Intellectus Junho 2013

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Índice...

Intellectus nº 14...

Biomateriais pág. 4

Mentes Geniais pág. 14

Apraxia pág. 20

Entrevista pág. 34

Tatuagens eletrónicas pág. 39

Carros Elétricos pág. 44

intellectus

2


Sugestões... code.org

Para além dum site extremamente intuitivo, code.org, é também uma organização sem fins lucrativos que promove a educação no domínio da programação informática. Aposta no ensino da criação de linhas de código de programação, como forma de estimular todos e especialmente os jovens a procurarem estar alinhados com o futuro tecnológico gerador de cada vez mais empregos .

The Catcher in the Rye

Em português "À Espera no Centeio" é um LIVRO polémico pela sua associação a comportamentos antissociais, não obstante o realismo com que retrata diversos desafios da vida cotidiana torna­o indispensável.

Este FILME realça bastante bem diferentes perspetivas sobre a abordagem policial perante uma investigação criminal. Três polícias com três diferentes modus operandi, bem como as suas ambições pessoais e profissionais. Quer pela ótima história quer pelo excelente elenco, não deixem de vê­lo.

Intellectus: Ficha Técnica

Diretor: Tiago Carvalho. Redação: Cristina Barreiro, João Carvalho, Magda Lomba, Flávio Távora, Vânia Costa. Colaboradores: José Francisco Alves, Samantha Alves, Ricardo Vieira, Ricardo Serrado, Rui Leandro Ferreira, Andreia Carmo, Josué Carvalho, Diana Carvalho, Luís Carlos Matos, Miguel Barroso, Filipe Costa, Sérgio Fontinhas, Rogério Marques, Carla Vieira, Alzira Sousa, Dario Figueira. Paginação: João Carvalho, Tiago Carvalho. Proprietário: Cientificamente ­ Associação para a Divulgação da Ciência e Promoção do Desenvolvimento Intelectual. Pessoa Coletiva: 510421814. Editor: Tiago Jorge Lima Carvalho. Redação e Administração: Rua Pereira da Cunha, 4940­542, Paredes de Coura, PORTUGAL. Telefone: 938524887. Email: 4intellectus@gmail.com. Registo ERC: 126149.

intellectus

3


B

intellectus

M IO

R E AT

S I IA

4


(Bio) Polímeros

A

Vânia Costa

vania_costa24@hotmail.com

"Os dias de hoje são marcados pela crescente evolução de materiais inteligentes que podem ser encontrados por toda a parte."

tualmente a tecnologia tem um

parte do nosso quotidiano e sempre

É impensável, para uma grande

vidas desde a Antiguidade. Os dias

papel imprescindível na sociedade. parte da população, viver sem o conforto

proporcionado

pela

existência dos avanços tecnológicos que estão presentes na nossa vida

quotidiana. Frequentemente, quan­ do

falamos

pensamos

nesses

avanços,

tendencialmente

nas

últimas inovações de gadgets e

quão a nossa vida é facilitada com esses

aparelhos,

no

entanto,

passam­nos totalmente desperce­ bidas inovações cuja inexistência

iria dificultar muito a nossa vida, como cartões bancários ou lentes de

contacto. Estes avanços tecnológi­ cos

foram

permitidos

pela

existência de polímeros que fazem

intellectus

estiveram

presentes

nas

nossas

de hoje são marcados pela crescente

evolução de materiais inteligentes que podem ser encontrados por toda

a parte. Os que possuem maior investimento no seu desenvolvi­ mento são aqueles que permitem

um maior retorno económico, como por exemplo dispositivos médicos. Nos últimos anos temos assistido a

um imenso progresso na medicina, em

grande

parte,

biomateriais,

que

permitiram

orgãos,

oncologia,

avanços

adquiridos

devido

com

aos os

melhorias incríveis na transplan­ tação

de

hematologia, entre outros. Uma das bases desta utilização está nos

5


Te i a d e a ra n h a é d os b i o m a t e ri a i s mais p ro m i s s o re s .

cateteres que são utilizados para administração

medicamentosa,

suporte nutricional e monitorização

"Os biomateriai s têm um grande potencial de aplicabilidade"

de sinais vitais. Os biomateriais têm um

grande

potencial

aplicabilidade que engloba tanto utilizações únicas (por exemplo os sacos

utilizados

transfusão

como

libertação

programada

(por

medicamentos).

intellectus

na

sanguínea)

prolongadas

"Investigação tem dado maior relevo à tentativa de produção de tecidos biológicos de forma artificial"

de

utilizações

exemplo

Atualmente,

a

de a

investigação tem dado maior relevo à tentativa de produção de tecidos biológicos de forma artificial, que são

matrizes

compostas

por

polímeros. Da mesma forma que foram

desenvolvidos

aparelhos

inteligentes, como os smartphones, foram

materiais

também

desenvolvidos

inteligentes

que

são

capazes

de

detetar

diferenças

ambientais e que, de acordo com

essas diferenças, podem adaptar as suas propriedades e funções, tal como

organismos

Investigadores biomateriais

desenvolvido

da

área

inteligentes hidrogéis

vivos. de

têm

"Materiais inteligentes que são capazes de detetar diferenças ambientais"

com

capacidade de resposta semelhante

a organismos vivos tais como materiais que permitem transições de volume, memorização de formas

ou auto­organização em núcleos. Todos estes materiais têm em comum um equilíbrio único de interações

hidrofílicas

e

hidrofóbicas que permitem que o hidrogel tenha estas capacidades

biomímicas. O hidrogel é composto por estruturas tridimensionais de polímeros que podem absorver água

6


Evolução dos polímeros

o, Um polímero é um composto químic tos, ou uma mistura de vários compos es que consiste em várias unidad s), estruturais repetidas (monómero

, através do processo de polimerização . que define a quantidade de repetições que A palavra deriva do Grego ‘polus’, que significa muito, e ‘meros’,

significa partes. Atualmente existem s inúmeros polímeros sintéticos ma las apesar destes serem molécu e complexas, existiram desde sempre

te já desde a Antiguidade que fazem par ros da nossa vida. Os primeiros políme há naturais a serem utilizados surgiram is mais de dois milénios. Dos ma a antigos destacam­se a resina, extraíd a a partir de uma árvore e utilizada par do impermeabilizar, e o âmbar, que sen por uma resina pode ser moldado

elementos Muitos compressão. o naturais podem ser utilizados com de polímeros, desde chifres a cascas em tartarugas que, por aquecimento ca água, se tornam moldáveis. Na épo a dos Descobrimentos, começa era utilizar­se a borracha que já al utilizada pelos nativos como materi são de impermeabilização. Estes is apenas alguns dos exemplos com ma na destaque. A verdadeira revolução utilização dos polímeros ocorreu com de o início da Química Orgânica, cerca a 1777. A partir dessa altura ocorreu um e explosão na utilização dos polímeros para desenvolvimento seu no , moléculas cada vez mais complexas dos utilizando­se novos processos. Um

intellectus

www.museumsyndicate.com

Dois exemplos dos polímeros naturais mais utilizados: âmbar (à esquerda) e resina (à direita). por mais importantes foi conseguido o Charles Goodyear que descobriu vés processo de vulcanização que, atra ha, da adição de enxofre à borrac ea permite aumentar consideravelment e, sua resistência que, anos mais tard de permitiu a invenção dos pneus dos borracha. A partir daí foram cria ou materiais como a celulóide, resinas

de goma­laca, que permitiu a criação de discos fonográficos. Esta explosão vão materiais compreende coisas que até desde a descoberta do celofane

LP, esferovite ou produção de discos passando por meias de nylon e coletes r à prova de bala. Foi possível cria da polímeros sintéticos através e compreensão das propriedades ros estrutura molecular dos políme o naturais. Os sintéticos surgiram com que forma de compensar aqueles por existiam naturalmente, como da exemplo o nylon em substituição a seda, ou mesmo a borracha sintétic s a que começou a ser produzida apó o Segunda Guerra Mundial, com ha consequência da escassez de borrac natural.

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sem se dissolverem. Os solutos que o hidrogel contém são libertados de forma seletiva, através dos poros e

da água no interior do hidrogel. São utilizados em libertação controlada

de fármacos, próteses e implantes. Quando um hidrogel começa a

absorver água, esta vai hidratar as

moléculas mais polares do polímero. À medida que vai ocorrendo a

absorção de água por parte do

sua forma e estrutura, de acordo

aumentando, até que as moléculas

envolvente,

hidrogel,

a

sua

estrutura

vai

hidrofóbicas (que se encontram no interior do hidrogel) sejam também

hidratadas. Assim que todas as moléculas estão hidratadas, inicia­se um processo de difusão osmótica entre as diferentes cadeias e a

"Hidrogéis têm elevada aplicabilidade na medicina, mas também em campos mais convencionais, como fraldas descartáveis ou como substitutos de solo"

estrutura e elasticidade do hidrogel é mantida não só pelo processo de hidratação,

mas

também

pela

físicas,

gerando

um

existência de forças covalentes e ligações

equilíbrio entre forças de absorção e

retenção de água. Estes hidrogéis têm

elevada

aplicabilidade

na

medicina, mas também em campos mais convencionais, como fraldas descartáveis ou como substitutos de solo.

