lllllllllllllll l L l llllllllll llllllll ll lllllllllllll ll l l all l l E dllllll Labllll ll lllllll lll lll lllll ll lll ll llll l l l l l l l l l l ll ll ll l l lllll e llllllllll lllllllllllllllllllllll d llll llllll l b l lllllllllllllllllll lllllllllllllll l L l llllllllll llllllll ll lllllllllllll ll l l all l l E dllllll Labllll ll lllllll lll lll lllll ll lll ll llll l l l l l l l l l l ll ll ll l l lllll e llllllllll lllllllllllllllllllllll d llll llllll l b l lllllllllllllllllll lllllllllllllll l L l llllllllll llllllll ll lllllllllllll ll l l all l l E dllllll Labllll ll lllllll lll lll lllll ll lll ll llll l l l l l l l l l l ll ll ll l l lllll e llllllllll lllllllllllllllllllllll d llll LIVRO
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lll l l l 09 HEDRA 44 N-1 EDIÇÕES 65 CIRCUITO 79 ÍMÃ EDITORIAL 88 AZOUGUE 95 KALINKA 102 AYLLON 107 QUADRADOCIRCULO
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Neste catálogo apresentamos os cinquenta e dois lançamentos das oito editoras do grupo EdLab, que serão publicados durante o terceiro trimestre de 2020 ( julho–setembro). Temos o prazer de anunciar, além do release e a ficha técnica dos livros, uma seleção de artigos escolhida pelos próprios editores. Consta também a lista de livros ativos de cada editora. Lembramos aos livreiros que todos os nossos títulos estão cadastrados na Metabooks. Conheça também nosso site edlab.press
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COLEÇÃO NARRATIVAS DA ESCRAVIDÃO
Harriet Jacobs Paul D. Escott William Wells Brown
Relatos em primeira pessoa daqueles que sofreram a experiência de ser escravos em diversas partes do mundo. Por meio de gêneros variados, desde autobiografias publicadas no século XIX a depoimentos recolhidos no século XX, as vozes aqui reunidas descrevem o universo familiar dos cativos e a resistência do trabalhador, mas também a exploração do trabalho e a violência simbólica, física e até sexual cometida pelos senhores brancos. Seus testemunhos sugerem que o objetivo da escravidão racial num passado não muito remoto era análogo à utopia autoritária do capital no século XXI: desumanizar o ser humano até reduzi-lo à condição inanimada e sedutora de uma mercadoria.
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Na ecopolítica o alvo principal dos governos é o planeta, visando recuperar sua vida degradada e conservá-lo de modo sustentável, em benefício das futuras gerações. Pressiona os regimes políticos para a democracia em sintonia com a racionalidade neoliberal. Pretende dar conta não só do governo da espécie humana, mas dos viventes na Terra. Fruto de reuniões de estudiosos anarquistas, “Ecopolítica” mapeia a passagem da biopolítica — o controle da vida analisado por Foucault — para a ecopolítica, nova forma de governar que emerge pós-II Guerra Mundial e com as institucionalizações subsequentes, e se estende a todas as esferas do mundo natural. O grupo libertário Nu-Sol percorre e analisa acontecimentos históricos e contemporâneos, e atravessa fluxos de poder para conclamar à criação de resistências libertárias e esquivas às globalizantes linhas de controle.
Editora: Hedra Título: Ecopolítica Autor: Edson Passetti (org.) ISBN: 978-85-7715-609-2 Páginas: 476 Formato: 16x23cm Preço: R$ 79,90 Disponibilidade: Disponível
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Freud e o patriarcado parte da constatação de que a teoria psicanalítica põe em jogo uma forma de conceber o psíquico — ou a subjetividade — como algo construído a partir de um modelo que assume uma equivalência generalizada entre cultura, civilização e masculinidade. Ao assumir esse parâmetro, a psicanálise coloca como modelo teórico algo que deveria ser explicado ao invés de tomado como dado. A exploração e preservação dos modelos freudianos originários e em seus desdobramentos busca principalmente sua potência própria. Além dos apontamentos, nos próprios textos de Freud, de elementos que permitam vislumbrar modelos distintos. Repensando uma nova psicanálise urgente e alinhada ao progressivo empoderamento das mulheres e da luta feminista, o livro inclui diversas reflexões, que vão dos textos canônicos de Freud às novas abordagens de Oswald de Andrade, Deleuze e Guattari.
Editora: Hedra Título: Freud e o patriarcado Autor: Alessandra Martins Parente e Léa Silveira (orgs.) ISBN: 978-85-7715-611-5 Páginas: 398 Formato: 16x23cm Preço: R$ 64,90 Disponibilidade: Disponível
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William Wells Brown (1814–1884) foi um abolicionista, romancista, dramaturgo e historiador afro-americano. Nascido escravo, fugiu para a liberdade aos 20 anos de idade e, aos 33, publicou esta narrativa. Brown conta a história de sua vida nos estados do Kentucky e Missouri, onde trabalhou como aprendiz em um jornal, no transporte de cativos para a venda em Nova Orleans e em diversas outras atividades. Descreve com riqueza de detalhes os horrores da escravidão, o tráfico negreiro interno nos EUA e a relação com seus donos e familiares. O autor, no entanto, não hesita em revelar seus vícios e defeitos, destacando assim a individualidade que se desenvolveu sob uma instituição totalizante e desumanizadora, que via em homens e mulheres apenas braços para a lavoura e ventres para uma nova geração de cativos. A Narrativa de William Wells Brown é uma crítica à ganância e à hipocrisia religiosa, ao preconceito e à violência, mas, acima de tudo, é uma proclamação da humanidade do seu autor e de todos os que sofreram ao seu lado. Editora: Hedra Título: Narrativa de William Wells Brown, escravo fugitivo Autor: William Wells Brown ISBN: 978-85-7715-618-4 Páginas: 140 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 39,90 Disponibilidade: Disponível
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Nascida na Carolina do Norte por volta do outono de 1813, Harriet Ann Jacobs viveu a tragédia do cativeiro até principiar uma vida em fuga que terminou por levá-la ao Norte em 1842. Foi de Boston que Jacobs conseguiu escrever Incidentes da vida de uma escrava que, sem deixar de se inserir no corpus dos relatos da escravidão norte-americana, guarda uma singularidade: é pioneiro e inspirador das autobiografias femininas, e joga luz nos horrores que eram partilhados apenas entre as mulheres cativas. “A escravidão é terrível para os homens”, escreve a autora, “mas é muito mais terrível para as mulheres”. Jacobs convive, antes e depois da fuga, com o perverso sistema de assédio e coação sexual contra o qual as escravas procuravam lutar. Transmitindo brilhantemente uma vida em prosa crua e seca, os Incidentes aqui relatados adicionam camadas de complexidade ao horror da escravidão.
Editora: Hedra Título: Incidentes da vida de uma escrava Autor: Harriet Jacobs ISBN: 978-85-7715-617-7 Páginas: 400 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 69,90 Disponibilidade: Disponível
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Inéditas no país, aqui estão reunidas narrativas de 204 ex-escravizados norte-americanos sobre temas centrais da escravidão nas Américas: cultura negra, resistência, violência, relações familiares durante a escravidão, trabalho, emancipação. Coletadas através do Projeto Federal de Escritores (FWP), pertencente ao órgão Administração do Progresso no Trabalho (WPA), criado na esteira da Crise de 1929 para garantir a renda de escritores desempregados, as narrativas revelam a memória de milhares de pessoas sobreviventes ao trauma da escravidão. Ao todo, o Projeto Federal de Escritores salvou 2400 narrativas, aproximações de dentro, em perspectiva única, do que foi o escravismo sulista norte-americano, que às vésperas da abolição da escravatura contava com 4 milhões de escravizados em seus campos de trabalho.
Editora: Hedra Título: Nascidos na escravidão — depoimentos norte-americanos Autor: Paul D. Escott (org.) ISBN: 978-85-7715-619-1 Páginas: 352 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 59,90 Disponibilidade: Disponível
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“Jazz Rural” reúne dois textos de Mário de Andrade e gravações musicais de campo comandadas por ele na década de 1930 no interior de São Paulo — cinco gravações feitas entre 1937–1942, disponíveis através de um QR code na quarta capa. Mário foi o primeiro diretor do Departamento de Cultura de São Paulo, e projetou um rico conjunto de ações para as instituições públicas culturais — entre elas a Discoteca Pública, com um selo para gravação de discos. E não apenas os discos, mas filmagens, fotografias e anotações feitas pela equipe do Departamento são o laboratório da famosa “missão de pesquisas folclóricas”, realizada depois em estados do norte e nordeste. Desses escritos e músicas paulistas deriva a reflexão contemporânea proposta pelo grupo Jazz Rural, com textos críticos e composições experimentais inspiradas na pesquisa musical modernista de Mário em São Paulo.
Editora: Hedra Título: Jazz Rural Autor: Mário de Andrade e Enrique Menezes (org.) ISBN: 978-85-7715-613-9 Páginas: 152 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 47,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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José de Alencar, um dos autores mais lidos do século XIX, aparece em Cartas a favor da escravidão com uma faceta menos conhecida: tentando demonstrar a D. Pedro II que a manutenção da escravatura servia melhor à nação do que seu fim — onde expõe os principais traços argumentativos que justificam uma instituição hoje universalmente condenada. Após terem sido expurgados de sua obra, esses sete textos políticos antiabolicionistas de Alencar são pela primeira vez reeditados desde o século XIX. Em franca oposição ao imperador, as cartas foram publicadas à época sob o título Ao imperador: novas cartas políticas de Erasmo (1867–1868) Após a abolição nos Estados Unidos (1865), a escravidão brasileira vinha sofrendo intensa pressão internacional e doméstica. A presente publicação fornece um precioso material ao público interessado nos atuais debates sobre relações raciais no país, sendo incontornável para a nossa historiografia política e literária, bem como para o pensamento da história das relações raciais e escravidão no Brasil e no mundo. Editora: Hedra Título: Cartas a favor da escravidão Autor: José de Alencar ISBN: 978-85-7715-640-5 Páginas: 178 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 45,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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Como um obstetra que nos dá as boas-vindas a este mundo com um tapa que nos faz chorar, o narrador machadiano de Pai contra mãe rasga o ventre de seu conto sentenciando que “a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel”. Pai contra mãe e outros contos é uma compilação de 33 narrativas breves do escritor carioca. Como na história que intitula o volume, as narrativas abordam os males e contradições de um Brasil que tenta se modernizar mas carrega seus arcaísmos herdados da colonização, como a escravidão e a política elitizada. Machado de Assis é frequentemente considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos e em sua obra expõe, com prosa brilhante e ironia fina, a espinha dorsal das relações sociais da sociedade brasileira de seu tempo, da qual carregamos hoje muitas heranças. Em ambos os casos, os escritos de Machado, para além do incalculável valor literário, permanecem atuais como grandes reflexões acerca do Brasil do século XIX e do atual. Editora: Hedra Título: Pai contra mãe e outros contos Autor: Machado de Assis ISBN: 978-85-7715-628-3 Páginas: 408 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 59,00 Disponibilidade: 07/08/2020
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O ateneu foi publicado em capítulos, no jornal carioca A gazeta de notícias, entre 8 de abril e 18 de maio de 1888, e, devido ao reconhecimento imediato, foi editado em livro no mesmo ano. Escrito em apenas três meses, é considerado o maior romance brasileiro do século XIX depois dos romances realistas de Machado de Assis. Seu enredo consiste na recordação do período de dois anos em que o narrador, Sérgio, passa num tradicional colégio interno do Rio de Janeiro. O ingresso no Ateneu marca as descobertas amargas que acompanharão o narrador daí em diante, os sentimentos de desilusão, opressão e desconfiança, componentes da profunda solidão humana. Seu sentido é o de um ritual de passagem, em que o convívio com os colegas, os professores e o diretor definem a afirmação moral, sexual e intelectual de um menino de 11 anos. Difíceis de definir, o estilo e o significado do romance geraram uma das mais profícuas polêmicas da história da nossa literatura, aqui apresentada e antologizada cronologicamente no final do volume. Editora: Hedra Título: O ateneu Autor: Raul Pompéia ISBN: 978-85-7715-638-2 Páginas: 336 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 49,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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“História da província de Santa Cruz”, de 1576, foi lido como “relato de viajante ou como “nossa primeira história”, entendido como testemunho de impressões antigas dos portugueses nas terras d’além-mar. Contudo, esta simples história ou tratado descritivo da “costa do Brasil” teve circulação muito restrita à época, o que leva a crer que foi recolhida e destruída após sua impressão. Permaneceu praticamente ignorada até 1837, quando foi reconsiderada em edição e tradução francesa. A obscuridade do livro nos séculos seguintes à sua publicação é tanto mais estranha tendo-se em vista que, por intermédio de uma elegia e um soneto de Camões, o livro é dedicado a um varão de armas em carreira promissora nas Índias portuguesas, tendo sido impresso pela mesma oficina tipográfica que compôs Os Lusíadas. Diferente de um testemunho empírico, o livro é composto conforme a ideia de gênero histórico, retoricamente regrado, em que o historiador, apoiado pelo aconselhamento ético da Igreja Católica, exalta, pelo discurso, ações virtuosas de pessoas de caráter elevado e eventos providenciais. Editora: Hedra Título: História da província de Santa Cruz Autor: Gandavo ISBN: 978-85-7715-639-9 Páginas: 184 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 47,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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A pele do lobo e outras peças inclui cinco textos curtos de Artur de Azevedo, cuja temática gira em torno de costumes nacionais. Amor por anexins (1870) foi a primeira peça do autor. A pele do lobo (1875) faz uma sátira divertida ao sistema de policiamento do Império. O Oráculo (1907) é um texto que dialoga com a tradição da comédia. Como eu me diverti! (1893) e O Cordão (1908) tratam do carnaval e são exemplos importantes da conturbada posição de Artur de Azevedo entre os escritores de seu tempo, por ser um autor eminentemente popular. Azevedo é um dos melhores comediógrafos brasileiros e foi nosso primeiro grande homem de teatro. Além de dramaturgo foi cronista, contista e poeta. Escreveu mais de duzentas peças, entre originais, traduções e adaptações.
Editora: Hedra Título: A pele do lobo e outras peças Autor: Artur de Azevedo ISBN: 978-85-7715-641-2 Páginas: 174 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 45,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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Tratados da terra e gente do Brasil foram escritos entre 1583 e 1601 pelo padre jesuíta Fernão Cardim, nos anos seguintes à sua chegada ao Brasil, quando desempenhou o cargo de secretário do Padre Visitador Cristóvão de Gouveia. O livro manteve-se inédito em língua portuguesa até 1847, embora tenha sido publicado parcialmente em inglês, em 1625, com atribuição a outro autor. Os tratados de Cardim permitem-nos ter um conhecimento da terra brasileira do Quinhentos e dos povos ameríndios, assim como do papel dos jesuítas nessa região e dos hábitos da vida nos engenhos. Ademais, a obra é de interesse pela descrição da terra e do clima, da fauna e da flora, e de seus habitantes, procurando salientar a importância que esta terra poderia vir a ter no futuro, pois já se evidenciava como sendo “outro Portugal”.
Editora: Hedra Título: Tratados da terra e gente do Brasil Autor: Fernão Cardim ISBN: 978-85-7715-642-9 Páginas: 286 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 62,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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Oração aos moços é um dos mais célebres discursos de Rui Barbosa, escrito para paraninfar os formandos da turma de 1820 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Impedido de comparecer, por problemas de saúde, o texto foi lido pelo professor Reinaldo Porchat. Trata-se de uma das mais brilhantes reflexões produzidas pelo jurista sobre o papel do magistrado e a missão do advogado. O autor faz um balanço de sua vida como advogado, jornalista e político, como exemplo para as novas gerações. Esta edição traz ainda, em apêndice, a famosa carta a Evaristo de Morais que ficaria conhecida como “O dever do advogado”, na qual Rui trata com a propriedade e a elegância que lhe são peculiares dos dilemas de ética profissional com os quais se deparam os que seguem a carreira jurídica.
Editora: Hedra Título: Oração aos moços Autor: Rui Barbosa ISBN: 978-85-7715-643-6 Páginas: 114 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 33,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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A fábula cômica é constituída pelas peripécias de um grupo de estudantes guiados pelo professor Tibúrcio, personificação da Ignorância, expulsa de Coimbra pelo Marquês de Pombal, que restituíra a Verdade ao trono na velha instituição de ensino. Aristotelicamente fundada, a fábula é cômica, por definição, porque imita homens e ações piores, descreve matérias baixas e dignas de opróbrio. Assim, acumula tipos socialmente inferiores ou moralmente deformados, relata brigas comezinhas, com unhas e dentes, tumultos e bebedeiras, em lugar de triunfos da virtude. Quando O desertor: poema herói-cômico é lançado em 1774, Silva Alvarenga tinha 24 anos e era aluno da Universidade de Coimbra, recentemente reformada. Com efeito, o argumento heroico do poema é a Reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra, o que lhe dá sentido didático e elogioso. Por outro lado, a dissociação deliberada entre o assunto baixo e a elocução ornada com palavras graves dignas de grandes feitos é o que fundamenta o subtítulo do poema e o enquadra num gênero misto. Editora: Hedra Título: O desertor — poema herói-cômico Autor: Silva Alvarenga ISBN: 978-85-7715-644-3 Páginas: 166 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 43,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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Tratado descritivo do Brasil em 1587 reúne dois textos de Gabriel Soares de Sousa enviados a um influente conselheiro do rei Filipe II de Espanha, no intuito de oferecer à Coroa informações acerca da situação da colônia portuguesa e demonstrar o conhecimento do autor sobre aquelas terras. O Roteiro geral com largas informações de toda a costa do Brasil e o Memorial e declaração das grandezas da Bahia de Todos os Santos, de sua fertilidade e das notáveis partes que tem, que permaneceram inéditos e anônimos ou apócrifos até o século XIX, quando foram recuperados, reunidos e publicados integralmente. Desde então, a obra tem despertado grande interesse dos estudiosos do início da colonização do Brasil e é considerada por muitos o mais importante texto quinhentista sobre o assunto. É fonte indispensável a diferentes áreas do conhecimento, como botânica, geografia, história e antropologia, pois as minuciosas descrições apresentadas por Soares fornecem preciosas informações a respeito da fauna, flora, acidentes geográficos, povos nativos e engenhos da costa do Brasil no século XVI. Editora: Hedra Título: Tratado descritivo do Brasil em 1587 Autor: Gabriel Soares de Sousa ISBN: 978-85-7715-645-0 Páginas: 646 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 99,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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“Teatro do êxtase” reúne cinco peças de Fernando Pessoa, concebidas como poemas dramáticos e destinadas mais à leitura do que à encenação. O marinheiro (1915), único drama publicado em vida, foi incluído no primeiro número da revista Orpheu e figura, juntamente com Fausto, como sua peça mais importante. Definida pelo próprio autor como um “drama estático”, a obra de matriz simbolista apresenta o diálogo entre três mulheres que velam o corpo de uma donzela, sem nenhuma referência histórica. Ainda estão aqui reunidos A morte do príncipe, que remonta a Hamlet, de Shakespeare; Diálogo no jardim do palácio, com referências platônicas à reflexão sobre o amor e à dicotomia entre corpo e alma; Salomé, leituras do tema bíblico da mulher fatal; e Sakyamuni, representação da ascensão de Siddhartha Gautama ao estado de iluminação. Provavelmente as peças mais acabadas do autor, apresentam como eixo comum a concepção pessoana de “êxtase”.
