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12 SETEMBRO OUTUBRO 2011

_ €2,50

TINTIN, DA BD PARA O 3D Spielberg, Hergé e a história de um filme, tintim por Tintin M

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JOSÉ MOURINHO A campanha do ano que apela ao orgulho nacional

CLEAN FEED RECORDS Do Cais do Sodré para a elite do jazz mundial

EXPERIMENTA DESIGN

guta moura guedes

a hora da criatividade

EM FOCO DOURO BOYS FOTORREPORTAGEM GOLEGÃ

ROTEIRO VIANA DO CASTELO




ÍNDICE.

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Millennium magazine

SETEMBRO.OUTUBRO

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TINTIM POR TINTIN CULTO. Aguardado como o grande acontecimento cinematográfico de 2011, “As Aventuras de Tintin: O Segredo de Licorne” é o resultado de uma história com 30 anos — só em 1981 Steven Spielberg ouviu o nome do mais famoso jornalista do mundo. A primeira grande adaptação de Tintin chega às salas de cinema a 27 de Outubro.

22.

MARRAQUEXE DISCRETA E SEDUTORA DESTINO. Quem viaja com a expectativa de encontrar apenas extravagância e exotismo engana-se. A Cidade Vermelha é mais sofisticada e cosmopolita do que os guias turísticos fazem parecer. Uma pérola africana, luxuosa e elegante. «Muita coisa mudou em Marraquexe nos últimos dez anos», garante a jornalista Ana Músico.

48. FICHA TÉCNICA

IMAGEM DA CAPA:

LUIS DE BARROS

propriedade millennium bcp (NIPC 501 525 882) I director miguel magalhães duarte I edição projectos especiais I coordenação editorial (projectos especiais) joão mestre I projecto gráfico josé gonçalves / projectos especiais I design josé gonçalves, pedro dias I colaboradores ana músico, carlos alves, ireneu teixeira, joão alexandre, joão mestre, nelson marques, pedro alfaia I fotografia corbis / vmi, luís de barros, paulo barata, paulo sousa coelho, pedro loureiro, ricardo meireles I ilustração pedro dias I revisão joão mestre I apoio editorial inês neto vilas-boas I publicidade projectos especiais I pré-impressão pré&press I impressão lisgráfica I Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena periodicidade bimestral I tiragem 100.000 exemplares I ERC Registo nº 125713 I Depósito Legal 298369 / 09 Projectos Especiais, Consultores de Comunicação S.A. I Rua João da Silva nº 20, 1900-271 Lisboa tel.: 21 844 07 09 I geral@projectosespeciais.pt I www.projectosespeciais.pt O Millennium bcp não subscreve necessariamente as opiniões veiculadas nesta revista.

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setembro/outubro 2011

Banco Comercial Português, S.A. Sociedade Aberta - Sede: Praça D. João I, nº 28, 4000-295 - Porto - Capital Social 4.694.600.000 Euros - Nº Único de Matrícula e de Pessoa Colectiva 501525882. Mediador de Seguros Ligado nº 207074605 - Data de Registo: 26/06/2007. Autorização para mediação de seguros dos Ramos Vida e Não Vida dos Seguradores Ocidental - Companhia Portuguesa de Seguros de Vida, S.A., Ocidental Companhia Portuguesa de Seguros, S.A., e Médis - Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A. e ainda com a Pensões gere - Sociedade Gestora de Fundos de Pensões, S.A. Informações e outros detalhes do registo disponíveis em www.isp.pt. O Mediador não está autorizado a celebrar contratos de seguro em nome do segurador nem a receber prémios de seguro para serem entregues ao segurador. O Mediador não assume a cobertura de riscos inerentes ao contrato de seguro, que são integralmente assumidos pelo Segurador.


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GUTA MOURA GUEDES A HORA DA CRIATIVIDADE ENTREVISTA. Na véspera do arranque de mais uma edição da bienal em Lisboa, a fundadora, porta-voz e incansável impulsionadora da Experimenta Design fala sobre a importância da economia criativa no momento que Portugal atravessa, a cumplicidade com a cidade e com as suas instituições, e a utilidade da inutilidade no desenrolar do processo criativo.

14.

GOLEGÃ GARRA E TRADIÇÃO FOTORREPORTAGEM. Este ano, acontece de 4 a 13 de Novembro. A vila ribatejana volta a vestir o fato de gala para receber cavaleiros, amazonas, coudelarias, turistas e milhares de aficionados. O fotógrafo Ricardo Meireles esteve na edição de 2010 da Feira Nacional do Cavalo e garante: a tradição equestre ainda é o que era.

32. 07. Curtas

78. Boa vida: Pousadas beirãs a dois

40. Em foco: Douro Boys

80. Arte: Jorge Barradas

58. Clean Feed Records — Atitude jazz

82. Automóveis: descapotáveis de luxo

66. Roteiro: Viana do Castelo

92. Estratégia Millennium: repensar o futuro

70. Perfil falado: Sofia Escobar

98. Conversa de algibeira, com Ana Moura

RECTIFICAÇÃO: Por lapso, no artigo “No Caminho Certo”, publicado da edição anterior, trocámos o apelido dos proprietários das Casas do Côro — Carmen e Paulo Romão. Aos visados e aos leitores o nosso pedido de desculpa.

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PESSOAS n CINEMA n DISCOS n LIVROS n VINHOS n EXPOSIÇÕES n ESPECTÁCULOS n EFEMÉRIDES

PENGUIN TATUAGENS LITERÁRIAS LIVROS. Nunca desiludiu e também não desilude agora. No momento em que chega oficialmente à terceira idade, a britânica Penguin Books

mostra de que fibra é feita: criatividade — muita criatividade. Para comemorar os seus 75 anos (foi fundada em 1935), a editora de capas de antologia e catálogo irrepreensível decidiu que não bastava pensar num programa de festas que terminasse em Dezembro de 2010. Por isso, continua a festejar a data especial com uma colecção de capas especiais de obras literárias (clássicas e contemporâneas) assinadas por tatuadores e ilustradores de renome mundial, como Bert Krak, Chris Conn, Tara McPherson, Chris Garver, Pepa Heller, Duke Riley, Valerie Vargas, Duncan X, Han van de Sluys ou Lynn Akura. Em Agosto foram lançadas novas versões de “White Teeth” (Zadie Smith), “High Fidelity” (Nick Hornby), “The Accidental” (Ali Smith), “The Book of Dave” (Will Self), “The Rotters Club” (Jonathan Coe) e “Notes on a Scandal” (Zoe Heller), seis livros que se juntaram a “Money”, de Martin Amis, “Waiting for the Barbarians”, de J. M. Coetzee, “Bridget Jones’s Diary”, de Helen Fielding, ou “From Russia with Love”, de Ian Fleming, entre penguinbooks75.com/penguinink.html outros, numa colecção que conta ainda com os gigantes Don DeLillo, Jack Kerouac e Bruce Chatwin.

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A L M A N AQ U E

11 DE SETEMBRO. Completa-se

uma década sobre o primeiro dia que mudou o mundo no século XXI. Quatro aviões desviados por terroristas lançaram o caos: o Pentágono foi atingido, as torres do World Trade Center caíram e o quarto avião despenhou-se na Pennsylvania. NIRVANA. Para muitos críticos e melómanos, foi «o» álbum da última década do século XX. A 24 de Setembro de 1991, chegava "Nevermind", o segundo disco dos Nirvana. Quem não se lembra de sucessos como "Smells Like Teen Spirit" ou "Lithium"?

SUBMARINO ÁGUAS PROFUNDAS CINEMA. Oliver Tate é um adolescente de 15 anos igual a tantos outros: gozado na escola,

acha que ninguém o compreende, vive avassalado com a recente descoberta do amor e fantasia recorrentemente a sua morte (e uma gloriosa ressurreição). «Quem me dera ter uma equipa de filmagem a acompanhar todos os meus passos», explica na qualidade de narrador da sua própria história. Aliás, são os filmes que imagina na sua cabeça que encaminham parte da narrativa de “Submarino”, uma comédia romântica longe da superficialidade habitual do género. A auspiciosa estreia do realizador inglês Richard Ayoade revela-se através de um filme que capta os devaneios e as melancolias da adolescência, onde os momentos cómicos surgem sempre salpicados com um agridoce sabor a vida real — reforçado pela belíssima banda sonora, assinada por Alex Turner (Arctic Monkeys, The Last Shadow Puppets). Enquanto luta para conquistar o coração de Jordana (Yasmin Page), Oliver (Craig Roberts) faz o que pode para impedir o colapso do casamento dos seus pais (Noah Taylor e Sally Hawkins), agravado pela chegada do sedutor pseudo-guru “new age” Graham Purvis (encarnado com desconcertante perfeição por Paddy Considine), descobrindo o quão complexas são as relações amorosas. “Submarino” chega às salas portuguesas a 29 de Setembro.

ACORDO ORTOGRÁFICO. Com

a nova ortografia na ordem do dia, assinala-se também o centenário da reforma oficial de 1911, que ditou uma profunda alteração da ortografia da língua portuguesa, nomeadamente a eliminação dos dígrafos de origem grega e redução das consoantes dobradas. DESMOND TUTU. Há 25 anos, a 7 de Setembro de 1986, Desmond Tutu torna-se o primeiro negro a ocupar os cargos de Arcebispo da Cidade do Cabo e Primaz da Igreja Anglicana da África Austral, dois anos após ter recebido o Prémio Nobel da Paz.

VINHO A TEMPO INTEIRO ENOTURISMO. Programas vínicos (visitas que podem incluir prova de vinhos, almoço e piquenique) entre os

3 e os 35 euros por pessoa, cursos de vinho com o enólogo Mário Louro, passeios de balão, bicicleta ou “peddy-paper” — para além de produção de mel, azeite e criação de gado bovino e cavalos lusitanos. A pouco mais de uma hora de Lisboa, bem perto de Arraiolos, o Monte da Ravasqueira, ligado há várias gerações à família José de Mello, é uma proposta de enoturismo obrigatória para quem ama o Alentejo. Se tudo aqui parte do vinho, este não podia ser um ano mais reluzente para o Monte da Ravasqueira — cá e lá fora. No mais recente Concurso Nacional de Vinhos, realizado em Santarém, conquistou duas medalhas de ouro (com os tintos Ravasqueira Flavours Petit Verdot 2008 e Monte da Ravasqueira Vinha das Romãs 2008) e uma de prata (com o branco Monte da Ravasqueira 2010), entre 800 vinhos provados por 198 profissionais portugueses e estrangeiros. Em Bruxelas, num dos mais prestigiados certames mundiais, repetiu o ouro com o Monte da Ravasqueira tinto 2009, e a prata com o Fonte da Serrana tinto 2009. www.ravasqueira.com

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EMMA STONE

CORES PRIMÁRIAS CINEMA. Emily Jean Stone nasceu loura

(em Scottdale, Arizona, 1988) e com essa cor de cabelo tentou uma carreira cinematográfica. Tinha 15 anos e convencera a mãe a mudar-se consigo para Los Angeles. De início, as coisas não funcionaram bem. «A minha agente achava que eu, por ser loura, só queria papéis de “cheerleader”», explicou ao “The Independent”. «Portanto, só me enviava a audições onde o júri ficava a pensar “Que adolescente tão estranha. Isto não vai resultar”.» Tornou-se morena e poucos dias depois conseguia o seu primeiro papel — em “The New Partridge Family” (2005), nova versão do sucesso televisivo dos anos 1970 que, no entanto, não passaria do primeiro episódio. Passados dois anos e vários pequenos papéis, estreia-se no grande ecrã em “Super Baldas”, onde tanto encontra o seu território — a comédia — como a «sua cor»: «O [produtor] Judd [Appatow] disse-me para pintar o cabelo de ruivo e acabei por deixá-lo ficar assim.» Desde então, é presença assídua (e ascendente) na “Hot List” da revista masculina “Maxim” e, à excepção do “look” duro, de cabelo preto, em “Zombieland” (2008), foi como «cenourinha» que ficou na retina do público. Actualmente, podemos vê-la em “Amigos Coloridos”. Seguem-se “Amor, Estúpido e Louco”, ao lado de Steve Carrell, Julianne Moore e Ryan Gosling (estreia a 22 de Setembro), e a aventura no território do drama “As Serviçais” (10 de Outubro), adaptação do romance de Kathryn Stockett sobre a vida de empregadas negras em casas de brancos, no Mississippi dos anos 1960. Em 2012, Emma Stone regressará às «raízes»: para o papel de Gwen, namorada do protagonista Peter Parker (Andrew Garfield) nas novas aventuras do Homem-Aranha, o realizador Marc Webb precisava de uma loura. Por nós, tudo bem — desde que não se sigam apenas papéis de “cheerleader”…


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AMADORA BD

PERDIDOS POR HUMOR FESTIVAL. É assim há 21 edições. E a 22ª não será excepção. De 21 de Outubro a 6 de

NELSON DONA*

DA BD PARA O GRANDE ECRÃ 1. TINTIN E O MISTÉRIO DO TOSÃO DE OURO (1961) O primeiro filme de Tintin com cenário e actores reais. Tintin e Haddock embarcam numa odisseia em Istambul quando este recebe de herança o navio Tosão de Ouro. Os tintinófilos consideram-no um dos melhores filmes com a personagem.

Novembro, a Amadora transforma-se em capital portuguesa da BD e ponto de encontro de artistas de vários países e tendências, desta vez a pretexto do tema «Humor». Entre as exposições principais do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, destacam-se: “Passageiros do Vento”, François de Bourgeon; os 60 anos de “Peanuts”; propostas de Filipe Melo, vencedor em 2010 do prémio para “Melhor Argumento”, e de Filipe Andrade, autor português responsável pelo desenho original da linha gráfica do Amadora BD. Há mais: concursos, lançamentos de novos álbuns, prémios nacionais, sessões de autógrafos, debates, contos infantis — tudo em redor do núcleo central do festival, o Fórum Luís de Camões, com as necessárias sucursais na Galeria Municipal Artur Bual, na Casa Roque Gameiro, na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, no Museu Municipal de Arqueologia, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem e na Escola Superior de Teatro e Cinema. Deixe-se perder. www.amadorabd.com PEANUTS © 2011 Peanuts Worldwide, LLC

2. O CARANGUEJO DAS TENAZES DE OURO (1974) Realizado por Claude Misonne, é o primeiro

filme baseado na obra de Hergé, uma animação «imagem por imagem» com marionetas, que respeita escrupulosamente o álbum homónimo.

3. SUPER-HOMEM – O FILME (1978) Realizado por Richard Donner, foi a primeira superprodução do género. Aborda a origem do Super-Homem, disfarçado como repórter Clark Kent (Christopher Reeve), que nutre um romance com Lois Lane (Margot Kidder) e enfrenta o vilão Lex Luthor (Gene Hackman).

4. AMERICAN SPLENDOR (2003) Adaptação da BD autobiográfica do pessimista Harvey Pekar (Paul Giammatti) que, com a ajuda do banda-desenhista Robert Crumb (James Urbaniak), lança com grande sucesso no “underground” a série “American Splendor”.

5. PERSÉPOLIS (2007) Baseado no romance gráfico autobiográfico de Marjane Satrapi, este filme faz uma abordagem política e intimista da vida da autora, da adolescência, durante a Revolução Iraniana, à situação de expatriada, aos 22 anos. * Director do Festival Amadora BD 10.magazine

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CHICO BUARQUE. Chico Após quatro décadas

STEPHEN MALKMUS.

AMOR ELECTRO.

Mirror Traffic Com a “reunion tour” dos

Cai O Carmo e a Trindade Depois do «electro-fado»

Pavement em 2010, pairava alguma expectativa quanto ao novo álbum do líder da mítica banda dissolvida em 1999. Porém neste quinto disco a solo (sempre na boa companhia dos The Jicks e agora com Beck na cadeira de produtor) Malkmus prossegue pelo caminho que iniciou com o registo epónimo de 2001. E volta a fazer um excelente trabalho.

dos Donna Maria, Marisa Lis aventura-se no território da pop regida a guitarra, teclados e letras com a emoção à flor da pele. Para o álbum de estreia, os Amor Electro juntam temas originais e recriações de temas emblemáticos da música portuguesa (Amália, Ornatos Violeta e Sétima Legião são alguns dos revisitados).

PREÇO: 15€

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chicobastidores.com.br

stephenmalkmus.com

facebook.com/AmorElectroPT

de carreira, será que um artista continua a ter algo para dizer? Se for um compositor infalível e um letrista exímio (com os ofícios de romancista e dramaturgo a ajudar) como Francisco Buarque de Hollanda, a pergunta é retórica. “Chico”, o regresso aos originais após cinco anos de (relativo) silêncio, reúne um punhado de novos grandes temas.


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MEIA-NOITE EM PARIS

A HORA MÁGICA CINEMA. De início, a receita da 41ª longa-metragem de Woody Allen parece bastante tradicional: Gil (Owen Wilson), um escritor americano algo perdido na vida, a sua noiva mimada Inez (Rachel McAdams) e os pais dela (ricos, conservadores e pouco entusiasmados com o futuro genro), juntos numa viagem a Paris. Pelo meio, surge um velho amigo de Inez, o pretensioso Paul, cujo pedantismo chega ao ponto de corrigir a guia do Museu Rodin (interpretada pela primeira-dama francesa Carla Bruni). Os dados estão lançados. Gil, completamente irritado e fora do seu elemento, decide caminhar sozinho pelas ruas da Cidade da Luz. E aí começa realmente a história: ao bater da meia-noite acontece algo de sobrenatural e o protagonista dá por si a caminho de uma festa onde conhece Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, é apresentado a Salvador Dalí (Adrien Brody), dá palpites a Luís Buñuel e desenvolve uma paixoneta por Adriana (Marion Cotillard), musa de Picasso. “Meia-Noite em Paris” é, acima de tudo, o refinado humor de Woody Allen em todo o seu esplendor. A crítica está rendida, apontando-o como o seu melhor filme dos últimos anos — e recorde-se que esse lote inclui pérolas como “Vicky Christina Barcelona” ou “Match Point”. “Meia-Noite em Paris” estreia nos cinemas portugueses a 15 de Setembro.

CENTENÁRIO PELA LENTE DE REDOL EXPOSIÇÃO. A comemoração dos 100 anos de nascimento do escritor Alves Redol

(1911-1969) prossegue em Setembro com a exposição de fotografia “A Figura”, da autoria de Pedro Loureiro, no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, cidade onde o autor de “Avieiros” ou de “Os Homens e as Sombras” nasceu, a 29 de Dezembro. O manifesto da exposição é claro: «O conjunto de retratos de Pedro Loureiro resulta de um jogo imagético que procura abordar o fio de identidade ou reconhecimento que possa existir entre a memória das figuras que outrora alimentaram a literatura redoliana e os ambientes humanos encontrados hoje nas mesmas regiões.» “A Figura” estará patente até 11 de Dezembro. Mais informações sobre a programação do centenário no “website” www.cm-vfxira.pt.

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O músico britânico regressa a Portugal para dois concertos (1 de Outubro, no Hard Club, Porto, e um dia depois no Coliseu de Lisboa) de apresentação do seu novo álbum de originais, "Ninth", precisamente o nono da era pós-Bauhaus.

A

NÃ O

P E R D E R

PETER MURPHY.

A MINHA VIAGEM PELA EUROPA.

TINARIWEN. Do deserto do

Charlie Chaplin I Matéria Prima

Sara para o Teatro Municipal de Vila do Conde, com o novo álbum "Tassilli" na bagagem. O grupo que se juntou em 1979 num campo de refugiados da Líbia começa a nova digressão em Portugal. Dia 4 de Outubro.

