Jornal especial Greve das Universidades Federais

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A Universidade está VIVA A universidade está em GREVE

Greve das Universidades Federais

Greve das Instituições Federais de Ensino Superior, IFES, que começou no dia 17 de maio e contava com a adesão inicial de 33 Universidades, hoje já conta com o apoio de 55 Universidades e institutos e denuncia o governo pelo desmonte da educação pública

Educação

- REUNI: Promessa e desmonte da educação pública. - 10% do PIB para a Educação Pública Já!

Movimento Estudantil - Unidade para alcançar as vitórias - CEB delibera suas pautas

Movimento Sindical - Por condições de trabalho - Plano de Carreira


A Universidade está VIVA a universidade está em GREVE

Conjuntura O ano de 2011 foi marcado por levantes internacionais que são a expressão da irreformabilidade do sistema capitalista e do agravamento das suas contradições. Tais contradições foram percebidas concretamente com os reflexos das políticas de austeridade, das contra-reformas e da retirada de direitos historicamente conquistados através da luta dos trabalhadores. Com o agravamento da crise no norte da África e na Europa a classe trabalhadora e a juventude foram às ruas em defesa de suas condições de vida, se apresentando enquanto força política capaz de derrubar governos e enfrentar ditadores. Apesar dos lutadores se mostrarem aguerridos, as estruturas dos regimes continuam preservadas, e apresenta-se a necessidade da elaboração de um projeto classistas dos trabalhadores

“Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, Então que morra!” Leon Trotsky

com seus próprios instrumentos políticos, na construção do socialismo. No Brasil, convivemos com realidades contrastantes de crescimento econômico, pois somos a 6ª economia do mundo e ao mesmo tempo sofremos cotidianamente com a retirada de direitos conquistados e o sucateamento dos serviços públicos causado pela privatização de setores como a saúde, a

educação e a previdência. O governo, que atingiu níveis de aprovação inéditos, promove a conciliação de classes com políticas como o PROUNI que atende prioritariamente os interesses da burguesia ao mesmo tempo que coloca o trabalhador na Universidade. Com o diferencial qualitativo deste governo que conta com o apoio de grande parte dos movimentos, como a CUT, a UNE e o MST, mascarando seu carater de classe, a serviço da burguesia. Nesse cenário, a esquerda combativa encontra-se fragmentada e em busca de novas formas organizativas. Em 2011, vivenciamos processos de greve e lutas estudantis por todo o país. Em 2012, vemos a maioria esmagadora das Universidades Federais em greve, o que evidencia a necessidade da atuação unitária dos estudantes e da classe trabalhadora.

A universidade esta VIVA a universidade esta em Greve

A greve das Instituições Federais de Ensino Superior, IFES, que começou no dia 17 de maio e contava com a adesão inicial de 33 IFES, hoje já conta com o apoio de 55 Universidades e Institutos para pressionar o governo a negociar com os professores, estudantes e técnicos administrativos com o objetivo de melhorar a qualidade da educação pública. O desmonte da educação pública ao longo dos governos FHC, Lula e Dilma revela seu caráter de classe, dando prioridade aos empresários do setor privado da educação e ao pagamento dos juros da dívida externa em detrimento do ensino público. O não investimento em infraestrutura para o ensino, a pesquisa e a extensão coloca a educação superior pública na UTI. O principal problema das IFES atualmente é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades (REUNI). Instituído em 2007, o Programa garantiu a expansão de estudantes e cursos sem investir na infraestrutura da educação superior, inchando as IFES sem preocupação com a qualidade do ensino. Algumas das obras que deveriam acompanhar essa expansão não foram concluídas, e outras tantas ainda nem saíram do papel. Exemplo disso é que em São Paulo, hotéis são alugados para servirem de sala de aula e campus se tornam aterro sanitário por falta de inves-

t i m e nt o s do Governo. As reivindicações dos professores, técnicos administrativos e estudantes são antigas e giram em torno da qualidade da educação. As principais exigências são os Planos de Carreiras para os Docentes, melhorias nas condições de trabalho, investimento em infraestrutura, democracia dentro das IFES e 10% do PIB para a educação pública já. Todas essas bandeiras são catalisadas pelo ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior), pela

FASUBRA(Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras) e pelos estudantes, que estão apoiando a luta de for-

ma independente, pois a UNE (União Nacional dos Estudantes) não se pronunciou frente a forte mobilização que toma conta do País.


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Educação

“quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas” Luis Fernando Veríssimo

REUNI: Promessas e precarização da Universidade O REUNI está criando verdadeiros escolões de ensino, quebrando o tripé ensino/pesquisa/extensão

Passaram quase 5 anos do início da expansão implementada pelo REUNI (início em 2008), proposto por decreto pelo presidente Lula/PT, em 2007, e aprovado sem debate na comunidade acadêmica (em muitos casos com o uso da força policial). O REUNI é uma proposta de expansão das universidades federais, tendo como eixos o melhor aproveitamento da estrutura física e dos recursos humanos. Será mesmo que haviam condições de melhor aproveitar a estrutura e os trabalhadores da universidade? Através deste programa foram feitas promessas para a criação de novos prédios, ampliação da assistência estudantil, abertura de concurso para professores e técnico-administrativos, entre outras. Essas promessas não foram cumpridas e com o corte de mais de 100 bilhões de reais, promovido

pela presidenta Dilma/PT nos orçamentos de 2011 e 2012, o que vemos são: inúmeras obras inacabadas, algumas nem iniciadas, aumento das filas nos RU’s; e a não abertura de concursos previstos. O que essa expansão vem promovendo nas universidades? Falta de salas de aula, de professores, de técnico-administrativos, de

bibliotecas e livros para os cursos novos, de assistência estudantil e estrutura física que não acompanham a expansão etc. Precarização do trabalho – turmas superlotadas (algumas chegam a ter 120, 150 estudantes, como é o caso da UFSM e UFPEL), precarização das condições de trabalho dos professores, técnico-administrativos e terceirizados.

