Série Alpha Pack #05 Redenção de Cole

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SÉRIE ALPHA PACK - LIVRO V COLE'S REDEMPTION - J. D. TYLER Tradução K. Nicoli Revisão Final Eva M. Carrie e Justine O'Neel Arte/Formatação Mia Landon

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AVISO

Essa tradução foi feita pelo grupo Butterfly Traduções, de forma a proporcionar ao leitor o acesso à obra, motivando-o a adquirir o livro físico ou no formato e-book. O grupo tem como objetivo a tradução de livros sem previsão de lançamento no Brasil, não visando nenhuma forma de obter lucro, direto ou indireto. Para preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo, sem aviso e se assim julgar necessário, retirará do arquivo os livros que forem publicados por editoras brasileiras. O leitor e usuário fica ciente que o download dos livros destina-se, exclusivamente, para uso pessoal e privado, sendo proibida a postagem ou hospedagem do mesmo em qualquer rede social, assim como a divulgação do trabalho do grupo, sem prévia autorização do mesmo. O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado, também responderá individualmente pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo de qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito por aquele que, por ação ou omissão, tentar ou utilizar o presente livro para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do Código Penal e da Lei 9.610/1988.

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Série gentilmente cedida pelo Grupo Afrodithe Traduções. Agradecimentos mais do que especiais para a Josi Tomeleri!

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Sinopse

Antes, eles eram SEALs. Agora, formam a Alpha Pack, uma equipe ultrassecreta de lobos shifters com poderes Psíquicos, que enfrentam os perigos mais sombrios da terra. Mas, às vezes, o maior perigo se encontra dentro dos seus próprios corações... O Curandeiro, e shifter lobo preto, Zander Cole tem sobrevivido a horrores que teria quebrado um homem fraco. Mas quando uma batalha o deixa surdo e seus poderes enfraquecidos, Zan fica devastado. Acreditando ser um fardo para sua equipe, vê apenas uma opção: deixar a Alpha Pack para sempre. A shifter loba branca, Selene Westfall, conhece a dor - tem certeza de que o pai dela foi responsável pela morte da sua mãe. E vive somente para se vingar. Portanto, quando é desafiada por um lobo negro selvagem, se coloca em uma batalha cruel - tornar-se a Companheira do lobo negro, como resultado da sua mordida. Duas almas danificadas - uma cheia de ódio e outra que perdeu a razão de viver - são obrigadas a ficar juntas até chegar a um acordo com a sua ligação improvável, turbulenta. Um amor inesperado pode ser tudo o que fica entre eles e um assassino, que tenta desesperadamente manter o passado morto e enterrado...

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Capítulo 1

A loba branca farejou o ar, em busca da sua presa. O comandante não se aventurava na floresta ultimamente, mas isso ia mudar. Mais cedo ou mais tarde, o bastardo traidor sairia da sua fortaleza, aventurando-se além da proteção de tijolo e argamassa, e além do limite mágico erguido pelo Feiticeiro. Colocou de lado as sombras da sua alma, mesmo que temporariamente. Ele esquecia que sua habilidade como Vidente era severamente prejudicada quando se tratava da sua própria morte, iminente. Com saudade da solidão, de sentir o vento em seu rosto, dos dedos cravando a terra macia, ele liberaria o seu lobo. Para dar uma corrida. E se tudo corresse como planejado, nunca mais voltaria. Acomodando-se, observou. Esperou. Ela exultaria ao ver a expressão em seu rosto, quando percebesse que o seu passado tinha, finalmente, chegado. E que, por um grande toque de ironia, tinha gerado seu próprio carrasco e seus pecados seriam pagos com o seu sangue. Era tudo o que importava, tudo para o que ela vivia. Logo, seu pai morreria. *** "O problema dos vampiros está cada vez mais instável", disse Nick Westfall, o rosto sombrio, enquanto estudava cada membro da sua equipe de shifters, a Alpha Pack. "Se não conseguirmos controlar os

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selvagens, vão acabar expondo todo o mundo paranormal para a raça humana." Apoiando os cotovelos sobre a mesa da sala de conferência, Zander Cole se esforçou para entender as instruções do seu comandante. Não era como se estivesse completamente surdo. Quando era criança, ele e os seus amigos iam passar o verão na piscina do bairro. Às vezes, se divertiam gritando um com o outro debaixo d'água e tentando decifrar as mensagens, com pouco sucesso e uma grande dose de riso. Sua situação atual era assim - sem a diversão. Mas, ao longo dos últimos meses, ficou melhor em ler lábios. Enquanto estivesse olhando diretamente para o interlocutor, e muito concentrado, podia pegar a maioria do que era dito. Era uma grande melhoria sobre a surdez total com a qual tinha sido deixado, depois que o Feiticeiro da equipe havia criado uma explosão de raios que tinha, literalmente, abalado a terra. Progresso, sim - mas muito longe de estar curado. Porque sua lesão cerebral o deixou para lidar com muito mais do que apenas sua audição abalada, inferno. Desespero encheu o seu peito e o empurrou para baixo, mais uma vez. As dores de cabeça cegantes eram tão ruins quanto tinham sido, no começo. Talvez piores. Todos os dias, os sentimentos de impotência e inutilidade, ficavam mais difíceis de aguentar. Temia que não fosse mais um trunfo para sua equipe, mas um fardo. Um desperdício de espaço. Uma coisa meio difícil de engolir, considerando que Zan era o Curandeiro da Alpha Pack. Seu dom Psíquico lhe permitia curar a

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todos, exceto a si mesmo, e até mesmo isso estava em risco de falhar, completamente. Durante anos, seus irmãos de equipe e sua missão de lutar contra os mais perigosos predadores paranormais do mundo, tinha sido sua vida e, agora, o seu futuro não estava parecendo muito brilhante. Seus dias na equipe pareciam estar contados e se juntar ao mundo humano "normal" não era uma opção. O que o deixava em um lugar muito, muito assustador, na sua cabeça. Arrancando-se da sua miséria, se forçou a se concentrar, de novo, sobre o que Nick estava dizendo a eles. "... capturar um deles vivo, se pudermos. Descobrir por que há tantos deles assim, ultimamente." Fazendo uma pausa, consultou algumas notas na mão. "Nosso mais recente relatório, cita um problema com os selvagens em um rancho no Texas." "Texas?" Zan pensou em voz alta. Olhou em volta e viu a mesma curiosidade refletida no rosto dos seus irmãos, antes de voltar a atenção para o Nick. "Não é o seu reduto de costume, com certeza. Normalmente ficam nas grandes cidades, onde é mais fácil se misturar e se alimentar e onde uma pessoa, ou mais, sem-teto, dificilmente será notada. Mas por alguma razão, parece que temos um grupo segmentado em uma fazenda no leste do Texas. Os proprietários ficaram chocados, na semana passada, quando alguns trabalhadores encontraram duas vacas com as gargantas cortadas e apenas uma quantidade mínima

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de sangue em volta dos seus corpos, quando a terra deveria estar encharcada." Houve um murmúrio ao redor da sala quando Nick continuou. "Nós sabemos que os vampiros bebem de animais de grande porte, se estiverem desesperados por comida. O que é incomum, é que os animais foram mortos durante o dia." Uma exclamação alta veio do lado direito de Zan, e não precisou de esclarecimento para interpretá-la como um xingamento. Olhando ao redor, viu Aric Savage inclinar-se para a frente, na cadeira, e descansar os cotovelos na mesa de conferência. O ruivo parecia chateado, quando empurrou o longo cabelo da frente do rosto. "Os bastardos estão andando durante o dia agora? Como diabos estão conseguindo isso?" Nick balançou a cabeça. "Não faço ideia, e é outra razão pela qual precisamos deles vivos." "Duvido que isto chegou à sua mesa por causa de algumas vacas mortas", disse Zan, trabalhando para falar claramente. Odiava como sua voz devia soar para todos, estranha e sem emoção, e se esforçou para ignorar os olhares que se viravam na sua direção. "Deve haver muito mais." "Você está certo. Não foram as vacas que fizeram nossos amigos em Washington se mexerem - foi o vaqueiro encontrado morto esta manhã, a garganta cortada e o corpo drenado. Ele saiu cedo para verificar o gado e seu cavalo voltou sozinho. Nossos contatos já estavam cientes dos bovinos abatidos, por isso, quando a notícia

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chegou, o Grant me ligou, enquanto o governo enviava um par de agentes para manter a polícia local afastada." O General Jarrod Grant era um velho amigo de Nick, e um dos únicos aliados em Washington no qual a Alpha Pack confiava. Se Grant estava envolvido, a situação era perigosa e séria. Zan bufou. "Aposto que foram mais além. Quando partimos?" Nick fez uma pausa, dando a Zan um olhar penetrante, e uma bola de chumbo se formou em seu estômago. Por um momento doloroso, temeu que o comandante fosse lhe pedir para ficar para trás, no complexo, apesar das suas conversas anteriores. Até mesmo o Micah Chase, um membro da equipe que tinha pesadelos e tomava medicamentos pesados, estava, agora, autorizado a se juntar às missões. Se Zan tivesse que ficar para trás, confirmando seu status de inútil para todos, rastejaria sob uma rocha e morreria. Então, o homem acenou para ele, levemente, e disse: "Trinta minutos. Vamos usar dois Hueys." Zan lutou para esconder o alívio. Nick tinha colocado sua confiança nele e Zan não podia deixar que ele ou a equipe se decepcionassem. Quando a equipe se levantou e começou a se enfileirar para fora da sala, para se preparar para o voo, sentiu uma mão em seu ombro e se virou para ver o seu melhor amigo, Jaxon Law, olhando para ele com um leve sorriso no rosto, sem nenhum grama de simpatia evidente. Graças a Deus. Jax, entre todas as pessoas, sabia que piedade era a única coisa com a qual Zan não seria capaz de lidar. "Está pronto?" Perguntou Jax. "Claro. Como jamais estive."

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"Você vai ficar bem." "Não estou preocupado com o meu trabalho", retrucou, então, imediatamente, se sentiu mal com isso. Especialmente, porque a declaração era uma grande mentira. E porque o Jax estava, simplesmente, parado ali, com uma expressão de compreensão paciente, em vez de ceder à luta que Zan, de repente, ansiava. Como se lesse a sua mente, Jax sorriu e disse: "Ótimo. Guarde essa agressividade para o inimigo e nós dois vamos provar que estávamos certos. Vamos." Sentiu-se como um idiota. Sua equipe não tinha feito nada além de lhe dar apoio com as consequências da sua lesão ao longo da sua recuperação. Sabiam quão duras as últimas semanas tinham sido para ele, e ninguém criou dificuldades. Não se atreveram, considerando que, se realmente fossem fazer o seu trabalho, cada um deles iria acabar ferido, mais cedo ou mais tarde. A diferença era que, sendo shifters, suas lesões, normalmente, curavam em poucos dias. Os ferimentos do Zan foram graves, possivelmente, permanentes. Dando ao Jax um sorriso irônico, assentiu. "Desculpe. Mostre o caminho." Correram para fora, levando apenas alguns segundos para chegar aos seus aposentos e pegar as novas armas à laser que tinham sido enviadas, juntamente com a grande faca afiada que Zan gostava de levar amarrada na coxa. Ao contrário do Aric, não era um Tele cinético/Incendiário e não tinha o poder de lançar objetos ou derrubar o inimigo com chamas, em uma luta - embora isso fosse fantástico. Ser um Curandeiro era gratificante, mas, certamente, não lhe dava

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vantagem na batalha, então preferia as armas humanas. Dentes, garras e velocidade superior eram legais quando estava em forma de lobo, mas a faca era muito mais eficaz no combate corpo a corpo. Reunindo-se no corredor, ele e o Jax caminharam através do complexo por um corredor que levava ao enorme hangar que abrigava todos os veículos da Alpha Pack. Além dos helicópteros, haviam várias vans, carros e um jato, bem como os seus meios de transporte pessoais. O bebê do Zan, um grande e másculo Ford Raptor, estava do outro lado do edifício e lhe lançou um olhar de saudade, antes de subir em um dos Hueys com o Jax, Nick, Ryon, Micah, e o Phoenix. No outro helicóptero, embarcaram o Aric, sua companheira Rowan, Kalen, Hammer, A.J. e, finalmente, o Noah, o enfermeiro que trabalhava na clínica do complexo. Era muito comum que um deles precisasse ser costurado no campo, e a presença do Noah era uma grande ajuda para Zan, nestes dias. Zan tentou não pensar sobre o porquê. Não era como se ter Noah por perto fosse um voto de desconfiança, já que um dos médicos ou enfermeiros geralmente acompanhavam a Alpha Pack em uma missão. Mas uma voz insidiosa dentro dele, sussurrou: Sim, mas por quanto tempo? O que vai acontecer quando você não tiver mais nada para dar? Dentro dele, seu lobo rosnou com o pensamento. Uma vez que estavam no ar, se perdeu no rugido surdo da aeronave e não deu atenção especial para as conversas gritadas que aconteciam ao seu redor. Essa era a parte perigosa de ser praticamente surdo - era muito fácil para ele se desligar do mundo. Se não olhasse, não poderia participar. Tanto uma bênção, quanto uma maldição.

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Eventualmente, no entanto, seu olhar foi atraído para os seus irmãos de equipe. Especialmente para o Micah e o Phoenix. Era estranho, se acostumar com os dois na equipe de novo, especialmente depois que acreditavam estarem mortos. Zan estava feliz que tinham sido resgatados dos laboratórios horríveis, depois de terem sido torturados por meses, e se perguntou como estavam, realmente, enfrentando aquilo. Um lado do rosto de Micah estava em ruínas, como cera derretida, resultado da prata derretida que foi derramada sobre ele. Deus sabe que ele devia continuar sentindo dor, mas Micah alegou que os remédios o estavam ajudando. Tinha saído do seu escudo nas últimas semanas, tinha parado de esconder o rosto. Sorria mais, embora sua expressão ainda fosse reservada. O homem era um milagre ambulante; sendo assim, o que importava se seus olhos estavam um pouco brilhantes, quase febris? Ninguém questionou isso, pelo menos não com o Micah. Ninguém queria correr o risco de retroceder o seu progresso. Phoenix era uma história completamente diferente. Resgatado separadamente do Micah, o homem tinha chegado desnutrido, mas sem cicatrizes físicas, e parecia estar lidando com os horrores pelos quais tinha passado com relativa facilidade. Tão facilmente, que tinha deixado o Zan preocupado. Mas, se estava machucado por dentro, estava escondendo muito bem. Nix parecia estar muito feliz ultimamente - e até mesmo um cego podia ver que era devido à sua atração pelo Noah. Seriam aqueles dois, Companheiros? Um rateio de apostas tinha sido iniciado, e Zan não se preocupou em participar naquilo que imaginava ser um sim. O importante foi que nenhum dos rapazes

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tinha manifestado uma atitude negativa sobre isso. No mundo dos shifters, Companheiros homens apenas existiam, como as folhas das árvores ou o ar que respiravam. Se o destino abençoava um homem com a outra metade da sua alma, ele não questionava sua boa sorte. Simplesmente agarrava o seu destino com ambas as mãos e agradecia a Deus por não ter que passar a vida sozinho. Zan sabia, com certeza, que faria o mesmo se tivesse essa sorte. Droga. Não fique pensando em um mais um sonho impossível para amontoar na fogueira. O resto vai ser uma pilha fumegante de cinzas, em breve. Como se pontuando aquele pensamento infeliz, Zan olhou para cima, a tempo de pegar um trecho da conversa entre o Micah e o Nix. "Não sei, cara", Micah estava dizendo. "Não sou ninguém para falar se ele está pronto para ficar a postos. Quer dizer, olhe para mim." Apontou para o próprio rosto, mas Nix balançou a cabeça. "Suas cicatrizes não afetam sua capacidade de fazer o seu trabalho, amigo. Sua situação é totalmente diferente. Só estou dizendo." Incapaz de suportar ver outra palavra, Zan desviou o olhar e olhou para a feia parede cinza do Huey. A dor o espetou como uma lança no estômago e apoiou os cotovelos nos joelhos. Era isso que todos estavam comentando? Especulando em voz alta, se estava pronto para entrar em uma missão? Duvidar de si mesmo, em particular, era uma coisa. Mas ver seus irmãos fazerem o mesmo - na frente dele, como se fosse estúpido, assim como surdo - era um nível totalmente diferente de dor.

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Perdido em seus pensamentos, deixou as horas passarem, fazendo esparsas tentativas de se se juntar à pouca conversa que os caras conduziam. No momento em que desembarcaram em uma ampla planície gramada no Texas, Jax estava olhando para ele com a preocupação gravada em seu rosto, enquanto acariciava o cavanhaque. No segundo em que viu que Zan o estava olhando, no entanto, ficou inexpressivo. Já no limite, Zan não estava disposto a deixá-lo fugir, fingindo que não havia nada errado. Assim que saltaram do transporte, Zan agarrou o braço do seu amigo e o segurou, enquanto os outros atravessavam o pasto para encontrar um trio de homens de terno. "Não faça isso", silvou. "Não finja na minha cara que você está bem sobre eu estar aqui, quando pensa o mesmo que todos os outros." Raiva brilhou nos olhos do Jax. "Você está me dizendo o que eu penso, agora? Plantão de notícias - você é um Curandeiro, não um Vidente, então não tem nem ideia do que está passando na minha cabeça." "Tenho olhos. Posso dizer que você está tentando adivinhar se eu consigo fazer o trabalho." "Estou?" Deu um passo para a frente, ficando cara a cara com o Zan. "Duvido que qualquer um de nós possa tentar adivinhar, mais do que você está fazendo por si mesmo. Você viu preocupação, sim. Mas isso é porque sou seu amigo, imbecil. Me importo com você, isso é tudo." Colocada assim, a perspectiva feita por Zan, o fez se sentir pequeno. Soltando um suspiro, desviou o olhar por um momento, olhando para

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o horizonte, sem realmente enxergar muita coisa. Uma das mãos do Jax apertou seu ombro, então voltou a atenção para o amigo. "O problema é, sua dúvida é a única coisa que importa. Você não vê? Quando tiver sua confiança de volta, quando perder a raiva e o medo e puder se juntar à missão, sabendo que está de volta cem por cento, então o que qualquer um pensa, vai valer uma merda." Engoliu em seco. "Mas, e se nunca mais for o mesmo? E se não me curar?" "Então você vai aprender a compensar, como eu fiz depois que a minha perna foi mutilada.” "Isso é diferente-" ele começou. "Não, não é. Minha perna está fisicamente curada, sim, mas a força e a agilidade que costumava ter nesse membro, não são iguais à perna boa. E nunca mais vão ser as mesmas. Mas aprendi técnicas para ajudar a compensar isso em uma luta - técnicas que você e os outros me ensinaram perfeitamente, tenho que lembrá-lo." "Eu lembro", murmurou. "Lembra? Ninguém quer nada além do melhor para você, Zan ", disse ele, uma sinceridade calorosa evidente na sua expressão. "Os caras estão preocupados e podem deixar escapar um monte de besteira pela boca, mas cada um deles está torcendo por você. Acredite nisso." Ei, pessoal? Ryon penetrou em suas mentes, telepaticamente. Nick está lhes dando um olhar atravessado, então, assim que puderem encerrar as declarações amorosas, tragam seus traseiros para cá e venham participar da festa.

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Jax fez uma careta e se virou, começando a se dirigir ao grupo de agentes federais, que pareciam, decididamente, descontentes. Com um suspiro, Zan o seguiu, mais ou menos feliz com a interrupção do Ryon. Exceto pelos pares acasalados, que podiam falar telepaticamente entre si, o Canalizador/Telepata era o único que conseguia exprimir seus pensamentos dentro da cabeça dos outros. Zan apreciou ser capaz de ouvir a voz de alguém claramente, mesmo que apenas temporariamente. Esses breves períodos de contato podiam ser tudo o que tinha para conseguir seguir em frente. Quando chegaram ao local onde o Nick estava, na frente da equipe, Zan reparou que a conversa entre o comandante e os federais mais parecia um impasse. "Então, vocês são militares ou não?" Um dos agentes perguntou com uma careta, os braços cruzados sobre o peito. Nick estava de costas para Zan mas, o que quer que seja que o comandante tenha falado, não agradou ao engravatado. Um segundo agente, baixo e atarracado, insistiu no problema. "Seus uniformes não se parecem com o de nenhuma equipe de Operações Especiais que já vi. Parecem mais com os dos mercenários, se você me perguntar." Isso foi dito com uma ligeira curvatura dos lábios, como se estivesse provando algo ruim. Zan chegou perto o suficiente para dar a volta e ver a resposta do Nick. "Ninguém te perguntou." O olhar do comandante era, diligentemente, severo. "E agora que estamos aqui, todos vocês podem recuar e nos

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deixar fazer o que a Casa Branca nos enviou aqui para fazer. A menos, claro, que prefiram que eu chame o presidente ao telefone para que ele possa lhes dizer pessoalmente." Os agentes congelaram, e vários membros da equipe olharam para o Nick, com surpresa. "Você tem o número do presidente Warren na agenda do telefone? Você é completamente ridículo", o agente atarracado zombou, recuperando-se um pouco. "Experimente. Mas, um aviso justo - você vai estar fora do emprego antes que eu termine a ligação. É culpa sua, se acabar perdendo o emprego por achar que vale a pena essa atitude." Que jeito de impor autoridade, Zan pensou com um sorriso. Nada como a menção do Salão Oval para rachar suas bundas. Caramba. Será que o Nick, realmente, tinha esse tipo de influência? Os federais olharam a expressão pétrea do Nick por alguns momentos tensos, pareceram convencidos e, relutantemente, recuaram. Uma vez que se afastaram para outro lugar e agiram como funcionários públicos - traduzindo, completamente inúteis - o comandante se voltou para um fazendeiro musculoso e alto que estava pairando no perímetro da reunião, o rosto sombrio sob a aba do chapéu, os ombros largos caídos, com o peso do que havia ocorrido em sua propriedade. Zan supôs que era o proprietário ou capataz. Tirando o chapéu para coçar a cabeça, o fazendeiro também parecia muito confuso. "Não entendo por que o governo enviou quase duas dezenas de pessoas para investigar o assassinato do pobre Saul, a

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menos que vocês estejam procurando um serial killer, ou algo assim. Seja qual for a razão, estou feliz por estarem aqui." "Estamos procurando um tipo específico de assassino", Nick informou, antes de camuflar a verdade. E muito. "Tem havido uma onda de assassinatos praticados por membros de um culto e este crime se encaixa no padrão. Viemos assim que soubemos." "O que foi muito rápido, agradeço. Claro que deve haver um grupo militar para frear um bando de malucos de algum culto." O fazendeiro olhou para o Nick e, então, para a equipe, em geral. "Eu sou Tim Edwards, por sinal. O que você precisa que eu faça?" "Preciso usar alguns caminhões, se tiver algum sobrando. Queremos dar uma olhada ao redor da área onde o gado e o seu trabalhador foram encontrados." "Claro. Vou mandar alguns homens para mostrar-" Nick balançou a cabeça. "Só precisa nos dizer. Podemos achar. Prefiro não colocar mais homens seus em um perigo desnecessário, enquanto os culpados ainda estão foragidos." Zan tentou imaginar o que o fazendeiro faria se soubesse que a equipe podia, simplesmente, farejar as cenas de assassinato com seus narizes caninos, quando chegassem perto o suficiente. Isso, provavelmente, acabaria com o pobre rapaz. Felizmente, o fazendeiro pareceu concordar com o plano do Nick. "Tudo bem. Tenho três caminhões que pertencem ao rancho, que você pode usar, se prometer trazê-los de volta inteiros." "Obrigado. Vamos fazer o nosso melhor."

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Zan acertou o passo com a equipe, enquanto percorriam o resto do caminho até a casa principal. O clima era sombrio, homens robustos em pânico, sem saber o que fazer e claramente desconfortáveis com os acontecimentos recentes. Viu mais de um vaqueiro com os olhos avermelhados e sabia que o assassinato do seu companheiro de trabalho devia tê-los atingido duramente. Zan conseguia se identificar com o horror de perder um amigo próximo de maneira violenta. Demasiadamente rápido, obtiveram as instruções, pegaram os caminhões e se colocaram a caminho para investigar os locais onde os corpos foram encontrados. Se sentiu um pouco culpado pelo alívio, ao deixar a nuvem pesada de tristeza para trás, seguindo para realizar o que faziam melhor. O caminhão que liderava, seguiu uma estrada de terra desgastada por um quilômetro e meio, mais ou menos, antes de virar para o pasto. Depois de ter percorrido cerca de quarenta metros, parou e os veículos atrás dele, fizeram o mesmo. Todo mundo saiu e seguiu o Nick até alguns cadáveres inchados no chão, a poucos metros de distância. Zan torceu o nariz por causa do mau cheiro. “Jesus.” Os corpos dos bovinos estavam rígidos, apodrecendo. A garganta de cada um estava aberta, a ferida meio bagunçada, a carne mastigada. Micah apontou. "Não é o que eu esperava de uma mordida de vampiro. Eles não costumam devastar suas vítimas assim, quando se alimentam." "Mas posso sentir o cheiro deles por todo o lugar", Zan colocou. Seu olfato de lobo era um dos traços que não o haviam desertado, ainda. "Definitivamente, uma matança de vampiros."

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Houveram acenos de concordância. Nick agachou, seus olhos azuis se estreitando. "Esses selvagens estão fora de controle. Não que a gente não soubesse disso - eles mataram um homem em campo aberto - mas isso está além do normal. Mesmo para selvagens, isso mostra uma falta de controle que eu não tinha visto antes. Uma certa quantidade de..." "Imprudência?" Zan completou. "Bravura?" "Sim." O comandante levantou. "Não há nenhum pensamento astuto aqui. Nenhuma discrição." Jax sacudiu a cabeça. "Há quase uma doença permeando a área." "Nós temos que descobrir o porquê", Nick concordou. "Não há mais nada para ver aqui, no entanto. Vamos passar para o corpo do empregado do rancho." Só então, Zan notou Micah vagando longe do grupo, farejando o ar. Caminhou em direção à parte de trás da propriedade, na direção que estavam indo, antes de pararem. Em seguida, se agachou e espalmou um punhado de terra, inalou, então o soltou e esfregou a mão nos jeans. "Havia um humano aqui", disse a eles. "Este perfume se destaca porque estava acompanhado por, pelo menos, um vampiro e, depois, ambos os aromas se dirigem a este caminho." Apontou para um bosque de árvores fora da estrada. Zan olhou para a distância e comentou: "Foi ali que nos disseram que encontraríamos o corpo. Talvez tenha vindo aqui sozinho, para dar uma olhada no gado morto e o pegaram. Um assassinato conveniente."

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Sob essa perspectiva sombria, subiram nos veículos e dirigiram o resto do caminho até a cena do crime. Quando se aproximaram, Zan notou que havia um veículo lá e dois homens de terno de pé, perto do que assumiu ser o corpo, que estava coberto com uma lona. Fazia sentido que não pudessem deixar o corpo desprotegido, embora Nick não gostasse deles por ali. Deviam ter sido informados com antecedência sobre os visitantes, porque se afastaram até uma certa distância, sem nenhum protesto. Ainda vigilantes, se apoiaram contra algumas árvores, enquanto Zan e os outros se acercaram da lona. Nick a levantou e Zan fez uma careta. Deus, coitado do desgraçado. A cabeça da vítima estava virada para o lado, com os olhos arregalados e fixos na direção do campo. Como o gado, o pescoço do homem foi atacado, ao ponto de Zan estar surpreso por ainda estar preso ao seu corpo, de bruços. A Alpha Pack já tinha visto algumas coisas muito perturbadoras na sua linha de trabalho, mas isso? Esse cara tinha sofrido antes de morrer. Tinha sangue e tecido sob as unhas, arranhões em seus braços. Ele lutou. Tinha ficado desesperado enquanto era arrastado pelo campo, até a linha das árvores. Devia ter sabido que ia acabar como aquelas vacas. Que porra de maneira de merda, para morrer. Nick acenou para o Jax se aproximar do corpo do homem, e Zan soube o que foi pedido para o seu melhor amigo fazer. Como o RetroCog da equipe, Jax podia tocar uma pessoa ou segurar um objeto na mão e obter uma leitura sobre os acontecimentos passados. Às vezes, esse evento era como um clipe de filme dos últimos momentos da vida da pessoa, ou algum outro acontecimento

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importante ligado ao mistério que estavam tentando resolver. Outras vezes, pegava apenas instantâneos do passado, que não faziam sentido, até que fosse tarde demais. Quando Jax pôs a mão em cima da cabeça do homem, Zan ficou perto do amigo, pronto para pegá-lo, se necessário. Estas sessões, geralmente, deixavam o Jax exausto. Exalando um longo suspiro, Jax fechou os olhos e ficou imóvel. Zan imaginou como seu amigo sempre descrevia o processo de leitura de um corpo - havia fios inerentes a cada pessoa e objeto, e esses fios levavam às memórias. Jax puxou os fios e os reuniu, para ver onde levavam. Por longos momentos, Jax permaneceu parado. Em seguida, seu corpo começou a tremer, e um suave gemido de angústia passou por seus lábios. De repente, caiu para trás com um grito, e Zan o pegou por trás, firmando-o. "Te peguei." Antes que Jax pudesse protestar, Zan enviou ondas suaves de energia de cura, no sistema do seu amigo, limpando o mal remanescente das memórias e afugentando a exaustão. Quando terminou, uma dor latejante começou nas têmporas e rastejou até abranger seu crânio, e sabia que iria piorar antes que fosse embora. Mas faria isso de novo, e de novo, para cuidar dos seus irmãos. Jax se afastou e se voltou para encará-lo. "Você não deve fazer isso quando não precisa. Guarde sua energia." "Poupe o fôlego", respondeu. "O dia em que não puder curar, pode me enterrar."

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"Isso não foi engraçado." "Não era para ser." Parecendo frustrado, Jax deixar o assunto passar, no momento. Ainda falaria sobre isso mais vezes, no entanto. Seu amigo parecia um cão com um osso, quando se assegurava que as pessoas que gostava, ficassem seguras. "O que você descobriu?" Perguntou Zan, mudando de assunto. "Vi como ele morreu. Vivi isto." Estremeceu. "Foi horrível, o que ele sofreu. Brincaram com ele, gostaram de lhe causar dor e... merda, você não quer saber os detalhes." "E sobre os vampiros? Você viu algum deles?" "Sim. Foram dois os que mataram a vítima, mas haviam mais, escondidos no fundo da floresta. Dos dois, um era jovem, loiro, talvez vinte e poucos anos, quando foi transformado. O outro era um pouco mais velho, cabelos castanhos, alto e magro, meio sujo. Não consegui os nomes." Zan ajudou o amigo a se levantar. "Você foi muito bem." "Não o suficiente. Tenho a sensação de que eles ainda estão por aí." Nick se assegurou que Zan estava olhando para ele, antes que interrompesse. "Eles estão. Não sei quantos, mas estão aqui. Esperando." "Pelo quê?" Perguntou Zan. "Por nós, talvez? Não sei. Mas sei que temos que ir atrás deles." Isso era assustador pra caralho. Especialmente porque o Nick, frequentemente, sabia coisas sobre o futuro que não queria - ou não

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podia - contar. Não acreditava em interferir no livre-arbítrio ou interferir no futuro. Dizem que, uma vez, tentou mudar um acontecimento terrível, e teve resultados desastrosos. Nada disso importava, no momento. Qualquer um deles seguiria o Nick para o inferno, com apenas uma palavra sua. A equipe esperou, enquanto ele dizia aos agentes federais insatisfeitos, que estava se encarregando do corpo e o removeria. Sem o conhecimento dos engravatados, o homem morto iria para o complexo ultrassecreto da Alpha Pack, para ser estudado da cabeça aos pés, atrás de todos os indícios que pudessem colher sobre os bandidos. Eventualmente, o corpo seria liberado para os parentes do homem, se houvesse algum. Se separaram em duplas e trios para investigar a floresta, espalhando-se. Zan se encontrou andando ao lado do Nix e do Micah, o que estava bem para ele. Era bom trabalhar ao lado dos seus velhos amigos, novamente. Sentia mais falta deles, do que tinha imaginado. Mantendo um olhar aguçado ao redor, estudou seu entorno, apesar da dor de cabeça crescente. Era estranho não ouvir os pássaros nas árvores, o farfalhar das folhas sob os pés. Sem vento, sem vozes. Só a presença constante dos seus companheiros. Tinha a faca e a arma a laser, sem mencionar os dentes e as garras do seu lobo. Conseguiria fazer isso, apesar de tudo. Ser um membro ativo da equipe, ainda. Foi nesse exato momento que as coisas viraram um inferno.

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Uma rajada de ar e um arranhão no pescoço foram suas únicas advertências, quando um corpo o acertou, derrubando-o no chão. Teve uma fração de segundo para perceber que Nix o tinha empurrado - salvando-o, bem a tempo, de ter sua garganta arrancada pelas garras afiadas de um vampiro selvagem. E agora, Nix estava lutando por sua vida. Zander desembainhou sua faca e se jogou no selvagem, enquanto mais deles pulavam das árvores e voavam para eles, com aquelas caras de morcegos horrorosos que tinham.

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Capítulo 2

Uma mudança está chegando. Nick podia sentir ao seu redor. Em seus ossos, infiltrando-se rapidamente nos recessos profundos do seu coração. Nada permanece igual para sempre, e hoje marcava um ponto de virada fundamental. Um período de julgamento para todos eles. Mais que isso, sabia que a morte estava correndo para ele com passadas rápidas, chegando com suas garras frias para rasgar seu coração e levá-lo para longe. O fim não viria hoje, ou amanhã. Mas, muito em breve. Não iria se submeter à escuridão sem lutar. Mesmo que não pudesse saber se sobreviveria. Um grito interrompeu seus pensamentos, e olhou na sua direção. Ao seu lado, Aric se virou. "O que foi isso?" Sua pergunta foi seguida por mais gritos e ele rapidamente se despiu, deixando as armas junto com suas roupas. Seu lobo podia cobrir a distância muito mais rápido do que a sua forma humana. Aric fez o mesmo, então se apressaram. Pareceu levar uma eternidade para chegar ao local da luta, que se tornava cada vez mais barulhenta à medida que aceleravam por entre as árvores, mas, provavelmente, foi apenas um minuto ou dois. Mesmo que tivessem sido muito longos.

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Quando ele e o Aric chegaram em uma pequena elevação, viram o ataque de vampiros selvagens que tinha deixado o Zander, Phoenix, e o Micah no lado perdedor da batalha. Nix estava deitado no chão, apertando a mão sobre a garganta que sangrava, enquanto seus companheiros, rapidamente, eram oprimidos por seis inimigos. Merda! Cinco contra seis não era uma probabilidade terrível, normalmente. Mas Nix estava ferido e estes não eram selvagens típicos. Enviando uma oração para que o resto da equipe também tivesse ouvido os barulhos da luta, se lançou na briga. *** Zan agarrou o vampiro que estava atacando o Nix, enterrou os dedos no cabelo gorduroso do bastardo, e passou a faca na sua garganta. Fez um corte tão profundo que quase decapitou seu oponente, em seguida, derrubou-o no chão e terminou o trabalho. Não havia tempo para comemorar. Mal teve tempo de ajudar o Nix, que lutava para se levantar e cair, antes de um corpo se chocar contra ele, derrubando-o. A parte de trás da sua cabeça bateu na terra dura, e dor explodiu em seu crânio. Antes que pudesse se mover, o bastardo pegou seu cabelo e o levantou, puxando sua cabeça para trás, para expor sua garganta. Zan lutou, tentando se livrar do vampiro, mas a força da criatura era irreal. “Merda!” Estava preso como um inseto em um quadro de cortiça. O selvagem sorriu, exibindo dentes ensanguentados e, em seguida, abaixou a cabeça. Zan respirou fundo, apenas esperando sentir os dentes

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afiados rasgando sua garganta e, de repente, o vampiro foi empurrado para longe dele. Aric, de volta à sua forma humana, jogou o vampiro no chão, rapidamente estendendo a mão. Fogo foi lançado da sua palma e o bastardo se contorceu, gritando enquanto queimava. Zan fez uma careta ao ver a cena horrível e, então, voltou sua atenção para a luta. O resto da equipe irrompeu por entre as árvores, e a ameaça foi despachada. Com exceção de um. Nick voltou para sua forma humana e gritou algo para o Kalen, exatamente quando o Feiticeiro apontava seu bastão mágico na direção do último vampiro, impedindo-o de executar a criatura. Kalen fez uma careta, claramente descontente com a ordem, mas levantou o bastão e o fez desaparecer, apenas com um movimento da mão. Em vez de matar o vampiro, pronunciou algumas palavras que Zan não conseguiu entender - provavelmente, um feitiço em latim - e as mãos da criatura foram, imediatamente, amarradas atrás das costas com uma corrente de prata. Por medida de segurança, Kalen adicionou uma grande tira de fita adesiva sobre a boca do selvagem. “Não posso deixar que ele pegue alguém com aqueles dentes”, ele rosnou. Jax fez um gesto para os corpos dos cinco vampiros capturados, e Zan captou suas palavras. "Eles não estão queimando ao sol, como deveriam. O que vamos fazer com eles?" Nick passou a mão pelos cabelos e olhou para eles. "Levaremos os corpos para estudá-los. Este aqui será nosso convidado no Bloco R. Vamos lhe dar a oportunidade de cooperar."

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"Você, realmente, acha que ele pode ser reabilitado?" Zan perguntou. Nick lançou ao selvagem um olhar duvidoso, e o vampiro enviou um olhar zombeteiro de volta para ele. "Não espero nada, mas vamos ver o que os testes mostram." Atrás do Nick, Zan viu Rowan gritando e agitando os braços para eles. Estava agachada ao lado do Nix, que estava esparramado no chão, imóvel, enquanto Noah o examinava. O rosto dela traía seu pânico, então Zan levantou e correu até eles. Ajoelhando-se, olhou para a ferida irregular na garganta do Nix e xingou baixinho. Rowan se debruçou sobre o amigo caído e agarrou seu braço, para chamar sua atenção. "Você pode curá-lo?" Zan assentiu. "Sim." Sem sua força total, estava se equilibrando em uma linha estreita e sabia disso. Assim como o Jax, que derrapou até parar ao lado deles e se agachou ao lado do Zan. "Você não está curado o suficiente para isso." O rosto do Noah estava marcado pelo medo. "Jax está certo", disse ele, com a voz embargada. "Você ainda está se recuperando e-" "E ele vai morrer se eu não o fizer." Zan encarou cada um dos seus olhares de forma constante. "Nunca foi uma escolha para mim. Vocês todos sabem disso, então, me deixem trabalhar." Noah pareceu aliviado e preocupado ao mesmo tempo. A mandíbula do Jax se cerrou, raiva e frustração nublando seus olhos. Mas, então, olhou para o Nix e, suspirando, voltou a dar espaço para Zan. Os outros fizeram o mesmo, com exceção do Noah, que permaneceu ajoelhado do outro lado do Nix.

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Os olhos do Nix estavam fechados, os longos cabelos loiros espalhados ao seu redor, quando Zan pôs a palma da mão sobre a carne rasgada. Se ainda tivesse qualquer dúvida sobre se colocar em risco para salvar seu companheiro de equipe caído, ela foi dissipada com a visão do Noah murmurando "por favor" repetidamente. Foi minha culpa. Nix me salvou de um vampiro, porque não o ouvi se aproximando. Essa percepção o acertou no estômago, apressandoo. Fechando os olhos, encontrou seu equilíbrio e começou a trabalhar. A garganta do Nix estava uma bagunça. Os tecidos estavam destroçados, e ele tinha rasgos em sua traqueia. Por algum milagre, a jugular escapou de ser cortada, ou ele já estaria morto, shifter ou não. Ainda assim, haviam muitos vasos sanguíneos para reparar. Cuidadosamente, extraiu sua luz curadora, enviando ondas suaves para a área rasgada. Começando pelas vias aéreas do homem, fechou os buracos e ficou satisfeito porque o Nix, agora, podia respirar mais facilmente. Então, lentamente, uniu os inúmeros vasos, uma tarefa tediosa, já que cada um tinha que ser reparado individualmente. Não sabia por quanto tempo trabalhou. Uma após a outra, selou as veias abertas e removeu o sangue da área. Outra e mais outra, trabalhando com foco total, até que ficou satisfeito com a aparência de todas elas. Tudo o que restava era a pele exterior, o que era simples, em comparação. Debaixo da sua palma, a carne ficou completamente saudável, novamente. Abrindo os olhos, começou a dizer algo, mas foi cegado pela agonia que perfurou seu crânio. Gritando, caiu para trás, sangue quente

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jorrando do seu nariz. A dor era tão intensa, que não conseguia ver. Não conseguia falar. De repente, mãos estavam em seus ombros, forçando-o a permanecer deitado, ainda. Uma tentativa de conforto. Haviam vozes suaves, também, mas não conseguia distinguir as palavras sem ver seus lábios. Mas, dificilmente importava o que diziam quando se estava no inferno. Exatamente onde mereço estar. Nix quase morreu, e por minha culpa. Ele sabia o que tinha que fazer. Não havia dúvida, agora. Esse pensamento martelou seu cérebro durante toda a longa viagem de volta até o complexo. Não tinha mais nada para oferecer à Alpha Pack. *** Selene Westfall se sentou em uma mesa de canto no bar local, chamado Grizzly Caolho, segurou sua cerveja e ficou, simplesmente, observando. Ouvindo. Os seres humanos eram fascinantes para ela, nunca tendo sido um, ela mesma. Podiam parecer serem iguais à sua espécie por fora, mas eram diferentes em muitos aspectos significativos. Os seres humanos eram fisicamente mais fracos, seus corpos mais frágeis. Obviamente, não tinham capacidade de se transformar. E eram mortais. Outro ponto fraco que possuíam, além das suas limitações físicas era sua tendência de falar pra caralho. Os seres humanos abriam a boca sobre cada maldita coisa das suas vidas e, além disso, para

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completos estranhos. Talvez, o produto de um mundo contaminado com a mentalidade de compartilhar tudo nas redes sociais. De qualquer maneira, apesar de irritante, a estupidez deles era, muitas vezes, uma vantagem para ela. As pessoas tendiam a gravitar em torno de Selene, que parecia ser simpática. Uma conquista para um caso de uma noite. Tanto faz. Maldição, se ela sabia o porquê, considerando-se que sua aparência não era a de uma fêmea recatada, agradável e disposta. Com seus mais de um metro e oitenta, era tão alta quantos vários homens do seu bando, e era magra, porém, forte. O cabelo loiro platinado, curto, enfatizava as maçãs do rosto anguloso e os grandes olhos azuis, que podiam transpassar um homem a quarenta metros de distância. Mais de um idiota havia se irritado em ser o destinatário do seu descontentamento. Talvez aquele ar de perigo, não usual em uma fêmea, era o mel que atraía as pessoas. De qualquer maneira, era mestre em deixá-los andando em círculos, pensando que estavam ganhando o jogo, então, gradualmente, virava a mesa. Ela os deixava falar, derramando seus segredos, e tomava tudo sem dar nada em troca. Seu tio gostava de dizer que ela seria uma grande detetive se, um dia, se juntasse ao mundo humano. Como se fosse fazer isso. Embora seus poderes de observação estivessem vindo a calhar no momento, enquanto bisbilhotava, sem remorso, as conversas em torno dela. Uma, em particular, lhe chamou a atenção, dois rapazes locais especulando sobre "aquele lugar de pesquisa ultrassecreto" na floresta e que inferno, realmente, havia lá dentro.

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"Nem queira saber", resmungou para si mesma, tomando um gole da cerveja. Pesquisas. Então essa era a desculpa que o Nick Westfall estava usando com os moradores locais? Quanto tempo isso iria durar? Até eu queimar aquele lugar até o chão, esse é o tempo. A bartender, uma mulher bonita com um longo cabelo escuro, estava junto à mesa da Selene antes dela reparar. Se repreendeu pelo deslize incomum na atenção, quando a mulher lhe deu um sorriso. "Você não deveria estar atrás do balcão?" Perguntou Selene, agradavelmente. "Dia tranquilo. A maior parte da multidão, os trabalhadores, só chegará depois que o horário do trabalho acabar. Posso lhe servir alguma outra coisa?" "Ainda desfrutando essa, mas obrigado." "Não quer comer? Já estamos servindo o almoço..." "Vou esperar um pouco." Fazendo uma pausa, estudou a bartender, intrigada com o que a estava incomodando sobre aquela mulher desde que chegou. "Sou Selene. Qual é o seu nome?" "Jacee." Ela estudou Selene, também - e algo brilhou em seus olhos. Reconhecimento, talvez? Sem ser demasiado óbvia, Selene inalou uma lufada do cheiro dela e se endireitou, surpresa. Tardiamente reconhecendo o perigo, Jacee tentou dar um passo para trás, mas a mão de Selene se estendeu para pegar o pulso da mulher e puxá-la para mais perto. "Coiote", sussurrou, e o rosto da bartender demonstrou seu choque.

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"Como você...? Ninguém, nunca, descobriu!" Ela sussurrou. Sua risada era baixa e sensual. "Nem mesmo os meninos no chamado Centro de Pesquisas?" "Nem mesmo eles." Ela hesitou, com medo, e afastou uma mecha de cabelo do rosto. "Então, você sabe sobre eles, também?" "Sei o que eles, realmente, são", respondeu, sem dar mais informações. "Porque você é igual a eles?" "Não exatamente. Senti o seu cheiro e eles não, lembra? Mas, somos parecidos o suficiente." "O que você quer de mim?" O choque foi passando, e a coiote ficou na defensiva, agora. Cruzou os braços sobre o peito, olhando para Selene com suspeita. Melhor colocar as cartas sobre a mesa. "Informações sobre os lobos no complexo." Jacee balançou a cabeça. "Trabalho duro e cuido da minha vida. Não tenho o hábito de me meter na vida das outras pessoas." "Você vai, desta vez, a menos que queira que cada shifter na vizinhança saiba que há uma doce coiote aqui, pronta para ser tomada." A atitude defensiva se transformou em raiva. Lançando um rápido olhar ao redor para ter certeza de que não estavam sendo ouvidas, Jacee

retrucou:

"Esta coiote aqui

desagradáveis."

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não responde a

lobos


Selene deu à bartender um sorriso largo quando ela começou a sair. "Ah, mas não é você que vai me responder. Os outros lobos são uma história diferente, entretanto. Eles são clientes regulares, certo? Acho que vão se interessar em saber-" "O que eu posso dizer? Não sei nada sobre esses caras!" Te peguei. Selene se reclinou na cadeira. "Você sabe mais do que imagina. Quantos deles moram lá? Quantas vezes eles vêm aqui?" Ela balançou a cabeça. "Não sei quantos, exatamente. Pelo menos dez, eu diria, além de alguns outros que não estão na equipe." "Equipe?" Essa palavra chamou sua atenção. Ela os observou em ação à distância, como eles se moviam como uma unidade bem treinada, mas ainda estava no escuro sobre sua finalidade. "Explique melhor." Jacee soltou um suspiro frustrado. "Eles são uma espécie de unidade militar ultrassecreta. Eu os vi serem chamados, quando estavam aqui, mais de uma vez e, quando saem, fazem isso com aquela incrível calma e uma precisão organizada, se você sabe o que quero dizer. Seu líder, ou como você quiser chamar, é geralmente quem recebe as instruções." Seu líder. Nick Westfall. "Que tipo de ordens?" Quando a mulher hesitou, ela a forçou. "Ah, vamos lá. Sei que você capta coisas com sua audição sobrenatural que os outros não conseguem." "Coisas sobre para aonde estão indo, que veículos vão usar. Às vezes, ele fala para aprontar os Hueys, outras vezes, o jato ou as Vans."

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"E por que eles são chamados, Jacee? Conte-me." Seu olhar se fixou na mulher. Ela sabia, e Selene não sairia daqui sem uma resposta. "Pelo que eu ouço, às vezes, pessoas estão com problemas e eles são chamados para ajudar." Ela franziu a testa. "Como assim? Eles não são militares normais de uma das Forças Armadas, certo? Não são policiais, também, então, com que tipo de problemas eles têm que lidar?" "Paranormais", Jacee sussurrou, se inclinando. Seu olhar era intenso. "Eles não são apenas lobos. Eles têm habilidades Psíquicas, cada um deles." “O quê?” "Eles são chamados de Alpha Pack e todos tinham habilidades especiais, como ver os mortos ou telecinese ou o que quer que seja, mesmo antes de serem transformados em shifters. Agora, protegem o mundo de quase todos as ameaças paranormais que você pode imaginar - vampiros, bruxas, demônios, Unseelie, Sluagh. Seja qual for o nome, provavelmente, já lutaram contra ele." O coração de Selene trovejou em seu peito. Isto não era o que ela esperava descobrir. O pai dela, comandante de uma equipe com tal nobre vocação? De maneira nenhuma. Esvaziando a garrafa, ela a deslizou até o outro lado da mesa. “Sabe, acho que vou precisar daquela segunda cerveja, no final das contas." *** Zan estava sofrendo, uma dor terrível martelando sua cabeça e seu coração.

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Quase tinha causado a morte de um irmão da equipe e sabia que a memória horrível do Phoenix estirado no chão, segurando desesperadamente o pescoço, ia ficar na sua cabeça para sempre. Este foi o seu chamado para despertar. Havia apenas uma decisão a ser tomada, por mais que ela o rasgasse por dentro. Ia partir. Hoje. Esforçando-se para se sentar na cama hospitalar, na enfermaria, tentou arrancar a intravenosa da mão - apenas para ser interrompido pela Mac, que correu pelo quarto, o cabelo escuro ondulando em torno do rosto determinado. “Que diabos você está fazendo?” A Dra. Mackenzie Grant, Companheira do Kalen, grávida e irritadíssima, lhe empurrou sobre a cama e franziu o cenho para ele. "Eu preciso ir embora", disse, com voz rouca. "Tenho coisas para fazer." "Você está tentando fazer com que eu entre em trabalho de parto?" Perguntou. "Você não vai sair daqui, até fazermos mais exames e discutir os resultados." “Desculpe." A última coisa que ele queria era estressar uma mulher grávida. Mais uma vez, não tinha pensado. "Quanto tempo isso vai demorar?" "Pelo menos umas duas horas, talvez mais, então, relaxe." Não conseguiu esconder sua miséria. A expressão dela se suavizou e ele desviou o olhar, incapaz de suportar a pena que sabia que encontraria lá. Seria preferível receber ódio ou aversão de todos os

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seus amigos porque, assim, sua decisão de partir seria muito mais simples. Fácil. Mac estendeu a mão até o meu queixo e fez com que olhasse para ela, novamente. Esperou até obter minha atenção antes de falar. "Nós vamos encontrar uma maneira de fazê-lo se sentir melhor, certo? Eu prometo." "Você disse melhor, não curado." “Zan...” “Uma promessa muito grande?” Ela hesitou, mas para seu crédito, disse a verdade. "Por enquanto, sim." "É justo." A decepção ameaçava esmagá-lo, e ele lutou para afastála. "O que vem a seguir?" "Uma nova tomografia computadorizada do crânio, exames de sangue e testes de audição. Então, vamos prosseguir a partir daí." Ele entendia porque os seus colegas não iriam desistir de encontrar alguma melhoria, ainda que ligeira. Inferno, não era como se ele quisesse partir. Não podia mentir para si mesmo, no entanto. Seu cérebro era uma bomba-relógio programada para explodir no segundo em que o estresse de usar seu poder de cura fosse demais. Tinha sido sortudo até demais. Com um estalo, percebeu que a Mac estava esperando pela sua resposta. "Claro." "Aguente firme." Depois de dar um tapinha no seu braço, se virou e saiu, presumivelmente, para providenciar as coisas para os seus exames.

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Pouco tempo depois, o Jax entrou sem bater e se alojou na cadeira ao lado da sua cama. "Vim para bancar a babá, uma vez que você é um marica quando se trata de ser picado e cutucado." Zan revirou os olhos, o que foi uma má ideia, uma vez que fez com que a cabeça a doesse com mais força. "É a tomografia que eu odeio. Ficar preso naquele tubo é assustador." “Quer que eu segure a sua mão?" Seu amigo brincou. "Cale a boca." Conseguiu dar um sorriso, que não chegou até seus olhos. O humor sumiu do rosto do Jax e ele ficou em silêncio por um longo momento. Finalmente, respirou fundo e disse o que ambos estavam pensando. "Você ia fugir, não é?" “Não, eu ia partir depois de me despedir.” "Tem certeza que é isso que você quer?" "Claro que não. Mas que escolha eu tenho quando me tornei um inútil? O que é que vou fazer se ficar aqui - varrer o chão e limpar os banheiros?" "O que aconteceu com o Nix pode ser evitado. Podemos descobrir uma maneira de ensinar você a usar seus outros sentidos, para sentir as mudanças na atmosfera ao seu redor." “Por que imaginei, repentinamente, uma imagem do mestre Obi-Wan ensinando o Luke a usar a força? "Isso pode funcionar", Jax insistiu, ignorando a piada de mau gosto. "Não vale a pena tentar? Você deve isso a si mesmo, não partir até que tenha esgotado todas as possibilidades."

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"E nesse meio tempo, fico sentado e continuo sendo um inútil? Ou pior, alguém é ferido? Não posso fazer isso." "Você voltou ao trabalhou demasiadamente cedo. Espere mais um pouco." Jax parecia muito esperançoso e o que disse fazia sentido. Mas Zan ainda via o corpo do Nix coberto de sangue. "Vou pensar sobre isso. É tudo o que posso prometer, por enquanto." "Tudo bem", disse o seu amigo, sem disfarçar o alívio. "Obrigado." Mac e Noah trouxeram uma cadeira de rodas para levá-lo para fazer os

exames

e

Zan

suportou o ataque

de

procedimentos,

aparentemente interminável, com todo bom humor que conseguiu reunir. Que não era muito, mas se esforçou para impedir a escuridão de sufocá-lo. De volta ao quarto, mais espera. Ele e o Jax ficaram conversando sobre vários assuntos, até que a Mac retornou. Quando entrou pela porta, finalmente, segurando um envelope grande, sua expressão era cuidadosamente neutra e o coração do Zan afundou. “É ruim”, falou. E não foi uma pergunta. "Esperava por resultados melhores." Abrindo o envelope, tirou um punhado de imagens, presas por um clipe, posicionando-as em um painel de visualização fixo na parede e ligou um interruptor para iluminar uma imagem do seu cérebro. "Aqui estão as imagens da tomografia. Vê estas áreas aqui?" Ela apontou para três pontos onde parecia haver uma certa nebulosidade, ao contrário do restante da imagem. "Vejo, mas eu não sei para o quê estou olhando."

