Blinded - Maya Hughes

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BLINDED BREAKING FREE SERIES # 1


MAYA HUGHES


SUMÁRIO

Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 11. Sete Anos Depois Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Capítulo 25 Capítulo 26 Capítulo 27 Capítulo 28 Capítulo 29 Capítulo 30 Capítulo 31 Capítulo 32 Epilogo


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O

lhando o celular pela quinta vez em três minutos, Alex Davies releu a mesma linha pela terceira vez. Ben ouvia um jogo de esportes na cozinha enquanto preparava as sopas e os especiais para quando o restaurante ficasse lotado, o que, com sorte, aconteceria. Pelo menos, a ausência de clientes lhe dava bastante tempo para estudar. Algoritmos e arquitetura informática estavam seriamente lhe dando uma surra. Quem disse que aulas de faculdades comunitárias seriam mais fáceis obviamente nunca participara de uma. A transferência no próximo semestre seria um choque; desde que se formara um ano adiantada no ensino médio, ela era um peixinho fora d’água quando se tratava de interações sociais — ou seja, com todo mundo que não fosse sua melhor amiga Jen, que a atormentava regularmente até que ela cedesse e fizesse algo social pelo menos uma vez a cada poucos meses. Uma pontada de tristeza tomou conta de Alex quando se lembrou da bajulação e da diversão que invariavelmente se seguiam quando finalmente cedia e a acompanhava. Jen iria para a faculdade de direito no final do ano, o que seria péssimo. Olhando pela janela, observando o horizonte sombrio sobre o mar, ela quis se aconchegar no sofá com um bom livro e relaxar. As nuvens estavam pesadas sobre o oceano e tudo estava deserto. As ondas quebravam e tudo parecia cinza. Até as plantas pareciam


transformadas sem as animadas multidões de verão para animar seus espíritos. Olhando para o livro à sua frente, ela se moveu para empurrar os óculos, que não estavam mais sobre o nariz. Mesmo depois de usar lentes de contato por cinco meses, ainda se via no meio do velho hábito. Jen a arrastara para o oftalmologista e praticamente a forçou a sentar na cadeira por aquelas coisas, mas quando sua cabeça está nos livros, você volta à memória muscular. Era hora de se preparar para o momento de auge da clientela, de qualquer forma. Saltando do banquinho atrás do bar, ela pegou um pano de prato e começou a limpar o bar já limpo. Suspirando enquanto trabalhava, percebeu que provavelmente seria uma noite longa e inútil. Ela esperava que ficasse cheio mais tarde, mas não tão cheio que não tivesse tempo para estudar. Queria se livrar da preparação de comida agora, caso conseguisse o que queria. Dividida entre não querer interagir com as pessoas e precisar colocar dinheiro no bolso, Alex decidiu que algumas mesas eram uma boa pedida. O restaurante geralmente era lento nessa época do ano. As cidades litorâneas de Nova Jersey eram notórias por fecharem o comércio depois que o verão acabava, e era final de outubro. A única razão pela qual ainda estavam abertos era porque Ben, seu chefe, queria aproveitar o negócio extra com a equipe de filmagem programada para iniciar uma produção em alguns dias. Ela havia implorado para que ele a mantivesse como garçonete no outono. Mesmo com o salário mínimo merda de garçonete, ganhava ótimas gorjetas durante o verão e tinha muito tempo de estudo no outono, enquanto fazia alguns dólares extras. Ser paga para estudar? Sim, por favor. Só mais um ano e ela se formaria com seu bacharel em ciência da computação. Ficar na cidade fora da alta temporada ajudava a manter os custos baixos — como o aluguel — e a ida para a faculdade não era tão ruim de trem. Ainda não sabia como convencera Jen a ficar lá com ela, mas ficar longe do pai parecia incentivo suficiente para Jen. Pelo menos, em seu apartamento, ela ficava por conta própria e podia desenhar e pintar o quanto quisesse. O pai de Jen não aprovava suas


atividades artísticas e aproveitava todas as chances que tinha para garantir que ela soubesse disso. . — Ei, vocês estão abertos? — Veio uma voz da porta. Ela dizia a Ben repetidamente que eles precisavam manter o bar trancado até que ela estivesse pronta para o turno da noite, mas ele nunca ouvia. Ela largou a toalha do bar e se virou para cumprimentar o homem. — Se puder me dar… — As palavras ficaram presas na garganta quando ela encarou os olhos mais azuis que já tinha visto. Ele caminhou até ela em sua camisa azul clara, que ajudava a destacar os olhos. Mesmo de longe, o cara era muito musculoso; o peito dele tensionado contra o tecido da camiseta, a barba por fazer e os cabelos castanhos despenteados ameaçavam seriamente sua sanidade sexual. A julgar pelo sorriso arrogante enquanto andava até o bar, ele sabia o efeito que provocava nela. — Meus olhos estão aqui em cima — ele riu, acenando com a mão na frente do peito. — Certo, desculpe! — Ela desviou os olhos daquele peitoral incrível, envergonhada por ter sido pega olhando. — Hum, abriremos assim que eu preparar tudo. Só mais alguns minutos. Você pode pegar uma mesa, se não quiser esperar lá fora. — Era um dia chuvoso, péssimo, então ela não o culpava por tentar sair do frio.

Ela entrou na cozinha para avisar a Ben que eles tinham um cliente de verdade. Ele assentiu, mas continuou cortando os legumes. — Ah, e quando a equipe de filmagem deve aparecer? — Hoje — ele resmungou — e já deveriam ter chegado. — Ok. Vou ficar de olho e avisar quando chegarem. — Ela voltou para anotar o pedido do sr. Gostoso. — Ah, aqui está o cardápio. É meio curto, gostamos de simplificar na baixa temporada para garantir que tudo esteja fresco — explicou ela.


— Tenho certeza que qualquer coisa que você tiver será deliciosa — ele respondeu enquanto o examinava. Seu celular vibrou na mesa e ele o olhou, depois levantou um dedo para ela. — Me dê alguns minutos. Preciso atender, depois vou pedir. — Não tem problema, sem pressa. — Ela colocou o cabelo atrás da orelha e abaixou a cabeça quando se afastou da mesa e bateu o quadril na mesa atrás dela. — Filho da… — murmurou quando os talheres na mesa chacoalharam. Suave, Alex, suave. Ela se endireitou e se virou para ir embora, as bochechas em chamas. Ela se moveu rapidamente pelo restaurante, tentando parecer ocupada. Não havia o que fazer porque não tinham muitos clientes, mas também não queria se apoiar no bar e parecer estar esperando. Podia sentir os olhos do sr. Gostoso nela enquanto se movia pelo restaurante e arrepios se formaram em seus braços. Dava uma espiada nele no celular de vez em quando e, cada vez que o fazia, o olhar dele estava nela. Finalmente, ele desligou o celular, deu uma olhada rápida no cardápio de uma página e o colocou sobre a mesa. Jogando o livro de algoritmos dentro da mochila, ela a colocou atrás do balcão e caminhou de volta para a mesa dele. Seu olhar a acompanhou desde o momento em que ela saiu pelas portas duplas da cozinha até parar de pé ao lado da mesa. Era um pouco desconcertante ter alguém olhando-a tão intensamente. Seu avental estava limpo e ela pensou que estava pelo menos apresentável, mas desaparecer no segundo plano era o que Alex fazia. Alguém notá-la geralmente não era uma coisa boa, então isso a assustou um pouco, mas tentou não deixar transparecer. Ela começou a se contorcer até perceber que ele provavelmente só estava olhando para ela porque esperava que anotasse seu pedido. Ela limpou a garganta e pegou o bloco de notas e a caneta. — O que posso trazer para você? — Mesmo que ele não tivesse muitas opções, força de hábito a fazia anotar o pedido. Nunca se sabia quando iria encontrar aquele cliente exigente que queria oito condimentos em camadas em um pedido específico. — Acho que só quero um cheeseburger e batatas-fritas. — Ele devolveu o cardápio, tocando os dedos dela. Um leve choque


percorreu sua espinha. “— Excelente escolha! — Ela quebrou o contato entre os dedos e pigarreou. — Como quer que seu hambúrguer seja feito? — Médio. — Ok, perfeito, e para beber? — Ele lambeu os lábios e passou o polegar sobre o lábio superior enquanto pensava nisso. — Vou tomar uma Coca-Cola — respondeu, mas ela estava perdida em pensamentos, o olhar fixo no que o polegar fazia. Ele tinha a boca mais perfeita que ela já vira. Ela balançou a cabeça porque não era esse tipo de mulher. Não era o tipo de garota que ficava encantada e boba, mas o sr. Gostoso a deixava nervosa. — Ótimo — ela respondeu, voltando o olhar para os olhos dele. — Vou trazer o seu pedido, não deve demorar muito. — Ela caminhou rapidamente até a janela e entregou o papel a Ben. Ele olhou para o papel e o jogou no parapeito da janela. — A equipe de filmagem deveria ter chegado três semanas atrás. Se soubesse que começariam tão tarde, teria fechado, levado Maggie em uma viagem bacana e reaberto — resmungou enquanto se movia para a grelha. — Mas aí você não poderia ver meu rostinho sorridente todos os dias — ela falou. — Sim, bem, é melhor que a equipe dê boas gorjetas ou será uma semana difícil para você. Ela levou ao cara a Coca-Cola dele. — Não deve demorar muito, Ben acabou de preparar suas batatas fritas. — Curiosa sobre quem ele era, ela não conseguiu se afastar. Ela balançou sobre os calcanhares. Sentindo-se desajeitada, oscilou ao lado dele. Normalmente, não ficava tão nervosa com clientes, mas geralmente os clientes não deixavam sua calcinha molhada só por olhá-la. — Então, você faz parte da equipe de filmagem que virá? Ou está de passagem? — Ela tentou reduzir a estranheza. — Sim, estou aqui para o filme. Estou um pouco mais adiantado que a maioria do circo. Tem alguns caras da equipe por perto; eu disse a eles que esse lugar estava aberto, então deve chegar mais gente em breve. Essa cidade está morta.


— Bem, isso é bastante comum no período de baixa temporada em uma cidade litorânea. Vocês vão ficar aqui só por algumas semanas? Não sabia que gravavam filmes tão rápido — disse ela. — Por que não se senta? Você está me deixando nervoso de pé aí. — Ele sorriu e apontou para o assento diante dele na mesa. — Desculpa. Sim, claro, não tem mais ninguém aqui. — Ela olhou para a janela para ver se Ben observava, mas ele estava ocupado cozinhando. Ele não se importava que ela estudasse quando não havia ninguém no restaurante, mas se houvesse clientes, a folga não era permitida. Da última vez que estudara quando havia clientes na lanchonete, ele a fez limpar a camada de gordura na fritadeira por uma semana. Satisfeita por não estar em perigo iminente de voltar a mergulhar o braço no poço de gordura, ela deslizou na cabine. Ele estendeu a mão sobre a mesa para um aperto de mão. — Gabe. — Oi, Gabe. Alex — ela disse, colocando a mão na dele. Sua mão era forte e macia, mas levemente calejada na ponta dos dedos. Ela relaxou os dedos e se moveu para puxar a mão, mas ele segurou um pouco mais e colocou as mãos ainda unidas sobre a mesa. Ela enfiou o cabelo atrás da orelha como uma desculpa para tirar a mão da dele. Não queria que ele sentisse as palmas suadas ou o pulso acelerado. — E, para responder sua pergunta, não, normalmente não. Já fizemos muitas filmagens. Estamos fazendo refilmagens. Na maioria. Geralmente, isso não é uma coisa boa. Eu sou um dos principais, então esse pode ser meu primeiro e último rodeio. — Seus ombros caíram um pouco. — Um protagonista, uau, que legal! Tenho certeza que vai dar certo e tudo vai ficar ótimo. É sobre o quê? — É meio secreto. Eu adoraria contar, mas tive que assinar uma montanha de renúncias e termos de confidencialidade. — Uau, desculpe, não percebi. — Não, não se desculpe. Posso lhe dizer que é uma história de amor com uma reviravolta.


— Parece intrigante. Há quanto tempo você atua? — Não muito. Fizeram testes em Philly para o papel e meus amigos me desafiaram a ir. Não tinha que trabalhar naquele dia, então pensei, por que diabos não? — Ele encolheu os ombros. — E o resto, como dizem, é história. E você? Há quanto tempo trabalha como garçonete? — O toque da campainha da cozinha a interrompeu antes que ela pudesse falar. — Já volto; vou pegar sua comida. — Ela se levantou e foi até a janela. — Então, acho que o sr. Romeu está tentando convencê-la a tirar a calcinha, hein? — Ele disse com um grande sorriso bobo no rosto. — Cale a boca, Ben — ela murmurou — Não tem outros clientes, o que mais vou fazer? — Ah, tenho certeza de que pensará em algo. — Os barulhos estranhos de beijo que ele estava fazendo a fizeram rir. Algo sobre um cara gigante em uma camiseta branca mandando beijinhos era hilário, mesmo que ele estivesse tirando sarro dela. Naquele momento, o que parecia o resto da equipe entrou no restaurante. Em alguns minutos, ela teve que se esforçar para anotar pedidos, encher copos e entregar comida a um restaurante inteiro cheio de gente. Pelo menos mais dez mesas de pessoas com muita fome a mantiveram ocupada depois do pico inicial, e algumas até ficaram no bar. Ela ficou encarregada de lidar com as tarefas de garçonete e do bar até o final da noite, mas as gorjetas eram generosas. O sr. Gostoso ficou o resto da noite, mesmo quando algumas mesas esvaziaram. Ela chamava a atenção dele de vez em quando. Ela gostava dele lá — nunca tinha visto alguém olhá-la como ele. Era como se quisesse comê-la, e o sentimento era mútuo. Enquanto dava as últimas rondas para reabastecer copos e fazer as verificações finais, notou que ele saíra. Decepção a invadiu. Aparentemente, ela perdeu a chance com o sr. Gostoso, mas, com sorte, ele voltaria. Afinal, ele ficaria lá por algumas semanas.


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om os bolsos cheios de dinheiro, ela estava limpando a última mesa da noite enquanto Ben terminava na cozinha. Seu plano de ficar até o final de outubro finalmente valeria a pena. Se a equipe continuasse a ir ao restaurante até o término das filmagens, ela conseguiria pagar o aluguel, as mensalidades do próximo semestre e talvez sobrasse um pouco para comer. Ela se formaria e essa era a coisa mais importante. Sair dessa cidade e conseguir um emprego que pagasse bem era seu foco. Uma hora no trem para chegar à cidade não era o ideal, mas o dinheiro que economizava em aluguel valia a pena, especialmente na baixa temporada. Além disso, o trajeto lhe dava muito tempo para estudar. A faculdade era boa em deixá-la tirar um tempo quando precisava trabalhar para pagar o semestre seguinte e fazer vários dos cursos básicos durante a muito mais barata faculdade comunitária também ajudava. — Cinco minutos e vou fechar, garota — Ben gritou da cozinha, tinindo e batendo todos os recipientes e panelas enquanto limpava. Ela examinou o resto do restaurante e se certificou de que estava em boas condições. Mesmo que não chegasse até a hora do almoço, ela preparou tudo para a manhã seguinte porque Ben iria abrir para o café da manhã. — Limpando a última mesa agora. Viu, eu disse que era uma ótima ideia ficar aberto — ela se vangloriou.


— Sim, sim, sim — ele resmungou, saindo da porta da cozinha com um molho de chaves na mão. Ele o girou ao redor do dedo enquanto examinava a sala. — Viu, tudo arrumado e pronto para amanhã — disse ela, estendendo os braços e exibindo o restaurante. — Aberto para café da manhã, almoço e jantar amanhã. Mal posso esperar pelas próximas duas semanas. Minha esposa está clamando para fazer aquele cruzeiro há meses — disse ele. Ela pegou a bolsa atrás do bar e seguiu Ben até a porta da frente para fechar. — Vejo você ao meio-dia — ela disse quando ele girou a chave na fechadura. Ben entrou na caminhonete e saiu do estacionamento, acenando para ela. Ela acenou de volta e segurou a bolsa no ombro. O tempo estava miserável, o forte cheiro de chuva no ar e o vento frio chicoteando ao seu redor. Seu cabelo voava para todos os lados e ela prendeu o capuz um pouco mais apertado ao redor do pescoço. Nada disso a impediu de andar nas nuvens quando atravessou o estacionamento. Flertar com um cara muito gostoso e ter clientes generosos fazia isso com você. Ela deslizou pelo estacionamento, mesmo com os pés doloridos. Mais algumas semanas e teria o suficiente na poupança. Ela não estudara naquele semestre porque estava preocupada com empréstimos e não queria ter que trabalhar muito durante o período, mas isso também significava que tinha que economizar cada centavo para sobreviver quando a faculdade começasse novamente. Alex se preocupava com os custos do semestre seguinte enquanto se dirigia para o carro. Quando alcançou a maçaneta, uma mão pousou em seu ombro esquerdo e um sobressalto de medo a atravessou. Depois de um desagradável desentendimento com o namorado da mãe, ela fizera uma aula de autodefesa para mulheres. Ela usou esses instintos e reagiu. — Ei… — As palavras do agressor se transformaram em um uivo quando ela deu um soco rápido no nariz dele. Estava levantando o joelho para um chute na virilha quando o reconheceu.


— Jesus, Alex! — O estranho que ela confundiu com um psicopata era o sr. Gostoso. Ele gritou, segurando o nariz com uma mão enquanto protegia a virilha com a outra. — Gabe? Ah, meu Deus, Gabe, sinto muito — ela disse, cobrindo o nariz e a boca com as mãos. — Você tem um bom gancho de direita — ele afirmou, segurando o nariz. — Ah, meu Deus, me desculpe — ela repetiu, colocando a mão nas costas dele. — Você está bem? — Ela se agachou diante dele, agarrou sua mão e afastou-a do nariz. O estômago dela caiu. O primeiro cara a dar em cima dela em muito tempo e ela bateu nele. Literalmente. Ela queria se dar um tapa na cabeça. Sem saber o que fazer, as mãos dela pairaram sobre a cabeça e as costas dele. — Você está sangrando. Ai, merda, sinto muito mesmo. — Ela vasculhou a bolsa, procurando por guardanapos. — Aqui! — disse, empurrando o guardanapo que havia encontrado no nariz dele. — Obrigado. — Suas palavras foram abafadas pelo guardanapo. — Você com certeza sabe como fazer um cara se esforçar para conseguir o seu número. — Meu número? Você quer o meu número? — Ela levantou a cabeça e quase o acertou. — Bem, eu não estava esperando por você depois do trabalho para te assaltar. — Ele riu e apoiou as mãos no joelho para se colocar de pé. — É claro, é claro. Sim, posso te dar o meu número. Posso colocar no seu celular, supondo que ainda o queira — ela gaguejou, esperando não ter quebrado o nariz dele. Ela provavelmente teria lhe dado um rim naquele momento se ele pedisse. Pobre rapaz. — Aqui. — Gabe sorriu para ela através dos lenços no nariz, tirou o celular do bolso de trás e entregou-o a ela. Ela colocou o número e ligou para si mesma. O telefone dela começou a tocar e ela encerrou a ligação. — Agora tenho o seu. Sabe, caso eu precise praticar boxe depois do trabalho — ela falou com um sorriso fraco. — Eu realmente sinto muito. Como está agora? — Ele puxou os lenços para ver se o sangramento havia parado.


— Não acho que a produtora gostaria que eu fosse seu saco de pancadas depois de hoje. — Ele agarrou o nariz entre os dedos e o moveu de um lado para o outro. Estremecendo, tentou dar um sorriso, o que o fez parecer ter saído de um filme de terror, o sangue espalhado em seu lábio superior. Ela abriu a porta do carro e pegou um punhado de guardanapos no porta-luvas, depois agarrou a garrafa de água no porta-copos e os molhou. Ela segurou os guardanapos úmidos e tentou limpar um pouco do sangue do lábio dele. — Parece que parou de sangrar — ela suspirou, dando-lhe um sorriso apreensivo. — Sim, parece que sim. — Ele tocou o nariz e afastou os dedos para olhar para eles. — Então... a verdadeira razão da minha abordagem no estacionamento, desculpe por isso, a propósito; entendo como isso pode assustar, e a razão pela qual quero o seu número... — Ela tentou interromper, mas ele levantou a mão para dispensá-la com um aceno. — Estarei na cidade pelas próximas duas semanas e realmente gostaria de vê-la de novo. — Um sorriso brilhante iluminou o rosto agredido dele no estacionamento escuro. O coração dela disparou e ela fez uma dancinha feliz por dentro. Tentando parecer calma, acenou com a cabeça. — Eu também gostaria — disse ela, sem fôlego. — Trabalho no restaurante todos os dias de meio-dia às oito, mas fora isso, minha agenda está praticamente vazia. — Vamos filmar principalmente à noite, então parece que posso ir ao restaurante quando estiver livre e teremos tempo de sobra para nos ver — disse ele com um sorriso. Borboletas tremularam na barriga dela e ela soube que um rubor subia pelo seu pescoço e pelas bochechas. Ela esperava que o estacionamento mal iluminado significasse que Gabe não podia ver o quão contente ela estava. — Parece que sim. — Ela sorriu. — E vou me certificar de manter meus punhos furiosos para mim — disse ela, segurando os punhos perto do peito. — Bom saber. Deixe-me abrir a porta para você. — Ele ficou parado perto da porta e ela entrou. Ele fechou-a e ela abriu a janela.


— Vejo você em breve, Alex — disse ele, se afastando do carro. — Vejo você em breve, Gabe. — Ela saiu do estacionamento e verificou o retrovisor a tempo de vê-lo enfiar as mãos nos bolsos e caminhar na noite.


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G

abe olhou o celular e precisou de todas as suas forças para não enviar uma mensagem pedindo desculpas novamente por assustá-la. Quase ser nocauteado por ela no estacionamento fora ruim o suficiente; não queria que ela pensasse que ele era um perseguidor também. Ele caminhou pelos últimos quarteirões até o hotel, onde o elenco e a equipe estavam hospedados e acenou para alguns dos membros sentados no bar. Ele subiu de elevador até seu andar, repassando algumas falas para as cenas de amanhã. O aviso de reformulação fora assustador, especialmente depois de tudo o que Aaron, seu empresário, havia lhe dito. Lembrou-se da conversa que tiveram no escritório de Aaron, no segundo andar do prédio administrativo em Los Angeles. — Gabe, isso não parece bom — Aaron havia dito solenemente, entregando a Gabe a atualização do roteiro feita pela produtora. — Esse tipo de revisão geralmente não é bom sinal. — Aaron sentouse na poltrona diante de Gabe. Ele sabia que Aaron dependia tanto do projeto quanto ele. O sucesso de um projeto grande como Stargazer seria uma grande oportunidade para os dois. Aaron conseguiria clientes maiores e ele teria mais papéis. Ele folheou o roteiro. — São muitas mudanças — disse ele. — Agora vamos estar em um planeta oceânico abandonado?


— É o que parece. O bom é que não há observações sobre o seu desempenho. A produtora te ama! Então, mesmo que isso fracasse, ainda há uma chance de tentarem encontrar outra coisa para você. — Talvez. Acho que foi bom eu ter mantido a matrícula na faculdade — Gabe murmurou. — Não é o fim do mundo, Gabe. Continue fazendo o que tem feito e as pessoas vão querer trabalhar com você. Outra coisa, você vai amanhã de manhã. Ann está com as suas passagens. Alguém da filmagem irá buscá-lo no aeroporto e levá-lo ao hotel. Vou passar lá mais tarde para ver como você está. Gabe não fora capaz de dormir a noite inteira esperando o voo da manhã seguinte. Estava uma pilha de nervos, sacudindo as pernas durante a viagem de táxi saindo do aeroporto; essa era para ser a sua grande estreia, não que ele sequer pensasse nisso pouco mais de um ano atrás. Era loucura pensar que ele seria ator em um filme importante. Quando um cara aleatório o abordou em seu trabalho, na loja de eletrônicos, Gabe pensara que era só uma conversa. Ficou relutante em ligar para o número no verso do cartão, embora tivesse pesquisado a empresa no Google e parecesse legítima. Cautelosamente, contando a quase todo mundo que conhecia para onde estava indo, ele foi até o endereço que lhe deram e, para seu espanto, deu de cara com uma sala cheia de pessoas do elenco e nem teve que tirar as roupas. Ficar de pé e se apresentar diante da sala lotada dera a ele uma sensação estranha. Ele havia atuado em algumas peças da escola e participado de espetáculos comunitários quando sua mãe o obrigava, mas isso era diferente. Nos espetáculos comunitários, ele sempre interpretava o personagem Ducky de Gatinhas e Gatões. O melhor amigo da garota que maltrata os outros. Isso provavelmente tinha a ver com o fato de ele ter menos de 1,70m e ser magro como um graveto durante a maior parte do ensino médio. Entre o surto de crescimento que o deixou mais alto que 1,80m e o tempo que passou na academia no verão entre o ensino médio e a faculdade, ele se transformou. Gabe não queria ir para a faculdade


o mesmo magrelo que era no ensino médio. Nessa época, sua mãe enlouqueceu tentando alimentá-lo e vesti-lo. Ele imaginou que ela ficara eufórica por ele passar a ser problema da faculdade em questão de refeições naquele outono. Recém-musculoso e muito mais alto, Gabe se sentiu um impostor durante a maior parte do seu ano de calouro. A mudança de atitude das garotas foi provavelmente a maior novidade. Garotas que nunca teriam dado a ele um minuto do seu tempo, exceto para talvez pedir uma caneta emprestada, estavam de repente em cima dele. Foi uma loucura! Ele se divertiu por um tempo, mas percebeu que aquelas garotas nunca teriam olhado-o duas vezes se ele não tivesse aquela aparência. Gabe se afastou um pouco da vida social e se concentrou nos estudos. A transformação física funcionara, mas talvez não fosse tudo o que queria. Então, no verão anterior ao último ano, ele foi escolhido pelo diretor de elenco e tudo começou a partir daí. Sua mãe não ficou exatamente feliz por ele tirar um ano de folga da faculdade para trabalhar no filme, mas ela sabia que era uma grande oportunidade. Coisas assim não caem no seu colo todos os dias. O acordo era tirar um ano de folga, ver até onde ia e depois reavaliar. Olhando pela janela do táxi naquela primeira noite, a cidade litorânea quase abandonada era um reflexo da tristeza em que sua carreira cinematográfica se transformara. Todos os prédios pelos quais passavam estavam escuros, até que ele finalmente viu um restaurante solitário com as luzes acesas. Eles estavam parados em um sinal vermelho que parecia durar para sempre quando ele avistou uma garota pelas grandes janelas de vidro do local. Ela estava sentada no bar, mordendo uma caneta. Parecia empurrar sobre o nariz óculos que não usava e ele riu da intensidade com que ela estudava. Seus cachos escuros e rebeldes estavam empilhados no topo de sua cabeça e ele queria vê-la mais. O táxi se afastou quando o semáforo finalmente ficou verde, mas ele se virou para dar outra olhada na beleza no restaurante. O hotel não ficava tão longe do


restaurante, então ele decidiu deixar as malas e caminhar os quarteirões até lá. O nervosismo com as filmagens retornou quando o vento gelado o envolveu. Ele enfiou as mãos nos bolsos, as preocupações no fundo da mente, e correu para as luzes quentes e acolhedoras da lanchonete. No momento em que entrou naquele restaurante e ela surgiu em seu campo de visão, a ansiedade começou a desaparecer. Ele a observou se mover pelo lugar a noite inteira e, por alguma razão, ela o acalmava. Talvez fosse a maneira metódica que se movia ou o sorriso fácil que abria para todos, mas ele sabia que precisaria de muito mais para conseguir passar por aquilo. O elevador apitou e as portas se abriram, trazendo Gabe de volta ao presente. Ele saiu e andou até a suíte aconchegante. Caiu na cama do hotel e olhou para o teto, maravilhado com o quanto sua vida mudara no último ano. Os momentos com ela haviam feito seu dia. Mesmo que o filme fosse um desastre, teve a sensação de que conhecê-la faria tudo valer a pena. Quando falou com ela no restaurante, ela tirou seu fôlego. De perto, era ainda mais bonita do que pela janela. Seu cabelo castanho profundo estava preso no topo da cabeça em um coque bagunçado. Mechas haviam escapado e se enrolavam ao redor de seu rosto, acariciando o pescoço dela, e tornavam difícil para ele se concentrar no que ela dizia. Ele ficou feliz pelo motorista da produtora não estar no aeroporto para buscá-lo e por ter decidido pegar um táxi para chegar cedo ao hotel. Observando a paisagem da cidade, certamente poderia se passar por um planeta alienígena abandonado. Estava quase completamente deserto e o clima nublado dava uma sensação estranha. Gabe tirou o roteiro da bolsa e começou a repassar as falas para amanhã. Ele queria ter certeza de que, se esse fosse seu último projeto no cinema, pelo menos seria bom. Depois de percorrer as linhas até os olhos ficarem vesgos, ele caiu na cama e a luz de uma notificação de mensagem piscou em seu celular. Ele a abriu e não conseguiu conter o sorriso enorme que se espalhou por seu rosto. Era Alex.


Alex: Queria falar com você e ter certeza de que seu nariz estava bem. Mais uma vez, sinto muito mesmo. Gabe agarrou o nariz entre os dedos e deu uma mexida. Honestamente, havia esquecido o soco. Ele se sentou para verificálo no espelho do armário e notou que nem estava inchado. Podia deixar um leve hematoma, mas nenhum outro dano aparente. Ele teria que fazer cabelo e maquiagem de qualquer maneira amanhã, então não havia problema. Ele decidiu se divertir um pouco com ela. G: Está muito ruim. Eles podem ter que cancelar as filmagens de amanhã. A: Meu Deus, não! Sinto muito mesmo. Não acredito. Não parecia tão ruim no estacionamento. Você colocou gelo? Um saco de ervilhas ou algo assim? Há algo que eu possa fazer? Sinto muito! G: Você pode passar lá amanhã e levar um desses. Ajudaria. A: Claro, o que precisar. Me avise que levo para você. Gabe não pôde deixar de rir da preocupação óbvia dela, mas se sentiu mal por fazê-la passar por isso. Decidindo tirá-la de sua miséria, ele respondeu. G: Estou brincando! Está tudo bem. Um pouco inchado, mas mal dá para perceber e vou ser maquiado amanhã à tarde de qualquer maneira, então provavelmente já terá desaparecido. A: Você é horrível! Como pôde fazer isso comigo? Eu estava enlouquecendo aqui pensando que tinha acabado de arruinar o seu filme. G: Eu sou definitivamente horrível. Mas isso não significa que não quero que você venha aqui amanhã. Não vou filmar até 14h, então estou livre pela manhã. O que acha de café da manhã? A: Café da manhã é legal, talvez possamos comer na minha casa? Prometi panquecas à minha colega de quarto, ela vai me matar se eu cancelar. G: Funciona para mim. Uma onda de calor de antecipação passou por ele quando a mensagem com o local apareceu em seu celular.


G: Peguei a localização. Que horas amanhã? A: 9h funciona para você? G: Perfeito, até mais! A: Mal posso esperar :D


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A

lex fez uma dancinha feliz em sua sala de estar, Jen sorrindo para ela. Elas passaram vários minutos dissecando cada uma das respostas de Gabe para descobrir o quão a fim dela ele estava. Ela podia jurar que segurara a respiração o tempo inteiro que esperava a resposta para sua primeira mensagem. Quando ele não respondeu imediatamente, seu coração afundou um pouco. — Ele era lindo, Jen. Quero dizer, sério, é ridículo. — E... — E não é exatamente o tipo de cara que vá gostar de alguém como eu — lamentou, jogando-se no sofá e colocando uma almofada sobre o rosto. — Do que diabos você está falando? — Jen, você sabe como era no ensino médio. — Você quer dizer os dois anos que esteve lá? — Jen perguntou, tirando a almofada do rosto dela. — Não sou essa garota, Jen. Não sou a garota que fica com esse cara. — Por que diabos não? Você é ridícula, sabia disso? Embora esse seu cérebro gigante seja ótimo para analisar as coisas, não é muito bom para ver o óbvio, que é que, nos últimos dois anos, você se tornou uma gostosa de primeira categoria. Ela bufou. — Sim, claro — disse ela, incrédula.


— Alex, sua gordurinha de bebê sumiu. Você não usa mais aqueles óculos gigantes que eram tão pesados que te forçavam a manter a cabeça baixa o tempo inteiro, e o mais importante — disse, pegando a mão dela —, você saiu daquela casa. Se emancipar foi provavelmente a melhor coisa que poderia ter feito por si mesma. — Não é como se eu tivesse conseguido fazer isso sem a sua ajuda e a do seu pai. — Ela encolheu os ombros. — Ei, nós só ajudamos com a papelada. De qualquer forma, sei que sua confiança está abalada depois de tudo que você passou, mas às vezes você deve agarrar a vida pelas bolas. Além disso, um cara não espera uma garota sair do trabalho, leva um soco dela no nariz e, ainda assim, pede seu número se não gosta dela. O celular dela vibrou no bolso. Ela levantou-se para tirar o telefone do bolso e verificou a mensagem. — Sim — gritou antes de dar um soco no ar e cobrir a boca com a mão. — Vou adivinhar que ele disse sim para o café da manhã. — Jen deu uma risadinha. Ela virou-se para Alex, agarrando o celular e dando pulinhos. — Ele disse sim! Ele disse sim! — Certifique-se de que ele saiba que sou super territorial se tratando das minhas panquecas. Vou dar uma garfada nele se sentir que ele está invadindo meu território — ela acrescentou secamente. — Não se preocupe, Jen. Vou fazer um monte delas. O suficiente para podermos congelá-las e você pode usá-las como recompensa de estudo — Alex disse, sorrindo para o celular. — Essa é uma excelente ideia! — Jen sorriu. — Podemos fazer um pouco com lascas de chocolate? — Indagou, sonhadora. — Tudo bem, tudo bem, mas não reclame comigo quando ganhar cinco quilos depois do estudo intenso e as panquecas de chocolate. — Palavra de escoteiro — disse Jen, colocando dois dedos sobre o coração. — Isso ao menos é saudação de escoteiro? Jen deu de ombros. — Vai saber. Provavelmente, é quase isso mesmo.


— Esse cara está recebendo várias surpresas. Primeiro, experimenta seus punhos furiosos, amanhã experimenta suas panquecas. — Jen deu uma risada, pegou seu bloco de desenhos e continuou desenhando. O rascunho estava semi-acabado e já era extraordinário. Jen tinha muito talento e Alex odiava vê-la desperdiçá-lo. Alex se sentou no sofá ao lado dela e deu um tapa na própria testa. — Ainda não acredito que dei um soco no nariz dele! Jen bufou. — Que cara acha que é inteligente surpreender uma mulher em um estacionamento escuro quando ela está sozinha? Ele tem sorte que você não chutou o saco dele. Não foi isso que nos ensinaram na aula? Vá direto nos pontos fracos. — Estou feliz por não ter feito isso; o pobre rapaz nunca teria pedido o meu número se eu tivesse chutado as bolas dele. — Com o quão apaixonado você o faz parecer, ele provavelmente teria pedido. Que filme é esse que estão gravando? Estou intrigada agora. — Não sei. Ele estava nessa vibe de segredo de estado e não podia me contar muito. Talvez possamos tentar nos esgueirar no set e ver do que se trata. Pelo tamanho da equipe, posso dizer que não é pornô, então já é uma vitória. — Ou será o filme pornô de maior orçamento já criado, estrelado por Gabe: o gostoso do restaurante! — Jen largou o bloco de desenhos no sofá e se levantou, fazendo uma pose de super-herói com mãos nos quadris. — Cala a boca, não é isso — disse Alex, rindo enquanto jogava uma almofada nela. Jen se esquivou e foi até a geladeira pegar uma garrafa de vinho. — Vou deixar você se safar de ter jogado a almofada e até te oferecer uma taça de vinho, só porque quero panquecas amanhã — Jen falou, tirando dois copos do armário. — Fico feliz que tenha conhecido alguém legal, Alex. Já era hora — disse Jen, entregando a ela um dos copos. — O que quer dizer com já era hora?


— Ah, você sempre se esforçou para se esconder e passar despercebida. Sem tentar chamar atenção para si mesma. Alex prometera para si mesma quando finalmente saiu da casa da mãe. Preferia ficar sozinha do que com alguém que a maltratasse. Sua mãe era um ímã para cada pedaço de lixo em um raio de 80 quilômetros. Na maior parte do tempo, ela mantinha a cabeça baixa, fazia as tarefas da escola e tentava ficar longe de casa o máximo possível. A escola e a casa de Jen eram seus refúgios. Essa foi parte da razão pela qual se formou cedo, não que isso tenha ajudado muito. Naquele momento, ainda estava presa naquela casa e era pior, porque não tinha mais escola. Sem a mãe para preencher os formulários, não poderia receber ajuda financeira, o que significava que trabalhava para tentar pagar pelas aulas. Sua mãe estava seguindo um cara de uma banda pelo país, o que tornava a vida em casa mais fácil, mas não ajudava quando se tratava de coisas nas quais você precisava de um adulto. Uma aula por semestre era tudo o que podia pagar, depois de embolsar o dinheiro do combustível e do seguro do carro, que precisava para trabalhar. Então, a nova aquisição de merda de sua mãe decidiu que ele gostaria de uma versão mais jovem da mãe dela. Essa fora a gota d'água. No segundo em que aquele nojento foi para cima dela no chuveiro, ela fez uma mala e foi para a casa de Jen. Jen e o pai a ajudaram a obter a emancipação, mas ela não queria viver às custas deles, então arranjou dois empregos e conseguiu uma casa. Teve que colocar seus planos de faculdade em espera por um pouco mais de tempo. Pelo menos, ela tinha muitos créditos e eles iriam transferi-la para a universidade local assim que ela desse um jeito na merda dela. Jen foi morar com ela quando se formou no ensino médio e entrou na faculdade. Ela a amava por isso. Ela sabia que Jen poderia estar no campus festejando, vivendo a vida universitária típica. Em vez disso, estava enfiada na casa delas e pegava o transporte para as aulas quase todos os dias.


— Lembro de quando você quase se cagou depois de conseguir aquele papel cheio de falas na peça e pediu à sra. Hendricks para fazer uma árvore. — Jen deitou no sofá e apoiou os pés no colo de Alex. Ela pegou o bloco novamente e virou para uma nova página. — Eu não ia interpretar uma mulher velha com um gato naquela peça. Confie em mim, a árvore era uma escolha muito melhor — disse Alex, empurrando os pés de Jen de seu colo. /p> — Fico feliz em vê-la indo atrás do que quer, é só o que estou dizendo. E mal posso esperar para conhecer esse cara — disse Jen com uma expressão suspeitosamente meiga. — Não pense em fazer nenhuma gracinha quando ele estiver aqui — Alex avisou, pegando o bloco das mãos dela. — Como assim? — Jen perguntou, agarrando o bloco. — Estou falando de ameaças de danos corporais, ameaças de ações legais ou qualquer outra coisa. — Você se pergunta porque não a apresento a nenhum cara por quem me interesso? É porque você os assusta! — Alex deu uma risadinha. — É por isso que será uma advogada maravilhosa e a mulher mais temida da costa leste à oeste. — Nem me fale — disse Jen, pegando o bloco de volta e bebendo do copo. Elas passaram o resto da noite relembrando as travessuras de Jen na escola e as repetidas tentativas de Alex de socorrê-la. A amizade delas era estranha, até Alex admitia isso, mas elas sempre estiveram lá uma pela outra e Alex ficava feliz por tê-la em sua vida. As festividades da noite continuaram com enormes quantidades de queijo e um filme do John Hughes. Depois de duas garrafas de vinho, as duas desmaiaram no sofá. Alex acordou às duas da manhã, Jen dormindo com a cabeça inclinada em um ângulo estranho. Ela a acordou e as duas tropeçaram até os seus quartos. Depois de escovar os dentes para se livrar das manchas roxas e do gosto de cocô de animais selvagens, Alex deitou na cama, olhando para o teto e pensando em Gabe. Seus brilhantes olhos azuis e a maneira como ele esfregou aquele lábio superior de aparência macia repetiam em sua mente enquanto caía no sono.


