%- @j`^Zh )% BdYV '% GZigd 8jaijgZ G^X]VgY HdYZgWZg\ 8Vh^d IdcZ IZmid ;^a^eV EZciZVYd IZmid 8 a^V ;^Va]d )' 6giZ Di]Zg Kd^XZh! Di]Zg '' D fjZ VcYVbdh V djk^g B h^XV '( Gddbh @djh]^` Z Bg# 8]de IZmid G^iV HdWgZ^gd )) 9Vc V IZmid :bVcjZa 6bdg^b ') B h^XV 7Wdn^c\ " JgWVc GZ\gZhhd Vd ;jijgd HigZZi 9VcXZ IZmid BVcj IZmid =j\d >hgVZa B h^XV '* )- Hjg[VXZ <VaV 9gde Cd 8dbean Ä 8ZX^ IZmid EZYgd cÉZhi eVh jc H`ViZ ;^\jZ^gZYd IZmid ?d d IZabd 9^Vh '+ B h^XV *' BdYV 6 8g^hZ YV 6WjcY}cX^V GVX^c\ A^`Z V Egd 9>;/ +)# 9Zo#'%%- Å HZX d/ ÞcY^XZ Å e{\#%'
IZmid EZYgd <dc VakZh (' :migV"EZhhdVa BVg^V cd eV h Ydh \ZaVYdh IZmid EZYgd ;^\jZ^gZYd () Dh 8daZXX^dcVYdgZh IZmid 8 a^V ;^Va]d! EZYgd ;^\jZ^gZYd! IZabd BZcYZh AZVa! ;^a^eV EZciZVYd (- 8^cZbV GdX`cGdaaV IZmid ;^a^eV EZciZVYd
;did\gVÒV G^XVgYd FjVgZhbV Hina^c\ G^XVgYd EgZid +' BdYV HXgViX] ;did\gVÒV ?d d 7VXZaVg Hina^c\ HjhVcV ?VXdWZiin ,' 6\ZcYV 9ZhiVfjZ! B h^XV! ;Zhi^kV^h! 8^cZbV! 6giZ! IZVigd 9Vc V
,. GdiZ^gd Ä <j^V YZ Y^hig^Wj^ d 9>;! <j^V YZ 8dbegVh
-( 9Zh^aajb^cVi^
Editorial ... E assim chegamos ao fim. Sendo o fim apenas o fechar de um ciclo, um criar de condições que permite o abrir de outro. Os anos passam cada vez mais rápido. Condensam em si tantas histórias e aventuras vividas ao milímetro e passadas com a intensidade de uma tempestade, que os meses parecem anos, os anos parecem vidas e as vidas parecem eras. Este mês queremos parar um pouco a velocidade da grande esfera. Passar o tempo como o tempo passa e dar que ler e que falar por dois meses. Sem pressa, pois o ano novo está aí e antes da corrida há que aquecer convenientemente os músculos. Boa saída. Boa entrada. Voltaremos com os primeiros pássaros!
Editor-in-chief
Redacção e Departamento Comercial
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DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Editorial & Ficha Técnica — pág.04 Realização: Ricardo Preto,
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Emanuel Amorim, Gonçalo Mira, Hugo Israel,
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Sobreiro, Rita Tavares, Tiago Santos, Tiago Impressão BeProfit Este mês
Av. das Robíneas 10, 2635-545 Rio de Mouro
João Bacelar, João Telmo Dias, Jónatas Pires,
Sogapal 2745-578 Queluz de Baixo
Miguel Gomes-Meruje, Ricardo Preto, Ricardo Quaresma, Susana Jacobetty, Telmo Mendes Leal,
Registo ERC 125233
Valeria Galizzi
Número de Depósito Legal 185063/02 ISSN 16455444
Fotografia Copyright Publicards, Publicidade Lda.
Herberto Smith, Mário Vasa, Paco Peregrin, Pedro Pacheco, Pedro Mineiro, Ricardo Brito,
Cabelos: Ana Sousa Modelos: Vera Fonseca -
Laura Hamilton, MANU, Maureen Moore, Miguel
El Maco, Ferran Casanova, Gonçalo Gaioso,
Fotografia: Ricardo Quaresma Viera Make-up: Catarina Pedroso, ass. Por Joana Belucci
Sousa, Carlos Noronha Feio, Cláudia Rodrigues,
Sousa.
assistido Por Margarida Gentil
Tiragem e Circulação média 24 000 exemplares
Sara Coe, Sara Gomes. Periodicidade Mensal
Assinatura 18 €
Blusão Balenciaga, Top Andy Warhol by Pepe Jeans, Cinto Fendi na Loja das Meias, Jeans Vans
Carina Oliveira: 300 meses. A Miúda que sonha
fia e design. Nesta edição da DIF, levou-nos a
de moda para TV e guarda-roupa para publicidade
alto, que dá vida às bonecas, que tudo faz sen-
exposição No Comply na Australia.
e teatro.
tido pela lente do seu maquinão, que ri muito,
Colaborou e colabora com várias revistas e
que acha sempre que está gorda, que gosta das
Jónatas Pires vive agora em Queluz, depois de
jornais com
Caldas da Rainha, que gosta do seu cão, que
ter repartido a infância e adolescência por
(Dance Club, DIF, DN, Egoísta, Essencial Algarve,
adora a praia, a Miúda que é Limão. Este mês
Moçambique, Itália e Portugal. Actualmente,
Essencial Lisboa, Fora
fotografou a ilustradora Maria Imaginário para
cursa Ciência Política no Instituto Superior de
Beat, Neo2, Nº Magazine, N´Style, Umbigo). Nesta edi-
a secção Extra-Pessoal.
Ciências Sociais e Políticas. Nascido em pleno
ção, foi responsável pelo editorial ‘Scratch’.
editoriais e conteúdos de moda.
de
Série, Gente Jovem, La
mag,
Luso
Carnaval de 1988, vinte anos passados começa João Bacelar
finalmente a comprar discos, tantos quanto a
Telmo Mendes Leal nasceu em 1986, há tempo
sua actividade n’Os Pontos Negros o permite.
suficiente para ter juízo. Contudo, continua a
Diz que “aprendeu” design gráfico no IADE, mas
Tem pena de não ter queda para o desenho e
empregar o seu tempo como se 1986 tivesse sido
deve ser o único a dizer tal coisa
é fácil de encontrar nas salas de cinema do
ontem à tarde e houvesse ainda um mundo inteiro
Trabalhou no NovoDesign.
Monumental. Este mês anda a ouvir o novo disco
por descobrir. Licenciado em Estudos Europeus
Depois, foi trabalhar para a publicidade.
de b fachada.
pela Universidade de Lisboa, faz um pouco de
Nasceu em 1972,
teve uma infância saudável.
Encheu muitos chouriços, talvez por isso seja
tudo o que lhe passa pela cabeça. Desde aven-
apreciador de comida vegetariana.
Maria Imaginário, 22 anos, rapariga simpáti-
turas artísticas a viagens mais terrenas pelo
Gosta muito de desenhar à mão, tirar fotos,
ca, trabalhadora e de boas famílias. Vive nos
mundo. Actualmente, continua a ser o mesmo de
fazer vídeos e escrever bios.
subúrbios uns dias, em Lisboa outros. Adora
sempre. Este mês escreve sobre Jason Moore, co-
Mas, as suas grandes paixões foram sempre a
Lisboa, e anda a pé para todo o lado, sempre a
leccionador de consolas e jogos de vídeo retro.
poesia e miniaturas de carros Matchbox.
descobrir novos recantos. Tem uma cadela que é
Este mês, fotografou o editorial de moda ‘Scra-
o amor da sua vida, e a Bossa Nova enche-lhe os
Valeria Galizzi é descendente de várias gera-
tch’
ouvidos e o coração. Depois de concluir o seu
ções de artistas e sempre sonhou continuar esta
curso de Ilustração e Banda Desenhada na Ar.Co,
tradição de família.
João Telmo Dias nasceu a 25 de Julho de 1983 em
o ano passado, e ter desistido de uma brilhante
Começou a carreira em Bergamo, a sua cidade
Lisboa. Licenciado em Jornalismo pela Esco-
carreira de assistente ao público no Ocenário,
natal, frequentando a Academia de Belas Artes e
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Este mês — pág.06
la Superior de Comunicação Social de Lisboa e
dedica-se agora em exclusivo ao seu sonho de
especializando-se em video art, ao mesmo tempo
tendo concluído o curso técnico de Realização
desenhar, pintar e ilustrar. Este mês, para
que cultivava o seu amor pela fotografia.
na etic_, trabalha actualmente como assistente
além de entrevistada na secção Extra-Pessoal,
Actualmente, trabalha como fotógrafa, designer
de realização em televisão. Tem experiência em
fez a ilustração para o artigo ‘A Crise da
gráfica e web designer para diversas revistas e
cinema, teatro e televisão, tendo escrito e re-
Abundância’, Secção Música.
empresas, em Lisboa e Milão.
alizado a curta-metragem FALÓPIO em 2008, pre-
O seu objectivo é explorar todas as formas de
sente no FANTASPORTO de 2009. Viveu entre 2004
Susana Jacobetty, fashion stylist, licenciou-
arte e pesquisar sempre novas linguagens vi-
e 2005 em Lyon, França, ao abrigo do Programa
se em Comunicação Empresarial e iniciou a sua
suais.
Erasmus. Escreveu para o jornal universitário
carreira na área da publicidade e da Comunica-
Este mês fotografou as páginas de produto da
8.ª Colina e foi júri no Festival Internacional
ção e Iimagem.
DIF.
de Cinema de Artes Performativas em Setembro de
Já foi responsável pela imagem de vários apre-
www.myspace.com/vgsantacroce valegalizzi@
2008. As suas áreas de interesse passam também
sentadores de televisão, assim como de bandas e
yahoo.it
por artes plásticas, literatura, moda, fotogra-
figuras públicas. Já realizou desfiles, clips
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.08
Red Bull i-Battle
mundo dentro de si – os iPods.
Uma inauguração destas implica grande cerimónia
Tudo se passa num ringue em tudo similar a
e a fazer as honras da coisa estarão Marga e
…Do vinyl preto à cassette transparente.
um ringue de boxe. As regras são poucas e
Tekilla no papel de hosts.
Da cassette transparente ao CD digital. Do
bem precisas, e tudo se passa de forma muito
As regras são simples: oito equipas, cada uma
digital prateado ao mp3 invisível! Batemos no
semelhante às batalhas de soundsystems dos anos
com dois membros. Cada equipa toca quatro
fundo. Daqui para a frente haverá caminho?
50 e 60 em Kingston, na Jamaica, ou às battles
snippets de 1:30 cada por combate. Alternam
Das máquinas com música passámos à música das
de MCs no hip hop em que as equipas dão o seu
entre si e depois pede-se ao público que se
máquinas. Voltar atrás? Sim, faz sentido, e
melhor a fim de provocar a histeria do público
manifeste em relação ao que ouviu. Os aplausos
que viva o vinyl. Mas, as máquinas estão aí e
e ganhar os seus preciosos aplausos, gritos e
são medidos por um aparelho medidor de decibéis
não podemos evitá-las. Solução: procurar os
outras manifestações sonoras de contentamento
que será cuidadosamente analisado pelos hosts.
maquinistas!
que servirão para medir a pontuação.
Quem tiver mais aplausos ganha a batalha.
O mundo dos iPods afinal tem humanos por
O sucesso é total, e as iPods battles cada
Como armas de arremesso podem ser usadas todas
detrás. Gente feita de carne e osso e com
vez ganham mais terreno. Já chegaram aos
as músicas. Desde o remix ultra-mega secreto
enorme vontade de partilhar as bandas sonoras
quarto cantos do mundo e é possível assistir e
da malha mais malha do momento até ao hit
dos seus dias.
participar em países como Inglaterra, E.U.A.,
mais foleiro ou chunga de uma qualquer cantora
Num club nocturno em Paris em 2006 alguém
Brasil, Canadá e, claro, Japão.
romântica de nível duvidoso tudo é permitido,
teve essa noção e resolveu chamar o privado à
Trazida pelas mãos e meios da Red Bull Music
menos aborrecer a multidão… E que vença o
ribalta, o anónimo à boca de cena, a música
Academy a ideia chega agora a Portugal.
melhor, seja lá isso o que fôr. Célia F.
intíma de cada um aos altifalantes gerais. O
A primeira iPod battle portuguesa está aí e
resultado foram sessões de entusiasmadas e
seguramente vai ser apenas a primeira de muitas
19 de Dezembro,
entusiásticas batalhas entre os maquinistas
noites passadas a pôr o “Zé Ninguém” a comandar
a partir da meia-noite, no
desses pequenos seres capazes de albergar um
a pista.
MusicBox em Lisboa
Na sequência da apresentação no 100% Design de Londres e da procura desde
Pode ser entendida como um brinquedo, dada a pretensão que gera, mas a
aí gerada, a cama Lomme foi vencedora do prestigiante Red Dot Product
Mini House alia as qualidades técnicas à acessibilidade de um pré-fabri-
Design Award.
cado. Criada por Jonas Wagell, as suas raízes suecas são definidoras do
O inovador conceito Lomme, idealizado pela Cycle 13, sediada no
conceito, no exterior, assemelhando-se a uma cabana de neve, ao interior,
Liechtenstein, decompõe-se em Light Over Matter Mind Evolution e
simples e prático, mas contemporâneo.
extravasa o conceito de cama, partindo do processo de dormir, mas também
Entregue em embalagens e com apenas 15 metros quadrados, a medida até à
com uma componente revitalizadora idealizada.
qual é possível construir uma casa nos terrenos da Suécia sem licença,
Privilegiando o terço das nossas vidas que passamos a dormir, a forma
a Mini House pode ser montada no decorrer de um fim-de-semana por duas
ovular desta super-cama, os dois anos de pesquisas em terapia de luz, o
pessoas. Os preços começam a partir dos 12 200€, no entanto existem a
sistema de massagem, a adaptabilidade a sistemas Ipod para sonorizações
possibilidade (bastante recomendável se não tiver vizinhos prestáveis) de
relaxantes, conjuntamente, tudo tem apenas um propósito, oferecer a
acrescentar cozinha e casa de banho, entre outras coisas. Para retribuir
melhor noite de sono possível, de forma artificial. Para assegurar a
o favor aos vizinhos, existe um alpendre incluído, que deve ser preterido
destituição de qualquer interferência, a tecnologia é posta ao serviço
por outro extra com um acrescento no preço, o aquecimento no interior, se
de um modo orgânico, dado que a Lomme impede a proliferação de ondas
a noite assim não o proporcionar.
magnéticas e de radiação, criando uma sensação de leveza nas salas onde é
O criador, Jonas Wagell, começou por explorar o conceito da Mini House em
posta, equiparada a um molusco transparente no Oceano.
2007 como parte de uma tese de mestrado, mas depois da comercialização
Os criadores têm Lommes em casa e usam-na diariamente como centro
chegou o reconhecimento, nomeadamente o Innovation Award 2008 e a entrada
de relaxamento e cama, mas o preço de £42,000 limita os potenciais
na lista dos 50 novos arquitectos a observar da Wallpaper*.
compradores a hotéis e spas, sedentos de vender sonhos por um preço mais
Miguel Gomes-Meruje
acessível. www.lomme.com Miguel Gomes-Meruje
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.010
Absolut Masquerade A
vodka
Premium
Absolut
tem
direito
a
Converse by John Varvatos
J’adore Concrète
uma
Para finalizar o ano do centenário da Converse
J’adore continua a reinventar-se e a assumir
nova imagem e aparece-nos envolta numa malha
a marca fez mais uma viagem aos seus arquivos,
diferentes formas de sofisticação. Para este
decorada com 3238 lantejoulas vermelhas. Absolut
desta vez pela mão de John Varvatos. Para
Natal
Masquerade é o nome desta nova edição, criada em
assinalar mais uma contribuição do designer
pequena jóia dourada que esconde o aroma rei
parceria com agência de design Family Business.
americano
da Dior.
