será o próximo a parar aqui. Enquanto isso, Nick tem estado ao telefone, sem parar, com o General Grant."
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"Sério?" Tentou se sentar, mas vertigem e náuseas o inundaram. "O que Nick disse sobre essa merda toda de conspiração do governo? Ele sabia sobre isso?" Daria o deitou de volta. "Uau, sem movimentos bruscos, grande homem. Respondendo às suas perguntas, Nick não sabia nada sobre isso, e ficou furioso. Ele e o general não têm certeza de quanto do que meu tio afirmou é verdade, se é que há alguma verdade nisso, mas estão começando uma investigação." “Uma bem discreta, posso apostar.” "Apostou certo. Nick fez uma reunião e contou à equipe sobre isso, e eles ficaram chocados e tristes, como você pode imaginar." "O dia em que fomos transformados foi um dos piores da minha vida", murmurou. "Da vida de todos nós. Mesmo que August estivesse mentindo sobre algumas coisas, muito do que disse faz sentido." "Como o que aconteceu de todos vocês acabarem no Afeganistão, na mesma unidade?" "E como os que sobreviveram terem, cada um, um dom Psy. Sei que não vamos descansar até que saibamos a verdade sobre quem estava por trás disso tudo." Fez uma pausa, e perguntou sobre a questão que ardia em seu estômago. "Você já viu o Ben?" Dando-lhe um sorriso suave, balançou a cabeça. "Não, querido. Ele tem perguntado por mim, mas quis esperar até que você acordasse." Aquilo o surpreendeu. "Por quê?"
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"Porque você é meu companheiro. Se você não quer que eu veja meu ex-noivo, não vou, por respeito aos seus desejos." "Mas você ficaria infeliz", disse, balançando a cabeça. "Eu nunca faria isso com você, querida. Meu lobo pode ser possessivo, mas o homem não é estúpido ou inseguro. Vocês dois precisam de um encerramento, depois de tudo que passaram, então vá vê-lo." Ela sorriu em meio às lágrimas. "Obrigada." "Como ele está?" "Noah me disse que ele está aguentando. Eles não disseram muita coisa, desde que ele quis falar comigo pessoalmente." "Então, você não deve esperar." A cama afundou ligeiramente, enquanto ela se inclinava sobre ele, e apertava seus lábios contra os dele. O beijo, suave e doce, aquecia até os dedos dos pés. E, apesar do seu corpo golpeado, uma parte muito feliz da sua anatomia. Tocou seu rosto. "Eu te amo, Ryon Hunter. Mais do que jamais sonhei ser possível. Você é uma parte de mim e sempre será, não importa o que aconteça." "Eu amo você, querida. Não consigo imaginar minha vida, agora, sem você." “Simples. Não imagine.” "Acabei por ser mais problemático do que você esperava, e o desafio ainda não acabou. Tem certeza que quer estar ao meu lado para sempre?" 360
"Pô, eu não sei." Bufou, revirando os olhos. "Agora que já passei por dez tipos de inferno, vivendo com o terror de te perder, acho que devia te dar um pé na bunda. O que você acha?" "Que eu deveria parar, enquanto estou em vantagem?" “Boa ideia.” Ele olhou diretamente em seus olhos. "Você sabe, tenho a mulher que eu amo em volta e alvoraçada, me trazendo de volta à saúde. A vida está parecendo muito boa, exceto por um detalhe. " Franziu o cenho, pequenas linhas de preocupação vincando sua testa. "Qual?" "Eu sei que já estamos acasalados, mas há outra coisa que me faria feliz." Se apressou, antes da coragem fugir. "Meu anjo, você quer casar comigo?" Bem, que inferno. Fazê-la chorar parecia ser tudo o que era capaz de fazer. Seus olhos arredondados e cheios, como duas grandes bolas de gude marrons. Prendeu a respiração, o coração martelando. O desconforto do seu corpo curando, poderia aguentar, desde que Daria fosse dele. "Sim." Ela riu. Em seguida, se jogou contra seu peito, abraçando-o com força. "Sim, sim!" Seus braços a envolveram, a felicidade inundando-o. Ela tomou seu rosto entre as mãos e cobriu-o de beijos. Seu grito de alegria saiu como um chiado lamentável, mas ele mal notou. Daria era sua! "Quando?" Excitação enlaçava a voz dela. 361
"Mesmo que tenhamos que casar neste quarto de hospital, não poderia me importar menos." "Temos um compromisso. Mas depois que você estiver fora da cama e caminhando com sua própria força. Sua equipe vai querer estar lá, também." "Você está certa. Temos um plano." Com isso, puxou-a e beijou-a, profundamente. Sentiu o sal das suas lágrimas e soube que, na vida, não existia nada melhor. Com esta mulher ao seu lado, poderia suportar as semanas de recuperação que vinham pela frente. Em seguida, iriam colocar o passado para descansar e começariam a construir o seu futuro. Juntos.
Daria caminhou em direção ao quarto do hospital de Ben, incapaz de suprimir um pouco de medo. Fiel ao que disse a Ryon, não tinha vindo até agora, apesar de algumas perguntas do homem, que tinham chegado a ela através da Mac e do Noah. Sabia que devia estar com medo, ansioso. Que ele estivesse pronto para falar, no entanto, tinha que ser um bom sinal da sua recuperação.
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À frente, Phoenix surgiu de uma sala de exames. O homem alto, esguio, com longos cabelos loiro escuros se movia como um supermodelo, gracioso e sexy. Olhando para ele, sorrindo para Mac quando se despediu, era difícil acreditar que o homem havia sido resgatado de um dos infernos de Bowman, apenas algumas semanas atrás. Ele lhe deu um sorriso deslumbrante. "Daria. É bom vê-la, aparentemente, recuperada da sua provação." "Obrigada. Você está parecendo muito bem, mesmo." Ela estava acasalada, mas maldição. "Vi Ryon mais cedo. Nunca o vi tão feliz." "Nós dois estamos. Você vem ao casamento?" "Casamento? Parabéns!" Sorrindo, lhe deu um abraço. "Não perderia por nada. Quando é o grande dia?" "Assim que meu companheiro estiver de pé. Vamos celebrá-lo aqui, eu acho." "Então, não tenho nenhuma desculpa." Espiando atrás das suas costas, seu olhar assumiu uma qualidade predatória. Em seguida, voltou sua atenção para Daria. "Bem, tenho que ir. Falamos em breve?" “Pode apostar.” Depois de lhe dar um beijo na bochecha, passou por ela. Curiosa sobre seu comportamento, se virou, para ver que Noah tinha acabado de dobrar a esquina. Estava carregando uma pilha de 363
pastas de arquivo, cabeça baixa, e não estava, absolutamente, vendo para onde estava indo. Foi por isso que não fez ideia de que Phoenix bateu nele de propósito, fingindo que foi um acidente. "Merda, eu sinto muito!" Exclamou. "Aqui, deixe-me ajudá-lo." “Droga", Noah resmungou. "Só passei as últimas três horas trabalhando neles." De cócoras, o enfermeiro bonito se juntou ao outro homem e começou a juntar os arquivos. Então, olhou para cima, para encontrar o destinatário do sorriso deslumbrante com o qual havia agraciado Daria, momentos antes. Só que esse sorriso era completamente diferente - o calor podia ter derretido a pintura das paredes. Noah corou, visivelmente perturbado. "Eu-eu... muito obrigado." "Não há de quê." Com uma piscadela, Phoenix voltou a ajudá-lo. Pobre Noah, parecia que tinha sido atingido na cabeça com uma barra de ferro. Bem, agora, isto não era interessante? Rindo, Daria entrou no quarto de Ben. Sua diversão desapareceu quando viu seu ex-amante olhando, distraidamente, para a televisão instalada na parede. “Ben?” Sua cabeça virou em sua direção, e ele se levantou um pouco. "Daria! Por favor, entre."