Os

hidrogéis

podem

ser

categorizados como inteligentes ou convencionais.

Os

convencionais

possuem as características acima descritas

mas,

os

hidrogéis

inteligentes, são capazes de alterar a intellectus

Materiais inteligentes poderão adaptarse às superfícies que tocam.

com as características do meio respondendo

diferentes

estímulos.

a

Estas

características são particularmente úteis

no

campo

da

medicina,

nomeadamente a nível da libertação medicamentosa controlada tornando possível que, por exemplo, um

medicamento apenas atue a um pH básico (quando se pretende que seja

libertado no intestino) sem ser

degradado perante um pH ácido (passando pelo estômago sem sofrer degradação).

medicamentosa controlada,

A

com

administração

de

recurso

forma

aos

"Administração medicamentosa de forma controlada, com recurso aos hidrogéis, tem sido desenvolvida de forma a melhorar a qualidade de vida dos pacientes"

hidrogéis, tem sido desenvolvida de forma a melhorar a qualidade de

vida dos pacientes já que muitos medicamentos

exigem

que

o

paciente os administre várias vezes ao dia. Para além do transtorno da toma

da

medicação,

existem

também variações na concentração de medicamento ao longo do dia, 8


demonstrada em polímeros lineares, redes de supermoléculas e sistemas

com múltiplos componentes, no

entanto, a autocura de sistemas sugerem que a autorpermanentemente reticulados, assim como os hidrogéis, tem permanecido elusiva devido à presença de água e ligações

Roupas inteligentes poderão adaptar-se ao tamanho de quem as vestir. tornando

a

substância

apesar

ativa

imediatamente a seguir à toma mas

com concentrações muito baixas, ou

"Materiais capazes de cura autónoma após danos têm muitas aplicações e, até ao momento, a autocura foi demonstrada"

mesmo inativa, noutros períodos do dia.

Num

como

o

estudo

recentemente

foi

equilíbrio

publicado

demonstrado das

forças

hidrofílicas e hidrofóbicas podem

ser exploradas de modo a criar hidrogéis quimicamente reticulados

com capacidades autocurativas. A equipa liderada por Shyni Varghese e

Ameya

colaboração

Phadke,

com

de

a

outros

investigadores, do departamento de Bioengenharia da Universidade da

California (San Diego), publicou numa conceituada revista científica (Proceedings

of

the

National

Academy of Sciences) resultados inovadores hidrogéis

na

com

autorregenerativas.

utilização

de

capacidades

Os

materiais

capazes de cura autónoma após danos têm muitas aplicações e, até intellectus

ao

momento,

a

autocura

foi

química

das

biomédicas

muitas

que

irreversíveis,

esses

aplicações sistemas

aquosos curativos podem oferecer. Os

autores

sugerem

que

a

autorregeneração pode ser feita pelos hidrogéis adicionando, na rede de

polímeros, redes laterais de cadeias de

hidrocarbonetos

com

grupos

"Autores

regeneração pode ser feita pelos hidrogéis adicionando, na rede de polímeros, redes laterais de cadeias de hidrocarbonetos com grupos funcionais de polarização"

funcionais de polarização que podem

mediar as ligações de hidrogénio entre dois pedaços de hidrogel ou através de uma rutura no hidrogel. No entanto, para que seja eficiente e

robusto na cura, as cadeias laterais têm de ser suficientemente longas e flexíveis,

e

a

rede

bastante

deformável para fazer com que os

grupos funcionais dispersos pelo interface estejam acessíveis a cada um

através

da

ondulação

do

interface. Ao mesmo tempo, as

cadeias laterais devem ser curtas o suficiente

para

minimizar

a

interferência dos grupos funcionais

que interferem e para prevenir o colapso hidrofóbico das cadeias laterais. De facto, as cadeias laterais devem possuir um balanço ótimo de

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Biomateriais ões de Apesar de existirem diferentes definiç um o biomateriais, todas elas têm em com tural ou facto de ser uma substância (na ido vivo sintética) que interage com um tec tempo. durante um determinado período de acordo Essa definição está plenamente de a, já que com a origem etimológica da palavr significa ‘bio’ significa vida e ‘material’ que se matéria. Desde há muito tempo os, de tentam implantar dispositivos médic dos forma a melhorar as condições dos nem pacientes, se bem que os resulta ente pela sempre foram positivos, nomeadam biológica falta de conhecimento da resposta a com aos implantes, que geralmente culmin em ser a rejeição. Os biomateriais que pod podem utilizados em dispositivos médicos, téticos, ser naturais, como o osso, ou sin esentam como o silicone. Os sintéticos apr s com algumas vantagens quando comparado nível da os naturais, nomeadamente ao material maior segurança na esterilização do o de e, consequentemente, menor risc enção e infeção, na maior facilidade de obt a cada na possibilidade de adaptação têm a paciente. Os biomateriais também nte com capacidade de reagir de forma difere o ser os tecidos circundantes, podend com os bioinertes, quando não existe reação ica dos tecidos, bioativos, quando existe mím radáveis, tecidos envolventes, ou biodeg o, sendo quando se dissolvem no organism ro que depois substituídos por tecido. Cla de ser todos estes biomateriais têm

intellectus

ADN (segmento)

Biopolímero

mARN

Biopolímero 10


Molde de polietileno para implante na reconstrução do maxilar (1); implante metálico nas ancas (2); prótese dentária de cerâmica (3); válvula coronária mecânica, composta por diferentes materiais (4). 2) metais – São muitos os metais que podem ser utilizados nos implantes no corpo humano, sendo

o titânio merece algum destaque pois é o mais utilizado. Os são metálicos biomateriais

que

compatíveis com o paciente (biomateriais constituídos, também em muitos casos, por células estaminais do próprio paciente, para que

não

organismo), biomaterial

haja

rejeição

tem

de

ou

seja,

do

esse

funcionar gerar uma

convenientemente e resposta positiva por parte do paciente. Os biomateriais utilizados na medicina, como implantes,

podem ainda ser divididos em quatro grandes categorias: 1) polímeros – podem ser utilizados como dispositivos implantados em

várias zonas do corpo e também para reparar tendões, tecidos e vasos sanguíneos. As propriedades dos polímeros permitem que estes

sejam ideais para estar em contacto com os tecidos. De entre os polímeros mais comuns, destacam­

intellectus

se o hidrogel e o polietileno.

frequentemente fraturas ósseas

em utilizados e próteses. 3)

cerâmicas ­ gesso foi o primeiro material cerâmico a tentar ser implantado, o que se revelou um

fracasso, pois era absorvido pelo rapidamente era organismo, degradável e pouco resistente. Entretanto, com a evolução e

descoberta de novos elementos, os materiais cerâmicos passaram a ser utilizados, essencialmente, em próteses que não possam ser

deformadas, devido à rigidez do principais Dos material. biomateriais cerâmicos, destacam­

se a Alumina e o Zircónio. 4) são biomateriais compósitos ­ heterogéneos, formados por duas ou mais

fases

que,

através

da

combinação de diferentes materiais, criam um biomaterial capaz de combinar diferentes características

como, por exemplo, flexibilidade e resistência.