Ideal para trazer alguma fantasia e glamour à
Boots,
sua passagem de ano. FP
militar da Segunda Grande Guerra. Neste
foram
um
seu
disponíveis
reinterpretadas
modelo
novo em
que
remonta
“fôlego”, couro
as
as ao
Boosey calçado
J’adore
L’absolut
Concrète,
uma
Em versão sólida, esta cera pode ser retirada com os dedos e colocada em pequenas quantidades
Boosey
engraxado,
temos
estão
lona
sobre os pulsos, a nuca e a linha do decote.
e
A caixa vem acompanhada de uma pequena bolsa em
borracha pintada. A colecção é composta pelo
veludo castanho, perfeita para o transporte na
modelo “extra extra” alto, o “extra alto” e
mala. J’adore L’absolut Concrète pode ser usado
sapatilhas com cordões. Todos estes modelos
sozinho ou como complemento do seu “irmão” mais
estão disponíveis nas seguintes combinações
velho, a versão em frasco da fragrância, mas
de cores: preto/cinzento neutro, caqui/preto,
é ideal para os retoques de aroma ao longo do
preto monocromático, chocolate/preto, preto/
dia. FP
cinzento e azeitona/preto. FP
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.012
Adidas
Nixon
Fossil
Para provar que o Natal é mesmo para as crianças,
Para quem quer um relógio diferente para coordenar
Para criar os novos relógios para homem, os
a Adidas lançou um modelo especial para os mais
com o espírito de cada dia, The Vega, da Nixon, é
designers da Fossil inspiraram-se na estética
pequenos. Com um mostrador analógico que indica
a solução. Disponível numa gama variada de cores
country. A bracelete com aspecto gasto e os
as horas e os minutos com grandes algarismos,
– azul néon, vermelho, lilás, amarelo, castanho,
acabamentos em aço que envolvem o mostrador são
este relógio é indicado para quem começa agora
etc., – apresenta-se agora também numa versão
detalhes de elegância robusta e masculina. FP
a ter uma maior noção do tempo. Disponível em
transparente e rosa transparente. Uma para cada
azul, rosa e preto, é a prenda de Natal perfeita
roupa, um para cada dia. FP
para os mais novos. FP
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.014
Keybag Criada
Vaho Trashion Sabino,
Já passaste por um cartaz publicitário e pensaste
a Keybag é feita a partir de 393 teclas de
pelo
que poderia transformar-se numa mala? Não? Os
computador, colocadas manual e aleatoriamente.
designers por detrás da Vaho Works já e fizeram
O processo de construção desta mala confere-lhe
do velho novo, trazendo-nos as Vaho Trashion.
o estatuto de peça única, sendo possível torná-
São vinte e oito modelos únicos, impermeáveis e
la ainda mais especial mediante encomenda: pode
muito resistentes, feitos a partir de antigos
mandar escrever nomes e frases à sua medida.
cartazes em PVC que povoaram as ruas de Barcelona
A
e Madrid. Como prova disso mesmo, os desenhos
Keybag
vermelho
designer
está e
português
disponível
rosa.
joaosabino.pt. FP
Pode
em
João
preto,
encomendá-la
branco, em
www.
apresentam
imperfeições
devido
às
condições
climatéricas, tornando-os ainda mais especiais. Não há duas Vaho Trashion iguais. Qual é a tua? FP
Fred Perry Authentic Store é o nome da nova loja da Fred Perry, no Porto. Situado perto de um dos pólos universitários da cidade Invicta, este novo espaço pretende reimplantar a marca britânica junto de um público mais jovem. A Fred Perry esteve sempre associada a movimentos juvenis e aposta agora no renovar dessa tradição, ao mesmo tempo que desenvolve novas vertentes da marca. Nesta loja, pode ficar a conhecer todas as novidades da colecção feminina e masculina, tendo ainda acesso a edições limitadas e peças exclusivas.
FP
Rua Dr. Eduardo Santos Silva, n º 27 4220- 282 Porto Paranhos (Perto do pólo universitário II)
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.016
Zeppelin Se procura uma determinada peça de mobiliário vintage, a Zeppelin é o sítio ideal para si. A nova loja do Bairro Alto oferece peças de autores como Arne Jacobsen, Charles e Ray Eames, e Poul Henningsen. Para além da comercialização, este novo espaço oferece outro tipo de serviços: procura de peças específicas para clientes, aluguer de mobiliário para produções de moda, publicidade, cinema e teatro, e consultadoria em projectos de design de interiores. FP
Rua da Rosa, 40 Lisboa
www.zeppelinvintage.com info@zeppelinvintage.com
JAZZ COVERS Joaquim Paulo Taschen, 2008 496 pp.
Como se a edição de um projecto de um autor português pela influente Taschen não fosse
JAZZ COVERS
suficiente, que tal surpreender positivamente o leitor com a revelação do tema do livro em questão? Com efeito, JAZZ COVERS, compêndio alargado de algumas das capas de algum do melhor repertório de sempre do género, não foi planeado por nenhum melómano norte-americano, ao contrário do que seria de supor pelas raízes do jazz. Pelo contrário, JAZZ COVERS é “um projecto de vida” de Joaquim Paulo, dono de mais de 25.000 LPs do género. A facção americana é, naturalmente, predominante, não obstante a opção do autor em incluir registos de países como o Brasil, a Roménia ou o Reino Unido. Ao longo de praticamente 500 páginas, JAZZ COVERS agrupa 700 capas de vinis de jazz dos anos 1940 a 1990, devidamente acompanhadas pela contextualização histórica de cada registo bem como a sua respectiva ficha técnica. Visualmente impressionante, a força maior da
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Capa Dura — pág.018
obra reside, contudo, na sua perspectiva de legado: de facto, JAZZ COVERS é um daqueles objectos de carácter intemporal, de leitura e degustação moderada, progressiva, constante. Discos referidos? De Miles Davis a Chick Corea, passando por Ornette Coleman ou Count Basie, nenhum dos grandes clássicos é olvidado pelo autor, que acrescenta ainda uma série de registos menos conhecidos do grande público, mas importância histórica ou musical com simpáticas doses de relevância. Joaquim Paulo costuma vaguear por entre Paris, Londres ou São Paulo na demanda por constantes novidades para a sua colecção pessoal (25.000 discos de jazz,
registos. Senhores da Taschen, obrigado pela edição e, já agora, se não for incómodo, dois favores: prolongar a iniciativa para outros géneros e, porque não, oferecer a Joaquim Paulo a oportunidade de coordenar um segundo volume dedicado ao Jazz. É mais do que justo.
Pedro Figueiredo
Sarah Vaughan, THE EXPLOSIVE SIDE OF SARAH VAUGHAN (Columbia), 1963
recordemos!). JAZZ COVERS cobre 700 desses
CasioTone DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Retro Culture — pág.020
CasioTone – Texto Célia F.
Criada em Tóquio, a Casio começou por produzir
Existiam três famílias: a série MT,
computadores. Deu-se bem e resolveu explorar
65 com o kit de percussões e linhas de baixo,
Nos anos oitenta, as boas prendas ofereciam-
a perspectiva do utilizador individual.
a série CT e a série VL, mais avançada com o
se no Natal. Pelo aniversário, recebia-se
Máquinas de uso pessoal. Computadores, relógios
menino de ouro, o modelo VL-1.
a roupinha para estrear, qualquer coisa que
digitais, calculadoras e TVs em cristal
A febre foi tal que a Casio acabou por fabricar
fizesse falta e inúmeras inutilidades do
líquido. Tudo se banalizou à excepção daquele
modelos mais profissionais como o CZ similar em
consumo. Caixas maiores embrulhadas em papel
que se iria tornar o
tudo o que os limites da patente permitiam ao
surgiam no fim do ano. Junto à árvore repleta
CasioTone.
Yamaha.
de pequenas luzes decorada com os chocolates em
A música invadia as casas e os imaginários.
Bom e barato, o CasioTone era o teclado da
forma de sino, pinha ou carrinho de brincar,
Todos queriam ser estrelas de rock ou da pop,
maioria das bandas de garagem, figurou nos tops
apareciam os tão desejados volumes grandes.
ter uma banda ou simplesmente não precisar de
de música em temas como ‘CasioTone Nation’ dos
Quase nunca falhava. Se nesse ano tinhas um
ninguém para acompanhar as suas covers ou as
Soul Coughing ou ‘Over and Over’ dos Hot Chip.
rectângulo, tinhas recebido um CasioTone.
canções do “Órgão Mágico”. No ínicio dos anos
Ainda hoje, a Casiomania se faz sentir. Owen
80, produziu-se um teclado de baixo custo em
Ashworth presenteia-nos com o álbum a solo
ex-libris da marca – o
com o MT-
Estávamos na era do individual e este estilo
vários tamanhos para ser usado por todos. Não
CasioTone
de vida solitário e independente veio marcar
tinha a pretensão de ser levado aos estúdios e
Posto isto, temos duas opções: rumar a casa dos
a década. Surgiam máquinas e objectos que nos
aos palcos por músicos profissionais.
pais directos à arrecadação, limpar o pó ao
permitiam passar tempo e fazer coisas sozinhos.
Desde a versão com uma oitava e teclas em
Casio antigo ou pedir socorro num dos muitos
A peseta valia menos do que o escudo. Qualquer
miniatura, desenhadas para criança, à versão
sites da net, comprar uma relíquia novinha
português que vivesse não muito longe da
quatro/cinco oitavas para quem se queria
em folha e fazer como os demais que hoje
fronteira atravessava-a para comprar os
aventurar pela música. Os Casio vinham
revitalizam os sons e lhes dão nova vida em
clássicos caramelos que eram anexo do objectivo
equipados com sintetizador de sons que permitia
produções de música electrónica e experimental.
primordial, as maravilhas da Casio mais baratas
copiar outros instrumentos e reproduzir vários
e em maior variedade.
sons do mundo.
for the
Painfully Alone.
rambóia, de delator da mediocridade e, acima de
disco hip-hop do ano. Faltam-me palavras, não
tudo, de músico encartado.
quero complicar, este disco não merece isso.
Aquilo que fundamentalmente faz de Kid Carpet
Aliás, este disco só merece que o oiçam.
uma figura a conhecer com urgência é a
desculpa pelo entusiasmo.
habilidade para escapar das teias do ridículo
----
Peço
ao mesmo tempo que, com instrumentos que os mais eruditos dirão ofensivos, conhece de ginjeira o valor de uma boa canção. O que isto diverte, estimados amigos. ----
Pedro Gonçalves Crítico de música e criativo publicitário
Kid Carpet Casio Royale Sunday Best, 2008
Quando investimos algum tempo a pensar nos
Jónatas Pires
contornos do mundo do showbiz, há sempre um ou
Músico de Os Pontos Negros, estudante
outro valor universal que reconforta sempre que
universitário
se manifesta. É o caso da absoluta ausência B Fachada
de pretensiosismo. Que, quando acompanhada
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: O que andamos a ouvir — pág.022
por diletância e sentido de humor digno desse
Emanuel Amorim
VIOLA BRAGUESA
título, pode ser tecnicamente irresistível.
Estudante de literatura
Flor Caveira/Merzbau 2008
Isto a propósito de Kid Carpet, ou Ed Patrick
Q-Tip
para ser mais fiel ao registo de nascimento.
The Renaissance
B Fachada não é um nome estabelecido na mente
Criador solitário de Bristol, cidade posta no
Motown/Universal, 2008
do português comum, mas as canções com que nos
mapa melómano por Portishead, Tricky e Massive
presenteia em VIOLA BRAGUESA podem construir
Attack, Kid Carpet tem muito pouco a ver com
Q-Tip (A Tribe Called Quest) está de volta
a ponte entre o intelecto deste rapaz de voz
os conterrâneos citados. O que, em boa verdade,
com The Renaissance, após uma década de ausência.
arrojada e a ponta da língua do transeunte da
muito se saúde no ano de graça de 2008. Kid
Volta em grande estilo, trazendo a frescura e
baixa. Com a braguesa aconchegada no regaço e a
Carpet, atente o emérito leitor, faz música com
a classe que têm faltado ao hip-hop. Apesar de
voz aquecida, B Fachada canta sobre a tradição,
instrumentos infantis, normalmente de plástico,
já contar com mais de vinte anos de carreira,
adultera uma canção de Tiago Guillul, invoca
como teclados vintage Casio (vulgo Casiotone)
o homem não desilude, mostrando que quem sabe
espíritos inquietos com coros endiabrados e
e guitarras da Fischer-Price. Precisamente.
não esquece. Faz a ponte entre o underground e
com o harmónio ainda dá uma lição de estética
Mais: prefere divertir e divertir-se do que
o mainstream (dois palavrões) sem se desleixar.
e produção.
correr o risco de que lhe chamem... errrr...
E tudo isto sem dar nas vistas, sem mostrar as
VIOLA BRAGUESA é um registo que tanto pode
“experimental”.
costuras, sem complicar. Postura rara. Melhor
ser tocado na leitaria como nos camarotes do
Casio Royale, o segundo álbum de Kid Carpet (o
disco hip-hop do ano. Não consigo explicar de
Coliseu, mas é também um momento de satisfação
outra forma. Este disco dá para dançar, dá
no pródigo ano de 2008. É “manufacturação,
Oh Dears), é um delicioso manancial de géneros
para contemplar. Este disco dá para muitas
trabalho de artesão”.
que, tendo em comum uma chamada electrónica
coisas. Dá, acima de tudo, para invejar o
de plástico (kiddy disco punk, chama-lhe o
génio de Q-Tip. Existem poucos génios, menos
criador), tanto conquista espaço em recintos
ainda no hip-hop (talvez se contem pelos dedos
dançantes mais alternativos como se aventura
de uma mão). Não ignorem um deles. Seria um
por tons mais narrativos e cândidos. Sem,
erro. Se não conhecem, pesquisem no youtube
sublinhe-se, em momento algum perder uma das
pela música ’Gettin’ Up‘, é uma bela amostra.
diversas auras que ostenta: de genialidade, de
Beleza é a palavra. Não sei se já disse: melhor
primeiro remonta a 2005 e tem o título Ideas
and
Koushik e Mr Chop Koushik e Mr Chop - dois discos essenciais Texto: Emanuel Amorim
Já muito foi escrito sobre a excelência da editora norte-americana Stones Throw. Casa-mãe de Madlib (e dos seus inúmeros projectos), tem lançado alguns dos discos mais interessantes do novo milénio. Este ano não foi excepção, daremos conta aqui de dois álbuns que são feitos para a prática da levitação.
Numa lógica meramente cronológica, atentemos primeiro em Out My Window de Koushik, canadiano que aos sete anos ouviu Public Enemy, a colecção de música indiana da mãe e até discos de Van Halen. As influências (falar das influências é fornecer coordenada afectivas) são variadas, a saber: psych-pop dos anos 60, hip-hop old-school e nomes contemporâneos como Four Tet, Caribou, DJ Shadow, RJD2, etc.…
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Música — pág.023
Desta mistura eclética só poderia resultar numa música difícil de catalogar, num universo próprio feito de fragmentos de outras músicas (teclados, flautas, sintetizadores), pequenas poeiras psicadélicas com que Koushik pulveriza batidas envolventes e lá ao fundo ouve-se a voz de Koushik, em surdina, vinda de lugar distante. Uma música para se ouvir com o interior, isto é, uma música espiritual que sem alarido entra dentro de nós e nos deixa num estado próximo da levitação. Na capa (uma das mais belas do ano) Koushik segura uma pandeireta (palavra horrível) bem alto, como se quisesse tocar no céu. A sua música leva-o a lograr esse objectivo. A duração do disco é certeira: 45 minutos que não cansam, nunca. O lançamento da Stones Throw (na verdade é de uma subsidiária sua, a Now-Again) a ter em conta é Lightworlds de Mr. Chop, músico fanático por instrumentos e outra parafernália vintage. Neste EP (que prepara uma edição longa em 2009) é ajudado por Jake Fergunson e Malcom Catto dos Heliocentrics (se ainda não ouviram, corram a fazê-lo). Mr. Chop olha o futuro tomando como inspiração o passado, numa mistura de géneros estranhamente saborosa e que pode passar pelo funk, library e até pelo krautrock. São sete músicas recheadas de batidas sujas e duras, camadas de sintetizadores que soam futuristas, mas que na verdade têm trinta anos e baixos apelativos. Um leve sabor a música de espiões parece atravessar algumas músicas, outras podiam servir de banda sonora para uma série de ficção científica. Tudo isto sem voz, para deixar os sons respirar e para permitir que reparemos nos pequenos pormenores que quase se perdem nas volumosas camadas sonoras com que Mr. Chop constrói as suas músicas. A ouvir.
Regresso ao futuro Extrawelt Regresso ao futuro Extrawelt Texto: MANU
Para finalizar o ano em grande, chega-nos da Alemanha, epicentro mundial da música electrónica, o primeiro album dos Extrawelt extrawelt,fruto
schone neue
de três anos de trabalho da dupla Arne Schaffhausen e Wayan
Raabe.
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Música — pág.024
Estes dois artistas oriundos de Hamburgo tornaram-se célebres nos meandros do universo trance como Midimiliz e Spirallianz - projectos que desde o ano 2000 editam os seus temas em prestigiadas labels como a Spiritzone, Boshkebeats e recentemente pela Soniculture -bitpresse e
subtil-
este último com remisturas de Marc Houle, Expander & Thinkfreak.
A partir de 2005, dão-nos a conhecer a sua faceta minimal e progressiva com o projecto Extrawelt, produzindo temas de enorme sucesso nas pistas de dança de todo o mundo-soopertrack editado pela Border Community, drehfehler
e
dist theme
pela Kompass,
doch doch
e
mind over doesn’t matte
fernweh/
pela Traum e
titelheld
com o selo da Cocoon que nos presenteia com
schone neue extrawelt-
uma obra-
prima na vanguarda da electrónica. Este
lp
resulta de uma atenta observação da música de dança produzida nos
últimos quinze anos e nele se reflecte a imagem de marca dos Extrawelt - uma atmosfera escura, densa, aliada a uma notável produção musical que se revela no excelente uso do tempo que nunca chega a ser lento ou rápido demais e no qual encaixam em total harmonia sons misteriosos, cristalinos, hipnóticos e altamente vibrantes. Músicas como ‘lost in willaura’, ‘dark side of my room’ ou ‘daten raten’ mostram-nos a futurística visão de Arne e Wayan e levam-nos a escutar este disco do princípio ao fim sentindo um incrível magnetismo entre as doze faixas que abordam diferentes estilos, mas que se encontram fortemente inter-ligadas como uma perfeita e detalhada teia de aranha.