O eixo Londres-Paris-Berlim tem outro encanto se for descrito por um dos maiores comediantes de sempre. Foi isso que fez Charlie Chaplin (1889-1977), depois de sete anos de intenso trabalho em Hollywood. Aproveitando a estreia do seu filme “O Garoto de Charlot” na capital britânica, inicia uma viagem pela Europa que acordava da guerra como podia. A aventura, no fim, servirá também como espelho das fraquezas, desejos e ideias da estrela de “O Grande Ditador” e “Tempos Modernos”. Logo na primeira linha do relato, Chaplin explica parte das razões desta odisseia: «Um empadão de carne, uma gripe e um telegrama». O enigma faz parte do jogo.

STUART STAPLES. O vocalista

PREÇO: 15€

dos Tindersticks é um dos cabeças de cartaz do Sintra Misty, que decorre de 13 a 23 de Outubro no Centro Cultural Olga Cadaval. Para o primeiro dia, Staples promete um «concerto especial», acompanhado por David Boutler (piano e teclados) e Dan McKinna (contrabaixo).

MOSCATEL O MELHOR DO MUNDO PRÉMIO. A casa Venâncio da Costa Lima,

fundada em 1914, ostenta desde Julho o maior selo internacional de qualidade: o primeiro prémio no concurso francês Muscats du Monde ou, por outras palavras, o melhor moscatel do mundo. O “Moscatel de Setúbal — Reserva 2006” venceu a 11ª edição da prestigiada prova cega realizada em Montpellier por 55 provadores de várias nacionalidades, deixando para trás a concorrência de 210 moscatéis de 23 países. É a primeira vez que um moscatel português chega tão longe — e agora a ideia passa por exportar. Das sei mil garrafas produzidas, restam menos de quatro mil. venanciodacostalima.pt

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COMER O MUNDO. Maria e Kiko Martins Objectiva Balchão de camarão (Índia), borrego estufado com marmelo (Síria) ou matapa de nabiças (Moçambique). Três das dezenas de receitas que os portugueses Maria e Kiko Martins (jornalista e cozinheiro, respectivmente) trouxeram da sua experiência de mais de um ano de mochila às costas a provar e cozinhar o que 23 países (do Peru ao Japão, de Zanzibar ao Canadá) têm para oferecer. Um prato original. PREÇO: 24,90€

PARA ALÉM DE BIN LADEN. Jon Meacham Dom Quixote «Ao contrário do comunismo soviético, o terrorismo estará sempre connosco.» A frase é de Jon Meacham, organizador deste volume de ensaios — cuja edição portuguesa é prefaciada por Nuno Rogeiro — escritos por analistas que reflectem, uma década após o 11 de Setembro, sobre as implicações políticas, militares e culturais da «guerra ao terror pós-Bin Laden». PREÇO: 5,95€

A HISTÓRIA DO MUNDO EM 50 FRASES. Helge Hesse Casa das Letras Não há medida certa para entender a História, mas Hesse recorreu a meia centena de frases (de «conhece-te a ti mesmo», de Tales de Mileto, ao «eixo do mal» de Bush, passando por Sócrates, Marx ou o primeiro passo do Homem na Lua), distribuídas por mais de dois mil anos, para compor as tonalidades de um quadro que atravessa os momentos-chave do mundo. PREÇO: 15€


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ENTREVISTA

PRESIDENTE DA EXPERIMENTA DESIGN

NA VÉSPERA DO ARRANQUE DE MAIS UMA EDIÇÃO DA BIENAL EM LISBOA, A FUNDADORA, PORTA-VOZ E INCANSÁVEL IMPULSIONADORA DA EXPERIMENTA DESIGN FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA CRIATIVA NO MOMENTO QUE PORTUGAL ATRAVESSA, A CUMPLICIDADE COM A CIDADE E COM AS SUAS INSTITUIÇÕES, E A UTILIDADE DA INUTILIDADE NO PROCESSO CRIATIVO.

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TEXTO JOテグ MESTRE FOTOGRAFIA LUIS DE BARROS

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GUTA MOURA GUEDES

F

oi muito crítica quando foi retirado o apoio à Experimenta Design, em 2007. Volvidos estes quatro anos, como estão as coisas?

Serei sempre crítica com pessoas que assumem compromissos e não os cumprem. Na altura, o então presidente da Câmara de Lisboa falhou um compromisso. E só assumiu que ia falhar num momento que já tornava as coisas inviáveis. Tirando isso, aquilo que encontrei desde 1999 até agora foi um entendimento muito claro do projecto e da importância da bienal para Lisboa e para Portugal. A nossa relação com o Estado e o poder local começou tímida mas logo bastante empenhada e foi sempre crescendo. Costumo dizer que [a retirada do apoio] é um acidente de percurso. E em 2008, ao firmar-se o protocolo com os ministérios da Cultura e da Economia e a Câmara Municipal de Lisboa, houve uma clarificação absoluta quanto ao interesse de fazer a Experimenta Design – e penso que não foi só em relação à Experimenta, mas também noutras frentes ligadas à criatividade. Houve um processo de aprendizagem e, nesse sentido, a Experimenta pode sentir-se orgulhosa por ter aberto portas que permitiram ajudar esse entendimento essencial no nosso país. Foi difícil retomar a bienal após este hiato, nomeadamente recuperar a confiança dos intervenientes?

Foi um grande teste. Dois meses após a interrupção, fomos contactados pela Câmara Municipal de Amesterdão para levar a bienal para lá. E recebemos e-mails do mundo inteiro, da comunidade criativa – de directores de instituições a criadores como Philippe Starck – e das empresas que nos apoiaram, a dizer «Não desistam, estamos convosco!». Houve até uma carta, escrita por Max Bruinsma e assinada por uma multidão de gente, a demonstrar o apoio ao projecto. O nosso trabalho tem mostrado sempre uma grande dimensão de profissionalismo e isso permitiu-nos conquistar parceiros que se mantiveram ao longo do tempo. Obviamente que sermos convidados por Amesterdão foi também uma espécie de bofetada de luva branca para quem causou a interrupção em Lisboa. Houve sempre interesse internacional no projecto. Mas sempre defendemos que a bienal e a nossa estrutura são portuguesas, mesmo tendo um percurso internacional e uma série de projectos lá fora. No entanto, é um projecto que não se faz sem a cidade o querer, só é possível com um trabalho inteligente e cúmplice de quem a dirige. O trabalho com o António Costa tem sido muitíssimo bom nesse sentido. Mas não é só com ele – é interessantíssimo ver o grupo de amigos e apoiantes da Experimenta que temos na Câmara desde 1999. Eles fazem tudo por tudo, colaboram de uma forma absolutamente determinante para que cada edição corra bem. Tinha noção de a Experimenta ter tamanho impacto internacional antes de ter lido essa carta e recebido esses e-mails?

Tinha, muito francamente. Porque tem a bienal sido tão bem sucedida? Por ser muito importante em Portugal, obviamente – mas também por ser importante no circuito internacional. Soubemo-lo na primeira edição: o “feedback” imediato foi muito expressivo. Por

uma série de circunstâncias, conseguimos desenhar o projecto certo, na cidade certa, no momento certo. Nacional e internacionalmente. Se tivesse sido três ou quatro anos mais tarde já teria sido complicado. A ideia foi totalmente inovadora, não havia nenhum evento no mundo que tratasse o design de uma perspectiva cultural, não ligada ao mercado. O que viemos acrescentar foi realmente diferente. E é isso que tenho defendido desde o princípio: Portugal deve lançar-se em projectos fortes mas inovadores, diferenciadores. Não podem ser miméticos porque não vale a pena, não temos escala para isso. Temos de marcar a diferença – e temos de marcá-la no plano internacional. Quando começou a Experimenta, vivia-se o optimismo do pós-Expo’98 mas ninguém a conhecia. Hoje tem uma credibilidade inquestionável mas vive-se um período de enorme pessimismo. Quando foi mais difícil montar a Experimenta – no início ou agora?

Nunca foi tão difícil como da primeira vez e nunca foi tão difícil como agora. 1998 foi um momento bom a vários níveis, mas na área da cultura havia muito para desbravar. Tínhamos de abrir caminho em todas as frentes, foi um ano de conquista. E de muita dificuldade: ninguém nos conhecia, estávamos a dizer que íamos fazer uma coisa mas não havia nenhuma referência. E eu estava longe de quaisquer circuitos, sempre vivi em Torres Vedras, não tinha nada – para além de uma grande determinação, uma boa equipa e um belíssimo projecto. Agora é completamente diferente: conquistámos uma posição muito forte e não há empresa ou entidade que diga que não quer estar connosco. Porém, confrontamo-nos com uma grande crise económica e as crises setembro/outubro 2011

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ENTREVISTA

O DESIGN SITUA-SE NUM PONTO DE CHARNEIRA ENTRE A CULTURA E A ECONOMIA. É ESSE O NOSSO TERRITÓRIO.

económicas têm esse «detalhe»: há menos meios financeiros disponíveis e a cultura é sempre uma das frentes mais penalizadas. A grande vantagem é que se tornou completamente claro algo de que há doze anos não se falava: a economia criativa. Há um entendimento económico da criatividade e da cultura. E o design situa-se nesse ponto de charneira entre a cultura e a economia. É esse o nosso território, e isso tem imenso valor para os nossos parceiros. Temos na nossa mão coisas utilíssimas para aquilo que será a nova sociedade, a nova economia, quando sairmos desta crise. É muito entusiasmante porque não temos «nãos», apenas «vamos ver como reorganizamos a relação convosco e de que forma rentabilizamos aquilo que estão a fazer sem ser só uma relação mecenática». É um grande desafio. O problema é a questão do “timing”. Porque estas estruturas são frágeis e o tempo pode ser fatal. Desde há dois anos começámos a antecipar este cenário e a redesenhar a estrutura da associação, rentabilizando aquilo que fazemos de forma diferente, para entrarmos na área da prestação de serviços e da consultoria – mantendo a bienal como projecto principal, obviamente. Sente uma maior receptividade no tecido empresarial português ao design?

Sem dúvida. A crise obriga as empresas a rever as suas estratégias. Ficou claro que temos de apostar na inovação para sermos competitivos. Isso significa que as nossas empresas precisam de design. Como não podemos imitar, é preciso trazer os criadores para dentro da indústria. Segundo factor: as gerações mais novas de CEO são muito cosmopolitas, com um entendimento global do mundo, e é impensável em qualquer ponto do mundo não introduzir design e criatividade numa empresa. No entanto, há que deixar claro que o design não é solução para tudo. E a nossa indústria padece de problemas estruturais sérios que não se solucionam só com a adição de design. Há uma série de frentes que devem ser revistas – muito concretamente, nas áreas de planeamento estratégico, comunicação e gestão – e articuladas com a introdução do design. Outra coisa importante: o design não é algo que entre a meio do processo, deve estar presente desde o início. E não é panaceia para todos os males, é parte de um sistema que tem de ser redesenhado e sei que há muitas empresas em Portugal que já o estão a fazer com bons resultados. Vamos falar sobre isso num simpósio sobre economia criativa, a 13 e 14 de Outubro, que irá marcar a nossa entrada no tema. Falando da edição de 2011: o tema é “Useless” («Inútil»). É possível o design ser inútil?

É uma das grandes questões. É talvez um dos temas mais provocadores e estimulantes a nível intelectual que a Experimenta alguma vez teve. Quisemos um tema que levantasse, acima de tudo, muitas questões. Há coisas óbvias: são muitas as estruturas que fazemos com um determinado propósito e que depois, por um ou outro motivo, não cumprem esse objectivo e se tornam aparentemente sem uso durante algum tempo. E o facto é que, não sendo nenhum designer «briefado» para produzir algo inútil, uma grande quantidade de produtos que nos rodeiam têm pouco uso e poderão ser substituídos ou reduzidos – o tema também está ligado à utilização de recursos e à questão de estarmos a responder a necessidades consumistas num momento em que devíamos estar focados na sustentabilidade. Outra dimensão, na minha opinião, é que para se ser verdadeiramente 18.magazine

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inovador, há que criar momentos de aparente inutilidade. Há um uso fundamental da inutilidade – desligarmos, deixarmos as coisas em “stand-by”, assumirmos que não estamos a fazer nada. Esses momentos são essenciais para, a seguir, se poder fazer coisas novas. E depois há dimensões tão mais poéticas, como a existência da beleza: Qual é o papel da beleza? Será que ela tem uso? É um tema que, no fundo, tem imensas hipóteses de leitura – umas mais filosóficas, outras mais pragmáticas, umas mais ligadas a questões de sustentabilidade, outras à indústria. Tem sido fascinante fazer este programa. E não sei o que vamos ver quando abrirmos a 28 de Setembro – os curadores, conferencistas e “hosts” das “Open Talks” têm total liberdade para trabalharem, portanto estamos sempre na expectativa. Somos parte do público. Foi recentemente anunciado que a Experimenta chegará a São Paulo em breve. Quando será a edição inaugural?

Não posso falar muito sobre isso. Ainda não falei com o presidente da Câmara de Lisboa, só divulgarei depois de articulado com ele – não fazemos nada sem articular com Lisboa e com os nossos parceiros institucionais. Apenas posso dizer que o processo está a ser preparado há uns anos e que está a correr muito bem. Lisboa tem aí uma certa «primazia». A Experimenta também pertence a Lisboa?

Pertence. Sem dúvida. É uma marca inter nacional de Lisboa e de Portugal – é disso que eu gosto na Experimenta Design. Acima de tudo, é uma marca internacional portuguesa e isso dá-lhe um posicionamento e um valor acrescentado muito interessantes.


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PERCURSO DE VIDA EM 60 SEGUNDOS. Augusta Regina Moura Guedes nasceu em Torres Vedras, cidade onde ainda reside, em 1965. Estudou piano (fez o 4º ano do Conservatório), experimentou Biologia e acabou por licenciar-se em Gestão Hoteleira, em 1987. Frequentou depois o curso de Design da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, onde, em boa parte graças ao contacto com o «mestre» Daciano Costa, descobriu, por fim, o seu território: o design. Em 1998, voltou fascinada do Salão do Móvel de Milão e, em conversa com Marco Sousa Santos, decidiram criar «algo dentro desse território» em Portugal. Nascia a Experimenta — Associação para a Promoção do Design e Cultura de Projecto e, um ano depois, a primeira edição da bienal, que regressaria a Lisboa a cada ano ímpar (exceptuando 2007, por recuo de um dos principais parceiros). Em 2008, o conceito foi «exportado» para Amesterdão. Entre responsabilidades da Experimenta, Guta fez programas de televisão, foi administradora da Fundação Centro Cultural de Belém (2004-2005) e assessora da Fundação Casa da Música (2006-2008), integrou o Comité Científico da Capital Mundial do Design 2008, em Turim (onde comissariou também uma exposição), e tem embarcado numa infinidade de projectos nacionais e internacionais até que, há coisa de seis meses, se apercebeu de que o seu principal projecto precisava de mais atenção. «O passo que vamos dar é muito grande, ambicioso, exigente. Profissionalmente tenho de estar — e quero estar — completamente focada na Experimenta.»


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ENTREVISTA

EXPERIMENTA DESIGN 2011. Guta Moura Guedes resume os pontos altos da 6ª edição da bienal de Lisboa, dedicada ao tema “Useless” («Inútil»): «A Semana Inaugural [28 de Setembro a 2 de Outubro], quando acontecem as conferências e as “Open Talks”, é sempre um “must”. É um momento único em Lisboa porque se podem ouvir todas as discussões teóricas sobre o tema, ouvir grandes pensadores e criadores do mundo inteiro que estão cá para falar sobre o seu trabalho. Destaco também o Tribunal da Boa Hora, que vai ser transformado num grande “hub” criativo durante estes dois meses, com programação contínua de “workshops”, seminários, conferências, um ciclo de cinema, projecções, intervenções ligadas ao design, à arquitectura, à cultura de projecto. Por último, tenho muito gosto em ter conseguido uma Experimenta para quem gosta de andar: pode-se começar no Jardim das Amoreiras e ir fazendo o circuito das exposições a pé, sem ter de usar carro, sem ter de consumir recursos, uma bienal “carbono zero”.» l A Experimenta Design 2011 decorre entre 28 de Setembro e 27 de Novembro Locais, horários e programação detalhada em experimentadesign.pt/2011

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Assistente de fotografia: Hugo José Pós-produção: Álvaro Teixeira Maquilhadora: Sónia Pessoa Cabelos: Sofia Gonçalves para griffe Sessão realizada nos estúdios da Southwest


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© HERGÉ/MOULINSART 2011

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TEXTO JOÃO ALEXANDRE

SPIELBERG, HERGÉ E A HISTÓRIA DE UM FILME, TUDO TINTIM POR...

HÁ FILMES QUE DEMORAM UMA VIDA ATÉ À FASE DE RODAGEM. “AS AVENTURAS DE TINTIN: O SEGREDO DE LICORNE” ESTEVE MUITO PERTO DE BATER ESSE RECORDE. AGUARDADO EM HOLLYWOOD COMO O GRANDE ACONTECIMENTO CINEMATOGRÁFICO DE 2011, É O RESULTADO DE UMA HISTÓRIA COM 30 ANOS – SÓ EM 1981 OUVIU STEVEN SPIELBERG O NOME DO MAIS FAMOSO JORNALISTA DO MUNDO. DESDE ENTÃO, O REALIZADOR NORTE-AMERICANO NÃO ESQUECEU AS AVENTURAS CRIADAS POR HERGÉ. DIA 27 DE OUTUBRO, SENHORAS E SENHORES, CHEGA ÀS SALAS DE CINEMA A PRIMEIRA GRANDE ADAPTAÇÃO DE TINTIN. setembro/outubro 2011

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CULTO

tudo o vento poderia ter levado há 30 anos, após o desencontro entre Georges “Hergé” Remi e Steven Spielberg. Recuemos a 1981. O realizador norte-americano conhece Tintin pela primeira vez numa revista francesa que publicava uma crítica sobre “Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida”. Mal sabia falar francês, mas distinguiu o nome do fiel companheiro de Milu. «Recordo ler essa crítica sem entender nada, excepto que a palavra “Tintin” aparecia uma e outra vez. Pedi uma tradução do texto e basicamente dizia que eu teria de ter lido todos os “comics” de Hergé porque era claríssimo que estava fazer-lhe uma homenagem», contou Spielberg recentemente ao jornal “El País”. «Pedi logo a um dos meus ajudantes que conseguisse um dos álbuns, creio que me trouxe “Tintin e as Sete Bolas de Cristal”. Começava ali o meu idílio com o personagem. Chamei Kathleen [Kennedy, sua produtora de sempre] e disse-lhe que tínhamos de converter aquilo numa película. Perguntei-lhe por onde deveríamos começar e ela respondeu: “Tens de falar com Hergé”. E assim fizemos.» As vozes destes dois pesos-pesados da sétima e nona artes cruzaram-se dois anos depois. Em 1983, Spielberg rodava em Londres o segundo capítulo da saga Indiana Jones. «Falaram por telefone. Hergé tinha visto “Os Salteadores da Arca Perdida” e ficara encantado. Se alguma vez Tintim fosse adaptado ao cinema, dizia ele, Steven era o único que podia fazê-lo», revelou Kathleen Kennedy em Julho, na apresentação mundial do filme em Paris. (Por essa altura, na verdade, Tintin já fora adaptado – em 1947, com a assinatura de uns desconhecidos Claude Misonne e João B. Michiels, e produção de um pequeno estúdio belga; em 1961, realizado pelo francês JeanJacques Vierne; e depois ainda em uma ou duas ocasiões de pouca monta.) Voltando à conversa telefónica: Hergé e a mulher convidaram-no de pronto a visitá-los em sua casa, na Bélgica, tendo acordado o encontro para umas semanas mais tarde. A morte de Hergé, a 3 de Março de 1983, foi um duro revés. Ainda assim, a viúva do desenhador belga decidiu ceder os direitos a Spielberg, que deu luz verde a Melissa Matheson, guionista de “E.T.”, para

TINTIN É UM ÊXITO QUASE SEM PRECEDENTES NA BD EUROPEIA, COM 350 MILHÕES DE LIVROS VENDIDOS.