Editora: Hedra Título: Teatro do êxtase Autor: Fernando Pessoa ISBN: 978-85-7715-647-4 Páginas: 118 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 34,90 Disponibilidade: 07/08/2020
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Em nova edição, O chamado de Cthulhu da Hedra apresenta a figura mais popular de Lovecraft em publicação bilíngue e com nova e detalhada introdução. Cthulhu é a mais famosa dentre as criaturas e ambientes de sonho — ou pesadelo — de H. P. Lovecraft, além de ser o centro da série sobre os Grandes Antigos, as gigantescas e incompreensíveis criaturas anteriores a esta Terra. É a cristalização, numa imagem, de um tipo específico de terror chamado “cósmico”: mas um cósmico íntimo e literário. Em Cthulhu se encontram as vertigionosas características das “altas profundezas”: o monstro que dorme no fundo do mar — verde, sombrio, doentio — de corpo descomunal, com dimensões inqualificáveis. Uma metamorfose do próprio Kraken, monstro marinho e cefalópode da mitologia escandinava, o polvo gigante que assombrava as antigas sagas em verso. Nesse monstro antigo que remontava, Lovecraft pôde encontrar um código de seus próprios horrores: mas que funcionou bem, porque o verdadeiro mergulho no medo de um é o mergulho no medo de todos. Editora: Hedra Título: O chamado de Cthulhu [bilíngue] Autor: H. P. Lovecraft ISBN: 978-85-7715-648-1 Páginas: 160 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 39,90 Disponibilidade: 18/09/2020
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De homens e monstros Lovecraft e o horror DIRCEU VILLA
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Howard Phillips Lovecraft (1890– 1937) já foi largamente traduzido e lido no Brasil, e os fatos de sua vida são também bastante notórios: nascido em Providence, Rhode Island, no topo dos EUA, lugar quase enfiado nas águas do Atlântico, Lovecraft veria seu pai morrer ainda cedo de complicações da sífilis, que o enlouqueceram (dizia coisas bizarras ao filho), e sua mãe, em consequência, teria passado o resto da vida em escuríssima amargura (paparicando Lovecraft e punindo-o psicologicamente na mesma medida), o que fez com que o garoto ficasse muito próximo do avô, Whipple Van Buren Phillips (1833–1904), rico empreendedor. Interessado em ciências e de imaginação vivíssima, também alimentada pela biblioteca do avô (onde desde muito cedo leu livros robustos como as Metamorfoses de Ovídio e A Rima do Velho Marinheiro de Coleridge, entre outros) e por uma rotina de recitação de Shakespeare com a mãe, Lovecraft era por assim dizer um nerd avant la lettre, uma fina sensibi-
lidade cultivada — e estraçalhada — no alto da sociedade industrial e mecânica, entre horrores psicológicos, ciência, timidez erótica, desajuste social e medo do mundo, suscetível a colapsos nervosos, e insone. Lovecraft não parece ter sido um tipo agradável, aspecto biográfico que partilha com aquele de quem — não sem bons motivos — se diz que descende: Edgar Allan Poe (1809– 1849). Mas a passagem de Poe para Lovecraft explica-nos igualmente um pouco da história dos EUA, o país de ambos, e onde ambos viveram quase anônimos: se Poe era um alcoólatra neurótico, Lovecraft foi um ultraconservador paranoico, repleto de preconceitos enraizados e violentos. Penso que a doença — se pudermos utilizar a palavra com alguma licença poética — de Poe como a de Lovecraft é a doença da percepção. Os dois notaram um complexo de horrores futuros, ainda sem forma, mas que perturbavam suas finas percepções. Se Poe herdou as visões perturbadoras do alemão E. T. A. Hoffmann (1776–1822),
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Lovecraft herdaria, por sua vez, as de Poe. Haveria apenas um outro ponto fundamental para entender a estrutura mental do horror lovecraftiano: Mary Shelley (1797–1851) com seu Frankenstein (1818). Lá se encontra pela primeira vez o tipo de horror científico que se entrevira nos autômatos de Hoffmann, ele mesmo um passo adiante das narrativas que o grupo de Byron leu naquela famosa estadia na Suíça, o Gespensterbuch (O Livro de Fantasmas, 1811–1815) de Johann August Apel e Friedrich Laun, em que seus organizadores reúnem e reescrevem antigas narrativas folclóricas de horror germânico. Mary Shelley leva essa narrativa a um ponto que não se poderia imaginar antes, trazendo o foco a uma absoluta hybris da razão. De resto, como sabemos ao menos desde a frase atribuída a Joseph Heller, autor de Catch-22 (Ardil-22, 1961), “o fato de ser paranoico não quer dizer que não estejam atrás de você”. O século XX geraria uma quantidade realmente espantosa de indivíduos visionários e adoecidos, desconfiados da máquina gigantesca gerada por um Estado crescentemente policial, guerras de dimensão nunca antes vista e a ação viciante da propaganda midiática narcótica para as massas. Este século XXI segue e aprofunda o costume, quando as teorias da conspiração (um bom número delas já nem mais teorias, mas fatos de conspiração) são a mais popular vertente dos
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horrores escondidos sob a aparência cotidiana de normalidade. Diria que Lovecraft desempenha um papel estrutural nisso, e eis porque ele é onipresente hoje. Mesmo antes da época de Lovecraft, os EUA já se esforçavam por criar uma nação não apenas autônoma, mas nova sob todos os aspectos, uma nação que combinasse ciência (não em abstrato, mas como aplicação técnica), um modelo de democracia, um zelo pelo dinheiro segundo “O cerne da literatura de lovecraft está no fato de que desconfia, que intui que as maiores
forças
deste
mundo
operam nas sombras”
a ética protestante weberiana, e, sobretudo, essa estranha relação, de sombras, com o poder. O ponto fundamental é que se foi criando uma sociedade — desde a divisão do conhecimento e do trabalho, o uso das máquinas da Revolução Industrial, a administração do crédito pessoal por bancos e a categoria de administração da res publica por políticos que se distanciam de modo progressivo da esfera efetivamente pública das ações — em que o indivíduo é afastado dos meios da sua existência, e da existência comum com os outros, por camadas e camadas que efetuam, sem que ele saiba quais e para quê, suas decisões, uma variação moderna do afastamento exercido pela antiga sociedade estamental.
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As sombras são o ponto psicossocial dessa literatura de horror, pois há o poder publicamente proposto, e há o poder de fato; se sempre foi assim, amplifica-se cada vez mais a oposição entre aparência pública e prática reservada, sobretudo porque é na última que se decidem os rumos político-econômico-sociais e até mesmo culturais. O curto-circuito não é percebido de modo geral pela população — que costuma obedecer à ordem vigente sem muito ruído —, mas é nesse escuríssimo armário de esqueletos da sociedade onde vive a imaginação daqueles dois estadunidenses, Poe e Lovecraft. Lovecraft em particular: seu fascínio pelo distúrbio da consciência, pela ciência ficcional frankensteiniana, pela interferência alienígena, pela agressão simbólica sobre a psique e pela insegurança existencial generalizada são pontos de intensa vibração de uma angst que não apenas não envelheceu como está mais viva do que nunca. O cerne da literatura de Lovecraft está no fato de que desconfia, que intui que as maiores forças deste mundo operam nas sombras: sua prática é a de notar o aberrante, mesmo de exagerá-lo para efeito educativo (e que, como deformação extrema, parte da alegoria e tende à caricatura). Quem pensa que o faz pelo motivo trivial de tentar assustar seu público, ou porque sua psicologia literária, como a de Poe, fosse imatura, se engana — sobre os dois. Não se trata de fantasia por irrealidade ou imatu-
ridade, mas de uma fina percepção adoentada por uma sociedade que castiga essas percepções. Se ambos surgissem na Grécia de por volta do século V a.C. é bem provável que tivessem escrito tragédias para o apreço do professor Aristóteles, ou que, surgindo no meio do século XVI na Inglaterra escrevessem peças macabras e sanguinolentas à espanhola, como Thomas Kyd fez. Nascendo onde e quando nasceram, escreveram o que se chama, sempre com algum desdém criticamente supercilioso, literatura fantástica. Soma-se à percepção dos horrores sociais algo mais íntimo, um horror que Lovecraft, como pessoa, sentia por toda a diferença, e que se transfigura no material de sua percepção talentosa do medo: Lovecraft temia as mulheres, temia as sensibilidades afinadas com a mudança (daí o sonhar-se alguém de uma linhagem nobre e antiga), temia as multidões de pessoas mestiças ou de etnias diferentes, temia as culturas que não eram a sua, e que não compreendia nem desejava compreender: temia, em suma, tudo o que é a mobilidade inevitável da vida, ou a vida ela-mesma. E temia com um fascínio. Criou, portanto, um modelo ficcional no qual pudesse defender sua psique disso que via como uma derrocada do gênero humano, uma desordem sob um segredo, segredo que acordaria antigos horrores ferozes e dormentes, imortais, ódio que tomasse formas gigantescas e cuja umi-
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dade, cuja textura reluzente fosse alegoria de uma sexualidade em retrocesso, deformada em monstro, assim como sua estranheza inumana espelhava o abismo intransponível que sentia em relação às etnias diferentes ou misturadas de sua experiência estadunidense. O monstro das antigas narrativas épico-civilizacionais não era, como por vezes possa parecer à leitura casual, indicativo da infância mental do mundo, assim supersticioso: o monstro é um amálgama, um condensado, uma composição de tudo o que é desafio civilizacional sem a estru-
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tura abstrata e analítica, e necessariamente posterior. A estrutura do monstro, como a do mito, é aglutinante, sintética: busca captar o perigo, o terror e a missão civilizacional em um grande complexo que, alegoricamente, reúna as características do que o herói civilizacional (também um complexo, mas de aspectos virtuosos) terá de enfrentar para dar ao seu povo uma plataforma moral, social, cultural e política a partir da qual projetar sua experiência. Adaptado do prefácio da nova edição de “O chamado de Cthulhu”.
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Obra mais famosa de Franz Kafka, A metamorfose é agora publicada em edição bilíngue. A história da transformação de Gregor Samsa é um clássico porque condensa perfeitamente as características da prosa kafkiana, conceito que se torna importante na nossa repertoriação do mundo: kafkiano é, pois, o contraditório da cultura ocidental desumanizada, em que o irracional é criado justamente pelas estruturas burocráticas ultrarracionalizadas. Samsa, o personagem principal, uma vez transformado em inseto, toma consciência de que sua alienação precedia a mutação de seu corpo. É a própria metamorfose que lhe dá a chance de olhar de si para si, sujeito e objeto. Franz Kafka é, pois, um realista, do único tipo que o século XX comporta. O naturalismo do século XIX não faz mais sentido no mundo em que o culto à razão produziu duas guerras mundiais; o caminho para o real é pela via do absurdo.
Editora: Hedra Título: A metamorfose [bilíngue] Autor: Franz Kafka ISBN: 978-85-7715-601-6 Páginas: 196 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 49,90 Disponibilidade: 02/10/2020
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“O príncipe” ganha sua mais completa edição bilíngue, a partir da melhor publicação original italiana — a Edição Crítica Inglese —, acrescida de introdução e notas explicativas. Obra mais emblemática de Nicolau Maquiavel, O príncipe assinala nova forma de analisar a política, marcada pelo realismo que procura a apreender como ela é: em sua prática terrena. Se a intenção do autor é “escrever coisa útil”, seus conselhos para o príncipe não podem desconsiderar que “há tanta diferença entre como se vive e como se deveria viver, que quem deixa aquilo que se faz por aquilo que se deveria fazer apreende mais rapidamente a sua ruína que a sua preservação”. É no espírito do realismo maquiaveliano que foram constituídos muitos dos enunciados polêmicos que fizeram a fama d’O príncipe e o tornaram um autor maldito, conhecido mais por estereótipos do que por seus escritos. Marco teórico e histórico, a obra é um clássico que preserva sua atualidade ao discorrer sobre a forma de governo de um mundo que, de muitas maneiras, ainda é o nosso. Editora: Hedra Título: O príncipe [bilíngue] Autor: Nicolau Maquiavel ISBN: 978-85-7715-604-7 Páginas: 508 Formato: 13,3x21cm Preço: R$ 99,90 Disponibilidade: 02/10/2020
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Livros ativos 1. Ecopolítica, Edson Passetti (org.)
16. Joana d’Arc, Jules Michelet
2. Mare nostrum: Paranã Tipi, Fabio Atui
18. A história das religiões na cultura moderna, Marcello Massenzio
3. Crônicas de caça e criação, Uirá Garcia 4. Nas redes guarani, Valéria Macedo 5. A constituição traída, Cleonildo Cruz (org.) 6. Diário de um escritor na Rússia, Flávio Ricardo Vassoler 7. Lugar de negro, lugar de branco?, Douglas Rodrigues Barros ☛✟ ✡✠
8. A sociedade de controle, Sergio Amadeu (org.) 9. O renascimento do autor, Caio Gagliardi 10. O que eu vi o que nós veremos, Santos Dumont 11. O outro lado da moeda (Teleny), Oscar Wilde 12. Imagens de um mundo trêmulo, John Milton 13. Michel Temer e o fascismo comum, Tales Ab'Sáber 14. Ao longo do rio, Alexandre Koji Shiguehara 15. Solombra, ou a sombra que cai sobre o eu, João Adolfo Hansen
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17. O coletivo aleatório, Luis Marra
19. Cordel - F. das Chagas Batista, Francisco das Chagas Batista 20. Elixir do pajé, Bernardo Guimarães 21. Cordel - João Martins de Athayde, João Martins de Athayde 22. Modos de representação da Bienal de São Paulo, Vinicius Spricigo 23. Padeirinho da Mangueira: retrato sincopado de um artista, Franco Paulino 24. Do futuro e da morte do teatro brasileiro, Christina Barros Riego 25. Canudos, história em versos, Manuel Pedro das Dores Bombinho 26. O cego e outros contos, D. H. Lawrence 27. Poesia seiscentista 28. Monoteísmos e dualismos: as religiões da salvação, Giovanni Filoramo 29. Apologia de Galileu, Tommaso Campanella 30. Flor do deserto, Waris Dirie; Cathleen Miller
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Livros ativos
31. Cinco lugares da fúria, Pádua Fernandes
48. Teatro do êxtase, Fernando Pessoa
32. O livro dos mandamentos, Maimônides
49. Paulo Whitaker, Paulo Whitaker
33. A conjuração de Catilina, Salústio
50. Todas as coisas pequenas, Noemi Jaffe
34. Fábula de Polifemo e Galatéia e outros poemas, Góngora
51. Questão do fim da arte em Hegel, Marco Aurélio Werle
35. Histórias de igrejas destruídas, Eduardo Brigagão Verderame
52. Tratados da terra e gente do Brasil, Fernão Cardim
36. Performances, Brian Friel
53. Dos nervos, Ricardo Lísias
37. Cultura pop japonesa, Sonia Bide Luyten
54. Adeus ponta do meu nariz, Edward Lear
38. História trágica do doutor Fausto, Christopher Marlowe
55. Cidade ampliada, Rodrigo José Fermino
39. Micromegas, Voltaire
56. O diário perdido do Jardim Maia, Luís Marra
40. Politeísmos: as religiões do mundo antigo, Paolo Scarpi 41. Triunfos, Petrarca
57. Sobre a filosofia e outros diálogos, Jorge Luis Borges; Osvaldo Ferrari
42. Museu arte hoje, Martin Grossmann; Gilberto Mariotti
58. Cordel: Franklin Maxado, Franklin Maxado
43. Viagem sentimental, Laurence Sterne
59. Dos novos sistemas na arte, Kazimir Malievitch
44. A Arte de olhar diferente, Braulio Tavares
60. Cordel: Cuíca de Santo Amaro, Cuíca de Santo Amaro
45. O Pequeno Zacarias chamado Cinábrio, E.T.A. Hoffman
61. Manual da destruição, Alexandre Dal Farra
46. Oliver Twist (Bolso), Charles Dickens
62. A imprensa carnavalesca no Brasil, José Ramos Tinhorão
47. Alegoria - Construção e interpretação da metáfora, João Adolfo Hansen
63. Índia e Extremo Oriente: via da libertação e da imortalidade, Massimo Raveri
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Livros ativos 64. Leitores e leituras de Clarice Lispector
82. O menino da rosa, Tony Monti
66. Cordel: Severino José, Severino José
83. Cordel - Rouxinol do Rinaré, Rouxinol do Rinaré
67. Escritório; O Espaço da Produção, Claudio Silveira Amaral
84. Imagem contemporânea II
69. Crédito à morte, Anselm Jappe 70. A cidade e as serras, Eça de Queiroz 71. Oliver Twist, Charles Dickens ☛✟ ✡✠
81. Autobiografia de um super-herói, Alexandre Barbosa de Souza
65. Círculos de coca e fumaça, Danilo Paiva Ramos
68. As minas de Salomão, Rider Haggard
72. Dao De Jing, Lao Zi
85. História da província Santa Cruz, Pero de Magalhães Gandavo 86. Édipo Rei, Sófocles 87. Cordel - José Soares, José Soares 88. Greve contra a guerra, Ricardo Lísias 89. Cidade anônima, Beatriz Furtado
73. Sobre a amizade e outros diálogos, Jorge Luis Borges; Osvaldo Ferrari
90. Primeiro de abril, André Luiz Pinto
74. Aqui tem coisa, Patativa do Assaré
91. Cordel: Oliveira de Panelas, Oliveira de Panelas
75. Dicionário livre do santome-português, Araújo & Hagemeijer
92. Fazendo Rizoma 93. Uma história do futebol, Bill Murray
76. Aqui tem coisa, Patativa do Assaré
94. Gangorra, Regina Sawaya
77. Imagem contemporânea I
95. Poesia vaginal, Glauco Mattoso
78. Cordel - J. Borges, José Francisco Borges
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96. Cultura popular - uma introdução, Dominic Strinati
79. Exato acidente, Tony Monti
97. Vocabulário de música pop, Roy Shuker
80. Woyzeck, George Buchner
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36 Hedra 98. A invenção da pornografia, Lynn Hunt
114. Visão de psicanálise, Renato Bulcão
99. Eu conheci Benny Moré
115. Viagem em volta do meu quarto, Xavier de Maistre
100. Deriva, André Fernandes 101. Fedro, Platão 102. Sobre os sonhos e outros diálogos, Jorge Luis Borges; Osvaldo Ferrari 103. O sapo voador, Ademir Barbosa Jr. 104. Arcana coelestia e Apocalipsis revelata, Emanuel Swedenborg
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Livros ativos
105. Letra de forma, Laura Estelita Teixeira 106. Os cães de que desistimos, Chantal Castel 107. Cordel - Téo Azevedo, Téo Azevedo 108. O que eu vi, o que nós veremos [bolso], Santos Dumont 109. A Fábrica de robôs, Karel Tchápek 110. Folhas de relva, Walt Whitman 111. Helio Piñon : Ideias e formas, Pfeiffe, Helen; Ana Rosa 112. O Rabi de Bacherach e três artigos sobre o ódio racial, Heinrich Heine 113. Refugiados de Idomeni, Gabriel Bonis
116. Contos clássicos de vampiro, Lord Byron; Bram Stoker 117. Cultura estética e liberdade, Friedrich Von Schiller 118. Dostoiévski e a dialética, Flávio Ricardo Vassoler 119. Cabeças e outros poemas, Pedro Luis Marques de Armas 120. Razão sangrenta, Robert Kurz 121. A Velha Izerguil e outros contos, Maksim Górki 122. Viagem à turquia, bálcãs e Egito, John Milton 123. Do sentimento trágico da vida, Miguel de Unamuno 124. Rashômon e outros contos, Akutagawa 125. Feitiço de amor e outros contos, Johann Ludwig Tieck 126. Ode ao Vento Oeste e outros poemas, P. B. Shelley 127. Esperança do mundo, Albert Camus 128. Universidade, cidade, cidadania, Franklin Leopoldo e Silva 129. Estado crítico, Régis Bonvicino 130. Poemas da cabana montanhesa, Saigyo
