JORNAL DA BATALHA EDIÇÃO JUNHO 2017

Page 1

Perfeita !

PROMOÇÃO

2 PAR ESPECIAL PROG RESSIV

OS

O SEU

o

DE ÓCULO S COM LEN TES

www.alainafflelou.pt AlainAfflelouPortugal

Eu, sou Afflelou !

Sharon Stone

PROGRESS POR MAIS

IVAS

1€*

BATALHA . Edifício Jordão

Tel: 244 767 579

*Promoção Tchin-Tchin: Na compra de um par de óculos graduados (armação + 2 lentes), beneficie por apenas mais 1€, de um 2º par, equipado com lentes orgânicas (CR39),1.5, com a mesma graduação e geometria equivalente ao 1º par, sem tratamentos. Armação do 2º par a escolher entre os modelos de 84€ PVPR da coleção Afflelou. Promoção válida de 01/02/2017 a 31/01/2018 e não acumulável com outras promoções ou protocolos. Consulte condições em loja. Os óculos graduados são um dispositivo médico, aconselhe-se com o seu óptico.


2

Opinião Espaço Público

junho 2017

Jornal da Batalha

Baú da Memória Nos 54 anos da actividade cultural do Rosas do Lena Cinquenta e quatro anos já completados em 23 de Fevereiro último, embora só a partir do Verão desse ano de 1963, por acção do Mestre António Pereira Marques, a marcha formada por um grupo de rapazes da Rebolaria começasse a transformar-se num grupo folclórico. Ao longo desses decénios, o agrupamento realizou um infatigável trabalho de recolha e de estudo do cancioneiro regional e do trajo camponês, estendendo-se a tudo o mais que era distintivo da região desde os jogos, às alfaias agrícolas, aos brinquedos, à arquitectura rural, indo constituindo um pre-

cioso arquivo e formando uma biblioteca etnográfica, ambos únicos na região. E mais tarde, o Museu Etnográfico a que fazemos mensalmente referência. A sua actividade, sempre fruto dum trabalho colectivo, foi diversas vezes reconhecida e galardoada tanto pela Câmara Municipal da Batalha, como pela Região de Turismo, pelo INATEL e por outras entidades como a Academia de Letras e Artes de Paranapuã do Rio de Janeiro. Membro efectivo da Federação do Folclore Português, é também membro do Conselho Internacional da Organização de Festivais de Folclore, a que poucos

grupos portugueses pertencem. Desde há largos anos é Instituição de Utilidade Pública. Realizou 32 digressões ao estrangeiro desde a Espanha à Rússia e da Sicília (Itália) à Estónia, sendo constantes os convites para participar nos mais prestigiosos festivais. Em Portugal tomou parte em todos os grandes festivais e foi dos poucos convidados para a Expo 98 e para Guimarães, Capital da Cultura Europeia. Com o espectáculo etnográfico “A Batalha a Cantar e a Dançar, da Quaresma a Santo António” obteve o 2º prémio, a nível nacional, do INATEL.

Além desse espectáculo criou, também, “Um Serão na Alta Estremadura”, as Oficinas Temáticas do Museu Etnográfico, as Exposições “O Museu desceu à Vila”, o encontro de Coros que entoam o Cântico da Quaresma, os Encontros Nacionais de Cantadores e Tocadores de Instrumentos Tradicionais, “Festibatalha”, as “Tardes na Ponte

da Boitaca” e as Galas Internacionais de Folclore da Batalha que vão já na sua 32ª edição, e evidentemente construiu a sede, a Casa da Cultura e fundou o Museu Etnográfico da Alta Estremadura. Outra das suas actividades têm sido as “Adiafas da Cultura” compostas por Música, Poesia e Teatro. Criada e dirigida por Joaquim Moreira Ruivo tem

presentemente uma Escola de Concertinas e Harmónios que veio trazer novo alento às tocatas dos grupos de Folclore. A fotografia que reproduzimos foi tirada pelo grande fotógrafo de arte alemão Ulrich Schmidt na Gala de 2014. Trata-se duma expressiva imagem do “Jogo Coreografado do Mioto”. José Travaços Santos

s A opinião de António Lucas Presidente da Assembleia Municipal da Batalha

Próximas eleições autárquicas Estamos a pouco mais de três meses da data de realização das próximas eleições autárquicas. Tempo de grande atividade política em todo o país, com especial ênfase para a atividade política concelhia e de freguesia, envolvendo os partidos políticos e cada vez mais, grupos de cidadãos independentes, que cada vez se reveem menos nos partidos, especialmente nas suas estruturas locais, por manifesta ausência de participação dos cidadãos nestas estruturas. Culpa de quem? Essencialmente dos partidos políticos, pela sua incapacidade para uma gestão abrangente e catalisadora da sociedade em seu redor, mas também dos cidadãos, porque deixam andar. Costumo dizer que os partidos não são associações de

malfeitores e que de todos os modelos de governação que conhecemos, a democracia, assente nos partidos, continua a ser o modelo menos mau de todos os conhecidos. Mas devido ao facto dos partidos se fecharem em torno de “meia dúzia” de membros, que tudo decidem, faz com que cada vez mais os cidadãos em geral se afastem dos partidos e se revejam menos neste modelo. Também devido a esta e a outras situações muito mal geridas pelos partidos democráticos, temos vindo a assistir pela Europa, a um crescendo de forças políticas extremistas, de direita e de esquerda, que não auguram nada de bom. A democracia assenta em partidos políticos, abertos, abrangentes e dispostos a conseguirem captar para as

