Instituto Politécnico de Setúbal – Escola Superior de Educação UC: Língua Portuguesa e Tecnologias de Informação e Comunicação Docente: Fernanda Botelho
Recensão Crítica Autor(a): Fernanda Botelho Título(s): “O texto televisivo, características: polissemia(s) e construção da significação”; “A narrativa na televisão: tipos, estruturas e códigos”; “Literacia televisiva e ensino‐aprendizagem da Língua Portuguesa”; “Aprendizagem sobre Televisão: aspectos essenciais”. (“Educação para a Televisão e Aprendizagem do Português – Um estudo prospectivo”, tese de doutoramento concluída em Dezembro 2002, Universidade Aberta.) Num primeiro momento, gostaria de salientar que os textos acima mencionados e posteriormente, por mim, analisados, remetem‐nos para a temática da televisão, sua linguagem, polissemia(s), ensino‐aprendizagem e consequente construção de significados. A televisão assume diariamente um papel crucial para muitas famílias, não só com o objectivo de entreter mas também informar e educar os seus consumidores. Pessoalmente, não me considero uma consumidora activa de televisão, exactamente por perceber o quão fictício se torna viver rotineiramente uma realidade que não a nossa, a minha. Possuo especial gosto pelos documentários e debates que, por vezes, acontecem e também as notícias para perceber o que se passa pelos restantes países do mundo, os quais desconheço. Fiske (1992) distingue três modos aquando da leitura de um texto mediático, são eles, o “dominante” ou socialmente correcto, o “oposto” que interroga as ideologias da mensagem e o “significado” que possibilita as diferenças na construção das significações. Refere ainda que o texto televisivo pode, por vezes, encerrar toda a construção de significação 1 O texto e a mensagem na televisão
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favorecendo apenas alguns dos significados, mas por outro, possibilita aos seus espectadores uma abrangente pluralidade de significações exploradas por cada um. Por outro lado, Hartley sublinha que na televisão os mais complexos modos de representação gerem um grandioso excesso de significação, uma vez que a televisão representa‐se através da cor, do movimento, do som e do tempo, assim como das imagens, palavras e composições. A esta capacidade de produção de significações e construção de conhecimentos acerca do mundo, são detentores da mesma, tanto os produtores como os receptores. A narrativa é um processo cultural básico e fundamental na atribuição de sentido à nossa experiência da realidade, assim sendo, a televisão caracteriza‐se como uma. É uma técnica predominantemente utilizada pelos Media de modo a propagarem os episódios pelos quais são abordados e contando histórias. Os noticiários, documentários e programas desportivos tendem a entreter‐nos com as suas histórias, criando heróis, vilões e conflitos e por fim, apresentam a resolução para os mesmos. A narrativa e a linguagem são alguns dos principais processos culturais derivados da sociedade e estruturam‐se em torno dos eixos paradigmático e sintagmático. Kress (1992) afirma que a melhor estratégia para a inclusão da educação para os Media no currículo do ensino básico é considerá‐la a principal disciplina cultural dos professores. Quanto às diferenças assinaladas entre objectos e finalidades do ensino da língua materna e os da educação para os Media é que simultaneamente os que os une é bem mais forte do que aquilo que os separa. Assim sendo, tanto o primeiro como o segundo se incluem em trajectos académicos diferentes; no entanto, ambos lidam com textos e se preocupam com a linguagem, com a interpretação e com a produção de significados dos mesmos. Através destes, se faz uma aprendizagem de Língua Materna para permitir um desenvolvimento linguístico através do que se ouve, vê, analisa, fala, lê e escreve. Alguns aspectos favoráveis ao trabalhar os textos mediáticos reflectem‐se no prazer que é sentido aquando de actividades comunicativas de grupo, para além de que as crianças aprendem quando estão interessadas, motivadas e quando se envolvem no próprio processo de 2 O texto e a mensagem na televisão
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aprendizagem. Esta educação, consecutivamente abordada, enfatiza a aprendizagem, criando assim um desejo de trabalhar a própria língua. O ensino‐aprendizagem das Línguas Maternas tem como objectivo criar oportunidades de utilização e investigação da linguagem enquadrando todas as suas dimensões. As concepções até então relacionadas com a televisão, mudaram completamente na última década, tendo‐se esta reflectido num mercado cada vez mais competitivo de acordo com a disponibilização de cada vez mais canais disponíveis e derivado aos avanços tecnológicos, maioritariamente com o aparecimento do computador. Cabe a cada consumidor, controlar a recepção de cada informação. Bob Hodge e David Tripp apresentam dez teses que definem a relação existente entre as crianças e a televisão; são elas baseadas essencialmente nas capacidades activas da generalidade das crianças na descodificação da televisão, ou seja, nem todos os programas são, de igual modo, benéficos; as crianças preferem programas distintos aos dos adultos e interpretam‐nos de maneira diferente, de acordo com o desenvolvimento da linguagem, também o sistema semiótico se aproxima dos sistemas dos adultos, com base no que lhes é concebido por parte dos mesmos. De acordo com as contradições prestadas pela televisão, pais e educadores podem utilizá‐las para clarificarem algumas das questões sociais às crianças e a si mesmos. Deste modo, possibilitam às crianças um novo método de processamento das mensagens, de serem mais conscientes quanto às mesmas e possibilitam assim, o seu desenvolvimento normal. Uma quarta tese é apresentada no âmbito da relação entre a representação da realidade na televisão e o mundo real, bem como à capacidade das crianças julgarem esta mesma relação. Os autores consideram que aperfeiçoar os julgamentos sobre o estatuto de realidade das mensagens televisivas ou de outros sistemas de mensagens, deveria constituir uma preocupação essencial dos educadores uma vez que é muito importante prevenir as crianças para a necessidade de compreensão das mensagens com que se defrontarão enquanto cidadãos desta sociedade de informação. No caso das crianças mais novas, os programas infantis não constituem 3 O texto e a mensagem na televisão
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qualquer tipo de perigo nem falta de apropriação, enquanto que para os mais velhos, são necessários programas que os remetam até à realidade existente, ou seja, que os choque. As demais teses consideradas primordiais, referem‐se não só à preocupação dos pais e educadores quanto ao tempo dispendido por parte das crianças em relação à televisão mas, também à necessidade sentida que a Educação para a Televisão integra e a Escola.
É uma realidade que as crianças se habituam bastante à visualização dos programas de
televisão, uns melhores, outros piores, mas o certo é que nós, pais e educadores, baseando‐nos na nossa experiência para com os métodos utilizados pelos Media, conseguimos estabelecer uma nova concepção na mentalidade das crianças sobre o que é ou não ficção, proporcionando‐lhes assim, um desenvolvimento normal baseado em ideologias que achemos correctas e que serão úteis para as crianças no seu futuro próximo. 4 O texto e a mensagem na televisão
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Citações:
“To put the argument more prosaically, television is more trusted than the press, more engaging than ratio and more watched than cinema. How could any serious educator sensibly ignore it?” (Clark, 1987) “The need for television literacy is seen as an objective which will be achieved not simply through a process of natural osmosis, but through the implementation of properly constructed programmes of intuition and training (...)” (Gunter, 1997) Elaborado por: Joana Santos Covas Nº 070142071 Licenciatura em Educação Básica 3º ano Turma B 5 O texto e a mensagem na televisão