Jornalzen Julho 2020

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JORNALZEN ANO 16

JULHO/2020

Nº 185

www.jornalzen.com.br

Instagram Cícero Barreto

COMUNICADO Em apoio às medidas de distanciamento social, devido à pandemia do novo coronavírus, e zelando pela segurança sanitária, o JORNALZEN suspendeu temporariamente a circulação de sua edição impressa. Estamos disponibilizando gratuitamente a edição digital, que pode ser acessada em www.portalzen.com.br e nas páginas do JORNALZEN nas redes sociais. Ressaltamos a excepcionalidade do momento, em que, pela primeira vez em mais de 15 anos de circulação, somos obrigados a adotar tal providência. Agradecemos o apoio e a compreensão dos assinantes, anunciantes e colaboradores, certos de que nossa Missão continua e que conseguiremos ultrapassar esta fase de transição com união e serenidade. Para tanto, esperamos contribuir com nosso rico conteúdo voltado à reflexão e ao autoconhecimento, mais do que nunca, absolutamente necessário.

INDICADOR TERAPÊUTICO Págs. 12 e 13

LEIA ARTIGOS ABORDANDO A PANDEMIA EM SEUS MAIS DIVERSOS ASPECTOS Págs. 2, 4, 7, 8 e 9 Divulgação

FAZENDO O BEM Multiplicam-se, neste período de pandemia, ações de assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade, como a doação de cestas básicas na empresa Multifast no Rio de Janeiro. (CulturaZen/ Página 14)

ZENTREVISTA

Cícero Barreto Ultramaratonista mobiliza corredores de rua para aliviar o sofrimento de pessoas que vivem nas ruas, ainda mais vulneráveis no inverno e na atual conjuntura de pandemia Pág. 3


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O transcendente que está vivo por Elisa Leão

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maior conflito do ser humano é ter que entrar em contato com a sua finitude. Enfrentar a morte é algo que assusta, que pode apavorar algumas pessoas e que independentemente de crença religiosa, pode desestruturar a vida de alguém. Nessa temática, surgem discussões da esfera da ciência, religião, filosofia, sociologia, teologia, antropologia, psicologia, da simples e complexa existência humana, relacionadas a questionamentos como: para onde vamos? Quando? Existe continuidade? Terão encontros? Será o fim? Concretamente, não existem certezas e nesse momento social específico, então, muitas dúvidas. Mas a verdade profunda é que as certezas, em alguns momentos da vida que podem seguir por toda história pessoal, podem sair do concreto e aparecerem na dimensão do transcendente. Muitos foram os pensadores que trabalharam com essa temática em diferentes perspectivas. Husserl, Nietzsche, Heiddegger, Fromm, Pannemberg, pensaram e defenderam diferentes posicionamentos. No entanto, é importante esclarecer que a perspectiva deste texto em relação à expressão “transcendente” é a da esfera de invisibilidade que exige que o indivíduo vá além de si e conecte-se com o outro e com o divino. Exige fé, crenças e, sim, dúvidas. Uma dimensão desconhecida, mas sedutora, atraente e contraditoriamente amendrontadora, por ser desconhecida. Uma dimensão que tem o poder de dar colo e confortar aqueles que pro-

curam por essa conexão de alguma maneira, permitindo que o próprio ser transcenda o si para acessar o que está além e a dimensão de lá. Não foi aleatoriamente que em 1988 a OMS (Organização Mundial da Saúde) incluiu a dimensão espiritual no conceito multidimensional de saúde, para ela isso tem o sentido de natureza não material e ultrapassa as bordas da religião. Acreditar nesse “lá” pode curar, amenizar dores, proporcionar melhorias físicas, mentais e sociais. Nessa mesma dimensão, a fé é chave de entrada e passagem para o portal, lugar que permite o indivíduo vulnerabilizar-se e sentir uma força que impacta nos batimentos cardíacos, pressão arterial e nível dos hormônios liberados pelo corpo, além das funções dessa máquina perfeita. Isso já é comprovado cientificamente por pesquisas brasileiras, inclusive na Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, que pesquisa temas relacionados a resiliência, religião e espiritualidade, bem como outros temas relacionados e estudos ao redor do mundo. Neste momento em que o nosso mundo tem mais um integrante, o novo coronavírus, o ser humano é confrontado sem dó com o que mais assusta: os próprios limites, a finitude, a impotência. Esse confronto joga a existência para a solidão, para leitos de UTI e principalmente para a impotência. O ser humano e a dimensão física são impotentes, mas a dimensão transcendente é onipotente! É surpreendente! É milagrosa! A fé move montanhas, cura, ressuscita, acolhe.

Tempos de coronavírus, em que os templos não podem receber seus fiéis, ensina uma nova forma de relacionamento com Deus. A busca precisa ser mais individual ou no grupo com ajuda da tecnologia quando a internet não falha. O individual não falha. As conversas íntimas de joelhos, com gosto salgado de lágrimas está abrindo o novo portal. O relacionamento com o transcendente mais próximo e mostrando-se concreto! Mostrando que pode se manifestar fisicamente promovendo bem-estar. Que não depende dos espaços físicos, que independem dos líderes, embora eles possam ajudar, mas que o transcendente existe na existência do ser vivo que o leva para além da própria existência. O transcendente existe através da natureza desde o homem primitivo e nas comunidades indígenas mais virgens que já sentiam algo maior e para além do que é visível. Que Deus protege e está acima de tudo. Que pode manifestar se através do trovão, da chuva, do sol... que pode manifestar-se através dos relacionamentos, por que não? Através dos medos, da coragem, dos momentos de desamparo e de coragem. Um novo normal do transcendente está acontecendo, o que entra para o quarto e sem cerimônia torna-se próximo o suficiente para ouvir os medos mais íntimos, muito relacionado ao desamparo. Medo do desemprego, das perdas de pessoas queridas, da fome, da saudade, das complicações. O transcendente pode acolher e oferecer suporte emocional, ele é maior e misterioso, ultrapassa o que é compreensível. Esse transcendente impulsiona o propósito

