Shameless King - Maya Hughes

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Título Dedicatória 1. Prólogo - Declan 2. Makenna 3. Declan 4. Makenna 5. Declan 6. Makenna 7. Declan 8. Makenna 9. Declan 10. Makenna 11. Declan 12. Makenna 13. Declan 14. Makenna 15. Declan 16. Makenna 17. Declan 18. Makenna 19. Declan 20. Makenna 21. Declan 23. Makenna 24. Declan 25. Makenna 26. Declan 27. Makenna 28. Declan 29. Makenna 30. Declan 31. Makenna 32. Declan Epílogo

TABLE OF CONTENTS


Título Dedicatória 1. Prólogo - Declan 2. Makenna 3. Declan 4. Makenna 5. Declan 6. Makenna 7. Declan 8. Makenna 9. Declan 10. Makenna 11. Declan 12. Makenna 13. Declan 14. Makenna 15. Declan 16. Makenna 17. Declan 18. Makenna 19. Declan 20. Makenna 21. Declan 22. Makenna 23. Makenna 24. Declan 25. Makenna 26. Declan 27. Makenna 28. Declan 29. Makenna 30. Declan 31. Makenna 32. Declan Epílogo

ÍNDICE


SHAMELESS KING


MAYA HUGHES


Para minhas irmãs que foram praticamente meus burros de carga para esse lançamento! Eu amo tanto vocês duas, não sei o que faria sem vocês <3


PRÓLOGO - DECLAN

O comitê de formatura da Ri

enhouse Prep havia extrapolado novamente esse ano. Limousines e carros de luxo alinhavam-se na entrada do edifício. Aqueles carros custam mais do que a minha casa, mas você não podia dizer isso pela maneira como as pessoas chamavam nossos nomes enquanto passávamos. Eu e os caras que estavam nas minhas costas desde nosso primeiro treino juntos, Os Kings, éramos campeões estaduais - de novo. Eu estive em todos os bailes desde o primeiro ano. Parecia que até as meninas mais velhas não tinham nenhum problema em ser vistas no braço de um calouro, contanto que fosse eu. O barulho da música nos guiou pela entrada do prédio com um cheiro levemente suspeito. Estando bem perto da água, o edifício tinha um cheiro distinto de maresia no ar. Meu smoking alugado se encaixou bem. Usando minha mágica, eu tinha feito um acordo com a loja. Diria às pessoas de onde era, e a loja me emprestou e o alterou de graça. Foi um negócio bem legal. Eu imaginei que se eu fosse ficar desconfortável na coisa, pelo menos eu ficaria bem. E pela maneira como as cabeças se viraram quando entramos, eu sabia que estava bem. Muitos caras entraram com seus smokings personalizados, mas eu não me importei porque todos os olhos estavam em mim e no resto dos Kings. Ri enhouse Prep Kings e campeões estaduais de hóquei em carne e osso. As pessoas na pista de dança aplaudiram e gritaram quando entramos pelas portas duplas do salão de baile. — Declan! — Alguém gritou de algumas mesas de distância. Um bando de uhuuus e cantos de “Kings Kings Kings” mais tarde e finalmente pudemos deixar nosso lugar perto da porta. Se Ford ficasse mais vermelho, ele estaria pronto para explodir. Ele puxou o colarinho da roupa. Eles tiveram que encomendar seu smoking especialmente. Mas ele tinha aquela coisa forte e silenciosa pela qual as garotas eram loucas. Cabelos pretos, uma carranca séria que derretia em um instante. Ele odiava a atenção; isso era bom. Eu poderia absorver mais do que suficiente para todos nós. O zumbido quente das bebidas que tomamos antes do baile no Emme significava que eu estava me sentindo bem. Nada muito louco. Não queríamos ser expulsos, mas apenas o suficiente para aumentar a diversão. — O que eu disse? Não precisamos de encontros. — Sorri e meus olhos percorreram alguns dos decotes mais acentuados de alguns


dos vestidos que nossas colegas usavam. Atravessamos o salão e as cabeças das pessoas viraram quando passamos por alguns colegas de classe já sentados. Apertos de mãos foram distribuídos para todos nós enquanto passávamos. — Declan, pessoal, por aqui, eu vou mostrar a mesa de vocês. — Uma das alunas borbulhantes do terceiro ano correu até nós e passou o braço em volta do de Heath, puxando-o para frente. Revirei os olhos. Heath nunca teve nem que piscar para fazer as mulheres bajularem ele. Cabelos loiros também funcionavam para os homens. Ele era fácil de ver com o visual de surfista na costa leste. — Tivemos a liberdade de colocar os cartões de vocês em pé na mesa. Não queríamos que vocês tivessem que procurar seus nomes. — Ela tinha uma montanha de cabelos loiros empilhados em cima de sua cabeça. Os cachos estavam tão apertados que parecia que ela poderia pular de cabeça para baixo como o Tigrão. Nosso lugar era em uma localização privilegiada no centro das mesas de dez lugares espalhadas pela pista de dança. — Tenho a sensação de que vamos dançar muito, — Ford resmungou, dando uma cotovelada em Colm quando ele se sentou. Ele parecia tão desconfortável quanto eu. O tecido de seu smoking estava esticado até o limite em seus ombros - se ele não fosse um gigante gentil, que dominou a arte de relaxar, eu juro que ele estaria pronto para se transformar no Hulk a qualquer momento. — Não se preocupe, grandalhão; ficarei feliz em interceptar qualquer pedido de dança que alguém jogar no seu caminho. — Eu levantei meu copo de água para ele como um brinde. Colm deslizou o cantil de bebida para o meu colo e meus olhos se arregalaram. Ultimamente, ele era nosso criador de travessuras. Ter sua vida jogada no caos tinha uma maneira de fazer as pessoas não agirem exatamente como elas. Sem dúvidas, Emme se meteu em muitos problemas que o resto de nós, mas com o poder e a influência de seus pais, ele nunca teve que se preocupar com as consequências. Heath, Ford e eu éramos bolsistas que sabiam como andar na linha. — Este é o irmão mais velho quebrando todas as regras? — Eu cobri minha boca em falso ultraje. — Cala a boca. Olivia não está aqui, então o que ela não sabe não a machucará. — Colm se tornou o guardião de sua irmã mais nova quando seus pais morreram no início daquele ano em um acidente de carro. Ele sempre assumiu o papel de protetor, mas isso aumentou agora que Olivia contava com ele. Tomei minha água e coloquei meu copo embaixo da mesa, derramando um pouco da vodka nela. — Declan, posso dançar com você mais tarde? — Uma garota, Hannah - ou era Anna? - perguntou quando ela passou por mim, nos braços do seu acompanhante.


Estremeci e dei de ombros para o garoto. Desculpe, cara. Eu convenci os caras a irem sozinhos. Bem, exceto Emme . É claro que ele trouxe Avery. Eles estavam juntos desde o segundo ano. Mas Heath, Ford e Colm estavam ao meu lado na nossa mesa. A luz azul patinava pelo salão do enorme tanque de peixes que ocupava uma parede inteira. Muitas pessoas não podem dizer que tiveram o baile de formatura em um aquário. Um grupo de outros estudantes se aglomerou em uma extremidade do tanque, onde um peixe que parecia quase tão grande quanto Emme estava perto do vidro. Tudo o que faltava era a barba gigante e espessa. Essa era uma das nossas últimas noites juntos. O baile, a grande reunião de estudantes, uma festa final na casa de Emme , e então estaremos todos indo para a faculdade. Agridoce de certa forma. Deixando a maioria dos caras para trás. Heath e eu jogariamos localmente na Universidade da Filadélfia. Colm e Ford iriam para Boston, e Emme estava sendo reservado sobre seus planos para o próximo ano. Alguns aperitivos e uma dose do frasco depois, e o baile estava realmente em pleno andamento. Emme chegou com Avery no braço, sorrindo como sempre que ela estava perto dele. O cara estava tão apaixonado e ele nem se importava. Nós nem sequer falavamos merda para ele, era assim que era. Avery significava tudo para ele, fazia sentido quando você tinha pais tão ruins quanto os dele. O salão esquentou e eu tirei minha jaqueta, colocando-a sobre o encosto da cadeira, pronto para voltar à pista de dança. Enquanto a maioria das pessoas esperava que todo mundo estivesse tenso, parecia que a pouca iluminação e os peixes como público significava que todos estavam prontos para mostrar seus passos de dança. — Puta merda! — Alguém atrás de mim disse, e meu olhar disparou por todo o lugar para descobrir do que eles estavam falando. Eu tinha sido atingido no peito com um disco antes, mas nada que fosse comparado a esse sentimento. Do outro lado do salão, em pé na frente da entrada, havia uma visão de tirar o fôlego. Não me lembro de que diabos era a cor do vestido dela, tudo que sabia era que não conseguia tirar os olhos dela. Ela ficou parada, mexendo com a pequena bolsa nas mãos e olhou ao redor da sala. — Uau, parece que a rainha do gelo finalmente derreteu um pouco. Um leve murmúrio percorreu pelas pessoas ao meu redor. Meu estômago caiu quando minha mente zumbindo tentou processar tudo. E, como uma revelação em câmera lenta, Makenna Halstead


deslizou aqueles óculos de armação de chifre que ela usava cada segundo que eu já a vira. Avery a viu e correu pelo salão, envolvendo os braços em torno de uma Makenna incrivelmente desconfortável. Era como se agora que ela soubesse que todos os olhos estavam nela, ela não podia lidar com a pressão. Não eram apenas os óculos que estavam faltando. Era também o coque bagunçado e o olhar do tipo fale-comigo-e-eu-mato-você. Normalmente, ela andava com os ombros quadrados e um pisar forte que poderia quebrar ossos. Eu nunca a tinha visto tão... bem. Ela mordeu o lábio inferior. Foi a primeira vez que a vi parecer insegura. Eu nunca pensei que seu cabelo loiro avermelhado fosse tão longo, já que ela sempre o usava para cima. Ela também jurou que bailes e outras coisas como essa eram uma perda de tempo, então vê-la aqui fez meu cérebro demorar um pouco para juntar tudo. Avery a arrastou para a nossa mesa. Tínhamos alguns lugares livres. Mak deu um pequeno aceno à todos na mesa. — Não, você não está usando isso hoje a noite. Você não precisa deles. — Avery tirou os óculos do rosto de Mak e os empurrou de volta na bolsa dela. — Na verdade, eu meio que preciso. — Makenna esticou a mão para a bolsa e Avery bateu nela para se afastar. — Não! Tenho certeza de que um desses ótimos jovens homens ficariam felizes em conduzi-la por aí como seu cão guia, se você precisar ir a algum lugar. Os cantos da boca dela abaixaram, mas desta vez seus lábios estavam macios e brilhantes. Rosa profundo destacou a plenitude que eu nunca tinha visto antes. Eu balancei minha cabeça. Era sobre Mak, a Rainha do Gelo, de que estávamos falando. Ela se sentou em um assento ao lado de Ford, que parecia completamente satisfeito em estar ao lado de alguém que também estava feliz em fazer sua melhor interpretação de alguém mudo. — Se você não dançar pelo menos cinco músicas hoje à noite, eu juro que vou boicotar nosso projeto final de propósito. Mak ofegou, como um suspiro horrorizado de mão-no-peito na vida real com Avery até sugerindo isso. — Eles nunca encontrariam seu corpo, Avery. — Mak sorriu para ela com os braços cruzados sobre o peito. Eu ri no meu guardanapo e Mak virou o olhar para mim. — Eu tenho certeza que Emme encontraria. Ele é como um cão de caça quando se trata de mim. — Na hora certa, Emme passou os braços em volta da cintura dela e levou o nariz até o seu pescoço, deixando escapar um suspiro alto o suficiente para que todos pudessem ouvir.


— Sinto o cheiro de alguém que precisa sair daqui e dançar. — Emme levou Avery para longe da mesa. Avery estendeu a mão, olhando para Mak várias vezes. Peguei o frasco do local em que Colm o escondeu e tomei outro gole. Uma mão longa e esbelta deslizou por cima do meu ombro, parando no meu peito. — Você me prometeu uma dança. — O cheiro do hálito quente de Anna no meu pescoço me disse que não éramos os únicos que escondemos um pouco de bebida hoje à noite. Não era um bom cheiro nela, e minha pele se arrepiou. Pelo canto do olho, percebi rosto irritado do acompanhante dela. Eu não queria brigar hoje à noite. — Ouça, me desculpe. Eu dançaria, mas já prometi a Mak uma dança, e você sabe como ela fica quando não consegue o que quer, e parece que hoje à noite ela me quer. Os olhos de Mak se arregalaram como discos e sua boca ficou aberta. Deslizando para fora do alcance da abandonadora-deacompanhantes, contornei a mesa e estendi minha mão para Mak. Olhando atrás de mim para Hannah ou Anna muito irritada e seu acompanhante ainda mais irritado, Mak talvez avaliou a situação e não queria estar no meio de um turbilhão de brigas ou bebidas jogadas, então ela pegou minha mão. Um pequeno choque sacudiu meu braço no segundo em que minha pele tocou a dela. Foi o mesmo sentimento que você tem quando fica na fila para ver um filme que você estava esperando desde sempre. Eu balancei minha cabeça. Estávamos falando sobre Mak, e ela não parecia nem um pouco afetada pelos meus dedos em volta dos dela. — E hoje à noite eu quero você? — Ela levantou uma sobrancelha para mim quando saímos para a pista de dança com os cantos da boca levantados um pouquinho. — Eu improvisei. Eu sei como as pessoas ficam quando não conseguem um pedaço de mim. — Eu sorri para ela, mas ela apenas revirou os olhos. — Provavelmente para o melhor. Hannah pode ser uma verdadeira puta quando ela não consegue o que quer, o que provavelmente significa que Edgar está passando uma noite difícil. Pobre rapaz. — Ela olhou por cima do ombro para Hannah muito irada, com os braços cruzados sobre o peito. As pessoas se separaram para nos dar espaço. A música moderadamente acelerada mudou para uma lenta quase assim que encontramos nosso lugar. Ficamos ali olhando um para o outro. Dei um passo à frente e Mak hesitou antes de passar os braços em volta do meu pescoço. A sensação estava de volta agora e pior do que antes. Olhando nos olhos de Mak, eu realmente os vi pela primeira vez. Eles eram do


azul mais brilhante que eu já vi. Talvez fosse a sala ou um truque das luzes, mas eu nunca tinha visto tantos azuis em um ponto. Foi o toque suave de seus dedos ao longo do cabelo na nuca que fez minhas mãos apertarem sua cintura. Do jeito que ela olhou nos meus olhos, eu nem sei se ela percebeu que estava fazendo isso. Como se suas mãos tivessem uma mente própria, tentando absorver um pouco mais de mim. E imaginei que era assim que ela se sentia, porque meus dedos tiveram a mesma ideia, que puxei a com mais força contra mim. Seus lábios se separaram e seus cílios tremeram. O meu coração bateu forte quando mudamos para o nosso próprio ritmo sob as luzes escuras no centro de um mar de pessoas. A eletricidade zumbia através do meu corpo, mas eu sabia que não era apenas a vodka. Tudo tinha a ver com a mulher em meus braços que geralmente me levava a subir um muro. — Acho que nunca vi você sem seus óculos antes. — Acho que nunca te vi de smoking antes. — A língua rosa dela disparou para lamber o lábio inferior. A umidade deixada para trás chamou minha atenção, e eu queria ter minha própria amostra de seus lábios. — Você nunca esteve no baile antes. — Minhas mãos pressionaram as costas dela, fechando a menor das lacunas que estavam entre nós. Por que ela se sentiu tão bem em meus braços? Os azuis e verdes do aquário caíram sobre nós como se um feitiço tivesse sido lançado e estávamos vivendo em nossa própria pequena bolha subaquática. — Quase não cheguei a este. — Por que não? — Inclinei minha cabeça para trás, saboreando a trilha que a ponta de seu dedo ardia ao longo da base do meu pescoço. Ela nunca se divertiu. Normalmente, isso também significava que ninguém mais poderia se divertir e isso me irritava, mas hoje eu só queria abraçá-la na pista de dança a noite toda. — Não é realmente a minha coisa, mas achei que era um rito de passagem e tudo, então decidi vir. — Ela encolheu os ombros. — Estou feliz que você veio. Mesmo com o pretexto de que ela me ajudasse a sair de uma dança com o diabo - também conhecido como Hannah -, ficamos na pista por uma série de músicas lentas. Pelo menos eu acho que eram músicas lentas; nosso ritmo não mudou. Foi a primeira vez que tivemos uma conversa civilizada há anos. Tão estranho que isso iria acontecer agora. Era como um daqueles filmes do ensino médio que eu jurei que nunca assisti, mas eu assisti pelo menos algumas vezes, onde a grande coisa aconteceu entre os dois inimigos. Minha cabeça caiu um pouco. Era como as sirenes de aviso tocando um submarino. Meu sangue batia nas veias e eu precisava


provar seus lábios como se precisasse da minha próxima respiração. Foi um mergulho descontrolado, e eu não sabia exatamente o que estava fazendo, mas ela não estava se afastando. Ela não estava empurrando as mãos contra mim ou inclinando a mão para trás para dar um tapa; se alguma coisa, ela se inclinou para mim ainda mais. Seus olhos quase se fecharam quando meus lábios se separaram, tão perto dos dela. Seu corpo ficou rígido e seus olhos se arregalaram. — Você está bêbado? — Ela empurrou de volta em meus braços. Eu os deixei cair. — Não, eu não estou bêbado. Tomei algumas bebidas, mas é isso. — Dei um passo em sua direção e ela deu um passo para trás. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, uma voz estrondosa saiu sobre o guincho da secretária. — E agora é hora de anunciar nosso rei e rainha do baile. — Uma das meninas do comitê do baile me agarrou pelo braço. — Precisamos de você na frente, Declan. Com uma força que eu não achava que alguém do seu tamanho pudesse possuir, ela me empurrou do meio da pista de dança. Olhei atrás de mim para uma Mak com cara de pedra, com os braços cruzados sobre o peito. Ela estava de volta à nossa mesa e estava com os óculos no rosto. As coisas estavam de volta como sempre foram. As luzes brilhantes penduradas no teto iluminava no meu rosto enquanto passava em direção ao que, diabos, estavam fazendo no palco. Eu mantive meus olhos em Mak com os cantos da minha boca virados para baixo enquanto ela caminhava lentamente em direção às portas duplas. — E o rei do baile deste ano é Declan McAvoy! — Alguém colocou uma coroa na minha cabeça e todos aplaudiram. As portas se fecharam atrás de Mak, e eu não pude deixar de sentir que era o fim de alguma coisa. O fim de algo que nem sequer começou. Mas eu sei uma coisa. Se eu soubesse quanto tempo levaria até segurá-la novamente, teria aguentado um pouco mais.


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MAKENNA

O homem que detinha a chave da minha sobrevivência financeira

no campus olhou para mim do outro lado da mesa. Meu estômago apertou quando ele me estudou mais uma vez. Sua testa franzida se alisou e seu rosto se iluminou. — Conheço uma pessoa ambiciosa quando vejo uma. Você conseguiu o emprego. — Ele estendeu a mão. Deslizei minha mão na dele e balancei para cima e para baixo com tanta força que ele estremeceu. Que bela maneira de deslocar o ombro do seu novo chefe, Mak. — Além disso, preciso de alguém que não se desmanche, que possa manter a calma sob pressão e não se importe em pegar os turnos que ninguém mais quer. Você não gosta de hóquei, não é? — Ele levantou uma sobrancelha para mim. Minha mão congelou no meio do aperto, e eu virei minha cabeça de um lado para o outro enquanto a boca do meu estômago crescia. Hóquei só trazia de volta memórias do ensino médio. Do baile e a única dança da escola que eu já tive. De toda a fanfarra ao redor dos Kings e daquele que não deve ser nomeado. — Absolutamente não. — Excelente. Precisamos de alguém aqui para ajudar com a correria depois dos jogos de hóquei. Todo mundo se empilha aqui, e ninguém nunca quer trabalhar. — Meu estômago revirou. Jogadores de hóquei aqui? Pelo menos dois dos Kings da Ri enhouse Prep frequentam essa faculdade. Meu sorriso vacilou. — Isso não é um problema, é? — As sobrancelhas de Larry se juntaram, e eu botei meu sorriso de volta no lugar. — Não é um problema não. Eu posso fazer isso. — Ótimo, venha para o meu escritório, e podemos preencher a papelada e definir sua escala. — Perfeito! — Quais eram as chances de Declan estar lá ou de nos vermos? Tinha que haver outros bares no campus. Se eles precisavam de mais pessoas, o lugar provavelmente estaria lotado, então as chances de encontrá-lo aqui eram pequenas. Respirei fundo, tentei empurrar para baixo a agitação no estômago e a culpei pelo fato de não ter comido nada o dia todo.

Eu: Eu consegui o emprego!


Enviei uma mensagem para Avery no segundo em que saí para o meu carro. Avery: Excelente! Deve ser divertido. Comida de bar grátis, certo? Eu: Não é exatamente um bom ponto para argumentar. Avery: Grátis é grátis... Vou ter que visitá-la em algum momento em que eu possa tirar uma folga e Alyson tenha uma festa do pijama. Avery era uma das minhas amigas do ensino médio. Ela ficou no subúrbio de Philly quando todo mundo foi para a faculdade. Estando de volta na área, eu esperava que pudéssemos nos ver mais. Eu: Sim, você deveria. Você poderia vir para o campus e poderíamos ter um fim de semana divertido. Traga Alsyon! Avery: Meus turnos são loucos pelos próximos meses, mas talvez eu possa ir jantar ou algo assim. Eu: Legal. Uma hora depois, dirigi pelo meu bairro de infância. Os amplos gramados da frente emolduravam as casas brilhantes e imaculadas que eram apenas diferentes o suficiente para que ninguém sentisse que estava vivendo uma vida pré-moldada bem cuidada. Nada mudou muito nos três anos desde que eu saí, mas muitas coisas estavam diferentes. Voltar para verões e feriados não era o mesmo. Eu estava de volta para sempre agora. Subindo os degraus da casa neoclássica, cheia de colunas brancas, coloquei minha chave na porta da frente. As trombetas e a música suave da velha guarda soavam diretamente através da madeira maciça. Música dos anos setenta. Empurrei a porta e um aroma de dar água na boca me atingiu, o que foi suficiente para colocar um sorriso no meu rosto. Virando a esquina para a sala, meu sorriso vacilou. Minha garganta se contraiu quando os vi deslizar pelo chão da sala. A cabeça da minha mãe contra o peito do meu pai. Suas mãos se entrelaçaram enquanto cantarolavam a música. Lágrimas brotaram nos meus olhos antes de eu piscar. Eles eram tão diferentes. Não como as conchas quebradas que eu estava tão ansiosa para deixar para trás quando saí para a faculdade. A casa estava limpa e organizada, o jantar cozinhando na cozinha. Nenhuma panela deixada sem vigilância no fogão, fervendo. Não havia refeições meio abandonadas que eu tinha que terminar. E eles pareciam felizes. Tão feliz quanto eu estava por eles, parte de mim desmoronou por dentro, como uma criança olhando através de uma janela para uma casa feliz da qual sentia vontade de fazer parte. A alegria que irradiava deles e desta casa dificultava a respiração. Eu não sabia que era possível que eles agissem assim novamente. Por que eu não poderia ter tido isso nos últimos anos em que estive em casa? Por que precisou que


eu saísse de casa e do diagnóstico do meu pai para que eles lembrassem que ainda estavam vivos? Que eu ainda estava viva? As fotos que foram escondidas por muitos anos estavam em exibição total. Eu e Daniel construindo castelos de areia, sentados no colo do Papai Noel, correndo pelo quintal. Memórias felizes tingidas com tristeza que ameaçava engolir todos nós. Os últimos pedaços do sol poente entravam pelas janelas abertas da frente, lançando um brilho laranja quente sobre eles. — Mak está em casa, — meu pai disse, girando minha mãe e dançando em minha direção. Eu não consegui segurar meu riso quando ele agarrou minha mão e me girou. Seus braços fortes me firmaram enquanto ele me levava ao redor da sala. Mamãe, para não ficar atrás, pulou e começou seus próprios movimentos de dança solo ao nosso lado quando a chegou o refrão. Terminamos a música nos dobrando de tanto rir. Limpei as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e mamãe me apertou com força. A música começou de novo, e papai pegou minha mão. — Ah não, acho que mamãe está pronta para retomar o controle. — Todos nós olhamos para cima quando uma campainha soou na cozinha. — Vocês dois voltem para o que estavam fazendo, e eu vou checar a comida. — Está tudo bem. Eu vou. — Mamãe tentou passar por mim, mas eu a virei e a levei direto para os braços do meu pai. — Deixa comigo, mãe. — Eu saí da sala antes que eles decidissem ter outra batalha de dança como na semana passada. Meus músculos levaram alguns dias para se recuperar. Agarrando as luvas do forno, eu saboreei a normalidade de tudo. Era assim que a vida poderia ter sido no ensino médio? Então veio a culpa. Eu não tinha espaço para sentir pena de nada disso. Pelo menos eu estava aqui. Lutei contra a explosão de calor do forno e com uma assadeira escorregadia para arrancar a coisa do forno sem queimar a porcaria dos meus braços. Por que essa assadeira era tão pesada? Mamãe começou a fazer refeições mais agradáveis ultimamente. Reequilibrando meus braços, deslizei a assadeira sobre o balcão. O cheiro me levou de volta aos meus dez anos. Mamãe sempre fazia carne assada toda sexta-feira. Daniel e eu entramos correndo em casa depois da escola e a ajudávamos a descascar batatas, usando os descascadores como espadas e brigando na cozinha até que mamãe nos expulsasse novamente. Nós corríamos para fora e brincávamos até que ela nos chamasse. Ter carne assada novamente toda sexta-feira nesse verão trouxe aquelas memórias antigas de volta, batendo em mim. Eu fugi delas por três anos. Tentando me manter ocupada o suficiente para que os momentos tranquilos nunca fossem longos o suficiente para pensar


em tudo que eu tinha perdido e continuaria a perder. Era apenas uma questão de tempo até eles voltarem e com sede de vingança. Coloquei as batatas no balcão ao lado do assado e olhei pela janela da cozinha para o quintal. Até isso estava arrumado. As linhas limpas da grama recém-cortada faziam parecer algo saído de uma revista. Nosso antigo conjunto de balanço estava abandonado no quintal, mas não parecia uma relíquia do passado. O metal brilhava e a madeira havia sido restaurada. — Como foi a entrevista de emprego? Meu coração pulou na minha garganta enquanto mamãe se esgueirava atrás de mim. Ela pegou um copo, encheu-o de água e pegou alguns cubos de gelo do freezer. Saí de perto da pia e joguei a toalha no balcão. — Foi ótima. Eu consegui o emprego. Estarei trabalhando algumas noites por semana. Não é tão ruim. — Isso é bom. Fico feliz que esteja acertando tudo, mas ainda não sei por que você não ficou em Stanford, querida. Você só tinha um ano pela frente. — Eu sei. — Olhei para os meus tênis de cano alto, esfregando uma sola sobre a parte da frente do meu outro tênis. Mas teria sido mais longo do que isso com o programa de pré medicina. Mais dois anos antes de terminar a faculdade de medicina e não tínhamos esse tipo de tempo. — Não que nós não estamos felizes em ter você por perto. — Ela se aproximou e passou os braços em volta de mim. Apertei-a de volta e respirei. Seu cheiro era como eu me lembrava do ensino médio. Um perfume floral misturado com a colônia do meu pai. Por tanto tempo ela cheirou como nada. Como se tivesse deixado de existir. Eu não estava de volta nem um mês e já estaria me mudando para o meu apartamento no campus depois do fim de semana. — Mas espero que, já que você não está do outro lado do país, que você pare de usar a distância como desculpa para não se divertir um pouco. — Eu me divirto. — Abaixo meus braços. Não isso de novo. Ela me olhou desconfiada e engoliu um pouco da água. Papai voltaria em breve, pronto para outra dança. — O quê? Eu definitivamente me divirto. E eu vou trabalhar em um bar. Tenho certeza de que algumas coisas loucas vão acontecer enquanto eu estiver trabalhando lá. — Estou falando de experimentar uma vida que não gira em torno de ir a biblioteca ou ver outras pessoas bêbadas dando uns amassos em um bar. Talvez alguém esteja precisando ser apalpada. — Ela me deu um olhar que me dizia que sabia exatamente o que estava dizendo.


— Não é o que eu quero ouvir. — Coloquei minhas mãos em meus ouvidos, dividida entre rir e vomitar. — O quê? Dar uns amassos? É algo que as pessoas fazem, Mak. Por favor, me diga que você ainda não é virgem. — Ela bateu na minha bunda com um pano de prato. — Mãe! — Eu gritei com os olhos arregalados. Seu sorriso me fez querer pegar o pano de prato e me pendurar ali mesmo na cozinha. — O quê? Eu só estou perguntando. Eu sei que as coisas eram difíceis para você antes. — A tristeza estava de volta em seus olhos. Aquela que eu acostumei a ver por tanto tempo, era uma segunda natureza não olhar para os seus olhos azuis por causa da dor que ela usava, clara como o dia. Às vezes, era tão pesada que ameaçava sufocá-la, não importava o lugar. Ela limpou a garganta e a tristeza não era mais tão crua. — Não fomos os melhores por um longo tempo, e você manteve as coisas juntas. Eu... não quero que nossos erros a impeçam de ter a vida que você merece. — Eu estou bem, mãe. Eu juro, e se isso faz você se sentir melhor, então fique sabendo que perdi minha virgindade no final do segundo ano para um rapaz do terceiro bonito e gentil. Nós dois fomos testados de antemão e usamos camisinhas nas duas vezes em que fizemos. — Eu disse presunçosamente, esperando que fosse sua vez de tapar os ouvidos e sair correndo da sala; em vez disso, ela revirou os olhos. — Me faça uma promessa. — Ela agarrou minhas mãos. Suas mãos quentes eram mais suaves do que todas aquelas vezes em que ela segurou minha mão quando um médico entrava no quarto do hospital, nos preparando para as notícias que viriam. Sua pele estava mais fina do que costumava ser. Ela estava ficando mais velha e papai também. Havia tão pouco tempo e isso me deixava sem fôlego. — Tente não agir com tanta cautela, ok? Menos com a parte de proteção. — Ela acenou com a mão como se fosse uma conclusão precipitada. — E espero que você esteja sempre com alguém que seja seja gentil, mas, por favor, não fique na sua pequena bolha segura pelo resto da vida. Você precisa sair dela e fazer bagunça e cometer alguns erros. Ninguém pode ser perfeito o tempo todo. Ela colocou alguns fios de cabelo atrás da minha orelha e deixou a mão na lateral do meu rosto. Seu calor encharcou minha pele. Eu tinha minha mãe de volta. — Ninguém. — Ela olhou nos meus olhos com todo o carinho e amor que estavam faltando por tanto tempo. Quando você mal conseguia cuidar de si mesma, era difícil ter algo sobrando para mais alguém.


Lágrimas encheram meus olhos, e eu pisquei para que elas não caíssem. Quando você carregava o peso da vida e dos sonhos de outra pessoa, era difícil desistir e não se preocupar. Eu não estava fazendo isso apenas por mim. Eu estava fazendo isso por Daniel. Ele não teve essas chances. Eu não jogaria fora as oportunidades que ele nunca teria. — Onde estão minhas duas melhores garotas? — A voz do meu pai ecoou da porta da cozinha enquanto ele batia as mãos juntas. — Cheira bem. Estamos prontos para comer? Mamãe apertou minha mão mais uma vez e me soltou. — Pronto! — Mamãe se virou e sorriu para o meu pai com todo o brilho nos olhos. Ela estava ficando forte por ele. Era a melhor alternativa. Colocamos todos os pratos na mesa. Passando a comida ao redor, os cheiros deliciosos fizeram meu estômago roncar. Adicionei alguns feijões verdes extras e assados no meu prato. Com a comida da lanchonete da faculdade sendo o que eu comeria daqui pra frente, eu precisava me carregar com as coisas boas enquanto podia. — Você está animada para começar o novo semestre? — Papai cortou sua carne e um leve tremor atravessou sua mão. — Estou pronta. Eu trabalhei duro em Stanford; Eu posso trabalhar duro aqui. Tudo vai ficar bem. Estou feliz por estar mais perto também. Eu posso dirigir para cá na maioria dos fins de semana, desde que eu não tenha uma prova. — Eu dei uma mordida no meu purê de batatas e peguei os dois trocando um olhar. Meu estômago caiu. — O quê? O que foi? — Soltei o garfo quando meu coração pulou na garganta. Mamãe estendeu a mão sobre a mesa e colocou a mão sobre a minha, apertando-a. Tudo o que eu comi ameaçou subir de volta. — Nada está errado, querida. — Estou bem. — Papai cruzou o coração com o dedo. Meus ombros relaxaram um pouco e olhei entre os dois. — Então, o que é? — Bem, seu pai e eu pensamos que, como não sabemos quanto tempo teremos com ele em mobilidade, talvez devêssemos sair e ter uma pequena aventura. Seus médicos nos deram o aval e seu medicamento está fazendo efeito. Então, nós estamos indo viajar. — Ela me deu um pequeno sorriso. — Surpresa, — papai disse gentilmente, sacudindo seus pompons imaginários. — Vocês vão viajar? Por quanto tempo? — Minha voz aumentou uma oitava. — Voltaremos mais ou menos uma semana antes do Dia de Ação de Graças, se tudo der certo. — Sua mão subiu para o meu ombro.


— Ah. — O aperto estava de volta no meu peito. Eu havia transferido de faculdade, saído de mim uma das melhores faculdades do mundo para ficar mais perto dos meus pais, e eles estavam indo embora. — Podemos cancelar a viagem, querida. Não sabíamos que você voltaria quando fizemos esses planos. — Papai ofereceu, pegando minha outra mão. Eu olhei para o meu prato antes de respirar fundo e coloquei um sorriso no meu rosto. — Não seja bobo. Eu vou ficar bem. Vocês definitivamente deveriam ir nessa viagem. Claro que deveriam. Estarei aqui quando vocês voltarem, e dirigir de um lado para o outro no campus foi uma ideia boba. Vai ser bom para eu me concentrar e permanecer no campus. Eles trocaram olhares. Eu deslizei minhas mãos debaixo das deles e dei uma mordida saudável na minha comida, embora tivesse gosto de sujeira na minha boca. Acho que eles pensaram que eu voltaria quando eles voltassem da viagem. Acho que isso é o que eu recebo por não os ter informado dos meus planos antes de voltar. Olhando para o teto no meu quarto depois que mamãe e papai dançaram lentamente o caminho todo até o quarto deles, desviei o olhar para a moldura na mesa de cabeceira ao lado da cama. Por um longo tempo, a foto no meu quarto era a única em toda a casa - bem, a única que alguém podia ver. Daniel com nove anos antes de nossas vidas serem viradas de cabeça para baixo. Era fácil para mamãe mandar eu viver minha vida e sair e cometer erros, mas como eu poderia fazer isso quando ele não podia? Como eu podia sendo que é culpa minha que ele não está mais aqui? Sair e estragar tudo era tapa na cara de sua memória. Ser a melhor que eu podia ser era a única maneira de lidar com tudo. A única maneira de eu não me deixar desmoronar como mamãe e papai. Mesmo se eu não tivesse sido capaz de salvá-lo. Se ele não pudesse estar aqui, eu seria a melhor que eu poderia ser para que ninguém pensasse que a criança Halstead errada tivesse ficado viva.


3

DECLAN

Com o capacete firmemente amarrado na cabeça, atravessei o

gelo. O suor escorria do meu corpo enquanto eu virava, mudando de direção, controlando o disco enquanto eu parava na linha do meio da pista. Era aqui que tudo fazia sentido. Meus patins cavaram enquanto eu voava em torno do gelo, o taco frouxo em minha mão enquanto corríamos de uma ponta da pista para a outra. Os exercícios eram meditação. Aqui, sob os protetores e a camisa, o mundo desaparecia e não havia nada além da irmandade entre eu e meus colegas de equipe. Este era o meu território, e os caras estavam sempre me apoiando. Acenei para algumas fãs que vieram nos assistir praticar. De alguma forma, elas conseguiram não congelar suas bundas em roupas curtas, não que eu fosse reclamar. Certamente tornou o treino um pouco mais interessante. Passei pela borda do gelo, olhando para as fileiras de cadeiras azuis que se estendiam até o teto do estádio. Uma das mulheres veio até o vidro, praticamente pressionando os peitos contra ele, dando a todos uma visão e tanto. Eu balancei minha cabeça, e os cantos dos meus lábios se levantaram. Porra, amo fãs de esportes entusiasmadas! O treinador Mickelson apitou e todos nos aglomeramos ao redor dele, pegando nossas garrafas de água da borda do ringue. Heath me deu um tapa na parte de trás do capacete, e eu bati meu ombro no dele. — O foco é essencial, — disse o treinador quando todos chegamos ao banco. Ele e o capitão da equipe, Preston, lançaram um olhar para nós dois. Heath ficou incrivelmente interessado nas luzes gigantes que pairavam sobre o gelo, e notei que a fita na ponta do meu taco precisava ser refeita. — Agora não é hora de ficar convencido. Não é hora de relaxar. Ser campeão nacional nos últimos três anos é suficiente para deixar a cabeça de alguém maior do que deveria ser. Mas desistir e não se dedicar a todos os treinos, todos os jogos e todas as aulas é quando ocorrem os erros. — A cabeça de Preston virou-se para mim e eu cerrei os dentes. — Amistoso. As equipes de sempre. — Ele apitou e partimos para nossas posições. Pres patinou na minha frente. — Você precisa parar de relaxar, Declan. Se você está realmente tentando se formar, precisa colocar sua cabeça no jogo, e eu não quero dizer apenas o gelo. — Eu não acho que os Flyers dão a mínima para a minha média das minhas notas.


— Talvez não, mas você deveria. O treinador assistente deixou cair o disco no centro do gelo, e eu me inclinei para Preston, nossos tacos e luvas se chocando enquanto lutávamos pelo controle do disco. Eu peguei a posse e me virei em volta dele, o taco solto na minha mão quando eu me afastei dele. O som reconfortante dos patins raspando o gelo foi abafado pelas minhas respirações agudas. Preston correu para a minha visão periférica. Passei o disco para Heath e entrei no modo de defesa para ajudar a abrir caminho para a rede. Por mais convencido que o técnico e Pres pensassem que eu era, jogar em equipe nunca foi um problema. Se eu tivesse a chance, eu estava indo em frente, sem restrições. Mas se não tivesse, não iria monopolizar e fazer alguém perder a chance de marcar. Essa equipe era minha vida. Meus colegas de equipe, passado e presente, eram os mais próximos que eu tinha de irmãos. Heath, fazendo o que ele fez de melhor, lidou com a merda do disco e o jogou para a parte de trás da rede, patinando mais rápido que todos, inclusive eu. Ele adorava fingir que era o cara relaxado, mas no minuto em que colocava os patins, era fácil ver porque ele havia sido procurado por profissionais logo após o colegial. O suor escorria por mim quando terminamos o treino. O treinador nos pressionava cada vez mais à medida que o início da temporada se aproximava. Ainda tínhamos dois meses até o nosso primeiro jogo, mas ele garantiu que saíssemos de todos os treinos sem ar e esgotados. Talvez ele esperasse que estivéssemos cansados demais para nos meter em problemas depois. Pouco provável. Algumas de nossas espectadoras desceram de seus assentos e ficaram em volta do banco enquanto o treinador nos dava o resumo antes de entrarmos nos vestiários. Rá rá, joguem muito, estudem muito, pratiquem muito. Olhei para uma das garotas atrás do vidro. Ela era nova. Talvez uma recém transferida. Todo novo semestre trazia não apenas novas e maravilhosas aulas para eu me acabar, mas também um novo buffet de mulheres para provar. — Declan! Virei minha cabeça para ver todo mundo saindo do banco. — Indo, treinador. — Peguei meu equipamento e fui para a porta. — Venha me ver no meu escritório quando estiver limpo. Nada de bom acontece em ver o treinador depois do treino. Ele usava suas sessões de banco após os treinos para falar quem estragou tudo e coloca-los nos seus lugares. Seu escritório era para fodas mais épicas que nem ele queria exibir na frente de toda a equipe. Larguei meu equipamento no chão e tomei banho em tempo recorde.


— Declan, você vai para o Threes? — Heath gritou, esfregando uma toalha sobre o cabelo loiro, dando um aspecto de surfista, mesmo que estivesse provavelmente dez graus aqui. — Encontro você lá. Eu tenho que me encontrar com o treinador. Um “ohhh” coletivo eclodiu no vestiário. — Tanto faz. Não é nada. — O buraco no meu estômago disse o contrário. — Certo, e foi o que Sunshine disse antes de ficar de reserva a temporada toda por ter sido preso com aquele porco na traseira da caminhonete. Esteve em alguma fazenda ultimamente, Dec? — Gritou um dos outros veteranos, rindo enquanto fechava o armário com força. Eu estreitei os olhos para ele antes de caminhar pelo longo corredor até o escritório do treinador. Eu mal fiquei no campus depois de deixar o acampamento de desenvolvimento. Foi minha última chance de mostrar aos treinadores profissionais que eles não cometeram um erro. O olhar de desaprovação de Archer para todos os meus movimentos estava ausente neste verão, o que significava que eu não tinha jogado como se tivesse acabado de colocar meu primeiro conjunto de patins. Eu havia dominado a liga de desenvolvimento de verão e os amistosos da liga secundária. As aulas eram boas para a graduação. Treinos, jogos e viagens para outros lugares não me deram aprovação nas minhas aulas, mas eu as mantive na média na maior parte do tempo. As farpas jogadas para mim no colégio sobre foder isso não se tornaram realidade. Minha mãe já tinha pedido o dia de folga há quase nove meses e não deixaria nenhum de seus empregos a atrapalhar de me ver atravessar aquele palco. Nesse momento, eu gostaria que alguém falasse algo sobre ela faltando no trabalho e eu poderia pedir para ela se demitir. Ela não irá trabalhar nenhum outro dia depois que eu me formar. Quando eu assinar aquele contrato profissional, ela estará oficialmente aposentada. Limpando as palmas das mãos suadas no meu jeans, bati meus dedos na porta de madeira e vidro. Ela sacudiu e eu cerrei minhas mãos ao meu lado. — Entre, Declan. — Ei, treinador. — Eu me joguei em uma das cadeiras em frente à sua imponente mesa de madeira escura que havia sido o palco de muitas dispensas e repreensões ao longo dos anos. Ele tamborilou os dedos na pasta de papel pardo debaixo da mão. Meu coração bateu forte na garganta, e um fino brilho de suor escorreu na minha testa que não tinha nada a ver com a intensa sessão no gelo. — Nós temos um problema. — Eu sei que você acha que não estou focado o suficiente, mas estou. Estou fazendo o que preciso para que eu não perca a cabeça.


Podemos encerrar essa temporada com um quarto campeonato nacional, e eu quero isso tanto quanto qualquer outra pessoa. — Eu falo tudo apressadamente, tentando evitar qualquer argumento que ele pudesse ter contra o meu desempenho. — Não é sobre isso. É sobre suas aulas. Eu olhei para ele com uma expressão estupefata. — Minhas aulas? — Quero dizer, eu não ia entrar na lista de melhores alunos tão cedo, mas eu tinha uma boa média. — Parece que a nota do seu seminário do segundo ano foi reprovada, mas o cálculo do seu boletim estava incorreto. Eles voltaram e fizeram uma auditoria. — Ele deslizou o papel sobre a mesa para mim. Ouvi suas palavras, mas meu cérebro demorou muito tempo para colocá-las em algo que eu pudesse entender. Meu pulso disparou e senti a boca ficar aguada. Peguei a pasta, meus dedos dormentes. O segundo ano havia sido uma bagunça. Novas carga horária, treinos intensos, a preocupação constante de ser expulso da equipe de desenvolvimento profissional - e algo verdadeiramente estúpido que todos me alertaram. Tentando adicionar um trabalho de meio período à mistura. Archer sentado na caixa de vidro do clube, olhando para mim durante os treinos de verão com olhos que combinavam com os meus também não ajudou. Toda vez que eu o via, imaginava seu rosto no fundo da rede. Meu taco o dando um golpe doloroso, arrancando os dentes da cabeça dele. Esse ódio abrasador na boca do meu intestino tornou difícil me focar. Cada gol perdido com os olhos queimando em mim, regozijando-se com o meu fracasso, me fez querer tirar minhas luvas e quebrar o vidro. Ele pode se sentar em sua torre de marfim olhando para mim, mas eu daria a última risada. Sua carreira terminou, e eu mostraria a ele que não precisava dele, nenhum de nós precisava. Além de tudo que deu errado, mamãe se machucou e não conseguiu trabalhar por alguns meses. O dinheiro que ganhei na minha equipe de desenvolvimento durante o verão foi direto para o pagamento de contas em atraso. Não havia mais nada, então eu fiz o que tinha que fazer. Sem contar a ninguém, eu saí e consegui um emprego noturno. Ideia estúpida, mas eu poderia fazer tudo fora do gelo sozinho, certo? Errado. Eu mal havia passado com notas altas o suficiente para permanecer no time. Na verdade, parecia que eu não tinha. Eu olhei para o papel, o amassando enquanto fechei os punhos. — Um ponto. É apenas um centésimo de ponto. Eles realmente vão me colocar de reserva por um centésimo de ponto? — Eu


levantei minha voz, olhando para um pedaço de papel que estava prestes a atrapalhar todos os planos que eu tinha para o último ano. — Você sabe o quanto se formar é importante. — Ele levantou a mão quando me viu pronto para pular da minha cadeira. — Eu sei que você está trabalhando com uma equipe nos últimos quatro anos, mas se você quer se seu diploma, fazer parte dessa equipe nessa temporada e se formar, precisará participar dessa aula novamente. — Eu preciso estar no gelo, treinador. — Eu apontei meu dedo em direção à pista. Era difícil para mim recuperar o fôlego com esse chute no peito. Eu tinha aquele sentimento de boca aguada, parecendo que ia vomitar. — Eu sei, filho. Eu me irritei. Eu não era filho dele. Ele afastou a cadeira e contornou a mesa. Sua mão estava pesada no meu ombro enquanto ele o apertava. Qualquer quantidade de segurança que ele estava tentando me dar não estava funcionando. — Conversei com os reitores e temos uma pequena solução. Minha cabeça levantou e meu coração disparou. Eu ficaria no meio do pátio com um chapéu de Páscoa e nada mais cantando canções de ninar se isso significasse que eu estava de volta ao time. — O que é? — Eles estão dispostos a deixar você se juntar à equipe, se parecer que você está indo bem o suficiente até outubro para obter a nota que precisa. Você ainda não pode treinar com a equipe, mas acho que você seria capaz de encontrar alguns caras que não se importariam em te falar o que acontecer. Mantenha essas notas altas e se dê bem na aula, e você não perderá um jogo. Eu assenti bruscamente e fiquei em pé com as pernas dormentes. — Vejo você no primeiro jogo, porque não há nada neste mundo que me impeça de passar nessa aula. — Fico feliz em ouvir isso. Você não precisa limpar seu armário. Deixe o seu equipamento lá e você poderá usá-lo se encontrar tempo para subir no gelo quando não estiver estudando. Era como se alguém tivesse enchido meu corpo com chumbo. Minhas pernas mal se moviam, e eu tentei controlar o rugido intenso da minha cabeça. Eu estava fora do time. Minhas mãos tremiam quando passei meus dedos pela barra de metal fria que atravessava a porta. Eu a empurrei e estremeci contra a luz ofuscante que disparava diretamente nos meus olhos pelo sol poente. Era como se eu estivesse assistindo outra pessoa se mover através do estádio e para o meu carro. Eu era um espectador na minha própria vida. E se Archer descobrir isso? Eu cerrei os dentes. Aquele filho da mãe pensou que ele era melhor que eu. Eu consertaria isso para que eu pudesse entrar no time profissional da Filadélfia e garantir que eu escolhesse o número dele para minha camisa.


Seria como se ele nunca estivesse lá, apagado quando eu entrasse no gelo e fizesse o que faço de melhor, e então eles aposentariam o meu número. Esse era o meu objetivo. Fazer todos esquecerem que já ouviram falar de Archer Travis. Me sentei no banco do motorista com as mãos em volta do volante, os nós dos dedos tão brancos que parecia que o volante iria quebrar ou meus dedos iam. O estrondo de “It’s the End of the World as We Know It” me tirou do meu estupor. Peguei o telefone vibrando e aceitei a ligação. — Ei mãe. — Oi, docinho. Você voltou ao campus com segurança? — Acabei de sair do treino. — Ótimo! Espero poder ir em mais alguns jogos nessa temporada. Troquei alguns dos meus turnos. Não acredito que você já está no último ano. Sei que você está super empolgado em jogar profissionalmente, mas você será o primeiro em nossa família a se formar na faculdade. Estou realmente empolgada em vê-lo atravessar o palco com o diploma na mão. — Ela dizia a mesma coisa toda vez que conversávamos, como se quisesse ter certeza de que eu não tinha esquecido que eu deveria me formar em oito meses. — Eu também estou animado. — Tentei reunir o máximo de felicidade em minha voz que pude. A culpa bateu no meu intestino. Ela trabalhou tanto para isso. Desapontá-la não era uma opção. O dinheiro que eu ganhara nas equipes de desenvolvimento durante o verão ajudou um pouco, mas não tanto quanto um salário profissional. Eu gostaria que ela não tivesse minha formatura tão enraizada em sua cabeça. De jeito nenhum eu poderia desapontá-la. — Todos aqueles turnos de madrugadas e fazendo malabarismo com trabalhos para ver meu bebê lá fora no gelo e naquele palco. Foi um sonho que eu não sabia se alguma vez veria. — Sua voz falhou e conseguiu me fazer sentir um pedaço de merda ainda maior do que eu já sentia. — Você vai, mãe, e eu prometo que terei um lugar na primeira fila para você em todos os jogos. — Que bom, estarei correndo para chegar lá depois que terminar de limpar meu último escritório do dia. Eu pulei com uma batida forte na minha janela. O rosto de Heath estava pressionado contra o vidro. Pelo menos não era a bunda dele. — Eu tenho que ir, mãe. Os caras estão aqui e precisam de mim. — Ok, falo com você em breve. Eu te amo. — Eu também te amo. — Eu encerrei minha ligação e abri a porta do lado do motorista. — O que o treinador queria? — Heath falou antes que eu saísse do carro. Ele se inclinou contra o capô com seu olhar de cara-casual,


mas a intensidade estava presente em sua voz. Alguns dos outros caras do time se aglomeraram ao redor dele. — Não vou poder treinar com o time até o início da temporada. — Olhei para o chão e apertei a parte de trás do meu pescoço, me preparando. Os caras explodiram como uma bomba. — O quê?! — Como ele pôde fazer isso? — O que diabos você fez? — Coloque sua cabeça no lugar logo para poder voltar ao gelo. — Essa veio de Preston. — Você acha que eu não sei disso, cap? Que eu não vou fazer o que preciso para garantir que vou estar ao lado de vocês no primeiro jogo da temporada? — Vamos ver como você se sente sobre isso amanhã de manhã. Isso não é só sobre você, Declan. Isso é sobre o time todo. Eu flexionei minha mandíbula e olhei para ele enquanto ele entrava em seu carro. Suas palavras machucaram. Ele pensou que eu não sabia disso já. Como se eu não estivesse sentado no meu carro tentando manter minha cabeça no lugar. Todo mundo assistiu Preston se afastar e se viraram para mim novamente. — Three Streets. — Heath se inclinou, sabendo exatamente como suavizar essa situação. Olhei para o carro de Preston saindo do estacionamento. Foda-se ele. — Sim, vamos lá. — As aulas ainda nem começaram. Amanhã, tudo seria diferente, e eu trabalharia com um foco singular. Essa noite, eu iria ficar bêbado. Uma ressaca forte era uma maneira infalível de me impedir de tomar uma bebida por um longo tempo e, se eu não liberasse essa tensão, era provável que tivesse um aneurisma. Traga a bebida!


4

MAKENNA

Eles não estavam brincando sobre precisar de mais ajuda com esses

turnos no Three Streets Bar & Grill. As mesas no meio do bar eram iluminadas por pouca luz e as TVs de tela plana estrategicamente colocadas ao longo das paredes. Havia várias camisas esportivas assinadas e emolduradas nas paredes de times campeões do passado. Basquete, futebol americano, algumas camisas de futebol, mas o hóquei dominava a decoração. As luminárias de vidro verde pendiam do teto, e o local estava acabado o suficiente para parecer acolhedor, mas não sujo. Parecia o tipo de lugar em que os universitários dos filmes passavam o tempo. No início, havia algumas pessoas nas cabines que ladeavam as paredes, digitando nos computadores enquanto eles comiam os cheesesteaks e os pre el, juntamente com outros aperitivos do bar. Three Streets ficava na esquina de três ruas nos limites do campus. Era perto do estádio de esportes e existe desde sempre. Os nomes rabiscados na parede de tijolos do lado de fora são de décadas atrás. As primeiras horas do meu turno me embalaram em uma falsa sensação de segurança. Eu não tinha ideia do por que a noite anterior ao primeiro dia de aula era tão movimentada. Aparentemente, todo mundo tinha que tomar uma bebida neste exato momento. Ainda nem eram oito horas e o bar estava quase sem lugares para sentar. Limpei o suor da minha testa com um guardanapo e puxei minha camisa para longe do meu peito, tentando fazer um pouco de ar circular para a minha pele. Rezei para que o suor não estivesse grudando o tecido nas minhas costas. Equilibrei uma bandeja com cinco bebidas e alguns nachos e contornei o bar. Deixando os copos em uma mesa, anotei o pedido deles antes de voltar correndo para a cozinha. Trabalhar como garçonete era muito diferente de trabalhar como barista. Carboidratos fritos, carne grelhada e um monte de queijo deslizaram pela passagem na cozinha, onde os chefs colocavam a comida quando ela estava pronta para a equipe da frente da casa. Abrindo caminho entre as multidões de-volta-às-aulas, me desviei dos braços e solavancos dos clientes. Deixei o pedido em uma mesa no canto mais distante do bar, depois de navegar com segurança até lá com o mínimo de derramamento. As primeiras duas horas do meu turno não foram tão loucas. Constante, mas não insana. Eu me virei, pronta para verificar minha próxima mesa, quando congelei como se um balde de água fria tivesse sido derramado


sobre minha cabeça. Uma multidão de recém-chegados entraram no bar e foram direto para a única cabine que ficou vazia a noite inteira. Todas as cabeças se viraram com a entrada deles, e algumas rodadas de aplausos e assobios eclodiram de outras pessoas sentadas e em pé. Ninguém sequer tentou sentar na mesa, e agora eu sabia o porquê. Jogadores de hóquei. Era o lugar deles. A mesa deles, bem na minha seção. E bem no centro estava a única pessoa que eu tentei me convencer de que não precisaria enfrentar tão cedo. Seu cabelo castanho claro e encaracolado balançava enquanto ele ria com os outros jogadores. Seus brilhantes olhos verdes brilhavam como se ele não se importasse com nada no mundo, e por que deveria? A vida foi apresentada a ele em uma bandeja de prata, e era loucura da minha parte pensar que alguma coisa mudaria. Ele parecia o mesmo de quando estava no ensino médio. Sim, totalmente o mesmo. Nem um pouquinho diferente. Bem, talvez um pouco diferente. Ele examinou o bar, absorvendo tudo como um rei examinando seu domínio. Como se ele tivesse saído das páginas de algum anúncio de alta-costura para homens de verdade que praticavam esportes, tinham calos e dirigiam carros velozes. Ele cortou cada centímetro da juventude e a substituiu por gostosura dura como uma pedra. E eu queria estrangulá-lo no segundo em que coloquei os olhos nele. Seus ombros largos se estreitavam até uma cintura fina e coxas fortes, que ele malhava constantemente no gelo. Eu não ia nem chegar perto de sua bunda. De alguma forma, eu mantive meus olhos desviados daquele local, mesmo que parecesse que um ímã estava tentando me fazer olhar para lá. Os caras caíram em sua mesa e todos os olhos estavam neles, incluindo o meu. Voltei para o bar e deslizei para o lado de uma das outras garçonetes do turno da noite. — Ei, Gretchen, você não gostaria de trocar de mesa comigo? — Eu balancei a cabeça em direção aos recém-chegados. Ela jogou o cabelo por cima do ombro. — Fui avisada por Larry que não tenho mais permissão para servir as mesas deles. Minhas sobrancelhas se ergueram. Eu olhei entre eles e ela. — Por quê? — Aparentemente, derramar uma jarra de cerveja na cabeça de um idiota que não atende suas ligações não é um bom atendimento ao cliente. — Ela fez aspas no ar, provavelmente um dos melhores usos para isso que eu já vi. Definitivamente não é nem um pouco um bom serviço ao cliente.