Ela ia dar uns amassos com aquele homem, assim que o quarto parasse de girar.


5

G

abe verificou o celular mais uma vez para garantir que não chegaria atrasado. Aaron surtaria se soubesse que ele estava na rua tão cedo, mas o que ele não sabia não o machucava. O apartamento dela não ficava tão longe do hotel, o que significava que não precisaria pegar um carro para levá-lo até lá. Ele levantou a gola do casaco contra a manhã fria e úmida e acelerou o passo. Do lado de fora do prédio de tijolos, tocou a campainha e esperou uma resposta. Ele enviou uma mensagem para Alex para que ela soubesse que ele estava lá embaixo e depois se chutou por enviar a mensagem. Fingir calma não era o seu forte. O interfone estalou. — Estou indo, Gabe — disse uma voz familiar. — O botão estúpido para abrir o portão não funciona mais. Vou descer em um segundo. Gabe se equilibrou sobre os calcanhares, esperando Alex aparecer. Ela desceu as escadas correndo e empurrou as portas do saguão. — Desculpe por isso! Estamos tentando convencê-los a consertar essas portas há meses, mas enquanto isso, somos obrigadas a fazer exercícios aeróbicos extras sempre que recebemos uma visita — disse ela, sem fôlego.


— Não tem problema; tenho certeza de que as panquecas valerão a pena. — Ele riu. — Ela segurou a porta aberta para ele. — Certamente espero que sim. Eu as deixei desprotegidas com Jen, então é melhor voltarmos para lá antes que todas desapareçam. — Então, você vai ficar aqui por algumas semanas para terminar o filme, mas e depois? Nunca conheci alguém que trabalhasse com isso — ela perguntou enquanto subiam os três lances de escada até o apartamento. — Tenho que ficar em LA por um tempo e promover o filme. Provavelmente serão só algumas cidades, porque acham que não vai dar certo. Talvez algumas entrevistas na rádio ou algo assim — ele disse quando ela parou na frente da porta do apartamento. — Parece muito divertido. Vai ser uma aventura enquanto durar, então. Certo, prepare-se: Jen fica um pouco territorial quando se trata de panquecas, mas ela foi avisada para se comportar. — Ela deu uma risadinha, abrindo a porta. O olhar de Gabe passou pelo apartamento. Era pequeno, mas arrumado e cheirava levemente a frutas cítricas e à fermento, que ele atribuiu às panquecas. Uma garota que ele supôs ser Jen, a colega de quarto de Alex, estava de pé ao lado do balcão batendo o pé com impaciência. — Oi — a garota disse. — Só para você saber, estou disposta a compartilhar, mas o primeiro prato é meu. Regras de hospitalidade não se aplicam no dia da panqueca. — Ela sorriu, mas ele teve a sensação de que ela não estava brincando. Alex fez as apresentações às pressas antes de voltar para a chapa. — Jen! — Advertiu, apontando para dois pequenos tristes pedaços de massa queimada. — Você tentou fazer panquecas enquanto eu estava fora? É por isso que não pode chegar perto da minha chapa. Essas coisas nem parecem comestíveis. Como você é tão ruim em fazer panquecas? — Eu não sei. Só estava tentando ajudar a fazer mais rápido, para que pudéssemos comer um pouco mais cedo — ela resmungou, depois se sentou no sofá verde escuro.


— Certo... ei, Gabe, quer vir aqui e me ajudar? — Ela perguntou, acenando para ele com a espátula. — Não deixe ela te incomodar; ela fica com um pouco de raiva quando está com fome. Depois que for alimentada e regada, você estará fora de perigo — sussurrou para ele. — Eu consigo te ouvir — Jen resmungou. — Era a intenção — Alex cantarolou de volta. Gabe riu da tolice. O cheiro doce e pastoso era ainda mais forte na cozinha e a boca dele começou a salivar. Era difícil encontrar comida caseira no set e na estrada, então estava ansioso. — Como posso ajudar? Ela mexeu a massa e derramou duas poças na chapa escaldante. — Se pegar as tigelas na geladeira, farei algumas simples antes de trabalharmos nas coberturas. Gabe foi até a pequena geladeira branca coberta por fotos de Alex e Jen. Na maioria, elas estavam fazendo palhaçada, mas havia algumas fotos formais também. Dava para dizer que se conheciam há um tempo. Abrindo a porta, ele viu três tigelas — uma com gotas de chocolate, uma com mirtilos e a última com algumas bananas picadas. — Aqui — ele disse, colocando as tigelas ao lado da chapa. — Perfeito. Você tem uma preferência? — Ela perguntou. — Eu gostaria de uma pilha grande com duas de cada tipo, incluindo uma simples — Jen gritou da sala de estar. Alex revirou os olhos. — Eu sei o que você quer. Estava perguntando ao Gabe — Alex respondeu. — Eu sei! Só estava me certificando de que você se lembraria do meu pedido. — Seria difícil esquecer nos dez minutos desde que você falou pela última vez — disse Alex, puxando o cabelo para cima em um coque e sacudindo a espátula para Jen. — Ela é uma chata, deixeme pôr as mãos na massa antes que ela tente comer a própria mão. Então, que tipo você prefere? — Repetiu. — Todas parecem muito boas. Vamos começar com uma de cada.


— Uma de cada chegando. — Ela trabalhou com eficiência, misturando um pouco de massa com os ingredientes extras e cozinhando a primeira remessa até ficarem um marrom dourado de cada lado. A boca de Gabe começou a salivar quando os aromas de baunilha, canela, chocolate e frutas preencheram o ar. Ele nem percebera que estava se aproximando de Alex até que ela acidentalmente lhe deu uma cotovelada quando virou a primeira remessa de panquecas. — Você também não — Alex gritou. — Vou ter que bani-lo para o sofá junto com Jen? — Desculpe — Gabe disse timidamente. — O cheiro é inacreditável. O que você coloca nessas coisas? — Eu falei! — Jen falou de trás de um bloco de desenho no sofá. — São muito viciantes. É como Alex me mantém na linha. Só uma menção às panquecas e faço praticamente qualquer coisa que ela pedir. Incluindo, mas não somente, a eliminação de ex-namorados. — Não ligue para ela — disse Alex, pegando um prato de panquecas com o cheiro mais delicioso que ele já sentira. Ela o colocou no balcão e Jen saltou do sofá e quase bateu de cara no balcão na pressa de chegar. Jen levou o prato até o nariz e inalou profundamente o aroma celestial. Alex entregou a Jen um garfo e faca. Um frasco com calda já estava sobre o balcão e Jen afogou suas panquecas antes de comê-las. Gabe olhou ansiosamente para o prato ao mesmo tempo que outro apareceu embaixo de seu nariz. Ele fechou os olhos, inalando. — Acho que temos outro viciado — Jen disse com a boca cheia antes de beber meio copo de leite. Ele se virou para Alex e acenou com a cabeça. Ela o encarou quando ele deu a primeira mordida, esperando sua reação. Ele fechou os olhos e gemeu com a explosão de sabor em sua boca. Ele se endireitou no banquinho ao lado de Jen e comeu as panquecas celestiais com gosto. Depois de mais alguns minutos, Alex terminou de fazer o resto das panquecas, tirou seu prato do forno e sentou-se no banquinho ao lado de Gabe. Ele estivera cético em relação à obsessão de Jen pelas panquecas quando chegou, mas agora era um convertido


dedicado e estava comendo-as quase tão rapidamente quanto Jen. Alex o cutucou com o cotovelo e assentiu para ele. — Eu te disse — disse ela, as panquecas praticamente caindo da boca. — Essas são literalmente as panquecas mais incríveis que já comi na vida — disse ele, enfiando outra garfada na boca. — Não é brincadeira. Estou falando sério. — Fico feliz que goste delas — ela disse com um sorriso quando terminaram. Ele jurava que seu estômago iria explodir, mas não queria desperdiçar as últimas mordidas. Jen estava desabada no sofá, acariciando a barriga. — Tanta dor, mas valeu a pena. Alex levantou-se do banquinho e foi pegar os pratos. Gabe colocou a mão sobre a dela e ela o olhou interrogativamente. — Você não pode esperar mesmo que vou deixá-la limpar depois do que acabou de fazer. Eu fico com a louça — ele disse e a beijou no nariz. As bochechas de Gabe arderam com o movimento impulsivo e ele esperou que não tivesse passado dos limites. Ela se afastou um pouco em choque e um sorriso enorme se espalhou por seu rosto. — Fico feliz que tenha gostado. Eu gostei de poder cozinhar para você. — Sinta-se absolutamente livre para isso sempre que quiser — disse ele, movendo-se em direção à pia para começar a lavar a louça. — Você quer me visitar no set amanhã? Talvez quando sair do trabalho? — Eu adoraria — disse ela, se inclinando contra o balcão. Embora ele tivesse dito que cuidaria da louça, ela pegou um pano de prato e o ajudou a secar e a guardar. Eles passaram as duas horas que tinham antes que Alex tivesse que ir para o restaurante conversando. Jen continuou entrando e saindo de um coma alimentar. Eles perderam a noção do tempo e ele recebeu uma ligação de um assistente de produção que procurava por ele. “— Merda, estou atrasado! — ele exclamou, pulando da cadeira e começando a calçar os sapatos. — Desculpe sair correndo. Eu me diverti muito.


— Não tem problema, eu te vejo amanhã. Ele parou perto dela quando ela abriu a porta. — Eu tive uma ótima manhã — ele falou, tocando o rosto dela, acariciando a pele macia e passando o polegar sobre o lábio inferior. — Eu também — disse ela, olhando para ele com profundos olhos castanhos brilhando. Ele se inclinou e capturou seus lábios. Um calafrio percorreu o corpo dele quando aprofundou o beijo. A língua dela dançou com a dele, causando um endurecimento no jeans dele. Essa mulher estava deixando-o louco. — Arranjem um quarto — Jen resmungou por trás deles. Eles se separaram com uma risada, respirando profundamente. Gabe apoiou a testa na dela, o coração disparado. — Vou te enviar uma mensagem quando conseguir e te vejo amanhã — disse ele, saindo pela porta. — Mais uma vez, obrigado pelo café da manhã! — De nada. Vejo você amanhã — disse Alex, encostando-se no batente da porta e observando-o descer as escadas.


6

O

coração de Alex batia a mil por hora quando ela caminhou os dois quarteirões até o set de Gabe. Ela não queria perder tempo se trocando depois do trabalho; não era como se ele não a tivesse visto de uniforme, ou o tanto que jeans e camiseta com a marca do restaurante pudessem ser considerados uniformes. Ela ficava feliz que Ben fosse negligente com coisas assim quando se tratava do restaurante. Alex vestiu o moletom para caminhar, já que a brisa gelada vinda da água deixava tudo um pouco mais frio. O restaurante estivera um pouco cheio naquela noite. Não tão cheio quanto na noite anterior, quando todo mundo tinha acabado de chegar, mas certamente havia alguns membros da produção comendo algo e moradores da cidade que queriam observar os forasteiros. Mais uma vez, seus bolsos estavam pesados com gorjetas e ela estava animada para ver o que exatamente Gabe fazia no set. Ela apareceu no local que especificara na mensagem. Havia dezenas de pessoas com headsets andando para todos os lados, carregando equipamentos e adereços de um lugar para o outro. Havia até alguns carrinhos de golfe passando. O local estava cheio de atividades. Um dos caras com headset se aproximou dela. — Você é a Alex? — Sim, sou a Alex — ela disse, um pouco incerta.


— Ok, eu sou o Greg. Trabalho como assistente pessoal no set e Gabe me mandou aqui para buscá-la. Venha comigo. Tem algumas coisas para você assinar e depois vou levá-la até Gabe; ele está fazendo ajustes de iluminação. — Tudo bem — disse ela, seguindo sua escolta através do frenesi de atividade. Alex seguiu o assistente pessoal até um trailer, onde tinham alguns acordos de confidencialidade para assinar. Também pegaram o celular dela. Ela ficou surpresa com a intensidade do projeto. Nesse ritmo, ficaria feliz se deixassem que ela entrasse no set. Depois de assinar toda a papelada e pegar a chave do armário temporário para o celular, ela teve que tirar uma foto para o crachá de visitante. Finalmente, Greg fez sinal para que ela o seguisse até um carrinho de golfe e a levou para uma área do set que não estava tão cheia. Duas fileiras de trailers alinhavam-se por toda a calçada; o assistente pessoal bateu no terceiro à direita e Gabe colocou a cabeça para fora. O coração dela deu um pulinho e ela não pôde conter o sorriso que se espalhou pelo seu rosto. Ela ficou feliz ao ver que ele parecia tão bobo quanto ela. Ela saiu do carrinho e o assistente sorriu e assentiu antes de acelerar, já conversando com outra pessoa pelo headset. — Você veio — disse ele. — Eu vim — Alex disse, subitamente sem fôlego e tonta. Ele estendeu a mão e a ajudou a subir os dois degraus do trailer. Alex ficou surpresa quando olhou ao redor do trailer; não era o que esperava. Havia uma pequena área de cozinha compacta com geladeira, torradeira e pia. Uma pequena área de estar com um grande sofá de couro ao longo de uma parede, uma TV de tela plana diante dele. Ela estava olhando em volta e ele perguntou se ela gostaria de uma tour. — Claro, nunca estive em um trailer de set de filmagens antes. Inferno, nunca estive em um set de filmagens! — Estou ansioso para ser seu guia. — Ele mostrou a ela todas as pequenas comodidades, como os armários abastecidos e a


geladeira, depois apontou o pequeno banheiro com vaso sanitário e chuveiro. Era quase luxuoso. — Por que você fica no hotel quando tem essa coisa no set? — Alex perguntou, sentando-se no enorme sofá de couro, que tinha metade do comprimento do trailer. Ela definitivamente poderia morar aqui. — A produtora pede um para todos os sets. Acho que eles não levam em conta o quão perto as filmagens estão do hotel. Ajuda quando você está um pouco mais longe. Quando estávamos fazendo a fotografia principal, eram vinte minutos de viagem até o hotel e de volta, então esses trailers eram uma dádiva de Deus. Eles passaram as horas seguintes relaxando no trailer. Lesley, seu interesse romântico no filme, passou por lá. Ela ficou imediatamente com ciúmes da loira com belas pernas que tinha um sorriso que poderia rivalizar com o sol, mas sua mente ficou rapidamente aliviada com o relacionamento amigável, mas não sexualmente carregado, que os dois pareciam ter. — E teve a vez que o Gabe quase queimou o pau com água fervendo quando estávamos filmando a cena da água na Bulgária! — Lesley exclamou, rindo tanto que lágrimas escorriam pelas suas bochechas. — Ei! Isso não foi culpa minha — ele disse. — O assistente não a misturou com a água gelada do rio. Por que você entregaria água fervente a alguém para a pessoa derramá-la em seu traje de banho? Quem faz isso? — Você realmente quase queimou seu pênis? — Alex perguntou, horrorizada. — Ele precisou enrolar uma gaze nele por uma semana! — Lesley disse, dobrada ao meio, sem fôlego. Ele pegou uma das almofadas do sofá e jogou-a nela, derrubando-a da poltrona. Lesley agarrou a almofada e a usou para abafar o riso. — Desculpe, Gabe — disse ela, enxugando as lágrimas dos olhos. — Desculpe, sei que é horrível rir, mas foi muito engraçado! Você deveria ter visto a sua cara! — Lesley, eu te odeio — disse ele, encarando-a, embora só tenha conseguido segurar a risada por alguns segundos.


— Sinto muito, Gabe. Sinto muito — Lesley ofegou, engolindo as últimas risadas. Alex não pôde deixar de sorrir com a interação deles. Ela ficava feliz por ele ter uma amiga no set, e se divertiu na meia hora que eles passaram conversando sobre um pouco de tudo. THouve uma batida na porta; um assistente pessoal chegara para levar Lesley e Gabe para o figurino e maquiagem. Eles entraram em um carrinho de golfe e seguiram pela cidade de trailers até chegarem a um trailer muito maior. Alex segurou a porta para Lesley e Alex, depois seguiu-as para dentro, onde estava frio, mas bem iluminado. — O que aconteceu com o seu nariz? — A maquiadora gritou no momento em que seus olhos pousaram em Gabe. Ela o puxou para dentro do trailer. Lesley lançou um olhar de “você está encrencada” para Alex antes de subir os degraus do trailer. Eles haviam contado sobre o assalto-que-não-foi-assalto à Lesley quando estavam comendo pipoca e assistindo a um filme aleatório no trailer. Abaixando a cabeça, Alex entrou no trailer e olhou para tudo, menos para a maquiadora, ao mesmo tempo que Lesley sufocava uma risada. — Eu me bati com a bagagem de mão no avião ontem — disse Gabe, acobertando-a. A maquiadora resmungou enquanto cobria o machucado. Quando estava quase terminando com Lesley, outro assistente com um headset apareceu e bateu na porta. — Cinco minutos para gravar — chamou. Gabe se levantou e bateu palmas. — Essa é a minha deixa. Vamos lá, você verá onde a mágica acontece.


7

G

abe, Alex, e Lesley foram rapidamente conduzidos para fora do trailer e entraram em um carrinho de golfe. Passaram zunindo por trailers e mais algumas pessoas da equipe. O ar salgado e pesado ficava ainda mais espesso à medida que molhavam tudo para quaisquer que fossem as cenas que iriam filmar. Devia haver vários quilômetros de cabos por toda a área, os pneus do carrinho rolavam sobre um a cada poucos segundos. O assistente estava dando a Gabe informações de última hora sobre a cena e o que ele faria. Eles estacionaram no set, que estava cheio de membros da equipe. Várias câmeras estavam penduradas em todos os ângulos, cabos passavam por toda parte e havia enormes luzes por todo o lugar. Alex achou engraçado escolherem filmar a cena à noite, mas acenderem luzes suficientes para simular uma aterrissagem na superfície do sol. Assistentes molhavam ainda mais coisas com mangueiras e pulverizadores. A névoa fria atingiu Alex no rosto, fazendo-a tremer enquanto apertava o moletom com mais força ao redor de si. Gabe saiu do carrinho de golfe e deu-lhe um beijo rápido nos lábios antes de ser apressado por outra assistente pessoal. Lesley deslizou para fora do assento e virou-se para ela. — Foi tão bom conhecer você! — Ela disse, dando-lhe um abraço de urso. — Gabe fala sobre você sem parar desde que chegamos à cidade. E temos que marcar um dia para tomar café da


manhã com as suas panquecas em breve. Gabe me deixou quase babando quando me contou sobre elas! — Foi um prazer conhecê-la também, Lesley, e vou me certificar de convidá-la para o próximo café da manhã com panquecas. — Excelente! — Lesley disse antes de ser conduzida pela mesma assistente que levara Gabe a Deus sabe onde. O assistente do carrinho de golfe mostrou à Alex a área de montagem da produção, onde ela se sentou na cadeira de diretor atrás de um amontoado de monitores com imagens da câmera. Havia tantas telas, pessoas e cadeiras; Alex tentou ficar o mais quieta possível, não querendo que alguém chamasse sua atenção por estar no lugar errado. Ela se certificou de que seu crachá ficasse claramente visível para que não fosse expulsa. Sem o celular, ficou reduzida a observar as pessoas, o que não foi uma tarefa tão difícil, considerando toda a atividade que zumbia ao seu redor. Ela não conseguia mais ver Gabe, mas havia um monte de figurantes reunidos no set, parecendo devidamente desgrenhados para o cenário pós-apocalíptico que parecia ser retratado no filme. De repente, chegaram mais dúzias de pessoas. Vieram de várias direções diferentes e a tenda de produção onde ela estava sentada ficou cheia com os recém-chegados em pé. Afundando um pouco na cadeira, Alex observou os monitores iluminarem-se com atividade e as câmeras rodarem. Observar Gabe filmar não era como nada que ela já tinha visto. Havia tantas coisas complexas — tantos ângulos e tantas tomadas para acertar tudo. Tudo isso combinado aos figurantes e à cena que estavam gravando. Faltava quase uma hora para o primeiro intervalo e, até onde dava para dizer, não parecia que haviam filmado mais do que alguns minutos do filme. Gabe agarrou a mão dela quando finalmente voltaram ao trailer. — Venha comigo para Los Angeles quando eu for embora na próxima semana — disse ele, do nada, comendo uma comida que haviam pegado na mesa do departamento artístico. Alex congelou, incapaz de acreditar no que ouvira. — O quê?!


— Venha comigo para LA. Acho que seria ótimo. Eu tenho algumas coisas de imprensa local para fazer do filme. Não é muito porque, aparentemente, a produtora odeia esse filme. Estão se apressando para reunir todas as novidades para quando o filme estrear, daqui a dois meses, mas temos que começar a turnê de imprensa agora. — Não posso simplesmente largar tudo e ir com você para Los Angeles — disse Alex. — Por que não? Você disse que o restaurante vai fechar assim que formos embora. Você não começa na faculdade até janeiro. O que vai fazer nos próximos meses? — Eu tenho que… — Alex procurou por algo para dizer. Mas, sinceramente, seus planos eram matar tempo com Jen antes de ir embora. Estudar um pouco e gastar o mínimo de dinheiro possível para economizar para o próximo semestre. — Gabe, acabamos de nos conhecer. Não posso ir para LA com você. — Alex, pense nisso como uma aventura. Eu sinto algo entre nós. Sinto de verdade e não quero que acabe quando eu for embora. Acho que passarmos um tempo juntos em LA seria divertido. Você não precisa responder agora. Só pense nisso — ele disse, segurando as mãos dela. Ela começou a falar e ele colocou um dedo sobre seus lábios. — Prometa que vai pensar. É tudo o que peço. — Ok, vou pensar, prometo. Gabe puxou-a para perto, emaranhou os dedos nos cabelos de Alex e esmagou a boca na dela. Ela colocou os braços ao redor do pescoço dele e o puxou para mais perto, aprofundando o beijo, provando os resquícios do doce de menta que ele acabara de comer. Ela agarrou a gola dele e o puxou para cima dela no sofá de couro. Ele começou a distribuir beijos pelo pescoço dela e ela gemeu, passando os dedos pelos cabelos dele. Ele passou as mãos por baixo da blusa dela e as deslizou dentro do sutiã. Alex ofegou quando as mãos dele empurraram o sutiã para cima, depois correu as mãos sob a camisa dele e acariciou as


costas musculosas enquanto ele continuava a tocar seus seios e apertar seus mamilos. — Sim — ela arfou. Ele moveu os lábios de volta para a boca dela, continuando a ministração em seus mamilos. Ela estendeu a mão até a fivela do cinto dele, desfazendo-a, arquejando com a urgência. Abaixando as mãos entre seus corpos, ela abriu o jeans dele e empurrou-o sobre a curva de sua bunda. Ele gemeu contra o pescoço dela e apoiou a cabeça no ombro dela. — Eu não pedi para você vir aqui para isso — disse ele. — Eu sei, mas eu quero — disse ela, cutucando a cabeça dele para fazê-lo olhá-la nos olhos. — Eu quero. — Tudo bem — Gabe disse, levantando para ir até a mesa e tirar uma camisinha da gaveta. Ele segurou-a com a boca enquanto tirava a calça jeans. Alex tirou a calça jeans, seu interior tremendo em antecipação enquanto o observava tirar a cueca boxer. O pau dele estava duro e pronto para ela. Os olhos de Alex se arregalaram com o tamanho e ela molhou os lábios, ansiosa para que ele deslizasse dentro dela. Seus olhos se fixaram um no outro quando Gabe colocou a camisinha e caminhou na direção dela. Ele olhou para ela, ávido; nenhum homem jamais a olhara daquele jeito. Ele se ajoelhou na beirada do sofá e puxou as pernas dela em sua direção. Alex colocou a cintura dele com as pernas e se posicionou perto de sua masculinidade. Seu núcleo estava molhado e apertando, ansioso. Ele esfregou o pau na abertura dela para facilitar a entrada. Gabe revirou os olhos de prazer com o aperto delicioso ao penetrar nela e se acomodar. Alex gemeu e a agitação em seu estômago aumentou quando levantou ainda mais as pernas, encorajando-o a ir mais fundo. — Caralho — ele gemeu. Ela arquejou e ergueu os quadris, encorajando-o a se mover. — Gabe, por favor, estou implorando — ela falou. — Por favor, comece a se mover. ” — Só um segundo, não quero te machucar. — Então, acho que vou ter que resolver tudo sozinha. — Alex levantou a cabeça e atacou os lábios dele com os seus. Ela chupou


o lábio inferior dele, entrelaçando os braços no pescoço dele para poder subir e descer nele. — Gabe, por favor — ela gemeu. Finalmente cedendo, Gaber começou a empurrar lentamente, provocando gemidos dos dois. Depois do movimento dela, ele finalmente se entregou ao momento e começou a impulsionar dentro dela incansavelmente. Todo o corpo de Alex pegou fogo com luxúria, os dois perdidos no frenesi de tensão sexual que vinha se formando entre eles. As borboletas no estômago dela se tornaram pássaros em chamas e ela conseguia sentir seu núcleo apertando e contraindo, indo na direção de um clímax explosivo. Gabe estocava dentro dela com impetuosidade, empurrando-a pelo sofá até que as duas cabeças bateram contra a parede oposta do trailer. Quando Gabe colocou um travesseiro atrás da cabeça dela, Alex soltou uma mistura entre uma risada e um suspiro, e ele bombeou nela novamente, atingindo-a no lugar certo. Ela gritou quando seus músculos se contraíram e alcançaram o clímax, apertando-o mais forte enquanto ele dava os últimos impulsos frenéticos antes de cair em cima dela. Com cuidado para não esmagá-la, ele rolou no sofá para o lado dela. Os dois ficaram deitados, arfando por alguns minutos antes de Gabe se levantar para remover a camisinha e jogá-la fora. Alex tentou se sentar, o sofá colado nas costas dela. Maldito couro! — Acho que da próxima vez devemos usar um cobertor. — Ela suspirou, estremecendo e saindo do sofá. Alex pegou suas calças e as vestiu. Ele pegou um cobertor no pequeno armário ao lado do banheiro e o abriu. — Aqui — disse ele, estendendo-o sobre o sofá. Ele se sentou, puxou Alex para seu colo e os dois se deitaram para relaxar um pouco. — Vocês já terminaram por hoje? — Ela indagou, bocejando. — Não, ainda tenho outra cena para filmar, mas provavelmente não por mais algumas horas. — Sério? Esse tempo todo? — Faz parte das produções cinematográficas. Muita pressa e espera — ele disse, aconchegando-se nela e enterrando o rosto nos


cabelos dela. Alex esperava que não estivesse cheirando a hambúrgueres e batatas fritas. — Vou ficar um pouco mais então, antes de ir para casa — disse ela, bocejando de novo. — Fico feliz. — Gabe mudou de posição para que ficassem um de frente para o outro. — Obrigado por me convidar para ver o que você faz — Alex disse, dando um beijo suave nos lábios de Gabe. — Obrigado por vir ver o que faço. Prometa que vai pensar em Los Angeles — ele disse, dando-lhe um beijo na testa e aconchegando-a sob o queixo dele. — Eu vou — disse ela, sonolenta. Depois de alguns minutos, os dois adormeceram até uma batida forte na porta acordá-los. Era quase meia-noite e eles se despediram antes de prometerem se ver no dia seguinte. Alex quase flutuou até o carro depois de pegar as coisas dela e sair do set. Talvez ela devesse pensar em ir para LA.


8

“V

ocê assinou um termo de confidencialidade sem lê-lo? — Jen praticamente gritou com Alex quando ela contou sobre aquela parte da ida ao set. Jen a atacou no minuto em que Alex entrara e queria saber tudo. — Qual é o problema? — Alex perguntou, se encolhendo antes de ir para o quarto. — Eu ainda nem sou advogada e sei que isso é um problema. Você pelo menos leu? — Na verdade, não — disse ela, dando de ombros. — Eu não te ensinei nada? — Jen exclamou. — Eu queria ver o que era aquela agitação. Foi tão divertido. — Você fica com todas as coisas legais! — Jen choramingou dramaticamente, se jogando no sofá. — Você diz trabalhar sozinha no restaurante oito horas por dia, com Ben como minha única companhia na maior parte do tempo? Sim, estou vivendo o sonho — disse Alex, entrando no quarto. Ela abriu a gaveta e pegou o pijama. — Então, além dessa coisa totalmente sem sentido do termo de confidencialidade, o que mais aconteceu? Preciso viver indiretamente através de você — Jen gritou da sala de estar. Alex vestiu o pijama e se juntou à Jen no sofá. — Ficamos no trailer dele e comemos porcaria. Eu conheci a coadjuvante dele, Lesley. Ela foi super gentil e exigiu panquecas.


Aparentemente, as notícias voam — Alex comentou. — Hmmm, panquecas — Jen disse, fazendo sua melhor imitação de Homer. — Não! Não vai rolar. Estou muito cansada. — Você é sem graça! As congeladas nunca são tão boas quanto as frescas. — Enfim, fui ao set com eles e os assisti filmar algumas cenas. Foi interessante ver como tudo funciona e perceber o quão lento é. Eles fizeram a mesma cena tantas vezes de tantos ângulos diferentes, e era provavelmente menos de três minutos de tela. Gabe disse que pode até acabar sendo cortado, no fim das contas. — Que loucura. Não consigo imaginar fazer tanto trabalho quando ninguém nem vê — disse Jen, fechando os olhos. — Eu sei. E teve outra coisa interessante — disse Alex. — Hmmm — Jen respondeu, começando a cair no sono — Gabe me convidou para ir junto com ele para Los Angeles quando ele for embora na próxima semana. — O quê? — Jen berrou, pulando tão rapidamente que derrubou Alex do sofá. — Jesus, Jen — disse ela, esfregando a bunda enquanto se levantava. — Que exagero. — Você acha que é exagero — disse Jen, atingindo-a com uma das almofadas a cada palavra. — Então, você vai? — Perguntou, ajoelhada no sofá. — Ainda não sei — disse Alex, mordendo o lábio inferior. — Estou nervosa. É um grande passo. Ir para Los Angeles com ele? Não é uma viagem de fim de semana. São meses em Los Angeles antes do início das aulas. Parece aquela época que minha mãe foi embora para seguir aquele cara da banda pelo país durante o verão e me deixou em casa sozinha com cem dólares. — Alex, não comece com essa merda. Você não é nada como essa mulher. Não sei quantas vezes preciso dizer isso. Você é jovem, não tem um filho. Pode ser imprudente e se divertir um pouco, mesmo com um cara. Faça agora, para depois não se arrepender por não fazer. — Mas e se não der certo?


— E daí? Não dá certo, você se divertiu pela primeira vez. Eu voto para você ir — Jen declarou, voltando a sentar no sofá e pegando seu sempre presente bloco de desenhos e lápis. — O que quer dizer com ir? Como posso simplesmente largar tudo e ir? E o Ben e o restaurante? E você? E o apartamento? Alex começou a andar de um lado para o outro pelo apartamento. — Não me use como desculpa. Eu te disse desde o início que meu pai vai pagar meu aluguel caso eu esteja estudando para o teste de admissão da faculdade de direito. Você é quem insistiu em pagar metade. E sim, você pode largar tudo e ir. Ben vai fechar o restaurante assim que a produção sair da cidade. Isso exclui eu, Ben e o apartamento da lista de preocupações. O que mais? — Nós acabamos de nos conhecer. Eu não o conheço muito bem. Eu não o conheço nem um pouco! — Mas você transou com ele — Jen disse com um sorriso malicioso. — Não sabia, mas agora sim — Jen provocou. — Como foi? — Não acredito que caí nessa! — Alex deu um tapa na própria testa, fechando os olhos. — Voltando a não conhecê-lo bem — Jen disse, mexendo as sobrancelhas para cima e para baixo. — Não é grande coisa. Você vai, sai com ele e se diverte. Vai! Se descobrir que ele morde as unhas dos pés ou ronca enquanto dorme, ainda assim tira férias legais e volta mais cedo. Não posso acreditar que você está seriamente insistindo nisso. — Eu falei que estou vivendo indiretamente através de você. Vou ficar presa estudando para o teste de admissão pelos próximos meses, depois vou para a faculdade de direito no próximo outono. São mais três anos com o nariz enfiado nos livros. E quando terminar, o que devo fazer? Trabalhar oitenta horas por alguns anos até me esgotar ou me tornar sócia. Preciso que você faça isso por mim. — Jen suspirou. — Jen, se é assim que se sente sobre estudar direito, então por que vai fazer isso?


— Problemas com o meu pai são uma merda. Ele sempre quis que um garoto seguisse seus passos, então aqui estou eu fazendo tudo ao meu alcance para deixá-lo orgulhoso — ela disse com um sorriso triste. — Então, preciso que faça isso porque sei que você não costuma se arriscar e sei que vai receber seu diploma em ciência da computação, trabalhará em alguma empresa e nunca mais verá a luz do dia. Você vai se arrepender se não for. Ela olhou para Jen e considerou todas as razões pelas quais isso era uma coisa louca de se cogitar. Ela não conhecia Gabe tão bem. Ele podia ser um psicopata. E se houvesse um terremoto? Mas ela continuava a pensar como se divertia com ele. Como ele a fazia rir e como a fazia se sentir. Aquelas borboletas sempre tremulavam quando eles estavam na mesma sala. O celular dela vibrou no balcão. Pegando-o, as borboletas voltaram com força total. G: Finalmente terminei por hoje. Completamente destruído. Que bom que você veio ao set hoje e conheceu todo mundo. Sei que é muito cedo para dizer isso, mas sinto sua falta. O coração dela disparou. Ela também sentia falta dele. Era loucura, ela era louca. Era assim que era para sua mãe? Era por isso que sempre escolhia homens em vez de Alex? Isso colocou seus pés no chão. Ela gostava dele, mas poderia se permitir apaixonar dessa forma? As palavras de Jen ricochetearam em sua mente — isso não a fazia ser como a mãe. Ela se aventuraria e não havia nada de errado nisso. Como Gabe conseguira entrar no coração dela em tão pouco tempo? Como ela se sentiria quando ele partisse? Ele iria mesmo querer ficar com ela por mais do que algumas semanas? Um mês no máximo? Uma pontada de pânico a atingiu e a fez se questionar se não estava se envolvendo muito rápido. Então, Alex afastou aquela voz. Ela era jovem e solteira, não tinha uma garotinha para cuidar em casa. Arriscar-se com ele não era nada parecido com o que acontecera com sua mãe, ela pensou. Ela nunca havia se permitido se apaixonar por um cara antes. Por que não devia ir para Los Angeles e passar um pouco mais de


tempo com ele? Decidida, ela sorriu para o celular, os dedos voando pela tela enquanto digitava a resposta. A: Também senti sua falta. E se a oferta ainda estiver de pé, eu adoraria ir a LA com você.


9

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visitou Gabe quase todos os dias no set durante o resto das filmagens e ele conseguiu até convencê-la a fazer outro café da manhã com panquecas. Quando ele não estava ensaiando ou filmando e ela estava no trabalho, Gabe ajudava no restaurante, que geralmente ficava lotado de membros da equipe cansados de comer no hotel ou no set. O abraço esmagador que Ben deu em Gabe em seu último dia mostrou que talvez o que estivesse acontecendo fosse mais do que ele achava. — Fico feliz em ajudar — ele respondeu, ofegando quando o ar finalmente voltou aos pulmões. Aaron, seu empresário, chegou alguns dias antes de partirem para Los Angeles. Gabe apresentou-o à Alex e poderia ter sido melhor. Ele passou o tempo todo tentando avaliá-la e, quando ela finalmente foi embora e Gabe contou que ela iria com eles para Los Angeles, Aaron surtou. — Não pode levá-la para LA com você! “Why the hell not?”<— Por que diabos não? — Você vai estar ocupado e há muito que precisa aprender para a turnê de imprensa. — Aaron, ela vai comigo. Eu já comprei a passagem dela. Não é grande coisa. Temos um pouco de tempo antes do início da turnê de imprensa e ela está levando tudo numa boa. — Gabe, não acho que seja uma boa ideia.


