Jornalzen Dezembro 2020

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JORNALZEN ANO 16

DEZEMBRO/2020

Nº 190

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ZENTREVISTA

Talita Guandalini Pág. 3

FÉ LATINA Paisagem chilena retratada pelo fotógrafo Beto Ambrosio em sua jornada, de bicicleta, por 17 países da América Latina. A exposição está no Plaza Shopping, em Itu (SP). Reprodução

VIDA EM HARMONIA Receita de torta cookie de tahine com chocolate cremoso e frutas vermelhas Pág. 8

ARTIGO

Como controlar o pensamento para um 2021 melhor Pág. 6


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PANORAMA

CLÉLIO BERTI Live semanal A natureza tem um fluxo: quanto mais você oferta, mais você recebe. Nós sempre soubemos disso. Sempre contribuímos, de alguma forma, com o ambiente social. Mas, agora, tenho a intenção de compartilhar os meus conhecimentos do yôga e da meditação (meditação está inserida no yôga). São 39 anos de prática, estudo e evolução que compartilho com você. Esse compartilhamento acontecerá toda segunda-feira, às 19h30, em lives que farei, via YouTube. Uma maneira fácil de acessar é pelo link YouTube.com/ClelioBerti/live Mas tem um porém. As lives ficarão disponíveis apenas por uma semana. Algumas ficarão disponíveis

para sempre. Mas o maior número delas ficará disponível por tempo limitado. Para ter uma ideia da profundidade com que abordamos o assunto, recomendo que assista à live “Conexão com o Mestre do Coração (Mestre Interior)” – youtu.be/ ryalrJzD9S4 Para receber os comunicados das lives semanais e, ainda, ganhar uma aula de meditação e uma aula de yôga, por mês, entre em nosso grupo do WhatsApp. Acesse o link a seguir e aceite entrar no grupo: chat.whatsapp.com/ERJn7sqK97r6curNMek3C3 Conto com a sua participação! Um abraço e obrigado

Av. José Bonifácio, 1.030 Jd. Flamboyant - Campinas WhatsApp: 19 99725.4241

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JORNALZEN NOSSA MISSÃO:

Informar para transformar DIRETORA EXECUTIVA SILVIA LÁ MON

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DIRETOR/EDITOR JORGE RIBEIRO NETO MARKETING E DIGITAL AMANDA LA MONICA

PARA ANUNCIAR (19) 99561-4785 (19) 99109-4566

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Publicado por JORNALZEN EMPRESA JORNALÍSTICA LTDA. CNPJ 07.613.582/0001-20

Fundado em janeiro/2005

NATAL DO BEM A Lello Condomínios, ao lado da Central Única das Favelas (Cufa), criou a ação Natal do Bem #SomosTodosNoel, na qual 20 condomínios administrados pela empresa receberão uma árvore de Natal cada com cartões de indicações de presentes a serem dados por moradores para crianças de favelas. Doações de R$ 30 podem ser feitas em em benfeitoria.com/nataldobem DOAR FAZ BEM A Katayama Alimentos lançou o projeto “Doar Faz Bem”, por meio da qual doará ao hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc) 12% das vendas de uma linha de ovos desenvolvida para essa campanha. Outra ação da empresa será a entrega semanal de ovos, contribuindo com a alimentação dos pacientes e acompanhantes da instituição. AUDIOLIVRO GRATUITO Campanha entre a Tocalivros Social, por meio do Clube Digital de Leitura, e o Metrô de São Paulo oferece gratuitamente aos usuários da linha metroviária e ao público em geral a obra Qualidade de Vida e Autoestima, do psicoterapeuta e escritor Leo Fraiman. Para resgatar o audiolivro, basta acessar clubedigital.tocalivros.com/eugirassol e aplicar o cupom “EUGIRASSOL”. REALIZAÇÃO DE SONHO A americana Nicole Haragutchi, 8 anos, está angariando fundos para realizar o sonho de João Marcos Barsotti, 3 anos, morador de Sumaré. Portador da síndrome de Patau – que causa problemas na formação do sistema nervoso –, ele adoraria tocar violão. Nicole promove ações por meio da If You Can Dream Foundation. Mais detalhes: nicole.multimediamoments.com/joao.html FEIRA DIGITAL SOLIDÁRIA O Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos (Feav) promove, até o dia 22, a 1ª Feira Digital – www.feirasolidaria.feav.org.br . As lojas virtuais de cinco instituições oferecem itens produzidos por grupos de artesanato e produtos doados por pessoas e empresas. A Feav também recebe doações de todo o Brasil. Mais informações: (19) 97100-6331 ou campanhafeav@gmail.com