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escrever o argumento, enquanto ele filmava “O Templo Perdido”. O texto de Melissa não convenceu o realizador e os direitos regressaram aos herdeiros de Hergé. Só em 2002, depois de se interessar novamente pelo projecto perdido, Spielberg conseguiu que a DreamWorks recuperasse os direitos do jornalista mais famoso do mundo. Steven Spielberg tem agora cumprido, finalmente, um dos seus sonhos. “As Aventuras de Tintin: O Segredo de Licorne”, a sua primeira adaptação da obra de Hergé, é um dos momentos cinematográficos mais esperados de 2011, com estreia marcada para Portugal a 27 de Outubro. Com produção de Peter Jackson (realizador de “O Senhor dos Anéis” e “King Kong”), guião dos britânicos Steven Moffat, Edgar Wright e Joe Cornish, e elenco principal partilhado por Jamie Bell (Tintin) – que muitos conhecem de “Billy Elliot” –, Andy Serkis (Capitão Haddock) e Daniel Craig (Rackham, o Terrível), a história enrola três álbuns de Hergé – “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”, “O Segredo do Licorne” e “O Tesouro de Rackham, o Terrível” –, decisão motivada pela necessidade de introduzir os personagens-chave de uma só vez. É um filme, todo ele, feito com as potencialidades da era digital, e supervisionado pela Weta Digital, empresa criada por Peter Jackson, que também já trabalhara em “Avatar”. «Cresci com o Tintin, e quando temos sete ou oito anos tudo o que queremos é ser como ele, por isso, depois da chamada de Steven, não tive dúvida nenhuma», afirmou Jackson,


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já convocado para realizar a segunda parte da saga, prevista para 2013. «Vou voltar a ler todas as aventuras de Tintin para decidir quais irei utilizar», confessava em 2009 ao jornal “Le Monde”. «Para o terceiro filme gostaria de adaptar um dos álbuns em que Tintin vai à Lua.» Spielberg e Jackson decidiram-se pela “motion capture”, técnica que converte os actores em personagens de animação através de um complexo sistema de sensores ligados a computadores, a mesma utilizada por James Cameron em “Avatar” e por Robert Zemeckis em “Polar Express”. «Gosto de pensar que posso fazer coisas novas, usar diferentes tecnologias, contar histórias distintas. Tenho claro para mim que o meio não é a mensagem», defendeu em Paris o responsável por “blockbusters” clássicos como “E.T.”, “Indiana Jones” ou “Tubarão”. «Senti-me mais do que nunca um pintor», confessou ao jornal “Los Angeles Times”. «Tive a oportunidade de fazer tantas coisas que normalmente não faço como realizador.» Refere-se à tecnologia utilizada na produção: «Consegue-se trabalhar com um aparelho pouco maior do que um comando de Xbox que nos coloca num mundo virtual.» Se Hergé conseguiu que a sua criação se convertesse, primeiro, numa referência incontornável da BD franco-belga e, depois, num género de aventura que das páginas dos álbuns se transformou em ícone animado do século XX, com diversas gerações de leitores, Tintin versão marca registada é um êxito comercial quase sem precedentes na BD europeia, sempre com o controlo férreo da Moulinsart SA – sociedade responsável pelos direitos, após a morte de Hergé, formada pela viúva, Fanny Remi, e pelo seu actual marido, Nick Rodwell. A série que apareceu pela primeira vez no “Le Petit Vingtième” – suplemento infantil do jornal belga “Le XXe Siècle” – a 10 de Janeiro de 1929, tinha Hergé apenas 22 anos, já vendeu, pelo menos, 350 milhões de exemplares divididos por 24 álbuns (23 publicados por Hergé até 1976 e um póstumo) e 80 idiomas, e posteriormente alvo de adaptações para cinema, rádio, teatro, televisão e videojogos. Tintin, Milu ou o capitão Haddock podiam até hoje passear nos EUA sem serem reconhecidos, mas o filme de Spielberg (que custou mais de 135 milhões de dólares) abrirá um mercado de outros tantos milhões. E durante muitos anos: «É uma saga que gostaria de continuar a explorar.» l us.movie.tintin.com

VANTAGEM MILLENNIUM. Partilhamos a paixão pelo Cinema Sempre que for ao cinema, escolha uma das salas ZON Lusomundo e, ao comprar um bilhete a preço normal com o seu cartão de crédito Prestige Security, recebe outro para a mesma sessão do filme escolhido. Máximo de um bilhete por dia e por cartão, não acumulável com outros descontos. Exclui taxas VIP, “upgrade” 3D digital e óculos 3D. Prestige Security, um mundo de vantagens. Informe-se detalhadamente junto do Millennium bcp. TAEG de 31,3% e TAN de 23,020% para crédito de 2.500€ pago em 12 prestações mensais.

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CULTO TINTIN

TINTIN VOYAGEUR. EDIÇÃO ESPECIAL “GEO” Dos Andes ao Zaire, passando pelo Tibete, pela Escócia e até por países imaginários como a Sildávia, o repórter do “Le Petit Vingtième” já deu umas quantas voltas ao mundo (e mesmo fora dele, com uma passagem pela Lua). Em 2001, a revista francesa de viagens “Geo” lançou-se no trilho das aventuras de Tintin para criar uma edição de 190 páginas dedicada ao «maior viajante do século XX». Inclui figuras de Tintin e Milu em PVC (em francês; www.prismashop.fr; 33,25€).

1000 BORNES. JOGO DE TABULEIRO As personagens de Hergé dão nova vida ao clássico jogo francês, criado em 1954 por Edmond Dujardin. O objectivo mantém-se: ganha o primeiro jogador a percorrer mil quilómetros ou, numa tradução mais fiel ao título, mil marcos quilométricos (“bornes”, em francês). Para lá chegar, é preciso um pouco de astúcia e, acima de tudo, sorte nas cartas (em francês; disponível a partir de 28 de Setembro em amazon.fr; 40,10€).

A MALA DE OLIVEIRA DA FIGUEIRA* Artigos de que qualquer tintinófilo pode necessitar e «a preços sem concorrência».

INTEGRAL TINTIM. AVENTURAS ANIMADAS A série animada do início da década de 1990 revisita as aventuras do jovem repórter, de “Tintin na América” (originalmente lan çado em 1932) a “Tintin e os Pícaros” (1976) — de fora ficaram apenas os primeiros álbuns “No País dos Sovietes” e “No Congo”, e o último “A Alph-Art”. Ao todo, são 21 aventuras em outros tantos episódios, reunidas numa caixa de edição limitada (legendado em português; www.fnac.pt; 99,90€).

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TINTIN AND THE SECRET OF LITERATURE. O “CÓDIGO HERGÉ” O escritor inglês Tom McCarthy — finalista do Man Booker Prize em 2010 com o romance “C” — deu-se ao trabalho de esgravatar segredos, referências e enredos de cada história e não tem dúvidas quanto à qualidade literária do trabalho de Hergé: «Quem quiser ser escritor, estude bem [o álbum] “As Jóias de Castafiore”. Contém todas as chaves formais da literatura, todos os segredos do ofício.» (em inglês; www.wook.pt; 9,91€)


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TOUT TINTIN. TODA A OBRA A editora Casterman pegou em todos os (24) álbuns e juntou-os numa só edição — com nada menos que 1694 páginas de leitura — a preço de amigo. Na caixa “Tout Tintin” cabe toda a saga do grande aventureiro, do primordial “Tintin no País dos Sovietes”, de 1930, ao álbum póstumo (e inacabado) “Tintin e a Alph-Art”, lançado em 1986 (em francês; www.fnac.pt; 91,52€).

CHRONOLOGIE D’UNE OEUVRE.

LE MYSTÈRE DE LA TOISON D’OR.

ANTOLOGIA ESSENCIAL, VOL. I Philippe Goddin, secretário-geral da Fundação Hergé (1989-1999) e “hergéologista” encartado, apresenta uma abordagem exaustiva da obra do autor, revelando episódios pouco conhecidos, desenhos inéditos e tudo o que os fãs sempre quiseram saber. O primeiro destes sete volumes de 420 páginas vai de 1907 a 1931 — o nascimento de Georges Rémi e o lançamento de “Tintin no Congo”, respectivamente (em francês; tintinboutique.com; 105€).

FILME EM DVD A primeira adaptação cinematográfica com actores de carne e osso saiu há meio século, realizada por Jean-Jacques Vierne, protagonizada por Jean-Pierre Talbot e baseada num argumento original (aprovado por Hergé) de André Barret e Rémo Forlani. Pode não ter sido um sucesso comercial, mas continua a ser uma peça de colecção indispensável para tintinófilos devotos (em francês e inglês; amazon.co.uk; 11,99£).

TINTIN & MILU. FIGURA EM PVC Personagens, adereços e reconstituições de cenas: bonecada é coisa que não falta na Tintin Boutique. Nesta figura de oito centímetros em PVC, o aventureiro e o seu fiel companheiro de quatro patas caminham pelo deserto árabe, reproduzindo uma das vinhetas de “Os Charutos do Faraó”. A embalagem, em cartão, desdobra-se para se transformar em cenário (tintinboutique.com; 20€).

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Oliveira da Figueira é um jovial caixeiro-viajante português que trava conhecimento com Tintin em “Os Charutos do Faraó”, disponibilizando de imediato os seus «préstimos»: «Posso oferecer-lhe, a preços sem concorrência, qualquer artigo de que necessitar.» Vendedor experiente que é, impinge ao herói coisas tão «úteis» em pleno deserto como um papagaio, um par de esquis ou uma casota com rodas (entre outras coisas). Volta a surgir em “O País do Ouro Negro”, “Perdidos no Mar” e “As Jóias de Castafiore”.

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PUBLIRREPORTAGEM

Já albergou

UMA NOVA FORMA DE REQUINTE PALACIANO OUTRORA RESIDÊNCIA DOS CONDES DE MESQUITELA, O PALÁCIO SEISCENTISTA EM PLENO CORAÇÃO DE LISBOA GANHA NOVA VIDA.

duas escolas e um museu. Antes disso, das suas janelas assistiram treze gerações da família Sousa Macedo a quatro séculos de transformações na cidade de Lisboa. Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1993, o Palácio Mesquitela – assim designado por ter servido de residência a D. Luís de Sousa Macedo, 1º Visconde de Mesquitela, em meados do século XVIII – ganha agora uma nova vida, reconvertido, segundo projecto do arquitecto Diogo Lima Mayer (atelier Intergaup), em condomínio privado. O edifício, que ocupa todo o quarteirão entre a Calçada do Combro, as travessas do Judeu e do Alcaide e a Rua do Sol à Santa Catarina, é constituído por 7 “lofts” e 36 apartamentos (tipologias T1 a T4), todos distintos entre si, com áreas totais entre os 56,92 e os 220,66 metros quadrados, contando também com quatro espaços comerciais e jardim interior. A fachada que acompanha a Calçada do


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Combro foi preservada, assim como a emblemática porta principal encimada pelo escudo de armas da família Sousa Macedo, no gaveto com a Travessa do Alcaide, e a capela que servia o palácio, agora inteira e exclusivamente à disposição dos residentes. Para além do cuidado pelo legado histórico do edifício, o projecto de reconversão foi desenvolvido com grande atenção aos pormenores – da escolha de materiais de construção aos acabamentos e equipamentos – e à configuração do espaço, tanto interior como exterior. A localização é a cereja em cima bolo: a pé, vai-se, em menos de dez minutos, a São Bento, ao Chiado, a Santos, ao Jardim do Príncipe Real. Promotor Euronápoles Lda Grupo Paço Investimentos Imobiliários S.A T.: +351 218 409 242 I F.: +351 218 479 315 M.: +351 910 914 884 E-mail: comercial@palaciomesquitela.com palaciomesquitela.com I paco.pt


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FOTORREPORTAGEM

GOLEGÃ

GARRA & TRADIÇÃO ESTE ANO, É DE 4 A 13 DE NOVEMBRO. A VILA RIBATEJANA VOLTA A VESTIR O FATO DE GALA PARA RECEBER CAVALEIROS, AMAZONAS, COUDELARIAS, TURISTAS E MILHARES DE AFICIONADOS. O FOTÓGRAFO RICARDO MEIRELES ESTEVE NA EDIÇÃO DE 2010 DA FEIRA NACIONAL DO CAVALO E GARANTE: A TRADIÇÃO EQUESTRE AINDA É O QUE ERA. 32.magazine

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FOTORREPORTAGEM

Quem calcorreia as ruas da vila da Golegã percebe imediatamente o que tem séculos de história: esta é a capital equestre de Portugal. Solos férteis chamaram grandes agricultores e criadores de cavalos, isto há centenas de anos — e desde então, até com a ajuda do Marquês de Pombal, a Feira de São Martinho (sempre por alturas de Novembro) tornou-se palco de prestígio e orgulho de cavaleiros, comerciantes e admiradores da arte equestre. Mudou de nome em 1972, mas não de personalidade: é a Feira Nacional do Cavalo, responsável por atrair, durante pouco mais de uma semana, milhares de visitantes (entre eles, muitos estrangeiros).

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FOTORREPORTAGEM

O guião não será muito diferente na 36ª edição (em paralelo com a 13ª Feira Internacional do Cavalo Lusitano), de 4 e 13 de Novembro. O que é nacional é bom, dizem alguns dos melhores criadores de todo o mundo, que não perdem a oportunidade de participar, negociar e ver de perto a qualidade de raças portuguesas (e não só), como a Lusitana ou a Sorraia, perfeitas para ensino dos mais novos. O Largo do Arneiro veste-se de gala para receber cavaleiros e amazonas trajados a rigor, famílias que aproveitam o fim-de-semana para comer em tascas improvisadas, beber água-pé ou provar castanhas (afinal, é São Martinho), turistas que não só gostam de cavalos como procuram o que há de tradicional e típico em Portugal, aficionados que guardam sempre férias 36.magazine

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FOTORREPORTAGEM

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FEIRA DA GOLEGÃ

para acompanhar de perto as últimas novidades desta capital equestre já com dimensão internacional, e coudelarias que esperam por bons compradores. Se em 2010 foram inscritos 1500 cavalos e 200 atrelagens, para este ano prevê-se igual ou melhor. O programa da feira não se faz só de negócios. A 36ª edição, com dois «palcos» principais — Largo do Arneiro e Quinta de Santo António —, inclui diferentes concursos (de salto de obstáculos a completo de atrelagem, de resistência equestre a “dressage”); provas de perícia e destreza, e também de equitação à portuguesa; cortejos de romeiros de São Martinho; finais do campeonato nacional de “derbies” e do campeonato da maneabilidade dos centros hípicos; horse ball ou actuação da escola portuguesa de arte equestre. l www.horsefairlusitano.org setembro/outubro 2011

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EM FOCO

DOURO BOYS

NOVOS ARTESテグS DA VINHA


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TEXTO IRENEU TEIXEIRA FOTOGRAFIA RICARDO MEIRELES

CINCO PRODUTORES INDEPENDENTES DE VINHO DO DOURO LANÇARAM UMA CAMPANHA CONJUNTA DE MARKETING E A REGIÃO RENASCEU PARA UMA SEGUNDA VIDA. A VISÃO DE TOMÁS E MIGUEL ROQUETTE, FRANCISCO OLAZABAL, JOÃO FERREIRA, CRISTIANO VAN ZELLER E DIRK VAN DER NIEPOORT É UM EXEMPLO ACABADO DE QUALIDADE, EMPREENDEDORISMO E SUCESSO COM SELO PORTUGUÊS.

A

designação nasceu de forma natural, sinónimo de alguns dos mais dignos representantes da nova geração de enólogos e produtores durienses. A saber: Quinta do Crasto (Tomás Roquette, Miguel Roquette e Susana Esteban), Quinta do Vale Meão (Francisco “Xito” Olazabal), Quinta do Vallado (Francisco e João Ferreira), Quinta do Vale Dona Maria (Cristiano van Zeller e Sandra Tavares da Silva) e Quinta de Nápoles (Dirk van der Niepoort). Actualmente, os “Douro Boys” produzem alguns dos mais categorizados vinhos de mesa portugueses. A revista “Wine Spectator”, sem rodeios, já apresentou estes empreendedores como «revolucionários» do vinho tinto. A vindima desta história está longe do lavar dos cestos, mas todas as variáveis económicas apontam para um brilhante epílogo. Os “Douro Boys” lideram, desde 2002, uma verdadeira revolução nas colinas do Douro, região demarcada mais antiga do mundo, outrora celebrizada «apenas» pelo vinho do Porto. No passado, os poucos precursores haviam decidido pela produção de vinhos de mesa de alta qualidade, como o Barca Velha (desde 1953), a Quinta do Côtto (1980) e o Duas Quintas (1991) de Adriano Ramos Pinto. Os “boys”, contudo, destacam-se pela organização e abordagem de mercado pioneiras. «Já se colocou a questão de abrirmos os “Douro Boys” a outros produtores, mas corremos um sério risco de, na expansão, perder a coesão e, sobretudo, a eficiência e a boa maneira de como isto está a funcionar», explica Tomás Roquette. E «isto» está a funcionar apenas desde 2002, apesar de todo um passado ligado à vinha e ao vinho. «A relação de preço entre as uvas para Porto e para vinho de mesa era de uns inacreditáveis nove para um», lembra Cristiano Van Zeller. Com este indicador, não é difícil explicar por que motivo se destinavam ao vinho de mesa as uvas que não serviam para os vinhos do Porto. Foi necessária uma enorme mudança de mentalidade e de atitude por parte de enólogos ousados e criativos. Os “boys” eram grandes amigos antes do negócio dos vinhos. «Na tomada de decisões delicadas, a amizade é um factor que faz com que tudo se ultrapasse e corra bem», observa Tomás Roquette. Para além da união sentimental e familiar, a dimensão das empresas é homogénea: «É relativamente pequena, não havendo nenhum super-produtor ou alguém muito abaixo», afirma João Ferreira. Por fim, a qualidade, factor indispensável para a exportação bem-sucedida: «Todos se situam no sector

“super premium”, ou, se preferir, nos “super Douro”, cuja qualidade é de altíssimo nível», acrescenta Dirk Niepoort. Portanto, a amizade, a dimensão equilibrada entre todos e o posicionamento dos produtos faz com que, quando se apresentam no mercado ou o chamam a si, a mensagem seja forte e credível. «Os vinhos de mesa do Douro jamais poderão ser massificados», garante Cristiano van Zeller. «Comparando-os aos vinhos da Borgonha, por exemplo, serão sempre de pequenos produtores e de pequena produção, nunca vinhos de grandes marcas. No Douro, como na Borgonha, a mão do homem será o elemento decisivo e determinante da qualidade.» Da colheita de 2000 até 2010, ressalvando Portos, Madeiras e Moscatéis, mais de 80 por cento de vinhos com mais de 90 pontos (numa escala de zero a 100) na “Wine Spectator” são provenientes do Douro, metade deles dos “Douro Boys”, um contributo essencial para a imagem da região e para a re putação do vinho nacional. Cerca de 65 por cento do total da produção dos “boys” – isto é, 2,3 milhões de garrafas – é transaccionada para fora de Portugal, sendo que, em certos anos, não conseguiram sequer responder à procura. Nem só de Porto vive o Douro. Podia ser o lema dos “Douro Boys”, que fizeram questão de mudar o rumo de uma história com dois mil anos. setembro/outubro 2011

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EM FOCO DOURO BOYS

UM DOTE COM 400 ANOS.