Gala Drop A Selva Urbana Gala Drop / A Selva Urbana
de palco? «Neste momento, sabemos bastante melhor para onde queremos ir com
Texto: Pedro Figueiredo
a nossa música, não é evidente, mas penso que vamos encontrar o caminho», remata o músico, também promotor na empolgante Filho Único (já abordada
Muito se falou em 2008 no que é o real som made in Lisboa. Buraka
num passado recente pela DIF).
Som Sistema? Camané? Tiago Guillul? GALA DROP, estreia homónima do trio lisboeta formado por Nelson Gomes (da promotora Filho Único), Tiago Miranda
Dia 26 de Dezembro o Lounge, em Lisboa, verá nova apresentação de GALA
e Afonso Simões é mais um disco merecedor de entrar nesta equação. Mas
DROP ao vivo, com primeira parte de Ritchaz & Kéke. Até lá, há todo um
é mais do que isso. Em conversa com a DIF, Nelson Gomes discorre sobre a
tropicalismo alfacinha para descobrir numa edição de autor distribuída
influência da cidade na sonoridade do grupo, a experiência Gala Drop ao
pela Flur. E Lisboa? «Inspiram-me os amigos, a comida, a música que por
vivo e o…Sporting.
aqui se faz», diz Nelson, logo rematando para desilusão do interlocutor:
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Música — pág.025
Não há muitos discos no mercado como GALA DROP. Música estranha, mas que entranha. Música electrónica, mas também pop e não raras vezes exótica. Música feita por lisboetas, música para Portugal e para o Mundo. Música selvagem, sem ser particularmente agressiva. Canções de selva, por vezes real, por vezes enquanto metáfora de uma selva urbana. «Lisboa… não acho que a cidade seja determinante na nossa inspiração», começa por afirmar Nelson Gomes, logo fazendo notar, contudo, que «como é óbvio não podemos renegar a sua importância na mesma, visto ser nela que vivemos, habitamos, trabalhamos... se vivêssemos noutra cidade a nossa música seria ligeiramente diferente.»
Esqueçamos Lisboa e falemos desta música, boa demais para se confinar a um só espaço. Falemos do modelo de composição dos Gala Drop para a sua estreia homónima em álbum: «o início da criação de cada música nasceu a partir de uma ideia do Tiago em tocar por cima de loops pré-gravados. Estes loops podem ser samples de músicas ou bases criadas por nós, onde cada um de nós desenvolve a sua parte a partir deste loop.» Parece confuso, e a verdade é que é assim que deve ser. Nelson Gomes explica: «sim, acho que a nossa música reflecte bem a confusão de ideias, referências e inspirações que vão na cabeça de cada um de nós, tendo como resultado final um agrupamento da confusão de cada um em cada uma das canções.»
GALA DROP é o disco, afinal de contas o real motivo desta peça, mas centremo-nos agora em Gala Drop, a experiência ao vivo. «A ideia é fazer com que as pessoas se mexam, nem que não seja só um bocadinho», sintetiza Nelson. E em que é que a experiência em concerto evoluiu com a maior rodagem
«E o Sporting».
A crise da abundância
A CRISE DA ABUNDÂNCIA
canções, álbuns ou discografias inteiras. Portanto, nunca o acesso à
Texto: Pedro Gonçalves
abundância foi tão simples e democrático. E barato, acrescente-se.
Ilustração: Maria Imaginário Há, por outro lado, a já proverbial questão da democratização da própria Nos dias que correm, a experiência de carregar o vício da música é
produção, gravação e difusão de música. O que faz com que todos os dias
semelhante à experiência de estar preso num abastado banquete de
nasçam coisas a que qualquer melómano deve dar atenção - uma canção, uma
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Música — pág.026
casamento: a oferta alimentar é tanta e tão variada que culmina em
banda, um músico, um movimento ou mesmo um vídeo, cortesia de YouTube
pesadelo, ansiedade e uma assinalável fominha. A culpa, ninguém duvide,
ou MySpace. Vista a coisa pelo lado da legalidade, são incontáveis as
é da internet.
lojas virtuais de música em formato digital, música que está à escassa distância de um download e um cartão de crédito válido. Ora não há
Há qualquer coisa de masoquista na atitude de não abdicar de conhecer
estômago para tanta guloseima. O que resta, então, a quem não dispensa
tudo quanto é fresco e fofo em matéria de edição musical de real
doses diárias de nova criação musical?
interesse. Isto porque, para ser sucinto, não há apetite que dê conta de tudo quanto se faz e se mostra em todos os cantos, pisos e subterrâneos
Pode variadíssimas coisas, e aqui voltamos à abundância. Pode ignorar a
da internet. Não é novidade para ninguém que o consumo compulsivo de
velocidade a que segue o comboio da informação, colar-se a uma carruagem
música deixou há muito de se traduzir em prateleiras e paredes forradas
e explorá-la de fio a pavio - nascem os especialistas em géneros ou
a vinil e caixas de plástico. Há coleccionadores à antiga, com dezenas de
movimentos. Podem, por outro lado, saltar de carruagem em carruagem
milhar de discos de vinil, que dominam melhor a internet do que os filhos
sem nunca perceber realmente o que se passa em cada uma delas - nascem
ou os netos. E, em boa parte dos casos, as prateleiras foram substituídas
os especialistas em tudo. Podem ainda ressuscitar a importância dos
por discos rígidos, substancialmente mais baratos e arrumados. De onde
opinadores (particularmente os que se expressam online) e deles fazer
se pode concluir que esta crise de abundância de música e informação é um
faróis de navegação - normalmente, são os mais esclarecidos. E enquanto
flagelo transversal a toda a sociedade. Um flagelozinho, vá lá.
não se decide, ou simplesmente enquanto aprende a viver com apenas uma de várias formas de consumo de música, há uma indústria inteira a definhar.
Daqui a muito poucos meses passa uma década sobre o início de actividade
Uma indústria que hoje é apenas vista como a indústria dos intermediários
do Napster, a mais emblemática das marcas no universo peer-to-peer, que é
entre criador e consumidor.
como quem diz a partilha de ficheiros no formato mp3 entre computadores em qualquer parte do mundo. De borla, sem qualquer preocupação com questões como os direitos de autor ou a saúde da indústria discográfica. Que, neste caso, conseguiu fazer valer a sua posição e ajudou a decretar a ilegalidade do Napster e aparentados. O mal da partilha estava feito e, até aos dias de hoje, foi apenas uma questão de aumentar eficácia e sofisticação - dos torrents aos sites como o RapidShare, que alojam
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Música — pág.027
Fragile Handle with care Fotografia : valeria galizzi Styling : Filipa Penteado
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.028
Da esquerda para a direita
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.029 1- Vans 2- Lacoste 3- Andy Warhol by Pepe Jeans e Vans 4- Pepe Jeans 5- Vans 6- Lacoste 7- CAT 8- Levi’s
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.030
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Kukies — pág.031
Da esquerda para a direita
1 – Andy Warhol by Pepe Jeans 2 – Vans 3 – Lacoste 4 – Hello Kitty 5 – Diesel 6 – Le Coq Sportif e Chilli Beans 7 – Pepe Jeans 8 – Vans
Maria Imaginário Maria no país dos gelados
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Extrapessoal — pág.032
Maria Imaginário – Maria no país dos gelados (e
quem és tu?
mais além) / Texto: Pedro Figueiredo / Fotos: Maria Imaginário e Carina Oliveira
Caríssimo leitor: tem reparado nas paredes
até penso que posso ter coisas a dizer. O meu nome andar a ser falado é uma sorte, eu sei
Estamos ao pé da Cinemateca a ter esta
disso. Mas, o que eu gostava era que o meu
conversa. Onde é que está o teu desenho mais
nome existisse sem necessidade de eu andar a
próximo daqui?
falar sobre o meu trabalho de forma regular,
da cidade de Lisboa? Se sim, é provável que
percebes? Na rádio foi mais estranho, estar ali
já se tenha cruzado com o trabalho de Maria
Só mesmo indo para o lado do Castelo ou subindo
Imaginário, alter-ego de uma jovem ilustradora
para o Saldanha. Sabes, vim a pé da Alameda até
de 22 anos que tem dado alguma cor à capital
aqui e pelo caminho vi uma série de prédios
com desenhos de bolos e gelados em prédios
abandonados que me chamaram à atenção. Pelo
abandonados. Mas, Maria é bem mais do que isso.
menos uns dez. Não é chocante? E isto na zona
Não, isso não foi problema, falei na boa
É uma rapariga de convicções e de personalidade
central da capital… Sobre os gelados tenho
(risos). Foi mesmo o stress do directo.
vincada. A DIF foi conhecer a pessoa por detrás
de dizer que eles são só uma extensão da
da artista.
minha criação enquanto Maria Imaginário. Mas,
Acabaste o curso de ilustração na Ar.Co
ainda não tenho muito trabalho publicado. Fiz
recentemente, dizias-me em off. Que tal está a
O trabalho de Maria Imaginário pode ser
uma coisa para a OP… ilustrações assim mais
ser o mercado de trabalho e teres o teu próprio
consultado no Flickr (www.flickr.com/photos/
livres. Isso interessa-me. No vosso caso,
atelier?
maria_imaginario), onde a ilustradora divide o
vocês investem mais nos editoriais de moda,
seu portfolio em três segmentos: uma parte de
fotografia e isso, não é tão desafiante como
É bom. Às vezes, chego ao fim do dia a saber
‘Imaginário’, voltada para projectos de índole
podia ser. Acho que não devia ter dito isto.
que tenho de ir para casa jantar, mas sinto
diversa; ‘Lar Doce Lar’, trabalhos expostos previamente numa exposição na Worknshop;
com as luzes, o saber que é em directo.
A linguagem mais formal?
aquele impulso de ficar sempre mais um bocado Não faz mal. Gostas de dar entrevistas?
finalmente, ‘Dellicious Project’, o chamariz
a acabar um trabalho, percebes? Há sempre mais qualquer coisa para fazer.
para o trabalho de Maria, apanhado de doces
Não (risos). Fico a pensar «o que raio tenho
e gelados inscritos em paredes de prédios
eu com os meus 22 anos a dizer?». Mas, isto
Espero não estar a ser preconceituoso ao
abandonados em Lisboa. Maria Imaginário,
sou eu numa fase mais negativa. Depois afinal
afirmar que esta é uma arte muito ligada
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Extrapessoal — pág.033
musicalmente ao hip-hop. Contudo, tu não és o
não saibam diferenciar este estilo de coisas. A
melhor exemplo disso. O que é que ouves?
minha avó é assim (risos). Mas, já me aconteceu
pessoa?
ter duas velhinhas a oferecerem-me um lanche,
Não. Tenho mais receio de que os gelados se
É verdade. Hip-hop só mesmo as coisas mais
por exemplo, isto porque gostaram muito de
sobreponham à Maria Imaginário.
old-school. Também gosto da Erykah Badu, por
um gelado que tinha feito na rua delas. Há
exemplo. Mas, a minha paixão é mesmo a bossa
muitas Lisboas, não há só uma. Há zonas onde os
Boa resposta. Obrigado pela entrevista, Maria.
nova.
moradores são mais abertos a este tipo de arte,
Afinal, parece que até tens umas coisas giras
outras onde nem tanto.
para dizer.
Estiveste na Palestina. O que retiras agora,
Obrigada (risos). É sempre assim. Penso sempre
alguns meses depois, dessa experiência?
que não tenho nada de jeito para dizer, mas até
Constou-me que vais inclusive fazer uma capa para um disco do estilo…
É verdade. Estou a fazer uma capa para uma
costuma correr bem.
compilação de bossa nova a sair em 2009.
Tanta coisa. Estive lá duas semanas a trabalhar
Insisti para se meter uma frase do Jobim que
literalmente como trolha e a ajudar a construir
vem de uma estrofe que eu acho lindíssima:
casas. Julgava-me uma pessoa minimamente culta
«Quem acreditou no amor, no sorriso, na flor,
e cheguei lá… é incrível. Acho muito injusto
então sonhou, sonhou» [da canção ‘Meditação’].
o que se passa lá. Sou uma mulher de mil causas, mas acima de tudo sou a favor da paz.
Conta-me agora histórias giras que se passaram
Voltei da Palestina super deprimida, senti-me
contigo. Tu pintas de dia, não é?
muito pequena, como se não tivesse feito nada para ajudar as pessoas de lá. Mas, foi uma
Sim. De noite é mais perigoso. Eu pinto de uma
experiência incrível. A repetir, podes ter a
forma o mais natural possível, até porque se
certeza.
alguém olhar e vier ter comigo e eu começar a fugir é sinal de que realmente estou a fazer
Diz-me para concluir: não tens receio de que
algo de mal. Compreendo que algumas pessoas
a personagem Maria Imaginário se sobreponha à
Coleccionismo
Arte? Vício? Fanatismo? Mero passa Prazer? Obcessão? Negócio? Todas estas perguntas podem ser re quando o assunto é coleccionar, coleccionadores e coleccionismo. Desde sempre o Homem tem prazer em coisas de forma organizada. Object natureza, origem ou estrutura seme seja, guardar, estimar, juntar. Po E Quando? Fomos saber… DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Coleccionadores — pág.034
Coleccionismo
Arte? Vício? Fanatismo? Mero passatempo? Prazer? Obcessão? Negócio? Todas estas perguntas podem ser respostas quando o assunto é coleccionar, coleccionadores e coleccionismo. Desde sempre o Homem tem prazer em reunir coisas de forma organizada. Objectos da mesma natureza,
atempo?
origem ou estrutura semelhante, ou seja, guardar, estimar, juntar. Porquê? Como? E Quando? Fomos saber…
espostas
Jogos e Consolas Retro Jason Moore
«qualquer consola alguma vez feita, à excepção
Texto: Telmo Mendes Leal
da Entex Adventure Vision. Mas, um dia...». No entanto, fervilhava ainda em si o desejo
m reunir tos da mesma elhante, ou orquê? Como?
O nome do inglês Jason Moore passará
de tornar este passatempo a sua vida. Assim,
despercebido a muita gente. No entanto,
movido pelo desejo de aumentar a sua colecção
para aqueles que gostam de jogos de vídeo
e pela curiosidade em encontrar pessoas com
antigos, a loja de Moore – a Retro Games – é
o mesmo passatempo, Moore aventurou-se numa
passagem obrigatória. E não estamos apenas
revista – a Retro Games. Inteiramente redigida
perante um vendedor, mas também um dos maiores
pelo próprio, os jogos de vídeo eram o mote
coleccionadores e responsáveis pelo surgimento
desta publicação. Depressa a popularidade da
do fenómeno dos jogos retro.
Retro Games cresceu. Até este momento os termos “retro” e “jogos” não eram usados em conjunto
Tudo começou em 1978, como conta Jason Moore
nem havia um mercado para os jogos e consolas
na sua história dos jogos de vídeo. O seu
do passado.
primo havia recebido um Demon Driver, um jogo de
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Coleccionadores — pág.035
corridas analógico. A sua curiosidade não o
A internet viria a revelar-se o meio perfeito
deixou desperdiçar cada momento de distracção
para o rápido crescimento que a Retro Games
do primo para experimentar o brinquedo que
vivia. Se a princípio o sítio não passava de
mudaria a sua vida. Desde então, os jogos
um gigante catálogo, rapidamente o projecto
electrónicos não mais deixaram de fazer
de Moore se converteu na maior loja do género
parte da vida do coleccionador. Na juventude
na rede. Jason Moore havia afinal conseguido
acompanhou os lançamentos mais importantes
deixar a sua marca no mundo dos jogos ao tirar
para o estabelecimento duma indústria em
do esquecimento alguns dos melhores títulos
desenvolvimento. Começando pelo ZX81, primeiro
alguma vez feitos.
grande sucesso da britânica Sinclair, seguiuse o ZX Spectrum, também da Sinclair. É neste computador, conhecimento pelas teclas de borracha, que Moore sonhara fazer parte da indústria dos jogos enquanto programador. Contudo, as suas tentativas não lhe trouxeram o reconhecimento esperado. Ainda da sua adolescência fazem parte nomes como Commodore 64, Atari ST ou Amiga.