— Não pedi sua opinião, Aaron. Estou te avisando. — Tudo bem — disse Aaron, exasperado, antes de sair do quarto. Gabe não o via desde então. O assistente de Aaron avisara a Gabe que ele tinha pegado um avião mais cedo e se encontraria com ele quando Gabe estivesse de volta a LA. Depois que Gabe persuadiu Alex a deixá-lo pagar pela passagem, as coisas foram tranquilas. Ela argumentara bastante, até ele convencê-la de que tinha milhas de passageiro frequente sobrando que podia usar para levá-la. Na verdade, ele pagou no cartão de crédito, mas aquilo a fez entrar no avião, então ele ficou feliz em distorcer um pouquinho a verdade. E uma vez que o pagamento dele chegasse, não seria um problema. A viagem até Los Angeles foi divertida e sem interrupções. Havia um carro esperando por eles no aeroporto e os levou direto ao hotel. Gabe se sentiu uma fraude tentando mostrar a cidade à Alex; só estivera lá algumas vezes e geralmente estava trabalhando, então não havia muito tempo para passear. A primeira semana na cidade foi uma agitação de atividades. Gabe teve que gravar a dublagem para a substituição automática de diálogos do filme que não podiam ser ouvidos com clareza. Se encontrou com alfaiates para ajustar os ternos que usaria nas estréias e em outros eventos nos próximos meses. Era tudo novo para os dois, então eles se esforçaram para apreciar o tempo e Alex estava feliz por poder estar com ele. Ela relaxara muito desde os primeiros pedidos hesitantes de serviço de quarto e deixava até Gabe pagar a conta quando saíam para jantar. Ele ficava feliz só por ela estar lá; pagar por algumas coisas para tornar seu tempo juntos ainda melhor não era nada. Eles foram ao zoológico, fizeram passeios turísticos e passaram boa parte do tempo na cama, quando possível. A primeira vez deles não era nada comparada às noites que passaram explorando os corpos um do outro. A única desvantagem da vida no hotel era que não havia uma cozinha, de modo que nenhuma das panquecas ridiculamente deliciosas de Alex poderia ser saboreada. Da próxima vez, Gabe se certificaria de que o colocassem em um apartamento em vez de em um hotel, se houvesse uma próxima vez. As


refilmagens estavam tornando difícil enxergar um futuro no mundo do cinema para ele. Em uma manhã, o celular de Gabe vibrou na mesa de cabeceira antes do nascer do sol e ele se atrapalhou, tentando encontrá-lo. Eles haviam ido a uma boate na noite anterior. Fora a primeira vez que ele foi a uma boate em Los Angeles e queria que ela recebesse tratamento VIP. Alguém da produtora havia feito os arranjos e eles chegaram e sentaram em uma área privada. Tudo tinha sido tão estranho para Gabe, e pelo olhar no rosto dela, também era estranho para Alex, mas ele estava feliz que eles pudessem compartilhar o absurdo juntos. Finalmente, ele localizou o celular e apertou o botão, semicerrando os olhos quando a luz da tela quase o cegou. Ele diminuiu o brilho para não machucar a retina. Era uma mensagem de Aaron. Aaron: No meu escritório às oito da manhã em ponto. Aaron queria que Gabe fosse ao seu escritório. Isso geralmente não era uma coisa boa e ele tinha muito o que fazer hoje. Muito disso por conta de uma certa jovem estudiosa que acompanhava as aulas online enquanto eles passeavam por LA. Ele odiava acordá-la, então optou por deixá-la dormindo. Alex estivera um pouco nervosa com o tempo que passariam em Los Angeles, mas fazer as coisas juntos pela primeira vez ajudou os dois com os nervos. Gabe queria ter certeza de que ela iria se divertir antes das aulas começarem em janeiro. Ele ia aproveitar ao máximo o tempo deles juntos e talvez levá-la a considerar se mudar para lá depois que se formasse. De onde veio isso? Eles não se conheciam há tanto tempo. Ele gostava de si mesmo quando estava com ela. Ele se sentia ele mesmo — o Gabe alegre de antes da faculdade. Embora ele soubesse que ela definitivamente gostava do seu novo exterior, quando estavam juntos e sendo bobos, ele tinha a sensação de que ela também teria se dado bem com o Gabe de antes da faculdade. O carro parou na frente do prédio e ele nem esperou o motorista abrir a porta. Quanto mais rápido chegasse ao escritório, mais rápido poderia voltar. O caminho até o escritório de Aaron era livre


de tráfego, o que significava que chegaram em tempo recorde. Esperando que fosse um bom presságio, Gabe saiu do carro e entrou no edifício. No entanto, um poço de inquietação crescia em seu estômago enquanto o elevador subia e parava no décimo andar. Geralmente Aaron ia até Gabe; reunião no escritório parecia significar algo um pouco maior. Gabe parou na recepção do departamento. — Tenho um encontro marcado com Aaron às 8h. — Sim, é claro, ele está terminando uma ligação e estará pronto. Você gostaria de algo para beber? Café, água, champanhe, isotônico? — Não, estou bem — Gabe respondeu, sentando-se em uma das poltronas na área de espera. Ele pegou uma revista e começou a folheá-la. Depois de olhar para o relógio pela décima vez em minutos, ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro. Aaron finalmente ligou para a recepcionista para avisar qEle entrou no escritório e sentou em uma das duas poltronas diante da mesa. Ele se recostou ao mesmo tempo que Aaron sentava-se ao seu lado em vez de sentar atrás da mesa gigante de madeira. Gabe não tinha certeza do que isso significava. ue ela podia mandar Gabe entrar. Ele entrou no escritório e sentou em uma das duas poltronas diante da mesa. Ele se recostou ao mesmo tempo que Aaron sentava-se ao seu lado em vez de sentar atrás da mesa gigante de madeira. Gabe não tinha certeza do que isso significava. — Tenho ótimas notícias para você, Gabe — Aaron contou, colocando uma enorme pasta na mesinha entre eles. A enorme pasta e o tom de Aaron chamaram sua atenção. Gabe se sentou um pouco mais ereto. Aaron era sempre pessimista e subestimava qualquer coisa boa, então isso tinha que ser enorme. — A produtora adorou a pré-edição do filme. Muito. E estão confiantes de que o público ficará louco. Estão um pouco adiantados, mas querem que você assine um contrato de franquia com eles. Quatro filmes nos próximos cinco anos. Gabe pulou da cadeira. — O quê? Você está brincando? Você está brincando comigo? — Ele quase gritou, o coração disparando e


as mãos começando a tremer. A produtora adorou o filme? A produtora adorou o filme! — Eles gostaram mesmo? — Perguntou, olhando para Aaron. — Puta merda, não acredito. Achei que você tinha dito que, com as refilmagens que tivemos que fazer, o filme ia ser um fracasso. — Bem, parece que temos algo meio A Identidade Bourne aqui. Matt Damon pensou a mesma coisa; eles tiveram que fazer muitas refilmagens e geralmente isso é uma coisa terrível, mas no seu caso, parece que deu tudo certo! Gabe não conseguia acreditar e começou a andar de um lado para o outro no escritório. — Então, quando querem começar o próximo filme? Quais são os próximos passos? — Os próximos passos são os contratos. Eles te deram um aumento salarial bastante salgado para os próximos quatro filmes, com bônus, dependendo das bilheterias. A turnê de imprensa será enorme. Estou falando de três meses de viagens ininterruptas e muitas entrevistas, mas contratamos viagens particulares, ótimos hotéis e eventos em vários lugares para aumentar sua visibilidade. — Uau, mal posso esperar para contar à Alex sobre tudo isso. Ela vai enlouquecer. Me pergunto se posso convencê-la a ir junto — disse Gabe, um enorme sorriso se abrindo em seu rosto. . — Sobre Alex… — Aaron começou a dizer e o sorriso de Gabe vacilou. — O que sobre Alex? — Não acho que seria uma boa ideia ela ser muito vista com você, especialmente no que diz respeito à franquia, e a produtora concorda. — Por que diabos não? — Gabe perguntou, irritado. — Bem, para início de conversa, o fervor sobre a série não chegou ao país ainda. Inferno, não chegou ao mundo. E as pessoas vão ficar em cima de você o tempo inteiro. ” — Sim, e daí? Não é importante. — Não, acho que você não percebe o quanto é importante. Todo momento da sua vida fora das quatro paredes da sua casa, e até mesmo lá, será analisado. Todo mundo com quem você vive estará sob um microscópio. A produtora também acha que cultivar a


aparência de um romance entre você e Lesley ajudaria a expor ainda mais o perfil da franquia. Gabe olhou pela janela para a cidade que ele tinha quase na palma da mão, e não sabia se queria mais isso. Ele amava Alex, sabia disso. Mas esse era um sonho que ele nem sabia que tinha. Ele conversaria com ela, poderia explicar. — Não vou mandá-la embora. Ela ficará aqui até o semestre começar em janeiro e as aulas voltarem. — Ninguém disse que tem que mandá-la embora. Posso providenciar coisas para vocês fazerem e garantir que fotos não sejam tiradas. Ou assegurar aos fotógrafos que são apenas amigos. Em qualquer evento oficial, ela terá que ficar longe. Lesley é o seu interesse amoroso, até onde todos saberão, com exceção de você, eu, Alex e a produtora. Esse é o trato que tem que fazer para conseguir o contrato — argumentou Aaron. — Sim, eu entendo. Só não sei como vou explicar isso à Alex — disse Gabe, se jogando de volta no assento. — Você não pode falar com a produtora e retirar isso? Posso apenas ser só amigo de Lesley. — Gabe, você não tem escolha. No primeiro contrato, estava escrito que, se você desistisse da franquia, eles o responsabilizariam pessoalmente por danos — disse Aaron, sentando na mesa de vidro diante de Gabe. — O quê? — Ele exclamou, chocado com a revelação. — Por que não me disse que isso estava no contrato? Eu deveria voltar para a faculdade em janeiro. E se eu quisesse voltar? — Questionou. — Gabe, por favor — Aaron retrucou, dando-lhe um olhar incrédulo. — Você honestamente recusaria a chance de um contrato de quatro filmes com direito à porcentagem de lucros de bilheteria porque quer voltar para a faculdade? Ou por uma garota? — Gabe começou a falar, mas Aaron o interrompeu. — Eu sei, eu sei. Você se importa muito com essa garota, mas ela sabe que esse é o seu sonho. Se ela se importa com você, é claro que vai te apoiar — acrescentou, puxando uma caneta do bolso interno do paletó.


— A produtora precisa disso às dez da manhã, então vamos assinar. — Aaron disse, estendendo uma caneta para Gabe. Ele olhou para a caneta por um longo momento. Esse era um sonho que descobrira recentemente. A chance de estrelar uma grande franquia. Quantas pessoas conseguiam fazer isso? Ele poderia fazer Alex compreender. Gabe tinha certeza de que ela não iria querer estar no centro das atenções, de qualquer maneira. Ela não era assim. Daria tudo certo. Gabe garantiria que ela soubesse o quanto se importava com ela e como queria estar com ela; eles só tinham que jogar pelas regras da produtora. Tudo isso passou pela cabeça de Gabe antes de pegar a caneta e começar a assinar onde as notas indicavam. aria tudo certo. Ela entenderia.


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lex acordou com um bocejo e se espreguiçou. Ela se virou para o lado da cama de Gabe, e ele não estava lá. Puxando o lençol e sentando, ela notou que havia um bilhete no travesseiro dizendo que ele voltaria às nove e que ela devia pedir serviço de quarto se ele não estivesse de volta quando ela acordasse. . Alex ligou e fez o pedido para os dois e começou a desfazer o resto das malas. Gabe dissera que ficariam lá por cerca de um mês antes do início da turnê de imprensa do Stargazer. O filme não seria lançado até o Natal, mas depois de encerrarem as filmagens, a produtora queria boa publicidade sobre seu desenvolvimento. Como o semestre da primavera não começaria até meados de janeiro, ela tinha muito tempo para relaxar e passar um tempo com ele. Algumas pessoas o reconheceram desde que chegaram em Los Angeles, o que foi muito divertido. Os outdoors e as propagandas começaram a aparecer, embora o filme não fosse ser lançado por mais alguns meses. Era loucura pensar que as pessoas o reconheceriam cada vez mais. A visibilidade dele aumentaria significativamente nos próximos meses e ela reprimiu o medo sobre o que isso significaria para o relacionamento muito recente deles. Era um relacionamento, certo? Ele havia tirado fotos com os fãs e dera um autógrafo ou dois. Mesmo com esses medos em mente, ela estava tão orgulhosa dele.


Alex sabia que Gabe seria uma grande celebridade, principalmente porque ele era o protagonista de todos os sonhos dela e ela podia imaginar a mesma coisa com mulheres do mundo todo. Era muito legal e incrivelmente assustador. Ele se tornaria o centro das atenções quando as coisas começassem a acontecer de verdade para o Stargazer. A porta da frente se abriu. — Alex, está acordada? — Gabe chamou, entrando no quarto. Ela vestiu o short e o encontrou na porta do quarto. — Vou te dar um beijo antes de escovar os dentes, senhor. — Ela riu e colocou os braços ao redor do pescoço dele. — Você sabe que não me importo. — Ele deu um sorriso que não alcançou seus olhos. Envolvendo os braços em volta da cintura dela, Gabe a puxou contra ele. — Boas notícias. A produtora quer me contratar para mais quatro filmes — contou, mais moderado do que ela teria esperado. — Está falando sério? — Alex exclamou, dando pulinhos em seus braços e apertando-o ainda mais. — Que incrível! — Ela se afastou, esperando ver um olhar de absoluta alegria no rosto dele, mas ele parecia quase melancólico. O coração dela afundou. Como essa poderia não ser a melhor notícia do mundo? — O que houve? — Ela afastou os cabelos da testa dele. Gabe descansou o rosto na mão dela. Ele acariciou a mão dela e a encarou. — O que foi? Você está começando a me assustar. — Alex, eu… — Uma batida na porta o impediu de terminar a frase e ele se jogou na poltrona. — Um segundo. É a comida. Eu pedi serviço de quarto para nós. — Alex agarrou a mão dele e o puxou para a sala de estar. Ela o conduziu até a mesa e abriu a porta para o serviço de quarto. Assinando pela comida e dando gorjeta, ela fechou a porta atrás do garçom. — Gabe, o que foi? Deveríamos estar comemorando, certo? — Inesperadamente, ele a agarrou pela cintura e a puxou para perto. Descansando o rosto no estômago dela, ele a segurou por um


tempo. Ela acariciou os cabelos dele, passando os dedos pela cabeça. — Você vai se sair bem. Não se preocupe. Lembre-se, você estava cuidando da sua vida e alguém o escolheu entre vários outros. E não só isso, você foi à audição e conseguiu o papel. Você nem achava que o filme seria um sucesso. Ainda está matriculado para as aulas em janeiro porque tinha tanta certeza de que não daria certo e veja onde chegou. — Ela se afastou para tentar olhá-lo nos olhos. — Há um problema no contrato — ele replicou solenemente. Afastando as mãos da cintura dela, ele segurou as duas mãos de Alex nas dele. Gabe olhou para as mãos unidas, sem dizer uma palavra. — Ok, qual é? — Alex perguntou, segurando as mãos dele e sentando-se no assento ao lado dele. — Não posso ir com você na estréia em dezembro. Gabe engoliu em seco, desviando o olhar e encarando o chão. — Isso não importa. É por isso que está tão assustado? — Ela se inclinou e tentou olhá-lo. — Gabe, não é o fim do mundo se não conseguir um ingresso para mim. Eu entendo. Talvez eu tenha que voltar para casa antes disso para preparar as coisas para as aulas em janeiro, de qualquer forma — ela falou, tranquilizando-o. Não parecia estar funcionando, pois ele ainda não olhava para ela. — Não é que eu não consiga um ingresso para você, é que não tenho permissão para levá-la. Ela soltou a mão dele e colocou-a sobre a mesa. — Como assim, não tem permissão para ir comigo? — Não é que eu não queira que você vá — continuou Gabe, mas não olhou para ela. — É que Aaron e a produtora acham que seria melhor se houvesse algum hype sobre o filme. Para ajudar a aumentar o burburinho. E eles querem que eu vá com Lesley. — Ela é sua co-estrela. É compreensível. Gabe balançou a cabeça e finalmente olhou-a. — Eles querem que eu vá com ela como minha namorada.


O queixo dela caiu e seu coração parou por um instante antes de acelerar, batendo a mil por hora. A produtora queria que ele ficasse com Lesley, não apenas para fotos, mas como sua namorada. Então, onde isso a deixava? Ela ao menos era a namorada dele? — Eles estão pressionando por sessões de fotos em revistas que disseminam fofocas para divulgar o filme e acham que o romance no set ajudaria — Gabe continuou. — Nós ainda podemos ficar juntos. Ainda podemos sair e nos divertir; só precisa ser um pouco mais planejado para garantir que os paparazzi não estejam lá e fotos nossas não sejam tiradas. E se forem, temos que dizer que somos amigos. — O quê?! — É só que Aaron e a produtora acham que seria melhor se não houvesse fotos por aí me ligando romanticamente a alguém que não seja Lesley. O público sacaria. — Sim, porque é mentira! — Ela empurrou os óculos inexistentes na ponta do nariz e bateu ruidosamente na mesa, frustrada. — Você tem vergonha de mim? É disso que se trata? — A voz dela tremeu e sua língua estava entorpecida. Ela fechou os olhos com força, lágrimas se formando atrás das pálpebras. — Não, claro que não! — Ele exclamou, pegando a mão dela. Ela puxou-a da mesa e a colocou sobre o colo. — Você vai ser a estrela do seu próprio conto de fadas e isso não inclui a nerd da cidade costeira que não sabe como se encaixar — Alex acusou, levantando-se. Isso chamou a atenção de Gabe. Ele finalmente fixou o olhar no dela, mas ela não conseguia ler exatamente o que ele estava pensando. — Alex, não é nada disso. Eu me importo muito com você — ele disse, levantando e segurando os dois braços dela. Ele a encarou. — Eu me importo mesmo com você, mas isso é maior do que eu imaginava e não achei que viesse com tantos compromissos, mas vem. Compromissos maiores e mais controladores do que eu poderia ter imaginado. — Parece que você está perfeitamente bem com esses compromissos, Gabe. Você me pediu para vir aqui com você. Fez um grande discurso sobre o quão divertido seria e como seria ótimo


passar um tempo juntos e agora... — Alex encolheu os ombros e o encarou com decepção nos olhos. — Eu sei, eu estava errado, não deveria ter feito você vir — ele falou quando lágrimas desceram pelas bochechas de Alex. — Eu simplesmente não sabia o que esperar. Não pensei que seria assim. Mas estou feliz que você esteja aqui agora. Ainda podemos nos divertir muito antes de você ir embora. Por que eu ficaria, Gabe? Me diga: por que deveria ficar sabendo que você nem pode ser visto em público comigo? — Ele vacilou, incapaz de responder. Tenho certeza que mal pode esperar para se livrar de mim. Agora que o filme está ganhando fama, você vai ser essa nova celebridade super quente, e eu sou só a garota que você fodeu enquanto estava entediado no set. — Ela correu para o quarto, agarrou a mala no armário e começou a esvaziar as gavetas. — Alex, o que está fazendo? Claro, nós vamos continuar juntos; simplesmente não podemos nos expor. — Ela ergueu a cabeça de onde arrumava a mala e olhou para ele, como se estivesse vendo-o pela primeira vez. — Não nos expor? Bem, se você pensa que sou uma mulher que pode foder entre quatro paredes e fingir que não conhece à luz do dia, vá se foder! Ela pegou o resto de seus produtos de higiene pessoal e os enfiou na mala da melhor forma que pôde. Alex saiu do quarto e pegou o celular e a bolsa no bar. Gabe ficou na frente da porta. — Você não vai embora até conversarmos. Eu não quero que você vá embora. Isso não está indo nada bem. — Acho que está claro como cristal. Nós já conversamos, você disse o que tinha que falar e eu também. Deixe-me fazer uma pergunta. Serei o seu encontro na estréia? Ele a encarou com a boca aberta como um peixinho fora d'água. Exatamente.


— Não acho que seria uma boa ideia. — Alex olhou-o como se ele tivesse lhe dado um tapa. Gabe estava se esforçando para contar à Alex exatamente o que estava acontecendo. Não quis mencionar a cláusula de multa se desistisse. Do jeito que estava indo agora, Alex pensava que ele não podia ficar com ela por causa da produtora. Se ela soubesse que ele estava escolhendo evitar a sanção financeira em vez de escolhê-la, só pioraria. Gabe poderia explicar melhor? — Eu nunca ficaria com alguém que tem vergonha de mim. — Alex, eu não tenho, é claro que não. Você não entende. — Ele puxou o próprio cabelo e se afastou, tentando pensar. — Há coisas acontecendo sobre as quais não tenho controle. Coisas que não posso mudar. E não quero que você se machuque — ele falou, se virando para olhá-la. Ela o encarou, as lágrimas escorrendo e tanta decepção no rosto que quase fez os joelhos de Gade dobrarem. Ele estava arruinando tudo. Tudo estava desmoronando. — Tarde demais — ela sussurrou, abriu a porta do quarto e saiu para o corredor. Gabe bateu o punho contra a porta quando ela se fechou. Ele se virou e bateu a cabeça contra ela antes de deslizar pela porta, sabendo que correr atrás de Alex só pioraria as coisas. Por que ele ouviu Aaron e assinou esse maldito contrato? Ele não imaginara que poderiam exigir algo assim. Mas que tipo de vida Gabe levaria se tivesse milhões de dólares em dívidas? Ele passaria por isso, pensaria em alguma coisa e procuraria Alex depois, quando pudesse explicar. O tempo que havia passado com ela foi um dos melhores que já tivera e isso incluía viver seu sonho no set. E veja onde ele estava agora. Sozinho de novo.

Não foi até a tarde seguinte, depois de enviar oitenta mensagens sem resposta, pedindo que ela falasse com ele, ligar cinquenta vezes e deixar pelo menos quarenta mensagens de voz na caixa de entrada, que Gabe começou a beber. Foi uma noite de sono muito esquisita, encostado no sofá com uma garrafa de Jack, quando finalmente percebeu que Alex não voltaria. Ele tinha esperanças que


ela veria algumas das mensagens, escutaria o correio de voz e retornaria. Ele implorou para ela voltar, e até contou sobre a cláusula do contrato e a multa por violá-la. Nesse ponto, ele não tinha nada a perder. Abrir um olho era mais do que doloroso. Sua cabeça latejava, o estômago estava uma bagunça e a boca parecia ter comido um saco de serragem antes de desmaiar. Como podia ter sido tão estúpido? Gabe se arrastou para o banheiro para se aliviar e jogar um pouco de água no rosto, rezando para que o quarto parasse de girar. Deixando as calças no banheiro, ele decidiu que um dia só de cueca boxer seria exatamente o que um médico receitaria. Seus eventos de imprensa não começariam até o dia seguinte. Depois de engolir um litro de água e uma aspirina, ele voltou para o sofá e ficou lá até que o sono o atingisse novamente. Ele acordou grogue e olhou pelas janelas para ver que estava no meio do dia. Algo o acordara. Ele pulou, esperando que Alex tivesse mudado de ideia e voltado. A sala girou e ele teve que segurar a parede para chegar à porta. A batida incessante era como um martelo batendo em sua cabeça. Gabe abriu a porta sem sequer verificar quem era. Lesley entrou na suíte antes que ele pudesse dizer para ela ir embora. Sua auréola de cabelos loiros encaracolados e olhos azuis brilhantes cativaria a maioria dos homens, mas Gabe não estava de bom humor. — O que está fazendo aqui, Lesley? No momento, não sou a melhor companhia. Ela estava usando um macacão de frente única e a estampa deixou Gabe tonto. — Uau, Gabe. Você está péssimo — ela respondeu, olhando-o com as mãos no quadril. — Conversei com Aaron e ele disse que você não sabia sobre a cláusula de relacionamento com a produtora. — Não, não pensei nem que existia mesmo. — Gabe, você precisa de um advogado para ajudá-lo a ler essas coisas no futuro. Por que acha que tantas co-estrelas de grandes


filmes se apaixonam? — Ela fez aspas no ar quando falou “apaixonam”. — Pensava que era porque passavam muito tempo juntos. — Por favor, Gabe, depois que comeu aquele sanduíche de atum antes de uma cena em que nos beijávamos, você saiu da minha lista de “possivelmente dormiria com ele”. Além disso, Alex é super doce. Ele deu uma risada com a menção ao beijo com gosto de sanduíche de atum e gemeu quando pensou em Alex. — Eu fodi tudo com a Alex. Mesmo, ela foi embora ontem à noite e foi tudo culpa minha. — Diga que não contou a ela sobre a cláusula de relacionamento. — Ela o encarou, surpresa. . — Sim, contei — Gabe gemeu. Lesley se moveu para trás do bar e começou a servir uma bebida. — Quer uma? — Indagou, inclinando um copo na direção dele e desenroscando a tampa de uma garrafa. — Não é um bom momento. Tenho que começar a me preparar para a turnê de imprensa de amanhã e ainda estou de ressaca da noite passada — Gabe resmungou, sentando no sofá. — Gabe, não é grande coisa. Só precisamos garantir que seremos vistos juntos, flertar um pouco e só. Não se preocupe, não vou tentar pular em você — disse ela, colocando a tampa de volta na garrafa. — Não é isso. Sei que não vai acontecer nada entre nós. Acho que não devo beber agora. Meu estômago está uma bagunça. — Eu acho que talvez você precise de outra bebida para curar a ressaca.— Ela se sentou ao lado dele no sofá e estendeu o copo. — Não vai me fazer beber sozinha, vai? — Ela sacudiu o copo e o gelo tilintou no vidro. — Você sabe o que dizem, a melhor maneira de superar uma ressaca é ficar doidão de novo. — Quem diabos diz isso? Ela encolheu os ombros. — Pessoas — ela replicou vagamente. Gabe pegou o copo da mão de Lesley e engoliu tudo, esperando que isso a fizesse largar


do seu pé. — Ta-dã, terminei minha bebida, agora pode ir embora. E naquele momento, ele soube que uma ressaca para curar outra não era o caminho mais inteligente. A bebida voltou imediatamente com a bile queimando e tudo que ele tentara sufocar na noite anterior e naquela manhã. E foi parar nos cabelos, peito e colo de Lesley. — Ah, merda. — Ele levantou rapidamente e olhou ao redor, procurando uma forma de consertar aquilo. Como não achou uma máquina do tempo, Gabe pegou a toalha que usara para secar o rosto antes, que estava caída no chão. Tentou usá-la para limpar a bagunça em Lesley, mas só conseguiu espalhar mais e piorar a situação. Ela olhou-o, completamente horrorizada e tentando não vomitar. Lesley ficou parada, os braços largados ao lado do corpo. — Uau, acho que é isso que ganho por tentar animá-lo, não é? — Ela comentou, rindo e engasgando ao mesmo tempo e tampando o nariz para evitar o cheiro horrível que saía dela. Pelo menos, o vômito parecia ter se limitado ao corpo dela e não sujara o resto do quarto. — Sinto muito, Lesley. Sinto muito — Gabe disse, parado como um idiota, sem saber o que fazer. Ela precisava se limpar. — Aqui, entre no banheiro e vamos limpá-la — disse, guiando-a ao banheiro.

Ele quer terminar. — Alex teve que ligar por vídeo para Jen depois que o táxi passou por cima do celular dela enquanto ela tirava a bagagem do porta-malas na noite anterior. Foi o final perfeito para o dia perfeito. Adicione isso à lista de despesas que ela não prevera. — Gabe? Gabriel Stevens, o cara que é totalmente louco por você e com quem você passou quase todos os dias nas últimas duas semanas? Esse Gabe que terminou com você? — Bem, não, ele não terminou comigo, mas ele praticamente disse que estava com vergonha de ser visto comigo em público e que eu teria que fingir que não sou mais namorada dele, se é que sou.


— Ele o quê? — Jen gritou, pulando da cadeira. Alex teve que diminuir o volume do computador ou perderia a audição. — Espera, você disse que ele praticamente disse isso? O que exatamente ele falou? — Jen olhou para a câmera como se estivesse pronta para bater em alguém. Alex contou como foi a conversa e repassou a reação dele. — Então, ele não disse que estava com vergonha de ser visto com você? — Não, não nessas palavras. — Alex, você sabe que talvez o teste de admissão tenha derretido o meu cérebro, mas acho que precisa voltar lá e conversar com ele. Você precisa descobrir o que diabos aconteceu na reunião com Aaron. Ontem estava tudo bem. Hoje, ele tem uma reunião e, de repente, não pode ser visto com você. — Jen suspirou. — Jen, não vou voltar para um cara que não me quer. Me recuso a ser esse tipo de mulher. — As lágrimas que ela conseguiu reprimir desde que acordara ameaçaram transbordar. — Alex... Alex, eu sei o que está pensando e você não é ela. Quantas vezes vou ter que dizer isso? Você não é, e não estou dizendo que deveria continuar com ele ou implorar por qualquer coisa. O que estou dizendo é que precisa falar com ele. Descubra a história toda, seja ela qual for, e depois tome sua decisão. — Sim, você está certa! Odeio quando está certa. — Alex xingou. — Não importa o que aconteça, se for embora sem a explicação toda, vai se arrepender. Você precisa ir lá, se acalmar e resolver. Se ele for um idiota depois que vocês conversarem, aí você chuta a bunda dele e volta para cá e vamos comer sorvete até nossos estômagos explodirem. Alex deu uma risada triste e acenou com a cabeça. — Estou com medo, Jen — disse ela, confessando a verdade. — Eu sei, querida, eu sei. Mas nem toda escolha que você faz quando se trata de um cara tem a ver com a sua mãe. Você não pode viver sua vida em uma bolha de proteção — Jen argumentou. — Você quer ficar nessa bolha para sempre?


― Não, não quero. Só estou com muito medo. Eu estou me arriscando e é difícil. — Eu sei, mas qualquer coisa que valha a pena ter, vale a pena o risco. — Certa mais uma vez. Quando diabos você se tornou tão sábia? — Acho que você está me influenciando. Agora vá lá e converse com ele. — Estou indo — disse Alex, encerrando a chamada de vídeo, pegando a bolsa e chamando um táxi.


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SETE ANOS DEPOIS

A

estampa na colcha de repente ficou incrivelmente interessante enquanto Gabe passava os dedos sobre ela. Ele estava deitado na cama, olhando para o teto, sentindose muito melhor, pelo menos fisicamente. Ele não via mais as coisas girando e o oceano agitado em seu estômago se reduzira a uma pequena onda. Os barulhos e gemidos vindos do banheiro o informaram que Lesley estava tendo dificuldades para se limpar. — O que diabos você comeu, Gabe? Isso é tão nojento! — Ela gritou. — Me desculpe. Eu não lembro. Acho que posso ter pedido espaguete por serviço de quarto ou algo assim ontem à noite — ele gritou de volta. — Ah, que nojo, está no meu cabelo todo, Gabe. — Ela fungou e depois se arrependeu disso, mas felizmente sem fazer nenhum som estridente. — Vou ter que tomar um banho. Vou acabar vomitando se tiver que ficar com esse cheiro até chegar em casa. Você tem alguma coisa que eu possa vestir? Levantando-se, ele caminhou até a cômoda e pegou uma cueca boxer comprida que achava que ela poderia vestir e uma camiseta. Gabe bateu na porta e a mão de Lesley apareceu para agarrar as roupas. Ele as colocou na mão dela e recuou quando ela fechou a porta na cara dele. — Sério? Só tem isso? Não tem nada da Alex?


— Ela me deixou, lembra? Ela pegou as coisas dela e foi embora ontem à noite. O barulho desapareceu e ela abriu a porta do banheiro. — Sinto muito, Gabe. Não pensei. Vai dar tudo certo. Nós vamos superar isso. — O que quer dizer com nós? — Essas turnês de imprensa são brutais e, se gostarem da franquia e tivermos um bom retorno, teremos que ficar na estrada por meses a fio até o filme lançar, depois vamos filmar e a turnê começa toda de novo. Nós podermos nos apoiar um no outro torna as coisas muito mais fáceis — ela respondeu, o rosto comprimido entre a porta e o batente. — Lesley, eu estou apaixonado pela Alex — disse Gabe, sentando na cama, segurando a cabeça nas mãos, pensando em como tinha estragado tudo. — Bem, dã. Eu não estava falando disso. Pelo menos, nós fingirmos significa que menos pessoas farão perguntas sobre namoro que podem ser difíceis de responder. Eu sei que é péssimo. É uma merda — ela comentou, desviando o olhar. — Você já disse a ela? Eu vi o jeito que você olha para ela. — Não, não contei e, pelo que aconteceu ontem, não acho que ela se importe com o que sinto por ela — ele gemeu. — Eu duvido muito, Gabe. Vamos manter as coisas estritamente profissionais, mas estaremos juntos o tempo todo. Posso conversar com a Alex, se acha que pode ajudar — Lesley ofereceu. Ele pensou em Alex e em como ele estragara tudo. Ela não era alguém que perdoava e esquecia. Ela nunca o aceitaria de volta, especialmente depois de todas aquelas ligações e mensagens e nenhuma resposta. — Não acho que ela gostaria disso. Vou tentar pensar em alguma coisa. — Ele deitou na cama e cobriu os olhos com os braços. — Vou tomar um banho agora. Acho que estou me acostumando com o cheiro e isso não pode ser bom. Preciso me certificar de que não terá nada disso em mim quando for embora. Tenho certeza que


os fotógrafos teriam nomes bem interessantes para mim se eu saísse por aí cheirando a vômito. — Fique à vontade. Vou ficar deitado aqui e tentar não pensar em como estraguei tudo com Alex. Lesley passou pela porta aberta e os sons do chuveiro preencheram o quarto. — Não seja tão duro consigo mesmo. Tenho certeza que as coisas vão dar certo eventualmente. E, se não derem, sei que não devo lhe oferecer uma bebida quando estiver se sentindo deprimido. Gabe colocou os braços sobre o rosto, temendo tudo o que estava por vir. Esse deveria ser um dos melhores dias da sua vida. Ele nem ligara para a família para contar a novidade ainda. Tudo o que conseguia pensar era em Alex e aquele olhar em seu rosto pouco antes de sair do quarto. Devastação, ele fizera isso com ela. Talvez fosse melhor, já que ele continuava fodendo tudo. Talvez ela tenha feito a escolha certa; ele era uma bagunça.

Alex deixou as malas no saguão e foi até a suíte. Ela andou pelo corredor, determinada a conversar com ele, exatamente como ele queria. Sentindo-se envergonhada por fugir depois de conversar com Jen e ter uma boa noite de sono, ela estava decidida e pronta para resolver as coisas. Era hora de encarar as coisas de frente, deixá-lo conhecer seus medos e dizer a ele que ela o amava, mas ela não deixaria que ele a tratasse como lixo. Alex pegou o cartão-chave no bolso e o passou na frente da porta. A luz ficou verde e ela entrou no quarto, tomando cuidado para não fazer barulho, caso ele estivesse em uma ligação ou algo assim. O chuveiro estava ligado e ela voltou para o quarto. A cena à sua frente a deteve. Ele estava deitado na cama, usando nada a não ser uma cueca boxer. Seu peito musculoso estava nu e ele estava com os braços sobre o rosto. Do banheiro, uma voz feminina chamou. — Gabe, você pode pedir mais toalhas? As que estão aqui estão todos sujas — Lesley falou do banheiro. Foi como se o tempo congelasse naquele instante. A mente dela ficou vazia antes que um rugido preenchesse


seus ouvidos e Alex tropeçou de volta para a sala de estar. Ela segurou o punho contra a boca, mordendo-o para impedir o choro. Seus olhos transbordaram com as lágrimas e ela sufocou um soluço, atravessando o cômodo. — Sim, claro — Gabe respondeu do quarto. Ele havia mentido para ela. Ela se perguntou se a cláusula de relacionamento era sequer real ou se esse era o jeito dele de terminar as coisas. Desculpe, Alex, mas vou ser uma estrela de cinema agora. Você realmente não pode pensar que eu gostaria de ser visto com você, certo? Tão estúpida, ela fora tão estúpida em cometer esse erro. Ela precisava ir embora. Alex recuou até bater na mesa da sala, fazendo um dos copos cair. Não querendo ver um olhar de pena de Gabe ou Lesley, ela correu para a porta antes que alguém pudesse vê-la. Ela desabou no corredor a meio caminho do elevador, deslizando pela parede e dobrando os joelhos no peito. Ela os agarrou e balançou-se para frente e para trás. Ela soluçou contra eles, tentando ao máximo manter o barulho baixo. Em menos de vinte e quatro horas, ele já estava dormindo com Lesley. Ele dissera que eram só amigos e nada mais. Ele também havia dito o quanto se importava com ela e que nunca a machucaria. Mentira, era tudo mentira! Alguém da hotelaria estava caminhando na direção ao quarto com toalhas nas mãos. Alex sabia que tinha que sair antes que Gabe — ou pior, Lesley — abrisse a porta e a visse. Ela se levantou e correu pelo corredor, pressionando o botão do elevador, esperando que ele se abrisse antes que as toalhas chegassem ao quarto. Felizmente, as portas do elevador se abriram no momento em que o funcionário tocou a campainha do quarto. Alex apertou o botão para fechar e encostou a cabeça na parede do elevador, as lágrimas pingando no corrimão. Ela enxugou os olhos com as costas dos nós dos dedos e tentou recompor o rosto. Ela olhou para o reflexo nas portas do elevador; parecia ter sido atingida na cara, o que era apropriado, porque sentia como se tivesse levado uma surra. Um soco no estômago a fez correr para o saguão, procurando


a lata de lixo mais próxima, onde despejou todo o conteúdo do seu estômago. Ela foi ao banheiro do saguão para enxaguar a boca e tentar se recompor um pouco antes de buscar as malas, depois voltou tristemente ao albergue que vira antes. Comprar uma passagem de última hora para a costa leste provavelmente lhe custaria um quarto das economias do semestre, mas quais eram as outras opções? Arrastando a mala pela rua, ela ficou completamente paralisada ao pensar em quantas coisas haviam mudado nas últimas vinte e quatro horas. Pelo menos, agora sabia que as coisas não podiam piorar.


12

G

abe ficou em pé do lado de fora, a mão agarrando a cerca de madeira escura com tanta força que temeu quebrar uma das tábuas no meio. Na outra mão, ele segurava sete anos de envelopes que continham um pedaço enorme de sua vida que ele nem sabia que existia. Quando suspeitou que Aaron retinha roteiros e projetos independentes e foi ao escritório investigar, Gabe nunca poderia ter imaginado que encontraria muito mais do que isso. Dois dias atrás, ele entrara no escritório de Aaron e disse à secretária que eles tinham uma reunião naquele dia. Ela pareceu nervosa por ele ter aparecido sem estar agendado, mas Gabe garantiu que não havia problema e que esperaria dentro do escritório. Anos de sucesso lhe concediam considerável liberdade. O escritório luxuoso, com janelas do chão ao teto, com vista para a cidade, tinha praticamente o design do covil de um egomaníaco. Fotos de Aaron com pessoas importantes de Hollywood cobriam as paredes, todas com Gabe no centro delas. Fechando a porta atrás dele, Gabe foi até a grande mesa de vidro de Aaron e ligou o computador. Precisou de três tentativas para adivinhar a senha cuja dica era "Dólares". Ele só tinha que adivinhar o número correto de cifrões no final — nenhuma surpresa. Uma vez logado no computador, entrou no e-mail e começou a verificar as mensagens e pastas.