11


ligações hidrofóbicas e hidrofílicas. Os

autores

deste

estudo

um

polímero

A6ACA

(ácido

sintetizaram hidrogéis a partir de acriloil­6­aminocapróico)

e

observaram que dois hidrogéis

tinham a capacidade de se juntar

em contacto com soluções de baixo pH, mesmo quando expostos a

condições agressivas como, por exemplo,

Constataram

água

também

a

que

ferver. esta

situação era reversível quando os hidrogéis

foram

novamente

a forma natura l As fibras de alg odã o rep res entam do ma is de 90 % ma is pura de cel ulo se, con tenpol eo. (no ven ta por cen to) des se iss aca ríd

expostos a um pH mais elevado. Os

estômago, podendo ser injetado

vários ciclos de junção e separação

gástrico. Estes hidrogéis foram

investigadores

experimentaram

dos hidrogéis, assim como vários

tipos de condições (temperatura, humidade e luz), e constataram que os

hidrogéis

mantinham

a

capacidade de regeneração. Foi

testada também a aderência destes

géis a diferentes materiais como outros polímeros e demonstrada a

sua capacidade de vedação mesmo perante mesmo

ácidos

corrosivos.

aconteceu

investigadores

quando

colocaram

O

os os

hidrogéis em contacto com tecido gástrico de coelhos (normalmente

com baixo pH) e o hidrogel

manteve todas as suas capacidades. Isto significa que o hidrogel poderá

ser utilizado como tecido adesivo em

casos

intellectus

de

perfurações

do

para

prevenir

testados

libertação

fugas

também

de

a

suco

nível

de

medicamentosa,

em

o

no

laboratório, e com condições que simulavam

que

ocorre

estômago, e verificou­se que o medicamento foi libertado a uma

taxa constante e de forma estável. Com este estudo, foi demonstrado que

é

possível

com

um

equilíbrio

construir

quimicamente sistemas reticulados ótimo

de

"Demonstrada a sua capacidade de vedação mesmo perante ácidos corrosivos"

ligações hidrofóbicas e hidrofílicas, que podem ter inúmeras aplicações

na medicina, biologia e engenharia. A parte inovadora deste estudo é que

foi

pela

primeira

vez

descoberto um hidrogel que após sofrer

uma

agressão,

tem

a

capacidade de se regenerar sem 12


deixar qualquer tipo de cicatriz. Esta

capacidade

de

autor­

regeneração destes hidrogéis pode ser

explorada

de

forma

a

desenvolver materiais plásticos que

voltam ao estado normal mesmo sofrendo danos, como selante de

materiais corrosivos ou mesmo como transplantes de pele.

+ info

tinyurl.com/bio-valvula

Em cima, plástico biodegradável flexível para uso agrícola feito de PLA (ácido poliláctico). Em baixo, copos de plástico produzidos com o mesmo materiais ecológico.

tinyurl.com/BioMateriais tinyurl.com/bio-mat-org

tinyurl.com/recup-biomat tinyurl.com/autocura-abs

tinyurl.com/dental-hidros

tinyurl.com/avancos-biomat tinyurl.com/21Biomat

PET

Mu itas peç as de rou pa que parece m ser de orig em ani ma l são , já hoj e, fab rica dos a partir de pol ies ter (po lím ero gen éri co) que na ma iori a das vez es sig nifi ca PET.

Polímero sintético

As esferas representam átomos e os cilindros entre si significam ligações que se estabelecem entre os diversos átomos. O preto é refente aos átomos de carbono, vermelho é referente ao oxigénio e o branco refere-se ao hidrogénio. PET significa Polyethylene terephthalate (em português: Politereftalato de etileno)

intellectus

13


mentes

intellectus

14


geniais intellectus

15


Mozart

1756­1791: Este músico prodigioso já compunha à idade de 5 anos e

escreveu a sua primeira sinfonia com

apenas 10 anos de idade. Como adulto a sua música era extraordinariamente complexa diferente,

e

até

variando

radicalmente

de

estilo

e

intensidade de forma imprevisível. Ele compôs mais de 600 peças, incluindo

óperas,

sinfonias

e

concertos, tornando­o o maior vulto musical da sua época, embora tenha falecido

demasiado

cedo.

Não

obstante, a genialidade dele era, também, demonstrada na bondade. tinyurl.com/mozart­vida | tinyurl.com/mozart­obra

Thomas Edison

1847­1931: Geralmente é considerado o mais produtivo inventor de todos os tempos com aproximadamente 1100 patentes. Este brilhante

cientista desenvolveu a técnica de imagens em

movimento ­ sendo assim percursor do cinema ­, criou o fonógrafo, inventou a lâmpada elétrica incandescente e muito mais.

tinyurl.com/tae-life | thomasedison.com intellectus

16


Charles Darwin

1809­1882: A partir das suas observações feitas nas ilhas Galápagos (em especial) e noutros pontos do planeta, desenvolveu a teoria da

evolução em que as espécies ocorrem e evoluem através da seleção natural e sexual ao longo de milhões de anos. Foi uma ideia polémica à época, mesmo para si mesmo, contudo é hoje um facto amplamente aceite.

Alfred Russel Wallace Embora menos conhecido do que Darwin, Wallace, foi muito importante na materialização da teoria da evolução das espécies, pois verificou substanciais factos que suportavam a

ideia de evolução simultaneamente àqueles observados por Darwin. Há mesmo a possibilidade de Wallace ter chegado à

conclusão sobre a evolução das espécies primeiro que Charles Darwin, porque ambos trocaram muita correspondência relevante nesse campo que indicia tal sucedido.

Robert Chambers

1802­1871: Chambers terá sido o primeiro ser humano a

sugir com a ideia de evolução das espécies (influenciando Wallace), rejeitando o status quo de sua época que colocava a criação dos animais e plantas no plano divino e imutável.

tinyurl.com/wallace-facts | tinyurl.com/darwin-obs intellectus

17


Consumidores de canábis mais magros!!! Porquê??? Consumidores de canábis tem cinturas

identificaram­se

eficaz.

consumido no passado, os restantes

mais finas e regulação sanguínea mais

Conta

a

sabedoria popular que o uso de canábis está associado ao elevado aumento de

ingestão de calorias. Apesar de ingerirem elevada quantidade de calorias (em média

600

“extra”

por

dia),

consumidores de canábis não apresentam aumento de índice de massa corporal. De

facto, estudos revelam uma diminuição dos

índices

de

obesidade

consumidores desta droga.

da

Universidade

do

Health) em parceria com o Centro Médico Beth Israel Deaconess Medical, dados

obtidos

de

uma

amostra representativa de cerca de 4600 adultos. Cerca de 12% dos participantes

intellectus

ter

consumido.

Os

participantes foram examinados através

de várias medições ao nível de insulina em jejum, níveis de glicose, resistência à insulina,

colesterol

e

medição

circunferência abdominal na cintura.

de

Resultados: Consumidores

ativos (12%) tem a cintura mais fina do que

os

participantes

que

nunca

consumiram a droga (46%), mesmo após

ajuste de fatores como a idade, sexo, uso física.

Nebraska (Harvard School of Public

analisaram

nunca

de tabaco e álcool e níveis de atividade

Metodologia: Investigadores

em

consumidores

ativos, enquanto que 42% afirmaram ter afirmam

Problema:

como

Concluiu­se

também

que

os

consumidores ativos tem o nível de HDL (“bom” colestrol) mais elevado. As mais significativas

diferenças

entre

consumidores ativos e os que já deixaram de consumir ou que nunca consumiram são a redução em 16% nos níveis de insulina

e

a

redução

em

17%

à

resistência à insulina (condição na qual o

18


corpo tem dificuldade em absorver a

influencia

Indivíduos que não consumiram nos

o consumo de canábis melhora o controlo

glicose a partir da corrente sanguínea). últimos 30 dias tendem a obter resultados bastante

similares,

mas

com

percentagens menores. Nenhum destes resultados

quantidade

foi

de

influenciado canábis

participantes dizem consumir.

Implicações:

que

pela os

Os autores

deste estudo ainda não concluíram como o

consumo

intellectus

deste

estupefaciente

o

metabolismo.

Estes

resultados sugerem que de alguma forma da insulina e regulação de peso, talvez

seja essa a razão que explique porque os

consumidores deste tipo de droga tenham menor incidência de diabetes.

Colocam­se duas importantes questões:

“Pode o consumo de canábis tratar a obesidade?”

“Pode o consumo de canábis ajudar­te a ficar em forma?”

+ info: tinyurl.com/cannb-health

F.T.

19


intellectus

20


A

AP R AX I A

Magda Lomba magdalomba@gmail.com

to motor, movimento, motricidade, são

"Através da mímica, gestos, movimentos isolados e sequências combinadas de movimentos, uma pessoa exprime a sua forma de ser"

palavras que definem a atitude e ação do

facetas do homem, hoje escrevemos sobre

movimentos

miríade de situações clínicas que podem

homem ativo. Através da mímica, gestos, isolados

e

sequências

combinadas de movimentos, uma pessoa exprime a sua forma de ser, a consciência de si mesmo, o seu estado de espírito, a sua vontade etc… Grande parte da motricidade

ocorre de forma quase inconsciente, sem reflexão. Adquirimos

habilidades

pela

prática e aplicamo­las ao longo da nossa

vida. É absolutamente incrível e fantástico o processo que acontece dentro de cada um

de nós para realizar o mais simples dos movimentos voluntários. De todas as intellectus

motricidade ou movimento. E de toda uma afetar a motricidade, escolhemos falar sobre

aqueles que são consequência de lesões do Sistema Nervoso Central. A apraxia é um

dos menos compreendidos. É um distúrbio da

motricidade

consequências

voluntária,

sérias,

em

que

termos

tem de

autonomia, para a pessoa. Por esta razão, consideramos importante discutir e trazer alguma

luz

ao

assunto.