QUINTA DO CRASTO

Os irmãos Tomás (na imagem) e Miguel Roquette estavam fadados a receber um dote com quatro gerações: a Quinta do Crasto, fundada em 1615 e sempre com forte tradição no mundo vinícola. O seu bisavô Constantino Almeida comprou-a em 1923 após regressar do Brasil. «Nos anos 50», explica Tomás Roquette, «o meu avô vendeu a marca Constantino e as instalações de Gaia à casa Ferreira, mantendo esta quinta» — cuja posse passaria, entretanto, para os seus pais, Leonor e Jorge Roquette. Ao longo de oito décadas, produziu sempre e só vinho do Porto — «essa era a grande história das quintas do Douro» — até Portugal entrar na CEE, em 1986. «Passou a ser possível exportar directamente da região.» No entanto, só em 1994 se assiste ao grande projecto «a solo» na Quinta do Crasto. «Na altura tivemos problemas em registar a nossa marca em Portugal, o que nos levou a exportar toda a produção. Só em 2000 começámos a vender em Portugal porque, às tantas, não tínhamos vinho para entrar no mercado nacional». Com a empresa em expansão, os irmãos Roquette investiram seis milhões de euros («o Millennium bcp, que muito nos tem apoiado, é um dos parceiros estratégicos») numa nova quinta com dois quilómetros de frente para orio. Para que não falte Quinta do Crasto nas prateleiras portuguesas.

(total), 70 de vinha

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Área de produção: 130 hectares Produção anual (2010): 1 milhão de garrafas, 70% para exportação Principais mercados: Brasil, Canadá, Inglaterra, EUA (entre 30 países) Prémios: Reserva Quinta do Crasto 2007 no “top 101” 2010 na “Wine Access Magazine” (12º); notas excelentes em todas as grandes publicações norte-americanas. Facturação 2010: 4 milhões de euros www.quintadocrasto.pt


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NOVOS ARTESÃOS DA VINHA

HERDEIRA DA FERREIRINHA.

QUINTA DO VALLADO

Após 25 anos no BPI, João Ferreira abraçou o projecto criado pelo pai. «A empresa foi-se desenvolvendo, produzindo, vendendo e aumentando cada vez mais o número de produtos.» Actualmente, Vallado é uma marca com enorme notoriedade em Portugal (e não só). «Obtivemos as melhores pontuações de sempre de um produtor português em publicações internacionais como a “Wine Spectator” ou [o guia “on-line” do crítico] Robert Parker. Começámos também um projecto de enoturismo [2006], baseado num pequeno hotel rural que deu forte contributo para o nosso prestígio e para a marca». A nova adega com cave de barricas, concluída em 2010, alia a mais avançada tecnologia à arquitectura de vanguarda. A Quinta do Vallado foi distinguida com uma menção honrosa no Prémio de Arquitectura do Douro 2011 pelo projecto de Francisco Vieira de Campos. Construída em 1716, é uma das quintas mais famosas do Vale do Douro. «Foi passando de geração em geração e, durante esse tempo, produzia uvas que eram compradas a granel pela casa Ferreira [da família] para a produção do vinho do Porto». Funcionou assim até 1987, altura em que a casa Ferreira foi vendida à Sogrape. Seis anos depois começava o projecto empresarial da Quinta do Vallado.

Produção anual (2011): 450 mil

Área de produção: 70 hectares garrafas, 40% destinados à exportação Principais mercados: China, EUA, Brasil, Suécia e Canadá (entre 25 países) Prémios: Hotel rural entre os “World’s Greatest Hotels, Resorts and Spas 2009” da revista “Travel + Leisure”; Quinta do Vallado Douro reserva 2007 no “top 100” de 2010 da “Wine Spectator” (22º, 96 pontos) Facturação 2010: 2,6 milhões de euros www.quintadovallado.com

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EM FOCO DOURO BOYS

NO BERÇO DO BARCA VELHA.

QUINTA DO VALE MEÃO

Formado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Francisco “Xito” Olazabal é responsável pela qualidade dos vinhos da sua Quinta do Vale Meão e da Quinta do Vallado, dos primos Ferreira. «O Vale Meão foi um dos últimos projectos de vida da Ferreirinha, minha tetravó, iniciado aos 76 anos». A mais nobre actividade da quinta — que, para além da vinha, tem oliveiras e laranjais — passava pela venda de uvas para os lotes do Barca Velha, criado pelo seu avô, Fernando Nicolau de Almeida. Em 1994, a Quinta do Vale Meão era ainda propriedade de diversos descendentes de D. Antónia, entre eles Francisco “Vito” Olazabal, então presidente da administração da casa Ferreira. Seria o ano da mudança: a quinta passava para “Vito” e, cinco anos volvidos, o filho “Xito” abandona a segurança de um alto cargo da Sogrape para investir na produção própria. «Vim para a quinta em 1999, com a minha família, porque era impossível fazer um projecto com esta dimensão à distância». O “terroir” conjuga xisto, granito e aluvião com calhau rolado, para além da excelente e variada exposição solar. Logo no ano de estreia por conta própria, Olazabal cria a sua primeira «obra de arte»: o vinho Vale Meão, que promete rivalizar com o imortal Barca Velha.

(total), 90 de vinha

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Área de produção: 270 hectares Produção anual (2010): 204,5 mil garrafas, 55% destinados a exportação Principais mercados: EUA, Alemanha, Brasil, Suíça e Macau (entre 25 países) Prémios: 97pontos na “Wine Spectator” (Quinta Vale Meão 2004), melhor classificação de sempre de um vinho português; Olazabal eleito enólogo do ano (2011) pela “Revista de Vinhos” Facturação 2010: 1,8 milhões de euros www.quintadovalemeao.pt


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NOVOS ARTESÃOS DA VINHA

TRADIÇÃO DE FAMÍLIA.

QUINTA DO VALE DONA MARIA

Cristiano, engenheiro civil pela Universidade de Navarra e van Zeller de sétima geração, cedo começou a «vindimar». Aos 23 anos era director da Quinta do Noval, onde permaneceu uma década até a família vender a propriedade. Aos 32 assumia funções como presidente da Associação de Produtores do Vinho do Porto, «talvez o mais novo de sempre» no cargo. Em Outubro de 1993, começa a trabalhar na Quinta do Crasto, de Jorge Roquette, combinando a produção de vinhos do Porto com um novo projecto para tintos. No ano seguinte, colabora com David Baverstock na promoção internacional dos vinhos do Douro e da Quinta do Crasto. Em 1995, compra a Quinta do Vale da Mina e, meses depois, a Quinta do Vale Dona Maria (até então fornecedora de uvas dos Portos da Symington) para a produção de vinhos de superior qualidade. «Comecei com 2 mil garrafas, hoje vou nas 100 mil. Fui reconstruindo uma casa para poder trabalhar na quinta; as vinhas velhas foram sempre mantidas. Em 2001 fizemos a primeira colheita só com uvas nossas.» No final de 2006 apareceu uma agradável surpresa: «Os meus primos, donos da marca Van Zellers & Co., fundada pela família em 1780, oferecem-ma no Natal». E aí teve a hipótese de, pela segunda vez na vida, recriar a Van Zellers & Companhia.

Produção anual (2011): 100 mil

Área de produção: 41 hectares garrafas, 80% destinados à exportação Principais mercados: Brasil, China, Alemanha, Macau e Polónia (entre 30 países) Prémios: “Top 10 Star Wines Award”, Vinexpo, Bordéus, 2005 (Casal de Loivos 2003); 2º lugar nos melhores tintos de 2008 para a revista “Wyno”, Polónia (Quinta Vale Dona Maria 2005) Facturação 2010: 913 mil euros; www.quintavaledonamaria.com

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EM FOCO DOURO BOYS

NOVOS ARTESÃOS DA VINHA

UM REFORMISTA IRREVERENTE.

QUINTA DE NÁPOLES

Nascido no Porto, em 1964, Dirk Niepoort marca a quinta geração de uma família ligada ao vinho do Porto desde 1842. Estudou na Suíça, estreitou a ligação ao mundo do vinho nos Estados Unidos para, finalmente, se fixar no Douro e dar continuidade ao esforço dos seus antecessores. «Éramos apenas negociantes: engarrafávamos, comercializávamos e vendíamos. Quando comecei a trabalhar com o meu pai, pensei ir mais longe, ter vinha própria. Comprámos esta quinta a uma família italiana, em 1987, um pouco contra a minha vontade, porque achava que a vinha não era boa para vinho do Porto». E tinha razão. «Em 1988 adquirimos a quinta ao lado e confirmou-se: as uvas não serviam para Porto mas sim para vinhos de mesa». A adega da quinta, em xisto, é uma maravilha arquitectónica. As uvas deslocam-se através de patamares, pela acção da gravidade, ao ritmo de tecnologia de ponta e de temperaturas baixas naturais, com controlo de energia. Próximo desafio? Enoturismo. «Sou muito lento a preparar, mas rápido a concretizar.» Experimentalista e reformista para uns, inconformista e irreverente para outros, Dirk cedo percebeu o enorme potencial da região para a produção de vinhos não fortificados. O seu nome ficará, seguramente, ligado à revolução iniciada em Portugal na última década do século XX. l

Produção anual (2011): 730 mil garrafas,

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Área de produção: 62 hectares 80% destinados à exportação Principais mercados: Alemanha, Suíça, Inglaterra, EUA e Holanda (entre 54 países) Prémios: “Top 100” das adegas mundiais para as revistas “Wine & Spirits” e “Wine Enthusiast”; “Vintage” de 2007 recebeu 95 pontos na “Wine Spectator” Facturação (2011): 7 milhões de euros www.niepoort-vinhos.com



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MARRAQUEXE


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TEXTO ANA MÚSICO FOTOGRAFIA PAULO BARATA

MARRAQUEXE DISCRETA E SEDUTORA QUEM VIAJA COM A EXPECTATIVA DE ENCONTRAR APENAS EXTRAVAGÂNCIA E EXOTISMO ENGANA-SE. A CIDADE VERMELHA É MAIS SOFISTICADA E COSMOPOLITA DO QUE OS GUIAS TURÍSTICOS FAZEM PARECER. UMA PÉROLA AFRICANA, LUXUOSA E ELEGANTE.

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CAFÉ LITERÁRIO DAR CHÉRIFA

F

aria todo o sentido começar a viagem por Jemaa el-Fna, uma das mais movimentadas praças africanas, à qual é impossível resistir. Quase tudo atrai o olhar e os sentidos: as cores e os perfumes da comida, os montes ordenados de frutos secos e laranjas, as flautas dos encantadores de serpentes, os macacos amestrados, os barbeiros, as quiromantes e os curandeiros ambulantes.

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Pouco a pouco, a confusão envolve-nos, num misto de estranheza e magnetismo. Por entre “derbs” – ruas estreitas e labirínticas da medina, partilhadas por transeuntes, motos, bicicletas e carrinhos de mão com diversos produtos para vender – e “souks” – mercados tradicionais, igualmente labirínticos, tão coloridos quanto barulhentos e perfumados –, ficamos mais perto de um mundo milenar, de caravaneiros vindos de paragens longínquas e sultões, de palácios e mesquitas imponentes, de fontes e jardins imperiais. Voltemos atrás no texto. Faria todo o sentido começar por Jemaa el-Fna, faria. No entanto, há uma Cidade Nova na velha Marraquexe, fora dos muros ocres da medina. As avenidas longas e rectilíneas revelam bairros modernos, com edifícios de arquitectura contemporânea, em betão, vidro e metal, esplanadas ao melhor estilo parisiense, cuidadas e selectas, ladeadas por lojas de marcas internacionais, como a Zara e a Mango, também a Lacoste ou a Max Mara. Os todo-poderosos McDonald’s e Kentucky Fried Chicken ocupam lugar de destaque na Praça 16 de Novembro, enquanto do outro lado surge o Marrakech Plazza, símbolo inequívoco do luxo. Esta cidade ordenada, limpa e climatizada cresce à volta do seu mais famoso jardim: o Majorelle – que, tal como os bairros Guéliz e Hivernage, nada tem de típico, nem traços árabe-andaluzes. Transformado em ícone da cidade, foi mandado construir na década de 1930 por Jacques Majorelle, pintor francês que se apaixonou por Marrocos, e mais tarde adquirido por Yves Saint Laurent e pelo seu sócio e companheiro Pierre Bergé. Por seu lado, Guéliz e Hivernage, habitados sobretudo por franceses reformados, ingleses, árabes e outros estrangeiros abastados, simbolizam não apenas a globalização em marcha, mas um outro estatuto social, uma nova qualidade de vida a que os marroquinos também aspiram. Muita coisa mudou em Marraquexe nos últimos dez anos. O trânsito ficou mais


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POR ENTRE ‘DERBS’ E ‘SOUKS’, FICAMOS MAIS PERTO DE UM MUNDO MILENAR, DE CARAVANEIROS VINDOS DE PARAGENS LONGÍNQUAS E SULTÕES, DE PALÁCIOS E MESQUITAS IMPONENTES, DE FONTES E JARDINS IMPERIAIS.


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MARRAQUEXE

ENCANTADORES DE SERPENTES, MACACOS AMESTRADOS, RESTAURANTES AMBULANTES, CORES, CHEIROS, SONS. É IMPOSSÍVEL RESISTIR À ATRACÇÃO DE JEMAA EL-FNA. ordenado e as regras, tanto de trânsito como de higiene e saúde pública, alteraram-se. E não apenas por causa dos estrangeiros residentes. Os marroquinos estão de braços abertos para o progresso e interiorizam tudo rapidamente. Apesar de Marrocos depender maioritariamente da agricultura (tem cerca de 8,5 milhões de hectares de terra arável), o turismo é uma fonte de receitas cada vez mais expressiva. Curiosamente, é à sombra das muralhas da medina, perto da porta Bab Jdid, que se encontra o Hotel La Mamounia (www.mamounia.com, quartos duplos a partir de 190€), a «grande dama de Marraquexe», reaberto em 2010 após três anos de obras de um restauro milio nário. Considerado um dos melhores do mundo e premiado pelas mais prestigiadas revistas internacionais, com um “spa” digno de reis e sultões, o La Mamounia não representa apenas a modernidade e o novo luxo, de extremo bom gosto – é também um dos grandes símbolos da cidade e do país. Ainda assim, Marraquexe mantém-se autêntica, com a matriz fundadora bem preservada. Mesmo a Cidade Nova é marroquina. Mohammed V (1909-1961), que assumiu o trono do reino com a independência, é considerado o pai fundador da nova cidade. O seu nome é recordado, por exemplo, numa das principais avenidas, a Boulevard Mohammed V, 52.magazine

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DISCRETA E SEDUTORA

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MARRAQUEXE

HOTEL LA SULTANA

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HOTEL LA MAMOUNIA

HOTÉIS COMO O LA SULTANA E O LA MAMOUNIA DEMONSTRAM COMO O GRANDE LUXO E O BOM GOSTO ANDAM DE BRAÇO DADO NA NOVA MARRAQUEXE. ornamentada por jardins com “wi-fi”, “villas” chiques e luxuosas, edifícios recentes, como o Palácio dos Congressos ou a nova estação ferroviária (por onde passam diariamente cerca de três milhões de pessoas), hotéis de topo e sedes de bancos internacionais. A maior avenida, com sete quilómetros de comprimento, leva o nome do seu neto, o actual monarca Mohammed VI, e nela se multiplicam grandes hotéis de cinco estrelas cujo maior luxo é a calma e o silêncio. Atravessando o Hivernage chegamos ao Jardim Ménara, outro dos belos postais de Marraquexe, implantado aos pés das montanhas do Grande Atlas. Trata-se um delicado e arejado pavilhão, construído no século XVI a mando da dinastia saadita e renovado em 1896 pelo sultão Abderrahmane, que ali costumava ficar no

Verão. O enorme olival e os pomares que o rodeiam, bem como o geométrico lago artificial que se estende à sua frente, não passam despercebidos aos visitantes. Apesar de tudo, Marraquexe é discreta. Com excepção do omnipresente minarete da mesquita de Koutoubia, junto à praça Jemaa el-Fna, o património histórico está praticamente escondido. É para lá das muralhas espessas da medina que se escreve a grandiosa história da Cidade Vermelha. Entramos pela belíssima Bab Agnaou, construída no século XI, uma das mais antigas e, sem dúvida, a mais grandiosa das nove portas originais da medina. Do lado de dentro, será apenas um arco em adobe; do exterior, é um portão imponente e ricamente ornamentado sobre pedras de xisto. Protege a medina dos tempos modernos: os sinais de trânsito, as ruas ordenadas,

os passeios delineados e arranjados e os automóveis ficam do lado de fora. Chegados aqui, o conselho é simples: entre e deixe-se perder pelos “derbs” se quer descobrir o Museu de Mar raquexe www.museedemarrakech.ma), o Palácio Bahia ou a Madraça Ben Youssef – antiga escola corânica e um dos poucos edifícios religiosos de Marrocos abertos a não-muçulmanos –, obras magistrais da cultura árabe-andaluz. O rol de edifícios listados pela UNESCO como Património da Humanidade prossegue, mas, uma vez mais, teremos de procurá-los. É essa, também, a magia de Marraquexe: uma cidade sedutora, reser vada, apesar do frenesim dos “souks”, dos “derbs” e da Jemaa el-Fna; uma cidade feminina, coberta por um véu subtil, cuja beleza não se deixa ver na rua. l setembro/outubro 2011

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MARRAQUEXE

ÚTIL. COMO IR. A Royal Air Maroc (royalairmaroc.com) voa para Marraquexe a partir de 210€. Há vários operadores com programas, mas Marrocos, de um modo geral, é destino para ir sem compromissos nem planos prévios. A oferta hoteleira e gastronómica é excelente e diversificada, com opções para todos os gostos. QUANDO IR. Há quem diga que o Verão não é bom para visitar Marrocos. De facto, é a época baixa do turismo, sobretudo por causa

DESTAQUES.

do calor. Porém, sendo o país cada vez mais procurado, ir nesta altura tem as suas vantagens, nomeada-

COMER NA RUA. A PARTIR DAS TRÊS DA TARDE CHEGAM À JEMAA EL-FNA

mente menos enchentes. Na época

DEZENAS DE TASQUINHAS SOBRE RODAS. EM CADA UM DESTES CERCA DE 70

alta (Outubro a Março), o calor já

RESTAURANTES, DESIGNADOS POR NÚMEROS, PODE-SE PROVAR VÁRIAS ESPE-

não é problema e as actividades

CIALIDADES MARROQUINAS – ESPETADAS, CARACÓIS, “COUSCOUS”, “TAJINES”

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HIGHLANDS UMA QUESTÃO DE ATITUDE

IDEALIZADO POR JACQUES MAJORELLE E POPULARIZADO POR YVES SAINT LAURENT, O JARDIM MAJORELLE TORNOU-SE UM DOS ÍCONES DA CIDADE VERMELHA. março/abril 2010

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LINHA DA FRENTE


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TEXTO JOÃO MESTRE FOTOGRAFIA PEDRO LOUREIRO

CLEAN FEED

ATITUDE JAZZ NASCEU HÁ DEZ ANOS, EM LISBOA, COM O OBJECTIVO QUASE IMPOSSÍVEL DE SE TORNAR UMA EDITORA GLOBAL DE JAZZ. REMANDO CONTRA MARÉS DE CRISE, CONSTRUIU UM CATÁLOGO DE 240 DISCOS ELOGIADO PELA MAIS EXIGENTE IMPRENSA INTERNACIONAL, AO PONTO DE SER APONTADA COMO EXEMPLO DE EMPREENDEDORISMO POR CAVACO SILVA. A CLEAN FEED RECORDS É HOJE UMA REFERÊNCIA EM TODO O MUNDO.