A entrada dos anos 90 é também um ponto de viragem na vida do aficionado dos jogos, que havia entretanto começado a trabalhar, o que lhe permitiu expandir a colecção e manter-se a par da última geração de consolas. Resultado disso, como afirmou em entrevista, Moore respondeu possuir
www.retrogames.co.uk
Discos de Vinil Pedro Quintais
tenho em vinil…o primeiro CD de sempre de
Ténis, ténis e mais ténis!!! Rui Mendes
uma banda portuguesa», remata com inegável
Texto Filipa Penteado
primeiro CD produzido em Portugal. Ou seja,
Texto: Pedro Figueiredo
satisfação. Pedro Quintais tem 33 anos. É sócio de um bar
Qualquer mulher entende o conceito de fetiche
em Oeiras, empresário, DJ, toca numa banda
E raridades? «Nunca vendi um disco, por isso
por sapatos. O nosso sonho é ter uma colecção
rock, é marido, é pai. E colecciona discos
não estou muito dentro do valor de alguns dos
cheia de Manolo Blanik e Christian Louboutin,
de vinil de todos os géneros, do rock à
meus discos». Mesmo assim, questiona-se sobre
como a Carrie do Sexo
soul passando pelas tendências marcadamente
o preço real de um exemplar de STICKY FINGERS,
não é exclusivo do sexo feminino. Muitos homens
electrónicas. Melhor, abriu-nos a porta de sua
dos Rolling Stones, com uma braguilha na
de “barba rija” também gostam de fazer o gosto
casa. Querem vir?
abertura dianteira de um dos mais famosos pares
ao pé. Mas, em vez de stilletos de 10 cm,
de calças do rock’n’roll.
empoleiram-se em cima de um par de Nike Air
O interlocutor destacado pela DIF para dissecar
e a
Cidade. Mas, este vício
Force One.
sobre a sua colecção de vinil não se recorda
Pedro Quintais, DJ Malaguetta no mundo da
com exactidão do primeiro disco que comprou.
noite, promete não ficar por aqui. Já se disse
É o caso de Rui Mendes, 29 anos, o nosso Darth
«Deve ter sido algum manhoso de house music
que se o CD é o passado e o digital o presente,
Vader de serviço. Desde a adolescência que Rui
aqui deste monte…», deduz, mãos em redor dos
provavelmente o vinil será (novamente) o futuro
é fanático por ténis. «Sempre quis ter os ténis
discos da década de 90. «Optei por dividir os
da música. Será? «É bem possível. Para além da
mais fixes da escola, com as melhores cores e
discos por décadas. Apesar de tudo é a forma
qualidade de som infinitamente superior tens
os que fossem mais difíceis de arranjar. Não
mais simples de tentar procurar um disco
todo um objecto precioso, e ainda por cima
gostava de andar igual a toda a gente», diz.
qualquer». Mas, vamos por partes.
muito mais difícil de se estragar». Palavra não de escuteiro, mas de coleccionador.
Mais tarde, o amor pelo graffiti acentuou este
«Vinil sempre», diz Pedro Quintais em jeito
vício quando começou a ver fotos de writers
quase panfletário ao acolher a DIF em sua casa.
que calçavam Puma Clyde e Nike Cortez. Tanto
Aqui, um quarto que em teoria serviria para
que este tipo de ténis continuam a ser os seus
“um cantinho especial” com a esposa acabou
favoritos até hoje. «Praticamente, só compro
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Coleccionadores — pág.036
virado num semi-estúdio com equipamento musical
modelos que foram criados entre 1970 e 1992/93,
centrado na escuta, mas também na própria
no máximo», explica. «Tudo o que é retro dos
produção de canções e remisturas. Ao canto,
anos 80 e 90 são os meus ténis de eleição»,
um largo móvel («€100 no Ikea!», exclama com
acrescenta.
entusiasmo) condensa o generoso espólio do
O que é que isto significa? Muitos Runners como
coleccionador. «Não vou mesmo atirar um número
os Adidas ZX e os Asics Gel e também muitos
de discos que possuo, perdi a conta há algum
ténis de basquete: Nike Air Jordan, Adidas
tempo», afirma-nos Pedro ainda em off, num
Superstar e, claro, os reis Air Force One.
sorriso quase embaraçado. Como qualquer coleccionador que se preze, A meio da entrevista, tocam à campainha. É
Rui procura os modelos de edição limitada.
a FedEx, com uma encomenda de Inglaterra.
Especialmente os que reeditam as cores
Adivinharam, discos de vinil. «Compro
originais. Como ele diz «aquelas que eu queria
praticamente tudo na Internet. Tu ao entrares
quando era puto e não podia comprar. Não sei
numa loja estás algo preso à escolha do
porquê, mas os ténis que se fabricam hoje em
lojista, ao passo que online tens catálogos
dia não têm o mesmo feeling que os originais
infimamente maiores. E podes ouvir com calma
tinham».
os discos. Por exemplo, estes vinte discos que recebi hoje… resultam da audição de excertos
Para “matar o vício” e encontrar a sua “droga”
de uns dois mil (risos). E são tudo coisas
de eleição, vai onde for preciso. Compra em
quase desconhecidas por cá». Todavia, não é
lojas novas ou antigas, outlets, armazéns,
só nas novidades obscuras que Pedro Quintais
pela Internet. Everything goes. «Hoje em dia
se centra. Da sua colecção fazem parte discos
tens que ser mesmo “rato” para encontrares o
de gente como Kiss, Duran Duran, Human League
que queres a um preço razoável», diz Rui. Sim,
ou pérolas portuguesas como um disco dos Mata-
porque este fetiche não é meigo para o bolso.
Ratos que foi «se não me falha a memória o
caixas originais e arrumados num quarto
BD e Action Figures Vasco Lopes
especialmente pensado para eles. Isto do
Texto: Célia F.
Até agora tem 170 pares de ténis, todos nas
coleccionismo é como a música: alguns
cds
uma estátua do Batman de que gosta muito, da colecção ‘Batman Black and White’, que já não existe mais... No mundo dos bonecos é assim. As obras são mesmo limitadas e quando se
queremos ter na versão original, com booklet e
Vasco Lopes tem 35 anos e trabalha na BDMania
esgota stock, a seguir já não há mais. Acabam e
caixa “xpto” incluída. O ritual abrange mais do
há 12 anos. Colecciona Banda Desenhada e
quebram-se os moldes. O Batman desenhado pelo
que o objecto em si.
Action Figures. A sua colecção de BD já conta
criador do Hell Boy é capaz de ser a peça de
Mas desenganem-se, aqui não há relíquias. Todos
com perto de 3000 cópias. Coisas raras,
que mais gosta, tal como os
os ténis são usados e “postos em prática” nas
coisas menos raras, coisas com algum valor
um boneco do Astro Boy que comprou numa feira
funções para as quais forma pensados. «É claro
substancial. Não é o típico coleccionador que
na rua em Espanha.
que os que eu mais gosto não os levo para um
vê um buraco na colecção e tem que preenchê-
A peça mais estranha a figurar na sua colecção
concerto, para a praia ou para o Sudoeste.
lo. Nalguns casos sim, mas, por exemplo num
será mesmo a cabeça do Alien em tamanho real.
Tenho algum amor e respeito pelos mesmos…», diz
caso como o de um Batman que já vai no número
seguido de um sorriso. Mas, a melhor sensação
600
do mundo é estares a usar um par raríssimo e
coisa como 15 mil contos, não lhe interessa.
a sua colecção de BD ficasse com alguém que
os miúdos perguntarem-te “wooww, que ténis são
É um coleccionador estranho. Se dentro de uma
a estimasse... os bonecos, se um dia tiver
esses?!”», acrescenta Rui.
colecção tem um número que para si não tem
filhos, quer que fiquem com eles.
e tal, o número 1 que custa qualquer
Um dia que já não cá esteja, gostaria de que
tanto interesse oferece-o seguramente a um Para finalizar, faço a pergunta sagrada: «Achas
amigo que o quer em vez de vender.
que alguma vez vais dizer “Chega! Já não compro
Colecciona só mesmo o que lhe interessa e que
mais ténis”?» A resposta é um não convicto.
tem idéia que vai reler.
«Já tenho uma colecção considerável, mas ainda tenho muitos “monstros sagrados” onde gostaria
Tem um mundo de Action Figures em casa e
de meter a mão. Ou neste caso, o pé», finaliza.
considera esta uma colecção um pouco estranha. É uma colecção que está muito limitada ao
Ora aqui está uma resposta que qualquer “shoe
espaço. Ao valor das coisas e ao espaço.
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Coleccionadores — pág.037
fanatic”, sejam eles de salto alto ou de
Tem muita coisa guardada em caixotes e uma
atacadores, entende perfeitamente!
prateleira cheia. Quando chegam novos bonecos é a hora da despedida para aqueles que vão agora para dentro da caixa. É uma coisa quase cíclica. Uns dão sempre lugar aos outros. Começou a coleccioná-los há cerca de 10 anos. Já coleccionava Comics antes de trabalhar na BDMania, ia muito a Londres e comprava lá muita coisa. Os bonecos começaram... «lembro-me perfeitamente, ia no Continente com o meu pai e vi um boneco do Batman que gostei e... Pai dáme!». Veio um, veio outro e mais outro e agora tem, entre os arrumados, os que já deu, os seus e os da sua mulher, 200 bonecos diferentes. Desde os bonecos do Tim Burton a super-heróis, designers toys, estátuas e o capacete do Darth Vader.
Batman, Marvel, coisas independentes, DC, Corse. Desde o mais mainstream ao independente, passando pelos álbuns franceses. As peças mais valiosas para si são a colecção do Preacher. É talvez a banda desenhada de que mais gosta. Já releu mais de seis vezes e parece descobrir sempre qualquer coisa nova. No que respeita a Action Figures, tem duas,
pvcs da Lenore e
RocknRolla
Obomavich (Karel Rodan) todos querem uma fatia
eles cospem sangue, ela seduz e tenta meter
Texto Filipa Penteado
do bolo. E Cole é o cozinheiro-mor.
dinheiro ao bolso. Mas, será que é imune ao
O nosso imaginário está povoado de séries e
Em vez de farinha e fermento, em Rocknrolla os “bolos”
filmes sobre mafiosos. “Padrinhos” da ficção
são feitos de cimento, gruas e guindastes. O
Tal como em Lock, Stock
como Tony Soprano misturam-se com referências
novo negócio mais apetecível é o da imobiliária.
Guy Ritchie criou uma história labiríntica, onde
do mundo real como Bugsy Siegel dando origem
O que não é de espantar, tendo em conta que
as personagens são muitas e se misturam ao ritmo
a um universo muito americano, de New Jersey
crescem
na
dos diálogos frenéticos. Um prato bem ao gosto
a Las Vegas. Guy Ritchie reinventa os chapéus
maioria das grandes cidades europeias. Se Al
do produtor Joel Silver, que se juntou a Ritchie
de feltro, os sapatos bicolores e as camisas
Capone fosse vivo, deixaria o álcool e começaria
para fazer de Rocknrolla o sucesso que a carreira de
havaianas, dando-lhes um sabor moderno. Rocknrolla
a contrabandear tijolos.
Guy precisa desesperadamente. Com um currículo
charme de One Two?
prédios
como
se
fossem
cogumelos
é um festival de punchlines britânicos, tudo sobre rodas e a velocidade furiosa.
and
Two Smoking Barrels e Snatch,
recheado de êxitos de bilheteira como Matrix (sim, Talvez seja exagerado dizer que o filme de Guy
até o Matrix 3, mas ninguém é perfeito...) e Arma
Ritchie é politizado. É demasiado divertido e
Mortífera, Silver é o homem indicado para levar
Depois de uma incursão em géneros mais leves
desgarrado para uma definição tão seria. Mas,
este filme a bom porto.
que
não
lhe
assentaram
bem
se
é com certeza consciente de uma realidade muito
com uma Madonna
urbana que o rodeia. Em Rocknrolla a diferença
Para já, Rocknrolla teve direito a grandes billboards
mais histriónica que a sua real pessoa – o ex.
entre burocratas e mafiosos é ténue. Haverá algo
em Central London e autocarros “decorados” com
Mr.Ciccione volta agora ao submundo do crime
mais actual do que isso?
posters do filme que percorriam toda a cidade.
recorda do desastroso Swept
away
–
quem
não
londrino. Rocknrolla é uma comédia de acção que
A estreia foi em grande e a crítica gostou. Por
esconde um tema bastante actual: a incursão de
Em qualquer história de gangsters que se preze,
cá, chega aos ecrãs a 1 de Janeiro. Para começar
mafiosos de leste nas ruas de Londres. Uma espécie
existe
o ano cinematográfico em força.
de Eastern Promises, mas mais divertido, no qual os
contrabalançar
sempre
uma a
mulher produção
(ou de
várias) testerona.
para Em
aspirantes a gangsters querem estar todos sob a
Rocknrolla este papel cabe a Stella (Thandie Newton)
alçada do ganglord Lenny Cole (Tom Wilkinson),
a contabilista de Obomavich. Demasiado competente
uma
para se limitar a preencher declarações de IRS,
“relíquia”
deste
mundo
constantemente
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Cinema — pág.038
em mudança. Quer sejam OneTwo (Gerad Butler)
Stella vê a sua grande oportunidade surgir no
líder do Wild Bunch, ou o milionário russo Uri
meio da luta entre todos estes homens. Enquanto
RocknRolla
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Cinema — pág.039
Richard Soderberg O Homem que veio do frio
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Moda — pág.040
Richard Soderberg – O Homem que veio do frio
mim. Neste momento, estou a tentar encontrar um
Texto Filipa Penteado
tecido bastante grosso e rijo para criar o look que pretendo para a próxima estação. Andar “à
Autodidacta
por
natureza,
Richard
Soderberg
caça” de tecidos é muito complicado e gostava de
gosta de explorar o mundo pelos seus próprios
ser capaz de criar os meus próprios tecidos e de
meios. Por agora, está fascinado pela construção
poder executar um tratamento específico neles.
milimétrica que a roupa masculina exige.
No entanto, isso não é possível para mim neste
As suas imagens evocam um romantismo contido,
momento.
quente e frio ao mesmo tempo. São sedutoramente Obscur(as) como o nome da sua marca indica.
Também
és
um
óptimo
criador
de
imagens.
A
atmosfera que criaste nas fotografias é muito Originalmente és da Suécia. Onde vives agora?
apelativa
Eu vivo em Estocolmo, mas faz parte dos meus
a imagem se sobreponha às roupas e as deixe
e
sedutora.
Não
tens
medo
de
que
planos mudar-me para Tóquio até ao final do ano.
para segundo plano? Sobretudo na colecção de
Estocolmo é bom, mas tem uma falta de atitude
Inverno?
e de atmosfera para que eu e as minhas roupas
A imagem de uma marca é tudo. Sem a imagem, não
possamos crescer na direcção que eu quero.
se chega a lado nenhum. No que diz respeito às fotografias, acho que deixando algumas partes
Qual é a tua primeira memória relacionada com
para a imaginação ajuda a construir uma certa
moda?
expectativa e um certo desejo lascivo. Algo que
Eu gostava de separar a expressão “moda” de
espero que seja cumprido quando se vê a roupa
“roupa” e de identidade. Acho que nunca houve um
na realidade.
momento na minha vida onde eu tenha encontrado beleza na roupa. Sempre estive apaixonado por
Onde podemos comprar as tuas roupas?
diferentes peças em diferentes períodos da minha
Por
vida.
Concrete, Londres.
agora,
só
estão
à
venda
no
Japão
e
na
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Moda — pág.041
Olhando para as tuas colecções atrevo-me a dizer
O que se segue para Richard Soderberg?
que tens um fetiche com fechos. Gostas de formas
A minha mudança. Espero ainda vir a rodear-me das
suaves misturadas com a crueza dos fechos, não
pessoas certas para que me possa focar no design,
é verdade?
algo que se esvai por completo quando se tem uma
Eu adoro fechos e o que eles são capazes de
série de problemas a vaguear na cabeça todos os
conseguir se forem bem usados. Em alguns casos,
dias e com os quais se tem de lidar sozinho.
as minhas roupas têm de facto formas suaves e por
www.obscur.se
isso já houve quem as apelidasse de andróginas, uma expressão de que não gosto particularmente. Se eu estivesse a criar roupa de mulher seria muito diferente da roupa de homem. Se eu me aguentar neste meio tempo suficiente, eu asseguro que vão ver do que estou a falar.
Qual
é
a
importância
da
modelagem
nas
tuas
vez
mais
roupas? A
modelagem
está
a
tornar-se
cada
importante para mim. Não porque tenha necessidade de fazer roupa com um toque mais avançado, mas porque quero que as roupas assentem bem no corpo masculino,
o
que
é
especialmente
importante
quando se fazem fatos com um look “limpo” e forte.
Com que tipo de tecidos gostas de trabalhar? Os materiais são uma grande preocupação para
OTHER VOICES, OTHER ROOMS, Andy Warhol Liza Minnelli, 1977 Polaroid, 4 ¼ x 3 3/8 in (10.8 x 8.6cm) The Andy Warhol Museum, Pittsburgh; Foundling Collection © 2008 The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc. All rights reserved
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Arte — pág.042
Andy Warhol Self-Portrait with Skull, 1977 Polaroid, 4 ¼ x 3 3/8 in (10.8 x 8.6cm) The Andy Warhol Museum, Pittsburgh; Foundling Collection © 2008 The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc. All rights reserved
OTHER VOICES, OTHER ROOMS, na Hayward Gallery, Londres,
reconcilia-nos
com Andy Warhol numa exposição que mostra o artista e o seu universo como uma imagem em constante movimento.