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"São as novas áreas danificadas no seu cérebro", disse ela severamente. "Em termos leigos,

quando você realizou o

procedimento de cura no Nix, colocou muita pressão sobre as veias enfraquecidas e algumas delas se romperam. É isto que está causando a dor de cabeça terrível e as tonturas que você está sentindo, agora." "Ele corre algum risco imediato?" Jax perguntou, olhando para o Zan, preocupado. "Não, se descansar e seguir os meus conselhos." Mac arqueou uma sobrancelha e olhou para o Zan, incisivamente. "Se você fosse um simples humano, estaria Unidade de Terapia Intensiva, neste exato momento." "Mas eu não sou humano", murmurou. "Vou ficar bem." Mac balançou a cabeça. "Não, se tentar executar qualquer outra cura antes que esteja cem por cento curado. Vê estas áreas?" Apontou para outros cinco pontos. Não tinham nada de diferente para Zan, mas sua expressão era mais séria do que jamais tinha visto. "Estes são os vasos sanguíneos que, atualmente, estão tão severamente enfraquecidos, que são altas as chances de você acabar com sérios danos cerebrais se usar sua capacidade de cura, de novo, muito cedo. Se o sangramento lento se transformar em uma hemorragia, você pode não sobreviver." "Jesus." Abaixando a cabeça, olhou para as mãos, em seu colo, sem realmente vê-las. Finalmente, levantou os olhos para ela e expressou sua maior preocupação. "Se eu fizer o que você diz, ficar afastado e me abster de usar meu dom, vou me recuperar completamente? Você pode me dizer, com uma certeza razoável, que vou poder voltar

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ao trabalho, eventualmente, e conseguir lutar e usar meu dom de cura sem problemas?" Sua pausa foi longa e ele sabia a resposta antes mesmo dela falar. "Sinto muito. Não posso afirmar, com certeza. Só o que vai acontecer se você não fizer o que recomendamos." "Isso não é bom o suficiente." "É tudo o que temos, por enquanto." Deus. "Gostaria de voltar aos meus aposentos. Por favor." "Esta noite, não. Você vai ficar aqui. Se estiver melhor amanhã, vou pensar nisso." Sua postura mostrava uma certeza e teimosia que ele sabia que significava, Não foda com a doutora. “Tudo bem.” "Venho checar você mais tarde." Lançando ao Zan um olhar de simpatia, Mac saiu, fechando a porta, silenciosamente, atrás dela. Jax ficou quieto por um momento e depois soltou um suspiro profundo. "Me dê a sua palavra que não vai embora, ainda. Dê a si mesmo uma chance. A equipe precisa de você. Merda, eu preciso de você." Porra, seu melhor amigo sabia exatamente o que dizer. Sabia que, uma vez que ele desse sua palavra sobre qualquer coisa, ela valeria mais que ouro. A tensão pairava no ar entre eles, Zan lutando em dizer as palavras, até que soube que era inútil recusar. "Você tem a minha palavra. E não desisto fácil, só para constar." “Ninguém acha isso.” "Só não quero colocar meus irmãos em perigo."

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"Entendo. Me senti da mesma forma depois que feri a perna e não podia lutar." "Eu sei." Fez uma pausa. "E obrigado." "Sem problema. Vou deixar você dormir um pouco. "Dando um tapinha no seu ombro, Jax saiu. Preparando-se para aquela noite, Zan tentou dormir, mas seus sonhos eram inquietos. Cheios de sangue e morte. Uma batalha. Uma

carnificina.

Um

sofrimento

horrível.

Zan,

tentando

desesperadamente curar... alguém. Quem? Então seus próprios gritos soaram em seus ouvidos, enquanto seu cérebro, finalmente, explodiaZan se sentou na cama, ofegante, o suor escorrendo pelo rosto. Seu coração batia contra o peito e as mãos tremiam enquanto limpava o suor da testa. Outra e mais uma vez, dizia a si mesmo que não tinha capacidade de ver o futuro. Essa era a área do Nick. Foi apenas um pesadelo. Aos poucos, seu pulso se acalmou e ele se deitou novamente. Mas seus olhos ainda estavam abertos quando o sol apareceu no horizonte. Tinha que dar uma corrida. Nick caminhou pelo escritório, em seguida parou e olhou para fora da janela, através do gramado que levava à floresta no limite do complexo. O lobo, tenso dentro dele, sempre ansioso por uma boa corrida que, normalmente, ficava feliz em atender. Mas, hoje, parecia diferente. A atração era mais do que apenas o desejo de sentir a terra sob suas patas. Havia uma sensação que ele

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tinha que ir. O destino estava sobre ele, para o bem ou para o mal, e hoje marcava o início de mudanças importantes na sua vida. Tão longa quanto deveria ser. Entregando-se à atração, Nick deixou o escritório e atravessou os corredores, falando com alguns membros da equipe ao longo do caminho. Lá fora, atravessou o complexo e penetrou na floresta, despindo as roupas e permitindo que seu lobo assumisse. Para ele, que já nasceu como lobo, com mais de dois séculos de experiência, a transformação era fácil. De várias maneiras, sempre tinha se sentido mais confortável na sua pele de lobo e houve um momento, há muito tempo, que quase renegou sua vida humana em favor do seu lobo, permanentemente. Uma época em que a dor de uma perda trágica foi demais para suportar. Ficou à deriva por um ano, uma criatura imortal sem futuro, uma grande ironia, se é que isso era possível. Se não fosse pelo seu velho amigo, Jarrod Grant, mexer alguns pauzinhos para levá-lo para o FBI e, eventualmente, colocá-lo na posição de Comandante da Alpha Pack, não havia como saber o que poderia ter acontecido com ele. Ainda assim, cada dia era uma luta. Para encontrar sentido na vida, onde não havia nenhum. Para acordar para mais um dia e honrar seus compromissos com os seus homens, quando o peso de tudo o que tinha perdido era quase demais para suportar. Quando estava sobre as quatro patas, observando ao redor, deixou as memórias de lado e correu. Suas patas cavando a terra, levantando folhas e terra, enquanto as longas pernas devoravam a distância. Seu lobo não se importava com o destino ou a morte.

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Mas, quando um vulto branco saiu de trás das árvores e correu para interceptá-lo, soube que um deles - possivelmente, os dois - o tinha encontrado, ao mesmo tempo. *** Ela ouviu os sons ruidosos na floresta menos de um minuto antes dele aparecer. Todo o seu planejamento cuidadoso, os meses de espera, culminaram nesse momento. Ia fazê-lo pagar pelo que tinha feito. Finalmente. Apressando-se, correu para interceptar o grande lobo branco que riscava através das árvores. Estava sozinho. E este seria o último erro que o bastardo cometeria. *** "Você, realmente, não deveria sair para correr no mesmo dia em que a doutora lhe deu alta", disse Micah enquanto ele e o Nix caminhavam com o Zan pelo corredor que levava a uma das saídas. Micah se manteve um pouco à frente, com o rosto virado para ele para se assegurar que Zan podia ver seus lábios. Zan se esforçou para não socar um dos seus amigos enquanto tentava escapar. "Eu não preciso da porra de uma babá." “Você precisa de alguém que cuide de você.” Nix segurou seu braço, fazendo com que Zan parasse e prestasse atenção, em seguida, aproveitou a oportunidade para bloqueá-lo.

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"Nenhuma das médicas ficará feliz em saber que você está ignorando suas ordens para descansar." "E você vai contar para elas?" Lançou um olhar meio contrariado. "Claro que não", disse Nix, suavemente. "Mas elas vão descobrir, de qualquer maneira, e você vai continuar afastado." "A Mac disse para descansar, não rastejar até uma caverna e hibernar. Além disso, liberar meu lobo ajuda no processo de cura." Não podiam argumentar contra isso, embora pudesse ver que queriam. "Você não vai embora, certo?" Micah perguntou, claramente ansioso. "Jax disse que você prometeu." "É isso o que, na verdade, está incomodando vocês?" Ele balançou a cabeça. "Se eu decidir ir embora, vou assumir isso. Vou avisá-los e me despedir como um homem, não correr como um covarde." "Isso não é muito reconfortante", reclamou o Micah. Suspirou. "Isso é tudo que posso dizer, por enquanto. Ainda estou pensando sobre as coisas." Nix se moveu até ficar de frente para ele e o olhou nos olhos. "Enquanto estiver pensando, quero que saiba que sou muito grato pelo que você fez por mim. Você se colocou em grande risco para me remendar, e não vou esquecer isso." Zan lhe deu um meio sorriso. "Todos nós assumimos riscos todos os dias. Mas, no seu caso, tive um incentivo extra ou um certo enfermeiro estaria com o coração partido por perder seu Companheiro."

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Nix deu uma risada, balançando a cabeça. "Não sei se ele é meu Companheiro, homem. Não estou mostrando qualquer sintoma da doença que os outros caras tiveram antes de acasalarem." "Você e o seu lobo se sentem atraídos para ele? Como se ambos precisassem dele?" "Sim, mas sem nenhum dos efeitos colaterais desagradáveis." "Interessante." "Assim como conseguiu desviar a conversa de si mesmo?" Nix lhe deu um empurrão brincalhão. "Vamos deixar você ir correr, mas não demore muito ou, pode ter certeza, iremos atrás de você." "Sim, já ouvi - bem, não realmente, mas você sabe o que eu quis dizer." Ambos fizeram caretas para sua piada de mau gosto e se afastaram, finalmente deixando-o sozinho. Não tinha nenhuma dúvida de que iriam atrás do Jax e, logo, Zan teria um monte de lobos atrás dele que, de repente, decidiram que precisavam de uma corrida também. Idiotas, todos eles. Mas, maldição, se não ficava contente de tê-los em sua retaguarda. Aproveitando seu breve período de tempo sozinho, saiu do complexo, entrou na floresta e se despiu. Deu boas vindas à transformação, enquanto ela ocorria, embora não sem algum desconforto. A fadiga e a dor de cabeça afetavam sua rapidez e eficiência, mas conseguiu. Uma vez que estava sobre as quatro patas, se sacudiu e começou a trotar vagarosamente.

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Ele, realmente, precisava de um tempo na sua forma de lobo para relaxar. Apreciar a natureza, sair um pouco da sua própria consciência e dos constantes desafios, por um tempo. Aos poucos, começou a funcionar. A tensão escoou do seu corpo, até que estava curtindo o momento na floresta, desfrutando da paisagem, desejando poder ouvir o canto dos pássaros, a brisa através das árvores e o balbuciar do riacho nas proximidades. Em breve, disse a si mesmo, quando estivesse curado. Ouviria todas essas coisas e muito mais. Estava tão perdido em seus pensamentos, que teve um choque, ao olhar entre as árvores, e ver dois lobos brancos há cerca de trinta e cinco metros de distância. O menor dos dois avançando em direção ao maior que, instantaneamente, reconheceu como o Nick. Quando o lobo menor se chocou contra o Nick, o que fez com que saíssem rolando, Zan correu na direção deles. Esfriando a cabeça, se concentrou no agressor do seu comandante.

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Capítulo 3

Zan correu na direção dos lobos, o coração martelando no peito. O pequeno lobo branco estava rosnando e mordendo, tentando imobilizar o Nick. Tentando atingir sua garganta. Mas, quando se aproximou, percebeu que o comandante estava fazendo, apenas, manobras evasivas para se proteger. Não estava atacando de volta. Que porra é essa? Talvez o Nick não estivesse contra-atacando porque, apesar da ferocidade do seu oponente, o outro lobo, simplesmente, não tinha tamanho e força suficiente para superá-lo. Uma luta desleal. Zan, no entanto, não via nenhum problema em matar o imbecil. Correndo, acertou a lateral do lobo, fazendo com que os dois deslizassem pelo chão. Imediatamente, pulou nas costas do intruso antes que ele pudesse ficar de pé, imobilizando-o no chão. O outro lobo não era páreo para o peso de Zan, e não conseguiria movê-lo, não importa o quanto lutasse. A sede de sangue rugiu em suas veias e abaixou a cabeça, afundando as presas através do pelo grosso no pescoço do lobo. Fêmea. O cheiro maravilhoso, parecido com canela, o atingiu como um caminhão a mais de cem quilômetros por hora e o imobilizou, algum instinto primitivo cortando sua fúria como uma lâmina quente através da cera. De repente, não conseguiria mais acabar com ela. À distância, ouviu o Nick gritando, sua voz muito mais clara do que deveria ser, embora não soubesse como.

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Então, algo estranho começou a acontecer. Um calor começou no centro do seu peito e se espalhou para fora, como ondas em um lago. Produziu um calor intenso, queimando seus pulmões, roubando sua respiração e, para sua vergonha, tornou-se o fogo da excitação. Queria soltar o seu pescoço, mas não conseguia. Um fio, brilhante e dourado, pareceu se formar a partir do seu coração indo em direção ao outro lobo, e podia jurar que sentiu um fio vindo dela, se entrelaçando com o seu. Se solidificando e fortalecendo até que houve uma explosão de luz que o lançou para trás, finalmente, soltando-a. Imediatamente, a mulher se transformou na sua forma humana, ajoelhada no chão e esfregando o local onde a mordeu. Vívidos olhos azuis lançaram fogo gelado para Zan enquanto cuspia, "Que porra foi essa que acabou de fazer?" Estava apavorado. Ela era linda, o cabelo curto tão pálido que era quase branco, emoldurando um rosto anguloso. Seus seios eram cheios, a cintura estreita e seus membros eram longos e tonificados. Descobriu que era alta, talvez tão alta quanto ele. Também estava muito além de chateada, e não conseguia pensar no porquê. Mudou para sua forma humana também, encontrando a voz. "O que quer dizer, o que eu fiz?" Perguntou, incrédulo. "Em primeiro lugar, você está invadindo e, em segundo lugar, tentou matar o meu Comandante. Tem sorte de não ter rasgado sua garganta." O veneno nos olhos dela era um pouco assustador e muito intrigante. "Por que não o fez? Isso teria sido muito menos complicado do que a situação em que estamos agora."

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"Senhora, a única situação aqui é que está, agora, sob custódia. E, como uma shifter selvagem e hostil, vai ficar presa por um bom tempo." Sua risada foi sarcástica. De repente, percebeu que havia, na verdade, ouvido isto no seu tom e, mesmo que não tivesse sido capaz de ler seus lábios, poderia quase dizer suas próximas palavras. "Você quer dizer, no complexo ultrassecreto que todos, na cidade, conhecem?" "Esse mesmo", disse, ignorando a zombaria. Olhando de relance para o Nick, observou que seu chefe também havia voltado à forma humana, mas por incrível que pareça, mantinha os olhos desviados da intrusa. Na verdade, a mulher estava, cuidadosamente, evitando olhar diretamente para o Nick, também. Isso era estranho, uma vez que lobos shifters ficavam, frequentemente nus, antes e depois das suas transformações. Seria muito estúpido ficar constrangido sobre algo tão natural. Então, porque estavam agindo tão estranhamente? “Está tudo bem?” Perguntou ao Nick. “Sim.” A mulher balançou a cabeça. "Você, realmente, não tem ideia do que fez? Impagável." Zan franziu a testa. "Eu? Não tenho nenhuma ideia do que está falando." Vacilando, imaginou, pela primeira vez, o que ela achava da sua voz estranha e monótona. Jesus, odiava estar na defensiva. Nick abriu a boca para dizer algo, mas quatro lobos surgiram no meio das árvores e se reuniram em torno da mulher em um semicírculo,

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rosnando para ela em advertência. Então, foi quando algo muito estranho aconteceu com Zan. Seu lobo assumiu o controle e se transformou, mais rápido do que nunca, e ele não pôde fazer nada para impedir a mudança. Precipitando-se para frente, se colocou, diretamente, entre a mulher e a equipe e arreganhou os dentes. Um grunhido baixo e sinistro soou em seu peito, deixando-os cientes de não se aproximarem mais. O que há de errado comigo? Em segundos, os quatro lobos voltaram à forma humana e o Jax, Aric, Micah, e o Phoenix estavam agachados na frente dele. Seus irmãos se levantaram, parecendo tão perplexos quanto ele. "Que porra é essa, cara?" Aric fez uma careta, olhando do Zan para a mulher. Zan rosnou mais alto. "Oh merda", Jax gemeu, batendo na testa. "Não estou acreditando nisso." Os olhos do Micah se arregalaram. "Z, cara, você a mordeu?" Nix começou a rir, mas parou, rapidamente, quando viu o olhar fixo do seu Comandante. Pavor se alojou, pesado como chumbo, no peito do Zan, que forçou seu lobo a se submeter, se transformando. "Sim, eu a mordi no pescoço. E daí? Tinha o direito de matá-la por ter atacado o Nick, mas não o fiz. Ela está bem."

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Todo mundo olhou para a mulher, e ela, por sua vez, encarou o Zan com um olhar assassino. "Não estou nada bem, já agora que estou acasalada com você, gênio." "Eu - o quê?" Zan ficou boquiaberto. Os rostos dos seus irmãos de equipe mostravam várias coisas, desde diversão, aversão e até descrença atordoada. A expressão de resignação sombria do Nick assustava mais do que tudo. "Não, isso não pode estar certo. Tudo o que fiz foi..." Desesperado, tentou pensar em outro motivo para sua reação à mordida. O calor, a excitação, o fio dourado. E a explosão que se seguiu, que parecia ter resultado em algum tipo de conexão entre ele e essa mulher desconhecida. Mas a verdade do que tinha acontecido caiu sobre ele, e seu estômago se revirou. "Merda", sussurrou, em seguida, encontrou o olhar dela. "Sinto muito. Vou encontrar uma maneira de quebrar o vínculo. Kalen é um feiticeiro. Talvez ele possa - " "Então, já está ansioso para se livrar de mim tão rápido, querido?" Ela sorriu, mas a expressão não alcançou seus olhos brilhantes. "Nem sequer nos apresentamos." Ele balançou a cabeça lentamente. "Sou Zander Cole, o Curandeiro da nossa equipe, a Alpha Pack." "Selene Westfall." Levantou uma sobrancelha. "Agora, vem os cumprimentos, não é? Quer dizer, uma vez que o seu chefe acabou de se tornar seu sogro e tudo mais." Rostos chocados receberam o anúncio. Zan engoliu em seco e olhou para o Nick, que assentiu.

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Oh, merda. *** Zander Cole. Meu companheiro. O homem era um orgasmo ambulante, não adiantava negar. Tinha cabelo preto que descia em camadas até abaixo das orelhas e sobre a testa, chegando até os incríveis olhos castanhos. Olhos bondosos que eram portais de uma alma gentil, se é que primeiras impressões são confiáveis. Tinha uma mandíbula forte e um rosto bonito e clássico, que lembrava um pouco o do Henry Cavill, e era alto, ultrapassando-a por, pelo menos, uns cinco centímetros. Seu peito era amplo e sem pelos, os mamilos pequenos, marrons e firmes, e uma tatuagem linda de um lobo rosnando enfeitava seu peitoral direito, enrolando em torno de um pico tenso. Seus músculos eram bem desenvolvidos, mas não muito musculoso, mais do tipo magro, do jeito que gostava. Seu olhar mergulhou ao sul, para o seu pênis impressionante, uns bons quinze centímetros mesmo enquanto estava deitado, flácido, e para as bolas pesadas situadas abaixo. O cabelo escuro na sua virilha era aparado. Gostava disso, também. Idiota! Este homem não é gentil e para o inferno com sua aparência. Ele trabalha para o meu pai, e ia me matar. É meu inimigo! E, ainda assim, se colocou entre ela e a ameaça iminente da sua equipe. Só então, dois homens com cabelo comprido - um loiro e um outro ruivo - lhe chamaram a atenção. O loiro murmurou, "Nick tem uma filha? Não fazia a mínima ideia." "Ninguém fazia", o ruivo sussurrou de volta.

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Bem, isso praticamente resume o quanto o Papai Querido tinha saudade dela, não é? Virando, subitamente, para encará-lo, manteve o olhar no seu rosto e zombou: "Acho que seria melhor me jogar no canil com todos os outros filhotes ruins. Não quero que você tenha que lidar comigo como homem ou qualquer outra coisa." Seus olhos azuis brilharam com o que ela podia jurar que era dor. "Colocá-la em custódia é a última coisa que quero fazer, mas tenho que considerar a segurança da minha equipe. Não vai ficar lá por mais tempo do que o necessário - tem a minha palavra." Ficou boquiaberta, e falou com indignação. "Sua palavra? Será que isso deveria significar algo para mim? Dar a sua palavra implica que você tem honra, e você não tem nenhuma!" "Eu, realmente, sinto muito que você se sinta assim." "Você é a razão pela qual me sinto assim, seu filho da puta", ela sussurrou. Ele balançou a cabeça, tristeza sombreando suas feições, e virou-se, recusando-se a ser arrastado para uma discussão. "Aric, vá na frente e veja se a Rowan tem alguma roupa para emprestar para a Selene. Pessoal, vamos embora. " O ruivo chamado Aric partiu. Antes que pudesse pensar em outra coisa para atirar na cabeça dele, Nick voltou para sua forma de lobo. O resto da equipe seguiu o exemplo, deixando-a sem escolha a não ser fazer o mesmo ou ficar para trás, embora não a deixariam fugir, de qualquer maneira. Não correriam o risco de deixá-la escapar. Nick assumiu a liderança, e os outros a cercaram. Não pôde deixar de notar que Zander se manteve ao seu lado, como se estivesse protegendo-a, em vez de vigiando-a contra uma possível fuga. Na

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verdade, quando um lobo trotou um pouco perto demais, ele mostrou os dentes e rosnou, fazendo o amigo se afastar rapidamente. Ter alguém cuidando dela era estranho, para dizer o mínimo. Foi autossuficiente por muito tempo, mesmo entre o seu próprio clã. Havia quase esquecido qual era a sensação de ter um defensor. Era, de alguma forma, boa - ok, muito boa, mas não podia se acostumar com isso. Acasalados ou não, ela e Zander Cole não tinham futuro juntos. Ela tinha uma missão a cumprir. A Alpha Pack manteve um ritmo acelerado, mas não uma corrida plena, e dentro de meia hora eles entraram na propriedade que estava tentando obter acesso há meses. Engraçado, agora que estava aqui, tudo o que queria fazer era sair. Isso não ia acontecer tão cedo, se a firme determinação do seu inimigo fosse uma indicação. Na borda da floresta, os homens se transformaram e reuniram a roupa que tinham deixado espalhada, vestindo-se de forma eficiente. Ficou quase triste ao ver toda aquela privilegiada carne masculina encoberta, especialmente o Zander. Lindo. Não conseguia parar de olhar para o homem, o que a incomodou, mas pelo menos a atenção não foi unilateral. Ele a estudava bastante em troca, aparentemente, tão curioso sobre ela como estava sobre ele. Não estava muito feliz por ter um Companheiro, mas... Começou a ver que podia ter algumas vantagens. Por um lado, seu acasalamento ia dissuadir os avanços de um pretendente particularmente insistente do seu clã. Taggart tinha sido um amigo desde a infância, mas não tinha deixado de nutrir esperanças de

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acasalar com ela desde que atingiu a puberdade e descobriu para que seu pênis servia. Ela adorava o homem grande e bonito de morrer, mas não dessa forma. Ter Zander como Companheiro também podia lhe dar uma suspensão da execução, literalmente. Ele a tinha impedido de matar o seu comandante, para que ela não tivesse de enfrentar uma acusação de assassinato. Além disso, era proibido interferir no vínculo do acasalamento - pelo menos, no seu mundo. Uma vez, aquele mundo tinha sido do seu pai, também. Ser lembrada da sua saída, e o porquê, era muito doloroso. Então, se protegeu como sempre fizera - envolvendo-se em um manto de raiva. Raiva era o melhor antídoto para a dor. Melhor do que alimento, bebidas, sexo, ou qualquer outra coisa. Esse era um triste comentário sobre o estado da sua vida, mas a raiva era tudo que tinha sobrado durante muito tempo. Aric correu pelo gramado e lhe entregou algumas roupas. Sem uma palavra de agradecimento, colocou a calcinha e o sutiã, as calças largas e vestiu uma camiseta preta. Em seguida, caminhou, descalça, junto com o grupo, até uma porta lateral, direto para o que era, obviamente, uma sala de recreação. Ela parou, piscando para o aposento espaçoso por um momento, tentando fazer com que a vista se acostumasse com o que ela tinha imaginado. Havia mesas de sinuca, pebolim e ping-pong, bem como um jogo de dardos e uma televisão de tela grande, com um videogame conectado a ela. Dois sofás com almofadas, várias cadeiras de grandes dimensões e tapetes tornavam o aposento aconchegante. Confortável.

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Esperava que o interior do composto parecesse austero, mais como um quartel. Mas, à medida, que a guiavam para fora da sala de recreação e pelo corredor, continuou a ser surpreendida. Os pisos eram acarpetados, e luminárias de parede de bom gosto iluminavam o caminho. As próprias paredes eram de uma agradável e acolhedora cor creme. "Você esperava um complexo militar com piso de cimento e guardas armados?" Zander questionou, olhando para ela. Sua voz tinha um tom estranho. Percebeu isso desde o início, e agora que a emoção acalmou um pouco, se perguntava sobre a inflexão, que era um pouco fechada. "Algo assim. Todos vocês vivem aqui em tempo integral? " Ele assentiu com a cabeça. "Faz o nosso trabalho mais fácil." Depois de algumas voltas, que ela memorizou, levaram-na a um corredor marcado com APENAS PESSOAL AUTORIZADO. O resto do grupo se dispersou, enquanto Zander e o Nick a escoltaram pelas portas duplas. Seu sangue gelou, observando as fileiras de portas de aço de cada lado do corredor, selando o que só poderiam ser celas. Seu maior medo foi confirmado quando Nick parou e abriu uma das portas. "Esta área é o Bloco R, chamada Reabilitação". "Eu poderia ter adivinhado isso", disse ela rapidamente. "Então você também pode adivinhar o que o Bloco T representa." A voz de Nick era brusca. "Essa é a próxima parada para quem provar ser muito perigoso para continuar entre nós."

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Não podia deixar de rir, embora o som fosse feio. "É mesmo? Isso é enriquecedor vindo do homem que matou a minha mãe! " "Jesus", disse Zan, o olhar chocado saltando entre eles. "Não sabia que o seu chefe era um assassino? Ele esqueceu de dizer a vocês que tinha uma companheira, que matou antes de abandonar sua filha?" Seu pai ia começar a dizer algo, mas então, simplesmente balançou a cabeça e apontou para dentro da cela. "Há um beliche com um travesseiro e um cobertor. Você receberá três refeições por dia, enquanto está aqui. Parece estar em boa saúde física, mas vai fazer um exame amanhã e começar uma avaliação psicológica." A última parte a deixou de boca aberta. "Um teste para ver se eu sou louca? Você está brincando comigo?" "Quando for determinado que você não é um perigo para si mesma ou qualquer outra pessoa aqui, vai ser liberada para se juntar ao seu Companheiro. E não antes disso." Para Zander, ele disse, "Sinto muito." Bateu a porta da cela, que fechou com um barulho sinistro e estridente. Em seguida, o bastardo se virou e foi embora. O rosto ansioso do Zander pairou na pequena janela por um momento, e ela mal o ouviu dizer, "Sinto muito, também." Em seguida, estava sozinha. *** Com toda a calma possível, Nick foi até o seu escritório e fechou a porta. Em seguida, contornou a mesa, sentou-se na cadeira e baixou a cabeça em suas mãos trêmulas.

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Ela está aqui depois de todo esse tempo. Todos esses anos. Selene. E a minha menina me detesta. O desgosto nunca tinha fim. No entanto, descobriu uma peça vital de informação: tanto quanto poderia odiá-lo, e ainda querer vê-lo morto, sua morte não viria pelas mãos dela. Seu dom não permitia que soubesse muito mais do que isso, mas a partir do momento que ela veio correndo através das árvores com a intenção de rasgar sua garganta, ele soube. Sua raiva podia ter alimentado o seu ataque, mas sua alma não estava a bordo. No fundo, ainda estava confusa, uma jovem sofrendo porque tinha perdido ambos os pais em um dia horrível. O coração dela gritava para saber o porquê, e ela merecia a verdade. Mas não hoje. Ela não estava pronta para aceitá-la. E não sabia se algum dia estaria. Nesse meio tempo, tinha que se preocupar com os vampiros selvagens. Com o coração pesado, abriu seu e-mail para ver se o Grant tinha enviado mais alguma informação. Examinou sua caixa de entrada, impaciente, depois parou em um endereço de e-mail que nunca tinha visto antes: viper@speedymail.com. Curioso, o abriu e começou a ler. Westfall, estou indo até você e os seus. Não ache que eu o esqueci, porque não fiz isso. Não importa quanto tempo leve ou quão longe tiver que segui-lo, vou chegar. E quando o fizer, vou fazer você sofrer antes de morrer.

Nenhum nome no final, é claro. Ele leu o e-mail de novo, e sua pele se arrepiou. Frio envolveu todo o seu corpo e ele inspirou profundamente, pensando. Em mais de duzentos anos, tinha feito

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alguns inimigos. A maioria deles foram mortos há muito tempo, embora não todos. Quem viria atrás dele agora? Por quê? Poderia a chegada da Selene ser uma coincidência? Ela, obviamente, já estava na área por um tempo, afinal, agora percebia que ela era o lobo branco que tinha empurrado a companheira do Ryon, Daria, para o penhasco. Ela podia estar andando pela cidade, desenterrando algumas coisas, e também podia ter enviado o e-mail. O que não parecia certo, apesar de tudo. O e-mail carregava o distinto calafrio da morte que vinha sentindo há vários dias. O bastardo por trás disso era quem ele tinha que temer, não sua filha. A sensação de mau agouro em seu estômago lhe mostrou que isso era muito, muito maior do que apenas ele e a sua filha. E tinha que descobrir a verdade, em breve. Pegando o celular, fez uma ligação que já devia ter sido feita há muito tempo. Do outro lado, o telefone tocou três vezes antes de uma profunda voz masculina responder. "Mountain Lodge. Em que posso ajudá-lo?" Nick quase sorriu. A cobertura não era muito original, mas era eficaz na triagem de ligações erradas e daqueles que podiam bisbilhotar. "Aqui é o Nick Westfall, comandante da Alpha Pack, no Wyoming. Estou ligando para falar com o príncipe Tarron Romanoff." Uma pausa. "Como você conseguiu esse número?" "Através de um amigo em comum, Grant."

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"Entendo. Que tipo de grupo é esse Alpha Pack?" "Shifters. Combatemos todos os tipos de criaturas, que é melhor que o mundo não saiba que existem, se me entende." O homem riu. "É Claro. Este é o seu número pessoal, Sr. Westfall?" "Sim, é." "Muito bem. O príncipe vai lhe telefonar de volta, em breve." Depois de eu ter sido verificado, sem dúvida. "Isso é bom." Desligou, se acomodando para esperar, e começou a jogar um novo jogo no celular. Porra de desperdício de tempo, mas era tão viciado quanto todos os outros. Felizmente, o telefone tocou, salvando-o de transformar seu cérebro em mingau. Um olhar confirmou que era um número diferente, mas com o mesmo código de área. Provavelmente, o telefone pessoal do príncipe. "Westfall." "Olá, Sr. Westfall, aqui é Tarron Romanoff, do clã da América do Norte", disse ele, agradavelmente. Sua voz era suave e quente. Autêntica. "Grant tinha me dito que era provável que fizesse contato sobre um determinado problema, mas tinha que me assegurar que o seu telefone não está sendo rastreado. Você entende. " "É claro. Em nossos mundos, nunca é demais ser cuidadoso." "Verdade. Então, sobre o que o seu problema se refere? Grant, simplesmente, disse que ia deixar que você explicasse."

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Foi direto ao ponto. "Você, ou os membros do seu clã, têm notado um aumento no número de vampiros selvagens?" "Não, na verdade", disse lentamente, pensativo. "Mas estamos muito isolados aqui em Smoky Mountains. Se importa de me atualizar?" "Tivemos ataques surgindo, repentinamente, por todo o país, e o número e a frequência deles estão se tornando alarmantes. Para não mencionar uma habilidade especial que parecem ter desenvolvido – eles, agora, são capazes de atacar durante o dia." "Não acredito nisso." O príncipe soltou um suspiro. "Como?" "Não sei, mas acho que os nossos dois grupos precisam se encontrar pessoalmente. O que afeta a minha equipe e a população humana acabará por afetar o seu clã. Se trabalharmos juntos, poderemos ser capazes de parar essa coisa, antes de chegar a um ponto sem volta." "Concordo. Vou me encontrar com os meus homens e ligarei de volta com algumas datas possíveis. Será que serve?" "Sim, e muito obrigado." "Não há necessidade de me agradecer. Um problema com vampiros afeta a todos nós. Falo com você em breve." Depois que terminou a ligação, Nick apoiou os cotovelos sobre a mesa, perdido em pensamentos. Talvez pudessem encontrar a resposta para a questão dos vampiros juntos, antes que fosse tarde demais. Antes que pudesse se preocupar com o assunto, ainda mais, um zumbido familiar começou em sua cabeça. Sua pele se arrepiou e sua visão escureceu, o sinal que uma visão estava chegando.

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Na neblina, havia uma figura. Envolta em trevas, moveu-se em direção a ele com graça e, surpreendentemente, ele não teve nenhum sentimento de medo. Nada de morte. A figura permaneceu encoberta, mas sua forma era delgada. Uma fêmea. Acenou para ele, e onde poderia ter sentido apreensão... Prazer. Não havia mais nada, além de puro prazer em sua presença e seu coração acelerou, batendo com emoção. Abriu a boca para perguntar o nome dela, por que estava láE foi, subitamente, jogado de volta à realidade com força. "Quem é você?" Sussurrou, sentando-se na cadeira. Esperou e rezou para que vivesse o suficiente para saber a resposta. *** Selene se sentou na cama, as costas contra a parede e os braços em volta dos joelhos. Se alguém não viesse logo, ia ficar louca. Sem TV, sem livros, sem janela para ver do lado de fora. Nem mesmo o tique e taque de um relógio. Nada a fazer senão observar as quatro paredes e ouvir os ruídos perturbadores vindos de outra cela ao longo do corredor. Durante toda a noite, ela ouviu rosnados, rugidos e um terrível uivo. Tudo vindo de uma única criatura, nas proximidades. Seu nariz sentiu o cheiro de outro shifter lobo, e imaginou o que ele tinha feito para merecer o tédio enlouquecedor desta prisão. "Ei!" Ela chamou. "Tem alguém aí? Você pode me ouvir?"

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O uivo parou, mas apenas por alguns momentos. Logo, começou de novo, e ela bateu a parte de trás da cabeça contra o painel de aço, em frustração. Um flash de luz azul a assustou, e ela deu um salto em seu beliche, o pulso disparando. Quando a luz se apagou, um homem estava de pé, no interior da cela, perto da porta. Um homem que parecia ser uma estrela do rock. Estava artisticamente despenteado, o cabelo em camadas que caíam até os ombros e usava delineador preto, que adornava incríveis olhos verdes. Estava todo vestido de preto, da camiseta até um casaco de couro que chegava até os tornozelos e as botas nos pés. Até mesmo suas unhas eram como ônix polido. Ele parecia jovem, talvez vinte e poucos anos - mas seus olhos eram anciãos. Ela escondeu um arrepio. Mascarando o martelar do coração, ela fixou um olhar divertido no rosto. "Se você está procurando pelo show do Mötley Crüe, está no Estado completamente errado." Um canto da sua boca exuberante levantou. "É mesmo? Droga. Acho que vou ter que ficar aqui e lutar contra os vampiros." Ela franziu a testa. "Vampiros?" "Uma história longa." "Parece que eu tenho bastante tempo." Ele deu de ombros. "Nós estamos tendo alguns problemas com vampiros, recentemente. Os idiotas estão surgindo por todo o país, quando não deveriam haver muitos."

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"Não vi nenhum vampiro de onde eu vim." "Bom saber." Ela o estudou, inalando uma baforada. "Você não é um lobo." "Pantera. Também sou um Feiticeiro e Necromante." Ela olhou para ele, fascinada, apesar de si mesma. "Nunca conheci qualquer uma dessas coisas, muito menos todas as três juntas." "Bem, não é seu dia de sorte?" Ele piscou. "Acredite em mim, este dia não tem como melhorar." Fez uma pausa, decidindo que estava começando a gostar desse homem. "Sou Selene Westfall." "A filha do Nick. Sim, a notícia se espalhou." “Posso imaginar." "Sou Kalen Black." "O que você está fazendo aqui, Kalen, além de verificar a nova residente do Bloco R?" "A equipe médica está a caminho para buscá-la para alguns exames. Estou aqui para garantir que tudo corra bem." "Como garantia." "Pode-se dizer isso." "Por que eles iriam lhe enviar e não o Zander? Suponho que você ouviu falar sobre o nosso acasalamento, também." Ele bufou. "Quem não ouviu? Você, com certeza, sabe como fazer uma entrada triunfal. Bom trabalho." "Engraçadinho." Ela lhe lançou um olhar atravessado.

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"Também acho." Afastando-se da parede, deu um passo na direção da sua cama, a expressão séria se agravando. "Para responder à sua pergunta, foi ordenado ao Zan que ficasse longe, por enquanto. Nós podemos ter que fazer algo que ele não gostaria - digamos, prender você - e o instinto de proteger sua Companheira poderia tomar o controle. Este é um momento instável para ambos, especialmente, levando em conta a forma como a sua ligação aconteceu e o fato dos seus lobos estarem, provavelmente, tentando rastejar para fora do seu corpo, com a necessidade de chegar até o outro." Isso era verdade, infelizmente, e ela corou só em pensar sobre o quanto queria o lobo negro. "Esse é um bom argumento." "E, porque a minha Companheira é uma das médicas, estou aqui, especificamente, para protegê-la de você. Se, ainda assim, sequer pensar em feri-la, ou a qualquer outra pessoa, vou transformá-la em um escargot e pegar o meu saleiro." O brilho malicioso em seus olhos lhe disse que o homem não estava brincando. Antes que ela pudesse assegurá-lo que o seu problema era apenas com o Nick, vozes e passos se aproximaram, vindos do final do corredor. Kalen se afastou para o lado, quando duas médicas vestindo jalecos e um enfermeiro vestindo um avental do Bob Esponja entrou. Ele não avançou muito, no entanto. Quando o Feiticeiro beijou uma bela mulher morena com cabelo ondulado e depois ficou perto dela, Selene viu o porquê. A companheira do Kalen exibia uma enorme barriga de grávida. Parecia radiante, também, e Selene sentiu uma pontada de inveja. Desviando a atenção para longe do casal feliz, fixou os olhos na outra médica. A mulher tinha cabelo escuro curto, mais curto do que o da

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própria Selene e, embora fosse pequena, tinha uma atitude e frieza que sugeriu qualquer um que lhe causasse aborrecimento ia se arrepender. "Sou a Dra. Melina Mallory", disse, em seguida, indicou os outros dois. "Esta é a Dra. Mackenzie Grant e o nosso enfermeiro, Noah Brooks." "Olá. Eu sou-" "Nós sabemos quem você é", disse Mallory, secamente. Quanta amabilidade. "Vamos escoltá-la até a enfermaria, onde faremos um exame físico geral em você, em seguida, conversaremos um pouco antes de conduzirmos a avaliação psicológica." "Para determinar se vocês têm uma louca nas mãos." "Bem, você tentou matar um shifter que tem cinco vezes a sua idade e duas vezes o seu tamanho, então desculpe nossa preocupação quanto à sua sanidade mental." “Oh, uau. Acho que isso significa que não poderemos ser boas amigas." A médica a estudou por um bom e longo momento, como se estivesse observando algum tipo de inseto. Ela não teve que fazer muita coisa para Selene se sentir com meio metro de altura. Então, a mulher sorriu e a expressão em seu rosto pequeno, parecido com o de um elfo, não era exatamente amigável. "Vamos começar, então?"

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A comitiva a levou para fora da cela, atravessando o corredor até chegarem a um outro, que se conectava com a enfermaria. Uma vez lá, a Dra. Mallory realizou a maior parte do exame físico com a ajuda do Noah. O bonito enfermeiro loiro estava desconfiado dela, movendo-se ao seu redor com um olhar atento, não que ela pudesse culpá-lo. Estava em sua melhor forma, então não ficou surpresa ao passar com distinção. Era com o resto que ela não estava particularmente entusiasmada. Noah desapareceu e as outras duas médicas a levaram até um escritório. Em vez de conversar com ela atrás de uma mesa, como esperava, apontou para uma sala de estar modesta, com um sofá e um par de cadeiras confortáveis. Selene sentou em uma extremidade do sofá, enquanto a Dra. Mallory ocupava a outra extremidade e a Dra. Grant, uma cadeira. Suspeitava que estavam fazendo isso para que ela não se sentisse encurralada - com exceção do Kalen encostado em um canto da mesa - mas não conseguia entender por que se importavam. "Por que vocês duas querem conversar comigo?" Perguntou ela. "Isso não é incomum?" "Esta é uma situação incomum", a Dra. Grant disse para ela, mudando de posição para acomodar a barriga. "A Dra. Mallory será sua médica, e eu serei sua consultora. Vou estar fora, em licença maternidade em breve, então teria que deixá-la sob os seus cuidados, de qualquer maneira. " "Parabéns, a propósito", disse, surpresa com a suavidade em sua própria voz. "Obrigada. Você gostaria de ter filhos?"

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"Gostaria, um dia. Quando for da vontade de Deus." Melina, suavemente, seguiu com a entrevista. "Onde você cresceu?" "Clear Springs, Colorado. É uma pequena cidade a duas horas ao norte de Denver. " "Tem irmãos?" "Não." "Outros familiares?" "Meu tio, Damien. Ele é irmão do meu pai." As mulheres trocaram olhares de surpresa. A Dra. Grant olhou para o seu Companheiro e ele balançou a cabeça, dando de ombros, indicando que não sabia, também. Aparentemente, seu pai tinha sido bastante reservado sobre todos os aspectos do seu passado. Nenhuma surpresa nisso. Dra. Mallory continuou. "Você é próxima do seu tio?" "Sim. Ele me criou depois que o meu pai partiu.” As sobrancelhas da médica se juntaram. "Defina 'partiu'." "Sério? Ele matou a minha mãe e desapareceu. Me deixou para me virar sozinha e lidar com o escândalo que deixou para trás, como herança. Essa definição é suficiente?" Silêncio mortal. Mais olhares trocados antes que a médica continuasse. "Quantos anos você tinha quando isso aconteceu?" "Onze." "E você testemunhou o que o seu pai fez?"

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Ela piscou para o médico. "Desculpe?" "Você testemunhou ele matar sua mãe?" "Não", admitiu. "Mas sei que é verdade." "Como você sabe disso?" "Porque o meu tio disse!" Gritou, perdendo a compostura. "Todo mundo sabia! O clã inteiro nunca me deixou esquecer, também!" "Sinto que isso seja tão doloroso para ser discutido", disse a Dra. Mallory com surpreendente delicadeza. "Só estou tentando entender o que uma menina de onze anos de idade, viu e ouviu. O que ela teve que passar." Engolindo em sego, lutando com a queimação na garganta, Selene desviou o olhar. "Ela passou por um inferno, mas conseguiu sobreviver. Mas nunca mais foi a mesma." Nunca. Ninguém do seu clã, ou qualquer outra pessoa que conheceu, conhecia a Selene de verdade, aquela que não era tão durona. Aquela que ainda era apenas uma garota assustada, devastada, que tinha perdido os pais e não entendia o porquê. Uma garota que só queria ser amada. Talvez tivesse sido uma boa coisa não ter conseguido matar seu pai. A Dra. Mallory tinha mexido em algumas questões que já estavam importunando-a como um dente dolorido. E ela ia conseguir que fossem respondidas, nem que fosse a última coisa que ela fizesse.

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Capítulo 4

Zan encontrou Nick na sala de conferências. Seu lobo estava enlouquecendo e estava passando por um momento infernal para mantê-lo subjugado. Quando sentou próximo ao comandante, imaginou se a sua sorte, ou a falta dela, em acasalar, acidentalmente, com sua filha, tinha irritado o homem. Zan desejava uma Companheira há algum tempo, especialmente depois de ver os outros caras encontrando a felicidade, um por um, mas não era isso que tinha em mente. As circunstâncias foram menos do que ideais. E neste exato momento, na verdade, não gostava muito dela, tampouco. Seu lobo não se importava. Sua necessidade de chegar até sua Companheira para protegê-la, era quase irresistível. Respirando fundo, Zan se virou para olhar Nick nos olhos. "Sua acusação é verdadeira? Você matou a sua mãe?" Nick pareceu ficar magoado, mas a emoção foi, rapidamente, mascarada. "Não da maneira que isso significa." "Um acidente?" "Na medida em que não era para acontecer, sim." Olhando fixamente para a mesa, ficou em silêncio por um longo momento antes de levantar a cabeça de novo. "Você sabe que não acredito em interferir no futuro, quando tenho minhas visões. Tento não influenciar as

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pessoas a mudar o resultado, não importa o quão horrível o evento será." "Sim. Eu sempre imaginei o porquê disso. Tem a ver com a Selene?" "E a sua mãe", disse o comandante, suavemente. "Eu tentei interferir no destino, e a mãe dela pagou o preço." Oh, merda. "Não apenas a mãe dela - você e a sua filha também." "Todos nós. Não sabia o que ia acontecer, o que minhas ações causariam", disse ele. Zan nunca tinha visto o homem demonstrar tanta dor crua. "Então, conte a ela. Ela está vivendo sob um equívoco terrível." "Vou contar a verdade, mas ainda não. É uma coisa difícil, alguém acreditar em uma coisa durante toda a sua vida e depois descobrir que era mentira. Que a pessoa que odeia não é exatamente o que pensava. Ela precisa de tempo para me conhecer, para chegar às suas próprias conclusões." "Isso pode ser mais fácil para ela aceitar", concordou. "Se ela ficar aqui por um tempo, vai começar a entender por conta própria que o que ela achava que era verdade, não é." "E, então, espero, ela vai vir até mim, pronta para ouvir. Ela não vai acreditar em qualquer coisa que eu diga, até então." "O que realmente aconteceu, Nick? O que você fez que custou a vida da sua Companheira?" Sua expressão era sombria. "Selene merece ouvir a história em primeiro lugar. Espero que entenda."

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"Claro." Hesitando, tentou acalmar os nervos para fazer sua próxima pergunta. "Tenho que perguntar... Você tem um problema com o fato de eu, praticamente, pertencer à sua família?" Isso fez com que ele desse um pequeno sorriso. "Zan, não consigo pensar em ninguém que me deixaria mais orgulhoso de ter como genro. Assumindo que este acasalamento vá dar certo, fico feliz por você." Alívio o inundou e ele soltou um suspiro. "Obrigado. Não vou desapontar você ou Selene. Não, se eu puder evitar." Caramba, eu acabei de dizer isso? "Sei que não vai." Então, Ryon Hunter entrou na sala com sua Companheira, Daria Bradford. O homem a guiou até uma cadeira e a puxou para ela se sentar, em seguida, ocupou o lugar ao seu lado. Zan cumprimentou os dois, imaginando por que estavam lá, até que a Mac e o Kalen escoltaram Selene através da porta. Então, teve uma boa ideia do que estava acontecendo. Ryon e Daria ocuparam os lugares opostos aos do Nick e do Zan. Quando a Mac e o Kalen saíram, Selene hesitou, por um momento, e Zan foi atingido por uma imagem dela, sozinha, como havia estado durante toda sua vida. Sempre à margem, nunca sabendo ao certo onde se encaixava. "Pode sentar aqui ao meu lado, se quiser", ele ofereceu. Surpresa cruzou suas feições e, em seguida, ela ocupou o lugar vazio ao lado dele. "Obrigada."

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Ele deu um sorriso e, novamente, ela pareceu um pouco surpresa. Embora, sentar ao lado dele tornasse mais difícil ler os seus lábios enquanto prestava atenção em todos os outros, preferia tê-la próxima. Ela estava tensa como a corda de um arco, mas quando tocou no seu joelho, para confortá-la, sentiu que ela relaxava. Mesmo sabendo que era por causa do vínculo, uma coisa puramente natural quando os acasalados estavam próximos um do outro, ainda assim, era bom. À sua direita, Nick começou a reunião. Zan notou, mais uma vez, que sua audição estava melhorando porque, realmente, ouviu o que o seu comandante estava dizendo - distante, mas ouvia. "Ryon e Daria estão aqui porque têm algumas perguntas a fazer para a Selene." "Sim", Ryon rosnou. "Como, por que, diabos, ela tentou matar minha Companheira!" Todos os músculos do corpo do Zan se contraíram, pronto para saltar sobre o traseiro do Ryon se ele fizesse um movimento em direção à Selene. Felizmente, Daria acalmou seu Companheiro, pegando sua mão e interrompendo-o, para encarar a outra mulher diretamente. "Tenho pensado e não acredito que você pretendia me prejudicar. Apenas queremos saber por que você me empurrou para o penhasco naquele dia." Selene limpou a garganta. "Não tive a intenção de machucá-la e, por isso, sinto muito." Ignorou o rosnado do Ryon e continuou. "Naquela manhã, ouvi a criatura que tinha estado evitando desde que vim para a Shoshone. Aquela coisa que tinha um rugido terrível, como algo que tivesse saído de um filme de terror, em preto-e-branco."

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"Eu me lembro." Daria estremeceu, esfregando os braços. "Eu quase esbarrei na besta, algumas vezes, e sabia que ele estava em movimento, novamente." "Você sabia que ele tinha sido assassinado alguns campistas?" Perguntou Nick, interrompendo. "Não. Se soubesse, teria relatado alguma coisa. Do jeito que ele era, na verdade, nem sequer o vi, a não ser um breve vislumbre do esboço do que era no passado. O animal era quase invisível, mas não completamente. Como se olhasse através de um espelho distorcido." "Como a criatura do filme O Predador." "Exatamente. Não sabia que tipo de criatura era, mas tinha medo dele. De qualquer forma, naquela manhã, estava caçando o café da manhã, em forma de lobo, quando vi a sombra da besta se movendo através da floresta. Decidi segui-lo, e ele me levou em direção a um grupo de árvores, onde havia uma espécie de clareira. E, naquela clareira, havia uma mulher examinando os restos de um humano. Claro que a mulher era você." O rosto do Ryon empalideceu. "Você está dizendo que ele estava caçando a Daria?" "Não. Tive um pressentimento muito forte que ele estava retornando para o local da matança e a mulher que tinha encontrado os restos mortais seria apenas muito azarada de estar no seu caminho quando ele voltasse."

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"Deus", disse Daria, os olhos arregalados. "Você passou por ele, não foi? Você me assustou, me fez correr para que ele não me matasse, também." "Foi o que fiz e ele nos seguiu." A mandíbula de Selene se contraiu. "Ele estava se aproximando, então a empurrei sobre o penhasco para tirá-la da sua vista. Então, corri de volta e me envolvi em uma... pequena escaramuça com ele." "Você fez o quê?" A mente de Zan trazia imagens horríveis à sua frente, imagens da sua companheira enfrentando a besta. Ele estava de férias, curando seus ferimentos, enquanto a equipe rastreava a besta. Mas ele tinha recebido uma descrição dos outros. "Foi tudo que eu pode pensar em fazer. Não havia ninguém, além de mim, para afastar aquela coisa, então foi isso que fiz." Ryon ainda não estava satisfeito. "Por que você não voltou para procurar Daria? Como é que você não avisou ninguém sobre ela estar na ravina, sangrando até a morte?" "Eu fui ferida, também. As garras da fera rasgaram meu abdômen, quase me arrancando as tripas, e eu tive que encontrar um lugar para me esconder até me curar. Quando estava bem o suficiente para mudar para a forma humana e voltar para a cidade, Daria já havia sido encontrada e os moradores estavam sussurrando sobre o seu resgate e os assassinatos. Soube que as autoridades estavam envolvidas, então. E observei todos vocês, indo e vindo, falando sobre as tentativas de capturar a criatura." "Você tem alguma prova da sua história?" Ryon perguntou. Acenando com a cabeça, Selene levantou. Lentamente, ergueu a bainha da camiseta emprestada para revelar uma cicatriz rosada,

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que corria em uma curva ligeiramente diagonal, exatamente abaixo do seu esterno até o umbigo. "Não está completamente curada, entretanto, suponho que por causa do veneno nas suas garras. Nunca tive uma lesão tão grave quanto esta." Ryon se inclinou para frente. "Convincente." Abaixando a camisa, sentou-se novamente. "É a verdade. Tenho muitas falhas, mas não sou mentirosa." Com isso, ficou em silêncio e esperou. "Obrigada por salvar minha vida", disse Daria, calmamente. "Você quase morreu tentando afastar aquela besta para longe de mim, e não vou esquecer isso." A tensão escapou da sala, como o ar de um balão. A crença da Daria era boa o suficiente para eles. Selene parecia aliviada por ter se justificado. "Não, agradecimentos não são necessários. Meus pais me criaram para ajudar os outros, se e quando pudesse." Ela tinha um olhar estranho em seu rosto, até então, e piscou para o Nick, aparentemente, ficando sem palavras por um momento. "De qualquer forma, o que aconteceu com a besta? Sei que ele deixou a Shoshone, e houve alguma atividade quando a equipe partiu para persegui-lo, mas nunca soube o que aconteceu." Ryon respondeu. "A criatura era, na verdade, um humano chamado Ben Cantrell. Ele havia sido submetido a terríveis experimentos nos laboratórios do Malik-" "Malik?" Selene olhou dele para o Zan. "Eu explico mais tarde."