Propriedade e edição Bom Senso - Edições e Aconselhamentos de Mercado, Lda. Diretor Carlos Ferreira (C.P. 1444) Redatores e Colaboradores Armindo Vieira, Carlos Ferreira e João Vilhena;

suas fileiras/ideias os melhores, os mais competentes e os mais disponíveis, para trabalharem em prol da comunidade, seja ela concelhia ou de freguesia, e de preferência com vida própria e sem necessidade da política para viverem. Fazer política é servir a população, usando os meios que são de todos, da forma mais inteligente, equilibrada e racional, para maximizar a resolução de problemas da comunidade. Infelizmente, nem sempre assim acontece. Outra forma de fazer política, infelizmente demasiado frequente, afasta pessoas com valor e agrava a capacidade de captação de novos valores para a política. Esta situação, a par de outras menos nobres, tem levado ao aparecimento de inúmeras listas de independentes

António Caseiro, António Lucas, Célia Ferreira, comendador José Batista de Matos e José Travaços Santos. Entidades: Núcleo da Batalha da Liga dos Combatentes, Museu da Comunidade Concelhia da Batalha e Unidade de Saúde Familiar Condestável/ Batalha. Departamento Comercial Teresa Santos (Telef. 918953440)

a concorrerem às câmaras municipais e às juntas de freguesia, não aparecendo muitas mais devido às maiores dificuldades que a lei impõe aos cidadãos independentes, comparativamente ao que exige aos partidos políticos. A preparação de eleições, ou a chamada campanha eleitoral, mais não devia ser que o momento em que os candidatos apresentam as suas ideias e os seus projetos, para o seu concelho ou para a sua freguesia, de forma transparente e em perfeita igualdade entre todos. Debatendo-se ideias, projetos, orçamentos e estratégias, para o melhor desenvolvimento do concelho e ou da freguesia, sem o envolvimento de quaisquer outras questões, mormente do foro pessoal dos candidatos.

Redação e Contactos Rua Infante D. Fernando, lote 2, porta 2 B - Apart. 81 2440-901 Batalha Telef.: 244 767 583 - Fax: 244 767 739 info@jornaldabatalha.pt Contribuinte: 502 870 540 Capital Social: 5.000 € Gerência Teresa R. F. M. Santos e Francisco M. G. R. Santos (detentores de mais de 10% do Capital:

Nunca devemos esquecer que a política é e deve ser sempre encarada como uma atividade nobre e leal, que permite gerir de forma competente e desinteressada os meios que são de todos, em prol de todos. Um cidadão que gere meios públicos deve ter sempre um especial cuidado com essa gestão, pois está a gerir o que não é seu. Se gastar mal o seu orçamento familiar é problema seu e ninguém de fora tem que criticar ou assacar responsabilidades por essa má gestão. O mesmo não acontece com a gestão dos dinheiros públicos, pois esses são de todos e aí a responsabilidade aumenta exponencialmente. Razão pela qual todos os projetos, sejam eles materiais ou imateriais, têm que ser muito bem estrutura-

Teresa R. F. M. Santos e Francisco M. G. R. Santos) Depósito Legal Nº 37017/90 Insc. ERC sob o nº 114680 Empresa Jornalística Nº 217601 Produção Gráfica Semanário REGIÃO DE LEIRIA Rua Comissão de Iniciativa, 2-A, Torre Brasil, Escritório 312 - 3º Andar, Apartado 3131 - 2410-098 Leiria Telef.: 244 819 950 - Fax 244 812 895

dos, ponderados e amadurecidos para que se gaste o mínimo servindo o máximo de cidadãos. Quando assim não acontece, algo estará errado, muito errado. Será bom que todos os candidatos ponderem e percebam que se tiverem uma forma de ver a gestão dos dinheiros públicos diferente será melhor para todos não serem candidatos.

Impressão: Diário do Minho, Lda. Tiragem 1.000 exemplares Assinatura anual (pagamento antecipado) 10 euros Portugal; 20 euros outros países da Europa; 30 euros resto do mundo. O estatuto editorial encontra-se publicado na página da internet www.jornaldabatalha.pt




Jornal da Batalha

Opinião Batalha

junho 2017

5

s Diacrónicas Francisco André Santos

A nossa Batalha O título do meu mestrado é “technology governance”. A primeira palavra traduz-se em tecnologia. A segunda traduz-se em “governança”. Peço-vos um pouco de paciência, não para entenderem a “governança” do nosso país, mas antes governance como conceito que podemos aplicar. Façamo-lo não porque está na moda, mas porque podemos reforçar o nosso sistema político com participação democrática do cidadão, e da responsabilização do político como parte de um coletivo. Comecemos do início: o Francisquinho estava numa aula como único representante da lusofonia. O Francisquinho não sabia, mas de acordo com o profes-

sor, a primeira experiência com “orçamentos participativos” foi em Porto Alegre no final dos anos 80. O Francisquinho não percebe muito bem porque é que toda a gente na Estónia (onde estudei) acha que ele é “latino” e devia saber alguma coisa sobre Porto Alegre, mas ao menos nessa não chumba porque consegue entender o poder por de trás desta ideia de orçamento participativo, original em Português do Brasil. Perdoem-me a linguagem - Eu juro que não estou a inventar palavras, mas é através destes métodos de “governance” que é dada a possibilidade aos cidadãos de participarem com legitimidade institucional na definição coletiva da cida-

de. A governança de Belo Horizonte foi parcialmente entregue aos cidadãos de Belo Horizonte, através da qual foram “empoderados”. É deste tipo de cooperação entre governo e cidadãos a que me refiro como governance. Trata-se do comandar da sociedade, não por quem foi eleito, mas antes pela sociedade como um todo. Dificilmente alguém terá mais legitimidade para o fazer do que todos nós! Esta solução representa uma nova tendência política de algum sucesso. A política não deve continuar reservada a quem detém o poder político. É crucial conceptualizar a cidade como uma comunidade e os seus recursos e riquezas como bens “comuns” que