Texto Rita Sobreiro
Andy Warhol nasceu em 1928, em Pittsburgh, filho de pais emigrantes da antiga Checoslováquia. Rapaz frágil, com distúrbios nervosos, passava muito tempo em casa, distraindo-se com banda desenhada, livros para colorir e desenhos animados. Talvez esta solidão precoce lhe tenha despertado o fascínio e a curiosidade pelas pessoas: as célebres e as comuns, ou todas as que podia
alcançar – virtual e fisicamente. Andy era um
“artes plásticas”, esses ícones da Pop que
parte estamos graças a um pequeno temporizador.
voyer incorrigível: interessava-lhe a imagem do
ainda hoje se reproduzem como se tivessem ganho
Poder-se-ia dizer que esta opção, a par do
outro, as suas conversas, os seus disparates,
vida própria.
resumo do filme oferecido na ficha técnica,
as suas forças e fragilidades, porventura
Subimos a rampa ao som de ‘I’ll be your mirror’
facilita demasiado esta experiência, mas ela é
para se conhecer a si próprio ou então para
dos Velvet Underground com Nico a cantar, e
inteiramente honesta e justa para com o próprio
não ter que se conhecer. Esta ambiguidade,
vamos lendo citações de Andy, até encontrar
artista: Warhol não queria que as suas obras
esta fraternidade misturada com egoísmo,
diversos monitores – sob fundo de papel de
fossem herméticas e inacessíveis – isso já ele
esta disponibilidade misturada com snobismo,
parede com vacas coloridas – e pequenos nichos
era!
esta genialidade misturada com futilidade,
de som, onde se podem ver e/ou ouvir uma
Antes de aterrarmos depois desta viagem no
constituem a personagem que Andy construiu
selecção dos FACTORY DIARIES – registos audio
tempo e no espaço, passamos por uma espécie
de si para o mundo, tornando-o uma figura
e vídeo que Warhol e os outros “habitantes” da
de “câmara de descompressão”: as suas Silver
incontornável da segunda metade do século XX.
Factory gravavam a propósito de tudo e de nada.
Clouds, rectângulos de plástico prateado cheios
Através dele, da sua obra e da sua vida – que
No meio, uma das estruturas mais surpreendentes
de hélio que flutuam ao mínimo toque, estão ali
se confundem intencionalmente – conseguimos
de toda a exposição: TV-SCAPE, um espaço
não só para nos divertirmos como para sermos
sentir o pulsar de toda uma geração que fez da
delineado por cortinas de fios em listas
vistos nesse divertimento através de uma enorme
libertação a palavra de ordem. Ele encarna o
vermelhas e brancas, com tecto e chão azuis
vidraça – um filme de Warhol em tempo real.
sonho americano e o seu reverso.
estrelados de branco – estamos em território norte-americano. Lá dentro, sentados nos
Think you know him? Think again. – é o teaser
A exposição OTHER VOICES, OTHER ROOMS(1),
banquinhos em forma de estrela podemos assistir
usado na divulgação da exposição. A frase,
apresentada agora na Hayward Gallery, em
a todos os programas realizados entre 1979 e
entre o sarcasmo e o desafio, parece prometer o
Londres, mostra de forma surpreendente todas
1987 por Andy para estações de televisão por
desvendar de uma faceta desconhecida do célebre
essas facetas de Warhol, através de uma
cabo, nomeadamente para a MTV. Da arte à moda,
artista. De facto, para quem só conhecia o
compilação exaustiva dos registos em filme,
da música pop ao “gossip”, estes programas
Andy das latas de sopa e da Marilyn às cores,
audio e vídeo gerados pelo artista e pela sua
foram de certa forma a transposição para a
esta exaustiva apresentação das suas obras
entourage ao longo de mais de duas décadas.
imagem em movimento dos conteúdos e formatos da
e registos em filme e vídeo pode constituir
As escolhas curatoriais de Eva Meyer-Hermann,
revista INTERVIEW, fundada também pelo artista.
uma novidade, mas nunca uma surpresa total no
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Arte — pág.043
aliadas à cenografia de Chezweitz & Roseapple,
Todos aparecem na TV, mas todos mesmo! Debbie
que toca ao conhecimento da “persona” Warhol.
transformam esta exposição num universo
Harry, Cindy Sherman, Giorgio Armani, etc.,
Aqui se mostra um Andy maior, mais abrangente,
warholiano extremamente completo e complexo,
etc., etc..
mas nunca um Andy diferente, pois em todas as
lúdico e extravagante, que decerto obteria os
Seguimos então para o grande núcleo desta
suas criações, inclusive em toda a sua vida
aplausos do próprio artista.
exposição: a obra cinematográfica de Andy
enquanto “obra”, ecoam as mesmas questões. Andy
Warhol. Antecedida por alguns registos vídeo
Warhol permanecerá sempre demasiado conhecido
Somos recebidos, na primeira sala – COSMOS –,
pouco conhecidos, onde Warhol experimenta
e demasiado desconhecido, demasiado fácil e
por Edie Sedgwick, Lou Reed e muitos outros,
formatos tão díspares como a soap opera e a
demasiado difícil, demasiado óbvio e demasiado
que nos fixam, quase sem pestanejar, em grandes
video art, surge a sala FILMSCAPE. Aqui, uma
surpreendente. Ele próprio cultivava essa
projecções dos famosos Screen Tests. Numa
profusão de ecrãs de projecção, dispostos
indefinição com um simples jogo de palavras: «I
enorme vitrina, que nos recorda o início de
livremente na proximidade dos confortáveis
am a deeply superficial person».
carreira de Warhol como vitrinista, distraímo-
sofás em formas orgânicas onde nos podemos
Andy Warhol: OTHER VOICES, OTHER ROOMS
nos com as numerosas polaroids que tirou de
deitar, mostram algumas das obras essenciais de
07 Outubro 2008 – 18 Janeiro 2009
si próprio e de diversas personalidades,
Warhol, o cineasta, desde os mais “soft core”
The Hayward Gallery – Southbank Centre –
livros, revistas, capas de vinil, cartas e
como MARIO BANANA – um travesti a comer uma
Londres
objectos numa espécie de câmara iniciática
banana em close-up -, os mais “trendy” como
www.haywardgallery.org.uk
para percorrer esta viagem pelo mundo de Andy.
CHELSEA GIRLS, ou os mais “arty” como EMPIRE.
Curiosos ainda são alguns desenhos antigos
Neles encontramos as mesmas contradições –
Exposição organizada pelo Stedelijk Museum
feitos pelo artista em folha de ouro. E, para
ou, melhor, multidimensões – warholianas:
Amsterdam e o Moderna Museet Stockholm,
não nos esquecermos de quem se está a falar,
da futilidade quase histérica, da banalidade
em colaboração com o Andy Warhol Museum,
lá estão reproduções de algumas das suas obras
quase desinteressante, da sexualidade quase
Pittsburgh. Curadoria: Eva Meyer-Hermann
mais conhecidas, desde as serigrafias das
pervertida, do voyerismo quase obsessivo, mas
flores às caixas Brillo. Tudo está disposto
também do simples amor à imagem. Mais uma vez,
(1)OTHER VOICES, OTHER ROOMS é também o título
sem aparentes hierarquias, colocando “arte”
uma opção curatorial brilhante: os filmes
dum livro de Truman Capote, pessoa/personagem
e “artefactos” numa mesma escala de valores.
passam em loop, perfazendo um total de quase 23
referencial para o próprio Andy.
Talvez até a secundarização caia sobre as
horas de projecção, mas sabemos sempre em que
Portugal Dança Enquanto Dorme Bboying - Urban Street Dance
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Dança — pág.044
Portugal Dança Enquanto Dorme Bboying - Urban Street Dance texto Hugo Israel The same world dressed with new clothes
Se pensamos que o breakdance desapareceu nos anos 80, o Clash Festival, no passado mês de Outubro, mostrou-nos que esta expressão artística está bem presente no mundo actual e reco-
de vestir e o comportamento são pilares inte-
composta pela Bgirl Leo e a Bgirl Baronesa.
menda-se... Milhares de pessoas deram entrada
grantes. O elenco é heterodoxo e criativo, esta
Nasceram as 3 em Lisboa. A Pinypon tem 27 anos
num universo cheio de influências americanas,
modalidade tipicamente americana usava os mo-
e é arquitecta. A Baronesa tem 20 anos, é es-
onde os chapéus são quase de uso obrigatório,
vimentos do Hip Hop para manifestarem de forma
tudante e a Leo tem 29 anos e é professora de
o dress code é ir “kitado”, num rigor cumprido
artística as suas raízes. Nas ruas dos centros
Educação Física e estuda Osteopatia.
à risca para assistir à competição europeia de
das cidades, os gangs, em vez de luta, decidiam
Bboying. O tema de James Brown ‘Good foot’ de
as batalhas na pista de dança, combatiam de
Qual foi motor que serviu de ignição à tua
1972 foi o ponto de partida para o breakdance,
forma não violenta e mostravam a sua superio-
motivação?
termo criado pelos media nos anos 80, quando
ridade ao nível da dança. Hoje em dia, já não
A dança é uma paixão, assim como a arte, a
houve a necessidade de dar reconhecimento a uma
disputam a supremacia, mas o orgulho continua
música e a cidade. O Hip Hop reúne tudo isso.
cultura de rua que se mediatizou mundialmente
em jogo.
Durante muito tempo, ouvi a música, via os gra-
através dos filmes Flashdance e Beat Street.
ffiti e observei vídeos, tentando entender onde A Crew Feminina ButterflieSoulFlow participou
tudo aquilo nascia dentro de Lisboa. Conheci
O Bboying é um exemplo genuíno da cultura urba-
no Clash Festival onde desempenhou uma prova
a Leo e a Baronesa, e começámos a tentar fa-
na contemporânea, baseada numa estética própria
excelente. Estas raparigas, que nada são de
zer as coisas que víamos os outros fazer. Como
onde a música, a dança, a atitude, a maneira
“shopping”, são: Pinypon e a sua crew que é
movimento o Bboying é incrível, o desafio é
prática para qualquer actividade (como todo o espaço em torno do Campo Pequeno). Cada crew vai tendo o seu espaço e convida os outros para irem aparecendo. Isto em Lisboa. No Porto, o movimento está mais institucionalizado, existem escolas e aulas.
Com que coreógrafo/a nacional gostarias de trabalhar: Eu pessoalmente adoraria ver em palco o Bboying, no mesmo pé de igualdade do que a dança clássica ou a dança contemporânea. A partilharem o mesmo espaço, a mesma música. O potencial é enorme :). No Festival Alkantara já aconteceu, no palco do CCB, mas são sempre companhias estrangeiras. Sinceramente, não tenho um nome nacional para dar, não vou dizer um nome à toa. Mas, temos coreógrafos que o poderiam fazer.
Por que não há mais iniciativas integradas com a sociedade do Bboying: No Porto, existem já muitas iniciativas. Em constante e a liberdade imensa. É uma dança que
de cidade para cidade e até de crew para crew.
Lisboa, tem-se mantido tudo mais underground e
vive no espaço, através do contacto com o chão
Já não existe só nos bairros pobres, já não é
amador (não no sentido do treino, mas no sen-
e da liberdade do corpo. Não distingue idades
só praticada na rua... Há formas de estar dife-
tido financeiro). Dentro do Hip Hop, existem
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Dança — pág.045
ou sexo, e existe praticamente em qualquer
rentes dentro do Bboying.
cidade no mundo. Não é preciso pagar para ter
convites para dançar em concertos e fazer videoclips, mas nunca há dinheiro. Espectáculos de
aulas, basta ter vontade. Às vezes, a partilha
A diferença entre o Bboying e o breakdance:
palco são quase inexistentes (houve um no CCB
de informação faz-me lembrar as artes marciais,
O breakdance é uma das 4 vertentes do Hip Hop
fora de portas, coreografado pelo Drive, os 12
tens de merecer para ser passada. Treinas onde
(graffiti, mcing, djing e breakdance). Sendo
Makakos e ButterflieSoulFlow), ninguém investe
queres e quando queres, procuras afinidades
que o breakdance é a vertente de dança, engloba
e nós para nos lançarmos por nós num projecto
de estilo e de estar. As crews são as nossas
vários estilos, como o Locking, o Popping, o
desses é complicado. Quem nos dera poder trei-
pequenas companhias de dança, onde não existem
New Style e o Bboying. E ser um Bboy/ Bgirl não
nar, praticar, ensaiar e ser pagos por isso.
audições para entrar.
é só fazer uns movimentos, é um lifestyle. Não
Era um sonho.
se deixa de ser Bboy fora do treino, das bat-
No contexto socio-cultural qual a importância
tles ou do palco. Existe uma forma de estar e
A profissionalização desta categoria de dança
de respeito pela cultura.
está ainda longe de ser uma realidade prática e
do Bboying:
imediata na sociedade portuguesa, no entanto os
Esta pergunta dá para horas... lol. O Bboying
Onde ensaiam:
campeonatos não deixam de acontecer e percor-
é uma expressão artística e de comunicação. Há
Esse é um problema constante, o espaço. Em
rem os 5 continentes. Este ano directamente da
pessoas que treinam diariamente sem retorno
Lisboa, já se treinou na Praça da Figueira, na
Europa, Paris, que tem desenvolvido um trabalho
maior do que o evoluir todos os dias um pouco.
Praça do Comércio, no metro do Marquês e no me-
impressionante na área da dança Hip Hop, foi
Há todo o tipo de pessoas dentro do Bboying.
tro da Alameda. Hoje em dia, os treinos passam
também
Culturalmente é dança. Dança criada a partir da
de boca em boca, alguém tem uma sala disponível
a nível mundial desta modalidade. Não há outro
música, de movimentos tirados das mais diversas
e avisa os outros. Falta uma sala em que se
país que tenha conquistado tantos títulos nesta
influências como a salsa, a capoeira, as artes
possa estar sem tempo limite e todos os dias.
disciplina, incluindo os de campeão mundial a
marciais. O interessante é ter surgido do nada,
Nos ginásios “tem de se ser aluno”, no metro
nível de B-Boy Crew na Battle of the Year em
da rua, de um grupo de miúdos a quem pouco
“não é permitido”, na rua, para além do tempo,
1995, 2001, 2003 e 2006, assim como o segundo
futuro era dado. Na origem não existia escola
a policia gosta bastante de incomodar. É uma
lugar na mesma competição nos anos de 1997,
ou academismo, apenas criatividade. Acho que a
pena mas os nossos espaços públicos são pouco
2002 e 2004. Nas suas 4 edições, a Red Bull
realidade hoje é diferente de país para país,
públicos. E a calçada portuguesa muito pouco
BC One já teve Lilou, de Lyon, a conquistar o
palco de alguns dos melhores talentos
título mundial para a França em 2005, e com
Aqueles que ficaram de fora não perderam uma
a competição, Wing mostrou uma variedade de
Júnior, o terceiro lugar para o mesmo país em
segunda oportunidade! O vencedor foi o melhor
jogadas criativas, enquanto seguem a batida e
2004.O Hip Hop encontra-se presente por todo o
na dança, demonstrou uma notável variedade de
mantendo a batalha interessante. Wing tem uma
lado em França, e a dança é o desporto nacional
passos, poder do movimento e transições, mas
atitude nas orgulhosas batalhas».
mais popular a seguir ao futebol. O “estilo
também carisma e confiança, fez parte deste
Segundo o juiz lilou, campeão de França de
francês” de B-Boying é mundialmente conhecido –
duelo responder ao seu adversário e mostrar-
2005, «A determinação de Wing manifestava-se
é forte, competitivo e com uma dose de humor. O
lhe que esteve ali para ganhar. Os dezasseis
pelo seu olhar.»
público francês tem-se mostrado muito interes-
melhores B-boys do mundo lutaram uns contra os
sado na dança Hip Hop e no B-Boying. Mais de 10
outros como gladiadores na arena.
000 espectadores assistiram em Março à competi-
Wing exulta: «Ganhar Red Bull BC é apenas o começo, agora o meu objectivo é tornar-me o
ção de dança Juste Debout, no Palais Omnisports
B-boy Wing da Coréia prevaleceu ao longo de 15
primeiro B-boy em todo o mundo a ganhar este
de Paris-Bercy. A edição francesa do evento
concorrentes para ganhar o 2008 Red Bull BC
evento dois anos consecutivos.»
Battle of the Year, tem atraído 7 000 pessoas a
One. A luta com os melhores B-boys de todo o
Montpellier todos os anos.
mundo no novo centro cultural de Paris, o 104, para uma ousada combinação de acrobacia elegan-
Os B-boys foram seleccionados por uma equipa
te e muito técnica.
internacional de especialistas. Os bailarinos
Wing encantou rapidamente a plateia com seu
não só são escolhidos pelas suas extraordiná-
estilo deslumbrante e combinações luminosas. Na
rias habilidades artísticas, mas também pelo
primeira rodada, ele derrotou o sul-africano
seu excelente carácter e reputação na comunida-
B-boy Benny, nos quartos-de-final o francês B-
de da dança.
boy Mounir com 4 votos contra 1. Em seguida, no fervor das semi-finais, Wing mostrou a Kolobok
B-boys a partir de 12 nações dançaram num desa-
que haviam combinações para tirar da cartola
fio competitivo. Eles lutaram um contra um, 3
acompanhado de Dj Tee.
voltas cada e foram julgados por um júri composto por cinco B-boys de renome internacional.