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Movendo-se para o seu lado, sentou-se na cadeira e colocou a mão em seu antebraço. "Você está parecendo bem." "Obrigado." Havia uma tristeza em seus olhos verdes que nunca tinha visto no advogado, normalmente, confiante. Uma vulnerabilidade. "Estou feliz que você tenha concordado em me ver." "Por que eu não teria? Nos separamos amigavelmente, e eu o considero um amigo ". "Sério? Depois de tudo que fiz, desde então?" Disse ele, engasgando. Balançando a cabeça, usou um tom resoluto. "A criatura fez essas coisas, você não. O homem não estava no controle. Você ainda se lembra das coisas que ela fez enquanto estava naquela forma?" "Não, nada, exceto flashes de visão através dos seus olhos, sentindo raiva e confusão. Talvez tenha bloqueado o resto. Mas eu - ele matou pessoas", sussurrou. "Eu sabia que o animal tinha feito algo ruim porque estava coberto de sangue. Me senti horrível." "Não foi você", ela reiterou. Ficou em silêncio por um momento. "Eu nunca soube que era o seu tio por trás do meu sequestro, até que tudo terminou e acabei aqui. Defendi-o em um caso criminal, uma vez, e esse foi o agradecimento que tive. Nick me disse que o homem, aparentemente, esperou até a nossa separação e, em seguida, me levou para Bowman. Eu chamei sua atenção como uma cobaia perfeita."
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"E eles não ficaram preocupados por você ser um advogado proeminente entre os colegas e com uma base de clientes que sentiria sua falta?" "Acho que não. Eram muito arrogantes." "Ou muito estúpidos." Seus lábios se curvaram. "É muito bom vê-la. Você está feliz?" "Estou." Ele ainda estava frágil, e não queria machucá-lo de qualquer maneira, ou esfregar em sua cara, sua felicidade. Mas, disse a verdade. "Ele é a minha outra metade. Nós acasalamos, e vamos nos casar assim que ele estiver de volta às atividades rotineiras. Viver aqui vai ser perfeito, também. Dessa forma, posso continuar meu estudo sobre os lobos - os de verdade." "Isso é maravilhoso." Sua voz soou com sinceridade. "Você estaria interessado em participar? Eu adoraria se você-" "Obrigado, mas não", disse calmamente. "É melhor ir para casa, colocar a minha vida em ordem. Mas desejo a vocês o melhor, e vou estar pensando em você." "Tudo bem, entendo. E, muito obrigada." "Não posso agradecer a você, a Ryon, e à Pack o suficiente, por arriscarem tanto para me salvar. Estarei sempre em dívida com vocês. Se algum de vocês precisar de um bom advogado criminal, estou a um telefonema de distância."
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Ela riu. "Vou me assegurar que eles saibam. E você é bem-vindo. Como disse, você é meu amigo e de maneira nenhuma iria abandoná-lo ao destino." "Você é uma mulher rara, Daria. Fui um tolo em deixá-la partir." "Sim, foi." Ambos riram, sabendo a verdadeira história. A decisão de se separarem foi mútua, suas vidas muito diferentes, indo em direções diferentes. Continuariam sendo amigos. Se nunca mais iria vê-lo novamente, não sabia. Mas esperava que sim. Algumas pessoas, como Ben, valiam a pena manter. E ninguém mais do que seu companheiro incrível, a quem amava com loucura. Ele valia qualquer risco. Aqui, com Ryon, encontrou seu lar, finalmente.
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DEZESSEIS
Ryon estava no altar que era, na verdade, um arco branco simples, decorado com todos os tipos de flores que não sabia nomear. Nem se importava - tinha olhos apenas para uma bela flor, em toda a vizinhança. Daria caminhava pelo corredor, acompanhada pelo seu pai, Charles. Ambos estavam sorrindo, mas foi sua felicidade brilhante que o fez prender a respiração. Seu rosto estava radiante. Os cabelos negros estavam arrumados no alto da cabeça, derramando-se sobre os lados do seu rosto. Os olhos castanhos o devoravam, brilhando com amor e promessa. Quando o alcançaram, Ryon estava um pouco nervoso sobre recebêla do homem mais velho, mas a transferência ocorreu sem problemas. Ryon gostou de Charles e realmente não tinha se preocupado muito, desde que o sentimento era mútuo, mas ainda assim. O homem estava "entregando" sua filha. Mas Charles parecia emocionado com seu bebê, e enquanto ela estivesse sorrindo, o pai faria o mesmo, também. A cerimônia passou rapidamente, em parte porque a tinham encurtado para o essencial. Foi significativa e não apressada, só
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optando por não deixá-la se estender, porque Ryon ainda estava se recuperando. No momento em que tudo estava acabado, estava ligeiramente apoiado no punho da bengala. Uma pequena dor, nada que não pudesse suportar. Estava ansioso para fazer bonito para os seus amigos. Em seguida, continuou com a reivindicação da sua noiva. Seu lobo rosnou, em acordo. Logo, estava beijando a noiva, e não a soltou até a plateia começar a assoviar e vaiar, fazendo uma algazarra bem-humorada. "Vamos lá, cara", Aric gritou. "Tem cerveja esperando!" Todos riram. Ryon, relutantemente, se afastou da sua companheira. O padre local, um amigo do xerife Deveraux, anunciou-os como marido e mulher. Voltaram-se para encarar a multidão, e todos aplaudiram. No meio de todas aquelas coisas usuais de casamento, Ryon suportou tapinhas nas costas dos seus amigos e piadas engraçadinhas sobre a noite de núpcias. Tiraram uma grande quantidade de fotos, e comeram muita comida. Zan se aproximou, segurando uma cerveja. O homem tinha chegado de volta das suas férias para saber que tinha perdido uma grande operação, e não tinha ficado entusiasmado. Mas, ainda estava aprendendo a compensar a perda da audição.