— Ah, ok. — Quase certa de que eu estava trabalhando com uma psicopata, peguei minha bandeja do bar e caminhei em direção ao grupo surpreendentemente estóico no canto do bar como uma prisioneira a caminho de sua execução. Será que ele se lembra de mim? Parte de mim esperava que não, e a outra parte achava bom ele se lembrar. Segurando minha bandeja na minha frente como um escudo, parei no final da mesa e olhei para os outros caras. Os brilhantes cabelos loiros de Heath se destacavam entre os outros de cabelos mais escuros. Ele sorriu daquele jeito preguiçoso quando me viu, mostrando seus dentes perfeitamente brancos. Todo mundo sempre dizia que ele patinava tão rápido quanto fazia porque não queria que ninguém estragasse seu sorriso arrancando um dente. — Olha se não é a Mak. — Heath apoiou o queixo no punho, seu sorriso ainda maior quando a cabeça de Declan virou. Seus olhos estavam arregalados quando ele olhou para mim como se eu fosse o fantasma do Natal passado. — Makenna Halstead. — Ele soltou como um xingamento. — Em carne e osso. Posso anotar seu pedido? — Passei de um pé para o outro enquanto Heath sorria para mim. Declan me encarou com um brilho de raiva e algo mais que eu não pude decifrar em seus olhos, mas que fez minha pele formigar. Eu me segurei para não olhar para ele. Lidar com ele não estava na minha lista de coisas que eu queria fazer, muito menos hoje à noite. O resto dos caras continuaram olhando entre eles e eu, tentando descobrir o que estava acontecendo. — Se vocês não estão prontos, eu posso voltar. — Abaixei minha bandeja e comecei a me afastar quando dedos grossos e calejados roçaram minha mão como se ele fosse a pegar e depois se lembrou exatamente quem eu era. Puxei minha mão e envolvi meus dedos em volta do meu bloco de notas. — O que vocês irão querer? — Eu me virei para todos os outros na mesa. Eles pediram coisas capaz de alimentar uma vila inteira em algum lugar do mundo, e eu anotei tudo. O tempo todo senti os olhos de Declan queimando um buraco no meu peito. Cerrando os dentes, repeti o pedido e corri para a cozinha para entregá-lo. O bar se encheu ainda mais quando o que parecia ser o resto do campus chegou. Não resta muito mais tempo no meu turno. O serviço de mesa termina em breve. Graças a Deus. A música aumentou e ficou mais difícil ouvir os clientes sobre o rugido da multidão enquanto assistiam repetições dos jogos de hóquei da última temporada. Praticamente subindo nas mesas, anotei meus pedidos finais antes de ir para meus últimos clientes. A mesa dele. Eu tinha conseguido passar na cabine do Declan, servindo


bebidas e comida rapidamente, como se o chão ao redor da cabine fosse de lava. — Está tudo bem. Talvez você encontre algum território não descoberto na sala de aula. Todos os caras riram antes de tomarem rapidamente suas cervejas quando me viram no final da mesa. A mesa ficou um pouco mais cheia com algumas recém-chegadas. — Posso pegar mais alguma coisa antes que eles fechem a cozinha? — Eu levantei minha voz sobre o barulho da multidão. — Ahh, aperitivos, — disse uma das recém-chegadas, pegando o cardápio apoiado na mesa, a unha perfeitamente bem cuidada percorrendo cada item. Bati meu pé dolorido no chão. — Eu só quero, tipo, uma tira de frango. Vocês podem comer o resto se eu pegar apenas uma? — Ela piscou os cílios para eles, e de alguma forma eu consegui não revirar os olhos com tanta força que eles permanentemente ficariam na parte de trás da minha cabeça. Eu poderia matar por uma cesta de tiras de frango empanado agora. Inferno, por que parar nas tiras? Eu devoraria a coisa toda. Meu estômago já estava roncando. Um leve murmúrio veio da parte de trás da mesa de uma das outras mulheres enroladas no braço de Declan. Cerrei os dentes e tentei manter meu sorriso. Não importava o que ele fazia ou quem estava ao redor ele. Eu fui jogada de volta ao ensino médio novamente. Não era da minha conta e eu não me importava. — Eu não consigo ouvir você. — Coloquei minha mão sobre a orelha. — Eu não vou pedir essa bebida nem morto. É melhor você falar mais alto! — Declan riu e pegou sua cerveja, bebendo tudo até não restar nada além de espuma. O pomo de Adão dele balançou, e eu desviei meu olhar enquanto ele tentava me hipnotizar com seus ombros largos sob a camiseta apertada. Droga, pare de olhar para ele! Me inclinei sobre a mesa, tentando anotar o pedido dela e dar o fora dali. Ela riu e colocou a mão no ombro de Declan para se curvar sobre a mesa e se aproximar. — Eu vou querer um Bu ery Nipple e um Sex on the Beach. — Ela girou o dedo em volta dos cabelos e sentou-se novamente no assento ao lado de Declan, lambendo os lábios e olhando para ele como se quisesse montá-lo ali mesmo. — Já está saindo. Juntei o resto das comidas e das bebidas, atravessei a multidão intensa e as coloquei na mesa. — Mas o que você quer dizer com não vai treinar? — Veio um gemido agudo da mesa. Parecia que ela tinha a capacidade de falar sobre o volume de um beija-flor quando queria. Declan estreitou os olhos para Heath, que deu de ombros.


— Está tudo bem. Vou perder alguns treinos até terminar uma coisa que exigiram de uma aula. — Declan deu uma cotovelada em Heath, que ignorou como sempre fazia com tudo. Loucura como muitas coisas mudaram, mas algumas sempre permaneceram as mesmas. Parecia que os Kings nem sempre saíam por cima. Deslizei as cestas de tiras de frango e batata frita e suas bebidas pela mesa, me sentindo vingada. — Parece que seu desleixo finalmente alcançou você. — Eu não pude segurar o comentário ou meu sorriso. Ele olhou para mim com tudo. Heath abaixou a cabeça e ficou incrivelmente interessado na cesta de comida que estava sob o nariz. Os olhos de Declan se tornaram gelos enquanto ele os estreitou para mim. — Ei, não diga isso sobre ele! Ele é incrível no gelo! — Seu fãclube disparou, mas ele levantou a mão, a silenciando. — Você reprovou de Stanford, Livros? É por isso que você está aqui nos servindo cervejas na mesma faculdade em que nem se atreveu a se candidatar, em vez de estar na Califórnia pegando um sol. — O punho dele estava cerrado na mesa. — Minha transferência foi uma escolha, Declan. E não preciso de fãs para lutar minhas batalhas por mim. Você vai enviá-las para o gelo quando não for escolhido para o time? Um dos caras cuspiu sua cerveja, dando um banho nas garotas. — Ei! — Uma delas gritou. Coloquei a conta sobre a mesa, esperando receber uma advertência e definitivamente nenhuma gorjeta, mas estava disposta a pagar esse preço. O olhar em seu rosto tinha sido suficiente para tornar essa noite um sucesso para mim. Cantei meu caminho de volta para a cozinha e fiz tudo da lista de fechamento que Larry havia me dado. Voltei para o bar e Heath estava encostado na parede do lado de fora das portas giratórias com a conta e umas notas de dinheiro. — Sabe, vocês dois estão sempre se alfinetando. Acho que vocês provavelmente são muito mais parecidos do que pensam. — Os cabelos loiros dele caíram um pouco sobre os olhos. — Declan e eu não temos nada em comum. Nunca tivemos. Nunca iremos ter. — Talvez. Talvez não. Vejo você por aí, Mak. — Ele me entregou a conta e desapareceu de volta à massa ondulante de pessoas que haviam tomado conta do lugar. Contei o dinheiro para ter certeza de que estava certo e fiquei agradavelmente surpreendida por haver uma gorjeta completa de 25%. Minha cabeça levantou, mas não havia nenhum sinal do cabelo cor de mel de Heath em nenhum lugar para ser visto.


Heath sempre foi um cara adorável, e foi legal da parte dele tentar suavizar as coisas entre eu e Declan, mas isso não estava acontecendo. Ser inimiga de um dos clientes regulares provavelmente não era uma boa ideia, mas ele me irritava de uma maneira que ninguém mais conseguia. Eu nunca tinha respondido, mostrado dedo ou xingado ninguém na minha vida, mas por algum motivo era fácil com Declan. A única vez que não estivemos na garganta um do outro foi porque ele estava aparentemente bêbado. Parecia que era a única maneira que ele conseguia sequer pensar em chegar perto de mim. Me tocando. Eu balancei minha cabeça, nem um pouco pronta para mais lembranças me atingirem novamente. Agarrando uma porção de comida dos funcionários, bati meu ponto e fui para o meu carro, estacionado nos fundos. O cheiro do queijo e das batatas fritas flutuava para fora do recipiente e, mesmo depois de ficar cercada por isso por horas, meu estômago roncou. Eu estava muito assustada com o meu primeiro dia para comer qualquer coisa. Grande erro. Servir montanhas de comida a noite toda era uma tortura. Cheesesteaks eram uma coisa que eu senti falta na costa oeste. Não tenho ideia de quem lhes disse que os cheesesteaks tinham pimenta, mas eles estavam completamente errados. Queijo, carne e cebola grelhada, se você estava se sentindo chique. Roubar uma batata aqui ou ali não iria funcionar para mim. Eu precisava devorar um cheesesteak a vontade. Meus pés doíam e minhas costas precisavam ser estaladas urgentemente, mas eu tinha passado por todo o turno ilesa. Meus sapatos estavam sujos de cerveja dos estudantes mais do que embriagados quando terminei a noite. Talvez eu devesse investir em uma capa de chuva. Dirigir até o outro lado do campus com essa carga preciosa não era uma opção. Fiquei com água na boca quando abri a tampa do recipiente. Batatas fritas gloriosas, ketchup e o queijo mais gorduroso me chamavam. Se eu tivesse segurado o pacote na lateral do meu rosto, juro que teria dito, Mak, estamos esperando por você. Me sentei de lado no banco do motorista com a porta aberta, os pés esticados na minha frente. Empurrando um punhado de batatas fritas na minha boca, eu mal consegui segurar meu gemido. Sal, carboidratos, ketchup. O que uma garota poderia pedir mais? Tirei meus sapatos e balancei meus dedos, descansando-os em cima deles. O calor do verão deu lugar a uma amostra das temperaturas do outono que chegariam tarde da noite assim. Meus ouvidos reajustaram ao volume normal do lado de fora. O estacionamento não estava muito cheio, o que fazia sentido, já que a maioria das pessoas caminhava de outro lugar do campus para poder beber até não aguentarem mais. A cerveja ainda era aquela


bebida que eu nunca me acostumei. Tentar uma ou duas vezes ao longo dos anos tinha sido mais do que suficiente para eu saber que isso não iria acontecer. Cerveja e eu éramos inimigos mortais. Um cheesesteak aquecido no microondas e batatas fritas mornas nunca tiveram um gosto tão bom. O sabor gorduroso e extravagante era o que eu precisava. Até o pão estava ótimo. É tão bom estar em casa. Fiz uma dança feliz no meu banco enquanto devorava a coisa toda. Me recostei no assento e soltei um suspiro. Seria um longo semestre. A porta dos fundos do bar se abriu e algumas pessoas saíram. Suas risadas ricochetearam na parede de tijolos do edifício e ecoaram no ar quente da noite. Hora de ir. Saltos e tênis faziam barulhos no chão enquanto as pessoas passavam entre os carros no estacionamento. Amassei meu pacote de queijo e batatas, e vi uma lata de lixo a alguns metros de distância. Levantando minha mão, agitei meu pulso e observei o lixo amassado atravessar o ar e atingir a borda da lata. Ele passou ao longo da borda antes de fazer um barulho satisfatório quando caiu dentro. — Isso! — Eu levantei meu punho no alto com uma salva de palmas fingida. — Belo arremesso, Livros. — Pulei no meu assento enquanto olhei para o meu fantasma do ensino médio me assombrando no estacionamento com seus olhos verdes musgo, sardas beijadas pelo sol e corpo musculoso e elegante, seria gostoso se eu estivesse afim desse tipo de coisa. Quem diabos eu estava enganando? Me inclinei e deslizei meus pés doloridos nos meus tênis quase destruídos. — O quê? Não posso te elogiar? — Ele se inclinou contra um dos carros estacionados nas proximidades. Puxei a língua para fora dos meus tênis de cano alto e nem me incomodei em amarrá-los. — Eu teria pensado que os elogios estavam fora da sua bolha pessoal de auto-absorção que não se estendia além da pista de hóquei. — Fico feliz em ver que você aumentou seus níveis de sarcasmo ao longo dos anos. — Fico feliz em ver que você não mudou nada desde a última vez que nos vimos. — Suas palavras ecoaram na minha cabeça: “Saia e tenha sua pequena e perfeita vida, e eu mal posso esperar até que tudo desabe sobre você.” Ele não tinha ideia de como era ter dificuldades e ver as pessoas ao seu redor sofrerem. — Eu não diria isso. Embora eu saiba que fui construído como um deus grego no colegial, definitivamente melhorei o molde desde então. — Olhei para cima quando ele flexionou um braço, irritada


por ter notado a mesma coisa apenas um minuto atrás. Ele poderia ser gostoso, mas era aí que terminava. — Essa é sua tentativa de ser amigável ou algo assim? — Inclinei minha cabeça para o lado, tentando descobrir o que ele queria. — E por que eu estaria fazendo isso? — Eu não tenho nenhuma ideia. É você quem está aqui fazendo conversa fiada. — Encontrei, Dec. — Uma das garotas da mesa apareceu atrás do carro em que ele estava inclinado. — Eu não gostaria de esquecer isso hoje à noite. Eu nem olhei para ver o que era. Se eu tivesse sorte, era um plug anal para Declan, e ele teria uma noite difícil. Ele se afastou do carro, olhando para trás quando eu fechei a porta do meu lado com tudo. Não querendo que ele pensasse que eu estava fugindo por causa da sua pequena fã, abaixei a janela. — Estou trabalhando aqui agora e também vou para a mesma faculdade que você, mas isso não significa que precisamos nos ver mais do que o necessário. Se eu for sua garçonete, serei tão gentil quanto sou com qualquer outro cliente, mas se você me vir andando no campus, não fique chocado se eu der meia volta e ir por outro caminho. — Ele continuou olhando para mim como se estivesse tentando usar meu velho truque de visão a laser contra mim, e me contorci um pouco no meu assento. — Sem ofensas. — Não me ofendi. A garota do carro deu a volta ao seu lado e passou os braços em volta da cintura dele, se pendurando nele como um enfeite de Natal. — A propósito, — ela disse, aconchegando-se em Declan como se fosse uma noite fria de inverno, — você tem um pouco de ketchup no queixo. — Ela apontou para um local no rosto, espelhando o local manchado no meu, e minha língua disparou para limpar antes que eu pudesse parar. Declan abriu a boca como se quisesse dizer algo, mas subi a janela, mantendo os olhos em frente. Totalmente nem um pouco irritada por tentar sair como uma super cadela com meu rosto ensopado de ketchup. Os dois voltaram para o bar, e eu abaixei minha viseira para verificar os danos no espelho. Agarrando alguns guardanapos no console central, balancei minha cabeça. Claro! Esfreguei os restos do cheesesteak do meu rosto e descansei a testa no volante. Pelo menos eu só teria que vê-lo depois dos jogos se eles viessem ao bar. Talvez eu estivesse em um turno com alguém que não tenha sido uma ex completamente psicopata com um deles e eu poderia trocar de mesa. Seria bom, e eu poderia lidar totalmente com Declan McAvoy em pequenas doses. Totalmente.


5

DECLAN

O latejar constante na minha cabeça significou que eu demorei

alguns minutos para perceber que eu não estava sozinho na minha cama. Caí de costas no travesseiro e estremeci quando a dor disparou direto pelo meu crânio. Era como se alguém pegasse uma lata de lixo de metal e a batesse com a maior força e rapidez possível. Minhas travessuras noturnas voltaram para mim através da névoa da ressaca. A conversa com o treinador. Esse sentimento de nãoconsigo-respirar-porque-acabei-de-ser-expulso-do-time. O buraco maçante no fundo do meu estômago que Archer descobriria. Indo para Three Streets e encontrando Makenna Halstead de todas as pessoas. Como se o universo quisesse me chutar quando eu caí, ela apareceu com seus grandes olhos azuis por trás daqueles óculos e atirou suas costumeiras farpas em mim. Ela que se dane! Foi como o último ano do ensino médio mais uma vez, mas suas previsões estavam se tornando realidade. Mais realidade do que ela provavelmente percebeu. Vê-la novamente atrás do bar, sentada em seu carro, destruindo o Cheesesteak me fez rir. Era como ver a rainha tropeçar ou algo assim. Ela era humana. O vislumbre disso que eu vi no baile veio correndo de volta para mim. Ela comeu e espalhou ketchup por todo o rosto como uma mera mortal. E ela até pareceu fofa fazendo isso - até que ela voltou ao modo de robô maligno. Eu não precisava pensar nela. Eu precisava me recompor e não estragar as coisas mais ainda. Sair para uma balada depois do bar não foi um bom plano, e trazer essa garota para casa tinha sido uma ideia ainda pior. Depois que a loira na minha cama descobriu que jogávamos hóquei, ela ficou implacável, praticamente fazendo uma dança erótica no meu colo e sugerindo que eu a ajudasse a ir para a sua casa em um táxi antes de estar convenientemente trancada do lado de fora. Não tinha sido uma das minhas ideias mais brilhantes. Foi um erro sair. Eu tinha aula essa manhã. Seu cabelo roçou no meu peito, fazendo cócegas na minha pele. Isso me irritou pra caramba. Eu empurrei sua cabeça de cima de mim, deixando-a cair na cama. Ela gemeu e rolou enquanto eu deslizava para fora da cama, procurando no chão por jeans ou uma calça de moletom. Estupidez deixar ela passar a noite aqui. Quão longe a maçã caiu da árvore? Era como se eu estivesse tentando provar que não era melhor que Archer, me deixando distrair assim. Agora eu tinha que fazer ela ir embora. Pulei colocando meu moletom e verifiquei a hora no relógio da minha mesa.


Porra! Passou das onze. Eu já tinha perdido a minha primeira aula do dia. Não exatamente entrando no modo responsável. Tirei uma camisa limpa da minha cômoda e fechei a gaveta com força. Ela rolou e se esticou. Não há tempo para a rotina da Bela Adormecida. Corri pelo meu quarto, tirei minha bolsa das costas da cadeira e joguei na mochila os livros que havia pegado na livraria. Meu celular não estava em lugar nenhum. Eu remexi em tudo que estava no chão e na mesa, mas ainda não havia telefone algum. Talvez estivesse lá embaixo. Com minhas roupas de treino enfiadas na minha mochila, eu tinha tudo o que precisava para o dia. Minha cabeça latejava quando peguei meu boné na maçaneta da porta. Fui até a cama, sem tentar manter meus passos leves. Qualquer que fosse o nome dela, se sentou com o lençol enrolado no peito. — Ei, você acordou cedo. — Um dos cílios postiços dela se soltou e deu a ela um olhar de pálpebra dupla. — Eu tenho que ir para a aula. Já estou atrasado. — Ajustei minha bolsa nas costas no movimento universal de eu-tenho-que-ir-paraalgum-lugar. — Eu esperava que tivéssemos um pouco de diversão pela manhã, já que não tivemos nenhuma noite passada. — Seus dedos roçaram meu cinto, mas eu pulei para trás antes que ela pudesse me segurar. Desmaiar enquanto ela tirava a roupa foi provavelmente a melhor coisa que tinha acontecido comigo ontem. Imaginei que ela teria ido embora, mas parecia que persistência era o seu forte. — Escute, eu tenho que ir para a aula, então provavelmente é melhor você se vestir e sair. — Saí do quarto, me certificando de que não havia nada valioso ou quebrável à vista. — Eu te ligo mais tarde. — Eu me virei e desci as escadas. Um fraco “Mas você não tem meu número…” seguiu atrás de de mim enquanto eu descia dois degraus de cada vez. Eu bati em Heath ao virar o corrimão na escada, e seu café quente espirrou nos meus braços. — Que diabos, cara? — Minha pele vermelha e irritada latejava para combinar com as batidas na minha cabeça. — Dormiu até tarde? — Ele esfregou os olhos vermelhos e bocejou. — Acidentalmente e agora estou atrasado. Você viu meu celular? — Olhei em volta da sala de estar. — Eu acho que está na mesa da cozinha. Estava tocando que nem um louco quando eu estava tomando meu café. — Ele esfregou os olhos exaustos. — Por que você não me acordou? — Eu passei por ele e entrei na cozinha. Notificação após notificação do Preston. Inclinando minha


cabeça contra os armários, fechei os olhos quando o cômodo girou ao meu redor. Esse semestre teve um começo incrível. Mandei uma mensagem rápida para Preston e peguei um copo térmico, o enchendo até a borda com o néctar dos deuses escuro e quente. Heath deslizou um copo alto de água fria e algumas pílulas brancas ao longo do balcão. — Se você vai passar pelas aulas, precisará disso. — Obrigado. — Eu bebi a água e as pílulas, coloquei o tampo do meu copo e saí da cozinha. — A propósito, há uma garota de ressaca seminua no andar de cima. Certifique-se de que ela não roube nada ou destrua o local. Você é o cara, tchau. — Eu bati a porta da frente em seu rosto de olhos arregalados e, descendo as escadas com cuidado, fui para o campus. Cheguei à minha segunda aula do dia com segundos de sobra e peguei um assento na parte de trás, tentando manter a náusea à distância. Sem querer, eu me vi olhando pela sala e olhando a porta, pronto para fugir se Mak mostrasse o rosto dela. De jeito nenhum eu ficaria um semestre inteiro com ela tentando me assar em pedaços. Meu estômago ameaçou uma revolta pelo menos algumas vezes ao longo da introdução a matéria a das expectativas do professor. Eu afundei na minha cadeira com o boné abaixado, ficando fora do ar pelo resto da aula enquanto o professor continuava. Isso era importante, mas estar presente era o máximo que eu ia conseguir dar naquele momento. Eu irei ao escritório do professor para ter certeza de que ele não achava que eu iria relaxar durante o semestre. O sol do meio-dia não me enviou correndo de volta para as sombras como um vampiro, então minha noite cheia de bebida estava finalmente desaparecendo. Minha tontura de bêbado foi lavada com um hambúrguer no almoço, então o mal-estar se foi. Minha última aula não era até quase cinco, o que significava que eu tinha tempo para matar. Eu precisava queimar a última gota de ressaca do meu sistema. Empurrando as primeiras portas duplas da academia, fui atingido pelo cheiro familiar de suor e metal que enchia o ar. As preocupações desapareceram. O único lugar que eu conseguia esquecer completamente o resto do mundo era no gelo, mas a academia ficava em segundo. Heath irrompeu pelas portas, com um sorriso largo no rosto, como sempre, mesmo que estivesse encharcado de suor. — Seu colchão e lençóis e o resto de suas coisas estavam em uma pilha carbonizada quando você saiu esta manhã, certo? Meu estômago caiu quando ele me deu um tapa nas costas, jogando a cabeça para trás, rindo. — Não brinque comigo assim. É


— Relaxa. É isso que você ganha por me fazer pastorear suas sobras na manhã. Você ficará feliz em saber que a estudante de história saiu sem muito barulho, mas deixou o número dela para você. Eu não estaria usando ele. Havia muita coisa acontecendo na minha vida, e eu não precisava da distração da atenção feminina agora. — Eu te vejo de volta em casa. Quando é a sua última aula? — Puxei minha mochila no meu ombro mais para cima. — As cinco horas, mas tenho que ir à estufa para verificar algumas coisas. — Por que você não pode se especializar em cinesiologia como todos os outros atletas dessa universidade? — São aqueles brotos sensuais. É o que me deixa duro. — Ele apertou seu pau e colocou a língua para fora, caminhando para trás até as portas que davam para o lado de fora. Eu mostrei o dedo do meio para ele e empurrei as portas da academia, ficando cara a cara com a última pessoa que eu queria ver. — Poderia ter me avisado, — murmurei baixo, olhando por cima do ombro para ver Heath acenando pela pequena janela da porta da academia. Preston deixou cair seus pesos, o clank ecoando na sala, e andou direto na minha direção. Larguei minha bolsa no chão, tirei o boné e me preparei para a discussão iminente que ele estava preparando o dia inteiro. — Eu sei. Antes de começar, eu sei. Não é a melhor maneira de começar o semestre. Eu precisava espairecer e as coisas ficaram um pouco fora de controle ontem à noite. — Fora de controle? Você quer ficar fora do time? Você quer sair depois de chegar tão longe? Passei as mãos pelo rosto e pelos cabelos, entrelaçando os dedos atrás da cabeça. — O que você quer que eu diga? Eu estraguei tudo. É o que eu faço, certo? Ele se sentou no banco de musculação ao meu lado. — Você tem uma chance, cara. Você está indo para os profissionais de uma maneira ou de outra - eu te vi no gelo - mas você não precisar vir para a faculdade. Você poderia ter ido para as equipes de desenvolvimento e as ligas secundárias ou ter ido direto para lá. Você tem a chance de pegar seu diploma e jogar o jogo que você ama. Você está na reta final. Ninguém sabia que ser convocado imediatamente era o meu plano. Tinha sido um bom plano até a vida em sua infinita sabedoria sentir que eu precisava de um chute nos dentes que me deixou machucado e ensanguentado. Archer estava lá quase todos os dias, e


todos os dias eu jogava como uma merda. Eu tive sorte que eles me mantiveram por tanto tempo. Jogue na mistura a cara da minha mãe quando ela descobriu que eu entrei na faculdade e isso fez com que aquele pequeno núcleo de vergonha ficasse um pouco maior. Se a faculdade era onde eu tinha que estar, eu estava fazendo isso por ela, para que ela pudesse me ver atravessar aquele palco para pegar o diploma e finalmente parar de trabalhar tanto. — Isso não vai acontecer novamente. Eu só perdi uma aula, e a mais importante não é até hoje à noite. — Quem você tem? — Ele me entregou um conjunto de halteres de dezoito quilos. — Alco . — Eu os levantei, flexionando meus bíceps, deixando a tensão muscular lavar a última ressaca. Ele soltou um assobio baixo. — Tenha cuidado. Esse cara tem uma reputação séria quando se trata de atletas. Ele não vai aceitar merda nenhuma, especialmente se sabe que você reprovou nessa matéria antes. Exatamente o tipo de pessoa que eu precisava para controlar minha capacidade de jogar durante a temporada. — Anotado. Você vai primeiro? — Fiz um gesto para o banco de pesos com dezenas de quilos de pesos pendurados acima dele. — Inferno, não, Heath saiu sem colocá-los no lugar. Eu gostaria de usar meus braços pelas próximas semanas, mas fique à vontade. Vou ver como seus braços vai ficar após esse treino, e talvez deixe você me ajudar. — Ele sorriu e descansou as mãos na barra de metal. — Você nem vai levantar isso? Por que diabos eu levantaria? — Tenho que mantê-lo em boa forma, certo? Além disso, cheguei cedo e estou quase terminando o meu treino. Você tem alguns erros sérios para dizimar. Talvez eu deva continuar cansando sua bunda com esses exercícios e você ficará tão exausto que nem será capaz de pensar em sair para beber. — Eu posso pegar qualquer coisa que você puder dar, Cap. — Eu copiei seu sorriso e deslizei para o banco. Eu poderia não estar praticando com os caras, mas pelo menos Preston me ajudava. Por mais que ele me incomodasse e parecesse mais como uma mãe irritante às vezes, pelo menos eu sabia que ainda fazia parte do time. O que pareceu doze horas depois, finalmente desisti. Eu olhei para o relógio; eu mal tinha passado setenta minutos no circuito de tortura de Preston. Eu nunca pensei que ansiaria pelas sessões do treinador, mas se era assim que Preston executaria as coisas enquanto eu estava no banco, eu precisava voltar para o time ontem. Tudo doía quando entrei no chuveiro. Houve tempo suficiente para pegar um pouco mais de comida e verificar quando eu tinha que entregar meus próximos trabalhos e


calendário antes da última aula. Seminário do segundo ano. Na minha primeira vez, eu tinha acabado de voltar da sessão de hóquei no verão e do meu primeiro encontro cara a cara com Archer. Sua voz saiu profunda e áspera atrás de mim quando saí do vestiário depois de tomar banho. — Você acha que, porque meu sangue está bombeando em suas veias, você merece uma vaga nesse time? Minha cabeça levantou e minhas mãos se fecharam em punhos. — Isso significa que você está me reconhecendo como seu filho? Ele fez um som áspero e olhou para mim. “Por que você está aqui? Por que você se importa? Você não se importa há dezenove anos; por que aparece aqui depois de cada treino?” As palavras que eu repetia várias vezes na minha cabeça desapareceram no minuto em que fiquei cara a cara com ele. Ele sempre se escondia na caixa ou nas arquibancadas enquanto eu praticava com o time e ia embora no segundo em que meus patins deixavam o gelo. — Você acha que pode fazer metade do que eu fiz nesse time? Você acha que alguém se lembrará do seu nome depois que você estragar tudo? O desejo de limpar seu sorriso presunçoso do rosto quase me dominou. — Se eu achar, o que diabos isso tem a ver com você? Você não é nada para mim. Você é um ninguém. — Meu coração batia forte no peito. Eu poderia enfrentar os melhores no gelo, mas quando se tratava de Archer, o doador de esperma que fez minha mãe chorar, era como se meu corpo não quisesse cooperar. — Você com certeza parece se importar quando está sempre me procurando nas arquibancadas. Você se importa, filho. — Nunca mais me chame de 'filho'. — Flexionei minha mandíbula porque ele estava certo. E eu odiava que eu olhasse, que eu me importasse, mas ele me chamando de filho... Eu estava a segundos de bater com o punho na cara dele. — Você está certo. Um verdadeiro filho meu não estaria lá fora estragando sua chance com os profissionais. Eu dei um passo em sua direção, pronto para colocá-lo para fora. Um dos treinadores colocou a cabeça para fora do escritório e me chamou. — Declan. Podemos falar com você um minuto? Ei, Travis, o que você está fazendo aqui? Minha respiração saiu pesada, quase como um ofego, enquanto eu ficava frente a frente com meu pai. Apertei tanto minhas mãos que meus dedos doíam. — Nada. Absolutamente nada, — ele disse, olhando diretamente para mim antes de abrir seu sorriso presunçoso que eu já tinha visto cem vezes e sair com as mãos enfiadas nos bolsos, assobiando. Lágrimas que eu nunca quis derramar pinicavam meus olhos. Eu vibrei com raiva, as piscando de volta. Eu nunca deixaria ele me ver chorar. Nunca derramaria uma maldita lágrima por ele.


Então, eu estava indo aos profissionais mesmo que isso me matasse, começando na minha próxima aula. O que for preciso. Eu ia fazer o que fosse preciso e depois limparia aquele sorriso presunçoso de seu rosto de uma maneira ou de outra.


6

MAKENNA Meus pés doíam quando saí da cama, desligando o alarme. Coloquei os meus tênis, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo. Meu cabelo era uma bagunça, não bem ruivo nem loiro, dependia da iluminação. Olhando pela janela, peguei meu celular e fones de ouvido e saí quando o sol surgiu no horizonte. Uma corrida era a maneira perfeita de começar o dia e colocar minha cabeça em ordem. Me transferir como veterana tinha sido uma jogada monumentalmente estúpida. Eu sabia disso quando o fiz, mas havia momentos em que uma jogada estúpida fazia sentido. Pelo menos na minha cabeça. O que não fez foi tornar a graduação a tempo tão fácil quanto deveria ser. Embora eu tivesse mais do que créditos suficientes de Stanford, havia algumas matérias necessárias que eu precisava fazer na Universidade da Filadélfia, mesmo que eu já tivesse bem a frente delas. Além disso, o programa combinado de bacharelado e doutorado de medicina significava que eu estava tendo algumas aulas na faculdade de medicina já que havia sido aceita provisoriamente. Eu tinha entrado em um programa semelhante em Stanford. Isso significava que levaria apenas seis anos para concluir a faculdade de medicina combinando parte dos trabalhos do curso. Eu consegui finalizar um monte durante o verão, mas havia um que eu tinha que fazer no campus. Um curso especial oferecido apenas aqui. Seminário do segundo ano. Isso é embaraçoso. Estar em uma classe cheia de estudantes do segundo ano quando eu era veterana não era exatamente a minha ideia de diversão, mas eu havia feito minha cama; agora eu tenho que deitar nela. Tinha feito tudo que estava ao meu alcance, trazendo todos os programas do meu antigo curso para mostrar que eles eram semelhantes e eu tinha abordado tópicos parecidos. Os reitores não cederam. O circuito ao redor do campus me fez passar por algumas pessoas com olhos turvos tropeçando nos caminhos que cruzavam o pátio. O ar quente do verão passou por mim. Fiz meu caminho pelo campus e estava ansiosa pela mudança de estação. As cores vibrantes das folhas de outono eram algo que eu sentia falta na Califórnia. Grama recém cortada era esmagada sob meus tênis enquanto eu pegava um atalho de volta para o apartamento. Os pássaros gorjeiavam no céu da manhã, e eram momentos como esse que eram tão perfeitos que dificultavam a respiração. Momentos em que eu olhava em volta para as flores e esquilos subindo nas árvores e era como se o mundo parasse de se mover por alguns segundos. As lágrimas sempre vinham nesses momentos. As limpei com as costas da minha mão e acelerei passando por alguns


caras em roupas amarrotadas e meninas carregando seus sapatos. Mesmo em uma noite no meio da semana, a maioria das pessoas no campus haviam voltado na noite anterior, então muitas estavam fazendo a caminhada da vergonha. Voltei para o apartamento e minhas colegas de quarto ainda estavam dormindo. Na ponta dos pés, fui para a cozinha e fiz meu omelete de clara de ovo e um suco de frutas. Havia alguns e-mails de professores com algumas anotações do início do semestre. Mexi no meu celular, verifiquei três vezes minha agenda e terminei minha comida. Lavando e secando meus pratos, coloquei-os de volta nos armários e fui para o meu quarto. Esse apartamento foi um achado. Cada quarto tinha seu próprio banheiro, o que era praticamente inédito em qualquer lugar em que um estudante universitário ficasse. Eram três apartamentos de um quarto só que eles juntaram em um gigantesco. Tracy e Fiona precisavam de uma terceira colega de quarto, e eu não parecia muito psicopata, nas palavras delas, então eu consegui ficar com o quarto. Nós ainda estávamos no modo de eu-estou-tentando-descobrir-sevocê-vai-endoidar-e-me-sufocar-com-um-travesseiro-enquantodurmo, mas por enquanto tudo bem. Tomei um banho, vesti as roupas que havia separado na noite anterior e coloquei um pouco de maquiagem. Meu celular tocou e eu verifiquei a hora. Perfeito. Verifiquei meus livros três vezes, pastas e fichários para cada aula e deslizei minha mochila no ombro. Olhando para mim mesma no espelho, passei as mãos pela saia e puxei o rabo de cavalo debaixo da alça da mochila. Seria um bom dia. Fazer essa mudança foi a escolha certa. Tudo bem, meus pais estavam viajando pelo país em um trailer e não por perto caso algo acontecesse com papai, mas estava tudo bem. Tudo ficaria bem. Eu estava bem.

Minhas aulas matinais foram todas conforme o planejado. Seminários e laboratórios que eu precisava para atender aos meus requisitos de graduação foram espalhados pelo dia. Os professores estavam interessados no trabalho que eu fiz em Stanford, e não havia nada no cronograma que me assustou. Depois de almoçar em um dos refeitórios, onde revisei meu calendário e estabeleci prazos para concluir meus projetos e trabalhos de laboratório, me encontrei com Tracy, que ainda usava seus óculos de sol. — Ele fez todo mundo me aplaudir de pé quando eu entrei na sala. — Ela tomou um gole de sua garrafa térmica, que eu não tinha


muita certeza se não estava cheia de álcool. — Ele disse que se eu pudesse ir para a aula naquele estado, não havia desculpa para nenhum deles matar aula. Quero dizer, não é tão óbvio assim que eu estava super bêbada essa manhã, não é? — Ela me olhou por cima dos óculos escuros. — Seu vestido está do avesso. — Tomei um gole da minha água, fazendo o meu melhor para segurar minha risada. Ela olhou para baixo e jogou as mãos para cima em derrota. — Droga. De novo não. Tracy me acompanhou enquanto eu resolvia umas coisas no campus. De alguma forma, o cronograma das suas aulas não parecia tão cheio quanto o meu. Parando na biblioteca antes da aula, solicitei alguns livros que não encontrei on-line que ajudariam em algumas das minhas pesquisas durante o semestre. Eu também descobri quando seria capaz de pegar uma sala de estudo. A única carta fora do baralho na minha agenda era o seminário do segundo ano. Achei que não haveria problema, mas Tracy decidiu me atualizar sobre a aula. Passamos por pessoas espalhadas no gramado em toalhas, mesmo que o sol estivesse se pondo. Alguns caras jogavam Frisbees sem camisa, absorvendo os últimos pedaços de verão que nos restavam. — Alco é um idiota notável. Ele está tão irritado, o tempo todo. Ele cursou doutorado em história por dez anos e imaginou que, depois de se formar, eles o deixariam sair do seminário do segundo ano. Ele não teve tanta sorte, então todo mundo está preso com sua raiva e ranzinza eterna. — O aviso de Tracy saiu em voz baixa. Do jeito que ela falou, era como se ele fosse uma temida criatura marinha colocada na terra para afundar alguns boletins do segundo ano como um kraken das profundezas. — Eu sou feita para esses tipos de professores. Eu nunca tive um professor da faculdade ou na escola com quem não me desse bem. Não será um problema. — Eu não mantive uma média exemplar deixando alguns professores irritados atrapalharem o meu caminho. — Ele não aceita trabalho ser entregue depois do prazo ou desculpas para nada, — disse ela com a voz baixa. Me inclinei para ela de um jeito conspiratório. — Está tudo bem, porque eu nunca entreguei nada depois do prazo. — E eu não tinha entregado. No primeiro ano na Califórnia por conta própria, eu estava gripada. Eu não ficaria surpresa se tivesse começado a sangrar pelos olhos. Tudo doía, eu mal conseguia manter os olhos abertos, mas consegui entregar meus trabalhos finais antes de voltar para casa no final do semestre. — Estou tentando te avisar. Tenha cuidado com esse cara. — Obrigada pelo aviso, e vou me certificar de terminar todas as coisas dele mais cedo.


Entrei na sala dez minutos antes do início das aulas. Geralmente era bem adiantado, mas a sala estava lotada. Meu estômago caiu e chequei três vezes a hora. Não, eu definitivamente cheguei adiantada. Parecia que eu não era a única que recebeu um aviso sobre Alco . A pequena sala estava cheia de mesas e alunos do segundo ano que pareciam estar prestes a serem jogados em um tanque de ácido. A reputação dele definitivamente o precedeu. Havia apenas duas mesas vazias disponíveis, bem na frente e no meio da fileira. A porta se abriu atrás de mim. Antes que eu pudesse me virar, algo pesado bateu nas minhas costas. Tropeçando em meus próprios pés, agarrei uma das mesas para me equilibrar quando quase fui derrubada por alguém me empurrando para fora do caminho como se eu nem estivesse lá. — Sentem-se, — veio a voz rouca do professor. Com o coração na garganta, deslizei para a primeira mesa vazia e tentei me acomodar. Quase pegar uma advertência na frente de uma classe cheia de alunos do segundo ano - ou qualquer um, para falar a verdade - não era exatamente a minha ideia de uma maneira divertida de começar o semestre. Passei as palmas das mãos suadas sobre a saia, a alisando debaixo da mesa. Secas o suficientemente, peguei meu bloco de notas quando o professor ergueu sua enorme bolsa sobre a mesa e tirou pacotes grossos de papel e os jogou sobre a mesa com um baque ameaçador. Se recomponha! As coisas estavam bem. Estava tudo bem. Até que elas não estavam bem. Alco terminou de arrumar sua pilha de papéis e ficou de pé, olhando para toda turma, pronto para entregar o que eu só podia imaginar que seria um discurso de esmagar a alma, quando a porta se abriu. Como se eu tivesse conjurado o meu pior pesadelo para acompanhar o professor que já me fez odiar essa aula, a última pessoa que eu queria que estivesse na mesma aula, entrou na sala bem na hora. Declan entrou na minha última aula do dia como ele entrava em todas as salas, de peito erguido. Mesmo em um seminário do segundo ano, onde ele deveria estar escondendo o rosto, ele entrou como se fosse o dono do lugar. Minha coluna ficou reta e os cabelos na parte de trás do meu pescoço subiram quando seu olhar varreu a classe e pousou em mim. O único assento vazio na sala de aula do tamanho de um armário era ao meu lado. Claro que era. Ele parou e girou como se estivesse pensando em sair, mas um um olhar de resignação se instalou em seu rosto. Provavelmente era o mesmo que estava no meu. A combinação de mesa e cadeira raspou o chão enquanto Declan a arrastava para longe, tentando se afastar alguns milímetros do meu


assento. Boa sorte com isso. As mesas mal cabiam na sala como estavam. — Nesse semestre, porque a administração decidiu me selar mais uma vez com essa turma, estou mudando as coisas. — Cada parte do professor Alco parecia ser de um acadêmico insatisfeito. Ele usava um blazer de tecido grosso, apesar de estar fazendo, pelo menos, vinte e seis grau e a sala estar igual um forno. A jaqueta estava desgastada e desbotada em algumas partes. — Já que eu não quero ler todos os seus trabalhos, estou colocando vocês em dupla. Vocês terão um parceiro durante todo o curso da aula. Todas as suas tarefas serão feitas em par. Uma sensação assustadora de pavor tomou conta de mim. Por favor, ele não. Por favor, ele não. O professor chamou os nomes dos diferentes alunos da turma, andando pela sala e entregando a todos uma folha de papel com as informações de contato de seus parceiros. — Makenna Halstead. — Eu levantei minha mão. — E você deve ser Declan McAvoy. — Ele deslizou os pedaços de papel em nossas mesas ao mesmo tempo, e meu estômago caiu. — Como vocês dois são veteranos e de alguma forma chegaram até aqui sem passar nessa matéria, eu não gostaria de sujeitá-los a mais ninguém. Conheçam seus novos parceiros. Ele pensar que eu realmente havia falhado em uma aula nem sequer foi processado, porque o sangue pulsante nos meus ouvidos abafou todo o resto, exceto as palavras novos parceiros. — Isso é permanente. Eu não quero ouvir nenhum protesto sobre querer mudar ou querer estar com sua BFF ou miga ou o que diabos vocês chamam seus amigos hoje em dia. Esses são seus parceiros. Não venham se queixar de nada, a menos que eles estejam tentando ativamente assassiná-lo. Tentativas passadas não contam. Façam o trabalho. Essa é a coisa mais importante. Na vida vocês não podem fazer tudo o que querem, mas precisam fazer tudo dar certo. Minhas mãos se apertaram ao redor do papel que ele colocou na minha frente. O farfalhar suave quando amassei as bordas foi o único som, exceto a respiração assustada de todos ao meu redor. Me recusei a olhar para Declan e mantive meus olhos no professor tentando descobrir que novo inferno ele estava pronto para lançar na turma. Isso não iria funcionar. Eu não poderia ser parceira do Declan. Olhando para o papel amassado na minha mesa, alisei as bordas. — Qual é o problema, Livros? Com medo que a minha irresponsabilidade vai passar para você? Olhe para você, já amassando seus papéis. Em seguida, você estará colorindo fora das linhas e talvez até saindo de casa sem um kit de emergência suficiente para ajudar uma pequena vila. — Ele olhou para minha mochila e segui reflexivamente seu olhar.


A caneta saindo da boca dele fez um click em seus dentes, e meu olhar se estreitou, concentrando-se nele, na sua boca e no seu hábito nojento. Sim, eu carregava muitas coisas, mas era o primeiro dia. Estar preparada era fundamental. Cerrando os dentes, me sentei mais ereta e esperei o professor terminar seu discurso monótono. Ele distribuiu os pacotes densos em sua mesa, e o clima na sala ficou ainda mais resignado de que esse nível de desgraça só aumentaria ao longo do semestre. Eu poderia lidar com a carga de trabalho. Eu poderia lidar com um professor durão. Eu não poderia lidar com o fato de colocar minhas notas nas mãos de alguém como Declan. O meu futuro. Eu iria para o escritório do professor na primeira chance que tivesse. — Isso é tudo. Vejo vocês na próxima semana depois de entregarem a primeira tarefa. Ninguém se mexeu até que o professor fechou sua bolsa e saiu pela porta, o mais feliz que ele estava desde que entrou. Uma presença quente e pesada se pressionou bem perto de mim quando Declan descansou os braços na borda da minha mesa. — Quando você quer se encontrar, Livros? — Ele disse ao redor da caneta mastigada enfiada no canto da boca. Respirei fundo algumas vezes para me acalmar e comecei a guardar minhas coisas. — Vamos tentar fazer isso por e-mail e em um doc compartilhado online. Talvez seja a melhor maneira de lidar com isso. — Dei um sorriso tão fraco que uma brisa forte o teria limpado. Declan fez um tsk com a língua que atiçou as brasas de irritação que estavam crescendo desde que ele pisou na sala de aula. — Confira a primeira linha da tarefa. — Ele a deslizou sobre a minha mesa, e eu olhei para ela. Em grandes letras em negrito, dizia: VOCÊS DEVEM SE ENCONTRAR PESSOALMENTE. O MUNDO É COMPOSTO POR PESSOAS QUE SE ENCONTRAM CARA A CARA. LIDEM COM ISSO. Obrigada, professor.


7

DECLAN Seminário do segundo ano já era ruim o suficiente, mas acabar sendo parceiro da Makenna foi um pontapé cósmico nas bolas com tudo que estava acontecendo. Mas quase valia a pena ser o parceiro de Mak por causa do olhar de aborrecimento em seu rosto. Ela não queria fazer dupla comigo mais do que eu queria fazer dupla com ela, mas eu teria prazer em sua irritação. Eu segurei minha risada quando ela amassou seu papel e tentou desamassar. Ela estava tão estressada que seria um milagre se não tivesse um ataque cardíaco até os trinta anos. Apontar que devíamos nos encontrar pessoalmente me deu uma satisfação doentia de que, pelo menos, essa classe seria divertida, se nada fosse. Ela arrumou suas mochilas gigantes como se fosse uma nativa do Nepal partindo para conquistar o Monte Everest, e fiquei tentado a ajudá-la, mas achei que poderia recuar um pouco. Andando atrás dela quando saímos da sala, eu a segui quando ela saiu correndo do prédio. As pessoas que passavam por mim, me cumprimentaram ou acenaram, e eu acenava de volta, mas não parei porque não queria perder Mak, que estava andando como se alguém tivesse começado um incêndio atrás dela. Eu nem sei se ela estava nos levando a algum lugar em particular ou fugindo, impulsionada por sua raiva ofuscante. Talvez ela nem soubesse que eu ainda estava lá pelas linhas profundas marcando sua testa. — Nós estamos indo para algum lugar em particular? Ou você estava tentando me levar a algum lugar privado para me matar e então garantir um novo parceiro. Ela pulou ao som da minha voz, então talvez não tivesse lembrado que eu estava lá. Golpeou meu ego. — Reservei uma sala na biblioteca para depois da aula. Eu preciso estar lá até às seis e cinco ou eles vão dar para outra pessoa. — Qual biblioteca? — Samuelson. — Por que diabos você reservou uma biblioteca no campus quando a Biblioteca Harbin é bem ali? Ela fez um som exasperado. — Porque eu não sabia! — Ela jogou as mãos para cima. — Eu não sabia que os prédios eram tão distantes quando planejei minha programação para o dia, e quando percebi, todos as salas em Harbin estavam reservadas. Verifiquei a hora e tínhamos cerca de dois minutos para chegar lá. Sem realmente saber qual era o problema, eu não queria começar as


coisas de uma maneira ainda pior com ela. Carregando o peso de uma pequena cidade, ela não chegaria lá a tempo. — Aqui, me deixa te ajudar. — Peguei uma das bolsas do ombro dela sem pedir. Ela agarrou a alça, mas deslizou entre os seus dedos. Eu joguei sua bolsa de tijolos nas minhas costas. — Vamos lá, Livros. Temos dois minutos. — Comecei a andar rapidamente, e ela tropeçou atrás de mim para acompanhar o ritmo enquanto desviávamos da multidão que cruzava o campus no início da noite. As luzes brilhantes da biblioteca à frente significava que o suor escorrendo pelas minhas costas valeu a pena. Eu juro que ela estava treinando para algum tipo de corrida do Homem de Ferro com essa bolsa. Nós dois jogamos nossas mochilas no chão da biblioteca exatamente seis minutos depois. Eu fui em busca de um pouco de água. Talvez eu devesse usar a bolsa de Mak para eu treinar. Quando voltei, a estudante de cabelos encaracolados que trabalhava atrás da mesa balançou a cabeça quando Mak deslizou seu cartão de identificação pelo balcão. — Eu vim do outro lado do campus. Eu preciso dessa sala de estudo. — Ela estendeu seu cartão de identificação para a pessoa do outro lado do balcão como senão aceitasse não como resposta. — A política é de até cinco minutos. Fui para o lado de Mak e os olhos da garota se arregalaram. Eu olhei para o crachá dela. Amanda. — Mas o que custa contornar uma pequena para amigos, Amanda. Na verdade, é minha culpa. Eu estava conversando com algumas pessoas sobre a próxima temporada, e Mak estava esperando por mim. Eu a segurei, e é por isso que nós atrasamos. — Eu joguei o sorriso que me tirou de todos os tipos de merda, e ela fez aquela coisa entre risada-bufo que me deixou saber que eu a tinha na minha mão. — O que você diz em quebrar um pouco as regras e deixar que ela fique com a sala? A garota olhou entre nós dois e suspirou. — Ok, sim, está tudo bem. — Ela olhou para mim enquanto digitava no computador e pegou o cartão de identificação da Mak novamente. Mak pegou as mochilas do chão e caminhou até os elevadores depois de receber o número da sala. Apertando o botão do terceiro andar como se ele tivesse matado seu cachorro, ela ficou na frente das portas, esperando que ele chegasse. Ela cruzou os braços sobre o peito, os ombros parecendo que iam ceder sob o peso das bolsas. — Eu não vou receber um obrigado? — Obrigada, — ela disse com desdém.


— Não pareça tão feliz com isso. — Me inclinei contra a parede ao lado dos elevadores mais lentos conhecidos pelo homem. — Então, qual é a grande coisa sobre essa sala de estudo? Por que a pressa? — É uma reserva de sala para o semestre inteiro, e essa é a biblioteca mais próxima do meu apartamento. Embora minhas colegas de quarto pareçam ok agora, eu queria um lugar para estudar se elas se tornarem barulhentas demais. E geralmente os estudantes pegam essas salas cedo, então eu precisava pegar uma imediatamente. — Entendi. Você realmente cobre todas as suas bases, hein? Eu quis dizer isso como um elogio genuíno, mas ela não pareceu entender dessa maneira, me dando um olhar cortante antes do elevador chegar e as portas se abrirem. Entrei atrás e ela se moveu para o outro lado como se tivesse subido a bordo com um leproso. O elevador tremeu e gemeu ao subir para o terceiro andar. O cheiro de mofo era ainda mais forte aqui em cima. Metade das luzes não acenderam quando passamos. Estava quase completamente deserto, mas as salas no corredor já estavam cheias de pilhas de livros, itens pessoais e tudo o mais que uma pessoa que morava na biblioteca precisaria. Mak parou na frente de uma sala e usou seu cartão de identificação para abrir a porta e entrou. A porta ao lado da dela se abriu e uma loira colocou a cabeça para fora. Seus olhos ficaram grandes quando ela me viu, e suas bochechas ficaram da cor de uma beterraba. — Oi, eu sou a Angel. Parece que somos vizinhos. — Ela estendeu a mão. Hesitei e estendi meu braço. As estrelas já estavam nos olhos de Angel, e eu não estava interessado, nem um pouco. Nossas apresentações foram interrompidas quando Mak voltou para a porta. — Ele não é seu novo vizinho. Ele está aparecendo para uma visita rápida. — Ela olhou para mim e fez um sinal com a cabeça para eu entrar, girando e interceptando a mão da pobre Angel. — Ah, certo. Prazer em conhecê-la. — Ela se inclinou, tentando olhar na frente da Mak e acenou para mim. — E você também. Mak fechou a porta e se encostou nela com os braços cruzados sobre o peito. Quando ela se recostou assim, teve a infeliz - bem, não para mim - consequência de empurrar seus seios ainda mais para cima. Eu encontrei meu olhar flutuando para eles enquanto tentava evitar o seu olhar capaz de derreter o meu rosto. Se afastando da porta, ela começou a vasculhar suas mochilas Sherpa, tirando mais livros do que estavam em uma das prateleiras dessa biblioteca. Eu não pude deixar de olhar para as pernas dela quando se inclinou para tirar algumas coisas. Belas pernas, melhor do que belas, até. Espetacular. Pena que elas estavam ligadas a


alguém tão cheia de si que fiquei surpreso que ela conseguia ver outras pessoas além dela mesma. Eu olhei para o teto porque os pensamentos que eu estava tendo não eram os que deveria ter sobre uma mulher que provavelmente faria tudo ao seu alcance para me fuder naquele semestre, e não no bom sentido. A única vez que ela foi legal foi uma vez que tentei esquecer. Foi uma miragem. Talvez se ela deixasse de lado por um momento seus pensamentos homicidas, poderíamos tornar esse arranjo mais divertido para nós dois, mas eu não tinha dúvidas de que ela removeria minhas bolas com uma colher de sorvete, se eu sugerisse que, talvez, estivesse interessado em algo mais do que na lição. — Nossa primeira tarefa deve ser entregue em uma semana. Por que você não me diz com que partes dela você acha que pode lidar, e eu farei o resto? — Ela deslizou o papel sobre a mesa e eu deslizei de volta para ela, minha raiva crescendo. — Você realmente acha que eu sou estúpido, né? — Escute, precisamos fazer isso. Você é quem está no último ano em um seminário do segundo ano. O que devo pensar? — Você estava lá do meu lado na aula, não estava? — Porque me transferi. Se eu não tivesse que passar nessa aula de merda, eu poderia me formar antes do verão, então não estou mais feliz do que você por isso. Temos que discutir as cinco estratégias e abordagens adotadas para promover o desenvolvimento e reduzir a pobreza ao longo de quatro décadas no país de nossa escolha, e o impacto dessas estratégias. — Bem. Você pega duas, eu pego três. — Vou pegar quatro, e você pega uma. Fechei minhas mãos em punhos contra minhas coxas. — Pra você poder ir reclamar com o Alco que eu não estou fazendo minha parte? — Minha voz aumentou enquanto ela ficava olhando para mim como se eu não fosse de confiança, que andaria depressa e bateria em uma parede se ninguém me avisasse. Ela apertou a ponta do nariz. — Estou tentando facilitar as coisas para você, Declan. Assim como tudo na sua vida. Você deveria estar me agradecendo. Eu não vou te dedurar para o Alco . Estou tentando terminar esse ano e me formar o mais rápido possível. — E você me vê como uma barreira para isso. Desculpa, nem todos podemos ser tão perfeitos quanto você. Ela olhou para mim e algo brilhou em seus olhos. Eu não sabia o que era, mas ainda estava fervendo de suas respostas nervosas. Seus ombros caíram e ela se sentou na outra cadeira da sala. — Eu não tenho nada contra você pessoalmente. Eu bufei, e ela olhou para mim.


— Ok. Eu tenho. Você não sabe como é para alguém como eu, ter minhas notas nas mãos de alguém como você. Os cabelos da minha nuca levantaram enquanto ela me irritava. — Alguém como eu? E como você acha que eu me sinto tendo minhas notas e meu futuro como jogador de hóquei nessa faculdade nas mãos de uma perfeccionista, que preferiria ver alguém se afogar do que mudar o cronograma definido para a sua vida? Ela recuou como se eu tivesse dado um tapa nela. — Parece que nós dois estamos contando com alguém em quem não confiamos, então é melhor tirarmos proveito disso e fazer essa merda para que possamos nos ver pelo menor tempo possível. — Eu dei uma olhada na tarefa em cima da mesa. — Eu pego duas. Você pega duas, e nós terminaremos a quinta juntos. Talvez quando você ver que eu não sou um doador de cérebro ambulante, você relaxe e poderemos ter um resto de semestre agradável. — Tudo bem. — As palavras mal passaram por seus dentes cerrados. Pegamos nossos computadores e resolvemos que país queremos destacar e quais questões escreveríamos em nosso trabalho. Com um esboço básico de todos os itens, ela pareceu satisfeita por eu não ser um tagarela estúpido. — Podemos nos encontrar para revisar essas coisas no sábado e prepará-las para serem entregues na terça-feira, um dia antes da aula. — Ela colocou o notebook de volta na mochila que não estava mais quase rasgando já que ela descarregou a maior parte das coisas na pequena prateleira acima da mesa na sala de estudo. — A que horas no sábado? — Deslizei meus braços nas alças da minha mochila. — Às três? — Ela colocou as bolsas nos braços e não parecia mais que ia cair com o peso. — As três está ótimo. Ela abriu a boca e a fechou antes de se virar para a porta. Eu a segui e quase a derrubei quando ela parou e virou com a boca abrindo e fechando novamente, antes me encarar. — Fala logo, Livros. Ela estreitou os olhos para mim rapidamente, e os cantos da sua boca se abaixaram. — Me desculpa se eu fiz você pensar que achei que você era estúpido. Eu não acho. Eu... essa aula é realmente importante para mim e preciso me sair bem. Eu a encarei. — Eu preciso me sair bem também. Só assim serei liberado a jogar com meu time. Eu não vou estragar isso.


— Então eu acho que as coisas vão correr bem nesse semestre. — Ela estendeu a mão, que provavelmente foi a única vez desde aquela noite em que ela me tocou de bom grado. Deslizei minha mão em sua macia e quente com seus delicados dedos envolvendo os meus. O ar carregado entre nós mudou quando nós dois baixamos um pouco a guarda. O azul em seus olhos por trás daqueles óculos parecia ainda mais brilhante sob as luzes fluorescentes da biblioteca, e o rosa de seus lábios ainda estava brilhante de quando ela os mordiscou enquanto trabalhávamos em nossa pesquisa. — Eu também acho. — Ficamos ali, apertando nossas mãos até que uma das portas no corredor se fechou. Ela pulou como se tivesse saído de um transe e se virou, saindo correndo da sala, e eu mais uma vez tive que correr atrás dela. Eu não sabia quanto tempo apertamos as mãos, mas foi tempo o suficiente para que, mesmo quando saímos da biblioteca e nos separamos, eu ainda podia sentir seu toque gentil em volta da minha mão. Apertei a parte de trás do meu pescoço e balancei a cabeça enquanto fazia meu caminho de volta ao campus. Se havia uma pessoa que eu não poderia ter nenhuma ilusão de ser mais do que minha parceira de estudos, era Makenna. A Rainha do Gelo evisceraria qualquer um que tentasse se aproximar.


8

Fiquei

MAKENNA parada do lado de fora do escritório do professor, mudando o peso de um pé

para outro. Levei dois dias para criar coragem para chegar perto de seu escritório. Não conseguia tirar da cabeça a sessão de estudo com Declan, e isso não era uma coisa boa.

