intellectus os números
CIÊNCIA
da
An o 3
N ú m e ro 1 7
m a rç o 2 0 1 4
Trimestral
C i ê n c i a e Te c n ol og i a
Índice. . .
I n te l l e c tu s n º 1 7 . . .
Mentes Geniais pá g .
4
Números da Ciência pá g .
8
Projeto GNU (cont.) pá g .
10
Cosmos vs Caos pá g .
intellectus
33
2
Sugestões...
Intellectus:
Ficha Técnica
Diretor:
Tiago Carvalho. Redação/Colaboradores : Cristina Barreiro, João Carvalho, Magda Lomba, Flávio Távora, Vânia Costa, José Francisco Alves, Samantha Alves, Ricardo Vieira, Ricardo Serrado, Rui Leandro Ferreira, Andreia Carmo, Josué Carvalho, Isabel Alentejeiro, Luís Carlos Matos, Miguel Barroso, Filipe Costa, Sérgio Fontinhas, Rogério Marques, Carla Vieira, Alzira Sousa, Dario Figueira. Paginação: João Carvalho, Tiago Carvalho. Proprietário: Cientificamente - Associação para a Divulgação da Ciência e Promoção do Desenvolvimento Intelectual. Pessoa Coletiva: 510421814. Editor: Tiago Jorge Lima Carvalho. Redação e Administração: Rua Pereira da Cunha, 4940-542, Paredes de Coura, PORTUGAL. Telefone: 938524887. Email: 4intellectus@gmail.com. Registo ERC : 126149.
intellectus
3
mentes
intellectus
4
geniais intellectus
5
Tales de Mileto Este filósofo que viveu antes de Sócrates foi na essência científica mais notável do que este último, pois a sua referência de pensamento
era
a
physis (matéria),
enquanto que para a escola socrática apenas se dava primazia ao pensamento e às ideias. Isto pode parecer vago, mas é fundamental no que concerne à compreensão do mundo natural
(universo).
experimentador,
Tales
enquanto
era
um
Sócrates
defendia que tudo era compreensível,
624 a.C. - 546 a.C.
através do pensamento.
iep.utm.edu/thales | mathopenref.com/thales
al-Khwarizmi Este notável persa que viveu (780 - 850) e serviu a humanidade durante o califado dos Abássidas de Bagdade, tornou-se numa das figuras mais emblemáticas do mundo dos números, devido ao seu enorme contributo pela sintese da Álgebra. O seu entusiasmo pelo conhecimento permitiu progressos significativos em várias áreas na Casa da Sabedoria de Bagdade, resultando ainda na criação de outras casas de sabedoria, a saber como exemplo mais conhecido: a Casa da Sabedoria de Fez (Marrocos). Graças a árabes como Al-Khwarizmi o saber das antigas civilizações greco-romanas foi em parte preservado.
bit.ly/O8MCaE | tinyurl.com/al-khwarizmi-1 bio intellectus
6
René Descartes "Penso logo existo", esta é a frase que imortalizou Descartes. Foi um filósofo e um matemático brilhante, mas também um cético, alguém que gostava de questionar tudo. Chegando mesmo a duvidar da sua própria existência, chegou à conclusão - depois de exaustivo debate interior - que a famosa frase descreve. Tornou-se uma das principais figuras do método científico, pois questionar é primeiro passo.
Alexander Grothendieck Pouco conhecido do público em geral, mas tremendamente admirado pelos matemáticos de todo o mundo, tornou-se uma referência incontornável no universo dos números pelos seus notáveis contributos na área da álgebra. Nascido em 1928 na Alemanha,
este
brilhante
matemático
do
século
XX,
abandonou o seu trabalho científico por volta de 1970, devido a uma disputa política na atribuição de fundos para fins militares, em vez dos mesmos serem usados na investigação e educação: uma revolta pessoal para inspirar outros ao protesto.
Aristarco
de samos
310 a.C. - 230 a.C. : Este cientista da Grécia Clássica foi o primeiro humano (tanto quanto se sabe) a propor que a Terra desloca-se em torno do Sol e que a própria Terra executa um movimento de rotação sobre o seu próprio eixo. Muitos referem que Nicolau Copérnico teve acesso ao trabalho de Aristarco, antes de apresentar, no século XVI, o seu modelo heliocêntrico do universo.
tinyurl.com/reneDescartesLife | tinyurl.com/4grothendieck | tinyurl.com/aristarchus1 intellectus
7
Os números da Ciência atual
França Estados Unidos 31 1 975 1 ,1 9%
México
Países Baixos
30 61 6 1 ,66%
Canadá
9034 0,70%
51 1 07 1 ,09%
57 320 0,99%
R
Alemanha Itália
83 21 6 1 ,21 %
48 353 1 ,1 0%
Espanha 44 935 1 ,01 %
Bélgica
1 6 442 1 ,63%
Dinamarca 1 2 376 1 ,77%
Brasil
29 924 0,43%
Noruega
9456 1 ,33%
Áustria Argentina
1 1 1 32 1 ,52%
Polón
1 7 60 0,79%
6866 0,94%
República Checa 8400 1 ,32%
Artigos Científicos
Número de artigos de investigação científica publicados pelas principais nações a trabalhar nesse sentido em 201 2, bem como a proporção de investigação feita em cada país (nesse ano) que consta no 1 % artigos mais citados*. *Dados recolhidos de janeiro a outubro de 201 2 em 39 países, perfazendo um total de 6000 artigos.