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"Ok." "De qualquer forma", Ryon continuou, "eles adulteraram o DNA do Ben e o transformaram naquele super monstro, um dos muitos que esperavam controlar. Quando encontramos e destruímos o último dos laboratórios, Ben fugiu, causando estragos onde quer que fosse. O pobre coitado não tinha ideia do que estava fazendo." "Isso é tão triste." Selene parecia chateada. "Sim, mas a boa notícia é que a Mac, a Melina e a Companheira do Jax, a Kira, desenvolveram um soro que combateu as drogas e trouxe Ben à forma humana. Felizmente, ele não se lembrava muito do que fez como besta. Era um bom homem que estava preso dentro da criatura." "Ele está bem, agora?" Daria sorriu. "Muito. Ele é, na verdade, meu ex-namorado, e nós tínhamos terminado antes de eu conhecer o Ryon. A única razão pela qual veio para cá, foi o instinto, ele estava procurando por mim, e a Alpha Pack, também. Em seus momentos lúcidos, estava tentando obter ajuda. Ele voltou para a prática da advocacia e está indo bem." "Essa é uma grande notícia." Selene retribuiu seu sorriso. Ryon se levantou, estendendo a mão para a Selene. "Parece que eu estava errado sobre você. Quero expressar minha gratidão por salvar minha Companheira. Nunca vou esquecer o que você fez. De certa forma, você nos uniu." "Eu?"

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"Contaremos essa história, uma outra vez." Daria sorriu. "Com um copo de vinho ou dois." "Agradeço o convite", Selene disse, evasivamente. "Em breve, então. Vamos esperar você se instalar." "É meio engraçado, não é?" Disse Ryon, encarando Selene com um olhar penetrante. "Interpretei mal a sua ação, que feriu Daria tão severamente que ela quase morreu. Às vezes, há explicações para coisas que nós não entendemos no início, coisas que parecem imperdoáveis. Você pode querer se lembrar disso." Selene o encarou, as bochechas ruborizadas e, depois, desviou o olhar. O casal saiu e o desconforto da Selene era óbvio. "Então, para aonde eu vou? O que 'me estabelecer' significa? Meu bom berço confortável no Bloco R? Se for assim, posso, pelo menos, ter algumas revistas?" O coração do Zan se apertou. Não gostava de pensar nela naquele lugar, sozinha. Nada a fazer, além de chafurdar na miséria e ouvir o Raven, seu pobre e insano companheiro de equipe, uivando dia e noite. Mais uma vez, se virou para encontrar o olhar do Nick e fez o seu pedido. "Ela pode ficar comigo. Vou cuidar bem dela. Eu juro." "Nem sequer conhecemos um ao outro." Ela lhe deu um olhar interrogativo. "Isso vai mudar de qualquer maneira, se eles a deixarem fora da solitária semana que vem ou agora. Pelo menos, desta forma, você tem um pouco de liberdade." "Eu não acho-" Nick começou.

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"Vou assumir responsabilidade total pela minha Companheira." "E se ela tentar cortar minha garganta enquanto eu estiver dormindo?" Ele estava meio brincando, Zan podia dizer. "Eu não preciso recorrer a truques sujos - posso derrotá-lo em uma luta justa!" Ela disse, calmamente. Zan tentou argumentar. "Se ela prejudicar alguém, ou mesmo tentar, aceito sua punição." Selene engasgou. "Por que, diabos, você faria isso?" "É meu trabalho - não, minha honra - proteger minha Companheira. Vou fazer o que for preciso para garantir que nada aconteça com você." Era uma grande aposta. Na realidade, não conhecia essa mulher, absolutamente. Se ela fosse uma maçã podre, pagaria o preço. Mas tinha que correr o risco; não sabia se seu lobo poderia viver sem sua Companheira. Os dedos dela envolveram seu pulso, e o puro prazer, mesmo com aquele mínimo toque, deixou seu lobo rugindo, querendo mais. Mal conseguiu se concentrar no que ela estava dizendo. "Não posso deixar você fazer isso." "Por que não? Porque você sabe que o seu senso de honra não lhe permitirá me ver ser responsabilizado por suas ações? Acho que isso diz mais sobre você do que quer admitir." "Não diz nada, exceto que não quero a sua interferência." Não concordava. Um olhar para o Nick mostrou que ele também não. Havia muito mais nesta mulher do que raiva cega e pensamentos de

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vingança. Ela precisava de uma chance de enxergar isso por si mesma. "Feito", disse o Nick. "Se você cometer um crime, seu Companheiro recebe uma punição. Talvez, seu tempo aqui vá lhe trazer alguma perspectiva." Estava furiosa. Nenhum lobo gostava de ter as mãos amarradas atrás das costas, especialmente uma loba alfa. Tinha escolhido um curso de ação e este tinha desmoronado. Agora, estava perdida. "Se terminamos aqui, vou lhe mostrar os meus aposentos", disse Zan. Não podia dizer nossos aposentos, ainda. Tinham um longo caminho a percorrer antes desse dia, se é que ele ia chegar. Nick se levantou, sinalizando o fim da reunião. "Traga Selene para jantar. Todo mundo vai querer conhecê-la." Ela bufou. "Aposto que vão. Mais provavelmente, vão querer me rasgar em pedaços." "Algo me diz que você pode lidar com isso", disse o comandante com uma simples sugestão de sorriso. "Você é minha filha, além de tudo." "Não por escolha", respondeu. Porcaria. Hora de ir. Zan colocou a mão no seu braço e puxou suavemente, guiando-a em direção à porta. Quando olhou para trás, a expressão de Nick estava composta, sem revelar nada. Até Zan conduzi-la para fora da porta. Quando ela saiu da sala, Zan olhou para trás, para ver o Nick de cabeça baixa, os ombros caídos. Ia ser uma jornada atribulada para todos. E Selene era, agora, sua responsabilidade.

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Foi o suficiente para fazê-lo desejar nunca ter retornado de férias. Na verdade, se comprasse um bilhete para o Caribe neste exato segundo, duvidava que alguém o culparia. Zan tinha se preparado para deixar a Alpha Pack numa boa, até que ela apareceu carregando toda aquela raiva. E, agora, estava tão amarrado quanto tinha estado com a equipe – para o resto da sua vida. *** A cabeça da Selene girava, confusa, enquanto Zander a conduzia pelos corredores em direção ao que ele chamou de seus aposentos. Por toda sua vida, foi falado que seu pai havia assassinado sua mãe. Existia outra explicação? Foi dito que ele tinha fugido, em vez de encarar a execução. No entanto, Nick não parecia ser um criminoso em fuga. Ele construiu uma vida aqui. Seu tio, Damien, ordenou que nunca procurasse o seu pai. Avisou que Nick iria matá-la se a visse. Em vez disso, ele foi... amável. Seus homens o respeitavam. Qual era a verdade? Quem estava mentindo e por quê? "Você ouviu alguma coisa que eu falei?" Perguntou Zan, interrompendo suas reflexões. "Não. Sinto muito." Deu a ele um olhar de desculpas. "Isso tudo é uma responsabilidade muito grande."

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Chegando até uma porta com um teclado, ele parou e se virou para encará-la. "Eu sei que é, mas você vai ter que se acostumar. Todo mundo aqui vai ser muito acolhedor, se você lhes der uma chance. Somos como uma grande família." Ela ia começar a retrucar que já tinha uma família, obrigada, mas algo a deteve. Talvez fosse a bondade em seus olhos, sua sinceridade. Ele tinha estendido a mão para ela, quando não precisava. Ele estava tentando. Ela podia, ao menos, tentar chegar a um acordo com ele. "Não tenho nada contra você ou a Alpha Pack. Apenas contra o Nick." "É aí que o seu pensamento está errado. Se você pretende ferir um de nós, terá que lutar contra todos. Não vale a pena - confie em mim." Com isso, digitou um código no teclado e abriu a porta, gesticulando para ela entrar primeiro. Dando um passo para dentro, examinou seu apartamento. Era mais espaçoso do que pensava que seria, com mobiliário masculino e paisagens de bom gosto nas paredes. Havia uma cozinha que se abria para a sala de estar e um corredor mais além que, presumiu, levava para o quarto. As cortinas estavam abertas, deixando entrar a luz do sol e revelando a linda floresta, não muito longe. "Como o resto deste lugar, isso não é o que eu esperava", disse ela. Ele deu de ombros. "É uma casa. Tem sido por seis anos." "Isso foi quando você se juntou à Alpha Pack?" Ela olhou para ele, curiosa, apesar de si mesma. Ter informações não é uma coisa ruim.

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"Sim. Estou aqui desde que a Alpha Pack foi formada e abrimos o complexo." Levando-a até o sofá, ele se sentou e fez um gesto para que ela fizesse o mesmo. Tomando um lugar ao lado dele, perguntou, com cuidado, "Então meu pai ajudou a construir este lugar?" "Na verdade, não. Nosso primeiro comandante foi um homem chamado Terry Noble. Você conheceu a Dra. Mallory - ela era sua Companheira. Ele e alguns dos outros membros da nossa equipe foram mortos em uma emboscada no ano passado, então Nick assumiu." A tristeza em seu rosto tocou até mesmo o seu coração cansado. Ela odiava o seu pai, mas entendia o Zan por causa do que ela mesma tinha passado. "Sinto muito. Perder a família é difícil." Ele balançou a cabeça. "Obrigado. Houve um pouco de esperança nos últimos meses, quando dois da nossa equipe, que pensávamos estar mortos, foram resgatados das instalações do laboratório sobre o qual estávamos falando. Micah e Phoenix foram encontrados em locais separados, deixando-nos, pelo menos, uma fina esperança que os outros estivessem lá fora, em algum lugar, vivos." "Tudo é possível, por isso não desista de ter esperança." "Você faria bem em usar o seu próprio conselho." As palavras eram gentis, compassivas, não destinadas a machucar ou menosprezar. Mas atingiram seus nervos do mesmo jeito. "Você não sabe nada sobre mim ou sobre a minha situação", retrucou. "A única esperança que tenho é fazer com que meu pai pague pelo que fez, e além disso, não me importo."

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Decepção superou sua compaixão. "Não acredito." "Não dou a mínima para o que você acredita." "Duvido que isso seja verdade." Seus olhos perfuravam sua alma. "Somos companheiros, e já posso sentir sua dor interior. Seu anseio por amor e aceitação." Muito perto do centro do alvo. Muito perto. Desviou os olhos daquele olhar sábio. "Pense o que quiser. Não vou ficar por perto depois que resolver meu negócio com o meu pai." "Você vai partir sem, nem ao menos, dar uma chance ao nosso acasalamento?" Essa pergunta a surpreendeu, enfraquecendo um pouco a raiva, no momento. "Não sei o que você espera que eu diga. Encontrar um Companheiro não estava, exatamente, nos meus planos quando cheguei." Ele deu uma risada tingida com amargura. "E você acha que estava nos meus, descobrir que minha Companheira destinada é uma mulher fria, amarga que fica mais confortável usando antolhos do que enfrentando a verdade?" Sua acusação enviou um rubor de vergonha através dela, que reagiu defensivamente. "Bem, já que não combinamos, não deve ser muito difícil para você me deixar ir, para poder encontrar alguém", disse, friamente. Dentro de si, sua loba rosnou com desagrado diante da ideia, assustando-a. "Talvez devêssemos, apenas, mudar de assunto." "Certo. Sobre o que você quer falar?"

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"Percebi que sua voz é... diferente, e você está sempre olhando para quem fala. Você está com a audição prejudicada?" "Por quê? É um novo ataque contra mim?" Agora, quem estava sendo defensivo? "De modo algum. Só perguntei porque estou curiosa para saber mais sobre você." Ele lhe deu um longo olhar, em seguida, se recostou, aparentemente, decidindo que a questão não tinha o objetivo de ser rude ou degradante. "Fui ferido há algumas semanas, durante uma batalha com um Unseelie, que esteve perto de matar a todos nós. Seu nome era Malik, e era o pai do Kalen e do Sariel. Você não conheceu o Sariel, ainda." Ela digeriu aquilo. "Malik foi aquele que o Ryon mencionou, que tinha laboratórios que estavam fazendo experimentos nas pessoas." "Sim. Ele era um filho da puta fodido e quase levou o Kalen para o seu lado. Seu objetivo era combinar DNA humano com shifter para tentar criar super soldados, uma espécie de produção em massa e dominar o mundo. E ele ficou malditamente perto de ser bem sucedido." "Deus, que horrível!" Tentou imaginar seu clã lidando com esse mal, e se perguntou se estariam preparados para combatê-lo se a situação surgisse. "O pior é que, agora, sabemos que o Malik não era o topo da cadeia alimentar, no controle das regras. Alguém, no governo dos EUA, tem estado por trás de tudo isso e, embora o Malik esteja morto e os

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laboratórios destruídos, quem está mexendo os pauzinhos, criou um enorme problema com vampiros selvagens." "Não posso imaginar alguém tão estúpido a ponto de pensar que pode controlar os selvagens", ela zombou. "Eles não possuem moral, lealdade, honestidade, ou qualquer outra qualidade que os faça respeitar regras. Eles não querem nada além de alimentar sua sede de sangue e sexo, e podem adquirir as duas coisas sem nenhuma ajuda." "Bom, alguém em Washington não recebeu esse memorando, antes deles foderem regiamente com tudo. Agora, temos que descobrir quem é esse alguém e parar não só a ele, mas a última confusão que ele criou, também." Ela balançou a cabeça. "Não invejo nenhum de vocês com esse trabalho." Exceto o pai. Ele merecia essa tarefa e todos os perigos que vinham com ela. "Não vai ser fácil. Quanto a mim, meus dias de combate terminaram, a menos que minha audição melhore bastante." Olhou para longe, para fora da janela. "Quase consegui que o Nix morresse, antes. Por isso, estava lá fora dando uma corrida, quando me deparei com você e o Nick. Estava tentando decidir se queria ir embora daqui." Por alguma razão, a ideia fez seu estômago se retorcer. "Tenho a sensação que dizer adeus à sua equipe não é o que você quer, absolutamente." "Não é." Com um estalo, olhou para ela, os olhos cor de uísque arregalados. "Eu ouvi você dizer isso! Soou fraco, como se estivesse longe, mas, ainda assim, eu ouvi!"

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"Isso é ótimo", disse ela, sorrindo enquanto pegava uma das suas mãos. "Ouvi um pouco quando estava conversando com Nick, também." Ele parecia animado com esse desenvolvimento. "Estou feliz por você. Acha que tem algo a ver com o nosso acasalamento?" "Pode ser. Um forte vínculo entre Companheiros pode fazer maravilhas, talvez por isso possa curar tão bem." "Espero que sim." Mesmo que não permanecessem juntos, se viu imaginando se ele poderia ficar curado. "E se isso não acontecer? Como você se sente sobre estar vinculada a um Companheiro defeituoso?" "Primeiro de tudo, você não é defeituoso", disse ela com firmeza. "Você foi ferido em batalha, enquanto lutava arduamente, e isso é algo que você - e a sua Companheira - devem sempre se orgulhar." "Obrigado", disse com voz rouca. "Acho que a melhor pergunta é como nos sentimos em estar acasalados, ponto, e se queremos fazer uma tentativa de verdade. Sei o que disse antes sobre partir, mas sei, pelo meu clã, que estar acasalado complica um pouco as coisas." Ele ficou em silêncio por um longo momento, antes de responder. "Falando por mim, queria uma Companheira há muito tempo. Alguém especial era para ser só minha, como eu seria apenas dela. Mesmo antes de ser transformado em um shifter, não namorei muito. E, depois de seis anos no complexo, a vida se tornou mais do que um

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pouco solitária." Suspirou. "Não quero mais ficar sozinho e gostaria de ver se podemos trabalhar nisso." Ela ficou em silêncio por um longo momento, antes de responder, com cuidado. "No meu clã, encontrar nosso Companheiro verdadeiro é motivo de comemoração. É considerado um dos maiores eventos que pode acontecer a alguém que nasce com um lobo. Nem todo mundo é abençoado dessa forma e parte de mim é grata por ter acontecido, apesar do modo como me comportei antes." "Mas a outra parte?" "Vou ser honesta, Zan. Mesmo que ocorra um milagre e eu acabe não matando o meu pai, não tenho certeza de que poderia me adaptar aqui." "Justo. Mas você nos faria um favor e manteria sua mente aberta?" Ela olhou para longe, dilacerada. Encontrar um Companheiro era um presente. Mas, podia deixar de lado a vingança pelo seu Companheiro? "Vou tentar. Isso é tudo que eu posso prometer." E isso já era muito. "Então, você vai ficar aqui por um tempo?" "Sim. Não acho que o comandante iria deixar eu sair, mesmo que eu tentasse, o que eu não vou fazer, ainda." Seu tio ia ficar puto quando descobrisse. Não sobre o Zander, mas sobre ela estar perto do Nick por qualquer período de tempo. Ele sorriu, seu alívio evidente. "Isso é tudo que posso pedir. Acho que vou começar lhe mostrando os arredores."

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"Tenho certeza que todo mundo vai me receber com abraços e beijos", disse ela com sarcasmo. "Sim, você tentou matar nosso comandante, que é respeitado e adorado por todos no complexo. Então, tentar fazer isso de novo é, praticamente, quebrar nosso acordo." "Vou tentar me conter - mas apenas por causa de você e do nosso vínculo de acasalamento." Seu tom deixou claro que isso não seria fácil. "Você não vai se arrepender." Não tinha tanta certeza. Mas, por este homem gentil com o qual tinha acasalado, se sentiu compelida a fazer um esforço. Imaginou se era, realmente, vingativa ou estúpida o suficiente para arruinar algo tão valorizado como achar seu Companheiro, em favor de se vingar. Mas, queria respostas. Tinha que obtê-las ou ficaria louca. Esteve alimentando seu ódio por tantos anos, que era muito difícil deixá-lo ir. No entanto, mesmo que pudesse ver que as coisas não eram o que ela sempre acreditou, podia ver que Nick estava preocupado. Esperaria sua vez. E, eventualmente, ia conseguir o que queria seu Companheiro e a verdade.

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Capítulo 5

Desconfortável em falar sobre seu pai, Selene mudou de assunto. "Você tem dois quartos?" "Apenas um, mas eu fico com o sofá. Sem argumentos", falou, quando ela abriu a boca para protestar. "Certo." "Você tem roupas em algum lugar?" "Estava hospedada em um motel na cidade. Minhas malas estão lá." "Vamos dar uma volta, mais tarde, e buscá-las." "Isso é bom. O que faremos agora?" "Quer sair para dar uma corrida, soltar um pouco os nossos lobos? O meu está pronto para se livrar de um pouco da tensão, e aposto que a sua está enlouquecendo, por ter ficado trancada naquela cela. Além disso, temos um tempo antes do jantar e nada melhor para fazer." Ela encolheu os ombros. "Ok." Na verdade, sua loba estava morrendo de vontade de vê-lo em ação novamente, sua grande forma, elegante, coberta de pelos negros. A graça dos seus membros e o cheiro incrível do seu lobo. Lembrou-se de quando ele se colocou entre ela e a equipe, defendendo-a, os dentes

arreganhados,

e

um

espontaneamente, pela sua espinha.

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arrepio

de

prazer

viajou,


Aquilo tinha sido infernalmente sexy. Podia negar um monte de coisas sobre este novo acasalamento, mas o que desafiava qualquer tipo de negação era o simples fato de que o queria. Queria o seu corpo em cima do dela. Dentro dela, tomando o que só o seu Companheiro tinha o direito de tomar. E queria estar em cima dele, também, esfregando os quadris e a bunda nele"Ei, onde você está?" Balançando a cabeça, olhou para ele e sorriu. "Só pensando nessa corrida. Estou pronta quando você estiver." Seguindo-o pelos corredores, fez contato visual direto com cada pessoa que encontrou, não estando disposta a mostrar a menor fraqueza. Estes shifters precisavam saber que ela não os temia ou se preocupava com o seu desprezo. Não queria sua aceitação. A única coisa que importava era encontrar a verdade e fazer seu pai pagar por sua parte na destruição da vida dela. Enquanto observava a bunda do seu Companheiro balançando dentro do jeans, foi forçada a admitir que, talvez, vingança não fosse tudo o que estava esperando. Desde que era seu direito tê-lo, por que não aproveitar? Do lado de fora, levou-a até a borda da floresta, depois mais alguns metros pelo meio do mato. Lá, ele começou a tirar sua roupa, e ela aproveitou para lançar outro longo olhar para o homem que, agora, era dela. Era absolutamente lindo. Sem nenhuma modéstia, se livrou das suas roupas, também, e colocou-as sobre um tronco. Zan a estudou em troca, e ela não pôde deixar de sentir uma onda de orgulho pela chama de calor que surgiu

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nos seus olhos. Ele, obviamente, gostou do que viu e sua loba, praticamente, choramingava por atenção. “Quão rápida é a sua loba?" "Bastante rápida", respondeu. "E o seu?" "Por que não descobrimos?" Ele lançou como desafio, um brilho nos olhos castanhos, em seguida, se transformou. Em segundos, o lindo lobo negro estava diante dela, esperando ansiosamente. Sem ficar para trás, liberou o fluxo da mudança sobre si mesma, também. Sempre acontecia muito rápido e, em poucos segundos, estava ao lado dele, um lobo branco ao lado do lobo de ébano. Imaginou que deviam compor um visual impressionante. Zan partiu com um latido, as patas revirando a terra. Ela saiu correndo atrás dele. Esticar os músculos era uma sensação danada de boa, depois de estar enfiada naquela cela estúpida. Estava contente por ele sugerir isso, porque sua loba precisava. Ela rasgou o chão da floresta, pulando árvores mortas e se esquivando das rochas, no seu encalço. Ele era rápido; admitia isso. Mas estava se segurando um pouco. Ele desafiou um lobo nascido e estava determinada a vencer. Mas ele estava se segurando, também. Assim que ela começou a ultrapassá-lo, ele saltou em uma explosão de velocidade que a deixou comendo poeira, novamente. Merda! Ele estava vários metros à sua frente quando pulou um pequeno riacho, então derrapou até parar do outro lado e girou, sua respiração ofegante, a língua para fora, sua expressão parecendo mostrar um grande sorriso.

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Saltando o riacho, ela caiu sobre ele, levando-o ao chão com um grunhido brincalhão. Juntos, rolaram mais e mais, mordendo e latindo, e foi... divertido. Qual foi a última vez que tinha experimentado isso com alguém do seu clã? Especificamente, um amante? Nunca. Depois da brincadeira, ficaram ofegantes, lado a lado. Aos poucos, a intensidade da disputa começou a acalmar, mudando para uma consciência de si mesmos que ela nunca tinha sentido com mais ninguém. A sensação era de calor e fogo. Excitação. E não apenas qualquer excitação, mas o tipo que incendiava e derretia seus ossos. Pulsava a cada batida do coração. O sangue pulsava em suas veias quando mudou, sem problemas, para a forma humana, rolando para se agachar sobre os joelhos. Estava consciente do olhar dele para a sua forma nua. Luxúria brilhava em seus olhos. "Quero você", ela disse, simplesmente. Ele se transformou, também, e se sentou no chão com uma perna esticada e a outra dobrada, o braço descansando sobre o joelho. Seu pênis se projetava orgulhosamente para o céu, e seu sorriso era feroz. "Então venha me pegar." Arrastou-se até ele e o atacou. Suas bocas se encontraram com um choque de lábios e dentes, e ela sentiu gosto de sangue. Esse não seria um acasalamento gentil, mas o encontro primitivo de duas almas. Dois companheiros lobos, que tomavam o que lhes pertencia. Isso estava muito bom para ela.

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Suas línguas duelaram, provando. Seus dedos encontraram os mamilos dela, puxando e torcendo, elevando sua necessidade até as copas das árvores. Colocando uma palma no centro do seu peito, ela o empurrou de costas e montou sua ereção. "Oh, sim", gemeu. "Foda-me, linda." Ela se abaixou sobre sua vara. Já tão excitada, estava molhada e pronta. Deslizou sobre ele, amando como ele a esticava. Cedendo ao momento, deixou o lado selvagem da sua natureza tomar conta e realizou uma transformação parcial. Ele engasgou quando os dedos na sua cintura afundaram no pelo macio. "Você - você se transformou!" "Só pela metade", corrigiu ela, com a voz rouca por causa da transformação parcial. "É uma sensação boa, não é?" "Sim. Você é linda desse jeito." Sabia que ele estava vendo suas presas alongadas, o pelo branco e macio. Suas garras. "Você pode fazer isso também, e vai ser tão bom. Você já fez desta maneira, antes?" "Não. É melhor para você?" "Não é melhor, apenas diferente. Meio selvagem." Sorriu. "Sabia que o seu pau vai inchar ainda mais dentro de mim, transformando-se pela metade?" "Deus! Quero tentar isso." "É fácil. Basta começar a mudança, mas deixá-la acontecer, apenas, até que você tenha pelo e garras, como eu."

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Quando ela se moveu em cima dele, pelo brotou sob seus dedos, macio e sedoso. Presas cresceram, aparecendo sobre o lábio inferior e os olhos eram os do seu lobo, espreitando. As garras dele se cravaram nos seus quadris, enquanto empurrava. E o melhor de tudo, seu pau cresceu, preenchendo-a quase que demais. Era enorme dentro dela. "Foda-se, sim!" Ela gritou. "Me fode!" Com um grunhido, ele os virou. De repente, ela estava lutando para conseguir se equilibrar sobre as mãos e os joelhos, e ele estava atrás dela, pronto, na sua entrada. Em seguida, penetrou profundamente, enchendo-a completamente, e pensou que ele ia percorrer todo o caminho até sua garganta. Ela gritou seu prazer, enquanto ele a fodia duramente, como um Companheiro lobo devia. Seus quadris eram como um pistão, golpeando-a, o pau acariciando suas paredes, aumentando a velocidade, as bolas batendo contra o seu sexo. Era tão bom, tão desgraçadamente bom. Em seguida, ele enrijeceu e começou a gozar, gritando. O orgasmo dele desencadeou seu próprio gozo, e ela cavalgava, onda após onda de prazer intenso, até que caiu no chão, mole e saciada. Zan se juntou a ela, deitando próximo, de modo que seus corpos se tocavam, mas parando antes de puxá-la para os seus braços. Por ela, estava tudo bem, mas não ia mencionar isso e parecer necessitada. "Nunca senti nada como isso", disse ele, com reverência. "É sempre assim quando nos transformamos pela metade? Espere. Não

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responda isso. Meu lobo não gosta da ideia de você ter feito isso antes." "Gostaria de poder dizer que não fiz", ela disse, e falou sério. "Mas, com lobos já nascidos, é bastante natural ceder à nossa natureza selvagem, de vez em quando. Especialmente com os Companheiros, e você é o primeiro nessa área. E vou te dizer, nada do que aconteceu antes chegou perto de ser tão bom quanto isso!" Ele estufou o peito, com orgulho. "É? Isso é porque sou incrível." Ela bufou, pensando, secretamente, que ele era muito bonito, mesmo. "Vamos lá, Sr. Incrível. Vamos mergulhar no riacho e, em seguida, veja se você pode me acompanhar desta vez." "Ei!" Mudando de volta para a forma da loba, ela correu e ficou satisfeita ao ouvir seu latido atrás dela, quando ele iniciou a perseguição. Se lavaram um pouco, então sacudiram os pelos na margem e correram, novamente.

Passearam

pela floresta,

deixando

seus

lobos

brincarem, até bem depois de escurecer. Até que o estômago dela estava roncando por ter sido negligenciado. Como se sentisse sua fome, ele os direcionou para o complexo. Em uma hora, estavam na margem da floresta, transformando-se e recolhendo suas roupas, para vesti-las novamente. "Estou morrendo de fome", disse ele, vestindo a camiseta. "Você?" "Acho que posso comer." "Perdemos o horário do jantar com todo mundo, mas tenho coisas para fazer sanduíches e batata frita no meu apartamento."

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"Parece ótimo." Na verdade, não estava ansiosa para enfrentar a Alpha Pack, ainda. De volta ao apartamento, ele fez sanduíches de peru em baguetes crocantes, com mostarda suíça picante. Ela comeu como um lobo faminto e depois bocejou, sonolenta. "Foi um dia cheio para você", disse ele, suavemente. "Por que você não se deita e descansa um pouco?" "Ok. E obrigada por esta noite. Eu, realmente, precisava de uma corrida e a companhia não foi tão ruim, também." Ele riu, como ela esperava que faria. "Da minha parte, também. Durma um pouco." Entrando no quarto, tirou a roupa e deslizou sob os lençóis com um suspiro cansado. Mais uma vez, pensou na corrida. E no sexo, extremamente gratificante. Não se sentia tão viva há muito, muito tempo. *** Selene acordou na manhã seguinte, se virou e olhou para o relógio. Quase meio-dia? Tinha dormido quase toda a manhã. Alongando-se, tentou se livrar da preguiça e percebeu que o chuveiro estava ligado. Como Zan ficaria, de pé sob o jato de água, completamente nu? Ainda melhor do que na noite passada no riacho, apostava. Poucos minutos depois, ele saiu do banheiro, uma toalha amarrada na cintura. Olhando para a cama, sorriu. "Bom dia, Bela Adormecida." "Bom dia", resmungou. "Eu acho."

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"Bem, já é quase meio-dia, por isso, tecnicamente, só é manhã por mais alguns minutos. Com fome?" "Ainda não. Só preciso de um banho." "Fique à vontade." Ele apontou para o pé da cama. "Rowan enviou mais algumas roupas. Imaginei que depois de se lavar e estar vestida, podíamos ir ao seu motel e pegar suas coisas." "Tudo bem." Foi bom a outra mulher lhe emprestar mais roupas, mas Selene mal podia esperar para buscar suas próprias coisas. Se apressou em tomar banho, então se enrolou na toalha e secou o cabelo com um secador que encontrou sob a pia. Sendo curto, o cabelo secou rapidamente e, logo, estava vestida. "Estou pronta." Ele a conduziu para fora. Nos corredores, encontraram apenas um par de amigos dele, que aplaudiram Zan pelas costas e atiraram para ela sorrisos idiotas. Isso a irritou e quis enfiar as garras nos seus rostos. Mas se controlou. Podia ser razoável quando tentava. Quando chegaram à garagem, seus pensamentos foram desviados para a visão do veículo para o qual Zan estava se encaminhando. Incapaz de se segurar, ela riu. "O quê?" Lhe atirou um olhar curioso. "Os homens são todos iguais. Seu veículo tem que ser uma extensão do seu pênis." Pensou que ele ia ficar chateado, mas, inesperadamente, sorriu. "Então devo ter um muito grande."

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O riso a pegou de surpresa, sem conseguir se segurar. "Eu vou julgar isso." Uma percepção súbita acertou sua mente, enquanto subiam na caminhonete monstruosa - agora, era a única com o direito de saber quão grande era o Zan. E a ideia de qualquer outra mulher ter esse conhecimento fez sua loba rosnar, com raiva. Era uma sensação estranha. Enquanto ponderava isso, a voz do Zan interrompeu suas reflexões. "Para seu conhecimento, o Nick não fez o que você está acusando. Conheço-o há quase um ano, agora, e é tão honrado quanto qualquer outro que já conheci." "Vai me dizer que há uma explicação para isso, como o seu amigo Ryon sugeriu?" "Há pessoas boas no complexo. Você pode querer ouvir o que elas têm a dizer." Olhou para ela enquanto manobrava o caminhão para fora do hangar. "Você parece uma mulher astuta, inteligente, que toma suas próprias decisões. Tudo o que peço é que observe por si mesma, não pelo que foi dito a você durante anos." Suas palavras a irritaram – provavelmente, porque faziam sentido. Antes de conseguir entrar no complexo, a questão era preto no branco. Agora, sua crença estava sendo colorida por tons de cinza, e não queria mudar seu pensamento. Seria muito doloroso, de outra forma. Ainda assim... Ela não era uma pessoa que condenava injustamente. Droga. Ele se dirigiu para Cody e, enquanto o veículo rugia, aproveitou a oportunidade para lançar olhares de esguelha para o homem que era seu Companheiro. Parecia ficar mais bonito quanto mais o estudava,

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e tinha integridade, em seu benefício. Era corajoso. Gentil. A maioria dos homens do seu clã eram extremamente severos e inflexíveis, mas não este homem. "Como é ser um shifter nascido?" Sua pergunta parecia ter sido arrancada dos seus pensamentos. "Nunca conheci qualquer outra raça, então não tenho certeza de como responder a isso." Pensou por alguns instantes. "Eu cresci de forma diferente das crianças humanas. Não estávamos totalmente isolados do mundo exterior, mas estávamos um pouco protegidos. Temos nossa própria comunidade, escolas, e a lei do clã que é executada pelos machos alfa." "Nenhum ser humano vive lá, afinal?" "Há alguns, mas a maioria deles não sabe o que nós somos. O alfa é muito seletivo sobre para quem contar." "Seu tio é o alfa, presumo." "Sim." Parecia que estava meditando sobre alguma coisa, mas o que estava na sua mente, manteve em silêncio. "De qualquer forma, além disso, há essa coisa de imortalidade." "O quê?" Ele lhe atirou um olhar rápido, desviando, brevemente, os olhos da estrada. "Não é de conhecimento comum, mesmo na comunidade paranormal. Lobos nascidos são imortais. Podemos ser mortos por acidente ou traição, mas diferentemente disso, vivemos por um longo tempo." "Quantos anos você tem?" Perguntou, curioso.

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"Tenho apenas trinta, em anos humanos", disse ela. "Mas não vou parecer muito mais velha do que estou agora, enquanto viver." "Isso é muito útil", brincou. "Sem rugas ou cabelos grisalhos." "Exatamente." "E quanto ao Nick? Quantos anos ele tem?" "Mais de duzentos." Mais velho do que merece existir. "Caramba! Esse é um senhor segredo para guardar. Basta pensar em todas as mudanças que ele viu," Zan ponderou. "A história. Ele está vivo desde que a América virou uma nova nação." "Assim como o meu tio." "Como é o seu tio?" Pensou sobre isso. "Severo. Um defensor das regras e confia em poucas pessoas. Mas é honesto e tenta ser um líder justo." Zan não disse nada sobre isso. Talvez tenha sentido que Damien não tinha sido justo nos assuntos referentes ao pai dela. Não que importasse o que o seu Companheiro ou qualquer um dos seus amigos pensavam. Eles não estavam lá. Quando chegaram à cidade, Selene o guiou até o motel barato onde esteve hospedada. Assim que entrou no estacionamento, Zan torceu o nariz, com desgosto. "Depois de ver este motel, estou feliz por termos tirado você daqui." "Ahhh, eu ia convidá-lo para ficar aqui comigo, em vez do complexo." Diante do seu sorriso, soube que ela estava brincando. "Em um lugar onde as baratas são do tamanho de Dobermans? Eu passo, obrigado."

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Na verdade, estava ansiosa para ver este lugar pelas costas, também. Dentro do quartinho, austero e mofado, reuniu suas poucas coisas, jeans, camisetas, e roupas íntimas na mochila. Alguns produtos de higiene pessoal e o tablet foram os últimos, então estava pronta. "Só isso?" Ele franziu a testa. "Eu viajo com pouca coisa." Antes que pudesse protestar, ele pegou a mochila de cima da cama e a levou para fora. Então, a colocou no banco de trás da cabine dupla e se colocaram a caminho. "Que tal uma bebida?" Por alguma razão, o simples convite a aqueceu. "Claro. Conheço um lugar chamado Grizzly, se quiser ir até lá." "Oh, já estivemos lá algumas vezes." "É, eu já soube." Deus, o sorriso do homem era devastador. Estava disposta a apostar que podia levar mulheres a fazerem o que ele quisesse, apenas lhes dando um sorriso como aquele. Ainda bem que não parecia ser do tipo aproveitador. Ainda era cedo, de tarde, e o Grizzly não estava lotado. Zan estacionou

a

grande

caminhonete

na

parte

de

trás

do

estacionamento e a conduziu para dentro, a mão persistente na parte de baixo das costas dela de uma forma possessiva. Isso a aqueceu, também. Encontraram uma mesa encostada na parede, meio fora do caminho e se sentaram, ocupando assentos opostos, um de frente para o

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outro. Com a sorte que tinha, Jacee saiu de trás do bar para anotar seus pedidos. A mulher lançou um olhar cauteloso para Selene, e não podia culpá-la. Embora gostasse da bartender, Selene tinha sido um pouco... enérgica, a última vez que esteve aqui. "O que eu posso oferecer para vocês?" Jacee cantou. "Cerveja para mim", disse Zan. "Duas." "Já trago." Afastou-se, deixando-os sozinhos por alguns momentos. Um súbito ataque de consciência atingiu Selene, e olhou para o novo Companheiro de forma intensa. "Sinto que tenho que avisá-lo que a Jacee, aquela lá, sabe sobre a Alpha Pack." Isso o chocou. Seus olhos se arregalaram. "O quê? Como?" "Jacee foi a pessoa que me disse que vocês vivem aqui. Ela mantém olhos e ouvidos abertos. E não é uma simples humana, também." "Merda." Olhou para o bar, onde a mulher em questão estava pegando suas cervejas. "O que ela é?" "Coiote." "Droga, nunca senti cheiro algum!" "Isso porque mantém o cheiro dela mascarado. No meu mundo, coiotes são semelhantes aos parasitas. Não que me sinta assim em relação à Jacee, porque não me sinto", disse rapidamente. "Ela é boa. Na verdade, não acredito em menosprezar alguém por causa da sua raça."

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"Estou feliz em ouvi-la dizer isso, porque me sinto da mesma maneira. Nosso mundo já sofre preconceito suficiente, sem shifters participando disso." "Verdade.” O objeto da discussão retornou com as cervejas e as colocou sobre a mesa. "Algo mais?" "Nada para mim, por enquanto", disse Selene. Zan balançou a cabeça. "Talvez mais tarde." Após a bartender sair, Zan falou calmamente. "Por acaso, Jacee costumava sair com o meu melhor amigo, o Jax. Então, quando encontrar o Jax e sua companheira, a Kira, pode querer não mencionar Jacee." "Isso pode ser um pouco estranho. Não se preocupe. Não direi nada." "Obrigado." Tomou um gole da sua cerveja. Ela fez o mesmo e, em seguida, acenou com a mão para ele. "Então, respondi a sua pergunta sobre ser um shifter nascido. Você foi transformado, certo?" "Sim, junto com quase todo o resto da equipe com a qual estou agora. Éramos SEALs e estávamos no Afeganistão quando fomos atacados por lobos selvagens." "Deve ter sido horrível." "Foi. Mais da metade da nossa unidade foi morta." "Você se importaria de me contar a história?" Perguntou. "Vou entender se não quiser compartilhar algo tão pessoal."

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"Vamos continuar a partilhar muito mais do que histórias se eu estiver no caminho certo", falou, com um sorriso. "Então, claro que não me importo." Ela corou até a raiz dos cabelos, algo que não acontecia há muito tempo. Não sendo alguém que se envergonhava facilmente, essa observação, e a pura sexualidade por trás dela, a pegou desprevenida. Em seguida, começou a contar sua história, levando-a de volta para o dia terrível em que a Alpha Pack foi criada - e a vida, como a conheciam, nunca mais foi a mesma. *** Seis anos antes... Zan odiava o Afeganistão. Os dias eram sufocantes, as noites, frias e congelantes. Não haviam coisas como boa alimentação, descanso, ou conforto para o corpo ou a mente. Mal podia esperar para sair deste inferno. Estava contando os dias – mais vinte e oito dias e seus seis anos de serviço se encerrariam. Estaria indo para casa, em Atlanta. Para a cozinha da sua avó, onde iria deixá-la sufocado com todo o amor maternal que tinha faltado nos últimos meses. Inferno, desde que a sua mãe morreu de câncer, anos atrás. Vovó estava sempre lá, o apoiando. Mal podia esperar para lhe dar um grande abraço. E guardar as placas de identificação para sempre.

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"Jesus Cristo, estou nojento", Raven reclamou, coçando a virilha. "Quando, finalmente, trocar essa cueca ela, provavelmente, vai andar sozinha." Micah sorriu. "Com a ajuda dos carrapatos que você pegou daquela prostituta, mês passado." "Cala a boca, pinto pequeno. Ela não me passou carrapatos." Zan riu. As brincadeiras dos seus companheiros eram o único ponto positivo naquilo tudo, o que fazia com que conseguisse passar os longos dias e noites no terreno árido deste país de merda. "Espere", Jax sussurrou, parando abruptamente. Se retesando, estudou a floresta montanhosa ao redor deles e franziu a testa. Zan escutou. Em algum lugar escondido na vegetação, um passo rangeu à sua esquerda. Outro, à direita. E outro atrás. Viu Ryon e Micah trocarem um olhar temeroso. Sabia que essa área devia estar limpa, e não podiam já ter alcançado a fortaleza, o alvo deles. Nesse instante, soube que estavam fritos. Seu inimigo já os tinha cercado. Em seguida, a floresta ficou em silêncio. Nunca, jamais, isso significava uma coisa boa. Porque, quando as criaturas menores ficavam imóveis, significava que estavam se escondendo de algo muito maior e mais faminto do que elas. Tum, tum, tum. O chão tremeu e as folhas balançaram. Zan pensou que já tinha visto e ouvido isto em um filme, há muito tempo atrás. Quando um rugido baixo cortou o ar, Aric saltou, apontando o cano da sua M-16 para as árvores, as mãos firmes, uma gota de suor pingando do seu nariz. "Foda-se", Micah sussurrou. "Que porra é essa?"

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Zan olhou, com um horror estupefato. A coisa que saiu através da folhagem à sua esquerda estava erguida sobre as duas pernas e tinha mais de dois metros de altura. Coberta com uma pelagem espessa, marrom acinzentada, tinha o tronco longo, braços e ombros musculosos e uma cabeça que ostentava duas orelhas eretas e um focinho longo, rosnando, cheio de dentes afiados. Parecia uma criatura metade homem, metade lobo. Ele e a sua equipe a encararam, as bocas abertas, os dedos congelados nos gatilhos. Se a situação pudesse ter sido diferente, o desastre evitado, nunca saberiam, porque seu amigo Jones começou a gritar, bombardeando balas no peito da besta. Depois disso, tudo foi para o inferno, rapidamente. A criatura cambaleou para trás. Em seguida, se recuperou rapidamente, correndo para o Jones. Com um golpe da pata do tamanho de um prato de jantar, o grande bastardo arrancou o pescoço do Jones, jogando-o para o lado como se fosse um galho de árvore. Em seguida, se lançou em cima do Raven, mordendo o vão entre o pescoço e o ombro, enquanto o homem gritava. Eles abriram fogo, exatamente quando várias outras bestas surgiram da floresta. Tornou-se evidente, rapidamente, que, embora suas balas pudessem feri-los, teriam que ter algo com muito mais poder de fogo para matá-los. Viu Aric se agachar e pegar uma granada enquanto seus amigos caíam, todos, em torno dele, travando uma batalha que não podiam ganhar. Aquele que matou o Jones, balançou o Raven como uma boneca de pano e correu em direção ao Aric, que deixou uma granada voar. Ela

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bateu nos pés do alvo e explodiu, mandando a maldita coisa para o inferno. Mas, cada vez mais criaturas tomavam o seu lugar. Micah caiu, a faca na mão, cortando a garganta de uma. Mas outra saltou sobre ele e sua luta foi curta, seus gritos terríveis. Jax foi o próximo a cair, então seu comandante de operações, o Prescott, o Nix, e tantos outros. Todos eles, um por um. Mortos ou morrendo. Enquanto Aric desembainhava a faca para lutar contra uma delas, outra besta se lançou sobre Zan. Lhe acertou com a força de um caminhão desgovernado, derrubando-o de costas, fazendo com derrapasse pelo chão. Rolou, para evitar que as garras o atingissem, mas acertaram seu lado, rasgando sua carne através da roupa camuflada. Não houve tempo para sentir a dor que se espalhava através do seu torso. Continuou se movendo, se esquivando de vários golpes. De repente, ouviu um grito dentro da sua mente. Ajude-me, alguém! Oh, DeusPerto dali, viu o Ryon lutando com uma criatura e perdendo. Teria o apelo vindo dele? Ou foi uma invenção da imaginação exagerada do Zan? A besta mergulhou suas garras no estômago do Ryon e o homem gritou, um som horrível. Aric a despachou, mas podia ser tarde demais. Zan se arrastou para trás, tentando colocar distância suficiente entre ele e a besta para apontar sua arma e atirar. Porém, mal levantou o cano da arma antes da besta arrancá-la das suas mãos. Zan

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rapidamente sacou a faca e partiu para a ofensiva, se lançando ao encontro do corpo do animal em vez de se distanciar. Com um poderoso golpe ascendente, enfiou a lâmina embaixo do osso do esterno da coisa. Cravando-a em ângulo, o mais profundamente possível. O guincho da besta se interrompeu abruptamente, e ela tombou. Zan cambaleou e caiu. Quanto tempo ficou esparramado e sangrando no chão, não sabia. Só sabia que tinha que se levantar. Para usar seu dom em todos que pudesse salvar. Sua consciência não ia deixá-lo fazer menos que isso. Encontrou o Aric, primeiro. Convocou seu dom de cura e o enviou para o amigo. Reparando artérias rasgadas e pele dilacerada. "Vamos

lá,

cara.

Não

morra.

Fique

comigo."

Trabalhou

meticulosamente, exaustivamente, e, quando terminou, queria dormir. Mas havia tantos, ainda, para curar. Se pôs em movimento, rastejando até o Ryon. O homem estava caído no chão, olhando para o céu. Seu peito estava se movendo, mas Zan podia ver a luz fraca nos seus olhos. "Ryon, se segura," ordenou Zan, tocando seu ombro. "Sou um Curandeiro, e você vai ficar bem." Descrença se refletiu naquele olhar solene, normalmente tão cheio de humor e de vida. Ninguém nunca acreditava, a princípio. E então, os poucos que, finalmente, o faziam, como o pai de Zan, o chamavam de aberração e abominação. Diziam que era um servo de Satanás. Se o desgraçado estivesse aqui, saberia como o Satanás, realmente, parecia.

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Enviando seu calor para o Ryon, passou longos momentos curandoo, também. Então, o próximo irmão caído e o próximo. Quando, finalmente, ajudou a todos que podia, seu corpo simplesmente desistiu. Exausto, caiu no chão, convencido que nunca mais ia acordar. E, depois de tudo o que tinha visto hoje, tudo bem por ele. *** “Sinto muito", falou Selene, o coração quebrado por Zan. Por todos eles. Como conseguiram passar por tal horror? Deve ter sido a pior coisa que se possa imaginar. Vidas dilaceradas, famílias deixadas no limbo. "Você conseguiu ir para casa?" Ele assentiu. "Sim, mas durante o tempo que me recuperei e até chegar em casa em Atlanta, descobri que a minha avó tinha morrido, quatro meses antes. Não tinha mais nenhuma família, então vendi sua casa e estava tentando decidir o que fazer com a minha vida, quando o General Jarrod Grant e um shifter chamado Terry Noble apareceram na porta do meu quarto, em um motel. Grant é o contato de alta patente nas Forças Armadas que passa ao Nick nossas atribuições." "Como, quais criaturas paranormais estão causando estragos em algum lugar?" "Exatamente. Quem, onde e o quanto são perigosos. Nós partimos e despachamos o problema. Se achamos que uma criatura ou ser, está apenas confuso ou com medo, nós o trazemos para tentar reabilitá-

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la para o nosso mundo. Como o Sariel e o Chup-Chup, duas de nossas histórias de sucesso." "Chup-Chup?" "Chup é uma pequena criatura, tipo um gremlin, que encontramos em uma caverna, em uma missão. Ninguém sabe de onde ele veio. Costumava ficar em uma cela no Bloco R, mastigando sua corrente constantemente e gritando para sair. Mas ele era muito mau, ninguém conseguia lidar com ele e não podíamos deixá-lo solto." "Isso é tão triste! Onde ele está, agora?" "A companheira do Jax, Kira, veio morar com a gente, e ela tem jeito com aqueles que estão sendo reabilitados. Ela trabalhou com o Chup, conseguiu que confiasse nela e o pequeno se apaixonou por ela. Ele é ótimo e tem, agora, seu próprio lugar. Quando você o conhecer, só não coloque a mão no seu rosto sem deixá-lo cheirar você primeiro ou pode perder um dedo." "Humm, nada com que se preocupar." Não fornecer um dedo como lanche para o gremlin - ok. "E quanto ao Sariel? Você disse que é irmão do Kalen, certo?" "Meio-irmão, mas é. Também é um príncipe Seelie", disse o Zan. "Seelie, como os Fae?" Seus olhos se arregalaram. "Nunca conheci um, na vida real!" "Bem, vai conhecer. Seu apelido é Blue porque o seu cabelo e as asas têm aquele tom azul igual ao de uma safira. Ele é muito literal, não entende um monte de gírias e termos humanos. Nos divertimos muito com ele, que é, realmente, um grande cara. Você vai gostar dele e do Kalen."

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"Vou deixar de lado meu julgamento sobre o Feiticeiro, por enquanto", disse secamente. "Ele apareceu na minha cela, basicamente, para me informar que estava sendo vigiada e que se eu colocasse um dedo do pé fora da linha, me transformaria em uma lesma. E acredito que um saleiro foi mencionado, também." Zan realmente rosnou, o que achou engraçado. "Ele não vai tentar qualquer coisa semelhante, ou vai se ver comigo." Alcançando o outro lado da mesa, ela afagou sua mão. "Ele estava brincando. Eu acho. De qualquer forma, não vou testar minha sorte perto dele." Seu toque, e seu conforto, pareciam tê-lo acalmado. Com o contato, a ligação dourada entre eles, cantou. Era quase uma coisa viva, cantarolando com eletricidade, ateando fogo ao longo das suas terminações nervosas até a parte mais primitiva dela. A loba dentro dela se agitou, retumbando em necessidade. Ambas o queriam de novo, senti-lo como fizeram antes. Seu pênis enterrado dentro delas, tomando o que era dele. Mal podia esperar para sair daqui. Terminaram suas cervejas e acenaram um tchau para Jacee, que sorriu quando saíram. Pensou sobre a coiote tendo um caso com o melhor amigo do Zan e se perguntou como se sentiria se conhecesse alguém que tinha dormido com o seu Companheiro. Sua loba rosnou, deixando-a saber que ela rasgaria a garganta da puta. Acho que tive a resposta para essa pergunta. De volta à caminhonete, pulou no banco do passageiro. Ele não ligou o motor, entretanto, então olhou para ele, esperando. Lentamente,

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se virou para encará-la. Estendeu a mão e passou o dedo pelo rosto dela. "Você é muito bonita", falou, com voz rouca. Seu coração fez uma estranha dança dentro do seu peito. "Mesmo tão agradável de ouvir, estou surpresa por você me elogiar." "Por quê? Por ter atacado o Nick?" "Essa é uma razão suficientemente grande, não acha?" "Sim. Mas existem circunstâncias atenuantes. Nós dois sabemos disso, e estou disposto a apostar que a sua perspectiva vai mudar." "Você tem muita fé." "Curandeiro. É um risco ocupacional." Com isso, se aproximou. Colocou uma mão atrás da sua cabeça e a puxou para beijá-la. O cheiro dele era tão bom, quente e picante, que inalou sua essência, faminta por ter mais dele. "Se importa de irmos para um outro lugar?" Ela respirou fundo. Seu corpo estava sob uma queimadura constante para prová-lo, saborear sua pele. "Vamos." Desejo obscureceu seus olhos castanhos, e ligou o caminhão. Mesmo que tenham estado juntos na noite passada, mal podia esperar para tê-lo novamente. Em segundos, estavam na estrada, e ela sentiu um arrepio de excitação. Estava com o seu Companheiro e, apesar de estarem, apenas, começando a conhecer um ao outro, seus encontros não eram somente uma foda entre estranhos que iam seguir caminhos separados. Isso a agradou intensamente. Ele era dela.

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Enquanto aproveitava o passeio, algo lhe ocorreu. "Sua voz! Não está mais uniforme. Você pode ouvir, não pode?" Olhando para ela, balançou a cabeça e lhe deu um grande sorriso. "Posso. Não ia dizer nada, ainda, porque estava com medo de que não fosse permanente, mas se você percebeu, talvez seja real. Estive pensando que pode ter algo a ver com você ser uma shifter nascida. Acho que o acasalamento teve um ótimo efeito físico sobre mim." "Espero que sim. Nada me deixaria mais satisfeita do que o nosso vínculo te curar." "Você fala sério." Não era uma pergunta. "Falo." Ele dirigiu até que chegaram a uma estrada lateral que conduzia à floresta, uma estrada do condado não muito explorada, dada a sua aparência. A caminhonete deu uns solavancos por mais alguns minutos e ele, finalmente, parou em uma pista estreita, que era pouco mais que um caminho de terra. No fim, a pista se tornou um prado bonito com uma vista fantástica sobre os picos cobertos de neve das Montanhas Rochosas e da Shoshone, abaixo. "Lindo", ela suspirou. "Há vários locais para estacionar em volta, não que eu tenha trazido mulheres aqui, muitas vezes. Quero dizer, raramente." Suas bochechas ruborizaram. "Talvez seja melhor parar com as mentiras enquanto está ganhando. A parte sobre não haver muitas, quero dizer." "Não houve!"

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"Se você diz." "Você já ficou em um estacionamento?" Contrapôs. "Invoco o direito de permanecer calada." "Claro. Imaginei que sim." Desta vez, ela o silenciou, iniciando o beijo. Sua boca era gloriosa, firme o suficiente, feita para ser beijada. Ele devorou sua boca, deslizando a língua para dentro, acariciando em todos os lugares. Deixando-a louca. Podia imaginar quão bem se sentiria, se ela a lambesse em outro lugar. "Mesmo que tenha sido na noite passada, parece que já faz muito tempo", ela murmurou. "Eu preciso." "Para mim, também. Deixa eu te provar?" "Por favor." Erguendo a camisa, ele estendeu a mão para o fecho frontal do seu sutiã. Pressionou-o para abrir e deixou seus seios se derramarem, livres. Apenas com isso, seu sexo já estava latejando. Shifters nascidos eram criaturas altamente sexuais, e estava feliz que Zan também era. Não eram tímidos sobre seus corpos, especialmente quando encontram seus Companheiros. Podiam não se conhecer muito bem, mas isso não iria impedi-los de torrar os lençóis. Inclinando-se, ele tomou um mamilo na boca e o chupou até endurecer. Pequenos choques passaram por ela quando repetiu a atenção no outro mamilo. Em seguida, voltou para o outro mamilo, novamente. Justamente quando pensou que ficaria louca de desejo, ele mudou seu foco para abrir o zíper do seu jeans e puxá-lo pelo seu

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quadril. Deslizando a mão pela frente, a espalmou sobre os cachos sedosos e pálidos. "Humm. Não consegui ver como você era aqui, ontem à noite, com sua meia transformação. Apenas do jeito que eu gosto, um triângulo aparado, mas nua onde importa." Ela adorava a maneira como um sexo depilado intensificava o prazer e estava feliz por ele gostar disto. Suas pernas se abriram para ele, que mergulhou entre elas, acariciando seu clitóris e mergulhando um dedo no seu canal. "Tão bom." "Vamos tirar isso, querida. Quero que você me monte." Tirar a calça jeans dentro de uma caminhonete não foi fácil, mas, pelo menos, a cabine era grande. Em pouco tempo, estava nua da cintura para baixo, e ele também. Olhou para as coxas magras e poderosas. E para o pelo aparado, com o pau que se projetava, orgulhoso, dos cachos, como um ponto de exclamação. Tinha, pelo menos, vinte e cinco centímetros, avermelhado, roxo e deslumbrante. As bolas pesadas logo abaixo, repousando sobre o assento de couro. Reclinando o assento do motorista, gesticulou para o seu colo. "Suba a bordo, querida. Me leve para um passeio." "Com prazer." Movendo-se sobre ele, o montou. Posicionou a cabeça do seu pênis na entrada das suas dobras. Aos poucos, se sentou, ajustando-se com sua largura. Nunca se sentiu tão esticada, tão cheia. Momentos depois, ele estava enterrado profundamente dentro dela, até a base.