Quando nós apertamos as mãos no final e sua mão envolveu a minha. Os calos de seus dedos arranharam minha pele e causaram arrepios. Eu já tinha notado suas sardas antes, mas de perto o punhado de manchas marrons claras parecia que tinham sido estrategicamente colocadas para ter o máximo de impacto. Como se os cosmos tivessem criado a combinação certa para fazer as mulheres desavisadas se perderem olhando o padrão. A maneira como elas cruzaram a pele dele me lembrou um lago em um dia quente de verão. O aperto de mão durou mais tempo do que deveria, e eu não gostei de como ele me fez sentir. Me fez querer rir, como uma garota boba. Como Angel, que irritantemente conferia meu espaço de estudo toda vez que eu estava lá, esticando o pescoço para ver se Declan também estava comigo. Com o sábado se aproximando ao longo da semana, minha ansiedade aumentou. Eu até mudei nosso horário da sessão de estudos duas vezes tentando adiar um pouco mais. Foi o sonho que tive na noite anterior da nossa dança no baile que me estimulou a entrar em ação. Eu me arrastei para o escritório de Alco . Aquele sentimento risonho e borbulhante era mais assustador do que qualquer outra merda acontecendo na minha cabeça. Declan era tudo que eu jurei que nunca seria. Ele não dava valor para nada e nunca parecia levar nada a sério, exceto o hóquei. Declan era um míssil de paquera que procurava calor. Se houvesse um pulso, ele ativaria seu charme para conseguir o que queria. Eu não o deixaria flertar para estragar meus planos de graduação e da faculdade de medicina. Eles eram importantes demais. Não apenas para mim, mas para Daniel. A porta do escritório se abriu com tudo e uma garota de cabelos trançados saiu arrastando-se, segurando as alças da mochila. Ela olhou para mim com um olhar assustado e fez seu caminho pelo corredor. Minhas mãos estavam úmidas e meu estômago ameaçou se revoltar quando olhei da porta da morte para a garota que parecia que alguém havia chutado seu cachorrinho e depois a chutado. Dei um passo para trás e meus sapatos chiaram no chão. Meus ombros


se levantaram para a altura das minhas orelhas, e eu pensei em entrar na minha mochila e fingir que nunca tinha estado lá. — Eu posso ouvir você aí fora. Entre para que possamos acabar logo com isso. — A voz sarcástica do professor Alco ecoou no corredor vazio, e olhei em volta, procurando um caminho de fuga. Antes que pudesse me arremessar pela janela mais próxima, ele colocou a cabeça no corredor e realmente revirou os olhos quando me viu. — Eu me perguntei quanto tempo você levaria para aparecer. Entre. — Ele acenou para que eu entrasse no seu escritório e eu caminhei como um soldado de lata que ganhou vida. Minhas pernas estavam pesadas como chumbo, e eu jurei que as gotas de suor que escorriam pelas minhas costas formavam uma pequena piscina para eu me afogar mais tarde. Alco caiu na cadeira e recostou-se, entrelaçando os dedos e os deslizando para trás da cabeça. Chutando os pés em cima da mesa, ele fechou os olhos enquanto eu me sentava na cadeira do outro lado. A sala cheirava a livros antigos e desespero, o que era adequado, porque tenho certeza de que era a mesma coisa que as pessoas pensavam sobre mim. — Se as primeiras palavras que saírem da sua boca forem pedindo uma mudança de parceiro, eu posso reprovar vocês dois agora. Suas palavras enviaram um raio de medo através de mim, e minha perna balançando parou imediatamente. — Ou você veio aqui para a companhia incrivelmente carismática. — Ele levantou uma sobrancelha. — Não. Claro que não. Quero dizer, não estou aqui para mudar de parceiro. Eu não estava falando sobre a parte da companhia. — Está quente aqui? Parecia que o escritório havia sido lançado em órbita ao redor do sol. Eu estava me segurando para não puxar a gola da minha camisa. Alco abaixou os pés e esticou os dedos em cima da mesa. — Desembucha. Por que você está aqui, então? Abri minha boca e a fechei. — Eu queria saber se o prazo final para os trabalhos era meio dia no horário do leste ou em outro fuso horário. — Eu me encolhi, mas consegui manter uma cara séria quando ele olhou para mim como, se de repente, eu tivesse me transformado em uma criança ainda mais idiota. — Está tudo explicado para você no plano de estudos, mas claro, por que diabos não? São as doze horas da manhã no dia do prazo final. Aprendi minha lição com prazos de meia-noite. Aparentemente, os estudantes universitários têm dificuldade em descobrir a meia noite de qual dia suas tarefas devem ser entregues.


O portal é fechado exatamente às 12:00:01. E nenhuma tarefa atrasada será aceita. Isso responde à sua pergunta? Eu assenti e peguei minha bolsa. De pé, eu a coloquei nas minhas costas. Ele sorriu para mim com aquele olhar presunçoso dele, e o buraco no fundo do meu estômago cresceu. Era isso. Eu era parceria com Declan até o final do semestre. Respirando fundo, estiquei a mão para a maçaneta e abri a porta. No meio do caminho para fora do escritório, parei quando Alco chamou meu nome. — Senhorita Halstead, se você tivesse uma razão realmente convincente - e eu estou falando de uma razão incrivelmente excepcional - para mudar de parceiro, eu poderia cogitar a possibilidade. Congelada na porta, pensei em por que não queria trabalhar com Declan. O drama do ensino médio e odiar sua atitude não pareciam se encaixar em razões excepcionais nesse caso. Nem eu sinto borboletas no estômago quando ele me toca. Eu me virei para encarar Alco . — Obrigada por me avisar. Não acho que será um problema. — Que bom. Agora feche a porta. — E foi assim que fui dispensada. Atravessando o campus, me encontrei de volta à biblioteca como se eu fosse um pombo-correio, e esse fosse o meu ponto de partida. Subindo os degraus, caminhei até a minha sala de estudos, abrindo a porta quando a da sala ao lado se abriu. Angel apareceu com um sorriso largo. Diminui um pouco quando ela viu que eu estava sozinha. — Oi, vizinha, — ela disse tão animada que eu esperava que jujubas saíssem de sua boca. — Oi, Angel. — Se eu não ficasse do lado fora e conversasse por alguns minutos, ela me seguiria para dentro. Eu aprendi isso nos últimos dias. — O que você está pensando em aprontar nesse final de semana? — Nada. Vou fazer os meus deveres. Correr um pouco. Dormir. — Respirando fundo, fiz a pergunta mesmo que eu não quisesse. — E você? — Ah, esse fim de semana vai ser incrível. Vou a um show na Electric Factory e depois vou andar de caiaque com alguns amigos. Então estamos pensando em passear pela cidade e procurar o melhor Cheesesteak, talvez ir dançar em algum lugar. — Ainda não tenho tudo planejado, mas será incrível. Eu preciso expelir toda essa energia antes que o semestre comece de verdade e eu fique presa aqui dentro. — Ela disse tudo em menos de duas respirações e passou o tempo todo pulando na ponta dos pés como se tivesse que fazer xixi. Eu realmente não tinha muito a dizer além


disso. Sua perpétua animação ameaçava me dar uma dor de dente, mas eu invejava sua desenvoltura e felicidade. — Isso parece muito legal. Espero que você se divirta. — Reuni a melhor imitação de um sorriso. — Você também, com sua... corrida. Sim, eu sabia que meu fim de semana parecia o tipo que você tem quando está sendo punida, mas me ajudaria a lidar com um começo de semestre que já estava sendo difícil. Ela desapareceu de perto da minha porta, e eu finalmente me senti segura o suficiente para largar minha bolsa e descarregar minhas coisas. Sair de Stanford tinha sido um erro, eu tentei negar, mas lá estava, e agora eu tinha que lidar com isso. — Ela é uma bolha de energia, não é? — Uma voz grossa veio da porta. Minha cabeça levantou, e havia um cara parado na minha porta, encostado no batente e olhando para a sala de Angel. — Isso ela é. — Eu juro, às vezes posso ouvir a animação dela do outro lado do campus. — Ele estava com uma camiseta preta e jeans. Cabelo preto e olhos castanhos escuros. Ele era o completo oposto de Angel. — Eu sou o Seth. — Ele entrou na sala com a mão estendida. — Makenna. — Eu apertei sua mão suave e forte e não senti como se fosse desmaiar a qualquer momento. — Ela está no meu programa de mestrado. Os pobres professores na verdade nem sabem o que fazer com ela. Os programas de engenharia mecânica não são exatamente construídos sobre o entusiasmo e a empolgação de outros programas, mas ela sabe das coisas, então… — Ele deu de ombros. — Ela parece muito legal. Eu não estou acostumada com tanta alegria. Sua rica risada encheu a sala. — Nem eu. Escuta, eu vou te deixar em paz, mas estou bem ao lado. Se você precisar de um resgate da sobrecarga de felicidade, me avise. — Eu vou bater minha cabeça contra a parede para alertá-lo antes de entrar em um coma glicêmico. — Sorri e cruzei os braços sobre o peito, os apoiando na borda da minha mesa. — Ou você poderia me ligar. Se tivesse meu número. Tudo na sala parou como se alguém tivesse apertado pause no controle remoto. Ele está pedindo meu número? Isso é um flerte? Como não consigo nem perceber o que é um flerte? — Mas só se você quiser. — Um olhar de incerteza passou por seu rosto, e ele recuou. Estendi a mão e gritei mais alto do que pretendia. — Não! — O rubor vermelho rastejou sobre minha pele como um cobertor pronto para me sufocar com o meu constrangimento. Eu limpei minha


garganta. — Quero dizer, sim. Claro, eu vou anotar seu número e você pode ter o meu. — Ótimo. — Ele tirou o celular do bolso de trás e eu peguei o meu na minha bolsa, criando um novo contato. Ele fez o mesmo e trocamos números. Houve uma pequena revirada no meu estômago. Não foi tão grande quanto o que eu tinha sentido quando a mão do Declan apertou a minha, mas eu deixei isso de lado. Seth voltou para sua sala de estudos e eu me sentei na minha mesa olhando meus livros. Depois de verificar meu calendário online, li algumas páginas dos trabalho para as próximas semanas, mas focar era quase impossível. Minha inquietação ameaçou transbordar quando o sol se pôs, enchendo a sala de estudo com laranjas e vermelhos. Eu precisava correr. Minhas tarefas para a semana seguinte foram concluídas. Minha parte da pesquisa para o trabalho do Seminário do Segundo Ano já tinha sido concluída e revisada duas vezes. Encontrar com Declan amanhã significava ter que colocar minha cara de jogo. Eu precisava sair e sentir a brisa na minha pele. Com cuidado para não alertar Angel de que estava indo embora, saí da sala, apenas para ver o resto das salas de estudo completamente vazias. Eu verifiquei a hora novamente. Passava das oito. No caminho de volta para o meu apartamento, meu celular tocou na minha bolsa. Eu o peguei, me perguntando se talvez fosse Seth, quando o alívio tomou conta de mim. — Oi, mãe, como está a estrada? — Está ótima, querida. Vou te mandar algumas fotos. Fomos à Disney ontem. Eu dei um sorriso triste ao me lembrar da nossa primeira e única visita à Disney World, na Flórida. — Você tirou fotos com o Mickey? — Claro que sim. Empurrei algumas crianças para fora do caminho só para tirar, e valeu a pena. — A voz do meu pai veio do outro lado da linha. — Oi, pai. — Oi, passarinho. — Como você está? — Eu estou ótimo. Nunca estive melhor. Sua mãe e eu vamos jantar e dançar hoje à noite e vamos para Vegas amanhã. Jantar e dançar. Era como se eu tivesse sido colocada em uma máquina do tempo. Eles soavam tão felizes que quase doía. Esfreguei o ponto dolorido no centro do meu peito enquanto andava pela calçada até o conjunto de apartamentos alugados principalmente por estudantes.


— Isso soa incrível. Estou tão feliz que vocês dois estão se divertindo. — Eu manteria a felicidade na minha voz mesmo que isso me matasse. — Nós também, e espero que você não esteja trabalhando muito. Você é sempre tão dura consigo mesma. Não tenha medo de se divertir um pouco às vezes. — Eu não estou. Eu me divirto. — Correr não é divertido, — disse papai, parecendo muito ofendido. — É divertido para mim. — Algo não relacionado a corrida, faculdade ou trabalho, — mamãe, sem ajuda, disse. Abri a boca para responder, mas eu não tinha nada. Essas coisas eram a minha vida. Praticamente tudo para mim no momento. — Eu sei que não estamos aí, mas voltaremos para o Dia de Ação de Graças e se você não se divertir antes disso, vamos queimar seus livros didáticos. — Pai, isso seria a mesma coisa que queimar dez mil dólares. Eu não acho que você queira fazer isso. — Quero que você se deixe viver um pouco. Não nos faça estacionar esse trailer do lado de fora do seu apartamento e te obrigar a se divertir de verdade. Embora a ameaça fosse sinistra, eu meio que gostei da ideia deles passando um tempo no campus. Eu seria capaz de vê-los mais, porém isso atrapalharia o novo estilo de vida deles. — Juro solenemente que nesse semestre tentarei agendar pelo menos um pouco de diversão e frivolidade. — É melhor mesmo. Nós amamos você! — Os dois disseram, rindo o tempo todo. Eu ainda não conseguia processar essa mudança deles. Quem diria que seria necessário um diagnóstico como o do pai para finalmente tirá-los da sua névoa e se juntarem à terra dos vivos. Não que minha maneira de lidar com tudo fosse melhor. Combinação perfeita. Enfiei minha chave na fechadura do meu apartamento, respirei fundo e fechei a porta atrás de mim. Conversas intensas e divertidas encheram o lugar. Tracy e Fiona brigavam pelo espelho do banheiro no final do corredor. Deixando cair minha bolsa perto da porta, eu me inclinei contra a parede e as observei se preparando e embonecando, incapaz de controlar meu sorriso. — Makenna, você voltou. Estávamos pensando se teríamos que enviar uma equipe de busca atrás de você. — Tracy se virou para mim e acenou com o babyliss na minha direção. — Eu estava na biblioteca.


— Na sexta-feira? Você não vai sair? — Disse Fiona atrás dela com um delineador precariamente perto do globo ocular. — Eu vou dar uma corrida. As duas se viraram para mim com vários produtos de beleza nas mãos. — Mas por quê? — Tracy enrolou o babyliss em volta dos cabelos. — Por que vocês duas estão amontoadas nesse banheiro quando vocês têm os seus próprios? — O da Fiona tem uma iluminação melhor do que o meu. — Tracy alinhou os lábios e os franziu na frente do espelho. As deixando para se arrumarem, entrei no meu quarto e troquei de roupa para a de corrida. Pegando o meu celular na minha cama, coloquei os fones de ouvido. — Eu não sei quanto tempo meu desafio de celibato vai durar, — disse Fiona, passando pela minha porta. — Nós fizemos esse desafio há oito horas, — disse Tracy da sala de estar. Tentei segurar minha risada e falhei quando a porta da frente se fechou atrás delas. Seria um semestre interessante por mais razões do que eu imaginava. Depois que elas saíram, desci a rua até chegar ao campus. Hordas de calouros perambulavam em busca das festas míticas da faculdade, embora a maioria das pessoas ainda estivessem se arrumando para sair. Sempre conte com os calouros para chegarem cedo. Meu coração martelava forte enquanto meus pés batiam contra o concreto, e eu deixei minha mente em branco. Não havia nada além da calçada e meus músculos bombeando enquanto eu corria pelas ruas ao redor do campus. O aperto no meu peito diminuiu e os pesos de tudo o que acontecia ao meu redor caíram enquanto minhas pernas ficavam mais leves e aumentavam o ritmo. Não sei quanto tempo corri, mas tive que me esquivar das multidões de pessoas indo para os bares ou para as festas de começo de ano. O suor escorria de mim quando voltei para o apartamento. A música passava pelas paredes enquanto outras pessoas faziam suas próprias festas. Depois de tomar um banho, me enrolei na cama e fechei os olhos. Amanhã seria outro dia. Eu ficaria cara a cara com Declan novamente e precisava ter certeza de que não o deixaria entrar sob a minha pele, mas parte de mim sabia que ele já estava lá e há anos.


9

DECLAN Meus músculos doíam e queimavam. Subi os degraus da casa da fraternidade sentindo como se tivesse sido atropelado por um caminhão. As escadas vibravam sob meus pés enquanto o som da festa inundava a rua. Não que alguém notasse já que batidas fortes saíam de todas as casas na rua. O início das aulas significava que todos podiam festejar sem se preocupar já que o semestre havia acabado de começar. Quase todos. Eu tinha terminado todo o meu trabalho do Seminário porque tinha noventa por cento de certeza de que Mak me castraria se eu estragasse tudo. Além do mais, eu também tinha muita coisa que dependia disso. Eu ia levar isso a sério. Heath veio por trás de mim, pulando nas minhas costas. Eu estremeci e o empurrei, passando a mão por cima do ombro. Ele caiu de pé como se fosse parte gato, e eu não duvidava que isso fosse verdade. — Cara, que diabos? Você sabe quantos levantamentos de pesos você me obrigou a fazer essa tarde? — Heath sempre parecia ter um poço perpétuo de energia envolto em seu exterior descontraído. Era uma armadilha. Ele embala você em uma falsa sensação de segurança, e então seus braços ficavam moles e você mal conseguia andar depois de ficar na academia com ele por uma hora. Eu achava que Preston era ruim. Totalmente errado, eu malharia com Preston qualquer dia ao invés de malhar com Heath. — Como foi o treino com os caras? — A pergunta que eu estava adiando. Patinar com Heath era bom, mas não era a mesma coisa de estar lá com o resto do time. — Foi tranquilo. Ainda estamos trabalhando na dinâmica com você fora do time, mas foi tudo bem. — Ele sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos. — Eu vou voltar em breve. — Eu sei. É por isso que estou fazendo você trabalhar que nem um cão. Ninguém vai nem imaginar que você perdeu um único treino. — Ele apertou meu ombro e meus joelhos quase dobraram. Eu precisava manter a forma para o veredito final dos treinadores profissionais. Patinando ao redor do ringue com os olhos de Archer colados na minha nuca, eu precisava de foco. Eu não podia deixar que ele me tirasse do meu jogo como ele fez no passado. Por que diabos ele tinha que assistir? Ele queria que eu falhasse. Queria ter certeza de que nunca fosse um rival para o seu legado de merda.


Eu não deixaria ele me tirar da jogada no meu território. — Qual o problema, cara? Você perde alguns treinos e já está ficando molenga? — Heath caminhou para trás através da ampla varanda com os braços abertos. As pessoas passavam do lado dele saindo da casa de tijolos. — Não, eu só não tinha percebido que você é um sádico. Agora eu sei. — Esfreguei meus braços doloridos. Um pouco de terapia de distração para a minha situação atual. Sem beber demais. Sem levar ninguém para casa, mas ficar preso durante todo o fim de semana me deixaria louco. Eu tinha feito o meu trabalho. Eu me encontraria com Mak amanhã. Eu precisava de um pouco de diversão enquanto podia. Antes que eu tivesse que passar por um semestre de aulas para ter certeza que irei me formar, por precaução, e voltar ao gelo onde meu futuro seria decidido. — Você ouviu que a lua deveria estar insana hoje à noite? Algo sobre o alinhamento da lua e dos outros planetas. — Ele olhou para o céu noturno além da varanda. — Eu não faço ideia. Por que diabos eu me importaria com a lua? — Às vezes ele me confundia para caralho. Ele era partes iguais de um surfista, místico e festeiro, tudo em um. Heath e eu passamos pela entrada e sorrimos largamente com a alegria das pessoas. Era disso que eu precisava. Encolhendo os ombros, Heath se virou e caminhou mais fundo na casa um passo na minha frente. — Planetas, estrelas e natureza, esses são os efeitos especiais do universo. — Ele gritou para mim. O que diabos isso quer dizer? — Eu vou acreditar na sua palavra. — A multidão rapidamente nos cercou. O cabelo loiro de Heath rapidamente desapareceu mais fundo na festa como um homem em uma missão. Alguém enfiou uma cerveja na minha mão antes que eu chegasse ao barril. Era bom ser um rei — Declan! Por que você não estava no treino? — Uma garota bebeu uma cerveja enquanto corria até mim. — Estou treinando sozinho por um tempo, mas não se preocupe, voltarei com o time quando for a hora certa. Tapas nas costas e cumprimentos veio de todos enquanto eu caminhava pela festa. — Dec! É a sua vez no beer pong! — Um dos jogadores de futebol gritou sobre a música e a multidão de pessoas. — Eu vou jogar mais tarde. — Coloquei minha mão em volta da boca e gritei para o grupo reunido em torno da mesa de pinguepongue coberta de copos plásticos vermelhos. Cerveja, maconha e licor saíam de todos os cantos da casa cheia. Enquanto eu passava por meus colegas de classe, mais do que algumas mãos se enfiaram


nos meus bolsos. Os números sempre transbordavam depois de uma noite fora. Os Hey, Declans, passadas sutis de seios nos meus braços e enroladas nos cabelos significavam que eu poderia escolher quem eu quisesse hoje à noite. Mas eu não estava afim. Eu vim para me divertir e esquecer do peso do meu futuro em volta do pescoço como um albatroz, mas o treino de Heath me fez querer engatinhar na cama e dormir até o meio do semestre. Isso seria admitir a derrota ou que alguma coisa tivesse mudado, e eu estava determinado em não fazer isso. Contratempo temporário de lado, esse era o meu maldito último ano. — Mal posso esperar para ver você no gelo novamente, parceiro. — Um cara que eu não conhecia apareceu e me deu o combo aperto de mão mais tapa nas costas. — Outro campeão nacional bem aqui, pessoal! — Ele levantou as mãos, apontando para mim, e derrubou cerveja na garota ao lado dele. Eu ri antes de dar um gole na minha cerveja e me afastei quando ela deu um soco no braço dele. Eu também precisava sair de casa porque meus nervos estavam meio que uma bagunça com o pensamento de ver Makenna amanhã. Eu não era facilmente provocado. Eu mantive minha calma na frente do Archer - por pouco. Eu enfrentei caras no gelo conhecidos por colecionar dentes e quebrar narizes com um capacete. Patinar contra eles nunca foi algo em que eu precisei pensar duas vezes, mas cara, Mak me desestabilizava. Não apenas por causa do nosso pequeno momento na sala de estudo, mas porque ela estaria julgando cada coisa que eu fizesse quando se tratava da aula. Fingir que eu não me importava era ok e tudo mais, porém eu me importava. Não queria que ela pensasse que eu era um idiota completo. Havia pessoas suficientes na minha vida que achavam isso. Reprovar essa matéria foi um acaso. Eu cheguei na cozinha, e algumas pessoas gritaram meu nome e me passaram alguns shots de gelatina com vodka. Nada como alguns doces infantis cheios de álcool para me distrair do fato de que uma pessoa que me odiava, tinha minha vida e carreira na palma da mão. Abaixando o shot de gelatina, deixei a queimação suave deslizar pela minha garganta. Alguém colocou outra cerveja cheia na minha mão. Eu nem me incomodei em procurar Heath. Ele flutuava, vagando de um lugar para outro como um trovador de felicidade até desmaiar em algum lugar. Havia um rastro de mulheres o seguindo como pequenos patinhos, mas ele nunca olhava duas vezes. Bem, talvez olhava só uma. Se ele estivesse afim, ele poderia levar alguém para casa, mas era isso. Ele não tinha relacionamentos, pelo menos não os quais ele não tinha que batalhar pela pessoa. Isso era a coisa dele. Ir atrás de uma garota com quem ele não tinha chances, como nossa professora no


ensino médio. Ele ficou implacável até que ela cedeu, e então ele finalmente ficou satisfeito. Se eu não estivesse com ele na maioria dos dias, eu juraria que ele ficava chapado o tempo todo, pelo quão calmo era. Heath era uma aberração da natureza dessa maneira. Mas no gelo, não havia ninguém que patinasse mais rapido ou durasse mais tempo. Ele soltava tudo de ruim lá. Mais gritos e aplausos vieram da frente da casa. Cabeça e ombros acima da maioria das pessoas, Preston, o perigo ruivo foi direto para mim, com pessoas apontando na minha direção para liderar o caminho dele. Olhei em volta da cozinha procurando um lugar para me esconder, mas havia muitas pessoas entre mim e a porta dos fundos para que eu pudesse correr. Droga! Sua mão pousou no meu ombro no momento em que eu saí pela porta dos fundos para o deque no jardim. O ar quente do verão absorveu o barulho das outras festas no quarteirão e a umidade grudou na lateral do meu copo. Uma palestra de Preston não era o que eu precisava agora. Mas isso não significava que eu não iria receber uma. — Minha irmã está em outra aula do Alco , e ela disse que vocês têm uma tarefa para entregar. — Você é minha mãe agora? — Não, mas você sabe o quão importante essa temporada é, Dec. Não a jogue fora dessa vez. — Eu não estou jogando nada fora. Estou me divertindo um pouco. Eu fiz o meu trabalho para a semana. Mak e eu vamos nos encontrar amanhã para terminar, e não tem que ser entregue até quarta-feira. Ela vai me encher o saco com isso ainda mais do que qualquer um pode imaginar, então você não precisa se preocupar. Eu não vou foder com esse semestre. Embora eu tenha certeza de que você acha que vou fazer o meu melhor para que isso aconteça. — Fico feliz em saber que você tem uma parceira responsável. Eu quase joguei minhas mãos para cima em frustração. Ele me tratava como uma criança, e eu era um mês mais velho que ele. — Você não acha que eu não quero estar lá treinando com vocês ao invés de treinar com Heath, que parece não ter problemas com a tortura duas vezes por dia que está fazendo comigo. — A dor nas minhas pernas tinham se transformado em uma dor suave depois de algumas cervejas, mas eu não tinha ideia de como me sentiria pela manhã. Preston passou a mão na parte de trás do seu pescoço. — Eu não quero que algo estúpido te ferre. Você tem uma chance que muitas pessoas não conseguem. — Ele olhou para mim, e a raiva fervente se derreteu.


Preston não iria jogar profissionalmente após a formatura. Ele não foi escolhido por uma liga de desenvolvimento no ensino médio e, apesar de seus talentos e liderança, por algum motivo, ele achava que os profissionais estavam fora de seu alcance. Eu não entendia, mas não ia encher seu saco por algo que ele havia decidido. — Eu sei. — Me inclinei no parapeito de madeira desgastado e torto. A porta da cozinha se abriu e a música e o riso explodiram na bolha relativamente silenciosa no deque. As pessoas se espalharam pelo quintal e desceram as escadas do deque para o jardim pequeno e coberto de grama. — Parece que finalmente ficou cheio demais lá dentro para eles. — Mais pessoas inundaram o lado de fora e logo a festa nos cercou. — Ei, Preston. Ei, Declan! — Uma voz alegre veio de trás de nós. Nós dois nos viramos, e havia uma garota pequena e de olhos vidrados balançando nos saltos altos, segurando duas cervejas enquanto tentava se equilibrar. — Eu peguei isso para vocês! — Ela gritou. Ela não tinha ideia de como medir seu volume, empurrando os copos para nós e derramando metade da cerveja em nossos sapatos. Nós cuidadosamente pegamos os copos das mãos dela para não ficarmos encharcados. — Estou tão animada para ver você jogar nessa temporada. — Ela balançou, e Preston estendeu a mão para segurar seu braço. — Eu fui para o treino, mas não vi você lá. Onde você estava se escondendo? — Suas palavras arrastadas estavam combinando com seus olhos caídos. Examinei as pessoas na casa, procurando uma manada de garotas que havia perdido uma delas. — Ela está bebaça, cara. — Olhei para Preston. Ele tinha seu melhor olhar de pai, ainda mais severo do que o que usava comigo, o que dizia alguma coisa. — Eu sei. — Meus lábios estavam uma fina linha sombria. Ficar tonto era uma coisa, até bêbado, mas nesse estado significava problemas. — Não estou bebaça. Estou perfeitamente bem. — Ela afastou a mão do Preston e tentou descer as escadas, tropeçando no primeiro degrau. A agarrando pela cintura, a puxei para trás na beira de uma lesão na cabeça e no pescoço antes de colocá-la de pé novamente. — Qual o seu nome? — Tiffany. — Onde estão suas amigas, Tiffany? — Tentei segurar seu olhar de menina bêbada e cabeça balançando. Onde diabos estão as amigas dela? Isso não fazia parte do código das meninas? Nunca deixar uma garota bêbada sozinha. — Elas estão lá dentro. — Ela apontou para trás, mas o peso dos seus braços finos deve ter sido demais para ela porque em seguida


ela tropeçou para trás. Tiffany ia se matar se não encontrássemos suas amigas logo. Ou algum idiota pode tentar tirar vantagem dela. — Vamos encontrá-las. — Passei meu braço pelo dela e Preston pegou o outro. As pessoas se separaram quando quase carregamos nossa nova protegida pela festa. — Sorte minha. Olhem, senhoras, estou no meio de um sanduíche de homem! — Ela bateu os lábios juntos enquanto caminhávamos pela casa. Preston e eu nos entreolhamos. Ele se esforçou, mas não pôde deixar de sorrir. Após cerca de dez minutos de a quem essa garota bêbada pertence? reunimos Tiffany com seu bando que prontamente decidiram que ela precisava ir para casa. Tiffany brigou com elas o caminho todo. — Mas eles vão transar comigo até a semana que vem! — Ela choramingou quando suas amigas se desculparam e a empurraram para fora pela porta da frente. Uma gargalhada gigante disparou pela sala, mais alta que a música estridente e me fez pular. Eu me virei para ver Preston curvado com as mãos nas coxas, rindo através das lágrimas nos olhos. — Finalmente! — Eu passei meus braços em volta do ombro dele. — Finalmente o quê? — Finalmente, você está se divertindo. Quem sabia que tudo o que precisávamos era de uma garota bêbada do tamanho de uma caneca para se jogar em você e fazer com que você se solte. — Você viu o olhar nos olhos dela? — Ele enxugou as lágrimas do rosto. — Você quer dizer quando ela foi arrastada para longe chutando e gritando? — Ela pensou seriamente que iríamos dormir com ela... juntos. — Preston enxugou os olhos quando nós dois estremecemos com o pensamento. — Eu sei que somos próximos e colegas de equipe são quase como irmãos, mas já é ruim o suficiente quase ver suas bolas no vestiário. Não preciso vê-las em ação. Preston empurrou meu ombro, tentando recuperar o fôlego de sua risada. — A festa começou nem faz tanto tempo. Essa menina deve ter começado a beber ao meio-dia. — Acho que ela está no segundo ano. — Me lembrei vagamente de ter visto alguém que poderia ter sido ela durante minha jornada de destruição do seminário de segundo ano. — Uma estudante do segundo ano? — Preston levantou a cabeça e todo o sangue sumiu do seu rosto. — Becca está no segundo ano. Você acha que ela saiu? Ela está bebendo? — E simples assim, o Preston divertido se foi enquanto ele puxava o celular do bolso, pronto para entrar no modo tático militar para localizar sua irmã


mais nova. A pobre garota nunca teria uma noite selvagem até que ele se formasse, e mesmo assim, eu não duvidava que ele se esconderia nas árvores, mantendo um olhar atento nela até que ela se formasse. Aposto que ela já estava se arrependendo de ter se transferido de uma faculdade no sul. Com o celular pressionado contra a orelha, Preston saiu correndo da casa. Eu balancei minha cabeça e voltei para a cozinha para pegar outra cerveja. Alguém empurrou uma na minha mão e então todos passaram por mim, saindo pela porta dos fundos. — Heath está no telhado. — Algumas garotas riram, passando por mim. Que diabos? Empurrando as pessoas pelo meu caminho até a porta dos fundos e descendo os degraus do deque, eu parei no meio da multidão olhando para o telhado. Precisou apenas de uma questão de tempo para ele ter uma ideia insana em sua cabeça, e então não havia como para-lo. Heath estava sentado de pernas cruzadas no telhado da casa, encarando o céu. Ele olhou para baixo e sorriu para mim. — Declan, dá uma olhada nisso! — Heath gritou como se eu não estivesse no meio de cinquenta pessoas o observando no telhado. Ele apontou para trás da multidão, e todos tentaram seguir para onde seu dedo estava apontado. As árvores altas atrás da casa eram tudo o que podíamos ver. — Você vai ter que ser mais específico, Heath, — eu disse, colocando as mãos em volta da boca. — É a lua! Eu te disse. Houve murmúrios na multidão sobre ele estar bêbado, mas eu tinha noventa por cento de certeza de que ele estava completamente sóbrio, mas não completamente são. — Vou acreditar na sua palavra, — gritei novamente, e ele se levantou do seu lugar no telhado. Algumas garotas se inclinaram pela janela do segundo andar. Aparentemente, nenhuma das suas seguidoras haviam decidido segui-lo. Elas esticaram o pescoço para dar uma olhada nele de lá. — Você deveria ver isso. — Ele balançou a cabeça como se eu tivesse perdido uma viagem para Vegas. Olhando para baixo novamente, ele parou no meio do caminho, como se tivesse percebido que o quintal estava lotado de pessoas. Comecei a balançar a cabeça antes mesmo que ele fizesse alguma coisa, porque sabia o quanto Heath gostava de se amostrar para uma multidão. — Não faça isso, — eu disse baixinho, mas eu não conseguia desviar o olhar quando ele esticou seus braços para frente e dobrou os joelhos, jogando-se para trás e para cima no ar no ápice do telhado em um mortal para trás. O suspiro coletivo da multidão quando seu pé escorregou foi acompanhado apenas pela alegria que


cortou o céu noturno quando ele pousou em uma perfeita pose de surfista. A casa era sua prancha e o mundo era seu oceano. De alguma forma, eu me senti como o único são do time. Preston estava sempre tão tenso que ele poderia realmente estourar uma veia em seu cérebro, e Heath era tão tranquilo que tinha o perigo de ele flutuar no espaço. Talvez eu precisasse de novos amigos...


10

Depois

Makenna de verificar meu celular pela quinta vez em três minutos, desisti. O cheiro velho

e mofado do lugar não fez nada para acalmar minha raiva crescente. Eu deveria saber que não era para confiar nele. Foi uma coisa boa eu ter planejado para isso e depois de termos delineado tudo, eu teria feito o resto da tarefa de qualquer maneira. Cansada de ficar na sala de estudo quando a biblioteca era uma cidade fantasma, arrumei minhas coisas e saí dez minutos depois da hora marcada.

Ficar sentada ali por trinta minutos, fervendo silenciosamente, não era exatamente a minha ideia de diversão. O alívio tomou conta de mim quando saí para o ar úmido do final do verão e segui o caminho que levava às residências fora do campus. A caminhada de volta ao meu apartamento foi curta e tranquila. Ter uma biblioteca tão perto do apartamento era ossos do oficio. Não havia desculpas para não ir estudar, não que eu normalmente precisasse de desculpas. O trabalho do curso já estava se acumulando, e o que deveria ter sido a minha aula mais fácil, o seminário do segundo ano, foi o que mais encheu meu cérebro. Todo o resto era algo que eu podia controlar. O trabalho de laboratório seria feito. Os artigos seriam escritos, mas eu não conseguia controlar Declan. Colocando a chave na porta, a abri para o que parecia ser uma trilha de gli er serpenteando pelo quarto dos fundos, direto para a porta da frente. O que diabos elas estavam fazendo? Me mantendo perfeitamente imóvel, estiquei o pescoço, e não havia nenhum movimento no local. Eu nem sabia se queria descobrir do que se tratava. Também havia gli er em todos os sofás. Entrei em casa e coloquei minha roupa de corrida, mas não estava com vontade de sair. Estar do lado de fora, passando por multidões de pessoas a caminho de festas, não estava no topo da minha lista naquele momento. Provavelmente era onde ele estava. Nossa sessão de estudos foi esquecida enquanto ele jogava quem bebe mais ou beer pong ou qualquer outra coisa que ele faz para se esquivar de suas responsabilidades. Liguei a TV, tentei tirar um pouco do gli er do sofá e procurei algo bom para assistir. Uma batida forte na porta me tirou do transe de passar por vários filmes. Pulei de pé e abri a porta, pronta para dizer para quem quer que fosse que Fiona e Tracy não estavam aqui, quando as palavras morreram na minha garganta. Declan estava na minha porta da frente com a mochila no ombro. Meu choque se transformou em raiva com o olhar tempestuoso de sobrancelha levantada em seu rosto.


— Que diabos, Mak? Me deixou esperando para a nossa sessão de estudos. A bomba de raiva que eu estava prestes a lançar sobre ele gaguejou e parou enquanto eu processava o que ele havia dito. — O que? Eu não te deixei esperando. Eu estava lá. Eu esperei na sala de estudo. — Eu coloquei meu punho no meu quadril. — Por quanto tempo? Eu apareci cinco minutos atrasado porque tinha que vir do outro lado do campus e você não estava lá. — Não, você não apareceu. Eu só saí de lá dez minutos depois. Não minta para mim. — Meus dedos se apertaram na beirada da porta, e fiquei tentada a bater ela na cara dele. Seu olhar irritado se transformou em confusão, e tenho certeza que combinava com o meu. — Saí às sete e dez. Você estava dez minutos atrasado. — Eu estava cinco minutos atrasado para o nosso encontro das sete e meia. — Não iriamos nos encontrar às sete e meia. — Sim, nós íamos. Eu tive outra sessão de estudo que terminou às sete e vinte da noite. Eu disse a você quando remarcamos isso. Duas vezes. — Ele pegou o seu celular e me entregou. O convite do calendário que eu enviei por e-mail apareceu em um grande quadrado das sete e meia às oito e meia. Eu olhei do celular para ele. Seu olhar presunçoso estava firmemente de volta no lugar. — Me julgou tão rapidamente, não foi? Abri e fechei minha boca algumas vezes. As pontas das minhas orelhas ardiam como se tivessem sido chamuscadas pela satisfação brilhante em seu rosto. — Desculpa, — eu murmurei, me sentindo com uns dois centímetros de altura. Como eu errei isso? — Entre. — Eu saí do caminho para que ele pudesse entrar no apartamento. — Teve uma briga com uma fada? — Ele esticou o pescoço para olhar para minha bunda enquanto passava, e minhas bochechas estavam pegando fogo. Virei minha cabeça para ver o que ele estava olhando. Toda a parte de trás do meu corpo estava coberta de gli er colorido. Tentando tirar o excesso, minha cabeça levantou com o tilintar de garrafas. Declan tirou um pacote de seis cervejas da mochila nas costas e o colocou no balcão da cozinha. Meu olhar saltou dele para as garrafas, enquanto eu tentava descobrir o que exatamente ele planejava fazer com as bebidas. Talvez fossem para levar onde quer que ele fosse a seguir. Até que ele pegou uma, abriu e fechou algumas gavetas na cozinha como se não tivesse problemas em se sentir em casa. — Onde está o seu abridor de garrafas? — Ele fechou mais uma gaveta.


— Eu não sei. Podemos não ter um. — Como uma estudante universitária não tem um abridor de garrafas? — Ele olhou para mim com as sobrancelhas franzidas, como se isso fosse algum mistério de Nancy Drew. Eu estava a segundos de jogar minhas mãos para o alto e o deixando de fora de todas as tarefas. — Eu não sei. Fiona e Tracy gostam de coisas fáceis de abrir, e bebem fora a maior parte do tempo, e nunca precisei de um. — Vou ter que colocar um em minhas chaves ou algo assim se vamos estudar juntos este semestre. — Sua voz tinha um tom provocador que irritou meus nervos. — Não vamos precisar disso. — Peguei a cerveja da mão dele, a enfiei de volta na embalagem, coloquei na geladeira e fechei a porta com força. — Qual é, Livros, eu sempre trabalho melhor quando tomo uma cerveja. E isso pode ajudar a fazer com que sua criatividade flua. — Pela expressão em seu rosto, eu não sabia dizer se ele estava falando sério ou não. Eu não queria dar a ele a satisfação de me irritar se estivesse brincando, mas eu tinha sessenta por cento de certeza de que ele realmente estudava enquanto bebia umas duas cervejas. — Você realmente não está me passando muita confiança sobre o que vamos estudar hoje. Você sempre faz seus trabalhos bêbado? — Ficar bêbado e tomar uma cerveja ou duas são coisas diferentes. Além disso, não costumo encher a cara durante a temporada de hóquei. Olhando ao redor da sala, não tínhamos um lugar para sentar. Não quando os sofás pareciam que uma manada de unicórnios tiveram uma orgia em cima deles. Mordendo meu lábio inferior, fiz uma careta, pois isso significava que tínhamos apenas uma outra opção, a menos que eu quisesse levar todas as minhas coisas de volta para a sala de estudo. — Vem comigo. — Eu inclinei a cabeça e o conduzi até o meu quarto, onde meu computador, meus cadernos e todo o resto já estavam. — A expedição está tendo o primeiro vislumbre de uma visão rara. Depois de muita paciência e persistência, a equipe finalmente consegue filmar Halstead em seu habitat natural. A narração em sotaque britânico do Declan atrás de mim enquanto ele entrava no meu quarto me fez sorrir, mesmo que não devesse. Colocando minha cara séria, me virei e gesticulei para a outra cadeira no meu quarto. Deslizando na minha cadeira giratória, liguei meu notebook e abri nossa tarefa. — Você quer me enviar por e-mail a sua parte?


Eu me virei e bati direto no joelho dele, pulando com o quão perto ele estava. — Você é sempre tão furtivo? — Esfreguei o local onde seu joelho bateu na minha perna. — Minhas habilidades se estendem além do gelo. Estou mais do que disposto a te mostrar até onde vão. — Ele sorriu e seu pequeno comentário para mim não foi apreciado. Eu nem sequer tentei não revirar os olhos desta vez. — Vamos ao trabalho. Quanto mais cedo terminamos, mais cedo o entregaremos e podemos sair do pé um do outro até a próxima tarefa. Nós aceleramos a parte da tarefa pela qual ambos assumimos a responsabilidade. Eu li o trabalho dele e fiquei agradavelmente surpreendida por não ter sido um completo lixo. Foi, na verdade, muito boa. Com alguns ajustes, não estaria muito longe do que eu teria escrito. O último ponto foi onde nós discordamos. Ele levantou as mãos e se empurrou para fora da cadeira. — O que importa se eles fizerem essas descobertas científicas incríveis, se não tiverem uma maneira de divulgá-las ao mundo? — Declan começou a andar pelo quarto. — Eles estariam aumentando o conhecimento de suas comunidades. — Novamente, se ninguém souber e não puderem divulgar a informação, eles podiam muito bem não ter descoberto nada. Eles precisam da infraestrutura de negócios e informações antes que possam avançar direto para as descobertas científicas. — Ele se sentou novamente e se inclinou para a frente na cadeira. — Às vezes, aprendizado e conhecimento são suficientes. — Não se tratava de fama e glória. — Como isso ajuda a tirar a comunidade da pobreza? Essa não é a tarefa? Deveríamos descobrir uma maneira de lidar com isso, não criar um grupo de pessoas maravilhosamente educadas que não têm como melhorar sua situação porque não conseguem colocar suas ideias nas mãos de ninguém. Ele me encarou com os braços cruzados sobre o peito, e eu quebrei a cabeça tentando encontrar um contraponto para o seu argumento. Algumas tentativas falhas de formar frases e eu admiti a derrota girando de volta para o meu computador e digitando isso em nosso artigo. Seu rosto presunçoso apareceu na minha visão periférica quando ele girou a cadeira e se sentou ao contrário. Sempre tão suave, se eu tivesse tentado isso, tenho certeza de que uma viagem ao prontosocorro estaria no meu futuro. Como se o sorriso largo em seu rosto


não fosse suficiente, ele começou a cantarolar “Eye of Tiger” como se tivesse enfrentado um inimigo russo musculoso. — Tudo bem, você tem um bom argumento. — Minha mandíbula flexionou com tanta força que eu provavelmente poderia ter quebrado algumas nozes. Ele jogou uma das mãos no peito e deu um suspiro exagerado. Erguendo a outra mão, ele bateu as costas dela na testa e fingiu desmaiar. Lutando contra a vontade de sorrir, mantive meus lábios em uma linha reta. Os cantos podem ter subido um pouquinho. — Eu aprecio você admitindo que estava errada. Tenho certeza que você precisou de muita força para fazer isso. — Seus lábios carnudos se abriram em um sorriso largo, e tentei imaginar como ele ficaria sem dentes. Os jogadores de hóquei não deveriam ter alguns dentes faltando? Narizes quebrados e essas coisas? Parecendo que acabaram de sair de uma briga com um urso pardo? — Eu nunca disse que estava errada! Eu disse que seu argumento era mais aplicável a esta tarefa. — Tanto faz, tanto fez. Vou ficar com o que eu puder. Sinto que sou uma daquelas pessoas em um canal de documentários, fazendo descobertas sem parar. A próxima coisa que você fará é me dizer que secretamente faz pole dance à noite para ganhar dinheiro para pagar a faculdade. — Não é um fato muito conhecido, e meu nome artístico é Bentley. — O sarcasmo escorreu da minha voz, e valeu a pena pela expressão em seu rosto. Sua boca ficou aberta e ele foi para trás tão rápido que quase caiu da cadeira. Um sorriso curvou seus lábios, mas eu consegui manter uma cara séria. — Isso foi uma piada? Ou preciso começar a frequentar todos os clubes de strip da região? Talvez você queira me dar um pequeno show agora. E então meu sorriso contido se foi e meus dentes rangeram. Se eu passasse por esse semestre, tinha cem por cento de certeza de que meus dentes sofreriam algum dano. O que tornou ainda pior foi a visão dançando em minha mente da minha camisa sendo tirada pela minha cabeça e de como seriam as suas mãos na minha pele nua. Eu balancei minha cabeça para banir esses pensamentos da minha mente. Suas mãos em volta da minha cintura, subindo e descendo pelas minhas costas. Não! Não vou pensar nisso! Nós terminamos o último dos nossos pontos na atividade, e eu os li silenciosamente andando pelo meu quarto enquanto Declan mexia em seu celular. De vez em quando eu olhava para cima e percebia seu olhar em mim, mas então ele rapidamente voltava sua atenção para a tela.


As visões que eu deixei de lado voltavam à minha cabeça toda vez que nossos olhos se encontravam. Um arrepio percorria minha espinha como uma mini sessão de tortura enquanto olhava nos olhos dele. Mais de uma vez eu tinha andado e batido na minha mesa. Xingando baixinho, esfreguei o local dolorido e odiei estar caindo em sua armadilha sexy de olhos verdes e lábios carnudos. — Sua vez. — Entreguei a ele a pequena pilha de papéis que eu imprimi depois que terminamos a tarefa. — Minha vez de quê? — De ler. Eu nunca entrego nada sem revisar pelo menos duas vezes, então você pode fazer a outra revisão. Eu marquei as coisas que percebi. Aqui está a caneta. — Eu estiquei a caneta e ele a encarou com as sobrancelhas franzidas. — Eu confio em você, Livros. Está tudo bem com o que você marcou. — Não, essa é uma tarefa que estamos fazendo juntos, então você precisa revisar também. E se eu tiver esquecido temporariamente todas as regras da gramática, ou decidido colocar alguns palavrões aí no meio? — Eu arqueei uma sobrancelha enquanto ele pegou a caneta da minha mão. Uma pequena faísca de decepção surgiu através de mim por ele não ter tocado nos meus dedos quando pegou a caneta. Eu precisava tirá-lo daqui antes que meus joelhos cedessem e eu virasse uma sereia, me debatendo no chão. — Eu diria que qualquer redução de nota que recebemos por você ter colocar um “porra” ou “merda” valeria a pena. Inferno, para receber esse tipo de comportamento seu, eu poderia muito bem ficar feliz por não jogar a temporada toda. — Ele tinha um sorriso enorme no rosto enquanto se levantava e seguia meus passos, andando pelo mesmo espaço que andei. Eu me sentei na cama, balançando a perna um pouco. Ainda não havia conseguido processar completamente que Declan estava no meio do meu quarto. Passei minhas mãos sobre a colcha grossa. O tempo estava mudando rapidamente com uma frente fria chegando no fim de semana. Meu olhar disparou para os papéis em sua mão quando ele balançou a caneta que estava em seus lábios, o que chamou minha atenção para o V perfeito acima de seu lábio superior. O seu arco do cupido era tão hipnotizante que me imaginei passando os lábios por ele. Ele abaixou a caneta da boca e meu olhar se voltou para a folha enquanto ele passava a caneta pelo papel. Eu realmente tinha deixado alguma coisa passar? Eu só queria que ele revisasse para irritá-lo um pouco e garantir que ele estivesse levando isso a sério. Meus dedos coçavam para pegar os papeis eu e pudesse ver o que não havia notado antes.


Mordi meu lábio inferior enquanto ele andava. A luz da lâmpada da minha mesa realçou os cachos grossos de seus fios castanhos claros. Seus bíceps se flexionavam enquanto ele levantava os papéis, os folheando. E a caneta estava de volta aos lábios carnudos. Eu jurava que ele estava fazendo isso de propósito. Eu estava quase chamando sua atenção por passar minha caneta pelo lábio, mas ele me fascinou com seu ritmo, e eu não conseguia parar de olhar. — Tire uma foto, Livros; vai durar mais tempo. — Ele riu e olhou para mim sobre os papéis em suas mãos. — Você acha que eu não sei quando alguém está me secando? — Eu não estava! — Eu disse muito rápido e muito alto para alguém que não estava totalmente secando ele. Minha coluna ficou rígida e eu abaixei minha cabeça, examinando o tapete incrivelmente interessante que eu comprei antes do início do semestre. Eu nunca tinha notado que havia um pouco de lã roxa entre a azul e a verde. As folhas de papel apareceram no meu campo de visão quando ele as entregou para mim. Eu verifiquei as duas sugestões que ele tinha feito, me chutando por ter esquecido essas vírgulas e voltei para o meu computador para fazer as alterações no documento. Uma leitura final no artigo na minha tela que foi como arrancar os dentes e pressionei enviar. Uma onda de satisfação me atingiu quando vi o e-mail de confirmação chegar à minha caixa de entrada. O celular do Declan apitou, e ele também recebeu. Nós tínhamos feito isso. Primeira tarefa realizada com derramamento mínimo de sangue. Talvez esse semestre não seria tão ruim. — Nós estamos bem, certo? — Sim, nós estamos bem. Eu estava pensando que talvez devêssemos nos adiar e ver qual será a próxima tarefa. — Eu já sabia, mas não precisava dizer isso a ele. Ele já pensava em mim como um robô fingindo ser uma estudante universitária; não havia necessidade de confirmar. Embora eu não achasse que os robôs viessem com o tipo de bagagem de vida de merda que eu carregava. — Eu adoraria, mas tenho que ir. — Ele pegou sua mochila do chão. E meu estômago se contraiu como se eu tivesse chamado ele para um encontro e ele tivesse recusado. Era um sábado à noite. Ele era Declan McAvoy. As festas do outro lado do campus esperavam ansiosamente pela chegada dele. — É claro, já passamos do tempo que deveríamos ter nos encontrado de qualquer maneira, — eu disse, olhando para o relógio na minha mesa. — Não se preocupe, Livros. Está tranquilo. Não há necessidade de entrar no modo “se-fechar-completamente”. Podemos ter uma sessão mais longa na próxima vez. Não tenho tempo extra para essa


noite. — Sua vagueza me disse que provavelmente era algo que apagaria o mínimo de respeito que eu ganhei por ele nos últimos noventa minutos. Levando-o para a porta da frente, senti um pequeno grão de decepção no estômago, o que era estúpido. Não era como se eu esperasse que ele ficasse mais do que o necessário para concluir a tarefa. Esse era um requisito imposto pelo Alco . Não seria nada mais do que uma parceria de estudo, não importa o que acontecesse.


11

DECLAN

— Q uanto tempo falta para você voltar a treinar com a gente?

— Um dos caras do time perguntou depois que fizemos nossos pedidos com a garçonete, que não era Mak. Eu vi isso dentro de dez segundos depois de entrar pela porta. Não que eu estivesse procurando por ela ou algo assim. Depois de três semanas no semestre, parecia que cada dia se prolongava mais que o anterior. Nos primeiros dias, me levantei e me arrumei com Heath como se fosse treinar antes que me atingisse. Eu não estava treinando com eles. Minhas mãos coçavam para ir até lá com os caras e patinar lado a lado enquanto todos ficávamos em um ritmo só no gelo. Em vez disso, éramos eu e Heath treinando e fazendo exercícios individuais até que eu não conseguisse mais sentir minhas pernas. Eu conseguia ver Archer rindo pra caramba por eu ter sido suspenso do time. Isso me fez querer dar um soco em algo. Eu o deixei me irritar mais do que deveria. Era difícil não deixar quando seu pai biológico estava em campanha pelo fim de sua carreira profissional antes mesmo de começar. A visão de patinar no gelo usando seu número, substituindo-o por uma versão melhor e mais rápida com a multidão gritando meu nome, queimava uma profunda satisfação em meu intestino. Eu queria tanto isso. Eu queria ver seu rosto presunçoso quando eu fizer meu primeiro gol, e ele saberia que não tinha nada a ver com ele. Eu faria isso sozinho e não precisava dele. Copos tilintando me trouxeram de volta daquele sonho febril para as pessoas despreocupadas ao meu redor. O bar não estava muito cheio porque eram apenas sete da noite em uma sexta-feira. A maioria das pessoas vieram mais cedo para almoçar ou chegariam mais tarde. Havia alguns jogos antigos rolando nas telas ao redor do bar, e algumas pessoas tinham seus cadernos e computadores em cima das mesas. Three Streets tinha uma política rígida de não estudar depois das oito da noite nas sextas-feiras, e durante o fim de semana inteiro. As sessões de estudo foram tranquilas desde que Mak descobriu que eu não era um idiota completo. Trabalhar juntos quando a outra pessoa não estava presumindo que você só aprendeu a escrever na semana anterior tornou as coisas mais fáceis. Seu microgerenciamento diminuiu assim que ela percebeu que eu poderia terminar as tarefas no prazo e com 80% da satisfação dela. Nossa trégua foi uma silenciosa.


A maneira como suas sobrancelhas se contraiam quando ela revisava algo andando de um lado para o outro sempre me fazia rir. Talvez fosse porque ela tirava os óculos. Ela passava as mãos sobre os olhos como se estivesse recarregando seus poderes e fazia um padrão metódico de vaivém pelo chão de onde quer que estivesse. Não acho que ela tenha notado que dava exatamente dez passos em cada direção, aumentando o tamanho dos passos para atingir a parede em qualquer espaço em que estivéssemos. Fiquei tentado a levá-la para um espaço aberto para ver se ela iria dar pulos para não quebrar seu método de dez passos. Por que eu notei isso? Eu não fazia ideia. Havia muitas coisas que eu estava notando sobre ela estando sempre tão perto. Por exemplo, como ela rolava as canetas debaixo dos seus dedos longos e finos em sua perna, sempre que estava pensando. Ou como o lábio dela estava sempre brilhante e úmido quando o soltava de entre os dentes quando estava profundamente imersa em seus pensamentos. Essas eram coisas nas quais eu não deveria prestar atenção quando se tratava dela, mas eu não conseguia me conter. Meu olhar a seguia no segundo em que ela entrava no cômodo, e tudo que eu queria fazer era passar as mãos pelo corpo dela e quebrar a tensão que crescia a cada minuto que passávamos juntos. Eu a peguei olhando para mim tanto quanto eu a olhava. Seus olhos se afastavam e suas bochechas ficavam rosadas. Ela estava me deixando louco. Música pop tocava ao fundo e copos tilintavam atrás do bar. Ela odiaria tentar estudar nesse lugar. Ela amava seu covil de solidão na biblioteca, onde era tão quieto que você podia ouvir um rato peidar. Eu balancei minha cabeça, limpando esses pensamentos. Por que diabos eu me importo onde ela quer estudar? Preston tamborilou com os dedos sobre a mesa, como sempre fazia quando alguma coisa o incomodava, o que significava que seus dedos estavam sempre com calos. — Não se preocupe, Pres. Ele tem tudo sob controle. Relaxa. — Heath de um tapinha nas costas de Preston. Os outros caras da mesa riram do mantra de Heath para todos: relaxa. Ele ainda não havia encontrado uma situação em que “relaxa” não era seu conselho. — Ele tem razão. Cada tarefa tem sido um A até agora. Se tirarmos nota máxima na prova do meio do semestre, não há como eu reprovar na matéria. — Revirei a garrafa entre as mãos, cobrindoas com uma condensação fria. Preston passou as mãos no rosto e na mandíbula. — Precisamos de você, cara. O calouro que eles colocaram no seu lugar não está dando certo. Sem ofensas — disse Preston, virando-se para um dos outros calouros sentados à mesa conosco. O garoto levantou a mão e deu de ombros. — Não ofendeu.


E então Preston voltou a falar. — As sessões de treinos não estão indo bem, e os fãs estão percebendo. Só será uma questão de tempo até que essa mentira de 'treino especial' que você está contando seja divulgada em todos os lugares. E se os fãs souberem, os outros times saberão. Eles estavam mirando em nós antes; e eles irão atrás de sangue se pisarmos no gelo sem você. — Você está cheio de pessimismo, Pres. Eu acho que é uma excelente oportunidade para todos nós intensificarmos o nosso jogo e garantirmos que, se perdêssemos um homem, ainda poderíamos dominar no gelo. — Heath disse, sempre tentando olhar para o lado ensolarado das coisas. Preston estreitou os olhos para ele. Às vezes, a filosofia tranquila de Heath, de tudo-vai-dar-certo, era irritante como o inferno. Mas eu permitiria neste caso, porque as narinas de Preston se abriram e aquela veia na testa dele pulsava enquanto ele tentava se recompor. Heath descansava no final do nossa mesa como se não se importasse com nada no mundo. Sinceramente, eu acho que ele não se importava. Ele era tranquilo ao ponto de, às vezes, deixar as pessoas ao seu redor no limite. A cerveja de Preston bateu em cima da mesa. — Se você não voltar, lá vai a nossa série de vitórias e o nosso recorde. Você precisa manter o foco. — Você conheceu a Makenna? Você acha que existe alguma chance no inferno de eu fazer algo que não esteja de acordo com os padrões dela? Ela preferiria se estripar com uma colher enferrujada do que entregar uma coisa que não revisou quinze vezes e me forçou a revisar pelo menos duas vezes. Isso pareceu satisfazer Preston, e ele se recostou no banco. Sua falta de fé em mim teria me irritado se não fosse pelo fato de que eu sabia que isso só acontecia dessa maneira. Ele estava surtando por ter que deixar o gelo permanentemente depois de se formar. Ao contrário dos Kings, ele não tinha conseguido uma vaga na equipe de desenvolvimento depois do ensino médio. Sua escola não tinha conexões ou visibilidade para olheiros. Ele começou no time sem jogar regularmente, e por incrível dedicação e seu comportamento fodão, tornou-se capitão de equipe no nosso último ano. Eu respeitava ele pra caramba, mesmo que sua rotina preocupante de mãe ganso ficasse chata às vezes. Vinha de um lugar de amizade. — Bem, não a irrite. Ela sempre pode dizer ao professor se não achar que você está fazendo sua parte e então você está ferrado. — Preston bebeu o resto da sua cerveja. — Como você sabe que eu não vou dedurar ela por não fazer sua parte? Talvez ela esteja me segurando do meu verdadeiro chamado, que é seminário do segundo ano.