Ele encontrou o e-mail de Matthew Short com o roteiro que ele dissera que enviaria, juntamente com uma resposta de merda de Aaron afirmando que Gabe não estava interessado. Ele se perguntou quantos outros projetos havia perdido devido à filtragem indiscriminada de Aaron. Depois de anos de sucesso de bilheteria, parecia estranho que houvesse apenas um tipo de produtora disposta a considerá-lo. Agora fazia um pouco mais de sentido. Trocar de empresário era a única maneira de conseguir o tipo de carreira que queria; uma carreira que lhe proporcionaria projetos mais gratificantes. Ele ganhara dinheiro mais do que suficiente para durar uma centena de vidas; estava a um passo de desistir de tudo. Estar no centro das atenções era algo que sempre pensou que queria, até experimentar essa vida. Ele abrira mão de Alex por essa vida, mas agora sabia que atrás das câmeras era onde se sentia mais confortável. Ele dissera a Aaron que queria começar a produzir, e talvez até ser diretor, e o instruiu a procurar projetos que pudessem oferecer os saltos criativos que ele queria dar. Em vez disso, roteiros tão semelhantes aos filmes do Stargazer que poderiam ser sequências eram as únicas coisas que Aaron enviava a ele. Pensar que Aaron tinha sido a razão pela qual esses tipos de projetos nunca chegaram fazia seu sangue ferver. No e-mail, Matthew mencionava que havia enviado o roteiro para Gabe dar uma olhada. Ele verificou a mesa de Aaron e não viu nada. Procurando o roteiro de Matthew Short, ele vasculhou os arquivos na gaveta do canto. Estava trancada, então ele deu alguns puxões fortes para quebrar a trava. Se Aaron tivesse um problema com isso, teria que superar. Passando os dedos pelas abas, ele parou quando encontrou um arquivo intitulado "Alex". Memórias de profundos olhos castanhos e lábios carnudos o inundaram, e ele pegou a pasta grossa do armário de arquivos. Por que Aaron tinha um arquivo sobre Alex? Ele atravessou o escritório em passos rápidos de volta à mesa de Aaron e abriu a pasta. Dentro, havia sete envelopes, cada um deles cheio. Quando Gabe pegou o primeiro, tinha um grande seis desenhado na frente e


estava preenchido por uma carta e fotos. Ele pegou uma carta intitulada "Emma Ano 6”. Nele havia uma carta de Alex escrita à mão. Emma começou a primeira série esse ano. É incrível a rapidez com que ela está crescendo. Eu comprei uma bicicleta para ela com rodinhas e ela já está andando pelo quarteirão sem elas enquanto a persigo. Ela também lê livros fáceis; ela devora livros e geralmente me pede para ler pelo menos quatro para ela à noite antes de ir para a cama. Ela ainda não começou a fazer muitas perguntas sobre você. Acho que é uma dádiva de Deus. Eu disse a ela que o pai dela está longe. Eu disse a ela que, talvez, quando for mais velha, ela possa te conhecer e que nós nos amávamos muito. Mesmo com tudo, pelo menos ela sabe que sua mãe e seu pai se amavam quando a fizeram. Espero que seja verdade. Espero mesmo que seja verdade. Nem sei porque continuo escrevendo essas cartas e enviando fotos, porque você nunca responde. Acho que espero que, um dia, quando ela começar a fazer mais perguntas, ficar mais velha e começar a procurá-lo, posso dizer a ela que dei o meu melhor para garantir que você soubesse sobre ela e tentei fazer o melhor por ela. Não consigo imaginar como consegue olhar as fotos que envio ano após ano e não gostaria de conhecê-la, encontrá-la. Ela é uma garotinha incrível e farei tudo o que puder para protegê-la. Bem, até o próximo ano... ~Alex Obs.: Você é um lixo por não fazer parte da vida da sua filha e nunca vou perdoá-lo por isso. Espero que um dia ela perdoe. Gabe segurou a carta por uma eternidade, a mente se debatendo. Ele começou a esmagar o envelope na mão antes de perceber que havia fotos dentro. Ele as tirou do envelope e tentou desamassá-las. Não foi até começar a folhear as fotos que a ficha caiu. Ele tinha uma filha. Uma linda garotinha com os profundos olhos castanhos da mãe, o cabelo castanho dele e um sorriso que poderia derreter um iceberg. Não foi até as lágrimas começarem a pingar nas fotos que


ele percebeu que estava chorando. Sabendo que se Aaron voltasse ao escritório naquele momento, ele o mataria, o estrangularia com as próprias mãos, Gabe pegou a pasta com o resto dos envelopes e saiu do escritório. A secretária pareceu assustada e tentou detê-lo quando ele passou pela área de espera. Ele nem sequer olhou para trás. Pegando as escadas, ele desceu os vinte lances até chegar ao saguão e empurrar as portas da frente para ir de encontro ao carro. Max, seu motorista, estava pronto e esperando, como sempre. Depois de multas há alguns anos, ele estava determinado a não cometer esse erro novamente. Ter um motorista era uma solução fácil para salvar a si e aos outros, porque a outra opção – parar de beber – não ia acontecer, mesmo que não importasse o quanto bebesse, não conseguia afogar a sensação de que não estava inteiro. Gabe abriu a pasta assim que sua bunda bateu no assento e procurou o primeiro envelope com um grande zero impresso na frente. Ele começou a folhear todas as fotos, o coração dolorido. Havia uma de Alex quando ela estava grávida. Gabe passou o dedo pela curva da barriga dela. A barriga com a filha dele. Ele desejou poder estar lá para vê-la e sentir sua filha crescendo dentro dela. Ele se segurou para não voltar e estrangular Aaron até a morte. — Chefe, para onde vamos? — Max perguntou quando Gabe não disse nada ao entrar no carro. — Preciso que você dirija por aí, ok? — Sem problema, chefe — respondeu Max, afastando-se do meio-fio e entrando no trânsito para iniciar o percurso sem rumo pela cidade. Depois de folhear todas as fotos, ele as examinou novamente, dessa vez analisando todos os detalhes. Depois da foto de Alex grávida, tinha uma de Emma assim que ela nascera. Ela parecia uma pequena alienígena com um laço rosa fofo na cabeça. Ele sorriu no meio das lágrimas, olhando para sua garotinha. A garotinha dele. Havia mais fotos dela e Alex naquele primeiro dia de sua vida. Uma dor aguda o esfaqueou no peito – ele perdera o nascimento da


filha. Não tinha estado lá para Alex. Não tinha participado das aulas de respiração para o parto, conseguido levá-la ao hospital como um idiota em pânico ou segurado a mão de Alex enquanto ela tentava esmagar a dele durante as contrações. Ele tinha perdido tudo isso e a sensação de perda só se agravava conforme olhava os envelopes dos outros anos perdidos. Ele percorreu cada um dos envelopes e observou sua garotinha crescer, ano após ano. Os endereços mudaram ao longo do tempo, para dois estados diferentes, mas ela sempre os incluía. Depois de dois envelopes, seu celular começou a tocar sem parar. Ele sabia quem era e se recusou a responder. Se Aaron alguma vez pensou que poderia se safar disso, teria que pensar de novo. Porque da próxima vez que o visse, Gabe daria um soco no rosto dele o mais forte possível. Foi só quando começaram a chegar ligações de Aaron e Ciara que ele finalmente desligou o celular. Ele olhou para as fotos de Emma de novo, seu cordão umbilical sendo cortado, chupando uma chupeta, engatinhando com enormes olhos azuis brilhando, rastejando, segurando um brinquedo e andando. Ele chegou ao primeiro dia na escola e passou o dedo sobre o grande sorriso cativante. Ela tinha os cachos rebeldes de Alex, mas a cor era dele. A dor no peito se tornou demais e ele teve que largar as fotos. Gabe sentiu como se estivesse tendo um ataque cardíaco. Por que ela enviava aquilo para Aaron? Por que não tentou entrar em contato com ele? Ela o odiava tanto assim? Ele sabia que estragara tudo, mas tinha o direito de conhecer a filha. Suas observações nas cartas o fizeram pensar que ela tentara entrar em contato com ele e obviamente tinha falhado. Verificando os envelopes, todos eram para ele, mas com o endereço da agência de administração. Foi quase o suficiente para fazê-lo dizer a Max para dar a volta, para que ele pudesse bater em Aaron até sua morte por esconder isso por tanto tempo. Mas havia uma coisa que ele sabia com certeza; ele iria recuperar sua família.


13

G

abe ficou de pé diante da cerca que corria pela frente e pelas laterais da casa e abriu o portão da frente. Andando até a porta, seu coração batia tão forte que ele conseguia ouvir o sangue pulsando em seus ouvidos. Quando levantou um dedo trêmulo para tocar a campainha, uma risada veio dos fundos. Caminhando pelo lado da casa, ele destrancou o portão lateral e entrou no quintal. Era um quintal verde, meticulosamente ajardinado, com todas as cores de flores imagináveis ao redor do perímetro. Um enorme balanço com um escorregador e uma casinha de brinquedo no canto do quintal. Perfeito para fotos. Alex e Emma estavam no meio de uma guerra de água, com armas de água, balões e esponjas. O irrigador estava ligado, lançando uma névoa no ar que riscava um arco-íris na cena. Era como se Gabe tivesse entrado em um sonho. Alex e Emma gritavam e riam, se molhavam e corriam uma atrás da outra pelo quintal. — O monstro das cócegas vai te pegar — Alex rugiu, batendo os pés em direção à garotinha em passos exagerados. Gabe se escondeu na sombra da casa, não querendo ser descoberto ainda enquanto observava a cena se desenrolar. Emma gritou e correu quando Alex apareceu atrás dela, as mãos segurando balões de água. Emma pegou uma pistola de água e atirou no rosto de Alex.


— Argh, você me pegou — Alex rosnou, cambaleando antes de cair no chão de bruços. Emma riu e saltitou, triunfante. — Eu te peguei, eu te peguei! — Ela comemorou, parando abruptamente. Ele estava no quintal delas. Gabe Stevens, pai da filha de Alex, estava aqui em pessoa. — Você viu? Você me viu matar o monstro, senhor? — Ela perguntou, saltando até ele. Isso chamou a atenção de Alex e ela ergueu a cabeça tão rápido que Gabe teve certeza de que ficou tonta. Ela ficou sentada, paralisada por alguns segundos, depois ajoelhou, encarando-o. Emma puxou o braço dele para ele se abaixar e sussurrou em seu ouvido: — Eu não machuquei a mamãe de verdade, estávamos só brincando. — Ele acenou para ela em silêncio, o olhar fixo em Alex. Ela mudara um pouco ao longo dos anos. O cabelo estava mais curto, os longos cachos negros que ele rodava em torno dos dedos durante as noites juntos agora na altura do queixo e molhados. O corpo dela assumira uma figura decididamente mais adulta, com quadris arredondados e peitos maiores. A camiseta branca que ela usava grudava nos seios, com os quais ele ainda sonhava algumas noites. A cintura dela permanecera quase como ele se lembrava. Estava um pouco mais grossa, mas ele apreciava isso, especialmente porque sabia a causa — a pequena ninfa da água puxando sua manga agora. — Ei, Emma, acho que nossa guerra de água acabou; por que não entra e começa a pegar os ingredientes para as panquecas? — Ok, mamãe — ela respondeu para Alex. — Você vai ficar para comer as panquecas? — Perguntou, se virando para Gabe. — Ah, eu não… — Gabe começou. Panquecas. Sua boca salivou só de pensar nas panquecas de Alex. Ele as comera apenas duas vezes na vida, mas era mais do que suficiente para fazê-lo ter memórias vívidas daqueles discos celestiais que derretiam na boca. — Ele não vai. — Alex disse, interrompendo o devaneio dele. — Emma, vá para dentro, ok? Não esqueça das gotas de chocolate — ela falou, empurrando a garotinha em direção à porta dos fundos. Enquanto a observava partir, ele soube do fundo do coração que ela era dele.


Isso pareceu desviar a atenção de Emma do visitante que entrara furtivamente no quintal. Emma desapareceu pela porta de correr de vidro, deu um aceno para Gabe e a fechou. Ele a seguiu com os olhos até ela sumir de vista. Ele finalmente olhou para Alex. Ela se levantou devagar e começou a catar os brinquedos e o resto dos balões na grama. — Vejo que finalmente decidiu aparecer — Alex grunhiu entredentes, cruzando os braços na frente do peito, acentuando seus seios. Os olhos dele focalizaram nos mamilos bonitos dela e ela emitiu um som de desagrado antes de tentar descolar a camisa do peito. Ela decidiu dobrar os braços sobre os seios. Ele pigarreou e voltou o olhar para o rosto dela. Ele segurou os envelopes diante dele dele como um escudo. — Encontrei isso alguns dias atrás. Eu não fazia ideia... eu nunca teria te abandonado, nenhuma de vocês, se soubesse — ele falou, implorando para que Alex acreditasse nele. Ela lançou-lhe um olhar capaz de derreter gelo. — Então, meus e-mails, telefonemas, mensagens de voz, tudo, simplesmente desapareceram no ar e você nunca recebeu nada — ela cuspiu com desgosto. — Nunca recebi uma única mensagem sua depois que você saiu do hotel naquele dia — ele retrucou. — Eu tentei te ligar. Também tentei mandar mensagens, mas você não respondeu. E algumas semanas depois, cancelaram todas as minhas antigas informações de contato quando a turnê da Stargazer estava em andamento e o burburinho começou a crescer — ele disse, movendo-se na direção dela. — Se eu soubesse que estava tentando entrar em contato comigo, teria feito tudo que podia para falar com você. Só... acho que, por causa de como as coisas terminaram, não achei que gostaria de falar comigo de novo, especialmente quando não respondeu às minhas ligações e mensagens. — Gabe abaixou os olhos e a cabeça. Ele levantou os envelopes. — Eu os encontrei trancados no escritório de Aaron enquanto procurava por um roteiro. — Que conveniente — disse ela com desdém. — Mas acho que foi por isso que pedi em todas as cartas. Que você decidisse ser um


ser humano decente e vir ver sua filha. Nunca pensei que faria isso depois de todos esses anos. — Ela terminou de guardar os brinquedos na banheira de plástico e deslizou-a para o lado da casa. Ele caminhou até ela e ficou diante dela. — Alex, juro que não sabia que ela existia. Eu teria largado tudo e ficado ao seu lado no momento em que descobrisse. — Então talvez tenha sido para melhor que não tenha recebido as mensagens antes. Definitivamente, não precisava de alguém como você para me proteger — ela zombou. — Então, o que está fazendo aqui, procurando por um local para filmagens ou algo assim? — Estou aqui para conhecer a Emma. Eu vim assim que resolvi algumas coisas, organizei minha programação e pude reservar um voo para cá. — Quanto tempo pretende ficar? — Tenho uma semana antes de ter que ir para a Escócia para filmar. Ela analisou o rosto dele por um longo momento e soltou um suspiro. — Se você fizer isso, se eu apresentá-lo como pai dela, você terá que ser presente na vida dela. Você não pode simplesmente aparecer e depois desaparecer por Deus sabe quanto tempo, fazendo Deus sabe o que, ok? Ela não precisa disso, então você precisa resolver o que tiver que resolver e garantir que essa garotinha seja sua prioridade. Você entende? Não quero que ela aprenda a dura realidade de pessoas decepcionando-a e quebrando seu coração aos seis anos de idade. — Eu vou! Prometo que farei o que for preciso para garantir que ela esteja em primeiro — disse ele, sabendo até o fundo da alma que era verdade. — Podemos começar apresentando-o hoje. Teremos que repassar... Emma os interrompeu ao colocar a cabeça para fora da porta de correr. — Mamãe, já peguei os ingredientes. Está na hora da panqueca! — Ela gritou, triunfante. — Ok, baixinha, vamos lá — respondeu Alex, afastando Emma da porta para entrar. Emma espiou ao redor de Alex e perguntou: —


Você vai ajudar com as PANQUEEEECAAAS? Gabe sorriu e começou a caminhar em direção à casa, mas hesitou. Ele não queria ultrapassar nenhum limite. — Eu não sei. Se sua mãe disser que não há problema em eu ajudar, então posso. — Ele olhou para Alex e ela assentiu rapidamente. — Parece que vou. Quão boa você é em virar panquecas? — Estou ficando melhor; agora consigo manter a panqueca na frigideira. Vamos. — Ela agarrou a mão dele e o puxou, passando por Alex a caminho da cozinha. Era uma cozinha caseira com uma balcão. — Vou subir para trocar essa roupa molhada. Eu já volto — Alex avisou, subindo as escadas. Emma havia retirado todos os ingredientes dos armários e da geladeira e os colocara perigosamente perto da beirada do balcão. Um pequeno e baixo altar ao redor do balcão tornava possível para Emma alcançar os materiais no balcão. — Aqui a massa da panqueca — disse ela, entregando a Gabe o grande recipiente de plástico. — Precisamos de duas colheres e temos que quebrar dois ovos. Acho que você deveria quebrar eles. A última vez que tentei, nossas panquecas ficaram crocantes — Emma disse, torcendo o nariz. Alex desceu as escadas e parou diante das bocas do fogão. Gabe assentiu enquanto Emma lhe dava instruções. — E aí precisamos de uma colher de leite. — Ela se virou para Alex, que preparava a chapa. — Mamãe, temos que colocar mais porque o homem vai comer? Temos que ter certeza de que vai ter para todo mundo. — Está tudo bem, baixinha. Não estou com fome. Tenho certeza de que terá mais do que suficiente para todos — Alex respondeu, pegando a manteiga e acendendo o fogão. — E agora, a melhor parte: gotas de chocolate — Emma acrescentou com um sorriso travesso. Emma pegou a bolsa e começou a derramar as gotas no copo medidor. — Emma, lembra o que eu disse da última vez? Só meia colher de gotas de chocolate, porque da última vez as panquecas


ficaram 80% só de chocolate. — Emma parou de derramar com a advertência de Alex. Ela fez beicinho e Gabe não conseguiu conter a risada. — Tá bem, mamãe — respondeu com tristeza antes de se virar para ele. Então, qual é o seu nome? — Ela perguntou, começando a misturar a massa com um garfo, fazendo farinha voar em todas as direções. — Meu nome é Gabe. É apelido para Gabriel. — Ah, parece com o meu nome do meio, Gabrielle. Uau, que legal. Ele se virou para olhar para Alex enquanto ela tentava conter as lágrimas. Ela se afastou dele rapidamente e foi lavar as mãos na pia da cozinha. — É mesmo muito legal. Então, quantos anos você tem, Emma? — Seis, mas vou fazer sete no mês que vem. Vou fazer uma festa do My Little Pony! Então, quem é você? — Ela olhou de Gabe para Alex, mordendo o lábio. Alex caminhou até Emma e se ajoelhou para que elas ficassem na mesma altura. — Emma, lembra quando conversamos sobre famílias e como algumas famílias são diferentes das outras? — Emma assentiu. — E lembra de como eu disse que às vezes as crianças têm mamães e papais e não conseguem conhecê-los? Bem, agora você tem essa chance. Gabriel é seu papai. — Meu papai? — Os olhos de Emma se arregalaram e ela o olhou com tanta admiração que quase partiu o coração dele ao meio. O coração de Gabe bateu forte e lágrimas brotaram nos seus olhos. Ele se ajoelhou, pegando as mãozinhas dela nas dele. — Sim, Emma, eu sou seu papai. Sinto muito por não ter te conhecido até agora, mas estou tão feliz por finalmente conhecê-la. — Quer dizer que tenho um papai que nem a Terry e a Sienna? — Ela perguntou em descrença. — Sim, que nem elas — Alex replicou, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela enxugou as bochechas e Emma se virou para ele e passou os braços em volta do pescoço dele, apertando tão forte que ele pensou que ela poderia se machucar. Ele apertou as costas dela e a balançou para frente e para trás.


— Papai, você quer ver o meu quarto? — Emma perguntou animadamente, puxando a mão dele na direção da escada. Gabe se virou para Alex e ela assentiu e o mandou subir. Ela voltou ao fogão, pegou a tigela e derramou a massa.


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Q

uando Alex teve certeza de que eles estavam no andar de cima, ela finalmente desabou. Anos e anos de tensão reprimida, medo, raiva e mágoa caíram sobre sua cabeça ao mesmo tempo. Não teria conseguido pará-los nem se tentasse. Ela desligou as bocas da chapa e deslizou pelos armários, apertou os joelhos contra o peito e tentou manter os soluços os mais silenciosos possível. Esse era o momento que ela desistira de pensar que aconteceria. Ela finalmente estava sentindo total confiança de que não teria que lidar com Gabe se tratando de Emma. Alex havia imaginado que talvez Emma o encontrasse quando fosse mais velha, mas não nunca pensara que ele apareceria assim. Depois que o primeiro aniversário de Emma chegou e passou sem uma única palavra dele, Alex praticamente desistiu. A cláusula de não contato não era o suficiente para sua mente no começo. Ela pensou que, eventualmente, ele viria atrás de Emma, e isso a assustava quase tanto quanto o pensamento de criar Emma sozinha. O pesadelo era sempre o mesmo. Um grande utilitário preto parava diante da casa. As janelas eram escuras e ela não conseguia ver quem estava lá dentro. Um homem enorme saía da porta do motorista e andava pela lateral do veículo para abrir a porta para uma mulher alta e esbelta de terno vermelho brilhante. Alex


conseguia ver Gabe sentado no banco de trás do carro, mas ele se recusava a encará-la. A mulher caminhava até a porta da frente, entregava-lhe uma pilha gigante de papéis e instruía o motorista a levar Emma embora. Os pés de Alex estavam sempre plantados no chão, incapazes de se mover enquanto o homem arrancava Emma dela, as duas gritando e berrando uma pela outra. Alex tentava desesperadamente descolar os pés do chão para ir atrás de sua bebê. Emma gritava e chorava e tentava bater no motorista antes que ele a jogasse na parte de trás do carro. Depois disso, o utilitário se afastava e só aí os pés de Alex se soltavam do chão e ela o perseguia até não conseguir mais se mexer. Então, ela acordava na cama coberta de suor e ofegante, o coração acelerado. Era o sonho de todas as noites por um longo tempo depois que Emma nascera, depois diminuiu para somente algumas vezes por mês e, eventualmente, apenas uma ou duas vezes por ano. Alex tinha a sensação de que o sonho a revisitaria em breve. Ela se preocupava que a filha nunca conhecesse o pai, mas tentou fazer o melhor que podia sozinha. Alex terminou a faculdade, pegou o diploma em ciência da computação e procurou um trabalho flexível que pudesse fazer de casa enquanto cuidava da filha. Além de enviar as cartas para o escritório de administração, não tinha como entrar em contato com Gabe. Nenhuma das maneiras de entrar em contato com ele funcionava mais e ela não estava disposta a ir a público. Isso teria trazido atenção indesejada a elas. Agora, ele estava de volta de repente, dizendo que nunca recebera as cartas dela. Mas ainda estava tão brava com ele. Anos de raiva reprimida não se dissipavam em um instante. E Alex não podia esquecer que ele pulara na cama com Lesley quando estavam separados há menos de vinte e quatro horas. E depois disso, foram meses de uma gravidez de merda com duas quase internações e um pós-parto ainda mais difícil, em que sono parecia algo que imaginara um dia. Pelo menos, ela tinha dinheiro para ajudar. Não querendo gastar mais do cheque de “fique quieta e me deixar em paz” que recebera,


Alex mantinha os gastos os mais baixos que podia, isso ao mesmo tempo que se certificava de que Emma tivesse o que precisava. Receber aquele cheque fora um chute final nos dentes de Alex. Sinalizava que Gabe sabia sobre elas, mas não queria nada com elas. Mas tudo isso se resumia ao fato de que ele não estivera lá. No final do dia, era sobre isso. Alex precisara dele e ele não tinha estado lá. Ela esperava que Gabe pudesse estar lá para a filha deles. O pensamento de que Gabe não sabia, que não sentia que tinha uma filha por aí, a fez querer surtar, por mais irracional que fosse. Ele disse que não havia recebido as cartas, então Alex acreditaria nele. As lágrimas nos olhos dele quando ela contou à Emma que ele era seu pai confirmaram isso. Ela sabia que ele era um bom ator, mas não achava que estava fingindo aquilo. Agora, ela esperava que a capacidade de Gabe de ser pai não refletisse seu histórico como namorado. Alex teria que desenterrar os documentos legais que Jen mandara redigir alguns anos atrás para caso esse dia chegasse. Estavam em seu escritório em algum lugar. Ela enviou uma mensagem rápida para Informar Jen do que estava acontecendo, depois se recompôs. Agarrando alguns lenços de papel e assoando o nariz, ela se levantou, ligou a chapa novamente e começou a fazer as panquecas.


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O

quarto de Emma era o retrato de uma infância feliz. Havia bonecas, bonecos dos Transformers, trens, blocos de construção e muito mais, tudo guardado em caixas e prateleiras ordenadamente rotuladas. Ou ela era uma criança organizada ou Alex se certificava de que Emma mantivesse o quarto arrumado. Gabe sorriu ao imaginar Alex com um etiquetador, tentando garantir que tudo estivesse no devido lugar e em ordem. Parecia tão diferente da garota que ele conhecera no restaurante todos aqueles anos antes. — Esses aqui são os meus brinquedos favoritos — Emma contou animadamente, puxando-o para sentar em uma de suas mini-cadeiras. Com medo de quebrar a pequena cadeira branca, Gabe se equilibrou na beirada. Emma começou a empilhar o colo dele com pôneis, robôs, bonecas e qualquer outra coisa em que pudesse pôr as mãos. — Uau, isso é muito legal. Sua mãe comprou para você? — Mamãe me deu alguns. Tia Jen me deu outros e alguns são do meu último aniversário. Foi uma festa de pirata muito divertida. Mal posso esperar pela minha festa de pônei — Emma respondeu, saltitando. Ela parecia estar sempre pulando. Era uma bola de energia constante. — Então, o que quer de aniversário?


Eu ia pedir um papai, mas você está aqui agora — ela disse, pulando no colo de Gabe, o que empurrou uma perna de robô na virilha dele. Ele tentou não pestanejar quando a reajustou e a colocou sobre um dos seus joelhos. — Então vou ter que pensar em outra coisa — acrescentou, batendo o dedo no queixo, perdida em pensamentos. Ele permaneceu sentado, atordoado. Permitindo que a ficha caísse, ele olhou ao redor do quarto e ainda não conseguia acreditar. Ele tinha uma filha. Ainda mais improvável, Gabe não conseguia acreditar como aquela garotinha linda com rosto de fada o aceitara. Ele tinha ido de pensar em ter filhos algum dia com alguém com quem se importava para já ter um com alguém que ainda amava. Aquela garotinha preciosa já era dona de uma parte importante do coração dele. Ele conteve a amargura que subiu pela garganta ao pensar nos anos que haviam sido roubados dele – deles. Não podia acreditar que confiara em Aaron por tanto tempo. Não querendo que esses sentimentos amargos manchassem o momento com a filha, ele os afastou. Isso era para outra hora. — As panquecas estão prontas — Alex informou do andar de baixo. — PANQUECAS — Emma guinchou, agarrando a mão dele e o puxando em direção à escada. O estômago dele começou a roncar e a boca salivou em antecipação a provar as panquecas de Alex de novo. Alex estava sentada à mesa posta para três. Descer as escadas e dar de cara com essa cena era algo que Gabe podia ver a si mesmo fazendo de novo e de novo. — Papai, senta do meu lado! — Emma exclamou, puxando-o para o assento ao lado dela. — Você quer suco de laranja? — Claro, vou querer um pouco. — Emma pegou a jarra e tentou colocar o suco. Com um derramamento mínimo, ela conseguiu enchê-lo até a borda. — Uau, garota, já está bom. — Ela colocou a jarra cuidadosamente de volta na mesa. Emma começou a comer as panquecas com gosto, cobrindo completamente o rosto com chocolate no processo. Gabe não pôde deixar de rir ao observar como seus olhos brilhavam de alegria ou,


possivelmente, de sobrecarga de açúcar enquanto ela enfiava as panquecas de chocolate na boca. E, então, o cheiro subiu até o nariz dele e ele não pôde deixar de comer também. Quando deu a primeira mordida, Gabe teve que fechar os olhos para saborear. Eram tão incríveis quanto se lembrava, talvez mais ainda porque em todos os anos desde que comera as panquecas de Alex, ele havia tentado dezenas de receitas de panquecas e nenhuma era tão boa quanto a dela. Ele olhou para Emma, que estava ocupada sacudindo a cabeça, balançando os pés e enfiando panquecas na boca. Afastando os olhos dela, ele olhou para Alex. Ela estava pegando panquecas enquanto observava Emma apreciar as dela. Ela o pegou olhando-a e seus olhos voaram de volta para Emma. Sua filha enérgica — uau, a filha dele — começou a encantá-lo com histórias do parquinho. Falando sobre explorar a floresta perto do playground da escola, a ida até à Estátua da Liberdade no verão anterior e o tempo com as amigas, Emma conversou por quase uma hora. Foi só quando ela começou a cochilar na mesa que Alex sugeriu que fossem para a sala de estar. Emma levantou os braços para ele carregá-la até a sala e Alex se levantou para limpar a mesa. — Emma, você sabe que está ficando grande demais para colo — ela avisou, pegando os pratos e empilhando uns sobre os outros. — Não, tudo bem. Eu não me importo — ele falou, pegando-a e segurando-a nos braços. — Alex, deixe-os, você sabe como me sinto sobre a louça depois que outra pessoa cozinha. — Você diz isso agora sobre carregá-la, mas espere até suas costas doerem amanhã — alertou ela. — E eu vou lavar a louça; não tem problema. Leve Emma para a sala de estar. Quando Alex saiu da cozinha, Emma estava dormindo profundamente no sofá ao lado dele, migalhas de chocolate por todo o rosto. Observando a cena, ela não pôde deixar de sorrir enquanto olhava para sua linda filha. Uma filha que agora teria que compartilhar. Com esse pensamento, Alex se inclinou para pegá-la e ele tentou detê-la. — Eu posso carregá-la — disse ele, tentando se levantar.


— Não, tudo bem, eu consigo — disse ela, pegando Emma com um grunhido, acariciando sua cabeça quando ela começou a resmungar um pouco no sono e a levou para cima. Alex colocou Emma na cama e atravessou o corredor até o banheiro, molhando um pano. Ela sacudiu a cabeça. O que ia fazer agora? Ela voltou para o quarto de Emma e tentou tirar o máximo de chocolate do rosto dela sem acordá-la. Alex levou o pano de volta ao banheiro e respirou fundo para tentar se recompor antes de descer as escadas. Vislumbrando a si mesma no espelho, ela tentou alisar alguns dos cabelos arrepiados pela guerra de água. — O que diabos estou fazendo? — Ela se repreendeu, incrédula por se importar com a aparência quando se tratava de Gabe. Ela ergueu os ombros e desceu as escadas. Gabe estava vagando enquanto olhava as fotos dela e Emma juntas ao longo dos anos. Alex ficou parada na porta, timidamente devolvendo ao lugar a que ele segurava. — São ótimas fotos. Parece que ela está sempre sorrindo. — Ela tem os momentos dela — Alex replicou, sentando-se na poltrona ao lado do sofá. Gabe caiu no sofá e apoiou a cabeça nas costas do sofá, fechando os olhos. — Acho que uma soneca faria bem a você também — ela comentou com um sorriso. — Ela é uma bola de energia. Não sei como você faz isso — ele falou distraidamente. — Não é como se eu tivesse muita escolha — ela deixou escapar. Os olhos dele se abriram com dor atordoada e ela se arrependeu do tom. Ela suavizou-o um pouco. — Emma é uma criança incrível. Você se acostuma com a loucura. Ela não costuma desmaiar assim à tarde, mas acho que, com toda a emoção de hoje, ela se desgastou. — Alex rastejou para frente e se empoleirou na beirada da poltrona. — Então, o que fazemos agora? Como lidamos com tudo isso? — Gabe perguntou, suspirando. — Bem, primeiro, quero que saiba que ela é cem por cento sua. Não há dúvida em minha mente.


— Eu sei, Alex. Não duvidei disso por um minuto. Eu soube no momento em que vi as fotos dela. Eu senti. Sei que ela é minha, então não se preocupe com isso. Alex deu um aceno de cabeça antes de continuar. — Prefiro que ninguém descubra sobre nós. Digo, quero proteger a Emma de toda a loucura, tablóides, paparazzi e essas coisas. — Sim, eu quero isso também, mas as pessoas vão descobrir sobre ela. Eu a quero na minha vida. Não vou escondê-la. Ela é minha filha. Há tantos lugares que eu gostaria de levá-la, coisas que quero mostrar a ela e passar um tempo com ela. As pessoas vão nos ver juntos. — Uau, alguém com quem você não tem medo de sair em público. Parece que se importa mesmo com ela. — Alex, eu... — ele começou. — Não, esqueça que falei qualquer coisa. Isso não é sobre nós, é sobre Emma. Mas não a quero misturada em nenhuma confusão de Hollywood. Sem contratos de produtora ou truques publicitários. Eu tive um gosto minúsculo dessa vida e mal pude lidar com ele. Não vou permitir que as pessoas comecem a machucá-la. — Eu concordo completamente. Seria possível passar algum tempo com ela em breve? Quando a escola termina? — Ela vai terminar em uma semana, antes do Dia do Trabalho. — É um vôo de sete horas daqui para a Escócia. Ela já voou alguma vez? — Espera aí, eu não falei nada sobre mandá-la para a Escócia. Ela mal te conhece; não vou simplesmente entregá-la a você. Se quer vê-la, precisa vir aqui, pelo menos a princípio. Talvez quando ela tiver nove ou dez anos, podemos começar a pensar em fazê-la pegar um avião sozinha. “I didn’t say anything about her flying on her own. I figured you would come with her,” Gabe said staring into her eyes. — Não posso largar tudo e ir embora, Gabe. Emma e eu temos uma vida aqui e temos um calendário. Não podemos simplesmente largar tudo isso e ir para a Escócia com você — ela constatou, andando de um lado para o outro.


— Ok, então, como é o seu calendário? Emma termina a escola em uma semana. E você? Vai tirar férias em breve? — Gabe, eu não vou para a Escócia com você. — Alex zombou. — Alex, seja razoável. Eu quero passar mais de uma semana com Emma. Posso ficar aqui durante a semana e passar um tempo com Emma. Conhecê-la melhor, e depois podemos ir para a Escócia. Será uma aventura. Posso providenciar atividades e coisas para fazerem enquanto eu estiver filmando e podemos passar um tempo juntos quando não estiver filmando. — Não vamos segui-lo até a Escócia, Gabe. Que tal estabelecermos uma programação para quando voltar das filmagens? Emma sabe quem você é agora. Podemos fazer videochamadas e vocês conversam por telefone. Aí, quando voltar, talvez você possa ficar em algum lugar perto e ela possa passar a noite. Vamos devagar — ela concluiu, parando de andar e finalmente olhando-o. — Eu não vou deixá-la, Alex. Acabei de descobrir que tenho uma filha. Já perdi muito tempo. Não quero perder nem mais um minuto. — Isso não é só sobre você, Gabe. Você deveria pensar nela. Coloque-a em primeiro lugar, ir para a Escócia é o melhor para ela agora? — Eu acho que sim. Acho que seria ótimo para ela ir para a Escócia e passar um tempo com o pai. O que eu acho é que você não acha que seria melhor para você ir para a Escócia — ele acusou. — Isso é ridículo — ela zombou. — Isso não é sobre mim. — Exatamente, é sobre Emma. E não quero que ela pense que vou aparecer e desaparecer tão rapidamente quanto surgi. Quero passar um tempo com ela e começar a me relacionar de verdade com ela. — Gabe... — Alex começou. — Alex, não responda agora. Por favor, me dê um tempo para mostrar o quanto quero isso e o quão bom será para ela. Vou passar alguns dias aqui e passar um tempo com Emma. Depois, em alguns dias, podemos tomar a decisão. Isso soa bom para você?


Ela engoliu em seco e tentou ser razoável, não deixando seu passado ferido atrapalhar a decisão. Ela poderia fazer isso. Ela poderia fazer isso. — Provavelmente é melhor se você ficar aqui — ela respondeu, cedendo. O queixo dele caiu. — No quarto de hóspedes. Tem um quarto extra no andar de cima. Se você se hospedar em um hotel, há uma grande chance de alguém te reconhecer. — Você tem certeza? — Não, mas acho que é o que funcionará melhor. — Por mim, tudo bem. Minhas malas estão no carro. — Ok, eu vou arrumar a cama. — E eu vou pegar as minhas malas. — Ótimo — disseram os dois, parados no meio da sala sem se mexer. Ela se sacudiu para sair do torpor e começou a subir as escadas. — Certo, vou subir. É o quarto ao lado do de Emma. Não dá para se perder. Precisa de ajuda com as malas? — Não, tudo bem. Vou ficar bem — Gabe respondeu, se dirigindo para a porta de correr da cozinha. Alex subiu as escadas, se chutando o tempo todo. Por que ela pediu para ele ficar? Ela argumentou que mantê-lo fora do radar provavelmente tornaria as coisas mais fáceis durante a semana que ele estaria lá, mas tê-lo dormindo do outro lado do corredor causaria estragos nela. Mesmo com a traição dele e o fato de ela ter ficado sozinha nos últimos seis anos, Gabe fazia seu coração palpitar como nenhum outro homem que ela já conhecera. Ela só esperava que fosse forte o suficiente para resistir a Gabe, porque não podia permitir que ele partisse seu coração novamente. Mais importante, ela teria que proteger o coração de Emma.


16

P

arado do lado de fora, Gabe encarou a casa, ainda incapaz de acreditar que ele tinha uma filha. Ele tinha uma filha com Alex. Todos os sentimentos que ele havia afastado quando ela partira estavam vindo à tona, e estimulados pelo fato de ela ter lhe dado uma filha incrível. Uma filha que ele mal conhecia e que mal o conhecia. Como ele não soubera? Por que escolhera a promessa de estrelato e o medo de perder dinheiro em vez dela? Olhando para trás, ele se arrependia do momento em que assinou aqueles papéis, mas enganava a si mesmo se não admitisse que queria a fama, o estrelato e o dinheiro. Gabe queria tudo isso e não estava disposto a fazer os sacrifícios que precisava para mantê-la em sua vida. Ele era um homem diferente agora e faria o que fosse necessário para dar certo. Pegando as malas no porta-malas, ele jogou a mochila por cima do ombro e voltou para a casa. Ele abriu a porta e teve a mesma reação que na primeira vez. Conforto e relaxamento. A casa inteira cheirava à Alex, cítrica e uma pitada de baunilha. Gabe caminhou pela sala, vendo mais fotos das duas juntas ao longo dos anos. Havia grandes sorrisos nos rostos das duas, cercadas por bolhas, brincando no gramado, em viagens, na praia, e em todas estavam tão felizes. Ele queria fazer parte disso com elas. Os passos de Alex soaram no assoalho acima dele e Gabe subiu as escadas até o quarto de hóspedes. Ele se surpreendeu quando


ela sugeriu que ele ficasse no quarto de hóspedes. Do jeito que agia, ela iria preferir que ele ficasse em qualquer lugar que não fosse perto, mas manter discrição seria ideal até que resolvessem tudo. Entrando no quarto de hóspedes, Gabe esbarrou em Alex, que estava saindo com o braço cheio de lençóis. Ele a agarrou pelos braços para equilibrá-la e impedi-la de cair. Ela se afastou rapidamente das mãos dele e posicionou-se firmemente. — Eu precisava tirar os lençóis velhos. Não os trocava desde que Jen dormiu aqui da última vez. — Sem problemas. Como Jen está? — Ela está bem, ótima, na verdade. Ela acabou de começar a trabalhar em uma empresa em Los Angeles. É um grande escritório de advocacia de entretenimento. Ela trabalhou em Nova York por um tempo, mas o escritório de Los Angeles perguntou se ela estaria interessada na transferência e ela aceitou. — Fico feliz em saber que ela está indo tão bem — Gabe respondeu, colocando a bagagem de mão no baú perto da cama e a mala na mesa contra a parede. — Foi muito triste para nós vê-la ir embora e não tê-la mais tão perto. Era fácil para ela pegar o trem e ficar aqui durante o fim de semana, quando não estava cheia de trabalho. Mas foi bom vê-la ganhar reconhecimento. Talvez você a encontre em Los Angeles algum dia — ela falou, de pé no meio da sala. — Talvez. Não costumo interagir muito com advogados em Los Angeles, mas se ela é advogada de entretenimento, tenho certeza de que aparecerá em uma festa ou duas. — Gabe tirou o laptop da mala e o colocou na mesa de madeira escura. Alex assentiu e saiu do quarto de hóspedes. O quarto tinha o mesmo cheiro cítrico fresco que estava em toda a casa. As estampas azuis e verdes do andar de baixo também se refletiam aqui com paredes verde-claras que faziam o pequeno quarto parecer arejado. Havia também uma suíte. Ela voltou para o quarto, carregando lençóis dobrados e fronhas. Ele foi tirá-los dela, mas ela os puxou de volta para o peito. — Tudo bem. Eu posso fazer isso.