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Livros ativos 131. Dançando em Lúnassa, Brian Frield
148. Manual inútil da televisão, Paulo Henrique Amorim
132. Lulismo, carisma pop e cultura anticrítica, Tales Ab'Sáber
149. A Vida de Mat, Mino Carta
133. Utopia Brasil, Darcy Ribeiro 134. Americanismo e fordismo, Antonio Gramsci 135. Troca de pele, Tereza Yamashita 136. O Surgimento da noite, Pajés Parahiteri 137. Contos de Sebastopol, Liev Tolstói 138. Um anarquista e outros contos, Joseph Conrad ☛✟ ✡✠
139. Um Retrato do artista quando jovem, James Joyce 140. O Princípio do Estado e outros ensaios, Mikhail Bakunin
150. Baleiazzzul, Sergio Zlotnic 151. A Decadência do analfabetismo / A arte de birlibirloque, José Bergamín 152. Balada dos enforcados e outros poemas, François Villon 153. O Médico e o monstro, Robert Louis Stevenson 154. Marco Cornélio Frontão, Pascal Quignard 155. O Casamento do Céu e do Inferno, William Blake 156. O Homem da cabeça de papelão, João do Rio 157. Teleny, ou o reverso da medalha, Oscar Wilde
141. A Desmedida na medida, Albert Camus
158. Cordel: Rodolfo Coelho Cavalcante, Coelho Cavalcante
142. O Chamado selvagem, Jack London
159. Dicionário de História e Cultura da era Viking, Johnni Langer
143. O Novo epicuro, Edward Sellon
160. Gente de Hemsö, August Strindberg
144. Elogio da loucura, Erasmo de Rotterdam 145. Senhorita Júlia e outras peças, August Strindberg
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161. Viagem aos Estados Unidos, Alexis de Tocqueville
146. Dublinenses, James Joyce
162. Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida, Friedrich Nietzsche
147. Don Juan ou O convidado de pedra, Molière
163. Flossie, a Vênus de quinze anos, Charles Swinburne
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38 Hedra 164. Os cantos do homem-sombra 165. Escritos revolucionários, Errico Malatesta 166. Micromegas e outros contos, Voltaire 167. Descobrindo o Islã no Brasil, Karla Lima 168. A Cidade mágica, Edith Nesbitt 169. O Alienista, Machado de Assis 170. Cadeira de balanço, Vanessa Campos Rocha; Flávio Castellan
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Livros ativos 180. Sai da frente, vaca brava!, Ricardo Lísias 181. Lampião... Era o cavalo do tempo atrás da besta da vida, Antônio Klévisson Viana 182. Cordel: Patativa do Assaré, Patativa do Assaré 183. Ernestine ou o nascimento do amor, Stendhal 184. Filadélfia, lá vou eu!, Brian Friel 185. Sonetos, William Shakespeare 186. Crônicas do crack, Luis Marra 187. Peixinhos, Bruno Heitz
171. Inspiração nordestina, Patativa do Assaré
188. A Última folha e outros contos, O. Henry
172. Coisas que a gente gosta e não gosta, Laura Teixeira; Fábio Zimbres
189. Contos indianos, Stéphane Mallarmé
173. A Guerra começou, onde está a guerra?, Albert Camus 174. Poesia completa, Orides Fontela 175. A Volta do parafuso, Henry James 176. Cartas a favor da escravidão, José de Alencar 177. Pequeno-burgueses, Maksim Górki
190. Violência, mas para quê?, Anselm Jappe 191. A Vênus das peles, Sacher-Leopold Von Masoch 192. A Voz dos botequins e outros poemas, Paul Verlaine 193. Poemas, Lord Byron 194. A Pele do lobo e outras peças, Artur Azevedo 195. Explosão - Romance da etnologia, Hubert Fichte 196. Stephen herói, James Joyce
178. Cordel : Paulo Nunes Batista, Paulo Nunes Batista
197. Diálogo imaginário entre Marx e Bakunin, Maurice Cranston
179. Esquimó, Olivier Douzou
198. Nada ainda?, Christian Voltz
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Livros ativos 199. A Vênus de quinze anos (Flossie), Charles Swinburne
215. Nos cumes do desespero, Emil Cioran
200. Os dentinhos, Olivier Douzou
216. A Vênus das peles [Bolso], Leopold Von Sacher-Masoch
201. Anarquismo, Murray Bookchin 202. Escritos sobre arte, Charles Baudelaire 203. Deus e o Estado, Mikhail Bakunin 204. Pintura e escrita do mundo flutuante, Madalena Hashimoto Cordaro 205. A Árvore dos cantos, Pajés Parahiteri
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206. Poesia catalã - das origens à Guerra Civil 207. Sobre a filosofia e seu método, Arthur Schopenhauer 208. Pensamento político de Maquiavel, Johann Fichte 209. Sobre a ética, Arthur Schopenhauer 210. A Autobiografia do poeta-escravo, Juan Francisco Manzano 211. Cálcio, Pádua Fernandes 212. Bola de sebo e outros contos, Guy de Maupassant
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217. Homo Pictor, Christoph Wulf 218. 1964 219. Desenganos da vida humana e outros poemas, Gregório de Matos 220. A Nostálgica e outros contos, Aléxandros Papadiamántis 221. Cântico dos Cânticos, Salomão 222. Os Sovietes traídos pelos bolcheviques, Rudolf Rocker 223. Autobiografia de uma pulga, Stanislas de Rhodes 224. Auto da barca do Inferno, Gil Vicente 225. A Monadologia e outros textos, Gottfried Leibniz 226. O Surgimento dos pássaros, Pajés Parahiteri 227. Contos de piratas, Arthur Conan Doyle 228. O Mundo ou tratado da luz, René Descartes 229. Manifesto comunista, Karl Marx; Friedrich Engels
213. Como gente grande, Anouk Ricard
230. Lira grega, Giuliana Ragusa
214. O Cavalo de Ébano, Richard Burton
231. Poesia basca - das origens à Guerra Civil
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40 Hedra 232. Cordel: Klévisson Viana, Klévisson Viana 233. Discursos ímpios, Marquês de Sade 234. Cordel : Raimundo Santa Helena, Raimundo Santa Helena 235. Primeiro livro dos amores, Ovídio
249. Os Americanos, Nathaniel Hawthorne; Edgar Allan Poe; Herman Melville 250. O Sol não espera, Marília Castello Branco 251. O Fim do ciúme e outros contos, Marcel Proust 252. Álcoois, Guillaume Apollinaire
236. Último reino, Pascal Quignard
253. A História do planeta azul, Andri Snaer Magnason
237. Da arte de construir, Leon Battista Alberti
254. Entre camponeses, Errico Malatesta
238. Frankenstein, Mary Shelley
255. Ispinho e Fulô, Patativa do Assaré
239. Cordel : Zé Saldanha, Zé Saldanha ☛✟ ✡✠
Livros ativos
240. Dilma Rousseff e o ódio político, Tales Ab'Sáber 241. Saga dos Volsungos, Anônimo 242. Linear G, Gilberto Mendonça Teles 243. Educação e sociologia, Émile Durkheim 244. Histórias com dragões, príncipes e serpentes, Vários 245. História do boi misterioso, Leandro Gomes de Barros; Irani Med 246. Sobre verdade e mentira, Friedrich Nietzsche 247. Sermões 2, Antônio Vieira 248. Lisístrata, Aristófanes
256. Mais dia menos dia, a paixão, Nelson de Oliveira 257. Teogonia, Hesíodo 258. Ação e percepção nos processos educacionais do corpo em formação, Cecília Noriko Ito Saito 259. Amores e outras imagens, Filóstrato 260. O Fantástico reparador de feridas, Brian Friel 261. Mangá, Sonia Bide Luyten 262. Inferno, August Strindberg 263. Romanceiro cigano, Sermões 264. Sagas, August Strindberg 265. O Destino do erudito, Johann Fichte
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Livros ativos 266. Diários de Adão e Eva, Mark Twain 267. Habitar, André Fernandes 268. O Desertor, Silva Alvarenga 269. Os Vínculos, Giordano Bruno 270. O Estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde, Robert Louis Stevenson 271. Sátiras, fábulas, aforismos e profecias, Leonardo da Vinci
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283. Dao De Jing, Lao Zi 284. Histórias escondidas, Odilon Moraes 285. Noites egípcias e outros contos, Aleksandr Púchikin 286. Carmilla, a vampira de Karnstein, Sheridan Le Fanu 287. O desafio de Lula, Mino Carta; Gianni Carta 288. A Filosofia na era trágica dos gregos, Friedrich Nietzsche
272. Poesia espanhola - das origens à Guerra Civil
289. O Que é bom, o que é ruim, Vladimir Maiakóvski
273. Hino a Afrodite e outros poemas, Safo de Lesbos
290. Em busca do Japão contemporâneo, John Milton
274. Revolução e liberdade, Mikhail Bakunin
291. A Vida de H.P. Lovecraft, S.T. Joshi
275. Cartas do Brasil, Antonio Vieira
292. A Demanda do Santo Graal, Anônimo
276. A Mulher que virou Tatu
293. Trabalhos e os dias, Hesíodo
277. Sermões 1, Antônio Vieira 278. Fé e saber, G.W. Friedrich Hegel 279. Negras tormentas, Alexandre Samis 280. Cordel: Manoel Caboclo, Manoel Caboclo
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294. Mensagem, Fernando Pessoa 295. Ode sobre a melancolia e outros poemas, John Keats 296. O Corno de si próprio e outros contos, Marquês de Sade 297. Hawthorne e seus musgos, Herman Melville
281. Graciliano Ramos e A Novidade, Ieda Lebensztayn
298. Memórias de um menino judeu do Bom Retiro, Victor Nussenzwieg
282. Emília Galotti, Gotthold Ephraim Lessing
299. No coração das trevas, Joseph Conrad
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42 Hedra 300. Émile e Sophie ou os solitários, Jean-Jaqcques Rousseau 301. Investigação sobre o entendimento humano, David Hume
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Livros ativos 317. Ciclovia, Ulisses Garcez 318. O Livro de Monelle, Marcel Schwob 319. A Fábrica de robôs [Bolso], Karel Tchápek
302. Ideias de canário, Machado de Assis
320. Oração aos moços, Rui Barbosa
303. Eu acuso! / O processo do capitão Dreyfus, Émile Zola; Rui Barbosa
321. A Metamorfose, Franz Kafka
304. O Livro dos dragões, Ovídio
322. História de Aladim e a lâmpada maravilhosa, Patativa do Assaré
305. As Bacantes, Eurípides
323. Ninfas, Giorgio Agamben
306. Contos clássicos de vampiro [Bolso], Lord Byron; Bram Stoker
324. O Ladrão honesto e outros contos, Fiódor Dostoiévski
307. Sobre a liberdade, Stuart Mill 308. Metamorfoses, Ovídio 309. O Primeiro Hamlet, William Shakespeare 310. O Corvo, Claudio Weber Abramo
325. O Enigma Orides, Gustavo de Castro 326. A Cruzada das crianças / Vidas imaginárias, Marcel Schwob 327. Sobre o riso e a loucura, Hipócrates 328. Notas sobre o anarquismo, Noam Chomsky
311. A Vida é sonho, Calderón de La Barca
329. Mare Nostrum, Fabio Atui
312. Eu, Augusto dos Anjos
330. Cordel: Expedito Sebastião Da Silva, Expedito Sebastião
313. Cordel: Zé Vicente, Zé Vicente 314. Escritos sobre literatura, Sigmund Freud 315. Dez poemas da vizinhança vazia, Iuri Pereira 316. Um gato Indiscreto e outros contos, Saki
331. Mistério na zona sul, Roberto Barbato Junior 332. Cordel: Zé Melancia, Zé Melancia 333. Lulismo, carisma pop e cultura anticrítica, Tales Ab'Sáber 334. Perversão, Robert J. Stoller
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Hedra
Livros ativos 335. Poesia galega - das origens à Guerra Civil
344. Anarquia pela educação, Élisée Reclus
336. Naqueles morros, depois da chuva, Edival Lourenço
345. A Raposa sombria, Sjón
337. Os Comedores de terra, Pajés Parahiteri
346. Anjos do universo, Einar Már Gudmundsson
338. Ilíada, Homero 339. A Semente e a torre, Leonardo da Vinci 340. A Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente
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347. O Indivíduo, a sociedade e o Estado e outros ensaios, Emma Goldman 348. A terra uma só, Timóteo da Silva Verá Tupã Popyguá
341. Cão, Rafael Mantovani 342. Diário de um escritor (1873), Fiódor Dostoiévski ☛✟ ✡✠
343. Carta sobre a tolerância, John Locke
349. Mistério no morro do deleite, Roberto Barbato Junior 350. A arte de contar histórias, Water Benjamin
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dddddddd dddddddd eeeeeeeeeee eeeeeegeeee eeefffeeeeee eeeeeeeeeee eeebeeeee e eeeeeeeeeee eeeeeeennee coleçãoeee LIVRO
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Celso Favaretto Felix Guattari Fernand Deligny
Coedição
Silvia Rivera Cuscanqui Romain Rolland
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Riot days é um relato cru, alucinatório e apaixonado escrito por Maria Alyokhina, da banda punk feminista russa Pussy Riot, sobre sua prisão e julgamento em uma colônia penal nos Urais após participar de um protesto punk contra Putin em uma igreja ortodoxa. O livro vem embalado em uma balaclava colorida, símbolo universal de resistência e luta social, confeccionada especialmente pela Cooperativa Libertas, de mulheres egressas da máquina do sistema penitenciário brasileiro. Vem também acompanhado de dois cordéis — Sobre (Viver) e Engaiolaram-nos. A soma das obras produz uma síntese que aponta para características partilhadas entre as mulheres de todo o mundo: entre a banda Pussy Riot, perseguida em uma Rússia onde direitos das minorias são tolhidos, e as brasileiras que sofrem em um sistema desumano, há muito em comum.
Editora: n-1 & Hedra Título: Nós somos Pussy Riot [combo] Autor: Maria Alyokhina ISBN: 978-65-8109-713-4 Páginas: 216 Formato: 14x21cm Preço: R$ 89,90 Disponibilidade: Disponível
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“Corpos que importam” é sobre pensar a hegemonia heterossexual na criação de matérias [“matter”] sexuais e políticas. Quais são as limitações pelas quais corpos são materializados como “sexuados”? E como devemos entender a “questão” [matter] do sexo e dos corpos de modo mais geral, como a circunscrição repetida e violenta da inteligibilidade cultural? Quais corpos importarão [matter] — e por quê? Nas palavras da filósofa pós-estruturalista Judith Butler: “Ofereço este texto em parte como forma de reconsiderar algumas seções de meu livro Problemas de gênero que causaram confusão, mas também como um esforço para pensar mais sobre o funcionamento da hegemonia heterossexual na criação de matérias [matter] sexuais e políticas. Como uma rearticulação crítica de práticas teóricas, incluindo estudos feministas e queer, esta obra não pretende ser programática. E ainda como tentativa de esclarecer minhas “intenções”, ela também parece destinada a produzir novos conjuntos de mal-entendidos. Espero que, ao menos, eles se provem produtivos.” Editora: n-1 & Crocodilo Título: Corpos que importam – os limites discursivos do “sexo” Autor: Judith Butler ISBN: 978-65-8109-704-2 Páginas: 400 Formato: 14x21cm Preço: R$ 98,00 Disponibilidade: Disponível
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Traços humanos nas superfícies do mundo JUDITH BUTLER
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Se antes não sabíamos que partilhamos as superfícies do mundo, o sabemos agora. A superfície que uma pessoa toca carrega o traço dessa pessoa, hospeda e transfere esse traço, afeta a próxima pessoa cujo toque pousa ali. As superfícies diferem. O plástico não carrega o traço por muito tempo, mas alguns materiais porosos claramente o carregam. Algo humano e viral perdura breve ou demoradamente nessa superfície que constitui um dos componentes materiais do nosso mundo comum. Se não sabíamos o quão importante eram os objetos no vínculo de um ser humano com outro, provavelmente o sabemos agora. A produção, reprodução e consumo de bens carregam agora o risco de comunicar o vírus. Uma encomenda é deixada na porta de casa, os traços do outro que a deixou ali são invisíveis. Ao pegá-la e trazê-la para dentro, faz-se contato com esse traço e com muitos outros que não se sabe. A trabalhadora que deixou a encomenda ali
também carrega os traços de quem fez e empacotou o objeto, de quem manuseou a comida. A trabalhadora é um local muito especial de transmissão, assumindo o risco que aqueles que pedem comida em casa procuram evitar. Embora a inter-relação de todas essas pessoas não seja visível, essa invisibilidade não nega sua realidade. O objeto é uma forma social, isto é, uma forma constituída por um conjunto de relações sociais. Isso pode muito bem ser uma verdade geral, mas adquire um novo significado sob as condições pandêmicas: por que o entregador de comida ainda está trabalhando mesmo que isso o exponha mais prontamente ao vírus do que alguém que recebe a comida por encomenda? Muitas vezes, a escolha enfrentada por ele é a do risco da doença, possivelmente da morte, ou de perder o emprego. A escolha brutal que a trabalhadora teve que fazer dobra-se também no traço humano que o objeto carrega, um traço de trabalho que agora comporta potencialmente um traço do vírus. O
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vírus não pertence a nenhum corpo que o contrai. Não é uma posse e nem um atributo, ainda que digamos “fulano ou ciclano tem o vírus”. Pelo contrário, o vírus chega de outro lugar, submete a pessoa ao seu jugo, transfere-se para um orifício ou uma superfície corpórea pelo toque ou pela respiração, toma o corpo como hospedeiro, escava-o, entra nas células e dirige sua replicação, estendendo seus filamentos letais, tudo isso para penetrar no ar e derramar-se sobre novas superfícies e entrar em novas criaturas vivas. O vírus pousa, entra nas fronteiras corporais e parte para pousar novamente em outra pele ou em um objeto, em busca de um hospedeiro — a superfície de uma encomenda, o material poroso de um mundo compartilhado. Os objetos que delineiam nossas relações sociais são, por vezes, bens, mas, por outras, são corrimãos e plataformas e todos os planos táteis da arquitetura da vida, o assento de um avião, qualquer superfície que hospeda e transporta um traço por mais que um momento passageiro. Nesse sentido, as superfícies do mundo nos conectam, no limite elas estabelecem que somos igualmente vulneráveis ao que atravessa as infraestruturas materiais e que participa da superfície viva das coisas, e nos tornamos mais perigosamente suscetíveis ao que vive nos objetos que nos entremeiam. Dependemos dos objetos para viver, mas há por vezes também algo vivo no objeto, ou um traço vivo de um outro ser hu-
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mano na forma e na superfície do objeto. A porosidade da superfície determina a longevidade e a atividade do vírus, e, assim, as superfícies nas quais o vírus consegue habitar sustentam sua vida. Como se sabe, nós humanos dependemos de um mundo material para estabelecer o equilíbrio e o movimento, para prover o ar que nos mantém respirando, e, dessa maneira, somos subitamente reduzidos aos rudimentos da vida, deliberando
“O objeto conecta pessoas de modos invisíveis, às vezes indecifráveis; pessoas são interconectadas e não apenas indivíduos isolados”
a cada passo dado para cumprir seus requisitos mais básicos. Em grande parte, as pessoas parecem temer o contato próximo, cara a cara, a via aérea do vírus.O encontro facial talvez seja ainda mais temido do que a contaminação pelo objeto manuseado, e agora parece que a transmissão pelo ar é a forma preponderante. Raramente temos controle total da nossa proximidade com os outros no curso diário da vida: o mundo social é, nesse sentido, imprevisível. A proximidade indesejada de objetos e de outras pessoas é uma característica da vida pública e parece normal a qualquer um que pega transporte público e que precisa se deslocar pela rua de uma cidade densamente po-
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voada: nós esbarramos uns nos outros em espaços estreitos, nos apoiamos nos corrimãos, tocamos qualquer coisa que estiver pelo caminho. E, no entanto, é essa condição de contato e de encontro ao acaso, de roçar uns nos outros ou em qualquer coisa nos rodeando, que se tornou potencialmente fatal, uma vez que o contato aumenta a possibilidade da doença, e a doença traz consigo a possibilidade da morte. Sob essas condições, os objetos e os outros dos quais necessitamos aparecem potencialmente como as maiores ameaças às nossas vidas.