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Nunca houve nada tão bom quanto esta conexão. O fio do seu vínculo brilhava, quase em aprovação. "Foda-me, querida", ele implorou com a voz rouca. Ela começou a bombear em seu comprimento. Para cima e para baixo, espalhando seu creme no seu pênis. Amando os gemidos dele e os seus próprios, enquanto acrescentava sons de prazer aos dele. Muito em breve, uma aceleração familiar começou em seu sexo. O calor latejante tornou-se demais, e ela gritou seu clímax, seu canal convulsionando em torno do seu comprimento. Isso desencadeou seu orgasmo, e ele se juntou a ela, as mãos grandes espalmadas em torno da sua cintura, ajudando-a a montálo, socando-a sobre o seu pênis. Quando estava exaurido, beijou seus lábios e a segurou junto dele por um longo momento. Ele gemeu. "Acho que devemos voltar à realidade." "Por quê?" "Boa pergunta. Mas estou com medo das pessoas sentirem nossa falta, e nos encontrarem assim, exaustos por causa dos múltiplos orgasmos." Rindo, saiu do seu colo. Estava confusa e enfiou a roupa rapidamente, para evitar estragar o seu assento bonito. Ele fez o mesmo, em seguida, beijou-a mais uma vez, como um bônus. Selene se encontrou desejando que pudessem, simplesmente, ir embora. Deixar seu pai e a Alpha Pack para trás e esquecer tudo isso. Mas prometeu tentar dar uma chance a isto, e o faria. Como disse, ela era uma loba de palavra. E havia coisas piores do que perder momentos como este, com Zander Cole.

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Capítulo 6

Agora o teste ia começar. Zan dirigiu de volta para o complexo, sabendo que a vida por lá estava, realmente, prestes a mudar. Para si mesmo, pelo menos. Sabia que os outros iam ter cuidado com sua Companheira, no início. Alguns, como o Ryon e o Aric, podiam até ser um pouco hostis. Mas ia funcionar. Tinha que. Contanto que sua audição estivesse, realmente, de volta, queria desesperadamente permanecer com a Alpha Pack, ser um membro produtivo da sua equipe e, para isso, sua Companheira tinha que ser parte do seu mundo. Se ela não pudesse ou não quisesse ficar, que diabos ele faria? Teria que seguila. Mas não queria pensar nisso, agora. Depois que estacionou, deu a volta até o lado dela e a ajudou a descer. Ela olhou para ele como se nenhum homem tivesse feito isso antes, e ouvindo-a falar do seu clã, não ficou surpreso. Estendeu a mão e ficou satisfeito quando ela aceitou, apertando os dedos em torno dos dele. "Com fome?" "Faminta. Mas estou nervosa, também, então não sei como a comida vai assentar." "Tudo vai ficar bem. Não se preocupe."

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Ela não parecia convencida. Não foi até chegarem à sala de jantar que ele compreendeu o seu nervoso. Ninguém foi rude ou totalmente hostil, mas... eram, normalmente, tão abertos e amigáveis, enquanto hoje foram reservados e vigilantes. Ele e Selene tomaram seus lugares em uma das mesas de jantar em estilo familiar, e ninguém se sentou com eles. No início. Estavam enchendo seus pratos com espaguete quando uma sombra caiu sobre a mesa. Zan quase gemeu quando olhou para cima, para ver o Belial ali, de pé, com expectativa, como se esperasse um convite para se sentar. "Belial", falou ele em saudação. Não era o mais amigável, mas tinha muita história com a equipe. Era sedutor, manipulador. E se os rumores fossem verdadeiros, tinha uma história muito triste. "Zan! Posso me sentar com vocês?" Ele parecia tão esperançoso. Zan suspirou. "Claro." O recém-chegado se sentou e pegou um prato. Selene, que estava observando-o com interesse, disse: "Você não vai me apresentar?" "Belial, esta é a minha Companheira, Selene Westfall. Selene, Belial." "Prazer em conhece-espere um segundo. Westfall? Como o nosso comandante, o Nick?" "Sou sua filha", disse ela, um pouco breve. "E você? Você não é um lobo." "Não. Sou um shifter basilisco." Balançou as sobrancelhas escuras. "Assustada, agora?"

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"Deveria estar?" Ela parecia imperturbável diante de um dos mais raros e mais mortais tipos de shifters sentado com eles, calmamente comendo o macarrão. Belial considerou isto. "Provavelmente, comparado a outros como eu, considerando a coisa do veneno mortal. Mas no meu caso, estou reabilitado. Tomei minhas vacinas contra raiva e tudo mais. Saí do Bloco R há algumas semanas atrás." "Parabéns." Ele sorriu para ela. "Obrigado. O que você faz?" "Fazer?" Ela olhou para ele, confusa. "Você sabe, no seu clã." "Oh! Sou uma executora, ou eu era. Isso foi antes de deixar o meu tio, nosso Alfa, sem dizer para onde estava indo e por quanto tempo." "Manchete - Alfas não gostam quando suas melhores pessoas desaparecem. Especialmente se são da família." "Não me diga. Tenho que ligar antes que passe muito tempo." Fez uma cara que disse, sem palavras, o que sentia diante dessa tarefa. "Quais são seus planos?" Perguntou o basilisco entre as mordidas no espaguete. "Ficar um pouco, tentar me encaixar." O jovem shifter piscou. "Se encaixar entre desajustados? Essa é boa!" Selene riu. "Faz sentido." "Bem, olá", disse uma voz cálida e amigável para Selene.

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Olhando para cima, ela sorriu. "Você deve ser o Blue - quer dizer, o Príncipe Sariel." "Vejo que sou famoso", disse ele, bem-humorado, inclinando-se sobre o Belial. O basilisco se afastou, lançando um olhar nervoso para o Blue. Assim, apesar do quanto Belial era raro e perigoso, Blue, um Fae de onze mil anos de idade, era ainda mais. "É claro que você é famoso. Você é da realeza, afinal de contas." Um pouco do humor do Blue enfraqueceu. "Costumava ser, mas não sou mais." "Sinto muito", disse a ele, simpatia estampada em seu rosto. "Não tem importância. Pelo menos, não tenho mais todas aquelas reuniões chatas do Conselho." Comeram em um silêncio amigável, ou melhor, todos comeram, exceto o Blue. O príncipe só empurrou o espaguete ao redor do prato, comendo ocasionalmente para ser educado. Zan sabia, porque via o ato de tempos em tempos. "Você não come muito." Selene estudou seu prato. Ele deu de ombros. "Não tolero a comida deste mundo, muito bem. Mas Melina pode ter, finalmente, descoberto o porquê." "Ei, isso é uma boa notícia. Certo?" Zan perguntou, quando Blue não respondeu. "Talvez. Ela diz que acha que o problema é psicológico. Que decorre da falta que sinto da minha família no reino dos Seelie." "Como tristeza ou depressão?" Zan franziu a testa. "Suponho que sim. Quem sabe?"

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"Se for esse o caso, o que ela pode fazer para ajudá-lo? Dar-lhe alguma medicação?" "Não, sem saber como os medicamentos humanos vão me afetar. É claro que o melhor remédio seria encontrar uma maneira para eu visitar meus irmãos, ou para eles virem até aqui. Talvez Kalen e eu sejamos capazes de descobrir como abrir um portal como aquele em que eu vim, em primeiro lugar." Isso não parecia provável, porém, um fato que se refletia no rosto triste do Blue. Todo mundo odiava vê-lo para baixo, especialmente o Zan. Era um curandeiro, mas não conseguia consertar corações partidos. Outro visitante chegou. Parecia que o grupo, finalmente, tinha deixado a curiosidade e sua cordialidade natural superar suas reservas. "Olá, eu sou Kira, a companheira do Jax", disse a pequena loira, estendendo a mão. Selene a tomou, e elas apertaram as mãos. "Sou a companheira surpresa do Zan, Selene Westfall." "Oh, nós ouvimos sobre isso." Ela sorriu. "Só queria recebê-la e deixá-la saber que nós, meninas, gostamos de nos reunir com um copo de vinho, de vez em quando, com exceção da Mac, é claro - ela só toma suco e leite nos dias de hoje. De qualquer forma, queremos saber se você gostaria de vir no nosso próximo encontro." Selene olhou para Zan, que balançou a cabeça em encorajamento. Percebeu que ela estava hesitante. Não conhecia ninguém aqui, então tinha que saber se a oferta era sincera. De repente, lembrou

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que deviam ser capazes de conversar com a mente, agora que estavam acasalados, e tentou fazê-lo. Você pode confiar nessas mulheres, Selene. Elas nunca fariam nada para prejudicá-la ou humilhá-la. Seu rosto refletia surpresa e, se não estava enganado, prazer. Se por causa da nova forma de comunicação ou pela informação em si, não sabia. Você acha? Sim, com certeza. Se elas a estão convidando para o seu círculo, aceite. Certo. Vou confiar na sua palavra. Ela confiava na palavra dele. Gostava disso, e o seu lobo também. "Obrigada, gostaria de me juntar a vocês", disse ela para Kira. Seu sorriso não chegou aos olhos, por enquanto ainda não queria baixar a guarda, mas estava fazendo um esforço. Zan imaginava se parte dela tinha estado faminta por esse tipo de companheirismo com os amigos. Considerando-se o que lhe contou sobre seu clã de nascimento até agora, não ficaria surpreso se as pessoas, simplesmente, não fossem calorosas e agradáveis. Kira voltou para sua mesa, e Zan a viu, discretamente, cutucar seu companheiro nas costelas. Ele resmungou, franziu a testa, mas em seguida, se levantou e percorreu o caminho até onde eles estavam. Zan sabia que aceitar Selene seria mais difícil para os homens da equipe, do que para as mulheres, porque ela tinha tentado prejudicar o Nick. O gesto do Jax ia demorar bastante até chegar no resto dos

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caras. Mas ainda doía um pouco, saber que ele precisava de um empurrão da Kira para oferecer o cachimbo da paz. "Sou Jaxon, o companheiro da Kira", disse a ela. "Jax é um Guardião do Tempo e um RetroCog", Belial explicou, solícito. "Não é legal? Todos eles podem fazer coisas legais. Aric pode mandar tudo à merda com chamas, e é um Tele cinético, o Ryon é um Canalizador, que fala com pessoas mortas, Hammer é um Rastreador, Kalen um Feiticeiro e Necromante e o Micah é um Andarilho dos Sonhos, então-" "Belial", Jax interrompeu. Arqueou uma sobrancelha, e o basilisco desanimou. "Oh. Desculpe." Com um suspiro, Jax voltou sua atenção para Selene. "De qualquer forma, apesar do começo difícil, espero que você encontre um lugar aqui, com o Zan. Ele é meu melhor amigo e um grande cara, e você poderia ter um destino pior do que estar amarrada à sua bunda." "Obrigada, eu acho." Zan fez uma careta para ele. "De nada." Com um aceno de cabeça para Selene, voltou para sua mesa. Como Zan esperava, o gesto do Jax fez o resto dos caras e suas companheiras virem dizer olá. Kalen, Mac, Ryon, e a Daria ela já tinha conhecido, mas foi cumprimentada pela Rowan, Aric, Micah, Hammer, Nix, A.J. e o Noah. Depois que tinham ido, o Belial continuou a ser, feliz, uma fonte de informações.

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"Aí estão todos, exceto o Raven DeLuca", disse, tirando a franja do rosto. "Ele está preso na sua forma de lobo e relegado no Bloco R, talvez para sempre." A luz pareceu esmaecer no rosto dela. "É aquele que está uivando e rosnando lá embaixo?" "O mesmo. Ele era um SEAL da unidade do Zan. Certo, Zan?" "Sim. Depois que fomos transformados no Afeganistão, ele mudou de forma no hospital e nunca mais voltou à forma humana, o pobre coitado. Está praticamente louco. É tão ruim, que os médicos podem ser capazes de não deixar ele ir para o novo prédio, que está quase terminado, para os moradores que precisam de cuidados especiais. Estão tentando trabalhar com isso." "Isso é horrível!" Ela engasgou. "Será que sabem por que ele ficou preso?" Belial balançou a cabeça. "Não. E não foi por falta de tentativas de curá-lo. Até mesmo o Zan tentou, e nada aconteceu. Esse lobo está totalmente bagunçado na cabeça." Selene se recostou na cadeira e ficou em silêncio por alguns instantes. Finalmente, disse, "Tudo bem. O Raven foi transformado durante a luta com os lobos selvagens." "Sim", afirmou Zan. "E, então, foi para o hospital, onde estava se recuperando, pelo menos, à primeira vista?" "Correto." Ela ficou em silêncio novamente. "O quê?" "Sei que sou apenas uma novata, mas seria possível eu ver o Raven?"

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Todos os instintos protetores do Zan subiram à tona e sua reação foi rápida. "Absolutamente não." Isso lhe rendeu um olhar perigoso. "Quer tentar isso de novo, em um tom diferente?" Merda. "O que quero dizer é, Raven é extremamente instável e muito perigoso. Tanto que ninguém pode chegar perto o suficiente ou mesmo tocá-lo. Sedativos não funcionam nele, também. Assim, está preso na sua miséria, e seis anos desse inferno o deixaram louco. Então, prefiro que você fique longe dele. " "Mas, e se eu puder ajudar?" Piscou para ela. "Que luz você poderia lançar sobre a sua condição que ninguém mais foi capaz?" "Oh, homens de pouca fé", brincou. "Não se esqueça, meu clã é diferente do que vocês estão acostumados." "Então?" "Alguma vez já lhe ocorreu que eu possa ter visto algo assim, antes?" Seu coração acelerou, e esperança floresceu. "Você pode, realmente, ajudá-lo?" "Devo esclarecer que não sei se posso ajudá-lo fisicamente, mas poderia saber o que há de errado com ele. Me dê uma chance de conhecê-lo. Se eu estiver certa, os médicos vão ter, pelo menos, um novo caminho a seguir." "Certo. Vamos falar com a Mac e a Melina, ver o que podemos fazer." Sério? Não queria ela em qualquer lugar perto do Raven, o pobre lunático. Mas, se realmente poderia lhes dar uma ideia do que havia de errado com o seu amigo abatido, tinha que deixá-la tentar.

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Finalizando sua refeição, se dirigiram para a mesa da Kira, já que estava no comando da reabilitação e da construção - em breve seria inaugurado - do Santuário. Selene, rapidamente, lhe deu o resumo da sua conversa sobre o Raven e Kira ficou animada. "Vamos lá", disse, levantando-se, a refeição esquecida. "Vamos falar com a Melina sobre isso." Jax não estava disposto a deixar sua Companheira ir a qualquer lugar perto do Raven sem ele, também, então, os quatro caminharam, rapidamente, para a enfermaria. Mas a doutora não foi fácil convencer. "Não. Não posso arriscar nosso próprio pessoal ficar perto dele, muito menos uma recém-chegada." "Apenas alguns momentos?" Selene suplicou. "A história que o Zan me contou se assemelha muito com algo que aconteceu com um dos próprios membros do meu clã, há alguns anos. Se estiver certa, isso vai lhe dar uma direção para ajudar com a sua cura." A pequena doutora estava cética. "Estivemos estudando-o por seis anos e-" "Sem sucesso. Então, o que custa?" "Ele é perigoso." "Está contido?" “Sim, mas-" "Cinco minutos. Por Favor?"

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"Droga". Quando Melina soltou um suspiro, sabiam que Selene tinha vencido. "Bem. Cinco minutos, embora não saiba o que pode ser feito neste tempo." Levantando-se, Melina saiu de trás da sua mesa e os levou para fora da enfermaria. No final do corredor até o Bloco R, o lugar mais árido do prédio. Zan estava feliz que o novo Santuário seria muito mais acolhedor do que este lugar. Um ambiente melhor para os moradores. Assim que passaram pelas sólidas portas duplas sólidas do bloco, o uivo assaltou seus ouvidos. A tristeza do Raven era de cortar a alma, e Zan odiava cada vez que tinha vindo aqui para falar com o Raven, que nunca pareceu ouvi-lo. Chegaram na cela correta e Melina digitou um código no teclado ao lado da porta. Ela se abriu e ela entrou primeiro. Zan e os outros a seguiram, mantendo uma distância respeitosa. O uivo parou, mas o grande lobo negro na frente deles começou a emitir um rosnado, baixo e ameaçador, que retumbava em seu peito como um trovão. "Ei você aí, lindo", Selene cantarolou, se abaixando. Fazendo-se menos ameaçadora quanto possível, enquanto o lobo continuava a rosnar, de cabeça baixa. "Você não é um menino grande e bonito? Está sozinho aqui? Claro que está. E se eu lhe disser que entendo? Que vamos fazer tudo ao nosso alcance para encontrá-la?" Com isso, pela primeira vez que Zan se lembrava, Raven parou de rosnar. Completamente. Olhou para Selene, direto nos seus olhos. E, incrivelmente, deu um gemido suave.

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"Puta merda", Zan sussurrou. "É isso aí." "O quê? O que está acontecendo?" Melina exigiu, seu olhar saltando entre Zan, Selene, e o Raven. Ainda abaixada, sem tirar os olhos do Raven, ela falou, "Quando um lobo nascido fareja seu companheiro, se não a reclamar dentro de um determinado período de tempo, vai adoecer e morrer. Estou assumindo que é o mesmo com shifters transformados?" "Sim, na medida em que fomos capazes de discernir", disse Melina lentamente. "E?" "Eu já vi isso antes, com um membro do nosso clã." Ela se levantou, afastou-se do Raven com cuidado, e, em seguida, encarou a médica. "Alguma vez, já se perguntou o que acontece quando o shifter não pode reivindicar o seu companheiro, mas não morre?" Compreensão apareceu. A expressão atordoada do Zan espelhou a de todos os outros. "Oh, Deus." "Aqui está o que eu acho que aconteceu - no hospital, Raven sentiu sua Companheira. Possivelmente, até a conheceu. Mas ele estava de cama, se recuperando do seu ataque. Como um novo shifter, não tinha controle sobre as reações do seu corpo. Não poderia reclamála, mas por alguma razão, não morreu." "Por que não?" "Não faço a mínima ideia, mas já vi isso acontecer, algumas vezes." "E quando seu lobo assumiu, foi à loucura", Zan terminou, em um sussurro. "Exatamente. Até que localizemos esta mulher, ele vai permanecer nesse estado." Olhou para Melina.

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"Será que ele tem alguns pertences? A roupa que ele usava antes de entrar no hospital? Algo que possa ter o cheiro dela?" "Algumas das coisas dele ainda estão em um dos armários da enfermaria!" Gritou Kira. "Vou pegar o saco." Saiu correndo. Zan, Selene, Melina, e o Jax ficaram observando o Raven, que estava ficando agitado novamente. Começou a andar, puxando a forte corrente no pescoço que lhe permitia algum movimento, mas evitou alcançar seus visitantes e rasgá-los em pedaços. Depois de alguns minutos, Kira voltou com um saco plástico, que os hospitais usam para armazenar as coisas de um paciente. Movendo-se o mais próximo do lobo quanto ousava, Kira abriu o saco, despejando o seu conteúdo. Imediatamente, Raven se lançou sobre os itens, fuçando-os com o nariz. Farejando, seu corpo vibrando com empolgação. A camiseta, as botas, as calças camufladas, a placa de identificação. Mas foi a bata do hospital, claro, que provou ser o item que ele estava procurando. Eles olharam com espanto, quando ele pegou a bata com os dentes, levou para um canto da sala, deixou cair o artigo e, em seguida, fez dele sua cama. Se acomodou com um suspiro, a expressão quase triste. Em seguida, fechou os olhos e dormiu. "Porra," Jax exalou. "Sua Companheira deve ter estado próxima a ele no hospital, tocou sua roupa. Pode ter sido uma médica ou enfermeira, ou uma voluntária." A garganta do Zan ameaçou se fechar com a visão lamentável diante deles. "Todo esse tempo. Todos esses anos, estava ficando louco pela sua Companheira. Bastou o cheiro dela para acalmá-lo."

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"Talvez, agora, ele vá dormir regularmente", disse Melina, os olhos úmidos. "Se ficar calmo, podemos ser capazes de alcançá-lo, eventualmente. Selene, não sei como lhe agradecer por isso." Rubor coloriu suas bochechas. "Não foi nada. Como disse, já vi um caso como este antes. Espero que este acabe por ter um final mais feliz do que o outro." Todos ecoaram esse sentimento. Saíram para o corredor e seguiram caminhos separados. Zan tomou a mão da sua Companheira enquanto caminhavam. "Fez um bom trabalho. Talvez Raven tenha um pouco de paz, enquanto tentam localizar sua Companheira." "Não sei. É óbvio que está muito machucado por dentro. Minha loba estava muito sensível ao seu sofrimento." "Mal posso imaginar quão horrível seria, estar preso, assim. Fora de si, fora de controle, e não ser capaz de verbalizar o que está errado." "É difícil de testemunhar - isso é certo." "O que aconteceu com aquele lobo sobre o qual você falou, o que também ficou preso?" Sua voz era triste. "Sua Companheira estava morta, e não havia esperança na sua recuperação. Ele foi sacrificado com uma injeção letal." "Isso é horrível. Meio que faz você apreciar o que tem, não é?" Ela arqueou as sobrancelhas para ele. "Suponho que isso foi dirigido a mim? Isto coloca as coisas um pouco mais em perspectiva."

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"Então, apesar de como nos conhecemos, você não se arrepende de ter acasalado comigo?" Ela sorriu. "Isso ainda vai ser avaliado. Não seja arrogante." Ele bufou uma risada, seu espírito elevado. Ele a levou através da sala de recreação, ignorando o Micah e o Blue, que o chamaram para jogar hóquei. "Idiotas", Aric falou, sarcasticamente. "O homem não vai querer jogar hóquei com vocês, palhaços, quando tem uma Companheira nova." Zan apenas balançou a cabeça e continuou andando, os assobios e comentários obscenos em sua volta, fazendo-o inflar um pouco. Tinha uma companheira e uma, realmente, bela. Deixe-os provocar. Os caras acasalados sabem em primeira mão quão emocionante esse tempo era para ele e para o seu lobo, e os solteiros desejavam ter. Era a sua vez. Lá fora, sua Companheira olhou em volta. As estrelas estavam à vista, brilhando no céu claro. O ar estava fresco, fazendo seu lobo querer sair e brincar. Mais tarde, disse a ele. "Aonde estamos indo?" "Vou te mostrar." Ele a levou para o prédio que estava quase terminado, a uma curta distância do prédio principal. Eram vários andares de tijolo em tons de terra e janelas de vidro do chão ao teto. "Este é o novo centro de reabilitação?" "Sim. Legal, não é? " "Muito. Mas como é que esta nova construção não vai atrair a atenção das pessoas de fora?"

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"Todo o complexo da Alpha Pack é camuflado com um dos feitiços do Kalen, para maior privacidade. Nenhum ser humano poderia vêlo, mesmo se tentasse." "Ah, o feitiço. Certo. Essa é a razão pela qual não fui capaz de chegar perto do edifício principal quando estava observando, antes. Isso foi obra do Kalen." Não queria ter uma outra discussão sobre o motivo pelo qual ela veio. Em vez disso, fez um gesto para a nova estrutura. "Quer ver por dentro?" "Adoraria." Todos tinham o seu próprio código de segurança, de modo que Zan digitou o dele no teclado perto das portas principais. Elas abriram com um zumbido audível e um clique, então girou a maçaneta, levando-os para dentro. Então, acendeu uma luz, que iluminou a grande entrada. "Oh! Isso é lindo", ela se entusiasmou. Caminhando até o balcão da recepção, ela passou a mão sobre a bancada de mármore. "Este é um lugar enorme, bem maior do que eu imaginava. Meu pai vai contratar mais pessoas para lidar com essa carga?" "Sim, sem dúvida. Haverá uma recepcionista ou duas, além de, pelo menos, mais um médico, o qual a Mac e a Melina serão responsáveis pela contratação. Noah vai começar a contratar mais enfermeiros, e o Nick e a Mac vão contratar, pelo menos, um conselheiro exclusivo. A maioria dos funcionários serão seres paranormais." "Por quê?"

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"Por duas razões. Uma delas, vai deixar os moradores mais confortáveis ao saber que existem membros no funcionamento da sociedade que são paranormais, como eles. Vai lhes dar esperança e um bom exemplo. A segunda razão, mais prática, é que nós queremos o menor número de seres humanos possíveis tendo conhecimento do nosso mundo." "Entendo. Isso faz sentido." "Deixe-me mostrar-lhe o resto." Ele a levou através do piso inferior em primeiro lugar, mostrando-lhe as várias salas de exames, áreas de recreação, cozinha e sala de jantar e aconselhamento. "Os moradores serão capazes de comer aqui e aprender a interação social antes de serem liberados para conviver em sociedade", explicou. "Vão ter uma noção de normalidade, o que irá construir sua autoestima." "Isso é tão impressionante. Que grande coisa eles vão fazer aqui." "Vamos subir." Entraram no elevador e ele apertou o botão para o andar de cima. "Vê o O no painel? Isso significa Observação. Os quartos dos residentes ainda estão em construção, mas o salão está pronto e tem uma vista fantástica das montanhas." As portas do elevador se abriram direto para salão. Zan acendeu uma lâmpada sobre a mesa para que toda a sala não fosse iluminada muito brilhantemente. Ao lado dele, Selene engasgou. "Uau. Isto é incrível. Posso imaginar os moradores relaxarem e desfrutarem deste lugar." Incapaz de aguentar a proximidade dela por mais tempo, a puxou contra o seu corpo, de frente para ele. Envolvendo os braços em volta

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dela, mordeu seu pescoço e a mandíbula. Abriu as pernas e a acomodou, deixando-a saber o quanto estava afetado por, apenas, segurá-la. "Zan", murmurou. "Quero você de novo." "Você me deixa louco, querida. Você confia em mim?" "Eu... sim." Ele não a conhecia há muito tempo, mas já sabia que confiar não era algo que ela fazia facilmente. "Vou tornar isso muito bom para nós." "Por favor, sim." Se inclinou sobre ela, acariciou os cabelos platinados, curtos e sedosos. Beijou a concha de sua orelha, mordiscando-a. Inspirou seu perfume quente. Deslizou a mão por baixo da camiseta, movendo-a por toda sua barriga lisa. Amava o jeito com que ela se encaixava contra o seu corpo, como se fosse feita só para ele. Seus dedos viajaram para cima, encontrando os bicos rígidos dos mamilos. Tomou um, rolando o pico entre o polegar e o indicador. Ela gemeu, arqueando as costas, a pele se aquecendo ao seu toque. Mais beijos na curva do pescoço e do ombro. Provando, brincando com seus seios. "Humm, quase desejo ser um vampiro, para poder morder, bem aqui." "Oh, Zan." Olhou para ele. Os olhos azuis enormes estavam vidrados com a excitação. Precisando, querendo ele.

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"Você sabe o que eu vou fazer? Vou te comer. Então vou te foder ali mesmo, contra a janela de observação, com as cortinas abertas." "Onde qualquer um pode ver?" Ela suspirou. "Sim." Seus lábios se levantaram. "Apesar da janela ficar de costas para o complexo, na direção das montanhas, por isso é pouco provável que vamos ser notados." "Mas, ainda assim! Deus, isso é tão bizarro. " "A excitação em sua voz me diz que você ama isso." "Eu-Sim!" Puxou o jeans e a calcinha pelas pernas, jogando-os no chão. A camiseta os seguiu. Em seguida, empurrou-a contra o vidro, o rosto virado para o céu noturno e para qualquer um que tivesse o cuidado de vê-lo tomá-la dessa forma. Apenas assistir e nunca tocar. Toda sua. O simples ato de pensar nisso aumentou seu desejo e o arrepiou até os dedos dos pés. "Abra as pernas." Ela o fez, abrindo espaço para ele. Ajoelhou-se entre as suas coxas, trilhando beijos na parte de trás dos joelhos até o seu sexo. "Tão amável. Tão bonita e rosada. Já molhada para mim. Eu poderia gozar, só de olhar para você." Ela gemeu, levantando um pouco os quadris. Com uma risada baixa, ele obedeceu, seus dedos penetrando-a. Sua língua sacudiu suas dobras, mergulhando no interior. Ele demorou, tomando seu tempo. Lambendo lentamente, como um homem que aprecia um sorvete. Selene se esfregava contra o seu rosto, incitando-o. "Por Favor!"

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Prendeu a boca no seu sexo, sugando o broto sensível. Ela gozou intensamente, se contraindo sobre ele. Perdida no prazer decadente. A visão dela se contorcendo quase o fez perder o controle. Segurar seu clímax deixou Zan em farrapos, enquanto sentia o dela, selvagem, contra sua boca. Seu mel banhando sua língua. Oh, Deus, tão doce. Quando o último dos seus tremores se acalmou, se moveu para o lado dela. Inclinando-se, virou sua cabeça e beijou aquela boca linda. Ele amava a visão da sua Companheira, pronta para se entregar a ele dessa forma, o cabelo pálido como a auréola de um anjo em torno do seu rosto. Os joelhos separados, os lábios do seu sexo pulsando por sua atenção, prontos para recebê-lo. Correu os dedos ao longo de sua fenda, abrindo-a. Jesus, não ia aguentar. Agarrando seus quadris exuberantes, guiou a ponta do seu pênis para ela e empurrou. Enterrando o pênis até a base. Seu calor cercando o comprimento latejante dele, apertando, deixando-o louco. Ainda não. Ainda não... "Olhe para você, contra o vidro", murmurou. "Presa. Linda. Minha." Ela começou a se mover para trás e para frente, acariciando-o. "Sim, sua. Zan, por favor, me fode duro." "Deus, sim." Perdeu o controle. Entregou-se à besta, furiosa para fodê-la. Duro, selvagem,

indecente.

Golpeou-a

com

movimentos

longos.

Empurrando mais duro, mais rápido. Alegres gritos femininos chegaram aos seus ouvidos, apagando qualquer dúvida persistente que poderia ter existido sobre pedir a ela para tentar sua esquisitice. Confiava nele completamente e amava o que tinham feito.

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Nem o homem, nem o lobo, tiveram uma chance contra coisas tão inebriantes. Com um grito rouco, ele a empalou uma última vez. Abraçou seu corpo, enterrando tão profundamente que, realmente, sentia que se tornaram um só coração, uma só mente. Seu orgasmo o abalou até o núcleo. Marcou sua alma, assim como a dela, para sempre. Seu clímax o ordenhou, uma e outra vez. Cobrindo Selene como um cobertor, permaneceu dentro dela por um momento, suando e tremendo. Nunca tinha tão intensamente ou sido drenado mais profundamente, em toda sua vida. Nunca antes tinha partilhado um despertar tão destruidor, uma fusão de corações, com a única mulher com a qual tinha o desejo de estar, de hoje em diante. Nunca tinha conhecido esta doce dor, nunca. Só esperava que, um dia, ela sentisse o mesmo.

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Capítulo 7

Selene acordou no quarto do Zan, mas desta vez sabia que estava sozinha. Não havia sons do seu Companheiro tomando banho ou se vestindo. Sem barulhos na cozinha, nenhum zumbido, ou qualquer outro tipo de ruído que imaginava que seriam reconfortantes. Estava sozinha, e incomodou o fato dele não ter lhe acordado para dizer aonde ia. E daí, se isso a fazia parecer domesticada? Não se importava. Fome fez com que sua barriga roncasse, mas a ignorou. Primeiro, ia encontrar o seu Companheiro, então ia comer. Nessa ordem. Deslizando para fora da cama, tomou um banho rápido e se vestiu. Em seguida, se aventurou pelo Complexo, sozinha, pela primeira vez desde a sua chegada. Não tinha certeza se era esperto da parte deles, deixá-la solta por aí. Porém, tinham vários tipos de habilidades e um Feiticeiro na equipe. Isso a fez tremer um pouco, apesar de si mesma. Mesmo durona como pensava que era, há sempre uma pessoa que pode chutar sua bunda e acabar com ela. Feiticeiros a assustavam. Os corredores eram um labirinto, mas, de alguma forma, encontrou o caminho para a sala de jantar. Várias pessoas estavam lá, comendo panquecas, seu aroma doce tentando-a. Mas fome de

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encontrar o seu companheiro era mais forte, de modo que se aproximou da Kira. "Você viu o Zan?" Kira engoliu uma garfada do seu café da manhã e, em seguida, sacudiu a cabeça. "Não, especificamente. Mas o Jax disse que eles estariam treinando no ginásio, esta manhã, de modo que você pode verificar lá." "Obrigada." Se virou para sair, mas a voz da outra mulher a impediu. "Um conselho - não os interrompa, menos que seja importante." Lançou um olhar duro para Kira. "Não sou uma idiota. Meu trabalho me obriga a treinar, também, sabe?" O rosto da Kira corou. "Me desculpe. Não quis dizer que você era." Instantaneamente, Selene se sentiu como uma completa cadela. "Não, me desculpe. Estou, apenas, no limite, mas isso não é motivo para descontar em você. Perdoada?" "É claro." A outra mulher sorriu, lhe deu instruções para chegar até o ginásio, e Selene se sentiu um pouco melhor. "Obrigada. Te vejo mais tarde." Depois de uma série de voltas, se viu diante de um conjunto de portas duplas com uma barra sobre elas, exatamente como se via em um ginásio escolar. Diante dos gritos, grunhidos e gemidos que vinham lá de dentro, achou que estava no lugar certo. Enquanto entrava, quase mordeu a língua. Toda a equipe estava lá dentro, emparelhados, praticando suas habilidades de combate sobre esteiras. Estavam, todos, com o peito nu, até o último homem,

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vestindo apenas shorts e tênis. A equipe fazia o combate mano-amano parecer sexy, mesmo sabendo que as razões por trás dessa prática extenuante eram sérias. Isso não quer dizer que não podia olhar com alegria em seu coração. Seu olhar se desviou para Zan, que estava enfrentando o Jax. Seu cabelo negro caía sobre os olhos, mas não o distraiu, nem um pouco, enquanto os homens circulavam entre si. Seus músculos magros brilhavam com o suor, as coxas flexionando enquanto pulava da esquerda para direita, neutralizando os golpes do seu parceiro de treino com velocidade. Eles formavam uma visão impressionante, esses guerreiros, e ela sentiu um jorro de orgulho por Zan ser seu Companheiro. Ele era corajoso. Digno. Um Companheiro que podia ter orgulho de apresentar ao seu tio, se a situação se tornasse possível. "Impressionantes, não são?" E, só assim, sua alegria da manhã foi quebrada. Virando a cabeça, avaliou o seu pai. "Sim. Eles foram bem treinados." "Isso não foi obra minha. Estou aqui, apenas, pouco menos de um ano." "E onde você estava, antes disso?" "FBI." Encontrou-se ficando com raiva e não queria ter o seu dia estragado. "Que bom para você." "Não, realmente", disse ele, em voz baixa. "Preferia muito mais ter minha família de volta. E você, mais do que tudo."

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"É mesmo?" Deu uma risada amarga. "A vida é uma cadela, não é, Comandante? Você colhe o que planta." "Você não sabe nada sobre a forma como as coisas aconteceram." "Suponho que você vai esclarecer, então?" Silêncio. "Não? Por que não estou surpresa?" "Um dia você vai entender. Prometo que vou te contar, quando for a hora certa." "O que é isso? Alguma merda de Vidente?" Sua boca se contraiu. "Você sabe o que eu sou e que é real." Sua raiva transbordou. Precisava ser canalizada, agora. "Lute comigo." "O quê?" "Você me ouviu." Ela acenou com a mão para esteiras. "Venha. Lute comigo." "Não, Selene." "Com medo de me mostrar do que você é feito? É isso?" Ela zombou. Depois de uma ligeira hesitação, ele acenou com a cabeça. "Tudo bem. Vamos lutar um round." "O que ganho se eu vencer?" Ele deu um meio sorriso. "Satisfação". "Vamos." Caminhando até um conjunto de esteiras vazias, ficou ciente de que alguns dos rapazes, incluindo o seu Companheiro, tinham parado o que estavam fazendo para assistir. Não podia se importar menos.

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Tinha um ponto a marcar, e o faria muito bem com o seu pai estirado sobre a esteira, aos seus pés. Saltando no lugar, fez um aquecimento, feliz por estar usando suas calças camufladas e um top. Eram práticos para lutar e não iam ficar no seu caminho. Mais alguns segundos e se virou para o homem que queria deixar no chão. Começaram circulando um ao outro, os joelhos dobrados, com as mãos para os lados. Cada um pronto para quando o adversário saltasse. Ele era paciente, o olhar desafiador, o que a enfureceu mais. Finalmente, não aguentando mais, se lançou sobre ele. Mas ele estava esperando por isso. Facilmente, se esquivou do seu ataque, dando um passo para o lado, com graça e fluidez. Ela se moveu para perto do seu corpo, executou alguns bons golpes, mas ele sempre os contrapôs sem, na verdade machucá-la. Mesmo que soubesse o que ele estava fazendo, recusou-se a desistir. Sua raiva era uma coisa viva, venenosa, e se rendeu a ela. Ele estava usando manobras evasivas simples, utilizando sua raiva contra ele como uma arma, esperando até que ela estivesse desgastada. Por fim, terminou a luta passando um pé atrás do seu calcanhar e lançando-a sobre o tapete duro, de costas. Ela olhou para ele, ofegante, desejando que estivesse morto no local. "A raiva vai te matar em uma batalha", disse ele, com uma expressão ilegível. "Você tem que aprender a bloqueá-la e se concentrar, apenas, na leitura do seu oponente, antecipando o próximo movimento. A emoção pode, facilmente, derrotá-la."

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"Talvez, esse seja o seu problema", ela cuspiu, ficando de pé, trêmula. "Você não tem emoções, então não pode vencer a luta que mais importa. Talvez, nunca possa." Dando-lhe um forte empurrão no peito, ela saiu. Ao longe, pensou ter ouvido Zan chamá-la, mas não estava com humor para lidar com ele. Só queria colocar distância entre ela e o Nick, e seus homens, o mais rápido possível. Se lançou para fora do ginásio, para o sol da manhã. Encontrou um lugar debaixo de uma árvore, perto de um campo aberto, e ficou lá por um longo tempo. *** Zan chamou sua Companheira e começou a segui-la. Mas Jax colocou a mão sobre o seu ombro. "Deixe-a ir, amigo. Ela está chateada, agora, e duvido que ouviria qualquer coisa que você tenha a dizer." "Ela precisa de mim", falou ele, com frustração. "Sei que precisa, mas deixe-a esfriar a cabeça. Ok?" Olhou para o amigo e cedeu. "Sim." "O Nick também. Posso dizer que ele odiou ter que fazer isso." Zan olhou para o seu chefe, que estava enxugando o rosto, afastado. Seu corpo ainda estava tenso. E o seu rosto enquanto olhava sua filha sair? Esmagado. "Ele precisava colocá-la no lugar dela", Jax disse, sério. "Você entende isso, certo? Nunca teria a chance de ganhar o seu respeito se fosse de outra forma."

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"Você acha?" "Acho. Os lobos são orgulhosos, e respondem ao poder. E os dois estão fora dos limites quando se trata da sua própria luta de poder, no momento. Sua companheira só aprendeu que não pode forçá-lo, seja fisicamente ou verbalmente. Ele ainda é o seu pai, e pode se sustentar sobre os próprios pés." "E ela não vai ficar feliz com isso, também." Zan suspirou. "Certo, e é por isso que ela precisa de espaço." Jogou uma toalha para o Zan. "Quer tomar o café da manhã? Ela vai aparecer quando estiver pronta." "Claro." Mas seu coração não estava na refeição. Não podia deixar de se preocupar com sua Companheira, teimosa e ferida. Ela ia ser a morte dele. *** Não havia visão mais impressionante do que um príncipe Fae caminhando pelo gramado em direção a você. A menos que fosse o largo sorriso que transformava o seu rosto de lindo para deslumbrante. "Lindo dia, não é?" Ele meditou. "Eu não tinha notado." "Humm. Posso me sentar?" "É um país livre, homem."

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Ele franziu a testa. "Não sou realmente um homem. Ou não um homem humano, em qualquer caso. Sou um homem Fae e-" "Relaxe, homem-pássaro, era apenas uma expressão." "Não sou um pássaro, também. Eu-oh. Isso foi uma expressão, também?" Ela sorriu. Esse cara não tinha malícia alguma, como tinha sido dito. "Sim. Como é que um homem tão ingênuo chega a ser um príncipe?" Ele zombou. "Não sou ingênuo de onde venho, confie em mim. Há, simplesmente, demasiadas frases estranhas neste reino para eu, possivelmente, acompanhar." Ela o estudou por um momento, admirando seus olhos dourados, incomuns. A forma como as asas se acomodavam em torno dele, como uma capa, e sussurravam na brisa suave. "Você sente falta de casa?" "Não do lugar, absolutamente, mas dos meus irmãos", disse ele melancolicamente. "Sei que eles viriam até aqui, se pudessem. Só espero que não haja nada errado. Que esteja tudo bem." "Eu também, Blue". "Obrigado." Ele lhe deu um olhar penetrante. "Você está de luto pela família, também, e olhe para mim, todo triste e arruinando sua paz." "Cale-se, você não está", disse ela, lançando um sorriso para ele. Algo sobre o Blue era, apenas, especial. Em alguns aspectos, era tão inocente. "Acredito que você vai vê-los novamente, um dia." "Espero que sim. Dos seus lábios para os ouvidos dos deuses." "Como você veio parar aqui?"

[149]


Suspirou. "O Conselho Unseelie me exilou. Aric disse que eles votaram para me expulsar da ilha, mas nossa casa não era uma ilha. De qualquer forma, descobriram que o rei Unseelie, o Malik, era o meu pai e tiveram medo que eu carregasse seu gene do mal. Se sim ou não, sabiam que ele viria até mim um dia, e não queriam estar em qualquer lugar perto de mim quando ele chegasse." "Isso é terrível", disse ela, com sentimento. "Ser forçado a sair da sua casa, deixar a família e os amigos para trás, sob pena de morte, é apenas a coisa mais solitária que pode acontecer", Blue disse, olhando-a diretamente nos olhos. "Não desejo isto para o meu pior inimigo." Uma sensação de vertigem a agarrou. "Estamos falando de alguém que não seja você, agora?" "Não. Mas vale a pena pensar sobre isso - não concorda? " "Sim. E estou triste por isso acontecer a você." Ele não estava falando apenas sobre si mesmo, antes. Tinha certeza disso, mas não o pressionou. "Vou vê-los novamente, um dia." Blue se levantou, espanando a grama para fora das suas calças com as asas. "Estou indo ver se sobrou algum café da manhã. Quer se juntar a mim?" "Gostaria." Pegando sua mão estendida, deixou levá-la de volta para dentro. E ponderou sobre suas palavras por um longo tempo. ***

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Zan estava sentado com o Jax na mesa do café da manhã quando Blue entrou com sua Companheira. O casal estava tendo uma conversa e, embora seu lobo não estivesse feliz em vê-la acompanhada de outro macho, soube imediatamente que Blue não era uma ameaça. Seu lobo estava quieto. Vendo Zan e o Jax, se aproximou e se sentaram, Selene ao lado do Zan. Gostou do jeito que ela se sentou, pressionando seus corpos, um ao lado do outro. "Está tudo bem, agora?" Perguntou em voz baixa. "Acho que sim." Olhou para o prato de panquecas à sua frente. "Acho que fiz papel de boba, não é?" "Não. Você tinha um ponto a provar para o seu pai. Você queria que ele soubesse que você não é uma adversária fraca." "E, ao invés disso, ele me deixou de bunda no chão." Ele sorriu, tentando aliviar o clima. "E algo mais." Ela revirou os olhos. "Obrigada." "Coma alguma coisa, baby. Sei que você deve estar com fome." Ela estava olhando para ele de forma estranha. "O que foi?" "Você me chamou de baby. Eu meio que gostei disso", murmurou. "Bom. Então vou me assegurar de chamá-la por este nome muitas vezes." Com um piscar de olhos, ele se lançou sobre as panquecas, agradecendo quando ela fez o mesmo. Estavam falando com o Jax e o Blue, terminando o café da manhã, quando Nick entrou na sala de jantar. Selene ficou tensa ao seu lado, enrijecendo ainda mais quando o comandante foi até sua mesa.

[151]


"Preciso de um par extra de mãos", disse ele, sem preâmbulos. "A maior parte dos outros ainda está de licença." "O que foi?" Perguntou Jax, mastigando seu último pedaço de bacon. "Preciso ir até Bloco T e interrogar o vampiro selvagem novamente, ver se ele vai ceder, dessa vez." "Você sabe que ele não vai desistir dessa merda", disse o Zan, com uma careta. "Esses bastardos são tão teimosos quanto são estúpidos." "Seja como for, tenho que lhe dar mais uma chance. Se houver alguma chance dele vacilar e nos dizer alguma coisa, preciso ficar ciente do que ele sabe." "Não gosto disso, chefe", Jax falou, com uma careta. "Ele quase te pegou da última vez, e isso, com vários de nós na cela." "O quê?" O olhar da Selene saltou entre o Jax e seu pai. "O que você quer dizer?" "O vampiro quase o matou. Isso foi logo depois que o capturaram e o trouxeram para cá, antes de você chegar. Não se preocupe. Vamos ter mais cuidado." Zan

soltou

o

guardanapo,

secretamente,

observando

sua

Companheira com o canto do olho. Ela estava preocupada com o seu pai. Bem, quem diria? Sua companheira não era tão contrária ao Nick, quanto aparentava. "Vamos", disse Zan, e o Jax assentiu. Para a Selene, Zan disse: "Acho que você deve ficar aqui e fazer companhia para o Blue." "Não! Vou com você e ponto final."

[152]


Deixando os pratos, eles caminharam com Nick para o elevador, em seguida, desceram até o porão. Como tinha previsto, as perguntas começaram. "Como você extermina as criaturas que ficam aqui em baixo?" "Da forma mais humana possível, dependendo do tipo de criatura", respondeu Nick, olhando para ela. "No caso desse vampiro, uma facada rápida no coração vai matá-lo. Decapitá-lo vai assegurar que ele continue assim." "Ouvi dizer que eles podem ressuscitar se não cortarem sua cabeça." Ela não parecia nem um pouco feliz com isso. "Verdade." As portas do elevador se abriram para uma área tipo industrial, o lugar mais fortificado em todo o edifício. Zan vinha aqui muito raramente e, na verdade, odiava fazê-lo. Não havia nada mais deprimente do que interrogar criaturas que estavam condenadas a morrer, mesmo que as criaturas merecessem. "O que esse selvagem fez?" Perguntou Selene, como se lesse seus pensamentos. "Assassinou um jovem rancheiro. Drenou ele e acabou com o corpo. Ficou uma verdadeira bagunça." "Deus!" Ficaram em silêncio enquanto Nick os levava até a última cela. Pararam e estudaram o vampiro selvagem através das grades. Suas roupas estavam manchadas com sangue seco e Deus sabe o que mais. Estavam imundas e a criatura fedia tanto que parecia que um gambá raivoso tinha pulverizado todo o porão.

[153]


"Venha se deliciar com o pobre prisioneiro", sussurrou, levantando os olhos amarelados para estudá-los, em contrapartida. Atrás dele, as correntes esticaram, contendo seus pulsos, ainda que não pudessem ser vistas. Ao seu lado, Selene suspirou. "Não há nada de ruim sobre você. Você, simplesmente, fez suas escolhas", Nick disse a ele. "Escolha? O que você sabe sobre fome? Uma dor na barriga que nunca acaba?" "Mais do que você pensa. Não há nenhuma razão para prejudicar alguém enquanto se alimenta. O Príncipe Tarron tem uma regra inviolável sobre não assassinar doadores de sangue. Se você-" "Foda-se, lobo sarnento!" "Diga-me quem está por trás desses ataques selvagens. São muitos para ser uma ocorrência natural. Quem é o responsável? Por quê?" "Você ainda acha que vou te dizer alguma merda?" Ele gritou. Em seguida, começou a cacarejar, um barulho assustador em sua loucura, que fez o sangue do Zan gelar. "Isso nunca vai acontecer." Jax balançou a cabeça. "Chefe, ele não vai falar. Vamos apenas terminar com isso." "Maldição! Certo. Estou cansado de ouvir suas merdas, e não é como se pudéssemos colocá-lo de volta na rua." Nick digitou um código ao lado da porta e ela se abriu. Ele entrou, Zan e o Jax atrás dele. Em seguida, o vampiro se levantou, e Zan percebeu seu erro.

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O selvagem já não estava acorrentado. Tinha feito algo que não devia ter sido capaz de fazer - ele as quebrou ao meio. "Aperte o botão e feche a porta!" Zan gritou para Selene. Estava vagamente

consciente

das

barras

ressoando,

fechando-se

novamente, e sentiu um alívio momentâneo. O que quer que acontecesse, Selene estava segura do outro lado. Teve um vislumbre dela, de pé, a mão sobre a boca, os olhos arregalados e, em seguida, o malandro estava em cima do Nick, atacando, tentando abrir sua garganta com as garras e as presas. Bateram contra as grades, e o comandante se transformou parcialmente, utilizando suas garras para atingir o agressor. Aquela coisa gritou, e Zan o arrastou para trás. Jax o ajudou a prender a coisa no piso de concreto, e os dois fizeram um trabalho rápido. Zan enfiou as garras sob o esterno e para cima, rasgando seu coração. Jax cortou sua garganta, então, até que sua cabeça estava rolando para longe, os olhos do selvagem, surpresos. Era uma visão macabra. "Ótimo," Jax reclamou. "Tenho sangue fedido de selvagens por todo o meu jeans novo." "Ei, ele está ferido!" Diante do grito da Selene, girou para ver o Nick cambalear e se sentar, com força. Correram para ele, e Zan assobiou. "Ferida por uma mordida do selvagem. Ele pegou você. Fique parado enquanto pedimos uma maca." "Não, eu posso andar", Nick disse, teimosamente. "Tem certeza disso?"

[155]


Olhou para o seu patrão. O homem não ia ser carregado em uma maca, então, ele e o Jax cederam. "Tudo bem, mas vamos ajudar você. Baby, você pode digitar o código para nos deixar sair?" Passou o código para ela, e, em segundos, a porta se abriu. Ele e o Jax puxaram o Nick do chão, fazendo com que ficasse entre eles, atirando cada braço sobre seus ombros. A posição não era diferente daquela que muitas vezes usou, ajudando um amigo SEAL ferido em combate. Caminharam até o elevador. Zan não deixou de perceber o horror no rosto da Selene, enquanto estudava a ferida do seu pai. "Você podia ter morrido", ela o repreendeu. "Desculpe desapontá-la", murmurou. Parecia que sua Companheira tinha levado um tapa. Zan pensou que aquilo, realmente, a acertou e, em seguida, as ramificações da sua raiva. Como se ela tivesse sido injusta todo esse tempo. A dúvida de si mesma e o primeiro vislumbre de remorso. Todas aquelas emoções estavam lá e sumiram em um flash. Sua Companheiro precisaria dele, mais tarde. Arrastaram Nick por todo o caminho até a enfermaria e Melina se encontrou com eles no hall de entrada, com o Noah. Tiraram o comandante das suas mãos e das mãos do Jax, o que foi um alívio. "Meu Deus, ele é pesado." Jax gemeu, mexendo o ombro. "Ele vai ficar bem, não é?" Zan pegou a mão da sua Companheira. "Ele vai ficar bem. Uma ferida como essa é apenas um arranhão, em comparação com algumas das lesões que já tivemos."

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"De alguma forma, não tenho certeza que isso me faz sentir melhor." "Desculpe. Mas vai estar novo em folha, amanhã. Confie em mim. Ele tem a cura shifter para ajudá-lo." Ela piscou para ele, então. "Por que você não pode curá-lo?" "Porque não era uma ferida, baby, com risco de vida, ou o faria. Tenho que conservar minha energia para as coisas muito, muito ruins. Ok?" "Claro. Entendo." Ela estava, realmente, abalada com a lesão do seu pai. Este tinha sido um dia de revelações para ela, em todos os campos, e precisava tomar conta da sua Companheira. Tentou levá-la para fora, mas ela não se moveria até que tivessem alguma notícia. Finalmente, Melina saiu, com o Nick em seus calcanhares. Estava um pouco pálido e tinha um curativo na curva entre o seu pescoço e o ombro. "Nosso paciente vai sobreviver", disse ela, em seguida sorriu gentilmente para Selene. "Vou verificar a ferida novamente amanhã, mas até então ele já deve estar bem. Não há efeitos colaterais em mordidas de vampiro, apenas um pouco de dor." Selene quase caiu contra ele. Então, encontrou a voz e o olhar do seu pai. "Estou feliz que você esteja bem." Seus olhos se suavizaram. "Obrigado. Por que não deixa o seu Companheiro levá-la para descansar, agora? Acho que vou fazer o mesmo." Zan sabia que era, apenas, para o bem dela. O lobo teimoso ia direto para o seu escritório, trabalhar.