podem ser administrados coletivamente tanto pela administração local como por organizações ou associações que através das suas contribuições públicas, ganham legitimidade pública. Recordo que o menor mas mais decisivo denominador é o individuo. Também em Frome, pequena vila no Reino Unido, resolveram chumbar os políticos que representavam o repetitivo discurso partidário assim como a centralização administrativa de Londres. A comissão independente de cidadãos resolveu estabelecer um grupo de candidatos independentes e convidar todos a participarem nas reuniões do município. Ganhando as eleições, abriram os canais

e decisões políticas, entregando a possibilidade de intervenção à sociedade, tendo como base a definição do bem comum através da facilitação política da administração. Para problemas locais, soluções locais! Peter MacFadyen refere como conseguiram interessar mais cidadãos neste movimento local. A par de oferecerem comida durante as reuniões abertas, este grupo começou por se juntar todas as semanas no “pub” para discutirem a política local e beberem umas cervejas. Infelizmente, não estarei disponível para pagar essa primeira rodada para evitar chumbar por aqui. Quem puder, dará um primeiro passo na definição

de uma visão coletiva para o local em que vive. A partir daí, é trabalhar para a concretização desses objetivos através dos meios disponíveis. Trump? Globalização? Costa? Impeachment? Não queremos saber. A nossa Batalha é aqui e aqui batalhamos por uma cidade por todos e para todos. A Cidade é de todos nós. A Cidade é Nossa!

s Tesouros da Música Portuguesa Por João Pedro Matos

A canção portuguesa que conquistou a Europa No passado dia 13 de Maio a canção que representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção triunfou no certame. E venceu com votação expressiva, havendo obtido a mais alta classificação alguma vez conseguida por uma canção, perfazendo entre os júris dos vários países e os telespetadores que nela votaram a pontuação de 758 pontos. Até então a melhor classificação que Portugal tinha conseguido neste Festival havia sido um sexto lugar. Desde 1964, ano em que participou pela primeira vez, o nosso país perseguia a vitória que teimava em escapar-lhe. Agora a composição de seu título “Amar pelos Dois” calou até os mais céticos que ain-

da não estavam muito convencidos com o seu primeiro lugar no Festival RTP da Canção. Diga-se em abono da verdade que “Amar pelos Dois”, apesar de salientar-se das demais canções, teve de concorrer com outras de grande qualidade que foram a concurso no Festival RTP da Canção, sendo a edição de 2017 uma das melhores de sempre. Montra para intérpretes e compositores da música ligeira portuguesa, teve este ano na prestação de Salvador Sobral o seu momento maior, quando trouxe uma canção escrita pela sua irmã, Luísa Sobral, nome firmado no panorama musical nacional.

HERCULANO REIS SOLICITADOR Rua Infante D. Fernando, Lote 3, 1ºA

2440 BATALHA - Tel. 244 767 971

Com primorosos arranjos da autoria de Luís Figueiredo, “Amar pelos Dois” tem uma base instrumental de cordas e piano que ultrapassa a de mera música ligeira, aproximando-se pela sua sofisticação à harmonização do jazz e, principalmente, da bossa nova. A voz de Salvador não se destaca em especial e dá espaço ao acompanhamento musical, e quando sobressai é por força da palavra, o poema que é essencial no todo da composição. O que acaba por tornar-se notável, na medida em que conseguiu tocar a sensibilidade dos jurados e de grande parte dos telespetadores, não obstante a maioria deles não terem percebido uma única pala-

vra. Cantada em português, demonstrou que para atingir a internacionalização não é necessário ter uma letra escrita em inglês, tal como já haviam provado artistas nacionais que atingiram o reconhecimento fora de portas, na senda de Amália Rodrigues, Dulce Pontes ou Madredeus. “Amar pelos Dois” rejeita a noção de música espetáculo e não enfileira por festejos ou sonoridades para consumo de massas. Sempre houve e haverá festivais para todos os gostos, onde os concorrentes recorrem aos artifícios mais mirabolantes para conquistar a admiração geral. O Festival da Eurovisão não tem sido diferente e muitas vezes as-

siste-se ao desfile de luzes e efeitos especiais para impressionar o mais possível, em detrimento do valor de cada canção. “A música não é fogo de artifício. A música é sentimento”. Assim manifestou Salvador Sobral a sua alegria com o acontecimento feliz que foi o resultado de uma votação tão clara a favor de Portugal. E a canção tornou-se viral em todos os sítios na Internet onde podia ser ouvida ou descarregada, logo após a sua consagração no Festival. “Amar pelos Dois” transformou-se quase em instantâneo numa das músicas portuguesas mais divulgadas internacionalmente, a par de Coimbra (Abril em Portugal), Barco Negro, Canção do Mar ou

o Pastor. Mas é preciso não esquecer que essa canção fala de uma simples história de amor e que foi cantada sem quaisquer artifícios ou efeitos, num pequeno palco redondo no meio do público. À imagem do seu intérprete, antivedeta, simples, mas ao mesmo tempo profundo. Com redobrado interesse, aguardamos a publicação do novo trabalho discográfico de Salvador Sobral, já anunciado para 2018. Certamente não irá desiludir.

Terreno Moradia

450m2, pronto a construir, soalheiro, vistas magnificas, sobre as escolas da Batalha. Telf. 917 221 934

Comercialização e Reciclagem de Consumíveis informáticos Com a garantia dos produtos O.C.P. gmbh Rua de Leiria · Cividade · Golpilheira 2440-231 BATALHA Telef.:/Fax: 244 767 839 · Telem.: 919 640 326