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titudes sustentáveis sempre fizeram parte do estilo de vida da paulistana Talita Guandalini. Aos 34 anos, a gestora socioambiental lançou, em plena pandemia, um movimento suprapartidário e sem fins lucrativos na estância balneária de Peruíbe (SP), onde mora atualmente. A Locomotiva do Bem quer ajudar a encontrar soluções eficientes propondo políticas para a destinação correta dos resíduos sólidos (recicláveis). Em outubro, o projeto ambiental promoveu a 1ª Semana Lixo Zero, evento do instituto de mesmo nome, do qual Talita é embaixadora. Nesta entrevista ao JORNALZEN, ela fala mais sobre a importância da mobilização para a causa ambiental. O que a levou a se dedicar a causas ambientais? Acredito que devemos respeitar nossos recursos naturais, pois eles são finitos. Estamos vivendo um constante desequilíbrio natural gerado pelo homem na Terra. Percebi a necessidade de conhecimento específico nesta área de resíduos sólidos e me tornei embaixadora do Instituto Lixo Zero e Juventude Lixo Zero. Precisamos, juntos, buscar soluções que possam dirimir os impactos negativos que causamos diariamente ao meio ambiente. É um ato de gratidão às riquezas naturais que usufruímos para nossa subsistência, como o ar puro, água, árvores e animais. Quais os objetivos do Instituto Lixo Zero Brasil? Promover e gerir a responsabilidade ambiental na geração de resíduos sólidos ao incentivar e coordenar organizações e indivíduos sobre gestão adequada e promoção do conceito e princípios lixo zero. Capacitar profissionais, líderes públicos e certificar o cumprimento da Meta Lixo Zero por empresas, instituições e comunidades. O que é e como foi criado o projeto Locomotiva do Bem? Neste semestre concluo minha pós-graduação em gestão de organizações sociais na e decidi fazer do meu TCC (trabalho de conclusão de curso) uma grande e boa história pra contar. Morei muitos anos em São Paulo e algum tempo em Londres, locais que tinham coleta seletiva municipal e facilitavam a destinação correta dos resíduos que consumiam. Há alguns meses, quando vim morar em Peruíbe, percebi que o município não oferece esse serviço de

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ZENTREVISTA: Talita Guandalini

CORRENTE VERDE Idealizadora da Locomotiva do Bem, projeto que fomenta a conscientização ambiental em Peruíbe, gestora é embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil

coleta seletiva domiciliar e senti muita falta. A Locomotiva iniciou sua jornada com o convite a um condomínio para implantar a gestão de resíduos sólidos, e logo alcançamos além muros. Ao buscarmos prestadores de serviços que coletassem nossos resíduos, deparamos com a triste realidade dos catadores de recicláveis nas ruas, também conhecidos como carroceiros. Abraçamos essa causa e buscamos diariamente formas de dar visibilidade para os protagonistas dessa história da vida real. Inspiramos pessoas, cidadãos e gestores a perceberem sua corresponsabilidade nesse grande processo de desviar resíduos sólidos dos aterros, lixões, rios e mares. A chegada da Locomotiva do Bem trouxe uma nova etapa de minha vida, de buscar o que realmente me faz bem. Como avalia a política de reciclagem no País? Nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos é de 2010, mas as necessidades de preservação do meio ambiente se dão ao mesmo momento que tivemos acesso a ele, ou seja, desde sempre. Previsto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, todo cidadão deve preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Infelizmente, muitos cidadãos, executivos e gestores públicos só realizam ações sustentáveis quando obrigados por uma lei e, principalmente, quando multados. Os grandes geradores precisam o mais breve possível se dedicar às práticas de logística reversa de suas embalagens e insumos gerados em toda cadeia produtiva e não somente focados em aumen-

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tar seu faturamento e lucros aos acionistas. Atualmente, segundo dados da Abrelpe [Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais], o Brasil recicla somente 4% de todo os resíduos gerados, lembrando que 90% deste montante é coletado pelos catadores de recicláveis. Fale sobre sua atuação na área esportiva, particularmente com o grupo Anjos do Esporte. Foi uma oportunidade incrível dividir os últimos cinco anos ao lado do André Brazolin [ex-jogador de basquete gestor do projeto]. Levamos muito amor e basquete para crianças especiais, jovens de comunidades vulneráveis em São Paulo (cracolândia e Paraisópolis), reeducandos da Fundação Casa e alguns presídios do Brasil. Foi uma vivência extremamente rica. À frente

“Precisamos, juntos, buscar soluções que possam dirimir os impactos negativos que causamos ao meio ambiente”

da gestão da organização social, percebi uma necessidade de conhecimento e responsabilidade jurídica muito grande, principal motivo para meu ingresso nesta última pós-graduação. Particularmente, adota alguma prática voltada ao autoconhecimento? Sempre gostei de práticas de autoconhecimento. Meu desafio é a assiduidade. Nesta quarentena, realizei o ciclo de 21 dias de meditação do Deepak Chopra e adorei. Me sinto melhor depois dessa experiência. Em agosto também iniciei um grupo de meditação com Ivo Machado, chamado Cura pelo Coração, com exercícios diários e encontros durante 12 semanas. Desde menina pratiquei dezenas de modalidades esportivas como hobby. Mas confesso que minha maior paixão é a dança. Como avalia a proposta do JORNALZEN? Admiro a missão do jornal. Acredito que o conhecimento nos liberta. Busco muito autoconhecimento para identificar meus limites e potencialidades. E acima de tudo, encontrar formas de levar tudo isso ao nosso próximo. Que mensagem gostaria de deixar para os nossos leitores? Peruíbe é uma cidade estância balneária, com riquezas naturais e turísticas. Mais da metade de seu território é de área preservada, incluindo Mata Atlântica, com a reserva Jureia-Itatins e Parque Estadual da Serra do Mar. São motivos de sobra para aplicarmos o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos Municipal, com estratégias eficientes para nortear a preservação de nosso meio ambiente. Pretendemos fomentar a criação do Grupo Interinstitucional de Resíduos Sólidos, a fim de criar um ambiente autônomo para diálogo entre os setores público, privado e sociedade civil. Entre outras iniciativas, identificar as melhores práticas de coleta seletiva para desvio de material reciclável, garantindo o retorno para a cadeia produtiva.