Juiz Ivan dos E.U. declarou «Ao longo de toda
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Dança — pág.046
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Dança — pág.047
“ceci n’est pas un skate”
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Surface — pág.048
“CECI N’EST PAS UN SKATE”
a mais uma exibição de arte e cultura street
importante na comunidade artística internacio-
texto João Telmo Dias
australiana e internacional, com a participação
nal, com especial relevo para a arte produzi-
de 80 artistas plásticos, designers, criado-
da na Austrália, que alcançou já um papel de
Numa perspectiva mais simplista e dogmática,
res e pintores de todo o mundo (Brasil, Japão,
proeminente preponderância.
poderia dizer-se que o skateboarding é uma
Nova Zelândia, EUA), que apresentam 180 obras
A apropriação de uma tábua de skate como tela
actividade, declarada e predominantemente,
de arte corporalizadas em tábuas de skate.
para conceber um objecto artístico não é mais
confinada a espaços exteriores, a ambientes
Esta exposição só vem reiterar e vincular a
do que uma subsequência, continuidade e subli-
urbanos, de uma qualquer metrópole pejada de
prolificidade da arte urbana na Austrália, que
mação do trabalho desenvolvido há já quase um
pavimentos polidos, corrimões, vãos de escadas
assume, deste modo, uma posição internacional
século atrás por Marcel Duchamp e os dadaístas.
e estruturas de betão. Indicado para quem gosta
de liderança no campo da street art.
Se ainda estivesse connosco, apanharia um avião
de decalcar a cidade, arear os passeios ou cal-
A transversalidade da arte nos dias de hoje e
até Sydney e CECI N’EST PAS UN SKATE poderia,
correar por qualquer muro ou banco de rua, com
os novos tipos de suportes (graffiti, tatu-
então, constituir mais uma frase representativa
os pés numa tábua e quatro rodas indulgentes a
agens, jogos de computador, animação, etc.)
das suas prodigiosas subversões e transfigura-
permitir a locomoção.
representam os motivos primordiais e fundamen-
ções artísticas.
Partindo desta premissa, que coisas poderão
tais para que iniciativas como estas comecem a
nocomply.com.au
ter em comum um espaço interior, neste caso
emergir no panorama artístico, que se deli-
niceproduce.com
uma galeria de arte, e incontáveis e coloridas
neia, cada vez mais, por diferentes caminhos.
tábuas de skate?
A contemporaneidade materializa-se sob novas
Em Sydney, na marsupial Austrália, a No Comply
formas e novos modelos e esta Skateboard Art
concretiza, neste mês de Dezembro, a segunda
Exhibition não é mais do que um indício de que,
edição de uma mostra de arte urbana, onde as
efectivamente, a multiplicidade, o desdobramen-
telas são nada mais nada menos do que tábuas
to e a ambivalência da arte contemporânea estão
de skate. No dia 12 de Dezembro, na Red Bull
estabelecidos. A No Comply 2008 desempenha, as-
Gallery, em Alexandria, abrir-se-ão as portas
sim, a genuína missão de carimbar este momento
bbot+defence
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Surface — pág.049
eamo
filur
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Surface — pág.050
Gost+patrol
Glenno
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Surface — pág.051
Sutu
Casaco Tewenty8Twelve, Top Marlene Birger, Calças Patrizia Pepe, Botas Jimmy Choo na Stivali
“RACING LIKE A PRO” Realização: Ricardo Preto, assistido Por Margarida Gentil Fotografia: Ricardo Quaresma Viera Make-up: Catarina Pedroso, ass. Por Joana Belucci Cabelos: Ana Sousa Modelos: Vera Fonseca e Leonel @ L’Agence Agradecimentos: Italian Motor Village
Casaco XL Lee, Casaco em malha Gant, Gola alta Lee Gold Label, Calรงa Diesel, Luvas Ricardo Preto, Botas Fly London
Vera: Vestido Alberta Ferretti, na Loja das Meias, Botas Jimmy Choo na Stivali, Luvas na Luvaria Ulisses, Collants Calzedonia Leonel: Fato DecĂŠnio, BlusĂŁo Levis, gola alta Ricardo Preto, Botas Fly London
Blusão Diesel, Lenço Hermés
Blazer Givenchy na Loja das Meias, Bluzテ」o Nike, Camisa Decテゥnio, Gravata Gant, Jeans Levis, Tテゥnis Onitsuka, テ田ulos Diesel
Macac達o Lee, top Patrizia Pepe, Camisa Marlene Birger
Blus達o Balenciaga, Top Andy Warhol by Pepe Jeans, Cinto Fendi na Loja das Meias, Jeans Vans
Casaco malha Pringle of Scotland na Loja das meias, T-Shirt Lee, Cinto Lacoste, Encharpe Adidas, TĂŠnis Nike
Fotografia: João Bacelar www.myspace.com/jbacelar Realização: Susana Jacobetty www.susanajacobetty.blogspot.com Face Design e maquilhagem: Inês Pais www.unicorneoazul.blogspot.com Cabelos: Pedro Coelho Modelos: (Best) Natalia. (Just) Guilherme Loja, Mariana Bier, Vanessa Garcia. (L’agence) Daniel Cardoso, Helena Prestes, Maria Heloísa, Pedro Martin. (Loft) Francisco Cymbron, Gonçalo Gonçalves. Agradecimentos: Cátia Castel-Branco: www.catiacastelbranco.com
Scratch Helena sweat-shirt e casaco Levis, calças Lois
Francisco casaco, colete e cachecol Hacket
Natalia camisa Converse
Pedro camisa Gant, casaco e calรงas Alexandra Moura
Guilherme camisa Replay, casaco Tommy Hilfiger, casac達o Alexandra Moura, cachecol H&M
Mariana camisa Marlboro, calรงas Diesel
Vanessa camisa Tommy Hilfiger, jardineiras Diesel
Gonรงalo camisa Levis, casaco Hugo Boss
Maria Heloísa camisa Lee, calças Pepe Jeans, casaco Geox
Daniel casaco Diesel, calรงas Levis
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Agenda : Destaque — pág.072
KAISER CHIEFS
a esta trupe de Leeds, West Yorkshire,
31 DE JANEIRO // COLISEU DO PORTO
Inglaterra. Nomeadamente a conjugação de
dois singles dos álbuns Employment e Yours Truly,
01 DE FEVEREIRO // COLISEU DE LISBOA
dois factores não tão frequentes como se
Angry Mob, mais exactamente ‘I Predict a Riot’ e
desejaria: a capacidade de moldar um corpo
‘Ruby’.
estações com mínimo critério. E aí recordar
Na ausência de qualquer outra razão, há uma
musical consistente, assente em canções pop
Em ‘Never Miss a Beat’, primeiro single de Off
magnífica justificação para toda a população
de fina linhagem, com uma assinalável dose de
With Their Heads, os Kaiser Chiefs repetem, com
portuguesa picar o ponto em todos os
consciência social e de classe, muito próximo
doses iguais de ironia e desalento para com
espectáculos que os britânicos Kaiser Chiefs
daquilo a que o próprio John Lennon chamou
a ignorância popular, a frase “it’s cool to
protagonizem no burgo fadista: a memória da sua
de “working class”. Mesmo não sendo heróis
know nothing”.
estreia em Portugal, no ano de graça de 2005,
proletários, são respeitáveis cronistas dessa
simultaneamente a dar-lhes razão.
no delicioso Festival de Paredes de Coura. Para
coisa de ser britânico, algo que não se vê com
quem não sabe ou não se recorda, esclareça-
frequência desde os Blur da década passada.
se que Ricky Wilson, vocalista da banda, deu
Sobre a música propriamente dita, o pretexto
boa parte do concerto com um pé enrolado em
desta vez é Off With Their Heads, terceiro álbum
fita adesiva de uso industrial depois de ter
da banda, publicado em Agosto deste ano. Que,
esfrangalhado o membro ao aterrar de um pinote.
tendo já dado à Humanidade dois singles de
Ora, como é sabido, Portugal é um grão de areia
portento e gabarito (‘Never Miss a Beat’ e
para a maioria dos “artistas”. Mas, este fez em
‘Good Days Bad Days’), alinha na ficha técnica
Paredes de Coura aquilo que provavelmente faria
garbosos nomes que não desiludem no resultado
em Glastonbury: uma tremenda exibição, mesmo
final: Mark Ronson (vide Amy Winehouse), New
seriamente lesionado. R-E-S-P-E-C-T.
Young Pony Club, David Arnold e o rapper Sway.
Simplesmente, e com franqueza, há mais e
Isto, obviamente, para não apelar aos mais
melhores razões para prestar devida vénia
fervorosos adeptos dos êxitos radiofónicos das
Pedro Gonçalves
Quem não pensar em vê-los está
Espectáculo Zoetrope - Rui Horta + Micro Audio Waves
A
ideia
é
simples
apresentação espectáculo.
à
e
está
bem
imprensa
dissecada
deste
Resumidamente,
o
na
inovador
coreógrafo
Rui
Horta e os Micro Audio Waves lançaram-se na aventura de criar um espectáculo em conjunto, sob a forma de um concerto encenado, um híbrido entre a música, movimento e multimédia. Flak, guitarrista dos Micro Audio Waves, apresentou à DIF os intuitos de Zoetrope: «A ideia é apresentar música nova neste novo espectáculo. Depois, o Rui estará a coreografar-nos a tocar ao vivo. Será, no fundo, um concerto com uma parte de encenação bem vincada, com imagens vídeo e mais alguns
um dos mais sólidos grupos pop nascidos nos anos
08, 9 e 10 de Janeiro de 2009/ TECA, Porto
pormenores». Curiosos? Nós também. Curiosamente,
zero em Portugal, detentores de um simpático
19 de Fevereiro de 2009/ Culturgest, Lisboa
a primeira apresentação do espectáculo foi… na
culto lá fora que alastrou até ao saudoso John
25 de Fevereiro de 2009/ Mousontrum, Frankfurt
Rússia. Em Moscovo, mais concretamente, numa
Peel. Rui Horta é um coreógrafo com diferentes
28 de Fevereiro de 2009/ Centro Cultural de Vila
organização
prémios
Flor, Guimarães
A
ideia
o
músico,
da
para
Embaixada próximos
no
curriculum
e
que
04 de Abril de 2009/ CCC, Caldas da Rainha
multidisciplinar de pesquisa e criação, O Espaço
01 de Maio de 2009/ Laboral Escena, Gijon
Portugal e pontos estratégicos no estrangeiro,
do Tempo, num antigo Convento do século XVI –
algo por demais evidente quando verificamos a
hoje um dos mais importantes centros de produção
agenda disponibilizada umas linhas abaixo. Sobre
em Portugal”, sustenta a biografia do autor. Vai
os Micro Audio Waves, a memória guarda-os como
valer a pena.
as
confirmou
internacionais
entre
dividir
meses,
local.
onde estabeleceu em Montemor-o-Novo “um centro
é
os
Portuguesa
apresentações
Pedro Figueiredo
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Agenda : Música — pág.074 Deadly Sins Series
A 27 de Dezembro decorrerá a primeira edição de um ciclo de eventos na área da música electrónica. Será na LX Factory, num novo espaço com capacidade para 500 pessoas, onde actuou recentemente Anja Schneider,
por
exemplo.
As
Deadly
Sins
Series
realizar-se-ão até ao final de 2009, numa organização conjunta entre a Bunker - Internatinal Social Art Project e a LAB Events (organizador do Lab Festival no Verão passado). Como o nome indica, o mote são os 7 pecados mortais. Cada um dos eventos será então movido por cada um dos pecados, sendo a luxúria o mote para a festa de 27 de Dezembro. O destaque maior desta primeira festa é um nome internacional de relativo peso, o sueco Martinez, que já actuou em Portugal por duas vezes em anos anteriores. Os nacionais Orson & Welles e Lab.Project completam o cartaz, sendo que já é possível anunciar a presença do inglês Radio Slave na segunda festa do movimento, a decorrer a 23 de Fevereiro 2009 (segunda-feira de Carnaval). Os bilhetes valem €12 e podem ser adquiridos de antemão na MK2, parceira do evento. Fãs de música electrónica, já sabem: não hesitem – toca a pecar. Pedro Figueiredo 27 de Dezembro na LX Factory, em Lisboa
Consoada da Flor Caveira
de Tiago Pereira sobre b fachada conjuntamente com a actuação do próprio, naquele que será o
Sejamos sinceros: poucos terão sido os melómanos
primeiro concerto do ano no espaço do Bairro
e curiosos destas andanças que no ano que por
Alto. O documentário chama-se
ora finda não tiveram nenhum tipo de contacto
Oral Contemporânea, e pretende retratar o que é a
com nomes como Tiago Guillul ou Os Pontos Negros
hoje a tradição oral. «Todas as flores do futuro
por exemplo. O contexto é o da recuperação da
estão nas sementes de hoje», diz um provérbio
música pop cantada em português, e há quem clame
chinês. A Flor Caveira, merecidamente, é já uma
no movimento o mais intenso momento da canção
flor
nacional desde António Variações. Por ora, e
crescer.
ainda sem certezas do que 2009 reserva para
Pedro Figueiredo
perfeitamente
b fachada
estabelecida.
É
- Tradição
deixá-la
os filhos pródigos da Flor Caveira, a editora preparou um espectáculo de Natal onde promete
18 de Dezembro no Cabaret Maxime, em Lisboa
reunir a família de fazedores de melodias. O
Os Pontos Negros:
fundador
Tiago
Guillul,
Samuel
Úria,
João
Coração, Os Pontos Negros, Manuel Fúria e b
19 de Dezembro na Galeria do Desassossego,
fachada marcarão presença no Maxime, numa festa
em Beja
onde as prendas não serão trazidas pelo Pai Natal, antes por alguns dos mais empolgantes
b fachada:
criadores
9 de Janeiro na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa
de
canções
dos
tempos
modernos.
É
ir. Paralelamente a esta celebração, deixamos ainda duas outras indicações: a 19 de Dezembro, Beja
acolherá
nova
apresentação
ao
vivo
de
MAGNÍFICO MATERIAL INÚTIL, obra de estreia numa multinacional para Os Pontos Negros, e a 9 de Janeiro a Zé dos Bois apresentará o documentário
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Agenda : Música — pág.075 com toda a cartilha da cada vez mais influente D.I.S.C.O.TEXAS e ainda Fritus Potatoes Suicide, Concorrência DJs, Dijeís Paraíso, DJ Mariage ou DJ Babakar. E mais. Tudo dividido por 3 salas, uma centrada no Western, uma segunda no sciFim de ano
fi e uma terceira no género action. Promissor. E que tal Aveiro? Se o estimado leitor tiver
Certo, por esta altura já quase todos temos os
na agenda degustar as últimas horas de 2008 na
nossos planos de fim de ano definidos. Mesmo
terra dos ovos moles, pois fique sabendo que o DJ
assim, a DIF ataca. Por entre Lisboa, Porto ou
Fernando Alvim dará música no Centro Cultural e
localidades menos óbvias, queremos oferecer ao
de Congressos local para uma entrada triunfante
leitor diversas opções para entrar em 2009 com
em 2009. Depois, há os do costume. O Lux, ainda
o pé direito. Comecemos pela capital. O Mini-
e
Mercado, em Santos, paragem obrigatória na noite
reveillons do Maxime, ainda em Lisboa. Do outro
alternativa
Os
animados
lado do rio, em Almada, o DJ b.r.o.s. promete funk e disco para entrar em 2009 bem junto ao Cristo
noite que promete muita animação. O colectivo
Rei, no culminar do primeiro ano de aniversário
acaba
canções,
do Manga Rosa Lounge. Em Leiria, recomendamos o
provando a sua vitalidade nas guitarras para
Cinema no Paraíso. Em Castelo Branco, o sempre
além das mesas de mistura. Prova disso é que a
na vanguarda Património. Tudo opções mais do que
3 de Janeiro mudam-se de Santos para o Cais do
válidas para fugir às celebrações massivas de
Sodré para uma actuação ao vivo no Musicbox.
rua, regra geral caóticas e pouco irritantes.