intellectus
Grécia
9281 1 ,1 3%
Irlanda
Portugal
6238 0,91 %
1 0 068 0,86%
Percentagem de aumento relativame
Arábia Saudita China (cont.) 8,9 Brasil 7,6 Coreia do Sul Índia 4,8 Estados Unidos 1 ,4 Japão -1 ,3
1 3,4
8
ponto da situação... 2012
China (continental) 1 59 1 21 Japão 0,56%
Reino Unido 86 544 1 ,44%
nia
Índia
40 91 2 0,37%
Rússia
22 340 0,52%
66 820 0,50%
Coreia do Sul Austrália
41 770 0,50%
40 901 1 ,20%
Taiwan
23 592 0,64%
Singapura 9347 1 ,01 %
Nova Zelândia 731 4 0,98%
Malásia 7037 0,30%
Suíça
21 796 1 ,91 %
Suécia
1 9 421 1 ,22%
Finlândia 9368 1 ,28%
02 %
Egito
Turquia
Israel
1 9 396 0,47%
1 0 844 1 ,30%
África do Sul 7625 1 ,44%
ente a 201 1 33,1
Irão
20 065 0,44%
591 1 0,46%
Arábia Saudita 6203 0,89%
1 000 artigos T o p a rt i g o s 2 01 2 *
1 0 000 artigos
1 00 artigos
*Artigos no top 1 % por citação e por área de investigação e idade.
fonte: THOMSON REUTERS/ESSENTIAL SCIENCE INDICATORS intellectus
9
projeto GNU ...
por
Richard Stallman [continuação... final]
intellectus
10
Início do projeto
Primeiros Passos
Em janeiro de 1984 deixei o meu emprego
Pouco antes de começar o projeto GNU ouvi
no MIT e comecei a escrever o GNU
sobre a Free University Compiler Kit também
software.
era
conhecida como VUCK (palavra holandesa
fundamentalmente necessário para que o
para "livre"). Este compilador foi projetado
MIT não fosse capaz de interferir na
para
distribuição do GNU como software livre. Se
informáticas - incluindo C e Pascal - e para
eu tivesse permanecido na equipa, o MIT
suportar múltiplas máquinas de destino. De
poderia ter reclamado também como seu o
seguida escrevi ao seu autor, perguntando se
trabalho que eu estava a desenvolver e
projeto GNU poderia usá-lo. Ele respondeu
poderia mesmo ter imposto os seus próprios
com ironia, afirmando que a universidade era
termos
ter
free (livre), mas o compilador não era. Por
transformado o trabalho num pacote de
isso, decidi que meu primeiro programa para
software
o projeto GNU seria um compilador
Deixar
de
o
MIT
distribuição
proprietário).
(ou No
professor Winston (chefe do
pior: entanto,
o
MIT AI Lab. ),
lidar
com
multilinguagem
múltiplas
linguagens
Torvalds (2009) Na eLinus multiplataforma.
gentilmente convidou-me para continuar a
jornada de evitar a necessidade de escrever o
usar as instalações do laboratório. Eu não
compilador inteiro sozinho, consegui o
tinha intenção de realizar um grande esforço só para vê-lo tornar-se inútil perante o seu enorme
potencial:
comunidade
intellectus
de
criação partilha
duma de
nova
software.
"GNU seria um compilador multiplataforma"
11
código fonte do compilador Pastel, que era
end que tinha escrito na tentativa com o
um compilador multiplataforma desenvolvido
compilador Pastel.
no Laboratório Lawrence Livermore, tendo
GNU Emacs
este sido escrito numa versão estendida de
Comecei a trabalhar no GNU Emacs em
Pascal, concebida para ser uma linguagem de
setembro de 1984 e no início de 1985 já
programação.
uma
estava a começar a ser utilizável. Isso
reformulação em linguagem C (C front-end)
permitiu-me começar a usar sistemas Unix
e comecei a utilizá-la no computador
para fazer edição; não tive interesse em
Motorola 68000. Porém tive de desistir deste
aprender a usar o vi ou ed. Daí em diante,
compilador, quando percebi que necessitava
utilizadores começaram a querer usar o GNU
de muitos recursos de armazenamento
Emacs, o que levantou a questão de como
(muitos megabytes), invalidando o seu uso
distribuí-lo. Coloquei-o num servidor de FTP
no 68000 que só permitia 64 k (kilobytes).
anónimo num computador do MIT que eu
Naquela altura, concluí que teria de escrever
usava: prep.ai.mit.edu. Este tornou-se o site
um novo compilador do zero. Esse novo
de distribuição ftp principal do projeto GNU
compilador é agora conhecido como GCC;
e só quando foi desativado, alguns anos mais
tendo conseguido adaptar e usar o C front-
tarde, transferimos o nome para o nosso
Então,
adicionei
"GNU é um acrónimo recursivo de GNU's Not Unix (GNU não é Unix)"
intellectus
12
novo servidor de ftp. Mas naquela época,
necessariamente que ele será um software
muitos dos interessados - pessoas que não
livre para todos que tem uma cópia do
usavam a internet - não conseguiram obter
mesmo. Por exemplo, o software de domínio
uma cópia por ftp, portanto, a questão era a
público (software que não é protegido por
seguinte: o que diria eu a eles? Eu poderia
direitos de autor) é um software livre; porém
ter dito: "Peça uma cópia a um amigo que
qualquer
está na rede (internet).". Por outro lado,
modificada proprietária do mesmo. Da
poderia ter feito o que fiz com o original
mesma forma, muitos programas livres são
PDP-10 Emacs : dizer-lhes: "Envie-me uma
protegidos por direitos de autor, mas sendo
fita e um SASE que o quanto antes
distribuídos através de licenças permissivas
devolverei com o Emacs gravado nela.". Mas
simples, permitem a criação de versões
eu não tinha trabalho e estava à procura de
proprietárias
maneiras de ganhar dinheiro com software
paradigmático deste problema é o X
livre. Então, anunciei que enviaria uma fita,
Window System. Desenvolvido no MIT e
para quem solicitasse uma cópia do Emacs,
lançado como software livre com uma
por um valor de 150 dólares americanos.
licença permissiva, logo foi “aproveitado”
Desta forma, eu comecei um negócio de
por diversas empresas de informática. Estas
distribuição de software livre: o precursor
utilizaram o X Window System nos seus
das
sistemas Unix proprietários, sob o mesmo
empresas
que
hoje
distribuem
distribuições do sistema GNU/Linux.