6

Batalha Opinião

junho 2017

Jornal da Batalha

s Espaço do Museu

Sobre a UNESCO A comunicação social revelou recentemente casos de vandalismo e uso indevido de monumentos nacionais que são Património da Humanidade. No nosso país existem 15 monumentos e paisagens classificados pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), onde se inclui o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, desde 1983. A estes junta-se a lista património imaterial, de que fazem parte o Fado, o Cante Alentejano, o fabrico de chocalhos em Portugal, entre outros. O que representa, para um país e para o mundo, uma classificação desta escala? Recuando ao tempo e ao

cenário do pós-guerra, as nações assinavam acordos que pudessem garantir a paz duradoura, com base na “solidariedade intelectual e moral da humanidade”. Em Novembro de 1945, 37 países assinavam a carta que estabelecia a UNESCO. O documento entrou em vigor a 4 de novembro de 1946. Hoje, a organização conta com 195 membros e 9 membros associados. Educação para todos, liberdade de expressão, cooperação científica são alguns dos princípios defendidos por esta organização que atua, de forma articulada, criando redes de cooperação entre as nações. A UNESCO promove ainda o diálogo intercultural pela proteção do património e

a valorização da diversidade cultural. Criou, por isso, o conceito de Património Mundial para proteger os sítios de valor universal excecional. Para a inclusão de um bem na lista do Património Mundial, um Estado signatário (país que assina a Convenção do Património Mundial) apresenta uma lista de prioridades patrimoniais consideradas de
“excecional valor universal”. O Centro do Património Mundial verifica, depois, se a solicitação cumpre os requisitos necessários. O assunto transita, de seguida, para o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e para a União Mundial para a Natureza (IUCN), órgãos consultivos

que enviam especialistas para visitar os sítios e avaliar a sua proteção e gestão. O Bureau do Património Mundial examina, seguidamente, a avaliação feita, elaborando uma recomendação para a inscrição ou, caso se aplique, solicita informações adicionais ao Estado signatário. Este pequeno órgão executivo prepara o trabalho para o Comité do Património Mundial que vai tomar a decisão final de inscrever, ou não, o bem na lista do Património Mundial. Constituído por 21 representantes dos Estados signatários da Convenção, este Comité é responsável por guiar a implementação da Convenção do Património Mundial. Para fazer parte da lis-

ta de Património Mundial, o bem deve, entre muitos outros critérios, representar uma obra-prima do génio criativo humano; mostrar um intercâmbio importante de valores humanos, durante um determinado tempo ou em uma área cultural do mundo, no desenvolvimento da arquitetura ou tecnologia, das artes monumentais, do planeamento urbano ou do desenho de paisagem; ou ainda mostrar um testemunho único, ou ao menos excepcional, de uma tradição cultural ou de uma civilização que está viva ou que tenha desaparecido. O referido Centro do Património Mundial, sedeado em Paris, é o órgão responsável por monitorizar o es-

tado de conservação do património classificado com os Estados signatários da convenção. O mesmo órgão encetará o caminho para a perda de classificação, sempre que tal se justifique, por falta de cumprimento na proteção e na preservação do património mundial. Um bem classificado pela UNESCO simboliza, pois, um privilégio e um fator de distinção dos países. Representa também um compromisso e a responsabilidade de gestão e defesa do património de todos os habitantes do mundo. Município da Batalha MCCB (Museu da Comunidade Concelhia da Batalha)

s AMHO A Minha Horta Célia Ferreira

Saladas variadas todos os dias O mês de junho tem-nos dado dias de calor intenso, talvez até intenso demais para a época. Na horta tudo cresce a bom ritmo, algumas plantações mais precoces, e já se tem tomate e pepino da horta para saborear. Mas se ainda não tem estes legumes, pode muito bem fazer saladas com outras folhas. Para além da famosa alface, existem outras plantas que crescem bem todo o ano e sem gran-

des cuidados que dão excelentes saladas. É o caso das folhas das beterrabas, das folhas de rúcula selvagem, de agrião e de algumas variedades de acelgas que têm um sabor agradável. As folhas mais tenras/novas de couve, cortadas em juliana e bem temperadas fazem excelentes saladas e as folhas de beldroegas, que a maioria descarta da sua horta, têm boas propriedades nutricionais, muito ricas em ómega 3 e fazem

uma sopa e/ou saladas deliciosas. Por cá nunca se fazem duas saladas iguais, pois depende do que estiver mais fresco no quintal no dia. Se pratica uma agricultura sem químicos, experimente provar as folhas das plantas. Quando tenras têm a particularidade de ter sabores bem agradáveis e depois é só misturar e fica com um prato muito bom para preservar a saúde. Hortícolas para semear e/

ou plantar ao ar livre: Abóboras, acelgas, agriões, aipo, alfaces, alho francês, batata doce; beringelas, beterrabas, beldroegas, broculos, cebolinha francesa, cenouras, coentros, couves-flôr, couves-repolho, couve-rábano, courgetes, endivias, espinafres, feijões diversos, malaguetas, melancias, meloas, melões, milho, nabos, pepinos, pimentos, physalis, salsa, tomates, rabanetes e rúcula. Jardim, semear e/ou plan-

tar: begónias, calendualas, gipsofilas, goivos, miosótis e prímulas. Se soubermos observar a natureza, teremos muito a

aprender. Na horta cultivamos alimentos e sentimentos! Boas colheitas.

s Pestanas que falam Joana Magalhães

Licenciei-me. E agora? Ainda ontem estava no quintal dos meus avós a fazer ‘sopa da pedra’ (com água, terra e o que mais encontrasse) com o meu irmão e hoje sou finalista. Ainda ontem o meu irmão prendia vespas nos biberons dos meus Nenucos como castigo por me picarem e hoje somos os dois finalistas. Ainda ontem estava no Secundário e a minha maior preocupação era ter

boa nota a Física e Química e escolher o vestido que ia levar para o baile de finalistas com as minhas amigas. Ainda ontem estava a escolher o meu curso no Ensino Superior. Ir? Ficar? Ainda ontem. Estudar é importante. Tirar uma licenciatura é importante. Sair de casa é muito importante. O Ensino Superior é essencial na formação profissional mas

é ainda mais na formação pessoal. O primeiro contacto com a verdadeira ‘vida real’ é na faculdade. Mais do que estudar é aprender a tomarmos conta de nós sozinhos, sabendo que aquilo que fazemos é aquilo que teremos à nossa espera. Estudar na faculdade é também perceber que não sabemos nada. Durante três anos somos ensinados a saber fazer mas não a fazer.