Mas, voltemos à última noite de 2008. Ainda em
Factor comum a todas estas festas: doze passas e
Lisboa, o Op Art promete Nelson Flip e Voodoo
champanhe. Boas entradas.
um
primeiro
os
obrigatória.
praticamente
editar
traz
paragem
residentes Blasfemea para a linha da frente numa
de
lisboeta,
sempre
EP
de
pela noite dentro. A privilegiada localização sobre o Tejo merece o nosso destaque. A norte, o Cinema Batalha, no Porto, receberá um evento
Pedro Figueiredo
Vicky Cristina Barcelona
Por outro lado, Cristina (Scarlett Johansson)
De Woody Allen Com
Javier
é uma mulher espontânea e não conformista, mas
Bardem,
Penélope
Cruz,
Scarlett
Johansson
não faz a mínima ideia do que quer da Vida ou do Amor. Numa exposição, ambas reparam em Juan Antonio (Javier Bardem), um artista. Cristina
Vicky Cristina Barcelona é um nome estranho para um
fica
filme. Se disser que a realização pertence a
vista e intrigada quando Judy e Mark contam,
fortemente
impressionada
à
primeira
Woody Allen, deixa de ser um título invulgar.
tanto a ela como a Vicky, que o artista tem
Podia ser um telegrama. Um sms. Mas não. Trata-
sofrido uma relação publicamente violenta com
se apenas de uma ideia simples: duas amigas
a ex-mulher María Elena (Penélope Cruz). Isto é
vão de férias para a Europa. Allen tem vindo a
apenas o prenúncio do que se poderá chamar de
surpreender desde Match Point e neste caso não é
“tragédia”.
excepção. De lado ficou o mistério, o crime e ficou apenas o ciúme, a obsessão, o amor.
Ao bom estilo do realizador, os gregos e os seus mitos surgem referenciados em muita da sua
As duas americanas viajam até Barcelona para
filmografia. Aqui não deixa de ser excepção.
passar o Verão em casa de uma parente distante,
Embora se trate mais de uma “tragi-comédia”, do
Judy (Patricia Clarkson) e do seu marido Mark
que apenas um dos géneros. Dois são companhia,
Nash (Kevin Dunn). Um narrador descreve as duas
três uma multidão. E Woody Allen trabalha esta
mulheres ao longo do filme, dando-nos a conhecer
máxima com o estilo que só mesmo ele seria capaz.
as suas personalidades. Vicky (Rebecca Hall)
Ri-se, chora-se. É assim amar: ri-se, chora-se,
é prática e tradicional na sua visão do que
ao mesmo tempo.
deve ser o Amor e o compromisso. Está noiva do “seguro”, mas sem um pingo de romantismo Doug
Cristina Valente
(Chris Messina) e aproveita a sua estada para aprofundar os seus estudos em identidade catalã.
Estreia: 22 de Janeiro
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Agenda : Cinema — pág.076 The Curious Case of Benjamin Button De David Fincher Com Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda Swinton, Julia Ormond
Benjamin
Button
nasceu
em
circunstâncias
invulgares. Enquanto toda a gente envelhece, ele vai voltando atrás no tempo. Nasceu com oitenta anos e vai rejuvenescendo entre 1918 e o presente, em New Orleans.
Esta é a premissa do novo filme de David Fincher.
alma.
Sim, David Fincher. Parece que o príncipe das
sabedoria
Ser
velho
trevas veio tomar ar ao lado mais luminoso da vida.
de conhecimento seja a que assumimos no útero.
por “portentos” como O Informador e Ali. Com esta
Não há aqui serial killers, jogos de manipulação
Convenhamos que isto é tudo menos material para
conjuntura de talento, The Curious Case
mental ou gritos de guerra. Apenas uma história
uma comédia romântica.
Button tem tudo para ser um dos melhores filmes
sobre a vida, a morte, o tempo e o amor.
Para Benjamin Button, Fincher volta a trazer ao ecrã
do ano. E de Fincher esperam-se sempre obras que
Isto poderá querer dizer que o Sr. Escuridão é,
um dos seus actores fetiche: Brad Pitt. A ele
fazem história.
bem lá no fundo, um romântico. Mas, não se enganem
junta-se a “leading lady” de Babel, Cate Blanchett.
O que será que sobrevive no tempo quando Benjamin
em esperar algodão doce e sentimentos melosos. Em
A julgar pelo filme de Inarritu, a química entre
já
Benjamin Button fala-se da passagem do tempo. Benjamin
os dois é quase lírica. Nada mais apropriado
universo transformando-se no pó que a Sininho usa
está condenado a ver aqueles que ama envelhecerem
para uma história que promete muita fantasia,
na Terra do Nunca?
e morrerem, enquanto ele se torna mais jovem. Está
quase reminiscente de um filme de Tim Burton. Há
destinado a uma existência solitária, porque a sua
neste Benjamin Button muito de Big Fish, pelo menos à
viagem não permite grande companhia. Pelo menos,
superfície. Até a música soa a Danny Elfman.
e
não
talvez
significa a
nossa
necessariamente
forma
mais
plena
não durante muito tempo. Fala-se aqui também da oposição entre corpo e
por contar que a adaptação da história ao ecrã foi feita por Eric Roth, o senhor responsável
não
puder
rejuvenescer
Filipa Penteado
Estreia: 22 de Janeiro Resta “apenas” dizer no muito que ainda ficará
mais?
of
Benjamin
Esfuma-se
no
Tesouros Submersos do Antigo Egipto Artista: Francisco Tropa Curadoria: Ricardo Nicolau 28 Nov 2008 – 30 Jan 2009 Espaço Fidelidade Mundial Chiado 8 Arte Contemporânea Largo do Chiado – Lisboa Uma exposição “arqueológica” com objectos produzidos por um artista português, mais de dois mil anos depois de Cristo? Sim, pode ser. Francisco Tropa (Lisboa, 1968) é o artista escolhido para encerrar o ciclo de exposições neste espaço, sob a curadoria de Ricardo Nicolau. No prolongamento das suas pesquisas anteriores, Tropa apresenta agora um conjunto de obras diversas na origem e na materialidade, que parecem inscrever-se naturalmente num domínio de intemporalidade
Entre esculturas, moedas, objectos de culto
acontece frequentemente na obra de Francisco
do fazer. O título, que toca intencionalmente
e de uso, feitos de vidro, areia, bronze e
Tropa, à opacidade do discurso e à estranheza
a ironia e o despiste, acaba por encontrar
madeira, estas obras são partes de um todo
familiar destes objectos, contrapõe-se o
uma correspondência atmosférica nesta resenha
perdido – relíquias falsas na origem, mas
reconhecimento da matéria e a reacção às suas
de objectos pertencentes a vários tempos,
passíveis de verdade – que invocam o perene e
propriedades. A ver até ao final de Janeiro no
reminiscentes das técnicas pré-industriais.
o efémero, a resistência e o desgaste. Como
espaço Chiado 8, em Lisboa. Rita Sobreiro
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Agenda : Arte — pág.077 (1)João Maria Gusmão
(2)Adriana Molder
e Pedro Paiva
Sem título
Homem Magnético
Da série Noite
2004
Sem Fim 2005
BESart
BESart
Colecção Banco
Colecção Banco
Espírito Santo
Espírito Santo
O Presente: Uma Dimensão Infinita
suas grandes conquistas, por outro banaliza
BESart – Colecção Banco Espírito Santo
a imagem; se por um lado permite captar o
Curadoria: María de Corral e Lorena Martinez
instante, o aqui e agora, dirigindo-se ao
de Corral
presente, por outro é usada como registo,
24 Nov 2008 – 25 Jan 2009
como memória, recuperando o passado. Já nem o garante de “verdade” lhe pode valer pois,
Museu Berardo - Centro Cultural de Belém -
cada vez mais, pode ser usada para manipular a
Lisboa
realidade. Mas, é também esse perfil ambíguo que lhe permite ser arte.
Tudo começou no século XIX quando uns senhores
A exposição O Presente: Uma Dimensão Infinita,
muito persistentes conseguiram algo que parecia
patente até Janeiro no Museu Berardo, apresenta
um milagre: fixar a realidade num pedaço de
cerca de 300 obras da colecção internacional
papel sem a ajuda de um lápis ou de um pincel.
de fotografia reunida nos últimos anos pelo
Daí até às hordas de turistas japoneses de
Banco Espírito Santo, onde se podem encontrar
máquinas fotográficas em punho foi apenas
nomes como Jeff Wall ou Cindy Sherman. Uma boa
um instante. A fotografia é talvez o meio
oportunidade para perceber como uma fotografia
mais esquizofrénico de representar o real,
pode ser bem mais do que um simples “click”.
condenada a viver num regime de ambiguidade:
Rita Sobreiro
se por um lado a fácil acessibilidade é uma das
(2)
(1)
The Sound and the Fury (April Seventh, 1928)
Faulkner acreditava serem os problemas do Sul
Texto de William Faulkner
reconstruído
Um espectáculo de Elevator Repair Service
mostrando assim como os ideais e a vida do velho Sul
–
racismo,
ganância,
egoísmo
–
não se podiam manter ou preservar com facilidade Quando a Sombra se aproxima do eu
depois da Guerra Civil. ‘Sete de Abril, 1928’, a primeira parte do romance, é contada do ponto de vista de Benjy Compson, que é mudo e tem a idade
Em
2007,
a
companhia
Elevator
Repair
Service
mental de uma criança.
apresentou na Culturgest Gatz, uma encenação-maratona
William Faulkner é conhecido pela complexidade
do texto integral de O Grande Gatsby de Fitzgerald, que
estrutural da sua escrita.
foi considerada o melhor espectáculo do ano pelos
A primeira parte de O Som
críticos do Público e do Expresso. O grupo, que nas
passagens mais temíveis da literatura americana e
suas produções combina comédia slapstick, cenários
isso atraiu a companhia a desenvolver esse desafio,
de alta e baixa tecnologia, textos literários ou
é o que diz o encenador da companhia John Collins.
found-texts, objectos encontrados e mobília deitada
Ao entrar na cabeça de Benjy – que descreve como
fora, assim como um estilo coreográfico altamente
“verdadeiramente
desenvolvido, tem-se concentrado ultimamente em
saltar no tempo de um acontecimento para outro
textos literários e regressa agora com a estreia
(por vezes galgando trinta anos para trás) sem
europeia de The Sound
transição e por vezes sem qualquer pista sobre o
and the
Fury (April Seventh, 1928),
a partir de Faulkner.
inocente”
e
a
–
Fúria é uma das
Faulkner
escolheu
que está a fazer. Hugo Israel
Escrito em 1929, este texto conta a história do declínio da família Compson do condado ficcional
Culturgest Grande Auditório
de Yoknapatawpha, no Mississípi. Este clã outrora
às 21h30, dia 18 às 17h00 | reservas (+351) 21
nobre, descendendo de um herói da Guerra Civil,
790 51 55
torna-se
Espectáculo em inglês com legendas em português
vítima
de
muitas
das
limitações
que
| 16 - 17 Janeiro
DIF: 64. Dez.2008 — Secção: Agenda : Teatro / Dança — pág.078 SNOW WHITE CHOREOGRAPHY BY ANGELIN PRELJOCAJ
Depois de criações como o Vazio Move e Eldorado, Angelin Preljocaj queria contar uma história e trabalhou em Branca
de
conto de fadas dos
irmãos Grimm, a fim de criar
Neve baseado na versão do
um ballet romântico contemporâneo.
O
enredo
é
relativamente
bem
conhecido,
o
que deu ao coreógrafo mais liberdade para se concentrar na linguagem dos corpos, símbolos e espaço dos seus 26 bailarinos, sem perder o rumo da narrativa.Em Branca
de
Neve, Angelin Preljocaj
construiu uma dramaturgia musical com algumas das mais belas sinfonias de Mahler, cujos contornos românticos emocionaram a coreógrafa, que combina perfeitamente
com
o
maravilhoso
universo
do
conjunto atingido por Thierry Leproust e pelas fantasias de Jean-Paul Gaultier.
Hugo Israel
Grande Auditório CCB | 27 e 29 Dezembro 21h00 – 28 Dezembro às 17h00
Reservas: (+351) 21 361 24 00
ROTEIRO LISBOA E ZONA CENTRO LISBOA — BARES , CAFÉS E PUBS 100 CONVERSAS.Parque das Nações. Tel: 218 958 248. ÁGUA NO BICO.Rua de São Marçal, 170 Príncipe Real. Tel: 213 472 830. Bar Gay. AL XEIQUE.Santos. ARROZ DOCE.Rua da Atalaia, 117-121 - Bairro Alto. Tel: 213 462 601. ART.Av. 24 de Julho, 66. Tel: 213 905 105. www.artlisboa.com; info@artlisboa.com BALIZA.Rua da Bica de Duarte Belo, 51A Elevador da Bica. Tel: 213 478 719. BAIRRIO LATINO.Rua da Pimenta. Parque das Nações. Tlm: 917 278 464 / 934 971 585. www.bairrolatinopt.com; info@bairrolatinocafe.com BAR 106.Rua de São Marçal, 106. Tel: 213 427 373. Fax. 213 950 151. Aberto todos os dias das 21h às 02h. Happy Hour até às 23h30. Festa da mensagem todos os domingos. Bar Gay. www.bar106.com; bar106@bar106.com BAR DAS IMAGENS.Calçada Marquês de Tancos, 1-1B Costa do Castelo. Tel: 218 884 636. Das 17h às 02h; dom., das 15h às 20h. Encerra às 2ª e 3ª. BAR DO BAIRRO.Rua da Rosa, 255 - Bairro Alto. Tel: 213 460 184. 3ª a dom., das 22h30 às 04h. Rock, Jazz e alternativa. Dj’s ao fim de semana.