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JOÃO SCALFI

Por que adoecemos? Na verdade, a dor ou a doença tem função educativa ou reeducativa. Coloca-nos nos trilhos do equilíbrio, nos faz pensar, nos indica a necessidade de mudança de rumo. Jesus foi claro ao indicar o caminho da saúde, quando da cura de doentes que o procuravam. Recomendou que seguissem seu caminho e que procurassem não mais incorrer em erros para que não acontecesse coisa pior. A doença e o sofrimento surgem porque teimamos na vingança, na acomodação, no orgulho. Desejamos a cura, mas nos esquecemos da mudança de atitude. A recomendação expressa do Mestre é para novas posturas: seguir o caminho de aprendizados e lutas e não permanecer no erro, mas alterar o comportamento para o bem próprio e em favor do semelhante. Todas as doenças têm origem na alma, sejam elas hereditárias (reencarnatórias) ou advindas de vícios e excessos. A causa está na alma, nas decisões do Espírito, com revoltas, mágoas acumuladas ou ações contrárias ao bem. Portanto, a mudança de atitudes, a alteração do pensamento, a renovação do sentir são providências vitais para se curar, erradicando as causas que estão no pessimismo, na revolta... Adoecemos porque nos permitimos atitudes contrárias à saúde, por meio de raivas, mágoas, vinganças, pensamentos em desarmonia, ciúmes, inveja, medos, apegos e

outros sentimentos e posturas geradoras de enfermidades. A mudança de conduta, a assistência espiritual religiosa (de qualquer crença) e também nunca dispensar o tratamento médico. O corpo é uma máquina que precisa de cuidados e a medicina aí está para cumprir essa função. Juan Hitzig estudou as características de alguns longevos saudáveis e concluiu que, além do perfil biológico, o denominador comum entre todos eles está em suas condutas e atitudes. “Cada pensamento gera uma emoção e cada emoção mobiliza um circuito hormonal que terá impacto nos trilhões de células que formam nosso organismo”, explica. Conforme sua pesquisa, as condutas “S” – serenidade, silêncio, sabedoria, sabor, sexo, sono, sorriso – promovem secreção de serotonina, enquanto as condutas “R” – ressentimento, raiva, rancor, repressão, resistências – facilitam a secreção de cortisol, substância corrosiva para as células, que acelera o envelhecimento. As condutas “S” geram atitudes “A” – ânimo, amor, apreço, amizade, aproximação. As condutas “R”, pelo contrário, geram atitudes “D” – depressão, desânimo, desespero, desolação. Aprendendo esse alfabeto emocional, lograremos viver mais tempo e com mais saúde. O bom humor, ao contrário, é a chave para a longevidade saudável, conforme esclarece o dr. Hitzig. Fonte: Por que adoecemos? (Orson Peter Carrara)

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MÁRCIO ASSUMPÇÃO

A postura mais difícil do yoga Há alguns anos, uma pessoa me entrevistando perguntou qual era a postura mais difícil no yoga. Eu respondi: é a postura de vida. A parte mais difícil da prática do yoga é viver no cotidiano os ensinamentos que estudamos. Não se pode medir um yogue pela sua desenvoltura física ou achar que acender um incenso, fazer uma linda posição e tirar uma foto para as redes sociais é yoga. Ainda que não tenha nada contra, é preciso fazer ressalvas. Como dizia o saudoso mestre “professor Hermógenes”, um dos pioneiros no Brasil, achar que yoga são só posturas físicas belíssimas, “é como descascar uma banana, jogar o fruto no lixo e comer apenas a casca.” Infelizmente, muitos ainda tratam o yoga desta forma, sem profundidade, desprezando uma tradição milenar de conhecimento. Yoga é um estilo de vida que inclui as práticas das posturas psicofísicas numa de suas linhagens,

mas é muito mais do que conseguir colocar os pés atrás da cabeça. É um critério mínimo para um instrutor de yoga estudar continuamente, mergulhar nas escrituras, ter uma relação com um mestre ou linhagem. Isso faz parte de uma tradição milenar. Não se trata de opinião. É fato experimentado durante séculos e que ainda se mantém vivo na tradição védica. É por isso que, depois de séculos, ainda estamos falando desta tradição. Assim como procuramos um médico, buscando o melhor atendimento e exigimos os critérios mínimos de conhecimento do profissional na área em que ele atua, também deveríamos assim agir ao buscar um instrutor de yoga. Não se trata apenas de ter um certificado em mãos ou um título, mas um compromisso de viver o yoga no dia a dia. Não existe ser humano perfeito. Todos erramos e acertamos, faz parte da vida. Mas tentar acertar mais e errar menos já é uma atitude de autoconhecimento. E fica sempre a pergunta que faço

para mim e que deveria ser feita a todos que estão neste caminho: tenho sido uma pessoa melhor para mim, para os outros e para sociedade? A prática de yoga que despreza o seu conteúdo essencial, ao invés de levar para a Sabedoria, pode ampliar a ignorância. As posturas são um meio de autoconhecimento e não um fim. Qualquer pessoa com saúde articular que se dedique fisicamente com disciplina conseguirá fazer as 84 posições clássicas. E isso não é nada excepcional, ainda que traga muita saúde, flexibilidade e bemestar. Porém, o mais difícil é praticar nas relações humanas. Os dois primeiros pas-

5 sos de conduta do yogue, denominados yamas e niyamas, são um desafio para toda a vida. O corpo envelhece, mas a Consciência permanece. Portanto, não perca mais tempo. Seja um instrutor ou praticante de yoga, não se contente apenas com um bom alongamento. Mergulhe no estudo das Upanishads, da Bhagavadgita, dos Puranas (entre outros) e, principalmente, do Yogasutra. Deste último indico a tradução original do sânscrito para o português chamado O Yoga que conduz à Plenitude, de Gloria Arieira (Editora Sextante). Fica a dica. Namaste.