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LINHA DA FRENTE CLEAN FEED RECORDS

PEDRO COSTA, ACOMPANHADO POR DOIS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA EQUIPA CLEAN FEED: O DESIGNER TRAVASSOS E HERNÂNI FAUSTINO, UM DOS QUATRO SÓCIOS (FORA DO RETRATO FICARAM ILÍDIO NUNES E CARLOS COSTA).

“Jazz is boring”. O mesmo é dizer, «o jazz é aborrecido». Estranha forma de começar uma conversa com o fundador de uma das maiores editoras de jazz da actualidade. Mas é o próprio, Pedro Costa, que defende: «Se o entendermos como uma música ambiente, cristalizada, tocada por músicos que não tentam puxar a coisa para a frente, se for só aquilo que muita gente defende, do “swing” e esse tipo de coisas, então para nós é mesmo “boring”.» Sendo o jazz «uma música que não é pura nem nunca foi», acrescenta, «para continuar a fazer sentido hoje em dia tem de passar pela vontade de ir mais longe, seja pela mistura com electrónica, rock, punk, músicas do mundo, pela improvisação ou pela exploração da melodia, que é uma coisa intemporal.» O projecto de criar em Portugal uma editora especializada em jazz arrancou em 2001, com uma pequena loja num centro comercial em estado de semi-abandono, um orçamento de quatro mil euros e um disco gravado ao vivo no Festival de Jazz do Seixal, “The Implicate Order”, com o trio norte-americano Steve Swell, Kien Filiano e Lou Grassi e os saxofonistas portugueses Rodrigo Amado e Paulo Curado. «Começámos devagarinho – dois ou três discos no primeiro ano, cinco no segundo – mas de imediato pensámos em fazer mais, para conseguirmos arranjar distribuidores.» Passados dez anos, o catálogo reúne 240 títulos e todos os anos cresce a olhos vistos – em 2010, foram lançados 48 novos discos e até ao final de 2011 estão previstos 33. E a crise? «Já começámos em crise, primeiro a do suporte em CD, depois a crise económica. Nunca soubemos o que era não estar em crise. Portanto, vamos compensando com o aumento de edições, com o crescimento da editora: é muito mais fácil sustentar um catálogo de 240 referências do que um de dez ou 15.» À partida, a escolha de Lisboa para quartel-general poderia ser lida como uma condenação ao fracasso – afinal, a editora estava a instalar-se na periferia dos grandes centros de jazz, demasiado longe de cidades como Nova Iorque, Estocolmo, Chicago ou Paris. No entanto, isso é só uma maneira (pessimista) de ver as coisas. «O que se tem passado no jazz ao longo destes 100 anos é que as editoras estão sempre ligadas a uma cena: a Blue Note não tem nada que não seja músicos americanos, tal como a ECM grava essencialmente músicos europeus que, além de estarem confinados a um certo estilo, estão muito concentrados no Norte da Europa.» A Clean Feed decidiu fazer da desvantagem um ponto a seu favor. «Sempre fomos muito curiosos acerca do que se passa no mundo inteiro e achámos que fazia sentido uma editora que cobrisse tudo, que documentasse esta época da música em termos globais.» Nate Chinen, crítico do jornal “New York Times”, assina por baixo: «A vanguarda do jazz sempre foi um território multinacional. Não é de estranhar que uma das discográficas mais vibrantes da cena jazz actual esteja sediada em Lisboa. A ascensão da Clean Feed Records ilustra até que ponto o intercâmbio global se tornou fluido.» A música sempre fez parte da vida de Pedro Costa. Comprou o seu primeiro disco aos 8 anos, aos 15 descobriu o jazz e, a partir daí, «abriu-se um mundo de coisas novas.» Primeiro, deixou-se obcecar pelo género, com o tempo foi alargando o 60.magazine

setembro/outubro 2011

espectro de interesses. «É importante manter a abertura de espírito, até porque o jazz hoje em dia é uma coisa muito mais ampla.» O seu percurso profissional acabou por estar directamente ligado à música – mesmo antes de embarcar na aventura de criar uma editora com os seus irmãos Carlos e Nuno, trabalhou em lojas como a Fnac ou a Valentim de Carvalho, onde foi coordenador da secção de jazz. E se nos primórdios da Clean Feed recebia dois ou três discos por ano, hoje são dois ou três por dia e só se lamenta de não ter tempo para ouvir mais música. «Chego ao fim do mês com uns 100 discos para ouvir.» Mais do que uma obrigação, é uma missão: «Temos de ter a capacidade de reconhecer a música quando ela está a acontecer, há demasiados exemplos de músicos que fizeram coisas incríveis e só tiveram o mérito passados 30 anos. Nós tentamos trazer reconhecimento à música que se passa hoje em dia.» Volvida uma década sobre “The Implicate Order”, a Clean Feed é respeitada pelo mercado, elogiada pela crítica, seguida de perto pelos fãs e apetecida pelos artistas. O catálogo inclui nomes consagrados como Gerry Hemingway, Tony Malaby, Anthony Braxton, Bernardo Sassetti ou Ken Vandermark. «Para eles, é bom estar numa editora com vitalidade, que continua a investir em músicos novos – talvez lhes interesse mais isso do que estar numa editora que até paga mais mas tem um catálogo sem vida». Mais de metade da produção (75%) é vendida fora de portas, principalmente nos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Polónia. Para manter o contacto com seguidores e artistas, a “label” organiza há cinco anos o Clean Feed Fest em Nova Iorque, iniciativa que


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LINHA DA FRENTE CLEAN FEED RECORDS

também já passou por Chicago, Madrid, Amesterdão, Liubliana e chega este ano a Portugal (em Novembro), dividida entre Porto e Lisboa. A imprensa especializada internacional, que rapidamente reparou na qualidade do trabalho desenvolvido pela jovem editora, é unânime em apontá-la como uma das mais importantes da actualidade (aliás, «a» mais importante, segundo alguns críticos). Por cá, as coisas foram um pouco mais difíceis. «A malta é muito desconfiada das coisas nacionais, pensam logo “Editora portuguesa de jazz? Quem mete lá discos é porque não arranja outra!”.» Pedro Costa refere-se tanto à crítica como ao público em geral. «Havia uma certa pressão para não sairmos, para sermos pequeninos, para editarmos só música portuguesa e pelo simples facto de ser portuguesa.» E isso era (e continua a ser) um ponto inegociável: «Nós queremos é editar música boa, não interessa de onde os músicos são.» O segredo, garante, «é ir sempre aos bocadinhos»: «Por exemplo, há um ano esteve cá o Presidente de República, e atrás veio a imprensa – isso foi mais um bocadinho. Se sai um disco que é um sucesso, é outro bocadinho.» Com todos esses «bocadinhos» se contam os dez anos de percurso de um projecto inédito em Portugal, aplaudido por Cavaco Silva como um «exemplo de empreendedorismo jovem, criatividade e inovação no espaço urbano». «O nosso interesse é fazer: fazer mais, fazer bem, fazer melhor», sintetiza Pedro Costa. Com orgulho. Afinal, «o jazz é uma questão de atitude». l

TREM AZUL. A face mais visível da Clean Feed é a Trem Azul. Além de funcionar como sede da editora (numa sala dos fundos), é uma excelente loja de jazz com tudo o que caiba dentro da categoria, posto de escuta (com confortáveis cadeirões) e espaço para “showcases” ao vivo. Rua do Alecrim, 21ª (Cais do Sodré), Lisboa Tel.: 213 423 140 tremazul.com

POSTO DE ESCUTA

AS SUGESTÕES DE PEDRO COSTA.

LAWNMOWER, “WEST” (2010)

TRIPLEPLAY, “GAMBIT” (2004)

Um disco na fronteira da folk.

FIGHT THE BIG BULL, “ALL IS GLADNESS IN THE KINGDOM” (2010)

Representa mais um passo da

Segunda passagem do grupo pela

da actualidade que mais admiro, pelo

Clean Feed na direcção de uma

Clean Feed, este disco teve a particu-

conceito, pela seriedade, pelo profissio-

cada vez maior diversidade estilística.

laridade de contar com a colaboração

nalismo. Já o gravámos quatro vezes

É um CD controverso, do qual nem

de Steven Bernstein nos arranjos e de

em Portugal e no que respeita a con-

toda a gente gosta. As guitarras são

ter causado um inesperado aplauso,

certos é o nosso visitante mais regular.

ambientais e muito “folky”, nada

sobretudo nos EUA e em Portugal.

Após Tripleplay, todos os projectos de

jazzísticas, o que torna o grupo muito

São músicos muito jovens, cheios

Vandermark por nós lançados nasceram

original. Tudo o que acontece,

de energia positiva e competência.

em Portugal, casos do 4Corners,

incluindo as improvisações,

O potencial revelou-se tão grande que

com Adam Lane, Magnus Broo e Paal

obedece a um conceito global.

o seu líder, Matt White, decidiu contra-

Nilssen-Love, do trio Side A com Havard

tar um publicista que concebesse uma

Wiik e Chad Taylor, do grupo Platform 1

campanha especial de promoção.

e do seu novo quarteto Made to Break.

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Ken Vandermark é um dos músicos


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O ‘JAZZMAN’ CARLOS BARRETO, DE VISITA À TREM AZUL, FOI CONVIDADO A JUNTAR-SE AO RETRATO DE FAMÍLIA.


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ROTEIRO VIANA DO CASTELO

VIANA DO CASTELO COSMOPOLITA E COM ASSINATURA A NOVA MECA DA ARQUITECTURA PORTUGUESA, ASSIM DEFINIDA PELA REVISTA “WALLPAPER”, REVELA-SE SURPREENDENTE A CADA ESQUINA.

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setembro/outubro 2011


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TEXTO NELSON MARQUES* FOTOGRAFIA RICARDO MEIRELES

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MONTE DE SANTA LUZIA

VISTO DO ALTO DO MONTE de Santa Luzia, local de peregrinação de turistas e fiéis, Viana do Castelo parece a mesma de sempre. A cidade onde o Lima encontra o Atlântico, das pedras seculares do centro histórico e da extensa marginal ribeirinha, da marina e das praias a perder de vista, das bolas-de-berlim do Natário e dos paladares genuinamente minhotos do Camelo, do ouro e dos trajes tradicionais. A Viana do famoso casal “Manel e Maria”, bonecos artesanais feitos com papel de jornal que os vendedores tentam impingir à porta do santuário situado no cimo do monte. No entanto, lá em baixo uma nova cidade se desenha. A revista britânica “Wallpaper” definiu-a como a «a nova Meca da arquitectura» portuguesa. Deixe-se perder pelas ruas e descubra algumas das suas revelações mais surpreendentes. O ponto de partida ideal é a Praça da Liberdade, gizada pelo portuense Fernando Távora, um dos mestres da arquitectura portuguesa. A famosa “Escola do Porto” está ali representada pelos seus três nomes mais ilustres, com obras separadas por poucos metros. Do lado direito da praça de Távora fica a Biblioteca Municipal, assinada por Siza Vieira. A poucas dezenas de metros ganha forma o Coliseu, novo pavilhão multiusos desenhado por Souto Moura – o mais recente vencedor do Prémio Pritzker, também conhecido como «Nobel da Arquitectura». Quem pretender seguir o roteiro arquitectónico da cidade não pode ignorar a Pousada da Juventude, de Carrilho da Graça, outro vulto da arquitectura portuguesa. Para lá chegar, é preciso percorrer a marginal ribeirinha, requalificada em volta da nova marina, cujo cais segue o modelo da Expo de Lisboa. Mas o pretexto para o trabalho da “Wallpaper” está na arrojada estrutura em forma de lego que alberga o Axis Viana Business & Spa Hotel, contrastando com o outro novo hotel da cidade, o Flor de Sal (www.hotelflor desal.com), na Praia Norte, tão discreto que quase se anula na paisagem, ainda assim com uma varanda privilegiada para o mar. Os percursos fazem-se sem esforço porque Viana convida a caminhar. O ambiente é pacato, como num bairro onde todos se conhecem, mas com algo de novo a cada esquina. As lojas tradicionais convivem agora com espaços dignos das cidades mais cosmopolitas, como a Objectos Misturados – ateliê, galeria de arte e loja – ou a Rosa Pura Home Store, loja/ateliê de decoração, metáfora perfeita para a cidade: uma grande casa secular, com vastos jardins e vista para rio e mar, que convida a perdermo-nos nos seus corredores. Um tesouro assim custa uma fortuna, mas este está ao alcance de qualquer bolsa.

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MERCADO NA LOJA. RUA ANTÓNIO MACHADO VILAS BOAS, 294 Este café/restaurante/loja “gourmet”, gerido pelas irmãs Paula Gonçalves e Rita Fernandes, oferece sabores de verdadeira alma minhota. O espaço, impecavelmente arrumado e decorado com cores quentes, serve almoços e jantares, refeições rápidas cozinhadas com azeite especial e sem concessões no paladar. Na loja, não faltam produtos de qualidade para diferentes gostos. Tel.: 258 109 343

2

AXIS VIANA BUSINESS & SPA HOTEL. AVENIDA CAPITÃO GASPAR DE CASTRO

É impossível ficar indiferente a esta unidade erguida entre o Rio Lima e o Monte de Santa Luzia, a poucos minutos do centro histórico. A estrutura surpreende pela forma de lego, com pisos desalinhados e linhas contemporâneas arrojadas. Tem 87 quartos e “suites” de decoração minimalista, “spa”, piscina, bar, restaurante e tudo o que é necessário para uma estadia em estilo. www.axishoteis.com

*com Vanessa Rodrigues setembro/outubro 2011

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ROTEIRO

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OBJECTOS MISTURADOS.

RESTAURANTE LEVE.

RUA MATEUS BARBOSA, 32

LARGO 5 DE OUTUBRO, 58 Situado no rés-do-chão da albergaria Margarida da Praça, no coração de Viana, junto à Avenida Marginal, o espaço é a porta de entrada para uma espécie de mundo encantado, com cores garridas nas paredes e comida vegetariana e contemporânea a fazer as delícias dos comensais. Na ementa, da responsabilidade de Carmélia Martins, dominam as saladas, as quiches e outros pratos temperados com criatividade. margaridadapraca.com

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Hélder Dias e Susana Jaques transformaram uma antiga casa de família em ateliê, galeria de arte e loja de artesanato urbano, comercializando as criações do casal (nomeadamente bonecas personalizadas criadas por Susana) bem como peças de outros criadores portugueses. Há jogos pedagógicos para crianças, brincos em cerâmica, carteiras em lona, colares em tecido e muito mais. www.objectos-misturados.pt

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AVENIDA CONDE DA CARREIRA, 28

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ESTALAGEM CASA MELO ALVIM. O solar urbano mais antigo da cidade, do início do século XVI, cruza tradicional e contemporâneo numa confortável e acolhedora estalagem. O charme vê-se nos pormenores. Nas paredes pintadas a “bordeaux” há fotografias antigas de Viana, no jardim ouve-se a água de uma pequena fonte. O convite ideal para quem pretende uma estadia sossegada bem no coração da cidade. www.meloalvimhouse.com

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VIANA DO CASTELO

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VIANA DO CASTELO

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NAVIO GIL EANNES.

CONFEITARIA NATÁRIO.

DOCA COMERCIAL

RUA MANUEL ESPREGUEIRA, 37

O navio-hospital Gil Eannes, fundeado na antiga Doca Comercial de Viana do Castelo, é hoje um espaço museológico dedicado à história da assistência à pesca do bacalhau. A bordo, somos transformados em personagens de uma aventura e convidados a embarcar numa viagem virtual ao longo do curso do rio Lima. www.fundacaogileannes.pt

As bolas-de-berlim da casa fundada por Manuel Natário, amigo do escritor Jorge Amado, são um clássico de Viana. Na antiga pastelaria, o frenesim de bolos, folhados de carne e empadas de caça e camarão, entre outros, só é igualado pelo constante entra-e-sai de clientes. É paragem obrigatória em qualquer visita à cidade. Tel.: 258 822 376

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TASQUINHA DA LINDA.

ROSA PURA HOME STORE.

DOCA DAS MARÉS A-B

LARGO JOÃO TOMÁS DA COSTA, 84 O gosto pela decoração está nos genes das irmãs Eliana e Filipa Rosa, que idealizaram este espaço de forma a criar em quem o visita a sensação de ter acabado de entrar num apartamento T1. Na Rosa Pura há peças exclusivas de autor que pre tendem inspirar harmonia, sobriedade e elegância. www.rosapura.pt l

O restaurante nascido há três anos de uma barraquinha de refeições nas populares festas da Senhora da Agonia é como uma casa que a anfitriã abre para receber os amigos. Filha de pescadores, Linda faz questão de conversar com os clientes enquanto lhes serve as suas iguarias — de peixe e marisco, como não podia deixar de ser. www.tasquinhadalinda.com

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PERFIL FALADO

PARTIU PARA LONDRES CONVENCIDA DE QUE CERTOS SONHOS NÃO PASSAM DISSO MESMO. PORÉM, O DESTINO (E O TALENTO, SOBRETUDO) MOSTROU-LHE QUE ESTAVA ERRADA. HOJE É UMA ACTRIZ DE PRIMEIRA LINHA NUM DOS MAIORES CENTROS MUNDIAIS DO “SHOWBIZZ”. E NÃO DEIXOU DE SONHAR.

ESCOBAR NA TERRA DOS SONHOS 70.magazine

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TEXTO JOテグ MESTRE FOTOGRAFIA LUIS DE BARRROS

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PERFIL FALADO

É uma história clássica: a miúda que tem o sonho de ser actriz e troca o conforto da casa dos pais, num meio pequeno (Portugal, neste caso), pelo desafio da cidade grande, onde arranja um “part-time” a servir à mesa para pagar a renda enquanto o sucesso não bate à porta. Todavia, o caso de Sofia Escobar é tudo menos um “cliché”: chegada a Londres, passou as provas de acesso de uma das mais reputadas escolas de música e teatro do Reino Unido, ganhou uma bolsa para pagar as avultadas propinas e, passados dois anos, conseguiu um lugar de destaque num grande musical do West End londrino. Tudo à primeira tentativa.

TINHA 13 ANOS QUANDO O PAI A PÔS NUM GRUPO DE TEATRO PARA PERDER A TIMIDEZ. FOI AÍ QUE TUDO COMEÇOU.