Um programa é livre para todos os utilizadores? Se um programa é software livre quando sai das mãos do seu autor, isto não significa intellectus
acordo
um
de
cópias/versões
pode
fazer
modificadas.
uma
O
confidencialidade. do
X
Window
versão
exemplo
Estas System
"Muitos programas livres são protegidos por direitos de autor" 13
fsf.org
"1985 foi criada a Free Software Foundation" deixaram de ser, ao abrigo desse acordo, software livre, tal como acontecera com alguns sistemas Unix. Os programadores do
Free Software Foundation (Fundação Software Livre)
X Window System não consideravam isso
Como o crescente interesse em usar Emacs,
um problema. O seu objetivo não era a
mais
liberdade, mas apenas "sucesso", definido
projeto GNU e por isso decidiu-se que era
como:
Eles
hora de procurar financiamento uma vez
simplesmente não se importavam se os
mais. Assim, em 1985 foi criada a Free
utilizadores tinham liberdade no uso do
Software Foundation (FSF), uma instituição
software, somente olhavam para os números:
sem fins lucrativos com o objetivo de
popularidade do programa. Este facto levou
desenvolver software livre. A FSF assumiu
a uma situação paradoxal: software livre
também o negócio de distribuição de fita
usado para criar software proprietário (em
Emacs e mais tarde distribuiu outros
código fechado e não gratuito); e em que a
softwares livres (criados a partir do projeto
maioria dos utilizadores do X Window
GNU e também outros softwares livres de
System, por exemplo, “corriam” as versões
origens
proprietárias que vinham com sistemas Unix
rendimento da FSF costumava vir da venda
proprietários e não a versão gratuita e livre.
de cópias de software livre, de outros
intellectus
"ter
muitos
utilizadores".
pessoas
quiseram
diversas).
A
envolver-se
maior
parte
no
do
14
serviços relacionados (CD-ROM de códigofonte, CD-ROMs com binários, manuais impressos, todos com a liberdade de redistribuir e modificar) e de distribuições de sistemas operativos (distribuições para as quais construímos toda a coleção de softwares necessários). Hoje em dia, a FSF ainda vende manuais e outros serviços, mas o seu financiamento principal provêm de quotas dos associados. Por isso apelamos: torna-te associado e participa da FSF em www.fsf.org. Funcionários/colaboradores da Free Software Foundation escreveram e mantiveram uma porção de pacotes de software GNU. Os dois mais notáveis são a C library e a shell. A GNU C library é o que todos os programas executam - num sistema GNU/Linux - para se comunicar com o
"O financiamento da FSF provêm essencialmente de quotas de associados" programas, porque o âmbito do projeto GNU não
era
apenas
informáticas
ou
sobre
ferramentas
ambientes
de
desenvolvimento de software. O nosso objetivo primordial era a criação dum sistema operativo completo e, para isso, eram necessários esses programas, entre outros. *Bourne Again Shell é uma designação brincalhona surgida a partir do nome "Bourne Shell", que era a shell mais comum no sistema Unix.
Suporte ao Software Livre
Linux, tendo sido desenvolvido por um
A filosofia do software livre rejeita uma
membro da Free Software Foundation,
prática comercial generalizada, mas não é
Roland McGrath. A shell utilizada na
contra o negócio propriamente dito. Quando
maioria dos sistemas GNU/Linux é o BASH
as empresas respeitam a liberdade dos
(Bourne Again Shell*), que foi desenvolvido
utilizadores, desejamos que elas tenham
por Brian Fox, membro da FSF. Procurou-se
sucesso.
financiar
demonstrou que é possível criar um tipo de
intellectus
o
desenvolvimento
desses
Vendendo
cópias
de
Emacs
15
negócio com base no software livre. Quando
em CD-ROM, outros vendem suporte técnico
a FSF assumiu esse negócio, eu precisava
em níveis que variam desde responder a
encontrar uma outra maneira de ganhar a
dúvidas dos utilizadores, até à correção de
vida. E encontrei-o na venda de serviços
“bugs” (falhas técnicas) e criação de novas
relacionados com o software livre que eu
caraterísticas dos variados softwares livres
tinha desenvolvido. Isto incluia o ensino –
(mediante
sobre temáicas de como programar GNU
existem, atualmente, um crescente número
Emacs, como personalizar GCC (GNU
de empresas que se associam à definição
Compiler Collection) – e desenvolvimento de
"open source software" que, realmente,
software. Atualmente, cada um deste tipo de
assentam os seus negócios em software não
negócios de software livre é praticado por
livre que funciona com software livre. Estas
um número considerável de empresas.
não
Alguns distribuem coleções de software livre
simplesmente são empresas de software
intellectus
são
novas
necessidades).
empresas
de
software
Porém,
livre,
16
Carta de referência GNU Emacs
proprietário,
cujos
produtos
pretendem
seduzir os utilizadores através do uso de software “conveniente” ao invés de software que proteja a liberdade. Eles designam esses programas de "pacotes de valor adicional", demonstrando bem os valores que eles adotaram: conveniência acima da liberdade. Se valorizarmos mais a liberdade devemos chamá-los de “pacotes contra a liberdade".