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"Acho que vou", disse ela. "Venha, baby. Vamos deitar um pouco." Depois de um último olhar para o pai dela, deixou Zan pegar sua mão e levá-la de volta para os aposentos dele. Deles. Estava gostando de como isso soava. Uma vez lá dentro, tirou gentilmente as roupas dela e, depois, as dele. Correu para o banheiro e ligou o chuveiro, deixando a água quente o suficiente para acalmar os músculos e relaxá-los. Em seguida, a puxou para dentro com ele. Lavou o sangue do seu corpo, esfregando da cabeça aos pés. Em seguida, deixou-a bem molhada, ensaboando-a de cima a baixo, também. Fez questão de lavar cada recanto, cuidando da sua Companheira como ninguém jamais o faria. Dava-lhe orgulho cuidar dela, ver o que ela precisava. E, agora, o que sua Companheira precisava não era de sexo. Precisava do seu Companheiro para apoiá-la, para que soubesse que ele estava lá. Que estaria sempre lá, para afagá-la. Aconteça o que acontecer, era sua. Ela sofreu um duro golpe na sua campanha em Pegar o Nick, e seu paradigma do mundo estava mudando. Sem sua raiva para usar como um escudo contra o mundo, estava perdida. Ela era, simplesmente, uma mulher que precisava do seu homem para consertar seu coração machucado.

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Então, foi isso que ele fez. Durante toda a tarde e à noite. Amparoua perto do seu coração e deixou que ela soubesse, sem palavras, que podia confiar nele. Que ela era sua. Às vezes, palavras não eram necessárias, absolutamente.

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Capítulo 8

No dia seguinte, Selene andou pelo lugar, meio atordoada. Não soube muita coisa do seu pai, mas Zan estava lá, cuidando dela o tempo todo. Achou isso tão doce, mas, realmente, ele precisava treinar, fazer o que quer que ele e os seus colegas faziam quando não estavam cuidando das suas Companheiras ou fodendo-as. Não que a parte de foder não fosse divertida. Ela e o Zan haviam feito muito isso, quando acordaram esta manhã, ansiosos por explorar seus corpos. De novo. Estavam tão entusiasmados, que lascaram a parede porque a cabeceira da cama ficou batendo contra ela, fortemente. A lembrança a fez sorrir. Passou o resto do dia tratando das mãos machucadas do seu Companheiro. Seu Companheiro quente. Aquela noite, no entanto, era o encontro com as outras mulheres. Selene mal podia conter seu nervosismo. Depois da morte da sua mãe e o subsequente abandono do seu pai, se tornou mais retraída emocionalmente e, eventualmente, os convites pararam de aparecer. A distância emocional que colocou entre ela e os outros a fizeram perfeita para o trabalho como executora do seu tio e também fez com que se tornasse uma párea para a sociedade, em todos os outros aspectos.

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Enquanto se olhava no espelho do banheiro, um par de mãos a segurou pelos ombros. “Relaxe. Você vai ficar bem.” “Fácil para você falar. Não é o lobo do lado errado da pista sendo examinado minuciosamente pelo comitê da Associação de Pais e Professores.” Ele riu. “Prometo que elas não são tão más quanto um bando de mães de jogadores de futebol. Nem de perto. Vá com a mente aberta e pode se surpreender.” “Vou ficar surpresa se me surpreender. Será que isso faz sentido?” “Sim.” Ele a girou nos braços e a beijou intensamente. “Agora, vá e se divirta. Não ameace matar ninguém e ficará bem.” Ela olhou feio para ele. “Isso não foi engraçado.” “Então você tem que trabalhar o seu senso de humor. Vá.” Revirando os olhos, passou por ele, atravessou o quarto deles, e foi até a porta. No corredor, ela parou, percebendo que pensou no apartamento como deles. Essa foi uma interessante mudança mental. Estava aceitando seu acasalamento com o delicioso lobo negro? Parecia que sim. E eu tenho senso de humor! Sua risada suave soou na sua mente, e não pôde evitar sorrir. Zan tinha uma maneira de fazer as pessoas se sentirem bem. Qualquer um podia ver isso, e estava, lentamente, vindo a perceber quão sortuda era, por este homem pertencer a ela.

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Ela ponderou sobre isso no caminho até os aposentos da Kira e do Jax, algumas portas abaixo. Mas, com um escudo sobre os seus pensamentos. Não seria bom seu companheiro ficar mais convencido, ainda. Na porta da Kira, bateu e esperou que a deixassem entrar, sendo surpreendida pela recepção calorosa que recebeu. Kira, Mac, Rowan, Melina, e a Daria estavam sentadas ao redor saboreando vinho branco e tinto - exceto a Mac, que segurava um copo com leite. Mac estava sentada no sofá confortável, sua barriga redonda tão protuberante que parecia ter engolido uma bola de basquete. Com a mão livre, ela acariciava a protuberância e, depois, descansava a mão sobre ela. “Droga”, Mac murmurou, e inspirou fundo algumas vezes. Todas pararam. Rowan começou a se levantar. “O que está errado?” Mas Mac gesticulou para ela sentar. “Nada. Apenas tendo algumas contrações, hoje. Estou bem.” “Se você tem certeza...” Mas as outras mulheres não pareciam convencidas. “Jesus, parem de se preocupar! Vocês todas parecem um bando de superprotetoras.” "Posso te servir alguma coisa?" Perguntou Kira, voltando sua atenção para Selene. "Branco, por favor?" Não bebia muito vinho, mas não viu cerveja a disposição. Quando em Roma... e tudo aquilo.

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Em segundos, tinha um copo na mão e estava sentada em uma cadeira, parte do círculo de amigas. Mais ou menos. Daria deve ter percebido o desconforto dela, porque se inclinou e falou baixinho no seu ouvido. "Eu era a mais nova antes de você, não muito tempo atrás. Então, sei como você se sente." Deu um tapinha no joelho da Selene. "Mas, na verdade, vai dar tudo certo. Estas são pessoas boas, mas é um mundo estranho, com certeza." "Eu mesma venho de um mundo estranho; confie em mim." "Sério? Importa-se de me contar sobre o seu Clã?" Satisfeita porque a outra mulher se interessou, descreveu seu clã, assim como o fez para o seu Companheiro. Daria e um par de outras mulheres estavam ouvindo, acenando e fazendo perguntas inteligentes sobre como a sociedade era conduzida. Isso fez com que se sentisse bem, também. Como se não fosse alguém de fora. "Pelo menos, você já era uma loba", disse Daria. "Experimente ser humana e ser empurrada para o mundo paranormal. Me fale sobre o choque cultural!" Kira concordou. "O mesmo aconteceu comigo. Não tinha a mínima ideia de que shifters, vampiros, e toda uma lista de outras criaturas paranormais eram reais até que fui jogada no meio de uma situação perigosa e meu próprio lobo veio em meu socorro." "Não sabia sobre tudo isso, também", Rowan colocou. "Estava procurando pelo meu irmão, o Micah, e encontrei este lugar. Quando vi um bando de lobos me cercar e, então, se transformar em homens nus, literalmente, desmaiei!" Todo mundo riu, e Selene se encontrou relaxando, verdadeiramente, pela primeira vez. Estava fascinada pela história de cada mulher e o

[163]


jeito que contavam a história de como conheceram a Alpha Pack e seus Companheiros e os perigos contra os quais lutaram. Mas o que não passou despercebido foi que, em cada uma das histórias, seu pai teve um papel de destaque, como um verdadeiro herói. Não achava que estavam elogiando o Nick de propósito. Tudo o que disseram parecia sincero. As batalhas que o seu pai havia enfrentado, os perigos, a forma como protegeu os homens, e de novo. . . O homem parecia maior que a vida. Admirável. Protetor. Muito bom para ser verdade. Qual era a verdade? Quem era o verdadeiro Nick Westfall? "Oh!" A exclamação da Mac colocou todo mundo em alerta. Melina tocou em seu braço. "O que foi?" "Eu não-oh!" Desta vez, passou um braço em torno do abdômen e fez uma careta de dor aparente. "Acho que a minha bolsa, apenas, estourou!" Na verdade, sua calça e o sofá embaixo dela tinham uma mancha que se espalhava. Melina levantou, calmamente, dando ordens. "Alguém, ligue para o Noah, e lhe diga para trazer uma cadeira de rodas." "Eu faço isso", Rowan se ofereceu, então, pegou seu celular. "E alguém chame o Kalen", continuou Melina. "Ele e a maioria dos homens estão na sala de recreação jogando pôquer, hoje à noite." "Estou nisso." Kira pegou o telefone que Melina lhe entregou e ligou para o Kalen enquanto Melina fazia perguntas para a outra mulher, anotando todos os seus sintomas.

[164]


A médica balançou a cabeça, o rosto se transformando, com um largo sorriso. "Parece que teremos um bebê em breve!" Isso gerou exclamações excitadas ao redor do quarto, junto com felicitações e palavras encorajadoras sobre como ela e o bebê iam ficar bem. Selene, com certeza, esperava que sim. Estava começando a gostar dessas mulheres, e a Mac era tão doce. Kalen parecia ser o companheiro perfeito para ela, e Selene não tinha dúvidas que o bebê ia ser tão bonito quanto o casal. Em menos de cinco minutos, houve uma batida na porta. Noah se apressou a entrar com a cadeira de rodas e, rapidamente, a acomodaram. Então se encaminhou para fora, movendo-se rapidamente,

mas

não

muito

rápido.

As

outras

mulheres

conversavam, seguindo-o, e Selene acompanhou-as, apanhada na magia de um nascimento iminente. Pelo que entendeu, este seria o primeiro bebê do complexo. Parece que ele seria muito mimado, também. Kalen virou uma esquina, seguido pelos amigos, os olhos arregalados e parecendo frenético. "Querida! Você está bem?" "Eu estou bem", ela ofegou. Mas sua voz era fraca, com um pouco de medo. "Mal posso acreditar que está, realmente, acontecendo." "Eu estou aqui, ok?" Tomando sua mão, caminhou ao lado da sua cadeira, murmurando palavras suaves para sua Companheira. Na enfermaria, Mac e Kalen foram levados para um quarto, enquanto todos os outros tiveram de permanecer na sala de espera. Zan encontrou Selene e lhe deu um sorriso e, em seguida, um beijo na frente de todos, o que a agradou muito. Isto parecia mostrar, ainda

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mais, que estava se tornando parte daqui. Era difícil não gostar dessas pessoas. "Você se divertiu com as mulheres?" Perguntou. "Sim. Elas me fizeram sentir muito bem-vinda." "Eu disse a você." Parecia satisfeito com isso. "Sim, e você estava certo. Não é que tenha duvidado de você, mas..." Ela encolheu os ombros. "Se a situação fosse invertida e uma fêmea hostil invadisse o território do clã comandado pelo meu tio, ela não iria sobreviver aos primeiros cinco minutos. Muito menos ser convidada para coquetéis." "Ah, mas elas são sorrateiras. Verificou se não adicionaram algo desagradável à sua bebida? Brincadeira", disse ele com uma risada, quando fez uma careta para ele. Gostava que ele pudesse brincar com ela. Isso a fez se sentir bem por dentro, em paz, de uma forma que ela não tinha estado em um longo, longo tempo. Essa sensação durou até que o Nick chegou e ficou com eles para esperar por notícias. Quando os outros membros da equipe começaram a chegar, ela aproveitou a oportunidade para estudá-lo. A primeira coisa que notou foi que, quando interagia com as pessoas, não era nada parecido com o seu tio Damien. Nick era, realmente, seu Comandante, mas eles ficavam confortáveis ao seu redor. Era um deles, e eles o respeitavam. Damien, no entanto, teria ficado permanentemente à margem do grupo, mantendo-se distante, com aquela expressão severa.

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Nick falava com os seus homens, e eles ouviam. E os ouvia, também. Seu rosto mostrava que estava genuinamente interessado no que eles tinham a dizer. Seus olhos eram calorosos. E, até mesmo o seu tio sempre disse que os olhos nunca mentem. Ela estava além de confusa quanto no que acreditar. Ontem, aquele vagabundo na cela foi para cima do seu pai, e ela sabia, em seu coração, que ele teria morrido para proteger o Zan e o Jax. Toda vez, parecia que estava errada sobre ele. Por acaso, ele virou a cabeça e fez contato visual com ela. Ela tentou um sorriso. Parecia estranho em seu rosto, lhe mostrar qualquer tipo de tolerância. Ele pareceu surpreso e caminhou até ela e o Zan. "Como está a sua ferida?" Perguntou ela. "Já curada, obrigado." "Fico feliz." Pareceu surpreso com o que ela disse e pigarreou, para limpar a garganta. "Que emocionante essa notícia sobre o bebê, não é?" Disse ele, um pouco sem jeito. Vê-lo parecer tão vulnerável, inesperadamente, acertou seu coração. "Sim, com certeza é. Estava lá, quando ela entrou em trabalho de parto." "Eu nunca vi o Kalen se mover tão rápido", disse o Ryon. "Deixou cair todas as suas cartas e virou a mesa de pôquer quando recebeu a ligação." "E eu estava ganhando por uma rodada", disse o Zan, fazendo uma cara bem-humorada. "Droga."

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Selene riu. "Isso é o que você ganha por apostar." "Ei, nós só estávamos jogando de brincadeira. Eu deixo o jogo de verdade para Vegas." "Você vai lá muitas vezes?" Perguntou ela. Ryon riu. "Só para pegar mulheres." Isso, imediatamente, lhe rendeu um tapa na parte de trás da cabeça dado pela sua Companheira, enquanto seus amigos riam. "Ai!" "Costumava pegar mulheres!" "Claro, querida! Costumava." Ele se inclinou e a beijou plenamente. Selene deu ao Zan um olhar aguçado e ele ergueu as mãos. "Não olhe para mim. Meus dias de orgia acabaram, antes mesmo de te conhecer." Aric espirrou alto, e soou como se estivesse falando mentira. Zan lhe enviou um olhar enviesado que prometia vingança, mas o ruivo apenas sorriu. Os espíritos se mantiveram elevados, especialmente quando o Kalen saiu para atualizá-los. "Parece que vai ser em breve! Só queria que vocês soubessem." Isso gerou alguns sorrisos quando ele correu para dentro. As pessoas se sentaram nas cadeiras ou, simplesmente, se sentaram de pernas cruzadas no chão. Quando Melina, finalmente, saiu usando um avental, estava ostentando um sorriso largo. "A mamãe e o bebê, Kai, estão muito bem." Alegria veio com este anúncio e ela esperou a celebração terminar antes de continuar. "A Mac está cansada e ela e o Kalen precisam de tempo para se

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relacionarem com o filho. Então, sem visitas até amanhã, mas o Kalen disse que vai mandar fotos para todos." Isso pareceu satisfazer o grupo e, uma a uma, as pessoas começaram a se despedir e se afastar. Nick esperou e Selene lutou com as palavras. Finalmente, se decidiu por olhar nos olhos dele e mantê-las simples. "Boa noite." Papai. Ela sempre costumava chamá-lo de papai, mas sua garganta se fechou diante da palavra. Não podia fazer isso, ainda. Talvez, nunca mais. Nick pigarreou. "Boa noite." Quando ela saiu, pôde jurar que o ouviu sussurrar, minha menina. De volta ao apartamento, Zan a segurou nos braços enquanto se aconchegavam na cama. Durante muito tempo, permaneceu acordada, pensando sobre os acontecimentos daquela noite. Apesar de si mesma, tinha começado a formar um vínculo muito real com aquelas pessoas boas no complexo. Sentia que isso era... certo. E se viu querendo manter o que tinha encontrado. Não deixar nada arruinar esta paz e o calor incipientes. Caiu no sono, tendo pensamentos alegres com amigos, bebês e Companheiros. E pais que amavam seus filhos de verdade e nunca sonhariam em deixá-los. *** Nick estava sentado atrás da sua mesa, na manhã seguinte, com os cotovelos apoiados no tampo, as mãos enterradas no cabelo. Olhou

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para a tela do computador e leu a mensagem novamente, uma pequena variação da primeira. Estou indo até você. Vou fazer você sofrer porque eu quero e porque vou desfrutar disso. Vai pagar por se meter comigo e vai desejar que já estivesse morto.

Não era muito original, mas certamente chamava atenção. Especialmente, já que parecia que o idiota não ia a lugar nenhum tão cedo. Ele tinha peito e deixou claro que tinha um objetivo – matar o Nick. Fantástico. Vai ter que entrar na fila, filho da puta. Atrás da sua própria filha, pelo menos. Embora não parecesse tão ávida para atacá-lo, como quando chegou. Não significava que ela não ia se lhe desse a mínima chance, mas... Ontem à noite, parecia diferente. Um pouco mais suave, embora odiaria ser chamada assim. Tinha algo nos olhos dela, quando olhou para ele, além do ódio cego, que lhe deu esperança. Sem esperança, não tinha nada. Porque não seria capaz de ter sua filha de volta na sua vida e, em seguida, ser arrancada dele novamente. Sua filha não era o seu único problema, tampouco. Tinha estado no telefone durante toda a manhã, lidando com a merda proverbial que bateu no ventilador, e teve que convocar uma reunião com a Alpha Pack, imediatamente. Alcançando o interfone, falou para a equipe ir para a sala de conferências e, em seguida, enviou uma mensagem de texto para o grupo, só para ter certeza que todos receberam a mensagem. Em seguida, caminhou até lá para organizar seus pensamentos e esperar pela chegada deles. Começaram a chegar de imediato e,

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dentro de quinze minutos, estavam todos reunidos, até mesmo o Kalen. Ele abordou o feiticeiro. "Você não tem que estar aqui. Na verdade, temos que executar um plano, mas você está de licença com a sua Companheira e o bebê recém-nascido. É uma ordem." "Entendido, senhor. Mas quero ouvir um resumo para saber o que está acontecendo, se estiver tudo bem." "Isso é bom." Quando o grupo se acalmou, foi direto ao ponto. "Vocês todos estão aqui por duas razões. A primeira é que tivemos outro ataque daqueles selvagens. Este foi muito ruim, estejam preparados para o que vão ver quando chegarem. Aconteceu na noite passada, em uma residência privada nos arredores de Branson, Missouri. Havia algum tipo de reunião de família acontecendo e os selvagens mataram mais de vinte pessoas inocentes." "Jesus Cristo", Zan disse, horrorizado. "Não há sobreviventes?" "Disseram-me que um jovem de dezenove anos sobreviveu porque rastejou sob os degraus da varanda para se esconder, depois que foi atacado. Os federais suspeitam que ele viu tudo, porque está em choque. Não falou uma palavra, desde então. Como se não fosse má notícia suficiente, o menino foi transformado em vampiro." Ele

deixou

exclamações

da

equipe

acabarem

antes

que

continuassem. "Então, estamos indo para lá para ver o que, se houver algo, podemos encontrar na cena do crime. Então, vamos levar o jovem para o clã do príncipe Tarron Romanoff, onde agendei uma reunião com ele e os seus principais soldados para falar sobre os selvagens e como detê-los. Alguma pergunta?"

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"Quando vamos sair?" Perguntou Jax. Ele olhou para o relógio. "Uma hora. Vamos usar os Hueys, já que me disseram que há um lugar para pousar perto da casa. Gostaria de terminar com a cena do crime e estar a caminho da fortaleza do príncipe nas Smoky Mountains no início desta tarde." "Será que vamos conseguir pousar os helicópteros no seu reduto?" Perguntou Aric. Ele era um dos pilotos e precisava saber. "Não, é muito rochoso. Vamos pousar alguns quilômetros abaixo e, em seguida, o príncipe providenciará uma escolta de carro nos guiando pelo resto do caminho. Mais alguma pergunta?" Ninguém expressou qualquer outra, então Nick os deixou ir para cuidar dos seus negócios de última hora. Sem dúvida, alguns deles usariam essa hora com suas Companheiras para, em seguida, retornarem, amarrotados e felizes. O que ele não daria para ter alguém para preencher esse vazio em sua alma. Para se importar se ele chegava em casa ou não. Mas o destino lhe havia abençoado com a Tonia e ele a matou. Tinha estragado sua única chance de felicidade. A imagem da mulher misteriosa da sua visão passou pela sua cabeça. Mas não havia nada sólido no qual se agarrar. Teria que se concentrar no que tinha. Era a única maneira de suportar até chegar ao amanhã. E todos os dias depois. *** "Oh meu Deus! O Kai não é lindo?" Kira falou, segurando o celular. Imediatamente, mais celulares foram pegos e mais oohs e ahhs se seguiram.

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Selene estava sentada com a Kira, tomando café da manhã na sala de jantar, onde tinha estado desde que o Zan a deixou no caminho para a reunião da equipe. Alguma coisa estava acontecendo e estava com medo que isso significasse que ele seria mandado direto para o perigo. Tinha que lidar com essa realidade, mais cedo ou mais tarde, mas preferia que fosse tarde. Felizmente, bajular as fotos do bebê deixou todos, temporariamente, distraídos. Pelo menos, até o seu Companheiro e vários outros virem encontrar suas mulheres. Sabia que seus medos foram confirmados quando Zan e o Jax foram direto até elas, suas expressões sombrias. "O que há de errado?" Kira perguntou, guardando seu celular. Seu Companheiro lhe deu um beijo. "Temos que sair em uma hora. Houve outro ataque dos selvagens, desta vez em Branson, Missouri." Zan suspirou, depois se inclinou para dar um abraço em Selene. "Mataram uma família inteira em uma reunião e há, apenas, um sobrevivente. Um rapaz de dezenove anos de idade, que foi transformado em vampiro durante o ataque." "Isso é terrível", disse Kira, estremecendo. Zan sentou ao lado da sua Companheiro, mas não fez nenhum movimento para tocar no café da manhã. "Mais do que horrível. Isso está ficando muito ruim. Nick convocou uma reunião com o Romanoff, o príncipe vampiro da América do Norte, por isso vamos para lá assim que tivermos terminado na cena do crime." "O que vai ser do menino?" Perguntou Selene, com preocupação.

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Zan respondeu. "Estamos levando-o para o príncipe. Ele vai ajudar o garoto a se ajustar na sua nova vida, com um pouco de sorte." "Isso é alguma coisa, pelo menos", disse Selene. Zan olhou para sua Companheira, um pequeno sorriso nos lábios. "Uma notícia mais leve, temos uma hora antes de partir. Acho que seria uma coisa terrível mandar seu companheiro todo estressado e tudo o mais." "O mesmo aqui." Jax deu à Kira um sorriso brilhante. "Estou muito estressado. Muito, muito estressado". "Que sofrimento." Ela revirou os olhos, mas se levantou e pegou sua mão. "Vamos lá, grande homem. Vamos fazer algo pela sua pressão arterial." O casal saiu junto, e Zan fez um beicinho bonito. "E quanto a mim?" "Acho que posso ajudá-lo com isso, Companheiro", murmurou, inclinando-se para beijar seus lábios sensuais. "Já falei que você é a melhor Companheira do mundo?" "Que bom que pensa assim, já que eu sou a única que você já teve." "Você é a única que eu quero ou necessito." As pálpebras pesadas pelo desejo em seus olhos seriam sua ruína. Uma coisa importante que descobriu foi que, além de ser um bom homem, era um amante muito hábil. Nunca deixava de garantir o pleno prazer dela. Mal podia esperar para fazer amor com ele, novamente. Ele a colocou de pé. "Acredito que temos um encontro, querida."

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Quando voltaram para o seu apartamento, Zan parou, apenas, o tempo suficiente para fechar e trancar a porta, em seguida, correu pela sala, puxando-a atrás de si. Em seu quarto, ele a impeliu suavemente para a cama king-size, então se endireitou. Rapidamente, tirou a camisa e deslizou para fora do jeans, chutando-o de lado. Selene bebeu na visão do seu corpo nu como uma flor morrendo de sede. Vestido, era o homem mais sexy que ela já vira. Usando nada, exceto um sorriso, o homem era a perfeição. Estudou os olhos castanhos suaves em seu belo rosto angular. O cabelo grosso, da cor do céu noturno, emoldurando seu rosto maravilhoso, acariciando seu pescoço. Deixou seu olhar percorrer, demoradamente, os ombros largos, os braços fortes e a tatuagem de lobo no seu peito. Ele não era musculoso em excesso, mas perfeitamente formado de massa muscular e matéria óssea. Gracioso como um gato selvagem. Uma leve camada de pelos salpicava seu peito, trilhando para baixo, enquadrada pelos mamilos masculinos, lisos e rígidos. Finalmente, permitiu que sua atenção vagasse até sua ereção impressionante, saboreando a visão. Calor se propagou abaixo da sua barriga, entre as pernas. Seu pênis inchado se projetava orgulhosamente de um ninho de cachos escuros, arqueando em direção à sua barriga tanquinho. "Gosta do que vê?" Seu sorriso lhe disse que sabia a resposta. "Sempre. Quero te tocar." Seus olhos ficaram escuros, selvagens. "Por favor." Com as mãos trêmulas pelo desejo, Selene tirou suas roupas.

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Ele subiu na cama para se sentar ao lado dela. "Deus, você é linda." "Obrigada." O rosto de Selene corou. Ela não conseguiu evitar, apesar do fato de que os lobos não eram, normalmente, tímidos sobre seus corpos. Selene estendeu a mão para tocar a cabeça larga do seu pênis, acariciando-o com a ponta do dedo, quando uma gota de pré sêmen apareceu na ponta. Incentivada por seu gemido de prazer, envolveu a mão no seu pau. "Sim." Ele se inclinou para trás e fechou os olhos, abrindo as longas pernas. Ela bombeou devagar, apreciando a textura, a pele suave como seda do seu pau. Em seguida, moveu a mão para embalar suas bolas, apreciando a sensação do seu sexo pesado. Maravilhada que um homem tão poderoso podia ser reduzido a uma geleia com uma carícia. "Baby", engasgou, retirando sua mão. "Não vou aguentar. Mas, prometo, que vou deixar você fazer isso, da próxima vez." Zan a deitou sobre os travesseiros e estendeu seu grande corpo sobre o dela, acomodando-se entre suas pernas. Sua ereção pulsava contra sua barriga quando ele capturou seus lábios em um beijo escaldante, a língua lambendo a fenda da sua boca. Provocando, degustando. Ele interrompeu o beijo e se moveu para baixo, repetindo as atenções nos seus seios. "Você é tão perfeita." Seus dentes roçaram um mamilo, a língua fazendo coisas maravilhosas com o mamilo endurecido. Enviando choques de prazer para cada terminação nervosa. Quando sugou o outro mamilo, ela o afastou, empurrando seus ombros.

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"Meu Companheiro, preciso de você dentro de mim." Movendo-se para cobrir Selene, seu olhar se fixou no dela. O bruto desejo masculino, a possessividade no seu rosto, a fez tremer com antecipação. Ele deslizou a mão entre suas coxas, os dedos roçando os cachos pálidos. Enfiando um dedo, ele acariciava para dentro e para fora, espalhando a umidade orvalhada para prepará-la. Prolongando a carícia, esfregou seu clitóris, atiçando seu fogo. "Zan, por favor!" Penetrou alguns centímetros, deixando-a se adaptar a ele. Sempre era tão gentil, o que trouxe uma onda de lágrimas aos olhos. O ligeiro desconforto se tornou uma chama ardente e brilhante. Prazer desfraldado, uma alegria que nunca tinha conhecido com ninguém, apenas com o seu Companheiro. Colocou os braços ao redor dele, deslizando as mãos sobre os músculos das suas costas, enquanto ele penetrava tão profundamente quanto possível. "Está sentindo?" Ele sussurrou contra o seu cabelo. "Sim." Ele começou a se mover, lentamente, com golpes tentadores. "Você é minha." "Oh, Zan, sim!" Ele a segurou contra o peito, e fez amor com ela, suave e delicado. Abrigada na segurança dos seus braços, seu corpo cobrindo-a como um cobertor quente, estava em casa. Não era apenas sexo com um homem bonito. Era muito mais. Queria colocar um nome nisto, mas não se atreveu.

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Seu ritmo acelerou, suas estocadas enchendo-a com mais força. Mais fundo. Mais rápido. Mas, mesmo enquanto ele golpeava dentro dela, levando-os até o limite, era cuidadoso para não machucá-la, enquanto a penetrava com golpes poderosos. Arremessando-os para o alto, mais altoSeu orgasmo eclodiu, o grande corpo tremendo. Ela o seguiu, o clímax quebrando seu controle, as ondas acertando seus sentidos. Ele estremeceu novamente, e outra vez, até que encostou a testa na dela, respirando com dificuldade. Ela estava imóvel, amando o seu peso em cima dela, seu perfume almiscarado e masculino provocando seu nariz. Amando... ele. Será que ela o amava? Selene queria dizer a palavra livremente e ansiava por ouvi-la. Mas não podia. Ainda não. Seu acasalamento era novo, e ela tinha que ter certeza. Não sabia como expressar o que estava sentindo, muito menos processar tudo isso. Você é minha. Aquelas palavras tinham vindo das profundezas da sua alma, e deu valor a elas. Por enquanto, era suficiente.

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Capítulo 9

Zan odiava ter que deixar sua Companheira. A pontada da separação foi muito mais dura do que imaginava que seria. Observou que os outros irmãos acasalados da equipe não estavam se saindo muito melhor, enquanto se despediam no enorme hangar, abraçando suas Companheiras firmemente. Podia ter passado despercebido, mas sabia que Selene não parecia mais feliz com sua partida do que ele estava em ir. Isso mostrava que ela estava ligada a ele, gostava dele, pelo menos um pouco. Ansiava por dizer como se sentia sobre ela, que estava se apaixonando e não tinha nada a ver com a biologia dos lobos. Ele admirava sua força e coragem. Sua convicção. E seu senso de justiça. Admirava sua capacidade de colocar de lado sua vingança contra o Nick e lhe dar uma segunda chance. Isso significava que estava interessada em justiça, não vingança. E tinha um ponto fraco com os bebês e em querer ser aceita pelos seus amigos. Gostava de fazer amor e não se segurava. Se acreditava ou não, tinha um inferno de monte de coisas para amar em Selene. Mas não ia dizer a ela. Ainda não, quando poderia assustá-la. "Tenha cuidado", disse ela, a voz tremendo um pouco. "Volte em segurança."

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"Vou me esforçar." Enfiou um dedo sob seu queixo e lhe deu um beijo lento, de língua. E se manteve beijando-a até que alguém limpou a garganta nas proximidades, sinalizando para ele terminar. "Rapazes recém acasalados," Aric falou. "Xiiii." "Como se você pudesse falar alguma coisa", Zan retorquiu. "Além disso, a sua Companheira está na equipe, então ela pode ir com você. Quão injusto é isso?" "Muito. Ela pode chutar o traseiro de alguém daqui até a Costa Leste, incluindo o meu. " O homem tinha um argumento válido. Zan apressou as despedidas, e, em seguida, foi forçado a soltá-la e partir. Embarcaram em três helicópteros e, então, esperaram o teto do edifício se abrir para poderem decolar. Aric deu a partida no seu Huey, com pilotos contratados pilotando os outros, como de costume. O ruivo podia pilotar qualquer coisa com asas, e se recusava a deixar alguém pilotar sua belezinha. Nick estava na frente com ele. Zan estava com o Jax, Micah, e o Nix atrás. O grande helicóptero era um tanque voador, realmente grande, mas a viagem prosseguia sem problemas enquanto se dirigiam para o Missouri. Para Zan, perdido em seus pensamentos, a viagem pareceu passar rapidamente e, logo, estavam pousando em um campo não muito longe da casa onde os assassinatos ocorreram. De lá, foram escoltados até o local por agentes federais e Zan reconheceu alguns deles do assassinato do rancho. Desta vez, não ouviram um pio dos Federais, embora tivessem recebido muitos olhares carrancudos.

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Horror não conseguia nem começar a descrever a cena na casa. A carnificina era diferente de tudo que o Zan já tinha posto os olhos em sua vida, e isso significava muito. Parte do horror era o pano de fundo alegre da reunião familiar que tinha sido interrompida. Havia mesas, cobertas com toalhas xadrez, carregadas de alimentos. Hambúrgueres, cachorros-quentes, frango, salada de batata, batatas fritas, molhos, cerveja. Tudo estragando sob o sol da manhã, proporcionando um acompanhamento macabro para o prato principal. Corpos estavam, literalmente, por todos os lugares. Jovens e velhos e entre esses dois. Largados nas mesas de piquenique, sob o dossel festivo, entre cadeiras dobráveis. Um homem mais velho estava esparramado no limiar da porta da frente, outro na varanda. "Há mais lá dentro", disse um agente, parecendo que ia colocar para fora o café, a qualquer momento. "Isto ganha, fodidamente, de tudo que eu já vi." "Já vi algo semelhante, uma vez", um outro disse. "Sete pessoas assassinadas em suas camas, todos sem sangue, como essas." "Onde foi isso?" Perguntou Nick, olhando para ele, bruscamente. "Deixe-me pensar. Tulsa, Oklahoma, que é onde eu estava. Nunca peguei esses bastardos, tampouco. Poderiam ser os mesmos, apesar de dez anos ser um longo espaço de tempo." Não para um vampiro, Zan pensou. Mas, sabiamente, manteve esse pensamento para si mesmo. A equipe se espalhou e catalogou os corpos, anotando cada detalhe, não importando quão insignificante parecesse. A maior evidência do

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ataque daqueles selvagens era a aspereza das marcas de dentes em cada pescoço. Selvagens eram viciosos e confusos quando se alimentavam. Estavam, simplesmente, com fome o tempo todo, e não mostravam nada da nitidez e precisão da alimentação típica dos vampiros. Outro sinal foi que nenhum dos corpos mostrava evidência de atividade sexual, ao contrário de uma alimentação vampírica regular. Essas mortes foram rápidas e direto ao ponto. Quase como uma missão. "Teria sido necessário um grande número desses selvagens para fazer isso", Zan pensou em voz alta. Apenas o Nick e mais alguns da sua equipe estavam por perto, por isso podia falar livremente. "Sou só eu, ou isso tem as características de uma operação bem executada?" Perguntou Nick. Zan assentiu. "Isso é o que eu estava pensando." Terminaram a busca e estavam prestes a desistir de encontrar qualquer coisa realmente útil quando Zan avistou um rastro vermelho na varanda dos fundos. Sangue seco, cor de ferrugem, se arrastava pelas tábuas, para baixo do conjunto de degraus de madeira. Seguiu a trilha através do gramado e, quanto maior a distância colocada entre ele e a casa, mais fino e espaçado o sangue era. Era apenas o suficiente para mantê-lo prosseguindo, apesar disso, e estava determinado a localizar a fonte. Seguiu uma inclinação para baixo até um riacho e o atravessou. Então, olhou para cima, para ver que a trilha o tinha levado até uma velha pilha de madeira, que podiam ter feito parte de um galpão de armazenamento. Ele contornou a pilha.

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E foi lá que o selvagem estava, à espera, ao lado de um corpo humano. Zan mal teve tempo de registrar sua presença antes da coisa saltar para ele, as presas amareladas arreganhadas e prontas para matar. Não havia tempo para chamar seu lobo, então transformou suas mãos em garras e lançou um contra-ataque. Colidiram com um choque dos corpos e Zan ganhou uma ligeira vantagem quando derrubou a criatura no chão. Pulou sobre o selvagem, dirigiu as garras para o seu coração e errou, as garras atingindo entre as costelas e um pulmão. A coisa gritou e ele xingou, esperando que os Federais não tivessem ouvido. O selvagem fez algum estrago também, acertando Zan na coxa. Doeu pra caralho, mas não acertou nada vital então passou as garras pela garganta da criatura, cortando sua traqueia. Enquanto ele se ocupava, freneticamente, em agarrar a garganta, Zan cravou um golpe

mortal

no

seu

coração,

aniquilando

o

inimigo

instantaneamente. Aquilo morreu, os olhos ficando brancos, então mergulhou suas garras e arrancou o coração murcho, em seguida, caiu no chão. "Onde, diabos, vocês estão?" Uma voz explodiu atrás dele. "O que era aquilo?" Porra! Virando-se, permitiu que suas mãos voltassem ao normal, mas não tão rápido. O Federal, aquele que tinha mencionado os corpos em Tulsa uma década atrás, estava olhando para ele em choque absoluto. Nervoso, desviou o olhar do Zan para o corpo do vampiro, para a matança do vampiro e de volta para o Zan.

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Zan suspirou, limpou as mãos na grama, e ficou de pé. "Eu sou o cara que extermina velhacos como este. Basta pensar em mim como um exterminador de pragas." O Federal não conseguiu ver humor nisso. Imagina. "Você, você arrancou seu coração." "A única forma de evitar que voltem a viver." "Voltar a viver?" Seu rosto estava branco. "Aquilo era um desgraçado de um vampiro", Zan informou. O cavalo já estava na chuva, de qualquer maneira. "Alguns vampiros são bons e outros são maus. Aquele era ruim. E há muito mais deles de onde este veio, para sua informação." "O que você é?" Zan deixou seu focinho se alongar e mostrou suas presas. As garras em suas mãos. Deixou-os à mostra apenas tempo suficiente para convencer o homem que ele não estava tendo um pesadelo. "Puta merda!" "Eu sou um shifter lobo, e minha equipe é como eu. Isto é o que nós fazemos - livramos o mundo dos caras paranormais ruins antes que a população em geral tenha qualquer pista que algo como isto, realmente, existe. Mas o segredo está ficando mais difícil de manter, como você pode atestar." "O que fazemos agora?" O homem estava recuperando um pouco da sua compostura, o agente dentro dele voltando à tona para lhe dar alguma estabilidade.

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"Vou fazer meu trabalho com a minha equipe. Você mantém a boca fechada sobre a realidade recém-descoberta. Se puder fazer isso, podemos fazer uma aliança em algum momento, e isso vai ser benéfico para ambos os nossos empregadores." Agora, tinha ganho o cara. Ele era um agente de novo, pensando rapidamente. Avaliando. "Isso pode vir a funcionar. Ok. Vou manter minha boca fechada. Pode ser necessário recorrer a vocês, algum dia. Meu nome é Kyle Garrett." Pegando em sua carteira, deu seu cartão para o Zan. "Aqui tem o meu telefone celular." "Meu nome é Zander Cole. Não tenho cartão, mas aqui está o número do meu celular." Ele ditou, enquanto Garrett digitava o número em seu telefone. Quando terminaram, Nick e Jax atravessaram o riacho e vieram correndo até eles. Assim que Nick viu o que estava acontecendo, xingou. "Este é o agente Kyle Garrett, chefe. Ele está ciente de tudo." "Maldição". Cravou Garrett com um olhar de aço. "Você sussurra uma palavra sobre isso para alguém-" "Não vou. Você tem a minha palavra." "Bom. Vamos limpar essa merda." Seu olhar descansou sobre o corpo do pobre homem, e ele xingou novamente. A limpeza levou mais tempo do que o esperado, por isso era bem depois do meio-dia quando estavam prontos para ir. Enquanto os agentes se preparavam para levá-los de volta para os helicópteros, Zan fez uma pergunta para o Nick.

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"Por que aquele selvagem ficou para trás? Qual era o seu objetivo?" "Você está assumindo que ele tinha um. Mas sim, isso foi estranho." "Será que foi deixado para trás para nos observar de lá? E foi, simplesmente, estúpido o suficiente para deixar o rastro de sangue?" Nick soltou um suspiro. "Não sei. Parece mais provável que quisesse atrair alguém lá para trás. Talvez estivesse trabalhando por conta própria, talvez não." Não havia mais nada a ser adquirido na cena. Quando estavam nos helicópteros, outro carro chegou, trazendo um jovem. Estava vestido com calça jeans e um casaco com capuz, puxado por cima da sua cabeça, óculos de sol no rosto. Para proteger sua pele e os olhos do sol, agora que era um novo vampiro. Pobre criança. O menino acabou viajando com o Zan e o seu grupo. Zan tentou conversar um pouco com ele, mas entre o ruído do helicóptero e o trauma do jovem, foi uma causa perdida. Esperava que os vampiros fossem capazes de ajudar a criança a começar de novo. Como seria estar com dezenove anos por toda a eternidade? Que pensamento estranho. O menino se acomodou e cochilou, então Zan fez o mesmo. Sua coxa latejava de vez em quando, mas além de bagunçar a perna da calça jeans, parecia pior do que realmente era. Poderia cuidar disso no reduto do príncipe Tarron. Acordou completamente quando sentiu a aterrissagem. Eles desceram, pousando em uma área plana e apropriada, perto das montanhas. O sol estava começando a mergulhar no céu, e o cenário era deslumbrante. Não era diferente de onde a Alpha Pack vivia, mas

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o príncipe e o seu clã viviam dentro das montanhas, não na base delas, pelo que entendeu. Os helicópteros foram desligados e todos saíram, se alongando. Zan já estava cansado e esperava que fossem adiar a reunião até amanhã, mas vampiros eram criaturas da noite, então não contava com isso. Em poucos minutos, duas limusines apareceram na curva e se dirigiram até eles. Aric assobiou. "Agora, isso é sobre o que venho falando! Por que não podemos ter limusines em vez de Vans?" "Huum, porque não queremos atrair atenção aonde quer que vamos?" Disse o Nick, os lábios se curvando. "Oh. Tem isso." Sua ousadia foi interrompida quando uma criatura alta e impressionante saiu da primeira limusine. Se Zan estava esperando por uma capa escura, teria se decepcionado. O homem que surgiu só podia ser o príncipe Tarron Romanoff, vestido em um terno escuro elegante, camisa azul clara e uma gravata, combinando. Seu cabelo castanho escuro tocava seu colarinho, todo o comprimento puxado para trás das orelhas. Tinha um rosto jovem, mas bonito, e olhos vívidos que Zan só podia descrever como roxos. O cara parecia uma estrela de cinema ou modelo. Também carregava um sorriso largo e sua expressão refletia uma calorosa acolhida. Caminhou para a frente, para apertar a mão do Nick. "Nick Westfall? Tarron Romanoff. É um prazer conhecê-lo pessoalmente."

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"O prazer é meu." Nick sorriu. "Ouvi muitas coisas boas sobre você do nosso amigo em comum." Zan imaginou que o amigo em comum era o Jarrod Grant. "Obrigado. Ele fala bem de você, também. Podemos ir? Sei que todos vocês devem estar cansados e com fome. Vamos comer e depois deixar seus homens descansarem, esta noite. Há tempo suficiente para a reunião de amanhã." "Isso soa muito bem, obrigado." Graças A Deus! A equipe se separou, e ambas as limusines foram mais do que suficientes para acomodar todos eles. Nick e o príncipe subiram na primeira limusine, juntamente com o jovem vampiro recém transformado, Aric, Rowan, e o Hammer. Zan entrou no segundo carro com Ryon, Jax, Nix e o Micah. Cada carro também levava vários dos soldados do príncipe, que não estavam vestidos com um uniforme militar, mas com jeans pretos e camisas de mangas compridas e óculos escuros descolados. Zan pensou que pareciam seguranças de um clube, mas se absteve de falar isso. O interior da limusine era confortável, o passeio suave, mesmo nessas estradas. Música suave tocava através dos alto-falantes, deixando Zan sonolento, novamente. Estava prestes a encerrar o dia e estava sentindo uma leve dor de cabeça, para combinar com a dor na coxa.

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Estava sentado com a cabeça apoiada contra o vidro, os olhos semicerrados, quando viu algo que o fez se sentar ereto, de repente, bem acordado. Apertou os olhos, tentando ver melhorE viu a luz do sol sumindo se refletindo em um cano longo, apontando na vegetação rasteira. Merda! "Pare os carros!" Gritou, assustando todos que estavam acordados. "Emboscada em frente! Pare-" Uma baforada de fumaça surgiu da moita e houve um grande estrondo que sacudiu o carro no qual estavam andando. Lançador de foguete! Da janela lateral, Zan assistiu, com horror, quando o carro da frente derrapou, virou para o lado e rolou um barranco. Sua própria limusine derrapou até parar e a equipe escancarou as portas. Direto para um assalto com, pelo menos, trinta selvagens. Talvez mais. A luta tinha começado, e não houve tempo para checar seus irmãos de equipe no primeiro carro. Só podia esperar que todos estivessem bem quando enfrentou o primeiro vagabundo, cortando sua garganta e o esfaqueando no coração, depois lutou contra o próximo. E o próximo. Exaustão o sacudiu, mas não podia parar. Por fim, viu Nick e os outros saindo do primeiro carro e aderindo à luta. Isso foi um alívio, embora não pudesse visualizar o menino. Então, Nick caiu e não se levantou. Esse momento de distração quase custou ao Zan sua cabeça. Mas, no último momento, se virou e desviou do golpe mortal, despachando o atacante. Seus braços estavam cansados, a cabeça latejando. Mas não podia parar. Em um ponto, ficou surpreso ao ver que o jovem tinha

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conseguido uma faca longa em algum lugar e estava cortando através dos selvagens como se tivesse feito isso a vida toda. Zan percebeu que o garoto devia isso aos bastardos por matarem sua família. Talvez, tivesse encontrado um novo chamado. Golpe, facada, arrancar o coração. Lançou para fora a fadiga e a emoção. Continuou até que ele e os seus companheiros de equipe e o menino, junto com os soldados do príncipe, estavam de pé, sozinhos no campo de batalha, encharcados de sangue, em meio ao inimigo derrotado. Derrotado, por enquanto. Jesus, se machucou todo. Estava cansado e faminto. O que quer que o príncipe estivesse servindo, ia comer até que explodisse. De repente, um grito afugentou os pensamentos sobre o jantar. Olhou em volta e viu a Rowan agachada sobre um corpo de bruçosNick! Correndo, saltando sobre os corpos, Zan percorreu o caminho até o seu chefe e caiu de joelhos. "Ele e o príncipe estão feridos," Rowan disse para ele. Encontrou o olhar do Zan, o conhecimento que havia lá, doloroso. "Sei que a Melina e a Mac lhe disseram para não usar seu dom de cura de novo, mas o ferimento do Tarron é ruim." "Não vou deixar nenhum deles morrer", disse Zan, severamente, "então, nem tente me impedir." Ninguém podia argumentar com isso, não importa o quanto eles não queriam que Zan se machucasse por usar o seu dom. E ninguém tentou falar com ele sobre isso, embora soubessem que eles

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queriam. Enquanto Zan avaliava os dois homens, viu que o menino estava observando-o atentamente. Absorvendo tudo isso. Supôs que o período de choque havia dado lugar a um instinto de sobrevivência. Isso ia manter o menino em uma boa posição por um longo tempo. "Qual é o seu nome?" Perguntou enquanto colocava as mãos sobre o peito do Tarron. "Daegan." "Assista e aprenda, Daegan. Eles são os nossos líderes, e é exatamente por isso que a limusine foi alvejada. Mesmo se a batalha estiver ganha, se o líder cai, a guerra pode estar perdida. É trabalho do soldado protegê-los, não importa o preço que vá pagar." "Sim, senhor." Concentrando-se, tentou não pensar sobre o que poderia acontecer com o seu cérebro. Sobre as advertências das médicas se tornarem realidade. Esta era a sua vocação, o que nasceu para fazer. "Facada no estômago", disse ao grupo. "Acertou uma porção dos intestinos. Fatal se não houver intervenção porque está perdendo sangue mais rápido do que a sua cura de vampiro pode lidar. Lá vou eu." A ferida foi uma cadela furiosa para reparar. Lentamente, juntou o tecido rasgado, reconectando milhares de pequenas veias. Acelerou o fornecimento de sangue para os órgãos do príncipe. No meio, sua cabeça começou a doer. Pulsar. Três quartos do caminho e ele estava lutando para não desmaiar de dor, quando as pequenas erupções começaram a ocorrer no fundo de seu cérebro. "Quase lá", sussurrou. "Só um pouco mais."

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Em seguida, tinha terminado. Estava quase cego de dor quando se afastou do corpo curado do Tarron e foi para perto do Nick. O comandante estava sentado, protestando contra qualquer ajuda. "Não", disse ao Zan. "Posso ver que você está cheio de dor. Vou ficar bem." Ignorando-o, Zan colocou a mão em seu peito. Avaliando. "Artéria femoral rompida. Se você não fosse um shifter, estaria morto, agora. Deixe-me trabalhar." Começou de novo, lutando a cada segundo, com cada célula que colocava no lugar, mesmo que o trabalho não fosse tão entediante como a cura do Tarron. Quando terminou, balançou sobre os joelhos, em seguida, entrou em colapso. Algo quente jorrou do seu nariz. Tentou limpar, mas não conseguia mexer o braço. O rosto do Jax apareceu sobre o dele, preocupado. Zan não conseguia entender o que ele estava dizendo. Então o mundo, gradualmente, desapareceu e a dor com eles. *** Selene estava jogando um jogo no Wii com o Blue quando a ligação chegou. Não foi a única que percebeu. De repente, a Melina estava atravessando o salão e, quando Selene olhou para ela, soube, imediatamente, que algo estava errado. "O que aconteceu?" Ficou de pé, largando o jogo. Blue se juntou a ela. "Nós temos que partir imediatamente para o reduto do príncipe Tarron."

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"Por quê?" Perguntou, com alarme crescente. "O que está acontecendo?" "A equipe sofreu uma emboscada, esta noite, de um grande grupo de vampiros selvagens. Estavam indo para a fortaleza com o príncipe e os seus homens, em dois carros, quando o ataque aconteceu. Zan teve que curar o seu pai ou ele ia morrer. O príncipe, também." Selene sentiu o sangue sumir do seu rosto. "Zan está bem? É claro que não, ou você não estaria aqui." "Vou ser honesta. Seu cérebro está se rompendo pelo estresse de usar o poder da cura, de novo, tão breve, e o médico do príncipe não consegue estabilizá-lo. Eles acham que se você estiver lá vai ajudálo, considerando o vínculo de vocês." "O que estamos esperando?" Ela gritou. "Vamos lá!" "Bom. Podemos enviar algumas coisas mais tarde." "Como é que vamos chegar lá? Será que vamos usar um helicóptero, também?" "Não há tempo e não há uma maneira mais fácil." Então, Noah se juntou a ela, seguido do Kalen, da Mac e o bebê. "Vamos todos, incluindo o Kalen. E a Mac e o bebê não podem ser deixados aqui, praticamente sozinhos, neste lugar enorme." Estava prestes a repetir a pergunta sobre como chegariam lá quando três homens em jeans e camisas de mangas compridas pretas, de repente, apareceram na sala de jogos, do ar. Selene pulou de susto e correu.

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"Está tudo bem", Melina tranquilizou. "Esses vampiros são alguns dos soldados do príncipe. Vampiros podem se teletransportar, então vão nos levar diretamente para a fortaleza. " "Ok." Esperava que não enjoasse. Teletransporte parecia assustador como o inferno, embora nunca tivesse feito isso. Não havia muito tempo para se preocupar. Os três vampiros se espalharam, instruindo-os a darem os braços. Disse-lhes para fechar os olhos. E num piscar de olhos, sentiu como se estivesse voando pelo espaço. Voando como se estivesse sentada em um caça a jato - de cabeça para baixo. Tão rapidamente quanto fez essa comparação, a viagem tinha acabado. Estavam em terreno estável novamente. Ou melhor, sobre um piso. Abrindo os olhos, ficou boquiaberta com seu entorno. Estavam em um enorme salão na boca de uma caverna. O espaço era tão ricamente decorado quanto um palácio, e era isso, de fato, o que era. Uma enorme fortaleza de pedra esculpida dentro de uma montanha. Não podia imaginar nenhum inimigo forte o suficiente para penetrá-la. "O príncipe vai vê-los daqui a um momento", um dos soldados informou. "Esperem aqui." Em seguida, foram embora. Mas no instante seguinte, viu seu pai e um homem alto e impressionante correndo na direção deles. O rosto do seu pai estava contraído, preocupado, e o do outro homem também.

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"Sou Tarron Romanoff", disse o príncipe, confirmando sua identidade. "Seu companheiro salvou nossas vidas, a do seu pai e a minha. Ele é um homem muito corajoso e honrado. " Resistiu ao impulso de exigir que a levassem para ver o Zan, que inferno, agora mesmo. "Obrigada. Eu acho o mesmo." Ela se agarrou à compostura. "Por favor, como ele está?" "Não muito bem, receio. Seu cérebro foi pressionado até os limites da sua resistência e o sangramento continua. Ele está inconsciente." "Posso ajudar? Farei qualquer coisa." Ela falou sério. "O nosso médico e a nossa equipe de enfermeiros acreditam fortemente no poder do vínculo com o Companheiro. Especialmente nos casos em que um Companheiro está entre a vida e a morte. O vínculo com o Companheiro pode influenciar o outro parceiro a viver e se curar." Lágrimas encheram seus olhos. "Vou fazer o que for preciso para deixá-lo bem. Posso vê-lo agora?" "É claro. Venha e vamos acomodá-la com ele." Para os outros, ele disse, "Vou ter quartos preparados para todos vocês. Gostaria de estender um convite para sua equipe médica, para trabalhar em nossa enfermaria, enquanto a Alpha Pack permanece como nossa convidada e lutamos com este problema dos selvagens. Sabemos muito pouco sobre a medicina shifter; sua presença seria de grande ajuda. " "O enfermeiro Brooks e eu aceitamos, obrigada", disse a Melina. "A Dra. Grant está em licença maternidade."

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O príncipe fitou o bebê com um sorriso caloroso. "Estou vendo. Vou me certificar que o bebê e seus pais tenham as melhores acomodações disponíveis." Ele girou e foi embora. O grupo o seguiu, entrando em um mundo totalmente novo. Mas tudo no qual Selene conseguia se focar era se certificar que o seu Curandeiro corajoso ficasse curado.

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Capítulo 10

Selene seguiu o príncipe através do labirinto de túneis, pensando que se um inimigo, de alguma forma, conseguisse entrar neste lugar, precisaria de um mapa e um guia turístico para encontrar o caminho para fora. Quando, finalmente, chegaram à enfermaria, ficou satisfeita ao ver os amigos do Zan todos reunidos, esperando na recepção. Ela sabia que estavam com medo, mas não tão assustados quanto ela. Era o seu Companheiro em perigo. Localizando um médico que vinha através das portas duplas em sua direção, correu para ele. "Por favor, estou aqui para ver o Zander Cole. Como ele está?" Perguntou, com voz trêmula. O belo médico girou seu olhar firme ao redor e olhou-a fixamente, seu rosto suavizando, com simpatia. Selene sentiu seu coração dar uma guinada quando ele ficou diante dela. "É Selene Westfall?" "A Companheira do Zan, sim", disse ela. Um arrastar de pés veio de trás, e ela soube que a equipe estava escutando. Eles queriam notícias, desesperadamente. Quando o médico falou, dirigiu-se a ela gentilmente, sem ficar perturbado pela horda de shifters ansiosos para ouvir.