Quando terminou o curso do Conservatório de Música do Porto, em 2005, Sofia enfrentava um dilema: ser actriz ou cantora? «Sempre que fazia teatro sentia falta da música, sempre que fazia só música sentia falta do teatro. E em Portugal sempre senti que tinha de optar entre uma coisa e outra.» Pesquisou, aconselhou-se junto dos professores e concluiu que o melhor seria rumar a Inglaterra. Tinha 23 anos, um sonho muito ambicioso – tão ambicioso que se chegou a questionar se não seria mais sensato tirar um curso com melhores perspectivas de emprego e enveredar por uma «vida normal» – e uma rara combinação de talento e determinação. Não tinha pais ricos mas tinha uns ricos pais, que desde o primeiro minuto a apoiaram. «Sempre viram que tinha potencial e, acima de tudo, que era aquilo que me iria fazer feliz.» Mesmo que a sua felicidade implicasse um empréstimo para cobrir despesas de alojamento e do curso. Ao prestar provas na Guildhall School of Music and Drama não só garantiu um lugar na prestigiosa academia londrina – por onde passaram Orlando Bloom, Daniel Craig e Ewan McGreggor, por exemplo –, como acabou por obter uma preciosa bolsa de estudo, que a aliviou das quatro mil libras anuais de propinas (cerca de seis mil euros). Para compor o seu orçamento mensal, arranjou emprego num restaurante, a servir às mesas por cinco libras à hora. Entrava ao serviço depois das aulas e por lá se aguentava até altas horas da noite – não raras vezes, duas da manhã –, levantando-se às sete da manhã seguinte para mais uma jornada. «Foram tempos difíceis e não tenho grandes saudades. Mas sabia que ia valer a pena.» Entretanto, viu um anúncio no jornal – e nada voltou a ser como era. O regulamento da Guildhall é claro: os alunos só podem prestar provas para trabalhos depois de concluído o terceiro ano do curso ou com uma autorização especial da instituição. «É a reputação da escola que está em jogo e eles vivem disso.» No entanto, apesar do seu ar de menina inocente, Sofia mandou a regra às urtigas quando viu anunciada no jornal a abertura de audições para o papel principal do musical de Andrew Lloyd Webber “O Fantasma da Ópera”. «Não é uma coisa que aconteça todos os anos!», conta, entusiasmada. Resolveu tentar, em segredo, mais pela experiência do que pelo resultado – até porque não acreditava ter grandes hipóteses. Puro engano. O processo de selecção foi longo e doloroso, com quase uma dezena de audições ao longo de oito ansiosos meses. «Sempre que me ligavam a dizer “O júri gostou muito de a ouvir, volte cá daqui a três semanas para cantar ‘isto’ e ‘aquilo’”, eu só pensava “Decidam-se lá de uma vez!”.» E decidiram: no meio de duas mil candidatas, Sofia foi a escolhida para o lugar. Em apenas dois anos na capital inglesa, chegava à «primeira liga» mundial do teatro musical. O curso ficava a meio, mas após o percurso da actriz/cantora nos anos que se seguiram, a escola concedeu-lhe o diploma de mérito. Os estudos, esses nunca terminaram: «Não se pode parar nunca, continuo a ter aulas particulares. Tenho de investir na minha formação.» Em “O Fantasma da Ópera” coube-lhe 72.magazine

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a responsabilidade de vestir a pele de Christine Daaé – a jovem por quem Erik, o dito fantasma, se apaixona – sempre que a actriz principal estivesse ausente. Nas restantes noites, integrava o “ensemble” de actores secundários. Um mês após a estreia no Her Majesty’s Theatre, com as férias da colega, chega a altura de ser Christine. «A pressão era muita, mas foi mais a alegria de fazer aquele papel no West End, o entusiasmo de “Finalmente consegui!”, do que nervosismo propriamente dito.» Depois dos aplausos, das vénias, da ovação de pé, depois de limpa a maquilhagem e arrumado o aparatoso figurino de Christine, saiu pela porta pequena e apanhou o autocarro para casa. Concretizado o sonho de menina, Sofia voltava à realidade. Foi em Guimarães, cidade onde nasceu, que descobriu a paixão pelo mundo do espectáculo. Tinha 13 anos e era pouco dada a conversas. O pai, convencido de que o teatro poderia ser bom para ajudá-la a lidar com a timidez, inscreve-a no Círculo das Artes e Recreio de Guimarães. Estreou-se no palco com o papel principal da “Farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente. Amor à primeira vista. Passou depois pelo Teatro Oficina e, em simultâneo, pela Academia Valentim Moreira de Sá, onde começou os estudos musicais. Com o ensino secundário terminado, e já com a perfeita noção de que era em cima do palco que se sentia realmente bem, decidiu prosseguir a formação artística, no Conservatório de Música do Porto. Pelo meio, cantava em casamentos, onde além de ganhar o seu próprio dinheiro se divertia imenso. A timidez, essa nunca a perdeu por completo. «Se estiver no palco e tiver uma personagem, é diferente, mas ser eu mesma…» A frase fica em suspenso, por entre um sorriso discreto e um tímido rolar de olhos. Sofia voltou a ser Christine em 2010, desta vez como intérprete principal. Entre a ida e o regresso, foi Maria, protagonista de outro clássico do West End, “West Side Story”. Nem chegou a terminar o primeiro contrato com “O Fantasma da Ópera”. «Viram-me a fazer de Christine e negociaram


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SOFIA ESCOBAR

com o Her Majesty’s Theatre para eu poder sair dois meses mais cedo.» Seguiu-se ano e meio de digressão (primeiro pelo Reino Unido, depois França, Itália e Malásia), com oito espectáculos por semana e uma nova cidade a cada 15 dias. O ritmo de trabalho era de tal forma consumidor que, a dada altura, já respondia mais pelo nome Maria do que por Sofia. No entanto, foi muito compensador: a crítica teceu-lhe rasgados elogios; o público elegeu-a “Melhor Actriz em Musical” na votação “online” “Theatregoers’ Choice Awards” promovida pelo portal Whatsonstage.com; e foi o único membro do elenco de “West Side Story” com uma nomeação para os prestigiados prémios Laurence Olivier (o equivalente britânico dos “Tony Awards”), cuja lista de vencedores inclui Judi Dench, Kevin Spacey e Ian McKellen. «Tenho recordações incríveis, mas foi um ano e meio muito cansativo.» Mal acabou a digressão, convidaram-na para outra, a de “Os Miseráveis” (que viria a incluir no seu elenco outra actriz portuguesa, Madalena Alberto), mas recusa de imediato. «A última coisa que me apetecia era pegar outra vez na mala e andar por aí às voltas.» Por opção própria, ficou uns tempos parada, aproveitando para fazer uma participação especial na série juvenil “Morangos com Açúcar”, pelo desafio de experimentar a televisão. A pausa não dura muito: passados três meses, voltava ao Her Majesty’s Theatre, com os ensaios para a sua segunda encarnação de Christine, que durará até Setembro de 2012. Depois disso, outros desafios virão: «Nunca se sabe o que vem a seguir e é uma sorte saber que tenho trabalho até 2012. Mas não sei se assinaria um terceiro contrato – ficar no mesmo papel é quase como ficar dentro de uma caixa, as pessoas depois olham para mim e só conseguem ver aquela personagem.» Até porque Sofia ainda tem uns quantos sonhos por realizar: «Clássicos do teatro musical, como “Música no Coração”, “My Fair Lady”, “Os Miseráveis”, “Miss Saigon”, “Bombay Dreams”, etc.» Há muito caminho para trilhar. E, como facilmente se percebe, são os sonhos que a movem. l

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PERFIL FALADO

uando lhe perguntam a profissão, o que diz primeiro: cantora ou actriz?

É sempre actriz/cantora. Portanto, a actriz leva uma ligeira vantagem…

as cordas vocais. É melhor ficar em casa a beber chá e voltar quando estiver completamente bem. Mas sim, há uma pressão muito grande. Tenho de ter muito cuidado com tudo o que faço.

Talvez. Acho que sim. Imagina voltar a fazer só teatro ou só música?

Não ponho de parte. Mas tenho de ter tempo de fazer as duas coisas. Com o tempo e a experiência tornou-se mais fácil ou mais difícil representar, por saber que a fasquia está mais alta?

As duas coisas. A pressão cresce cada vez mais. Sabendo que já estou num nível bastante elevado, quero sempre subir. É por isso que continuo a investir na minha formação. Mas é normal ter altos e baixos, faz parte da carreira – e estou preparada para isso. Até agora tenho tido muita sorte, mas quem diz que não faço um papel para o qual não sou tão adequada ou onde não consigo dar tanto de mim? Já teve algum dia menos bom?

Acontece, acontece… E acha que o público consegue notar?

O público, provavelmente não. Mas eu noto e fico muito frustrada, porque sou uma perfeccionista. O director assiste a vários espectáculos e temos “notes” – todas as semanas ele vem falar connosco, por vezes para dizer coisas mínimas como «tens de dar um passo mais para a direita porque não estás na luz certa», mas tudo quanto seja da minha representação, dou-lhe eu as minhas notas primeiro. «Pois, eu sei, fiz isto “assim” e devia ter feito “assim”.» Sou a minha pior crítica. Por um lado é bom, por outro é mau: nunca se é perfeito. Quantas horas trabalha por semana?

Faço seis espectáculos – com duas horas e meia de duração – e estou no teatro hora e meia antes. E quantas horas ensaiam por dia?

Já não há ensaios. Só nas seis semanas antes do arranque do espectáculo. Cada espectáculo serve de ensaio para o seguinte…

Sim, e temos essas “notes” do director. Não somos chamados para ensaios, a não ser que haja alguma coisa que precise mesmo de ser mudada. Ou então se houver novo elenco, como agora [Agosto], que vou ter de fazer ensaios, além de continuar a fazer o espectáculo à noite com o elenco antigo… E como funcionam as coisas ao nível de horas extra?

São pagas. E eles respeitam-nos muito – sabem que não podem abusar porque não posso chegar ao espectáculo com a voz cansada e 1300 pessoas a assistir. Já aconteceu ter de actuar sem estar a cem por cento?

Não. Nem convém. A Christine é vocalmente muito exigente e basta estar com uma ligeira inflamação para não conseguir fazer o espectáculo. É até perigoso – posso danificar 74.magazine

setembro/outubro 2011

Sente que a personagem influencia a sua vida pessoal? Dá por si a reagir como ela?

Quando fiz o “West Side Story”, sim. Talvez pelo facto de andar em digressão – não tinha a minha casa, os meus amigos, estava sempre nos teatros, rodeada dos outros actores do espectáculo. Chegou a um ponto em que nos tratávamos pelo nome das personagens. Se estivesse num restaurante e alguém chamasse “Maria!”, eu olhava. É estranhíssimo. Eu era muito mais Maria do que Sofia. Agora não sinto isso, porque estou num teatro fixo, tenho a minha vida à parte. Para mim, neste momento, é muito melhor um pouco de estabilidade. Fazer a personagem de Christine obrigou-a a corrigir o seu inglês? Tal como qualquer outro povo, temos o nosso próprio sotaque…

Pois temos. E não é pouco. Eu não dava conta disso. Tive um “dialect coach” durante algum tempo. Mas acho que para pessoas com ouvido musical é mais fácil. Ouvia falar e conseguia distinguir as diferenças. Foi fascinante aprender. Senti-me como uma Eliza Doolittle dos tempos modernos. “The rain in Spain stays mainly in the plain.” [risos] Tive de aprender a falar o inglês correcto. Tem contacto com outros portugueses em Londres?

Sim. Músicos, cantores, há muitos. Cada vez mais, nas escolas, a trabalhar e a estudar. Especialmente na parte de canto clássico. Costumam juntar-se para matar saudades?

Sim. Fazemos “barbecues” portugueses. Assamos umas febras, ouvimos Quim Barreiros [risos].


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SOFIA ESCOBAR

De que tem mais saudades quando lá está?

Família, amigos, sol, mar, comida. Do café já não tanto, agora tenho uma Nespresso, que dá para safar. E qual é a melhor parte de viver em Londres?

Todo o ambiente cultural é fenomenal. Mesmo quando não se tem dinheiro, como foi o meu caso durante muito tempo, há sempre muito para ver e fazer, nomeadamente entradas gratuitas em tudo quanto é museu e concertos abertos. Ou, mais que não seja, dar um passeio à beira do Tamisa, ver o Globe Theatre, o London Eye… E gosto imenso de ver tanta gente de lugares completamente diferentes. O que faz quando não está a trabalhar?

Cinema, jantares, almoços com amigos, ginásio. Agora o tempo está óptimo em

Londres e eu moro perto de Hyde Park. Vou para lá andar de bicicleta muitas vezes. O que gostaria de fazerquandoterminar o contrato com “O Fantasma da Ópera”?

Tenho o sonho de gravar um CD. Mas teria deserumacoisamuitobempensada.Equeria continuar a investir, a fazer mais teatro, fazer outrospapéisemteatromusical.Éummundo depossibilidades.Quemsabe,umdia,cinema? Gostava de me aventurar nesses campos. Que musical mais gostaria de fazer?

Já estou a concretizar um dos meus grandes sonhos. E fiz outro dos meus papéis favoritos, a Maria [“West Side Story”]. Sou muito privilegiada, sem dúvida. Além destes, “Música no Coração”, “My Fair Lady”, etc., mais os clássicos do que esta nova geração de teatro musical, que não me diz tanto. De que parte da sua profissão mais gosta?

Poder viver contos de fadas, histórias fantásticas. Tenho a possibilidade de viver várias vidas numa só e isso é extraordinário. setembro/outubro 2011

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PERFIL FALADO

DISCURSO DIRECTO.

O DESLUMBRAMENTO PODE SER UM GRANDE ERRO. Enquanto estive em Portugal foi completamente impossível. Sempre quis fazer teatro, sempre quis cantar, representar, e nunca consegui abrir as portas certas. Só posso falar pela minha experiência, mas estou em Londres há apenas cinco anos e já consegui o que consegui. Infelizmente, em vez do “X Factor”, cá ainda existe muito o «Factor C». Quando cheguei a Londres trabalhei num restaurante. Por vezes trabalhava até às duas da manhã, e acordava às sete para ir à escola. Foram tempos difíceis, não vou mentir: não tenho grandes saudades. Mas sabia que ia valer a pena. Tinha uma convicção muito forte. Li num jornal o anúncio de uma vaga para o papel de Christine em “O Fantasma da Ópera”. Não é coisa que aconteça todos os anos. Decidi ir para ver como era, mas nunca pensei que ficasse com o trabalho. Pensei «Vou fazer as provas para ficar com a experiência, e ninguém precisa de saber». Depois acabaram por ter de saber… A dança é o meu grande ponto fraco. Nunca fiz dança na vida. É suposto a Christine ser uma bailarina que, afinal, também canta; eu sou uma cantora que, afinal, também dança… mal. Só escapa porque ela é um pouco distraída e eu aproveito-me disso para lhe pôr as culpas em cima. Faço seis espectáculos por semana, mas não me canso daquilo. Cada espectáculo é único, é sempre diferente. Nunca estamos exactamente com o mesmo estado de espírito. Se o actor tiver vontade de descobrir coisas novas todos os dias, em vez de carregar no piloto automático, acaba por desenvolver cada vez mais a personagem. É muito bom sentir essa evolução. O sucesso não me assusta. Assustar-me-ia pensar que poderia mudar. Mas sei que isso não vai acontecer. A forma como os meus pais me educaram não mo permite, felizmente. Ter sucesso é bom. Especialmente, quando se luta tanto para chegar a algum lado. Assusta-me mais o insucesso: tenho sempre medo porque isto é muito instável. Nunca se sabe o que vem a seguir. O deslumbramento pode ser um grande erro. Toda a vida admirei pessoas muito talentosas com as quais se podia conversar no final do espectáculo. A fama pode subir à cabeça de uma pessoa, mas não vem acrescentar nada ao seu talento. Quem tem talento – seja humilde ou não – tem-no sempre. O facto de eu representar ou gostar de cantar não faz de mim diferente de quem tem talento noutra área qualquer. No fundo, é um trabalho. Isto é quase como ser atleta de alta competição: fumar, nem pensar; beber, nem pensar; sair à noite, nem pensar. Mas sempre soube que eram essas as regras. Dormir é muito importante, bebo cinco litros de água por dia e não posso engordar – está escrito no meu contrato, junto das minhas medidas e do peso – por causa dos figurinos, que são caríssimos e, se apertar é sempre possível, alargar é mais complicado. Tentar a sorte em Nova Iorque? Claro que gostava, mas é muito complicado por causa dos vistos de trabalho. Houve uma altura em que quiseram que fosse fazer audições para a Maria, no “West Side Story” da Broadway. Recuaram mal souberam que eu não tinha visto. Na altura, foi chato, porque estava entusiasmada com a ideia. Mas acredito que as coisas acontecem por um motivo: se tem de ser, é; se não tem de ser, não é. l www.sofiaescobar.com Assistente de fotografia: Filipe Serralheiro I Pós-produção: Álvaro Teixeira I Maquilhadora: Sónia Pessoa I Cabelos: Ana Fernandes para griffe I Sofia Escobar vestida por Ana Sousa I Agradecimentos: Gil Sousa Jewellers e Gioia — Relógios e Jóias 76.magazine

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DATAS. 1981. Nasce a 29 de Novembro, em Guimarães. Em criança brincava aos palcos e cantava para as bonecas (mas nunca em público). Tinha um problema de timidez, que o pai resolveu inscrevendo-a num grupo local de teatro amador aos 13 anos. Rapidamente se entusiasma com a ideia de estar em cima de um palco. Começa depois a estudar música e entra para o Teatro Oficina, onde faz a sua primeira peça «a sério», “Estórias do Arco da Velha” (1999).

2000. Concluído o 12º ano, hesita entre um curso «normal» e a via artística. A paixão fala mais alto: muda-se para o Porto para estudar música no Conservatório. A veia teatral é exercitada no Rivoli, onde participa na ópera “Os Zoocratas” e no musical “Scents of Light” (2003). 2005. Com o diploma do Conservatório na mão, o caminho volta a bifurcar-se: continuar a tentar uma carreira em Portugal ou sonhar mais alto? Ganhou o verbo «ousar»: viaja para Londres, passa nas provas da prestigiada Guildhall School of Music and Drama e consegue uma bolsa de estudo.

2007. Abre a vaga de “understudy” (substituta) da actriz principal no musical “O Fantasma da Ópera”. Apesar de não ter autorização da escola, Sofia teima em fazer as provas. É a escolhida, entre duas mil candidatas.

2008. Dá nas vistas em “O Fantasma da Ópera”, convencendo os produtores de “West Side Story” a contratarem-na para o papel principal de uma nova produção do clássico de Leonard Bernstein e Arthur Laurents. O seu desempenho é elogiado pela crítica, premiado pelo público e vale-lhe a nomeação para o prestigioso “Laurence Olivier Award”.

2010. Regressa a “O Fantasma da Ópera”, agora como actriz principal, onde ficará até Setembro de 2012.

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BOA VIDA

NATUREZA, CHARME E HISTÓRIA. UM TRIÂNGULO PARA DUAS NOITES NAS POUSADAS DE VILA POUCA, MANTEIGAS E VISEU. COM PROMOÇÃO.