Objetivos técnicos
"GNU não teve nenhuma vantagem técnica em relação aos sistemas UNIX" memória, a menos que se excedesse um megabyte. Nos programas para os quais o manuseamento de arquivos grandes não era crucial, incentivou os programadores a lerem um arquivo de entrada inteiro em núcleo. Estas
decisões
que
programas
software livre. O próprio sistema GNU não
semelhantes em Unix” em termos de
teve
confiabilidade e velocidade.
vantagem
técnica
relativamente ao seu predecessor Unix. Teve, sim, uma vantagem social, permitindo aos
superassem
os
muitos
O principal objetivo do projeto GNU é criar nenhuma
GNU
permitiram
“seus
Computadores doados
de
Como a reputação do projeto GNU cresceu
ética,
as pessoas começaram a oferecer-se para
respeitando a liberdade dos utilizadores.
doar máquinas (computadores funcionando
Além disto, rejeitou-se a ideia do sistema
com sistema Unix) para auxiliar o projeto.
Unix de funcionamento com uma memória
Estes foram muito úteis, porque a maneira
reduzida, ao decidir-se não apoiar máquinas
mais fácil de desenvolver componentes para
de 16 bits (ficou claro que as máquinas de 32
o projeto GNU era fazê-lo em sistema Unix;
bits seria a norma na altura em que o sistema
e simultaneamente começando a substituir os
GNU estaria finalizado) e não fazendo
componentes desse sistema um por um.
nenhum esforço para reduzir o uso de
Porém isto levantou uma questão ética: Seria
seus
utilizadores
cooperarem
intellectus
e
a uma
possibilidade vantagem
17
Sistema operativo Debian/GNU
correto ter uma cópia do Unix? Unix era (e
duma máquina por um livre, substituia-se a
ainda é) software proprietário e a filosofia do
máquina.
projeto GNU defende que não se deve usar
Lista de tarefas do projeto GNU
software proprietário. Contudo – aplicando o mesmo raciocínio que leva à conclusão de que a violência em legítima defesa é
À medida que o projeto GNU avançava e um
justificada –, cheguei à conclusão de que era
número
legítimo usar um software proprietário
sistema foram sendo encontrados e/ou
quando
o
desenvolvidos, eventualmente, tornou-se útil
desenvolvimento de um substituto livre, que
fazer uma lista das lacunas restantes. Esta
iria ajudar os outros a parar de usar software
lista tornou-se conhecida como a lista de
proprietário. Mas mesmo tendo sido um mal
tarefas GNU. Além da falta de alguns
justificável, ainda era um mal. Hoje não
componentes que funcionavam em Unix,
temos nenhuma cópia do Unix, porque temos
incluímos vários outros projetos de software
sistemas operativos livres. Portanto, se não
e documentação úteis, pensando num sistema
pudéssemos substituir o sistema operativo
verdadeiramente
intellectus
isso
fosse
crucial
para
crescente
de
componentes
completo.
do
Hoje*,
18
dificilmente qualquer componente Unix reside na lista de tarefas GNU, pois os softwares
fundamentais
foram
já
desenvolvidos, com exceção duns poucos não essenciais. Todavia, a lista está repleta de projetos
que
alguns
poderiam
chamar
simplesmente de "aplicações". Qualquer programa/software que agrade a mais de uma classe restrita de utilizadores, seria útil para adicionar a um sistema operativo. Jogos são incluídos na lista de tarefas e tem sido
tipos de jogos que os utilizadores possam
"Se não pudéssemos trocar o sistema operativo duma máquina por um livre, trocávamos a máquina"
gostar. *Escrito em 1998. Em 2009, já não
produtos de software proprietários têm o
mantemos uma lista de tarefas GNU. A
direito de incluir o código de software livre.
comunidade informática desenvolve software
Porquê, então, colaborar com uma filosofia
livre tão rápido que não conseguimos manter
de software baseada na recusa de partilha?
o controlo de tudo. Alternativamente temos
Usando a LGPL para a biblioteca GNU C,
uma lista de projetos de elevada prioridade:
ou para qualquer biblioteca, é uma questão
uma lista muito mais curta de projetos que
de estratégia. A biblioteca GNU C faz um
realmente queremos encorajar as pessoas a
trabalho genérico; cada sistema proprietário
desenvolver.
ou compilador vem com uma biblioteca C.
desde o início. Unix incluiu jogos, então naturalmente GNU deve incluir também. Contudo a compatibilidade não foi um problema para o desenvolvimento de jogos, por isso não siga a lista de jogos Unix. Em vez disso, criamos um espetro de diferentes
GNU LGPL
Portanto, tornando a nossa biblioteca C
A biblioteca GNU C usa um género especial
disponível
de copyleft chamado Licença Biblioteca
software livre, não teria dado qualquer
Geral Pública GNU (GNU Library General
impulso significativo ou vantagem à sua
Public License (GNU LGPL)*), dando
utilização
permissão para ligar o software proprietário
utilizadores de computadores. Um sistema é
com a referida biblioteca. Porquê desta
exceção a isto: no sistema GNU (incluindo
exceção? Não é uma questão de princípio;
GNU/Linux), a biblioteca GNU C é a única
não há princípio suficiente que diga que
biblioteca C. Não há razão ética para
intellectus
apenas
para
generalizada
trabalhar
por
parte
com
dos
19
GNU, mas estrategicamente não permitindo
"Porquê colaborar ...?"
o seu uso em sistemas proprietários faria
uma vantagem relativamente ao software
mais para desencorajar o uso do sistema
proprietário. Considere GNU Readline, uma
GNU, do que encorajar o desenvolvimento
biblioteca que foi desenvolvida para fornecer
de aplicativos gratuitos. É por isso que o uso
a edição em linha de comandos para BASH.