— Eu posso fazer isso, Alex. Não pude lavar a louça. O mínimo que posso fazer é arrumar a cama. — Sério, não tem problema — ela replicou, caminhando para um lado da cama. — Por que não fazemos juntos? Ela começou a dizer algo antes de desistir. — Sim, claro. Parece que teremos que fazer muito disso no futuro, então por que não começar agora? Ela desdobrou o lençol e jogou a outra metade para ele. — Você foi muito bem com Emma hoje — ela elogiou, ajustando metade do lençol azul-escuro na cama. — Ela é uma criança fantástica. Verdadeiramente incrível. Quando ela apresentou o quarto dela, ela me mostrou quase todos os brinquedos. E começou a ler alguns livros também. É ótimo que ela já leia. Eu não sabia que as crianças liam tão pequenas — disse Gabe, deslizando o lado do lençol sobre o colchão. — Emma gosta de ler. Ela geralmente tenta me fazer ler pelo menos três livros antes de dormir. Às vezes, que nem um barman, tenho que pará-la — disse Alex, colocando o lado dela debaixo da cama. — Posso imaginar. Alex… — Gabe começou, fazendo uma pausa. — Não posso me desculpar o suficiente pelo que aconteceu. Ela ergueu a cabeça para olhá-lo. — O que você quer dizer? Desculpa pelo quê, exatamente? — Indagou, cautelosa. — Eu sei, acabo de descobrir sobre Emma, mas lamento não ter tentado entrar em contato depois do que aconteceu em Los Angeles. Sinto muito por não ter ido atrás de você e tentado falar com você. Mas eu sabia o que o contrato exigia e não achei que seria justo com você todas aquelas regras sobre o que podíamos ou não fazer. — Então, é por isso que está arrependido? — Alex praticamente cuspiu. Gabe ficou um pouco surpreso com o veneno e tentou pensar do que mais ela poderia estar falando. — Alex, sei que não deve ter sido fácil. Sei que deveria saber que vocês duas estavam por aí, mas farei tudo o que puder para


estar aqui por Emma e por você a partir de agora. Eu te prometo — ele afirmou, procurando os olhos dela quando ela evitou os dele. Ela enfiou os travesseiros nas fronhas com um pouco mais de força do que o necessário. — Só cumpra suas promessas à Emma e não teremos um problema — ela respondeu, socando os travesseiros. Gabe suspeitou secretamente que ela imaginava que era o rosto dele. — Alex — ele disse, ladeando a cama. Ela recuou até sair do quarto. — Gabe, não posso falar com você sobre isso agora — ela falou, os olhos brilhando. O coração dele começou a acelerar com a reação dela. Ele sabia que era um dia emocionante para todo mundo, mas Alex parecia estar lidando com tudo bem, ou tão bem quanto se podia esperar, até então. — Alex — Gabe tentou de novo. — Gabe, não posso agora. Ok? Preciso de um tempo sozinha. — A voz dela falhou. Alex respirou fundo e fechou os olhos. Ao abrilos, parecia ter se recomposto um pouco mais. — Fique de olho em Emma, ok? Ela deve acordar logo. Preciso de um tempo no meu escritório. Volto já. Tenho algumas ligações para fazer — disse antes de disparar pelo corredor. Ele ainda estava parado na porta do quarto de hóspedes, imaginando o que diabos acontecera. Sabendo que consertar o que estava quebrado não seria fácil, Gabe começou a desfazer as malas e aguardou ansiosamente pelo tempo que passaria com Alex e Emma na semana seguinte. Ele não podia imaginar o quão difícil tinha sido criá-la sozinha. Ele havia visto o quanto Alex amava e cuidava de Emma. Ela fizera um trabalho maravilhoso e o único desejo dele era que pudesse estar lá para ajudá-la. Gabe sabia que não era realista acreditar que deveria saber que tinha uma filha por aí, mas deveria ter sabido. Não deveria ter permitido que a traição de Aaron roubasse esse tempo dele e de Emma e Alex. Aaron seria outro problema para lidar. Gabe precisava desfazer o contrato. Ele nunca poderia trabalhar com Aaron novamente e preferia nunca mais trabalhar a ajudá-lo a ganhar um único centavo.


17

A

lex se apoiou na parede enquanto descia as escadas para o escritório. Toda a calma que fingira ao longo do dia desapareceu de súbito. Gabe não tinha dito uma palavra sobre a traição. Ele lamentava por não conhecer Emma e só. Ela supôs que, como ele não sabia que ela sabia sobre Lesley, Gabe não via motivo para pedir desculpas. Talvez tenha pensado que, porque haviam terminado, não contava como traição. Sentindo como se uma lança tivesse atravessado o seu coração, Alex correu até o escritório e bateu a porta. Ela pegou o celular e apertou a discagem rápida para Jen. Tocou uma vez antes de Jen atender. — Eu estava me perguntando quanto tempo levaria para você ligar — Jen respondeu de onde parecia um bar lotado. — Você está na rua? — Sim, mas espera aí. Vou encontrar um lugar quieto. Alex pôde ouvir Jen andando por onde quer que estivesse. Havia copos tintilando e pessoas conversando. Alex andou de um lado para o outro no escritório, as meias deslizando um pouco no chão de madeira quando fazia curvas rápidas. De repente, ficou muito mais silencioso e uma porta se fechou. — Ok, consigo te ouvir agora. — Estou enlouquecendo, Jen. Estou perdendo a cabeça — Alex disparou, sentando na poltrona do escritório e tentando não


hiperventilar. — Respire fundo, Alex, coloque a cabeça entre as pernas, se precisar. — Já está aqui — Alex falou, sangue correndo para sua cabeça. — Sua mensagem não foi exatamente longa, mas você disse que ele apareceu e descobriu recentemente sobre Emma. Como isso é possível? — Aparentemente, Aaron, o empresário, estava tratando minhas cartas como cartas de fãs a serem mantidas longe. Gabe disse que encontrou todas as cartas no escritório do empresário e veio para cá assim que conseguiu comprar uma passagem. — Uau — Jen respondeu, dando um assobio baixo. — Isso é intenso. Você acredita nele? — Sobre descobrir sobre Emma recentemente? Sim, acredito. Você deveria ter visto o jeito dele com ela. E o olhar em seu rosto quando a viu pela primeira vez. Estávamos no quintal fazendo uma guerra de água e ele apareceu do nada. Quando ele a viu... — Alex soltou um suspiro profundo. — Jen, ele ficou... não sei como explicar. Ele a olhou como se ela fosse a lua e as estrelas. Não acho que poderia ter fingido o jeito que agiu com ela. — Isso é bom. É bom que ele tenha querido vê-la e tenha vindo ver vocês duas assim que descobriu. — É bom, mas também é assustador. — Eu entendo, e agora? — Ele vai ficar aqui durante a semana. Ele está lá em cima no quarto de hóspedes enquanto conversamos. — Sério? — Jen perguntou, surpresa. — E você acha que é uma boa ideia? — Sim, acho que é uma boa ideia. É melhor do que ele ir a um hotel e todo mundo descobrir que uma celebridade está aqui. As pessoas começariam a fazer perguntas. — Uma ideia tão boa que você me ligou à beira de um ataque de pânico? — Jen indagou. — Jen, o que mais eu ia fazer? — Diga a ele que você arranjaria um acordo de custódia com o qual os dois concordariam e que ele deveria entrar em contato com


o seu advogado. — Você não o viu com ela. Isso não teria dado certo. Depois que ele viu Emma e ela o viu, eu soube que eles precisavam passar esse tempo juntos. “— Como você vai lidar com ele estando aí a semana inteira? Eu sei que vocês dois têm alguns problemas não resolvidos. — Isso é eufemismo. Ele não sabe que sei sobre a traição. Ele está aqui por Emma e, se continuar dessa maneira, ficaremos bem. Não acho que ele pense que qualquer coisa vai acontecer entre nós. — Você acredita mesmo nisso? Alex, não pode estar falando sério. — É isso que vou manter em mente e vou me certificar de mantê-lo na linha se ele tentar fazer disso algo sobre nós dois. Não vou me tornar a minha mãe. Não vou ficar com um traidor como ela. Mas não é disso que se trata agora. É sobre ele e Emma. — Alex, você não é nada como a sua mãe. Nem pense nisso por um minuto. Não importa o que aconteça com Gabe, você nunca poderia ser aquela mulher. Alex soltou o ar que estava segurando desde que trouxera sua mãe à conversa. O pensamento de ficar com um traidor azedava seu estômago, não importava o quanto ainda se importasse com Gabe. Era uma promessa que ela havia feito a si mesma muito tempo atrás. — Você pensou em custódia? Visitação? Coisas assim? — Não, nem tocamos nesse assunto. Gabe vai para a Escócia daqui a uma semana. Ele quer que Emma vá junto. Ele quer que eu e Emma vamos com ele. — Como você se sente sobre isso? — Eu não sei! Emma ficaria animada. Ela já é a garotinha do papai depois de só uma tarde e sei que ficar longe dele logo depois de conhecê-lo seria difícil para ela. Mas não sei se consigo lidar com isso tão cedo. E se ele começar a falar sobre custódia e visitação? — Você ainda tem os papéis de custódia que me mandou redigir alguns anos atrás? Alex abriu a gaveta de baixo da mesa e empurrou algumas coisas para o lado antes de chegar ao grande envelope pardo. Com


a questão do dinheiro e no que isso dizia respeito à custódia de Emma e como poderiam acabar no tribunal, ela sabia que teria que conversar com ele em breve. Ela pedira para redigir o documento quando tinha medo de Gabe voltar à sua vida e tentar tirar Emma dela. Ao longo dos anos, esse medo havia diminuído, mas ela estava feliz por ter os papéis lá, como uma proteção. Ele sabia sobre o dinheiro? Fora a única coisa que manteve ela e Emma fora das ruas quando Alex foi embora de LA e trabalhou para terminar a faculdade. Saber que o dinheiro não tinha vindo dele, mas provavelmente de Aaron, tornava as coisas ainda mais difíceis. A cláusula de não-contato que ela havia assumido ser dele também tornava as coisas mais difíceis. Jen repreendeu-a por assiná-lo inicialmente, mas o dinheiro fora muito bom para Alex e Emma. Jen finalmente cedeu e admitiu que tinha sido uma boa decisão. — Olá? Terra chamando Alex — Jen falou pelo celular. — Desculpe, o que disse? — Perguntei como vai lidar com a proximidade com Gabe durante a semana. — Ainda não sei e vamos ver como será a semana, para decidir sobre a Escócia. Não sei como Emma vai reagir a tê-lo aqui durante a semana. E ela termina a escola na sexta-feira, então não atrapalharia se ela fosse. — Tenho certeza que Emma vai ficar bem; estou mais preocupada com você. Como vai lidar com isso? Estar perto de Gabe? Eu sei que, mesmo com tudo o que aconteceu, você ainda se importa com ele. Não quero vê-la se machucar de novo. — Eu sei, nem eu. Só tenho que me lembrar que ele está aqui por Emma e ser um bom pai para ela não significa que seria um bom namorado para mim. Ele provou isso de muitas maneiras. Vou tomar cuidado e garantir que não vou cair de novo nessa armadilha. — Ok, me ligue se precisar que eu revise a papelada ou se precisar conversar. Vou estar no escritório por algumas horas depois que sair daqui e um pouco amanhã. — Jen! É final de semana.


— Não há descanso para os exaustos — ela suspirou. — Mas não se preocupe, vou sair hoje à noite para tomar umas bebidas com algumas pessoas. E não serei Jen, a advogada entediante, serei Jen, a bêbada. Alex soltou uma risada. — Fico feliz em saber que você ainda deixa Jen, a bêbada aparecer de vez em quando. — No fundo, uma porta se abriu e alguém começou a falar com Jen em voz alta. — Um segundo — Jen disse, houve uma troca curta e abafada e Jen voltou. — Tenho que deixá-la aparecer de vez em quando ou ela tenta tomar as rédeas da Jen advogada e me causa problemas. Cuide-se, Alex, e me ligue se precisar de alguma coisa. — Vou ligar, e mal posso esperar para ouvir sobre a noite de Jen, a bêbada. Tenho certeza de que será épica. — Espero que sim. Tchau, Alex. — Tchau, Jen — Alex respondeu, terminando a ligação.


18

O

dia anterior havia terminado sem intercorrências, pelo menos em comparação à primeira metade do dia. Emma acordou depois do cochilo, os três jogaram jogos de tabuleiro, foram passear e depois jantaram. Papai, qual é a sua comida favorita? — Eu diria que são panquecas. Mais especificamente, as panquecas da sua mãe — Gabe respondeu, lançando um olhar intenso para Alex. — Eu também! Eu também! Eu amo as panquecas da mamãe. Nós só comemos elas em dias especiais. E ontem foi um dia super especial — Emma comentou, saltitando na cadeira. — Foi mesmo, Emma. — Qual é a sua cor favorita? — Emma perguntou com a boca cheia. — Emma, por favor, você sabe que não deve falar com a boca cheia. — Desculpe, mamãe — ela respondeu depois de engolir a comida. — Minha cor favorita é verde. — A minha é roxo. Você vai embora de novo, papai? A pergunta dela paralisou Gabe e Alex com os garfos a caminho da boca.


— Vou passar a semana toda com você, Emma. Posso te levar para a escola e te buscar. Mas tenho que ir trabalhar no fim da semana, então talvez não possamos nos ver muito quando eu estiver trabalhando. — Mas não quero que vá embora. Quero te ver todos os dias. Não é justo. Eu nunca tive um papai, você não pode ir embora de novo. — O lábio inferior dela tremeu. O buraco cresceu no estômago de Gabe e o momento que ele esperava não ter que ter com ela já havia chegado. — Emma, prometo que poderemos conversar o quanto você quiser e estarei aqui o mais frequentemente possível. — Mas eu quero você aqui o tempo todo, morando com a gente — Emma gemeu. — Emma, amor, lembra quando conversamos sobre os diferentes tipos de famílias? Nós falamos sobre como nem todo mundo vive com a família junta o tempo todo. Lembra disso? — Mas por que não? Por que não podemos ser uma família que fica junta o tempo todo? — Não é tão fácil, Emma, nós somos uma família e isso é o mais importante, ok? E seu pai e eu faremos tudo o que pudermos para garantir que você o veja o máximo que puder. Ok? — Tudo bem — Emma concordou tristemente. Os dois colocaram Emma na cama. Aparentemente, a emoção do dia havia atingido-a e ela só pediu dois livros naquela noite em vez de tentar negociar mais, como Alex tinha dito que Emma sempre fazia. — Você vai estar aqui quando eu acordar amanhã, né, papai? — Emma perguntou, olhando para Gabe com olhos tão grandes e inocentes que quase partiu o coração dele pela metade. Ele se ajoelhou e deu-lhe outro beijo na cabeça. — Claro que sim, Emma. Estarei aqui a semana inteira. Estarei aqui quando você acordar. — Ela assentiu com a cabeça e rolou para o lado. A pergunta de Emma reforçou o desejo de Gabe de levá-las com ele para a Escócia. Ele não queria que Emma pensasse que ele simplesmente desapareceria.


Gabe podia jurar que Alex enxugou uma lágrima dos olhos, apagou a luz e eles desceram as escadas. Gabe fez questão de ajudá-la com a louça daquela vez. Eles estabeleceram um silêncio tranquilo e agradável enquanto realizavam o trabalho. A faísca que zumbia por Gabe sempre que estava perto de Alex ganhou vida. Era difícil pensar direito quando ela estava por perto. Depois que limparam o resto do jantar, Alex pediu licença para ir ao escritório. Gabe imaginou que ela provavelmente se foi para evitá-lo, não que a culpasse. Não esperava que o choque passasse depois de um dia. Subindo as escadas, ele se deitou e ligou o laptop. Tinha uma enxurrada de emails de Aaron, da assistente de Aaron e alguns outros. Ele excluiu tudo de Aaron e estava enviando um e-mail para o assistente sobre o planejamento para a Escócia quando olhou para cima e viu Alex. — Nós vamos — Alex sussurrou tão suavemente que Gabe quase não a ouviu. Ela estava parada na porta do quarto, rígida como uma estátua. — Desculpe, o quê? — Ele perguntou, sentando na cama para garantir que iria ouvi-la corretamente. — Eu disse que vamos. Conversei com o pessoal do trabalho e posso tirar uma folga e fazer trabalho remoto, se necessário. Então, podemos ficar um pouco lá. Talvez três semanas, mais ou menos. — Alex, não sei o que dizer! Obrigado! — Ele exclamou, exaltado por poder colocar Emma na cama todas as noites e não precisar ficar longe dela. — Não sabe o quanto isso significa para mim. Podemos contar para Emma de manhã? Alex assentiu e se encostou no batente da porta. Há algumas coisas que vai precisar providenciar para facilitar as coisas quando estivermos lá. — Claro, qualquer coisa — Gabe respondeu, balançando a cabeça enfaticamente. Ele colocou o computador no colo para adicionar os itens ao e-mail que já estava enviando. — Provavelmente seria melhor se pudéssemos ficar em uma casa em vez de um hotel. Um lugar onde Emma pode ter o próprio quarto e um quintal para brincar. Sei que você estará muito no set,


então um lugar perto de um parque ou de outros lugares para ela brincar seria o ideal. — Sim, ótimas sugestões, vou garantir que esteja tudo preparado. — Se tiver alguém para obter informações sobre aulas e atividades infantis na área, também ajudaria. Ela é uma bola de energia e tenho certeza de que há coisas legais que podemos fazer enquanto estivermos lá. — Perfeito. Vou me certificar de que esteja tudo pronto antes mesmo de irmos. Vou arrumar uma casa com três quartos... Alex interrompeu-o: — Três quartos? — Sim, um para mim, um para você e um para Emma. — Pensei que seria só eu e Emma. — Alex, parte da razão pela qual quero que venham comigo é para que eu possa passar o tempo que puder com você, com Emma. Quero estar lá para colocá-la na cama e no café da manhã. Quero estar lá em todos os momentos que não estiver trabalhando — ele disse, balançando as pernas ao lado da cama. — Certo. Faz sentido. Três quartos vão funcionar — ela comentou, dando-lhe um sorriso forçado. — Você vai me dizer o que precisamos levar? — Se tiver passaporte, posso cuidar do resto. Leve algumas coisas que ela gosta de deixar no quarto, mas, de qualquer forma, cuidaremos de tudo. — Ok, obrigada, Gabe. Tenho certeza que ela vai se divertir enquanto estivermos lá. — Vocês duas vão; vou me certificar disso. Posso arranjar tudo de que você precisa para ajudar no trabalho e essas coisas. — Se tiver um escritório e Wi-Fi confiável, ficarei bem. — Alex hesitou e Gabe começou a se levantar. — Boa noite, Gabe — ela falou antes de sair e entrar em seu quarto. A porta do quarto dela se fechou e ele caiu na cama. Isso poderia ter ido melhor, mas pelo menos elas iriam com ele para a Escócia. Isso daria a Gabe mais tempo com Emma e mais tempo para mostrar à Alex o quanto ela significava para ele. Gabe precisava que ela visse que ele estava falando sério sobre ficarem


juntos porque, se ela não acreditasse, eles nunca seriam uma família.

Alex olhou para o teto do quarto e as pancadas e barulhos de Gabe se movendo no quarto de hóspedes atravessaram as paredes. A decisão de ir para a Escócia havia sido difícil. De certa forma, ela desejava que Emma não tivesse se deixado levar por Gabe tão rapidamente – isso teria tornado a escolha mais fácil –, mas a cada minuto que Emma não estava com ele, ela falava sobre ele. Ser carregada nas costas, empurrar o balanço, tirar uma soneca no peito dele; Emma não poderia ser afastada do pai. Ir para a Escócia ajudaria-os a se conectar ainda mais e, talvez, Alex pensaria em deixar Emma visitar mais cedo do que pretendia inicialmente. Ela esperava que fosse a escolha certa. Para Emma, era uma decisão fácil, para Alex, era mais difícil. Estar tão perto dele estava estragando sua decisão de ficar longe e de não se envolver de novo. Fazia menos de quarenta e oito horas e Alex já imaginava os braços dele ao seu redor. Batendo as mãos na cabeça, ela se odiou por sequer pensar nisso. Ele a traiu. Ela havia decidido nunca ficar com um traidor. Alex tinha que se valorizar mais do que isso; se não o fizesse, poderia voltar a morar com a mãe e se tornar o clone daquela mulher. Ela tinha que ser forte ou acabaria se destruindo. Ir para a Escócia seria um verdadeiro teste de sua capacidade de resistir a ele. Ela não sabia se conseguia e, mais importante, não sabia se queria, mas mais do que seu auto-respeito estava em jogo quando se tratava dele.


19

A

semana voou e Alex tinha que admitir que gostava de ter Gabe por perto. Ele acordava feliz e bem cedo com Emma todas as manhãs. Ela ficava tão animada com ele levando-a até a escola que levantava antes do sol e se vestia no escuro. Alex ficou preocupada que, mesmo usando boné de beisebol e óculos escuros, ele chamasse atenção, e certamente chamava. Embora as outras mães não pudessem ver seu rosto muito bem, era difícil não notar sua altura e corpo musculoso, especialmente no momento de deixar as crianças na escola, quando todo mundo via todo mundo. Vestindo sua roupa misteriosa, Gabe podia levar Emma com Alex sem muitas perguntas. Para as perguntas que recebeu, Alex disse às pessoas que ele era o pai de Emma e estava na cidade para uma visita. Houve alguns olhares chocados, mas ninguém foi intrometido demais. Ela tinha certeza de que todos estavam falando sobre ela pelas costas, mas não se importava muito. O maior problema que ocupava seus dias era o que fazer quando Emma não estava presente como reserva. Gabe arruinava o equilíbrio dela. Embora Alex trabalhasse de casa algumas vezes por semana, ela se viu no escritório quase todos os dias, como um refúgio dentro de casa, sentindo que ele monitorava todos os seus movimentos. Gabe praticamente se estabeleceu no escritório dela, mesmo que houvesse uma mesa no quarto de hóspedes. Ele também


encontrava qualquer chance de tocá-la quando estavam sozinhos. Fosse um carinho nela quando se esticava para pegar alguma coisa ou não se afastar quando andavam juntos pelo corredor. Ela até se encolheu no canto do corredor quando ele saiu do chuveiro com uma toalha enrolada na cintura. Alex jurou que suas pernas viraram gelatina quando colocou a mão na parede para se firmar. Gabe se desculpou, entrando no quarto de hóspedes com a água brilhando em seu corpo e músculos contraindo enquanto ajustava a toalha. Alex nem percebeu que estava paralisada e encarando até ele dar uma piscadela e fechar a porta bem na cara dela. Ela se certificara de ficar no escritório naquele dia e no seguinte, parcialmente para conter seu constrangimento. Se Alex estava no escritório, Gabe buscava Emma por conta própria. Quando chegava em casa, ela contava histórias de sua ida para tomar sorvete, ou de Gabe empurrando-a no balanço quase até o céu. Emma estava radiante todos os dias e, por isso, Alex sabia que ir à Escócia era a escolha certa. Talvez não fosse a escolha certa para ela, mas para Emma era bem óbvio. O único problema que tiveram durante a semana foi um dia em que Alex chegou em casa mais cedo do trabalho. A princípio, ela pensou que talvez Gabe tivesse saído, mas surgiu uma voz alterada vinda do escritório. A porta estava entreaberta e ele gritava. — Se pensa por um maldito minuto que vai receber outro centavo meu, está enganado! Vai ter sorte se eu não te matar no minuto em que te ver — ele rugiu. Alex abriu a porta um pouco mais. Ele estava no escritório andando de um lado para o outro e puxando os cabelos, o celular no ouvido. — Não ligo para a sua desculpa. Você manteve minha filha longe de mim por seis anos e Alex longe por mais tempo ainda. Não me ligue de novo. E nem pense em me ligar de outro número. Falo com você pelos meus advogados. Ela pôde ouvir vozes elevadas do outro lado da linha, mas não conseguia entender o que estava sendo dito. — Vou arranjar meus próprios advogados, Aaron. Não ligo. Veremos. Vou garantir que nunca mais trabalhe para outro cliente. Não entre em contato comigo de novo. — Gabe jogou o


celular no chão com tanta força que a tela quebrou. Ele o pegou e xingou. Alex bateu na porta para avisá-lo de sua presença. Gabriel virou-se com os olhos arregalados. — Desculpe, não quis bisbilhotar, mas ouvi gritos e só queria ter certeza de que estava tudo bem. Ele abaixou a cabeça, sacudindo-a. — Me desculpe, Alex. Não quis fazer barulho. Tudo bem. Queria ter certeza de que você estava bem. — Tão bem quanto posso estar depois de perceber que deixei uma cobra mandar na minha vida pelos últimos sete anos. — Então, Aaron fez mais do que manter o conhecimento da existência de Emma de você? — Isso supera tudo de longe e torna todo o resto irrelevante em comparação — ele respondeu solenemente. — Se quiser conversar sobre isso, temos uns vinte minutos até precisarmos buscar Emma. Podemos dar uma caminhada — Alex ofereceu. Ele olhou para ela e deu um pequeno sorriso. — Claro, parece bom. Eles começaram a caminhada até a escola em silêncio. O ar quente do final da primavera preenchido por sons animados do bairro. Os pássaros voavam e uma brisa quente passava por eles. — Eu sabia desde o início que Aaron só pensava nele mesmo, mas sempre achei que também estava do meu lado — começou Gabe. — Ele também estava começando quando entrei no Stargazer. Eu era o primeiro cliente grande dele em um filme importante, então pensei que éramos uma boa dupla. Navegando pelo mundo juntos. O primeiro indicativo que eu deveria ter previsto foi a cláusula de relacionamento no contrato de franquia do Stargazer — contou, parando e olhando para o céu. Alex parou ao lado dele enquanto ele parecia reunir os pensamentos. — Aquela porra de contrato. Que bagunça! — Ele resmungou, voltando a andar. — Aaron me disse que a produtora poderia me processar em milhões de dólares se eu desistisse do contrato por causa da cláusula de relacionamento. O estômago dela se revirou ao pensar naquele contrato do Stargazer. Ela sabia que ele concordara, mas nunca entendeu o


porquê. — Eles teriam te processado em milhões? — Foi o que Aaron disse. Eu não fazia ideia de como ler contratos naquela época. Quando falei que de jeito nenhum, que estava em um relacionamento com você e que não faria isso, ele contou da ação judicial. Disse que me processariam por quebra de contrato e eu ficaria na corda bamba por milhões. Como eu era idiota — ele disse, as mãos em punhos ao lado do corpo. — Então, não estava no contrato? — Acontece que foi uma sugestão da produtora e Aaron decidiu concordar e insistir nela. Ele disse que aumentaria minha visibilidade. Consequentemente, aumentaria a visibilidade dele — Gabe contou, dando uma risada cruel e balançando a cabeça. — Então, foi por isso que você concordou — ela concluiu, finalmente percebendo o que não tinha naquela época. Gabe parou abruptamente, parando na frente de Alex e colocando as mãos nos braços dela. — Eu nunca teria concordado sob circunstâncias normais. Eu disse não a ele. Falei “não” para fingir que estava em um relacionamento com Lesley — ele falou, fitando os olhos dela. Um arrepio correu pela coluna de Alex ao pensar em Gabe e Lesley juntos. Tantos dominós se acumulavam e estavam prontos para cair por causa de ganância. — Mas depois que ele me contou sobre os danos que eu teria que pagar, não tive escolha — acrescentou com um suspiro, quebrando o contato visual e tirando as mãos dos braços dela. — Por que não me contou? — Ela indagou, tentando olhá-lo nos olhos de novo. — Não tivemos exatamente uma boa conversa sobre o que estava acontecendo. Você ficou triste. Completa e totalmente triste, e com razão, e eu continuei tentando descobrir uma maneira de fazer dar certo. Tentei descobrir como poderia fazer as duas coisas, não ser processado e não ter que esconder estar com você, mas não consegui. — Se tivesse me dito, eu teria entendido — Alex retrucou, a voz subindo uma oitava. — Se tivesse me dito, eu não teria ido embora. Você não teria... — ela se interrompeu no meio da frase, não


querendo falar sobre Lesley. Isso levaria a uma conversa ainda mais desagradável e estava quase na hora de buscar Emma. — Eu não teria o quê? — Nada. Não é nada. O que vai fazer com Aaron? — Ela perguntou, chutando uma pedra na calçada. — Vou ter que procurar um advogado e descobrir como desfazer o contrato de gestão. Tem validade de mais cinco anos e de jeito nenhum ele vai receber outro centavo meu. Ele tem sorte de eu não quebrar a merda dos dentes dele depois do que fez. Mas tenho certeza que Aaron adoraria isso. O canalha tentaria me processar por danos e ganhar um pouco mais de dinheiro — ele disse com os dentes cerrados. — Alex — chamou, virando-se para ela quando estavam na cerca da escola, esperando o sinal tocar. — Sinto muito pelo que aconteceu no quarto de hotel. Me desculpe por não te contar tudo. Fiquei tão empolgado com a franquia. Não podia acreditar que seria minha grande estreia e, por algum motivo estúpido, pensei que você concordaria com as mentiras em relação ao meu status de relacionamento. Foi um erro do qual tenho me arrependido quase todos os dias e, se houvesse uma maneira de voltar e mudar, eu voltaria. — Obrigada pelo pedido de desculpas, Gabe, mas é só por isso que está se desculpando? — Tem mais alguma coisa? Antes que Alex pudesse dizer mais alguma coisa, o sinal tocou e professores saíram com suas classes de alunos para entregá-los aos pais. Emma correu até eles imediatamente. Gabe se agachou, abriu os braços e Emma gritou e saltitou, se jogando nos braços dele. Ele a pegou e a girou. — Como está minha garotinha? — Ele perguntou, puxando-a para perto e cobrindo seu rosto com beijos. — Papai! — Ela riu, tentando fugir dos beijos dele. O buraco azedo no estômago de Alex diminuiu um pouco ao ver os dois juntos. Ele seria um ótimo pai. O que quer que tivesse acontecido entre eles, pelo menos tinham isso.


20

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lex continuava a mantê-lo à distância e isso estava deixando Gabe um pouco louco. Havia momentos em que pareciam prestes a se reconectar e, então, ela recuava e fugia. Ele esperava que o tempo na Escócia ajudasse a aproximálos. Quanto mais tempo passava com Emma, mais pontadas sentia no coração ao pensar em não estar com ela todos os dias. Buscá-la na escola era provavelmente uma das melhores partes do seu dia. Quando ela corria até ele e pulava em seus braços, Gabe sentia que podia fazer qualquer coisa. Ele era seu super-herói, como evidenciado por ela ao fazê-lo recitar falas de uma de suas franquias mais populares lançada há pouco tempo. Se estava brincando de esconde-esconde, lendo uma história para dormir ou carregando-a nas costas, o buraco em seu coração que ele nem sabia que estava lá era preenchido e transbordava. O cansaço tenso que o dominara ultimamente foi afastado no minuto em que viu aquelas duas. Eles partiriam para a Escócia pela manhã e Gabe mal podia esperar para Emma ver de perto o que ele fazia. Ele sabia que ela ficaria agitada no set. Alex era um quebra-cabeça que ele ainda tentava resolver. Gabe planejara algumas surpresas para o tempo que passariam lá que esperava que mostrassem a ela o quanto


Gabe ainda se importava com ela. Ele esperava que Alex ainda se importasse com ele também. Os olhares fugazes e toques gentis que Gabe havia conseguido roubar dela estavam deixando-o louco. Ele sabia o quão bom podiam ser juntos e queria recapturar isso. Eles colocaram Emma na cama cedo para que ela não ficasse muito irritadiça durante o vôo pela manhã. Agora era a vez de Gabe de se preparar para a viagem. Arrumando as últimas coisas, ele olhou para cima e Alex estava parada na porta. — Por que está aí fora? — Ele gesticulou para ela entrar. Ela hesitou antes de entrar e sentar no pé da cama. Ele colocou os cabos e outros eletrônicos que faltavam na mala. — Está tudo pronto para a Escócia? Você precisa de outras informações de mim antes de irmos? — Ela indagou, dando um sorriso de lado. Gabe havia interrogado-a sobre tudo que pudessem precisar enquanto estivessem na Escócia. Perguntou sobre as comidas que elas gostavam, até sobre detergente. “É só dizer”, disse. Ele perguntara sobre detergente para garantir que a casa estivesse estocada de coisas familiares para tornar o tempo delas lá mais agradável. Embora o plano original fosse que Alex e Emma ficassem na Escócia por duas semanas, ele esperava poder convencê-la a permanecer durante o verão, especialmente se o emprego dela aceitasse que ela trabalhasse remotamente. — Eu estava pensando — ela começou, mordendo o lábio inferior. Ele se concentrou nos lábios dela e teve que conter um gemido. Eram tão incrivelmente beijáveis. Gabe não queria mais nada além de deslizar o polegar sobre eles antes de beijá-la. Talvez percebendo o olhar dele, ela limpou a garganta e continuou: — Por que não tratamos essa viagem como um recomeço? — Ela estava olhando para as próprias mãos, a perna balançando. — Um recomeço? — Sim — ela disse, a perna ainda balançando. — Vamos para a Escócia como uma folha em branco. Tentar deixar para trás o que aconteceu e seguir em frente na viagem como uma família — acrescentou, olhando para ele com incerteza nos olhos. O coração de Gabe deu um pulo. Era exatamente o que ele queria, o que ele


esperava, e Alex tinha acabado de entrar e derrubado isso no colo dele. Ele se viu assentindo vigorosamente. — Eu gostaria muito disso. Acho que é uma ótima ideia — ele respondeu, levantando-se e indo na direção de Alex. Ele se ajoelhou diante dela e ela respirou fundo. — Sei que tenho muito o que compensar e muito tempo perdido, mas quero fazer isso com Emma e com você. Acho que um recomeço soa como uma ideia maravilhosa e prometo que farei tudo o que puder para tornar esta a melhor viagem para vocês duas. Ele pegou as mãos dela e as levou aos lábios, beijando-as e respirando seu perfume.

Alex encarou-o ajoelhado diante dela e soube que era a decisão certa. Seu coração acelerou ao tê-lo tão perto e as mãos de Gabe eram tão macias, mas fortes, nas dela. Ele queria que isso desse certo tanto quanto ela. Ela estava tentando cooperar com ele pelo bem de Emma e seu tempo na Escócia. Ela nunca havia permitido que a raiva e o fogo da traição dele devorassem completamente seu coração, porque sabia que, se deixasse, não seria capaz de olhar para sua garotinha todos os dias e sentir alegria absoluta. Ela afastou a voz irritante gritando que Alex estava se transformando na mãe. Ela queria afogar aquela voz. Ela não era sua mãe, não seria sua mãe; ela poderia lidar com Gabe e iria embora se corresse risco de se perder. Aquela pequena voz no fundo de sua mente lhe disse que o recomeço também assegurava que ela poderia fingir que ele não dormiu com Lesley somente algumas horas depois que ela havia partido. Afastando-o, ela fitou os olhos dele e esperou que pudesse ser um novo começo para todos eles. Ela sabia que havia um risco e seu coração estava em jogo ao fazer isso, mas durante o tempo que passou com ele, ele parecia diferente. Ela também estava com medo de conversar sobre o que ele havia feito. Então, adiar e afastar de sua mente parecia uma boa ideia naquele momento. Eles poderiam seguir em frente e começar de novo e os dois poderiam estar lá para Emma.


Naquela noite, houve um turbilhão de malas e arranjos de última hora. Um vizinho pegaria a correspondência dela e eles pagariam ao garoto do bairro que aparava a grama. Alex estava no escritório, guardando o computador, os cabos e outros acessórios de trabalho na bolsa de trabalho. Ela abriu a gaveta de baixo, o grande envelope com os papéis de custódia encarando-a. Hesitando por um segundo, seus dedos roçaram o envelope antes de fechar a gaveta. Quase na porta, ela parou por um segundo antes de voltar para a gaveta e agarrá-los. Ela correu para o quarto e sentou na cama com suas coisas. Guardando os itens na mala grande sobre a cama, o grande envelope de custódia a encarava. Alex pegou os papéis e os folheou. Quando pedira para serem redigidos, estava com medo e raiva. Agora, vendo-os, especialmente depois da semana que eles tiveram, nunca poderia tentar usá-los contra Gabe ou fazer isso com Emma. — Alex — Gabe chamou, batendo na porta. Ela enfiou rapidamente os papéis de volta no envelope e os jogou na mala, fechando-a. — Sim, Gabe. Do que precisa? — Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ele parou por um segundo e olhou para a mala dela. Alex parou na frente dela e sentou na cama para bloquear a mala de vista. — Eu queria ver se você precisava de ajuda com suas malas? Estava pensando em colocar tudo no carro hoje à noite para que possamos pegar a estrada bem cedo. Ainda preciso devolver o carro alugado antes de partirmos. — Claro, seria ótimo! Vou me apressar e arrumar tudo e posso levá-las para o andar de baixo. Você não precisa levá-las. Eu posso fazer isso — ela respondeu antes de se virar para começar a colocar as roupas e produtos de higiene pessoal na maleta. Gabe continuou parado na porta, então ela não pôde pegar o envelope; em vez disso, colocou tudo em cima dos documentos, escondendo-os. Levou somente alguns minutos para arrumar tudo, pois estava tudo pronto para ser guardado. Conversando com Gabe sobre


algumas das coisas que já haviam sido planejadas, Alex ficou empolgada com a viagem e esperava que fosse um ótimo começo para eles. Tirando os papéis da cabeça, ela fechou a mala e entregou a ele. Ele a pegou e desceu as escadas. A porta da frente se abriu e fechou e ela caiu de volta na cama. Com as mãos cruzadas no estômago, ela pensou no que essa viagem poderia significar para eles e esperava que, quando voltassem, seria um novo capítulo para todos.


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viagem até a Escócia foi menos agitada do que Alex pensava que seria. Ela nunca havia tirado férias internacionais com Emma, mas era uma lutadora. Emma ficou animada ao ver os aviões decolarem e pousarem pelas janelas do chão ao teto quando estavam no terminal. Tudo já estava pronto quando chegaram ao aeroporto. Havia uma escolta para ajudá-los no check-in e eles passaram sem problemas pela segurança. Eles ficaram no salão e esperaram o voo. Gabe teve que atender algumas ligações e pediu licença para ir a uma área de reuniões. Emma desfrutou da pequena área de recreação no salão e fez amizade com as outras crianças pequenas que brincavam lá. Que mundo diferente. Não havia necessidade de colocar a perna ao redor da mala, com medo de que alguém tentasse roubá-la. Alex não teve que passar horas andando pelo terminal tentando encontrar assentos juntos e, o mais importante, os banheiros eram limpos. Se pudesse viajar assim o tempo todo, não reclamaria nunca. Alex espiou Gabe no celular através da parede de vidro da sala de reuniões. Não parecia uma boa ligação. Ela pôde ver as veias do lado do pescoço dele saltando e ele gesticulou com os braços enfaticamente. Ele gritou no celular antes de terminar a ligação, passando os dedos pelo cabelo, puxando-o. Seus fios apontavam para cima em ângulos estranhos quando ele voltou.