BEIRAS A DOIS

POUSADA DE VILA POUCA DA BEIRA


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TEXTO JOÃO ALEXANDRE

O fim do Verão pode ser sinónimo de fim das férias, mas não das promoções e dos passeios a dois ou em família. É isso que propõe o programa “Escapada de 2 noites” das Pousadas de Portugal: duas noites (lá está) em quarto duplo, pequeno-almoço “buffet” e, mediante disponibilidade, “late check-out” até às 18h. Na Pousada de Manteigas, situada no alto do Parque da Serra da Estrela e com vista magnífica sobre o vale do rio Zêzere, há 21 quartos disponíveis a 95 euros por noite e um restaurante com especialidades regionais, desde trutas, feijocas guisadas ou cabrito do Covão de Santa Maria. Depois, e em redor, há aldeias típicas, lagoas naturais e a serra em todo o seu esplendor. Em Viseu, a Pousada é de charme e tem a assinatura do arquitecto Gonçalo Byrne. Aberta desde 2009, dispõe de 84 quartos (a promoção é também de 95 euros por noite) e de um “spa” completo para relaxar com cuidado e estilo. A terceira proposta desta volta pelas Beiras fica em Vila Pouca da Beira, onde a recuperação do antigo Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento (século XVIII) deu lugar a uma deslumbrante Pousada Histórica de 29 quartos (a um preço promocional de 130 euros por noite) rodeada pela natureza das serras da Estrela e do Açor. Agora, basta escolher por onde quer começar. l

POUSADA DE VILA POUCA DA BEIRA

POUSADA DE VISEU

POUSADA DE VISEU

POUSADA DE MANTEIGAS

Para informações e reservas: Tel.: 218 442 001 guest@pousadas.pt www.pousadas.pt

POUSADA DE MANTEIGAS

VANTAGEM MILLENNIUM Cartão American Express Platinum*: 15% de desconto sobre o melhor preço disponível, 10% de desconto nas refeições (máximo seis pessoas), tratamento VIP nos quartos, Porto de boas-vindas e “late check-out” (conforme disponibilidade). Cartão American Express Gold**: 10% de desconto sobre o melhor preço disponível, 10% de desconto nas refeições (máximo seis pessoas), tratamento VIP nos quartos, Porto de boas-vindas e “late check-out” (conforme disponibilidade). Desconto imediato mediante apresentação do cartão American Express no “check-in” e a sua utilização no pagamento (“check-out”). Não-acumulável com outras campanhas, promoções ou descontos em vigor. *Cartão American Express Platinum: TAEG de 26,9% e TAN de 23,020% para crédito de 15.000€ pago em 12 prestações mensais **Cartão American Express Gold: TAEG de 26,5% e TAN de 23,020% para crédito de 5.000€ pago em 12 prestações mensais setembro/outubro 2011

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COLECÇÃO DE ARTE

QUANDO PASSAM 40 ANOS SOBRE A MORTE DE JORGE BARRADAS, DESTACAMOS UMA OBRA QUE A FUNDAÇÃO MILLENNIUM BCP ESCOLHEU PARA A EXPOSIÇÃO “A PULSÃO DO AMOR”, QUE PASSOU PELO FESTIVAL DAS ARTES DE COIMBRA.

SEM TÍTULO 1933 Grafite s/papel 36 x 27cm

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TEXTO JOÃO ALEXANDRE

DR

FIGURAS DE PAIXÃO O tema estava definido à partida: «paixão». Convidada a fazer-se representar na terceira edição do Festival das Artes de Coimbra, organizado pela Fundação Inês de Castro, a Fundação Millennium bcp respondeu, em Julho, com “A Pulsão do Amor”, exposição exclusiva preparada com desenhos, pinturas e tapeçarias que integram a colecção Millennium bcp – e que pôde ser visitada entre Julho e Setembro no Museu Municipal-Edifício Chiado, em Coimbra. Trocando por números, 26 obras de 17 autores portugueses e estrangeiros: António Costa Pinheiro, António Dacosta, Abel Salazar, Di Cavalcanti, Eduardo Viana, Júlio Resende, Mário Eloy, Cipriano Dourado, José Malhoa, Mily Possoz, Maria Helena Vieira da Silva, Jorge Pinheiro, Pablo Picasso, Júlio Pomar, Júlio dos Reis Pereira, Paula Rego e Jorge Barradas, o “Barradinhas”, protagonista destas páginas. «Usando a rua como cenário, as personagens bem definidas em traço linear e seguro do desenho de Jorge Barradas retratam uma situação de sedução entre um marujo e uma aguadeira», explica Emília Ferreira, escritora, crítica de arte e responsável pela montagem da exposição. «A conversa pode não ser muito “legítima”, a avaliar pela postura física de cada um deles: ele, falando baixo, como numa proposta ilícita; ela assumindo ares de defesa mas com algum desafio no seu queixo erguido.» Através dos retratos de vários “tipos alfacinhas” – marinheiros, ardinas, costureiras, burgueses e burguesas, entre tantos outros –, Jorge Barradas criou um «vasto panteão de figuras que dão rosto às várias facetas de Lisboa» nas primeiras décadas do século XX. Pintor e ceramista, é no desenho que aposta tudo, manifestando «um claro domínio técnico, dotado de grande expressividade, tanto na estilização mais moderna do traço e no certeiro uso da cor, como na actualização de formas de inspiração mais lírica», conclui Emília Ferreira. Com o mito de Pedro e Inês como ponto de partida, o curador Rui Paiva, coordenador das exposições itinerantes do Millennium bcp, construiu uma proposta que cruza múltiplas visões do amor e se junta assim a 13 grandes exposições, preparadas com cerca de 200 obras da colecção de arte do Banco, vistas até hoje por mais de 138 mil pessoas – de Bragança a Évora, de Viseu ao Funchal, de Lisboa ao Porto, e até no Luxemburgo, numa mostra de Tapeçaria de Portalegre realizada na sede do Banco Europeu de Investimento. «Há um desígnio do Grupo, que passa por uma presença activa e estruturante na área da Cultura, neste caso procurando levar as suas obras de arte a todo o País, atingindo públicos diversificados, adultos e infanto-juvenis, e associando para o efeito a realização de serviço educativo próprio, com visitas guiadas», afirma Carlos Santos Ferreira, presidente do Conselho de Administração Executivo do Millennium bcp. l

JORGE BARRADAS 1894-1971

Há 100 anos, Jorge Nicholson Moore Barradas era caloiro na Escola de Belas-Artes, em Lisboa, cidade onde nasceu 17 anos antes. É também em 1911 que conhece Joaquim Guerreiro, director de “A Sátira”, que o leva para a Brasileira do Chiado, apresentando-o ao meio artístico lisboeta. Um ano depois, na primeira exposição do Grupo dos Humoristas Portugueses, “Barradinhas”, o mais novo entre os participantes, estreava-se com oito desenhos. Começava aí o percurso de colaboração com vários jornais e revistas (“ABC”, “Diário de Lisboa” e “Ilustração Portuguesa”, entre outros) daquele que viria a fundar, com Henrique Roldão, o quinzenário “O Riso da Vitória”, e a dirigir o “ABC a Rir”. «Se Rafael Bordalo é o artista combativo da sociedade portuguesa, irónico e sarcástico sem temor, Barradas é o comentador dos ridículos e o anotador flagrante das visíveis passagens da fauna que a compõe.» A definição da “Ilustração Portuguesa” serve que nem uma luva ao desenhador que, a partir dos anos 1930, se destacaria como pintor. «Membro destacado do movimento modernista português», segundo Emília Ferreira,

APOSTA MILLENNIUM.

Esta obra faz parte da exposição “A Pulsão do Amor na Colecção Millennium bcp”, que esteve patente no Museu Municipal - Edifício Chiado, em Coimbra, durante este Verão. Em simultâneo, decorreu a mostra “Depois dos quatro vintes: percursos individuais” (inserida na iniciativa itinerante Arte Partilhada Millennium bcp), no Palácio das Artes - Fábrica dos Talentos, no Porto. Ambas as exposições tiveram entrada gratuita.

«foi também um dos mais inovadores cultores da cerâmica e do azulejo, tendo recebido, em 1949, o Prémio Sebastião de Almeida, do SNI.»

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DESCAPOTÁVEIS DE LUXO

ESPAÇOSOS, ELEGANTES E INCONFUNDÍVEIS EM REQUINTE E BOM GOSTO. TANTO SERVEM PARA O DIA-A-DIA COMO PERMITEM, EM MEROS SEGUNDOS, UMA CONDUÇÃO MAIS PRÓXIMA DA NATUREZA.

CLASSE AO SOL

AUDI A5. Esguio

e musculado sem perder a sofisticação.

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TEXTO PEDRO ALFAIA

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DESCAPOTÁVEIS DE LUXO

D

imensões generosas, linhas harmoniosas e elegantes, imagem exclusiva e um padrão muito elevado de requinte interior – eis cinco dos descapotáveis mais apetecidos do mercado. AUDI A5 CABRIOLET

Tem como base um dos veículos mais bem proporcionados da Audi. Na realidade, o A5 consegue ser esguio e musculado, sem que isso diminua o seu aspecto distinto e sofisticado. Assumindo-se como “coupé” desportivo, o A5 Cabriolet reivindica dimensões mais do que respeitáveis, a começar pelo comprimento que supera os 4,6 metros. A capota em lona garante um isolamento notável quando fechada, com reforço sobre a cabeça dos passageiros para evitar que enfole ao circular a alta velocidade, e entradas de ar dinâmicas que geram uma sobrepressão interior. Recolhida, deixa à vista uma carroçaria elegante, com uma linha de cintura de tal forma baixa que mais parece estar colada à estrada. O habitáculo oferece quatro excelentes lugares e uma bagageira generosa. Com transmissão às rodas da frente, ou às quatro rodas nas versões mais possantes,

VOLVO C70.

Um “cabrio” de linhas fluidas e elegantes.

o A5 Cabriolet disponibiliza motores a gasolina e diesel, com destaque para o acessível 1.8 TFSI a 160cv, proposto por 49 mil euros, e o 2.0 TDI de 170cv, à venda por mais cinco mil. No entanto, os amantes de emoções fortes podem sempre contar com os motores 3.0 TFSI de 333cv (S5 Cabriolet) e 3.0 TDI de 240cv.

EM DESTAQUE. AUDI A5 CABRIOLET.

Não é impossível aliar emoções fortes a uma condução agradável a céu aberto. A prova está no S5 Cabriolet, cujo motor de 333cv faz maravilhas, com a ajuda do sistema de tracção integral Quattro.

BMW SÉRIE 6 CABRIO

BMW SÉRIE

O novo “coupé” de grandes dimensões da BMW conhece a sua segunda geração, anunciando 4,9 metros de comprimento que lhe asseguram o título de modelo mais generoso do segmento. Com uma linha de cintura mais baixa, o novo Série 6 recolhe a capota de lona em apenas 19 segundos, expondo um interior amplo onde quatro passageiros viajam no maior conforto. A bagageira aguenta 300 litros, capacidade que ganha 50 litros extra quando o tejadilho está fechado. De momento está apenas disponível com duas motorizações, ambas a gasolina e entre as mais possantes do fabricante alemão. O 640i recorre ao motor de seis cilindros em linha e fornece 319cv, ao passo que o 650i vai mais longe com um V8 de 408cv.

Se o anterior Série 6 favorecia uma carroçaria mais agressiva e em cunha, a nova geração opta por uma solução estética mais elegante e fluida. Para já estão disponíveis motores de seis e

6

CABRIO.

oito cilindros a gasolina, mas vem aí o M6. MERCEDES CLASSE E CABRIO.

O novo Classe E Cabrio é elegante, muito bem equipado e consegue agradar a gregos e troianos ao oferecer uma gama que inclui versões acessíveis para orçamentos mais limitados e opções com motores mais potentes. SAAB

9-3

CONVERTIBLE.

O 9-3 continua actual e agradável à vista. Com um preço convidativo e muito espaço interior, é uma proposta interessante para quem percorre muitos quilómetros, graças ao seu motor potente e económico.


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CLASSE AO SOL

MERCEDES CLASSE E.

Espaço, requinte e uma estética forte.

A MERCEDES PROPÕE UM “CABRIO” COM FORMAS DE “COUPÉ”, DISPONÍVEL NUMA VASTA GAMA DE MOTORIZAÇÕES – COM TODAS AS ATENÇÕES CENTRADAS SOBRE A OPÇÃO 500 E CABRIO, CAPAZ DE DEBITAR 408CV. setembro/outubro 2011

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DESCAPOTÁVEIS DE LUXO

BMW SÉRIE 6.

Nova geração, mais elegante e fluida.

ESPAÇO DE SOBRA PARA QUATRO PASSAGEIROS E UMA BAGAGEIRA QUE PODE CHEGAR AOS 350 LITROS COM A CAPOTA RECOLHIDA FAZEM DO SÉRIE 6 O MAIS GENEROSO DO SEGMENTO.

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CLASSE AO SOL

MERCEDES CLASSE E CABRIO

É simultaneamente um dos descapotáveis mais recentes do mercado e um dos que exibem uma imagem mais forte. O novo Classe E Cabrio traz à marca alemã um modelo de maiores dimensões e requinte a condizer com os clientes que até aqui conduziam o CLK descapotável. Com a frente característica da Classe E, este “cabrio” apresenta formas de “coupé” desportivo com a capota de lona fechada, para depois se transformar num carro aberto em apenas 20 segundos e a uma velocidade até 40 km/h. Lá dentro, quatro lugares agradáveis de utilizar, onde mesmo os mais altos se sentem à vontade. A marca alinhou uma vasta gama de motorizações, a começar pelos 220 CDI (170cv) e 200 CGI (184cv), propostos por 56 e 53 mil euros, respectivamente, com o primeiro a exigir diesel e o segundo a trabalhar a gasolina. Quem prefere potências elevadas não foi esquecido – à sua disposição tem o 500 E Cabrio, de 408cv. SAAB 9-3 CONVERTIBLE

Os suecos da Saab propõem um descapotável curioso. Não é o mais recente, mas assume uma linha atraente e actual, com a capota de lona a ligar na

SAAB

9-3.

Um automóvel para usar todo o ano.

perfeição com as diferentes cores da carroçaria. De vincado perfil em cunha, o 9-3 caracteriza-se por um habitáculo amplo e vasta bagageira, satisfazendo deste modo o condutor que o compra para todo o ano. Ao serviço do único modelo aberto da Saab está o motor turbodiesel com 1910cc e potências que oscilam entre os 160 e os 180cv, o que assegura condução dinâmica e economia respeitável, propostas bastante convidativas num dos modelos mais acessíveis do segmento. VOLVO C70

Linhas elegantes, quatro lugares, mala agradável e tejadilho rígido retráctil são as principais características do novo C70. Optando pelo tecto de três peças em metal, que favorece a versatilidade e a utilização durante todo o ano, com destaque para uma maior resistência a actos de vandalismo, a Volvo concebeu o C70 à imagem e semelhança da sua nova linguagem estilística, através de um veículo de linhas mais fluidas e elegantes. O condutor pode optar entre o motor a gasolina T5 com 2,5 litros e 230cv, e o D4 turbodiesel, de 2.0 litros e 177cv, o que permite preços na ordem dos 62 e 52 mil euros. l

VANTAGEM LEASING/ALD. Exemplo para viatura de 52.200€. Renda mensal de 812,27€, considerando 1ª renda de 10.440€ (entrada de 20%), prazo de 60 meses e valor residual de 2%, TAEG de 7,1 % e TAN de 6,422%, tendo como referência a média da Euribor a 1 mês na base 360 dias, de 1,422% (média aritmética simples das cotações diárias de Julho de 2011 com arredondamento à milésima mais próxima), acrescida de spread de 5% (spreads a partir de 5%, definidos em função do perfil de risco do Cliente, valor de entrada inicial e prazo da operação). Montante total imputado ao Cliente (Leasing): 59.888,71€, inclui as seguintes comissões não financiadas (IVA incluído): comissão de dossier 184,50€, comissão de processamento mensal 1,23€, comissão de gestão de contrato trimestral 9,84€ e comissão de final de contrato 36,90€. ALD — TAEG de 7,1%; montante total imputado ao Cliente: 59.935.69€, inclui, adicionalmente ao Leasing, Imposto do Selo sobre a caução (correspondente a 15%) de 46,98€. RENTING. Exemplo para viatura Audi A5 2.0 TDI Cabrio 170cv 2P. Cotação mensal de 876,02€ e despesas de contrato de 184,50€, ambas com IVA incluído, tendo em conta os seguintes parâmetros: 48 meses, 80.000km, 4 pneus de substituição, serviços de manutenção prevista e imprevista (avarias), assistência ao condutor 24 horas/365 dias por ano, assistência em viagem 24 horas e serviços de gestão oficinal e gestão de entrega; Imposto Único de Circulação incluído na renda. Caso seja percorrida quilometragem superior à contratada, o valor das rendas será recalculado em função das condições contratadas. CRÉDITO AUTOMÓVEL. Exemplo para viatura de 52.200€, com entrada inicial de 20% e financiamento solicitado de 41.760€, com hipoteca ou reserva de propriedade a favor do Banco e prazo de 60 meses. Prestação fixa mensal de 888,37€. TAEG de 10,7%. TAN fixa de 9,25%, definida para viaturas novas, em função do perfil de risco do Cliente, prazo e entrada inicial. Montante total imputado ao Cliente: 53.452,20€, incluindo comissão de dossier (144,23€, à qual acresce Imposto do Selo à taxa actual de 4%) e Imposto do Selo sobre a abertura de crédito, este financiado, juros e respectivo Imposto do Selo.

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INICIATIVA

NOVA CAMPANHA MILLENNIUM BCP

MOURINHO APELA AO ORGULHO NACIONAL


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OSTRAR O ORGULHO EM SER PORTUGUÊS. É ESTE O REPTO QUE O MILLENNIUM BCP E JOSÉ MOURI NHO LANÇAM AO PAÍS NA NOVA ACÇÃO DE COMUNICAÇÃO DO BANCO.

Numa mensagem com um cariz fundamentalmente institucional, o Millennium bcp procura sublinhar e fazer ressurgir o sentimento de portugalidade inerente a todos nós. E José Mourinho exemplifica-o no filme publicitário da campanha, dando o mote e apelando a uma vontade conjunta de crença no futuro e determinação em vencer, ao afirmar «Sou o melhor treinador do mundo e sou português». Mourinho mostra que não só acredita nos portugueses como confia na sua enorme capacidade de trabalho, talento e garra, sintetizando nestes atributos os valores, princípios e atitudes que revê tanto em si como no Banco do qual faz parte. É nesta partilha de comportamentos que se consubstanciam a constatação e a certeza de que o futuro é daqueles que trabalham com a mesma paixão que ele e que os profissionais do Millennium bcp. A certeza de que o futuro é dos portugueses que, apesar das dificuldades, se esforçam diariamente, demonstrando a sua força e o seu carácter lutador. No entanto, mais do que uma declaração de vontade, a nova campanha assume um carácter simbólico, desafiador, inovador. O Millennium bcp pretende que a consciência nacional e o espírito de pertença se revelem na sua globalidade, procurando, para tal, maximizar essa manifestação com a proposta de uma acção real, visível, inequívoca: a expressão do orgulho através da utilização de uma fita de pulso — a fita do orgulho. É esse o objectivo da campanha. Que todos os portugueses — sejam ou não clientes do Banco — adiram a esta iniciativa, se dirijam a uma sucursal Millennium bcp, levantem as

A CAMPANHA, DE CARÁCTER SIMBÓLICO, DESAFIADOR E INOVADOR, PROCURA FAZER RESSURGIR O SENTIMENTO DE PORTUGALIDADE. suas fitas e as coloquem no pulso, demonstrando também o orgulho em Portugal e na sua nacionalidade. Concebida pela Silva Designers e totalmente produzida em Portugal, a fita do orgulho está disponível em cinco modelos distintos — numa combinação de cores, símbolos, figuras e elementos — que representam aquilo que Portugal foi, é e poderá ser. A forte aposta do Millennium bcp nesta iniciativa reflecte-se não só na campanha multimeios delineada (presença em televisão, rádio, imprensa, internet, “outdoors”, cinema, linha de LED dos principais estádios de futebol nacionais e sucursais do Banco), como também na distribuição directa de fitas (nas sucursais e em revistas de meios estratégicos) e no envio de fitas em «Caixas VIP» a personalidades do mundo da política, da economia, do espectáculo, do desporto e das artes. Toda a estratégia de comunicação da campanha — desenvolvida pela Bassat Ogilvy Barcelona (com Camil Roca como director criativo); o filme foi produzido pela Krypton (realização de Augusto Fraga) — assenta na divulgação de uma mensagem motivadora e aspiracional: que todos nós possamos sentir e afirmar, tal como Mourinho, «Eu sou um orgulhoso português!». l setembro/outubro 2011

magazine.89


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PRESENÇA

FESTAS COM AMERICAN EXPRESS. Até Outubro, a American Express estará presente na sexta edição da Festa do Mar, que anima o Verão de Matosinhos com um programa de música tradicional, artes circenses, jazz, fado e meia centena de restaurantes dispersos pelas principais artérias da cidade. Em simultâneo, os cartões American Express patrocinaram também o festival This is America, que se realizou entre 5 e 7 de Julho no Cinema São Jorge (Lisboa), por ocasião das comemorações do Dia da Independência dos EUA, com música, cinema, desporto, literatura e conferências sobre temas ligados à cultura norte-americana.