JORNALZEN DIRETORA EXECUTIVA SILVIA LÁ MON

de vida, impulsiona a esperança com esperança, gera fé. Esperança é um dos sentimentos mais necessários para esse momento tão inusitado, tão novo, tão diferente e forte! Sim! Ter um propósito de vida preenche vazios. Podemos ter esperança, pois com ela tudo fica mais organizado e possível. Um mundo melhor pode vir. Dificuldades materiais estão acontecendo, mas o transcendente diz respeito para além do físico e protege, e dá esperança. Já é comprovado cientificamente que a fé e o investimento na espiritualidade promovem saúde. Saúde mental e física que pode ser mensurada com exames de neuroimagem, exames clínicos e talvez esse momento de pandemia também esteja falando sobre a importância em buscar por melhorias pessoais, por propósito de vida, por esperança num mundo melhor, pela fé no que não se vê mais é poderosa para alterar beneficiando a máquina humana. O transcendente pode ajudar a autenticidade e coragem para enfrentar os desafios, afinal, ninguém precisa ficar sozinho. Existe algo maior que protege e com acolhido é possível deixar fluir a criatividade, emergir a força interna gerada pela fé que poderá mostrar caminhos alternativos oferecendo esperança e mostrando que a vida continua e que não é necessário matar o que está vivo, mesmo porque o que está vivo é forte demais e faz parte do que transcende! Elisa Leão é professora doutora de psicologia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília

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om a chegada do inverno, milhares de pessoas em situação de rua, na cidade de São Paulo, estão vulneráveis à hipotermia e outras doenças decorrentes da exposição. Na atual conjuntura sanitária, com a pandemia do novo coronavírus, essa população está ainda mais vulnerável. Frequentador das ruas em suas atividades esportivas, o ultramaratonista Cícero Barreto resolveu mobilizar a comunidade de corredores em uma iniciativa para minimizar o sofrimento dos cidadãos mais vulneráveis na capital paulista. Em parceria com o Núcleo Assistencial Anjos da Noite, que há 30 anos presta assistência para pessoas em situação de rua, ele desenvolveu o desafio “Aquecendo as Ruas”, pelo qual corredores amadores e profissionais doam um cobertor para cada quilômetro percorrido. Natural de Três Lagoas (MS), Cícero, 46 anos, é também executivo da área da saúde. Nesta entrevista ao JORNALZEN, ele fala mais sobre o projeto, que conta com a mobilização dos participantes para engajar novos corredores, criando uma verdadeira rede de solidariedade.

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ZENTREVISTA: Cícero Barrreto

DESAFIO SOLIDÁRIO Projeto de ultramaratonista mobiliza corredores para aliviar o frio de pessoas em situação de rua

Instagram Cícero Barreto

O que o levou a mobilizar corredores para ajudar pessoas em situação de rua?

A comunidade de corredores e as pessoas em situação de rua dividem o mesmo ambiente, mas em condições muito diferentes. Quando treinamos, vamos às ruas em busca de qualidade de vida através do esporte que amamos. Mas, para quem vive nela, a rua é um ambiente opressor e implacável. O objetivo do projeto é oferecer algum conforto para pessoas cujas vidas estão ainda mais ameaçadas durante o inverno. Com o agravante da Covid-19, que lota os leitos hospitalares, elas estão ainda mais vulneráveis. Por isso nos juntamos aos Anjos da Noite. Mais do que uma refeição ou um cobertor, eles levam afeto e uma mão amiga para uma comunidade invisível para muitos paulistanos. Participa ou participou de outras iniciativas ligadas à solidariedade?

Em parceria com a ONG Amigos do Bem, percorri 112 quilômetros na ultramaratona Salomon Ultra-Trail, na Hungria. A distância foi convertida em 11.112 litros d’água, que foram doados para famílias carentes no sertão do Nordeste. Toda prova entro sabendo da responsabilidade que carrego nos ombros. Mas aquela era especial. Tinha mais um

bém, criando uma rede de solidariedade em prol da população em situação de rua. Queremos estreitar os laços entre as duas comunidades, aprender com eles e descobrir soluções para que essas pessoas tenham sua dignidade restituída. De que forma o esporte pode colaborar para o sucesso de projetos sociais?

O esporte é um grande mobilizador. Sua prática é motivada por paixão e por uma busca por uma vida mais plena e saudável. Quando pessoas motivadas e apaixonadas se unem em prol de uma causa, principalmente quando a causa é ajudar irmãos em necessidade, a faísca que leva um projeto do papel à prática é mais robusta. Muitas modalidades ou mesmo instituições vêm se mobilizando durante a pandemia para prestar auxílio a pessoas em situação de fragilidade social. Nossa iniciativa é focada nas pessoas em situação de rua, que compartilham o mesmo ambiente que nós de forma bem assimétrica. Mas toda modalidade e todo esportista guarda o potencial de usar do seu esporte para promover o bem, para estender a mão e dizer: estamos juntos. Na qualidade de executivo na área de saúde, como avalia o quadro da pandemia em nosso país?

É preocupante. Os números demonstram que é fundamental seguirmos as orientações das autoridades sanitárias. Como vê a proposta do JORNALZEN, de divulgar iniciativas positivas?

motivo para correr. Cada quilômetro superado significava cem litros de água para uma comunidade que enfrenta a seca, algo que é muito mais desafiador e aterrorizante que uma montanha. Em que consiste o desafio “Aquecendo as Ruas”?

Mobilizamos a comunidade de corredores de rua para ajudar nossos irmãos em situações de vulnerabilidade. A proposta é que, para cada quilômetro de corrida ou caminhada, a pessoa doe um cobertor, que custa apenas 10 reais, além de marcar outros amigos nas redes sociais e incentivá-los a participar tam-

“Toda modalidade e qualquer esportista guarda o potencial de promover o bem, estender a mão e dizer: estamos juntos”

Vivemos dias nos quais o noticiário parece muitas vezes páginas de um romance distópico. Temos grandes desafios enquanto sociedade para enfrentar após a pandemia, sejam eles econômicos, sociais ou políticos. Mas é importante olhar para o que está dando certo, para as boas atitudes que brasileiros de todas as regiões desenvolvem todos os dias, de forma altruísta e colaborativa, para mitigar injustiças, para proteger o meio ambiente. Quando vemos esses exemplos, somos motivados a ser pessoas melhores, mais ativas e dispostas a doar nosso tempo e nosso recurso em prol da comunidade. Que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores?

Sejam gentis, pratiquem esportes e olhem à sua volta. Tem sempre alguém que você pode ajudar e com quem você pode aprender.