da licença LGPL é uma boa estratégia no
Readline é distribuída sob GNU GPL e não
caso duma biblioteca C. Relativamente a
sob GNU LGPL. Isto, provavelmente, reduz
outras bibliotecas, a decisão estratégica
a quantidade de utilizadores de Readline,
precisa ser considerada caso a caso. Quando
mas isso não representa uma perda para o
uma biblioteca faz um trabalho especial que
movimento software livre. Enquanto isso,
pode ajudar a escrever certos tipos de
pelo menos, um aplicativo útil tem sido
programas, distribuindo-a com licença GPL
desenvolvido como software livre para que
e limitando-a, assim, a programas livres é
especificamente use Readline, acabando
uma
outros
deste modo por representar um ganho real
programadores de software livre, dando-lhes
para a comunidade. Programadores de
permitir aplicações proprietárias no sistema
intellectus
maneira
de
ajudar
20
peças essenciais do software GNU foram desenvolvidas com o objetivo de criar um sistema
operativo
livre
e
completo;
resultando duma visão e dum plano, não dum impulso. Por exemplo, nós desenvolvemos a biblioteca GNU C, porque um sistema do género do Unix necessita duma biblioteca C, BASH, porque um sistema semelhante ao Unix precisa duma shell
e “tar GNU”,
porque um sistema do género do Unix precisa dum programa “tar”. O mesmo é
software proprietário tem as vantagens que o dinheiro proporciona; programadores de
"Programadores de software livre precisam de criar vantagens uns para os outros"
software livre necessitam de criar vantagens
verdade para os meus próprios programas: o
uns para os outros. Espero que um dia
compilador GNU C, o GNU Emacs, GDB e
tenhamos uma grande coleção de bibliotecas
GNU Make. Alguns programas GNU foram
sob licença GNU GPL, sem paralelo
desenvolvidos para lidar com ameaças
disponível
específicas
para
software
proprietário,
à
nossa
liberdade.
Assim,
fornecendo módulos úteis que servirão como
desenvolvemos o gzip para substituir o
“blocos de construção” para um novo
programa Compress, que havia sido perdido
software livre e criando, assim, uma enorme
pela comunidade por causa das patentes
vantagem
LZW.
para
o
desenvolvimento
de
Descobrimos
pessoas
que
software livre. *Esta licença é agora
desenvolveram LessTif e mais recentemente
chamada
Public
o GNOME e o Harmony, para solucionar-se
License, para evitar a ideia de que todas as
problemas causados por certas bibliotecas
bibliotecas deveriam usá-la.
proprietária. Estamos a desenvolver o GNU
GNU
Lesser
General
Impulso versus Plano
Privacy Guard para substituir software de criptografia
proprietário,
porque
os
Eric Raymond diz que "Todo bom trabalho
utilizadores não devem ter de escolher entre
de software começa com uma comichão
privacidade e liberdade. Claro, as pessoas
pessoal
isso
que escrevem estes programas interessam-se
aconteça algumas vezes, mas muitas das
vivamente por este trabalho e muitos extras
intellectus
do
programador."
Talvez
21
Richard Stallman, fundador do projeto GNU
foram adicionados a estes e outros por várias pessoas devido às suas próprias necessidades e interesses. Contudo não é por isto que os programas existem.
"Livre como em Liberdade" desenvolvê-los mais e mais, tornando-os, em muitos casos, incompatíveis com Unix e com outros sistemas. Este processo tornou esses
Desenvolvimentos inesperados
programas muito mais poderosos e atraiu
No início do Projeto GNU imaginei que
GNU. Mas, provavelmente, também atrasou
iríamos desenvolver todo o sistema GNU e
a conclusão dum sistema funcional mínimo
depois distribuí-lo como um todo. Todavia
por vários anos. Com o passar do tempo os
isso não aconteceu. Cada componente do
programadores do sistema GNU foram
sistema GNU foi implementado em sistemas
mantendo essas importantes parcerias com
Unix e assim cada componente podia ser
programadores e utilizadores dos programas
executado em sistemas Unix, mesmo antes
e
da existência dum sistema GNU completo.
recursos para componentes já existentes, ao
Alguns
invés de escrever um novo componente atrás
destes
programas
tornaram-se
populares e os utilizadores começaram a intellectus
fundos e mais participantes para o projeto
simultaneamente
adicionando
novos
do outro.
22
GNU Hurd Em 1990, o sistema GNU estava quase completo. O único componente relevante que faltava era o kernel. Tínhamos decidido implementar um kernel desenvolvido por nós, como um grupo de processos de servidor sendo executados sobre Mach. Mach é um microkernel desenvolvido na Carnegie
Mellon
University
e
Utah
University. O GNU Hurd é um conjunto de servidores (ou seja, um “rebanho de gnus”),
"ao invés de escrever-se um componente atrás do outro" como programas de utilizador: com o GDB. No entanto levou muito tempo para que isso fosse possível e os servidores de vários segmentos que enviam mensagens uns aos outros acabaram por ser muito difíceis de depurar.