Heath riu e levantou a mão, tentando chamar a atenção da garçonete para pedir outra rodada. — Falando no diabo, parece que o turno dela está começando. — Ele se virou, sorrindo para mim. Por que ele está sorrindo para mim como um idiota? Bem, um sorriso maior que o normal. E daí se Mak estava começando o turno agora? Nada demais. Eu controlei o meu reflexo inicial de escanear o local procurando por ela. Eu virei na cabine para vê-la passando correndo pelo bar. Não importa para onde estava indo, ela estava sempre correndo como se houvesse poucas horas em um dia e ela estava determinada a tirar sempre três horas extras para estudar em cada um. Ela tirou o casaco. Os botões da camisa dela se abriram um pouco, e eu tive um vislumbre de um sutiã preto por baixo. Fiquei com água na boca quando imaginei brincar com seus mamilos e deixar os bicos deles rígidos antes de provocá-los com minha língua e dentes, até que me implorasse para que eu a fodesse. Ela sempre cheirava a livros e morangos. Como se você estivesse lendo no meio de um campo sob o sol do verão. Eu reprimi um gemido enquanto ela se preparava para começar seu turno. Esses pensamentos continuavam me invadindo. Me atingindo quando eu menos esperava. Seus lábios quando ela fazia uma pergunta. A perna dela mexendo enquanto ela lia. Sua bunda quando ela se inclinava para pegar algo de sua bolsa. Mak era uma equipe de demolição de uma mulher só e meu autocontrole estava escorregando. Ela cumprimentou o barman e outros garçons. Não era sempre que eu conseguia sentar e observá-la. Enrolando um avental pela cintura, ela correu para a cozinha, e eu voltei para a conversa que os caras estavam tendo. O treinador mandou que assistissem algumas gravações para o jogo daqui duas semanas. Outubro estava chegando, e eu precisava estar no time. Heath e eu geralmente ansiavamos por uma chance de enfrentar dois Kings, Ford e Colm, que costumavam jogar na Universidade de Boston, mas eles se tornaram profissionais no verão. Todo mundo parou de falar e olhou para o final da mesa quando cestas de batatas fritas e hambúrgueres foram colocados em cima. Makenna tinha uma bandeja empilhada com a nossa comida equilibrada na mão. — Oi, a outra garçonete teve que ir embora. Vou dividir a gorjeta com ela, então não se preocupem com isso, e volto já com suas bebidas. — Disse ela, se apressando, sem fazer contato visual comigo. Ela me ignorando trouxe alguns sentimentos irracionais e feios que não gostei. Ela estava me tratando como qualquer outra pessoa, como se não estivéssemos ficado juntos nas últimas três semanas por horas seguidas a seu pedido, estudando. Os caras


mandaram a comida para dentro, mas não consegui tocar na minha. Ela reapareceu com nossas bebidas, as deslizando sobre a mesa. — Livros, eu estava apenas dizendo aos rapazes como fiquei surpreso por estar carregando tanto da carga de trabalho nesse semestre. Eu pensei que, como você estava vindo de Stanford, seu esforço para fazer trabalhos assim seria um pouco mais afiado. Ela está sempre me encarando e se perdendo nos meus olhos. Então ela começa a falar sobre o quão irresistível eu sou e como nunca pode se concentrar 100% ao meu redor. Eu sorri para ela quando seus olhos se estreitaram atrás dos óculos. Ela deslizou minha bebida em minha direção com força suficiente para atingir a minha mão e derrubar metade da bebida sobre a borda, e indo diretamente para o meu colo. Os caras explodiram em gargalhadas enquanto peguei alguns guardanapos para limpar a cerveja do meu colo. — Ops, desculpa. Devo ter me perdido nos seus olhos e me distraído. — Ela fez uma tentativa pobre de reprimir seu sorriso. — Pelos meus olhos? — Coloquei minhas mãos embaixo do meu queixo e bati meus cílios, e ela revirou os olhos. — Não, pelo meleca gigante no seu nariz. — Ela esfregou o nariz com cuidado com as costas da mão. Minha mão voou para o meu nariz e olhei para os caras na mesa, pronto para lhes xingarem por não me dizerem nada, e a risada deles ficou ainda mais alta. Eu tinha sido enganado. Meu olhar se voltou para Mak, que estava em pé ali como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse me zoado na frente dos caras e conseguido manter uma cara séria. E tudo que eu queria fazer era curvá-la sobre a mesa e mostrar como ela poderia compensar por ter machucado o meu ego. — Deixa eu ir pegar alguns guardanapos. — Ela se virou para o bar, mas não antes de eu notar o sorriso que ela abriu e tentou manter em segredo. Rindo junto com os caras, tomei um gole da minha bebida, mas meus olhos nunca a deixaram. — Vocês dois brigam como um velho casal. Minha cabeça se virou para as palavras do calouro quando ele enfiou metade de um hambúrguer na boca. — Sim, ela é muito bonita. Talvez você devesse convidar ela para sair. — Heath provocou enquanto comia algumas de suas batatas fritas. Ele conhecia nossa história do ensino médio e só queria me irritar um pouco mais. — Certamente não prejudicaria sua nota, desde que você não terminasse com ela até depois do fim do semestre. Meu olhar disparou para Preston. — Você está seriamente considerando a ideia de que eu deveria ir em um encontro e namorar com Mak para me ajudar a tirar uma


nota boa? — Eu o encarei com os olhos arregalados. Ele deu de ombros. — Tudo o que estou dizendo é que, se você decidir aproximar seu pau de qualquer lugar perto dela, é melhor se certificar de não estragar as coisas antes do final do semestre. Você precisa dela muito mais do que ela precisa de você. — Ele deu uma mordida gigante em seu hambúrguer, como se fosse o fim da conversa. Os caras jogaram fora mais algumas frases, e eu ri junto. Makenna não estava afim de namorar ninguém e definitivamente não comigo. Quero dizer, mesmo que ela estivesse interessada, éramos como óleo e água. Ela era muito tensa e, aparentemente, eu estava respirando, o que era o suficiente para fazê-la não querer estar perto de mim. Dito isto, eu me vi esticando o pescoço enquanto ela se movia ao redor do bar de mesa em mesa. Ela tinha um sorriso gentil para a maioria das mesas e levava comida e bebida rapidamente. Não importa o que fizesse, ela sempre tentava dar o seu melhor, o que eu respeitava, mesmo que isso me irritasse às vezes. Um dia ela iria surtar se não se divertisse um pouco. Às vezes, quando estávamos no seu cubículo de livros, pequenas mechas de cabelo caíam da sua trança. Era tão estranho como tudo junto parecia ruivo, mas quando esses fios pousavam no rosto dela, pareciam loiros. E quando ela tirava os óculos para esfregar os olhos, às vezes ela ficava um tempo sem eles. Aquelas pequenas marcas nas laterais do nariz ficariam lá. Ela olhava para mim, me pegava a encarando, e seus lábios rosados se abaixavam nos cantos e ela repetia o que estava dizendo, mas eu ficava perdido por um segundo olhando para os olhos dela. Como piscinas de água quente que você mal podia esperar para mergulhar. Eu mal conseguia me controlar e não olhar para sua bunda. Tentei não pensar nela como algo que não fosse minha parceira de estudo, mas minha mente vagava para o que havia escondido sob seu exterior de menina certinha. Terminamos a comida e recebemos a conta. Ela estava andando de um lado para o outro enquanto a multidão aumentava. Eu provavelmente deveria parar de provocá-la tanto. Talvez eu parasse, mas era divertido pra caramba. Se essa era a única maneira de chamar sua atenção, então talvez eu continuasse, porque queria ter certeza de que ela estava pensando em mim tanto quanto ela invadia meus pensamentos. Me deixando louco com a necessidade de tocá-la pouco a pouco. Ela pegou a conta da nossa mesa e acenou para mim e para os caras quando saímos do bar. Enfiei minhas mãos nos bolsos quando todos se separaram depois de sairmos. Heath e eu voltamos para o


apartamento. Fechei o zíper do meu casaco contra o leve frio no ar. O verão acabou. Ele divagou sobre um novo projeto de espécies de plantas em que estava trabalhando na aula de botânica. Por quê? Eu nunca saberia, mas continuava me distraindo e querendo voltar para o Three Streets para talvez perguntar pessoalmente a Mak quando seria a próxima sessão de estudo. Nós tivemos uma na noite anterior e planejamos uma para depois da próxima aula, mas talvez eu pudesse a pressionar um pouco e fazê-la concordar com uma mais cedo. Eu mal tinha estacionado o carro de Heath quando ele saiu e correu para dentro de casa. Às vezes, a inspiração o atingia e ele se desligava do resto do mundo. Eu mandei uma mensagem rápida para Mak. Ela talvez só a veria depois do seu turno, mas estava tudo bem. Eu poderia esperar.


12

MAKENNA

Empilhei meus papéis ordenadamente no canto da minha mesa na

sala de estudo e coloquei as tampas de volta nos meus marcadores. Meu método de estudo com código de cores ainda não havia falhado comigo. Enfiei meus cartões de tópicos na caixa onde os classificava por matéria e olhei para o meu celular, verificando a hora. Ele ainda não estava atrasado, mas certamente não estava de acordo com minha política de cinco minutos dentro do prazo. Tinha sido como arrancar dentes fazê-lo estudar para os testes do meio do semestre tão cedo. Primeiro, uma mensagem aleatória perguntando quando seria a próxima sessão, o que era estranho, e então ele ficou evasivo quando tentei marcar um dia. Eu queria envolver meus dedos em seu pescoço e apertar até que ele parasse de ser tão difícil. Talvez ele tivesse todo o tempo do mundo para fazer essas coisas, mas eu estava com um cronograma apertado. Era uma aula relativamente fácil, pelo menos em comparação com meus cursos avançados de pré-medicina. Eu não podia deixar sua atitude de vou-me-preocupar-com-isso-mais-tarde me irritar e me ferrar. Meus planos foram definidos. Tudo o que eu precisava fazer era não tropeçar e a linha de chegada estava à vista. Meu celular tocou e uma mensagem apareceu. Mãe: Estamos nos divertindo, querida. Esperamos que você também esteja. Havia um anexo de vídeo. Era como se eles estivessem tentando se tornar estrelas do YouTube ou algo assim. Eles me enviaram vídeos deles andando na montanha russa em cima de um hotel em Las Vegas. Do rafting nas águas brancas no Grand Canyon, e o mais recente, saltando de bungee jumping de uma ponte no Colorado. Era eles com os braços em volta um do outro. Os sorrisos em seus rostos eram contagiosos. Houve uma contagem regressiva de uma das pessoas ao lado deles e, em seguida, o sopro do ar quando eles saltaram da borda gritando: — Nós te amamos, Makenna! Senti uma sensação vicária de queda, me encostando na cadeira quando eles se aproximaram do chão. E então se afastou quando foram puxados de volta pelo cabo elástico preso a eles. Suas aventuras foram incríveis ao ponto de darem risadas em voz alta e gritarem com toda força. Fiquei feliz por terem esses momentos juntos antes que as coisas mudassem. Digitando uma resposta, meu coração inchou de felicidade por eles. Coloquei meu celular no silencioso e li algumas das minhas anotações. Minhas outras aulas estavam se acumulando. Eu obtive permissão especial para pegar materiais extras para tentar me manter no


caminho da graduação. Se eu tivesse pelo menos oito créditos no verão, ainda poderia me formar. E depois havia a questão da escola de medicina. Eu precisava obter uma nota 3,55 aqui. Eles me deixaram entrar no programa de doutorado por causa da minha carga horária em Stanford, mas minha nota não veio comigo. Eu estava começando do zero. Algumas das minhas aulas não tinham alguém recebendo um 10 por quase uma década, então eu teria que me contentar com um 9. Isso significava que as coisas seriam difíceis em termos de nota. Se eu obtivesse algo mais baixo que um 8,7 durante o semestre, eu estava ferrada. O primeiro semestre em Stanford tinha sido difícil. Deixar meus pais e as memórias das quais eu tentava me esconder não tornou a adaptação tão fácil quanto eu pensava. Obter um 8 em qualquer uma das minhas aulas significaria que talvez eu não pudesse manter meu lugar automático no programa da faculdade de medicina. As promessas que fiz a mim mesma e as que fiz a Daniel na maca ao seu lado dispararam um pouco mais de determinação que eu precisava para passar por isso e aceitar tudo o que eu precisava, para alcançar seu objetivo - meu objetivo. Era meu também, não era? Depois de todos esses anos, era difícil descobrir se eu estava fazendo algo por mim mesma. Chequei meu celular novamente. Exatamente cinco da tarde. A essa altura, eu já estava acostumada com o Declan estar sempre alguns minutos atrasado. Eu ajustei minha agenda para compensar. Batendo meu pé contra a cadeira, olhei nossas anotações. Nosso esboço do trabalho para o meio do semestre estava quase terminado, mas precisávamos examinar algumas das últimas coisas. Deslizei minha mão no bolso da frente bolsa, onde eu guardava meu pen drive. Meu estômago afundou. Não estava lá. Minha garganta se contraiu como se eu estivesse respirando através de um canudo. Peguei minha bolsa do chão e virei-a freneticamente de cabeça para baixo. Nada. Nem mesmo uma migalha caiu. Esse pen drive tinha todas as minhas fontes para esse trabalho e dados das minhas tarefas de laboratório. Alguns dos computadores nos laboratórios tinham péssimos sinais de Wi-Fi, e tivemos que salvar em pen drives em vez de salvá-los na nuvem. Eu salvei tudo. Tudo. Sempre, mas eu tinha um turno no bar que precisei ir urgente e logo depois fui para casa e desmaiei. Eu tinha planejado salvá-lo quando voltasse para o apartamento hoje à noite, mas tinha sumido. Minha boca ficou seca enquanto eu vasculhava minha mesa. Nenhum papel, caderno ou livro não foi revirado. Como eu pude deixar isso acontecer? Puxando a gola do meu suéter, caí na cadeira, apertando minhas mãos nos lados da minha


cabeça tentando pensar. Não havia tempo suficiente para refazer os experimentos de laboratório antes que tivesse que entregar a tarefa. Meu peito estava apertado e eu estava com dificuldades para respirar. A voz alegre do lado de fora significava que Angel havia interceptado Declan. Respirando fundo, abri a porta e parei quando vi não apenas Angel lá fora com Declan, mas Seth. — Ei, Makenna. — Seth me deu um pequeno aceno. — Angel e eu estávamos perguntando a Declan como ele acha que a temporada vai estar. — O grande sorriso de Seth diminuiu um pouco quando eu não sorri de volta. Empurrei o pânico para o lado, tentando não parecer uma maníaca na frente de todos. — Você é fã de hóquei? — Cruzei os braços e parei em frente a porta. Pelo canto do olho, vi o braço coberto pela blusa rosa de Angel gesticulando loucamente como se ela fosse a regente de uma sinfonia. Não havia tempo para isso agora. Eu precisava encontrar aquele pen drive. — Grande fã. Meu pai e eu assistimos os jogos o tempo todo. Eu costumava jogar quando era mais novo. Não no nível dele, é claro, mas um pouco. — O olhar de Seth disparou para Declan com estrelas nos olhos. Eu lutei contra o desejo de sair dali sem dizer uma palavra, deixando todos para trás. Tentando manter meu rosto o mais neutro possível e não mostrar meu aborrecimento e quase ataque de pânico, me virei para Declan e Angel. Ela passou de apenas agitar os braços para, realmente, descansar a mão no braço dele enquanto falava. Eu odiei como esse pequeno gesto de algo a mais me atingiu bem no estômago. Eu não era uma dessas garotas. Megera. Territorial. Perversa. Tenho certeza que ele já ficou com muitas garotas do campus, mas esse era o nosso tempo de estudo e eu não queria estar aqui mais do que ele. — Eu preciso ir ao meu apartamento. Podemos remarcar isso. Eu preciso ir. Ele levantou a cabeça e arregalou os olhos antes de assentir. — Eu posso ir com você para lá. Está tudo bem.. Deveríamos resolver tudo e finalizar o trabalho logo. — Sua aceitação fácil e repentina de trabalhar nisso quase me irritou. Por que ele não pode ter sido tão cooperativo assim antes de termos que enviar quinze mensagens para organizar essa sessão? Cada uma das minhas mensagens foram respondidas com outra pergunta, como se ele não quisesse que nossa corrente de mensagens chegasse ao fim. — Ok, eu já volto. — Deixei a porta fechar atrás de mim e quase gritei de frustração. Por que eu disse ok? O desejo de sair correndo dali e afastá-lo de Angel me pegou desprevenida.


Pensei em voltar lá e dizer que não precisava, mas Seth e Angel ainda estavam de pé do outro lado da porta. Isso me faria parecer ainda mais idiota, se eu fosse lá e dissesse que não. Pegando o que precisávamos para o nosso trabalho, enfiei tudo na minha bolsa e deixei a segurança da minha sala de estudo. — Estou pronta. Tchau, Angel. Tchau, Seth. — Passei por Declan sem nem olhar para trás. Ele se despediu às pressas e me seguiu. Não sentindo vontade de ficar confinada no elevador com ele, fui para a esquerda e peguei as escadas, descendo correndo como se pudesse fugir da minha estupidez. Os passos de Declan bateram atrás de mim, me lembrando que eu não podia. Quanto mais rápido eu encontrasse o pen drive, mais rápido eu estaria pronta para me enrolar em uma bola e chorar até a formatura. Se eu fosse me formar. Eu flexionei minha mandíbula com o meu aborrecimento. As pessoas saiam do meu caminho enquanto eu seguia uma trilha do campus para o meu complexo de apartamentos. Declan me acompanhou como se estivesse indo para um passeio de domingo. Maldito seja ele e suas pernas ridiculamente longas. Subindo os degraus do meu apartamento, dois de cada vez, corri para dentro e para o meu quarto, deixando-o na sala, largando minhas coisas e vasculhando tudo na minha mesa. Desespero arranhou meu peito como um animal zangado que queria me atravessar. Não tinha bagunça. Não havia pilhas de roupas e outras coisas espalhadas que ele podia estar escondido, então onde diabos estava o pen drive? Peguei coisas que não havia mudado de lugar o semestre inteiro, exceto para aspirar. — Ei, Livros. — A voz de Declan veio da sala de estar. Eu não tinha tempo para suas provocações agora. Eu lidaria com ele daqui a pouco. — Makenna. — Sua voz estava mais perto, no corredor. Levantei minha colcha e procurei debaixo da cama. Nem mesmo uma poeira. — Makenna Halstead. — Sua voz ecoou no corredor. — O quê? — Quase gritei, com as mãos e joelhos no chão. — Você estava procurando por isso? — Ele acenou o pen drive branco e azul marinho na frente dele, e eu soltei um grito assustado. Saltando de pé, prendi a respiração, sem querer acreditar até ter o objeto em mãos. Ele o colocou minha mão. — Ai meu Deus! Onde você o encontrou? — Apertei-o no meu peito com os dedos dormentes. Meu coração batia forte nas minhas costelas enquanto eu envolvia minhas mãos com tanta força ao redor dele que eu estava com medo de quebrá-lo. — Estava no balcão da cozinha em cima de um pedaço gigante de papel verde neon com um círculo preto ao redor. — Ele me levou


para a sala de estar, e eu vi o papel grande no balcão com o círculo sem nada dentro. Encontrei isso na porta da frente. Achei que era seu. Tentei ligar, mas não consegui. Espero que você não surte muito quando não conseguir encontrá-lo. -Fiona O recado estava rabiscado no papel. O laboratório também tem um sinal horrível para celulares. Eu caí contra o balcão, piscando para conter as lágrimas. Por aqueles poucos minutos, tudo estava fora de controle, e agora que eu tinha o pen drive na mão, parecia que tudo estava bem de novo. Uma coisa tão pequena. Eu olhei fixamente para o balcão quando outro pedaço de papel apareceu no meu campo de visão. — Eu sei que você ainda está no modo “surtando”, mas eu queria te dar isso. Sei que fui um pé no saco, por isso me certifiquei de fazer todas as referências técnicas e, sim, me certifiquei de usar o formato adequado. — Piscando para limpar as lágrimas, olhei para ele e assenti. Minha garganta estava muito apertada para confiar em palavras. Sem pensar, joguei meus braços em volta dele, o apertando. Eu estava a um segundo de beijá-lo na boca. Era o nosso baile de formatura tudo de novo. Pressionando meu rosto contra seu ombro quente, respirei seu cheiro de sabão e algo mais. Meus lábios estavam a menos de um centímetro de sua pele, meu rosto em sua camisa preta e macia. Não foi até que os braços dele envolveram meu corpo e ficamos ali por um segundo que eu percebi o que estava fazendo. Eu me afastei com tudo e soltei meus braços ao redor dele. A parte de trás do meu pescoço estava quente, parecia que alguém estava segurando uma vela nele. — Obrigada, — eu murmurei, olhando para os meus tênis. O suor frio que começou a escorrer por todo o meu corpo me fez tremer. Eu folheei a pequena pilha de papéis cuidadosamente grampeados e verifiquei as primeiras páginas. As referências sempre foram a parte que eu mais odiava fazer, e ele as jogou no meu colo, parecendo ter feito tudo perfeitamente. Ele olhou para mim e abriu a boca como se quisesse dizer alguma coisa. As borboletas voltaram, mas trouxeram alguns amigos. Houve um tumulto no meu estômago só com um olhar do Declan. — Não se preocupe. Imaginei que, se você tivesse um ataque cardíaco durante o semestre, eu teria que fazer tudo isso sozinho, então prefiro que carreguemos esse fardo juntos. Revirei os olhos e peguei minhas coisas no meu quarto. Sentamos no terrível sofá afundado com meu celular na mesa, o notebook equilibrado no meu colo. Ele me enviou um e-mail com uma cópia eletrônica do que havia feito, e começamos a trabalhar.


Depois de alguns minutos, meu celular vibrou enquanto notificações chegavam. Eram mensagens de texto. Se algo sério tivesse acontecido, minha mãe ligaria. Eu ignorei e continuei lendo o artigo. Como um filhote de cachorro, Declan era facilmente distraído. Seu olhar disparava para o celular toda vez que uma mensagem chegava, e exatamente como um filhote de cachorro que roia seu par de sapatos favorito, ele não sabia como não tocar em coisas que não eram dele. Ele pegou meu celular. — Sabe, você realmente deveria colocar uma senha nisso. Tem um encontro quente hoje à noite? — Me dê meu celular. — Eu estiquei a mão para pegá-lo, mas ele desbloqueou a tela o e segurou bem alto, lendo as mensagens. — Porque tanto segredos? O que você tem aqui? — Ele se levantou quando tentei roubar o celular dele. — Não é da sua conta. Eu não fuxicaria o seu celular. — Quando pensei que estava indo tudo bem, ele teve que fazer algo assim. Eu olhei para as suas pernas. Talvez eu pudesse empurrá-lo, mas com a minha sorte ele cairia, bateria a cabeça na beira da mesa de café e morreria, e então eu teria que cortar seu corpo e esconder cada parte em um lugar diferente no campus. — Aqui, vá em frente. — Ele puxou o celular do bolso e jogou para mim. Eu o peguei por reflexo. — Eu não quero mexer no seu celular. Além do mais, tem senha. — Uau, eles são seus pais? — Ele levantou o celular e reproduziu o vídeo do bungee jumping. — Sim, eles são. Agora me devolve. E pega o seu. — Eu estiquei a mão com o celular para ele, mas Declan deu dois passos para trás, percorrendo a aventura dos meus pais. — Minha senha é 1-9-3-2. Por uma fração de segundo, fiquei tentada a desbloqueá-lo, mas as possíveis fotos de pau e quem sabe o que mais provavelmente estavam lá me dissuadiram, e o segurei com a tela para baixo. A irritação borbulhou e ameaçou transbordar. — Parece que seus pais são legais e aventureiros pra caramba, Livros. — Ele devolveu meu celular e eu joguei o dele. Ele o segurou contra o peito forte. — O que aconteceu com você? — Sim, é muito fácil ser destemido e começar a viver sua vida novamente quando sabe que vai morrer, — eu disse com raiva. Meus olhos se arregalaram de horror com o que eu tinha acabado de dizer. Eu me afundei no sofá. Essa pequena pílula de amargura me pegou de surpresa. Batendo meu celular contra a minha mão, tentei não deixar essas velhas emoções transbordarem. Mas era um daqueles dias em que parecia que tudo estava pendurado por um fio.


— Como assim, vai morrer? — Ele se sentou cautelosamente no sofá ao meu lado. Respirando fundo, passei minhas mãos pelos meus cabelos. Eu não pretendia deixar isso escapar. Todo esse tempo que eles tiveram, eles poderiam ter vivido. — Ele está doente. Ele tem ELA, esclerose lateral amiotrófica. Depois de finalmente voltar ao trabalho alguns anos atrás, na primavera ele tropeçou algumas vezes e depois mais algumas. Ele costumava fazer caminhadas nas montanhas o tempo todo. Ele sempre se manteve firme em seus pés. Mas uma vez ele acabou no pronto-socorro e precisou de pontos. Foi quando descobriram. Houve uma pausa enquanto minha bomba mórbida explodia por todo o meu apartamento. — Foi por isso que você voltou. Eu olhei para ele com um sorriso triste. O olhar em seu rosto quase me fez rir. — Me desculpa, Makenna. Eu não deveria ter dito o que disse sobre você deixar Stanford. — Ele descansou a mão no meu joelho e o apertou. — Às vezes a vida quer te chutar nos dentes quando você já está caído. Essa era a lista de desejo de viagem deles. Eles a haviam planejado antes. Anos atrás, mas então algumas coisas aconteceram, e os dois ficaram fora de si por um... tempo. Os médicos receitaram alguns remédios para o meu pai, então ele está praticamente cem por cento, mas as coisas podem progredir rapidamente. Eles queriam fazer tudo isso enquanto ainda podiam. — Quando eles vão terminar a viagem? — Antes do Dia de Ação de Graças. Nós vamos passar o feriado juntos, e então ele vai ao médico e só Deus sabe o que vai acontecer. — Eu dei de ombros. — É por isso que você está cursando pré-medicina? Eu me afastei e olhei para ele. — Como você sabia que eu estava cursando pré-medicina? — Ninguém pega a carga horária que você tem a menos que estejam cursando isso. Sei que às vezes pareço um grande bobão, mas sou bem observador. — Ele empurrou o meu ombro com o dele. — É parte do motivo. — Não querendo seguir por esse caminho com ele, balancei a cabeça e peguei meu computador no sofá. — Chega de conversa fiada. Pare de tentar me distrair. Vamos ao que interessa. — Dei a ele um sorriso fraco e abri o artigo novamente. Ele soltou um suspiro e pegou alguns papéis da mesa. — Sim, vamos fazer isso. Eu não gostei dos sentimentos calorosos que passaram por mim enquanto eu estava sentada ao lado de Declan, e de como seria fácil descarregar tudo nele. Eu não gostei nem um pouco, porque eu não


deveria sentir isso com ele. Eu não deveria querer seus braços em volta de mim e me segurando perto. Eu não deveria. Bem, talvez um pouco... 13


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DECLAN

A ligação veio, e Heath e eu largamos tudo e fomos para o centro

da Filadélfia. Estarmos espalhados por todo o país significava que oportunidades para ver os outros caras eram poucas e com muito tempo entre si, principalmente porque Heath e eu éramos os únicos que ainda não tínhamos sido convocados para jogar profissionalmente. Ford e Colm saíram da faculdade durante o terceiro ano e Emme ainda mais cedo, durante o segundo. Ficamos chocados que ele tinha pelo menos ido para a faculdade; ele foi tão secreto sobre o que diabos ia fazer depois da formatura do ensino médio. Bem, além dos planos dele de se casar com Avery, mas todos sabemos o que aconteceu. Todo mundo teve seus problemas. Momentos em que a vida disse "haha, você pensou que as coisas iam acontecer do seu jeito". Emme tinha sido negociado, desta vez para Los Angeles, onde estava desfrutando de seu status de enforcer a todo vapor. Era surreal assistir os caras na TV, com o resto dos seus times vivendo o sonho sobre o qual todos conversávamos no ensino médio. Eles conseguiram. Heath e eu estávamos ficando para trás e precisávamos acertar isso. Meus problemas com o Archer já duraram tempo o suficiente. Eu ia dar um fim nisso. Entrando no estádio que ofuscava o nosso no campus, senti um calafrio percorrer minhas costas - e não por causa das temperaturas baixas do lado de dentro. Subir no gelo com Heath e Emme ajudaria a tirar um pouco do estresse de não fazer parte do time no momento, mas não seria por muito mais tempo. Em apenas alguns meses, seria eu andando por esse túnel até o vestiário com dezenas de milhares de fãs nas arquibancadas. Meu coração batia forte enquanto olhamos para as arquibancadas vazias ao nosso redor. Essa era a primeira vez que fiquei aqui enquanto estava vazio. Algo chamou minha atenção no mar de assentos, e foi um soco forte no estômago quando a visão de Archer pairando sobre mim lá de cima se dissolveu como um vilão de um filme de terror. — Vocês dois podem se apressar? Eu não tenho o dia todo. Nós nos viramos com a voz estrondosa antes de começarmos a sorrir. — Eu tenho treinado com Heath, então vamos ver quem vai precisar se apressar. — Larguei minha bolsa no chão e dei um abraço em Em, batendo nas costas dele.


— Droga, eu me sinto mal por você. Estou surpreso que você ainda possa sentir suas pernas. Cometi o erro de pedir a ele para me ajudar a malhar depois do último ano. Não consegui andar por uma semana depois da primeira sessão. — Em riu e Heath deu de ombros. — Não é minha culpa que vocês dois não consigam me acompanhar. Quero dizer, me certifico de dar só oitenta por cento de mim quando estou malhando com outras pessoas. Eu acredito totalmente nisso. Heath era um cara descontraído em todos os lugares, exceto no gelo, ele era um animal implacável no ringue. Se fosse possível juntar uma equipe com oito Heaths, você nunca nem saberia qual é a sensação de levar gol do time adversário. E não era apenas habilidade, era a resistência dele. Ele poderia passar o que pareciam horas sem parar. Em nos guiou de volta ao vestiário, e nos trocamos antes de sair para o único lugar onde tudo fazia sentido. Nosso playground. Nosso campo de treinamento. O gelo era nosso refúgio. — Eu não posso acreditar que você é um King novamente. — Eu puxei meu taco empurrei para frente, fazendo o disco voar. O ar congelante da pista deslizou pelo meu rosto enquanto minhas lâminas cortavam o gelo. Enormes luzes no teto iluminavam toda a área. Uma vantagem de ser uma estrela profissional. — Eu pensei que uma vez um King, sempre um King. — Emme patinou em minha direção, me banhando em um spray de gelo quando mudou de direção. — Filho da puta! — Eu gritei atrás dele e o segui, indo para um lado e para o outro e avançando. Heath estava em seu próprio mundo, se aquecendo no impressionante estádio dos profissionais enquanto rodeava a pista, indo cada vez mais rápido com um taco em uma mão e passando o disco entre as lâminas dos patins e o taco. Eu alcancei Emme e consegui tirar o disco dele, o batendo contra as paredes do ringue. — Você já jogou contra a Dupla Dinâmica? — É claro. — Ele grunhiu, se afastando das paredes e indo atrás do disco. — Joguei contra eles há algumas semanas. Saí para jantar com eles e Liv. Ela e Grant estão se formando no ensino médio em algumas semanas. — Ele patinou para trás, me provocando. — Caramba, sério? A pequena Olive e Grant estarão na faculdade. — Grant é o irmão mais novo do Ford. Ele e Liv estudavam juntos na Ri enhouse Prep antes de Colm transferir Liv para Boston para um colégio interno enquanto ele foi para a faculdade e depois se tornou profissional. — Não é tão pequena mais. Colm me mataria se me ouvisse dizendo isso, mas na verdade ela está um pouco gostosa agora.


Eu faço uma careta com isso. Era difícil imaginar a pequena aluna magricela do oitavo ano como algo além disso. — Eu vou acreditar na sua palavra. — Heath passou por nós, me dando a distração que eu precisava. Deslizei meu taco entre as pernas de Em e agarrei o disco, correndo em direção ao meu gol. Os patins de Emme cortaram o gelo enquanto ele me perseguia, e eu fiz uma curva acentuada para despistá-lo fora, mas não funcionou e ele continuou indo na minha direção. Mudando de tática, eu me virei e joguei meu ombro nele, o esmagando contra o vidro. Ele se empurrou do vidro e correu atrás de mim enquanto eu corria e jogava o disco para a parte de trás da rede. — Parece que o jogador universitário venceu o jogador profissional. — Eu joguei minhas mãos no alto e simulei o rugido da multidão. — Diga isso na minha conta bancária. — Emme sorriu, descansando a cabeça em cima das mãos no taco. — Como se esse não fosse o caso desde sempre. Nenhum outro aluno do ensino médio que eu conhecia poderia dar trinta mil em um anel de noivado. — Heath gritou da beira da pista. Minha risada morreu na minha garganta quando percebi o que Heath havia dito. Heath parou com tudo ao meu lado enquanto esperávamos a reação de Emme . — Não se preocupem. Eu não vou surtar. Isso foi há anos atrás. Me esquivei da porra de uma bala, não é mesmo? Vocês tentaram me avisar. — O olhar duro em seus olhos não conseguiu esconder a dor que estava lá. Emme virou-se e patinou para o banco. Eu soquei Heath no ombro, e ele estremeceu, esfregando o local. — Relaxa, — ele disse, me lançando um olhar. Avery era um assunto proibido entre nós. Eu fui o único que estava na festa quando eles terminaram - não, essa não era a palavra certa. Implodiram parecia mais apropriado, mas isso não significava que todo mundo não tinha ouvido em detalhes excruciantes como as coisas aconteceram. O soco no estômago ao descobrir que sua namorada de três anos estava te traindo quando você tinha um anel de noivado no bolso era seriamente fodido. Eu nunca tinha ouvido alguém emitir um som como ele emitiu naquela noite, e fui atingido nas bolas várias vezes por discos. Ele quebrou a porta da frente quando fugiu, e todos os outros da festa ficaram ali em silêncio, atordoados. Nós aprendemos a não falar sobre ela. Nunca. Se falássemos, ele iria embora. No meio de uma conversa, no meio de uma viagem de carro, não importava. Heath - sempre era Heath e sua boca grande falou o nome dela quando estávamos voltando de Boston para ver Colm e Ford jogarem seu primeiro jogo profissional, e Emme quase


pulou do carro em movimento. Ele abriu a porta quando paramos em um sinal vermelho e saiu, encontrando o caminho de casa. Parecia que depois de quase quatro anos a ferida ainda não estava completamente cicatrizada. Quem sabia se isso algum dia cicatrizaria. As memórias do ensino médio voltaram e, conhecendo Makenna como conheço agora, parte de seu antigo comportamento irritante mudou em minha mente. Ela não era a garota rica e esnobe que sempre tinha que estar certa. Como Colm, cujos pais foram mortos em um acidente de carro durante o último ano do ensino médio, ter dinheiro não o isolava dos tipos de coisas que algumas pessoas nunca se recuperavam. Todo o dinheiro do mundo não impediu o pai dela de ficar doente, nem os pais de Colm de morrer ou o quase pedido de casamento do Emme de explodir em seu rosto. Crescendo, eu sempre pensei que as crianças que não eram bolsistas tinham tudo, mas eu sabia agora que isso não era verdade. Archer nos deixando foi provavelmente a melhor coisa que já aconteceu agora que vejo como ele era um idiota colossal. Claro, eu estraguei as coisas no segundo ano tentando trabalhar para ajudar minha mãe com um dinheiro extra e não ter passado em uma ou duas matérias, mas não era nada em comparação do que poderia ter acontecido. Nós ficamos no gelo até alguém apitar, informando que nosso tempo havia acabado. É claro que Heath estava apenas se aquecendo, mas minhas pernas estavam bambas após o grande esforço com esses dois. E nunca me senti melhor. Estar aqui trouxe de volta todos aqueles sentimentos do ensino médio. A invencibilidade. A promessa. Tudo tinha sido muito mais fácil naquela época. — Eu não sei por que vocês ainda estão aqui. — Emme levantou a cabeça de onde estava desamarrando os cadarços dos patins quando saímos do gelo. — Minha mãe realmente quer que eu me forme. Ela nunca teve a oportunidade e gostaria que eu recebesse meu diploma antes que eu começa a jogar. — Dei de ombros e trabalhei em meus patins. — Vocês podem voltar depois e jogar. Há jovens de dezessete e dezoito anos da Eslovênia e outros lugares deslizando direto para os lugares que vocês dois não estão preenchendo. Heath se inclinou para tirar os patins. — Estou trabalhando no meu diploma de botânica. Não posso voltar depois. Isso significaria deixar meu trabalho para trás. — São plantas, Heath. Tenho certeza de que as plantas ainda estarão por aí daqui a alguns anos. — Eu gosto da faculdade. Eu tenho o resto da minha vida para jogar hóquei, mas esse é um momento especial. Temos que


aproveitar essa merda. — Nós dois o encaramos, mas ele já pegou suas coisas e deixou a caixa. Ele nem olhou para trás quando passou por nós, nossas bocas abertas. A essa altura, ele já se acostumou com todo mundo olhando boquiaberto para ele depois que joga alguma sabedoria-estranha-do-Heath em nós. Emme e eu caímos na gargalhada enquanto vamos atrás dele. Dei uma última olhada para o gelo antes de me virar para acompanhar os caras. Em breve seria eu ali dentro, patinando, sob as luzes com o rugido da multidão me pulsionando com mais força do que nunca. — Algumas coisas nunca mudam, não é? — Eu moro com ele; imagine como é isso. Você não tem ideia de quantas situações ele entra cegamente e se esquiva de cada bala como se tivesse um super poder ou algo assim. Ele se vira e fica, ah, aquele prédio estava pegando fogo? E dá de ombros. Isso me faz querer dar um soco na cara dele, levantar e bater palmas ao mesmo tempo. — Eu consigo imaginar. Vou tentar ver um dos jogos de vocês. Acho que vou voltar à cidade em novembro. — Isso ia ser demais. Um novato presunçoso vai te mostrar como é feito. Emme revirou os olhos e balançou a cabeça. — Como está LA? — Perguntei enquanto ele pegava uma toalha. — Ah, é LA. Ensolarado. Quente. Mulheres gostosas. Tenho um apartamento. Meu pai está lá às vezes. — Ele fez uma careta e abriu a porta do vestiário. — Sério? Você o vê? — O relacionamento deles sempre foi distante, na melhor das hipóteses. Ele nem chegou a ir formatura do ensino médio dele. Foi parte do motivo pelo qual ele saia impune de tudo na escola. Um monte de dinheiro, nome consagrado e pais ausentes eram mais do que suficientes para a maioria das pessoas causarem problemas. Mas ele manteve as coisas na linha. A coisa mais louca que ele fez foi praticamente pedir para Avery morar com ele quando ela não estava cuidando da irmãzinha. Ele revirou os olhos. — Eu nem o via quando morávamos juntos na mesma casa. Você acha que ele se dignaria em atravessar a cidade para me ver? De jeito nenhum. Eu só descobri porque a assistente da minha mãe me encaminhou os documentos finais do divórcio deles. Como se eu precisasse dessa merda. A única vez que o vejo é quando tenho que lidar com algo da minha poupança que não podemos fazer pelo correio ou pelos assistentes. — Isso é péssimo, cara. — É o que é. — Ele deu de ombros e pegou uma toalha. Peguei uma da pilha alta de toalhas brancas e fomos para o chuveiro. Cada


um de nós entrou em box de vidro fosco fechados. Fale sobre ambiente de luxo. Nós tomamos banho e pegamos um táxi para comermos algo. Algumas pessoas vieram falar 'oi' e tirar foto com Emme ou nos perguntar sobre a próxima temporada. — Vocês dois não têm ideia de como é depois que começam a jogar profissionalmente, cara. Vocês acham isso divertido? Esperem até ser reconhecidos em todos os lugares, não apenas na sua cidade natal. — Ele esticou os braços por cima da cabine, absorvendo toda a atenção. — Você só diz isso porque é um mulherengo. — Heath riu e tomou um gole de cerveja. — Mulherengo implica que eu durmo com qualquer uma. Eu não traio. Não quando estou namorando alguém. — Você também não namora. — Mordi meu hambúrguer enorme. Emme costumava ser o cara mais romântico do mundo. Doentio e ao ponto de nós enchermos o saco dele o tempo todo, quando estava com Avery. Ele era cheio de buquês de rosas, passeios de limusine e bons jantares. Pelo que eu ouvi dos outros caras, as coisas mudaram um pouco. — Eu namoro dentro dos perímetros certos. Sob circunstâncias que impedem que as coisas fiquem muito sérias. — Emme parou de examinar o bar e pegou sua cerveja. — Trata-se de garantir que todas saibam o acordo antecipadamente. Então ninguém se machuca. — Tenho certeza que isso funciona muito bem. “Olha, eu não estou nisso querendo um relacionamento longo; você me deixa te comer por alguns meses e então você cai fora? E aqui está um bom cheque para manter a boca fechada.” É, isso soa como algo que nunca sairia dos trilhos. A cabeça de Emme se virou para Heath, que levantou as mãos em sinal de rendição. — Você sabe que não pode contar nada a ele sem que tagarele sobre isso em todos os lugares. Emme apertou a ponta do nariz. — Quer saber de uma coisa, você está certo. Não sei o que eu estava pensando. De qualquer forma, está funcionando até agora. — Para você. Ele estreitou os olhos. — O que diabos isso quer dizer? — Só estou dizendo que tenho certeza que às vezes as pessoas se magoam, mesmo que você não queira que isso aconteça. — O olhar no rosto da Mak no ensino médio quando eu a provocava sobre sua vida perfeita ou até mesmo no primeiro dia na lanchonete, quando a provoquei sobre Stanford... eu não conseguia me livrar de quão merda isso me fez parecer.


— Olhe para você, Sr. Sensível. Acho que me lembro de alguns corações partidos no rastro do McAvoy. — Ele ergueu uma sobrancelha para mim e não estava errado. — É provavelmente porque ele está saindo com a Makenna, do ensino médio. Ela está mantendo ele na linha. Os olhos de Emme se arregalaram e ele engasgou com sua bebida. Heath mastigou as batatas fritas com os olhos colados na tela em frente a nossa mesa. Lancei um olhar bravo para ele que nem percebeu. — Você está saindo com a Rainha do Gelo? Porra, as coisas mudaram. Eu pensei que vocês dois se odiavam. — Nós nunca nos odiamos. Nós apenas gostávamos de irritar um ao outro. E não estamos realmente saindo; somos parceiros em uma das aulas. Não que houvesse algo errado caso estivessemos saindo. Ela é legal. — Ambas as cabeças se viraram na minha direção com as bocas abertas. Quero dizer, ela era. Todo mundo estava lidando com suas próprias merdas. Eu não tinha mais medo das nossas sessões. Eu gostava delas. Quando ela parava de ser tão certinha em relação a tudo, ela era realmente muito engraçada e... linda. Quero dizer bonita - não bonita, legal. Ela era legal. — Nós somos amigos. É isso aí. Emme e Heath trocaram olhares e riram. Isso não foi um bom sinal...


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MAKENNA

— E u acho que fizemos mais do que o suficiente. — declan

deitou na minha cama, olhando para o teto. nós nos mudamos para o meu quarto quando ele reclamou da última vez que nosso sofá era algum tipo de dispositivo de tortura. — Se passarmos pelas últimas páginas, pense em quão pouco teremos que fazer depois. — Me virei para o meu computador, meus dedos voando sobre as teclas. Declan resmungou, e as molas do colchão chiou quando se levantou da cama. — Ou paramos por hoje. — A tela do meu notebook começou a fechar, e eu inclinei minha cabeça, tentando digitar as duas últimas linhas antes que eu tivesse que puxar meus dedos para que eles não fossem esmagados. — Chega, Livros. Você não pode dar tudo cem por cento o tempo todo. Divirta-se um pouco. — O que exatamente você acha que estamos fazendo? Isso é divertido. — Eu sorri provocativamente. Ele revirou os olhos e desapareceu do quarto. Meu estômago afundou. Ele acabou de se afastar de mim? Acho que minha piada realmente não deu certo. Girando na minha cadeira, eu estava pronta para ir atrás dele e gritei quando ele apareceu na porta novamente. Ele voltou para o meu quarto com um pack de seis. De cerveja. Não de gominhos que ele tinha no abdômen - ele tinha esses com ele o tempo todo. Sua camiseta sempre se esticava sobre eles. Eu balancei minha cabeça. Isso não. Não pense no abdômen dele. Era um pack de seis cervejas. — Como eu sabia que elas ainda estariam aqui, intocadas? — Ele ficou parado no meio do quarto sacudindo suavemente a embalagem, olhando para mim como se eu tivesse sido impertinente por não beber seis cervejas sozinha. Eu tinha esquecido que estavam na geladeira. — Ah é. — Ah é, está certo. Essas coisas não durariam uma noite na minha casa. Talvez eu comece a esconder minhas cervejas aqui a partir de agora. — Ele pegou sua carteira e deslizou uma coisa estranha e plana para fora da carteira. Ele descansou o na borda da tampa da garrafa e a tirou. Um abridor de garrafas. Claro que ele seria o MacGuyver das bebidas. Ele abriu duas cervejas e me entregou uma. Eu olhei para a garrafa fria pendurada na minha frente e estendi minha mão timidamente. Meus dedos roçaram os dele e se enrolaram na garrafa e o mesmo choque afiado passou por mim. Do tipo que me acorda de manhã quando eu sabia que estava pensando nele, mesmo quando prometi a mim mesma que não pensaria.


— Você gosta de Yuengling? — Ele bateu sua garrafa na minha e tomou um gole. — Eu não sei, na verdade. — O calor subiu para as minhas bochechas enquanto eu pensava em quantas bebidas tinha tomado na minha vida. Eu estava com 21 anos e não havia muita desculpa para uma garota na faculdade não ter tomado pelo menos algumas. — Todas não têm o mesmo gosto? Ele parou no meio de um gole e me encarou como se eu tivesse acabado de dizer que não havia diferença entre uma nota de 3,6 e um 3,59. — Todas têm o mesmo sabor? Que tipo de faculdade é Stanford? Eles têm cerveja lá? Ou você só pode tomar bebidas mistas ou algo assim? — Eles têm cerveja. Eu só nunca gostei do sabor. — Você tem que se acostumar. Revirei os olhos. — É o que todo mundo diz. Testei a bebida na minha mão, tomando um pequeno gole. A amargura tinha uma pitada de doçura por trás, enquanto a leve carbonatação rolava sobre minha língua. Eu fiz uma careta e terminei de engolir. O olhar esperançoso no rosto de Declan caiu. Parecia que eu tinha acabado de chutar um filhote de cachorro. — Desculpa. — Me sentei um pouco à frente. — Tenho certeza de que é algo que eu me acostumaria como todo mundo diz. Ele balançou sua cabeça. — Nunca peça desculpas por não gostar de algo. Se você não gosta, não gosta. — Ele tentou pegar a garrafa da minha mão, mas eu a puxei para trás e tomei outro gole. O zumbido da cerveja viajou através do meu corpo. Eu balancei meus dedos dos pés quando o calor chegou lá em baixo. — Me deixa pelo menos terminar essa. — Eu precisava provar isso para ele e para mim mesma. Ele se inclinou para trás apoiando os cotovelos na minha cama e levantou a garrafa. Tirei os sapatos e passei os dedos dos meus pés no piso frio de madeira. O outono estava rapidamente se transformando em inverno. Conversamos sobre o semestre e hóquei, naturalmente. — Ainda não consigo acreditar que vocês ainda têm todos os dentes. Isso não é uma grande coisa de hóquei? Sorrisos desdentados por serem esmagados contra o acrílico? — Vou te enviar uma foto quando eu perder o meu primeiro. Talvez eu te envie o dente. — Ele me deu um sorriso bobo que me fez apertar minhas coxas. Olhei para a cerveja como se ela tivesse me traído, mas eu já me sentia assim antes quando estava perto dele. — Eca, nojento. — Eu joguei nele um dos travesseiros da minha mesa. Ele a pegou no ar e atirou de volta para mim. Minha tentativa


de pegar foi impedida pela minha cerveja, e eu ri enquanto derramava um pouco na minha mão. Nossa conversa mudou para nossas famílias, e ele achou hilário meus pais estarem vagando pelo país enquanto conversávamos. Fiquei feliz que eles estavam se divertindo. Dessa vez, não havia pitadas de dor. Eles mereceram esse tempo. Uma chance de construir essas memórias enquanto podiam. Sentada no meu quarto com Declan, eu nunca me senti tão leve. O pomo-de-adão dele subia e descia, e eu olhei duas vezes para a cena surreal na minha frente. Declan estava sentado na minha cama, relaxado e passando tempo comigo. Seu corpo musculoso e esbelto espalhado para que eu pudesse estudar um pedaço de cada vez. Rindo para mim mesma, tomei outro gole da minha cerveja. — O que há de tão engraçado? — Ele se inclinou para a frente com os cotovelos apoiados nos joelhos, rolando a garrafa de cerveja entre as mãos. — Se você me dissesse no último ano do ensino médio que eu estaria passando um tempo com você e tomando uma cerveja ou duas, eu teria dito que você era louco. Ele riu e olhou para baixo, mexendo no rótulo em sua garrafa. — Definitivamente. — Houve um silêncio confortável enquanto desfrutávamos nossas bebidas. Bem, ele desfrutava da dele. Eu estava apenas bebendo a minha. — Ei, Mak. — Ele olhou para mim com um olhar preocupado no rosto. — Eu queria me desculpar pela coisa toda da festa no último ano. E assim, fui transportada de volta a uma época que esperava esquecer. Toda a leveza não desapareceu, mas não estava pronta para me levantar no ar como antes. — Eu não teria dito o que disse, se achasse que seria um grande negócio para você. Quem sabe? Talvez eu teria. Eu estava tentando fazer uma piada, e acabei soando como um babaca. Eu estava tendo algumas semanas ruins. — Ele divagou e se mexeu na cama como se de repente fosse feita de lixa e pedras. — Não era algo que eu pretendia que você levasse tão a sério. Eu só estava tentando quebrar o gelo. Você era tão séria naquela época. Ainda é. — Ele inclinou a garrafa para mim e bebeu um pouco. Eu não gostei de vê-lo assim. Por mais que estivesse envolvida em minha própria cabeça, não precisava arrastá-lo para baixo comigo. Eu ri, meu zumbido ficando mais forte a cada gole. Ele olhou para mim, de olhos arregalados. — Eu também quero me desculpar. Sei que você trabalha duro no hóquei e tenho certeza de que vai adorar jogar profissionalmente. Foi realmente admirável que você tenha permanecido na faculdade o tempo todo. Eu também não deveria ter dito o que disse. Então, digamos que estamos quites. Não se preocupe com isso. Eu não


deveria ter levado isso para o lado pessoal. Havia muita coisa acontecendo na minha vida. Eu... eu estava sob muita pressão naquela época. — E agora também, adicionei silenciosamente. — Você se transferiu no primeiro ano para a Ri enhouse Prep, certo? Ele assentiu. Eu respirei fundo. Que bela maneira de acabar com o clima. Eu estava prestes a atropelar tudo com o meu carro. — Você não viu a implosão da família Halstead que aconteceu na sétima série. Eu tinha um irmãozinho. Daniel. — Eu não consegui parar. O nó na minha garganta ameaçou me sufocar, mas eu bebi um pouco mais de cerveja, na esperança de afrouxar o aperto que ele tinha em mim. Eu precisava passar por isso ou nunca iria sair. — Ele ficou doente quando tinha nove anos e eu tinha doze. Leucemia. E ele morreu no verão entre a sétima e a oitava série. — Nossas macas gêmeas sendo empurradas pelo corredor. O cheiro de anti-séptico industrial. Era como se eu pudesse provar o ar estéril só de pensar nele. Declan fez um pequeno barulho, e eu olhei para cima. Ele se inclinou para a frente na cama, sentado bem na beirada. — Enquanto ele estava doente, tentei dar o meu melhor em tudo. Eu não queria ser outro problema para os meus pais resolverem. Ficávamos saindo e entrando no hospital tantas vezes, e as coisas em casa começaram a desmoronar. — Limpei a garganta, tentando falar além da pedra alojada ali. — Eu queria ajudar e tentar manter as coisas limpas. Comecei a cozinhar ou pelo menos esquentar a comida que as pessoas levavam para a minha casa. Depois que Daniel morreu, meus pais ficaram uma bagunça. Era como se uma parte deles tivesse morrido, a acho que de certa forma, morreu. Eles não eram exatamente... funcionais. Ele estendeu a mão e puxou minha cadeira para frente. As rodas deslizaram pelo chão até meus joelhos ficarem entre suas pernas abertas. Eu olhei para a cerveja em minhas mãos. — Eu pensei que se eu fosse útil o suficiente e perfeita o suficiente, talvez os ajudassem a voltar do lugar sombrio para onde todos fomos quando ele morreu. Talvez eu pudesse fazê-los felizes novamente. Eu pudesse fazê-los sorrir para mim sem a tristeza em seus olhos. Talvez eu pudesse fazer com que eles me vejam novamente. — Minha voz falhou e eu pisquei furiosamente, tentando manter as lágrimas à distância. Sugando uma respiração estremecida, eu olhei para ele. Seus olhos tinham seu próprio brilho de lágrimas neles. — Eu sei como estragar um momento divertido, não é? Desculpa. — Levantei minha cerveja e tomei um gole. Ele deslizou as mãos nas minhas pernas, logo acima dos meus joelhos, e apertou suavemente.


— Nunca peça desculpas por isso. Estou feliz que você tenha me contado. Me desculpa por não saber sobre seu irmão e sobre tudo o que está acontecendo com sua família. Eu era um idiota egocêntrico naquela época. — Era? — Eu abri um sorriso. O peso me sufocando e a tristeza que se apossou de mim sumiram um pouco no momento em que suas mãos me tocaram. Havia muitas coisas que pareciam diferentes quando eu estava perto de Declan McAvoy. Olhei em seus olhos, e o zumbido estava de volta com força total, mas eu sabia que não tinha nada a ver com a cerveja dessa vez. — Sim, eu sei. Às vezes ainda posso ser um idiota. — Não, você realmente não é. Eu só fico um pouco tensa às vezes. — Eu desviei o olhar. — Às vezes! Vamos lá, você é a seção de cordas completa de uma orquestra. Eu soltei uma risada e assenti, drenando o resto da minha cerveja. A sacudindo para ele como um testamento de que eu não era tensa o tempo todo, fui pegar outra ao mesmo tempo que ele, e nossas cabeças estavam a um centímetro de distância. Suas sardas não eram tão brilhantes quanto no início do semestre. O clima de outono significava que o sol do verão não estava lá para beijá-las, para fazê-las reviver, mas tão perto eu podia ver todas com detalhes vívidos. Nós congelamos assim, curvados com um braço estendido para o pacote de cerveja no chão. Meus dedos roçaram os dele sobre a garrafa de vidro frio, e eu respirei fundo. As pupilas de seus olhos ficaram maiores, o verde musgoso dando lugar ao preto quando ele levantou a garrafa com a minha mão ainda na dele. Colocando a cerveja na cama, ele inverteu o aperto e entrelaçou os dedos nos meus. Meu pulso disparou quando a repetição da dança do baile de formatura me atingiu diretamente. Quanto eu queria provar seus lábios. Como foi bom ter os seus braços em volta da minha cintura. Ele olhou nos meus olhos com os seus nunca deixando os meus. — Mak. — Sua voz saiu mais grossa do que o habitual, e um arrepio percorreu minha espinha. Ele disse meu nome como uma oração que esperava que eu respondesse. Com os nossos dedos entrelaçados, ele me puxou para mais perto até meus joelhos atingirem a beira da cama. Hesitante, estendi minha mão e a deslizei pelo seu pescoço até seus cabelos, deixando seus fios encaracolados percorrerem entre meus dedos. Ele estremeceu e fechou os olhos por um segundo. Quando se abriram, o desejo avassalador neles fez meu corpo zumbir. Com as emoções tão fortes assim, eu não conseguia me convencer a não querer ele. Meu corpo e eu estávamos totalmente de acordo dessa vez. Ele era nosso, pelo menos por essa noite.


— Declan. — Minha voz saiu, e não parecia nada comigo. Estava ofegante e carente, como se a dor que eu estava sentido pudesse ser curada apenas por ele. Como se estivesse com medo que eu evaporasse no ar, ele se inclinou até nossas testas se tocarem. — Você tem certeza? Minha garganta estava apertada. Ele com certeza não estava perguntando se eu queria outra bebida. Eu não sei do que eu tinha certeza, mas seja o que for que ele tinha em mente, eu precisava. Precisava dele para me ajudar a controlar esses sentimentos ou tirálos do meu sistema. Os sentimentos que me atingiam no segundo em que ele entrava em uma sala ou que doíam quando ele saia. De alguma forma, cheguei ao ponto em que Declan McAvoy era uma ameaça para o cuidadoso equilíbrio que coloquei na minha vida e eu não sabia como consertar isso. O longo silêncio se estendeu entre nós e eu assenti. Foi o único aviso que recebi antes que ele me levantasse da cadeira, pressionando seus lábios nos meus. Ele tinha gosto de cerveja, e nunca tinha sido tão boa. Eu abri minhas pernas e montei em seu colo, nossos corpos se encaixando quando ele empurrou sua língua na minha boca. Sem pensar, balancei meus quadris contra ele, fechando os olhos enquanto os pequenos solavancos de prazer rolavam pelo meu corpo. Suas mãos percorreram minhas costas, me pressionando contra ele ainda mais. Meu coração batia tão forte, que era como se estivesse tocando meu próprio solo de bateria no peito. Cada centímetro meu queria estar perto dele. Não havia ar suficiente no mundo para encher meus pulmões, e eu não conseguia pensar direito com seus lábios nos meus. Envolvendo meus braços em volta do pescoço dele, eu gemi quando seus dedos correram pela minha espinha por baixo da camiseta. A protuberância debaixo da minha bunda fez meu núcleo latejar. Toda história dos vestiários do ensino médio passou pela minha cabeça Minha boceta se contraiu quando seu comprimento duro me cutucou através do meu jeans, exigindo que sua presença seja conhecida. Ah, e como estava sendo conhecida. Quebrando nosso beijo, puxei seu cabelo. Seus olhos dispararam para os meus, verde colidindo com azul. — O que uma garota precisa fazer para passar da primeira base? — Sempre tão mandona. — Sua risada se transformou em algo mais profundo quando eu rocei meus quadris contra ele. Saiu como o gemido de um homem faminto finalmente apresentado com um buffet. Fez minha respiração ficar presa enquanto ele segurou minha


bunda e me virou. Eu balancei na cama, e ele ficou de pé na beira do colchão. Puxando a barra da minha camiseta, eu a tirei. Eu tinha que estar um passo à frente de mim mesma ou iria amarelar. Nunca me perdoaria por não fazer isso pelo menos uma vez. — Eu vou te mostrar exatamente o que você tem que fazer. — Ele passou as mãos nas minhas coxas, mantendo os olhos nos meus. Minhas sobrancelhas se contraíram quando ele se inclinou para frente com um sorriso no rosto. Eu respirei fundo quando ele abriu o botão do meu jeans com os dentes. Meu clitóris latejava, e eu sabia que estava no caminho do melhor momento minha vida.