A Síndrome da Cabana – o medo de sair de casa por Bruna Ritcher

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magine comigo que pudéssemos voltar à época da nossa gestação. Dentro do corpo de nossa mãe nos sentíamos seguros e protegidos. Enquanto permanecemos ali, não havia ameaças percebidas, desconfortos invasivos ou hostilidade abusiva. Era um local que nos garantia um resguardo, que nos blindava contra qualquer ameaça. Acolhidos no útero materno nos sentimos refugiados. Agora, em paralelo, pense em alguém que se sente ameaçado pelo mundo. Aquele que se sensibiliza diante da violência crescente, das injustiças, da agressividade. Uma pessoa que, em meio a tudo que vê ou experimenta sente al-

go que se assemelha a uma inadequação, um não lugar. Alguém que não se sente pertencente.

Quando esse sujeito conhece a possibilidade de refazer toda a sua rotina – pessoal, de trabalho ou de cuidados com os filhos – dentro de um ambiente que lhe traz determinada garantia de proteção, pode ser que ele deliberadamente se recuse a retornar ao meio externo, inóspito e cruel em seu ponto de vista. Cria-se a possibilidade de que ele prefira a estabilidade do que lhe é mais conhecido às incertezas que a vida além muros pode lhe ofertar. O retorno a esse espaço, percebido como algo tão ameaçador, traz consigo inclusive algumas respostas fisiológicas de medo, como taquicardia, sudorese, dilatação das pupilas. O corpo clama por auxilio ao se sentir intimidado. Forçar uma situação de reintro-

dução à rotina anterior sem algum tipo de ajustamento gradual pode ter efeitos extremamente nocivos à própria saúde mental. Nesse sentido, a reaproximação com o mundo circundante deve acontecer num tempo próprio de cada um, sem possíveis acelerações. Outro fator importante é fortalecer uma rede de apoio, onde a ansiedade possa ser minimizada através da empatia e do amparo. Além disso, uma ajuda profissional pode ser considerada muito benéfica no processo de readaptação e mais uma ferramenta de ajuda para desenvolver o fortalecimento do bem-estar subjetivo. Bruna Ritcher é psicóloga e escritora


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RENÉ SCHUBERT

Gratidão a 2020 Muitos clientes e colegas comentaram que 2020 foi um ano e tanto... Alguém anotou a chapa do caminhão que me atropelou!? Ficou tudo de cabeça para baixo!? Como vamos fazer uma retrospectiva disto? Entre outras colocações – e nos aproximamos do fim deste ano. Realmente, como nos anos anteriores, foi desafiante. Nos exigiu resiliência, persistência, criatividade. Teve seus altos e baixos. Tivemos perdas, revezes, tempo para rever e reposicionar-se. Mas cá estamos, presentes, escrevendo/lendo sobre este ano, neste mês, neste dia, neste momento! Por isto, sou grato! O novo se apresenta e, com uma respiração consciente e profunda, avalio minhas opções, possibilidades e oportunidades. Como seguirei daqui em diante? De que forma? Como muitos apontam, a crise também traz suas oportunidades. Principalmente por termos de rever, repensar, ressignificar, o que pensávamos, fazíamos, até então. Um convite à transformação. A transformação de si... e do mundo ao nosso redor! Confiar em si. Acreditar em si. Se estás vivo, és necessário. Tua missão segue. Teus feitos tem efeito no meio em que estás inserido. És parte do todo. Estás a serviço. De que e como? Bem, esta é uma pergunta que provavelmente nos ocupará grande parte de nossa vida. Mas com certeza há um proposito para tudo o que é, da forma como é, você inclusive! Posso dizer que minha prática profissional incluiu este ano muitas opções virtuais e a distância. Alcancei pessoas novas, palestra e aulas chegaram a distâncias antes não percorridas e... Desafiando crenças limitantes, ocupei

(presencial e virtualmente) lugares diferentes ao mesmo tempo. Claro, contando com o suporte e auxílio de colegas, amigos e familiares, com preparação, planejamento e abertura a este novo que se mostra a todo(a)s nós. É de Walt Disney a reflexão: “O segredo de meu sucesso pode ser resumido em quatro C’s: curiosidade, confiança, coragem e constância... A mais importante de todas é a confiança”. E podemos ver, a obra de Walt Disney segue existindo, maravilhando, alimentando a fantasia, sonhos e encantamento para muitos. Olha para teu caminho e confia. Encante-se, interesse-se, faça planos, tenha sonhos... e siga. Confiando. Posso dizer que 2020 foi um ano de muita produção escrita também – a coluna no JORNALZEN, a publicação de dois livros até aqui, com o lançamento, agora em dezembro, da obra escrita em parceria com diverso(a)s colegas, pela Editora Leader: Práticas Sistêmicas: Estudos de Casos. O primeiro volume da obra Toques na Alma foi traduzida para o inglês. E mais dois projetos seguem para as editoras, com previsão de publicação em 2021, voltados para o trabalho clínico em psicoterapia e a consultoria sistêmica. A pós-graduação em Constelação Sistêmica pelo Ipec, em Campinas, tem previsão para janeiro, assim como outras formações, já olhando para o modelo híbrido, presencial e on-line, em São Paulo e outros Estados. Assim seguimos. Confiando no caminho à nossa frente, na vida que nos foi dada, e no que fazemos dela. Por isto, sou grato!