Igualmente,

esperamos aguçar a curiosidade do leitor

para os labirintos do funcionamento do 21


"Apraxia é um distúrbio da motricidade voluntária" cérebro humano. A base do ato motor ou motricidade pode ser considerado como a capacidade de transformar uma atividade

biológica interna em movimento visível. Para analisar movimento é preciso ter em conta

que

temos

duas

componentes:

mecanismos de execução do movimento e

mecanismos que programam o movimento. Com isto, não desprezamos os movimentos

que acontecem de forma reflexa, ou seja, uma resposta estereotipada ao estímulo sensitivo: a sua compreensão é fundamental

para compreendermos o controlo motor. Simplesmente, estes não necessitam de processamento ao nível do cérebro para

serem executados e logo, fogem ao âmbito

daquilo que procuramos discutir aqui. A programação, ao nível do Sistema Nervoso Central, requer a organização das vias através das quais a informação que dá

entrada (por meio dos sentidos) alcança as

estruturas de saída (os músculos, ossos, articulações…).

O

que

constitui

esta

programação são as conexões funcionais dos neurónios. Podemos considerar que os

"A base do ato motor é a capacidade de transformar uma atividade biológica interna em movimento visível"

intellectus

mecanismos

executivos

começam

no

cérebro, quando os neurónios provenientes

das áreas “programadoras” do movimento se organizam. Existem duas importantes

zonas para a programação: as áreas pré­ motora

e

parietal

posterior,

que

desencadeiam e conduzem os movimentos dos

membros,

recebem

informação

sensorial importante para desencadear os movimentos e recebem informação de

outras regiões do cérebro (relacionadas com o comportamento, com a identificação de

alvos, etc..); e o córtex motor, que envia as orientações específicas de organização e orientação do movimento. O córtex motor é o local em que os dois mecanismos que estamos a descrever se encontram. É a

partir dele que tem origem o movimento. A informação sensorial, que nos é trazida

22


pelos órgãos dos sentidos, mas também por

importantes e são usadas nas áreas pré­

nos músculos, tendões e articulações,

outras zonas do cérebro para fazer a

órgãos do ouvido interno e por recetores chegam ao cérebro e são processados. Para a

componente

motora,

na

parte

da

planificação no córtex motor, interessam, em

primeiro

lugar,

esses

recetores

musculares, tendinosos e das articulações, já que fornecem informação sobre o estado e posição do corpo. Outras informações

sensoriais, como da visão e vestibulares são

intellectus

motoras para iniciar o movimento e em

correção do movimento. A partir do córtex motor

projeta­se

a

via

que

fornece

informação necessária para o movimento voluntário: a via piramidal, cortico­espinhal

ou da motricidade voluntária. Para os curiosos da neuroanatomia, tem início na circunvolução central ascendente, que sobe no córtex cerebral imediatamente à frente

23


"Do córtex motor projeta-se a via que fornece informação necessária para o movimento voluntário"

do

Rego

encontram­se

de

os

Rolando.

Nessa

corpos

celulares

zona

das

células chamadas de piramidais, assim designadas

devido

à

sua

forma.

Na

circunvolução frontal ascendente, o local do córtex motor, é onde se processam as operações

que

são

responsáveis

pelo

movimento. Existem conexões entre as diferentes regiões, de modo a facilitar os

movimentos compostos e associados. Por exemplo,

para

movimentos

andar,

alternados

precisamos das

de

pernas,

estabilidade do tronco e, muitas vezes, movimentos alternados dos braços; como estes movimentos são necessários, existem

interligações entre as regiões das pernas, tronco

e

braços.

Existe

uma

grande

plasticidade na representação, consoante o uso excessivo ou desuso de uma região do corpo. Exemplo, num caso de amputação a

área correspondente ao membro amputado

"Existe grande plasticidade na representação, consoante o uso excessivo ou desuso de uma região do corpo"

diminui a sua representação, enquanto que o

que temos vias que descem dos dois

relação ao aumento acrescido de esforço

outro do lado esquerdo. O que acontece é

membro contrário aumenta a sua, em

que pode ter que realizar. Os axónios das células

piramidais

fazem

um

trajeto

descendente até ao bulbo raquidiano, onde

acontece o fenómeno que se designa por decussação

intellectus

das

pirâmides.

Acontece

hemisférios cerebrais, um do lado direito e

que, no ponto da decussação, as vias cruzam, passando uma para o lado direito e

outra para o lado esquerdo: daí a razão de o hemisfério

direito

controlar

a

parte

esquerda do corpo e o hemisfério esquerdo,

24


espinal medula. Na medula, os axónios fazem a sua comunicação (sinapse) com as células da medula na zona que está relacionada

com

a

informação

que

transporta. Como se vê nas figuras, se a informação corresponder ao movimento de um braço, as células terminam ao nível da

medula da zona cervical. Começa aqui

então o segundo neurónio da via: o corpo celular encontra­se na medula e os seus

"Se a informação corresponder ao movimento de um braço, as células terminam ao nível da medula da zona cervical" a parte direita do corpo. Iremos abordar mais à frente a questão hemisférica, já que existem tarefas partilhadas entre eles e funções

que

normalmente

são

predominantes num ou noutro. Depois da decussação, a via continua a descer, pela

"No ponto da decussação as vias cruzam, daí o hemisfério direito controlar a parte esquerda e o hemisfério esquerdo a parte contrária do corpo"

intellectus

axónios projetam­se pelos canais ósseos da medula, formando uma raiz motora. Esta

raiz vai depois formar os nervos periféricos

que, por sua vez, terminam diretamente no músculo. Aqui,

existe

uma

sinapse

particular entre o axónio do neurónio (ou melhor, motoneurónio) e uma zona da fibra

muscular, denominada fuso neuromuscular. Aqui acontece a sinapse, a que se chama

junção neuromuscular. Um motoneurónio pode inervar várias fibras musculares, ao que se dá o nome de unidade motora. No momento em que é feita a sinapse, a unidade motora tem a sua “ordem”. Na

maior partes das vezes são dadas ordens simultâneas, de forma que uns músculos

relaxem e outros contraiam, para que o

25


"Cerebelo, por sua vez, é como um “corretor” do movimento"

movimento seja suave e preciso. Associados a esta via, existem outros dois sistemas que

ajudam a controlar e calibrar o movimento:

são eles o cerebelo e os núcleos da base. Os núcleos da base (nomeadamente os núcleos lenticular e caudado) são responsáveis pela qualidade

do

movimento,

como

por

exemplo a sua suavidade. Para dar um exemplo,

os

movimentos

lentos

característicos da Doença de Parkinson são resultado de uma alteração ao nível dos núcleos da base. O cerebelo, por sua vez é

intellectus

como um “corretor” do movimento. Esta parte do cérebro recebe informação de

todos os órgãos sensoriais do organismo, constantemente, sobre a posição do corpo em relação ao espaço e objetos. Ao iniciar­ se o movimento, no córtex motor, a programação é um pouco grosseira; à

medida que o movimento progride, o cerebelo compara a sua trajetória e analisa

em relação ao plano que foi feito, corrigindo­o, de modo a que se mantenha

com o objetivo planeado. As alterações no cerebelo provocam uma série de sinais em

que é possível verificar a sua função, como por exemplo, querer agarrar um copo e falhar o alvo, indo a mão agarrar o ar mais à frente ou mais atrás do copo (este tipo de

26


"A apraxia ideativa (...) é uma presença comum nas demência, como a Doença de Alzheimer" ação é conhecida como dismetria). Existem outros núcleos que são importantes na

execução do movimento, como o núcleo rubro, que tem importante papel no controlo de movimentos dos braços e estabilização do tronco. Também se tem vindo a observar

sua vez, tem um papel mais importante na

exatamente as mesmas funções. Ao nível

percebemos agora o percurso que a

que os dois hemisférios cerebrais não têm das áreas sensoriais primárias e área motora

primária é aparente que ambos funcionam

de forma idêntica. As diferenças funcionais começam a registar­se nas áreas de

associação e, portanto, relativas a funções complexas. Estas áreas encontra­se também conectadas

através

do

corpo

caloso.

Considera­se que o hemisfério esquerdo é

mais importante para a realização dos atos

motores proposicionais e que o direito, por

atividade motora exploratória. Portanto, informação faz e como é modulada ao longo do sistema nervoso. Para perceber a parte

de

programação

precisamos

de

perceber a sua forma de execução. O termo “apraxia” foi usado pela primeira vez em 1871, por Heymann Steinthal, embora

apenas se tenha associado a problemas cerebrais

por

Liepmann.