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Ele conseguia ler os lábios muito bem, e sua fala estava bem, apenas um pouco estranha. O maior problema era como ele agiria, uma vez que fosse colocado de volta em campo. Só não sabiam como, ainda. O Curandeiro parou e abraçou Ryon. "Parabéns!" Ryon se assegurou que seu velho amigo pudesse ver sua boca. "Obrigado. Está se divertindo?" "Pode apostar." Acenou com a garrafa para o príncipe Fae. "É uma coisa boa que o Blue possa disfarçar sua aparência, ou poderia dar um choque no padre." "Seria divertido, com certeza." "Claro. Mas a última coisa que precisamos é de mais publicidade. As pessoas podem descobrir o que realmente fazemos aqui.” "Isso é o que todos eles, secretamente, temem. Se o mundo souber que as criaturas paranormais existem - sem mencionar que o governo tinha, supostamente, feito experiências em seres humanos e shifters - as consequências serão enormes.” Seu amigo fez uma careta. "Desculpe. Esta é a sua festa, então nenhum assunto pesado. Certo?" “Certo.” "Vou pegar outra cerveja. Parabéns mais uma vez, cara." “Obrigado.” Assim que Zan saiu, Ryon viu Micah sozinho, no canto do edifício. Tinha certeza de que tinha vislumbrado um vidro de remédio na mão 370
do homem, quando ele o colocou no bolso do casaco. Em seguida, o jovem pareceu, definitivamente, jogar algo em sua boca e enchê-la com seu vinho. "Estou preocupada com ele, também", Daria sussurrou em seu ouvido. Manteve a voz baixa. "Ele está viciado, não é?" "Não tenho certeza, mas espero que não. Ele está tomando um monte de pílulas.” O coração de Ryon afundou. Sua companheira, no entanto, não tinha gostado nada disso. "Ei". Ela parou na frente dele. "Este é o nosso dia. Amanhã, vamos nos preocupar com nossos amigos. Vamos até Nick, se quiser." "Tudo bem. Ele pode não estar sabendo, e vai ser capaz de nos ajudar a auxiliar o Micah. Devemos contar para a Rowan e o Aric, também. Sua irmã não gostaria de ser mantida fora do circuito." "Concordo." Deslizando os dedos no decote da sua camisa, ela brincou com seu peito. Não usava gravata, e agora estava muito contente. "Vamos cortar o bolo, em seguida, vamos nos lambuzar com o glacê - em nossos aposentos." "Senhora, adoro a forma como a sua mente suja funciona.” Chamaram todo mundo, jogaram a liga para os caras, e o buquê da noiva para as meninas. Então cortaram o bolo e esfregaram seus pedaços no rosto um do outro, rindo. Ficaram apenas o tempo suficiente para ter todos os convidados servidos, em seguida, caíram 371
fora. Correndo em direção ao quarto, Ryon ficou mais e mais animado. "Eu não me despedi do meu pai", disse ela, de repente. "Ele ainda vai estar aqui, amanhã. E me faça um favor, não diga a palavra pai novamente, quando chegarmos ao quarto, ou você vai murchar uma ereção perfeita." "Duvido que qualquer coisa, além de uma guerra nuclear, possa fazer isso." "Quer arriscar?" Lá dentro, Ryon deixou um rastro de roupas - sapatos, jaqueta, calça, camisa. Quando chegaram ao quarto, ele estava apenas com as meias e as cuecas. Sua companheira riu e seus olhos se estreitaram. "O quê?" Ela perguntou, inocentemente. "Você está bonito." "Vou te mostrar o bonito." Tirou a cueca e seu pau bateu no estômago. Agarrando-a, ele a virou e passou a trabalhar no pequeno zíper na parte de trás do vestido. Era de bom gosto, uma linda coluna fina que assentava em seu corpo como uma luva. E ele a queria fora disso, agora. Uma vez que estava nua, a levou para a cama, se esforçando para não saltar em cima dela como o lobo faminto que era. Queria ser gentil, mas havia um fogo maior, hoje à noite. Uma paixão que não seria negada. Ele queria assumir o comando. O calor respondendo nos olhos dela dizia que ela queria, também. 372
Empurrando-a na cama, pegou ambos os pulsos com uma mão e puxou-os acima da sua cabeça, prendendo-os sobre as cobertas. Ele adorava essa posição, o jeito que a fazia parecer vulnerável para ser tomada por ele. À sua mercê. A forma como expunha seus seios para ele, maduros e esperando para serem sugados. "Vou chupar e lamber cada centímetro seu", afirmou. "Então, vou deslizar meu pau em você e foder sua boceta doce até você gritar." "Falar é fácil." Dando-lhe um sorriso selvagem, passou a fazer o que tinha avisado. Inclinando-se, chupou seu lindo mamilos - um, depois o outro, mordiscando-os até que estivessem empinados e rijos. Ela se contorcia, e ele gostava disso. "Não mexa as mãos." Soltando os braços acima da cabeça, se moveu para a parte inferior. Lambeu um caminho para baixo da barriga lisa, até o seu monte. Em seguida, mais para baixo, tocou os lábios do seu sexo, rindo quando ela abriu mais as pernas, para lhe dar melhor acesso. "Você gosta disso, minha pequena vadia?" "Sim", ela choramingou. "Eu preciso de você." "O que você precisa que eu faça?" "Me come, por favor!" Com prazer. Ele lambeu seu monte, movendo a língua até que ela estava se contorcendo. Por duas vezes teve que lembrá-la de manter 373
as mãos para cima, o que parecia excitá-la ainda mais. Em seguida, mergulhou a língua entre suas dobras, fodendo-a por um tempo, deixando-a macia e escorregadia. Amava seu gosto, e muito em breve, iria saborear seu sangue quando a reivindicasse, novamente. Chupou o clitóris, não o largando até que ela estivesse implorando, os quadris sacudindo. Sabia que ela queria alcançá-lo e puxá-lo, mas não ia deixar. Seu controle aumentava o erotismo. Finalmente, se moveu para cima e se agachou entre suas pernas. Levantando suas coxas, envolveu as pernas dela sobre seus ombros. Sua bunda estava no ar, seu sexo espalhado e reluzente. Esperando por ele, para dominá-lo. Minha! Nem ele, nem o seu lobo, podiam esperar mais um segundo. Alinhando o pênis, mergulhou em suas profundezas úmidas, quentes. Ela gritou, um som de puro êxtase. Ela adorava isso, ansiava por mais, e ele deu. Segurando sua bunda nas mãos, ele socou seu canal apertado, penetrando-a de novo, e mais uma vez. Sua união era crua. Primitiva. Cheia de desejo e necessidade, e o ar ao redor deles cheirava a feromônios e sexo. Era genuíno. Seu clímax se construía, e sentiu o formigamento na espinha. O aperto das suas bolas tentando subir por seu corpo, que se preparava para o gozo. E então explodiu, jorrando dentro dela uma e outra vez, a força e o prazer quase revirando-o de dentro para fora. Isso