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Como controlar o pensamento para um 2021 melhor

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por Karin Panes

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pandemia provocada pela Covid -19 trouxe sentimentos de medo, angústia e ansiedade para todo o mundo. A quantidade significativa de mortes e as incertezas sobre esse novo vírus abalaram o nosso emocional. Mas há uma saída para vivermos um 2021 melhor: conseguirmos controlar nossas emoções por meio da tríade pensamento, sentimento e ação. O pensamento – frases que passam na nossa cabeça o tempo todo – controla o sentimento e o nosso desafio é entender o padrão das nossas emoções, ou seja, o que eu preciso pensar para sentir paz. Mas o fato é que não temos o hábito de pensar sobre o pensar. O pensamento gera o sentimento que, por consequência, gera a ação e o resultado. Por vezes nós nos pegamos e nos apegamos às ações e os resultados e tentamos mudá-los, por exemplo: estou comendo demais e preciso parar. Acho que estou ansioso. E motivado pelo sentimento da ansiedade eu como demais. Mas não é possível mudar esse comportamento por conta apenas do sentimento ou das consequências, ou seja, parar de comer. É preciso descobrir o que você está pensando para provocar esse sentimento de ansiedade. Se dormiu mal, o que você estava pensando antes de dormir? Qual foi a qualidade dos seus pensamentos na noite anterior para gerar essa ansiedade? Precisamos aprender a pensar e entender o nosso padrão de sentimento, criando o hábito de prestar a atenção e identificar qual é o sentimento que está nos motivando para aquela ação. Por exemplo, para substituir um sentimento de medo e de angústia por conta da pandemia preciso pensar intencionalmente em algo que me gere tranquilidade, como esperança de que tudo vai acabar bem ou que tenhamos fé (que essa pandemia veio para nos ensinar algo). Cada um precisa substituir um pensamento ruim por um que lhe traga paz. Dessa forma, é preciso provocar os

sentimentos pelo pensamento de forma mecânica, intencional. Geralmente, os pensamentos mais comuns dentro do nosso padrão de comportamento são automáticos, mas se você quer gerar uma substituição – esforço consciente – é preciso pensar em algo que te gere como consequência um determinado sentimento. Por exemplo, muitas vezes diante de situação de estresse com um colega de trabalho, automaticamente queremos conversar com aquela pessoa para resolver o caso, mas estamos motivados pela raiva e muito provavelmente não será uma conversa amistosa. É um sentimento inverso do resultado esperado. O ideal para ter uma conversa pacífica é ir motivado pela paz, pensando que talvez um colega não tenha feito por intenção e não sabe que te magoou tanto, então vai dar um toque porque ele é seu amigo. Com esses pensamentos de compreensão, a conversa provavelmente será mais proveitosa. Portanto, estamos próximos de iniciar um novo ano e precisamos aprender a vigiar os nossos pensamentos para tentar controlá-los de forma intencional para gerar sentimentos positivos, que façam sentido para nós. Nossos planos e metas para 2021 precisam estar baseados no presente, uma vez que ainda temos pouca visibilidade sobre o futuro. Um planejamento feito com sentimento de angústia será baseado em metas impossíveis e não são realistas. Tudo é uma questão de harmonia entre os modos de pensar, os sentimentos que eles geram e os resultados que trarão sentimentos positivos. Vamos tentar trabalhar essa tríade para começar 2021, controlando melhor as nossas emoções diante dos novos desafios? Karin Panes é treinadora comportamental, master coach especialista em psicologia positiva, neurocientista e CEO da Ato Solutions


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Ressignifique 2020 por Mayse Itagiba Rooke

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que 2020 significou para você? Certamente essa pergunta pode despertar emoções, como ansiedade, medo, raiva, frustração, tristeza e solidão. É natural que as pessoas se sintam assim ao falar ou pensar sobre como foi o ano, especialmente 2020, quando vivenciamos um evento atípico: a pandemia da Covid-19. Não nos foi ofertado aviso prévio do que iria ocorrer, nem passamos por qualquer treinamento para lidar com ele. Mas será que ao se deparar com a pergunta inicial, você também não pensou nas suas conquistas, vindas das mudanças, desafios e adaptações? Não temos como negar que 2020 tem sido um ano sem precedentes para todos nós, marcado por aspectos que influenciaram diretamente nossa forma de viver. Desde mudanças na maneira de trabalhar, de se divertir, encontrar a família, até na forma de consumir. Tudo isso, veio acompanhado de indagações, como: “Será que higienizar assim é suficiente?”, “Usar máscara vai mesmo me proteger?”, “Será que estou com Covid-19 ou que já tive e nem percebi?”, “Quando a vacina chegará?”, “Algum dia poderemos sair de casa sem máscara novamente ou este é o novo normal?”. Todas essas dúvidas podem servir de gatilho para o aparecimento de pensamentos de desamparo, impotência, fragilidade e insegurança, o que nos coloca em situação de

vulnerabilidade para o desenvolvimento de sintomas, como ansiedade e depressão. Ou seja, a saúde mental está afetada diretamente por todas as questões relacionadas à pandemia do novo coronavírus. É fundamental reconhecer que focar nesses problemas de saúde mental pode esconder um processo psicológico que tem sido investigado por muitos pesquisadores: a resiliência, um recurso que pode ajudar-nos a passar por esse momento de uma forma mais saudável e positiva. Paremos um pouco para explorar o conceito de “resiliência”. É consenso entre pesquisadores sobre o tema que a resiliência é um processo psicológico que envolve a superação de uma adversidade e que, provavelmente, passar por esse momento difícil fará com que a pessoa saia fortalecida. Esse fortalecimento ou empoderamento tenderá a funcionar como um fator de proteção no futuro, isto é, frente aos próximos desafios esse indivíduo tem mais chance de os superar mais facilmente. Outro aspecto importante de pesquisas sob a ótica da terapia cognitivo-comportamental é que o problema não está na situação adversa, mas na interpretação que se faz dela. Sob essa perspectiva, tente realizar as seguintes reflexões: Como você está interpretando a pandemia em 2020? Você tem achado que esse ano foi “perdido” ou mesmo uma sequência de catástrofes? Ou tem percebido que 2020 propiciou