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As condições da pandemia nos impelem a reconsiderar como os objetos estruturam e sustentam nossas relações sociais, encapsulando as relações de trabalho, mas também as condições de vida e morte que o trabalho, o movimento, a sociabilidade, o abrigo, implicam. Evidentemente, n´O Capital, Marx nos detalha como o operariado investe seu trabalho no objeto e como o valor do trabalho é transformado em valor de troca no mundo socioeconômico estruturado pelo mercado. Ele procurou por metáforas para descrever como o objeto manufaturado carrega e reflete o traço do trabalho humano, e como o valor desse objeto, transformado em mercadoria, é determinado pelo valor que os consumidores se dispõem a pagar, pelo que os proprietários do lucro querem obter, e tudo isso desemboca na noção de valor de mer-
cado. O objeto foi “mistificado” e “fetichizado” precisamente porque incorporou um conjunto de relações sociais de uma maneira enigmática. Nós não conseguiríamos olhar a mercadoria sob uma ótica que iluminasse essas relações sociais com transparência: elas eram embutidas no objeto de uma forma que permaneceria misteriosa sem o tipo de análise proporcionada por Marx. Nós tínhamos que entender o traço desaparecido de trabalho humano na forma mercadoria junto com o animismo do objeto — esse era um dos seus efeitos mistificantes. Qualquer trabalho materializado em objeto era praticamente suprimido pelo valor de troca deste objeto. O valor de troca suprime do objeto o trabalho materializado qualquer que ele seja. Apesar de sua negação pela forma mercadoria, o trabalho humano sobrevivia como um traço invisível, não prontamente decifrável. Em outras palavras, era um traço que demandava o tipo de leitura crítica que Marx procurou oferecer. O fato de que as relações sociais sejam coaguladas na forma de objeto não significa que essas relações, em sua qualidade relacional, fossem boas ou justas. Dificilmente! Na verdade, sob as condições do capital elas eram entendidas como relações tanto de exploração como de alienação. E, no entanto, é essa mesma forma que comunica também certos sinais de interdependência social. Uma cadeia de trabalhadores, um sistema de trabalho, tudo entra na mercadoria de al-
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gum jeito. A conclusão esperançosa que às vezes vem depois desse insight toma forma assim: o objeto carrega o traço de humanos que nós não conhecemos; o objeto conecta pessoas de modos invisíveis, às vezes indecifráveis; logo, pessoas são interconectadas e não apenas indivíduos isolados. A tentação de regozijar-se com a interconectividade deveria ser, entretanto, rapidamente atenuada pelo reconhecimento de que estas formas de interdependência podem estar imersas em condições de desigualdade e exploração. Mesmo para Hegel, o ☛✟ ✡✠ “Se perguntamos sobre a forma geral do traço humano que a encomenda
carrega,
nós
tam-
bém estamos perguntando sobre as condições de vida e morte que
sustentam
a
organização
social do trabalho”
precursor de Marx, “o Senhor” e “o Escravo” são figuras interconectadas, interdependentes até, o que não significa que sejam dependentes da mesma forma, ou que sejam igualmente dependentes. Nem toda interdependência é recíproca. Ademais, cada um negocia com a vida e a morte uma relação diferente. O Senhor busca consumir o que o Escravo faz para a reprodução de sua pró-
pria vida, o Escravo busca produzir o que o Senhor exige tendo em vista assegurar as condições de sua própria vida — condições que o Senhor controla. As relações se condensam nessa forma. Mas será que a superfície carrega a forma de maneira invisível? Não só a forma da superfície, mas a superfície da forma. O corpo da trabalhadora jamais é totalmente suprimido na forma mercadoria porque ela deixa alguns traços do seu corpo no objeto, e também carrega, enquanto trabalha e vive, os traços invisíveis de outras trabalhadoras. Sob as condições de uma pandemia como a Covid-19, trabalhar em e com objetos de troca potencialmente dispara cargas de vírus letais. Por regra, mesmo fora das condições de pandemia, se perguntamos sobre a forma geral do traço humano que a encomenda carrega, nós também estamos perguntando sobre as condições de vida e morte que sustentam a organização social do trabalho. Quem arrisca sua vida enquanto trabalha? Quem trabalhará até morrer? A mão de obra de quem é mal remunerada e, então, dispensável e substituível? Sob as condições de uma pandemia essas questões se intensificam. Entre as pessoas que são potencialmente colocadas em risco ao fazer seus trabalhos estão servidores do sistema de saúde trabalhando sem máscaras adequadas, empregados da Amazon sem proteção e sobrecarregados, trabalhadores do serviço postal ou en-
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tregadores delivery que não sabem se um traço letal é transmitido por ou através deles conforme entregam encomendas e bens, pessoas que vivem com tanto medo, mas que não podem se dar ao luxo de perder esse emprego, pessoas que estão sem emprego e dependem da distribuição pública de comida, aquelas pessoas para quem as ruas são o chão e também o teto, aquelas abrigadas em condições aglomeradas e perigosas, como prisões, ou albergues para indigentes, e aquelas que só podem encontrar comida na rua.
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Marx e Hegel fomentam um antropocentrismo segundo o qual a marca ou traço humano anima o objeto com uma vitalidade especificamente humana. O trabalhador tem a vida roubada pelo trabalho, mas a mercadoria emana uma vida cada vez mais vibrante. E se o objeto que uma pessoa precisa é também aquele que ameaça a vida dessa pessoa? Não o objeto sozinho, mas o objeto manuseado, que carrega o traço do outro. O vírus atua na superfície, mas a superfície também atua. O vírus entra no corpo, atua nas células, se insere na ação das próprias células, para então atuar em outros. Todas essas ações atuam quando o humano atua. O humano não é mais que uma parte na cadeia de ações. Por sorte, o objeto não pode transmitir o vírus se está coberto de sabão ou se sua superfície é radicalmente não porosa. Então a porosidade do objeto contribui
para a transmissão; o objeto é definido, em parte, por sua porosidade: até o ponto em que ele pode absorver ou carregar outro conjunto de materiais. A porosidade é parte da definição tanto de humanos como de objetos; é também uma outra forma de entender sua inter-relação como potencial interpenetrabilidade. “Ficar em casa” supostamente limita essa porosidade, a possibilidade de o vírus ser transmitido entre humanos e através de objetos e superfícies. No entanto, as pessoas que não têm onde morar, vivendo sem abrigo, ou apenas em abrigo provisório, ou aquelas forçadas por lei à quarentena em estruturas abarrotadas de gente não podem manter o distanciamento social e não podem confiar na forma de abrigo duradoura e segura que deve protegê-las da exposição ao vírus. Essa
“A pandemia intensifica a luta que
opõe
o
capitalismo
e
suas
desigualdades
sistêmi-
cas,
a
do
destruição
pla-
neta, a subjugação e a violência colonial aos direitos dos sem-teto e às minorias cujas vidas
são
consideradas
como
não importantes”
é apenas uma forma de desigualdade, de exposição e risco desiguais. Aqueles que foram desprovidos de acesso a cuidados de saúde adequados podem encontrar o vírus com sua imuni-
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dade comprometida, condições médicas pré-existentes. Não admira que, nos Estados Unidos, os afro-americanos tenham estatisticamente mais chance do que gente branca de apresentar sintomas, de sofrer em maiores números, e de precisar de hospitalização para sobreviver.
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Na superfície, por assim dizer, a transmissão do vírus por meio de objetos não tem nada que ver com a transmissão do valor do trabalho para o valor de troca. Afinal de contas, o vírus parece trazer o mercado e as finanças a um impasse. O mercado de ações despenca, os salários e as poupanças são perdidos, os postos de trabalho subtraídos. Ao mesmo tempo, entretanto, surge rapidamente um outro mercado para lucrar com a pandemia. Muitos críticos sociais já publicaram textos sobre o coronavírus e o capitalismo, abrindo um campo vital de pensamento e de ativismo. Está em jogo saber se o capitalismo se aproveitará da pandemia como uma nova oportunidade para a acumulação de riqueza para aqueles que têm capital, ou se a pandemia vai pôr em xeque o capitalismo desenfreado, lembrando-nos da condição global que agora toca nossas vidas. Enquanto alguns sustentam que as desigualdades se intensificarão sob as condições da pandemia e o que se seguirá dela, outros sustentam que as comunidades de cuidado que estão se organizando agora irão despertar, ou darão novos contornos
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à potência do socialismo, à solidariedade horizontal, e a uma genuína ética do cuidado. Fato é que não sabemos. Quando o discurso público se volta para essa questão de como o mundo recomeçará, podemos imaginar que o mundo será o mesmo (mas cujas desigualdades se intensificarão) ou que será um mundo novo (no qual reconheceremos nossa radical igualdade e interdependência). A minha aposta é que o conflito entre essas duas visões se tornará mais pronunciado. A continuação da emergência climática exige que se reduza a produção, a extração, a perfuração, e os danos ambientais que cada vez mais destroem os mundos-de-vida dos indígenas. O vírus coloca em primeiro plano as diferenças raciais e geopolíticas do sofrimento, e assistimos com claridade a resposta racista às condições da pandemia na Índia, culpando a minoria muçulmana, o racismo contra asiáticos nos Estados Unidos e na América Latina, e o fracasso intencional do Estado Israelense de prestar assistência médica à Gaza, onde a população palestina é contida à força em quarteirões estreitos com equipamentos de saúde profundamente inadequados. A negligência intencional dos efeitos letais da pandemia nas prisões é um tipo de assassinato por omissão. Esta nova forma de sentença de morte não passa de mais um exemplo de como a população encarcerada é vista como descartável, populações cujas vidas não “vale” a pena salvar. Antes de mais nada, a
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pandemia intensifica a luta que opõe o capitalismo e suas desigualdades sistêmicas, a destruição do planeta, a subjugação e a violência colonial aos direitos dos sem-teto e da população encarcerada, das mulheres, pessoas queer e trans, todas as minorias cujas vidas são consideradas como não importantes. Ao mesmo tempo que está cada vez mais evidente que uma vida vincula-se a uma outra vida, e que esses vínculos cruzam regiões, línguas e nações, que eles anunciam um comitê de solidariedade global para o estabelecimento de condições dignas para todas as vidas, está igualmente evidente que as desigualdades profundas e intensas têm novas oportunidades de crescimento sob a pandemia. Podemos predizer e profetizar na direção da utopia ou da distopia, mas nada disso nos ajuda a firmar um ativismo contrário à obscena distribuição de sofrimento em operação agora. Sim, o vírus nos liga através de seus objetos e de suas superfícies, através do encontro de perto com pessoas estranhas e íntimas, confundindo e expondo os vínculos materiais que tanto condicionam como põem em perigo a perspectiva da vida mesma. Mas essa igualdade perigosa e potente é transfigurada em um mundo social e econômico onde se impõe uma miríade de formas de desigualdade e uma demarcação no-
tória das vidas descartáveis. As comunidades de cuidado que construímos podem prefigurar uma igualdade social por vir mais radical, mas se elas não ultrapassarem as fronteiras de comunidades locais, línguas e nações, não veremos o sucesso da tradução dos experimentos comunitários em uma política global. As superfícies da vida ensinam aos humanos sobre o mundo que compartilham, insistindo que estamos interconectados. Mas enquanto os sistemas de saúde continuarem inacessíveis e impagáveis para tantas pessoas, enquanto os ricos, os xenófobos, os racialmente privilegiados persistirem com sua convicção arrogante de que serão os primeiros da fila para qualquer vacina que surja, para o antiviral prometido, ou para o acesso ao plasma repleto de anticorpos, aqueles laços serão quebrados e arruinados, a desigualdade se intensificará. As consequências são óbvias: a vida é um direito só dos privilegiados. O vírus não traz consigo nenhuma lição moral; é uma angústia sem justificativa moral. E, no entanto, nos oferece uma visão refratada de uma potente e interconectada solidariedade global. Isso não ocorrerá por vontade própria, mas apenas por meio de uma luta que se renova agora, durante o lockdown, em nome da igualdade do vivente. Texto originalmente publicado no site da n-1 edições. Tradução de André Arias e Clara Barzaghi.
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Explorando o neurocentrismo, a crença de que “somos nossos cérebros” se difundiu nos anos 1990. Encorajados pelos avanços da neuroimagem, as humanidades e as ciências sociais adotaram uma “virada neurocientífica” na forma de neuro-subespecialidades em campos como antropologia, estética, educação, história, direito, sociologia e teologia. Empresas comerciais duvidosas, mas bem-sucedidas, como “neuromarketing” e “neurobica” surgiram para tirar proveito da sensibilidade aumentada para todo o universo neuro. Embora não seja hegemônica nem monolítica, a visão neurocêntrica encarna uma poderosa ideologia que está no cerne de alguns dos mais importantes debates filosóficos, éticos, científicos e políticos da atualidade. “Somos nosso cérebro?” escolhido livro do ano em 2018 pela “International Society for the History of the Neurosciences”, examina a lógica interna de tal ideologia, sua genealogia e suas principais encarnações contemporâneas.
Editora: n-1 & Hedra Título: Somos nosso cérebro? Neurociências, subjetividade, cultura Autor: Francisco Ortega e Fernando vidal ISBN: 978-65-9582-035-7 Páginas: 346 Formato: 16x23cm Preço: R$ 80,00 Disponibilidade: Disponível
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Raros são os psicanalistas que têm tamanho domínio de Lacan e de Guattari a um só tempo, e que a exemplo de João Perci Schiavon, professor da PUC-SP e autor de obras como A lógica da vida desejante, conseguem alcance clínico e filosófico de tal envergadura. A uma atmosfera de convite a experimentação do fluxo inconsciente e aposta clínica num diapasão em tudo singular entrecruza assuntos — a contribuição freudiana à linhagem filosófica que vai de Nietzsche a Deleuze. E a pulsão reaparece sob nova luz: o gozo, este que não serve a nenhum bem, engendra todos os bens possíveis e todas as utilidades, algo desconcertante se tivermos em vista o título do escrito, Pragmatismo pulsional. O livro pode ser lido e vivido como “experiência” subjetiva, clínica, filosófica, micropolítica — isto é, de transformação. O que mais se pode exigir de um livro hoje além de que faça diferença, e diferença para a vida? A pulsão é uma autoridade no que diz respeito ao vivo ou ao desejo. Ela só precisa ser exercida, e o nome desse exercício é cura. Editora: n-1 Título: Pragmatismo pulsional – clínica psicanalítica Autor: João Perci Schiavon ISBN: 978-65-8109-706-6 Páginas: 336 Formato: 14x21cm Preço: R$ 66,00 Disponibilidade: Disponível
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O fascismo histórico foi tão moderno quanto o capitalismo ( já que é uma de suas expressões), como demonstrado nitidamente pelo futurismo italiano. O mesmo ocorre com o novo fascismo, que é um ciberfascismo. Ele põe em xeque todas as utopias tecnociber (do ciberpunk ao ciberfeminismo, da ciberesfera à cibercultura) que desde o pós-guerra, principalmente a partir dos anos 1970, viam nas máquinas cibernéticas uma dupla promessa: a de uma nova subjetividade pós-humana e a da liberação da dominação capitalista, cuja ruptura viria das máquinas e não da política. Das revoluções da técnica e não da organização revolucionária. Bolsonaro e Trump utilizaram todas as tecnologias disponíveis da comunicação digital, mas suas vitórias não vêm da tecnologia. São o resultado da máquina política e estratégia que agencia uma micropolítica dos afetos tristes (frustração, ódio, inveja, angústia medo) com relação à macropolítica de um novo fascismo, que dá consistência política às subjetividades devastadas na financeirização. Editora: n-1 Título: Fascimo ou Revolução? Autor: Mauricio Lazzarato ISBN: 978-85-6694-381-8 Páginas: 208 Formato: 14x21cm Preço: R$ 69,00 Disponibilidade: Disponível
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“A formulação do Projeto de Lei do Espaço Coruja foi uma das ações de maior impacto emocional para Marielle. Era a sua história: uma mulher negra, favelada, que foi mãe jovem e precisava de um lugar seguro para deixar sua filha enquanto trabalhava e estudava. Ela teve uma rede de familiares e de amigos que lhe garantiu avançar e concluir seus estudos. Mas conhecia as diversas e duras realidades da maioria das mulheres que não possuem essa oportunidade. Com empatia e olhar solidário, ela propôs, como legisladora, a criação do Espaco Infantil Noturno. Foram muitos os momentos em que a vi preocupada e empenhada com a elaboração desse projeto tão caro a ela. Ouvinte ativa às críticas, sempre buscou ponderar, mas tinha em seu próprio corpo e história de vida a certeza da urgência. Com essa lei, crianças terão direito a um lugar seguro enquanto suas mães e pais trabalham e/ou estudam — em um mundo mais justo e igualitário e movimentando as estruturas dessa sociedade ainda tão patriarcal, misógina, machista e racista.” [Mônica Benício] Editora: n-1 Título: Espaço Coruja – pelo direito das crianças e das mulheres Autor: Amanda Mendonça e Pâmella Passos ISBN: 978-65-8109-705-9 Páginas: 64 Formato: 10x16cm Preço: R$ 20,00 Disponibilidade: Disponível
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Nos filmes sociais e políticos dos anos 1970 na Itália, a Autonomia é apresentada como um método intermediário entre Marx e a antipsiquiatria, a Comuna de Paris e a contracultura, o dadaísmo e o insurrecionalismo, o operaísmo e o feminismo e muitas coisas com outras coisas. Mas apresentou acima de tudo descontinuidade profunda com a prática do Movimento Operário oficial. Não era e nunca foi uma organização, mas uma multiplicidade que se organizava a partir de onde residiam, trabalhavam ou estudavam os sujeitos que a deram forma. Na Autonomia, muitas autonomias específicas surgiram e coexistiram: operários, estudantes, mulheres, homossexuais, prisioneiros — ou de qualquer um que escolhesse, a partir de suas próprias contradições, o caminho da luta por um modo reluzente de subversão da vida contra o trabalho assalariado e o Estado. Se o Movimento dos anos 1970 acabou sucumbindo às forças combinadas da máquina estatal e do Partido Comunista, a história da autonomia destaca-se desse contexto, pois é a de uma aventura revolucionária cuja incandescência atual é mais relevante do que nunca. Editora: n-1 & Glac Título: Um piano nas barricadas – por uma história da autonomia Autor: Marcelo Tarì ISBN: 978-65-8042-104-6 Páginas: 384 Formato: 12x19cm Preço: R$ 80,00 Disponibilidade: Disponível
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Neste livro o pesquisador e intelectual Celso Favaretto aborda as manifestações contraculturais que marcaram a produção artística brasileira entre os anos 60 e 70. Manifestava-se então uma nova sensibilidade às margens da política oficial e da indústria cultural, expressa em experimentações artísticas com diversas possibilidades abertas pelo tropicalismo. Longe de um suposto “vazio cultural”, a contracultura por variadas expressões definiu atitudes, comportamentos, gestos exemplares, experimentações de grande vitalidade. Inclusive, em alguns casos, a resistência às limitações da cultura oficial e à repressão da ditadura. Composto por três ensaios, são revisitados no livro importantes personalidades e eventos da cultura brasileira — como Caetano Veloso, Waly Salomão, Glauber Rocha, Zé Celso e o Teatro Oficina, Augusto Boal, Antonio Callado, José Agrippino de Paula, Hélio Oiticica — sincrônicos aos desdobramentos políticos e sociais implicados pelo Golpe Civil-Militar.