Professores temporários – o corte de 50 bilhões feito por Dilma/PT em 2011 fez com que as 100 vagas previstas para professor efetivo (40h) na UFRGS se tornassem 100 vagas para professores temporários que não trabalham com pesquisa e extensão e em sua maioria tem contratos de 20h. Na UFRGS foram 100 no Brasil deixaram de ser abertas 3.374 só em 2011. Algumas unidades já apresentavam problemas que foram agravados pelo REUNI: necessidade de um prédio novo para o Instituto de Artes; falta de salas de aula para os 140 ingressantes no Direito; criação dos cursos Dança e Fisioterapia na ESEF, sem construção de 1m² sequer, incêndio causado por curto circuito no curso de Teatro; aumento de 68% de matrículas em um departamento da FACED com apenas 2 professores etc.

Sem condições de trabalho, professores e técnicos entram em greve Mobilização é principal instrumento de luta dos trabalhadores para garantir vitórias Foto: SINTUFF

É agitada uma crise que permite a retirada sistemática dos direitos dos profissionais envolvidos na educação, assim como o corte de verbas destinadas às áreas sociais e uma completa rejeição das reivindicações de melhores condições de trabalho, remuneração e consequente queda na qualidade do serviço público. De maneira geral, podemos observar um déficit de professores efetivos, salas lotadas e aumento da carga horária em detrimento de pesquisas e extensão, tudo isso precarizando o trabalho dos professores e dos servidores. O atual plano de carreira

Assembleia dos docentes da UFF/RJ aprova greve

das categorias da educação está desatualizado e desfigurado pelos inúmeros ataques a classe trabalhadora. As condições de trabalho são extremamente precárias pelos

sucessivos cortes, aliados a contra-reforma universitária implementada no ensino superior, com destaque para o REUNI, que expande as vagas sem garantir professores

permanentes e estrutura física, como laboratórios, salas de aula, refeitórios, RU, creche e moradia estudantil. Nessas condições, sofre o professor, o técnico administrativo, o estudante e sob um olhar mais amplo, sofre os trabalhadores, que utilizará o serviço público sem nenhuma garantia de qualidade. A greve é o mais legitimo instrumento de defesa da classe trabalhadora. É dever de todos os comprometidos com a educação publica, gratuita e de qualidade apoiarem a greve e se somarem aos trabalhadores da educação nessa luta.


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Movimento Estudantil

“apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos muda-la” Bertolt Brecht

Mobilização estudantil em meio a GREVE da UFRGS Com pautas espeficas o Movimento Estudantil só sairá vitorioso quando se somar a lutas dos trabalhadores

Não é de hoje que os estudantes da UFRGS sofrem com as precárias condições de infraestrutura, falta de democracia e sucateamento da educação. Com a adesão ao REUNI, a situação - que já era precária - se agravou. Os novos estudantes que ingressaram na universidade sofrem com a falta de salas de aulas, reformas intermináveis dos prédios, construção de novos prédios, banheiros sem condições de uso, falta de laboratórios de pesquisa e informática, ausência de restaurante e moradia universitária, bibliotecas, creches, etc. Com esse descaso a qualidade do ensino fica extremamente prejudicada, pois não garante condições mínimas para o processo ensino-aprendizagem. A única coisa que percebemos é o improviso geral por parte do governo para garantir os índices de popularidade, pautando o acesso e esquecendo a qualidade e a permanência.

A falta de democracia na UFRGS impede que os estudantes tenham poder de decisão sobre o tipo de universidade que queremos. A representatividade de 15% para os estudantes (que hoje são mais de 23 mil) nos conselhos e votações para reitor é desproporcional, negando assim o acesso a informações dos projetos e prestações de contas, tanto da unidade como das fundações ditas de apoio. A luta por uma educação pública, de qualidade e socialmente referenciada passa pelos três segmentos da Universidade: professores, técnicos administrativos e estudantes. Todos estão sofrendo com a precarização, a falta de investimento e o desmonte da educação. Nesse momento, em que todos os setores da educação estão se levantando contra o sucateamento das IFES é que devemos apoiar a luta por uma educação de qualidade.

Principais pautas

10% do PIB para Educação Pública Já

- Garantia da qualidade na educação - Mais salas e professores - Novos cursos noturnos já!

Estrutura na UFRGS JÁ! -

Novos prédios Já! Reforma dos antigos prédios! CEU no VALE! Mais Bibliotecas e livros! Melhorias e expansão dos RU’s Creche gratuita e de qualidade para todos!

Ações Afirmativas

- Ampliação e manutenção - 50% de cotas (25% sociais e 25% raciais) - Vagas para estudantes deficientes - Desvinculação das cotas raciais e sociais

Democracia na UFRGS JÁ!

- Paridade já! - Acesso a prestações de contas da UFRGS e das fundações!

“Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com eles sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e neste caso, serão aliados daqueles que exploram o povo” Florestan Fernandes


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