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superou todas as vezes anteriores. Nunca gozou tão fortemente em sua vida. Abaixando-a na cama, transou com ela em direção à sua libertação. Suas presas saíram e ele cheirou a curva entre o seu pescoço e o ombro. E mordeu, seu sangue como o mel em sua língua. Seu orgasmo explodiu e ela gritou, contorcendo-se em sua vara e ordenhando mais dos seus sucos enquanto cavalgava os tremores. Finalmente, desceram juntos, e ele retirou suas presas, lambendo as feridas fechadas. Então, a envolveu em seus braços, a cabeça em seu peito. "Foi perfeito", ele murmurou, beijando sua cabeça. "Eu te amo, minha esposa. Minha companheira." "E eu te amo." Acariciou seu peito, se aconchegando mais perto. "Estou tão feliz que encontramos um ao outro." "Eu também. Acho que foi o destino." "Acho o mesmo. Nunca sonhei que encontraria o amor da minha vida, enquanto estudava os lobos. Sem falar que ele seria um lobo." Ele ouviu o sorriso em sua voz. "Não muito tempo atrás, você não estava tão entusiasmada com isso." "Eu estava com medo", disse ela simplesmente. "Agora estou nada mais do que feliz e apaixonada pelo meu companheiro." "Estou feliz por você se sentir assim, querida. Porque você está presa a mim, a partir de agora." 375
"Essa é a melhor notícia que eu já ouvi." Sonolentos, se desligaram dos sons da festa, ainda em andamento, lá fora, relaxados e em paz. Daria o completava, havia domado seu inquieto e solitário espírito sem mencionar os espíritos reais que já o haviam atormentado. Não tinha mais que fugir. Ela o amava, e estava em casa com ele, com a Pack, para sempre. Um homem não podia querer mais nada.
Quilômetros distante, a loba branca se sentou sobre as patas traseiras e uivou seu pesar. Sua dor. Não tinha conseguido o que veio fazer, seus planos adiados mais uma vez. Mas, em breve. O dia estava chegando, quando iria encontrar a paz. Seria o dia em que Nick Westfall pagaria por seus pecados. Com seu próprio sangue.
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Prévia do novo livro da Série Alpha Pack, COLE’S REDEMPTION
A loba branca farejou o ar, em busca da sua presa. O comandante não se aventurava na floresta ultimamente, mas isso ia mudar. Mais cedo ou mais tarde, o bastardo traidor sairia da sua fortaleza, aventurando-se além da proteção de tijolo e argamassa, e além do limite mágico erguido pelo Feiticeiro. Colocou de lado as sombras da sua alma, mesmo que temporariamente. Ele esquecia que sua habilidade como Vidente era severamente prejudicada quando se tratava da sua própria morte iminente. Com saudade da solidão, de sentir o vento em seu rosto, seus dedos cravando na terra macia, ele liberaria o seu lobo. Para dar uma corrida. E se tudo corresse como planejado, nunca mais voltaria. Acomodando-se, observou. Esperou. Ela exultaria ao ver a expressão em seu rosto, quando percebesse que o seu passado tinha, finalmente, chegado. E que, por um grande toque de ironia, tinha gerado seu próprio carrasco, e seus pecados seriam pagos com seu sangue. Era tudo o que importava, tudo para o que vivia. Logo, seu pai morreria.
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"O problema dos vampiros está cada vez mais instável", disse Nick Westfall, o rosto sombrio, enquanto estudava cada membro da sua equipe de shifters, a Alpha Pack. "Se não conseguirmos controlar os selvagens, vão acabar expondo todo o mundo paranormal para a raça humana." Apoiando os cotovelos sobre a mesa da sala de conferência, Zander Cole se esforçou para entender as instruções do seu comandante. Não era como se estivesse completamente surdo. Quando era criança, ele e os seus amigos iam passar o verão na piscina local. Às vezes, se divertiam gritando um com o outro debaixo d'água e tentando decifrar as mensagens, com pouco sucesso e uma grande dose de riso. Sua situação atual era assim - sem a diversão. Mas, ao longo dos últimos meses, ficou melhor em ler lábios. Enquanto estivesse olhando diretamente para o interlocutor, e muito concentrado, podia pegar a maioria do que era dito. Era uma grande melhoria sobre a surdez total com a qual tinha sido deixado, depois que o Feiticeiro da Pack havia criado uma explosão de raios que tinha, literalmente, abalado a terra. Progresso, sim - mas muito longe de estar curado. Porque sua lesão cerebral o deixou para lidar com muito mais do que apenas sua audição ser baleada para o inferno.
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Desespero encheu seu peito, e o empurrou para baixo mais uma vez. As dores de cabeça cegantes eram tão ruins quanto tinham sido, no começo. Talvez piores. Todos os dias, os sentimentos de impotência e inutilidade, ficavam mais difíceis de aguentar. Temia que não fosse mais um trunfo para sua equipe, mas um fardo. Um desperdício de espaço. Uma coisa meio difícil de engolir, considerando que Zan era o Curandeiro da Pack. Seu dom Psy lhe permitia curar a todos, exceto a si mesmo, e até mesmo isso estava em risco de falhar, completamente. Durante anos, seus irmãos da Pack e sua missão de lutar contra os mais perigosos predadores paranormais do mundo, tinha sido toda sua vida, e agora, seu futuro não estava parecendo muito brilhante. Seus dias na equipe pareciam estar contados, e se juntar ao mundo humano "normal" não era uma opção. O que o deixava em um lugar muito, muito assustador, em sua cabeça. Arrancando-se da sua miséria, se forçou a se concentrar, de novo, sobre o que Nick estava dizendo a eles. "... capturar um deles vivo, se pudermos. Descobrir por que há tantos deles assim, recentemente." Fazendo uma pausa, consultou algumas notas na mão. "Nosso mais recente relatório, cita um problema com os selvagens em um rancho no Texas." 379
"Texas?" Zan pensou em voz alta. Olhou em volta e viu a mesma curiosidade refletida no rosto dos seus irmãos, antes de voltar sua atenção para Nick. "Não é o seu reduto de costume, com certeza. Normalmente ficam nas grandes cidades, onde é mais fácil se misturar e alimentar, e onde uma pessoa, ou mais, sem-teto, dificilmente será notada. Mas por alguma razão, parece que temos um grupo segmentado em uma fazenda no leste do Texas. Os proprietários ficaram chocados, na semana passada, quando alguns trabalhadores encontraram duas vacas com as gargantas cortadas e apenas uma quantidade mínima de sangue em torno de seus corpos, quando a terra deveria estar encharcada." Houve um murmúrio ao redor da sala quando Nick continuou. "Nós sabemos que os vampiros bebem de animais de grande porte, se estiverem desesperados por comida. O que é incomum, é que os animais foram mortos durante o dia." Uma exclamação alta veio do lado direito de Zan, e não precisou de esclarecimento para interpretá-la como um xingamento. Olhando ao redor, viu Aric Savage inclinar-se para a frente, em sua cadeira, e descansar os cotovelos na mesa de conferência. O ruivo parecia chateado, quando empurrou o longo cabelo da frente do rosto. "Os bastardos estão andando durante o dia agora? Como diabos estão conseguindo isso?"