ensinamentos, buscar a felicidade em pequenas coisas, estar com a família ou mesmo curtir sua própria companhia, valorizar os momentos vividos com pessoas queridas ou como um passeio no shopping pode ser legal, mas que é possível ficar sem frequentá-lo e sem comprar uma roupa nova por um tempo e ainda assim, viver bem? A partir desse exercício, entra em cena a diferenciação entre duas palavras: através e apesar. Não é adequado dizer que apesar da adversidade, uma pessoa se mostrou resiliente. O correto é afirmar que através da experiência difícil, foi possível o desenvolvimento de resiliência. Ao passar por esse momento pode-se falar em resiliência, superação e adaptação positiva. Assim, reflita mais um pouco. Por estar em uma pandemia, o que você conseguiu desenvolver? Passou a cozinhar em casa? A ter mais tempo para você mesmo e para sua família? Deu prioridades para coisas diferentes? Reavaliou sua vida e o que está fazendo com ela? A resiliência envolve aceitar o que não se pode mudar e realizar flexibilizações para lidar da melhor forma possível com esses novos desafios. Agora você pode estar se perguntando: como desenvolvo resiliência? Para responder a essa pergunta, devemos reconhecer os fatores de risco e de proteção. Fator de risco é tudo aquilo que nos coloca em situação de vulnerabilidade ou tudo que leva ao desenvolvimento de problemas físicos ou mentais, como o desemprego, a insatisfação profissional, falta ou limitação de rede de apoio, uma relação amorosa difícil e, agora a onipresente situação de viver em um cenário pandêmico. Já fator de proteção é aquele que te auxilia a superar o risco, como estar satisfeito no emprego e possuir uma rede de apoio significativa com pessoas que realmente se importam com você. É a partir do interjogo desses fatores (de risco

7 e de proteção), que a resiliência é forjada. Se você experimenta mais fatores de proteção do que de risco, provavelmente você conseguirá desenvolver resiliência. Caso esteja com mais fatores de risco que de proteção, a tendência é que você não consiga se mostrar resiliente. A boa notícia é a possibilidade de trabalhar para modificar essa realidade. Em um novo exercício podemos nos perguntar: O que faz com que eu me sinta bem? O que favoreceria uma adaptação positiva a um momento difícil como este? É fundamental apresentar uma diversidade de fatores de proteção para conseguir desenvolver resiliência. Assim, a partir de suas respostas para as perguntas acima, tente se dedicar mais ao que te traz relaxamento e bem-estar, ao que te faz sorrir e te diverte. Fortaleça sua rede de apoio, aproxime-se de pessoas queridas, claro, sempre com os cuidados necessários para evitar contaminação da Covid-19. A pandemia pode nos ter privado de ter relações face a face, mas existem outros meios de ter alguém especial por perto. Qual é o seu jeito de se manter ligado a alguém? Independente da forma é indispensável se manter conectado com pessoas que você possa contar, que te façam se sentir especial e querido. Definitivamente, 2020 não foi um ano fácil, mas estamos chegando ao final dele. Avalie quais foram os seus desafios, mas também os ensinamentos aprendidos. A pandemia vai continuar e não sabemos por quanto tempo, mas agora ela já não é mais uma surpresa, sabemos o que fazer para controlá-la. A expectativa do sucesso das vacinas também traz esperança! Que 2021 se inicie com muito otimismo, saúde e amor para todos nós! Mayse Itagiba Rooke é psicóloga docente na Universidade Anhembi Morumbi e doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade Federal de Juiz de Fora


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NATÁLIA MIGUEL Que ano interessante Sem dúvida, inusitado. Ano de muitas lutas para todos, em vários sentidos. Muita introspecção e reflexão que se estenderam a nível global causando intensos movimentos e novas maneiras de perceber a vida, a realidade, nossos hábitos e formas de relacionar-se. Foi possível sentir o quanto estamos doentes dentro e fora de nós, e que, percebendo mais a fundo, os mundos não se separam. Refletimos para fora apenas o que temos dentro de nós. Por isso, apesar de tudo e aparente prevalência de sofrimento, dor e perdas, sempre escolho a opção de ver tudo sob o prisma do aprendizado, onde todas as situações, por mais dolorosas que sejam, vêm para nos auxiliar, para mostrar que o caminho está errado e que pre-

cisamos urgente de outra direção. A vida nos ensina com os mais variados métodos e pedagogias. Quanto mais distantes da percepção, quanto mais enrijecidos estamos com nossa própria vida e com o meio externo, mais abruptos precisam ser os sinais para que percebamos e troquemos de rota. 2020 foi um grande e dolorido sinal para todos nós, enquanto humanidade, que percebamos, amadureçamos e, assim, consigamos corrigir os lemes de nossas vidas, pensando e vivendo de maneira menos egoica e mais fraternal, buscando novas formas de coexistir e estar no mundo. Que este fim de ciclo seja de muito significado, introspecção e novas oportunidades para todos. E que 2021 seja realmente um NOVO ano. Ah, e cuidem-se com a naturologia...