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JOÃO SCALFI

O remédio salutar “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes salvos: porque a oração do justo, sendo fervorosa, pode muito” (Tiago, 5:16) A doença sempre constitui fantasma temível no corpo humano, qual se a carne fosse tocada de maldição; entretanto, podemos afiançar que o número de enfermidades, essencialmente orgânicas, sem interferências psíquicas, é positivamente diminuto. A maioria das moléstias procede da alma, das profundezas do ser. Não nos reportando à imensa caudal de provas expiatórias que invade inúmeras existências, em suas expressões fisiológicas, referimo-nos tãosomente às moléstias que surgem, de inesperado, com raízes no coração. Quantas enfermidades pomposamente batizadas pela ciência médica não passam de estados vibratórios da mente em desequilíbrio? Qualquer desarmonia interior atacará naturalmente o organismo em sua zona vulnerável. Um experimentará os efeitos no fígado, outro, nos rins e, ain-

da outro, no próprio sangue. Em tese, todas as manifestações mórbidas se reduzem a desequilíbrio, cuja causa repousa no mundo mental. O grande apóstolo do cristianismo nascente foi médico sábio quando aconselhou a aproximação recíproca e a assistência mútua como remédios salutares. O ofensor que revela as próprias culpas, ante o ofendido, lança fora detritos psíquicos, aliviando o plano interno; quando oramos uns pelos outros, nossas mentes se unem, no círculo da intercessão espiritual, e, embora não se verifique o registro imediato em nossa consciência comum, há conversações silenciosas pelo “sem fio” do pensamento. A cura jamais chegará sem o reajustamento íntimo necessário, e quem deseje melhoras positivas, na senda de elevação, aplique o conselho de Tiago; nele, possuímos remédio salutar para que saremos na qualidade de enfermos do corpo ou da alma. Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angustia. Que a fé e a esperança sejam a fonte de luz que nos sustentam em Deus. Fonte: Vinha de Luz (Emmanuel/F. C. Xavier)

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Efeitos psicológicos do afastamento social por Ivo Carraro

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vida é um mistério que se manifesta em forma de constantes desafios com uma dinâmica própria. Todo desafio é a gênese de uma experiência individual para os humanos evoluírem. Cada ser humano percebe essa dinâmica do seu jeito singular para arquitetar a própria personalidade, a sua forma de ser na vida. O cérebro toma conhecimento do que acontece na realidade externa pelas vias sensoriais: visão, audição, olfato, paladar e tato. Tais informações, depois de percebidas, seguem por caminhos específicos até chegarem às áreas cerebrais responsáveis por analisá-las e criar uma resposta. Os estímulos sensoriais poderão ser agradáveis (como o perfume de uma flor ou o sabor de um sorvete), motivadores, amáveis, educativos, pessimistas (esta pandemia não vai acabar tão cedo e vai matar, ainda, milhares de pessoas), etc. Por essa visão neurocientífica, a humanidade vai se estruturando na sua relação com a realidade externa. Este longo período pandêmico gerado pelo coronavírus criou uma realidade assustadora para muitos. São imagens de funerais, estatísticas de pessoas contaminadas, cidades com ruas praticamente vazias, escolas sem data para reiniciarem as aulas presenciais, ameaças de perda de trabalho. Esta realidade tem as emoções como um terreno fértil para se instalar e causar uma grande desordem. Ansiedade, medo, estresse, inquietude, sofrimento, tormento, tristeza, depressão, pânico, são respostas do cérebro tendo em vista as informações sensoriais oriundas do mundo exterior. Este desequilíbrio emocional cria, ainda, uma falta psíquica que,

por assim ser, pede uma recompensa que poderá vir em forma de uma alimentação excessiva que terá como consequência, um aumento da circunferência abdominal. Além disso, os instintos agressivos poderão ser liberados e traduzidos na violência doméstica, conforme comprovam as estatísticas. No entanto, existem aqueles que convivem bem com o afastamento social imposto pela pandemia. São assintomáticos emocionalmente falando, digamos assim. Então, como as pessoas que estão sofrendo pelo afastamento social prolongado deverão agir para não adoecerem? São incontáveis as informações sensoriais que chegam ao cérebro humano na menor unidade de tempo. Haverá de existir uma seleção delas para que o Sistema Nervoso não entre em colapso. Quem faz isso é uma estrutura cerebral chamada Sistema Ativador Reticular Ascendente (Sara). É o foco de cada momento. Assim, se o Sara focar somente na pandemia, o cérebro vai interpretar que a realidade é assim e assim sempre será. As emoções vão se alterar e a saúde, seja ela mental ou somática (corpo), ficará comprometida. A solução está na mudança contínua de foco nas atividades: que haja um tempo para o lazer, para dormir, para alimentar-se equilibradamente, para a prática esportiva, para o banho de água e de sol, para a leitura, para o trabalho home office ou não, para vida em família. Um tempo para as múltiplas atividades. Por fim, que se leve em consideração que uma das maiores conquistas do ser humano é a vitória sobre si mesmo diante das adversidades inerentes da vida. Ivo Carraro é psicólogo e professor do Centro Universitário Internacional Uninter


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CARLA BÉCK

Síndrome da Cabana Após mais de cem dias de isolamento social e a adaptação para ficar em casa e fazer todas as atividades, o cérebro foi treinado para entender e associar a casa à proteção e segurança. Sair de casa pode representar perigo e insegurança para as pessoas e este medo em excesso pode desencadear na Síndrome da Cabana. Este nome foi dado em 1900 em função dos trabalhadores norte-americanos que se refugiavam em suas cabanas quando o inverno chegava e, depois, tinham receio de voltar à civilização quando o frio terminava. O mesmo já está acontecendo atualmente, devido à quarentena que nos confinou em nossos lares desde março deste ano. Hoje, algumas pessoas já estão entrando em desespero com a abertura de shoppings, lojas e relaxamento de alguns com relação ao isolamento. Agora, com a possibilidade de a quarentena terminar, torna-se necessária uma nova adaptação. Começar tudo de novo. Quem sofre de Síndrome da Cabana pode sentir muita angústia, muita ansiedade, perder a concentração,

perder a memória, passar a comer muito e a dormir muito, embora possa acontecer de o indivíduo perder o apetite e o sono, e alguns sintomas físicos também podem se manifestar, como taquicardia, sudorese e tonturas. O medo é uma sensação provocada pelo cérebro que auxilia o indivíduo em sua sobrevivência e adaptação. Se não sentíssemos medo de nada, não teríamos como nos defender. No entanto, é preciso ficar atento ao excesso de medo. Os sintomas da Síndrome da Cabana podem lembrar a síndrome do pânico. A diferença é que esta leva o indivíduo ao isolamento, enquanto na Síndrome da Cabana acontece o contrário. O isolamento leva o indivíduo ao pânico. As empresas que estão se preparando para a retomada também devem se atentar em transmitir segurança aos colaboradores. Algumas dicas podem ajudar quem está sofrendo dessa síndrome: 1 – Respeite o seu tempo. Não se obrigue, não se cobre, não se culpe. Cada um tem um ritmo diferente e o sentimento é totalmente válido.