Desde

esta

primeira proposta, o termo tem sido utilizado para descrever uma variedade de

condições, mais ou menos próximas, mas

que têm em comum dificuldades ou incapacidades

nas

competências

relacionadas com o movimento voluntário com propósito. Uma das orientações que podemos seguir é a proposta por Alexandre Castro Caldas, no seu livro A Herança de e Ce r

intellectus

bel

o

Franz Joseph Gall que nos fala da definição de Rothi e Heilman. Estes autores sugerem

que se defina apraxia como uma alteração 27


neurológica da capacidade do movimento aprendido e proposicional que não possa ser explicado por defeitos elementares da

motricidade nem dos sistemas sensoriais. Explicando, considera­se que existe apraxia

apenas quando os problemas motores não podem ser explicados por lesões nas vias

que explicamos anteriormente (piramidal, extrapiramidal e cerebelosa); se houver

"Para se ter a certeza de que se trata de facto de uma apraxia, é necessário excluir a existência de défices cognitivos associados"

défices motores periféricos (problemas nos

estímulo que promove a ação (se é, por

perda sensorial. Pode, no entanto ser

comando verbal), a natureza da ação (se é

ossos, músculos, tendões, articulações); ou observada em associação com outros

distúrbios motores, como distonias, tremor, rigidez, etc. Para se ter a certeza de que se

trata de facto de uma apraxia, é necessário excluir a existência de défices cognitivos associados, que possam ser considerados como causa ou que possam explicar, nem

que seja em parte, o problema observado. A ocorrência de “erros apráxicos” é mediada

por diferentes condições, que incluem o contexto em que a ação é pedida (no ambiente natural ou no ambiente clínico), o intellectus

exemplo, a presença de um objeto ou um um

gesto

com

significado

ou

sem

significado), a mão que realiza a ação e a dificuldade do procedimento da ação (se é uma sequência simples ou complexa). Esta

perturbação é típica quando há afetação do hemisfério esquerdo, responsável pelos movimentos proposicionais. Os primeiros estudos sobre apraxias foram, como já se

disse, feitos por Liepmen, tendo feito observações in vivo e, após o falecimento das pessoas, no estudo do seu cérebro (pode

ver­se uma breve descrição dos casos em 28


"Ainda hoje o consenso não é total em relação à apraxia"

“A Herança de Franz Joseph Gall”). Liepmen é também quem aponta que estas

lesões relacionadas com o gesto estão relacionadas com o hemisfério esquerdo. Ainda hoje o consenso não é total em relação

à

apraxia,

e

existem

várias

apresentações possíveis. Passamos então a

apresentar alguns tipos identificados. A primeira que vamos referir é a apraxia cinética

dos

comprometimento movimentos

das

membros, é

onde

principal

extremidades,

o

nos

por

exemplo, a pessoa não consegue juntar o polegar e o indicador para pegar numa

moeda. Isto acontece no lado contrário ao da lesão cerebral. Outra forma de apraxia é

a apraxia ideomotora. Nesta forma, a maior

relacionam com erros na posição que

está a utilizar um objeto, podendo não

objeto (por exemplo, não conseguir colocar

dificuldade está em fazer de conta que se compreender como o utilizar. A própria utilização dos objetos é frequentemente afetada. São também frequentes os erros de

sequenciação, ou seja, as etapas necessárias

para a utilização dos objetos podem estar trocadas (por exemplo, na simulação de

acender um cigarro, a pessoa primeiro acende o isqueiro e depois põe o cigarro na boca), ou pode introduzir elementos de

alguma tarefa que estava a fazer antes. Os

erros relacionados com o espaço são muito frequentes:

intellectus

erros

posturais,

que

se

assume para interagir com determinado a mão na posição correta para pegar numa

tesoura); erros de orientação espacial, ou seja, não manter a orientação correta para o movimento (por exemplo, não orientar corretamente a faca quando está a simular

cortar o pão); e erros de movimento no espaço, não sendo capaz de utilizar os

segmentos do corpo corretos (por exemplo, mexer o ombro e cotovelo em vez dos dedos para usar a tesoura). Pode também

ocorrer um aumento de tempo de execução, significativo, em relação ao que seria de

29


motor através da linguagem: quando é

"Apraxia ideativa tem semelhanças com a apraxia ideomotora"

gesto, a pessoa compreende aquilo que lhe

apraxia é uma presença comum em

esperar em relação a determinada tarefa. A apraxia

verbo­motora

corresponde

à

impossibilidade de informar o sistema dado um comando verbal para realizar um é dito mas é incapaz de o executar. Existe

uma desconexão entre os dois sistemas. Também se encontram descritos casos de

apraxia desconectiva visuo­motora e tato­ motora onde, tal como na anterior, existe uma

desconexão,

e

a

informação

descodificada pela visão e pelo tato não tem acesso à programação motora. Para

qualquer uma destas situações, se for

utilizado outro “canal de entrada” (outro sentido), a pessoa já consegue executar o movimento. A

apraxia

ideativa

tem

semelhanças com a apraxia ideomotora, mas o seu desempenho não melhora com a

presença do objeto ou com imitação, como se todos os esquemas de programação

intellectus

motora tivessem desaparecido. Este tipo de

demências, como a Doença de Alzheimer. Por

sua

vez,

a

apraxia

buco­facial

corresponde à incapacidade de realizar movimentos com os músculos da face e da

boca, nomeadamente em situações de teste, como acontece na apraxia ideomotora. Ainda

podemos

identificar

apraxias

relativas a tarefas específicas: a apraxia da

marcha e a apraxia do vestir. Como o próprio nome indica, na apraxia da marcha existe uma incapacidade de andar, sem que

no entanto isso corresponda a alterações nos membros. Por exemplo, a pessoa é capaz de simular os movimentos de bicicleta, bater com os pés de forma

alternada, cruzar a perna etc., mas não

30


"Vestir primeiro o casaco e depois a camisa, entre outros erros”

consegue realizar os movimentos alternados

necessários para andar. Na apraxia do vestir,

acontece

uma

dificuldade

ou

impossibilidade de realizar os movimentos

necessários para o vestir, quer na forma, quer na sequência necessária para vestir adequadamente. Por exemplo, tentar vestir

a camisa nas pernas, ou vestir primeiro o casaco e depois a camisa, entre outros erros. Alguns doentes com lesão hemisférica

direita, envolvendo os núcleos da base ou as suas conexões com o lobo frontal podem

apresentar um fenómeno conhecido como negligência

(neglect)

motor.

Convém

diferenciar este fenómeno das apraxias, já

que apresenta características específicas. O

neglect corresponde à não utilização do

intellectus

lado esquerdo do corpo na atividade motora, não havendo parésia nem apraxia; é como se o lado esquerdo não existisse na programação

motora

automática

e

inconsciente, mas a pessoa sabe que tem, por exemplo, a mão esquerda. No entanto, quando chamada a fazê­lo, não consegue utilizá­la. Em termos de iniciativa, irá sempre utilizar o lado direito, mesmo que dê mais jeito utilizar a mão esquerda. Este

sinal é muitas vezes acompanhado por

agnosia para a metade esquerda do corpo, ou seja, a pessoa nega o defeito motor e não reconhece como seus os membros do lado esquerdo do corpo. Quando questionada, a pessoa nega a existência do problema e

quando este é demonstrado (por exemplo, tenta­se levantar e cai por não se conseguir apoiar

na

perna

esquerda)

arranja

explicações variadas, excetuando a que para nós é evidente. Então, e o que se pode esperar, após uma lesão, que seja a

31


"Apraxia é principalmente um resultado de uma lesão cerebral, sendo as mais comuns a sequela de um acidente vascular encefálico ou de um tumor"

recuperação de uma pessoa que apresente

apraxia? Infelizmente, na maioria dos

casos, o prognóstico não é muito positivo. Raramente, a pessoa apresenta apenas apraxia. A apraxia é principalmente um

resultado de uma lesão cerebral, sendo as mais comuns a sequela de um acidente

vascular encefálico ou de um tumor, ou como consequência de demência. Assim, há

uma grande probabilidade de existirem outras

condições

que

condicionem

a

autonomia da pessoa, como hemiparésia. Dependendo do grau de severidade e do tipo de apraxia, a pessoa pode ser incapaz

de realizar as atividades de vida diária. Existem, no entanto, programas no âmbito da neuropsicologia e da terapia ocupacional que

demonstram

bons

resultados. A

fisioterapia é normalmente necessária para

+ info tinyurl.com/aprax-def2 tinyurl.com/cereb-areas2 tinyurl.com/cereb-fis tinyurl.com/cereb-lobs tinyurl.com/paral-aprax tinyurl.com/to-cereb tinyurl.com/neuro-aprax tinyurl.com/definit-aprax tinyurl.com/diag-aprax

compensação de défices, e pode ser necessária a terapia da fala, na presença das apraxias buco­faciais.