E isso são coisas diferentes. Estar ‘cara-a-cara’ com o trabalho é diferente de estar sentado numa sala de aula e ouvir como se faz. Quem tem a oportunidade de estagiar durante a licenciatura, facilmente percebe isso mesmo. Nós, estudantes, finalistas, licenciados, não sabemos nada. E apercebermo-nos disso é o primeiro passo para entrar no mer-

cado de trabalho e singrar. O ‘background’ de aprendizagens das aulas e a vontade de sermos como ‘telas em branco’ prontos a absorver conhecimento e a sermos cada dia melhores, é o que nos levará ao sucesso. Os cortejos estão feitos, as bengaladas estão dadas e as pastas benzidas estarão. Com presságios da chegada a uma meta que parecia longe mas rapidamente se

aproximou, é hora de ‘arregaçar as mangas’. Ainda ontem. E agora?



8

Batalha Atualidade

junho 2017

Jornal da Batalha

Papa recebeu em Fátima família de refugiados de São Mamede m Francisco trocou breves palavras com a família iraquiana e com o presidente da câmara da Batalha, também presente no breve reencontro

A família de refugiados iraquianos de origem palestiniana, acolhida pelo município da Batalha há um ano, voltou a encontrar-se com o Papa Francisco; agora na manhã de 13 de maio,

na Casa de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário de Fátima onde o Santo Padre pernoitou. Na ocasião, o Papa trocou breves palavras com a família de refugiados e com o presidente da câmara da Batalha, Paulo Batista Santos, também presente no reencontro. O chefe da Igreja conheceu esta família em 2016, num campo de refugiados perto de Roma, durante a Semana Santa Pascal. O Papa manteve o contacto com estes refugiados, sensibilizado pela história desta família de oito mem-

bros (mais um criança de cinco meses nascida em Portugal), que inclui fugas da Palestina para o Iraque e da Síria para a Europa, num percurso marítimo até à ilha italiana de Lampedusa. Depois de conseguirem o estatuto de refugiados em Itália, os membros da família foram selecionados num programa de realojamento da União Europeia e desde abril de 2016 que estão a viver na Batalha (São Mamede). Apesar de muçulmana, a família tem uma grande devoção a Nossa Senhora, por ser mãe de Jesus Cristo,

Bombeiros recebem da câmara financiamento de 120 mil euros

considerado um dos profetas do Islão, precursor de Maomé. O encontro com o Papa Francisco “foi uma feliz coincidência e uma enorme honra para a família e para o município da Batalha. O Papa quis saber “se a família estava bem de saúde” e ficou a saber a mais recente novidade: “tinha nascido mais um bebé” desde a última vez que estiveram juntos”, contou o presidente da câmara. Na mesma ocasião, o primeiro-ministro, António Costa, “felicitou o trabalho de acolhimento realizado

pelo município da Batalha, recordando a vontade de Portugal em colaborar na promoção dos valores da

proteção dos mais frágeis, como o acolhimento aos refugiados”, refere um comunicado da autarquia.

Batalha e Porto de Mós cooperam na ajuda às famílias carenciadas A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Batalha foi palco, no dia 29 de maio, da assinatura do protocolo de operacionalização de distribuição de alimentos às famílias carenciadas, no âmbito do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC). O documento envolve a articulação das câmaras municipais e das misericórdias da Batalha e Porto de Mós, com o intuito de garantir uma resposta mais

eficaz e partilhada neste modelo de distribuição de géneros alimentares. A criação do FEAC visa apoiar organizações nacionais que prestam assistência não-financeira às pessoas mais necessitadas, através da distribuição de alimentos, vestuário e outros bens essenciais. O fundo pode ainda apoiar medidas de acompanhamento à distribuição dos géneros alimentares, promovendo a aprendizagem mútua, redes e disse-

minação de boas práticas em matéria de assistência não financeira às pessoas mais necessitadas. Serão apoiados nos concelhos da Batalha e de Porto de Mós 222 beneficiários, estando assumido pelas duas autarquias a aquisição de viaturas instaladas com equipamento de frio, capazes de garantir o transporte e as condições necessárias à qualidade dos alimentos fornecidos.

p Bombeiros da Batalha durante um exercício de treino operacional A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Batalha vai receber 120 mil euros de apoio da câmara da Batalha, metade dos quais para afetar a despesas de funcionamento, designadamente no que respeita à manutenção do dispositivo de Proteção Civil, 30 mil euros para a comparticipação de despesas de investimento e o valor restante para apoio ao funcionamento da Equipa de Intervenção Permanente. A decisão da atribuição deste apoio municipal “assenta na importância da

prestação do serviço, de manifesto interesse público para o concelho da Batalha, com a salvaguarda das missões ligadas à proteção de pessoas e bens”, explica a autarquia em comunicado. “Os 120 mil euros de apoio pretendem ainda garantir o regular funcionamento e o bom desempenho das missões que são confiadas ao longo do ano à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Batalha”, adianta. “A cedência deste apoio financeiro consubstancia a importância que a au-

tarquia atribuiu a esta associação, em particular do seu corpo de bombeiros que presta serviços essenciais à população local”, refere o presidente da câmara, Paulo Batista Santos. A ação dos Bombeiros Voluntários da Batalha “é bastante específica no cômputo das restantes associações concelhias, recaindo sobre estes voluntários a proteção das pessoas e a defesa dos bens, razão da expressão significativa do apoio atribuído”, adianta o autarca.

FIABA. A 27ª Feira de Artesanato e Gastronomia da Batalha, que decorreu de 1 a 4 deste mês, incluiu a cerimónia de assinatura dos protocolos de colaboração entre a câmara e associações do concelho.