Editora: n-1 & Hedra Título: A contracultura, entre a curtição e o experimental Autor: Celso Favaretto ISBN: 978-65-8109-703-5 Páginas: 142 Formato: 11x18cm Preço: R$ 40,00 Disponibilidade: Disponível
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Livro póstumo do pensador e psicanalista francês Félix Guattari, Ritornelos é uma obra inclassificável. Misto de poesia, relatos autobiográficos, “frames” do cotidiano, toda potência da escrita esquiza irrompe nessas páginas de alta voltagem poética e imagética. Além de arguto intelectual, Guattari aparece em Ritornelos enquanto poeta sensível aos instantâneos e surreais quadros da vida. Ao longo de suas páginas, vemos a fluidez com que a escrita de Guattari escorre sobre a superfície da vida, penetra em suas estruturas fragmentadas e as transporta ao seu revés. Através desse torvelinho de imagens decompostas o livro leva o leitor a percorrer o universo único do filósofo: cenas de amor e intimidade, de amizades, captadas nas ruas e praças parisienses, suas referências literárias e cinematográficas, quase em um mapeamento afetivo e cartográfico do autor de O anti-Édipo. Publicado somente nos anos 2000 na França, é a primeira vez que o livro é traduzido e editado no Brasil, em trabalho minucioso de tradutor-ourives para acompanhar todas as nuances, rupturas e labirintos do texto original. Editora: n-1 & Hedra Título: Ritornelos Autor: Félix Guattari ISBN: 978-65-8109-702-8 Páginas: 134 Formato: 11x18cm Preço: R$ 40,00 Disponibilidade: Disponível
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Romain Rolland foi novelista, biógrafo, músico e Nobel francês de 1915. Escreveu as presentes páginas sobre Espinosa, repletas de lirismo e potência filosófica, ainda na adolescência, mas foram publicadas apenas em 1942 no livro A viagem interior. Neste livro o jovem Rolland conta o “clarão que teve em sua vida ao ler Espinosa pela primeira vez aos 16 anos, e como isso definiu sua vida e carreira. Em cuidadosa edição bilíngue, o leitor aproxima-se dos movimentos luminosos do texto original. O livro é marcado por uma linguagem fremente e impressionista, que segue rente à experiência de deslumbre e atordoamento de Rolland diante da leitura do filósofo. Por trás das imagens poéticas, vislumbra-se ainda um questionamento existencial e ontológico da condição humana — reminiscências da filosofia de Espinosa no pensamento e em sua própria prosa. Como escreve o autor, a leitura de Espinosa foi um “desses jatos da alma, desses clarões, que inundaram minhas veias com o fogo que faz bater o coração do universo”. Às “palavras de fogo de Espinosa” dedica-se esse relato. Editora: n-1 & Hedra Título: O clarão de Espinosa [bilíngue] Autor: Romain Rolland ISBN: 978-65-8109-708-0 Páginas: 96 Formato: 11x18cm Preço: R$ 34,90 Disponibilidade: 18/09/2020
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Semente de crápula. Conselhos aos educadores que gostariam de cultivá-la é o primeiro livro do educador e poeta francês Fernand Deligny. É um balizador de seu trabalho, que o situaria como uma das maiores referências da educação especial — lidando com crianças e jovens psicóticos, delinquentes, “perigosos”, “marginais” — e da pedagogia em geral. Ao longo dos 134 aforismos, Deligny apresenta suas “sementes”: jovens de um meio social delinquente, cultivadas pelo educador que deve deixar de lutar contra as ervas daninhas, pragas sociais atadas ao nosso convívio social, para mergulhar nas dinâmicas espaciais desses jovens que criam outros sentidos de lugar e convivência no território. Publicado em 1945, o livro foi rapidamente bem sucedido na França por sua linguagem poética simples e a franqueza do autor. Deligny passou os primeiros vinte anos de atuação profissional entre escolas especiais, instituições médico-pedagógicas e hospitais psiquiátricos. Editora: n-1 & Hedra Título: Semente de crápula: conselhos aos educadores que gostariam de cultivá-la Autor: Fernand Deligny ISBN: 978-65-8109-709-7 Páginas: 96 Formato: 11x18cm Preço: R$ 39,90 Disponibilidade: 18/09/2020
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Livros ativos 1. Potências do tempo, David Lapoujade
16. As existências mínimas, David Lapoujade
2. Declaração, Antonio Negri; Michael Hardt
17. Hegel e o Haiti, Susan Buck-Morss
3. Manifesto contrassexual, Beatriz Preciado
18. Brazuca, negão e sebento, Jean-Christophe Goddard
4. O aracniano e outros textos, Fernand Deligny
19. Motim e destituição agora, Comitê Invisível
5. Deleuze, os movimentos aberrantes, David Lapoujade
20. Crítica da razão negra, Achille Mbembe
6. Aos nossos amigos, Comitê Invisível 7. Teoria King Kong, Virginie Despentes ☛✟ ✡✠
8. Guattari: Confrontações / Conversas com Kuniichi Uno e Laymert Garcia dos Santos 9. Quando e como eu li Foucault, Antonio Negri
21. Testo junkie, Paul B. Preciado 22. O universo inacabado, Mario Novello 23. Cartas e outros textos, Gilles Deleuze 24. Nietzsche e a filosofia, Gilles Deleuze 25. Hijikata tatsumi, Kuniichi Uno 26. Spartakus, Furio Jesi
10. O avesso do niilismo, Peter Pál Pelbart 11. A missão, Heiner Müller
27. Agamben: por uma ética da vergonha e do resto, Oswaldo Giacóia Junior
12. William James, a construção da experiência, David Lapoujade
28. UPP – A redução da favela em três letras, Marielle Franco
13. Nietzsche – O bufão dos deuses, Maria Cristina Franco Ferraz 14. Impressões de Michel Foucault, Roberto Machado 15. Fabulações do corpo japonês, Christine Greiner
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29. Cinco dias em março, Toshiki Okada 30. Os vagabundos eficazes, Fernand Deligny 31. O enigma da revolta, Michel Foucault 32. Arqueofeminismo
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64 n-1 edições 33. Contribuição para a guerra em curso, Tiqqun 34. Ética bixa, Paco Vidarte 35. Ensaios do assombro, Peter Pál Pelbart 36. Metafísicas canibais, Eduardo Viveiros de Castro 37. O governo do homem endividado, Maurizio Lazzarato 38. Leituras do corpo no Japão, Christine Greiner 39. Pragmatismo pulsional, João Perci Schiavon 40. Ruptura, Centelha ☛✟ ✡✠
41. Às voltas com Lautréamont, Laymert Garcia dos Santos
Livros ativos 42. Afrotopia, Felwine Sarr 43. Fascismo ou revolução?, Maurizio Lazzarato 44. Corpos que importam, Judith Butler 45. Somos nosso cérebro?, Francisco Ortega; Fernando Vidal 46. Ritornelos, Félix Guattari 47. Contracultura, entre a curtição e o experimental, Celso Favaretto 48. Necropolítica, Achille Mbembe 49. Esferas da inssureição: notas para uma vida não cafetinada, Suely Rolnik
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coleção Ataque A coleção Ataque irrompe sob efeito de junho de 2013. Este acontecimento recente da história das lutas no Brasil, a um só tempo, ecoa combates passados e lança novas dimensões para os enfretamentos presentes.
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Noção de origem, original, único, essência originária. O que é afirmado ao dizermos que algo é original? Desde Aristóteles já se sabe que a imitação – ou mímesis – deveria recriar a potência de vida e não sua forma. É com base nesse pensamento que o autor pode afirmar que o cover é também uma criação, mesmo relacionado à sua base precedente e sem qualquer hierarquia preestabelecida. O cover inventa outro original. A origem passa então a ser um início que se recria em continuum, sempre presentificada em ato, um simulacro com força de raiz: a presente obra repensa a noção de presente e de presença através do cover. Uma presença pensada como acontecimento subversivo, que borra as linhas que separam o “mesmo” do “diferente”, o “original” do “simulacro”, e concretiza passado e presente no mesmo ato. O cover como pulso da repetição do dessemelhante, como inventividade plena. Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? A leitura de As artes do cover, escrito pelo diretor de teatro, performer, professor, curador e crítico Henrique Saidel, nos permite vê-los juntos em ato, no mesmo tempo-espaço de criação. Editora: Circuito Título: As artes do cover Autor: Henrique Saidel ISBN: 978-85-9582-049-4 Páginas: 352 Formato: 14x21cm Preço: R$ 55,00 Disponibilidade: Disponível
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Todos os lugares trata-se de um glossário, escrito e ilustrado pelas talentosas mãos de Alex Ceverny, artista plástico, desenhista, gravador, escultor, ilustrador e pintor. Percorre cidades e lugares onde esteve, tecendo comentários “de uma observação ferina e fértil, aguda sensibilidade e humor irônico quase mordaz”, engendrando assim “espaços e situações singulares, quase oníricos e belos; mundos solitários com os quais de algum modo sonhamos e de alguma forma aspiramos habitar”, conforme escreve Renato Rezende no prefácio. Um dos mais notáveis artistas brasileiros da atual geração, Ceverny produz em suas viagens peregrinações e inflexões sobre si próprio, dividindo uma vida rica e cuidadosamente enlaçada entre imagem e escrita, entre “riscos, traços e viagens”. Belo e singular, o livro conta também com prefácio do curador Renato Rezende e posfácio do escritor e filósofo Rodrigo Petronio.
Editora: Circuito Título: Todos os lugares Autor: Alex Cerveny ISBN: 978-85-9582-050-0 Páginas: 190 Formato: 16x23cm Preço: R$ 80,00 Disponibilidade: Disponível
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Entre todos os lugares Riscos, traços, viagens: é pelo desenho que o pensamento encarnado em uma pintura se dá a perceber, que o pensamento se une ao sensível RENATO REZENDE
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Sobretudo um poeta, o pintor e gravurista Alex Cerveny é dotado de imaginação ferina e fértil, aguda sensibilidade e humor irônico e quase mordaz. Espaços e situações singulares, quase-oníricos e belos, mundos solitários com os quais de algum modo sonhamos e de alguma forma aspiramos habitar: há algo na estranheza das imagens do artista com que nos identificamos atavicamente, e suas superfícies planas — raramente faz uso de perspectiva, mas adota efeitos de sombra e luz, criando volumes ilusórios — funcionam como uma espécie de espelho de algum nosso mundo interior silencioso (mas sempre à beira de dizer algo) e perdido, possivelmente na infância. Fundamentalmente lírico e fabular em seu afã elaborador, como um criador de mitos — não seria este fundamentalmente o lugar do artista? —, compreendendo perfeitamente e comentando com astúcia e certa compaixão a complexidade e sublimidade do mundo contemporâneo, é capaz
de transubstanciá-lo em narrativas plenas de espiritualidade, sentido e humanidade. O êxito de sua complexa linguagem poética é também fruto da salutar distância que Alex Cerveny sempre soube manter, escolhendo o caminho de uma trajetória praticamente autodidata, dos imperativos do mercado, e de sua autonomia em relação aos movimentos geracionais. Muito embora possamos situá-lo historicamente como integrante da fecunda geração 1980, que se revela muito mais rica do que a produção de pintura expressiva e gestual que logo de cara alcançou reconhecimento. É também reconhecido e premiado ilustrador (entre outros exemplos, seu exuberante trabalho para recentes edições de Pinóquio, Decameron e A origem das espécies, de Darwin), e eu não hesitaria em afirmá-lo um mestre contemporâneo da iluminura. Não nos surpreende que em Alex Cerveny o livro, objeto próximo do mágico e
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do sagrado, ocupe um lugar seminal em seu universo artístico. Ao completar cinquenta anos, Alex Cerveny se deu de presente uma viagem à China — que resultou numa belíssima série de desenhos a nanquim sobre papel de arroz, alguns deles reproduzidos neste livro, e primeiramente exibidos na exposição Glossário dos nomes próprios, no Paço Imperial do Rio de Janeiro e na galeria Triângulo, em São Paulo, 2015. Não
“Todos
os
lugares
é
uma
compilação de poemas-relatos, ou
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um
tipo
peculiar
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li-
vro de memórias, acompanhado
do céu, inspirado por suas viagens a Nazca, no Peru. Todos os lugares se apresenta como uma extensão ou inversão do seu trabalho como ilustrador, em que os textos são escritos para preencher espaços em branco, encaixados ali por se expressarem em letras, memórias que o artista gostaria de desenhar em detalhes: raro e feliz encontro da palavra e do traço do artista/poeta. O livro é um glossário de locais, cidades, vilarejos, montes ou lagoas, todos os lugares, ou quase todos, que esse artista andarilho visitou durante sua vida, encontrando pessoas, animais e objetos, coletando e oferecendo histórias, experiências e cuidados.
por imagens, organizado pelo afeto, guiado pela beleza e pelo humor”
foi uma viagem qualquer: mas uma peregrinação de reflexão e ajuste de contas consigo mesmo. Neste momento mais maduro, Alex Cerveny estabelece cada vez mais seu lugar na arte contemporânea brasileira para muito além das demandas do mercado, com exposições como a individual Palimpsesto (Museu Lasar Segall), e a participação na mostra Nous les arbres (Fundação Cartier), em Paris, atraindo olhar da crítica e tornando-se referência para novos artistas. Entre outros exemplos, Alex Cerveny é autor de um surpreendente livro-objeto, em camadas-gavetas e em forma de pirâmide, O desenho visto
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Com o presente livro, divide cada detalhe de uma vida rica e cuidadosamente elaborada, assim como é elaborada sua obra. E uma completa cronologia do artista encontra-se no final da publicação. Todos os lugares é uma compilação de poemas-relatos, ou um tipo peculiar de livro de memórias, acompanhado por imagens, organizado pelo afeto, guiado pela beleza e impregnado de humor. ”O que fazer com um pinguim perdido na neblina em estado de choque?”, ele se pergunta, por exemplo, na praia da Jureia, em seu estado de São Paulo natal. Como responder? Todos os lugares, de Alex Cerveny, enlaça escrita e imagem pela costura lírica de suas vivências. Riscos, traços, viagens: é pelo desenho que o pensamento encarnado em uma pintura se dá a per-
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ceber, que o pensamento se une ao sensível. Particularmente, sinto-me feliz e honrado por acompanhar a produção dessa obra única desde praticamente seus primeiros traços e passos. E
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por poder contribuir de alguma forma com este livro; por ter um lugar entre todos os lugares. Adaptado do prefácio do livro “Em todos os lugares”.
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A ascensão ao poder de uma direita radicalizada, nova sobretudo nos métodos de ação e no uso eficiente das tecnologias modernas, impõe uma reflexão de ordem tática: o que é, hoje, o antifascismo? Como a convulsão social pode organizar-se contra o controle imposto por polícias ultraviolentas? Se por um lado governantes como Jair Bolsonaro ou Donald Trump dispõem de amplo arsenal fático e bélico, a explosão recente de protestos pelo mundo aponta para uma janela de ação, em que a revolta popular também se radicaliza e, literalmente, coloca nações inteiras em chamas. E é na esteira desse momento fundamental que é estruturado Antifa: modo de usar. A publicação reúne ensaios, textos e entrevistas do historiador americano Mark Bray, especialista no movimento antifascista e uma das principais vozes do momento de luta. Além de textos de Acácio Augusto — organizador do volume, cientista social e pesquisador em estudos libertários do grupo Nu-Sol — compondo um material urgente e essencial para nosso tempo. Editora: Circuito & Hedras Título: Antifa — modo de usar Autor: Acácio Augusto (org.) ISBN: 978-85-7715-652-8 Páginas: 160 Formato: 12,7x19,1cm Preço: R$ 39,00 Disponibilidade: 24/07/2020
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Introdução à Soma: terapia e pedagogia anarquista do corpo trata de um processo terapêutico corporal realizado em grupo, que busca no pensamento anarquista uma crítica às mais variadas formas de poder impregnadas no comportamento individual e nas relações sociais. O grupo de terapia funciona como um micro-laboratório social, no qual se desenvolve uma análise libertária do comportamento de cada um a partir da relação junto ao outro. Daí sua originalidade: terapia como criação e afirmação de si, em que a construção das práticas de liberdade é o antídoto para combater os conflitos gerados pelas relações sociais hierarquizadas. A somaterapia ou apenas Soma é um processo terapêutico-pedagógico, realizado em grupo e com ênfase na articulação entre o trabalho corporal e o uso da linguagem verbal. Foi criada no Brasil pelo escritor e terapeuta Roberto Freire, a partir da obra de Wilhelm Reich e sua pesquisa sobre corpo e emoção.