Apraxia: Incapacidade para executar normalmente movimentos coordenados. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa intellectus

32


IO G LO SS ÁR Agnosia: São perturbações do reconheci­mento, em estado de perfeita consciência e sem um défice de inteligência que o explique. Apesar de não estar alterada a função dos órgãos dos sentidos, nem das vias aferentes do cérebro, não se consegue o reconhecimento ótico, acústico, tátil, etc., se as atuais impressões sensoriais não coincidirem com os dados da memória anteriormente adquiridos (todo o reconhecimento é um voltar a reconhecer). Apraxia: Uma alteração neurológica da capacidade do movimento aprendido e proposicional que não possa ser explicado por defeitos elementares da motricidade nem dos sistemas sensoriais. (Rothi e Heilman) Área de associação: Subsistemas que fazem o elo de ligação, entre centros neuronais contíguos ou distantes entre si. As áreas de associação podem ser divididas em áreas de associação secundárias e áreas de associação terciárias. Área primária motora: Ocupa a parte posterior do giro pré­central. As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo – através do qual recebe informações do cerebelo –, com a área somestésica e com as áreas pré­motora e motora suplementar. Por sua vez, a área motora primária dá origem à maior parte das fibras das vias córtico­ espinal e córtico­nuclear, principais responsáveis pela motricidade. Área primária sensorial: Zona cerebral que deteta sensações específicas: visuais, auditivas e somáticas. Cognição: Entende­se por cognição o ato ou o processo de conhecer, isto é, os mecanismos através dos quais um organismo recebe, aplica e conserva a informação. Este termo inclui igualmente várias funções psicológicas necessárias para a existência de trocas com o meio e com a informação: a atenção, a perceção, a memória, o raciocínio, o juízo, a imaginação, o pensamento e o discurso. Corpo caloso: Formação laminar de substância branca, constituída por axónios mielinizados que ligam os dois hemisférios cerebrais, na parte terminal do sulco inter­hemisférico. A transferência de informação entre os dois hemisférios cerebrais é feita através do corpo caloso. Distonia: A distonia é um distúrbio de movimento neurológica, em que as contrações musculares sustentadas causam torção e movimentos repetitivos ou posturas anormais.

intellectus

Espinal medula: A medula espinal encontra­se envolvida pela coluna e é protegida pelas vértebras, pelo fluido cerebrospinal e pelas meninges. Tem cerca de 42 centímetros de comprimento e 1,8 centímetros de espessura. A medula espinal une­se ao encéfalo na base da caixa craniana e estende­se num canal ósseo que percorre as vértebras. Entre o osso e a medula estão colocadas três bainhas de tecido conjuntivo, denominadas meninges. Em secção transversal, a medula mostra um núcleo central de substância cinzenta constituída pelos corpos celulares das fibras nervosas que percorrem a própria medula e músculos, completamente rodeados por substância branca constituída por fibras nervosas. Lobos cerebrais: O córtex que cobre cada hemisfério apresenta quatro regiões ou lobos cerebrais, separados por fissuras. São eles: lobo ocipital, lobo temporal, lobo parietal e lobo frontal. Neglect: Incapacidade de descrever, responder ou orientar­se para um estímulo novo ou significativo, apresentado no lado oposto ao da lesão cerebral, quando não se pode atribuir esta incapacidade a defeitos motores ou sensoriais. É mais comummente observado em lesões do hemisfério cerebral direito, corresponde os sinais ao lado esquerdo do corpo. Neurónio: O neurónio é a célula do sistema nervoso responsável pela condução do impulso nervoso. O neurónio é constituído pelas seguintes partes: corpo celular, o núcleo celular, dendritos (prolongamentos numerosos e curtos do corpo celular, recetores de mensagens), axónio (prolongamento que transmite o impulso nervoso vindo do corpo celular) e telodendritos. Parésia: É uma paralisia incompleta ou diminuição da motricidade em uma ou mais partes do corpo, devida a lesão dos centros nervosos ou das vias motoras (piramidal ou extrapiramidal), ou devida a lesões do sistema nervoso periférico, inclusive na junção neuromuscular. Sinapse: A sinapse é a região de contacto muito próximo que medeia a transferência de informação entre a extremidade de um neurónio e a superfície de outra célula, que tanto pode ser outro neurónio como uma célula efetora (muscular, sensorial ou glandular). Sistema Nervoso Central: O Sistema Nervoso Central é formado pelo encéfalo que se aloja no interior do crânio e a medula espinal que é a porção do sistema nervoso central que ocupa o canal raquidiano. O encéfalo e a medula são formados por células da glia, por corpos celulares de neurónios e por feixes de dentritos e axónios.

33


ENTREVISTA E l i s a b e te F e rn a n d e s

C

Elisabete Ramos Fernandes é natural de Viana do Castelo, tem 30 anos, reside

atualmente em Braga e desfrutou da sua infância em Resende, Paredes de Coura. O seu percurso académico centrou-se num Mestrado Integrado em Engenharia Biológica e desenvolveu o seu doutoramento na área dos biossensores (Development of a phage-

based biosensor to detect Salmonella in food stuff).

intellectus

omo decidiste abraçar a carreira de investigação científica? Apenas

oportunidade ou realização profissional? Junção de ambas. Em 2007 tive a oportunidade de integrar o Grupo de

Biotecnologia de Bacteriófagos do Centro de

Engenharia

Biológica

(CEB)

da

34


Laboratório de Biotecnologia Bacteriófaga - CEB Universidade

do

Minho

http://www.ceb.uminho.pt/bbig/)

(BBG:

liderado

pela Professora Joana Azeredo. Nessa altura

realizei trabalhos no âmbito de um projeto Europeu (European Project Phagevet­P), cujo objetivo incidiu sobre o estudo dos

"Doutoramento focou-se no uso de fagos como agentes de reconhecimento em biosensores"

bacteriófagos (ou simplesmente fagos)

(Lisboa) e o IST (Lisboa). Existiram

ano e meio a fazer investigação pensei em

laboratórios por onde passava, fazendo uma

como alternativa aos antibióticos. Após um "mergulhar um pouco mais neste mundo, e

zás atirei­me de cabeça" [risos], foi então que em 2008 obtive uma bolsa financiada pela Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT),

permitindo

Minho

e

a

realização

do

Doutoramento entre a Universidade do uma

instituição

dos

EUA

(University of Auburn, Alabama) durante

quatro anos. O doutoramento foi focado no uso

de

fagos

como

agentes

de

reconhecimento em biosensores, e devido à

multidisciplinariedade da área de estudo foram estabelecidas outras colaborações cientificas,

nomeadamente

com

a

Universidade Católica de Leuven (Bélgica) e o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia

(INL, Braga). Para além das citadas, outras instituições

tiveram

uma

pequena

contribuição no meu percurso doutoral, como o ICVS (UM, Braga), INESC­MN intellectus

momentos em que já começava a contar os lista [risos], mas isso permitiu­me conhecer novas pessoas, novas formas de trabalhar e

essencialmente novos saberes! E foi assim, que a oportunidade veio de encontro à

realização. Descobri mais sobre mim e o porquê de ter enveredado por este caminho. Conheci

especialistas

na

área

e

o

conhecimento profissional combinado com diferentes ambientes de trabalho fez dessa

"caminhada" um ponto de viragem nas

minhas perspetivas profissionais, e claro, contribuíram sem dúvida para o meu crescimento

pessoal,

pois

não

somos

máquinas...e saber caminhar lado a lado com os dois saberes é a melhor forma de

tirar o melhor partido de ambos os

conhecimentos para vivermos ao longo do nosso caminho momentos de realização. Porquê a Universidade do Minho e não 35


"CEB tem obtido classificação de 'Excelente' pela Fundação para a Ciência e Tecnologia"

Precisamos

de

mais

suporte

(financiamento) para construir algo mais

sólido e mais competitivo e "passar do saber para o fazer", isto é, desenvolver

projetos que sejam transferidos para o mercado, para que não fiquem "estagnados" no

Estrutura esquemática de um bacteriófago (fago) pertencente à família Myoviridae. outra instituição? Porque é uma instituição de excelência. O

CEB ­ unidade de investigação integrada no Sistema de Ciência e Tecnologia Português, fez parte integrante na minha formação e desde 2002 que tem obtido classificação de Excelente pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Quais os principais obstáculos à

realização da investigação científica em

Portugal? E por outro lado porque ficar

ambiente

académico. Apesar

de

atualmente já existirem algumas spin­off a

serem desenvolvidas nas universidades, os

números existentes, acredito, que não refletem a quantidade de trabalhos que têm a capacidade de ir mais além... Quanto a

ficar em Portugal, acho que não podemos nos restringir apenas ao nosso país, somos do mundo e por isso devemos ir além

fronteiras, mas claro, "qualquer barco deseja voltar ao seu porto de partida" e eu também quero um dia ter o meu cantinho por cá e contribuir para o crescimento do nosso país.

Quais os principais desafios dentro da tua área de investigação??

em Portugal?