2 – Estabeleça uma rotina. Na rotina você se sente no controle e pode controlar os seus pensamentos, portanto, pode controlar seu medo 3 – Comece aos poucos, devagar, e recompense cada passo, cada progresso. Por exemplo, no primeiro dia, simplesmente abra a porta de sua casa e fique ali, olhando para fora. Avalie como está se sentindo. No dia seguinte, tente dar alguns passos para fora. 4 – Lembre-se de todas as coisas boas que você tinha e fazia ao sair de casa. Comece a condicionar seu cérebro para que ele diminua progressivamente a resposta do medo. Procure ajuda de um profissional. A

5 Síndrome da Cabana, quando longa e não monitorada, pode desencadear um quadro depressivo grave. Claro que ainda é preciso tomar muito cuidado ao sair de casa e, de preferência, evitar aglomerações. Mas podemos começar desde já a enumerar todas as coisas boas que estão nos esperando lá fora. Um dia a quarentena acabará. Então, vamos nos preparar para uma nova vida antiga. Pratique o autoconhecimento e potencialize-se! Carla Béck é psicóloga, diretora da Infinita EPH e especialista em desenvolvimento de liderança e carreira. carlabeck@infinitaeph.com.br


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RENÉ SCHUBERT

Esperar, expectar, à deriva... ficar... “Expectativa é igual paçoca: do nada, esfarela tudo” (poesia rotineira) A verdade, na sabedoria popular, sobre expectativas... paçoca! Li esta bela metáfora no Instagram e a compartilho com vocês... pois ela é muito verdadeira. Ou, ao menos, toca em verdades. O que eu vejo, ouço, sinto na relação com o outro é real ou são minhas expectativas projetadas, falando, ouvindo e sentindo? Eu “expecto” o outro ou me relaciono com ele(a), tal qual ele(a) se mostra e É? Claro... relações são a dois (3, 4, 5). Ou seja, todos “expectamos”... A dúvida é: nos relacionamos? Formamos laços, vínculos, trocas... reais... com outro(a)? E conosco mesmo(a), me relaciono ou me “expecto” a mim mesmo(a)? Vivo a vida ou flutuo em uma bruma de ilusão? “Ah, que bom seria se... e se ele(a) pudesse entender isto... que decepção que ele(a) me causou... me olho no espelho e decepciono me com... se ao menos as pessoas... seria tudo diferente se ele(a) ao menos... ele(a) me fez pensar que... não acredito que fui tão idiota a ponto de cair nesta”... e tantos outros exemplos. Conforme me relaciono, me permito, me entrego, vivo a relação – sofro, me desnudo, me fragilizo, fico vulnerável... cresço. Mas... me disseram que a felicidade era... deveria ser... poderia ser... porque naquela vez ele(a)... e tem aquela história que contaram que era... Escolho a verdade dura, as renúncias atreladas, as consequências e efeitos de meus atos – a minha responsabili-

dade pelo que faço, vejo, sinto, escolho... ou... prefiro “mentirinhas” confortáveis. Instantâneas, imediatas, imaginadas, queridas, completas, perfeitas, construídas virtualmente na velocidade e facilidade de um clique (?!) Crio o mundo à minha volta a partir de minha fantasia, desejos, pontos de vista, conceitos (e pré conceitos), crenças... em grande parte envoltas em uma roupagem de ilusão. Que o torna mais amigável, fácil, digerível, possível... na minha medida! Mas não é! E isto me irrita. Isto me estorva. Me entendia. Me desanima. Me frustra. Me entristece. Vem aquele vazio incômodo. Aquela sensação... O que estou fazendo com minha vida? O que busco realmente nela... O conflito interno. Uma realidade para todo ser humano. E como dizia Sigmund Freud, somos seres em conflito, ora interno, ora externo... Quem sabe os dois ao mesmo tempo. E não tem jeito? Bert Hellinger apontava: “a paz começa onde cada um de nós pode ser da forma que é, onde cada um de nós permite ao outro ser tal como é e ficar onde está”. Sem acréscimos, melhorias, certos ou errado, sem mudanças... a não ser a nossa própria. Nos avaliamos, observamos, adaptamos, flexibilizamos, fazemos concessões, renúncias, negociamos, comunicamos, trocamos com nossos pares. Como nos ensina Stephan Hausner: “Expectation is the oppositive of relationship”. Pois é... No final, trata-se “apenas” de meu nível de consciência... nestes “pequenos” detalhes... só isso! Seguimos! Conscientes de nós e das paçocas em nosso dia a dia!

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PANORAMA HISTÓRIAS INSPIRADORAS O casal Geyze e Abilio Diniz lançou a primeira temporada de podcasts do Plenae, iniciativa focada em bem-estar, longevidade e qualidade de vida. São seis episódios com histórias inspiradoras de diferentes pessoas, cada um disponibilizado gratuita e semanalmente no Spotify e no site www.plenae.com. Ao final de cada episódio de 20 minutos há uma reflexão do monge Satyanatha. ALIMENTANDO A ESPERANÇA A campanha do Instituto Visão Futuro vai até o dia 31 de julho. Mais de nove toneladas de alimentos já foram entregues a comunidades em situação de vulnerabilidade. O auxílio acontece com uma cesta básica não perecível e duas cestas básicas com verduras e legumes frescos da agricultura familiar do Cinturão Verde de São Paulo. Mais informações: apoia.se/alimentaesperanca MÚSICAS PARA RELAXAR A Sony Music disponibilizou na plataforma Linkfire – SMB.lnkto/ – o projeto Músicas Para Relaxar, formado por um pack de três álbuns para ajudar a diminuir o estresse e a ansiedade. Um estudo da gravadora identificou o aumento pela procura de músicas desse perfil neste momento de pandemia. Foram usados sons reais da natureza com linhas melódicas na composição de cada canção. PARCERIA PARA MÁSCARAS O Projeto Circulando, responsável por iniciativas que priorizam a inovação e sustentabilidade, lançou campanha para confecção e distribuição gratuita de máscaras. A ação convida empresas e pessoas a doar materiais como tecido, aviamentos e elástico ou qualquer quantia em dinheiro. Interessados em colaborar devem entrar em contato pelo e-mail contato@circleaceleradora.com.br FORNADA DO BEM O grupo Heineken e a Wickbold se uniram para auxiliar famílias carentes no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O projeto consiste na transformação das cerca de três toneladas de malte doadas pela cervejaria em pães. Um milhão de sanduíches estão sendo distribuídos em todo o Estado, pela ONG Banco de Alimentos, a famílias em situação de vulnerabilidade. CAMPANHA CONTRA O CÂNCER Trinta e uma instituições serão beneficiadas com a campanha Sorte Acelerada, para arrecadar recursos na luta contra o câncer infantojuvenil. A ação é uma parceria entre o Instituto Ronald McDonald e a Hyundai, e sorteará, no dia 9 de setembro (pela Loteria Federal) um Hyundai HB20 Nova Geração Sense 2020. O cupom pode ser adquirido no site www.sorteacelerada.org.br/compraonline