EDITAL DE CITAÇÃO – PRAZO DE 20 DIAS. PROCESSO Nº 1053559-08.2017.8.26.0114 O(A) MM. Juiz(a) de Direito da 10ª Vara Cível, do Foro de Campinas, Estado de São Paulo, Dr(a). MAURICIO SIMOES DE ALMEIDA BOTELHO SILVA, na forma da Lei, etc. FAZ SABER a todos quanto o presente edital virem ou dele tiverem conhecimento que, por este juízo da 10ª Vara Cível da Comarca de Campinas/SP e respectiva secretaria processam-se os autos n. 1053559-08.2017.8.26.0114, movida por Bruno Tosello de Oliveira, tendo como pedido a alteração contratual registrada na JUCESP sob o nº 153.813/17-9, referente à alteração societário realizada na empresa Gaúcha Alimentos Eireli, visando restabelecer plena validade ao ato societário anteriormente registrado. Estando o réu em lugar incerto e não sabido, é expedido o presente edital, com prazo de 30 (trinta dias), para a citação de ANDERSON DOS SANTOS CARMO, com CPF 088.393.467-16, RG 204.088.67-8 DIC-RJ, para os atos e termos da ação proposta, e assim, querendo, apresente contestação, no prazo de 15 (quinze) dias, ficando ciente que, não apresentando contestação, os fatos narrados presumir-se-ão verdadeiros. E para que chegue ao conhecimento de todos, é expedido o presente, com prazo de 30 (trinta) dias, findo os quais se iniciará a contagem do prazo para apresentação de contestação. Este edital será publicado e afixado na forma da Lei. NADA MAIS. Dado e passado nesta cidade de Campinas, aos 02 de outubro de 2020.

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Marcelo Sguassábia Nesses novos dias Eu não vi, mas é como se estivesse vendo agora na minha frente o Marcos Valle, sem camisa e sentado ao piano em uma tarde de sábado de 1971, compondo o tema de fim de ano encomendado pela Globo, com o Nelsinho (em estado, digamos, alterado de consciência) esperando a música ficar pronta para botar letra junto com o Paulo Sérgio, irmão do Marcos. Música concluída, letra entregue e discussão armada: – Olha, sei lá, meu... não é melhor “nesses lindos dias” do que “nesses novos dias”? O Nelson se defende. – Mas eu falo dos dias que estão por acontecer. Não enche o saco, Marcos. – Sei não, olha só, tem “novo dia” no primeiro verso, no segundo tem “novo tempo”, depois vem “novos” de novo? É muito “novo” pra uma letra só, se você trocar por “lindos” fica bom do mesmo jeito e não repete tanto. Eu vi, um ano antes, sentado num pufe e abraçado a um bambi de pelúcia, noventa milhões em ação botando o Brasil pra frente. Aqueles mexicanos com seus sombreros invadindo o gramado de Guadalajara. Sem saber direito o que estava acontecendo e em preto e branco, com um plástico azulado por cima da tela, pra dar um certo gostinho de TV colorida – coisa que só chegaria pra valer na Terra de Santa Cruz em 72, 73. E apenas nas vitrines das lojas chiques, onde o povo se amontoava à noite, boquiaberto. Lembro que tinha até pipoqueiro na esquina e radiopatrulha rondando, no caso de haver confusão.

Estes poucos aparelhos, quando saíam do mostruário, iam para as casas dos muito, mas muito ricos mesmo. Eu vi a Lolita e o Airton segurando uma bandeja, com um porco assado de maçã na boca, fazendo merchan da Cantina Don Ciccilo ao lado do Carlos Imperial – bebendo uísque e fumando, em pleno programa vespertino. Sendo que o merchan era pura permuta – o restaurante entrava com o rega-bofe para os artistas todos do “Almoço com as Estrelas” e o apresentador fazia o testemunhal. Zero de dinheiro envolvido! Eu vi Silvio Santos apresentando o “Só compra quem tem” e falando com seu irmão Léo pelo telefone, dizendo que “prêmios, prêmios, prêmios o Baú agora dá”. Pelo menos em 50 desses 70 anos que a TV faz agora, alguns flashes marcantes deixaram registro nesta caixola abarrotada. Coisas que aos poucos vão deteriorando. Como as fitas de videoteipe que ainda restaram, salvas dos incêndios da Record, da Globo, da Tupi, da Excelsior. Eu vi, sim. E é quase certo que não trocaria o que vi, fragmentos que guardo em caixinhas de veludo dentro de um cofre de aço, pelas décadas que um garoto de 15 de hoje tem pra ver. Prefiro reter o pouco que possuo entre uma dobra e outra dos miolos, mesmo que nada disso exista mais, do que partir, titubeante, rumo ao que esse menino teria pela frente. Pra que eu fizesse uma troca dessas, precisaria ter muita vantagem envolvida. Vantagem grande, de respeito. Talvez uns 150 anos de bônus por aqui. E isso se eu tivesse certeza que o “aqui” continuaria existindo em 2170, evidentemente. Marcelo Sguassábia é redator publicitário


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O cotidiano familiar e a pandemia por Kellin Inocêncio e Gisele Cordeiro

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rinta e um de dezembro de 2019, comemorações, bons sentimentos, abraços e desejos de saúde e paz. É assim que a maior parte dos brasileiros vivenciou essa data. Como em todos os anos, fazemos novos planos, reorganizamos metas e acreditamos que as oportunidades nos serão postas para que consigamos atingir nossos desejos. O que ninguém esperava era uma condição mundial que viesse como um grito de parada, um freio, um obstáculo. Paramos muitos objetivos, desejos, sonhos e metas e precisamos reorganizar a vida para nos mantermos dentro da realidade social e econômica, da melhor maneira possível. Nesse contexto há pais, mães, filhos e há escolas. É fato que muitas famílias transformaram sua rotina a partir da condição

pandêmica. Pensando na relação pais e filhos, da rotina construída a partir das ações de cada membro familiar, constatamos que anterior ao período de quarentena, com escolas de educação básica em pleno funcionamento, os pais ou responsáveis se dividiam para levar e buscar as crianças da escola, arrumar a lancheira e até mesmo auxiliar os filhos na separação do uniforme e dos materiais. Ocorre que hoje, essas atividades tão comuns deixaram de acontecer, porém, essa ausência não é sinônimo de tempo livre. Justamente pelo fato de muitos profissionais, pais e mães, atuarem na contemporaneidade a partir da condição de home office e assim dividirem as funções profissionais com organização da casa e, naturalmente, das crianças e suas atividades escolares. Entretanto, essa situação promoveu uma tensão em grande parte dos lares brasileiros, promovendo inclusive de-