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"Eu sou o Dr. Archer. Vamos nos sentar, e vamos começar com a boa notícia. Por favor", instruiu delicadamente, e esperou que ela o seguisse. Ela o fez, com medo que as pernas trêmulas não conseguiriam apoiála. Não havia escapado da sua atenção, como o Dr. Archer tinha evitado a sua pergunta, tomando o controle calmamente, como um homem acostumado a lidar com os piores cenários. Tendo em conta que tinha um clã inteiro de vampiros para cuidar, tinha certeza que era esse o caso. O médico se posicionou em um lado dela, e Jax sentou no outro. Nick ficou por perto, seu rosto definido em linhas duras. "Tenho o prazer de informar que os testes não revelaram hemorragia interna ou danos aos seus principais órgãos. É claro que vamos continuar a monitorar a hemorragia interna no seu cérebro." Esperança surgiu dentro dela, mas a reserva do médico a manteve em xeque. "O que posso fazer para ajudá-lo?" "Permanecer ao seu lado, tanto quanto puder, pelo menos, até que deixe o estado crítico. Tenho certeza que o nosso príncipe lhe disse como valorizamos altamente o poder do vínculo do Companheiro na cura." "Sim, ele o fez. Faz sentido." "Há mais que você deve saber. Trauma cerebral é a nossa preocupação mais imediata. Quando chegou aqui, estava em estado de choque e sofrendo convulsões. Para ser honesto, ele nos deu um susto. Fizemos uma tomografia computadorizada e alguns raios-X. Os sangramentos estão aqui." Colocou o dedo em um ponto atrás da sua orelha direita, em direção à parte de trás da sua cabeça e, em

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seguida, na têmpora. "Há um pouco de inchaço colocando alguma pressão no seu cérebro, mas está respirando por conta própria e está mostrando sinais de atividade cerebral normal. Saberemos mais, uma vez que recuperar a consciência." "Deus." Apertou a mão trêmula contra a boca. Zan podia ter morrido. Sabia disso, mas agora era mais real. Seu corpo inteiro parecia congelado. "Quanto tempo até que saibamos algo? Até que mostre alguma melhora?" "Não há nenhuma maneira de ter certeza. Ele está aguentando, mas eu o quero em observação. Uma vez que acordar e não apresentar mais complicações, posso transferi-lo para um quarto comum. Tente não se preocupar, Selene. Ele é forte e está em forma, por isso temos todos os motivos para esperar uma recuperação completa, com a sua ajuda." "Quando posso vê-lo?" "Ele está sendo transferido para o setor de cuidados intensivos. A enfermeira-chefe virá buscá-la quando estiver pronto, e volto mais tarde." Zan estava lá, em algum lugar, machucado. Lutando por sua vida. Seus pulmões e a garganta queimaram com o esforço para reprimir as lágrimas, mas estava determinada a ser forte para o Zan. Se não havia mais nada que pudesse, pelo menos, podia fazer isso por ele. Seus irmãos de equipe circulavam, sem vontade de sair sem mais notícias. O tempo passou e a espera por mais notícias deixou seus nervos em frangalhos. "Zan", disse ela através do seu vínculo, tentando alcançá-lo. Não houve resposta. As pessoas entravam e

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saíam. Por que estava demorando tanto? Centenas de possibilidades apareceram, todos elas assustadoras. Seu pai se sentou ao seu lado e pegou sua mão. Olhou fixamente para a grande mão sobre a dela, percebendo o quanto tinha perdido do conforto de seu pai. "A cura de Tarron era importante, mas não queria que Zan fizesse este sacrifício por mim. Gostaria que ele tivesse me deixado partir. Então, você não teria que passar por isso." Ela suspirou, olhando para o pai. "Não se atreva a menosprezar o presente que ele deu para você, dizendo isso! Ele quase deu a vida por você e isso significa algo para ele. Não diga isso de novo." "Sinto muito", disse, surpreso. "Não olhei para isso dessa forma. Nunca mais vou falar isso, novamente." "Obrigada. E sinto muito pela repreensão; Só estou com medo." "Eu também." "Acho difícil acreditar que você está com medo de alguma coisa", disse ela em voz baixa. Ficou maravilhada com a forma como ele estava sempre apoiando os homens da sua equipe, sempre tão forte. "Você realmente cuida dos seus homens. Você podia ter morrido hoje à noite, e seu primeiro pensamento foi para eles." "Isso é parte do meu trabalho." "Acho que é mais do que isso para você. Eles o mantém vivo." Ele hesitou, e então suspirou. "Esses caras salvaram a minha vida, e nem sequer sabem disso." Seu coração balançou. "Como assim?"

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"Eu já estava no FBI por quase vinte anos, e era hora de seguir em frente, diante dos meus colegas humanos, antes de descobrirem que não estava envelhecendo. Estava sem um propósito e me sentindo deprimido, como se não pudesse recomeçar minha vida mais uma vez. E, em seguida, o Jarrod Grant entrou em contato comigo para falar sobre comandar a Alpha Pack". "E juntar-se a eles, literalmente, salvou sua vida?" "Sim." Olhou profundamente nos olhos dela. "Selene, você não viveu tempo suficiente para saber o que é sofrer por quase dois séculos sob o domínio da agonia da solidão, na esperança de encontrar o seu verdadeiro companheiro, em seguida, encontrá-lo e perdê-lo. Rezo para que você nunca saiba. Sobrevivo no inferno, desde então, lutando para encontrar um sentido para a minha existência." "Você já encontrou?" "Tentei. Mas chega um momento em que a solidão se torna demais para suportar", disse ele em voz baixa. "Quando a culpa dos próprios erros não vai ser amenizada, quando o passado não vai morrer. Quando o corpo está cansado demais para abrigar uma alma morta. É por isso que os seres humanos têm a sorte de ser mortais, porque para sempre é muito tempo." Suas palavras a assustaram terrivelmente. Ele estava pronto para morrer? Não queria perdê-lo, especialmente antes que tivessem resolvido as coisas entre eles. Ele ficou em silêncio mais uma vez, então cedeu à tentação de pressioná-lo. "Qual foi o seu papel na morte de minha mãe? Você quis matá-la?" "Agora não é o momento", disse suavemente.

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"Você só está tentando se livrar de me responder!" "Não. Juro a você que não estou. Quer dizer, quando eu digo que você não está pronta para ouvir a verdade, ainda. Vou saber quando você estiver." "Você sente falta dela?" "Todos os dias da minha vida", resmungou. "Assim como senti sua falta. Quando perdi você, não queria mais viver." O olhar dela prendeu o dele. "Você não me perdeu, como se perde as chaves do carro. Você me deixou." "Não, eu-olha, este não é o momento para discutir isso." Então, uma enfermeira de meia-idade, finalmente, apareceu na porta, sua expressão sombria não ajudando em nada para acalmar os temores de Selene. "Você pode vê-lo agora", disse ela. Selene não estava preparada para a visão do seu Companheiro deitado na cama, tão pálido e vulnerável. Normalmente, era tão cheio de vida. Gentil, engraçado e doce. Seus expressivos olhos castanhos estavam fechados, os cílios descansando contra o rosto. Havia tubos e fios por todo o corpo. Uma intravenosa na mão. Colocando uma cadeira ao lado da sua cama, se sentou e alcançou a mão sem a intravenosa. Por um longo tempo, observou o lento pinga, pinga da medicação clara através da linha até que ficou um pouco agoniada e voltou a observá-lo, em vez disso. Vamos, baby. Você consegue vencer esta. Eu sei que você pode. O médico diz que o vínculo entre Companheiros vai ajudar você a ficar bem e eu acredito nisso. Por favor, faça isso por mim.

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Não houve resposta. Em algum momento, ela se cansou e dormiu. A enfermeira veio mais tarde e providenciou uma cama para ela, na qual, agradecida, deitou ao lado dele. Antes de voltar a dormir, testou mentalmente o vínculo com o seu Companheiro, achando-o forte. Tinha levado alguns golpes, mas estava intacto. Imaginou que Zan estava na outra extremidade do fio esticado entre eles, como se fosse um peixe que ela tinha na linha. Lentamente, o puxou com sua mente. Podia estar errada, mas parecia que ele estava se aproximando. Amarrando a ponta do fio, finalmente, cedeu ao sono. *** Zan despertou de forma gradativa. No início, não sabia onde estava. Às vezes, pensava ter ouvido a Melina e o Noah falando, mas outras vezes ouviu uma voz masculina desconhecida. Parecia ser um médico, e alguém o chamou de Victor... alguma coisa. Não conseguia lembrar, nesse momento, e não se importava. Deixou seus pensamentos vagarem por um tempo. Tentou descobrir o que havia acontecido para ele acabar aqui. Onde quer que aqui fosse. Abrindo um pouco as pálpebras, viu paredes de pedra. Como pedra natural de caverna, não do tipo feito pelo homem. Que diabos? Em seguida, virou a cabeça e tudo, de repente, estava bem com o seu mundo, não importava onde estavam. Selene estava sentada em uma cadeira ao lado dele, dormindo. Se deleitou com a visão do cabelo loiro pálido emoldurando seu rosto, o

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corpo alto afundado na cadeira, com as pernas esticadas à sua frente. Ela, provavelmente, gostaria que ele a acordasse, mas estava tentado a deixá-la dormir. "Selene?" Sua voz soava como se tivesse gargarejado vidro, com várias doses de uísque. Baby, enviou mentalmente. Isso pareceu ser suficiente. Bocejando, ela se sentou e olhou para ele, então seus olhos azuis se arregalaram. "Zan! Você está acordado!" "Ei, baby", sussurrou. "Onde estamos?" Inclinando-se para frente, tocou seu braço. "Estamos no reduto do príncipe. Sua comitiva foi atacada no caminho para cá." "Como você chegou até aqui? Por quê?" "Você estava muito mal." Ela engoliu em seco, se lembrando. "Eles acharam que você podia morrer. Enviaram alguns dos homens do príncipe para me buscar, a Melina, o Noah, assim como a Mac e o Kalen. Todos nós vamos ficar como convidados do príncipe até que esta situação com os selvagens seja resolvida. A Alpha Pack está trabalhando com os homens dele." "Sabia que ia trabalhar com eles, mas ficar aqui? Não estava esperando por isso." "Esse último ataque mudou a perspectiva de todos. Eles têm como alvo o Nick e o Tarron e, agora, têm que descobrir o porquê." Inclinando-se, beijou seus lábios suavemente. "Chega de falar nisso, agora. Como você está se sentindo?" Pensou nisso. "Um pouco de dor de cabeça. Cansado."

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"Meu pobre Companheiro. Não quero que você pense sobre qualquer outra coisa além de ficar bem, ok?" Seus olhos ficaram pesados, e ele deslizou de volta para o sono. Quando acordou novamente, estava se sentindo melhor. A dor na sua cabeça não era tão ruim e não estava tão cansado. Mas onde estava sua Companheira? Selene? Indo, amor. Você está bem? Melhor. Só queria ver o seu belo rosto. Então ela entrou no quarto, seu sorriso só para ele. Ele sorriu de volta, mas tinha certeza que sua expressão parecia tão grogue quanto se sentia. "Saí para almoçar e aí está você." Se sentou ao lado dele, tomou sua mão e beijou seus lábios. "Está acordado há muito tempo?" "Não, só um minuto. Onde está todo mundo?" "A equipe está em torno da fortaleza, em algum lugar. Alguns vieram ver você, mas não estava acordado. Meu pai tem ficado muito aqui, e também o Jax. Todos têm estado muito preocupados." "Estou bem. Especialmente agora, que estou com você, novamente." Ela pareceu contente com isso. "Nosso vínculo de Companheiros o ajudou a melhorar e você vai ficar bem." "Se alguém podia me ajudar a fazer isso, era você." Sua felicidade esmaeceu. "Você quase morreu, no entanto. E a Melina vai vir conversar conosco, em breve."

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Tinha a sensação que sabia o que ela ia dizer. E seria capaz de atender suas palavras tão bem quanto tinha feito antes, mas não em tudo. "Vou ouvi-la, mas-" "Eu sei, querido. Você não tem que me explicar. Eu tenho o meu pai e um príncipe vampiro muito grato, que devem a vida a você. Sei porque você faz o que faz e que não mudaria nada do que fez." "Você, realmente, entende." "Sim. Nem sempre significa que seja mais fácil de aceitar ou não se preocupar, mas entendo". Noah entrou, agitado, verificado seus sinais vitais. Após o enfermeiro sair, imaginou que não demoraria para que a doutora o seguisse e estava certo. Melina entrou, o rosto de elfa exibindo uma carranca cuidadosamente composta. Imaginou se ela praticava esse olhar no espelho para intimidar seus pacientes e, imediatamente, se sentiu mal pelo pensamento não caridoso. A doutora era dedicada ao seu trabalho, e era boa nisso. "Zander, precisamos conversar", ela começou. "Será que precisamos? Já sei o que você vai dizer." "Tenho que dizer isso, de qualquer maneira. Zan, você não pode curar ninguém novamente por, pelo menos, seis meses, se quiser permanecer vivo. Essa é a versão curta." "E a versão longa?" "Seu cérebro foi levado aos limites da resistência. No caminho para cá, você parou de respirar. Então, teve convulsões e um sangramento lento que ficou penosamente perto de se tornar uma

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hemorragia. Seu cérebro está acabado. Não vai aguentar mais nada, ou você vai estar acabado, também." "Melina", disse ele em voz baixa. "Eu te conheço há anos. Você é uma médica incrível e quer o que é melhor para os seus pacientes. Sei que você tem que ser direta comigo. Então, tenho que fazer o mesmo." Ela

esperou

enquanto

ele

descansava,

organizando

seus

pensamentos. Estava ficando cansado, novamente. "A coisa é, ser um Curandeiro faz parte de quem eu sou, como ser médica faz parte de quem você é. Não consigo separar isso de mim mais do que conseguiria separar meu lobo. Descobri que podia curar quando era apenas uma criança e o gato de um vizinho quebrou a perna. Eu o peguei e apenas... o curei." "Eu não sabia disso." Ela lhe deu um sorriso carinhoso. "Eu nunca disse a ninguém o que fazia. Mas, a partir de então, eu o usei sempre que podia. Em minha mente, não havia necessidade dos outros sofrerem, se eu tinha o poder de impedir. Entende? Dou a minha alma para ver os outros bem. Isso é o que eu sou." "Entendo." "Sei que sim. Só tinha que te dizer que não estou sendo imprudente ou usando o meu dom levianamente. Sei, exatamente, o que está em jogo, mas quando se trata da vida dos meus irmãos da Alpha Pack e da minha Companheira, não há dúvida de que vou arriscar tudo para me certificar que estejam bem." "E se você morrer?"

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"Então, morrerei", disse ele com um pequeno sorriso. "A maioria das criaturas o faz, mais cedo ou mais tarde." "Você é um homem raro, Curandeiro." Ela se levantou e dele para a Selene. "Espero que ambos percebam quão sortudos vocês são." Com isso, ela os deixou sozinhos. Zan olhou para a porta que ela tinha acabado de passar. "Ela é tão solitária. Queria que ela conseguisse encontrar um Companheiro para completá-la, do jeito que você me completa." Calor brilhou nos olhos da sua Companheira. "Eu também gostaria. Você conhecia bem o falecido Companheiro dela?" Ele inclinou a cabeça. "Sabe, é engraçado você perguntar isso. A equipe e eu trabalhamos com o Terry por cinco anos e meio. Mas durante todo esse tempo, nunca senti que o conhecia tão bem ou que era tão próximo a ele quanto sou com o Nick nesses meses, desde que assumiu." "E o resto da equipe? Eles se sentem da mesma maneira?" "Tenho certeza que sim. Especialmente o Jax. Ele nunca se deu muito bem com o Terry." "É meio estranho." "Sim. Uma parte de mim imagina se o Terry não teve nada a ver com a emboscada que matou metade da nossa equipe. Então, me sinto um merda total, por pensar mal do morto." "É uma preocupação legítima. Quando alguém se mantém distante e, em seguida, algo ruim acontece, você se encontra questionando o que pensou que sabia." De repente, ela ficou com um olhar estranho no rosto.

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"O que foi?" "Isso é exatamente o que sinto pelo meu tio, agora", disse ela, em voz baixa. "Ele sempre se manteve tão distante, com sua superioridade moral, que ninguém mais pode, eventualmente, alcançá-lo. E, agora, me pego questionando por que ele sempre foi tão contrário a encontrar o meu pai." "Você já perguntou ao Nick, ultimamente, sobre o passado?" "Sim. Ele disse que eu não estava pronta para aceitar a verdade e, talvez, esteja certo. Isso me assusta." "Você não quer descobrir que algo em que acreditava era, na verdade, uma mentira." "Sim, assim como a sua equipe e este Terry." "Às vezes, a verdade não deve vir à luz", disse ele. "Me pergunto, às vezes, se não é melhor para todos." "Não concordo, pelo menos não quando o meu tio e o meu pai estão envolvidos. Apesar das nossas diferenças, estou realmente preocupada com o Nick. Ele está deprimido, Zan, e falo isso a sério. Alguém tem que ceder e um deles vai me dizer a verdade, mesmo que eu tenha que arrancá-la!" Ele sorriu. "Não duvido que você faça isso." "Acredite." Acreditava. Selene estava, rapidamente, chegando ao fim da sua paciência com os dois homens. Por enquanto, tudo que Zan podia fazer era ser um conforto e uma fonte de apoio para sua Companheira.

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Nick estava prestes a enlouquecer. Estava começando a se sentir como a porra de um morcego e tinha que sair desta enorme caverna e ver a luz do sol antes que ficasse louco. Como, diabos, os vampiros aguentavam viver dentro de uma montanha? Andando pelos corredores e procurando, sem sucesso, finalmente encontrou um vampiro que o encaminhou para a saída mais próxima. Uma que levava a um caminho para a floresta abaixo da montanha. Quando chegou na saída, descobriu um enorme soldado vampiro guardando uma porta de metal pesado, presumivelmente, para o exterior. O vampiro ficou mais ereto, olhando desconfiado para o Nick, enquanto se aproximava. "Me falaram que este caminho leva a um bom lugar para dar uma corrida. Presumo que não seja um problema?" Seu tom, leve e amigável, não teve qualquer efeito sobre o vampiro. "Presumiu errado. O príncipe Tarron não gosta que ninguém deixe a fortaleza à luz do dia." "Bem, estou supondo que ele quis dizer vampiros, membros do seu clã, que não devem sair porque vão se queimar. Não sou nenhum dos dois - sou um lobo e um visitante." "Aplicam-se as mesmas regras." O soldado estava tão imóvel quanto a rocha estava de pé. Merda. "Escuta, cara. Meu lobo precisa extravasar ou vai ficar um pouco maluco. Se ele enlouquecer, podem haver problemas quando ele ficar selvagem. E, então, isso vai chegar ao príncipe, e ele exigirá saber por que eu não estava autorizado à simples cortesia de- "

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"Tudo bem", disse o soldado rosnando. "Mas, se algo acontecer com você, é a sua bunda." "Obrigado." O soldado musculoso abriu a porta pesada. O ar fresco da montanha, tingido com, apenas, a quantidade certa de frio, acertou sua cara e suspirou em apreciação. Quando atravessou a porta e andou pelo caminho íngreme, a vista e os aromas da área arborizada abaixo deixaram seu lobo lutando para ser liberado. A floresta encontrava o caminho apenas uma centena de metros abaixo e achou um bom lugar para esconder suas roupas. Rapidamente, se despiu e deixou a mudança fluir através dele. Músculos esticaram e ossos estalaram, seu corpo se remodelando no seu lobo - uma forma que não conseguia apreciar o suficiente, apenas pelo puro prazer. E havia tão pouca diversão na sua vida. Seu lobo correu para a floresta, e ele pensou na Selene. Ela não tinha falado com ele nos dois últimos dias, desde que o Zan tinha começado a se recuperar. Sua filha queria que ele se abrisse e ele alegou que ela não estava pronta. Não queria encarar que ele era o único que não estava pronto para abrir aquela ferida, que era melhor deixar fechada. Exceto que aquela ferida era purulenta, e seria, até que fosse tratada de uma vez por todas. Como consequência, poderia perder o seu bebê para sempre. Com o coração pesado, correu. Seu lobo, gradualmente, tomou o controle da sua mente e foi uma espécie de alívio dos problemas que estavam enchendo sua mente, dando-lhe paz. Ele se divertia com as

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folhas e a terra sob suas patas, o ar fresco. Seu corpo lobo, não onerado por suas limitações humanas, disparou sobre rochas e árvores caídas. Havia corrido por, talvez, uma meia hora, quando desacelerou para um trote e ouviu... um canto. Parando, inclinou a cabeça, incerto a princípio. Mas, sim, lá estava ela. A voz mais doce do sexo feminino, cantarolando uma melodia popular sobre amor perdido e encontrado, novamente. A voz era cativante, a melodia como o trinado de um pássaro entre os galhos. Por um momento, pensou que, talvez, estivesse tendo alucinações e que seria um pássaro, apenas. Mas quando se aproximou de uma brecha nas árvores, a respiração parou. Se não estivesse na forma de lobo, seus joelhos teriam se dobrado e poderia ter soltado uma exclamação, tranquilamente. A mulher era linda. A mais impressionante obra de arte viva que já tinha visto. Tinha estatura média, cerca de um metro e sessenta, e um manto escuro abraçava o que ele imaginou ser um corpo magro. Seu rosto era requintado, a pele pálida e macia, com maçãs do rosto altas e um nariz fino. Seus olhos, com cílios enormes, dominavam o rosto, as sobrancelhas arqueadas desenhadas perfeitamente sobre eles. Não conseguia ver a cor de onde estava, mas isso pouco importava. O cabelo castanho, lindo, liso, brilhante, caía em torno daquele rosto marcante até a cintura, como uma cortina de seda. Estava sentada sobre uma pedra, perto de um riacho murmurante e, felizmente, não estava ciente de que ele a observava. Não deveria espionar, mas queria observar essa bela criatura, livremente, por tanto tempo quanto fosse capaz.

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Ela continuou cantando. E ele continuou observando e ouvindo, o som chegando até algum lugar dentro dele, aliviando as dores que tinham machucado e sangrado por muito tempo. Tentou captar o cheiro dela, mas a brisa soprava em uma direção diferente. Embora não pudesse ter certeza, assumiu que era do clã do Tarron. Estavam tão distantes, nas montanhas, e não haviam casas por estas bandas. Se ela fosse uma vampira, como conseguia estar lá fora, no sol? Ouviu que apenas vampiros antigos e, agora, os selvagens, podiam fazer isso. A vontade de se revelar era forte. Na verdade, a atração se tornou tão irresistível que ele deu alguns passos para frente, mas uma voz quebrou a atmosfera tranquila. "Calla! Calla! Droga, onde está você?" Tarron. Era a voz do príncipe e parecia, ao mesmo tempo, irritado e preocupado. A vampira, que agora sabia ser Calla, levantou a cabeça, assustada, olhando em volta. Movendo-se rapidamente, pulou da rocha, soltou uma maldiçãoE desapareceu. Nick não conseguiu entender o súbito desespero que tomou conta dele, enquanto olhava para o espaço vazio onde ela estava. Ele a observou por, apenas, um breve período de tempo, por isso sua reação não fazia sentido. No instante seguinte, Tarron apareceu perto do local onde a misteriosa Calla tinha estado.

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Murmurando, olhou em volta e passou a mão pelo cabelo. Nick se manteve escondido por alguma razão, em vez de ir até seu novo amigo. Quem era Calla para Tarron? Amiga? Família? Amante? Um rosnado baixo retumbou em seu peito, mas, felizmente, Tarron não ouviu o barulho. O vampiro desapareceu, transportando-se sabese lá para aonde. Teletransporte era uma habilidade que surpreendia Nick. Hammer, seu amigo e braço direito, podia fazer isso, mas era o único membro da Alpha Pack que conseguia. Decidido a voltar, partiu em um trote. Durante todo o caminho de volta para a fortaleza, se encontrou recordando cada minuto da observação da vampira bonita. Calla. Imaginou se ia vê-la novamente, talvez, encontrar-se pessoalmente em algum momento. Esperava muito por isso. Localizou suas roupas e se vestiu, em seguida, caminhou de volta até a porta de metal e bateu. O mesmo guarda o deixou entrar, parecendo não muito mais feliz do que estava antes. Agradeceu ao soldado, de qualquer maneira, começou a sair, em seguida, parou e olhou para o homem de novo. "Por acaso, você conhece uma vampira chamada Calla? Tem por volta de um metro e sessenta, cabelo bonito, longo e castanho, canta como um pássaro" "Essa é a Princesa Calla Shaw", o guarda disse, estreitando os olhos. "Irmã do príncipe Tarron." Bem, oh merda. "Talvez a gente esteja falando de mulheres diferentes? O sobrenome do Tarron é Romanoff, não Shaw." "A princesa é a única Calla neste covil, e é viúva. Ela é muito adorada e, ferozmente, protegida pelo seu irmão, e sugiro que quaisquer

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inclinações que você tenha em sua direção, esqueça-as." Seu tom era rude. Oh, inferno. "Obrigado pelo aviso." Com um suspiro, caminhou até o escritório do Tarron, maldizendo sua sorte, que nunca parecia mudar. Então, ligou seu laptop. Ia verificar seus e-mails, ver se alguma coisa interessante tinha chegado, hoje. Imediatamente, se arrependeu quando olhou. Todos os pensamentos sobre a bela vampira desapareceram, sabendo da escolha que enfrentaria. *** Dois dias depois, Zan foi declarado apto para sair da enfermaria, enquanto prometeu ir devagar. O que ele fez, com os dedos cruzados sob os lençóis. Era um lobo. Não se sentia muito bem sendo sedentário. Não se comportaria em outras áreas, também. Hoje, seu pau furioso, simplesmente, não ficaria quieto. Toda aquela proximidade, trancado na enfermaria, sentindo o cheiro doce da sua Companheira noite e dia, estava enlouquecendo-o, digamos assim. Ele queria ter relações sexuais selvagens na cama da enfermaria. Mas foi aí que a sua Companheira impôs limites, dizendo que fazer tal bagunça com pessoas tão perto não era bom e que os médicos e enfermeiros podiam aparecer a qualquer minuto. Transar no escuro da noite era uma coisa, isto era algo completamente diferente. A papelada da alta do Zan ficou pronta e nunca se sentiu mais feliz, quando saiu do confinamento.

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Uma das empregadas da casa do príncipe o levou e a Selene até o quarto deles. A vampira parou em frente a uma porta, abriu-a e entrou, apontando para a suíte enorme. "Esta será a sua suíte, enquanto estiver aqui", disse ela; então, para sua surpresa, deu um passo para a frente, corajosamente, como se sua companheira não estivesse ali mesmo, e esfregou a frente do seu corpo contra o dele. E, infelizmente, na sua ereção galopante. "Se houver alguma coisa que eu possa fazer para melhorar sua estadia, deixe-me saber." Duas coisas aconteceram, simultaneamente. Ele pulou para trás, colocando distância entre ele e a vampira, como se tivesse sido eletrocutado, e sua companheira, parcialmente transformada, derrubou a vampira no chão e rosnou para ela com caninos do tamanho de facas de açougueiro. "Saia de cima do meu companheiro, porra! E nunca mais o toque novamente, a menos que queira ser a minha refeição noturna!" Pálida, a vampira gaguejou um pedido de desculpas e, praticamente, saiu correndo da sala. Selene ficou parada ali, fervendo de raiva. Odiando vê-la chateada, se aproximou e acariciou seu rosto. "Vem cá, baby. Respira fundo. Não estou interessado nela. Você sabe disso, certo?" Ela assentiu com a cabeça. "Você é meu!" "Eu sei. Seu". No interior, seu lobo uivava de alegria com sua possessividade. Sua reivindicação. "Por que aquela cadela estúpida fez uma coisa dessas? Ela tem vontade de morrer?"

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"Os vampiros são muito livres sexualmente, minha Companheira. Para ela, essa oferta foi, provavelmente, tão natural como respirar." "Bem, se ela quiser continuar respirando, vai manter a porra do seu corpo para si mesma!" Aos poucos, mudou de volta para sua forma humana. Mas sua possessividade permaneceu. Ele sabia o que queria, sem dúvida, quando ela espalmou a mão sobre sua ereção através do jeans e esfregou. "Deus, isso é tão bom! Faz tanto tempo", ele murmurou. "Quero te chupar." "Reafirmar a quem eu pertenço?" "Isso mesmo!" "Por mim, tudo bem." Sorrindo, abriu o zíper da calça jeans e a empurrou para baixo, expondo seu pau duro para o olhar faminto dela. As veias se destacavam, roxas, contra a pele avermelhada. Ele estava, fodidamente, com tesão. Da fenda escorria pré-sêmen, então ela passou o dedo em cima, em seguida, o levou até sua língua para prová-lo. "É tão bom", ela gemeu. "Tem muito mais. E tudo para você." Ela se ajoelhou no tapete em frente a ele. Mas se pensou que ela estava indo para o seu pau de imediato, estava errado. No meio das suas pernas, levou o rosto até as bolas dele e as acariciou. Beliscando e lambendo, esfregou todo o seu saco, marcando-o com

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o cheiro dela. Nenhuma fêmea, dentro de uma centena de quilômetros, ninguém em sã consciência, de qualquer forma, se aproximaria do seu homem enquanto carregava seu perfume. Ele gemeu, se abrindo mais para ela. Ele gostava desse lado dela, agressivo, tomando o que era dela. Sua língua questionadora lavou cada centímetro das suas bolas, até mesmo lambeu seu períneo, e ele quase gozou, em seguida. Mas conseguiu se segurar, porque isso estava danado de bom. Finalmente, ela lambeu seu pênis, certificando-se que fosse bem cuidado, também. Não houve uma única zona erógena inexplorada, um ponto deixado intocado. Então alojou sua vara no fundo da garganta, lentamente e com uma boa sucção, e ele pensou que devia ter morrido e ido para o céu, depois de tudo. Não havia nada melhor do que ter o seu pau chupado. Desafiou alguém a falar o contrário. Esse cara seria um mentiroso. Emitindo ruídos satisfeitos, ela o chupou até que ele ficou cego. Até que estava bombeando na sua garganta em um ritmo regular, mais profundo e mais rápido, amando que ela gostava disso. Que o queria. Sentiu suas bolas endurecerem. "Baby, vou gozar!" Ela continuou mais rápido, agarrando sua bunda e apertando. Isso foi tudo o que ele conseguiu suportar. Com um grito, esvaziou sua semente na garganta dela, espasmo após espasmo. Ela engoliu cada gota, acalmando-o, a língua massageando a parte inferior do seu pênis, provocando um monte de pequenos tremores.

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Eventualmente, estendeu a mão e ajudou a levantar-se, em seguida, a levou para a grande cama que os aguardava. Dormiram por algum tempo, nos braços um do outro, mas acordou com fome dela, de novo, em algum momento da noite. Beijou suas costas, satisfeito por ela estar acordando emitindo sons satisfeitos. Ela gostou do que ele estava fazendo. Encorajado, arrastou a língua por sua coluna até a bunda dela. Em seguida, abriu suas pernas e brincou com seu sexo com a língua. Fazendo um ruído incoerente, ela abriu mais as pernas. Assim, lambeu sua fenda, como se estivesse chupando um sorvete. Adorava retribuir o favor, deixá-la toda mole e molhada, fazendo-a se contorcer em seu rosto, perdida em puro prazer. "Oh! Deus, sim!" Ela era uma amante veemente e ele gostava disso. Queria ouvi-la gritar alto, então agarrou o pequeno clitóris e sugou como um homem faminto. Ela gozou sob seus cuidados, se contorcendo e gritando, sacudindo a montanha. Uma e outra vez, chupou e lambeu seu creme, até que ela caiu, mole, na cama. Satisfeita. Depois de limpar o rosto no lençol, ele a abraçou e eles adormeceram, contentes. Algum tempo depois, ele acordou e a encontrou estudando-o. Então ela sorriu e beijou o seu peito. "Bom dia." "É de manhã? É difícil dizer que hora do dia é quando se está escondido em uma montanha."

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"De acordo com o relógio, é. Com fome?" "Sim. Mas preciso, primeiro, de uma chuveirada. Está dentro?" "Sempre." O banho foi divertido e se sentiu como um novo homem quando, finalmente, saíram - muito tempo depois que a água quente se esgotou. Em seguida, se vestiram e, finalmente, foram em busca de comida. Encontraram a maior parte da equipe e um monte de vampiros em uma sala de jantar não muito diferente daquela do complexo. Zan ficou um pouco surpreso ao ver vampiros comendo comida normal, mas sabia que tinham que tomar sangue, também, para sobreviver. Ele e Selene escolheram ovos, bacon e torradas, com uma boa dose de café para acompanhar. "Gostaria de saber onde o Nick está", disse ele, olhando ao redor. "Não sei. Está difícil encontrá-lo, ultimamente." "Você ainda está preocupada com ele." "Mais do que nunca. Ele também não está comendo muito, tanto quanto posso ver." Estavam conversando com um grupo de vampiros sobre o seu clã quando um dos soldados entrou no salão e se aproximou. "Selene?" Ela assentiu com a cabeça. "Seu pai gostaria de vê-la no escritório do príncipe Tarron. Ele disse para lhe falar que você está pronta, como jamais vai estar. Disse que você saberia o que isso significa." Ao lado dele, ela empalideceu. "Sei, muito obrigado."

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"Baby? Quer que eu vá com você?" Mas já sabia o que ela ia dizer. "Não. Tenho que fazer isso sozinha. Você entende, não é?" De repente, ela parecia tão frágil. Queria machucar o Nick por colocar essa expressão no seu rosto, mas isso não era justo, tampouco. "Claro que entendo. Vou esperar por você no nosso quarto. Venha para mim, assim que terminar." "Eu irei." Levantando-se, lhe deu um beijo e, em seguida, saiu para ter uma longa conversa atrasada com o pai. Zan fez uma rápida oração pelos dois. Tinha a sensação que ia precisar de toda a ajuda que pudesse conseguir.

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Capítulo 11

Os joelhos de Selene tremiam enquanto ela caminhava para o escritório do príncipe Tarron, para falar com o seu pai. Era isso. O momento pelo qual esperou por tanto tempo, quando ia descobrir a verdade sobre a morte de sua mãe. E, agora, descobriu que não estava pronta, apesar de tudo, porque sabia que os fatos, de alguma forma, seriam diferentes do que tudo que tinha sido dito a ela por toda a vida. Seria uma faca afiada abrindo uma ferida para expor a feiura e a dor. Parte dela já não queria saber. Mas não podia voltar atrás, agora. Abrindo a porta do escritório, entrou e a fechou atrás dela. Nick estava sozinho, sentado em uma cadeira perto de uma mesa, grande e antiga, que dominava o ambiente. Por um momento, pensou que seria mais fácil voltar a cair no velho ódio. Para culpá-lo por sua miséria no passado e simplesmente seguir em frente, recusando-se a ouvir. Mas a angústia no seu rosto a deteve. "Sente-se, por favor." Aceitando sua oferta, se sentou na poltrona antiga mais próxima a ele e esperou que continuasse. "Não posso mais protegê-la, só Deus sabe que foi tudo que eu sempre quis fazer", disse ele, a voz rouca. "Adiei essa conversa por muito tempo e agora tenho que correr contra o tempo." "Correr contra o tempo, como?"

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"Isso não importa, agora." Ela engoliu em seco. "Ok. Me proteger do quê, então? Me conte e não deixe nada de fora." "Do passado. Deixar você era a última coisa que eu queria, mas tinha quebrado a lei do clã e cometi um erro horrível demais para ser corrigido. Fui banido do clã para sempre." Selene engasgou e agarrou o braço do sofá. "O quê? Me disseram que você correu como um covarde após matar a mamãe. E que você não se importava o suficiente para me levar com você." "Não. Eu cometi um erro grave que causou a morte da sua mãe e merecia ser punido. Mas não queria fugir e não queria deixá-la, voluntariamente. Damien conseguiu o apoio do clã e me destituiu do posto de Alfa, assumindo-o. Ele me forçou a ir embora - sem você." "Eu não posso acreditar nisso!" Exclamou ela, levantando a voz. "Tio Damien não mentiria para mim!" "Mas ele mentiu", disse Nick, calmamente. "Não importa se você acredita em mim ou não, é a verdade. Imagino que o meu irmão mentiu, em parte, porque sabia que, acreditar no pior de mim ia tornar sua vida mais tolerável. Você seria aceita e protegida pelo clã, e você foi. Não o culpo por dizer a você e aos outros o que ele teve que dizer, a fim de tornar as coisas mais fáceis para você." Sua mente girava, em confusão. "Você está ouvindo o que está dizendo? Você, realmente, espera que eu caia nessa?" Desesperada, esperou por outra explicação. Suas crenças ao longo da vida sobre o seu tio Damien e que grande homem que ele era,

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que ele e a sua Companheira eram a família dela, subitamente, caíram aos seus pés. "Tenho dificuldade em acreditar que seus motivos para me deixar para trás foram tão altruístas", ela respondeu. "Se você não matou a minha mãe, por que apenas não me levou com você quando partiu? Você conseguiria fazer com que escapássemos e nós poderíamos ter tido uma boa vida juntos!" Nick abaixou a cabeça por um longo momento, respirando com dificuldade. Ocorreu-lhe que ele estava tentando não chorar, e seu coração palpitou. "Não poderia, bebê. Quando o Damien me confrontou, trouxe uma bruxa com ele. Ele disse que se eu não fosse pacificamente, sem você, ele faria a bruxa tirar o seu dom de você. Ele não estava blefando e minha visão me mostrou que, um dia, você ia precisar da sua habilidade especial desesperadamente, então eu a deixei." "Oh, meu Deus", ela sussurrou. "Não espero que você acredite na minha história de um dia para o outro, mas estou dizendo a verdade. Eu não a deixei por medo pela minha própria vida, ou qualquer outro motivo egoísta. Esperava vê-la novamente um dia, mas se não visse... fiz o que tinha que fazer para protegê-la." Olhando fixamente para o Nick, ela lutou para processar tudo o que ele disse para ela. Sua alma triste por causa de todo o tempo que tinha perdido, até que uma esperança se acendeu novamente. Ainda assim, havia muito que ela não entendia. "Que dom você está falando? Não tenho nenhuma habilidade especial."

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"É aí que você está errada." Um canto da sua boca se ergueu em um meio sorriso. "Você tem um dom muito especial que irá se manifestar quando você mais precisar. Não posso dizer o que é e correr o risco de alterar o futuro, novamente." "Novamente? O que você quer dizer?" "Quero que você se lembre que, conscientemente, quebrei a lei do clã e o Damien sentiu que não tinha outra escolha a não ser agir. Ele não é um homem mau. Fez o que acreditava que devia fazer na hora de me disciplinar e protegê-la." Preparando-se, Selene fez a pergunta mais difícil. "Então, o que você fez? E o que isso tem a ver com a minha mãe?" Aqui estava, enfim. Seu pai olhou bem nos seus olhos e lhe contou o resto. "Eu tive uma visão. Ela me mostrou um dos membros do nosso clã ser arrancado da rua por um vampiro renegado e ser assassinado brutalmente. Usei o meu dom para alterar o resultado." "Oh, não..." A adulteração do futuro era uma ofensa grave e, obviamente, a sua interferência tinha dado terrivelmente errado. "O que aconteceu?" "Minha visão mostrou que a vítima, uma simples criança, ia ser arrancada da rua por um vampiro selvagem, depois de uma aula de dança, enquanto esperava pela sua mãe, que estaria atrasada. Me certifiquei que a mulher soubesse da minha visão e, então, eu mesmo peguei a criança, como medida de precaução, frustrando o destino. Ou, assim, eu pensava."

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Ele limpou a garganta, obviamente, lutando para prosseguir. Ela esperou, o coração batendo, temendo o que ele estava prestes a dizer, mas sabendo que tinha que ouvi-lo. "O vampiro estava observando e ficou furioso. Como vingança, voltou sua atenção para a mãe da criança. Quatro dias depois, ele a pegou sozinha e a matou." Por alguns segundos, simplesmente olhou para o seu pai. Em seguida, sussurrou: "A criança era eu." "Sim." "Você interferiu, mudando o meu destino, e ele matou a minha mãe no meu lugar." "Sim", ele engasgou. "Mas sei o quanto sua mãe amava você, como eu, e ela não teria sobrevivido se o vampiro colocasse as mãos em você, em vez dela. Ela não teria mudado o resultado, mesmo que pudesse." Selene não conseguia falar. "Aprendi minha lição sobre adulterar o destino", disse ele com a voz rouca. "E aprendi que, às vezes, a morte não vai ser enganada, não importa quanto tentemos evitá-la. Sinto muito, bebê. Sua mãe morreu no seu lugar e gostaria que tivesse sido eu. Perdi a minha Companheira e, apesar dos meus esforços, você também. Às vezes, eu- " Ele ficou em silêncio, deixando o resto inacabado. O relógio no escritório soou e Selene lutava com suas emoções. "Não sei o que sentir. Você pensou que podia controlar tudo, e tudo o que

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conseguiu foi a morte da minha mãe! Eu não te odeio, mas honestamente... Não sei se posso perdoá-lo, entretanto." Assim que essas palavras deixaram seus lábios, ela lamentou. Uma dor brutal brilhou nos olhos do seu pai antes de ser, rapidamente, escondida. "Entendo. Apenas queria que você soubesse a história toda. Se ainda duvidar do que eu disse a você, não acho que o Damien negaria a verdade, agora." Damien. Outra pessoa na sua lista de merda. Ela ficou de pé. "Converso com você mais tarde. E, obrigada... por me contar." Virando-se, saiu, antes que deixasse a tristeza escapar. *** Nick permaneceu sentado no escritório do Tarron, muito tempo depois que a Selene saiu. Sombras se fecharam em sua alma, esmagando seu coração. Ela nunca vai me perdoar. Eu a perdi para sempre. E ele soube, então, que quando a morte viesse pegá-lo, estaria pronto. Morreria sem lutar, porque não tinha mais nada. Pela primeira vez desde que a sua companheira foi assassinada, desde que perdeu sua garotinha, Nick abaixou a cabeça e chorou. *** Zan soube que algo estava errado no segundo em que Selene entrou no quarto.

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Fechando a porta atrás de si, encostou-se nela e encontrou o seu olhar. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, então se levantou e correu até ela, envolvendo-a nos braços. "Baby, o que há de errado?" Beijou a lateral da sua cabeça. "Conteme." "Conversei com o meu pai. Ele, finalmente, me contou tudo." Seu sangue congelou. "O que ele disse?" "Era para ter sido eu!" A voz dela se quebrou e ela chorou mais ainda. "O quê?" "Eu era o alvo do vampiro selvagem, não a mamãe!" Ela murmurou, soluçando. "Ele viu o que ia acontecer e me tirou de lá. O renegado a matou no meu lugar." "Oh, não." Ele a apertou com mais força. "Então é por isso que ele nunca interfere no destino." "Por quê? Por que isso teve que acontecer? Eu amava a minha mãe e o meu pai. Nós éramos felizes." "Eu sei, baby. Shh, por favor, não chore." "Eles eram os melhores pais." "Tenho certeza que sim." Entre paradas e recomeços, Zan conseguiu obter o resto da história dela. Ele a levou até a cama, a deitou, e segurou-a enquanto ela chorava. Sabia que a história seria trágica quando, finalmente, viesse à tona, mas, Deus! Seu coração se partiu por tudo o que ela e o seu pai tinham perdido. E por sua mãe, também.

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Aos poucos, as lágrimas diminuíram e ela se virou para ele, depositando beijos suaves no seu peito. Excitação se agitou, o pênis inchando

dentro

do

jeans,

deixando-o

desconfortavelmente

apertado. "Nós não precisamos fazer isso agora, meu amor." "Faça amor comigo, meu Companheiro", disse ela, sem fôlego. "Por favor." Sabia que ela precisava ser amada. Para esquecer, por um tempo. "Com prazer." Tirou o jeans e a cueca primeiro, em seguida, a ajudou a tirar a camiseta, os sapatos e o jeans. Deixou a calcinha preta, rendada, por último, observando-a, vestindo aquilo e nada mais. "Você é linda." "Você também - por dentro e por fora." Inclinando-se sobre ela, tomou sua boca em um beijo profundo, colocando todos os seus sentimentos por ela, nele. Acariciou seu cabelo, o rosto, o ombro e, finalmente, segurou um peito. Amava o peso dele na palma da mão, o calor. Apalpando o monte, apertou o mamilo algumas vezes, apreciando vê-la ofegar e o jeito com que ela se arqueava sob o seu toque. Sua mão se moveu mais para baixo, ainda, os dedos deslizando para dentro da calcinha, vasculhando seu monte pálido para sondar a carne aquecida entre as coxas. Ela gemeu, se abrindo para ele, e ele se sentou, ajudando-a a se livrar da peça ofensiva. Deixando o pedaço de tecido cair no chão, focou sua atenção em amar sua Companheira.

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Se posicionou entre as coxas, abrindo as pernas dela, expondo-a ao seu olhar faminto. Seu pênis pulsava, ansioso para ser enterrado dentro dela, reivindicando-a, mais uma vez, como sua. Ainda não, apesar de tudo. Queria prová-la. Ela adorava ser comida, então ele a atendia, lambendo sua fenda. Deixando-a molhada para ele, enquanto saboreava sua doçura salgada. Sua essência. Ele a chupou até que ela puxou seu cabelo, tão ansiosa por ele, como ele por ela. "Por favor, preciso de você dentro de mim!" Acomodando-se, guiou a cabeça do pênis para sua entrada e deslizou profundamente. "Foda-se, sim", ele gemeu. Ela se agarrou aos seus ombros quando ele começou a se mover, bombeando, lentamente, em suas profundezas. Choques de prazer corriam ao longo do seu pau, contraindo suas bolas muito antes que ele estivesse pronto para gozar. Queria que isso demorasse. Abrandar o ritmo não o ajudou a se segurar. Na verdade, só aumentou o êxtase, que o incendiou e fez com que perdesse o controle por completo. Especialmente, quando suas presas se alongaram e ele as afundou na curva suave entre o pescoço e o ombro, reivindicando-a novamente. Um raio, brilhante e quente correu pela sua espinha e em volta do seu pau e das bolas. Não havia como parar o orgasmo intenso que abalou seu núcleo, fazendo com que sua semente jorrasse de novo, e de novo. Com as pernas em volta da cintura dele, ela gritou,

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encontrando seu próprio orgasmo e subiram o resto das ondas, juntos. Por fim, flutuaram suavemente para baixo, segurando um ao outro com força, se deleitando com o seu amor. Amava sua Companheira. Não havia dúvida. "Eu amo você", disse, beijando o cabelo dela. "Você não tem que falar isso, também. Apenas, queria que você soubesse." "Obrigada." Seus braços se contraíram ao redor do seu pescoço. "Você não tem ideia do quanto significa, para mim, saber como você se sente. Me dá mais um tempo?" "Sempre". Não pôde deixar de se sentir decepcionado por ela, ainda, não poder dizer as palavras. Ela passou por tanta coisa na vida, tanto desgosto. Não a culpava por esperar pelo momento certo. Ela o amava. Ele acreditava nisso. Cada olhar, cada sorriso, o seu apoio, cada pequena coisa que ela fez desde o acasalamento surpresa deles, lhe mostrava como os sentimentos dela tinham crescido. E não eram as ações mais importante do que as palavras, de qualquer maneira? Isso era mais do que suficiente. Por enquanto. *** Zan deixou sua companheira exausta dormindo e saiu da cama, vestindo a calça jeans e uma camiseta, o mais silenciosamente possível. Ela tinha passado por muita coisa, hoje, e precisava de descanso. Além disso, tinha uma visita para retribuir ao Nick e preferia fazer isso enquanto a Selene estava dormindo.

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Calçando as botas, deu um último olhar para a Selene e saiu do quarto, fechando a porta com um estalo macio. Caminhou pelo corredor iluminado, feliz por estar, finalmente, aprendendo o caminho em torno da imensa fortaleza do Tarron. Toda a equipe já tinha se perdido em um ponto ou outro e ele, ainda, meio que esperava uma vampira amigável saltar das sombras e tentar pular em cima dele, como aquela que tinha mostrado a suíte para ele e a Selene. Riu ao se lembrar quão rápido sua Companheira tinha colocado a vampira em seu lugar. Sua diversão teve vida curta, acabando quando chegou ao escritório do Tarron. Uma espiada lá dentro revelou que o seu comandante ainda estava lá, sentado atrás da mesa. Sua cabeça estava inclinada sobre o laptop e ele ostentava uma carranca conturbada, enquanto olhava para a tela. Zan bateu, suavemente. Nick olhou para cima e se recostou na cadeira. "Estava esperando por você." "Tive que cuidar da minha Companheira. Ela estava muito chateada quando chegou ao nosso quarto." Manteve a acusação fora do seu tom de voz, mas foi difícil. Se lembrou que o Nick era, apenas, tão vítima da tragédia quanto a Selene. "Ela está dormindo, agora." Pesar e tristeza estavam gravados no rosto do homem quando respondeu. "Minha filha tem passado por tanta coisa. A última coisa que eu queria era trazer mais dor para ela. Mas ela merecia saber a verdade." "Eu sei." Movendo-se para dentro do escritório, Zan se sentou com um suspiro. "E ela vai ficar bem, eventualmente. Só queria dizer que estou aqui, para vocês dois. Para tudo o que vocês precisarem."

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"Obrigado. Isso significa muito para mim." "Por que você disse a ela agora, no entanto? Pensei que ela ainda não estava pronta." "Talvez, eu que não estava pronto", disse ele, com tristeza. "Em todo caso, fiquei sem tempo." Seu olhar deslizou para a tela do laptop de novo e Zan não perdeu a tensão na sua postura e expressão. "O que está acontecendo?" "Recebi uma outra ameaça. Esta é a principal razão pela qual não pude deixar de contar a verdade à Selene, por mais tempo." Girando um pouco o laptop, fez um gesto para Zan ler o que estava na tela. "Mostrei isso para o Jax e o Micah agora a pouco. Foi o primeiro que recebi, desde que estamos aqui." Era um e-mail. Outra ameaça do algoz desconhecido do Nick. Você já sabe quem eu sou? Sente a minha respiração no seu pescoço, minhas presas raspando a sua pele? Da próxima vez, você não vai escapar. Muito em breve, vou acabar com você, assim como fiz com a sua Companheira, quando arranquei sua garganta, há muito tempo atrás. Assim como vou fazer com a sua preciosa filha. Ela não vai escapar de mim uma segunda vez.

Seu sangue gelou. "Porra! De onde, diabos, estão vindo esses emails?" "Micah acha que consegue rastrear esse." "Você acha que esse é, realmente, o filho da puta que matou sua Companheira e destruiu sua família?" Raiva e agonia travaram uma guerra no rosto do comandante. "E ele vai tentar terminar o que começou."

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"Nós vamos impedi-lo. Esse filho da puta não vai colocar as mãos na minha Companheira", ele rosnou. Seu lobo se eriçou, pronto para a batalha. Tudo o que ele precisava era do inimigo. "Zan-" "Não. Conheço esse tom e nem sequer pense em me dizer para ficar de lado", disse ele, em voz baixa. "Eu posso ouvir, agora, e posso lutar. Não vai acontecer." Antes que o comandante pudesse protestar mais, Jax entrou no escritório, seguido pelo Micah, que estava empunhando seu próprio laptop. Ambos os homens pareciam animados, especialmente o Micah. Zan esperava que o brilho nos olhos do homem mais jovem fosse algo natural e, imediatamente, se sentiu mal por pensar isso. O Andarilho dos Sonhos estava trabalhando duro para recuperar o seu lugar na equipe. "Nós, finalmente, pegamos o bastardo. Esse fodido!" Micah proclamou bem alto, deslizando o laptop sobre a mesa. "Espere até você ver isso." Nick afastou seu equipamento para abrir espaço e o Micah abriu a tampa do seu laptop para ligá-lo, em seguida, digitou sua senha. A tela do laptop acendeu e mostrou uma foto. "O que é isso?" As sobrancelhas do Nick se juntaram enquanto estudava a imagem. Em seguida, um carro passou, em segundo plano, e Zan percebeu que não estavam olhando para uma foto, e sim para um vídeo.

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"É uma transmissão ao vivo de um motel, há cerca de trinta quilômetros daqui. E, adivinha quem está lá dentro?" Micah estava, praticamente, pulando no lugar. "Elvis?" Zan brincou, para aliviar o clima sombrio. O Andarilho dos Sonhos bufou. "Perto! Somente aqueles caras que, na verdade, são mortos-vivos. Há um ninho inteiro de vampiros selvagens desfrutando do conforto daquele pardieiro." Jax o interrompeu, acariciando distraidamente o cavanhaque. "Apesar de todas as amenidades, por que escolheram este local, em especial, como sua base?" "Se esconder à vista de todos?" Zan deu palpite. "Talvez. Mas isso exige que eles passem por humanos, o que é de um nível sem precedentes de restrição de um grupo de renegados tão grande assim." "Eles têm um líder", disse o Nick. "Alguém forte. Astuto. Qualquer dica de quem possa ser?" Micah balançou a cabeça, apontando para laptop do comandante. "Foi assim que encontramos o malandro que você acha que é o chefão - através dos e-mails que você está recebendo do imbecil. Eu segui o endereço IP, monitorei o motel e-" "Espere um segundo," Nick o interrompeu, ficando de pé. "Você está dizendo que acha que o bastardo que vem me assediando está comandando todos esses selvagens?" "Sim, chefe. Isso é o que estou dizendo para você. Depois de termos certeza do local, os homens do Tarron fizeram um reconhecimento e nos trouxeram informações. Tenho algumas fotos, também."