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KARINA FERRARI

Florais de Bach na prática A terapia floral de Bach é uma terapia vibracional, por frequência. Cada uma das flores descobertas por Edward Bach carrega uma informação de consciência. Quando entramos em contato com essa informação, à medida que tomamos as essências florais específicas que precisamos, começamos a expandir nossa consciência e ampliamos nosso autoconhecimento. Os florais não contêm o princípio ativo das flores, mas sim sua parte energética, vibracional, e exatamente por não possuírem princípio ativo, os florais de Bach não possuem contraindicação, podendo ser utilizados por todas as pessoas e seres vivos, desde gestantes, nutrizes, bebês, crianças, idosos, pessoas fazendo uso de medicamentos alopáticos ou não, isto é, em qualquer caso podemos utilizar os florais de Bach como terapia complementar. O único cuidado que se deve ter com relação ao uso dos florais é com relação ao conservante em que ele é manipulado. Geralmente utilizamos 20 a 30% de brandy (conhaque) como conservante e a posologia é utilizar quatro gotas, quatro ve-

zes ao dia. Caso o cliente não possa fazer uso do conservante alcoólico por qualquer razão, o floral poderá ser manipulado utilizando o vinagre de maçã ou a glicerina vegetal como conservante não alcoólico. A atuação dos florais de Bach ocorre no nosso campo sutil. Por serem essências vibracionais, à medida que tomamos o floral, nosso sistema recebe a energia contendo a frequência correspondente àquilo que estamos precisando. Por exemplo, se tendemos a agir com irritação e impaciência, tendo dificuldade em lidar com pessoas ou situações que funcionam num ritmo diferente do nosso, podemos precisar de Impatiens, a essência que carrega a virtude da paciência e serenidade para aprender a equilibrar nosso ritmo, compreendendo que cada pessoa tem seu próprio tempo. Ao tomar o floral, recebemos sua frequência correspondente, e assim, ao longo de vários dias recebendo a vibração do equilíbrio por várias vezes, vamos por ressonância entrando em harmonia. Depois que atingimos o equilíbrio e conseguimos sustentálo sozinhos, não precisamos mais da ajuda do floral.

O dr. Bach queria que todas as pessoas tivessem a oportunidade e a facilidade de se harmonizarem sozinhas, por isso sua primeira obra literária sobre os florais foi chamada de Cura-te a ti mesmo. Para isso, é claro, precisamos ter autorresponsabilidade e olhar com empatia para nossas próprias questões para poder identificar quais essências são apropriadas para nós nas diversas circunstâncias da vida. Esse processo somente será bem sucedido se pudermos nos observar com

Tempo para o autoconhecimento por Dora Ramos

Em meio à pandemia, a recomendação geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) é o isolamento social, evitando ao máximo as saídas de casa, ainda mais se não houver necessidade. De fato, esse isolamento acaba afetando nossa vida de uma forma não muito positiva. No entanto, é possível sim usar esse momento a nosso favor. Utilizar esse período para uma jornada de autoconhecimento é uma ótima maneira para se aperfeiçoar e obter uma melhor atuação na vida, tanto no campo profissional, quanto pessoal. Há mais de 20 anos nessa jornada

de autoconhecimento, acredito que quando melhoramos como pessoas, melhoramos o mundo também. Isso nos dá forças para trabalhar com maior confiança e acreditarmos mais em nós mesmos. Esse é um momento de força e compreendo que, na vida, tudo o que passamos nos dá forças para enfrentarmos situações adversas como essa do coronavírus. E essa força que nasce em nós também nos ajuda a enfrentar o mercado de trabalho, muito afetado atualmente pela pandemia. E tudo isso devido principalmente ao nosso autoconhecimento adquirido com o passar dos anos.

Os estudos da astrologia, arcanjos e cabala me trouxeram essa oportunidade de me conhecer melhor, além, é claro, de todas as minhas vivências na infância e no decorrer dos anos. Outros estudos que me auxiliaram no meu caminho, foram os de programação neurolinguística (PNL), pois de acordo com um de seus criadores, Richard Bandler, a PNL é um processo educacional para melhor uso do cérebro; o reiki, que ajuda a canalizar a energia vital; e o coaching, para compreender o comportamento pessoal e estimular a busca de soluções e ampliar horizontes. Se o autoconhecimento é mesmo

7 objetividade e amor, caso contrário, estaremos iludidos a nosso próprio respeito e o tratamento poderá aliviar alguns sintomas, porém este tenderá a retornar. Por isso, para que um processo de autocuidado com a terapia floral de Bach seja bem-sucedido, se faz necessário trabalhar em si mesmo o Eu Observador. E claro, buscar ajuda de um terapeuta floral sempre que houver dificuldade em fazer esse processo sozinho. Karina Ferrari é psicanalista clínica, especialista em florais de Bach, mestre em reiki e coach

a chave para enfrentar desafios: não perca mais tempo. Utilize a quarentena para investir em você nesse sentido. Procure algum curso, vídeo ou mesmo uma terapeuta para te ajudar nesse processo, que será de muita importância e fará com que caminhe com maior leveza em sua vida. O autoconhecimento é essencial para que tenhamos ótimas performances em nossas vidas, e além de tudo, auxilia-nos a ter uma melhor saúde física, mental, emocional e espiritual. Um pacote completo para o que mais precisamos nos dias de hoje, de amanhã, de muitos que ainda estão por vir. Dora Ramos é terapeuta holística e consultora contábil