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DECLAN

O olhar no rosto dela quando eu abri o seu jeans quase me fez rir. Quase, mas o latejar do meu pau e a enorme necessidade de tocá-la empurraram todo o resto para o lado. Eu não tinha outro propósito na vida além de tocar em Mak e fazê-la me querer tanto quanto eu a queria. A tensão crescente entre nós estava prestes a explodir, e eu também, se não entrasse nela. Ela levantou os quadris para me ajudar a arrastar o jeans e a calcinha pelas pernas. Um olhar para sua boceta molhada e meu peito ficou apertado. Era difícil respirar. Como a antecipação antes de desembrulhar um presente que você nem sabia que ia ganhar. A pequena faixa de pelos que ela tinha logo acima de sua boceta era perfeita. Eu não era um cara que gostava de tudo muito liso. Eu gostei que ela tivesse algo lá, mas meus olhos estavam fixos nos pontos brilhantes entre suas coxas. Como se ela estivesse pensando em fazer isso comigo tanto quanto eu pensava em fazer com ela. — Linda, Mak. Absolutamente linda. — Eu mal reconheci minha própria voz. As coisas nunca haviam sido assim antes. Mas ela era diferente de todo mundo que conheci antes. Ela me desafiava e me frustrava sem fim. E eu não trocaria isso por nada. Ela se apoiou nos cotovelos, sorrindo antes me chamar com um dos dedos, pedindo para eu me aproximar como uma sirene chamando para as rochas do prazer, pronta para me destruir. Mas eu não queria mudar de rumo agora. Não conseguiria. Ela era minha dona. Eu queria ver esse lado ousado dela com mais frequência. Deslizei minhas mãos ao longo de sua pele, fazendo meu caminho para cima, a salpicando com beijos enquanto arrepios irromperam por ela. Resisti à vontade de ir rápido demais. Eu queria que isso durasse. Eu queria que ela me desejasse tanto quanto eu a desejava. Suas pernas tremeram e ela respirou fundo. Eu não era o único antecipando quão bom isso ia ser. Ela estendeu a mão para mim. Seus dedos tocaram minha pele, enviando tentáculos ardentes de desejo através do meu corpo como um soco no estômago. Ela passou as mãos pelas minhas costas, e meu pau ficou duro contra o zíper do meu jeans. Eu deveria ter tirado meu jeans, mas fiquei atordoado quando ela estava na minha frente. Eu não queria perder mais um segundo sem tocá-la. Com os braços estendidos para mim, ela estava estendida na cama como um lago intocado após uma nevasca. Eu queria deixar minha marca nela para que ela nunca esquecesse. Aquelas emoções


brotando dentro de mim me assustaram pra caramba. As empurrando para o lado, coloquei meus quadris entre suas pernas abertas. Me abaixando em cima dela, tirei os cabelos do seu rosto. Eu queria olhar nos olhos dela e queria que olhasse nos meus. Cada segundo pulsava com a promessa de me afundar nela e nos levar a um caminho sem volta. A antecipação no ar era tão espessa entre nós que eu podia sentir o gosto como eu queria sentir o gosto dela. Corri meus lábios ao longo de seu pescoço até que ela colocou as pernas em volta dos meus quadris, seus calcanhares cavando na minha bunda com uma necessidade insistente e urgente. Inclinando sua cabeça, ela gemeu com meus beliscões ao longo de sua pele. Seu cheiro, seu toque, seu gosto, tudo me fez querer que essa noite durasse o máximo possível. Fazer de hoje algo que ela não conseguiria esquecer. — Pare de me provocar. — Ela segurou meu cabelo e o puxou um pouco, fazendo meu couro cabeludo formigar. — Não seria tão divertido se eu não provocasse. — Eu peguei seu olhar. Partes iguais de alegria e luxúria, ela me encarou com um sorriso torto. Como se soubesse que estava me deixando louco. O azul brilhante de seus olhos ameaçou me afogar enquanto ela lambia seus lábios carnudos e rosados. Eu me apoiei nas mãos e beijei meu caminho para baixo pelo seu corpo até que eu estava fora da cama. Piscando para ela, desabotoei meu jeans. Ela revirou os olhos e tirou o sutiã. O tecido rosa claro voou pelo quarto. Seus mamilos clamavam pelo meu toque, pela minha boca. Vê-la assim tão aberta e carente e exigente, tudo embrulhado em um lindo pacote, fez meu pau latejar com a expectativa de dar a ela tudo o que ela precisava. Seu desejo por mim estava em plena exibição, e meu pau bateu no meu estômago. Eu não conseguia focar em apenas uma parte dela. Eu queria tudo. Eu fiz isso com ela, a deixei tão quente quanto ela me deixava. Fiquei com água na boca quando eu a cheirei, e embora eu queria estar dentro dela, precisava ainda mais prová-la. Me ajoelhei no chão e a puxei para a beira da cama, colocando suas pernas sobre meus ombros quando ela se levantou. — O que você está fazendo? Eu mantive minhas mãos em suas coxas, apertando a carne lá. Sua pele macia e quente deslizou sob o meu aperto. — Pensei que era óbvio. — Subi minhas mãos em suas pernas, e ela respirou fundo. — Eu nunca consegui gozar assim. — Ela se sentou totalmente. Seus olhos percorreram o quarto como se ela preferisse olhar para


outro lugar do que para mim. Eu congelei enquanto processava o que ela havia dito. — Nunca? — Não. Nunca. Eu só fiz isso algumas vezes e foi rápido e constrangedor, e eu realmente não gosto disso. — Tudo saiu como uma palavra longa enquanto ela falava rapidamente. Suas bochechas estavam vermelhas agora, mas eu sabia que não era por causa do meu toque. — Tenho quase cem por cento de certeza de que é porque você não estava com a pessoa certa. Eu nunca recebi nenhuma reclamação antes e posso garantir, sempre farei com que seja tão bom que você exigirá que eu faça isso regularmente. — Que generoso da sua parte. — E assim o constrangimento evaporou, e ela desviou o olhar um segundo antes de revirar os olhos. — Meu objetivo é te agradar. — Abaixei minha cabeça novamente, mas ela me bloqueou com o braço. — Vamos pular tudo isso e ir para as partes boas. — Ela disse como estivesse tentando distrair um cachorrinho que não queria soltar um osso. — Por favor. — Sua voz saiu baixa, carente e clara, e seus olhos suavizaram, sua incerteza e desejo claros para mim. Meu coração bateu forte quando ela levantou o braço e passou os dedos pelos meus cabelos. — Eu realmente gostaria que você me fodesse. — As palavras saíram de seus lábios como se ela estivesse dizendo, eu realmente gostaria que você me acompanhasse até em casa. Tão doce. Eu estava dividido entre saciar minha fome e ceder ao que nós dois precisávamos. Quem sou eu para negá-la? Ela esticou a mão para baixo entre nós e segurou meu pau duro. Respirei fundo e lutei para manter meus olhos abertos. Eu não queria perder um segundo disso. — Eu acho que um passe único de pular-para-as-partes-boas pode ser arranjado dessa vez. — Ela soltou uma risada rouca e tirou a mão do meu cabelo. Eu me arrastei para a cama, e ela foi para trás para me dar espaço. Nossas testas quase se tocando, nossos olhos presos, a segui para cima como um predador perseguindo sua presa. Abaixando meu corpo no dela novamente, passei minhas mãos pelos seus cabelos e dei outro beijo ardente em seus lábios. Seus joelhos subiram e se abriram mais, me deixando chegar ainda mais perto dela e me dando ainda mais acesso à sua doce boceta. Seu calor quente e úmido descansava no meu estômago logo acima do meu pau. Estremeci e contei na minha cabeça para que isso não acabasse antes mesmo de começar. Quebrando nosso beijo, eu a encarei. Ela era a coisa mais linda que eu já vi. Seus lábios rosados estavam cheios e úmidos dos meus beijos, seus seios subindo e descendo em antecipação a mim


finalmente fazendo dela minha. Levantando meus quadris, eu passei meu pau ao longo de sua boceta, sua umidade encharcando minha cabeça. Nós dois gememos, mas eu recuei quando ela empurrou a mão contra o meu peito. — Espera! Camisinha, — ela sussurrou. E então me atingiu. Eu estava prestes a me afundar nela sem proteção. Eu nunca tinha feito isso antes. Nunca sequer pensei em fazer isso antes, mas ela me deixou louco, e eu queria, sem sequer pensar nisso. — Na gaveta. — Ela esticou a mão em direção à mesa de cabeceira, e eu estendi a mão e a abri. Uma centelha de ciúme passou por mim ao pensar em outro cara lá com ela fazendo a mesma coisa. Peguei a caixa e o monstro de olhos verdes se acalmou um pouco quando vi que estava lacrada. Eu a rasguei como um urso atrás de mel e joguei uma faixa de preservativos na cama ao nosso lado, abrindo uma e a enrolando em mim. Ela se tocou enquanto eu me preparava, seus dedos bombeando em si mesma enquanto suas costas se arqueavam da cama. Os sons de seu desejo enviaram um arrepio pela minha espinha quando levantei suas pernas. Agarrei sua mão e trouxe seus dedos aos meus lábios enquanto alinhava meu pau com ela. Seu sabor almiscarado explodiu na minha boca, e eu sabia que teria que prová-la em breve. De joelhos, pressionei contra ela. A cabeça do meu pau querendo tornar sua presença conhecida, eu estava exigindo entrada. Houve uma pitada de resistência, e suas respirações saíram mais rápidas antes de eu empurrar meus quadris e me afundar nela. Por uma fração de segundo, surgiu na minha mente que ela poderia ser virgem, mas não havia como voltar atrás mais. Sua boceta envolveu meu pau como um punho, e eu fiquei tonto. Empurrando meus quadris, mordi meu lábio. Observá-la se contorcendo debaixo de mim rapidamente se tornou meu novo esporte favorito. Cada som. Cada gosto me deixou um pouco mais viciado. As costas de Mak se arquearam da cama. Meu nome em seus lábios enviou um arrepio na minha espinha. Ela gritou e eu estava perdido nela. Eu me sentia como um rei patinando no gelo e acertando um gol na rede, mas nunca me senti invencível até o momento que ela olhou nos meus olhos, choramingando enquanto eu explorava seu corpo com o meu. Estendendo a mão, toquei no seu clitóris com o polegar, e suas pernas travaram em volta de mim, mantendo meus impulsos curtos e rápidos. Ela balançava de volta contra mim enquanto nosso ritmo sincronizava.


Toda aquela corrida com certeza valeu a pena. Ela pegou um travesseiro e o pressionou no rosto enquanto gritava nele. Parecia muito com o meu nome. Eu tentei não deixar isso ir para a minha cabeça - nenhuma das duas. Minha mandíbula flexionou, eu continuei estocando até o aperto que ela tinha no meu pau se soltar. Sua boceta me ordenhava por tudo que eu valia, e eu não conseguia mais me segurar. Assistir desmoronar era a minha visão favorita do mundo. Eu preferia assistir ela do que hóquei. Eu rugi o nome dela e a segui, atirando jato após jato de gozo no látex entre nós. Meus braços cederam, e eu caí em cima dela. Meus ouvidos zumbindo por causa de todo o sangue que correu para minha cabeça quando ela me apertou com força. Isso tinha que ser o mais rápido que eu já gozei. Me consolei só com o fato de ter feito ela gozar primeiro. Nós dois estávamos tão prontos e em sintonia um com o outro. Esse primeiro foi apenas para aliviar a tensão. Haveria muito mais de onde esse veio. Rolando para o lado, eu ofegava enquanto meu coração martelava contra as minhas costelas. Seu braço roçou o meu enquanto ficamos deitados ali em um silêncio atordoado, tentando nos recuperar do que havia acabado de explodir entre nós. Meu cérebro estava uma bagunça, mas eu sabia que isso era diferente. Assustador como o inferno e como nada que eu tenha experimentado antes. Gemendo, me levantei e me livrei da camisinha. — Você pensou que eu era virgem, não foi? — Sua voz sexy estava cheia de diversão quando eu deslizei de volta para a cama. — Por que você diz isso? — Eu rolei para o meu lado e apoiei minha cabeça na minha mão. Eu a queria novamente. Mesmo que eu ainda estivesse recuperando o fôlego, eu sabia que uma vez não seria suficiente. Inferno, terminar a caixa de camisinhas dela não seria suficiente. — Você definitivamente tinha um olhar no rosto quando estava prestes a afundar em mim, do tipo “Ah, merda! E se ela for virgem? Ela totalmente é virgem!” Você tem um rosto muito expressivo durante o sexo. — Seu rosto de medo fingido me fez rir. Pego! Ela passou a mão pela lateral da minha cabeça e passou um dedo pelo meu pescoço, trazendo os arrepios de volta. Seu toque era tudo que precisava, e eu não tinha ideia de como processar isso. Eu não tinha ilusões sobre o que isso era porque eu conhecia Mak. A meia noite, tudo se transformaria em abóbora novamente e ela vai começar a surtar. Era como se ela fosse uma pessoa diferente. Mais ousada, relaxada, ainda mais bonita do que o habitual. — Então, como foi essa não-virgem durante o sexo? Olhei para ela e vi os sinais de preocupação voltando. Não era nem meia-noite; eu a manteria nesse lugar o máximo que pudesse.


— Eu não tenho evidências empíricas suficientes para fazer esse julgamento ainda. — Corri meus dedos ao longo do meu queixo em uma profunda reflexão. — Acho que vamos ter que fazer isso mais algumas vezes antes que eu tenha certeza. — Essa é a sua maneira normal de testar teorias? Transar o seu caminho todo através delas? — Seus sorrisos e risadas eram como uma droga, e eu queria o máximo que conseguisse antes que ela os levasse para longe de mim. — Às vezes eu mostro dedicação extra à pesquisas que realmente mexem comigo. — Mordi seu lábio inferior e a deitei de costas. Ela soltou um suspiro que se transformou em risada. Cada nota que saia dos seus lábios era como um presente precioso embrulhado com um laço. Seus cabelos se espalharam pela cama e a cercaram. — Eu acho que essa pesquisa definitivamente mexeu com você. Ela esticou a mão para baixo entre nós e envolveu os dedos ao redor do meu pau. Os tentáculos ardentes de prazer roubaram meu fôlego enquanto ela movia a mão para cima e para baixo no meu eixo. — Realmente mexeu. Agora vamos ao trabalho. Depois disso, haverá um questionário completo que vou precisar que você preencha. Sabe, para fins de pesquisa. — Eu acho que isso pode ser arranjado. — Ela procurou a faixa de camisinhas e pegou uma, a entregando para mim. As bordas de seus lábios se curvaram enquanto ela tentava manter a cara séria. Seus lábios brilhavam na luz fraca, brilhantes e carnudos por causa da minha atenção. — Comece a trabalhar, intrépido pesquisador. Estou interessada em ver os resultados em primeira mão desse estudo.


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MAKENNA

Nós dois tiramos uma pequena soneca. não sei quanto tempo

durou, mas acordei com os lábios de declan no meu ombro, beijando seu caminho pelo meu pescoço. Abaixar minhas paredes de proteção, mesmo que um pouco, foi inevitável com ele. Ele estava sempre me provocando e fazendo o seu melhor para me animar. Ficar livre por um tempo... os sentimentos que ele causava em mim, me cegaram completamente. Era como se o ar estivesse sendo espremido para fora dos meus pulmões enquanto o prazer trêmulo e pulsante corria pelo meu corpo. Nunca houve uma dúvida em minha mente de que Declan seria bom na cama. Mas esse êxtase devastador e avassalador ameaçou me consumir por inteira. Era demais, mas ao mesmo tempo, eu queria mais. Muito mais. Estava além de qualquer coisa que já havia experimentado antes e, provavelmente, nunca experimentaria novamente. Ele tinha muitas mulheres aos seus pés para não ser um deus do sexo, mas quando estava comigo, eu não podia nem ficar com ciúmes. Fiquei agradecida por toda a prática que ele teve, porque isso significava que eu estava pronta para acordar todos no complexo de apartamentos quando ele mudou de ângulo e ritmo, e meu orgasmo se chocou contra mim com tanta força que desejei poder morar naquele espaço no limite de um prazer doloroso que explodiu em todas as células do meu corpo. Estrelas brilhavam na frente dos meus olhos. Estrelas reais enquanto minha visão piscou, mesmo sabendo que eu ainda tinha meus olhos abertos. Eu afundei minhas unhas em suas costas e gritei, esperando não deixá-lo surdo. Meu corpo estremeceu e tremeu. Tentei recuperar o fôlego, mas ele continuou. Como uma máquina determinada a arrancar todo o meu prazer, Declan empurrou seus quadris com tanta precisão, que era como se tivesse encontrado as instruções para a minha vagina e estivesse seguindo o manual para não perder nenhuma etapa. O tremor voltou ainda mais forte, e as luzes eram muito mais brilhantes, mesmo com meus olhos fechados. Como uma represa estourando, eu enterrei meus dedos em suas costas e gritei em seu ombro com uma voz que eu não reconhecia. Me segurando nele, mordi seu ombro e meus olhos reviraram na minha cabeça. Seu ritmo nunca diminuiu, tão forte e rápido que ele me manteve suspensa em lugar que fazia meu corpo tremer e esquecer até o meu


nome, onde seu corpo era a única coisa que existia, e meu corpo tentava acompanhar suas ministrações. — Declan. — Soprei seu nome em seu ouvido enquanto me segurava nele como se minha vida dependesse disso. E então todos os músculos de seu corpo se tensionaram como se fosse por isso que ele estava esperando, e ele gemeu, chamou meu nome e caiu em cima de mim. Com meus braços ainda em volta dele, respirei fundo enquanto seu peso se assentava sobre mim como um cobertor quente no meio do inverno. Passei meus dedos por seus cabelos enquanto nós dois ofegávamos, tentando recuperar o fôlego. Ele levantou a cabeça e me beijou na ponta do meu nariz. O preto desapareceu e seus profundos olhos verdes cheios de ternura entraram em foco. Olhando para ele assim, eu estava perdida nas emoções que rodavam em seu olhar. Senti um aperto no peito, mas dessa vez não foi por preocupação, ansiedade ou dor; era outra coisa. Algo que eu nunca senti antes e nunca pensei que sentiria com ele. — Isso foi incrível, Livros. Me dê dez minutos e mostrarei como sou dedicado ao seu prazer. Quero dizer, nossa pesquisa. — Com um rápido beijo nos lábios, ele se afastou de mim e foi cuidar da camisinha. Perder o calor do seu corpo me fez tremer enquanto estava completamente nua em cima do meu cobertor. Ele voltou para mim, arrastou o cobertor pela cama e nos aconchegou juntos. Me segurando em seus braços de frente para seu corpo, ele passou os dedos pelo lado do meu rosto. Esses momentos de ternura não eram para acontecer. Eu o considerava um amigo agora. Um dos poucos que tive ao longo dos anos. Era difícil se abrir para as pessoas quando sua vida não era sua. Eu conhecia as duras realidades da vida. Era apenas uma questão de tempo até que ele desaparecesse como todo o resto, mas eu o seguraria o mais forte que pudesse até então, mesmo que fosse apenas por essa noite. — Eu acho que provavelmente vou precisar de mais algumas demonstrações de suas proezas. — Meu olhar caiu para sua boca enquanto eu traçava meu dedo ao longo de seu lábio inferior. Como seria sentir a boca dele em mim? A tentação de deixá-lo tentar era forte, mas minha ansiedade por estar tão exposta me manteve quieta. — Você sabe, continuando a pesquisa. — Eu olhei para ele. — Eu acho que uma repetição da performance pode ser arranjada. — Ele procurou em cima do cobertor até bater no pacote de papel alumínio. Seu sorriso delicioso me fez morder seu lábio inferior e correr minha língua ao longo dele para aliviar a dor. Ele me fez querer ser selvagem e livre, como o tipo de garota que sempre desejei ser.


— Eu vou fazer você pagar por isso, Livros. E o único pagamento que estou procurando é esse corpo espetacular. — Ele se ajoelhou, me virou de bruços e bateu na minha bunda. Seus dedos afundaram na minha carne e arqueei minhas costas. Meu cabelo caiu no meu rosto, e eu o empurrei para fora do caminho enquanto suas mãos deslizavam sob meus quadris, os levantando. O ar frio atingiu minha boceta, mas foi rapidamente substituído pelo calor e pressão forte de seu corpo enquanto ele se esfregava na minha fenda. Olhei por cima do ombro para vê-lo olhando para onde nossos corpos estavam quase unidos. Eu gostaria de poder ver também, mas todos os pensamentos sobre qualquer coisa, exceto tentar respirar, foram empurrados para fora da minha cabeça quando ele afundou em mim em um longo impulso. Pegando um travesseiro, enterrei meu rosto nele enquanto gritava de prazer. Passando as mãos pelas minhas costas, Declan agarrou meus ombros e os usou como apoio, alterando o ângulo de suas investidas e dissolvendo o último fio de controle que eu tinha sobre o meu corpo. Nos seus braços eu poderia simplesmente ser eu mesma. E naquele momento eu era uma piscina de energia sexual bruta, me fazendo arquejar por ar para não desmaiar. Ele abaixou um braço do meu ombro e esticou a mão para debaixo de mim, batendo no meu clitóris duas vezes, e foi o suficiente para me fazer desmoronar. Meus dedos do pé se curvaram, e eu agarrei os lençóis quando gozei tão forte que podia ouvir o sangue pulsando nos meus ouvidos. O braço de Declan se apertou ao meu redor, e ele gemeu enquanto continuava enfiando em mim. Meus braços não conseguiam mais suportar o meu peso, e eu caí com ele seguindo atrás de mim, suas costas cobrindo as minhas. Deitamos de lado, unidos como um. Seu coração batia forte nas minhas costas e ele levantou o braço entre os meus seios. Eu sabia que ele podia sentir o meu martelando. Não querendo mover um músculo ou nem tendo certeza de que conseguiríamos, ficamos deitados nos braços um do outro por alguns minutos. Ele se levantou rapidamente para jogar fora a camisinha e depois deslizou de volta para a cama atrás de mim. Sua perna pesada pousou sobre a minha e ele me envolveu em seus braços. Não me senti sufocada ou enjaulada; eu me senti quente e segura. Eu poderia dizer ou fazer qualquer coisa com ele, e ele estaria ao meu lado, pronto para ir. — Me de vinte minutos, e vamos trabalhar para terminar essa parte da pesquisa. — Sua voz já estava cheia de sono. — Nós não temos que terminar todas hoje à noite. — Eu bocejei e me aconcheguei mais profundamente contra ele, envolvendo meu


braço em volta do dele no meu peito. — Eu sei que não precisamos, mas isso não significa que não vou tentar. Apenas me dê um tempo. — Meu bocejo disparou o dele e meus olhos caíram. Só precisava fechar os olhos por alguns minutos e descansar para ver o que ele tinha reservado para mim mais tarde. Mal podia esperar. Eu posso até ter alguns truques na manga.


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DECLAN

Eu acordei, passando a mão na cama ao meu lado, e meus olhos se

abriram quando minha mão bateu em lençóis vazios e frios. Protegi meus olhos contra o sol da manhã entrando pelas persianas abertas no quarto de Mak. Sentando na cama, passei as mãos pelo rosto. Olhei para a tira quase terminada de preservativos no chão e dei um sorriso preguiçoso. Ela me desgastou completamente, e nunca adormeci tão satisfeito. Olhei para a tira quase terminada de preservativos no chão e dei um sorriso preguiçoso. Ela me desgastou completamente, e nunca adormeci tão satisfeito. Quase conseguimos usar todos da caixa. Acordar com Mak sentada em cima de mim, mexendo seus quadris em círculos com meu pau firmemente enterrado dentro de sua suavidade sedosa, tinha que ser a melhor maneira de todos os tempos de abrir meus olhos na calada da noite. Eu chegaria às aulas das oito da manhã sem problemas se ela fosse meu despertador. Olhando para ela enquanto me cavalgava, sentindo o prazer que parecia não se permitir desfrutar muito, me fez querer nunca sair da cama. Eu apertei seu seio, segurando seus montes empinados e cheios em minhas mãos, beliscando e provocando seus mamilos. Seus suspiros curtos e afiados e o núcleo apertado enviaram um arrepio na minha espinha. Eu brinquei com seu clitóris enquanto ela jogava a cabeça para trás, chamando meu nome com seu cabelo selvagem e sexy fluindo em torno de seus ombros. Era uma imagem marcada no meu cérebro. Fiquei sentado na cama por alguns minutos tentando ouvir qualquer movimento fora do quarto. Onde ela está? Pegando minha cueca do chão, eu as coloquei e bati na porta do banheiro. Sem resposta. A preocupação guerreava com decepção por ela não estar lá ao meu lado na cama. A abri, e não havia ninguém lá. A porta do quarto estalou e rangeu quando a abri e andei na ponta dos pés para o resto do apartamento, não querendo acordar as colegas de quarto dela - não que tivéssemos pensando nisso ontem à noite. Talvez ela esteja lá fora? — Cara, eu tenho um hematoma na minha bunda na forma de uma mão. Não, apenas sua colega de quarto assustada, cujos olhos se arregalaram como discos quando ela me viu sair do final do corredor. Ela rapidamente empurrou a saia que havia levantado para baixo, esticando o pescoço para ver o hematoma da impressão digital.


— Ei. — Um pouco desconfortável com o quão consciente eu estava por estar meio exposto, lutei contra o desejo de cruzar os braços sobre o peito. Não estar vestindo uma camisa na frente de alguém nunca me incomodou, mas por alguma razão só com a minha cueca, com a colega de quarto de Mak lá e Mak em nenhum lugar, isso me pareceu meio estranho. — Ei. Você é o Declan McAvoy. — A colega de quarto dela colocou a mão em torno de uma caneca e tomou um gole de café. O cheiro da vida me chamou, mas não tive tempo para isso. — Sim, eu sou. Você sabe onde Mak está? — Ela saiu. Ela disse que ia correr, estudar e outras coisas. Ela estava com a mochila. — Ela esfregou os olhos e bocejou, ainda vestindo as roupas da noite anterior. — Certo, obrigado. — Me virei para o corredor, passando as mãos sobre o rosto. Não era assim que a manhã deveria ser. — Você quer um café? — A colega de quarto dela gritou para o corredor atrás de mim. Minha preocupação se transformando em outra coisa. Ela se foi. Do seu próprio apartamento. Verifiquei meu celular e não havia mensagens ou chamadas perdidas. Depois de lhe enviar uma mensagem rápida, procurei pela quarto pensando que talvez ela tivesse deixado um bilhete, mas mais uma vez não encontrei nada. Que diabos?! Quem dorme com alguém e deixa eles de manhã assim? Todas as vezes que fiz isso no passado correram pela minha mente, mas isso era diferente. Com a gente era diferente. Peguei minha camisa e jeans do chão e me vesti. Agarrando o resto das minhas coisas, verifiquei o quarto três vezes, não acreditando que me ela realmente me abandonou aqui. Saí do apartamento com uma plateia de duas pessoas. Suas colegas de quarto de olhos turvos acenaram para mim enquanto eu saía pela porta da frente para a minha caminhada de vergonha. A cada passo longe da porta, eu senti como se tudo o que tivesse acontecido na noite anterior estivesse sendo apagado. O ar frio de outono soprou ao meu redor e cruzei os braços sobre o peito, determinado a obter respostas. Minha mente disparou enquanto eu andava pelo campus. Foi ruim? Foi por isso que ela saiu? Fiz questão de fazê-la gozar, mesmo que ela não me deixasse chupa-la. Ela estava afim. Nós dois estávamos. Mais do que já fiquei afim de alguém antes. Ela se assustou? Inferno, eu estava um pouco assustado com esses sentimentos ternos e a maneira confortável que me senti com os cabelos dela fazendo cócegas no meu queixo, mas eu não teria simplesmente fugido dela. Sem querer, acabei do lado de fora da sala de estudos. Meus ombros caíram quando espiei pela pequena janela ao lado da porta.


Vazia. O resto do andar estava deserto. Quando finalmente voltei para a minha casa, sabia que a dor no estômago não era das cervejas; era porque eu estava gostando da Makenna, e ela nem quis ficar por perto depois que dormimos juntos. Talvez houvesse outro motivo. Talvez tenha sido algum mal entendido. Esperançosamente, enviei outra mensagem para ela e esperei que ela respondesse. E esperei...


18

MAKENNA

Acordando em etapas, passei por cerca de cinquenta emoções

diferentes antes de perceber exatamente o que havia feito. Declan McAvoy estava desmaiado na minha cama. Não por ficar muito bêbado e dormir depois da bebedeira, mas por exaustão sexual. Pulando da cama, tentei passar a mão pelo ninho de rato que era meu cabelo. Flashes da noite anterior me bombardearam. Ele passando as mãos pelos meus cabelos, meus cabelos em volta de seu punho enquanto me pegava por trás. Eu deixei minha cabeça cair nas minhas mãos. Nunca estive tão fora de controle antes. Devassa, pronta e carente. Ele fez isso comigo, e isso me assustou. Estava dolorida em lugares que nem percebi que poderiam ficar doloridos. Deslizando para fora da cama, meus músculos gritaram comigo como nunca haviam feito depois de uma longa corrida. Eu procurei no chão e encontrei minhas roupas da noite anterior. Entrelaçadas com as de Declan no chão. O mais cautelosamente que pude, eu as desembaraçei e coloquei minhas calças, estremecendo com a dor entre minhas pernas. Por uma fração de segundo, pensei em escovar os dentes ou qualquer coisa, mas o risco dele acordar era muito alto. Minha respiração engatou quando uma lembrança de arrepiar a pele da noite passada me fez agarrar a borda da minha mesa. Eu ainda podia senti-lo em todos os lugares. E a sensação dele em mim era boa, mas não era disso que eu precisava. Talvez precisasse ontem à noite. Devo ter, porque nada além de um incêndio poderia ter me impedido de envolver minhas pernas em torno de seus quadris e exigir que ele me fodesse. Atribuindo isso a uma grave falta de sono e muito estresse, eu estava totalmente farta agora. Você sabe que não está veio uma voz pequena na parte de trás da minha cabeça. Mesmo parada em pé no final da cama, onde ele estava esparramado com sua bunda dura e musculosa espreitando dos lençóis, eu queria voltar para debaixo das cobertas ao lado dele. Queria deslizar de volta em seus braços e fingir que fugir nunca passou pela minha cabeça, mas não podia. Relacionamento era a última coisa que eu precisava, e definitivamente não com ele. Sendo o mais quieta possível para não acordá-lo, arrumei minha bolsa e saí correndo do meu quarto com os sapatos na mão. Eu parei quando vi Fiona no meio da cozinha em sua roupa da noite passada. — Ei. Enviei uma mensagem para você ontem à noite? — Ela olhou para a caneca de café do tamanho de uma tigela de sopa. Sua


voz soou como se ela tivesse gargarejado estilhaços. — Ei. E não, acho que não. Por quê? — Porque a eu bêbada continua excluindo todos as minhas mensagens e contatos. Então, começo a receber todas essas mensagens estranhas e não tenho ideia de quem as está enviando e do que estão falando. É realmente irritante. — Ela olhou para mim com os olhos vermelhos. — O que você está fazendo acordada tão cedo? — Eu tinha uma ideia, mas talvez ela não tivesse acabado de chegar em casa e desmaiado em suas roupas de sair. — Acabei de chegar. A configuração de cafeteira automática estava ligada, então peguei um pouco antes de desmaiar por uma hora e depois ir ao brunch com meus pais. — Ela revirou os olhos e bebeu outro gole do café quente. Não esperava que alguém estivesse acordada. Olhando de volta para o meu quarto, debati em dizer a ela que Declan estava lá, mas isso teria levantaria uma série de outras perguntas. — Um amigo veio ontem à noite, mas preciso ir. Vou correr e depois estudar, então te vejo mais tarde. Fugindo do apartamento antes que ela pudesse fazer alguma pergunta, corri mais rápido do que jamais corri em minha vida até chegar à beira do campus. Pensei em pegar meu carro e dirigir para algum lugar, qualquer lugar, talvez até para casa, mas fazer isso seria quase como admitir a derrota. Como se eu precisasse me separar para lidar com o que havia acontecido entre mim e Declan. Eu estava bem. Estava tudo bem. Nós dois aliviamos uma tensão e tudo ficaria bem. Ele devia fazer esse tipo de coisa semanalmente. Não era grande coisa. Aquela pequena voz estava de volta, tentando me dizer que era, e continuou me bombardeando com flashes da noite anterior que me fizeram parar no meio da calçada com um calafrio percorrendo meu corpo e um formigamento na minha vagina dizimada. Depois disso, eu precisaria de pelo menos uma semana de descanso na cama. Fiquei surpresa que ninguém perguntou onde estavam minhas esporas, porque eu tinha certeza de que estava andando como um cowboy. Ao atravessar a grama no pátio, senti como se todos soubessem o que tinha acontecido. Eu tive sexo sujo, selvagem e sem parar com a nossa estrela do hóquei. Como eu deixei as coisas irem tão longe com ele? Ele era gostoso? Sim. Sexy? Absolutamente! Mas transae com ele? Não apenas uma vez, mas cinco vezes ou a quantidades de preservativos que havia naquela caixa. Eu tinha ela há mais de um ano, e em uma noite quase acabamos com ela.


Foi definitivamente a coisa mais irresponsável que já fiz. Claro, tínhamos terminado o trabalho e eu o entregaria um pouco mais tarde, mas ainda assim... Sentada no refeitório deserto que cheirava a uma mistura de molho barbecue, frango empanado, bacon e canela, olhei para a mesa de madeira gasta na minha frente. Eu decidi que carboidratos eram o caminho para manter a pequena voz sob controle. Encher a cara com bacon e outros alimentos do café da manhã e a noite anterior derreteria. Resisti à vontade de bater a cabeça contra a mesa. Eu dormi com Declan na noite passada. O peitoral e braços musculosos brilharam na minha mente. Apertei minhas coxas, me deixando completamente consciente da sensibilidade e dor que guerreavam por domínio. Todos os meus pertences estavam empilhados sobre a mesa na minha frente. Parecia que eu era uma criança se preparando para fugir de casa. Deveria ter ido para a minha sala de estudo, mas esse seria o primeiro lugar que ele procuraria por mim. Por que eu estava correndo de novo? Ah, sim, porque Declan não era o tipo de cara que tem sentimentos dos tipos quentes, confusos, acorda-nos-braços-e-querse-aconchegar-mais. Ele era do tipo acordar-no-meio-da-noite-parapoder-transar-mais-uma-vez-e-então-ele-se-esgueirava-demadrugada. Imaginei que poderia fazer isso primeiro. Sair antes dele. Meu celular vibrou, mas me recusei a olhar para ele. Havia apenas uma pessoa que estava me mandando mensagens tão cedo, e ignorar ele significava ignorar mensagens também. Provavelmente está verificando para ter certeza de que não iria ferrá-lo no nosso trabalho. A equipe do refeitório carregou o buffet e me arrastei para fora da minha cadeira. Peguei uma bandeja úmida da pilha sempre molhada ao lado dos alimentos do café da manhã. A essa hora do dia, não havia muitas pessoas por perto. Alguns calouros que ainda estavam acostumados a acordar no horário da escola e comiam cedo, pessoas que ficaram fora a noite toda e precisavam de comida sólida do refeitório para ajudá-los a dormir durante a ressaca, e eu. Meu estômago estava bem com a única cerveja que tomei na noite anterior. Meu status de peso leve ainda estava firme no lugar. Cheiro de bacon e carboidratos saiam da cozinha e de comida alinhada sob as lâmpadas de aquecimento ao longo da fila do buffet. Peguei torradas, bacon e suco de laranja e esperei para as oito horas da manhã. Não era muito cedo para ligar para uma pessoa em idade universitária no sábado de manhã, certo? Errado. — Quem morreu? — Sua voz grogue do outro lado da linha me disse que talvez fosse muito cedo.


— Ninguém morreu, Avery. Eu só precisava conversar. — E você não podia mandar mensagem como uma pessoa normal? Que porra, Mak? São cinco da manhã. — A voz sonolenta de Avery veio através do celular. — São oito da manhã. — Mergulhei um dos meus palitos crocantes na calda e dei uma mordida. — Oito, cinco, tanto faz. Trabalhei ontem à noite e cheguei em casa quase cinco da manhã. Eu estremeci. Esqueci dos seus turnos malucos enquanto ela estava na faculdade comunitária. — Desculpa. — Estou acordada agora. Me conta o que aconteceu que justificasse um telefonema às oito da manhã e depois posso voltar para a cama. — Eu fiz sexo com Declan na noite passada. — Eu falei mais alto do que pretendia, e algumas pessoas do outro lado do refeitório olharam para cima. — Declan, quem? — Declan McAvoy. — Eu me encolhi, esperando por sua resposta. — Declan McAvoy? — Ela disse o nome dele como se estivesse em uma língua estrangeira. — Sim. — O Declan McAvoy que foi votado como Maior Paquerador na escola? Os pedaços de vergonha cresceram a cada minuto. — Sim. — Ele te drogou ou algo assim? — Sua voz ficou mais alta, e eu quase podia ouvi-la indo para as estações de batalha. Todos a postos para remoção de bolas! — O que? Não, claro que não. Nós dois estávamos afim. — Eu estava afim. Provavelmente, até demais. — Sério? — A confusão em sua voz refletia a minha nadando em volta da minha cabeça. — Absolutamente. Foi cem por cento consensual. — Ainda mais se isso fosse possível. Eu até disse por favor. Ugh! — Nesse caso, porra, ai sim! Estou feliz. Isso é incrível. — Ela soltou um bocejo grande e alto. — Como assim, incrível? Foi um grande erro. Você conhece ele. — Quero dizer, eu o conhecia na escola e, embora ele pudesse ser um pouco convencido, nunca foi um cara mau. Vocês dois adoravam brigar. Vocês viviam para irritar um ao outro. — Eu não fazia isso. — Derrubei um pouco do xarope na mesa. Declan era quem me irritava. Rainha do Gelo, Mak a Faca, Livros, todos os seus apelidos para mim naquela época. Me alfinetando. Mas eu tinha que admitir que eles não me incomodam tanto quanto antes.


— Você fazia sim. Eu via. Ele ficava todo exaltado com as coisas que você dizia, e Em tinha que pedir para ele se acalmar. — A voz dela falhou quando disse o nome de Emme . Foi a primeira vez que a ouvi dizer isso em um bom tempo. — Eu esqueço que você costumava sair com eles o tempo todo. — Foi a uma vida atrás, não foi? — Ela tinha um som distante em sua voz. Eu estava lá quando tudo aconteceu. Quando o casal da década, Avery e Emme , terminaram na festa de final de ano. Emme havia quebrado a porta da frente e Avery pareceu que teve o coração arrancado do no peito. Levou quase um ano para ela me contar o que realmente aconteceu naquela noite, e ainda não tinha certeza de que sabia tudo. — Parece que sim. — Eu a tinha visto durante o verão, mas não o suficiente. Ela estava levando Alyson para seus vários acampamentos de verão e trabalhando. — Eu, mais do que ninguém, sei como as coisas podem ser diferentes e o quanto uma pessoa muda depois do ensino médio. As coisas naquela época pareciam simples, mas nem sempre eram. — Ela ainda tinha aquele som distante em sua voz antes de limpar a garganta. Eu ainda não sabia por que ela o deixou acreditar que o traiu, mas sempre eu que falava sobre isso, ela dizia para deixar para lá. — Agora, vamos à pergunta mais importante... como foi? — Eu quase podia ouvi-la esfregando as mãos, ansiosa por detalhes sujos. — Essa é a pergunta mais importante? — Claro. As histórias sobre Declan eram lendárias. E isso era parte do problema. Sua reputação o precedeu desde o primeiro ano do ensino médio, mas isso não significava que eu não pudesse apreciar as memórias. E isso é tudo o que haverá a partir de agora, as memórias daquela noite. — Foi incrivelmente bom. Eu mal posso andar. — Ri da dor nos meus músculos enquanto limpava um pouco da calda com meu bacon. — Isso aí! É isso que eu quero ouvir. Nada pior do que um cara gostoso que não sabe o que está fazendo. — Você está feliz? Declan pode ter causado danos permanentes nas minhas partes intimas. A risada de Avery disparou do meu celular tão alto que tive que afastá-lo da minha orelha. — Tenho certeza que você ficará bem. Não, fico feliz que você tenha feito algo meio louco pela primeira vez. E não, deixar Stanford não conta. Você vai vê-lo novamente? — Somos parceiros de estudo pelo resto do semestre, então não tenho escolha. — Essa realidade desabou sobre meu peito como um ataque cardíaco esperando para acontecer.


— Não assim. Quero dizer como na noite passada. Você vai deixálo mostrar todos os truques que tem na manga? — Eu sabia que ela estava balançando as sobrancelhas, mesmo que eu não pudesse vê-la. — A melhor coisa a fazer será fingir que não aconteceu. — Terminei meu café da manhã e joguei fora os restos, deixando a bandeja na esteira ao lado da cozinha. — Qual é, Mak, não faça isso. — Fazer o que? — Segurei meu celular em uma mão enquanto colocava minha mochila nas minhas costas. — Fugir da sua vida. — Não estou. Eu estou protegendo. — Você não está. Você está se escondendo. Você nem sempre pode viver para outras pessoas. Às vezes você precisa viver para você. — Estou vivendo. Eu estou estudando. Vou entrar na faculdade de medicina e ser médica como… — A palavra ficou presa na minha garganta. — Como Daniel queria ser, — ela terminou, pois parecia que o ar havia sido sugado dos meus pulmões. — Eu não posso nem imaginar como foi passar pelo que você passou, mas você não pode fazer tudo por ele. Você tem que fazer algumas coisas para você. Sua voz suave trouxe lágrimas para os meus olhos, antes que pudesse detê-las. — Eu faço. — Não o suficiente. Quero ir te visitar em breve. Eles cortaram algumas horas no serviço, então talvez eu possa encontrar um dia para ir visitar. Alyson tem tido muito mais festas do pijama com as amigas para sair de casa. Eu não posso culpá-la. Em algumas semanas, eu posso ir aí passar um tempo com você? — Sempre que você quiser vir, eu adoraria vê-la. Você pode ficar na minha casa. Vai ser divertido! — Eu queria apertá-la e ser boba e relaxar. — Eu te aviso. Encerramos nossa ligação e eu vaguei sem rumo pelo campus por um tempo com tudo nas minhas costas como um caranguejo eremita. Finalmente, meus ombros gritaram chega! e parei em uma cafeteria fora do caminho no campus. Estava ocupado, mas não cheio como os outros. Me sentando em uma das mesas, tentei me concentrar, mas minha mente continuava voltando para Declan. Como faço para corrigir isso? Como evitar que isso tornasse algo desajeitado e embaraçoso pelo resto do semestre? E como me impedir de querer tanto ele, que dói? Era como se em uma noite ele tivesse virado parte do meu DNA, e não sabia como extraí-lo, mas sabia que seria doloroso, se fosse possível...


19

DECLAN

— C omo assim, ela foi embora?

— Quero dizer, eu acordei e ela tinha saído. — Essa dor no estômago ainda não tinha passado. Não apenas ela se foi, mas se recusou a responder qualquer uma das minhas mensagens - por quase uma semana. Parecia sempre trabalhar à frente e a lacuna em nossas tarefas funcionou em seu benefício. Nós não tínhamos nada para fazer até a próxima semana, mas ela quebraria. Ela tinha que falar comigo. Heath riu, gargalhando como se fosse a coisa mais engraçada que já ouviu. Eu estava tão perto de dar um soco nele, mas o conhecendo, isso tornaria tudo ainda mais hilário. Eu mal podia esperar até que ele encontrasse alguém que o afetasse tão profundamente que seu mantra descontraído, tudo sempre vai dar certo, fosse realmente posto à prova. Eu odiava me sentir como uma garota carente esperando o celular tocar, mas caramba, eu queria que o celular tocasse e queria que fosse Mak do outro lado. — Karma é uma vadia, não é? Quantas vezes tive que escoltar suas visitantes para fora no dia seguinte? Ele tomou um gole de água. Seu cabelo ainda estava molhado do banho após o treino. Tentei não pensar que era assim que devem se sentir quando alguém apenas sumia após o sexo. Não é exatamente um ótimo sentimento. — E o fato de ela ter desaparecido, não tem nada a ver com o fato de estarmos aqui exatamente na mesma hora em que o turno dela começa? — Essa é a hora perfeita para jantar. — Dei de ombros e olhei para a porta da frente. Demorou quase uma semana, mas finalmente cedi e vim aqui. — Não tem nada a ver com ela. — E é por isso que estamos adiando o pedido de comida quando a garçonete já veio duas vezes e perguntou o que íamos comer. — Eu não estava com fome ainda, mas sei que logo terei fome. — Meu estômago estava gritando comigo que precisava de comida agora, mas aguentaria um pouco mais. — E é também por isso que você deu vinte dólares a ela, apenas para nos deixar sentar aqui. Eu desviei meu olhar da porta da frente para seu rosto presunçoso e sorridente. Ele cruzou os braços sobre o peito em satisfação. — Eu vejo tudo, cara. Eu vejo tudo. — Ele acenou com as mãos em volta da cabeça como se fosse um vidente místico. A porta do bar se abriu e minha cabeça se levantou. Heath riu, batendo com a mão


na mesa. Eu esperava que fosse ela, mas Preston e alguns outros caras do time entraram. Eu estava prestes a voltar a beber minha água quando uma mecha de loiro avermelhado chamou minha atenção. Lá estava ela, logo atrás deles. Mak entrou parecendo um pouco corada. Ela me viu do outro lado do bar e parou. Alguém bateu em suas costas e quase a derrubou. Eu me levantei um pouco, meus músculos tensos, prontos para ir até ela, quando ela se ajeitou e correu de volta para a cozinha antes que eu pudesse dar dois passos. Todas as mesas e cabines estavam cheias, então Preston e os caras sentaram na nossa cabine. — Você nem pediu ainda? Perfeito. — Preston deslizou ao meu lado e pegou o cardápio da mesa. Mak saiu da cozinha e abaixei os olhos para a mesa. Não há necessidade de ser um perseguidor. Bem, mais perseguidor do que eu já era. Ela se aproximou da mesa e todos fizeram seus pedidos. — Você é tipo nossa garçonete regular agora, Makenna. — Preston entregou o cardápio a ela. — Parece que sim, né? Já trago as bebidas de vocês. — Ela bateu a caneta no bloco de notas e seus sapatos chiaram quando se afastou da nossa mesa. De repente, fiquei incrivelmente interessado nos entalhes na mesa à minha frente. — Dec não recebeu uma resposta da Makenna. — Minha cabeça disparou para cima e lancei uma colher diretamente na testa de Heath. — Você e Mak? Sério, cara. Não foda as coisas com ela. Sei o que eu disse antes que talvez fosse uma boa ideia, mas talvez não. — O olhar preocupado de irmão mais velho se instalou no rosto de Preston. — Está tudo bem. Não há nada com que se preocupar; estamos bem. — Deslizei o recipiente de pacotes de açúcar na minha frente e tive um grande interesse em organizá-los e alinhá-los. Era bom que não estivesse treinando com todo o time; eles nunca parariam de me encher o saco sobre isso. Preston respirou fundo como se doesse e se aproximou de mim. — O que aconteceu? Ela te rejeitou? — Inclinei minha cabeça para o lado com os cantos da minha boca puxados para baixo. — Claro que ela não me rejeitou. Heath e os outros caras se inclinaram sobre a mesa. — Duas Cocas, dois Sprites e um Ginger ale. — Todos nós sentamos em linha reta quando Mak parou no final da mesa, colocando cinco guardanapos na mesa e deslizando nossas bebidas na nossa frente. Todo mundo fez um trabalho embaraçosamente terrível de tentar parecer natural. — Certo, eu vou deixar vocês


voltarem para a conversa. — Ela segurou a bandeja contra o peito e se afastou. — Se ela não disse não, qual é o problema? — Ela deu um perdido. Deixou o próprio apartamento para fugir dele na manhã seguinte. — Heath riu antes de tomar seu refrigerante, e os caras me encararam com os olhos arregalados antes de caírem na gargalhada como um bando de mulheres em uma festa de despedida de solteira. Risadas que os fazem bater nas mesas e limpar as lágrimas com guardanapos. E eu queria estrangular cada um deles. Os caras realmente queriam ter certeza de que eu me sentia um merda com toda a situação. Realmente me atingir bem onde dói. Respirei fundo para não pular por cima da mesa e envolver os dedos em volta do pescoço de Heath. Mak estava de volta, dessa vez com uma bandeja de hambúrgueres e batatas fritas equilibrada no quadril. Ela os entregou para os caras, que mais uma vez ficaram em silêncio no minuto em que ela apareceu. Ela não era surda ou cega, então sabia que algo estava acontecendo. O olhar cordial em seu rosto, o mesmo que tinha para todos os outros no bar, me fez querer surtar. Eu não era apenas uma pessoa aleatória e não a deixaria fingir que o que aconteceu na semana passada não tinha acontecido. — Então, qual é o seu plano? — Um dos caras colocou batatas fritas na boca. Passei as mãos pelo rosto e pelos cabelos. — Não faço ideia. Estou em um novo território com ela. Alguém tem alguma ideia brilhante? — Olhei em volta da mesa e todos pareciam igualmente inseguros. Era isso que eu ganhava por sair com caras que fugiam de namoros e namoradas. Exceto Preston, é claro. — E você? Você tem uma namorada. Preston deu de ombros. — Estamos juntos desde o segundo ano do ensino médio. Não é como se eu tivesse alguma experiência com o que diabos está acontecendo com você. O que mais me preocupa agora é a aula que vocês estão juntos. Como foi o trabalho? — Foi bem. Nós trabalhamos duro nele. Entreguei hoje cedo. Ainda esperando uma resposta. — As notas foram publicadas algumas horas atrás; pelo menos foi o que Becca me disse. — Eu continuava esquecendo a irmãzinha de Preston estava na nossa faculdade agora. Ela não estava na minha turma, mas participaria de um seminário do segundo ano assim como eu. Eu congelei, e tudo ao meu redor ficou quieto. Essa nota pode me ajudar ou me quebrar. Reagindo, puxei meu celular do bolso. Ao entrar no sistema de matérias on-line, meus olhos se arregalaram quando o ícone de


notificação piscou na minha tela. Uma nova nota foi adicionada. Toquei na matéria e prendi a respiração enquanto esperava a tela carregar. Meu coração quase pulou do meu peito, quando a imagem apareceu como um pixel de cada vez, e lá estava ela. Nossa nota para o artigo: 9,8! Executando um cálculo rápido das tarefas que tínhamos feito até agora e o fato do artigo valer 35% da nota final, significava que não havia como eu reprovar na matéria. Mesmo se eu fosse mal na prova final, eu ainda sairia com um 8,0. Não que eu faria isso, mas porra, ainda bem! Examinei o bar procurando por Mak. Ela não tinha dito nada, o que significava que não sabia. Não havia como ela não estar pirando com isso. Empurrando contra Preston, tentei deslizar para fora da cabine. — Cara, se move. Eu preciso sair. — Se acalma! — Preston colocou mais algumas batatas fritas na boca antes de deslizar para fora do banco como uma tartaruga geriátrica. Vi Mak indo em direção aos banheiros e corri atrás dela. Ela entrou no banheiro feminino, e eu pensei em ir atrás dela, mas decidi que provavelmente a assustaria. Depois de alguns minutos, ela saiu limpando as mãos com um papel toalha e parou quando me viu. — Ei, Declan... eu estou… — Seus lábios rosados e cheios se separaram como se não soubesse o que dizer, mas eu sabia o que precisava para consertar isso. Empurrei meu celular na frente do rosto dela, incapaz de conter minha emoção. Ela franziu as sobrancelhas, e então a realização a atingiu quando seus olhos examinaram a tela. Olhando para mim com o sorriso mais amplo, ela praticamente vibrou de felicidade. — Tiramos 9,8! — Ela cobriu a boca com as mãos e depois jogou os braços em volta do meu pescoço. Coloquei meus braços em volta dela, fechando os olhos e me deixando senti-la por um momento antes de levantá-la no ar, nos girando. Sua risada brilhante ricocheteou nas paredes do pequeno corredor. Nós tínhamos trabalhado tanto nisso juntos e saímos bem. Respirando seu perfume, meu coração batia forte no meu peito. Movendo minha cabeça para trás, olhei nos olhos que esperei para ver a semana toda. Nossas bocas estavam a alguns centímetros de distância. Sem pensar, me inclinei, capturando seus lábios com os meus. Ela não se afastou ou me empurrou. Os lábios dela estavam famintos. Eles se separaram e me deixaram entrar como um tapete de boas-vindas estendido com uma jarra alta de limonada. Eles eram lábios que eu não conseguia tirar da cabeça há dias. Ela parecia um longo gole de água depois de atravessar o deserto. Seu corpo


pressionou fortemente contra o meu, e meu corpo respondeu como se ela tivesse o programado depois de apenas uma noite. — Nós conseguimos. — Ela respirou contra os meus lábios quando a coloquei de costas contra a parede. Nós nos encaramos. Um burburinho de emoção disparou através de mim quando ela estendeu a mão e gentilmente a colocou no meu peito, não para me afastar, apenas para descansar lá como se quisesse ter certeza de que meu coração estava batendo tão forte quanto o dela. Ela passou a mão pelo meu cabelo, passando as unhas no meu couro cabeludo, enviando choques pelo meu corpo. — Me desculpa por ter fugido. Me desculpa por não ter retornado suas mensagens. Eu tinha muito em que pensar. Olhei em seus olhos e caí em seu azul cristalino. Alguém entrou no corredor e ela abaixou a cabeça. Suas bochechas ficaram todas rosadas e brilhantes. O cara passou por nós até o banheiro, e o barulho do bar voltou rapidamente para a pequena bolha que criamos em torno de nós. Inclinei minha testa contra a dela. — Só não faça isso de novo. Ela segurou meu olhar e assentiu. O alívio tomou conta de mim e tínhamos duas coisas para comemorar. — Nós conseguimos. Eu encontro você depois do seu turno. — Eu passei a parte de trás dos meus dedos ao longo de sua mandíbula. Ela estremeceu e abriu a boca. Coloquei meu dedo sobre os lábios dela. Sua plenitude suave me fazendo prometer coisas para mim mesmo para mais tarde que eu estava determinado a cumprir. — Vejo você depois. Eu acho que isso exige uma celebração. Sua língua foi para fora e lambeu a ponta do meu dedo, me chocando pra caralho. — Vou ficar bem cansada depois do meu turno. Se você vai me manter acordada até tarde, é melhor fazer valer a pena. Sim! Ela podia negar muito, mas eu sabia por que estava me evitando. Nós fomos inevitáveis quando realmente nos vimos. Nos tocamos. Isso não era um caso de uma noite só, e eu provaria a ela. Eu ri e descansei minhas mãos na parede de tijolos, prendendo-a contra o meu corpo. Com meus lábios mal tocando os dela, deixei o calor pulsar entre nós. Abaixando minha mão, a passei pela bainha da sua blusa. A respiração dela ficou presa enquanto mantinha os olhos em mim como se não pudesse desviar o olhar, o que era bom porque nem eu conseguia. Queria imprimir esse sentimento em minha alma e nunca deixá-lo sair. Deslizando minha mão ao longo do cós da sua calça, deslizei meu dedo em sua pele. — Não se preocupe, Mak. Vou me certificar de que cada segundo seja uma lembrança que você não esquecerá tão cedo. — Mordi o seu pescoço, e ela soltou um suspiro trêmulo quando dei um passo para


trás e segui pelo corredor, sorrindo enquanto ela pressionava a mão contra a parede. Antes de seguir atrás de mim e ir direto para a cozinha. Eu amava ver Mak rir, sorrir e relaxar. Em apenas algumas horas eu a teria novamente. A pressão que estava sendo construída e a eletricidade entre nós, significavam que era apenas uma questão de tempo. Não havia como eu ser o único que sentia isso. Ela podia negar por uma semana, mas não podia negar por muito mais tempo, e eu não a deixaria esquecer como eu a fazia se sentir. Porque ela me fez esquecer que qualquer outra coisa existia quando estávamos juntos. Eu não pararia até dar a ela tudo o que ela precisava e muito mais.


20

MAKENNA

Os segundos passavam como horas enquanto eu esperava meu

turno terminar. meu corpo cantarolava em antecipação após um beijo. todo o meu tempo longe dele, prometendo me fortalecer contra qualquer coisa que ele pudesse dizer ou fazer para repetir nossa noite juntos, voou pela janela assim que o vi pessoalmente. assim que o senti pressionado contra mim e respirei seu perfume. Seu perfume grudou na minha pele; nem mesmo entrar e sair da cozinha o apagou. Ele deixou o bar não muito tempo depois do nosso encontro no corredor, praticamente ofegante. Sua presença me levou à distração, e meus clientes preferiram comer a comida de um prato, não tomarem banho com ela quando a garçonete preocupada quase derrubou um prato inteiro de macarrão no colo. Desamarrei o avental da cintura e acenei para um esquadrão de barmans ocupados com a multidão da sexta à noite. As borboletas no meu estômago estavam prontas para escapar da minha boca quando sai no ar fresco da noite, indo para o meu carro. Nós não tínhamos dito onde nos encontraríamos, então peguei meu celular. Sem mensagens. Mordi meu lábio inferior, que ainda tinha gosto dele. Olhei para cima, vi meu carro e outra surpresa. Inclinado contra o lado do meu Honda, como uma manhã de Natal sob as luzes fracas do estacionamento, ele estava com os braços cruzados sobre o peito largo. O terreno estava deserto. A música, risos e gritos do bar foram abafados pelas batidas no meu peito. Apesar de tudo, aumentei meu ritmo, limpando as mãos suadas na calça jeans. Todas as desculpas que inventei e todas as razões pelas quais fiquei longe derreteram quando o vi. Eu nem tinha conseguido me convencer a sair disso durante o meu turno. Ele tinha uma expressão desconfortável no rosto, como se não estivesse cem por cento certo de que eu não sairia do bar e diria para ele ficar longe de mim. Depois de uma semana me martirizando e tirando notas altas em todas as minhas provas, percebi que talvez pudéssemos fazer isso. Foram só notas de 9,5 a 10 de um lado pro outro. Talvez ele não fosse demais para lidar. Me divertir com ele não significava que não pudesse ficar de olho no prêmio. Por isso, enquanto a primeira palavra da sua boca foi oi, eu me joguei nele. Batendo em seu peito, pressionei meus lábios nos dele, suaves, e me deixei derreter nele. Não bem derreter, já que me joguei nele com uma ferocidade que o fez me levantar enquanto eu me atrapalhava com minhas chaves para destrancar a porta.


Se ele ficou chocado, não mostrou. Suas mãos estavam em todos os lugares quando virei a chave. O som da porta se destrancando era tudo que eu precisava. Puxando a maçaneta atrás dele, eu o empurrei para dentro como se sua vida dependesse disso. Nós caímos no banco de trás do meu Honda Fit. Ele deslizou para trás pelo assento, me arrastando com ele. — Ansiosa demais, Mak? Eu o calei com um beliscão no mamilo através da camisa. Ele estremeceu e riu, cobrindo minha mão com a dele. Sua risada profunda fez meu corpo balançar. Montei em seus quadris, absorvendo seu corpo sólido debaixo de mim. Ele agarrou minha cintura, seus dedos traçando pequenos círculos na minha pele. Meu corpo zumbiu quando a energia sexual e pensamentos travessos fluíram através da minha cabeça. Vamos realmente fazer sexo no meu carro atrás do bar? Não achei que conseguiria esperar até chegarmos ao meu apartamento. O ar frio da noite e alguns gritos do lado de fora se infiltraram no carro. Olhei atrás de mim para o estacionamento quase deserto. A emoção de isso ser um pouco arriscado fez uma pequena risada sair dos meus lábios quando fechei a porta atrás de mim. Não havia nenhum som além das nossas respirações ofegantes no meu carro. Eu tinha a sensação de que nunca seria a mesma depois desta noite. O banco de trás era espaçoso. Parte do motivo pelo qual comprei esse carro para minhas viagens atravessando o país até a faculdade. Mas que se dane a quilometragem por galão de gasolina e a direção sensível; agora, era o palco da próxima vez que Declan estaria dentro de mim. Eu nem estava mais me enganando em chamar de última vez. Não seria. Seu corpo enorme ainda preenchia o banco de trás enquanto parte dele pendia da borda. As luzes fracas do interior do meu carro me deram a visão perfeita dele espalhado na minha frente, como um deleite delicioso que pensei que nunca iria ter ou que não queria. Suas mãos serpentearam para baixo da minha camisa, e abriu meu sutiã. Eu não conseguia tirar minhas mãos dele, e empurrei sua camisa para cima, dando uma olhada melhor em todo o trabalho duro que ele teve para deixar seu corpo assim, quando o último lampejo da luz desapareceu. No segundo em que ficou tudo escuro, foi como se um animal enjaulado tivesse sido solto, ou talvez fossem dois deles porque nós estávamos puxando as roupas um do outro. Em uníssono, tirei minha blusa e ele puxou a dele para cima, tirando pela cabeça. E então nossas mãos estavam nas calças um do outro, desabotoando e abrindo o zíper até o prêmio que nós dois não conseguimos ter o suficiente.