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Curvando-se, Micah clicou em um arquivo e abriu uma série de fotos em preto e branco tiradas fora do motel. Em seguida, clicou em cima das fotos. A maioria delas mostrava um grupo de homens em torno de uma figura que andava um pouco à frente do resto, como se fossem sua comitiva. "Vê esse cara?" Micah bateu na tela. "Ele é a pessoa que comanda o show. Os outros estão lá para protegê-lo." "Como você pode ter certeza que esse vampiro é o mesmo que me envia os e-mails?" Nick pressionou. "Está vendo isso?" Micah apontou para um objeto na mão do vampiro. "Ele é o único que carrega uma maleta de laptop para dentro e para fora. É um palpite, com base nas próprias informações e como os outros parecem submissos ao vampiro, nas fotos." Zan estudou a foto, ou mais precisamente, o líder. Ele era alto, com ombros um pouco amplos. Se portava como um homem poderoso, a cabeça levantada, não olhando para ninguém ao seu redor. Seu cabelo fino, talvez loiro escuro ou castanho claro, estava preso em um rabo de cavalo na nuca. "Ele está vestindo terno", Zan murmurou para si mesmo. "Hein?" Micah olhou para ele, confuso. Jax e o Nick esperavam, curiosos. "O líder está vestindo um terno fodido, e também os membros da sua comitiva. Os selvagens que atacaram cidadãos inocentes em áreas periféricas não estavam tão bem vestidos. Na verdade, estavam vestindo jeans rasgados e camisetas esburacadas, na melhor das hipóteses."

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"Então, por que as ameaças?" Jax ponderou, seguindo sua linha de pensamento. "O que torna esses filhos da puta tão especiais?" "Exatamente. Os grupos com os quais já lidamos estavam morrendo de fome, desleixados, seus corpos descuidados e sujos." Zan apontou a mão para a tela. "Alguém está, realmente, cuidando bem deste grupo, mas quem?" "Não seria o líder que está fazendo isso?" Micah fez uma careta. "Talvez tenha uma rédea mais curta sobre aqueles do seu círculo mais próximo." Nick caminhou pelo escritório. "Sim, mas como? Isso nos leva de volta para eles, sendo muito bem organizados, muito controlados para serem renegados normais. Quase se assemelham a uma máfia." "Será que não é exatamente o que eles são, em certo sentido," Zan especulou. "E, nesse caso, esse cara responde a alguém mais acima, porque há sempre um outro idiota acima de você na cadeia alimentar." Nick olhou para o Jax. "Você pode obter uma leitura sobre o líder a partir das fotos ou do vídeo? Seu nome, pelo menos?" "Acho que consigo responder a essa última pergunta." A forma do Tarron se materializou do nada, e ele deu um passo adiante. "Jesus, que susto do caralho", Micah reclamou, com um estremecimento. "Você tem que se esgueirar por aí, desse jeito, atravessando paredes e toda essa merda?" A boca do Tarron se curvou. "Esta é a minha casa, filhotinho. Acostume-se com isso." Ignorando o desconforto do homem mais

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jovem, caminhou até o laptop e olhou para a tela. Imediatamente, seu bom humor desapareceu e ele soltou um suspiro. "Eu tinha que ter certeza, mas não há nenhuma dúvida. O nome do líder é Carter Darrow. Ele era um membro do meu clã, há muito tempo atrás. Ele acabou se tornando um renegado e, para encurtar uma longa história, tem sido meu inimigo desde então. Eu o tenho caçado por várias décadas, apenas para tê-lo ao alcance do braço, agora. Isso, por si só, já é bastante preocupante." "Ele não está aqui só para chegar até mim", disse o Nick, olhando fixamente a imagem do Darrow. "É muito maior do que isso." Jax se mexeu. "Posso tentar uma leitura, mas não posso fazê-lo a partir de um vídeo ou de uma fotografia dele. Tem que ser um objeto da sua propriedade, ou algo que ele tocou. Não tem que ser, particularmente, algo com valor monetário. Só preciso da sua essência." Todo mundo ficou em silêncio por um momento e, em seguida, Tarron ficou com um olhar estranho no rosto. Rapidamente, caminhou até sua estante. "Posso ter alguma coisa." Depois de pesquisar através de algumas prateleiras de livros antigos, o príncipe retirou um, cuidadosa e delicadamente. Virando-se para encarar o grupo, ele o estendeu para o Jax. "A primeira edição de O Conde de Monte Cristo", Jax disse, passando a mão sobre a capa, em apreciação. "Um homem é injustiçado, jogado em uma cela e espera o momento apropriado, por anos, para derrubar seu inimigo e se vingar. Uma das minhas histórias favoritas, de todos os tempos."

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"A minha também," o príncipe concordou. Havia algo de melancólico na sua expressão. Um pouco triste. "O livro foi um presente de aniversário do Darrow, há mais de vinte anos atrás, quando ele ainda estava no meu clã. Sempre me perguntei se o presente era algo simbólico, da sua parte." "Talvez." Jax abriu o livro. "Ele fez uma dedicatória para você. Sua escrita vai, certamente, ajudar com uma leitura." "Existe alguma coisa especial que você precisa para fazer isso?" Perguntou o Tarron. "Não. Apenas alguns minutos de silêncio." Movendo-se para trás, fizeram silêncio e lhe deram espaço enquanto se acomodava no sofá e colocava o livro no colo. Quando traçou a escrita com os dedos, sua expressão se tornou distante. Sua mente já não estava no quarto com eles, mas em um momento diferente, talvez, um lugar diferente. Zan tentou imaginar o quão difícil seria juntar as pontas soltas do passado, transformá-las em uma visão ou uma série de instantâneos. Quão perturbador. Ele sabia que, por vezes, as lembranças eram horríveis. Isso já era esperado; Jax tinha pouca razão para lidar com um objeto, a menos que a pessoa que o tinha tocado ou tinha feito algo terrível ou foi submetida a isso. Lentamente, as pálpebras do Jax se fecharam. Sua respiração ficou mais rápida, mais irregular. Seu rosto se retorceu e ele pronunciou a palavra não. Uma coisa ruim, então. Um olhar para o Nick mostrou ao Zan que o comandante sabia, também, e temia o que poderia ser revelado.

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Quando Jax voltou e o livro escorregou das suas mãos, Zan saltou para a frente e resgatou o volume, colocando-o sobre a mesa do Tarron. Em seguida, se apressou a sentar-se ao lado do seu melhor amigo e colocou a palma da mão na sua testa. "Não", Jax resmungou, agarrando seu pulso. "Você não pode se dar ao luxo de gastar energia de cura em mim." "Droga, Jax-" "Não. Só preciso de um pouco de água e um pouco de descanso; então, vou ficar bem." Seu olhar encontrou o do Nick, e ele fez uma pausa. "Você pode querer que todos saiam." O comandante balançou a cabeça. "Todos eles sabem, de qualquer maneira. Apenas me diga se o Darrow é o responsável pelo assassinato da minha Companheira." Um batimento cardíaco passou. "Sim." "Sem nenhuma dúvida?" "Nenhuma", Jax disse, gentilmente. "Eu vi." Os joelhos do Nick se dobraram enquanto ele agarrava o canto da mesa. Zan estava pronto para segurar o seu chefe, caso fosse preciso, mas se revelou desnecessário. Nick endireitou a coluna e a devastação nos seus olhos azuis escuros foi substituída por uma determinação de aço. "Quero esse Darrow morto. E quero matá-lo, eu mesmo." Essas palavras frias enviaram um tremor através do Zan. Já tinha ouvido o comandante falar, antes, sobre derrubar seus inimigos.

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Inferno, todos eles já falaram coisas assim. Mas, essa era a primeira vez que ouvia o Nick falar tão pessoalmente sobre a matança. Isso revelou o quão perigoso o seu mundo era, quão tênue. "Nós vamos pegá-lo, eu lhe asseguro", o príncipe prometeu. Olhou para o Jax. "A visão que você teve... isso significa que o Darrow já tinha cometido aquela atrocidade quando me deu o livro?" "Infelizmente, sim. É assim que as minhas visões trabalham - Não posso ver um evento se isso não aconteceu quando o objeto foi segurado. Sinto muito." O peso de saber a verdade, que ele havia tido um do clã selvagem sob o seu governo, bem debaixo do seu nariz, foi difícil para o Tarron suportar. A notícia que o Darrow tinha matado alguém foi, sem dúvida, ainda pior. O vampiro fechou os olhos e cerrou os punhos, obviamente, lutando contra a raiva e a frustração. "Nós vamos chegar até Darrow, mas não vai ser fácil", Tarron finalmente disse, abrindo os olhos. "Vou trazer tantos dos meus homens quanto eu puder dispender, para deixar as probabilidades a nosso favor." "Aprecio isso. Obrigado. Quando é o melhor momento para atacar?" "Eu diria que à luz do dia, mas só os meus soldados mais antigos podem aguentar os raios do sol. Os mais jovens vão sofrer queimaduras desagradáveis, se expostos por muito tempo." "A ofensiva será noturna, então. Amanhã à noite?" "Deve funcionar. A questão é: como, diabos, vamos atacar um grupo de vampiros selvagens em um motel, sem alertar todos os seres humanos na área?"

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Micah sorriu para o príncipe. "É para isso que estamos equipados com o nosso próprio Feiticeiro. Espere até vê-lo em ação." O sorriso do Tarron transformou sua face. "Eu o vi executar sua magia para os membros do meu clã. Ele é muito bom." "Bom? Alguns truques de salão são nada, comparados ao que o Kalen pode fazer." Micah riu. "Você deveria vê-lo transformar uma horda de bandidos em uvas passas. Ele é foda, sério." "Excelente. Vamos precisar de todas as vantagens que pudermos reunir." O príncipe estava certo e isso era o que preocupava o Zan. Algo sobre a próxima luta não estava encaixando muito bem para ele. Tinha a sensação que estavam perdendo algo importante. *** "Você está indo para o quê? Não!" Selene desabafou. "Eu posso lutar, baby", disse Zan, tranquilamente. Tentou não levar a reação dela para o lado pessoal. Afinal de contas, ela era sua Companheira e tinha o direito de estar preocupada. "Como já disse para o seu pai, tenho a minha audição de volta e estou bem. Não vou colocar a equipe em perigo." "Eu não estou preocupada com a equipe!" Ela sussurrou, segurando seu rosto. "Você é a única pessoa que me interessa. Você não pode, simplesmente, ficar para trás, desta vez? Ninguém iria culpá-lo." "Eu me culparia", falou suavemente, empurrando uma mecha do cabelo claro para fora da sua testa. "Eu não seria digno da Alpha Pack se permitisse que meus irmãos enfrentassem o perigo sem mim, quando sou perfeitamente capaz."

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"Ser capaz de ficar em pé não é o mesmo que estar cem por cento. Além disso, se alguém se lesionar, você vai usar sua capacidade de cura sobre eles, quando essa é a última coisa que você deve fazer." Ele balançou a cabeça, procurando tranquilizá-la. "Não vou fazer isso, a menos que seja uma questão de vida ou morte." "Mas, então, você vai ser o único em risco, não vê? Não vou ficar parada e não dizer nada enquanto você se mata para salvar outra pessoa!" Seu coração afundou. Parecia que estavam em um impasse sobre a questão, e não sabia como aliviar seu medo, nem evitar de ir contra suas próprias crenças. "Amor, por favor. Não posso ficar parado e condenar alguém à morte se estiver em meu poder impedir isso. Se pudesse, não seria um homem que você pudesse respeitar." Muito menos amar. E esperava que um dia ela iria, embora não tenha dito isso em voz alta. Felizmente, seu rosto se suavizou e ela soltou um longo suspiro. "Eu sei. Deus, isso é tão difícil. Não quero você em nenhum lugar perto da luta, mas isso é quem você é - um SEAL durão que virou um shifter lobo e Curandeiro. Algo me diz que a espera e a preocupação não ficarão mais fáceis." "Provavelmente, não. Este é o lugar onde você tem que confiar em mim. Eu sei o que estou fazendo." Ela ficou em silêncio por um longo momento e, finalmente, balançou a cabeça. "Ok. Tenho medo, mas confio em você. E quero provar isso para você." "Querida, não se trata de provar nada para mim." Incapaz de se conter, ele a beijou lentamente.

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Em seguida, ele recuou e curvou os lábios em um sorriso. "Aconteça o que acontecer, nós vamos passar por isso juntos. Tudo bem?" Ela fez uma tentativa de relaxar. "Sim." Naquela noite, enquanto faziam amor, ela estava linda. Intensa. Zan derramou sua alma para amá-la, e depois sussurrou as palavras que significavam muito para ele. Ela ainda não as disse de volta, e ele tentou não se decepcionar. Sabia que ela gostava dele. Isso era óbvio, pelo medo que tinha por ele. Eu não preciso de palavras. Mas, com certeza, seria bom ouvi-las. Apenas uma vez, na minha vida. Disse a si mesmo para ser paciente. Eles teriam tempo. Não havia nenhuma necessidade de apressar algo tão bom, tão certo. Se ao menos ele se lembrasse da lição que aprendeu no Afeganistão, que a vida é breve e o tempo não espera por nenhum homem ou animal. Na noite seguinte, se reuniu com a equipe e alguns dos melhores homens do príncipe perto da entrada da fortaleza. Eles concordaram em levar algumas vans já que nem todo mundo podia se tele transportar e preferiram permanecer juntos. "Lembrem-se, esta é uma missão de encontrar e destruir", Nick falou alto, certificando-se que todos os homens pudessem ouvi-lo. "Reconhecimento em primeiro lugar, avaliar a situação e, em seguida, derrubá-los." Tarron interrompeu. "Queremos o Darrow vivo." Isto foi recebido com desaprovação generalizada. "Precisamos questioná-lo sobre o que

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ele sabe e, depois de estarmos satisfeitos, ele vai ser condenado à morte por seus crimes. Você tem a nossa palavra." Sombriamente, Nick acenou. "Vamos lá!" Zan abraçou Selene com força, em seguida, a soltou. "Voltarei assim que puder, baby." "Vou te cobrar isso." Ela sorriu, tentando ser corajosa, mas seus olhos estavam úmidos. Ele odiava deixá-la, mas falaram sobre isso. Ele viu em seu rosto que ela entendia, mas não estava feliz. Com um último beijo, entrou na van que o Ryon estava dirigindo, no assento do meio, ao lado do Phoenix. Jax entrou na frente. Não viu onde os outros membros de ambas as equipes optaram por ir - sua mente estava muito ocupada com a forma como terminariam esta missão rapidamente, com um mínimo de derramamento de sangue. Certo. "Selene não parecia muito entusiasmada com a sua saída", comentou o Nix, interrompendo seus pensamentos. "Quase tão feliz quanto o Noah parecia, apenas um minuto atrás." "Merda, isso é verdade." "Problemas no paraíso, já?" "Não tanto quanto eu estar em campo, mas..." Ele deu de ombros, seu sorriso normalmente brilhante e arrogante, visivelmente ausente. "Não é fácil, sabe?"

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"O que não é?" Mas ele tinha uma boa ideia. O mesmo acontecia com os ocupantes na parte da frente do veículo, se os olhares trocados fossem uma indicação. "Sempre achei que o meu Companheiro seria uma mulher", disse ele em voz baixa. Oh, garoto. Então, o homem não era tão indiferente sobre esse fato como aparentava. "Como é que o Noah se sente sobre ter um shifter lobo como Companheiro?" Nix bufou. "Você está brincando? Ele está pronto para pedir um bolo de casamento com um arco-íris e convidar as damas de honra." Isso trouxe algumas risadinhas lá da frente. "Calem a boca, babacas. Vocês têm as mulheres dos seus sonhos." "Então, o quê?" Zan pressionou. "Você se sente enganado?" Essa palavra pareceu assustar seu amigo e ele, praticamente, se irritou. "Não, não foi isso que eu quis dizer. É apenas diferente do que eu esperava. Noah tem uma boa alma, e é uma das melhores pessoas que eu conheço." Lá. Isso soou mais como um Companheiro defendendo o que era dele. "Eu sei disso. Só estava me perguntando se você sabia." Depois disso, abandonaram o assunto. Eles prosseguiram em silêncio, a tensão crescendo, como sempre acontecia, quando chegavam mais perto de um alvo perigoso. Muito breve, o veículo parou e Ryon desligou a ignição. Hora de ensacar um renegado. Sua Companheira estava esperando por ele para voltar para os seus braços.

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Capítulo 12

O primeiro movimento da equipe foi deixar o Kalen ir na frente para fazer o que sabia. Todos os olhares, incluindo o do Zan, estavam no Feiticeiro quando levantou seu bastão e fechou os olhos, o corpo imóvel. Em seguida, pronunciou algumas palavras em latim, o som de sua voz quase musical. Zan achava muito legal quando o cara fazia isso e se viu com um pouco de inveja do dom do homem. "Isso é fodidamente incrível", Micah sussurrou ao lado dele. "Nem me diga", um dos soldados vampiros respondeu, os olhos arregalados. "Nem mesmo eu ia foder com esse cara." Outro vampiro arqueou uma sobrancelha. "Mesmo?" Sim, um cara gótico, todo de preto, com um casaco de couro até os tornozelos, que, na verdade, poderia transformá-lo em um sapo tendia a impressionar as pessoas. Em instantes, Kalen estava pronto e se virou-se para o grupo, como um todo. "Coloquei um manto de invisibilidade em torno de nós, na medida em que os seres humanos estão envolvidos, e a boa notícia é que não há muitos. Estou achando que foram, provavelmente, compelidos a sair. A má notícia é que a magia da camuflagem não funcionará nos selvagens." Ele parecia perturbado. "Eles vão nos ver no segundo em que entrarmos, se já não viram."

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Nick praguejou. "Então precisamos nos mover rápido para aproveitar qualquer vantagem que tenhamos, antes que seja tarde. Fiquem em posição." "Só mais uma coisa", Kalen lhes disse. "Destranquei as entradas laterais e a traseira, bem como todas as portas interiores dos quartos, para que possamos entrar em silêncio." "Bom trabalho", disse o Nick. Tarron fez sinal para seus homens irem e todos eles se espalharam para cercar o motel. Zan se dirigiu para a parte de trás do edifício, juntamente com o Micah, Nick, Hammer, Jax, e o Phoenix. Informações secretas de última hora, conseguidas por um dos homens

do

Tarron,

mostraram

que

os

bandidos

estavam

concentrados nos fundos do prédio, no andar de baixo. Graças a Deus por aqueles pequenos favores. Seu trabalho seria duro o suficiente sem os imbecis espalhados por todo o motel. Havia pouca cobertura, por isso, se apressaram até a parede exterior e se agacharam contra ela, perto da entrada dos fundos. A porta, normalmente, precisava de um cartão chave, mas Nick puxou a maçaneta e abriu a porta, assim como o Kalen havia afirmado que estaria. Deslizou para dentro, primeiro, Zan e o resto atrás dele. A primeira coisa que percebeu, foi que o interior era como um túmulo e em mais maneiras do que, apenas, o silêncio mortal. O interior estava

escuro.

Lâmpadas

apagadas,

naturalmente

ou

desatarraxadas, em algumas das arandelas do corredor. Imaginou que os bandidos estavam tentando equilibrar as chances, tornar mais difícil para seus inimigos verem o que estava por vir. Havia, também,

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um mau cheiro que permeava o ar. Como lixo mofado e ovos podres. E sangue velho. Seu estômago se contorceu e o seu lobo soltou um rosnado baixo de desgosto. Não sabia como qualquer vampiro podia escolher esta vida, de morte e fedor. Matar e se esconder, se empanturrar e repetir tudo de novo. Não fazia sentido para ele como qualquer criatura obtinha prazer em causar sofrimento e morte. Em um movimento rápido, se separaram e começaram uma busca quarto por quarto. Mais uma vez, Kalen fez sua magia, nenhuma das portas estavam trancadas. Zan simplesmente torceu o punho e foi para dentro do primeiro quarto - somente para encontrá-lo vazio. Intrigado, atravessou o pequeno espaço em questão de segundos, verificando o banheiro também. Nada. Consciente da possibilidade de uma emboscada vinda de cima, verificou o teto, mas não encontrou nada de anormal. Não havia ninguém aqui. Repetiu o processo junto com o Nick e os outros, sua busca sem qualquer vestígio de selvagens enquanto prosseguiam. Apenas o mau cheiro, indicando que tinham estado lá. "Alguém deve ter avisado a eles que estávamos vindo", disse o Nick, obviamente chateado. "Maldição!" "Quem?" Zan perguntou, em voz alta. "Ninguém sabia sobre o plano, apenas nós!" "Exceto o Grant." As palavras fizeram todo o grupo congelar. Zan passou a mão pelo cabelo. "Você, realmente, não acha que ele está envolvido, não é?"

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"Não. Mas alguém próximo a ele está, o que explica o que o tio da Daria nos disse, alguém do nosso próprio governo está ferrando a gente de novo." "Não, verdade?" Micah respondeu, sarcasticamente. "E isso seria diferente de qualquer outro dia, como?" Nick revirou os olhos. "Venham. Vamos acabar com isso para que possamos sair daqui e descobrir o que fazer, a seguir." Retomando a procura, conferiram o resto dos quartos de hóspedes no motel e depois, eventualmente, encontraram as equipes que vinham do sentido oposto. Tarron relatou os mesmos resultados, que não haviam encontrado ninguém. Todo o cenário não caiu bem no grupo. As últimas áreas a serem verificadas eram o escritório, a sala de conferências, a lavandaria e sala de ginástica. Quando o Zan e a sua equipe terminaram no escritório, um dos vampiros correu até eles e fez um gesto entusiasmado para um corredor. "Nós encontramos algo estranho na área da lavanderia. O príncipe quer que vocês deem uma olhada." Seguindo-o, Zan trocou um olhar curioso com o Nick. Com sua experiência, "algo estranho", esquecido em um prédio abandonado não podia ser uma coisa boa. Estava certo. Quando entraram na lavanderia, Zan olhou ao redor, para várias lavadoras de tamanho industrial e secadoras. Carrinhos grandes com rodinhas estavam encostados ao longo de uma parede, esperando para transportar toalhas e roupa de cama, e

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haviam grandes caixas de detergente empilhadas nas proximidades. Mas o que dominava o espaço eram os dois grandes tambores de metal redondos que estavam no meio do piso de concreto. "Alvejante?" Micah franziu a testa, apontando para o rótulo sobre o tambor. "Por que dois grandes recipientes de água sanitária estariam no meio do chão?" Nick levantou a mão. "Todo mundo pare de falar e se movimentar. Escutem. " A sala ficou em silêncio e, em primeiro lugar, Zan não ouviu nada. Mas, aos poucos, um suave tic, tic, tic chegou aos seus ouvidos. Foi a única vez que lamentou que sua audição houvesse retornado. Indo até a frente com o Hammer, o comandante levantou, cuidadosamente, a tampa de um dos tambores. Zan se juntou a ele quando a colocou de lado e todos eles olharam para baixo. Um emaranhado de fios e uma caixa preta com um visor digital, vermelho, encontrou seus olhares chocados. Os números eram de uma contagem regressiva. Quatorze ... Treze ... Doze ... "Merda!" Nick gritou. "Saiam da porra do prédio! Vão! Vão!" Ele e o Zan recuaram e deixaram os outros irem em primeiro lugar. Foi um sacrifício que ia custar caro para eles. Correram. O coração do Zan trovejava em seu peito quando correu para as portas exteriores, sabendo que não seria rápido o suficiente. Podia ver a saída, tão perto. Viu o resto da Alpha Pack e um grupo de vampiros pular para fora. Teve uma fração de segundo para sentir alívio por eles terem conseguido-

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E então a força da detonação o acertou por trás, lançando-o no ar. Ele bateu em algo duro, deslizou para o chão, a dor no seu torso e do crânio, dificilmente notando algo através do ruído. O edifício todo veio ao redor dele, prendendo seu corpo no chão. Tudo o que pôde fazer foi cobrir a cabeça com os braços. Rezar para que este não fosse o fim. Queria ver sua companheira, novamente. Selene. A palavra sussurrou através de sua mente, e se sentiu conectado com ela. Não tinha a intenção de, realmente, alcançá-la. Não queria que ela tivesse medo, não queria estar na sua cabeça, se morresse. Ela era durona, mas isso seria demais. Zan? O que está errado? O que está acontecendo? Era uma armadilha, enviou o pensamento para ela. Havia uma bomba e ela explodiu. Baby, precisamos de ajuda. Meu Deus! Você está bem? Fez uma pausa, lutando para respirar através da poeira e dos detritos. Zan? A voz em sua mente estava começando a entrar em pânico. Ficarei. Eu te amo, baby. Você foi pego na explosão? Estou preso. Mas vou firme até que a ajuda venha. Aguente firme. Você está me escutando? Sim. Te amo.

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Um zumbido começou na sua cabeça e o seu cérebro afundou com uma vertigem. Por mais que tentasse, não conseguia se manter consciente. Com o grito de alarme da sua Companheira se desvanecendo, desmaiou. *** Te amo, disse o Zan. Ele parecia cansado, rouco. Ela começou a responder, mas sentiu-o enfraquecer. "Não!" Mas a conexão foi cortada. Seu coração saltou na garganta enquanto o pânico ameaçou assumir. Começou a correr para fora do quarto que dividia com o Zan, mas percebeu que estava nua debaixo de uma das camisetas do seu Companheiro. Queria estar pronto para seduzi-lo, quando voltasse. Agora, só rezava para que voltasse a salvo. Rapidamente, vestiu um jeans e uma das suas próprias camisetas, e calçou os tênis. Em seguida, correu para o corredor, gritando por ajuda. Um dos soldados do Tarron dobrava a esquina, obviamente, buscando a fonte da preocupação. "Junte o maior número de homens, quantos puder", ela inspirou, agarrando os ombros do homem. "Eles caíram em uma armadilha e havia uma bomba! Depressa!" O soldado a olhou com ceticismo. "Como você sabe-" "Meu companheiro está com eles e entrou em contato comigo através da nossa conexão. Por favor, nós temos que ir!" "Vamos nessa." O vampiro se afastou, rapidamente, na direção oposta.

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Direcionando-se para a ala que abrigava a enfermaria, correu com velocidade sobrenatural. Em questão de segundos, chegou ao hospital, gritando a plenos pulmões. "Noah! Melina!" Quando gritou novamente, os dois vieram de algum lugar na parte de trás, seguidos pelo Victor Archer e uma enfermeira. O médico vampiro parecia tão alarmado quanto a sua própria enfermeira e os temporários. "O que é isso?" Melina exigiu, agarrando o braço da Selene. "Os homens foram levados para uma armadilha", ela os informou, o pulso disparado. "Havia uma bomba no motel, que explodiu. Eles precisam de ajuda." O rosto do Noah ficou branco. "Nix." Melina retrucou: "Se você estiver indo para ser de alguma ajuda para o seu Companheiro e os outros, vai ter que se controlar. Pode fazer isso?" Ele balançou a cabeça, fazendo um esforço visível para manter o controle. “Posso." "Bom." "Vamos levar duas ambulâncias e encontrar vocês lá na frente", disse o Victor. "Precisamos nos apressar." Selene teria preferido ir com eles, mas precisava ficar para se certificar que os vampiros estavam se mobilizando e que soubessem que a equipe médica estava indo também. Ela os encontrou na frente, carregando armas e entrando em três veículos. Localizando o soldado com que tinha falado no corredor a poucos minutos atrás, caminhou até ele. "O Dr. Archer está vindo com os seus veículos. Vou com vocês."

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Ele abriu a boca para, eventualmente, recusar, então reconsiderou. "Bem. Basta ficar fora do caminho quando chegarmos lá." Como se isso fosse acontecer. Mas não estava a ponto de dizer isso e correr o risco de ser deixada para trás. O passeio de trinta quilômetros foi o mais longo que ela já tinha sofrido. Cada minuto estava repleto de medo porque era mais um minuto que o seu companheiro ficava preso nos escombros do motel. A menos que os outros tenham conseguido tirá-lo. Por favor, que ele esteja seguro! Mas ele não tinha entrado em contato com ela de novo, o que a encheu de terror. Não a deixaria saber que tinha sido resgatado? Ela sabia a resposta. Quando entraram na área do estacionamento e conseguiu o primeiro vislumbre da devastação, seu estômago gelou. O edifício estava em ruínas, pouco mais do que as paredes externas, ainda de pé. Vampiros e membros da equipe da Alpha Pack estavam por toda parte, atendendo os feridos. Ela viu o Tarron e o Jax primeiro, de pé, na beira do campo de destroços, inclinando-se, jogando fora tijolos e gesso. Doeu saber que estavam procurando por mais vítimas e sua respiração ficou presa. Eles olharam para cima quando correu até eles. "Onde está o Zan? Ele está bem?" O rosto do Jax se contraiu. "Selene, você devia ter ficado no forte. Não há nada que você possa fazer aqui." Instantaneamente, seu alarme interno disparou, e ela reagiu, empurrando o lobo no peito. "Foda-se, Jax! Onde ele está?" "Calma", disse ele, em tom suave. "Não o encontramos, ainda."

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"O quê? Mas ele entrou em contato comigo! Você já deveria tê-lo encontrado, agora!" "Estamos fazendo tudo o que podemos. Mas..." "Mas, o quê? Não esconda nada de mim", o advertiu. Sua voz saiu truncada. "Ele e o Nick estavam vindo atrás. Eles não conseguiram sair antes da bomba explodir. E, agora, estão ambos perdidos. " Olhou para o melhor amigo do Zan, tentando processar a última parte do que ele tinha acabado de dizer. "Perdidos? Eles têm que estar aqui em algum lugar. Falei com o Zan através da nossa conexão mental. Ele disse que estava preso." "Não tenho dúvida que estava. Mas já passamos por quase cada centímetro quadrado daqui e não vimos nenhum sinal deles, ainda." Balançando a cabeça, olhou por cima dos escombros. Lançou seus sentidos através do seu vínculo, tentando alcança-lo. Zan? Querido, estou aqui, e estão procurando por você e pelo meu pai. Você ainda está aí? Sem resposta. Zan? A falta de resposta era mais assustadora do que o seu Companheiro dizendo que estava preso. Sentindo-se impotente, olhou em volta e viu o Noah enrolado nos braços do Nix. Não pôde evitar a pontada de inveja que disparou através dela ao ver os homens reunidos e, imediatamente, se sentiu péssima com isso. Na verdade, estava feliz que os outros estavam a salvo para retornar aos seus entes queridos. Mas queria o dela seguro, também.

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Estava prestes a dar uma mão e começar a cavar os escombros quando um vampiro correu até o Tarron. Ela ouviu, atentamente. "Sua Alteza, um dos nossos feridos, o Trace, acaba de chegar e diz que viu algo importante. Ele está em uma maca, ali." O soldado apontou. Selene acompanhou todo o grupo até o lado do vampiro caído, ansiosa para ouvir sua notícia. O rosto do jovem soldado estava coberto de sangue e sua respiração era ofegante. Ele olhou para o príncipe, de olhos arregalados. "Os renegados... tem que detê-los." Tosse sacudiu seu corpo. Tarron falou gentilmente, quando se agachou ao lado do jovem vampiro. "Diga-me o que você viu, Trace." "Eles pegaram os dois shifters. Arrancou-os bem debaixo dos nossos narizes. Apanharam eles e... desapareceram." "Oh, Deus", ela gemeu. De repente, suas pernas ficaram fracas e sua mente girou. Sequestrados. Seu companheiro e o seu pai, tomados por aqueles bastardos. Isso não podia estar acontecendo. "Aonde eles poderiam levá-los? Como é que vamos descobrir?" "Eu não sei." A mandíbula do Tarron estava cerrada com raiva mal disfarçada. "Mas nós vamos encontrá-los e fazê-los pagar. Especialmente o Darrow." "Cortar a cabeça da serpente", Jax colocou, claramente fervendo também. "Vou desfrutar em assistir o Darrow se contorcer no chão." Ela deu uma risada sem graça. "Não se eu o pegar primeiro."

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Um propósito friamente controlado fluiu pelas veias da Selene. Ela ia encontrar o seu Companheiro e o seu pai, e então, estriparia Darrow como se faz com uma truta. Você me ouve, Companheiro? Estou chegando. Ainda sem resposta. Mas não ia desmoronar, ainda. Ela saberia se algum deles estivesse morto; estava convencida disso. Agarrou-se ao conhecimento. Porque se não o fizesse, ia enlouquecer. *** Zan acordou com a estranha sensação que seus braços e pernas pesavam uma tonelada. Mal conseguia movê-los, e quando o fez, ouviu um som de chocalho metálico. Abrindo os olhos, piscou e, em seguida, os apertou, deixando-os se acostumarem com a escuridão. Quando o fez, soube que estava fodido. Estava em uma grande câmara, acorrentado a uma parede. Havia sido deixado sentado, e supôs que devia ser grato, considerando que do outro lado do espaço sombrio, Nick tinha sido deixado pendurado pelos pulsos, os dedos dos pés, apenas, mal encostando no chão. "Nick?" Ele chamou, voz rouca. "Nick, acorde." Seu coração deu uma guinada quando uma figura saiu das sombras e foi até ele com velocidade sobrenatural, atingindo-o no rosto. Sua cabeça bateu de volta contra a parede, fazendo sua visão nublar. "Estava apenas me certificando que ele está vivo, idiota", rosnou. "Cala a boca."

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Outro golpe aterrissou em seu rosto, e sua mandíbula começou a latejar. Desta vez, ficou em silêncio, mas olhou firme para o renegado que estava desfrutando de seu tormento. "Um mal-humorado, hein? O chefe adora os que lutam." Sorriu. "Ele vai ter muita diversão em quebrar você, com certeza. Mas isso vai ter que esperar até que ele lide com o Westfall. Há muito tempo está esperando por aquele lá. Uma pequena vingança servida com o vinho, à noite." Zan tentou pensar no vagabundo como uma caricatura. A piada de mau gosto que foi dita, logo esquecida. Mas o cacarejar que a criatura soltou foi de levantar os cabelos, fazendo arrepios formigarem em sua pele. Era o som de uma mente três quartos morta, lembrando-o de um hamster tentando correr em uma roda quebrada. Só então Nick gemeu, salvando-o de formular uma resposta que, provavelmente, teria feito com que o atingisse novamente. Não queria que a sua atenção se voltasse para o Nick também, mas qualquer esperança de distraí-lo foi frustrada quando Carter Darrow entrou na câmara. O primeiro pensamento do Zan era que o vampiro parecia sofisticado. Como se tivesse acabado de jantar no clube de campo com alguns amigos ricos. Seu terno era caro e bem alinhado, os sapatos, sem dúvida, de uma marca igualmente cara. O rosto do vampiro era esculpido, de boa aparência, para quem gostava desse tipo de atitude eu-sou-muito-bom-para-você, supunha - e o filho da puta podre tinha atitude sobrando. Isso ficou evidente pela forma como andava e se portava. Assim como no vídeo, mantinha a cabeça erguida, de modo que parecia

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estar olhando para você por debaixo dos cílios. Seu cabelo loiro acinzentado estava puxado para trás em um rabo de cavalo, revelando um arranhão na bochecha, recente, que corria até o seu pescoço. Zan estudou a cicatriz e um plano começou a germinar. Só esperava que fosse capaz de colocá-lo em ação. "Vejo que tenho dois de vocês para aproveitar da minha hospitalidade", disse ele, sua voz escorrendo com um charme culto e urbano. "Um bônus." O macho já era um renegado por mais de vinte anos. Como tinha conseguido evitar o nível de insanidade exibido pelos seus subordinados? Ou será que ele, simplesmente, sabia mascará-lo melhor? Provavelmente, o último. "Não por escolha", Zan informou. "Pessoalmente, não estou feliz em estar perdendo mais um episódio do Ghost Hunters." Darrow riu, revelando dentes retos e brancos. "Acho que gosto de você, lobo." "Engraçado. O sentimento não é recíproco. Sem ressentimentos." "Humm." O vampiro o estudou, cruzando os braços casualmente sobre o peito. "Eu acho que - ou quem - você está realmente sentindo falta é da sua Companheira. A filha do Nick, a presa que devia ter sido minha." Horror apreendeu sua garganta e sua cabeça começou a latejar. Nesse instante, soube por que tinha sido sequestrado junto com o Nick. "Como é que você sabe o que ela é para mim?" "Do mesmo jeito que sei de tudo. Tenho minhas fontes."

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"Quem?" "Isso é o que eu gostaria de saber," Nick colocou, a voz grogue. "Ah, você acordou!" Darrow parecia satisfeito com isso. "E respostas você deve ter. É o mínimo que posso fazer por você, antes de morrer. O que gostaria de saber?" Nick lhe lançou um olhar incrédulo. "Sério? Por que você queria pegar a minha filha anos atrás, então? Ela era apenas uma menina." Darrow deu de ombros. "Ela era tão bonita, chamou minha atenção. E eu estava com fome. Fiz da perseguição dela, um jogo. Era puro esporte." Raiva e nojo impregnaram a expressão do Nick. "Esporte? Caçar crianças?" "Qual é o problema? Caçadores atiram em pombas e veados o tempo todo, levando-os para a mesa de jantar, e ninguém pisca. Sim, esporte." "Isso não é, nem de longe, a mesma coisa. Isso é monstruoso", o comandante cuspiu. "Eu não tive êxito, de qualquer maneira, mas sua Companheira foi um bom prêmio de consolação." Ele sorriu, como se recordasse algo querido. "Você sabia que, até mesmo como selvagens, podemos escolher tornar a nossa mordida prazerosa? Aposto que você pensou que nós perdíamos essa habilidade quando cruzamos a linha, mas a verdade é que nós, simplesmente, não nos preocupamos em usar a sedução muito frequentemente." "E você está me dizendo isso porquê?" "Eu fiz a sua companheira gozar várias vezes... antes de matá-la."

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Se as correntes fossem de qualquer outro metal, ao invés de prata, Zan não tinha dúvida que o Nick as teria arrancado, como se fossem feitas de papel. Como eram, ele se lançou contra suas amarras e rosnou sua raiva, seu lobo tão perto da superfície, que foi muito doloroso testemunhar. Enquanto os vampiros continuaram a rir e a zombar do Nick, Zan fez um balanço dos seus próprios ferimentos. Estava com as costas doloridas da explosão e tinha alguns cortes e arranhões. O mais preocupante era a pressão em sua cabeça, crescendo, constante, virando uma enorme dor de cabeça. Do tipo que parecia que uma faca estava sendo enfiada no seu cérebro. Esta ia ser uma das piores, como nada que já tinha experimentado, e sabia o que isso significava. A explosão e o golpe na cabeça haviam lhe ferido, interiormente. Estava em apuros. De alguma forma, Nick conseguiu manter os homens falando e descobrindo os seus segredos. "Por que vieram até mim, agora, depois de todo esse tempo?" Perguntou ele. "Essa é a questão, não é?" Darrow, casualmente, caminhou até uma mesa encostada contra uma parede, perto do Nick, e tocou em algo que estava pousado sobre ela. Da sua posição sentada, Zan não conseguia ver o que era. "Vamos, Westfall, pense. Estou saboreando a minha vingança pela sua interferência nos meus planos para saborear a sua preciosa filha, mas eu pareço o tipo que sairia muito longe do meu caminho para obtê-la? "

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"Não", Nick disse lentamente, os olhos apertados. "Não, a menos que houvesse algo mais para você. Meu palpite é dinheiro, que vem de quem mantem os seus ternos Armani." As presas do vampiro brilharam quando ele riu. "Então, foi tão difícil? Se importa em adivinhar para quem estou trabalhando e por que eles têm uma fixação quando se trata de ver você queimar?" "Eu vou chutar e dizer que é, provavelmente, o mesmo idiota do governo que está a par dos nossos movimentos e mantém você informado." "Ding-ding, certo de novo!" Deus, este filho da puta era louco. "Então, quem é o traidor, Darrow?" Nick pressionou. "Quem está por trás das emboscadas sobre a minha equipe? Quem quer ver a Alpha Pack morta e enterrada? A Casa Branca? O próprio presidente?" "Não. Os tentáculos não se estendem tão longe quanto o presidente. Mas, perto." O vampiro estudou seu adversário pensativo por um instante. "Foi arranjado que a sua equipe fosse atacada no Afeganistão,

quando

ainda

eram

SEALs

da

Marinha,

se

transformassem em shifters lobo, e então, fossem recrutados para se tornar a Alpha Pack, antes que você nem soubesse que existiam, e, em seguida, traídos uma e outra vez. Por quem? E porquê? Você pode muito bem ter a sua curiosidade satisfeita antes de eu matá-lo." Zan esperou, mal respirando quando o Darrow circulou pela sala, obviamente, decidindo por onde começar.

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Finalmente, depois de seis anos de perguntas, parecia que iam descobrir a verdade sobre a Alpha Pack e o pior dos desafios com o qual já lidaram alguma vez. "Como você deve ter imaginado até agora, a formação da Alpha Pack foi uma operação planejada o tempo todo. O governo dos EUA de alguma forma soube sobre os lobos selvagens no Afeganistão e colocou uma equipe lá, propositadamente, no caminho do perigo, para deixar a natureza seguir seu curso." "Então o que o August Bradford nos disse é verdade", disse Nick. "Ah, o bom cientista. Ele está completamente morto, sabe. Os meus meninos foram chamados para despachar o homem depois que escapou da sua equipe. " Zan estremeceu com a notícia, se sentindo mal por Daria, a Companheira do Ryon. Bradford era seu tio, e a notícia de que ele era um dos idealizadores do experimento em shifters tinha sido dura para ela. "Não posso dizer que estou decepcionado com essa notícia", disse o Nick secamente. "Imagino que não. De qualquer forma, o círculo daqueles que conhecem o projeto Alpha Pack desde o seu início, é muito pequeno. Um membro do gabinete da Casa Branca, um membro bem posicionado na CIA e um general." "Jarrod Grant?" Se o Jarrod, o melhor amigo do Nick, estivesse envolvido no ataque no Afeganistão, isso ia acabar com o Nick. Pura e simplesmente.

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"Não. Ele foi trazido mais tarde como o gerenciador da equipe e foi dito a ele apenas o que precisava saber." "Quer dizer, mentiram para ele." "É claro. Agora, as coisas correram bem nos primeiros anos", disse Darrow. "A Alpha Pack surgiu, exatamente, como o pequeno grupo do governo esperava - altamente secretos guerreiros militares que eram shifters com habilidades especiais paranormais, lutando contra os caras paranormais do mal. Verdade, justiça da maneira americana, blá, blá, blá. Dá vontade de cantar o hino nacional do caralho." Nick ignorou a observação cáustica. "Então, o que aconteceu de errado?" Darrow se virou, seu sorriso frio. "O chefe do governo desse círculo que mexeu os pauzinhos desde o início, o nosso próprio Secretário de Estado, Owen Matthews, foi abordado por um certo rei Unseelie chamado Malik." Oh merda. Então aí é onde tudo foi para a merda. "E o resto, como dizem, é história." Darrow pegou o objeto da mesa e o desfraldou. Um chicote de couro cru. "Matthews e o seu círculo eram ruins o suficiente para os métodos nefastos que utilizaram na formação da Alpha Pack. Mas nunca tiveram chance contra a persuasão de uma criatura sombria como o Malik e, brevemente, cientistas foram contratados, laboratórios construídos com a finalidade de fazer experimentos em shifters e seres humanos. Malik queria se integrar na sociedade, posando como um rico empresário humano, criando uma raça de super soldados shifters com

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habilidades paranormais para ser o seu próprio exército pessoal. Ele queria dominar o mundo." "Mas nós o detivemos", completou Nick. "Destruímos os laboratórios e chegamos muito perto da verdade. E agora o Matthews está tentando varrer toda a sua merda para debaixo do tapete - inclusive a Alpha Pack." "Exatamente. Ele se aproximou de mim para conseguir apenas isso e, em troca, montou uma equipe de cientistas em Washington para criar medicamentos especiais para os paranormais. Eles produzem vários tipos, que têm como alvo diferentes áreas, e o mais importante, para fazer os vampiros já agressivos virarem selvagens e lhes permitir caminhar na luz do dia." "Matthews queria uma última chance de criar uma força de combate a qual ele podia controlar." Nick riu sombriamente. "Que idiota. Minha equipe é composta por homens bons, heróis, que fariam qualquer coisa pelo seu país e os amigos humanos. Eles combatem qualquer criatura, em qualquer lugar, para salvar até mesmo você, Darrow, mas o Matthews é tão míope que queria vê-los destruídos para salvar sua cara." "Isso é certo." "Quanto ele está te pagando? Tenho contatos que podem fazer os números dobrarem, se você nos ajudar a vencê-lo." Darrow pareceu chocado por um momento, depois balançou a cabeça. "Não é tudo sobre dinheiro. Eu tenho poder, agora." "Não por muito tempo. Ele vai querer vocês todos mortos, para salvar a própria pele, e você é um idiota se não percebe isso."

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O olhar do vampiro endureceu. "E este é o lugar onde nossa conversa termina, Westfall. Eu sou, finalmente, parte de algo grande e não vou permitir que você ou qualquer outra pessoa fique no meu caminho. Você está acabado." "Ainda não." Nick lhe deu um sorriso feroz. "Você acha que eu vou morrer aqui, na sua patética réplica de uma casa?" "Isso é exatamente o que vai acontecer. Vou matar você bem debaixo do nariz régio do príncipe Tarron, outra vantagem da minha vingança. Adoro espetar aquele bastardo pomposo sempre que posso e vou apreciar jogar o seu corpo na porta dele." "Sério? Ou você é corajoso ou muito estúpido para montar sua base tão perto da fortaleza do príncipe." O olhar do Nick se conectou rapidamente com o do Zan e desviou, novamente. Com o coração acelerado, Zan ouviu, esperando que o comandante pudesse tirar um pouco mais de informação a partir da discussão com o Darrow. "Já estou aqui há quase um ano, e ele nunca suspeitou", Darrow se gabou. "Nós já teríamos atraído muita atenção se tivéssemos nos mudado para uma casa normal em algum bairro. Mas ninguém presta muita atenção aos novos inquilinos de um complexo de escritórios anteriormente vazio, especialmente se for em uma área com pouco tráfego." "Inteligente", Nick meditou, sem humor. Outro olhar sobre o Zan enviou a mensagem: Conte para a Selene. Consiga ajuda. "Penso que sim." Ele deu um estalo no chicote, em seguida, acenou para seu assecla que pairava próximo. "Vire-o para encarar a parede

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e, em seguida, saia do meu caminho, a menos que queira a mesma coisa." Enquanto o malandro reposicionava o Nick nas correntes e tirava sua camisa, Zan abriu a ligação mental com a sua Companheira. Baby? Para seu alívio, ela estava esperando. Oh, Deus! Querido, onde você está? Tarron e os seus homens, a equipe, todo mundo está procurando você e o papai! Querida, me escute com cuidado. Darrow está nos prendendo em um prédio que ele afirma ser muito próximo à fortaleza do Tarron. Parece que este lugar é na cidade mais próxima, em uma área onde existem outras empresas, para que suas idas e vindas não chamem muita atenção. Tudo certo. Vou dizer aos outros. Algo mais? Ele disse que já estão aqui há quase um ano, então verifiquem as vendas de imóveis ou aluguel. Se não houver nada com o nome do Darrow, verifique sob Owen Matthews ou qualquer nome que ele possa usar para suas explorações. Houve uma pausa. Você não quer dizer o Secretário de Estado Matthews, não é? Infelizmente, sim. Ele é a cabeça da serpente, sempre foi. Quando ele for derrubado, tudo isso acabará. Ok. Aguente firme! Vamos encontrar este edifício e estaremos aí em breve! Ok. Eu amo vo-

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Um grito quebrou seus pensamentos e, rapidamente, encerrou a conexão. De jeito nenhum sujeitaria sua Companheira com o que estava acontecendo com o seu pai. Não queria assistir, mas não conseguia desviar o olhar. As costas do Nick estavam encurvadas, os músculos tensionados, enquanto agarrava as correntes de prata que tinham de estar queimando as palmas das suas mãos. Sua cabeça estava virada para o lado, o cabelo escuro caindo sobre os olhos, e seus dentes estavam cerrados contra a dor. Darrow levantou o braço, e baixou o chicote novamente. O couro cru atingiu as costas do Nick com um golpe horrível, abrangendo a parte de cima do seu ombro, cruzando as costas na diagonal, até o seu quadril. A linha ficou marcada na sua carne, um sulco profundo que imediatamente começou a sangrar. Carmesim riscando sua carne para baixo, até o cós da calça jeans. Uma e outra vez, os golpes choviam. Zan segurou o conteúdo do seu estômago, embora quase não conseguisse. Isto é, até a mente tortuosa do Darrow revelar a tortura final do Nick. "Sente esse cheiro?" Ele inalou, então estremeceu de prazer quando se adiantou. Arrastou um dedo através do líquido vermelho e o levou aos lábios. Provou. "Sangue delicioso. Shifters nascidos tem um sabor tão requintado, nem mesmo o melhor vinho tinto pode se comparar com sua riqueza encorpada." "Fique longe de mim, seu louco", Nick gritou, puxando as correntes. "Não seja tão dramático. Afinal de contas, você vai adorar a próxima parte." "Do que você está falando?"

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"Lembra-se do que eu disse antes? Sua companheira amou o que eu fiz com ela..." Darrow se aproximou das costas do seu cativo. Correu a palma abaixo do ombro e pela lateral, apoiando o queixo na curva do pescoço da sua presa, como um amante faria. Horror preencheu Zan até o fim, e lutou furiosamente para não vomitar. "Não", Nick sussurrou. "Não." "Ah, sim. Vou me alimentar de você, lobo. E você vai adorar cada momento disso... exatamente até o seu último suspiro." "Seu filho da mãe doido-" As palavras do Nick foram cortadas quando Darrow o atingiu, deslizando as presas na curva do pescoço do seu prisioneiro. Nick gritou, o corpo tenso... e, em seguida, relaxou, deixando escapar um gemido rouco. Era um som de derrota. Quebrado. Com uma risada sombria, Darrow puxou seus corpos juntos com força, colocando o corpo do Nick de frente, novamente, e começou a se alimentar lentamente. Com longas sugadas e lambidas ocasionais, acariciando o pescoço da sua presa, em seguida, repetindo. Seu prisioneiro afundou ainda mais sob o seu feitiço, incapaz de impedir o que estava acontecendo. Sem se importar mais. Seduzido. "Você é meu, agora", Darrow murmurou contra sua pele. "Diga." "Eu sou seu." "O que você quer, lobo?" "Beba de mim. Tome tudo."

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"Paciência. Vou fazer o que quer. Depois que apreciarmos isto totalmente." Eles se moveram juntos, vampiro e presa, em um ritual macabro, antigo, que voltava na história, até, dos próprios deuses. Zan sabia, que, se a ajuda chegasse a tempo para salvar suas vidas, mesmo para um homem tão forte mentalmente quanto o Nick, ia ser quase impossível superar isso. O comandante que preferia morrer a ser seduzido para encontrar prazer nas mãos do seu pior inimigo. Seu assassino. E, com esse pensamento, Zan finalmente perdeu a batalha e sentiuse violentamente enjoado.

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Capítulo 13

Selene caminhava de um lado para o outro, quase enlouquecendo. Tarron e o Jax estavam, cada um, no seu celular, ligando para todos os lugares que conseguiam pensar, para descobrir quem tinha alugado ou comprado edifícios na área, no ano passado. Estavam à procura de um conjunto de escritórios grande o suficiente para manter um clã de renegados, em uma área onde se misturariam com o movimento, normalmente. Quão difícil pode ser isso? "Tudo bem", disse o príncipe, pondo fim a uma ligação. O movimento na sala de conferências parou e todo mundo lhe dedicou atenção. "Um dos meus homens encontrou um rastro de papéis que leva a um edifício em Grove Park, uma cidade de porte médio, mais ou menos a meia hora daqui. Se encaixa em todos os critérios, exceto pelo nome do proprietário." "Deixe-me adivinhar", disse o Aric. "É uma empresa fantasma?" Tarron assentiu. "Um negócio de telecomunicações falso. Mas no final da trilha de papéis, o proprietário é o nosso ilustre secretário de Estado. " "Então, quando partimos?" Selene exigiu, impaciente. "O tempo está passando. E nem pensem que vou ficar aqui, porque não vou." "Selene, Zan vai me matar se alguma coisa acontecer com você", Jax disse com uma careta.

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"Não, não vai, porque ele sabe, agora, como eu sou teimosa. Além disso, vocês esquecem que sou uma loba nascida. Eu tenho dentes e garras, assim como vocês, e eu luto sujo." Os homens se entreolharam, em dúvida, tentando descobrir uma maneira de fazê-la ficar. No final, entretanto, entenderam que ela iria segui-los, se necessário. Sabiam que ela tinha que chegar ao seu Companheiro. Jax suspirou. "Tudo bem. Mas se ele tirar um pedaço da minha bunda, vou colocar a culpa em você." "Justo." Em menos de 15 minutos, várias vans cheias de vampiros e shifters estavam prontas para partir. Selene ia com o Jax, sentada no meio, enquanto o Ryon dirigia, como de costume. Aric ia na frente. O clima era tenso, a equipe pronta para a luta. Houve pouca conversa no caminho, suas mentes muito ocupadas com a tomada do lugar. Em encontrar Zan e o seu pai, vivos. Essa última estava longe de ser uma coisa certa. Estava aterrorizada pela forma como seu Companheiro havia cortado o contato de forma tão abrupta. Estava ou ferido ou protegendo-a de alguma coisa. Ou ambos. Nenhuma delas era muito reconfortante. Chegando a algumas quadras do seu destino, estacionaram em uma rua fora da vista do edifício. Em seguida, saíram e começaram a fazer o seu caminho para o endereço que procuravam, em torno das instalações. Ladeada pelos amigos do Zander, seus irmãos, ela se preparava para resgatar o homem que amava. Carter Darrow tinha fodido com as pessoas erradas.