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bates a partir da temática nas redes sociais, sobrecarregou os pais e deixou as crianças ansiosas e até entediadas. Estar em casa, mas, não passear ou brincar com os amigos pode afetar o emocional das crianças e, indiretamente, de seus pais. Para somar a essa realidade, há responsáveis que infelizmente contribuíram para o aumento das estatísticas do desemprego, que beira os 16%, acrescentando tensões dentro do lar, sobretudo pelo orçamento familiar afetado. Vivenciar uma quarentena em condições econômicas incertas, é um dos principais motivos de desiquilíbrio emocional nesse período de pandemia. É

preciso respirar, organizar e replanejar, pais e filhos, em busca de um equilíbrio que auxilie no cumprimento de todas as atividades. A escola precisa das crianças e essas, por sua vez, são formadas integralmente pela escola e pela família, assim como aponta nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9394/ 1996) em seu segundo artigo. É uma junção, uma união em prol de um objetivo em comum: formar sujeitos íntegros e construir conhecimentos, seja em encontros presenciais ou remotos. Nesse cenário, precisamos unir forças para que todos, inclusive nossas crianças, consigam passar pela pandemia sem grandes traumas e com aprendizados, de conteúdos para aqueles que são estudantes e de sociedade, para todos nós. Kellin Inocêncio é mestre em educação e professora do curso de pedagogia do Centro Universitário Internacional Uninter Gisele Cordeiro é doutora em educação e coordenadora da área de educação do Centro Universitário Internacional Uninter

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VIDA EM HARMONIA C

hegamos ao final de 2020, ano que ficará em nossa memória e constará nos livros de história e ciências das futuras gerações. Acreditamos que, de alguma forma, escolhemos passar por tudo isso e, se estamos aqui, é porque sabemos lidar com tudo isso. Agora, é chegada a hora de fazer um balanço do que passamos, do que fizemos e o que aprendemos para que possamos seguir em frente com mais sabedoria. Vamos elencar algumas lições que a pandemia nos ensinou? Como é sugerido por esta página, devemos buscar viver nossa VIDA EM HARMONIA, com a nossa mente, nossa alimentação, nossa família, com o nosso trabalho e com a natureza. Vivendo um dia de cada vez e dando o nosso melhor a cada dia, como se fosse o último de nossas vidas. Como diz o refrão de uma bela canção de Milton Nascimento: “Eu sou maior do que era antes, e sou melhor do que era ontem. Eu sou filho do mistério e do silêncio, e só o tempo pode revelar quem sou.”

FRUTAS DO MÊS Abacate, abacaxi, ameixa, banana, figo, jabuticaba, maçã, manga e uva A manga (ilustr.) não é só uma fruta apetitosa. Ela tem muitas propriedades medicinais: é um grande alimento antisséptico e bom dissolvente de gorduras. Excelente purificador do sangue e bom diurético. Comendo-a na parte da manhã, combate a acidez e outros males do estômago.

LEGUMES E VERDURAS O almeirão, como a maioria dos folhosos é uma hortaliça de baixo valor calórico, mas contém cálcio, fósforo e ferro. Quando de boa qualidade, o

almeirão deve apresentar folhas verdes, firmes e não muito sujas. Deve ser conservado na geladeira, protegido num saco plástico, de cinco a sete dias.

RECEITA PARA A CEIA DE NATAL OU ANO-NOVO

Torta cookie de tahine com chocolate cremoso e frutas vermelhas Ingredientes • 180 g de Tahine Tradicional (¾ de xícara); • 1 ovo; • 50 g de adoçante/açúcar (¼ de xícara); • 10 g de cacau em pó (1 colher de sopa); • Gotas de extrato de baunilha; • 1 pitada de sal; • Especiarias a gosto: canela, cravo, gengibre; • 10 g de vinagre de maçã (2 colheres de chá); • 2 g de bicarbonato de sódio (½ colher de café). Modo de preparo Pré-aqueça o forno a 180°C. Em um recipiente, misture todos os ingredientes, colocando o bicarbonato por último. Misture até formar uma massinha modelável e, então, comece a modelar a massa numa forma de fundo removível de 22 cm de diâmetro. Espalhe a massa no fundo e laterais, ela tem que ficar bem fina. Leve para assar por 12 a 15 minutos. Ingredientes do chocolate • 180 g de Tahine Cacau (¾ de xícara); • 150 g de chocolate preto de sua preferência (¾ de xícara);

• 30 g de adoçante/açúcar (3 colheres de sopa); • 70 g de água (¼ de xícara); • Gotas de extrato de baunilha; • Raspas de ½ laranja. Modo de preparo Derreta o chocolate e misture com a pasta de oleaginosas, água e demais ingredientes até todos ficarem bem homogêneos. Despeje esse creme na massa pré-assada e leve para gelar. Para decorar: • Chocolate branco derretido; • 400 g de frutas vermelhas variadas; • Flores. Modo de preparo Derreta o chocolate branco e despeje na torta de forma aleatória. Pique os morangos e decore com as demais frutas e flores. Mantenha a torta refrigerada. Sugerimos retirar 10 a 20 minutos antes de consumir para o recheio de chocolate ficar cremoso na hora de cortar. Rendimento: 1 forma de 22 cm com fundo removível. Durabilidade: 5 dias refrigerada e 2 meses congelada.


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