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CLÉLIO BERTI Produtividade e autoconhecimento O mundo está, cada dia, mais acelerado. A tecnologia facilitou as nossas vidas, mas trouxe novos desafios. Estamos conectados 24 horas, todos os dias. A mente acelerou, na mesma proporção. Crescem, assustadoramente, a ansiedade, a depressão, a síndrome da mente acelerada, o estresse, e a qualidade do sono despencou. Por um lado, temos de produzir cada vez mais num tempo cada dia mais curto. Como podemos lidar com a aceleração do mundo e manter uma mente centrada, focada, concentrada e relaxada? Esse é o nosso maior problema. Contemporizar as solicitações externas com o universo interior, para manter uma boa saúde física, emocional e mental, precisamos de momentos de parada.

Reservar momentos de qualidade para cuidar do mundo interno é condição fundamental. A grosso modo, reserve pelo menos duas a três horas por semana para cuidar-se. Nesses horários, deixe tudo para trás e concentre-se no momento presente. O que fazer? Duas boas sugestões: praticar yôga ou meditação. Ou, melhor ainda, yôga e meditação (a prática do yôga contempla a meditação). Quer praticar, na sua casa, on-line e ao vivo (por conta da pandemia)? Envie um WhatsApp (número abaixo) e agende sua aula experimental, sem compromisso. Produza muito, mas cuide do que é mais precioso: a sua saúde.

Av. José Bonifácio, 1.030 Jd. Flamboyant - Campinas WhatsApp: 19 99725.4241

www.yogaemcampinas.com.br

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Quem lê para os filhos compartilha afetos por Cléo Busatto

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este momento em que tantas crianças aqui e mundo afora estão isoladas em casa, longe de colegas, amigos e com uma nova rotina imposta, é muito importante que os pais leiam para elas. Você que é pai, mãe, e está com seu filho em casa, priorize algum tempo para a leitura literária. Ao ler uma história para seu pequeno, mais que entreter e transmitir uma ideia, você compartilha afetos. Ler é um ato de amor. Seu filho ou sua filha vai perceber que você está disponível para ela, porque você vai parar o que está fazendo, sentar ou deitar ao seu lado, abrir um livro ou trazer uma história da memória. Você vai doar o que tem de mais significativo: seus sentimos e experiência de vida. Com tantos afazeres, que parecem ter aumentado em quantidade nesses tempos de isolamento, é importante preservar e priorizar a relação com a criança. Construa com ela este universo de acolhimento, de encantamento, onde ela aprenderá muitas coisas através da literatura. Ofereça histórias que tratem de diferentes situações. Nesta campanha que eu estou fazendo nas minhas redes sociais – contar histórias para crianças em quarentena – escolhi temas atuais, que fazem parte do livro Histó-

rias que eu gosto de contar, de minha

autoria. Uma delas trata de um vilão, de um feiticeiro sem alma, e eu pergunto para as crianças: quem é o feiticeiro sem alma que está nos apavorando nesse momento? Como nós podemos destruir esse feiticeiro? Quando você lê ou conta uma história, você oferece à criança possibilidades de ela lidar com diferentes situações. E o melhor: vai aproximá-la de você. Não precisa muita habilidade para promover esta mediação de leitura. Não há segredo nesta partilha. É só pegar um livro e ler, com pausas, ritmo, com vontade. Leia com amor, é tudo. Desfrute deste momento de encantamento e de prazer junto ao seu filho. Cléo Busatto é escritora e mediadora de leitura


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Julho/2020

SANDRA APOLINARIO

A vida é uma constante mudança O processo de individuação, proposto por C. G. Jung, não significa que estar “uno” consigo mesmo seja estar rígido com o mundo. Estar ciente das possibilidades e das dificuldades, e aceitar as possíveis mudanças ou encarar o que não pode ser alterado, com compreensão e sabedoria, é o segredo da vida. Podemos perder a conta das pessoas que se condenam por não acreditarem que uma mudança é possível. A angústia de ver o mundo não obedecer aos nossos desejos só pode ser apaziguada com uma ressignificação interna, uma visão ampla e amorosa sobre as situações que nos incomodam. O maior presente que recebemos como seres humanos é o poder de escolha, mas desconectados de nossa essência, geralmente não exercemos esse poder com sabedoria. Quando percebermos que

as melhores escolhas estão nos valores simples da vida, como uma palavra que pode mudar um sentimento e transformar uma situação, estaremos caminhando com mais liberdade e desapego. Somos humanos, dotados de uma capacidade ímpar de adaptação ao meio, por isto ainda estamos por aqui e tantas outras espécies desaparecem do planeta todos os dias, algumas, inclusive, por nossa incapacidade de lidar com o diverso. Mudar é tentar. Fracasso ou sucesso é resultado desta tentativa. Olhar o ônibus passar e esperar que o motorista saiba da nossa intenção de viajar e, por isso, nem ao menos tentar levantar o braço sinalizando o pedido de parada, é o mesmo que viver e deixar pessoas irem embora de nossa existência sem ao menos tentar sinalizar uma parada de reflexão conosco. Vidas perdidas em solidão, raiva, ódio, angústia... faltando

9 apenas palavras como: “obrigado”, “por favor”, “perdão” ou a melhor expressão de todas: “Eu te amo!”. Palavras para acender a luz desta passagem, temporária