Editora: Circuito & Hedra Título: Introdução à Soma — terapia e pedagogia anarquista do corpo Autor: João da Mata ISBN: 978-85-9582-055-5 Páginas: 106 Formato: 12,7x19,1cm Preço: R$ 34,00 Disponibilidade: 24/07/2020
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Em junho de 2013, data da maior erupção social das últimas décadas, o movimento Black Bloc ganhou os holofotes como nova prática de luta e manifestação. Analistas à direita e à esquerda foram forçados a tentar compreender o movimento, normalmente municiando um repertório conceitual incompatível com os significados do Black Bloc, sem entendê-lo em seus próprios termos. Procurando suprir essa carência surge o “Filosofia Black Bloc”, que concebe e mobiliza um arcabouço teórico que permita abordar o movimento Black Bloc como fenômeno: produzir, no pensamento, uma filosofia Black Bloc. Não cessamos de ler Junho sob o ponto de vista de Brasília, dos palácios de governo, dos partidos recusados pelas multidões, da surpresa e da inércia dos poderes constituídos, da decadência da representação formal, das classes cerradas para o social. Pensar Junho nesses termos torna-se então “capturar e destruir” sua potência específica. Não é por acaso que boa parte das interpretações de intelectuais se parece tanto com os discursos da grande imprensa que vimos circular. Editora: Circuito & Hedra Título: Filosofia Black Bloc Autor: Murilo Duarte Costa Correa ISBN: 978-85-9582-056-2 Páginas: 164 Formato: 12,7x19,1cm Preço: R$ 39,00 Disponibilidade: 24/07/2020
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1967, meio século depois é um livro que sonda — na confluência das artes plásticas, literatura, cinema, TV, teatro e política — o ano de 1967 e seus principais desdobramentos no pensamento e na cultura brasileira. Diversos ensaístas e intelectuais analisam no livro temas como o tropicalismo, os festivais de música, as revoluções perpetradas por Zé Celso no Teatro Oficina, o Cinema Novo de Glauber Rocha e as provocantes obras de Hélio Oiticica. Às vésperas do período mais ditatorial e repressivo da história brasileira, as artes tentaram abrir caminhos de liberdade e insurgência de um Brasil plurívoco e múltiplo, nos quais os autores procuram linhas de permanências e rupturas cinquenta anos depois. Como escreve Frederico Coelho, um dos organizadores do volume, fazer esse balanço serve de “alerta dentre as novas gerações cuja leitura pode cada vez mais se aproximar daquele momento dramático pela lente absurda de nosso presente”, em um tempo que a missão do intelectual é entender que “diagnósticos precários se tornaram parte de nosso cotidiano na luta contra a linha evolutiva do conservadorismo brasileiro”. Editora: Circuito & Editora PUC-Rio Título: 1967, meio século depois Autor: Felipe Scovino, Fred Coelho, Pedro Duarte e Sérgio Martins (orgs.) ISBN: 978-85-9582-057-9 Páginas: 268 Formato: 16x23cm Preço: R$ 69,90 Disponibilidade: 04/09/2020
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Livros ativos 1. A grande marcha, Ewerton Martins Ribeiro
17. Truques de autor, Heleno Bernardi
2. A loucura branca, Jaime Rocha
18. Clínica de artista I, Roberto Corrêa dos Santos
3. A outra morte de Alberto Caeiro, Afonso Henriques Neto 4. A Dialética do gosto, Marco Scheinder 5. Adoecer, Hélia Correia 6. Almas selvagens, André Gardel 7. Até ano que vem em Jerusalém, Maria da Conceição Caleiro 8. Cadernos de artista, Moisés Alves
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9. CérebroOcidente/Cérebro-Brasil, Roberto Corrêa dos Santos 10. Nove tiros em Chef Lidu, Paula Bajer Fernandes 11. Comunidades sem fim, João Camillo Penna e Ângela Maria Dias (orgs.)
19. Clínica de artista II, Roberto Corrêa dos Santos 20. Vertigens, Fernanda de Mello Gentil 21. Nós somos uma correspondência, Fernanda de Mello Gentil 22. Amarração, Renato Rezende 23. Conversas com curadores e críticos de arte, Renato Rezende e Guilherme Bueno (orgs.) 24. Experiência e arte contemporânea, Renato Rezende e Ana Kiffer (orgs.) 25. Romance, Caio Meira 26. Auréola, Renato Rezende
12. Coletivos, Renato Rezende e Felipe Scovino (orgs.) 13. DJs, Fred Coelho e Joca Vidal (orgs.) 14. Dezembro, Ana Tereza Salek 15. Os tigres cravaram as garras no horizonte, Augusto Guimaraens Cavalcanti 16. No contemporâneo: arte e escritura expandidas, Roberto Corrêa dos Santos; Renato Rezende
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27. Cosmocrunch, Maria Dolores Wanderley 28. Preces para a amiga submersa, Lucia Castello Branco 29. Pequena coleção de grandes horrores, Luiz Brás 30. Nós, o outro, o distante na arte brasileira contemporânea, Marisa Flórido Cesar 31. Lira dos sentidos, Carlos Henrique Costa
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76 Circuito 32. Rasga-mortalha: poemas dos outros, W. B. Lemos
50. Amazônia & Co., Rafael Cippolini
33. Os nomes, Rogério Luz
51. Fala, poesia, Tamara Kamenszain
34. N’Ágorainda, Naila Rachid 35. O ser-se, Júnia Azevedo
52. Suturas. Um breviário, Daniel Link
36. A reflexão atuante, Sergio Cohn
53. Repetir, Katia Maciel
37. Intervenções críticas, Josefina Ludmer
54. Coreografia (Orelhas contemporâneas), André Parente
38. O homem mais portátil do mundo, Arturo Carrera 39. O capitão Nemo e eu, Alfredo Prior
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40. Notas, disparos, sublinhados, María Moreno
55. Amor: verso: reverso (Orelhas contemporâneas), Luiz Sérgio de Oliveira 56. Saudades de um punhal (Orelhas contemporâneas), Leila Danziger
41. Naxos, Elsa Cross 42. Diário em progresso, Alex Frechette 43. Em caso de emergência pare o tempo, Gab Marcondes 44. 1,68 x 1,81, Maria André Leite 45. Do tudo e do todo, Cláudio Oliveira 46. S.O.S. Poesia, Renato Rezende; Dirk Vollenbroich 47. O olho do lince, Guilherme Zarvos
57. Gravidade (Orelhas contemporâneas), Katia Maciel 58. Artexperiência contemporânea (Orelhas contemporâneas), Renato Rezende 59. Práticas contemporâneas do mover-se, Michelle Sommer 60. Levantem lentamente o lençol, Bia Albernaz 61. Escritos sobre fotografia contemporânea brasileira, Antonio Fatorelli, Victa de Carvalho e Leandro Pimentel (orgs.)
48. Diário para descolorir, Alex Frechette
62. Doctypes, Alex Hamburger
49. A pequena voz do mundo, Diana Bellessi
63. Quarenta e quatro, Mauricio Cardozo
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Livros ativos 64. Ninfas e Mariposas, Leonardo Toledo
79. Escrever sobre escrever poesia, Eduardo Milán
65. Lab Criativo / Creative Lab, Paul Heritage, Batman Zavarese (orgs.)
80. A liberação da mosca, Luigi Amara
66. Quase-poesia, Jerson Lima Silva 67. Música Chama, Pedro Sá Moraes; Eduardo Guerreiro B. Losso 68. Viventes de Saturno, Carlos Frederico Manes 69. Esperando a hora da Stella, Maria Dolores Wanderley
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70. Falar o que seja é inútil – ou sobre desconsiderações, Carlos Alberto Gianotti 71. Lótus molotov, Leonardo Toledo 72. Outras margens, Sergio Cohn
81. Mudança, Verónica Gerber Bicecci 82. Onde late um cachorro doido, Moisés Alves 83. Daniel Acosta 84. Éter, António Cabrita 85. Noturno Europeu, Rui Nunes 86. Café irlandês, Barbosa Lagos 87. Voo, Ana Paula Simonaci 88. Fim do Infante, Marina Marcondes Machado 89. 2013, memórias e resistências, Camila Jourdan 90. Escrito e dirigido por Moisés Alves, Moisés Alves
73. Formas híbridas, Rafael Gutiérrez
91. Coisas que fiz e ninguém notou mas que mudaram tudo, Moisés Alves
74. Fornicar e matar e outros ensaios, Laura Klein
92. A cena lenta, Cláudio Oliveira
75. Cores cobras pincéis cães, Eduardo Stupía
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93. Copa pra quem? Olimpíadas pra quem?, Alex Frechette
76. Lasca de breu, Guilherme Delgado
94. O fantasma de um nome (poesia, imaginário, vida), Jorge Monteleone
77. O tropo tropicalista, João Camillo Penna
95. Peso Morto, João Felipe Gremski
78. Leituras furadas, Luis Felipe Fabre
96. Romance de asilo, André Monteiro
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78 Circuito 97. Quem apaga a luz sou eu, Magda Romano 98. As artes do cover, Henrique Saidel
Livros ativos 99. Frestas, André Gardel 100. O antes é o depois, Guidi Vieira 101. Humano, Pedro Poeta
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A vagabunda COLETTE Bas-bleu ou meias azuis é uma expressão pejorativa para mulheres escritoras que expressavam ideias em ambientes dominados por homens. Coleção Meia Azul é voltada para o reconhecimento e ampliação das vozes dessas mulheres.
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A indicada ao Nobel Gabrielle Sidonie Colette escreve em A vagabunda um romance passional, uma bela trajetória de libertação, tratando do pós-divórcio da personagem, que incorpora à trajetória da protagonista Renée muito de sua própria vida pessoal. A busca pela independência de Renée, que trabalhava nos palcos do bas fond parisiense, configura “um dos mais verdadeiros retratos dos dilemas de uma mulher livre em uma sociedade dominada pelos homens” nas palavras de Angela Carter. O resultado é um clássico absoluto e um dos romances que melhor caracterizam a condição do feminino, não só do século XIX. Como a personagem, Colette foi nome presente no meio artístico da França do XIX. Jornalista, atriz, mímica e escritora, lutou para livrar-se dos grilhões que a prendiam, assim como a todas as mulheres. Seus quatro primeiros escritos, como os de Renée, foram publicados no nome de seu marido, Willy, para conseguir inserção nos círculos literários. Captando permanências e transformações, A vagabunda ainda tem muito a dizer a todas, e todos, nós. Editora: Ímã Editorial Título: A vagabunda Autor: Gabrielle Sidonie Colette ISBN: 978-85-5494-616-6 Páginas: 286 Formato: 14x21cm Preço: R$ 49,90 Disponibilidade: Disponível
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Um espelho todo nosso O reflexo de uma mulher que enxerga a verdade em si mesma apesar da censura da sociedade DÉBORA THOMÉ
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Uma imagem se repete com frequência em muitas das edições e traduções de La Vagabonde, livro de 1910 da francesa Colette. Várias capas, de diferentes épocas, retratam uma mulher, com olhar desafiador, refletido diante de um espelho de camarim. A ilustração não é fortuita: se baseia em uma fotografia tirada da própria Colette durante seus anos de performance pelos palcos de Paris. E pensar na história de La Vagabonde é pensar em Colette, que, num ato de coragem, decide se separar do marido, um famoso editor de livros que usurpava seus textos. Vai trabalhar em um cabaré e estabelece uma relação homossexual. Ela rompe, assim, com as boas maneiras e os bons costumes da sociedade parisiense do pré-guerras. Abandona o papel da “boa esposa”, sem grandes mágoas ou receios, para proclamar sua independência. O mesmo caminho é o que traça Renée, a protagonista de A vagabunda. Apesar de desempenhar o pa-
pel de esposa no que era conhecido como o “casal mais interessante de Paris”, Renée decide terminar o casamento com o pintor famoso que lhe roubava seus direitos autorais. Recusa-se seguir como esposa traída e vai experimentar os riscos de viver livre de um homem. A cidade que ambienta a trama era a moderna Paris do início do século XX: 1906 para Colette; 1910 para Renée. Naquela ocasião às “mulheres corretas” apenas cabia cuidar de suas casas e filhos. Havia, sim, muitos artistas e cabarés, mas o direito a não ter um cônjuge era exclusivo dos homens. A sociedade francesa ainda destilava preconceito sobre mulheres que optavam por viver sozinhas, as “damas desacompanhadas“, ainda mais as que se sustentavam fazendo arte. Se Colette tinha algum medo, fez questão de traçar uma vida na qual o enfrentou bem. Casou-se e divorciou-se quantas vezes quis, morreu rompida com a Igreja e acabou enterrada com honras de Estado. Tam-
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pouco parece que cedeu ao medo de sua personagem Renée: seus momentos de temor da solidão na história parecem quase forjados. A liberdade que então passou a experimentar, mesmo com pouco dinheiro e muito cansaço, compensava as vastas incertezas. Era livre para não precisar prestar contas a ninguém. Às mulheres estava destinado o espaço doméstico: uma boa esposa devia estar condenada na sua casa, cumprindo os desejos de sua família, temente a Deus e a seu marido. Enquanto isso, aos homens era permitido transitar entre diferentes mundos, fazer escolhas, ter liberdade dentro e fora de suas casas. Mais de um século depois de Renée ter surgido ao mundo como a vagabunda, a história escrita por Colette, versão romanceada de sua própria vida, permanece absolutamente atual. “Essas expoentes mais ou menos
contemporâneas
Colette
Pagu,
Chiquinha
—
melham-se
sobretudo
por
motivo:
todas
os
e
—
valores
tando
asseum
enfrentaram
patriarcais
estabelecer
novos
tenpa-
drões para a mulher nas sociedades em que viviam”
Desde 1910, ano em que o livro foi publicado na França, o feminismo deu largos passos. O voto das mulheres, resultante dos esforços das sufragistas em todo o mundo, foi aprovado na França após a Segunda Guerra, em
1945 (o Brasil o aprovou antes, em 1932). Quatro anos depois, em 1949, veio a público a primeira edição da “bíblia” do movimento feminista, O segundo sexo, de Simone de Beauvoir. Muitas ações tiveram lugar após esses primeiros marcos, e as feministas seguiram em busca de diferentes tipos de liberação e ampliação de direitos. Houve avanços expressivos quanto aos direitos políticos, civis e sociais — mulheres hoje têm autonomia em suas famílias, e o divórcio é letra corrente na maioria dos países. No entanto, resistiu a todas essas mudanças a ideia de que a mulher deve se casar, e sobretudo ter filhos. A perspectiva é de uma vida em pares. E, nesse sentido, mesmo transpostos ao Brasil atual, os dilemas de Renée ainda soam bastante verossímeis. A nossa “vagabunda” — que no equivalente em francês vagabonde mantém somente o sentido original, de quem vagueia por aí — segue sendo a mulher libertina, cuja alcunha vem da quantidade de homens com quem se relaciona. A expectativa de que o bom casamento é o que salva as mulheres dos infortúnios da vida persiste em Terra Brasilis. Aos maridos, o sustento financeiro das mulheres; às esposas, a submissão, o trabalho doméstico não remunerado e o sustento emocional dos homens. Mesmo decidindo agir de acordo com sua verdade, em determinado momento Renée escuta de seus familiares: “E que é que você queria, minha filha?” Como leitoras, é bem
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clara a resposta: a protagonista queria mais da vida. Diante de uma maré de resistência a uma sociedade acostumada a funcionar de tal forma, Renée se dá conta de sua sujeição e se rebela. Ela mantém seus propósitos firmes a despeito dos custos que paga. Do risco da fome, do quarto de pensão, da viagem na segunda classe. O ônus de ser solteira lhe trouxe a vantagem de ser ela a única responsável por suas próprias escolhas. Renée, mais uma vez, tal e qual Colette. A protagonista vagabunda é uma feminista do seu tempo, à sua moda. É principalmente alguém que conseguiu desarmar a regra geral quando viu sua liberdade e seus direitos ameaçados. Sua grandeza está em questionar o que é dado como norma, como o normal. Até o ciúme, que vive servindo na narrativa universal como exemplo de prova de amor, perde seu lugar no pedestal. Ao contar a história de Renée, Colette chega a flertar com o romance. Contudo, opta por romper com a tradição de uma literatura que sempre atribuía às personagens femininas o papel de donzelas chorosas em busca um príncipe salvador. Ao contrário disso, sua novela é escrita e narrada por mulheres que questionam o papel social a elas atribuído. Ainda que se trate de outro tipo de inserção política, em alguns momentos, o ritmo de A vagabunda lembra trechos e dinamicas de Parque industrial, obra brasileira de 1936, assinada por Mara Lobo, pseudônimo de Pa-
trícia Galvão, a Pagu. A vagabunda Renée, por sua vez, também traz ares da compositora Chiquinha Gonzaga, que rompe com tudo e todos para viver com sua música. Essas expoentes mais ou menos contemporaneas — Pagu, Colette e Chiquinha — assemelham-se sobretudo por um motivo: todas enfrentaram os valores patriarcais tentando estabelecer novos padrões para a mulher nas sociedades em que viviam. A protagonista Renée também compõe este quadro. A luta individual de cada uma dessas personagens reais e fictícias acabou se tornando exemplar do que passavam (e passam) muitas mulheres: a esfera pessoal lhes é política. Portanto, para que a rebelião ocorra, dando início uma nova ordem, é preciso romper com a “segurança imbecil das mulheres que são amadas […] cujos desejos são satisfeitos.” No livro Performing Women and Modern Literary Culture in Latin America, a autora Vicky Unruh, professora emérita da Universidade do Kansas (EUA), discorre sobre como muitas mulheres latino-americanas no início do século XX transformaram sua experiência concreta de vida em performances, como estratégia para poderem participar de uma cultura literária na qual não eram bem-vindas. Vida e proposta artística se confundiam. Entretanto se, por um lado, as mulheres tinham mais dificuldade de ocupar espaços devido às barreiras de gênero, por outro, justamente porque sua simples presença já afrontava o status
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quo, elas tinham mais facilidade para criarem novas realidades. As artistas performáticas, como Renée e Colette, transitavam entre a esfera pública e a privada; nos palcos e na escrita. Fosse na Europa ou nas Américas, refletiam na arte aquilo que viviam em suas vidas. Colette, afinal, sabe que só tem um jeito de propor a transformação: fazendo com que Renée vença suas próprias fragilidades, aquelas que fo-
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ram ensinadas a ela e a maioria das mulheres desde muito cedo. Renée, por sua vez, obedece aos desígnios da autora que conduz seus passos. Sem questionar, entende seu destino como vagabunda e não cede ao papel esperado, nem a um roteiro padrão. Estabelece um pacto firme, irredutível, com a sua independência, com a sua liberdade. Adaptado do posfácio do livro “A vagabunda”.
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O último desejo de um condenado à morte é contar a vida do Língua, escravo prodigioso obrigado a uma das mais degradantes atividades que um escravo poderia exercer: traduzir as falas dos brancos nos navios negreiros para os povos da África. Enquanto é contada a fabulosa biografia, pessoas se aproximam para ouvir e acabam por escrever juntas a história de um lugar, atravessando colônia, de independência e revolução. Segundo o autor cabo-verdiano Mario Lucio Sousa, a ficção foi inspirada em um homem real, talvez o único neste mundo que viveu o colonialismo, a escravatura, a abolição, a guerra da independência, a independência, a ocupação, o capitalismo, o imperialismo e o comunismo, sucessivamente e num mesmo lugar, entrevistado pelo etnólogo Miguel Barnet em 1963. Esse homem tinha 104 anos e dizia chamar-se Esteban Montejo. Biografia do Língua é, portanto, um livro em que a personagem central é a própria maravilha de se contar histórias.