6

Jornal do Agrupamento de Escolas da Batalha

Atualidade


Atualidade

Jornal do Agrupamento de Escolas da Batalha

7







Jornal da Batalha

Atualidade Batalha

junho 2017

Jornal da Batalha estreou o novo caminho de Santiago m A estrada romana que ligava Braga a Astorga, os parques naturais do Gerês e do Xurés, os rios Lima e Minho, e uma dezena de estâncias termais são alguns dos atrativos

O diretor do Jornal da Batalha foi o primeiro peregrino a completar sozinho o Caminho da Geira Romana e dos Arrieiros (Braga-Santiago de Compostela), a propor para homologação como 10º itinerário jacobeu pelas associações espanholas Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro (ACJMR) e Codeseda Viva (ACV). Este caminho – palmilhado pelo jornalista Carlos Ferreira de 14 a 22 de maio -, que as associações ACJMR e ACV esperam ver certificado até ao Ano Santo de 2021 pelas autoridades políticas e jacobeias espanholas, recupera a trajetória dos portugueses e dos arrieiros (comerciantes do vinho O Ribeiro) com destino a Santiago. A estrada romana que ligava Braga a Astorga, os parques naturais do Gerês e do Xurés, os rios Lima e Minho, a dezena de estâncias termais, os corços e garranos, são apenas pinceladas numa tela emoldurada por relevante património monumental e cultural, como é a Via Sacra de Beade. É este itinerário que a ACJMR, presidida por Abdón Fernández, investiga desde 2009 em diferentes vertentes (da histórica à definição de um percurso o mais fiel possível). Em 2011, a ACV, dirigida por Carlos da Barreira, coadjuvado por Jorge Fernández, juntou-se ao projeto, fundamentado em documentação e outros vestígios históricos. “É um caminho com uma paisagem muito bonita, mas

é difícil de fazer porque tem troços grandes entre os locais com pensões para dormir, porque não há albergues e ainda falta marcá-lo com as setas amarelas”, explica Carlos Ferreira, que fez os 260 quilómetros do percurso em nove dias. “Esta é uma boa alternativa aos caminhos que estão a ficar sobrelotados de caminhantes. É importante também do ponto de vista cultural e do património, e seria interessante criar pequenos negócios porque contribuiriam para que tivesse mais alguma vida”, adiantou o jornalista. O objetivo do peregrino, que já percorreu seis itinerários de Santiago, era “conhecer um caminho mais original, mais natural, sem muita gente”. A tarefa de o percorrer ainda é difícil. É obrigatório o recurso ao GPS, um planeamento mais rigoroso, há troços intransitáveis e outros que precisam de limpeza. “Estas dificuldades senti-as muito. Mas em Berán, Codeseda e Pontevea fui recebido de uma forma extraordinária pelos responsáveis das associações locais. É inexplicável o que sinto quando recordo o tempo passado nas termas de Berán ou as conversas sobre peregrinos e peregrinações na Eira Moura, em Codeseda; no Quinteiro, em Souto de Vea; na Albeitaria ou na Casa Pernas, em Pontevea”, adianta Carlos Ferreira. Por ter sido o primeiro peregrino a fazer este caminho sozinho, foi recebido pelo presidente da câmara de A Estrada, José López Campos; pelos diretor e vice-diretor da Academia Xacobea, Xesús Palmou e Enrique Otero; pelo investigador Luís Ferro, e pelo pároco de Codeseda, Rubén Diéguez. NOVA FASE. O projeto de homologação do Caminho da Geira Romana e dos Ar-

rieiros entrou numa nova fase, ao ser percorrido pelos primeiros quatro peregrinos em meados de maio. As associações promotoras estão convencidas que atingiu um ponto em que não haverá “marcha atrás”. “Consideramos que o projeto já não pode voltar atrás. Cada vez que um peregrino percorre este caminho transmite uma mensagem e deixa o testemunho da sua passagem, e isso é irreversível”, diz Abdón Fernández, destacando tratar-se de um itinerário de “história, património, águas termais e natureza deslumbrante, com descobertas a cada quilómetro, por exemplo nos parques naturais ou nos vinhedos do Ribeiro”. “É um caminho que convida a continuar, sobretudo numa altura em que outros itinerários, como o Francês, começam a ficar massificados. Nós temos um dos caminhos históricos mais antigos e esperamos que seja reconhecido e homologado até 2021”, adianta Abdón Fernández. “Nesta altura estamos concentrados em recolher e compilar documentos históricos. Encontrámos muito mais do que estávamos à espera, muito relevantes, como de oito escritores da Galiza (todos homenageados no Dia das Letras Galegas) que falam da rota de peregrinação dos portugueses que passava por Codeseda”, adianta Carlos da Barreira. “Nós não iremos voltar atrás, porque os documentos históricos estão aí. Esperamos que seja possível o seu reconhecimento como caminho oficial e estamos apostados em que venham peregrinos. Entretanto, queremos concentrar-nos na recolha e análise dos dados históricos e que o traçado seja aquele que eles revelarem”, conclui Carlos da Barreira.

p Uma vinha envolve uma igreja na região de Beade

p Este caminho percorre a Geira Romana desde Braga

p O jornalista com Abdón Fernández

p Carlos Ferreira com membros das associações e Cândido Pazos

21



Jornal da Batalha

Património Batalha

junho 2017

23

Património El-Rei D. Manuel I e a Batalha D. Manuel I Venturoso porque colhi a seara que outro semeou, mas desventurado porque a História não me consagrou o monarca para que a ventura me falou. Pela crueldade com que tratei o Povo Eleito sujeito me tornei da minha própria lei. Sem magnanimidade não pude ser um grande rei e nem por sombras fui semeador de searas como aquela que ceifei. Possivelmente serei injusto na apreciação que faço do Rei D. Manuel I e desde já a minha mão fica à mercê da mais severa palmatória, mas muito da imagem do soberano fixou enegrecida pela expulsão dos Judeus. A saída forçada de milhares de membros deste Povo, que há séculos se acoitava em Portugal, com certeza que nos empobreceu intelectual, científica e economi-