Práticas integrativas durante a quarentena por Vinícius Bednarczuk de Oliveira

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á é sabido que a pandemia causada pelo novo coronavírus mudou diversos hábitos da população. Antes acostumados com rotinas de trabalho, faculdade, academia, parques, shoppings, happy hour, contato social, as pessoas se viram obrigadas a abdicar praticamente de tudo isto, precisando ficar em casa para ajudar na diminuição da curva de contágio do vírus. Porém, esta mudança de hábito traz uma nova rotina e comportamentos, que se não forem bem administrados podem desencadear casos de medo, ansiedade e depressão. Dentro desta perspectiva, quais são as alternativas que temos para lidar com este período? Aprovadas em 2006, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em co-

nhecimentos tradicionais, voltados para prevenção e tratamento de diversas doenças. Entre estas práticas, atualmente temos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) a fitoterapia, homeopatia, acupuntura, terapia floral, e mais 25 modalidades, que podem trazer diversos benefícios à saúde humana. A recomendação n° 41/2020 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), recomenda ações sobre o uso das práticas integrativas e complementares durante a pandemia da Covid-19, com o objetivo de ampliar as evidências científicas sobre estas técnicas e disponibilizar materiais informativos atualizados sobre os benefícios e uso adequado durante a pandemia. O ObservaPICS (Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais), que tem como objetivo partilhar experiências e estudos acerca dessa modalidade de cuidado com pesquisadores, trabalhadores,

gestores e usuários do SUS, tem contribuído com informações neste período. Algumas das práticas, devido à restrição de contato social, ficam mais difíceis de serem executadas, como é o caso das danças circulares. Porém, outras podem auxiliar na saúde física e

e frágil, que todos nós estamos a percorrer. Uma viagem no tempo para cada um, mas só em uma direção e, com o final garantido, embora sem nenhuma garantia de tempo de duração. Cada mudança é apenas o próximo passo de algo que virá!

mental neste momento. É o caso da terapia floral que utiliza essências derivadas de flores para atuar nos estados mentais e emocionais, auxiliando no tratamento e manutenção do equilíbrio emocional e psicológico. Outra que pode auxiliar neste período é a aromaterapia, que utiliza as propriedades dos óleos essenciais, extraídos dos vegetais, para recuperar o equilíbrio e a harmonia do organismo visando à promoção da saúde física e mental. Um exemplo é o óleo essencial de lavanda, que possui propriedades calmantes e relaxantes, ideais para a fase em que estamos. Este ainda é um momento de angústias e incertezas quanto ao futuro. Sabemos que esta fase irá passar, mas, enquanto isso, precisamos ter coragem e discernimento para cuidarmos dos outros, nunca esquecendo de nós mesmos. Vinícius Bednarczuk de Oliveira, doutor em ciências farmacêuticas, é coordenador do curso de Tecnologia em Práticas Integrativas e Complementares do Centro Universitário Internacional Uninter


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SABRINA AMARAL

Marcelo Sguassábia

O uso da hipnose na clínica

Vírus do avesso

É possível usar hipnose na clínica? Ela realmente funciona? Para quais casos ela é indicada? Recentemente a hipnose foi integrada nas Práticas Integrativas e Complementares (PICs) do Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo assim, é comum que o termo seja associado a ocultismo, pseudociência ou entretenimento. Por ser um assunto permeado por muitos mitos, ela desperta desconfiança e curiosidade nas pessoas. A hipnose é um fenômeno natural da mente, um estado de foco e concentração no qual a pessoa altera a realidade através dos seus pensamentos, como quando ela se imagina chupando um limão e automaticamente começa a salivar. Mesmo o limão sendo imaginário, o corpo reage à sugestão sem resistências. Hoje a hipnose clínica tem comprovação de sua eficácia em mais de 20 mil artigos, a maioria deles na área da medicina, já que boa parte dos profissionais da psicologia herdou de Freud um certo “ostracismo teórico” desta prática, mesmo após a resolução 13/2000 do Conselho Federal de Psicologia, que atesta seu valor científico. Na psicoterapia, a hipnose

vem como ferramenta coadjuvante, sendo indicada tanto para queixas de ordem psicológica, como a ansiedade, depressão, fobias, vícios; como de ordem fisiológica, como fibromialgia, síndrome do intestino irritável, diabetes, dentre outras. Ao longo dos últimos anos, atuando com a hipnoterapia clínica, pude evidenciar seus benefícios nas intervenções terapêuticas. Observei resultados excepcionais no manejo das emoções, controle dos sintomas, fortalecimento da psique trazendo mais autonomia e empoderamento ao paciente, especialmente na qualificação do processo e redução no tempo de tratamento. Quer saber mais sobre como a hipnose pode ajudar? Nas próximas edições trarei informações sobre técnicas para manejo de ansiedade e terapia regressiva. Até lá! Sabrina Amaral, psicóloga e hipnoterapeuta clínica, é fundadora da Epopéia® e atua há 20 anos com desenvolvimento humano. É embaixadora da Rede Mulher Empreendedora, mentora na HCN (ONU e Unicef) e membro Ibhec (Int. Board Hypnosis Educ. & Certification). www.epopeia.com.br sabrina@epopeia.com.br Insta e Face: @epopeia.com.br

Novas orientações da Organização Mundial da Saúde para o combate eficaz e sem trégua ao coronavírus acabam de ser divulgadas à imprensa. As diretrizes, anunciadas em coletiva pelo porta-voz da Organização, podem ser resumidas em alguns pontos básicos: - Tenha sempre em mente o fato de que ficar perto de si mesmo pode ter consequências irreversíveis para o organismo. - Evite ao máximo o contato com a sua pessoa. Interações sociais a uma distância de menos de dois metros, entre vocês dois, tende a ser catastrófico. - A TV, o rádio, o tablet, o celular e demais gadgets devem permanecer o tempo todo ligados, do amanhecer até a hora de dormir, a fim de que o sujeito não contraia silêncio mórbido, que em 80,7% dos casos é seguido de óbito. Estudos relatam que, uma vez ensimesmado, o quadro do

moribundo pode evoluir para reflexão, estado meditativo, consciência plena e iluminação cósmica - o que exigiria a internação imediata. O objetivo das autoridades neste momento é fortalecer a imunidade do indivíduo contra ele próprio, desenvolvendo anticorpos e evitando recaídas que possam resultar em uma letal aproximação dos dois. - Na falta de energia elétrica em casa ou na ausência de sinal de internet, recomenda-se apelar a primeiros socorros que livrem o quarentenista do contágio do silêncio, ainda que este tenha que apelar a matracas, vuvuzelas, tambores improvisados, sogras resmungonas e outros artefatos de alto potencial gerador de decibéis. - Especial atenção deve ser dada ao risco de queda das pessoas em isolamento, pois são grandes as chances de fraturas e sequelas caso venham a cair em si. * Esta é uma obra de ficção

Marcelo Sguassábia é redator publicitário

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Julho/2020

VIDA EM HARMONIA

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M

ês de julho, inverno no Brasil. Sendo um país tropical, é marcado por um friozinho mais ameno ou mais forte, dependendo da frente fria que chega – geralmente, nos finais de semana, não é verdade? E nesse friozinho, quando estamos no aconchego de nossa casa, nada melhor do que degustar queijos e vinhos, com quem se ama, com amigos ou mesmo em nossa própria companhia. Pensando nisso, nesta edição trazemos informações e dicas de escolhas e harmonização dessa dupla tão querida.

