A vida de Mat, quarto romance do jornalista Mino Carta, é sobretudo um livro de memórias. E como em suas obras anteriores (O castelo de Âmbar, 2000; A sombra do silêncio, 2003; O Brasil, 2013), a ficção aqui não deixa de lançar mão de um fundo autobiográfico. Mat — cujo cujo nome deriva de matto, em italiano, louco — vive na Itália, mas percebe que em algum momento de sua existência fora surpreendido por uma mudança súbita. “Ao reabrir os olhos a cidade mudara”, e sentado em uma praça do Norte da Itália, de pronto se apresenta um novo continente, com “uma postura frívola, de um barroco colonial cheio de volutas e enfeites de cimento prensado, e estuques coloridos”.
O livro expõe, de modo particular, a insignificância da vida, pelas tópicas da brevidade da nossa existência, da necessidade de viver o momento, do tempo que nos escapa. E, sobretudo, trata da ilusão, ou melhor, da necessidade de se desiludir.