Erguendo a mão, ela hesitou e ele lançou-lhe um olhar interrogativo. Ela passou a mão pelos cabelos dele, alisando os fios em pé. — Seu cabelo estava todo bagunçado — ela explicou suavemente, terminando de arrumá-lo. — Ah, certo. Obrigado. Ele deu um sorriso que não alcançou seus olhos. — Ligação difícil? — Pode-se dizer que sim. É coisa do contrato. Preciso resolver algumas coisas e está se mostrando mais difícil do que eu esperava. Mas não se preocupe, estou aqui com minhas duas garotas e é tudo o que importa. — Ele se animou e seu sorriso iluminou todo o rosto. — O que acha até agora? — Gabe olhou ao redor da sala e viu Emma pendurada de cabeça para baixo no escorregador. — Não acho que Emma vai querer viajar de outra maneira depois disso. Não tem a parte do estresse de voar. — Certamente — ele respondeu, sentando-se, descansando as mãos atrás da cabeça e colocando os pés em cima da mesa. — Você se acostumou? — Na maior parte, o que é péssimo. Lembro de ficar tão animado para brincar com os botões e comer toda a comida do avião. Agora se tornou um pouco comum, mas ver o quanto Emma está se divertindo vai me ajudar a lembrar o quão incrível é esse tipo de coisa. Emma e você. Espero que também goste dessa viagem. — Também espero. Uma vez no avião, Emma se divertiu brincando com botões e controles, como Gabe adivinhara, e Alex estava começando a temer a próxima viagem que teria que fazer com Emma na classe econômica. Emma estava claramente apaixonada pelo estilo de vida que seu pai poderia proporcionar. Uma pequena pontada atingiu Alex ao pensar que nunca seria capaz de fornecer as coisas ou experiências que ele poderia. Gabe pegou Emma e a colocou no colo. Ele começou a fazer cócegas nela e a risada dela preencheu a cabine praticamente vazia. Alex sabia que essa era a coisa mais importante que Gabe


poderia dar à Emma. O tempo dela com o pai. Isso era o mais importante. A cabine havia sido montada em uma configuração dois-doisdois com grandes assentos confortáveis. Gabe sentou-se com Emma e Alex tinha uma linha de assentos para si mesma. Ela olhou pela janela durante a decolagem. Olhando para cima quando estavam no ar, Emma já dormia. Gabe reclinou o assento dela até virar quase uma cama, pegou um dos cobertores macios, aconchegou-a e deu-lhe um beijo na testa. Parecia que a emoção de acordar bem cedo e andar pelo aeroporto era suficiente para acabar com ela, mesmo que parecesse que duraria horas. Ele atravessou o corredor e sentou-se no assento vazio ao lado de Alex. — Ela vai ter um jetlag muito ruim quando chegarmos à Escócia. — Alex olhou para Emma, que havia adormecido em seu assento. Pelo menos eram grandes o suficiente para ela fazer isso. Sim, da próxima vez que viajasse com ela na parte de trás do avião seria uma merda. — Sem problemas. Também sou péssimo em ajustar o fusohorário. Provavelmente estarei acordado quando ela levantar, de qualquer maneira. — Ele deu uma risada. — Fico mais do que feliz em lhe deixar cuidar dela enquanto está com jetlag — ela retrucou, apoiando-se no descanso compartilhado de braços. — Não me importo. Posso levá-la para um passeio gélido e nebuloso pela manhã em Edimburgo. — Gélido? É verão! — Você nunca esteve na Escócia. No meio do verão, você precisa de um suéter se estiver na sombra. Mas vai ser ótimo. Ela vai adorar, não vai sentir o frio. Pedi para deixarem roupas quentes na casa para vocês duas. — Não sei porque não verifiquei o tempo antes de sairmos. Presumi que estaria quente no meio do verão. Ela ficava completamente fora do seu elemento quando se tratava dele. Gabe nublava seu cérebro como nenhum outro homem. Alex era uma planejadora e a rapidez com que cedia para


ele estava começando a assustá-la. Deixá-lo cuidar das coisas era uma mudança agradável de sempre precisar estar no controle e lidar com qualquer problema que surgisse no caminho. Ela afastou o medo de ceder, concluiu que ele tinha experiência e que não havia nada de errado em deixar alguém experiente guiá-la. — Não se preocupe, eu te falei que cuidaria de tudo. E se precisar de mais alguma coisa, me avise e vou cuidar disso para você. — Obrigada, Gabe — ela agradeceu, dando-lhe o que pretendia ser um beijo na bochecha. Mas, naquele momento, ele virou a cabeça para perguntar algo e seus lábios se encontraram. Os olhos de Gabe se arregalaram e, quando o choque inicial passou, ele fechou os olhos. Alex prendeu a respiração e a faísca sempre presente quando ele estava por perto se transformou em uma queimação lenta e ardente em seu estômago. Talvez sentindo que ela não se opunha ao encontro acidental dos lábios, ele transformou-o em um beijo profundo. Alex arquejou quando ele tomou posse de sua boca e deu vários selinhos. Ela abriu a boca e passou a língua ao longo do lábio inferior dele. Ele soltou um gemido e prendeu a mão na nuca dela, puxando-a para mais perto e tentando devorar a boca dela. Alex quebrou o beijo e o encarou por um segundo, o peito arfando e ofegante. Ela olhou para os lábios dele antes de jogar a cautela ao vento e mergulhar de volta em sua boca para mais. Gabe tinha gosto de menta e seu próprio sabor. Os dois atacaram a boca um do outro como se não conseguissem se satisfazer. Ele deslizou os braços ao redor das costas dela e passou as mãos no espaço entre a blusa e o jeans dela. Estremecendo, Alex deslizou a mão pela lateral do rosto dele, raspando na barba da noite anterior que ele não tivera tempo de raspar naquela manhã. Estava roçando no rosto dela, arranhando-a, mas ela não se importou. Valeu a pena pelo que esse beijo fez com ela. Ela apertou as coxas, seu núcleo respondendo à atenção que sua boca recebia. Os dois estavam dando uns amassos como adolescentes até uma comissária de bordo pigarrear quando veio pegar os pedidos


de café da manhã. Alex sabia que suas bochechas ardiam em vermelho enquanto evitava contato visual com a comissária de bordo e murmurava algo que não estava no cardápio. Gabe reprimiu uma risada e Alex deu um soco no ombro dele antes de se virar para olhar pela janela. As chamas do constrangimento desapareceram lentamente e uma mimosa apareceu em sua linha de visão. Gabe estendeu o copo para ela. Alex o agarrou e esperou que ajudasse a reprimir parte do constrangimento que sentia. Gabe estendeu o próprio copo e propôs um brinde. — A novos começos. — Ele inclinou o copo na direção dela. — A novos começos — ela repetiu e bateu o copo no dele. Ela sorriu antes de tomar um gole da bebida.


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beijo no avião continuou repassando pela mente de Gabe durante o resto do vôo. Houve carícias de mãos, toques suaves nas bochechas de Alex e os dois pareciam muito mais confortáveis perto um do outro. Era como se o avião acionasse o interruptor que desligava as emoções dos dois e Gabe nunca havia estado tão feliz por elas concordarem em ir com ele. Ele faria dessa a viagem perfeita e o começo da vida de família deles. Eles tinham uma escala no JFK, onde Gabe carregou Emma a maior parte do tempo. A garotinha dele. Ele a carregaria o quanto ela permitisse. A cabeça dela descansando em seu ombro e os bracinhos em volta do pescoço dele o preencheram com uma satisfação e felicidade que ele nem sabia que era possível. E os olhares que Alex lançava para ele enquanto atravessavam o terminal o fizeram pensar que ela também gostava de ver Emma em seus braços. Ou talvez estivesse feliz por não ter que carregar uma criança de seis anos. Gabe sabia que Emma estava fazendo charme, mas ficava feliz de entrar no jogo. Eles chegaram em Edimburgo no início da tarde, foram liberados da imigração e pegaram as malas. Tinha uma pessoa para encontrá-los, ajudá-los com a bagagem e conduzi-los ao carro que os levaria ao local onde estavam hospedados. Alex quase teve um ataque cardíaco umas cinco vezes durante a viagem porque continuava esquecendo que eles dirigiam do outro lado da estrada


lá. Mais agradecida do que nunca por outra pessoa dirigir, ela sentou e relaxou. O carro parou diante de um pequeno chalé que parecia ter saído de um conto de fadas. Gabe soltou Emma da cadeirinha. Ele a ajudou a sair e deu a volta no veículo para pegar as malas. Alex saiu do outro lado e parou na frente da casa, absorvendo a paisagem. O motorista saiu e descarregou as malas da parte de trás do carro. Uma onda de prazer correu por Gabe com o olhar no rosto de Alex. Ele havia passado muito tempo procurando a casa perfeita. Seu assistente enviara mais de trinta casas antes de Gabe encontrar a ideal. Canteiros de flores silvestres ladeavam a calçada de pedra pavimentada da frente. O exterior de pedra era acentuado por pequenas janelas de vidro em ambos os lados da porta vermelha da frente. — É lindo — Alex disse, virando-se para ele por cima do teto do carro, um sorriso surgindo no rosto. Emma correu até os fundos quando eles começaram a recolher as malas com ajuda do motorista. — Emma, cuidado — ela avisou. Emma voltou correndo para a frente. — Mamãe, tem um balanço, que nem o que temos uma casa! — Emma disse, saltitando. Alex deu a Gabe um olhar acusador e ele deu de ombros. Ele pedira para instalarem um balanço no quintal e havia um enorme parque a poucos quarteirões da casa. Gabe havia apontado para ele quando passaram de carro. As gravações não começariam por mais alguns dias, então Gabe tinha alguns passeios planejados. Amanhã, iriam explorar a cidade. Ele havia providenciado uma aula de culinária infantil e, no dia seguinte, visitariam uma fábrica de vidro soprado. Também tinham planejado idas a museus para crianças e outras atividades. Seriam dias cheios de ação antes que o cronograma agitado de filmagens começasse. Gabe levantou o tapete de boas-vindas diante da porta e pegou uma chave; exatamente onde seu assistente dissera que estaria. Ele abriu a porta da frente e as deixou entrar na casa. Alex parou em frente à porta e observou o lugar. O motorista levou as malas até


a porta da frente e Gabe as carregou até a sala principal. O assistente dele estava surtando por não estar lá para ajudá-los a se estabelecerem, mas Gabe insistiu que ficariam bem por conta própria. Alex vagou pela sala de estar/jantar sem paredes divisórias, absorvendo tudo. Gabe esperava que ela gostasse da mistura de antigo e novo na casa. Vigas de madeira escuras, grossas e expostas percorriam o comprimento da sala de estar e contrastavam com o teto branco e o piso de madeira mais clara. Os móveis modernos e confortáveis tinham os detalhes em azul e verde que Alex tendia a favorecer. — Uau — Alex exclamou, atordoada, deslizando a bolsa pelo ombro e deixando-a cair no sofá. — É lindo — ela disse com admiração. — Eu te disse que cuidaria de tudo — Gabe respondeu, aproximando-se para lhe dar um abraço. Para seu alívio, ela o abraçou de volta. — E tem até uma cozinha totalmente equipada, que pode ter todos os ingredientes necessários para algumas panquecas, se quiser — Gabe sussurrou no ouvido dela.Ela riu e beliscou o lado dele. — Ai, o que foi isso? — Ele sorriu e cobriu o local onde ela o beliscou. — Já está me atormentando por panquecas e o jetlag nem me derrubou ainda! — Não pode culpar um cara por tentar. Gabe levantou as mãos em sinal de rendição. Emma entrou correndo pela porta de vidro que dava para o quintal. — Mamãe, papai, venham ver o quão alto meu balanço vai — Emma exclamou antes de correr de volta para fora. Alex começou a andar para o lado de fora e Gabe colocou a mão em seu braço. — Eu vou, por que não desempacota as suas coisas? Tome um banho. Tire uma soneca, se quiser. Seu quarto deve ser o primeiro à direita no topo da escada. O quarto de Emma fica em frente ao seu e o meu fica no final do corredor. — Ok, obrigada. Um banho é uma excelente ideia. — Alívio tomou conta do rosto dela.


— E posso dar banho em Emma mais tarde. Eu sei o quão sujo sempre me sinto depois de voar. — Nem me fale. Grite se precisar de mim. Um chuveiro e uma cama estão chamando meu nome lá em cima. Alex pegou suas malas e subiu as escadas. Ele a observou subir antes de sair da casa para ver Emma, que corria para olhar todos os brinquedos que ele havia providenciado. — Papai, papai, papai, olhe todos esses brinquedos! — Ela gritou. Parecia que dormir no avião ajudara Emma a se ajustar à diferença de fuso horário muito melhor do que Gabe esperava. Ele brincou com Emma durante quase uma hora antes de Alex descer e dizer a eles que era hora do almoço. Gabe suspirou aliviado antes de cair no sofá na sala de estar. Ele não percebeu que tinha cochilado até ela bater no ombro dele com um prato com sanduíche, batatas fritas e uma boa cerveja gelada. — Ah, desculpe. — Ele limpou os olhos e esfregou a mão no rosto. — Não quis cochilar. — Sem problema — ela respondeu com um sorriso, e estendeu o prato e a cerveja para ele. — Mas não posso dizer que essa não é uma ótima maneira de acordar — ele comentou, puxando-a para seu colo. Alex soltou uma risada e se virou para não derramar o prato ou a cerveja. — Emma desmaiou na mesa depois do almoço. Literalmente, deitou a cabeça na mesa e nem se mexeu. Levei-a para cima há pouco tempo. Alex virou-se para a mesinha de centro. Inclinando-se para frente, largou o prato e a cerveja. Quando ela fez isso, sua camisa subiu e as costas apareceram. Gabe não resistiu e deslizou a mão sob a blusa e pelas costas dela, acariciando os dedos ao longo da alça do sutiã. Ela se recostou em Gabe e passou os dedos no cabelo dele. Um arrepio percorreu a espinha de Gabe e, naquele momento, ele se sentiu um pouco mais leve. Eles não haviam conversado sobre o beijo, mas ele ficava feliz que as coisas não voltaram a ser estranhas entre os dois. Alex se inclinou para ele e passou os dedos pelos seus cabelos, depois seguiu pela bochecha.


— Queria agradecer por tudo que fez para nos trazer aqui. O vôo, a casa, o balanço! É mais do que eu poderia querer e com certeza fez o verão de Emma. — Só o de Emma? — Ele indagou, estendendo a mão e colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. A mecha escapou imediatamente e Gabe não pôde deixar de soltar uma pequena risada. — Não só o de Emma. E sobre o beijo... — Gabe puxou-a pela nuca antes que ela pudesse completar o pensamento. Ele não deixaria que ela pensasse duas vezes, não depois de quão longe haviam chegado. As mãos dele encontraram a barra inferior da blusa dela e deslizaram pelas costas nuas. Os arrepios na pele de Alex o informaram que ela era tão afetada por ele quanto ele por ela. As mãos dela descansaram no peito dele e ele temeu que ela tentasse afastá-lo. Ao invés disso, ela enfiou os dedos na camisa dele e o puxou para mais perto. Envolvendo os braços no pescoço dele, Alex começou a distribuir beijos no pescoço dele com aqueles lábios carnudos e quentes. Sentindo o pau endurecer, Gabe a ajeitou no colo para que as pernas dela ladeassem as dele. Alex passou os dedos pelo cabelo dele e as unhas ao longo do couro cabeludo, provocando um gemido dele enquanto ele atacava sua boca. Sentindo o sabor de menta dela e tomando seus lábios carnudos nos dele, Gabe correu as mãos pelas costas dela e apertou sua bunda exuberante. Ele a puxou para cima, de modo que seu núcleo coberto pelo jeans roçasse contra o pau dele. — Gabe — ela gemeu e esse era todo o incentivo que ele precisava. Ele não se demorou na blusa dela, puxando-a por cima da cabeça, o que empurrou o cabelo dela sobre o rosto. Alex sorriu para ele, puxando os fios do rosto, e mordeu o lábio. Ele se inclinou e apertou os seios no sutiã. Alex arqueou as costas, chamando a atenção dele, e abriu o sutiã. Gabe desabotoou o jeans dela, puxou a calça para baixo e ela levantou os quadris para ajudá-lo. Ele arrastou o jeans pelas pernas dela e o jogou no chão. Ela se inclinou e o ajudou a tirar o jeans e a cueca, roubando beijos pelo caminho.


Parando por um momento, ele viu Alex em toda a sua glória diante dele, deitada de costas no sofá. Seu cabelo era uma auréola caótica espalhada pelas almofadas no sofá. Ela tirava o fôlego de Gabe. Ela o encarou com um olhar de “venha aqui” e ele não conseguiu mais se conter. Ele caiu em cima dela e colocou os braços nos dois lados da cabeça dela, fitando seus olhos. Distribuindo beijos em seus seios, ombros e pescoço, ele voltou para a boca dela. — Eu quero você há tanto tempo — ele sussurrou contra os lábios dela. Gabe deslizou o pau ao longo da abertura dela, sentindo a umidade convidativa na cabecinha. Ela inclinou os quadris, tentando facilitar a entrada. Ele a provocou um pouco mais antes que não pudesse mais se conter e penetrar nela em um impulso. Ela arquejou, inclinando os quadris para mudar o ângulo de entrada e gritando quando ele esfregou contra suas paredes. — Eu também, eu também quero você — Alex gemeu, puxando o cabelo dele e afastando os quadris do sofá. Ela colocou as pernas ao redor da parte de trás das coxas dele, tentando fazê-lo ir mais fundo. Cedendo, ele bombeou com mais força, levando-a mais perto do ápice ao mesmo tempo que tentava se segurar. Os dois iniciaram um ritmo delicioso que fez os dedos dos pés dele se curvarem. Cada contração da boceta dela tentava apertá-lo, explorando-o, e deixava a respiração de Gabe irregular. Recuando, ele continuou a meter nela, mordiscando seus mamilos para aproximá-la do clímax. Sob ele, os movimentos dela ficaram bruscos e a respiração mais irregular, até que ela apertou as pernas ao redor dele e gritou com a libertação, virando a cabeça no sofá para abafar o grito. Com o clímax dela segurando-o tão apertado que chegava a ser doloroso, Gabe se soltou. Ele meteu mais rápido e mais forte, deixando-a cavalgar durante o resto do orgasmo dela, o que o levou ao limite e o fez apertar as almofadas antes de cair em cima dela, tomando cuidado para não esmagá-la. Ambos estavam ofegantes e ela murmurou algo debaixo dele. — O quê? — Ele perguntou, se afastando. — Estou tomando pílula, se estiver preocupado — ela sussurrou, mordendo o lábio inferior e desviando o olhar. Ele ergueu a cabeça


para ficar no campo de visão dela. — Não estou preocupado. Nem um pouco. Ok? — Gabe beijou a ponta do nariz dela. Rolando-os para que ficassem deitados de lado, ele puxou um cobertor azul-claro da parte de trás do sofá sobre eles enquanto caíam no sono. — Precisamos nos certificar de não dormir por muito tempo — disse ela, bocejando. — Emma vai acordar logo. Gabe pôde ver os cílios dela baterem enquanto os olhos se fechavam. — Não se preocupe, eu cuido de tudo. Eu cuido de você — ele sussurrou contra o lado do rosto dela, inalando seu cheiro e relaxando no abraço de Alex.


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s dias seguintes foram uma agitação de atividades. Eles fizeram mais compras, incluindo suprimentos adicionais para panquecas. O dia das panquecas duplas era um agrado especial que acontecia talvez duas vezes por ano, então a mente de Emma ficou impressionada por acontecer constantemente durante a viagem. A panqueca extra parecia uma conspiração para manter Alex na chapa durante todo o verão até os braços caírem. Alguns outros itens que Gabe havia encomendado antes de chegarem foram entregues, incluindo um carro elétrico infantil para Emma. Alex teria que conversar com ele sobre mimá-la demais. Embora soubesse que ele podia comprar o mundo, ou era o que parecia, ela queria garantir que Emma tivesse o mais próximo possível de uma infância normal. Então, a pequena bolha deles estourou e a equipe de produção fez sua aparição. Gabe tentou participar das reuniões o mínimo possível, mas pessoas os visitavam todos os dias para entregar roteiros ou pacotes, ou para fazer ajustes e testes de maquiagem. Ele usou sua influência para fazer o máximo possível de casa. Mas inevitavelmente, era hora de começar a gravar e isso significava menos tempo com Gabe. A programação das filmagens era intensa. Embora significasse menos tempo com ele, Alex e Emma ficaram animadas para explorar mais de Edimburgo. Elas visitaram museus e o zoológico. O zoológico era o favorito de Emma; elas se


tornaram sócias depois da segunda ida até lá, quando Alex percebeu que não seria a última, e seria mais barato assim. Na segunda visita, Emma chegou a ser uma mini-tratadora. O aviso de Gabe fora cem por cento verdadeiro e Emma estava usando moletom, jeans e galochas, pronta para ir aos compartimentos de animais para aprender mais sobre eles e até tocar alguns. — Mamãe, podemos levar o tatu com a gente? — Emma implorou, olhando para Alex com olhos grandes e redondos. — Não acho que seja permitido, amor. — Alex se virou para o tratador, pedindo ajuda. — O tatu sentiria falta de todos os outros amigos dela se fosse para casa com você — o tratador disse. Os pequenos ombros de Emma se curvaram. — Você está certo — ela lamentou. Alex animou-a com um sorvete e a informou que elas veriam Gabe quando voltassem para casa. Elas não o viram muito nos dias anteriores. Ele gravava à noite e dormia durante o dia. Alex tentava ficar fora de casa ao longo do dia para lhe dar uma chance de descansar. Mas a noite anterior havia encerrado as filmagens noturnas por um tempo, então ele poderia sair com elas essa tarde. Não estar perto dele, além de tomar café da manhã e dizer oi e tchau nas últimas duas semanas, mostrou à Alex o quanto ela se acostumara a tê-lo por perto. Trabalhar um pouco à noite a relembrou de muitas noites nos anos em que ela esteve sozinha com Emma. Sentar e conversar com ele ou assistir a um filme juntos tinha se tornado parte de sua vida ao longo do mês passado e ela não havia percebido o quanto gostava disso até ele não estar lá. Emma correu para a frente da casa, nem mesmo deixando o motorista desligar o carro antes de pular e sair correndo. Alex não tinha condições de dirigir no lado errado da estrada e tomar conta de uma criança de seis anos ao mesmo tempo. Felizmente, ter alguém para conduzi-las não foi tão estranho quanto ela pensou que seria. E também lhe permitia dar atenção total às trezentas perguntas por hora de Emma. Gabe abriu a porta da frente e Emma se lançou nos braços dele. Ele estava vestindo jeans e uma camiseta verde-escura e nunca


parecera mais gostoso. Ele colocou Emma de volta no chão e ela correu para dentro de casa. Ele tirou as sacolas das mãos de Alex, puxou-a para perto e deu um beijo em sua cabeça. — Como foi o seu dia? — Foi ótimo! Nós vimos os pandas. Emma foi uma mini-tratadora e não tentou contrabandear nenhum animal para fora do zoológico, então, foi legal. — Fico feliz. Parece que ela vai estar bem cansada hoje à noite. — Ele respirou a nuca dela, arrepiando os cabelos lá e fazendo-a tremer. Eles não tiveram uma chance de conversar muito nos últimos dias, mas Alex estava ansiosa para fazer mais do que conversar hoje à noite. Ela apertou as coxas em antecipação, chamando a atenção de Gabe quando ele entrou na cozinha com Emma. O olhar latente dele carregava a promessa do que estava por vir naquela noite. Apertando as coxas, ela mal podia esperar.

O cronograma de filmagens noturnas havia sido brutal, não somente por causa das cenas de ação que Gabe estava gravando, mas porque significava que não passava muito tempo com Alex ou Emma. Ele geralmente chegava do set às 7 da manhã todo desgrenhado e parecendo ter sido atropelado. Ele podia tomar banho no set, mas isso roubaria ainda mais tempo do pouco que ele tinha com elas pela manhã. Subindo as escadas para tomar um banho rápido, ele se sentava para tomar café da manhã antes de subir para dormir. Alex ficava fora durante os dias para lhe dar uma chance de dormir e ele apreciava isso, mas também era péssimo porque geralmente significava que suas meninas não estavam por perto quando ele acordava e saía para o set de novo. De vez em quando, a gravação começava ainda mais tarde e ele conseguia encaixar no horário o jantar e contar uma história para Emma. O que Gabe não conseguia era ficar sozinho com Alex e isso o estava deixando maluco. Pensar nela era suficiente para deixá-lo de


pau duro, o que não era exatamente o melhor cenário quando filmava em água gelada noite após noite. O olhar que ela lhe deu quando ele entrou na cozinha com Emma — desejo sexual puro — foi quase o suficiente para ele fechar todas as janelas e persianas e declarar que todos deveriam deitar cedo. Alex os seguiu e começou a abrir e fechar os armários. Virando-se, ela apoiou o quadril no balcão e pareceu pensar em algo, batendo os dedos no queixo. — Em comemoração ao último dia de gravações à noite do seu pai durante um tempo, o que você me diz de comermos café da manhã na janta? Alguém quer panquecas? — Gabe não teve certeza de quem gritou mais alto, ele ou Emma. lex riu e voltou aos armários para retirar os ingredientes. Gabe e Emma correram para a geladeira para pegar os ingredientes restantes em tempo recorde. — Pedaços de chocolate, mamãe! — Emma gritou. — Feito! — E morangos — Gabe disse. — Mas vou guardar alguns para mais tarde. Para sobremesa. O tom dele era sugestivo e Alex tropeçou e bateu a chapa no fogão. Ela lançou um olhar por cima do ombro, dizendo-lhe que era melhor ele cumprir essa promessa mais tarde. Ele ficava mais do que feliz em obedecer e mal podia esperar. As panquecas eram uma distração bem-vinda da tensão entre eles enquanto tentavam esconder os olhares e toques de Emma. Sentar no sofá com ela entre eles foi uma forma de tortura. Com o sol de Edimburgo retardando o pôr-do-sol até quase nove da noite, Emma não adormeceu até pouco antes das 21h30. Gabe não queria arrastá-la para a cama cedo, já que passara tão pouco tempo com ela, mas imaginar sua boca no corpo de Alex o fez ajustar as calças até o fim da noite. Depois de dois livros e um beijo na testa, Emma finalmente desmaiou, segurando seu novo tatu de pelúcia favorito. Gabe quase correu de volta para a cozinha, onde Alex estava limpando a sujeira das panquecas. Ele andou atrás dela e passou a língua em sua orelha.


— Espero que você não tenha acabado com todos os morangos — Gabe sussurrou e ela estremeceu.

O corpo inteiro de Alex estremeceu com o hálito quente dele em sua orelha. Ela tivera que reprimir o desejo por ele a noite toda e ficava feliz por poder mostrar a ele sem roupas. Ele passou os braços em volta da cintura dela e o pau dele pressionou contra sua bunda. Ela se afastou e ele soltou um gemido. Quebrando abruptamente o toque, Gabe andou até a geladeira. — Vá para a sala e tire a roupa; te encontro lá — ele falou, parado diante da geladeira aberta. — O quê? — Ela perguntou, atordoada. — Se quer a sua surpresa, precisa seguir as instruções. Vá para a sala e tire a roupa. Se não estiver nua quando eu chegar lá, nenhum presente para você. — Ele deu a ela um olhar que a fez se mover. Alex foi até a sala e tirou a blusa por cima da cabeça, sem cem por cento de certeza do que ele tinha em mente. Ela tinha acabado de tirar a calça quando ele entrou na sala com uma tigela de morangos e uma lata de chantilly que ela nem sabia que tinha na cozinha. Ele a encurralou até ela encostar no sofá e não ter escolha a não ser sentar. Gabe a empurrou contra o sofá e separou suas pernas, acomodando-se entre elas. Alex prendeu a respiração quando ele abriu o chantilly e colocou um pouco do creme em seu monte. Separando os lábios, ele mergulhou a boca em sua boceta, fazendo-a gritar. Ele provocou o clitóris com a língua e chupou o pequeno núcleo antes de dar atenção à boceta inteira. Alex agarrou o cabelo dele e montou em seu rosto enquanto ele a comia como um homem faminto. O clímax a pegou desprevenida e ela teve que cobrir a boca com o braço para gritar. — Adoro quando você está molhada para mim — disse ele, trilhando com beijos o caminho até os seios dela. Tomando um mamilo na boca e depois o outro, os dois totalmente eretos, antes


de Gabe pegar a lata de chantilly de novo. Ele borrifou dois montinhos em cada mamilo antes de sugá-los, e depois repetiu a ação, mas desta vez acrescentou um morango por cima e deu uma pequena mordida em cada mamilo enquanto comia as frutas e o creme. — Pensei que ia ganhar um presente — Alex ofegou. Ele olhou para ela. — Meu corpo é seu para explorar — disse ele, estendendo os braços. Alex o afastou para que ela pudesse levantar e o empurrou de volta ao sofá. Ela pegou a lata de chantilly da mão dele e deu uma espiada nele. O olhar que Gabe lhe dava prometia que não seria uma noite curta para nenhum dos dois. Um pouco mais ousada e mais confiante, ela pegou o pau dele na mão e o levou até a boca, mantendo os olhos nele. Ele seguiu a boca dela por todo o trajeto e prendeu a respiração quando ela chegou a menos de um centímetro da cabecinha. Ela estendeu a língua e lambeu a cabeça. Gabe gemeu e ela ficou um pouco mais ousada. Quebrando o contato visual, Alex o levou completamente à boca; o comprimento atingindo o fundo da garganta. Ela se afastou e o tirou da boca. Pegando a lata de chantilly, ela borrifou um pouco na ponta do pau e ele respirou fundo. Sendo lambido como um pirulito, Gabe passou os dedos pelos cabelos de Alex e segurou sua cabeça enquanto ela se movia para cima e para baixo no pau dele. Ele gemeu, as pernas enrijecendo e os dedos se curvando enquanto ela corria a língua pelo comprimento e o engolia. Ainda molhada do orgasmo, ela estava ficando ainda mais molhada com a forma que podia enlouquecê-lo. Ela repetiu o movimento mais três vezes antes de Gabe puxá-la pelos cabelos e rosnar: — Chega. Em um movimento, ele a pegou e a deitou de costas no sofá. — Eu tenho que te foder agora — ele rosnou. Gabe separou os joelhos dela e se impulsionou dentro dela. — Sim, por favor, me foda agora! — Ela disse e ele penetrou, colocando a mão entre os dois para tocar o clitóris, o que a levou ao limite em tempo recorde. A visão dela escureceu e o som do mundo


pareceu ser desligado por alguns segundos quando atingiu o clímax. Ele bombeou nela mais algumas vezes, roçando contra seu clitóris, o que estendeu ainda mais o orgasmo dela, antes de rugir com a libertação nas almofadas ao lado da cabeça de Alex. — Uau — ela falou, tomando fôlego. — Sim, uau — disse ele, dando uma risada. — Da próxima vez, vou fazer amor com você, mas não achei que pudesse ser gentil dessa vez — acrescentou, afastando os cabelos dela do rosto. — Você não está me ouvindo reclamar — ela respondeu, rindo.


24

A

lex acordou com o som de gritos vindos do andar de baixo. Ela vestiu um roupão e desceu correndo os degraus. Gabe estava na porta da frente, impedindo alguém de entrar. — Você tem uma coragem do caralho para vir aqui. Eu falei que tinha terminado com você e não há nada que possa dizer ou fazer para mudar isso. Você tem sorte de eu não te dar um soco na cara, porra. — Gabe, você precisa me ouvir. A pele de Alex se arrepiou quando reconheceu a voz. Aaron. — Não, não vou ouvir porra nenhuma. Você me roubou sete anos da vida da minha filha. Isso não é um roteiro que escondeu ou um projeto que não me contou; é a minha vida. É a vida da minha filha. Então, você pode pegar esse contrato e enfiá-lo na bunda. — Mamãe, o que está acontecendo? — Emma esfregou os olhos, descendo os degraus, usando seu pijama felpudo. Alex se virou, sem perceber que Emma descia as escadas. Ela imediatamente conduziu-a até a cozinha para deixar Gabe resolver o problema. Ele deve ter ouvido as duas, porque se virou para olhálas. Aaron estava parado na porta e Alex teve que se esforçar muito para não correr para a porta e chutá-lo nas bolas. — Não é nada, querida. Venha, vamos voltar lá para cima. — Eu não quero, mamãe — Emma resmungou.


— Ok, você está com fome? Quer cereal? Emma assentiu e Alex puxou uma cadeira para ela. — Qual? — Alex estendeu duas caixas diferentes e Emma apontou para a da direita. — É pra já. Pode pegar o leite? — Emma levantou e pegou o leite da geladeira antes de espiar a sala de estar pelo canto da porta da cozinha — Pare de ser intrometida e venha tomar seu café da manhã — Alex chamou. Alex pegou duas tigelas no armário e Emma lhe entregou o leite. Ela encheu as duas tigelas e as colocou sobre a mesa antes de sentar. As duas comeram no silêncio da manhã, os olhos sonolentos por acordarem mais cedo. Ela ainda conseguia ouvir sussurros duros vindos da sala, mas deixaria Gabe lidar com isso. Depois de mais alguns minutos, a porta da frente bateu e ele entrou na cozinha. Ele foi até a geladeira e pegou uma jarra de suco de laranja. — Tudo certo? Ele abaixou a cabeça, se esticando para pegar um copo no armário e o agarrou. Gabe se virou com um sorriso forçado. — Tudo bem. Como está minha garota essa manhã? — Ele perguntou, fazendo cócegas em Emma. Ela riu e derrubou a tigela de cereal. — Papai, você me fez derramar meu leite! — Desculpe — ele respondeu com falsa tristeza. Alex pegou a mão dele por debaixo da mesa. — Sério? Está tudo bem? — Eu te conto depois — disse ele, apertando a mão dela de volta. O resto da manhã foi sem intercorrências, mas Alex ainda estava com um buraco no estômago por Aaron ter estado tão perto. Não era como se ele estivesse escondido nos arbustos, mas ela sentiu que ele poderia aparecer a qualquer momento e tentar arruinar tudo o que eles estavam tentando construir. Eles visitaram o zoológico de novo, mas Gabe teve que ir ao set para filmar à tarde. Alex e Emma ficaram no parque até começar a chover e correram de volta para casa. Procurando algo para fazer e não sentindo vontade de assistir outro filme, Alex decidiu que assar


biscoitos seria divertido. Por alguma razão, pensou que dar à Emma o trabalho de separar a farinha seria uma boa ideia. — Mamãe, o pegador de farinha é muito pesado — Emma reclamou. — Ok, querida, um segundo e vou aí. — Alex fechou a geladeira com três ovos na mão e foi imediatamente bombardeada por nuvens de pó branco. Ela tossiu e um sopro de farinha voou dela. Olhando para o próprio corpo, atordoada, ela estava completamente coberta de farinha. Emma estava em pé, segurando o servidor de condimento no ar. — Desculpa, mamãe — disse Emma, também coberta por uma fina camada de pó branco. Elas fizeram biscoitos extra farinhentos e tomaram banho antes de vestir o pijama. Havia farinha por toda a parte e Alex deixou tudo lá até depois de Emma dormir. Não adiantava tentar limpar com uma criança indisciplinada de seis anos por perto. Alex estava colocando Emma na cama quando a porta da frente se fechou. Ela desceu as escadas na ponta dos pés para ver Gabe tirando os sapatos na porta da frente, completamente ensopado. — Está caindo um toró lá fora — ela comentou. — Sim, choveu a tarde toda. — Conseguiram gravar alguma coisa? — Só um pouco, mas não foi por isso que demorei tanto. Tive uma reunião com Aaron. Alex enrijeceu antes de se abaixar na mesinha de centro para sentar. Gabe levantou da cadeira perto da porta e sentou no sofá em frente ao lugar dela na mesa. — O que aconteceu? Hoje de manhã foi sobre isso? — Sim, ele veio para tentar me ameaçar com o contrato. — Ele suspirou, descansando a cabeça nas costas do sofá. — Eu disse a ele, sem termos incertos, que nunca mais quero estar envolvido com ele. — Gabe se empertigou e fitou os olhos dela. — Prefiro nunca mais gravar outro filme se for a única maneira de nunca mais vê-lo. Cortei relações com ele. — Você realmente nunca mais gravaria um filme? — Alex, eu preferiria nunca fazer um único filme se isso significasse que poderia ter de volta aqueles anos com Emma, com


você. Tenho tentado parar de atuar há um tempo. Esse é o meu último filme obrigatório pelo contrato da produtora. Prefiro estar nos bastidores, ter uma vida mais flexível em que eu possa ficar em um lugar só, do que ir de um set para o outro. Especialmente agora. Eu estava planejando isso antes, mas agora com Emma e você, não quero ter que viajar o tempo todo. Quero estar com vocês duas. — Gabe se inclinou para a frente e entrelaçou os dedos nos cabelos da nuca dela e a puxou em sua direção. — E nós queremos estar com você — ela respondeu, os lábios roçando os dele. Ele a pegou da mesinha de centro e a pôs no colo. Alex beijou do queixo dele até o pescoço, se apoiando nele e mordendo-o, roçando no colo de Gabe. Ele colocou as mãos na bunda dela e a puxou para mais perto, consumido pelo beijo. Ela se levantou abruptamente e agarrou a mão de Gabe, conduzindo-o para o andar de cima. Seu núcleo apertava em antecipação ao que estava por vir. Eles subiram silenciosamente as escadas, passaram pelo quarto de Emma e entraram no quarto principal, fechando a porta atrás deles. No minuto em que a fechadura foi trancada, Gabe estava sobre ela, pressionando-a contra a porta enquanto Alex se livrava da própria camisa, passando-a por cima da cabeça. O sutiã foi a próxima vítima e a madeira gelada enrijeceu seus mamilos quando eles esfregaram na porta. Ele desabotoou as calças dela, mantendo uma mão pressionada em suas costas para firmá-la no lugar. Sem abaixar as calças dela, Gabe ficou parado atrás dela e Alex sentiu o pau dele pressionando contra sua bunda, esfregando entre as nádegas. — Gabe, pare de provocar! Preciso de você dentro de mim agora. — Seja paciente, não se preocupe. Eu sei o que você quer. Ele começou a explorar o corpo dela, começando pelo pescoço. Gabe mordeu o pescoço dela e trilhou com beijos o caminho até o ombro, descendo pelas costas. Uma mordida em uma das nádegas a fez soltar um rosnado antes dele acalmá-la com um beijo. Então, Gabe puxou os quadris de Alex e pressionou as mãos dela contra a porta.


Ele provocou a abertura dela antes de avançar, afundando profundamente nela. Os dois soltaram um gemido. — Você é gostosa pra caralho — ele gemeu e ela começou a mover os quadris, os dois encontrando um ritmo. Usando a porta como alavanca, ela empurrou contra Gabe para ele ir mais fundo, se curvando na cintura. Gabe segurou seus quadris e meteu nela. — Sim, sim, estou tão perto, Gabe. Mais, mais — Alex gemeu. Gabe estendeu a mão, mantendo o ritmo, e esfregou o clitóris antes de fazê-la voar como um foguete. Ela gritou no braço para abafar o som quando o orgasmo rasgou através dela e a boceta apertou o pau dele ainda mais. Gabe a seguiu rapidamente, mordendo o ombro dela para abafar o rugido de libertação. Alex jogou os cabelos por cima do ombro, olhando para Gabe com um sorriso. — Isso foi inesperado — disse ela, rindo para si mesma. — Eu tento. — Ele ofegou. Ajudando-a a tirar as calças, os dois se acomodaram na cama, que guinchava a cada movimento que o par fazia. Fazer sexo em pé foi uma boa ideia, pensou Alex, caindo no sono com Gabe aconchegado nela. Ela entrelaçou o braço ao dele, que estava cruzado sobre o peito dela. Definitivamente, foi uma boa ideia.