camente, empobrecimento que se reflectiu durante as centúrias seguintes. Não obstante, D. Manuel I foi, noutros aspectos, um soberano que actuou com acerto, sobretudo no tocante à complexa administração do vasto Império, ao desenvolvimento da nossa então poderosa Marinha e à política municipal. A atribuição de novos forais e outras providências então tomadas haveriam de

consolidar e de fortalecer o poder municipal. À Batalha elevou-a a vila e criou-lhe o concelho em Março de 1500. É curioso verificar que não obstante esta terra ter sido fundada pouco antes, nos anos 80 do século XIV, e povoada por gente vinda doutros pontos do País e da região, e inclusivamente por estrangeiros, composta pelos obreiros do Mosteiro, já no reinado de D. Afonso V, um pouco antes de 1459, esta população heterogénea manifestara o desejo de ser autónoma em relação a Leiria, quer dizer de beneficiar da criação dum município próprio (Professor Doutor Saul António Gomes em “O Nascimento do Concelho da Batalha”). Embora não fosse esse desejo da população o invocado por D. Manuel I, antes o de prestigiar o local da sepultura dos Reis e Príncipes do primeiro século da Dinastia de Avis, ele não teria deixado de pesar na decisão real. Do foral da Batalha nada

se sabe (ou sou eu que não sei), sendo possível que a nova vila se guiasse por foral alheio. Mas existe a “Carta da Vila”, reproduzida na “Leitura Nova”, Livro 2 da Estremadura, folha 133, documentação arquivada na Torre do Tombo, que há quase 50 anos o investigador e publicista Alfredo de Natos fez o favor de me enviar e que, mais tarde, em Julho de 1973, foi publicada no nº 2 dos “Cadernos da Vila Heróica”. Abro um parênteses: é uma injustiça flagrante que o nome de Alfredo Matos e também do Dr. Luciano Justo Ramos não sejam evocados na Vila de Porto de Mós, concelho natal de ambos, e na cidade de Leiria, capital da região a que eles dedicaram aturado e valiosíssimo trabalho de investigação, dotando-a com estudos que são preciosos para o conhecimento das terras alto-estremenhas. D. Manuel I além de criar o concelho da Batalha, no princípio com um termo

s Casa da Madalena

Peça a Peça, o Museu Etnográfico da Alta Estremadura No armário, que se mostra neste número, estão miniaturas do moínho de vento, que dantes era frequente nos montes das proximidades da Batalha e em todo o concelho, sendo pena que não se reconstituam dois ou três, o que seria evidente atractivo turístico e simultaneamente memória de uma das actividades do povo e da região, búzios dos moinhos, medidas para os cereais e, depois, ao longo da vitrina, os utensílios de barro e a cestaria em que se revelam, entre outras curiosas peças, os cestos vindimeiros, a cesta almoçadeira ou condessa e o típico cofo

que ainda hoje se fabrica na Ilha (Pombal) e na Bajouca. No próximo dia 9 de Julho, no “FestiBatalha”, que se realizará entre as 15h30 e as 24h00 n praça de D. João I e no largo do Condestável, os visitantes terão oportunidade de ver o fabrico do cofo pelas capacheiras do Rancho Etno-Popular da Ilha. Uma peça que passa quase sempre despercebida é um pedaço de azeviche das antigas minas de Casal Novo. Com este carvão mineral, pretíssimo e luzidio, nos séculos XVI, XVII e XVIII, os azevicheiros da Batalha faziam preciosos objectos de adorno (colares,

brincos, pulseiras, anéis), sobretudo usados por gente de posses em situação de luto, e também terços e rosários. Ainda há cerca de dez anos, na escavação feita no espaço da Igreja de Santa Maria-a-Velha, foram encontradas contas de azeviche. A arte dos nossos azevicheiros teve tal fama que se deslocaram propositadamente, à nossa Vila, pessoas que queriam adquirir estas verdadeiras jóias. O Padre Brito Alão, que foi Capelão do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, refere no seu livro sobre aquele Santuário, uma sua vinda à Batalha com o propósito

de visitar a maravilha que é o Mosteiro e de comprar a outra maravilha que eram objectos de azeviche. Neste armário, da divisão das miniaturas, expõem-se ainda ferros de engomar, uma máquina de costura, a vasilha dos resineiros e o caneco de folha, estas duas últimas peças executadas pelo artesão da Jardoeira José Santana Marques, o conhecido José Latas, que também vai estar presente no “FestiBatalha”. J.T.S.

que não ia, a leste, para além do Rio Lena, alargando-se posteriormente mas só a partir de 1855, com a integração da freguesia do Reguengo do Fetal, que então englobava a actual freguesia de S. Mamede, atingindo a presente dimensão, mandou edificar-lhe o pelourinho, um belíssimo pelourinho manuelino saído do risco do célebre Mestre Mateus Fernandes, selvaticamente destruído nos anos 60 do século XIX mas hoje, felizmente, por iniciativa da Câmara Municipal presidida por António Lucas e por obra do saudoso Mestre Alfredo Neto Ribeiro, com uma formosa réplica erguida num dos largos da Vila. Como se sabe, doze anos depois da elevação a Vila, o Prior Mós de Santa Cruz de Coimbra, que então detinha a jurisdição religiosa da que haveria de passar a ser, em 1545, a diocese de Leiria, criou a paróquia da Batalha. E o Povo voltou a recorrer a D. Manuel, desta feita para que lhe mandas-

se construir a igreja matriz, tendo o Rei sido célere na decisão pois logo em 1514 se começaram as obras. É porém no reinado seguinte, em 1532, que elas terminaram. Embora sem nada que o prove, teria sido o autor do projecto do templo o Mestre Mateus Fernandes. Do que não restam dúvidas é que foi autor do portentoso pórtico o Mestre Boitaca, genro de Mateus Fernandes. Nas duas ombreiras está bem visível a sigla de Boitaca, um b gótico. Mas de el-Rei D. Manuel I há outra lembrança, que os batalhenses guardam hoje ciosamente no seu Museu Municipal: a artística caixa de pesos de bronze, feita em 1499, oferta significativa do soberano aos seus municípios, ostentando o escudo real. É, com os forais e os pelourinhos, um dos símbolos da autonomia e do poder dos concelhos portugueses. José Travaços Santos Apontamentos sobre a História da Batalha (171)