Alix
que funcionam sobre o microkernel Mach, fazendo várias tarefas como o kernel do
O kernel do sistema GNU não era,
Unix. O início do seu desenvolvimento foi
originalmente, para ser chamado de Hurd.
atrasado, enquanto esperávamos que o Mach
Seu nome original era Alix – uma
fosse lançado como software livre (como
homenagem à mulher que era minha
havia sido prometido pelas instituições que o
namorada na época. Ela, uma administradora
tinham desenvolvido). Uma das razões para a
de sistemas Unix, tinha referido como o
escolha deste projeto foi evitar o que parecia
nome
ser a parte mais difícil do trabalho: a
nomenclatura comum para versões do
depuração dum programa de kernel sem um
sistema Unix e como uma brincadeira ela
depurador de nível de fonte. Esta parte do
disse aos seus colegas: "Alguém deve
trabalho já havia sido feita – no Mach – e,
nomear um kernel depois de mim." Eu não
daí, esperávamos depurar os servidores Hurd
disse nada, mas decidi surpreendê-la com um
intellectus
dela
caberia
num
padrão
de
23
Linux e GNU/Linux
kernel chamado Alix. Mas o nome não ficou assim.
Michael
Bushnell,
principal
O GNU Hurd não é adequado para uma
programador do kernel, preferiu o nome
finalidade mais produtiva e não sabemos se
“Hurd” e atribuiu o nome Alix a uma
algum dia será. Felizmente, outro kernel está
determinada parte do kernel. Mais tarde,
disponível.
Alix e eu terminamos e ela mudou de nome.
desenvolveu um kernel compatível com Unix
De forma independente, o projeto Hurd foi
e chamou-lhe “linux”. Aquando da sua
alterado para que a biblioteca C enviasse
conclusão o kernel linux era uma ferramenta
mensagens diretamente para os servidores e
proprietária, mas em 1992, Linus fez uma
isso fez com que o componente Alix
versão
desaparecesse do kernel.
Combinando o linux com o sistema GNU
"Seu nome original era Alix - uma homenagem à mulher que era minha namorada na época"
resultou num sistema operativo livre e
Em
linux
1991,
que
era
Linus
Torvalds
software
livre.
completo. Combiná-los exigiu um trabalho substancial, é claro, mas é graças ao kernel linux que podemos realmente executar uma versão do sistema GNU nos dias de hoje
Chamamos a isto um sistema GNU/Linux,
invencíveis e imparáveis. Vários desafios
para expressar a sua composição como uma
fazem do futuro do software livre algo muito
combinação do sistema GNU com o linux
incerto. Para reconhecê-los será necessário
como kernel. Daí, por favor, não se habitue,
um esforço constante, podendo exigir anos.
na prática, a chamar sistema "linux", uma
Exigirá o tipo de determinação que as
vez que significa atribuir todo o trabalho do
pessoas mostram quando valorizam a sua
projeto GNU a outra pessoa.
liberdade, não deixando mesmo ninguém
Desafios futuros Nós demos provas da nossa capacidade de desenvolver um amplo espetro de software livre.
Isso
não
significa
que
somos
aniquilá-la. As quatro secções seguintes abordam estes desafios.
"Vários desafios fazem do futuro do software livre algo muito incerto"
gnu radio project
Hardware Secreto Os fabricantes de hardware tendem cada vez mais a manter as especificações do hardware secretas. Isso torna difícil a missão de desenvolver “drivers” livres para que o Linux e
XFree86
possam
suportar
o
novo
hardware. Temos, hoje, sistemas livres completos, mas não vamos tê-los amanhã, se não podermos dar suporte aos computadores de amanhã. Há duas maneiras de lidar com este problema. Os programadores podem fazer engenharia inversa para descobrir como suportar o hardware, ou podemos escolher o
"sigilo nas especificações tornarse-á uma filosofia autodestrutiva" forte sentimento de que o software livre é uma questão de princípio fundamental e que os drivers não-livres são intoleráveis. E será que um grande número de nós gastará dinheiro extra, ou até mesmo um pouco de tempo extra, para que possamos usar drivers livres? Sim, se a determinação de ter liberdade for generalizada.
Bibliotecas não-livres
hardware que é suportado por software livre. Com aumento desta realidade, o sigilo nas
Uma
especificações
filosofia
implementada em sistemas operativos livres
autodestrutiva. A engenharia inversa é um
funciona como uma armadilha para os
trabalho complexo e muito moroso. Teremos
pragramadores
de
software
programadores com determinação suficiente
Caraterísticas
atraentes
da
para realizá-lo? Sim, se construirmos um
proprietária são o isco; se for usada essa
tornar-se-á
uma
biblioteca
não-livre
que
seja
livre. biblioteca
biblioteca, cai-se na armadilha, porque esta
tornou-se
não pode ser parte da criação dum sistema
suportar a maioria das aplicações Motif
operativo totalmente livre. Pior ainda, se um
apenas em 1997. Entre 1996 e 1998 outra
programa que usa a biblioteca proprietária se
biblioteca não-livre, chamada Qt, foi usada
torna popular, ela pode atrair outros
numa coleção substancial de software livre: o
programadores
a
desktop KDE. Sistemas livres GNU/Linux
armadilha. O primeiro caso foi o kit de
foram incapazes de usar o KDE, porque não
ferramentas Motif, nos anos 80. Embora não
podíamos usar essa biblioteca. No entanto,
houvesse ainda um sistema operativo livre,
alguns distribuidores comerciais de sistemas
ficou claro que problemas causaria o Motif.
GNU/Linux, que não eram rigorosos quanto
O Projeto GNU respondeu de duas maneiras:
ao software livre, adicionaram KDE aos seus
pedindo
livre
sistemas, dando-lhes mais recursos, mas
individuais para apoiar os X Widgets Toolkit
menos liberdade. O “grupo” KDE estava a
livres, ou pedindo para alguém escrever
encorajar ativamente mais programadores a
integralmente um substituto livre do Motif.
usar Qt e milhões de novos "utilizadores de
O trabalho demorou muitos anos. LessTif
Linux" que nunca haviam sido expostos à
desenvolvido por programadores húngaros,
ideia de que havia um problema nisso. A
não
projetos
alertados
de
para
software
poderoso
o
suficiente
para
situação parecia sombria. A comunidade de software livre respondeu ao problema de duas
maneiras:
GNOME
e
Harmony.