Eu consegui tirar a minha e Declan abaixou a calça até sua bunda. Ela ainda estava na metade das coxas dele. Esticando a mão na lateral do banco do motorista, o empurrei para a frente o máximo possível. Havia algo que eu queria e na escuridão do carro me senti ousada o suficiente para fazer. Minha boceta apertou quando envolvi minhas mãos em torno de seu pau. Eu o queria dentro de mim agora, mas era paciente o suficiente para esperar. Lambendo meus lábios em antecipação, me abaixei no chão. Ele levantou a cabeça do banco. — O que você está fazendo? — As luzes fracas do poste lançava ele nas sombras, mas eu podia sentir o fogo do seu olhar em mim. — Apenas deite e relaxe. — Envolvi minhas mãos em torno da grande coroa inchada de seu pau e ele gemeu, jogando a cabeça para trás contra o banco. Sem outra palavra, fechei meus lábios em torno de sua enorme ponta. Meus lábios se esforçaram para levá-lo para dentro. Ele respirou fundo e jurei que ouvi seus dentes cerrarem. Usando minhas mãos para compensar o fato de que ele estava praticamente me sufocando apenas com a cabeça, movi meu punho para cima e para baixo em seu pênis. — Porra, Mak, — ele xingou e bateu a mão contra o banco quando deixei meus dentes roçarem suavemente. — Sua boca é o paraíso, amor. Porra, o paraíso. Seus dedos afundaram no meu cabelo, levantando os fios e colocando no topo da minha cabeça. Passei a língua pelo topo da cabeça, saboreando seu sabor almiscarado misturado com o cheiro de sabão. Eu podia sentir a umidade cobrindo minhas coxas quando os músculos de suas pernas se contraíram contra meus braços descansando sobre elas. Aumentei minha velocidade, balançando a cabeça para cima e para baixo. Com a mão, ele me ajudou a encontrar o ritmo certo que o fez se contorcer sob o meu toque. Os bicos rígidos dos meus mamilos esfregaram contra suas coxas, e meu núcleo latejou, pronto para ele afundar dentro de mim. Aumentando seu aperto, ele me tirou dele pelos meus cabelos. Meu couro cabeludo ardeu um pouco até eu deixá-lo me levantar. Minha boca saiu de seu pênis com um estalo. — Ei. — Estendi a mão para o meu cabelo, e ele me puxou para cima. — Boa demais. Sua boca é boa pra caralho. Eu não quero gozar na sua boca. Eu preciso gozar na sua boceta — ele rosnou. Ele bateu seus lábios nos meus, me beijando, mas não apenas beijando. Ele estava tentando me respirar, marcar esse beijo profundamente em minha alma, para que eu nunca esquecesse a noite.


Minha respiração trêmula combinava com meu coração, martelando contra minhas costelas. Traçando seus lábios com meus dedos, gritei quando ele mordeu a ponta do meu polegar. — Senta na minha cara, Mak. — Suas mãos ainda estavam emaranhadas no meu cabelo, e nossos rostos estavam a menos de dois centímetros de distância. Suas palavras me pegaram desprevenida e eu vacilei. — O quê? Não. — Eu quero que você suba aqui e sente sua boceta doce na minha boca, para que possa te chupar até que você mal consiga suportar, e então vou te chupar um pouco mais. Meu corpo formigou com a fome em sua voz. Mas havia algumas coisas que eram demais para mim. Eu queria, mas não sabia se podia. — Declan, eu te disse. Não gosto disso. — Tentei desviar a cabeça, mas ele segurou meu queixo, me mantendo lá. — Você acha que não gosta disso. E talvez você não goste; talvez não seja a sua praia. Me dê uma chance e farei tudo o que puder para mostrar o quanto você vai gostar. — Ele me puxou para mais perto para que nossos narizes se tocassem. Meu olhar se fixou no dele, e meu clitóris gritou por atenção. — Quero que você cavalgue no meu rosto com tanta força, que não sei se vou conseguir respirar novamente. Quero cada gota de sua doçura, doçura. — Ele inclinou minha cabeça e mordeu meu pescoço. Graças a Deus, eu já estava sentada em cima dele, porque meus joelhos cederiam enquanto ele sussurrava em meu ouvido. — Quero que você se contorça e tente sair, porque dói tanto, uma dor boa, que irá pensar que vai desmaiar. Eu quero que você saiba como é me deixar te dar isso e muito mais. — Sua voz profunda e sombria me fez ansiar por algo que eu havia descartado há muito tempo. Minha boceta gritou por isso. Algo cru. Primitivo. Feroz. Era isso que ele estava me oferecendo, mas eu ainda não achava que conseguiria fazer isso. Inclinei minha testa contra a dele. — Prometo que deixarei você me chupar, mas não agora. Agora, eu preciso de você dentro de mim. É sua culpa. Você me excitou quando deixou eu te chupar. Ele riu. — Isso é algo que você não escuta com muita frequência. Vou cobrar isso, Mak. Agora vem aqui. — Ele me levantou e me deslizou para mais perto, o cutucão insistente de seu pau latejava contra minha bunda. Procurando no bolso da calça jeans, ele pegou uma camisinha, mas o movimento fez a cabeça do seu pau esfregar contra o calor derretido da minha boceta. A tentação de deslizá-lo para dentro era vertiginosa.


O rasgo da embalagem me fez voltar aos meus sentidos. Isso era insano. Janelas embaçadas nos isolavam do mundo exterior. Éramos apenas nós dois nesse carro e a necessidade primordial de ter ele dentro de mim. Todos os pensamentos não centrados em seu pau me dividindo ao meu, fugiram da minha mente quando ele agarrou meus quadris e me moveu, me colocando sobre seu eixo coberto com o látex. A pressão era imensa, e cada centímetro de mim gritava para abaixar com tudo e fazer com que entrasse tudo em um impulso sólido, mas ele estava atrasando isso, nos deixando saborear o modo como minha boceta escorregadia se esforçava para deixar ele entrar. Com um movimento dos seus quadris, ele empurrou mais fundo, e isso roubou meu fôlego. — Declan! — Parecia que eu estava lutando contra um caso de laringite e cravei meus dedos em seu peito, tentando não desmaiar. Correndo minhas mãos pelo seu peitoral forte, eu apreciei de sua pele macia. Suas sobrancelhas estavam franzidas, e o olhar de determinação teria me feito rir se eu não estivesse sendo empalada no instrumento do meu desejo torturante. — Jesus, apertada pra caralho. — Sua voz saiu estrangulada, e um gemido baixo saiu do meu peito quando ele deslizou para dentro. A pressão ficou maior que a dor e joguei minha cabeça para trás. Eu gemi quando ele me deixou abaixar o resto do caminho. O zíper áspero de sua calça jeans raspou contra a minha bunda com cada atrito dos meus quadris junto com os dele quando ele atingiu pontos que eu nem sabia que tinha. Um brilho de suor cobria meu corpo, embora estivesse frio lá fora. O espaço fechado significava que nossos movimentos eram menores, mais rápidos, mais desesperados. Os sons molhados de nossa necessidade e desejo ecoaram no carro. — Mais. Mais, Declan. Eu preciso de tudo. — Havia um tom trêmulo na minha voz. Seu aperto era tão forte nos meus quadris que não conseguia nem subir e descer. Provavelmente haveria hematomas na manhã, e eu mal podia esperar por essa sensação de tremor toda vez que os ver. O atrito ficou mais frenético quando ele levantou os quadris. Como se soubesse exatamente o que eu precisava, ele deslizou a mão do meu quadril e, espalhando nosso desejo combinado, brincou com meu clitóris em ministrações experientes. Em menos de dez segundos, joguei minha cabeça para trás, agarrei o encosto de cabeça, meus dedos afundando profundamente e gritei seu nome como se meu corpo não pudesse conter a ferocidade do prazer que correu por mim. Eu havia entrado em um universo diferente, onde um cara como Declan estava esperando por


mim do lado de fora do meu trabalho, como uma versão cinematográfica dos anos 80 de um príncipe. — Mak! — Sua voz era tão desesperada quanto a minha. Suas mãos retornaram aos meus quadris em um aperto esmagador quando ele empurrou em mim tão forte que bati minha cabeça no teto do carro. Seu pau se expandiu enquanto ele enchia a camisinha, e outro tremor correu pelo meu corpo. Caindo em seu peito, minhas respirações saíram rápidas e trêmulas. Destruída. Era o que eu estava. Nossos corações bateram contra nossas costelas enquanto nos acalmávamos do nosso sexo selvagem. Eu nunca me senti mais viva. Como se cada centímetro de mim estivesse em sintonia com outra coisa no universo. Alguém. Ele me fodeu para uma dimensão diferente. Eu ri, tremendo em seu peito. Aninhando minha cabeça em seu calor como se estivesse procurando um lugar para hibernar durante o inverno, esperei as sensações voltar aos meus membros. Eu estava contente se isso nunca acontecesse. Viver o resto dos meus dias desmoronada e satisfeita em cima de Declan. Seus dedos roçaram meu cabelo enquanto o girava em volta do seu dedo. Eu soltei um suspiro. E não tinha o tom de desagrado como normalmente tinha. Esse foi um preenchido com mais satisfação do que eu senti em um longo tempo. O tipo que te assusta porque é tão profunda e completa. Nossa respiração voltou ao normal e saímos da névoa pós-sexo. Eu olhei para ele, e ele tinha um braço atrás da cabeça, a levantando um pouco. A escuridão nos envolveu, e seus olhos estavam na sombra. Eu tracei meus dedos ao longo de seu peito, brincando com seus mamilos, e ele acariciou meus cabelos. — Isso foi divertido. Devemos fazer de novo? Na minha casa ou na sua? — Mordi meu lábio inferior e percebi o sorriso em seu rosto no banco traseiro quase escuro. — Alguém é insaciável, hein? — Ele bateu um dedo no meu nariz. Eu acho que sim. — A culpa é sua. — Eu mordi seu mamilo, e ele riu. Sempre que eu estava perto dele, sentia como se houvesse possibilidades para a minha vida que nunca tinha visto antes. Era louco e incrível ao mesmo tempo. Ele estremeceu quando eu sai de cima dele. — O que há de errado? — Eu estou com cãibra na minha bunda. — Ele respirou fundo. — Acho que posso ter algumas maneiras de resolvermos isso. Pegando minhas calças do chão, eu as coloquei quando ele se sentou, descansando a cabeça no encosto do banco. — Acho que criei um monstro. — Ele riu, tentando puxar o jeans por cima da bunda. Eu estava pronta para uma noite muito longa, e


jurei que não deixaria nenhuma das minhas dúvidas rastejantes estragarem tudo dessa vez.


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DECLAN

Os patins cortando o gelo e enfiando discos na rede me acalmaram

depois da minha ansiedade ter aparecido desde o segundo em que encerrei a ligação com Preston. Ele me disse para descer à pista, mas não tinha dito o porquê. Assim que cheguei fui falar com os caras. Ele não estava lá ainda. Eu trouxe todo o meu equipamento, só por precaução. Deixar a Mak cedo naquela manhã tinha sido péssimo. Ainda estávamos resolvendo o que éramos, e eu sabia que isso a assustava muito mais do que eu. Eu senti pelo menos um pouco de medo de acordar e ela não estar lá novamente, mas ela estava. Meus braços estavam em volta dela, e passei meu nariz em seu pescoço, respirando seu perfume. Ela começou a se arrepiar, mesmo debaixo dos cobertores e nos meus braços. Seu corpo sabia, e eu precisava que sua mente a alcançasse. A acordando com beijos, eu informei sobre meu treino. Ela resmungou e afastou meu rosto, enfiando a cabeça debaixo do travesseiro. Gostei que eu podia deixá-la preguiçosa de manhã. Tão cansada que nem conseguia pensar em levantar de madrugada para correr ou estudar. Ela não queria nada além de mais algumas horas de sono, e eu não podia culpá-la. Sentado no banco e amarrando meus patins, apertei minhas mãos trêmulas em punhos. Se recomponha. Nervoso não era algo que me atingia a maior parte do tempo, excluindo a situação com Archer, mas caramba, eu estava surtando um pouco. Não treinar com os caras tinha me atrapalhado mais do que eu me permitia acreditar. Preston me chamou para o gelo. — Traga sua bunda pra cá, McAvoy. Meus patins atingindo o gelo com o time na pista, era como se sentar em minha poltrona favorita. Familiar. Confortável. Certo. — Parece que o preguiçoso está finalmente pronto para se juntar à terra dos vivos, — disse Heath, fazendo seus melhores movimentos de patinação artística. Se não fosse um dos meus melhores amigos, eu ficaria tentado a fazê-lo tropeçar em seus patins. Apertei o taco na minha mão e saí pela pista, meus patins cortando o gelo enquanto fazia alguns exercícios. Disco após disco atingia a parte de trás da rede, não importa onde eu estivesse na pista. Era como se eu tivesse um sinalizador instalado e não conseguisse errar. Vendo minha precisão bizarra, alguns dos caras começaram a tentar me bloquear, parar minha sequência de discos de ouro.


O jogo de “quebrar a corrida de Declan” nasceu. Heath nem conseguia ficar na minha frente, o que fazia a cabeça de todo mundo virar, até a dele. Me sentindo como se eu nunca tivesse estado tão claro no gelo, patinei pela parte de trás da rede e fui para frente e bati no disco direto para o gol. O suor escorria de mim, pois era quase dois contra um, e eu nunca havia me sentido melhor. Eu estava vivo no gelo como nunca tinha estado antes. Meu foco e determinação sempre estiveram lá, mas essa clareza era toda culpa da Mak. Havia algumas pessoas nas arquibancadas nos assistindo treinar, ainda de manhã cedo, mas eu a queria lá, torcendo por mim, enrolada com um cachecol e provavelmente com um livro equilibrado no colo. Nosso jogo de dois contra um terminou, e Preston chamou todos para corrermos. Os exercícios de insanidade de Heath ajudaram porque eu estava cego pelo suor, limpando ele dos olhos, mas não estava nem um pouco cansado e corri pelos exercícios, mantendo minha precisão. Enquanto meu corpo assumia a rotina memorizada, minha mente voltou para Mak. Ela provavelmente ainda estava escondida debaixo dos cobertores. Se Preston não tivesse me ligado, eu já tinha resolvido tudo sobre como iria lhe acordar. A decepção na noite anterior, quando ela me impediu de chupa-la outra vez, havia se transformado em um desafio. Eu não tinha dúvida de que ela teve uma experiência não tão boa antes, provavelmente de um idiota que não sabia como fazer algo certo. Eu não queria que fosse nisso que sua mente imaginasse quando ela pensava em alguém fazendo oral nela. Eu queria que ela pensasse em mim com a cabeça enterrada entre suas coxas. Suas pernas envolta de mim, me apertando com força, enquanto eu saboreava toda a doçura que ela tinha para dar. Ela estava tão nervosa e tensa com isso, mas isso era de se esperar. Toda aquela pressão não era fácil. Eu sabia sobre pressão. Eu também já havia cedido sob ela. Toda vez que eu pisava no gelo com minha equipe de desenvolvimento, mas nunca deixei o que aconteceu com a equipe me deixar parar de aproveitar minha vida. Quando estávamos juntos, ela deixava esse outro lado dela sair. O lado sarcástico, brincalhão e sexy que muitas pessoas não viam. Por mais que eu quisesse manter esse lado dela como meu pequeno segredo, eu queria que ela fosse assim o tempo todo, mesmo que fosse apenas para que ela não fosse tão dura consigo mesma. Cada erro não era um motivo para se trancar na biblioteca para sempre. Meu novo objetivo era fazê-la relaxar. Tudo o que eu precisava fazer para levá-la até lá, eu faria. Não havia muito tempo sobrando no último ano, e então o mundo real desabaria sobre todos nós. Se


ela não ficasse um pouco relaxada agora, só se tornaria mais difícil fazer isso depois. Fazer ela relaxar e sentir algo que nunca havia sentido antes. Eu me concentrei nesses objetivos com a mesma precisão de laser que eu tecia meu caminho através do gelo. Andei mais e mais rápido; tudo ao meu redor era um borrão. As notas estavam boas, eu estava no gelo com o meu time e tinha a minha garota. Ela ainda não sabia, mas Makenna era minha. Ela lutaria comigo com unhas e dentes, mas isso meio que era como tudo funcionava com a gente. Eu não aceitaria isso de outra maneira. Minhas pernas estavam parecendo gelatinas, e meu coração batia forte depois de quase uma hora de treino e exercícios sem parar. Patinando para o banco, peguei minha garrafa de água e joguei na minha boca. Derramou pelos lados e escorreu pelo meu queixo. Me inclinei enquanto minha respiração saia instável e rápida. — Talvez tenhamos que deixar todos ficarem no banco na primeira parte da temporada de treinos, — disse o técnico, entrando na caixa do banco de reservas. — Ei, treinador. — Pisei fora do gelo e entrei na caixa. — Tome banho e me encontre no meu escritório. — Ele apontou o dedo na minha direção e saiu pelo túnel que levava aos vestiários. O buraco corrosivo estava de volta no meu estômago, e eu estava dividido entre ficar no gelo para absorver meus últimos momentos com os caras e enfrentar o meu destino. Preston bateu nas minhas costas. — Vamos, vamos. — Segui Preston de volta ao vestiário, me equilibrando nos patins enquanto entramos na sala encharcada de suor, anti-séptico e bálsamo. Eu nem me incomodei em me trocar. Tirando meus patins e minha camisa do time, deixei meus protetores e mal coloquei os sapatos. Parecendo que teve a mesma ideia, Preston apareceu na minha frente. — Pronto? — O conjunto sombrio de seus lábios não me instigaram com muita confiança. Esse foi a última patinada com o time antes que eu fosse oficialmente expulso? Fiz a longa caminhada até o escritório do treinador, ao lado de Preston, com as pernas dormentes, e não era do treino. Os reitores eram notórios por não terem favoritos quando se tratava de estudantes atletas. Um dos craques do time de futebol americano havia sido pego colando e, ao contrário de outras faculdades onde teriam encoberto isso, eles o expulsaram. A equipe terminou com um recorde de 10 a 6, mas os reitores não se importaram. Minha perna balançava para cima e para baixo na cadeira em frente à mesa do treinador. Preston estava sentado na cadeira ao meu lado com o mesmo olhar sombrio no rosto. Nosso primeiro jogo era daqui a alguns dias. Eu estava completamente pronto para


defender o meu caso ao treinador na segunda feira de manhã, para que me deixasse voltar ao time, mas a mensagem chegou antes das seis da manhã e eles me chamaram primeiro. — Eu estava com seu reitor essa manhã. Fiz ele vim no fim de semana. — Ele fechou a pasta em sua mesa. Me sentei mais reto na minha cadeira. — Preston me avisou que você recebeu um 10 no trabalho do meio do semestre. Ele tem insistido muito que reavaliássemos sua situação. — Sim senhor. — Seu professor finalmente lançou as notas, então marquei uma reunião para ver o que poderíamos fazer sobre sua suspensão da equipe. Prendi a respiração, com medo de me mexer enquanto ele pegou a pasta, levantou-se e contornou sua mesa. Ele bateu a pasta na palma da mão. — Eles geralmente não fazem concessões durante o meio do semestre. Não quero dar um péssimo exemplo para o resto do time. — Ele apertou a testa, balançando a cabeça. — Treinador, não é possível que ele falhe na matéria mais. Suas notas foram altas o suficiente e nas outras matérias, ele está indo bem o suficiente para não correr o risco de conseguir algo abaixo de 8,0 o semestre todo. Eu olhei Preston. Alguém estava me vigiando. Por mais que eu não gostasse disso, ele ia lutar por mim. Ele sempre dificultava as coisas para mim, mas ao vê-lo sentado ali, sem recuar para o treinador, eu tinha ainda mais respeito por ele do que antes. — Eu sei. Eu falei a mesma coisa para os reitores... Eles examinaram o resto das suas notas e você não está apenas passando nessas aulas, mas está indo bem. Uma verdadeira mudança de atitude, mesmo que seja um pouco tarde, mas quem pede muito não podem escolher. — Ele largou a pasta no meu colo e eu a encarei, quase com medo de olhar dentro. — E é por isso que Declan está de volta ao time. — Você estava mandando bem lá fora, garoto. Precisamos de você por aqui e forte daquele jeito. Continue assim e o campeonato vai ser fichinha. Vá tomar um banho. Vejo você amanhã no gelo, bem cedo. Jogue o melhor que puder, como você fez hoje. — Ele me deu um tapa no ombro e eu olhei para Preston com um sorriso tão largo que minhas bochechas doíam. Nós dois pulamos de nossas cadeiras e saímos correndo da sala antes que ele mudasse de idéia. Abrindo a porta do escritório, fui empurrado para a parede por um imbecil loiro excessivamente grande e suado como o inferno. — Eu disse pra você que tudo daria certo! — Ele me levantou do chão, o que não era fácil de fazer para quem não tinha o nível de


excitação de um labrador e a capacidade de levantar 150 quilos. — Pelo jeito você ouviu, — chiei, caminhando de volta para o vestiário. — Sim! Eu sabia. Viu, as coisas sempre dão certo, cara. Você só precisa acreditar no universo. — Parece que você estava certo dessa vez. — Entramos no vestiário com sorrisos tão grandes que toda a equipe já sabia o que tinha acontecido. Heath também os informou, gritando: — Declan, o Demolidor, está de volta, — no topo de seus pulmões no minuto em que a porta se abriu. Todo mundo olhou para ele como se tivesse crescido uma segunda cabeça porque ninguém jamais havia me chamado de Declan, o Demolidor. Juntando as peças, todos largaram o que estavam fazendo e vieram para dar abraços com tapas nas costas e aperto de mãos suadas. Finalmente eu poderia patinar ao lado deles todos os dias em que fossemos ao gelo e eu tinha uma pessoa para agradecer. Depois de tirar meu equipamento suado, fui para o chuveiro. O que eu não daria para voltar para a cama com ela e dar as boas notícias da melhor maneira que sabia. Ela me tinha na palma da mão, sorrindo quando eu não deveria estar e mais que nunca certo de que ela era a pessoa para mim. Eu deveria me preparar para sair e festejar com os caras. Beber até cansar - bem, a versão da temporada de hóquei disso - para comemorar. Tudo que eu queria fazer era voltar para o apartamento dela e deitar na cama com ela, mostrar o quanto eu apreciei todo o seu trabalho duro ao longo do semestre, me deixando em forma.


O

22

MAKENNA

zumbido insistente vibrou em algum lugar quase sem parar por cinco minutos. Grogue, esfreguei os olhos, tentando encontrar meu celular. Na noite passada, ficamos um pouco aventureiros, e ele acabou indo parar no chão. Minha cabeça ficou clara e eu me pendurei na beira do meu colchão, gemendo com meus músculos doloridos. Declan tinha sido melhor do que qualquer exercício que eu já tentei. Ao ver meu celular debaixo da cama, estendi a mão e peguei no chão. Meu coração bateu forte. Era a minha mãe? A tela brilhou com o nome DEUS DO SEXO, e soltei um suspiro e toquei em Aceitar. Ele mudou em algum momento, e levei uma eternidade para perceber. Eu realmente deveria bloquear esse maldito celular. — Livros, onde você estava? Atende a sua porta! — Você estava aqui há duas horas atrás. Você esqueceu alguma coisa? — Deslizei para fora da cama e olhei ao redor do quarto, procurando o que poderia ser. A camisa dele estava jogada nas costas da minha cadeira. Um par de sapatos estava no canto. — Eu acho que sim, mas vou ter que te ajudar a procurar. — Sua voz ficou toda rouca, como sempre ficava quando ele estava tentando me provocar da melhor maneira possível. Andei na ponta dos pés até a porta da frente, não querendo acordar Tracy e Fiona, que haviam chegado nas primeiras horas da manhã. Girando a maçaneta, abri a porta. Cruzei os braços sobre o peito quando uma rajada de ar frio passou por ele. — O que você esqueceu? — Eu pulei de pé em pé, tentando proteger meu corpo com a porta. — Isso. — Ele entrou e passou os braços em volta de mim e me levantou do chão. Seu casaco gelado me fez arrepiar. Chutando a porta fechada atrás dele, ele olhou nos meus olhos antes de abaixar a cabeça. Seus lábios estavam frios por estarem do lado de fora, mas rapidamente os aquecemos. Meu corpo formigou em antecipação ao seu toque. Não por baixo do seu casaco, mas por baixo das cobertas. Ele riu com os lábios ainda pressionados nos meus, e alegria e emoção irradiavam dele. Seu sorriso mostrou sua ansiedade e antecipação. — Vocês dois não podem ir para um quarto? — Fiona brincou atrás de nós. Nós dois viramos a cabeça, a observando enquanto enchia uma caneca gigante de café. Passei a mão pelo rosto de Declan, o aquecendo. Ele olhou para mim e eu percebi que ele estava todo bobo. — O que foi?


— Estou de volta ao time! Eu gritei e passei meus braços ao redor dele, o apertando. Sua felicidade era contagiosa, e não pude deixar de sorrir. — Graças a Deus. — Nossas cabeças giraram ao mesmo tempo em que Fiona nos olhou por cima da borda de sua caneca antes de levantar a mão. — Certo, desculpa. Momento privado. — Ela voltou pelo corredor para o quarto. — Eu não poderia ter feito isso sem você. — Ele passou as mãos para cima e para baixo nos meus braços. — Você poderia sim. — E eu estava falando sério. Tudo o que pensava sobre ele quando o semestre começou estava errado. — Talvez, mas eu sei que não teria sido tão divertido. — Ele deu um passo para trás, fazendo quase uma dança enquanto me encurralava de volta ao meu quarto e fechou a porta atrás de nós. O brilho em seus olhos me disse tudo o que precisava saber sobre seus planos de comemoração. Meus músculos cansados e doloridos pareciam prontos para se reunir para um brinde comemorativo. — Você seriamente vai quebrar minha vagina se continuar assim. — Coloquei minhas mãos sobre a frente da boxer do meu pijama. — Eu sei uma maneira de ajudar a te acalmar. — Ele mordeu o lábio inferior. Meus olhos se arregalaram e eu balancei minha cabeça. — Ah, não senhor. Não tenha ideias engraçadas. Não sei que tipo de garota você pensa que sou. Estamos estritamente aderindo ao sexo pelas próximas duas horas. Nem mais, nem menos, e então preciso ir trabalhar. — Esse é exatamente o tipo de garota que eu pensei que você fosse, Livros. Meus joelhos atingiram a beira da minha cama e me sentei. Meu estômago deu uma cambalhota quando ele se aproximou, abrindo os botões do casaco. Ele deslizou as mãos sob o cós do meu short. — Apenas o tipo de garota que eu preciso.

Nossos braços estavam carregados com o que pareciam cem livros. É claro que Alco gostaria que escolhêssemos um tópico que não fosse facilmente pesquisável online. Havia alguns recursos, mas não muitos. Não haviam muitos lugares que mantinham as informações de sua tese de doutorado à mão, o que significava que estávamos


presos na biblioteca todas as chances que tínhamos. Não podíamos nem checar esses livros lá fora; eles tinham que ficar dentro do local. Olhando para ele, eu tive que admitir que Declan parecia muito gostoso com seus músculos protuberantes em torno de uma pilha gigante de livros. Bíceps fortes e livros velhos e mofados, andando pelas estantes até a minha sala de estudo. Foi quase obsceno. Ele se inclinou, seu hálito quente fazendo cócegas na concha da minha orelha. — Eu posso ver o que você está pensando, Livros. Quem sabia que você tinha uma mente tão suja? Heath vai sair hoje à noite. Vamos voltar para minha casa e podemos lidar com outro item da lista. Meu olhar disparou para os poucos carrinhos de estudo com pessoas neles. Elas ouviram? Corei quando minha mente percorreu os itens que já tínhamos tentado. Ele conseguiu tirar de mim uma lista de exploração sexual depois de uma noite de tortura sexual até que confessei. Trinta e sete posições e locais. Nas últimas duas semanas, fizemos quase quinze. Abrindo a porta da minha sala de estudo, ri de como já estava cheia. Talvez eu tenha exagerado um pouco. Deixamos cair os livros sobre a mesa. No segundo em que a porta se fechou atrás de nós, seus braços me prenderam com o peito pressionado contra as minhas costas enquanto eu organizava os livros pela seção do nosso trabalho. Lábios quentes e macios seguiram o caminho ao longo da curva do meu pescoço enquanto eu inclinava minha cabeça para lhe dar um melhor acesso. Era assim toda vez que estávamos em algum lugar sozinhos. Mesmo em uma sala com uma pequena janela ao lado da porta como essa. — Nós deveríamos estar trabalhando. — Meu estômago estremeceu, e minha respiração parou quando ele gentilmente afundou os dentes no local, logo abaixo da minha orelha, que ele descobriu que me transformaria em uma poça de necessidade sexual contorcida. Ele havia transformado esse conhecimento em um arma. — Então, talvez um certo alguém não devesse estar olhando para mim daquela maneira quando eu estava carregando os livros. — Ele rosnou e cutucou minha bunda com o que imaginei ser uma banana muito grande. — Vamos ter que mudar para o sistema de recompensa sexual para mantê-lo na tarefa? — Parei de organizar porque não conseguia acompanhar o que estava fazendo. — Eu não vou dizer não a isso, mas não foi por isso que vim aqui. — Ele parou o que estava fazendo e se afastou um pouco. Eu olhei para ele por cima do ombro. Malícia e desejo dançavam em seus olhos.


— Não? — Eu passei minha língua nos meus lábios repentinamente secos. — Não me provoque, Livros, ou eu vou fazer você gritar para todos ouvirem, e você perderá seus privilégios na sala de estudo, — ele provocou com um grande sorriso. — Tá. Tá, você venceu. Por que você veio? — Me virei e ele me levantou, então me sentou na mesa. Seus quadris estavam entre as minhas pernas abertas. — Já que estou de volta ao time… — Excitação e orgulho passaram por sua voz. Era tão adorável. — Sim? — Respirei fundo enquanto seus dedos dançavam ao longo da minha espinha, fazendo os cabelos na parte de trás do meu pescoço se arrepiarem. — Achei que provavelmente deveria perguntar. — Sua mão se moveu em círculos lentos pela minha pele. Minha respiração falhou enquanto eu passava meus braços em volta de seu pescoço. — Perguntar o quê? E você deveria ter visto as pessoas enlouquecendo depois do seu último jogo. Agora vejo por que eles precisavam de mais pessoas, especialmente, nos turnos depois dos jogos. — Eu sorria enquanto andava pelas pessoas no bar. Elas conversavam sobre ele e o resto dos caras depois dos jogos com tanto respeito. Houve narrações e reconstituições em todo o bar nas noites seguintes de seu primeiro e segundo jogos. Era uma sensação tão estranha, mas boa. Isso fez com que meus turnos passassem muito mais rápidos, e as pessoas eram mais generosas com suas gorjetas. — Então você está me acompanhando? — Talvez... O time venceu o primeiro jogo por quatro gols e você marcou dois deles. Passei meus dedos pelos cachos acima de suas orelhas. Seus fios escuros deslizaram pelos meus dedos enquanto ele sorria para mim. — O quê? — Perguntei porque ele estava olhando para mim tão maliciosamente. — Nada. — Ele manteve o sorriso estampado. Eu ainda não conseguia processar a transição que fizemos. De inimigos do ensino médio a parceiros de classe relutantes, a seja lá o que somos agora. Quase dois meses atrás, estávamos prontos para matar um ao outro, mas hoje tudo estava diferente. As coisas progrediam um pouco a cada hora que passamos juntos, e esses velhos sentimentos hostis desapareceram. Embora isso tenha acontecido por quase dois meses, ainda sentia como se tivesse caído de cabeça em tudo. Eu ainda não tinha ideia do que era para ele, e de maneira alguma eu ia ter essa conversa com ele. Não houve esse tipo de conversa e eu


não queria que houvesse. Eu estava gostando de viver o momento com ele. Por alguma razão, definir o que isso era pareceu mais assustador, porque aí seria real. Como algo que eu teria que pensar, avaliar e tomar uma decisão. Eu estava gostando de apenas ficar com ele. — Você pode ir para um dos meus jogos? — Ele puxou a ponta da minha trança. — Eu não acho que Larry iria gostar se eu faltasse um turno, pois ele me contratou especialmente para esses turnos. — Acho que se houvesse um pedido especial de alguns membros do time, ele poderia lhe dar uma folga apenas uma vez. — Eu não sou realmente uma pessoa de hóquei. Não sei nada sobre as regras. Ficarei sentada nas arquibancadas no meu celular o tempo todo, tentando descobrir o que está acontecendo. — Passei meus dedos pelos seus antebraços em cada lado do meu corpo. — Tenho certeza que você pode estudar até o dia do jogo e descobrir o básico. — Sua mão subiu mais nas minhas costas, brincando com a parte inferior do meu sutiã. Ele sempre foi uma tentação. Eu já assisti alguns jogos de hóquei antes, e a ferocidade dos jogadores no gelo e a violência foram uma maneira rápida de garantir que eu não voltasse. — Eu não sou grande fã de esportes... — Por favor, eu quero você lá. Você me ajudou a voltar ao gelo e quero que veja os frutos de seus trabalhos pelo menos uma vez. — Sinceridade e incerteza brilhavam em seus olhos. Uma pequena pontada atingiu meu coração, e eu sabia que não conseguiria dizer não a ele. Soltando um suspiro profundo, inclinei minha cabeça para o lado. — Quando? — Vamos viajar nesse fim de semana para nossos jogos em Ohio, mas teremos um jogo aqui em duas semanas. — Isso será próximo da semana de preparação para as provas finais. — Minha mente percorreu todo o trabalho de laboratório, trabalhos e provas que se acumulariam perto do Dia de Ação de Graças. — Você é a pessoa mais preparada e capaz que eu conheço. Tenho certeza que já está com semanas de antecedência em tudo o que precisa fazer. Um jogo. É tudo o que estou pedindo. Três horas do seu tempo para me assistir no gelo, tentando não ter os meus dentes arrancados. Eu estremeci. Essa foi parte da razão pela qual eu não queria ir quando descobri que ele estava de volta ao time. — Eu não acho que conseguiria suportar assistir você no gelo sendo atingido. — Meus dedos deslizaram através do tecido macio de sua camiseta.


— Olhe para você, Srta. Coração mole. Olhando para o seu grande sorriso bobo, não pude deixar de rir. — Eu não sou a pessoa com quem você deve se preocupar. Sou um dos melhores jogadores por aí, é os outros que precisam tomar cuidado comigo. Não sou muito fã de levar umas porradas; prefiro bater nos outros, e prometo que farei o meu melhor para garantir que todos os meus dentes fiquem firmemente na minha cabeça em qualquer jogo que você assista. — Ainda não sei nada sobre hóquei. — Não se preocupe. Eu posso resolver isso agora. — Ele pegou minha mão e me puxou da mesa. Pegando minha mochila e a dele no chão, ele sorriu para mim. Era um sorriso que eu tinha visto centenas de vezes. No ensino médio, ele me fazia querer limpá-lo do rosto dele, até mesmo algumas semanas atrás, me irritava, mas agora era diferente. Eu vivia por esses momentos. Os pequenos olhares que me fizeram esquecer de respirar ou o sorriso que era apenas para mim. Ele reescreveu nossa história e eu não sabia quantas páginas ainda restavam. Ele me levou para fora da sala de estudos, pelos degraus e para fora da biblioteca. — Onde estamos indo? Nós nem terminamos o que tínhamos que fazer. — Nós estamos indo para o seu carro. Ficarei com você todas as noites, durante a semana toda, para garantir que terminemos o trabalho. Mas não posso deixar passar essa chance. — Ele pegou o celular, digitando algo nele enquanto seguíamos para o meu carro. Com algumas perguntas insistentes e repetitivas, pedi informações, mas ele não disse nada até pararmos do lado de fora do estádio. Me inclinei para a frente no volante e olhei para cima, para o prédio que se erguia à nossa frente através do pára-brisa. Empurrando meus óculos pelo nariz, olhei para ele. — O que estamos fazendo aqui? — Eu vou te ensinar as regras. — Ele digitou mais um pouco no celular e o deslizou no bolso. — Vamos. — Saindo e correndo ao redor do carro, ele sorriu para mim pelo espelho retrovisor. Meu corpo zumbiu quando ele abriu minha porta e estendeu a mão. Eu hesitei antes de deslizar minha mão em seu aperto. Mantendo meus olhos no prédio, apertei meus dedos nos dele. Ele me guiou em direção a um conjunto de portas de aço. Havia um homem mais velho parado em uma das entradas. — Você tem uma hora e é melhor não estragar nada. — A voz dele era profunda e rouca, e ele abriu a porta, batendo um conjunto de chaves na mão de Declan e fechando a porta atrás de nós. O frio lá fora não fez nada para me preparar para as temperaturas geladas do lado de dentro, mesmo com o meu casaco.


— Vamos lá, vamos te preparar. — Andando como uma criança em uma loja de doces, ele nos levou até a pista. Abrindo uma porta que eu nem tinha notado, ele nos levou até um banco ao lado do ringue. Sobre a madeira arranhada e gasta, havia dois pares de luvas, um capacete e alguns pares de patins no chão. Batendo a mão no banco ao seu lado, ele me chamou. A energia nervosa me atingiu, mas seu sorriso largo me acalmou. Ele tinha o hábito irritante de ser capaz de fazer isso. Com os meus lábios apertados, sentei no banco com as pernas encostadas ao lado das dele. — Você organizou tudo isso? — Olhei em volta da pista, que estava iluminada com pequenos holofotes. As enormes luzes do teto não estavam acesas, mas havia um brilho suave e gentil na pista. — Eu imaginei que a melhor maneira de ensinar você, era mostrando. — Ele sorriu para mim enquanto levantava os patins e os comparava aos meus pés. Erguendo meu pé, ele tirou meu sapato. — Você quer que eu suba no gelo? — Eu chiei. — Não, eu trouxe você para a pista para conferir minha técnica com o taco. Sim, vamos ir para o gelo assim que eu encontrar os patins que sirvam em você. O ar frio do prédio afundou nos meus dedos cobertos pelas meias. Eu os balancei para tentar aquecê-los um pouco. — Esses. — Ele pegou o último par de patins e deslizou um no meu pé. — Eu nunca notei que você tinha pés tão grandes. Eu o soquei no braço enquanto ele ria e amarrava meus patins. — Eu não tenho pés grandes! — Quero dizer, eles não são exatamente delicados. Tenho certeza de que são úteis quando você precisa pisar na garganta de alguém e mostrar quem é que manda. — Sim, e tem alguém que está prestes a saber exatamente como é ter um patins de tamanho quarenta enfiado na bunda. — Me inclinei para trás, segurando o banco enquanto ele agarrava meu outro pé e me preparava. Eu fixei meus dedos nas luvas enquanto ele colocava seus patins em um piscar de olhos. Pegando os dois tacos encostados no acrilico atrás de nós e colocando um saco de discos debaixo do braço, Declan abriu a meia porta que dava para o gelo. Estendendo a mão, ele sorriu para mim. Eu nunca o tinha visto tão animado antes. Bem, isso era mentira. Fora do quarto ou da sala de estudos ou qualquer outro lugar onde estivéssemos sozinhos, onde ele achava que poderia se dar bem, eu nunca o tinha visto tão animado. Eu olhei para a mão dele cautelosamente antes de limpar a garganta e me levantar em tornozelos bambos. Meus passos na verdade eram meus pés arrastando no chão, mas cheguei à beira da


caixa do banco. Deslizando minha mão enluvada na dele, meu estômago não só revirou, ele estava fazendo uma rotina de ginástica para ganhar um ouro nas Olimpíadas. Ele se moveu para trás para que eu pudesse pisar no gelo. Respirando fundo, apertei minha mão firmemente em torno da meia parede ao meu lado e apertei meus dedos ao redor dos dele. O aperto forte e firme que ele tinha em mim me acalmou um pouco. Meus patins bateram no gelo e me lancei para frente. Os tacos e discos caíram no gelo quando Declan passou os braços em volta de mim. Eu pressionei meu rosto contra seu peito e me agarrei a ele. Meu coração bateu forte, e sua risada gentil me fez beliscar suas costas. — Ei, por que fez isso? — Por tentar me matar aqui. — Eu não estou tentando te matar. Vai ser divertido. — Afastando meu rosto do seu peito, ele pegou minhas mãos nas dele e me ajudou a ficar de pé. Lentamente, como um potro tentando andar pela primeira vez, travei os joelhos. Os patins deslizavam pelo gelo, o que não era tão suave quanto eu imaginava, com pequenas saliências e cortes ao longo do caminho. — Você vai conseguir. Mantenha seus joelhos dobrados um pouco, e eu estou aqui com você. Vamos dar algumas voltas. — Sua voz era suave e gentil, como se tivesse medo de que algum barulho repentino me derrubasse - e ele provavelmente estava certo. Meu corpo estava parecendo gelatina, e tentei não pensar em todas as lesões que poderia acontecer só de estar aqui patinando. O ar frio do gelo fazia todos os músculos do meu corpo tensionar. — Olhos em mim. Mantenha seus olhos em mim e você verá que não precisa se preocupar com nada. — Seu sorriso e toque me ajudaram a me acalmar um pouco. Ele patinou para trás, mantendo os olhos fixos nos meus, e suas mãos nunca deixaram meu aperto, não que pudesse sacudir para tirá-la, mesmo se tentasse. Depois de algumas voltas, estava mais firme nos patins, não me curvando como uma avó com um andador. Mudando de aperto, ele patinou ao meu lado, segurando apenas uma mão. — Eu te disse, você ia conseguir. — Enquanto fizemos mais algumas voltas assim, Declan apontou os diferentes pontos no gelo e explicou as regras do jogo. Sua voz firme me manteve distraída da morte possivelmente gélida que me esperava com um movimento falso. — Pare de se preocupar com isso. O gelo não vai se levantar e cortar uma artéria. Você está pronta para o taco? — Ele patinou para longe, me abandonando no gelo, e me esforcei para colocar meus dedos na pequena saliência onde a meia parede encontrava o


acrílico. Seus patins cortaram o gelo, o som característico enchendo o ar. — Declan, não acho que isso seja uma boa ideia. Ele voltou mais rápido que um relâmpago com um disco e dois tacos. Soltando o disco no gelo, ele me entregou um taco. — Eu acho que vou ficar na parede. Acho que ela precisa de toda a minha atenção no momento. — Foi uma maravilha que não tivesse caído de bunda no gelo e me arrastado para fora desse lugar. — Você está usando ela como muleta. Você já conseguiu ficar de pé antes. Solte o parede. — Eu estou bem aqui. — Makenna, solte a parede. Eu segurei minha respiração e cautelosamente me virei para ficar de frente para ele. Meus patins deslizaram, mas consegui agitar meus braços e me equilibrar. A mão do Declan foi para as minhas costas para me firmar. — Você realmente não gosta disso, não é? Pensei em colocar um sorriso no rosto e seguir em frente, mas eu nem conseguia ouvir direito o que ele estava dizendo, o sangue estava batendo muito alto nos meus ouvidos. — Talvez nós trabalhemos com tacos e discos eventualmente. Tipo, daqui a alguns meses. — Em alguns meses. — Ele repetiu como se estivesse testando a frase, e o sorriso brilhante que foi lançado para mim significava que ele deve ter gostado do jeito que isso soou. E então eu percebi. O futuro. Eu estava fazendo planos com ele, além do agora ou até mesmo desse semestre. Eventualmente, teve uma sensação muito mais no futuro do que na próxima semana ou mês. Me ajudando a voltar para o banco, ele pegou um taco e um disco e fez um show de um homem que me fez levantar, encostar na meia parede e o observar no seu habitat. Eu sabia que ele era bom. Declan não teria sido um King no ensino médio se ele não fosse bom, mas vê-lo em primeira mão era diferente. Ele percorreu todas as posições, conversou comigo através de algumas jogadas e voou através de alguns truques que me fizeram bater palmas com as mãos enluvadas enquanto ele passava. Tirando minhas luvas, enfiei dois dedos na boca e soltei um assobio alto quando ele fez um truque e mandou cada disco na parte de trás da rede. Meu assobio ricocheteou nas vigas. Ele correu para mim com pequenos pedaços de gelo voando no ar. — Eu não ouvia algo assim há muito tempo. Parece que você aprova? — Ele se aproximou, sua respiração saindo ofegante. — Eu definitivamente aprovo. Você foi incrível aí. — Você deveria me ver com o resto do time. Isso significa que você está indo, certo? Está indo para o meu jogo?


— Depois dessa exibição impressionante, como eu poderia deixar passar? Estarei lá. Você vai ganhar para mim? — Eu sorria tanto que minhas bochechas doíam. Ele tirou a luva, que caiu no banco. — Qual o meu prêmio se eu ganhar? Ele passou a mão na parte de trás do meu pescoço e enfiou os dedos nos meus cabelos, o calor do seu toque sendo um forte contraste com o ar gelado. Eu afundei em seu aperto quando ele se inclinou para mais perto. — Tenho certeza que podemos pensar em algo. Ele mordeu meu lábio antes de passar a língua sobre o ponto dolorido e a empurrando na minha boca. Ele tinha gosto de chocolate quente em uma noite fria, enrolada em frente ao fogo. Nós dois estávamos ofegantes quando terminamos, e ele descansou a testa na minha. — Tenho certeza que podemos.


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MAKENNA

Chegando na estação de trem, acenei a mão para fora da minha

janela quando a cabeça de cachos castanhos claros de avery balançava acima das outras pessoas que saíam pelas portas. — Avery! — Eu gritei e abri minha porta. Ela acenou de volta e correu do outro lado da rua, passando os braços em volta de mim, quase me levantando do chão. O jeans rasgado e blusa de moletom que eram sua marca registrada estavam firmemente no lugar, como sempre, mas a bolsa pendurada em seu braço me fez sorrir. — Você vai poder ficar? — Me inclinei no capô do meu carro enquanto ela caminhava para o outro lado. — Alyson vai ficar na casa de uma amiga hoje à noite, então eu posso, se estiver tudo bem com você. Eu tenho que estar em uma entrevista amanhã de manhã cedo e achei que seria mais fácil. — Ela abriu a porta e entrou. — Claro. Eu te falei isso. Como ela está? — Eu saí do estacionamento e comecei a dirigir para o meu apartamento. — Ela está ótima. Ela está se graduando na Ri enhouse. Estou enlouquecendo. — Uau, ela já está no último ano?! — Sua irmã mais nova, gordinha e de rosto novo, estaria andando por um campus como o da Universidade da Filadélfia em pouco tempo. — Nem me fale. Estou tentando não perder a cabeça, mas já foi aceita na Universidade da Pensilvânia, então pelo menos estará por perto. — Isso é incrível. — Seu comentário de antes voltou para mim. — Para o que é a entrevista? Ela olhou para as unhas como se estivesse realmente pensando em não me contar. Eu tinha um jeito de fazer as pessoas falarem. — É uma coisa da faculdade. — Ela olhou para mim. — Sério? Que demais. Uma entrevista de admissão? — Tinha que ser difícil ver sua irmãzinha ir para a faculdade quando ela não teve a mesma chance. Ela assentiu. — É para uma transferência. Finalmente terminei todos os créditos do meu bacharelado depois de quase quatro anos e fiz algumas inscrições e tenho uma entrevista. Estendi a mão e apertei a sua. — Isso é incrível, Avery. Eu sei que você vai arrasar nessa entrevista. Você trabalhou tão duro, e eu sei que você entrará. — Pelo menos uma de nós está confiante. — Ela puxou um fio do jeans desfiado ao redor do joelho.


— Não se esqueça, eu era sua parceira de estudos no ensino médio. — E se não fosse por você, eu teria reprovado em tudo. — Ela olhou pela janela. — Não, se você não estivesse trabalhando enquanto estava no ensino médio, trinta horas por semana e cuidando de Alyson, então talvez não tivesse acontecido dessa maneira. — Você também trabalhou. Você estava no café o tempo todo. Eu rejeitei sua tentativa de comparar nossas situações. — Eu trabalhei para dar o fora da minha casa. Sempre senti que estava me sufocando lá. Você trabalhou para pagar as contas, manter as luzes acesas e garantir que nunca faltasse nada para sua irmã. Duas situações completamente diferentes. — Se você diz. — Ela sempre foi tão dura consigo mesma. A privação do sono teve um enorme impacto em sua vida, e não acho que Avery tenha dormido uma noite inteira em uma década. — Você entendia tudo no ensino médio. Você é inteligente, Avery. — Estudar na Ri enhouse Prep com uma bolsa de estudos porque o pai dela trabalhava como zelador não deve ter sido fácil. Tenho certeza de que algumas pessoas eram babacas de verdade sobre isso. Era horrível sempre sentir como se você nunca fosse boa o suficiente, mesmo que ela fosse incrível, e qualquer um que pensasse o contrário era um idiota. — Não sei quantas vezes vou precisar dizer isso para você acreditar. Ela olhou para mim e me deu um pequeno sorriso. — Talvez mais uma vez. — Eu vou dizer até ficar com o rosto azul. Deixamos a bolsa de Avery no meu apartamento e a apresentei a Fiona e Tracy, que na verdade iriam passar a noite em casa. Chocante! Depois de pegar algo para comer, chegamos ao estádio. Havia carros por toda parte. Pessoas vestidas com camisas de hóquei, com os rostos pintado às centenas. Eu tinha visto o Three Streets depois dos jogos, mas isso era completamente diferente. Finalmente, encontrando um lugar, estacionamos e saímos do carro, nos juntando ao fluxo de pessoas. — Não venho há um jogo há muito tempo. — Avery se inclinou para trás, olhando as luzes do lado do estádio enquanto entregamos nossos ingressos. Ela esteve em todos os jogos na escola por causa do Emme . Eu fiquei bem longe de qualquer coisa parecida com um evento esportivo no ensino médio, o que tornava ainda mais estranho estar aqui. E quem eu estava aqui para ver. O ar frio no interior combinava com as temperaturas tempestuosas do lado de fora, e fiquei feliz por ter usado meu casaco e suéter. Se soubesse que faria tanto frio, teria usado minhas luvas e


um gorro. Da última vez, não me lembrava de estar tão frio, provavelmente porque um jogador de hóquei aqueceu as coisas com suas proezas nos patins e seu corpo sexy. Eu balancei minha cabeça enquanto seguia Avery para nossos lugares. Essa não era uma frase que eu imaginei que iria pensar um dia, mas mesmo quando o odiava, tinha que admitir que ele tinha um corpo quente. Agora era um que eu conhecia intimamente. As pontas dos meus ouvidos ficaram quentes, e Avery se virou para arquear uma sobrancelha para mim. — O quê? — Senti como se ela pudesse ver o que eu estava pensando. — Você fez um barulho estranho. E as pontas dos seus ouvidos estão todas vermelhas. Em que diabos você está pensando? — Ela andou de lado ao longo da fileira. — Nada, — eu murmurei e mantive minha cabeça baixa. Encontramos nossos assentos bem de frente ao centro do gelo. Enquanto esperávamos o jogo começar e todos se sentavam, ela me contou alguns dos pontos mais delicados do jogo que Declan ainda não tinha me falado. As pessoas usavam cachecóis e gorros do time. As famílias estavam lá com pequenas bandeiras. Me surpreendeu que as pessoas estivessem tão empolgadas com o time, mesmo que houvesse um time profissional não muito longe. — Algumas pessoas apenas adoram hóquei. — Avery mordeu seu cachorro-quente e colocou o refrigerante gelado entre as pernas. Meus dentes estavam batendo só de olhar para ele. O time subiu no gelo, se esquentando, e vi Declan imediatamente. — Lá está ele. — Agarrei a jaqueta de Avery e apontei para ele. Olhando de volta para ela, eu não tinha percebido que tinha deslizado para a beira do meu assento. Ela sorriu para mim e depois riu. — Parece que alguém está um pouco animada por ver o homem dela no gelo. — Abri a boca para contestar e depois a fechei. O reflexo de negar estava lá, mas no fundo eu sabia que era verdade. Eu nunca me senti assim antes. Como se precisasse dele. Precisava vê-lo e tocá-lo. Quando ele viajava para jogos fora, meu celular ficava praticamente preso à minha mão porque não queria perder uma mensagem dele. Ele se virou no gelo e me viu. Levantando o taco, ele o apontou em minha direção. Meu peito ficou apertado e eu resisti à vontade de levantar o braço no ar e acenar de volta como uma completa idiota e, em vez disso, levantei minha mão e lhe dei um pequeno aceno. Algumas pessoas ao nosso redor olharam para mim e minhas bochechas esquentaram com a atenção.


Ele e Heath patinaram juntos no gelo, relaxando e treinando alguns arremessos. A certa altura, ele parou no vidro como se tivesse visto alguém e depois continuou. Eu verifiquei quem poderia ter sido. Havia um cara com uma carranca no rosto e um casaco caro, mas só isso. A buzina de estremecer o estádio soou e os caras deixaram o gelo. — Essa coisa não podia ser mais baixa? — Eu senti como se alguém tivesse segurado uma buzina de ar bem no meu ouvido. — Ah, você não viu nada ainda. — Avery tomou um gole de sua bebida e então uma onda de refrigerante gelado espirrou em minhas pernas e a cobriu. — Merda. — Eu balancei a bebida das minhas mãos. Ela pegou alguns guardanapos e tentou limpar as gotas de refrigerante em mim, parecendo ter visto um fantasma. — Avery, que diabos? — Eu sinto muito. Escorregou. — Ela tentou limpar, mas seus olhos não estavam em mim. Eles estavam no gelo - bem, perto do gelo. Eu olhei para cima, seguindo seu olhar, e fiz uma careta quando vi por que ela estava surtando. Todo escuro e sombrio como um prenúncio da desgraça de cabelos pretos, Emme estava no corredor ao lado do gelo. Ele pode ter raspado a barba do ensino médio, mas o reconheceria em qualquer lugar. As pessoas corriam para ele em seu casaco de lã impecavelmente feito sob medida, pedindo autógrafos, mas seu olhar continuava disparando para Avery. — Eu vou embora. — Ela se levantou, seu assento saltando. Agarrei seu braço. — Não deixe ele te tirar daqui. Não há razão para que vocês dois não possam ficar juntos no mesmo prédio. — Essa coisa com eles era ridícula, e eu pude ver que nada havia mudado nos anos desde que saímos da escola. — Está tudo bem. Eu não deveria estar fora até tarde de qualquer maneira por causa da minha entrevista amanhã. Eu vou embora. Vou voltar para sua casa, pegar minha bolsa e ir. — Avery... Ela passou por mim e me deu um sorriso fraco antes de arremessar outro olhar para Emme , que estava encarando de olhos estreitos tanto quanto antes. — Sério, está tudo bem. Eu vou. Você fica e curte o jogo. Fala para o Declan que eu disse oi. — Ela subiu as escadas no momento em que a campainha tocou novamente e os dois times patinaram no gelo. Dividida, olhei para ela mais uma vez e ela fez um gesto com as duas mãos para eu me sentar. Relutantemente, me sentei no meu lugar, não pronta para me perder completamente no que diabos


estava acontecendo, mas eu disse a Declan que assistiria, então assisti.


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DECLAN

Parado no vestiário, pulei de uma perna para a outra, esperando ir

para o gelo. era o mesmo cheiro de suor, gelo, concessões e vitória. eles se misturavam e pairavam sobre todos, enquanto nos aquecíamos para colocar outro jogo na coluna de vitórias. O treinador já havia nos dado seu discurso de acabem-com-eles-enão-fiquem-presos-na-caixa-do-pensamento. Eu nunca fiquei nervoso antes dos jogos, mas meu estômago era uma bola gigante de não estrague tudo. Makenna estava lá fora. Sentada nas arquibancadas, esperando que eu lhe mostrasse tudo em que trabalhei duro desde pequeno. Minha mãe tinha feito tudo que podia para me manter no hóquei. Treinos de manhã cedo, equipamentos caros - ela tinha feito muito para que isso acontecesse, e trabalhei duro para que eu pudesse dar a ela tudo o que havia perdido, para garantir que tivesse o suficiente. O estádio vibrou com a energia da multidão. Até o momento estávamos invictos nessa temporada, e eles esperavam uma vitória. Quem éramos nós para decepcioná-los? — Ela está lá fora, certo? — Heath disse, parado ao meu lado, parecendo que estava prestes a entrar em um campeonato de estourar bolhas, irritantemente tranquilo sobre tudo. — Sim. Ela pediu dois ingressos. — Talvez ela esteja trazendo o namorado. Eu fitei Heath, e ele riu daquela maneira que fazia todo o seu corpo tremer. — Relaxa. Se ele não estivesse usando seu capacete, eu teria dado um soco nele. — Existem umas coisas que as pessoas dizem às vezes e são chamadas de piadas. Você deve ter perdido o memorando. — Ele empurrou meu ombro, apontando que os caras estavam saindo para a pista. As pessoas nas arquibancadas rugiram quando saímos do túnel e fomos para o gelo. Meu corpo vibrou com intensidade mal contida. Eu estava de volta e pronto para obter as vitórias pelas quais trabalhamos pra caramba. Era um sentimento que nunca ficava velho, aproveitando a energia deles no gelo com meus colegas de time. Patinei ao longo da beira da pista até avistá-la. Em seu casaco vermelho brilhante, olhando diretamente para mim. Levantei meu taco, e ela ficou toda vermelha acenando de volta, mas quase tropecei quando vi quem estava ao lado dela.