EM DESTAQUE.

MILLENNIUM NA FILDA MILLENNIUM ANGOLA PRESENTE NA FEIRA INTERNACIONAL DE LUANDA 2011 COM OFERTAS PARA NOVOS CLIENTES.

ANIVERSÁRIO COM PRÉMIOS MILLENNIUM ANGOLA JUNTA ÀS COMEMORAÇÕES DO SEU QUINTO ANIVERSÁRIO MAIS DUAS DISTINÇÕES EM REVISTAS INTERNACIONAIS DE PRESTÍGIO.

O Millennium Angola celebrou em Maio o seu quinto aniversário. No âmbito da comemoração, o presidente do conselho de administração Carlos Santos Ferreira destacou o excelente desempenho do Banco, que ultrapassou recentemente os 100 mil clientes activos e foi eleito “Melhor Grupo Bancário em Angola 2011” e “Melhor Banco em Angola” pelas prestigiadas revistas britânicas “World Finance” e “Euromoney”, respectivamente. Na opinião do júri, a operação angolana do Millennium destaca-se tanto pelo desempenho financeiro global e pela “performance” positiva comparativamente aos níveis do sector, como pela expansão da rede comercial, oferta diversificada e investimento contínuo em soluções financeiras inovadoras. l

EMPREENDEDORISMO EM PORTUGUÊS EQUIPA NACIONAL VENCE COMPETIÇÃO EUROPEIA DA JUNIOR ACHIEVEMENT COM PROJECTO DE DETECÇÃO DE INCÊNDIOS.

Depois de vencer a edição nacional do Graduate Programme da Junior Achievement, a FLICKS, equipa de estudantes da Universidade do Porto, repetiu a façanha no concurso europeu da organização de empreendedorismo estudantil. O conceito da «mini-empresa» portuguesa gira em torno de um sistema de detecção mais eficaz de fogos florestais através de tecnologias de ponta e a um preço competitivo. Além de se destacar entre os 14 projectos (de dez países diferentes) a concurso, venceu também o Intel Innovation Award. «Apoiar projectos empreendedores e diferenciados pela sua qualidade é também o papel do Millennium bcp», defende Fernando Nogueira, secretário-geral da Fundação Millennium bcp, que patrocina em exclusivo o Graduate Programme da Junior Achievement Portugal. l

90.magazine

setembro/outubro 2011

O Banco Millennium Angola marcou presença na edição de 2011 da Feira Internacional de Luanda (Filda) com um inovador balcão «virtual» que permitiu aos visitantes fazer o pré-registo de abertura de conta com oferta de um “voucher” de 50 USD a novos clientes particulares. Para as empresas, o Banco ofereceu a isenção do custo de adesão ao programa Cacau, cartão de débito pré-pago, e disponibilizou o Pack PME, um conjunto de soluções financeiras flexíveis com oferta integrada de produtos e serviços para os sectores de educação, restauração e hotelaria, saúde e farmácias, e comércio e serviços. A Filda 2011, que decorreu em Julho, recebeu 40 mil pessoas e juntou mais de 650 expositores oriundos de 23 países, destacando-se os estreantes Paquistão, Cabo Verde, Turquia, Quénia, Etiópia e Indonésia. l


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PRÉMIOS

MELHOR BANCO EM PORTUGAL. A “EMEA Finance” elegeu o Millennium bcp “Melhor Banco em Portugal”, distinção que, segundo Carlos Santos Ferreira, «premeia a actividade em 2010, um ano particularmente desafiante dada a conjuntura nacional e internacional». Entre outros critérios, pesaram na decisão da revista britânica o desempenho das operações internacionais e os resultados líquidos alcançados, que superaram as expectativas do mercado. Carlos Santos Ferreira acredita que «a confiança dos clientes e a aposta num serviço de excelência, independentemente das adversidades, continuarão a distinguir aquele que é o maior banco privado em Portugal».

FUNDOS EM ALTA INICIATIVA MORNINGSTAR / “DIÁRIO ECONÓMICO” COLOCA TRÊS FUNDOS DA

PRÉMIO MICROFINANCE.

MICROCRÉDITO PREMIADO

MILLENNIUM GESTÃO DE ACTIVOS ENTRE OS MELHORES DE 2011.

MILLENIUM BCP É O PRIMEIRO BANCO

Os fundos Millennium Acções Portugal, Millennium PPA e Millennium Prestige Moderado foram premiados na oitava edição dos prémios Melhores Fundos de Investimento 2011, iniciativa da agência norte-americana Morningstar, em parceria com o “Diário Económico”, apostada em premiar os fundos de investimento que mais valor proporcionaram e melhor ajustaram a rendibilidade ao risco (quer no ano transacto, quer nos últimos cinco anos), bem como as melhores sociedades gestoras pela gama de fundos disponibilizada. Os três fundos, geridos pela Millennium Gestão de Activos, sociedade gestora de fundos de investimento do grupo Millennium bcp, foram os vencedores nas categorias “Acções Portugal”, “Acções Portugal PPA” e “Mistos Euro Moderados”, respectivamente. Segundo António Ramalho, administrador financeiro do Banco, estas distinções «vêm reconhecer a qualidade de gestão e o mérito das equipas que integram a Millennium Gestão de Activos». l

COMERCIAL A SER DISTINGUIDO PELOS

QUATRO VEZES “O MELHOR” ACTIVOBANK ACUMULA QUATRO GALARDÕES NA INICIATIVA “WORLD’S BEST INTERNET BANKS IN EUROPE 2011”, PROMOVIDA PELA “GLOBAL FINANCE”.

Um prémio nacional e três europeus. Na 12ª edição dos “World’s Best Internet Banks in Europe 2011”, o júri internacional e os editores da revista “Global Finance” decidiram premiar o ActivoBank em quatro categorias: “Best Consumer Internet Bank” (melhor banco “on-line” para consumidores — Portugal), “Best Integrated Consumer Bank Site” (melhor portal bancário para consumidores — Europa), “Best Web Site Design” (“website” com melhor design — Europa) e “Best in Mobile Banking” (melhor banco em “mobile banking” — Europa). Para Nelson Machado, CEO e vice-presidente do ActivoBank, esta distinção traduz «o reconhecimento, por parte da comunidade financeira, do lugar cimeiro que o Banco ocupa no mercado nacional da área da inovação». Na decisão do júri pesaram critérios como força da estratégia para atrair e servir clientes “on-line”, sucesso no incentivo à utilização do canal internet, crescimento da base de clientes “on-line”, extensão da oferta de serviços, e design e funcionalidade do “website”. l

“MICROFINANCE RECOGNITION AWARDS”.

O empenho da unidade de microcrédito do Millennium bcp valeu ao Banco uma distinção na categoria “Commitment to Social and Financial Transparency” (Compromisso para a Transparência Social e Financeira) na cerimónia dos “MicroFinance Recognition Awards”, que teve lugar em Maio, no hotel Grosvenor de Londres. Esta iniciativa distingue as organizações que, de forma inovadora, proporcionam serviços financeiros às populações mais desfavorecidas. A qualidade do serviço prestado pelo Millennium bcp Microcrédito, assente no relacionamento profundo e contínuo entre o gestor de projecto e o microempreendedor, foi decisiva para a atribuição do prémio. «O modelo de microcrédito desenvolvido pelo Banco foi muito elogiado pelos vários participantes no evento, dada a sua diferenciação face às operações existentes a nível internacional», garantiu Helena Mena, responsável pela unidade, sublinhando que, pela primeira vez, «um banco comercial ganhou uma distinção destas na categoria de responsabilidade social». l

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ESTRATÉGIA

AJUSTAMENTO DA AGENDA ESTRATÉGICA No âmbito da transformação estrutural do contexto de mercado em Portugal, o Millennium bcp procedeu ao ajustamento da sua agenda estratégica em torno de quatro áreas-chave de actuação:

1.

REPENSAR O FUTURO MILLENNIUM BCP ANUNCIA REDEFINIÇÃO DA ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA EM FUNÇÃO DA PRESENTE CONJUNTURA ECONÓMICO-FINANCEIRA.

Na divulgação de resultados do primeiro semestre de 2011, o presidente do conselho de administração executivo do Millennium bcp Carlos Santos Ferreira salientou que, face à actual conjuntura, o Banco procedeu a uma redefinição da sua estratégia, tendo como principais linhas de orientação o reforço dos níveis de solvabilidade e da solidez do balanço; a gestão do processo de desalavancagem para estabilizar as necessidades e a estrutura do financiamento; o reforço da liderança e dos níveis de rendibilidade do negócio em Portugal através do estabelecimento de um novo modelo de negócio; e o enfoque no portefólio internacional, com uma aposta nos mercados de África e de afinidade — prevendo-se um plano de expansão mais ambicioso com a criação de uma “holding” para a qual será transferido o Banco Millennium Angola e que irá analisar novas oportunidades de negócio neste e noutros países africanos. No âmbito do plano estratégico, o Millennium bcp irá também proceder a um reajustamento das operações europeias. Esta revisão focar-se-á na avaliação da criação de valor das várias opções possíveis, permitindo uma decisão futura sobre as respectivas participações sociais. l

92.magazine

setembro/outubro 2011

Garantir níveis de solvabilidade acima dos requisitos regulatórios de 9% de Core Tier I em 2011 e 10% em 2012.

2. Gerir o processo de

desalavancagem para estabilizar as necessidades e estrutura de financiamento, tendo redefinido como objectivo um rácio de Crédito sobre Depósitos de 120% em 2014.

3. Recuperar os níveis

de rendibilidade do negócio em Portugal, com o objectivo de superar uma rendibilidade de capitais próprios (ROE) de 10%.

4.

Focar o portefólio internacional em função do seu atractivo e dos recursos disponíveis.



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ON-LINE

MILLENNIUMBCP.PT COM ÁREA DE SUSTENTABILIDADE. O “website” institucional do Millennium bcp (www.millenniumbcp.pt) tem uma nova área de consulta — Sustentabilidade — que se desdobra em quatro subáreas: Responsabilidade Social, Responsabilidade Corporativa, Relação com “Stakeholders” e Compromisso de Reporte. Esta área tem como objectivo a divulgação de informação relativa à actividade do Millennium bcp no âmbito da Sustentabilidade.

MOVIMENTO MILÉNIO.

BOLSA DE BOLSO

MILLENNIUM BCP INOVA COM O LANÇAMENTO DA MBOLSA, UMA APLICAÇÃO DE INVESTIMENTOS EM BOLSA PARA EQUIPAMENTOS APPLE.

O Millennium bcp lançou uma nova aplicação de investimentos para iPhone, iPad e iPod Touch, a App MBolsa , que permite consultar os principais índices accionistas mundiais, as cotações de títulos das principais bolsas internacionais, a carteira de títulos e a situação das ordens de bolsa, bem como dar ordens de compra e venda de acções nacionais (PSI20 e Euronext Lisbon) e anular ordens de bolsa. O “download” da aplicação não tem custos e pode ser feito a partir da loja “on-line” App Store. O Millennium bcp disponibiliza também a App Millennium — compatível com equipamentos Apple (iPhone, iPad e iPod Touch), BlackBerry® e “smartphones” AndroidTM e Java —, o serviço Mobile Web, que permite o acesso ao Banco a partir do endereço mobile.millenniumbcp.pt (a digitar no “browser” de qualquer “smartphone” ou PC “tablet”) e o serviço Mobile SMS. Siga a página Millennium Mobile no Facebook para se manter a par das novidades. l NOTA. iPhone, iPad e iPod Touch são marcas registadas da Apple Inc. Java é uma plataforma informática desenvolvida pela Oracle Corporation. BlackBerry®, RIM®, Research In Motion® e as marcas comerciais, nomes e logótipos relacionados são propriedade da Research In Motion Limited e são registados e/ou utilizados nos EUA e noutros países do mundo. Utilizado sob licença da Research In Motion Limited.

94.magazine

setembro/outubro 2011

INOVAÇÃO PARTILHADA PLATAFORMA DE INOVAÇÃO INOCROWD VENCE CATEGORIA DE NEGÓCIOS DO CONCURSO DE IDEIAS.

«É nosso dever empenharmo-nos agora na busca de caminhos para a construção de um novo Portugal», apelava Carlos Santos Ferreira, presidente do Millennium bcp, no lançamento do Movimento Milénio, em Fevereiro. Soraya Gadit, Mário Lavado e João Moita responderam à altura, com a criação de uma plataforma virtual destinada a aumentar a competitividade das empresas, ligando-as a universidades e investigadores capazes de fornecer soluções inovadoras, e em simultâneo captar o potencial de inovação dessas equipas de investigação. Com este projecto (a que chamaram InoCrowd) venceram a categoria “Negócios” do concurso de ideias para mudar Portugal. O Movimento Milénio, iniciativa conjunta do “Expresso” e do Millennium bcp, divide-se nas categorias “Democracia”, “Negócios”, “Cidades” e “Consumo”. O vencedor de cada uma é premiado com um cheque de 12.500€ para custear a participação numa conferência internacional. O primeiro foi apurado em Abril — Stephanie de Matos e André Cabrita destacaram-se na Cidadania com o “Voto Simplex”. Os restantes vencedores serão conhecidos a 6 de Setembro (Cidades) e 14 de Novembro (Consumo). www.movimentomilenio.com. l


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MILLENNIUM IMÓVEIS. O actual contexto económico é favorável à concretização de bons negócios no sector imobiliário. O Millennium bcp

ÚTIL.

MAIA Município: Maia (pop. 145.791) Distrito: Porto Proximidades: Porto (12km), Matosinhos (12km), Braga (50km) Transportes: autocarros urbanos STCP e Maia Transportes, Metro Ex-líbris: Igreja de Águas Santas (séc. XII, Monumento Nacional), Parque Zoológico da Maia Website: www.cm-maia.pt

MAIA PARK RESIDENCE APARTAMENTOS T2 E T3

PREÇO: T2 — A partir de 145.000€ I T3 — A partir de 160.500€

CONDOMÍNIO FECHADO de apartamentos com área útil de 116 e 133 metros quadrados (tipologias T2 e T3, respectivamente), garagens individuais com 2/3 lugares, situado junto ao complexo cultural Fórum da Maia, perto do metro. O Maia Park Residence está inserido numa área de jardim com três mil metros quadrados (com alto nível de segurança e porteiro 24 horas) e dispõe de piscina interior aquecida, piscina para crianças, campo de “squash”, ginásio, campo de ténis e parque infantil. l

INFORMAÇÃO DO IMÓVEL

Assoalhadas: 3 / 4 (T2/T3) WC: 2 / 3 Área útil: 116m2 / 133 m2 Edifício: prédio de 6 andares Garagem: Sim Proximidades: Câmara Municipal (100m), farmácia (200m), estação de metro Fórum da Maia (300m), biblioteca, auditórios e museu (300m), estádio municipal (300m) CONTACTOS

José Lopes VILANOBRE Mediação Imobiliária, Lda Tel.: 917 564 903 / 808 200 116 Website: www.vilanobre.com

a


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apresenta duas excelentes oportunidades, em termos de relação qualidade/preço, de imóveis de que é proprietário.

ÚTIL.

VILAMOURA Município: Loulé (pop. 66.646) Distrito: Faro Proximidades: Almancil (9km), Loulé (13km), Albufeira (23km), Faro (23km) Praias: Quarteira (3km), Vale do Lobo (11km), Poço Velho (15km), Rocha Baixinha (17km) Website: www.cm-loule.pt

CAMINHO DO GALEÃO MORADIA T4

PREÇO: 840.000€

PROPRIEDADE DE DESIGN MODERNO, com interiores espaçosos e vista panorâmica do campo de golfe Vilamoura Pinhal. A casa divide-se em três níveis e tem cozinha equipada, quatro quartos com casa de banho privativa — um na cave, dois no andar de cima, com ligação a um terraço, e outro no piso térreo, com acesso ao jardim e à piscina (cuja área envolvente está pavimentada em “deck” de madeira). A sala de estar tem janelas panorâmicas e saída para o jardim. O piso da cave tem uma garagem para vários carros e áreas de arrumação. l

INFORMAÇÃO DO IMÓVEL

Assoalhadas: 5 WC: 4 Área útil: 233m2 Área de implantação: 538m2 Área do terreno integrante: 628m2 Edifício: moradia de 3 pisos (cave, térreo e superior) Garagem: Sim Proximidades: Vila Sol Golf Course (2km), Oceânico Pinhal Golf Course (3km), Marina de Vilamoura (4km), Casino (4km) CONTACTOS

João Nogueira BIP Bolsa de Imóveis de Portugal Tel.: 289 310 303 / 917 310 303 Website: www.bipportugal.pt


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CONVERSA DE ALGIBEIRA

ANA MOURA .32 ANOS FADISTA

Ainda me lembro do meu primeiro trabalho. Tinha eu 15 anos e ganhava muito bem (para quem apenas queria um emprego de Verão para equilibrar o seu pequeno orçamento de adolescente) a trabalhar numa geladaria. Quando o recebi o

primeiro salário, senti-me «gente grande. Olhando para trás, valeu a pena esse Verão para ter noção do valor das coisas... e os gelados nem eram maus! No que respeita a

dinheiro, considero-me uma pessoa desprendida. Por exemplo, o meu maior luxo foi não olhar para o dinheiro como uma obsessão, apenas como uma fonte de sustento.

Ainda hoje detesto gastar dinheiro em bugigangas inúteis, nunca emprestaria dinheiro a quem não precisasse e sonho um dia investir nas pessoas importantes da minha vida. Sim, confesso que sou um

pouco forreta com gente forreta mas sou bem capaz de gastar em sonhos. E se um dia me saísse a sorte grande, eu beliscava-me. No entanto, se a sorte só me trouxesse uma nota de 500 euros, a cavalo dado não se olha o dente (e sempre era mais que nos tempos da geladaria). Costuma dizer-se

que o dinheiro não traz felicidade, mas a pobreza também não. l

98.magazine

setembro/outubro 2011


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