Sendo uma área multidisciplinar, para mim

A investigação em Portugal tem vindo a

que explorar temas diversificados e juntá­

crescer nos últimos anos notando­se uma

maior cooperação científica e tecnológica, mas ainda falta muito para construir.

intellectus

todos os dias são um desafio, porque tenho los para atingir um só objetivo. Por exemplo, dependendo da aplicação, a área de

biosensores,

para

além

de

36


"Quero um dia ter o meu cantinho por cá e contribuir para o crescimento do nosso país"

conhecimentos em Biologia e Química, envolve a Física, Eletrónica e por vezes a

Biologia Molecular. Um desafio nesta área, é o uso dos biosensores na deteção do cancro. Infelizmente, estamos numa fase

em que muitos são os números de pessoas

com cancro e em muitas situações a deteção precoce pode ser a solução. Um diagnóstico preciso e precoce é essencial, quer para o sucesso do tratamento, quer para a própria recuperação

do

doente. Assim

sendo,

precisamos de um dispositivo, simples e sensível,

capaz

de

detetar

pequenas

quantidades de biomarcadores presentes em fluidos biológicos.

Falta algo para a tua realização

profissional ou estás na área que mais pretendias??

Sim, e vai faltar sempre! Pessoalmente nunca estou satisfeita [risos] e é isso que

me leva à procura de mais qualquer coisa. Acredito que o conhecimento é uma interligação de vários saberes e um cientista nunca se dá por satisfeito, não acham? Questiona o inquestionável! Os desafios, a

elaboração das perguntas e pensamentos

fazem parte do nosso crescimento, e por

isso até completar 100 anos tenho muito

intellectus

ainda que crescer [risos]. No futuro, quero muito

conhecer

grupos

de

trabalho

diferentes, dentro e fora do país, porque na minha perspetiva, é isso que nos muda

como profissionais. Só partilhando ideias, formas de trabalho e de conhecimento, construímos uma rede mais sólida em

qualquer área de investigação. Como estou numa área multidisciplinar, sinto­me "um

peixinho num mar enorme", tenho muito que explorar na área dos biosensores e quero trabalhar com diferentes tipos e explorar diferentes aplicações.

Como encaras o facto dos cientistas terem ainda pouca expressão e/ou

presença na vida social das comunidades em geral??

37


Com alguma indignação, pois tal como o Senhor Primeiro Ministro Pedro Passos

Coelho referiu recentemente numa sessão de lançamento dos Prémios de Investigação em Neurociências da Santa Casa da

es sã o r o d a g i « In v e s t ra o a p s i e v sá i n d i sp en ugal» t r o P e f u tu r o d

mas para isso precisamos que essas entidades invistam na investigação.

Misericórdia de Lisboa, os investigadores

O que dirias aos jovens sobre ciência e

Portugal».

importância??

«são indispensáveis para o futuro de No

entanto,

temos

pouca

presença nas comunidades, pois ficamos

tecnologia, bem como a sua

muitas vezes nos "bastidores" e poucos são

Apostem!

que têm consciência da nossa importância.

desenvolvimento da humanidade! Podemos

aqueles (refiro­me à comunidade em geral) Contudo penso que estamos a mudar nesse

aspeto, mas vai levar algum tempo... Devíamos ter uma presença mais forte dos

investigadores nas indústrias e empresas, intellectus

Os

avanços

na

ciência

e

tecnologia são imprescindíveis para o aumentar consideravelmente a qualidade de vida do ser humano se combinarmos de

.

forma equilibrada ambos os domínios do saber cientifico

38


TELEPATIA... ...digital! Tatuagens temporárias poderão tornar a TELEPATIA uma realidade … e até mesmo a Telecinesia! intellectus

39


T

atuagens eletronicamente concebidas para

Universidade da Califórnia (San Diego),

como drones e outro tipo de equipamentos

dispositivos não invasivos de controlo de

comunicações e controlo remoto de objetos, eletrónicos, poderão estar ao alcance do público em geral para muito breve, segundo vários investigadores. Comandar máquinas através do pensamento já não é algo apenas do domínio da ficção científica! Nos últimos

anos

equipamentos

têm

variados vindo

a

tipos

de

conseguir

decifrar as intenções da mente humana a partir da rigorosa análise da sua atividade

(estudos das áreas cerebrais que se ativam mediante

a

tarefa

a

realizar).

Estas

Todd

Coleman,

está

a

desenvolver

máquinas através dos pensamentos, em que

qualquer indivíduo estará apto a usá­los.

"Equipamentos têm vindo a conseguir decifrar as intenções da mente humana a partir da rigorosa análise da sua atividade"

possibilidades tem sido muito animadoras,

Ele e a sua equipa tem vindo a testar uma

controlor, por exemplo, membros artificiais

transmissão de dados sem fios (wireless),

em especial, para pessoas que pretendem (biónicos).

mesmo

implantes

subcutâneos que permitem um melhor entendimento da atividade cerebral com

intuito de controlar aparelhos robóticos acoplados ao corpo humano, no entanto este

tipo de solução é extremamente invasiva, sendo, na maioria dos casos, rejeitados pelo organismo – implicando a administração de imunossupressores para se contrariar a rejeição. Em vez disto um engenheiro da intellectus

tecnologia eletrónica flexível recorrendo à

basicamente a partir da colocação, por exemplo e mais especificamente, na testa dum

dispositivo

à

semelhança

duma

tatuagem, para a leitura da atividade

cerebral. “Nós queremos algo para se usar de forma divertida e prática.” (Coleman). O

aparelho em causa não terá mais de 100 micrómetros de espessura (0,1 mm) – diga­

se, em média, esta é a espessura dum cabelo humano

–.

Consistirá

num

circuito 40


"Quase impercetível pela caraterística incolor da camada de poliester que suporta o circuito" incorporado numa fina camada de poliester, totalmente

maleável,

adaptável

às

superfícies e até mesmo resistente a

choques e dobragens. Destaca­se também pela

sua

aparência

discreta,

quase

impercetível pela caraterística incolor da

camada de poliester que suporta o circuito. O segredo do seu funcionamento assenta na

deteção de impulsos elétricos relacionados com as ondas cerebrais, obtendo a sua fonte

de alimentação a partir da luz solar (células fotovoltaicas no poliester). Terá igualmente incorporadas antenas para transmissão e

receção wireless de informação, podendo ainda ser adaptado para monitorização da

intellectus

temperatura corporal e verificação do nível

de oxigenação do sangue. Usando tatuagens

eletrónicas, Coleman e a sua equipa, descobriram que estes dispositivos são capazes

de

detetar

sinais

cerebrais

associados a estados mentais, tais como reconhecimento de imagens familiares. Igualmente,

uma

outra

aplicação

em

desenvolvimento ainda mais detalhado, centra­se na monitorização da atividade cerebral em bebés, para que se possa

detetar, o quanto antes, possíveis anomalias que conduzam à epilepsia ou outro tipo de distúrbios

neuronais.

Este

tipo

de

tecnologia já se encontra à venda ao público Linus Torvalds (2009) (empresa MC10 sediada em Cambridge, Massachusetts,

Estados

Unidos

da

localização

e

América), sendo usados, de momento, como

dispositivo

de

monitorização cardiovascular, pois novos

avanços, como aqui se descreve, estão ainda

em

fase

final

de

testes.

41


Telecinesia eletrónica? … Telepatia digital? Em estudos passados, Coleman e os seus colaboradores, observaram voluntários aos quais foi pedido que usassem um género de capacete com elétrodos, a controlar remotamente aviões à escala de

brinquedos e outros dispositivos, num teste realizado em terreno aberto (um

campo de milho no estado americano do Illinois). Embora as tatuagens eletrónicas, atualmente, não sejam usadas no controlo de aviões comerciais, “nós estamos a trabalhar ativamente para que isso se

torne uma realidade”, diz Coleman. Estes dispositivos

podem

também

ser

colocados noutros locais do corpo, como, por exemplo, a garganta. Quando as pessoas

tem

intenção

de

falar

imediatamente uma movimentação dos

seus músculos da garganta, mesmo não havendo verbalização (som/voz/fala, por assim

dizer),

chamando­se

a

este

fenómeno de subvocalização. Com a

implementação de tatuagens eletrónicas

na garganta, poderá iniciar­se um novo tipo

de

comunicação

entre

pessoas

através da veiculação das mensagens

"Dispositivos são capazes de detetar sinais cerebrais associados a estados mentais"

intellectus

Dispositivo eletrónico (género: tatuagem), com propriedades físicas, tais como, solidez estrutural, flexibilidade na dobragem, excelente capacidade de adesão à epiderme (camada exterior da pele), bem como baixo valor de massa (comummente: peso dum objeto). Tal sistema eletrónico epidérmico ajusta-se discreta e confortavelmente à superfície corporal, de modo a tornar-se praticamente invisível. Estes sistemas tem a possibilidade de oferecer uma vasta gama de soluções, quer seja na área da saúde, quer em tantas outras áreas de âmbito profissional e/ou pessoal. O Laboratório de Interação Neural liderada pelo professor de bioengenharia Todd Coleman (Universidade da Califórnica de San Diego: UCSD) está a trabalhar com Mary J. Harbert, diretora de neurologia neonatal UCSD e com o Hospital Infantil Rady para estudar o uso de tatuagens eletrónicas em substituição dos volumosos fios utilizados atualmente para monitorizar os recém-nascidos. 42


"Com tatuagens eletrónicas sobre a garganta, poderá iniciar-se um novo tipo de conversação entre pessoas via wireless" smartphones, pela enorme precisão de

captação dos sinais elétricos recebidos pelos músculos da garganta, provenientes

do cérebro, segundo refere, igualmente, Coleman.