— Aquela é a Avery? — Heath perguntou como se estivéssemos de volta no ensino médio. — Sim, é a Avery. — Um mau pressentimento tomou conta de mim. — Emme não disse que talvez ia vir para o jogo hoje à noite? E a pequena concentração de pessoas do outro lado do ringue me deixou saber que ele havia decidido aparecer. Mas foi outro rosto carrancudo que chamou minha atenção. Archer estava do outro lado do vidro, como se fosse o dono do lugar. Aqueles sentimentos antigos que eu sempre tive quando ele estava lá tentaram borbulhar, mas um olhar para Mak afastou tudo. Eu não deixaria ele entrar na minha cabeça. Eu não ia cair na mesma armadilha que ele sempre queria que eu caísse. Dane-se ele. Com um último olhar, me empurrei para o centro do gelo e o bloqueei da minha mente. Tentando manter minha cabeça no jogo, voltei a me aquecer com Heath. Eu teria que descobrir como resolver a animosidade persistente entre eles mais tarde, mas parecia que não ia ser preciso. Avery estava subindo e saindo do estádio. Preocupado de que talvez Mak tivesse ido com ela, encontrei seu lugar nas arquibancadas novamente, onde ela estava olhando preocupada para Avery, mas ainda sentada. Dei um suspiro de alívio. A última coisa que eu precisava era me preocupar com o que aconteceu com ela enquanto estava no gelo tentando não decepcionar meu time. Eu precisava dela lá. Precisava dela para afastar o olhar de merda que Archer tentou atirar em mim. Ela era o meu amuleto da sorte. E então Emme subiu o outro conjunto de degraus e saiu. Eu balancei minha cabeça. Quando diabos esses dois vão simplesmente conversar sobre isso? Brigar. Foder e perdoar. Provavelmente nunca, mas não era hora de se envolver no drama deles. Indo mais fundo e com Heath no jogo como nunca antes, marcamos três gols no primeiro período. Marquei dois deles. Sentando no banco, borrifei a água fria na boca. Uma onda de satisfação rolou sobre mim quando Archer se levantou e saiu com as mãos enfiadas nos bolsos. Isso aí! Alguém estendeu um taco para ele assinar, e ele os empurrou para fora do caminho como o idiota que era. Eu podia sentir os olhos de Mak em mim enquanto trocava no banco e voltava para o gelo. Engolindo um pouco de água, meu olhar disparou até ela antes de voltarem para os caras dando tudo o que tinham no ringue. A ação foi rápida e nossos patins foram mais rápidos. O suor escorria de mim e olhei para cima do banco, observando-a morder seus lábios. Enquanto Heath e eu estávamos no banco, o outro time conseguiu marcar dois gols no segundo período, quase empatando. Era hora de


voltarmos e nos certificarmos de que eles sabiam que vencer não era uma opção. Estava na hora de ganhar esse jogo de uma vez por todas para a minha garota.


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MAKENNA

A multidão zumbia com uma eletricidade que eu nunca havia

experimentado antes. todos prenderam a respiração, saíram de seus assentos e aplaudiram até que suas vozes ficaram roucas ao mesmo tempo. era como fazer parte de um organismo genético gigante que crescia com cada gol. fiquei impressionada com o quão silenciosa a maioria das jogadas eram. O disco era tão pequeno e voava tão rápido que às vezes parecia que as pessoas nem sabiam que um gol havia sido marcado até a campainha e as luzes dispararem. Então todos ficavam de pé. Meus ouvidos zumbiam quando a campainha final soou no estádio. — Esse é um conjunto de pulmões fortes que você tem aí, mocinha. — Um dos caras mais velhos que estavam sentados atrás de mim bateu no meu ombro enquanto todos saíam de seus lugares. Eu posso ter ficado um pouco empolgada com os assobios. — Obrigada. — Dei a eles um pequeno sorriso. — Declan tem sorte de ter alguém como você torcendo tanto por ele, — disse ele, desaparecendo no meio da multidão. Suas palavras saltaram em volta da minha cabeça enquanto eu me movia com o fluxo de pessoas descendo os poucos degraus de concreto. Caminhando até onde o time sairia do gelo, havia muita gente aglomerada ao redor da porta do lado da pista que levava ao túnel. Os caras comemoram no gelo, e não consegui tirar o sorriso do meu rosto. Ele trabalhou duro para ter certeza de que poderia estar lá para o seu time. No segundo em que descobri que ele estava de volta ao time, fiquei eufórica. Por alguma razão, pensei que não importava muito para mim. Mas sabia o quanto isso significava para ele, então isso importava pra caramba para mim. Ele voou através do gelo, e não era como nada que eu já tivesse experimentado antes. Eu estava dividida entre ser uma lunática delirante que assobiava com os dois dedos na boca e uma medrosa que se encolhia e prendia a respiração toda vez que ele acabava sendo jogado nas paredes. Não era muito frequente porque ele era rápido e Heath estava ao seu lado, o ajudando quando ele precisava, mas era o suficiente para me deixar preocupar em ter um ataque de pânico no estádio. Eles saíram de uma pequena porta ao lado do ringue, e era tão estranho vê-los fora do gelo. Lá dentro, eles eram todos precisos e potentes, mas observá-los ainda andando em seus patins, carregando aqueles tacos e protetores de hóquei, me fez rir. Era como ver um peixe fora d'água.


As pessoas estavam se esmagando, tentando pegar autógrafos e tirar fotos com os caras ainda de uniforme. Ficando mais para trás, deixei o time passar. Declan examinou a multidão quando passou pela porta. Nossos olhos se encontraram e lhe dei um pequeno aceno. — Encontro você lá fora. — Coloquei minha mão em volta da boca, esperando que ele pudesse me ouvir sobre o barulho. Apontando atrás de mim, sorri e me virei, feliz por esperar para parabenizá-lo. Eu não tinha dado mais de três passos quando fui levantada do chão e rodopiada. Meu cabelo bateu nos meus olhos, e fiquei cara a cara com um Declan suado, sorridente e irracionalmente sexy. — Ei, Livros. — O cheiro avassalador de suor e de seu equipamento de hóquei me atingiu, mas nele não era ruim. Era uma demonstração de seu poder bruto e talento. — Ei, eu ia encontrar você lá fora. — Ele me abaixou então eu estava na ponta dos seus patins. Olhei para o chão e de volta para ele. — Eu sei, mas eu queria ver você aqui. Você veio. — Seus olhos procuraram meu rosto como se achasse que eu poderia desaparecer a qualquer momento. — Eu te disse que viria. — Você até deu aquele assobio. Minhas bochechas queimaram e eu abaixei o olhar. — Você ouviu aquilo, hein? — Acho que todo mundo ouviu. Bem impressionante. E Mak, mais uma coisa... Eu olhei em seus olhos, e seus lábios desabaram nos meus. O sabor salgado do suor dele se misturou com as balas de menta que eu tinha mastigado graças ao stress durante todo o jogo. Era uma mistura inebriante, e ele descansou a testa na minha quando nós dois paramos para respirar. — Espere bem aqui. Vou me apressar e me trocar. Abri minha boca para protestar, mas ele passou os dedos pelas minhas costas e um arrepio correu através de mim. Não confiando na minha voz, assenti. Ele sorriu de volta para mim como se eu tivesse lhe entregado um troféu de campeonato. Me ajudando a descer de seus patins, ele pegou seu equipamento e desceu o túnel para o vestiário. Sentando na primeira fila dos assentos do estádio, perto de onde o time saiu do gelo, peguei meu celular e enviei uma mensagem. Eu: Ele saiu logo depois de te ver. Avery: Imaginei, mas eu não queria arriscar. Eu: Por que não? É


Avery: É uma longa história. Mas pensei que era melhor ficar longe. Eu: Vocês terminaram há quatro anos. Por que não diz a verdade a ele? Avery: Não vamos falar sobre isso novamente. Eu: Você realmente acha que vir comigo ao jogo e assistir Declan causaria problemas? Avery: Sim. Eu: Eu mal consegui te ver. Talvez você possa voltar em breve. Avery: Talvez, se eu puder tirar uma folga. Eu: Espero que você tenha toneladas de folgas assim que for aceita na faculdade. Avery: Talvez... Um alerta no meu celular tocou, me deixando saber que havia menos de dezoito horas para que entregássemos nosso trabalho final. Eu não tinha ideia do porquê de Alco nos pedir para entregar tão cedo, mas estava tudo bem comigo. Isso significava que eu teria mais tempo para estudar para as finais dos meus cursos prémedicina. Um pequeno poço de tristeza me atingiu no estômago. As sessões semanais de estudo com Declan estavam chegando ao fim. Ainda não conversamos sobre o que estávamos fazendo juntos. Ele iria jogar profissionalmente após a graduação, e a faculdade de medicina não dava muito tempo fora das salas de aula para ter qualquer tipo de vida. Ele estaria viajando, e os holofotes em que viveu desde o colegial seriam ainda maiores, com ainda mais atenção em uma equipe profissional. E mulheres. Ele as tinha bajulando em cima dele agora, como seria quando fosse profissional? — Pare de pensar tanto. Você vai quebrar alguma coisa. Eu pulei quando sua voz cortou minha concentração pesada. Ele passou pela minha cadeira em uma camiseta e calça jeans baixa, uma bolsa com alguns dos seus equipamentos e afundou no banco dobrável do estádio ao meu lado. Inspirei o cheiro gelado do lugar agora que estava quase vazio. O carrinho de reparação de gelo deslizou pelo ringue, alisando-o para mais tarde. — Você gostou do jogo? — Ele olhou para mim, seus olhos verdes escuros brilhando com partes iguais de exaustão e euforia, como se ele fosse o cara mais feliz do mundo. Era uma satisfação preguiçosa causada após um esforço sério, e me fez apertar minhas coxas juntas contra a pulsação crescente entre elas. Era o mesmo olhar que ele me dava todas as noites em que desmaíavamos embrulhados um no outro. Meu coração apertou, e meus dedos coçaram para tocá-lo, mas me segurei.


— Você veio dirigindo? — Ele passou o dedo pelo meu braço, o arrastando ao longo do meu casaco. Os cabelos na parte de trás do meu pescoço se arrepiaram. — Sim, eu não queria voltar andando para o meu apartamento à noite e sabia que o transporte do campus estaria lotado com pessoas saindo para a noite. — Minha voz saiu mais rouca e faminta do que eu pretendia. — Você não vai dirigir de volta. Você vai para a minha casa. — Não uma pergunta. Uma afirmação. Praticamente uma conclusão precipitada pelo som de sua voz. Meu olhar se voltou para o seu, e ele tinha um sorriso preguiçoso e convencido no rosto. Alguns meses atrás eu ficaria com vontade de bater nele, mas agora eu queria rastejar em seu colo e mordiscar seu lábio até que ele me virasse e me pressionasse contra o acrílico ao redor da pista e me pegasse por trás. Um tremor estremeceu através de mim, e meus mamilos endureceram. Resistindo ao desejo de deslizar as mãos entre as coxas para aliviar a dor, mordi o lábio. — Agora você definitivamente está indo para casa comigo. Você não pode me olhar assim e morder o lábio como faz quando tenho meus dedos dentro de você e se safar. Não até eu arrancar pelo menos três orgasmos de você. — Ele rosnou e enterrou a cabeça no meu pescoço, passando a mão por baixo do meu casaco enquanto eu olhava em volta, certificando de que ninguém estava vendo. Respirei seu cheiro de sabão limpo quando os arrepios subiram em meus braços. Observá-lo no gelo, patinando com tanta ferocidade e poder, me fez apreciar ainda mais cada músculo esculpido e sua incrível resistência. Interrompendo seu ataque ao meu corpo, ele olhou para mim. — Você vai voltar comigo, certo? Venha para a festa na minha casa. A neblina inebriante em que eu entrava sempre que ele me tocava desapareceu um pouco. — Uma festa? — Estar cercada por uma enorme multidão de pessoas que eu não conhecia não era exatamente o que eu tinha em mente para a nossa noite. E havia o nosso trabalho final. — Ainda preciso revisar nosso trabalho final e entregá-lo, e tenho trabalho amanhã à noite. — Não é para ser entregue até o meio dia de amanhã. Tenho certeza de que você já o revisou três vezes e sei que o revisei duas. Está perfeito. Venha para a festa. Percorrendo a lista na minha cabeça de motivos por que eu não poderia ir, morreu nos meus lábios quando ele traçou o polegar ao longo da pele sensível na parte interna do meu pulso. — Eu quero apresentar você para os caras. Não como nossa garçonete, mas como minha namorada.


Uma sensação leve e borbulhante, como a única vez em que tomei duas taças de champanhe em um brunch de honra em Stanford, fez uma risada aguda sair da minha boca. A testa de Declan enrugou e ele soltou meu pulso, a dor brilhando em seus olhos. Peguei a mão dele de volta e descansei no meu colo, traçando os sulcos profundos na sua palma e os calos nos dedos. — Eu não quis rir tipo rir, rir. Foi uma risada de você-me-pegoude-surpresa. Tá falando sério? Eu realmente sou sua namorada? — Inclinei minha cabeça para ele, meio nervosa que fosse algo que eu tinha imaginado e agora seria sua vez de rir. — Nunca falei mais sério sobre nada na minha vida, Livros. Venha para a festa comigo para que eu possa te exibir, te levar para o andar de cima e fazer todas as coisas sujas que pensei em fazer desde que te vi sentada aqui nas arquibancadas com esse suéter. É praticamente obsceno. — Ele passou o dedo pela gola alta do meu suéter de malha vermelho. Olhei para o meu corpo completamente coberto e levantei minha sobrancelha para ele. — Obsceno? — Eu dei risada. — Eu estou parecendo uma freira nessa coisa. — Eu sei, mas também sei tudo o que você está escondendo aí embaixo. Os seios de dar água na boca que eu poderia morder e chupar a noite toda, e nem vou começar a falar no que está por baixo desse jeans. Por que você não entrou aqui nua logo? — Você é louco. — Empurrei seu ombro. Ele se levantou e me levantou da minha cadeira, pressionando seu peito musculoso contra o meu corpo. — Eu sou louco por você, Mak. Vamos lá. — Seu hálito quente se espalhou pelo meu rosto. Olhei para o gelo atrás dele e assenti com a cabeça. — Ok, vamos lá. — Eu sorri para ele, pronta para fazer um pequeno estrago, ficar um pouco bêbada e ter um sexo sujo, de contorcer o corpo, e que faz andar igual um cowboy com as pernas abertas. — Mas me prometa que vamos dormir cedo, para que eu possa ler mais o artigo antes de enviá-lo. — Você está me deixando louco, Livros! — Ele pegou os óculos do meu rosto. — Ei! — Eu estiquei o braço para pegar eles. Ele abaixou o ombro e eu olhei para o chão para ver se deixei cair alguma coisa quando seu ombro cutucou meu estômago. Eu gritei quando ele me levantou, pendurada por cima do seu ombro. Ele passou os braços em volta das minhas pernas e seus dedos cravaram na minha bunda, apertando e o paft de seu tapa ecoou na pista. O ardor foi agudo e rápido e enviou uma vibração direto para minha boceta.


— Aí, por que você fez isso? — Esfreguei minha bunda e dei um tapa na dele com a minha visão perfeita, pendurada em suas costas. — Isso foi por me olhar daquele jeito. Não pense que não vi seus mamilos endurecerem. Como se estivessem prontos para cortar vidro. Você acha que eu ainda não sei como sua mente funciona? Além disso, ainda temos mais dez posições e lugares para experimentar em sua lista. Suas mãos massagearam minha bunda através do meu jeans, e eu corri meus dedos pelas costas dele. Com meu cabelo caindo no meu rosto, meu namorado de ombros largos - puta merda, eu tinha um namorado - me levou para o meu carro, bem estilo homem das cavernas.

Passei as mãos pelos cabelos novamente quando subimos os degraus da casa de Declan. Parecia um lugar diferente enquanto as pessoas saíam e a música descia até a rua. Tive que estacionar quase cinco quarteirões de distância, porque todo mundo pareceu ter a mesma idéia sobre comemorar. Seus dedos entrelaçaram com os meus, e olhei para ele. As luzes da rua fizeram seus olhos brilharem, e a tensão no meu estômago diminuiu um pouco. — Vai ficar tudo bem. Eu quero apresentar você para os caras. Pessoas corriam pela rua. Algumas entraram na casa de Declan, enquanto outros foram para outras festas ao longo da rua. Era um mundo diferente do nosso complexo de apartamentos relativamente tranquilo, no outro lado do campus. As pessoas vieram até nós e o cumprimentaram, gritaram parabéns e pareciam prontas para explodir de felicidade por estarem na presença dele. O tempo todo ele manteve seus dedos entrelaçados nos meus. Algumas pessoas olharam para baixo, geralmente outras mulheres, e viram nossas mãos entrelaçadas. Os olhares que elas nos lançaram me fizeram rir. Eu podia vê-las tentando entender isso. Boa sorte. O palpite delas era tão bom quanto o meu de como acabei como a namorada de Declan McAvoy. Entrar pela porta da frente era como passar de um freezer para uma sauna. A casa estava cheia de gente, e em segundos estava me arrependendo do meu casaco. Estava fervendo aqui dentro. No segundo em que ele entrou pela porta, uma enorme salva de palmas estourou na multidão. As pessoas estavam em cima dele, mas


quanto mais pessoas se aglomeravam, mais ele me segurava, como se não quisesse que eu surtasse e fugisse. Teria pensado que me sentiria assim também, mas eu o vi sorrir, mergulhar nos elogios e isso me fez ficar orgulhosa. Ele me apresentou a todos que chegaram para conversar como sua namorada, e novamente os olhares surpresos e alguns olhares maldosos de algumas das mulheres. Eu apenas dei de ombros, como se dissesse: O que posso fazer? Ele consegue o que quer. Uma cabeça apareceu acima da multidão, e era Heath em pé na mesa da cozinha, olhando pela clarabóia da cozinha. — Ele vai quebrar a maldita mesa. — Declan balançou a cabeça e pegou uma cerveja para nós dois. — O que ele está olhando? — Estiquei o pescoço para ver melhor. Heath estendeu a mão, quando alguém quase caiu da mesa e o ajudou a ficar ao lado dele. — Acho que ela é uma das assistentes da professora da minha aula de bioquímica. Tenho certeza de que ela é uma aluna de mestrado em biologia. — Era de imaginar. — Declan riu em sua cerveja e nos levou para andar pela festa. O suor escorria pelas minhas costas, e puxei a frente do meu suéter, tentando me refrescar enquanto bebia minha cerveja. — Pessoal, eu quero que vocês conheçam Makenna. — Declan colocou as mãos nos meus ombros e me levou para a fila de seus companheiros de time em pé ao lado da mesa de beer pong montada na sala dos fundos. Preston se aproximou e me apertou com tanta força que eu mal conseguia respirar. — Obrigado, Makenna. Eu te beijaria na boca por ter mantido ele na linha durante esse semestre, se não achasse que Dec tentaria colocar meus dentes na minha garganta. Ele já está olhando com raiva. — Olhei para Declan, e ele exibia uma expressão não divertida no rosto, o que transformou no segundo que Preston me soltou. — Ele está exagerando. Eu não colocaria os dentes dele na garganta; isso seria um risco de asfixia, e não precisamos que nosso capitão destemido seja enviado ao hospital. Eu me certificaria em arrancar cada um da boca dele. Segurança primeiro. — Os caras começaram a rir. — O que eu perdi? — Heath colocou a cabeça na sala, seu cabelo loiro uma completa bagunça. — Nada. Estávamos oferecendo a próxima rodada para Makenna e Dec. — Ahh, eu posso jogar? — Heath bebeu sua cerveja e se virou, enchendo todos os copos na mesa. — Você está afim disso? — Declan colocou um pouco do meu cabelo atrás da minha orelha. O suor se acumulou na base do meu pescoço. O que eu não daria por um amarrador de cabelo para que


eu pudesse colocá-lo para cima. A única vez que o deixei e eu estava no meio de um inferno. Os arrepios quentes causados pela minha cerveja não estavam ajudando. — Irei beber suas cervejas para você, — ele sussurrou no meu ouvido. Eu assenti e ele me deu um beijo quente e molhado. Minhas pálpebras tremeram quando me apoiei nele. — Nós somos os primeiros. — Declan pegou a bola de pinguepongue e ficou de pé no final da mesa. Dobrando o cotovelo e mexendo o pulso, ele jogou a bola, que voou pelo ar, aterrissando sem balançar no copo na frente de Heath. — E é assim que se faz. — Ele se vangloriou quando Heath bebeu a cerveja do copo. Durante toda a noite, as pessoas continuavam se aproximando dos caras e lhes trazendo ainda mais cervejas, querendo brindar a vitória. Eles estavam invictos até agora nesta temporada, e parecia que a tendência dos anos anteriores iria continuar sem problemas. Um zumbido de energia fluiu através da festa, e não era apenas a bebida. O time deixava muitas pessoas incrivelmente felizes apenas fazendo o que amavam. Esse era um verdadeiro dom, e eu nem conseguia imaginar como era. Fazer as pessoas ao seu redor praticamente explodirem ao som de uma música só de ver seu rosto. Deslizei minha mão no bolso de trás de Declan quando ele soltou a bola de pingue-pongue, tentando vencer o jogo. Ela saiu do curso e bateu na testa do Heath. — Ei, nós quase vencemos. Lambi meus lábios e me inclinei para perto dele, quase pressionando meus lábios contra sua orelha. — Me leve para a cama. — Seus olhos se transformaram em desejo líquido, e eu estava pronta para pegar essa onda a noite toda. — Você só precisa me dizer uma vez. — Ele agarrou minha mão e praticamente me arrastou pelas escadas para o quarto dele, não dando nem uma segunda olhada para as pessoas tentando cumprimentá-lo ou parabenizá-lo pelo caminho. Eu não poderia culpá-lo. Meu corpo zumbia em antecipação ao seu toque. A porta se fechou atrás dele com o pulsar do baixo vibrando no chão. E era como se nós dois estivéssemos vestindo roupas feitas de amianto. Nós precisávamos tirar elas. Agora. Tirando a roupa um do outro, passei as mãos pelo rosto dele. Nossas línguas dançaram e nossos lábios se esmagaram. Era um tipo de preliminares embrigada, de dentes batendo, corpos suando, gemendo e se contorcendo. Os sons molhados da nossa boca e os gemidos frustrados de ficarmos presos em nossas roupas enquanto tentávamos arrancá-las eram os únicos no quarto. Ele me levou para trás, usando seu corpo exatamente como fez no gelo, para controlar uma situação.


Com um empurrão gentil, ele me derrubou na cama e subiu em cima de mim. Eu ansiava seu toque como uma viciada, e eu não me importava como lidaria com a abstinência. Mas eu precisava dele pressionado contra mim e dentro de mim agora.


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DECLAN

O jeito carente e despido que mak me pediu para levá-la para a

cama quase me fez causar uma cena ali mesmo na mesa de beer pong. as cervejas a fizeram se soltar, mas era mais do que isso. não sei por que demorei tanto para dizer a ela que era minha namorada. Na minha cabeça, era isso que estávamos fazendo o tempo todo. Foi inevitável desde a primeira noite que seus lábios tocaram os meus. Inferno, provavelmente tinha sido inevitável desde a primeira noite em sua sala de estudo. Eu nunca pensei em ficar com mais ninguém. Nunca havia tempo suficiente, e o hóquei sempre vinha em primeiro lugar, mas com Mak era simplesmente certo. Mesmo vendo Archer do outro lado do ringue, com os olhos fixos nos meus, nem me incomodou quando sabia que ela estava na arquibancada para mim. Ela desbloqueou algo em mim que eu não tinha sido capaz de desbloquear. Eu poderia patinar por ela, e nada mais importava. Ela era tudo. A luz fraca da minha mesa deu ao quarto um brilho sutil. Fiquei tentado em acender todas as luzes para poder ver cada centímetro dela, sem perder nada. A maneira como a voz dela ficava rouca porém melosa ao mesmo tempo quando me queria fazia os cabelos da minha nuca se arrepiarem. Ela era a pessoa que eu nunca imaginei confiar. Todas as nossas discussões e comentários sarcásticos, a maneira como a energia entre nós zumbia - estava sempre levando a isso. Toda vez que minhas mãos estavam nela, eu descobria uma nova maneira de amá-la. Meu corpo parou em choque quando percebi. Olhando para ela na cama de joelhos, esperando por mim, eu a amava. Não apenas lá, mas em todos os lugares e de qualquer maneira que ela me tivesse. — Eu vou ter que ir até aí para te pegar, ou você vai nos dar o que nós dois queremos? — Seu peito subia e descia, os mamilos escuros rígidos e chamando pela minha boca. A observando, eu queria tudo de uma só vez. Ter o meu bolo e o comer também. — Você tem certeza que quer isso, amor? — Eu acariciei meu pau, e seus olhos se concentraram na minha mão subindo e descendo pelo meu eixo. Ela lambeu os lábios e eu gemi. — Você está molhada para mim? Ela deslizou as mãos pelo estômago e mergulhou os dedos dentro de si mesma, gemendo ao fazê-lo. Meus joelhos quase cederam quando vi minha garota se tocando. Soltando meu pau antes que explodisse, subi na ponta da cama. A necessidade de entrar em sua boceta quente me deixou tonto.


Rastejando em cima dela, olhei para ela com medo de piscar. Como se tudo isso fosse um sonho febril e eu não estivesse de volta ao time, ela ainda me odiava, e eu nunca a senti envolvida em mim. Ela era mais linda do que qualquer coisa que já vi antes. Nossas mãos vagavam um sobre o outro. Era melhor do que qualquer outro sentimento, até mesmo o de fazer o gol no último segundo para vencer outro jogo naquela temporada. Nem se comparava. Rolando seu mamilo entre meus dedos, abaixei minha cabeça, arrastando minha língua ao longo da curva de seu pescoço enquanto suas costas arqueavam para fora da cama. — Declan… — Seu choramingo rouco e necessitado fez uma gota de pré gozo vazar da cabeça do meu pau. Ela esticou a mão entre nós e acariciou meu eixo, enviando um arrepio na minha espinha. As coisas seriam curtas e doce dessa vez. Seus gemidos me faziam querer enterrar meu pau entre suas pernas até que ela gritasse tão alto que nós dois ficássemos surdos, mas isso teria que esperar. — Eu estou aqui para você. — Mexendo na gaveta ao lado da minha cama, peguei os preservativos. Deslizando um, levantei as pernas dela e as descansei no meu peito. — Você tem certeza de que está pronta? Essa boceta está pronta para mim? — Abaixando uma mão, deslizei meus dois dedos para dentro e ela soltou um grito estrangulado, levantando os quadris da cama. — Porra, você está encharcada, Livros. — Seu calor líquido cobriu meus dedos quando sua boceta apertou como se nunca quisesse que eu os tirasse. Eu os empurrei mais fundo nela, e sua respiração ficou presa. Ela fez um som de chiado quando sua cabeça se agitou de um lado para o outro. O cabelo dela grudava na testa e no pescoço. — Mais. — Ela abriu os olhos e olhou nos meus, seu desejo se construindo e nos conectando quando a fina linha de restrição que eu tinha finalmente foi quebrada. — Declan, eu preciso de você. Beijando suas panturrilhas lisas e macias, me alinhei com ela. Espalhando sua umidade ao redor, eu pressionei nele. O encaixe era sempre apertado, quase doloroso. Toda vez. O tipo de dor que você sente quando algo é bom demais. Tão esmagador que você quer aproveitar o sentimento para sempre. Essa era ela. Ela era tudo para mim. Respirei fundo quando me inclinei para trás. Ela me incentivou a avançar, tentando inclinar os quadris para me levar para dentro. Agarrando meu pau, empurrei minha cabeça, rangendo os dentes. Seu corpo ficou rígido antes que gritasse por mais. Eu estoquei nela, dirigindo meu pau até o final e dando a nós dois exatamente o que queríamos. Seu aperto em mim me fez flexionar minha mandíbula com força. Eu gemi quando me deliciei com o intenso prazer, tão bom que eu


mal conseguia respirar. Suas pernas tremiam contra o meu peito, e meu nome se tornou um canto saindo de seus lábios. Eu mantive meu braço em volta de suas pernas, e ela usou seu corpo para tentar me empurrar mais fundo. Me inclinando para frente, sentei-me de joelhos e ela gritou meu nome. As batidas fortes da música no andar de baixo a abafaram. Mas não me importei, ouvir meu nome sair dos lábios dela era o som mais doce que já ouvi. Eu queria isso todos os dias. Não, foda-se isso, eu queria todas as horas. — Eu tenho exatamente o que você quer. — Abrindo suas pernas, eu caí em cima dela e rocei meu corpo contra o seu. Nossos quadris trabalharam em uníssono para nos levar ao lugar onde ambos esqueceríamos nossos nomes e nada mais importava, mas que tudo era bom. Ela agarrou o lado do meu rosto, empurrando sua língua quente e molhada na minha boca. Seu gosto me deixou selvagem. Sua boca era pecado, sua boceta era uma bênção, e seu corpo era tudo que eu deveria ter sido avisado sobre. O vício era real quando se tratava dela. Bati meus quadris para baixo quando ela ergueu os dela. Nossos corpos se moveram em uníssono frenético, tentando ver quem poderia fazer o outro gozar primeiro. Eu estava determinado a vencer. A observá-la se desfazer na minha frente enquanto eu me perdia nela mais uma vez. O estalo quente e úmido de nossos corpos tentando se fundir encheu o ar sobre a música do andar de baixo. Nossos movimentos estavam seguindo a batida, aproximando-se da queda de graves e da nossa explosão. Seus gemidos e gritos combinavam com os meus. A cabeceira bateu contra a parede, e me segurei nela para um apoio extra, me inclinando para frente e empurrando seus quadris mais para cima. Seus olhos eram poças de necessidade e havia um fino brilho de suor em sua pele que combinava com o meu. O aperto de torno que ela tinha no meu pau me fez cerrar os dentes. Sua boceta se contraiu em volta de mim e quase me mandou para o limite. Com o novo ângulo, seus gritos mudaram, e olhei para baixo para me certificar de que ela estava bem. — Não ouse parar! Toca… — Um suspiro se libertou dela, e ela choramingou antes de lamber os lábios. — Esfrega o meu clitóris. Ela era tão aberta na cama. Pronta para me dizer o que precisava. Eu me deleitei com o fato de que conseguia fazê-la derrubar suas paredes e ficar livre quando estávamos assim. Nunca fui um de decepcionar minha garota, então estiquei a mão entre nós e esfreguei seu ponto suave e tenso com o polegar. Como se estivesse tentando me torturar, seus músculos se contraíram e suas costas se arquearam da cama. Eu me segurei e


continuei enquanto ela gritava meu nome mais alto do que já tinha ouvido. Uma onda de umidade cobriu meu pau e coxas e sua boceta ficou ainda mais apertada, a prisão sedosa ameaçando arrancar o gozo de mim enquanto ela estremecia e gemia, montando a onda de seu orgasmo. Eu nunca tinha visto ou sentido algo mais gostoso em toda a minha vida. Ela tremeu debaixo de mim e passou os braços em volta das minhas costas, pressionando seus seios contra mim. Aumentando meu ritmo, estoquei nela até gozar e pressionei meus lábios nos dela enquanto todos os músculos das minhas pernas ficavam paralisados. Eu gritei seu nome, a tensão nas minhas costas dominou meu corpo inteiro enquanto ela me virava de dentro para fora. Roçando contra ela como se estivesse tentando deixar uma impressão permanente do meu pau dentro dela, tremi e gozei na camisinha. Os músculos do meu corpo lentamente relaxaram e tentei recuperar o fôlego. Ela me destruiu. Meus braços caíram, e eu rolei para o lado para manter a maior parte do meu peso fora dela. Meu peito subiu e desceu, e eu senti como se estivesse fazendo exercícios no gelo durante a última hora. Sua mão acariciou um caminho preguiçoso pelas minhas costas enquanto nós dois tentávamos controlar nossas respirações. Levantando, me livrei da camisinha. Voltei para a cama e passei meus dedos pelos quadris dela. Pequenas cicatrizes circulares que eu não tinha notado antes estavam pontilhadas lá. Corri minhas mãos sobre o local, a pele extremamente macia, ainda mais macia que o resto dela. Ela se aconchegou mais perto do meu peito. Aquela onda de emoções por tê-la em meus braços, por ser minha namorada, fez minha cabeça nadar, e não era apenas a bebida. — Que horas são? — Seu hálito quente se espalhou pelo meu peito suado, me dando arrepios. Me inclinei e puxei o cobertor por cima de nós, o ajeitando atrás dela. O calor saindo de nossos corpos esfriou, e a temperatura fria do ar de novembro entrou no quarto. Estreitei os olhos para dar uma boa olhada no meu relógio na mesa do outro lado do quarto, mas não consegui vê-lo. Exaustão, embriaguez e coma sexual aparentemente tiraram minha visão. — Eu não sei. Não muito tarde. Está tudo bem. — Ficamos deitados juntos, contentes e esgotados. Eu nunca me senti assim depois do sexo antes com alguém que não fosse Mak. Toda vez eu aprendia algo novo sobre o corpo dela. Uma coisa nova que gostava e outra coisa que eu mal podia esperar para tentar da próxima vez. Eu nunca me cansaria de mostrar a ela como as coisas seriam boas entre nós e o quanto elas seriam melhores da próxima vez.


Passei meus dedos por suas costas, deslizando sobre o leve brilho de suor que a cobria. Ela estremeceu e se apertou mais contra mim. Respirando seu perfume, me afundei mais na cama e enterrei meu nariz em seu pescoço. Ela cheirava a biblioteca e a um campo cheio de morangos. Como sentar no gramado lendo um livro debaixo de uma árvore com um copo grande de limonada em uma tarde quente de primavera. A festa lá embaixo estava terminando, então o chão não estava tremendo tanto. Algumas risadas passaram pelo casulo silencioso que criamos para nós mesmos aconchegados na minha cama. Sua cabeça se levantou e seu corpo relaxou, então seus olhos se abriram, olhando para os meus. — Você pode colocar um alarme? Quero ter certeza de que acordarei cedo. — Ela bocejou e eu bati com o dedo na ponta do seu nariz. — Não se preocupe. Eu vou te acordar. Assentindo e se aconchegando mais, suas mãos deslizaram sob meus braços e me envolveram. Eu sorri para seus roncos suaves e a maneira como seu corpo se enrolou no meu como se eu fosse uma videira que estava tentando escalar. Ela jogou as pernas sobre as minhas enquanto dormia, e passei a mão pelos seus cabelos. Meus dedos deslizaram através de seus fios enquanto a embalava no meu peito. Seu coração batia suave e firme enquanto dormia. Esticando o pescoço, procurei meu celular. Sabia que deveria me levantar e pegar um pouco de água para Mak e para mim, mas não queria deixar seu abraço quente. Desisti de procurar o celular quando não consegui vêlo da cama. Tudo ficaria bem. Não poderia ser tão tarde. Nós acordaríamos e entregaríamos o trabalho juntos pela manhã. Minhas pálpebras estavam pesadas, e eu saboreei seu corpo contra o meu. Era assim que sempre deveria ser...


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Uma

MAKENNA

névoa grogue na minha cabeça dificultava que eu me orientasse, sem mencionar o braço enorme sobre o meu peito. fiquei tensa por um segundo antes que tudo voltasse para mim da noite anterior. uma palpitação no estômago e um sorriso se espalharam pelo meu rosto enquanto refiz meus passos desde o dia anterior. Declan vencendo seu jogo. A festa e o jeito que pedi para ele me levar para cama. Minhas bochechas esquentaram e esperei que ninguém tivesse me ouvido, mas pelo jeito que ele quase derrubou as pessoas ao subir, não acho que houvesse alguma dúvida sobre o que foi dito. Depois, houve o sexo, embora de alguma forma, essa parecesse uma palavra inadequada para como nós atacamos o corpo um do outro, apenas algumas horas atrás. O quarto ainda estava quase completamente escuro com suas pesadas cortinas fechadas, mas havia um feixe de luz sob a porta do quarto. As bebidas da noite me alcançaram e deslizei para fora da cama. Pegando sua boxer e uma camiseta do chão, abri a porta do quarto dele. Estreitando meus olhos contra a luz ofuscante no corredor, olhei para fora. A casa estava silenciosa e a barra estava limpa. Eu fui na ponta dos pés para o banheiro. Eu preferia enfrentar Heath no corredor do que fazer xixi no meio do quarto de Declan. Terminando os negócios da manhã, arrastei meus dedos pelos meus cabelos. Bem, eu tentei. Era um ninho no topo da minha cabeça. A qualquer segundo, dois pássaros voariam pela janela e começariam a dar minhocas a seus filhotes aninhados em segurança no meu cabelo. Jogando um pouco de água fria no meu rosto, tentei controlar as pulsações enquanto meu cérebro me punia pela diversão da noite passada. Olhando pela janela do banheiro, meu estômago despencou e meus dedos se apertaram firmemente em torno da pia de porcelana. Estava muito mais brilhante do que deveria estar para o início da manhã. As longas faixas de sol atravessavam o vidro. Senti aquela sensação de boca aguada, mas não tinha nada a ver com as bebidas da noite passada - bem, talvez um pouco. Como se tudo estivesse se movendo em câmera lenta, corri para o quarto de Declan. A porta bateu contra a parede enquanto eu vasculhava o chão, procurando pelo meu celular. Ele gemeu e rolou para o lado. Foi chutado para debaixo da cama. Pegando-o do chão, minhas mãos tremiam quando eu o liguei. A bateria estava quase


descarregada e a hora piscou na tela. Um som estrangulado saiu do meu peito e cobri minha boca, tentando não hiperventilar: 12:05 — Não! — Eu gritei sem querer. Declan se levantou com tudo na cama e apertou as mãos nas têmporas. — Mak, o que está acontecendo? — Sua voz estava sonolenta e aflita. — Já passou do meio dia, Declan. O que vamos fazer? — Meu coração bateu contra as costelas e a bile revirou no meu estômago. Eu procurei no chão por minhas roupas. Por que eu dormi fora? Por que eu não tinha ido para casa? Peguei meu jeans debaixo da cadeira da mesa enquanto meu mundo saia do controle. Se não entregássemos o trabalho final, a melhor nota que conseguiríamos era um 8. Eu não entraria no programa. Eu não ia entrar no programa da faculdade de medicina. O quarto se inclinou e eu segurei a borda da mesa enquanto meu mundo se despedaçava. Tantos planos que tive e promessas que fiz para mim e Daniel, e em uma noite descuidada joguei tudo fora. — Por que o seu alarme não tocou? — Eu esqueci de ligar. — Ele gemeu. Me virei, a sensação doentia no meu estômago se transformando em algo mais assustador. — Você fez o quê? — Se eu pudesse respirar fogo, eu teria respirado. — Não consegui encontrar meu celular e você já estava dormindo. Não achei que dormiríamos até tão tarde. — Ele sentou na beira da cama e apertou a cabeça. — Está tudo bem. Ainda vamos passar. — Passar? Passar! Você acabou de dizer passar, Declan? Eu não precisava passar. Eu precisava de pelo menos um 9. — Um 8 não vai arruinar sua vida inteira. — Ele se levantou da cama, completamente nu, o pesado instrumento da minha insanidade temporária balançando entre suas pernas. Eu falhei. Me deixei levar e falhei. A bile subiu pela minha garganta e ameaçou fazer dessa manhã perfeita, vomitando em todos os lugares. — Isso não é sobre a minha vida inteira. É sobre o meu futuro. Um futuro que agora está em risco porque você não acionou um alarme, me fez beber a noite toda e me deixou dormir demais. Ele enfiou as pernas na cueca com raiva. — Então é tudo culpa minha, hein? Eu abri sua boca e fiz você beber ontem à noite? Eu amarrei você na cama para que você não pudesse escapar do meu aperto idiota de homem das cavernas. — Ele apontou para a cama, e a vergonha se curvou no meu estômago. Eu falhei. Tudo porque não conseguia manter minha cabeça no lugar. Coloquei minha camisa por cima da cabeça e procurei meus sapatos.


— Eu nunca deveria ter vindo aqui. Eu não deveria ter feito isso com você. — Vi meus sapatos e deslizei os pés neles. Raiva, vergonha, tristeza guerreavam por domínio, e tentei afastar as lágrimas nos meus olhos. — Por que você está fazendo isso? — Ele atravessou o quarto e agarrou meus braços para me impedir de sair correndo do local. — Eu não estou fazendo nada. — Liberei o fogo agitando no meu estômago. — Isso acabou. Ele largou minhas mãos e recuou como se eu tivesse lhe dado um tapa. — Isso não é culpa de ninguém. Foi um erro. Tenho certeza de que nós podemos ir até o Alco e defender nosso caso. Coloquei meu celular quase descarregado no bolso. — Não há nós, Declan. — Apontei um dedo zangado no centro do seu peito. — Não existe nós; nunca existiu e nunca vai existir. — Pisquei para impedir que as lágrimas que se acumularam nos meus olhos transbordassem. — Eu fui estúpida por me envolver com você. Eu deveria saber melhor. Esse é quem você é, certo? Sr. Tudo Vai Dar Certo. Só que, quer saber de uma coisa? — Meus olhos ardiam, e meu peito arfava enquanto eu tentava e falhava controlar minhas emoções. — Às vezes não dá certo. Às vezes a vida surge do nada e te chuta na porra dos dentes. Às vezes ela leva pessoas que nunca deveriam ter sido levadas, e você fica segurando os destroços, tentando colar as merdas novamente que nunca mais vão se encaixar. Às vezes a vida real é difícil, e há consequências reais para as coisas que você faz! — As lágrimas que eu não conseguia segurar mais se derramaram e corri do quarto dele. — Mak! Para! — Seus pés pesados bateram atrás de mim enquanto eu descia as escadas e saía pela porta da frente. Mas não parei. Meu nome foi carregado pelo vento enquanto ele me chamava. Desci correndo pela rua e continuei. Minhas pernas gritaram quando me esforcei mais, tentando chegar ao meu apartamento o mais rápido possível. Atravessar o campus era mais fácil do que esperar por um táxi, e eu não ia ficar parada do lado de fora da casa dele, esperando a chegada de um. Eu nem me lembrei até estar na metade do campus que meu carro e chaves estavam na casa dele. Minha mente estava uma bagunça. Deslizando na grama gelada, derrapei pelo gramado. Percorrendo o plano de estudos da matéria em minha mente, tentei descobrir as porcentagens. Talvez eu estivesse errada. Mas quanto mais eu corria, mais claro ficava. Não havia como. Não havia nada que eu pudesse fazer para obter um 9 na aula. Eu seria expulsa do programa conjunto porque me deixei ser sugada para essa merda de bagunça da faculdade. Divirta-se! Não se preocupe tanto! Cometa erros! Bem, eu tinha feito isso, e me trouxeram


até aqui. Meu coração estava batendo contra as minhas costelas como se eu tivesse corrido uma maratona. O pânico tomou conta de mim. Como eu contaria isso aos meus pais? O que eu faria agora? Poderia me inscrever em uma faculdade de medicina que não fazia parte do programa em um ano. Isso significava perder tempo e dinheiro extra. Como eu pude decepcionar Daniel assim? Eu deveria estar olhando por ele. Eu deveria ser capaz de dar a ele esse sonho. Eu falhei tantas vezes antes. Tive que parar na frente da biblioteca e me sentar em um banco, minhas lágrimas me cegando. Enfiando a cabeça entre os joelhos, deixei os soluços me dominarem. Eles se libertaram do meu peito como se tudo dentro de mim estivesse rachando em dois. Eu não deveria ter vindo. Eu não deveria ter deixado Stanford. Eu não deveria ter me envolvido com Declan em primeiro lugar. Todas as flechas e sinais de aviso apontavam para ficar longe, mas ele tinha sido irresistível demais. — Ei, você está bem? — Alguém caminhou até o banco. Limpei os olhos com as costas das mãos e assenti. Uma rajada forte de vento atravessou a área aberta, e tentei manter os tremores me atravessando sob controle. Mamãe e papai estavam em casa agora. Eu teria que dizer a eles que os decepcionaria. Decepcionei eles e Daniel. Levantando, fiz meu caminho para o apartamento. Eu tinha certeza de que houve vários relatos de uma mulher soluçando correndo pelo campus feitos para a polícia do campus. Entrando no meu apartamento, assustei Fiona e Tracy, que estavam sentadas no sofá. — Ei, Declan veio te procurar, — Fiona gritou enquanto eu entrava no meu quarto e recolhia algumas coisas. Fiz o upload do artigo e cliquei em enviar no portal online, mesmo que os gigantes avisos em vermelho dissessem que o trabalho estava atrasado. Fechando o meu notebook, apertei os olhos com força. Eu precisava fazer uma mala. Pegaria um táxi para a casa dos meus pais se necessário. O ônibus também chegava perto o suficiente. Ele voltaria. Eu precisava sair e ir para casa. Ver mamãe e papai, contar para eles tudo o que aconteceu. A única coisa pior do que encará-los, era ter uma conversa com Declan. Eu não conseguiria fazer isso agora. Com a mochila no ombro, corri para o estacionamento, parando com tudo quando percebi que um monólito alto de olhos verdes estava no meu caminho, encostado no meu carro. Ele se afastou do metal preto e caminhou em minha direção. Abaixei os olhos e continuei andando. Ele trouxe o carro de volta, então estava com as minhas chaves. — Mak, para onde você está indo?


— Longe. Estou indo para longe. Posso ter minhas chaves? — Estendi minha mão. — Por que você está fugindo? — Ele me seguiu de volta para o meu carro. — Não estou fugindo. Estou indo para algum lugar em que posso me concentrar. Para algum lugar onde não sou distraída. Posso ter minhas chaves, por favor? — Não consegui olhar para cima. Ele colocou as chaves cuidadosamente na minha mão. Eu destravei a porta. — Para algum lugar sem mim. — Para algum lugar sem você, — eu repeti de volta. — Você não pode simplesmente sair, Mak. Não fuja de mim. Havia um tremor na voz dele, mas não me virei para olhá-lo. Apertei meus olhos contra a dor em suas palavras. Cada dor cortava como uma navalha no meu coração. — Sinto muito pelo alarme. Não achei que dormiríamos até tarde. — Nem eu. — Balancei minha cabeça e abri a porta. — Me desculpa, eu explodi com você lá atrás. Foi um erro meu. Eu não deveria ter saído ontem à noite. Você não me fez beber e não me fez dormir demais. — Eu não tocaria na mina terrestre da outra coisa que ele não me obrigou a fazer na noite anterior. A mão de Declan se enrolou na parte de cima da minha porta. — Me deixa te ajudar a consertar isso. Eu olhei para ele, e meu coração apertou com a expressão abatida em seu rosto. — Não há nada que você possa fazer. Eu... eu não vou estar por perto tanto e sei que você está ocupado com o time e outras coisas agora, viajando para todos os lugar, então eu acho que é melhor se focarmos no nosso futuro e não nos deixarmos ficar distraídos. Eu olhei para o meu carro, puxando minha mochila das minhas costas. — Eu não vou deixar você fugir assim. Nós podemos resolver isso. Joguei minha bolsa no banco do passageiro. — Não se preocupe, Declan. Eu já entreguei o trabalho, não que isso importe. — Um peso se estabeleceu em mim que dificultava a respiração. — Você acha que me importo com o trabalho? Mak, olhe para mim. — A dor em sua voz me fez fechar os olhos. Eu não conseguia olhar para ele. Se olhasse, iria quebrar de novo. Eu queria abraçar seu pescoço e deixá-lo me dizer que tudo ficaria bem. Quando estava em seus braços, parecia que isso poderia realmente ser verdade, mas sabia que era uma mentira. Era uma miragem, e caí direto nela de cabeça. — Não é sua culpa. Você não é responsável por consertar minha vida.


— E você não é responsável por consertar a vida das outras pessoas. Você não pode pensar que, se puder ser a garota perfeita, vai consertar todas as coisas quebradas na vida das pessoas ao seu redor. Você ainda acha que tem esse tipo de poder e não tem. Tudo o que você pode fazer é se segurar em tudo o que precisa para ser feliz. — Ele me encarou, seu olhar queimando o lado do meu rosto, mas mantive meus olhos para frente, enfiando a chave na ignição. — Obrigada pelo conselho. — Minha voz falhou e eu puxei minha porta. Suas mãos caíram do topo enquanto a fechava com força. Dirigindo meu carro para a estrada, saí do estacionamento, incapaz de me impedir de olhar. Pelo meu espelho retrovisor, olhei de relance para trás. Declan estava no meio do estacionamento, olhando para mim. Ele ficou lá me olhando sair até que desapareceu de vista. Os sons agudos dos meus soluços pontuaram o ar fresco e silencioso do carro. Eu tive que encostar depois de quinze minutos. Apertando minhas mãos ao redor do volante, o soquei enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto. Por que não posso simplesmente ser normal? Por que meus erros não podem ser ‘nada de mais’? Parecia que quando eu estragava algo, eu tinha que ser tão minuciosa como era com todo o resto. E consegui implodir as duas das melhores coisas da minha vida, mas parecia que elas não podiam coexistir juntas. Declan McAvoy não era compatível com meu plano de vida porque ele me fez pensar que eu merecia ser feliz, e eu sabia que isso era mentira.


28

DECLAN Ficar parado no meio do estacionamento assistir Mak ir embora, foi como assistir uma parte da minha alma fugir de mim. A melhor parte. Minha visão escureceu e era difícil respirar, como se alguém tivesse sugado todo o ar do meu mundo. A tentação de correr atrás do carro guerreava com o pouco orgulho que me restava quando se tratava dela. Não sei quanto tempo fiquei lá, mas foi o suficiente para que o sol do meio-dia não fizessem meus olhos arder mais. Tempo suficiente para, pelo menos, duas pessoas virem até mim e perguntar se eu estava bem. Não, eu não estava bem, nem um pouco. Meu coração simplesmente foi embora em um Honda Fit. Eu estraguei tudo, e ela me afastou. Como se ela pudesse estalar os dedos e tudo o que havia passado entre nós se dissolveu. Como se ela pudesse apagar o sentimento que eu não conseguia parar de sentir por ela. Cada quilômetro que colocou entre nós, era como outra farpa afundada no meu coração. Voltei pelo campus em uma névoa. Ela me deixou. Pedi para ela não ir, e ela foi mesmo assim. Notas eram importantes para Mak. Qualquer um que a conhecesse sabia disso, mas ela agia como se cada nota baixa fosse um motivo para se odiar. Como se ela curtisse muito a vida, estaria fazendo algo errado. Não foi até o meu quinto gol perdido durante o treino que os olhares dispararam em meu caminho. Eu cerrei os dentes, pronto para dizer a eles para se foderem, mas o olhar no rosto de Preston me calou. Mak foi embora. A maneira como ela partiu... uma vez que a dormência passou, deixou para trás um ponto cru e furioso. Um que continuei provocando olhando para o meu celular. Quando dois dos meus companheiros de equipe me cercaram no gelo, nem lutei contra isso. Eu estava jogando como uma merda. Nem mesmo sentindo a pior ressaca da minha vida fiquei tão ruim no gelo. Teríamos um jogo em poucos dias e eu não conseguia colocar minha cabeça no lugar. Eu juro que Heath deve ter colocado os equipamentos em mim e me levado para o gelo, porque eu nem me lembrava de ter feito isso. Quando eles me arrastaram para o banco, nem tentei fingir que estava bem. Eu sacudi minhas mãos e tirei as luvas. — O que aconteceu com a Mak? — Preston empurrou meu ombro, então caí no banco. Levantei minha cabeça e olhei para ele.


— Como você sabia que tinha algo a ver com Mak? — Só ela poderia fazer você derramar ondas de tristeza, frustração e raiva a tal ponto que seu jogo fique uma merda. Você precisa bater em alguma coisa? Minhas mãos estavam fechadas em punhos, e as abri, passando-as pelas minhas pernas acolchoadas. — Não, ele não precisa bater em nada. Ele precisa falar sobre essa merda para sentir que pode respirar novamente. — Preston e eu olhamos para Heath. Ele deu de ombros. — Você precisa. Você chegou em casa como um zumbi depois de sair correndo para a rua gritando o nome de Mak essa manhã. Para mim, parece que você provavelmente precisa conversar. Por que ele tem que estar tão irritantemente certo a maior parte do tempo? Passei as mãos pelos cabelos, puxando os fios. Dando a eles a versão resumida da nossa conversa do inferno, passei a mão pela testa. — Eu não a entendo. Você a viu ontem à noite. Ela quase nunca se diverte assim. Ela nunca fica tão relaxada, sorrindo e rindo, pelo menos não desde que a conheci. E agora com isso, ela nunca mais vai se soltar. É como se ela achasse que toda vez que ri ou é feliz, um filhote é assassinado ou algo assim. — Talvez ela goste de ser assim. Gosta de tentar dar o melhor de si e fazer tudo certo — disse Preston, descansando a cabeça no topo das mãos, apoiadas no taco. Eu balancei minha cabeça. — Não é bem assim. Ela não gosta disso. Como você pode ter uma vida em que nunca se permite ter algumas horas, ou até mesmo alguns minutos para apreciar as coisas ao seu redor? — A sensação de aperto no peito estava de volta, e não tinha nada a ver com o suor escorrendo de mim por causa dos exercícios no gelo. — Como se ela não achasse que merecesse se divertir e ficar um pouco louca. Ela é a única que se mantém em um padrão tão alto. A única que pensa que tudo o que faz nunca é bom o suficiente. Dói ver ela se punir apenas por viver. — O que você pode fazer sobre isso? — Heath se inclinou contra as paredes da caixa. O resto do time continuaram os exercícios no gelo atrás dele. — O que você quer dizer? — Você pode mudar ela? Você pode obrigá-la a fazer alguma coisa? Apertei minha nuca e cheguei à conclusão de partir o coração, balançando a cabeça. — Não. Não posso. Mas posso tentar fazê-la ver que não há como ela falhar. Não está no DNA dela, mas isso não significa que ela deva


afastar todo mundo. — Te afastar — acrescentou Preston. Eu o lancei um olhar para ele, e meus ombros caíram. — Sim. Ela não deveria ter me afastado. — Essa coisa com Mak é pra valer, hein? — Preston sentou no banco ao meu lado. — Quero dizer, ela fez você se esforçar para terminar a faculdade. Você nem sai para festejar depois dos jogos fora. — Preston soou impressionado. — Não tenho interesse, cara. Nem um pouco. Esses jogos fora são um saco porque não posso me deitar na cama com ela depois. Eu não acordo ao lado dela. Heath riu e se afastando da parede, sentando do meu outro lado. — Eu nunca pensei que veria esse dia. — Ele apertou o meu ombro. — O sapato está no outro pé, não é? — Preston bateu o ombro no meu. — Está. — Só que essa raiva queimando no meu peito não era como eu queria que fosse. Ajudou a diminuir o medo. O medo do que aconteceria se ela não voltasse para mim. Nós sempre enchemos o saco dele por não sair para as festa, mas ele tinha sua garota em casa. Ele nos disse que não entendemos. Agora eu entendia. Mais do que jamais pensei ser possível, entendia completamente como era não ter interesse em ninguém, exceto na pessoa que andava por aí iluminando todos os cômodos em que entrava. Por mais que eu a amasse. As palavras, mesmo na minha cabeça, eram como um chute no meu coração. Eu a amava. Aqueles sentimentos que borbulhavam à noite quando a via dormir ou quando me sentava ao lado dela, estudando, foram exatamente o que me assustaram para caramba. Eu amava Makenna Halstead, e ela me deixou. Por mais que eu a amasse, pode ser que ela nunca me ame de volta. Não como eu a amava. Talvez eu fosse uma distração divertida, mas eu não estava pronto para desistir. Eu terminei o treino apenas moderadamente terrivelmente. O treinador estava pronto para me interceptar no caminho para fora do gelo quando Heath e Preston o interceptaram. Eu devia uma cerveja a ambos. — Eu devia saber que era um acaso. — A voz rouca de Archer ricocheteou nas paredes do túnel quando eu estava quase chegando ao vestiário. Como se a porra do meu dia não pudesse piorar. Minha mão se fechou em punho quando me virei para encará-lo. — O que diabos você quer? — Você pensou que era o fodão depois daquele jogo, mas eu sabia que você iria encontrar uma maneira de estragar as coisas novamente.


O fogo em meu estômago que estava queimando desde aquela longa caminhada pelo campus se dissolveu. Puf, simples assim, ele se foi. Olhei para ele com novos olhos. Ele era uma casca triste do craque que um dia já foi. — Você quer saber? Parte de mim estava fazendo tudo isso para que pudesse te irritar. Mostrar que eu não precisava de você e que poderia ser um jogador melhor que você. — Eu apontei meu taco na direção dele. — Mas você sabe o que eu acabei de perceber? — Uma calma se apossou de mim, mesmo que Mak tivesse arrancado meu coração enquanto ainda batia. Ela também me mostrou que eu poderia ganhar, mesmo com ele assistindo. Se eu não ligava para ele nem um pouco, ele não importava. O queixo dele se projetou. — O quê? — Eu não dou a mínima para você. Não estou fazendo nada disso por você. Estou fazendo por mim. — Eu apontei meu dedo no centro do meu peito. — Estou fazendo isso porque adoro estar no gelo e adoro estar com meu time e sou um jogador do caralho. Cansei de tentar provar alguma coisa me comparando a você. Você não é nada. Um doador de esperma que fodeu sua carreira e está esperando e rezando para poder reviver aqueles dias de glória para sempre. Talvez consiga, mas não vou deixar você dominar nenhuma parte da minha vida novamente. Quando as palavras saíram dos meus lábios, um peso se levantou dos meus ombros e eu sabia que a nuvem de Archer não iria me seguir ao longo da minha carreira. Se eu fosse receber o número dele ou não, isso não importava. Porque ele não importava. Isso era sobre mim. Eu estava fazendo isso por mim. Ele abriu a boca para dizer algo, mas nem me importei com o que era. Voltei para o vestiário e deixei a porta bater em seu rosto. Porque foda-se ele, por isso. Na segunda-feira, a calma que eu senti ao me afastar de Archer do lado de fora do vestiário tinha sumido a muito tempo. Eu não me importei que ela tivesse me abandonado. Ela estava sofrendo, e eu precisava ajudá-la a consertar isso. Ela me ajudou a descobrir algo de várias maneiras. Eu não poderia fazer o que fiz por mais ninguém além de mim. Precisava fazer isso ou sempre estaria envolvido no que aconteceu na cabeça de outra pessoa. Mas só porque estava fazendo isso por mim, não significava que eu não a queria ao meu lado a cada passo do caminho. Eu estava pronto para sair da minha cabeça. Até Heath me mandou ligar para ela ou vê-la porque eu estava deixando ele louco. Como se estivesse andando na direção do fogo de uma erupção vulcânica, atravessei o campus até a biblioteca.


O velho cheiro de mofo não era um que eu apreciei antes, mas agora me lembrava dela. Apontando meu dedo no botão, afastei o nervoso que quase me forçou a dar meia volta. A única coisa pior do que não encontrá-la aqui, seria encontrá-la. A distância em seus olhos a última vez que a vi, ainda arranhava meu coração. O elevador antigo gemeu e tremeu até apitar, as portas se abrindo para o andar da sala de estudos dela. Não estava tão quieto como costumava estar. Todas as mesas e cadeiras estavam cobertas de livros, cadernos e laptops. Foi por isso que Mak tinha surtado para conseguir uma sala de estudo. Ficar presa do lado de fora com tantas distrações a deixaria louca. Meus ombros caíram quando olhei para a pequena janela de vidro ao lado da porta da sala dela. Tinha sido um tiro no escuro. Eu não consegui vê-la depois de nenhuma das suas aulas de segunda-feira por causa dos horários das minhas provas. Suas colegas de apartamento também não tinham a visto. Me inclinando contra a porta, bati minha cabeça para trás, tentando pensar em uma maneira de vê-la. O baque surdo ecoou na madeira. A porta ao lado da dela se abriu, e uma cabeça de cabelos brilhantes apareceu, seguida por um grande sorriso. Anna? Não. Angela? Não. Angel. Sim, talvez ela a tivesse visto. — Angel, certo? Eu jurei que o sorriso dela chegou até suas orelhas. Cheio de dentes. Senti que deveria estar praticando para um exame dentário. — Sim. — Ela assentiu e andou os dois passos que nos separavam rapidamente, quase colidindo comigo. Dei um passo para trás. — Você viu a Mak por aqui nos últimos dias? — Por quê? Ela te largou? — Seu rosto se transformou em tristeza fingida, e ela descansou a mão no meu antebraço. Seu flerte era tranquilo antes porque eu gostava quando irritava Mak, mas eu não estava nem um pouco interessado nela. Olhando fixamente para a sua mão, dei um passo para longe. — Você viu a Mak? — Não, não vi. Mas você é mais que bem-vindo a ficar na minha sala e esperar por ela, se quiser. — Ela mordeu o lábio inferior. Em Mak, eu sempre amei isso. O jeito que mordiscava os lábios quando estava nervosa ou quando estava trabalhando em nossa lista de sexo, tentando descobrir qual número queria riscar a seguir. Como se precisasse considerar tudo seriamente para obter os melhores resultados. Mas em Angel parecia exatamente o que era. Uma péssima tentativa de chamar minha atenção para sua boca, e provavelmente esperava que isso me fizesse pensar em outras coisas. Bem, fez. Isso me fez pensar em quanto seus lábios não eram como os de Mak e como eu não queria nada com ela.