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Esse seria o seu último erro. *** Nick recuperou a consciência, lentamente. Desejava que não tivesse feito. Ainda estava pendurado nas correntes de prata que tinham queimado sua pele quase até o osso. Seu corpo estava mole, pesado, sua força quase desaparecendo. Junto com sua vontade de viver. Fechando os olhos, se esforçou para não se lembrar de como implorou para o vampiro assassino beber o sangue dele. Como foi boa a atração que tinha sentido, como seu pau tinha endurecido dentro do jeans... e como ele gozou em ondas pulsantes, incapaz de se conter. Sua reação física não tinha nada a ver com o Darrow. Sabia disso. Ele nem sequer era sexualmente atraído por homens. Os vampiros eram mestres na compulsão, e até mesmo o mais vil do seu bando conseguia quebrar a vontade mais forte, escravizando-a. Mas ele odiava a si mesmo da mesma forma. Darrow havia assassinado sua companheira. Tinha a seduzido da mesma forma e queria fazer o mesmo com a sua linda filha. Nick sabia que nunca seria capaz de apagar esse dia da sua mente, mesmo que vivesse mais duzentos anos. A pesada porta se abriu, e passos soaram. Por favor, deixe isso acabar. Deixe-os salvar Zander, mas por favor, deixe-me ir. Só então, o zumbido familiar começou dentro sua cabeça, e uma imagem começou a se formar. Viu essa mesma câmara, banhada em

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sangue. Muito sangue, revestindo toda a superfície. Corpos estavam espalhados. Sua mente viu a cena e, depois, parou em uma figura deitada de bruços. Selene, sua garotinha, estava deitada de lado em uma poça de sangue. Os olhos abertos, lutando pela próxima respiração. Em seguida, ela perdeu a luta. Sacudindo a cabeça para se livrar da visão horrível, inspirou profundamente. "Não. Isso não pode acontecer desse jeito!" "O que você está tagarelando, lobo?" Perguntou Darrow, divertido. "Perdeu o que sobrou da sua mente?" Ele riu, pegou alguma coisa da mesa, e se moveu para o lado de Nick. "Espere até experimentar um pouco do meu gosto por brincadeiras com facas. Você, traga o nosso outro prisioneiro até aqui, para ele poder observar e esperar a sua vez." O outro selvagem fez o que lhe foi dito, abrindo as correntes do Zan e puxando-o para o centro da sala. Em seguida, forçou o Curandeiro a ficar de joelhos. A lâmina de prata entrou na linha de visão do Nick, e ele soube. Esta era a arma que ia tirar a vida de sua filha. O que poderia fazer para mudar o resultado quando a morte não seria enganada? Não tinha aprendido bem a lição? "Por mim, prefiro garras", conseguiu retrucar. Antes que Darrow pudesse responder, uma comoção atingiu seus ouvidos. Coisas quebrando, ruídos de batidas. Uma explosão que sacudiu as paredes. Xingando, o renegado se virou para encarar a porta.

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Em seguida, a porta explodiu, sendo aberta, batendo na parede de dentro. Sua equipe e os homens do príncipe entraram, juntamente com a Selene. "Não! Selene, saia! " Ele gritou. Ou pensou que fez. Nunca iria ter certeza. Sem parecer ouvi-lo, sua filha correu direto para o Darrow e uma luta cruel começou. Em um piscar de olhos, ela derrubou o selvagem no chão, transformando as mãos em garras afiadas e arreganhando as presas. Justamente quando parecia que ela tinha a vantagem e ia acabar com ele, um flash prateado chamou sua atenção. E o Darrow enterrou a lâmina na lateral da sua filha. A coisa toda demorou apenas alguns segundos. Ela ficou imóvel, os olhos arregalados, com falta de ar. "Papai? Zan?" Com um sorriso desagradável, o selvagem a empurrou de cima dele e puxou a faca com um silencio doentio. Ele riu quando ela caiu, flácida e mole, no chão. O monstro tinha matado o seu bebê, enfim. A morte tinha feito sua cobrança. Papai. Agora, depois de todos aqueles anos solitários, ela o chamou de papai, novamente. Quando mais importava. De luto, Nick, gratamente, se rendeu à escuridão. Ele podia, finalmente, se deixar ir. ***

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Quando invadiram a câmara hedionda, Selene percebeu duas coisas: seu pai acorrentado à parede, coberto de sangue, e seu Companheiro ajoelhado no chão. Enxergou tudo vermelho e correu para o objeto da sua sede de sangue. Darrow mal teve tempo de reagir, dando um passo em direção a ela, quando saltou sobre ele e o derrubou no chão. Transformando as mãos em garras e alongando as presas, tinha toda a intenção de acabar com ele, ali mesmo. Ouviu gritos, talvez a voz do seu pai. E do Zan. Então Darrow a golpeou no lado, com força. O golpe roubou seu fôlego e ela olhou para baixo... para ver uma faca enterrada na sua lateral, até o cabo. "Papai? Zan?" Ela sussurrou. Sorrindo como um chacal, ele puxou a lâmina e a empurrou para o chão. Ela estava tão pesada, não conseguia se mover. No momento em que seus olhos se fecharam, ouviu o uivo do seu Companheiro. Os sons da batalha recomeçando. E depois, mais nada. Quando a porta bateu contra a parede e seus reforços começaram a entrar na câmara, Zan mal teve tempo de reagir. Sua companheira voou para cima do Darrow, derrubando-o no chão. Ela estava prestes a lhe rasgar ao meio. E, em um instante, ele tinha enterrado uma faca no seu lado. O uivo da fúria do Zan ressoou por toda a câmara, acima do barulho da luta, enquanto mais renegados se teletransportavam para

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proteger seus amigos. Zan tinha apenas um objetivo, no entanto, matar o Darrow. Tornando-se uma máquina, transformou as mãos em patas com garras afiadas e cortou o seu caminho através dos selvagens, estripando-os. Arrancando seus corações. No meio do tumulto, não se importava. Todo o seu foco estava, apenas, sobre o frio monstro louro que tinha, tão brutalmente, esfaqueado sua companheira. Por fim, avistou uma abertura e se jogou em cima do Darrow. Se encontraram com um choque de corpos, o bastardo não caindo facilmente, neste momento. Ele estava preparado para o ataque do Zan, mas não tinha a raiva dilacerante do seu lado. O assalto do Zan foi implacável. Agarrando o braço com a faca, esmagou o punho no chão, quebrando os ossos, instantaneamente. Gritando, Darrow deixou cair a faca, e Zan foi até sua garganta. Mas o vampiro rolou, dobrando as pernas sob si mesmo e empurrou o Zan. Isso deu ao inimigo alavancagem suficiente para saltar sobre ele e tentar imobilizá-lo, mas ele estava em desvantagem, com o pulso quebrado e não se refez com rapidez suficiente. Zan girou para o lado, facilmente quebrando o seu domínio e lançando um contraataque. Pulando em cima do Darrow, agarrou um punhado do cabelo do vampiro, puxando-o para cima. Ele tinha que acabar com isso, e agora. Transformando-se parcialmente, pulou para a frente e rasgou a garganta do seu inimigo. Terminou assim, rápido. A expressão do Darrow era de descrença e choque quando a luz se apagou do seu olhar.

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Zan deixou ele cair e se arrastou para o lado da sua Companheira, o coração martelando, com medo. "Baby?" Segurou-a em seus braços, sem estar consciente dos sons da batalha à sua volta chegando ao fim. Sua equipe e os vampiros do príncipe tinham ganho a luta. Mas se não fizesse algo rápido, sua companheira perderia a dela. Ela ainda estava pálida. Com a mão trêmula, afastou uma mecha do cabelo platinado que escondia seu lindo rosto e reuniu sua força. Era isso. Selene e o Nick precisavam dele, e não falharia com eles. Não importava o custo - e seria o maior. Sem deixar seus olhos se desviarem do rosto dela, respirou fundo. Convocando seu poder e enviando os dedos quentes da cura pelo seu corpo, buscando o dano. Sua luz viajou através das veias e músculos até a origem da perda de sangue substancial do ferimento no seu lado. Sem sua intervenção, sua Companheira ia morrer e não ia permitir que isso acontecesse. Sua cabeça já latejava. Mas empurrou a dor para o lado e se concentrou nos danos que a lâmina tinha causado, internamente. A ponta da faca tinha perfurado um pulmão, então ele mandou a energia para aquele ferimento, primeiro, juntando os tecidos e enviando ar para inflar o órgão. Em seguida, os ferimentos causados pelo restante da faca, e ele, meticulosamente, reparou a carne, tornando-se como nova. Uma vez que o corte foi fechado, se concentrou em fazer fluir o sangue que tinha perdido, sem parar, até que ela estava bem, a caminho da recuperação.

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Terminando, se inclinou sobre sua Companheira. Abraçou-a por um momento. "Eu amo você. Muito. Vou te amar para sempre", ele sussurrou. Veias no seu cérebro estavam inchando. Pulsando. Dores agonizantes enviando terríveis advertências para parar, mas não podia dar atenção a isso. Porque o Nick era o próximo. Estudou seu rosto, guardando-o na memória. Então, com a garganta se fechando em um nó ardente, ele a colocou nos braços do Jax. "Cuide dela. Me prometa." Seu melhor amigo não se incomodou em fingir que estava tudo bem. Seus olhos estavam úmidos, a expressão infeliz. "Prometo. Mas você vai ficar bem, Alexander." Diante disso, Zan sorriu. Ninguém nunca o chamou pelo seu nome completo, e Jax sabia disso. Supôs que seu amigo sabia que os seus minutos estavam contados. Zan nunca soube como o tempo era precioso até que estava quase no fim. Dando à sua Companheira um último beijo nos lábios, virou-se e correu para o Nick. Chicoteado quase até a morte e quase esgotado, o comandante estava em situação ainda pior do que Selene tinha estado, e se houvesse qualquer dúvida, esta sessão de cura seria a última de Zan, não havendo mais nenhuma depois. Quando colocou as mãos sobre o peito do Nick e enviou o calor da sua energia para ele, Zan realmente sentiu as pequenas rupturas começando a acontecer no seu cérebro. Cada pequeno estouro golpeando-o com tonturas. Em seguida, os estouros viraram agonia, como uma lança afiada sendo enfiada no seu crânio e, profundamente, na sua massa cinzenta.

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Não podia desistir. Nick tinha, aparentemente, desistido da própria vida, mas Zan não faria o mesmo. O comandante tinha muito mais vida para viver, uma filha com quem fazer as pazes e amar. Zan estava triste que não estaria lá para ver, para envelhecer amando sua Companheira. Músculos e ossos, curados. Cuidou disso, cada sulco do chicote, cada gota de sangue, limpa. Nenhuma cicatriz. Foi como uma nuvem de fumaça. Substituiu o sangue do homem, melhorou sua circulação. Tudo o que Nick tinha a fazer era despertar. Ele estava acabado. Sentando sobre os calcanhares, inclinou a cabeça para trás. Tentou sugar o ar. Mas, não adiantou. Seu crânio estava sendo esmagado com tanta pressão no seu cérebro. Um por um, o resto das artérias e veias cederam, liberando uma enxurrada de dor, e ele caiu para trás, gritando. Líquido quente jorrou do seu nariz e encheu sua boca. Ele foi pego, carregado por alguém da equipe. Jax? Sombras pairaram sobre ele, enquanto vozes o chamavam. Pedindo-lhe para aguentar. Queria dizer a eles que estava tudo bem, que ele estava bem. Qualquer coisa para tirar o seu pânico, sua tristeza. Por um breve momento, sua visão clareou e viu todos eles. Toda a sua equipe, com exceção do Nick. Seus irmãos. Ele amava a todos. Queria ver Selene mais uma vez, mas sabia que ela estava se curando. Ela ficaria bem e isso era tudo o que importava. Talvez ele a visse, de novo, no céu, algum dia, se tal lugar existisse. A última respiração o deixou em um sopro de ar. Então, os rostos amados dos seus irmãos desapareceram. E Zander Cole morreu.

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A primeira coisa da qual Selene teve consciência foi o silêncio sepulcral ao seu redor. Em seguida, sons suaves de... soluços? Quem estava chorando? "Oh, merda! Por favor..." Era a voz do Jax. O cabelo na parte de trás do pescoço dela se arrepiou e medo desceu por sua espinha. Cautelosamente, se sentou e esfregou as têmporas, tentando se orientar. Ela estava indo atrás dos selvagens. Darrow. Para resgatar seu pai-e o Zan! Olhando para a sua direita, viu o Darrow no chão, a garganta arrancada. Estava feliz que estivesse morto, a luta, obviamente, ganha já que a equipe, o príncipe e os seus homens estavam todos de pé ao redor. Mas por que todo mundo estava tão quieto? "Zan? Ela chamou. Alertados que ela estava consciente, alguns dos homens do príncipe encontraram seus olhos e, então, rapidamente desviaram o olhar. O mais alarmante de tudo foi quando ela se concentrou nos rostos dos integrantes da Alpha Pack; cada um deles tinha lágrimas em seus olhos, em alguns, elas escorriam pelo rosto. Um nódulo frio se formou no seu peito. Eles se moveram para o lado, como uma unidade, para revelar o Jax sentado no chão. E em seus braços, estava o seu Companheiro. Sua cabeça estava inclinada para trás, e ele não estava se movendo. "O que está acontecendo?" Seu tom de voz se elevou. "Zan?" Sobre os joelhos e as mãos, engatinhou até se ajoelhar ao lado do Jax e olhou para o belo rosto do seu Companheiro. Seus belos olhos estavam semiabertos, olhando para o espaço. Seu peito não se

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movia. Sangue escorria do nariz e da boca, mas já estava secando, agora. Segundos se passaram, e ela não conseguia processar o que tinha acontecido. "Zander?" Estendendo a mão, tocou sua face. Ainda quente, mas mais fria do que deveria estar, talvez. Tentando novamente, ela o sacudiu. "Acorde, querido. Ganhamos!" "Selene", Jax disse com um soluço. "Sinto muito." "Por que é que ele não está acordando? O que está acontecendo?" Não, não era verdade. Se recusava a acreditar. De repente, o Aric se agachou ao lado dela, pegando sua mão. O lobo, normalmente arrogante, era o retrato da devastação. "Selene, ele se foi", falou, suavemente. "Não havia nada que pudéssemos fazer." "Não!" Sacudindo a cabeça freneticamente, procurou as expressões dos outros, buscando afirmação de que ele estava bem. "E-ele vai ficar bem! Está, apenas, em estado de choque, ou cansado. Precisa descansar." De repente, uma grande mão apertou o seu ombro. Girando, se encontrou olhando para o rosto abatido do seu pai. "Papai! Está tudo bem! Diga-lhes que o Zan vai ficar bem, também, tão logo ele descanse. Ele-" "Minha menina, escute. Zan fez uma coisa valente esta noite. Ele se sacrificou pelas pessoas que mais amava, você e eu. Ele nos curou, mas seu cérebro, simplesmente, não aguentou mais. Você entende?"

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A verdade se infiltrou, não importando o quanto ela lutasse para mantê-la fora. Sua garganta começou a arder, e sua visão ficou borrada, enquanto olhava para o homem nos braços do Jax. "Papai?" "Zan está morto, minha garotinha", disse ele com a voz rouca, abraçando-a. "Estou tão, tão triste." Atordoada, momentaneamente, se inclinou para o seu pai. Em seguida, se afastou dele e apontou um dedo trêmulo para o Jax, levantando a voz. "Você é um Guardião do Tempo! Então reverta o tempo e conserte isso!" "Não posso", resmungou. "O Zan nunca iria me perdoar." "Eu não vou te perdoar se você não o fizer!" "Não posso fazer isso, Selene." Seus olhos pediam a ela para entender. "Não vou negociar sua vida para salvar a dele. Não posso usar o meu dom dessa forma." Ele não ia ajudar. Frenética, olhou para o Tarron. "Você pode transformá-lo em um vampiro, certo? Mordê-lo ou algo assim?" "Não", ele disse com pesar real. "Não posso transformar uma pessoa que já partiu. Você não imagina quanto eu sinto muito." Não, por favor. Estendeu os braços para o Jax. "Me dê ele." Movendo seu fardo, Jax colocou seu Companheiro nos seus braços. Ela o segurou com força, perto do seu coração, acariciando seu rosto amado. Seu cabelo de ébano, sedoso. "Esperei tanto tempo", sussurrou, as lágrimas escorrendo pelo rosto. "Queria tanto te dizer que eu te amo. Pensei que tinha tempo. Me desculpe por ter esperado. Eu amo você. Eu te amo."

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Ela balançou, um poço de tristeza se avolumando, fazendo-a engasgar e dominando-a. Seu coração se partiu, e um ruído agudo chegou aos seus ouvidos, irregular. Bruto. Não podia continuar sem ele. Não o faria. "Deus, isso é tão errado", alguém disse, calmamente. Parecia o Ryon. "Por quê?" Não havia nenhuma razão. Não havia justiça nisso. Não podia aceitar que ele estava morto. A raiva a pegou de surpresa. A recusa em deixá-lo ir. Foi quando percebeu um puxão estranho na região do seu coração. Um fio, dourado e forte. Começava em seu peito e se estendia até um pouco além do corpo do Zan em seus braços. Nosso vínculo. Foi quando ela soube que ele não tinha ido embora. "O vínculo", suspirou, arregalando os olhos quando olhou para o seu pai. "Ele ainda está lá." Alívio e algo como esperança se agitou no rosto dele. "Então, ainda há uma chance." Seu pulso disparou. "O que você quer dizer?" "Lembra-se do que eu disse sobre o seu dom? Que iria se manifestar quando você mais precisasse?" Ela assentiu com a cabeça. "Sim. Mas, não entendo. Não sei o que fazer! " "Siga o fio; encontre o seu espírito. Leve-o de volta ao seu corpo, e então poderemos ajudá-lo a se curar." "Isso é, realmente, possível?"

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Ryon avançou. "Zan e o seu lobo ainda estão aqui e não querem deixá-la. Ele vai aguentar tanto tempo quanto puder." "Mas, oh, Deus, o que eu faço? Como?" E se tivesse perdido sua chance? "Você é uma Coletora de Espíritos", explicou o Nick. "Isso significa que você pode seguir o vínculo do seu acasalamento e trazer o espírito dele de volta para o seu corpo físico. Você consegue fazer isso." Vários suspiros encontraram a revelação do Nick sobre imortalidade. Mas, por enquanto, se concentrou em fazer o que ele disse. Com cuidado, se concentrou naquele segmento, como tinha feito quando o Zan estava na enfermaria do clã. Mas, desta vez, ela estava trazendo-o por todo o caminho de volta, em vez de, simplesmente, ancorá-lo a este mundo. Imaginou-se enrolando o fio em torno deles dois, puxando-o para ela. Quando isso funcionou, deu um empurrão mental em seu corpo quebrado. Selene? Baby? O que está acontecendo comigo? Seu coração saltou. Deixe-se deslizar. Não lute contra isso. Mas dói. Meu cérebro está frito, e não acho que você pode consertálo. De alguma forma, nós o faremos. Por favor, confie em mim? Uma pausa. Por você, qualquer coisa. Eu amo você. Ela ouviu o sorriso em sua voz. Eu já sabia, e também te amo.

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Ele a seguiu sem hesitação, pairando sobre o seu corpo e, em seguida, deslizando de volta para ele como se fosse fumaça, seu lobo, o seguindo. Uma vez que estava lá dentro, ouviu um trepidar de ingestão de ar e viu que ele estava tentando respirar. "Ajude-me", ela gritou. "E agora?" De repente, Tarron estava agachado ao seu lado. "Vou lhe dar um pouco do meu sangue para acelerar a cicatrização. Então, você lhe dá um pouco do seu para prendê-lo a você, para sempre. Juntos, nós o presentearemos com a imortalidade, embora, provavelmente teria isso de qualquer maneira, como seu Companheiro. Agora, isso é uma certeza." "Tudo bem", disse ela, agradecida. "Vamos fazer isso." O príncipe agiu primeiro, cortando o pulso. Sem perder um segundo, segurou a pele cortada sobre os lábios azuis do Zan, enquanto ela mantinha sua boca aberta. As primeiras gotas caíram em sua boca, mas não houve nenhum movimento. E então, sem aviso, ele se agarrou ao braço do Tarron e sugou como um recém-nascido. O murmúrio aumentou, dentro do quarto, crescendo em emoção. Quando ele já tinha tomado o suficiente, Tarron apontou para ela. "Sua vez." Encorajada, repetiu o processo usando seu próprio sangue, pensando que era estranho estar alimentando-o, como faria um vampiro. Mas topava qualquer coisa que o ajudasse a se curar. "É o suficiente", disse o príncipe. "Agora, vamos transportá-lo de volta para a fortaleza e levá-lo para a enfermaria. Com alguma sorte, vamos ver sinais de melhoria dentro de algumas horas."

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"Você acha que ele vai ficar bem, brevemente?" Acariciou o cabelo do seu Companheiro de novo, incapaz de parar de tocá-lo. "Não. Acredito que levarão dias para sabermos se o seu cérebro se recuperou da lesão que sofreu hoje. Mas não perca a esperança." Seu sorriso era suave. "Não vou." As lágrimas corriam de novo, mas desta vez podia lidar com elas. Seu companheiro viveria. Não podia pedir mais nada. *** Ele tinha pensado que estava morto, para sempre. Ainda assim, não tinha sido capaz de ir para a luz que o chamava para fora da câmara de sofrimento. Para entregar sua alma à linda presença branca que prometia felicidade eterna, a paz entre os anjos. Isso não parecia tão ruim. Exceto que Selene não estaria lá. Não sabia o que fazer, por isso tinha pairado, assistindo a todos que amava se acabando com a sua morte. Não só a sua Companheira, mas também o Jax, o Nick, Hammer, Aric, Ryon, Micah, Nix, o A.J. e o resto. Até mesmo o Tarron, que tinha conhecido o Zan, apenas, por um curto período de tempo, parecia cheio de tristeza. Eu queria tanto te dizer que eu te amo. Eu pensei que tinha tempo. Me desculpe por ter esperado. Eu amo você. Te amo. As palavras dela haviam rasgado seu coração, fazendo com que não fosse só difícil, mas impossível, para ele partir. Sabia como ela se

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sentia, é claro, mas ouvir as palavras sendo ditas em voz alta era o seu sonho virando realidade. Como poderia partir, agora? E, em seguida, um milagre. Graças à sua Companheira, que tinha um dom muito especial, foi puxado de volta para o seu corpo. Abrir os olhos era muito difícil, então se contentou em ouvir os sons da sua Companheira e a alegria dos seus irmãos equipe, por ter sido trazido de volta do além. Que, eventualmente, ia dar tudo certo. Agarrou a mão quente da sua Companheira, que se entrelaçou à sua, quando foi levantado e colocado em uma maca, sentindo seu doce perfume, próximo. Se deliciava com suas repetidas declarações de amor, feitas livremente, quando, uma vez, tinha sido desconfiada e insegura. Seus sentimentos o banharam como as águas quentes de uma banheira de hidromassagem, toda a tristeza e luta sendo purificada e lavada. A maca pousou e rolou, mas não houve nenhuma dor diante desses movimentos. Apenas um esgotamento até os ossos, ameaçando arrastá-lo para as profundezas. Sentiu que não ia morrer, agora, mas não queria se deixar levar e dormir. Desejava passar cada segundo imerso no amor da sua Companheira. O frio do ar livre acariciou sua pele e, em questão de segundos, a maca estava sendo colocada em um veículo. Uma ambulância, provavelmente. Selene teve que soltar sua mão, temporariamente, mas logo a apertou, novamente, quando subiu e fecharam as portas. Quando o veículo começou a andar, ela começou a cantarolar uma música para ele. Sem palavras, apenas uma melodia suave, baixa e bonita. Romântica.

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Eu não sabia que você podia cantar. Dificilmente, estou cantando. Ouviu o riso em sua voz dentro da cabeça. Realmente, não consigo soltar nem uma nota. Isso parece mais como uma forma de expressar minha felicidade. Continue fazendo isso. Gosto de ouvir você. Ok, mas tem que me prometer que vai dormir, para poder se recuperar. Combinado? Combinado. E assim, com a canção sem nome da sua Companheira embalandoo, finalmente cedeu ao sono curador.

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Capítulo 14

Quando Zan acordou, encontrou sua Companheira ao seu lado, piscando para ter certeza de não estar sonhando. "Selene?" Sua cabeça se levantou, a revista que estava no seu colo caindo no chão, esquecida. "Aí está você! Já era tempo. Como está se sentindo? " Pensou nisso. "Bem, eu acho." "Nada dói?" Sombras manchavam a cor da pele sob os olhos cansados. Ela parecia desgastada. Ansiosa. "Nada", garantiu. "Você conseguiu dormir, baby?" Ela apontou para o outro lado da cama. "Tarron trouxe uma cama para mim." "Mas não parece que você a está usando muito." Ela sorriu, com tristeza. "Culpada. Mas não conseguiria dormir até ter certeza que você estava voltando para mim." "Querida, você tinha que saber que eu voltaria", disse, tomando sua a mão. "Você me trouxe de volta. De jeito nenhum, iria embora de novo." "Eu sei. Mas nos últimos dias, me preocupei com você, especialmente depois do que aconteceu..." Ela engoliu em seco, com os olhos cheios de lágrimas.

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Estendendo a mão, ele secou uma lágrima que caía pela sua bochecha. "Ei, nada disso. Estou bem, e vou estar fora daqui antes que você perceba." Fungando, ela se recompôs. "Você esteve dormindo por quatro dias. Melina disse que, após acordar, você poderia ter alta no dia seguinte, ou no outro. Enquanto continuar a ir com calma e permitir se curar, por um tempo." "Por quanto tempo?" "Pelo menos, mais seis meses." "Merda. Não sei se posso prometer..." Mas um olhar para a preocupação em seu belo rosto e soube que podia fazê-lo. Por eles. "Tudo bem, sim. Seis meses. Prometo." Seu alívio era palpável. "Obrigada." "Por nós? Qualquer coisa", disse ele com um sorriso. "Não vou me arriscar a arruinar minha saúde ou, na pior das hipóteses, me matar. Mais uma vez." Ela limpou a garganta, parecendo desconfortável. "Bem, aí está. Não sei, exatamente, se você pode matar a si mesmo, agora, pelo menos, não por sobrecarregar o seu corpo." Ele a estudou com curiosidade. "Ei, isso é ótimo. Mas tenho que perguntar, por que não?" "Você lembra que, por ser uma loba nascida, sou imortal, certo?" "Sim. Você me disse que você e o Nick são, assim como a maioria do seu clã."

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"Certo." Ela parecia desconfortável. "A questão é, eu tenho um dom. Sou uma Coletora de Espíritos. Foi assim que fui capaz de puxar o seu espírito de volta para o seu corpo, para que você pudesse ser curado. " Ele assentiu com a cabeça. "Mesmo quando estava morto, senti isso. É um dom maravilhoso de se ter." "Acho que sim, também, embora não tenha certeza que irá funcionar em alguém, além de você. Prefiro não saber." "Por que tenho a sensação de que há mais coisas?" "Sim. Quando consegui trazer o seu espírito de volta, foi necessário que, tanto eu quanto o Tarron, o alimentássemos com um pouco do nosso sangue. Para curá-lo. Só que isso tem um efeito colateral, e você é imortal, agora, assim como eu." Sua boca se abriu, e ele ficou pasmo. "De jeito nenhum." "Certeza". "Sou, diabos, imortal?" Ele falou, abruptamente. "Você está chateado?" Seus dentes morderam o lábio inferior, com preocupação, e um pouco da sua ansiedade começou a voltar. "Querida, não", se apressou a assegurá-la, apertando sua mão. "Isso significa que vou ter que passar a eternidade com você, certo? Agora, não vou morrer e deixá-la sozinha daqui a algumas décadas." Mais uma vez, ela deu um suspiro de alívio e sorriu. "É isso mesmo, e mal posso te dizer como isso me deixa feliz. Você poderia ter virado um imortal, de qualquer maneira, por causa do nosso acasalamento, a princípio. Ou poderia ter desfrutado de uma vida humana mais

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longa do que o normal por ser um shifter. Mas, agora, é certo que você vai ser como eu." "Então, vou ser capaz de me safar de balas de prata no meu peito e todas essas outras merdas?" Brincou. Ela bufou. "Você não é o Super Homem, amigo. Ainda pode acabar tendo sua bunda morta de várias maneiras, por isso, tome cuidado." "Humm. Prefiro usar a capa vermelha." "Desculpe - não dá." "Acho que vou ter que me contentar com isso, então." Inclinando-se, ela lhe deu um beijo nos lábios. Ele queria aprofundar o beijo e mostrar à sua Companheira o quanto sentia falta de estar em seus braços. Uma batida na porta interrompeu seu momento de ternura e Selene se recostou. "Entre." Quando a porta se abriu, Nick entrou, seguido pela maioria da Alpha Pack e pelo Príncipe Tarron. Entraram todos cheios de sorrisos, mas, era sua imaginação, ou o do comandante parecia forçado? Havia tristeza à espreita, por trás dos seus olhos? Deus, esperava que o Nick estivesse superando o que o Darrow havia feito com ele. Não era culpa dele. Certamente, sabia disso. "Porra, é bom ver vocês", disse Zan, sorrindo para eles. Cada um dos seus irmãos veio para a frente para apertar a mão dele, e alguns até lhe deram abraços cuidadosos. Quando chegou a vez do Jax, seu melhor amigo, foi um pouco mais apertado do que os outros.

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"Nunca mais faça isso comigo de novo, idiota", disse, com a voz rouca. Os dois riram para aliviar o momento, e Jax o soltou, para se juntar aos outros. Zan olhou para o Nick. "Então, o que está acontecendo? Qualquer notícia sobre o Owen Matthews? Como é que vamos derrubar aquele bastardo?" "Nós não vamos ter que fazer isso. Já foi feito." "Uau, alguém trabalhou rápido. Como foi que isso aconteceu tão rápido?" "Liguei para o Grant, sabendo que é o único no qual podemos confiar", Nick começou. "Ele contatou dois funcionários do alto escalão do governo nos quais ele confia, e eles cuidaram da situação. Parece que um ‘informante anônimo' enviou vídeos do Secretário de Estado Matthews, de um agente da CIA e de um funcionário da Casa Branca, solicitando ao Carter Darrow para cometer assassinatos em massa de cidadãos americanos inocentes." Zan assobiou por entre os dentes. "Como, diabos, conseguiram forjar um vídeo como esse?" "Fácil. Não era falso." "Puta merda." "Sim. Parece que a criação de super soldados e vampiros selvagens, simplesmente, não foi suficiente para manter os nossos pequenos terroristas ocupados. Estavam prontos para ir para a terra prometida e cometer um genocídio global, eventualmente, dirigido aos cidadãos que fossem indesejáveis ou desnecessários às suas regras.

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Matthews e os seus seguidores, incluindo o Darrow, tinham um plano para derrubar o governo." "Não é muito insano?" Aric murmurou. "Realmente", disse o Micah, balançando a cabeça. "Os contatos do Grant criaram uma história para a mídia, que relatou que o Darrow foi morto em um confronto com agentes federais. Perto, o suficiente, da verdade. Então, Matthews e os seus asseclas vão, sem dúvida, ficar na prisão por toda a vida." "Então, é o fim?" "Sim", Nick disse, parecendo satisfeito com isso, pelo menos. "Exceto por uns poucos renegados aqui e ali que nos resta eliminar, realmente, acabou." Zan mal podia acreditar. O reinado de terror que tinha começado com o Matthews traindo a equipe de SEALs e forçado a criação da Alpha Pack, então, logo respingando no Malik, em Orson Chappell, no Dr. Gene Bowman e em August Bradford, finalmente acabou. Mas teria mais uma ameaça, um outro dia. Sempre tinha. Só então, Melina adentrou o quarto e parou no meio, estreitando os olhos para o grande grupo. "O que, diabos, vocês todos estão fazendo aqui? Meus pacientes precisam descansar, caramba, não serem exauridos por ficar papeando com vocês, seus cabeçasduras!" "Então, doutora", disse Tarron, em um tom suave, os olhos focando sua figura pequena de forma apreciativa. "Estávamos, apenas, apoiando nosso amigo, isso é tudo. Por acaso, queria saber se você

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podia dar uma olhada em mim. Eu tenho uma rigidez desconfortável que não vai embora." Alguns deles riram. Melina fez uma careta para o príncipe. "Aposto que tem." "Ah, mas eu, realmente, tenho. Vamos?" Tomando seu braço, conduziu-a em direção à porta, ignorando seus protestos. Pouco antes do Tarron sair, olhou por cima do ombro para os seus novos amigos e piscou. Os caras assobiaram no segundo em que a porta se fechou atrás deles. "Isso vai tirar a secura da sua calcinha", Aric declarou, enquanto ria. Zan, apenas, sorriu. Talvez a doutora residente estivesse pronta para ter alguma felicidade, ela própria. Com certeza, esperava que sim. Ela merecia. Quanto a ele, planejou valorizar cada minuto com sua Companheira. *** Várias churrasqueiras estavam funcionando, vampiros e shifters envolvidos em um jogo feroz de futebol sob as luzes artificiais, e a cerveja estava fluindo. E Selene brilhava sob as atenções do seu Companheiro, que tinha se recusado a participar do jogo. O churrasco noturno era um sucesso, até agora, planejado após o pôr do sol para que os novos amigos e aliados da Alpha Pack, o Príncipe Tarron e o seu clã, pudessem se juntar a eles. Era um longo caminho, das Smoke Mountains até a Shoshone, para uma visita, mas quando todo o seu grupo podia se tele transportar, viajar não era um problema.

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Além disso, enquanto assistia o Tarron flertar implacavelmente com a Melina, e a doutora se esforçando para evitar suas atenções, tinha a sensação que estariam vendo muito mais vampiros por lá, em um futuro próximo. "Um centavo pelos seus pensamentos?" Uma voz baixa e sexy murmurou no seu ouvido. "Pode tê-los com um beijo." Virando-se completamente sobre a toalha de piquenique, ele segurou seu rosto e deu um beijo na sua boca sensual. Tomou-a como se fosse dono dela, e era. Sua língua deslizou para dentro para provar, e ela queria se afogar nele. Depois do beijo, ela recuou e sorriu. "Continue assim e nós vamos pular o resto da festa." "Por mim, tudo bem." Um dedo traçou seus lábios. "Mas, então, você perderia a chegada do seu convidado especial." "Tinha esquecido." De repente, borboletas voaram no seu estômago. "Não, não tinha." "Você está certo, não tinha. Isso só me deixa tão nervosa que estou a ponto de ficar enjoada." Ele massageou seus ombros. "Tente relaxar, certo? Tudo vai ficar bem. E se ele sair da linha, já era, e vou me assegurar que saiba que não é bem-vindo aqui, novamente." "Obrigada." Ela suspirou. "Mas quero tanto que isso dê certo." "Sei que sim, querida."

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Então o Blue se aproximou, segurando o Kai, Mac e o Kalen seguindo atrás dele. "Ooh, vamos dizer olá para os nossos amigos, a Selene e o Zan", o príncipe Fae balbuciou, levantando o garoto e fazendo caretas para ele. Então, Blue usou a ponta das penas da sua asa direita para acariciar Kai sob o queixo. O bebê parecia encantado com suas travessuras e borbulhava uma risada entusiasmada. "Sim, você ama mais o tio Sariel, não é?" Zan riu e se dirigiu ao casal. "Não acho que vocês, alguma vez, conseguirão deixar o garoto longe dele. Podiam muito bem participar da festa e deixá-lo entreter o bebê." "Verdade. Ele já deixou o Kai tão mimado, que ele chora se alguém o deita no berço." Mac revirou os olhos, mas seu carinho pelo meioirmão do seu Companheiro era óbvio. Ela sorriu para o Zan. "Você gostaria de segurá-lo?" "Posso?" Seus olhos brilharam. "É claro." Blue fez uma careta, mas entregou o bebê para ele, com relutância. Inclinando-se, transferiu o Kai para os braços do Zan como se entregasse uma caixa de vidro delicado, instruindo seu amigo sobre como segurar a cabeça do bebê. Assistindo o Zan, enquanto ele se maravilhava com o pequeno embrulho, uma pontada estranha de desejo atingiu Selene no peito. Nada era mais bonito de se ver do que um homem forte e lindo, segurando um bebê. Seu companheiro parecia danado de bom em fazer isso, e não podia deixar de imaginar como ele ficaria segurando seu bebê.

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Então, o telefone da Selene tocou, e ela o retirou do bolso para olhar a mensagem. Instantaneamente, seu estômago se agitou de novo. "Eles estão aqui." "Visitantes?" Perguntou Kalen, com curiosidade. "É uma maneira de falar", disse ela. Com dedos trêmulos, respondeu a mensagem de texto, enviando o código do portão segurança para os visitantes. "Meu tio e um dos seus executores estão aqui." Os olhos do Kalen se arregalaram. "Que porra é essa? O Nick sabe?" Mac bateu no braço do seu companheiro. "Kalen!" Para Selene, ela disse: "O que ele quer dizer é, há alguma coisa que podemos fazer? Você e o seu pai vão ficar bem?" Ela deu ao casal um sorriso trêmulo, grata pela presença reconfortante do seu próprio Companheiro ao seu lado. "Obrigada, mas vamos ficar bem. Espero. E não, o pai não sabe que eu os convidei. Eu tinha que fazer alguma coisa, no entanto, para tirálo da merda em que está, ultimamente." Kalen coçou o queixo. "Bem, concordo que o Nick precisa de alguma intervenção, embora não tenha certeza que uma reunião de família com o homem que roubou sua filha é a maneira de ideal de fazer isso." Ignorou o olhar assassino da Mac. "Mas se as coisas ficarem feias e você precisar de mim, grite. Vou transformá-lo em um pinheiro, e todos nós poderemos mijar nele cada vez que nos transformarmos e formos dar uma corrida." A imagem quebrou o nervosismo da Selene, e ela riu, junto com o Zan. "Vou manter isso em mente. Obrigada."

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"Para que servem os amigos?" O brilho malicioso nos seus olhos sugeria que ele gostaria de fazer isso. Com isso, estendeu os braços para o Zan, pegando o bebê. O trio se despediu e se dirigiu para a festa. Selene se levantou, e Zan se juntou a ela, puxando-a para os seus braços e segurando forte. "Vai ficar tudo bem. Estou aqui para te apoiar." "Eu sei. Eu amo você." "Eu também te amo, baby." Tomando sua mão, atravessou o gramado e caminhou ao redor do prédio, na direção do final da calçada, onde o estacionamento estava localizado. Os faróis estavam se aproximando, sinalizando que já era tarde demais para voltar atrás, agora. O que aconteceria, esperava, seria um encerramento entre o seu pai e o Damien. Zan apertou a mão dela em apoio e, em seguida, deu um passo à frente, de modo que a maior parte do seu corpo estava ligeiramente à frente dela quando o carro parou. Ela teria sorrido diante do movimento protetor inconsciente, mas estava muito nervosa. Como se sentiria quando encontrasse com ele novamente, sabendo o que ele fez? Algo que Ryon tinha dito a ela um tempo atrás passou por sua mente. Às vezes, há explicações para coisas que não entendemos a princípio, coisas que parecem imperdoáveis. Você pode querer se lembrar disso. Agora ela sabia o porquê daquela explicação. E soube que podia perdoar.

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Sob a iluminação externa, não teve problemas em ir até o seu tio e o Taggart, quando saíram do carro. Fechando as portas, os dois homens se aproximaram e, em seguida, pararam a alguns metros dela e do Zan, olhando-os com expressões um pouco desconfiadas. "Tio Damien. Tag." Sua saudação foi, igualmente, reservada. Os olhos do Damien se suavizaram. "Eu sinto muito", disse ele em voz baixa. "Por tudo." "Você devia, mesmo." Duro, mas verdadeiro. "Eu fiz o que achei melhor, no momento. Posso ver, agora, que devia ter tratado as coisas de forma diferente." "Isso é passado, agora. Não te chamei aqui para que você pedisse perdão para o pai ou para mim." "Por que nos convidou, então?" Perguntou o Tag, estudando o Zan com aberta antipatia. "Cura." Ela inspirou profundamente. "Quero que todos nós sejamos uma família." "Isso vai depender do Nick", disse o tio. "Estou tão feliz em ter algo a dizer sobre isso." O coração da Selene falhou. Se virou para ver o pai em pé, logo atrás dela e do Zan, o corpo tenso e imóvel. Olhos estreitados. Observava o Damien como o predador letal que era, pronto para saltar à menor provocação. Saindo da presença protetora do Zan, foi até o Nick e o puxou para a frente.

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"Convidei-os para vir até aqui, porque há coisas que precisam ser ditas entre vocês dois. Você precisa de um encerramento e, a menos que esteja enganada, precisa do seu irmão." Raiva ardente apareceu no seu rosto quando olhou para o Damien. "Eu precisava do meu irmão há vinte anos atrás, quando estava de luto, pela companheira que perdi. Precisava dele quando meu coração estava quebrado, e ele virou as costas para mim." Damien deu um passo para frente. "Estou bem aqui, Nick. Só fiz o que pensei-" Sem esperar nem mais uma palavra, Nick encurtou a distância restante e deu um potente soco na mandíbula do Damien que fez o outro homem cambalear para trás, caindo de bunda no chão. "Foda-se o que você pensou!" Nick rugiu, todos os músculos do seu pescoço se destacando enquanto ele pairava sobre o irmão. "Fodamse suas regras certinhas e o clã! Foda-se você, me chutando quando eu estava para baixo. Foda-se!" Oh, Deus! Nem tinha percebido que estava se movendo para ficar entre eles, até que sentiu os braços do seu Companheiro em volta dela, puxando-a de volta. "Deixe-os resolver isso", seu Companheiro sussurrou no seu ouvido. "Vai dar tudo certo." "Nick" Damien começou"Eu cometi um erro e paguei por isso." Sua voz falhou, cheia de angústia. "Mas você tinha que me punir mais ainda. Ocorreu-lhe chegar até mim e a Selene, para nos ajudar a superar nossa dor como uma família, estar lá para nos apoiar? Em vez disso, você

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tomou minha garotinha! Você a tomou de mim e não restou mais nada. Nada." Essa última palavra foi dita em um sussurro rouco, a raiva do Nick, de repente, esvaziada. Ele parecia... derrotado. Mais velho. Mais cabelos prateados surgiram no cabelo negro desde o calvário com o Darrow e ele parecia assombrado o tempo todo. A expressão desesperada no rosto, todo o seu comportamento, a assustava. Foi por isso que ela tinha chamado o Damien. Seu pai precisava de ajuda. Damien deve ter visto a mesma coisa nele, porque encontrou o olhar da Selene brevemente. Assentiu. Então, se pôs de pé, ignorando a mão estendida do Tag e deu mais um passo até o Nick. Aproveitou a oportunidade. "Eu não posso apagar os anos que tirei de você e da Selene", disse, em tom de arrependimento sincero. "Mas posso oferecer um novo começo. Gostaria de ver todos nós colocando o passado para trás, começando de novo, e encontrando nosso caminho, como uma família. Você estaria disposto a tentar? Você pode me aceitar de volta na sua vida?" Selene prendeu a respiração. Longos momentos passaram enquanto esperavam outra explosão. Mas ela não veio. Em vez disso, Nick encontrou o olhar de Damien, com os olhos úmidos. "Não vai ser fácil." "Mas você gostaria de tentar?" A esperança dele era quase dolorosa de ver. "Sim."

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Apenas uma palavra. Mas foi o suficiente. Arriscando-se, Damien envolveu o irmão em um forte abraço, e lentamente, os braços do Nick o rodearam. As lágrimas rolaram pelo rosto da Selene ao vê-los darem o primeiro passo para a frágil reconciliação. Não, não seria fácil para eles, mas já era um começo. Quando recuaram, Selene limpou a garganta. "Bem, já que parece que não haverá derramamento de sangue, gostaria de apresentar alguém. Tio Damien, Taggart, este é o meu Companheiro, Zander Cole. Zan, meu tio e meu amigo, Tag." Zan apertou as mãos de ambos os homens e lhes deu um sorriso. A saudação do Tag não foi tão entusiasmada, mas pareceu aceitar o lugar do Zan na vida da Selene ao lhe atirar um olhar de resignação e, em seguida, apertar a mão do Zan. "É um prazer conhecê-los", disse o Zan. "Ei, estou sentindo o cheiro de hambúrgueres assando. Alguém com fome?" Houve um consenso geral que comer parecia muito bom e o Zan, habilmente, levou o Damien e o Tag em direção à festa. Fale com o seu pai, incentivou, através do seu vínculo. Nós vamos ficar bem. Obrigada, amor. Ele piscou e desapareceu na esquina. Com o coração palpitando de amor, foi até o Nick. Tocou o seu braço. Haviam, apenas, duas coisas que ela precisava dizer, e seu pai precisava ouvi-las. "Eu te perdoo, papai", disse ela, em voz baixa. "E eu te amo." Por alguns segundos, manteve a cabeça baixa. E, então, puxou-a para os seus braços com um soluço sufocado e segurou-a como se nunca mais fosse deixá-la partir. Ela adorou estar no forte abraço do

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seu pai, deixou seu amor envolvê-la e preenchê-la. Até este momento, estava faltando um pedaço da sua alma. Agora, ele tinha sido devolvido. "Eu também te amo, minha garotinha. Muito." Ficaram juntos por mais alguns instantes, até que ele beijou o topo da sua cabeça e a afastou, dando-lhe um sorriso aguado. "Você vai ficar bem? Sério?" "Vou." Ele tocou seu cabelo. "Tenho você e a Alpha Pack nesse meio tempo, para me ajudar a superar. Vou ficar bem." "E o Damien, também. Você pode contar com ele." "Veremos." Era tanto quanto ele ia admitir, por enquanto, e estava tudo bem por ela. Ele abriu a porta e teria que ser suficiente. "Vamos lá." Tomou o braço dele. "Vamos para a festa." "Isso parece muito bom." *** Zan levou o Damien e um Tag carrancudo para a área onde os hambúrgueres e os cachorros-quentes estavam sendo servidos e os apresentou. Os visitantes foram recebidos com aberta curiosidade, mas estava feliz que a Alpha Pack e suas Companheiras foram acolhedores. Pegou um prato para si e montou um hambúrguer enorme, tentando não sorrir quando o Tag falou. "Selene tem sido minha amiga desde que éramos filhotes. Se você a machucar, vou me tornar seu pior pesadelo."

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Despreocupado, Zan deu uma mordida enorme no seu hambúrguer, mastigando e engolindo. Então, disse: "Acho que você queria ser mais do que amigo. Estou certo?" "Isso não importa, agora." "Você está certo. Não importa." Deixou uma fagulha de aço no seu tom. "Vou cuidar bem da minha Companheira - não se preocupe. Você quer manter a amizade com a Selene, e isso é bom. Mas, se você cruzar a linha, vou te ensinar o que a palavra ‘pesadelo’ realmente significa." "É justo." O grande homem sorriu, e Zan teve a sensação que, de alguma forma, tinha acabado de ganhar o cara. Shifters nascidos eram estranhos. Foi um alívio ver sua Companheira dobrar a esquina com o Nick. O par estava de braços dados, e o estresse em torno da boca do Nick parecia menor. Ele parecia estar mais em paz do que tinha estado, nos últimos dias. Nick deu um beijo na sua filha, em seguida, foi pegar um hambúrguer. Localizando o Zan, foi direto para ele, os lábios curvados em um sorriso suave. "Como está o Nick?" Ele perguntou quando ela se aproximou. "Está melhor, espero. Estou muito preocupada com ele, apesar disso." "Sei que você está, baby. Por que você não pega um pouco de comida e voltamos para o nosso cobertor?" Ele esperou enquanto ela servia um prato para si mesma e, em seguida, caminharam juntos, de volta para o seu lugar. Segurou seu

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prato enquanto ela se sentava, em seguida, colocou-os sobre o cobertor antes de se sentar ao lado dela. Aconchegou-a ao seu lado. Parecia bom. Ele e o seu lobo aprovavam. Por um tempo, simplesmente, desfrutaram a companhia um do outro e terminaram sua comida, vendo a festa em andamento. Do outro lado, Damien se aproximou do Nick e tentou iniciar uma conversa, embora Zan pudesse dizer, dali, que ele estava tenso, na melhor das hipóteses. "Eles vão conseguir", disse à sua Companheira. "Espere e verá." "Espero que sim. Eu os amo tanto." Virou-se para ele, os olhos azuis vívidos e brilhantes. "Quase tanto quanto eu te amo." "Oh, minha Companheira quer alguma coisa", brincou. "O que pode ser?" "Humm, não sei." Fingiu pensar. "Você, esparramado, nu, na nossa cama?" Seu pênis acordou para a vida, de repente, mostrando interesse na conversa. "Isso, minha linda Companheira, pode ser providenciado." "Agora?" "Oh, sim. Agora." Sem perder tempo, Zan a colocou de pé e levou-a de volta para o quarto deles. Então, a despiu lentamente, beijando e lambendo, saboreando cada centímetro lindo da sua pele cremosa conforme cada parte era exposta. Ombros, seios, barriga. E mais embaixo. Quando ele a tinha ofegante, implorando por mais, tirou as roupas e transformou seu cenário em realidade, espalhando-se na cama, o pau duro descansando contra sua coxa. Rastejando sobre o seu

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corpo, ela retribuiu o favor, mordiscando, lambendo e acariciando seu pau e as bolas, até que ele pensou que fosse explodir. Em seguida, montou no seu colo e levou-o para dentro do seu calor escorregadio. Quando ela se moveu em cima dele, não conseguiu impedir a explosão do orgasmo e esvaziou sua semente profundamente dentro da sua Companheira com um grito de clímax que abalou sua alma. "Amo você", ele disse enquanto aterrissavam, juntos. "Te amo, também. Muito." Rolando, colocou-a de volta na sua frente, de conchinha. Apenas respirou seu perfume doce e considerou que era um lobo muito, muito sortudo. Era imortal e estava acasalado com a mulher dos seus sonhos. Sim, haveriam momentos desafiadores pela frente para ele, para sua Companheira e para a Alpha Pack. Para o pai dela e para o Damien. Mas iam conseguir passar por tudo isso, estava certo. Eles tinham amor. E ele era a prova viva que, às vezes, o amor, verdadeiramente, podia conquistar tudo. *** Eu te perdoo, papai. E eu te amo. As palavras que Nick estava desesperado para ouvir por tanto tempo. Selene era a luz da sua vida, sua única fonte de felicidade. Ela queria que fossem uma família, todos eles, incluindo o Damien. Uma vez, teria vendido sua alma para isso acontecer. E agora?

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Seria o suficiente para salvá-lo? Contornando o canto do prédio, se voltou para a festa, mas se manteve à margem. Seus homens e suas Companheiras lhe deram espaço, sentindo que queria ficar sozinho. Sob uma árvore, apoiou um ombro contra a casca áspera. E foi aí que viu Calla. Ela chegou tarde, aparentemente, e foi recebida pelo Tarron. Irmão e irmã eram só sorrisos enquanto a abraçava calorosamente e começou a apresentá-la aos amigos e colegas do Nick. Observandoa, como tinha feito naquele dia na floresta, mas com muito menos privacidade, seu coração começou a bater forte. As palmas das mãos começaram a suar. Calla era a beleza personificada, envolta em um manto etéreo de vampira sexy. Vampira. Seu coração bateu mais forte, por um motivo diferente, agora, e sua pele ficou fria. Carter Darrow era um vampiro, também. Seu pesadelo, sua vergonha secreta. Você é meu, agora, Darrow tinha murmurado contra sua pele. Diga. Sou seu. O que você quer, lobo? Beba de mim. Tome tudo. Paciência. Vou fazer o que quer. Depois que apreciarmos isto totalmente. Ele tinha gostado. Implorou a Darrow para fazê-lo e tinha ansiado por mais.

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Deus o ajudasse, desejava mais ainda, agora. De repente, Nick percebeu que Tarron e Calla estavam vindo na sua direção. Quando se aproximaram, a dupla deu um sorriso simpático, e era óbvio que as apresentações estavam prestes a acontecer. Nick forjou um sorriso e se preparou, pronto para aguentar alguns momentos em prol da educação. "Nick, não acredito que vocês dois não tiveram a oportunidade de se conhecer", disse Tarron, apontando para a visão ao seu lado. "Esta é a minha irmã, a princesa Calla Shaw. Calla, Nick Westfall, o comandante da Alpha Pack." "É muito bom conhecer você, princesa", disse ele. Ela sorriu, mostrando as pontas das presas. "Apenas Calla, por favor." Nick pegou a mão dela e um choque percorreu seu braço, tirando seu fôlego. Seu cheiro, maravilhoso e tentador, chegando até ele. Então, uma visão o acertou, tão repentina, que não houve tempo para se preparar. Calla, vestindo branco. Soluçando, no altar do seu casamento. Sozinha. Lágrimas escorriam pelo seu rosto adorável, e ela estava arrasada. O coração despedaçado. Ela apostou no amor e perdeu. Voltou a si e encontrou seus convidados olhando para ele, assustados. "Está tudo bem", disse ele, com a voz rouca. "Estou bem. Com licença, me desculpem, sim?" "Espere", Calla chamou.

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Mas continuou se movendo. Marchou para o interior do edifício e para a segurança do seu escritório, onde podia pensar. Alcançando seu espaço, fechou e trancou a porta e, em seguida, se jogou na cadeira atrás da mesa. "Oh, Deus", gemeu, enterrando o rosto nas mãos. "Não pode ser." Seu corpo disparou, sentindo calor e frio. Seu medo cresceu. Abaixando as mãos, estendeu a mão para a gaveta da escrivaninha. Abriu-a. E olhou, por um longo tempo, para a pistola reluzente lá dentro. Sua mão tremia. Depois de um tempo, fechou a gaveta, deixando a arma intocada. Mas era tentador. Seria muito fácil acabar com a dor de ter se submetido ao Darrow. Os pesadelos. Os sonhos sobre o que nunca poderia acontecer. Contra todas as probabilidades, o destino havia lhe dado outra chance no amor, com uma mulher que nunca poderia tocar. A mulher que não podia permitir que o tocasse. Para alimentar-se dele. A própria ideia de um outro par de presas roçando sua pele, lábios chupando-o, sugando seu sangue, a compulsão fazendo-o implorar... não podia fazer isso. E, assim, o destino havia lhe ferrado uma última vez.

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PRÓXIMO LANÇAMENTO Alpha Pack Livro 6 Wolf’s Fall Nick Westfall J. D. Tyler

Sinopse: Uma equipe ultra secreta de lobos shifters, a Alpha Pack é formada por ex SEALs, que usam seus poderes Psíquicos para combater os maiores predadores do mundo. Mas, apesar de cada membro ser leal à equipe, pode ser difícil negar o chamado de desejo ... Ainda atormentado por seu cativeiro recente, o comandante da Alpha Pack, Nick Westfall não tem certeza de estar apto a comandá-la, especialmente quando conhece a mulher a qual não pode reivindicar sem reviver a tortura que sofreu nas mãos de um vampiro selvagem. A Princesa Vampira, Calla Shaw, já teve sua própria quota de desgostos, mas tem convicção que a atração selvagem que ela e o Nick sentem um pelo outro pode se transformar em algo significante - se ele permitir. Mas Calla não está prestes a desistir do seu companheiro sem lutar. O tempo está se esgotando, não só para o Nick para reivindicar sua Companheira, mas para Calla e o seu clã. Uma guerra entre vampiros se aproxima, e a Alpha Pack não tem esperança de ganhar se o seu líder não sair do seu próprio abismo...

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