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Nick balançou a cabeça. "Não faço ideia, e é outra razão pela qual precisamos deles vivos." "Duvido que isto chegou à sua mesa por causa de algumas vacas mortas", disse Zan, trabalhando para falar claramente. Odiava como sua voz devia soar para todos, estranha e plana, e se esforçou para ignorar os olhares que balançavam em sua direção. "Deve haver muito mais." "Você está certo. Não foram as vacas que fizeram nossos amigos em Washington se mexerem - foi o vaqueiro encontrado morto esta manhã, a garganta cortada e o corpo drenado. Ele saiu cedo para verificar o gado, e seu cavalo voltou sozinho. Nossos contatos já estavam cientes dos bovinos abatidos, por isso quando a notícia chegou, Grant me ligou, enquanto o governo enviava um par de engravatados para manter a polícia local afastada." O General Jarrod Grant era um velho amigo de Nick, e um dos únicos aliados em Washington no qual a Pack confiava. Se Grant estava envolvido, a situação era perigosa e séria. Zan bufou. "Aposto que foram mais além. Quando partimos?" Nick fez uma pausa, dando a Zan um olhar penetrante, e uma bola de chumbo se formou em seu estômago. Por um momento doloroso, temeu que o comandante fosse lhe pedir para ficar para trás, no complexo, apesar das suas conversas anteriores. Até mesmo Micah Chase, um membro da equipe com seus pesadelos e medicamentos pesados, estava, agora, autorizado a se juntar às missões. Se Zan
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tivesse que ficar para trás, confirmando seu status como um inútil para todos, rastejaria sob uma rocha e morreria. Então o homem acenou para ele levemente, e disse: "Trinta minutos. Vamos usar dois Hueys." Zan lutou para esconder seu alívio. Nick tinha colocado a sua confiança nele, e Zan não podia deixar que ele ou a equipe se decepcionassem. Quando a equipe se levantou e começou a se enfileirar para fora da sala, para se preparar para o voo, sentiu uma mão em seu ombro e se virou para ver seu melhor amigo, Jaxon Law, olhando para ele com um leve sorriso no rosto, sem nenhum grama de simpatia evidente. Graças a Deus. Jax, entre todas as pessoas, sabia que piedade era a única coisa com a qual Zan não seria capaz de lidar. "Está pronto?" Perguntou Jax. "Claro. Como jamais estive." "Você vai ficar bem." "Não estou preocupado com o meu trabalho", retrucou, então imediatamente se sentiu mal com isso. Especialmente, porque a declaração era uma grande mentira. E porque Jax estava, simplesmente, parado ali, com uma expressão de compreensão paciente, em vez de ceder à luta que Zan, de repente, ansiava. Como se lesse sua mente, Jax sorriu e disse: "Ótimo. Guarde essa agressividade para o inimigo e nós dois vamos provar que estávamos certos. Vamos." 382
Sentiu-se como um idiota. Sua equipe não tinha feito nada além de lhe dar apoio com as consequências da sua lesão, e ao longo da sua recuperação. Sabiam o quão duras as últimas semanas tinham sido para ele, e ninguém criou dificuldades. Não se atreveram, considerando que, se realmente fossem fazer o seu trabalho, cada um deles iria acabar fora do trabalho, mais cedo ou mais tarde. A diferença era que, sendo shifters, suas lesões, tipicamente, curavam em poucos dias. Os ferimentos de Zan foram graves, possivelmente permanentes. Dando a Jax um sorriso que não sentia, assentiu. "Desculpe. Mostre o caminho." Correram para fora, levando apenas alguns segundos para chegar aos seus aposentos e pegar as novas armas a laser que tinham sido enviadas, juntamente com a grande faca afiada que Zan gostava de levar amarrada na coxa. Ao contrário de Aric, não era um Tele cinético/Incendiário, e não tinha o poder de lançar objetos ou derrubar o inimigo com chamas em uma luta - embora fosse fantástico. Ser um Curandeiro era gratificante, mas, certamente, não lhe dava vantagem na batalha, então preferia as armas humanas. Dentes, garras e velocidade superior eram legais quando estava em forma de lobo, mas a faca era muito mais eficaz no combate corpo a corpo. Reunindo-se no corredor, ele e Jax fizeram seu caminho através do complexo, e por um corredor que levava ao enorme hangar que abrigava todos os veículos da Pack. Além dos helicópteros, haviam vários SUVs, carros, e um jato, juntamente com os seus meios de 383
transporte pessoais. O bebê de Zan, um grande e másculo Ford Raptor, estava do outro lado do edifício, e lhe lançou um olhar de saudade, antes de subir em um dos Hueys com Jax, Nick, Ryon, Micah, e Phoenix. No outro helicóptero, embarcaram Aric, sua companheira Rowan, Kalen, Hammer, A.J. e, finalmente, Noah, um enfermeiro que trabalhava no enfermaria do complexo. Era muito comum que um deles precisasse ser costurado no campo, e a presença de Noah era uma grande ajuda para Zan, nestes dias. Zan tentou não pensar sobre o porquê. Não era como se ter Noah por perto fosse um voto de desconfiança, já que um dos médicos ou enfermeiros geralmente acompanhavam a Pack em uma missão. Mas uma voz insidiosa dentro dele, sussurrou: Sim, mas por quanto tempo? O que acontece quando você não tiver mais nada para dar? Dentro dele, seu lobo rosnou com o pensamento. Uma vez que estavam no ar, se perdeu no rugido surdo da aeronave e não deu atenção especial para as conversas gritadas que aconteciam ao seu redor. Essa era uma coisa perigosa por ser praticamente surdo - era muito fácil para ele se retirar do mundo. Se não olhasse, não poderia participar. Tanto uma bênção, quanto uma maldição. Eventualmente, no entanto, seu olhar foi atraído para os seus irmãos da Pack. Especialmente para Micah e Phoenix. Era estranho, se acostumar com os dois na equipe de novo, especialmente depois que acreditavam estarem mortos. Zan estava feliz que tinham sido resgatados dos laboratórios horríveis, depois de terem sido