GNOME, GNU Network Object Model Environment, é um projeto desktop GNU. Iniciado em 1997 por Miguel de Icaza e desenvolvido com o apoio da Red Hat
"Ou será que muitos de nós trocarão a liberdade pela conveniência? O futuro depende da nossa filosofia."
Software, o GNOME foi criado para
software livre. Não temos certezas quanto a
fornecer
desktop
isto, mas eu acho que esta mudança deveu-se
usando
à firme resposta da comunidade perante o
exclusivamente software livre. Para além
problema que o Qt criou quando era não-
disto, tem vantagens técnicas como é
livre. Salienta-se que em setembro de 2000
exemplo suportar variadas linguagens de
foi relançado Qt sob a licença GNU GPL,
programação e não apenas C + +. Porém, o
resolvendo definitivamente este problema e
seu principal objetivo era a liberdade: não
tornando o Qt em software livre. Como
exigir o uso de qualquer software não-livre.
vamos responder a uma seguinte biblioteca
Harmony é uma biblioteca compatível de
não-livre e tentadora de se usar? Será que
substituição projetada para tornar possível a
toda a comunidade entende a necessidade de
execução do software KDE sem usar Qt. Em
evitar a armadilha? Ou será que muitos de
novembro de 1998, os programadores do Qt
nós trocarão a liberdade pela conveniência,
anunciaram uma mudança na sua licença de
fazendo parte assim dum grande problema?
distribuição,
O nosso futuro depende da nossa filosofia de
ambientes
semelhantes
ao
que
gráficos
KDE,
mas
aquando
da
sua
concretização poderia ter tornado o Qt em
vida.
Patentes de software A pior ameaça que enfrentamos vem das patentes
de
software,
que
permitem
algoritmos e recursos fora dos limites da designação de software livre até 20 anos.
"A pior ameaça que enfrentamos vem das patentes de software"
Existem maneiras de lidar com as patentes:
aqueles que valorizam o software livre
nós podemos procurar evidências de que
porque esperam que este seja tecnicamente
uma patente é inválida e podemos procurar
superior, tendem a rejeitá-lo (mesmo que seja
formas alternativas para fazer um trabalho.
temporariamente) quando uma patente não
Mas cada uma dessas maneiras funciona
lhe
apenas algumas vezes. Quando ambos
caraterísticas. Assim, embora seja útil falar-
falham, uma patente pode forçar todos os
se sobre a eficácia prática do modelo "bazar"
softwares livres a ficarem carentes de uma
de desenvolvimento, bem como a sua
ou mais caraterísticas que os utilizadores
fiabilidade e poder de algum software livre,
querem ou necessitam. O que fazemos
não devemos parar por aí. Devemos falar
quando
sobre liberdade e princípios.
isto
acontece?
Aqueles
que
valorizam o software livre por amor à liberdade utilizarão apenas software livre.
permite
o
uso
de
determinadas
Documentação livre
Conseguiremos executar o trabalho sem o
A maior deficiência nos sistemas operativos
uso de recursos patenteados. Contudo,
livres não é algum software em falta, mas
sim bons manuais livres que se poderiam incluir nos nossos sistemas. A documentação é uma parte essencial de qualquer pacote de software; quando um importante pacote de software livre não vem com um bom manual livre, isso sim é uma grande lacuna. Temos muitas dessas lacunas hoje. Documentação livre, como no software livre, é uma questão
"A maior deficiência nos sistemas operativos livres não é algum software em falta, mas sim bons manuais livres que se poderiam incluir"
de liberdade e não de preço. O critério
acho que você ou eu somos obrigados a dar
fundamental para um manual livre é
permissão para modificar-se artigos como
praticamente o mesmo do software livre:
este, que descrevem as nossas ações e os
refere-se a uma questão de dar a todos os
nossos pontos de vista. Mas há uma razão
utilizadores certas liberdades. Redistribuição
específica para que a liberdade de modificar
(incluindo a venda comercial), deve ser
seja crucial para a documentação de software
permitida em suporte on-line e em papel,
livre. Quando as pessoas exercem o seu
para que o manual possa acompanhar cada
direito de modificar o software, adicionando
cópia do programa. A permissão para a
ou alterando características, devem estar
modificação é também crucial. Regra geral,
conscientes que precisarão de mudar o
não acredito que é essencial que as pessoas
manual,
tenham permissão para modificar todos os
fornecer a documentação precisa e útil com
tipos de artigos e livros. Por exemplo, eu não
o programa modificado.
igualmente,
para
que
possam
Devemos falar sobre liberdade As estimativas atuais são de que há dez milhões
de
utilizadores
de
sistemas
GNU/Linux, como são exemplos o Debian GNU/Linux e o Red Hat. O software livre tem desenvolvido tais vantagens práticas que os utilizadores estão a migrar para este(s) por razões puramente práticas. As boas consequências disso são evidentes: mais interesse em desenvolvimento de software
"As estimativas atuais são de que há dez milhões de utilizadores de sistemas GNU/Linux" ensinar-lhes a educação cívica da nossa comunidade. Precisamos fazer as duas coisas e precisamos manter os dois esforços em equilíbrio.