25

O

sol da manhã entrou no quarto principal pelas cortinas. Alex alongou os braços sobre a cabeça e Gabe se aninhou no estômago dela, os braços ao redor dela. Ele a apertou mais e resmungou, o que a fez sorrir. Ela afastou os cabelos da testa dele e olhou para o rosto dele, observando os traços fortes e cílios ridiculamente longos. Fazia muito tempo desde que se permitira realmente olhar para ele. Talvez sentindo seu olhar nele, os olhos de Gabe se abriram e ele sorriu para ela. — Bom dia — disse ele, bocejando. — Bom dia — ela se inclinou e o beijou nos lábios. Ele passou os braços em volta dela e a puxou para cima dele. — Essa sim é uma ótima maneira de acordar. — Ele deu uma risada, passando as mãos pelas costas dela. — Quais os planos de hoje? — Ela o beijou novamente e entrelaçou os dedos atrás da cabeça dele. — Vamos para Londres por alguns dias. Vai ter uma partida de futebol hoje à noite e acho que seria muito divertido. — Ok, parece bom para mim — ela respondeu. Houve um barulho no corredor e Alex congelou. Emma estava acordada. Ela paralisou, sem saber o que fazer. Emma não sabia ainda que havia algo acontecendo entre eles. Eles foram bons em garantir que Gabe


voltasse ao quarto dele nas noites que terminavam juntos, que era a maioria delas. Talvez sentindo-a tensa, Gabe se sentou e passou a mão nas costas dela. Ele levantou e pegou um par de boxers e uma camiseta. Ele passou a camiseta para Alex, sentou na ponta da cama e vestiu a cueca. Ele caminhou até a porta do quarto e a encarou. — Relaxe, está tudo bem — disse antes de sair do quarto. Alex podia ouvi-lo no corredor. — Minha garota já está acordada? — Papai! — Emma chamou. Deitada na cama, Alex respirou fundo e um sorriso surgiu em seus lábios. Essa poderia ser a vida deles todos os dias. Depois da rotina matinal e do café da manhã, eles foram para a estação de trem para viajar até Londres. Era uma viagem de quatro horas e Emma adorou cada minuto. Ela nunca havia feito uma longa viagem de trem e passou a maior parte do tempo olhando pelas janelas, chamando todos os diferentes animais que via. Eram principalmente vacas e ovelhas, mas de vez em quando aparecia uma cabra. Gabe teve que ir para um vagão diferente para atender a uma ligação, mas fora isso, ele estava lá com elas ajudando Emma a chamar os animais, para grande desgosto dos viajantes a negócios no mesmo vagão. Quando chegaram em Londres, eles pararam em um museu de cera antes de irem ao Palácio de Buckingham para assistir à troca da guarda. Gabe deve ter mexido alguns pauzinhos, porque, de alguma forma, tinha uma pequena área separada para eles na frente, para que Emma pudesse ver tudo o que estava acontecendo. Em seguida, atravessaram o Tâmisa até o London Eye, com o qual Emma ficou boquiaberta até chegarem na frente da fila. Ela esticou o pescoço para olhar até o topo e observou com admiração enquanto a coisa se movia sem parar. Gabe e Alex seguraram cada uma das mãos de Emma e entraram na roda gigante. Embora fosse contra as regras, eles ficaram para uma segunda viagem porque Emma queria ver a paisagem do céu mais uma vez. Finalmente, foram assistir a partida de futebol.


Eles pegaram um táxi preto clássico até o estádio e foram conduzidos por uma entrada particular. Por um momento, Alex esquecera que Gabe era famoso. Ele recebia tratamento diferenciado, mas com o boné e os óculos não havia muitas pessoas que o reconhecessem. Ele assinou alguns autógrafos, mas sempre conseguia manter a discrição e avisar às pessoas que estava com a família e que precisava ir embora. Todos que o reconheceram foram muito respeitosos e Alex ficou impressionada com a forma como ele lidou com tudo. Eles foram levados a uma área VIP com janelas do chão ao teto e uma pequena fileira de assentos bem na frente. Havia também mesas e sofás por toda a sala e uma ampla variedade de alimentos. — Vou pegar comida para Emma. — Alex deixou Gabe com alguns dos outros homens que estavam reunidos diante das janelas com vista para o campo. Emma foi direto para a fonte de chocolate. — Ah, não, não vai fazer isso, mocinha! — Alex repreendeu, puxando os dedos de Emma para trás a meros centímetros de causar um desastre de chocolate líquido. — Boa defesa — alguém elogiou atrás de Alex. Ela se virou e viu uma mulher muito grávida de pé com um prato cheio de frutas e bolos. — Seus sensores de aranha vão se manifestar assim que esse pequenino aí sair. — Alex apontou para a barriga dela. — Tenho certeza. — Quando vai nascer? — Em duas semanas, mais ou menos. Espero que menos. Espero mesmo que menos. Esse garoto está usando meu estômago como saco de pancadas. — Eu lembro desses dias. Mas lembre-se também de que é mais fácil cuidar deles quando estão dentro do que quando estão fora. — Bom ponto. Eu sou a Jess, a propósito. — Ela ajeitou o prato nos braços e estendeu a mão. — Oi, Jess, eu sou a Alex. — Ela apertou a mão de Jess e sacudiu. — E esse monstrinho do chocolate é Emma — disse Alex,


agarrando Emma antes que ela pudesse fazer uma segunda tentativa na fonte. — Venha e sente-se; vamos nos afastar da tentação. — Jess apontou para uma pequena mesa redonda coberta por uma toalha de linho branco. — Ótima ideia. Gabe estava conversando com alguns dos outros caras do camarote. Todos estavam de pé com os braços cruzados diante das janelas, provavelmente tentando impressionar um ao outro com conhecimentos esportivos aleatórios. Pegando um prato cheio de comida, Alex acomodou Emma e enfiou o garfo no prato. — Não quero bisbilhotar, mas te vi entrar com Gabe Stevens — Jess sussurrou. — Eu entrei — Alex sussurrou de volta. — Por que estamos sussurrando? — Não sei. Acho que não estou acostumada a babar pelo homem de outra mulher. Alex soltou uma risada. — Ele é muito gostoso, não é? Jess corou. — De fato. Provavelmente já assisti todos os filmes dele pelo menos dez vezes. Não costumo ficar impressionada, mas cara... cara. — Ela começou a se abanar. — Ele tem esse efeito em muitas mulheres e alguns homens. — Eu sei tudo sobre isso. Meu marido é completamente digno de babação e geralmente sou eu quem enlouquece com toda a atenção que ele recebe. — Quem é o seu marido? — Aedan O'Connell. Ele é o capitão do time. — Ah, ótimo! — Jess fingiu reconhecimento e deu uma mordida na comida. Ela não sabia quais times estavam jogando e muito menos quem eram os jogadores. Jess sorriu, enxergando através do truque. — Não se preocupe, sou casada com ele e não sei quase nada sobre futebol. Não venho a muitos jogos esses dias, mas quando ele disse que Gabe Stevens viria, me levantei do sofá, fiquei o mais apresentável possível e rolei para cá. — Você está linda — Alex a tranquilizou.


— Não há necessidade de acariciar meu ego; sei que estou do tamanho de uma casa, mas tudo vale a pena por esse pequenino. Bem, não tão pequenino assim. — Você está linda mesmo, mesmo que não acredite que precise do acariciamento de ego. — Alex colocou a mão na de Jess e deu um pequeno aperto. — Eu sei, odeio me sentir assim, especialmente com toda a atenção que Aedan recebe. Mas tenho certeza que sabe tudo sobre isso, já que está com o incrível Gabe Stevens — ela riu. — Tem sido interessante, para dizer o mínimo. — Há quanto tempo estão juntos? — Jess se inclinou para a frente na cadeira, os cotovelos apoiados na mesa. — Ugh, bem, é complicado. Nos conhecemos há um tempo e nos reconectamos recentemente. — Sim, meu papai teve que ficar longe por um longo tempo, mas agora está de volta e vejo ele todos os dias. As duas pularam, esquecendo que Emma estava ouvindo. — Ela é filha de Gabe? — Jess arquejou. — Desculpe, não quero bisbilhotar. Não é da minha conta. — Tudo bem. Sim, ela é filha de Gabe. — Sinto muito, não tive a intenção de me intrometer, sei o quanto odeio quando as pessoas fazem perguntas pessoais. — Mamãe, eu acabei. — Ok, amor. — Posso ir ver o papai? — Claro, vá em frente. Emma pulou da cadeira, correu para Gabe e puxou sua camisa. Ele se virou, pegando-a no colo, e apontou as coisas diferentes acontecendo no campo. — Está tudo bem, sério. Não é segredo nem nada, só não é algo sobre o qual falamos em público. As duas passaram um pouco mais de tempo conversando e Jess prometeu convidá-los na próxima vez que estivessem por lá. Aparentemente, Gabe aparecia em sua casa sempre que estava na cidade. Alex gostou de Jess, ela parecia tão normal e ela podia usar todo o normal que conseguia nos dias de hoje.


O estrondo das festividades pré-jogo abafou o resto do som na sala. Os caras abriram as portas voltadas para o campo e saíram para assistir na frente do vidro. — A partida vai começar — Jess disse, limpando a boca e levantando. — Acho que devemos conseguir bons lugares. Foi ótimo conversar com você. — Você também e não suma! — Não iremos — Alex prometeu, dando-lhe um abraço e caminhando até suas duas pessoas favoritas. Gabe sorriu para ela e passou o braço ao redor de Alex, puxando-a para perto. Envolvendo o braço em volta da cintura de Gabe, ela descansou a cabeça no peito dele. Uma pessoa sabia agora; era só o começo. Mais pessoas descobririam e ela precisava se preparar.

Ter suas duas garotas nos braços o acalmava de uma maneira que Gabe não sabia que era possível. Ele assistiu ao jogo com Emma no colo e Alex aconchegada no peito. Gabe conhecera Aedan alguns anos antes em um evento de caridade e eles sempre se cruzavam nesses tipos de eventos, especialmente quando Gabe estava filmando na Europa. Quando Aedan descobriu que ele iria filmar na Escócia, o convidou para a partida. Com a programação de filmagens apertada, Gabe não tinha muitos dias consecutivos de folga, então essa era a chance perfeita de levar Alex e Emma para Londres para explorar. O jogo foi rápido e muito mais divertido do que na TV. Emma ficou de pé na cadeira, saltando e gritando depois que Gabe a informou que ela torcia pelo time vermelho. Até Alex ficou de pé nos minutos finais do jogo com o placar em 2-2. Aedan avançou pelo campo, passando a bola para um companheiro de equipe antes de correr, recuperar a bola e marcar um gol sólido que atingiu o fundo


da rede. A área VIP inteira gritou e aplaudiu, pulando com a vitória. Alex e Jess torceram juntas, Jess segurando a barriga grávida. — Talvez você deva segurar a comemoração. — Alex riu. — Provavelmente é uma boa ideia — Jess concordou, sentandose. — Foi muito bom te conhecer. E da próxima vez que estiver em Londres, me ligue e vamos sair. — Da próxima vez que estiver aqui, irei. Eles terminaram a noite com Emma desmaiada entre eles em um táxi no caminho de volta para o hotel. Gabe entrelaçou os dedos aos dela sobre a cabeça de Emma e os levou aos lábios. O coração de Alex acelerou quando ela se inclinou para ele e lhe deu um beijo gentil nos lábios. Perfeição.


26

N

o dia seguinte, eles tinham um pouco de tempo livre antes de voltarem à estação de trem. Emma implorou para ir à cafeteria na esquina do hotel depois que viu os enormes cupcakes pelo vidro. Alex relutou em dizer sim, porque aquelas coisas eram do tamanho da cabeça de Emma, mas cedeu quando Emma e Gabe começaram a encará-la com olhos de cachorrinho. — Tudo bem, tudo bem, podemos ir, mas você — concordou, apontando para Gabe. — vai ter que lidar com Emma elétrica por causa do açúcar na viagem. Estou me absolvendo de qualquer responsabilidade parental desde o momento em que ela der a primeira mordida até voltarmos para casa em Edimburgo. — Entendido, senhora! — Gabe bateu em continência quando pararam do lado de fora da cafeteria. — Ai, meu Deus, é o Gabe Stevens! — Uma adolescente e a amiga berraram ao entrarem na pequena cafeteria. — Eu amei você em Stargazer! Posso tirar uma foto, por favor? — Ela questionou, quase hiperventilando. Ele olhou para Alex e Emma. Alex assentiu, empurrando-o na direção delas. Longe dela negar a uma verdadeira fã a chance de tirar uma foto com ele. Alex tinha que admitir que era legal ver fãs enlouquecerem com Gabe. Até Jess surtara um pouco e ela era casada com um jogador famoso de futebol. Gabe havia se saído


bem e aquele cara inseguro que ela conhecera, que duvidava do próprio sucesso, certamente fizera sucesso. — Claro, sem problema — ele deu uma risada, pegando o celular da adolescente. Ele tirou três selfies com elas. Alex levou Emma para pedir um cupcake e comprou dois cafés para ela e Gabe. As adolescentes saíram correndo e gritando da cafeteria assim que a sessão de fotos com Gabe terminou. Ele puxou uma cadeira e sentou-se. Alex deslizou o café para ele e ele tomou um gole. — Tão gostoso, do jeito que eu gosto. Como você sabia? — O quê? Você acha que não presto atenção? — Ela retrucou. Gabe deslizou a mão por baixo da mesa e esfregou o joelho dela. — Eu sei que presta. Obrigado. — Ele tomou outro gole e se virou para Emma. — Onde está o meu cupcake, mocinha? — Você pode dar uma mordida no meu. — Emma ofereceu o cupcake dela e ele deu uma mordida enorme. — Papai! — Ela guinchou. — Você comeu quase tudo! — Desculpa. Parecia tão gostoso que não pude resistir. Emma fez beicinho, os braços cruzados sobre o peito e olhou para Gabe com o lábio inferior para fora. — Acho que isso significa que teremos que comprar outro e dividi-lo. — Ele deu uma risada. — Sim! Sim! — Emma pulou e o seguiu até o balcão para pedir outro cupcake. Ela ficava mais do que feliz em compartilhar se isso significasse que ganharia mais cupcakes. Eles tiveram uma manhã de lazer vagando antes de voltarem ao trem para a viagem de quatro horas de volta a Edimburgo. Emma estava saltitando pelo vagão e Alex deixou Gabe lidar com isso, como dissera que faria. Ele precisava aprender que você não enchia uma criança de açúcar antes de colocá-la em um ambiente fechado, a menos que quisesse problemas sérios e olhares furiosos das outras pessoas dividindo o espaço. Alex finalmente teve pena dele e tirou um livro de colorir e lápis de cera de seu estoque de emergência. Gabe lançou-lhe um olhar agradecido e eles passaram a maior parte da viagem colorindo e brincando de um jogo de adivinhação, o que foi um pouco


complicado enquanto passavam acelerados pela paisagem, mas deu certo. A explosão de açúcar no sangue de Emma terminou a cerca de quinze minutos da estação deles e Gabe a carregou para dentro do carro. Eles chegaram ao chalé um pouco antes do jantar e Emma passou parte da refeição tentando mastigar ao mesmo tempo que cochilava. Quando a cabeça dela bateu na mesa, Alex desistiu. — Ok, senhorita, hora de dormir antes que engasgue com a comida. — Alex se levantou e se moveu para pegá-la no colo. — Deixa comigo. — Gabe se levantou e colocou Emma sobre o ombro. Ela mal se mexeu, embora ainda tivesse um pouco de espaguete na boca. Alex riu, seguindo-o pelas escadas. Eles tiraram a roupa dela e vestiram o pijama. Gabe pegou uma toalha molhada e limpou o espaguete do rosto dela e ela resmungou no sono, afastando a mão dele. Colocando a mão sobre a boca, Alex teve que recuar até o corredor para conter o riso. Gabe saiu do quarto de Emma, largou o pano no banheiro e pegou a mão de Alex para descer as escadas. — Me lembre de nunca dar tanto açúcar a ela antes de viajar para qualquer lugar — ele comentou, cansado. — Eu tentei te avisar — ela brincou. — Eu sei, eu sei. Sempre irei acatar sua experiência quando se trata de consumo de açúcar e Emma — ele prometeu, dando uma risada. Eles recolheram a louça e começaram a limpar. Tudo aquilo estava começando a parecer normal. Uma vida familiar normal. É assim que deve ser, sempre.

— Ah, esqueci de te dizer, Lesley vai passar no set amanhã. Vai ser ótimo matar a saudade! — Gabe contou e um barulho soou atrás dele. Alex estava agachada no chão, pegando os pedaços quebrados dos pratos que carregava até a pia. Ela olhou para ele com adagas nos olhos. Não somente adagas, mas lágrimas. — Ela vai vir aqui amanhã?


— Sim, por quê? Não a vejo há um tempo e ela está em Glasgow filmando uma nova série de TV. — Você realmente a deixaria vir sabendo que Emma e eu estamos aqui? — Alex grunhiu, se movendo bruscamente pela cozinha. Parecia incapaz de decidir o que fazer consigo mesma. Gabe a encarou, perplexo. Ele lembrava que Alex e Lesley se deram bem na última vez em que se viram. — Eu vi aquelas fotos, Gabe, as fotos dela saindo do hotel na noite seguinte ao nosso término. Eu a vi saindo do hotel vestindo uma camisa sua que eu usava quando você estava gravando para o Stargazer e um par de cuecas boxer — Alex falou, levantando-se com os pedaços de pratos quebrados nas mãos. Ela pisou na lixeira para jogá-los fora. — Alex, isso foi só publicidade. Eu te disse o que a produtora queria. Eles queriam a cobertura da imprensa e que as pessoas especulassem se havia algo entre nós. — Ele nem tinha pensado nas fotos nos tablóides depois que Lesley deixou o hotel quando ele vomitou nela. Mais um erro de sua parte porque, é claro, Alex as vira. — A produtora também queria que você transasse com ela? — Alex cuspiu com tanto veneno que o fez recuar. — Do que está falando? — Eu vi vocês, Gabe. Vi vocês no dia depois que fui embora; eu voltei para o hotel. A cabeça dele virou como se tivesse levado um tapa. — Você voltou? — Sim, voltei. E ouvi Lesley no chuveiro e vi você deitado na cama vestindo nada além de uma cueca. Ela estava dizendo algo sobre o quão suja estava — disse Alex, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Alex, não. NÃO! Eu não dormi com Lesley. Nunca fomos mais que amigos. — Eu te vi, Gabe! Eu te vi deitado na cama em que dormimos e fizemos amor, e menos de vinte e quatro horas depois você estava lá com outra mulher — Alex acusou. Ele fechou os olhos. Ele


compreendeu exatamente o que acontecera. Gabe se moveu para Alex para tentar puxá-la para perto. — Não, não me toque. Não tem ideia de como foi difícil saber que eu importava tão pouco para você que, em menos de um dia, já estava na cama com ela. — Eu não estava. Eu não fiz nada. Bebi até cair na noite em que você foi embora. Quando acordei no dia seguinte, estava de ressaca. Lesley veio falar sobre a turnê de imprensa e vomitei nela. Ela ficou coberta. Ela pediu para tomar um banho, porque estava fedendo e nojenta. Dei-lhe algumas roupas para vestir. — Ele implorou para que ela acreditasse nele. — E depois disso, saber que eu estava grávida e você nem falava comigo. Tem alguma ideia de como foi humilhante para mim? — Alex ignorou completamente tudo o que ele disse. — Ligar dia após dia para tentar falar com você? Enviar e-mails durante meses? — Ela disse através das lágrimas que corriam pelo rosto e pingavam do queixo. — Não, não consigo imaginar, mas Alex, eu não te traí. Não traí. Por que não foi me ver quando estava grávida? — Ele tentou envolver os braços ao redor de Alex. Ela saiu do alcance de seus braços, empurrando-o para longe. — Por que não fui te ver? Eu fui te ver. Mesmo depois do que tinha visto com Lesley. Eu sabia que você tinha o direito de saber sobre Emma. Então, eu fui te ver. — O quê? Quando? E Alex, sobre Lesley... — ele gaguejou, atordoado. — Não sei, devia estar grávida de 26 ou 27 semanas. Simplesmente não conseguia acreditar que você não respondia. Peguei o resto das economias de outono, comprei uma passagem e voei até LA. Esperei do lado de fora do prédio de Aaron durante quatro horas. Chamaram a segurança e disseram que se eu chegasse a cem metros de você, seria presa. — O estresse de tudo finalmente ruiu e ela soluçou e caiu de joelhos. — Tem alguma ideia de como foi horrível para mim? Saber que você me ferrou, me traiu e jogou fora, não somente eu, mas também nossa filha não nascida? O coração de Gabe se partiu


ainda mais sabendo que se envolver com ele havia causado tanta dor nela. Ele caiu no chão ao lado dela e passou os braços ao redor de Alex. — Shh, shh, shh, me desculpe, me desculpe, você não faz ideia do quanto sinto muito. Não só por Aaron, mas por tudo — ele esclareceu, começando a balançá-la para frente e para trás. Ela se acalmou um pouco e começou a enxugar as lágrimas do rosto. — Quando finalmente cheguei em casa, tinha um cheque me esperando. De trezentos mil dólares. Havia um acordo de nãocontato dizendo que eu não deveria ficar a cem metros de você em troca do dinheiro. Ele ficou boquiaberto, completamente incapaz de acreditar que Aaron fora tão discreto ao lidar com ela e que não tinha visto quem ele era antes. Gabe estava se chutando e tentando descobrir como convencê-la de que não a traiu com Lesley. — Sei que algumas pessoas acham que isso me torna uma pessoa terrível, mas eu aceitei. Ainda tinha um ano de faculdade pela frente e sabia que se iria fazer tudo sozinha, terminar a faculdade e construir algo para mim mesma, precisava da ajuda — ela continuou. — Não ligo para o dinheiro! Eu não ligo, fico feliz que você tenha pegado. Vocês duas precisavam. Sim, nós precisávamos. Eu usei o suficiente para terminar a faculdade, pagar a creche de Emma e guardei o resto em um fundo fiduciário para ela. Tem mais de quinhentos mil dólares agora. Mas não toquei no dinheiro depois daquele primeiro ano. Não depois que me formei na faculdade. — Os olhos de Alex começaram a lacrimejar novamente. — Consegui um bom emprego e pude nos sustentar. Gabe a puxou para perto, deslizou as mãos pelas costas dela e acariciou seus cabelos. — Alex, não estou bravo. Não estou chateado. Não me importo com esse dinheiro e fico feliz que pelo menos tenha ajudado vocês quando mais precisavam e não pude estar lá. — Não foi até o aniversário de um ano de Emma que aceitei que você não viria mesmo — ela contou, quase distraída enquanto


prosseguia. — Então, as cartas se tornaram anuais. Pensei que, se pudesse fazê-lo ver como ela era linda... — a voz dela falhou de novo — O quão incrível ela era, não seria capaz de resistir e finalmente viria conhecê-la. — Eu vim, assim que vi as cartas, assim que vi Emma, soube que tinha que encontrar vocês duas e fazer parte de suas vidas — ele afirmou, puxando o rosto de Alex para o dele e fitando os olhos dela profundamente. — Fazer parte da vida dela. Você precisa fazer parte da vida de Emma — ela sussurrou, corrigindo-o, limpando as novas lágrimas dos olhos. — Da vida das duas — ele disse, ainda segurando o rosto dela nas mãos. — Gabe, esse navio zarpou quando você me traiu em LA. Pensei que poderia lidar com isso e deixar para trás, mas não consigo. Sou a favor de continuarmos o que estamos fazendo enquanto estivermos na Escócia, mas não posso estender para além do nosso tempo aqui. Não vou impedi-lo de se envolver na vida de Emma porque ela precisa do pai. E desde que planeje ser consistente com ela, não vou separá-los. Mas não há nada para nós além de sermos pais. Nós... — Alex, eu nunca te traí. Você tem que acreditar em mim — ele garantiu, agora que voltaram ao assunto. — Admito que o que fiz em relação ao contrato da produtora sobre o nosso relacionamento foi errado. Foi muito errado, provavelmente o maior erro da minha vida, mas nunca te traí. — Passaram menos de vinte e quatro horas da briga e você já estava transando com Lesley. Alguém glamourosa e que se encaixava no seu estilo de vida. O estilo de vida que a produtora queria. Eu não era nada em comparação... — Não diga isso, seu amor era tudo para mim, eu fiquei cego pelo estilo de vida na época e não sabia como sair do contrato sem gastar muito dinheiro, mas não deveria ter concordado. Sei disso. Eu estava errado, tão errado, mas nunca te traí. Nunca! — Ele repetiu enfaticamente. Alex afastou a cabeça das mãos dele,


atravessou a sala e abraçou a própria cintura, tentando não desmoronar de novo. — O dia depois da briga. Quando voltei para conversar com você e vi que estava de cueca na cama e Lesley no chuveiro — Alex cuspiu. — Menos de vinte e quatro horas, Gabe, e você a levou para a cama — acusou. — Depois, vi as fotos tiradas pelos paparazzi dela saindo do hotel nas suas roupas. A caminhada da vergonha saiu em todos os jornais. Ele se aproximou dela para agarrar seus dois braços e obrigá-la a encará-lo. — Alex, eu não te traí — ele repetiu. — Eu juro. Juro pela vida de Emma. Não traí. Bebi muito no dia que você foi embora. Muito mesmo, e quando acordei no dia seguinte, estava péssimo. Lesley veio falar sobre a turnê de imprensa e vomitei nela. Foi uma bagunça no quarto inteiro. Alex o encarou, tentando decidir se acreditava nele. — Ela perguntou se podia tomar um banho, eu deixei e emprestei algumas roupas porque as dela foram arruinadas. Eu nunca teria te traído. Nenhuma mulher jamais foi capaz de se comparar a você. Sei que não ficamos juntos por muito tempo. E sei que é loucura dizer isso depois de todo esse tempo — ele concluiu, fitando os olhos de Alex quando ela balançou a cabeça. Ele prosseguiu, sabendo que tinha que desabafar: — Mas eu te amei, Alex. Eu te amo ainda mais agora, depois de ver como criou nossa filha sozinha. Apenas Emma seria o suficiente para me fazer amá-la para sempre, mas combinando isso com a forma como me faz sentir e o tipo de homem que me faz querer ser? Alex, não há ninguém que possa se comparar a você. Por favor, acredite em mim. Ele segurou o rosto dela nas mãos e encarou-a, implorando que acreditasse nele. Gabe não sabia o que faria se ela não acreditasse. Tudo parecia estar indo tão bem e agora estava caindo aos pedaços. — Você pode conversar com Lesley amanhã. Ela está casada e é feliz sendo mãe de um garotinho. Ela não mentiria sobre isso. Eu não mentiria sobre isso. Sei que já tivemos muitos problemas e sei que tem sido difícil para você confiar em mim e nos meus


sentimentos por você, mas acredite quando digo isso, por favor. Eu nunca, nunca te traí. Gabe sabia que se ela não acreditasse nele, eles teriam terminado antes mesmo de começar.


27

A

bomba sobre Gabe e Lesley que caíra no dia anterior ainda se repetia na mente de Alex. Ela disse a ele que precisava de um tempo para digerir e foi para a cama. Ele dormiu no outro quarto e Alex ficou agradecida. Levou horas para finalmente adormecer. Ele não a traiu. Todos aqueles obstáculos que ela havia criado foram construídos sobre algo que não tinha acontecido. Por que simplesmente não o confrontou naquele quarto de hotel quando pensou que ele dormira com Lesley? Porque ela era uma covarde, era por isso. Alex havia temido que, se o confrontasse, Gabe teria sido capaz de reconquistá-la. Ele teceria seu feitiço e ela o perdoaria, e ele teria feito isso de novo e de novo e de novo, e ela se tornaria a única pessoa em sua vida que jurou nunca ser. Medo fazia seu coração disparar e as mãos suarem quando Alex se imaginava sentada em casa enquanto ele estava na cidade, dormindo com colegas e fãs, e ela continuaria aceitando-o de volta. Então, ela fugiu, fugiu dele e da visão horrível do futuro que havia pintado para si mesma. E por causa disso e dos erros que ele cometera, os dois haviam roubado da filha um relacionamento com ele. Aaron detinha a maior parte da culpa, mas se tivessem sido sinceros desde o início e não estivessem tão assustados, ele nem teria tido a chance.


A porta da frente se abriu no primeiro andar e Alex sentou. Ela pôde ouvir a voz de Emma ricocheteando nas paredes e a voz grave de Gabe, mas não conseguia entender o que diziam. Estavam conversando com alguém. Ela se levantou, foi até a cômoda e pegou algumas roupas. A porta da frente se fechou e Emma correu do lado de fora. Pensando que ele estava dando a ela um tempo sozinha e levando Emma ao parque, Alex se apressou para se vestir e comer alguma coisa antes de voltarem. Ainda se sentia ferida e rasgada por dentro e precisava de um café ou algo mais para animá-la. Não estava exatamente ansiosa pelo dia. As coisas terminaram de uma forma estranha na noite passada. Não saber onde estava com ele tornava tudo ainda mais difícil. Ela se vestiu, desceu as escadas e viu a tela iluminada de um celular pela visão periférica. Deixando escapar um barulho que era meio chiado e meio grito, Alex apertou a mão no peito. Lesley estava sentada na sala de estar. Lesley virou-se para ela e colocou o braço na parte de trás do sofá, radiante como sempre. Ela colocou o celular em cima da mesa. — Oi, Alex! Gabe disse que você desceria logo. Espero que não se importe que eu esteja esperando sozinha. — Não, claro que não. De modo algum. Quer beber alguma coisa? Um pouco de chá ou suco ou algo assim? — Claro, um pouco de chá seria ótimo, obrigada. — Venha para a cozinha. Tenho uma boa ideia de porque está aqui. — Alex gesticulou para Lesley da cozinha e pegou duas xícaras do armário, encheu a chaleira elétrica e a ligou. Lesley deslizou em um dos banquinhos do outro lado do balcão. Alex colocou dois saquinhos de chá nas xícaras e voltou-se para Lesley, apoiando a bunda no fogão. — Então, acho que Gabe te falou sobre o que conversamos ontem à noite. — Sim, Alex, nem sei por onde começar. Eu não dormi com Gabe. Nunca dormimos juntos. Além de beijos na frente de umas cem pessoas da produção, nunca fizemos nada íntimo.


— Eu sei — Alex admitiu, e uma expressão de surpresa passou pelo rosto de Lesley. Ela não conseguiu conter a risada. — Não estava esperando por isso? — Não, de jeito nenhum. Do jeito desesperado que Gabe me ligou ontem à noite, eu esperava chegar aqui e encontrar uma pilha de roupas dele queimando no gramado da frente. — Eu tinha muito o que pensar ontem à noite e acho que o assustei. Não só o fato de que eu pensava que ele me traiu, mas também o que aconteceu comigo que me fez fugir quando pensei que ele tinha fugido. Entrar no quarto e ver vocês dois daquele jeito foi difícil. — Tenho certeza, não consigo imaginar — Lesley falou, se inclinando sobre o balcão e apertando a mão de Alex. — Mas eu não tinha que reagir daquela maneira. Fiquei mais preocupada com o que faria quando o confrontasse do que com a traição. — Como assim? — Fiquei com medo que você saísse do banheiro, ele me visse e me contasse o que aconteceu e eu o aceitasse de volta. Que eu o amasse e não quisesse ficar sem ele a ponto de me contentar com as migalhas que ele quisesse dar até terminar comigo e me expulsar. Os olhos de Lesley se arregalaram e o queixo dela caiu. — Alex, de jeito nenhum Gabe teria feito isso. Não só a parte da traição, mas nada do que você falou. Ele era apaixonado por você e ainda é, pelo que posso ver. Se não fosse pelo contrato e o processo que poderiam ter aberto contra ele, as coisas não terminariam daquele jeito em LA. — Eu sei disso agora, mas na época… A chaleira apitou, Alex preparou o chá e as duas mulheres se sentaram à mesa da cozinha para continuar a conversa. — Eu era tão incrivelmente insegura naquele tempo, inferno, ainda sou. Mas na época, não sabia nada sobre homens. Nunca tive um namorado antes de Gabe. Eu namorei dois caras, dormi com um só para ver como era, mas ele foi o primeiro que deixei entrar no meu coração e isso me assustou pra caramba. Ainda assusta.


Alex contou sobre a relação com a mãe e como isso mudou a maneira que via relacionamentos em sua mente. Eram uma grande fraqueza e poderiam conduzi-lo por um caminho doentio se não tomasse cuidado. Talvez isso a tenha feito tomar muito cuidado e tenha levado-a a cometer muitos erros. Em vez de nunca querer ficar sozinha e estar sempre tentando encontrar um cara, não importando o quão estragado ele fosse, Alex fez o possível para garantir que nunca se machucaria por deixar alguém entrar. Essa não parecia mais uma maneira de viver.

Gabe entrou cautelosamente em casa, sem saber o que esperar. Um som de risadas veio da cozinha e ele finalmente soltou o fôlego que segurava. Risadas eram um bom sinal. Emma entrou atrás dele e correu para a cozinha. Dobrando a esquina da cozinha, Alex e Lesley davam risadinhas, segurando duas taças de vinho. Ele manteve Emma fora de casa o dia inteiro para que Alex e Lesley pudessem conversar. Lesley tinha dito que mandaria uma mensagem quando fosse seguro voltar e o fato de que ela não enviara nenhuma mensagem nas seis horas que ele havia estado fora aumentou seu nível de ansiedade. Acontece que ela não enviou uma mensagem porque estava se divertindo muito com Alex. — Oi, amor! — Alex deu um grande abraço em Emma e um beijo molhado em sua bochecha. — Eca, mamãe, boca molhada — Emma riu, limpando o beijo do rosto. — Você voltou — Alex falou com um sorriso. Era um bom sinal. — Sim, voltei. E vejo que vocês duas se divertiram essa tarde. — Gabe sorriu, pegando a garrafa quase vazia. — Estávamos fofocando e qual a melhor maneira de fazer isso do que bebendo vinho? — Lesley argumentou, tomando um gole. — Essa é sempre a melhor maneira, é o que eu digo. — Alex riu, bebendo um gole da taça. — Bem, vou deixá-las, senhoras. Emma, quer assistir um filme comigo na sala?


— Sim! Podemos comer pipoca?! — Claro — ele respondeu, dando um tapinha na cabeça dela. — Eu vou fazer a pipoca, vocês dois ajeitam tudo. — Alex pegou a pipoca do armário e colocou no microondas. — É melhor eu ir embora. — Lesley levantou e bebeu o último gole. — Foi muito bom vê-la novamente, Alex, e espero te ver muito mais. — Eu também e, por favor, traga seu filho da próxima vez — ela pediu, dando um abraço em Lesley. — Vou trazer. Alex pegou a pipoca do microondas e a colocou em uma tigela. Ela levou Lesley até a sala, onde ela juntou as coisas e saiu. Alex colocou a tigela sobre a mesa e conduziu Lesley até a porta da frente. — Vejo você depois, Gabe — Lesley chamou. — Já vai embora? — Ele tirou Emma do colo, colocou-a no sofá e caminhou até Alex e Lesley paradas perto da porta da frente. — Preciso voltar antes do jantar, mas não se preocupe. Vejo vocês na próxima semana e trarei Olly comigo. — Lesley deu-lhe um abraço e depois em Alex. — Não tenha medo da possibilidade de se permitir ser amada, Alex — Lesley sussurrou em seu ouvido. A garganta dela apertou e ela assentiu. Lesley atravessou a calçada e entrou no carro que a esperava. Fechando a porta, Alex apoiou a cabeça nela e olhou para cima para ver Gabe ainda parado ali. — Como você está? — Estou muito bem, Gabe, sério — ela respondeu, indo até ele e dando-lhe um beijo. Os olhos de Gabe se arregalaram antes de fecharem e ele se inclinar para o beijo. — Eca, mamãe, papai, sem beijos na frente das crianças. Alex quebrou o beijo e apoiou a testa na dele, riu e caminhou até o sofá. — Acostume-se, garota — ela falou, tocando o nariz de Emma com o dedo antes de agarrar a tigela de pipoca e se aconchegar no outro lado de Emma. Gabe estendeu o braço pelas costas do sofá e


entrelaçou os dedos aos dela enquanto assistiam ao filme junto como uma família.


28

A

lex put colocou Emma para dormir no quarto e apagou as luzes. Com a emoção do dia, Emma nem sequer pediu uma história. Gabe havia providenciado que todos os livros favoritos dela fossem colocados no quarto temporário e isso tornara o tempo na Escócia mais agradável. Parecia que o truque para Emma ficar com sono era uma viagem ao zoológico e brincar com Lego. Alex teria que guardar essa informação para depois. Quando ela desceu as escadas, havia velas acesas na sala de estar. Gabe usava um terno, parecendo mais delicioso do que nunca. Ele tirou um buquê de flores de trás das costas e o ofereceu à Alex quando ela parou no meio das escadas. — Pra que isso? — Eu queria fazer algo especial para você. Você fez algo especial por mim, dando-me Emma e concordando em vir para a Escócia, e quis fazer algo para você. — Gabe, você sabe que não é necessário. Foi uma boa ideia que Emma viesse ver o que você faz. Ela está se divertindo muito. — E você? E quanto a você, Alex? — Ele questionou, caminhando até o pé da escada. Alex desceu os dois últimos degraus e colocou os braços em volta do pescoço dele. — Estou me divertindo muito também. Fico feliz que tenha me convencido a vir — admitiu, inclinando a cabeça. — E estou feliz por poder passar um tempo com você.