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torturados por meses, e se perguntou como estavam, realmente, enfrentando aquilo. Um lado do rosto de Micah estava em ruínas, como cera derretida, resultado da prata derretida que foi derramada sobre ele. Deus sabe que ele tinha que continuar sentindo dor, mas Micah alegou que os remédios estavam ajudando. Tinha saído do seu escudo nas últimas semanas, tinha parado de esconder o rosto. Ele sorria mais, embora sua expressão ainda fosse reservada. O homem era um milagre ambulante; sendo assim, o que importava se seus olhos estavam um pouco brilhantes, quase febris? Ninguém questionou isso, pelo menos não com Micah. Ninguém queria correr o risco de retroceder o seu progresso. Phoenix era uma história completamente diferente. Resgatado separadamente de Micah, o homem tinha chegado desnutrido, mas sem cicatrizes físicas, e parecia estar lidando com os horrores pelos quais tinha passado com relativa facilidade. Tão fácil, que tinha deixado Zan preocupado. Mas, se estava machucado por dentro, estava escondendo bem. Nix parecia estar muito feliz ultimamente e até mesmo um cego podia ver que era devido à sua atração por Noah. Seriam esses dois Companheiros? Um rateio de apostas tinha sido iniciado, e Zan não se preocupou em participar naquilo que imaginava ser um sim. A grande coisa era, nenhum dos rapazes tinha manifestado uma atitude negativa sobre isso. No mundo dos shifters, Companheiros homens apenas existiam, como as folhas das árvores ou o ar que respiravam. Se o destino abençoava um homem com a 385
outra metade da sua alma, ele não questionava sua boa sorte. Simplesmente agarrava o seu destino com ambas as mãos e agradecia a Deus por não tem que passar a vida sozinho. Zan sabia que, com certeza, faria o mesmo se tivesse essa sorte. Droga. Não fique pensando em mais um sonho impossível para amontoar na fogueira. O resto vai ser uma pilha fumegante de cinzas, em breve. Como se pontuando aquele pensamento infeliz, Zan olhou para cima, a tempo de pegar um trecho da conversa entre Micah e Nix. "Não sei, cara", Micah estava dizendo. "Não sou ninguém para falar se ele está pronto para ficar a postos. Quero dizer, olhe para mim." Apontou para o próprio rosto, mas Nix balançou a cabeça. "Suas cicatrizes não afetam sua capacidade de fazer o seu trabalho, amigo. Sua situação é totalmente diferente. Só estou dizendo." Incapaz de suportar ver outra palavra, Zan desviou o olhar e olhou para a feia parede cinza do Huey. A dor o espetou como uma lança no estômago, e apoiou os cotovelos nos joelhos. Era isso que todos estavam comentando? Especulando em voz alta, se estava pronto para estar em campo? Duvidar de si mesmo, em particular, era uma coisa. Mas ver seus irmãos fazerem o mesmo - na frente dele, como se fosse estúpido, assim como surdo - foi um nível totalmente diferente de dor. 386
Perdido em seus pensamentos, deixou as horas passarem, fazendo esparsas tentativas de se se juntar à pouca conversa que os caras conduziam. No momento em que desembarcaram em uma ampla planície gramada no Texas, Jax estava olhando para ele com a preocupação gravada em sua testa, enquanto acariciava o cavanhaque. No segundo que viu Zan percebendo, no entanto, ficou inexpressivo. Já no limite, Zan não estava disposto a deixá-lo fugir, fingindo que não havia nada errado. Assim que foram liberados do transporte, Zan agarrou o braço do seu amigo e o segurou, enquanto os outros atravessavam o pasto para encontrar um trio de homens de terno. "Não faça isso", silvou. "Não finja na minha cara que você está bem sobre eu estar aqui, quando pensa o mesmo que todos os outros." A raiva brilhou nos olhos de Jax. "Você está me dizendo o que eu penso, agora? Plantão de notícias - você é um Curandeiro, não um Vidente, então não tem nem ideia do que está passando na minha cabeça." "Tenho olhos. Posso dizer que você está tentando adivinhar se eu posso fazer o trabalho." "Estou?" Deu um passo para a frente, ficando cara a cara com Zan. "Duvido que qualquer um de nós possa tentar adivinhar, mais do que você está fazendo por si mesmo. Você viu preocupação, sim. Mas isso é porque sou seu amigo, imbecil. Eu me importo com você, isso é tudo."
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Colocada assim, a perspectiva feita por Zan, o fez se sentir pequeno. Soltando um suspiro, desviou o olhar por um momento, olhando o horizonte, sem realmente perceber muito. Uma das mãos de Jax apertou seu ombro, e voltou a atenção para o seu amigo. "O problema é, sua dúvida é a única coisa que importa. Você não vê? Quando tiver sua confiança de volta, quando perder a raiva e o medo e puder se juntar à missão, sabendo que está de volta cem por cento, então o que qualquer um pensa vai valer uma merda." Engoliu em seco. "Mas, e se nunca mais for o mesmo? E se não me curar?" "Então você aprende a compensar, como eu fiz depois que a minha perna foi mutilada.” "Isso é diferente-" ele começou. "Não, não é. Minha perna está fisicamente curada, sim, mas a força e a agilidade que costumava ter nesse membro, não são iguais à perna boa. E nunca mais vão ser as mesmas. Mas aprendi técnicas para ajudar a compensar isso em uma luta - técnicas que você e os outros me ensinaram perfeitamente, tenho que lembrá-lo." "Eu lembro", murmurou. "Lembra? Ninguém quer nada além do melhor para você, Zan ", disse ele, uma sinceridade calorosa, evidente em sua expressão. "Os caras estão preocupados, e podem deixar escapar um monte de besteira pela boca, mas cada um deles está no seu canto. Acredite nisso."