Para degustar um bom vinho A produção brasileira, felizmente, tem melhorado e aumentado a cada ano, oferecendo um grande número de opções em vinhos tintos, brancos e rosés. Para saboreá-los melhor, aproveite estas dicas: • Nunca encha uma taça de vinho. O branco deve alcançar a metade da taça (assim não esquenta) e o tinto pode chegar a 2/3 da taça. • As garrafas de vinho devem ser armazenadas deitadas, em lugar seco e fresco; • Para esfriar rapidamente uma garrafa de vinho branco, coloque-a num balde de gelo e um punhado de sal.

QUATRO GRANDES SEGREDOS 1 - Sempre sirva o vinho leve antes do encorpado 2 - Sempre sirva o vinho seco antes do doce ou meio doce 3 - Pratos condimentados pedem vinhos fortes, assim como pratos leves sempre vão exigir vinhos suaves. 4 - Se um prato for preparado com vinho tinto, sirva-o com esse mesmo tipo de vinho. O mesmo acontece com o vinho branco.

O vinho certo para cada prato A tradição francesa recomenda algumas normas de harmonização entre comida e vinho. Importante lembrar que todas essas normas têm como objetivo não alterar o gosto do vinho e nem deixar que o seu sabor e perfume fiquem escondidos por pratos excessivamente temperados ou fortes. É preciso saber equilibrar um e outro. Peixes, crustáceos e moluscos – pedem vinhos brancos secos; Entradas feitas com massas (tortas, folhados, etc.) – vinho tinto leve; Aves – vão bem com vinho suave, seja branco ou tinto; Assados de carnes – exigem um vinho tinto encorpado; Sobremesas – champanhe ou vinhos tipo xerez, Porto, Madeira; Frutas – vão bem com vinho branco meio-doce; Queijos – vinhos tintos leves;

OS DIVERSOS TIPOS DE QUEIJO

Queijos há para todos os gostos e ocasiões. Dos mais fortes aos mais suaves, industrializados ou caseiros, aqueles que podem ser servidos como petiscos ou sobremesa. Fazem o cardápio da festa mais gostosa e prática que existe: queijos e vinhos. Estes abaixo são os tipos mais comuns e facilmente encontrados:

Alpestre – queijo cremoso, muito usado no preparo de canapés. Batavo – semelhante ao queijo prato, mais forte, usado em sanduíches. Brie – cremoso, com casca esbranquiçada (comestível), de sabor suave.

Caciocavallo – uma muçarela defumada, que pode ser servida picada, como acompanhamento de coquetéis. Camembert – de consistência cremosa, pode ser servido com torradinhas ou saboreado depois da sobremesa. Estepe – ideal para saborear com vinho, é muito usado no preparo de foundues. Gorgonzola – de aroma e sabor forte, pode ser servido com torradinhas. Também é empregado no preparo de molhos de salada ou de macarrão ou para rechear panquecas. Gruyère – fundido cremoso, é um dos ingredientes do fondue de queijo.

Itálico – do tipo prato cremoso. Minas fresco – com ou sem sal, é ideal para o café da manhã ou como acompanhamento de doces à base de fruta. Minas curado – de consistência mais firme, serve tanto para o aperitivo como para o lanche; presta-se bem para o preparo de certos molhos e recheios. Muçarela – cortado em cubos, serve para o aperitivo. Em fatias bem finas, é ingrediente de pizzas, pratos preparados à parmegiana e de saladas com tomate. Parmesão – de consistência firme e sabor forte, é apreciado como petisco. Port-salut – de aroma e sabor fortes,

vai bem com vinho tipo Porto. Provolone – cortado em cubos, frio ou à milanesa, é um aperitivo perfeito. Do Reino – de consistência firme, ligeiramente picante, é ótimo para sanduíches. Ricota – ao natural, é o mais indicado em dietas de emagrecimento e de pessoas que não podem abusar do sal. Muito usado no preparo de recheios de macarrão, tortas e doces. Também pode ser temperado com ervas aromáticas para ser usado como pasta, servida com torradinhas. Além desses, existem muitos outros no mercado, especialmente os vários tipos de queijos de cabra, requeijões, ricota defumadas, etc.


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INDICADOR TERAPÊUTICO Neste tempo de confinamento, muitas pessoas estão precisando de ajuda terapêutica, assim como muitos terapeutas precisam divulgar seus atendimentos a um maior número de pessoas. Em razão dessa necessidade, o JORNALZEN traz, nesta edição, duas páginas especiais que servem de ponte para os dois lados. Há tempos conhecemos o valor das terapias complementares na promoção do equilíbrio emocional e físico. Neste espaço, indicamos profissionais de excelência em cada uma de suas especialidades. Mais do que nunca, precisamos conhecer novas técnicas de tratamento em busca de nossa saúde holística.

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CULTURAZEN O grafiteiro Dicesar doou a tela intitulada “O amor supera tudo” para arrecadar fundos ao projeto G10 Favelas e ajudar a comunidade do Capão Redondo, em São Paulo, neste momento de pandemia

Julho/2020 Fotos: Divulgação

Equipe de reportagem do Grupo Band Campinas, que promoveu campanha de arrecadação de alimentos e produtos de limpeza doados por empresas a instituições filantrópicas da região

Distribuição de cestas básicas e kits de higienização e limpeza doados pela empresa de soluções logísticas VLI à Associação Pró-Moradia Cidade Locomotiva, de Ribeirão Preto

Campanha do Instituto Visão Futuro entregou mais de cinco toneladas de alimentos para mais de 200 famílias em comunidades da região metropolitana de São Paulo

O frigorífico JBS doou 100 mil aventais à Prefeitura de Campinas, pelo programa de responsabilidade social “Fazer o Bem Faz Bem”

Moradores do Jardim Gramacho, uma das comunidades carentes do Rio de Janeiro beneficiadas com a doação de 200 cestas básicas em projeto da empresa Multifast

Nilson Gaspar (centro), prefeito de Indaiatuba, recebe doação de cobertores e pacotes de leite da Associação Helvetia Polo ao Fundo Social de Solidariedade (Funssol)


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