— Estou feliz também. Não dá para dizer o quanto senti sua falta durante esse tempo todo. Vou fazer tudo ao meu alcance para compensá-la. Ela começou a balançar a cabeça. — Gabe, nós dois cometemos muitos erros. — Ele tentou interromper, mas ela colocou um dedo sobre os lábios dele. — Cometemos erros, mas estamos aqui e podemos escolher ser felizes agora, então é isso que eu gostaria de fazer. Ela depositou um beijo hesitante nos lábios dele. — Eu gostaria muito disso também — Gabe respondeu, sorrindo de orelha a orelha. — Então, por que está tão bem vestido? Ela deu uma espiada nele de novo. — Pensei que poderíamos jantar. — Mas não podemos sair, Emma está lá em cima. — Alex começou. — Eu sei, então pensei que talvez pudéssemos trazer o jantar até nós — ele falou, levando-a ao quintal iluminado com luzes cintilantes. Havia uma toalha de mesa de linho branco sobre uma pequena mesa redonda e uma garrafa de vinho gelada ao lado em um balde de gelo. Alex pôde ouvir do quintal panelas e frigideiras sendo movimentadas na cozinha. — Você contratou alguém para cozinhar? — Pensei que seria mais fácil do que sairmos, especialmente sem uma babá para Emma — ele argumentou, puxando uma cadeira para Alex. Ela olhou para si mesma, se sentando na cadeira que ele puxou. — Estou me sentindo um pouco mal vestida. Minhas roupas ainda cheiram a zoológico e estou toda suja de tinta — disse ela, tentando tirar um pouco da tinta dos braços. Gabe se sentou e segurou as mãos dela do outro lado da mesa. — Acho que você está absolutamente deslumbrante — ele afirmou, sinceridade brilhando em seus olhos. Ela deu um sorriso idiota e um garçom surgiu atrás de Gabe, vindo da cozinha. Colocou um prato de aperitivos na frente deles e eram impressionantes. Alex não tinha percebido o quanto estava faminta até o aroma de alho e


cebola atingir seu nariz e ela atacou. Olhando para cima, Gabe encarava-a e ela deu a ele um olhar interrogativo. — Eu amo o quanto você aprecia comida boa. É revigorante saber que podemos desfrutar dela juntos — disse ele, comendo um pouco da própria comida. — Claro, eu amo comida. Um dos grandes prazeres da vida — ela respondeu, gemendo quando deu outra mordida. Ele pegou um pequeno controle remoto na mesa e apertou play. Música começou a tocar em alto-falantes ocultos pelo quintal e os dois desfrutaram das refeições, conversas e músicas. Depois do prato principal, Gabe se levantou e estendeu a mão. Alex olhou para ele cautelosamente. — Me concede esta dança? — Ele perguntou. Ela sorriu, deixou o guardanapo sobre a mesa e pegou a mão dele. Ele a puxou para perto e começaram uma dança lenta ao redor do quintal. Ouvindo o som do batimento cardíaco dele enquanto se inclinava contra seu peito, Alex se sentiu tão à vontade e em paz. Todas as coisas terríveis que haviam acontecido sumiram durante aquele momento em que dançaram. A garotinha deles estava no andar de cima, feliz e saudável depois de um dia agitado, Gabe providenciara uma refeição deliciosa e Alex finalmente sentia como se soubesse o que eles eram. As coisas finalmente estavam dando certo e de uma maneira que Alex não se permitia sonhar nem em sua imaginação mais louca. Ela estava apaixonada por Gabe. Sempre fora, mas finalmente conseguia admitir para si mesma. O garçom trouxe a sobremesa de chocolate, que eles decidiram comer no sofá dentro da casa. Alex pensou que se aconchegar nele e comer um pouco de chocolate era o final perfeito para a noite perfeita. O garçom e o chef partiram logo e eles ficaram sozinhos. Ela dobrou os pés embaixo de si mesma, alimentando-o com a sobremesa e ouviram a música, relaxando nos braços um do outro. — Eu te amo, Alex — ele respirou contra o pescoço dela, beijando o caminho da orelha até a clavícula. Ela se virou para ele, vulnerabilidade brilhando nos olhos de Gabe. Ela era bastante


liberal com a parte física do relacionamento recém-reacendido, mas queria que ele soubesse que estava tão envolvida quanto ele. Ela se empertigou e colocou o prato na mesinha de centro. Virando-se para ele, cujos olhos estavam arregalados de medo, Alex lhe deu um pequeno sorriso. Ela pegou as mãos dele e as colocou sobre seu coração. — Eu também te amo, Gabe. Não sei se parei de amá-lo. Não acho que poderia, não depois que tivesse Emma. Ela era parte de nós dois e, às vezes, vê-la era difícil porque ela me lembrava muito de você e do quanto eu o amava, mesmo que não estivéssemos juntos. Após a declaração, Gabe afastou as mãos dela do coração e beijou as duas palmas. — Acho que é hora de irmos para a cama — disse ele, levantando-a, apesar dos protestos para deixá-la andar, e a carregou para o andar de cima. Ele a colocou gentilmente na cama e começou a se despir devagar, primeiro trabalhando em sua gravata e depois desabotoando a camisa. Alex, não querendo esperar mais, começou a desabotoar a blusa de baixo para cima até as mãos deles se encontrarem no meio do caminho. Ela se afastou, abriu a fivela do cinto dele e abaixou o zíper da calça. Ela colocou a mão na cueca dele e pegou seu pau nas mãos. Ele respirou fundo quando ela começou a acariciá-lo. — Você sabe como me deixar com tesão, mulher — Gabe comentou, brincando, empurrando-a na cama e ficando em cima dela. — Mas agora é a minha vez. Ele se afastou, abriu o jeans dela e o tirou em um único movimento. Ele se ajoelhou e abriu as pernas dela. Olhando-a com um brilho diabólico nos olhos, ele enterrou o rosto na boceta dela como um homem faminto. Alex teve que agarrar um dos travesseiros e segurá-lo sobre o rosto para não acordar Emma. Ele a levou ao clímax duas vezes antes que ela finalmente implorasse para que a tomasse. — Como sabia que era isso que eu queria como recompensa pelo nosso jantar? — Um brilho malicioso apareceu nos olhos dele quando subiu na cama e se posicionou na entrada dela, mais do que molhada o suficiente após sua ministração. Com Alex sensível


depois das atenções anteriores, levou menos de alguns minutos para os dois estabelecerem um ritmo e alcançarem o clímax juntos. Ambos estavam ofegantes quando se deliciaram com o brilho de outra noite incrível juntos. Alex rolou e suspirou, colocando o lençol sobre o peito e fitandoo. Ele era um homem bonito; ela tinha sorte de tê-lo. Ela o amava e ele a amava. Ela só esperava que isso fosse o suficiente para resistir à tempestade que estava por vir.


29

O

celular de Alex estava vibrando sem parar e ela esperou que não fosse o alarme. Normalmente, ela nem chegava a ouvi-lo porque Emma a acordava no raiar do dia, mas parecia que a filha estava nocauteada das aventuras do dia anterior. Gabe se aconchegou atrás de Alex e passou os braços em volta da cintura dela. A vibração começou de novo e ele resmungou, pedindo para desligar. Ela tateou a mesa de cabeceira até encontrar o celular e apertou o botão de soneca. Mas não encontrou o alarme. Em vez disso, encontrou umas dez chamadas não atendidas de Jen e mais mensagens recebidas para a conta – mensagens de Jen, mensagens de pessoas com quem não falava há anos e mensagens de números que nem reconhecia. Alex desbloqueou o celular e leu as mensagens de Jen. J: Você viu as notícias? J: Já olhou os sites de fofocas? J: Ugh, não importa, não olhe. Esqueça que enviei qualquer coisa. J: Na verdade, você provavelmente precisa olhar. J: Me ligue se quiser conversar. Alex abriu o navegador no celular, digitou seu nome no Google e abriu o primeiro link que viu. A manchete chamou sua atenção imediatamente: “O bonitão Gabe Stevens é pego em luta por


paternidade.” Também não era a única história. “Filha secreta mantida longe por ex interesseira” — Ai, merda — ela engasgou, se sentando na cama. Assustado, Gabe deu um pulo. — O que aconteceu? — Ele perguntou, olhando ao redor do quarto. — Isso aconteceu — ela respondeu, empurrando o celular na cara dele. A expressão sonolenta de Gabe lentamente se transformou em horror quando começou a percorrer as histórias. Ela levantou da cama e foi até a mala. Pegou o primeiro par de jeans estirado em cima da bolsa que viu. — Alex, não é tão ruim; nós podemos consertar isso. — Nós podemos consertar isso? — Ela rosnou, mantendo a voz baixa. — Como vamos consertar isso? Sou a vadia ávida por dinheiro que escondeu sua filha de você. Eu devia ter adivinhado. — Nós podemos consertar isso — ele repetiu. — Somos felizes, todos nós juntos; não deixe que alguns tablóides a assustem. — Você não é a ladra prostituta sobre quem os jornais estão escrevendo. De acordo com eles, é a vítima. — Com raiva, ela passou uma blusa pela cabeça. — Eu sabia que não devia ter vindo. Se tivéssemos ficado em casa, nada disso teria acontecido. Ele foi até ela e a puxou para seus braços. — Nós não poderíamos esconder para sempre. Eu não ia esconder vocês duas. Tenho orgulho de ser o pai de Emma e tenho orgulho de estar com você. Não era assim que eu queria que descobrissem, mas vamos consertar isso. — Como, Gabe? Como vai consertar isso? Um dia, Emma lerá essas coisas. — Mas ela vai saber a verdade por nós. Ela saberá que a amamos e nos amamos, e nada do que está escrito lá é verdade — ele disse, com tanta convicção que a deixou sem fôlego. — Estou com medo — ela admitiu, lágrimas enchendo os olhos. Alex começou a reunir os pertences e fazer as malas. Quando puxou a mala, o grande envelope pardo contendo o contrato de custódia caiu. Gabe o pegou e segurou na mão. A respiração dela parou diante do que ele segurava. Ela trouxera os papéis só por precaução. Na verdade, tinha esquecido que


estavam na bolsa, mas eles eram uma proteção quando se tratava de Emma. Não pretendia usá-los, e ele não os tinha visto, e Alex não queria que visse. Ela tentou pegar o envelope, mas Gabe segurou-o enquanto falava. — Eu sei, sei que está assustada. Também estou com medo. Não dos tablóides idiotas, não poderia me importar menos com eles. Estou com medo de que isso nos separe. Temos que ser mais fortes do que isso. Eu te amo — Alex enrijeceu nos braços dele. — Tive medo de dizer até agora, mas eu te amo. Eu te amo, sempre amei e amo ainda mais vendo como criou uma filha tão incrível — ele declarou. Ela assentiu e tentou pegar os papéis da mão dele de novo. Sem perceber o que era, ele finalmente olhou para o envelope com uma etiqueta bonita e arrumada e seu nome impresso. — O que é isso? — Ele questionou, abrindo o envelope, e ela assistiu seu mundo inteiro incendiar.

Gabe fez uma pausa e analisou o envelope que Alex parecia desesperada para pegar. O nome dele estava impresso na frente e ele lentamente o virou para abri-lo. — Gabe, por favor — ela implorou. Ele a ignorou e abriu o envelope. Dentro, havia uma pasta grossa de papéis com as grandes e feias palavras “Contrato de custódia” impressas na frente. Olhando dos papéis para Alex, os olhos dela arregalados, o rosto paralisado de medo. Ele deu uma lida no acordo. Ele se tornara muito melhor em ler essas coisas depois de anos de sessões contratuais para não ser pego em uma cláusula com a qual não queria concordar. Gabe aprendeu a lição depois do Stargazer. No entanto, os vários termos deste contrato eram alguns dos mais feios que ele já vira. Ela queria a custódia física total de Emma, visitas supervisionadas limitadas para ele, sem pernoites, sem visitas a LA, nada.


— Que merda é essa? — Ele quase gritou, apontando os papéis para Alex. Ela saiu de perto das malas para ficar diante dele. — Não é nada, Gabe. Isso não significa nada. — Então por que os redigiu para início de conversa? Por que os trouxe com você? — Ele acusou, amassando os papéis nas mãos. — Eu os tenho há muito tempo. Pedi para redigi-los quando Emma tinha só um ano. — Por que os trouxe? — Não sei, Gabe. Eu estava olhando para eles antes de virmos e esqueci que estavam na minha mala — ela suplicou. — Então, essa era a sua solução? Uma solução horrível. Nenhuma visita? Custódia física completa? Você queria mantê-la longe de mim? — Gabe, não era isso que eu queria. Eles foram redigidos há muito tempo, quando ainda estava magoada e com raiva. Pensei que você não nos queria. Que não queria Emma. Não queria que ela se machucasse. — Não, você fez isso para tentar me machucar. Me manter longe de Emma jamais seria uma coisa boa para ela. Isso era sobre você e sua vingança quando pensou que eu a traí. — Parcialmente, sim. Admito, mas as coisas mudaram agora. Eu nunca tiraria ela de você. — Então, por que guardar os papéis? Por que trazê-los? Especialmente depois de como as coisas tem sido entre nós desde que chegamos aqui. Alex estava com ele somente porque pensava que ele queria tirar Emma dela? Tudo isso para se proteger de uma disputa pela custódia? — Eu tinha esquecido totalmente deles, Gabe. Honestamente, eu os trouxe comigo porque sempre foram uma proteção a mais em relação à Emma. Você estava viajando pelo mundo, sendo uma super estrela de cinema, ganhando milhões de dólares e era possível que aparecesse do nada e tirasse minha filha de mim. Não quis arriscar. Foi por isso que redigi os papéis — ela explicou com lágrimas nos olhos.


— Você pensou que eu tentaria tirá-la de você? — Ele perguntou, balançando a cabeça. — Pensei que estávamos indo tão bem e fazendo progresso no nosso relacionamento, mas estava me iludindo. Pensei que você me conhecesse, Alex. — Gabe, vai ficar tudo bem. Vou jogar os papéis fora agora. Podemos trabalhar em um acordo diferente. Um que seja mais justo — ela argumentou, tentando acalmá-lo. — Não quero um acordo, Alex! — Ele rugiu. — Eu queria uma família. Queria que você, eu e Emma fôssemos uma família. Não quero uma ordem judicial me dizendo quando posso ver minha garotinha. Quero poder andar pelo corredor, dar um abraço e um beijo nela e ler histórias para ela dormir. E quero estar com você. Você disse que me amava e agora está falando de acordos sobre Emma. Isso me faz pensar se eu estava me iludindo o tempo inteiro por pensar que poderíamos seguir em frente. Gabe caiu na cama. — Gabe, nós podemos ter isso. Me desculpe. Eu não deveria ter trazido os papéis e eu te amo, mas é tudo muito assustador para mim. — Não acha que é assustador para mim também? Não é só sobre nós dois. Se as coisas derem errado, eu perco vocês duas. Essa era uma chance que eu estava disposto a aproveitar, mas, aparentemente, sua estratégia é a de terra arrasada — ele concluiu, gesticulando para o envelope que largara na cama ao seu lado. — Gabe, por favor — Alex começou. — Acho que você deveria ir embora, Alex — Gabe falou, encarando-a, dor e raiva correndo por ele. — Você quer que eu vá embora? — Quero que você e Emma voltem aos Estados Unidos. Com toda a história de tablóide e isso — ele respondeu, apontando para o envelope. — Talvez seja melhor passarmos um tempo separados para decidir o melhor para seguirmos em frente. Ele levantou da cama e passou por Alex, se dirigindo para a porta do quarto. — Vou pedir que alguém entre em contato para lhe dar os detalhes sobre voltar aos Estados Unidos. E eu apreciaria se Emma e eu pudéssemos conversar por vídeo pelo menos uma vez por dia.


Vou falar com ela no grupo de recreação e pedir que a babá a traga de volta assim que terminarem — disse ele. — Nunca quis te machucar. Sinto muito, Gabe — Alex sussurrou quando ele passou por ela. Um choque atravessou o coração dele. Ele tivera tudo por um curto tempo, e então esse tudo se desfez. — Eu também sinto muito — respondeu, deixando o quarto, e saiu pela porta da frente.


30

A

viagem de volta da Escócia foi um borrão. Gabe providenciara tudo, como disse que faria. O voo delas foi reservado para o dia seguinte e as malas estavam prontas. — Papai, cadê as suas malas? — Emma exigiu, batendo o pé na porta da frente. — A gente vai se atrasar! Eu quero ver os aviões! Gabe se agachou com os olhos marejados e puxou Emma para perto, apertando-a em um abraço firme. — Papai! Muito apertado. Vai pegar suas malas — ela insistiu, empurrando-o. — Eu não vou com você, querida — ele suspirou, apertando-a de novo. — Por que não? — Agora os olhos de Emma estavam marejados. Ela olhou para a mãe e Alex ficou paralisada, incapaz de explicar à filha o que acontecera. Emma o apertou de volta, os braços ao redor do pescoço dele. — Papai, por que você não vem? — Ainda tenho trabalho a fazer aqui, Emma, mas posso falar com você pelo celular da sua mãe toda noite. E você pode me ligar a qualquer momento, ok? — E quando acabar de trabalhar, você vai para casa? O olhar de Gabe disparou para o de Alex antes de se afastar. — Vamos ver, querida. Vamos ver. Alex limpou uma lágrima da bochecha antes que Emma pudesse dizer mais alguma coisa. O abraço dele foi suficiente para impedir


que Emma desabasse. Ele continuou evitando o olhar de Alex e se recusava a falar com ela. Toda vez que ela tentava encontrá-lo sozinho para conversar, ele saía da sala. Com Emma lá, ficava ainda mais difícil tentar falar com ele e Gabe parecia perfeitamente bem com essa situação. Emma tirou uma soneca pouco antes do carro chegar e Alex pensou que finalmente teria uma chance, mas Gabe afastou os cabelos de Emma, beijou sua testa e pediu licença antes que ela conseguisse falar com ele.

Ele voltou quando o carro chegou para levá-las ao aeroporto e Alex pegou Emma para carregá-la até o carro. Ele se despediu da garotinha dele de novo, dando-lhe um grande abraço e prometendo que falaria com ela assim que elas pousassem. O carro partiu e Alex espiou pelo vidro de trás, observando-o parado no meio da rua, as mãos enfiadas nos bolsos. O voo transcorreu de forma tranquila, bem mais suave do que a viagem à Escócia algumas semanas antes. Havia um carro esperando para levá-las para casa quando chegaram ao aeroporto. Abrir a porta de casa fez parecer que elas estavam entrando na casa de outra pessoa. Era a casa delas, mas agora parecia diferente. O chalé havia se tornado um lar enquanto estavam na Escócia. O lar delas com Gabe. Todos os itens que Alex comprara na Escócia chegaram em uma remessa alguns dias depois, e ele incluiu alguns itens extras para Emma. Jen ligou para ver como ela estava algumas vezes. — Por que levou os papéis se não pretendia usá-los? — Peguei-os no escritório enquanto me preparava para sair. Estava olhando o contrato no meu quarto e ele apareceu. Eu surtei, não queria que ele os visse, então joguei tudo na mala e comecei a guardar as coisas em cima. Esqueci que estava lá. — Por que não disse a ele que nunca pretendeu que ele os assinasse? — Eu tentei, mas ele ficou chateado por eu tê-los redigido para início de conversa.


— Isso não é justo com você. Ele não tem ideia de como foram as coisas para você naquela época — Jen disparou. — Não posso dizer que não o culpo. Pensei que podia deixar tudo para trás. Que podia deixar pra lá, aí descobri a verdade sobre Lesley e piorou tudo. Se eu não fosse tão covarde naquela época e tivesse descoberto o que aconteceu de verdade, não teríamos nos separado. Alex se jogou na cama do quarto de hóspedes, segurando o travesseiro contra o peito. Fazia algumas semanas, mas ainda havia o menor indício do cheiro dele. Ela passara a dormir lá desde que voltaram. — Alex, você não pode se culpar completamente. E não pode culpar Gabe completamente. Muito dessa merda toda é por causa daquele idiota do Aaron. Ele é o único que deveria estar infeliz, não vocês dois. — Espero que aquele merda receba o que merece na reunião que Gabe planejou com a nova agência de talento em alguns dias. — Gabe vai voltar para LA? — Sim, vai ter uma pausa na produção por algumas semanas. Ele vai voltar para LA por um tempo e espero que venha aqui — Alex suspirou. — Aguente firme, Alex. Te ligo em alguns dias para ver como vocês duas estão. Ela e Emma se arrastavam pela casa, ficando principalmente de pijama. Alex nem fez panquecas. Era hora de comer os cereais de emergência. Emma sentia falta do pai e reclamava que não o via pessoalmente todos os dias, como se acostumara. E Alex sentia falta da companhia, da ajuda com Emma e, mais importante, de seu amor e carinho. Ela estava praticamente entorpecida desde a briga no chalé. Não sabia para onde ir. Tudo que havia feito para tentar se proteger do sofrimento e aqui estava ela, sozinha mais uma vez. Estivera tão obcecada por não ter medo de ficar sozinha que se esqueceu de aceitar estar com alguém quando as coisas dessem certo. O medo de se apaixonar a deixara da exata forma para a qual Alex sempre se preparara: sozinha. Ela sentia como se não fosse digna de um relacionamento amoroso?


Gabe saiu do chalé imediatamente depois que Alex e Emma foram embora. Perambular pela casa sozinho, lembrando delas a todo momento não era sua definição de diversão. Ele se hospedou em um hotel e passou o tempo que pôde no set. Tentar não pensar nelas durante o horário de trabalho era muito mais difícil do que imaginara. Voltar para casa, uma casa cheia de energia, cheia de risadas e coberta por brinquedos, era algo que ele não havia percebido que estava perdendo todos esses anos. Foram só algumas semanas e agora estava perdido sem elas. A dor no peito ainda estava lá sempre que pensava naqueles papéis. Alex ficara tão chateada com Gabe que queria tirar sua filha dele. Embora ela tenha dito que não pretendia entregá-los a ele, o fato de tê-los redigidos era suficiente para deixá-lo devastado. . Voltar para Los Angeles no dia seguinte ajudaria a resolver pelo menos alguns de seus problemas atuais. Duas semanas atrás, quem pensaria que ele não poderia se importar menos com Aaron? Mas Gabe queria fazer com que ele pagasse pelo que havia feito com os três. Procurar uma nova agência foi fácil. Não era muito frequente que uma estrela de franquia buscasse uma nova gerência, mas ele optaria por uma com uma reputação impecável e estivesse de acordo com os futuros planos de carreira de Gabe.


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s mãos de Gabe suavam quando ele entrou na sala de reuniões do andar executivo, no escritório de sua nova agência de gestão de talentos. Ainda tinha que enfrentar Aaron pessoalmente e não estava ansioso por isso. Ele continuava dizendo a si mesmo para não pular sobre a mesa para derrubar aquele babaca ordinário. Era exatamente o que Aaron queria e ele usaria isso para adicionar uma merda desagradável à cláusula de saída do contrato. A nova equipe administrativa de Gabe e seus advogados estavam de pé, se preparando para quando Aaron e sua antiga agência de talentos entrassem pela porta, quando, na verdade, quem deslizou pela entrada da sala de reuniões foi a ruiva que ele não via há anos. Jen Taylor. Olhando-a com a boca aberta, Gabe não teve chance de falar com ela porque Aaron e sua comitiva invadiram a sala de reuniões, sugando todo o ar do cômodo. Jen puxou uma cadeira ao lado do resto da equipe de Gabe e pegou o bloco de notas e caneta. Ele não sabia que ela trabalhava para a agência de talentos. — Quero que todos saibam que Gabriel Stevens estar aqui, presumivelmente sob sua representação, é uma violação total do contrato dele com a minha agência e iremos atrás de indenização — Aaron desafiou. Gabe começou a se levantar e um dos sócios da agência colocou uma mão firme em seu braço.


— Senhor Stevens veio até nós após uma grave quebra de confiança orquestrada por sua agência. Por conta dessa violação, ele tem pleno direito de romper o contrato com a agência e buscar indenização no valor de todas os percentuais de agência que ele ganhou para sua empresa, além dos juros. Achamos que é bastante generoso que ele esteja disposto a querer só isso financeiramente e não danos morais. — Isso é ridículo! Não violamos nenhuma confiança. Fornecemos o melhor caminho a seguir para garantir que a carreira dele não fosse prejudicada e continuasse a prosperar — rosnou Aaron. — Prejudicada? — Gabe rugiu, incapaz de se segurar. Ele se levantou e o sócio agarrou seu braço para impedi-lo de saltar sobre a mesa. — Minha filha não é prejudicial. Ela é a minha filha e, por sua causa, perdi seis anos da vida dela. — Eu fiz o que precisava para torná-lo uma estrela — Aaron retrucou. — Eu não pedi para ser uma estrela. Não às custas da minha filha e Alex. — Ah, por favor... Aaron foi interrompido por um dos seus advogados. — Embora pareça haver uma discordância sobre o que ocorreu no passado, ainda há o fato de Steven ter quebrado o contrato com a nossa agência. Assinar com vocês antes de rescindir o contrato conosco o coloca em violação e exigimos indenização no valor de quaisquer ganhos futuros acordados sob nosso contrato atual até que ele expire daqui a sete anos. — Nem a pau — Gabe rosnou. — Não vão receber um centavo meu. — Senhor Stevens... Antes que o advogado de Aaron pudesse continuar, Jen se levantou e distribuiu pastas para as cinco pessoas do outro lado da mesa. — Nas pastas diante de vocês, há cartas assinadas por Aaron Mitchell. Eu incluí cópias das cartas e das fotos. Também incluí a correspondência por e-mail entre Alexandra Davies e Aaron Mitchell, na qual ele afirma repetidamente falar por um sr. Stevens a par de


tudo, retransmitindo seu desejo de não ter contato com a senhora Davies. Tenho uma medida de proteção tomada em nome do sr. Gabriel Stevens sob falsas alegações, o que é uma infração penal. Se prosseguirem com isso, levaremos o mais longe possível e haverá acusações criminais. Também informaremos à cidade inteira o tipo de agente que tem na agência de vocês. Na verdade — ela disse, estalando os dedos. — Acho que outra estipulação para que essa disputa desapareça silenciosamente é que Mitchell seja demitido e que pelo menos parte da indenização pedida pelo sr. Stevens venha do próprio bolso de Aaron. Um arrepio subiu pelas bolas de Gabe com o veneno pingando da língua dela. Ela era assustadora. Ele com certeza estava feliz por ela estar do seu lado. — Ouvi dizer que comprou uma propriedade muito agradável em frente ao mar em Pacific Palisades, sr. Mitchell. Tenho certeza de que ajudaria um pouco nas despesas — ela concluiu com um sorriso.

As coisas terminaram rápido depois que Jen jogou a bomba na reunião. Aaron foi demitido da agência. Gabe gostou de vê-lo quase romper em lágrimas quando os advogados o informaram que não o representariam e que seria de seu interesse cooperar com as demandas de Gabe. — Jen, não sabia que você trabalhava para essa agência — Gabe falou, puxando-a de lado quando a reunião terminou. — Não trabalho, mas meu escritório de advocacia queria alguém aqui para ajudar nas negociações e eu disse que tinha informações essenciais, então aqui estou — ela respondeu, reunindo os pertences. — Escute, Gabe, não sei tudo que aconteceu com vocês dois na Escócia, mas quero que saiba que ela passou por muita coisa e quer que as coisas deem certo com você. Gabe ainda estava tocado com a descoberta do acordo de custódia e começou a se afastar.


— Você precisa me escutar — Jen continuou, colocando a mão no braço dele para impedi-lo de se afastar. — Ela veio até mim quando Emma tinha um ano e me pediu para redigir o documento de custódia. Alex tinha um medo mortal de perdê-la. Ela já tinha te perdido. Ela pensou que você não queria nada com ela, mas pensou que talvez um dia quisesse ver sua filha. Ela não estava bem; com o coração partido e aterrorizada com a sua influência. — Isso é loucura! Eu nunca teria tentado tirar Emma dela — ele argumentou. — Eu sei e ela sabe. Agora. Mas pense em Alex antes. Até onde ela sabia, você não queria nada com ela. Nenhuma forma de comunicação, foi removida à força do escritório da sua agência e uma medida cautelar foi solicitada. Ela pensou que não significava nada para você e que você a traiu menos de um dia depois que ela foi embora. E desse desespero veio o acordo de custódia. Ela nunca quis que você os visse. Nem acho que ela lembrava que estava na bolsa. — Eu nunca a trairia. Sempre parece que tem algo nos atrapalhando — Gabe argumentou. — Eu sei, Gabe. Mas vocês dois estão finalmente em um momento em que as coisas podem dar certo. Ela sabe que você nunca dormiu com Lesley. Você sabe sobre Emma e sabe o quanto ela te ama. E o quanto você ama as duas. — Mais do que tudo. E eu a mandei embora da Escócia. Converso com Emma todas as noites por chamada de vídeo, mas ela deve me odiar — ele lamentou, os ombros caídos. — Ela não te odeia, nem um pouco. Ela está com medo de te dizer o quanto quer ficar com você porque tem medo de ser rejeitada de novo. — Eu nunca faria isso. Elas duas são o meu coração. Então, o que faço agora? — Vai atrás das suas garotas! — Jen insistiu, empurrando-o na direção do elevador. Ele se despediu às pressas das pessoas da nova equipe de gestão e disparou no elevador aberto antes de apertar o botão do saguão. Gabe ligou para o motorista e disse para ele parar na frente


do edifício. O celular ficou sem sinal antes que ligasse para o assistente, então ele praticamente atropelou as duas pessoas esperando as portas se abrirem no saguão. Entrando no carro que parou do lado de fora do edifício, Gabe estava no celular com o assistente, providenciando o voo para Los Angeles – ele tinha duas horas para chegar ao aeroporto de LAX, mas o carro parou de repente. Ele olhou pelo vidro da frente e estava tudo engarrafado. Gemendo, olhou a hora e começou a fazer cálculos na cabeça. Ele sabia em seus ossos que tinha que chegar a elas essa noite.


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A

lex estava arrumando uma pequena mala para ela e Emma ao mesmo tempo que tentava telefonar para a companhia aérea. Ela tentou reservar passagens online, mas estava muito em cima dos horários de partida. Esperando que por ligação conseguisse as passagens um pouco mais rápido, Alex correu pela casa, pegando os itens essenciais. Emma estava sentada no pé da escada, a pequena mochila pronta para outra aventura. Um bipe no ouvido de Alex a informou que estava recebendo outra ligação. Tirou o celular da orelha e era Jen. Não querendo perder o lugar na fila e sem saber como colocar a outra ligação em espera, decidiu deixar Jen ir para a caixa de mensagens. Ela colocou o celular no viva-voz e enviou uma mensagem para Jen. A: Partindo em breve. Vou atrás de Gabe. J: Como assim?! Atenda o maldito telefone. — Seu tempo estimado de espera é de vinte e cinco minutos, por favor, fique na linha — a voz robótica repetiu para ela. Correndo escada abaixo e descendo dois degraus por vez, ela correu junto a Emma para a porta da frente. Alex tinha visto um vôo para Los Angeles que partiria em três horas. Se fosse rápida, poderia chegar a tempo. Outro barulho a informou que Jen estava ligando de novo. Decidindo que era urgente, Alex encerrou a ligação, esperando poder comprar uma passagem no aeroporto.


— Jen, o que foi? Estou com muita pressa — disparou, pegando as malas e levando Emma para fora. O sol estava se pondo e ela disputaria contra o pôr-do-sol para chegar ao aeroporto antes do voo. Trancando a porta da frente, Alex correu até o carro, abriu a porta de trás para Emma e jogou as malas no banco de trás. — O que está fazendo? Por que está tão sem fôlego? — Jen questionou. Uma voz masculina murmurou ao fundo. — Shh — Jen disse para quem estava com ela. — Estou a caminho do aeroporto. Percebi como isso é estúpido e não vou deixar que o medo de me machucar nos impeça de ser felizes juntos. Eu sei que podemos sermo felizes juntos — ela respondeu, entrando no carro, colocando as chaves na ignição e acendendo os faróis. — Alex, não vá ao aeroporto! — Jen gritou. Alex afastou a cabeça do celular. — Por que não? Foi você quem me disse que era estúpido ficarmos separados e que éramos muito bons juntos. — Eu sei, mas não vá ao aeroporto. Tive uma reunião com Gabe e a nova equipe de gestão hoje. — Okaaaay — Alex estendeu a palavra. — O que isso tem a ver com ir ao aeroporto? — Indagou, ajeitando o retrovisor. — Em, colocou o cinto de segurança? — Estou pronta, mamãe. Vamos ver o papai! — Ela exclamou, pulando na cadeirinha. — Jen, estou indo para lá agora. Já estou no carro com as malas prontas. Falo com você mais tarde. — Alex desligou antes que Jen pudesse dizer mais alguma coisa. Colocando o carro em marcha ré, ela pisou na embreagem e depois no freio para não bater no veículo que parou diretamente atrás do dela na calçada. — Que merda é essa? — Resmungou e abriu a porta para dizer a quem quer que fosse para sair da frente. Ela não deu dois passos antes da porta do lado do motorista abrir e Gabe sair do carro, uma bolsa pendurada no ombro, olhando-a com um sorriso apreensivo. Incapaz de se conter, ela correu em sua direção e pulou nos braços dele, passou as pernas em volta de sua cintura e cobriu o rosto de Gabe com beijos. O coração de Alex disparou quando o


agarrou e percebeu que ele estava realmente lá. Ele largou a bolsa, se apoiando na lateral do carro, e colocou os braços ao redor das costas dela para puxá-la para perto. — Papai! Papai! Papai! — Emma berrou, animada, engatinhando para fora da porta do motorista. Alex tirou as pernas da cintura dele e se afastou. Ele se agachou para pegar a bola de energia que era Emma. — A gente estava indo te ver, papai! — Ela contou. — Mesmo? — Ele olhou de Emma para Alex e a verdade brilhou nos olhos dela. Ele levantou-se com Emma nos braços, pegou a mão de Alex e entrou com elas em casa. Talvez ainda houvesse esperança para eles.

Gabe entrou em casa e colocou Emma no chão. Ela começou a pular e correr, cantarolando que papai estava em casa. Era um sentimento com o qual Gabe poderia se acostumar; um sentimento que ele queria se acostumar. A recepção que recebeu quando saiu do carro o pegou de surpresa. Ele tinha certeza de que teria que se humilhar depois do que aconteceu na Escócia, mas eles pareciam estar na mesma página sobre o que queriam. Finalmente! — Estou tão feliz que esteja aqui, papai! Agora podemos ir juntos ao aeroporto! — Emma entoou. — Emma, querida. Estávamos indo ao aeroporto ver o papai, mas agora que ele está aqui, não precisamos ir. — Mas eu queria ir para o aeroporto e entrar no avião, mamãe. — Eu sei, amor — Alex respondeu, agachando-se. Gabe ajoelhou-se ao lado de Alex. — E se fizermos uma viagem em breve, Emma? Você ainda tem suas férias de verão inteiras, então podemos ir a algum lugar muito legal e divertido nos próximos dias. O que me diz? — Muito legal? — Emma semicerrou os olhos, tentando decidir se era um bom acordo. — Muito legal. — Muito legal, tipo a Disneylândia?


— Se esse é o legal que você quer, então sim, Disneylândia — ele respondeu. Emma olhou para os dois cautelosamente até que um sorriso brilhante se espalhou por seu rosto. — Nós vamos para a Disneylândia! — Ela exclamou e retomou a maratona pela casa, erguendo os punhos sobre a cabeça. Alex e Gabe passaram o resto da noite de mãos dadas ou encontrando pequenas maneiras de se tocar. A ligação frenética de Jen, quando ele estava a menos de dez minutos da casa, assustou Gabe. Ele entrou em um avião assim que saiu da reunião de negociação do contrato. Depois que o avião pousou e ligou o celular, ele avisou Jen que iria direto para Alex. Jen ligou para dizer para ele se apressar e chegar lá o mais rápido possível. Ele imaginou o pior e pensou que algo havia acontecido com Alex ou Emma. Para sua surpresa, quando chegou, ela estava toda arrumada e pronta para ir até ele. Gabe ficou feliz por não terem se desencontrado. Teria sido a história da vida deles dois navios que continuavam passando pela noite e nunca se cruzavam na hora certa. Essa noite, ele garantiria que ficariam juntos para sempre e não aceitaria um não como resposta. Emma desmaiou depois de uma pizza e metade de um filme. Gabe a pegou, levou-a para a cama e a aconchegou. Ele beijou o topo da cabeça dela e alisou alguns dos cachos rebeldes espalhados pelo travesseiro. Descendo as escadas, ele encontrou Alex na cozinha lavando a louça. Gabe se aproximou por trás e colocou as mãos ao redor da cintura dela enquanto ela estava na pia. Sentindo-a se apoiar nele, Gabe afastou seus cabelos para o lado e deu um beijo no ponto de pulsação, sentindo-o bater loucamente sob os lábios. — Você ia mesmo atrás de mim hoje? — Perguntou contra o pescoço dela. Alex afrouxou os braços dele e se virou para encará-lo. — Percebi que não podia mais deixar o medo me dominar. Nem o medo de você me rejeitar. Tinha que falar com você cara a cara. Tinha que explicar e tinha esperanças de que ainda quisesse ficar


comigo — ela sussurrou, os olhos tristes. Gabe segurou o queixo de Alex e inclinou o rosto dela. Ele encarou os olhos dela. — Eu sempre quis estar com você. Sempre. Pensei que você nunca poderia estar comigo sem dúvidas e não queria que ficasse comigo porque tem medo de perder Emma. — Não era nada disso. Eu te amo. Eu te amo muito, mas não sabia o quanto até você voltar à minha vida e ir embora de novo. Eu não aguentei, não conseguia comer. Emma ficou tão triste que nem mesmo panquecas a animaram — ela contou com uma risada triste. — Isso me faz sentir um pouco melhor. Se nem mesmo suas panquecas puderam animá-la, ela deve me amar mesmo. — Gabe a puxou para perto e a aconchegou sob o queixo, sentindo seu cheiro e sabendo que poderia fazer isso todos os dias. — Isso significa que vamos nos mudar para LA? — Não, nós podemos ficar aqui. Não vou mais atuar muito. Alex se afastou do peito dele e o encarou. — Como assim? — Posso participar de um filme de vez em quando, mas vou mais produzir. Minha nova equipe de gestão está resolvendo isso. Além de algumas viagens a LA ou uma visita à produção no set, poderei ficar aqui e trabalhar de casa. Tem espaço para outra mesa no seu escritório? — Acho que eu poderia arrumar um espaço — ela respondeu com um sorriso malicioso. — É melhor mesmo. Ele deu um tapa na bunda dela e o gesto brincalhão se transformou em algo a mais quando o ar entre eles se eletrificou e Alex agarrou a mão dele. Gabe seguiu-a quando ela o puxou em direção à escada para começar sua nova vida juntos.


EPÍLOGO

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lex olhou para Gabe e ele sorriu, levando a mão dela aos lábios para um beijo. O auditório escuro estava cheio de pais orgulhosos assistindo os filhos encenando o espetáculo de primavera. Pequenos cordeiros e leões rondavam o palco de maneira semi-coreografada. Emma não pôde deixar de sair da fila para acenar para os dois. Eles levantaram as mãos, acenaram de volta e gesticularam para Emma voltar à fila. A garotinha deles estava tão crescida, com sete anos agora. Alex arquejou quando um solavanco brusco desviou sua atenção do palco. Ela esfregou a barriga redonda e Gabe colocou a mão sobre o ventre dela antes de se inclinar para sussurrar: — Ei, filho. Dê uma pausa para sua mãe, ok? Estamos tentando assistir sua irmã se apresentar. — Na mesma hora, os chutes intensos cessaram e o bebê se acalmou em um estado de contentamento com a voz de Gabe. Sentar nessa platéia era muito diferente da visão de Alex de um palco muito mais glamouroso, dois meses antes. Olhando para cima, sua barriga não tão grande quanto agora, Alex lutara furiosamente contra as lágrimas quando Gabe subiu as escadas do palco repleto de celebridades, junto com o resto da equipe de produção e o elenco para aceitar o prêmio da noite — de Melhor Filme — pelo seu filme mais recente. O público inteiro se levantou.


Seu primeiro filme como produtor e não somente foi indicado ao Oscar, como também ganhou! Os outros produtores pegaram o microfone antes e começaram seus discursos. Gabe ficou parado orgulhosamente ao lado deles e formou um “Eu te amo” com os lábios para Alex. Ele segurou o prêmio e disse seu discurso diretamente para ela: — Quero dedicar esse prêmio à minha maravilhosa esposa e à minha linda filha, sem as quais eu não teria tido a coragem e o impulso de me tornar o produtor desse filme. Elas foram fundamentais em me dar tudo que eu precisava para desenvolver esse elenco e equipe incríveis e dirigir esse filme com um orçamento tão pequeno. Há poucas coisas na vida pelas quais você daria qualquer coisa. Para mim, essas são minha esposa Alex, minha filha Emma e nosso bebê a caminho. Eu amo vocês. A música aumentou quando todos seguraram as estatuetas e saíram do palco. O público ficou de pé de novo. A noite terminou cedo, eles passaram rapidamente no pós-festa e voltaram ao hotel, onde Emma se aconchegou na cama. Eles liberaram a babá e acabaram adormecendo no sofá, ainda com os trajes da noite. Foi uma noite que Alex não esqueceria tão cedo. Ainda assim, essa apresentação era tão importante quanto. Emma veio pelo corredor quando o espetáculo terminou e quase derrubou Alex com um abraço excessivamente entusiasmado. — Calma, garota; você está ficando muito forte. — Gabe deu uma risada, abraçando-a de volta. — Vocês gostaram da minha canção? — Ela saltitou, segurando as mãos deles. — Nós amamos, querida! Foi excelente — ele elogiou, agachando-se ao lado dela. — E mal podemos esperar pela próxima. Emma jogou os braços em volta do pescoço dele e ele a pegou e a girou. — Já que fez um ótimo trabalho, o que acha de tomarmos um sorvete? — Como se tivesse que perguntar. Emma segurou as mãos de Alex e Gabe, puxando-os em direção à saída. Enquanto


desciam os degraus da escola, os três de mãos dadas, Gabe olhou para Alex e sussurrou: — Eu te amo. Alex sussurrou de volta e suspirou, esfregando a barriga. Era assim que deveria ser. Essa era a vida deles agora e ela não gostaria que fosse de qualquer outra maneira.


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