“Open Source”
livre, mais clientes para as empresas de software
livre
incentivar
as
e
mais
de
Ensinar novos utilizadores sobre liberdade
desenvolver
tornou-se mais difícil em 1998, quando uma
software livre comercial em vez de produtos
parte da comunidade decidiu parar de usar o
de software proprietários. Mas o interesse no
termo "software livre" e passou a usar
software está a crescer mais rápido do que a
"software open source" em substituição da
consciência acerca da filosofia em que este
terminologia
se baseia; e isto é um sério problema. A
apoiaram esta nova terminologia visavam
nossa capacidade para enfrentar os desafios e
evitar a confusão de "free" com "grátis", ou
ameaças descritas acima depende da vontade
seja, tinham um objetivo válido. Outros, no
de defender firmemente a liberdade. Para
entanto, com o objetivo de anular o espírito
garantir que a nossa comunidade tem essa
inicial que havia motivado o movimento
vontade precisamos difundir a ideia/filosofia
software livre e projeto GNU, apelaram à
aos novos utilizadores. Todavia não estamos
utilização empresarial e económica – uma
a conseguir fazê-lo. Os esforços para atrair
ideologia que coloca o lucro acima da
novos utilizadores para a nossa comunidade
liberdade
está a superar de longe os esforços para
comunidade e liberdade. Assim, a retórica do
empresas
capacidade a
–
inicial.
em
vez
Alguns
do
dos
espírito
que
de
Projeto GNU continua a usar o termo "software livre" para expressar a ideia de que
+ info:
www.fsf.org
a liberdade, e não apenas a tecnologia, é importante.
Tenta! O seguinte aforismo de Yoda, "Não existe tentar”, pode soar bem, mas não funciona
"software livre: para expressar a ideia de que a liberdade, e não apenas a tecnologia, é importante"
para mim. Eu tenho feito grande parte do meu trabalho sem ter a certeza se teria capacidade suficiente (sentindo-me muitas vezes ansioso por causa disto) para o concluir. No entanto, eu tentei, porque não havia ninguém além de mim entre o “inimigo e a minha cidade”. Surpreendendo-me a mim próprio, várias vezes fui bem sucedido.
"open source" enfatiza o potencial do
Várias vezes, também, falhei. Algumas das
software, em oposição (ou desprezo) pelas
“minhas
ideias de liberdade, comunidade e princípio.
encontrando outras cidades ameaçadas e, daí,
As revistas "Linux" são um exemplo claro
preparei-me para mais batalhas. Com o
desta realidade, pois estão cheias de anúncios
tempo, aprendi a olhar para as ameaças e a
de software proprietário que trabalha com
colocar-me
GNU/Linux. Quando o próximo Motif ou Qt
cidades”, inspirando e apelando a outros
aparecer, irão
estas revistas alertar os
hackers para se juntarem a mim. Hoje em dia
programadores sobre os seus perigos, ou será
não sou o único. É um alívio e uma alegria
que vão publicar anúncios com vista ao
quando vejo um “regimento” de hackers
lucro? Apoiar os negócios pode contribuir
lutando para que mais “esta ou outra cidade
para a comunidade de várias maneiras,
possam sobreviver” (pelo menos por agora).
porém falar menos
Mas os perigos são maiores a cada ano que
sobre liberdade e
cidades
entre
caíram”.
estas
“minhas
passa.
desastroso. Torna o desequilíbrio entre
explicitamente marcou como alvo a nossa
divulgação e educação cívica ainda mais
comunidade. Por isto, não podemos dar
acentuado.
"Open
como garantida a liberdade que até agora
Source" descrevem praticamente a mesma
preservamos. Não é um dado adquirido! Se
categoria de software, mas dizem coisas
queres manter a tua liberdade, tens de estar
diferentes sobre software e seus valores. O
preparado para defendê-la, para lutar por ela
Livre"
e
a
as
fui
princípio para ganhar mercado pode ser
"Software
Atualmente,
e
Então,
Microsoft
.
alnilam
Estrela
Alnilam
Se pudesses captar o gás quente que a estrela Alnilam está a lançar para o espaço sideral, num milhão de anos terias o suficiente para
"Alnilam é uma supergigante com cerca de 40 vezes a massa do Sol"
fazer duas estrelas do tamanho do nosso Sol. Contudo, tu não farias qualquer tipo de diferença, pois Alnilam é um dos monstros da Via Láctea. Alnilam é a estrela central do "cinturão"
ou
das
"três
marias"
da
constelação de Órion, que fazem uma linha compacta
de
três
estrelas
brilhantes
apontando para cima do horizonte leste nas
Alnilam
noites de janeiro. Alnilam é o membro mais impressionante do chamado cinturão. É a mais brilhante das três estrelas, mesmo estando centenas de anos-luz mais longe do que as outras duas. Enquanto cada uma das outras, na verdade, consistem na combinação de duas estrelas, Alnilam move-se através da galáxia sozinha. Alnilam é uma supergigante. Cerca de 40 vezes a massa do Sol, dezenas de milhares de graus mais quente e centenas de milhares de vezes mais brilhante. A sua radiação é tão intensa que lança um "vento" de densas partículas carregadas, a partir da sua superfície para o espaço. Embora
Constelação de Órion
Alnilam tenha apenas alguns milhões de anos de idade (ao contrário do Sol que tem cerca de 5 mil milhões de anos), está a aproximar-se rapidamente do fim da sua vida.
Consome
o
seu
combustível
(hidrogénio, tal como em qualquer estrela) muito rapidamente, devido às altíssimas temperaturas no seu núcleo e tendo por isso um período de vida curto. Posteriormente, o
seu núcleo entrará em colapso, enquanto as suas camadas exteriores serão lançadas no espaço, através dum tipo de "morte" estelar chamada supernova e nessa altura brilhará de tal forma que se poderá ver em pleno dia. + info:
space-facts.com astronomyonline.org
VISITE
www.cm-paredes-coura.pt