Editora: Ímã Editorial Título: Biografia do Língua Autor: Mario Lucio Sousa ISBN: 978-85-5494-612-8 Páginas: 302 Formato: 14x21cm Preço: R$ 54,00 Disponibilidade: 17/07/2020
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Cecília se rebela contra sua vida na “masmorra” das amarras patriarcais de um casamento insosso e do duplo jugo da mãe ambiciosa e da sogra conservadora: a casa que divide com a sogra ciumenta, o marido insípido e dois filhinhos. Essa “Madame Bovary da rua das Marrecas sonhava com uma existência maior, a independência da mulher elegante e rica, que sai só, vai a teatros e alimenta a corte ardente de muitos admiradores”. Um retrato desabusado do que era ser mulher em uma sociedade (ainda mais) dominada pelos homens, escrito por uma das mais corajosas e influentes jornalistas do começo do século XX, convenientemente “esquecida” entre os grandes escritores brasileiros. Carmen Dolores é o pseudônimo mais conhecido de Emília Moncorvo Bandeira de Melo, uma das mais representativas e influentes escritoras do início do século XX, pioneira na luta dos direitos femininos. Em uma época em que mulheres não podiam votar, Emília tratou de temas com escrita incisiva e corajosa como o direito ao divórcio, educação e acesso igualitário ao mercado de trabalho. Editora: Ímã Editorial Título: A luta Autor: Carmen Dolores ISBN: 978-85-5494-620-3 Páginas: 180 Formato: 14x21cm Preço: R$ 42,90 Disponibilidade: 17/07/2020
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Livros ativos 1. Marcelino, Godofredo De Oliveira Neto 2. Desamores da portuguesa, Marta Barbosa Stephens 3. Clube da esquina - Milton Nascimento e Lô Borges, Milton Nascimento; Lô Borges; Charles Gavin 4. Parasito, Andrea Rangel 5. Academia de danças - Egberto Gismonti, Egberto Gismonti; Charles Gavin
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12. Quem é quem - João Donato, João Donato; Marcos Valle; Charles Gavin 13. Dois - Legião Urbana, Dado Villa-Lobos; Marcelo Bonfá; Charles Gavin 14. Mulheres que mordem, Beatriz Leal 15. Nervos de aço - Paulinho da Viola, Paulinho da Viola; Charles Gavin; Monarco 16. Sociedade dividida, Raphael Lima
6. Secos & Molhados, Ney Matogrosso; Gerson Conrad; Charles Gavin
17. Estudando o samba - Tom Zé, Tom Zé; Charles Gavin
7. 100 dias em Paris, Tania Carvalho
18. Reprograme, Cory Doctorow; Nina Simon; Jane Finnis; Luis Marcelo Mendes
8. Perdidas, Andrea del Fuego; Edney Silvestre; Henrique Rodrigues; Marcelo Moutinho; Marta Barbosa Stephens; Martha Batalha; Kátia Bandeira de Mello Gerlach; Alexandre Staut 9. Rosa de ouro - Aracy Côrtes e Clementina de Jesus, Hemínio Bello de Carvalho; Paulinho da Viola; Elton Medeiros; Charles Gavin
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19. Como o Botafogo conquistou a China, Bruno Porto 20. A peleja do diabo com o dono do céu - Zé Ramalho, Zé Ramalho; Charles Gavin 21. A árvore oca, Mauricio Vieira 22. A morte visita Lisboa, Fernando Perdigão 23. Biografia do Língua, Mario Lucio Sousa
10. Chico Buarque para todos, Regina Zappa
24. 100 dias em Lisboa, Tania Carvalho
11. Galos de briga - João Bosco, João Bosco; Charles Gavin
25. A vagabunda, Sidonie Gabrielle Colette
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Ailton Krenak Clarice Lispector Capoeira Darcy Ribeiro Eduardo Coutinho Eduardo Viveiros de Castro Geração Beat Gilberto Freyre Hélio Oiticica Ismail Xavier Florestan Fernandes Maio de 68 Milton Santos Nise da Silveira Paulo Freire Sérgio Buarque de Holanda Tom Jobim Tropicália Vinicius de Moraes Zé Celso Martinez Correa e muito +
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coleção
ENCONTROS Vocês sabiam que a Coleção Encontros já conta com mais de 35 títulos? Vejam quais são e comecem a colorir a estante. Encontros, a arte da entrevista.
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Hotel Universo é uma antologia e análise profunda do cancioneiro e lírica de Ronaldo Bastos realizada por Marcos Lacerda, importante crítico musical da nova geração. Ronaldo Bastos é um dos principais compositores da canção brasileira: consegue estar ao mesmo tempo no centro da tradição mais sofisticada e inventiva da canção brasileira e ser também uma espécie de estrangeiro para esta mesma tradição. Foi um dos criadores e conceituadores mais destacados do Clube da Esquina, o movimento musical que revolucionou a poética e a estética da canção brasileira e teve como expoentes artistas do porte de Milton Nascimento, Beto Guedes e Lô Borges. Suas canções foram gravadas por nomes como Caetano Veloso, Elis Regina, Tom Jobim, Edu Lobo, Gal Costa, Maria Bethânia e Adriana Calcanhotto. O autor Marcos Lacerda foi diretor de música da Funarte entre 2015 e 2017, responsável pela formulação, gestão e supervisão de políticas públicas de âmbito nacional. Organizou dois livros de ensaios sobre canção e música popular – mas aprofundou sua pesquisa sobre a obra de Bastos. Título: Hotel Universo – a poética de Ronaldo Bastos Autor: Marcos Lacerda ISBN: 978-85-7920-227-8 Páginas: 174 Formato: 14x21cm Preço: R$ 39,00 Editora: Azougue Disponibilidade: Disponível
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Grandes lideranças e pensadores indígenas estão reunidos em Tembetá — do tupy, é o nome de um adorno usado no lábio inferior que simboliza o rito de passagem à maturidade. Primeiro volume de série voltada à cultura, educação, política, direitos humanos e ecologia que busca traçar o panorama plural do pensamento indígena contemporâneo através de entrevistas. A publicação busca tomar forma parecida, potencializando a voz dos povos originários em detrimento de uma fictícia e embolorada história dos “conquistadores”, num giro epistemológico a fim de entender a formação do Brasil e os caminhos possíveis para o futuro. São seis quadros, feitos com Ailton Krenak, reconhecido internacionalmente como uma das maiores lideranças indígena, Álvaro Tukano, militante do movimento indígena e diretor do Memorial dos Povos Indígenas, Biraci Yawanawá, cacique da tribo Yawanawá, Eliane Potiguara, professora, escritora, ativista e fundadora da Rede Grumin de Mulheres Indígenas, Jaider Esbell e Sônia Guajajara, líder indígena e participante do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Título: Tembetá Autor: Sergio Cohn e Idjahure Kadiwéu (orgs.) ISBN: 978-85-7920-228-5 Páginas: 206 Formato: 14x21cm Preço: R$ 45,90 Editora: Azougue Disponibilidade: Disponível
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Publicado em 1962, Deus da Chuva e da Morte, livro de estreia de Jorge Mautner, alcançou grande repercussão tanto de crítica como de público, conquistando o Prêmio Jabuti daquele ano e o consagrando como um dos autores mais singulares da literatura brasileira da época. Bebendo de inspirações do concretismo, da bossa-nova e da literatura beatnik, o jovem Mautner, com apenas 19 anos, produziu literatura no mais alto nível. Deus da Chuva e da Morte trata de amor, música, tempo e revolução, em narrativa delirante que imprime ao texto sentimentos de toda uma geração revoltada e incompreendida. Nas palavras de Caetano Veloso, que prefaciou a segunda edição do livro: “Deus da Chuva e da Morte tem a vitalidade das canções sentimentais e dos rocks que seu autor petulantemente exaltava contra todas as tendências de opinião da época. E tem a densidade do romantismo alemão. E, com tudo isso, uma obra de humor pop que fez os tropicalistas do final dos anos sessenta reconhecerem-se ali profetizados. E não só os tropicalistas: a imaginação no poder, o sexo na política, a religião além da irreligião”. Título: Mitologia do Kaos (Volume 1) Autor: Jorge Mautner ISBN: 978-85-7920-234-6 Páginas: 488 Formato: 16x23cm Preço: R$ 59,90 Editora: Azougue Disponibilidade: Disponível
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No final de 2008, o artista visual Rubens Gerchman gravou uma série de depoimentos sobre a criação e as experiências vivenciadas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), que fundou e dirigiu entre agosto de 1975 e março de 1979. Ali se concretizava o que seria um de seus maiores desejos, manifestado em cartas, memórias e propostas de projetos: registrar e compartilhar a experiência coletiva de arte e educação da EAV, desenvolvida em plena Ditadura Militar. Este livro reúne as falas de Gerchman, além de documentos, cartas, recortes de jornal, material gráfico e uma série de 25 depoimentos com protagonistas da época, realizados por Clara Gerchman em parceria com os cineastas Bernardo Pinheiro e Pedro Rossi. Junto aos ensaios de Isabella Rosado Nunes, Suzana Velasco, Claudia Calirman e uma entrevista com Evandro Salles, permite um mergulho na EAV da segunda metade da década de 70, um exercício experimental de liberdade no ensino e na vivência de arte no Brasil.
Título: Espaço de emergência, espaço de resistência Autor: Clara Gerchman, Isabella Rosado Nunes e Sergio Cohn (org.) ISBN: 978-85-7920-226-1 Páginas: 156 Formato: 14x21cm Preço: R$ 39,90 Editora: Azougue Disponibilidade: Disponível
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Livros ativos 1. Encontros: Newton Da Costa, Newton Da Costa
17. Encontros: Vinicius de Moraes, Vinicius de Moraes
2. Encontros: Maio de 68, Maio de 68
18. Encontros: Zé Celso Martinez Correa, Zé Celso Martinez Correa
3. Encontros: Jomard Muniz de Britto, Jomard Muniz de Britto 4. Encontros: Gilberto Gil, Gilberto Gil
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19. Encontros: Ricardo Aleixo, Ricardo Aleixo
5. Encontros: Eduardo V. de Castro, Castro, Eduardo V. de
20. Encontros: Wanderley Guilherme, Wanderley Guilherme
6. Encontros: Eduardo Coutinho, Eduardo Coutinho
21. Encontros: Luiz Rosemberg Filho, Luiz Rosemberg Filho
7. Encontros: Darcy Ribeiro, Darcy Ribeiro
22. Encontros: Arnaldo Antunes, Arnaldo Antunes
8. Encontros: Capoeira, Capoeira
23. Encontros: Flavio de Carvalho, Flavio de Carvalho
9. Minima Moralia, Theodor Adordo 10. Ensaios fundamentais - cinema, Sérgio Cohn 11. A odisseia, Flavio Basso; Julio Manzi 12. Plano nacional de cultura, Guilherme Varella 13. Encontros: Nise Da Silveira, Nise Da Silveira
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24. Encontros: Ailton Krenak, Ailton Krenak 25. Encontros: Gilberto Mendes, Gilberto Mendes 26. Encontros: Julio Cortazar, Julio Cortazar 27. Encontros: Aloisio Magalhães, Aloisio Magalhães
14. Encontros: Rogerio Sganzerla, Rogerio Sganzerla
28. Encontros: Paulo Emilio Sales Gomes, Paulo Emilio Sales Gomes
15. Encontros: Jorge Mautner, Jorge Mautner
29. Encontros: Mario Pedrosa, Mario Pedrosa
16. Encontros: Milton Santos, Milton Santos
30. Encontros: Antonio Cicero, Antonio Cicero
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94 Azougue 31. Encontros: Nara Leão, Nara Leão
41. Encontros: Lucio Costa, Lucio Costa
32. Encontros: Tropicália
42. Encontros: Manoel de Barros, Manoel de Barros
33. Encontros: Dias Gomes, Dias Gomes 34. Encontros Carlos Drummond de Andrade, Carlos Drummond de Andrade 35. Encontros Clarice Lispector, Clarice Lispector 36. Encontros: Sergio Buarque de Holanda, Sergio Buarque de Holanda 37. Encontros: Tom Jobim, Tom Jobim ☛✟ ✡✠
Livros ativos
38. Encontros: Tom Zé, Tom Zé 39. Encontros: Mario Schenberg, Mario Schenberg 40. Encontros: Geração Beat, Geração Beat
43. Encontros: Boris Schnaiderman, Boris Schnaiderman 44. Encontros: Silviano Santiago, Silviano Santiago 45. Encontros: Roberto Piva, Roberto Piva 46. Encontros: Helio Oiticica, Helio Oiticica 47. Encontros: Antonio Riserio, Antonio Riserio 48. Encontros: Paulo Freire, Paulo Freire 49. Encontros: Paulo Mendes Da Rocha, Paulo Mendes Da Rocha
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Coleção Mir
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A Coleção Mir reúne edições bilíngues da prosa curta russa, contos e novelas, de escritores consagrados, como Fiódor Dostoiévski e Lev Tolstói, mas também de nomes menos conhecidos no Brasil, como Fiódor Sologub e Zinaída Guíppius. Cada livro também acompanha uma leitura do texto feita por um russo nativo — o áudio pode ser acessado pelo QR Code impresso na capa. Mir, em russo, significa “paz” e “mundo”.
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A velha
O elefante
O poeta, dramaturgo e escritor Daniil Kharms (1905-1942) foi um dos fundadores da OBERIU (Associação para uma arte real), grupo criado em 1928 que reuniu artistas vanguardistas de Leningrado (atual Petersburgo).
Além das narrativas que denunciavam mazelas e injustiças sociais, o renomado escritor russo Aleksandr Kuprin (18701938) deixou contos para jovens e crianças, ainda hoje lidos e reeditados, como O poodle branco, Doutor milagroso e O elefante.
Bobók & Meia carta “de um sujeito”
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Publicados pela primeira vez em 1873, em Diário de um escritor, coluna que Fiódor Dostoiévski (1821-1881) assinava na revista O cidadão (Grajdanin), Bobók & Meia carta «de um sujeito» respondem a algumas querelas do autor com seus contemporâneos ao mesmo tempo que descortinam uma sociedade desigual e hipócrita e os estranhos meandros do jornalismo.
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A Cidade Ene, novela de Leonid Dobýtchin (1894–1936), é uma narrativa do ponto de vista de uma criança do começo do século XX. Na fictícia cidade Ene — em homenagem à cidade N de Almas mortas de Gógol — desvelam-se reminiscências da infância do autor na pequena Dvinsk (Daugavpils), onde passou boa parte da vida. A cidade é um lugar simbólico, um todo-lugar, representando qualquer província russa, e ao mesmo tempo evoca acontecimentos históricos particulares, como a Guerra Russo-Japonesa, a Revolução de 1905 e as transformações que antecederam a Revolução de 1917. A despeito dos anos em que permaneceu, devido à censura stalinista, desconhecido na Rússia, hoje Leonid Dobýtchin é considerado um dos mais refinados modernistas russos. A Coleção Contos Russos Modernos (1900–1930), centrada na produção do primeiro terço do século XX, privilegia uma plêiade de escritores que, com a consolidação do regime totalitarista, foi condenada ao esquecimento, até ser redescoberta na década de 1990. Editora: Kalinka Título: A Cidade Ene Autor: Leonid Dobýtchin ISBN: 978-65-8686-200-3 Páginas: 142 Formato: 14x21cm Preço: R$ 42,90 Disponibilidade: 24/07/2020
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Livro fatídico VALÉRI SÁJIN
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Leonid Dobýtchin publica seus primeiros contos aos trinta anos, quando, no fim do verão de 1924, remeteu duas narrativas curtas ao acaso para a revista leningradense O contemporâneo russo (Rússkii sovremiénnik), que são quase imediatamente publicados. Alí caiu em boas mãos. Foi apadrinhado por escritores não estranhos a inovações literárias (por vezes oficialmente): Kornei Tchukóvski e seu filho Nikolai, Mikhail Slonímski, Veniamin Kaviérin e outros prosadores de Leningrado. Eles aceitaram e incentivaram o estilo distanciado de Dobýtchin, contribuíram para a publicação de seus contos e para a apresentação do escritor em dezembro de 1929 na União dos Escritores de Toda a Rússia. Mas vez ou outra censuravam a brevidade, assim a julgavam, de suas obras e insistiam para que ele escrevesse um romance (por algum motivo justamente um romance). Dobýtchin tentava corresponder aos desejos de seus protetores. De 1926 a 1932 ele de tempos em tempos lhes infor-
mava que estava “terrivelmente empenhado” em escrever um romance, mas logo reconhecia com tristeza que não passava das “700 palavras”. Para Dobýtchin o problema consistia na visível limitação do espaço físico de sua existência (a provinciana Briansk com sua população de oitenta e poucos mil habitantes) e — como se depreende de seus contos fartos de realidades concretas — em sua aversão absoluta à “invenção”. Com esse paradigma como seria possível encontrar material para a criação de uma obra volumosa e orgânica? O escritor o achou em seu passado: nas recordações de sua própria infância. Dobýtchin nasceu em 5 (17 no calendário gregoriano) de junho de 1894. Desde os dois anos passou a viver com os pais na Rússia ocidental, na cidade de Dvinsk, parte da província de Vítebsk (em dezembro de 1917 os bolcheviques transferiram a cidade para a Letônia soviética e em 1920 a nomearam Daugavpils). Aos oito anos Leonid perdeu o pai, que trabalhava como médico. Sua mãe, que
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havia concluído o Instituto de Obstetrícia em Petersburgo, cuidava da família, mas, depois da morte do marido, viu-se obrigada a trabalhar como parteira. Em 1911, ao concluir a escola real de Dvinsk, Leonid ingressou no Departamento de Economia do Instituto Politécnico de Petersburgo. Sua especialidade tornou-se a estatística. Na primavera de 1918, algum tempo depois de sua mãe ter se mudado de Dvinsk para Briansk, Dobýtchin aqui se estabeleceu e praticamente até o final de sua vida — com intervalos — trabalhou em diversos institutos de estatística da cidade.
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Em maio de 1933 Dobýtchin finalmente enviou a Leningrado alguns dos primeiros capítulos do “romance”. Eles só puderam ser publicados exatamente um ano depois, no quinto número (maio) da revista Terra virgem vermelha (Krásnaia nov). Os treze capítulos da obra nova — e insolitamente grande para os leitores familiarizados com a prosa de Dobýtchin — receberam um título “de gênero” incomum: “O início de um romance”. Um ano e meio depois, em novembro/dezembro de 1935, com o acréscimo de vinte e um novos capítulos ao anterior “O início de um romance”, o livro de Dobýtchin saiu já com o título A Cidade Ene (importante: sem indicação do gênero da obra). Era uma narrativa autobiográfica sobre sua infância em Dvinsk.
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Os trinta e quatro capítulos de A Cidade Ene reproduzem em detalhes exatamente dez anos da vida do autor-narrador: dos seis aos dezesseis anos de idade. A série de acontecimentos mencionados permite inferir a extensão temporal do texto, de 1901 a 1911: no capítulo onze se descreve uma exposição agrícola (ela ocorrera em 1903 em Dvinsk); depois se mencionam o início da guerra com o Japão (1904) e sua conclusão (agosto de 1905); a revolução na Turquia (1908); em seguida o centenário do nascimento de Gógol (março de 1909); a morte de Lev Tolstói (7 de novembro de 1910); o voo do aviador Serguei Útotchkin, que sobrevoou Dvinsk pela primeira vez em 1º de junho de 1911… No intervalo entre os eventos enumerados, é mencionada uma quantidade enorme de acontecimentos locais de Dvinsk, da Rússia e do exterior que estão impregnados na trama historicamente precisa da Cidade Ene (com raros deslocamentos cronológicos). Uma questão pode parecer estranha: em que A Cidade Ene se diferencia das obras conhecidas anteriores de Dobýtchin? A resposta deve ser simples: no volume e na ausência do farto contexto soviético, impossível em uma narrativa com episódios do comecinho do século XX. Com efeito. O paradoxo de A Cidade Ene no entanto consiste no fato de que a nova obra de Dobýtchin reproduz em minúcias os procedimentos principais
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de suas miniaturas precedentes. Se antes eles estavam diluídos em uma dezena de textos, agora aparecem de forma concentrada.