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Ei, pessoal? Ryon penetrou em suas mentes, telepaticamente. Nick está lhes dando um olhar atravessado, então assim que puderem encerrar as declarações amorosas, tragam seus traseiros aqui, e venham participar da festa. Jax fez uma careta e virou, começando a se dirigir ao grupo de agentes federais, que pareciam, decididamente, miseráveis. Com um suspiro, Zan o seguiu, mais ou menos feliz com a interrupção de Ryon. Exceto pelos pares acasalados, que podiam falar telepaticamente entre si, o Canalizador/Telepata era o único que conseguia empurrar seus pensamentos, diretamente na cabeça dos outros. Zan apreciou ser capaz de ouvir a voz de alguém claramente, mesmo que apenas temporariamente. Esses breves períodos de contato podiam ser tudo o que tinha para poder seguir em frente. Quando chegaram ao local onde Nick estava, na frente da Pack, Zan reparou que a reunião entre o comandante e os federais mais parecia um impasse. "Então, vocês são militares ou não?" Um dos agentes perguntou com uma careta, os braços cruzados sobre o peito. Nick estava de costas para Zan mas, o que quer que seja que o comandante tenha falado, não agradou ao engravatado. Um segundo agente, baixo e atarracado, insistiu no problema. "Seus uniformes não se parecem com nenhuma das equipes de Operações Especiais que já vi. Parecem mais com mercenários, se 389
você me perguntar." Isso foi dito com uma ligeira curvatura dos lábios, como se estivesse provando algo ruim. Zan chegou perto o suficiente para dar a volta e pegar a resposta de Nick. "Ninguém te perguntou." O olhar do comandante era diligentemente severo. "E agora que estamos aqui, todos vocês podem recuar e nos deixar fazer o que a Casa Branca nos enviou aqui para fazer. A menos, claro, que prefiram que eu chame o presidente ao telefone para que ele possa lhes dizer pessoalmente." Os agentes congelaram, e vários membros da Pack olharam para Nick, com surpresa. "Você tem o presidente Warren na discagem rápida? Você é completamente ridículo", o agente atarracado zombou, recuperandose um pouco. "Experimente. Mas, um aviso justo - você vai estar fora do emprego antes que eu termine a ligação. É com você, se acabar perdendo o trabalho, fazer valer a pena a atitude." Que jeito de impor autoridade, Zan pensou com um sorriso. Nada como a menção do Salão Oval para rachar suas bundas. Caramba. Será que Nick realmente tinha esse tipo de influência? Os federais olharam a expressão pétrea de Nick por alguns momentos tensos, pareceram convencidos, e relutantemente recuaram. Uma vez que se afastaram para ficar em outro lugar e agir como funcionários públicos - traduzindo, completamente inúteis - o 390
comandante se voltou para um fazendeiro musculoso e alto que estava pairando no perímetro da reunião, o rosto sombrio sob a aba do chapéu, os ombros largos caídos, com o peso do que havia ocorrido em sua propriedade. Zan o atrelou como proprietário ou capataz. Tirando o chapéu para coçar a cabeça, o fazendeiro também parecia muito confuso. "Não entendo por que o governo enviou quase duas dezenas de pessoas para investigar o assassinato do pobre Saul, a menos que vocês estejam procurando um serial killer, ou algo assim. Seja qual for a razão, estou feliz por vocês estarem aqui." "Estamos procurando um tipo específico de assassino", Nick informou, antes de retocar a verdade. E muito. "Tem havido uma onda de assassinatos por um culto, e este crime se encaixa no padrão. Viemos assim que soubemos." "Que foi muito rápido, mas agradeço. Claro que pode haver um grupo militar para frear um bando de malucos de algum culto." O fazendeiro olhou para Nick, então para a equipe, em geral. "Eu sou Tim Edwards, por sinal. O que você precisa que eu faça?" "Preciso usar alguns caminhões, se tiver algum sobrando. Queremos olhar ao redor da área onde o gado e o seu trabalhador foram encontrados." "Claro. Vou mandar alguns homens para mostrar-"
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Nick balançou a cabeça. "Só precisa nos dizer. Podemos achar. Prefiro não colocar mais homens seus em perigo desnecessário, enquanto os culpados ainda estão foragidos." Zan tentou imaginar o que o fazendeiro faria se soubesse que a equipe podia, simplesmente, farejar as cenas de assassinato com seus narizes caninos, quando chegassem perto o suficiente. Isso, provavelmente, acabaria com o pobre rapaz. Felizmente, o fazendeiro pareceu concordar com o plano de Nick. "Tudo bem. Tenho três caminhões que pertencem à Bar K, que você pode usar, se prometer trazê-los de volta inteiros." "Obrigado. Vamos fazer o nosso melhor." Zan acertou o passo com a Pack, enquanto caminhavam o resto do caminho até a casa principal. O clima era sombrio, homens robustos em pânico, sem saber o que fazer e, claramente, desconfortáveis com os acontecimentos recentes. Viu mais de um vaqueiro com olhos avermelhados e sabia que o assassinato do seu companheiro de trabalho devia tê-los atingido duramente. Zan conseguia se identificar com o horror de perder um amigo próximo, com violência. Demasiadamente rápido, obtiveram as instruções, pegaram os caminhões, e se colocaram a caminho para investigar os locais onde os corpos foram encontrados. Se sentiu um pouco culpado pelo alívio, ao deixar a nuvem pesada de tristeza para trás, seguindo para realizar o que faziam melhor.
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O caminhão que liderava, seguiu uma estrada de terra desgastada por um quilômetro e meio, mais ou menos, antes de virar para o pasto. Depois de ter viajado cerca de quarenta metros, parou e os veículos atrás dele, fizeram o mesmo. Todo mundo saiu e seguiu Nick até alguns cadáveres inchados no chão, a poucos metros de distância. Zan torceu o nariz para o mau cheiro. “Jesus.” Os corpos dos bovinos estavam rígidos, apodrecendo. A garganta de cada um estava aberta, a ferida meio bagunçada, a carne mastigada. Micah apontou. "Não é o que eu esperava de uma mordida de vampiro. Eles não costumam devastar suas vítimas assim, quando se alimentam." "Mas eu posso sentir o cheiro deles por todo o lugar", Zan colocou. Seu olfato de lobo era um dos traços que não o haviam desertado, ainda. "Definitivamente, uma matança de vampiros." Houveram acenos de concordância. Nick agachou, seus olhos azuis se estreitando. "Esses bandidos estão fora de controle. Não que a gente não soubesse disso - eles mataram um homem em campo aberto - mas isso está além do normal. Mesmo para selvagens, isso mostra uma falta de controle que eu não tinha visto antes. Uma certa quantidade de..." "Imprudência?" Zan completou. "Bravura?" "Sim." O comandante levantou. "Não há nenhum pensamento astuto aqui. Nenhuma discrição." 393
Jax sacudiu a cabeça. "Há quase uma doença permeando a área." "Nós temos que descobrir o porquê," Nick concordou. "Nada mais há para ver aqui, no entanto. Vamos passar para o corpo do trabalhador do rancho." Só então, Zan notou Micah vagando longe do grupo, farejando o ar. Caminhou em direção à parte de trás da propriedade, na direção que estavam indo, antes de pararem. Em seguida, se agachou e espalmou um punhado de terra, inalou, então o soltou e esfregou a mão nos jeans. "Havia um humano aqui", disse a eles. "Este perfume se destaca porque estava acompanhado por, pelo menos, um vampiro e, depois, ambos os aromas se dirigem a este caminho." Apontou para um bosque de árvores fora da estrada. Zan olhou para a distância e comentou: "Foi ali que nos disseram que encontraríamos o corpo. Talvez tenha vindo aqui sozinho, para dar uma olhada no gado morto e o pegaram. Um assassinato conveniente." Sob essa perspectiva sombria, subiram nos veículos e dirigiram o resto do caminho até a cena do crime. Quando se aproximaram, Zan notou que havia um veículo lá e dois homens de terno de pé, perto do que assumiu ser o corpo, que estava coberto com uma lona. Fazia sentido que não pudessem deixar o corpo desprotegido, embora Nick não gostasse deles por ali.