Todavia,

claramente,

os

implantes cerebrais invasivos tem maior taxa de sucesso na mediação da atividade

do cérebro. O neurocientista Miguel Nicolelis da Duke University Medical Center, salienta que há uma crescente

necessidade de tecnologias não invasivas dumas para as outras usando tecnologia wireless,

podendo

silenciosamente,

assim

pois

as

conversar­se

tatuagens

eletrónicas detetam o que um indivíduo pretende dizer, a partir dos movimentos dos

músculos da garganta (não esquecendo o recetor audio wireless “tatuado” perto da

orelha ou no seu interior). “Conseguimos demonstrar

como

os

nossos

sensores

captam o impulso elétrico nervoso dos músculos da garganta, não restando dúvidas de que as pessoas podem comunicar apenas com o pensamento”, refere Coleman. As tatugens

eletrónicas

podem

ainda

aperfeiçoar a deteção de voz usada em intellectus

para

o

cérebro,

como

aquelas

apresentadas por Todd Coleman. “As pessoas vão querer alterar ambientes

domésticos apenas pelo pensamento, ou jogar apenas pensando”, diz Nicolelis, que não colaborou no estudo aqui apresentado. J.c.

+ info

tinyurl.com/coleman-voz-wifi t i n y u r l . co m / u cs d - e t a t t o o s tinyurl.com/neural-spike-news 43


eAutos

intellectus

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DICAS intellectus

45


J

8 co i s a s q u e d e v e s s a b er s o b r e C a r r o s E l é t r i co s !

1

á

foram

vendidos

cerca

de

100

000

carros

exclusivamente elétricos nos Estados Unidos da América (E.U.A.). Diga­se que é uma tendência

animadora, mas estes carros ainda são um mistério para a maioria dos compradores que pretendem

adquirir um carro novo, no entanto há alguns

princípios fundamentais a não esquecer e a relembrar (se for o caso). De seguida, apresentam­se oito tópicos essenciais acerca dos carros elétricos, com o intuito de dismistificar qualquer tipo de superstição sobre a ideia que temos deste novo tipo de veículos.

Os carros elétricos são mais caros na aquisição, mas mais económicos daí em diante!

A empresa Ecocritério, por exemplo, disponibiliza dos veículos elétricos mais económicos do mercado português, a saber, carro ligeiro de dois lugares a um preço de

pouco mais de 14 000 € (http://www.ecocriterio.pt), todavia marcas como a Citroen, Nissan, entre outros, comercializam­nos a preços mais elevados do que os seus modelos

mais baratos, a gasolina. Inicialmente poderá parecer pouco racional comprar um carro elétrico, pois o preço pode ser um elemento dissuasor, porém, para se ter uma ideia, um carro de dois lugares como o VEECO (veículo que será comercializado até ao final de intellectus

46


2013 em Portugal: www.tinyurl.com/veeco­car) terá uma autonomia de 400 km, atingirá

velocidades na ordem dos 120 km/h ou até mais e consumirá 1 € (um euro) por cada 100 km percorridos. Posto isto e salientando­se tal vantagem – principalmente em tempos de

crise económica – poderá extrapolar­se, com relativa precisão, uma média de 2 € (dois

euros) de consumo a cada 100 km no caso de se tratar dum carro elétrico com espaço para 4 ocupantes.

2

O peso do e-carro é inferior, mas não há menos segurança!

Os carros elétricos, principalmente aqueles que operam exclusivamente com motores 100 % movidos a eletricidade, são bastante mais leves que os restantes “colegas” de mercado, pois não possuem os tradicionais componentes de transmissão, nem tão pouco componentes de distribuição, já para não falar do pesado motor de combustão (dimensionado para resistir ao intenso calor e vibração resultante da combustão dos fluidos fósseis). A massa diminui, mas não a segurança. Toda a aerodinâmica dos carros elétricos é cuidadosamente elaborada para garantir total estabilidade em movimento, mas também no que se refere a segurança passiva aquando de imbates/acidentes, através dum

habitáculo deformável para proteção dos ocupantes, como já se verifica em todos os modelos atualmente comercializados (www.tinyurl.com/safe­eCar).

3

Os carros elétricos podem ter ou não motores convencionais!

Quando se fala de carros elétricos pensa­se somente em modelos como o Nissan Leaf ou o Tesla Model S, contudo carros híbridos são considerados elétricos, porque o motor convencional de gasolina ou gasóleo servirá apenas para auxiliar o motor elétrico em caso de descarga das baterias. A maioria dos utilizadores destes híbridos deslocam­se somente utilizando o motor elétrico dos veículos, tendo, não obstante, a segurança de

poderem valer­se do outro motor dito convencional em caso de imobilização do motor elétrico (www.tinyurl.com/also­eCars). intellectus

47


4

Carros elétricos são muito mais “fixes” de conduzir do que tu pensas!

Espetacularmente rápidos no arranque e extremamente silenciosos são caraterísticas absolutamente fascinantes de que podemos desfrutar ao volante destes novos, mas ainda

mal compreendidos, veículos cada vez mais presentes no dia­a­dia das cidades e não só. Como não tem transmissão convencional – onde há perdas de energia evidentes de componente em componente –, mostram­se muito mais eficientes na transmissão da energia elétrica para as rodas que desempenham tração, sendo por isso mais rápidos e igualmente silenciosos (www.tinyurl.com/nice­to­touch­ecars).

5

Não há razão para ansiedades!

Um sentimento normalíssimo relativamente à autonomia dos carros elétricos refere­se à

ansiedade provocada pelo contínuo descarregamento da bateria à medida que se vão percorrendo quilómetros. Não obstante tal preocupação, em média tu fazes menos quilómetros diariamente do que pensas e devido a esse facto, um carro elétrico – tal

como os habituais utilizadores deste te dirão – cumprirá a sua missão com o maior sucesso, levando­te a confiar progressivamente no seu desempenho, bem como na sua enorme mais­valia económica.

6

Logicamente a autonomia tem certas condicionantes!

O desempenho do motor elétrico, bem como das baterias, sofre variações que poderão ser significativas caso se utilize este tipo de veículos em ambientes bastante frios ou bastante quentes, visto que a uma temperatura amena de aproximadamente 20º C, os valores de autonomia indicados pelos fabricantes comprovam­se com mais facilidade. Caso se use durante um período considerável o ar condicionado do automóvel, em muitos casos de

carros elétricos, a sua autonomia pode ser reduzida em um terço do seu total indicado pela marca que o comercializa, pois não nos esqueçamos que a climatização do intellectus

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habitáculo necessita dum pequeno motor que, vai igualmente consumindo a energia

elétrica das baterias. (Nota: Do mesmo modo, carros movidos a combustíveis fósseis tem

consumos muito mais elevados aquando da utilização do ar condicionado). www.tinyurl.com/lots­ecars

7

Os híbridos também poluem, mas muito menos!

Não será difícil de imaginar como este tipo de carros elétricos tem enormes benefícios ambientais, pois mesmo emitindo uma determinada quantidade de poluição, (gases agressivos para a saúde e de efeito de estufa) denotam uma capacidade ambientalista sem precedentes. Diversos estudos apontam para uma significativa redução de emissões de

poluentes no uso de híbridos (em ambiente citadino, na maioria dos casos, não há lugar ao uso do motor convencional). www.tinyurl.com/mais­hibridos

8

Podes levar o teu elétrico ao Car Wash!

A marca de carros Chevrolet exibiu um video de teste de lavagem do Chevrolet Volt (híbrido), para assegurar os potenciais compradores do veículo, de que não há nenhum tipo de problema associado ao uso de água para uma limpeza completa do automóvel

elétrico (www.tinyurl.com/water­proof­ecars). Esta foi uma questão problemática nos primórdios dos carros elétricos, já lá vai o ano de 1920, porém estes novos modelos garantem uma segurança capaz de relançar o uso destes veículos movidos a eletricidade.

Protótipo de desportivo elétrico da BMW

intellectus

t.c.

Veículo e l é tri c o /s o l a r de nome Bethany 49


VISITE

www.cm-paredes-coura.pt


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