Com espaço para fumadores BAR L.Calçada da Ribeira dos Santos, 31/35 - Santos. BLACK COFFEE.Rua Ivens, 45 - Chiado. Tel/fax: 213 474 077 BLUE NET CAFÉ.Rua da Rosa, 165. Tel: 213 420 753. BICAENSE CAFÉ.Rua da Bica de Duarte Belo 38-42 Elevador da Bica. Tel: 213 257 940. BRIC À BAR.Rua Cecilio de Sousa, 84 - Príncipe Real. Tel: 213 428 971. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, sáb., e dom., das 22h30 às 06h. Encerra às 3ª Feiras. Bar Gay BY|ME.Rua Fradesso da Silveira, Bloco C, Loja 6, Alcântara. Tel: 916 304 913. mailbyme@gmail. com. 3ª a sáb., do 12h às 18h, 21h às 02h. CAFÉ ALEGRIA.Praça da Alegria. CAFÉ DA PALHA.Parque das Nações CAFÉ-GALERIA VER DE PERTO.Rua Costa do Castelo, 26-26A. Tel: 218 870 488. Encerra ao domingo e 2ª. 3ª a 5ª das 12h às 24h. 6ª e sáb. 12h às 02h. CAFÉ SUAVE.Rua Diário de Notícias, 6 - Bairro Alto. CATACUMBAS.Travessa Água Flor, 43 - Bairro Alto. Tel: 213 463 969. Jazz. CAXIM BAR.Rua Costa do Castelo, 22. Tel: 218 880 263. Tlm: 918 400 809. caxim.bar@gmail.com CENA DE COPOS.Rua da Barroca, 103-105 Bairro Alto. Tel: 213 469 019. 2ª a dom., das 22h às 04h. CHAPITÔ.Rua Costa do Castelo, 1/7 - Alfama. Tel: 218 855 550. Todos os dias das 21h às 02h. Teatro, restaurante, bar, esplanada com vista; mail@chapito.org; www.chapito.org CHILLY BAR.Rua do Século, 162. Todos os dias das 21 às 02h. www.chillybar.blogspot.com CINCO LOUNGE.Rua Rubens Leitão, 17A Príncipe Real. CLUBE CARIB.Rua da Atalaia, 78 - Bairro Alto. Tlm: 961 100 942. Aberto todos os dias das 18h às 04h. Ritmos Latinos. club.carib@moonproductions.com.pt CLUBE DA ESQUINA.Rua da Barroca, 30 - Bairro Alto. Tel: 213 427 149. 2ª a dom. das 16h30 às 03h. COOL CAFÉ.Rua da Pimenta, 3 - Parque das Nações. Tel: 218 956 276. Fax : 218 956 227. CUBA LIVRE.Parque das Nações. CULTURA DO CHÁ.Rua das Salgadeiras, 38 Bairro Alto. 10h às 21h30. D’ALMA LOUNGE.Rua da Misericórdia, 74. Tel: 213 433 105. www.dalmalounge.com DOCE CAFÉ.Galerias Península. Av. 5 de Outubro, 20. Tlm: 962 004 595. 2ª a 6ª das 07h às
19h; Av. João Crisóstomo, 23B. ESPAÇO 40 E 1.Rua da Barroca, 41 - Bairro Alto. 2ª a dom., das 20h às 02h. ESTADO LÍQUIDO.Largo de Santos, 5 A - Santos. Tel: 213 955 820. Aberto 3ª e 4ª das 20 às 2h; 5ª até às 3h; 6ª e sáb., até às 4h, dom., das 20h às 02h. ETÍLICO BAR.Rua do Grémio Lusitano, 8 -
Bairro Alto. Aberto de 2ª a sáb., das 22h às 04h. Dj set todos os dias. news@etilicobar.com. FAVELA CHIQUE.Rua Diário de Notícias, 66. Tlm: 967 076 739. Aberto todos os dias das 21h às 03h. FRANCÊS.Av. 24 de Julho, 108 - Santos. Tel: 213 900 821. 2ª a sáb., das 22h às 06h. Encerra ao dom. GALERIA ZÉ DOS BOIS.Rua da Barroca, 59B Bairro Alto. Tel: 213 430 205. GROOVE BAR.Rua da Rosa, 148-150 - Bairro Alto. Aberto das 22h até às 04h. Dj’s 5ª a sáb. HAVANA DOCAS.Doca de Santo Amaro, 5. Tel: 213 979 893. Aberto todos os dias das 12h às 04h. Música latino-americana. HAVANA PARQUE DAS NAÇÕES.Rua da Pimenta 115-117. Tel: 218 957 116. Aberto todos os dias das 12h às 04h. Música latino-americana. HAWAII DOCAS.Doca de Santo Amaro, 1. Tlf: 213 900 010. Aberto todos os dias das 12h às 04h. HENNESSY’S (IRISH PUB).Rua Cais do Sodré, 32-38 Cais do Sodré. Tel: 213 431 064. HERÓIS.Calçado do Sacramento, 14 - Chiado. INCÓGNITO.Rua Poiais de S. Bento, 37. Tel: 213 908 755. INCÓMODO BAR.Rua das Janelas Verdes, 18-22 Santos. Tel: 213 955 761. 2ª a sáb., das 18h às 04h. Encerra ao dom., 5ª Karaoke. IN LISBOA BAR.Rua da Atalaia, 153 r/c. Tel: 213 431 911. info@inlisboa.com JANELA D’ATALAIA.Rua da Atalaia, 160. Tel: 213 465 988. Aberto das 21h às 4h - fecha ao dom., e feriados. KO-ZEE.Calçada Marquês de Abrantes, 142-144 Santos. Das 21h às 04h. LÁBIOS DE VINHO.Rua do Norte, 52 - Bairro Alto. Tapas Bar. Tel: 213 420 597. LGARE.Rua da Rosa, 136 - Bairro Alto. Tlm: 918 952 245. Aberto de 3ª a sáb., entre as 17h e às 02h. Domingos música ao vivo a partir das 18h30. Alternativa, rock, jazz. LOUNGE.Rua da Moeda, 1 - Cais do Sodré. 3ª a dom., das 22h às 04h. MAO-ORIENTAL LOUNGE.Av. 24 de Julho 116/118. Tel./fax: 213 960 911. MAR ADENTRO.Rua do Alecrim, 35. Tel: 213 469 158 MARIA CAXUXA.Bairro Alto. MAX.Rua São Marçal, 15 - Príncipe Real. Bar Gay. Espectáculo de stripers às 5ª. MEXE.Rua da Trombeta, 4 - Bairro Alto. Tel: 213 474 910. Das 22h às 02h. MEZCAL.Travessa Água de Flor, 20 - Bairro Alto. Tel: 213 431 863. Das 22h às 02h. Música mexicana. MUSIC BOX.Largo de Stº António, 3. Tel: 213 430 107. office@musicboxlisboa.com Nº2 (É PRÁ PONCHA).Av. 24 de Julho, 82B NAPRON.Rua da Barroca, 111. NOOBAI CAFÉ.Miradouro do Adamastor - Stª Catarina. Tel: 213 465 014. Das 12h às 24h. www.noobaicafe.com NOVA TERTÚLIA BAR.Rua Diário de Notícias, 60 - Bairro Alto. Tel: 213 462 704. Todos os dias das 20h30 às 04h. O’GILIN’S (IRISH PUB).Rua dos Remolares, 8-10 - Cais do Sodré. Tel: 213 421 899. Aberto todos os dias das 11h às 02h. Música ao vivo 6ª e sáb. ÓKA BAR.Rua dos Mouros, 21 - Bairro Alto. Tlm: 964 570 117 / 962 339 175. ONDA JAZZ.Arco de Jesus, 7 - Alfama. OP ART.Doca de Santo Amaro. Tel: 213 956 787. A partir das 15h. Encerra à 2ª. POIS CAFÉ.Rua São João da Praça, 93-95 Alfama Tel: 218 862 497. 3ª a dom., das 11h às 20h. PORTAS LARGAS.Rua da Atalaia, 103-105 Bairro Alto. Tel: 213 466 379. 2ª a dom., das 19h às 03h30. Bar Gay. PRIMAS.Rua da Atalaia, 154-156 - Bairro Alto. Tel: 213 425 925. Das 21h30 às 02h. REAL REPÚBLICA DE COIMBRA.Parque das Nações. A partir das 18h. REPÚBLICA DAS BANANAS.Rua da Madalena, 106 Lisboa. Tel: 218 866 145. 5ª, 6ª e sáb., das 23h as 04h.
Música ao vivo, música Brasileira, Karaoke. ROYALE CAFÉ.Largo Raphael Bordalo Pinheiro, 29. Salto Alto. Rua da Rosa, nº 159, no Bairro Alto, 2ª a Sábado das 22:00 ás 4:00. SANTIAGO ALQUIMISTA CAFÉ-TEATRO. Rua de Santiago, 19. Tel: 218 820 259 www.santiagoalquimista.com Concertos, espectáculos e bar. SANTOS SACRIFÍCIOS.Pátio do Pinzaleiro, 17 - Santos. Tel: 213 965 552. 2ª a sáb., das 10h às 4h. SEM NOM BAR.Rua do Diário de Notícias, 132 Bairro Alto. SÉTIMO CÉU.Travessa da Espera, 54 - Bairro Alto. Tel: 213 466 471. Das 14h às 20h e das 22h às 02h. Encerra aos dom., a tarde. Bar Gay. SOUND CLUB.Largo de Santos (jardim), 9B. Aberto todos os dias das 21h às 04h. SPOT.Rua da Atalaia, 25, 27 - Bairro Alto. Tel: 213 477 446. Todos os dias das 21h às 04h. TACÃO GRANDE.Travessa da Cara, 3 - Bairro Alto. Tel: 213 424 320. 2ª a Dom., das 21h30 às 04h. TUAREG - CAFFÉ BAR MARROQUINO. Calçada Marquês de Abrantes, 74. Tlm: 963 689 022. Tel: 213 479 007. Aberto das 18h30 às 02h. www.tuareg.com.pt; desert.traveler@netcabo.pt VELVET BAR.Rua do Norte, 121 - Bairro Alto. Tlm: 916 867 813. VERTIGO CAFÉ.Chiado - Travessa do Carmo 4. Tel: 213 433 112. info@vertigocafe.net www.vertigocafe.net VIDEIRINHA.Av. 24 Julho. Santos VIÚVA.Pátio do Pinzaleiro, 28B - Santos. Tel: 213 966 680 / 213 952 655. 2ª a sáb., das 19h às 04h. Encerra ao dom. WEB CAFÉ.Rua do Diário de Notícias, 126 Bairro Alto. Tel: 213 421 181. 2ª a dom., das 16h às 02h. — DISCOTECAS ALCÂNTARA CLUB.Rua da Cozinha Ecómica, 11 Alcântara. Das 23h às 6h. BUDDHA-LX.Gare Marítima de Alcântara. Tel: 213 950 555. Fax: 213 950 541. Tlm: 914 929 101. Aberto de 2ª a sáb., das 22h às 04h. geral@buddha.com.pt; rp@buddha.com.pt www.buddha.com.pt DOCK´S.Rua Cintura do Porto de Lisboa, 226 - Rocha de Conde d´Obidos. Tel: 213 950 856. Aberto das 23 às 6h. Encerra dom., e 2ª. FRÁGIL.Rua da Atalaia, 126 - Bairro Alto. De 5ª a sáb., das 23h30 às 04h. JAMAICA.Rua Nova do Carvalho, 6, 1200-001 Lisboa. 3ª. Sábado a partir das 23h30. KREMLIN.Escadinhas da Praia, 5 - Santos. Aberto 6ª, sáb., e vésperas de feriados, das 24h até tarde. LUX.Av. Infante D. Henrique. Armazém A Cais da Pedra à Santa Apolónia. Tel: 218 820 890. TRUMP’S.Rua da Imprensa Nacional, 104B Príncipe Real. Tel: 213 971 059. Disco Gay. W DISCO.Alcântara. — RESTAURANTES ALCÂNTARA CAFÉ.Rua Maria Luísa Holstein, 17. Tel: 213 621 226. Fax: 213 637 176. Restaurante - Bar. info@alcantaracafe.com; www.alcantaracafe.com BARRIGAS.Travessa da Queimada, 31 - Bairro Alto. Tel: 213 471 220. BICA DO SAPATO.Av. Infante D. Henrique. Armazém A - Cais da Pedra (Santa Apolónia). BOCA PICANTE.Rua do Século - Bairro Alto. Nouvelle Cuisine à portuguesa. BUENOS AIRES.Calçada do Duque, 31. Tlm: 936 613 672. Das 15h às 24h. Encerra à 2ª. CENTRO HÍPICO - JOCKEY.Campo Grande. ESPALHA BRASAS.Doca de Santo Amaro Armazém 12 Alcântara. Das 12h30 às 02h. Encerra ao dom. Cozinha tradicional portuguesa e grelhados. ESTADO LÍQUIDO SUSHI LOUNGE.Largo de Santos, 5A - Santos. Tel: 213 972 022. Aberto 3ª e 4ª das 20 às 02h; 5ª até às 03h; 6ª e sáb até às 4h. Encerra 2ª. FREY CONTENTE.Rua São Marçal, 94. Tel: 213 475 922. HARD ROCK.Av.da Liberdade, 2. Tel: 213 245 280. www.hardrock.com IMPÉRIO DOS SENTIDOS.Rua da Atalaia, 35/37 Bairro Alto. Tel: 213 431 822. Tlm: 964 204 292. Cozinha Mediterrânica & Vegetariana. Encerra à 2ª. JARDIM DOS SENTIDOS.Rua da Mãe d’Agua, 3. Tel: 213 423 670. Das 12h às 15h e das 19h às 23h. www.jardimdosentidos.com KOI (RESTAURANTE E SUSHI BAR).Rua Fradesso da Silveira, 4-loja B. Alcântara - Rio. Reservas: tel: 213 640 391 / tlm: 914 390 720. www.koilisboa.com LA CAFFÉ.Av. da Liberdade, 129B. Tel: 213 256 736. LA MONEDA.Rua da Moeda 1C, 1200-275 Lisboa. Tel: 213 908 012. Fax: 213 908 013. geral@ lamoneda.pt 2ª a 6ª das 12h às 02h, sáb., 19h às 02h. NOOD RESTAURANTE.Largo Rafael Bordalo Pinheiro 20-20B, 1200-369 Lisboa. Tel: 213 474 141.
Fax: 213 466 094. 12h - 24h, todos os dias. www. nood.pt OLIVIER.Rua do Teixeira, 35 - Bairro Alto.
Tel: 213 431 405. Tlm: 912 571 505. nathaliegloria@hotmail.com ORIGAMI SUSHI BAR. Rua d´o seculo 127 (Principe Real). Seg.- Dom, das 19h as 2h / T-912353646 www.origami.com.pt / origami@origami.com.pt PALPITA-ME.Rua Diário de Notícias, 40-A/B - Bairro Alto. Tlm: 918 367 820 / 936 917 848 / 965 419 419. Restaurante-Bar. RESTÔ.Rua da Costa do Castelo, 7. Tel: 218 867 334. Restaurante-Tapas Bar-Esplanada. SACRAMENTO.Calçada do Sacramento 40-46 Chiado. Tel: 213 420 572 SR.PEIXE.Zona Ribeirinha Norte - Rua da Pimenta. Parque das Nações. Tel: 218 955 892. Encerra aos dom., ao jantar e 2ª. Restaurante / Marisqueira. STEAKHOUSE.Rua de Cintura do Porto de Lisboa, Armazém, 255 - Santos. Tel: 213 242 910. 2ª a dom., das 12h30 às 15h e das 19h às 23h. Comida Australiana. SUL RESTAURANTE.Rua do Norte, 13 - Bairro Alto. Tel: 213 462 449. 3ª a dom., das 19h à 1h. TAPADINHA - COZ.RUSSA.Calçada da Tapada, 41A Alcântara. Tel: 213 640 482. 2ª a sáb., 12h às 15h e 20h às 02h (coz.encerra às 01h). Especialidades Frango “Kiev” e Bife tártaro. TASKA RESTAURANTE.Pátio do Pinzaleiro, 24 - Santos. Aberto 5ª, 6ª,sáb., e vésperas de feriados, das 20h às 02h (a cozinha fecha às 02h). TIME TO TASTE.Rua da Alfândega, 114, 1100-016 Lisboa. Tel: 210 998 074. TÚNEL DE SANTOS.Largo de Santos, 1B. Tlm: 912 151 850. Cozinha Tradicional Portuguesa. VÁ E VOLTE.Rua Diário de Noticias, 100 Bairro Alto. Tel: 213 427 888 / 213 476 298. Cozinha Portuguesa. YASMIN.Rua da Moeda 1A, 1200-275 Lisboa. 19h3002h. Tel: 213 930 074. — LOJAS ANANANA.Rua do Diário de Notícias, 9 - Bairro Alto. AGÊNCIA 117.Rua do Norte, 117 - Bairro Alto. Tel: 213 461 270. BAD BONES.Rua do Norte, 85 - Bairro Alto. Tel: 213 460 888. www.bad-bones.com BAG TO BAG.Rua da Rosa, 122 - Bairro Alto. BIG PUNCH.Rua do Norte, 73 - Bairro Alto. CARHARTT STORE LISBOA.Rua do Norte, 64 Bairro Alto. Tel: 213 433 168. www.carhartt-europe. com CRUMPLER.Rua do Norte, 20-22 - Bairro Alto. Tel: 213 479 190. www.crumpler.pt DIESEL.Chiado. DRESS UP.Rua da Rosa, 23 - Bairro Alto. Tel: 212 410 622. Tlm: 933 901 226. EL DIABLO TATOO.Largo Raphael Bordalo Pinheiro, 30A - Chiado. EMBAIXADA LOMOGRÁFICA.Rua da Atalaia, 31 Bairro Alto ETXART & PANNO.C. C. Colombo, lj 1. 087 - Av. Lusíada. Tel: 217 165 074; C. C. Acqua Roma, lj 1. 18. Av. de Roma, 15 B. Tel: 217 959 952.
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9Zh^aajb^cVi^ Na era de todas as eventualidades, já não há saída. O sexo passou
E o revivalismo da máxima arte, a vingança do mundo dos lençóis.
de
Please, inventem uma nova abordagem, vamos estar mais à frente
tabu a ópio do povo e está aí à mercê de todas as especulações.
voltando atrás, reconhecermos o potencial para podermos saborear a
É o assunto e a orientação pessoal de cada um, na net há blogs para
loucura de todas as possibilidades.
todos os gostos, séries em horário nobre com relações poligâmicas e
Cantar Rita Lee e lembrar que amor sem sexo é amizade, sexo sem
swing descontraído, entre pudins de natal e incursões na missa.
amor é vontade, e que assim está tudo bem.
Os sex toys ocuparam o seu lugar no topo dos mais desejados,
Despirmos a roupa e expormos o que nos vai na alma, chamar as
enquanto as senhoras se chegam à frente e discutem na net as suas
coisas pelos nomes sem recorrer a rotulaqens estereotipadas. Sorrir
relações perfeitas com lanternas e espigas de milho.
depois de um orgasmo sem culpa, misturar fluidos sem confundir
Todas as conversas vão dar ao sexo e não sei como isto aconteceu,
necessidades.
como nos tornámos tão banais e comuns, nós e o sexo, a melhor de
Voltar a descobrir os segredos escondidos de trocar beijos e
todas as terapias.
sensações, deambular pelos fetiches e pôr em práctica as fantasias.
Vemo-nos num enigma entre o que nos atreviamos a fazer e o que toda
Saber como nos sabe a outra coisa quando nos toca no coração, criar
a gente faz. Entre o que descobrimos e a forma disparatada como o
pornografia privada para não perder o rumo e sorrir tranquilo com
descrevem em todos os jornais e revistas.
cada coisa no seu sítio.
Isolados no campo ou em plena cidade, não há como não pensar nisso.
Deixar entrar o carteiro e fazer propostas indecentes ao vizinho,
Uns despem-se de roupa e preconceitos e aventuram-se no maravilhoso
ter sexo à lareira, na banheira e onde calhar.
mundo do sexo sem hesitações, com todos e todas; outros escondem os
Ter encontros com os mais que tudo e despirmo-nos para os pouco
seus fetiches e trocam-nos por juras de amor... todos ficamos no
mais que nada. Assumir que se amor é do bem, o sexo tem que ser do
fim com aquele sabor a quase nada, gratos pelas virtudes físicas de
bom.
embelezamento e aumento dos níveis de serotonina, mas esgotados,
Abstenham-se os susceptíveis românticos ou os eternos apaixonados.
porque sexo já nunca é apenas sexo e o que sabia a tudo já muitas
Deambulem nas opções e tenham atenção às palavras, se resultam
vezes sabe a quase nada...
tirem a roupa e passem um bom inverno... RKL