Eu tinha recuado tanto que quando a porta do outro lado da sala de Mak se abriu, eu estava bem lá quando o cara saiu com pressa. Seth. — Ei, Seth, você viu a Mak? Ele olhou entre mim e Angel, e rezei para que não estivesse pensando que algo estava acontecendo. Essa era a última coisa que eu precisava. — Não, não vi. Ela não esteve muito aqui nas últimas semanas. — Eu não sabia dizer se isso era uma indireta ou não. — Se você puder me avisar quando ela aparecer, eu realmente ia apreciar. Temos um projeto final que precisamos terminar, e sei que ela provavelmente está surtando com isso. — Uma pequena mentira, mas tempos desesperados exigiam medidas desesperadas. As sobrancelhas de Seth se uniram quando olhou para mim como se estivesse tentando fazer um buraco em mim. Talvez fosse porque eu continuava me afastando um pouco, toda vez que Angel avançava em minha direção. — Claro. — Ele estendeu o celular e eu salvei meu número, feliz por não ter que falar em voz alta. — Também posso ligar para você, — Angel ofereceu um pouco alto demais, e algumas cabeças se viraram na nossa direção. — Eu acho que estamos bem. — Eu devolvi o celular para Seth. — Obrigado, cara. — Sem problemas. Saí da biblioteca com o buraco ainda firmemente no meu estômago. Uma semana foi o mais longo período de tempo que passei sem conversar com Mak desde que formamos a dupla na aula. Inicialmente, havia me irritado que ela checava comigo quase todos os dias com um e-mail ou mensagem perguntando sobre o meu progresso em nossos trabalhos, como se eu estivesse no jardim de infância e não podia ser deitado sozinho com uma tesoura afiada. Agora eu daria um mortal no meio do pátio coberto de gelo só para receber uma mensagem de checagem. Eu disse a mim mesmo que daria a ela algum tempo para resolver as coisas e depois faria minha jogada, mas não sabia quanto tempo mais poderia aguentar. Eu queria descobrir onde ela morava e ir para lá. Não era tão longe do campus, perto da nossa antiga escola. Isso não seria completamente insano, certo? Correndo pelas ruas do subúrbio de Filadélfia, gritando de janela em janela, perguntando se alguém conhecia Makenna Halstead. Porque minha garota me deixou para trás, mas eu precisava dela. Eu precisava ouvir a ouvir sua voz e tocá-la. Mais tempo sem ela e perderia a cabeça.


29

MAKENNA Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava a maçaneta da porta da frente. Depois de falar com meu reitor, finalmente obtive a confirmação de que eles não seriam capazes de me aceitar no programa conjunto de Medicina. Era um dia antes do Dia de Ação de Graças, e eu tinha conseguido o último horário antes que todos deixassem o campus para o feriado. Desmoronando em soluços no meu carro, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, ameaçando me sufocar. Parecia que eu estava fazendo muito isso ultimamente. Agora tinha que enfrentar meus pais. Eu desviei das perguntas deles sobre o motivo de eu estar em casa e não na faculdade, dando a desculpa que sentia saudades deles depois que ficaram fora por quase três meses. Era parcialmente verdade, mas era porque eu não queria me deparar com Declan. Ir para o campus pouco antes das minhas aulas e voltar para casa depois de cada uma, não era o ideal, mas eu fiz dar certo. A única graça salvadora foi que, após o trabalho final do seminário de segundo ano, não precisei ir para essa aula mais. Minha sala de estudo abandonada só tinha os esqueletos dos livros simples que eu não precisaria até depois do feriado. Com as aulas terminando e muita gente viajando, os turnos no Threes eram tranquilos, então não havia ido trabalhar desde a noite anterior ao jogo. Seth e Angel me informaram nas duas vezes em que parei para pegar algo que Declan realmente tinha ido lá bastante. Fiz questão de ir apenas quando sabia que ele estava treinando ou estava fora da cidade para um jogo. Nada mais fazia sentido. O plano da minha vida estava uma bagunça, e eu não sabia como arrumar. Eu nem sabia se queria. Com um cansaço que eu não tinha percebido que estava tomando conta em mim, tirei minha chave da fechadura e me virei, sentando nos degraus da frente. Minha respiração saiu em pequenos sopros brancos na frente do meu rosto. Envolvendo meus braços em volta das minhas pernas, descansei minha cabeça nos joelhos. Inclinando a cabeça para o lado, olhei para os pequenos desenhos na coluna ao lado dos degraus. A velha representação grosseiramente desenhada do nosso jardim da frente me atingiu. Era uma dor tão profunda e cortante que respirei fundo. Traçando meus dedos sobre imagem mal desenhadas de nossa família que meus pais pintaram com verniz para preservar, eu me apertei com mais força e tentei respirar através da dor. O ponto quente na minha perna onde minha respiração se infiltrava no tecido, foi rapidamente substituído pelas fortes e congelantes temperaturas. Cada respiração era um jato quente no


local que foi rapidamente eclipsado pelo frio ardente. Era como a minha vida. Toda vez que eu sentia que estava caminhando ao sol, talvez tendo um gostinho da normalidade, era como se alguém me colocasse em um estilingue para me enviar de volta à chuva gelada. As memórias do sol desapareciam e era como se ele nunca tivessem existido. Declan enviava mensagens quase diariamente agora. Elas variaram de desculpas a declarações racionais sobre estar feliz até de raiva por eu não estar respondendo. Eu não podia responder. Eu estava a segundos de quebrar. De quebrar em um milhão de pedaços e deixar de existir. Eu não podia enfrentá-lo. Eu não queria enfrentar ninguém. Uma rajada de ar quente bateu nas minhas costas quando a porta da frente se abriu e enxuguei as lágrimas no meu rosto e as que escorriam pelo meu jeans. — Eu pensei ter ouvido você aqui fora. — Papai saiu pela porta da frente. Seus movimentos já estavam menos suaves do que antes. Os remédios espalhados pela bancada da cozinha foram o primeiro passo para mantê-lo em casa o máximo que pudemos, mas ele e mamãe já haviam feito os arranjos para as coisas quando ele não conseguisse mais ficar. — Desculpa. Eu já estava entrando. — Soltei minhas pernas, me empurrando contra os degraus de tijolos para ficar de pé. Seus dedos quentes caíram ao redor do meu ombro e ele me manteve no lugar. Sem pressa, ele se abaixou ao meu lado. Ele cheirava a creme de barbear e grama recém cortada, mesmo que não cortasse a grama há meses. — Está tudo bem. Por que não ficamos aqui um pouco? — Ele olhou para as árvores sem folhas que ladeavam a frente da casa. — Eu sei que tudo isso tem sido difícil para você. — Eu estou bem, de verdade... — O que vocês dois estão fazendo aqui? Entrem. — Mamãe estava na porta, com uma preocupação pesada em sua voz. Papai olhou para mim e soltou um suspiro profundo antes de acenar em direção à porta aberta. Me levantei, e mamãe e eu ajudamos papai a ficar de pé antes de todos entrarmos. Subindo as escadas para o meu quarto, olhei de volta para eles. Mamãe e papai estavam sentados na sala de mãos dadas. Tentei não pensar em como os decepcionei. Como decepcionei todo mundo. Terminando meu trabalho na minha mesa, fechei meu livro com força. Tudo estava levando muito mais tempo do que deveria. Eu não conseguia me concentrar. Reler uma frase ou uma equação três vezes era a normal para mim desde que deixei o campus.


Cheiros de pimenta dioica, cebola e mel flutuavam para o andar de cima. Atraída pela promessa de comida para o meu estômago faminto, deixei minha toca de solidão e caminhei pelas escadas. Meus pés afundaram no carpete nos degraus. Na cozinha, os dois estavam em uma profunda discussão. Amontoados, com os braços apoiados nos ombros um do outro, mamãe e papai observavam as panelas no fogão. Coisas mundanas assim pareciam assumir uma cor totalmente diferente para eles hoje em dia. Não querendo arruinar o momento, dei um passo para trás, pronta para dar um fim nas minhas dores de fome com uma barrinha de cereal ou algo do meu quarto, quando a cabeça da minha mãe levantou. — Oi, meu bem. Para onde você vai? Venha se sentar. — Está tudo bem. Eu ia pegar água, mas agora estou bem. — Makenna, venha se sentar. — Ela deu um tapinha no assento ao seu lado, e eu lentamente caminhei até a cadeira. A preocupação agitou meu estômago quando me sentei. Eles me deram espaço desde que cheguei em casa, mas pela expressão em seus rostos esse espaço estava prestes a terminar. — Você está pronta para nos contar? — Mamãe apertou meu ombro. — Estou bem. — Coloquei um sorriso no meu rosto e gentilmente descansei as mãos na mesa. — Somos seus pais. — Papai olhou para mim com o olhar de pai conhecedor. — Você não está bem, mas não podemos ajudar se não nos contar o que está acontecendo. Nos deixe te ajudar. Eu vi isso pelo que era. Depois de anos sem estar lá para mim, essa era a chance deles. De certa forma, eu gostaria que eles estivessem de volta aos seus dias de zumbi. Menos observadores. Menos presente para eu não precisar me esconder. Puxando uma respiração profunda e trêmula, senti as lágrimas formigando na parte de trás dos meus olhos antes mesmo de falar. — Eu… — O som ficou preso na minha garganta. — Eu não vou entrar no programa conjunto de medicina. Sei que prometi a vocês quando me transferi que seria capaz de entrar, e isso significa mais um ano de faculdade e mais um ano de empréstimos e, com minhas notas, talvez eu nem consiga passar pelo processo regular de admissão. — Tudo saiu da minha boca como vômito que eu não consegui segurar. Deslizei minhas mãos da mesa para o meu colo, olhando para elas. — E eu sei que vocês tem muito com o que lidar agora, e sei que estou decepcionando vocês, eu e Daniel. — Minha voz falhou com o nome dele. As cadeiras rangeram contra o chão quando mamãe e papai se levantaram. Seus braços quentes me envolveram, e isso me quebrou.


— Eu cometi um erro. Estraguei tudo e sinto muito. Eu sinto muito. — Como uma inundação torrencial de emoções tão fortes, elas roubaram todo o ar que já respirei, e eu não conseguia recuperar o fôlego. Sendo conduzida pelo longo corredor no hospital, lado a lado com Daniel. Aquelas luzes fluorescentes nos levando a outra cirurgia. — Eu sinto muito. Eu sinto muito. Não pude salvá-lo. — As lágrimas me sufocaram quando voltei àquela maca com mamãe e papai ao lado de nós dois. — Você é uma combinação perfeita, maninha. Se há alguém que pode fazer isso, é você. — Os olhos de Daniel estavam preocupados, mas ele agarrou minha mão e eu a apertei. Uma combinação perfeita. Eu era a pessoa perfeita para ser uma doadora de medula óssea. Todo mundo ficou tão aliviado quando me testaram. A dor lancinante das biópsias e a doação valeram a pena se era para dar a ele o que precisava. Era como se eu tivesse sido colocada na Terra para salvá-lo quando ele mais precisava de mim, e nos dias e semanas após a cirurgia ele melhorou. Eu fui para o hospital todos os dias depois da escola com novas revistas em quadrinhos, livros para colorir ou qualquer outra coisa que pudesse encontrar para manter seu tédio longe. Até o dia que ele não estava melhor. Até o dia em que apareci no andar, e papai estava segurando minha mãe no corredor enquanto ela fazia um som tão terrível, que bati minhas mãos nos meus ouvidos para tentar bloqueá-lo. Ninguém me ligou. Ninguém foi me buscar. Ninguém me disse, mas eu sabia. Eu fiquei parada no final do corredor pensando que talvez se eu não desse os passos finais, não seria real. Se eu pudesse recuar um pouco mais na realidade, talvez não estivesse realmente acontecendo, mas estava. Eu falhei com ele. Eu não tinha sido perfeita. Se tivesse sido perfeita, ele ainda estaria aqui. Se tivesse sido perfeita, ele ainda estaria aqui. Eu não era, e ele não estava. Ele morreu e eu vivi. Seus sonhos e sua vida se foram, e eu ainda estava aqui. — Não é sua culpa, Makenna. Não é sua culpa. Eu não havia percebido que tinha dito tudo em voz alta até ouvir as palavras dela contra o lado da minha cabeça. As lágrimas quentes da minha mãe caíram pelo meu rosto enquanto ela passava a mão pelo meu cabelo. Papai tinha os braços em volta de nós duas. Nós três estávamos uma bagunça com lágrimas. Todos os meus medos e emoções que mantive reprimidos por tanto tempo foram saindo de mim sem querer. O choro sufocante se transformou em soluços doloridos no meu peito enquanto suas palavras flutuavam sobre mim, seus braços em volta de mim e dando o conforto que não tinha recebido todos


aqueles anos atrás. Todos nós fomos destruídos por um tempo, mas me recompus mais rápido do que eles, pelo menos do lado de fora. — Reconheço que sua mãe e eu não fizemos o melhor trabalho para garantir que você estivesse bem ao longo dos anos. Havia muitas coisas que não fizemos por você, Mak, mas nunca, nem por um segundo, culpamos você por qualquer coisa que aconteceu. Nunca. — Eu... Ele me deu uma olhada e respirou fundo. Eu precisava deixá-lo soltar tudo. — Quando Daniel morreu, foi como se nós também tivéssemos morrido. Não é algo que alguém deva passar. É a sensação mais horrível do mundo, e nada mais faz sentido, mas o que fizemos com você... como deixamos você carregar o fardo que deveria ter sido nosso... eu nunca vou me perdoar, Mak. — Ele deslizou sua mão na minha. Meu olhar embaçado nunca deixou seu rosto. Não nos resta muito tempo. Logo tudo isso seria lembranças, e ele irá partir também. — Você nos manteve juntos. Nos carregou quando isso nunca deveria ter sido o trabalho de uma criança. Nunca. — Lágrimas brilhavam em seus olhos, e ele levantou minha mão, beijando as costas dela. — Sinto muito por isso. E sinto muito que tenha sido necessário esse diagnóstico para percebermos o quanto estragamos tudo. — Pai, vocês não estragaram — Balancei minha cabeça. — Nós estragamos. — Ele olhou para mamãe. Eles olharam nos meus olhos com os seus próprios cheios de convicção e remorso. — O pior é que fizemos você pensar que tinha o poder de consertar tudo. O poder e a responsabilidade de melhorar as coisas que apenas a pessoa pode consertar para si, ou às vezes, ninguém pode. — Sua mão tremia enquanto apertava mais a minha. — O que aconteceu com Daniel não foi sua culpa. Não foi culpa de ninguém. Assim como o que está acontecendo com seu pai não é culpa de ninguém. — Minha mãe passou as mãos pelo lado do meu rosto. — Então, tínhamos duas opções quando descobrimos. Poderíamos voltar àquele lugar em que acabamos de sair e morrer antes de estarmos mortos e enterrados, ou poderíamos sair para o mundo e aproveitar até a última gota do tempo que teríamos juntos. Nenhum de nós temos muito tempo, mas ter esse lembrete nos ajudou a lembrar quanto há para viver, incluindo você. — Não queremos que você viva sua vida por ninguém, exceto por você. Você não pode consertar o que aconteceu com Daniel ou viver sua vida por ele ou até o padrão que você acha que estamos mantendo. Tudo o que queremos que faça, é que seja feliz.


Queremos que você faça algo que ame e seja feliz. — Ela me apertou e outra rodada de lágrimas ameaçou me afogar lá na mesa. Eu tinha feito essa vida em minha mente onde, se eu fizesse tudo que deveria, tudo ficaria bem. Eu tinha controle sobre essas coisas. A vida que construí fazia sentido, e eu sempre conseguiria a resposta certa. As coisas estavam em ordem e alinhadas onde deveriam estar, exceto por um lugar. Houve uma vez em que me deixei sentir e não seguir meu plano. Declan. Ele era a chave inglesa na ordem da minha vida. Desviou tudo que eu sabia com certeza e quem eu queria ser. Quando eu estava com ele, era a única vez que me sentia como a versão verdadeira de mim mesma. Aquela que não tinha medo de errar. Ficamos sentados na cozinha por um longo tempo conversando sobre lágrimas, chá e peru. Ao anoitecer, estávamos todos exaustos, emocionalmente e fisicamente. Depois de ser expulsa da cozinha por mamãe e papai, eu me arrastei escada acima para o meu quarto. Acendendo a luz, peguei meu celular na minha bolsa e o liguei pela primeira vez em dias. Tinha mais mensagens do que antes, e me sentei no chão com as costas contra a cama e li cada uma delas. Eu não sabia o que fazer com Declan. Eu o amava. Testei essas palavras na minha cabeça antes de dizer em voz alta. Era tão inesperado. Eu não tinha planejado ele em nada disso, mas às vezes a vida tinha uma maneira de interferir até nos melhores planos.


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A

DECLAN

mensagem dela chegou quando eu estava voltando para o campus no dia seguinte ao dia de Ação de Graças. Sem feriado para nós; tinhamos um jogo para jogar. Mak: Posso te ver? O carro roncou pelas ruas estreitas da minha casa. Fiquei feliz por minha mãe estar dirigindo ou eu teria que parar o carro na beira da estrada. Minhas mãos tremiam enquanto eu digitava minha resposta. Eu: Sim. Quando? Mak: Em breve. Você está no campus? Era como se ela fosse um coelho assustado que consegui persuadir para ir a minha toca, e eu não queria entrar muito rapidamente e assustá-la. Eu estava com medo de dizer mais. Entre jogos foras e aulas, Mak tinha conseguido fugir por quase duas semanas inteiras. Aquele pouco de orgulho que falei sobre ter? Sim, desapareceu depois do terceiro dia. Eu liguei e mandei mensagem para ela, mas sem respostas. Nos últimos dias eu parei. Imaginei que dar espaço era provavelmente a melhor coisa a se fazer. Além disso, cada mensagem sem resposta era como mais uma pequena lâmina no meu coração. Minha ida até o Alco foi um fracasso. Ele não conseguiu entender por que eu me importava com o fato de estarmos recebendo menos que 10. Ele fez um comentário malicioso sobre Makenna ter me influenciado e que suas tendências irritáveis devem ter sido contagiosas. Idiota. Isso significava algo para ela, então significava algo para mim, o que tornava pior que eu tivesse estragado tudo para ela. Me despedi da minha mãe enquanto ela partia para o outro emprego. Só mais alguns meses e isso estaria acabado para ela. Ela queria que eu recebesse meu diploma, mas assim que o pegasse e começasse a jogar, todas as dívidas estariam quitadas. Eu a arrastaria para fora desses turnos, se fosse necessário. Jogando minha roupa suja de casa no sofá, me juntei a Heath na cozinha. Recipientes gigantes embrulhados em papel alumínio cobriam os balcões. Ele olhou para cima, seus cabelos cobrindo parcialmente os olhos. — Minha mãe pode ter exagerado um pouco. — Ele abriu a geladeira já meio cheia de travessas. Meu queixo caiu. — Cara, eu amo sua mãe. — Tirei o papel alumínio de uma das travessas ainda quentes e fiquei com água na boca. Cebola, salsa, sálvia, alecrim misturados com um pão de aparência impressionante. Cheirava como o recheio dos deuses.


— Eu disse a ela que não ia conseguir tirar isso da suas mãos. — Ele sorriu para mim. A comida da mãe dele era uma coisa legendária. Peguei um prato ao lado da pia e o enchi com peru, recheio, feijão verde e todos os outros petiscos da ceia que a mãe de Heath fez para nós. E então me sentei à mesa e não consegui nem comer. Minha boca e meu estômago não estavam de acordo. Mak estaria aqui em breve, e meu intestino se agitou com partes iguais de antecipação e preocupação. Heath terminou na cozinha, devorando sua comida enquanto conversávamos sobre o que havia acontecido nos nossos dois dias fora do campus. Nada. Ele se levantou, foi para a sala e subiu as escadas. Colocando a cabeça por cima do corrimão, ele gritou: — Você sabia que Mak está parada na varanda? Empurrei minha cadeira para trás, e ela arranhou o chão. — O quê? — Olhando para o pequeno painel de vidro ao lado da porta da frente, meu coração acelerou. Mak estava com um casaco creme que parava logo acima do joelho. Uma saia azul marinha apareceu debaixo do casaco. Ela tinha as mãos com luvas inquietas, entrelaçadas na frente do corpo. E o cabelo dela estava do jeito que eu gostava, caindo em ondas suaves ao redor do rosto. Coroado com um gorro fofo, que eu queria arrancar da cabeça dela para que pudesse enterrar meu rosto no seu cabelo. Olhando para os lábios dela, não conseguia tirar os olhos. Ela alternou entre mordiscá-los e falar, como se estivesse ensaiando o que ia dizer. Eu provavelmente a observei muito mais do que deveria, mas não consegui evitar. Se esse era o fim, eu não queria acelerar as coisas. Heath desceu correndo as escadas com o casaco e uma mochila pendurada no ombro. — Por que eu não dou privacidade a vocês dois? Antes que eu pudesse detê-lo, ele abriu a porta e ela ficou ali parada, de olhos arregalados, com a mão levantada como se estivesse prestes a bater — Oi Mak. Tchau, Mak. — Ele disse alegremente enquanto descia os degraus. Nós o assistimos partir porque era mais fácil fazer isso do que olhar um para o outro. A bobina nervosa no meu peito dificultava a respiração. E então, como o estalo de um elástico, nossos olhares voaram um para o outro. — Posso entrar? — Ela desviou o rosto e abaixou o olhar para as luvas. Eu a absorvi. Somente quando ele olhou para cima novamente percebi que ainda estava de pé na porta e na verdade eu não tinha dito: Por favor, por que você não entra? Posso pegar seu casaco? Eu tropecei para trás com as pernas dormentes, a deixando entrar. Ela passou por mim, tomando cuidado para não me tocar enquanto


entrava na sala de estar. Isso doeu. Fechando a porta atrás dela, respirei fundo e a segui. Ela ficou no meio da sala como uma visão de compostura e contenção. Meu corpo cantarolava por estar tão perto dela. Limpando as palmas das mãos suadas no meu jeans, fiz sinal para ela se sentar. Ela tirou o gorro da cabeça e o segurou no colo. Me sentei e tentei não deixar escapar a primeira coisa que me veio à mente. O silêncio se estendeu entre nós, passando de um pouco estranho para entreino-banheiro-e-vi-alguém-pelado, tipo de estranho. Ela respirou fundo e olhou para mim com lágrimas nos olhos. No momento em que as vi, tudo ao nosso redor se transformou. Tudo que eu queria fazer era confortá-la. — Me desculpa, — eu soltei. — Eu sinto muito, — ela disse ao mesmo tempo. Sua voz estava trêmula, e ela apertou os lábios como se estivesse tentando conter as lágrimas. Ela respirou fundo. — Não se desculpe. Eu não deveria ter terminado com você daquele jeito, e não deveria ter ignorado suas ligações e mensagens. Eu estava assustada. Eu estava muito assustada, Declan. — Ela olhou para mim, me encarando com olhos cheios de tantas emoções que eu não conseguia me prender em uma por tempo suficiente. Fiquei atordoado. Congelado e incapaz de me mover enquanto ela derramava tudo. — Eu não sou exatamente a melhor em ser aberta sobre as coisas. — Ela fez um barulhinho fofo como se dissesse o eufemismo do ano. — E eu surto, como você viu. — Seus olhos se ergueram para o teto, piscando rapidamente. — Me desculpa pelo trabalho. Eu deveria ter certificado de que iríamos acordar cedo para entregarmos juntos. Eu sei que você não queria ir à festa e não queria ficar acordada até tarde, mas fiquei tão envolvido na vitória e passar um tempo com você que fodi tudo. Ela timidamente colocou a mão sobre a minha. — Não, você não precisa se desculpar por nada. Fui eu. Se eu não quisesse ir, não teria ido. Se eu não quisesse beber, não teria bebido. Eu deveria ter me certificado que iria acordar cedo para entregar o trabalho. Na verdade, deveria ter entregado cinco dias antes da data, já que tínhamos revisado ele duas vezes. Eu me apavorei porque menos que 9,5 na matéria significava que eu não seria capaz de entrar no programa de graduação conjunto de Medicina. Meu estômago despencou. Eu a impedi de entrar na faculdade de medicina. Ela apertou minha mão e me deu um pequeno sorriso que me impediu de querer pular pela janela. Coloquei minha outra mão em cima da dela, esfregando meu polegar ao longo de sua pele quente e macia.


— Está tudo bem. Eu tenho pensado muito, e acabou sendo uma coisa boa. Levantei uma sobrancelha, não vendo como ela não entrar na faculdade de medicina fosse uma coisa boa. — Isso me dá mais tempo. Medicina sempre foi o sonho do Daniel. Ele queria ser médico desde os cinco anos, e meio que assumi isso como meu próprio sonho. Eu estava fazendo isso por nós dois. Quando perdemos o prazo, surtei não apenas por causa do programa, mas porque o decepcionei. — Você não pode viver sua vida por ele, Mak. Não tenho ideia de como foi para você e sua família passarem pelo que vocês passaram e estão passando agora. — O pai dela estar doente foi outro golpe. — Mas você não pode colocar tanta pressão em si mesma, tenho certeza de que seu irmão não gostaria que você fizesse isso. — Os padrões que ela tinha para si mesma eram mais altos do que qualquer treinador que já tive. Inferno, eles provavelmente eram mais altos que os de Heath, e todos sabiam que os dele eram insanos. — Eu sei. — Sua voz era baixa, e ela olhou para as nossas mãos envolvidas no meu colo. — Eu sei que não posso. Estou lentamente descobrindo isso. Vou começar a conversar com alguém sobre minha culpa e ansiedade por tudo o que aconteceu antes, mas você me ajudou a ver que o jeito que eu estava vivendo não era realmente viver. — Estou feliz por poder ajudar, mas não menospreze a velha Mak. Ela me manteve na linha esse semestre. Está no caminho de ser o meu melhor semestre de todos os tempos, mesmo com o 8,5 do Alco . Você me ajudou a focar nos estudos e resolver minhas merdas. Você me mudou. — Você é bom em me impedir de exagerar, e eu mantenho você na linha. Acho que é uma boa combinação. — Ela olhou para mim com um pequeno sorriso. Incapaz de me segurar mais, levantei minha mão e a envolvi no lado do seu rosto. Quando ela fechou os olhos e se inclinou para o meu toque, o aperto no meu peito diminuiu. Isso era tudo para mim. Ela era tudo para mim, e o pensamento de que eu talvez nunca fosse capaz de tocá-la assim novamente, quase me devorou vivo. A arrastando para o meu colo, olhei nos seus olhos azul-celeste e pressionei meus lábios nos dela. Foi gentil no começo, mas ela passou os braços em volta do meu pescoço e tudo mudou. — Eu sei que você pensa que não é, mas você é perfeita. Sua boca se abriu com um suspiro, e empurrei minha língua nela, precisando prová-la. Duas semanas eram muito tempo. Deslizei minha mão em seus cabelos, o cheiro de frutas cítricas enchendo meu nariz, mesmo em um dia frio de inverno. — Você é perfeita para mim, Mak.


— E você é perfeito para mim. — Ela olhou nos meus olhos e mordeu meu lábio inferior. Meu grunhido a fez pular, e ela se contorceu. Meu pau latejou com sua pequena dança de satisfação no meu colo. Segurando sua bunda, a apertei ainda mais, pressionandoa contra o meu peito. — Somos perfeitos um para o outro. — Parando para respirar, descansei minha testa contra a dela. Nossos peitos subiram e desciam em sincronia enquanto ofegamos depois de quebrar o contato labial que ameaçou me fazer explodir dentro da minha calça jeans. — Eu senti sua falta. — Olhei profundamente em seus olhos. Eu queria que ela soubesse que não passou um minuto em que estávamos separados que eu não estava pensando nela. Sonhando com ela. — Também senti sua falta. Me desculpa. Passei meu dedo nos lábios dela. — Já pedimos nossas desculpas, mas acho que é hora de você me compensar por não falar comigo por duas semanas. — Fiz um beicinho e ela riu. Os cabelos na minha nuca se arrepiaram quando aquele formigamento percorreu minha espinha. Eu queria mais disso. — E como exatamente você propõe que eu te compense? Sem outra palavra, a levantei do sofá e caminhei em direção às escadas. — Declan, me coloque no chão! Você vai me derrubar. — Ela colocou os braços em volta do meu pescoço e se agarrou a mim. — Eu não vou te derrubar desde que você pare de se mexer. Ela ficou rígida e eu ri enquanto subia os degraus dois de cada vez. Fechando a porta do meu quarto, a coloquei de pé, deixando-a deslizar na minha frente. — Tudo vai perdoado, com duas condições. Ela assentiu antes mesmo de ouvir meus termos. — Primeiro. Nunca faça isso de novo. Se você estiver brava ou chateada, preciso que você fale comigo. Ela assentiu novamente. — Prometo que não farei isso de novo. Qual é a outra condição? — Você tem que fazer uma coisa para mim… — Os cantos da minha boca se levantaram, e eu tinha certeza de que parecia um personagem sorrateiro e vilão de um desenho animado. Só que eu poderia garantir a ela que nós dois amaríamos esse pequeno truque diabólico...


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MAKENNA

— V ocê tem que fazer uma coisa para mim... — O sorriso travesso em

seus lábios deveria ter me dado um dica de que eu estava com problemas. Meu corpo cantarolava em antecipação ao que ele queria de mim. Estava escrito em todo o seu rosto de Gato de Cheshire. — Não posso tomar banho primeiro? — Olhei para a porta do quarto. Talvez eu pudesse ir correndo ara o banheiro. Usando seu peito para me encurralar, ele me levou para trás até meus joelhos baterem na beira do colchão e eu caí sentada na cama. Meus olhos se arregalaram quando ele se ajoelhou na minha frente. — Não. — Uma palavra, cheia de tanta fome e desejo que eu já podia sentir a umidade se acumulando entre minhas pernas. Minha escolha de usar saia parecia apropriada. — Deixe ir, Mak. Pare de pensar e apenas sinta. Não se preocupe com mais nada. Não se preocupe comigo ou com qualquer outro pensamento em sua cabeça, além do que vai sentir. As únicas palavras a saírem da sua boca devem ser para me dizer como você está gostando, meu nome, e eu até deixarei você dizer alguns “meu Deus”. Minha respiração ficou presa quando ele deslizou as mãos pelas minhas coxas, empurrando minha saia pelas minhas pernas. O raspar de tecido na minha pele me fez ficar atenta a cada centímetro de mim que ele expôs. — Tão mandão. — Eu quis dizer em um tom de brincadeira, mas saiu ofegante e faminto. — Eu aprendi com a melhor. Ele deslizou as mãos sob a minha bunda, me levantou e puxou minha calcinha para baixo. Mantendo o olhar em mim como se estivesse com medo de quebrar o transe, ele a deslizou pelas minhas pernas. Arrepios subiram por todo o meu corpo quando ele a apertou na sua mão e a levou ao nariz. — Seu cheiro é maravilhoso. Mas estou pronto para experimentar diretamente da fonte. Você está pronta? — Ele olhou nos meus olhos, procurando minha decisão. Mordi meu lábio e assenti enquanto um sorriso largo se espalhava por seus lábios. Isso me iluminou como uma árvore de Natal. — Acho que ainda não estou convencido. Mas não se preocupe. Eu estarei. — Suas mãos estavam de volta em mim, a pele áspera subindo pelas minhas coxas. Eu as separei sem que ele pedisse. Minha boceta estava pegando fogo, gritando por seu toque, mas ele parecia determinado a demorar com isso. Usando o polegar, ele traçou a fenda da minha boceta, e meus dedos cavaram na colcha debaixo de mim. Meus quadris se


ergueram e ele colocou a outra mão na minha coxa para que eu não pudesse ir a lugar algum. Pressionando o polegar em mim, ele apertou minha coxa quando um choque elétrico subiu pela minha espinha. — Declan. — Eu gemi seu nome e implorei com meus olhos para ele ir logo. Tirando o polegar, ele o substituiu por dois dedos, se aproximando entre as minhas pernas, seu peito entre meus joelhos. A plenitude de seus dedos já tinha a crista do meu orgasmo perto. — Qual é a sensação, Mak? — Ele bombeou os dedos dentro e fora, e minha boceta tremulou e apertou em torno deles. O prazer rolando através de mim roubou meu fôlego. Eu poderia ter feito um barulho que soava como boa. Eu não conseguia nem formar palavras. Ele tirou os dedos de mim e ofeguei com a perda repentina. O ar frio substituiu o calor de seus dedos, e meu núcleo gritou por mais. Mantendo os olhos nos meus, ele levou os dedos à boca e os chupou como se estivesse saboreando o doce. Ele repetiu a tortura novamente com a outra mão, levando os dedos à boca e me contorci na cama, tão perto do meu pico. Eu não aguentava mais. — Eu preciso de você. Quero que você me chupe. — As palavras quase pararam na minha garganta, mas as empurrei para fora. Eu precisava disso. Eu precisava finalmente me soltar e deixá-lo me mostrar como era não estar no controle de tudo. — Finalmente! — Seu sorriso se transformou em um olhar de desejo avassalador e fome, e ele empurrou minha saia para cima e abaixou a cabeça. Lambendo meus lábios secos, eu o deixei afastar minhas pernas. Sua barba raspou contra as minhas coxas e respirei fundo. Em vez de fazer uma introdução lenta, Declan teve outras ideias e optou por uma implosão completa e total. Como um homem faminto, ele mergulhou na minha boceta, seu nariz cutucando meu clitóris. Por mais que eu não quisesse admitir, eu sabia que ele estava certo. O que senti antes não era nada como isso. Atirando meus dedos em seus cabelos, eu gritei enquanto minhas pernas tremiam e balançavam. Havia muitas sensações acontecendo. Era demais e tentei fechar as pernas. Indulgência esmagadoramente arrebatadora me jogou do penhasco em uma piscina onde apenas meu clitóris latejante, boceta apertada e a língua dele existiam. — Agora que já provei, não pense que você será capaz de me tirar do meio dessas pernas. Estou plantando uma bandeira aqui. Esse é o Novo Mundo, Livros. — Ele colocou três dedos dentro de mim como se sua língua já não fosse o suficiente para me levar a uma espiral de prazer tão rápido que meu estômago se contraiu e meus dedos se enrolaram.


Me contorcendo, eu caí para trás, meu corpo em chamas enquanto ele se banqueteava comigo. Todos nervos focados no prazer pulsando por causa da sua língua. Ele chupou meu clitóris em sua boca, lambendo e puxando como ele fazia com os meus mamilos, e eu apertei minhas pernas em volta de sua cabeça. Era demais. Bom demais, quase doloroso. — Porra! — Gritando no ar, eu não conseguia recuperar o fôlego. Meu coração batia forte e meus olhos reviraram na minha cabeça. Meu orgasmo se construiu enquanto as ondas subiam mais alto até que eu estava a segundos de desmaiar. — Declan… — Minha voz saiu rouca e carente, cortada por uma sacudida que disparou através do meu corpo quando ele curvou os dedos dentro de mim, esfregando contra o local que só eu fui capaz de encontrar antes. Sua língua e dedos estavam por toda parte. Eles eram tudo. Meu corpo tremia, e havia um fino brilho de suor me cobrindo. Eu não sabia se tinha passado um minuto ou vinte, mas sabia que eu poderia morrer e estava completamente bem se era assim que eu partiria.


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DECLAN

Assistir Mak se desfazer debaixo da minha boca e das minhas mãos

foi a sensação mais gratificante que já senti na minha vida. Seu sabor profundo e rico me fez ficar com água na boca mesmo enquanto lambia sua boceta e chupava seu clitóris. Ela poderia ter pensado que eu estava brincando quando disse que esse era meu novo lugar favorito, mas não estava. Meu pau latejava no ritmo do meu batimento cardíaco, e fiquei tentado a tirá-lo e envolver minha mão em volta dele, para aliviar um pouco da pressão, mas agora era sobre ela. Era sobre dar a Mak o que ela precisava, e agora ela precisava que eu a chupasse até que não lembrasse do seu nome. Com suas coxas presas em ambos os lados da minha cabeça, eu sabia que ela estava perto. Sua boceta apertou ao redor dos meus dedos enquanto eu chupava seu clitóris. Meu orgulho disparou quando ela se debateu na cama e seus gritos de prazer saíram de seus lábios. Lambendo sua doçura, eu não conseguia ter o suficiente. Seu aperto no meu cabelo aumentou ao ponto da dor, mas eu suportaria isso pela maneira como seus olhos brilharam nos meus. Foi um cruzamento entre surpresa e o olhar mais sexy de todos os tempos. Mas o grito. Meu nome em seus lábios quando suas costas se arquearam da cama. Todos os músculos do corpo dela se tensionaram, e bati em seu clitóris, a enviando ainda mais para cima. Ela estava com uma sobrecarga de doçura quando corri minha língua para cima e para baixo em seus lábios, saboreando cada última gota. Empurrando minha cabeça, ela caiu em uma pilha molenga e ofegante na cama, tremendo e vibrando, gemidos suaves saindo de seus lábios abertos. Triunfante, fiquei de pé no final da cama e a observei, meu rosto coberto pela evidência do quão bom tinha sido para ela. Eu usaria essa colônia qualquer dia. Todos os dias se pudesse. Seus olhos se abriram e ela me deu um sorriso preguiçoso. Os seus olhos brilhavam de diversão. Eu tinha tornado minha garota líquida. Lambendo os lábios, ela me chamou para frente. Subi na cama, ainda completamente vestido. — Como foi isso para você? — Deitando ao lado dela, eu corri meus dedos por seus cabelos selvagens. — Foi ok. — Ela deu de ombros e realmente conseguiu manter uma cara séria. — Apenas ok? — Passei a mão sobre seu estômago. — Quero dizer, foi aceitável.


— Aceitável? — Balancei meus dedos, os pressionando em seu estômago e nas laterais. Ela pulou e riu, tentando empurrar minhas mãos enquanto eu fazia cócegas nela. — Tudo bem, tudo bem, — ela disse entre risadas ofegantes e desistindo. — Mais do que aceitável, mas acho que teremos que fazer muita pesquisa sobre isso. Não quero tomar uma decisão rápida. — Um sorriso malicioso apareceu nas bordas de seus lábios. — Mas há outra coisa que acho que teremos que investigar hoje à noite. — Sua mão deslizou pelo meu corpo, segurando meu pênis. Eu estava duro como pedra, mas todo meu foco estava nela. Nela toda. Ela mordeu o lábio inferior, e eu o capturei entre os meus lábios, o mordendo. — Eu acho que isso pode ser arranjado. — A deixei me empurrar de costas na cama e começar a trabalhar desabotoando meu jeans. Puxando-os para baixo, meu pau saltou, batendo contra o meu estômago. Ela envolveu sua mão macia e quente em torno dele, e respirei fundo. — Acho que vai haver muito trabalho hoje à noite. Você está pronto para isso? — Ela me acariciou, passando o polegar sobre a coroa do meu pau, espalhando o líquido pré-ejaculatório brilhante. Eu resisti à vontade de jogá-la na cama e afundar dentro dela. Deixar ela se divertir era quase tão bom. — Hoje à noite e toda noite. Estou pronto para todo o trabalho duro que você consegue jogar em meu caminho. — Que bom. — Ela sorriu e abaixou a cabeça. Sua respiração acariciou a ponta do meu pau, e lutei para manter meus olhos abertos. A umidade quente de sua boca fez meus olhos quererem rolar para a parte de trás da minha cabeça. Ela demorou um tempo para me torturar da melhor maneira possível. Mak não tinha medo de dar prazer tão bem quanto ela recebia. Ela me virou do avesso com a boca e afundei dentro de sua doce boceta, finalmente em casa, mostrando a ela que nunca a deixaria ir com cada impulso. Nós gozamos juntos, montando nossa onda de prazer embrulhados um no outro. Nós caímos em uma pilha, sem fôlego, suados e satisfeitos. Passei meus braços em volta dela e arrastei minha mão pelas suas costas. Meu coração batia no mesmo ritmo que o dela. Não querendo quebrar o transe em que estávamos, não pude deixar de fazer a pergunta que estava no fundo da minha mente desde o minuto em que ela bateu na minha porta. — O que faremos depois da formatura? Sobre o programa da faculdade de medicina? E quando você estiver na faculdade de medicina? Porque se sei alguma coisa sobre você, é que não vai deixar isso te impedir. — Estar juntos novamente não significava que os problemas de antes evaporassem.


Ela pressionou o dedo nos meus lábios. — Você está parecendo comigo agora. — Ela sorriu com uma pitada de tristeza nos olhos. — Eu sei que você tem muitos planos e sei que as coisas deram erradas. Não quero que você se arrependa. Ela balançou a cabeça ferozmente no segundo em que a palavra saiu dos meus lábios e meu coração apertou. Passei meu polegar pelo rosto dela. Sua pele lisa deslizando sob as pontas dos meus dedos ásperos. Eu era todo bruto, e ela era doce e refinada. Mas de alguma forma, nos encaixamos em nossa perfeita imperfeição. — Nós vamos descobrir o que fazer. Não importa o que aconteça, vamos descobrir juntos. Você estará jogando hóquei. Eu estarei na faculdade de medicina, eventualmente. Não vamos nos preocupar com isso agora, e Declan… — Ela fez uma pausa e abaixou os olhos. Inclinei seu queixo para cima novamente para encontrar seu olhar. — O que foi? — Minha garganta se apertou. Seus olhos estavam cheios de incerteza que eu queria lavar. — Eu... eu amo você. — Ela disse com lágrimas derramando pelo rosto. Limpando-as de suas bochechas, abaixei minha cabeça e capturei seus lábios nos meus. — Claro que ama, — eu disse, sorrindo contra seus lábios. Seus olhos se arregalaram e ela empurrou contra o meu peito e beliscou meu quadril. — Eu também amo você. — Esmagando meus lábios nos dela, ela riu e a rolei debaixo de mim. O brilho suave das luzes da rua a lançava sob uma luz radiante, e não havia nada no mundo que pudesse me manter longe dela. — Você é minha agora, Livros. Eu planejei a longo prazo. Agora você nunca se livrará de mim. Levantando a mão, ela a passou pelo meu cabelo. — Quem disse que eu queria me livrar? Talvez agora você esteja preso a mim. — Ela mexeu os quadris debaixo de mim. — Parece que estamos presos um ao outro, e não poderia ser de nenhum outra maneira. — Enterrei meu rosto em seu pescoço, a mordiscando até que ela começou a rir. Nunca existiu um som melhor no mundo inteiro.


EPÍLOGO

Não era sempre que todo mundo se juntava, e jogar nossa equipe

da faculdade na mistura significava que era uma noite insana. o feriado de natal era um curto período onde tudo ficava em um ritmo agradável e fácil, o que significava que todos queriam relaxar. nossa equipe estava em chamas, vitórias acumuladas uma após a outra no nosso caminho para o campeonato nacional. Fomos para o ponto recém-inaugurado do Bar Bramble. Foi aberto um na Filadélfia depois de Nova York e Los Angeles, o que foi legal, porque no jogo de “qual cidade da costa leste era mostrada no mapa”, Filadélfia sempre desaparecia entre Washington e Nova York. Nós praticamente ocupamos o lugar, e todo mundo estava aqui. Foi uma recriação alta e animada de todas as noites que nós cinco saíamos juntos no ensino médio, mais uma nova equipe de jogadores. Cabeças se viraram e as pessoas espiaram por cima das mesas para ver quem estava tentando derrubar o local. Algumas pessoas vieram pedir autógrafos, mas na maioria das vezes todas as outras se manteram afastadas. Ford e Colm haviam vindo de Boston. Haviam boatos rolando de que Ford poderia ser negociado para Filadélfia. Ele, eu e Heath jogando no mesmo time seria épico. O irmão mais novo de Ford, Grant, estava lá. Colm trouxe Olivia com ele, e como Emme disse, ela certamente floresceu durante seu último ano do ensino médio. Grant certamente pareceu notar, mas sempre teve uma queda por ela, o que tirava Colm do sério. Ela estava toda arrumada e sentou-se entre Colm e Ford. Eu tinha visto a pequena dança das cadeiras que ela fez para ficar ali, mesmo com Grant e Colm brincando para ver quem ia ficar do lado dela. Ford e Colm pareciam inconscientes de como ela acabou ao lado de Ford, mas olhei para Emme , e ele me deu um aceno de cabeça conhecedor. Isso pode causar alguns problemas. Heath estava no meio de uma recontagem de uma de suas histórias quando ele congelou. Se levantando da mesa, seus olhos travaram na porta do bar quando alguém entrou. Heath olhou para ela e ficou com a boca aberta. Todo mundo esticou o pescoço para ver quem havia chamado sua atenção. Lentamente, ele se sentou quando a mulher misteriosa se acomodou no bar. O que foi aquilo? Mak apertou minha mão debaixo da mesa e olhei para ela, sorrindo. — Você não me disse que seria uma festa de salsicha total, — ela sussurrou brincando.


— Há outra garota aqui. — Apontei para Olivia, que terminou seu macarrão e revirou os olhos quando pegou o meu. — Outra garota cujo irmão mais velho está prestes a levá-la de volta ao hotel para que todos possam se soltar e se embebedar. — Ele acha que eu nunca vi ninguém ficar bêbado antes, — Olivia falou do outro lado da mesa. — Ele acha que ainda tenho doze anos. — Ela apontou o dedão para Colm, que a vigiava como um falcão, como se ela tivesse aprendido recentemente a comer, e ele queria estar pronto para lhe dar a manobra de Heimlich a qualquer momento. — Não vou deixar você ficar aqui quando esses caras decidirem destruir o novo bar. — Então por que você vai voltar? — Ela atirou de volta para ele. — Eu preciso garantir que nada fique fora de controle, — ele disse em sua melhor voz de irmão mais velho. — Eu posso levá-la de volta ao hotel. — Grant ofereceu e se levantou da cadeira. Colm lançou-lhe um olhar. — Isso não está acontecendo. — O maxilar dele flexionou e Olivia revirou os olhos. — Você precisa ficar de olho no seu irmão. — Ele apontou o dedo na direção de Grant. — Ela pode ficar mais um pouco, Colm. Eles não vêem Liv há anos — Ford disse do lado deles, e os olhos de Olivia ficaram tão grandes e brilhantes que era praticamente uma personagem de anime enquanto olhava para Ford. — Além do mais, não são nem nove horas. Ainda não passou da hora de dormir. — Os olhos do anime foram substituídos por uma carranca, e ela cruzou os braços sobre o peito, murmurando algo sobre hora de dormir, que mostraria a eles, e não era uma criança. — Sim, deixe Liv ficar, — Grant falou, e Colm lançou um olhar para ele e se inclinou para que Grant tivesse mais dificuldade em ver Olivia. Ela balançou a cabeça e revirou os olhos. — É sempre assim? — Mak riu e pegou sua cerveja. Eu estava orgulhoso de ter feito minha garota apreciar o sabor adquirido da cerveja. Ela não bebia com muita frequência, mas o fato de ter feito o pedido sozinha fez meu coração inchar de orgulho. Colm levou Olivia de volta ao hotel e garantiu que Ford mantivesse Grant dentro do bar até que voltasse um pouco mais tarde. Todo mundo terminou a comida, e o clima no bar mudou quando a comida acabou, a banda subiu ao palco e as bebidas fluiram. Mak me arrastou para a pista de dança. A única coisa que ela tinha que me forçar a fazer, mas com tudo que eu jogava nela, era o mínimo que eu poderia fazer. Certamente não parecia uma tarefa árdua quando nossos quadris se moviam juntos em um mar lotado de pessoas.


— Eu pensei que você disse que não sabia dançar, — Mak disse em meu ouvido com os braços em volta do meu ombro. — Eu disse que não gostava de dançar, não é a mesma coisa. Você viu meus movimentos, Livros. Ela jogou a cabeça para trás, rindo, e enterrei minha cabeça em seu pescoço, raspando meus dentes contra sua pele. — Eu nunca deveria ter duvidado de você. — Seus olhos brilhavam de alegria e ela passou os dedos pelos cabelos na parte de trás do meu pescoço. — Eu reservei quartos para todo mundo, então não há necessidade de transar com a sua garota na pista de dança. — Emme entrou e estendeu a chave do quarto, seus braços em volta de uma mulher que nenhum de nós tinha visto antes. — Que generoso da sua parte. — Coloquei a chave no bolso e dei a Mak um olhar que fez um leve tremor percorrer seu corpo. A chave no meu jeans brilhava com possibilidades. Sexo no hotel era um que ainda não tínhamos tentado, mas imaginei que hoje à noite iríamos riscar isso da nossa lista Os caras estavam espalhados por todo o bar, bebendo, dançando, tentando convencer o barman a pedir para o pessoal da cozinha fazer outra rodada daqueles incríveis tacos. Eu avistei Heath enquanto ele se afastava do grupo de mulheres que o cercavam e seguia direto para o bar. Ele deixou um rastro de beicinhos desesperançosos das mulheres tentando chamar sua atenção. Mas ele não estava dando a elas a hora do dia. Ele se concentrou na garota que estava checando desde o segundo em que ela abriu a porta. Ele achava que era ligeiro, mas ele literalmente se levantou da cadeira quando ela passou pela porta da frente. Heath era bom em muitas coisas, mas ser furtivo não era uma delas. — Parece que Heath decidiu tomar uma atitude. — Mak assistiu comigo enquanto Heath deslizava no banquinho ao lado dela. — Parece que sim. Mas não estou preocupado demais com ele, porque acho que quero tomar uma atitude e dar em cima de uma pessoa. — Rocei meus quadris com mais força contra ela, apertando sua bunda para pressioná-la contra mim. Mak sorriu e olhou em volta. — E quem será? Aquela morena bonitinha com quem o Heath está conversando? — Ela virou a cabeça. — Ahh, ou talvez a loira ali? Ela é bonita. — Estou de olho em uma ruiva que adora me deixar nervoso e ficar sob a minha pele. — Isso soa como um problema pelo qual você pode querer ir ao médico. — Eu acho que conheço alguém cursando medicina que pode me examinar. — Rosnei e capturei seus lábios nos meus.


— Acho que também preciso de um exame. Você está pronto para ir? Ouvi dizer que há um quarto de hotel recém-arrumado com o nosso nome. — Ela lambeu os lábios e manteve os olhos nos meus. — Eu pensei que você nunca perguntaria. — Praticamente a carregando, eu a tinha no círculo dos meus braços. Atravessamos a rua correndo para o Hotel Ri enhouse. Correndo pelo saguão, nos jogamos no elevador, ambos respirando pesadamente em antecipação ao batismo do quarto do hotel. Outro casal entrou no elevador conosco, e corri minha mão pela bunda de Mak, apertando enquanto os números na pequena tela à nossa frente subiam. Retribuindo o favor, sua mão deslizou pela frente do meu jeans. Meus olhos se arregalaram quando olhei para o casal mais velho parado a menos de um metro de nós e de volta para ela. Seu sorriso abafado quando sua mão esfregou mais forte contra mim, confirmou o que eu já sabia. Criei um monstro. — Você vai pagar por isso, — rosnei, me inclinando para que minha respiração deslizasse através da concha de sua orelha. — É com isso que estou contando. — Ela lambeu os lábios e segurei um gemido. Ela estava tentando me matar ou me fazer ser preso. O outro casal saiu no mesmo andar que nós, então a velocidade da caminhada até o quarto foi o último pedaço de tortura antes de encontrarmos o nosso e irrompermos pela porta. Eu não me importava com a decoração de bom gosto, o tapete creme e a garrafa de champanhe em um balde ao lado da cama. Tudo o que importava era colocar a mulher, que me deixava louco de um jeito ou de outro desde o dia em que a conheci, na cama. Mal conseguindo passar pela porta antes de fechá-la, nós dois arrancamos as roupas um do outro. Tirando os sapatos, rimos quando meu jeans ficou preso no meu pé. Mak riu tanto que havia lágrimas escorrendo pelo rosto. Essa era a única maneira que eu queria ver minha garota chorando. Lágrimas de risada. Meu pau aprovou quando saltou e balançou a cada passo, batendo contra o meu estômago. Ela caminhou para trás, mais fundo no quarto, sem nada além de seu sutiã. A pequena trilha de cabelo entre as coxas macias me chamou. Acenando para mim, ela olhou para o lado e parou abruptamente. Sua boca se abriu e ela virou para mim novamente. — Número vinte e um. Minha testa franziu quando tentei pensar sobre o que diabos ela estava falando. A seguindo, parei ao seu lado e olhei para onde ela estava olhando. Eu não consegui segurar um sorriso tão grande que fez minhas bochechas doerem quando vi o enorme chuveiro de vidro que dava para a cama. — Acho que talvez tenhamos que criar mais alguns números para a lista neste quarto.


Os apartamentos da faculdade não eram exatamente conhecidos por seus chuveiros espaçosos, mas esse era um que podia acomodar uma banda inteira. Eu teria que comprar alguns charutos para Emme ou uma garrafa de champanhe ou algo assim, porque isso era uma obra de arte. — Eu não acho que vou conseguir andar de manhã, — disse ela, seu olhar fixo no nosso reflexo no vidro. — Não se tivermos sorte. Planejo dar a você um curso de atualização sobre todos os números que já atingimos. — Acho que deveríamos ter trazido mais camisinhas. — Ela olhou para mim, e o desejo pulsante praticamente vibrava para fora dela. Ou talvez fosse eu, porque a cada segundo que ela estava comigo com seu corpo delicioso em plena exibição, e eu não estava tocando nela era pura tortura. Agarrando sua mão, puxei Mak pelo quarto para o santuário de vidro e ardósia, que logo seria covil de sexo. Correndo para o chuveiro, o liguei para aquecer. Eu a pressionei contra o vidro duro e frio, e a beijei enquanto tirava seu sutiã. Não haveria nada entre nós até que eles nos expulsassem desse quarto. Nossos beijos eram ferozes e abrangentes enquanto eu roçava contra ela. A ponta do meu pau aninhou entre suas pernas, sua umidade cobrindo meu eixo enquanto eu deslizava ao longo da fenda da sua boceta. — Você já está tão molhada, — eu rosnei contra seu pescoço. — Talvez eu não estaria se alguém não estivesse dançando comigo como se estivesse pronto para me foder na pista de dança. — Sua voz saiu uma confusão estremecida e ofegante enquanto meus dentes deslizavam sobre seu pescoço e ombro. A água corrente do chuveiro forneceu uma trilha sonora para a nossa mais nova aventura. — Isso é porque eu estava. Você tem sorte de termos chegado ao quarto. Eu estava pronto para derrubar a comida da mesa e transar no bar. — Acho que podemos mais do que compensar a espera. — Ela estendeu a mão ao seu lado e pegou uma das toalhas da prateleira e a jogou no chão. O vapor do chuveiro saia da divisória de vidro. Mantendo seus olhos nos meus, ela lentamente caiu de joelhos e passou a mão em volta do meu eixo. Com um sorriso no rosto, esticou a língua e lambeu a gota do líquido pré-ejaculatório da cabeça do meu pau. Um arrepio percorreu minha espinha e afundei meus dedos em seus cabelos, colocando-os em cima de sua cabeça. Foi um boquete embaraçosamente rápido. Acho que devo ficar na boca dela por menos de dois minutos antes de puxá-la de mim. — Você está ficando boa demais nisso. — Minhas costelas doíam, meu coração estava batendo muito rápido.


— Eu não acho é possivel ficar “boa demais”, — disse ela, rindo enquanto eu a levava para a cabine. O vapor da água embaçava o vidro. O spray dos vários chuveiros nos cobriu com uma névoa fina. Puxando Mak no meu peito, eu a beijei, mergulhando minha língua em sua boca enquanto ela se apoiava em mim. — Nunca ouviu a expressão, tão bom que dói? — Acho que não; talvez você deva me mostrar. — Seu sorriso provocador estava firmemente no lugar. Ela estava sempre me testando, e nunca fiquei mais feliz em lhe ensinar uma lição longa, com força e úmida na minha vida. A virando, eu a pressionei contra a parede molhada e lisa, bem na frente de um dos chuveiros multidirecionais. Arrastando seus quadris contra o meu pau, flexionei minha mandíbula. O prazer correndo por mim estava me montando com força e fazendo minha cabeça girar. Ela pressionou as mãos na parede enquanto eu inclinava para trás, me alinhava com sua boceta encharcada e afundava em seu aperto quente e sedoso com um impulso dolorosamente lento. Sua cabeça caiu para trás e ela moveu os quadris, tentando me levar para dentro mais rápido, mas afundei meus dedos em sua bunda, apalpando sua carne macia, controlando o ritmo e nosso movimento. O aperto de seu núcleo quase me levou ao limite, mas me contive, mordendo meu lábio com tanta força que senti o gosto de sangue. Seus gemidos pontuavam cada encontro molhado de nossos corpos juntos. — Mais, Declan. Eu preciso de mais. — Vou te dar tudo que você precisa. — Esticando a mão para frente dela, esfreguei seu clitóris. Seus dedos arranharam a parede lisa de ardósia e ela gritou meu nome. Música para meus ouvidos. Ela se apertou ao meu redor e joguei minha cabeça para trás, meu grito ecoando nas paredes do chuveiro. Nossos corpos estremeceram juntos, e a segurei, sentado nos banco da cabine, nossos corpos ainda unidos. Corri meus lábios por seu ombro molhado enquanto sua cabeça pendia contra mim. — Eu acho que isso definitivamente se qualificaria como tão bom que doeu. — Sua voz estava um pouco rouca. — Se essa foi a primeira rodada, eu definitivamente vou andar igual um cowboy de manhã. Coloquei meu braço em volta do seu peito, meus dedos brincando com seus mamilos molhados e duros. — Isso significa que sou seu cavalo? — Eu ri, movendo meus quadris, empurrando minha ereção ainda dura mais profundamente nela. Ela respirou fundo. — Acho que isso significa que sou a vaqueira.


Eu levantei meus quadris novamente e ela gemeu. Seus dedos cravaram nas minhas coxas enquanto ela girava os quadris e eu tentei não desmaiar. — Eu estou bem com isso. Você está pronta? — Ela sorriu por cima do ombro. — Com você? Sempre.


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