26

Batalha Atualidade

junho 2017

Câmara recebe 100 mil euros a fundo perdido da Europa m As candidaturas respeitam a projetos em áreas como a qualificação turística, a proteção do ambiente e o fomento de redes de cooperação internacional A câmara da Batalha anunciou no dia 23 de maio a aprovação de três candidaturas a fundos comunitários, que ultrapassam os 100 mil euros de incentivo

a fundo perdido. As candidaturas respeitam a projetos diversificados em áreas como a qualificação turística, a proteção

do ambiente e o fomento de redes de cooperação internacional. No que se refere à qualificação turística, a autarquia

candidatou-se ao Programa de Apoio à Valorização e Qualificação do Destino, com o projeto “Batalha-ON”, que disponibilizará no centro histórico Internet sem fios gratuita. O projeto conta ainda com o desenvolvimento de uma aplicação móvel destinada à qualificação da experiência turística, com conteúdos em diversos idiomas e ferramentas online que visam a promoção do território e da região. Foi também aprovada a candidatura submetida ao Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal, no âmbito do Interreg (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), que visa a promoção

Jornal da Batalha Alunos têm peso correto

do desenvolvimento das zonas fronteiriças entre os dois países, reforçando as relações económicas e a implementação de mecanismos de proteção civil e de proteção do meio ambiente. A câmara da Batalha viu ainda serem aprovadas candidaturas ao Programa Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente, que comparticiparão a aquisição de viaturas elétricas e equipamentos para os serviços municipais ambientais. “As candidaturas aprovadas revestem-se de apoios significativos, em áreas consideradas prioritárias para o executivo, como é o caso do turismo, da proteção civil e do meio ambiente”, refere o presidente da câmara.

A câmara da Batalha, em articulação com o agrupamento de escolas, implementou no presente ano letivo nas escolas básicas e jardins de infância da rede pública, o projeto de combate à obesidade infantil “Batalha Saudável”, envolvendo mais de 750 alunos. O projeto procede ao levantamento e à classificação do estado nutricional dos alunos, dotando as crianças de conhecimentos sobre a importância de uma alimentação saudável. A população concelhia analisada (jardins de infância e 1º CEB) apresenta valores normoponderais dentro da média nacional. A população dos jardins de infância regista 64,3% das crianças com peso correto, enquanto que nos alunos do 1º CEB, essa percentagem é de 55,5%.

SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO Todos os dias * Serviços personalizados e especializados * Serviços de higiene, limpeza, tratamento de roupa, acompanhamento social e clívico * Fornecimento de fraldas, resguardos e cremes Rua dos Bombeiros Voluntários nº11, BL-A fr. A - Batalha Contacto: 918 694 826 - Elisabete.pvm@gmail.com

CARTÓRIO NOTARIAL DA BATALHA Notária: Sónia Marisa Pires Vala Certifico, para fins de publicação, que por escritura lavrada hoje, exarada de folhas quarenta e sete a folhas quarenta e oito, do Livro Duzentos e Vinte e Dois B, deste Cartório. José Silva Pastilha, NIF 167 324 284 e mulher Maria da Conceição Leal Simões, NIF 169 840 735, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia de São Mamede, concelho da Batalha, ela da freguesia de Louriçal, concelho de Pombal, residentes na Rua Principal, nº54, no lugar de Demó, São Mamede, Batalha, declaram que com exclusão de outrem são donos e legítimos possuidores do prédio urbano, composto de casa de rés-do-chão para arrecadações, com a superfície coberta de cento e seis metros quadrados, e logradouro com a área de quinhentos e noventa e dois metros quadrados, sito na Rua Central, Demó, freguesia de São Mamede, concelho da Batalha, a confrontar de norte com Manuel da Silva Pastilha, de sul e de poente com António da Piedade e de nascente com Rua Central, não descrito na Conservatória do Registo Predial da Batalha, inscrito na matriz sob o artigo 4280, com o valor patrimonial e atribuído de €14.340,00. Que, os justificantes adquiriram o identificado prédio no ano de mil novecentos e setenta e dois, por doação verbal de José de Jesus Pastilha e mulher Maria da Silva Neto, pais do marido, já falecidos, residentes que foram em Demó, São Mamede, Batalha, não dispondo os justificantes de qualquer título formal para o registar na Conservatória, mas desde logo entraram na posse e fruição do mesmo. Que em consequência daquela doação seja desde o seu inicio, possuem identificado pédio em nome próprio há mais de vinte anos sem a menor oposição de quem quer que seja, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente com o conhecimento de toda a gente e a prática reiterada dos actos habituais de um proprietário pleno, ocupando o prédio, nele fazendo benfeitorias e dele retirando todas as utilidades de que é suscetível, com a conservação e defesa da propriedade, pagamento das contribuições e demais encargos, pelo que, sendo uma posse pacífica, contínua, pública e de boa fé, durante aquele período de tempo, adquiriram o referido prédio por usucapião. Batalha, trinta de maio de dois mil e dezassete. A funcionária com delegação de poderes Lucília Maria Ferreira dos Santos Fernandes-46/5 Jornal da Batalha, edição 323 de 19 de junho de 2017 AF_CA_OnlineParticulares_MP_205x135mm_26122016_cv.indd 1

26-12-2016 10:58:22




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.