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Deviam ter sido informados com antecedência sobre os visitantes, porque se afastaram até uma certa distância, sem nenhum protesto. Ainda vigilantes, se apoiaram contra algumas árvores, enquanto Zan e os outros se acercaram da lona. Nick a levantou e Zan fez uma careta. Deus, coitado do desgraçado. A cabeça da vítima estava virada para o lado, com os olhos arregalados e fixos na direção do campo. Como o gado, o pescoço do homem foi atacado, ao ponto de Zan estar surpreso por ainda estar preso ao seu corpo, de bruços. A Pack já tinha visto algumas coisas muito perturbadoras na sua linha de trabalho, mas isso? Esse cara tinha sofrido antes de morrer. Tinha sangue e tecido sob as unhas, arranhões em seus braços. Ele lutou. Tinha ficado desesperado enquanto era arrastado pelo campo, até a linha das árvores. Devia ter sabido que ia acabar como aquelas vacas. Que porra de maneira de merda, para morrer. Nick acenou para Jax se aproximar do corpo do homem, e Zan soube o que foi pedido para o seu melhor amigo fazer. Como o RetroCog da Pack, Jax podia tocar uma pessoa ou segurar um objeto na mão e obter uma leitura sobre os acontecimentos passados. Às vezes, esse evento era como um clipe de filme dos últimos momentos da vida da pessoa, ou algum outro acontecimento importante ligado ao mistério que estavam tentando resolver. Outras vezes, pegava apenas instantâneos do passado, que não faziam sentido, até que fosse tarde.
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Quando Jax pôs a mão em cima da cabeça do homem, Zan ficou perto do amigo, pronto para pegá-lo, se necessário. Estas sessões, geralmente, deixavam Jax drenado. Exalando um longo suspiro, Jax fechou os olhos e ficou imóvel. Zan imaginou como seu amigo sempre descrevia o processo de leitura de um corpo - havia fios inerentes a cada pessoa e objeto, e esses fios levavam às memórias. Jax puxou os fios e os reuniu, para ver onde levavam. Por longos momentos, Jax permaneceu parado. Em seguida, seu corpo começou a tremer, e um suave gemido de angústia passou por seus lábios. De repente, caiu para trás com um grito, e Zan o pegou por trás, firmando-o. "Te peguei." Antes que Jax pudesse protestar, Zan enviou ondas suaves de energia de cura, no sistema do seu amigo, limpando o mal remanescente das memórias e afugentando a exaustão. Quando terminou, uma dor latejante começou nas têmporas e rastejou até abranger seu crânio, e sabia que iria piorar antes que fosse embora. Mas faria isso de novo, e de novo, para cuidar dos seus irmãos. Jax se afastou e se voltou para encará-lo. "Você não deve fazer isso quando não precisa. Guarde sua energia." "Poupe o fôlego", respondeu. "O dia em que não puder curar, pode me enterrar." "Isso não foi engraçado." 396
"Não era para ser." Parecendo frustrado, Jax deixar o assunto passar, no momento. Ainda falaria sobre isso mais vezes, no entanto. Seu amigo parecia um cão com um osso, quando se assegurava que as pessoas que gostava, ficassem seguras. "O que você descobriu?" Perguntou Zan, mudando de assunto. "Eu vi como ele morreu. Vivi isto." Estremeceu. "Foi horrível, o que ele sofreu. Eles brincaram com ele, gostaram de lhe causar dor e... merda, você não quer saber os detalhes." "E sobre os vampiros? Você viu algum deles?" "Sim. Foram dois os que mataram a vítima, mas haviam mais, escondidos no fundo da floresta. Dos dois, um era jovem, loiro, talvez vinte e poucos anos, quando foi transformado. O outro era um pouco mais velho, cabelos castanhos, alto e magro, meio sujo. Não consegui os nomes." Zan ajudou o amigo a se levantar. "Você foi bem." "Não foi o suficiente. Tenho uma sensação de que eles ainda estão por aí." Nick se assegurou que Zan estava olhando para ele, antes que interrompesse. "Eles estão. Não sei quantos, mas estão aqui. Esperando."
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"Pelo quê?" Perguntou Zan. "Por nós, talvez? Não sei. Mas sei que temos que ir atrás deles." Isso era assustador como o inferno. Especialmente porque Nick, frequentemente, sabia coisas sobre o futuro que não queria – ou não podia - lhes dizer. Ele não acreditava em interferir no livre-arbítrio ou interferir no futuro. Diziam que, uma vez, tentou mudar um resultado terrível, e teve resultados desastrosos. Nada disso importava, no momento. Qualquer um deles seguiria Nick para o inferno com apenas uma palavra sua. A equipe esperou, enquanto ele dizia aos agentes federais insatisfeitos, que estava se encarregando do corpo e o removeria. Sem o conhecimento dos engravatados, o homem morto acabaria no complexo ultrassecreto da Pack, para ser estudado da cabeça aos pés, atrás de todos os indícios que pudessem colher sobre os bandidos. Eventualmente, o corpo seria liberado para os parentes do homem, se houvesse algum. Se separaram em duplas e trios para investigar a floresta, espalhando-se. Zan encontrou-se andando com Nix e Micah, que estava bem para ele. Era bom trabalhar ao lado dos seus velhos amigos, novamente. Sentia mais falta deles, do que tinha imaginado. Mantendo um olhar aguçado ao redor, estudou seu entorno, apesar da dor de cabeça crescente. Era estranho não ouvir os pássaros nas 398
árvores, o farfalhar das folhas sob os pés. Sem vento, sem vozes. Só a presença constante dos seus companheiros. Tinha a faca e arma a laser, sem mencionar os dentes e as garras de seu lobo. Conseguiria fazer isso, apesar de tudo. Ser um membro ativo da equipe, ainda. Foi nesse exato momento que as coisas viraram um inferno. Uma rajada de ar e um arranhão no pescoço foram suas únicas advertências, quando um corpo o acertou, derrubando-o no chão. Teve uma fração de segundo para perceber que Nix o tinha empurrado - salvando-o, bem a tempo, de ter sua garganta arrancada pelas garras afiadas de um vampiro selvagem. E agora, Nix estava lutando por sua vida. Zander desembainhou sua faca e se jogou no selvagem, enquanto mais deles saíam das árvores e voavam para eles com as caras de morcegos horrorosos que tinham.
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