“Por trás do número enorme de personagens,
topônimos,
fa-
tos históricos e outros detalhes da história narrada em A Cidade Ene, está o relato de uma busca comovente e incansável de uma criança por um amigo”
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Da mesma forma que Dobýtchin em seus contos assinalou escrupulosamente os topônimos no espaço em que se desenrolava a ação, em A Cidade Ene o leitor praticamente em cada capítulo é informado exatamente onde e em que momento a ação se desenrola ou quais objetos se encontram no campo de visão do menino-narrador: o castelo-prisão, a fortaleza militar, o teatro e o cinema, a estação e a rua “dos prazeres” nos arredores da estação, o viaduto sobre a estrada de ferro para a passagem de uma parte da cidade à outra… São elementos reais de Dvinsk, e nenhum deles, ao que parece, escapou à narrativa de Dobýtchin. Com eles se conjugam motivos religiosos, característicos dos eventos de praticamente todos os contos de Dobýtchin. Em A Cidade Ene, temos as menções obrigatórias aos templos
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católicos (kostiol), às catedrais ortodoxas, às igrejas luteranas e aos templos dos velhos crentes (Dvinsk era uma cidade multinacional e multiconfessional), e, quando a ação por vezes se desloca da cidade natal do menino para outro espaço, inevitavelmente se indicam os templos locais. Além disso, com frequência, de capítulo em capítulo (em vinte e nove dos trinta e quatro!), são descritos ritos e festejos religiosos, e não apenas uma vez é citado o Novo Testamento (por sinal, Dobýtchin o citava largamente em suas correspondências)… Pode-se dizer que toda a vida do narrador, de uma ou de outra maneira, está mergulhada nessa atmosfera religiosa. Como é evidente, nos enredos dos contos de Dobýtchin sistematicamente surge a morte de uma ou de outra personagem, e nos enterros (ou nos feriados) tocam orquestras. Em A Cidade Ene o leitor desde o começo “escuta” uma orquestra militar e depois, de capítulo em capítulo, orquestras acompanham a narrativa. O mesmo ocorre quanto aos funerais e cemitérios: a partir do segundo capítulo, mortes, funerais e cemitérios são circunstâncias invariáveis da vida do menino. O caráter “literocêntrico” um pouco velado de seus contos (menção a Nikolai Gógol em “Sávkina”, a Oscar Wilde e Upton Sinclair em “Dorian Gray”, a Serguei Essiénin em “O retrato”, e aparições frequentes de
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bibliotecas ou “bibliotecárias” em vários contos) é solidamente acentuado em A Cidade Ene. Isso se expressa por meio de referências contínuas a nomes e a obras de escritores russos e estrangeiros (praticamente vinte, contando por alto) feitas pelo narrador-bibliófilo, que “não tinha assunto” com alguém de sua idade que não lesse. E, o principal, o motivo que perpassa o livro é dado já no título. A Cidade Ene é o espaço gogoliano de Almas mortas. A personagem principal de Dobýtchin faz sistematicamente ligações com o poema de Gógol e volta e meia se identifica com o herói Tchítchikov, desejando mudar-se
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para a formidável cidade Ene (N em Gógol). O que o atrai? O exemplo da amizade terna de Tchítchikov e Manílov e o desejo de tornar-se amigo dos filhos de Manílov. Pode-se dizer assim que, por trás do número enorme de personagens, topônimos, fatos históricos e outros detalhes da história narrada por Dobýtchin em A Cidade Ene, está o relato de uma busca comovente e incansável de uma criança por um amigo.
Adaptado do prefácio do livro “A Cidade Ene”. Tradução de Moissei Mountian.
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Livros ativos 1. O compromisso, Serguei Dovlátov 2. Aulas de literatura russa: de Púchkin a Gorenstein, Aurora Fornoni Bernardini
9. Salmo: romance-meditação sobre os quatro flagelos do senhor, Friedrich Gorenstein 10. O Ofício, Serguei Dovlátov 11. Luminescência: antologia poética, Viatchesláv Kupriyánov
3. O elefante, Aleksandr Kuprin 4. A velha, Daniil Kharms 5. Bobók & Meia carta “de um sujeito”, Fiódor Dostoiévski 6. Parque cultural, Serguei Dovlátov 7. O diabo mesquinho, Fiódor Sologub 8. Tarakã, o bigodudo, Kornei Tchukóvski
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12. Poesia russa: seleta bilíngue, Vários 13. Encontros com Liz e outras histórias, Leonid Dobýtchin 14. “Os sonhos teus vão acabar contigo”: prosa, poesia, teatro, Daniil Kharms
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MINIMNIMI IMNIMINMI IMNIIBIMB MIBMIBIMB BIMIBIBIB BIMINBIMI MINBMIBNI BIMIBNIBI LIVRO
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Literatura e cultura judaica desde textos antigos até contemporâneos, vindos de diversos idiomas e países, apresentados ao público como uma tradição ampla em movimento.
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Em edição bilíngue, Cabalat shabat — poemas rituais é uma plaquete que reúne rezas e bênçãos judaicas entoadas na cerimônia de cabalat shabat, ou seja, no recebimento do shabat a partir do pôr do sol da sexta-feira. Com teor místico e alusão à cabalá, os textos nesta seleta são apresentados ao leitor como poemas. E de maneira secular, mas não antirreligiosa. Em tradução direta do hebraico, a temática tratada no shabat — a encenação da celebração do casamento entre Deus e o povo de Israel — é situada paralelamente a outros lugares poéticos através do texto introdutório do volume, trazendo no próprio ritual um entendimento estrutural e histórico do judaísmo como simbologia. Em especial o antigo gênero grego epitalâmio (que vem de tálamo, ou quarto nupcial) e faz parte do cânone lírico. Através dessa ótica, é apresentada na leitura dos poemas um Deus mais próximo de quem o procura no âmbito doméstico, numa manobra alegórica que transforma um dos menos divinos gêneros em um lugar de comunhão. Editora: Ayllon Título: Cabalat Shabat — poemas rituais [bilíngue] Autor: Fabiana Grinberg (org.) ISBN: 978-85-7715-610-8 Páginas: 32 Formato: 17,1x26,7cm Preço: R$ 29,90 Disponibilidade: 10/07/2020
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“Fragmentos de um diário encontrado” é uma ficção do romeno Mihail Sebastian, inédita em português. Escrita em 1932, é afinada com o caráter rebelde das vanguardas europeias de 1920–30, que o influenciaram tanto quanto outros literatos compatriotas de seu tempo, como Cioran, Ionesco, Eliade. Judeu, Sebastian passou a ser excluído e execrado desse círculo. A publicação traz de volta à atenção um autor importante no cenário literário romeno, injustamente excluído da posteridade tanto quanto o protagonista dessa narrativa. A narrativa é trazida a público através do tradutor anônimo, que encontra um diário na ponte Mirabeau, em Paris — “um caderno de capa preta, lustrosa, de lona”, com “leitura curiosa, passagens obscuras, anotações que pareceram estranhas ou absolutamente impróprias” — e traduzido, ainda segundo a nota, de forma desastrada. Os relatos das aventuras do personagem-autor, também anônimo, apresentam ao leitor uma figura que se entrega aos labirintos da cidade em busca de algo tão perdido quanto indefinível. E através das passagens de seu diário pessoal, encarna o olhar do errante sobre a cidade e suas relações. Editora: Ayllon Título: Fragmentos de um diário encontrado Autor: Mihail Sebastian ISBN: 978-85-7715-620-7 Páginas: 96 Formato: 11x18cm Preço: R$ 34,90 Disponibilidade: 10/07/2020
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Novo selo editorial da Hedra é dedicado a estudos judaicos O projeto nasce a partir do nome de Solomon Ayllon, homem do século XVII, que não poderia ser facilmente classificado como uma figura religiosa ou secular SUZANA SALAMA
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Ayllon foi chacham (sábio, em hebraico — )חכםou rabino, de acordo com a tradição sefardita — das congregações de Londres e Amsterdã durante século XVII. E embora tenha sido um religioso de posições polêmicas, não poderia ser classificado simplesmente como talmudista ou secular. Seguiu Sabatai Tzvi (1626–1676), mas não por longo tempo. Casou-se com uma mulher informalmente divorciada, o que o levou a escrever uma carta aberta e polêmica sobre o assunto. Visitou vários países e comunidades judaicas pela Eupora e oriente como shaliach (emissário, em hebraico )שליחda congregação palestina de Safed. Declarou inofensivas obras cabalísticas consideradas até então altamente heréticas. Deixou Londres por conta de suas divergências intelectuais, tendo sido acusado pela própria congregação sobre sua conduta. Escreveu uma obra sobre cabalá, nunca publicada, mantida
até hoje em manuscrito na Inglaterra. Sua figura é tão difícil de classificar como a do seu contemporâneo, Baruch Espinoza, que também não poderia ser classificado como secular ou talmudista.
“O misticismo não apenas renova a tradição, mas preserva e dá novo significado. na
multiplicidade
pretações
dá-se
a
de
Pois inter-
santidade
do texto, estabelecida justamente na capacidade de se desdobrar”
Descendente de portugueses de Évora, Espinoza foi expulso da comunidade judaica de Amsterdã em 1656, quando tinha 24 anos. E faleceu em 1677, 24 anos antes de Solomon Ayllon chegar a Amsterdã. Nunca se encontraram e nem poderiam, pois o
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chérem (maldição, em hebraico )חרם contra Espinoza ordenava que “ninguém lhe pode falar, nem por escrito, nem conceder-lhe nenhum favor, nem debaixo do mesmo teto estar com ele, nem a uma distância de menos de quatro côvados, nem ler papel algum feito ou escrito por ele”. Baruch Espinoza foi um pensador livre, ousado, polêmico e radical à época, mas sua radicalidade foi produzida principalmente no enfrentamento a questões teológicas. Sua ideia de Deus como natureza, onde nada é intrinsecamente bom ou ruim, fez com que o marcassem como ateu ou panteísta. Desde que foi afastado da comunidade, recebeu diferentes rótulos durante os séculos. Como herege, Espinoza poderia ser o oposto do rabino Solomon Ayllon, que não fora expulso como ele. Mas não é. Ambos poderiam ser chamados humanistas, e por conta das convicções muito particulares sobre religião e sociedade foram censurados pela própria comunidade de diferentes formas. Frequentaram na Holanda a mesma biblioteca, ainda ativa atualmente, a Ets Haim — “Livraria Montezinos”, fundada pela comunidade portuguesa em 1616. Lá talvez tenham compulsado o mesmo exemplar de Puerta de cielo, do espanhol Abraham Cohen Herrera, discípulo do mestre cabalista Isaac Lúria. As anotações internas do livro (que une ensinamen-
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tos do Sefer Yetzirá, Zohar, escola luriânica e metafísica neoplatônica) dizem que deve ser mantido como uma jóia. Também segundo as notas, foi doado à Ets Haim pelo rabino Jacob Ferrares para preservação de possíveis usos impróprios no futuro. Puerta de cielo é um texto cabalístico impressionante e que fez parte da formação de Espinoza e Ayllon, entre tantos outros livros. O misticismo não apenas renova a tradição, mas preserva e dá novo significado. Pois na multiplicidade de interpretações dá-se a santidade do texto, estabelecida justamente na capacidade de se desdobrar. Nesse novo selo editorial, pretendemos que a tradição seja revisitada através do estudo, da crítica histórica, da filosofia e literatura judaicas, mas também dos ritos, discussões, mudanças, lugares, línguas, culturas, luzes, mistérios — e sobretudo através de seu humanismo particular e significativo. Alegoricamente, as publicações que pretendemos publicar podem se perfazer como um encontro entre Ayllon e Espinoza, com a tradição e o enfrentamento, que fez parte de suas trajetórias. E a partir do logo, cujo símbolo cabalístico representa o Ein Sof (infinito, em hebraico )אין סוף, iniciamos o nosso novo projeto editorial. Publicado originalmente no “Medium” da Hedra, em 20 de junho de 2020.
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antropologia arte câmera campo cartografia ciberespaço cidade ciência coleção conhecimento conjunto corpo crítica cultura desejo diálogo dispositivo distância entre escala espacial espaço estética expedição experiência exposição festa
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ficção fotografia geografia globalização história ideia imagens imaginário informação letras limites linguagem livro lógica lugar manual mapa momento movimento mundo museu narrativa natureza navegação olhar paisagem paisagens
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palavras pensamento percepção poder poema política prática práticas processo processos produção protesto povos real realidade relação satélites sentido sentidos sistema sistemas superfície Terra território viagem vida visível
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O medo, em faceta promíscua aos mecanismos do governo neoliberal, é o fio condutor que percorre Em rota de fuga. Marcado por um olhar plurívoco, que perpassa a história da arte, Sade, cinema, vozes amazônicas e práticas de escrita contemporâneas, o escritor e antropólogo Fábio Zuker perscruta os desdobramentos dessa política para pensar outros mundos e formas de sensibilidade que criem efetivas rotas de fuga do círculo de violência neoliberal. Ao tatear o “teatro-peste” de Artaud enquanto político, analisar um quadro de Caravaggio ou abordar o medo do vazio que orientou o pensamento estético e político dos séculos passados, as reflexões do autor convergem para uma interrogação: a que servem as infinitas imagens de dor e violência diariamente veiculadas pela mídia? Como denunciar tais abusos e violências sem recorrer à megaexposição da morte, como fazem de forma quase ritualística as milícias latino-americanas? A escrita surge enquanto potência disruptiva para questionar os moldes do poder e suas discursividades. Editora: Quadradocirculo Título: Em rota de fuga – ensaios sobre escrita, medo e violência Autor: Fábio Zuker ISBN: 978-85-7715-621-4 Páginas: 247 Formato: 11x18cm Preço: R$ 59,00 Disponibilidade: 14/08/2020
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Em um percurso que não deixa de ser um mapeamento afetivo do autor – com diversidade de referências literárias, cinematográficas, filosóficas, artísticas, históricas e arquitetônicas — “Salto no escuro” repensa criticamente as práticas de interação urbana, a partir de instigantes e assustadoras reflexões sobre as novas configurações espaciais das cidades. O renomado fotógrafo Tuca Vieira frequenta os mais díspares e múltiplos caminhos, centros urbanos, labirintos e criações artísticas, munido de arcabouço teórico e filosófico para análises precisas e necessárias sobre a cidade contemporânea e novas formas de interação humana. Diversas expressões artísticas se entrecruzam nesse percurso – de Borges, Kafka e Velázquez a William Gibson, os poetas concretistas e artistas da Land Art. Frente à vertiginosa aceleração da vida e inédita realidade impostas pela tecnologia, o autor instiga novas possibilidades e percepções diante de uma experiência progressivamente calculada e enquadrada virtualmente. Editora: Quadradocirculo Título: Salto no escuro Autor: Tuca Vieira ISBN: 978-85-7715-622-1 Páginas: 500 Formato: 11x18cm Preço: R$ 99,90 Disponibilidade: 14/08/2020
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A história da arte e do mundo como traço estético O medo do vazio emerge como princípio de um espaço a ser preenchido, dominado, colonizado FÁBIO ZUKER
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Horror vacui, o horror ao vácuo, ou o medo do vazio, é um dos princípios estéticos estruturantes do barroco e do rococó. Nenhum espaço vazio, sem preenchimento por imagens e desenhos pode existir. Linhas, traços, curvas e imagens devem ocupar, carregar, tornar o espaço cheio, repleto, maciço, apinhado, opressivo. Como traço estético, a história da arte está repleta de páginas acerca de sua origem céltica, islâmica, bizantina ou mesmo viking. “Talvez possamos aqui extrapolar o século XVII e a consolidação dos impérios coloniais de Portugal e Espanha e o genocídio da população ameríndia para pensar o próprio conceito de poder no Ocidente, formado à imagem de um todo a ser preenchido”
Mas foi ao longo do século XVII que o horror vacui tornou-se mais influ-
ente, senão mesmo preponderante, na produção artística da Europa Ocidental. Sempre me pareceu curioso que esse conceito estético tenha se desenvolvido concomitante à expansão colonial europeia com a estabilização dos impérios ultramarinos de Portugal e Espanha. Nada mais significativo, nesse sentido, do que a produção de mapas do período, em que todo espaço “vazio” é preenchido por textos, imagens de seres imaginários, de sereias, de monstros ou de animais exóticos. O horror ao vácuo, o medo do vazio, emerge como um princípio estético conforme a um mundo a ser preenchido, dominado, colonizado. Um mundo em que outros povos, outras formas de vida e de organização da vida comum eram vistos pela Europa em expansão como definidos pela ausência: selvagens sem cultura, política ou religião. Uma missão civilizatória-genocida de longa duração, empreendida pelos povos europeus, ob-
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jetivava preencher esse vazio constituinte do outro que, ao ser dominado, passaria a ter religião, a ter leis e bons hábitos morais. O outro como um vazio a ser preenchido à imagem de si, uma negação absoluta da alteridade, que torna indistinguível etnocídio e genocídio. Talvez possamos aqui extrapolar o século XVII e a consolidação dos impérios coloniais de Portugal e Espanha e o genocídio da população ameríndia — em 500 anos, estima-se que 90% da população foi exterminada — para pensar o próprio conceito de poder no Ocidente, formado à imagem de um todo a ser preenchido. Uma concepção de poder dependente de uma temporalidade específica, marcada por um destino manifesto de expansão. A forma mais bem acabada, a concepção mais bem definida da potência totalizante do poder foi elaborada por uma filosofia/sociologia política francesa ao longo da segunda metade do século XX. Certamente com objetivos críticos, elaborada por intelectuais militantes e em luta por formas de emancipação coletiva, mas nem por isso imunes à sedução de um conceito de poder com horror ao vazio, um poder que a tudo se aplica, que tudo estrutura, que tudo domina e produz. O poder concebido como um espelho soberbo, que ao refletir a sua própria imagem em tudo, em tudo vê senão seu próprio reflexo. Édouard Glissant, teórico martiniquenho, pensador da negritude e crí-
tico pós-colonial analisa, em A poética da relação, essa afinidade entre a estética e o colonialismo. Ambos são formas de ordenação do mundo a partir de princípios hierárquicos já estabelecidos. Avessos à desordem, à confusão e ao vazio, a colonização e a estética trazem em si princípios organizacionais violentos. Em oposição à estética e sua forma de organizar o mundo, Glissant propõe uma poética da relação, diversa, emancipatória, alheia aos ditames da hierarquização, distante da imagem de um poder totalizante. Outra obra interessante é a da escritora norte-americana Susan Sontag. Em seu ensaio Contra a interpretação, a escritora elabora uma teoria-prática da apreciação estética anti-interpretativista, que consiste menos em buscar o que uma determinada obra de arte quer dizer, ou o que ela possa significar, e mais o que ela faz, como nos toca, como nos afeta. Elabora uma eroticidade da arte, sensível, epidérmica. Desloca o enfoque da representação para a agência. De alguma forma, tento me aproximar dessas pessoas, imagens, histórias, livros ou obras de arte a partir de uma lógica estética da agência, do que se produz. Estética na medida em que criam outros mundos, outras formas de experiência e de sensibilidade, às quais cabe atentar. Efetivas rotas de fuga. Adaptado da introdução do livro “Em rota de fuga — ensaios sobre escrita, medo e violência”.
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LIVRO
8 de julho de 2020
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Adverte-se aos curiosos que se imprimiu este catálogo em nossas oficinas, em 8 de julho de 2020, em tipologia Formular, com diversos sofwares livres, entre eles, LuaLATEX, git & ruby. (v. 7fa305c)
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